Você está na página 1de 34

SAMBA DE RODA

Alunas: Caona Gracia, Jéssica Veloso, Mariana Balliana, Mariana Andrade,


Nathana Zanatto e Tamara de Paula
O que é?
 O Samba de Roda é considerado um Patrimônio Cultural Imaterial, que pode ser classificado como um
conjunto de conhecimentos relacionado a vivência de determinada comunidade. Segundo a Conversão, o
patrimônio imaterial pode ser definido como as praticas, representações, expressões, conhecimentos e
técnicas. Esse patrimônio é transmitido de geração em geração.’ Uma pesquisa publicada em um dossiê
para o Iphan também fundamentou a candidatura do samba de roda à III Proclamação das Obras-Primas do
Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade, título que foi outorgado pela Unesco em 2005. Desde então o
Iphan tem acompanhado a elaboração e a implantação do Plano de Salvaguarda do samba de roda, com o
objetivo de apoiar e fomentar ações de valorização dos sambadores e sambadeiras da Bahia e a melhoria
das condições que propiciam a continuidade deste valioso bem cultural.
 O Samba de Roda baiano é uma forma
de preservação da cultura transmitida
pelos negros africanos escravizados no
Brasil. É uma variante musical mais
tradicional do samba com traços culturais
trazidos pelos portugueses. Formado de
expressão musical, coreográfica, poética, o
samba de roda permeia atividades
econômicas, religiosas e lúcidas,
particularmente no contexto cultural do
Recôncavo Baiano. O estilo musical
tradicional afro-brasileiro e associado a
dança, que por sua vez está associada a
capoeira. Apresenta inúmeras variações
que parecem estar relacionadas com
aspectos ecológicos, históricos e
socioeconômicos das diferentes regiões do
Estado.
Onde se localiza?
 Originário do estado brasileiro da
Bahia, ele é especialmente forte e
mais conhecido e praticado na região
do recôncavo, pela formação política,
social, econômica, culturais e
artísticas. A faixa da terra que
contorna a baía de Todos os Santos,
onde se encontram 21 municípios.
Porém o samba pode acontecer em
qualquer lugar, seu desempenho tem
caráter inclusivo, por isso o ritmo se
espalhou por várias partes do país,
sobretudo Pernambuco e Rio de
Janeiro.
Recôncavo Baiano
 Delimitar o recôncavo baiano não é tarefa fácil ainda que use o oceano como fronteira. Mesmo porque,
quando se diz Recôncavo Baiano, está se falando muito mais de um conceito histórico que de uma unidade
fisiológica.
Histórico do bem / contexto histórico nacional
 O Recôncavo é uma invenção histórica e uma
configuração cultural que nasceu da aventura de
alguns portugueses, e de muitos africanos e
indígenas. Por isso, trata-se de uma unidade
regional que foi concebida e é situada por dentro
da história dos engenhos de cana, da escravidão e
da indústria açucareira no Brasil.
 Assim que os portugueses chegaram,
perceberam que a baía era um porto seguro, por
suas pequenas ilhas e os recifes dificultarem a
entrada de navios inimigos, sendo possível a
transição de pequenas embarcações e propícias
para os primeiros engenhos de cana-de-açúcar,
paróquias e vilas, tornando Salvador e Cachoeira
os dois principais centros metropolitanos da
região, polos integradores do circuito comercial,
político e cultural que a colonização portuguesa
inaugurou. No ritmo dos engenhos de açúcar o
Recôncavo foi se formando, e foram surgindo e
crescendo os núcleos urbanos, fazendo funcionar
uma rede pela qual transitavam produtos e
pessoas ocupadas com o comércio.
 Dessa rede tem sido subtraído e acrescentado, ao longo de tantos séculos, um considerável número de
cidades, deixando hoje o Recôncavo com 21 municípios, mas todos eles enfrentam hoje, contudo, uma
grave situação de degradação ambiental. No Paraguaçu foi construída a barragem de Pedra do Cavalo que,
se garante o abastecimento regular de água potável para várias comunidades, prejudicando a pesca e a
mariscagem, que são importantes e tradicionais fontes de renda para as populações locais.
 Infelizmente o Recôncavo, além da degradação
ambiental, também se encontra a pobreza
generalizada e a desigualdade social. Para alguns,
o Recôncavo é sinônimo de “região cronicamente
pobre, entretanto dotada do fascínio de ser a
principal detentora da tradição cultural da
sociedade escravista” (Pedrão, 1998:219). Mas
nem sempre foi assim. Por um longo tempo a
riqueza dos donos de terras e escravos saltavam
aos olhos. Logo que se instalaram no Recôncavo
os colonizadores descobriram as virtudes do solo
de massapê, predominante na região. O massapê
e o clima tropical se prestavam bem para o
cultivo em larga escala da cana-de-açúcar. Após a
dizimação de muitos indígenas e a escravização
ou expulsão de outros tantos, os portugueses se
apossaram dos melhores terrenos, fazendo-se
donos de pessoas e riquezas. Embora os negócios
do açúcar estivessem sempre à mercê do mercado
internacional, as vendas garantiram fortuna e
prestígio aos grandes proprietários locais.
 Criou-se ali, assim, uma economia sustentada
pelas lavouras do fumo, da cana-de-açúcar e pelo
trabalho de negros escravizados. Associada à
lavoura canavieira, a indústria do tabaco também
floresceu no Recôncavo baiano. Com a
decadência da produção da cana-de-açúcar e do
fumo, e o empobrecimento regional que se
seguiu, ficaram ainda mais reduzidas as
oportunidades de sobrevivência. Assim, teve
lugar uma outra forma de expansão do
Recôncavo: a migração. Foram muitos os
trabalhadores, em sua maioria negros, que
abandonaram as velhas cidades para se
estabelecerem em povoados e vilas menores, em
busca de melhores condições de vida. Com isso,
o Recôncavo foi expandido para dentro de si
mesmo. Entretanto, foi graças a esse processo
migratório que hoje é possível perceber certa
unidade cultural na região. Mesmo em povoados
e cidades distantes entre si, podem ser observadas
práticas e tradições similares, a exemplo do
samba de roda.
 Nos anos 1950, a extração de petróleo, recém-
descoberto na região, prometia encerrar a
dormência econômica que durou por 100 anos o
Recôncavo. Tal promessa foi cumprida apenas em
parte, e mesmo os limitados benefícios dados a
população têm sido distribuídos de modo
bastante desigual.
 A presença africana foi e continua a ser, uma
marca da cultura do lugar. Eram negros os
homens, mulheres e crianças que cuidavam dos
canaviais, faziam os engenhos funcionarem,
mantinham toda a infraestrutura necessária e
ainda promoviam magníficos batuques.
 O Recôncavo é uma invenção histórica e uma configuração cultural que nasceu da aventura de alguns
portugueses, e de muitos africanos e indígenas. Por isso, trata-se de uma unidade regional que foi concebida
e é situada por dentro da história dos engenhos de cana, da escravidão e da indústria açucareira no Brasil.
 Assim que os portugueses chegaram, perceberam que a baía era um porto seguro, e as terras em seu
entorno eram propícias para que os primeiros núcleos colonizadores. As pequenas ilhas e os recifes
dificultavam a entrada de navios inimigos, mas para quem conhecia bem os caminhos do mar e dos rios era
possível transitar em médias e pequenas embarcações.
 Resguardados do Atlântico, ergueram-se no
Recôncavo engenhos de cana-de-açúcar,
paróquias e vilas. A elas se seguiram várias outras
e, assim, no final do século XVIII, as margens do
rio Paraguaçu – até onde ele se fazia navegável –
já estavam relativamente povoadas.
 Ainda naquele século, Salvador e Cachoeira já
eram os dois principais centros metropolitanos da
região, polos integradores do circuito comercial,
político e cultural que a colonização portuguesa
inaugurou. No ritmo dos engenhos de açúcar o
Recôncavo foi se formando, e foram surgindo e
crescendo os núcleos urbanos, fazendo funcionar
uma rede pela qual transitavam produtos e
pessoas ocupadas com o comércio.
 Na segunda metade do século XIX foram abertas as
primeiras fábricas de charutos. No período, a região
amargava uma grave e irreversível crise econômica e,
para muitas trabalhadoras – visto ser esta uma indústria
de predominância feminina – ser empregada na feitura
dos charutos era uma oportunidade ímpar. Com a
decadência da produção da cana-de-açúcar e do fumo, e
o empobrecimento regional que se seguiu, ficaram ainda
mais reduzidas e precárias as oportunidades de
sobrevivência. Assim, teve lugar uma outra forma de
expansão do Recôncavo: a migração. Foram muitos os
trabalhadores, em sua esmagadora maioria negros, que
abandonaram as velhas cidades de Santo Amaro,
Cachoeira, São Félix e São Francisco do Conde para se
estabelecerem em povoados e vilas menores, em busca
de melhores condições de vida. Com isso, o Recôncavo
foi expandido para dentro de si mesmo. É muito
corriqueiro encontrar na região famílias espalhadas por
diversas cidades: o resultado de inúmeras tentativas de se
viver melhor. Entretanto, também é preciso acentuar que
foi graças a esse processo migratório que hoje é possível
perceber certa unidade cultural na região. Mesmo em
povoados e cidades distantes entre si, podem ser
observadas práticas e tradições similares, a exemplo do
samba de roda.
 Nos anos 1950, a extração de petróleo, recém-descoberto na região, prometia encerrar a letargia
econômica que nos 100 anos anteriores cobrira boa parte do Recôncavo. Tal promessa foi cumprida apenas
em parte, e mesmo os limitados benefícios resultantes para a população local têm sido distribuídos
regionalmente de modo bastante desigual. Cidades como Catu, Candeias e São Francisco do Conde
cresceram vertiginosamente com a produção petrolífera, enquanto antigos e importantes centros urbanos, a
exemplo de Cachoeira, Santo Amaro e Maragogipe, continuam ao largo das novas benesses extraídas do
solo. Por sua vez, a recriação das tradições culturais locais está relacionada a este duplo movimento: o
acelerado desenvolvimento de alguns centros urbanos fundamentais no mapa cultural da região, e a secular
paralisia econômica de cidades não menos importantes.
 A despeito da disritmia inter-regional, a
presença africana e afro-descendente foi, e
continua a ser, uma marca da cultura do
lugar. Eram negros os homens, mulheres e
crianças que cuidavam dos canaviais,
faziam os engenhos funcionarem,
mantinham toda a infraestrutura necessária
para o bem viver de seus senhores... e ainda
promoviam magníficos batuques.
Características Gerais
 O samba de roda, desde antigos relatos, traz como suporte determinante tradições culturais transmitidas
por africanos escravizados no Estado da Bahia. Essas tradições se mesclaram de maneira singular a traços
culturais trazidos pelos portugueses, como os instrumentos mencionados acima, e à própria língua
portuguesa e elementos de suas formas poéticas. Tal mescla, assim como outras mais recentes, não exclui o
fato de que o samba de roda foi e é essencialmente uma forma de expressão de brasileiros afrodescendentes,
que se reconhecem como tais.
 No Recôncavo Baiano, o samba sem dúvidas tem  Em sua definição mínima, o samba de roda constitui-
uma posição espacial. É significante a ligação que o se de grupo de pessoas para “performance” de um
samba consegue entre todas as faixas etárias e entre repertório musical e coreógrafo cujo os participantes
os sexos, como também o fato que formas de samba dispostos em círculo ou formato aproximado, presente
são ligadas, de uma outra maneira, a quase todas as possível de instrumentos musicais como o pandeiro,
espécies culturais importantes, e que têm um papel prato-e-faca e a viola. Os tocadores ficam juntos
importante nas demais datas festivas, sejam eles fazendo parte do círculo e os outros presentes
religiosas, rituais ou de outra natureza. acompanham com palmas e cantos.
 Esta posição especial faz também do samba de
roda a forma mais comum e tradicional de o povo
baiano festejar em seu dia-a-dia.
 O samba de roda pode acontecer dentro de casa ou
ao ar livre, em um bar, uma praça ou um terreiro de
candomblé. Seu desempenho tem caráter inclusivo,
ou seja, todos os presentes, mesmo os que ali
estejam pela primeira vez, são em princípio instados
a participar, cantando as respostas corais, batendo
palmas no ritmo e até mesmo dançando no meio da
roda caso a ocasião se apresente.
 Os cantos são estróficos e silábicos em língua  Os dois tipos podem
portuguesa e a coreografia, sempre feita dentro da roda
e seu gesto mais típico é o chamado miudinho.
Embora homens possam dançar, há clara
acontecer com ou sem viola,
predominância de mulheres na dança enquanto nos mas é no samba de chula que
instrumentos há a predominância de homens.
 Há inúmeras modalidades de samba de roda no a viola é mais fundamental.
Recôncavo, a primeira corresponde a uma categoria
nativa bastante generalizada no Recôncavo e em Isso se deve também a que,
Salvador , conhecida como samba corrido, e o segundo
permite aproximar, por alguns traços comuns, sambas
neste tipo de samba, quando
diferentes, na região de Santo Amaro e municípios uma sambadeira entra na
vizinhos:, chamado de samba chula.
 As principais diferenças entre o samba corrido e o roda, as vozes se calam e
samba chula se referem às relações entre músicas e
dança, e podem ser resumidas em dois pontos
passa a caber à viola.
principais. Primeiro no samba chula, a dança e o canto  Um dos mais importantes
nunca acontecem ao mesmo tempo, enquanto o samba
corrido, ao contrário, a dança, canto e toques cantores de samba de
acontecem simultaneamente. Segundo: no samba chula
no meio da roda; enquanto no samba corrido podem cachoeira, o falecido Dedão
sambar uma ou várias pessoas ao mesmo tempo no
meio da roda. Pode-se dizer que no samba corrido os (Augusto Passos da Costa,
eventos tendem a ser agregados, e no samba chula
mais separados.
1944 – 2004)
 As pessoas que fazem samba de roda tocam os
instrumentos ‘disponíveis’. Esta relação é utilizada para
que se perceba a complexidade das relações entre, por
um lado, a maneira como a participação dos
instrumentos no samba de roda é conceituada pelos
músicos, e por outro, a maneira como é posta em prática.
Na verdade é perfeitamente possível fazer samba de roda
sem instrumentos, apenas cantando, batendo palmas e
eventualmente batendo ritmos nos objetos que estiverem
à mão. Mas o samba de roda possui um dos seus mais
nobres instrumentos: o prato-e-faca. E no caso do samba
chula, o instrumento mais importante é a viola.
Prato – e – Faca
 Ao contrário dos outros instrumentos citados, o prato-e-faca é tocado predominantemente por mulheres.
Isto pode se dever à relação tradicionalmente privilegiada, no Recôncavo, entre mulheres e o mundo da
cozinha. Outra peculiaridade da tocadora de prato-e-faca é que ela, regra geral, toca de pé, e não
necessariamente numa posição próxima à do conjunto dos tocadores.
 No Recôncavo, quem detêm a arte e ciência da viola são de parecer que é o “primeiro dos instrumentos”. A viola é
o primeiro no sentido de admitir-se ser o mais antigo. O jesuíta José de Anchieta escreveu, no século XVI, que os
meninos índios “fazem as suas danças à portuguesa, com tamboris e violas”. Esta antiguidade, ao lado da
associação com os primeiros senhores portugueses, contribui por si para o sentir-se que é o primeiro dentre os
instrumentos. Afirma-se ser o mais nobre e histórico, o mais brasileiro . Na Bahia, tanto no sertão como, de maneira
particular, no Recôncavo, a viola acompanha a dança e o canto. O violeiro não só fornece um fundo rítmico aos que
dançam, como é encorajado a desafiá-los a acompanhar com os pés a destreza rítmica dos dedos do executante. Um
“toque” básico é constantemente repetido, mas há dentro desse padrão uma urdidura em ornamentação e ritmo de
considerável complexidade. O conjunto instrumental consiste de várias violas, eventualmente de outros
instrumentos de corda e instrumentos de percussão.
 O machete tem de comprimento cerca de 76
centímetros, com o bojo superior de
aproximadamente 17 centímetros em diâmetro, o
inferior de cerca de 22 cm, e a cintura de mais ou
menos 12cm. A viola de três-quartos tem
comprimento de 89,5cm, o bojo superior de 20cm,
o inferior de 29,5 cm, e a cintura de 15cm. A altura
da caixa de ressonância, tanto do machete como da
três-quartos, é de cerca de 6cm. A regra do machete
tem o comprimento de cerca de 18cm e a de três-
quartos cerca de 23 cm, dividida por dez trastos de
bronze ou de cobre, espaçados de modo que
produzam intervalos, grosso modo, de segundas
menores. Uma denominação coletiva no Recôncavo
para esses instrumentos é “viola de dez cordas”. O
machete, assim como a três-quartos, possui dez
cordas de metal em cinco pares. A posição para a
execução da viola é semelhante à do violão.
 É importante notar que, regra geral, as mulheres
batem palmas suaves durante a chula cantada
para não atrapalhar os cantadores, ou mesmo, em
vez de bater palmas, esfregam suavemente em
movimentos circulares as palmas das mãos.
Quando então a chula termina, todas começam a
bater as palmas – ou tabuinhas – com entusiasmo.
 O compasso do samba é “dois por quarto”, seu
ritmo se faze em torno de dois tempos, ou duas
pulsações principais, correspondente, por
exemplo, aos passos de alguém que se dispusesse
simplesmente a caminhar em sintonia com o
samba. Ao término de seu solo, a sambadeira dá a
umbigada na próxima, que irá então por sua vez
corre a roda. A umbigada é muitas vezes quase
imperceptível, e pode também ser tocada por
outro gesto indicativo da escolha, como erguer os
braços na frente do outro, ou simplesmente lançar
um olhar.
 As pessoas se vestem com roupas do cotidiano para trabalhar ou passear. Mas nota-se que para as
sambadeiras a saia ampla, comprida, franzida na cintura e rodada, é boa para a expressão corporal. A
imagem do corpo das sambadeiras em movimento simultâneos, sacudindo os ombros, girando e segurando a
saia rodada, produz no espectador uma sensação estética de vitalidade e bem-estar.
História do Samba
 A primeira menção documentada da palavra samba no Brasil data de 1838, em Pernambuco. Entre esta data e
meados dos anos 1920, há registro de atividades musicais coreografadas chamadas de samba em vários pontos do
Brasil. No inicio dos anos 1930, nascem no Rio de Janeiro as primeiras escolas de samba. Elas iram modificar
profundamente o estilo do samba carioca que, a partir de então, e num breve lapso de tempo, chegará a todo o país e
assumirá o posto de símbolo musical nacional. Mas a enorme popularidade deste samba não impediu que, em
diferentes pontos do país, continuassem existindo sambas locais, oriundos de tradições às vezes centenárias, e com
maior ou menor capacidade de adaptar-se às transformações históricas. É o caso do samba rural paulista, do samba
de coco pernambucano e com outro nome, o tambor de crioula maranhense. É o caso também do samba de roda
baiano, que tem uma importância singular, é o berço reconhecido do samba brasileiro. A magnitude do valor do
samba de roda como bem cultural reside em seu conjunto. Ele é dança, é música, é poesia, é inclusive teatro e é, não
menos importante, participação: a alegria máxima do samba reside em fazer parte dele, em sambar. Para
significativas parcelas do povo do Recôncavo, o samba de roda se reveste indubitavelmente de um valor
excepcional.
 A pratica do samba de roda sofreu considerável
declínio no curso do século XX. Um dos fatores que
contribuiu para isso foi a decadência econômica do
recôncavo que, embora iniciada no século XIX, ainda
aumentou, entre outras razões, devido à construção, nos
anos 1970, da rodovia unindo Salvador a Feira de
Santana. Esta rodovia passa na fronteira norte do
Recôncavo e tornou-se a via preferida para o fluxo de
produtos agrícolas do interior do Estado em direção a
capital. Assim, o comercio, as feiras e o ir-e-vir de
embarcações nos rios do Recôncavo foram reduzidos
consideravelmente, o que agravou a estagnação
econômica e acentuou o êxodo da população para a
capital do estado e para o sul do país. Outro fator que
vem contribuindo para o enfraquecimento de uma das
modalidades mais valorizadas de samba de roda, o samba
chula, é o quase completo desaparecimento do
instrumento mais apropriado para sua performance: as
violas de samba, especificamente o machete, pequena
viola de cinco ordens. O ultimo artesão conhecido de
violas de samba, Clarindo dos Santos, morreu em 1980.
A recuperação do saber-fazer violas machetes, e a
preservação e desenvolvimento do que resta do saber
tocá-las é urgente e por só já justificaria a importância de
ações afirmativas de valorização do samba de roda.
 A transmissão dos saberes envolvidos na realização do samba de roda vem sendo feita por meio da
observação e da imitação. As crianças observam e escutam o samba de roda desde a mais baixa idade. A
partir de 4 ou 5 anos, ou mesmo bem antes, elas começam a imitar a dança, as palmas e os toques rítmicos e
a partir de 8 ou 10 anos já participam da roda de forma ativa e consciente. O papel da família parece ser
bastante importante no estímulo e nas oportunidades de observação do samba.
Peculiaridades
 Tradição milenar no Recôncavo Baiano, a  Também conhecida como Umbigada – porque cada
manifestação concorre, inclusive, ao título de Obra- participante, ao sair da roda, convida um novo para a
Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da dança dando-lhe uma “umbigada” -, a manifestação
Humanidade. Presente no trabalho de renomados típica do Recôncavo tem destaque nas cidades de Cipó,
compositores baianos - Dorival Caymmi, João Candeias e Cachoeira durante os festejos juninos e da
Gilberto, Caetano Veloso -, esse misto de música, Boa Morte. Em São Félix, Muritiba, Conceição do
dança, poesia e festa se revela de duas formas Almeida e Santo Amaro, o samba de roda é destaque na
características: o samba chula e o samba corrido. A festa de Nossa Senhora da Purificação. São Francisco do
chula, uma forma de poesia, é declamada pelo solista, Conde, Feira de Santana, Itacaré e, novamente,
enquanto o grupo escuta atento, só se rendendo aos Conceição do Almeida celebram o samba de raiz na
encantos da dança após o término do festa de Dois de Julho.
pronunciamento, quando um participante por vez
adentra o meio da roda ao som da batucada regida
por palmas. Já no corrido, o samba toma conta da
roda ao mesmo tempo em que dois solistas e o coral
se alternam no canto.
 A roda, que dá nome ao gênero, é comum aos dois tipos mencionados. A palavra não deve ser tomada num sentido
excessivamente literal. A forma real de disposição dos participantes pode ser antes a de um semicírculo, ou mesmo,
a depender do espaço onde acontece o samba, assemelhar-se a um quadrado ou a uma elipse. Como no caso da
famosa Távola Redonda, a alusão ao formato circular pode aqui ter relação com certa igualdade formal dos
participantes, estando todos à mesma distância do centro e desfrutando do recíproco direito de – respeitadas as
regras do jogo – sambar por alguns minutos no meio do contorno desenhado pelos assistentes.
 A roda é, no entanto, polarizada pelo ponto onde se agrupam os músicos. De certa forma, todos os presentes em
um samba de roda são músicos, pois todos, em princípio, batem palmas e cantam as respostas.

 O samba de roda pode ser visto também como


arena privilegiada para um diálogo altamente
codificado entre homens e mulheres. O erotismo
é um componente estrutural do samba, expresso
não só pelos corpos dos participantes, mas
também pelas mais variadas interjeições e
comentários, inclusive aqueles relativos aos
conflitos por ciúmes.
 De maneira geral, considera-se que no samba
de roda e, como de hábito com mais rigor no
samba chula, o papel típico do homem é tocar,
enquanto o da mulher é sambar.
 O samba de roda acontece em
algumas festas em especiais, como
no final de setembro acontece a
festa dos santos Cosme e Damião
que também é conhecida como
Caruru de Cosme, nesta festa possui
uma tradição que as crianças comem
primeiras em grupos de sete, pois os
santo Cosme e Damião são
considerados protetores, depois tem
as reza coletivas e o samba de roda
encerra. O samba de roda também
está presente nos cultos caboclos,
nas festas de candomblés do rito
nagô ou angola. Fica claro como o
samba de roda está presente nas
tradições das cidades do Recôncavo.
Grau de proteção:
 O dossiê de Registro do samba de roda do
Recôncavo baiano como a ser realizado em 2004,
em Recife/PE em Salvador/BA e também no
Recôncavo da Bahia, que foi feita por toda uma
equipe e foi supervisionado pela técnica do
IPHAN, para que fosse possível que o samba de
roda fosse considerado um bem. Uma equipe
montada começou a mapear o samba nos
municípios vizinhos (21 municípios consta no
registro) e assim foram identificando as
particularidades e os pontos comuns. Além de
toda uma pesquisa em campo, foi necessário
aponderar as pesquisas através de livros, artigos,
internet. Através de todas as pesquisas realizadas,
concluiu-se que o samba de roda era responsável
pelas principais referenciais culturais, artísticas e
possuí grande importância na formação política,
social e econômica no Estado da Bahia.
 Em meados de 1920, foi quando surgiram
registros de atividades musicais e coreográficas
chamas de várias, mas isso acontece em alguns
pontos específicos do Brasil como: Bahia, Ceará,
Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro. Mas aos
poucos o samba foi se evoluindo, em 1930
surgiram no Rio de Janeiro as primeiras escolas
de samba, mas aos poucos o samba foi criando
características específicas locais. O samba de
roda como bem cultural é por todo seu conjunto,
é música, é poesia, é dança.
 O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
(que atua junto com o IPHAN) aprovou o
Registro de samba de roda do Recôncavo baiano
em 30 de setembro de 2004 que concedeu a
expressão musical, poética e coreografia o título
de Patrimônio Cultural do Brasil. E 25 de
novembro de 2005 foi proclamado pela
UNESCO, com Obra-Prima do Patrimônio Oral e
Imaterial da Humanidade.
 Na certidão consta que o samba de roda está presente em todo o estado da Bahia e tem destaque
principalmente na região do Recôncavo, o samba de roda traz tradições culturais transmitidas por africanos
escravizados e seus descendentes que se mescla com a herança herdado do negro-africano e também com a
cultura dos portugueses. Estando associado as festas tradicionais que acontece durante ao ano e mas o
samba de roda também está associada com a diversão coletiva. Na certidão também mostra que o samba
está dividido em samba chula que acontece na região de Cachoeira e o samba corrido.
 O título do patrimônio cultural do Brasil terá uma
revalidação em 2014, dez ano após ter sido
registrado. Para o registro continuar sendo válido é
necessário que aja uma nova avaliação, um projeto
foi implantado para que as raízes do samba de roda
continuassem e fosse passando de geração para
geração sem perder suas principais características.
Os principais colaboradores desse projetos são os
idosos da região e contribuem e com isso o projeto
também tem o objetivo de expandir também para a
região.
 Para a pesquisa que foi realizada para conseguir o
registro, deixou algumas lacunas, para renovação
uma nova pesquisa está sendo realizada e está sendo
mais aprofundada em alguns pontos com alguns
outros tipos de sambas como o samba de coco,
samba de bate baú, samba de estivador que são
variações do samba de roda. Toda está pesquisa que
está sendo feita deverá estar em um Centro que será
implantado em alguma das cidades que faz parte do
Recôncavo, todo este material poderá ser
consultados pelos sambista e por toda a população.
Além dos tipos de samba, as diferentes danças, os
instrumentos e o canto.
Salvaguarda do Samba de Roda
 Um novo projeto será criado, a Oficina de  Fase 3: 2006 – 2008
Luteria Tradicional Clarindo dos Santos que Será os anos das conclusões dos projetos, o Centro
ainda não tem um local definido, que para a de Referência do Samba de Roda e da Oficina Luteria
revitalização das violas artesanais ela tem Tradicional Clarindo dos Santos além dos outros
objetivo de fazer à recuperação das violas de projetos que possuem.
samba, capacitar artesãos e confeccionar de
 Fase 4: 2008-2009
outros instrumentos.
 Fase 1: 2004 e 2005 Vai ser a etapa da finalização da implantação da
oficina e do centro, será feita a avaliação do plano
Dá ênfase em alguns pontos da pesquisa já desenvolvido e qual o impacto que está sendo para o
realizada e focar nas lacunas deixadas, reforçando samba de roda.
também saber tocar e do saber fazer a viola que é um
ponto fraco.
 Fase 2: 2005 e 2006
Nesta segunda etapa será o início da realização das
ações previstas que é a implantação do Centro de
Referência do Samba de Roda e da Oficina de Luteria
Tradicional Clarindo dos Santos. Terá o apoio
também aos sambas-mirins, a aquisição e a
duplicação dos acervos, a realização de seminários de
acompanhamento do Plano, a publicação de livros,
CDs e vídeo sobre o samba de roda, entre outros
projetos.

Você também pode gostar