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Colatina
2021
ISABELLA ISHIGAMI BASTOS TERRA
Colatina
2021
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Instituto Federal do Espírito Santo – Biblioteca campus Colatina)
T323r Terra, Isabella Ishigami Bastos
144 f. : il. ; 30 cm
CDD 725.71098152
COMISSÃO EXAMINADORA
Obs.: Banca realizada a distância, via plataforma Google Meet, de acordo com o estabelecido na
Resolução nº 1/2020 do Conselho Superior do Ifes
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço à Deus por ser a razão de tudo e por ter me proporcionado
encontros incríveis na vida até aqui. Eu não conseguiria citar o nome de todas as
pessoas que participaram de alguma forma da minha caminhada, mas quero
agradecer exclusivamente aqueles que contribuíram diretamente para que eu pudesse
finalizar o trabalho e a graduação.
Aos meus amigos de Colatina, que durante quatro anos se tornaram família, dividindo
tantas experiências de crescimento, em especial Isabela, Tarlens, Bruna e os amigos
do grupo c.d.mdf. Aos amigos de onde eu vim, que resistiram à distância junto
comigo, que só nos fez mais fortes.
À minha orientadora Sirana por ter sido tão compreensiva e incrível, sempre com
orientações que abriam meus olhos e me faziam enxergar o potencial que há em mim.
A todos os professores do Ifes, que contribuíram de tantas formas para o meu
crescimento e amadurecimento, com o compartilhamento de experiências e
ensinamentos. Ao professor Maurício Soares do Vale, por ter aceito o convite para a
banca do Trabalho de Conclusão de Curso I e contribuído com ótimos conselhos,
assim como Ma. Ludmila Campo Dall’Orto Corrêa, por ter disponibilizado seu tempo e
aceito o convite para participar da banca.
Por fim, ao ensino público, gratuito e de qualidade, que têm permitido que tantos
tenham melhores oportunidades na vida.
RESUMO
Ilustração 56 - Antiga sala de aula com patologia visível no forro de gesso ou laje 75
Ilustração 57 - Fachadas da edificação, onde: (a) Fachada 01; (b) Fachada 02 e; (c)
Fachada 03 76
Ilustração 66 - Fluxograma 90
Ilustração 67 - estudo de setorização 92
Ilustração 100 – Recorte da planta baixa com zoom na região de carga e descarga e
restaurantes 118
Ilustração 101 – Recorte da planta baixa com zoom na região dos restaurantes com
atendimento à varanda e à praça de alimentação 119
Ilustração 102 – Recorte da planta baixa com zoom na região do hall e cafeteria com
atendimento à região externa ao Complexo Gastronômico 119
Ilustração 104 – Recorte da planta baixa com zoom nos restaurantes e praça de
alimentação 121
Ilustração 106 – Recorte da planta baixa com zoom nas lojas e acesso da carga e
descarga 122
Ilustração 107 – Fachada voltada para Avenida Guarapari com acesso para lojas 123
Ilustração 109 – Recorte da planta baixa com zoom na região da entrada voltada para
a Av. Guarapari e do playground 124
Ilustração 112 – Recorte da planta baixa com zoom no setor de serviço 126
Ilustração 116 – Vista do primeiro pavimento para praça de alimentação no térreo 129
Ilustração 121 – Perspectiva a partir da esquina da Avenida Guarapari com Rua Sem
Nome 133
REFERÊNCIAS ...........................................................................................................137
APÊNDICE (S).............................................................................................................143
APÊNDICE A – ROTEIRO PARA VISITA ..................................................................144
18
1 INTRODUÇÃO
Felizmente, novos significados e atributos podem ser dados a edifícios que um dia
exerceram uma função que não se enquadra mais com a atualidade. Macedo (2019)
diz que a apropriação das pessoas é o que causa a identificação com o lugar, dando
oportunidade para que o espaço receba novos usos. Jacobs (2000), em seu estudo
sobre segurança nas ruas, cita a necessidade de locais públicos e comércios com
horários de funcionamento diversos. Resumidamente, quanto mais variedade de
serviços e usos nas edificações, mais movimento é gerado, e, consequentemente,
mais segurança as pessoas sentem em estar naquele local.
identidade histórica do local. Essa técnica tem sido adotada ao redor de todo o
mundo, sendo muito comum na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, esse
processo de atualização ainda é pouco utilizado, mas se encontra em expansão. O
retrofit pode ser entendido como uma tendência principalmente no Rio de Janeiro e
em São Paulo, onde edifícios desatualizados têm sido recuperados através dessa
técnica, apresentando resultados positivos quanto à eficiência energética e à
valorização do imóvel (VALE, 2006).
1.1 OBJETIVO
1.1.1 Geral
1.1.2 Específicos
1.2 MÉTODO
Fonte: Elaborado por Santos (2021) e autora (2021) a partir de dados de Serra (2021) e Geobases
(2021)
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A partir da Revolução Industrial, ocorrida nos séculos VXIII e XIX, a cidade sofreu
alterações tão intensas que passou a ser analisada com uma nova visão pela
comunidade científica. De acordo com Blascovi (2006), a falta de planejamento
adequado e os altos índices de degradação ambiental e social ocorridos naquela
época provocaram impactos sociais e ambientais que interferem as cidades e o meio
ambiente até os dias atuais. Envoltos pelo caos urbano, os governantes, geógrafos,
urbanistas e outros profissionais então tiveram que repensar uma maneira de diminuir
a produção de resíduos e poluentes, e de se produzir cidades, a fim de melhorar a
qualidade de vida das pessoas.
Para Santos (1993, p. 95) “Com diferença de grau e de intensidade, todas as cidades
brasileiras exibem problemáticas parecidas”, questões essas muito conhecidas por
todos, como a falta de saneamento básico, lazer, habitação de qualidade, educação,
empregos e saúde. Essa situação ainda é agravada pela urbanização corporativa,
conceituada como aquela que atende o interesse das grandes empresas por ter seu
domínio, e que não está interessada em atender às demandas sociais e representa
uma parcela mínima da sociedade (SANTOS, 1993).
De acordo com Maricato (2013), entre 1967 e 1982 o Brasil vivera o maior
crescimento de produção imobiliária já registrado, impulsionado pelos programas de
financiamento e produção de imóveis (BNH – Banco Nacional de Habitação e FSH –
Sistema Financeiro de Habitação) do governo da época. O que parecia ser uma
solução ante ao déficit habitacional, suscitou na sua piora, visto que muitos dos
conjuntos habitacionais foram construídos em áreas periféricas, pouco valorizadas e
distantes dos centros urbanos, aumentando as distâncias de deslocamento e a
quantidade de vazios urbanos, alimentando assim, a especulação imobiliária e
distanciando a população do direito à cidade.
Em decorrência das novas demandas do meio urbano, em 2001 foi criada a lei nº
10.257 a fim de regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição, que tratam sobre
desenvolvimento urbano e direito à cidade. Comumente chamada de Estatuto da
Cidade, é um instrumento que tem como finalidade principal a garantia do uso social
da propriedade, ou seja, fazer com que as propriedades urbanas atendam o coletivo,
evitando assim edificações ociosas, que muitas vezes se encontram nessa situação
esperando a especulação imobiliária valorizar a região, e consequentemente, o
imóvel. O foco no desenvolvimento sustentável e no direito à cidade pode ser notado
no artigo 2º no Estatuto, que aborda as seguintes diretrizes sobre política urbana:
Sem o uso frequente das ruas pelas pessoas e sem a presença de seus olhos, que
trazem a sensação de segurança (JACOBS, 2000) locais que podem ter sido vivos e
convidativos um dia, se tornam hostis e perigosos, afastando ainda mais a presença
da sociedade. Assim, a revitalização/requalificação de edifícios vazios ou subutilizados
surge como uma alternativa possível, cooperando para o crescimento sustentável das
cidades e evitando a possível morte desses centros urbanos.
Frente a esta nova alternativa, se faz necessário para fins conceituais trazer à tona a
diversidade de definições em torno dos termos revitalização, requalificação e outros
importantes com a mesma temática. O Quadro 1 explica o significado de cada
palavra, de acordo com alguns autores.
Reabilitação “[...] se dirige mais ao edificado, sobretudo o que tem a ver com a
função residencial” (FORTUNA; LEITE, 2009, p. 46)
O termo adotado nessa proposta de projeto será requalificação. Seu emprego ocorre
por entender que essa definição engloba e compreende a necessidade do
desenvolvimento sustentável, a diminuição do uso de recursos naturais e uma
intervenção física não tão agressiva (como a demolição e substituição do imóvel).
Além disso, tem sido usado para projetos que se preocupam com a reintegração da
27
sociedade ao espaço que um dia já foi vivenciado e se perdeu com o tempo, fator
entendido como de suma importância para esse projeto de pesquisa.
Apesar de ser mais conhecido por ser empregado em prédios históricos, a técnica de
retrofit não se limita ao antigo. Caso um edifício considerado recente não tenha sido
construído pensando na melhor utilização do mesmo, logo ele necessitará de uma
atualização, a fim de permanecer vivo e eficiente por mais anos. A técnica é utilizada
29
para melhoria do conforto térmico, acústico e lumínico, podendo ser resumido como a
busca por eficiência energética, definida por Lamberts, Dutra e Pereira (1997, p. 5)
como “um atributo inerente à edificação representante de seu potencial em possibilitar
conforto térmico, visual e acústico aos usuários com baixo consumo de energia.”
2.3 SUSTENTABILIDADE
Para além dos exemplos citados anteriormente, a escolha dos materiais é de grande
relevância se tratando de sustentabilidade. Segundo a Câmara da Indústria da
Construção (2008), a melhor escolha de materiais é aquela que leva em consideração
a seleção de fornecedores e materiais de acordo com a localização da obra, além de
atender a verba disponível e o tipo de edificação em questão. Porém, no geral, há
escolhas que podem ser feitas que cooperam para gerar uma arquitetura mais
sustentável: a adoção de materiais reutilizáveis, recicláveis ou reciclados; materiais
locais e de fácil manutenção; a opção por madeiras de reflorestamento; e, sempre que
possível, optar pela construção seca (como por exemplo o drywall e steel frame).
O nível de intervenção a ser adotado é decidido com base no nível de proteção que o
imóvel apresenta, além do diagnóstico da edificação, que pode ser feito através de
instrumentos da avaliação pós-ocupação como o walkthrough, a pesquisa documental
e entrevistas. Barrientos e Qualharini (2004) apresentam três possibilidades de
intervenção: 1. Derrubar e construir; 2. Recuperar e realizar obras de caráter menor; 3.
Acrescentar elementos de conforto. O primeiro é aconselhado para casos em que a
estrutura já apresenta alto grau de degradação e não existe a possibilidade de
recuperação. O segundo e o terceiro pontos podem ser apresentados tanto em
retrofits rápidos até uma intervenção profunda.
2.5.1 Shaft
Shafts são passagens localizadas nas vedações verticais, utilizadas para a passagem
de toda as instalações necessárias da edificação (tubulações hidráulicas, elétricas e
de ar-condicionado). Seu objetivo é manter fácil o acesso em caso de manutenção,
seu tamanho é variável de acordo com a quantidade de instalações que aquele shaft
33
Atualmente, a maioria das construtoras já utilizam esse recurso, pois ele evita a
quebra de parte da vedação vertical e, consequentemente, diminui a geração de
resíduos sólidos. Segundo Barrientos (2004), os shafts são empregados no retrofit de
edificações para atender as novas demandas elétricas e hidráulicas, visto que as
instalações antigas normalmente não comportam as atualizações, seja devido ao
diâmetro da tubulação ou pelo emprego de novas técnicas não compatíveis com a
existente.
Sua montagem é composta por pedestais metálicos (de altura ajustável) que
sustentam chapas de aço, como pode ser visto na ilustração 5, ou outro material,
como por exemplo a madeira aglomerada. O material é compatível com diferentes
tipos de revestimentos, como o carpete, piso vinílico, porcelanato e granito (O QUE
É..., 2020).
34
O drywall – que em tradução literal significa parede seca – é um sistema que foi
inventado em 1896 nos Estados Unidos por Augustine Sackett, conhecido por
revolucionar a construção civil com sua criação (CONFIRA..., 2018). O sistema é
composto por uma estrutura metálica e placas de vedação, de material variável,
podendo ter enchimento acústico ou não, e recebe esse nome por não utilizar água
em sua montagem, tornando a obra mais limpa e organizada. Pode ser utilizado tanto
para a vedação vertical (ilustração 6) quanto para o rebaixo de teto, apresentando
vantagens em ambas as aplicações.
35
Por ser constituído por peças pré-fabricadas, o sistema drywall pode ser construído e
desmontado com muita rapidez, flexibilizando uma possível alteração de layout.
Comparado com a alvenaria tradicional, pode ser até seis vezes mais leve, reduzindo
a carga final exercida sobre a estrutura da edificação (PLACO, 2020). Essas são duas
grandes vantagens se tratando de um retrofit, em que nem sempre o uso original da
edificação se mantém, e é necessário a alteração das paredes internas. Além disso,
pode auxiliar no tratamento termoacústico por possibilitar a inclusão de materiais
específicos, como a lã de rocha.
3 ESTUDO DE CASO
Concluída em 2017, a escola tem quatro pavimentos, contando com área recreativa,
biblioteca, laboratórios, espaços diversificados para estudo e dezessete salas de aula.
O pavimento mais inferior foi reservado à praça e ao refeitório, local de maior
descontração dos alunos, enquanto o térreo e o primeiro pavimento concentram as
salas de aula. O último pavimento é responsável por receber salas de menor fluxo,
como a biblioteca e os laboratórios (ARCHDAILY, 2017).
39
Ficha técnica
Análise da forma
Análise da função
O primeiro pavimento, apresentado na Ilustração 15, tem foco nas salas de aula,
diferente do segundo pavimento (Ilustração 16), que apresenta usos diversificados e
menos frequentes, como o auditório e a biblioteca. Os setores foram distribuídos
dessa maneira para que no andar mais alto ficassem as atividades menos utilizadas, e
não houvesse um fluxo desnecessário de alunos por ali.
44
Análise da tecnologia
A maior alteração relacionada à estrutura original da edificação feita nesse retrofit foi a
demolição parcial da laje em alguns pavimentos, como pode ser visto na Ilustração 17.
Essa mudança proporcionou a criação de novas circulações verticais, agora de acordo
com as normas exigidas, e de um átrio, que proporcionou a melhoria de entrada de
ventilação e iluminação natural, observado na Ilustração 18, proporcionando mais
conforto para as salas de aula e as áreas de convívio social (HENNIGAN, 2018).
46
Os brises soleil locados nas fachadas principais criam uma camada de proteção solar
à edificação, e o espaçamento existente entre a estrutura metálica e a vedação é
utilizado como galeria técnica, e abriga os condensadores de ar-condicionado das
salas. Além disso, são divididos em módulos articulados que podem alterar sua
posição, facilitando a manutenção e limpeza (MARQUEZ, 2021), assim como,
permitindo o controle da entrada de luz natural no ambiente em função da
necessidade e/ou conforto os usuários.
Com relação aos materiais, foi dado destaque aos metálicos, como a passarela de
acesso ao térreo superior e as chapas de alumínio expandido utilizado nos brises
soleil. As vedações em alvenaria das salas de aula foram substituídas por panos de
vidro que, protegidas pelos brises, permitem a passagem de luz sem a piora do
conforto térmico. Além dos materiais citados, ainda é possível observar o acabamento
em madeira das arquibancadas, projetada de maneira a possibilitar a interação e
apropriação por parte dos alunos (ARCHDAILY, 2017).
De acordo com Cassou (2018), o retrofit teve tanto êxito que revitalizou não apenas o
edifício, como também toda a região do Cais do Sodré, local onde o mercado é
inserido. Hoje, esse conceito de mercado híbrido (tradicional + restaurantes) se
expandiu com o grupo do Time Out Market para outras cidades como Nova York,
Miami, Boston, Chicago e Montreal.
Ficha técnica
Análise da função
Nesse capítulo será analisado a parte do mercado em que foi feito o retrofit e, apesar
de haver poucas informações a respeito do projeto do Time Out Market, é possível
observar aspectos interessantes e que podem ser utilizados como referência de
projeto.
Como pode ser visto na demarcação criada na ilustração 21, os restaurantes foram
dispostos de maneira a criar uma grande praça central de alimentação, onde as
pessoas podem se sentar para comer suas refeições. Seu tamanho apresenta um
padrão e têm característica de refeições rápidas ou pré-prontas, por não
apresentarem uma grande estrutura de cozinha e despensa de alimentos. No centro
da praça de alimentações há quiosques voltados para bebidas, e se encontram em
local estratégico, próximo às mesas e com facilidade de acesso após retirada dos
alimentos. Esse formato de “U” facilita tanto a visualização dos restaurantes por parte
dos clientes e usuários quanto a interação dos mesmos, influenciados também pelo
layout das mesas inspirado nos refeitórios escolares (Ilustração 22).
50
Análise da tecnologia
Não foi possível identificar nenhum tipo de ventilação passiva, assim como não foi
identificado nenhuma outra tecnologia de conforto ambiental, então acredita-se que o
uso de condicionadores de ar e de ventiladores, como pode ser visto na ilustração 22,
seja frequente.
52
O interior do mercado, na parte utilizada pelo Time Out Market (Ilustração 25),
mantém uma linguagem bem atual e condizente com o retrofit recebido no exterior,
com extenso uso da cor preta, estruturas metálicas e da madeira (principalmente no
layout móvel), características presentes no estilo industrial, que reforçam a identidade
jovem e atual da marca Time Out Market e do local.
53
O Mercado da Boca, inaugurado em 2018 com projeto de Gustavo Penna, traz como
inspiração em sua arquitetura a cultura mineira, podendo ser observado traços em
todo o edifício, principalmente nos detalhes interiores. Contendo dois pavimentos
voltados ao cliente e uma linguagem muito atual, o arquiteto apresenta um ambiente
integrado, descomplicado e confortável, com opções variadas de restaurantes
(ARCHDAILY, 2019).
Ficha técnica
Análise da forma
A forma retangular da edificação pode ser observada tanto em planta baixa quanto em
sua volumetria, que apresenta traçados bem simples e demarcados, conforme pode
ser observado e demarcado nas Ilustrações 27 e 28. É possível observar ainda pelas
imagens que há um eixo de simetria horizontal bem marcado com relação à geometria
principal, que cruza com o eixo secundário da edificação, criado a partir da
conformação dos restaurantes no pavimento superior. Esses eixos de simetria geram
a sensação de organização e boa distribuição do espaço, além de facilitar a
localização dos usuários do ambiente.
55
No bloco superior, de maior expressão, foi instalado brises soleil com formatos
geométricos variados, criando uma espécie de onda, que gera dinâmica e ritmo para a
fachada, além do seu propósito principal de proteção solar. Essa ondulação pode ser
observada na Ilustração 29 e modifica o entendimento da fachada de acordo com o
posicionamento do observador em relação à edificação.
Análise da função
que pode ser privado caso a porta que divide os ambientes seja completamente
fechada. Essa flexibilidade é interessante no projeto, pois traz a possibilidade de
diferentes usos para os ambientes, atingindo diferentes públicos.
Análise da tecnologia
Além do uso dos brises, não foi encontrado nenhuma outra informação referente a
tecnologias que cooperam para a melhora do conforto térmico. A ventilação do local é
feita de forma mecânica.
Por apresentar vidro em toda a extensão de sua fachada, o mercado recebe grande
quantidade de iluminação natural, conforme pode ser observado na ilustração 33,
sendo necessário o reforço de forma ativa apenas no período da noite. São utilizados
também dutos de entrada de iluminação natural no pavimento superior (Ilustração 34),
que apresenta um pé-direito mais alto, proporcionando melhoria no conforto térmico e
lumínico.
O primeiro é a relevância sentimental que o local tem para a autora deste trabalho. O
edifício, que um dia já foi uma escola, é muito conhecido pela comunidade de
Valparaíso e vários jovens do bairro já foram alunos daquela instituição. O local é
lembrado como um espaço onde foram vividos muitos bons momentos, e é presente
na lembrança da vizinhança. Esse fator foi tido como importante, pois, apesar de não
estar mais sendo utilizado, é notável a presença da edificação na memória coletiva.
Além disso, o bairro é o local onde a autora cresceu e a proposta de projeto se
apresenta como uma “devolução” à comunidade local por toda a educação e vivência
obtida ali.
O segundo fator é baseado nos usos encontrados no entorno da edificação, o qual foi
apresentado em um mapa com resultado obtidos através de um levantamento feito
com o auxílio do Google Maps e do conhecimento de moradores locais.
Mapa 2 - Mapa de usos atual com um raio de 500 metros em relação à edificação
escolhida
Para que fosse possível compreender a edificação objeto dessa intervenção, foi
realizada uma visita no dia 03 de dezembro de 2020, na qual o atual proprietário
disponibilizou o local no período matutino e vespertino para medições e fotografias.
Foram utilizadas como ferramentas uma trena manual e a câmera fotográfica de um
celular. Um roteiro de vistoria preparado previamente foi levado ao local para servir
como base de anotações e para futuro diagnóstico do local (Apêndice A).
A edificação encontra-se temporariamente sem uso, portanto, nesse caso não houve
a possibilidade de fazer contato/entrevista com usuários do local. De acordo com o
63
A seguir serão apresentadas as fotos feitas no local para registrar a edificação, suas
patologias e alterações, assim como o projeto modificado após a visita e a marcação
em planta baixa do posicionamento no momento das fotos. O projeto foi atualizado
com as alterações que puderam ser constatadas no local, tendo como base o projeto
original, obtido através do contato com os antigos proprietários do imóvel.
O terreno da antiga escola tem área de 2.845,75m², e fica localizado em uma das
principais avenidas do bairro, a Avenida Guarapari. À nordeste há um posto de
gasolina, atualmente também sem uso, e a leste se encontra uma das entradas do
Parque da Cidade (ilustrações 35 a 37).
Os acessos à edificação são feitos pelo andar térreo, pela rua lateral sem nome e pela
Avenida Guarapari, como pode ser observado na Ilustração 38 e 39. A Avenida
Guarapari é marcada por ser uma das principais vias do bairro, com trânsito mais
intenso, enquanto a rua sem nome apresenta baixa movimentação de pessoas e a
frequência de assaltos nessa região é alta. As laterais da via são ocupadas por muros
altos da antiga escola, de um condomínio fechado de prédios e da igreja, sem
oportunidade para que a população ali permaneça, se tornando apenas um local de
passagem.
65
A fachada lateral (Ilustração 40) se encontra numa situação bem diferente, com
esquadrias faltantes e sem padronização. A pintura já se mostra em processo de
descoloração devido ao tempo e à exposição às intempéries, e há um acúmulo de
entulho no seu entorno.
Próximo à entrada lateral da edificação há uma quadra coberta com estrutura metálica
e uma pequena arquibancada anexada e que estão sendo utilizados atualmente como
depósito de parte do antigo layout móvel. A vegetação se faz presente em alguns
locais pela falta de manutenção do espaço (ilustração 44).
69
No primeiro pavimento (Ilustração 49) se encontram três cômodos que eram utilizados
como sala de aula da antiga escola e o estado de conservação delas é semelhante ao
encontrado no pavimento térreo. Desse pavimento é possível observar a cobertura do
pavimento térreo e de parte da vizinhança (Ilustração 50).
72
Se tratando de patologias, foi possível observar que houve a remoção de parte das
esquadrias e estufamento do forro de gesso ou da laje (não foi possível identificar o
material do teto), que pode ter sido causado por infiltração de água pela cobertura
(Ilustração 56).
Ilustração 56 - Antiga sala de aula com patologia visível no forro de gesso ou laje
Ilustração 57 - Fachadas da edificação, onde: (a) Fachada 01; (b) Fachada 02 e; (c)
Fachada 03
(a)
(b)
(c)
orientações norte e nordeste. Existe, ainda, uma vista potencial para o Parque
Municipal da Serra tanto no térreo quanto nos pavimentos superiores. As fachadas
principais se encontram voltadas para sudeste e nordeste.
Fazendo a análise do gráfico Rosa dos Ventos da cidade de Vitória (Ilustração 58), há
a predominância dos ventos vindos do Norte, Noroeste e Nordeste, apresentando
maior velocidade no Nordeste. Trazendo a análise para a edificação apresentada,
esse padrão se confirma visto que foi observado momentaneamente ventos vindos da
orientação Nordeste. Essa constatação pode ser influenciada por fatores exteriores
como altura das edificações no entorno e a presença ou não de vegetação próxima.
78
O gráfico de temperatura e zona de conforto (Ilustração 59) nos mostra que durante
todo o ano as temperaturas médias mensais se encontram majoritariamente dentro da
margem de conforto térmico, apresentando desconforto com temperaturas mais altas
nos primeiros meses do ano e temperaturas mais amenas nos meses próximos do
inverno no hemisfério Sul, entre maio e agosto.
4.3 LEGISLAÇÕES
• PDM
Grupo 1 e 2
Gabarito 4
• Código de Obras
• NBR 9050/2020
rodas com rotação de 90° e preferencialmente maior que 1,50m, garantindo o direito
de acesso e a rotação de 360° com autonomia para a manobra de cadeira de rodas,
de acordo com o que é apresentado em norma.
• NBR 9077/2001
Para o exercício projetual a resolução foi utilizada para nortear parâmetros referentes
ao fluxo interno dos restaurantes, quantidade necessária de iluminação e ventilação,
acessos, instalações sanitárias e descarte dos resíduos.
89
5 APRESENTAÇÃO DO PROJETO
Público Administrativo/Serviço
Estacionamento DML
Lojas Depósito
Restaurantes
Fonte: Autora (2021)
90
Ilustração 66 - Fluxograma
Diretrizes projetuais
5.2 PROJETO
A proposta projetual teve seu início na análise das condicionantes ambientais e legais
e estabeleceu-se primeiramente as zonas de baixa permanência, serviço e zonas
91
Ilustração 81 – Corte AA
Ilustração 82 – Corte BB
Ilustração 83 – Corte CC
Ilustração 84 – Corte DD
Ilustração 85 – Corte EE
Para as divisórias internas novas, optou-se por utilizar o sistema drywall visando a
agilidade e a promoção de uma obra mais limpa e organizada. Além desses fatores, a
escolha se deu pelo sistema ser mais leve em comparação com outros tipos de
vedação, fator importante visto que seria instalado numa construção com estrutura já
edificada.
Por fim, o terceiro recurso proposto para o sombreamento da envoltória foi o brise
metálico Stripweave (Ilustração 91), também do fabricante Hunter Douglas. O material
composto por lâminas entrelaçadas também é marcado por sua estética, que de
acordo com o fabricante, proporciona um resultado similar a um tecido, podendo ser
de material sólido ou perfurado. Sua aplicação ocorreu no volume de maior
expressividade vertical, contemplando a caixa de circulação vertical e caixa d’água.
Coberturas
Ilustração 94), gerando uma espécie de traffic calming, com intenção de trazer
segurança para aqueles que poderiam se deslocar de um local para o outro e de
aproximar os dois espaços de cultura, gastronomia e lazer. Foi utilizado um padrão
orgânico nessa nova pavimentação, trazendo a referência do próprio piso do Parque
Municipal, como pode ser visto na Ilustração 95.
Acessos e setorização
Os acessos de pedestres à edificação pela Av. Guarapari e pela rua sem nome foram
mantidos, sendo acrescido mais um acesso pela rua sem nome. Essa decisão foi
tomada com base no fluxo de entrada e saída de pessoas da edificação, se
adequando à norma de saídas de emergência (NBR 9077/2001). Com relação ao
acesso de veículos, ambos se localizam na rua sem nome, com saída pela Avenida
115
Ilustração 100 – Recorte da planta baixa com zoom na região de carga e descarga e
restaurantes
Ilustração 101 – Recorte da planta baixa com zoom na região dos restaurantes com
atendimento à varanda e à praça de alimentação
Ilustração 102 – Recorte da planta baixa com zoom na região do hall e cafeteria com
atendimento à região externa ao Complexo Gastronômico
Na ilustração 104 é possível ver como ficou a conformação final dos restaurantes e a
relação direta com a praça de alimentação e na ilustração 105, a entrada do
Complexo Gastronômico com o acesso externo da cafeteria.
121
Ilustração 104 – Recorte da planta baixa com zoom nos restaurantes e praça de
alimentação
Ilustração 106 – Recorte da planta baixa com zoom nas lojas e acesso da carga e
descarga
Ilustração 107 – Fachada voltada para Avenida Guarapari com acesso para lojas
Ilustração 109 – Recorte da planta baixa com zoom na região da entrada voltada para
a Av. Guarapari e do playground
Para que houvesse melhor aproveitamento do espaço térreo com uso da área
externa, que apresenta grande potencial, foi proposto um subsolo para comportar a
quantidade necessárias de vagas de estacionamento (ilustração 113). O espaço
utilizado não interfere na construção original, isso foi pensado para que a fundação da
edificação não fosse modificada, tendo apenas a área de circulação vertical
convergente com os pavimentos superiores.
Com relação ao Primeiro Pavimento (Ilustração 114 e 115), foi localizado neste andar
um restaurante com estrutura maior e, portanto, com capacidade para mais pessoas.
A proposta é que seja um espaço mais intimista, com acesso um pouco mais restrito,
sem grandes movimentações, pensando sempre na diversificação do público. Neste
nível há a visibilidade para o pavimento inferior, devido à altura da cobertura metálica
da praça central, mas que também foi pensado para uma maior integração dos
usuários que utilizarem o restaurante (Ilustração 116). Ainda no primeiro pavimento,
foram projetados sanitários para este público, atendendo as demandas da NBR
9050/2020.
Para o último pavimento foi pensado um espaço multiuso, onde podem ocorrer cursos,
palestras e workshops, sempre voltado para o aprendizado e capacitação dos
funcionários e da comunidade local (Ilustração 117 e 118). Entende-se a importância
desse tipo de uso em função da diversificação do espaço, mas também, pensando na
estrutura do térreo como suporte para os eventos que ocorrerem, reforçando o
aspecto amplo da proposta.
Para isso, a estrutura interna foi mantida, sendo instalado apenas uma esquadria
entre as duas salas menores, flexibilizando seu uso, ora para públicos maiores, ora
menores. Nesse pavimento é possível ver os brises metálicos de chapa perfurada
voltados para a fachada noroeste e o telhado verde do pavimento inferior (Ilustração
119).
Ilustração 119 – Segundo pavimento com vista para terraço jardim e sala multiuso
Com relação à estética, foi decidido manter a linearidade das esquadrias, o caráter
horizontal da edificação e o volume destacado da caixa de circulação vertical e da
caixa d’água, ocasionando em poucas alterações do volume original. Essas decisões
projetuais foram tomadas com o propósito de manter na memória das pessoas que
conheciam e utilizavam a antiga escola a volumetria original da edificação.
Ilustração 121 – Perspectiva a partir da esquina da Avenida Guarapari com Rua Sem
Nome
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
brasileiro, onde ainda é pouco utilizado. A técnica se mostrou uma boa alternativa
para edifícios sem uso ou subutilizados, podendo incentivar a vivacidade de uma
região através da requalificação de, por exemplo, uma edificação viva na memória
coletiva com a atualização do uso e da tecnologia empregada.
O uso proposto se mostrou viável diante ao mapa de usos da região, que apresenta
um déficit de usos voltados para o comércio e a gastronomia, e devido sua localização
estratégica, próxima ao Parque Municipal da Serra. Apesar das limitações impostas
pela edificação original, acredita-se que a proposta projetual foi permeada de decisões
coerentes relacionadas às demolições e adições, apresentando um bom resultado
final, tendo como resultado final uma edificação requalificada com tecnologias
coerentes à atualidade mas que ainda apresenta elementos formais que remetem à
edificação original, a fim de manter a edificação na memória coletiva da população
que a utilizou anteriormente e que poderia desfrutar do novo uso proposto por esse
trabalho.
137
REFERÊNCIAS
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APÊNDICE (S)
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