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VISÁOSTÓRICA DO

PELOUKiNHO
Waldir Freitas Oliveira

Cidade do Salvador foi fundada, em 1549, por Tomé de Souza, Primeiro Governador
AGeral do Brasil, por determinação do rei de Portugal, Dom João III. No Regimentoque
Ihe foi entregue pela Coroa portuguesa, constou a ordem recebida de "fazer uma fortaleza e
povoação grande e forte em um lugar conveniente"; donde haver Toméde Souza, após a
escolha do local, a cavaleiro sobre o mar, mandado construir uma cidade-forteleza, cercada
por muros edispondo de quatro portas, como nos informa Teodoro Sampaio (1). Duas, as
principais - a de Santa Catarina, limitando-a ao norte, e a de Santa Luzia, ao sul. Segundo os
documentos da época eram flanqueadas por baluartes e traziam esculpidas em seus frontões as
armas da cidade.
A porta de Santa Catarina, assim denominada sem que se saiba a razão, em homenagem
talvez, à rainha D. Catarina, esposa do rei D. João IIIe irmão de Carlos V,o poderoso imperador
da Alemanha, já estava concluída em julho de 1551, como declarou Luiz Dias, o "mestre das
obras do Brasil", seu construtor (2).
Localizava-se, segundo a opinião dominante entre os historiadores baianos, no iníco da rua
da Misericórdia, logo após a praça aonde haviam sido edificadas a Casa dos Governadores ea
da C§mara, frente a uma vala ou fosso que separava a colina onde fora instalada, de outra que
se seguia, na direção norte, correspondente ao espaço hoje ocupado pela praça da Sée o
Terreiro de Jesus, vala depois aterrada, para facilitar a comunicação entre elas. Teria sido, essa
porta, em data incerta, dali transferida para onde se encontra, atualmente, o Largo do
Pelourinho, havendo passado a ser denominada Porta do Carmo, ou, no plural, sem que
saibamos o motivo, como Portas do Carmo, talvez por sua proximidade ao convento de
construção iniciada, desde os fins do século XVI, pelos carmelitas, sobre uma elevação
fronteiriça conheida como monte Calvário.
Háregistros de que teriam sido reconstruídas ao tempo do governo de Gaspar de Souza,
entre os anos de 1613e 1616, por Baltazar de Aragão, que fora capito -mor de Angola e então
exercia as funções de "capitão de terra" na Bahia - o célebre "Bângala", de presença marcante na
história dessa terra; também, de reparos que nelas teriam sido feitos, em 1624, pelos holandeses
que na época se apoderaram da cidade. Em 1759, José Antônio Caldas, na Notícia Geral desta
Capitania da Bahia, registrou sua presença naquele local e lhe desenhou os contornos e os
edifícios que as completavam (3).
Afirma Affonso Ruy, em sua História da Câmara Municipal de Salzndor, haverem sido essas
portas e as edificações que lhes eram adjacentes, demolidas em 1780, por ordem do governador
D. Rodrigo José de Meneses, que também determinara a construção, no mesmo sítio, de um
novo quartel para o corpo da guarda, que passara a ocupar uma casa de aluguel, após a
demoliço. Informa, ainda, que as obras do novo quartel se arrastaram por vários anos, gerando
discussões e conflitos entre a Câmara Municipal, sobre a qual recaíra a responsabilidade pelo
seu pagamento, eo capitão Geraldo dos Santos Marques, que assumira o compromisso de
concluí-las em prazo que não cumprira.
Explicao historiador, com base em documentaçào da própria C£mara, que a decisåo de
demolir as Portas do Carmo fora tomada por estarem em tal estado de ruina que haviam
passado aameaçar asegurança dos moradores da Cidade Baixa, onde iam cair grandes blocos
de pedra delas soltos, rolando pela encosta; e informa que, considerando ofato de jáserem
quee sito.
nstrs adefesa da Cidade, resvera 2 Cámara, apis wa dernscao, "afermiat
referidzs puras, tn
e faze huma Praçz parz melhor erpedsándo Publico,e que cn 2s
tarrbén denoido, o antizo quartel (5) Casteb e uzrnel das Prtas de Sata
Pub Ornándo de Azgvedo, ern artign intitulado 0 prédio de n 13,
atarinz,dedarz haver calizdorernanentes da 8ntigz edificaáo, node .S.do sárodos
ainharnento da igrea
r t r a0 ztual Lrgo do Pekurnho, no meno "imada parte
rretos, e queo oquartel do corpo de zuarda tinha sido construído dasdernolçjes efetuadas.
en razão
rerinnente murada, murn dos lados da paca urgjda
prédis de n? 15, 17 e 19 da praça, o que
aCupado o espaçp hoje oTrespndente an dos Brasil Histirico, de que (2o menos até 1866 )
firna 2 intornacán de Melh Mrais, ern
do Carno junto ou fazendo parte da
eistia "umaparte das muralhas do Czsteb das Portas da Bava dos Sapateiros, pegada a lgeja
parte latral da casa notre ituada ng oneo da ladeira
dos Posáos, que foá do Conel Manel Vilela " (5). quando paraali foi transferido o
largp fiom nheádo cono do Pelurinho desje 187,pontos, de ináio, na Sua praça
O
peiurinho de ádade, que antes estivera plarntado ern outrosforca púbica; de lá tendo sido
da
prinipal - a do Palááo, frente à Casa da Cánara, an lado Botelho,"para passar a utra parte
retirado, ern 1612, por ordem do Governador Geral Diogo
por já haver estado a ponto de ser
onde náoovisse, porque "a vista dele o entristecia, pretendente ao trono de Portugal, por
supicado, quando seguiu o partido do Prior do Crato, Feipe II à realeza de Poztugal", como
casáoda uta políticade que resultm a elevacáo de
esiarece Brez do Armaral (6).
supndo o historiador Alberto Silva haver
Náo satemos parz onde foi, então, levado, pelourinho", tomarndo por base a
icadoe Cdade"durante uns trinta anos sen osEu
ou1639, de que nenhum dos
inírnaáp de Fre Vicente do Salvadog, falecido ern 1635nesta ádade".(7)
s2C51s de Diogp Botelho "olevantou mais, nern o há
reerguido no Terreiro de Jesus, onde
Segundo, aánda, AJberto Silva, teria o pelourinho sido
havendo sido rermovido em razão dos protestos dos
não pernaneeu por longp tempo, dai pertubavam pela manhãas missas e as
padres jesuítas, "pI CaUsa dos gritos dos açoutadosreique D. João V, ao pedido que Ihe fez o
cerininias relhziosas do tempb". Atendeu, então oahava a um outro local, tendo ordenado ao
Prrincizl da Ordem,para transferío de onde se
de Sabugosa, por provisão de
gvenadz e vice-reá Vasco Fernandes Cesar de Meneses, Conde
nessa ocasião, para a praça frente à porta de São
17 de agsto de 1727, a sua retirada. Foi levado,transferido,
Berto,a atualpraca Castro Alves; sendo de lá em 187, para o largo que surgira em
chamado de Pelourinho (8).
rezão dadernoicáo das Portas do Carmo,que passou aserem resolução de 7 de setembro de
Inforrna Waldemar Mattos que aCámara Munícipal,
de Julho, deidiu demoí-lo, ao
1835, trneda arequerirnento da "Patriótica Sociedade Dous
António Galvão (9).
tenpo ern que governava a Província, Manuel grandes argolas
Segundo José Alves do Armaral, "era uma coluna de pedra de cantaria, com segundo o
coloniais";e,
de brnze, nde se arnarravarn os condenados a açoites nos tempos capital para comemorar
mesno autor, "a PatrióticaSociedade Dous de Julho - constituída nesta
uma representação à
s fastos da nossa Emancipação política, dirigiu, em nome da Liberdade, que depunha corntra
Cámara Municipal Contra apermanéncia ali, daquele instrumento aviltante ferros do cativeiro, e
dos
a cáviizacãodeste Pais, principalrnente depois que se tornou livre Cámara". Informa haver sido
pediu a dernolição daquele poste infarnante, sendo atendida pela
coibcado, ern seu lugar, um dos chafarizes da Companhia do Queimado, o que não conseguimosdemolição
Conprovar (10); sendopresumível que hajasido localizado em 1876, um ano após a para
do pelouinho, no Terreiro de Jesus, onde ainda se encontra, o chafariz que deveria ter ido
nde ele estivera erguido (11).
Charnarnos, hoje, porén, de Pelourinho, uma área bem maior que a do largo e dos prédios
que olimitam, conjunto que constitui, oficialmente, a praça José de Alencar. Aexpressão
Pelourinho incorporou-Se, por várias razões, aum enorme espaço urbano, quase equivalente ao
que se convencionou denominar Centro Histórico de Salvador; e sendo cada vez mais aceita
nessa sua expansão, na medida em que vem sendo utilizada, sempre com maior frequência,
confundem-se as denominações Pelourinho eCentro Histórico, tornando -se difcil distinguí-las.
No documento Levantamento Sócio-econômico do Pelourinho, eleborado e publicado,em 1969,
pela então Fundação do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, antecessora do atual Instituto
do Patrimônio Artíistico e Cultural da Bahia, IPAC, dirigida, àquele tempo, como oIPAC, até
recentemente, por Vivaldo da Costa Lima, vemos que a área incluída na pesquisa então
efetuada, foi a compreendida entre oTerreiro de Jesus e a Praça dos 15 Mistérios. Ali aparece a
referência de ser o conjunto habitacional nela existente, "justamente considerado por
especialistas como o mais importante do Brasil" e a de vir sendo "repetidamente mencionado
em obras várias que tratam especificamente de arte e arquitetura brasileiras do período colonial,
e também por escritores,romancistase poetas que lhe têm louvado a impressionante grandeza
de seus sobrados e igrejas e descrito, por vezes em traços de incisiva anáise social, a
humanidade sofrida que permeia suas ruas estreitas, seus corredores sombrios, seus becos
decadentes e soturnos". Referia-se o documento àsituação existente háquase vinte-e-cinco anos
atrás. Naquela ocasião,em relatório preliminar, diria Michel Parent, Inspetor Principal dos
Monumentos Históricos do Ministério da Cultura da França, que veio ao Brasil em abri/maio de
1967,como consultor da UNESCO junto à Diretoria do Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional que "no fim do século XVIII, ao tempo em que começa o seu declínio,
Salvadoréuma cidade de arte comparável a Toledo".
Referiu-se, então, às suas igrejas, suas praças, suas ruas e ruelas que serpenteiam ao longo
de um relevo acidentado que oferece ao visitante uma contínua renovação de planos, de vistas,
de caminhos;e, após declarar que a configuração arquitetônica do conjunto do Pelourinho data,
em sua maior parte,do século XVIII, afirmava que "ainda hátrinta anos esta cidade única em
todo o continente americano, atingida por uma lenta e inexorável decadência, estava
arquiteturalmente intacta"; comentava, porém, entristecido, que jáse iniciara a destruição
sistemática da velha Salvador (12).
Tentemos, então,acompanhar, mesmo alargos traços, oque aconteceu com oPelourinho,
desde os tempos da demolição das Portas do Carmo até os nossos dias. Vimos que o
desaparecimento das referidas portas esuas fortificações anexas resultara do fato de haverem se
tornado, umas eoutras, do ponto de vista de defesa, desnecessárias eobsoletas. Acidade já as
ultrapassara, avançando para onorte. Expandira-se, também, na direção sul; mas, para onorte,
era mais naturalque ofizesse. Seus moradores nãopodiam, ligados que estavam, de modo
intenso, ao comércio eà lavoura da cana de açúcar no Recôncavo, afastarem-se do porto, das
águas mansas da baía, mais facilmente alcançáveis, apartir do alto, naquelas bandas que nas do
sul. Oporto, as ladeiras e as colinas formavam um conjunto harmonioso eperfeito. Em baixo, o
cais -ocais das Amarras, o do Ramos, odo Pedroso, e outros mais, onde aportavam saveiros
vindos de perto enavios chegados de longe, de outras Províncias, das terras da Europa, da
América do Norte, da ÁÍrica ou da Ásia. Àsua beira e nas ruas deles próximas, ficavam os
grandes trapiches e as tradicionais casas de comércio. Noalto, o centro de decisões sobre o
modo de ser e agir da cidade -o Palácio do Governo, a Casa da Câmara, a Relação da Bahia, a
Casa da Moeda; emais, a Santa Casade Misericórdia, aSé, oColégio da Companhia de Jesus, os
Conventos de São Francisco e do Carmo, todo este conjunto concentrando-se a partir da sua
praça principal, sobre o rumo norte. E entre as duas cidades, a Alta e a Baixa, interligando-as
nesse trecho, as ladeiras -acomeçar pela da Preguiça, seguindo-se as da Conceição, da
Misericórdiae a do Tabuão.
Salvador descera as encostas que do Terreiro de Jesus levavam àentão chamada Baixa dos
Sapateiros. Ultrapassara-a e galgara as que
passagem, suas marcas - belos sobrados de conduziam
dois ou
ao Convento do Carmo. Foi
três pavimentos, moradas deixarndo, na
bem provida e sucedida no nobres
mundo dos negócios, ricas e espaçosas igrejas. Suas torresde gente
começaram a pontear os céus
se concluiram as igrejas do daquela parte da cidade, desde os
Convento do Carmo. Foi,porém, ao meados do século XVII,quando
prosperidade
e sobre os
de Salvador fez com que se
erguessem novos
longo do século seguinte, que a
caminhos que templos na área do Terreiro de Jesus
fora construído, no séculolevavam do Carmo até o plano situado
XVI, oforte de Santo Antônio Além dosobre as águas da baía, onde
cidade, daqueles lados, de possíveis Carmo, para proteger a
Jáse referia Gabriel Soares, em invasores.
tal expansão, ao registrar que sua Notíca do Brasil, em 1584, ano
mesmo rumo do norte, muito "passando avante do Colégio, vaioutra provável
rua
da sua redação, a
muito
da cidade, em um alto, estáumlarga e povoada de casas e moradores além da qualcomprida
no
pelo
tempo, se começoude esmolas do mosteiro de capuchinhos de Santo Antônio que, há arrabalde
povo, que pouco
Largodo Pelourinho haviam surgido, no lhes comprou este assento" (13). Entre este alto e o
Pretos, a da Ordem Terceira do Carmo, curso doaoséculo XVIII, a igreja de N. S. do Rosário dos
rua do P'asso, con sua imponente contígua Convento, a do Santíssimo
N.S. da Conceição do escadaria, em três lances, ligando-a à ladeira do Sacramento da
seu ponto de encontroBoqueiro, abrindo suas portas sobre a rua Direita de Santo Carmo, a de
com o Antônio; e no
natural de Portugal,o oratórioCarmo,
fora elevado, em 1743, por Pascoal
que passouaser conhecido como Marques Almeida,
de
homenagem a N. S. do Pilar, cuja imagem Cruz do Pascoal, em
revestida em azulejos azuis e brancos. em cima, protegida por um nicho, uma coluna toda
Desse mesmo século são os
arredores - a igreja e convento detemplos construidos em torno do Terreiro de Jesus e em seus
São Francisco, a da Ordem Terceira
doconvento, ade São Pedrodos de São Francisco, ao lado
Clérigos, a daOrdem Terceira de São
encosta, descendo do Terreiro sobre a rua da Vala, a Domingos; e ao final da
Quanto aos sobrados daquela parte da capela de São Miguel.
pessoas de prol - senhores de engenho, cidade, neles residiram, até o começo do século XX,
desembargadores,
professores da Escola de Medicina, constituindo, negociantes, médicos,
pois, o Pelourinho, aesse tempo,depois,
residencial da classe alta de Salvador. a zona
Em 1730, Sebastião da Rocha Pita, em
que chamou "Bairrodo Carmo" "Das suado História da América Portuguesa, assim descrevia o
Portas Carmo... se saheà nova Parochia de Nossa
Senhora do Rosário, de donde por largas e seguidas ruas,
ao Monte Carmelo, (de que se appelida comnpostas de muitas
este bairro) Convento de Nossa Senhoracasarias, se sobe
Santo Elias, e se continuao seu mesmo largo do Carmo, e de
Parochial de SantoAntonio, vigairaria de grande transito com a propria largura, até a Igreja
invocação, continuando a sua numerosa povoaçãodestricto, em que está aFortaleza desta
em casas, e moradores, até alémn do sítio
chamado o Rosário, quartel dos Soldados". (14)
Waldemar Mattos, em nossos dias, esclarece que o Carmo abrangia as
Passo, do Carmo, das Flores e a Baixa dos ruas do Tabuão, do
Sapateiros, esta
ainda não se estendera, como depois aconteceu, àrua Dr. J. J. em tempo quando essa denominação
Seabra,
Localiza, entãoo Maciel, ocupando os terrenos que descem do alto antiga rua da Vala.
corria, a descoberto, até começos do século atual, o rio das para essa rua, por onde
o Maciel de Cimna e o Maciel de Baixo, e Tripas. Informa que ele compreendia
declara que com a rua das Portas do Carmo, constituia o
Maciel, "zona residencial da aristocracia";nesse conjunto,
passado, "a elite cultural da capital baiana". havendo-se concentrada, no século
Para comprovar sua afirmativa, relaciona, tomando por base as
para a Cidade da Bahia de 1812, um número elevado de pessoas da informações do Almanaque
mais altacategoria social,
integrantes do clero, da administração pública, da magistratura e das guarnições militares, que
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ali residiam. Registra, ainda, o fato de haver funcionado no primeiroandar de
da rua das Portas do Carmo, a Caixa de Descontos do Banco do Brasil, um dos sobrados
fundada em 1808 pelo
Príncipe Regente D. João, durante muito tempo denominado, impropriamente, Banco da Bahia,
instalado, segundo ele, a 2 de janeiro de 1817, havendo funcionado atéoutubro de 1830 (15).
Perto dali, em 1834, na residência do tenente-coronel Manuel Coelho da Almeida Sande, na
esquina das Portas do Carmo com a rua do Açouguinho, iriam reunir-se, a 13 de julho, os 171
idadãos menionados por Francisco Marques de Goés Calmon que fundaram, naquela ocasião,
a Caixa Econômica da Cidade da Bahia, o mais antigo
estabelecimento bancário da Província
(16). Bem antes, a 17 de março de 1816, instalara-se, no prédio do antigo Colégio dos Jesuítas, a
Escola de Cirurgia criada por decisão do Príncipe Regente Dom João, quando da sua
por Salvador, em fevereiro de 1808. Iria utilizar-se do espaço e dos equipamentos do passagem
Hospital
Real Militar fundado por Dom Fernarndo José de Portugal, entre os anos de 1788 e 1801, quando
governou a Bahia, visando melhoraro atendimento, então considerado precário, do Hospital de
São Cristóvão,o primeiro da idade; este denominado inicialmente, Hospital da Cidade de
Salvador, depois Hospital de N. S. das Candeias e, afinal de São Cristóvão, localizado na parte
dos fundos, e voltado para a ladeira da Misericórdia, do prédio da Santa Casa; e em agosto de
1833 ali se iniciaram as aulas no jádenominado Colégio Médico-Cirúrgico (17).
Firmara-se oTerreiro de Jesus esuas imediações, como ocentro cultural ereligioso de
Salvador, e desse modo, passara o Paço Arquiepiscopal, ao lado da igreja da Sé, desde a sua
Concusão, em 1715, aservir de residência para os arcebispos primazes. Mais tarde, frente à
fachada principal do Convento de São Francisco, seria erguida, em 1807, por iniciativa de Frei
Joséde São Sebastião, a cruz de mármore inteiriça que passou a denominar o larg0 em que toi
colocada - o Cruzeiro de São Francisco. Enquanto isto, continuava em pé, com toda a sua
monumentalidade, frente voltada para o mar, a velha Sé.
E ainda Waldemar Mattos quem nos informa acerca da gradativa chegada do comércio à
área do Pelourinho. Não a do comércio por atacado, o grossista, típico da Cidade Baixa, onde
continuaria aexistir; mas ade um comércio meno, de outro tipo. Registra, então, que ali haviam
passado afuncionar, casas de jóias ede calçados, seis lojas de imagens, das dez existentes na
cidade, duas de arreios equatro de móveis; além de "tendas de oficiais mecànicos de profissöes
variadas: ourives e funileiros, entalhadores, escultores, douradores, latoeiros, sapateiros,
correeiros e seleiros". Acrescenta que se haviam instalado na rua das Portas do Carmo, três lojas
de calçados, duas de cera e a "botica de Leovigildo Gonçalves de Sena"; na do Maciel de Baixo,
uma loja de iouças e, também, uma padaria, uma outra padaria na rua do Carmo; e ainda nas
Portas do Carmo, "uma barraca de cereais e um açougue". Refere-se, a seguir,ao elevado
número de tavernas ali existentes - cinco na rua do Tabuão, sete nas ruas do Maciel de Baixo e
Maciel de Cima, três na das Portas do Carmo, outras mais na rua daOrdem Terceira de São
Francisco, na das Flores e nada Laranjeira: como também a uma farmácia que func1onava no
Largo do Pelourinho, e uma livraria -a "Loja dos Livros", de J. B. Martin, no Macielde Baixo.
Diz, finalmente que, na década de 1880,se tornara o Pelourinho um dos centros preferidos pela
classe médica para residência e consultórios (18).
Nãodeverá, também, ser esquecido que, na área do Terreiro de Jesus, surgiu, a 16 de
setembro de 1832, a "Sociedade Protetora dos Desvalidos", fundada por "unm africano livre, de
nome Manuel Victor Serra, que exercia a profissão de ganhador, no canto da Preguiça, um dos
locais em que se reuniam os negros na Bahia, em busca de trabalho". Denominada, inicialmente.
Irmandade de Nossa Senhora da Soledade Amparo dos Desvalidos, teve, como intuito, desde
seus primeiros tempos, "lutar contra a ordem social vigente" e tornou-se uma instituição sempre
muito disposta àdefesados negros baianos, escravos ou livres, havendo atuado,muitas vezes,
através de cotizaço entre os seus associados, na comprade cartas de alforria, e participado, de
modoativo, na pregação de idéias abolicionistas (19). Valendo destacar, neste ponto,haver sido

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oPelourinho, uma área de intensa movimentação dos defensores da abolição; entre eles,
Eduardo Carigé, que residiu, por volta de 1888, nas Portas do Carmo, e de jornais que se
empenharam na luta contra aescravidão, entre os quais,O Abolicionista,que circulou de 15 de
março de 1871a 1874, como órgo da "Sociedade Libertadora Sete de Setembro" e teve como
redatores, Frederico Marinho Araújo, ali residente, eAugusto Álvares Guimarães, depois
cunhado de Castro Alves,ecomo colaboradores, Belarmino Barreto eoDr. Antônio Ferreira
Garcia (20).
Ediffcil afirmar a partir de quando começaram os mais ricoS a mudar-se dali para outras
partes da cidade, vendendo ou alugando os prédios que possuiam no bairro. Deverá ter havido,
a um tempo ainda incerto, uma grande mudança nos hábitos e costumes,uma transformaçãode
valores ede mentalidade na elite baiana. Constatamos, então, que muitas fortunas mudaram
de mãos, na Província, desde os meados do século XIX e,de modo mais significativo, ao seu
final. Vemos desse modo, que os que, no passado, haviam sustentado seu prestígio políticosobre
as riquezas acumuladas em razão da produço do açúcar, obtida apartir dos canaviais plantados
no massapê do Recôncavo, foram se arruinando, ficando cada vez mais endividados, gastando
talvez mais por hábito que por necessidade, muito mais do que podiam. Uma nova burguesia,
de carater urbano, veio, pouco a pouco, a ocupar olugar que deles havia sido. Limitavam-se,
agora, os arntigos senhores de engenho acarregar consigo, ainda com certoorgulho, mas sem
maior proveito, seus velhos títulos de nobreza.
Anova elite compunha-se, principalmente, de comerciantes ebanqueiros. Dentre os
comerciantes, conhecidos negreiros. Alguns, estrangeiros. Não pensavam, contudo,os recem
chegados ao ponto mais alto da sociedade desse tempo, como os ricos de antigamente. Havia
mudado a época; com ela, as regras do jogo. Tinham idéias novas. Talvez uma visão mais ampla
do mundo. Teriam,então, valorizado, de modo especial, por nunca haver morado em "casas
grandes, situadas entre colinas cobertas de canaviais, arejadas por brisas e ventos a cada fim de
tarde, cercadas de varandas, o espaço de morar; querido, dali por diante, residir em casas
espaçosas que se estendessem menos para oalto emais para os lados, sem tantas escadas
quantas as dos velhos sobrados, erguidas em reas isoladas, locais saudáveis, principalmente se
levarmos em conta opavor que inspiravam numa época de muitas epidemias os miasmas, tidos
como transmissores de doenças mortais.
Imagino que haja sido por essas razões que passaram os novos ricosa preferir morar em
pontos menos apinhados de gente, de menor movimento, ainda que distantes do centro da
cidade. Eiremos, então, encontrar, na segunda metade do século XIX, Os Moniz de Aragão,
família ilustre, embora jáiniciado o processo de sua decadência econômica com a falência do
açúcar, ainda em condições de residir numa casa grande e confortável, nas imediações da antiga
igreja de São Pedro Velho, C'epois demolida; Antônio Francisco de Lacerda, expressiva fortuna
emergente,negociante e sócio de várias casas bancárias,em bela mansão localizada numa
esquina do largo da Piedade; outros, nesse tempo ou pouco depois, nas colinas de Brotas, como
o coronel Frederico Costa; ou no Garcia, como Antônio de Lacerda e depois, Pereira
Marinho, ou
mesmo na Barra, como Pedroso de Albuquerque. Enquanto muitos estrangeiros já haviam
passado a residir em pontos situados além do forte de São Pedro, durante algum tempo,
considerado,o limite sul da cidade, nas imediações do que veio a chamar-se o Campo Grande,
ou no Corredor da Vitória. Foram,desse modo,o Pelourinho, o Maciel e o Carmo
moradores. Ganharam outros. Os que chegavam, contudo, eram menos ricos e perdendo na
escala social, que os que de látinham saído.
importantes,
Não terá sido, pois, por aca_o ou extravagância, que Antônio de Lacerda, o dinâmico
empresário, filho de Antônio de Francisco de Lacerda, ao criara "Companhia Trilhos Urbanos",
colocou trafegando, na Cidade Alta, bondes puxados a burros, inicialmente,
1869, entre o largo da Piedade eo da Vitória; havendo prolongado o seu em dezembro de
percurso, de modo a
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alcançarem a praça do Palácio, a 8 de dezembro de 1873, dia da inauguração do elevador da
Conceição (atual Elevador Lacerda), construído pela firma que dirigia -"Antônio de Lacerda &
CIA.", soba orientação técnicade Augusto Fredericode Lacerda, seu irmão,engenheiro
diplomado em Troy, nos Estados Unidos, em 1855,oque oqualifica como o primeiroengenheiro
baiano (21).
Crescera a cidade para as bandas do sul. Pela parte norte, contudo, estacionara, nessa sua
expansão, após haver ocupado as áreas próximas do largo de Santo Antônio Além Carmo, dos
Perdões, do Barbalho e da Soledade.
Nada poderá, no entanto,garantir que haja sido assim que as coisas se passaram. Somente
pesquisas ainda nãoefetuadas, embora planejadas, sobre documentos tais como registros de
moradias, contratos de compra e venda e hipotecas de prédios urbanos em Salvador,
especialmente, na área do Pelourinho,existentes, em parte, nos arquivos do IPAC, poderão
comprovar o que aparece como simples hipótese de trabalho.
Por esta época, passou a funcionar no Terreiro de Jesus, o Instituto Geográficoe Históricoda
Bahia,que ali permaneceu atéa inauguração, em 1923, da sua sede atual; a Casa da Bahia,
construída graças aos esforços de Bernardino José de Souza e outros abnegados, nas
proximidades da Piedade; havendo se seguido, na ocupação do prédio onde se instalara,
sucessivamente, o Tribunal de Justiça da Bahia e a Academia de Letras da Bahia, que ali esteve
atédez anos atrás. Tudo isto, então, parece demonstrar que, nas últimas décadas do século
passado, tanto quanto nas primeiras do século atual, ainda não se caracterizara o Pelourinho
como área degradada da cidade.
Muitos moradores ilustres ali permaneceram. Desde 19 de janeiro de 1886 haviam passado
os habitantes de Pelourinhoe do Carmo acontar com um novo meio de comurnicação com a
cidade Baixa -o elevador do Tabuão , inaugurado naquele dia, vinte e três anos depois do da
Conceição, menor do que ele, tanto em proporções como em altura, e de mais fácil construção,
por não haveremn sido necessários, para sua instalação, trabalhos de escavação na rocha como os
efetuados naencosta da Montanha. Quanto aos bondes de burros, chegaram, também, por lá,
beirandosuas ladeiras em vez de vencê-las, tão fortes os seus declives, graças ao engenho e aos
esforços do engenheiro João Ramosde Queiroz que, àfrente da "Cia. Linha Circular de Carris
da Bahia",os levou da Baixa dos Sapateiros (depois Tabuo), pela rua das Flores e, asegui, pela
meia encosta dos fundos doConvento do Carmo, ao largo de Santo Antônio Além do Carmo, ao
Barbalho e a Baixa da Soledade. Vemos,então, que o Pelourinho resistia, lutava o quanto lhe era
possível, para sobreviver com dignidade e características próprias, àrapidez do processo de
expansão da cidade, apesar de jáse haver iniciado o ciclo de substituição de seus moradores.
intelectual
Há aregistrar, por esse tempo,a ocorrência de determinados fatos ligados à vida
literário denominado
de Salvador, que ali se passaram. Lembrar, por exemplo, que o movimento1901, contando, entre
"Nova Cruzada" teve início na rua das Portas do Carmo, a 13 de maio de
adoção,
os seus fundadores, com o escritor e crítico literário, mineiro por nascimento, baiano por
Carlos Chiacchio. Teve a "Nova Cruzada", naépoca, grande expressão, dela tendo participado
Karlos Weber, Artur de Sales,
Pessoas cujos nomes não deverão ser esquecidos, tais como os dePresciliano
Alvaro Reis, Alfredo Pimentel, Roberto Correia, Filomeno Cruz, Silva e outros mais.
maio de 1901 a
Quanto à revista que editaram, com o mesmo nome - Nova Cruzada, circulou de
abrilde 1911 (22). nos idos de
Também, naquela parte dacidade, "num primeiro andar do terreiro de Jesus...
Jorge Amado, Alves
1928 a1930" (23), surgiraa "Academia dos Rebeldes", reunindo jovens comoAmorim, Sosígenes
Ribeiro, Edison Carneiro, Áydano do Couto Ferraz, João Cordeiro, Clovis irreverente de Jo£o
Costa, Guilherme Dias Gomnes, Dias da Costa, sob a liderança e a inspiraç£o
Amaro Pinheiro Viegas, um dos mais extravagantes personagens das letras baianas. Publicou,
inicialmente, a "Academia dos Rebeldes", uma revista chamada Meridiano, de aspecto modesto,
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sem grandes atrativos de ordem gráfica, da qual circulou somente o
prineiro número, tendo
lançado, depois, a revista O Momento, moderna e ilustrada, com paginaç£o
para o seu tempo, que circuloude 15 de julho de 1931 a junho de 1932, por vezEs, sada
números, dirigida por Emanuel Assemany, muito ligado aos "Rebeldes.nurna E,
sequéncia de nve
ainda, a preenca,
na área do Pelourinho, de outro grupo de intelectuais que se
denominava "o grupo da
Baixinha',que se reunia no então existente "Café Progresso", paradiscutir idéias, declamar
versos e, naturalmnente, não poupar,com comentários ferinos,seus rivais locais nas lides
literárias. Foi ele o responsável pela edição de dois famosos jornais hurnorísticos da época o
Periquitoe o Gavião, tendo dele participado, além de Alves Ribeiro e
Bastos, Antônio Nonato Marques, Bráulio de Abreu, Otto Bittencourt inheiro Viegas, Elpidio
Sobrinho, Antónig
Brandão Donattie e Samuelde Brito Filho, mais conhecido como"o guarda 85",
profissão,falando, contudo, várias línguas,e atuando no grupocom tal desenvoltura,guarda-civil de
chegou a ser considerado por Elpídio Bastos, em entrevista que concedeu a Cristina Maria que
Teixeira Campelo, a figura mais importante do "grupo da Baixinha, depois de Pinheiro Viegas
(24).
Fortalecendo a nossa opinião de haver o Pelourinho resistido, ao máximo possível, para
preservar sua identidade original, mesmo quando jáse iniciara seu processo de decadéncia
como bairro de elite, registramos o fato de famílias ilustres como os
Teixeiras, de largas tradições
sertanejas, da qual descendeu o eminente educador baiano Anísio Teixeira, ter morado no Largo
do Pelourinho,em começos do século atual; como também, nas
Portas do Carmo, residido, na
década dos 90, a família Mangabeira, cujos mais destacados descendentes foram, sem dúvida, os
irmãos Joãoe Octávio,este último governador da Bahia, de 1947 a 1951. Não nos parece
aceitável, então, a idéia de terem essas pessoas se sentido constrangidas,
de um bairropor elas visto, circulando pelas ruas
tanto como no passado, digno centro de morada de famílias de
renome na sociedade baiana.
Desse mnodo, assim como nos começos do século XIX, encontramos ali
ou menos tempo, pessoas como Sabino Alves da Rocha Vieira,o residindo, por mais
revolucionáio de 1837, Antonio
Ferrão Moniz de Aragão, que foi diretor da Biblioteca Pública da Bahia, de 13 de julho de
30 de outubro de 1886, e de quem consta haver sido o primeiro 1865 a
divulgador das idéias de
Augusto Comte, no Brasil, Agrário de Souza Menezes, o grande dramaturgo baiano, nascido
num sobrado localizado na esquina do Terreiro de Jesus com as Portas do Carmo, a 25 de
fevereiro de 1834; eo próprio Antônio de Castro Alves, cujos pais moraram, tanto na rua do
Passo comono Largo do Pelourinho, teremos, entre outros, dos fins do século
passado aos
começos do atual, ali residido, o médico José Joaquim Ribeiro dos Santos, com cínica
oftalmológica instalada na rua do Passo, um dos fundadores da "Companhia Fabril dos Fais", o
jornalista Eduardo Carigé, um dos mais ativos líderes na luta contra aescravidão na Bahia desse
tempo, João Nepomuceno Torres, um dos Sócios fundadores do Instituto Geográico e Histórico
da Bahia, em sua segunda fase de existência, o maestro, compositor e organista Silvio
Deolindo
Froes, o poeta Artur de Sales, nascido num sobradona esquina da rua do Pilar, o saudoso
da Universidade Federal da Bahia, Edgard Rego dos Santos, o político João da Costa
reitor
Pinto
Dantas Junior, Antônio Cordeiro, um dos integrantes da "Academia dos Rebeldes", autor do
romance Corja, e Antônio Viana, o grande folclorista baiano, que morou na rua de São Miguel.
Sem contar com outros nomes, igualmente ilustres, que passaram pelo Pelourinho, alojados, por
algum tempo, em casas de cômodos que lhes marcaram a memória e lhes fizeram escrever belas
páginas de ficção, tais como ocearense Hermann Limae o nosso muito querido Jorge Amado
(25).
Não iremos, contudo, concluir essa rápida visáo histórica do Pelourinho, sem nos referir aos
imigrantes estrangeiros que se incorporaram àvida daquela área, principalmente, italianos e
árabes. Quanto a esses últimos, ali chegaram nos anos que antecederam ao fim da Primeira

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(oTande Guerra, quase todos sírios ou libaneses,embora trazendo, contra avontade e om o
Oraçao Cheio de revolta, em seus passaportes, aindicaçåo, comonacionalidade, de turcOS, aOs
quais, cOm justa razào, detestavam, como seus opressores; tudo em razåo de pertencerem,
àquele tempo, a Siriae o Litbano, ao império Otomano.
IesquisAS CUidadosas e detalhadas a respeito da presença dos árabes no Pelourinho
Omeçaram ja aser feitas pelo PAC, a tim de apurar quantos deles, de fato, ali se estabelecSram,
omo ali viveranme prosperaram, que atividades comerciais exerceram, para que se evidenae o
grande papel que desempenharam na vida daquela área. Delas ressurgirao, entào, os nomes dos
Kraychette, dos Chehade,dos Khoury, dos Cabus, dos Dahia, dos Sarkis,dos Gidi, dos
Mehemeni.dos Tannuri, dos lannus, dos Jasmin, dos Miguel, dos Jorge, dos Tufik, dos Wadih.
dos Gaid, dos tdro e dos Kalili, ede tantas outras famdias que deram ao Relourinho, uma
fisionomia caracteristica como áeade comércio do que se chamou, por muito tempo, de
miudezas eartigos de armarinho. Ao lado deles os italianos, principalmente ligados aoficinas
mecânicas e a negócios com artigos de couro.
elo início dadécada de 30 do século atual, a decadênça da área do Pelourinho deveráter
se acerelado. Caso contrário, não teria sido tomada a decisåo, por um determinado preposto
policial,em 1932,de deslocar da rua Carlos Gomes (antiga rua de Baixo) e do beco de Maria Paz.,
omeretrício ali localizado desde longas datas, para o Maciel, onde então existia grande
quantidade de prédios arruinados e abandonados, alguns transformados em moradias coletivas
do mais baixo nível, localizados à beira de ruas mal calçadas e com passeios praticamente
inexistentes; havendo, a partir de então epor muitos anos, se constituindo, não somenteo
Maciel, comogrande parte das ruas que lhe s£o adjacentes, particularmente, ada Laranjeiraea
de São Miguel, como amais vastae constrangedora zona de baixo meretriio que jáeistiu na
idade do Salvador.
Apartir, contudo, de 1967, passou a existir uma séria intenção de nào deixar perder-se, por
tanto quanto o de
desleixo ou incúria, o patrimônio cultural representado pelo casario da área, comportar-se
recuperar, saneando-o, no melhor serntido da palavra, o espírito, o modo de ser e Luiz
dos seus habitantes, mediante acriação, a 13 de setembro daquele ano, pelo governador
Vianna Flho, da Fundação doPatrinmônio Artistico e Cultural, que passou aánea ser conheida como
da e sua integração
"Fundaç£o do Pelourinho", tendo entre os seus objetivos, a preservaço ser contada pelos que
mais reSnte, a
ao uso pleno dacomunidade. Esta é, porém, umahistória
resultados memoráveis comoos agora
deladiretamente participaram, lutando e obtendo Magalhaes,quase inacreditáveis na sua
alcançados,durante o atual governo de Antônio Carlos visitar a Bahia. Resultados que
para
grandeza quando exposto aos olhosdos que chegam desse grande conjunto histórico por mnuitos ja
envolvem tanto a paisagem física comoa humana
denominado,de forma afetiva e carinhosa como o "Telo".
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20) MATTOS, Waldemar. Opus cit., p. 27 e p.74.
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22) MATTOS, Waldemar. Opus cit. p. 38-42.
23) VIANA FILHO, Luis. "Da Academia dos Rebeldes àAcademia Brasileira", Revista da Academia de Letras da Bahia.
Jan. 1990, n° Cristina
24) CAMPELO, 36, p. 75Maria Teixeira. "Pinheiro Viegas e a Academia dos Rebeldes", Universitas. Set/dez. 1971, n
10, p.77-78.
25) MATTOS, Waldemar. Opus cit. p. 48-68.

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