CONCEITOS GERAIS E

HISTÓRIA DE MENDES
Prof. Diogo Henrique Luz

Mendes, como todos sabem, é um município do

Estado do Rio de Janeiro e tem uma distância de 92
km da capital, a cidade do Rio de Janeiro.
Oficialmente, o município tem uma superfície de 95
km² e uma população de aproximadamente 18.600
habitantes, segundo dados do IBGE – Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatísticas, em 2020,
estando a uma altitude de 446 metros acima do
nível do mar.

Geograficamente falando, Mendes está encravada

entre os vales da Serra do Mar e de acordo com a
divisão regional vigente desde 2017, instituída pelo
próprio IBGE, o município pertence às Regiões
Geográficas Intermediárias e Imediata de Volta
Redonda-Barra Mansa. Até então, com a vigência
das divisões em microrregiões e mesorregiões, fazia
parte da microrregião de Vassouras, que por sua
vez estava incluída na mesorregião Metropolitana
do Rio de Janeiro.
O município tem um único distrito-sede e suas
principais vas de acesso são a RJ-127, que alcança
Engenheiro Paulo de Frontin, a leste, e Vassouras,
ao norte, a RJ-133, que chega a Piraí, a leste e a RJ-
137 que liga o trevo da Ponte do Rocha a Barra do
Piraí, conhecida como Via Ipiranga. O território
ainda é cruzado pela via permanente da antiga
RFFSA, atualmente dedicada ao transporte de
cargas sob concessão.

Faz limite com os municípios de Barra do Piraí a

oeste, Vassouras a nordeste, Engenheiro Paulo de
Frontin a leste, Paracambi a sudeste e sul, e Piraí a
sudoeste e é cortado pelo Rio Sacra Família, que
corta o centro da cidade no sentido leste-oeste até Mendes é terra de vales, morros e rios que
desembocar no Rio Piraí. compõem o ambiente agradável e interiorano e que
em 1950, recebeu da UNESCO (Organização das
Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) o
título de cidade com o 4º melhor clima do mundo, o
que é motivo de orgulho a seus moradores.
Até 1820, Mendes era apenas um
atalho, que ligava Valença ao Rio de
Janeiro.
Historicamente, a cidade de Mendes tem origem
em um simples rancho para pouso de tropas,
erguido às margens do Caminho Novo do Tinguá,
num atalho de transporte de café e ligava a aldeia
de Valença com a cidade do Rio de Janeiro. Esse
pequeno aglomerado, de temperatura agradável e
solo fértil, começou lentamente a se desenvolver
graças à constante circulação de tropeiros. Sendo
inicialmente um Curato, chegando em 1855 à
condição jurídica de Distrito de Paz.
Registros históricos relatam que a Fazenda Imperial
de Santa Cruz teve origem na Sesmaria de
Guaratiba, doada em 1567 ao primeiro ouvidor do
Rio de Janeiro, Cristóvão Monteiro, que lutava ao
lado de Mem de Sá para a expulsão dos franceses.
Com sua morte, parte das terras pertencentes à
viúva, Dona Marquesa Ferreira, foi doada aos
Jesuítas em 1589.
As terras eram tão vastas que englobavam regiões
como Guaratiba, Mangaratiba e vinham até
Vassouras. Sua sede e núcleo principal
correspondem hoje ao bairro carioca de Santa Cruz.
A Imperial Fazenda de Santa Cruz
Era uma das mais desenvolvidas fazendas das
Américas. Os Jesuítas juntaram essas terras doadas
a outras e fizeram um grande latifúndio, que tinha
como referência uma grande cruz, então nasceu o
nome: Fazenda de Santa Cruz.
Com a expulsão dos Jesuítas, a fazenda foi
incorporada aos bens da coroa ficando diretamente
subordinada ao Vice-Rei, passando a produção por
um período de decadência. Foi só a partir de 1790
que seu desenvolvimento recebeu maior atenção
da metrópole.
Passando por um novo declínio, com a consequente
venda de terrenos, a Fazenda Imperial de Santa
Cruz perdeu, com a Carta Régia de 7 de novembro
de 1803, a área dos engenhos de Itaguaí e Piraí.
Uma outra história contada
Segundo outra tradição, a
ocupação das terras do
município teve início com
a própria Fazenda de
Santa Cruz, só que de
propriedade do Barão de
Santa Cruz, transferida
para a família Mendes.
Porém não se encontra
respaldo histórico, porque
o 2º Barão de Santa Cruz,
Bartholomeu Torquato de
Souza e Silva era um pernambucano e veio residir
em Mendes muito depois da vila ter sido formada.
Contudo, não existe registro histórico de nenhuma
Fazenda de Santa Cruz, de propriedade de alguma
família Mendes, mas somente da antiga Fazenda
Imperial de Santa Cruz, a mesma, tomada dos
jesuítas pela Coroa.
Nestes outro registro, não confirmado, o nome do
arraial originou-se dos primeiros desbravadores e
povoadores – os Mendes – que ao erguer o
pequeno rancho, jamais poderia imaginar que
estariam se imortalizando ao criar o topônimo que
tanto nos orgulhamos.
Suas primeiras e rústicas construções foram
levantadas por volta de 1820, ainda na fase inicial
do ciclo do café. O Arraial dos Mendes tem seu
primeiro relato em 1847 e teve, originalmente,
características de núcleo de apoio às atividades
rurais, a partir daí a vila cresceu e por volta de 1850,
passou a ser conhecida por Santa Cruz dos Mendes,
se desenvolvendo graças ao cultivo do café,
implantado em toda região.
Freguesia de Santa Cruz dos Mendes
Mendes já pertenceu a três municípios: Piraí,
Vassouras e Barra do Piraí. Enquanto pertencente, a
Piraí, o Curato de Mendes, desenvolveu-se por
conta própria, pois a distância da sede e a carência
de boas estradas dificultavam uma assistência
maior por parte das autoridades municipais.
De 1856 a 1890, Mendes esteve como distrito de
Vassouras, e com ela viveu a sua época de ouro do
café. Mas foi um progresso de pouca duração, que
aconteceu com as regiões que predominavam a
monocultura. A partir de 1890, Mendes sofria os
abalos de uma decadência que se acentuava dia a
dia.
Origens do município
Foi quando em 1890, a freguesia de São Benedito
de Barra do Piraí, conseguiu seu desmembramento
político e econômico do Município de Piraí e as
terras mendenses foram desagregadas de
Vassouras passando a lhe pertencer.
O grande “boom” do desenvolvimento mendense
foi à vinda da ferrovia para a região graças ao
crescimento da lavoura cafeeira. Em 1864, foi
inaugurada a Estrada de Ferro Dom Pedro II. Às
margens dessa ferrovia foram sendo construídas as
estações de Humberto Antunes, Parada Neri
Ferreira, no centro, Mendes, hoje conhecida como
Estação Velha, Martins Costa e Morsing.
Desta forma, a região vivenciou duas fases distintas
de desenvolvimento: a primeira ligada ao cultivo do
café, no século XIX, e a segunda, no século XX, com
a implantação das indústrias. No entanto, é com a
inauguração da iluminação elétrica pública, em
1912, que o município demonstra um potencial
para o desenvolvimento.
A Fábrica de Papel
Em 1889, fundava-se a Fábrica de Papel Gutemberg,
que constitui um marco significativo na história de
Mendes, iniciando a fase industrial do município,
que depois passou a se chamar Fábrica de Papel
Itacolomy.
A estação do Tunel, mais tarde Ottoni e finalmente
Humberto Antunes, foi aberta em 1894 para
possibilitar a carga e descarga da Fábrica, que
dispunha de uma pequena linha com cerca de 3 km
com tração animal. Em 1912, a linha é eletrificada e
passam a circular bondes de carga elétricos e
pequenos bondes a gasolina para o transporte de
funcionários.
Até que em 1923, o Conde Alexandre Siciliano
adquiriu a fábrica de papel e mudou sua razão
social para a conhecida CIPEC – Companhia
Industrial de Papel e Cartonagem. A indústria
chegou a ter mil operários e foi o segundo
estabelecimento do gênero a ser implantado no
Brasil.
A partir desse momento a história da CIPEC e do
desenvolvimento de Mendes se confundem.
Cervejaria Teutônia
Em 1895, instalava-se em Mendes a fábrica de
Cerveja Teutônia, de propriedade da Preiss Haussler
& Cia, que a pesar da insuficiência de informações
históricas, pode ter sido a primeira indústria de
cerveja de grande porte do Brasil.
Em 12 de agosto de 1904, nasce a Companhia
Cervejaria Brahma Sociedade Anônima, com capital
inicial de cinco mil contos de réis, resultante da
fusão entre a Georg Maschke & Cia - Cervejaria
Brahma e a Preiss Haussler & Cia - Cervejaria
Teutônia.
Em 1907, a Brahma desativa a fábrica Teutônia em
Mendes, por ser impraticável a comunicação
permanente e leva todo seu maquinário para o Rio
de Janeiro.
Companhia Serra do Mar
No final de 1899 instalou-se a Companhia Industrial
Serra do Mar montando a Fábrica de Fósforos da
marca Bandeirinha, que por muitos anos foi a mais
importante do gênero, partindo de uma iniciativa
empreendedora do Dr. Aarão Reis, que possuía a
Fazenda Gaudência.
O pequeno lugarejo, então, tornou-se um centro
movimentado, para onde convergiam interesses
financeiros, levando o progresso até o local, com a
inauguração de escola e de uma Igreja em louvor a
Nossa Senhora da Glória.
A Fábrica de Fósforos chegou a ter cerca de 150
empregados, locados na própria região e funcionou
até o início dos anos 30.
Frigorífico Anglo
Em agosto de 1916, a Brahma vende, à Sociedade
Comercial e Industrial Suíça - Frigorífico Anglo, as
instalações da antiga fábrica da cerveja Teutônia.
Com isso, em 1917, entra em funcionamento o
matadouro-frigorífico de Mendes, com o nome de
Brazilian Meat Company, o segundo
empreendimento do gênero no país e implantado
em Mendes, escolhido pela companhia inglesa, por
distanciar apenas cerca de 100 km do porto do Rio
de Janeiro e ser servida pela mais importante
estrada de ferro do Brasil.
Para o progresso de Mendes a contribuição do
Frigorífico Anglo foi das mais extraordinárias,
constituindo no sustentáculo de sua economia,
criando empregos, desenvolvendo atividades e
imprimindo um ritmo marcante de
desenvolvimento.
A indústria era abastecida com gado vindo do
Estado de Minas Gerais e fazia exportação de carne
congelada. Um grave incêndio que irrompeu no
estabelecimento em 1967 abreviou o processo
evolutivo do Frigorífico que culminou com o
encerramento de suas atividades em 1974.
O Movimento Emancipacionista
Mesmo com o desenvolvimento, somente em 1940,
foi criado um movimento liderado pelo deputado
Dr. Álvaro Berardineli, na Assembleia Estadual, pela
emancipação do Distrito. No dia 11 de julho de
1952, uma sexta-feira, uma grande agitação da
população tomava conta de Mendes, na expectativa
da assinatura da lei que emanciparia
definitivamente o distrito do município de Barra do
Piraí.
Mendes ocupava destaque pela sua expressiva
arrecadação de tributos em todo o Estado do Rio de
Janeiro. Este desenvolvimento foi considerado
como fundamental e levou a comunidade a aspirar
pela sua promoção a município.
Foi o Governador do Estado do Rio de Janeiro,
Comandante Ernani do Amaral Peixoto, quem
assinou a lei nº 1.559, de 11 de julho de 1952, que
decretava enfim, a criação do município de Mendes
com o Dr. Álvaro governando nos primeiros anos,
de 1952 a 1954.
Ao Dr. Álvaro Berardinelli, pioneiro do movimento
emancipacionista, se deve muito, pois foi quem
organizou, deu os primeiros passos e lutou o tempo
todo junto ao Governo Estadual, organizando o
plebiscito SIM ou NÃO entre os mendenses. Após
seu regresso do Palácio do Ingá, em Niterói, dirigiu-
se à Subprefeitura, junto aos membros Pró-
Emancipação e do povo, todos eufóricos,
carregando consigo a almejada notícia do ato da
então criação do Município de Mendes.
REFERÊNCIAS:
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http://agenciaspostais.com.br/?page_id=269. Acesso
em: 17 jun. 2021.
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FREITAS, Benedicto. Santa Cruz. Fazenda jesuítica, real e
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3v.
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Seção de Obras Raras.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
«Mendes». https://www.ibge.gov.br/cidades-e-
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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
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https://www.ibge.gov.br/geociencias/organizacao-do-
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ROZA, Nilo Garcia da e ALMEIDA, Jovino R. De. "Mendes,
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SERRA, Organização Mv. São João Marcos: patrimônio e
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