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NATAL
2021
DAMARIANE DE ASSIS MENDES FARIAS
NATAL
2021
DAMARIANE DE ASSIS MENDES FARIAS
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________
Profº Me. Paulo Hemetério Aragão Silva – Orientador – UNIFACEX
____________________________________________________________
Profª Me. Kelli Cristina Lira de França – Examinadora - UNIFACEX
___________________________________________________________
Profº Convidado – Examinador – EXTERNO
Dedico este trabalho a Deus, o maior orientador
da minha vida. De maneira especial aos meus
pais e marido que deu todo suporte necessário
para conclusão desse artigo.
AGRADECIMENTOS
In the evolutionary process of capitalism became unionist that was born from the
workers' struggles against despotism and economic power, initiating of the defending and
promoting better working conditions. In Brazil, the union organization can be seen in the
corporatist model. In this context, unionism ceases to freely exercise the representation of the
working class and is now under the custody of the State. The mandatory union contribution was
implemented as one of the pillars of the model established by the Estado Novo. I will now
demand union contribution from all workers who are members and non-members of the union.
Affront the principles of associative freedom and union autonomy of the ILO Convention 87.
Against gives political and economic situation issue the Law 13.467 / 2017, modify the format
of the union contribution. Thus, the proposal of the work is to know what were the (dis)
advantages for the working class and its reflex in the union scope, with the elimination of the
mandatory contribution. The analysis of the theme is based on the argument that the due
modification generated division and dispersion of labor spaces. These provisions were
questioned in the Direct Action of Unconstitutionality (ADIn) 5,794. The Federal Supreme
Court's court declared the articles constitutional. Therefore, the new labor legislation sought to
comply, no longer with the duty of the worker, but with the right to choose whether or not to
join a union entity.
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 10
2 SUCINTA ABORDAGEM SOBRE A CONTRIBUIÇÃO SINDICAL.............. 12
2.1 BREVISSÍMA ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO MOVIMENTO SINDICAL
EUROPEU E BRASILEIRO...................................................................................... 12
2.2 NOÇÕES GERAIS DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL NO BRASIL..................... 16
3 TRATAMENTO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL ANTES DA REFORMA
TRABALHISTA....................................................................................................... 19
3.1 OBRIGATORIEDADE DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL E SEUS ASPECTOS
CONTROVERSOS..................................................................................................... 19
3.2 NECESSIDADE DE MUDANÇAS NA FORMATAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO
SINDICAL.................................................................................................................. 22
4 O FIM DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL COMPULSÓRIA E OS
IMPACTOS SOCIAIS NA ESTRUTURA SINDICAL........................................ 25
4.1 (DES)VANTAGENS PARA O TRABALHADOR COM O FIM DA
OBRIGATORIEDADE DA CONTRIBUIÇÃO........................................................ 25
4.2 POSICIONAMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.............................. 28
5 CONCLUSÃO........................................................................................................... 31
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 33
10
1 INTRODUÇÃO
1
Documento não paginado.
2
Documento não paginado.
11
com contribuição sindical facultativa, o trabalhador, agora, passou a entender que o sindicato
precisa merecer a destinação do recurso.
O objetivo geral, aqui apresentado é, analisar os impactos das alterações concernente a
contribuição sindical pela Lei Federal de nº 13.467/2017, sobre os trabalhadores e o sistema
sindical brasileiro, bem como as (des)vantagem para o trabalhador.
Especificamente resgatar a importância do movimento sindical na representatividade
nas lutas da classe trabalhadora, fazendo um percurso histórico e discutir a estrutura social e
jurídica que estabeleceu a relação entre a contribuição sindical e o sindicalismo.
No que se refere a metodologia aplicada ao trabalho, a pesquisa será descritiva, com
procedimento bibliográfico e documental, onde será averiguada a problemática do assunto,
analisando doutrinas, jurisprudências, normas da constituição, leis, decretos e relatórios.
Quanto a abordagem da pesquisa será de tipo qualitativo (teórico), neste pretende-se
analisar criticamente os dados coletados para então compreender o fenômeno comportamental
da sociedade trabalhadora em relação ao tema, utilizando-se método histórico e conceitual, uma
vez que será contextualizada o surgimento dos sindicatos, observando a estrutura jurídica e
fática das entidades sindicais na representatividade dos trabalhadores na defesa de direitos. Na
pesquisa serão examinadas a nova legislação trabalhista e publicações relacionadas a
contribuição sindical. A análise de todo esse arcabouço auxiliará o alcance da conclusão acerca
do tema pesquisado.
O trabalho acadêmico será divido em três capítulos. Iniciando com segundo capítulo
que traz uma abordagem geral da contribuição sindical. Para tanto, serão apresentados de forma
resumida o processo evolutivo do movimento sindical no plano internacional (Europa)
principalmente no Brasil, ainda, aprofundando-se na a origem da contribuição sindical de
modelo corporativista e seus desdobramentos até os dias atuais.
O terceiro capítulo, por sua vez, se debruçará sobre tratamento da contribuição sindical
antes da reforma trabalhista, fonte de custeio obrigatória e que foi consagrada pela legislação
até o advento da nova legislação infraconstitucional do trabalho. Face a isso, serão expostos
seus aspectos controversos e discursos que culminaram na aprovação da legislação reformadora
e o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical no Brasil.
Para o quarto e último capítulo, abordaremos uma reflexão acerca dos impactos sociais
com o fim da contribuição sindical compulsória que foi conferida inesperadamente a
facultatividade ao trabalhador a contribuição e, para concluir a análise, ao fim será examinado
o posicionamento do Supremo Tribunal Federal da devida forte de custeio, a despeito da
possível inconstitucionalidade.
12
3
As Trade-Unions são predecessoras dos sindicatos, forma de organização dos trabalhadores com um considerável
nível de organização, o século XIX foi um período muito fértil na produção de ideias antiliberais que serviram à
luta da classe operária, seja para obtenção de conquistas na relação com o capitalismo, seja na organização do
movimento revolucionário cuja meta era construir o socialismo objetivando o comunismo. O mais eficiente e
principal instrumento de luta das trade-unions era a greve. disponível em: www.ufrgs.br/e-
psico/subjetivacao/trabalho/trabalho-trade-unions.html
14
Bezerra Leite (2019, p.769) nos ajuda robustecendo, seguido pela “Declaração
Universal dos Direitos do Homem, de 1948”, que dispôs sobre o direito de associação e
organização sindical e a “Convenção 87 (1948)”, considerada pela Organização Internacional
do Trabalho (OIT), um dos tratados mais importantes relacionado a liberdade sindical.
O sistema de produção capitalista tinha atravessado o mundo e chegado ao Brasil. De
acordo com Ricardo Antunes (1985, p.48) o desenvolvimento do sindicalismo no Brasil foi
diretamente associado ao “fim do período do trabalho escravo no século XIX”, quando, o país
passou a atuar com mão de obra assalariada de operários estrangeiros que vieram trabalhar no
país. Cria-se os primeiros núcleos operários e igualmente as primeiras lutas de trabalhadores no
Brasil.
Assim no esforço de conceituar mais sobre o processo evolutivo do sindicalismo
brasileiro, Bezerra Leite (2019, p.748), apresenta as primeiras associações vinculadas ao Direito
coletivo do trabalho brasileiro.
Coincide com o surgimento das Ligas Operárias, como a de Socorros Mútuos (1872),
a de Resistências dos Trabalhadores em Madeiras (1901), a dos Operários em Couro
(1901), a de Resistencia das Costureiras (1906).
Posterior, foram criadas as chamadas uniões operárias, a saber: União dos
Trabalhadores em Fábricas de Tecidos (1907), União dos Empregados no Comércio
(1903), União Geral dos Chapeleiros (1904), União dos Trabalhadores Gráficos
(1904) etc. (LEITE,2019,p.748)
Que por sua vez, com a chegada da indústria, passou a se organizar por ramos de
atividades, dando origem aos sindicatos.
Nesse contexto, é possível observar a forma de organização inicial do trabalho dentro
do modelo capitalista brasileiro, em que o trabalhador é colocado em desvantagem e
aprisionado, pois é a partir daí que a crueldade do mundo do trabalho se manifesta.
Antunes (1985, p.48 - 49), nos ajuda a subsidiar esse posicionamento ao referir o início
das manifestações grevista das lutas de classes em busca dos direitos fundamentais do
trabalhador.
com o nítido objetivo de elaborar uma política sindical visando conter a classe
operária dentro dos limites do Estado e formular uma política de conciliação entre o
capital e o trabalho. Não foi outro o objetivo da “Lei de Sindicalização” de 1931
(Decreto 19.770) que, contrariando a liberdade de associação sindical existente
durante a Primeira Republica, criou os pilares do sindicalismo no Brasil .
No fragmento trazido pelo sociólogo Leôncio Martins Rodrigues (2009, p.41) do livro
“O Sindicalismo Corporativo no Brasil”4, explica, o novo sindicalismo da Era Vargas, como,
efetivamente uma estrutura sindical brasileira verticalizada e subordinada ao Estado.
Outro indício importante a ser registrado no processo evolutivo da organização sindical
brasileiro pode ser visualizado na nova carta de 1937, assim pondera Leôncio Martins
Rodrigues (2009, p. 39). Por essa Carta, promulgou-se o Decreto-Lei nº 1.402 “[...] estabelecia
que somente o sindicato regularmente reconhecido pelo Estado teria o direito da representação
legal dos que participavam da respectiva categoria de produção.” O sindicato é vinculado ao
Estado. Manobra extremamente inteligente do poder estatal para se ter o controle dos sindicatos.
Nesse contexto, a resposta parece-nos óbvia: ora o sindicalismo deixa de exercer com
liberdade a representação da classe trabalhadora e passa a estar sob a guarda do Estado. E para
compor esse entendimento problemático, outra contribuição interessante a respeito do
“Sindicalismo de Estado” é oferecida Antunes (2020, p. 185), assim explica.
4
A organização sindical brasileira, de tipo corporativo, carrega o insuportável epíteto de “fascista”. Sabemos da
influência que, na época, a Carta del Lavoro italiano exerceu sobre os nossos técnicos do Ministério do Trabalho.
16
No ano de 1943 foi implantada a Consolidação das Leis Trabalhistas, que foi criada pelo
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e aprovada pelo presidente Getúlio Vargas,
durante o período do Estado Novo. Segundo Leôncio Rodrigues (2009, p.40), “toda vasta
legislação relacionada à organização sindical, à previdência social, à proteção ao trabalhador e
à justiça do trabalho foi reunida na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).”
A proclamação da livre associação sindical, parafraseando Bezerra Leite (2019, p.792)
veio pela Constituição Federal de 1988. Embora ainda sinta certa fratura por causa do regime
conservador corporativista, rendeu-se ao sistema da autonomia sindical, restabelecendo a
liberdade sindical plena.
Para encerrar esse subtópico, nos resta se posicionar da seguinte forma: já que a Carta
Maior atendeu algumas das reivindicações, como já pontuado anteriormente a bendita
Liberdade Sindical, agora segue o grande desafio da entidade sindical, se permitir a estas
mudanças seja ela qual for, o que talvez não seja satisfatório para alguns.
5
Documento não paginado.
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Documento não paginado
18
importa acrescentar que o recolhimento só pode ser realizado quando o trabalhador preenche a
guia de recolhimento da contribuição sindical (GRCS).
Foi estabelecido como data base de desconto da contribuição sindical, o mês de março
de cada ano, conforme prevê o artigo 582 da CLT. Como bem pontua José Cairo Jr.(2018,
p.1216.)
Diante da obrigatoriedade da contribuição, como dito anteriormente, através do
Decreto- Lei 27/66, a alteração foi apenas na nomenclatura do antigo imposto, permanecendo
na essência sua natureza jurídica, de caráter tributário, nesse ponto em razão da existência do
fato gerador. Face a isso, se encaixando as orientações do art. 149 da Constituição Federal
“como uma contribuição sindical de interesse das categorias econômicas e profissionais”, c/c
do artigo 3º 4º do Código Tributário Nacional, sendo tributo, de prestação pecuniária,
compulsório em moeda, cobrada por meio da atividade administrativa claramente vinculante.
Assim esclarece, Sérgio Martins (2020, p.79).
Porém, acompanhando Martins (2020, p.90) é possível dizer que atualmente, por meio
do ato de vontade do trabalhador, a contribuição passou ser uma exigência facultativa, por causa
da modificação do dispositivo 579 da CLT Lei 17.467/17. Com isso a natureza do tributo do
artigo 149 da CF/88 deixou de existir, “justamente pelo fato de que a contribuição sindical não
ser mais obrigatória”. Portanto, segue o entendimento de que agora “a natureza jurídica da
contribuição sindical é de doação”.
Martins (2012, p.741), destaca, ainda, que a contribuição sindical possui uma destinação
específica de sua arrecadação, elencando um rol de serviços assistências do sindicato para o
trabalhador. Desse modo, a arrecadação da contribuição é transformada em “assistência
jurídica; assistência médica; dentária, finalidades desportivas e sociais e formação profissional
entre outros serviços” ofertados, podendo o trabalhador procurar o sindicato de sua categoria
para buscar essas assistências.
Como visto, é necessário questionar a criação da contribuição sindical, além do mero
acesso assistencialismo social, que podem representar tão somente o desvio de finalidade do
sindicato nas lutas sociais.
19
Neste terceiro capítulo, por sua vez, dedicaremos nossa pesquisa falando sobre o
tratamento da contribuição sindical como suporte financeiro compulsório demonstrado antes da
reforma trabalhista (vigência da Lei Federal 13.467/2017). Para tanto, serão examinados seus
aspectos controversos e a necessidade de mudança que culminaram na aprovação da legislação
reformadora e, por fim, uma breve reflexão acerca das consequências geradas destas
modificações no âmbito sindical.
7
De uso pejorativo: Denominação dada a membros de sindicatos que agiam sob inspiração do Ministério do
Trabalho ou de políticos ditos trabalhistas. De forma figurada: Pessoa servil, dominada por outra; capacho.
https://www.dicio.com.br/pelego/
20
8
PERRIRI, V. (13 de 01 de 2013). Reforma sindical e a reconstrução do “tripé do peleguismo”. Acesso em 23
de 03 de 2021, disponível em tribunapr.uol.com.br: https://tribunapr.uol.com.br/noticias/reforma-sindical-e-a-
reconstrucao-do-tripe-do-peleguismo/
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Documento não paginado.
10
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
IV a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontado em folha,
para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição
prevista em lei.
21
11
No mesmo sentido, indicamos os seguintes julgados do STF: AI 751.998-AgR, Rel. Min. Marco Aurélio,
j.17.08.2010, 1ª T., DJE 17.09.2010; AI 692.369-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, j.30.06.2009, 1ª T, DJE
21.08.2009.
12
A contribuição sindical federativa é facultativa, criada pela CF/88, com finalidade de fortalecimento do sistema
confederativo de determinada categoria profissional. Essa receita é direcionada, proporcionalmente ao sindicato,
à federação Nacional e confederação nacional. Somente os profissionais da categoria sindicalizada precisa pagar
esta contribuição. www.crp16.org.br/ entenda-a-diferença- entre- contribuição-confederativa e contribuição
sindical. 18.02.2009
13
FATO GERADOR - pressuposto material utilizado pelo legislador para estabelecer a instalação do vínculo
obrigacional. Amílcar de Araújo Falcão, Fato gerador da contribuição tributária, 2ed, São Paulo, Revista dos
Tribunais, 1973, p.17.
22
Por causa da renda obrigatória e garantia legislativa, a entidade sindical se via escrava
do sistema, curvando-se aos desejos do Estado como seu senhor e nessa relação de dono dos
sindicatos a comprovação da legítima representatividade estava controlada com punhos de
14
Contradições Antidemocráticas do Texto Original de 1988 — A Constituição de 1988, em seu texto original,
manteve, porém, alguns dos pilares do sistema corporativista do País. (DELGADO,2019, p.1633.)
23
ferro. E está referência, encontramos na fala do sociólogo Ricardo Antunes (2020, p.288)
15
O FNT foi tripartite, legitimado pela participação de representantes de governo, empresários e trabalhadores,
ouvidas entidades da área trabalhista e de outros setores na busca de modernizar as instituições de regulação do
trabalho, especialmente a Justiça do Trabalho e o Ministério do Trabalho e Emprego, estimular o diálogo e o
tripartimos e assegurar a justiça social no âmbito das leis trabalhistas e das garantias sindicais.
https://www.conjur.com.br/2020-dez-04/reflexoes-trabalhistas-reflexoes-modelo-sindical-aprovado-forum-
nacional-trabalho Revista Consultor Jurídico, 4 de dezembro de 2020, 8h01, Raimundo Simão de Melo acesso.
24.03.2021
24
16
Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou profissionais
ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição
sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente
autorizadas.
17
casos de enriquecimento ilícito e desvios de sindicatos, que muitas vezes são verdadeiras máquinas de ganhar
dinheiro. Isso num universo de 10.620 entidades por onde, no ano passado, circularam R$ 3,18 bilhões apenas de
Contribuição Sindical — o chamado Imposto Sindical — obtida com um dia de salário de todos os trabalhadores
com carteira assinada. https://oglobo.globo.com/brasil/dirigentes-sindicais-se-eternizam-no-poder-
16841357,Dirigentes sindicais se eternizam no poder, HENRIQUE GOMES BATISTA / RUBEN
BERTA,20/072016. Acesso em 24.03.2021.
25
A reforma trabalhista instituída pela Lei nº 13.467/2017 foi marcada por importantes e
grandes impactos, inclusões e/ou revogações de vários artigos, incisos e parágrafos da
Consolidação das Leis Trabalhista. No meio destas alterações destacam-se as que atingiram a
importância da representação sindical junto ao Direito Individual e Coletivo do Trabalho mais
especificamente, redefiniu o formato da contribuição sindical que outrora era compulsória.
nesse sentido, o artigo 578 da CLT foi contemplada com uma significante modificação,
trazendo em seu texto o termo “prévia e expressamente autorizado a sua cobrança, assim leciona
Martinez (2020, p.1006). Com isso, trabalhador vai ter que preencher um termo autorizando o
desconto da contribuição para o sindicato.19
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Documento não paginado.
19
Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que
participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do
sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art.
591 desta Constituição. (Lei Federal nº 13.467, de 13-7-2017.)
26
20
Discurso oral.
28
sindical. Contudo, também gera certas desvantagens, como nas negociações individuais, o que
pode ser desvantajoso para o trabalhador com (jornadas mais longas, condições de trabalho
precárias, ausência de direitos, e outras)21. Portanto, cabe a classe trabalhadora (contribuinte.)
procurar manter-se informado em relação aos seus direitos e ao mesmo tempo decidir se deseja
custear ou não para o sindicato.
21
A globalização econômica evidenciou com mais intensidade os novos mecanismos ideológico-políticos e
econômicos utilizados pelo capital para intensificar a produção e, ao mesmo tempo, sufocar a organização dos
trabalhadores. Através de estratégias de retroalimentação do capital, tais como: a terceirização, a flexibilização, a
informalidade, a busca por mão-de-obra barata, o controle de qualidade, entre outras, ela colaborou para o aumento
da precarização, da exploração do trabalho e do trabalhador brasileiro. (LIMA, 2008, p. 33).
29
Lei.13.467/2017, foi a violação aos artigos 146, II e III, 149 e 150, §6º, da CRFB/88.22 Os
argumentos construídos contra a contribuição facultativa foram: a necessidade de Lei
Complementar para excluir a obrigatoriedade, o que deveria ser realizada por Lei ordinária, já
que os sindicatos consideravam um tributo. defendeu ainda, que o fim da contribuição
obrigatória violou direitos e garantias fundamentais dos trabalhadores, protegidos pelo artigo
7º da CF/88, que impactou profundamente as atividades assistenciais aos trabalhadores carentes
e por fim questionou-se que a devida alteração normativa provocou uma drástica redução na
fonte de custeio dos sindicatos, ferindo então o princípio da proporcionalidade, pois o Estado
teria legislado de maneira abusiva na hipótese. Por maioria, o plenário acabou decidindo pela
Constitucionalidade da norma, afastando quaisquer uma das alegações apontadas, tanto pela
Inconstitucionalidade formal como material.
Deste modo, os votos dos ministros, em relação a contribuição sindical da (ADIn) 5.794
se deu da seguinte forma: O relator ministro Edson Fachin, votou para que a contribuição
sindical voltasse a ser obrigatória, alegando que a contribuição é um tributo, e a mudança feita
pela reforma trabalhista Lei. 13.467/17, desestabilizou o regimento sindical.
Já o ministro Luiz Fux, admitiu que o trabalhador não pode ser obrigado a pagar a
contribuição sindical; o Min. Alexandre de Morais acrescentou que a contribuição facultativa
estabelecida pela Lei 13.467/17, não violou a Constituição Federal de 1988. Com isso, o
ministro seguiu o mesmo posicionamento do min. Luiz Fux, por deixar a critério do trabalhador
a opção pela contribuição sindical.
O posicionamento contrário pelo Min Edson Fachin que defendeu a obrigatoriedade
também foi acompanhado pelos Ministros Dias Toffoli e Rosa Weber. O Min. Luiz Roberto
Barroso, entendeu que cabia ao trabalhador a decisão de contribui, mantendo assim a mudança
da Consolidação das Leis Trabalhista. Os Min. Gilmar Mendes e Marcos Aurélio
22
Constituição Federal de 1988
Art. 146. Cabe à lei complementar:
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico
e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas,
observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às
contribuições a que alude o dispositivo.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios:
§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou
remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal,
estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou
contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3,
de 1993)
30
acompanharam a divergência que se formou a partir do voto do Ministro Luiz Fux. A última a
votar foi a Min. Carmen Lucia, decidindo por manter a contribuição sindical facultativa,
conforme a maioria dos ministros.
O plenário do Supremo acolheu a tese, mas julgou improcedente a (ADIn) 5.794,
prevalecendo o entendimento de que não se poderia admitir uma cobrança imposta aos
trabalhadores, tendo em vista a Carta Maior determinando que ninguém seria obrigado (a) a
filiar-se ou manter-se filiado (a) a uma entidade sindical
Nestes termos, o julgamento do STF foi finalizado em 29 de junho de 2018, por 6 x 3,
de votos, em que declarou constitucional a nova redação dada a Lei. Federal nº 13.467/17,
publicando então, o acórdão com a seguinte Ementa:
Enfim, como visto no debate exposto e pelas respostas obtidas dos ministros da Suprema
Corte, um entendimento foi fixado, o trabalhador agora não é obrigado a se filiar. Aqui, optamos
por acreditar que não se pode diminuir a importância das discussões em torno da autonomia
associativa do trabalhador, estabelecida pelo disposto do artigo 8º da CF/88. Assim, entende-se
como adequada a constitucionalidade dos dispositivos modificados da norma
infraconstitucional para a facultatividade da contribuição sindical. Todavia, com relação ao
sindicato é necessário nos remeter o fato de que, para se ter uma categoria forte na defesa dos
interesses trabalhistas, a presença dos filiados, nesse aspecto, é fundamental para as lutas
sociais.
23
Documento on-line, não paginado.
31
5 CONCLUSÃO
Pelo que se expôs, podemos concluir que o trabalhador(a) agora não é obrigado(a) a se
filiar ao sindicato. E finalmente foi afastada por definitivo o pagamento obrigatório da
contribuição sindical. Tem-se então um resultado de várias demandas sociais, cujo caminho
chegou até a liberdade associativa do trabalhador.
Ao analisar a historicidade da contribuição sindical, no âmbito trabalhista identificamos
que a sua origem se deu a partir de um modelo corporativista fazendo parte de três pilares
fundamentais do sindicalismo. Assumindo uma formação chamada de tripé sindical, ligando
cada um deles ao sistema classista delineado em unidade sindical, intervenção na constituição
no funcionamento por parte do Estado e completando com a obrigatoriedade da contribuição
sindical.
Ao tratar das conexões existentes entre o sindicato e o Estado brasileiro,
retrospectivamente foi observado que todo esse movimento de formação foi articulado numa
trama em que se colocou a entidade sindical por muito tempo a um sistema de submissão ao
Estado. Assim, a criação da contribuição sindical, estava diretamente trilhada pelo sistema de
controle Estatal.
Percebeu-se que a obrigatoriedade da contribuição serviu para alimentar um sistema
sindical com falsa autonomia, tendo em vista a presença do tripé sindical, criou-se então um
sistema arrecadatório operando tão somente para satisfazer a vontade do Estado Poder. Neste
momento, aqui insiro o seguinte comentário. No caminho escolhido pelo sindicato, vimos que
resultou em um sistema pacífico, servindo apenas como entidade assistencialistas não mais
atuando nas lutas sociais como nos primórdios.
E foi nessa direção que se constituiu a contribuição sindical obrigatória (antigo imposto
sindical)., na dinâmica da normatização legislativa, fazendo dela a principal, mas não a única
fonte de arrecadação financeira do sindicalismo pelego da Era Vargas. Sob a guarda da
Constituição de 1937 e Consolidação das Leis Trabalhistas de 1943.
Pensando sobre a imposição do desconto para a contribuição sindical, identificamos que
o recolhimento até o advento da nova legislação infraconstitucional foi indiscriminadamente
cobrado a todos os trabalhadores não se questionado o porquê da cobrança aos não filiados.
Nessa perspectiva, desconhecer o princípio da livre associação, foi uma afronta a
Constituição Federal de 1988 e as orientações da convenção OIT 87. Sob este viés, foi
entendido que as mudanças foram necessárias, atualmente a contribuição sindical facultativa
32
REFERÊNCIAS
ANTUNES, L.C. Ricardo. O que é Sindicalismo. São Paulo, SP: Abril Cultural: Brasiliense,
1985.
______. O privilégio da Servidão: o novo proletariado de serviços na era digital. 2 ed. São
Paulo, SP: Boitempo,2020.
BRASIL, [Constituição (1937)]. Constituição dos Estados Unidos do Brasil. Diário Oficial
da União: seção 1. Rio de Janeiro, RJ.22359 p. publicada em 10. nov.1937. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1930-1939/constituicao-35093-10-novembro
1937-532849-publicacaooriginal-15246-pl.html. Acesso: 16.fev.2021.
BRASIL, Lei. nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Dispõe sobre a Altera a Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, e as
Leis nos 6.019, de 3 de janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de julho
de1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho. Diário Oficial da União:
seção 1, Brasília, DF, Edição: 134, p. 12-13, publicada em 14 jul de 2017. Disponível:
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