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ATIVIDADE
ALUNO
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Teleaula: 02
Prezado(a) aluno(a),
Bons estudos!
ETAPA 01
Você sabia que existe uma discussão sobre a (in)constitucionalidade do contrato de
trabalho intermitente? Pois bem, a inconstitucionalidade ocorre quando a matéria de direito
contrariar os princípios ou violar os direitos e garantias fundamentais assegurados em nossa
Constituição Federal.
Em julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade n. 5826, 6154 e 5829, que
ainda está pendente, o Relator, Ministro Edson Fachin, entendeu que esse tipo de contrato de
trabalho de prestação de serviço não contínuo fere o princípio da dignidade da pessoa humana por
tornar imprevisível quando ocorrerá a prestação de serviços e a consequente remuneração do
trabalhador, o que resultaria uma situação constante de precariedade.
Já o ministro Nunes Marques abriu a divergência. Para ele, a Suprema Corte deve olhar
para a realidade do trabalho para não incidir em prejuízo ao próprio trabalhador ao desejar protegê-
lo de forma exagerada. Diante do desemprego de milhões de brasileiros, a análise das ações não
poderia, segundo ele, se restringir ao universo dos trabalhadores formais. Marques rebateu o
argumento de que a falta de limites do modelo gera insegurança jurídica para o trabalhador.
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Ainda sobre essa nota de imprevisibilidade, parece ser lícito transportar a crítica
legítima de prejuízo e insegurança da legislação (que fica sob uma “espada de Dâmocles
judiciária”) para a realidade das centenas de milhares de trabalhadores com contratos
intermitentes que não possuem a menor previsibilidade das horas que efetivamente irão
trabalhar no mês ou se poderão buscar alternativas laborais para sua subsistência que não
conflitem com o vínculo intermitente.
Tais elementos foram muito bem trabalhados no voto do relator, ministro Edson
Fachin, pela inconstitucionalidade da dinâmica dos contratos intermitentes. São múltiplos
os argumentos jurídicos sobre a inadequação dessa forma de contratação à moldura
constitucional, a exemplo da Nota Técnica PGT nº 8/2017, expedida pelo Ministério
Público do Trabalho, que já tratava amplamente de pontos de inconstitucionalidade ainda
do Projeto de Lei da Câmara nº 38/2017, que se consubstanciaria na reforma trabalhista.
Para manter a coerência da abertura deste artigo, é necessário ponderar que não
apenas os argumentos jurídicos formais e abstratos serão considerados pelo STF, na
retomada do julgamento da ADI 5826. Nas discussões até agora travadas, o argumento
econômico e consequencialista para a criação de empregos se fez presente nos votos
divergentes dos ministros Nunes Marques e Alexandre de Moraes, que julgaram as
impugnações improcedentes, declarando a constitucionalidade dos dispositivos e da
dinâmica de contratação intermitente.
No plano dos fatos, parece ser evidente que não se ultimou a realidade declarada
na tramitação do projeto de lei n° 6.787/2016, que deu origem à reforma trabalhista e
apontava para um cenário de milhões de novos postos de trabalho formais, nem
em manifestações governamentais apontando para milhões de empregos intermitentes
ainda em 2019.
Dados estatísticos do DIEESE apontam, por outro lado para uma situação em que
os contratos intermitentes são celebrados, mas não se traduzem em atividade efetiva –
funcionando como uma reserva técnica de trabalhadores – e com uma remuneração muito
inferior ao mínimo legal e sem registro de multiplicidade de vínculos que permitissem
complementação e renda cruzada entre vínculos. Trata-se de realidade diametralmente
oposta à enunciada pelos defensores do modelo, verdadeira dissonância cognitiva entre
a conduta legislativa e os efeitos concretos.
Nesse particular, convém relembrar a ideia atribuída a Carl Jung de que, se não é
possível entender as ações de alguém, deve-se olhar as consequências e inferir a
motivação. Aplicada essa lógica, não seria de todo impossível dizer que a motivação
legislativa foi de efetivamente tornar precários vínculos trabalhistas, eliminando a
estabilidade financeira e expectativa remuneratória dos trabalhadores – o que por si só já
seria uma violação do vetor progressivo inerente ao art. 7º, caput, da Constituição Federal.
Assim, para além da miríade de sólidos e fundados argumentos que já estão nos
autos da ADI e na discussão doutrinário-jurisprudencial, o STF tem agora a oportunidade
de analisar os dados do contrato intermitente no mercado de trabalho durante esse
“estágio probatório” que indicam a falência de efetivamente ter sido essa uma forma de
se concretizar o direito fundamental ao trabalho ou mesmo de promover a formalização.
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Pelo contrário, a permissão ampla dada pela Lei 13.467/2017 de uso do contrato de
trabalho intermitente para toda empresa em qualquer tipo de atividade – e não somente
naquelas caracterizadas pela intermitência – promove a disseminação desse contrato que
esvazia o próprio conceito de formalidade, como alertam Borges e Gomes (2021)[2], e
impede a efetividade de direitos fundamentais dos trabalhadores assegurados na
Constituição – por exemplo, férias, 13º salário, seguro-desemprego (CASTRO, 2020). Uma
regulação razoável deve restringir o contrato intermitente para atividades econômicas
intermitentes e assegurar uma compensação pelo período de inatividade ou tempo de
espera.
É neste ponto que o STF pode exercer um papel importante na afirmação de direitos
sociais e mesmo com fundamentos consequencialistas e de análise econômica do direito.
Não seria de todo impossível que a conjugação dos argumentos do relator pudesse
embasar um consenso relativamente a uma inconstitucionalidade sem redução de texto
para fixar limites claros a essa forma de contratação ou mesmo criar regras de transição
para a progressiva eliminação da situação de insegurança e imprevisibilidade para
contratos de trabalho.
TEXTO 02:
hotéis, restaurantes e bufês que têm picos de demanda em determinadas épocas do ano
como Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças e Páscoa, entre outros.
Mesmo que as 91,3 mil vagas intermitentes criadas em 2021 representem apenas
3,3% do total de empregos com carteira assinada gerados, a modalidade já é uma
tendência, apresentando crescimento sustentável, com a inclusão de milhões de
trabalhadores no mercado formal.
Regras
O trabalhador intermitente não é obrigado aceitar o chamado. Ele tem 24 horas para
responder se aceita a oferta. O prazo serve para que as partes organizem as agendas,
sobretudo para a empresa ter tempo de convocar outro intermitente para repor aquele
que eventualmente recusar o trabalho.
TEXTO 03:
“Os defensores da contrarreforma alegavam que esse tipo de contrato poderia gerar
milhões de novos postos de trabalho. Por outro lado, muitos especialistas alertavam que
isso não aconteceria e que esse tipo de contratação não garantiria a esses trabalhadores
novas convocações para voltar ao trabalho.” Leiam números:
“• 20% dos vínculos intermitentes firmados em 2021 não geraram trabalho ou renda;
• 46% dos vínculos intermitentes ativos em dezembro de 2021 não registraram nenhuma
atividade naquele mês;
• Ainda em dezembro, a remuneração foi inferior a 1 salário mínimo em 44% dos vínculos
intermitentes que registraram trabalho;
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• A remuneração mensal média dos vínculos intermitentes foi de R$ 888, o que equivalia
a 81% do valor do salário mínimo naquele ano; e
ETAPA 02
O tema proposto para esse debate é gira em torno da seguinte reflexão: O Contrato de
Trabalho Intermitente é inconstitucional?
Diante dos argumentos apresentados nos textos e dos seus conhecimentos sobre o
contrato de trabalho intermitente, REFLITA E RESPONDA:
1. As normas jurídicas relativas ao contrato de trabalho Intermitente devem ser excluídas da
nossa legislação trabalhista (declaradas inconstitucionais)? Por quê?
VAMOS AO DEBATE?
Ótimos estudos!
Profa. Patrícia Graziela Gonçalves