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OLINDA/PE
2023
ANDERSON DA SILVA PEREIRA
OLINDA/PE
2023
BANCA EXAMINADORA:
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Examinador(a) (Orientador)
______________________________________________
Examinador(a)
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DEDICATÓRIA
Neste momento de reflexão e conclusão, desejo expressar minha gratidão àqueles que
foram pilares fundamentais em minha jornada acadêmica, uma gratidão que transcende as
palavras comuns e busca abraçar a essência filosófica da existência.
Aos meus professores, cujo papel vai além de meros transmissores de conhecimento.
Vocês me guiaram pelo intricado labirinto do pensamento humano, desafiando-me a
questionar e a ir além das superfícies óbvias. Através de suas palavras e ensinamentos,
aprendi a não apenas acumular informações, mas a cultivar o amor à sabedoria, a filosofia.
Aos meus amigos, companheiros de jornada intelectual, compartilho minhas
inquietações, questionamentos e buscas. Juntos, criamos um espaço de diálogo profundo e
verdadeiro, onde as ideias puderam se entrelaçar e ganhar vida. Nossas conversas filosóficas
foram o alimento para a alma, expandindo nossas mentes e desafiando nossas crenças.
Aos meus familiares, que ao longo do tempo me ensinaram lições valiosas sobre amor,
resiliência e apoio incondicional. Vocês me encorajaram a seguir meus sonhos, mesmo
quando a jornada parecia árdua. Compartilhamos momentos de reflexão e crescimento,
fortalecendo os laços que nos unem.
Que minha gratidão ecoe através do tempo e do espaço, imbuída de sabedoria e
humildade. Que ela sirva como um lembrete de que somos parte de algo maior, conectados a
um tecido universal de ideias, pensamentos e indagações.
Nesta expressão de gratidão, transcendo as limitações do mundo material e me abro
para as dimensões mais profundas do conhecimento e da existência. Que minha jornada
filosófica nunca cesse, mas continue a florescer em busca da verdade e da compreensão.
Com humildade e admiração, agradeço a todos aqueles que me acompanharam nesta
caminhada.
"A justiça sem sabedoria é cega; a sabedoria
sem justiça é estéril." - Immanuel Kant, em
"Crítica da Razão Prática" (1788).
RESUMO
The objective of this work is to analyze the historical trajectory of labor law, including
the consolidation of labor laws, as well as to study the Labor Reform and its impacts after the
enactment of Law nº 13.467/2017. This reform brought several changes in labor relations,
directly affecting both the employee and the employer. The Reform intends to modernize and
make labor laws more flexible, providing employment opportunities for all and bringing legal
certainty to the employment relationship. The study seeks to understand the main changes
introduced by the new law, comparing it with the previous one, and to determine whether
these changes have had positive or negative effects on the employment relationship. To
achieve this objective, bibliographic research was carried out in books, internet sites, articles,
and laws relevant to the subject, to understand the changes that have occurred over time and
specify their positive and negative points. of the labor, reform included the study and
knowledge of the history of labor law and its evolution over time, as well as the analysis of
the new reform law and its positive and negative impacts. These steps are essential to
understand the importance of labor reform and its consequences on the relationship between
employees and employers.
Keywords: Labor Law. Labor reform. Labor impactes.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES (FIGURAS)
ART.-artigos
CAGED- cadastro geral de empregados e desempregados
CIT- Comissão Interna de Conciliação Trabalhista
CLT-consolidação das leis do trabalho
CNPJ- Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
COVID-19- Doença do Coronavírus 2019
CTPS-carteira de trabalho e previdência social
EPP-empresa de pequeno porte
FGTS-fundo de garantia por tempo de serviço
IBGE-instituto brasileiro de geografia e estatística
ME-microempresário
ODS- objetivos de Desenvolvimento Sustentável
OIT-organização internacional do trabalho
PDF- formato de documento portátil
PSE-programa de sustentação do emprego
STF-tribunal superior federal
MTE-ministério do trabalho e emprego
TR- Taxa referencial
TST-tribunal superior do trabalho
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...............................................................................................................................1212
5.1 A organização internacional do trabalho (OIT)e seu papel na aplicação das normas internacionais
do trabalho em defesa dos trabalhadores...........................................................................................4444
5.2 A reforma trabalhista: principais alterações comparando a lei anterior com a vigente)............4747
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................8383
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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INTRODUÇÃO
A reforma trabalhista é um tema polêmico e que gera debates intensos na sociedade.
Aprovada em 2017, a reforma alterou diversos aspectos das relações de trabalho, como férias,
jornada de trabalho, terceirização e negociado sobre o legislado. A reforma foi apresentada
como uma solução para modernizar as leis trabalhistas, reduzir a burocracia e estimular a
criação de empregos, no entanto, há controvérsias quanto aos seus impactos positivos e
negativos na vida dos trabalhadores e da economia como um todo.
Para desenvolver o tema da Reforma Trabalhista, uma das metodologias utilizadas foi
a análise documental. Essa metodologia consiste na coleta e análise de diferentes tipos de
documentos que tratem da Reforma Trabalhista, como leis, regulamentos, notícias, processos
judiciais, decisões judiciais, entre outros. Por meio da análise documental, é possível entender
o contexto em que as mudanças trabalhistas foram propostas, suas justificativas e impactos na
sociedade. Além disso, essa metodologia permite uma análise mais detalhada das mudanças
ocorridas na legislação trabalhista e a identificação de pontos positivos e negativos da
Reforma Trabalhista.
desse ramo do Direito, desde a Revolução Industrial até os dias atuais. Destacaremos as
principais conquistas e avanços que ocorreram em diferentes países e como essas
transformações influenciaram a proteção dos direitos trabalhistas globalmente. Dentro do
contexto brasileiro, será explorado a evolução histórica do Direito do Trabalho no país. Desde
as primeiras regulamentações até os dias atuais, analisaremos as leis trabalhistas brasileiras e
os movimentos sociais que contribuíram para a consolidação dos direitos trabalhistas no
Brasil. Serão abordadas as principais mudanças e conquistas, bem como os desafios
enfrentados ao longo do tempo.
No terceiro capítulo, aprofundaremos o estudo dos princípios do Direito do Trabalho.
Exploraremos o conceito de princípios jurídicos e sua importância na aplicação do Direito do
Trabalho.
O quarto capítulo se aprofundará nas fontes do Direito do Trabalho. Será apresentado
o conceito de fontes do direito e sua importância na construção e aplicação das normas
trabalhistas. Além disso, faremos uma classificação das fontes do Direito do Trabalho,
destacando as fontes materiais (fatores sociais, econômicos e políticos que influenciam a
criação das normas) e as fontes formais (leis, convenções coletivas, contratos de trabalho,
jurisprudência, entre outras).
No quinto capítulo, mergulharemos no processo de elaboração da Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT). Apresentaremos o contexto histórico e as motivações que levaram à
criação da CLT no Brasil. Serão abordadas as diferentes fases desse processo, desde a
idealização e elaboração até a promulgação e atualizações posteriores. Destacaremos a
importância da CLT como principal norma trabalhista do país e sua influência na
regulamentação das relações de trabalho.
Dentro do processo de elaboração da CLT, se abordará o papel da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) na aplicação das normas internacionais do trabalho em
defesa dos trabalhadores. Exploraremos a atuação da OIT na promoção de direitos
fundamentais no trabalho, sua influência na legislação trabalhista brasileira e a importância do
cumprimento das normas internacionais para a garantia de condições dignas de trabalho.
Com foco nas principais alterações promovidas pela Lei 13.467/17. Será apresentado
um quadro comparativo entre a legislação anterior e a atual, destacando as mudanças
significativas nas relações de trabalho.
Adiante será aprofundado as alterações promovidas pela reforma trabalhista no âmbito do
Direito Coletivo do Trabalho. Serão analisadas as mudanças nas negociações coletivas, nas
representações sindicais, nas contribuições sindicais e nas formas de solução de conflitos
trabalhistas. Será feita uma avaliação dos impactos dessas alterações na organização e no
poder dos sindicatos, bem como nas relações de trabalho coletivas. Assim como
examinaremos as alterações introduzidas pela reforma trabalhista no âmbito do Direito
Individual do Trabalho. Serão abordados temas como jornada de trabalho, férias,
terceirização, trabalho intermitente, entre outros. Faremos uma análise dos impactos dessas
mudanças nos direitos e garantias individuais dos trabalhadores, bem como nas relações de
trabalho estabelecidas entre empregados e empregadores.
Dentro dos capítulos subsequentes faremos uma análise mais aprofundada dos
impactos da reforma trabalhista na sociedade. Discutiremos os aspectos positivos e negativos
das alterações promovidas, levando em consideração as diferentes perspectivas e interesses
envolvidos. Serão explorados os efeitos sobre o mercado de trabalho, a precarização ou
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modernização das relações laborais, a proteção dos direitos dos trabalhadores e a busca pelo
equilíbrio entre empregados e empregadores.
No capítulo 6, realizaremos uma análise dos resultados das transformações e
evoluções apresentadas ao longo do trabalho. Faremos uma reflexão sobre os avanços
alcançados e os desafios enfrentados no campo do Direito do Trabalho, considerando as
reformas trabalhistas e as demandas sociais. Serão apresentados dados, estudos e experiências
que contribuirão para a compreensão do panorama atual das relações de trabalho.
No último capítulo, apresentaremos as principais conclusões obtidas a partir da
pesquisa realizada. Retomaremos os ponto-chaves discutidos ao longo do trabalho,
enfatizando a importância do Direito do Trabalho na proteção dos direitos dos trabalhadores,
na busca pelo equilíbrio nas relações laborais e no desenvolvimento social. Faremos
considerações finais sobre as perspectivas futuras do Direito do Trabalho, considerando os
desafios e oportunidades que se apresentam
JUSTIFICATIVA
Os impactos positivos são diversos, pois a reforma pode trazer mais flexibilidade para
as empresas e para os trabalhadores, o que poderia gerar mais empregos e renda. Além disso,
a reforma pode acabar com algumas burocracias que atrapalham o desenvolvimento de
negócios e atração de investimentos no país.
A motivação para este tema surgiu tanto da curiosidade pessoal quanto do interesse
profissional, especialmente para aqueles que atuam na área do direito trabalhista ou de
recursos humanos e da necessidade de entender melhor as mudanças que ocorreram na
legislação trabalhista e como isso afetou a sociedade como um todo. Percebi que havia muitas
opiniões divergentes sobre o assunto e decidi aprofundar meus estudos para entender melhor
as consequências dessas mudanças.
Sendo assim, este tema é de extrema importância porque a reforma trabalhista afetou
diretamente a vida de milhões de pessoas, desde trabalhadores e empresas até a economia do
país como um todo. Compreender seus impactos positivos e negativos é fundamental para se
ter uma visão mais clara sobre as consequências das mudanças na legislação trabalhista. Além
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do mais, o estudo deste tópico é extremamente útil porque pode ajudar a identificar possíveis
falhas na reforma trabalhista e propor soluções para melhorar as condições de trabalho dos
trabalhadores.
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
A análise dos dados coletados será realizada por meio de técnicas de análise de
conteúdo, que permitirão identificar as principais opiniões sobre a reforma trabalhista e seus
impactos na sociedade. Essa análise crítica contribuirá para a compreensão dos principais
pontos de controvérsia em relação à reforma e ajudará a responder à pergunta central da
pesquisa.
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Alguns Juristas têm opiniões diferentes sobre como definir o "Direito do Trabalho",
que é uma área especializada do direito. Existem três grandes grupos de definições:
subjetivista, objetivista e misto ou complexo, que dependem do critério utilizado para
construir a definição. Pois, o campo jurídico conhecido como direito do trabalho abrange um
conjunto de normas, valores e organizações que se referem à relação entre o trabalho
subordinado e situações semelhantes, com o objetivo de garantir melhores condições de
trabalho e benefícios sociais aos trabalhadores, por meio de medidas de proteção específicas
para esse fim Martins (2023).
torna esse critério inapropriado para abranger todas as relações reguladas por este ramo
jurídico.
O critério objetivista do Direito do Trabalho foca no objeto das relações reguladas por
esse ramo jurídico, em vez das pessoas a que se aplicam as normas trabalhistas. Existem
diferentes definições objetivistas, algumas que afirmam que o Direito do Trabalho regula
todas as relações de trabalho, enquanto outras se limitam à relação de trabalho subordinado.
Ives Gandra da Silva Martins Filho define o Direito do Trabalho como o ramo que disciplina
as relações de emprego, individuais e coletivas, enquanto Messias Pereira Donato enfatiza o
trabalho subordinado e suas relações e riscos associados. É importante lembrar que assim
como as definições subjetivistas, as objetivistas também não são uniformes e podem incluir
ou excluir certas relações trabalhistas. As definições que restringem o Direito do Trabalho
apenas à relação de emprego falham em considerar outras relações trabalhistas reguladas pelo
ramo jurídico, enquanto as definições que ampliam excessivamente o seu objeto podem
invadir a esfera de aplicação do Direito Civil e do Direito Administrativo.
A maioria da doutrina brasileira utiliza este critério, e suas definições são complexas.
Entre os autores que adotam este critério estão Arnaldo Sussekind, Amauri Mascaro
Nascimento, Evaristo de Moraes Filho, Maurício Godinho Delgado, Octavio Bueno Magano e
Sergio Pinto Martins, entre outros.
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Conclui-se, portanto, que o Direito do Trabalho é uma área do direito essencial para
proteger e garantir os direitos dos trabalhadores, visando a justiça social e o bem-estar da
sociedade como um todo. A evolução das definições ao longo do tempo reflete a importância
crescente que essa área tem adquirido na sociedade, mostrando que ela é fundamental para o
desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária.
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A palavra "trabalho" vem do latim "tripalium", que era uma ferramenta usada pelos
agricultores para bater, rasgar e separar o trigo, milho e linho. No passado, a primeira forma
de trabalho foi a escravidão, em que o escravo não tinha nenhum direito e era considerado
apenas uma coisa, propriedade do dono. O escravo não era considerado sujeito de direito e
trabalhava por tempo indeterminado, até que deixasse de ser escravo. No entanto, não tinha
nenhum direito e realizava serviços que eram negados aos cidadãos livres (MARTINS,2023).
Na Grécia antiga, o trabalho era considerado como algo inferior e associado apenas à
força física. Os escravos eram responsáveis pelas tarefas servis, enquanto as atividades nobres
eram destinadas às pessoas livres. Na Roma antiga, os escravos eram responsáveis pelo
trabalho e eram considerados como propriedades pela Lex Aquilia em 284 a.C. O trabalho era
visto como desonroso naquela época, mas a prática da locatio conâuctio foi estabelecida para
regularizar o trabalho dos homens livres que alugavam suas habilidades em troca de
pagamento. Essa prática foi dividida em três categorias: aluguel de objetos, aluguel de
serviços e entrega de resultados em troca de pagamento (MARTINS,2023).
houve também o surgimento das indústrias movidas a vapor, que ocorreu em locais
onde havia carvão, como na Inglaterra, e como isso levou a condições de trabalho abusivas
para os trabalhadores, principalmente nas minas. Eles eram obrigados a trabalhar em
condições perigosas, com baixos salários, horas excessivas de trabalho e sem proteção legal.
Com o tempo, houve a necessidade de intervenção do Estado para proteger os trabalhadores e
estabelecer normas mínimas para as condições de trabalho, como limites de jornada e idade
mínima para trabalhar. Na Inglaterra, a Lei de Peel, de 1802, limitou a jornada de trabalho dos
aprendizes paroquianos nos moinhos a 12 horas diárias, excluindo intervalos para refeição. Na
França e Espanha, leis semelhantes foram criadas para limitar a jornada de trabalho de
mulheres e crianças, além de permitir o direito de associação e greve. (MARTINS,2023).
pública, permitindo a exploração do homem pelo homem, visto que o trabalho era
considerado mercadoria e havia pouca procura por empregos. A preocupação com a proteção
do trabalhador hipossuficiente levou à criação do Direito do Trabalho. (MARTINS,2023).
O Direito do Trabalho no Brasil evoluiu ao longo dos anos com mudanças importantes
em sua legislação. Inicialmente, as Constituições brasileiras não contemplavam o direito do
trabalho, mas apenas a forma do Estado e o sistema de governo. A Constituição de 1824, por
exemplo, apenas tratou de abolir as corporações de ofício. Foi somente com a Constituição de
1934 que o direito do trabalho começou a ser regulamentado de maneira específica. Neste
capítulo, seguindo a linha do autor Martins (2011), será abordada a evolução do direito do
trabalho no Brasil de forma cronológica, destacando os principais eventos que influenciaram a
sua construção e transformação.
Em 1943, foi promulgada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que unificou a
legislação trabalhista existente até então e regulamentou diversos aspectos da relação de
trabalho, como salário-mínimo, jornada de trabalho, férias, segurança do trabalho, entre
outros. A CLT foi inspirada em leis trabalhistas já existentes em outros países, como a
Constituição Mexicana de 1917 e a Carta Del Lavoro italiana de 1927. (MARTINS,2023).
Com o passar dos anos, foram sendo introduzidas diversas mudanças na legislação
trabalhista, a fim de adequá-la às necessidades da época. Em 1967, a CLT passou por uma
grande reforma, que incluiu, por exemplo, a criação do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS) e a regulamentação do trabalho temporário. Já nos anos 1980, foram criados
os Juizados Especiais do Trabalho, com o objetivo de tornar mais ágil a resolução de conflitos
trabalhistas.
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A Reforma foi alvo de críticas por parte de sindicatos e movimentos trabalhistas, que
alegaram que as mudanças poderiam enfraquecer os direitos trabalhistas. O Direito do
Trabalho no Brasil passou por diversas etapas de evolução ao longo de sua história. Desde a
época colonial até os dias de hoje, várias mudanças e acontecimentos moldaram a legislação
trabalhista do país. Sendo assim, de forma cronológica o Brasil passou por eventos e marcos
legais como segundo Martins (2023):
Era Vargas (1930-1945); O período conhecido como Era Vargas foi marcado por uma
série de leis trabalhistas que transformaram a relação entre empregadores e trabalhadores no
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Brasil. Em 1930, foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que tinha como
objetivo regulamentar as relações de trabalho. Em 1931, foi criado o Conselho Nacional do
Trabalho, que tinha como função julgar conflitos trabalhistas. Em 1933, foi promulgada a
primeira Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que estabeleceu normas e direitos
trabalhistas. Em 1943, foi aprovada a segunda CLT, que consolidou e ampliou as normas
trabalhistas.
greve e à participação dos trabalhadores nos lucros e resultados das empresas. Além disso, a
Constituição criou o Ministério Público do Trabalho e estabeleceu a Justiça do Trabalho como
ramo do Poder Judiciário. (MARTINS,2023).
Miguel Reale, um dos maiores juristas brasileiros, faz a sua definição de princípios:
Conforme conceitua também o ilustre jurista e professor Paulo Nader, princípios são
as ideias fundamentais que servem de base para as leis e normas jurídicas. Eles são como os
pilares que sustentam todo o sistema jurídico. Esses princípios orientam a criação de novas
leis e ajudam na interpretação das leis existentes. Eles são valores éticos e sociais que a
sociedade considera importantes e que devem ser respeitados pelo sistema jurídico
(NADER,2017).
Segundo Martins (2023) existem princípios que são comuns ao Direito em geral. Esses
princípios são importantes porque ajudam a regular a vida em sociedade. O princípio da
dignidade da pessoa humana é um deles e está na Constituição. Ele diz que a personalidade
humana deve ser respeitada. Outro princípio é o da proporcionalidade, que significa que não
se pode agir com excessos ou de modo insuficiente. O princípio da boa-fé também é
importante e é observado em todos os tipos de contrato, incluindo o de trabalho. Os princípios
gerais têm a função de garantir a unidade do sistema jurídico.
No artigo 427 do Tratado de Versalhes, foi estabelecido que o trabalho não pode ser
visto como uma mercadoria ou produto comercial. Hoje, as pessoas são livres para escolher o
trabalho que desejam, exceto por leis que garantem a ordem pública. A Constituição brasileira
também destaca a dignidade humana e o valor do trabalho. Existem poucos autores que falam
sobre os princípios do Direito do Trabalho e não há um consenso sobre quais são esses
princípios. Um autor uruguaio chamado Américo Plá Rodriguez identificou seis princípios do
Direito do Trabalho, incluindo proteção, irrenunciabilidade de direitos, continuidade do
emprego, primazia da realidade, razoabilidade e boa-fé. No entanto, os princípios da
razoabilidade e boa-fé não são exclusivos do Direito do Trabalho. O empregador é
responsável por provar que a demissão foi justificada, pois o empregado não tem interesse em
perder o emprego. A mesma coisa vale para a embriaguez ou abandono do trabalho. Os
princípios específicos do Direito do Trabalho são proteção, irrenunciabilidade de direitos,
continuidade do emprego e primazia da realidade (MARTINS,2023). A seguir veremos alguns
deles:
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Ao falar sobre os princípios, estamos destacando uma base sólida, semelhante a uma
pirâmide, na qual todos os direitos devem se fundamentar. Esses princípios são diretrizes
essenciais que orientam a aplicação da lei, buscando alcançar soluções justas para os conflitos
existentes. Eles proporcionam um equilíbrio nas relações de trabalho, garantindo a proteção e
a dignidade dos trabalhadores em um ambiente laboral equilibrado.
De acordo com Silva (2023), as fontes do Direito podem ser divididas em duas
categorias: fontes materiais e fontes formais. As fontes materiais são os acontecimentos
sociais que influenciam a criação das leis. Elas são os fatores que determinam o conteúdo das
normas e refletem as relações de poder existentes na sociedade. Por outro lado, as fontes
formais são as maneiras pelas quais o Direito se manifesta socialmente. Elas são os processos
pelos quais as leis adquirem existência e são aplicadas dentro de um determinado contexto
social. Além de regular o comportamento das pessoas, o Direito também estabelece como as
normas devem ser criadas e modificadas.
Assim como explicado por Miguel Reale, as fontes do Direito são estruturas
normativas que envolvem a existência de indivíduos com poder para decidir sobre o conteúdo
das leis, ou seja, para escolher entre diferentes opções normativas possíveis.
Conforme Silva (2023), as fontes do Direito podem ser diferentes tipos de poder de
decisão na sociedade. Essas fontes incluem: a) Fonte legal: resultado do poder do Estado de
criar leis e suas normas complementares; b) Fonte consuetudinária: expressão do poder social
presente nos costumes e práticas coletivas ao longo do tempo; c) Fonte jurisdicional:
relacionada ao Poder Judiciário, manifestada por meio de decisões em diferentes níveis; d)
Fonte negocial: ligada ao poder da vontade humana de fazer acordos e contratos.
Além disso, as fontes do Direito devem seguir requisitos específicos para serem
válidas. Somente as normas que cumprem esses requisitos, estabelecidos pelo sistema jurídico
de cada país, têm validade e eficácia.
não é suficiente para regular as relações entre eles, valorizando a organização dos indivíduos
em grupos para defender seus interesses comuns (SILVA,2023)
De acordo com Silva (2023), as principais fontes estatais do Direito do Trabalho são a
Constituição e a Lei. A Constituição é a fonte mais importante, pois inclui garantias dos
direitos dos trabalhadores. A ampliação do objeto das constituições ao longo do tempo reflete
a valorização do trabalho na sociedade contemporânea. A Lei, por sua vez, é produzida pelo
Legislativo e reflete a vontade dos órgãos externos à relação social. Embora a lei seja
importante, existem dificuldades em sua aplicação estrita devido à diversidade de situações no
trabalho. Por isso, é necessário considerar alternativas, como fontes extraestatais, que
expressem a vontade das partes interessadas, buscando maior flexibilidade na regulação do
trabalho.
De acordo com Silva (2023), a Contratação Coletiva é uma importante fonte não-
estatal do Direito do Trabalho. Nesse processo, os trabalhadores e os empregadores, através
de suas associações, negociam e elaboram contratos coletivos, cujas cláusulas são aplicadas às
relações individuais de trabalho. A contratação coletiva é um contrato coletivo intensamente
praticado, adaptando-se melhor às rápidas mudanças do mundo do trabalho e aos interesses
das coletividades.
De acordo com Silva (2023), o Contrato Individual de Trabalho ocorre na maioria dos
casos sem negociação, e o trabalhador simplesmente aceita as condições impostas pelo
empregador. No entanto, a lei permite que empregados e empregadores estabeleçam
livremente as relações contratuais de trabalho, desde que estejam de acordo com as
disposições de proteção ao trabalho, os contratos coletivos aplicáveis e as decisões das
autoridades competentes. Algumas condições especiais de trabalho podem ser encontradas em
contratos individuais, especialmente para cargos de direção, gerência e confiança.
trabalhadores para o projeto. O tratado que criou o Mercosul também prevê a necessidade de
harmonização das leis trabalhistas entre os Estados signatários.
Após analisar os textos de Silva (2023) como fonte, pode-se concluir que o Direito do
Trabalho é um campo complexo que abrange diversas fontes normativas. O Regulamento de
Empresa, apesar de facultativo no Brasil, pode desempenhar um papel importante na criação
de normas trabalhistas, proporcionando uma forma de participação dos trabalhadores na
gestão das empresas. Os Usos e Costumes também têm relevância no Direito do Trabalho,
especialmente devido à constante transformação dessa área, onde os hábitos coletivos
continuam a influenciar muitos atos relacionados ao trabalho.
De acordo com Cesar (2023), várias condições influenciaram a consolidação das leis
trabalhistas no Brasil. Após a Primeira Guerra Mundial, ficou evidente a necessidade de
considerar os interesses das massas trabalhadoras na formulação de políticas públicas. O
surgimento de movimentos radicais na Rússia também causou alarme em várias nações
ocidentais.
Por outro lado, os ideais fascistas também ganharam espaço no Brasil através do
movimento integralista, liderado por Plínio Salgado. Miguel Reale, renomado jurista
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brasileiro, era um adepto desse movimento. A Ação Integralista Brasileira foi fundada em
abril de 1933 e se espalhou pelo país.
Diante dessa crise, o governo brasileiro adotou medidas protecionistas para tentar
manter o setor cafeicultor, o que gerou um aumento na dívida pública e insatisfação em
algumas regiões contra essa política que favorecia principalmente a elite paulista.
O Rio Grande do Sul foi menos afetado pela crise devido à produção interna de arroz e
charque, o que elevou sua importância econômica e política. Essa província desempenhou um
papel ativo no golpe de 1930, que marcou o fim da República Velha.
Algumas normas do Código Civil de 1916 serviram como base para a posterior
elaboração da legislação trabalhista especializada, como a definição de prazo máximo de 4
anos para contratos de duração determinada, regras sobre aviso prévio e justa causa para
rescisão de contrato, e critérios de reparação decorrentes de rescisão sem justa causa.
O autor deixa claro em seu trabalho que a reforma constitucional de 1926 conferiu
competência privativa ao poder legislativo federal para legislar sobre o trabalho. No entanto, a
produção de leis trabalhistas ocorreu de forma mais significativa após a revolução de 1930,
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Entre 1930 e 1942, Cesar (2023) identifica três fases em que Getúlio Vargas
implementou uma legislação mais abrangente de proteção ao trabalho. A primeira fase
ocorreu de novembro de 1930 a julho de 1934, quando foram adotados diversos decretos
legislativos pelos Ministros do Governo Provisório. A segunda fase abrangeu o período de
julho de 1934 a novembro de 1937, durante a vigência da Constituição de 1934, quando o
Congresso Nacional legislou sobre a matéria. Já a terceira fase começou em novembro de
1937, com a promulgação da Constituição de 1937 e o fechamento do Congresso Nacional.
Nesse período, foram instituídos decretos-leis que estabeleceram a Justiça do Trabalho e
reorganizaram o sistema sindical para preparar as corporações que elegeriam os membros do
Conselho de Economia Nacional.
De acordo com Cesar (2023), o governo provisório liderado pelo Presidente Getúlio
Vargas foi estabelecido na primeira fase da revolução, por meio do Decreto n. 19.398, de 11
de novembro de 1930. Nessa fase, foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio,
que propôs inovações na área trabalhista. Lindolfo Collor, indicado por Getúlio Vargas, foi
nomeado para chefiar o ministério. Colaborando com juristas como Evaristo de Moraes,
Joaquim Pimenta, Agripino Nazareth e Deodato Maia, Lindolfo Collor propôs medidas legais
para aproximar a legislação trabalhista brasileira daquele presente nos países com maior
proteção social.
Foi adotado o modelo de unicidade sindical, com um único sindicato em cada base
territorial, agrupando profissões idênticas, similares ou conexas em bases territoriais
municipais. Somente com a Constituição de 1934, foram adotadas, com algumas ressalvas, a
pluralidade sindical e a autonomia dos sindicatos. No entanto, a Constituição de 1937
encerrou a concepção pluralista da Carta de 1934, estabelecendo a unicidade sindical com
forte interferência do Estado na organização dos sindicatos, visando ao controle da economia
nacional.
garantiu diversos direitos, como indenização por dispensa sem justa causa, contagem do
tempo de serviço na sucessão de empresas, privilégio dos créditos trabalhistas na falência,
entre outros. (CÉSAR, 2023).
A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) foi criada em 1943 como resultado de um
processo legislativo que ocorreu em diferentes fases. Segundo Cesar (2023), Alexandre
Marcondes Filho assumiu o cargo de Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio em 2 de
janeiro de 1942 e iniciou negociações com Getúlio Vargas para a criação da CLT e da
Previdência Social. Uma comissão foi designada para elaborar os anteprojetos, um para o
direito do trabalho e outro para a Previdência Social.
Essas normas foram incorporadas no Título I (introdução) e nos capítulos I, II, III e IV
do Título IV da CLT, que tratam de disposições gerais, remuneração, alteração, suspensão e
interrupção do contrato individual de trabalho. Isso exigiu a adaptação das disposições
presentes nos Capítulos V, VI, VII e VIII do mesmo título, que abordam temas como rescisão,
aviso prévio, estabilidade e força maior.
5.1 A organização internacional do trabalho (OIT)e seu papel na aplicação das normas
internacionais do Trabalho em defesa dos trabalhadores
Em relação aos propósitos da OIT, a pedra fundamental de seu escritório na Suíça traz
a frase em latim "Si vis pacem, cole justiciam", que significa "Se deseja paz, cultive justiça".
Isso ressalta a necessidade de paz e justiça caminharem juntas. Os objetivos da OIT são de
grande relevância e deveriam ser mais considerados, já que seus portões formais exigem três
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De acordo com o autor (De Melo, 2019), desde sua criação em 1919, a Organização
Internacional do Trabalho (OIT) adotou 189 Convenções Internacionais e 205
Recomendações, abrangendo temas como emprego, proteção social, recursos humanos, saúde
e segurança no trabalho, e trabalho marítimo. Oito dessas convenções são consideradas
fundamentais, incluindo a proibição do trabalho infantil, a definição da idade mínima de
trabalho, a eliminação da discriminação no emprego, a abolição do trabalho forçado, a
igualdade de remuneração, o direito de organização e negociação coletiva, a liberdade sindical
e a proibição do trabalho forçado ou obrigatório. O Brasil ratificou todas essas convenções,
exceto a Convenção n. 87 sobre liberdade sindical e proteção do direito sindical.
Portanto, os 100 anos de existência da OIT merecem ser comemorados por aqueles
que valorizam a justiça social, as garantias trabalhistas e a dignificação do ser humano. A
Constituição Federal do Brasil estabelece as diretrizes para a incorporação de Tratados
Internacionais no direito interno. A União, como representante do país, é responsável por
manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais, como a
OIT. De acordo com De Melo (2019) as convenções da OIT, uma vez ratificadas pelo país,
passam a fazer parte do ordenamento jurídico interno.
46
Nota: A medida Provisória 873/2019 que estabeleceu a contribuição sindical somente via
boleto bancário (proibia o desconto em folha de pagamento) perdeu sua validade em
29/06/2019.
2. Banco de horas;
4. adesão ao PSE;
Contudo, serão consideradas ilícitas (art. 611-A da CLT) nas convenções e acordos
coletivos a supressão ou a redução dos seguintes direitos:
49
12. gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um 1/3 a mais do que o salário
normal;
15. proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos
da lei;
16. aviso-prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo, no mínimo, de 30 dias, nos termos
da lei;
21. ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
5 anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 2 anos após a extinção do
contrato de trabalho;
50
27. direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e
sobre os interesses que devam por meio dele defender;
28. definição legal sobre os serviços ou atividades essenciais e disposições legais sobre o
atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade em caso de greve;
30. as disposições previstas nos artigos. 373-A, 390, 392, 392A, 394, 394-A, 395, 396 e 400
da CLT;
Este teto vale também caso o empregador seja o ofendido; havendo reincidência das partes, o
valor poderá ser dobrado;
O empregado recebe o seguro-desemprego; Base legal: §1º art. 18 da Lei 8.036/90; art. 487 da
CLT; art. 7º, XXI da CF; Inciso I da Lei 7.998/90;
integram a remuneração para todos os efeitos legais; Base legal: art. 458 da
CLT;
Prêmio, Ajuda de Custo e Diárias de Viagem após a reforma (novas
regras): Os prêmios serão considerados à parte do salário, não se incorporam
ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer
encargo trabalhista e previdenciário (art. 457, § 2º da CLT);
Prorrogações de jornada em locais insalubres antes da reforma: Somente é
permitido mediante licença das autoridades competentes em matéria de
segurança e medicina do trabalho; Base legal: Portaria MTE 702/2015.;
Prorrogações de jornada em locais insalubres após a reforma (novas
regras): Exigência de licença-prévia para prorrogações de horários em
atividades insalubres, não sendo exigida para as jornadas de 12 X 36 (art. 60, §
único da CLT);
Quarentena / Trabalho Temporário antes da reforma: Não há previsão
para recontratação no trabalho temporário; se o empregado é demitido, ele só
poderá ser recontratado depois de 3 meses (90 dias), sob pena de o contrato ser
unificado. Base legal: Art. 2º da Portaria MTB 384/1992,
Quarentena / Trabalho Temporário após a reforma (novas regras): Se o
empregado efetivo for demitido, o mesmo não poderá prestar serviços para esta
mesma empresa, antes do decurso de prazo de 18 meses, nem mesmo como
terceirizado (art. 5º-D da Lei 6.019/74 - incluído pela Lei 13.467/2017), sob
pena de o contrato ser unificado.
Reclamatória Trabalhista antes da reforma: Não há custo para o empregado
que entra com a reclamatória; Não há pagamento de honorários de
sucumbência se o empregado perder a reclamatória; Base legal: art.791 da
CLT; Súmula 219 e 329 do TST:
Reclamatória Trabalhista após a reforma (novas regras): O empregado
passa a arcar com alguns custos para ingressar com reclamatória trabalhista
(art. 789 da CLT); A parte que perder terá que arcar com as custas da ação (art.
791 da CLT) e com honorários sucumbenciais (art. 791-A, § 4º); Comprovado
a má-fé da parte, é prevista a punição de 1% a 10% sobre o valor da causa,
além de pagar indenização para a parte contrária (art. 793-A a 793-D da CLT);
55
A seguir, serão apresentadas as três principais alterações introduzidas pela nova lei
trabalhista no âmbito do direito coletivo do trabalho:
A contribuição sindical. Conforme Fachini (2022) foi uma das principais mudanças
está relacionada à contribuição sindical. Anteriormente à nova lei trabalhista, a contribuição
sindical era obrigatória, exigindo que todos os trabalhadores, independentemente de serem
58
Validade das normas coletivas. Segundo Fachini (2022) antes da Reforma Trabalhista,
o que era acordado em convenções coletivas de trabalho, seja entre os trabalhadores ou por
meio de negociações sindicais, precisava ser incluído nos contratos individuais de trabalho,
seguindo o que havia sido determinado na convenção. Essas cláusulas só podiam ser
modificadas através de uma nova convenção.
Com a nova lei trabalhista, não é mais obrigatório que o que foi definido nas
convenções esteja especificado nos contratos individuais de trabalho, podendo depender de
um acordo entre o sindicato representativo e o empregador.
Além disso, essas cláusulas agora podem ter prazos de validade, estipulados pelo
sindicato ou pela empresa.
Dessa forma, perde-se a vantagem da negociação de mais direitos por parte dos
trabalhadores que negociam coletivamente com seus empregadores.
Negociações coletivas- De acordo com Fachini (2022), uma das mudanças trazidas
pela nova lei trabalhista foi a modificação do impacto das negociações coletivas nas
alterações dos direitos dos trabalhadores. Anteriormente, nas leis trabalhistas antigas, as
59
No entanto, com a nova lei trabalhista, as convenções coletivas passaram a ter um peso
maior do que a própria legislação. Isso significa que é possível estabelecer normas que vão
contra o que é estabelecido na CLT.
Aqui está o texto legal atualizado para a compreensão das alterações no que diz
respeito às negociações coletivas e seus efeitos sobre os direitos dos trabalhadores conforme a
lei 13.467/17:
"A nova lei trabalhista não considera como tempo à disposição do empregador o
período que excede a jornada normal, mesmo que ultrapasse o limite de cinco minutos
estabelecido no §1º do art. 58 da Consolidação, quando o trabalhador, por escolha própria,
busca proteção pessoal em caso de insegurança nas ruas ou más condições climáticas, bem
como permanece nas dependências da empresa para realizar atividades particulares, como
práticas religiosas, descanso, lazer, estudo, alimentação, atividades sociais, higiene pessoal,
troca de roupa ou uniforme, quando não há obrigatoriedade de realizar essa troca na empresa".
Nas horas it itinere, anteriormente, de acordo com as regras da CLT, o tempo que o
trabalhador gastava em seu deslocamento da sua casa para o trabalho e vice-versa era
considerado como tempo à disposição do empregador.
No entanto, com a nova lei trabalhista, essa prática, conhecida como horas in itinere,
foi abolida, mesmo que o trabalhador viva em áreas de difícil acesso ou tenha transporte
fornecido pela empresa empregadora.
"De acordo com o artigo 58 da CLT, o tempo gasto pelo trabalhador desde a sua
residência até chegar ao local de trabalho e vice-versa, seja a pé ou utilizando qualquer meio
62
de transporte, inclusive fornecido pelo empregador, não será mais contabilizado como parte
da jornada de trabalho, pois não é considerado tempo à disposição do empregador"
(FACHINI,2020).
Nesse caso, o trabalhador terá direito a receber férias e décimo terceiro salário
proporcionais, metade do aviso prévio, e poderá sacar 80% do saldo do FGTS. No entanto,
não terá direito ao seguro-desemprego.
Por sua vez, o empregador pagará uma multa de 20% sobre o saldo do FGTS, em vez
dos 40% normalmente exigidos.
Trabalho remoto: A nova lei trabalhista estabeleceu regras para o trabalho remoto,
também conhecido como teletrabalho ou home office. Essa modalidade permite que o
trabalhador realize suas tarefas à distância, sem estar presente fisicamente no local de trabalho
da empresa. Essas regras definem os direitos e obrigações tanto para os trabalhadores quanto
para os empregadores nessa modalidade.
Diante das principais mudanças trazidas pela Reforma Trabalhista, podemos concluir
que houve uma série de transformações significativas no campo do direito do trabalho.
Observamos modificações no direito individual, como a extinção do contrato de trabalho por
comum acordo, a flexibilização das férias e a adoção do trabalho remoto e intermitente. Além
disso, houve alterações na jornada de trabalho, permitindo acordos de até 12 horas diárias
64
com 36 horas de descanso. Outras mudanças ocorreram no âmbito das rescisões contratuais,
com a redução da participação sindical nesse processo, e no estabelecimento do banco de
horas, facilitando sua implantação pelas empresas. No entanto, é importante destacar que
algumas medidas foram alvo de questionamentos jurídicos, como a permissão para trabalho
em condições insalubres para gestantes e lactantes, que foi declarada inconstitucional pelo
Supremo Tribunal Federal.
vulnerável. Com a reforma trabalhista, houve flexibilização de alguns direitos, o que gerou
discussões sobre a diminuição da proteção ao trabalhador. Um exemplo é a possibilidade de
acordos individuais prevalecerem sobre a legislação trabalhista, desde que não contrariem
direitos constitucionais. Isso pode resultar em negociações desfavoráveis para os empregados,
que podem ser pressionados a aceitar condições menos favoráveis.
Princípio da Primazia da Realidade: Esse princípio estabelece que a verdade dos fatos deve
prevalecer sobre a forma como um contrato de trabalho é formalizado. Antes da reforma, a
Justiça do Trabalho tinha maior liberdade para reconhecer relações de trabalho ocultas ou
dissimuladas, mesmo quando a formalidade indicasse outra natureza. Com a reforma, a
formalidade do contrato de trabalho ganhou maior relevância, dificultando a identificação de
situações em que a realidade do trabalho não condiz com o que está expresso no contrato. Um
exemplo seria um trabalhador que exerce funções de empregado, mas é formalizado como um
prestador de serviços autônomo, prejudicando-o na obtenção de direitos trabalhistas.
salário de forma temporária. Isso pode resultar em perda de renda significativa para os
trabalhadores, afetando sua qualidade de vida e dificultando sua subsistência.
Conforme Delgado (2017) ele tem uma abordagem crítica em relação à reforma
trabalhista, argumentando que a flexibilização das normas trabalhistas pode resultar em
precarização do trabalho e diminuição da proteção ao trabalhador.
Alice Monteiro de Barros: Professora e jurista brasileira, Barros é uma referência na área do
direito do trabalho. Ela tem uma postura crítica em relação à reforma trabalhista, destacando
que a flexibilização das normas pode enfraquecer a proteção social e gerar desigualdades nas
relações de trabalho.
70
José Affonso Dallegrave Neto: Professor e jurista brasileiro, Dallegrave Neto tem uma visão
crítica em relação à reforma trabalhista. Ele argumenta que as alterações promovidas podem
resultar em uma maior vulnerabilidade dos trabalhadores, permitindo a precarização das
condições de trabalho.
Jorge Luiz Souto Maior: Jurista e professor brasileiro, Souto Maior tem uma posição crítica
em relação à reforma trabalhista. Ele destaca que as mudanças podem resultar em retrocessos
nos direitos dos trabalhadores e em uma maior concentração de poder nas mãos dos
empregadores.
Com base nas evidências apresentadas, podemos concluir que a reforma trabalhista
trouxe mudanças significativas nas relações de trabalho, com impactos positivos e negativos
na sociedade. A flexibilização das regras proporcionou maior adaptabilidade e opções para os
trabalhadores, ao mesmo tempo em que levantou preocupações sobre a precarização e a falta
de proteção trabalhista.
trabalhista de seu governo. Por que, então, a nova legislação, que proporcionou maior
flexibilidade aos empregadores na contratação e demissão, não conseguiu gerar mais postos
de trabalho? Alguns especialistas argumentam que, para impulsionar o emprego, é necessária
uma melhoria da situação econômica e dos investimentos, em vez de extinguir ou reduzir
direitos trabalhistas. Por outro lado, há quem defenda que ambos, crescimento econômico e
flexibilização da legislação trabalhista, são necessários para a geração de empregos (DE
OLIVEIRA, 2021).
Por fim, a reforma trabalhista é um tema complexo e multifacetado, que demanda uma
análise cuidadosa de seus impactos positivos e negativos na sociedade. É necessário um
esforço conjunto de diferentes atores sociais para encontrar um equilíbrio entre a flexibilidade
e a proteção trabalhista, visando garantir a dignidade, a justiça e a sustentabilidade das
relações de trabalho em nosso país.
74
Para coleta de dados utilizou-se análise de livros de alguns autores, buscando obter
informações mais abrangentes sobre o assunto objeto de pesquisa.
Foi analisado obras de autores como Sergio pinto Martins, Mauricio Godinho
Delgado, Miguel Reale entre outros, além de fontes da web.
Todo o objetivo da pesquisa tinha como base a seguinte questão: “Qual o papel da
reforma trabalhista e até que ponto a reforma trabalhista alcançou seus objetivos iniciais de
estimular a economia, gerar empregos e melhorar o ambiente de negócios, e quais foram os
principais impactos observados desde sua implementação?”
Para uma melhor compreensão desses efeitos, é necessário analisar dados e evidências
que retratem os resultados obtidos. O gráfico a seguir apresenta uma representação visual dos
principais impactos positivos e negativos da reforma trabalhista.
75
Fonte:
https://s2-g1.glbimg.com/-Rh5HgYNEHuN4y6ikk6jpEzmURQ=/0x0:1340x780/984x0/
smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/
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a-ano-1-.png
A reforma trabalhista não conseguiu criar os empregos que se esperava. Nos últimos
três anos, o país teve mais demissões do que contratações, mas em 2018 e 2019 começaram a
surgir vagas com registro em carteira, embora em menor quantidade do que antes da crise
econômica. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre
novembro de 2017 e setembro de 2020, foram criados apenas 286,5 mil empregos, bem
menos do que os mais de 6 milhões que o governo anterior previa. O desemprego continua
alto e atingiu níveis recordes, especialmente devido à pandemia. No último trimestre
encerrado em agosto, a taxa de desemprego medida pelo IBGE foi de 14,4%, a maior já
registrada desde 2012. Isso representa um aumento de 2,4 pontos percentuais em relação ao
trimestre encerrado em novembro de 2017, quando a nova lei trabalhista entrou em vigor
(CAVALLINI, [2020]).
No entanto, o governo reconhece que a reforma não conseguiu lidar diretamente com
os custos do emprego, o que é um desafio estrutural da economia brasileira. Isso dificulta a
inclusão de milhões de pessoas no mercado de trabalho formal (CAVALLINI, [2020]).
A opção de demissão por acordo, uma das mudanças trazidas pela reforma trabalhista,
teve pouca adesão. De novembro de 2017 a setembro de 2020, houve 524.308 demissões
nessa modalidade, envolvendo 160.156 empresas, dentro de um total de 44,14 milhões de
demissões nesse período.
Nesse tipo de demissão, quando um funcionário decide sair da empresa, ele pode
negociar com o empregador receber metade da multa de 40% sobre o saldo do FGTS e
metade do aviso prévio. Além disso, ele pode sacar até 80% do valor depositado na sua conta
do FGTS. No entanto, ele não tem direito ao seguro-desemprego.
Essa redução no número de ações trabalhistas mostra que a reforma trabalhista teve
um impacto significativo em inibir as queixas dos trabalhadores. O processo se tornou mais
custoso para os empregados, o que desencorajou pedidos sem fundamentos sólidos.
77
De acordo com os dados fornecidos pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), após a
implementação da reforma trabalhista, houve uma queda expressiva nos processos
trabalhistas. Em novembro de 2017, mês em que a nova lei entrou em vigor, ocorreu um pico
de quase 290 mil novas ações, o maior número registrado entre todos os meses de 2016 e
2017. No entanto, em dezembro de 2017, o número de novos processos caiu para 84,2 mil
Desde então, o volume de ações trabalhistas não retornou aos mesmos níveis dos anos
anteriores, quando superava 200 mil processos mensais. O maior número de processos
registrado após a reforma ocorreu em maio de 2019, totalizando 173.655 ações. Apesar de um
ligeiro aumento de 5,2% em 2019 em relação a 2018, o número de processos não alcançou
mais de 2 milhões de ações por ano.
Fonte:
https://s2-g1.glbimg.com/XyW3UxdWoiwck2_Ru7KnzeWnjeY=/0x0:1340x840/984x0/
78
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Além disso, a proporção de ações por dano moral em relação ao total de processos
oscila entre 17% e 19% desde a entrada em vigor da lei. Antes da reforma, essa proporção
variava entre 23% e 33% do total de processos. Esses dados indicam uma redução
significativa no número de pedidos por dano moral e uma mudança na proporção em relação a
outros tipos de ações trabalhistas (CAVALLINI, [2020]).
79
Fonte:
https://s2-g1.glbimg.com/A41jXkHT9FrrTfc0MmoEGZbhAP0=/0x0:1340x840/984x0/
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internal_photos/bs/2020/8/t/lUZJMrROKthqWsVXgthQ/danomoral.png
Ações que reduzem direitos estão paralisadas no Tribunal Superior do Trabalho (TST)
desde o ano passado. Essas ações envolvem a negociação coletiva, que é uma das premissas
da reforma trabalhista, e questionam a prevalência da negociação sobre a lei. (CAVALLINI,
[2020]).
Essa questão surgiu porque se questiona se esses acordos coletivos podem ser
desvantajosos para os trabalhadores, por exemplo, ao não considerar o deslocamento para o
trabalho como tempo de trabalho. Aguardamos uma decisão do Supremo Tribunal Federal
(STF) sobre o assunto, que está em julgamento. Outro impacto da reforma foi a queda na
arrecadação sindical. Antes, o desconto da contribuição sindical era obrigatório e feito na
folha de pagamento dos trabalhadores. Com a nova lei, o pagamento da contribuição sindical
se tornou opcional, dependendo da autorização do empregado. Como resultado, houve uma
queda significativa na arrecadação sindical entre 2017 e 2018, segundo dados da Secretaria
Especial de Previdência e Trabalho. Em 2017, foi arrecadado R$ 2,038 bilhões, enquanto em
2018, o valor caiu para R$ 283 milhões. Em 2019, a arrecadação diminuiu ainda mais,
chegando a R$ 89 milhões. (CAVALLINI, [2020]).
Fonte: https://www.redebrasilatual.com.br/wp-content/uploads/2020/12/reformarte-
1024x585.jpg
81
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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