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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

ISABELLA ISHIGAMI BASTOS TERRA

REQUALIFICAÇÃO DE UM EDIFÍCIO PELA APLICAÇÃO DE RETROFIT:


PROPOSTA PARA UM COMPLEXO GASTRONÔMICO EM VALPARAÍSO, SERRA
- ES

Colatina
2021
ISABELLA ISHIGAMI BASTOS TERRA

REQUALIFICAÇÃO DE UM EDIFÍCIO PELA APLICAÇÃO DE RETROFIT:


PROPOSTA PARA UM COMPLEXO GASTRONÔMICO EM VALPARAÍSO, SERRA
- ES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Coordenadoria do Curso de Arquitetura e
Urbanismo do Instituto Federal do Espírito Santo,
como requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Prof. Ma. Sirana Palassi Fassina

Colatina
2021
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Instituto Federal do Espírito Santo – Biblioteca campus Colatina)
T323r Terra, Isabella Ishigami Bastos

Requalificação de um edifício pela aplicação de retrofit : proposta


para um complexo gastronomia em Valparaíso, Serra – ES / Isabella
Ishigami Bastos Terra. – 2021

144 f. : il. ; 30 cm

Orientadora: Sirana Palassi Fassina

Monografia (graduação) – Instituto Federal do Espírito Santo,


Coordenadoria de Arquitetura e Urbanismo, Bacharelado em
Arquitetura e Urbanismo, 2021.

1. Restaurantes – Projetos e plantas – Serra (ES). 2. Edifícios –


Reformas – Serra (ES). 3. Arquitetura – Serra (ES) – Aspectos
sociais. I. Fassina, Sirana Palassi. II. Instituto Federal do Espirito
Santo – campus Colatina. III. Título.

CDD 725.71098152

Elaborado por Richards Sartori Corrêa CRB 6-ES / 767


ISABELLA ISHIGAMI BASTOS TERRA

REQUALIFICAÇÃO DE UM EDIFÍCIO PELA APLICAÇÃO DE RETROFIT:


PROPOSTA PARA UM COMPLEXO GASTRONÔMICO EM VALPARAÍSO, SERRA
– ES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Coordenadoria do Curso de Arquitetura e
Urbanismo do Instituto Federal do Espírito Santo,
como requisito parcial para obtenção do título de
Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Aprovado em 24 de março de 2021.

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Ma. Sirana Palassi Fassina


Instituto Federal do Espírito Santo
Orientadora

Prof. Me. Mauricio Soares do Vale


Instituto Federal do Espírito Santo

Ma. Ludmila Campo Dall’Orto Corrêa


Arquiteta e Urbanista

Obs.: Banca realizada a distância, via plataforma Google Meet, de acordo com o estabelecido na
Resolução nº 1/2020 do Conselho Superior do Ifes
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço à Deus por ser a razão de tudo e por ter me proporcionado
encontros incríveis na vida até aqui. Eu não conseguiria citar o nome de todas as
pessoas que participaram de alguma forma da minha caminhada, mas quero
agradecer exclusivamente aqueles que contribuíram diretamente para que eu pudesse
finalizar o trabalho e a graduação.

Aos meus pais, que sempre me apoiaram e incentivaram de todas as maneiras


possíveis, principalmente financeiramente e emocionalmente. Ao meu irmão, que foi
meu grande companheiro nesses últimos dois períodos, que compreendeu meus
momentos de introspecção para que a escrita e o projeto fluíssem. Ao Augusto, por ter
sido suporte emocional e dividiu momentos, ora de aflição, ora de muita alegria
comigo num ano tão difícil como 2020.

Aos meus amigos de Colatina, que durante quatro anos se tornaram família, dividindo
tantas experiências de crescimento, em especial Isabela, Tarlens, Bruna e os amigos
do grupo c.d.mdf. Aos amigos de onde eu vim, que resistiram à distância junto
comigo, que só nos fez mais fortes.

À minha orientadora Sirana por ter sido tão compreensiva e incrível, sempre com
orientações que abriam meus olhos e me faziam enxergar o potencial que há em mim.
A todos os professores do Ifes, que contribuíram de tantas formas para o meu
crescimento e amadurecimento, com o compartilhamento de experiências e
ensinamentos. Ao professor Maurício Soares do Vale, por ter aceito o convite para a
banca do Trabalho de Conclusão de Curso I e contribuído com ótimos conselhos,
assim como Ma. Ludmila Campo Dall’Orto Corrêa, por ter disponibilizado seu tempo e
aceito o convite para participar da banca.

Por fim, ao ensino público, gratuito e de qualidade, que têm permitido que tantos
tenham melhores oportunidades na vida.
RESUMO

O retrofit arquitetônico, que é uma ferramenta de atualização da edificação, se


apresenta como uma alternativa de intervenção devido a dois fatos principais: a
existência de um expressivo número de edificações sem uso no Brasil, decorrentes de
uma urbanização acelerada ocorrida no século XX, e, da necessidade de renovação
e/ou adequação de edifícios que não mais comportam as demandas atuais da cidade.
Essa adequação se dá tanto com relação ao seu uso quanto à sua eficiência
tecnológica e de conforto ambiental. Considerando o exposto, o presente trabalho
propõe a requalificação de uma edificação localizada no bairro Valparaíso, Serra - ES,
e que hoje se encontra sem uso, através da técnica de retrofit. A escolha da
edificação e do novo uso – um Complexo Gastronômico – se deu pelo fato de a
edificação apresentar uma expressividade afetiva na memória coletiva dos moradores
do bairro, além de possuir boa localização, próximo ao Parque Municipal da Serra e
de diversos condomínios e unidades residenciais. A pesquisa bibliográfica referente à
requalificação urbana e ao retrofit arquitetônico, assim como o estudo detalhado de
casos assemelhados foram utilizados como parte importante da metodologia e como
base para as decisões projetuais. Dessa forma, foi possível obter ao final um projeto
arquitetônico de um Complexo Gastronômico que buscou a adequação às demandas
atuais do bairro, a melhoria do conforto ambiental e dos conceitos de retrofit, fazendo
intervenções quando necessário, sempre buscando o melhor aproveitamento do
edifício e atendimento às demandas do seu entorno. Como consequência desse
projeto em âmbito urbano, buscou-se melhorar questões relacionadas à vivacidade, à
promoção da apropriação do espaço pela comunidade e à segurança do entorno, visto
que atualmente o local é reconhecido pelos moradores como hostil, podendo ser
devido à pouca presença de pessoas e baixa diversidade de usos das edificações.

Palavras-chave: Retrofit arquitetônico. Requalificação. Edifícios sem uso.


ABSTRACT

The Retrofit architectural, which is a building update tool, presents itself as an


alternative of intervention due to two main facts: the existence of a expressive number
of abandoned buildings in Brazil, resulting from an accelerated urbanization that
occurred in the 20th century and the need for renovation and / or adaptation of
buildings that no longer support the current demands of the city. This adequacy occurs
both in terms of its use and its technological efficiency and environmental comfort.
Considering the above, the present work proposes the requalification of a building
located in the neighborhood of Valparaíso, Serra - ES, and which today is unused,
using the retrofit technique. The choice of the building and the new use - a
Gastronomic Complex - was due to the fact that it has an affective expression in the
collective memory of the residents of the neighborhood, besides having a good
location, close to the Serra Municipal Park and several condominiums and units
residential. Bibliographic research related to urban requalification and architectural
retrofit, as well as the detailed study of similar cases were used as a crucial part of the
methodology and as a basis for design decisions. In this way, it was possible to obtain
at the end an architectural project for a Gastronomic Complex, which sought to adapt
to the current demands of the neighborhood, to improve environmental comfort and
retrofit concepts, making interventions when necessary, always seeking the best use
of the building and meeting the demands of its surroundings. As a consequence of this
urban project, we sought to improve issues related to liveliness, the promotion of the
appropriation of space by the community and the security of the surroundings, since
the place is currently recognized by the residents as hostile, which may be due to the
low presence of people and low diversity of building uses.

Keywords: Retrofit. Requalification. Abandoned buildings


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1 - Visão panorâmica do mercado da construção civil nos países da União


Europeia em 1997 28

Ilustração 2 - Pinacoteca de São Paulo pós retrofit 29

Ilustração 3 - Retrofit em Empire State Building reduziu em 38% o consumo de


energia 31

Ilustração 4 - Processo de fechamento do shaft em um banheiro 33

Ilustração 5 - Aplicação de piso elevado 34

Ilustração 6 - Montagem de parede em drywall 35

Ilustração 7 - Processo de montagem de fachada ventilada com peças de cerâmica e


estrutura metálica 36

Ilustração 8 – Fachadas ventiladas 37

Ilustração 9 - Vista externa da Escola de Ensino Médio Fundação Bradesco 39

Ilustração 10 - Análise da forma em planta baixa da Escola de Ensino Médio


Fundação Bradesco 40

Ilustração 11 - Análise da forma em fachada da Escola de Ensino Médio Fundação


Bradesco 41

Ilustração 12 - Análise de volumes e elementos de hierarquia da Escola de Ensino


Médio Fundação Bradesco 41

Ilustração 13 - Análise da função no pavimento térreo inferior 42

Ilustração 14 - Análise da função no pavimento térreo superior 43

Ilustração 15 - Análise da função no primeiro pavimento 44


Ilustração 16 - Análise da função no segundo pavimento 45

Ilustração 17 - Planta de demolição do projeto de retrofit da Fundação Bradesco 46

Ilustração 18 - Análise da tecnologia em corte perspectivado da Fundação Bradesco


46

Ilustração 19 - Análise da tecnologia em perspectiva volumétrica da Fundação


Bradesco 47

Ilustração 20 - Mercado da Ribeira após retrofit 48

Ilustração 21 - Análise da função em planta baixa do Mercado da Ribeira 50

Ilustração 22 - Praça de alimentação do Mercado da Ribeira 50

Ilustração 23 - Análise da tecnologia do Mercado da Ribeira em foto 52

Ilustração 24 - Cobertura do Mercado da Ribeira com entrada de iluminação 52

Ilustração 25 - Interior do Mercado da Ribeira 53

Ilustração 26 - Vista externa do Mercado da Boca 54

Ilustração 27 - Análise da forma em vista externa do Mercado da Boca 55

Ilustração 28 - Análise da forma em vista externa do Mercado da Boca 55

Ilustração 29 - Análise da forma em vista externa do Mercado da Boca 56

Ilustração 30 - Análise da função em planta baixa do pavimento inferior do Mercado da


Boca 57

Ilustração 31 - Análise da função em planta baixa do pavimento superior do Mercado


da Boca 58

Ilustração 32 - Análise da função em planta baixa do pavimento superior do Mercado


da Boca 59
Ilustração 33 - Análise da tecnologia em cortes do Mercado da Boca 60

Ilustração 34 - Dutos de entrada de iluminação natural no Mercado da Boca 60

Ilustração 35 - Implantação da edificação escolhida 63

Ilustração 36 - Vista aérea da edificação 64

Ilustração 37 - Vista de um dos acessos do Parque Municipal da Serra e do posto de


gasolina atualmente sem uso 64

Ilustração 38 - Lateral da edificação fazendo divisa com rua sem nome 65

Ilustração 39 - Fachada frontal da edificação 65

Ilustração 40 – Fachada lateral da edificação 66

Ilustração 41 - Planta baixa térreo da edificação 67

Ilustração 42 - Cômodos apresentando acúmulo de sujeira e depósito de layout móvel


sem uso 68

Ilustração 43 - Região demolida com presença de entulho 68

Ilustração 44 - Lateral da cantina e quadra coberta com presença de cadeiras e mesas


69

Ilustração 45 - Patologias encontradas nos cômodos como mofo e rachadoras 69

Ilustração 46 - Corredores com diferentes tipos de coberturas 70

Ilustração 47 - Mau estado de conservação dos cômodos da edificação 70

Ilustração 48 - Acesso ao pavimento superior 71

Ilustração 49 - Planta baixa – primeiro pavimento da edificação escolhida 72


Ilustração 50 - Vista do primeiro pavimento para a cobertura do térreo e parte da
vizinhança 72

Ilustração 51 - Antiga sala de aula da edificação 73

Ilustração 52 - Planta baixa segundo pavimento da edificação escolhida 73

Ilustração 53 - Vista para a Avenida Guarapari do corredor do segundo pavimento 74

Ilustração 54 - Vista para a Avenida Guarapari e para o Parque Municipal da Serra de


uma das antigas salas de aula 74

Ilustração 55 - Salas unificadas no segundo pavimento 74

Ilustração 56 - Antiga sala de aula com patologia visível no forro de gesso ou laje 75

Ilustração 57 - Fachadas da edificação, onde: (a) Fachada 01; (b) Fachada 02 e; (c)
Fachada 03 76

Ilustração 58 - Gráfico Rosa dos Ventos da cidade de Vitória - ES 78

Ilustração 59 - Gráfico de temperatura e zona de conforto para a cidade de Vitória - ES


78

Ilustração 60 - Carta Solar da cidade de Vitória - ES 79

Ilustração 61 - Recorte de quadro de atividades Grupo 02 81

Ilustração 62 – Quantidade de sanitários acessíveis segundo NBR 9050/2020 85

Ilustração 63 - dimensões recomendadas para sanitários acessíveis segundo NBR


9050/2020 86

Ilustração 64 - Fórmula de largura das saídas de emergência 87

Ilustração 65 - Dados para o dimensionamento das saídas 87

Ilustração 66 - Fluxograma 90
Ilustração 67 - estudo de setorização 92

Ilustração 68 - Perspectiva 1 do complexo gastronômico – Acesso a partir do


estacionamento 93

Ilustração 69 - Perspectiva 2 do complexo gastronômico – Acesso a partir do


estacionamento 93

Ilustração 70 - Perspectiva do complexo gastronômico 94

Ilustração 71 - Perspectiva do complexo gastronômico – fachada da Avenida


Guarapari 1 94

Ilustração 72 – Perspectiva do Complexo Gastronômico – fachada da Avenida


Guarapari 2 95

Ilustração 73 - Perspectiva do Complexo Gastronômico – fachada da Avenida


Guarapari 3 95

Ilustração 74 - Planta Baixa Pavimento Térreo 96

Ilustração 75 - Planta Baixa Primeiro Pavimento 97

Ilustração 76 - Planta Baixa Segundo Pavimento 98

Ilustração 77 - Planta Baixa Subsolo (pavimento criado) 99

Ilustração 78 - Fachada 1 (voltada para Avenida Guarapari) 100

Ilustração 79 – Fachada 2 (voltada para Rua sem nome) 100

Ilustração 80 – Fachada 3 (de fundos - Noroeste) 101

Ilustração 81 – Corte AA 101

Ilustração 82 – Corte BB 102

Ilustração 83 – Corte CC 102


Ilustração 84 – Corte DD 103

Ilustração 85 – Corte EE 103

Ilustração 86 – planta de demolição e acréscimos do pavimento térreo 105

Ilustração 87 - planta de demolição e acréscimos do primeiro pavimento 106

Ilustração 88 – planta de demolição e acréscimos do segundo pavimento 107

Ilustração 89 – brise soleil de chapa metálica perfurada aplicada em fachada 108

Ilustração 90 - Malha GKD – Hunter Douglas 109

Ilustração 91 - Stripweave – Hunter Douglas 109

Ilustração 92 - Cobertura da praça de alimentação visto da fachada Sudoeste 111

Ilustração 93 - Cobertura da praça de alimentação visto da fachada Sudeste 112

Ilustração 94 - Implantação da proposta projetual no terreno 113

Ilustração 95 – Vista aérea da entrada do Parque Municipal e do terreno da edificação


analisada 114

Ilustração 96 - Acessos e setorização do pavimento térreo 115

Ilustração 97 – Recorte da planta baixa com zoom na varanda coberta 116

Ilustração 98 – Varanda sombreada por volume vertical da edificação 117

Ilustração 99 – Varanda localizada próxima a acessos de pedestres 117

Ilustração 100 – Recorte da planta baixa com zoom na região de carga e descarga e
restaurantes 118

Ilustração 101 – Recorte da planta baixa com zoom na região dos restaurantes com
atendimento à varanda e à praça de alimentação 119
Ilustração 102 – Recorte da planta baixa com zoom na região do hall e cafeteria com
atendimento à região externa ao Complexo Gastronômico 119

Ilustração 103 – Recorte da planta baixa com zoom na região da praça de


alimentação 120

Ilustração 104 – Recorte da planta baixa com zoom nos restaurantes e praça de
alimentação 121

Ilustração 105 – Varanda localizada próxima à cafeteria e acesso de pedestres 121

Ilustração 106 – Recorte da planta baixa com zoom nas lojas e acesso da carga e
descarga 122

Ilustração 107 – Fachada voltada para Avenida Guarapari com acesso para lojas 123

Ilustração 108 – Vista pela rua do playground 123

Ilustração 109 – Recorte da planta baixa com zoom na região da entrada voltada para
a Av. Guarapari e do playground 124

Ilustração 110 – Vista interna do playground 124

Ilustração 111 – Vista interna para barreira visual de cobogós 125

Ilustração 112 – Recorte da planta baixa com zoom no setor de serviço 126

Ilustração 113 – Recorte da planta de subsolo 127

Ilustração 114 - Setorização do primeiro pavimento 128

Ilustração 115 – Recorte da planta do primeiro pavimento 129

Ilustração 116 – Vista do primeiro pavimento para praça de alimentação no térreo 129

Ilustração 117 - setorização do segundo pavimento 130

Ilustração 118 – Recorte da planta baixa do segundo pavimento 131


Ilustração 119 – Segundo pavimento com vista para terraço jardim e sala multiuso 131

Ilustração 120 – Fachada voltada para Rua Sem Nome 132

Ilustração 121 – Perspectiva a partir da esquina da Avenida Guarapari com Rua Sem
Nome 133

Ilustração 122 – Fachada voltada para Avenida Guarapari 133

Ilustração 123 – Perspectiva a partir da Avenida Guarapari 134


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Índices urbanísticos para região analisada ................................................. 81

Tabela 2 – Índices urbanísticos para o terreno ............................................................. 82

Tabela 3 – Número mínimo de vagas destinadas ao estacionamento de veículos...... 82

Tabela 4 - Requisitos mínimos de iluminação e ventilação necessários para comércios


e serviços ...................................................................................................................... 83

Tabela 5 – Índices alcançados pela proposta projetual .............................................. 104

Tabela 6 – Número alcançado de vagas ..................................................................... 104


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Conceituação de termos recorrentes se tratando de atualização urbana e


arquitetônica ................................................................................................................. 26

Quadro 2 – Tipos de retrofits e frequência da adoção de cada um .............................. 33

Quadro 3 - Programa de necessidades......................................................................... 89


LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CMMAD - Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Ifes – Instituto Federal do Espírito Santo

INMET - Instituto Nacional de Meteorologia

NBR – Norma Técnica Brasileira

PDM – Plano Diretor Municipal


SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................18

1.1 OBJETIVO ........................................................................................................19


1.1.1 Geral .................................................................................................................19
1.1.2 Específicos ......................................................................................................19
1.2 MÉTODO ..........................................................................................................20
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..............................................................................22

2.1 CIDADE E REQUALIFICAÇÃO URBANA ........................................................22


2.2 O USO DO RETROFIT NA REQUALIFICAÇÃO ARQUITETÔNICA ...............28
2.3 SUSTENTABILIDADE ......................................................................................30
2.4 CLASSIFICAÇÃO E TIPOS DE RETROFIT .....................................................31
2.5 TÉCNICAS E RECURSOS EMPREGADOS NO RETROFIT ..........................32
2.5.1 Shaft .................................................................................................................32
2.5.2 Piso elevado ....................................................................................................33
2.5.3 Sistema drywall (paredes e forros)...............................................................34
2.5.4 Fachadas Ventiladas ......................................................................................35
3 ESTUDO DE CASO .........................................................................................38

3.1 ESCOLA FUNDAÇÃO BRADESCO.................................................................38


3.2 MERCADO DA RIBEIRA – TIME OUT .............................................................48
3.3 O MERCADO DA BOCA ...................................................................................53
4 APRESENTAÇÃO DO EDIFÍCIO ESCOLHIDO .............................................61

4.1 DIAGNÓSTICO DA EDIFICAÇÃO EXISTENTE ..............................................62


4.2 CONDICIONANTES AMBIENTAIS ..................................................................76
4.3 LEGISLAÇÕES.................................................................................................79
4.3.1 Legislações Municipais .................................................................................80
4.3.2 Legislações específicas.................................................................................84
5 APRESENTAÇÃO DO PROJETO ..................................................................89

5.1 PRÉ PROJETO ......................................................................................................89

5.2 PROJETO .........................................................................................................90


6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................135

REFERÊNCIAS ...........................................................................................................137

APÊNDICE (S).............................................................................................................143
APÊNDICE A – ROTEIRO PARA VISITA ..................................................................144
18

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, edifícios abandonados no Brasil são uma problemática que merece


enfoque. Espaços que antes eram muito utilizados pela população, hoje perderam sua
função e seguem sem utilização, cada dia mais degradados, à mercê do tempo. Em
torno de 700 imóveis, só no centro de São Paulo, foram notificados por não cumprirem
a função social da propriedade (MORI, 2018). O Estado não é o único que apresenta
prédios sem uso, tendo ocorrências em todo o território brasileiro. Estima-se que Porto
Alegre, por exemplo, perdeu cerca de um terço de sua população residente no centro
(LING, 2012) e, no estado do Espírito Santo, local de análise deste trabalho, a
Defensoria Pública Estadual mapeou 104 imóveis abandonados no Centro de Vitória
(CENTRO..., 2020).

Espaços abandonados e com pouca presença de pessoas se tornam facilmente


inseguros. Jacobs (2000) entende que um local não necessita ser exatamente
perigoso para que as pessoas o temam, basta não haver a vigilância constante das
pessoas. Uma boa notícia é que existe uma tendência de reocupação desses espaços
crescente nos últimos anos. Parte desses edifícios são ocupados por movimentos de
luta por moradia, outros são pressionados pelo IPTU progressivo a exercerem a
função social, graças ao Estatuto da Cidade, responsável por regulamentar “o uso da
propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos
cidadãos.” (BRASIL, 2001, online).

Felizmente, novos significados e atributos podem ser dados a edifícios que um dia
exerceram uma função que não se enquadra mais com a atualidade. Macedo (2019)
diz que a apropriação das pessoas é o que causa a identificação com o lugar, dando
oportunidade para que o espaço receba novos usos. Jacobs (2000), em seu estudo
sobre segurança nas ruas, cita a necessidade de locais públicos e comércios com
horários de funcionamento diversos. Resumidamente, quanto mais variedade de
serviços e usos nas edificações, mais movimento é gerado, e, consequentemente,
mais segurança as pessoas sentem em estar naquele local.

Neste aspecto, o retrofit se apresenta como um grande aliado à requalificação de


espaços, visto que busca atualizar edifícios existentes com tecnologias atuais e
materiais eficientes, acompanhando o desenvolvimento das cidades e mantendo a
19

identidade histórica do local. Essa técnica tem sido adotada ao redor de todo o
mundo, sendo muito comum na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, esse
processo de atualização ainda é pouco utilizado, mas se encontra em expansão. O
retrofit pode ser entendido como uma tendência principalmente no Rio de Janeiro e
em São Paulo, onde edifícios desatualizados têm sido recuperados através dessa
técnica, apresentando resultados positivos quanto à eficiência energética e à
valorização do imóvel (VALE, 2006).

Baseado nas afirmações apresentadas anteriormente, o presente trabalho busca


contribuir com a redução de edificações abandonadas como um todo, propondo a
requalificação arquitetônica de um imóvel na região de Valparaíso, Serra – ES. A
proposta visa cooperar com a diversificação de usos na região, promovendo um
espaço de lazer e comércio num bairro majoritariamente residencial e que carece
desses setores.

1.1 OBJETIVO

1.1.1 Geral

Propor a requalificação arquitetônica de uma edificação sem uso no bairro Valparaíso,


em Serra/ES, utilizando o retrofit como método para reestruturação do espaço
edificado.

1.1.2 Específicos

a) Identificar aspectos e usos do entorno imediato do espaço a ser requalificado


buscando destacar potencialidades para uso comercial e cultural no bairro
Valparaíso, Serra - ES;
b) Realizar diagnóstico da edificação e suas condições atuais;
c) Analisar normas e legislações a serem aplicadas em projeto;
d) Investigar conceitos e elementos projetuais para o desenvolvimento de um
complexo gastronômico;
e) Estudar casos assemelhados, de forma a compreender como aspectos de
conforto, uso, setorização foram aplicados em projeto;
f) Elaborar uma proposta de retrofit do edifício vazio.
20

1.2 MÉTODO

Este trabalho tem como objetivo final o desenvolvimento de uma proposta de


requalificação arquitetônica de um edifício, atualmente sem uso, localizado na
Avenida Guarapari, em Valparaíso – Serra, Espírito Santo (mapa 1) tendo como base
estruturante a técnica de retrofit. A pesquisa tem caráter exploratório, que, através da
investigação e análise de diversos parâmetros, explicitados a seguir, culmina no
resultado dessa pesquisa, um projeto arquitetônico a ser apresentado em nível de
Estudo Preliminar, que apresenta abordagem qualitativa.

Mapa 1 - Localização do Município da Serra em relação ao estado do Espírito Santo e


da edificação alvo do trabalho (no bairro Valparaíso) em relação ao município da
Serra

Fonte: Elaborado por Santos (2021) e autora (2021) a partir de dados de Serra (2021) e Geobases
(2021)

A primeira etapa da metodologia se caracteriza por uma pesquisa bibliográfica, e


considerando o foco desse trabalho, foram definidos dois temas principais:
Requalificação Urbana e Retrofit. Para isso, foram realizas pesquisas em livros, e-
books, dissertações, artigos de revistas, dentre outros materiais. Sobre cada tema, foi
estudado o histórico, conceitos e classificações, sempre fazendo relação com o tema
principal, buscando esclarecer para o leitor aspectos relevantes do tema estudado,
além de definir elementos a serem aplicados ao projeto a ser desenvolvido.
21

Complementando a pesquisa bibliográfica apresentada, o estudo acerca da


Arquitetura Comercial Gastronômica será contemplado através dos Estudo de
Casos Assemelhados como fonte de referências projetuais, aprofundando o estudo
sobre edificações que sofreram o processo de retrofit ou são referências
gastronômicas, e possam acrescentar à pesquisa, fundamentando futuras decisões
projetuais.

Posteriormente, será produzida uma pesquisa documental através da análise da


legislação vigente, como o Código de Obras e Plano Diretor Municipal da Serra, além
de algumas normas específicas que auxiliarão no processo projetual. A pesquisa
contará também com a produção e análise de mapas de forma a permitir amplo
entendimento do local escolhido. Ainda, utilizará fotos para a análise do entorno da
edificação e a visita ao local escolhido para diagnóstico da situação física atual,
cooperando para a produção projetual posterior.

A partir desses estudos e análises como metodologia para o desenvolvimento do


projeto, será elaborado o programa de necessidades, o pré-dimensionamento de
áreas, o fluxograma e, por fim, a proposta projetual, que será apresentada em nível de
estudo preliminar juntamente com maquetes tridimensionais para demonstração da
proposta projetual final.
22

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CIDADE E REQUALIFICAÇÃO URBANA

Compreender a cidade, seus diversos formatos, sua importância ante à sociedade,


suas transformações no decorrer do tempo e o impacto que isso gera no modo de
vida dos povos é de suma importância. A cidade como conhecemos hoje é um reflexo
da somatória de acontecimentos ao longo da história, desde a sedentarização do
homem até os dias atuais, passando pela Revolução Industrial, um grande marco na
história e que será ponto de partida para a análise nesse trabalho. Esse período foi
descrito por Vicentino (1997) como um processo de desenvolvimento capitalista ligado
à mecanização industrial que desviou a acumulação de capitais do comércio para o
setor de produção e desapareceu de vez com os resquícios de feudalismo.

A partir da Revolução Industrial, ocorrida nos séculos VXIII e XIX, a cidade sofreu
alterações tão intensas que passou a ser analisada com uma nova visão pela
comunidade científica. De acordo com Blascovi (2006), a falta de planejamento
adequado e os altos índices de degradação ambiental e social ocorridos naquela
época provocaram impactos sociais e ambientais que interferem as cidades e o meio
ambiente até os dias atuais. Envoltos pelo caos urbano, os governantes, geógrafos,
urbanistas e outros profissionais então tiveram que repensar uma maneira de diminuir
a produção de resíduos e poluentes, e de se produzir cidades, a fim de melhorar a
qualidade de vida das pessoas.

Casos relacionados à problemas ambientais, que anteriormente poderiam ser


entendidos como isolados, começaram a se tornar mais frequentes após o avanço da
Revolução Industrial, chamando a atenção para a degradação ambiental. Entrou em
foco então o desenvolvimento sustentável, que “é aquele que atende às necessidades
do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem a
suas próprias necessidades” (CMMAD, 1988, p.46). Essa filosofia se alastrou por todo
o mundo, e pôde ser notado também no Brasil. Na constituição brasileira é possível
observar a influência desse movimento através da alteração ocorrida em 1988, que
acrescenta o artigo 225, que diz que
23

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso


comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder
público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações (BRASIL, 1989, p.36).

No Brasil, o processo de urbanização ocorrido na segunda metade do século XX, por


consequência da Revolução Industrial e de outros fatores, a exemplo da Proclamação
da República, também foi intenso, mesmo que tardio, comparado aos países
europeus. Nesse contexto, Maricato (2013) diz que no período entre 1940 e 2010 a
população residente em área urbana aumentou de 26,3% para 81,2%.

Para Santos (1993, p. 95) “Com diferença de grau e de intensidade, todas as cidades
brasileiras exibem problemáticas parecidas”, questões essas muito conhecidas por
todos, como a falta de saneamento básico, lazer, habitação de qualidade, educação,
empregos e saúde. Essa situação ainda é agravada pela urbanização corporativa,
conceituada como aquela que atende o interesse das grandes empresas por ter seu
domínio, e que não está interessada em atender às demandas sociais e representa
uma parcela mínima da sociedade (SANTOS, 1993).

Uma das características da urbanização coorporativa é o espraiamento urbano,


definido por Nadalin e Igliori (2015, p. 91) como “crescimento urbano desconcentrado,
não denso e que deixa vazios dentro da mancha urbana”. Fatalmente, vem
acompanhado por problemas relacionados à mobilidade, gerando um alto fluxo de
veículos motorizados pela dimensão que essas cidades tomam, e pela especulação
imobiliária, que produz vazios urbanos extremamente prejudiciais à vida urbana.

Os problemas relacionados à moradia, descritos em números, materializam e nos


mostram como essa realidade é bem atual. Terra (2010) e Araújo (2012) consideram,
com base em dados de 2010 do IBGE, que o número de imóveis vazios no Brasil
supera o déficit habitacional. Enquanto o país apresenta cerca de 5,8 milhões de
pessoas com moradia abaixo do nível adequado, ou sem moradia, os imóveis
desocupados chegam a 6,07 milhões. E atualmente esse estado só vem se
agravando, visto que os números do déficit habitacional brasileiro cresceram em mais
de 220 mil imóveis no período de 2015 a 2017 (DÉFICIT..., 2019). Em termos simples,
caso fosse possível e não utópico, não haveria mais pessoas sem moradia.
24

De acordo com Maricato (2013), entre 1967 e 1982 o Brasil vivera o maior
crescimento de produção imobiliária já registrado, impulsionado pelos programas de
financiamento e produção de imóveis (BNH – Banco Nacional de Habitação e FSH –
Sistema Financeiro de Habitação) do governo da época. O que parecia ser uma
solução ante ao déficit habitacional, suscitou na sua piora, visto que muitos dos
conjuntos habitacionais foram construídos em áreas periféricas, pouco valorizadas e
distantes dos centros urbanos, aumentando as distâncias de deslocamento e a
quantidade de vazios urbanos, alimentando assim, a especulação imobiliária e
distanciando a população do direito à cidade.

Em decorrência das novas demandas do meio urbano, em 2001 foi criada a lei nº
10.257 a fim de regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição, que tratam sobre
desenvolvimento urbano e direito à cidade. Comumente chamada de Estatuto da
Cidade, é um instrumento que tem como finalidade principal a garantia do uso social
da propriedade, ou seja, fazer com que as propriedades urbanas atendam o coletivo,
evitando assim edificações ociosas, que muitas vezes se encontram nessa situação
esperando a especulação imobiliária valorizar a região, e consequentemente, o
imóvel. O foco no desenvolvimento sustentável e no direito à cidade pode ser notado
no artigo 2º no Estatuto, que aborda as seguintes diretrizes sobre política urbana:

I – Garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra


urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao
transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e
futuras gerações (BRASIL, 2001, p.15).

Uma característica observada nas cidades nos últimos anos é o esvaziamento em


massa dos centros, local que por muitos anos foram referência de dinamicidade e vida
urbana. A cidade, agora espraiada, necessitou de atender as demandas das
populações periféricas em locais mais próximos a elas. Outro fator de extrema
relevância foi a mudança de local do setor secundário dos centros para as periferias
(FORTUNA; LEITE, 2009). Ruas que um dia apresentavam intenso movimento
começaram a ser menos frequentadas. Com a baixa frequência do uso do centro, os
comerciantes já não conseguiam ter lucros e tiveram que fechar suas portas, e muitos
moradores se mudaram para outros locais. “Lugares aparentemente esquecidos, onde
a memória do passado parece predominar sobre a do presente; logo, se tornam
obsoletos e fora dos circuitos efetivos – e afetivos – das cidades.” (MACEDO, 2019, p.
156).
25

Sem o uso frequente das ruas pelas pessoas e sem a presença de seus olhos, que
trazem a sensação de segurança (JACOBS, 2000) locais que podem ter sido vivos e
convidativos um dia, se tornam hostis e perigosos, afastando ainda mais a presença
da sociedade. Assim, a revitalização/requalificação de edifícios vazios ou subutilizados
surge como uma alternativa possível, cooperando para o crescimento sustentável das
cidades e evitando a possível morte desses centros urbanos.

Frente a esta nova alternativa, se faz necessário para fins conceituais trazer à tona a
diversidade de definições em torno dos termos revitalização, requalificação e outros
importantes com a mesma temática. O Quadro 1 explica o significado de cada
palavra, de acordo com alguns autores.

Quadro 1 – Conceituação de termos recorrentes se tratando de atualização urbana e


arquitetônica
TERMO CONCEITO
Renovação “[...] ideia de demolição do edificado e consequente substituição
por construção nova, [...] com novas actividades económicas
adaptadas ao processo de mudança urbana.” (MOURA et al,
2006, p. 06)

“[...] uma ação cirúrgica destinada a substituir edificações


envelhecidas, desvalorizadas, que apresentam problemas de
manutenção, por edifícios novos e maiores [...]” (MARICATO,
2013, p. 125)

Reabilitação “[...] se dirige mais ao edificado, sobretudo o que tem a ver com a
função residencial” (FORTUNA; LEITE, 2009, p. 46)

“[...] readequar o tecido urbano degradado, dando ênfase ao seu


carácter residencial, no qual geralmente se fazem duas
intervenções complementares: no edificado [...] e na paisagem
urbana.” (MOURA et al, 2006, p. 07)
26

Revitalização “[...] desenvolve estratégias e promove um processo com


carácter inclusivo e integrador, capaz de provocar iniciativas,
projectos e actuações [...] com capacidade para utilizar, como
recursos próprios, programas urbanos muito diferenciados, de
cariz mais social, económico ou cultural.” (MOURA et al, 2006, p.
15)

Requalificação “[...] instrumento para a melhoria das condições de vida das


populações, promovendo a construção e recuperação de
equipamentos e infra-estruturas e a valorização do espaço
público com medidas de dinamização social e económica.”
(MOURA et al, 2006, p. 10)

“[...] propostas alicerçadas na recuperação e na valorização das


origens e das verdadeiras representações sociais, humanizando
e controlando o sistema de exclusão das cidades
contemporâneas (se opondo ao sentido excludente do termo
revitalização), e, ao mesmo tempo, reinventando identidades
baseadas em produções socioculturais locais.” (IPHAN, 2019,
online)

“A reforma necessária na infraestrutura existente para adaptá-la


a novas necessidades procura não descaracterizar o ambiente
construído herdado. Nos edifícios busca-se fazer “intervenções
mínimas” indispensáveis para garantir conforto ambiental,
acessibilidade e segurança estrutural.” (MARICATO, 2013, p.
126)

Fonte: Autora (2020)

O termo adotado nessa proposta de projeto será requalificação. Seu emprego ocorre
por entender que essa definição engloba e compreende a necessidade do
desenvolvimento sustentável, a diminuição do uso de recursos naturais e uma
intervenção física não tão agressiva (como a demolição e substituição do imóvel).
Além disso, tem sido usado para projetos que se preocupam com a reintegração da
27

sociedade ao espaço que um dia já foi vivenciado e se perdeu com o tempo, fator
entendido como de suma importância para esse projeto de pesquisa.

Atualmente, é possível encontrar iniciativas do poder público que fomentam a volta ao


uso do centro e buscam dar uso antigos prédios abandonados. Em Vitória, no Espírito
Santo, a Prefeitura Municipal iniciou o Programa de Revitalização do Centro, que
busca resgatar a vivacidade que existia anteriormente no Centro de Vitória,
comumente conhecido como um lugar cheio de cultura, história e lazer, com a
presença de negócios, comércios e moradia (VITÓRIA, 2019). O Morar no Centro,
componente do programa citado, já abriu oportunidade de moradia para mais de 90
famílias através da reforma e readequação de edifícios vazios. Esse tipo de iniciativa
coopera para a requalificação e retomada do uso do centro da cidade, além da
diminuição do déficit habitacional.

Considerando o uso a ser explorado nesse trabalho, centros gastronômicos e


culturais, é possível apresentar casos de readequações de edifícios em vários locais
do mundo que apresentam essa premissa. Em Portugal, o Mercado da Ribeira (ou
Time Out Market), datado de 1882, é um dos pontos turísticos de Lisboa, e passou por
diversas requalificações. Em 2010, a equipe da revista Time Out ganhou a concessão
de uso e apresentou uma proposta com caráter bem contemporâneo. Atualmente,
além do mercado tradicional, o local conta com restaurantes, bares, sala de
espetáculos e floricultura, que cooperam para a vitalidade do espaço, tendo
transformado não apenas o edifício, como o bairro inteiro do Cais do Sodré (TIME
OUT MARKET, 2020). Outro exemplo de espaço gastronômico de grande sucesso é o
The Forks Market. Localizado em Winnipeg, Canadá, o atual mercado que já foi
utilizado como pátio ferroviário teve seu espaço requalificado e hoje é conhecido como
a sala de estar da cidade, por ser um local de reunião e descontração, com diversos
restaurantes e espaço para eventos (ESPAÇO..., 2016).

Existem diversas formas de promover a requalificação urbana, e a seguir será


abordada uma técnica conhecida como retrofit. Está intimamente ligada ao tema
trabalhado por propiciar a revitalização de um edifício e dar novos usos a ele,
preservando a memória coletiva e evitando a geração de resíduos desnecessária.
28

2.2 O USO DO RETROFIT NA REQUALIFICAÇÃO ARQUITETÔNICA

Retrofit, que comumente é utilizado para se referir a atualização tecnológica, é uma


junção de “retro” que em latim significa movimentar-se para trás; e “fit”, em inglês,
ajuste ou adaptação. Logo que surgiu o termo “retrofit”, no final da década de 1990
nos Estados Unidos da América e Europa, era utilizado para se tratar de atualização
de peças aeronáuticas (BARRIENTOS, 2004).

Na construção civil o termo teve início de utilização na Europa, onde o conceito de


sustentabilidade estava em alta, assim como o fenômeno de esvaziamento em massa
dos grandes centros (OLIVEIRA, 2007). Além desses fatores, a legislação de alguns
países europeus apresentava uma rigidez que impedia a demolição do acervo
arquitetônico histórico, trazendo à tona a necessidade de técnicas que mantivessem a
estrutura do edifício e proporcionassem seu uso atualizado (VALE, 2006). A técnica se
consolidou em terras europeias, sendo mais frequente que a construção de novas
habitações na maioria dos países, como apresenta a ilustração 1.

Ilustração 1 - Visão panorâmica do mercado da construção civil nos países da União


Europeia em 1997

Fonte: Euroconstruct (1997) apud Vale (2006)

Apesar de ser mais conhecido por ser empregado em prédios históricos, a técnica de
retrofit não se limita ao antigo. Caso um edifício considerado recente não tenha sido
construído pensando na melhor utilização do mesmo, logo ele necessitará de uma
atualização, a fim de permanecer vivo e eficiente por mais anos. A técnica é utilizada
29

para melhoria do conforto térmico, acústico e lumínico, podendo ser resumido como a
busca por eficiência energética, definida por Lamberts, Dutra e Pereira (1997, p. 5)
como “um atributo inerente à edificação representante de seu potencial em possibilitar
conforto térmico, visual e acústico aos usuários com baixo consumo de energia.”

Atualmente, no ramo da arquitetura, a técnica é utilizada como forma de intervenção


em edifícios, a fim de melhorar suas características (tanto físicas quanto de conforto
ambiental) e trazer longevidade para o imóvel. Vale (2006) classifica os valores
obtidos através do retrofit em valores tangíveis e intangíveis (isso é, podem ou não ser
palpados e quantificados). Os tangíveis são a valorização objetiva do imóvel, o
aproveitamento do potencial construtivo e a melhoria da eficiência energética, já os
intangíveis são a preservação da memória, a melhoria do padrão de segurança e de
conforto.

No Brasil, temos alguns casos de destaque. É possível citar como exemplo a


Pinacoteca de São Paulo (ilustração 2), que passou por um retrofit em 1998
comandado por Paulo Mendes da Rocha onde as principais mudanças buscaram:
resolver problemas em relação ao plano de acesso ao edifício, a degradação da
estrutura devido à umidade e a organização de layout interno; atualizar a rede elétrica
e sanitária; e atender a legislação de acessibilidade (PINACOTECA..., 2015;
VAMOS...2018).

Ilustração 2 - Pinacoteca de São Paulo pós retrofit

Fonte: ArchDaily (2015)


30

Em relação à vantagem financeira apresentada pelo retrofit, Vale (2006) apresenta a


valorização de 10% no valor total do imóvel, enquanto Pacheco (2019) aponta 50%.
Outros dados apontam aumento entre 15% e 20% (RETROFIT..., 2019). É possível
observar que não se têm um valor exato da valorização provinda do retrofit, pois ela
depende de alguns fatores como a localização do empreendimento e o tipo de retrofit
empregado.

2.3 SUSTENTABILIDADE

É dissociável o assunto acerca da sustentabilidade do uso do retrofit. Segundo o


Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, a construção civil é o setor que mais
se utiliza dos recursos naturais, além de ser um grande gerador de resíduos. Dados
apontam que o setor é responsável por “75% de todos os recursos naturais e 44% da
energia produzida no País. Esses gastos resultam em quase 40% de todo o resíduo
produzido pela atividade humana.” (FUNDAÇÃO DOM CABRAL, 2013, p. 02).

Para que o processo de retrofit incorpore princípios e seja um cooperador da


sustentabilidade ambiental, Vale (2006) apresenta ações a serem utilizadas. Dentre
elas estão a previsão da captação e aproveitamento de águas pluviais, o uso de dutos
para captação de iluminação natural e a utilização de fontes renováveis de energia
(eólica, solar, biomassa). Como vantagens da utilização desses recursos, Barrientos
(2004) aponta o aumento do conforto sentido pelos usuários e a redução do custo de
operação da edificação, dada pela eficiência energética alcançada através do retrofit.
O Empire State Building (ilustração 3), em Nova Iorque é um grande exemplo de como
a técnica pode cooperar para a redução de gastos onde a alteração das esquadrias
do edifício fez com que o consumo de energia reduzisse em 38% (VAMOS..., 2018).
31

Ilustração 3 - Retrofit em Empire State Building reduziu em 38% o consumo de


energia

Fonte: Portal 44Arquitetura (2018)

Para além dos exemplos citados anteriormente, a escolha dos materiais é de grande
relevância se tratando de sustentabilidade. Segundo a Câmara da Indústria da
Construção (2008), a melhor escolha de materiais é aquela que leva em consideração
a seleção de fornecedores e materiais de acordo com a localização da obra, além de
atender a verba disponível e o tipo de edificação em questão. Porém, no geral, há
escolhas que podem ser feitas que cooperam para gerar uma arquitetura mais
sustentável: a adoção de materiais reutilizáveis, recicláveis ou reciclados; materiais
locais e de fácil manutenção; a opção por madeiras de reflorestamento; e, sempre que
possível, optar pela construção seca (como por exemplo o drywall e steel frame).

2.4 CLASSIFICAÇÃO E TIPOS DE RETROFIT

No cenário brasileiro, Vale (2006) apresenta duas principais situações em que o


retrofit é solicitado: quando o custo para recuperar é menor comparado ao custo de
uma nova construção, e no caso de edificações históricas em que sua estrutura
externa precisa ser preservada. Essa procura é decorrente do aumento da
preocupação com a causa ambiental, do desenvolvimento sustentável e do
tombamento de zonas históricas. Cabe ao profissional especializado fazer a análise
da edificação e apresentar o custo-benefício de uma intervenção.

Para classificação do nível de intervenção a ser feita em cada edificação, Barrientos


(2004) apresenta quatro níveis de retrofit, publicado por um manifesto francês em
1978 e utilizado pela maioria dos pesquisadores da área. A mesma será apresentada
32

no quadro 2, juntamente com a porcentagem que representa a frequência de uso de


cada tipo de retrofit.

Quadro 2 – Tipos de retrofits e frequência da adoção de cada um


Retrofit Denominação dada para retrofits em edificações históricas
5%
Excepcional ou localizadas em áreas protegidas.

Retrofit No nível mais superficial de intervenção pode ser feita a


20%
Rápido recuperação de instalações e revestimentos internos.

Retrofit Engloba os serviços do retrofit rápido, juntamente com


40%
Médio intervenções em fachada e atualização as instalações.

Retrofit Esse nível engloba também a mudança de vedação interna,


35%
Profundo estrutura interna e da cobertura.

Fonte: Autora (2020), baseado em Barrientos (2004)

O nível de intervenção a ser adotado é decidido com base no nível de proteção que o
imóvel apresenta, além do diagnóstico da edificação, que pode ser feito através de
instrumentos da avaliação pós-ocupação como o walkthrough, a pesquisa documental
e entrevistas. Barrientos e Qualharini (2004) apresentam três possibilidades de
intervenção: 1. Derrubar e construir; 2. Recuperar e realizar obras de caráter menor; 3.
Acrescentar elementos de conforto. O primeiro é aconselhado para casos em que a
estrutura já apresenta alto grau de degradação e não existe a possibilidade de
recuperação. O segundo e o terceiro pontos podem ser apresentados tanto em
retrofits rápidos até uma intervenção profunda.

2.5 TÉCNICAS E RECURSOS EMPREGADOS NO RETROFIT

2.5.1 Shaft

Shafts são passagens localizadas nas vedações verticais, utilizadas para a passagem
de toda as instalações necessárias da edificação (tubulações hidráulicas, elétricas e
de ar-condicionado). Seu objetivo é manter fácil o acesso em caso de manutenção,
seu tamanho é variável de acordo com a quantidade de instalações que aquele shaft
33

recebe e, normalmente, seu fechamento (ilustração 4) é feito com gesso acartonado


(BARRIENTOS, 2004; ENTENDA..., 2019).

Ilustração 4 - Processo de fechamento do shaft em um banheiro

Fonte: Entenda Antes (2019)

Atualmente, a maioria das construtoras já utilizam esse recurso, pois ele evita a
quebra de parte da vedação vertical e, consequentemente, diminui a geração de
resíduos sólidos. Segundo Barrientos (2004), os shafts são empregados no retrofit de
edificações para atender as novas demandas elétricas e hidráulicas, visto que as
instalações antigas normalmente não comportam as atualizações, seja devido ao
diâmetro da tubulação ou pelo emprego de novas técnicas não compatíveis com a
existente.

2.5.2 Piso elevado

Os pisos elevados (ou suspensos) tiveram início de uso na década de 1970 em


centros de processamento de dados com objetivo de viabilizar a utilização de
condicionamento de ar insuflado pelo piso e a interligação de equipamentos elétricos
(BARRIENTOS, 2004).

Sua montagem é composta por pedestais metálicos (de altura ajustável) que
sustentam chapas de aço, como pode ser visto na ilustração 5, ou outro material,
como por exemplo a madeira aglomerada. O material é compatível com diferentes
tipos de revestimentos, como o carpete, piso vinílico, porcelanato e granito (O QUE
É..., 2020).
34

Ilustração 5 - Aplicação de piso elevado

Fonte: ArchDaily (2020)

No retrofit, se apresenta como uma solução interessante pois, de acordo com


Barrientos (2004), possibilita a passagem de cabeamentos e tubulações sem afetar a
estrutura existente. Sua manutenção é facilitada devido a presença das placas que
podem ser acessadas de maneira rápida e permitem o acesso às instalações,
possibilitando também a mudança de layout sem grandes dificuldades.

Sobretudo, Barrientos (2004) apresenta fatores que devem ser levados em


consideração na aplicação dos pisos elevados em retrofits, sendo os principais: o pé-
direito do local onde será instalado e a altura necessária entre o piso antigo e o atual
para a passagem das instalações; o novo uso da área a ser utilizada e as possíveis
cargas a serem suportadas.

2.5.3 Sistema drywall (paredes e forros)

O drywall – que em tradução literal significa parede seca – é um sistema que foi
inventado em 1896 nos Estados Unidos por Augustine Sackett, conhecido por
revolucionar a construção civil com sua criação (CONFIRA..., 2018). O sistema é
composto por uma estrutura metálica e placas de vedação, de material variável,
podendo ter enchimento acústico ou não, e recebe esse nome por não utilizar água
em sua montagem, tornando a obra mais limpa e organizada. Pode ser utilizado tanto
para a vedação vertical (ilustração 6) quanto para o rebaixo de teto, apresentando
vantagens em ambas as aplicações.
35

Ilustração 6 - Montagem de parede em drywall

Fonte: O que é... (2020)

Por ser constituído por peças pré-fabricadas, o sistema drywall pode ser construído e
desmontado com muita rapidez, flexibilizando uma possível alteração de layout.
Comparado com a alvenaria tradicional, pode ser até seis vezes mais leve, reduzindo
a carga final exercida sobre a estrutura da edificação (PLACO, 2020). Essas são duas
grandes vantagens se tratando de um retrofit, em que nem sempre o uso original da
edificação se mantém, e é necessário a alteração das paredes internas. Além disso,
pode auxiliar no tratamento termoacústico por possibilitar a inclusão de materiais
específicos, como a lã de rocha.

2.5.4 Fachadas Ventiladas

A técnica de fachada ventilada, de acordo com Barrientos (2004), surgiu na Europa na


década de 1980 especificamente para o retrofit de edifícios antigos. Consiste na
instalação de uma película exterior à fachada através de uma estrutura, normalmente
metálica, que sustenta o novo revestimento, mantendo um afastamento de 5cm a
15cm da parede interior (ilustração 7).
36

Ilustração 7 - Processo de montagem de fachada ventilada com peças de cerâmica e


estrutura metálica

Fonte: Fachadas... (2020)

O distanciamento existente entre a parte interior e exterior da fachada cria um bolsão


de ar, responsável pela melhoria do conforto térmico sentido pelos usuários do
edifício. Para que a passagem de ar aconteça, é necessário manter a abertura na
base e no topo da estrutura. O fluxo constante de ar acontece graças à diferença de
pressão existente entre a parte interna e externa da fachada, que também faz com
que diminua a infiltração de água através da película e evite a permanência de
umidade na fachada (Ilustração 8).
37

Ilustração 8 – Fachadas ventiladas

Fonte: Fachadas... (2020); Stripweave... (2020)

Atualmente, as fachadas ventiladas são encontradas em diversos materiais, podendo


ser naturais, como os cerâmicos, metálicos, translúcidos ou reflexivos e são uma boa
alternativa para a atualização de fachadas quando se deseja manter a estrutura
original da edificação.
38

3 ESTUDO DE CASO

A seguir serão apresentados projetos arquitetônicos que apresentam semelhança com


o tema em questão e identificação estética com o que se almeja da proposta projetual.
Foram analisados pontos considerados relevantes para o estudo, sendo analisados
fatores diferentes em cada exemplo utilizado, variando em análise formal, funcional e
tecnológica.

3.1 ESCOLA FUNDAÇÃO BRADESCO

A Fundação Bradesco é uma escola de ensino médio, localizada em Osasco – São


Paulo. Apesar de o uso desta edificação não estar diretamente relacionado com este
trabalho, optou-se por realizar uma análise desta edificação por esta se tratar de um
concurso arquitetônico realizado pelo banco Bradesco de um retrofit realizado pela
Shieh Arquitetos Associados, responsável por transformar um complexo administrativo
dos anos de 1970 na atual escola. O projeto, que atende cerca de 1300 adolescentes,
se apresenta como uma oportunidade à transformação da maneira com que se
enxerga a educação escolar atual, trazendo espaços flexíveis e abertos ao convívio
social (ARCHDAILY, 2017; HENNIGAN, 2018).

Concluída em 2017, a escola tem quatro pavimentos, contando com área recreativa,
biblioteca, laboratórios, espaços diversificados para estudo e dezessete salas de aula.
O pavimento mais inferior foi reservado à praça e ao refeitório, local de maior
descontração dos alunos, enquanto o térreo e o primeiro pavimento concentram as
salas de aula. O último pavimento é responsável por receber salas de menor fluxo,
como a biblioteca e os laboratórios (ARCHDAILY, 2017).
39

Ilustração 9 - Vista externa da Escola de Ensino Médio Fundação Bradesco

Fonte: Shieh (2021)

Ficha técnica

Denominação da obra: Escola de Ensino Médio da Fundação Bradesco

Autores do projeto: Shieh Arquitetos Associados

Local da obra: Osasco, São Paulo, Brasil

Ano de conclusão da obra: 2017

Área do terreno: 3.000m²

Área construída: 4.000m²

Análise da forma

A Fundação Bradesco apresenta formas simplificadas na geometria principal da


edificação, como o quadrado e o retângulo, presentes tanto em planta baixa como nas
fachadas, demarcados na ilustração 10 e 11. O formato quadrado se mantém durante
todos os pavimentos, facilitando o posicionamento das áreas técnicas da edificação.

É possível observar uma geometria retangular adicional ao quadrado principal,


ocasionado pela circulação vertical. Apesar de se destacar em planta, o acréscimo
não impacta na geometria vista nas fachadas principais, sul e oeste.
40

A simetria é um elemento característico da forma geométrica quadrada e retangular, e


pode ser visto nessa edificação através da divisão das salas, dos eixos estruturais, da
locação das circulações verticais e é reforçado nos materiais escolhidos para a
fachada. Contudo, a forma simplificada da edificação leva a atenção do observador ao
ponto chave do projeto de retrofit, que são os materiais com suas diferentes texturas e
volumes, causados direta e indiretamente pelos usuários e pelo sol incidente.

Ilustração 10 - Análise da forma em planta baixa da Escola de Ensino Médio


Fundação Bradesco

Fonte: Shieh (2021) com alterações da autora


41

Ilustração 11 - Análise da forma em fachada da Escola de Ensino Médio Fundação


Bradesco

Fonte: Shieh (2021) com alterações da autora (2021)

Com relação aos volumes da edificação, é possível observar através da análise


demarcada na ilustração 12, a presença de dois blocos principais, um com maior
expressão e outro com menor, diferenciados pelo tamanho e diferença de materiais.
Enquanto o de maior expressão se apresenta de maneira mais sólida e fechada, o de
menor expressão é mais permeável e leve, e apresenta um recuo em relação ao
primeiro.

Ilustração 12 - Análise de volumes e elementos de hierarquia da Escola de Ensino


Médio Fundação Bradesco

Fonte: Shieh (2021) com alterações da autora (2021)


42

Análise da função

O pavimento térreo foi dividido em inferior e superior, devido ao declive existente no


terreno. O acesso de pedestres fica localizado à oeste, podendo levar ao térreo
inferior (Ilustração 13), onde fica localizada a praça e o refeitório, e ao térreo superior
(Ilustração 14), pavimento mais administrativo, com salas de aula e área de
professores. A entrada de veículos fica também localizada à oeste, e leva ao
estacionamento localizado no térreo inferior.

A praça e o refeitório foram localizados de maneira a se integrar e criar uma transição


entre o espaço ao ar livre e o espaço coberto. Além disso, no refeitório se encontram
esquadrias que geram flexibilização do espaço, por poderem estar ora abertas, ora
fechadas.

Ilustração 13 - Análise da função no pavimento térreo inferior

Fonte: Shieh (2021) com alterações da autora (2021)


43

No térreo superior (Ilustração 14) se encontram algumas salas de aula e a área de


professores, além dos banheiros. A circulação é ampla e direcionada em todos os
pavimentos, levando aos diferentes setores dos pavimentos, com simetria bem
marcada. Algo a se destacar é a presença de um mobiliário orgânico no centro da
circulação, voltado para a interação dos alunos. Esses pequenos espaços cooperam
para trazer mais sociabilidade ao local educacional, estratégia muito utilizada nos
Estados Unidos da América e outros países (HENNIGAN,2018).

Ilustração 14 - Análise da função no pavimento térreo superior

Fonte: Shieh (2021) com alterações da autora (2021)

O primeiro pavimento, apresentado na Ilustração 15, tem foco nas salas de aula,
diferente do segundo pavimento (Ilustração 16), que apresenta usos diversificados e
menos frequentes, como o auditório e a biblioteca. Os setores foram distribuídos
dessa maneira para que no andar mais alto ficassem as atividades menos utilizadas, e
não houvesse um fluxo desnecessário de alunos por ali.
44

Ilustração 15 - Análise da função no primeiro pavimento

Fonte: Shieh (2021) com alterações da autora (2021)

O layout da biblioteca, assim como da circulação, se mostra muito flexível, com


diversos tipos de mobiliário, dando autonomia de uso para os alunos, tanto para
estudos em grupo, quanto para leitura ou estudo individual.
45

Ilustração 16 - Análise da função no segundo pavimento

Fonte: Shieh (2021) com alterações da autora (2021)

Análise da tecnologia

A maior alteração relacionada à estrutura original da edificação feita nesse retrofit foi a
demolição parcial da laje em alguns pavimentos, como pode ser visto na Ilustração 17.
Essa mudança proporcionou a criação de novas circulações verticais, agora de acordo
com as normas exigidas, e de um átrio, que proporcionou a melhoria de entrada de
ventilação e iluminação natural, observado na Ilustração 18, proporcionando mais
conforto para as salas de aula e as áreas de convívio social (HENNIGAN, 2018).
46

Ilustração 17 - Planta de demolição do projeto de retrofit da Fundação Bradesco

Fonte: Shieh (2021) com alterações da autora (2021)

O uso dos sheds complementam o átrio existente na circulação e fazem a exaustão


do ar quente, causado pelo efeito chaminé, cooperando para a renovação do ar e
ventilação de todo o ambiente, e seu fechamento em vidro permite a entrada da
iluminação natural (Ilustração 18).

Ilustração 18 - Análise da tecnologia em corte perspectivado da Fundação Bradesco

Fonte: Shieh (2021) com alterações da autora (2021)


47

Os brises soleil locados nas fachadas principais criam uma camada de proteção solar
à edificação, e o espaçamento existente entre a estrutura metálica e a vedação é
utilizado como galeria técnica, e abriga os condensadores de ar-condicionado das
salas. Além disso, são divididos em módulos articulados que podem alterar sua
posição, facilitando a manutenção e limpeza (MARQUEZ, 2021), assim como,
permitindo o controle da entrada de luz natural no ambiente em função da
necessidade e/ou conforto os usuários.

Com relação aos materiais, foi dado destaque aos metálicos, como a passarela de
acesso ao térreo superior e as chapas de alumínio expandido utilizado nos brises
soleil. As vedações em alvenaria das salas de aula foram substituídas por panos de
vidro que, protegidas pelos brises, permitem a passagem de luz sem a piora do
conforto térmico. Além dos materiais citados, ainda é possível observar o acabamento
em madeira das arquibancadas, projetada de maneira a possibilitar a interação e
apropriação por parte dos alunos (ARCHDAILY, 2017).

Ilustração 19 - Análise da tecnologia em perspectiva volumétrica da Fundação


Bradesco

Fonte: Shieh (2021) com alterações da autora (2021)


48

3.2 MERCADO DA RIBEIRA – TIME OUT

Com um extenso histórico de mudanças e reformas, o edifício inaugurado pelo


Marquês de Pombal em 1771, juntamente com uma rede de mercados é, além de
parte da história dos portugueses, uma referência turística para pessoas de todo o
mundo. O último retrofit, feito pela equipe da revista Time Out Market, introduziu um
novo uso para o tradicional mercado português. O local conta atualmente com mais de
20 restaurantes, oito bares, assim como espaços comerciais e sala de apresentações
(TIME OUT MARKET, 2021).

De acordo com Cassou (2018), o retrofit teve tanto êxito que revitalizou não apenas o
edifício, como também toda a região do Cais do Sodré, local onde o mercado é
inserido. Hoje, esse conceito de mercado híbrido (tradicional + restaurantes) se
expandiu com o grupo do Time Out Market para outras cidades como Nova York,
Miami, Boston, Chicago e Montreal.

Uma das características mais marcantes desse retrofit e restauro, é a presença do


novo contrastando com o antigo, assim como o uso de materiais tecnológicos que
evidenciassem a passagem do tempo na edificação, como pode ser observado na
ilustração 20.

Ilustração 20 - Mercado da Ribeira após retrofit

Fonte: Time Out Market (2021)


49

Ficha técnica

Denominação da obra: Mercado da Ribeira (Time Out Market)

Autores do projeto: Frederico Ressano Garcia / Equipe do Time Out Market

Local da obra: Lisboa, Portugal

Ano de conclusão do retrofit: 2014

Área construída: aproximadamente 10.000m²

Análise da função

Nesse capítulo será analisado a parte do mercado em que foi feito o retrofit e, apesar
de haver poucas informações a respeito do projeto do Time Out Market, é possível
observar aspectos interessantes e que podem ser utilizados como referência de
projeto.

Como pode ser visto na demarcação criada na ilustração 21, os restaurantes foram
dispostos de maneira a criar uma grande praça central de alimentação, onde as
pessoas podem se sentar para comer suas refeições. Seu tamanho apresenta um
padrão e têm característica de refeições rápidas ou pré-prontas, por não
apresentarem uma grande estrutura de cozinha e despensa de alimentos. No centro
da praça de alimentações há quiosques voltados para bebidas, e se encontram em
local estratégico, próximo às mesas e com facilidade de acesso após retirada dos
alimentos. Esse formato de “U” facilita tanto a visualização dos restaurantes por parte
dos clientes e usuários quanto a interação dos mesmos, influenciados também pelo
layout das mesas inspirado nos refeitórios escolares (Ilustração 22).
50

Ilustração 21 - Análise da função em planta baixa do Mercado da Ribeira

Fonte: Lisbon Lux (2021) com alterações da autora (2021)

Ilustração 22 - Praça de alimentação do Mercado da Ribeira

Fonte: Time Out Market (2021)


51

Há também restaurantes voltados para o lado externo do mercado, de tamanho um


pouco maior que os internos, com assentos exclusivos para o seu público. A parte de
lojas fica localizada num corredor paralelo à praça central de alimentação e os
banheiros são localizados nos extremos do mercado. Há ainda cômodos que não
foram identificados por falta de informações.

Existem cinco acessos para a parte do mercado analisada e a circulação é bem


retilínea, facilitando a localização do usuário mesmo sem conhecimento prévio do
espaço.

Análise da tecnologia

Por se tratar de um prédio histórico, a restauração ocorrida no Mercado da Ribeira,


como respeito à história da edificação, fez questão de deixar claro o que foi atualizado
e o que é original. Foram introduzidos materiais que condizem com a
contemporaneidade, como o metal e o vidro, mas que fazem um belo contraste com a
estrutura anteriormente existente.

As esquadrias, agora em material metálico preto e vidro, se destacam em meio à


estrutura de cor clara do edifício (Ilustração 23), assim como a estrutura da cobertura,
também em material metálico, que em partes é revestida com material translúcido
para que a iluminação natural adentre o ambiente e diminua o consumo de energia,
como demarcado na ilustração 24.

Não foi possível identificar nenhum tipo de ventilação passiva, assim como não foi
identificado nenhuma outra tecnologia de conforto ambiental, então acredita-se que o
uso de condicionadores de ar e de ventiladores, como pode ser visto na ilustração 22,
seja frequente.
52

Ilustração 23 - Análise da tecnologia do Mercado da Ribeira em foto

Fonte: Time Out Market (2021) com alterações da autora (2021)

Ilustração 24 - Cobertura do Mercado da Ribeira com entrada de iluminação

Fonte: Cassou (2018) com alterações da autora (2021)

O interior do mercado, na parte utilizada pelo Time Out Market (Ilustração 25),
mantém uma linguagem bem atual e condizente com o retrofit recebido no exterior,
com extenso uso da cor preta, estruturas metálicas e da madeira (principalmente no
layout móvel), características presentes no estilo industrial, que reforçam a identidade
jovem e atual da marca Time Out Market e do local.
53

Ilustração 25 - Interior do Mercado da Ribeira

Fonte: Cassou (2018)

3.3 O MERCADO DA BOCA

O Mercado da Boca, inaugurado em 2018 com projeto de Gustavo Penna, traz como
inspiração em sua arquitetura a cultura mineira, podendo ser observado traços em
todo o edifício, principalmente nos detalhes interiores. Contendo dois pavimentos
voltados ao cliente e uma linguagem muito atual, o arquiteto apresenta um ambiente
integrado, descomplicado e confortável, com opções variadas de restaurantes
(ARCHDAILY, 2019).

O espaço conta com mais de 20 restaurantes, cervejarias e adegas e apresenta um


local de cultivo comunitário de hortaliças. O mercado propõe espaços flexíveis, em
que ora pode ser mais privado, ora integrado ao todo, através do movimento de
esquadrias internas. Uma das principais atrações do local é a torre de panelas de
nove metros, localizada no centro da edificação, que começa no térreo e tem seu pico
no primeiro pavimento, e resume a essência mineira do mercado (ARCHDAILY,
2019).
54

Ilustração 26 - Vista externa do Mercado da Boca

Fonte: Archdaily (2019)

Ficha técnica

Denominação da obra: Mercado da Boca

Autores do projeto: Gustavo Penna Arquiteto e Associados + AR.Lo Arquitetos + Bloc


Arquitetura

Local da obra: Nova Lima, Minas Gerais

Ano de conclusão da obra: 2018

Área construída: 4.000m²

Análise da forma

A forma retangular da edificação pode ser observada tanto em planta baixa quanto em
sua volumetria, que apresenta traçados bem simples e demarcados, conforme pode
ser observado e demarcado nas Ilustrações 27 e 28. É possível observar ainda pelas
imagens que há um eixo de simetria horizontal bem marcado com relação à geometria
principal, que cruza com o eixo secundário da edificação, criado a partir da
conformação dos restaurantes no pavimento superior. Esses eixos de simetria geram
a sensação de organização e boa distribuição do espaço, além de facilitar a
localização dos usuários do ambiente.
55

Ilustração 27 - Análise da forma em vista externa do Mercado da Boca

Fonte: Archdaily (2019) com alterações da autora (2021)

Com relação à volumetria do mercado, é possível definir dois blocos, sendo um de


maior expressão na parte superior, e outro menor, resultante do declive existente no
terreno. Esses aspectos estão demarcados na Ilustração 28, onde percebe-se que o
bloco superior se sobressai com relação ao inferior, por seu tamanho e
expressividade.

Ilustração 28 - Análise da forma em vista externa do Mercado da Boca

Fonte: Archdaily (2019) com alterações da autora (2021)


56

No bloco superior, de maior expressão, foi instalado brises soleil com formatos
geométricos variados, criando uma espécie de onda, que gera dinâmica e ritmo para a
fachada, além do seu propósito principal de proteção solar. Essa ondulação pode ser
observada na Ilustração 29 e modifica o entendimento da fachada de acordo com o
posicionamento do observador em relação à edificação.

Ilustração 29 - Análise da forma em vista externa do Mercado da Boca

Fonte: Archdaily (2019) com alterações da autora (2021)

Análise da função

O Mercado da Boca é implantado bem no centro do terreno e ocupa quase toda a


área disponível. Possui acesso de pedestres tanto pelo pavimento superior quanto
pelo inferior e isso se dá devido ao declive do terreno, sendo o acesso principal pela
rua de cota mais alta. O acesso de veículos é exclusivo para carga e descarga e leva
ao subsolo da edificação, onde fica a parte de serviço dos restaurantes e é restrito
para funcionários.

No pavimento inferior (Ilustração 30) ficam localizados alguns restaurantes, em


formato de “L” e no seu centro fica a praça de alimentação e quiosques de bebidas.
Os usuários podem escolher entre se alimentar tanto na parte interna quanto do lado
de fora da edificação, onde ficam algumas mesas. O módulo de restaurante presente
no Mercado da Boca é de tamanho reduzido, por se tratar de fast-foods e comidas
57

pré-prontas, que exigem apenas de finalização no local. O layout da praça de


alimentação segue a mesma ideia do Mercado da Ribeira, com mesas extensas, feitas
para gerar interação entre os usuários do local.

Ilustração 30 - Análise da função em planta baixa do pavimento inferior do Mercado da


Boca

Fonte: Archdaily (2019) com alterações da autora (2021)

No pavimento superior fica localizado a maior quantidade de restaurantes, estes


implantados de maneira a formar um pátio central, onde fica a praça de alimentação.
Sua ideia segue a mesma do pavimento inferior, de forma a gerar facilidade de
visualização dos restaurantes pelos usuários e de retirada das bebidas, próximas aos
assentos. Há ainda dois restaurantes com estrutura maior que os demais, com espaço
58

que pode ser privado caso a porta que divide os ambientes seja completamente
fechada. Essa flexibilidade é interessante no projeto, pois traz a possibilidade de
diferentes usos para os ambientes, atingindo diferentes públicos.

Ilustração 31 - Análise da função em planta baixa do pavimento superior do Mercado


da Boca

Fonte: Archdaily (2019) com alterações da autora (2021)

Análise da tecnologia

A edificação do Mercado da Boca é como uma caixa de vidro, necessitando, portanto,


de proteção contra os raios solares. Os brises soleil verticais são feitos em concreto e
ajudam no conforto térmico, além de trazer dinamicidade para a fachada, como pode
ser observado na ilustração 32.
59

Além do uso dos brises, não foi encontrado nenhuma outra informação referente a
tecnologias que cooperam para a melhora do conforto térmico. A ventilação do local é
feita de forma mecânica.

Ilustração 32 - Análise da função em planta baixa do pavimento superior do Mercado


da Boca

Fonte: Archdaily (2019) com alterações da autora (2021)

Por apresentar vidro em toda a extensão de sua fachada, o mercado recebe grande
quantidade de iluminação natural, conforme pode ser observado na ilustração 33,
sendo necessário o reforço de forma ativa apenas no período da noite. São utilizados
também dutos de entrada de iluminação natural no pavimento superior (Ilustração 34),
que apresenta um pé-direito mais alto, proporcionando melhoria no conforto térmico e
lumínico.

Ainda na ilustração 34 é possível observar o uso de estruturas metálicas na cobertura.


Esse material possibilita a utilização de vãos maiores por se tratar de uma estrutura
mais leve, comparada ao concreto armado.
60

Ilustração 33 - Análise da tecnologia em cortes do Mercado da Boca

Fonte: Archdaily (2019) com alterações da autora (2021)

Ilustração 34 - Dutos de entrada de iluminação natural no Mercado da Boca

Fonte: Archdaily (2019)


61

4 APRESENTAÇÃO DO EDIFÍCIO ESCOLHIDO

A escolha da edificação, localizada na Avenida Guarapari, em Valparaíso – Serra, e


do uso (um Complexo Gastronômico) para a proposta de requalificação arquitetônica
se baseia em dois fatores:

O primeiro é a relevância sentimental que o local tem para a autora deste trabalho. O
edifício, que um dia já foi uma escola, é muito conhecido pela comunidade de
Valparaíso e vários jovens do bairro já foram alunos daquela instituição. O local é
lembrado como um espaço onde foram vividos muitos bons momentos, e é presente
na lembrança da vizinhança. Esse fator foi tido como importante, pois, apesar de não
estar mais sendo utilizado, é notável a presença da edificação na memória coletiva.
Além disso, o bairro é o local onde a autora cresceu e a proposta de projeto se
apresenta como uma “devolução” à comunidade local por toda a educação e vivência
obtida ali.

O segundo fator é baseado nos usos encontrados no entorno da edificação, o qual foi
apresentado em um mapa com resultado obtidos através de um levantamento feito
com o auxílio do Google Maps e do conhecimento de moradores locais.

De acordo com o Mapa 02, é possível observar a predominância do uso residencial e


de condomínios fechados, com alta presença de edificações abandonadas e terrenos
vazios. A proposta de um Complexo Gastronômico é reforçada pela ideia apresentada
por Jacobs (2000) que diz que a diversificação de usos, assimilada à presença de
pessoas, garante a segurança e a vivacidade urbana.
62

Mapa 2 - Mapa de usos atual com um raio de 500 metros em relação à edificação
escolhida

Fonte: Autora (2020)

A presença do Parque Municipal da Serra contribuiu positivamente para a escolha do


tipo de uso proposto para a edificação em questão, pois atrai não apenas a população
local, como também os moradores dos bairros vizinhos. Associado aos fatores
expostos, existe a falta notável de restaurantes e bares no entorno, e um Complexo
Gastronômico cooperaria no suprimento dessa necessidade local.

4.1 DIAGNÓSTICO DA EDIFICAÇÃO EXISTENTE

Para que fosse possível compreender a edificação objeto dessa intervenção, foi
realizada uma visita no dia 03 de dezembro de 2020, na qual o atual proprietário
disponibilizou o local no período matutino e vespertino para medições e fotografias.
Foram utilizadas como ferramentas uma trena manual e a câmera fotográfica de um
celular. Um roteiro de vistoria preparado previamente foi levado ao local para servir
como base de anotações e para futuro diagnóstico do local (Apêndice A).

A edificação encontra-se temporariamente sem uso, portanto, nesse caso não houve
a possibilidade de fazer contato/entrevista com usuários do local. De acordo com o
63

projeto arquitetônico original da edificação, a área construída é de 2.396,61m²,


divididos em térreo, primeiro pavimento, segundo pavimento e cobertura.

A seguir serão apresentadas as fotos feitas no local para registrar a edificação, suas
patologias e alterações, assim como o projeto modificado após a visita e a marcação
em planta baixa do posicionamento no momento das fotos. O projeto foi atualizado
com as alterações que puderam ser constatadas no local, tendo como base o projeto
original, obtido através do contato com os antigos proprietários do imóvel.

O terreno da antiga escola tem área de 2.845,75m², e fica localizado em uma das
principais avenidas do bairro, a Avenida Guarapari. À nordeste há um posto de
gasolina, atualmente também sem uso, e a leste se encontra uma das entradas do
Parque da Cidade (ilustrações 35 a 37).

Ilustração 35 - Implantação da edificação escolhida

Fonte: Autora (2020)


64

Ilustração 36 - Vista aérea da edificação

Fonte: Autora (2020)

Ilustração 37 - Vista de um dos acessos do Parque Municipal da Serra e do posto de


gasolina atualmente sem uso

Fonte: Autora (2020)

Os acessos à edificação são feitos pelo andar térreo, pela rua lateral sem nome e pela
Avenida Guarapari, como pode ser observado na Ilustração 38 e 39. A Avenida
Guarapari é marcada por ser uma das principais vias do bairro, com trânsito mais
intenso, enquanto a rua sem nome apresenta baixa movimentação de pessoas e a
frequência de assaltos nessa região é alta. As laterais da via são ocupadas por muros
altos da antiga escola, de um condomínio fechado de prédios e da igreja, sem
oportunidade para que a população ali permaneça, se tornando apenas um local de
passagem.
65

Ilustração 38 - Lateral da edificação fazendo divisa com rua sem nome

Fonte: Autora (2021)

A fachada voltada para a Avenida Guarapari apresenta bom estado de conservação


da estrutura, não apresenta grandes patologias externamente, necessitando apenas
de manutenção com relação a poda da vegetação.

A fachada lateral (Ilustração 40) se encontra numa situação bem diferente, com
esquadrias faltantes e sem padronização. A pintura já se mostra em processo de
descoloração devido ao tempo e à exposição às intempéries, e há um acúmulo de
entulho no seu entorno.

Ilustração 39 - Fachada frontal da edificação

Fonte: Autora (2020)


66

Ilustração 40 – Fachada lateral da edificação

Fonte: Autora (2020)

No pavimento térreo (ilustração 41) ficam localizados os banheiros de uso geral,


assim como os cômodos que, apesar de não estarem sendo utilizados, podem ser
entendidos como a antiga cantina, área de serviço, cozinha, área administrativa,
laboratórios, biblioteca e salas de aula da escola que utilizava a edificação. De
maneira geral, a edificação não apresenta estrutura para receber pessoas com
deficiência ou de mobilidade reduzida devido a dimensão das portas de acesso, falta
de acessibilidade nos banheiros, desnivelamento do piso e cômodos de tamanho
muito reduzido.
67

Ilustração 41 - Planta baixa térreo da edificação

Fonte: Autora (2020)

Todos os ambientes apresentam sujidades devido ao tempo que a edificação se


encontra sem uso e parte do layout móvel ainda permanece em algumas salas em
estado de degradação (ilustração 42). As vedações internas de quase toda a ala oeste
do terreno foram demolidas e o entulho gerado nessa alteração permanece em parte
no local, como pode ser visto na ilustração 43. A cobertura dessa região é feita em
partes somente com telha de amianto ou fibrocimento (não foi possível a
identificação), e apresenta alguns furos. Em outras há também a presença de forro de
gesso, de maneira geral, em mau estado de conservação.
68

Ilustração 42 - Cômodos apresentando acúmulo de sujeira e depósito de layout móvel


sem uso

Fonte: Autora (2020).

Ilustração 43 - Região demolida com presença de entulho

Fonte: Autora (2020)

Próximo à entrada lateral da edificação há uma quadra coberta com estrutura metálica
e uma pequena arquibancada anexada e que estão sendo utilizados atualmente como
depósito de parte do antigo layout móvel. A vegetação se faz presente em alguns
locais pela falta de manutenção do espaço (ilustração 44).
69

Ilustração 44 - Lateral da cantina e quadra coberta com presença de cadeiras e mesas

Fonte: Autora (2020).

A presença de patologias ocorre principalmente em locais que têm contato com o


meio externo e suas intempéries, sendo mais frequentes a infiltração de água, o bolor
e o mofo. Há também rachaduras na alvenaria que podem ter sido causadas pelo não
uso de ferramentas como a verga e a contraverga, que poderiam evitar esse tipo de
patologia, como mostra a Ilustração 45.

Ilustração 45 - Patologias encontradas nos cômodos como mofo e rachadoras

Fonte: Autora (2020)

Um fato recorrente em vários pontos da edificação é a exposição do sistema de


drenagem da água da chuva e do sistema elétrico, evidências que cooperam para o
entendimento de que a edificação passou por alterações não previstas no projeto
original e necessitaram de adaptações. Não há um padrão quanto ao forro dos
cômodos e coberturas, em alguns locais apresentam bom estado, enquanto em outras
é necessário que haja a troca dos mesmos (Ilustração 46 e 47).
70

Ilustração 46 - Corredores com diferentes tipos de coberturas

Fonte: Autora (2020)

Ilustração 47 - Mau estado de conservação dos cômodos da edificação

Fonte: Autora (2020)

O acesso ao primeiro pavimento ocorre de maneira limitada através de uma única


escada (Ilustração 48), impossibilitando o acesso universal aos andares superiores, e
apresenta irregularidades no espelho e piso, como foi constatado na visita do local.
71

Ilustração 48 - Acesso ao pavimento superior

Fonte: Autora (2020)

No primeiro pavimento (Ilustração 49) se encontram três cômodos que eram utilizados
como sala de aula da antiga escola e o estado de conservação delas é semelhante ao
encontrado no pavimento térreo. Desse pavimento é possível observar a cobertura do
pavimento térreo e de parte da vizinhança (Ilustração 50).
72

Ilustração 49 - Planta baixa – primeiro pavimento da edificação escolhida

Fonte: Autora (2020)

Ilustração 50 - Vista do primeiro pavimento para a cobertura do térreo e parte da


vizinhança

Fonte: Autora (2020)


73

Ilustração 51 - Antiga sala de aula da edificação

Fonte: Autora (2020)

O segundo pavimento, apresentado pela Ilustração 52, é semelhante ao anterior,


originalmente com três salas e corredor que dá visão à Avenida Guarapari
lateralmente (Ilustrações 53 e 54). A divisão entre duas das salas foi removida,
transformando-se em um espaço único (Ilustração 55).

Ilustração 52 - Planta baixa segundo pavimento da edificação escolhida

Fonte: Autora (2020)


74

Ilustração 53 - Vista para a Avenida Guarapari do corredor do segundo pavimento

Fonte: Autora (2020)

Ilustração 54 - Vista para a Avenida Guarapari e para o Parque Municipal da Serra de


uma das antigas salas de aula

Fonte: Autora (2020)

Ilustração 55 - Salas unificadas no segundo pavimento

Fonte: Autora (2020)


75

Se tratando de patologias, foi possível observar que houve a remoção de parte das
esquadrias e estufamento do forro de gesso ou da laje (não foi possível identificar o
material do teto), que pode ter sido causado por infiltração de água pela cobertura
(Ilustração 56).

Ilustração 56 - Antiga sala de aula com patologia visível no forro de gesso ou laje

Fonte: Autora (2020)

Por fim, a Ilustração 57 apresenta as fachadas da edificação, onde é possível


visualizar o volume como um todo, os pavimentos superiores, centrais ao bloco e os
volumes do pavimento térreo, onde fica clara a linearidade da edificação.
76

Ilustração 57 - Fachadas da edificação, onde: (a) Fachada 01; (b) Fachada 02 e; (c)
Fachada 03
(a)

(b)

(c)

Fonte: Autora (2020)

4.2 CONDICIONANTES AMBIENTAIS

Durante a visita ao local puderam ser observadas algumas características com


relação ao ambiente da edificação e seu entorno, que foram expressas através de um
mapa de condicionantes ambientais e que posteriormente serviu de auxílio nas
decisões de projeto. Como pode ser observado no Mapa 3, há um desconforto térmico
próximo à região sudoeste, contudo, notou-se predominância de ventos vindos das
77

orientações norte e nordeste. Existe, ainda, uma vista potencial para o Parque
Municipal da Serra tanto no térreo quanto nos pavimentos superiores. As fachadas
principais se encontram voltadas para sudeste e nordeste.

Mapa 3 - Mapa de condicionantes ambientais

Fonte: Autora (2020).

A seguir serão apresentadas informações climáticas referentes à Vitória, no Espírito


Santo, que é a cidade mais próxima à Serra com dados climáticos disponíveis na
plataforma do ProjetEEE. Esses dados foram utilizados nas definições projetuais,
como por exemplo o layout – decisões referentes a locais de curta, média e longa
permanência -, e sombreamentos de fachadas com maior incidência solar.

Fazendo a análise do gráfico Rosa dos Ventos da cidade de Vitória (Ilustração 58), há
a predominância dos ventos vindos do Norte, Noroeste e Nordeste, apresentando
maior velocidade no Nordeste. Trazendo a análise para a edificação apresentada,
esse padrão se confirma visto que foi observado momentaneamente ventos vindos da
orientação Nordeste. Essa constatação pode ser influenciada por fatores exteriores
como altura das edificações no entorno e a presença ou não de vegetação próxima.
78

Ilustração 58 - Gráfico Rosa dos Ventos da cidade de Vitória - ES

Fonte: Dados... (2021) com base em INMET (2006)

O gráfico de temperatura e zona de conforto (Ilustração 59) nos mostra que durante
todo o ano as temperaturas médias mensais se encontram majoritariamente dentro da
margem de conforto térmico, apresentando desconforto com temperaturas mais altas
nos primeiros meses do ano e temperaturas mais amenas nos meses próximos do
inverno no hemisfério Sul, entre maio e agosto.

Ilustração 59 - Gráfico de temperatura e zona de conforto para a cidade de Vitória - ES

Fonte: Dados... (2021) com base em INMET (2006)


79

Analisando a Carta Solar da cidade de Vitória é possível observar maiores índices de


incidência solar no quadrante Noroeste, o que indica a necessidade de atenção à
proteção solar e ventilação nessa região para que o desconforto térmico seja
amenizado.

Ilustração 60 - Carta Solar da cidade de Vitória - ES

Fonte: Cartas... (2021)

Pela edificação se localizar na Zona Bioclimática 8 e apresentar características de


regiões quentes e úmidas, considerou-se a importância de utilizar alternativas que
cooperem para a melhoria do conforto térmico, como a ventilação cruzada e o
sombreamento de fachadas.

4.3 LEGISLAÇÕES

Após feito o diagnóstico da edificação existente e a análise das condicionantes


ambientais, foram analisadas informações referentes a legislação local, retiradas do
Código de Obras e do Plano Diretor Municipal da Serra e de legislações específicas,
sendo elas a NBR 9050/2020, NBR 9077/2001 e a Resolução N° 216, da ANVISA.
80

4.3.1 Legislações Municipais

• PDM

O Plano Diretor Municipal da Serra, lei Nº 3.820, de 11 de janeiro de 2012, aborda


questões referentes à organização territorial do município e busca promover o
desenvolvimento sustentável, a promoção da função social da cidade e da
propriedade privada. Define os índices urbanísticos, zoneamentos do território e
requisitos mínimos para diferentes usos de edificações (SERRA, 2012).

A edificação analisada se encontra na Zona de Ocupação Preferencial 01, como


demonstra o Mapa 4. Essa zona apresenta características de uma região de
infraestrutura consolidada, de predomínio residencial e com possibilidade de
adensamento, portanto apresenta índices urbanísticos que focam nesse recorte
(SERRA, 2012).

Mapa 4 - recorte do zoneamento da Serra com localização do terreno escolhido

Fonte: Serra (2012) com alterações da autora (2012)

A proposta de novo uso, um Complexo Gastronômico, não é encontrado,


especificamente, em nenhum dos tipos de atividades estabelecidas pelo Anexo 05 do
PDM da Serra (ilustração 62), portanto foi utilizado como referência a atividade
“Clubes sociais, esportivos e similares” que se encontra no Grupo 02 e não apresenta
limite de área. Para esse grupo de atividades, na Zona de Ocupação Preferencial 01,
ficam estabelecidos os índices urbanísticos apresentados a seguir na Tabela 1.
81

Ilustração 61 - Recorte de quadro de atividades Grupo 02

Fonte: Serra (2012)


82

Tabela 1 – Índices urbanísticos para região analisada

Zona de ocupação preferencial 01

Grupo 1 e 2

Coeficiente de aproveitamento máximo 3,0

Taxa de ocupação máxima 90%

Taxa de permeabilidade mínima 10%

Gabarito 4

Altura da edificação 17m

Frente 3m para edificações com até 4


pavimentos; Acima de 4 pavimentos
5m.

Lateral 1,5 com abertura para edificações


Afastamentos mínimos com até 2 pavimentos; Acima de 2
pavimentos 1,0m + h/10.

Fundos 1,5 com abertura para edificações


com até 2 pavimentos; Acima de 2
pavimentos 1,0m + h/10.

Parcelamento Testada 10m


mínima

Área mínima 250m²

Fonte: Autora (2021) a partir de Serra (2012)

Para atender os índices urbanísticos estabelecidos pelo Plano Diretor, o terreno de


2.843,66m² e a edificação necessitam cumprir os seguintes valores, apresentados na
Tabela 2.
83

Tabela 2 – Índices urbanísticos para o terreno

Índices e valores para o terreno escolhido

Área do terreno 2.843,66 m²

Coeficiente de aproveitamento máximo (3,0) 8.530,98 m²

Taxa de ocupação máxima (90%) 2.559,29 m²

Taxa de permeabilidade mínima (10%) 284,36 m²

Fonte: Autora (2021)

Por fim, fica estabelecido através do Anexo 10 do PDM a quantidade de vagas


necessárias para o estacionamento de veículos em cada atividade, apresentada no
Tabela 3.

Tabela 3 – Número mínimo de vagas destinadas ao estacionamento de veículos


Número de vagas destinadas ao estacionamento de veículos

Vagas para veículos 4 vagas + 1 a cada 40m² de área computável

Vagas para motos 10% das vagas de veículos

Vagas para bicicletas 20% das vagas de veículos

Fonte: Autora (2021)

• Código de Obras

A lei 1947/1996, de 20 de dezembro de 1996, também conhecida como Código de


Obras é responsável por estabelecer parâmetros relacionados à realização de
projetos e execução de obras do município da Serra.

O Código de Obras contempla uma sessão específica para obras parciais ou


reformas, porém explicita questões voltadas para a representação gráfica da
apresentação dos projetos. Se tratando de aspectos referentes a requisitos mínimos
para edificações comerciais e de serviços, a lei disponibiliza uma tabela onde são
84

apresentados valores de referência e os pontos considerados mais importantes a


serem observados para a proposta projetual em questão estão demonstrados na
Tabela 4. Além dos fatores citados, o Código de Obras ainda explicita a
obrigatoriedade de revestimentos impermeáveis de parede nos sanitários e cozinhas e
de revestimentos impermeáveis de piso nas cozinhas e lojas.

Tabela 4 – Requisitos mínimos de iluminação e ventilação necessários para


comércios e serviços
Requisitos Ante- Sala Sanitário Cozinha Loja Sobreloja Garagem
mínimos sala

Iluminação mínima - 1/6 - - 1/8 1/8 1/20


(relação área
abertura/área piso)
Ventilação mínima 1/12 1/12 1/12 1/12 1/16 1/16 1/20
(relação área
abertura/área piso)
Fonte: Autora (2021) a partir de Serra (1996)

Com relação às exigências específicas para bares, restaurantes e casas de lanches, o


documento cita áreas mínimas de salão de refeições (30,0m²) e de cozinha (1/5 da
área do salão de refeições). Aborda também questões referentes a quantidade de
sanitários necessários para uso público e para funcionários, sendo dois vasos
sanitários, dois lavatórios e dois mictórios para cada 80,0m² de salão de refeições no
caso de uso público e um vaso sanitário, um mictório, um lavatório e um chuveiro para
cada 100,0m² de salão de refeições para uso dos funcionários, sempre fazendo a
separação por sexo (SERRA, 1996).

4.3.2 Legislações específicas

• NBR 9050/2020

A NBR 9050/2020 é uma norma que estabelece critérios e parâmetros referentes a


acessibilidade e foi adotada a fim de guiar o exercício projetual e proporcionar o uso
mais confortável do espaço edificado.

Com relação aos parâmetros antropométricos, foi proposto em projeto corredores


sempre com largura maior que 1,20m para que seja possível a manobra de cadeira de
85

rodas com rotação de 90° e preferencialmente maior que 1,50m, garantindo o direito
de acesso e a rotação de 360° com autonomia para a manobra de cadeira de rodas,
de acordo com o que é apresentado em norma.

O projeto original da edificação se encontrava em desacordo com a NBR 9050/2020


em relação aos acessos verticais, pois a única circulação vertical se dava através de
uma escada. No projeto de retrofit foi proposto uma nova escada com dimensões
corretas e um elevador, garantindo o acesso universal na edificação.

Os sanitários também não estavam de acordo com a norma, e a proposta de projeto


elaborou um novo layout dos banheiros públicos para que o mesmo pudesse atender
toda a população. A norma estabelece quantidades e dimensões mínimas,
demonstradas na ilustração 64 e 65.

Ilustração 62 – Quantidade de sanitários acessíveis segundo NBR 9050/2020

Fonte: ABNT NBR 9050 (2020)


86

Ilustração 63 - dimensões recomendadas para sanitários acessíveis segundo NBR


9050/2020

Fonte: ABNT NBR 9050 (2020)

• NBR 9077/2001

A NBR 9077/2001 é uma norma que estabelece critérios e parâmetros referentes a


saídas de emergência em edifícios e foi adotada a fim de guiar o exercício projetual.
De acordo com a tabela de classificação das edificações quanto a sua ocupação
disponível no documento, o grupo F-8 (locais de reunião de público – locais para
refeições) foi entendido como o uso mais próximo da proposta projetual, portanto
foram seguidos os parâmetros referentes a esse grupo.

As dimensões mínimas para acessos e corredores é de 1,10m, que corresponde a


duas unidades de passagem de 0,55m, livres de obstáculos. Porém, para o correto
dimensionamento de largura das saídas de emergência é usada a fórmula
apresentada na ilustração 66.
87

Ilustração 64 - Fórmula de largura das saídas de emergência

Fonte: ABNT NBR 9077 (2001)

De acordo com a norma, as cozinhas e suas áreas de apoio (dentro de projetos


classificados como grupo F) são enquadradas no grupo D, sendo destacados na
ilustração 67 os dados utilizados como referência para o cálculo de dimensionamento.

Ilustração 65 - Dados para o dimensionamento das saídas

Fonte: ABNT NBR 9077 (2001)

• ANVISA – serviços de alimentação

A Resolução Nº 216, de 15 de setembro de 2004, da ANVISA, dispõe sobre o


regulamento técnico de boas práticas para serviços de alimentação e visa estabelecer
88

procedimentos para garantir as condições de higiene e sanitárias do alimento


preparado (ANVISA, 2004).

Para o exercício projetual a resolução foi utilizada para nortear parâmetros referentes
ao fluxo interno dos restaurantes, quantidade necessária de iluminação e ventilação,
acessos, instalações sanitárias e descarte dos resíduos.
89

5 APRESENTAÇÃO DO PROJETO

5.1 PRÉ PROJETO

Com a análise das condicionantes legais e ambientais e do estudo de caso realizado,


foi possível iniciar as decisões projetuais acerca dos fluxos e elementos necessários
para um complexo gastronômico. A seguir são apresentados o programa de
necessidades e o fluxograma da edificação em questão.

Quadro 3 - Programa de necessidades

Público Administrativo/Serviço

Praça de alimentação Administração

Playground Sanitário funcionários

Estacionamento DML

Hall entrada Copa funcionários

Sanitário feminino Sala reunião

Sanitário masculino Lixo

Auditório Central de gás

Sala multiusos Área carga/descarga

Lojas Depósito

Restaurantes
Fonte: Autora (2021)
90

Ilustração 66 - Fluxograma

Fonte: Autora (2021)

Diretrizes projetuais

Antes de iniciar o processo projetual foram estabelecidas diretrizes com o que se


almejava alcançar na proposta, que serão listados a seguir.

• Aproveitamento da estrutura original, fazendo alterações necessárias que


potencializassem sua forma e função;
• Implementação de recursos e elementos que melhorassem o conforto
ambiental da edificação e potencializassem a eficiência energética;
• Forte apelo estético que conversasse com a arquitetura contemporânea;
• Foco no público jovem e famílias, com elementos que atraíssem ambos os
grupos;
• Integração da edificação com seu entorno imediato e valorização do bairro;
• Promoção de um ambiente agradável esteticamente;

5.2 PROJETO

A proposta projetual teve seu início na análise das condicionantes ambientais e legais
e estabeleceu-se primeiramente as zonas de baixa permanência, serviço e zonas
91

potenciais num estudo de manchas (ilustração 67). A permeabilidade e visibilidade da


edificação com o entorno foram premissas muito importantes a serem seguidas na
proposta, por compreender que esses fatores influenciam na sensação de segurança
da comunidade. Portanto, foi decidido que os muros de limite que fazem divisa com as
ruas seriam demolidos a fim de possibilitar a integração da edificação com seu
entorno.

De acordo com a classificação de nível de retrofit de Barrientos (2004) apresentado


anteriormente no Quadro 2 (Capítulo 2.4, página 33), foi entendido que o tipo de
retrofit a ser feito nessa edificação para alteração de uso e adequação às normas de
acessibilidade seria o retrofit profundo, por necessitar de mudança de vedação
interna, estrutura interna e da cobertura.

Foi definido que os fundos do terreno, onde já se localizava os banheiros e alguns


setores administrativos da antiga escola, seria mantido como uma área de baixa
permanência, abrigando cômodos como os depósitos de lixo e de material de limpeza,
banheiros públicos e de funcionários, buscando, também, o aproveitamento das
instalações hidrossanitárias (demarcados na região vermelha do estudo de
setorização). A lateral esquerda (demarcada em rosa na Ilustração 67) da edificação
se mostrou propícia para a carga e descarga, visto que era uma zona sem vistas
potenciais, de pouca visibilidade ao público e com potencial acesso aos setores de
serviço. Na visita ao local, essa região foi caracterizada por apresentar baixa
ventilação e incômodo térmico.

As manchas demarcadas em roxo e laranja foram entendidas como de alto potencial


por se encontrarem nas fachadas principais, serem de fácil acesso e apresentarem
boa visibilidade para as vistas potenciais. Outro fator determinante foi a orientação
solar Leste e Sul e o sombreamento no período vespertino que seria causado pela
própria edificação. Após essas análises foi identificado um ponto central na edificação,
demarcado com setas em azul, devido a conformação das zonas de baixa e alta
permanência.
92

Ilustração 67 - estudo de setorização

Fonte: Autora (2021)

Dessa forma, buscando atender ao objetivo geral desse trabalho, utilizando as


referências bibliográficas, normas, legislações e as próprias condicionantes do
terreno, será apresentado a proposta projetual desenvolvida, em nível de estudo
preliminar, assim como a descrição de sua forma e função. Serão apresentadas e
justificadas as soluções projetuais e alguns materiais utilizados em projeto.

As ilustrações 68 a 73 mostram o resultado da volumetria do Complexo Gastronômico,


as plantas baixas dos pavimentos se encontram nas ilustrações de 74 a 76. Os cortes
e fachadas são apresentados através das ilustrações 77 a 84 e todos os aspectos
relevantes serão explicados mais adiante.
93

Ilustração 68 - Perspectiva 1 do complexo gastronômico – Acesso a partir do


estacionamento

Fonte: Autora (2021)

Ilustração 69 - Perspectiva 2 do complexo gastronômico – Acesso a partir do


estacionamento

Fonte: Autora (2021)


94

Ilustração 70 - Perspectiva do complexo gastronômico

Fonte: Autora (2021)

Ilustração 71 - Perspectiva do complexo gastronômico – fachada da Avenida


Guarapari 1

Fonte: Autora (2021)


95

Ilustração 72 – Perspectiva do Complexo Gastronômico – fachada da Avenida


Guarapari 2

Fonte: Autora (2021)

Ilustração 73 - Perspectiva do Complexo Gastronômico – fachada da Avenida


Guarapari 3

Fonte: Autora (2021)


96

Ilustração 74 - Planta Baixa Pavimento Térreo

Fonte: Autora (2021)


97

Ilustração 75 - Planta Baixa Primeiro Pavimento

Fonte: Autora (2021)


98

Ilustração 76 - Planta Baixa Segundo Pavimento

Fonte: Autora (2021)


99

Ilustração 77 - Planta Baixa Subsolo (pavimento criado)

Fonte: Autora (2021)


100

Ilustração 78 - Fachada 1 (voltada para Avenida Guarapari)

Fonte: Autora (2021)

Ilustração 79 – Fachada 2 (voltada para Rua sem nome)

Fonte: Autora (2021)


101

Ilustração 80 – Fachada 3 (de fundos - Noroeste)

Fonte: Autora (2021)

Ilustração 81 – Corte AA

Fonte: Autora (2021)


102

Ilustração 82 – Corte BB

Fonte: Autora (2021)

Ilustração 83 – Corte CC

Fonte: Autora (2021)


103

Ilustração 84 – Corte DD

Fonte: Autora (2021)

Ilustração 85 – Corte EE

Fonte: Autora (2021)


104

A proposta trata-se de um projeto de um Complexo Gastronômico tendo como base


uma edificação existente momentaneamente sem uso. Buscou-se o aproveitamento
máximo da sua estrutura original, procurando fazer poucas alterações nas vedações
externas e focando na reorganização do layout interno. Cômodos como os banheiros
sofreram alterações apenas para adequação de acessibilidade e os restaurantes
foram posicionados onde se encontravam as antigas salas de aula, assim como o
auditório que se localiza no segundo piso, minimizando demolições desnecessárias.

Para as divisórias internas novas, optou-se por utilizar o sistema drywall visando a
agilidade e a promoção de uma obra mais limpa e organizada. Além desses fatores, a
escolha se deu pelo sistema ser mais leve em comparação com outros tipos de
vedação, fator importante visto que seria instalado numa construção com estrutura já
edificada.

Dessa forma, as maiores alterações percebidas são a demolição da ala central de


salas de aula que agora comporta a praça central de alimentação; a alteração das
escadas para cumprimento das normas de segurança; a retirada da quadra coberta,
que agora se apresenta como um espaço aberto e recebe o acesso de veículos; e a
extensão da laje no primeiro e segundo pavimento, a fim de comportar melhor a
circulação vertical (Ilustrações 86 a 88).
105

Ilustração 86 – planta de demolição e acréscimos do pavimento térreo

Fonte: Autora (2021)


106

Ilustração 87 - planta de demolição e acréscimos do primeiro pavimento

Fonte: Autora (2021)


107

Ilustração 88 – planta de demolição e acréscimos do segundo pavimento

Fonte: Autora (2021)

Foi proposta a alteração das esquadrias originais, que não apresentavam


padronização e estanqueidade, por esquadrias com perfil de alumínio de boa vedação
e vidro duplo, cooperando para a melhoria da eficiência energética da edificação.
Procurou-se aumentar a área das janelas a fim de potencializar a entrada de
iluminação e ventilação. Esse fator, somado à inexistência de grandes beirais, tornou
108

indispensável o uso de brises soleil na envoltória da edificação. Foram escolhidos três


tipos de envoltória a fim de aplicar corretamente cada tipo de brise soleil de acordo
com a orientação solar e dinamizar as fachadas com texturas e formas diferentes.

Para a fachada do segundo pavimento voltada para a orientação Sudoeste, foi


proposto um brise soleil metálico de chapa perfurada (Ilustração 89), fazendo o
sombreamento de toda a extensão, porém permitindo certa entrada de iluminação e
ventilação.

Ilustração 89 – brise soleil de chapa metálica perfurada aplicada em fachada

Fonte: Permetal (2021)

Na fachada Nordeste e Sudeste, que necessitavam de menos interferência para


melhoria do conforto térmico, foi proposto a Malha Metálica GKD da Hunter Douglas
(Ilustração 90), apresentado pelo fabricante como um brise de maior permeabilidade
visual e apelo estético, por apresentar visualmente certa transparência. Essa
característica, somada com a iluminação vinda do interior da edificação, proporciona
um resultado bem interessante esteticamente.
109

Ilustração 90 - Malha GKD – Hunter Douglas

Fonte: Malhas... (2021)

Por fim, o terceiro recurso proposto para o sombreamento da envoltória foi o brise
metálico Stripweave (Ilustração 91), também do fabricante Hunter Douglas. O material
composto por lâminas entrelaçadas também é marcado por sua estética, que de
acordo com o fabricante, proporciona um resultado similar a um tecido, podendo ser
de material sólido ou perfurado. Sua aplicação ocorreu no volume de maior
expressividade vertical, contemplando a caixa de circulação vertical e caixa d’água.

Ilustração 91 - Stripweave – Hunter Douglas

Fonte: Stripweave... (2020)


110

Com relação aos índices urbanísticos, a Tabela 5 apresenta os valores alcançados,


assim como para a quantidade mínima de vagas de estacionamento exigidos pelo
PDM, este na Tabela 6.

Tabela 5 – Índices alcançados pela proposta projetual

Índices alcançados pela proposta projetual

Área do terreno 2.843,66 m²

Coeficiente de aproveitamento alcançado 0,50

Taxa de ocupação alcançada 53%

Taxa de permeabilidade alcançada 15%

Fonte: Autora (2021)

Considerando que a proposta de projeto obteve área computável de 1.432,63 m², a


quantidade mínima necessária de vagas de acordo com o estabelecido é de 39 vagas
para veículos, quatro vagas para motos e oito vagas para bicicletas.

Tabela 6 – Número alcançado de vagas

Número de vagas destinadas ao estacionamento de veículos

Área computável 1432,63M²

Vagas para veículos (4 vagas + 1 a cada 40m² de área 41


computável)

Vagas para motos (10% das vagas de veículos) 7

Vagas para bicicletas (20% das vagas de veículos) 20

Fonte: Autora (2021)


111

Coberturas

A nova cobertura foi um elemento pensado para se destacar na volumetria original e


retirar o aspecto de edifício escolar que o edifício apresentava. Pensada para ser de
estrutura metálica, a ideia foi utilizar uma estrutura mais leve a fim de conseguir cobrir
toda a área da praça de alimentação com pé direito amplo e fazer com que o primeiro
pavimento possuísse visualização para o andar inferior, numa espécie de mezanino.
Buscou-se aplicar referência da arquitetura industrial, com a estrutura metálica em
tons escuros, e, dinamicidade e iluminação com as aberturas em diferentes alturas
(ilustração 92 e 93).

Ilustração 92 - Cobertura da praça de alimentação visto da fachada Sudoeste

Fonte: Autora (2021)


112

Ilustração 93 - Cobertura da praça de alimentação visto da fachada Sudeste

Fonte: Autora (2021)

A cobertura do volume mais vertical, onde se encontram o primeiro e segundo


pavimento, foi substituído por uma telha termoacústica, conhecida como “telha
sanduíche” por ser composta de três camadas, sendo elas duas chapas metálicas nas
partes externas e uma camada interna de material isolante. Esse material é capaz de
reduzir em até 7º C a sensação térmica no ambiente interno, aumentando a eficiência
energética da edificação por reduzir a necessidade de ventilação mecânica (TELHA...,
2021).

Parte do primeiro pavimento recebeu uma expansão e foi utilizado a técnica de


telhado verde na cobertura, que é composto por uma série de camadas que permitem
com que a vegetação cresça de maneira saudável sem afetar a edificação, evitando,
por exemplo, a ocorrência de infiltrações. Essa tecnologia apresenta algumas
vantagens que foram levadas em questão na decisão projetual, como a redução da
vazão de água pluvial escoada e a melhoria do conforto térmico no ambiente interno
(VACILIKIO; FLEISCHFRESSER; 2011, TASSI et al, 2014).

A Avenida Guarapari, que liga a edificação em questão ao Parque Municipal da Serra,


recebeu uma nova pavimentação elevada no trecho correspondente à região da
edificação analisada e à entrada do Parque Municipal (como é possível observar na
113

Ilustração 94), gerando uma espécie de traffic calming, com intenção de trazer
segurança para aqueles que poderiam se deslocar de um local para o outro e de
aproximar os dois espaços de cultura, gastronomia e lazer. Foi utilizado um padrão
orgânico nessa nova pavimentação, trazendo a referência do próprio piso do Parque
Municipal, como pode ser visto na Ilustração 95.

Ilustração 94 - Implantação da proposta projetual no terreno

Fonte: Autora (2021)


114

Ilustração 95 – Vista aérea da entrada do Parque Municipal e do terreno da edificação


analisada

Fonte: Google Maps (2021)

Acessos e setorização

A divisão do layout interno partiu do estudo de setorização em que se utilizou


manchas para delimitar as zonas de baixa e alta permanência, que levou em
consideração a análise de condicionantes ambientais do terreno. A seguir serão
apresentados como ficou organizado a setorização dos ambientes e os acessos da
edificação e foi ponto de partida importante para as decisões projetuais como um
todo.

Os acessos de pedestres à edificação pela Av. Guarapari e pela rua sem nome foram
mantidos, sendo acrescido mais um acesso pela rua sem nome. Essa decisão foi
tomada com base no fluxo de entrada e saída de pessoas da edificação, se
adequando à norma de saídas de emergência (NBR 9077/2001). Com relação ao
acesso de veículos, ambos se localizam na rua sem nome, com saída pela Avenida
115

Guarapari. O acesso de carga e descarga ficou posicionado na Avenida Guarapari, na


lateral esquerda. A ilustração 96 apresenta os acesso de pedestres, veículos e carga
e descarga e a setorização do pavimento térreo.

Ilustração 96 - Acessos e setorização do pavimento térreo

Fonte: Autora (2021)

Foi acrescido ao volume da edificação, cobrindo os acessos laterais, uma cobertura


em policarbonato e estrutura metálica que cria uma varanda (ilustração 97), onde as
pessoas podem aguardar a chegada de seu meio de transporte ou se protegerem em
caso de chuva. Essa cobertura permitirá também a permanência de pessoas que
optam por se alimentarem no exterior da edificação e ocupa uma região potencial do
terreno, com vista para o Parque Municipal da Serra, sombreamento no período da
tarde e boa ventilação, de acordo com o gráfico Rosa dos Ventos, como pode ser
observado nas ilustrações 98 e 99.
116

Ilustração 97 – Recorte da planta baixa com zoom na varanda coberta

Fonte: Autora (2021)


117

Ilustração 98 – Varanda sombreada por volume vertical da edificação

Fonte: Autora (2021)

Ilustração 99 – Varanda localizada próxima a acessos de pedestres

Fonte: Autora (2021)

Os restaurantes foram posicionados de maneira a formar uma praça de alimentação


central, como pôde ser visto na planta de acessos e setorização (ilustração 96). Essa
conformação foi utilizada por permitir uma boa visualização do complexo e gerar no
usuário um bom senso de localização. Os restaurantes à sudoeste (ilustração 100)
tem sua área de serviço fazendo limite com o acesso de carga e descarga, facilitando
o fluxo de resíduos e, os restaurantes à nordeste, atendem tanto o público que se
encontra dentro da edificação quanto aqueles que preferirem utilizar a área externa
118

(ilustração 101). Essa decisão reforça a proposta de diversificação de espaços e de


público, que podem optar por utilizar a edificação de diferentes maneiras, seja em um
uso prolongado no interior da edificação, com compras nas lojas ou um lanche rápido
na área externa avarandada. Há ainda uma cafeteria próximo ao hall de entrada
lateral mais voltado para o público da área externa (Ilustração 102) e um quiosque de
bebidas no centro da praça de alimentação, em local estratégico próximo as mesas
(Ilustração 103).

Ilustração 100 – Recorte da planta baixa com zoom na região de carga e descarga e
restaurantes

Fonte: Autora (2021)


119

Ilustração 101 – Recorte da planta baixa com zoom na região dos restaurantes com
atendimento à varanda e à praça de alimentação

Fonte: Autora (2021)

Ilustração 102 – Recorte da planta baixa com zoom na região do hall e cafeteria com
atendimento à região externa ao Complexo Gastronômico

Fonte: Autora (2021)


120

Ilustração 103 – Recorte da planta baixa com zoom na região da praça de


alimentação

Fonte: Autora (2021)

Na ilustração 104 é possível ver como ficou a conformação final dos restaurantes e a
relação direta com a praça de alimentação e na ilustração 105, a entrada do
Complexo Gastronômico com o acesso externo da cafeteria.
121

Ilustração 104 – Recorte da planta baixa com zoom nos restaurantes e praça de
alimentação

Fonte: Autora (2021)

Ilustração 105 – Varanda localizada próxima à cafeteria e acesso de pedestres

Fonte: Autora (2021)


122

As lojas foram posicionadas de maneira estratégica na fachada frontal à Av. Guarapari


(Ilustração 106 e 107), tendo acesso direto da via e internamente pela praça de
alimentação. A decisão do posicionamento se deu, primeiramente, pela conformação
existente na edificação (que foi desejado pela autora que se mantivesse assim como
referência ao volume original) e, sem segundo lugar, pelo fato de entender que as
lojas seriam uma maneira de atrair o público para adentrar e conhecer outras partes
da edificação. Ainda na fachada frontal se encontra o playground, com um jardim
posicionado à sua frente que dá a sensação de privacidade, porém permite certa
visualização (Ilustração 108 e 109). Seu acesso se dá somente pela parte interna do
Complexo Gastronômico, atendendo o público que utiliza o espaço. Possui grandes
aberturas também pelo lado de dentro da edificação, permitindo integração entre os
ambientes (Ilustração 110).

Ilustração 106 – Recorte da planta baixa com zoom nas lojas e acesso da carga e
descarga

Fonte: Autora (2021)


123

Ilustração 107 – Fachada voltada para Avenida Guarapari com acesso para lojas

Fonte: Autora (2021)

Ilustração 108 – Vista pela rua do playground

Fonte: Autora (2021)


124

Ilustração 109 – Recorte da planta baixa com zoom na região da entrada voltada para
a Av. Guarapari e do playground

Fonte: Autora (2021)

Ilustração 110 – Vista interna do playground

Fonte: Autora (2021)

Os banheiros de uso público se mantiveram da mesma posição do projeto original,


sofrendo apenas alterações internas. Além do banheiro existente foi proposto mais
dois banheiros voltados para pessoas com mobilidade reduzida e/ou deficientes, com
dimensões que seguem a NBR 9050/2020. Sua divisão com a praça de alimentação
125

se dá através de duas paredes de cobogós, que criam uma barreira suave de


visualização e não expõe o usuário que utiliza esse espaço (Ilustração 111).

Ilustração 111 – Vista interna para barreira visual de cobogós

Fonte: Autora (2021)

Ainda na região posterior da edificação se encontram os cômodos voltados para os


funcionários, como sanitários, copa, área externa e administração (ilustração 112). Os
depósitos de materiais de jardinagem e lixo também se encontram na parte dos
fundos, com acesso externo à edificação.
126

Ilustração 112 – Recorte da planta baixa com zoom no setor de serviço

Fonte: Autora (2021)


127

Para que houvesse melhor aproveitamento do espaço térreo com uso da área
externa, que apresenta grande potencial, foi proposto um subsolo para comportar a
quantidade necessárias de vagas de estacionamento (ilustração 113). O espaço
utilizado não interfere na construção original, isso foi pensado para que a fundação da
edificação não fosse modificada, tendo apenas a área de circulação vertical
convergente com os pavimentos superiores.

Ilustração 113 – Recorte da planta de subsolo

Fonte: Autora (2021)


128

Com relação ao Primeiro Pavimento (Ilustração 114 e 115), foi localizado neste andar
um restaurante com estrutura maior e, portanto, com capacidade para mais pessoas.
A proposta é que seja um espaço mais intimista, com acesso um pouco mais restrito,
sem grandes movimentações, pensando sempre na diversificação do público. Neste
nível há a visibilidade para o pavimento inferior, devido à altura da cobertura metálica
da praça central, mas que também foi pensado para uma maior integração dos
usuários que utilizarem o restaurante (Ilustração 116). Ainda no primeiro pavimento,
foram projetados sanitários para este público, atendendo as demandas da NBR
9050/2020.

Ilustração 114 - Setorização do primeiro pavimento

Fonte: Autora (2021)


129

Ilustração 115 – Recorte da planta do primeiro pavimento

Fonte: Autora (2021)

Ilustração 116 – Vista do primeiro pavimento para praça de alimentação no térreo

Fonte: Autora (2021)


130

Para o último pavimento foi pensado um espaço multiuso, onde podem ocorrer cursos,
palestras e workshops, sempre voltado para o aprendizado e capacitação dos
funcionários e da comunidade local (Ilustração 117 e 118). Entende-se a importância
desse tipo de uso em função da diversificação do espaço, mas também, pensando na
estrutura do térreo como suporte para os eventos que ocorrerem, reforçando o
aspecto amplo da proposta.

Para isso, a estrutura interna foi mantida, sendo instalado apenas uma esquadria
entre as duas salas menores, flexibilizando seu uso, ora para públicos maiores, ora
menores. Nesse pavimento é possível ver os brises metálicos de chapa perfurada
voltados para a fachada noroeste e o telhado verde do pavimento inferior (Ilustração
119).

Ilustração 117 - setorização do segundo pavimento

Fonte: Autora (2021)


131

Ilustração 118 – Recorte da planta baixa do segundo pavimento

Fonte: Autora (2021)

Ilustração 119 – Segundo pavimento com vista para terraço jardim e sala multiuso

Fonte: Autora (2021)


132

Acreditando ter alcançado o objetivo geral do trabalho, o projeto procurou atender


uma demanda existente de seu bairro com relação à espaços comerciais de caráter
gastronômico. Além disso, buscou-se integrar a edificação ao entorno e fazê-la ser
vista, cooperando para a presença e permanência de pessoas, fator importante para a
sensação de segurança da população.

Com relação à estética, foi decidido manter a linearidade das esquadrias, o caráter
horizontal da edificação e o volume destacado da caixa de circulação vertical e da
caixa d’água, ocasionando em poucas alterações do volume original. Essas decisões
projetuais foram tomadas com o propósito de manter na memória das pessoas que
conheciam e utilizavam a antiga escola a volumetria original da edificação.

Foi acrescido à arquitetura elementos de conforto térmico que apresentassem um


apelo estético contemporâneo e condizente com o restante do edifício. As ilustrações
120 a 123 buscam transmitir a arquitetura idealizada para o projeto.

Ilustração 120 – Fachada voltada para Rua Sem Nome

Fonte: Autora (2021)


133

Ilustração 121 – Perspectiva a partir da esquina da Avenida Guarapari com Rua Sem
Nome

Fonte: Autora (2021)

Ilustração 122 – Fachada voltada para Avenida Guarapari

Fonte: Autora (2021)


134

Ilustração 123 – Perspectiva a partir da Avenida Guarapari

Fonte: Autora (2021)


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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo geral desse trabalho foi propor a requalificação arquitetônica de uma


edificação sem uso no bairro Valparaíso, em Serra/ES, utilizando o retrofit como
método para reestruturação do espaço edificado. Após a conclusão desse trabalho,
que culminou na proposta projetual de um complexo gastronômico, chegou-se a
algumas considerações que permeiam o estudo presente.

Foram identificados aspectos e usos do entorno imediato à edificação através do


mapa de usos, gerado a partir das informações colhidas do Google Maps e do
conhecimento territorial do bairro da própria autora. A partir da análise do mapa foi
possível propor o uso comercial voltado para a gastronomia, pois identificou-se um
déficit desse tipo de oferta no entorno. Traçou-se também potencialidades e
fragilidades do terreno com relação ao seu entorno a partir do mapa gerado.

A visita ao local e a análise do material disponibilizado por antigos donos da antiga


escola proporcionou a realização de um diagnóstico da edificação e das suas
condições atuais. A partir dessas informações foi possível classificar o tipo de retrofit
mais adequado para a proposta de projeto.

A análise das normas de acessibilidade e legislações municipais e específicas norteou


o projeto em todos os momentos, assim como as informações anteriores e
proporcionou a aproximação da proposta de projeto com a realidade, mesmo
considerando que o trabalho final contemple apenas o campo teórico.

A prática de análise dos casos assemelhados proporcionou à autora a visualização de


projetos semelhantes à proposta de projeto e proporcionou uma análise aprofundada
dos casos selecionados para que fossem realmente aproveitadas as técnicas,
resoluções funcionais e formais das edificações, auxiliando e embasando as decisões
projetuais.

Se tratando da revisão bibliográfica e após a análise durante o estudo do referencial


teórico, foi constatado que o retrofit não resolve sozinho a problemática da hostilidade
das cidades e dos edifícios sem uso ou subutilizados, mas a técnica apresenta
diversas vantagens a serem exploradas principalmente no campo arquitetônico
136

brasileiro, onde ainda é pouco utilizado. A técnica se mostrou uma boa alternativa
para edifícios sem uso ou subutilizados, podendo incentivar a vivacidade de uma
região através da requalificação de, por exemplo, uma edificação viva na memória
coletiva com a atualização do uso e da tecnologia empregada.

O uso proposto se mostrou viável diante ao mapa de usos da região, que apresenta
um déficit de usos voltados para o comércio e a gastronomia, e devido sua localização
estratégica, próxima ao Parque Municipal da Serra. Apesar das limitações impostas
pela edificação original, acredita-se que a proposta projetual foi permeada de decisões
coerentes relacionadas às demolições e adições, apresentando um bom resultado
final, tendo como resultado final uma edificação requalificada com tecnologias
coerentes à atualidade mas que ainda apresenta elementos formais que remetem à
edificação original, a fim de manter a edificação na memória coletiva da população
que a utilizou anteriormente e que poderia desfrutar do novo uso proposto por esse
trabalho.
137

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APÊNDICE (S)
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APÊNDICE A – ROTEIRO PARA VISITA

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