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ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE DIREITO E PROCESSO DO TRABALHO

MONOGRAFIA

CAIO RODRIGUES SABAINI

OS EFEITOS DA COISA JULGADA NAS AÇÕES


COLETIVAS DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

ITABELA-BA

2019
CAIO RODRIGUES SABAINI

OS EFEITOS DA COISA JULGADA NAS AÇÕES


COLETIVAS DA JUSTIÇA DO TRABALHO.

Projeto de Pesquisa apresentado ao Curso de


Pós-graduação em Direito e Processo do
trabalho da Estácio de Sá para aprovação na
disciplina Monografia.

Orientador: Prof. Ivan de Oliveira Silva

ITABELA-BA

2019
AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer a Deus pela imensurável força e zelo neste caminho
percorrido.

Agradeço aos meus pais Walter Serra Sabaini e Liziane Glaucia Chagas Rodrigues
Sabaini, a minha irmã Lara Rodrigues Sabaini e a minha namorada Karoline
Damasceno Mendes, por estarem sempre ao meu lado em todos esses anos.

Ao meu orientador, professor Ivan de Oliveira Silva, por ter compartilhado dos seus
conhecimentos e pela grande paciência no decorrer do trabalho.

Todo o meu respeito e admiração a todos vocês, muito obrigado!


RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar os efeitos da coisa julgada na justiça
do trabalho a aqueles trabalhadores que não sejam sindicalizados. Por ser o
sindicato da categoria o legitimado a substituí-lo processualmente em ações
coletivas, qual será o alcance desta coisa julgada aos que não forem sindicalizados,
mas da mesma classe laboral. O trabalho iniciará a pesquisa sobre as ações
coletivas e suas especificidades, bem como o rol de legitimados a propô-la. No
capítulo seguinte será abordada a atuação dos sindicatos nestas ações coletivas e
os princípios que o regem, para assim se chegar à conclusão dos efeitos da coisa
julgada no capítulo final. O embasamento para se chegar ao resultado apresentado,
esta consubstanciada nas doutrinas analisadas em todo o trabalho, assim como nas
cominações e interpretações de artigos do nosso ordenamento jurídico. A
metodologia associativa da teoria com a prática trará o resultado dos efeitos da
coisa julgada deverá ter sobre todo trabalhador da categoria, seja ele sindicalizado
ou não. Portanto o presente trabalho irá dispor do direito a ação coletiva na justiça
do trabalho e os diferenciais que esta possui nessa jurisdição, especificamente nos
efeitos da coisa julgada ao trabalhador não filiado ao sindicato.

Palavras-chave: ações coletivas; Atuação sindical;Limites coisa julgada.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 08

2 AÇÕES COLETIVAS................................................................................ 10
2.1 LEGITIMADOS.......................................................................................... 12
2.2 ROL DE SUBSTITUÍDOS......................................................................... 15
2.3 DIREITO COLETIVO DIFUSO.................................................................. 16
2.4 DIREITO COLETIVO INDIVIDUAL HOMOGENÊO.................................. 17
2.5 INTERESSES COLETIVOS 17

3 ATUAÇÃO SINDICAL.............................................................................. 18
3.1 PRINCÍPIOS............................................................................................. 20
3.2 FUNÇÕES DO SINDICATO...................................................................... 21
3.3 SUBSTITUIÇÃO E REPRESENTAÇÃO SINDICAL.................................. 22

4 EFEITOS DA COISA JULGADA.............................................................. 25


4.1 DA COISA JULGADA................................................................................ 27
4.2 LIMITES DA COISA JULGADA................................................................ 29
4.3 OS EFEITOS DA COISA JULGADA NAS AÇÕES COLETIVAS.............. 30

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 35

6 REFERÊNCIAS......................................................................................... 37
1 INTRODUÇÃO

O presente tema vem sendo alvo de discussão, uma recente notícia divulgada no
site do Tribunal Superior do Trabalho tratava do limite da coisa julga na substituição
processual exercida pelo sindicato da respectiva categoria laboral. A controvérsia
em questão é quanto à extensão da sentença dada, há aqueles trabalhadores que
não figuravam no processo como parte, podendo estes até mesmo nem ser
sindicalizados, se fariam jus ao prolato pelo magistrado. Essa divergência entre o
julgado da primeira turma e a reforma feita pela Seção I Especializada em Dissídios
Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho é o alvo de esclarecimento do
presente trabalho.

O método de pesquisa utilizado para execução do trabalho é baseada no


entendimento doutrinário e legislações, verificando nestas soluções para o tema
abordado. O primeiro tópico a ser esclarecido será a ação coletiva. A um leque de
ações coletivas no nosso ordenamento, mas neste trabalho analisará a ação coletiva
no judiciário trabalhista e quem possui a legitimidade desta ação, assim como qual o
objeto dessa peça processual. No processo do trabalho se houver mais de uma
parte em qualquer dos pólos, a ação será denominada plúrima, se diferenciando da
ação coletiva. Portanto no âmbito da justiça trabalhista, a ação coletiva é busca de
uma tutela para um grupo ou classe de trabalhadores, mas a espeficidade desse
instituto é que o possuidor da demanda coletiva é o sindicato a qual o laborando
pertence.

Dentro dessa das ações coletivas veremos o que se tutela os direitos individuais
homogêneos, difusos e interesses coletivos. Trataremos de cada um explicando o
diferencial e a aplicação na ação coletiva na justiça do trabalho. Na seqüência
veremos a atuação do sindicato dentro do processo como substituto processual, os
poderes que este possui sobre a ação coletiva do trabalho e quais são os
legitimados dentro desta jurisdição a propor a ação coletiva. Apesar de o sindicato
ter a legitimidade da ação este deverá nomear no processo aqueles trabalhadores
que está representando, para evitar a ocorrência de outros processos com mesmo
pedido e causa de pedir, ou seja, ocorra a litispendência e até mesmo para
comprovação da parte contrária, que podendo identificar os trabalhadores inseridos
na ação terá a possibilidade de buscar documentos e até mesmo se estes são
laborando da empresa ou pertencentes ao sindicato da categoria, não limitando
assim a defesa da parte contrária.

No tocante aos efeitos da coisa julgada e sua limitação na ação coletiva, não há na
Consolidação das Leis Trabalhistas tratamento para este instituto, sendo aplicadas
as regras do Código de Defesa do Consumidor. A coisa julgada está amparada na
Seção V do Código de Processo Civil nos artigos 502 e seguintes. O regimento da
Ação Coletiva é constituído por uma interpretação conjunta de várias normas vigente
em nosso ordenamento. Esse tipo de ação tem como característica seguir as regras
do direito processual coletivo e não o sistema da Consolidação das Leis
Trabalhistas, sendo aplicadas as normas da Lei de Ação Civil Pública e do Código
de Defesa Consumidor.

Portanto a reforma feita pela instância superior da justiça do trabalho foi equivocada
por tratar os não-sindicalizados como não pertencentes à mesma categoria, pois
uma decisão a qual se dar um direito a membros da mesma classe trabalhadora,
não limita a coisa julgada. O presente trabalho tem como objetivo esclarecer que a
coisa julga no caso da justiça laboral e sua substituição processual, caso
diferenciado, não há limite desta coisa julgada.
2 AÇÕES COLETIVA

A palavra coletiva já da uma idéia do que tangenciará a ação coletiva, o direito


coletivo é o direito do cidadão seja ele de uma mesma relação de trabalho ou de
uma relação empresarial/comercial ou oriundo de outra relação, possa buscar a
tutela jurisdicional. Essa ação metaindividual pode dar impressão de que todo
processo em que figurar nos pólos, seja ele ativo ou passivo, mais de uma pessoa já
seja um coletivo. Mas esta ação possui casos específicos e instrumentos
diferenciados. A um leque de ações coletivas no nosso ordenamento, mas neste
trabalho irá analisar a ação coletiva no judiciário trabalhista e quem possui a
legitimidade desta ação.

A Ação Coletiva está amparada no Código de Defesa do Consumidor, bem como o


rol de legitimados para demandar uma ação coletiva. Mas essa informação não está
clara perante todos, por isso a ação coletiva ainda é tão pouca usada na Justiça do
Trabalho. Sendo que esta desafogaria o judiciário, assim como traria a celeridade
processual, pois está se julgando uma ação conjunta e ainda há uma economia
processual, por ser uma única ação em favor de um grupo de pessoas.

A ação coletiva foi introduzida em nosso ordenamento jurídico pelo Código de


Defesa do Consumidor (Lei n.8.078/90), para a defesa de interesses
transindividuais, mormente os individuais homogêneos. De acordo com o
artigo 81 do Código, “A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e
das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo”.
(SANTOS, 2003, p.98)

Ao analisar as ações coletivas, pretende-se aqui fazer uma conexão desta na


Justiça do Trabalho. No processo do trabalho se houver mais de uma parte qualquer
dos pólos a ação será denominada plúrima, se diferenciando da ação coletiva. O
principal aspecto que diferencia essas ações, é que na ação plúrima há um
litisconsórcio ativo facultativo, sendo que cada laborando busca seu interesse
próprio, assim podendo o seu pedido ser julgado procedente e acontecer que do
outro litisconsorte não ser julgado da mesma forma. Já nas ações a decisão valerá
para todos da classe ou categoria, o pedido é indivisível. Portanto no âmbito da
justiça trabalhista, a ação coletiva é busca de uma tutela para um grupo ou classe de
trabalhadores, mas a espeficidade desse instituto é que o possuidor da demanda
coletiva é o sindicato a qual o laborando pertence.

Depois de falado o benefício que esta ação traria a Justiça do Trabalho e a


coletividade, agora se pretende dispor de como esta se faz perante o judiciário. A
ação coletiva se faz por meio da substituição processual, de modo que, o sindicato
que é o legitimado mais comum de representação do qual a classe do empregado
pertence. Este sindicato irá substituí-lo no processo judicial, essa substituição
ocorrerá em casos de vontade singular dos trabalhadores no fato em questão, como
esclarecido pela doutrinadora Eva Kocher (1998, p.147) “os processos ajuizados por
sindicatos em substituição processual não constituem dissídio coletivo. Trata-se da
defesa de pretensões individuais dos empregados pelo sindicato representante, sem
autorização explícita dos titulares das pretensões.”

A classe a qual o trabalhador pertence irá buscar o direito de outrem, do coletivo,


mas o sindicato figura como parte no processo. Entretanto, para os direitos
individuais serem favoráveis para a defesa pelo sindicato em nome próprio, deve-se
tratar, ao mesmo tempo, de direitos coletivos, ou seja, direitos da categoria. O direito
coletivo foi visto como um direito competente do sindicato. Com isto, chegamos a um
verdadeiro direito institucional da organização, por outra parte, no entanto, conduz o
termo um entendimento de sindicato enquanto personificação da categoria, de modo
a dar a este sindicato a detenção desta ação coletiva. O sindicato é o detentor da
representação na ação coletiva no direito do trabalho, pois é ele que representa a
organização de determinado grupo de empregados.

As ações coletivas são típicas ações para a defesa de direitos individuais


homogêneos, cuja defesa, na justiça do trabalho, já é por demais conhecidas,
na esfera da ação de cumprimento. São também conhecidas como “ações
coletivas estricto sensu”, em contraposição às ações coletivas previstas nos
arts. 81 e 83 do CDC, denominadas por alguns de “ação civil pública coletiva”.
(SANTOS, 2003, p.102)
A um leque de ações coletivas no nosso ordenamento, mas este trabalho irá analisar
a ação coletiva no judiciário trabalhista e quem possui a legitimidade desta ação. As
ações coletivas foram inseridas em nosso ordenamento jurídico pelo Código de
Defesa do Consumidor como já mencionado, tem este instrumento à força de buscar
interesses sociais ou públicos primários. Esta ação segue as regras do direito de
Processual Coletivo, sob a aplicação da Lei da Ação Civil Pública e do Código de
Defesa do Consumidor, não se aplicando o sistema da Consolidação das Leis
Trabalhistas, por não haver neste procedimento disciplinado neste ordenamento.

2.1 LEGITIMIDADOS

O regimento da Ação Coletiva é constituído por uma interpretação conjunta de várias


normas vigente em nosso ordenamento. Esse tipo de ação tem como característica
seguir as regras do direito processual coletivo e não o sistema da Consolidação das
Leis Trabalhistas, sendo aplicadas as normas da Lei de Ação Civil Pública e do
Código de Defesa Consumidor.

Por conta dessa interação entre o Código de Defesa do Consumidor e esses


outros diplomas legais, especialmente a Lei de Ação Civil Pública, foi
dedicada à última parte do Código à tarefa de adaptá-los, o que ensejou o
surgimento de um microssistema único, destinado à tutela de todos os direitos
e interesses “coletivos”, com base no qual se vem sustentando a existência
da denominada jurisdição civil coletiva. (PIZZOL, 1998, p.42)

Analisando a forma de como deve ser utilizado esse microossistema, estes apontam
para a interpretação dessa norma de forma a respeitar o principio da especialidade,
de maneira que a lei especial prevalece sobre a geral. Dessa forma nos casos em
que ferir os dispostos no Código de Defesa do Consumidor este será o sistema
usado, aplicando a Lei de Ação Civil Pública de forma subsidiária, naquilo em que o
Código for omisso.

Portanto as Ações Coletivas ou “jurisdição civil coletiva” como denominada pelos


doutrinadores, pela interpretação de normas constitucionais e infraconstitucionais,
para assim ganhar a sua força como ação única, buscando de forma agrupada o
direito da coletividade ou o interesse da sua categoria. Dessa forma há um
microssistema que se forma para regular a ação coletiva, que é a junção de todas
essas normas constitucionais e infraconstitucionais, para assim norteá-la.

O sindicato é um dos legitimados a propor a ação coletiva no que tange a justiça do


trabalho, sendo este direito expresso no artigo 8º, inciso III da Constituição da
República Federativa do Brasil:

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou


individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;

Cominado com a Lei n.8073/90, no seu artigo 3º:

Art. 3º As entidades sindicais poderão atuar como substitutos processuais dos


integrantes da categoria.

Portanto tem-se entendido que o sindicato possui legitimidade plena sob esta ação:

Nessa linha, a lei ordinária conferiu às entidades sindicais a possibilidade de


atuarem como substitutos processuais não apenas de seus sindicalizados,
mas também de todos os integrantes da categoria. Assim, detêm hoje
legitimação para a defesa judicial não só dos interesses individuais, mas dos
interesses coletivos, em sentido lato, de toda a categoria. Nesse sentido, já se
admitiu, com acerto, possa o sindicato, como substituto processual, buscar
em juízo a reposição de diferenças salariais, em favor da categoria que
represente. O sindicato está, portanto, legitimado à defesa judicial de
interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos dos integrantes da
categoria, pouco importa estejam eles sindicalizados ou não. (MAZELLI,
2006)

O Código de Defesa do Consumidor traz no artigo 82 um rol de legitimados a propor


a ação coletiva, mas isso quando se tutela o direito do consumidor. Na Justiça do
Trabalho além da legitimidade sindical, há também a legitimidade do administrador
dessa jurisdição o Ministério Público do Trabalho (consubstanciado no artigo 129,
inciso III da nossa Carta Magna Vigente), que observando sendo um direito de uma
categoria usurpado ou diminuído, poderá ensejar com a ação coletiva em face da
classe prejudicada. A Legitimidade do Ministério Público do Trabalho está
estampada na Lei Complementar 75/1993, no artigo 83.

Art. 83. Compete ao Ministério Público do Trabalho o exercício das seguintes


atribuições junto aos órgãos da Justiça do Trabalho:

I - promover as ações que lhe sejam atribuídas pela Constituição Federal e


pelas leis trabalhistas;

II - manifestar-se em qualquer fase do processo trabalhista, acolhendo


solicitação do juiz ou por sua iniciativa, quando entender existente interesse
público que justifique intervenção;

III - promover a ação civil pública no âmbito da Justiça do Trabalho, para


defesa de interesses coletivos, quando desrespeitados os direitos sociais
constitucionalmente garantidos;

IV - propor as ações cabíveis para declaração de nulidade de cláusula de


contrato, acordo coletivo ou convenção coletiva que viole as liberdades
individuais ou coletivas ou os direitos individuais indisponíveis dos
trabalhadores;

A ação coletiva na Justiça Trabalhista busca garantir os direitos e deveres na


relação laboral e tudo o que tutela além desta relação à dignidade da pessoa
humana no seu local de trabalho. O sindicato e o Ministério Público do Trabalho que
busca essa tutela em favor do trabalhador que possa se sentir sem forças para
buscar os seus direitos.

2.2 ROL DE SUBSTITUÍDOS

Na Substituição Processual ocorrida na justiça do trabalho, a legitimidade do


sindicato em representá-los perante a ação, não exime este de pormenorizar
aqueles que está sendo representado na ação coletiva evitando a ocorrência de
outros processos com mesmo pedido e causa de pedir, ou seja, ocorra a
litispendência e até mesmo para comprovação da parte contrária, que podendo
identificar os trabalhadores inseridos na ação terá a possibilidade de buscar
documentos e até mesmo se estes são laborando da empresa ou pertencentes ao
sindicato da categoria.
Esse rol não pode deixar de vir aos autos, pois neste além de trazer os benefícios
acima, há ainda averiguação se o magistrado pode ser suspeito por algum dos
substituídos na ação coletiva pleiteado pelo sindicato, e como falado evitando a
litispendência, para não ocorrer duas sentenças. O sindicato como é o legitimado
dessa substituição, possuindo assim interesse de agir e poder constituinte em prol
da categoria deve trazer o rol dos substituídos na peça inicial, conforme o artigo 787
da Consolidação das Leis Trabalhistas, sob pena da extinção do processo sem
resolução de mérito (procedimento do Código de Processo Civil vigente, no artigo
321 cominado com artigo 316).

2.3 DIREITO COLETIVO DIFUSO

O significado da palavra difuso é espalhar, derramar, disseminar, irradiar, entre


outros. Foi em Roma que esse termo foi conhecido, pelo fato de qualquer cidadão
de uma comunidade, tinha titularidade para buscar um direito público. Nesse mesmo
período foram criados vários instrumentos processuais para efetivar a tutela no
coletivo. O interesse difuso está previsto no artigo 81, inciso I do Código de Defesa
do Consumidor, assim como os individuais homogêneos.

Interesses difusos caracterizam-se por pertencerem a pessoas que estão


ligadas entre si por circunstanciais ou fáticos, não havendo entre os lesados
ou ameaçados de lesão qualquer vinculo jurídico. A nota característica é que
esses direitos ou interesses não se dividem e a potencialidade de lesão ou
lesão efetiva irá atingir a todos indistintamente. (NAHAS, 2001, p.82)

O direito difuso diz respeito ao bem coletivo, jamais versará a ação coletiva difusa de
forma individual, pois o bem tutelado é de todos. Um exemplo disso são os bem
maiores da coletividade (o ar, os rios, entre outros), não há um dono único desses
bens ele é meu, é seu, são de todos. Por isso a titularidade desta ação é dispersa e
não há necessidade de vínculo jurídico, e jamais será o bem disponível nesta ação,
o direito é indivisível por se tratar de difícil delimitação de quem usa e o tanto que
goza do bem.
O direito difuso poder afetar um grupo determinado por um tempo e depois alterar os
afetados, ou até mesmo passar gerações. Mas como fica esse direito perante a
jurisdição trabalhista. No âmbito da justiça do trabalho há duas correntes a respeito
do tema. A corrente majoritária composta por Sergio Pinto Martins, Carlos Henrique
Bezerra Leite entre outros, entende que não seria cabível, pois não está amparado
no artigo 8, inciso III da Constituição Federal, sendo que este não trata de direito de
grupo ou categoria laboral. Já a outro corrente com Mazzilli, Kazuo Watanabe entre
outros, defende que não há restrição quanto a essa atuação dos sindicatos na
Constituição e que o meio ambiente do trabalho diz respeito a esse instituto.

2.4 DIREITO COLETIVO INDIVIDUAL HOMOGÊNEO

O direito coletivo individual homogêneo são interesses singulares que possuem na


sua origem fatos em comum, e estes sujeitos afetados não são pessoas ligadas por
nenhuma relação jurídica, mas são pessoas determinadas que estejam interligadas
pelo mesmo fato causídico. Logo de imediato sabem-se quais são os atingidos pelo
dano, não se sabe ainda o quanto o dano causou a cada pessoa, por isto o objeto é
divisível.

Esse direito ocorre quando várias pessoas são atingidas de forma individual, mas ao
mesmo tempo, assim os colocando em situação parecida, mas toda essa parida não
quer dizer que a decisão a ser dada pelo magistrado será uniforme, pois cada um
pode ter sido atingido de forma diferente. Um exemplo disso é um teto de uma
empresa que cai sobre seus empregados pode ter um que veio a perder um braço e
outro somente teve escoriações leves, portanto serão tratados de forma diferente.

As principais situações em que se notabilizou a ação sindical para a defesa


de interesses individuais homogêneos são: a)impetração do mandado de
segurança coletivo (artigo 5, inciso LXX, alínea “b”, da Constituição Federal
de 1988;b)propositura de ação de cumprimento (artigo 872 da Consolidação
das Leis Trabalhistas);c)ajuizamento de demanda com objetivo de
caracterizar, classificar ou delimitar as atividades insalubres ou perigosas
e/ou para pleitear os efeitos pecuniários da constatação da existência de
insalubridade e/ou de periculosidade (§ 2 do artigo 195 da Consolidação das
Leis Trabalhistas e Enunciado da SDI-I do TST);e)apresentação de
reclamação trabalhista para compelir o empregador a efetuar o depósito das
importâncias devidas ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ( artigo 25
da Lei n. 8.036 /90). (SANTOS, 2003, p.96)

Portanto há hoje um leque de ações coletivas que tutelam o direito individual


homogêneo e o sindicato possui plena legitimidade como já comentado e
fundamentado em tópicos acima. Assim o uso dessa ação respeita o princípio da
economia processual e ainda não deixa que haja sentenças diversas.

2.5 INTERESSES COLETIVOS

Este interesse coletivo se diferencia do direito coletivo difuso e do individual


homogêneo, mas trata de interesses metaindividuais como ambos. O “interesse
coletivo” está previsto no artigo 81, inciso II, da Lei n. 8078/90, possui natureza
indivisível, mas busca-se uma pretensão única, são casos de sociedade comercial,
condomínios entre outros.

Os interesses coletivos caracterizam-se por: a) sua apresentação como uma


síntese de interesses individuais, de forma que configure o fenômeno da
despersonalização desses; b) existência de um vínculo jurídico unificador dos
elementos componentes da coletividade; d) impossibilidade de fruição
individual excludente por parte de qualquer membro do grupo, ou seja, a
fruição por um componente não impede a de outro, em momento diverso ou
simultaneamente; e) caráter indisponível pelo fato de constituir uma síntese
de determinados valores do grupo; f) vinculação da sua tutela a um grupo que
lhe dá substrato jurídico para a formação da coletividade. (SANTOS, 2003,
p.100)

A legitimidade do sindicato em buscar a tutela coletiva dos trabalhadores foi


ampliada, pois além do dissídio coletivo (primeiro instituto a dar esse direito coletivo
aos trabalhadores), há ainda a Ação Civil Pública e as previstas no Código de
Defesa do Consumidor. O sindicato é o detentor desse interesse coletivo expresso
na Constituição Federal vigente, pois é ele que representa a classe ou categoria em
juízo, agregando aquilo que os trabalhadores pretendiam.
3 ATUAÇÃO SINDICAL

A denominação de sindicato deriva do latim syndicus, vindo do grego sundikós, que


era aquele que administrava e dava atenção à comunidade (assisti em juízo ou
justiça comunitária). O síndico no dicionário da língua portuguesa dentre outros
significados é a pessoa escolhida entre os membros de uma agremiação, de uma
classe, de um condomínio, para zelar pelos interesses do grupo. Portanto o síndico
será aquele que representará os demais condôminos ou agrupados. Tentaremos a
primórdio traçar um conceito do que seria o sindicato.

No atual panorama não há uma definição ou conceito do que seja sindicato, mas a
Consolidação das Leis Trabalhistas traz características que este deve possuir, para
assim ser enquadrado como sindicato. Esses esclarecimentos básicos são
encontrados no artigo 511 da CLT, o doutrinador Renato Saraiva ao analisar o
artigo, sintetiza que “Sindicato é a associação de pessoas físicas ou jurídicas que
exercem atividade profissional ou econômica, para a defesa dos direitos e interesses
coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
administrativas. (2010, p.355)

Sindicato é, assim, a associação de pessoas físicas ou jurídicas que têm


atividades econômicas ou profissionais, visando à defesa dos interesses
coletivos e individuais de seus membros ou da categoria [...] que não se trata
de agrupamento, mas de associação, pois o primeiro está inserido no âmbito
de categoria sociológica e não jurídica. (MARTINS, 2004, p.679)

O sindicato não se confunde com associação desportiva, ordem dos advogados,


cooperativas, pois os sindicatos têm a finalidade de buscar os interesses sejam eles
coletivos ou individual do laborando e defendê-lo perante o judiciário ou empregador.
Se diferenciando ainda na forma de filiação, sendo facultado ao laborando se juntar
ou não ao sindicato. O sindicato tem natureza jurídica de direito privado e não pode
sofre qualquer interferência ou intervenção amparada pela nossa carta maior a
Constituição Federal vigente no seu artigo 8°, inciso II.

Essa não intervenção ou interferência da à liberdade seja ao empregado ou ao


empregador de se associarem a um sindicato, sem sofrer qualquer punição advinda
da filiação. Há algumas exceções de empregados que não podem se filiar, um
exemplo são os membros das forças armadas, mas a grande maioria dos
trabalhadores brasileiros gozam da liberdade sindical.

No tocante a criação do sindicato há de acatar o limite territorial imposto pela Carta


Magna vigente no seu artigo 8º, inciso II, que dispõe: “é vedada a criação de mais de
uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional
ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou
empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município”.
Portando respeitando a unicidade sindical não poderá haver mais de um
representante da categoria ou classe no mesmo Município.

Existem ainda as entidades sindicais de grau superior, sendo elas, as Federações


(compostas por 5 ou mais sindicatos de profissionais idênticos, possui âmbito
Estadual) e as Confederações (composta por no mínimo 3 federações, possui
âmbito Nacional, deve ter sede em Brasília). Portanto os Sindicatos têm ganhado
cada vez mais força no cenário jurídico e a tendência é continuar a crescer, pois se
trata de economia processual e agilidade na resolução das divergências, por se uma
decisão uniforme para centenas ou milhares de trabalhadores.

3.1 PRINCÍPIOS

O Princípio da liberdade associativa é aquele que dar aos trabalhadores direito de se


reunirem ou se associarem, buscando um objetivo comum, não sendo necessário
estarem ligadas por funções econômicas ou profissionais. Portanto o laborando tem
liberdade para reivindicar de forma pacífica, direito este amparado na nossa
Constituição Federal da República no seu artigo 5º, incisos XVI e XVII.
Já o Princípio da liberdade sindical confere na escolha tanto do empregador quanto
aos trabalhadores de formarem seus sindicatos, sem que sofram intervenções ou
interferências, mas respeitando aquelas características básicas do art. 511 da CLT.
Essa liberdade se dividiu em duas partes, a liberdade sindical individual, sendo
aquela aonde o patrão ou o empregado pode filiar-se de forma livre e individual, ou
até mesmo retirar sua filiação do sindicato da categoria. A segunda é a liberdade
sindical coletiva, sendo esta aquela em que ambos possuem livremente a
possibilidade de criar um sindicato. Mas este Princípio não possui plenitude, pois há
ainda uma estrutura corporativista no nosso ordenamento, como a unicidade
sindical, o pagamento imperativo da taxa sindical de trabalhadores filiados ou não e
o poder normativo da justiça do trabalho, todos previsto na nossa Carta Magna.

O Princípio da autonomia sindical refere-se à liberdade que o Estado deu ao


sindicato após o art. 8º, inciso I da Constituição da República Federativa do Brasil,
fazendo com que se perca o controle sobre os sindicatos. Agora o sindicato possui
autonomia de gestão, criação, auto-extinção, defesa dos associados em questões
judiciais e administrativas, entre outros.

3.2 FUNÇÕES DO SINDICATO

Já vimos que o sindicato no transcorrer do tempo ganhou força e algumas


delimitações, dispusermos agora de suas funções. A primeira função a ser tratada é
a de representação, consubstanciada no artigo 513, alínea “a” da Consolidação das
Leis Trabalhistas, elevando-se a Constituição Federal de 1988 no artigo 8º, inciso III.

Alguns autores chegaram a afirmar que se tratava de hipótese de substituição


processual essa declinada no inciso III do artigo 8º da Lei Maior. Entretanto, a
substituição Processual é uma legitimação extraordinária conferida pela Lei
ao sindicato, que não se confunde com a legitimação ordinária, de
representar a categoria, que é que se encontra no dispositivo constitucional.
As hipóteses de substituição estão no § 2 do artigo 195 da Consolidação das
Leis Trabalhistas, no parágrafo único do artigo 872 da Consolidação das Leis
Trabalhistas, no artigo 3º da Lei n.8.073/90. (MARTINS, 2004, p.718)
A função de representação na qual se trata aqui não se iguala a substituição
processual, no tópico seguinte tratarei mais detalhadamente dos diferencias dessas
funções. A segunda função a ser tratada é a negocial, referente a convenções e
acordos coletivos do trabalho.

A Constituição prestigia a função negocial do sindicato ao reconhecer as


convenções e acordos coletivos de trabalho (artigo 7º, XXVI), além de certos
direitos somente poderem ser modificados por negociação coletiva (artigo 7º,
VI, XIII, XIV). É também obrigatória a participação dos sindicatos nas
negociações coletivas (artigo 8º, VI, da Constituição). A alínea b do artigo 513
da Consolidação das Leis Trabalhistas declara que é prerrogativa do sindicato
celebrar convenções coletivas de trabalho, o que se nota também no artigo
611. Os acordos coletivos são celebrados pelo sindicato profissional com uma
ou mais empresas (§1º do artigo 611 da Consolidação das Leis Trabalhista).
(MARTINS, 2004, p.719)

A função econômica do sindicato é vedada pela Consolidação das Leis Trabalhista


no seu artigo 564, pois a finalidade do sindicato não é esta e sim a de assistência ao
trabalhador. O sindicato não poderá exercer qualquer atividade político-partidária,
pois assim estaria saindo da sua finalidade assistencial (artigo 521, alínea “d” da
Consolidação das Leis Trabalhista). E por fim o principal atributo do sindicato, a
função assistencial. Dentre diversas funções assistenciais a importante para o
presente trabalho é a de prestar serviços jurídicos a associados ou não, conforme o
artigo 18 da Lei n. 5.584/70, dispõe este que “A assistência judiciária, nos têrmos da
presente lei, será prestada ao trabalhador ainda que não seja associado do
respectivo Sindicato.”

Enfim nota-se que o sindicato tem uma gama de funções para com o sindicalizado e
até mesmo com os membros da respectiva categoria que não se filiou, a principal
função sindical é estar mais perto do laborando, tornar seus direito mais acessíveis e
mostrar pra ele que tem um instituto atento as normas coletivas do trabalho, assim
como o Ministério Público do Trabalho, como zelador desta jurisdição.

3.3 SUBSTIUIÇÃO E REPRESENTAÇÃO SINDICAL


A Substituição processual conforme artigo 18º do Código de Processo Civil ocorre
quando a parte, em nome próprio, busca direito alheio, desde que tenha sido
autorizado por lei. Essa legitimidade extraordinária dar ao substituto poder para
atuar no processo, bem como, produzir provas, interpor inicial ou recurso, entre
outros. Mas com uma ressalva, a de que o direito material, qual seja, de reconhecer
pedido ou se retirar da lide, só pertence ao substituído. Essa forma extraordinária de
ação pelo sindicato foi surgindo com novas leis, pois antes da Carta Magna de 1988
essas substituições ainda eram limitadas. As leis 7.788/1989, 8.036/1990 e a
8.073/1990, juntamente com a Carta Magna em seu artigo 8º, inciso III, foram dando
aos sindicatos novas possibilidades de agir em prol do substituído.

A substituição processual não tira do substituído o poder de renunciar ou desistir da


ação coletiva proposta, pois mesmo sendo representado processualmente existem
poderes que não deixar de existir, ou seja, é inerente a pessoa ali substituída.

O Tribunal Superior do Trabalho baseando-se no enunciado 310 não via o art.8º,


inciso III, assegurando-se substituição. Este tribunal adotou uma posição restritiva,
de que só poderia ocorrer a substituição nos casos previstos em lei. Só que o
Supremo Tribunal Federal sempre analisou este artigo de forma ampla, assegurando
a substituição processual geral e irrestrita, assim o TST adotou também este
entendimento e revogou o enunciado 310. A substituição processual poderá ocorrer
nos casos do artigo 195, parágrafo 2º e 872 ambos da CLT e no artigo 3º da lei
8.073, essa forma de substituir o empregado processualmente traz melhorias
imensas na Justiça do Trabalho:

.diminui o número de ações individuais e distribuídas a Justiça do Trabalho,


uma vez que, na qualidade de substituto processual, o sindicato, por meio de
uma única ação proposta, possibilita ao Judiciário Trabalhista resolver
centenas de conflitos, contribuindo para desafogar a já tão assoberbada
Justiça do Trabalho;

.evita que a Justiça do Trabalho profira decisões conflitantes envolvendo o


mesmo tema;

.contribui para celeridade processual;


.possibilita que o trabalhador, por meio do seu sindicato de classe, tenha
acesso ao judiciário em busca de direitos provenientes do pacto laboral antes
mesmo do rompimento do vínculo contratual. Infelizmente, nos dias atuais, a
Justiça do Trabalho passou a ser a justiça dos desempregados, visto que, no
curso da relação de emprego, dificilmente o obreiro irá buscar seus direitos na
Justiça, com medo de sofrer represálias por parte do seu empregador. Com
isso, em função do tempo decorrido até a ruptura do liame empregatício,
inúmeros direitos trabalhistas acabam prescritos, o que com a substituição
processual pelos sindicatos não ocorreria. (SARAIVA, 2010, p.77)

A legitimação ordinária, a de representar os trabalhadores, nada mais é do que o


escolhido entre os laborandos de um mesmo local, para buscar melhorias na
condição de trabalho e outros interesses perante o empregador. Não podendo
confundir este com o dirigente sindical. Pois este representante nem precisa ser
sindicalizado e busca melhorar a condição habitual dos colegas, já o dirigente
sindical, fiscaliza se o empregador esta cumprindo com as normas coletivas da
categoria e as determinações trabalhistas (na maioria das vezes esse representante
sindical é associado). A Constituição prevê três formas de representação a sindical
(art.8º, incisos VI e VII); a de empresa (art.11) e a de co-gestão (art.7º, inciso XI). Há
ainda o dispositivo na Consolidação das Leis Trabalhistas que trata da
representação sindical:

Art. 513. São prerrogativas dos sindicatos:


a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias os
interesses gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou interesses
individuais dos associados relativos á atividade ou profissão exercida;

Esse representante serve para resolver problemas internos entre o empregado e


empregador, não ocorrendo qualquer prejuízo desse posto ao intercessor dos
trabalhadores da empresa, e conforme orientação da Convenção n.135 de 1971 da
OIT, sendo ratificada pelo Brasil, essa convenção foi complementada pela
recomendação n.143 do mesmo ano, buscando proteger aquele que estivesse no
posto delegado pelos companheiros. Existem vários artigos nessa recomendação
definindo direitos que este representante possui, como por exemplo, no §10 que
dispõe que “o empregador deverá conceder tempo livre necessário ao desempenho
de tarefas de representação na empresa, sem perda de salário ou de qualquer outra
vantagem social”. (2006, p.748)

Como substituto processual da coletividade dos trabalhadores, o sindicato é


parte no processo, podendo atuar de conformidade com suas diretrizes,
sendo detentor de todos os ônus, deveres e obrigações que advêm dessa sua
condição. (SANTOS, 2003, p. 107)

Uma das diferenças básicas entre os dois institutos é quanto à atuação exercida por
cada um, enquanto o representante atua em nome do representado, ou seja,
atua em nome alheio na defesa do direito alheio, na Substituição, o substituto atua
em nome próprio direito alheio. Dessa forma ficam clara as funções e os papéis a
serem desempenhados por cada um, seja o representante ou o substituto
processual. O que não se pode deixar é de ter, são essas formas de fiscalizações e
elo do trabalhador com seus direitos e deveres, bem como o do seu empregador.
4 OS EFEITOS DA COISA JULGADA

Neste último capítulo do presente trabalho, farei uma interpretação da legislação


com fundamentos doutrinários. Neste tópico a busca não é somente pelos efeitos da
coisa julgada, mas sim, no que tangem as ações coletivas da Justiça do Trabalho.
Será usado agora todo o assunto já falado nos capítulos anteriores, ocorrendo uma
junção de tudo o que foi disposto, visando dar a solução pelo tema abordado.

4.1 DA COISA JULGADA

A coisa julgada está amparada na Seção V do Código de Processo Civil nos artigos
502 e seguintes. Vamos traçar primeiramente o que significa dizer que ocorreu a
coisa julgada. A coisa julgada nada mais é do que o encerramento da discussão
pelas partes, ou seja, é a impossibilidade de se discutir novamente a matéria. São
os efeitos decorrentes da sentença e a perda de poder recorrer desta. O lado
positivo desse instituto é a não extensão da lide e a segurança quanto aos efeitos da
sentença, mas vendo pelo outro lado, essa não mais poderá ser ajuizada com as
mesmas partes, causa de pedir e pedido igualmente a anterior. Essa coisa julgada
como já foi dito é efeito da sentença, não fazendo parte desta qualquer despacho ou
decisão interlocutória

A coisa julgada se divide em formal e material. Sendo a coisa julgada formal


relacionada à perda dos prazos dos recursos ou até mesmo a renúncia/desistência
de interpolo, já a coisa julgada material torna essa sentença imutável e indiscutível,
não sendo possível recorrer em razão do conteúdo que já foi resolvido, fazendo
valer o que foi decidido pelo magistrado para ambas às partes.

A coisa julgada é também denominada preclusão máxima, em razão da


impossibilidade de a decisão ser reformada. Já a coisa julgada material diz
respeito ao conteúdo da sentença, envolvendo o direito discutido. Nenhum
poderá discutir novamente as mesmas questões já decididas, relativas à
mesma lide (art.471 do CPC), em decorrência da coisa julgada material, pois
a sentença tem força de lei entre as partes, nos limites da lide e das questões
decididas (art.486 do CPC). (MARTINS, 2004, p.685)
A coisa julgada tem a finalidade de não deixar que a lide se prolongue com o tempo,
fazendo com que a resolução desta fique cada vez mais difícil, e sim por encerrar a
lide, tornando a sentença aplicada pelo magistrado segura, dando estabilidade à
relação jurídica. Então fica claro e nítido qual o principal objetivo desse instituto, que
tem por ele o dever de afastar o prosseguimento do conflito envolvido na relação
jurídica, depois de prolatada a sentença.

4.1 OS LIMITES DA COISA JULGADA

A coisa julgada é o instituto que põe fim a lide, sem qualquer meio de rediscuti-la
novamente, mas essa sentença valerá para quem ou até onde será definitivo o que
nela estiver contida. Portanto a coisa julgada deve observa os limites nela inserida,
seja ele de cunho objetivo ou de cunho subjetivo.

Sendo que o limite objetivo é o poder de decisão que o juiz terá dentro daquilo que
foi pedido na ação proposta, devendo o magistrado se restringir a aquilo que esta no
pedido e na causa de pedir, como preceitua o artigo 141 do Código de Processo
Civil vigente. Ocorrendo que o julgado tem força de lei para as partes nelas
envolvidas e também as questões ali decididas.

Os limites coisa julgada nas ações coletivas possui uma particularidade, um efeito
ultra-partes, ou seja, erga omnes conforme o Código de Defesa do Consumidor, mas
só se aproveitará quando a decisão for benéfica. Sendo assim quando o magistrado
decidir favorável essa poderá valer a todos os indivíduos, inclusive aqueles que não
figuraram como parte no processo, mas pertence à relação jurídica. Mas se ocorrer
deste julgado ser prejudicial não terá este efeito, podendo os terceiros buscar por
meio de ação individual aquilo que não foi recebido na ação coletiva.

4.3 OS EFEITOS DA COISA JULGADA NAS AÇÕES COLETIVAS

A coisa julgada nas ações coletivas possui efeitos erga omnes com fulcro no artigo
103, inciso III do Código de Defesa do Consumidor, mas esse efeito no caso de ser
essa decisão favorável. O que significa dizer que sendo a decisão do juiz benéfica
essa poderá valer a todos os indivíduos, inclusive aqueles que não figuraram como
parte no processo, mas pertence à relação jurídica. Mas se ocorrer deste julgado ser
prejudicial não terá este efeito, podendo os terceiros buscar por meio de ação
individual aquilo que não foi recebido na ação coletiva.

A ação coletiva é pleiteada pelo sindicato da categoria que é o legitimado para tal
substituição processual, o rol de substituídos é necessário somente pelo fato de
proporcionar ao empregador a ampla defesa, mas não se limitando a decisão a
aqueles integrantes da ação. A decisão que ocorre nessa ação valerá para a
categoria ali substituída, pois o efeito da coisa julgada neste tipo de ação se
aproveita beneficamente aos demais, na forma do artigo citado em epígrafe. Até
mesmo por ser o sindicato o meio encontrado pelos trabalhadores de fortalecer a
busca dos seus direitos, é este o representante da categoria, então o que estiver
sido conseguido numa ação interposta pelo sindicato valerá para todos da respectiva
categoria ou classe trabalhadora.

A assessoria de comunicação social do Tribunal Superior do Trabalho noticiou em


seu site a seguinte decisão da Seção I Especializada em Dissídios Individuais:

Com a sentença já transitada em julgado – ou seja, sentença definitiva, sem


possibilidade de recurso -, na qual houve a delimitação do rol dos nomes dos
substituídos processualmente em uma ação coletiva ajuizada pelo sindicato
da categoria, é inviável a extensão dos efeitos da decisão a um profissional
não sindicalizado. Esse foi o entendimento da Seção I Especializada em
Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho que, ao julgar
embargos do Banco Itaú S.A., em fase de execução, reformou decisão da
Primeira Turma e restabeleceu o acórdão regional quanto à questão.

Por entender que a coisa julgada na ação coletiva abrange todos os membros
da categoria, a Primeira Turma estendeu os benefícios ao trabalhador não
filiado ao sindicato. Para isso - e por não haver normatização sobre o tema na
CLT -, se fundamentou no artigo 8º, III, da Constituição, que dá aos sindicatos
a legitimidade para a defesa dos direitos e interesses coletivos da respectiva
categoria profissional em questões judiciais, e no Código de Defesa do
Consumidor, que estabelece parâmetros a respeito do instituto da coisa
julgada nas ações coletivas.

A conclusão da Primeira Turma é de que as sentenças de reclamações


trabalhistas, “ajuizadas pelo sindicato representativo da categoria profissional
em defesa de direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos sujeitam-
se, ante a ausência de normatização sobre o assunto na CLT, à 1’legislação
que disciplina o processo coletivo, em especial o Código de Defesa do
Consumidor, no tocante aos efeitos da coisa julgada”.
Inconformado com a decisão da Primeira Turma, o Banco Itaú recorreu à
SDI-, e alcançou o objetivo desejado. Segundo o relator dos embargos,
ministro João Batista Brito Pereira, a jurisprudência do TST reconhece a
ampla legitimidade do sindicato para atuar como substituto processual,
abrangendo toda a categoria. No entanto, a questão, no caso, é que o pedido
de extensão, feito por empregado não filiado ao sindicato, dos efeitos da
decisão proferida na ação proposta pelo sindicato, com trânsito em julgado,
esbarrou nos limites estabelecidos na sentença, com a indicação dos
substituídos relacionados na petição inicial.

Para o ministro Brito Pereira, embora seja prescindível o rol dos substituídos
no tipo de ação em questão, o sindicato assegurou estar atuando como
substituto processual dos empregados associados, e a decisão transitou em
julgado. ”Essa circunstância”, esclarece o relator, “impede a extensão da
decisão ao trabalhador que não se insere no grupo de empregados indicado
na petição inicial, sob pena de ofensa à coisa julgada”. Com essa
fundamentação, o relator concluiu que “não se pode, na fase de execução,
promover a ampliação dos legitimados e elastecer o comando condenatório
proferido na ação coletiva sob pena de ofensa à coisa julgada ali produzida,
que tornou imutável a questão dos titulares do direito reconhecido”.

A SDI-1, então, por maioria, restabeleceu, quanto ao tema, o acórdão do


Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR), que declarou a extinção do
processo de execução do trabalhador não filiado ao sindicato, sem resolução
do mérito. Na votação, ficou vencido o ministro Luiz Philippe Vieira de Mello
Filho e houve ressalvas de entendimento dos ministros Rosa Maria Weber e
Augusto César Leite de Carvalho. (APROVAÇÃO...,2011)

A reforma feita pela instância superior da justiça do trabalho foi equivocada por tratar
os não-sindicalizados como não pertencentes à mesma categoria, pois uma decisão
a qual se dar um direito a membros da mesma classe trabalhadora, não limita a
coisa julgada. Pois o artigo 103, inciso II do Código de Defesa do Consumidor
embasa que este efeito da sentença tem eficácia ultra-partes, assim valendo pra
todos da mesma categoria laboral e ainda por ser essa benéfica e aproveitar a
terceiros que possuem a mesma relação de trabalho.

Há ainda o aspecto a ser respeitado, sendo este o princípio da economia


processual, pois se já houve uma coisa julgada que refletiu o interesse de
determinadas pessoas de uma classe trabalhadora, porque não fazer valer para o
restante da classe que pode vir a sofrer a mesma situação ou até mesmo sofrê-la no
curso do processo. Então não há que se fazer distinção da classe ou categoria nas
ações coletivas, o rol de substituídos deve sim compor a peça inicial pelos fatos já
expostos, mas a coisa julgada não fica atrelada aos laborandos ali listados.

Como se daria uma coisa julgada numa ação coletiva que os efeitos só valeriam
para os substituídos listados ali pelo sindicato da categoria, um exemplo pra se
melhor entender, no caso de um julgado dar aos motoboys de filiados ao sindicato
de Vitória-ES adicional de periculosidade, como ficaria a situação dos demais
trabalhadores motoboys do mesmo Município mas que não são vinculado ao
sindicato da categoria ou até mesmo na situação de o próprio sindicato esquecer de
colocar nos autos o nome de um dos associados, ele ficaria sem gozar do adicional.
O Código de Defesa do Consumidor é bem claro quanto a coisa julgada for benéfica,
nas se faz necessário ser associado ou não, se aproveita a todo da mesma relação
profissional.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho analisou os efeitos da coisa julgada nas ações coletivas da


Justiça do Trabalho a aqueles trabalhadores não sindicalizados. Assim comecei a
obra tratando das ações coletivas, sendo esta inserida no ordenamento jurídico pela
Lei n. 8.078/90 e esta ação segue as regras do direito de Processual Coletivo, sob a
aplicação da Lei da Ação Civil Pública e do Código de Defesa do Consumidor,
regida subsidiariamente pela Lei da Ação Civil Pública, pois não há Consolidação
das Leis Trabalhista qual deve ser o procedimento da ação coletiva. No processo do
trabalho se houver mais de uma parte qualquer dos pólos a ação será denominada
plúrima, se diferenciando da ação coletiva. Portanto no âmbito da justiça trabalhista,
a ação coletiva é busca de uma tutela para um grupo ou classe de trabalhadores,
mas a espeficidade desse instituto é que o possuidor mais comum da demanda
coletiva é o sindicato a qual o laborando pertence.

Estive falando também da atuação sindical, o legitimado mais comum para propor a
ação coletiva na justiça do trabalho. O sindicato não se confunde com associação
desportiva, ordem dos advogados, cooperativas, pois os sindicatos têm a finalidade
de buscar os interesses sejam eles coletivos ou individual do laborando e defendê-lo
perante o judiciário ou empregador. Se diferenciando ainda na forma de filiação,
sendo facultado ao laborando se juntar ou não ao sindicato. O sindicato tem
natureza jurídica de direito privado e não pode sofre qualquer interferência ou
intervenção amparada pela nossa carta maior a Constituição Federal vigente no seu
artigo 8°, inciso II.

No tocante a Coisa julgada foi traçado os limites desta, tentando fazer a junção, com
efeito, “erga omnes” tratado no Código de Defesa do Consumidor. . A coisa julgada
nada mais é do que o encerramento da discussão pelas partes, ou seja, é a
impossibilidade de se discutir novamente a matéria. São os efeitos decorrentes da
sentença e a perda de poder recorrer desta. O lado positivo desse instituto é a não
extensão da lide e a segurança quanto aos efeitos da sentença, mas vendo pelo
outro lado, essa não mais poderá ser ajuizada com as mesmas partes, causa de
pedir e pedido igualmente a anterior. Essa coisa julgada como já foi dito é efeito da
sentença, não fazendo parte desta qualquer despacho ou decisão interlocutória
Não há possibilidade de alegar que estes não sindicalizados, não podem ser
alcançados pela coisa julgada por nem fazerem parte da agremiação, pois até
mesmo estes não associados podem gozar de assistência jurídica do sindicato da
classe ou categoria. O que estou querendo dizer é que não se necessita de vínculo
com o sindicato pra poder gozar de serviços prestados por ele, mas necessita
pertencer a categoria. A reforma feita pela instância superior da justiça do trabalho
retrata no último tópico do trabalho, foi equivocada por tratar os não-sindicalizados
como não pertencentes à mesma categoria, pois uma decisão a qual se dar um
direito a membros da mesma classe trabalhadora, não limita a coisa julgada. Pois o
artigo 103, inciso II, do Código de Defesa do Consumidor embasa que este efeito da
sentença tem eficácia ultra-partes, assim valendo pra todos da mesma categoria
laboral e ainda por ser essa benéfica e aproveitar a terceiros que possuem a mesma
relação de trabalho.

Há ainda o aspecto a ser respeitado, sendo este o princípio da economia


processual, pois se já houve uma coisa julgada que refletiu o interesse de
determinadas pessoas de uma classe trabalhadora, porque não fazer valer para o
restante da classe que pode vir a sofrer a mesma situação ou até mesmo sofrê-la no
curso do processo. Então não há que se fazer distinção da classe ou categoria nas
ações coletivas, o rol de substituídos deve sim compor a peça inicial pelos fatos já
expostos, mas a coisa julgada não fica atrelada aos trabalhadores ali listados.
REFERÊNCIAS

APROVAÇÃO de projeto de lei.Site do Tribunal Superior do Trabalho. Decisão final em


ação coletiva só alcança sindicalizado. Disponível
em:<http://ext02.tst.jus.br/pls/no01/NO_NOTICIAS. Exibe_Noticia?
p_cod_noticia=11143&p_cod_area_noticia=ASCS&p_txt_pesquisa=a%E7%F5es
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Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Data de acesso: 20 de outubro de 2010.

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Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Data de acesso: 20 de outubro de 2010.

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em 5 de outubro de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Data de acesso: 20 de
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http://www.planalto.gov.br. Data de acesso: 20 de outubro de 2010.

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