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UniAGES

Centro Universitário
Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo

JOSÉ ROBSON DOS ANJOS LIMA

ARQUITETURA E EXPRESSÃO: proposta de anteprojeto


arquitetônico para o Mercado Público Municipal de
Paripiranga (BA)

Paripiranga
2021
JOSÉ ROBSON DOS ANJOS LIMA

ARQUITETURA E EXPRESSÃO: proposta de anteprojeto


arquitetônico para o Mercado Público Municipal de
Paripiranga (BA)

Trabalho Final apresentado no curso de


Graduação do Centro Universitário AGES como
um dos pré-requisitos para obtenção do título de
bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientador: Me. Elso de Freitas Moisinho Filho

Paripiranga
2021
JOSÉ ROBSON DOS ANJOS LIMA

ARQUITETURA E EXPRESSÃO: proposta de anteprojeto


arquitetônico para o Mercado Público Municipal de Paripiranga (BA)

Trabalho Final apresentado no curso do Centro


Universitário AGES como exigência parcial para
obtenção do título de bacharel em Arquitetura e
Urbanismo à Comissão Julgadora designada
pelo colegiado do curso de graduação do Centro
Universitário AGES.

Paripiranga, ____ de julho de 2021.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Me. Elso de Freitas Moisinho Filho


Orientador / UniAGES

Profª. Me. Waleska Diniz Santana


Membro Interno / UniAGES

Prof. Esp. Flávio Novais Dantas


Membro Externo / Arquiteto e Urbanista
LIMA, José Robson dos Anjos, 1981
ARQUITETURA E EXPRESSÃO: proposta de
anteprojeto arquitetônico para o Mercado Público
Municipal de Paripiranga (BA) / José Robson dos Anjos
Lima.
xxx f.: il.

Orientador: Prof. Me. Elso de Freitas Moisinho


Filho.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Arquitetura e Urbanismo) – UniAGES, Paripiranga,
2020.
1. Arquitetura e expressão 2. Arquitetura de
Mercado Público. Título II. UniAGES
Ao meu filho, Fhelippe Lima, por todos os
momentos que passamos e iremos passar por
toda a vida. Amor de pai e filho é inexplicável,
algo eterno, independentemente de qualquer
situação. Um eu te amo é pouco diante do
universo de sentimentos que despertamos
durante a vida.
AGRADECIMENTOS

Ninguém vence só, a trajetória deste trabalho de conclusão reafirmou o apoio


de várias pessoas que sempre estiveram ao meu lado, vibrando pelo meu sucesso.
Agradeço:
A Deus, pela minha vida, e por me permitir ultrapassar todos os obstáculos
encontrados ao longo desta jornada de cinco anos de estudo. Houve medos, dúvidas,
incertezas, mas com as suas bênçãos Dele foram superadas.
Aos meus pais Antônio Virginio Lima e Efigênia Maria dos Anjos, ao meu filho
Felippe Lima, minha irmã Esicleide Lima, sobrinhas: Dr.ª Bruna Larissa e Letícia Lima.
Pessoas fundamentais na minha vida, a quem devo todo o respeito e admiração.
Estiveram, e estão, sempre ao meu lado, em todos os momentos.
Ao Centro Universitário AGES, pela oportunidade de trazer o curso dos meus
sonhos para minha cidade, com grandes mestres.
Ao orientador, Prof. Me. Elso de Freitas Moisinho Filho, pessoa singular,
humana, compreensiva, profissional incrível de grande competência. Parceiro desde
o primeiro encontro da graduação, sempre nos conduziu e instigou a evolução,
enquanto futuros profissionais de arquitetura.
Aos coordenadores durante toda graduação: Prof. Me. Elso de Freitas Moisinho
Filho, Profª Andrea Reis e Prof. Bruno Almeida, pela dedicação e parceria.
Aos professores, Flávio Novais, Renata Dantas, Manasses, Daniel Anvar,
Daniel Vieira, Mayara Silva, Elaine Lima, profissionais se dedicaram e estiveram ao
meu lado com grandes ensinamentos profissionais e até pessoal (sim! Grande parte
se tornaram amigos para vida).
Aos colegas de curso, Ana Paula, Wolney Wagner, Reinaldo Santos e Raul
Celestino, com quem tive o privilégio de compartilhar momentos de alegria, de dores,
angustias e companheirismo. Nesse momento oportuno, expresso gratidão a vocês e
aos demais colegas de graduação.
À família Lima, pela admiração e respeito que sempre tiveram por mim. E a
minha família de coração: José de Jesus, Luciana Virgínia, Itana Virgínia, Sônia Lima,
Aisi Lima, Ana Lúcia, Ana Carmem, Marluce Santos, sem o incentivo e vibrações
positivas de vocês eu não teria chegado até aqui.
Aos colegas/amigos de trabalho: Anajara, Poliana, Elenilda, Idaiane, Cristiana,
Geilza, Alisson, Edjalmo e Geocasta. Meu sentimento é de gratidão por ter vocês no
meu dia a dia. Obrigado pelo apoio de sempre.
O projeto ideal não existe, a cada projeto
existe a oportunidade de realizar uma
aproximação.
Paulo Mendes da Rocha
RESUMO

As edificações sofrem deterioração pela ação do tempo, vandalismo, ou até mesmo


por questões de manutenção nos equipamentos urbanos. No caso dos Mercados
Municipais, acrescenta-se a ineficiência das políticas públicas, por isso a presente
pesquisa busca apresentar uma proposta de anteprojeto arquitetônico para promover
a reestruturação do Mercado Municipal de Paripiranga-BA, tendo em vista as
adequações às normas vigentes de acessibilidade – a NBR 9050/2020 – e às
normativas propostas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Essa
proposta busca atribuir maior dinamismo e um uso mais frequente do mercado
proposto, que ofertará espaços que contemplem não apenas as funções básicas, mas
também eventos culturais, gastronômicos, feiras itinerantes e lazer; em suma, um
espaço multifuncional, seguro e acessível a todos. Para tanto, foi necessário conhecer
o funcionamento dinâmico do mercado em questão, adequar as edificações existentes
às normas atuais, tendo em vista as questões orçamentárias que atendam às
necessidades dos munícipes locais e torná-las viáveis aos ideais econômicos com a
proposta de gerar empregabilidade. Sendo assim, foram realizados os seguintes
procedimentos: uma pesquisa qualitativa, de caráter observatório, com a finalidade de
analisar a qualidade arquitetônica e funcional do referido Mercado; revisão na
legislação da Anvisa e demais normas cabíveis e necessárias; observação do
ambiente para diagnosticar as problemáticas na infraestrutura, no funcionamento e no
entorno da construção; a pesquisa de amostragem, realizada com pessoas,
residentes na cidade de Paripiranga e cidades circunvizinhas; e, por fim, questionário
com o responsável pelo setor da Prefeitura Municipal de Paripiranga, com um teor
mais técnico. Desse modo, o objetivo deste estudo é desenvolver um programa de
necessidades com adequações que supram às necessidades do equipamento urbano
tendo em vista os aspectos sustentáveis, de acessibilidade e que futuramente seja
aprovado pelos órgãos competentes, na manipulação e armazenamentos adequado
para os alimentos comercializados. Assim, trará pontos de melhoria para a população
local atendendo a três pilares que embasaram o projeto: espaços de vendas
estruturados que fomentem emprego e rende, oferta de alimentos saudáveis e
sociabilidade urbana, que envolverá a sociedade para troca de experiências e cultura.

PALAVRAS-CHAVE: Mercado Municipal. Reestruturação. Acessibilidade. Renda.


Cultura. Lazer.
ABSTRACT

Buildings deteriorate due to the course of time, vandalism, or even maintenance issues
in urban equipment. Regarding Municipal Markets, the inefficiency of public policies is
added, so this research seeks to present the proposal of an architectural draft to
promote the restructuring of the Municipal Market of Paripiranga-BA, bearing in mind
the adaptations to the current accessibility standards - NBR 9050/2020 – and the
regulations proposed by the National Health Surveillance Agency (ANVISA). This
proposition aims to provide greater dynamism and more frequent use of the proposed
market, which will offer spaces that contemplate not only basic functions, but also
cultural, gastronomic events, traveling fairs and leisure; in short, a multifunctional
space, safe and accessible to everyone. Therefore, it was necessary to know the
dynamic functioning of the aforementioned market, adapt existing buildings to current
standards, considering the budgetary issues that meet the local citizens’ needs and
make them viable to economic ideals with the proposal of generating employability.
Consequently, the following procedures were carried out: a qualitative, observatory
survey, with the purpose of analyzing the architectural and functional quality of the
referred market; review of Anvisa's legislation and other applicable and necessary
standards; observation of the environment in order to diagnose infrastructure
problems, functioning and surroundings of the construction; the sampling research,
carried out with inhabitants of the city of Paripiranga and surrounding cities; and, finally,
a questionnaire with the person responsible for the sector of the City Hall of
Paripiranga, this with a more technical content. Thus, the objective of this study is to
develop a program of needs with adjustments that meet the requirements of urban
equipment regarding the sustainable aspects, accessibility and that in the future will
be approved by the proper authorities, in the handling and storage appropriate for
commercialized foods. Thus, it will bring improvement features for the local population,
meeting the three pillars that supported the project: structured sales spaces that
encourage employment and income, offer healthy food and urban sociability, which will
involve society to exchange experiences and culture.

KEYWORDS: Municipal Market. Restructuring. Accessibility. Income. Culture.


Leisure.
LISTAS

LISTA DE IMAGENS

FIGURA 1 - MERCADO DE SÃO JOSÉ, NO RECIFE - PE ..................................................... 25


FIGURA 2 - MERCADO PÚBLICO DE GRENELLE, EM PARIS ................................................ 26
FIGURA 3 - MERCADO MUNICIPAL PAULISTANO. SÃO PAULO - SP .................................... 27
FIGURA 4 - VISÃO A PARTIR DA VÁRZEA DO CARMO (ATUAL PARQUE DOM PEDRO II). ........ 28
FIGURA 5 - REFORMA URBANA SANITÁRIA, RIO DE JANEIRO, SEC. XX .............................. 29
FIGURA 6 - PLANTA DO RIO DE JANEIRO COM DESTAQUE PARA AS NOVAS AVENIDAS
PROPOSTAS À ÉPOCA ............................................................................................ 30

FIGURA 7 - MERCADO CENTRAL DA CANDELÁRIA. RIO DE JANEIRO - RJ ........................... 31


FIGURA 8 - HALLES DE PARIS LE 28 FÉVRIER 1969 ......................................................... 31
FIGURA 9 - PRIMEIRA ARQUITETURA DO MERCADO MODELO, ENTRE 1912 E 1915.
SALVADOR – BA ................................................................................................... 32
FIGURA 10 - MERCADO MODELO – 1960 ....................................................................... 33
FIGURA 11- MERCADO MODELO. SALVADOR – BA.......................................................... 34
FIGURA 12 - PLANTA DA ÁGORA DE PRIENE ................................................................... 35
FIGURA 13 - PLANTA DO MERCADO DE SEGUNDO TIPO .................................................... 37
FIGURA 14 MERCADO PÚBLICO NO IMPÉRIO ROMANO ..................................................... 38
FIGURA 15 - HALLES CENTRALES, 1853. ....................................................................... 39
FIGURA 16 - ARMAZENAMENTO IDEAL ............................................................................ 47
FIGURA 17 - PEIXARIAS DO MERCADO PÚBLICO-FLORIANÓPOLIS ..................................... 49
FIGURA 18 - CROQUIS DO MERCADO DE SÃO PEDRO - NITERÓI – RJ ............................... 54
FIGURA 19- FLUXOGRAMA DA METODOLOGIA DE PROJETO ARQUITETÔNICO APLICADA A
MERCADOS PÚBLICOS. ........................................................................................... 55

FIGURA 20 - CÂMARA FRIA ............................................................................................ 56


FIGURA 21 - TRIPÉ DA SUSTENTABILIDADE ..................................................................... 58
FIGURA 22 - MERCADO MUNICIPAL DE SANTA CATERINA ................................................. 60
FIGURA 23 - PLANTA BAIXA COM INDICAÇÃO DE ACESSOS E FLUXOS ................................. 61
FIGURA 24 - CORTE LONGITUDINAL DO MERCADO DE SANTA CATERINA............................ 62
FIGURA 25 - MERCADO MUNICIPAL DE SANTA CATERINA ................................................. 62
FIGURA 26 - DETALHE DA COBERTURA DO MERCADO MUNICIPAL DE SANTA CATERINA ...... 63
FIGURA 27 - FACHADA DO MERCADO CENTRAL .............................................................. 64
FIGURA 28 - MERCADO CENTRAL DE FORTALEZA ........................................................... 65
FIGURA 29 - CASA CONSTRUÍDA EM PAU-A-PIQUE NA CHAPADA DIAMANTINA NO ESTADO DA
BAHIA. ................................................................................................................. 66
FIGURA 30 - CASA DE TAIPA TAPIOCARIA ........................................................................ 67
FIGURA 31- FACHADA DA CASA DE TAIPA TAPIOCARIA ...................................................... 68
FIGURA 32 - MAPA DA BAHIA ........................................................................................ 70
FIGURA 33 - FEIRA LIVRE DE PARIPIRANGA NA DÉCADA DE 50 .......................................... 72
FIGURA 34 - MERCADO MUNICIPAL DE PARIPIRANGA – BA .............................................. 73
FIGURA 35 - AÇOUGUE MUNICIPAL DE PARIPIRANGA – BA .............................................. 73
FIGURA 36 - PLACA DA CONSTRUÇÃO DA RUA JOSÉ CARVALHO SANTA ROSA, EM 1987..... 74
FIGURA 37 - ATUAL MERCADO MUNICIPAL DE PARIPIRANGA ............................................ 75
FIGURA 38 - VISTA AÉREA DO AVALIANDO E DA REGIÃO DE ENTORNO ................................ 76
FIGURA 39 - IMAGENS DO OBJETO DE ESTUDO ................................................................ 79
FIGURA 40 - MERCADO DE CEREAIS............................................................................... 84
FIGURA 41- ANÁLISE DO ENTORNO ................................................................................ 90
FIGURA 42 - CLASSIFICAÇÃO VIÁRIA DE PARIPIRANGA-BA ............................................... 91
FIGURA 43 - ANÁLISE DAS CONDICIONANTES NATURAIS ................................................... 92
FIGURA 44 - ANÁLISE DOS VENTOS ................................................................................ 93
FIGURA 45 - ANÁLISE DE INSOLAÇÃO ............................................................................. 94
FIGURA 46 - ANÁLISE DA TEMPERATURA ........................................................................ 95
FIGURA 47 - PLANTA TOPOGRÁFICA ............................................................................... 97
FIGURA 48 - DIAGRAMA DE EVOLUÇÃO VOLUMÉTRICA ..................................................... 99
FIGURA 49 - PILARES DO PROJETO .............................................................................. 101
FIGURA 50 - ESQUEMATIZAÇÃO DE SETORIZAÇÃO ......................................................... 106
FIGURA 51 - CORTE ESQUEMÁTICO ............................................................................. 107
FIGURA 52 - PREVISÃO DO SISTEMA ESTRUTURAL ......................................................... 109
FIGURA 53 - ESQUEMA DE FLUXO DO PRIMEIRO MERCADO ............................................. 111
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - QUANTITATIVO DE AMBULANTES.......................................................................103

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - TIPOS DE AÇOUGUE ................................................................................... 43


QUADRO 2 - QUANTITATIVO POPULACIONAL ................................................................... 71
QUADRO 3 - PANORAMA ECONÔMICO ............................................................................ 71
QUADRO 4 - MERCADO DE TRABALHO ............................................................................ 71
QUADRO 5 - ÍNDICES URBANÍSTICO ................................................................................ 89

LISTA DE SIGLAS

ADAB Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia


ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
APO Avaliação Pós Ocupação
APP Áreas de proteção permanente
BA Bahia
C.A Coeficiente de Aproveitamento
CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção
CO² Gás carbônico
DIVISA Diretoria de Vigilância Sanitária e Higiene Ambiental
GAB Gabarito de Altura Máximo
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica
IMS Instituto Moreira Salles
Kg Quilograma
TEM Ministério da Economia
RAIS Relação Anual de Informações Sociais
CAGED Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
NBR Norma Brasileira
ºC Graus Celsius
PcD Pessoa com deficiência
PE Pernambuco
PVC Polyvinyl chloride (Policloreto de polivinila)
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
RJ Rio de Janeiro
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEI Sistema Eletrônico de Informações
SESAB Secretaria da Saúde do Estado da Bahia
SP São Paulo
SUVISA Superintendência de Vigilância em Saúde
SVS Subsecretaria de Vigilância à Saúde
TJPE TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE PERNAMBUCO
TO Taxa de Ocupação
TP Taxa de Permeabilidade
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 17

2. O MERCADO ................................................................................................. 22
2.1. Breve histórico dos mercados ................................................................... 22
2.2. Definição e classificação dos mercados ................................................... 35
2.3. Mercado: espaço público ou privado ........................................................ 39
2.4. O mercado como expressão cultural ........................................................ 40
2.5. O mercado, suas normas e legislações .................................................... 42
2.5.1. ANVISA ..................................................................................................... 44
2.5.2. Legislação Municipal ................................................................................. 49
2.6. Diretrizes e recomendações ..................................................................... 53
2.6.1. Fluxo .........................................................................................................53
2.6.2. Câmara fria ............................................................................................... 56
2.6.3. Princínpios de sutentabilidade .................................................................. 57

3. REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICAS ............................................................. 59


3.1. Mercado Municipal de Santa Caterina ...................................................... 59
3.2. Mercado Central de Fortaleza (Ceará) ..................................................... 63
3.3. Inspiração regional .................................................................................... 65

4. MERCADO MUNICIPAL DE PARIRIPIRANGA-BA ...................................... 69


4.1. Localização e caracteristicas ................................................................. 69
4.2. Indicadores ............................................................................................ 70
4.3. O mercado municipal ............................................................................. 72
4.4. Diagnóstico – Análise Técnica ............................................................... 75
4.4.1. Caracterização da região .......................................................................... 75
4.4.2. Informações Tributárias ............................................................................. 77
4.4.3. Documentação .......................................................................................... 77
4.4.4. Descrição das caracteristicas do imóvel ................................................... 79
4.4.5. Princípios e ressalvas ............................................................................... 80
4.4.6. Quanto aos riscos ..................................................................................... 81
4.4.7. Quanto ao nível da inspeção ..................................................................... 81
4.4.8. Normas associadas ................................................................................... 82
4.4.9. Algumas Considerações ........................................................................... 82
4.4.10. Analise do usuário ................................................................................. 85
4.4.11. Resultados parciais .............................................................................. 86

5. PROPOSTA PROJETUAL ............................................................................. 88


5.1. Índices urbanísticos ............................................................................... 88
5.2. Entorno e as condicionantes naturais .................................................... 89
5.3. Levantamento topográfico ..................................................................... 96
5.4. O terreno de implantação ...................................................................... 98
5.5. Volumetria ............................................................................................. 98

6. MEMORIAL DESCRITIVO ............................................................................. 99


6.1. Conceito e partido................................................................................ 100
6.2. Programa de necessidades .................................................................... 102
6.3. Setorização .......................................................................................... 105
6.4. Sistema Estrutural ............................................................................... 108
6.5. Fluxos .................................................................................................. 110

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 112

REFERÊNCIAS....................................................................................................... 115

APÊNDICE...............................................................................................................119

ANEXOS..................................................................................................................130
17

1. INTRODUÇÃO

Como marco inicial das primeiras manifestações mercantis, a troca de


mercadorias foi consequência da insuficiência no abastecimento das populações, em
especial, de áreas urbanas. Com a evolução dessa prática e da vida social, a troca
transformou-se em comércio e, consequentemente, em mercados – localizados em
praças públicas.
É perceptível, por exemplo, a existência das ágoras na Grécia antiga que
serviam de espaços para impulsionar o comércio varejista, resultando na evolução
gradativa dos mercados que se formavam próximo das acrópoles. Com a expansão
que ultrapassou muralhas, as acrópoles passaram a ter apenas funções religiosas e
as atividades econômicas assumiram, consequentemente, os locais de mercado
(VARGAS, 2018).
No decorrer da história, esses locais passaram por momentos de glórias e
enfraquecimento, advindos de fatores como: surgimento de novos centros urbanos;
abandono pelas entidades mantenedoras; desenvolvimento de novas tecnologias de
armazenamento; entre outros. A respeito disso, Vargas (2015) relata que a
deterioração e a degradação dos mercados, nos centros urbanos, estão atreladas à
perda de função, à deficiência na manutenção das estruturas e/ou a questões de
gastos econômicos. Como consequência dessa degradação, os danos do espaço
físico impactam fortemente na sociedade.
Dada a relevância desta tipologia para a dinâmica da cidade e considerando
este um dos espaços democráticos mais significativos, o trabalho propõe uma nova
visão acerca das problemáticas recorrentes em mercados municipais, pois além das
funções básicas, como espaço de urbanidade e integração social, exerce função
responsiva de propulsor da economia, promotor do desenvolvimento das cidades e da
qualidade de vida.
Nessa perspectiva, faz-se necessário um olhar mais atento sobre o ambiente
em questão e as possibilidades de reestruturação do mesmo, para que se adeque às
necessidades da população, às exigências da legislação vigente e dos órgãos
responsáveis, a exemplo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.
18

A partir desse aspecto e da observação criteriosa da cidade de Paripiranga -


BA, surgiram inquietações que motivaram a pesquisa, a saber: como a carência de
infraestrutura do mercado municipal impacta no desenvolvimento socioeconômico de
Paripiranga; como propor soluções projetuais adequadas às questões bioclimáticas
da região alinhadas ao menor impacto financeiro; como promover permanência deste
equipamento na malha urbana.
Para construir uma proposta que atendesse aos quesitos mencionados, foram
explorados aspectos a respeito desse equipamento de uso coletivo que se destaca na
economia urbana, através de análises e reflexões sobre a sua existência, evolução e
função, abordado no segundo capítulo. Além disso, fez-se necessário o
desenvolvimento de propostas arquitetônicas com vistas a uma reestruturação
arquitetônica, em nível de anteprojeto, para os Mercados Municipais de Paripiranga
(BA), equipamentos urbanos fomentadores de economia, empregabilidade e renda
que passa por momentos de degradação e deterioração, mas que por sua vez essa
proposta não tenha um investimento alto à realidade do município.
A realização de qualquer processo de reestruturação de um mercado e seu
entorno não deve limitar-se apenas à execução direta do projeto arquitetônico, sendo
muito importante ter uma noção do fator histórico, da visão de mercado para formação
da sociedade capitalista, seus aspectos sociais, sua importância arquitetônica para o
desenvolvimento urbano, seu funcionamento e dinâmica. Outras questões a serem
consideradas são as exigências legislativas, orçamentária e estratégias com menor
impacto ambiental, explorado no segundo capítulo.
O objetivo geral da pesquisa é apresentar uma proposta de anteprojeto
arquitetônico para promover a reestruturação dos Mercados Municipais da cidade de
Paripiranga – BA, com adequações às normas vigentes de acessibilidade, a NBR
9050/2020; além das normativas propostas pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA); na intenção de atribuir maior dinamismo e um uso mais frequente,
o mercado proposto, ofertará espaços que contemple não apenas as funções básicas,
mas também eventos culturais, gastronômicos, feiras itinerantes e lazer; em suma,
um espaço multifuncional, seguro e acessível a todos a fim de garantir uma
sustentabilidade econômica e evitar a ociosidade da edificação durante os períodos
em que a feira não venha a ocorrer.
Os objetivos específicos propõem conhecer o funcionamento dinâmico do
mercado municipal; adequar às edificações existentes às normas atuais, tendo em
19

vista as questões orçamentárias que atendam às necessidades dos munícipes locais,


tornando-as viáveis aos ideais econômicos com a proposta de gerar empregabilidade.
São algumas das estratégias que serão contempladas e utilizadas como respostas.
O projeto de reestruturação dos Mercados Municipais na cidade Paripiranga –
BA vem para suprir a carência de infraestrutura básica, que perdura por décadas.
Sendo estes espaços o único equipamento urbano destinado à comercialização de
hortifrutigranjeiro que a cidade possui, é de extrema importância pensar em sua
estrutura.
Partindo desse pressuposto, reforça-se a necessidade de um prédio
contemporâneo, que atenda às normas sanitárias, de acessibilidade e conforto
ambiental; além das premissas de sustentabilidade. Isso porque o mercado, além de
resgatar a cultura popular e gastronômica, o artesanato, a música e as danças,
proporcionará aos paripiranguenses uma rica estrutura para alavancar a economia, a
renda e a empregabilidade. Para isso, se faz necessário conhecer um pouco do
contexto histórico, da fecundação a nível nacional até a inserção dos mercados em
Paripiranga e a sua importância como catalisador do meio socioeconômico.
É cabível ressaltar que, se nas grandes cidades os mercados municipais são
considerados como meio tradicionais de compras e vendas, em sua maioria
abandonado pelo poder público e pelo esvaziamento (consequência advinda da
concorrência com os meios mais modernos, a exemplo dos shoppings, galerias,
supermercados de grande porte, etc. o que contribui diretamente para o sucateamento
dos mercados e ocupações indesejadas. Nas cidades interioranas eles são
fundamentais.
A problemática encontrada nos Mercados de Paripiranga não está vinculada à
competição com outros centros de comércio, mas à ausência de compromisso público
com manutenção e adequações às normas atuais. Além disso, as feiras livres, que
são reconhecidas pela sua historicidade e resistência às tradições, são utilizadas por
toda a população para compras e vendas, pois a cidade oferta poucas opções nesse
segmento, abordado no capítulo quatro.
Em vista disso, por se tratar de um bem público, a qualidade e manutenção
desses equipamentos urbanos devem ser resguardadas à administração pública,
sendo estes os responsáveis pela construção e zelo.
Para realização do presente projeto de pesquisa, foi utilizado método de
pesquisa qualitativa, de caráter observatório, com a finalidade de analisar a qualidade
20

arquitetônica e funcional do Mercado Municipal da cidade de Paripiranga, situada no


estado da Bahia; revisão na legislação da Anvisa, em especial a Resolução 216
(2004); no Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação; na
NBR 9050/2020; e parâmetros de sustentabilidade.
O método observatório se fez necessário para ter ciência das problemáticas na
infraestrutura, no funcionamento e no entorno da construção. Isso possibilitou a
realização de um esboço na fase de pré-projeto e uma melhor definição na etapa de
anteprojeto que atenda às necessidades dos usuários de acordo com as normas
vigentes.
Outro método aplicado foi a pesquisa de amostragem. Essa, realizada com
pessoas da cidade de Paripiranga, residentes na zona urbana, zona rural e também
de outras cidades. O processo de seleção das pessoas se deu de forma aleatória,
após receber as respostas foi confeccionado gráficos de pizza para analisar a
porcentagem dos resultados.
Um questionário mais específico foi realizado com o responsável pelo setor da
Prefeitura Municipal de Paripiranga, com um teor mais técnico. As questões
levantadas foram baseadas em um checklist de avaliação executado pela ANVISA e
convertido em perguntas. O objetivo deste é desenvolver um programa de
necessidades com adequações que supram às necessidades do equipamento urbano
e na hipótese de ser colocado em prática, obter uma aprovação pelo órgão anterior
citado, para manipulação e armazenamento dos alimentos.
Foram utilizados, para confirmação e complementação ao estudo realizado em
campo, livros e artigos, em idioma português – embasadas em Vargas (2018), Max
Weber (2004), Soja (1993), Lefebvre (1968), Romero (2003), Cambiaghi (2017),
Fernandes et al. (2005), Jourda (2013), Corbella e Yannas (2003); bem como nas
diretrizes da NBR 9050 (2020), NBR 13532, RDC nº 331, NBR 5674 (1999) – foram
constados os seguintes aspectos: origem, formação, práticas comerciais,
funcionalidade, desenvolvimento projetual, aspectos de acessibilidade, requisitos
básicos arquitetônicos para espaços que manipulem alimentos e a importância deste
equipamento para a formação da sociedade capitalista e para o desenvolvimento
urbano.
Foram feitos levantamentos das áreas e topografia da dimensão territorial
abrangente na proposta, além de estudos de insolação, ventilação e
acústica, possibilitando a setorização dos ambientes, conhecer as potencialidades do
21

local e estudos de implantação. Para tais análises, foram utilizadas ferramentas


tecnológicas: Revit 2019, Google Earth Pro, Cadmapper, Lumion 10 e SolAr. Os
parâmetros encontrados serão aplicados como melhoria e desenvolvimento do projeto
arquitetônico dos Mercados Municipais de Paripiranga-BA, imóvel localizado na região
urbana, sendo seu acesso pela via José Carvalho Santa Rosa e José V. de Cerqueira.
As vias são pavimentadas e contempladas no seu entorno por casas e comércios.
Para melhor compreensão do conteúdo, o estudo dividir-se-á em sete capítulos
denominados em: introdução, o mercado, referências arquitetônicas, mercado
municipal de Paripiranga-BA, proposta projetual, memorial descritivo e considerações
finais. Na introdução é apresentado o tema de forma abrangente, problema, justificativa,
objetivo geral, objetivos específicos, metodologia e estrutura do trabalho.
No segundo capítulo é apresentado um breve histórico acerca de mercado e
como ele sus contribuições no meio urbano, tais como: definições e classificações,
uma ênfase na questão, público ou privado; qual o seu papel como expressão cultural;
suas normas, legislações, diretrizes e recomendações. No terceiro capítulo referência
arquitetônica, apresenta de forma objetiva dois mercados, o de Santa Caterina, em
Barcelona, o Mercado Central de Fortaleza e uma inspiração regional, estes
embasaram o desenvolvimento do projeto arquitetônico pelas suas formas e soluções
projetual.
No quarto capítulo aborda o contexto histórico do Mercado Municipal de
Paripiranga, um panorama das características do prédio existente e seu entorno, de
forma técnica, apresenta um diagnóstico visual do estado de conservação e
patologias. No quinto capítulo, foi trabalhado a proposta projetual com índices
urbanísticos, entorno, levantamento topográfico, condicionantes e desenvolvimento
volumétrico.
O sexto capítulo trata-se da proposta de intervenção de forma mais detalhada,
inicialmente aborda o conceito e partido, programa de necessidades, setorização,
fluxos e o projeto arquitetônico, conforme apresentado em apêndice. Por último a
conclusão de toda temática abordada no presente trabalho, isso não significa que foi
esgotado todo o assunto, mas serve de base para outros projetos de pesquisas com
diferentes abordagens relacionadas ao tema, Mercado Municipal, como por exemplo
a Avaliação Pós Ocupação (APO), ênfase no desenvolvimento urbano, entre outros.
22

2. O MERCADO

2.1. Breve histórico dos mercados

O Mercado Público é um equipamento urbano que perdura da antiguidade até


os dias atuais, sendo muitos desses espaços destinados a comportar as feiras livres
e assim, atribuir uma melhor infraestrutura a esta manifestação social. Segundo
Vargas (2018), os mercados são espaços urbanos que possibilitam interação entre
usuários e espaços de modo livre, pois toda população (independentemente da
posição social) tem acesso. Sendo assim, são locais de convívio e sociabilidade, além
de ser responsáveis pelo intercâmbio de produtos advindos do meio rural e escoados
nos centros urbanos, e formadores de riquezas culturais por intermédio das relações
comerciais.
Max Weber (2004) destaca que o mercado é um local para comercialização ou
trocas de bens – de forma regular – e funciona como suporte para suprir as
necessidades essenciais dos moradores com os chamados produtos de primeira
necessidade, mantido por mercadorias produzidas pela população local e cidades
vizinhas. Contudo, o mercado por si só não abastece uma cidade, existe a formação
de feiras itinerantes compostas por comerciantes vindos de outras localidades,
agregadas a esses locais ou em outros.

A origem do mercado está, portanto, no ponto de encontro de fluxos de


indivíduos que traziam seus excedentes de produção para a troca,
normalmente localizados em pontos equidistantes dos diversos centros de
produção ou em locais estratégicos do ponto de vista da navegação ou da
existência de água. (VARGAS, 2012, p.74)

Esse bem público teve seu momento de estrelato e, no decorrer da história,


sofreu degradação e desvalorização por questões diversas, entre elas: o abandono
pelos órgãos mantenedores, os Municípios. Mas nem todos tiveram o mesmo destino,
alugumas cidades demoliram, outras reformaram. Segundo Soja (1993), a
reestruturação urbana é um advento que promove alterações nas estruturas urbanas,
23

redefinindo a relação tempo-espaço e a implantação de novos equipamentos. Sendo


que não é um processo automático e não tem resultados predeterminados.

Em sua hierarquia de manifestações, a reestruturação deve ser considerada


originária e reativa a graves choques nas situações e práticas sociais
preexistentes, e desencadeadora de uma intensificação de lutas competitivas
pelo controle das forças que configuram a vida material. Assim, ela implica
fluxo e transição, posturas ofensivas e defensivas, e uma complexa e
irresoluta de continuidade e mudança. (SOJA, 1993, p. 194).

As transformações pelas quais as cidades vêm sofrendo são reveladas através


da necessidade de reestruturação, por meio de inovações, para redefinir a trama
citadina. Segundo Lefebvre (1968), esse é um fator determinante para as
estruturações e desestruturações, continuidades e descontinuidades, evoluções e
revoluções no tempo, a exemplo de eventos virtuais como o e-comece que teve suas
ações amplificadas nos últimos tempos.
No Brasil, em 10 de julho de 2001, foi aprovada a Lei nº 10257 que cumpre a
função de regulamentar a cidade. O artigo 2 da citada Lei estabelece que as políticas
urbanas devem ordenar o progresso abrangente dos encargos sociais e do domínio
urbano através dos regimes gerais, quais sejam: I - garantia de direitos urbanos
sustentáveis, entendidos como o pleno direito ao desenvolvimento do solo urbano,
habitação digna, saneamento básico, infraestrutura urbana, serviços e transporte
públicos, trabalho e diversão para as gerações atuais e vindouras.
Nesse sentido, a reestruturação da malha urbana é um direito assistido por lei
e deve ser exercida pelo poder público. Devendo considerar o objeto e outros
correlacionados, como afirma Romero (2003):
O homem deixou de ser nômade, fixou-se em determinadas regiões, e essa
mudança alterou a dinâmica da vivência em sociedade. No que diz respeito às
atividades mercantis, com os excedentes advindos dos produtores rurais, surgiu a
necessidade de troca e, com a popularização dessa prática, iniciaram-se as feiras
livres. Essas feiras abrigavam (e abrigam) diversos tipos de trabalhadores em um
mesmo local, sendo de grande importância para o abastecimento das comunidades
carentes, em virtude do baixo custo, além de abrigar os pequenos comerciantes locais
e ser acessível ao público em geral.
24

Partindo desse pressuposto, surgiu a necessidade de organizar as atividades


mercantis em um ambiente que pudesse abrigar uma quantidade maior de produtos e
pessoas, surge o então mercado.

O mercado foi, a princípio, lugar exclusivo de mercadores/comerciantes, mas,


à medida que o modo de produção feudal se desenvolve, aquele passou a
ser indispensável, também, para os senhores feudais, seus vassalos, seus
trabalhadores livres, para os servos daqueles, bem como para os artesãos e
comerciantes que surgiam nas cidades vivendo dos ganhos realizados nas
trocas, quando essa população trazia do campo para as cidades seus
produtos. (FREIRE, 2010, p.11).

Isso reforça a percepção de Weber (2004) acerca de mercado municipal. Para


ele, o espaço em questão é um local de comercialização regular ou troca de
mercadorias que atende às chamadas “necessidades básicas” dos moradores. Mas
essa função básica de espaço de urbanidade pormove também a integração social.

As grandes cidades, na faixa litorânea brasileira e no interior, desenvolveram,


a partir do século XVII, as suas praças do comércio, não apenas como
entrepostos de sua atividade mercantil com a Metrópole, mas também como
dispositivos de abastecimento, e, ainda, como importantes centros de sua
vida social. (FREITAS, 2016, p.37).

Desse modo, os espaços urbanos sediaram, no decorrer da história, encontros


e conexões entre localidades e a prática comercial livre, por toda parte do mundo.
Segundo Melo (2011), a cidade tem uma relação direta e real com o mercado, isto é,
as cidades dependem vitalmente destes centros fundadores que têm a troca como
identidade e que, ao chegar no século XIX, ganha novas funções, um mecanismo
regulador e higienizador do comércio alimentício.

Os edifícios que cumprem a função de troca fazem parte dos edifícios


especializados surgidos nos anos oitocentos para ordenar um processo
antigo, mas que não possuía regras. Os exemplares de mercados
construídos no século XIX, na Europa, urbanos e organizados, forma seus
exemplos mais significativos, apesar de todo e qualquer edifício comercial
possa ser enquadrado dentro do mesmo tipo. (MELO, 2011, p.14)

Segundo Vargas (2018), ainda no século XIX, os espaços que abrigam o


comercio tiveram sua inserção acrescida de políticas de abastecimento e
desenvolvimento do controle sanitário Europeu e, no Brasil, ocorria uma reprodução
semelhante dessa arquitetura.
25

Historicamente, a cidade de Recife foi contemplada com o primeiro mercado


construído em solo brasileiro e teve como materiais construtivos predominantes: o
ferro e o vidro. O Mercado de São José (Figura 1) foi inaugurado em 1875, pelo
governador Tomaz José de, mandado construir pela Câmara do Recife, em 1872.

Figura 1 - Mercado de São José, no Recife - PE


Foto: Sol Pulquério/PCR , 2010.

Inicialmente o projeto foi do engenheiro francês J. L. Victor Leuthier, depois


modificado, em Paris, pelo seu compatriota Luis Leger Vauthier. Localizado onde
antes era conhecido como Ribeira de Peixes. Sua inspiração arquitetônica vem do
mercado público de Grenelle, em Paris, (Figura 2).
26

Figura 2 - Mercado público de Grenelle, em Paris


Fonte: Revista do TJPE

Segundo Farias et al (2010), a proposta do governo para a construção um novo


mercado teve por objetivo tornar Recife uma cidade moderna e solucionar questões
higienistas.
Como solução para atender aos requisitos básicos de ambientes salubres,
utilizou-se de grandes claraboias e venezianas, proporcionando aos usuários
iluminação e ventilação natural no interior da edificação. Assim também foram
implantadas torneiras, uso de piso e sistema de esgotos, para facilitar a limpeza do
seu interior.
Já na cidade de São Paulo, o crescimento alterou significativamente sua rotina,
o mercado de trabalho foi composto por imigrantes que organizaram grupos sindicais
para requerer direitos de moradias e alimentação (MANZONI, 2019). Com isso, o
crescimento do comércio ambulante tornou-se incontrolável, surgia um novo modo de
viver e trabalhar na capital Paulistana, no final do século XIX, com o funcionamento
do Mercado Municipal (Figura 3), localizado no maior foco de comércio clandestino, a
rua da Cantareira.
27

Figura 3 - Mercado Municipal Paulistano. São Paulo - SP


Foto: Getty Images, 2019.

Projetado em 1933 pelo engenheiro Felisberto Ranzini, o Mercado Municipal


de São Paulo, conhecido por Mercadão, constitui um misto de cores, sabores e
histórias. Com um estilo eclético, sua arquitetura monumental é conservada até nos
dias de hoje, e marcou uma requalificação urbana no Centro da capital Paulistana
substituindo os mercados Anhangabaú, de Peixes e o Mercado 25 de Março.

Compreender o funcionamento do comércio de alimentos realizado em são


Paulo nesse período implica reconhecer, primeiramente, que essa atividade
já fazia parte da sociedade paulistana desde o período da escravidão: no
século XVIII, negros forros, escravos e brancos pobres faziam quitandas e
feiras de produtos caseiros, vendendo frutas, pequenos animais, peixes,
lenha, ervas medicinais e outras mercadorias necessárias à sobrevivência da
população. Alguns tentavam melhorar as condições de sua própria
subsistência, enquanto outros procuravam constituir pecúlio para comprar a
desejada liberdade. (MANZONI, 2019, p.64)

Na virada para o século XX, Manzoni (2019) explica o interesse de fazendeiros,


comerciantes e banqueiros por São Paulo, resultando na especulação imobiliária que
começou a importar modelos de civilizações europeias. O poder público e as
legislações eram “armas” da elite para ter o domínio e apropriação dos espaços
públicos e locais ocupados pela classe pobre. A forma adotada para a tomada dos
locais indesejados foi o Serviço Sanitário do município, assim seria um órgão
fiscalizador do saneamento público, (Figura 4).
28

Figura 4 - Visão a partir da Várzea do Carmo (atual Parque Dom Pedro II).
Fonte: Vincenzo Pastore / Acervo IMS.

Na cidade do Rio de Janeiro, as primeiras décadas republicanas foram


destacadas pela grandiosa reforma urbana (Figura 5). No início do século XX, um
novo surto epidêmico ameaçava a burguesia e a precariedade de infraestrutura era
evidente, com ruas estreitas, calçadas irregulares, esgotamento sanitário e água
deficiente ou inexistente (SOUZA, 2017).
29

Figura 5 - Reforma urbana sanitária, Rio de Janeiro, Sec. XX


Fonte: https://www.archdaily.com.br

Para Souza (2017), o Rio de Janeiro mantinha sua estrutura colonial, em


grande parte, já não atendia os anseios do desenvolvimento, sendo necessário um
amplo projeto de remodelação urbana (Figura 6). Para isso possuía duas frentes de
atuação: uma pelo Governo Federal e outra pela Prefeitura, com uma grande sintonia
entre si.
30

Figura 6 - Planta do Rio de Janeiro com destaque para as novas avenidas propostas à época
Fonte: Acervo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

A Candelária, principal praça de Mercado, era a principal afetada pelas


condições de insalubridade e a população passava por grandes riscos. Mas os olhares
do poder público para o ponto de encontro da urbe com o rural despertaram a
necessidade de modernizar a região, com a construção de um novo mercado que
trouxesse melhores condições aos novos usuários.

Sob a perspectiva civilizadora das ações reformistas, a construção de uma


praça de mercado é, então, a grande oportunidade da administração
municipal demonstrar a aplicação de costumes que passariam a ser
considerados como socialmente aceitos pela burguesia carioca. Ou seja, a
reforma nos costumes foi uma das estratégias para a realização do
apagamento das memórias e normas das classes populares também naquele
espaço da cidade. (SOUZA, 2017, p.75).

Para Souza (2017), o Mercado Municipal do Rio de Janeiro (Figura 7) teve


como modelo o Halles, de Paris (Figura 8). A sua construção iniciou-se em 1903 e
estava prevista para inaugurar em 1906, porém houve atrasos por parte da
Companhia Mercado Municipal. Mesmo com acordos, a nova data foi descumprida e
acordada para entregar no final de 1907, mas o público só teve acesso efetivamente
em fevereiro de 1908, com a conclusão das obras.
31

Figura 7 - Mercado Central da Candelária. Rio de Janeiro - RJ


Foto: Felipe Lucena, 2018.

Diante de sua grandiosidade arquitetônica, no Brasil, era a maior construção


em ferro fundido já realizada. Segundo Gomes (1987), o mercado tinha 32.500 metros
quadrados, subdividido em vinte e quatro pavilhões, sendo um central. Uma área
coberta 12,500 metros quadrados, equivalente à metade do Halles Centrales de Paris,
com dimensão de 30.000 metros quadrados.

Figura 8 - Halles de Paris le 28 février 1969


Fonte: Véronique Laroche-Signorile, 2019
32

Depois de meados do século XX, muitas cidades deram novas funções às


praças e mercados, outras mantiveram as funções originais ou demoliram. No ano de
1958, o Rio de Janeiro decidiu demolir o prédio do Mercado, em meio a polêmicas e
discursões, foi utilizada como justificativa: a modernização e o progresso. No
entendimento das autoridades estavam afastando os vistos como indesejáveis e
começando a evolução urbana.
Na cidade de Salvador, Bahia, a construção do primeiro Mercado Modelo teve
início em 1911 e foi inaugurado em 9 de dezembro de 1912 (Figura 9), localizava-se
em terrenos pertencentes à Marinha, próximo à Praça Cayru. A construção que ocupa
uma área de aproximadamente 2.400 metros quadrados, possui estrutura metálica e
cobertura de zinco, e tornou-se o principal centro de abastecimento da cidade,
principalmente para a comercialização de alimentos (IBGE, 2020)1.

Figura 9 - Primeira arquitetura do Mercado Modelo, entre 1912 e 1915. Salvador – BA


Fonte: http://www.salvador-antiga.com/comercio/mercado-modelo/antigo.htm

A arquitetura de estilo industrial do primeiro prédio do Mercado Modelo não foi


reconhecida por todos os baianos. Então, em agosto de 1915, a prefeitura lançou

1 https://biblioteca.ibge.gov.br/biblioteca-catalogo.html?id=432158&view=detalhes
33

concorrência para sua reforma e ampliação, a única lançada foi dos engenheiros
Filinto Santoro e Fila Passos. Com o tempo, o Mercado Modelo tornou-se uma
referência cultural para a cidade e inspiração para escritores, pintores e outros artistas
locais.
Em 1917, o mercado sofreu seu primeiro incêndio e foi parcialmente danificado.
Em 1922, o segundo incêndio destruiu grande parte de sua estrutura. No terceiro
incêndio, em 1943, foi parcialmente danificado. Em 1º de agosto de 1969, o último
incêndio destruiu completamente o antigo Mercado Modelo, (Figura 10).

Figura 10 - Mercado Modelo – 1960


Fonte: http://salvadorhistoriacidadebaixa.blogspot.com/2009/. Adaptado pelo autor.
34

Em 2 de fevereiro de 1971, foi inaugurado o novo Mercado Modelo no antigo


prédio da alfândega, (Figura 11). No entanto, seu comércio passou a ser
principalmente o artesanato e as lembranças turísticas baianas.

Figura 11: Mercado Modelo. Salvador – BA


Foto: Adilson Fonseca, 2020.

Considerado um expressivo ponto turístico da cultura popular de Salvador, seus


mercados e feiras, mostram-se resistentes, marcado por uma trajetória de incêndios
e reconstruções, ainda em tempos atuais o prédio passa por necessidades de
adequações no sentido acessibilidade, como afirmam as autoras: Fonseca e Moreira
(2006), esse equipamento urbano tem sua atividade principal voltada para o turismo,
mas não tem significativos requisitos de cidadania e inclusão social, pois no
atendimento às pessoas com deficiência física e idosos. Para utilizar o pavimento
superior e subsolo, seus acessos é realizado por escadas. Há anos, os comerciantes
de poiso superior reivindicam da Secretaria Municipal de Saneamento e Infraestrutura
Urbana, melhorias e adequações.
35

2.2. Definição e classificação dos mercados

No entendimento de Varga (2018), pode-se definir mercado como um espaço


de troca, em sua maioria espaços públicos, classificados em externos e internos. A
troca é uma atividade que já nasceu com o homem, mas para isso acontecer era
necessário haver o encontro. Partindo desse pressuposto, Mumford (1965), afirma
que o lugar do mercado nasceu da necessidade do encontro. Na Mesopotâmia, os
sumerianos simbolizavam a palavra mercado com uma letra do alfabeto, o Y, este
representaria bem o significado de encontro de rotas ou duas linhas.
Com isso Varga (2018) afirma que, a origem do mercado está atrelada ao
resultado do encontro de fluxos das pessoas que traziam sus produtos excedentes
para a troca, por outra mercadoria ou moeda, em sua maioria em locais distantes dos
centros de produção.

Figura 12 - Planta da Ágora de Priene


Fonte: Vargas, 2008.
36

A ágora grega (Figura 12), espaço fechado por edifícios, inicialmente, teve
como função as relações comerciais e encontros públicos. Segundo Kato (1993)
quanto maior a monumentalidade dos edifícios, mais isolava o espaço aberto do
entorno urbano. A ágora tinha um formato em U e rodeada de colunatas em três lados
fazendo integração com o entorno urbano por um dos lados, fazia parte do conceito
grego de cidades. Posterior, esse conceito foi perdido com a influência romana.
Segundo Durand apud Tavares Filho (2005), a definição de tipo está
relacionada com o todo, em suma, é a combinação dos elementos construtivos com
um grau de semelhança, tais como varandas, ornamentos, pilares, holls, escadas,
colunas, dentre outros.
Para melhor definição quanto ao tipo, Argan apud Tavares Filho (2005), agrupa
em três categorias: o primeiro tipo, baseado nas configurações gerais das edificações,
quando o edifício for implantado no centro ou longitudinalmente; o segundo tipo,
quando observados os elementos construtivos, coberturas planas ou em cúpula; o
terceiro tipo, identificado pelos elementos ornamentais, conferido às colunas e
elementos decorativos. Essa forma de simplificar quanto a classificação, não pode ser
reduzida além do tipo.
Nesse contexto, na (Figura 13) trata-se de um dos tipos construtivos para
mercados fechado com pátio interno aberto, o segundo tipo, suas características são:
planta retangular simétrica, com pátio interno aberto composto por arcadas, esta
abriga os boxes/lojas e uma cobertura por todo o perímetro interno, reservando o
espaço para passagem de carros. São prédios construídos na metade do século XIX,
lembrando um átrio romano.
37

Figura 13 - Planta do Mercado de segundo tipo


Fonte: https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/12.138/4113

Durante a civilização romana, a exploração agrícola tinha uma relação direta


com outras atividades, o rio Tibre era o intermediador do comercio internacional, às
margens localizavam-se vários mercados, também denominados de fóruns, estes
seriam os centros sociais, políticos e culturais na sociedade romana.
Os mercados eram considerados o espaço principal da cidade. Na (Figura 14)
mostra o funcionamento de um mercado do tipo aberto, no centro havia uma fonte de
água pública e no entorno da mesma os camponeses e mercadores armavam suas
tendas para comercializar seus produtos.
Com o declínio do Império Romano e a subsequente Idade Média, as relações
comerciais internacionais europeias enfraqueceram. Devido à fragilidade do setor
varejista, os empresários criaram associações para organizar suas atividades
profissionais e fortalecer a indústria, padronizar preços, incentivar métodos e outras
formas de melhorar a qualidade dos produtos, mas essas associações foram
perdendo gradativamente seus objetivos originais. No final das contas, ele abre
38

espaço para as elites da produção, dificultando o livre comércio. (VARGAS, 2001 p.


134)

Figura 14 - mercado Público no Império Romano


Fonte: Vargas, 2001

Na metade do século XIX surgem os mercados cobertos em estrutura de ferro


dotado de lanternim na Europa. Exemplos desse tipo de mercado é o Les Halles, em
Paris (Figura 15). Em 1858, houve um movimento para institucionalizar os mercados
antigos e amenizar as desvantagens dos mercados abertos, criando espaços cobertos
com barracas permanentes, serviços para coleta de lixo e controle sanitário. A visão
acerca do mercado coberto, era que, o espaço pudesse abrigas um número
significativo de lojas e público diversificado (VARGAS, 2008).
39

Figura 15 - Halles Centrales, 1853.


Fonte: Vargas, 2008.

2.3. Mercado: espaço público ou privado

Para compreender o espaço, como público ou privado, faz-se necessário


entender suas definições. No entendimento de Gastelaars (1993), o espaço público
deve ser entendido como o lugar onde o usuário esteja sozinho, mas não se sinta
solitário. Um espaço para ser considerado público, no caso de centro urbano, deve
ser acessível a toda população e visitantes, ao tempo em que, os mesmos possam
interagir livremente, sem restrição, independentemente de sua condição social. Para
De Boer (1993, traduzido por Vargas 2018, p. 74),

Nem todos os edifícios considerados públicos, porém são de fato interiores


públicos. Muitas vezes não oferecem a possibilidade do anonimato e do não
compromisso. Outros, embora com acesso livre, não são para todos, pois
códigos de comportamento são esperados, mesmo que não explicitamente
solicitados. Um bom exemplo da existência de códigos de condutas são os
shopping centers, mas mesmo os jardins públicos, no passado, como o
próprio Jardim da Luz, em São Paulo, exigiam regras de conduta no interior
do parque.
40

O privado se apresenta quando os espaços seguem regas impostas e é de


responsabilidade e manutenção de um único dono, ou sociedade. Neste sentido
Vargas (2018) exemplifica o shopping center como um advento totalmente planejado.
Esse centro de compras se instala em um único edifício, ou em grupo de edifícios
planejados, composto por lojas varejistas, segurança, estacionamento, manutenção
etc.
A autora ainda relata que, as observações feitas aos centros de comércios não
planejados, o mercado, ou planejados, como exemplo, os shoppings centers, que
ambas as práticas de comércios são inerentes da cidade. O mercado se classifica
como uma arquitetura de transição, mas a rua, é o ponto crucial do desenvolvimento
do comercio livre e sempre lembrado como meio tradicional de compra.

Esses espaços são construídos com uma função e acabam atraindo outros
públicos descompromissados, e é isso que pode tornar um edifício tão
atraente. Ou seja, uma função principal para o edifício existir é necessária,
mas é precisamente a combinação de no mínimo duas funções que cria o
ambiente do lugar (DE BOER, 1993, p.10 apud VARGAS).

Nas contribuições de Castro (2002), o espaço público é tido como um produto


de uso social, política-jurídica, mas existem espaços inacessíveis ou proibidos, não
são considerados públicos, mas é utilizado coletivamente. A combinação de diversos
fatores resulta na construção social e política dos espaços, exprimindo sua qualidade.
Tais fatores como: tipos de usos; por quais grupos sociais são utilizados; da qualidade
de acessibilidade; da proximidade e ou distância física-social; e do seu
reconhecimento. Tais práticas de etiqueta e restrições de comportamento acabam por
inibir as expressões culturais de rua, um evento rico em expressividade cultural e
legítimo.

2.4. O mercado como expressão cultural

Ao analisar mercado municipal tendo a cultura como um dos paradigmas,


entende-se que eles fazem parte da vida da população local de forma mais complexa
do que uma relação de compra e venda. Assim, compreende que as movimentações
econômicas estão correlacionadas com os fatores socioculturais. A respeito disso
41

Vargas (2018) comenta da importância dos locais de troca, seu papel não estava
expresso apenas na economia, mas na vida social. Tal fato é intensificado quando se
considera o abastecimento da população como serviço social.
A feira, advento que trilha lado a lado com mercado, está tomada de um valor
cultural para seus frequentadores, sejam eles consumidores ou comerciantes. Tal fato
está associado ao ambiente como ponto de encontro onde os usuários fortalecem e
mantêm a proximidade e sociabilidade na base da confiança.

O costume de ir ao mercado vira norma, deixa de ser estilo de vida para se


tornar gênero de vida. O espaço do mercado se “flexibiliza”, ou seja, este
espaço está sendo invadido por um novo momento da história, mais
precisamente aquele em que a sociedade está totalmente submetida ao
econômico e requer uma maior velocidade das vendas. Primeiros símbolos
de uma natureza dominada, os mercados se nos afiguram hoje como
elementos que nos aproximam dela por intermédio da cultura, através da
qual, hoje, se viabiliza a rentabilidade imediata do capital. Aqueles mercados
públicos que deixam de ser funcionais, que não são incorporados a este
momento da reprodução do capital, desaparecem da paisagem. (Pintaudi
2006)

Os mercados municipais expressam a cultura e tradição de cada região,


segundo Libório e Gândara (2015), tal equipamento urbano tem grande importância
para população e o classifica como o mais importante shopping da cidade. Neste
sentido a autora confirma os resultados da intervenção ocorrida em Aracaju, no ano
de 2001, como positivos, quando a população Aracajuana pôde reviver antigas
memórias e houve um aumento da sociabilidade entre jovens, adultos e idosos, que
voltaram a frequentar os mercados e redescobriram o que antes estava camuflado
pela desorganização e deterioração.

Existem nas cidades determinados espaços privilegiados, carregados de


simbolismo e de centralidade no que diz respeito à organização e à
representação da vida pública. Estes espaços não são permanentes:
acompanham a vida e a evolução da cidade, sua dinâmica social e sua
organização espacial – diríamos até que acompanham sua própria identidade
(GOMES, 2001, p. 98).

Portanto, no entendimento de Pintaudi 2006, o mercado público central está


tentando estabelecer uma imagem tradicional. O ato de comprar e vender produtos
da terra faz com que as pessoas tenham a sensação de proximidade condizentes com
este local. Ao mesmo tempo, numa sociedade onde tudo é atribuído à economia, essa
tradição é reforçada e continua a ser explorada através da cultura.
42

2.5. O mercado, suas normas e legislações

Um dos primeiros passos a se pensar ao elaborar um projeto arquitetônico são


as normas que os regem. O plano diretor Municipal como base para a política de
desenvolvimento e expansão urbana está em primeira linha em consonância com a
Constituição Federal e o Estatuto da Cidade. Em suma, os instrumentos anteriores
citados direcionam o desenvolvimento Municipal nos aspectos físico, econômico e
social.
O presente trabalho reporta a um equipamento urbano específico, o Mercado
Municipal, assim faz-se necessário conhecer suas normas mais direcionadas para
compor ao conjunto de normativas arquitetônica para um planejamento adequado e
racional.
Segundo o SEBRAE2, as normas regulamentadoras para mercado são
abrangentes, pois depende de cada especificidade do local. Em se tratando do estado
da Bahia, local do objeto de estudo, a Vigilância Sanitária é o órgão fiscalizador do
armazenamento das carnes e da higiene do espaço; a Agência Estadual de Defesa
Agropecuária da Bahia (ADAB), é responsável pela inspeção da qualidade dos
produtos às embalagens, equipamentos de aço inoxidável, frigoríficos e uniformes de
funcionários.
De acordo com a portaria 264/2016 do Estado de Santa Catarina no (Quadro
1) demonstra diretrizes que definem quanto ao tipo de açougue, A e B e entrepostos.
A portaria deixa claro a proibição de vendas de carnes temperadas em ambos os tipos.
O objeto de estudo será trabalhado como tipo B, ou seja, estabelecimento que
realizam as atividades de armazenamento, distribuição e venda de carnes e produtos
que foram inspecionados na origem, e só podem distribuir de acordo com as
necessidades do consumidor final e / ou ser expostos para venda em um balcão
refrigerado com controle de temperatura, observar os requisitos das boas práticas de
fabricação e manter as condições de preservação, segurança e rastreabilidade dos
produtos processados.

2Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas é uma entidade privada brasileira de
serviço social, sem fins lucrativos, criada em 1972.
43

Quadro 1 - Tipos de açougue


Fonte: https://foodsafetybrazil.org/artigos

No que diz respeito ao segmento direcionado à comercialização de carnes e


afins, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)3, através da resolução -

3 Resolução que dispõe sobre os padrões microbiológicos de alimentos e sua aplicação. No uso da
atribuição que lhe confere o art. 15, III e IV, aliado ao art. 7º, III e IV, da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro
de 1999, e ao art. 53, V, §§ 1º e 3º do Regimento Interno aprovado pela Resolução da Diretoria
Colegiada - RDC n° 255, de 10 de dezembro de 2018, resolve adotar a seguinte Resolução da Diretoria
Colegiada, conforme deliberado em reunião realizada em 17 de dezembro de 2019, que o Diretor-
Presidente Substituto determinou a sua publicação.
44

RDC nº 331, de 23 de dezembro de 2019, garante a saúde da população com


segurança na qualidade alimentar. Esse órgão público fiscalizador encarrega-se de
fazer o controle sanitário de uma variedade de produtos, inclusive os destinados ao
consumo alimentar, podendo aplicar multas, punições ou suspensão dos
estabelecimentos comerciais que descumprirem suas recomendações. Sendo que a
aplicação de tais punições afeta a imagem e a credibilidade da instituição. Pode-se
destacar, ainda, entre as competências da Anvisa: o controle e fiscalização de
produtos que possam vir a colocar a população em risco; e o registro de produtos que
garantam sua procedência, proíba a fabricação e comercialização dos que possam
conferir danos à saúde.
Além de outras normas inseridas em projetos arquitetônicos, citadas no
decorrer da pesquisa, a RDC 216 e RDC 218 foram analisadas como normas
correlacionadas ao tema, com a finalidade de respeitar e inserir os preceitos
sinalizados nos regulamentos. A mesma está subdividida nas seguintes
especificações: nas edificações, equipamentos, instalações, utensílios e móveis; no
controle de vetores urbanos e pragas; no fornecimento de água; manipulação dos
resíduos; responsabilidade e documentação. Na referida RDC existe outras
especificações, porém as mais indicada para projeto arquitetônico, foram as
mencionadas anteriormente.

2.5.1. ANVISA

Com a finalidade de desenvolver uma proposta arquitetônica para o Mercado


Municipal de Paripiranga, se faz necessário buscar conhecimentos técnicos
embasados em normativas que regulamentam o setor de venda e manipulação da
carne bovina, peixes e outros, especificamente: RDC 216 – ANVISA e o Decreto Nº
9.013.
Conforme o decreto 9.013/17, em uma estrutura hierárquica a Agência Nacional
da Vigilância Sanitária está acima como órgão geral, no nível central a Diretoria de
Vigilância Sanitária e Higiene Ambiental-DIVISA, nos Núcleos Regionais de Saúde –
NRSs e pelos Núcleos de Vigilância-NV, já constituídos nos Municípios. É de
competência da DIVISA: planejar, assessorar, supervisionar, coordenar, acompanhar
e avaliar as ações das regionais.
45

Já nas ações das NRSs, são as mesmas, porém, limitada aos municípios. Ao
nível municipal é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde, as atividades
de controle de riscos à saúde com base epidemiológica.
Na Bahia, o sistema de vigilância sanitária é coordenado pela DIVISA (Diretoria
de Vigilância Sanitária e Higiene Ambiental), órgão fiscalizador de vigilância e
proteção à saúde SUVISA da Secretaria Nacional de Saúde SESAB.
A DIVISA, sinaliza que entre os pré-requisitos essenciais para o funcionamento
de um açougue estão: balcão refrigerado, pisos e paredes revestidos com material
liso impermeável (podem ser ladrilhos cerâmicos ou tinta lavável), uniformes claros,
chapéus, máscaras, ganchos de aço inoxidável e a área frigorifica com temperatura
inferior a 16º.
O Decreto nº 9.013/17 que regulamenta a lei 1.283/50 e 7.889/89 trata de
inspeções industriais e sanitárias de produtos de origem animal. De acordo com o Art.
41, está proibido o funcionamento de estabelecimentos sem as devidas instalações e
equipamentos para realizar as atividades pré-definidas conforme o projeto aprovado
pelo órgão fiscalizador, como: dimensões mínimas, equipamentos diversos e
utensílios de acordo com a função de cada estabelecimento.
O estabelecimento que comercializa produtos de origem animal deve ter as
seguintes condições básicas e respeitar as normas técnicas aplicáveis, e não deve
afetar outras normas estabelecidas nas especificações complementares:
➢ O empreendimento deve ser localizado afastado de fontes de odor e poluentes;
➢ O terreno conter uma área suficiente para circulação de veículos;
➢ Conter dependências para armazenagem de produtos químicos e substâncias
utilizadas no controle de roedores e pragas;
➢ Desenvolver um fluxo organizado, sem interferências e prevenir ações
contaminantes cruzadas;
➢ Paredes de vedação com revestimentos ou impermeabilizadas para facilitar a
higienização;
➢ Pé-direito com altura adequada que comportem os equipamentos necessários
à atividade;
➢ As dependências dos ambientes de recepção, manuseio deve conter forro;
➢ Piso com inclinação adequada para facilitar a drenagem e higienização com
ralos sifonados;
46

➢ Criar barreiras sanitárias com equipamentos de pias para higienização nos


acessos as áreas de produção;
➢ Nas janelas e abertura conter dispositivos para o controle de vetores e pragas;
➢ Usar luz e ventilação natural ou artificial em todas as dependências;
➢ O material dos utensílios resistentes a corrosão, atóxico que não permitam
sujeiras indesejadas;
➢ Dependência para higienização dos utensílios de transporte do alimento,
quando não for alimento, ser identificado na cor vermelha;
➢ Instalações para armazenamento de água potável suficiente para demanda;
➢ Os reservatórios devem ser higienizados regularmente e protegidos;
➢ As câmaras frigoríficas, antecâmaras deve, ser higienizados regularmente.

Ainda tratando de infraestrutura física a Resolução n° 216/04 dispõe sobre


regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Dentre vários
artigos e incisos será de muita importância usar como base para o projeto em
desenvolvimento os seguintes:
➢ Quanto as questões de esgotamento, as caixas de gordura e de esgoto devem
ser dimensionadas de acordo com o volume de resíduos produzidos,
localizados fora do ambiente de armazenamento;
➢ A iluminação da área de preparo deve ser otimizada para que as atividades
sejam realizadas sem afetar a higiene alimentar e as características sensoriais.
As lâmpadas localizadas acima da área de preparação de alimentos devem ser
adequadas e protegidas da evitar explosões e quedas acidentais;
➢ As instalações de banheiros e vestiários não devem ter uma comunicação
direta com as áreas de preparação e armazenamento de alimentos ou
refeitório. A porta deve conter um dispositivo de fechamento automático;
➢ As instalações elétricas ser planejadas para embutir ou em eletroduto, desde
que não impeça a higienização do ambiente;
➢ Quanto a ventilação, o fluxo de ar não devem incidir diretamente nos alimentos,
mas deve garantir a renovação do ar, tornando o ambiente livre de gases,
fungos, pós, entre outros;
➢ Nas áreas de manipulação devem existir lavatórios exclusivos para
higienização das mãos, posicionados estrategicamente em relação ao fluxo de
preparo;
47

➢ As superfícies das bancadas, móveis e utensílios utilizados no preparo,


transporte, armazenamento e expositores de vendas, devem ser lisas,
impermeável, laváveis e livres de fontes contaminadoras;
➢ Quanto ao manejo de resíduos, o estabelecimento deve estar munido de
recipientes próprios, identificados e que sejam de fácil higienização. Sua
capacidade deve conter os resíduos;
➢ Todos os coletores de resíduos devem conter tampas com dispositivo de pé
para evitar o contato manual;
➢ Pós coletar os resíduos deve ser estocado em local fechado e isolado da área
de preparo.

Um ambiente ideal para manuseio, estocagem e vendas de carne deve seguir


tais normativas acima comentadas para assegurar um bom estado de conservação
dos alimentos, em foco neste trabalho a carne vendida em retalho (Figura 16).

Figura 16 - Armazenamento ideal


Fonte: https://www.imparcial.com. Acesso: maio 2021

Além dos requisitos acima citados orientado para a concepção de açougue, no


projeto contempla uma parte destinada a venda de peixes, hoje vendido a em bancas
de instalações precárias e sem os devidos cuidados de higiene e armazenamento.
48

Para isso a Normativa DIVISA/SVS Nº 4 de 15/12/2014 orienta parâmetros a ser


adotado em peixarias, tais como:
➢ Paredes, tetos e pisos construídos com materiais de acabamento resistente,
liso impermeável e lavável, livres de agentes contaminantes;
➢ Iluminação suficiente a desenvolver as atividades propostas e luminárias com
proteção contra queda e explosão;
➢ No que diz respeito as instalações elétricas, devem ser embutidas ou em
tubulações adequadas que permita a higienização do espaço;
➢ Ventilação suficiente para a renovação do ar com as aberturas protegidas com
dispositivos de telas milimétricas de modo que proteja os alimentos dos raios
solares;
➢ As superfícies das portas devem ser lisas, cores claras, ajustadas aos batentes,
de fácil higienização, e com dispositivo de fechamento automático;
➢ A temperatura de conservação máxima deve ser de +2ºC, para peixes ou
conforme indicado pelo fabricante. As geladeiras e freezers sem acúmulo de
gelo e com bom estado de conservação;
➢ Os freezers manter uma regulagem para manter os alimentos congelados a
18ºC;
➢ O ambiente de manipulação conter pias de higienização pessoal em favor ao
fluxo de trabalho e materiais de higiene pessoal;
➢ Não manipular o peixe por mais de 30 min em temperatura ambiente;
➢ Ter um fluxo adequado, linear a não haver cruzamento na atividade;
➢ O material dos equipamentos deve ser de revestimento sanitário atóxico.

Da Norma anterior citada foi extraído recomendações técnicas no que diz


respeito aos padrões arquitetônicos exigidos pela Agência Nacional da Vigilância
Sanitária-ANVISA (Figura 17), sendo que ela é mais abrangente, pois além dos itens
acima detalhados, especifica os parâmetros de higiene dos manipuladores dos
alimentos e as condições do local.
49

Figura 17 - Peixarias do Mercado Público-Florianópolis


Fonte: Marco Santiago/ND

2.5.2. Legislação Municipal

A cidade de Paripiranga dispõe do plano diretor, aprovado para o período


compreendido entre 2007 à 2012, no entanto, as leis complementares não se encontra
em posse dos órgão competentes. Isso implica diretamente no desenvolvimento
urbano e construção, pois falta parâmetros e diretrizes para nortear os planejamentos
no que diz respeito ao uso e ocupação do solo.
Os parâmetros como: Coeficiente de Aproveitamento (C.A.), a Taxa de
Ocupação (T.O.), a Taxa de Permeabilidade (T.P.), o Gabarito de Altura Máximo
(GAB) os Recuos (Frontal, Lateral e Fundos), entre outros, não estão presentes na lei
anterior citada. Por se tratar de uma intervenção em área já edificada, recorreu-se às
diretrizes estaduais, federais e às normas que regulamentam cada atividade
desenvolvida no local, atentando-se para o melhoramento e explorando as
condicionantes naturais do local.
Outro ponto que merece destaque, em relação à reestruturação de ambientes
de ordem pública, é a acessibilidade. Segundo Cambiaghi (2017), em inúmeros casos,
pessoas com deficiência têm sido discriminadas por negligência ou inadequação de
50

projetos arquitetônicos, ou ainda por ausência desses. O que resulta na exclusão de


pessoas com necessidades especiais, a exemplo dos cadeirantes que encontram
dificuldades nas barreiras ambientais que foram criadas durante a fase de projeto, tais
como: os banheiros públicos com portas de 0,60m; plataformas de estação de trem
sem elevadores; entradas de bancos e empresas com portas giratórias e ausência de
calçadas rebaixadas na maioria das ruas. Compreensivelmente, não se trata apenas
de uma questão estrutural, mas também de uma questão cultural que, em alguns
casos, são criadas pelos próprios profissionais que executaram o projeto.
Na elaboração de projetos arquitetônicos o profissional deve pensar no todo, o
equipamento em questão e seu entorno, pois qualquer que seja sua intervenção deve
levar em consideração o meio já existente para criar uma correlação entre ambos.
Desta forma, um olhar atento às normas que norteiam os projetos arquitetônicos se
faz necessário.

O desenho urbano deve considerar não só seu objeto em si, mas suas
correlações com outros objetos, sabendo-se que as formas de seus edifícios
influenciarão nas formas dos edifícios adjacentes. Não se pode negligenciar
esse princípio dado ao risco de falência. Ao contrário, é preciso ligar beleza,
utilidade e durabilidade para o sucesso de projetos de grandes aglomerações
urbanas. Nesse sentido, o princípio da ordem na cidade está relacionado com
os meios que o povo percebe, lê ou compreende seu ambiente, identificando
um padrão coerente, donde a necessidade de se projetar uma imagem forte
da cidade, como também de seu papel social. Portanto, a imagem e a
percepção podem ser obtidas a partir de elementos como caminhos, margens
(limites), distritos, nós e marcos urbanos. (Romero 2003 p.91).

A respeito disso, para elaboração de projetos arquitetônicos, a NBR 135324 da


Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) apresenta diretrizes, tais como:
representação, instalações da edificação, especificação de materiais de construção,
coordenação e detalhes técnicos construtivos. Dentro da referida Norma destaca-se
as informações necessárias para execução de projetos preliminar, por exemplo:
programa de necessidade arquitetônica; levantamento topográfico e cadastral;
levantamento de dados para arquitetura e estudo de viabilidade.
Dentre várias, as diretrizes acima citadas, o programa de necessidades tem
uma função muito importante na concepção de projeto, pois é a fase de coleta dos
dados sistematizados das necessidades para um determinado uso e função na

4 NBR 13532 - Architecture - Elaboration of buildings projects - Procedure Descriptors: Building.


Architecture Esta Norma cancela e substitui a NBR 5679/1977, válida a partir de 29.12.1995.
51

construção, são adquiridos através de reuniões entre profissional de arquitetura e


cliente. Já o estudo de viabilidade é realizado para tomadas de decisões, é nessa fase
que se encontram afirmativas técnico-financeiras e define-se a viabilidade de
execução do projeto.
Além disso, o levantamento de práticas sustentáveis e o levantamento
topográfico cadastral são fundamentais para que a escolha do terreno seja conhecida
em todos os seus dados relevantes, a exemplo das características planimétrica que
proporcionam o entendimento da necessidade de movimentação de terra. Isso implica
no desenvolvimento do projeto e, consequentemente, nos custos.
Portanto, a fase de levantamento de dados é vital, pois define quais as
condições existentes no terreno, dentre elas as barreiras físicas e/ou legais. Quando
esse estudo não é realizado com precisão, deve ser revisto, pois compromete todo o
projeto.
Além das especificações acima citadas, deve-se incorporar as informações
técnicas para a caracterização geral da concepção adotada, como: funções, relação
de usos, formas, dimensões, localizações dos ambientes da edificação e
desempenho. Além disso, são exigidos nessa etapa documentos técnicos de
concepção do projeto, a saber: planta geral de implantação; plantas dos pavimentos;
planta da cobertura; cortes (longitudinais e transversais); elevações (fachadas);
detalhes construtivos (quando necessário); memorial justificativo (opcional);
perspectivas (opcionais) interiores ou exteriores, parciais ou gerais; maquetes
(opcionais) interior, exterior; fotografias, dispositivos, microfilmes e montagens
(opcionais); e recursos audiovisuais (opcionais).
Alternativas possíveis para o mencionado problema é o desenho universal, que
proporciona segurança a todas as pessoas. Segundo Fernandes et al. (2005) uma
das formas de conceituar Desenho Universal é entender como Desenho Livre de
Barreiras, pela eliminação das mesmas nas edificações, nos equipamentos e nos
espaços urbanos. Com a evolução do conceito, passou-se a concepção de Desenho
Universal que não considera apenas o projeto, mas principalmente a diversidade
humana, com respeito às diferenças entre as condicionalidades das pessoas e
promova a acessibilidade em todos os ambientes.
Assim, baseada nessa concepção de Desenho Universal, a NBR 9050/2020
regulamenta, nas novas construções públicas ou adequações das existentes, mais
qualidade de vida e inclusão a grande parte da sociedade que tem mobilidade
52

reduzida5 ou deficientes. Sua criação se deu para orientar como proceder adequações
de acessibilidade nas construções, mas seu enfoque está nas edificações urbanas e
públicas. Algumas diretrizes regidas por essa Norma são: sinalizações; dimensão de
banheiros; circulações adequadas; pisos apropriados; sinalizações em braile; vagas
de estacionamentos acessíveis e rampas com inclinações adequadas. A aplicação
desses requisitos em projetos arquitetônicos é de extrema importância para incluir
pessoas, independentemente de sua condição física, e garantir o direito de ir e vir com
a eliminação de barreira arquitetônicas.
Outro aspecto bastante considerado na arquitetura, atualmente, é a
sustentabilidade, já que o ser humano vive em meio a destruição ambiental que cresce
substancialmente a cada ano. Assim, olhar a redução do impacto ambiental faz com
que a edificação seja vista como um produto melhor elaborado, não só o uso das
condicionastes naturais, como ventilação e iluminação, mas o uso de matérias que
empreguem menos consumo energético, por exemplo.
Segundo Jourda (2013), ao conceber um projeto deve-se pensar, já na fase
dos primeiros estudos, nas melhores soluções de volumetria, orientação solar e a
melhor maneira de implantação no terreno, assim o edifício terá capacidade para
redução na pegada ecológica. Em contrapartida, não se preocupar com essas
diretrizes implicaram na insuficiência do balanço energético da edificação.

A modificação da topografia de um terreno deve ser avaliada


cuidadosamente, pois pode alterar o equilíbrio hídrico da área. A criação de
platôs6 ou de subsolos gera grande quantidade de entulho, cujo transporte
para longe (outros terrenos, aterros sanitários) deve ser evitado devido ao
custo energético decorrente do transporte, à poluição ou aos desconfortos
ambientais gerados (CO², ruídos, poeira). (JOURDA, 2017 p.26)

As premissas de sustentabilidade consideram o bem-estar dos usuários, do


ciclo de vida (tanto da edificação quanto dos materiais), da qualidade e da
durabilidade. Além das condições de trabalho e saúde dos trabalhadores envolvidos
na execução da obra.
Segundo Corbella e Yannas (2003), a arquitetura sustentável tem em sua
essência a continuidade mais aproximada da Bioclimática que integra meio ambiente
à edificação como um todo uniformemente. Sua principal premissa é criar prédios que

5 Entre as pessoas com mobilidade reduzida estão os idosos, obesos e gestantes.


6 Terreno elevado e plano com pequenas elevações; planalto.
53

proporcionem mais qualidade de vida ao ser humano, integrado à natureza e ao clima,


com redução do consumo energético, deixando o legado de um mundo menos poluído
para as futuras gerações.
Nesse direcionamento, a arquitetura bioclimática tem como premissa o conforto
físico no ambiente construído e que o mesmo seja saudável, agradável e adaptado ao
clima da região, que use menos energia convencional com a menor potência possível,
o que resulta em uma diminuição na produção de poluição (CORBELLA; YANNAS,
2003). Para tal deve-se controlar os ganhos de calor, dissipar energia térmica gerada
no interior da edificação, permitir a circulação do ar e a passagem de luz natural, e
controlar as fontes de ruídos.

2.6. Diretrizes e recomendações

Além das normas já apresentado com mais detalhes anteriormente, as leis a


seguir são específicas do setor, apontadas como leis complementares:
➢ Lei Federal nº 1283, de 18 de dezembro de 1950: dispõe sobre inspeção
industrial e sanitária dos produtos de origem animal.
➢ Lei Federal nº 7889, de 23 de novembro de 1989: altera dispositivos da Lei
Federal nº 1.283/50.
➢ Decreto-lei nº 986, de 21 de outubro de 1969: institui normas básicas sobre
alimentos.
➢ Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977: configura infrações à legislação sanitária
federal, estabelece as sanções respectivas e dá outras providências. Alterada
pela Lei nº 9.005/1995, Lei nº 9.695/1998 e Medida Provisória nº 2.190-34-
2001.

2.6.1. Fluxo

Dentro de um planejamento e estratégias sistematizado, a elababoração de


gráficos do flúxo de atividades se faz necessário, isso inside no resultado final. Para
Oliveira (2006) o mercado é composto pelas áreas de comercio, os boxes e apoio,
54

setor administrativo, depósitos, sanitários, circulações, frigoríficos, plataforma de


carga e descargacasa de lix, etc.

Além dos espaços que abrigam as principais atividades do mercado, outros


elementos arquitetônicos merecem especiais cuidados quanto a sua
definição. As circulações, por exemplo, devem ser dimensionadas de modo a
permitir acessibilikdade a todas as dependências do edifício, evitando,
sempre que possível o cruzamento dos acessos de comércio com os de
serviços (carga e descarga, coleta de lixo, etc.) (Idem)

Como demostrado na (figura 18), a circulação reservada ao clientes não tem


uma relação direta com o setor de serviço, além dos cuidados para não contaminar
os alimentos, não interfere no desenvolviemnto do trabalho.

Figura 18 - Croquis do Mercado de São Pedro - Niterói – RJ


Fonte: SAREM (1982)

O fluxograma visto na (Figura 19) é uma ferramenta apresentado pelo autor,


anterior citado. Essa é uma maneira de visualizar todo o projeto de forma mais
detalhada identificando as etapas de trabalho e uma subdivisão das mesmas. Tal
instrumento contribui para uma organização sistemática do processo de elaboração
de um projeto arquitetônico aplicado a mercado público.
55

Figura 19- Fluxograma da metodologia de projeto arquitetônico aplicada a mercados públicos.


Fonte: adaptado de Silva (2005) e Souza (2002).
56

2.6.2. Câmara fria

A título de entendimento, para prever o espaço da câmara fria foi consultado o


Manual Técnico de Entreposto de Carne do estado de São Paulo (2017). De acordo
com o manual, esse espaço de resfriamento (Figura 20), deve se localizar de modo a
facilitar o fluxo de recebimento, sala de desossa e expedição. O piso deve ter uma
declividade de 2% na direção da porta, ser de fácil higienização e não se aplica ralos
na parte interna deste ambiente.
As paredes e forros com cor clara, laváveis e impermeáveis, podendo usar PVC
no forro. Para o dimensionamento do espaço a ser instalado a câmara fria foi seguido
as Instruções do Manual de normas técnicas – Categoria Entreposto de carnes e
derivados, elaborado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de
São Paulo. A considerar: 350kg/m³ para carne com osso, 500kg/m³ para carne
desossada e 800kg/³ para miúdos, este será desconsiderado da estimativa pelo fato
de ser comercializado em menor quantidade. Esse cálculo não está considerando a
circulação entre as estantes e paredes.

Figura 20 - Câmara fria


Fonte: https://bichosdecampo.com/la-aduana-flexibilizo-los-valores-de-referencia-para-evitar-
subfacturacion-en-las-exportaciones-de-carne-vacuna/

Para previsão de capacidade da câmara fria do Mercado de Paripiranga foi


utilizado o seguinte cálculo: 1 boi de 17 arrobas=255kg, totalizando de 7.650kg do
57

alimento, segundo o agente da secretaria de agricultura, Paripiranga tem uma


demanda/vendas em média 30 bois nos dias de sextas-feiras. Com esses dados
levantados e seguindo a normativa anterior citada, obtém-se a necessidade de uma
câmara fria com área de 42m³, ocupação total de 14.700kg, isso sem contar o
distanciamento necessário e circulação entre as estantes.

2.6.3. Princípios de sustentabilidade

Para Gonçalves (2006), tendo em conta o recorte do desempenho ambiental


do edifício relacionado com o conforto e a eficiência energética no conceito de
sustentabilidade, a partir da fase de concepção e definição do partido arquitetônico, o
projeto da edificação deve contemplar as seguintes diretrizes:

(a) orientação solar e aos ventos;


(b) forma arquitetônica, arranjos espaciais, zoneamento dos usos internos do
edifício e geometria dos espaços internos;
(c) características, condicionantes ambientais (vegetação, corpos d'água,
ruído, etc.) e tratamento do entorno imediato;
(d) materiais da estrutura, das vedações internas e externas, considerando
desempenho térmico e cores;
(e) tratamento das fachadas e coberturas, de acordo com a necessidade de
proteção solar;
(f) áreas envidraçadas e de abertura, considerando a proporção quanto à
área de envoltória, o posicionamento na fachada e o tipo do fechamento, seja
ele vazado, transparente ou translúcido;
(g) detalhamento das proteções solares considerando tipo e
dimensionamento; e
(h) detalhamento das esquadrias.

Conforme estabelecido na Conferência Rio/92 e no documento Agenda 21, a


sustentabilidade deve embasar-se em três pilares, visto na (Figura 21),
embientalmente equilibrado, economicamente viável e justo perante a sociedade. O
Triple Botton Line, criado por Eikington (1997) ilustra esses três prontos que se
interrelacionam.
58

Figura 21 - Tripé da sustentabilidade


Fonte: https://www.todamateria.com.br/sustentabilidade/

Para Saeta (2012), os três diferentes aspectos da sociedade humana está


representada na figura anterior citada, a ideia e representar um equilíbrio e formar o
conceito de sutentabilidade. No tocante, o pilar ambiental, está relacionado com os
impactos urbanos sobre o meio ambiente, com avaliações nas mudanças climáticas,
gases de efeito estufa, biodiversidade, poluição, preservação do solo e suas
melhorias.
No pilar Social, a autora sinaliza da responsabilidade do desenvolvimento do
planeta, sendo a lógica da vida urbana o principal fator. O crescimento populacional é
uma qustão complexa, mas o desenvolvimento sutentável preza por uma sociedade
justa, igualitária, não privilegiando partes da população.
Quanto a economia, a mesma aponta o equilíbrio como base sustentável, ou
seja, é aquela que tem a capacidade de produzir e distribuir riquezas de maneira
equilibrada. A maneira com que essa organização acontece, influência diretamente
na sociedade.

A arquitetura de baixo impacto ambiental não pressupõe um estilo ou um


movimento arquitetônico, podendo ser encontrada tanto na arquitetura
vernacular das mais variadas culturas como em muitos exemplos do
59

modernismo e, ainda, na arquitetura mais recente, rotulada como high-tech


ou eco-tech. Independentemente da vertente tecnológica, as soluções de
projeto para o conforto ambiental e a eficiência energética relacionam os
mesmos conhecimentos da física aplicada (transferência de calor, mecânica
dos fluidos, física ondulatória e ótica) com os recursos locais e com a
tecnologia apropriada. (GONÇALVES 2006)

Assim entende-se que para atender os três pilares da sustentabilidade, deve


haver um equilíbrio sob uma ótica consciente de cada um. Com a afirmativa de
Brundtland (1987), o desenvolvimento sustentável está em concordância com às
necessidades da geração presente, sem comprometer às necessidades das gerações
futuras. Para isso pretende-se seguir as diretrizes de projetos, para além dos já
citados: o gerenciamento de resíduo, captação de água da chuva, permeabilidade de
superfície, eficiência energética, compostagem e preferência para materiais de baixo
impacto.

3. REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICAS

Para embasamento e elaboração da proposta arquitetônica foi feita uma


seleção de alguns projetos existentes. Através da análise dos detalhes, foi extraído
alguns pontos positivos que nortearam o futuro projeto, obedecendo as
condicionantes do local. Para o desenvolvimento da proposta, foram utilizados:
➢ Mercado Municipal de Santa Caterina;
➢ Mercado Central de Fortaleza (Ceará);
➢ A casa de taipa, como elemento de inspiração regional.

3.1. Mercado Municipal de Santa Caterina

Em Barcelona, está o Mercado Municipal de Santa Caterina (Figura 22),


inaugurado em 1845, passou por uma reforma, em 2015, projetado por Enric Miralles
e Benedetta Tagliabue, resultado de um concurso. As diretrizes norteadoras foram a
redistribuição do espaço público propulsor do espaço coletivo. O maior destaque está
na cobertura: algo bem expressivo, marcado pela geometria e por cores.
60

A edificação dispõe de 70 boxes de vendas e diversificados espaços de


serviços. Partes das ruínas do antigo convento (restaurado) pode ser vista tanto no
interior quanto no exterior da edificação, principalmente na fachada.

Figura 22: Mercado Municipal de Santa Caterina


Foto: reprodução site Ajuntament Barcelona Turisme, 2016

O mercado é composto por lojas, boxes destinados a comércio e serviços. Os


acessos estão distribuídos em suas quatro fachadas, a organização espacial dos
boxes está de forma irregular, no entanto, o fluxo não é interrompido, permitindo os
visitantes circularem livremente, como demonstrado na (figura 23).
A circulação principal, demarcada de vermelho, faz a ligação das entradas e
conexão com as vias externas, ao observar a figura já citada, observa-se a circulação
ininterrupta que cruz a edificação. Em face a circulação principal, demarcado na cor
azul, encontra-se a circulação secundária, esta facilita o fluxo para os demais boxes
não contemplados com o fluxo principal.
A circulação vertical está disposta de maneira dinâmica que prioriza toda a
edificação, pois sua distribuição ocorre em três pontos estratégicos, próximo dos
acessos principais. Isso facilita o trajeto feito pelo usuário, caso queira utilizar o
pavimento superior pela proximidade dos locais de entrada.
61

Figura 23 - Planta baixa com indicação de acessos e fluxos


Fonte: Architizer – adaptado pelo autor

Na (Figura 24) foram sinalizados a conexão entre a circulação vertical e o


estacionamento no subsolo. O maior destaque na referida imagem é o uso consciente
da topografia e o melhor aproveitamento do terreno.
62

Figura 24 - Corte longitudinal do Mercado de Santa Caterina


Fonte: Architizer – adaptado pelo autor

Tal referência inspira projetos de arquitetura desta natureza pela sua ousadia
na amplitude e ao mesmo tempo remete uma leveza nos traços pelo movimento dado
a cobertura, lembra um tecido ao vento. Outro fato que chama a atenção do
observador é o impacto visual, diferença nítida do antigo e do novo, formando um
diferencial para a região. Conforme ilustrado na (Figura 25):

Figura 25: Mercado Municipal de Santa Caterina


Foto: reprodução site Ajuntament Barcelona Turisme, 2016
63

Como visto na (Figura 26), a cobertura em metal faz parte da intervenção feita
no Mercado de Santa Caterina, os autores do projeto fizeram uma composição de
materiais, os painéis de madeira utilizados para vedação da parte superior trouxeram
uma identidade visual e ao mesmo tempo uma função, o mascaramento da incidência
solar dentro da edificação e a estrutura metálica de suporte em toda cobertura.

Figura 26: Detalhe da cobertura do Mercado Municipal de Santa Caterina


Foto: reprodução site Ajuntament Barcelona Turisme, 2016

Outra sinalização da imagem acima citada, é a inserção do equipamento


urbano em meio aos prédios do entorno, mesmo com uma configuração arrojada que
causa um contraste em outro ângulo de visualização, percebe-se a conexão do
conjunto através das cores, o amarelo utilizado na parte inferior da cobertura com as
bordas das janelas dos prédios.

3.2. Mercado Central de Fortaleza (Ceará)

O Mercado Central teve suas atividades iniciadas em 1809, vendendo carnes,


frutas e legumes. Em 1931, devido à proibição desse comércio, surgiu a
comercialização de artesanato.
64

Na década de 90, foi criado um novo mercado (Figura 27), o que ampliou as
oportunidades de emprego para artesãos e empresários. Hoje, o mercado central de
Fortaleza é o berço da arte e da cultura em todo o estado do Ceará. A edificação conta
com quatro restaurantes e duas lanchonetes que servem comidas típicas nordestinas.

Figura 27 - Fachada do Mercado Central


Fonte: Tripadivisor Brasil (2018).

Com um estilo eclético, foi inaugurado em 1998, assinado pelo arquiteto Luiz
Fiúza, com uma ampliação para 559 boxes, distribuídos em quatro pavimentos. O
estacionamento fica no quinto pavimento. Com essa configuração recebeu o título do
mercado da região Nordeste. Os acessos incorporam escadas, rampas e elevadores,
assim todos têm acesso ao equipamento urbano.
Ao observar a (Figura 28), percebe-se as aberturas para entrada de luz natural
no ambiente construído, sem a incidência direta da luz solar. Esse é um dos
parâmetros utilizado no projeto em desenvolvimento. Desse modo, espera-se uma
iluminação de qualidade, sustentável, isso incide diretamente na economia, reduzindo
os gastos com a conta de luz elétrica fornecida pela concessionária.
65

Figura 28: Mercado Central de Fortaleza


Fonte: Mercado Central de Fortaleza (2018).

Outras estratégias adotadas é o uso de mezaninos, essa estratégia permite um


ambiente dinâmico, tira a ideia visual de enclausuramento. No projeto em
desenvolvimento, existe uma diferença de nível e a cobertura irá alcanças os dois,
com tudo, aproveitando a topografia do terreno, formará um mezanino que locará o
hortifruti. Sendo assim, essa integração remete as soluções adotadas na referência
em questão.

3.3. Inspiração regional

A arquitetura vernacular utiliza materiais extraídos da própria região e mão de


obra local visto na (Figura 29). A inspiração desta arquitetura, no projeto em
desenvolvimento, será meramente ornamental, mas que, por sua vez, remete a um
ambiente rústico e aconchegante. Será inserido no interior do restaurante que se
localiza no mercado central.
66

Figura 29 - Casa construída em pau-a-pique na Chapada Diamantina no Estado da Bahia.


Fonte: Silvia Kimo Costa (2017).

A ideia é trazer memórias para os que viveram no campo de forma simples e


contar um pouco da história nordestina para as futuras gerações através da identidade
visual proporcionada pela arquitetura. Como expressa ZANI:

Aproveitando os recursos materiais locais, de modo a obter rapidez e


facilidade construtiva, conseguiram criar, com a produção desta arquitetura,
uma linguagem própria, capaz de expressar uma cultura arquitetônica local,
dominando a técnica de trabalhar a madeira e criando um repertório
arquitetônico rico e singular (ZANI, 2003, p.8).

A respeito disso TAKAMATSU (2014) sinaliza a arquitetura vernacular como


parte de um contexto que envolve os estudos da cultura material, no que diz respeito
ao ambiente físico que reflete os preceitos culturais.
Esse método construtivo é definido por arquitetura vernacular, ou popular
brasileira. Em se tratando de região, o Nordeste tem suas peculiaridades, trata-se de:
edifícios compactos, próximos uns dos outros, sem uma preocupação com a
legislação; espaços internos reduzidos; ausência de alguns espaços ideais para as
atividades (algumas precisam ser realizadas fora de casa); pisos de cimento ou terra
67

batida; aberturas pequenas; paredes fora do padrão usual, em sua maioria muito finas;
algumas casas usam argila batida e uma estrutura de madeira fina e irregular; árvores
perto da casa para protegê-las da luz solar; em alguns caso há banheiros e pias fora
da casa.

Figura 30: Casa de taipa tapiocaria


Fonte: revista deguste, 2020
68

Figura 31: Fachada da casa de taipa tapiocaria


Fonte: revista deguste, 2020

Nesse sentido, o uso de materiais regional traz a identidade de um povo. Na


(Figura 30), o uso de cestos de cipó, como elemento decorativo no teto, e os brises
de madeiras (Figura 31), compondo a fachada, remetem a uma arquitetura
sustentável. Isso serve de estímulo, pois utiliza-se de materiais da própria região, além
de incentivar economicamente, reduz custos construtivo e uso do combustível para o
transporte.

Desde meados do século XX que arquitetos, antropólogos e historiadores de


arte se mostram cada vez mais interessados na arquitetura vernácula, tanto
nos ambientes urbanos como nos rurais. Muitos edifícios, tipos de
construções e urbanizações, nunca antes estudados a sério, têm sido
documentados através de fotografias e descrições escritas. Esta tendência
recebeu forte apoio como a exposição “Arquitetura sem Arquitetos”,
organizada por Bernard Rudofsky no Museu de Arte de Moderna, em Nova
Iorque, em 1963, 5 bem como nos seus dois livros subsequentes. (PAPANEK,
1995, Pág. 127)

Diante das análises das referências arquitetônicas apresentadas, reforça-se a


importância do Mercado Público inserido no contexto urbano, em sua maioria em
áreas centrais, com acessos bem definidos conectados à malha viária. Os acessos
dos pedestres e veículos são itens primordial. Um respeito harmônico entre o
equipamento, estética, função e o entorno são relações que proporcionam um
69

engrandecimento nas áreas de intervenção. Por último, a observação dos fluxos


internos com os acessos é primordial para gerar um fluxo secundário de serviços e
clientes, assim reforça a funcionalidade do mercado.

4. MERCADO MUNICIPAL DE PARIRIPIRANGA-BA

4.1. Localização e características

No presente caso, analisa-se o Mercado Municipal de Paripiranga (Figura 32),


o qual está situado na praça da feira, centro de Paripiranga (BA) com uma distância
de aproximadamente 364 km da capital, Salvador, 110km da capital sergipana,
Aracaju. Em uma divisa intermunicipal, a cidade de Paripiranga limita-se com os
municípios de Pinhão, Poço Verde, e Simão Dias, no estado de Sergipe, e no estado
da Bahia, com Fátima e Agustina.
O prédio atual é o terceiro já construído, os dois primeiros foram desativados e
ocupados por outros setores do município, localizando-se nas proximidades da BA-
220, que liga o estado de Sergipe às demais cidades do estado da Bahia, na região
Nordeste.
70

Figura 32 - Mapa da Bahia


Fonte: Modificado de www.infoescola.com (2020).

4.2. Indicadores

Os indicadores demonstrados nos (Quadros 1, 2 e 3), mostram um panorama


da população Paripiranguense em relação ao quantitativo e população
economicamente ativa. Esses dados coletados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Pesquisa - IBGE são baseados no Censo de 2010, hoje o cenário já possui uma
diferença significativa.
De acordo com o mesmo Instituto, anterior mencionado, o município de
Paripiranga tem a agricultura como atividade principal, exporta a produção para São
Paulo, Recife e Fortaleza. A produção de milho e feijão é um dos mais evidentes no
município.
71

Quadro 2 - Quantitativo populacional


Fonte: IBGE (2018); SEI (2018)

Quadro 3 - Panorama econômico


Fonte: IBGE (2018); SEI (2018)

Quadro 4 - Mercado de trabalho


Fonte: MTE-Caged/MTE-RAIS (2018)
72

4.3. O mercado municipal

Segundo Ferreira (2017), a feira livre tem como registro uma das primeiras
atividades comerciais desenvolvidas no município, (Figura 33). Segundo relatos
coletados pelo autor, um pé de coité7, planta tipicamente nordestina, serviu de marco
inicial do espaço de comercialização. De forma tradicional comercializavam animais
vivos, feijão, milho e frutas, produtos advindos da zona rural.

Figura 33 - Feira livre de Paripiranga na década de 50


Fonte: Acervo Digital do Laboratório de Ensino e Pesquisa em História do UniAGES

O Mercado Municipal da cidade de Paripiranga, no estado da Bahia, encontra-


se na sua terceira construção (FERREIRA, 2017). O primeiro Mercado Municipal foi
construído na década de 70 (Figura 34), hoje, ocupado pelo Fórum Des. Rui Trindade,
localizado na Praça da Bandeira (atual Praça Pedro Rabelo de Matos). Vendia cereais

7Fruto de uma árvore perene que atinge até 16 metros de altura. Apresenta tronco e galhos tortuosos
e uma coloração acinzentada na casca.
73

a granel, frutas e verduras eram vendidas em barracas de madeira na frente da


edificação.

Figura 34: Mercado Municipal de Paripiranga – BA


Foto: IBGE, [1978?].

Como forma de expansão, organização e questões higienistas, foi construído


um açougue municipal na Rua Josafá Carregosa (Figura 35), com a função de vendas
de carnes e a comercialização de cereais que permaneceu por muito tempo no antigo
mercado, anterior citado. Peixes, vísceras e frutos do mar eram vendidos em barracas
de madeira montadas no entorno do açougue.

Figura 35: Açougue Municipal de Paripiranga – BA


Foto: IBGE, [1980?].
74

Para Ferreira (2017), com o crescimento da cidade, o sistema existente de


comercialização hortifrutigranjeiros já não atendia mais à demanda de produção rural
e de mercadores vindos de outras regiões. No governo do prefeito José Menezes de
Carvalho, em 1987, autorizou-se a construção do novo Mercado Municipal (Figura 36),
este dividido em três prédios que comportariam todos os seguimentos de vendas
praticados na feira de Paripiranga. As vendas de carnes e peixes no primeiro prédio
(Figura 27); no segundo, vendas de roupas e produtos diversos; e o terceiro destinado
a vendas de cereais. Sendo que a comercialização de frutas e verduras ficaram na
área externa, em barracas itinerantes.

Figura 36 - Placa da construção da rua José Carvalho Santa Rosa, em 1987.


Fonte: Acervo Digital do Laboratório de Ensino e Pesquisa em História do UniAGES

Segundo Carvalho (2018), o Sr. José Menezes, ex-prefeito de Paripiranga,


afirmou que o decreto de mudança do local da feira se deu pela ideia de crescimento
da cidade, o entendimento foi que a feira se torna o centro das atenções nas cidades,
em especial no interior. Paripiranga já não crescia e as áreas mais distantes eram
vistas como periferia. Por esta razão foi pensado em retirar a feira do centro e construir
um mercado (Figura 37) que concentrasse diversos seguimentos de vendas na
mesma área, o resultado foi um crescimento de 30% na cidade, pois a área era de
pastagem e, hoje, totalmente ocupada por novas ruas.
75

Figura 37: Atual Mercado Municipal de Paripiranga


Fonte: Acervo próprio, 2020.

Por outro lado, a feira de Paripiranga tem grande potencial econômico, às


terças e sextas-feiras, dias em que acontece, há um aumento significativo de
vendedores e compradores, alterando o movimento do comercio local, tais como
supermercados, bancos, bares, entre outros. Por isso há uma urgência na
reestruturação desse espaço que é essencial para a economia da cidade e de regiões
circunvizinhas.

4.4. Diagnóstico – Análise Técnica

A análise das condições físicas sem a aplicação de ensaios destrutivos, trata-se


de uma vistoria avaliativa, para a partir das informações levantadas elaborar um
prognostico da situação tendo em vista a segurança, conforto, funcionalidade e
durabilidade, principalmente por se tratar de um patrimônio público de interesse social.
A Finalidade Principal é avaliar qual será as soluções aplicadas na edificação, afim de
melhorar a integralidade e uso do mesmo.

4.4.1. Caracterização da região


76

O imóvel está localizado na região urbana de Paripiranga/BA (Figura 38), nas


coordenadas geográficas de latitude -10º68'21.2'' e longitude -37º86'05.4'', sendo seu
acesso pela via José Carvalho Santa Rosa e José V. de Cerqueira. As vias são
contempladas no seu entorno por casas e comércios. O padrão Econômico dos
imóveis é de Médio padrão, já a densidade de ocupação é considerada baixa. O
terreno possui um formato irregular, topografia inclinada, isso dispensa a possibilidade
de alagamentos.

Figura 38: Vista aérea do avaliando e da região de entorno


Fonte: Google Earth – out/2020

A localidade possui infraestrutura e é servido pelos seguintes melhoramentos


públicos:
1. Energia elétrica;
2. Água;
3. Iluminação pública;
4. Redes de Telefone fixa e móvel;
5. Coleta de lixo;
6. Rede de Abastecimento de água potável;
7. Vias pavimentadas;
8. Guias/sarjeta.
77

4.4.2. Informações Tributárias

Em pesquisa com o agente de tributos do Município de Paripiranga, foi


coletado dados de cadastramento dos ambulantes e sua subdivisão, tais como
(tabela 1):

Confecções 108
Verdura 113
Alimentação em geral 67
Calçados 12
Box mercados dos cereais 82
Box mercado de variedades 53
Box mercado da carne 83
Total de ambulantes cadastrados: 518
Tabela 1 - Quantitativo de ambulantes
Fonte: Elaborado pelo autor – mai/2021

Foi declarado pelo agente que é cobrado uma taxa de R$ 15,76/mês, essa
taxa varia de acordo com a área ocupada. A Prefeitura arrecada um total de R$
8.166,00 mensal (esses dados são referentes a janeiro de 2020). Informações
referentes ao custo de manutenção e funcionários para o funcionamento do mercado
e feira livre, não é repassado ao setor.

4.4.3. Documentação

Os elementos necessários para elaboração deste trabalho, partem dos projetos


iniciais aprovados pela Prefeitura Municipal, pois são considerados como documentos
fies ao executado, porem em contato com o agente público, fora informado que não
possuíam dados técnicos sobre a construção do mesmo, dessa maneira ficaria
inviabilizado a aferição técnica entre o projeto e o executado. Para efeitos da
avaliação, o imóvel passou apenas por uma vistoria visual, observando-se os
possíveis riscos à segurança e higiene, a edificação foi construída em 1987.
78

Com base em vistoria realizada pelo autor, em 20 de outubro de 2020, verificou-


se que se trata de um imóvel público urbano que, levando em consideração o primeiro
e o último mercado, possui uma área de intervenção de aproximadamente 5.839,00
m², conforme medição por satélite, considerando as áreas edificadas e as áreas de
livre circulação entre um e outro mercado. A área total do terreno é de
aproximadamente 14.919,77m².
A arquitetura dos mercados é simples, sem padrões estéticos definidos,
dispensa obrigatoriedade de conservação na sua forma. Sua estrutura é mista de
concreto e metal, e suas paredes de vedação em tijolo aparente. No prédio central
possui um pátio aberto, banheiros e box destinados a lojas diversas.
Os mercados de Paripiranga passam por um estágio crítico de degradação,
pois não atendem às normas da Anvisa, da NBR 9050/2020 e as premissas de
sustentabilidade, como conforto térmico e acústico. Além disso, não atrai novos
investidores, o que resulta no acúmulo de barracas no seu entorno e ocupações
indesejadas, na maioria das vezes, servindo como depósito ou abandono. A saber,
visto na (Figura 39):
• Manifestação de pequenas fissuras, aparentemente por dilatação da
argamassa e manchas de umidade e desgaste, por inexistência de
manutenção;
• Manchas de umidade e de corrosão;
• Pontos de infiltrações e ausência de rebocos;
• Desgaste dos rejuntes no piso interno, pelo uso e tempo e alguns pontos de
infiltrações;
• O piso externo em paralelepípedo em condições precárias com irregularidades,
abaulamentos, falhas;
• Corrosão das treliças, sinais de oxidação nas telhas, alguns furos,
amassamentos;
• Fiação elétrica exposta e instalada de forma inadequada acarretando risco de
curto e incêndio;
• Entre outros aspectos.
79

Figura 39: Imagens do objeto de estudo


Fonte: Acervo próprio – out/2020

4.4.4. Descrição das características do imóvel

Com base em vistoria realizada em 20/10/2020, verificou-se que se trata de um


imóvel público urbano, composto por três galpões onde funcionam os mercados
municipais, sendo que existe duas Ruas que os separam, levando em consideração
o primeiro e o ultimo mercado temos uma área de intervenção de aproximadamente
5.839,00 m2, conforme medição por satélite, considerando as áreas edificadas e as
áreas de livre circulação entre um e outro mercado.
Trata-se de uma edificação de alvenaria de tijolos cerâmicos, contendo
elementos estruturais como fundações, pilares, vigas baldrame e vigas pré moldadas
80

para suportar uma estrutura de galpão, rebocada interna e externamente apenas em


algumas partes, uma fossa e um sumidouro, pavimentação em piso em concreto,
algumas partes com revestimento cerâmico no piso e parede nas áreas molhadas,
com esquadrias de madeira, ferro e cobertura do primeiro mercado (açougue) feita de
estrutura de aço (treliça) e telha metálica, calhas em aço galvanizado, instalações
elétricas, hidros sanitárias e de combate a incêndio (inexistente), instalação de louças
e metais.
No segundo e terceiro módulo segue o mesmo padrão arquitetônico e as avarias
não são diferentes, apenas o telhado que muda seu material, o mesmo é constituído
de madeira e telha fibrocimento (grande parte em boas condições).
No imóvel avaliado, não foi considerado quaisquer restrições no que tange a
passivos ambientais ou áreas de proteção permanente (APP) e não faz parte do
escopo do trabalho e nem foram fornecidos elementos para verificação quanto a
possíveis contaminações do solo.
O terreno possui um formato irregular, topografia inclinada, com presença de
escadas, e nenhuma acessibilidade para pessoas com necessidades especiais, de
acordo com levantamento cadastral feito a edificação apresenta baixo estado de
conservação, o imóvel é constituído por boxes para vendas de carnes, hortaliças,
frutas e de grãos.
No entanto, avarias foram identificadas rachaduras, mofo, infiltrações, reboco
fofo nos pés da parede, problema no encanamento, armaduras dos elementos
estruturais expostos, alto grau de corrosão, ausência de reboco em boa parte da
edificação, instalações hidro sanitárias e elétricas com problemas, afundamento de
parte da pavimentação circunvizinha, ocasionando irregularidades na superfície,
treliças da cobertura e telhas com sinais de corrosão avançados, presença de
eflorescência no concreto, problemas nas lajes, nos reservatórios, banheiros, a
acessibilidade totalmente inadequada, escadas e barras de corrimão danificadas e em
grande parte inexistente.

4.4.5. Princípios e ressalvas

Segundo a ABNT NBR 5674, normativo voltado à Manutenção de Edificações,


a inspeção de edifícios é uma ferramenta que fornece uma avaliação sistemática de
81

edifícios. Elaborado por profissionais qualificados e devidamente preparados,


classifica os itens não conformes encontrados na edificação de acordo com sua
origem e grau de risco e aponta os critérios técnicos necessários para melhorar a
manutenção do sistema e dos elementos construtivos.

4.4.6. Quanto aos riscos

Um relatório de inspeção de construção detalhado trará uma série de


parâmetros de avaliação relacionados ao grau de risco e / ou ao nível de inspeção.
Tendo em conta os riscos para os utilizadores, meio ambiente e bens no âmbito da
fiscalização predial, são verificadas as normas de classificação de anomalias e avarias
em edificações durante a fiscalização imobiliária. Anormalidades e falhas são divididas
nos seguintes tipos de riscos:

CRÍTICO- Risco de provocar danos contra a saúde e segurança das pessoas


e do meio ambiente; perda excessiva de desempenho e funcionalidade
causando possíveis paralisações; aumento excessivo de custo de
manutenção e recuperação; comprometimento sensível de vida útil.
MÉDIO - Risco de provocar a perda parcial de desempenho e funcionalidade
da edificação sem prejuízo à operação direta de sistemas, e deterioração
precoce.
MÍNIMO - Risco de causar pequenos prejuízos à estética ou atividade
programável e planejada, sem incidência ou sem a probabilidade de
ocorrência dos riscos críticos e regulares, além de baixo ou nenhum
comprometimento do valor imobiliário.

4.4.7. Quanto ao nível da inspeção

As fiscalizações prediais são classificadas de acordo com a sua complexidade


e elaboração do relatório, tendo em consideração as características técnicas dos
edifícios existentes, a sua manutenção e operação e a necessidade de constituir uma
equipe multidisciplinar para a execução das obras. O nível de inspeção de construção
pode ser dividido em nível 1, nível 2 e nível 3.

NÍVEL 1-Inspeção Predial realizada em edificações com baixa complexidade


técnica, de manutenção e de operação de seus elementos e sistemas
construtivos. Normalmente empregada em edificações com planos de
manutenção muito simples ou inexistentes.
82

NÍVEL 2-Inspeção Predial realizada em edificações com média complexidade


técnica, de manutenção e de operação de seus elementos e sistemas
construtivos, de padrões construtivos médios e com sistemas convencionais.
Normalmente empregada em edificações com vários pavimentos, com ou
sem plano de manutenção, mas com empresas terceirizadas contratadas
para execução de atividades específicas como: manutenção de bombas,
portões, reservatórios de água, dentre outros.

NÍVEL 3-Inspeção Predial realizada em edificações com alta complexidade


técnica, de manutenção e operação de seus elementos e sistemas
construtivos, de padrões construtivos superiores e com sistemas mais
sofisticados. Normalmente empregada em edificações com vários
pavimentos ou com sistemas construtivos com automação. Nesse nível de
inspeção predial, obrigatoriamente, é executado na edificação um
Manutenção com base na ABNT NBR 5674.

Tendo em vista as informações acerca do procedimento de elaboração dos


laudos técnicos podemos classificar essa edificação em estudo como grau de Risco
Crítico e Classificação Nível 2.
Com o critério de aferição definido, caberá aos técnicos responsáveis a melhor
forma de proceder com a avaliação.

4.4.8. Normas associadas

NBR 14037:1998 – Manual de Operação, Uso e Manutenção das Edificações –


Conteúdo e recomendações para elaboração e apresentação;
NBR 9050:2020 – Norma de Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e
Equipamentos Urbanos;
Guia Orientativo para elaboração do manual de uso operação e manutenção de
edificações - Orientações para Construtoras e Incorporadoras de outubro de 2013, da
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC);
Norma de Inspeção Predial do IBAPE (Instituto Brasileiro de Avaliações e
Perícias de Engenharia – Entidade Nacional) de outubro de 2012.

4.4.9. Algumas Considerações

Toda obra é composta de materiais que tem uma vida útil predeterminada,
alguns com maior tempo de vida, outros reduzido, isso varia de acordo com as
83

condições do tempo e sua exposição. Envelhecem e se deterioram, para manter e


prolongar a durabilidade e boas condições de funcionamento deve-se restaurar a fim
de conservar o seu desempenho nos parâmetros requeridos pelas normas de
segurança.
As inspeções periódicas para as atividades de manutenção certamente terão
melhores estratégias de ação para evitar que os impactos de diversos problemas que
ocorrem na estrutura prejudiquem as condições de trabalho e durabilidade.
Antes de tudo, é necessário verificar a estrutura e encontrar problemas que
possam afetar seu desempenho. Posteriormente, é necessário avaliar o impacto
dessas questões no desempenho estrutural. A terceira etapa envolve escolher a
melhor intervenção para resolver o problema e determinar a prioridade das
intervenções quando necessário.
Devido ao diagnóstico da patologia e irregularidades baseada em observações
in loco, e diante do histórico e problemas encontrado na edificação, necessita de
medidas urgentes de reparação do património público de interesse social.
Diante do exposto, após a realização de visitas de campo, pesquisa
bibliográfica, legislação e demais ações necessárias, tais como:
Considerando que a vistoria se deu em caráter preliminar, em caráter de
levantamento dos problemas;
Compreendendo que este trabalho técnico não se destina a analisar e explicar
as manifestações patológicas encontradas.
Resguardando que o profissional tem o direito de expressar opiniões após
análise criteriosa dos problemas encontrados, incluindo questões relacionadas à de
responsabilidade;
Recomenda-se a elaboração do Laudo Técnico de Inspeção Predial para todas
as áreas públicas e, caso seja do interesse da prefeitura competente, deve-se
contratar profissionais específicos para a elaboração do laudo acima citado.
Este é o instrumento que permitirá a análise e interpretação das reais condições
de segurança e salubridade das edificações e definirá quanto à contratação de
consultores técnicos profissionais e especialistas técnicos na solução de problemas.
Portanto, com base na pesquisa realizada e outras fotos anexadas a este
documento, onde mostra os demais problemas que as edificações se encontram,
sugere-se também que devido à idade da edificação, a falta de manutenção periódica
de toda a estrutura da edificação, o grau de degradação encontra-se em um nível
84

crítico, e que a edificação oferta um risco de sinistro a toda população que faz uso da
mesma, por conta disso, orienta-se que, proceda-se a demolição integral do módulo
01 (açougue) conservando apenas os pilares externos que apoiam o telhado (os
mesmos necessitam de manutenção para prolongar sua vida útil), o telhado encontra-
se comprometido com oxidação nas treliças e telhas, as bancas utilizadas para vendas
de carnes estão muito degradadas e fora dos padrões sanitários.
Em relação as manifestações patológicas encontradas na edificação do módulo
02 (o prédio central), destaca-se os banheiros, estes devem ser demolidos, pois a
presença de infiltração, degradação estão bem nítidas e adequações a acessibilidade
em todo o módulo.
No módulo 03 (Figura 40) deve ser refeito a parte interna, pois ainda se utiliza
de bancas de madeiras, todas as paredes de vedação estão sem reboco, o que
diminui a vida útil do bloco e compromete toda edificação.

Figura 40 - Mercado de cereais


Fonte: Acervo próprio, 2020.

Diante do exposto, aconselha-se, que se proceda uma reestruturação dos


prédios visando a demolição de boa parte dele, conservando apenas as partes menos
degradada, e para atualização de um novo modelo, ou seja, uma nova roupagem que
85

instigue a população a consumir mais e manter viva no tocante cultural, leve em


consideração o crescimento demográfico e propulsor da econômico, o mercado tem
em sua essência a urbanidade que vem desde o desenvolvimento das cidades no
Brasil e no Mundo. Para mais detalhes observa-se o (10.1 Anexo fotográfico) do
presente trabalho.

4.4.10. Análise do usuário

Para melhor conhecer o perfil do usuário e o que ele pensa a respeito do objeto
de estudo, o Mercado Municipal de Paripiranga, foi aplicado um questionário, um dos
métodos de pesquisa realizado no presente trabalho, este por questões de segurança
em função da pandemia, feito de forma online, utilizando métodos digitais, como o
Google forms para o questionário e o WhatsApp como veículo de comunicação. Antes
de aplicar de forma macro foi realizado com cinco pessoas, de forma experimental,
com o intuito de entender a funcionalidade do questionário e o nível de dificuldade ao
responder as perguntas.
Os gráficos mostrados a seguir apresentam resultados de um questionário
aplicado, de forma macro, em uma amostragem de 100 pessoas, após o feedback dos
primeiros entrevistados obtendo 74 respondidos e 26 não tiveram interesse no
assunto.
Os objetivos das perguntas era pra definir o perfil do consumidor, seu local de
residência, qual o conhecimento acerca do objeto estudado, sua frequência no
espaço. Assim também, como as questões referente ao estacionamento, adaptações
para crianças e pessoas com deficiência, PcD, armazenamento da carne, higiene,
conforto termoacústico, luminotécnico, acessos e quais sugestões dariam para
melhoria do mesmo.
No questionário foram levantadas 30 questões: da 01 a 08, define o perfil do
entrevistado; da 09 a 28, uma avaliação da infraestrutura existente do mercado
municipal e 29 e 30, um espaço individual para levantar outras questões que não
foram abordadas, mas com grande significado para a elaboração do projeto de
intervenção. Contudo para simplificar o resultado será mostrado quatro gráficos a
seguir como demonstrativos e algumas repostas da questão vinte e nove:
86

4.4.11. Resultados parciais

No gráfico 1, pode-se observar que 82,4% dos entrevistados residem em


Paripiranga, mas uma parcela de 14,9% reside em outras cidades. Contudo os
consumidores não se limitam a certas regiões, mas até em zona rural e urbana.

Gráfico 1
Fonte: Produção do autor

Quando foi perguntado, há quanto tempo conhece o mercado, no gráfico 2


mostra que a metade dos entrevistados afirmaram conhecê-lo há mais de 20 anos.
Isso reforça a importância da existência e manutenção do mesmo.

Gráfico 2
Fonte: Produção do autor
87

Observando o gráfico 3, mostra que 24,3% registra uma frequência de quatro


a mais vezes por mês, isso em um período anterior a pandemia, onde seu
funcionamento não estava restrito. Os mesmos avaliaram os acessos e quase a
metade dos entrevistados classificaram como ruim, um fato a se pensar no entorno
que facilite a chegada dos usuários até o mercado.

Gráfico 3
Fonte: Produção do autor

Quanto as adaptações para deficiente, 59,5% dos usuários classificaram como


péssimo e 20,3% ruim. Resultados conferidos no (gráfico 4).

Gráfico 4
Fonte: Produção do autor
88

Por fim, a questão 29 foi deixado em aberto para opinião individual, o qual foi
questionado que ponto (ou tema) não foi abordado e que o entrevistado acredita ser
importante para a melhoria do mercado. Alguns resultados como: pavimentação do
entorno; reforma do mercado para cumprir as necessidades básicas dos feirantes;
vestimenta do pessoal açougue, higienização; acessibilidade; organização dos
espaços de venda destinado para os comerciantes; cursos de formação para os
trabalhadores no mercado municipal e uma área de alimentação para os
trabalhadores e frequentadores do mercado; distribuição das bancadas de forma
higiênica e com espaçamento; melhorar a ambientação, deixar um lugar mais
confortável para visitar.
Sendo assim, entende-se que em termos técnicos os mercados necessitam
de uma reestruturação em todo espaço mercantil para adequações de suas
instalações e entorno, isso também foi observado pelos usuários entrevistados,
mesmo que de forma pessoal, foram sinalizados pontos de melhoria já identificados
em análise técnica realizada pelo autor.

5. PROPOSTA PROJETUAL

5.1. Índices urbanísticos

QUADRO DE ÁREAS (m²)

ÁREA DO LOTE:

ÁREAS
OBRA BASE ÁREA (m²) CONSEDERADAS
TO IA

SUBSOLO 130,00m² ----------------- 130,00m²

PAV. TÉRREO 6.459,00m² 6.459,00m² 6.459,00m²


89

PAV. SUPERIOR 2.420,00m² ----------------- 2.420,00m²

TOTAL A CONSTUIR 9.009,00m² 6.459,00m² 9.009,00m²

OBRAS COMPLEMENTARES

CASA DE MÁQUINA (NÃO


42,00m² ----------------- ---------------
COMPUTÁVEL)
ÁREA PERMEÁVEL 10% 1.491,98m² ---------------

TO= 43,29% CA= 0,603


Quadro 5 - Índices urbanístico
Fonte: Elaborado pelo autor – mar/2021

Em decorrência da ausência das leis complementares e anexos I, II, III do Plano


de diretor Participativo do Município de Paripiranga, não tem como fazer um
comparativo dos índices urbanísticos encontrado no projeto com os parâmetros
exigidos da referida lei, pois informações base como: a qual zona o lote pertence, taxa
de ocupação, taxa de permeabilidade, gabarito máximo de altura. Assim também
como os recuos: frontal, lateral e do fundo.

5.2. Entorno e as condicionantes naturais

Através de pesquisa em campo, identificou-se que as ruas adjacentes ao


mercado são de grande circulação. De acordo com a (Figura 41), a área tem grande
potencial urbanístico, pois nas suas proximidades encontram-se diversos
equipamentos urbanos que potencializam o comércio local. Entre eles, o mais
próximo, é o Terminal Rodoviário de Paripiranga, isso caracteriza uma melhor logística
para os frequentadores vindos de outras cidades e os munícipes que residem em
áreas rurais. São eles que, nos dias em que acontecem as feiras, intensificam o
movimento no comércio de alimentos, bares, restaurantes, bancos, entre outros.
90

Figura 41: Análise do entorno


Fonte: Elaborado pelo autor – mar/2021

Percebe-se que, no entorno da praça da feira, existe uma concentração de


comércios de grande, médio e pequeno porte; ou seja, é a parte mais movimentada
da cidade. Além dessa área comercial, a praça Pedro Rabelo de Matos concentra
outras casas comerciais, herança do tempo em que o mercado municipal funcionava
em seu antigo prédio, hoje ocupado pelo Fórum Des. Rui Trindade.
Para melhor entendimento, foi feita uma análise, in loco, do sistema viário de
Paripiranga (como visto na Figura 42). Percebe-se, em destaque, as principais vias e
a proximidade favorável do objeto em questão com a BA 220, esta liga a cidade de
Simão Dias a Paripiranga (ao sul) e no seguimento norte, a cidade de Adustina. Sendo
assim, abre diversas possibilidades de fluxo, tanto para os frequentadores como para
os fornecedores, uma vez que essa BA é a principal via que cruza o município.
91

Figura 42: Classificação viária de Paripiranga-BA


Fonte: Elaborado pelo autor – mar/2021

Para garantir ambientes sustentáveis, confortáveis e obter uma redução no


consumo energético, foi feito um diagnóstico dos principais ventos e o percurso solar.
Tais análises ajudaram na tomada de decisão de aberturas de vãos e mascaramentos.
Assim, quando a luz solar é indesejada, isso garante uma renovação do ar nos
ambientes, instigando um conforto térmico e tornando-os salubre.
Ainda sobre a análise das condicionantes naturais (Figura 43) serviu de base
para o zoneamento, locando os ambientes de maior permanência voltados para as
fachadas leste e norte; pois ficam orientadas para o sol da manhã e os ambientes de
menor permanência voltados para as fachadas oeste e sul, estas com maior incidência
solar.
92

Figura 43 - Análise das condicionantes naturais


Fonte: Elaborado pelo autor – mar/2021

Já a análise dos ventos, por meio do Software SOL-AR (demonstrado na Figura


44), indicou a direção dos principais ventos de acordo com a velocidade e a frequência
em que ocorre, sendo a maior incidência no Sudeste, Leste e Sul, isso resulta em
aberturas nessas direções para que haja uma ventilação cruzada nos ambientes.
93

Figura 44: Análise dos ventos


Fonte: software SOLAR– mar/2021

Para uma análise mais técnica, dos benefícios e malefícios, acerca da


iluminação natural, foram geradas cartas solares com diagramas estereográficos
referente ao grau perpendicular de cada fachada, como visto na (Figura 45): na
testada principal, a fachada Sudeste, com 145º, ângulo formado a partir da
perpendicular da referida fachada até o Norte, em sentido horário; na Sudoeste-235º;
na Noroeste-325º e Nordeste-55º.
94

Figura 45 - Análise de insolação


Fonte: Elaborado pelo autor – mar/2021

Na (Figura 46) é possível identificar uma média das temperaturas atingidas em


cada fachada. Com esses dados definidos, de orientação das fachadas e o trajeto que
o sol realiza em determinados dias e horários, é possível ter ciência de seu
comportamento e aplicar melhorias no projeto, deixando-os mais agradável para os
usuários.
95

Figura 46 - Análise da temperatura


Fonte: Elaborado pelo autor – mar/2021

Assim, percebe-se a necessidade de projetar dispositivos de proteção solar e


mascarar nas áreas mais quentes, a entender que no projeto em questão, a fachada
Sudoeste e Noroeste recebe mais incidência solar e altas temperaturas (a exemplo
do verão em que, das 11h às 18h, essa face de contato recebe raios solares,
comparados a outros períodos) a observação dessas altas temperaturas resulta no
conforto interno da edificação.
96

5.3. Levantamento topográfico

O levantamento topográfico, ou seja, um mapeamento das características do


terreno: dimensão, forma, curvas de nível, entre outras, foi um dos primeiros passos
de presente trabalho. É ele que determina onde a construção se posicionará para
obter um melhor aproveitamento, se há necessidade de movimentação de terra ou
não.
Esse estudo evita gastos desnecessários com terraplanagem, uma vez que ele
mostra todos os níveis em maior detalhe do terreno, para isso não basta apenas
conhecer e sim aproveitar melhor no projeto.
Na área de estudo já existe um bom aproveitamento topográfico, apenas sendo
necessário um corte no terreno, localizado na rua entre o açougue e o mercado central
de 130,00m² para a locação dos banheiros. Essa necessidade surgiu pelo fato de
melhor aproveitamento do ambiente construído e onde atualmente existe banheiros
não está dentro dos padrões santuários e sua área não é suficiente para ampliação e
atender a demanda.
O mapa topográfico serviu de base para todo o trabalho de planejamento e
projeto subsequente, sem este não teria conhecimento da área com maior precisão,
implicando em possíveis erros resultando em custos adicionais de construção.
Para a realização deste estudo topográfico (conferido na Figura 47) foi utilizado
da interface digital, o CADMAPPER, para coleta e mapeamento das curvas de nível
através de satélites e posterior transferido para o Revit 2019 para obtenção de cotas
e criar em estudo de massas para melhor entender a movimentação de terra
necessária, assim também, o volume extraído.
97

Figura 47 - Planta topográfica


Fonte: Elaborado pelo autor – mar/2021

O levantamento topográfico realizado confirma as constatações in loco, a área


já se encontra edificada, preservado alguns desníveis mais significativos, como
observado na (Figura 45), sinalizado de vermelho, nessa parte já existe um corte de
movimentação de terra, o que aloja o primeiro mercado, na parte em azul, mantem-se
esse desnível mostrado nas curvas de nível da referida planta. O projeto de
intervenção irá conservar todos os desníveis existentes, as alterações que serão
sugeridas não ter impacto ambiental significativo.
98

5.4. O terreno de implantação

A área estudada se encontra com arruamentos, residências e alguns lotes sem


ocupação, porém particular. Na aérea pública do Mercado não foi feito um trabalho de
áreas permeáveis, ou seja, encontra-se árida, sem nenhum tipo de árvore.
Para essa problemática encontrada foi pensado em repaginar os taludes
existentes, com grama, árvores de médio porte e a inserção de canteiros em pontos
específicos do sítio, observados no projeto, assim consegue arborizar a área, sem
interferência no funcionamento. Tal solução torna um ambiente mais harmonioso e
melhora no conforto térmico e visual. Em algumas áreas, a exemplo do
estacionamento, foi proposto o uso de concregrama a fim de aumentar a área
permeável facilitando o escoamento das águas pluviais.

5.5. Volumetria

A volumetria foi desenvolvida a partir do conceito de integração. Ao observar a


(Figrua 35), percebe-se que o diagrama de evolução deixa claro a composição
volumétrica, o volume de cor vermelha na volumetria atual ganhou o volume de cor
verde cana acima, esse abrigará o hortifruti, ganhará um aumento siginifatico no
gabarito de altura, criando imponência ao prédio, isso abre uma possibilidade de
funcionamento semanal, hoje, só tem vendas nas terças e sextas-feiras.
O volume verde escuro receberá uma repaginada nas fachadas camuflando os
telhados que serão aproveitado, com isso irá almentar o gabarito de altura, mas não
considerávelmente comparados aos outros mercados, o azul, hoje o mercado de
cereais, continuará com a mesma função, porém é acrescido com o volume de cor
amarelo, este será o palco.
Por fim, para dar ênfase ao conceito, as faixas de cor laranja, vistas na (figura
48), fazem a integração entre os prédios. Observa-se na referida figura, a parte
desenvolvimento, uma parcial da volumetria. A ideia se concretizará através de
estruturas metálicas, treliças e coberta com telha termoacústica.
99

Figura 48: Diagrama de evolução volumétrica


Fonte: Elaborado pelo autor – mar/2021

6. MEMORIAL DESCRITIVO

O projeto de reestruturação do Mercado Municipal de Paripiranga – Ba foi


pensado com o propósito de oferecer à cidade um equipamento urbano, adequado às
normas, capaz de unificar em um só lugar os requisitos básicos para o
desenvolvimento sociocultural. Partindo desse pressuposto foi analisado: integração
entre os usuários, espaços flexíveis.
➢ Integração dos espaços: através das circulações criteriosamente
dimensionadas para criar espaços de passagem e permanência, adequadas
aos parâmetros de acessibilidade;
100

➢ Integração entre os usuários: projetar espaços de sociabilidade para a troca de


experiências e criar vínculos entre os usuários;
➢ Relação com o entorno: através das conexões entre os acessos e as vias já
existente, isso influencia na segurança e dinâmica do local. A integração das
duas vias que separam os mercados e criando espaços sociais, sem perder
sua função de circulação, atrair os usuários, visitantes e turistas ao edifício.
➢ Conforto ambiental: implantar espaços que permitam a entrada de luz e
ventilação natural através das aberturas, portas, cobogós e brises. Nos
espaços onde há uma incidência solar significativa, proteger (mascarar) com
artifícios de brises.
➢ Espaços flexíveis: o espaço do palco foi pensado em fechamento retrátil, esse
permitirá um espaço multiuso quando não estiver em sua função real.

6.1. Conceito e partido

A proposta terá como conceito norteador, a integração. Nesse sentido, a ideia


central está fundamentada em três premissas: ofertar alimentos cuidadosamente
manipulados e armazenados; fomentar a geração de emprego e renda; e proporcionar
um espaço multifuncional para sociabilidade dos munícipes (Figura 49).
101

Figura 49: Pilares do projeto


Fonte: Elaborado pelo autor – mar/2021

Para que a ideia seja concretizada, é preciso que haja a integração entre os
três prédios existentes, atualmente separados por ruas. No projeto de intervenção,
essas ruas serão incorporadas, de forma dinâmica, através de coberturas metálicas
composta por pilares e treliças; porém não deixará de servir de circulação. O resultado
será, então, a unificação dos três prédios, tornando-os único.
A primeira rua (entre o açougue e o segundo mercado) sediará as rampas de
acesso ao hortifruti, estas construídas em concreto armado e corrimão de aço
galvanizado. Em um nível abaixo, aproveitando a topografia do terreno, estarão os
banheiros coletivos (masculino, feminino e para pessoas com deficiência – PcD). Para
solução da ventilação destes será utilizado ventilação zenital, por estar abaixo do
segundo nível.
A segunda integração (rua que separa o mercado central com o mercado de
vendas de cereais) será coberta na mesma configuração de materiais da primeira,
102

fazendo a junção entre os dois prédios. Para esse ambiente foi pensado o espaço de
convivência, com bares, restaurantes, cafés, lanchonetes. Assim, atende a uma das
premissas já citadas de proporcionar a relação de sociabilidade urbana em um espaço
típico e agradável.
Ainda, no que diz respeito aos espaços de lazer, o teto do mercado de cereais
será aproveitado para um palco fixo, edificado em estrutura metálica com telhas
termoacústicas e piso em granilite (espaço que comportará os eventos festivos da
cidade). O estacionamento, localizado ao lado do referido mercado, passará a ter
outra função, uma praça de entretenimento para realização das festas tradicionais do
município, a exemplo das festas de São Pedro, Padroeira e a tradicional Festa do
Milho.
Todo projeto foi pensado cuidadosamente para cumprir as premissas de
manipulação e armazenamento dos alimentos. Por isso serão trabalhados ambientes
que atendam às exigências da Anvisa (a exemplo de: uso de refrigeradores, câmara
fria, revestimentos, bancadas, entre outros, foram especificados para a correta
manipulação e armazenamento da carne), isso garante a saúde nutricional dos
alimentos.
No quesito empregabilidade, a proposta de box com equipamentos adequados
para venda de carne, lojas e restaurantes, todos estruturados para atrair novos
investidores do segmento, tanto local como regional, além do aumento na receita do
município através do aluguel e impostos, gera emprego pelo aumento significativo da
exploração da área comercial.

6.2. Programa de necessidades

O programa de necessidades, adotado no projeto (Tabela 1), setoriza a


composição dos ambientes do Mercado Público. Sendo que a sua divisão se deu em
três grandes setores: infraestrutura e serviços; vendas; e estacionamentos. Todos os
subsetores foram pensados de acordo com a necessidade da atividade e a disposição
espacial a privilegiar o fluxo de trabalho e o setor de vendas.
103

QUANTIDADE AMBIENTE
BANHEIRO MASCULINO
INFRAESTRUTURA E

BANHEIRO FEMININO
BANHEIRO PcD
DEPÓSITO
SERVIÇOS

ADMINISTRAÇÃO
COPA
DEP. DE MATERIAL DE LIMPEZA
VESTIÁRIO
CARGA E DESCARGA
CASA DE LIXO
CÂMARA FRIA
GERADOR
RESERVATÓRIO SUP. E INFERIOR
BOX PARA CARNE BOVINA
BOX PARA CARNE SUÍNA
BOX PARA CARNE DE FRANGO
BOX PARA PEIXES
SETOR DE VENDAS

LOJAS DE CONFECÇÕES
LOJAS DE VARIEDADES
RESTAURANTE
LANCHONETE
BARES
CAFÉ
PALCO
CAMARIM
ESTACIONAMENTO CARROS
ESTACIONA
-MENTO

ESTACIONAMENTO MOTO
ESTACIONAMENTO ÔNIBUS
ESTACIONAMENTO BICICLETA
Tabela 2 - Programa de necessidades
Fonte: Elaborado pelo autor – mar/2021
104

Para melhor desenvolver o referido programa de necessidades, foi aplicado um


questionário com responsáveis pelo funcionamento do Mercado Municipal de
Paripiranga, no qual as perguntas foram fundamentadas na Portaria 2619/11 – SMS
– Publicada em DOC 06/12/2011. Na ocasião, foram questionados alguns pontos
necessários, tais como: existência de determinados equipamentos, estado de
conservação e funcionamento para a correta manipulação de alimentos.
A pesquisa não se caracterizou em denúncias de irregularidades, mas como
embasamento para ofertar de uma proposta de projeto arquitetônico adequada às
normas regulamentadoras e que proporcione um programa de necessidades de
acordo com a realidade do município; pois o foco do projeto é que este seja passível
de ser construído, dentro do que foi observado na realidade local.
De acordo com o resultado do questionário e observações in loco, foi
constatada a real necessidade de uma reestruturação no açougue, espaço destinado
a comercialização de carnes, para adequações sanitárias. Assim, faz-se necessária a
demolição total da parte interna e cobertura, aproveitando os pilares e vigas que
estejam em estado de boa conservação.
Em termos de inexistência foram observadas: a ausência de câmara fria e
freezers para armazenamento da carne, bancada de manipulação e desossa, estes é
um dos principais problemas; e a ausência de pias para higienização da carne e pia
para uso do profissional. Isso significa que não dispõe de água nos locais de vendas
de carnes. Além disso, os revestimentos são inadequados, ou em estado de
deterioração.
Outra urgência a ser reparada é o setor de vendas de peixes, camarões e
vísceras, realizada, atualmente, em bancas a céu aberto, sem os devidos cuidados
de armazenamento e manipulação. Não existe barreiras que impeçam o acesso dos
roedores, insetos ou animais indesejados.
Por fim, os banheiros também estão impróprios para uso, podendo ser
demolidos e construídos de forma que atenda a todos, independentemente de sua
condicionalidade física, pois será embasado na NBR 9050/2020. Esta define as
medias básicas que torne o ambiente acessível por todos. A norma anterior citada não
será aplicada apenas nos banheiros, mas em uma quebra de barreiras arquitetônica
que por sua vez não permite o uso do ambiente por todos, ou seja, limita.
Nas rampas de pedestres serão adotadas a inclinação recomendado pela NBR
9050/2020 de 8,33%, corrimão e sinalização; nas calçadas terão sinalização tátil,
105

rebaixo quando necessário e os banheiros serão adotados as medidas dentro dos


parâmetros da universalidade.

6.3. Setorização

Com o zoneamento, buscou-se o agrupamento de acordo com a atividade


desenvolvida em cada espaço, como observado na (Figura 50). No primeiro estarão
alocados: os boxes de venda de carne (bovina, suína, aves, peixes, vísceras), uma
loja de temperos, câmara fria, sala de higienização, sala de desossa, sala de lixo
orgânico, sala de controle; na parte externa, ficará a doca para carga e descarga de
carne, casa de lixo orgânico e inorgânico, rampas de acesso ao hortifruti; em um nível
abaixo, estão os banheiros coletivos (masculino, feminino e PcD), administração, copa
e DML; e, no pavimento superior, sobre o mercado de carne, fica o hortifruti composto
por bancas, gôndolas e banheiros, toda esta parte será coberta por uma grande
cobertura metálica que abrange do hortifruti até o segundo mercado fazendo a
integração de ambos.
No mercado central haverá boxes de uso misto, vestuário, cama, mesa, banho
e variedades. A parte central abrigará um restaurante, Casa de Taipa, que servirá
comidas típicas e traz em sua estrutura física materiais regionais e dois conjuntos de
banheiros nos extremos (masculino, feminino e PcD). Ao lado do mercado central tem
a Vila Coité, uma homenagem ao nome antigo da cidade, esta servirá de aconchego
para os visitantes que valorizam a cultura local, pois terá um palco central para
apresentações locais e, nesta vila, estarão os bares, botecos, cafés e lanchonetes. A
localização da vila, anterior citada, fica na segunda rua, entre o mercado central e o
de cereais.
E, por fim, o mercado de cereais, será composto por boxes destinados a venda
de cereais com barreira contra roedores e insetos. O diferencial dessa parte da
edificação é o uso da cobertura para uma segunda função, será ampliado
verticalmente, acrescentando uma laje e em cima dela será um palco fixo, o objetivo
do mesmo é promover um espaço já estruturado para os dias de festas de grande
porte, isso resulta em economia, pois em eventos promovidos pela prefeitura
atualmente são locadas estruturas móveis para tal.
106

Figura 50: Esquematização de setorização


Fonte: Elaborado pelo autor – mar/2021
107

O restante do terreno, este já pavimentado em paralelepípedo, atualmente é


utilizado para as barracas de frutas, verduras e confecções, na intervenção continua
com essa função no dia de maior movimento, às sextas-feiras e nos demais dias
servirá de estacionamento e espaço de eventos.
A ideia desse palco é um melhor aproveitamento da área a suprir a carência da
cidade de Paripiranga, ausência de praça de eventos. Sendo que esse ambiente já
comportou festas itinerantes, shows de grande porte com artistas de nível nacional.
Para melhor entendimento do projeto como um todo, observa-se o corte esquemático
(Figura 51) onde mostra a situação atual e acima as principais divisões, em volumes,
do mercado e posterior intervensão.

Figura 51: Corte esquemático


Fonte: Elaborado pelo autor – mar/2021
108

6.4. Sistema Estrutural

O sistema estrutural utilizado é o misto (como esquematisado na Figura 52). O


primeiro é de pórtico (pilar-viga) de concreto armado, a escolha desse se dá pelo fato
de já exitir grande parte e aproveitá-los é uma forma de reduzir custos. O segundo, de
estruturas metálicas, servirá de reforço à estrutura já existente, evitando cargas sobre
a mesma. O uso do metal se dá pela facilidade de atingir grandes vãos, ter uma obra
mais limpa e rápida.
A laje metálica será especificada para uso neste projeto, a escolha desta se dá
por ser uma alternativa com baixa densidade, o que diminui consideravelmente o peso
próprio e, consequentemente, os esforços sobre estruturas e fundações; reduz os
custos com a obra; dispensa escoramentos; diminui a quantidade de armaduras e
consegue uma estrutura mais esbelta.
Na cobertura, grande parte do material será aproveitado. As do mercado
central, por exemplo, são telhas de amianto que se encontram em bom estado de
conservação. Para melhoria e aumentar o tempo útil da antiga cobertura, será
aplicado camadas de tinta branca, essa cor reduz a absorção da luz e feito um trabalho
de camuflagem destas com elementos nas fachadas e as novas coberturas do
mercado da carne e a do palco, serão utilizadas treliças metálicas, com tratamento
especial ante corrosivo e telha termoacústico. A geometria da cobertura favorece a
passagem do vento para renovação do ar quente do interior da edificação e, ao
mesmo tempo, beneficia a iluminação natura, melhorando, assim, o conforto
ambiental.
109

Figura 52: Previsão do sistema estrutural


Fonte: Elaborado pelo autor – mar/2021

Quanto as paredes de vedação, serão demolidas apenas as necessárias para


a realização das adequações e as que se encontram comprometidas com trincas,
110

rachaduras e/ou infiltrações agudas. Nesse sentido, a alvenaria em questão não tem
função estrutural, por isso aproveitará em média 85%, para aumentar a vida útil das
paredes existentes, serão rebocadas com argamassa na composição de areia,
cimento e água, impermeabilizada nas áreas sujeitas a infiltrações, com aditivos
apropriados, revestidas com cerâmicas onde for necessário, de acordo com as NBRs,
e demais, receberão camadas de tinta acrílica, especificada posteriormente. O uso
desses materiais tende a ser de baixo custo, comparados a outros existentes e facilita
a higienização dos ambientes.

6.5. Fluxos

No que diz respeito à higiene e aos cuidados com os alimentos manipulados se


faz necessário a hierarquia entre o fluxo de pessoas (clientes) e dos funcionários, na
câmara fria em especial. Na (Figura 53) foi desenvolvido um fluxo de modo que o
funcionário do setor não tenha contato direto com a carne antes de se paramentar em
uma sala específica com dois acessos, entrada por uma porta e saída por outra, é
nesse momento que ele higieniza as mãos, se paramenta com roupas adequadas
para o manuseio do alimento, assim como, as pessoas que trabalham na desossa,
segue esse mesmo protocolo na sala citada, depois segue por uma circulação interna
até a sala de desossa, localizada no mesmo setor da câmara fria.
Para melhor entendimento dos fluxos, observa-se a legenda de cores, no canto
direito da (Figura 41) e a possibilidade de percurso que cada um possa fazer sem que
um interfira no outro.
111

Figura 53 - Esquema de fluxo do primeiro mercado


Fonte: Elaborado pelo autor – mar/2021

O foco deste esquema de flúxo é para atender uma exigência da Agência


Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, sinalizado de vermelho, entrada de carne,
é o menor trajeto que o encarregado faz para transpor a carne do carro com baú
refrigerado para a câmara fria sem que tenha riscos de contaminação.
Melhor exemplificando o trageto da chegada da carne, vinda do matadouro até
o Mercado para armazenamento em câmara fria, dessossa e liberar para vendas nos
boxes, essa sequência se dá: na linha azul, é o percuso do funcionário que faz o
controle, entra pelo acesso mais próxino do setor e chega até a sala munida de mesa
cadeira e computador, aqui se faz o registro de recebido, peso e a identificação do
mercador.
Na linha amarela, o funcionário chega até a sala de higienização e acessa ao
interior da câmara fria, esse é o momento mais importante, pois o funcionário não
atendendo essas exigências pode estar levando contaminantes para o alimento.
112

Na linha vermelha, o carro pára na doca, carga e descarga, e o funcionário


acessa a sala de registros por uma janela que fica próximo a entrada da câmara fria,
estando tudo dentro do exigido o funcionário libera a entrada pra o armazenamento
com temperatura de 4ºC. No interiro desse setor tem uma circulação que leva o
funcionário devidamente higienizado a sala de desossa, é nesse momento que retira
da carna pardes não comercializadas, é o chamado processamento, para a saída
desse alimento o funcionário deve se higienizar, na sala existe duas pias para tal. Só
depois desse procedimento, o alimento é levado para os boxes que possuem
freezeres, balcões refrigerados, serra e balança e assim, liberados para
comercialçização.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As atividades comerciais estão em paralelo às primeiras civilizações, suas


transformações são baseadas na evolução urbana. Mesmo com similaridades entre
os edifícios de Mercados Público nas diversas regiões, há sempre uma
particularidade, pois cada um exprime as características local, do modo como as
pessoas vivem, produzem e interagem.
Atualmente os mercados sofrem uma queda em sua utilização, mas mostram-
se resistentes e reafirmam ser um equipamento urbano importante aos benefícios
sociais, econômicos, culturais e até mesmo nas questões relacionadas a saúde e boas
práticas alimentares, esta por ser um equipamento facilitador de produtos naturais,
comercializando, o que antes considerava-se excessos advindos no meio rural, nos
dias atuais em forma de produção específica e meio de subsistências para grande
maioria dos mercadores.
No âmbito social, possibilita a reestruturação de áreas centrais abandonadas,
promove o encontro da sociedade, tanto para a comercialização quanto para a
integração cultural. Mesmo em concorrência com as novas possibilidades e
equipamentos urbanos, surgidos como a evolução do Mercado, a exemplo das
galerias, bazares, shoppings, entre outros. O Mercado Público apresenta-se como um
equipamento democrática, onde seus frequentadores sentem-se livres de regras
113

limitadoras, a exemplo dos já citados que se caracterizam público, mas devido a as


normas e administração, indiretamente exclui pessoas, o shopping é um exemplo real
de exclusão, marcado pelo incentivo do luxo e valores abusivos dos produtos, isso
provoca uma seleção de seus frequentadores.
Em consequência disso, se faz necessário um olhar mais atento das políticas
públicas em parceria com a sociedade para o resgate, valorização e preservação
desse bem público, por conta de sua importância e tradição dentro da malha urbana.
Além de fomentar a geração de empregos e renda para o município, ou seja, o uso do
poder público para gerar oportunidades de trabalho, considerando que grande parte
da população não tem estudos suficiente para um concurso e necessitam de
oportunidade de sobrevivência.
No município de Paripiranga – BA, tido como objeto de estudo, o Mercado
Municipal, as inquietações partem do pressuposto da carência de uma reestruturação
que abranja o prédio e seu entorno, pois tem grande influência na economia local,
sendo um equipamento utilizado por grande parte da sociedade Paripiranguense,
sejam mercadores ou clientes, isso reafirma a necessidade de mantê-lo atualizado
perante a normas atuais de higiene, segurança e acessibilidade. Os requisitos
anteriores mencionados melhoram nas relações sociais e qualidade de vida dos seus
habitantes.
Para atender as questões higienistas, foi revisado normas e diretrizes para um
bom manuseio de alimentos, grande parte, orientada pena Agência Nacional da
Vigilância Sanitária – ANVISA, que trata especificamente da parte alimentar e seus
cuidados. Essa foi criteriosamente estudado para criar espaços com custo baixo, mas
preservando a função específica de acordo com a atividade desenvolvida, sem abrir
mão das novas tecnologias de armazenamento, tantos no resfriamento, quanto no
congelamento. Com isso foi pensado em um fluxo para que não haver cruzamento
indesejados e prejudique a qualidade do alimento. Para a segurança, foi analisado o
entorno, o uso de fachadas ativas, ou seja, sem muros, separando o equipamento da
rua, reduz a ideia de exclusão, isso se dá pelo fato de, onde hipoteticamente seria
muro, são boxes destinados a lojas, voltados para a rua. Nos setores onde necessita
de maior de segurança, no sentido de acidente, ou que seja destinado a funcionários,
foi utilizado grades vazadas, isso permite ver o que acontece do outro lado e não
transmite a ideia de exclusão.
114

Por fim, não menos importante, as questões de acessibilidade, essa foi


pensada no ser humano, ou seja o usuário independentemente de sua
condicionalidade física poderá acessar todas as dependências do mercado de forma
segura e autônoma, pela razão do aproveitamento da topografia do terreno,
consequentemente os desníveis, desde o início da edificação, até o fim, foi gerado
rampas com inclinação adequada, rota acessível, demarcada por piso tátil, de
sinalização e direcional, que guiará as pessoas com baixa visão, banheiros destinados
a PcD, pessoas com deficiência, estes com barras e espaços para giro de cadeira de
rodas, circulação com dimensão adequada para o fluxo de pessoas, isso inclui idosos,
obesos, gestantes, PdC e todo aquele que por alguma razão sente a necessidade de
espaços acessíveis.
Baseado em tudo que foi revisto durante o projeto de pesquisa, entende-se que
o resultado foi alcançado, o conjunto de soluções arquitetônica apresentado no projeto
trará benefícios a sociedade Paripiranguense e circunvizinhas, mesmo direcionado às
questões físicas do ambiente em questão, respingará no âmbito urbanístico, como
uma reestruturação da área estudada.
115

REFERÊNCIAS

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13532 -


Elaboração de Projetos de Edificações - Arquitetura. Rio de Janeiro, 1995.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5674 -


Manutenção de edificações - Procedimento - Arquitetura. Rio de Janeiro, 1999.

ANVISA. RESOLUÇÃO - RDC Nº 331, DE 23 DE DEZEMBRO DE 2019. 2019.


Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-rdc-n-331-de-23-de-
dezembro-de-2019-235332272. Acesso em: 12 out. 2020.

ARGAN, Giulio C.. Projeto e Destino. São Paulo: Ática, 2000.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a


edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2020.

BOSSÉ, Mathias Le. As questões de identidade em geografia cultural. In: CORRÊA,


Roberto Lobato, ROSENDAHL, Zeny. (Org.). Paisagens, textos e identidade. Rio de
Janeiro, Ed. UERJ, 2004. p. 157 – 179

BRASIL Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-


RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre Regulamento de Boas Práticas
para serviços de alimentação.

BRASIL Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução-


RDC nº 218, de 29 de julho de 2005. Dispõe sobre Regulamento Técnico de
Procedimentos Higiênico-Sanitários para manipulação de alimentos e bebidas
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119

APÊNDICE

Questionário: perguntas e respostas


120
121
122
123
124
125
126
127
128

29- Qual ponto (ou tema) que não foi abordado nesse questionário e você
acredita que seja importante para melhoria do mercado? 36 respostas
1. Fiquei satisfeito
2. Uma câmara fria, serra elétrica
3. Sobre a estética do mercado
4. Todos os pontos em que podem melhorar foram citados, então, no meu ponto de vista,
está ótimo.
5. Não frequento, portanto, não tenho como opinar
6. Acredito que todos pontos necessários foram abordados
7. Valorização dos profissionais que ali trabalham, com melhoria das instalações, linha
de crédito para aquisição de balcão refrigerado.
8. Todos ja foram pontuados
9. Uma boa reforma
10. acho que deveria ter também um bom paisagismo
11. Não há
12. A organização dos vendedores dentro do mercado.
13. Diante do questionario sentir a falta da abordagem acerca da amplitude do
mercado,de forma onde venha dar um melhor suporte aos marchantes e a população
de modo geral que tem acesso ao mesmo.
14. Não frequento o mercado pela má condição que ele oferece. Desde o aspecto físico a
de higiene.
15. Tecnologia
16. Distribuição das bancadas de forma higiênica e com espaçamento.
17. vestimenta do pessokasl açougue, higienização
18. Não sei
19. não há nenhum.
20. Organização dos espaços de venda destinado para os comerciantes
21. Acessos
22. Na minha opinião a higiene ,
23. Quantos dias que você frequenta a feira e por quantas horas
24. Pavimentação ao entorno
129

25. Se o mercado precisa de uma reforma, para cumprir as necessidades básicas dos
feirantes.
26. Aspecto cultural
27. Falta de condições de trabalho para os feirantes que pagam impostos para trabalhar
em péssima condições
28. Cursos de formação para os trabalhadores no mercado municipal e uma área de
alimentação para os trabalhadores e frequentadores do mercado.
29. O tamanho do mercado é pequeno. Então seria interessante a proposta de
crescimento do espaço
30. Uma reforma com um mercado atualizado para atende a sociedade de maneira
satisfatória.
31. Melhorar a ambientação, deixar um lugar mais confortável para visitar, nos dias atuais,
parece uma cena de terror, os marchantes, melados de sangue, as crianças não se
sentem bem.
32. Acessibilidade e higiene
33. Tudo ok
34. Sobre estrutura arquitetônica
35. Nenhum

30- Quais questões você teve dificuldade de responder? 41 respostas


1. Nenhuma (6 respostas)
2. Está todas muito claras
3. Não teve.
4. se existe câmara fria no mercado
5. Quanto a adaptação para deficientes e com relação a acústica interna.
6. Não tive dificuldade em executar o questionário, pois tenho acesso e conhecimentos
do mercado a muito tempo.
7. Se tem Câmara Fria. Acho que não!
8. A grande parte, por falta de conhecimento do local
9. A 29
10. Para mim foi tranquilo
11. Sobre as câmaras frias
12. 26,28
13. Xxxxx
14. 12
15. A questão 9
16. Uso de câmara fria ou banheiros, desconheço a existência ou utilização no mercado.
17. 28-27
18. Questões 23, 24 e 25
19. Sobre Mercado Municipal, em Paripiranga é chamado de Mercado da Carne, portanto,
não conhecia esse outro nome
20. Sobre a coleta do lixo porque eu não sei como funciona.
21. Não tive dificuldade alguma
130

ANEXOS

Foto 01: Manifestação de pequenas fissuras, aparentemente por dilatação da argamassa. Manchas
de umidade e desgaste por falta de manutenção.
Fonte: Acervo próprio – out/2020

Foto 02: No geral não apresenta manifestações críticas, apenas pequenas fissuras. Manchas de
umidade e de corrosão
Fonte: Acervo próprio – out/2020
131

Fotos 03: Nesse ponto, apresenta Corrosão de armadura mais crítica, manchas de umidade e de
corrosão.
Fonte: Acervo próprio – out/2020

Foto 04: Pontos de infiltrações e ausência de reboco. Manchas de umidade e de corrosão.


Fonte: Acervo próprio – out/2020
132

Foto 05: Desgaste rejunte pelo uso e tempo e alguns pontos de infiltrações. Piso interno
Fonte: Acervo próprio – out/2020

Foto 06: O piso externo em paralelepípedo encontra-se em condições precárias com irregularidades,
abaulamentos e falhas.
Fonte: Acervo próprio – out/2020
133

Foto 07: Corrosão das treliças, sinais de oxidação. Localizada na cobertura do mercado 01
(açougue).
Fonte: Acervo próprio – out/2020

Foto 08: Localizada na cobertura do mercado 01 (açougue). Oxidação nas telhas, alguns furos,
amassamentos e a presença de lixiviação.
Fonte: Acervo próprio – out/2020
134

Foto 08: Localizada no pavilhão central e 03. Sinais de infiltração com a presença de manchas
brancas e mofo.
Fonte: Acervo próprio – out/2020

Foto 09: Laje de coberta localizada no bloco central. Corrosão de armadura e manchas de umidade.
Fonte: Acervo próprio – out/2020
135

Foto 10: Reservatório inferior. Localizado do lado esquerdo do açougue. Falta de manutenção.
Fonte: Acervo próprio – out/2020

Foto 11: Manifestação localizada no Reservatório superior em laje de cobertura do bloco central,
apresentando sinais de reparação anteriormente realizada. Corrosão de armadura, manchas de
umidade
Fonte: Acervo próprio – out/2020
136

Foto 12: Corrosão de armadura, manchas de umidade localizada nos Banheiros Masc., Fem. E
PcD.
Fonte: Acervo próprio – out/2020

Foto 13: Valas de escoamento superficial de forma inadequada.


Fonte: Acervo próprio – out/2020
137

Foto 14: Fiação elétrica exposta e instalada de forma inadequada acarretando risco de curto e
incêndio.
Fonte: Acervo próprio – out/2020

Foto 15: Rampas com inclinação inadequada de acordo com a NBR 9050/2020
Fonte: Acervo próprio – out/2020
138

Foto 16: Escadas precisando de reparos.


Fonte: Acervo próprio – out/2020

Foto 17: Ausência de casa de lixo.


Fonte: Acervo próprio – out/2020

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