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CRONOLOGIA

Séc. 12 - já existia a vila da Pederneira;


séc. 14 - época provável da construção da capela da Memória;
séc. 15 - o Sítio não é cultivável à volta do Santuário, hospedando-se os peregrinos na
Pederneira; séc. 15, final /
séc. 16, início - fundação da Pederneira, vila do couto de Alcobaça, pelos habitantes de
Paredes que procuravam um local após o assoreamento que inutilizou o seu porto;
séc. 16 - o Sítio é um local ermo, constituído pelos locais de culto mariano, casas do
ermitão e os terrenos incultos o redor do Santuário; séc. 16, início - a praia, ou Ribeira
da Pederneira, devia ainda estar ocupada pelas águas do oceano; só com o progressivo
assoreamento da costa, a praia fica disponível;
séc. 16, finais - até esta data não existem habitações de apoio ao santuário; o
assoreamento do estreito da Barca impede definitivamente a passagem de navios de
grande porte para o interior da Lagoa da Pederneira, enquanto fomenta a formação de
baixios e montes de areia entre esse estreito e a ligação ao mar, mais salientes durante a
maré baixa, no Vale da Perigosa e na Algerifeira;
1593 - a partir desta data, a população deposita na praia as suas grandes embarcações,
que então já não podem procurar refúgio no porto interior da lagoa da Pederneira;
1600 - o Sítio está desabitado ou pouco povoado e existe a Comenda na Abadia;
1608, antes - realização de primeiro grande arroteamento do matagal das cercanias do
Santuário; 1608 - a povoação só viria a desenvolver-se graças ao esforço inicial do
Padre Manuel de Brito Elão, administrador nomeado nesse ano, e da confraria, e graças
ao apoio dos Filipes, o que obriga os moradores a reconhecerem por sua senhoria, a
casa da Senhora da Nazaré e não o Mosteiro;

séc. 17, antes - segundo Padre Manuel de Brito Alão, o Sítio é rodeado de "mattas, &
brenhas intrataueis, & não vistas";
séc. 17 - ao que parece, só nesta altura o Sítio tem condições de alojar os visitantes do
santuário; 1616 - a partir do Regimento da casa da confraria, seria fomentado o
povoamento do Sítio; D. Filipe II ordena que o provedor da comarca assinale com
"marcos altos", o território da Senhora, autorizando que a Casa o administrasse em seu
nome; concede ainda à instituição a prerrogativa de aforar nesse espaço "chãos para
vinhas, e outras benfeitorias", tal como dar "chãos para cazas aos que os pedirem, com
foro acomodado, como athe ora se faz para que com mais povoação e vizinhança se
ennobreça" o Sítio; como única condição estipula apenas que as habitações não se
encostassem aos muros e cerca do templo da Senhora;
1628 - o Sítio, rodeado de mar, areias, pinhal e de alguns terrenos de cultivo, é apenas
um pequeno aglomerado, com "sete cazais com suas famílias, hum ferreiro, hum
tendeiro, & os mais vendeiros" que dam de comer e agasalham os romeiros;
1648 - fora do pátio a povoação tem já um conjunto assinalável de casas, pertencentes a
cerca de 14 agregados familiares;
séc. 17, 2.ª metade - crescimento da comunidade envolvente do santuário; 1694 -
estabelecimento de açougue no Sítio, que é já "quase tamanho ou maior do que a villa
da Pederneira";
séc. 18 - a povoação do Sítio cresce cada vez mais para N., levando ao arroteamento da
Coutada da Légua; este crescimento descontrolado coloca em risco a povoação, visto
que a redução de espaços verdes provoca o avanço das areias sobre o Sítio;
1740, década - para tentar resolver o problema do assoreamento, é construída uma
muralha de proteção;
1744 - criação da parte N. do Santuário de "huma rua de logeas de taboado, cobertas";
1750- conclusão da construção de muralha para tentar deter o avanço das areias sobre o
Santuário (12 mil cruzados);
1751 - a confraria manda vir de Peniche o vedor Manuel Francisco Artilheiro para
sondar e opinar sobre o local onde se encontrar água no Sítio, devido à sua falta; início
dos trabalhos e escavação e abertura de valas, fazendo-se de novo a Fonte Nova, onde
se gastou muito dinheiro, perfurando a couraça para colocar a dita fonte dentro da
muralha; dirigiu os trabalhos o mestre António Alves; 1752, 28 abril - início dos
trabalhos de construção da fonte nova;
1755, 04 setembro - provisão régia autorizando haver no Sítio açougue; 01 novembro -
o terramoto foi bastante forte no Sítio da Nazaré, causando o pânico entre a população,
que "attonitos, e atemorizados (...) fugirão de suas casas, e por muitos tempos estiverão
abarracados no terreiro, e campos vizinhos";
1759 - volta-se a fazer grandes obras na fonte Nova e faz-se o poço (Poção) pegado à
mesma, tendo-se intimidado mais de 1000 pessoas para ali irem trabalhar; execução do
do muro do Penedo do Cavaleiro;
1760 - só havia na Praia 15 casas e no Sítio havia 30, sendo as mais antigas o palácio ou
paços; 1762 - o Sítio aglomera-se em torno das suas principais artérias de comunicação
e do terreiro; a estrada principal estende-se desde a Buzina até às casas de José
Lourenço, rodeada de mais de 37 moradias e propriedades, de um lado e de outro da
via; aí se localizam estrebarias, casas de pescadores, barbearias, oficinas de ourives e
até casas "que costumão servir de taverna"; paralela a esta, há a rua da fonte, em
direcção ao terreiro, onde existem as casas do cirurgião João José de Magalhães e do
boticário Manuel de Almeida; a Rua de João de Castro canaliza também a sua saída
para o rossio ou terreiro; nesta existem estrebarias, oficinas de sapateiros, moradias de
pescadores e várias lojas particulares; em torno do terreiro, localizam-se três grandes
conjuntos habitacionais: um na área virada a N., outro a O., para a parte da muralha e
do açougue, e o terceiro para E.; neste último situam-se importantes lojas, entre as quais
a do boticário José da Silva e, pelo menos, uma habitação de dois andares, propriedade
de José Duarte Ferreira Barbuda, mordomo da confraria; há ainda o Suberco, na
direcção da praia, com casas térreas e dispensas; por último, para a parte N. do Sítio, a
Rua da Estopa, com algumas estrebarias e casa de negócio;
1770 - afixação de azulejos com números, vindos das Caldas e lá feitos por Francisco
José, em todas as propriedades do Sítio;
1789 - compra de um quintal murado com poço de água nativa, dentro do Sítio (o Poço
da Cera) para benefício da Casa e principalmente de todo o povo do Sítio e sobretudo
dos romeiros por haver necessidade de água, sobretudo no verão, por 70$000, a José
Luís Carepa; 1808, 16 julho - levanta-se o povo do Sítio contra os franceses, que foram
cercados no forte e havendo luta nas ruas;
1815 - durante a 2ª invasão francesa morreram no Sítio e Pederneira mais de 1000
pessoas; criação no Sítio de mercado, que prejudica o do Alcobaça;
1816 - feito o passeio com o nome de Mirante, onde iam os principais da terra passar às
tardes; séc. 19 - aumento da população e desenvolvimento económico, relacionado com
a atividade piscatória; pescadores de Ílhavo, Buarcos, Quiaios, Aveiro e Lavos
deslocam-se para a Nazaré;
1818 - continuação da obra do passeio;
1825 - a pedido do Dr. Joaquim António de Sousa, começa a funcionar o correio, que
vinha de Alcobaça para o Sítio duas vezes por semana;
1838 - execução de arranjos nas fontes Velha e Rio da Tapada;
1843 - segundo Salazar havia no Sítio 230 habitantes e 12 casas desabitadas;
1848, 17 agosto - início do funcionamento do mercado da Nazaré;
1850, cerca - primeiro desvio da foz do Alcoa, que vinha desaguar junto ao
promontório;
1851, 15 junho - construção de um poço no Largo da Madeira (atual Praça Sousa
Oliveira), para suprir a falta de água da população;
1855 - extinção do julgado judicial da Pederneira;
1861, 13 junho - inauguração da capela de Santo António da Nazaré;
1871 - abertura de uma escola criada pela Mesa da Real da Casa;
1874, setembro - grande incêndio quase destrói o Sítio;
1876, 21 outubro - decreto extingue a Misericórdia da Pederneira;
1897 - demarcação do terreno do Rio da Tapada para logradouro público;
1897 - demolição das dependências da Misericórdia da Pederneira;
1898, 3 junho - restauraçãodo concelho da Pederneira;
1889, 28 julho - benção e inauguração do ascensor, denominado de Nossa Senhora da
Nazaré, em homenagem à Virgem protetora da vila, movido a vapor, e com projeto do
engenheiro Raul Mesnier de Ponsard;
1891 - o Ministério das Obras Públicas, a pedido da Real Casa de Nossa Senhora da
Nazaré, manda o arquiteto Francisco da Silva Castro executar um projeto para a
construção da atual Praça de Touros com lotação para cerca de 5000 espetadores;
1897 - inauguração da nova praça de touros no Sítio, com capacidade para 4500
espetadores, sendo da responsabilidade da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré;
1901 - construção do paredão ao longo da praia;
1906 - resolve-se ceder para escola a casa de José António do Carmo; escola oficial só
havia na Pederneira para rapazes e uma feminina sustentada pela Casa da Nazaré, no
Sítio, dando casa e pagando à professora; representação ao Governo Civil pedindo
escolas no Sítio para ambos os sexos;
1907 - 1908 - construção do atual Teatro Chaby Pinheiro, junto ao Santuário, com
projeto de Ernesto Korrodi;
1907 - início das obras do edifício do posto de socorros a Naufragos da Nazaré;
1914 - aprovação da construção da estrada de acesso ao Sítio, e em 17 setembro estava
pronto o primeiro troço;
1916 - construção do segundo lanço da estrada;
1937 - criação do Patronato com o auxílio de B. Bertha Lopes Monteiro, de Lisboa;
1939 - construção do padrão evocando a passagem de Vasco da Gama no Sítio;
1953 - obras e reabertura da casa dos pobres; arranjo das calçadas e dos candeeiros do
pátio Salazar;

1968, 01 abril - data da reabertura do ascensor, com novas e melhores condições e


características, após acidente 5 anos antes;
2001 / 2002 - remodelação profunda e modernização do ascensor e dos dois terminais;
2012, 5 novembro - arquivamento do processo de classificação com o fundamento do
parecer "de que o conjunto não justifica uma classificação de âmbito nacional",
Anúncio n.º 13653/2012, DR, 2.ª série, n.º 213.
Palácio Real do Sítio da Nazaré

Portugal, Leiria, Nazaré, Nazaré

Palácio real construído no séc. 18 para acolher a corte aquando da sua deslocação ao Santuário da
Nazaré, com planta retangular, composta por dois corpos desiguais, de pequenas dimensões.
Apresenta fachadas de linhas sóbrias e recurso a uma linguagem seiscentista, de dois pisos,
separados por friso, sendo o piso térreo destinado a pequenas lojas do Santuário e à cavalariça. São
rasgadas por vãos retilíneos, as fachadas compridas com esquema de fenestração semelhante ao
nível do andar nobre, correspondendo a janelas de varandim, encimadas por friso e cornija reta, e
com guarda em ferro forjado, ainda que na fachada S., virada ao mar, os vãos tenham um ritmo
mais apertado e tenham sido adaptados a janelas de peitoril, com colocação de pano de peito em
cantaria. A fachada E. possui varanda alpendrada sobre pilares assentes em plintos e, até 1830,
tinha acesso através de um passadiço, à praça de touros que era montada junto à fachada sul. O
portal principal desenvolve-se no extremo da fachada comprida virada ao pátio, precedido por
escada de cantaria, e o acesso ao interior é feito atualmente pela varanda alpendrada, por portal
indistinto e descentrado, desconhecendo-se se este era o esquema inicial, visto saber-se que, em
1887, se fazia uma nova entrada para o palácio. O interior possui ao nível do andar nobre eixo
longitudinal, marcado por corredor central, com dependências de ambos os lados, algumas das
viradas a S. conservando decoração em estuques, executada em 1889, enquanto que outras,
segundo fotografias antigas, possuíam as paredes revestidas a tecido. As salas viradas a norte são
decorativamente mais simples. O piso térreo era subdividido em pequenas lojas, viradas para o
largo de Nossa Senhora da Nazaré e para o pátio da Senhora, abobadadas na década de 1770 /
1780, encontrando-se atualmente muito adulterado em termos de vãos e de interior, devido a obras
posteriores. A construção do palácio paralelo à igreja, que não tinha os dois corpos retangulares
laterais, criava amplo pátio intermédio, fechado por alto muro com acesso por portal central, em
arco de volta perfeita, ladeado por colunas que sustentavam arquitrave e tabela, entre pináculos. O
muro integrava lojas, na continuidade e com esquema semelhante às do palácio, sendo a metade
esquerda coroada por balaustrada igual à do palácio.

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