Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O hoje município de Viçosa surgiu em terras que foram habitadas por índios
caambembes, subtribo dos caetés.
Após a morte do primeiro bispo do Brasil, os caetés foram duramente perseguidos pelas
forças de Jerônimo de Albuquerque. Os vencedores, na sua vingança, mostraram-se mais
selvagens do que os próprios índios. Os poucos caetés que escaparam se deslocaram para
o sertão.
Quilombos
Existiam mais mocambos onde as matas eram mais férteis, ricas em palmeiras e caças.
Observa-se também as barreiras naturais que dificultavam o acesso de qualquer força
militar em ataque.
Nos povoados Bananal e Anel, também nas fazendas Bom Sucesso, Mata Limpa e
Floresta, já em Chã Preta, foram localizados vestígios dos quilombolas, tais como
armadilhas para caça, bananeirais, canaviais e outras plantações. Os mocambos de
Andalaquituche, Osenga e Sabalangá também foram identificados como locais que
comprovam a existência de quilombos.
Vencidos os quilombos em 1694 pelas forças da “tríplice aliança” formada por Bernardo
Vieira de Melo, Sebastião Dias e Domingos Jorge Velho, os domínios conquistados
foram distribuídos aos vencedores pelo Rei de Portugal.
A maior parte das terras de Viçosa foram entregues ao capitão André Furtado de
Mendonça, um dos cabos-de-guerra do paulista Domingos Jorge Velho. Alguns negros
que durante a luta tinham desertado para as fileiras dos paulistas foram perdoados e
continuaram a viver livremente nos mesmos locais.
Esse fato explica não somente a sobrevivência de antigos mocambos, como Sabalangá,
Mata Escura e Barra da Caçamba, que depois se transformaram em povoações, como
também prova que muito antes do povoamento do Riacho do Meio, as terras ocupadas
pelo atual município de Viçosa já eram habitadas pelos remanescentes dos Palmares.
Riacho do Meio
O núcleo primitivo da atual cidade de Viçosa surgiu muito anos depois em um local
denominado Riacho do Meio, como relata Alfredo Brandão no livro Viçosa de Alagoas.
A tradição oral guardou que todos os anos, pelo Natal, um padre saía de Atalaia para rezar
a missa do galo na Passagem (antiga povoação próxima à cidade de Quebrangulo). Uma
vez, tendo chovido torrencialmente durante o dia, o padre, ao chegar à margem de um
riacho que fica a igual distância entre outros dois, encontrou-o de tal maneira cheio que
o não pôde atravessar.
Perdendo a esperança de continuar a viagem, procurou o outeiro próximo, ergueu uma
cruz e, quando a noite já ia em meio, celebrou a missa do Natal. Essa cruz, bem depressa,
atraiu romeiros — os primeiros a erguerem habitações do novo lugar —, que tomou o
nome de Riacho do Meio.
Manoel Francisco, que talvez fosse um dos romeiros da cruz, derrubou as florestas das
cercanias, fez um roçado no vale, mais ou menos no mesmo local onde hoje se acha a
Praça Apolinário Rebelo, e logo depois erigiu uma capela de madeira no ponto em que
atualmente existe a igrejinha de Nossa Senhora do Rosário. Ao lado esquerdo da igreja
se alinharam, pouco a pouco, as primeiras casas, também eram construídas de madeira.
Esses moradores eram descendentes, não somente dos paulistas, mas ainda dos negros
quilombolas e dos índios que tinham vindo com o mestre de campo Domingos Jorge
Velho. Um grupo desses índios foi aldeado no antigo sítio Limoeiro, perto da divisa de
Viçosa com o município de Correntes (PE).
Em princípios do século XIX o povoado já estava constituído, porém era de tal forma
diminuto que não chamou a atenção dos poucos cronistas que então se ocuparam
daquela comarca das Alagoas.
O mais antigo testemunho escrito sobre a existência do local foi encontrado num auto de
impedimento, no qual o português Boaventura José de Souza declarava “habitar no
Riacho do Meio desde o ano de 1809″.
Rua de Viçosa em 1921
Entre esses portugueses, havia o alferes Manoel da Silva Loureiro que, vindo de
Anadia, estabeleceu residência no sítio Pedras de Fogo, e José Martins Ferreira, que
se instalou no sítio Gurumbumba e mais tarde fundou o engenho Boa Sorte.
Manoel da Silva Loureiro foi o tronco da família Loureiro e José Martins Ferreira foi
o das famílias Vilela, Vital dos Santos e Vasconcelos Teixeira.
Emancipação
O nome que figurava na proposta era o de Nova Assembleia, porém o decreto imperial
alterou-o para Vila Nova de Assembleia.
Formavam uma assembleia. De fora, dos sítios, os que vinham fazer compras ou vender
algodão, também tomavam parte na assembleia.
Pela Lei provincial n° 9, de 10 de abril de 1835, foi criada a primeira cadeira de instrução
primária para o sexo masculino. A primeira cadeira do sexo feminino foi criada pela
Lei n° 2, de 6 de julho de 1839, mas ao que parece as mesmas não foram ocupadas, pois
só em 1846 ocorreu a nomeação de João Batista de Souza, o primeiro que exerceu o
magistério público na Vila de Assembléia.
Avenida Firmino Maia em Viçosa
A primeira “bolandeira” surgiu mais ou menos em 1820 e foi instalada pelo português
Boaventura José de Souza no local onde hoje se acha o velho sobrado da praça
Apolinário Rebelo, esquina com a Rua Vigário Loureiro (Farmácia Loureiro).
O primeiro engenho de Viçosa foi o Bananal, fundado em 1836 pela família Carneiro
da Cunha. Extinto há muitos anos, esse engenho ficava um pouco abaixo do atual
povoado Bananal, à margem do riacho Veados.
Mais tarde, em 1840, o português José Martins Ferreira construiu o engenho Boa
Sorte, e em 1846 foi fundado o engenho Barro Branco por Pedro José da Cruz
Brandão. Devem datar do mesmo tempo os engenhos Paredões e Bom Jesus,
construídos o primeiro por Manoel de Farias Cabral e o segundo pelo tenente João
Tenório.
O que mais dificultava o trânsito eram os desfiladeiros da serra Dois Irmãos, que em
tempos de chuva praticamente impediam a comunicação entre o município e Maceió.
Lutas políticas
Praça Izidro Vasconcelos em Viçosa
As lutas partidárias entre “Lisos e Cabeludos” (1844 a 1845), em que se destacou a figura
do salteador Vicente de Paula — conhecido então como terror das matas do Jacuípe —
também tiveram repercussão na Vila de Assembléia. Os seus habitantes, sentindo-se sem
garantias, internavam-se pelos pontos mais recônditos do município.
Pouco tempo depois, quando a população começava a tranquilizar-se, a ordem pública foi
novamente abalada pelos atos de selvageria cometidos pelos irmãos Morais (José e
Manoel de Morais). Comandando uma horda de ferozes bandidos, invadiram a fazenda
Recanto (hoje Usina Recanto) e assassinaram o proprietário Pessoa Cavalcanti e
diversos dos seus trabalhadores.
As façanhas dos irmãos Morais foram por muito tempo relembradas com horror e, apesar
de muitas vezes transmitidas com exagero, servem para caracterizar os atos de
vandalismo que naquelas épocas se realizaram no interior de Alagoas.
O governo provincial, a braços com o flagelo por todos os lados, poucos recursos enviou
à população da vila. O povo, por sua vez, aterrorizado e desanimado, não via na epidemia
mais que um castigo do céu e apenas procurava debelar o mal através de rezas, procissões
e novenas.
Esse estado de depressão nervosa, diz Alfredo Brandão, essa certeza que todos tinham de
ser feridos pelo flagelo, muito concorreu para maior receptividade para o cólera. Junte-se
a tudo isto a ausência de médicos e a ignorância dos princípios mais comezinhos de
higiene e profilaxia.
Nos fins do século passado, o movimento comercial era insignificante devido à falta de
vias, principalmente de uma estrada de ferro que facilitasse as comunicações com a
capital do Estado. Contudo, no interior, a agricultura era cada vez mais florescente e o
município contava então muitos sítios, engenhocas e cerca de 40 engenhos de açúcar,
parecendo prenunciar para a terra o que ela é hoje realmente — uma zona essencialmente
açucareira.
A atual Rua Vigário Loureiro era conhecida simplesmente como “Beco” e começou a
ser chamada de Rua Nova, talvez porque naquela época estivesse em pleno
desenvolvimento. Depois do chamado “Beco” havia vários casebres de palha até o meio
de uma várzea, onde se erguia uma frondosa canafístula que, posteriormente, deu nome à
rua que aí se formou. Onde era a “Canafístula“, existem hoje a Padre Elói, a Praça Izidro
Vasconcelos e parte da Mota Lima.
Nos fins do século passado, a atual Rua Clodoaldo da Fonseca não passava de uma
avenida de mulungus, cortada pelo riacho do Meio. Durante muitos anos, foi conhecida
pelo nome de Rua do Calçamento, devido a um calçamento de pedras brutas que aí
existiu.
República
Ponte Gurganema sobre o Rio Paraíba em Viçosa
A aura de progresso que fazia sentir na vila, estendeu-se por todo o município. Os
engenhos multiplicaram–se, contando-se nesse tempo cerca de 70, muitos dos quais
movidos por máquina a vapor. O algodão, que depois do açúcar constituía o mais
poderoso elemento a influenciar na economia local, sofreu também uma animação no seu
preço.
Tão fértil, tão produtiva, tão futurosa se mostrava a Vila de Assembléia que o então
governador do Estado, coronel Pedro Paulino da Fonseca, pelo Decreto n° 46, de 25 de
novembro de 1890, mudou a sua denominação para Vila Viçosa. No Recenseamento
procedido nesse mesmo ano, o município acusava uma população de cerca de 28 mil
habitantes.
Vista parcial da cidade de Viçosa
Mas o verdadeiro progresso de Viçosa, pode-se dizer, data do ano de 1891, com a
inauguração da via-férrea na tarde do dia 24 de dezembro.
Entre as muitas pessoas que tinham ido assistir à inauguração notavam-se o governador
do Estado, os secretários e o chefe de polícia.
Por essa época o jornalismo era representado pelo semanário “Viçosense“, que teve uma
vida efêmera, porém proveitosa.
Durante mais de meio século, no longo período de 1878 a 1930, a história política de
Viçosa foi assinalada por grandes lutas partidárias, caracterizando a época de
predomínio do “coronelismo” do interior. Delas participaram, além de grandes figuras
patriarcais, de há muito desaparecidas, vultos ilustres que nos dias atuais ainda se
projetam na vida política e social da terra.
Figura de grande projeção política, não só no município como no Estado, foi Apolinário
Rebelo vice-presidente do Senado Estadual e o primeiro intendente constitucional de
Viçosa.
Com o falecimento do coronel Othon, a direção do partido democrata passou para o seu
filho Dr. Serzedelo de Barros Correia, que iniciou sua carreira político–administrativa
em fins de 1923. Na sua administração, que aliás foi pouco duradoura, realizou grande
melhoramento no mercado público, construindo um açougue moderno, que constitui
obra de valor econômico e sanitário. Deixando a chefia em 1925, Viçosa passou por uma
fase de crise administrativa.
Choviam as negociações palacianas para a escolha daquele que devia dirigir o município.
Afinal, foi designada pelo então governador Costa Rego uma junta governativa
composta de dez membros, sendo seis do partido conservador e quatro da dissidência
democrata. O Dr. Manoel Brandão Vilela foi o presidente dessa Junta.
Nos meados de 1928, o Dr. Izidro Teixeira de Vasconcelos foi chamado à chefia política
do município. Cercando-se de elementos dignos, sob sua orientação Viçosa passou por
grandes melhoramentos, tendo se afastado do poder com a Revolução de 1930.
Formação Administrativa
Elevado à condição de cidade com a denominação de Viçosa, pela lei estadual nº 14, de
16 de maio de 1892.
Pelo decreto nº 2435, de 30 de novembro de 1938, são criados os distritos de Anel e Chã
Preta e anexados ao município de Viçosa.