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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI


CURSO DE DIREITO
PROJETO DE PESQUISA
PROF. IVANNA PEQUENO DOS SANTOS

ANNY CAROLINE FERREIRA SIMPLICIO

O FENÔMENO DA PEJOTIZAÇÃO: um “novo” aliado dos empregadores à flexibilização


e afastamento da aplicação dos direitos e garantias trabalhistas?

Crato - CE
2022
ANNY CAROLINE FERREIRA SIMPLICIO

O FENÔMENO DA PEJOTIZAÇÃO: um “novo” aliado dos empregadores à flexibilização


e afastamento da aplicação dos direitos e garantias trabalhistas?

Projeto de Pesquisa apresentado como


requisito parcial à conclusão de curso de
Direito da Universidade Regional do
Cariri, para obtenção de grau em bacharel
em Direito.

Orientadora:

Crato - CE

2022
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................4
2 OBJETIVOS.......................................................................................................5
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................6
4 HIPÓTESES.......................................................................................................8
5 METODOLOGIA...............................................................................................9
6 POSSÍVEL SUMÁRIO......................................................................................10
7 CRONOGRAMA..............................................................................................11
8 REFERÊNCIAS................................................................................................12
1 INTRODUÇÃO

Trabalho é qualquer energia humana empregada com a finalidade de produzir. Assim,


o trabalho é considerado tão antigo quanto a própria existência humana, visto que o homem já
desenvolvia atividades para a satisfação de suas necessidades, seja a caça para se alimentar ou
até mesmo a construção de locais para se abrigar. Nesse sentido, com a evolução da sociedade
e consequentemente dos meios de produção, da economia e das relações sociais, essa relação
do homem com o trabalho passou por diversas fases, que vai do trabalho para a própria
subsistência à venda de sua força de trabalho para a sua sobrevivência.

No Brasil, essa evolução do trabalho foi retardada. Visto que, na Europa já se falava em
Direito do Trabalho como forma de proteção aos trabalhadores, que reivindicavam melhores
condições de emprego nas indústrias durante e depois da revolução industrial no século XVIII.
Entretanto, no Brasil no século XIX o país ainda tinha como base econômica um sistema
escravista. Assim, não podendo se falar em Direito do Trabalho. Somente a partir da abolição
da escravatura que podemos falar sobre o início do direito do Trabalho.

Desse modo, a partir desse marco foram surgindo várias leis e preceitos
regulamentadores da relação de trabalho no país. Entretanto, somente em 1934 houve a criação
da CLT que concentrou em um único diploma legal todos os direitos trabalhistas existentes na
época. Desde então, a legislação trabalhista brasileira passou por avanços e retrocessos. No
momento diante dos altos índices de desemprego e da crise econômica que o país se encontra,
os direitos e as garantias trabalhistas passam por uma precarização. Assim, surgindo várias
questões que enfraquecem a relação de emprego, dentre elas o fenômeno da Pejotização.

Esse fenômeno, tem o intuito de fraudar as relações de emprego, visto que em vez do
empregador contratar uma pessoa física, contrata uma pessoa jurídica como forma de burlar o
vínculo empregatício e assim se beneficiar da desoneração de uma série de responsabilidades.
Por outro lado, a parte hipossuficiente da relação, o empregado, fica desamparado pela
legislação trabalhista e acaba laborando sem nenhuma garantia. Assim, com a alta da taxa de
desemprego e com a situação econômica do país, os empregados acabam se submetendo a essa
situação para se manter no emprego. Diante disso, surge a necessidade do debate sobre essa
temática como também os questionamentos: quais são as consequências e a contribuição desse
fenômeno para o enfraquecimento das relações de emprego? Porque as relações de emprego
passam por uma precarização? E, porque os empregados estão se submetendo a esses tipos de
relações?
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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar como os empregadores usam o fenômeno da pejotização para fraudar a relação


de emprego e se desonerar das obrigações impostas por esta, como também, a precarização da
relação de emprego.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Analisar a evolução histórica do Direito do Trabalho no mundo, todas suas fases, com
ênfase no Brasil e o surgimento do fenômeno da Pejotização;

Analisar as principais causas da precariedade do sistema trabalhista atual, incluindo a


reforma trabalhista de 2017, detalhando os pontos que contribuíram para a precarização do
sistema, como também, a contribuição da pejotização nesse cenário;

Analisar as consequências da pejotização para os empregadores e empregados e como


ela contribui para a precarização das relações empregatícias.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A denominação de pejotização é fruto da união da sigla da pessoa jurídica = PJ, a


“transformação” do empregado pessoa física em pessoa jurídica. Nesse sentido, afirma Silva e
Ravnjak (2020, p.8):

Na pejotização, tenta-se descaracterizar o liame empregatício ao impor ao


trabalhador, como requisito para sua contratação, a constituição de uma
pessoa jurídica - PJ. Pretende-se com essa simulação da prestação de serviço
fazer parecer que o contrato ocorreu entre duas empresas, inexistindo um
efetivo vínculo de emprego e consequentes encargos relacionados.

Ademais, dessa mesma maneira já se posicionou o Tribunal Superior do Trabalho:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.


CONSTITUIÇÃO DE PESSOA JURÍDICA COM O INTUITO DE
DISSIMULAR O CONTRATO DE TRABALHO. DISCREPÂNCIA
ENTRE O ASPECTO FORMAL E A REALIDADE. O acórdão recorrido
contém todas as premissas que autorizam o exame do enquadramento jurídico
dado pelo TRT aos fatos registrados. Nesse contexto, verifica-se que se tratava
de típica fraude ao contrato de trabalho, consubstanciada na imposição feita
pelo empregador para que o empregado constituísse pessoa jurídica com o
objetivo de burlar a relação de emprego havida entre as partes. Não se constata
violação dos artigos 110 e 111 do Código Civil, uma vez que demonstrada a
ocorrência de fraude, revelada na discrepância entre o aspecto formal
(contratos celebrados) e a realidade. Agravo de instrumento improvido.
(AIRR-1313/2001-051-01-40, 6a Turma, TST, Public. DEJT 31.10.2008, Rel.
Min. Horácio Senna Pires).

Logo, o intuito da pejotização é mascarar a verdadeira relação de emprego, tornando-se


mais benéfico ao empregador, uma vez que reduz os custos trabalhistas.

Assim, entre a pessoa jurídica (empregado) e o contratante (empregador) haverá uma


relação privada, abordada pelo código civil disciplinado pelos artigos 593 a 609 e não pela
CLT, apesar de estarem presentes todos os aspectos necessários para caracterização da relação
de emprego quais sejam: a onerosidade, a subordinação, a não eventualidade, e a pessoalidade.
Entretanto, burlado pela contratação da pessoa jurídica.

Nesse sentido, como expõe Amauri Mascaro ( 2008, p.122)

“[...]enquanto no direito civil as disposições legais em matéria contratual têm


caráter supletivo ou subsidiário, no direito do trabalho tem caráter principal,
ao passo que a autonomia da vontade funciona de forma suplementar.
Invertem-se, por tanto, as posições.”
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Nesse sentido, o empregado fica totalmente desamparado pela Consolidação Trabalhista


e com isso, perdendo todas as garantias e direitos impostas pela mesma. E, na maioria das vezes,
sendo a parte hipossuficiente da relação, o empregado, aceita as imposições advindas do
empregador, para obtenção ou manutenção do emprego, o que acaba evidenciando ainda mais
precarização do trabalho.

Ademais, a própria CLT proíbe a aplicação do instituto quando dispõe em seu artigo 9°
que “serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou
fraudar a aplicação dos preceitos contidos nesta consolidação”. Desse modo, deve ser
considerada nula a prestação de serviços mediante a pejotização. Entretanto, essa é uma grande
questão, visto que os trabalhadores muitas vezes nem sabem desse direito e quando vão atrás,
muitas vezes seus direitos já estão prescritos.
4 HIPÓTESES

O Direito do Trabalho surgiu como forma de proteger o empregado, a parte em regra


hipossuficiente nas relações de emprego das arbitrariedades dos empregadores. Dessa forma,
há vários princípios e dispositivos no sistema jurídico brasileiro norteadores nesse sentido, que
vão desde dispostos na constituição federal à nossa conhecida CLT. Dentre eles estão os
princípios basilares do direito do trabalho, quais sejam: o princípio da norma mais favorável, o
princípio da condição mais benéfica, o princípio da continuidade de emprego, o princípio da
inalterabilidade contratual lesiva e o princípio da primazia da realidade.

Esses princípios são norteadores para a criação de leis trabalhistas, visto que são a base
do Direito do Trabalho e visam a proteção do trabalhador contra as arbitrariedades do
empregador.

Nesse sentido, empregado é a pessoa física que presta serviços de natureza não eventual,
de caráter pessoal e de modo subordinado a outrem, mediante remuneração nos termos do artigo
3º da CLT. Ademais, o empregador é pessoa física ou jurídica, dotado de poder diretivo, que
assume os riscos da atividade como preleciona o artigo 2ª da CLT. Nesse ínterim, da relação
contratual entre essas duas pessoas, o empregador e o trabalhador, surge a relação de emprego.
Da qual, decorrem obrigações quanto aos direitos do trabalhador, que devem ser cumpridas
pelo patrão sob pena de algumas penalidades previstas em lei, como a vedação da despedida
arbitrária ou sem justa causa, pagamento de salário mínimo nacionalmente unificado, férias
anuais com acréscimo de ⅓, jornada de no máximo 44 horas semanais, aviso prévio, entre outras
garantias jurídicas voltadas para a proteção do trabalhador.

Entretanto, a segurança jurídica proporcionada ao trabalhador em consequência da


relação de emprego, transmite ao empregador, que assume o risco da atividade, um custo que
não é bem visto pela classe e, um custo que o capital busca reduzir.

Logo, com o intuito de mascarar a relação de emprego, para se desonerar de todas as


obrigações e encargos financeiros que esse vínculo gera ao empregador, ele acaba se utilizando
da pejotização. E, assim, precarizando o trabalho dos empregados, visto que estes sem garantia
de emprego acabam se submetendo a estas relações para a seguir no emprego.
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5 METODOLOGIA

O ato de pesquisar consiste em um processo sistemático de investigar, recorrendo ao


subsídio de técnicas que possam encontrar a solução de um problema a ser investigado. “A
pesquisa é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um
tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir
verdades parciais” ( LAKATOS; MARCONI, 2008, p.157).
Neste trabalho, é utilizada a pesquisa bibliográfica, desenvolvendo uma revisão de
referências teóricas que pertence ao tema apresentado. Nesse sentido, atesta Lakatos e Marconi
(1992):
A pesquisa bibliográfica é o levantamento de toda a bibliografia já publicada, em
forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. A sua finalidade é
fazer com que o pesquisador entre em contato direto com todo o material escrito sobre
um determinado assunto, auxiliando o cientista na análise de suas pesquisas ou na
manipulação de suas informações.

Além disso, também se fará o uso do método qualitativo com objetivo de analisar o
fenômeno da pejotização e seus desdobramentos. Assim, declara Andrade (2007, p. 121) que a
característica dos métodos de abordagem é constituírem-se de procedimentos gerais, baseados
em princípios lógicos, permitindo sua utilização em várias ciências.
Dessa forma, também se fará uso da pesquisa quantitativa com o intuito de se tabular
os argumentos utilizados nas decisões jurisprudenciais para melhor entender sobre o tema
abordado.
Quanto ao método de procedimento, será constatado o método dedutivo, em razão da
relação lógica das premissas apresentadas. Desse modo, afirma Lakatos; Marconi (1992) o
método dedutivo tem o propósito de explicar o conteúdo das premissas.
Para analisar o contexto do surgimento do Direito do Trabalho, bem como suas fases
no mundo e no Brasil será utilizado o método histórico. Explica Mezzaroba e Monteiro (2014,
p. 115) “serão levados em consideração também os contextos históricos do seu objeto
investigativo: não só tal fenômeno hoje e no passado, mas esse fenômeno em relação ao seu
contexto histórico atual e em relação ao seu contexto pretérito.”
6 POSSÍVEL SUMÁRIO
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................
2 O surgimento do Fenômeno da Pejotização……………………………………………….......
2.1 O surgimento do Direito do Trabalho no mundo....................................................................
2.2 O Direito do Trabalho no Brasil
2.3 O surgimento da pejotização como forma de fraudar a relação de emprego..........................
3 A precarização da relação de trabalho no Brasil........................................................................
3.1 A (contra) reforma trabalhista: sua contribuição para a precarização do trabalho.................
3.2 A contribuição da pejotização para o cenário.........................................................................
4 Consequências e efeitos do fenômeno da pejotização ..............................................................
4.1 Consequências da fraude ao trabalhador…............................................................................
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................
REFERÊNCIAS...........................................................................................................................
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7 CRONOGRAMA

Atividades Meses
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Levantamento X X X X
Bibliográfico
Orientação X X X X X X X X X X
Redação X X X X X X X
Revisão Geral X X
Entrega da X
Monografia
8 REFEÊNCIAS

ALVARENGA, Rúbia Zanotelli de. A pejotização como fraude à legislação trabalhista. Revista
Síntese: trabalhista e previdenciária, ano xxiv, n. 291, setembro/2013. P. 71-74.

ALVES, Ivete Maria de Oliveira; TAVARES, Willian Deivid. O fenômeno da pejotização como
consequência da precariedade das relações de trabalho. Revista Síntese: trabalhista e previdenciária,
ano xxiv, n. 291, setembro/2013. P. 47-62.

ANDRADE, Maria Margarida. Introdução à metodologia do trabalho científico. 8. ed. São Paulo:
Atlas, 2007.

CARPES, Camilla Luz. A contratação de pessoas físicas como pessoas jurídicas em fraude ao Direito
do Trabalho: O Fenômeno da Pejotização. Rio Grande do Sul: Pontifícia Universidade Católica, 2011.
Disponível em:
<http://www3.pucrs.br/pucrs/files/uni/poa/direito/graduacao/tcc/tcc2/trabalhos2011_2/c amilla_carpes
.pdf>. Acesso em: 01 de março de 2022.

Consolidação das Leis Trabalhistas. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-


lei/Del5452compilado.htm>. Acesso em: 03 de março de 2022.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 12. ed. São Paulo: LTr, 2013.

LAKATOS. MARCONI. Metodologia do trabalho científico. 7. ed., São Paulo: Atlas, 2008.

MEZZAROBA, Orides; MONTEIRO, Cláudia Servilha. Manual de metodologia da pesquisa no


direito. São Paulo: Saraiva, 2016.

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. 23 ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

RADICCHI, Julianada Silva. Os impactos da flexibilização do Direito do Trabalho


brasileiro,2011.Disponívelem:http://bdm.unb.br/bitstream/10483/1844/1/2011_Juli anadaSilvaRadicc
hi.pdf> Acesso em: 03 de março de 2022.

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