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FACULDADE DE ARQUITETURA
PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
SALVADOR
2017
1
CDU 711.4(813.8)
3
Aprovada em _____________________________
Banca Examinadora:
AGRADECIMENTOS
"E se sonho ainda com as flores que quero em meus caminhos, é porque
acredito no jardim que semeei…” (Cida Luz, 2012)
8
RESUMO
ABSTRACT
This thesis deals with the urban history of the Barra neighborhood, the "embryo" of the
Portuguese occupation in Salvador, capital of the State of Bahia, and more specifically,
the analysis of the role of public power and private initiative in its urban modernization
between 1850 and 1950 It analyzes urban legislation, the implementation of road and
transportation systems, and new socio-cultural practices at the seaside, which, in
keeping with the modernizing ideas in vogue in the city and in the country, have
contributed to the transformation of the peripheral area bar of rural character, in a
residential zone of the soteropolitan bourgeoisie, characterized by the presence of new
architectures in neoclassical, eclectic and decó vocabulary, great avenues and
transport infrastructure, lighting, telephony, water and sewage. In a more
comprehensive context, it addresses the physical structure of the neighborhood, the
"permanences and ruptures" of the political, economic, social and cultural models of
imperial and republican Brazil, and analyzes the transformations of a coastal
settlement whose historical course was intrinsically linked to the seas of Bahia de
Todos os Santos and the Atlantic Ocean, which also started to play a therapeutic, rest
and / or leisure role and to become a daily (and valued) scenario for locals, vacationers
and visitors.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 23. A “Cidade” e a “Vila Velha” em 1640, em detalhe do “Mapa da Baía de Todos os Santos até
a Ponta de Santo Antonio e Barra de Itaparica”, extraído de Cartas / manuscrito colorido de João
Teixeira Albernaz. .............................................................................................................................. p.65
Figura 24. Salvador durante o ataque holandês de 1624 .................................................................. p.68
Figura 25. Forte de Santo Antônio da Barra em 2014. ................................................................... p.68
Figura 26. Forte de Santa Maria em 2014 ........................................................................................ p.68
Figura 27. Forte de São Diogo em 2014. ........................................................................................... p.68
Figura 28. Igreja de Santo Antônio da Barra em 2014 ..................................................................... p.69
Figura 29. Igreja da Vitória (em reforma) em 2014 .......................................................................... p.69
Figura 30. Igreja da Graça em 2014 ................................................................................................ p. 69
Figura 31. (Recorte de) Prospecto de Julius Naeher. Barra em [18--], observando-se a sua “Trilogia de
Defesa” ............................................................................................................................................. p.70
Figura 32. Edifício Oceania visto a partir da Ilha de Itaparica na BTS, em 2015 ............................... p.70
Figura 33. Edifício Oceania visto a partir do bairro do Rio Vermelho, em 2015 ................................ p.70
Figura 34. Casas e Fortificações da Barra no século XVIII. ............................................................. p.71
Figura 35. Orla oceânica no século XVIII, avistando-se o Forte de Santo Antônio da Barra ............. p.72
Figura 36. Trecho de orla da Baía de Todos os Santos, entre os Fortes de Santa Maria e o de São
Diogo, em 1839.................................................................................................................................. p.72
Figura 37. “O Farol da Barra, no Ano de 1840” ................................................................................. p.73
Figura 38. Caminho ligando Salvador a Vila Velha no século XVI..................................................... p.76
Figura 39. “Caminho de Villa Velha” no século XVI........................................................................... p.77
Figura 40. (Possível) Antigo traçado do “Caminho de Vila Velha” entre o Largo da Igreja da Vitória e o
Porto da Barra ....................................................................................................................................p.78
Figura 41. Os dois caminhos entre a Igreja de Santo Antônio da Barra o Porto da Barra, no último
quartel do século XVIII........................................................................................................................ p.79
Figura 42. Iconografia do século XVIII mostrando o “Caminho para Vila Velha” no trecho conhecido
como "caminho público para a Igreja de Santo Antônio ..................................................................... p.79
Figura 43. Caminho para a Igreja de Santo Antônio a partir do Porto da Barra, em 1858. ............... p.80
Figura 44. Caminho para Vila Velha em 1835, no trecho hoje conhecido como Ladeira da Barra. ... p.80
Figura 45. Forte São Diogo e o “Caminho Público para a Igreja de Santo Antônio no alto do Morro” em
1867 .................................................................................................................................................. p. 81
Figura 46. Imagem do “Caminho público para a Igreja de Santo Antonio” passando pela entrada do
Forte de São Diogo na década de 1950. ............................................................................................ p.82
Figura 47. Escadaria de acesso a Portada do Forte de São Diogo, em 2017.................................. p.82
Figura 48. Portada de acesso ao Forte de São Diogo, em 2017 ...................................................... p.82
Figura 49. Implantação do Forte de São Diogo, outeiro de Santo Antônio da Barra, em 2017......... p.82
Figura 50. Caminho da Aguada ou Caminho da Floresta em 1823. Ilustração de Maria Graham.... p.83
Figura 51. Caminho da Aguada ou Caminho da Floresta em 1823. Ilustração de Maria Graham .... p.84
Figura 52. Imediações da Igreja de Santo Antônio da Barra em 1837 ............................................. p.84
12
Figura 53. Salvador em cerca de 1850, em recorte da Planta de Carlos Augusto Weyll, “Mappa
Topographica da Cidade de S. Salvador e seus subúrbios”........................................................... p. 86
Figura 54. A Barra e suas ruas, em cerca de 1850............................................................................ p.86
Figura 55. Rios da Barra em 1830 .................................................................................................... p.88
Figura 56. Vale do “Rio das Pedras” (“das Pedrinhas” ou “Rio dos Seixos”) em 1884 ..................... p.88
Figura 57. Projeto de continuação de nova muralha de contenção, execução de balaustrada e
escadaria em trecho da orla da Baía até o Farol da Barra, em março de 1879................................ p. 90
Figura 58. Mureta em alvenaria no trecho da orla da Baía de Todos os Santos entre os fortes de Santa
Maria e Santo Antônio, em postal datado de 1911............................................................................ p.90
Figura 59. Vista do Porto da Barra em 1903, a partir do Forte de Santa Maria ............................... p. 91
Figura 60. Projeto da Avenida Sete de Setembro em 1912, no trecho do Corredor da Vitória, a partir
do Campo Grande ........................................................................................................................... p.94
Figura 61. Clube Alemão de Salvador no início do século XX ..........................................................p.94
Figura 62. “Palácio dos Governadores” no Corredor da Vitória, no último quartel do século XIX ... p.94
Figura 63. Corredor da Vitória antes do alargamento da Avenida Sete (1915) .............................. p.95
Figura 64. Corredor da Vitória em 1925 ......................................................................................... p.95
Figura 65. Largo da Vitória em 1915. ........................................................................................... p.97
Figura 66. “Avenida Sete. Ladeira da Barra. Bahia”. 1916. ............................................................... p.98
Figura 67. Ladeira da Barra no início do século XX. ..................................................................... p.98
Figura 68. Avenida Sete de Setembro na altura do Porto da Barra na década de 1920 ................ p. 99
Figura 69. Avenida Sete de Setembro na altura do Farol da Barra no início de 1915. ................... p. 99
Figura 70. Final da Avenida Sete de Setembro (nas imediações do farol da Barra) na década de 1920,
vendo-se a esquerda o monumento comemorativo da conclusão da obra ................................... p. 100
Figura 71. Construção do Iate Clube da Bahia, entre 1935 e 1938. ................................................ p.101
Figura 72. Iate Clube e suas duas ruas de acesso, após 1938 ...................................................... p. 101
Figura 73. Avenida Oceânica em 1923. ...................................................................................... p. 103
Figura 74. Avenida Oceânica em 1923 no trecho do atual Morro Ipiranga.................................... p. 103
Figura 75. Construção da Avenida Oceânica em 1914 nas imediações do atual Morro Ipiranga... p. 104
Figura 76. Avenida Oceânica em cerca de 1930 nas imediações do atual Morro Ipiranga ............ p. 104
Figura 77. Mapa Síntese dos antigos Caminhos e Vetores de Expansão da Barra ..................... p. 105
Figura 78. Espécie de “Gondola” existentes em Salvador no século XIX ....................................... p. 107
Figura 79. Ladeira Graça-Barra (atual Avenida Princesa Isabel) em 1880.......................................p. 110
Figura 80. Elevador do Bom Jesus do Monte, em Braga, Portugal, em 1882. ............................... p. 110
Figura 81. Elevador do Bom Jesus do Monte, em Braga, Portugal, em 1882............................... p. 110
Figura 82. “Thomson road steamer”, na versão ônibus, composto por uma máquina de tração a vapor
e um veículo de passageiros. ......................................................................................................... p. 111
Figura 83. Os bondes de tração animal ou “bondes de burro” da “Linha Circular” (e outro sem
identificação) em 1888 ....................................................................................................................p. 112
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Figura 118. “Vista da Barra tomada do farol em direção ao forte de Santa Maria; na colina ao fundo,
igreja de Santo Antônio e à meia encosta, o forte de São Diogo”.................................................... p.135
Figura 119. Vista da Barra tomada do farol em direção ao forte de Santa Maria, primeira década do
século XX. .................................................................................................................................... p. 135
Figura 120. Sobrado em vocabulário neoclássico, no início da Avenida Princesa Isabel, em
1995.................................................................................................................................................p. 137
Figura 121. Sobrado em vocabulário neoclássico no início da Avenida Princesa Isabel, em
2014................................................................................................................................................ p.137
Figura 122. Detalhe de entrada lateral por escada, antecedida de portão de ferro, do Sobrado em
vocabulário neoclássico no início da Avenida Princesa Isabel, em 2014......................................... p.137
Figura 123. Sobrado de “porão alto” em vocabulário eclético, localizado no início da Avenida Princesa
Isabel, em 1995............................................................................................................................... p.138
Figura 124. Detalhe de pátio com piso em ladrilho hidráulico em Sobrado de “porão alto” em
vocabulário eclético, localizado no início da Avenida Princesa Isabel, em 1995.............................. p. 138
Fotos 125. Detalhe de entrada lateral por escada, antecedida de portão de ferro em Sobrado de “porão
alto” em vocabulário eclético, localizado no início da Avenida Princesa Isabel, 1995...................... p.138
Figura 126. “Solar dos Carvalho” no Largo da Graça, em 2014...................................................... p. 138
Figura 127. Elementos em ferro do “Solar dos Carvalho”................................................................ p. 138
Figura 128. Orla do Porto da Barra na primeira metade do século XIX .........................................p. 139
Figura 129. Orla do Porto da Barra no terceiro quartel do século XIX .......................................... p. 140
Figura 130. Projeto de construção de mais um pavimento em casa na Rua Barão de Sergy, N. 05, em
1910 de propriedade de Manoel de Souza Campos Filho ..............................................................p. 140
Figura 131. Projeto de construção de 01 Casa na Rua Barão de Sergy, em 1910, de propriedade de
Manoel de Sá Gordilho ................................................................................................................... p.141
Figura 132. Sobrado “de porão alto” no Porto da Barra, Avenida Sete de Setembro, N° 58. ....... p. 142
Figura 133. Detalhe de portão, grades de ferro e piso em mármore bicolor da entrada principal do
sobrado “de porão alto” no Porto da Barra ................................................................................... p. 142
Figura 134. Interior do sobrado “de porão alto”, vendo-se o corredor de acesso ....................... p. 143
Figura 135. Interior do sobrado “de porão alto”, vendo-se as salas e as alcovas (quartos) com
esquadrias com bandeiras de ferro ................................................................................................ p. 143
Figura 136. Interior do sobrado “de porão alto”, vendo-se detalhe do forro em madeira ............... p. 143
Figura 137. Interior do sobrado “de porão alto”, vendo-se a escada em madeira de acesso ao segundo
pavimento ....................................................................................................................................... p. 143
15
Figura 138. Interior do sobrado “de porão alto”, vendo-se detalhe de sótão com telhas transparentes
(claraboia) que ilumina a área da caixa da escada ....................................................................... p. 143
Figura 139. Sala do sobrado “de porão alto”, com abertura para varanda dos fundos. ................ p. 143
Figura 140. Acesso ao sobrado “de porão alto” pela Rua Barão de Sergy ................................. p. 144
Figura 141. Anexos de Serviço ao fundo do sobrado “de porão alto”, com acesso pela Rua Barão de
Sergy ............................................................................................................................................ p.144
Figura 142. Elemento decorativo da varanda do sobrado “de porão alto”, executado em ferro .... p. 144
Figura 143. Edificação em vocabulário Eclético de inspiração neocolonial no Porto da Barra, Avenida.
Sete de Setembro, em 1995........................................................................................................... p. 144
Figura 144. Fachada voltada para Rua Barão de Sergy de Edificação em vocabulário Eclético de
inspiração neocolonial, em 1995 ..................................................................................................... p. 144
Figura 145. Edificação em vocabulário Eclético de inspiração neocolonial, no Porto da Barra em 2014.
........................................................................................................................................................ p. 144
Figura 146. Edificação em vocabulário Eclético de inspiração neocolonial, na Av. Sete, Porto da Barra
em 2015 .......................................................................................................................................... p. 144
Figura 147. Fachada voltada para Rua Barão de Sergy de Edificação em vocabulário Eclético de
inspiração neocolonial, em 2015 .................................................................................................... p. 144
Figura 148. Conjunto de sobrados Neoclássicos na Rua Barão de Sergy, na década de 1990.
........................................................................................................................................................ p. 145
Figura 149. Sobrado Neoclássico na R. Barão de Sergy, em 2014............................................... p. 145
Figura 150. Sobrado Neoclássico na R. Barão de Sergy, em 2014 ............................................ p.145
Figura 151. Casarão Neoclássico na Rua Barão de Itapuã, esquina com Barão de Sergy, na década
de 1990 .......................................................................................................................................... p. 145
Figura 152. Casarão Neoclássico na Rua Barão de Itapuã, esquina com Barão de Sergy, em 2014
........................................................................................................................................................ p. 145
Figura 153. Construção Eclética onde funciona a “Pousada Manga Rosa”, Praça Patriarca da
Independência, esquina da César Zama, na década de 1990 .................................................... p. 146
Figuras 154. Construção Eclética na Rua Barão de Sergy / Praça Patriarca da Independência, esquina
da César Zama ................................................................................................ .............................. p.146
Figura 155. “Casa de oitão” na Avenida Princesa Isabel................................................................. p. 146
Figura 156. Edificação em vocabulário eclético, datada de 1929, Porto da Barra, em 2014........ p. 147
Figura 157. Detalhe de platibanda de Edificação de 1929, Porto da Barra, em 2014 ................... p. 147
Figura 158. Edificação em vocabulário eclético, datada de 1929, Porto da Barra, em 2014........... p. 147
Figura 159. Detalhe de platibanda de Edificação de 1929, Porto da Barra, em 2014.................... p. 147
Figura 160. Edificação em vocabulário eclético, com elementos Art Nouveau, dos primeiros anos do
século XX, Porto da Barra, Avenida Sete de Setembro, N.3659 .................................................. p. 148
Figura 161. Detalhe de esquadrias em madeira e vidros coloridos em estilo art. nouveau na edificação
em vocabulário eclético, no Porto da Barra, N.3659........................................................................ p.148
Figura 162. Vista do Porto da Barra em 1870 ............................................................................... p. 149
Figura 163. Vista do Porto da Barra, a partir do Outeiro de Santo Antônio da Barra em 1885....... p. 149
Figura 164. Vista do Porto da Barra, a partir do Outeiro de Santo Antônio da Barra em 1920....... p. 149
Figura 165. Vista do Porto da Barra em 1930 ............................................................................... p. 149
16
Figura 203. Edificação em vocabulário Neoclássico remanescente da antiga “Pensão Harboard” na sua
fachada da Rua Professor Lemos de Brito ..................................................................................... p.165
Figura 204. Casarão Neoclássico remanescente da antiga “Pensão Harboard” na sua fachada voltada
para a Rua Professor Lemos de Brito ........................................................................................... p. 165
Figura 205. “Quintas da Barra” na Orla Oceânica da Barra em 1908, vista do mar, na altura do Forte
de Santo Antônio da Barra............................................................................................................... p. 166
Figura 206. Casa térrea “de oitão”, com fachada revestida em telha cerâmica, remanescente (em 1995)
da “Quintas da Barra” ................................................................................................................... p. 166
Figura 207. Sobrado remanescente (em 2016) da “Quintas da Barra” e do Loteamento “Barralândia”
na esquina da Rua Alfredo Magalhães........................................................................................... p. 166
Figura 208. Avenida Oceânica na década de 1930. .......................................................................p. 166
Figura 209. Edificações remanescentes (em 1995) da “Quintas da Barra” e do Loteamento
“Barralândia”................................................................................................................................... p. 166
Figura 210. Local da casa térrea “de oitão”, com fachada revestida em telha cerâmica, demolida em
2014, durante as obras de Requalificação da Orla da Barra a cargo da Prefeitura Municipal de Salvador
.........................................................................................................................................................p. 166
Figura 211. Construção da Prefeitura Municipal de Salvador datada de 2015, no lugar da casa térrea
“de oitão”, com fachada revestida em telha cerâmica, remanescente da “Quintas da Barra”...........p. 166
Figura 212. Sobrado remanescente (em 2013) da “Quintas da Barra” e do Loteamento “Barralândia”
Avenida Oceânica, esquina com Rua Alfredo Magalhães ..............................................................p. 166
Figura 213. Terras dos Beneditinos na área de estudo em meados dos anos 1950 ..................... p. 171
Figura 214. Projeto de construção de 06 Casas “Estrada da Graça” em 1901................................p. 173
Figura 215. Remanescentes de “grupo de casas” do início do século XX (possivelmente) para aluguel,
na Avenida Princesa Isabel, na década de 1990 ............................................................................ p.174
Figura 216. Remanescentes de “grupo de casas” do início do século XX (possivelmente) para aluguel,
de propriedade de Augusto César (?) na Avenida Princesa Isabel, em 2016.................................. p. 174
Figura 217. Interferência em 2017 na fachada (para funcionamento de stand de vendas de
empreendimento imobiliário) em “grupo de casas” do início do século XIX ..................................... p.174
Figura 218. Interferência em “grupo de casas” do início do século XIX ......................................... p.174
Figura 219. Demolição de “grupo de casas” térreas do início do século XIX ............................... p. 174
Figura 220. Três remanescentes arquitetônicos do século XIX na Avenida Princesa Isabel em
1995.................................................................................................................................................p. 174
Figura 221. Casa térrea datada de 1909 na Avenida Princesa Isabel........................................... p. 174
18
Figura 222. Projeto de construção de mais um pavimento em 01 casa no Farol da Barra, N. 54, em
1912, de propriedade de Manoel de Souza Campos Filho ............................................................. p.175
Figura 223. Projeto de construção de 04 Casas na Avenida Princesa Isabel /“Baixa da Graça” em 1912,
de propriedade de Manoel de Souza Campos Filho......................................................................... p.175
Figura 224. Projeto de construção de 05 Casas na Avenida Princesa Isabel /“Rua Baixa da Graça” em
1913, de propriedade de Manoel de Souza Campos Filho.............................................................. p.175
Figura 225. Projeto de construção de 14 Casas na Ladeira da Barra (s/n) em 1911, de propriedade de
Manoel de Souza Campos Filho .................................................................................................... p. 175
Figura 226. Detalhe de Planta “Habitação Proletária em Salvador (1890-1930) ”, (vendo-se as 14 casas
de aluguel (“grupo de casas”) construídas por Manoel Campos Filho na Ladeira da Barra, nas
imediações do Largo da Vitória ........................................................................................................p. 176
Figura 227. Projeto de construção de 04 Casas na Barra Avenida em 1913, de propriedade de Júlio V.
Brandão .......................................................................................................................................... p.178
Figura 228. Projeto de construção de 01 casa na Barra Avenida (s/n) em 1911, de propriedade de
Francisco Romão Antunes ..............................................................................................................p.178
Figura 229. Projeto de construção de 02 casas na Barra Avenida em 1913, de propriedade de Francisco
Romão Antunes ...............................................................................................................................p.178
Figura 230. Vila (ou Via) Campos em 1995.....................................................................................p.180
Figura 231. Vila (ou Via) Campos em 2014.................................................................................... p.180
Figura 232. Vila (ou Via) Campos em /2014 ................................................................................. p.180
Figura 233. Vila (ou Travessa) Diná em 1995. .............................................................................. p.180
Figura 234. “Avenida” Artur Neiva em 2014....................................................................................p. 180
Figura 235. Vila Brandão, no final da década de 1930 e início da de 1940......................................p. 181
Figura 236. Vila Bosque da Barra na Barra em 2015..................................................................... p.181
Figura 237. Placa indicativa da “Vila Bosque da Barra”, na Rua Grienfield, em 2015.................... p. 181
Figura 238. Mapa de localização de habitações de baixa renda na Barra. .................................... p.182
Figura 239. Conjunto de casas na década de 1950 ...................................................................... p. 183
Figura 240. Ocupação informal (“favela”) nas imediações de Rua do Bairro da Graça e próximo a
edifício de apartamento (ao fundo) ................................................................................................. p.183
Figura 241. Planta dos Loteamentos de Salvador na década de 1930, segundo informações da
OCEPLAN/PMS ............................................................................................................................ p.186
Figura 242. Planta de Loteamentos na Barra na década de 1930, segundo informações da
OCEPLAN/PMS ......................................................................................................................... p.188
Figura 243. Loteamento de Clemente Mariani ............................................................................... p.189
Figura 244. Loteamento “Jardim Portugal”..................................................................................... p.190
Figura 245. Loteamento de Elisa Brasília Teixeira ..........................................................................p.190
Figura 246. Projeto dos Loteamentos “Boa Vista - Nova América” e “Bella Vista”, em 1931 .......... p.191
Figura 247. Loteamento Vila Nova América (1939) ........................................................................ p.192
Figura 248. Rua Lorde Cochrane, final da década de 1940............................................................. p.193
Figura 249. Trecho da Rua Alameda Antunes, na década de 1940 .............................................. p.193
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Figura 250. Sistema viário entre a Ladeira da Barra e Barra Avenida implantado para acesso a
loteamentos aprovados na década de 1930..................................................................................... p.194
Figura 251 Loteamento “Barralândia” em 1934 ...............................................................................p.195
Figura 252. O loteamento “Barralândia” na década de 1940......................................................... p. 196
Figura 253. Rua Afonso Celso nos anos 1950................................. ............................................ p. 196
Figura 254. Rua Afonso Celso nos anos 1950................................................................................ p.196
Figura 255. Edifício “Barralândia” na esquina entre a Avenida Oceânica e a Rua Artur Neiva, construído
no final da década de 1930............................................................................................................. p. 196
Figura 256. Entrada do Edifício” Barralândia”, construído no final da década de 1930. .................p.196
Figura 257. Mapa da ocupação da Barra no final da década de 1930............................................p. 197
Figura 258. Edifício Dourado na Graça, Av. Euclides da Cunha. .................................................. p. 198
Figura 259. Edifício Dourado na Graça, Av. Euclides da Cunha. ..................................................... p.198
Figura 260. Edifício Oceania (1943) ............................................................................................... p.199
Figura 261. Edifício Embaixador (1935), Avenida Atlântica,3170, Copacabana, com projetos do
Escritório Freire & Sodré. .............................................................................................................. p.199
Figura 262. Edifício em linguagem Decó na década de 1930 em Copacabana, Rio de Janeiro, com
projeto do Escritório “Freire & Sodré”. ........................................................................................... p.199
Figura 263. Casa em estilo Art. Decó de inspiração naval na Ladeira da Barra .............................p.200
Figura 264. Antiga residência do historiador Edelweiss e posterior sede do Comando do Distrito naval
de Salvador Av. Sete, na altura do Farol da Barra .........................................................................p. 201
Figura 265. Antiga residência do historiador Edelweiss e posterior sede do Comando do Distrito naval
de Salvador Av. Sete, na altura do Farol da Barra ..........................................................................p. 201
Figura 266. Edifícios Elias Batista e Marquês de Caravelas n° 47 e 45, na Rua Marquês de Caravelas
......................................................................................................................................................... p.202
Figura 267. Edifício na Rua Florianópolis, Loteamento Jardim Brasil ............................................p. 202
Figura 268. “Edifício Capela” na Rua Eng. Souza Lima, N° 48/01, tranversal da Rua da Graça
observando-se a mesma tipologia ce 03 pavimentos com varandas de arremate curvo................ .p.202
Figura 269. Rua Tenente Pires Ferreira (Transversal da Ladeira da Barra) vendo-se as janelas tipo
escotilha e cobogó na caixa de escada ......................................................................................... p. 203
Figura 270. Edifício na Rua Lorde Cochrane...................................................................................p.203
Figura 271. Edifício “Ana Maria” na esquina da Av. Marquês de Caravelas e R. Afonso Celso ...... p.203
Figura 272. Em primeiro plano o Edifício “Camila” na Rua Leoni Ramos ....................................p. 203
Figura 273. Avenida Oceânica no final dos anos 1940, vendo-se exemplar de residência moderna (em
primeiro plano) e de edifício decó ao fundo (Edifício “Barralândia”) ................................................p.203
Figura 274. Avenida Oceânica no final dos anos 1940, vendo-se exemplar de residência moderna (em
primeiro plano) e Edifício Oceania, ao fundo .............................................................................p.204
.................................................................. CAPÍTULO 04 ........................................................................
Figura 275. Hospital Português em 1931 .................................................................................... p. 209
Figura 276. Antigo Clube Baiano de Tênis em 1916 ........................................................................p. 209
Figura 277. Trecho de Orla entre o Forte Santa Maria e o de Santo Antônio em 1858. ................... p.210
20
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 25
INTRODUÇÃO
1
Por Bairro “entende-se uma unidade de delimitação territorial com consolidação histórica que
incorpora a noção de pertencimento das comunidades que o constituem; que possuiu equipamentos e
serviços de educação, saúde, transporte e circulação, que conferem autonomia ao território; que
mantém relação de vizinhança e que reconhece seus limites pelo mesmo nome” (VEIGA, ET alli, 2012,
p 137).
2
As paróquias eram unidades administrativas baseadas em divisões eclesiásticas da cidade, e até
1911 - quando Salvador passa a dividir-se administrativamente em 11 Distritos de Paz, acrescidos de
mais 05 em 1931 (ARAÚJO, 1992) - eram em número de 10: Paróquias da Sé ou São Salvador, Nossa
Senhora da Vitória, Nossa Senhora da Conceição da Praia, Santo Antônio Além do Carmo, São Pedro
Velho, Santana do Sacramento, Santíssimo Sacramento da Rua do Passo, Nossa Senhora de Brotas,
Santíssimo Sacramento do Pilar e Nossa Senhora da Penha. Na Lei N°1146 de 1926, a cidade aparece
zoneada em quatro áreas (central, urbana, suburbana e rural) e o Decreto-Lei n° 10.724/38 considera
a existência de um só “Distrito”, o de Salvador, com 24 “Zonas”, o que é alterado pelo Decreto-Lei
n° 141/43 (Estadual), que altera a denominação de “Zona” para a de “Subdistrito”. Em 1948 o
Decreto-Lei n° 701/48 estabelece o limite de “Setores”, regulamentados apenas em 1954 (Decreto
n° 1.335/54 e Lei n° 502 de 12/08/1954) quando o Município de Salvador é dividido em 5 “Distritos”
(Salvador, Nossa Sra. das Candeias, Água Comprida, Ipitanga e Madre de Deus) e o Distrito de
Salvador passa a ter 20 “Subdistritos”. Apenas em 1960 surge a primeira divisão do Município
por bairro, estabelecendo seus limites e dos distritos e subdistritos, na Lei Municipal Nº 1038/1960,
passando Salvador a contar com 32 bairros, que teve seu número aumentado em 2017.
26
A Barra é hoje um bairro residencial de classes média e alta, que conta com uma
grande rede estabelecimentos comerciais e de serviços (bares, restaurantes,
shopping center, hotéis e pousadas) voltados para o atendimento a seus moradores
e ao grande número de turistas e frequentadores locais, que buscam a sua orla como
local de lazer, principalmente nos finais de semana, no verão e durante o Carnaval
que ali acontece.
Ao longo dos seus 480 anos de história, o bairro da Barra passou por grandes
transformações físicas, funcionais e sociais, que foram objeto de análise da presente
tese, mais especificamente no período entre 1850 e 1950, e é sobre a construção
dessa narrativa, que trataremos a seguir.
27
Baía de Todos os
Santos
Oceano Atlântico
Figura 02. Limites administrativos do bairro da Barra em 2016. (Fonte Google Maps. Acesso em
20 out. 2016)
Ondina
Morro da Aeronáutica
Figura 03. Mapa do Bairro da Barra em 2011, com suas principais ruas e avenidas e seus limites
administrativos (em vermelho). (Fonte: Google Maps 2011. Acesso 20 set. 2016)
28
Morro do Gato
Morro Ipiranga
Morro de
Clemente
Mariani
Outeiro de
Santo Antônio
da Barra Morro do
Cristo
Morro do
Gavazza
Figura 04. O Bairro da Barra e suas elevações, em vista área de 2013, a partir do encontro entre o
Oceano Atlântico e a Baía de Todos os Santos. (Fonte: Google Maps, acesso em 18 set. 2014)
O mesmo pode ser dito sobre aquelas teses e dissertações que tratam da
Modernização Urbana de Salvador a partir do século XIX e que dão importantes
contribuições sobre o contexto em que se insere o presente estudo, mas com foco em
outros locais da cidade, como o bairro da Sé (PINHEIRO, 1992 e 2011), a área central
(MUÑOZ, 2014) e o Comércio (ALMEIDA, 2014 e ROCHA, 2007) ou, se aproximando
mais geograficamente da Barra, tratam do “Corredor da Vitória” (ARAÚJO, 2004 e
MOTA, 2008).
Dessa forma, a opção em ter a Barra como objeto de pesquisa de Doutorado,
justifica-se pelo mesmo continuar carecendo de estudos mais aprofundados, que não
só valorizem a sua história urbana, como também subsidiem ações de preservação
do seu patrimônio construído e ambiental, em grande risco diante do que se pode
chamar de um novo “surto modernizador”, iniciado em 2013 pela Prefeitura Municipal
30
Figura 06. Estudo de Teodoro Sampaio (1949) sobre a localização de “Vila Velha” (antiga
“Povoação do Pereira) no século XVI (círculo azul), indicando, entre outros, a “gambôa onde penetrava
a maré” (C), no local onde se encontra o atual Largo do Porto da Barra. (Fonte: SAMPAIO, 1949, p.30)
33
Figura 07. Estudo para localização da “Povoação do Pereira” e delimitação da área de estudo,
com base na análise comparativa entre as Plantas de Teodoro Sampaio, dos Beneditinos e mapa atual
do Bairro da Barra.
34
Estátua do Cristo
Figura 08. Delimitação da Área de Estudo (em vermelho) sobre Mapa de 1850. Vendo-se a
ocupação ao longo dos caminhos, em azul a “Trilogia de Defesa da Barra” (PESSÔA, 1988) e em
amarelo, os monumentos religiosos. (Fonte: Cópia xerográfica de parte do “Mappa Topographica da
Cidade de S. Salvador e seus Subúrbios” de Carlos Augusto Weyll, cerca de 1850, anexa ao livro de
REBOUÇAS, 1979. Original colorido na Biblioteca Digital Luso-Brasileira, http://bdlb.bn.gov.br/ )
Figura 09. Delimitação da Área de Estudo (em vermelho) sobre vista aérea de Salvador em 2017,
a partir do encontro entre o Oceano Atlântico e a BTS. (Fonte: Foto de Mauro Akin Nassor, em
http://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/salvador-vista-das-nuvens/. Acesso em 10 ago. 2017)
35
Para dar conta desse estudo, foram buscados referenciais teóricos em diversos
autores, de acordo com a ideia de que os mesmos deveriam ser “úteis” e se
constituírem apenas em balizadores do percurso da escrita de uma tese que se
ancorava na materialidade urbana e arquitetônica, privilegiando a noção de “desenho”
ou “forma urbana” - expressa em construções, lotes, quadras, ruas e praças e
receptáculos de obras de infraestrutura - na sua relação com a “função”
36
4
Sobre a Historiografia da História Urbana no Brasil, ver, entre outros referenciados: “Cidade &
História”, organizado por Ana Fernandes e Marco Aurélio A. de F. Gomes, 1992; “Cidade e Urbanismo:
história, teorias e práticas”, organizado por Nino Padilha, 1998; “A cidade como história: os arquitetos
e a historiografia da cidade e do urbanismo” de Eloisa Petti Pinheiro e Marco Aurélio A. de Filgueiras
Gomes, 2004 e “Dois séculos de Pensamento sobre a cidade” de Pedro de Almeida Vasconcelos, 2012.
5Sobre Patrimônio Cultural Urbano ver, entre outros referenciados: “Reconceituações Contemporâneas
do Patrimônio”, organizado por Marco Aurélio A. de Filgueiras Gomes e CORRÊA, Elyane Lins (2011).
37
(...) pela criação de uma vasta rede de grandes artérias que cortam
indistintamente o território da cidade, quer se trate dos bairros mais densos
no centro ou nas zonas periféricas onde a urbanização está por se fazer:(...).
Uma nova estrutura feita de bulevares, avenidas e ruas largas sobrepõem-se
à trama existente, criando uma forte hierarquia entre as vias novas e a maioria
proposto o aterramento da Lagoa do Boqueirão - sobre o qual foi inaugurado em 1783 o Passeio Púbico,
que receberia melhorias durante todo o século XIX (Biblioteca Nacional.
http://brasilianafotografica.bn.br/?p=7080 ), ação que passou a servir de referência para as demais
cidades brasileiras: “O ambiente geográfico da cidade tradicional se conformava por morros que
dificultavam o crescimento da cidade assim como a sua adequação com os padrões modernos, e
devido a esta impossibilidade, o governo promoveu uma solução impactante e audaciosa para a época,
fazendo o aterramento da Lagoa do Boqueirão para formar o ‘parterre’ e sobre este construir um
empreendimento integrado, considerando-se obras de infraestrutura (abertura de vias, redes
drenagem, elétrica, abastecimento d´água), edificações (residências, instituições), espaços de
sociabilidade (praças, Passeio Público), arborização e iluminação pública, etc. Uma ação vultosa que
elevou a cidade à condição de uma metrópole moderna, sendo considerada, pelos historiadores, como
a origem das ações iluministas no Brasil”. (SILVA, 2012, apud CARDOSO, 2015, p.70)
38
8 Na primeira gestão de J.J. Seabra (1912-1916), além de intervenções em direção ao vetor sul, como
a abertura da Avenida Sete de Setembro (1915) e o início da construção da Avenida Oceânica (1923),
foram também executados, entre outras obras, o aterro e modernização do porto e alargamento de
diversas ruas da Cidade Baixa.
39
Figura 10. Perspectiva do Projeto de Melhoramentos para a área central de Salvador em 1910, de
autoria do Engenheiro Alencar Lima, vendo-se a esquina entre atuais Ladeira de São Bento, então
denominada de “Avenida 2 de Julho” (à esquerda) e a Rua Carlos Gomes (à direita). Nota-se também
o compartilhamento das vias por pessoas e por diferentes tipos de transportes, como automóveis,
cavalos, carroças e bondes. (Fonte “Bahia, Histórias & Encantos”, em “Salvador... tempos passados! ”,
em https://www.facebook.com/groups/475176305884533/ Acesso 24 jan. 2017)
9 Sobre “estilos” e “tipologias” consultar, entre outras referências, LEMOS (1990), REIS Filho (2013),
SANTOS (1981), PEVSNER (1976), ANDRADE Junior (2012) e PEREIRA (2007)
10 A Arquitetura de vocabulário Decó se apresenta de forma mais “maciça” e ainda relacionada com o
Figura 11. Esquema gráfico sobre o percurso do tratamento da questão da Paisagem, em relação
a do Patrimônio Cultural.
12Avenida Sete de Setembro, do Largo da Vitória ao Farol da Barra, Avenida Princesa Isabel, do Largo
da Graça ao Porto da Barra, Avenida Oceânica, do Farol ao morro do Cristo e as demais ruas nas suas
imediações e da Rua Marquês de Caravelas, como Barão de Sergy Alameda Antunes, Marques de
Leão e Afonso Celso, além das ruas João Pondé, Tenente Pires Ferreira, Recife e Florianópolis,
respectivamente, nas proximidades do morro de Clemente Mariani e no Jardim Brasil, entre outros
percursos.
45
“estilo” para incorporar na sua análise outros elementos, como materiais, formas e
técnicas, programas e funções (PEREIRA, 2007)
Os dados obtidos pelo levantamento fotográfico e seu cruzamento com
aqueles outros iconográficos e bibliográficos - como os “Projetos de Construção e
Reforma no Distrito da Vitória” encaminhados para aprovação da Diretoria de Obras
Públicas e da Inspetoria de Higiene, entre 1901 e 1917 - possibilitaram não só a
definição da toponímia dos logradouros do bairro (Anexo 03), como principalmente, a
inferência do processo espaço-temporal de sua ocupação, subsidiando assim, a
elaboração de uma cartografia retrospectiva da história urbana da Barra, colocada ao
longo dos capítulos.
Pelo exposto e com vistas a responder à questão central da pesquisa, “o que
deu sustentação às transformações da paisagem da Barra entre 1850 e 1950”, a Tese
se estruturou em quatro capítulos, segundo a materialização naquele bairro do ideário
de cidade moderna e suas “dominâncias”, quais sejam, Fluidez, Estética, Higiene e
“novas espacializações” (GOMES e FERNANDES, 1992, p.53), respaldado na
aplicação de legislação específica.
O primeiro capítulo (A LEGISLAÇÃO E A GESTÃO URBANA) tratará então, do
papel do poder público na elaboração e aplicação de legislação que trata direta ou
tangencialmente das áreas periféricas da cidade, na sua relação de interferência no
desenho da paisagem, através do controle das formas de construção, de dotação de
infraestrutura urbana e concessão de serviços públicos para exploração de
particulares.
1.1. ANTECEDENTES
Posturas” (1831, 1844 e 1920), que perduraram até 1926, quando foram substituídos
por leis e decretos.
No primeiro “Código de Posturas”, promulgado em 1831, eram definidos
parâmetros para as edificações, com clara preocupação higienista, sendo por isso
também um “Código Sanitário” (SIMAS FILHO,1986) cuidando, segundo Heloísa
ARAÚJO (1992) das seguintes questões atinentes à cidade:
2 A denominação de “décima urbana” foi substituída por “imposto sobre prédios” (1873), “imposto
predial” (1881), “Imposto Predial Territorial Urbano” (1934) - então já incorporado à competência
privativa do Município - e nos anos 1960, passou a ser conhecido como IPTU, ou seja, “Imposto sobre
a Propriedade Predial Territorial Urbana” (COSTA, A. J. 2004, p. 1, APUD HERNÁNDEZ, 2009, Nota
4. p. 137.)
50
Segundo Kátia Mattoso (apud RIBEIRO, 2009, p. 35), até 1829, o “termo” da
cidade, tal como havia sido delimitado no século XVI, não sofreu nenhuma
modificação, existindo “grande confusão sobre os limites entre a cidade e o campo e
as autoridades administrativas não sabiam muito bem onde eles estavam” e por essa
51
retomadas pela Coroa, mas todas as terras do país que não tivessem título de domínio ou de uso
reconhecido pelo Estado e que não receberam destinação pública.
53
Figura 12. Projeto de construção de 04 Casas na Avenida Princesa Isabel / “Baixa da Graça” em
1912, de propriedade de Manoel de Sá Gordilho e de autoria do Engenheiro Arthur Santos. (Fonte:
Arquivo MIII GB 0439. “Projetos de Construção e Reforma” depositados no Arquivo Municipal de
Salvador em 30 set. 1912. Fichamento e desenho de Márcio Campos em 26 mai.1992)
55
Figuras 13. Projeto de Edificação nova na “Quintas da Barra” em 1905, de propriedade Venâncio
Xavier da Costa. (Fonte: Arquivo MIII GA 0284 dos “Projetos de Construção e Reforma” depositados
no Arquivo Municipal de Salvador. Fichamento e desenho de Márcio Campos em 01 jul. 1992)
Figuras 14. Projeto de Edificação nova Rua Barão de Sergy em 1910, de propriedade de Manoel
de Sá Gordilho (Fonte: Arquivo MIII GA 0372 dos “Projetos de Construção e Reforma” depositados no
Arquivo Municipal de Salvador. Fichamento e desenho de Márcio Campos em 09 jun.1992)
56
(...) para ruas de até nove metros de largura, a altura limite poderia ser duas
vezes maior; para ruas entre nove e doze metros, a altura limite poderia ser
duas vezes e meia maior; para ruas com largura acima de doze metros, a
altura limite poderia ser três vezes maior, nas esquinas tomar-se-ia a maior
medida de rua e alturas maiores poderiam ser analisadas em função de
recuos que somados à largura da rua deveriam ser de nove, doze ou quinze
metros.
sistema viário por vales e cumeadas tinha papel fundamental, permitindo a expansão
dos limites da cidade, não havia maiores restrições ao gabarito das edificações, o que
será retomado em 1954, mas por razões preservacionistas7, através do Decreto N°
1.335/54, que tratava do limite de altura de 45 metros nas áreas comerciais na Cidade
Baixa, para preservar o frontispício e a encosta verde do centro de Salvador.
Figuras 15 e 16. A Avenida Oceânica vista do Farol da Barra, no final dos anos 1920 e na década
de 1940, já com o “Edifício Oceania” (1943) (Fontes: “Amo a História de Salvador”, em
https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/
Acesso 26 nov. 2015 e Museu Tempostal / Governo do Estado da Bahia, autor desconhecido, em
TEIXEIRA, 2001, p.08)
Figuras 17 e 18. Loteamento “Barralândia” na década de 1940, com o Edifício de mesmo nome,
construído em frente ao “Morro do Cristo”, em registro de 2014. (Fontes: Guia Geográfico Salvador
Antiga, em http://www.salvador-antiga.com/barra/antigas-oceanica.htm. com acesso em 26 nov. 2015
e registro fotográfico em 20 mai. 2014, Arquivo pessoal)
7A partir dos anos 1960 rompe-se com a estreita relação entre gabarito (altura máxima) e caixa de rua
para adotar outros parâmetros como a taxa de ocupação, o coeficiente de utilização e os recuos
progressivos à medida que se ultrapassem determinadas cotas. Tratando-se das leis mais recentes
que apresentam amplas diretrizes para o desenvolvimento urbano, Lei 3.377/84 – LOUOS
(SALVADOR, 1984), Lei 6.586/2004 - PDDU 2004 (SALVADOR, 2004) e a Lei 7.400/2008 – PDDU
2008 (SALVADOR, 2007), o gabarito de altura é estabelecido apenas para áreas de interesse de
preservação física e ambiental, como a “Área de Borda Marítima” onde encontra-se nossa área de
estudo e áreas adjacentes àquelas classificadas como “Área de Proteção Rigorosa” como a do outeiro
de Santo Antônio da Barra.
58
8Sobre o processo de modernização urbana de Salvador que se processa a partir de meados do século
XIX e as influências do urbanismo haussmaniano e modernista no que diz respeito ao papel da
arquitetura no desenho urbano, ver Renata Baesso Pereira (2012) e o artigo “Tipologia arquitetônica e
morfologia urbana: uma abordagem histórica de conceitos e métodos”.
59
Figuras 19 e 20. “Latrinas Unitas” no final do século XIX, início do XX, em Publicidade no Jornal
“Correio Paulistano” em 1895 e instalada na cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro, no Restaurante
“Paladar”, em 1900. (Fontes: http://slideplayer.com.br/slide/10291986/33/images/48/Latrinas+Unitas+-
+1895+Correio+Paulistano,+SP.jpg. e
http://slideplayer.com.br/slide/10291986/33/images/48/Latrinas+Unitas+-+1895+-
+Correio+Paulistano,+SP.jpg . Acesso 09 ago.2017)
60
Graça
Morro do Gavazza
Vitória
Figura 21. Local do assentamento da “Povoação do Pereira” no século XVI, no Porto da Barra
(em azul), a partir do qual se desenvolveu o bairro da Barra. Em verde possíveis matas existentes, em
morros e baixios, quando da chegada do Donatário em 1536. (Desenho da própria autora, com
interferências digitais, sobre mapa-base de 1950)
Com sua ocupação remontada ao século XVI, ao Porto da Barra e aos limites
da sede da Capitania de Baía de Todos os Santos (1536-1546), que se estendia do
nível do mar até as cercanias da atual Igreja da Graça, a Barra se transformou desde
o início, em ponto de apoio dos fundadores da cidade de Salvador (1549), sendo
referenciada na bibliografia pesquisada (VILHENA, 1801/1969; CAMPOS, 1930;
GORDILHO, 1960; MATTOSO, 1978; ROCHA PITTA, 1950; TAVARES, 1974) como
“Povoação do Pereira” ou “Vila do Pereira”, em alusão ao Donatário Francisco Pereira
Coutinho e como “Vila Velha”, “Povoação de Vila Velha” ou ainda, “Vila Velha da
Vitória”, a partir da construção da cidade de Salvador, denotando assim a sua
preexistência (Figuras 22 e 23).
65
Figuras 22 e 23. A “Cidade” e a “Vila Velha” em 1640, em detalhe de Mapa intitulado “Mapa da Baía
de Todos os Santos até a Ponta de Santo Antonio e Barra de Itaparica”, extraído de Cartas / manuscrito
colorido de João Teixeira Albernaz (“Descrição de todo o marítimo da Terra de Santa Cruz chamado
vulgarmente, o Brasil”). Observa-se a representação apenas do Forte de Santo Antônio, apesar dos de
Santa Maria e São Diogo já existirem. (Fonte: PORTUGALIAE MONUMENTA CARTOGRAFICA, vol.
IV. Original no Arquivo Nacional Torre do Tombo, em Lisboa. (Em: http://www.historia-
bahia.com/mapas-historicos/baia-todos-santos.htm Acesso)
66
11
Personagem fundamental na ocupação do território soteropolitano e na história da Barra, onde foi
grande proprietário de terras, o português Diogo Alvares Correia, o “Caramuru”, naufragou nas
imediações do bairro do Rio Vermelho por volta de 1510, passando a viver com os índios Tupinambás
e ajudando-os no tráfico de pau-brasil com os europeus, principalmente franceses, no local onde hoje
encontra-se o Largo da Mariquita, então conhecido como “Aldeia dos Franceses”. (SAMPAIO, 1949,
Segundo Livro, Capítulo 4, p. 115-116). Com a criação da Capitania da Baía de Todos os Santos,
recebeu terras em doação pelo governo português, sendo entretanto o responsável, segundo
CARNEIRO (1978, p.50), pela destruição da sua sede, uma vez que, tendo ficado impedido de auxiliar
os franceses no tráfico do pau-brasil no Rio Vermelho e em Tatuapara, instigou os índios a
suspenderem o abastecimento e a atacarem sucessivamente a povoação, que foi completamente
destruída por navios franceses, que “incendiaram casas e confiscaram artilharia de defesa" (TAVARES,
1974. p.20), levando a fuga do Donatário Francisco Pereira Coutinho para a Capitania de Ilhéus e
posterior morte pelos índios no seu retorno (1546).
67
2 A pesca da baleia surgida ainda no século XVI era prática "portentosa na Bahia" nas primeiras
décadas do século XVIII [1724], ocorrendo "desde Junho até Outubro, começando por Santo António,
e acabando por Santa Teresa (...) "ROCHA PITTA (1950, Livro 1, N°72, p.33). Desse animal tudo se
aproveitava, da carne à banha, da qual era extraído o azeite ou “óleo de baleia”, usado na iluminação,
na construção civil (como aglutinante nas argamassas), na impermeabilização de navios e no fabrico
de velas e sabões, sendo tratada em “armações” (engenhos para processamento dos produtos) ao
longo da costa e na ilha de Itaparica.
68
Figura 24. Salvador durante o ataque holandês de 1624, mostrando a presença apenas do Forte de
Santo Antônio (à direita) e o desembarque de tropas no Porto da Barra (1). (Fonte: Gravura intitulada
“S. Salvador” de Claes Jansz Visscher que ilustrou folha impressa com as notícias sobre a tomada de
Salvador pelos holandeses, em exemplar do Historisch Museum de Roterdam - Atlas Van Stolk. Em
Http://www.sudoestesp.com.br/file/colecao-imagens-periodo-colonial-bahia. Acesso em 02 ago. 2017)
Figuras 25 a 27. A “trilogia de defesa da Barra”, formada no início do século XVII pelos Fortes de
Santo Antonio, Santa Maria e São Diogo (Fontes: Fotos de Francisco Mazzoni, em 18 set. 2014)
69
Assim, descrita no século XVII como sendo formada por “algumas casas de
moradores dispersas, a mór parte delias feitas de taipa, cobertas de palha e de cascas
de paus, no meio de suas culturas, entre basto arvoredo fructifero” (SAMPAIO, Roteiro
Geral, p.15) a Barra passará no último quartel do século XVIII (1774) a contar com
“quintas de residência e veraneio, rodeada das casinhas humildes dos pescadores e
roceiros” (CALDAS, apud GORDILHO, 1960, p.73) demonstrando que a área
começava a alterar sua paisagem (Figuras 34 a 37) , mas de forma mais lenta do que
o que se dará a partir de meados do século XIX, quando começam as melhorias nos
sistema viário e a circulação do transporte público.
Figuras 28 a 30. As Igrejas da área de estudo. Igrejas de Santo Antonio da Barra, de N.S. da Vitória
e de N.S. da Graça. (Fontes: registros fotográficos em 10 jun., 23.mai. e 06 set. 2014. Arquivo Pesoal)
70
Figura 31. (Recorte de) Prospecto de Julius Naeher. Barra em [18--], observando-se a sua “Trilogia
de Defesa” (em vermelho) - formada pelos Fortes de Santo Antônio, Santa Maria e São Diogo - e as
Igrejas de Santo Antônio da Barra e da Vitória (em azul). (Fonte: Recorte do Documento “Bahia de
todos os Santos aufgenommen nach der Natur” de Julius Naeher, em Biblioteca Nacional Digital,
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart511913/cart511913.htm Acesso.07 fev. 2015)
Figuras 32 e 33. O Edifício Oceania e sua relação volumétrica com as Igreja e Fortificações da
Barra em 2015. Vistas a partir da Baía de Todos os Santos/ Ilha de Itaparica e do Oceano Atlântico /
bairro do Rio Vermelho (Fonte: Registro fotográfico em 05 jul. e 08 de ago.2015. Arquivo particular,)
Figura 34. Casas e Fortificações da Barra no século XVIII. (“Elevação em prospectiva das Fortalezas na entrada da Barra
da Bahia, ao Sul, vista de terra para o mar, oposta, regulando comparativamente as suas partes”. De Eques Carvalho (João
de Abreu e Carvalho). (Fonte: original manuscrito do Arquivo Histórico do Exército, Rio de Janeiro em REIS FILHO, 2000, p.
52.)
71
72
Figura 35. Orla oceânica da Barra no século XVIII, avistando-se ao fundo o Forte de Santo Antônio.
Observa-se a falta de ocupação na área e sua paisagem formada por morros, areal e coqueirais (Fonte:
http://www.salvador-antiga.com/barra/antigas-farol.htm. Acesso em 09 set. 2014)
Figura 36. Trecho de orla da Baía de Todos os Santos, entre os Fortes de Santa Maria e o de São
Diogo, em 1839. Pintura em óleo sobre tela de Louis Buvelot (“Vista das Fortalezas da Entrada da
Bahia, tomada da Ponta do Farol”), vendo-se em primeiro plano à direita, o chalé que seria comprado
em 1887 para construção do Hospital Espanhol e ao fundo, o outeiro de Santo Antônio da Barra, com
sua igreja no alto, forte São Diogo a meia encosta e casas térreas ao nível da praia do Porto da Barra.
A esquerda da imagem o forte de Santa Maria e a presença de saveiros no mar. (Fonte. Guia
Geográfico e Histórico Salvador Antiga, http://www.salvador-antiga.com/barra/antigas-forte-santa-
maria.htm. Acesso 17 out. 2016)
73
Figura 37. “O Farol da Barra, no Ano de 1840”, vendo-se o número reduzido de edificações naquela
região e o intenso tráfego marítimo. Gravura intitulada “Cabo de Santo Antonio””, como o viu H.
Wimbles, reproduzindo-o no Mapa do Brasil gravado por J. Rapkin e publicado por John Tallis &
Company, Londres e Nova-York” (Fonte: WILDBERGUER, 1949. p. 236, gravura 55)
3 Em uma cidade onde o mercado de trabalho era reduzido, o comércio permitia a obtenção de uma
renda mínima (para os ambulantes) e obtenção de maiores rendas para os donos de lojas: “A cidade
reunia toda espécie de varejistas e revendedores. Os mais importantes, já se viu, tinham mercearias,
tabernas, padarias e lojas de tecidos e de ferragens instaladas nos bairros centrais. Serviam a uma
população numerosa. Ser proprietário de loja conferia certo prestígio social. Ao lado deles, convivia
enorme quantidade de feirantes e vendedores ambulantes, que expunham em tabuleiros ou barracas,
ou levavam de porta em porta, desde frutas, legumes, peixes, carnes e gêneros de mercearia em geral,
até tecidos e miudezas variadas. Eram livres para fixar seus preços, mas tinham que ter licença para
comerciar, pagando o imposto correspondente. Competia à Municipalidade conceder ou recusar as
licenças, arrecadando depois o imposto – entre quatro e cinco réis – que incidia sobre os ‘tabuleiros’ e
‘caixas’ dos vendedores ambulantes. (...)” (MATTOSO, 1992, p. 494 Apud HOLTHE,2002 p. 125)
75
Além da navegação pela Baía de Todos os Santos, era pelo caminho que
“através de várias aldeias dos índios levava à Vila Velha" (CARNEIRO, 1978, p.117),
que os moradores daquele primeiro núcleo de povoamento português abasteciam
76
Salvador, através das feiras semanais instituídas pelo Governador Tomé de Souza
nas imediações da porta (do Sul) de Santa Luzia (depois São Bento e atual Praça
Castro Alves) e que, segundo CARNEIRO (1978, p.117), em relação à Porta de Santa
Catarina (ao norte), "era mais movimentada e concorrida, e provavelmente mais bem
defendida, por ter acesso mais fácil ao porto, por ficar próxima à feira e por servir às
pessoas que vinham, por terra, da Vila Velha para a Cidade".(o grifo é meu)
Denominado de “Caminho de [para] Vila Velha” pelo menos até o século XVIII
ligava por terra a cidade fortificada de Salvador aquele primeiro povoado, tendo um
percurso correspondente a quase totalidade da futura Avenida Sete de Setembro
(1915), ou seja, partindo da praça Castro Alves e subindo a Ladeira de São Bento,
passava pelo Largo da Piedade, de onde seguia pelo Politeama, Rosário e Forte de
São Pedro, até atingir o Campo Grande, de onde seguia pelo Corredor da Vitória até
o Largo do mesmo nome e daí até o Porto da Barra (Figuras 38 e 39).
Figura 38. Caminho ligando Salvador a Vila Velha no século XVI (em mapa intitulado “Arredores da
Cidade do Salvador entre 1550 e 1570”. (Fonte: MYBC / utmc. Biblioteca CEAB /M1E/04ª)
77
Figura 39. “Caminho de Villa Velha” no século XVI. (Figura intitulada “Arredores da Cidade do
Salvador entre 1550 e 1570”Fonte: SAMPAIO, 1949.)
78
Figura 40. (Possível) Antigo traçado do “Caminho de Vila Velha” entre os Largos da Igreja da Vitória
e do Porto da Barra, passando pelo morro onde foi construída residência de Clemente Mariani, em
percurso distinto daquele em que foi implantada a Avenida Sete de Setembro. (Fonte: SILVA FILHO,
2008, p. 160, figura 59, “Diferença de trajetos do início da antiga e da atual Ladeira da Barra”)
e que conhecida como “Estrada de Santo Antonio”, passaria por obras entre 1848 e
1851 (SIMAS FILHO, vol. 3,1978, p.479)
Figura 41. Os dois caminhos entre a Igreja de Santo Antônio da Barra e o Porto da Barra no
último quartel do século XVIII. Detalhe de Gravura “Elevação em prospectiva das Fortalezas na
entrada da Barra da Bahia ao Sul, vista de terra para o mar, oposta, regulando comparativamente as
suas partes”. De Eques Carvalho /João de Abreu e Carvalho. (Fonte: REIS FILHO, 2000, Nestor. p. 52.
Original manuscrito do Arquivo Histórico do Exército, Rio de Janeiro.)
Figura 42. Iconografia do século XVIII mostrando o “Caminho para Vila Velha” no trecho
conhecido como "caminho público para a Igreja de Santo Antônio, que se desenvolvia pelo outeiro
de Santo Antônio da Barra, com sua Igreja e forte de São Diogo. Observa-se a ambiência de aldeia de
pescadores (em trabalho em primeiro plano), com saveiros, casas térreas e muita vegetação (Título:
“Outeiro da Barra”. S/data. Fonte desconhecida. Biblioteca do CEAB. 1990)
80
Figura 43. Caminho para a Igreja de Santo Antônio da Barra (seta) em 1858. De fotografia de Victor
Frond. Observa-se o desenvolvimento da área do Porto da Barra, com edificações de dois andares no
Largo e o conjunto de casas térreas geminadas e na testada do lote, em uma implantação de
características coloniais. (Fonte: http://www.salvador-antiga.com/barra/antigas-seculo19.htm. Acesso
05 abr. 2014)
Figura 44. Caminho para Vila Velha em 1835, no trecho hoje conhecido como Ladeira da Barra.
Gravura de William-Gore-Ouseley, onde observa-se a via sem calçamento e o muro do cemitério dos
ingleses e ao longe, a igreja de N.S. da Vitória e algumas edificações no seu entorno e ao nível do mar.
(Fonte: http://www.bahia-turismo.com/salvador/barra/cemiterio.htm. Acesso em 17 ago. 2017)
81
Esse pioneiro “caminho público para a Igreja de Santo Antonio” (Figura 45),
existente ainda na década de 1950 (Figura 46) foi “apagado” após 1867 por obras
realizadas no Forte São Diogo para construção de muros e escadas, (Figuras 47 e
48) e realização de cortes no outeiro de Santo Antônio com vistas a obtenção de dois
platôs (Figura 49) em um dos quais (o mais baixo) foi instalado o Clube Social do
Exército / CIREX que funcionou até o início dos anos 1980 (PESSÔA, 1988),
passando a ligação com a Igreja de Santo Antônio a ser feita apenas pela Ladeira da
Barra.
Figura 45. Forte São Diogo e o “Caminho Público para a Igreja de Santo Antônio no alto do
Morro” em 1867 (em vermelho), partindo da atual praça. Em azul, os dois portões de acesso, estando
o inferior do desenho hoje fechado com alvenaria. (Fonte: cópia heliográfica de planta levantada “por
aviso circular do Ministério da Guerra” em 06 de junho de 1867 e copiado em 09 de julho de 1928 e em
20 de fevereiro de 1957, depositada no Arquivo do Quartel General da 6ª Região Militar do Exército).
82
Figura 46. “Caminho público para a Igreja de Santo Antonio” na década de 1950, passando pela
Portada de acesso ao Forte de São Diogo (1629). (Fonte: AHMS/FGM em
https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/
Acesso em 22 abr. 2017)
Figuras 47 e 48. Escadaria de acesso a Portada do Forte de São Diogo. (Fonte: Registro fotográfico
em 05 jan. 2017, Arquivo Pessoal.)
Figura 49. Implantação do Forte de São Diogo, no sopé do outeiro de Santo Antonio da Barra. Em
azul as antigas entradas que davam acesso ao “Caminho para a Igreja de Santo Antônio” e os dois
platôs (cortes no morro) construídos posteriormente (setas vermelhas). (Fonte: Registro fotográfico em
05 jan. 2017, Arquivo Pessoal.)
83
Figura 52. Imediações da Igreja de Santo Antônio da Barra em 1837, vendo-se a vegetação
abundante, provavelmente na área onde se encontra hoje o morro de Clemente Mariani e onde foi
implantada a Avenida Sete de Setembro (“Desenho da Igreja, de 1837, feito por um dos tripulantes da
fragata francesa Vênus, que realizou uma viagem em volta do mundo, entre 1836 e 1839”, em
http://www.salvador-antiga.com/barra/antigas-igreja.htm. Acesso em 13 nov. 2016)
85
4
“(...) O local que atualmente configura o Largo do Porto da Barra, tem cota média de 6,5 metros, o que
o coloca cerca de 2,5 metros acima do nível do contato da areia com o muro de borda da Avenida Sete
de Setembro. É certo que, ainda que não fosse uma área permanentemente alagada, foi efetivamente
um baixio, (...)” (SILVA FILHO, 2008, p. 145)
86
Figura 53. Salvador em cerca de 1850, em recorte da Planta de Carlos Augusto Weyll (“Mappa
Topographica da Cidade de S. Salvador e seus subúrbios”). Vendo-se o adensamento da área central,
a ocupação linear e rarefeita em direção as áreas de expansão do vetor sul, estando marcada (em
vermelho) a área de estudo. (Fonte: REBOUÇAS, Diógenes 1979. Reprodução do Mapa anexa à obra,
de original colorido da Biblioteca Digital Luso-Brasileira, http://bdlb.bn.gov.br/)
R. Bosque da Barra
Caminho da floresta
R. do Porto
(atual) R. Barão de Itapoã
(atual) R. Cesar Zama
Figura 54. A Barra e suas ruas em cerca de 1850. Demarcada a área de estudo em vermelho, e em
azul, a área de ocupação mais adensada nas imediações do atual Porto da Barra, em detalhe da Planta
de Carlos Weyll (Fonte: Cópia xerográfica de parte do Mapa anexo ao livro de REBOUÇAS, 1979)
87
Risério (2000, p.62) coloca que o que se pode concluir da feição da Camboa
de Caramuru é tratar-se de uma baixada “por onde antigamente penetrava a
maré, alagando o terreno baixo e arenoso” que teria sido modificada ou
adeqüada, através de cavas, entulhamentos ou de equipamento de palha,
para que se transformasse em uma armadilha eficaz de pesca. Esse autor
coloca que essa estrutura foi “depois coberta pelo aterro e as edificações que
vieram a conformar o Largo da Barra”. Uma reconstituição de Sampaio (1949)
estende essa camboa até a altura da Rua Doutora Pragues Froes, entretanto,
essa região guarda, atualmente, altitude de cerca de 10 metros. Constitui
provavelmente um exagero acentuado imaginar que essa região inteira foi
assoreada e/ou terraplana sem recursos ou registros maiores. Além disso,
dada a escassez de recursos para realizar algo maior, não seria executável.
Mais, imaginando que o tivesse efetivamente feito, não teria como seria tão
fácil e rapidamente suprimida, sem deixar registros. (O grifo é meu)
5
Conforme descrição feita por Maximiliano da Áustria a Salvador em 1860 e comentada por Frederico
EDELWEISS, (1961, p.77) no seu livro “A Visita de Maximiliano da Áustria à Bahia": “O seu vivo, quase
místico desejo de tomar contato com a nossa terra longe de qualquer etiqueta e gente estranha, levou-
o a escolher para seu desembarque um lugar que nas suas próprias palavras, escolheria um noivo para
o primeiro encontro com a sua prometida: o Porto da Barra, êrmo e poético, então, com o seu riachinho
cortando o Largo de hoje, onde algumas Iavadeiras tagarelas maltratavam roupa suja".(o grifo é meu)
88
Largo do Porto
Ribeiro do Bosque
Figura 55. Rios da Barra em 1830, observando-se o “Ribeiro do Bosque da Barra” e “Rio dos
Seixos, que após se encontrarem, desaguavam nas imediações da Fazenda Camarão (entre os atuais
morros Ipiranga e do Cristo), recebendo por isso a partir daí o nome de “Rio Camarão” (Detalhe de
“Carta Hydrografica da Bahia de Todos os Santos, na qual está situada a cidade de S. Salvador, Capital
da Província de mesmo nome. Latitude austral da Cidade 12°, e 56᾿. Longetude à Oeste de Pariz, 41.
°, e 59᾿. Desenho de B. Teixeira (?), 1830”, Fonte: Internet)
Figura 56. Vale do “Rio das Pedras” (“das Pedrinhas” ou “Rio Dos Seixos”) em 1884, que após
se unir com o “ribeiro do Bosque” (que vinha da área do Porto da Barra), desaguava nas imediações
da Fazenda Camarão, entre os atuais morros Ipiranga e do Cristo. A área lindeira a esse vale, alagadiça
e com grandes matas remanescentes, foi ocupada inicialmente por habitações informais, a exemplo
daquelas da “Roça da Sabina”. O rio dos Seixos hoje encontra-se tamponado sobre o canteiro central
da Avenida Centenário. (Fonte. Gilberto Ferrez. Acervo do Instituto Moreira Sales / Brasiliana
Fotográfica Digital. http://brasilianafotografica.bn.br/brasiliana/handle/bras/2490 Acesso 11 jun. 2015)
89
Figura 58. Mureta em alvenaria no trecho da orla da Baía de Todos os Santos entre os fortes de
Santa Maria e Santo Antônio, em postal datado de 1911. Observa-se postes de eletricidade e parte
da via pavimentada para colocação dos trilhos do bonde (que circulava até o Largo do Farol da Barra)
e a presença de pessoas (no canto esquerdo da imagem), possivelmente contemplando a paisagem.
(Fonte: “Salvador... tempos passados! ” https://www.facebook.com/groups/475176305884533/. Acesso
24 jan. 2017
91
Figura 59. Vista do Porto da Barra em 1903, a partir do Forte de Santa Maria. Em destaque as
escadas de acesso à praia (círculo vermelho). Observa-se a arborização, a existência de algumas
edificações de dois pavimentos e o menor desnível (coberto de vegetação) entre a rua e a praia, em
local onde seriam executadas as balaustradas durante a construção da Avenida Sete de Setembro
(1912-15) (Fonte: http://www.salvador-antiga.com/barra/antigas-porto.htm Acesso 10 abr.2014
6 Em nome do chamado “Urbanismo demolidor” é que serão feitas no início do século XX as grandes
“cirurgias” nas áreas centrais das cidades portuárias brasileiras, a exemplo do Projeto de Pereira
Passos para o Rio de Janeiro (1902-1906), do Projeto de Saturnino de Brito para Santos (1910) e
daquele outro em Recife (1910-1913).
7 Construído no início do século XIX para residência de rico comerciante de escravos, passou em 1858
a abrigar o Colégio São José e em 1879 foi adquirido pelo governo, tornando-se residência oficial dos
presidentes da província e de governadores (1889) até a década de 1920, quando foi demolido para
dar lugar a construção neocolonial que serviria de sede à Secretaria de Educação e Saúde. Atualmente
a construção abriga o Museu de Arte da Bahia. (https://pt.wikipedia.org/wiki/MuseudeArtedaBahia.
Acesso 20 ago. 2017)
94
recuos originais (Figuras 63 e 64), mas sempre tendo em frente um passeio em pedra
portuguesa com arborização e a caixa de rua com iluminação central através de belas
luminárias de ferro ladeadas pelos trilhos do bonde, modelo de intervenção que seria
adotado em toda a extensão da Avenida Sete até o Farol da Barra.
Clube Alemão
Figura 60. Projeto da Avenida Sete de Setembro em 1912, no trecho do Corredor da Vitória, a
partir do Campo Grande, com indicação da relação entre o traçado da Avenida e o casario existente.
Em azul os recuos no terreno que possibilitaram a manutenção dos casarões e em vermelho o local do
“Palácio dos Governadores” do qual provavelmente a Avenida foi “desviada”. (“Avenida de S. Bento a
Barra / Planta Parcellar N° 2”, escala 1/500, elaborada pela Companhia de Melhoramentos da Bahia,
em dezembro de 1912. Fonte: mapoteca do CEAB)
Figuras 61 e 62. O Clube Alemão de Salvador no início do século XX, nas imediações dos atuais
ICBA e ACBEU e o “Palácio dos Governadores” no último quartel do século XIX, depois
reconstruído em estilo neocolonial nos anos 1920. Dois exemplos da relação entre a implantação da
edificação no lote e as obras de abertura da Avenida Sete de Setembro, na área do Corredor da Vitória
(Fonte: “Amo a História de Salvador”, https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-de-Salvador-
By-Louti-Bahia-729832370389489/ acesso em 20 ago. 2017)
95
Figura 63. Corredor da Vitória antes do alargamento da Avenida Sete (1915), observando-se os
recuos frontais das edificações, os trilhos dos bondes e a iluminação pública (postes e luminárias). Em
primeiro plano à direita, a edificação em vocabulário neoclássico, ainda hoje existente e conhecida
como “Solar Cunha Guedes”. (Fonte: http://www.salvador-antiga.com/vitoria/antigas.htm Acesso em 14
jul. 2016)
Figura 64. Corredor da Vitória em 1925. Com o alargamento da Avenida Sete (1915) alguns palacetes
ecléticos passam a ficar no alinhamento da rua. Observar os passeios em pedra portuguesa e com
arborização, a iluminação central e a convivência de duas formas de transporte: o automóvel e o bonde
elétrico. (Fonte: http://www.salvador-antiga.com/index. Acesso em 14 jul. 2016)
96
A obra foi levada a efeito na etapa final dos trabalhos, quando os recursos
financeiros estavam bastante escassos, disso resultando a alteração do
Projeto respectivo e a redução da largura prevista de 20 (vinte) metros, para
a existente na via pública, com o que não houve destruição do casario
existente e da tradicional lgreja de Santo Antonio da Barra, sita na posição
eminente em que se encontra há mais de trezentos anos (MATTEDI, BRITO
e BARRETO, 1978, p.256).
Cabe ainda ressaltar que, assim como no corredor da Vitória, a Ladeira da Barra
(antigo “Caminho de Vila Velha e depois “Estrada da Barra”) no seu trecho inicial, era
ocupado por residências luxuosas, construídas com recuos e jardins fronteiriços - em
atendimento a legislação vigente e a indicação da Diretoria de Obras em 1852, logo
após a execução das obras de melhoramentos (1848 e1851) – forma de implantação
que, segundo Maria Angela CARDOSO (2015, p. 133 e 134), serviu de modelo para
outras áreas da cidade:
Figura 65. Largo da Vitória em 1915. Vendo-se a fachada neoclássica da Igreja de N, S. da Vitória, o
ajardinamento do largo com postes de luz e os trilhos do bonde. Em primeiro plano, à esquerda do
postal colorizado, vê-se um chalé onde funcionava um Hotel. Fonte: https://www.facebook.com/Amo-
a-Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/. Acesso 04 jul. 2016)
98
Figura 66. “Avenida Sete. Ladeira da Barra. Bahia”, em 1916. Vendo-se o bonde e seus trilhos, a
iluminação central da via e os muros com seus gradis, delimitando os jardins frontais implantados nos
recuos das edificações. Ao fundo, no centro da imagem, as torres da Igreja de Santo Antônio da Barra.
(Postal colorizado. Reprodução em “Amo a História de Salvador” https://www.facebook.com/Amo-a-
Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/ acesso 04 jul. 2016)
Figura 67. Ladeira da Barra nas primeiras décadas do século XX, observando-se seus casarões
com recuos ajardinados. (Fonte: https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-
Louti-Bahia-729832370389489/. Acesso 26 nov. 2015)
99
Figura 68. Avenida Sete de Setembro na altura do Porto da Barra na década de 1920, observando-
se a iluminação pública no centro da via, por onde circula carroça, a balaustrada e calçada em pedra
portuguesa, com árvores recém-plantadas. (Fotografia com carimbo R.A. Read.) (Fonte:
http://www.salvador-antiga.com/barra/avenida-porto.htm. Acesso 19 mar.2017)
Figura 69. Avenida Sete de Setembro na altura do Farol da Barra no início de 1915, observando-
se a iluminação pública no centro da via e na calçada de pedra portuguesa, a balaustrada e as novas
edificações do lugar. (Fonte: Internet. Acesso 18 jul. 2017)
100
Figura 70. Final da Avenida Sete de Setembro (nas imediações do farol da Barra) na década de
1920, vendo-se a esquerda o monumento comemorativo da conclusão da obra e o início da Avenida
Getúlio Vargas. Na parte inferior da foto o maciço de vegetação no local onde seria construído o Edifício
Oceania (1939-1943). (Fonte: internet. Acesso 18 jul. 2017)
Aquele clube náutico e social da elite soteropolitana, passaria a ter não apenas
uma, mas duas ruas de acesso, uma em declive a partir da Ladeira da Barra -
“construída a partir de 1938, quando o nível inferior do Cemitério Britânico foi
desapropriado pelas autoridades municipais” (http://www.bahia-
turismo.com/salvador/barra/yacht-clube.htm. Acesso 13 nov. 2016) e outra, a Rua
Visconde de Taunay, aberta em data posterior, que partindo da Praça de mesmo nome
no Porto da Barra, circundava o outeiro de Santo Antônio da Barra (Figuras 71 e 72).
Figura 71. Construção do Iate Clube da Bahia, entre 1935 e 1938. Ainda sem as ruas de acesso
pela Ladeira da Barra e Porto da Barra (Fonte: ”Amo a História de Salvador” em
https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/.
Acesso 27 abr. 2016)
Figura 72. Iate Clube e suas duas ruas de acesso, após 1938 (data de inauguração de sua piscina).
Observar a casa de Clemente Mariani no alto à esquerda, os sobrados na Ladeira da Barra e pequenas
edificações na ladeira que dava acesso ao clube. Ao fundo, sobre o outeiro de Santo Antônio da Barra,
a Igreja de mesmo nome. (Fonte: ”Amo a História de Salvador” https://www.facebook.com/Amo-a-
Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/. Acesso 10 abr. 2014)
102
Iniciando sua construção em 1914 durante a primeira gestão de J.J. Seabra (1912-
16), só foi inaugurada cerca de dez anos depois, na segunda gestão daquele Prefeito
(1920-1924) (IBID) sendo por isto chamada de “Estrada Eterna” (ARAÚJO, 2004, p.
193). Desenvolvendo-se margeando a costa oceânica, se encontraria nos anos 1940
com a Avenida Amaralina, na altura da Praia da Paciência no Rio Vermelho,
consolidando assim expansão da cidade naquela direção, conforme nos atesta o texto
de SIMAS FILHO (1979, p.00):
A orla marítima que começa do Farol da Barra, ponto final da Baía de Todos
os Santos, começa a ser dotada, como vimos, de vias de circulação
modernas desde o primeiro quartel deste século, com a construção pioneira
da Avenida Oceânica, atual Presidente Vargas - da Barra ao Rio Vermelho -
ainda no Governo Seabra, cabendo aos governos que lhe sucederam
completarem e melhorarem essa via primeira e construírem os acessos até o
ponto final da linha de bondes de Amaralina, que precedeu a Avenida de
mesmo nome. Somente no Governo Mangabeira foi que se cogitou da
chamada estrada, hoje Avenida, ligando Amaralina à Pituba, Itapoã e lpitanga
- Aeroporto.
Figura 73. Avenida Oceânica em 1923 no trecho aberto entre os atuais Morro do Cristo (onde
seria colocada a escultura de Cristo em 1967, à direita da foto) e Morro Ipiranga. (Fonte. “Amo a
História de Salvador”, em https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-Louti-
Bahia-729832370389489/. Acesso em 20 jul. 2015)
Figura 74. Avenida Oceânica em 1923 no trecho do atual Morro Ipiranga (à esquerda), vendo-se o
Morro do Gato, no limite com o bairro de Ondina, ainda desabitado (ao fundo). Observa-se a
inexistência de balaustrada e de pavimentação e a presença da iluminação central, a mesma adotada
na Avenida Sete de Setembro (1915). (Fonte: www.delcampe.net. Acesso em 20 jul. 2016) .
104
Figura 75. Construção da Avenida Oceânica em 1914, nas imediações do atual Morro Ipiranga,
vendo-se ao fundo a área conhecida como “Quintas da Barra” (em vermelho) com seus grandes
palacetes (azul). (De Postal colorizado a partir de foto publicada em postal Mello & Filhos, circulado em
1914 Fonte “Amo a História de Salvador, https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-de-
Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/. Acesso em 20 jul. 2015)
Figura 76. Avenida Oceânica em cerca de 1930 nas imediações do atual Morro Ipiranga, vendo-se
ao fundo a ampliação da ocupação na área conhecida como “Quintas da Barra” (em vermelho) e
casarão preservado (azul). (Fonte: “Guia Geográfico da Salvador Antiga”, em http://www.salvador-
antiga.com/barra/oceanica.htm Acesso em 20 ago. 2017)
105
Figura 77. Mapa Síntese dos antigos Caminhos e Vetores de Expansão da Barra.
8
Na Barra Avenida, Alameda Antunes (antiga “Alameda do Bosque”), Rua Dr. Praguer Fróes, Rua Lord
Cochrane e Rua Comendador Bernardo Martins Catarino; na Ladeira da Barra, Ruas Raul Drumond,
Dr. João Pondé, Presidente Kennedy e Tenente Pires Ferreira; entre a Rua da Graça e a Avenida
Princesa Isabel, as atuais ruas Oito de Dezembro e Santa Rita de Cássia e na altura da Avenida
Oceânica e da Avenida Marques de Leão, onde as terras das “Quintas da Barra” foram loteadas em
uma quadrícula, as Ruas Dias D`ávila, Dom Marcos Teixeira, Alfredo Magalhães, Rua Professor Lemos
Brito e Afonso Celso.
106
Tal empreendimento não obteve êxito, sendo três anos (1867) depois
incorporado pela “Monteiro & Carneiro” dos empresários Paulo Pereira Monteiro e
Nicolau Carneiro Filho, que já tinham sido sócios de Raphael Ariani (CARVALHO,
1940, op cit.) e que continuaram a atender a Cidade Baixa, entre Água de Meninos e
Baixa do Bonfim (via Calçada e Rua dos Dendezeiros) ao final da qual estava a
Estação dos carros e a estrebaria dos cavalos, percurso depois ampliado até o Pilar
e pouco depois a Conceição da Praia, em atendimento a solicitação feita pela
população.
políticas com os grupos locais” (SAES, 2007), para fundar em 1869 a “Companhia
Trilhos Centrais”, com o dinheiro recebido da venda da concessão dos serviços da
cidade baixa para Monteiro & Carneiro. O percurso da empresa Trilhos Centrais”
ligava o centro da cidade alta com o Matadouro9, propriedade do Deputado Castro
Rabelo que depois da morte dos irmãos Ariani, assumiu toda a empresa em leilão
organizado em 7 de julho de 1887(SAES, 2007)
9 O “Matadouro” a que se refere o texto talvez seja a área nas imediações do Mosteiro de São Bento,
que ficou conhecida como tal em função a existência de um matadouro público em Salvador no século
XVIII e até o início do século XIX, “na área contígua ao Mosteiro de São Bento, denominada à época
de Hortas de São Bento e situada onde atualmente fica a estação Barroquinha” onde nas proximidades
existiam currais menores onde o gado esperava o abate. O Matadouro público de Salvador foi depois
transferido para as terras do Barbalho (1855) e depois para o Retiro (1873), dentro das ações
higienistas que se desenvolveram na cidade (LOPES, Rodrigo Freitas."Nos Currais do Matadouro
Público: O Abastecimento de Carne Verde em Salvador no Século XIX (1830-1873)", apud Leopoldo
Costa, em http://stravaganzastravaganza.blogspot.com.br/2013/01/o-primeiro-matadouro-publico-da-
bahia.html Acesso 21/08/17)
10 Antônio Lacerda era proprietário da firma “Antônio de Lacerda & Cia” e sócio diretor da “Fábrica de
Figura 79. Ladeira Graça-Barra (atual Avenida Princesa Isabel) em cerca de 1880. (Fonte: De acervo
digital do Instituto Moreira Sales, R.J. in: http://brasilianafotografica.bn.br/ Acesso em 20 out. 2016)
Figuras 80 e 81. Elevador do Bom Jesus do Monte, em Braga, Portugal, em 1882. (Fonte:
http://bloguedominho.blogs.sapo.pt/2012/03/ Acesso em 08 jun. 2016)
11Francisco Pereira da Rocha e Bernardino Ferreira Pires receberam autorização do governo da Bahia
em 17 de junho 1852 para criação de uma empresa para o fornecimento de água potável canalizada
para a Cidade. Instalada em 1º de fevereiro de 1853 com a denominação de Companhia de Águas do
Queimado, iniciou sua operação com 12 chafarizes importados da Europa. (Guia Geográfico Cidade
do Salvador, http://www.cidade-salvador.com/bibliografia/francisco-rocha.htm, acesso 25/08/17)
111
percorrer ruas e estradas sem auxílio de trilhos. Mas, apesar de ter subido e descido
com sucesso a ladeira da Conceição da Praia e de ter excursionado até o Rio
Vermelho (QUERINO, Manoel. 1916, apud BACELAR, 2017), aquele veículo não foi
utilizado em Salvador, nem mesmo em locais problemáticos como a Ladeira da Barra
Avenida anteriormente referida.
Talvez a explicação para este fato esteja na disputa pelo atendimento das
linhas de bondes na cidade alta entre a “Transportes Urbanos” (1864) - de
propriedade Antônio Lacerda, responsável pelas obras da ladeira da Montanha (1867)
e pela construção (1869-73) do elevador “da Conceição” (futuro “Lacerda”) – e a
“Trilhos Centraes” (1869) – de propriedade dos filhos de Raphael Ariane e do
Deputado Castro Rabelo - ou por ter Francisco Pereira da Rocha naquele ano (1871)
um contrato com a província do Rio Grande do Sul para a construção de estrada para
onde levou o inusitado veículo, que em razão do uso de rodas pneumáticas ficou
conhecido como “borracha do Rocha”(BACELAR, 2017).
Figura 82. “Thomson road steamer”, na versão ônibus, composto por uma máquina de tração a vapor
e um veículo de passageiros, em gravura do Jornal britânico The Graphic, em 11 de junho de 1870.
(Fonte: http://www.cidade-salvador.com/urbanismo/road-steamers.htm Acesso em 23 ago.2017)
Figura 83. Os bondes de tração animal ou “bondes de burro” da “Linha Circular” (e outro sem
identificação) em 1888 (Fonte “Amo a História de Salvador”, https://www.facebook.com/Amo-a-
Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/ Acesso em 16 mai. 2017)
Figura 85. Ladeira da Barra em 1885, avistando-se a igreja de Santo Antônio da Barra e o muro do
cemitério dos ingleses. Imagem demonstra a convivência entre antigos meios de transporte e o bonde,
dos quais vemos os trilhos em rua já calçada. (De foto de Gaensly. Original em “Os Presidentes da
Província da Bahia” de Arnold Wildberguer, p. 746, Gravura 195. Em http://www.salvador-
antiga.com/barra/igreja-schleier.htm Acesso 05 abr., 2014.)
Figura 86. Inauguração do bonde elétrico da Companhia Carris Elétricos em 1897 no ramal da
cidade baixa na região do Bonfim (Fonte: Museu da Siemens, em “Salvador tempos passados”.
https://www.facebook.com/groups/47517630588453. Acesso 24 jan. 2017)
115
12 Segundo ALMEIDA (2014, p. 165) a iluminação pública a gás de carvão foi autorizada pela
Assembleia Provincial em 1854, mas o contrato para seu beneficiamento e exploração só foi celebrado
em 1858 com o Dr. José de Barros Pimentel, que no ano seguinte já o cedia, com a anuência do
governo, a companhia inglesa criada para este fim, a “Bahia Gas Company Limited”. A substituição dos
lampiões alimentados com óleo de baleia existentes desde 1829 por aqueles a gás, só se iniciará de
fato em junho de 1862 (AUGEL, 1980, p. 236, apud HOLTHE, 2002) com a iluminação da rua na cidade
baixa que ia do Gazômetro na Jequitaia ao Cais Dourado: “O carvão refinado de pedra era importado
da Inglaterra para a Bahia e, após desembarcar no Cais do Carvão (nas proximidades, hoje, do
Moinho), era destilado a seco no Gazômetro e transformado em gás combustível, sendo todo o
processo concebido e conduzido por técnicos ingleses. Por trás do grande negócio que era o comércio
de carvão, no século XIX, esteve o escocês Edward Pellow Wilson, grande “capitalista” que estava
envolvido em todos os grandes empreendimentos locais, sobretudo aqueles que se vinculavam ao
capital estrangeiro”. (IBID). Cabe observar que na Barra, nas imediações do farol também foi instalado
um gazômetro.
116
Mesmo com sua compra em 1905 pela Companhia “Guinle & Co” de Cândido
Gaffrée e Eduardo Guinle e o crescente poderio que a “Linha Circular” assume ao
longo dos anos, foi possível manter o acordo anteriormente firmado, aparentemente
sem maiores conflitos, com a “Trilho Centraes” do deputado Castro Rabelo, que
delimitava duas áreas de atuação, cabendo a esta última a exploração do ramal até o
Barbalho, usado mais para transportes de mercadorias (SAES, 2007) e a “Linha
Circular” a responsabilidade pelo atendimento exclusivo dos arrabaldes das classes
altas em direção ao vetor sul, até o fim do uso daquele transporte.
Figura 87. Planta do percurso do Bonde da “Linha Circular” em 1910, que do Corredor da Vitória
seguia pela Rua da Graça. Fonte:
Figuras 88 a 90. Garagem de Bondes da “Linha Circular” em 1910 e seus remanescentes (interior
e fachada) em 2014, na Rua da Graça, esquina com o Corredor da Vitória. Observar na primeira
imagem, o calçamento em paralelepípedos e a “convivência” entre o bonde eletrificado e o transporte
de cargas feito por burro. (Fontes: “Amo a História de Salvador” https://www.facebook.com/Amo-a-
Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/ Acesso 17 mai. 2016 e registro
fotográfico em jul. 2014. Acervo particular)
118
Figura 91. Trilhos da “Linha Circular” em 1915, indo em direção ao Largo da Graça, observando-se
a bifurcação em direção à Rua Euclides da Cunha e a atual Princesa Leopoldina, que a partir da
Avenida Princesa Isabel, chegava até o Porto da Barra. (Fotografia de Américo Simas Filho. Fonte:
Fototeca do CEAB, acesso em 1990)
Figuras 92 e 93. Fim de Linha do bonde da Barra (já eletrificado) em frente ao Farol e seu retorno
pela via margeando a Baia de Todos os Santos, em cerca de 1910. Observa-se que a área ainda
não havia sido urbanizada, o que aconteceria com a construção da Avenida Sete, entre 1912 e 1915.
(Fontes: http://fotonahistoria.blogspot.com.br/2012/11/antigo-bonde-do-farol-da-barra-salvador.htm.
Acesso 27 abr. 2014 e Fonte: FERREZ, 1988, página 116).
Com a melhoria dos caminhos e ao longo dessas linhas de bonde era também
instalada a iluminação pública (inicialmente à gás) e a rede telefônica, cuja Central
ficava em edificação na Rua da Graça, em frente a garagem de bondes da “Linha
Circular”, serviços que garantiram a permanência da população existente em certas
áreas - Corredor da Vitória, Rua e Largo da Graça, Ladeira da Barra e Rua
margeando a costa até o Farol da Barra - que seria ampliada com a construção das
Avenidas Sete e Oceânica e a posterior criação de mais um ramal da “Linha Circular”
(Figuras 94 a 98)
119
Figuras 94 a 96. Linhas Telefônicas da Cidade de Salvador em cerca de 1910 e a estação central
telefônica na Rua da Graça (em rosa), em frente a garagem de bondes da “Linha Circular (em azul)
(Fontes: “General Plan of the Telephone Lines of the City of S. Salvador da Bahia owned by the
Companhia Brasileira de Energia Electrica / Plan Géneral des Lignes Téléphoniques de la Ville de S.
Salvador da Bahia appartenant à la Companhia Brasileira de Energia Electrica”, sobre planta da Cidade
de Salvador em 1905 da C.B.E.E.B. (Fonte: Planta realizada através de Convênio PMS – Faculdade
de Arquitetura - CEAB/UFBA. Mapoteca CEAB. M1B.3. Acesso em 1990; Registro Fotográfico em jul.
2014 (Arquivo Pessoal) e detalhe da Planta das Linhas Telefônicas na área de estudo)
120
Central Telefônica
Figuras 97 e 98. Planta do Percurso das Linhas de Bonde das Companhias “Linha Circular”,
“Trilhos Centraes” e “Itapoan” em cerca de 1910 (implantadas e em projeto) e em detalhe a área
de estudo, vendo-se a estação central telefônica na Rua da Graça (em rosa), em frente a garagem de
bondes da “Linha Circular (em azul). (Fonte: “Convênio PMS-CEAB “Linhas de Bondes das seguintes
Companhias “Linha Circular”, “Trilhos Centraes” e “Itapoan” em cerca de 1910, inclusive os Projetos”,
com base na Planta do “Relatório Geral da Companhia Brasileira de Energia Elétrica. Guinle e Co –
Vol. 1”, encontrado na Mapoteca CEAB, M1B/02. 1990
121
.
Figura 99. Jardim da Graça em 1920 e o agenciamento do espaço urbano de níveis diversos.
Observa-se os palacetes ecléticos, entre os quais o “Solar dos Carvalho” (em primeiro plano à
esquerda), ainda existente, ao lado daquele do Empresário Luiz Tarquínio, já demolido. Vê-se também,
abaixo da imagem do Postal colorizado, o local da fonte de Catarina Paraguaçu, em nível inferior a
balaustrada. (Fonte: Blog de Rafael Dantas. Acesso em 11 set. 2014)
Figuras 100 a 102. Praça Dr. Paterson (ou Jardim da Graça) na década de 1920, observando-se o
grande sobrado (à direita) e ao longe, na Rua da Graça, o Palacete Bernardo Martins Catarino (1912)
e o Chalé" (na esquina da atual Rua da Flórida) mandado construir pelo Inglês Archibald Sommer
em 1914 e demolido em 1956, (Fonte: ANDRADE JUNIOR, 2007, em
http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_fs_vnaj.htm Acesso 18 abr. 2013 e De foto de
Carlos Eugênio Junqueira Ayres, publicada em “Salvador tempos passados”.
https://www.facebook.com/groups/475176305884533/ acesso 24 jan. 2017)
Ladeira da Barra, o bonde "Barra-2" (Figura 103), seguindo pela costa até o Farol e
alterou o antigo caminho do bonde “Barra Avenida-4", que descendo a Avenida
Princesa Isabel não mais seguia até o Porto, mas entrava na atual Alameda Antunes,
chegando até a Rua Marquês de Caravelas por onde seguia até a Marques de Leão
e daí até o Farol, encontrando-se então com a outra linha e fechando um anel viário
e de transporte na Barra.(Figura 104).
Assim, as linhas da “ Companhia Linha Circular continuaram atendendo não só
aos moradores e veranista da “Quintas da Barra”, nas imediações do Farol – que ao
tempo das obras da Avenida Sete em 1914 já tinha aberta a “Rua dos Coqueiros” ou
“Coqueiros do Farol” (atual Avenida Marques de Leão) – como também possibilitou a
ampliação da ocupação da área interna da Barra, ao longo do percurso que ligava a
orla da Baía de Todos os Santos àquela oceânica, pela Marquês de Caravelas, onde
já estavam construídas entre 1901 e 1915, respectivamente, 11 e 15 casas, o que
demonstra não só a concorrência de uma população fixa para aquelas imediações
como a necessidade de atende-la com serviços públicos.
Figura 103. Bonde “Barra 2” na década de 1940, no trecho Campo Grande – Barra, (Fonte:
AHMS/FGM in: “Amo a História de Salvador”, https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-de-
Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/pms_pasta.1060.f.2981-bonde-elétrico Acesso27/04/14)
124
Figura 104. Esquema gráfico com o Percurso das Linhas de Bonde das Companhias “Linha
Circular” e Trilhos Centraes”, que atendiam a Salvador em 1925 (Fonte. Mapoteca CEAB, 1990)
Figura 105. Ônibus elétrico (“trólebus”), na região do Farol da Barra, década de 1950. Observa-
se a área já urbanizada com calçadas em pedra portuguesa e balaustrada e na parte inferior da foto, o
antigo gasômetro. (Fonte: TEIXEIRA, 2001, V. 10, p.35. Foto de autor desconhecido. Arquivo Público
do Estado da Bahia, Reprodução fotográfica de Josué Ribeiro.)
126
Os percursos dos bondes na Barra não se alteraram até o início dos 50 (Figuras
106 a 108), mas sim o número de veículos da Companhia “Linha Circular”, pois a
população começou a preferir os ônibus (Figura 109), fazendo com que, de 1949 em
diante “vão diminuindo cada dia os bondes e suprimindo até certas linhas ”
(CARVALHO, 1960, p.88).
Quanto aos automóveis “de motor a explosão” particulares (Figura 110 e 111),
introduzidos em Salvador em 1900 pela família Lanat, estes levariam bem mais de
meio século para deixarem de ser exclusividade dos mais ricos, e para dividirem
espaço com os bondes remanescentes, trólebus e ônibus. (Figura 112).
Figura 106 a 108. Planta das Linhas de Bonde em Salvador, 1952 observando-se a manutenção do
anel de circulação de 1925 em 1952, ligando a Graça, Barra Avenida, Marques de Caravelas, Farol,
Porto, Ladeira da Barra até o Largo da Vitória (Fonte: Foto (e detalhe) em registro de Rubens Antônio
Silva Filho, em https://www.facebook.com/groups/bahiaterradojateve/ acesso 07 jul. 2017 e Mapoteca
CEAB,1990.
127
Figuras 109 a 111. Ônibus (tipo “marinete”) em Salvador a partir da década de 1940, o primeiro
“transporte urbano a combustível” de Salvador, na primeira década do século XX (da família do
Engenheiro Henrique Lanat) e automóvel no Farol da Barra em 1920 (Fonte:
Http://www.amoahistoriadesalvador.com/salvador-ja-teve-onibus-eletricos Acesso 22 ago. 2017;
TEIXEIRA, 2001, V. 08, p.12 e 13. Foto de autor desconhecido. IGHB-Ba, Reprodução fotográfica de
Josué Ribeiro e “Amo a História de Salvador” em https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-
de-Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/, acesso 02 jul. 2015)
Figura 112. Mapa síntese das linhas de transportes púbicos até década de 1950
128
até então muito esparsa e de caráter temporário, constituida que era por
veranistas na sua maior parte", funcionado “como verdadeiras linhas
pioneiras de penetração, dentro do espírito então vigente, atingindo a Barra,
Rio Vermelho de Cima e de Baixo, Brotas, Retiro, Liberdade e ltapagipe;
ainda distantes e fracamente ocupados, mas já ligados ao Centro da Cidade
por linhas de bonde, o que evidencia claramente a confiança dos investidores
e do Poder Público em um rápido crescimento da Cidade, fato que não se
verificou se não a partir de 1940 e sobretudo depois de 1950..
Figura 113. Planta da Ocupação da Barra por volta de 1850, vendo-se os rios e caminhos existentes.
Desenho (à lápis sobre papel manteiga, com interferência digital) feito a partir de Mapa de Weyll, de
cerca de 1850).
115) e da Graça e nas imediações do Porto da Barra, para onde convergiam aqueles
caminhos, estando o morro do Gavazza quase que totalmente desocupado, até o
último quartel do XIX (figura 116)
Figura 114. Praia do Porto da Barra em 1858, vendo-se as casas térreas com telhados em duas
águas e na testada do lote, definindo a rua e no centro da foto, dois sobrados com cobertura em quatro
águas nas proximidades do forte de São Diogo (à esquerda da imagem). No alto do outeiro, a Igreja de
Santo Antônio da Barra. (Fonte: “A Barra, Église Sto Antonio”. Gravura de Jaime Ernest, Em Biblioteca
Nacional Digital. http://bndigital.bn.br/acervo-digital icon1113654_48. Acesso em 07 fev. 2015)
Figura 115. Ladeira da Barra em 1860. Vendo-se no alto a maior concentração de edificações nas
imediações da Igreja da Vitória e que vão rareando ao longo da descida da ladeira. Em primeiro plano
o cemitério dos ingleses e à direita da foto, o morro da residência da família de Clemente Mariani.
(“Cemitério dos Ingleses”. Fonte: Mulock, Benjamin (c.1860). Instituto Moreira Sales
http://brasilianafotografica.bn.br/brasiliana/ acesso 07 fev. 2015)
132
Morro do Ipiranga
Morro do Gavazza
Porto
Ladeira da Barra
Figura 116. Ruas da Barra (e sua convergência para o Largo do Porto) em 1873, vendo-se a massa
de vegetação que as envolvia e os morros circundantes, ainda sem ocupação. (Fonte:
http://www.salvador-antiga.com/barra/antigas-seculo19.htm Copyright © Guia Geográfico. Acesso 05
abr. 2014)
e que na Barra passou a denominar uma área específica da orla oceânica (“Quintas
da Barra”) que será abordada mais adiante.
Figuras 117. Vista de trecho da orla da Barra no início da segunda metade do século XIX (tomada
das imediações do Farol em direção ao forte de Santa Maria) observando-se a simplicidade das casas
dos sítios e roças existentes naquele trecho e sobre o morro o chalé que seria comprado (em 1889)
para abrigar o Hospital Espanhol. (Fonte: De postal Mello & Filhos, em “Amo a História de Salvador”
https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/,
acesso em 05 abr.2014)
Figura 118. Vista do trecho de orla entre o Farol e forte de Santa Maria em 1884. Observa-se o
chalé onde seria construído o Hospital Espanhol (azul), o conjunto de casas térreas em frente ao Forte
Santa Maria (vermelho) e a partir daí, ao longo da costa, as edificações dos sítios e/ou casas de
pescadores (amarelo e verde). (Fonte: Fotografia de Marc Ferrez em http://www.salvador-
antiga.com/barra/antigas-seculo19.htm/Copyright] © Guia Geográfico - Fotografias antigas de Salvador
BA. Acesso 08 abr.2014)
Figura 119. Vista da orla da Barra tomada do Farol em direção ao forte de Santa Maria, primeira
década do século XX, observando-se a substituição de antigos sítios por grande palacete eclético.
(Em verde) (De postal Mello & Filho, em “Amo a História de Salvador”, https://www.facebook.com/Amo-
a-Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/ Acesso em 08 abr. 2014).
136
Fotos 120 a 122. Sobrado em vocabulário neoclássico, no início da Avenida Princesa Isabel,
observando-se acesso lateral e portão de ferro antecedendo escada. (Fonte: Registros fotográficos de
1995 e 06 de set. 2004, Arquivo pessoal)
138
Fotos 1123 a 125. Sobrado de “porão alto” em vocabulário eclético, localizado no início da Avenida
Princesa Isabel. Detalhe de pátio com piso em ladrilho hidráulico e entrada lateral por escada
antecedida de portão de ferro. Observar os toldos em vidro e mãos-francesas em ferro sobre as portas,
de inspiração art nouveau. Imóvel demolido após 1995. (Fonte: registro fotográfico de 1995. Arquivo
pessoal)
Figuras 126 e 127. “Solar dos Carvalho” no Largo da Graça com elementos em ferro (colunas, gradis
e lambrequins). (Fonte: Registro fotográfico em 06 de ago. 2014. Arquivo Pessoal)
139
Figura 128. Orla do Porto da Barra na primeira metade do século XIX, observando-se a ocupação
com casas na testada do lote, definindo a rua, ainda sem calçamento. À direita da foto vê-se o Forte
de Santa Maria. (Fonte: De postal antigo, em “Bahia, Histórias e Encantos”,
https://www.facebook.com/amoahistoriadesalvador Acesso em 26 mai. 2015)
140
Figura 129. Orla da Porto da Barra no terceiro quartel do século XIX, observando-se as casas
térreas ao lado de sobrados com platibandas e a presença dos trilhos do bonde em rua calçada e
arborizada. (Fonte: “Bahia, Histórias e Encantos”, https://www.facebook.com/amoahistoriadesalvador
Acesso em 26 mai. 2015)
Figura 130. Projeto de construção de mais um pavimento em casa na Rua Barão de Sergy, N. 05,
em 1910, de autoria de Custódio Bandeira em propriedade de Manoel de Souza Campos Filho, dado
entrada em 13/12/1910 (Fonte: Arquivo MIII GA 367. Projetos de Construção e Reforma depositados
no Arquivo Municipal de Salvador. Fichamento e desenho de Marco A. Rodrigues em 09 jun.1992)
141
Figura 131. Projeto de construção de 01 Casa na Rua Barão de Sergy em 1910, de propriedade de
Manoel de Sá Gordilho, observando-se único recuo lateral e a manutenção de quartos sem iluminação
e ventilação natural (alcovas), ao tempo que já são introduzidos no corpo da casa o “banheiro” e a
“latrina”, atendendo a determinação expressa na legislação. (Projeto de autoria não identificada, dado
entrada em 22/09/1910) (Fonte: Arquivo MIII GA 0372. Projetos de Construção e Reforma depositados
no Arquivo Municipal de Salvador. Fichamento e desenho de Márcio Campos em 26 mai.1992)
Um novo tipo de residência, a casa de porão alto, ainda “de frente da rua”,
representava uma transição entre os velhos sobrados e as casas térreas.
Longe do comércio, nos bairros de caráter residencial, a nova fórmula de
implantação permitiria aproximar as residências da rua sem os defeitos das
térreas, graças aos porões mais ou menos elevados, cuja presença era
muitas vezes denunciada pela existência de óculos ou seteiras com gradis de
ferro, sob as janelas dos salões. Nesse caso, para solucionar o problema do
desnível entre o piso da habitação e o plano do passeio, surgia uma pequena
escada, em seguida à porta de entrada. Essa, com puxadores de cobre e com
duas folhas ornadas de grandes almofadas, abria-se sobre um pequeno
patamar de mármore, quase sempre com desenhos de xadrez em preto e
branco. Após a escada, a proteger a intimidade do interior da vista dos
passantes, ficava uma porta em meia altura, geralmente de vidro ou de
madeira recortada.
142
Ocupando todo o lote entre a orla da Avenida Sete de Setembro e a Rua Barão
de Sergy, tem nessa última a sua entrada de serviço, onde existe hoje uma construção
de data imprecisa, mas que poderia estar em local de horta ou em substituição a uma
anterior construída para colocação de banheiro e latrina e/ou cozinha.
Figuras 132 e 133. Sobrado “de porão alto” no Porto da Barra, Avenida Sete de Setembro, N° 58
e detalhes do portão e grades de ferro e piso em mármore bicolor da entrada principal (Fonte: Foto de
Chico Mazzoni, em 18 set. 2014 e Registro fotográfico em 10 de jun. 2014. Arquivo Pessoal)
143
Figuras 134 a 136. Interior do sobrado, vendo-se o corredor de acesso, as salas e as alcovas (quartos
sem iluminação natural), esquadrias com bandeiras de ferro e detalhe do forro em madeira. (Fonte:
Registro fotográfico em 10 de jun. 2014. Arquivo Pessoal)
Figuras 137 a 139. Interior do sobrado, vendo-se a escada em madeira de acesso ao segundo
pavimento e detalhe de de sótão com telhas transparentes / clarabóia que ilumina a área da caixa da
escada. Sala com abertura para a varanda do fundo (Fonte: Registro fotográfico em 10 de jun. 2014.
Arquivo Pessoal)
Figuras 140 a 142. Acesso ao sobrado pela Rua Barão de Sergy, onde se encontram anexos de
serviço e varanda com elemento decorativo em ferro, característicos de inovações estéticas do século
XIX (Fonte: Registro fotográfico em 10 de jun. 2014. Arquivo Pessoal)
144
Figuras 145 a 147. Edificação em vocabulário Eclético de inspiração neocolonial, na Av. Sete,
Porto da Barra e fachada voltada para Rua Barão de Sergy (Fonte: Registro Fotográfico em 18 set.
2014 e Fotos de Chico Mazzoni em 29 nov.2015)
145
2 1 2
Figuras 148 a 150. Sobrados Neoclássicos na R. Barão de Sergy em 1990 e 2014. (Fonte: Registro
fotográfico na década de 1990, em 26 ago. e 29 mai. 2014. Acervo pessoal)
Figuras 151 e 152. Edificação neoclássica preservada (externamente), na rua Barão de Itapoã,
esquina com a Barão de Sergy. (Fonte: Registro fotográfico da década de 1990 e em 10 jun. 2014.
Arquivo Pessoal)
146
Figuras 153 e 154. Casarão eclético na esquina entre as Ruas Barão de Sergy e César Zama, na
altura da Praça Patriarca da Independência no início da década de 1995 e em 2014, já com novo anexo
superior. (Fonte: Registro fotográfico na década de 1990 e em 10 jun. 2014. Acervo pessoal). Encontra-
se referência (não confirmada) de que o antigo casarão foi construído no final de 1860, para o
governador da Bahia (Em https://www.expedia.com.br/Salvador-Hoteis-Pousada-Manga-
Rosa.h4609919.Hotel-Reservas, acesso 26 abr. 2016)
Figura 155. “Casa de oitão” na Avenida Princesa Isabel (“Baixa da Graça), já bastante
descaracterizada na sua fachada (Fonte: Registro fotográfico em 26 ago. 2014. Arquivo Pessoal)
Dessa forma, por estarem em área mais adensada, poucas serão as novas
construções, constituindo-se a maioria dos projetos encaminhados à Diretoria de
Obras da Intendência Municipal nos primeiros anos do século XX, em reformas para
adequação das residências aos preceitos estéticos e higiênicos (Figuras 156 a 161) e
a novos usos comerciais1, demonstrando a necessidade de serviços que atendessem
1 Padarias, quitandas, pequenas lojas de armarinho, curtume (na Ladeira da Barra em 1901), farmácia
(na Avenida Princesa Isabel em 1904), “estabelecimento comercial" (no Porto da Barra em 1907) e
açougues, na Rua Barão de Sergi em 1909 e na Rua da Graça entre 1909 e 1914, segundo os “Projetos
de Construção e Reforma”, encaminhados à Diretoria de Obras da Intendência Municipal para
Construção e Reforma na Freguezia da Vitória.
147
Figuras 156 e 157. Edificação em vocabulário eclético, no Porto da Barra, com datação de 1929 na
platibanda (seta). (Fonte: Registro fotográfico em 26 ago. 2014. Arquivo Pessoal)
Figuras 158 e 159. Edificação em vocabulário eclético, no Porto da Barra, com datação de 1929 na
platibanda (seta). (Fonte: Registro fotográfico em 18 set. 2014. Arquivo Pessoal)
148
Figuras 160 a 161. Edificação em vocabulário eclético, com elementos Art Nouveau, dos
primeiros anos do século XX, Porto da Barra, Avenida Sete de Setembro, N.3659, e detalhes das
esquadrias com elementos art nouveau e vidros coloridos, no imóvel onde funciona a Pousada
“Hotel Village Novo” (Fonte: Registro fotográfico de Chico Mazzoni em 18 set. 2014 e da autora em 26
ago. 2014).
1870
1885
1920
1930
3030
1950
Figuras 162 a 166. Transformação da Paisagem da área do Porto, vista a partir do Outeiro de
Santo Antônio da Barra entre 1870 e 1950 (Fonte: em 1870, montagem de 02 fotografias de
Guilherme Gaensly (http://www.salvador-antiga.com/barra/antigas-porto.htm ); em 1885, Registro de
Rodolfo Lindemann(http://www.salvador-antiga.com/barra/antigas-seculo19.htm);em1920
http://www.salvador-antiga.com/barra/antigas-seculo19.htm ); em 1930 (“Velhas Fotografias”, página
188) e em 1950 (http://www.salvador-antiga.com/barra/antigas-seculo19.htm) Acesso em 05 abr. 2014)
150
Figura 167. Edificações em vocabulário eclético no final da Ladeira da Barra, nas imediações do
Largo do Porto, na década de 1930, vendo-se em primeiro plano a casa da família Gordilho Corrêa
Ribeiro, no local onde foi construído o “Praiamar Hotel”. (Fonte: “Salvador...tempos passados! ”
https://www.facebook.com/groups/475176305884533/ acesso 24 jan.2017)
151
Figura 168. Ladeira da Barra e Igreja de Santo Antônio da Barra em cerca de 1840, em vista da
Igreja da Vitória. (Fonte: http://www.salvador-antiga.com/barra/antigas-igreja.htm. Acesso 09 set. 2014)
152
Fábrica de Xale
Figura 169. Ladeira da Barra no final do século XIX, vendo-se caminho (à esquerda), a fábrica de
xales (ao nível do mar) e o cemitério dos Ingleses. No círculo, casarões na área encosta em frente ao
morro de Clemente Mariani. (Fonte: Fotografia de painel em exposição permanente no Cemitério dos
Ingleses. Registro fotográfico em 20 fev. 2017. Arquivo Pessoal)
Figura 170. Ladeira da Barra em 1860, vendo-se em detalhe os casarões nas imediações do cemitério
dos Ingleses e da Fábrica de Xale de Propriedade de “Pereira & Cia” (ao nível do mar). Observa-se
a inexistência (à direita) da rua que passaria pelo forte de São Diogo e do outro acesso pela Ladeira
da Barra, subtendendo o acesso ao empreendimento apenas pelo mar (Fonte: Fotografia de Benjamim
R. Mulock, em http://www.salvador-antiga.com/barra/antigas-seculo19.htm, Acesso em 06 mai. 2014 )
153
Figuras 171 e 172. Edifício em vocabulário neoclássico, onde funcionou o “Hotel Colonial” e antiga
pensão para franceses (hoje sede da Aliança Francesa da Bahia) e Mansão “Vila Serena”, na década
de 1920, de propriedade de Alfredo Joaquim de Carvalho, localizada no início da Ladeira da Barra.
Fontes e http://123i.uol.com.br/condominio-b8bbc88cd.html. Acesso 30 ago. 2017)
Figura 173. Sobrados e conjunto de casas térreas (em vermelho) na Ladeira da Barra nos anos
1930. Observando-se ao alto a densa vegetação do Morro de Clemente Marani. (Fonte: CEAB/UFBA)
Figura 174. Avenida Princesa Isabel em 1916, na área conhecida como “Baixa da Graça”, trecho
plano mais próximo do Largo do Porto, apresentava a permanência de edificação com vocabulário do
período colonial, com telhado em duas águas e ainda na testada do lote (azul), nas proximidades de
outra eclética (vermelho). (Fonte: Internet, Arquivo FJC)
Figura 175. Palacete em vocabulário eclético na Avenida Princesa Isabel, onde funciona
Pousada “Dom Quixote” (Fonte: Registro fotográfico em 26 ago. 2014. Arquivo Pessoal)
Figura 176. Trecho da Rua Marquês de Caravelas (em vermelho), na década de 1940, vista do alto
da Rua Lord Cochrane com morro do Gavazza ao fundo. (Fonte: recorte de fotografia publicada em
https://www.facebook.com/groups/475176305884533/. Acesso 17 mar. 2017
1 2
Figura 177. Detalhe de foto da Rua Marquês de Caravelas, observando-se os sobrados e casas
térreas. (Em vermelho os remanescentes encontrados e abaixo colocados) (Fonte: Fototeca CEAB)
1 1 2
americano ou mexicano) com torre circular com telhado de beiral, parede com
superfície irregular , entrada em arco ogival em voga nas cidades brasileiras nos anos
30).
Figuras 181 e 182. Sobrados na Rua Dr. Práguer Fróes e na Alameda Antunes (Fonte: Registro
Fotográfico em 2014).
Figuras 183 a 185. Sobrados ecléticos com torres na Rua Marques de Caravelas e o terceiro na
Avenida Sete, em frente ao Forte Santa Maria (Fonte: Registro Fotográfico em 2014)
157
Figura 186. Trecho entre o Forte de Santa Maria e o Farol em 1870. Observar ocupação nos moldes
colônias, com casas com telhados de duas águas, térreas e geminadas (na maioria) no limite da rua
na beira da praia. Foto de Guilherme Gaensly (Fonte: Fototeca do CEAB/UFBA, acesso 1990)
Figura 187. Trecho entre o Forte Santa Maria e o hospital Espanhol no final do século XIX. Vendo-
se as edificações na base da ladeira de acesso ao Hospital Espanhol. Fonte: Fototeca do CEAB/UFBA,
acesso 1990)
158
Figura 188. Casarões nas proximidades do Farol da Barra nas décadas de 1920/30, denotam o
maior adensamento da região. Observa-se a Avenida Sete com sua balaustrada e arborização sobre o
morro o Hospital Espanhol já na sua configuração eclética (azul). (Fonte: “Amo a História de salvador
by Louti Bahia, https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-Louti-Bahia-
729832370389489/ Acesso em 29 nov. 2015)
Figura 189. Casarões nas proximidades do Farol da Barra na década de 1940. (Fonte: Fotografia
postada por Cláudio Sabak em 26/11/2015 na página “Salvador...tempos passados!
https://www.facebook.com/groups/475176305884533/ Acesso 29 nov. 2015)
159
Figuras 192. Construções (mais simples) nas imediações do farol por volta de 1870. (Fonte: AHMS
/ FGM: In “Amo a História de Salvador, https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-de-Salvador-
By-Louti-Bahia-729832370389489/ acesso em (29/11/15)
Figura 193. “Quintas da Barra” por volta de 1904, vendo-se suas edificações ecléticas, chácara
remanescente (em azul) e caminho de terra em direção ao Farol(Fonte: Fototeca do CEAB, 1988)
161
Figura 194. “Quintas da Barra” no início do século XX, vista a partir do atual morro do Cristo, onde
podemos observar em primeiro plano formas de ocupação tipo chácara. (Fonte: Fototeca do CEAB,
1988)
Figura 195. “Quintas da Barra” em cerca de 1904, com muro e edificações no alinhamento da rua
sobre a qual seria aberta a Avenida Oceânica, vendo-se ao fundo, à direita morro da antiga fazenda
Camarão (atual Morro Ipiranga). (Fonte: “Antigo aspecto da Praia do Farol da Barra. Fonte FERREZ,
Gilberto... Fototeca do CEAB/UFBA)
162
Figura 196. Mapa da ocupação da Barra em 1908, vendo-se em destaque a área da “Quintas da
Barra” (Estudo sobre Planta relativa a Salvador em 1900, realizada pelo CEAB/UFBA na década de
1990).
Figura 197. “Quintas da Barra” depois de 1915, vendo-se as melhorias urbanas no Largo do Farol e
alguns sobrados reformados em vocabulário neoclássico. (Fonte: http://www.salvador-
antiga.com/barra/antigasfarol.htm. Acesso 13 jan.2015)
163
Figura 198. Ocupação proletária (choupanas) no Morro do Ipiranga, em cerca de 1890, vendo-se
ao fundo a ocupação denominada “Quintas da Barra” (em vermelho), nas proximidades de sítio ainda
remanescente na área (em azul). (Fonte: G. Gaensly & R. Lindemann. Velhas Fotografias, página 16)
164
Figura 200. “Quintas da Barra” na Orla Oceânica, na década de 1920, vendo-se ao fundo o morro
Ipiranga, ainda sem edificações. (Fonte: Fototeca do CEAB, 1998)
165
Figura 201. “Quintas da Barra” e sua orla oceânica, na segunda metade dos anos 1930.
Observando-se a manutenção dos casarões e o uso da praia como local de lazer. (Fonte: Fototeca do
CEAB, 1998
Figuras 202 a 204. Edificação em vocabulário Neoclássico onde funcionou a antiga “Pensão
Harboard”, na Rua Afonso Celso, esquina com Rua Professor Lemos de Brito, onde observa-se a
fachada principal e as adequações posteriores a estabelecimentos comerciais (Fonte:
https://www.facebook.com/groups/475176305884533/ e Registro fotográfico, em 2014. Arq. Pessoal)
166
1995 2016
Década de 1930
1995
2014/15 2013
Figuras 205 a 212. Remanescentes da “Quintas da Barra” e do Loteamento “Barralândia” (de
1908 a 2015) (Fontes:Fototeca do CEAB, Registro fotográfico em 1995 e em 17 dez. 2016, Fototeca
CEAB, em 1995, 04 dez. 2014, em 18 nov.2015 e em 30/07/2013. Arquivo Pessoa e fotos de 1908 e
década de 1930 eml)
167
2 As terras da Capitania da Baía de Todos os Santos (1536), correspondiam aquelas da Povoação sede
e a uma parte da sesmaria do Donatário Francisco Pereira Coutinho, se limitando com aquelas
recebidas por Francisco de Azevedo e Paulo Dias Adorno (ao norte, onde hoje se encontram os bairro
de Ondina e Garcia, respectivamente) e Affonso Rodrigues (a leste, a partir do Largo da Vitória em
direção ao Centro) e com as dos colonos portugueses Fernão Dolores, Pedro Affonso bombardeiro e
Sebastião Aranha, localizadas na altura da atual Ladeira da Barra.
3 A primeira doação para aquela Ordem de que se tem notícia foi aquele referente as terras da sesmaria
de Caramuru, feita ao Mosteiro da Graça em 1586 por sua viúva Catarina Paraguaçu em troca de
missas:"(...) Possue mais o Mosteiro huma sorte de terrenos limites de N. Snra. da Victoria athé Santo
Antonio da Barra, com quatrocentas braças de largo e quinhentas de cumprido de duas varas e meya
cada huma braça, as quaes deo de sismaria o Governador Francisco Pereira Coutinho a Diogo Alvares
168
Além das doações que ainda receberiam ao longo dos anos por toda Salvador
- a exemplo das terras de Francisco Affonso Condestável (em São Bento e nos
Barris), Gabriel Soares de Souza (na cidade baixa, entre a Conceição da Praia e a
Vitória), Padre José de Lima (na ladeira do Alvo) e Dom Francisco de Souza (Hospício
de Monte Serrat e terras anexas, entre outras “terras e terrenos avulsos, sitos em
diversos pontos da cidade” - os padres beneditinos do Mosteiro de Nossa Senhora da
Graça também compraram (em troca de missas) terras na Barra no final do século
XVI, a exemplo daquelas que haviam sido de Antonio Borges: “Nesta mesma terra se
comprehendem tambem os sobejos que compramos aos mesmos Testamenteiros de
Antonio Borges por 350 missas que o mosteiro mandou dizer (...)” (Rellação dos bens
imóveis pertencentes ao Patrimonio deste Mosteiro, Livro 298, item 17, p.08).
(...) a qual doou a este Mosteiro, com o encargo de huma missa rezada em cada hum mez, e duas
cantadas a memoria do Dito Diogo Alvares chamada D. Catharina Alvarez Caramuru em 16 de julho de
1586, como consta da sua doação (...)”.(Rellação dos bens imóveis pertencentes ao Patrimonio deste
Mosteiro, Livro 298, item 16, p.07). A partir daí forma muitos os proprietários - a exemplo de Francisco
Affonso Condestável e as terras em São Bento e nos Barris - que doavam terras em testamento à Igreja
em troca da “salvação da alma” e perdão dos pecados - obtidos através do recebimento temporário de
orações, missas ou procissões - ou de outros benefícios como “ajuda, sustento ou a satisfação de
determinadas necessidades materiais específicas, podendo ser uma pensão por vida ou, simplesmente,
roupas, calçados e alimentos” (HERNÁNDEZ, 2009, p.63)
169
4 “Foro” era o pagamento anual feito ao proprietário (“senhorio”) pelo “foreiro” ou “enfiteuta” pelo uso
das suas terras para construção e/ou cultivo. O “foreiro” tinha assim, o direito de uso e gozo dos imóveis
construídos e das terras cultivadas, mas as mesmas não eram de sua propriedade, podendo quando
muito, aliená-las a terceiros, o que, quando se dava por “negócio jurídico oneroso", obrigava o foreiro
alienante ao pagamento de “Iaudêmio” ao senhorio. Mas esse processo de alienação de uma terra ou
bens foreiros só era possível se o proprietário não quisesse exercer o seu direito, assegurado por lei,
de preferência na reintegração da plenitude do domínio (A Grande Salvador: Posse e Uso da
Terra,1978, p. VI-1).
170
Figura 213. Terras dos Beneditinos na área de Estudo em meados dos anos 1950 vendo-se (em
vermelho) a delimitação da área de estudo e no círculo (azul) as terras da Ladeira da Barra que fizeram
parte das doações do século XVI aos colonos portugueses Fernão Dolores, Pedro Affonso bombardeiro
e Sebastião Aranha. (“Planta Parcial da Cidade do Salvador Bia. Destacando-se as terras foreiras aos
Mosteiros de S. Bento e N. Senhora da Graça”, Planta em escala 1/5000. “Reprodução do mapa feito
pelo monge Paulo Lachenmayer em meados do século 20 sobre a Povoação do Pereira, sede da
Capitania da Baia de Todos os Santos e terras de particulares no seu entorno” (In: http://www.cidade-
salvador.com/http://www.cidade-salvador.com/seculo16/vila-pereira.htm Acesso 05 abr.2014)
Copyright © Guia Geográfico - Cidade do Salvador da Bahia de Todos os Santos, História e Evolução
Física, Iconografia)
Figuras 217 a 219. Processo de demolição (em 2017) de remanescentes de “grupo de casas” do
início do século XIX na Avenida Princesa Isabel, para construção de prédio de apartamentos
intitulado “Jazz” (Fontes: Registro fotográfico em 26 de janeiro, 02 de maio e 30 junho de 2017. Arquivo
Pessoal)
Figura 220 e 221. Três remanescentes arquitetônicos do século XIX na Avenida Princesa Isabel
em 1995, dos quais permanece em 2016 apenas aquela casa térra datada de 1909 que aparece em
primeiro plano. (Fonte: Registro fotográfico em 1995 e em 18 jun. 2016. Arquivo Pessoal)
175
Figura 222 e 223. Projeto de construção de mais um pavimento em 01 casa no Farol da Barra, N.
54 e de 04 Casas na Avenida Princesa Isabel /“Baixa da Graça”, ambos em 1912 e de propriedade
de Manoel de Souza Campos Filho, de autoria não identificada, (Fonte: Arquivo MIII GB 434. Projetos
de Construção e Reforma depositados no Arquivo Municipal de Salvador. Fichamento e desenho de
Marcos A. Rodrigues em 27 mai.1992 e )
Figura 224. Projeto de construção de 05 Casas na Avenida Princesa Isabel /“Rua Baixa da Graça”
em 1913, de propriedade de Manoel de Souza Campos Filho, de autoria de Rosalvo C. dos Santos,
dado entrada em 11/04/1913 (Fonte: Arquivo MIII GB 0484. Projetos de Construção e Reforma
depositados no Arquivo Municipal de Salvador. Fichamento e desenho de Marco A. Rodrigues em 27
mai. 1992)
176
Via Campos
14 casas de aluguel
Figura 226. Detalhe de Planta “Habitação Proletária em Salvador (1890-1930) ”, vendo-se (indicado
por setas) aquelas na Barra: a Via Campos (na atual Rua César Zama) e as 14 casas de aluguel (“grupo
de casas”) construídas por Manoel Campos Filho na Ladeira da Barra, nas imediações do Largo da
Vitória. (Fonte: CARDOSO, 1991, p.141)
177
5
Manoel de Souza Campos Filho, falecido em 1931, era filho e sucessor do Comendador Manoel de
Souza Campos (1838-1910) sócio majoritário, juntamente com Horácio Urpia Júnior (1842-1916), da
“Companhia Salinas da Margarida”, uma Sociedade Anônima criada em 20 de março de 1891 -
responsável pela extração de sal na localidade de mesmo nome no recôncavo baiano até a década de
1960 - e que reunia “cerca de 150 sócios entre os nomes mais prestigiados do empresariado baiano”
(http://gvces.com.br/salinas-da-margarida-ba-terra-do-sal?locale=pt-br, acesso 29/06/16)
6
Manoel Sá Gordilho era membro da família Gordilho, muito conhecida na Bahia, pelo renomado
médico e professor Adriano Alves de Lima Gordilho (1830-1892).
178
Figura 227. Projeto de construção de 04 Casas na Barra Avenida em 1913, de propriedade de Júlio
V. Brandão, de autoria de (ilegível) dado entrada em 18 dez.1913 (Fonte: Arquivo MIII GB 540. Projetos
de Construção e Reforma depositados no Arquivo Municipal de Salvador. Fichamento e desenho de
Marcos A. Rodrigues em 06 mai.1992)
Figura 228. Projeto de construção de 01 casa na Barra Avenida (s/n) em 1911, de propriedade de
Francisco Romão Antunes, de autoria de Arthur Santos, dado entrada em 26/12/1911 (Arquivo MIII GB
0413. Projetos de Construção e Reforma depositados no Arquivo Municipal de Salvador. Fichamento e
desenho de Márcio Campos em 29 mai. 1992)
Figuras 230 a 232. Vila (ou Via) Campos em 1995 e em 2014 (Fonte: registro Fotográfico de 1995 e
em 10 jun.2014. Arquivo pessoal)
Figuras 233 e 234. Avenida” Artur Neiva, já bastante descaracterizadas em 2014 e Vila (ou
Travessa) Diná (em 1995) (Fonte: registro Fotográfico em 29 mai.2014 e em 1995. Arquivo pessoal)
181
Figura 235. Vila Brandão, no final da década de 1930 e início da de 1940, localizada na encosta da
Igreja da Vitória, no início da Ladeira da Barra, vendo-se nas proximidades os casarões da área e
abaixo o Iate Clube da Bahia, no local onde ficava a fábrica de xale. (Fototeca do CEAB, 1990)
Figuras 236 e 237. Vila Bosque da Barra na Barra em 2015, localizada em uma travessa da rua
Greenfield. (Fonte: Registro Fotográfico em 2015. Arquivo pessoal)
182
Figura 238. Mapa da localização de habitações de baixa renda na Barra no período de estudo,
vendo-se (em azul) a Fábrica de xales implantada à beira mar no século XIX (interferência digital sobre
Mapa década de 1960)
7 O atual morro Ipiranga, antiga Fazenda Camarão limítrofe da nossa área de estudo e ocupado desde
as décadas de 1960/1970 por residências de alta renda, exemplifica bem o que foi a sucessiva
relocação e precarização da moradia da população de menor poder aquisitivo das orlas de Salvador
conforme nos fala PIERSON em 1936 (p.45): “(...) os altos dos ricos correspondem , em geral, as áreas
residenciais dos brancos e dos mestiços mais claros, enquanto os vales dos pobres e as regiões
adjacentes correspondem grandemente às áreas residenciais da parte mais escura da população”.
183
Figura 239. Conjunto de casas na década de 1950, que pela relação com o Morro Ipiranga (com
algumas casas proletárias em meio a vegetação, à esquerda da foto) e o Edifício Barralândia (no alto
da foto) parece corresponder ao final da atual Avenida Centenário, no local conhecido como “Roça da
Sabina”, onde encontramos a “Avenida” Artur Neiva. (Fonte: Arquivo Público Municipal de Salvador,
internet)
Figura 240. Ocupação informal (“favela”) nas imediações de Rua do Bairro da Graça e próximo a
edifício de apartamento (ao fundo) (Fonte: http://www.agendartecultura.com.br/livro-e-
leitura/professora-ufba-lanca-livro-mario-leal-ferreira/ acesso 02 set. 2017)
3.2.2. Os loteamentos
8
De autoria do engenheiro Teodoro Sampaio e pensado desde 1915/19, o Loteamento “Cidade da Luz”
de propriedade de Joventino Silva, que deu origem ao atual bairro da Pituba, só foi aprovado pela
Prefeitura Municipal de Salvador em 1932
9 Com projeto de Américo Furtado Simas, o novo bairro de Montserrat, oriundo de uma antiga chácara
e pensado para hospedar os imigrantes (SIMAS, vol. 4, 1978, p. 98) propunha uma nova urbanização
da península de Itapagipe (PETTI, p. 256.)
10 Antiga fazenda Alagoas (devido a existência de lagoa no local), foi comprada por José Álvares do
Amaral que a rebatizou como “Amaralina”, corruptela do sobrenome de sua esposa Maria Amélia
Amaral.
185
11“(...)
Diretoria: Diretor-Presidente, Dr. Augusto Casar Viana Neto, brasileiro, viúvo, médico, residente
e domiciliado à Avenida 7 de Setembro (Edifício Oceania, apartamento n° 95), nesta Capital; Diretor
Vice-Presidente: Antônio Carlos Osório de Barros, brasileiro, casado, comerciante, residente e
domiciliado à Avenida 7 de Setembro n° 384, nesta Capital; Diretor-Secretário: José Joaquim de
Carvalho, brasileiro, casado, comerciante, residente e domiciliado à Avenida 7 de Setembro, n° 456,
nesta Capital; Suplentes da Diretoria, Carlos Joaquim de Carvalho, brasileiro, casado, comerciante,
residente e domiciliado à Avenida 7 de Setembro, n° 361, nesta Capital; Augusto Marques Valente,
brasileiro, casado, medico, residente e domiciliado à Avenida 7 de Setembro n° 540, nesta Capital;
Eduardo Martins Catarino, brasileiro, solteiro, proprietário, residente e domiciliado à Rua da Graça n°
21, nesta Capital; 2. Conselho Fiscal, Dr. Eugênio Teixeira Leal, brasileiro, casado, bacharel, residente
e domiciliado à Avenida Princesa Isabel n° 125, nesta Capital; Antônio Osmar Gomes, brasileiro,
casado, comerciante, residente e domiciliado à Avenida Araújo Pinho n° 26, nesta Capital; Erico Sabino
de Sousa, brasileiro, casado, comerciante, residente e domiciliado à Praça Carneiro Ribeiro, n,° 10,
nesta Capital; Suplentes do Conselho Fiscal, Amerino Simões Portugal, brasileiro, casado,
comerciante, residente e domiciliado à Avenida Araújo Pinho n° 49, nesta Capital; Dr. Bráulio Xavier da
Silva Pereira, brasileiro, casado, médico, residente e domiciliado à Rua São Raimundo n° 40, nesta
Capital; Dalmo da Silva Costa, brasileiro, solteiro, comerciante, residente e domiciliado à Avenida
Marques de Leão n° 66, nesta Capital.(...) (DOU de 30/12/1944)
186
Encontra-se ainda referência nessa década a duas outras firmas que parecem
terem atuado mais em construções na área central de Salvador, a “S.A. Construtora
Comercial e Industrial do Brasil”, responsável pelo prédio da Agência de Correios e
Telégrafos (1933/1935-37) e a “Construtora Christiani Nielsen”, que parece ter
monopolizado o mercado de obras institucionais, realizadas em vocabulário
modernista, quais sejam: Elevador Lacerda (1929-30), Instituto de Cacau (1933-36),
Creche Pupileira (1935) e Instituto de Educação da Bahia (1937-39) (AZEVEDO,
Paulo Ormindo de, apud SCHLEE, Andrey e FICHER, Sylvia, 2008)
Figura 241. Planta dos Loteamentos de Salvador encaminhados para a Prefeitura na década de
1930. (Em cor, loteamentos na área de estudo) (Fonte: SALVADOR, PMS/ OCEPLAN / Órgão Central
de Planejamento. Estudo de Disponibilidade de Terras. Inventário de Loteamentos. Outubro de 1976)
187
No caso específico dos loteamentos da Barra nos anos 1930 (Figura 242), eles
estiveram na sua grande maioria a cargo de particulares, individualmente ou reunidos
em Companhias, a saber:
- Francisco Romão Antunes (1935) - Entre as atuais ruas Lord Crochrane, Alameda
Antunes, Marquês de Caravelas e Avenida Princesa Isabel (Em local onde já havia
construído duas casas térreas em 1913)
- Augusto U.R. Santos (s/d) – Rua Teixeira Leal, transversal da Rua da Graça.
- João Magalhães (1938) – Rua Tenente Pires Ferreira, início da Ladeira da Barra.
- Clemente Mariani (s/d) – Transversal da Ladeira da Barra, na área das atuais ruas
Raul Drumond, João Pondé e Presidente Kennedy, lindeiras ao morro onde construiu
sua residência.
- (?) -“Jardim Portugal” (s/d) - nas imediações da Rua Oito de Dezembro. (Não foi
executado, encontrando-se ainda remanescente de mata, segundo googleearth 2016)
- Eliza Brasília Teixeira (1937) –entre a Av. Princesa Isabel e Rua Oscar Carrascosa.
- Geoge M. Dudef (s/d) – 06 quadras limitadas pelas ruas Artur Neiva (onde foi
construído o Edifício “Barralândia”) e Marquês de Caravelas, ortogonais a Avenida
Oceânica e Rua Miguel Bournier.
Figura 242. Planta Geral de Loteamentos na área de estudo nos anos 1930 e seus proprietários.
(Fonte: SALVADOR, Prefeitura da Cidade do. OCEPLAN / Órgão Central de Planejamento. Estudo de
Disponibilidade de Terras. Inventário de Loteamentos. Outubro de 1976)
189
Rua 8 de
Dezembro
Figura 243. Loteamento de Clemente Mariani (Fonte: SALVADOR, Prefeitura da Cidade do.
OCEPLAN / Órgão Central de Planejamento. Estudo de Disponibilidade de Terras. Inventário de
Loteamentos. Outubro de 1976)
12 Clemente Mariani Bittencourt (Salvador, 1900 - 1981) foi um empresário e político baiano.
Banqueiros, advogado, professor e jornalista, participou ativamente da vida política e econômica do
país durante décadas, tendo sido deputado federal, ministro da Educação ministro da Fazenda e
presidente do Banco do Brasil. https://pt.wikipedia.org/wiki/Clemente_Mariani acesso 20/10/17)
190
Figura 244. Loteamento “Jardim Portugal”. (Fonte: SALVADOR, Prefeitura da Cidade do. OCEPLAN
/ Órgão Central de Planejamento. Estudo de Disponibilidade de Terras. Inventário de Loteamentos.
Outubro de 1976)
Figura 245. Loteamento de Elisa Brasília Teixeira na atual Rua Oscar Carrascosa (1937) entre a
Avenida Princesa Isabel e o “Jardim Brasil” (1938). (Fonte: SALVADOR, Prefeitura da Cidade do.
OCEPLAN / Órgão Central de Planejamento. Estudo de Disponibilidade de Terras. Inventário de
Loteamentos. Outubro de 1976)
191
Figura 246. Projeto dos Loteamentos “Boa Vista - Nova América” (em vermelho) e “Bella Vista”,
em 1931, com indicação de ruas (até a altura da Barra Avenida), conjunto de casas e lotes não
identificados como o próximo a lagoa (em amarelo) (“Planta para divisão em lotes e arruamentos das
Villas BÔA VISTA – NOVA AMÉRICA e BELLA VISTA de propriedade da” Cia de Commercio Immoveis
e Construcções”. Escala 1/000. 1931) (Fonte: (Fonte: SALVADOR, Prefeitura da Cidade do. OCEPLAN
/ Órgão Central de Planejamento. Estudo de Disponibilidade de Terras. Inventário de Loteamentos.
Outubro de 1976)
192
Figura 247. Loteamento Vila Nova América (1939) vendo-se (em verde) a Rua Afonso Celso (antiga
“Coqueiros do Pharol”), grande lote pré-existente (em amarelo) e local de lagoa aterrada (em verde) e
a “Avenida Angélica Teixeira” (em azul). A Rua circular (“Rua C”) é a atual Rua Engenheiro Milton
Oliveira e a “Rua B” do antigo loteamento na parte do morro do Gavazza, continua com esse nome até
hoje (seta vermelha) (Fonte: SALVADOR, Prefeitura da Cidade do. OCEPLAN / Órgão Central de
Planejamento. Estudo de Disponibilidade de Terras. Inventário de Loteamentos. Outubro de 1976)
Figura 248. Rua Lorde Cochrane, final da década de 1940. Vendo-se os sobrados com recuos e
jardins frontais e ao fundo a Rua Marquês de Caravelas, na parte baixa do Morro do Gavazza. (Fonte:
(Fonte. Heraldo Lago Ribeiro. Em “Salvador...tempos passados!
https://www.facebook.com/groups/475176305884533/ · Acesso 17 mar. 2017)
Figura 249. Trecho da Rua Alameda Antunes, transversal entre a Avenida Princesa Isabel e a Rua
Marquês de Caravelas, na década de 1940. (Fonte: Fonte “Amo a História de Salvador by Louti,
https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/
acesso 17 mar. 2017)
194
Rua 8 de Dezembro
Figura 250. Sistema viário entre a Ladeira da Barra e Barra Avenida implantado para acesso a
loteamentos aprovados na década de 1930. (Fonte: interferência digital sobre Foto da década de
1950. Fototeca CEAB, 1998)
Figura 251. Orla oceânica em 1934 vendo-se o Loteamento “Barralândia” (amarelo), o corte no moro
do Gavazza (em azul) para implantação do loteamento Vila Nova América (1931-1939) na atual Rua
Engenheiro Milton de Oliveira e o conjunto de casa denominado “Avenida Angélica”. (Fonte: Fototeca
do CEAB/ UFBA)
196
Figura 252. O loteamento “Barralândia” na década de 1940, vendo-se a esquerda da foto a Rua
Afonso celso, no centro a rua Marques de Leão (com a presença de terreno vazio, com coqueiros) e
ao fundo o edifício “Barralândia” (Fonte: https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-de-
Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/)
Figura 253 e 254. Rua Afonso celso nos anos 1950, vendo-se as casas de dois andares e a
construção do primeiro edifício residencial na rua. (Fonte: Fototeca do CEAB/UFBA)
Figuras 255 e 256. Edifício Barralândia na esquina entre a Avenida Oceânica e a Rua Artur Neiva,
construído no final da década de 1930. (Fonte: Registro Fotográfico, 15. mai. 2014. Arquivo pessoal)
197
Figuras 257. Ocupação da Barra no final da década de 1930, vendo-se o loteamento ““Barralândia”
(em vermelho) e o Edifício de mesmo nome (em azul)
Figuras 258 e 259. Edifício Dourado na Graça, Av. Euclides da Cunha em 2014 e 2017 (Fontes:
Registro fotográfico eme 24 jun. 2014, arquivo pessoal e em
http://salvadorhistoriacidadebaixa.blogspot.com.br/2014/02/edificio-oceania-o-mais-belo-art-deco.html
acesso 02 set. 2017)
13
Tendo como acionista majoritário um dos antigos sócios fundadores, o engenheiro Carlos Costa Pinto
e Pinho - sobrinho e filho adotivo do comerciante, exportador de cacau e grande colecionador de arte
da Bahia Carlos de Aguiar Costa Pinto - a “Cia Brasileira de Construções” contou com a colaboração
de importantes profissionais como engenheiro civil e especialista em cálculo de estruturas em concreto
armado, Carlos Espinheira de Sá, entre 1937 e 1954 e o arquiteto Hélio de Queiroz Duarte entre 1938
e 1944, possuindo já em meados dos anos 1940 uma filial em São Paulo (SCHLEE, Andrey e FICHER,
Sylvia, 2008).
199
Figuras 261 e 262. Edifícios em vocabulário Déco, em Copacabana, no Rio de Janeiro, década de
1930, com projetos do Escritório Freire & Sodré, o “Edifício Embaixador” (1935), Avenida Atlântica,
3170 (“Arquitetura inspirada nos grandes transatlânticos da época. Com observatório/torre de comando
(elemento com escotilhas na cobertura”) e Edifício n/id. (Fontes:
https://www.artdecoriodejaneiro.com/edificio-embaixador/ acesso 01 set. 2017 e
https://www.facebook.com/RioCasasePrediosAntigos/photos/pcb.781691148644734/7816662986472
19/?type=3&theater. Acesso 02/09/17))
200
Figura 263. Casa em estilo Art. Decó de inspiração naval. Av. Sete de Setembro, Ladeira da Barra,
10/06/14 (Fonte: Registro fotográfico em 10 jun. 2014.Acervo pessoal)
14 A classificação de Arquitetura Decó não é algo unânime, sendo para alguns denominada de “proto
moderna” (LACHER, 2002) ou mesmo de “modernista”, a exemplo de Paulo Ormindo de Azevedo
(Apud, SCHLEE e FICHER, 2008) ao listar aqueles primeiros exemplares da décadas de 1930 em
Salvador: o Elevador Lacerda (1929-30); o Instituto de Cacau (1933-36), a Creche Pupileira (1935), a
Agência de Correios e Telégrafos (1933/1935-37), a Estação de Hidroaviões (1937-39)) e o Instituto de
Educação da Bahia (1937-39). Na nossa tese adotaremos a ideia de arquitetura decó, que adotando
uma nova linguagem técnica (concreto armado) e formal era “caracterizada por linhas aerodinâmicas,
inspiradas no expressionismo alemão (streamline) ou por linhas secas e geometrizadas (ziguezague),
por vezes com forte ênfase decorativa (afrancesada e marajoara) (CONDE, ALMADA, 1997. p. 12,
apud SCHLEE e FICHER, 2008) - ou ao contrário, com limpeza ornamental e sobriedade obtida com a
aplicação do “pó de pedra” - e ainda aquelas que se aproximava do estilo “naval”, com janelas tipo
escotilha e varandas arredondadas.
201
Figuras 264 e 265. Antiga residência do historiador Edelweiss e posterior sede do Comando do
Distrito naval de Salvador Av. Sete, na altura do Farol da Barra (Fonte: Foto de Chico Manzoni em 18
set.2014 e registro fotográfico em 29 nov. 2015)
Figura 266. Edifícios Elias Batista e Marquês de Caravelas na Rua Marquês de Caravelas, n° 47 e
45, primeiros prédios de apartamentos que se construíram na Marquês de Caravelas. Há de se notar
o gabarito dos mesmos três andares, pois na época não era permitido ultrapassar a altura do morro
que lhe fica atrás, o Morro do Gavazza. (Fonte: Registro fotográfico em 26 ago. 2014. Acervo Pessoal)
Figuras 267 e 268. Edifício na Rua Florianópolis, noLoteamento Jardim Brasil e “Edifício Capela” na
Rua Eng. Souza Lima, N° 48/01, tranversal da Rua da Graça observando-se a mesma tipologia de três
pavimentos com varandas de arremate curvo. (Fonte: Registro fotográfico em 26 abr.2014 e 09 out.
2014 Acervo Pessoal)
203
Figuras 269. Edifício de inspiração decó, na Rua Tenente Pires Ferreira (Transversal da Ladeira da
Barra) vendo-se as janelas tipo escotilha e cobogó na caixa de escada (Fonte: Registro fotográfico em
25 jul. 2015, arquivo pessoal)
Figuras 270 e 271. Edifícios na Rua Lorde Cochrane e Edifício “Ana Maria”, esquina Av. Marquês de
Caravelas e Rua Afonso Celso. (Fonte: Registro fotográfico em 26 ago. 2014 e 29 mai. 2014 Acervo
Pessoal)
Figura 272. Em primeiro plano o Edifício “Camila” na Rua Leoni Ramos (transversal da Avenida
Oceânica) (Fonte: Registro fotográfico em 25 jul. 2015, arquivo pessoal)
204
Figuras 273. Avenida Oceânica no final dos anos 1940 vendo-se ao fundo o “Edifício Oceania” e em
primeiro plano casa em estilo moderno (no local onde hoje está o Barracenter) (Fonte: Fototeca do
CEAB/UFBA, 1998)
Figura 274. Avenida Oceânica no final dos anos 1940, vendo-se exemplar de residências modernas
(em primeiro plano) e de edifício decó ao fundo (Barralândia). (Fonte: Fototeca do CEAB/UFBA)
205
1
“As primeiras medidas de cunho ambiental e salubrista foram regulamentadas no Código de Posturas
do Governo Provincial da Bahia e Câmara Municipal de Salvador, para um horizonte alargado, entre
1829 e 1859. Para isso, foi criado o Conselho de Salubridade de modo a comandar as ações, fazer
funcionar as medidas e estabelecer punições. O Conselho de Salubridade era vinculado à Escola de
Medicina e Saúde Pública e ao corpo de médicos do Hospital dos Ingleses” (CARDOSO, 2015, p. 143).
207
Teria havido assim, segundo Johildo ATAYDE (1985) no seu trabalho “Salvador
e a Grande Epidemia de 1855”, um paralelo entre o “sucesso” daquela epidemia e as
condições higiênicas e populacionais das diversas paróquias da cidade em meados
do século XIX2, ideia que muito provavelmente criou um lastro para os investimentos
públicos e privados em direção ao vetor sul e para o início da segregação sócio
espacial na cidade.
2 Além da epidemia de “cólera morbo“ de 1855 – que “ aqui chegou pelo navio português “Imperatriz”,
vindo do Pará, região já infectada por galera portuguesa vinda do Porto” (Falla do Presidente da
Província 1415/ 1856, p.06, APUD, ATHAYDE, 1985, p.15) - as condições urbanas de Salvador foram
propícias para o surgimento de mais duas outras graves epidemias que assolaram a cidade no século
XIX: a varíola, com manifestações desde o século XVI e a febre amarela, que, vinda de Pernambuco
(GORDILHO, 1960, p.62) já havia causado muitas mortes em 1686 e que retornou em 1850, através
de um navio proveniente de Nova Orleans (MATTOSO, 1992, p 56).
208
Figuras 275 e 276. Palacete onde funcionava o Hospital Português em 1931 e o Clube Baiano de
Tênis em 1916, localizados um em frente ao outro, no alto da Avenida Princesa Isabel. (Fontes: Matéria
de jornal, “Lembrança da Inauguração da nova Séde do Hospital Português. Bahia. 7-?-931” e
fotografia, em “Salvador...tempos passados! ” 27 de setembro de 2016.
https://www.facebook.com/groups/475176305884533/ Acesso 16 mar. 2017)
Figura 277. Trecho de Orla entre os Fortes Santa Maria e o de Santo Antônio em 1858,
observando-se a ocupação esparsa da área e o chalé sobre o morro, onde seria implantado o Hospital
Espanhol. (Fonte: De Litografia de Victor Frond, 1858, em http://www.salvador-
antiga.com/barra/antigas-seculo19.htm Copyright © Guia Geográfico - Fotografias antigas de Salvador
BA, acesso 08 abr. 2014)
Figuras 279 e 280. O Hospital Espanhol, construção em estilo eclético (vermelho) e seus anexos
posteriores, em 2010 e 2014 (Fonte: face book e Foto de Chico Mazzoni, em 18 set. 2014. arquivo
pessoal)
da ocupação litorânea, dando-se início a prática de nele banhar-se, que, por diversas
razões, atravessaria o período da tese (1850-1950) chegando até os nossos dias.
Não que a praia até o século XIX fosse “desprezível ou ignorada” (AZEVEDO,
1988, p.08), apenas temida na sua relação com mar e suas profundezas
desconhecidas, tanto concreta como simbolicamente (CORBIN, 1989) sendo por isso
apenas desfrutada pelo citadino enquanto “moldura” de atividades de lazer. E mesmo
para aqueles, como marinheiros e pescadores, que faziam uso frequente da praia para
locomoção ou trabalho árduo - “de preparação para a pesca, de reparo das
embarcações e das redes, um lugar de convívio com iguais, o caminho para o mar em
que penetra para alcançar a canoa e a jangada e para lançar a rede, a tarrafa, o
munzuá, a armadilha de peixes, e para armar a camboa” (IBID, p.09) – não era hábito
molhar-se no mar, sendo que muitos deles nem sabiam nadar (IBID)
(...). Os cassinos eram ambientes luxuosos voltados para atrair a fina flor da
sociedade nativa e os abastados turistas que visitavam as principais capitais
da nação, os balneários, serras ou nossas estâncias hidrotermais (...) onde
se instalaram importantes hotéis-cassinos. Dessa forma, esses sofisticados
complexos de diversão e lazer que conjugavam funções de entretenimento,
hotelaria e restauração proporcionaram a fundação ou deram um grande
impulso no desenvolvimento de muitos de nossos destinos turísticos.
No caso da Bahia, podemos citar como exemplo desse tipo de cidade balneária
(de “balnear”, relativo a banhos) aquelas de Cipó e sua Estação Hidromineral - “um
dos primeiros hospitais termais das Américas” (LAZERINI, 2009), construída em 1928,
a partir da permissão para a exploração industrial das suas águas termais – e a de
Itaparica, que mais próxima da capital baiana, passou na década de 1930 a constituir-
se também em local de veraneio, sobrepujando antigas áreas como Bonfim, Barra e
Rio Vermelho, que começaram a ter maior urbanização e a serem buscadas como
local de residência:
Durante o seu período áureo na década de 50, quando foi construído o “Grande
Hotel de Itaparica” (1954) que recebia grandes apresentações artísticas e por onde
circulavam ricos e famosos de todos o país, passou a ser conhecida como a “Europa
dos Pobres”, local onde se desfrutava de uma “nova socialidade” vinculada ao lazer e
ao turismo.
Então, como nas cidades termais francesas de Biarritz, Vichy e Aix-le Bains, os
“lugares para cura do corpo” (ZUCCONI, p. 167-196) no Brasil irão transformando-se
ao longo do século XX também em “cidades consagradas ao lazer” (IBID), como lugar
de encontro e diversão e não apenas de cura.
214
Figura 281. Pintura retratando passeio à região da “Quintas da Barra” no início de século XX,
vendo-se o casario existente e o transporte feito ainda por charretes. (Fonte: “Bahia...Terra do “já-teve””
https://www.facebook.com/groups/bahiaterradojateve , acesso 16 jun. 16)
215
Figuras 283 Piquenique em Mar Grande, na Ilha de Itaparica em 1913. (Fonte: Foto de Edward Carl
Greve, em escâner do geólogo baiano Rubens Antônio da Silva Filho. Acervo Particular. Disponibilizado
em 03 fev. 2017 )
“(...) No Natal e Ano Novo época em que da mesma forma que durante a
estação estival, o bairro se tornava o ponto preferido por todos. Há então
grande procura de casas e até as mais humildes ficam entulhadas de gente
da cidade que prazerosamente abandona suas residências para mudar de
ares e gozar das delicias de uma casa de campo. (...)”
No Recife as casas grandes dos sítios com seu caráter rural, eram usadas,
sobretudo como casas de veraneio, nas quais os moradores, sem se
afastarem muito dos seus sobrados citadinos, iam passar as festas e tomar
banho de rio”. O gosto recifense pelas estações de banho parece ter se
iniciado já na segunda metade do século XVIII e o atual bairro do Poço da
Panela surgiu confirmando essa hipótese, quando em 1746 grassando uma
febre epidêmica em Pernambuco causando um grande número de vítimas,
“concluíram os médicos já em 1758, em vista do bom resultado colhido em
diversas experiências, que era de grande vantagem para debelar o mau uso
dos banhos do Capibaribe. (MELLO, 1978, “Canoas de Recife: um estudo de
micro história urbana”, Apud MELLO, 1991, p.85)
5Na Europa os membros da população flutuante e eventual de áreas frias (de inverno), no campo ou
montanhas, eram conhecidos como “invernistas”, enquanto que por todo o Brasil, os frequentadores
das águas quentes das praias do litoral eram denominados de “veranistas”, pois geralmente buscavam
ausentar-se da cidade para “veranear”, nos meses de dezembro a fevereiro, ou seja, no verão.
218
Figuras 285 e 286. “Empório Industrial do Norte” e Estação ferroviária da Calçada em 1912
(Fontes: [DCFH - Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS e [Centro de Estudos da
Arquitetura Baiana], em CARDOSO 2011)
6 Além dos moinhos, serrarias, curtumes, fundições e dos estaleiros, as fábricas implantadas na
Península de Itapagipe entre o final do século XIX a meados do XX totalizaram 112 entre as quais
encontravam-se aquelas indústrias têxteis, de sabão e velas, calçados, algodões medicinais, cal,
fósforos, caixas de papelão, pregos, móveis, vidros, ladrilhos, de beneficiamento de fumo (charutos e
cigarros), de cacau e de borrachas, produtos alimentícios como pão, café, chocolates e bombons,
bebidas, conservas e doces (CARDOSO, 2011) Entre as fábricas nessa localidade é importante
referenciar a de Luiz Tarquínio, “Companhia Empório Industrial do Norte” (e sua Vila Operária), a
“Companhia Progresso”, a “Fábrica Paraguaçu” e a fábrica de vidros e cristais “Fratelli Vita”.
219
Figuras 287. Ribeira nos tempos ainda de veraneio, no final do século XIX, vendo-se o trilho do
bonde que até lá chegava. (Fonte: “Bahia, História e Encantos, em Amo a História de Salvador”
https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/
Acesso jan. 2017)
Figura 288. Orla da Ribeira, na região conhecida como “Enseada dos Tainheiros”, na década de
1940 e onde foi construído em 1939 o Hidroporto, primeiro aeroporto de Salvador (Fonte: “Amo a
História de Salvador” https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-Louti-Bahia-
729832370389489/ Acesso jan. 2017)
220
“Do outeiro de Santo Antônio rumo sul, a vista se espraia pelo Porto da Barra
e ruas adjacentes, abarcando-as de relance, ao fortim de Santa Maria e à
entrada da própria barra com o forte - farol da antiga pontado Padrão e a ilha
de Itaparica, do outro lado. São esses os limites extremos da paisagem. Claro
que o mar riscado de múltiplos caminhos e de alguns saveiros está presente.
(...). Na fralda do outeiro, o revelim São Diogo como que vela, desse recanto,
a restinga onde querem alguns historiadores, teria nascido Vila Velha. Mais
abaixo, indo sempre à esquerda, a curva da praia espreguiça-se até os
arrecifes de Santa Maria, com a fortificação que lhe monta. (...) no atual largo
da Barra, o estendal verdoengo é de capim; além, pelas vertentes dos morros
suavemente sucedendo-se, crescem árvores de um verde escuro, que
também descem aos quintais. E no vale, na tarde em declínio, a
contemplação de uma paisagem impregnada de silêncio, isenta de vozerio
desumano, de músicas banais, de construções grotescas, e de quantos
prejuízos, aviltantes e mortais, viriam de roldão com o progresso.
Objetivamente, notar, no quadro em mira, a ambiência de arrabalde para
veraneio, com as ruas por acaso alinhadas paralelamente, e as casas, todas
térreas, mostrando telhados de duas águas a parecer que se curvam na
borda dos beirais”. (Godofredo Filho, em REBOUÇAS, 1979, p.50) (o grifo é
nosso)
Figura 289 “Porto da Barra, visto da Igreja de Santo Antônio”, último quartel do século XIX, em
pintura de Diógenes Rebouças (Fonte: REBOUÇAS, 1979, página 51)
221
Porém o clímax foi a missa campal realizada na Quinta da Barra, (...). Missa
seguida de um pequenique. O comércio não abriu neste dia. O povo se
espalhou do Camarão ao Farol da Barra. Para se avaliar a quantidade de
gente que foi até lá, registramos o movimento de 23.482passageiros nos
bondes da Linha Circular, sem incluir os que trafegaram em carros
particulares, inclusive a partida especial de 10 bondes”. (...) “O carro,
acessível em outras cidades, entre nós era considerado luxo. Quem nas
cerimônias ditas protocolares usava e abusava do carro dava provas de
lordeza. Fora destas ocasiões demonstrava pedantismo ou prodigalidade.
Pois se havia o bonde tão gostoso, tão pitoresco, que até servia para
autoridades visitantes darem belos passeios aos arrabaldes. Sem querer falar
no bondinho sem teto que entrava em ação nas noites de lua, levando as
famílias até a Barra para um passeio espairecedor. Se andar de bonde era
novidade, avaliem o resto.
Figura 290. Espécie “guarda-sol” (para contemplação da praia) na “Quintas da Barra” no início
do século XX. (Fonte: Em “Salvador... tempos passados!
https://www.facebook.com/groups/475176305884533/ Acesso 24 jan. 2017)
Figura 291. Largo do Farol da Barra e seu coreto (em cimento armado), no gramado do Forte de
Santo Antônio da Barra, por volta de 1924. (Fonte: Fototeca do CEAB/UFBA, acesso década de 1990)
223
Figura 292. Equipamentos públicos de lazer no Largo do Farol da Barra em 19224. Vendo-se ao
fundo palacete eclético construído à beira mar na orla da Baía de Todos os Santos. (Fonte: Em “Amo
a História de salvador by Louti Bahia, https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-de-Salvador-
By-Louti-Bahia-729832370389489/ acesso em 27 abr. 2014)
Figuras 293. Sede do Clube Baiano de Tênis na década de 1940, na Avenida Princesa Isabel, vendo-
se ao alto a direita a Igreja da Graça (Fonte: “Bahia, Histórias e Encantos, em
https://www.facebook.com/Amo-a-Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/ ,
acesso em 27/04/2014)
7 Com o objetivo de criar um espaço para construir e guardar barco e depois como referência em
esportes náuticos, como vela, natação e pesca, em 23 de maio de 1935 é fundado o Iate Clube da
Bahia, após os estrangeiros, Jean Charles Henry Fischer, Theodoro Selling Junior, Alexandre Robatto
Filho e Walter Taube comprarem da empresa portuguesa “Alves Pereira & Cia” a fábrica de xales
desativada à beira-mar, sendo sua piscina inaugurada em 17 de julho de 1938, “com a bênção do
Arcebispo Dom Augusto Álvaro da Silva”. (http://yachtclubedabahia.com.br/o-yacht acesso 01/08/16)
225
Figuras 294 e 295. Praias do Rio de Janeiro na década de 1920, observando-se na segunda foto a
presença de algumas pessoas em “trajes de banho” sentadas na areia e no mar, ao lado de outras
formalmente vestidas, denotando a convivência de dois hábitos de lazer em um mesmo espaço. (Fonte:
Internet. Fotografias publicadas por Jorge Moutinho no Grupo “Fotos Antigas de Todas as Regiões
Brasileiras”, acesso em 25 mar. 2016)
Figura 296. Praia da Barra, 1923. Observar os trajes da moça, indicando o uso da praia como local
de contemplação e não como de banho-de-mar. Ao fundo, o Forte de santo Antonio da Barra. (Fonte:
Internet. Face book, página de Lika Muniz, original não identificado, acesso 30 nov. 2017)
226
Figuras 297 e 298. Projeto de barracas de praia em Salvador, entregue para aprovação em
18/08/1906 e barracas de praia para troca de roupas existentes no Rio de Janeiro em 1923. (Fonte:
Projeto de barracas de praia entregue para aprovação em 18/08/1906. Croquis do Arquiteto Márcio
Campos em ficha de pesquisa “Projetos de Construção e Reforma depositados no Arquivo Municipal
de Salvador”. 30/06/1992 e imagem da internet / Face book (n/id)
227
Figuras 299 e 301. Banho de mar na Baía de Todos os Santos em 1915, na praia, nas Pedreiras
[entre a Conceição e o Unhão]; Publicidade de roupas e cabaças usadas como cantil de água ou boia,
anúncio de roupas e acessórios para os banhos de mar em Salvador em 1937 e bondes especiais
para lazer e turismo em 1925 em recorte de jornal soteropolitano. (Fonte: "Terra do 'já-teve'". Acesso
07 mar. 2016; “Populares de A Tarde”. Jornal “A Tarde” microfilmado, 20/11/1937. Biblioteca Pública
do Estado da Bahia em 01 dez. 2015 e postagem de Rubens Antônio no Face book em Acesso
07/03/16)
228
Figura 302. Publicidade do Bonde exclusivo para banhistas Centro-Barra em 1930. (Fonte:
AZEVEDO, 1988, página 15)
229
Figura 303. “Mulheres de tradicional família baiana na Praia do Porto da Barra”, década de 1920.
(Fonte. “Salvador...tempos passados! ” https://www.facebook.com/groups/475176305884533/ acesso
16 mar. 2017) (Fonte. RIBEIRO, Heraldo Lago. “Salvador...tempos passados! ” Página administrada
pelo Historiador Heraldo Lago Ribeiro. 7 de junho de 2016 · (acesso 16/03/17)
230
Figura 304. Grupo de banhistas, crianças e adultos na Praia do Porto da Barra”, década de 1920.
Reunidos para competições esportivas e um banho de mar, a convite do “Grupo Náutico da Barra”.
(Fonte. CADENA, Nelson. “Domingo na Barra. 24 de setembro de 2012”,
http://blogs.ibahia.com/a/blogs/memoriasdabahia/2012/09/24/domingo-na-barra/ Acesso em 23 ago.
2017
A orla da Barra, a partir dos anos 1930, passará a atrair cada vez mais, os mais
altos estamentos da sociedade soteropolitana que lá construirão suas residências, ao
tempo que verá gradativamente, ser consolidada o uso das suas praias para o lazer
de todo e qualquer integrante da população que tivesse acesso ao bonde, em um
processo urbano muito semelhante ao da ocupação de Copacabana no Rio de
Janeiro, como analisaremos a seguir.
Figura 305. Veraneio na Pituba em 1920, em manchete de jornal. (Em “Bahia...Terra do “já-teve”
https://www.facebook.com/groups/bahiaterradojateve Acesso em 12 ago. 2017)
Figuras 306 e 307. O Edifício Oceania, em Salvador e o Copacabana Palace Hotel, no Rio de
Janeiro. (Fontes http://salvador-circuitobarra.blogspot.com.br/2010/04/o-gabarito-de-nossa-orla.html
acesso 09/09/2013) (original em cor) e https://www.google.com.br/search?ie=UTF-
8&q=copacabana+palace&fb=1&gl=br&hl=pt-
BR&tbm=isch&source=og&sa=N&tab=li&biw=1366&bih=624&sei=AMItUqLgD5Gc9QSF2ICACg#facrc
=_&imgdii=_&imgrc=VARqXRlQcBpWEM%3A%3BBiD1D-
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8780715%252F%3B500%3B375, acesso 09/09/2013).
Figuras 308 e 309. Impacto na paisagem das construções nas orlas atlânticas de Salvador e do
Rio de Janeiro do Edifício Oceania (década de 1940) e do Copacabana Palace Hotel (década de
1920). (Fontes: http://ama2345decopacabana.wordpress.com/planejamento-urbano/processo-de-
urbanizacao-em-copacabana/
233
Figuras 310 e 311. Cassino Atlântico (fachada e vista aérea) na década de 1930, localizado na
Avenida Atlântica, Rio de Janeiro. (Fontes: http://copacabana.com/cassinos-em-
copacabana/#.UoYyjMQ3vfI e http://copacabana.com/cassinos-em-copacabana/#.UoYyjMQ3vfI
(acessos em 13 nov. 2013)
Importante mencionar que Copacabana até final do século XIX era um grande
areal, uma estreita faixa de terra apertada entre o Oceano Atlântico e as montanhas
do litoral carioca (Figura 312) e de acesso muito difícil, sendo necessário para lá
chegar, transpor ladeiras íngremes e tortuosas, a pé ou em antigas carroças, que
atendiam aos poucos banhistas ou hóspedes da casa de saúde do Dr. Figueiredo de
Magalhães (CARDOSO, 1989, p.94)
carris do centro do Rio para a zona sul, até Botafogo, foi a responsável direta pelo
insucesso de outras empresas em explorarem o transporte para Copacabana.
(CARDOSO, 1989), sendo a ganhadora de intensa batalha judicial que durou 20 anos
com outras duas outras pretensas concessionárias do serviço, a Empresa
Copacabana (1872-1880), do Conde de Lages e Francisco Teixeira de Magalhães e
a Duvivier & Companhia (1883- 1890), de Alexandre Wagner, proprietário de terras na
região e antigo sócio daquela outra malograda empresa (CARDOSO, 1989).
Figuras 312 e 313. Areal de Copacabana em 1890 e a abertura do Túnel Velho em 1892. (Fontes:
http://ama2345decopacabana.wordpress.com/planejamento-urbano/processo-de-urbanizacao-em-
copacabana/ e http://ama2345decopacabana.wordpress.com/planejamento-urbano/processo-de-
urbanizacao-em-copacabana/)
Figuras 314. Avenida Copacabana, em 1906 (à direita da foto), observando-se (à esquerda) o trecho
de orla onde seria aberta a Avenida Atlântica e construído o Copacabana Palace. (Fonte: DECOURT,
Andre. Copacabana, mudanças urbanas de 1906 – 1922. Em
http://www.rioquepassou.com.br/2007/04/09/copacabana-mudancas-urbanas-de-1906-1922/ (postado
em 09/04/2007). Acesso em 13 nov. 2013)
235
Dessa relação entre o centro antigo e a periferia, no que diz respeito mais
diretamente a materialização de novas formas de economia, expressa na concessão
das linhas de bonde (ao invés de trens), na aplicação do capital imobiliário e na
implantação de áreas de lazer de luxo, o exemplo de Copacabana vai ao encontro do
que ocorreu em outras cidades europeias do século XIX, na sua relação com o mar,
a exemplo de Nice, como nos diz ZUCCONI (p. 27):
236
9 O Hotel Copacabana Palace apresentava no desenho original da sua fachada três cúpulas, que,
entretanto, não chegaram a serem construídas, assim como vários ornamentos clássicos que foram
retirados na década de 1940, em uma tentativa de modernização exterior.
237
Sr. Bibiano Ferreira Camposo a explorar uma linha de bonde que serviria ao balneário.
(SALVADOR, Leis e Resoluções do Conselho Municipal da capital do Estado da Bahia
do Anno de 1895. Salvador Litho-Typographia Tourinho, 1900. p.31/2. APUD.
ALMEIDA, 1997, p.142)
Cabe lembrar ainda a presença da Família Guinle em Salvador e a continuação
por ela dos investimentos em transporte público, de obras viárias e de construção civil,
a partir de sua instalação em terras baianas em 1883, sendo responsável entre outras,
por ações que interferiram na estrutura urbana da Barra, quais sejam exploração das
linhas de bonde em direção ao vetor sul através da propriedade da “Linha Circular de
Carris da Bahia” e da “Trilhos Centraes”, responsável pelo “Bonde da Barra” e abertura
da Avenida Sete de Setembro (1916) através da sua “Companhia de Melhoramentos
da Bahia” que em parceria com o governo consolidaria a ligação da Barra e por onde
circularia o bonde (N°2) até a altura do Farol da Barra em trajeto ampliado quando da
conclusão da Avenida Presidente Vargas na sua orla oceânica.
E é dentro dessa lógica de articulação entre o governo e a iniciativa privada e
de implantação de equipamentos “indutores” de ocupação do território e de
valorização de terras, que se construirá o Edifício Oceania entre 1937 e194310.
Implantado na “esquina” entre as orlas do Oceano Atlântico e da Baía de Todos
os Santos, no local conhecido como Largo do Farol da Barra, foi construído utilizando
novas tecnologias e materiais importados, tendo seu projeto arquitetônico sido
elaborado em 1937 pelo escritório carioca “Freire & Sodré”.
Construído pela empresa baiana “Cia. Brasileira Imobiliária e Construções S/A”,
dos engenheiros Carlos Costa Pinto de Pinho, Frederico Espinheira de Sá e o
arquiteto Arezio Fonseca (Inventário DOCOMOMO-Brasil/Arquivo PPGAU-UFBA/
2007 in: acesso 03/05/14), demorou bastante tempo até ser inaugurado, muito
provavelmente em virtude dos problemas causados pela Segunda Guerra Mundial
(1938-1945) que entre outros aspectos, inviabilizou a importação de produtos para
10 Não há unanimidade entre autores pesquisados acerca das datas do projeto, período de construção
e data de Inauguração do Edifício Oceania. Segundo Lígia Lacher GALEFFI (2004, p.47) o período
entre a elaboração do projeto e a inauguração foi entre 1932 e 1942. Para BIERRENBACH (2011) e
para o Guia de Arquitetura e Paisagem de Salvador e BTS (2012) foi inaugurado 1944, sendo o Início
do projeto em 1937 (aproximadamente) e das obras em 1939 (BIERRENBACH, 2014). Já segundo
material de divulgação do IPAC, órgão responsável por seu tombamento provisório (em 2008) o edifício
foi inaugurado em 10 de agosto de 1943 (data que ostenta hoje na sua fachada), tendo projeto
arquitetônico datado de 1932, elaborado pelo escritório Freire & Sodré, começando a ser construído
em 1936. (Publicação de 01/06/2010. Em http://www.ipac.ba.gov.br/noticias/em-acao-inedita-ipac-
promove-tombamentos-de-predios-modernistas-e-art-deco-na-bahia. Acesso 24/02/2017
238
11 O Oceania possui a mesma altura do Edifício Comercial “Sampaio Moreira” inaugurado em 1924 no
vale do Anhangabaú em São Paulo, em estilo eclético e de autoria dos arquitetos Christiano Stockler e
Samuel das Neves. Com 50 metros de altura figurou como o mais alto edifício da cidade de São Paulo,
até a inauguração do Edifício Martinelli em 1929, que foi “considerado o “protótipo” dos arranha-céus
de São Paulo, erguido em uma época em que os edifícios da cidade possuíam no máximo quatro
pavimentos. (ARQUITETURA DE SÃO PAULO 30/11/14. "Um gigante de 12 andares em 1924!" (Em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Edif%C3%ADcio_Sampaio_Moreira)
239
Figuras 315 e 316. Edifício Oceania visto do farol da Barra e da Avenida Marquês de Caravelas,
observando-se a quarta fachada em “parede cega” (Registro fotográfico em 04 dez. 2014 e 18 nov.
2015. Arquivo Pessoal)
Figura 317. Fachada Leste do Edifício Oceania, observando-se a quarta fachada em “parede cega,
subtendendo possível verticalização da orla atlântica da Barra, a exemplo do ocorrido com
Copacabana, Rio de Janeiro (Registro fotográfico em 18 nov. 2015)
Figuras 318 e 319. Poço interno do “Edifício Oceania” em 2008 e 2010 (Fonte: Foto de Roberto
Nascimento / IPAC. C. 2008, em http://patrimonio.ipac.ba.gov.br/bem/edificio-oceania/# e
http://salvador-circuitobarra.blogspot.com.br/2010/05/claraboia-do-ed-oceania.html. Acesso 24 fev.
2017)
240
Do exposto até aqui sobre a história urbana da Barra e em especial da sua orla
atlântica em relação àquela outra do Rio de Janeiro, e considerando a presença em
Salvador dos empreendedores da Família Guinle, é possível concluir que o
investimento de capitais e a articulação entre interesses públicos e privados não
conheceram fronteiras e que o Edifício Oceania não só marcou a paisagem da
Barra(Figuras 320 e 321), como também materializou no espaço urbano, a
convivência (nem sempre pacífica) entre os usos residenciais e de lazer vinculados a
praia, que permanece até hoje.
Figura 321. A orla oceânica da Barra em 1950, vendo-se as residências unifamiliares, o primeiro
edifício na Rua Afonso Celso (no alto à direita), o Edifício Oceania e o Farol da Barra, marcos visuais
da área de estudo. (Fonte: “Amo a História de Salvador”. https://www.facebook.com/Amo-a-
Hist%C3%B3ria-de-Salvador-By-Louti-Bahia-729832370389489/ , acesso em 18 set. 2014)
241
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi o período que passou para história como “modernização urbana” e que
esteve presente na cidade em dois momentos, que perpassam o recorte temporal
(1850-1950) privilegiado nesse estudo.
Foi naquela porção do território onde mais claramente se pode observar a etapa
final do percurso de modernização da Barra, com a transformação gradativa da
ocupação nos moldes coloniais - onde casas térreas ou assobradadas, construídas
no entorno de equipamento defensivo, definiam as ruas e limitavam o espaço público
– e oitocentista - com seu novo vocabulário arquitetônico (eclético ou decó) e forma
de implantação no lote - por outra, resultante de nova relação com a terra urbana
(loteamento) e onde serão construídas edificações uni ou plurifamiliares, ao longo de
avenidas e ruas geometrizadas, em consonância com os preceitos do “urbanismo
modernista”.
Que o presente estudo possa contribuir para alterar o rumo desse novo “surto
modernizador”, que compromete a “habitabilidade” e o necessário equilíbrio entre o
crescimento urbano e a qualidade de vida de moradores e usuários, daquela que foi
o embrião da ocupação do território soteropolitano e que encontra no seu mar, a
testemunha das grandes transformações por que passou nesses últimos 480 anos.
247
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263
VILHENA, Luís dos Santos. A Bahia no século XVIII. Vol. I / Livro I (Comentários de
Braz do Amaral) Editora Itapuã, Bahia, 1969.
ANEXOS
ANEXO 01. BENS TOMBADOS NA BARRA (e imediações)
Com a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) e a promulgação do Decreto - Lei Federal N°25 em 1937, Salvador, a
primeira capital do país, contando ainda com grande número de exemplares arquitetônicos do período colonial, foi objeto dos primeiros tombamentos federais,
alguns dos quais na Barra e suas imediações (Graça e Vitória), que foram posteriormente ampliados por aqueles nas esferas estadual, através do Instituto do
Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia / IPAC-BA (1967) e municipal, através da Fundação Gregório de Matos.
Avenida Sete de Setembro / Corredor da Vitória Caminho para Vila Velha / Caminho do Conselho / Rua Dr. -
José Marcelino
Na altura da Igreja de Santo
Avenida Sete de Setembro / Ladeira da Barra Caminho para Vila Velha / Caminho do Conselho / Estrada Antônio, bifurcava, recebendo o
(Entre os Largos da Vitória e do Porto da Barra) da Barra / “Ladeira do cemitério inglês” (1901) / “Ladeira de nome de “Caminho público para a
Santo Antônio da Barra” (1902) / “Rua Ladeira da Barra Igreja de Santo Antonio da Barra”,
(1917) hoje desaparecido
Avenida Sete de Setembro Rua do Porto / Rua da Areia (1913/1915) -
(Entre o Largo do Porto da Barra e o Forte Santa Maria
Avenida Sete de Setembro
(Entre o Forte Santa Maria e o Forte de Santo Antônio - -
da Barra (Farol)
Região entre as Avenidas
Oceânica e Marques de Leão,
Avenida Presidente Getúlio Vargas / Avenida Oceânica “Quintas da Barra” (1905) onde depois foi implantado o
loteamento “Barralândia”, que
incorporava a Rua Afonso Celso.
Avenida Princesa Isabel / Barra Avenida Caminho (ou Estrada) da Aguada / Estrada da Floresta /
(Entre a Graça e o Largo do Porto da Barra) “Estrada da Graça” (1901) / Ladeira da Graça à Barra (1902)
/ Barra Avenida (1911)
Parte plana da Av.Princesa Isabel,
“Rua Baixa da Graça” (1904) a partir da Alameda Antunes em
direção à Rua Barão de Sergy
Avenida Princesa Leopoldina Ladeira da Graça -
Rua Marquês de Caravelas Rua do Bosque / Rua do Bosque da Barra (1901) -
Rua Alameda Antunes Alameda / Alameda do Bosque -
Rua Eduardo Diniz Gonçalves Travessa Miguel Bournier Transversal da atual Rua Miguel
Bournier
Identificação a partir de Edifício de
Rua Augusto Frederico Schmith Rua Christa D´Ouro (1914) mesmo nome, na Rua Augusto
Schmith, N° 139, na altura do
Shopping Barra
Rua Afonso Celso Rua dos Coqueiros / Rua Coqueiros do Farol -
Conjunto de lotes alinhados, no
alto do Morro do Gavazza e
Rua das Palmeiras “Avenida Angélica Teixeira” representadas no “Projeto de
Loteamento Vila Nova América”
em 1931 e 1939.
Rua César Zama Rua da Alegria -
(?) Rua da Lama (1901 / 1906 / 1914) -
Largo do Porto da Barra / Praça Azevedo Fernandes Porto de Santa Maria (1724) -
Largo da Vitória Praça Rodrigues Lima -
Largo da Graça Praça Dr. Patterson -
Praça Patriarca da Independência Praça Patriarca da Independência Entre as Ruas Barão de Sergy e
César Zama, na altura do Porto
Praça em frente ao Forte São
Praça Visconde de Taunay - Diogo (hoje apenas espaço para
circulação de veículos)
Em frente à igreja de mesmo nome
Praça Santo Antônio da Barra - (formada apenas por árvore e área
gramada, sem equipamentos
públicos)
* A Praça Patriarca da Independência e as Ruas Barão de Sergy, Barão de Itapoã e Rua da Graça, mantiveram suas denominações do século XIX inalteradas.
* A sede da Capitania da Baía de Todos os Santos, localizada no Porto da Barra (1536), é referenciada na bibliografia pesquisada como “Povoação do Pereira”
ou “Vila do Pereira”, em alusão ao Donatário Francisco Pereira Coutinho, passando a ser conhecida como “Vila Velha” ou “Povoação de Vila Velha” ou ainda
“Vila Velha da Vitória” a partir da construção da cidade de Salvador (1549).
* A toponímia é resultante de pesquisa bibliográfica e iconográfica e de endereços constantes nos “Projetos de Construção e Reforma no Distrito da Vitória”
encaminhados para aprovação da Diretoria de Obras Públicas e da Inspetoria de Higiene, entre 1901 e 1917.