Você está na página 1de 92

Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai

www.etnolinguistica.org


. . . . . . ... . .
~

• 1
. \ r 1t:.
' .
E>i-rndn

~\lr,..nog-r:.tiia dti Lai:!oa -\rarua1na 1)rerui:. ....


1r . ...
'" rk1 11dn~ 1 ~u\·0n1p~ t:il:ulual tJ F e~\.." r ;tl
r " erF;,;ãü
. .. ' . . . . .
,,... ( e::-:,:·01 ado,)

~ : ::.. In ::ão '.l: \lu 'hç:rr..~ l'om.:'-di.i. 1 ~::-gowdv J
l.' lttgtir 111.1 l t-11~-ur~<• do 1 . V l 'e11-
, ~,, • 1
'l t' OJ riu .t io t'éi trn . .t•' · uua
l . • ('1f;<;f1(1
.. J>rauia ( e~g-otndo l
1
. ~
. ~

11·:a·1

'
j,,l111q th· 1>... 11.1 . . · •• l>ram:.t. i ,•,g1 1U11:e1 1
1.• 1,;•li\.t I"

1'.<.·. \1:..riaT1a \lt-.1i11 r;1d" 1)r:i111:.i


l í l"Í\' I/ , ( t·~·rn):tdtl
J
~
. çq..<:t
1
. \.
1

... i
1
'~ "l.!d'.itdo
• '
")
1 ' t·d ir i111
\' :1 rn::1., . . . . . . . . . . D !itl.Jg•i',. .
.) .
• 1·d \'Í( I)

.
t.j 'l~ttJiÍ na 1~ c.1.1:.::r:1i i:1 Fluni!nt:ii...c.
t.
1 • \:'' t: l;: t t )

\ ~.\IR
l'n!p.1 do~ f>ai~ Horn:uH'\'. 3 ' c-tli(:io
Ha ~ eucki •·: P'' c1 •111 , • ,_nh•Jr l )iali:l, 1. • t·diça11 'I

l)·.!St'O::. . •• •. ••• • . • e.
-l"Oll '1..; e~,~, - 1.ª ~dw::in.,.
C...idadáu do ..\ ~undo .. • . . j'~1 n1an~e. -- l ' e<liç5L1

Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai
www.etnolinguistica.org
PEDRO GUEDES ALCOFORADO

O Tupí na Geografia Fluminense


UM LIVRO HONESTO PARA
OS ERUDITOS CRITICAREM
E OS ESTUDIOSOS APAEN-,
DEREM.

1. Edição
1

NITERÔI - 1950
O SIGNIFICADO DESTE LIVRO

.
Iniciando este modesto trabalho, não tenho
<'U.
'
t ro desejo,, sinã9 o de colaborat de ~tlgum . mo•
<lo . n·a cult'ura fluminense, trazendo aós espíritos
êstuctiosbs algun~ elementos capazes de desper·
.t ar-lhes a curiosidade para um estudo mais com-
pleto sobre a influência do índio e da sua língua
-admirável na geografia do Estado do Rio de Ja..
11e1ro.
O que vou divulgar é, talvez, falho. Outros.
<Com mais vag,ar e tempo, corrigirão os êrros que
-eu involuntariamente haja cometido. ·M as se não
me envaideço de lançar .uma obra definitiva so-
. ·'
·bre tão .difíc:il e cu.rioso âssunto, pelo menos devo
'
·<:onfessar qu'e ela me custou 'muitos anos de in·
1
l l • r l

~ ·vest~gàÇão ' constante, s~rµpr~'. .a·ti.~a, buscahdo .. as


fontes. or.igi~ais que formam ó~ êtim.o s dessas 128 .
' '
palavras tupí que figuram na Geografia Flumi"'
netise designando 'municípios, cidades, distritos,
vilas, rios, lagos, pedras, montanhas espalhados
por todo o território do Estado.
Uma certeza, no entanto, posso dar aos
meus passiveis leitores. O número de vocábulos
• )
' '

Pedro Guedes Alcoforado O Tupi na Geoarafia Fluminense ·


6

da língua tupi constante desta obra está com ... moía que hab~tou todo o litoral fluminense até a
pleto. Foram todos estraídos do o~ginal -.~º fu ... .serra do Cubatão, em S. Paulo. Só a força de
1
turo "Dicionário Geográfiço Fluminense • que -grande resistência puderam subsistir algumas
está sendo confeccionado pelo Diretório Regio~ ,centenas de vocábulos que ainda hoje enrique,.
nal de Geografia do Estado do Rio, e que me fo1 cen1 não só a nossa geografia como a flóra e a
conÚado pelo seu digno diretor, Dr. Luís de· láuna.
Sousa. Se algumas palavras não figuram neste Foi isso um grande mal.
vocabulário, como Cubango, Culango e outras, Enquanto no Paraguai, nação atrazada so...
.é porque me pareçem não serem elas _ d e origem hre eeréos aspetos, o estudo do Guarani é obri..
tup.i . São africanismos de que es~ã che10 o 11os~o- ,gatório nas escolas primárias, pa~a que todo ci..
português falado no Brasil· dadão paraguaio aprenda a falar e escrever a
. E' preciso levar em conta a dificu1dad~ . que língua dos seus ancestrais; enquanto na Bolívia,
encontrei para concluir esta obra· E sta d1f:c~~.... no Perú, na Colombia, toda gente fala Quíchua,
oade consistiu, sobr~tudo na descoberta dos et~ ... · porque aprendeu obrigatóriamente, a ponto de
. . . . Quasi todos os vocábulos
mos ong1na1s ~ . . hoJe-
,. a f.rrnarem con1 ênfase e orgulho que, o que não
. encontrados na nossa geografia estao mod1nca ... fala Quíchua não é boliviano, nem peruano, nem
dos, corrompidos, deturpados .· Muitos dele8. s~o '(:olumbifino; enquanto no México, a língua azte-
hibridismos estravagantes, como Italva, V rtaJa- ca é igualmente falada, como o -espanhol por to-
ba e muitos outros, metade tupi, metade p0rtu.. dos os mexicanos, nós, no Brasil, muito pouco sa-
guês. Outra dificuldade insanáv~l com ~ue ae. . -bemos do nosso Nhênnhêngatú, ~o nosso Carrirí,
para o estudioso do lingua jar tu p1 e ocasionando ·<lo nosso tupí, do nosso guaraní e de outras lín-
essa corrupção vocabular foi , principalmente a guas igualment.e belas e ricas faladas pelos nossos
dificuldade com que lutaram os colonisadores .aborígenes
para pronunciarem certas ] e~ras do a lfabeto tupi São poucos, pouquíssimos os · que se dedicam
como o H , o D . o I\'1, o l, 0 Y , etc .
~ Essa dificuld ade encontrada fez com que .ºs
.
ao estudo dessas, línguas. Pelas bibliotecas a es...
cassês de material para investigação é . lamenta-
portuguêses da colonisação, talvez inv0Juntâr1a- velmente deficiente. Afora um Anchieta, um
mente, nos causasse um grande mal. P rocuraram r.Jiontoia, um Airosà, um Batista C aetano e mais
absorver, corromper e destruir todo o .Hn.guajar modern~mente um Maced~;. Soares, um Rondon.
, b elíssimo d as nossas tribus da grande noção ta .. um Pedro Simpson, um Teodoro Sampaio, o res-


_Pedro Guedes Alcoforado

to é quasi nada, uns pretenciosos que Yivem a .


inventar traduções e criar étimos extravagantes
. que em vez de contribuirem .para a elucidação ~o­
nesta e científica dessas línguas, cometem erros
propositais e concorrem para tornar mais obscura
O BRASIL ANTES DE CABRAL
e difícil a tradução de muitos vocábulos adulte-
rados pelos portugueses.
O .autor desta obra, apaixonado .que é pela, Que · sabeis vps da Prehistôria do Brasil?
,líng'u a · tupi, tudo fez, tudo buscou ~xaüstivamen"'.". ' . 1 1 1

Qu~ sab~is vós desta imensa porção de te~rat


te para torná..Ja um trab~lho eru.dito e ·útil a to-· " ' . .antes do velho Cabral, errado e perdido, . tê..1la
<los~ Porém cedo compreendeu o quão difícil lhe · · encontrado por ·a caso?
foi realizá-la como a desejou e a éoncebeu. lVIes··
Bem pouco· Muito pouco! Ups poucos não
mo assim julga ter concluído um trabalho útil de
·se interessam; a maioria porque traz no incons-
divugação, caJ?aZ de despertar curiosidade: e se
ciente o propósito negativista que dirigiu os co-
outro mérito não tiver, tem pelo menos o de ser o·
lonizadores desta terra: de apagar todas as tra~·
primeiro e o único até agora existente realizado
dições, todas as reminiscências, todas as grande..
com aspecto de livro·
O AUTOR zas antigas, embora decadentes, das velhas civili.-
sações aborígenes.
Nó entanto, o Brasil ·é a terra mais velha do
·mundo.
Essa. afü:piação ·espanta,rá alg\lns; trará um
1, ,, 1 ' • • • \ • ~ '

rizinho de ,ironia' ? cert~ ' .~spécie de eruditos.


Ma~ quem afi,ma não sou eu. Que o Brasil ê a
1 ' '

1 ' '
terra nlais . velha do mundo, provou--c) o grande-
sâbio dinamarquês dr. Peter Lund. Ele afirmou
-com .toda a autoridade e responsabilidade do
seu nome e com uma coleta enorme de dados ci-
entíficos colhidos em doze anos de penosos es-
tudos, em Lagoa Santa, e no Planalto de Goiás.
-que o Brasil "foi a primeira terra que surgiu do
.....
Pedro Guedes Alcoforado- -O Tupí na Geografia Fluminense Íf
10 -~~~-~~~~~~~~~

pélago das águasº. Até hoje a ciência oficial não .T orres afirmá que Américo nunca se chamou
encontrou argumentos para desmentir o grande. Américo, mas Amélio Vespucio, e de Amélio não
,poderia se derivar· América. Segundo porque
sábio.
Outro detaihe tambem importante e que há esse nome já existia quando aqui chegaram por...
algum tempo vem causando escândalo à mesn;a tugueses e espanhóis. Ameríqua foi o ·,que eles
espécie de eruditos sem que, no entanto, tenhc:m .encontraram. Afonso Ojeda nos ensina: "Amerí...
ê1es podido desmentir, é que a palavra "Brasil.. ,qua era o· no1ne que os nativos da costa do
tenha sidó criada pelos portugueses, inspirados · Cumará davam a estensã.o continental hoje de-
no famoso pau côr de brasa, que os índios cha.- nominada América, e significa Terra do Ventoº. I

mavam lmbirapitanga, isto é, pau encarnado, oa Há. nessa significação - terra do vento - um
'

côr de fôgo. O vocábulo Brasil era conhecido -dado precioso. O vento se chamava huracan, e
dos nossos aborígenes alguns mHhares de anos ,h uracan significa o ar em movimento, o sôpro di. .
antes dos portugueses. Brasil signiifca Terra d? vino, o alento vital, o poder criador, a causa pri...
Luz. O vocábulo Pindorama - terra das palmei.-
mátia do Universo, a origem d:e tudo, o Deus
ras - co~ que o batisou o general Couto de·
.onipotente. A terra dos ventos, pois, para os ame...
Magalhães, nunca foi conhecido dos habitantes·
rígenas, era o paraiso, a terra original da sabe..
'd estes nove milhões de quilômetros quadrados .
<loria antiga, o berço da humanidade; e nµma de
. O que é incontestavel é que a História anca.
suas extremidades a ilha Brasil, conforme os ma-
urada·
J'as de Piccighano, e os corolários de Peter Lund
.Houve um propósito polít~co dos co!onisa.-.
e das pesquisas e conclusões científicas do gran...
dores, tanto portugueses co.mo espanhóis, de des-
truírem tudo que encontraram ·neste continente. -Oe .Alfredo Brandão através da escrita rupestre
Terra de salvagens, de antropófagos, de cobras, pas nossas itaquatiaras prehistóricas espalhadas
de feras. Nada mais. Tudo fizeram. Até os no..., por quasi todos os Estados do Brasil·
mes velhos, velhíssimos êles tomaram e levaram Mas para muitos, tudo isso é novidade ou
para a Europa como coisas . suas. Haja vistas para , mentira, porque, como diz Manoel Vitorino, "há
o vocábulo América. Disseram que Aêmrica foi .alguma coisa pior que a ignorância, é a rotina.
uma homenagem a Américo Vespucio.' Mentira. .3,.o ignorante ensina..se; ao rotineiro ninguem
Foi mais um furto. Pdmeiro porque os . últimos con~ence. A ciência tem encontrado maior obs-

historiadores, como o íntegro juiz Margarino. táç:ulo na razão caprichosa do rotineiro do que
Pedro Guedes Alcoforado.
O Tupí na Geografia Fluminense l~

Da mente do apedeuta". E nós somos um povo-


cheio de rotinas! Para chegarem a êsse resultado os sábios da·
antiguidade e os sábios de hoje, gastaram mi-.
Mas se o Brasil é tão velho assim, que idade·
lhões de anos estudando a planetologia, a geo.. ,
tem êle?
logia, a paleogeografia, a cosmogónia, a paleonto....
E' uma pergunta natural diante de af irma-
logia, a p aleografia, a cosmogónia e outras ci..
ções tão audaciosas e tão contrárias a tradição
ências correlatas .
dos rotineiros .
Dentro dessa antiguidad~ fantástica, s4rge·
Sendo a primeira terra _q ue "surgiu do péla--
go das â'gu~s" e ·a ceitando ª: hipóte~e .b.i bhca, êl.e·
outra pergunta: Em . que época surgiu p prime1.ro
r t\
[1 ,

hôn1em. a1nericqno, ou. m~lhor, o primeiro' hbmem


teria 'seis mil .anos. Mas não... $le·. é ~~i s velh1...
brasileiro? ·
nho um pol.tco. Para os Vedas, a terra ten1 ... ·
4. 320. 000 anos. eles medeiam essa duração em· De acôrdo com a tradição asiática, o primei..:
í-pocas cronológicas a que chamavam iugas, em ro homem surgiu n a Lemúria, a terr~ d e Gond--
número de 4, assim denominados: Krita iuga. \Vana, que ocupou o hemisfério antá rtico e sei
igual a 4 vezes 432. 000; Treta iuga igual a· · · ·· constituiu d a América do Sul de hoje, da Amé...~
~32. 000; Dvapara iuga, igual a 2 vezes 432.000
rica do Norte e da Oceânia. Darwin e Franciscq
e finalmente Kalil iuga igual a 432. 000 anos,, Moreno confirmaram essa teoria . A Paleofisio...
0 que prefaz um total de 4.320.000 anos . Mas grafia prova essa maravilhosa verdade: O ho-
quem não aceitar os Vedas po~e ler e:111 _Kelvin mem nasceu na época terciária e a América do
Sul foi o seu primeiro berço.
que a terra tem uma velhiçe de cem m~~ho.e s, ~e
. , anos. Haeckel vai mais além. .• ·.i , Na H1sfor1a · A necessidade de tornar o menor possível
êste livro, pa~a qaratear . a ip:ipres~ão, visto que f>,
da Criação Natural", êle divid,e. essas ida,d es V~~· •, '"
'dicas em Cincp períodos 0U eras,: 1.ª' ar~áit~, I com.•
1 feité;l · po'r minhá conta, porque os editores nacio... ,
' ''

840. 000. 000 · de anos; 2, I.\ pri;nária, conr · · · · • · · · nais 's ão os maiores inünigos dos autore3 que nãq
481 ·. 000. 000; 3.1;\ secundária, com 162'. 500. 000; têm p rojeção polític~ ou não têm jornais à dis-
4.~ terciária, com 34. 500. 000 e finalmente a qua- posição para focalizarem diariamente os seus no..
ternária, com 7. 500. 000 anos, cujo total assom..- mes, não me permite divagar mais tempo citando
broso é de um bilhão quatrocentos e n oventa outras provas do que estou afírmando. Entretanto,
milhões de anos! Se o Brasil foi a primeira terra não posso deixar de transcrever o seguinte trecho
nascida das águas, é essa a nossa idade · de Peter Lund. Diz êle: "A enorme planície que
compreende a parte elevada do Brasil, desde a
O Tupí na Geografia Fluminense
14 Pedro Guedes Alcoforad()
dos, viveram tambem na éra terciária e são indu"!
Serra do Mar até a cordilheira dos Andes, abran.. hitavelmente terciários.
9endo as cabeceiras dos rios maiores do mundo, O silogismo é verdadeiro e perfeito.
fórma um terreno estenso, cujo sólo é constitui.- Lamento a necessidade de tornar êste livro
do de rochas pertencentes ao período chamado o menor passivei porque me impede ilustrar sobe-
em geologia de transição, e depositados gera}.. jamente tôdas essas afirmações, mas posso indi,:.
inente em camadas horizontais, sem que essas ca- car fontes preciosas onde quem quiser encontra..
madas sejam cobertas de outras, de formação r~ material vastíssimo para não pôr e.m dúvída
mais recente. Não consta que exista em outr) ~inhas palavras soltas· Basta ler Brasseur de
parte do mundo uma estensão de terreno que Bourbourg, Herscla, Ameghino, Humboldt, Las
'
cfereça essas condições geológicas, visto que Casas, Mendieta, Spiden, Blawastky, Scott-
aparecem em regra as rochas primitivas , e de Elliot, Le Plogeon, Prescótt, Charnay, Cl~vijero,
transição em camadas consideravelmen,t e 'inclina.- Miguel Tirana, para só citar · alguns estrangeiros
das, provando terem sido _levantadas, depois de ~ que pelo fato 1nesmo de serem estrangeiros.. es-
cobertas pelos respectivos depósitos, por efeito tão menos sujeitos a parcialidade. Mas se acei-
de forças expulsivas que atuaram de dentro para tam gente nossa aí está Margarino Torres com
fóra. A ausência desses depósitos no referido três grandes livros sobre o assunto e Bernardo
plateau, prova que já havia emergiào do mar nu.. de Azevedo da Silva Ramos, o grande tradutor
ma época anterior ao tempo em que principiou das nossas centenas de Itacoatiaras espalhadas
a formação desses depósitos submarinos. ou em pelo Brasil todo, inclusive a famosa e discutida
outras palavras; já existia como continente ex• incriçã.o fenícia ( ! ) da pedra da Gávea, no Rio
de Janeiro.
tenso, . ª· parte central do Brasil, quando as de..., '
mais parte.s do mundo estavam ainda submersas ·Todos os estudos, todos os compêndios, to... .
~ 1 '

dos os tratados feitos pelos sábios antigos e mo..


no seio do oceano universal". ·
dernos sôbre a nosas prehistória conch~em pela
O s fósseis encontrados por êsse mesmo
afirmação certa e irrefutável cientificamente de
Lund, na Lagôa Santa, hoje Nova Lima, próximo
qu~ o brasileiro é o povo mais antigo do mundo •.
de Belo Horizonte, estavam em absoluta promis.-
E' conhecido desde a terceira raça. . raiz, ou seja
cuidade com várias ossadas da macro . . fáuna pre-
a Lemuriana. Mesclou-se com a quarta raça, 1.1
bistórica amerígená da era terciária. Logo os es- raça Atlântida, de pele vermelha e amarela, e só
queletos de homens que foram assim encontra-
16 Pedro Guedes Alcoforado ~ Tupí na Geografia Fluminense

mui recentemente, há cerca de 500 anos, mistu- .que com relação a mente, era superior ao euro-
rou-se com a raça branca, vinda da Europa, cuja peu.
,
origem se encontra na quarta migração a riana, E' Jean Lery, padre francês protestante, que
que veio do país de Gobi, no fundo da Á sia e -<:hegou ao Rio de Janeiro nos tempos de Vile,..
povoou a parte ocidental do que se estabeleceu gaignon. que nos diz isso no seu famoso livro,
chamar de Velho Mundo, já que a êste con,ti- "Uma viagem à terra do Brasilº·
nente deram o nome etradíssimo de Novo Mun.. Diz êle: "O índio brasileiro, apesar do seu
do. -esta'do selvagem, tem uma 1nentalidade· ,muitas
Quando os portugueses · invadfram o Brasil
1 •
ve~e$ ,superior ao do super civilisado europeu de
. '
e escravisaram os nossos ctiborígenes, disseram em \,'p ar1s, " '

suas c;rônicas, que encontraram ·em rtossa terra


.
Para que o índio tivesse essa mentalidade
de "três a cinco milhões de índiosº. Pois . bem. ·superior a do ariano civilisado da Europa era
Em 1900, 400 anos depois, o recenseamento preciso gue q sua civilisação e .a sua cultura vjes~
acusou apenas onze milhões de habitantes, isto ·.sem de outra civilisação muito afastada e antiga~
é, em 400 anos só seis milhõ,es, aumentaram a po.- Se isso não basta para atestar essas a firma-
pulação. E se os cálculos, embora empíricos, ções, uma ligeira '-':ista de olhos pelas adiantadas
acusavam de " três a cinco milhões" iisto prova .e cultas civilisações do Perú, da Colon1bia, ~o
que o país 'não estava abandonado. México, da Guatemala, devem obrigar a se cala-
Mas não é só isso. ,:em os negativistas sistemáticos, que por motivos
Se os portugueses encontraram a nossa civi- ,políticos, patrióticos ou sentimentais vivem a ne..
fjsação nativa em franca dec~dência, issQ prova. 9ar as verdades prehistóricas. Os ' incas, os
. 3 . velhíssima ·a,ntiguidade da '·mesma. Há un;ia Jei 1naias, os aztecas, os toltecas, . alcançaram· 9íveis
: ' ' ' .1 " ,'
cíclica e cós~ica ·que' presid~ . â vida e.111' ,toàos . 'Os
1 '

"(!·e ·civilisação ·moral, política, ·'econômica · e soc!al


' ' '
' ' . (' '
seus asp~ctos. ·Nasce, vive·, e morre tanto a pe.- -que estão muito acinia d,a nossa civilisação de po-
dra como o vegetal, o animal, o homem, as civi.. líticos egoistas, de sociedades imorais, de explo·
Jisações. e os mundos . · Se a ·g rande civilisação radores, de ditaduras de homens tiranos explo-
atlântida . desapareceu com o dilúvio, há nove mil rando ideologias políticas e falsas religiões a custa
anos, e sendo o nosso homem brasileiro um dos .da ignorância das massas incultas ...
i:emanescentes dessa raça, não há que estranhar ·N em mesmo o Cristianismo, simbolisado na
sua decadência, no sentido material, mesll!-º• por.. .cruz, exteriorizando o velho mito solar era des-
18 Pedro Guedes Alcoforado-
'O Tupí na Geografia Fluminense 19

conhecido das nossas tribus. Quem anda como


tem andado o autor deste livro por essas imensas.. ·~saant.Qsa pa ra os que julgam que o Brasil só
e despovoadas terras do Brasil, encontra em vá.- -existe,, graças aos portugueses.
rios sítios velhíssimas itacurussais (cruzes de: Diz a Critogra fia da Bahia: " Karahy e o
pedra), fincadas pelos nossos aborígenes comn. chefe das terras do Brasil. O senhor D eus con..
~ímbolos de paz e de amor. F oi graças às cru- cede ao rei poderes de fazer o bem e o mal sobre·
zes pintadas nas velas e nas bandeiras dos con.. o mar e sob re as terras . O s deuses e as d eusas
quístadores que êles conseguiram dominar a gen.... ipoderosos do céu p rotegem e concedem graças ao
te deste .c ontinente . A Cruz era um objeto de .Murubichá do Brasil ó Tupan criador da luz, do
respeito. onde segundo as velhas tradições , foi raio e dos . espaços, conce_d ei à terra do 13rasH'
crucificado o Cristo Mítico das mais a ntígas re- ·graças e favores". E ssas quatro legendas estão
]jgiõ,es do mundo. ~scritas em itacoatiaras da Bahia, demonstrando

Os índios de Maiab, nas suas t,rad1ções ver... tque possu1am uma escrita os povos antiquíssimos
bais, ensinavam "que muito antes deles, outros. da nossa terra.
homens povoaram a sua terra e a fizeram bela E' certo que essas coisas são difíceis . de
.e poderosa Eram homens santos e cheios de sa-1 ·acreditar. O s· portugueses nos meteram na Cft be-

redoria. Conheceram os deuses; não vieram por.. "ça muitas mentiras p~ra enaltecerem os seus fei...
terra nem sobre às águas . Ãqui sur~ir._. 411 por " tos, para que acrediteLtos que tudo que somos
que assim o, quís Aquele cujo nome só podemo~ devemos a êles, mas as itacoatiaras, ta nto do
pronunciar suspirando" . Brasil como dos demais países americanos, atra-
Temos outra prova suscinta de t udo isso nas, ·vés de suas documentações titográficas nos afir-
nossa.s .itacoatiaras (escrita na pedra) , lriuito mam que as civilísações nahue--toltecas, maio...
;nais numerosas do que se julga. E m Batalha, S •. xquichuas e tupí..- guaraní são muito e muito ante-
Pa1!Io, há un1a delas que ainda não foi d ecifrà-- rjores às civilisações indo--egípcia, medo ...persas e
da; na Gâvea, Rio de Janeiro, há uma outra que.. ·-grego-romana. Aí estão as "letras do diabo".
ainda hoje suscita d úvidas se é realmente escri- como os invasores chamavam as runas, para ates-
ta indígena, se é escrita fenícia, ou se são apenas.' tarem aos brasileiros legítimos o que êles foram
sulcos naturais imitando escritos, ou sinais hie"" .antes de serem vítimas de espoliadores devassas
rog1íficos· Mas na Bahia há uma itacoatiara qúe· ,~ cruéis. . . ~m 240 antes de ~risto, revelaram as
já foi decifrada e que diz simplesn1ente essa co:sa, idiografias que simbolisam a passagem dos qua-
:tro sóis cosmogônicos, que os nahuas Já tinham
20 O Tupí na Geografia Fluminense
Pedro Guedes Alcoforadp:

lar e mítico de todas as crenças, e afirma a an..


17. 626 anos de permanência no continente ame..
tiguidade da gente deste continente.
ricano
Ainda há pouco, 0 cientista francês profes:
No Yucatan, entre os mistérios sagrados dos.
sor M arcel F. Homet, em viagem de exploração
Maias, existe uma escultura que reproduz com
de Bela Vista para· a Cachoeira do Terror, no
perfeição a destruição da Atlântida, a que a Bí.... Acre, enriqueceu a ciência com preciosos acha.-
blia chama de Dilúvio Universal.
dos no domínio da Paleontologia,. entre êles ofi.-
Os invasores espanhóis descobrü,·axn no MéM• cinas milenárias para fabrico de utensílos d_a ér~;
x)co um calendário coni mais de três mil ,a nos, da pedra polida, com q id ade de cinco ..a seis mil
! ' l ~

que é considerado o mais perfeito do 1nundo sob:. ~nos , a'ntes de Cristo. E estas qescobertas foram.
o ponto de vista astronômico. Nesse calendário feitas agora, há cerca de oito meses.
o ano tem 365 dias como no calendário de hoje. · A palavra Tao, 0 Deus dos povos atlantes
Varia apenas no número de meses e di.Js neutros era simbolisado por uma Cruz e era o Deus Cria-
d edicadôs às divindades. dor do céu e da terra. O T representava o eter-
P ara fi:Qalizar este capítulo e como remate no masculino; o A , o neutro; e o O o eterno fe-
de tudo que foi dito, convido os leitores à uma minino. O círculo e a Cruz simbolisavam a C.ru-
ligeira vista de olhos sobre todas as crenças e- cificação do Cristo Cósmico de frente para o
religiões dos povos amerígenas · Oriente e de braços estendid,es na direção norte~
sul. O s carahibas, os tupí-guaraní, veneravam a
1'odos os seus deuses nasceram de uma vir-
gem, fora m ameaçados de morte ao entrarem no• Cruz' tambem, a que chamavam Curuçá, em lí~··"
gua nheengatú, a ljng ua boa, . e~istente d.escte
mundo. revelaram precocidade invulgar, p~·ega.- 1

't empos imemoriais, a~tes de existirem as iü)guas


. raqi a lei de um Deu~ único, operaran1 milagres •. , 1

~ercaram~se de apóstolos, ~ofr'eram p erseguições,..


' 1 ' • ca rahiba, . cara já,
1
~uichha, tarÍrí', tupí, gúa1;~1ní
foram márt ires e morreram CfUCÍÍiC'.adOS e reSA• e outras. '
. O Teo dosgregos é o ~esmo Tao dos Atlan-. ·
suscitara rn exatissimamente como o Jesus de Na-
tes herdado pelos chineses há 22 mil aons,
4aret, na Paiestina . Desde Q uetza lcoatl, na
conforme nos diz o livro de Dz yan, do qual nas ..
A mérica . Central, a Jurupari no Brasil, viveram
ceu 0 T aoismo de hoje aceito pelos ·japoneses .
e morreram como Crisna, na India· e como Cris-
Essas afirmações provam muita coisa, inclu ....
to, n a Judéia. Isso prova a origem cosmogônica
sive a verdade de que o Cristianismo de hoje na,.
unitária de todas as religiões, o cristianismo so.-. .
21 Pedro Guedes Aleoforado

da tem de novo nem de original, e provam ainda


mais e principalmente a sab~doria científica de
~eus criadores há milhões de anos .
V oltando ainda à palavra Tão, nela se en,..
,_ O TAMOIO NA ERA DE CABRAL
-contra t udo que a ciência de hoje tem descober.- ..
to, tanto em relação aos planetas como ao átomo. •
O eterno masculino, o eterno feminino e o neu-
Vimos nas páginas anteriores que não fomos
tro estão contidos no proton, no eletron ~ no
. ' uma terra descoberta, mas um contine,n te vefhís...
neutron, e no ~entro o núcleo - a essência 'í ndi..
simo, 0 mais velho de todos~ onde ·viveram ~rá­
vizivel e absoluta da Vida, .no seu eterno movi..
mento. rias raças, sub-raças, nações, povos, tribus, que
acumularam grande civilisação e cultura através
O que ficou dito, embora em excessivo resu-
de milhões de anos.
mo. creio que basta para que se possa acreditar
Mas pela fatal lei da vida - aquela que o
que o Brasil é mesmo muito velho - a terra mais criador achou melhor para a perfeição do seu.
velha de todas; que aqui nasceu o primeiro ho-
• plano - tudo que existe tem de ser destruido, A
mem; aqui é a Pátria de Adão e Eva; aqui foi
perfeição pela destruição - eis o divino para•
criada a primeira civilisação; aqui floresceram
doxo.
centenas de outras que igualmente desaparece- A ssim, todos esses povos amerígenas, depois.
r am pela fatalidade cíclica e cósmica que orienta de teren1 cumprido as missões para que foram
.a Lei da Evolução.
criado~. caíram em decadência para dare1n lugar
Basta, pois, para concluir, transcrever as a valores novos. As idéias velhas precisavam de
palavras que Le Plongeon atribue aos sacerdotes ser suõstituidas por idéias e planos renovados .
egípcios.: "A civilisação ~rig.inou..se na terra de A própria vida criou novas ·n·e cessidades para a
Kuit, a terra do Ocidente~ a. verdadeira pátria de reaÜzação da evolução do plano misterioso ·· da
Osiris, a Am·érica, o continente mais antigo, e Criação.
liabitado por sua vez, pelos povos mais antigos. Desse modo, os povos do Brasil, os mais a~...
·da terra"·
tigos do continente, foram por isso mesmo, os pri-..
meiros que decaíram por força dessa mesma Ler
Natural. Seus destinos estavam cumpridos; suas
missões estavam executadas. Nada mais tinham
,
a fazer, sinão extinguirem-se.
'
O Tupí na Geografia Fluminense
Pedro Guedes Aleoforado

Como este livro é um trabalho sintético, não


Foi assim que, quando Pedro Alves Ca-
me demorarei em citações longas; farei um resu..
~r~1 chegou aqui nada mais encontrou que se
assemelhasse ao que os · espanhóis encontraram mo englobado de vários autores da época do des..
no P erú, na C o1um b.ia,· no M exico
- •
e em alguns cobrimento, e por ele o leitor fará seu juizo pró..
outros países americanos, isto é, civilisações e prio sobre as afirmações que faço.
-culturas superiores às suas, da Europa. . , Que êles eram de uma raça forte, sadia, va- ·
Mas é preciso que se rçstabeleça a verda- lente, atestam as seguinte~ palavras de Jean·
•de. Lery. ''Os selvagens do Brasil. cham~dos tupi,..
. . O s portu$ueses não encontraram um .pbvo. narltbâs, são de estatura equivalente a do euro~
• 1 1 ~

inteiramente inculto, selvag~m, sem religião, ~em peu, porém mais fortes, mais bem fornidos. mais
Deus; espíritos primários se~ conceitos e con- bem dispostos e menos sujeitos à moléstias . Não
cepções da vida, sem noções de vi.da social, sem se veem entre ele& aleijados ou doentes. Apesar
moral, como quiseram fazer crer ao mundo jn.. de chegarem a idade de 120 anos, poucos são os
·.teiro · Isto é uma mentira que tentarei desfazer que na velhice apresentam cabelos brancos ou .
nas linhas seguintes. grisalhos. Parece que bebem todos na fonte de
Como está obra é apenas regional, não tem Juventa e não nas fontes lodosas que debilitam.
él pretensão de abranger âmbitos nacionais, limi- o corpo e consomem o espírito, das cidades euro-
to--me apenas a dizer algumas palavras sobre os péias. . . Nem os róe a avareza e a desconfiança
·tupinambás, povos que habitaram esta região sob dos e~ropeus, e menqs ainda os processos ·e in.,(
a designação de tupiniquins, goitacases, coroa- trigas da inveja e ambição·
dos e tamoios . Os tamoios, ou ,t amuios, cujo vo.- A co·n versa que vai abaixo, havida 'ent:re .
cábulo signUica aV'.ô,, etam .mais . antigos. Habita~ , j.
• ,1 1

~ . ' ·· Le:cy e um índio velho, de Niterói, afirma o gráu


va.i;n ·e dominavam desde Q Cabo S. Tomê até ·a " ".r de entendimento e a elevação mental do nosso in~
·serra do Cuba tão, em S .· Paulo. Sua origem é dígena que 'o europeu veio "civilizar".
desconhecida. Eles próprios, em suas tradições
Isso se deu no tempo em· que as naus da Eu-
-a desconheciam. Sabiam apenas que vinham de
ropa vinham constantemente buscar nas plagas
gerações antiquíssimas, e por isso se denomina-
brasileiras o famoso pau Brasil ( Imbirapitanga),
vam eles mesmos de avós.
E' desas nação un; dos gentios e eles não compreendiam a razão de
.•cament·e que nos ocupare- ser de tantos esforços. Um dia o tal indígena
mos.

''
'26 O T upí na Geografia Fluminense 21
Pedro Guedes Alcoforado

perguntou ao historiador de " Uma viagem às Um povo que raciocina assim possue o :ver-
terras do Brasil": 'd adeiro senso da vida . Toda a sabedoria alcan-
- Que significa isto de virdes vós de tão çada pelos filósofos de todos os tempos está con,..
longe buscar lenha para vos aquecer? Não a ten- tida nesse raciocínio.
Realmente, a vida é boa, muito boa . Quem
des por lá, em vossa terra?
faz a vida ruim são os homens com as suas am-
O autor lhe respondeu que sim, mas que a
bições, seus egoísmos, suas tiranias, suas ânsias ,
ttiadeira que levavam era para fabricação de tin-
de _riquezas · O estado de angústia· em que, as ci..
tas, ao que o índio retrucou: . vilisações de hoje cada dia se afundam mais par.-,
. - E, por ventura ,pr~cisas de tanta Imbirapi.-' te <lesse artificialismo .da vida. O progresso tem
'tanga ?
sido a desgraça ·dos espíritos. A ' felícidade está
. - Sim, respon~eu Lery. Em nosso pais na vida simples . O que tem ganho a humanida-
ex1stem negociantes que têm mais panos, facas. de . com o seu progresso, sua técnica, sua ciência,
teso~ras, espelhos e mais coisas do que vós aqui
suas riquezas? Não é hoje . o homem civilizado
podeis supor e um só 'deles compra toda a ma-
muito mais infeliz do que o índio das selvas, do
<ieira com que os navios voltam carregados .
que os povos primitivos sem radares, aeroplanos
- E êsse homem tão rico, não morre?
e bombas atômicas?
Sim. morre, como toda gente. U ma das maiores acusações ao nosos aborí. .
- E quando morre, para quem fica o que gene é a de que êle vivia em plena animalidade.
é dêle?
E' outra mentira que precisa ser desfeita. Se êle
- · Para os filhos, os parentes ..• não possuia uma religião como tantas outras que
~ Na verdade - remata o velho vejo andam por aí, cheias de hipocrisias, de crendices,
que sois uns grandes loucos! pois que atravessais de explorações da co'nsciencia, da escravi?ação
o mar com grandes incômodos e trabalhais tanto
dos espíritos; religiões mais politicas do que espi:.
para' amóntuares riquezas para os filhos e paren-
rituais, possuia no entanto, em alto gráu, a cren ..
tes· A terra que vos alimenta não .é suficiente
ça em um C riador supremo, na imortalidade, e
para alimentá-los a êles? Nós aqui também temos
no prêmio à virtude .
filhos a quem amamos. Mas como estamos certos
Acreditavam. que "depois da morte, as almas
de que após nossa morte, a terra que nos nutriu
dos que eram valentes e bravos iam para as altas
-0s nutrirá também, cá descançamos sem 0 mini--
montanhas onde dansam em belos jardins. com as
mo cuidado" .
j
<> T upí na Geografia Fluminense
28 Pedro Guedes Alcoforado

Acreditavam também que em éra muito remo..


almas dos seus avós. "E as almas dos covardes ta viera à terra dêles um ºmair" (homem supe·
e maus iam parar nos campos de Anhangá, o dia... rior) muito barbado ·ensinando ·a existência de
' tt
.bo, que os atormenta constantemente . outr:o homem superior a todos, que havia criado o
Anhangabahú, (rio das almas), Anhangahy. .céo e a terra, as árvores, os anünais e o homem.
(rio mal assombrado, são termos que eles usa• M as que não acreditaram nêle, e então, por vin·
vam e que atestam sua cren~a êlb. sobrevivência gança, êsse homem superior mandou outro homem
dos espíritos depois da morte'... Do contrário ruim que só ensinou a guerra e a vingança, e
não os teria criado. ·"desde então nos matamos uns aos outros".
Mas suas crenças 'não findavam no que aci.- Não está aqui bem claro, o reconhecirnento
.ma se disse. Acreditavam tambem na ressurrei.- da vinda de um messias, uma espécie de Cristo,
1

ção e nos prófetas~ a quem chamavam Carahy.- <iesmentído e condenado pelos homens de sua
has. Todos os anos organizavam festas, onde ~poca?
','
pela ação de certas beb~das hipnóticas, parecidas Outra acusação feita aos nosos indígenas é
com essas que os russos usam hoje para quebrar .<. de que êles não tinham noção de moral. Outra
.a re$istência do insconsciente, 'caíam em traase e ·deslavada mentira. E' verdade que havia entre
'
recebiam as almas dos avoengos com quem con- êles a poligamia. Mas isso quase todos os povos
versava.rp e de quem recebiam conselhos· ,do mundo a tiveram e ainda hoje exist~
, na Chi--
O chamado dilúvio un~versal bíblico era de- na, na índia milenar e em outros países . E onde
les conhecido· Ensinavam os carahibas que "cer- não há poligamia legalisada, há a poligamia hi.-
•' póc~ita e clandestina como nos países católicos.
ta vez as águas cresceram de tal forma que inÚn-
daram a terra toda. afogando todos os homens. Afora êsse costuro~ que não se pode consi-
com exceção de 'seus avós, os quais se salvaram . <lerar imoral, mas, antes de mais nada, um instiil·
no tôpo das mais altas árvores". te biológico, .êles praticavam . uma moral extraor..
-dinaria~1ente rígida, com relação à f a1nília. A ce-
Não está nessa · crença a mesma tradição bi..
rimônia do casamento era muito simples. Con.-
blica, não é mais uma afirmação da existência da
sistia apenas no pedido ao pai da jovem. Se êste
Atlântida e sua submersão lenta durante noven- consentia, o rapaz levava.-a para a cabana e es-
ta séculos, tantas vezes afirmada pelos estudio-
tavam legalmente casados. Mas se era negado
sos da prehistória do mundo e tantas vezes ne-
<> consentimento o rapaz se desterrava.: Era
-gada pelos vaidosos da cjência contemporânea?
Pedro Guedes Alcoforado -O Tupí na Geogra fia Fluminense
30

guardado o max1mo respeito entre jo~ens e ti- P or esta passagem se vê que não só tinham
nham tal horror ao adultério, que a n l ll iher casa- a noção de limpeza, de asseio, como conheciam
da adúltera, não só era repudiada, como o ma .. _perfeitamente a necessidade higiênica de mudar
rido tinha o direito de matá-la. A inda hoj_e , mui- ·tle ares como a melhor terapêutica da saúde.
tos maridos civilisados julgam ter o mesmo d irei,.. Quan to a sociabilidade, os índios a exer ..
to para "lavar a honra ultrajada"· ciam presenteando--se diariamente uns aos ou..
Ê sses costumes morais, êsse respeito entre 'tros, e prezavam tanto essa virtude "que um ín...
rapazes e moças, embora andassem todos nús, ·dio morrer!a de vergonha se visse a seu lado um
obedecia a uma forma elevada do pudor da qU<al~ ·v izinho padecer falta do . que lhe sobra'~. Quem
não participa a exibição do corpo. O corpo n ada nos diz i~so é ainda Jean de Lery.
significa; 0 que vale é o sentimento moral. ~sses Comparemos esse espirito de cooperação do
costumes ainda hoje prevalecem n~ maioria das. • ""'cruel e selvagem" homem do Brasil, com o ego.-
tribus restantes do Brasil. O autor dês te livro, jsmo e feroz atnbição que vem dominando d esde
sertanejo nordestino, muitas vezes, quando ra p .. .a conquista, o civilisado homem branco que a
zola se banhou nú nos rios do sertão, em com,... Europa nos mandou.
p anhia de jovens ín dias nuas e nunca teve co ... D e par ce m êsse hábito d e cooperação, êsse
r agem de lhes dirigir uma palavra maliciosa. pela -espír ito de solidariedade, de a juda mútua, o ín...
certeza de ser violentamente repelido. <lio tinha outras virtudes morais de que careciam
Outra acusação falsa sôbre o nosso indíge..- ~ carecem os brancos civiilsados . Não havia en..
na é a de que não tinha êle nenhuma noçã o de tre eles a propriedade da terr.a, mas havia o res-
h igiene, nem de limpeza. peito ao direito de uso. O furto era desconheci ...
Ouçamos a inda Jean de Lery : "O s índios se . do. E a mentira era coisa que não lhes passava
' '
b anham vá.tias vezes por .d ia e pergu,:itando eu. pela cabeça· ·'
um dia a um ve~ho índio porque motivo lnuda... São a inda de Lery essas afirmàções. Mas
vam constantemente suas ·~Bibocas" para logares muitos outros autores a confirmam. Vários cro-
difere ntes, este me respondeu: nistas da época confessaram honestamente qtie
- " A mudança de ares faz bem à saúde. · os índios possuiam qualidades superiores, parti...
Se permanecessemos por muito tempo no mesmo cularmente o T amôio fluminense, nação antiga.
sítio, contra riando a liçã o dos nossos avós, aca,.. que guardava dos ancestrais nobres qualidades
baríamos morrendo muit o ce do " . de caráter e a mais elevada noção de honra" .

,
32 Ped ro Guedes Alcoforad0< O Tupí na Geografia Fluminense 33

O episódio que vamos transcrever abaixo, ga de três estrangeiros que estavam entre os ín..
do insuspeito padre Luís da Fonseca, bastaria dios, os quais foram enforcados nas praias .
para ilustrar o sentido de honra, de dignidade, o
Em seguida exigiu que fosse demolida a
respeito a palavra dada que possuía o bravo ta.-.
fortaleza tamôia, no que tambem foi atendido por
môio e a felonia, a mentira, a indignidade, a cor...
Sapuguaçú, plantando êste no lugar uma cruz
rupção moral dos conquistadores .
para que os portugueses não fizessem mal à sua ·
S sse episódio ocorreu em Cabo Frio, quan- gente.
do A ntônio Salema era governador do Rio de
. Salema fingia .atender a tudo. Porém logo
Janeiro e procurou extermín.a r os tamôios usando• que se viu senhor da situação, graç~s à felonia
dél mais feroz crueldade. com que iludiu a boa... fé . e ingenuidade dos ín;...
'
Salema 'havia cercado, com a sua gente, os . dios, exigiu a entrega de t,odos os guerreiros que
tamÕios, sitiados onde é hoje o Arraial do Cabo. tinham vindo socorrer o chefe vermelho, entre os
:Vários dias já durava o cerco, e então narra o · quais 500 besteiros, que foram mortos, uns, ou.-
padre Luís da Fonseca : tros feitos escravos dos fida~gos. O resto da po...
. "O s T amôios vendo-se perdidos tomaram a · pulação sofreu o mais cruel desbarato".
resolução heróica de fazer uma sortida em n1assa. Salema era de uma tigrina ferocidade. e es-
Reinou, então, no acampamento inimigo um si- creveu com ela na história da colonisação do
lêncio que inquietou Salema. Um jesuíta, o Pa.. Brasil, uma das páginas mais hediondas de as..
dre Baltazar Alvarez, ofereceu...se para investigar- sassinio e de crueldade.
º que era, e no dia 21 de setembro ( 1575) en· Continua o Padre Luís da Fonseca:
caminhou-se para o campo tamôio. Bsse jesuita "Mortos e aprisionados os guerreiros, con-
com artes, manhas, mentiras e promessas lispn... ' tinuou a carnificina no resto da população inde- .
fesa, matando 2. 000 índios' e fazendo 4 . 000 es-·
geiras conseguiu de Sapu~.u~ssíj .- chefe db~
cravos· Não exterminou tôda a tribu, porque uns
tamôios, uma entrevista com Salema . · O chefe
poucos embrenharam...se, apavorados, pelàs flo- '
índio, confi~nte na palavra do padre, cedeu, e,. restas à dentro".
de fato, no dia seguinte, e com toda solenidade,
··A mãe era separada do filho, o marido da
o chefe índio apresentou;.f;e ao chefe branco. Sa- .
mulher, um era levado para S. Vicente, outro
lema, dando sua palavra de honra e de militar p·ara o E spírito Santo, sem contar os que eram
que os deixaria em paz, exigiu· para isso a entre- degolados e espostejados nas praias .

)
34 Pedro Guedes Alcoforado
O Tupí na Geografia Fluminense 3S

Não havia coração de bronze que se não en-


imparcial historiadores não só do nosso índio,
ternecesse ouvindo as queixas e lamentos dêsse
, como dos episódios negrejantes da história da
pobre povo" .
uossa colonisação. Verão que não inventei uma •
Notem os leitores que quem escreveu isso só das afirmações que fiz.
foi um padre. E que tudo isso se fazia com a
Elas se acham em diversos livros dos que
cruz e os rosáríos à frente· E' só i5so e coisas consultei para escrever ..O Tupí na Geografia
semelhantes que devemos aos portuBueses. Fluminenseº.
Quanto a antropofagia tantas vezes afirma- o
qa, e outrçis tantas negada por vános historiado-
res, a verdade está no meio. O índio não era>
antropófago, mas comia, as vezes, certos guer-·
reiros, muito valentes, em cerimônias religiosas.
Os covardes eram atirados aos urubús .
Faziam isso para 'que as qualidades de co-
ragem e temeridade do inimigo passagem para
êles. e consciente ou inconscientemente pr ~tica-
vam o que a ciên~ia moderna chama "Thecria ·
' .
dos Hormônios".
As~dm como hoje .se extraem hormônios de
. glânduia s de .diversos animais para . serem ~nje­
t~das rios hom~ns as v~rtudes vitais que !he~. ~aJ.­
t~~ . .a ssim os índios C<?miam os valentes par(l t~-­
~~re~ dêles mais corag~m ainda. Na idade mé- .
., 1 : • ,.
h
1

di~. na Eu~opa, hayia ~uitos açougues de carne


l, \ ' 1. 11

de gente. ·
. . Encerar.l)do est~ : capítulo, quero chamar .a
~,ten~ão dos que me leem para tudo que ficou di-. ,.
to em linhas atrás e nãQ p~ço que acreditem em •
t
mim, mas examinem as crônicas antigas,. os mais .. )
·O Tupi na Geografia Fluminense
•' . ,, , '

rar como nela se expres~am os· pensam~ntos ah~·


• 1, tratos.
. : ~

. . .. Os termos onomatopáicos são intraduzíyeis


PEQUENAS NOÇõES . GRAMAT~CAIS DA '.etmolog icamente. Representam vozes da nature•
:-' ·, · . ' . ' LI°NGUA TUPI .· za e de animais. o ·s aglutinados· são traduzívefs
1
t . ;. .. •
. -e representam frazes inteiras, como ria língua
.. . ~.
.alemã. Os substantivos tupí .são . geralment~ agiu-
• .
I
. '
Quando os portugueses c hegaram por aqu1 'tinqdos . Outra particularidade da língua tupi · ~
se falavam muitas linguas brasileiras e muitos o pensamento oculto. q'ue .está impregnado na pa·..
dialetos. As principais eram a carahiba, a karirí. 'lavra. Quem quis.er traduzir bem 'um vocábulo
a tupí e a guarani. Das duas primeiras nada di... :tupí, não deve se prender apenas . à .forma etmo-
rei porque não têm significação nesta obra. No 1ógica; deve estudar as circunstâncias, o ambien-
entanto é preciso dizer que a lingua caraíba é te, ?S abstrações que enchem o pensamento. Pre..
a mãe das duas últimas. As duas primeiras têm <:isa entender, como se. diz .em linguagem literária
origem diferente e desconhecida. -- "pelas entrelinhas" •
A lingua tupí chamavam os nativos de nbe- Tomemos para exemplo a palavra ..Amazo-
engatú, isto é, lingua bonita ou lingua boa. A
..
nas :
JÍngua guarani chamavam de abanahenga, que g ste nome tem sido atribuido por alguns à
quer dizer,, lingua do homem, tendo ambas CQmo 11ngua grega, ~utros afirmam que é de origem
tronco primitivo a língua caraíba. bebraica· No entanto ele é de ôrig~m tupí; cara•
A lingua tupí, a un1ca que interessa neste . .h iba . Amâna-çoo-ona era a ·sua ··forma primitiva , ,
livro, . é ·composta de vocábulos onomatopáicos e · e tia s'ua formação se. encontra todas as ·c aracte•
aglutinados, na sua maioria, predominando as pa- rísticas mesológicas· da região. ·E '; pode ..se dizet;
lavras oxítonas. uma discrição num só vocábulo, querendo signi• 1

E' a única lingua conhecida que tem seme- Hcar as chuvas constantes, as grandes floresttur.
lhança com a lingua grega e a alemã. Nem to- quele mundo desconhecido.
dos os pensamentos podem ser claramente ex- Vejamos como:
pressos na lingua tupí, principalmente os de or... Amã ou amã é a forma contrata ·dó substan-
dem científica e filosófica • . Todavia é de admi- tivo amãna, que significa chuva, muita chuva •.
1 '
.·l8 Pedro Guedes Alcoforado·

. Antepondo.-se outr.o sub.stantivo som-ç~. quer


me ensinaram que é êste o melhor critério para
dizer caça, temos já duas qualidades da região.
uma boa compreensão do linguajar tupí. •
Si tomássemos apenas o substantivo amãnã ;50..
Vários autores antigos como Anchieta e o
"ladamente êle seria um simples verbo defectivo•.
.mas se antepus~rmos o pronome ú êle se trans"' • Padre Figueira, e mais modernamente Batista
Caetano e Theodoro ·Sampaio, cÓmparam a lingua
f~rma etíl. sentid9 impesoal. O voc.ábulo çoo, que tupí à língua grega, pela sua perfeição.
significa : C4;1Ça ou carne, çompreende no caso, o .
O autor do "Dicionário Brasileiro" diz que
caçador que anda atrás da caça, embora não .exis-
de admirar povo de limitadas idéÍas pudessem .
... é
.t a . na f.raze. T~m de se entender por abstração. ·-conceber sinais representativos· com capacidade
1 e . ê~te sentido. es.t á sub.entendido no termo fi~alj de abranger objetos de que êles não tinham co ...
ona ou unhã, que tem a significação de uma des1.... nhecimento; e isto não de qualquer modo, mas
.nência cuj~ ação impressa pela voz verbal con-· ·com muita propriedade, energia e elegância .:
·tém um movimento reflexivo que recai no próprio' Adauto Cardoso acha que o nheengatú é de fácil
substantivo. Há em tudo isso, uma grande subti-· manejo e tão suscetível de estilisação que se o
Jeza própria da Jingua. E dessa forma a palavra iensinassem seria êle entre todas :a,s linguas cul..
Amaçonas contem todo o sentido discritivo da re- tas do universo a mais bela do mundio civilisa..
.J ., •
uO •
gião. Não é a região das chuvas, mas as chuvas.
próprias da região, chuvas constantes, abundan-· Incontestavelmente êle é um idioma
.tes e impertinentes onde há muita caça, muitos, sutil e delicado. Si tem uma contextura dificil
.animais
. nas matas
. imensas. sob certos aspétos, com suas desinências, seu.s
, :aste exemplo basta para guiar o leitor quan... modos, seus tempos, seus particípios, seus ge.r ún-
do .tivermos mais adiante de traduzir' vocábulos: <Jios, seus verbos irregulares, forma.-se nesse la-
. l

birinto lima lingua abundante de poesia e de ri-


.usando das mesmas . abstrações· Porém, citemos.
I
quesa verbal . .
outro : Paquetá. Vem de Pac-oatá, ou seja etmo·
.logicamente paca ..anda, caminho das pacas. Mas· Para o autor deste livro não há nisso nada
como se trata de uma ilha; fica subentendido que que admirar diante dos capítulos anteriores on-
o vocábulo contem a ilha, e então será simples- de ficou demonstrada a antiguidade do homem
mente ilha das pacas. brasileiro e as ricas tradições de suas velhas ci-
vilisaçõe5 •
Certo ou errado, o estudo e a e"periência
O general Couto de Magalhães em sua o6ra
, .
Pedro Guedes Atcpforacfo. -O Tupí na Geografia Fiumioense '-41
,
··o Selvagem··.. anota que a diferença entre a Português Tupí · Gu.araní
llngua tupí e a ·.guaraní é apenas a que há entre
Fruta Anga Toang -', . l
o falar do paulista e do mineiro. Por sua vez •
Galinha Macaba lva
~ontoya acha que essa diferença é a que há en- .
ti:e o português e o espanhol .
A legria Sapucaia lguaçú ...... . :

Toriba Auya
Não me parece que nenhum tenha razão· Casa
O ca · Coty
Jµlgo essa diferen<;a mais acentuada, . principal... Criança Coromy Mitâ
~ente agora. Se compararmos o tupí falado en..... Murí · Umberli
Mosca
tte certas tri~us do interio..r brasileiro e o guara... · ·Ferida Pereba Surú
· ní falado no Paraguai, essa diferença ê cê ::• ..
grande. Mas ainda há maior diferença.
O tupi é uma lingua mais antiga, o Guarani" No alfabeto tupí não existem as letras F. L.
é mais mod.e rna . A primeira está estacionária; a J,Z,V.W.
segunda está em franca evolução e cada dia se· No alfabeto Guaraní não existem B, D. E,
'
e_nriquece com palavras novas . F, J. Q , X, Z·
E' verdade que ambas ~inda conservam cer... Esse detalhe separft hoje grandemente as
tos pontos de contato. Vejamos alguns deles : .duas línguas.
Em tupí se diz ajura, pírapora, caraiba, No Estado do Rio predominou a língua tu..
c.urupira, cuera, jungaba, jaguará. Em guarani,. pi. Poucas palavras em guarani o autor encon-
as mesmas palavras se escrevem ajú, pirapó, trou na geografia fluminense. Tamoios, goita-
curupí, cué, jungá,. jaguá. . .cazes e .coroados falaYam em tupJ. Mas não eram
· ·P or êsses pontos de contato, se observa ·que só êles . Também os portugc~ses colonisador~ · ·
~. guaraní . é uma lingua maís ·sintética, de pala...
• l ' ' ' •

.adotaram a mesma lingua ou" lingua .·geral como


vras' mais curtas. Além disso, tratando..-se de uma -era mais conhecida. Até os começos do século
Ungua mais moderna, há nela milhares de vocá- dezoito a proporção dos que falavam tupí e por"'
bulos novos, exprimindo idéias novas, que não· tuguês era de três por um. A língua geral pre-
s~ encontram na lingua tupí. dominou durante três séculos. Mas os portugue-
Mais a diferença vai mais longe ainda . ' .ses na sua ânsia crimino.s a de matar. de roubar,
Vejamos alguns vocábulos de sign~ficação·. à e escravisar, foram extinguinlo os povos nati..
inteiramente
.. diferentes: '
, ,os e a língua também .
... .
Peçfro Guedes Alcoforado .. .
Esse crime é de uma hediondez sem nome. ..
Os portugueses foram e são ainda a maior des- ."
graça do Brasil .
De toda a ,nação tamoia não existe mais no- . .
"' E. do Ri·o um único remanescente· O ALFABETO TUPI

. No alfabeto tupí ex•stem· apenas 4ezenove


letras.
/
Como Jª vimos atrás, não ~xisten1
.
~$ letras
'

F~ L, Y. W, . V, Z · .
Todas as palavras escritas com estus letras
não são tupí puro. Umas são corruptelas, ou...
tras foram criadas pelos colonisadores devido as
dificuldades invencíveis de pronunciarem certos
c;ons tupí. O V, por exemplo vem do hábito dos
portugueses trocarem-no pelo B. como em v:ica·•
rary, (velhaco), viatã, (flecha rija), Vahy, (rio
das frutas), que no tupí eram bacary, B~atã, etc.
O Z é também mudança do Ç, como ZOO, que
('ra ÇOO, (a caça, o animal, a carne), Zabucaia
por Çapucaia, (o clamor), Zererê por tererê, etc.
O J :vem da dificuldade de os ...portúgueses ·
pronunciarem o I e Y. Estas duas· lettá~ en1 tupí
têm uma pronúncia toda especial que fica entre
o U francês e o som ig como muitos tupinólogcs
escreviam. O D tem uma pronúncia nasal que
~ôa como ndê, como no pronome · pessoal ndê,
(tu, teu, tua, O L que se encontra em muitas pa.-
Javras, como Itacolumí, (pedra que tem a forma
de um menino), Lambarí, Calumhí, eram aram-
Pedro Guedes Alcoforacfo. Q Tupí na Geografia Fluminense

bary, carumbí. porque o R tupí pronuncia.-se ferro) , mas o substantivo comum tem uma notá-·.
veJ . fõrça contida em si mesmo. . .. . : : ...
~inda mais brando do que em para, português.
V ejamos alguns:
O S tem um son chiado como em sh inglês.
Aba ou aua - Gente, pessoa, indivíduo, ho- ·
Cipó, çurunga, que se pronunciava xipó, xurun~
ga. O M tem, igualmente uma pronúncia muit0< mem.
Apiaba - homem· macho.
difícil para os que só falam português . E ' uma'
C unhâ - mulher.
letra labial que se pronuncia fazendo tren1er com
Cunhatã -- mulher ou qualquer ootra fê,.
muita ligeire,jâ os beiços: o que dá um som pa•·.
m.ea.
reciclo CO!Il ;Pimb, comó em mboy, (cobra) .
Jaguará ~ a onça·
Outra particularidade da língua tupi é a de- Jaguará ... cunhã - a on~a fêmêa.
que nenhuma palavra term~na com r ~u s. Uma grande singularidade do substantivo
Embora o senhor Teodoro Sampaio escreva Okir, tupí é a de que êle tem tempos como os verbos •.
'
Moacir, na verdade só êle o faz. Os demais tu- E xemplo :
pinólogos escreveram sempre oky, Moacy · •.
Aba, homern; no presente; Abacuera, o ho~
M as, se por um lado as consoantes são ape• mem que já foi, que morreu; abarana, o homem
n.as dezenove, as vogais são seis, com vinte sons. que há de ser .
diferentes : A, á, cii •.â, ã; e, é, ê; I, 1, í, i: o, ó, ô,
DO G:ÊNERO DOS NOMES
õ; u, ú, u: y tem o som de ig . .~odas essas vogais.
soam às vezes, como consoantes ou uma sílaba São invariáveis .
· destacada como na palavra-ipiíba-i.-pi.-i..ba. O . Assim se diz sempre: Apigaua, macho:
~?m do y :eão' é propriamente· o de ig, fica entre· cunhâ, fêmea. }aguará ~pigaua, onça macho ou
e-ste som e o ú f.rancês. E' muito difícil de ser
• • 1
cachorro matho; jaguará cunhâ, Ol).Çà fêmea ou.
pronunciado, significa sempre água . . Quando se cadela .
encon.t ra em palavras como paraguay, uruguay, é-
DOS NúMEROS
cscrita err~da. Só se escreve y quando na com-
rosição da p~lavra existe água. O s números em tupí não têm plural. Oca
tanto significa a casa como as casas. Ita tanto,
DO SUBSTANTIVO pode exprimir a pedra como as pedras . ~ias se

O substantivo próprio é sempre composto de costuma pospor adjetivos como etá (muitos~. e
uma ou mais palavras, como ita-giba, (o braço de. cuera, (multiplicado) , para dar sentido de quan-
Pedro Guedes Alcoforado to Tupí na Geogra fia FTuminense

t4dade · Assim se diz : Ita, a pedra; itacuera. DOS NúMEROS


.. '

)
inuitas pedras. Emprega-se também o adjetivo
Os tupís só contavam. ate cinco, representa•
ara para dar sentido de quantidade como itaóca,
dos pelos dedos da mão e eram : iépê, u n 1; mocoé,
e.asa de pedra; itaocára, uma aldeia de muit~ . . '
casas. .dois, isto é, um igual ao outro, mocapera, três;.
ir\lndí , qua tro; uaxiní, cinco. .
DOS COLETIVOS D a í em diante fora1n os portugues<...s ·que in,..

Os coletivos se formam com os sufixos tiba,, ventaram nomes: mucuní, seis, cuiê, sete; oice,
reia e rendaba· Exemplo: Curí, pinheiro; curiti-· oito; aicepê, no.ve: peiê, dez, ou as duas .,m~os.
ba. pinheital; Guirá, pássaro; guiraréia, passara-
Os números ordinais tambeni foram criados
da; potira, flôr, potiren~aba, jardim. pelos portugueses, acrescentando ao numeral o
sufixo uara. Assim iepéuara, primeiro; mocoéua-
DO AUMENTATIVO ra, segundo, etc· ,
.,
O aumentativo . se forma acrescentando ao DOS PRONOMES ~

plural do nome os termos açu, guaçú, etê e tuí. , O s pronomes pessoais são:
• Pará, rio; paraguaçú, rio grande ou mar Xe, eu; ndê, tu; 1, êle ou ela.
grande. A ssim se emprega no particípio presente. ·
Jaguar, onça; jaguaretê, onÇa grande. Xe çaiçu, ndê, çaiçú I Çaiçu, eu amo, tu
Tamanduá, o que abraça e mata; tamandua... amas, êle ama.
teí, o tamanduá grande. Também se usa a repe· Não existem os pronomes reflexivos.
tição do nome pçira indicar abundância ou tama..
DOS POSSESSIVOS
nho, como pirí, junco; p1ripirí, juncal.
Teodoro Sam.paio assinala uma particulari~
00 ADJETIVO dade muito interessante sobre os pronomes pos:..
O adjetivo qualificativo é empregado como st"ssivos. Há duas classes. Na primeira, os ele-
no português. mentos de mim, de t i,dele, de nós, to4os se ex•
lta-poranga, pedra bonita. Aba-una, o ne- primem pospondo-se aos pronomes pessoais rigí..
gro. dos o tema regente afetado dos prefixos rere.
Exemplo: Tretama, pátria, no estado absoluto ou
DO ARTIGO
de não possessão. A plicando.-se, porém, as rela-
Não há artigo na língua tupí. ções ce-r-etama, teremos minha pátria; nê..r.-eta•
.48 Pedro Guedes Alcoforadc> Q Tupí na Geografia Fluminense

ma, tua pátria; ianí...r ...etama, a pátria de nós to- DA SINTAXE


dos.
Para os que só falam ·a lingua portuguesa,
Na segunda classe, as relações de mim, de
a sintaxe tupí oferece sérias dificuldades, apesar
ti, de nós, se exprimem posponde-se simplesmen-
-ou justamente pela sua simplicidad~. Não pos-
te o tema regente aos pronomes regidos: Cé ta-
suindo o verbo ser, a frase tem de ser formada
ma, a pátria de nós; endê curuçá, a cruz de ti ..
.sem êle mas com o pensamento integral.
A relação do genitivo exprime..-se com a relação
Na maioria d0s casos só tem sujeito o atri..
do tema regente com o tema regido: Guirá-tim.
' . puto, como em Deus é bom, tupan catú; o menino
o bico do. pássaro,
.
pirâ-acartga, a cabeça do pei-
·matou a . cobra, curumi ajuca mboi. Como veem
xe; ou seja, pássaro bico, peixe cabeça.
·não há verbo nem artigo.
DOS VERBOS Para que o leitor tenha uma idéia melhor da
O s verbos da língua tupí se divid~m eiu re- :sintaxe tupí ou da maneira de como se devem
gulares e irregulares e neutros e não se conju- arranjar as palavras para formar as frases , se~
gam como no português por dois motivos princi- ·gue abaixo ·a oração da Ave Maria, traduzida
pais, porque não há o verbo' ser e pela fa;ta dos para o tupí pelo padre Anchieta:
prono111es reflexivos. A ssim em lugar de se di- Ave Maria cheia de graças
~er: mato, mata, matamos, se diz Xe ajucá., ndea- A ve Maria graça tiricambaê
jucá, 1 ajucá. (Ave M aria graças pelo que sois· brilhante);
M as esta questão de verbos é muiío longa ' O senhor é convosco
e complicada, constitue a maior dificuldade da Ndê irunam ndê iara recó
língua tupi depois da sintaxe. E como náo me (Contigo o 'teu senhor está) "' '
propuz fazer uma gramática, mas apenas dar uma Bendita sois entre as. mulheres ·
.idéia geral, a mais sinteticamente · posisv~l da 1mombeu. catupira recó cunhã çuí
morfologia da lingua, deixo essa t arefa par~ os (Bendita sois mulheres eritre)
,que tratam de obras especialisadas no Hênt:ro Bendito é o fruto do ' teu ventre Jesus
gramatical. lmombuí catupiramb~ membira Jesus
Aliás aos que se interessam pos êsses asf:un- (Bendito também teu filho Jesus) ·
tos, recon1endo as esplêndidas gra máticas de pa ..
"ire Anchieta e dÔ dr. Pedro Simpson. D as mui-
.tas que conheço estas são as melhores.
.. )
'() Tupí na Geografia Fluminense 51

.m ulher, filho. . Porva, parma. por pólvora, pal-


ma, etc.
E' muito comum se ouvir do carioca, ·'vai

PORQUE FALAMOS UM P9RTUGUSS, 1~r", em vez de terá. Isto não é mais do que a

DIFERENTE ·tradução da frase tu pi su-aicó. Cariura, su aicó


j. •

f pirà uirandê mocairupó· (Branco. amanhã você


vai ter (terá) cinco peixes.
Pelo que o leitor acabou de ler nas pâginas;.
· Descer para baixo é outra frase da sintaxe
.anteriores, verjficou duas cqisas importantes~
~t~pi: A.iê-aiê. Subir pp.ra cima, igualmente -- ea ...
Ptimeira, que o tupí foi ·falado no Brasil na pro•-
tfre-eatire. descer para bai'xo, descer ara baixo.
porção de três por um, dur.;inte quasi três sêculos·;.
com o nome de Lingua Geral. ~ Frases como estas há centenas pelo Brasil
Segunda, que a morfologia da lingua tupi:. .afora que, se constituein erros da lingua portu-
~ assás diferente da língua portuguesa. iJUesa falada em Portugal, não constituem erros
Resta notar · que o índio também aprendeu. ·para nós que aprendemos a falar uma lingua di-
é\ falar português, e quando começou a traduzir
ferente. :esses erros são raizes da nossa língua
para a sua lingua os vocábulos e as frases que ia . nácional. São reminiscências da influência da Jin...
aprendendo, por falta de cultura gramatical, foi ·gua tupí na formação d a lingua brasileira.
~onservando ~ sínta~e do seu idioma, na lingua
Devemos destruir, estirpar essas influências,
dos invasores. •'OU devemos prosseguir criando uma lingua bra ...

Dai ser o português falado no Bras11 :inteira..- :sileira com sintaxe nossa, nacional. conservando
mente diferente do que se fala na terra lusa . :as velhas tradições da lingua tupí?
Me dá, em vez qe dá.-me é sintaxe tupí da~ O s grarnát.icos e os acadêmicos dizem que
'

qup} os brasileiros brancos não puderam resistir" -devemos destruir o que é nosso e praticar o· pu..
f. influência, não sô pela · facilidade como pela do--· rismo vern áculo. Mas o povo diz que não e vai
cilidade de expressão. '<'tiando por sua conta uma língua brasileira ·mui-
Já se disse que na língua tupí não h~ pala..... to µia is rica e muito mais bela, muito mais doce
' e muito mais expressiva que a das bacas, dos
vras terminadas em consoantes. Por outro lado·
não existe a letra L no seu alfabeto. -vurros e dos vois .
D êsse fato é que veio o vício de locucão
., da Eu fico com o povo contra os gramáticos e
'- .
~s acaaem1cos .
gente do interior de pronunciar mu!é, fi~. por-
~,,Tu~t · 1)$ Geografia Fluminense SJ·'

DENTES - Canha.
PEITO - Potian ou potiã.
SEIOS - Cama. . . ...·
ALGUNS VOCABULOS QUE ENTRAM. BRAÇO - Juba ou iuba.
CONSTANTEMENTE EM PALAVRAS CORAÇÃO - Piã.
COMPOSTAS DA LINGUA TUPl r
' ..
'
~

.
,..

PULMÃO - Perogá·
):

ESTôMAGO - Cigyê ·o çú.


BARRIGA - Marica.
CôRES:
PELE ou CORPO - Pirêra .
AMARELO - Yuba·, tagôa, taguá, tanguá,. PERNA - Citymã. ··
jubá. MAO - Pô.
VERDE - Ugui . PÉ - Py.
AZUL - Çugui.
BRANCO - T inga. ~
PESSOAS E PARENTESCOS
Preto, pardo ou cinzento Una, un, u .. Homem - Abá.
tuna. Mulher - Cunhã.
Vermelho ou encarnado - Piranga. M enino - Curumy, ou curumim.
ROCHO - Pituna. Mqça (virgem) - Cunhã mucú.
Rapaz - Corumy mocú.
óRGÃOS DO CORPO
Mãe .,_ May, tuba, ou ja.c y.
CORPO ·- Cetê. Pai - Paya.
CABEÇà __:__ Aca~ga . . Filha - T a'g ira· ' '
CABELO - Aba ; Filho (do pai) - Tayra.
CARAou ROSTO - Çoba. Filho (da mãe) " -- Membira.
OLHOS - Teçã. Avô - tamôio ou tamuio.
NARIZ - Tim. Avó - Arya .
ORELHAS - Namby . Irmão (do homem) - T ~ndira ou cemú.
PESCOÇO - Jurú ou Iurú. Irmão (da mulher) - Kevera.
LINGUA - Yapicon. l Velho - T ijuaé .

,.
. l
O Tupi na Geografia Fluminense ·
Pedro Guedes Alcofor!cfe.:..

ELEMENTOS E - ESTADOS DA ANTôNIMOS


NATUREZA
Grande - oçú, açú. ·
Terra - lby .
Pequeno - 1, mirí, mirim.
Agua - Y. yg. i, ú.
Abundância - Tiba, ara, aba.
Fogo - Tatá. .. Escacês - Mirim .
Ar - Ibytú . ..
Bom - Catú. .
Vento - Ibytú~ . •'·

" Ruim - Ahyba.


Tempestade - Ybytuahyba.
Largo - Tibipira.
Mar - Pará, paraná, paranã. .. ... ' fl

Estreito ~ Moatu~c · ·
Rio - Y "e parâ ou. parariá. Alto ...!- lb e. lbetê.
Riacho - Igaritê. "
·' Baixo - T ijucupáo.
Alagados - lgapó. ,.

. .• Perto - ·Apicóe.. '


~
·" . '
· ·" ~ ' • •.. 1 • ; , ,,.

Lagoa - Jacaúa ou jacaúaoçú. .


Longe - Apecatú .
.
~ ' :"
·~

Monte ou serra - Ubitira, cubatão. Direito - Catambuc.


Planície - Ybipebà. Torto - iapára .
Dia - Ara. Sêco ·_ Tininga.
.t, l l
>

Tarde - Coaruca. Molhado - Moakine.


Noite - P ituna. ·. r Comprido - Pocú, pecú.
Aurora - Aracy (mãe do dia) . Curto - Y atuca.
..
PLANTAS E ANIMAIS Certo - Urí.
Planta, mato·, árvore, floresta - Caá. Errado - Mojaby.
Madeira - lmbira. '.

.Doce - Cecem ou cencem.


.. . ''"·.· ). 1
1 •"'
Animais, caça, carne - Çoô. · · ·· Amargo - Irob· ·
Pássaros, aves - Guará, guirá· Azêdo - Saí .
V ermes em geral - Tapirú. Alegria - T oribe.
Abeiha, ~aribondo - Caba. Tristeza - Panema, kirirí.
Aranha - Jandy. Redondo - Gua ou puã.
.'
E spinho - Jú. · ·' Chato - Peba.
Peixe - Pirã ou pirá.
Casca, escama - Pira. ., ..
O Tupí na Geoarafi• Fluminense S7'
..,
e versar tôdas as palawas que deveriam ser es-
t'ritas com êsses sinais. o compositor iria cobrar
ôaas. três e quatro lihas por uma só, o que iria
I
encarecer demais êste livrinho.
Eis por que tôda composição sái em versai
e romano simples. embora o autor tenha cons-
UMA EXPLICAÇÃO ciência de ser isso um grave defeito.
Que me perdoem, os leitores eruditos, pois
~s razões são justas.
O leitor inteligente. e culto que v~m. {!c0,m.,.
'panhando a leitura das páginas anteriores, deve
já ter notado que o aut?r despreza completam~n-
1e os grifos, quando devia grafar com êsse tipe
·de letra tôdas as palavras tupí para distingui-las
das portuguesas e latinas.
Realmente era isso o correto .
Mas todo êrro tem sua razão de ser.
Os nossos editores só imprimem livros as-
.sinados por nomes de cartaz, de amigos o.u ee
políticos influentes. Não são as melhores 9bras '
:que merecem o seu apôio. Autor desconhecido
.nem siquer goza se~em . lidos os seus originais ..
Acontece qu~ estou neste último caso ~ r~nbo~
pojs de imprimí-lo à minha custa ensuanto os edi-
tores brasileiros contin~am imprimindo novelas
.americanas e histórias de quadrinho ..•
Ora, acontece que os senhores tipógrafos e
linotipistas cobram duas linhas de composição
por uma linha que tenha um palavra grifada oa
em caixa alta·
Se eu fosse obedecer à necessidade de g~


''


. .
• í

,
.)

II PARTE

O Tapí · na Geog11f ia"


Fla111i11e111e
() TUPí NA GEOGRAFIA FLUMINENSE

.ACAIA - Morro na. região sudoeste da Il)la


Grande. em Angi;a dos. .Reis.. Ponta na mes-
~ \

ma região e na mesma Ilha . . ..


Corruptela de Acã..yá. Osso de> fruto. por
extensão o caroço. Anacardeacea do gêne..

ro Spandiás .
1 '
ACAl - Enseada na lagoa de ·Araruama, a les..
te ·da lagoa da Pernambtica, no Munic'pio
'
.... _
, de Cabo Frio ..
O que se parece com um· chifre torto.
pequeno .
.ACAIRA - P0nta, . na extremidade· septentrio-
.nal do Saco dos Atalhos. ·Saco. na Lagoa de
' ' '
Araruama~ a sudoeste da ponta de i~ual rio..
me, no logarejo 'Figuejra. ambos no 'Municli:.
pio de Cabo Frio.
Forma o plúral de Acaí, isto. é, o que
se parece com uma porção de ossos. no caso,
',,, eh.i f res .
.A.IVA - Logarejo e estação da E· F·. C. B ..
(Linha Auxiliar) • a Oeste de · Santa Rita,
. l em ·Nova lguaçú.
62 Pedro Guedes Alcoforado, ~ Tupí na G eogra fia Fluminense

Corrupte1a de Aiba. Mau, nocivo, bariê, na região oriental do munic'pio de.


ruill'.), doente, desorientado . Também tem O • Caxias .
.. sentido de um máu gracejo ofensivo . Alma ruim, espírito mau, a sombra mal...
ALAMBARI - Ribeirão afluente da margem. fazeja . Não é o diabo, como dizem os teó..
esquerda do Rio Paraíba e que passa peJ~. logos que começaram a traduzir a lingua,
vila de Agulhas Negras, ex-Campos Elís~os~ porque na teologia indígena não havia o
.séde do 2.~ distrito de Rezende, Cachoeir~ diabo . E' simplesmente o espírito dos que
rio ~ ribeirão, afluentes do rio Macacú, no. morreram e continuam no mundo fazendo
Município de ltaboraí. .. mal.
Corr~ptela de Arambay ou . Arambary•. .ARAÇA - Poyoado a nordeste da vila dos Ta...
Peixinho pequeno, baraHnha dágua . môios, ex-Campos Novos, séde . do 2.{l dis·
.AMBAt - Povoado ·e estação da Linha Au:xi... . trito de Cabo Frio.
liar, ao sul da vila de Cava.. 3. <> distrito de: De Ara - dia, tempo e ça - marca,
Nova lguaçú. d etermina. Fruta que marca o tempo, as es--
E' termo guarani. Vem de Mbay. Der.. tações do ano em alusão a regularidade com
>.

rubada, roçada de mato para plantação. ,. gue aparece·


ANGA - Rio afluente da margem esquerda do~ ARAÇATIBA -Praia, na reg1ao sudeste da
Rio Caixeira, a sudoeste do povoado de S. Lagoa de Maricá, Praia na enseada do mes-
Martinho, no município de Campos. mo nome, na região sudoeste da Ilha Gra n...
Çorruptela pe Y ...iga. O que é fluido, Ç · de.

que é embebido· Referência ao arilo sucoso. l
De Ara-ça-tiba ~ Abundând a de Ara...
e doce das. sementes da Leguminosa minu.o ... çás, araçazeiral.
rosidea. E' o Jngá, fruta conhecida. ARACAJú - Logarejo na margem do ribeirão
ANGAI - Córrego afluente do Ribeirão do Lu.... do Salgado, em ltaperuna.
'
ca$~ a sudoeste da çidade . de Paraíba do. Pa~a o senhor Teodoro Sampaio é:
Sul. ·M ato dos papagaios.
Já está definido na palavra Angá. E'· ARAPOCA - Logarejo ao norte de S. Vicente
o rio· dos ingás. .. .... de Paula, séde do 3. 9 distrtio de Araruama.
ANHANGA - Logarejo e estação da E. F .. O mesmo que arapuca - armadilha de
Leopoldina, entre os rios da Estrêla e Jm .. apanhar pássaros.
.. . . ....
64 Pedro Guedes AlcoforadO.
=º~T
.:...::
up ~í~
na::........;Ge
:.._
o~ gr_a_fi_
a_F
_l_u_
m_in
_e_n_s_
e~__._~~~~~-6-~
'
J\RAPONGA - Serra entre o ribeirão das
Três Barras e o córrego de S. }<:>sé, ao norte Brasil, distinguipdo...se duas delas pela ex.-
da vila Comendador Venâncio. traordinária beleza. E' a Arara Piranga,
, que se distingue pelo ta111anho e o brilho
Ave que grita com alarme. .
vermelho das penas e Araruna, que se saH..
ARACUARA Ilha ao norte da vila de Taritu....
enta pela côr azul brilhante. Pertencem ao
ba, ex.-Humaitá, séde do 3. 9 distrito de Pa-·
gênero das aves trepadoras, família dos
ratí. _
psittacíddos, subfamília dos sittacineos,
Não está bem definida a tradução dês--
grandes papagaios da América do .Sul~ de
te vocábulo.
bico resistente e 11ecurvado. Pa~a os índios
Parece se tratar de uma ave que come:'
outras aves, uma espécie de gavião. Tam· era uma ave doméstica a que êles tratavam
com gra~de carinho e ensinavam a ·falar.
bêm pode ser: onde dormem as araras. ·- .

ARARAS - Serra ao sul da Cidade de Pirai_. ARAPUCAIA - Logarejo a nord.e ste da vila
no trecho mais oriental do limite dêste mu• de Corôa Grande, séde do 5. 9 distrito de
rucípio com o de ltaguaí · Serra que serve ltaguaí.
de divisor das águas do rio de igual nome A~madilha caída, imprestável. '
com as do rio Fagundes, nos limites do dis- ARIPEBA - Ponta ao norte da enseada do Sí-
trito da Cascatinha e Pedro do Rio, em Pe- tio Forte, na Ilha Grande.
trópolis. Logarejo a nordeste da Pedra Ele- De Ari - cacho; Peba ·- chato.
fantina, no limite E. do Rio...Minas Gerais, . .ARARUAMA - Cidade. município e lagoa. O
na região ocicl~ntal do murucípio de Porei-· muniCipio1 faz . fron:teiras· com' os muni€ípios
. ' .
úncula. Povoado e rio afluente do rio Pia-
de C abo Frio e S. Pedro d' Aldeia, .à leste:
banha, em Petrópolis. · Córrego na margeID ' ·~
Saquarema, à oeste e Capiyad ao norte; ao
esquerda do . Rjo Paquequer, entre as ·esta- sul- com á lago~ que. Jhe deu o nome. Anti...
ções do Alto e Várzea, em Teresópolis ..
g~mente chamou.-s'e Mataruna. Tem três
Serra, também chamada dos Cristais, nos li-
distritos. o da cidade, S. Vicente de Paula
mites de Piraí e Itaverá, ex--Rio Claro.
e Morro Grande. Produz cereais e pouca
A que fala como gente. E' uma das
criação, sendo o seu forte o sal, que se pro ..
mais ]indas aves do Brasil pelo colorido de
duz em abundância no Jogar denominado
suas penas . Há 16 espécies , de Araras, no·
Praia Sêca, ao sul da cidade e na margem
O Tupí na Geografia Fluminense 67
66 Pedro Guedes Alcoforado

dância de mariscos, o qu~, por estensão se


sul da lagoa . Atualmente é u 1n dos mais flo- entende como lagoa dos mariscos.
rescentes do Estado. Buscando as orígens toponímicas do vo-
l\ Lagoa começa e1n Cabo F rio e pene,.. cábulo encontrei irirú, arirú, ararú. como
tra pela terra a dentro, s.eparando ~se do significando conchas, mariscos, e ençontrei
·o ceano por urna long.a restinga e t ermtna iama, uan1a, como significando abundância.
no !ogar Po nta dos Leites, nas divisas do Ora, já disse acima que tôda a lagoa é for ..
mun ;cípio com Saquarema, · nurna estenção rada de uma grossa camada de mariscos de
.. de 12 quilôrnetros, com a la!·gura ináxima seis a sete metros de espessura. Quando a
' de sete qu:lômetros . Sua profundidade mé- Cia de Cimento Perú. de S. Paulo esteve es ..
dia é de dez braças. rvias há profundidades tudando as possibilidades para a montagem,
ainda inatingidas, co1no no Perau a'Çú , que de uma fábrica de cimento de conthas, em
'
vai a mais de 100 braças. E1n C abo Frio, Cabo Frio, divulgou um relatório, do qual
onde começa, sua embocadura serve de por- tenho uma cópia, onde afirma que, retiran-
to à cídade . Suas águas são de g rande den- do... se da lagoa mil toneladas de conchas por
sidade salina, possibilitando a grande indús- dia, daria para abastecer a fábrica durante
tria do sal que faz a riqueza dos três mu- setenta anos . D iànte do exposto. a mais
nicípios banhados por ela · certa tradução é: Arirú .. uama. donde por
E' um viveiro inesgotável de camarões, corruptela veio araruama, isto é, lagoa das
·" tainhas e outros pe~xes, como carapebas, ca .. conchas .
rapicús e outros . ·No seu leito ·há uma in .. .ARAT ACA - Povoado na região oriental do
calculável quantidade de conch.as, que em ~unic~pio de Três Rios, limites com o de
certos pontos atinge a espessura de seis e Sapucaia. Ribeirão afluente da margem di..
sete metros . Dêsses mariscos lhe ven1 o reita do rio Pirai, que limita o município
nome . A tradução da palavra Araruama dêste nome com o de ltaverá.
' . tem sofrido grandes contro~érsias. Duas. no Corr~ptela de Aratag - tampa que Cái
\

entanto sube.xistem. Um grupo de tupinó- com rumor, s emelhante a arapuca, ou tam-


logos. tendo à . fre.n te o senhor 1'heodoro. bém corruptela de yo..-rá-taqu~, isto é, pon...

Sampaio, traduz· o vocábulo como bando ou tos soltos. destacados, descozidos, grupos de
abtlndânCia de araras. Discordo. fico com elevações, segundo a opinião do meu distin ..
o segundo grupo que · o traduz como abun...
.ó8 Pedro Guedes Alaoforacie
O Tupi na Geo1rafia Fluminense 69
to amigo ·na turalista e tupinólogo dr. Othon
Xavier de Brito Machado . - forte, rijo, resistente• Nome dado a di...
ARATACUARA - Ribeirão afluente da mar- versas plantas da (àmuia Aril>cardiacea~
gem direita do rio l'vfambucaba, nos límites Schimus app. .
de Pirai com Angra dos Reis. ARIAMBl - Povoado no extremo norte do mu~
Cachoeiras no rio de igual Reme, em nicípio de Rezende e limite com o Estado de
Paratí. Minas Gerais. · : . ·~L"
Deve ser muitas armadilhas semelhan- · . . Ci~ó rastei~e ·gue cxesce 'Ptlo ~h.io.•
· . tes às arapucas, ou ainda grupos de eleva ... AÇO - Rio 'J! barra. ,@ rio 1.G9SGe no '11) • . de 1

·ções. Campos, atravessa o de S. Joã(> ·da lBaua e


APICü - Subúrbio a oeste da cidade de Cabo tem a sua ·foz ;no ponto de limite dos dois
Frio . mu.nicipi~s. A barta 'fica no litoral do Oc:ea-
Significa água que se mexe, isto é, no e .ond.e termina a reta que parte da ~m- ·
água que invade uma porção de terra, na bo.c adura do rio do Colégjo, no l~mi~ dos ,
enchente da maré e que na ·:vazant~ ·vôlta ao ' dois municípios.
·s eu primitivo leito. (:) nome açú é nl'uito t:onhe~~do. Sig~...
... fica: - gr.a nde como,. iguaimente oçú, jUa-
ARIRó - 'Rio que nasce na serra do m~smo
. çú, ú.
nome e que ·limita o Estado do Rio com o
ATALAIA - Povoado na margem esquerda do
de S. Paulo, em Angra dos Reis a oeste do
córrego de ,igual nome. e a .sudoeste da Yila
povoado de Jerumirim . .-
do Irerê~ séde do 6.9 distrito d~ Macaé.
Corru ptéla éie Ari - em cima, ~ôbre,
' ' Ponto ?lto no mor(o ,4 e. S~.nta Ro$a, etn
·· · · ·n o alto. ·e tô - revólver. irrteriorqiente re...
1

'·Niterói, nos fundos dó Colégio Salesianos e ·


<V-ôlto. · Lfreràlmente pode.-se traduzir ·c omo
onde nasce o rio Icaraí.
serra dos ventos, ·por estar sempre ag'i tado
Atalaia significa logar alto. .mirante~ de
o seu cume pélos vent-0s do mar.
onde se observa, se vigia.
AROEIRA - 1lha, ponta e praia a noroeste
ATURA - Logarejo e esta_ç ã0 da Leopoldina.
do povoado de Sant' Ana. na Ilha Grél.nde,
em Duque de Cat!eias.
Angra dos iReis. Rio afluente . da margem Monte de qualquer .~isa. mêba · .
direita âo rio 'Saí, em Mangaratiba. ,
Corruptela de Ara, - o que é, e cuera
.
O Tupi na Geografia Fluminense
·-
71

hiba, depois do que, continua ainda para


leste, com o nome . de rio S. João, o qual,
por sua vez, percorre parte do município de
·B
Barra de S . João e desemboca a sueste, no.
Oceano . O termo é repetido e~ vários lo• ·
g ares da região. Assim vamos encontrá-lo
BAMBUI - Dá nome a dois ribeirões. O pri- '
meiro .afluente .do· Ribeirão do Ouro, a l~ste· dando nome a uma · cachoeira, no municlpio
da vila de Santa Clara, séde do 3.9 distrito'· de Rio Bonito e à outra. ~o município de Sa.. ·
I ..
:,• de Porciúncula, e o .segundo afluente da
;
quarema · Batiza mais um 'r io que nasce na
margem esquerda do rio · Muriaé. serra do Palmital, correndo para o sul e de...
,· ' Registo o vocábulo, mas o mesmo não sembocando na lagoa de Saquarema . E,
.é tupí. A palavra Bambít não é tupí. Bam-
.
' por fim, dando nome à uma estação da E .
bui, será quando muito, um hibridismo, sig- F. Maricá, que é também vila e séde do 2 •
niifcando bambuzinho ou rio dos bambús . distrito de Saquarema.
'
Todavia o senhor Consel~eiro l\.Iacedo Soa ... O termo é conhecido como significan'do
res admite que o vocábulo venha de ambú .. .. Fruta assadaº. Não sei como os tupinólo- :/

hy. Sendo ambú - ronco, barulho, zoada, gos decompuzeram o vocábulo .para acha-
bambuy, significará roncador, rio que ronca rem êste resultado. Fruta é macaba, que,
Martius, porém, com as suas invenções et- por corruptela deu bacaba. Naturalmente
.
mológicas, dá imbuí como significando rio,.
.
'sujo ·. 'De u..amby. · \.
deduziram que foi iliminada a úl~ima sílaba,
. fic~ndo. apenas .p aca-xá.
· Registro o que dizem, mas pai:a mim, B~AC Uf - Rio que nasce na Serra G eral, no
continua a ser um hibridismo como tantos E stado de S. Paulo, e com o no1ne de rio
outros que'' andam por aí. àa P aca Grande, desce para o sul até en-
BACAXA - Logarejo e rio no município de contra r o seu afluente, rio dos Tombos, no!
Rio Bonito. O rio nasce na serra do Monte ' limites dêste E stado com o do E. do Rio,
Azul, e correndo para leste, limita em tre-· · onde toma o nome de Bracuhy ou Bracuí, até
chos os municípios de Silva Jardim e Ara... d esaguar .na enseada da Ribéira, em Angra
ruama, até desaguar na lagoa de J uturna.- d os Reis. Dura nte o seu percurso tem êle .
uma cachoeira, um saCo na barra do rio
n Pedro Guedes Alcoforado:
O Tupí na Geogt"afia Fluminense
-• , '1

Gr.ataú e uma enseada na ilha das Palmeiras.


BIBOCA - Povoado entre os rios Muriaé e do
~om o mesmo nome ~
;Lagarto.
E' corruptela, de Bacuey, uma fruta· muito• Também se escreve · Baboca e Babuco •)
do<;e. de polpa húmida, gelatinosa e de cas--
Significa lóca, buraco, furna e por extensão
c:a amarela .
se chama uma casa pequena, perdida no
BACAHY - Rio no município de Maricá·
.mato,· Jogar deserto.
Decompõe..se o vocábulo como em Ba-
BOÇARAHY - Rio no munidpio de ,Maricá .,
c:axã, isto· é. ~ruta dágua .
A pal~vra .apareçe também esQàta· llll""
BRAÇANA - Povoado na . margem· direit~ do· <. • • '

bassahy, corruptela ,de ·Mbaçahy, sii~.fican.- .·: ~


. rio . Casserebú, em Rio Bonito. E' também
do - o que é çercado de á.gua · •
. uma serra que serve de limite entre êste mu- BQCAINA - Serra ·em ~ngra dos ·Reis .
niópio e o de ltaboraí. ·· De Bo...caiiia . O que ê riscadf), que teia
. Recorri a vários tupinólogos, inclusive: sinais em forma de risco.s, em alu$ão a serra
.,o generé}l Rol\don, e não consegui traduzir ser tôda sulcada pelas erosões .
ês~e ·D9Jlle.
DRAÇA~Ã - logarejo na região central d'o .
munieípiQ de Bom Jesus .do ltàb.-:-tpoana.
BA.RAUNA - Logarejo na região central do.·
município de Bom· Jesus do ltabapoana.
O termo é escrito de três maneiras:
Barauna, Barahuma e Guarauna. A tradu-~
çã~ c~nheciqa é: ''Arvo'r e preta da mafa"1·~<
;j •
Trata..se de uma árvore da família das le-·
guminosas, de cerne preto e duríssimo, pró.. -
prio para construções .
BREJAHUBA - Córrego, afluente da margem
esquerda do Ribeirão do Bom Sucesso. eJ:n.,
Na.tividade çl.p Carangola.
Hibridismo. De Brejo e uba, ou iba.
;o; ",
f '
O Tupí na Geografia Fluminense 1S
..... . ...,..,.,,
-CAC HIMBAU - Ilha. a nordeste da Ilha da
- J l
Conceição. em Niterói. Um rio afluente da
margem direita do rio Paraíba, com as nas-
. -. e centes no município de Pirai.
Corruptela de Catimbau. catjmbó. De
caá, mato e timbó, que ádormece. tonteia -
CABIUNA - Serra ao sul do Povoado R etir,o ( mbora) . O catimbau possue um alcaloide
'
'
'Saudoso, em S. Fidêlis. Uma vila e està- ~ipnótico ' usado pelos feitlcei'ros n~s cerimc$..
çã~. · da. · Leopoldina., usina de . açúcar e séde ni<;is religiosas; para p~oduzir trans~s 9u~
do ·2.9 distrito de Macaé, na região litorana atraem os espír~tos ou . facilita as suas cd•
· e a noroeste da lagoá de Jurubatiba . municações com os vivo·s .
De cáa - mato'; binuna· por piuna, pre-
CACUMANGA - Lagoa entre os rios Paraí-
to1. E '' mato escuro, fechado, de difícil aces-
• t ba e Ururaí, em Campos. Parece termo afri-
t • so. T ambém é cabeça de negro devido ao
cano. Não encontrei tradução .
cabelo duro, emaranhado, pichaí.
CABORÉ - P ico na linha da cumíada do limite .
CAETA - Logar.e jo e . estação. da E. F. Leó-
poldina, na margem direita do rio Paraíba,
do E stado do Rio--Minas e ao mesmo temp(}
ponto de limite entre os municípios de Mi- e também um córrego no mesmo povoado~
racema e Santo Antônio de Pádua. ambos no município de S. João da Barra •1
CorruptelÇt de Caá--boré ou Caá--poré. De caá--etá: __: Caminho do mato ou
O morador da mata, da floresta E' uma ave para o mato·
atrigida, denominada coruja; um gavião· . CAETg - Ribeirão
. dos .caetés, afluente da
'

Falco rifigular.i s. · margem direita do Valão Grande, em .Cam"'


CABUÇú - Rio afluente da margem direita do bucí. Um pico que limita os municípios de

Rio da Aldeia e ·uma vila e séde do 6.9 dis· Sapucaia e Sumidouro. ' · ·
trito de Itaboraí. Também é uma serra en.. Significa floresta virgem, mato de verdade,
tre o córre~ do Matozinhos e afluente do aparentemente sem fim. Também era o no-
rio do F agundes, em Paraíba do Sul · me de uma tribu.
Vem de Caba ...oçú - Vespa, maribon,.. CABOCLO - Há vários lagares. no E . do Rio
i do grande. com o nome de caboclo ou caboco. Há o
rio do Caboc1o, afluente da margem direi-
' J
'
Pedro Guedes Alcoforado
O Tupí n a G eografia F lu minense . 77:
''
· ta do rio Macacuí . Há dois córregos aílu:.
serra do Cirino e o Saco do P iraquara de
entes do no Piabauha, entre Petrópolis e-
Dentro, em Angra dos Reis . Nome que os
Três Rios ~ um outro córrego afluente do,
índios d avam à serra onde hoje se acha lo-
.~;') rio Ubatuba, em Maricá. "
- .t:,. calisada a cidade de Petrópolis, com o nome
Caboclo, ou melhor cabôco é corrupte...
de Serra da .E strêla, ou, do Frade.
·· la da caá-boc: - T irado ou procedente do C aiobá ou Caiobaba é corruptela de
~to., 0 homem do interior, da roça . .E' pa-
t • • caá -·hobá. Segundo a tradução - do Dr.
, lavra arranjada pelos colonisàdores para in•
Othon Xavier de Brito Machado significa
dicar o roceiro e o mestiço do índio com e> aberto, despreg·a d0, claro.. Por exten~~a.; ·
.. Branco.
, . . monte· isolado, solitário.
'
.CAPONHO - Logarejo entre as na·s centes do
\
'
ÇAIROÇü -
'
P ico aosul da Bahia de .Man-
Ribeirão do Varre... Sáí, em Natividade do· ma nguã, em Paratí.
Carangola . , Ilha entre ·as pontas da Sumaca e Cai-
Determina :o habitante dos Cafund6s,
roçú, na região meridional do mesmo muni-
.. ' ' · 0 que
vive perdido nas brenhas •
cípio.
CAFUNDó - Córrego afluente da margem eSI- Corruptela de caá-yurú-oçú · Entrada
.· que'rda do rio do Bananal, em Barra Mansa.. franca, la rga , do monte. Caminho entre
Logar ermo, isolado, perdido nas ma- montanhas . ' )
.
taria.s, nos sertões desertos .
' CAJ AH IRA -
Ponta, a nordeste da Vila de
CAIAPô - Logar,ejo e estação
da Linha Auxi.-.
... P arati . Pico a leste da Bahia de Manman·
· · ' liar, à margem do ribeirão .de Uhá. no mu.., j

guá . Ca já ruim, azêdo. Cajá é u~a fruta


nicipio de V ~ssouràs · conhecida. \. . '
Un~ quere.m que .seja u~a corruptehr
'

, C~Jú - Logarejb entre ,Qs ~ascentes . ?o rio So-


de Igapô, mato alagado. Outros ·querem q\le ~· berbo, em Magé. Pov~ado à beira·
. seja um
logar alagadi~o. onde nascem árvo- . . da. · La.-
goa da Barra, em . Maricá, Ser~a entre o li-
res. De caá-yg-apó. Prefiro a segunda. opi- toral atlântico e o logar~jo Riachinho; em

' ' ...
nião. M a ricá. Ilha a nordeste do Morro da Ar..
· CAIOABA ~ Log~ejo e estação da Central do 1
mação, em Niterói.
Brasil (Linha Auxiliar) • a leste do Morro V em de aca-yú, segundo uns,, e de ma-
Agudo. em Nova Iguaçú. Ponta entre a
(, - ~aba-ú, segundo outros. Os primeiros tra.-

\
O T t:pí_na Geogr~fía Flumine!:_s_e_ __ _ _ _ _ _ _7.....9
78 Pedro Guede~ Alcoforado
· Morro entre o rio Piraí e o R ibeirão de
çu.
'
' <luzem por: De cabeça para baixo, em alu- Sacra F amília, na região mt!ridional de
são a castanha dependurada no fruto. Os se- Barra do Piraí . E' o nome de um peixe an-
gundos dizem ser fruta que tem muita água. fíbio que percorre grandes . distâncias em
Ainda há uma terceira opinião que transfe-
.
terra sêca, procurando outra5 águas· De
re para o cajú o significado de Araçá, - caá - mato e boatá por goatâ, - que ca-
fruto que marca o tempo. Que1n dos três tem 1ninha . Peixe que capiin~n pelo mato·
razão? Prefiro ficar neutro e registar o que CAMBUCÃ - Logarejo entre o Rio· Grande e
0 Ribeirão de São José, ria rc~ião central de
dizem ...
CAMARA - Lagoa ,formada pelos côrregos do .Bom Jardim. Serra. entre os ,rios Capivarí, e
Antunes e do N'icolâu, ao norte da 'Ponta São João, em Silva Jardim. Morro à direiia
Grossa dos Fidalgos; em Cé:!n1pos. Povoado do ,rio :eoqueirão, em Rio ,Bonito. ·
no município de Camp·os, no limite de S. A palavra tem vári·a s exeges~s. A s mais acei...
"' João da Barra. táveis são : caá~pucá: planta agradàvel, útil
.' Planta medicinal, espécie de Lanthos Ou fruto que se esborracha, arreb~nta.
cujas propriedades espectorantes são gran... CAMBUCI - Município, cídade e estação da
demente empregadas na medicina caseira. Leopoldina . O município fica situado tia re ...
em forma de xarope . gião norte do E stado, entre os municípios de·
CAMBAIBA - Logarejo ·e estâção da Leovol... São F idél.is, ltaocara e Pádua. E' grande
dina, a nordeste da vila de Goitacazes, 2. • produtor de arroz, milho e cana de . aç(Jcar ..
distrito ele .Campos. Lagoa a oeste da lagoa T ambém é um regular centro de cr:ação de
de Saquarema. gado. A cidade fica na margeIJl esquerda do
I

Cqrruptela de cambahuba, derivadü de rio Paraíba. Morro entre, as nascer,ites <lo rio
gu.-ambi-iiba. marg.e ns resvaladas, ~scorre­ T aquaral, em Maricá. \,
,gadias . .Mas o Dr. Othon Machado dá ou~ •
Cambucí é o mesmo que camutun. E
··· tra versão. Diz êle que cambaíba pode vir de todo vaso de barro, pote, jarro, moringa, etc.
,. Sambahiba, árvore DHleniaceae, também de- O s indígenas o fabricavam d~ todos os .tama...
nominada lixeira: Curatalla americana .. ~ nhos, até para enterrarem seus mortos, o q~e
CAMBOATA - Canal que liga a lagoa de fazi•am pondo o cadaver em pé. de cabeça
ltaipú a de Piratininga, cm N iteró1. Canal para cima, dentro do camucim ou cambucí .:

..
afluente do canal dos P.oços, cn1 Nova lgua...

\
Pedro Guedes Alcoforado -u Tupí na G eografia Fluminense 81

<:A·M ORI'M -- Morro entre a bahia de Jacue- margem direita do Rio Preto, em Petrópolis.
canga e o rio Japuiba, em A. dos Reis. Ca- •
Morro que faz limites entre Petrópolis e
nal afluente do canal de Camboatá, em . Duque de Caxias. Serra que f az limite entre
Nova Iguaçú. Petrópolís e Teresópolis.
'E ' o nome do peixe denominado Roba- De Caá pi-í. Erva, vegetação tenra.
lo . Ocyllabocis undecimalis .
-
CAM'IRA·N GA Ponta, na Ilha Grande.
miuda.
CAPIQUILf - Serra ·entre os ríos da Vargem
'P raia na enseada da Esh:êla, em Angta dos Grande e Sebastiana, em Teuesqp.0lis .
'R eis.
E! uma .bebida feita de certq ~spéc~e ·de ·
Contração de .a cang, cabeça e ·piranga, 1 •

capim, niuito am~rga ·e hipnótica 1para co~,.,


' ' '
verme11ia. 'E' o ·~rub.ú ger~iba, ou ·caçddor, ou pletar , a bebedeira do . cauim, nas festas or,.,
rei. Catartes 1\urea.
gíacas. E' termo guaraní.
1
·C ALUM BI - Serra entre os rio Segundo Norte
CAPIVARA - Pico nos limites do Estado do
e Mocotó, em Campos. •
Rio e Minas. Logarejo na regi~o ocidental
•E ' o nome dado a um espinheiro de fo- de S. Pedro d• Aldeia. O comedor de ervas.
lhas •pequenas, muito delgadas e galhos •Íi• Nome de um porco do mato, de cor verme.-
.nos.
lha, que vive nos brej ais e rios .
OAMA.P UAN 'Rio ·ao sul la Lagoa Doce e ;C AP IVARf - Cidade .e município a nordeste
que desemboca no Oceàno, em S. João da
de Niterói, fazendo fr0nteiras com os muni...
·Barra. Serra, em ·Rio Bonito.
cípios de Rio Bonito, Araruama, Casimiro
'D e ,cama, ·seio, -morro, -e puan, ·redondo.
1 de Abteu e Friburgo. HoJe se ,chama Silva
Motr0 redondo, sera redonda ou em 'f orma de
Jardim, por. ter ali nascido o .grande tribuno
·S ei0.
republic~no. Se·r ra e.n tre os muni~ípios .de
CAMURUPi Logarejo . entre os municipios Angra do$ Reis e Itaverá'. Ilha ao sul da
.de Araruama e ·Cabo Fr"io. Vila de Cunhambebe, 2. ~ distrito de A.. dos
tE ' nome de 'Um peixe de água doce que · · · Reis. Rio, no .município de Silva Jardim. Po-
tem escamas muito grandes e duras. voado entre a Lagoa· de Dentro e a do Tatú,
(:.APIM - ·Ponta na margem ocidental da lagoa em Macaé. Rio afluente do rio Inácio, em
Araruama. Alagado a nordeste da vila de Duque de C axias. Rio afluente da margem
'
Santana, em Campos. Córrego a fluente da direita lo· Rio Piraí, em Itaverá.
_ _ _ _ _ _ _ _ _...;;..;._ _ ___:Pedi·o Gu ede~ Alcoforado
-O Tupí na Ge~g ral~~ Flum_i_n e_n_s_e____ _:_._ _ _ _ _ _8_'.J
De caápii-va-yg o Rio das Capivaras.
CAPUABA - Pico na Serra de Itaintidiba, em ,, Corruptela de caá-apiter-a. O meio do
S. Gonçalo. mato, parte elevada, parte superior da en...
E' o nome de uma planta que contêm costa do monte.
alcaloide excitante do sistema nervoso e se.. CARATUCAIA - Rio também chamado Jaca~
xual. M as há outr3 versão do senhor Theo.... rei . Serve de limite entre Angr.a e Iviangara..
cloro Sampaio que dá o vocábulo como signi...· tiba e desemboca no, litoral. a s udoeste da
ficando derrubada de mato para plantaçã'o. vila da Conceição de Jacareí, 3 ..,. distrito de
Diz ·êie: De caá, mato, pu, derrubar e qba Mangaratiba. Praia a sodueste do rio de
por :x:ua, partíc.tda .substantivante r...'1uito usa ... igual nome.
1
da em tupí. • · Não encontrei tradução.

CAPOEIR-2\ - Córrego afluente do ribeirão do· ·CARATINGA - Rio afluente d0 rio Bracuí, em
Limoeiro, em It~peruna. A. dos Reis. De }\cará -.. cascudo, peixe de
escamas grossas e duras; tü1ga - branco.
De caá, mato e pcêra, ralo, miudo, o
que já foi mata. E' também tern10 onomato..
•C
. ARANGOLA - Rio que nasce no E stado de
Minas, correndo para o suJ. :;.trr.:ivessê os mu...
p 3ico dado a uma ave. Pequena perdiz de-
ni::ípios de Porciúncu!a e Nativi<l·3de e vai
vôo rasteiro, pés curtos e penas listadas. O
seu canto modulado parece dizer: ca-po-era. desaguar na margem esquerda do rio Mu..
O termo capoera ou capoeira, tomou n1uitos riaé, no município de ltaperttnt\.
significados no linguaJar brasileiro. .t·Iá um Registo o ·vocábulo, mas não n1e parece
as~.;obio cantado que se tira das mãos em for..: ser voz tupí· Não encontrei dentro das leis
ma de tubo que os caçadores usam para cha.... que regem a etmologia modo de decompor o
1

ma.r a i;n~sma ave. 'E' o nome' qut:' Se' dá a. vocábulo tupinicamente. Parece termo afri..
f .
uma Hinásdca que os rqala~dros e desordeiros cano. No entanto aí ficél êle para os mais en. .
exercitam para brigar. Designa também um tendidos.
engradado de galinhas. Deste modo 0 vocá... CARAPEBLtS - Vila e estação da Leopoldina,
bulo integrou-se na 1ínguif portugu~sa e hoje séde do 3." distrito de Macaé. Grande usina
se encontra em todos os d icionárior.: de açúcar, no mesmo local. Lagoa a nor...
-APUTERA - Rio que de~emboca ~; rio Ja .... deste da mesma vila, no litoral atiãntico, ao
cuecanga, em A. dos Reis. qual se liga pela barra e praia que conti..-
nua e iagoa e a barra referidas :
O Tupi na Geogrl;lfia Fluminense 8~
Pedro Guedes AlcoforadO'

carioca é muito antigo. Quando os brancos


Vem d~ Acará, - - cascudo; p eba,
aqui chegai::am já o encontraram. Havia o
chato ·e ú, - preto.
rio Carioca, nas montanhas da T~j uca, a Ia...
CARIJó - Rio que nasce ao norte da vila de
S . Vicente. 3." distrito de Araruama e
... goa carioca, nas imediações da hoje Praià
. Vermelha e mais tarde uma vtla formada
corre e1n direção nordeste para o município
entre o morro da Urca e o fronteiro, séde
de S. Pedro d' Aldeia. Logarejo na mar-
verdadeira da f armação· da cidade do Rio
gem do rio de igual nome, em Araruama.
''
de. Janejro. Do nome. dessa vila, v.~icJ
E' uma espécíe de gavião pintadínho,.
a primeira tradução. porque ali mora..
pedrez.
vam homens brancos. Mas sendo o nom~
CARIOCA I-lâ inúmeros Jogares com ês~e
1

muito ~ai~ antigo~ nada justifica essa ver.-


nome, no E'. .do Rio. E' um córr:ego afJue.n- são. Caraí, acarí ou çarí é o n1esmo peixi-
" te do córrego das Antinhas, em Barra !vf an ...~ . nho e oca tanto pode: ser casa co1no lóca ••
sa. Lagoa ao norte da Lagoa Feia, em Cam ... furna, buraco. Desse · modo carioca nunca ·
pos. Córrego afluente do córrego do Maurí.- 1
foi casa de. homem branco, mas morada dos
cio, em P araíba do Sul. Córrego na mar...
acarazinhos.
gen1 direita do córrego do Lava~pés, em Ita ..
borai, e por fim uma serra que limita os Es... CAROCANGA - Serra na região sul-oriental
tados do Rio e S. Paulo, na região norte... • de Trajano de Morais.
ocidental do município de Itaverá. " O que ~e parece com a cabeça de um
A palavra carioca, tem duas traduções. acará.
sustentadas por dois grupos- inconciliáveis. , CASSEREBú - R io afluente do rio Macacú.11i
ÇJ. )?rirneiro . grupo · s.u stenta que carioc~ em Itaboraí'; e com as nascentes na serra .elo'
ve,m, .de Carí -.- homeni bi;anco e oca', ~ Samb~ . em Rio Bonito. "
morada. O segundo grupo riega isso e com. . '
E:asserebú ou Cas-sox:ohú . De caçurü,-
muita razão. Diz que carioca vem de Acarí, pianta lacustre e bú, - que sai da ãgua.
o no1ne de um peixinho, um acarazinho n1iu...• Planta que nasce na água, _no fundo dos ·rio!
--...~~·~~--~~~~~--~--~~-------
do e oca é morada, furna de peàra, onde de ou }3goas e emerge, cresce para fóra.
fato êsse peixe gosta de se abrigar.
M as nao é só isso o
-
que dá razao ao:
CASSORETIBA - Serra que serve de limite
entre os municípios de ltl'\horrJí e :VIaricá.
~egundo grupo .ao qual me filhio . o non1e

(
86 O Tupi na Geografia.:......::.F_lu;:._m 87
_ in_e_n_se_ _ __ _ -;-_ _ _ _
Pedro Guedes Akoforade

umà zona árida, sujeita às sêcas, própria


Abundância da planta chamada Casse.-
rebü. _ para o plantio de algodão.
CA UAIA - Lagoa em prosseguimento para o
CA T AIA - Córrego afluente da margem es-
nordeste da lagoa do Campelo e cuja linha·
querda do rio Paraíba, entre Campos e S•1
João da Barra. média das águas de ambas serve de limite
entre Campos e S. João ela Barra.
A folha áspera, que tem espinhos.
O que bebe cauim .. Cauim é uma bebi~
CATAGUAZ - Ilha na bahia de Jacuecanga~ 0

da feita . de mandiaca, ·uma espécie de pon-


· em Angra dos Reis.
che, que embriaga muito.
De caá-ta-qué, - o 9ue é do mato, que
CAVARú - Povoado e estação da Central do
vive no mato. E' o nome de uma tribu sel-
Brasil (Linh:i Auxiliar). na margem direita
vagem e feroz de Minas.
d-0 córrego de igual nome, .afluente do Ri...
CATETE - Logarejo entre o ribeirão da :f'u.. beirão do Lucas. Serra entre o mesmo cõr..
maça e o C:órrego do Uuro, em Itaperuna.
rego e o de Matozinhos, todos em Paraíba
Alto do morro que faz limite de Bom Jar--- do Sul.
dim e Friburgo. Cachoeira no rio Bengala. Cavarú foi o nome que cs índios deram
em Friburgo. Córrego afluente ·d o Córrego ao cavalo, guando o conheceram. o cavalo
de Santa Maria, em Paraíba do Sul.
não era conhecido dos povos americanos;
• •
' Corruptela de Tay.. tetú, - o que tein foi trazido para cá pelos europ.eus. E como
dentes aguçados, dilacerantes. E' o nome de não há L na lingua tupí, e o R tupí é muito
um porco. montez muito feroz. brando 1 quasi L, os indígenas pouco altera-
CATINGA - Serra entre os rios Cr.ipivarí e da • •
ram na pronuncia.
Posse, em Silva Jardim . CAXANGA ·- Córrego tributário da , lagoa de
De caá e tinga. Mato ralo, cheio de Carapebús. em Mac~.
clareiras, o que já foi mata ou que não che- De caá - mato e xangá, longo. E' uma
ga a ser mata, porqu'e- a natureza do terre.. nesga de mata muito longa, muito compri-
no pobre, sêco, não permite o crescimento da.
de grandes árvorf!s. ,,
CAXIXE - Povoado na margem do Rio Boni...
No nordeste do Brasil é chamada ca- to, na região norte de Santo Antonio de Pá...
tinga uma zona semi-sertão que fica entre dua.
as zonas dos brejos e dos curin1ntaús. Eª
88 O Tue_í na Geografia Fluminense
Pedro Guedes AJcoforade
tras e·spécies, a maioria delas aplicada em
E· o nome de 'Uma a:ve. Não descobri a medicina.
etmologia.
CORUMBS· - Povoado entre os ri9s Jundia-
COLQMf - Logarejo ao sul do morro de Fuci- quara e Perequê, à ·beira da Bahia de Pa--
nho do Porco, em Magé· ratí. I
Corruptela de Corumí - Menino . Bebida feita de água e suco de frutas.
,COLUBANDS ~ Logarej0 na margem do Rio Uma espécie de refrêsco. E' palavra guara...
do · Alcântara, ·emS • Gonçalo e morro a su- ní, Catimbê.
doeste da cidade do mesmo .n ome.· CôTl'A - Se~ra entre os córregos Sujo e Bem
'Não. encontrei um ..µnico indício de q·ue· Posta, em Três Rios. Pico entre o ribeirão
seja termo tupí ~ Parece voz ·a fricana. Toda· ' das Três Barras e o córrego da. Boa Vista,
• via registo-o para que os mais entendidos na região ocidental de Itaperuna ..
digam a última palavra. Pequeno mamífero roedor domesticável.
COLU'M IM - Lagoa ao sul da Vila de Barão CRtIBIXAIS - Ex Glicério. Povoado e séd~
de S. José, 4. 9 distrito de Campos Menino. do 6,9 distrito de Macaé_ e estação termina]
CAMBUCAS - Córrego afluente do rio Preto. da Leopoldina neste ramal. Serra na mesma
em Petrópolis. região, fazendo limite entre Macaé e 'Tra..
E' o nome de uma fruta. Não encontrei . jano de Morais.
a etmologia . E' corrupte1a de Curo-bixá. Enfeites
CIPó - Canal que liga o rio Bengala ao Rio com que as índias se adornavam, principal..
mente. os colares feitos de semen~es colorí-
1
· Novo, na região sul de Nova Friburgo. 1

De ci, - colher e pó, --- mã,o. O que -das;


~e colhe com a mão. E' um arbusto f~brose. .Ç A.C ORETIBA
' '
Riacho, . em Maricã.
fino, que se enrosca pelas , ârvores·. Os indí- E' e · me'snío · qué · Gassoretiba. E' a;
genas pronunciavam x-ipó. abundância dà planta aquática cas~erebú.
E' o nome genérico àe todas as plantas CURUPINA - Lago~ .que se· comunica com. a
sarmentosas do mato virgem. Há-os de vã- de Maricá.
rias famílias e com inúmeros nomes, como De Curuçú por curú, - sapo e pina
cipó de ·cobras, cipó brando, . cipó chumbo. . pelado, liso. E ' um sapo de pele lisa, ao con-
cipó cravo, cipó conaman, cipó imbé, cipó- trário dos outros sapos, que têm pele rugo. .
mãe-boa, cipó peba ou timbó e muitas ou- sa.
Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai
www.etnolinguistica.org
O Tupí na Geografia Fluminense 91
90 Pedro Guedes Alcoforado
E' uma ave preta e feia. Tamoem se
CUNHAMBEBE Logarejo em A. dos Reis. diz de um indivíduo preto, feio, pare:1do
Nome do cacique Cunhambebe, chefe dos com macaco.
goianos, batizado por Anchieta· GUARúS - Hoje aportuguesado para Guaru-
CAIANA - Serra nos limites do E. do Rio e lhos. Vila e estação da Leopoldina, séàe do,
· Minas. 6.9 distrito de Campos, na margem esquerda
A que tem a cabeça agitada, a que esta do Paraíba.
. se~pre embevecida e que é riscada. E' o no- . Significa coisa torta.
,' m de , ~ma cobra, torruptela de Caninana· GUAXIMA - Ilha na Bahia de Jacuecanga,
CAIUVARA - Ponte e riacho, em D. de Caxias, . em Angra dos Reis. Planta mucilaginosa da
Cajual, ~e AcaJu-aba. faímlia das malváceas, cujas fibras são usa...
CAIUNARA - Ponte e riacho, em D. de Ca- das como materia1 textiJ .
. xias, Cajual, de Acaju-aba. GUAXINDIBA - Rio que nasce em Anália e
'
G desemboca 'n a Bahia Guanabara. depois de
GUARAPINA Lagoa a nordeste da Ponta servir de limite entre Itaboraí e S. Gonçalo..
Negra, no município de Maricá. Rio que nasce na serra do Imbuí. corre para
De Guira...pina, Ave peJada, segundo o leste e desemboca no mar, passando ao nor...
senhor Teodoro Sat:Ilpaio. A ave denomina... te da vila de Barra Seca, 2:- distrifo de S.
da pica-páu, no meu entender. João da Barra. Barra, no Oceano, a sudo-
GUARAREMA - . Córrego afluente da mar.. este de' Barra Sêca. Canal que liga a fábri--'
gem direita do rio Paraibu na~ Povoado ao ca de Cimento Màuá, ao rio de igual nome,
sul do Monte Serrat, all)bos em Três RiQs. · em S. GoJ)çalo. Estação da Leopoldina e
' '

Çorruptela de GµiJ;a-rema. Ave gue povoado no m· de ltaboraí.


fede, que tem máu cheiro. Também hã uma: E' palavra compos~a de guá ou ibá, - ~
árvore fedorenta com o mesmo norne.. planta; xim por cim, •.,_ mucilaginosa e ndi·
GUARETA - Morro ao norte dn V ila de 'fa.. ba, igual a tiba, abundante.
1 ri tuba, 3. 9 distrito de Parat\. GURIRf - Ilha a leste da Ilha Grande, em A.
Garça verdadeira, legítima. dos Reis. Povoado a nordeste da cidade de
GUARIPú - P.. fluente da marge1n direita do Cabo Frio. Povoado e es~ação da Leopoldi...
rio Mambucada, servjndo de limite entre os na, 1.Q distrito de Campos.
Estados do Rio e S. Paulo.
O Tupí na Geografia Fluminense 93
92 Pedro Guedes Alcoforado

GOIABA - Lagoa a leste da Lagoa Feia. em


E' junco aqltátíco .
Ca1npos.
GAMBOA - Rio trib'utário ·da enseada de
Fruto da goiabeira,, <l:=t família .das mfr...
Japuíba, em· A. da5 Reis. P-0voado ~ serrà
táceas· Psidium guajava ou gua javus agres...
em T eresópolis .
tis.
Para mim é palàvra africana significan-
GOITACAZES - Ex São Gonçalo de Campos.
do pequeno esteiro que enche com o í1uxo
Vila e estação da Leopoldina, 2. 9 d)strito de
do mar e fica sêco .com. o re.fluxo.. Até em

Portugal .t e.m o m~sioo ~ig,nífac~do.. Carneno
Campos .
.q.ue ~ faz .dentro da "-gua, ,onde se toma o Corret,amente se traduz coxno homem .coz,---
• peixe, tapando á entrada quando a maré redor ou tribu dos homens cor11edorcs. Mas
vasa para despescar a gamhôa ou camboa. não é certo. A verdadeira tradução é homem
1igeíro, á2il. ·p ara confirmar essa ·p roposição
Mas para <> meu distinto amigo, o emi.-
basta dize~ que os goitacá eram grandes
nênte naturalista .e tupinóloga dr. 0.thon ·
pescadores de tubarões . e o fazian1 atacando
: . Xavier ·de Brito Ma~J:iado Gambo,a é termo
o peixe frente à f:t:ente, den~ro ) dilgua, ' em
tupí, corruptela ide (eaa-m....bó . .-f''e cho ele ra... · '.
magens, .tapume .que ,Q indígena fazia na boca
grand~s profundidades, a,:mados ~e zagaias,,
- uma espécie de lança curta e ponteagu ...
dos rios e enseadas.. para ret-er Nivo ·o pesca-
da , feita de ' madeira. Eram nadadores exí-
do. Sinônimo .de curral de peixe. PaVcUna.
; mios. Essa tribu habitou t0do o litornl 'Cle
GARGAú - Povoado 'ae norte da embocaâura
• Campos .e Macaé.
do rio Paraíba, em S. João da Barra. Lagoa
GRAVATÁ - Ilha a .sudoce ste 1da Ponta yro~­
próxin1a à barra do mesmo rio e mes,m o ,mu-
nicípio.' Não parece t'êrtrio 'tupí. .. ' sa, em" Càbo Frio.
' . N orne dado a .div,ersas plantas da fanií ..
GA'RGOA, - Povoado n·à margem direita d9 rio ]ia das bton1eliaceas. Há o gravatá de .agu-
S. João, em Cabo Frio. Rio na margem di.. lha. o gravatá de tin,gir, .o _g ravatá a~u . cujas
reifa do rio S. João.
' folhas atingem do is metros de ~omprimento
N~o encontrei tradução.
e cuja fibra k. usada no nordeste para fazer
GENliP APO - C-órrego 'afluente da .margem corda e· rêdes, o gravatá btavo e nu1jto~ oµ ..
direita do rio Macaé. · ;, ·tros. Em certas partes do nordet> t.e ,cha,m a-
Fruto que dá nas · estremidades dos ga- se croatá, crauá. ou caroá. Não encontrei a
lhos. De Y andí-pap.
O T upí na G ~ogra fi R Fluminense 95

etmologia . tupí do vocábulo. Porém, _incon-


mas me parece que todas estas traduções
testavelmente é tupí.
não passam de meros palpites. Para mim, \
G.RAGOATA - Praia e ponta entre as praias.
gragoatá vem <le Guirá-yg-o;,tá. D e guirá
de S. Domingos e Vermelha. Morro junto
- pássaro, yg, - água, e oatá, esvoaça.
às mesmas praias na parte sudoeste da ci-
Ou seja: onde esvoaçam as aves aquáticas.
dade de Niterói e à margem da Guanaba--
Guirá, deu guará, por corruptela gra: pás-
ra. Há n a mesma ponta um velho forte, hoje
saro, ave, pato, gaivota. Oatá é caminho
co~siderado monumento histórico, que tem
terrestre, mas também é caminho do ar,
o mesmo nome .'
onde as aves formam bando, esvoaçando-
O vocábulo gragoatá é dos mais con~· Em vários léxicos tenho enc()ntrado oatã
trovertidos que hã na toponímia fluminense. com o signiifcado de voando, vôo de aves.
De que radical vem êle? De caruatá! I
Atendendo a grande quantidade de ga_ivo-
De caragoatá De garatuatá De guiragoa-· tas, tiribiques e patos mergulhões que esvoa-
' 1 D e gravatá, de caruâ?
t a. çam por toda Guanabara, sendo de supor
· _Há inúmeras opiniões. De . todas elas, que anteriormente o número era muito
para ;mim a mais respeitável é a do eminente. maior,. n a época em que foi dado ,' 0 11on1e à
naturalsta Othon Xavier de Brito Machado. região, nãp é fóra de razão atribuir-se que
Diz êle: a etmologia de gragoatá venha de guirá-yg.-
Grava tá corruptela de caravá-tá :i oatá, isto é, caminho d as aves aquáticas, Jo..
- talo farpado e duro. Mas êle mesmo não gar onde as aves marinhas esvoaçam ou po...
tem certeza e diz ainda: ºTambém pode ser. saro para dormir. E' uma opinião particulà-
corruptela de karavatá: coá, planta~ oá, ca-·· tíssimq <:on10 as outras que. expuz acima, po..... "
belo;· atã, duro, rijo; ou ainda carruptela de· rém que se justifica e se a poia em regras
caraguatá, de cará-uâ-tá: duro ou nervura. etmológicas .
farpa da e dura". Em guarani há o vocábulo
GRATAú - Cachoeira. saco e rio. O r~o nasce
caragoatá significando o peixe albacora. Até
. na Serra do M ar e deságua n ~ bclhia da R i-
aqui ficamos no mesmo. Muitas traduções e . beira, em Angra dos Reis. Gra.t aú ou gra.-
nenhuma certeza. Um dia destes lí uma .t ra....
ta.í. E' um gravatá pequeno.
duç·ã o estravagante, como significando coisa,
~RAUNA - Rio tributário da bahia da 'Ilha
rígida. Não pretendo dar a ultima pal~vra,.
Grande .
Pedro Guedes Alcoforado, O T upi na Geograíia F luminense 97

Corr:uptela de Guirá. . una· Pássaro pre- e o mirün. Guandu~açú , rio formado pelo
to. Ribeirão das Lages e rio de Santana, desce
GRUMARIM - Povoado e estação da LeopoJ ... p ara o sul. servindo de lünite entre l tag uaí
dina na margem esquerda do r io do mesmo· e Nova l guaçú . P ovoado e estação da Leo-
nome, em S. Fidélis. Valão afluente do rio· poldin.J, séde do 7. ~· d1~tr~f:o de C ampos.
Paraíba, também em S. Fidélis. G uandú é simplesmente ervilha e tôda
' •
Corruptela de. yba-mbó--ri.-y. Árvore que· espécie de feij ão.
verte água. E' uma leguminosa ( geofroya G R AÇAI NHA - Saco, no município de Cabo
spinosa, L.). Frio. E ' corruptela de · grauçá, -- caranguei,..
.G RUSSAl ..:.__ Córrego afluente do córrego da jo minudo e inha, - · o que · é leva do pelas
Corrente~. Povoado a nordeste da lagoa de· águas. D iz ...se de , um carang ueijinho que
igual nome. Povoado ao sul de S. João da. quando os ri.o~ encher:n sf'.io arrastados na
Barra;. correnteza.
Pequeno peixe que só serve para tsca~ G URIRf - Ilha, en1 .Gabo F rio. Logar~jo 1 em
GUAIA ~ Pico, naserra do Calaboca, onde· C amnos

·
convergem os municípios de ltaboraí, Mari... Dizia o senhor M anoel Benício •. que é
cá e S. Gonçalo. r io das ostras. De gury por hy e irirí, ostra.
O que é como bola, roliço, redondo. E·~ •
G UARATUNA - Povoado e córrego, em Ita ...
uma espécie de carangueijo. per una.
GUAIANÃ - Rio afluente do Rio Guaxindi-- Guara,m e tuna -:- Garça pret;:, .
ba, limite de Itaooraí e S. Gonçalo. G U A N A BARA - Uma das três maiores bahiqs
M orada dos caran_g ueijos, a lama onde .. do ·m undo e que divide o Distrito Federal
1

. êles se enterram· do Estado do Rio. Mas seu litoral é mais


GUAtBA - Ilha a leste da llha dos Porco~, em. '
fluminen se que cariocà. Niterói, $. Gonça ..
Mangaratiba ·. lo, Itaboraí, M agé e Duque de C axias são
Hã duas traduções. A primeira é: rioll municípios banhados pela G uanab ara, numa~
cuja foz é porto. A outra é corruptela de· meia circunferên cia de 45 milhas .
, guaiá.-aiba, caranguei }o ruim, que não serve· . Há muito tempo espalhou. . se a fantasia ·
para comer. ,. de que a tradução de Guanaba ra era .. seio
·' ' '
GUANDú - Pico entre o rio. do mesmo nome do mar".
98 Pedro Guedes Alcoforado
O Tupi na Geografia F luminense

Não sei onde êsse poeta descobriu na


etmolog ia de guanabara razões para afirmar 1
tal absurdo. O certo é que a fantasia se JBICUl - Povoado e estação da Central do
tansformou em lenda e a lenda em certeza Brasil. entre a P edra da Andorinha e 0 lito. .
e todo mundo ficou pensando e repetindo r al.em M an garatiba.
que guanabara era seio do mar . No entan- De iby, terra e cuí, fina, areia.
to quem folhe:::l r o volun1c 5 dos An c: is da IBICUIBA - Praia, em Saquarema.
Biblioteca N acional, encontrará a palavra lbicui, mais iba, abundância, areal.
Guanabara como signiffcando tribu dos ho.- IMBETIBA - P raia balneária na cidade de Ma..
mens pintados . O autor decompôs assim o caé. Logarejo a oeste da vila de Itajará, em
vocábulo: "De uá gua, - listado, pintado; Itaperuna·
ona, - parente. tribu; bara, - expressão E' uma planta da casta dos Philoden-
verbal que indica a pessoa que pratica uma dron. Imbé-tiba.
ação. "O · que dá, por fim, tribu de gente lBITIGllAÇú ou impetiguaçú - Vila e séde
que se pinta com listas ao longo do corpo. do 3.0 distrito de Santo Antônio de Páduat
GUAPí - Logarejo a sudoeste do povoado de na região setentrional e na inargem do Ri-
Sampaio, em Araruama. Rio tributàrio da beirão dos Ourives .
· ·Bahia Guanabara. T~rra grande. Campo espa çoso
Há dois guapís, o guapí . . m1nm e o gua... !BITIOCA - Ex Itaoca - \l"Ha e sêde do 10.º
pi . açú; o açú é afluente do rio Macacú, com distrito de Campos.
as nascentes na Serra dos órgãos~ Serve de De Iby, terra, ti, alvadio, branco e oca,
limite entre Magé e Cachoeira de Macacú. casa. jazida, morada, região. Também po<:Je
Corr.uptela de Guatupí. Um ·caramujo ser casa caiada com cal branca.
grande. Também significa a nascente do ICARAf - Rio ao sul da cidade de Niterói, o
-rio· qual tem suas nascentes no morro do Vira..
H douro e desemboca no fim da praia de Ica ...
HUMAITÃ Atual ' Tarituba, 3. 0 distrito de raí num recanto chamado Canto do Rio.
Pa~ati. Córrego afluente da margem esquer.-
~

. ' Icaraí dá nome a um bairro da cidade e a


da do Rio G.rande, em S:
·Sebastião do Alto. uma excelente praia de banhos, linda e ele...
Coisa forte, rija. gante, procurada por niteroienses e cariocas. ,
A palavra Icaraí te1n· várias traduções.
Pedro Guedes Alcoforado
.'
100 ~~~~~~~~~~
O T upí na Geogra fia Fluminense 101

segundo o Inodo de decompó-1a etn101o~ica~ pre piando e à qual os pescadores chamam


mente· tiribique .
Se a dividir.mos · Ica1·a-hy. temos água Sabendo-se que o índio era radicalmen-
benta. rio sagr.::ido . Se Lzen.r.03 Y-caray, te objetivo quando queria designar un1a coi#
teremos . rio do padre, rio do c11e~e b:.·é.nco. · sa. êle naturalmente pretende u esprimir um
Se .a :nda E1 ;,.1dan11cs o y por í e e ~,-;: rev er~ só pnsamento quando batizou o referido rio.
n1os Icarà-y, teternos ·r io dos acarás ou dos E como rio santo, ri10 sagrado, água benta
cascudos oecu1e
' , r;os .
não tem espressão ne:111 signi,fícado objetivo,
lsto te1n trazido ' grapdes controvérsias. eu prefiro rio do Padre, porqüe os padres se
erl trc 'os estud osos d:i língua tupj, cadn apossara.111 de tantas· coisas desta terra, que
mais um rio, 1nenos um rio, não fa z diferen...
u 111 defendendo o seu pcnto de vista.
ça; e me apoio na etmologia Y -carahy.
V~jarnos alg uns:
Theodoro Sampaio acha que e água IGARAPIAPUNHA - Logarejo e rio entre os
benta, porque carahy sig!lifica bento, sagra- municípios de P~raruama e S . Pedro d ' Aldeia.
do, o homem pur o. o padre . A ínjcia1 l não M orro que serve de limite erttre os dois mu ..
ten1 significação para ele. porque foi µos~ nicípios.
pos(a pelo hábito adqurrido postcrio nne nte P ::!rece que houve un{°a s ubstancial alte..
pelos colonisadores de acrescenta r urn I , em ração neste vocábulo com a troca de uma le-
qua.si todas as pa1avras começadas por e e tra, o e por p.
'T. Por isso a palavra origin(l1 devia ser Até hoje, durante inuitos anos de estu...
C arahy,..,f:.y, que tanto podia ser i1g-ua Lenta. do da lingua tupí, não encontrel u111 só vocá~

co1uo · rio sag.n#do· ou..
;rio do padre. Outro bulo que terminasse em. .punha. Pode~.'.:>e
. ad...
grupo chefiado. pelo Conselheiro M 3cedo mitir q ue igarapiapunh3 seja uma corruptela
Soares se insurge · contra essa tra du,ç ão e de igar3pé-puma. IVIas pttma é un1a onça
afirma que icarahi é apenas rio do.::> acarás, preta da A111érica Central . Nunca existiu
de acara-hy. Por fim, vem o C omte. Eugê- ' nestas regiões de cá· T emos, pois, de a fas ...
n io de C astro e afirma que todos estão er- tar essa hipótese. Resta igar <\p :acunha, ou
• rados e dü: categoricamente que L:ar<1hí é cunhã· Assim teremos igarapí por igarapé,
apen<'ls rio das av es piadoras, um.:i espécie r iacho, e cunha por cunhã, mulher, ou mu-
de gaivota branca , pequena, q ce v1ve sem- lheres, o que será, no caso, riacho da mu-

112 Pedro Guedes í\1coforado
O Tupí na Geografia Flumin~n~ 10)'
lher ou das mulheres. Ainda há outra cir-
cunstância que abona esta tradução. Em O senhor Theodoro Sampaio dá como
tôda a zona circunjacente ~ão existe rio ou de Iguá~aba, - o bebedouro das araras •.
riacho de água potável. Existe apenas o ria.. Nunca vi tradução mais estravagante. De
cho chamado igarapiapunha, de excelente guirá ou guará não podia sair iguâ, nem de
água de beber. E' o único. Atendendo aba, bebedouro, pois a palavra beber é vO·
ainda que os indígenàs só se entregavam ao~ Iguá, como roi dito atrás, sempre signifi..
afazeres da guerra, da caça ou da pesca, cou. bahia, enseada, porto . . Ora, quem co-
1

deixando todos os d~mais trabalhos para as. nhece de vista, tan~o a lguaba ' ·Grande
mulheres, era natural que as mulheres l1abi- como a lguaba · Pequena, sabe que se trata '
tantes da margem · da lagoà Araruama, fos ... de duas enseadas, uma maior que a outra,
sem ai apanhar água para beber, demoras.. na lag'o a Araruama ..
sem ali, como se diz hoje ·- batendo papo JGUAPg - Logarejo na margem do . rio de
e por isso passasse o riacho a se chamar igual nome, no município de Silva Jardi'J:D,
riacho das mulheres. ex Capivarí . Río afluente do rio da Al...
Aí fica a minha opinião para os mais deia Velha, no mesmo município.
entendidos . Pode ser · uma pequena bahia fcrmacla
pelo rio.
IGONHA - Afluente da margem direita do rio·
Guapí.-açú, em Magé. Também pode ser corruptela de igara ..
pé, riacho.
Tgonna vem de iconha, e significa, liga..
"
dos, pegaaos, ,.
9emeos. IGUACI - Ponta, na Ilha Grande, na ensea.. .
'
da da Estrêla. Pra.1a na mesma Ilha e · na
IGU.A - Rio afluente da ·margei;n direita do ri9·
mesn1a enseada
~asserebú. em ltaboraí.
Parece corruptela de Igua-i, bahiél " ....
19uá é o seio da â~ua, a bahia, o laga-
fJttena, enseada pequena.
mar, a enseada.
fGUABA - Rio, saco e vila, à margem da Ja... lGUAÇú - Morre na Ilh<! Grande: a noroes-
goa de Araruama. Há duas iguabas: lgua.. te da vila do Abrahão. séde . do 5:0 distrito
ba Grande, no município de S. Pedro d'AI.. .de Angra dos R.eis . Povoado e estação da
deia, e lgúaba Pequena, no municJpiu de E. F . 'Rio Douro, à direita do rio do mes-
Araruama, ambas ligadas .entre 8i. mo nome, em Duque de Caxias. O rio nas-
ce na serra do T inguá, em Nova lguaç~ e
. O T upf na Geografia F luminense IOS'
Pedro Guedes Alcofo,rad9'. .
M orais . C achoeira n,o cór rego de iQ"ua l no-
desemboca ' na Bahia G uanabara em Ou ... me e no mesmo município.
que de Caxias. Nova iguaçú, mun!c1p10 vi- Corr uptela de gô...imbé. Vegetal que se
. · .zinho e a noroeste do Distrito Federal, que . arr?sta; pla nta escélndente. na opiniã o do
se . tornou f atnosb pelo -·cultivo intenso dt la- eminente naturalista' Dt. 0.thon X. ·' B. Ma~
• ranjas. Sua séde é uma c idade a dianta dís- chado . U1na pla nta da ca.s ta dos ~hilode~
sima. Há quem diga que iguaçú é a n ascen- dron .
. . te do rio· P ara mim é um rio grande, uma IMBIARA - E x Boa-E sp erança. Vila e séde
ensead~ grande . De lguá...Açú. do 2.0 distrito de Rio Bonito.
Cural. c.ercado de va~as.
IMBARlE: - R io afluente da margem esquer da
do rio éla E strêla, servindo de limite entre IMBIUA - · Lagôa, ou melhor, um braço da La..
Duque de Caxias e Magé. gôa de Ci~a. ein C ampos.
Existe .ª palavra mbaê como significan ... : Corruptela de iri...guá, '-:- Pé arredonda-.
ao co.i sa,: coisas sem non1e, misturadas. Não do; ave palmípede do Brasil ~ Phalacroco-
~ pude me certificar se imbariê é corruptela raxe viguá .
de mbaê; IMBOASSICA - Inha na bahia da Ilha Gran~
IMBASSAHf - P onta na Lagoa de S . Joã0 do de. Logarejo e estação d a Leopoldina, n a
lmbassahy, em M aricá. l mbassahy a té hoje margem do rio de igual nome, 0 · .q~'aJ é tri-
butário da lagôa de' Imbop~sica, com ba rra
1
• ninguém tràduziu . Há muitos palpites, como
homem forte, água que brota nàturahnent~ p ara o O ceano, a sudoeste da cidad~ de Ma-
· do chão, etc. P enso que todos estão erra .. caé, servindo a linha média de suas águas de
dos, mas não posso . corrigí... Jos. limite entre M acaé e Casimiro de Abreu •
1

JMBARi - Córrego a fluente da margem es ... N enhum tuI?inólogo a inda o traduzi'u .;

.que.r da. . do· i:1~ Capi~arí . Serra 'entre o rio


T anto pode ser cobra pegajosa como
de S. João e a Serra dos G a tos. P ovoado na corruptela de mbir a ...cica, - mad eira resi'"'
magem · d~ córrego de igual nome, todds em nosa.
. Silva 'jârdim.'
• IMBOAÇú ,---.:.. R io tributário da bahia Guana,•.
Corr.u ptela de imiarí, p au fino, vara. b ara, em S. Gonça-lo. C anal que separa o Io ...
l!vIBÉ - Serra entre o rio de igual nome e o garejo I taoca do continente, em S . Gon-
ribeirão do Sa ntíssimo. em Sa nta Maria M a ... çalo.
!
dalena; depo;s ~e prolonga a té Trajano de
.,J
106 Pedro Guedes Alcoforado
O T upí na Geogra fia Fluminense 107

De mboy, cobra; e açú, grande·


priamente dito é muiito oleoso e bom de co-
IMBURI - Pico entre a lagôa de igual nome e mer.
o rio Paraíba, em- Campos. Lagôa na mar-
gem direita do rio Guaxindiba, nos limites de INDAIAÇú -- Afluente da margem esquerda
Campos e S. João da Barra. do rio S. João. Logarejo e estação da Leo..
Um fruto da casta das Spond1as. p9idina, próxima a cidade de Casimiro de
Abreu·
IMBUI - Rio afluente do rio Macacú, pela mnr~
E' a palmeira indaiá, uma espécie que
gem esquerda, no limite de Itaboraí e Ca-
dá um côco maior.
choeira. Saco e ense~da entre as pontas de
Fóra e do Imbuhy, em Niterói. Fortaleza, n'.> INGÃ - Ponta a nordeste da P~aia Sêca, em
mesmo local . Povoado e Cachoeira, no rio Araruama. Saco ligado a lagôa de Ararua-
Paquequer, em Teresópolis. ma à de Pernambuca. Logarejo próximo ao
De Mboy, cobra e y, água. Cobra dá· ribeirão de igual nome, que por sua vez, é
gua. Tqmbém é uma árvore do sertão nor... afluente do Ribeirão das Lages, em ItaguaL
destino, conhecida como imbú, em cuja en .. Gênero de leguminosas, tribu das mimo ...
1

ti'ecasca contém ágµa que dessedenta o .s er.. seas que compreende mai.s de cem espécies
tanejo nas caminhadas das catingas resse- das regiões quentes da América. Os frutos
quidas. são alimentares e delido~os: A casca é ads..
lMBURA - Povoado entre o rio Macaé e a tringente, mas a pofpa do fruto é laxante.
serra de Santa Catarina, em Macaé. Dá uma vagem grande, lisa e esverdeada~
E' a fruta do lmburi. contendo uma substância branca e sêca.
INDAIA - Serra entre b rio B0m Sucesso e a . IN·GAtB.t\ - Rio. tributário da bahia de l\tfan...
serra das Palmeiras, em Natividade do Ca... garatiba. · . ,
rangola. Ribeirão afluente da margem direi... . Das muitas espécie~ de ingá que ' exis·
ta do rio de S. Fernando, em Marquês le tem no Brasil, algumas são delicios as para
Valença. comer. Entretanto há umas três ou quatro
E ' uma espécie de palmeira, alta, que dá espécies intragáveis. Têm a polpa endureci..
grandes folhas próprias para c'obertura de da e sem gosto. Esta é a ingaíb1 ou ingá
"
.,' casas ~ cujos. frutos são em cachos grandes.
.
ruim.
Têm uma polpa inuíto doce e o côco pro,..
1
t INOÃ - Vila e estação da · E. F. M aricá, séde
P edro Guedes Alcoforado O T upí na G eografia Fluminense . I O<J
108

do 3.9 'listrito .de Maricá. Rio e pedra na nabara, em IVIagé. Caazl na rnRr gem esquer-
da do rio Gu3ndú, en1 Nov~ Iguaçú. Loga...
Serra dos fvlacacos.
S ignifica ca1npo alto, chapadão em ci..- reio e e:,;tação d a C entra do Brasil, na rnar-
ge1n direit·a do Paraíb a, e n1 V assouras. Cór ...
ma da serra ·
INHOMIRIM - Vila e estação da Leopoldina, rego no limi te dos E si:ados do Rio e S.
P a ulo, em Resende.
6.Q distrito de Magé.
E xistem duas traduções" Para uns signi- De Y~p ranga, - Rio verinel110.
fica .o caminho estreito, a vereda no mato~ IPIT;\:f\JGA - - Povoado entre o rio de Igual
para outro~ ê _uma inoã pequena. "'O,,...,c
.l...
J:. Ã
e "o ...J'í.lf
• . . , ,.,, '"' J;'
"';.,..~
..... '--
_i.,'4.. '-A ... ... """ t .\ ...
• R...·o aflu-í
,,..,..·~;.,., l{·..,,.:.s. b ora 1.
IP~ - Córrego, no município de Itaguaí. ente do rio C as.serebú, Itahoraí. P ovoado en...
l

Corruptela de ib--pê. Árvore de casca tre as lagoa s de Jac?trepiá e a de i\ rarua.-


espessa . ma.
Gênero de árvores do inato virgem, da O rue:--,LC.o que pitanga, -- fr uta de po} ...
família das bigoniáceas. A casca dessa ár· pa encarn ada .
vore .é mu_ito aplic~da em cozünentos para
IPUCA - Vila e séde do 2.Q· distrito de S. Fi..
gargarejo contra as úlceras sifilíticas da. gar ... ' '

delis, na região central do municí pio .e na


., ganta'. A madeira é ~e grande aplicação em
margen1 do .tio Para íba , ~m frente à cidade .:
obras hidráulicas pela sua grande: durabili-
A gua estragada, estagnada, pôdre.
dade dentro dágua. Há várias espécies .
IRIR.A - R io tributário ~a lagoa de Maman-
IPIABA - Logarejo na margem do r io de igual
g uá , em P aratí.
nome, próximo ao rio Bacaxá, em Ararua...
. E' o mes1no que irira za l, abundância ·de
~ma. Rio afluente da margem esquerda dó
irirís.
Paraíba, em Barra do Piraí. Logarejo e ·cór,..
.. rego na margen1 esquerda do Rio da Aldeia .. JRIRf - \lila séde do 6.9 distrito a'e M acae. I

Velha, em Casimiro de Abreu . V ila e esta- Serra entre os rios Macaé e lmboassica. Po-(
ção da Rêde l\1ineira de V iaçã o, séde do 6:;1 voado a oeste da cidade de . M :Jgé .
distrit·0 de Barra do P ir(lí . Corruptela de airí ou airiri. Espécie de
C f)r 17uptela de pira. . .ba. O peixinho no.- palmeira espinhosa , de pouca altura, . cujo ·
VD <"'r- ·~11e nino, riscado , cacho, de côcos comestíveis, dá frutos ~uito
IPIRAJ'YG/ \ -- P ovoado e rio tributário da Gua~· unidos, muito aconchegados. N asce em
Ped ro G uedes Alcoforado
O Tupí na Geogra fi a Fluminense

heira de r :IOs e lagoas. Tamb ém é 0 n ome de um


res e cultores da pré~hjstória. Negam os
marisco .
primeiros que hajam itacoat!aras no Brasil.
ITÂ - C órrego afluente da margem d ireita do
P : u a êles as inscrições da pedra da Gávea.
V alão Grande, em Cambucí.
as da Bahia. as da Paraíba, as do M ara-
O indigena designava com o nome de
nhão, não passam de meras coincidências
ita não só a pedra como todos os metais ·
- . erosões n aturais feitas pe!as . águas, a tra-
Ita, pedras em geral. Itabira, ferro; itat in ...
vés dos séculos, e que se p~reéem com le..
ga, prata; itaverá, .o diam~nte; .itaj ubá, o ouro.
tras de a lfabetos, uns antigos, outros estra..
· etc.
nhos e desconhecidos. nada significando.
IT ABAPOANA - Rio, nasce · em Minas Ge..
portanto. Mas para os que estudam a pré...
rais; serve de limite entre os E stadbs do
h istória do Brasil, êsses s.in ais mis teriosos,
Rio e E spírito Santo, nos rnunjcípios de
·feitos nas pedras, em grande quantidade
Porciúncula, Natividade do C arangola.
por todo o ter ritório brasileiro,' significam
Bom Jesus, C a mpos e S. João da Barra,
mensagens deixadas pelos · antepassados. às
onde deságua no O ceano .
gera ções fu turas · Cada uma dessas escritas
O s léxico s dizem que é pedra erguida.
rupestres tem um significado e uma data
empinada, a pique.
recua da no tempo. Algumas já foram d~ci..
ITABORAí - C idade e mun1c1p10, vizinho de fradas, pelo sábio e erudito dr. Alfredo
S. Gonça lo e a nordeste de N iterói . E ' ser.. Brandão, como as da Bahia, cujo texto o
vido por cinco estações da Leopoldina. Vis.. leitor já leu em páginas anteriores <leste li-
conde de Itaboraí, Porto das C aixas, Ven-
vro . A s da Gávea dão origem a muitas dis-
das das . Pedras, Itambí e Sambaetiba.
cussões , sendo atribui-das aos Fenícios. Ou...
'
Produz frutas e ce·r eais.
• tras ainda· se conservam em mistério, guar... ,
·Rio da pedra Bonita. De I ta, - po-
d ando pa ra o futuro o segredo.. do . passado.
rang..-y.
D e uin modo ou de outro elas aí estão desa ..
ITACOATIA RA. - P raia ao sul da Vi1a de
fian do a ciência e a curiosidade dos sábios.
Itaipú, em N iterói.
D e Ita..-coatí-Ara. Letras escritas na pe.... ITACOLUM í - Serra entre o rio M acapá e o
R ibe:rão das Flores, em S. F idelis. M orro
dra . T êm sido as itacoatiaras um dos pro...
entre os rios da Cachoeira e da Cachoeiri-
blemas mais d iscutidos entre os historiado- .
nha, em M agé .
11 2 Pedro Gurdes .A.. lcoforado ~ Tupi na Geogrnfia 17 l~1_
11_
in_e_n_se_ _ _ _ _ __ _ ~_I_lJ
.--- - ----
D e ita-coru1ny, - Pedra do menino ou senhor Thecdoro Sampaio é: Pedra dos Pa-
que · se parece com um 1nenino . ·, págaíos. A out.::a diz que é água para o
·J'I'ACURUBI1"IBA - Ponta entre as praias barrejro, referindo-se a um pequeno condu. .
Grande e da Figueira, ein Mangaratiba. to de água pa.ra a1nassamento . do bnrro nas
De ita-curuá-tiba. Uma trempe con1pos.- olarias.
t a de três peças de barro cozido ou de pedra. Além da cidade e município. há ainda
onde se coloca a panela p c:iré.. co,:inhar . E' 1 • uma serra entre o rio S antarém e o córrego
termõ guarani. de S. Sebastião e um rio formado peJos rios
IT ACOATIBA - Ilha a nordeste do povoado · Cái ·T udo e M ara1nbá.
de Santana, em Angra dos Re1is . N,a minha opinião, porém, it ag uai quer
D e ,Jta-couá-tiba. ltacuá ou itacuâ é dizer um pequeno lago entre pedras .
uma pedra rara que serv~ p ~ra aii.s3r os va- JT AGUAÇú - Serra que serve de limite entre
sos de barro, nas cerâmicas, para tirar-lhes Mangaratiba e I ta verá.
as marcas dos dedos do -oleiro· E ' termo gua.- Pedra grande. n1orro de pedra em um
raní. só bloco·
' ITACURUÇÁ - Ilha na barra de Sepetiba, em ITAí - Povoado na região setentrion;\l de S.
Itaguaí. Vila e estação da Centr<11 do Bra- Pedro d' Aldeia e séde do 2:? distrito.
1 sil, séde do 3.9 distríto de M angaratiba, fa ... Tanto pode ser pedra ondé nasce água
mos a pela sua aprazivel praia de banhos. como Jogar cheio de pedras miudas. Opino
Serra em Itaguaí. pela segunda versão .
Cruz de pedra . De _I ta-curuçã. •
t>- .JTAIPAVA - Vila e estação da Leopoldina, na
IT ATINDIBA - Serra entre a do Cala-boca e margem do rio Piabanha, em Petrópolis. E•
o córrego do T a quaral, no limite de S. Gon... a região fabril por exce1ênci;:i, no lntlnicipio.
çalo e ~v'laricá. <.::orruptel a de it.a-y-paba. P edra que a
,
De ita-tinca,.,tiba. Serra das pedras água furou, recife que a travessa 111n dio de
brancas. margem à margem formando corredeiras
IT AGUAÍ - Cida de e município, a noroeste com represamento de águas.
do D fs trito Federal e seu vizinho, e entre a rr APlI C.l~ -- Pedra famosa pela sua confor.-
serra das Araras e o Atlântico. mação, no começo da praia de Icaraí ern N.i...
Há duas versões. a .. pnme1ra dada pelo ter.ói.
P edro Gtiedes Alcoforado O Tupi na Ge?.gra fia Flumi nense._._ _ fl5

A tra dução corrente é pedra furada. Mas JTANG UA - P onta a sudoeste do Povoado da
puca é também mole, o que está se desfa- Ribeira, em A. dos Reis .
zen do . Ora, a referida pedra há muito que E' o mes1no que tan gufl, - - barro ver..
está em franca decomposição . Pode, portan- rneiho.
to, também ser : pedra que se desfaz, que 1TANHANGA - Ilha n a b~hia da Ribeira, em
está se esf arelanào. As águas da Gua naba- A . dos Reis· Pedra das almas. dos espíri-
ra, tangidas pelos ventos, b:item nela forte- tos; pedra mal...assombraàa.
mente e cada d ia se vê que ela dlminue de
IT AOC A - atual lbitíoca - Vila e séde do 10.•
volume.
distrito de Campos. Morro no me,s n10 distri...
~TAIPú - Vila e séde do 2. ç distrito de Ni.te- to . Serra entrê o t i.beirão do$ Arirós e o rio
róí, na estremidade meridional da cidade . P a raíba. P on ta . na bahia de Manga ratiba.
P onta no estremo sul-oddenta1 de lviaricá. Ilha na bél hia Guanabar;:iJ em S . Gonçaio.
Logarejo e estação da. E. F. Rio D ouro , n a, C asa de pedra ou furn a de pedra, mas
margem do rio da Posse, em N ova Iguaçú. não se tra ta de obra feita pelo homem; é
P raia a ]este de Niterõi. obra da n atureza.
D e ita ...y-pu, - pedra de onde jorra lTAOCARA - Município, cidade e estação da
água, cachoeira. Leopoldina, à margem do rio Paraíba e na
JTAMAR ATf - Rio afluente da margem direi... região central...norte do E stado. P roduz ce...
t a do rio P iabanha, em Petrópolis. re ais, gado e cana de açúcar. E' aideia de
De ita-moró-etê, - Pedra muito bxan.... casas ou furnas naturais de ped ra . N a da
ca. feito pelo homem. Penso que o nome foi da ...
ITAl\!fBí -..:... Vila e séde do 3." distrito de Ita ...
cl.o d~vido a ·uma série de . furnas
·'
de pedras,
.dentro da cidade e na margem dkeita do rio
horaí e estação da Leopoldina, na margem.
d a Gt:.anabara. P araíba, Jogar aprazível e n1uito pitoresco.

P edra escarpa da, monte ag udo, despe.. lTA PEBA - Povoado a nordeste da cid ade de
nhade:ro . Corr upteJa de itaimbé . C abo F rio e na margem do Oceano.
ITANEfv'.IA - Ri.o, ponta e saco, per to do saco O significa do é pedra chata\. mas na
d o ariró, em Angra dos Reis . P edra feia~ verdade não se trata de uma simples pedra
erma, le ga r triste. chata. Itapeba quer dizer lagedo liso, escor-
Jt 6 P edro G ued-:s Alcoforado O Tupí na Geografi a F luminen -se 117

regadio, na beira do mar, por onde é perigo ... -


• e a Raposo . Sua lavoura e sua pecua:::a sao
so andar-se. d as mais desenvolvidas. Café, arroz e algo-
Tajnbé1n, há com ês::;e n0me, um povoa-- dão são as lavouras principais .
de no 1.1? distrito de r1!::ricá. H á grande controvérsia s6bre a tradução
ITAPETEiú - Hoje Manoel Ribeiro - Vila e da palav1a Itaperuna. Uns dize111 ser pedra
e p(·aça-() d....) ]:'
~~ .. .<,< _, •
F •
r\r
~
l \"'"fC'3
:. _ , . . . .
.:: •
,~. ~ ...
~ . . '-• ~
dr· 2 Q
~ •
d •t~"ri,.-
- ~
preta . A cho imprópria , trad ução, porque
to do n1esn1.o . nome.
.
. ' n ão há, em todo o n1unicípio uma só pedra .
D e ita,.,,pé-tey ~ú. Si.g nifica uma porçao de- que mereça 0 destaque de dar nome à uma
pedras brancas . nos rios de· pouca água, for ... região. .'E toda ·gente ·sabe que o indígena
I
rnan do corredeiras razas e que são perigo .. era de uma objetividade notável quando ba ...
sas de á travessar · por serem escorregadias. ,
tizava zis coisas . A outra v~i·são -- a que
ITAPETINGA - Rio afluente da margem es... eu aceito é Anta preta . De T apy, -:
querda do rio Mambucaba, em A . dos Reis. anta e una, - preta. E' hábito muito comum
Lageado de pedras bi:_ancas. nos nomes tupí corrompidos se encon~rar um
JTAPEBUÇúS - Morro e- praia a s udoeste da i no comêço das pala~ras começadas com t .
lagoa de lrnboassica, em C asimiro de Abreu. A ssim, não é de estranhar que tenham pos?osto
Pedra Hsa, chata, inuito grande. um i na palavra tapy una e um r no substantivo
ITAPECERICA - Ponta, na Iíha Grande, pró- tapy, que ficou tapyr.
xin1a à ponta da Andorinha. Como Hcou dito em pag1nas atrás, ne"'
P edra lodosa, escorregadia. nh uma palavra tupí termina em vogal. As
JTAPERl INJ\ - Município quasi no estremo· que se encontram fora1n pospostas posterior,..
le~;te-nordeste do Est::ido e cidnde grande e mente e ·e las .são inúmeras. Creio, pois, sín ...
p'rogressista, na n1argem do rio Muri'aé. Há cera mente que ltaperuna vem de Tapy--
bem pouco tempo era o maior .município do
una, isto é, Anta preta.
E sta do, mas foi desmembrado seu território
ein ma's três mun icípios: Bom Jesus do lta,.. ITAPICú - Afluente da margem esquerda do
bapoana, Nativ~dade do C arangola e Porei . . rio Mambucaba. Cachoeira no mesmo rio,
úncul J. No seu território se achi1 n1 localisa-- em Angra dos Reis.
das as melhores fontes de ág ua mineral do Vem de lt:i,.,pocú -- Pedra co mprida,
E stado, destacando-se entre todas a A vahy pedra longa.
118 Pedro Guedes Alcoforado O Tupí na Geografia Fluminense 119

IT APINHOÃ - Logarejo na margem do rio De ita..açucê, - sôbre a pedra, em


lpiabas, em Araruama. cima da pedra, ou pedra sôbre a outra.
Pedra redonda é a sua melhor tradu- rr A TI AIA - Vila e estação da Central do
ção. Brasil, séde do 4.9 distrito de Resende, hoje
lT APINHOCANGA - Enseada a lec;te da ba• Agulhas Negras, na região centro ocidental
hia ~e Jacuecanga, em l\. dos Reis. do município. Rio afluente da margem es ..
Cabeça de pedra ou ·pedra em forma de querda do Paraíba, no mesmo município.
cabeça de gente. Pico alto de onde se vê o sol nasce!"
1TAPIRA POAN -· Saco e enseadé! en.tre a ilha antes que os de baixo o vejam f

da Pimenta e o continente,' em' A.:


dos Reis. TTATIQUARA - Morro · no limite de Ararua...
Pedra da janianta ou da arraia, isto é, ma e Saquarema. Parece corruptela de itati'."
pedra do peixe chato e redondo. guara, - · pedra onde os passarinhos vêm
111'APETININGA .. - Rio afluente da mar- com er ou morada de pedra.
gem esquerda do rio Mambucaba, em Angra. ITAUA - Logarejo ao sul do Capão Malhado,
Pedra sêca, isto é, pedra que as águas em Cabo Frio.
nã o alcançam e por onde se passa de pé en... E' a pedra mole, que se esfarela como
chuto. barro, que não serve para bater uma -n:i ou-
lTAQUATIBA - Ilha ao norte da Ilha Gran- tra. Também pode ser simplesmente barro.
de. • ITAUNA - Morro entre o litoral da Guanaba-
E' corruptela de taquara--tiba. O i é ra e o rio do Alcântara, em S. Gonçalo. Po...
urqa escrescência muito comum no tupí de- voado entre a lagoa de Jacarépaguà e o
turpado de ho1e. Significa taquaral. A ta- Atlântico.
quara é a planta conhecida por ç~na do bre.- P edra preta.
jo, uma planta da família das gramineas. ITERERÊ - Povoado e est:ição da Leopoldioatc
uma espécie de bambú. ) na margem direita do Paiaíba, em Cumpos.
' 1

ITAGURA - Logarejo e estação da Leopoldi- Rio entre. os rios Paraíba e Preto.


n a, ein Macaé. Parece ser corruptela de ita.. Significa monturo, tulha de detrttos. '
guira. - Pedra dos passarinhos . !TIMIRIM - Rio que nasce na serra dd Corôa
ITASSUC:l! - Ponta, na Ilha Grande, ao sul Grande, e desemboca no saco do 111esmo no--
do morro do Acaiá. me, em Itaguaí.
120
- - - - - - - -- ------·- Pedfo Guedes Alcoforado

O Tupí na Geografia Flumi nense 121

. . E ' um pequeno poço de água mu ito lím.-


pl03·
IBITIPORÃ - Povoado em Santa M a ria M a.-
ITINGA - Rio afluen te da marge!Il direita do dalena .
rio G uapí-açú, em Cachoeiras do Macacú. D e ybiti, - terra e porã por poranga,
D e y-tinga, que tanto pode significa.r - bonita.
á gua clara como u m riach_inho. IMBI CABAS - Povoado a leste da cid~de de
ITINGU AÇfI - Rio que nr;sce na serra do Ma ... Barra do Piraí .
zamba e desemboca no saco da C orôa Gran- C asa de maribondo. Trata--se dt! uma
de, e111 Itaguaí. espécie de maribondo que faz a cas~\ d e terra

E' um, poço grande, co1n grande volume e no chão.
de água pura, de beber. ITAVERA - Ex Rio Claro, - -- Município na
lTOCAIA - Povoado ao sul da pedra de igual região oeste do Estado, entre Angra dos
nome e um córrego que nasce na serra da Reis e Barra Mansa, em cima da Serra do
1'iririca. todos em l\.1aricá. Mar.
Corruptela de ita-tocaia. A pedra àa to- Corruptela de Ita..-berá. Pedra que tem
caia, da espera, da vigia. luz dentro. E' o diamante.
JT(I - Ilha ao norte da cidade de Paratí. Po- !TAJURú - Canal e fonte de água, em Cabo
voado a nordeste da cidade de S. Pedro Frio, na entrada da cidade. O canal é en . .
d 'A ldeia e séde do 2.<> distrito, com o nome crm.ado por uma ponte de cimento arma-
de Itaí. do. a maior em vão livre, no Br<'~il. pois
E' o mesn10 que Itaú, itaí ( veja Itaí ). tem 62 metros de arco · livre sô~re o ca ...
IT A J. i\RA
. _, Povoado em,. Itaperuna. ' nal, e que liga o continente à ponta da pe..i
, Pedra do Patrão ou do ser!hor. ninsula da restinga, o~de. fica situada a
ci,;
dade e na aba do morro da Guia, 0utrÓra
ITAPOÃ - Povoadb, em Santa Maria ]\!fada...
chamado Morro do Itayru ou tayrú .
lena .
Pedra redonda. Muitos querem que o 'noJ!le da fonte
seja o Itajurú. A água des.s a fonte ê aver...
JBIT1NE1VIA - Povoado em Santa l'víé.r1<! Ma...
· melhada, côr de cerveja, e que é a que a po-
dalena ·
pulação bebe há dezenas de anos. E' uma
Log ar triste, wbre "
água pluvial que, ao infiltrar.-se na~ áreas
âa restinga, encontra a grande camada de
122 Pedro Guedes Aleoforado O Tupí na Geogra fia Fluminense 12J

turfa ali existente, e deslisando sôLr~ ela, to rôxo-negro, muito doce e de sabor delicio-
rebenta no nível mais baixo, traze:1Jo resí- so, natural de tôdas as regiões brasileiras .
duos carbônicos, que lhe dão a côr <\mareia, JACARÉ - Córrego tributário da Lagoa da
de cerveja. Mas itajurú não é a fonte. E' o Barra, em Maricá. Morro entre o rio Pa.. •
estr3ngulamento da lagoa no lugar acima raíba e o córrego do Lucas, em Paraíba
refeido. do Sul. Povoado a leste da Serra Grande,
Itajurú é corruptela de Ita..yurú e sig~i.. em N iterói. Rio tributário da Lagoa de Pi- ·
fica boca, estreito de pedra. E é exatcin1en.. ratininga, en1 N iterói. ·Serra a suàoeste da·
te o aspecto hidrográfico do loc;t!. T5da a Serra D á gua, em Mangaratiha.
largura . da lagoa Araruama se reduz a 44 Significa aquêle que é torto e sinuoso;.
metros ,entre dois morros, forma11do uma o que olha de banda. E' um sáurio brasi-
violenta correnteza nos fluxos de m~rés. E'. leiro, um réptil da ordem dos emidosáurio,
portanto, boca ou· estreito entre morros de pedra. família dos crocodilideos. No Bras~I há vá-
rias espécies, sendo o maior o que é co-
nhecido no Amazonas com. o nome de
1 Ururáu.
JACAREf - Rio nos limites de Angra e Man...
Prelirninarm~nte não existe J na Hngua
tupí. garatiba. Vila e séde do 2.1! distrito de
Mangaratiba, na estremitlade sul.-ocidental'
No entanto, pela dificuldade que tiveram
do município e à beira-mar. Serra ao nor...
os portugueses colonisadores para pronuntia~em
te da vila da Conceição do Jacaú · Rio dos
0 I tupí, letra , de pronúncia gutural, trans forma~
Jacarés~
ram ..no em J.
lACA~tPIA - Lélgo~ a sudoeste da VíJa de·
JABOTICABA ~ Rio afluente' da margem di-
Bacaxâ, 2. 9 distrito de Saquarema.
reita do Ribeirão da Boa Fortuna, em lta...
Jacaré assanhado, enraiYecido.
peruna. Córrego na margem esquerda do Ri-
beirão da Conceição, em Natividade. JA CARO A - Praia na lagoa da Barra, em Ma-
ricá.
Corruptela de iapoticaba, - frutos em
botão, alusivo ao fato de que a jaboticabei.. Corruptela de Jacar'é-goá, - Lagoa dos
jacarés.
ra não dá fruto nos galhos como as demais
plantas, porém, na própria haste. E' um fru .. TACON~ - Povoado, rio, Iagoa e serra, no mu-
124 . Pedro Guedes Alcoforado O Tupí na Geogrnfin Fl_um inen~e
,

1üetp10 de Saquare1na, no limite de Maricá. JACllIBA - Córrego afluente da mRrgcm es-


Corrupte1a de Jacú-remé.I , -- um jacú querda do rio Macacú, em Cachoeiras .
fétldo. T anto pode ser abundância de jacús
• JACO. IEl\iIA - Ponta na Ilha Grélnde, no saco como uma e'spécie de jacús muito peque.-
do Bananal. nos.
Par ece ser igualrnente outra cor p.tpte- JACTJTINGi\ - Cór.rego afluente do R tbeirão
la de J acúre1na. d a Onça, em I taperuna. S erra entre os rios
JACú _,_ ·C órrego r:ifluen te. do rio das D uas da O pinião e o da Bela Joana, em C a1n po$.
Barras, em Cachoeiras . Loga rejo .~ estação da Centt:al do Brasil (Li.-
O co1nedor de pimenta. Trata-se de nha A uxil ·ar) a noroes~e do poYo.J.do de Ro.-
u.:na a ve do Brasil, da f amílía das galin á,.. cha Sobrinho. e1n :t--J·ova Iguaçú. Cachoeir9
ceas de que há várias esp~cies, tôdas de e Ribeirão aflüente do rio Pirapitinga, · em
carne saborosa. Resende.
JACUECANGA - Bahfa . v~la e sede d<> 3 .~ E' o jacú brnnco, uma espécie g rGnde
d~strito de l~ngra do~ Reis. e m utto inter~ ssante, cuja carne é a n1elh9r
1

De Jacu-y-can ga, - · Pequena entrada das espécies .


de · água q ue se parece corn a cabeça d e um JAGlIANEM - Ilha ao norte da ponta da Pom.-
jacu· bebã, em .rvi angaratiba .
JACl~ Bl\ - Povoado e morro, na marge1n d irei.. C achorro ruim, que não serve par.a a
ta do rio P iabanha, em P etrópolis. Rio na caça , p reguiçoso.
margen1 esquerda do Rio Vern1elho. em Rio JAGlIARE.!v1BÉ - Vila e séde do 4.~' d :strito
Bonito. Logarejo e estação da Rêde Minei.-. de Itaocara. \
.ra de \fiação, em M arquês de V alen ça.· E~ u ma das e~pécies grandes de onças
E' uma espécie de alin1ento ralo, feito 'brasileiras. E' a onça verdadeira.
êe , farinha de mandio~a. que se deita em JAG U A Rí - .- Rio a fluente da margem esquer.-
ág u:i fria. No Pará e no Maranhão cha- da do rio M aca é .
n am ti'quara e xibé. Usam dela o s via jan,.. E ' o rio ou lagoa d as onÇ<!S; onde elas
~~s do interior para aplacar a fome enquan.- vêm beber .
to_ não há cioisa inelhor. As vez~s põem.-lhe JANDIQUARA ~ Rio a fl uente da 111arHen1 es ...
açncar e sumo de limão . querda do rio C aputera ·
126 O Tupí na Geografia Fluminense 127
Pedro Guedes Alcoforado-

De Jandí, - azeite e quara, muito. esquerda do ribeirão de S. José, em Bom


Provavelmente o termo se 'refere a algum Jardim .
côco, talvez à jandiroba, planta trepadeira, De y ara-caty-á, - o que dá leite pur...
d a família d as cucurbitáceas, que dá uns . ga tivo, é o mamoeiro do Brasil, da família
caba cinhos com quatro caroços, dos quais das p apayáceas.
se estrai um óleo bom para ilumi na çã o . JENIP APO - Rio afluente do rio Caxixe, em
JANGó - Ponta entre a Praia Grande e a Campos . Córrego afluente do rio Itabapoa,.
Ponta do Adolfo, em .A ngra. na. em S. João da Barra. O nome 'se escre-
'Cor~uptela de Jangú, enxame d e abe... ve com G e não com J, mas para não alterar
lhas . o êrro corrente, vai · o n.::>me nesta letra. S ig-
JAPUIBA __,_ Enseada e rio em Angra. Vila e nifica o que cai dn àrvor e se ~chata em
c~tação da Leopoldin;i, séde do 2.? distrito de· a lusão a que ê-ste fruto cai desta maneira. E'
Cchoeiras . Rio afluente da marge~ esquer- um fruto da família das rubiáceas, do tama-
da 'do rio Macacú, também conhecido por nho e feitio de um Hmão grande. Par do por
mãe dágua. fõra com a casca engelhada e mole, quando
Grande ave brasileira da família dos ma duro, tem dentro uma polpa amarel:1da,
icterícieos, de quasi meio metro de cumpri... a gridoce e adstringente, muito substancial e
mento, de pluma gem negra e cauda amare- estomacal. :Bste fruto é tido como revulsivo.
la, o que lhe dá um feitio bizarro. Seu canto U sa-se também dêle estrair-se uma tinta
se assemelha à uma gargalhada. llã várias indelével para marear roupa. E' do jenipa-
espécies,. sendo a maior a japu-açú. po ao genipapo que os índios estn~íam a
' Japuiba de;ve ser corruptela. de japu... tinta com que marcavam o corpo e que re--
tiba, isto ~. onde há ~uítos japús. ' sistia a to~os os banhos. Tem mu1tas ou-
JARARACA - Ponta · situada n~ margem leste tras pt'opriedades.
da ~goa da Barra, em 1vfaricá. JEQUITIBA - Córrego, povoado e estação da
Corruptela de Yarará-roag; a que mata Leopoldina, em Bom Jardim · Rio a fluente da
a quem agarra, ataca ou fere. . . E' ofídio· margem direita do Rio Preto, em Rio das
Botropis opp : do qual há várias espécies no Flõres, ex Santa Tereza de ·valença.
Brasil. D fz o senhor Teo.c'oro Sampaio que é
corruptela de Y-iké-tiba: -- muitos jequíg,
JARA CATIA - Córrego, .afluente da margem
128 Pedro Guedes Alcoforado- o Tupi n~_Ge~gra~a flumi~en_s. _e_ _ __ _ ___ __
l 2_9

signific'a ndo jequí um côvo de âpanhar pei- GIPOIA -- Ilha na bahia da R;beira, a s udoeste
xe, isto é, onde se entra e n,io se pode sair. da cidade de Angra. dos Reis.
Mas o dr. Othon Xavier de Brito Ma- E' corruptela de yg-mhoy, - ·· cobra dá,..
chado diz que Jequitibá é corruptela de Y g .. gua, ou ilha das cobras d~gua.
bihá; Y g, duro, rijo, teso, elevado e Ybá, - JUNDIAí - Serra entre o rio Bon1 St:cesso e a
tronco linheiro, elevado. R.egisto as duas Serra das Paln1eiras, ein Por~hínt:ula.
versões ~ De qualquer maneira se trata da E' rio ou ldgo dos Jundí~s .
árvor'e brasileira Curataris lagalis, de cer... JUNDJA. - SerÍ·a, Íogáre)o e estação da Leopo]...
dina, ao Sul da Serra da Califórnia, em •
ne vermelho' róseçi, teêido. froxo. I\1ade1ra de ' • • .i

um lenho leve, que se emprega para fôrro, es ... C asimiro de Abreu. Rio que nasce na serra
quadri3S, vagões de estrada de ferro e bon ... dos Portelas e deságua na lagoa de Saqua-
rema.
des . E' uma das 'maiores árvores da flores-
ta, medindo até ~5 metros de altura e com De yu-ndi-á, - E' o bagre da água
doce.
um diâmetro de um a seis ·metros. Sua
casca cozida, em chã, combate as 1eucor.- JURUBA - Ponta, na Ilha Granàe, ne> Saco
. rêas e metrites. A infusão cura as diarréas dos Castelhanos. Jurú é boca, garganta,
crónicas. pescoço, estreito, b:irra, e b3 é . abreviatura
de aba, que significa grande. Portanto, ju-
JERIBA - Ponta a oeste da Ponta Grossa, em '/ . '
Ca,b o Frio. ruba pode ser barra grande, oit grande ca--
nal, visto que ·s e trata de região marinha .
E' o nome de uma palmefra do Brasil,
JUDIQUARA - Rio tributàri~ da ha.hia dõ:
Cocus c·o rnata, que d~ uns côcos muito pe....
Ilha Grande, em Paratí.
quenos. A referência é feita não à palmei-:
·c ova, buraco, furna, onde moram jun . .
ra, mas ao côco. dia1s.
JA VARí - Logarejo e estação da, Central, JURUBAfBA - Ponta ao sul da Ilha di;i Gi ...
(Linha Auxiliar), entre a.s vilas de G~ver... poia, em Angra. De jurú-aiba. Boca má
nador Portela e Miguel Pereira, em Vas... lingua ruim, que fala mR] dos outros, o in,..,
souras. trigante, o difamador·
E' corruptela de Jaguarí, - Rio âas JURUBATIBA. - Rio tributário da lagoa do
onças· mesmo nome, em Macaé .
130 Pedro Guedes Alcoforado
O Tupi na G~o~rafin Fluminens~ 131
Muitas bocas. Parece se tratar de urn
rio que tem muitos canais ou desvios, ou re..- espécie de papagaio de penas amarelas no
cebe muitos afluentes perto uns dos ou... pescoço. Isto não é possiveJ porque juba
tros. nunca foi amarelo; jubá é que é amarelo, e
'
Mas o dr. Othon de Brito Tvlachado aceitando-se essa versão tem-se que admitir
diz que é corruptela de sarib, cacho e ibt.i por que a pronúncia foi deturpada de 1urujubá
tfll.\. para jurujuba.
Abundância de cacllos. Aí ficarn as Já
1í até, de um jo-rn:ihsta de Niterói
rlu;tc; versões. que a palavra vem de JUrú-jurú, significan-
lTJRUJUBA Ponta, praia e saco entre o do 1nuito triste, e há como sufixo substanti-
morro do Macaco e o Saco de S. Francisco. vando Jogar. Legar triste .
suhúrbio ao sul de Niterói. e um áos mais Como - estravagânda ou . como poesia
aprazíveis recantos da cidade. sobretudo não se discute. Mas como , ciência filológica
pela sua excelente praia de banhos. ~ste é é o que há de ·mais esdrúxulo.
um dos vocábulos tupí, que ma!s dúvidas tem Vamos recuar no tempo para ver s~ há
levantado na sua tradução. um motivo justo que levou o indígena a cha-
Sua etmologia é yurú-yuba, ou yurú- mar de jurujuba ou jurujubá áquela região.
yubá? Eis a razão de todas as dúvidas. Mas
. Dizem os entendidos que pela fundação da
. é que yuru-yuba. não tem sentido. Já
o certo
aldeia que depois tomou o nome de Vila
se sabe qu~ yurú é boca, é pescoço. gargan-
Real da Praia Grande, hoje N iterói, havia
.ta. br~ço de mar,, ca~al, entrada de barra e
um· canal ou braço de mar que vinha da en ...
yuba é braço, braço de g ~nte. Ora, boca ou
. .trada .da Barra do Rio de Janeiro e desa.-
barra-braço não tem sentido, nem tradução.
... guavõ no saco chamaào hoje de Jurujuba,
Devemos, portanto ad!llit}r _que. a . palavra foi
pelas alturas do Jogar onde está edificado o
deturpada na pronúncia e que em vez de ju..-
\
rujuba, seja jurujubá .- Forte Rio Branco. Pela sedimentação e pelo
fenômeno conhecido de "crescimento da ter,...
Com a pronúncia de jurujuba, dizem os
ra", desapareceu.
entendidos que é pescoço ama-rdo, com re-
ferência aos franceses que tinham ba~as Não afirmo nem nego êsse fato. M as
louras. Outros dizem que se trata de uma a palavra primitiv;i não era jttrujuba, era
furujubá; to111ou éste som pela lei do menor

• •
132 • P( dro Guedes Akoforadca
' ,
O Tupí na Geografia Fluminense
·
es f orço . F '" , n.ao sc-r~
. _. . ent:;o ~ - boca ou. p(:scoço

a· .:narelo c o·n i r·e;._


,(>a
10 t·i)as dos iTa;.~ceses ,
"l' - A.a· s i-)::>H~
'-r' ........ • êles o Bacaxá, o Capivari, o Morto, o Anta
nias gargan .•a , ·0. ~::>r·r a ou •nr2ia c.r...'1 2reL1 ou e outros. Em s ua linha média de águas pas ...
· vermelha. sa a linha de limites entre Araruan1a e Silva
Pr.:lia venneih a é a mi nha o::>iniáo pa rti.... >
]ardim . Suas águas profundas são grande-
c ularíssirn.3. E 1n v e-z ae ' ser do outro lado mente p :scosns, porém perigosas devido suas
<la Gunna bara, c:io pé dê! l!rca, a pr~ ia ver.- diferentes impurezas. En1 tôda região o pa...
n 1clha e ra elo l&do de cá, crn 1'Hterói. Ain-- Judi sn10 é u.ma endemia terrivel, dizimanélo
cla hoje existe u111a p.rafnha em recôncavo, a escassa população.
n a amura da do Forte Rio Bré!n.::o, cuja Tenho encontrado êste vocábulo com
areia óxido~Íerru-ginosa, tem uma côr ver. . duas gr a fias diferentes. A pritneira yuturu...
• . r.aelho. e do · lado de cá, no saco da Juru ... nhã~y; a segunda, Yuruturuna-ayha.
juba a n1 esma côr predomina.
. ru'uba e' intra duzi.- M as é certo que êsse norne não foi . d~,..
C o1no a pa l avra JlL J
do pelos selvíco1as. O lugar ocupado hoje •
..ve 1, por a. ue , nã::>e 1 tem sentido. temos que
J.

. . . ,. pela lagoa era primitivamente um campo


aceitar mesn10 Juru JUoa ·
de criação; depois se transformou em um ar...
JERUfVI IRlf\1 - Rio, saco e povoado, à beira
r ozal. Só há éerca de duzentos anos foi que
. da cn~eada do Ariró, em A. do: Reis. Cor-
as enchentes dos rios transformaram o lu- '
rego e lagoa, próximos à lagoa da Perú,
gar na lagoa de hoje.
em . Mõcaé .
E' .o n1esrno que . juru-mirim. Batra, Exc1uindo o senhor Teodoro Sampaio
cEJnal ou estreito pequeno. que traduziu o nome como iagoa das coru-
T ABAQÍJj\ .RA -- Povoado .entre os rios Pere- jas, nenhum outro indianólogo ainda o tr~....
J . • p , duziu. Em muitos vocabulários se encontra
quê e Perequê-rtçú. em ,arati.
C o rruptela de y ~ba, verbo fugfr, e juturna hiba, mEis sempre sem tradução.
coara, fojo, buraco. Cçiuto de fuj ões, es-- Se re almente. a grafia original erd yutur~...

conderijo . nhã-y, ta i vez tenha razão o senhor Teodoro
JUTURNAHYB~ Povoado, estação da Sampaio, porque coruja é juturanha. !vfas
Leopo}djna e u1na das maiores lagoas do parece que êle julgou por pzdpite, pcJ3 seme..-
Estad~.· alimentada por diversos rios, entre 1hanç:i dos nomes1 visto que ta1nbéru há a
-grafi~ y!.!tu runa-ahyba, e ·neste caso temos de re-
Pedro Guedes Alcoforado- O Tupí na Geografia Fluminense
.
:· tificar o ilustre tupinólogo baiano e procurar ra que só êle sabe o que significa. Todavia
outra tradução. parece que se trata de Jogar alagad~, panta...
Já sabemos pelo que ficou sobejamente noso. Era o nome de um chefe de tribu.
discutido atrás, que o ytl, que deu jurú no
I
'.. JAPEAÇAVA - Córrego, no município ·de Ita•
tupí moderno significa boca, canal, barra, guaí.
etc. Mas há outro significado para yú. Tam..
,. E' corrupte1a de Japf...a~caba. A que faz
• bém. quer dizer água: pela pronúncia do y ·
. vomitar. E' a chamada salsa parril'ha. E'
i
' tupí que se parece com yg e com o U fran- ·
também conhecida por japecanga •
cês impossivel de ser pronunciado por g ar ...
gantas portugue~~s. Daí o y ser ig e ser iu,
J AMAPARA - Povoado em Sapucaia. :
ambas pronúncías aproximadas mas não exa-
Não encontrei tradução.
..
tas do y tupí, signifícando água. 'ruruna sig-· ..

·' nifica sujo, escuro, preto; e ayba ~ ruim, mau, L


imprestável.
LAMBARf - Córrego afluente da margem di...
Dessa de dinação nasce outra tradução :
reita do Va1ão Grande, em Cambuci. Cór...
lagoa de águ·as escuras e ruins, no sentido
rego a fluente da margem direita do rio Pom-
de pro duzirem doenças, pestes, infecções.
ba. em Pádua. Córrego afluente da margem
Quem andou por aquelas bandas, sabe
esquerda do rio Paquequer, em Sumidouro.
que isso é verdôde. Se l'âo t~ouxe uma de-
Corruptela de Arambary, ·- -- ·p eixinho
senteria bacilar ou ·.amebiana, trouxe pelo· rnfudo. baratinha dágua.
menos um paludismo para se divertir a}...
guns meses. M
JAPERI - Ex Belém, - Povoado e estação
da Central do. Bras~l, no município de Vas.- MACABú - Vila e estação do Leopoldina, sêde . . .. - ... ....
souras e ao pé da Serra do Mar. P onto de do 5.<' d istrito de Macaé com o nome de
encontro · da bitola Larga da C entral do- Conceição de M :icabú, na região setentrional do
Brasil e da bitola estreita da Linha Auxi.- n1unicípio. Rio que nasce na serra de Ma...
liar· caé, na região sul do municipio de ·Traja.-
Japerí é nome rtcente, dado pelo 1. B'" no de Morais , o qual atravessa ·de. súdoes-
G . E. E' tupinologia moderna, d ~ manei- ... te para nordeste. e .depojs de penetrar no
O ~T4pi na. Geografia Fluminense
Pedro Guedes Alcoforadf
Estado. Há também, · uma. serra com o m.e s-
m. de Santa Maria Madalená, vai servir pe mo no111e, servindo de; limite, em trechos,
. limite entre êste e Macaé, depois. entre entre os municípios de Nova Friburgo, T.ra-
Campos e Maéaé, e prossegue até desaguar jano de Morais ~ Bom Jardim ..
na Lagoa Feia·. _ Depois de construida ' a Encontrei a palavra Macaé traduzida
usina de Macabú, e com a barragem feita como rio dos bagres, de miqui-é. E' posi~iv&r
em Sodrélândia, antiga Boa Esperança, êsse mente estúpida essa tradução. Miquí nun:.. 1
.rio terá desviado o seu curso, passando por ca foi bagre. Bagre ê jundiá e é nunca .foi
um túJ'!el de . seis quilômctr:os para a vertente rio. A palavra vem 'de Macaba-é, isto é,
sul da serra de Crubíxais, ex Glícério. fruta doce, ou côco doce. E' Q côco que
E' corruptela de l\tlacaha~ú, - frut~. no nordeste se chama catolé, e aqui no sul
preta. chamam côco da Quaresma.
·M ACACO - Lagoa e rio· O rio nasce na serra MACAPA - Serra a leste. e em continuação
dos órgãos e· seguindo para sudoeste, serve da serra do Itacolomí.
de limite entre os munidpios de ltaboraí e E' o pomar onde há muitas frutas.
Cachoeiras, e entre ltabo~aí e Magé ·. Mj\CUCO - Rio, vila, estação e sede do 2.º
Árvore do mato virgem do Brasil, cuja- distrito de Cordeiro. O rio· nasce na serra
madeira é ótima para construções ci vís e na.- do Pacau, em -Duas Barras, com o ·n ome de
vais, Macacuzinho, corre para o município de
.M ACAÉ - Município, cidade e rio. O rio nasce Cordei.r o, que separa em· parte o S. Se-
na serra da Boa Vista., ·em Nova Friburgo, e . bastião do Alto, antes de âesagu'a r na mar-
correndo para ]este, limita um trecho deste gem direita do Rio Negro. Córrego form~ ...
município com o de Casimiro de Abreu; em· do no Ribeirão dá Cado1iga, em Nàtividá...' ' r

seguida, em outro trecho com Friburgo e Ma .. de · Logarejo entre o rio Gttilpf ·e o Guapí,..
caé, por cujo território prossegue até sua açú, em Magé. Córrego na m3rgcm direi·
barra, que serve de porto à cidade de Ma.. ta do rio 'ln1bé, no morro de igual nome., ~m
éaé. S a nta Maria Madalena; Ribeirão afluente
O município é grande produtor de ce,.. do Rio Preto; em Marquês de V ::ilença.
reais e cana de açúcar, possuindo quatro V árias espécies de aves do gênero · ti,..
o·r andes usinRs . A cidade é próspera, com na mus . São e xcelente c3ça e vivem em geral
"
.. ótimo comércio e -uma das mais · b elas do
Pedro Guedes Alcoforado. O T1,fpi na Geografia Fluminense . 139

• nas matas virgens. Não parece no entanto, &ha que vôa a:lto. E' um ma~ibon~ preto, IJ.•
ser termo tupí, pois existe na Africa uma an<ia sempre isolado, cuja mord'idela é venenosa.:
árvore esguia e ramosa de folhas simples e No nordeste chamam mangagá. •
1 - •

axilares, com o nome de macuco. Registo, JMA;:MIB UCABA, - Vila e séde do 4. º distrlto ~ AA-
no entanto o vocábulo; para que os mais en- gra dos IR>eis, na ~remidade sul-ocidental e nà
tendidos se manifestem . margem <lo r.ilo de igual norm!. O rio nasce 110
MAG~ -- Município, cidade; estação da Leo... 1Estado de São Paulo, 'C, correndo para 9 sul, pe-
· poldina e E. F. Téresópohs . e · um rio. A t.'
netra no Estado
. do Rio e confluindo oom
.
o rio
cidade fica na .marge-m meridional do mu.. Guaripú, at é a sua foz, na bahia da Ilha Gran-
.. • .J , , '

nicípio;· O rio nasce na serra de Teresóp'O~ . . de, serve de limi te entrie Paraití.. e Angra:. Há'
lis·, atravessa o município de nordes te él su.. nêste rio uma cachoeira •com o mesmo niome,
doeste; passa dentro da cidade e desâgua cuja queda é avalia<lla em 120 mil cavalos de fôr-
na Guanabara. O município produz muita 1 ça e de fácil aproveitamento.
farinha de mandioca; marmelos e goiabas. SignifJca barra grande, bôca de barra do
Sua indústria é representada por três gran... mar, muito larga.
des fábricas de tecidos. A cidade é bem t NAND1 - R!io, afluente da margem direita do riio
0

- tratada e está em franco progresso. Córre- da Guarda Grande.


go afluente do rio Piabanha, em Petrópo- Mandí é um dos nomes por que é conhecido
1

]Js. uma das espécies de .bagric. D.e maridí-y .


. Magé é corruptela de 1.Vlagebe, -- re .. MANIVA - Córrego afluente -do Rio ltaba, em l3<>m
'
·sidên·c ia do Pagé, do Murubixa:ba, do chefe, do Jesus. IE' um tuberculo da família das euforbiá-
teitioe·iro. ceas, cuja planta é chamada maniva e que hoj'e
-'!A;MIANOUA~ ........ Bah.ia a · sudoeste <la V:i1Ja de Para- se confunde com o :nome de mandioca.
tí-mir.im, séde do 2. •· di's trito de Piaratí. E' de tôdas as plantas brasileiras a mais útil,
•P ara o senhor Toodoro Sampaio, significa o ié o pão do pobre. ·D ela· se faz n:ão '6 a- chama-
que ~ comido <lentro da cêrca. Francamente, isso ~ª farinha de páu e a gostosa farinha dágua, que
' i tradução muito vàga; ninguém entende. substitu.em o pão, o feijão, o arr?z, as legumi~iO­
A tradução correta é dada pelo Dr . Othon
1 sas como dela se fabrica vários produtos manuaiS
Xavier de Brito. Mamanguá é corruptela de !numeremos alguns.

mangangab, - a volteadora, subentendendo a abe- O tucupí, uma .espécie de mostarda, íe~a da
_I4_0_ _ __ _ _______ __:P:_ed:.=r-=o~Guedes Alcoforad
-- -O Tupí n?. Geogra fia
-·-- ---
Fluminens~ 14 1

• massa _da mandioca, a que lhe agregam sal, pi •

menta malagueta e ~ravo . O tucupí-giCa, a q compor assim : n:aan, cousa; ·t iqueira, que verte,
•isto é, serra das vertentes. E podemos d~compor
se agr.ega também um pouco de gôma <la própri~
mandioca. 10 tucupí-pixuna; o tucupí-quinha: pfta, assi rn: l\:loã-ty-que-ró, - serra enipinada, a pru-
para guardar ien1 conserva o peixe e a ·carn~ & 1110 , a pique, aprumada.
tartaruga . O auarobé, que é massa de n1a n<lioca J\J A RA.CAJú - .Canal que liga a lagôa de -J urubatiba
ia de Carapebús . .

6tima para peixe.


.
esprimi:da no tipiti, com sal e pimenta, e, depois
de é:liesfeita em tucupí,é servida como m·o starda,
'
t P ar ece ·corruptela de maracajá, que p·o r sua
1

vez é corruptela de 111ar.acayá, n1acayá, espécile


O caldó substancial chama<lo manipO'e.ira ou .. dle gaito brav•o· pintado con10 a onça e muito bra-
manicoera, precipita a gôma com que se faz a ta- vo . 1-Iá o m irim e o açú .
pioca ·e bijú e contém ácido prússico. A carimã, . J\1!ARAi\ttB AI A - Restinga entr.e a b.ahia <l'e igual
usada em caldos, massa e biscoitos. O beijú-ac;ú noine e o Oceanõ, sendo aproxitnadame.nte a me- ..
l .
·do ·qual se faz un1a aguardente fontíssima, a gua- tade or i-ental pertencente a-0 Distni'to Federal . e a
riba, .e o poajuarú. Aindá se fazem da mandiioca. Ocidental ao município d~ l\iiangarati'ba. Bahia
bebidas .como -0. mocoró, o cachirí . E ainda ootno a sudoeste da ponta da Pombela. P ico na parte
o carimhé, o m·ingáu, o curuba, etc. ·' oci<ler1tal ·d·a mesma restinga. P ovoado entre os
A mán dioca era conhecida na r.i ngua carai-
1
rios Guaxindiba e o da Aldeia, em Itab<>raí. Cór-
ba com o nome <:fe. yuca e trazida por mi'gtiaçõcs I'ego afluente do córrego de São Tomé; en1 Na-

.indígienas da América Central, surge na V.Oz 'l. ivi dade. :Rtibeirã.-o afluente do Paraíba, na ex·
guaraní mandiog e ass·im na lingua tupí se f boou t remi·dade meridional do M. de R io das Flores.
maniv:a. · IOu mandyha. Há da mandioca mai's de Há sé1·ía:s dúvidas quanto á origein <fa palavra
trima e cinco · espêci·es, sendro a úni,c a comível ~1I·a rambaia . Uns achan1 que é tê rmo tupí; outros
..
'Co21id'a a cha1nad'a macacheira, em cuj a n1ani.cue- achan1 que é voz africana.
ra não existe o ác-ido prússico, volatizável pelo Os tupin istas traduzem como cêrco do mar,
çalôr do f ôgo. tkfieza contra o mar, iem atlusão a restinga qué é
IMA1NTIQUERA--. Log~rejo e estação· da · E. F. Rio sen1pre uma tira de t erra de aluvião, f ormada
Douro, em Duque de Caxias, ao su1 do povoado por sed1imentações, entre um mar -e um rio . ou
do Xerém. Há duas traduções, dependenao da Iagôa.
- ,maneira <le ·decompor o vocábulo. ·P ode1nos de- Mas e m ·todo o sul do Brasil,
. .
marambaia. é
() n otn e dado aos marítimos que não têm amôr a
Guedes Alcoforado
14'!
- - · - - -- -Pedro
- -- - --- - - ...--· --- O Tupí nA Geografia Flum i nen~e 143

profi ssão e pPeferem viver em terra, metidos em


1

Saco, na extremidade set-entrinal da mesma ci-


.o rgias. E' o tipo namorador e mulherengo.
dade
Registo as duas versões. E me inclino a crêr
De mar, murú óu n1irú, - n1osquito, rnôsca
que o têrmo é africano.
e y, água, flio, lagôa, brejal.
MIARAiNGATú - Vila e séde do 4. º distrito de San-
MASSAlvI13ABA - Praia e saco na região salineira
to Antônio de Pádua, na região central do mu-
da R.estinga, em Cabo Frio, entre o mar e a la-
nicípio e na marg·em do córrego Braço Forte.
gôa Araruama. E' uma praia perigosíssima para
10 senhor Macedo Soares dá como significando
os navios quando sopra o terrível vento sussues-
o 'Ver.cladeiro, o real. Mas m,e pariece a mim que
1

te, chama<lo pelos pes~dores de vento calafate,


o têrmo não é 1:upí. E' uma corruptela tupinizada.
porque gera:lmente traz barcos á costa, dando ser-
1

do v.ocábul.o espanhol mar.agato, nome dado aos


~ v.iço aos calafates ~u :carpinteiros do mar.
rebeldes do Ri;o Gr.ande do Sul, na revolta de
O vocábulo V·em de mbab - acembaba. Mbab,
1893, e que significa ladrão de cavalos.
mbaiba, · ou mbae quer dizer .pessôa que pratica
MA!RAPI.Cú - Povoado e pico na margem do riio ação e •iba ou aiba, quer dizer má. Portanto,
Ipiranga, mt:tni.cípio de Nova Iguaçú. O pico li- Massambaba significa pessôa que praticou urna
mita este município com o Distrito Federal. Não ação má, e por extensão, ~gar por onde passa-
• achei tradução. ram pe_ssôas ruins.
MARATOÃ - ·Ri·o e Serra. O rio é afluente do rio ·O saudoso jornalista, senhor Manoel Bcní-
Sãio João, en1 Silva Jardim. Não achéi tradução ..
.
cio conta uma história para j~stificar o nome.,
Conta êle que a Nau Bretôa, quando estev~ ~m
M1A'.RICA' - Municíp.io, cidade, estaç~ ferroviária e
Cabo Frio, com o intui'to de nego:c.i ar com os Ta-
lagôa. A cidade fica na região central do municí-
~ôios, na hora da ,par-tida ,aprisionou
. todos. os' in-
pi·o, na m~rgem do r~o Mambuca. A lagôa fica
<lígena.s que se achavam a bordo, contrariando
entne a c idade e· o Oceano, rica de talinhas e ca-
1

tôdas as leis estabeledidas nas negociaçõ~s. Mui-


marões.
roos -indígenas fugiram por mar, outr·Qs morreram
·E ' o nome de um esp'inho que agarra por
afogiados e alguns fÓram levados pelos brancos
ser curvo, em forma de anzol.
traidores, os . quai·s foram chamados umbaí, mai,
~tAREMBE' - Pico nos limites de Silva Jardim e
boaba, emboaba, tôdas estas expressões si'gnifi~
Cachoeiras. Não achei tradução.
cando gente má, ruim.
MARUt - ,Morro na zona norte e urbana de Niterói.
O conselheiro Macedo Soares contraria esta

...
. 144 Pedro Guedes Alcoforado
--- ' - \-0 Tupí na Geografia Flumin~n'le_____ 145

história e ·diz ·que n1bae significa hicho desconhe- da mã.o, dois dedos, 1niocói. Canguê, vetn de
- ci«:!o, núncà visto e máu, 1e decopõe1n a palavra ' · ·acanga, cabeça. :Niocangue só pode signi•f icar duas
rnassatnbaba com.o corritptela arranjiaida ·pelos r cabeças juntas e parecidas, e COlllO Se trata de
~ portugueses, ·da seguinte maneira: JVIbaiba, mba, duas .ilh;<s, pode ser por extensão, Hhas duas 1r-
.~b, inbai, nhair, mair,' inboava e por fim mba ou ,. n1ães, ou as duas i rmães, simples1nente.
·má, que por· contração quer dizer lagar por onde' · • MATU}.IB1 - L.<>garejo entre as nascentes do córre-
~ p<issou o liicho máu, -0u gente má. De fato, foi go da . luz, etn Casemiro de Abreu.
' b título "Bid10 rnáu" cre que os Ta1nôios deram Não encontrei tradução.
.,.
· · á ' náu Bretôa. · J\1:A TQTlJ - ·~1:01-ro
entre as i1ascentes do ri·o 1\1a,tu-
. ' '
. ' e una, em ·Campos. Pi·co nos limites· de l\ilangarati-
:NIIASSÁrv1BA.RÀ" - · Povo;ido entre o ribeirão do
1 • •

· Secràtário e iÓ do do Sa·l to, em Vassouras. ba e· Itaverá. Ri·o, en1 lVIangaratíba.


I-Iomem <lo mato, o mesmo que matuto .
. . . be a côr<lo com a et111ologi1a de 1Vlassan1baba
~1AT UCUKA - Ri-0, e1n Can1pos.
e ará · ou ra, desinência que indica quantidade,
mas$a1nbará, parece signiíicar pessôas ruins, gen- E' o ho1nem negro, do mato, o trabalhador
. te n1á. do campo, -0 negro. escravo. ~ão é tupí puro; é
!tv1ITIPO' - CÓrreg-o aflue'nte do rio do 'l'esouro.
1 brasileirismo da colonização.
• 1

· '. . . . Não •encontlieÍ tradução. MA·U..\ · - Serra entre o córrego da Onça e o do Baú,
MUTUAPIRA -" Povoado e rio afluente <la marg·e m cn1 Can1pos . P o11to ua Bahia Guanabara, 1entte o
"',. ., .. " ,.
esquerda do rio Casseberú, em I taboraí . . no da ·Cachoeirinha e -0 da Guia, e1n 1V1agé. ,
E:' o sobrado, o ~iráo, . o palanque, onde o 'Coisa elevada, alta, firme.
("

,.p escador espera a caida do yei:x:e no trin1bo~bó. MERITí - •E x-distrito de Duque <le Caxias, elevado
IvI{YC.ANGljE - Ilhas ao norte de Ni.terói, na bahia : uhimamente a cat,egoria de munirc ípiio com o no- , -
' '

Guanabara. 1ne de São João do Medtí. A cidade fica na n1ar-


' ' '
.. , . l\. tr~dução ma_is ~~r~n~e é gêmeos.
Dis- gem. do rii·o Pavuna. Morr-o entre a estrada Rio-
. , ~ . é ·R:onha ou inconha, ou, ainda,
c-0rdo. . Gêrneos .. Petrópolis e o canal de Sarapuí. ·E ' uma espé-
~.
igonha.
.. ..
.Não
. .
há ourtra expressão
. .
para designar cie de palmeira muito vulgar no vale do Amazo-
gên1eos. nas .
. ivf?canguê, tudo indica, v·e m ~ mocói, que . .}..1U·ClJRUPE' - · Vila e estaçã_o da Leopoldinat
significa dois, ou melhor un1 igual ao outro, for- distrito de ,Ca1npos, na l'egiço sul-oriental.
ma por que os indígenas contavam pelos dedos .IvJ.ora<la das gan1hás.
~ ' •\ . .. ,; ~
. 1

'
146 Pedro Guedes Alcoforado -
·O Tupí na Geografia Fluminense
-··· - - 147
--- - - - --------....,-----
l\1URUBAí - R io afluente do ri·o Guap i-açú, em Ca-
:M:INHOCA - Serra na região centrar <le Barra d0>
choeiras.
Püaí, Ribeirão que nasce na região meridional
· R io c..lo 1nurubás. ?Ylurubá é wn peixinho pre-
do nlunicí J)'io de llilarquês de Valença e penetran-
to, que se cria en1 poços ou pequenas águas.
do no tlerritório de Barra do Piraí, desemboca no·
MORU1,fBECA. . - Pico, na serra de Sant' Ana, em
Paraíba.
Silva Jar<lim.
O verm.e da terra, o que mora no chão. 11orumbeca, n1uren1beca, n1uribeca, é a môs-
..
~1IRACEMA - Município e cidade no extremo norte· ca 1mportuna, voraz.
do Estado, faz·en<lo limite com M1nas Gerais. E." l\'llUCANIBO - L ogareJo ao norte da cid'acte ~ Magé.
Grandie c11iador de ga<lo e produtor de arroz e mi- IIá dúvidas sôbre se é voz africana ou' tupí.
·l ho. De Mbyra-cema . Dize1n os entendidlos que o A 1nim me parece africana, significando casa de
nome :indica '°
fáto de ser a região outrora, mui- negro, casa d:e palha n1al fei1ta.
to ri ca em madeiras preciosas, ma<lieiras de lei. l\ffiUNIB-UC.f.\ - Rio formado ·pela junção dos dos
MóCOro' - .Serra em São Fidélis . Rio afluente oo Ubatiba e Itapeteiú, em 1-fari-cá.
rio Imbé. ·Nasce em Santa ·Mania ·Mada"liena e de- 11umbuca, 1nombuca, - o que é furado. Tra-
sagua em Campos. ta-se de un1a abelha grande que dá mt.Vito mel e
De mo - oolg, - o que faz que jogue, em cêra. O seu non1e vem do modo p or que cons-
!alusão a desarticulação <lo pé, quando se anda. tróe sua casa ou cohnéia.
MONOANGA - Morro nas imediações da estação de· MUN.D E'OS - LogaDej.o e estação <la Leopoldina, no
·Cachoeira, em Nova Iguaçú. .vale <lo rio São Pedro, em ~1acaé.
Cabeça tnequeada, assada. Armadilha para caça de anin1ais de vulto . •

M·ON'SUABA - ·Ensea<la em cuja margem está si- ..,


MUOUEOA - •P ovoado na mar gem . dir-ei.ta do rio
tuado o povoa<l:o do mesmo nome. Piraí.
Não encontrei tradução. ·Carne ou petX!e assado no braseiro era o seu
primeir.o 1signrfiicado. Depois 'tomou outro sent~db
MORET1 - Povoado na margiem direita do córrego·
t ,e hoje significa um guisado de peixe feito com
da Catarina, em Sã-o Fi<lélis. ,
pim·enta, limão e azeite de Dendê.
M()reití, n1erití, morici, sa.o a mesma coisar
~1URY - L ogarejo e estação <la Leopoldina, na mar-
uma iespéaie de palmeira.
gem do ri-o Santo Antônio, em Friburgo .
?vias o -conselheiro l\.1a-Oedo Soar~s drz que é::
l\'.lôsca, mosquito.
no dos mosquitinhos.
J 48 Peciro Guedes Alcoforado O Tupí ~~eogra fia Flumi:i~n~----- ....___ 149
- - ----·- - - -
MURITIBA - Afluente a esquerda do no Paraíba,
l\lUR l. \llE' - R io, que nasce no Estado de i\linas,
·em Sã-0 João da Barra.
penetra no ;ten:itódo ílum,inense, na região oci-
(l ""
1furicizal . Também pode ser enxame <le
~' ~•1 t..,c..... 1.. c1(....." Ita1Je run.a >· atraYessa o n1un:cípio e en-
t ~

mo§quitos.
tr<l n o de Campos, onde dese111boca .no Paraíba,
<lo lacfo esq uerdo. MVRUN DU N - Povoado e estação da Leopoklina, a
esquerda do riio da Onça, em Can1pos.
Q vccábuLo J\1~tri ahé, co1no se escnev e hoje,
1

não te111 tradução. D;epois de 1nuitos anos de in~


O Oonsdheiro :!Vlacedo Soares acha que CI
'
vest'.gaçil'o, d1escobri que a palavra prirnitiva era. tênno é afr.icano, se ndo ·o original mulundun e sig-
muryahy. De n1ury-a-y. l\1ury, mosquito, a, ver- n ifkando n1onte ·d a aparição. ]vfas o senhor
." bo ter e y, ri o . Rro que tem 1nosquiros.
1
Notei~
The·o doro Sampaio afinna que o senhor Soares
percorr,e11clo o município, que n1uiitos dos seus.
está errado e que o tênno é rigorosamente tupí,
•cuja ·o rigem é: mó-r-undun, isto é, pequeno mon-
habitante.s, ainda hoje <lizen1 J\ifuriaí, e1n v·e z de
l\Juriaé. te 'Cl'e terra feito pelas formigas.
São, pois, fonnigueiros ou casas de formoiga.
· 'll"'URIC!
.Lvi '- - C ' em ~Natividade do Caranvola.
orrego, t:1
iMUTUAR-IPA - Córrego1 afluente da margen1 es-
Gêneno de plantas <lo Brasil da família das.
querda do r iio Casserebú, ou Cassarabaú, em Ita-
malpigiáceas birônin1a, cuja lenha é excel-ente
boraí. E' o giráu, onde o pescador espera o pei-
con1bustível, m es1no verde. 1

xe cair no Tribobó ou timbobó.


~1U1RIOU i
- - Rio que nasce nas imediações do 11orro
Grande e dese1nboca no Atlânüco, em São Gon-
MUTUCA - Córrego. a esquerda do ribeirão do C·oitn-
bra, em Natividade. Córrego a esquerda <lo· rio
çaJo. Logarej-o entre o Rio Chi bante e o C<1;m-
~ffuriaé, em Jitaperuna. Povoado na parte norte-
po· de :Niariá Paula, €111 Niterói. Ri 0 tributário
1
,ocidenta1 de Catnpos. ~A môsca que f errôa.
da Lagôa da Capota, onde perde o nome e conti-- .
MUTUM - Logarejo 'a nordeste de Carabussú, 4. •
núa con1 o de ·Ri10 do Alcântara, em São Gonçalo.
<listrifvo de B·o m Jiesus <lo Itaba:p-oana. Rio na.
L·ogarejo. e estação da Central, em 1v!angaratiba.
margem esquerda do rio Iguaçú.
ii\'l'acaco do _Brasil, ( Eriodes hypoxanthus) de ·
Ave do Brasil da ordem dos gal·ináceos ( crex-
ta1nanho grande. Distingue-se por ter o polegar·
<la n1ão dianteira, en1 côto, sem unha ; o pêlo é·
allecron), do tan1anho de um perú, <le penas es-
curas e luzidias itambém chamado bocó. Tem na
amarelo desbota.do; a cabeça preto carregado . E' ' .
cabeça um top.ete de penas, con10 o pavão.
1nuílto sociável.
150 Pedro Guedes Alcoforado
O Tupí na Geografia Fluminense 151

MJORA'N GA1BA - Vi'la é séde do 9. º distrito de Cam-


cuja madeira é usada nas obras de marchetari·a .
pos.
M'INGú-AÇú - Córregio afluente do Ribeirão do
Póde ser um hibridismo formado da palavra
Coimbra, em N ati·vidadle.
látina morango e o tupí gaba, significando mo-
1E ' uma espécie grande do mingú.
rangazal. Mas póde ser corruptela de porangaba,
- retiro, sítio, regi·ão de grande beleza. N
MARACANÃ - Bahia, na Lagôa de Araruama.
NIT·E RO'I - Grande cidade e capi:tal do Estado do
N omie dado as aráras menores onde predo-
,- .Rio, banhada pela bàlíia Guanabara, tendo ao.' sul
mina a côr verde.
o 0ceano e a teste o município de São Gonçalo.
1


~

· MANGARATIBA - Município entre Angra dos Possue grande .comércio, muitas indústr~as e
Reis .e Itaguaí, cuja cidade tem o mesmo nome, uma po.puliação de cêr:ea de 180.000 habitantes.
na parte sul do Estado. Bahia, em frente a cida-
·Outrora chamou-se Vila Real da Praia Gran- ..
d·e . Serra no m.esmo t'nunicíp·io.
de e foi. fundada pelo índio Ararigboya, que de-
Para o senhor ~Iacedo Soares Mangaratiba
pois de batizado tomou o nome de Martin Afonso.
é abundância <le mangárás, uma iplanta que hoje
A ·g rafia <la palavra Niiterói tem sofr-ido vá-
desapareceu inteiramente das nossas florestas.
rias alterações~ N utoryoy parece ter sido a pri-
Porém mangará é a tubera de que nascem
rnei.r a usada; Depois Nituruy, Nictheroy e final-
certas plantas d-0 BrasiL E há o mangará da ba-
mente, com a grafia fonética, Niterói. Seu síg-
naneira, ponta terminal \la enflorescência desta
nificado, porém, tem se mantido o mesmo. Mar,
planta. Não encontrei a , ettnologia tupí. Manga-
bahia ou água escondida, oculta. Trata-se da
ratiba é abundânda de mangarás. Mas tratar-se-
< bahia Guanabara.
á do rtubérculo ou da parte terminal do cacho ela
·E la é que é Niterói, o mar escondido. Mas
bananeira?
não se sabe porque motivo deram á bahia outro
~ANbl1'IBA - Lagôa ·e povoado, em Maricá.
no1ne. Como ·o certt:o do anzol é ser torto, fazem
Mandí é uma espéci:e de bagre ; tiba, abun-
1iisso .com as outras cousas: trocam-lhe os nomes.
dância. Tratando-se de uma i·agôa, póde, por ex-
NHU·N GAÇú - Logarejo em Teresópo)is.
tensão traduzir-se por lagôa dos bagr.es.
tE ' uma espécie de veado grande.
MINGú - Afluem-e da margem esquerda do rio Pa-
raíba, em Paraíba do Sul. p
E' uma árV'ore do mato virgem do Brasil,
BACA - Rio afluente da margem esquerda do R·ibei-

15~ Pedro Guedes Alcoforado


O Tupf na G eoizrafia Flumi nen se 153-

rao ~a L age, em . R~zend~. Córr·ego . afluente do
Ribeir~o das Areias, em Ca!ltagalo. . ,.
.. nólog-os se esqueceran1 de que no tupí nenhuma
()oeiogenis paca, ~m mamífero co11siderado palavra tennina e111 r; por isso não po-
. .dia paquequer, oiiginaria111·e nte ternli~ar em quer·
como .o segundo dos roedores em tamanho. Pos-
sue pêlo bruno-amarelado, oom cinco séries de ()U ker, quando muito em ké. No entanto, pod~m
malhas brancas <listribuidas em senti<lo longitu- êles ter encontrado o notne já corrompido e no
d ipal. Disti ngue-se também pelas arcadas zigo~ . . caso, •estarem certos. Não m·e esqueço, porém do
má'ticas singularm·ente largas. Prefere . a màta que me disse um índio velho, goitacá, reside~te
;densa. Donne de dia ·e vagueia :clie noite em bus- em Iguaba Grandle. Gostava eu de lhe perguntar

• ... ~ .ca de ali'mentos . E' um .belo animal, mas mui.to a significação1 de certos hon1es tupí. :B'l1e sabi'a-o·s . •
arisco. Sua carne é muito apreciada . poucos; ·e stava esque·c ido pel1a idade. 1\IIas quando
'
PAPIG".ú - Logarejo e estação da Leopoldina, em: lhe perguntei o que era Paquequer, êl-e m:e disse
. Cachoeiras . Subúrbio de Cabo Frio, a oeste da proqto: "-E' o quê se some ·em baixo <la pedra" •.
.
cidade. Rio, :en1 São Pedro d' Aldeia. Ora, é certo que a paca cava ela mesma a sua lóca,
_ O que corre em zig-zag. .onde se iesconde de dia, mas n inguém ignora que-
PAQV~QU.ER
,
- Rio fa1noso pelo romance o "G.uà- º rilo :Paquequer,
.
·e m Sumidouro, mergulha vários .
'

. ~aní"', de J os·é de Alencar, nws na v1erdade tra~ quiilôn1etl'OS por ba:ixo <la n1ontanha, in<lb sair,
ta-se de mn do de pouco vulto. Nasce na serra adian~e, iem ft0rma de cachoeira. Esse' f:enômeno·
de igual non1e, em Sumidouro, e atravessando o é que deu o n ome ao município d~ Sumid'o uro.
n1unicípio de Carmo, desagua na margem direita · Não iestará un1 fato ligado ao ouitro?
do Paraíba. ·N,o tei mais que o índio velho não d izia pa-
Com a sua tradução muita gente. tern errado, queq~er, <ll-zia pacaké .
incluindo o próprio r.omancista.
Quen1, pois, terá r.azã;o? os dois ·ih1str·e s tu-
.. Entre muitas traduções q1:1e não merecem c.i-
pinólogos, ou o índio velho g-0itacá?
1:açào pelo ridiculo que encerram, limito-me a
que deu o senhor Teodor.o Sampaio; -confirmada
.:pARiACAl\1BI ~ v ·ila
e estação d'a Central do· Bra-
sil, séde do 3. º distr ito de Itaguaí, á. direita do
ou aceita pelo 1dr. Othon Xavier de Brito Macha-
no dos macacos.
do. Diz o primeiro : Paquequer vem de pac-ker,
as pacas dorme1n; •o segundo diz: "de pac-qu.er, E' .exatamente -0 que signi fi'ca: ..._. nlO çlos.
'
1)ouso da.s p acas, dornii.cla. 1Y1as os ilustre~ t~pi !... inacacos.
P /{RAOA.Tú - Logar1rjo 'a sudoeste Aa 'v ila «io Mor-
154 Pedro Guedes Aleoforado
- - - - -- - -·- -·--- -- - - -- - -- - - - O Tupí na Geografia Fluminense 155

ro Grande, em Ararua.ma. Córrego tributário d~


· tável, devido ser o seu leito, .em quasi todo o per-·
tagôa do Guarapina, em ~faricá .
.curso, cheio de pedras, lagedos, corredeiras e
.Rio ou !agôa bôa, praticável, que d'á muito
ilhotas, por tôda parte.
peixe, de bôa qualidade. . .
fEssa a itradução geral que dá a ma1on·a, uns.
PARAGUAI -- ·· ~io tribútádo da bahia Guanabara,
por entender, outros por ouvir dizer.
em São Gonçalo.
1Mas vêm agora as contradições dos que têm
E' rio dos papagaios.
opiniões diferentes.
P ARA!BA - Grande rio, que nasce no Estado de .
Para :N1ar.1lius, que, como já tenho repetik:l<>-
São Paulo, penetra no Estado do Rio, pelo muni·
atraz, não merece muita .c onfianç·a, ·P araíba tan-·
cípio de Rezende, ·e seguindo pelos de Barra Man..
to póde ser "f'io dle águas claras." c?mo "rio que
.. sa, P.iraí, ·B arra do Piraí, ·V assouras, Paraíba
do Sul, Três Ri·os, Sapucaia, Carmo, divi!de aí
· não se pare·ce com o mar'J. Como se vê, Martius.
errou mais uma vez, porque não há no vocábulo
os Estados do Rio e 1'Iinas; Em seguida, pen'e·
.... .
nem o adjetivo "dara", nem o a dver
, b'io " nao
- " ··
ltra de vez no 'E stado do Rio, por Itaocara, Cam ...
. ... Vem depois o Conselheiro Macedo Soares e
·bucí, São Fi<lélis, Campos, para, por fim, de9em-
diz que Parahiba é mar pequen~. Para êle "pará"
bocar no Oceaoo, em São João da Barra. E' o
é mar apenas.
maior rio do Estado, pois vem, em seu longo cur... , , . ,.,
Paraguassú, é mar grande, parana e 1rmao
so, recebendo afluências de córregos, riachos, ri ..
do mar, que se parece com o mar. Paraíba é mar
beirões e de grandes rios como o Paraibuna, o
pequeno e Paranruba é um ri.o •gra.nd'e, porém me-
Pomba, o 1'·I uriaé.
..

nor que um · paraíba.
Foi. êl-e que deu nome ao município de Para-
Vem d'epoi's o ~nhor Afonso de ·Freiitas e
h iba do Sul, rico município fronteiro ao Estado
diz que para_íba é "pai do mar". De pará, -
. )
de Minas e famoso ipela sua pecuár1ia, sua cerâ..
mar; y, - água; .t uba ou . tiba, pa+, geratriz, fon-
• mica e· ·sua água · mineral. •
te, nascedouro, .cabeceira; 'Quer este autor que a
1A palavra Paraíba tem sido motivo de gran-
palavra primitiva tenha sido Pa~a-y...tiba, que por
des discussões.
contração se fez ·paraíba, significando nascedou-
A generalida·d e dos tupinistas traduZiem pa-
ro, gerai'triz, alugiva á circunstância de esse rio-
raíba -como
. vindo. de pará-ahyba, como significa-
ser afluente direto do mar.
do comum de pará, rio, e ahyba, que por exten-
1, ·Serja .isso considerar o indígena ·m uito bur-
são signrfica r io ruim par-a a navegação, impres- '
ro, muito inexperiente, porque, conhecendo, ou-·
O Tupí na Geografia rtuminense 157
156 Pedro Guedes Alcoforado - - -· --

Sal...-adas as muitas interpretações que há da


tros n cs muito ma10res, só a este julgou ser o
pala·< ra Paraíba, e acrescentando o adj etivo una,
cr iador do ma r.
Paraibu na signi (ica o Paraíba preto o u de águas
11as não pára aí a mania de discutir.
suj as, escuras.
V1ej an1'0s ainda outra tradução e esta dia.da
-0 ficia in1ente pelo "Dicionár io Geográfico da PARAOIZEX,\ - \' ila e estação da L eop0'1dina, séde
Província <..;'e São Paulo". do 7." distr ito ele Pádua, na região ocidental do
nHlilÍrÍpio e na 111argem esquerda do rio Pon1ba.
Nesse tr:abalho, aliás muito erudito, - des-

~reve pa1:aíba con10 "rio rnuito escabro~;o''. Diz De pará, - rios; ·o kena, - junção. Onde

que a palav ra ven1 de poró-ahyba, . contraq do em ·doi s ri os se enc"Ontram, se juntam, se confunde1n


poró-a~ba. .O.e poró, •p ara expri1nir superilafrvo, nuin só.
ex cesso, extensão, e aib, máu, com o acrésci1no de PARAT1 - 11unicípio, ciidade, serra e enseada, todos
a, por acabar c1n consoante. no extrem·o sul do Estado, nos limites de S · 1
Como vêm, são 1ntti.tas as ·o piniões, tooas de - .
a leste do povoado de Iguaba pequena, em Ara-
.
' Pauio e na marg-em do ·O·oeanó . E11sea'Cla e rio,
nomes autorizados. ~Ias quem poderá dizer qua-1
deles é que está certo? De minha parte fico ter- ruatna.
ra-a- terra, isto é, com a opinião da m aiioria. E
1
A pczà r de hoje os pescadores distinguirem
tenho bôas razões para isso. · Certamente o indí- a taínha do paratí, chan1antlo a maior, tainha~ e
g ena nunca foi' co1no os nossos legisladores, que a menor, paratii, taínha ie· 'Paratí são a 1nes1na
fazc1n l·eis pa ra não serem con1pr-eiendidas, pen- co1sa, un1 peixe escamosos, de águas pouc9 pro-
sando em vá rias in terpretações para darem dinhei- fun das E' um peix e sa!tador . lVL1·s a palaYra te1n

PO aos advogados e que~rar a cabeça dos juizes, ·o utras ·HZtUúções .0 1seí1h<ir Teodoro Sa1:·1paio,
con forn1e o interêss·e da 'Ocasião. Eles, os indíge- por ·ex emplo, diz que é mar peqt1eno, bahi'a, en-
n as, eram s imples, _honestos e sinceros. Quand'O sc.ada. JJe pará-í .
dizi~tn uma cousa era aquilo tnesm-o, sem outra
1 ' PARNAIOCA - P.ovoaido, no e praia, na Ilha Gran-
exr.r,ése 1egal. E o qae êle quís {1'Ízer do riio Pa-
de : CorruP'tcla de paraná-oca. -Casa do mar .
n1íha ioi qúe ele não se prestava para correrem
1

Provavch11e1(te o iridíg1ena queria se referir a


nas suas pirogas, igaras e ubás velozes.
un1a furna gra nde onde o mar se represou.
PAR A THUr-í A R io que lin1ita o Estado de Jvfinas
P.ATl - Vila e séde <lo 3. ºdistrito de Vassouras e
com o E. do Fjio, até sua confluên cia c-0m o Pa-
estação f crroYiár ia da L inha Auxiliar. ótimo
raíba, na .marge1n esquerda de Três Rios .
O Tupí na q_~~~~ fia_ Fl ~~inense 159
·-~-··--·--·----

158 Pedro Guedes Alcoforado

que é 1nedrosa, tímida, n1eiga e frág i-1 como o jun-


clima 1para tuberculosos. Córrego, em Angra dos. co . E' nome de mulher entre os indíg.enas .
1Reis, afluente do rio Mambucaba . .PIRJPIR1 - Logarejo entre o rio Guandú, em Ita-
P lanra oleaginosa <lo Brasil, ( Syngrus bo-· guaí .
tryophora) . O indígena, mijitas vezes. para indicar quan-
PA:RANAUN A Rio, e1n Petrópolis. tidade r ep eti-a o nome . Assim Kirí, - t riste, v1eio
:O utra forma de traduzir r io preto . ki ri-kirí, - muito triste. D;esse hábito nas·ceu o
... PEN~l)OTIBA - P•ovo.a:do e. serr.a, a nor<leste da ser- tenno p~ n pir í par~ indicar n1u1tos pirís, o Juncal,
ra da .Atalaia, 1em ·Niterói. em vez de pi ritiba.
;E ' .corruptela de Pindá-ü ba, - Jogar onde· PERl SSll - Córrego afluente <ili marge111 direita d"'
há abundância de pindás, umia espécie die . pal- rio de Santo ·Antonio, ·em Miracema.
me1ra. Corrupeiticla de pirí-ceên. E' a planta conhe·
FERBQU~ - Rio, na Ilha Grande, oorr-en~ a oeste oida por H erva-dôce.
para a enseada da Estr~la. Rio afluente do Mam- PERNAMtBUCA - Lagoa entre a praia a-e 'i\1.assam-
l:iucaba . baba e a lagoa Araruama, em Cabo Frio. E'
Lugar ontle o peixe .entra para a engorda e zona salineira, na restinga .
a procr iação. Vem de pirahy-ké, .v iv.eiro de pei- Coruptela de paraná-mbuc. Onde o mar
xinhos. T ambém .J.?Od~ ser corruptela tle p1.ra-ké, ronca, arrebenta nas ipedras com estrondo.
o famoso peixe elétrj;co, conhecido por poraqué,
.PE~OB A - Logarejo, em Araruama.
no Amasonas •: :rv!adeira de lei, da família das aponeaces, da
FERI - Morro lentr~ ~ río dQs Incllibs de Dentro e qual há 1nuiitas espécies no Brasil. Muito usadà
o rio Tanguá.1 <Pt'\ construção e n. i •Hias.
:E ' corrup~la de pirí. E' a graminea ·oonhe- PIABAN•l:LA - -Rio que •nasce na serra. do Retir<», em
. cida por junco. ·No Pará cham'a.-s~ também pcrí· Petrópotis, •e, correndo para Três-Rios, desem-
IQU pirí a um terr.e no alagadiço, ond e nasce a re-
boca na marg.em direita do Paraíba, depois de
ferida planta. atrav.essar ia. ci<la<l·e de P.etrópolis e as vilas de
.
PERIN\AS - Grande salina, a ma·i or da zona salinci- Cascatinha, Itaipava, Pedro do R·io, Area'\ e A1-
ra <lo ,Estado, em Cabo Frio e a sussueste da bel1to Torres, onde está situada a uzina e1étrica.
cidade . e da tC ,i~ . · Brasileira de Elet:rici<lade. Lagoa situa-
Perina é corruptela de J1irina e signifi'ca a
160 Pedro · Guedes Alcoforado \.
O Tupi na_ GeogrA_fi::i Flumine_n_s_
~ _ ___ _ _ _ __ _J
_6_1

da na 1narg-em esquerda <lo no Ururaí, em Cam-


A tra-dução oo-rrente é no do pe1xe. Não
p~s . .
aceito essa tradução, principaln1ente porque o no
·Corruptela de pira..,bãe, - o peixe mancha-
Pir.aí ·é pobríssimo ·e1n peixe. Aceito a tradução
do, riiscado.
<lada ;p1elo Cornte. Eugenio de Castro. De pira-í,
1

· PIA.B.~ ~ 'Cbrreg~ -~afluente. do r:ió Matabú, em 1} ~


- peixe pequeno, peixinh9 ·ou r:Jo que só d'á
cáé. Canal ·é 'r.io iaflitentes do rio do 'lVIu:tum, n:o
peixinhos, t:oma<lo J)Or extensão.
1:imite de " Duque de Caxias e Nova Iguaçú.
PIRtA:t\nHA - iCórrego afluente do do n1acabú, em
A ' piab~1~ha meno; , riscada e ág-il.
1\llacaé . A tesoura, 'º :p:ei:xJe voraz qu-e corta como
PINDOBA - Logarejo na região or.i ental de V,assor1-- te's oura.
" ·· ,. ái.s. Seràt na região setentrional de Jviar'ica:
PIRAPITI~iGA - tRibe1rão afluente d9 -n o Turvo,
Pa'h11el.rà do Brasi:l. Os frutos são· com;e s-
·en1 Barr.a n1ansa. Ribeirão à direita elo r io lta• 1

., tíveis e
forn:eceri1 'u in oleo uiilis'ad() como tempe..
bapoana, Bom Jesus . . Rio a.fluente da mar-
. . ~ e-111
ro culinário ·e na ;illumrnação.
gen1 1esquerda do Paraíba, em Rezende, servin-
-- PIRACE1VfA >--!.. -1,ogatej-0 e estasão da Lebp·o1dfua,
do de l i.mite enitr·e o Estado do Rio e Minas Ge'."
1

na 1naT'geri1 tdirei,t a do Para·ibuna, ·e m Três Rios.


rais, no município de Pádua. Lagoa na região
Córrego afluentie da 1nargem, ·e squerda do rao
sul de 1N·iterói.
l\llacaé.
>Peixe hraneo, de ca.rne branca, sem sangue.·
J\rfigração anual dos ip-e ix·e s, no acíma, ou
PIRAPETiiNtJU\íG1\ - Rio e .!:ag·o a a sueste de Nilte-
para ,dentr-o d:e lagoas, n(J.. .época da r,eproduçã.o .. ~ . . ·C'
ro1 orre.g ü à esquerda do rio Paquequer, em
PIR\i\ -N IEl\tfA - Rio afluente do Valão .do B 0-i:, com 1

Sumi>CTouro.
a~' 1:n ascentes na serra dos Cág,ados, em Itaguaj..
Também se .escreve pirapitinininga. Peixe
E' o contrá6o <Cle piracema., -E ' a volta do
sêc-o 'ªº sol para §e .conservar por muito ten1po
.. peixe rdesovado !e inagro, que não serve par.a pes-
e ipr·e parado· antes _com .certos temperos do co ..
caria.. Ta1nbém é a :má . pescar·i:a, ·o nde não· s·e
nhecimento undí-geha.
pesoo~ na:da.
PIRAQUAEA - 'E nse.a da entré as pontas do Calhau
PIRA.1 - . •1\!Iunicípi:o,, cjdaçle, no e . ·ç_achoeir4. A ci-
e Bitangas, em ·Angra clos Reis.
da:_<le fica na r:e gião ·o riental . do muni'Cipi'o ; o ·rio
De pira e quara, signif kando1 quaria péle
idesagµa no Baraíb~, .en~ Barra do Piraí.
dura. . Nome idado ·também aos pescador.e s, aos
.Piraí e a Cachoeiira fic::i. no município· de I1tave-
.é<;>medrores de ~eixe, cuja péle tostada de ~1, en-
rá. ·éórr-eg10·, .e1n 1S. Fidé lis.
dureceu. "· ;__ : ! ___; ~:-~.: [~_,.:_; _. ; . ,
Pedro Guec'es Alcnfo:- qd::> -'O Tupí na Geografia Fluminense 16}

Depois a palavra tnudou de sentido, tomou Con10 está :e scrito, só pode ser um rio pe·
>
u1na designação pej orativa. Passou a ser o ho-
1
queno, de águas pretas ou escuras. !!\{as me pa·
moem rústico. rece tratar-se de uma corruptela de carap~ã..
( ).
E ra a alcunha que davatn aos habitantes de un.a, um mosquito preto, de pernas l ongas, e cuja
1

Paraíba <lo Sul. mot1d idela é muito dbk>rosa. Também pode ser
PITAl-~·oA Ponta entre as pontas d'o Aratne e corruptel·a de acara-pi-una, um acarazinho preto.
Grossa, em A . dos Reis. Povoado a sudoeste da Nã~ se esqueça o leitor que a maior difictildad~
Lagoa do T::i.tá, em Macaé. . do tupinólogo n1oderno é encontrar a etimologi~
Fruta vermelha, a que tem a polpa côr de das ' palavras originais, devido as milhares de cot..
. .
.sangue. ruptelas que as mesmas sof rer~m no de.correr dos
PACOVERA - Vila, em Itaperuna.
.. tempos .
Pac-ova é banana; véra é brasileirismo de PARAJii\1 - Vi'la e séde do 2.0 distrito de Bom Jar-
veral . PacoYeral, bananal. d-in1, na i~egiãio dentral e na n1argem do r ibeirão
P A TIOBA - Povoa<lo, em Itaguaí. de S . José. Riozinho ou um lago pequeno.
E' ,0 . ·pa.tizail, onde há abundância da planita WROROCA - Praia na r·egião sul-oriental de A.:
patí. dos Reis. Ilha em Mangaratiba.
PACOPAIBA - Povoado ein Vassouras. ·O que 'é lacerado, 1ia.nha._do, rasgado. E' o
Pode se r corruptela de pac-0va-tiba, bananal nome de um peiJ\.-e d!e arribação. E' tan1bém o
ou pacoveral. T ambém pode . ser, corruptela de nome que se dá, no 'Faraá, a um fenôm·eno curio-
pacova-ahyba . A banana que nãio pr,e sta. so, por ocasião das enchentes da maré, no no
PIRLi\.~GAí -
•R ibeirão, em Rezende.
• Ani:azonas. 1\s águas rolan1 ·e m turbilhões, em
Rio barrento, de águas sujas, côr de barro em vagalhões enormes, arrastando tudo .
vermelho. Também pode ser rio das pirangas, -
uma planta da fan1íEa das bignoniaceas, muito ; . Q.
frequente nas margens .dos rios. E' desta planta iQUATIS - Vila, estação e sé.de do 5. distrito de 0

que ·o s in<l'ígerias e~traem, por meio de inacera- 1 Barra Mansa, na r.e gião ·o cidental e na 1nargem
ção em água, uma substância . vermelha com que •
do rio de igual nome.
pintam o ros.to e a que chamam carajurá. N'On1e <le duas espécies de ma1níferr0s carní-
PARAPIUNA - · Ribeirão, no tnuniCípio de Valença. voros. ·A 01iograf ia c-0rreta é coatí, - bicho
Vila no mesmo muniétipio. riscado.
·•
O Tupi na Gc0gra fia Ff umi11ense 165
164 Pedro Guedes Alcoforado ...
dade nem a forma da vegetaç·ão. Suas caractc1
QUATIGUAR:A ___.: :_ Rio que nasce na vertente da pe- rísticas est ão em relação às águas que as circun~
dra <lo Coriseo e desagua na praia Grande, em dam e ·que ela as separa, assim como na natu"'
Mangarati·b a. A mora<la dos quatis. reza do terreno, sempre de aluvião. Sua vege-
QUIM!BÍRA - &io afluente da n1a.rge1n dire.ita do tação pode ser espessa <:>u rala, e nisso ela di f e-.

Tio Imbé, em ·Campos. Nasce no sertão do mes· re da catinga, embora já tenha alguém querido
mo nome. 1 .
confundí-las.
Não achei tradução para êste nome. Parece .. No sul: elo Brasli:l costuma-s·e <lizer: Res.tinga
'trataf-se de un1a velha tribu extinta. de campo; restlinga de ar.e ia, Isso, no entanto, é
Q'U ITIOUARA - · Praia a leste <le ltacuruçá, e.m lta• 1apenas um.a: alieração <;i;<T sentido
.
que sofreu -ar

gua1. palavra através do tempü. Na verdade, porém,
A !loca, a morada <l·o quitite, - um peque- restipga de mait0, de campo ou de areia, é sem.. ,
1
1

no animal cuja espéciie está quasi extinta. pre uma faixa de t erra, mas não de uma faixa
1

De kite-cauara, - o que serra. qualquer. Sempre in<fica uma nesga ou língua


de terra iem Í'D rma de :istmo ou de península for-
R mada por sedimentações trazidas. pelas corren-
ttes dos mares ou dos rios.

RESTINGA - Lagoa, .em c-0ntinuação da Lagoa da RONGABA - Logarejo, em Vassouras e wn córre-
Abororeira, ~m Campos. Restinga d'a l\1iaram-
.
go que forma uma. cachoeirinha com o mesmo
baia, -entre a ponta heste da Ilha Grande e o con- nome.
tinente. Istmo que separa do mar a .lagoa de Intraduzível ·comü está escrito. Todavia pode
"'
1Araruama, no município de Cabo Frio e qu~ rtraitar-se de uma abr:eviaitura de porangaba, ---. '
consütue a principal zona salineira do Estado. cdisa bonita, sítio aprazível; ou ainda · abrevie\-
. ,
1Restinga é uma faixa de terra, geralmK!nte tura de ara-rongaba, - o que marca o tempo, '
de aluvião e que separa o mar de uma lagoa ou r.elógio.
rio, con10 no .caso de Cabo Frio e da lagoa. da
Aboboreira.
St. 1Hilaire defüne restinga como "um es-
s
pesso matagal de árvores e arbustos de haste del- SUCUPIRA - Morro, no _vale <lo Ribeirão da Agua
1

gada e iereta, às vezes ramosa desde a base" . Preta, Itaocara. Serra entre o rio ~1an so e o
::r..1as o que caracterisa a restinga não é a quali-
O Tupí na Ge0grafia Flt;minen$e 167
Pedro Guedes Alcoforado- - -- - -··-- - -- - -------
•·

córrego <le Cantagalo, entre Paraíba e Vassou- SUS SU~GA - Lagoa ao norte da Lagoa Feia, em
• Campos.
ras . Povoado, en1 Vasouras.
E' o vea<lo comum, de chifres pequenos.
•J Arvore brasileira de cerne avermelhado, fi-
.. bras salientes. !.Dá uma -madeira muiito dura, em- SA.PUCAIA - 1funicípio no extremo nordeste do
pr.e gada para ·cambotas e mesas de carros. Ex- Estado, fazendo limite com 1'1inas Gera-is, pelo rio Pa-
celente para obras submersas. Há três espécies: raíba, rico em pecuária, em ~erea1s, e famoso
am1arela, ~ pr·e ta e branca, sendo a raiz da úllt:ima. pelas excelentes 1nangas que só têm rival nas de /
exoelent·e -depurativo anti-sifilítico. A batata da. I tam1aracá, e1n Pernan1buco.
' Significa ave que dá ailarme, a galinha, ou '
J ·• sucupira, u1na nodosidade da raiz produzida por
.. mais pr·opriam•ente o galo, pelo fato de cantar
'
; '-' 1 um micro:..organ i•s1no, g-osa de n11Úta ~ama na
._, ·-medicina~ no . tnttamento <las moléstias da pélet de 1nad rugada.
, ' reumatismo, úlceras e feridas em gera1. E' tamhé1n o nome de uma árvore brasilei-
ra, da família das mirtaceas e que d'á ~ fruto
SURUB! - Cachoeira; no rio Muriaé, à j\1sante de
do tamanho da cabeça de uma criança, com pe-
sua c-onfüuência com o rio Carangola, em Ita·
ri ca1~po lenhoso deiscente por um operc\Jculo vul-
peruna. •
garmenbe chamado "cabeça de macaoo". Tetfl
D-e çoo-r-by, peixe azulado. Também se-
grandes sementes alongadas, oleaginosas, em f<>r-
escreve surubim.
ma de castanha do Pará, comestíveis e saboro-
SUR~1CUCú - Rio: na margem direi.ta do canal deJ sas. Pro estourar o -côco, pela parte superior, que
• Igonha: em ~~gé. fica presa à árvore, a meta<l-e maior cai e espa-
'..,1 4 ~ , • ,

·C orrupt:ela de çoo-ú-ú, a que morde e lha as sementes · a grandes distâncias.


mata. E' o ophidio . Lachesis mutus. SAQUA1R·E M·A - 11unicípio a .1:e ste· de N·i terói e na
1
~ ". ~

~AMBn. - Serra à esquerda da cidade· de Rio Bo- 1narge1n do ·Oceano. Lagoa na margem da di·
, . nitQ. Sigpifica , alcantil, cume elevado. dade, famosa pela pesca de -c amarão e taínha.
lo • ,,; -$ j 1 ' "' • • ,. •

~U~U! -:---- V-ila e esta~ão da Leopoldina, 4.


0
distrito· Rio tributário da n1esma lagoa. '
de 1vlagé, na r:egião meridional e na margem do· Oorrup;tela dle Socó-rema, gavião . ·f edo-
no do mesmo n-0me, tributário da Guanabara. rento.
IRi'O dos sururús. Sururú é um molusco que SAPEATIBIA - Serra, no muni~ípiQ ~ S. Pedro
significa bicho húmido, em alusão a que guarda da Aldeia .
•1 De Sapê-a-tiba . Onde há muito sapê. O
água dentro do casco.
;a F

168 P ed ro Guedes Alcoforado -O Tupí na Geogra fi ;:i F luminen se 169


- - - - - -----·-- -- - ----- - -- - - ---
sape é unia espécie de cap im rasteiro e re- .SüRURú - Ponta entre a Fortaleza de Santa Cruz
siste nte . e a Ponta do I n1buhy, em Niterói.
P eço licença a o leitor r ara sa ir do te rreno lJn1 molusco, o q~e :tem ágt•a dentro db
c ientí fico, per a:'guns instan tes afim de narrar corpo.
utn f enômeno qne considero telúrico e ao qual a SAÍ - PJ! beirão afluente da margem direita do ri o
c~ên c ia oficial .até hoje não deu explicação . I tabapoana, servindo ·d e limite entr e Bom J ardim
E' U111 f enôm•eno ant igo, lendár io. Já os ta- e D uas Bar ras .

n1oi·os o conheciam e cham av:am-no i1tajuba-cy Corrupt ela .d e çã-í, - ·olhos pequenos; o que
: .. ( tnãe do c uro) . é ági l.
Assistí-o por duas vezes, quando n1ore i na- Trata-se de u111 pequeno sínlio do B ras il . O
ntesmo que sagu1m.
.
que la r egião. •C cnsiste prirnei ro nmn es trondo
subterrân eo con10 um trovão abafado. .Ern s·e - .SER'N Al\/f B.t - Logarejo, no n1unicíp io de I tabo raí,
g uida uma enorrne bola dle fogo branco, o fuscan- na estrada l\Jiterói-:Nlagé .
te, se desprende do morro do Cabo F rio para o E' o m esrno que San1baquí, isto é, monte d'e
.
· de Sapeatiba, onde parece se e mbeber na t-er ra . conc:1:Ls, QCtmu1lado pelos índios, como r esros dos
Na últin1a vez que assisti êsse deslumbrante seus r cgabopes pantagruélicos . O índio se1npr·e foi
fenômeno., •estava eu em Cabo F ri o. Deu-se à un1 g r a·1de ccmecb r . A ssi1n, as suas •emb'. ar as, -
tarde e na manhã seguinte. H ouve t remo r de caçaclti.s cu pescar ias - cons.tituia grandes festas.
!terra, casas abaladas, louças quebra:dâs e o p'â- Os mari scos eram oonüdas prediletas dos habi-
. rtico natural. Nias tudo f oi r áp ido. Vários cien- t an tes das inargens dos rios ou do mar . As con-
tistas <lo Rio fo ram lá estudá-lo, n1as nad.a disse- chas d ~sses n1ariscos se acun1ulava1n etn uwn tões,
r an1 par.a explicá-lo. Prevalecem até hoje as ex- restos clo·s seus banquetes. A fa to chan1ava1n Ser-
pli cações que <lei pelo jornal "A Noite" e pela nambí o u Sa111baquí.
r eV'ista "Eu Sei Tudo".
\Há cêrca de vinte e cinco anos êle não se
repete. ".l 'i\B AIBA Ponta ent r e a Forta!leza d e Santa Cruz
S ARACURA - Povoado, em 'Caxias. e a Ponta do I mbuhy .
· J) e. ~~uf.Ú,,' ...:... ·senf t al»; · t urá,· oorruptela de Moradia ruim, aldeia ruim. T aba é a aldeia,
gu1ra, - a ve sem r abo. 1E' uma espécie de ga- a ma!óca dos in<l'ígenas.
linha aquática. 'TA·IlúA - Pcvoado, en1 S. Fidelis. Córrego n a mar-
170 Pedro Guedes Alcoforado
-O Tupí
· --na
--Geografia
-------- Fluminense
..... --.---·--·--- -·-
171

gem direita do N.[uriaé, en1 Campos. Lagoa entre, vido ,a forma de bande,ira que <lá à cauda e o
r
a <te Iv1ari cá e o Oceano. tamanduá:-miritn. São inofensivos até certo pon-

J unco usado para fabricação de esteiras. E' to, porém atacados, se defendem abraçando o
un1a das espéc;es do piripirí. :atacanlt!e ·e cravando-lhe as unhas nia carne. Quasr
12ACUNDUBA. - Ponta, na Iiha Grande, entre as sempre é um abraço mortal.
'
r praias de Leste e Parnaioca . T,A NGUA' - Vila, uzina e estação da Leopo-Idina,
Significa ped11egulhos e tambéi.n se escreve 0
séde do 5. distrito de Itaboraí, na região orien-
• ..
Taçuruba. tal. Rio entre Itahoraí e Ri'O Bon~to.
1"'AIRETA,, ex-Paracambí - Parte da vila situa<la E' o mes1no que itaguá ou ftanguá, - barro .,
na n1argen1 direita do rio dos 1v1acacos. Vila e vermelho.
'
'
estação {fa Central do Brasil e 7. distrit-o de
0
TAPERA - Logarej o no córrego Batista das Neves,
'l assouras, na regi ào sul-oci<lental. em Angra dos Reis. Praia na Ilha Grande. Cór-
E' non1e novo, recém-criado pelo I. B . .G. E ~ 1~ego, em Bom Jardim. Ri~ afluente do rio San .
Ignor-0 o sentido que lhe quiseram dar, por- to Antônio, em ·PetrópoHs. Córrego afluente do
que a palavra pode ter duas significações. rio do C0Jiégio; em ·S. Fi.délis. Povoado enttre
Taí é fonniga, isto é, aquela cuja mor<lida o rio Salgado e a Lagoa do Jaconé, em Saqua-
ar.de como pimenta. E' uma espécie de formi- rema. Povoado na margem direita do ri·o Ben~
ga preta, voraz e que indica chuva quando sai gala, em Frtiburgo. Povoado entre a cidade de
,.
en1 correição. E' voz guaraní. Mas tambén1 pode 1Campos e Ururaí. M-orro nos Hmiites de Petró-
ser corruptela de it:aíra-etá, a taíra verdadeira, polis e Teresópolis.
um·a espécie de mamífero carnívoro, (gallitis Corruptela de taba-cuera, - a aldeia, ou
barbara) que se alimenta de pequenos a111ma1s. casa que já foi, que não existe mais.
TA1víA.NDU.:'\' - Logar·ejo nas imediações do r·io da TAPIN•HOÃ - Pico na serra <le Santana, em Silva
Desordem, ein Natividade. Jardim.
Corruptela -à:e taí-u-andú-á, - o que coine Corruptela d~ ta-pi-uã, - campo da anta,
fonn: ga com é!: üíngua. E' o no111e dle vár,ios qua- ou do anim.al que tem péle inchada, em alusão
drúpedes, pertencentes à ordem dos desdentados a anta -ou tapy ter a péle grossa, rugosa.
~

,e 1que se .alin1entam. de formigas e cupins. ou ter- T APUTERAS - Ilha a sudoeste ela vila da Guia de
mitas. .A s espécies mais conhecidas no Brasil Pacopaiba, 5. º distrito de Magé.
são: Tanrn.ncluá cavaJ.o, tamanduá bandeira, de- Coisa parti<l!a pela 1neta<la . •E ' voz guarani.
172 Pedro Guedes Alcoforado
O Tupí na Geografia Flumi nense 173
T AQUA RA - Logarejo entre a serra de igual nome
sapin<láceas. Do caule se estra·em filamentos com
e o rio l\1acaé, em Casemiro de ·A breu. Rio, cm
que se fabricam vassouras. O frut-0, a casca e
Duque de ·Caxias, á direita <lo Imbariê. Córrcg-0,
as folhas são consideradas narcóticos-acres. Há
en1 Rezende. Serra, no município de Valença, na
também o timbó <lo Rio de Janeir<>, herva da fa-
região norte~oci<lental .de Ri-0 das Flôres . Córre-
nülia das solaneas, conhecida mais pelo nome de
go, e1n Itaperuna.
/ canapú.
A que tem haste fu rada ou ôca. Un1a espé-
TINGUA' - Logarejo e estação da E. F. Rio Douro,
cie ·de ·cana brava.
en1 Nova Iguaçú. Rio afluente da marg.em es-
TAQUARUÇú - JVIorro a sudoesrte do 111orro do Pa- querda do canal de ·Íguaçú. Serra . entr·e as nas-
pa.gaiio, em PetrópoiHs. Ri'o tributário da bahia.
. centes do, rio de São Pedro, em Nova Iguaçú .
<la Ilha Grande, en1 Paratí. Lagôa tributária <lo Abreviatura de tin-guirá, ave de biCG
Paraíqa, em _ Campos . _E' . o. ,bambú. A taquara comprido.
grande . · ·· TLNGUAÇú - Rio, 1em Mangar.atiba, desagua no
.T AT ú - i\IIorro, 1em Angra dos Reis. Povoado a oes- mar.
te da lagôa de igual nome, em l\!Iacaé. 1Q Bicudo, o de bico grande.
O que mora no chão. E ' um mamífero da TINGU! - Povoado no vale <lo r io J undiá, em Sa-
ordem dos desdentados do qual há várias espé- quarema. Serra no J.imit~ de Saquarema e Rio
cies no Brasil. Há o tatú canastra, o maior de Bonito.
·t odos ; o etê, ou verdad~iro, o bola ou apára, o Arbusto da família das leguminosas, (Lupi-
1nais gostoso, i·gual a galinha e o ahyba ou peba, nus cacavela), também chamado em Pernambu-
o que não presta para con1er. co e Paraíba X·ique-xique. Há o tinguí de peixe
Alimenta-se de capim, formiga e dernais in- , ou •cupu1m, que. •s erve no norte do Brasil para
setos . pescar o peixe env·enenando-o, sem aliás, fazer
TIMBIRA - Serra entre o ribeirão do Azangadb ·e o idano a quem o comie.
rio In1bé, em Santa Maria l\lladatena. TIRIRI CA - Serra nos limites de 11aricá e Ntiterói .
O a1narrado, o escrav-0. Brejal, em Cabo Frio.
-,TI:MBO' - Lagôa entre a vila do Ururaí e a d~ Jbitio- A folha que corta. :E ' um arbusto da famí-
ca, e111 Campos. Córrego, em São Fidélis. lia das cyperáceas, cuja matéria textil serve para.
•O bafo, o que cfã cheiro que faz :entontêcer o fazer chapéos.
peixe . E' um arbusto do Brasil, da famíbia das TOCA - Ri o afluente da margem direita do rio Saí,
em :\fangaratiba.
O Tupí na Geogra fia Fluminense J 75
174 Pedro Guedes Alcoforado -· -- - ... - - -· ... - - - - - -- - - -- - - --·--

Si·g n ifica buraco, n1orada -d e animal. ' e ao se vêr prêso, pula para íóra, e cai na rêde
TO CAIA - Lcgarejo entre o Paraíba e o córrego suspensa, ou tribobó.
Queima-Sangue, en1 Paraíba do Sul. Este sistema dle pescaria é muito usado na
lagôa de Araruama, nos mêses <le maio e julho,
Esconderijo onde o caçador espera a caça.
quando sopra o vento sudoeste e as tainhas se
·P ela .evolução do ten1po, a palavra tomou senti..
ag·itam buscando o oceano.
do figurado. E' o Jogar -de ·e spera. Daí veio a
1expressão tocaieiro, o indivíduo que espera outro TUPÃ - Corrego afluente do Corr·e go de Santa Nlar-
g<trida, em Santa lV[aria lVfadalena.
para n1a'tar.
Tupã corresponde a palavra D1eus, n1as oom
'l'RAlR1A - Córreg-o afluente da margen1 dire·irta do u1n sentido n1a is restri to, devido a falta de pene-
1

no 'Nlacaé. tração das coisas abstratas que o indígena :possuía


l Peixe voraz, diz o senhor Eugênio de Castro. pela sua inr.ultura. Era o senhor do trovão, do
O que engasga, diz 11artius, em a:.lusão ter r aio, da chuva, enfin1, dos fe nôn1enos naturais .
esse peixe espinhas em forma de forquilhas, que TUCU1'J - Ilha a sudoeste da Ponta Grossa, em An-
se cravam na garganta dos imprudentes, ao co- gra dos Reis . Zona na restinga <le C abo Frio,
111ê-los . E' um peixe de água dôce parecido .com prúxin1a á cidade .
a tai nha. Palmoira do Brasil. Das folhas extraem-se
TRIBOBO' - P-O\'Oado a sudoeSite da cidade de São por ineio de n1aceraçã o na água, bôas fibras
Gonçalo. igual á lã. Sua resistência é extràordinária. Os
Tribobó, tribon1bó ou tritnombó é o que faz indí g·enas fazetn dela rêdes e cordas para os seus
.saltar .o peiixe. Trata-se de uma rêde de pescar a roos . Fornece ainda o tucutn, mn ól'eo grosseiro
! •••

fincada por es't acas .nas águas razas .e de oorren- própri-o para iluniinação e usos -industriais. Essa
tezas e ' em forma de espiral. Por cima desta r~­ 'palmeira é d1e pequeno porte e eriçada <le espinhos.
de há uma outra estendida fóra dágua, prêsa á 1'A T i \ ' - L agôa .em l\1acaé.
pritneira e acompanhando o seu vol~eio, formando Significa fôgo. E' nome onotnatopaioo, em
um seio muito curvo e prêsa na sua parte supe- alusão aos estalos das queimadas.
rior por outra ordetn de -estacas rnais elevadas. A tf!ARITUBA - Povoado, praia e rio, em Paratí.
r êde submersa termina em funil sem sai da. Ao Corrupte!la <le 1:aí-tiba. O pin1ental.
entrar o peixe, sóménte tainhas e paratís, que 1'At - Córrego e povoado,
..
em São Toão da Barra.
A que arde na bôca, a p:in1enta.
são saltadores, - vai nadando até. o fim da rêde ,
!?_Jur.í na Geografia Fluminense
Pedro Guedes Alcoforado
-- - ..--··- . - - -
--------. 177
J76
da marge111 dire~ta do Paraíba.
,T A:NíôIO - Ex-Camos 1\'ovos, - V·ila e fazenda ao Ub;~ era tttna 'Canôa 1-igeira e """ .
p , • • ~m qu1 11la que
o sJv1cola fazia oo tronco de u ma arvore, exca-
nortle de Cabo Frio.
Numerosa nação de indígenas belicosos que va~ta
. a fôgo, ou. da ca~ca
~
de uma pam1e1ra,
" .' ge-
dominavatn a oosta do Brasil, desde Cabo Frio 1almente a pax1uba ou a J'utahi ' arna rra da nas
;:i.té perto ele Ubatuba . Constitu ia ua1 r amo <la cxtre1nidades
. con1 cipós boJ·ando a meio . e reves-
raça tupí. Durante o século XVI invadiram por tll1do-a de u1na reS'ina que a tornava impermiá J
várias vezes as vilàs <le Santos e São Vicente. E UBA'l'IBA - Bahia a l~ste d'a ·Barra ,1~ p· ve ·
. , . uv ires, em
f.01i a sua a1'iança oom :0s francêses que permitiu ]\ 1acae. I-\>voa<lo en.t re os rios I ta petei ú e Ubat!iba
a ·estJes ficarem pelas costas fluminenf')es aitlé l 567. etn l\faricá. Praia na 1-iha Grande, na enseada d~
Foi Antônio Salema quem acabou de ·OS extin-· Silva Fortes.

guir, e o fez com ferocidade tal que hoje não se U bá, também é o nome de uma palmeira.
encontra nem u1n remanescente 'Siquer desse po- P.or isso Ubatiba -ou l}batuba tanto pode ser o
port·o onde se guardam as ubás, ou Jogar onde há
vo valente e forte.
abundância da palmeira ubá.
A palavra tamôio significa avô; eles se cha-
UNA - Rio que nasce nas- imediações <lo povoado do
mavan1 assim por que acreditavam serem descen-
dentes de um povo muito antigo, que viveu em A.raçá, passa pela vi1a dos Ta1nôil()s e desagua na
tempos recua<los de sua própri:a tradição, povo praia de igual oome, ein Cabo Frio. Praia entre
este muito adiantado e de grande sabedoria. a vila da Barra d:e São J{)ão1 •sé<le d·o 2 • ., d.ISt ri-
.
to de Case111iro <le Abreu e a Ilha Raza
• , em Ca-
Foi ·d e tôdas as tribus a mais ·p erseguida pe-
bo Frio.
1·os portuguêses por seren1 ali'ad·os dos f rancêses.
Traduçã'O t'nor <l'en1ai s conheci<la . . O que é
Foi para exterm:iná-los que se criou a },e i ~ 17
1 1

pr~to.
de 1outubro de 1653, .estabelecendo a escravatura
1

URJCANOA
· - ·C'orrego afluente da margiein e's quer-
do indígena, lei. que .s ó foi abolida em 6 -de junho
dle 1755. 1No fim desse tempo não r.e stava mais da do Rio P.fraí. De Urú-canga, - ave de cabe-
ça preta.
nenhum selvi.cola da naçao tamôia.
URURAt ·- Rio que n asce na lagôa d·e Cima ie d·e sa-
u gua na Lagôa F-eia, em Campos. Povoado e es-
UBiA ' - Ponta a leste da Ilha Redonda, em Angr a d os tação ferrov iária, na margem esquerda do mes-
Reis. Valão, em Cambucí. Ribeirão na margem mo r io.
<lir,eiit:a <lo Rio Preto, em Valença. R1o afluente

178
------ --
:; 01 :-~ e~~ u=.::.~ '.."ri1cn 11m11erosa da naça.o Cuya11Y.-:
que h abitava um recanto dos campos ·de P i r: •
1 r ,,~ l
n inga, .no H. P
~-s~ac.o _e 0ao • au o .
Ta1nbfr1 é o ri::> dos uruits. l:ruú é urn mo-
lu::co <le casco pr~to gne hab~ta nos r ivs <l'e águas
limnas. Espécie de búzio pequeno e que no norte
...
elo Hrasil passa por se1· o inaior nletcreologistGt
já conheci do . O uru~.• conhecido a(j_UÍ no sul po~­ '

coron dó, põe os ovos em f orma de un1a vagien1 1\U'.CORES CONSULTADOS


ven11elha, nos galhos el as á n .·ores, ora mais -em
-
cima, ·ora n1<Ús em baixo, sen1pre <lie acôr<lo con1
a subida das águas nas enchentes. Se o ano é Anch i-ota ( J>.a dre).
j •

. sêco elie as põe quasi á flôr dágua ; inas se o ano Ayrosa Plínio.
•é chuvoso, ele as põe be1n alto . Afonso O jeda.
URUSSA">.G:'\. - Serra nos limi·te:s de }f2ricá e Sa- Alfredo Br;1ndão .
Ameghino.
quarema.
De Y-roy-canga.. - f0nle dt: água tnuito fria. Adauto Cardoso.
Afonso ele Freitas .
Batista Caotan o .
XERE'~1 Povoado e estação da E . F. Rio <l'Ouro Brasseu'r de Bougog .
1ente as nascenites do rio de igual nome, ern Du- BJawastky.
ouc de Caxias. 1Serra entre os córPego s de Sant' - Bernardo de Ar,evedo da Si1va Ran10&.:
1

A na e Santa Cruz, e m Paraíba do Sul. Charnay. ' •.. 1 ~ ... • 1 •••

t ililho pisado en1 p ilão, en1 grftos 111uidos pa1;a Clavtijer·o .


cornicla de pintos ·e outras aYes pcqu·enas. Couto <l e 1\ ragalhã.ies (General) .
1

D'Arwin.
XEl<NE - Po nta a leste da vila do Arraial do Cabo,
Eugênio de Castro.
. 4. o distrito de Cabo Fri-o.
1nuito -Francisco l\!loreno.
E' o non1e dado a certo peixe preto,
grande, qu~ mora ein águac; fundas, m et ido nas H-erscla.
Haeckel.
locas de pedra .

• •
Pedro Guedes Alcoforade
-180
-- - ---- ------- ---- - -· - -

I-Iutnholt.
Kelvin.
Jean Lery. •
Luiz da Fonseca.
M·ontoya (Padre).
Martius.
Macedo Soares (Conselheiro) .
~iargarino T<>rres.
'.Man~}el V·i tol'ino.
M1endieita.
Miguel Tfrana.
Othon Xavi.e r de Brito -~1achado (Consulta pessoal) .,
Padre Figueira .
Plag-e on.
Prescott.
• Pedro Sin1pson.
Spklen .
Scott-Eliot.
St Hilaire.
Theodoro Sampaio. . ........
.~
:\.
Las Casas. 1

Rondon (general ,Consulta pessoal) . .,

Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai



• www.etnolinguistica.org

Você também pode gostar