Você está na página 1de 31

HISTÓRIA DE PETRÓPOLIS

Autor: Antônio Eugênio Taulois


Universidade Católica de Petrópolis
Instituto Histórico de Petrópolis
Fevereiro de 2007
SUMÁRIO:
1.0 ANTECEDENTES À FUNDAÇÃO
1.1 O Caminho Novo
1.2 As sesmarias e as antigas fazendas
1.3 A Fazenda do Pe. Correia e Dom Pedro I
2.0 A FUNDAÇÃO DE PETRÓPOLIS
2.1 A Fazenda do Córrego Seco
2.2 Dom Pedro II e o decreto de fundação
2.3 O mordomo-real Paulo Barbosa
2.4 O major Júlio Frederico Köeler
2.5 Petrópolis cidade
3.0 A COLONIZAÇÃO
3.1 A colonização alemã
3.2 Outros colonizadores
4.0 PETRÓPOLIS NO IMPÉRIO
5.0 PETRÓPOLIS NA REPÚBLICA
6.0 OS VALORES PETROPOLITANOS
1.0 ANTECEDENTES À FUNDAÇÃO
A Serra da Estrela, onde se encontra Petrópolis, era
praticamente desconhecida pelos colonizadores portugueses
nos primeiros 200 anos de colonização, salvo por alguma
expedição exploratória para tomar posse de sesmarias. Isso,
por causa do enorme paredão montanhoso de mais de 1000m
de altura que tinha que ser vencido para se chegar até lá; e,
também, pela presença dos bravios índios Coroados que
habitavam serra acima. Ali não havia atividade econômica.
Somente quando os bandeirantes paulistas descobriram ouro
nas Minas Gerais é que foi aberto o Caminho Novo, em 1704,
para facilitar a viagem até as vilas mineradoras. O caminho
era “novo” porque havia um outro, o “velho”, desde meados
dos anos 1600, muito longo e de difícil trânsito, aberto pelos
próprios bandeirantes, constituído de trilhas e picadas até as
minas de ouro.
É impossível pensar Petrópolis, Juiz de Fora, Barbacena, São
João Del Rei e Ouro Preto sem antes pensar o Caminho Novo.
Também não dá para entender Petrópolis sem a subida da
Serra Velha, por onde vieram os nossos pioneiros
colonizadores. Conhecer esses caminhos é conhecer 300 anos
da nossa história, que começou em 1724 quando Bernardo
Soares de Proença abriu a variante do Caminho Novo,
passando pelo alto da serra onde hoje está nossa cidade.
1.1 O CAMINHO NOVO
O Caminho Novo faz parte de uma rede de importantes
caminhos do Brasil Colonial aos quais era dado o nome de
Estrada Real. Muitos desses caminhos eram antigas trilhas e
veredas abertas pelos bandeirantes que se embrenhavam pelo
sertão, na direção de Minas Gerais e Goiás, à procura de ouro
e pedras preciosas. O mais antigo deles, conhecido como
Caminho Velho, ia de São Paulo, de Piratininga até Taubaté,
subia a Serra da Mantiqueira, passava por São João del Rey e
ia para Vila Rica, Caetés, Sabará. Dali havia extensões para
Tijuco (Diamantina), Jaguará, até a região da Fazenda Meia
Ponte, hoje Pirenópolis, Goiás. Mas quem vinha da capital,
Rio de Janeiro, tinha de ir em uma embarcação até Paraty,
subir e descer a Serra do Mar até Taubaté para encontrar o
Caminho Velho e seguir adiante. Do Rio eram “99 dias de
viagem, sendo 43 a pé ou a cavalo”, conforme descrição do
Governador Geral Artur de Sá e Meneses, que fez a viagem
em 1699, para avaliar as possibilidades da exploração do
ouro. Foi após essa viagem que ficou decidida a abertura de
um caminho oficial por onde pudesse ser transportado sob
controle, o ouro extraído nas minas e fosse feito todo o
suprimento das dezenas de arraiais e vilas que iam surgindo
em torno da mineração. (3, p175)
O Caminho Novo foi aberto por Garcia Rodrigues Paes e
levava vinte ou trinta dias de viagem, um terço do tempo feito
pelo Caminho Velho. Ele iniciava num porto do rio Pilar, que
deságua no fundo da baía da Guanabara, subia a Serra do Mar
na altura de Xerém, passava por Marcos da Costa, Paty do
Alferes e Paraíba do Sul, onde havia um Registro para a
fiscalização colonial e seguia para as Minas Gerais, passando
por Juiz de Fora e Barbacena. Ocorre que, a subida do
paredão da Serra do Mar, em Xerém, era muito íngreme, onde
muitas vezes, pessoas e mulas carregadas rolavam ribanceira
abaixo. Depois de vinte anos de sofrimento, Bernardo
Proença, um rico fazendeiro da região, se propôs abrir uma
nova subida da Serra por antiga trilha de índios em sua
fazenda. Aceita a proposta, Proença construiu o Porto da
Estrela no fundo da baía da Guanabara, onde é hoje a Praia de
Mauá e que se tornou logo numa importante vila, depósito e
escoamento de mercadorias. Esse porto com sua capela em
louvor de Nossa Senhora Estrela dos Mares está hoje em
ruínas, mas ainda pode ser visitado. Ele foi o início da
variante do Caminho Novo por
administradores, comerciantes etc.
1.2 AS SESMARIAS E ANTIGAS FAZENDAS DA
REGIÃO
As primeiras sesmarias distribuídas no “sertão de serra acima
do Inhomirim” pelo governo português datam de 1686 a
algumas pessoas que, no momento, se destacavam na vida
política e na segurança da Colônia. Mas devido à presença
dos índios Coroados e das dificuldades de subir a serra,
somente com o Caminho Novo e com a concessão de novas
glebas a sesmeiros, a atividade econômica desenvolveu a
região.
Quando Petrópolis foi fundado 130 anos depois, já havia um
grande número de fazendas e alguma atividade industrial
entre a baia da Guanabara e Vila Rica, conforme descreve o
Barão de Langsdorff no primeiro volume de seus diários.
Assim, o trânsito pelo Caminho Novo era muito grande. Na
região onde seria fundado Petrópolis, as fazendas mais
importantes eram:
∙ Fazenda do Rio da Cidade, na Estrada do Contorno.
∙ Fazenda do Pe. Correia, em Corrêas.
∙ Fazenda do Córrego Seco, cuja sede era onde hoje está o
Ed. Pio XII
(Rua Marechal Deodoro, no Centro Histórico).
∙ Fazendas Quitandinha, Samambaia, Retiro de São Tomás
e São Luiz,
Itamaraty, Secretário, que depois deram seus nomes aos
bairros da cidade e dos distritos.
∙ Fazenda da Engenhoca, onde hoje está a Estação de
Transbordo de Corrêas.
∙ Fazenda Mangalarga e Fazenda das Arcas, em Itaipava.
∙ Fazenda Sumidouro, em Pedro do Rio.
∙ Fazenda Santo Antônio, na estrada Philúvio Cerqueira
(Petrópolis –
Teresópolis).
∙ Fazenda das Pedras, na Serra das Araras.
1.3 A FAZENDA DO Pe. CORREIA e D. PEDRO I
Antônio Tomás de Aquino Correia, filho de Manuel Correia
da Silva, nasceu no Rio da Cidade em 1759, estudou na
Universidade de Coimbra efoi ordenado em 1783, passando a
ser conhecido como o Padre Correia.
Transformou sua propriedade na mais progressiva fazenda da
Variante do Caminho Novo, citada por todos os viajantes
estrangeiros que por ali passaram quando o Brasil abriu seus
portos ao comércio internacional.
Em 1829, o viajante inglês Robert Walsh cita em seus diários
que lá tomou um excelente suco de pêssego. Refere-se
também a plantações de café, mostrando dessa forma a
importância da fazenda. A casa grande da fazenda era
enorme, com varanda na frente e muito bonita. Havia uma
capela consagrada a Nossa Senhora do Amor Divino, cuja
imagem está atualmente na igreja de Corrêas. Esse conjunto
arquitetônico está preservado até hoje como um dos mais
antigos e valiosos monumentos coloniais petropolitanos.
O Padre Correia criava gado mais para corte do que para o
aproveitamento de leite. Como o clima era propício havia o
cultivo de cravos, figos, jabuticabas, uvas, pêssegos,
marmelos, milho e maçãs e outras frutas de origem européia.
Mas a principal atividade do Padre Correia era cultivo de
milho e a fabricação de ferraduras para atender à enorme
demanda exigida pelas dezenas de tropas diárias que
pernoitavam na Fazenda. Lá também, existiam muitos
escravos. O Padre Correia foi um dos grandes senhores de
terra da região petropolitana. D. Pedro I esteve na fazenda em
março de 1822 e retornou várias vezes passando a ter grande
admiração por aquele local. O Padre Correia faleceu em
1824, com 65 anos, de morte repentina, provavelmente
problemas cardíacos, tendo Da. Arcângela Joaquina da Silva,
sua irmã, herdado a fazenda.
2.0 A FUNDAÇÃO DE PETRÓPOLIS
A fundação da cidade de Petrópolis está intimamente ligada
ao Imperador D. Pedro I e ao Pe. Correia. Desde que o
Imperador pernoitou na fazenda do padre, de passagem pelo
Caminho do Ouro que o levaria às Minas Gerais, ficou
encantado com a exuberância e amenidade do clima.
Foi seu desejo então, adquirir a propriedade para seu uso e,
em especial, para o tratamento de sua filha, Princesa Dona
Paula Mariana de cinco anos, sempre muito doente e que se
recuperou bem quando lá esteve.
2.1 A FAZENDA DO CÓRREGO SECO E A FUNDAÇÃO
DE PETRÓPOLIS
Dom Pedro I sentia a necessidade de construir um palácio fora
do Rio de Janeiro, pois recebia muitas visitas da Europa não
habituadas ao calor tropical. Construir um palácio na fazenda
do Padre Correia seria muito oportuno pelo excelente clima
da região que agradaria aos visitantes estrangeiros.
Consciente ou inconscientemente, incomodava também ao
Imperador, residências muito mais luxuosas que os seus
palácios, todos eles muito simples. Um palácio de verão serra
acima poderia ser mais qualificado para a sua condição
imperial. Além disso, sua filha a princesinha Da. Paula, que
tinha sérios problemas de saúde vindo a falecer
prematuramente aos dez anos, passou um verão na Fazenda
do Padre Correia e se sentiu muito bem, repetindo a estadia
muitas vezes.
Em 1828, D. Pedro I, agora com sua segunda esposa D.
Amélia, continuava a freqüentar a fazenda com Da Paula. A
comitiva imperial nunca tinha menos de cinqüenta pessoas e
Da. Amélia sentiu que visitas tão avantajadas estavam
trazendo muitos problemas para Da. Arcângela, irmã e
herdeira do padre. Pediu, então, a Dom Pedro que comprasse
a Fazenda. O Imperador se entusiasmou com a idéia, mas Da.
Arcângela, alegando questões familiares de herança, não
concordou com a venda. Ela mesma, talvez querendo se ver
livre das incômodas e freqüentes visitas reais indicou a Dom
Pedro I uma fazenda vizinha que estava à venda, a do Córrego
Seco, pertencente ao Sargento-Mór José Vieira Afonso.
Assim D. Pedro comprou o Córrego Seco por vinte contos de
réis (5, vol 2, p88), preço considerado muito alto para o valor
real da fazenda. A escritura de compra foi assinada em 1830.
D. Pedro I ainda adquiriu outras propriedades no entorno, no
Alto da Serra, em Quitandinha e no Retiro, ampliando a área
de sua fazenda. Ele poderia afinal realizar seu sonho de 1822,
construindo um Palácio de Verão.
Como enfrentava dificuldades políticas na capital, desejando
que reinasse paz entre a Nação e o Trono, passou a chamar o
seu Córrego Seco de Fazenda da Concórdia, onde pretendia
construir um palácio.
Encarregou o arquiteto real Pedro José Pezerat e o engenheiro
francês Pierre Taulois de um projeto que denominou Palácio
da Concórdia, simbolizando a harmonia entre a Nação e o
ramo brasileiro da Casa dos Bragança que tanto desejava.
Mas a obra não foi realizada, pois no dia 07 de abril de 1831,
o Imperador foi obrigado a abdicar para retornar a Portugal. O
projeto do palácio e o orçamento da obra constam dos
arquivos do Museu Imperial, infelizmente sem referência
quanto ao local da obra. (6, p.8)
2.2 DOM PEDRO II E O DECRETO DE FUNDAÇÃO
Com a abdicação e morte de seu pai em 1834, D. Pedro II
herda essas terras, que passam por vários arrendamentos até
que Paulo Barbosa da Silva, Mordomo da Casa Imperial, teve
a iniciativa de retomar os planos de Pedro I, de construir um
palácio de verão no alto da serra da Estrela.
Era uma vultuosa empreitada que iria consumir consideráveis
investimentos públicos e privados nos anos seguintes, mas o
Império, na década 1840 -50, estava em boa condição
financeira, com o afastamento dos ingleses da nossa
economia, com a proibição do tráfego negreiro que liberava
capitais para investir e, principalmente, com o “boom” do
café.
O Mordomo já tinha mandado o engenheiro alemão Júlio
Frederico Köeler construir a Estrada Normal da Serra da
Estrela para tornar possível o acesso de carruagens à Fazenda
do Córrego Seco, uma vez que o Caminho Novo era apenas
para tropas de mulas.
Paulo Barbosa e Köeler elaboraram um plano para fundar o
que ele denominou “Povoação-Palácio de Petrópolis”, que
compreendia a doação de terras da fazenda imperial a colonos
livres, que iriam não só levantar a nova povoação, mas,
também, seriam produtores agrícolas. Assim nasceu
Petrópolis com a mentalidade de substituir o trabalho escravo
pelo trabalho livre. (5, I, p. 13 e 14)
No dia 16 de março de 1843, o Imperador, que estava com
dezoito anos e recém-casado com Da. Teresa Cristina assinou
o Decreto Imperial nº 155 que arrendava as terras da fazenda
do Córrego Seco ao Major Köeler para a fundação da
“Povoação-Palácio de Petrópolis”, incluindo as seguintes
exigências:
1- Projeto e construção do Palácio Imperial.
2- Urbanização de uma Vila Imperial com Quarteirões
Imperiais.
3- Edificação de uma igreja em louvor a São Pedro de
Alcântara.
4- Construção de um cemitério.
5- Cobrar foros imperiais dos colonos moradores.
6- Expulsar terceiros das terras ocupadas ilegalmente.
O Major Köeler fez a planta geral da povoação-palácio, o
projeto do Palácio Imperial e, em janeiro de 1845, colocou na
Bolsa de Valores as ações da Companhia de Petrópolis, criada
por ele, para a execução de seus planos e projetos. (5, I p. 15 e
II p.253) As ações da Companhia foram vendidas em quatro
meses e dois meses após, a 29 de junho, começaram a chegar
os imigrantes alemães para se instalarem e começar o
trabalho.Com recursos financeiros e mão-de-obra livre, a
construção da povoação-palácio estava assegurada. Além
disso, os governos provinciais de Caldas Vianna, em 1843, e
Aureliano Coutinho, em 1845, deram integral apoio ao plano
traçado pelo Mordomo Imperial e por Köeler.
O palácio de verão era uma tradição das monarquias
européias. A Casa de Bragança em Portugal veraneava no
Paço Real e no Palácio da Pena, ambos em Sintra. No Brasil,
desde de Dom João VI, a Família Imperial, passava seus
verões no Convento Jesuíta de Sta Cruz, no Rio de Janeiro,
tentando, sem muito sucesso, se livrar do calor do clima de
São Cristóvão. Dom Pedro II não tinha muita simpatia nem
pelo Convento nem pela Fazenda de Sta. Cruz. Em 1850,
Dom Afonso, primeiro filho do Imperador, tinha dois anos e a
Família Imperial estava desde o Natal em Sta Cruz, quando,
sem motivo aparente, o menino apareceu morto no eu berço.
O monarca ficou desolado e tomou horror pelo Convento,
decidindo nunca mais ali voltar (5, vol II, p. 29 e 47),
passando a se
interessar pelo projeto do seu mordomo. Ele conheceu a
Serra da Estrela
em 1844, quando esteve na Fábrica de Pólvora. Em 1845,
esteve
hospedado com a imperatriz, na casa-grande do Córrego Seco,
especialmente preparada desde outubro de 1843 para recebê-
lo. (5, vol II,
p.253, 246 e 252)
2.3 O MORDOMO-REAL PAULO BARBOSA DA SILVA
(1790-
1868)
Paulo Barbosa nasceu em Sabará, MG. Aos quatorze anos era
cadete e,
em 1810, foi promovido a alferes. Como capitão, foi
transferido para o
Imperial Corpo de Engenheiros. No ano de 1825, embarcou
para a Europa
em viagens de estudos. Com a queda de José Bonifácio, tutor
do
imperador, o coronel Paulo Barbosa da Silva passou a ser, por
intermédio
de uma nomeação, o Mordomo da Casa Imperial, função que
ia
desempenhar com grande desenvoltura.
O mordomo Paulo Barbosa, com seu espírito liberal e
ecumênico, era
contra a escravidão e prestou relevantes serviços ao Império.
A sua
participação na fundação de Petrópolis foi decisiva quando
mobilizou o
seu companheiro de arma, o engenheiro Major Júlio Frederico
Köeler.
Além disso, foi Ministro Plenipotenciário na Rússia, na
Alemanha, na
Áustria e na França, onde, em 1851, foi demitido de sua
função
diplomática. Retornou ao Brasil a chamado de D. Pedro II, em
1854,
novamente como Mordomo da Casa Imperial, falecendo em
1868.
2.4 O MAJOR JÚLIO FREDERICO KÖELER (1804-1847)
Júlio Frederico Köeler era germânico da Mogúncia, no vale
do rio Reno,
dominada na época pela França de Napoleão, com suas
instituições que
valorizavam o mérito e a riqueza em lugar das convenções e
privilégios.
(7, p.224) Os hábitos e o refinamento franceses marcaram
profundamente
o temperamento do Mj Köeler e orientaram a sua atuação nos
primeiros
anos da fundação de Petrópolis.
Ainda jovem, ingressou no Exército prussiano, chegando a
alferes. Em
1928, foi contratado para servir no Exército Imperial, depois
de prestar
rigorosos exames perante a Academia Militar do Rio de
Janeiro. Casou-
se, em 1830, na catedral de Niterói, com D. Maria do Carmo
Rebelo de
Lamare.
Afastado do Exército por questões políticas quando foram
demitidos
todos os oficiais estrangeiros não naturalizados, Köeler foi
contratado
como engenheiro civil na Província do Rio de Janeiro. Em
1831, já
naturalizado cidadão brasileiro, retornou ao Exército e, nos
doze anos
seguintes, realizou importantes obras públicas na província,
uma delas a
construção da Estrada Normal da Estrela, que dava acesso a
Petrópolis.
Em 1843 arrendou a Fazenda Imperial e iniciou o seu trabalho
na região.
O plano urbanístico para Petrópolis era complexo porque a
cidade deveria
ser levantada entre montanhas, aproveitando o curso dos rios.
Ele inverteu
o antigo estilo colonial português de construir as casas com o
fundo para
os rios que eram utilizados apenas como esgoto, como na
maioria das
nossas cidades. Passou a aproveitar os cursos de água para
traçar pelas
suas margens as avenidas e as ruas que davam acesso aos
bairros. Outro
aspecto relevante no plano foi a preocupação com a
preservação da
natureza determinada pelo seu código de posturas municipais.
Köeler faleceu num trágico acidente durante um torneio de
tiro ao alvo, na
Chácara da Terra Santa, de sua propriedade. Sua curta
administração
frente à colônia de Petrópolis foi decisiva para o que foi
realizado nos
anos posteriores.
2.5 PETRÓPOLIS CIDADE
Como todo povoado colonial, a cidade nasceu de um curato
em 1845,
subordinado a São José do Rio Preto e um ano depois, foi
criada a
Paróquia de São Pedro de Alcântara, vinculada à Vila da
Estrela. Em
1857, onze anos após, foi elevado a município e cidade, sem
passar pela
condição de vila, o que era, na ocasião, inédito.
Mas o Imperador não desejava essa mudança de status para
sua
Petrópolis, pois sabia que nessa condição haveria uma
administração
municipal interferindo nas suas relações com a cidade. O
Coronel Amaro
Emílio da Veiga, deputado na Assembléia Provincial, depois
de duas
tentativas sem sucesso por interferência do próprio Imperador,
conseguiu
aprovar o seu projeto “...elevando a povoação de Petrópolis à
categoria de
cidade, revogando-se as leis em contrário.” D. Pedro II ficou
enfurecido e
retaliou, determinando que o Cel. Veiga retornasse ao
Exército,
impedindo que ele assumisse a presidência da Assembléia
Legislativa de
Petrópolis, para a qual tinha sido o candidato mais votado nas
primeiras
eleições municipais. Desgostoso, o Cel. Veiga pediu a
reforma do
Exército, afastando-se da vida pública, mas continuou
morando em
Petrópolis até falecer alguns anos depois. Hoje, ele dá nome a
uma
importante rua da cidade.
3.0 A COLONIZAÇÃO
3.1 A COLONIZAÇÃO ALEMÃ
Na primeira metade dos anos 1800, as conseqüências sociais e
econômicas da Revolução Francesa, da Abolição da
Escravatura e da
Revolução Industrial, resultaram numa difícil condição de
vida para os
povos de língua alemão. A população estava politicamente
desiludida e
havia discórdia por toda a parte. Ricos e pobres endividados,
o
desemprego era grande no Rhur, o coração do aço alemão,
com muitos
problemas nas minas de carvão. Salvo os que viviam da
vinicultura, uma
parte da população, que, movida pela esperança de vida
melhor, deixou
tudo e partiu para as Américas. A maioria dos colonos que
chegou a
Petrópolis era natural de aldeias localizadas nos bispados de
Treves e
Mogúncia, na Renânia e Westphália, (Grão-Ducado de Hesse-
Darmstadt e
no Ducado de Nassau), região atualmente conhecida pelo
nome de
Hunsrück, localizada na confluência dos rios Reno e Mosel.
Em 1837, aportou no Rio de Janeiro o navio Justine com 238
imigrantes
alemães em viagem para a Austrália. Devido aos maus tratos
sofridos a
bordo, eles resolveram não seguir viagem, permanecendo no
Rio de
Janeiro. O Mj Köeler soube da ocorrência e se entendeu com
a Sociedade
Colonizadora do Rio de Janeiro para trazer os imigrantes para
trabalhar na
abertura da Estrada Normal da Estrela, pagando uma
indenização ao
capitão do navio. Assim, foi dada permissão aos colonos de
desembarcarem no Rio de Janeiro. Estes, sob as ordens de
Köeler,
estiveram primeiramente trabalhando no Meio da Serra,
depois foram
para o Itamarati.
A segunda leva de colonos foi planejada pelos presidentes da
província
João Caldas Viana e Aureliano Coutinho para trabalhar em
obras na
província, mas eles acabaram em Petrópolis, locando no
terreno, o plano
urbanístico traçado por Köeler. Foram 600 casais de colonos
alemães
contratados em 1844, exigindo-se que fossem artífices e
artesãos com
experiência.
Treze navios deixaram Dunquerque com 2.338 imigrantes, o
primeiro
deles chegando ao porto de Niterói em 13 de junho e o último,
em 7 de
novembro de 1845, sendo os imigrantes alojados em
barracões ao lado da
igreja matriz.(8, p.8) Acertados os trâmites legais, eles foram
transferidos
para o Arsenal de Guerra do Rio, onde se acha hoje instalado
o Museu
Histórico Nacional, ficando por lá alguns dias e, então,
seguiram viagem
pela baía da Guanabara e pelo rio Inhomirim, até o Porto da
Estrela. De
lá, para o Córrego Seco, foram a pé ou a cavalo, com escalas
na Fábrica
de Pólvora e no Meio da Serra, onde existiam ranchos para os
viajantes.
Muitos dos colonos que deixaram Dunquerque não chegaram
a Petrópolis
em conseqüência do mau passadio a bordo e do surto de
febres nos
depósitos. Outros, especialmente crianças, não resistiram à
penosa subida
da serra e foram enterrados pelo caminho. O diplomata belga,
Auguste
Ponthos, em seu livro “Avaliação sobre o Brasil”, afirma que
252
imigrantes morreram, sendo 56 nos portos ou na viagem para
Petrópolis.
(8, p. 83)
Vieram muito mais alemães católicos do que protestantes. No
dia 19 de
outubro de 1845, na praça Koblenz, dia de São Pedro de
Alcântara, num
altar ornamentado com flores silvestres, o Padre Luís
Gonçalves Dias
Correia celebrou uma missa para os católicos e o pastor
Frederico Ave-
Lallemant professou um culto para os protestantes. O
Presidente da
Província, Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho,
compareceu a essa
solenidade, tendo feito um grande elogio ao trabalho dos
colonos.
Foram muitas as dificuldades iniciais. Logo que aqui
chegaram foi
necessária a compra de 200 cabras para alimentar as crianças,
já que suas
mães não tinham leite, devido às agruras da viagem. Köeler
planejou uma
colônia agrícola em Petrópolis sem estudo prévio da geologia
do terreno
que resultou no fracasso do empreendimento. Os colonos
abriram
estradas, derrubaram matas para a construção de residências e
semearam
suas hortas para consumo e foram utilizados nas obras
públicas,
retificando os rios, drenando os lodaçais e construindo os
prédios da
povoação.
Para os alemães se sentirem à vontade e se lembrarem de sua
terra, Köeler
repetiu os nomes das regiões de origem na Alemanha nos
quarteirões da
cidade como Mosela, Palatinado, Westphalia, Renânia,
Nassau, Bingen,
Ingelheim, Darmstadt, Woerstadt, Siméria, Castelânia
Westphalia e
Worms. Além disso, homenageou as diversas nacionalidades
de outros
colonos, dando-lhes nomes nos quarteirões: Quarteirão
Francês, Suíço e
Brasileiro.
Hoje, os descendentes dos colonos estão por toda a cidade e
seus nomes
de família podem ser encontrados no Obelisco do centro da
cidade, nos
guias telefônicos e dão nomes a ruas e praças. O progresso
dos colonos
alemães dinamizou Petrópolis, contribuindo para o seu
desenvolvimento.
O seu trabalho e a sua lembrança fazem parte da cidade.
3.2 outros imigrantes COLONIZADORES
Aos alemães, os primeiros colonizadores, juntaram-se muitas
nacionalidades num caldeirão étnico, a princípio, cada uma
fechadas em
suas famílias, mas pouco a pouco, se integrando como
também aconteceu
em todo o Brasil.
Os portugueses, principalmente açorianos, alguns antes
mesmos dos
alemães, vieram para trabalhar na construção da Estrada da
Serra da
Estrela, em pedras de cantaria e comércio. Surgiram em torno
da cidade
comunidades portuguesas de floricultores.
Os franceses não vieram todos juntos e foram chegando aos
poucos e se
dedicaram à alimentação, à jardinagem e à confecção de peças
de
serralheria como as cruzes da Catedral de São Pedro de
Alcântara e da
Capela de Finados, assim como a inscrição Petrópolis,
assinalando o
batismo de povoação.(9, p.37)
No início, os italianos trabalharam na Companhia
Petropolitana de
Tecidos, formando uma comunidade com vida própria, quase
independente da cidade. Aos poucos foram se aproximando
de outros
grupos. Atuaram também em panificação, distribuição de
jornais e
diversas outras. (9 p.37)
Os ingleses se destacaram em hotelaria e transportes.
Também merecem
destaque os imigrantes suíços, belgas e libaneses,
completando a
formação cosmopolita do petropolitano.
4.0 PETRÓPOLIS NO IMPÉRIO
Durante todo o 2° Reinado, a presença de D. Pedro II em
Petrópolis se
destacou, acima de qualquer outra personalidade, por sua
influência, pela
constância da sua presença e do seu amor à cidade. “Fale-me
de
Petrópolis”, pedia a quem o visitava no exílio, pouco antes de
falecer. Na
colonização, os alemães, que receberam toda a proteção e
simpatia do
Imperador, sempre lhe prestaram as maiores homenagens,
chamando-o de
“Unser Kaiser” (Nosso Imperador). A temporada de verão
na Serra da
Estrela durava até seis meses, de novembro a maio, quando
então, a tutela
imperial era transferida para Petrópolis. Desde 1848, somente
nos anos
difíceis da Guerra do Paraguai, a vilegiatura serrana do
imperador foi
interrompida. Nos dois últimos anos do Império, sua saúde se
deteriorou
com os diabetes, a ponto dele se retirar de um espetáculo que
assistia no
Hotel Bragança. Os médicos e sua família procuraram mantê-
lo em
Petrópolis. Proclamada a República, foi em Petrópolis que
ele recebeu a
notícia de seu exílio. Com o Imperador na cidade, ela se
tornava a capital
do Império e centro da atenção nacional.
A cidade se desenvolvia rapidamente, com forte tendência
aristocrática,
por força da presença do Imperador e de sua corte, nas
temporadas do
verão petropolitano. Nobres, políticos, diplomatas, grandes
senhores e
toda sua “entourage”, ricos negociantes e a intelectualidade da
época se
transferia para Petrópolis, durante um semestre a cada ano.
Palacetes
eram construídos para morada dessa gente abonada. Quem
não tinha
moradia se hospedava em hotéis e casas de família. E a
cidade assumia
um aspecto elegante. Muitos desses palacetes, hoje fazem
parte do
patrimônio arquitetônico do Centro Histórico da cidade, cuja
preservação
é imprescindível para o desenvolvimento turístico e cultural
de Petrópolis.
Mas o protocolo da serra era simples, podendo o Imperador
ser
encontrado circulando pela cidade de vitória ou mesmo a pé.
Vez em
quando, entrava na sala de aula de uma escola e passava a
fazer perguntas
aos espantados alunos. Carolina Nabuco contava que sua mãe
viu certa
vez, a princesa Isabel saindo de sua casa, em frente a
Catedral,
recomendando ao Conde d’Eu: “Gaston, não esqueça a chave
do portão!”
(10 p.31)
Sem perder suas características de veraneio, a cidade se
modernizava,
acompanhando a tendência geral da segunda metade dos anos
1800.
Alguns sinais dessa modernidade são descritos a seguir.
∙ O renomado ensino de respeitados colégios como o
Kopke, o
Calógeras, o de Frederico Stroele, o NS de Sion, o Santa
Isabel e as
escolas de educadoras francesas, como as de Mme Dienes,
Mme Taulois e
Mme Geslin.
∙ A construção do Hospital Santa Teresa, inaugurado em
1876, com
participação ativa de Dom Pedro II.
∙ Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, criou a
estrada de
ferro e a linha de barcos a vapor, que ligava Petrópolis ao Rio
de Janeiro.
Essa viagem começava no Cais dos Mineiros do Rio e ia até o
Porto de
Mauá, no fundo da Baía da Guanabara, em pequenos vapores
muito
confortáveis, com orquestra e sala de refeições; do Porto de
Mauá até
Raiz da Serra usava-se a primeira estrada de ferro do Brasil,
em 1854, e
daí, em diligências até Petrópolis pela Estrada Normal da
Estrela. Em
1883, foi inaugurada a Estrada de Ferro do Príncipe Grão-
Pará, vencendo
a Serra da Estrela em cremalheira, notável obra de engenharia
na época,
que substituía as diligências serra acima.
∙ Hotéis para veranistas e visitantes ilustres foram
inaugurados. O
Hotel Bragança, que funcionou por quase 80 anos e foi
derrubado para a
abertura da rua Alencar Lima tinha noventa e dois quartos,
salões de
festas, de bailes e um teatro. Mas havia outros, como o Hotel
Suíço, o
João Meyer, ponto de reunião de colonos, o Hotel Europa,
que hospedou
o Imperador Maximiliano do México, em 1848 e o Orleans,
onde hoje
funciona a Universidade Católica de Petrópolis, na Rua Barão
do
Amazonas.
∙ A indústria de tecidos encontrou fatores favoráveis na
cidade como o
clima úmido, a energia hidráulica e a mão-de-obra
qualificada. A
Imperial Fábrica de São Pedro de Alcântara, a Companhia
Petropolitana,
a Aurora, a Werner, a Santa Helena, a Da. Isabel e a Cometa
faziam de
Petrópolis o mais importante pólo têxtil do país.
∙ Construção de modernas estradas de rodagem que
facilitavam o
acesso à cidade. Entre elas, a Estrada para Paty do Alferes, a
atualíssima
Estrada Normal da Estrela que vinha do Porto da Estrela até
Petrópolis
(1843) e a União e Indústria que ia de Petrópolis para Juiz de
Fora
(1856).
Assim, com sua animada vida social, Petrópolis competia com
o Rio de
Janeiro durante todo um semestre por ano, levando a grande
vantagem de
oferecer um clima ameno aos seus visitantes. Em
conseqüência, a cidade
ostentava um grande número de primeiros lugares no Brasil,
como a
Estrada Normal da Estrela, a primeira estrada de rodagem de
montanha, a
União e Indústria, a primeira estrada macadamizada, a
primeira cidade
totalmente planejada antes de ser iniciada a sua construção e o
primeiro
trem a subir uma montanha.
5.0 PETRÓPOLIS NA REPÚBLICA
Com a Proclamação da República em 1889 que resultou no
banimento e o
exílio da Família Imperial, temia-se que a cidade fosse
ameaçada por
passaram boa parte de suas vidas. Muitos deles estão
sepultados em
Petrópolis e foram incorporados ao patrimônio cultural de
nossa cidade.
Especialmente a sua rica tradição ligada à Família Imperial
brasileira, em
particular a figura de D. Pedro II, passou a ser um valor
significativo para
a cidade e um forte apelo para turismo cultural de maior
grandeza.
A educação também é um expressivo valor petropolitano. Os
alunos do
nosso ensino fundamental público e privado, sempre se
destacaram nas
avaliações oficiais, assim como na vida profissional, os
estudantes do
ensino superior representado pela Universidade Católica de
Petrópolis e
Faculdade de Medicina de Petrópolis.
Para que esses valores histórico-culturais possam se
transformar em
riqueza para a cidade, estão sendo feitos grandes esforços pela
iniciativa
privada e pelo poder público, com ações diretas como
investimentos na
educação do povo, na divulgação e principalmente, na
transformação da
consciência dos que vivem em Petrópolis para que se
sensibilizem com
esses valores e recebam com toda atenção aqueles que vierem
nos visitar.
Entre as sete cidades imperiais das Américas, Petrópolis é a
que tem mais
direito de usar esse honroso título. As outras cidades
imperiais, Ciudad
Imperial, no sul do Chile e a Vila Imperial de Potosi, na
Bolívia, que
foram as primeiras e receberam seus títulos concedidos por
Carlos V.
Dom Pedro I deu o título de Imperial à Cidade a São Paulo, à
Vila Rica,
Ouro Preto e a Montivideo, querendo consolidar a presença
militar
brasileira na Banda Oriental do Rio da Prata em 1825. Os
regentes de
1831 chamaram uma pequena vila de Goiás de Vila do Porto
Imperial.
Finalmente Dom Pedro II preferiu denominar nossa vizinha
como
Imperial Cidade de Niterói em 1841. Todas essas concessões
foram
rigorosamente legais, concedidas por decretos oficiais.
Petrópolis, porém,
entre todas essas, é a que mais tem o direito de ostentar o
título de Cidade
Imperial apesar de não ter recebido esse galardão de um
imperador. Nossa
cidade nasceu sob o patrocínio e com a proteção de Dom
Pedro II, em
terras da Família Imperial. Até a sua morte nosso Imperador
nunca se
desligou de sua cidade. Petrópolis é cidade imperial oficiosa,
mas com
todo o direito e o orgulho desse título de nobreza.
BIBLIOGRAFIA
1. Palácio Rio Negro. In: AQUARELAS DO BRASIL. 500
anos de
um Grande País,vol 1, p.35-39. Rio de Janeiro: Ventura
Cultural, 2000
2. LACOMBE L.L. Os Chefes do Executivo Fluminense.
Petrópolis: MEC, 1973
3. MARTIM Enéas. Os três caminhos para as Minas Gerais.
In:
IHGB, 1
o
vol, Anais do Congresso dos 200 anos da Transferência
do Governo de Salvador para o Rio. 1963.
4. Silva, Danusio Gil Bernardino da. DIÁRIOS DE
LANGSDORFF.
SP: UNICAMP, 1997.
5. Museu Imperial. Trabalhos da Comissão do Centenário de
Petrópolis. Petrópolis: PMP, 1942
6. BANCO SAFRA. Museu Imperial. SP: Banco Safra, 1992
7. SCARRE Chris. Atlas da História Universal The Times.
Rio de
Janeiro: Ed. Globo, 1995.
8. RABAÇO Henrique José. História de Petrópolis.
Petrópolis :
Universidade Católica de Petrópolis, 1985.
9. BADE e DURIEZ. Conhecendo Petrópolis. Petrópolis:
Ed.
Gráfica Serrana, 1993.
10. ALQUÉRES José Luiz. Petrópolis. Petrópolis: Viana &
Mosley,
2002.
MONTEIRO Ruy. A República em Petrópolis, Política e
Eleições
Municipais, 1916-1996. Petrópolis: Ed. Gráfica Serrana,
1997.

Você também pode gostar