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UniAGES

Centro Universitário
Bacharelado em Engenharia Civil

CLEISSON REIS MIRANDA

PLANEJAMENTO DE OBRAS DE PEQUENO PORTE POR


MEIO DA METODOLOGIA BIM 4D:
Estudo de caso em edificação na cidade de Tucano (BA)

Paripiranga
2021
CLEISSON REIS MIRANDA

PLANEJAMENTO DE OBRAS DE PEQUENO PORTE POR MEIO DA


METODOLOGIA BIM 4D:
Estudo de caso em edificação na cidade de Tucano (BA)

Monografia apresentada no curso de graduação do


Centro Universitário AGES, como um dos pré-
requisitos para a obtenção do título de bacharel em
Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Ms. Alberto Brigeel Noronha de


Menezes.

Paripiranga
2021
Miranda, Cleisson Reis, 1997
Planejamento de obras de pequeno porte por meio da metodologia
BIM 4D: Estudo de caso em edificação na cidade de Tucano (BA)/
Cleisson Reis Miranda. – Paripiranga, 2021.
71 f.: il.

Orientador: Prof.: Ms. Alberto Brigeel Noronha de Menezes


Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia
Civil) – UniAGES, Paripiranga, 2021.
1. Construção civil. 2. Planejamento BIM 4D. 3. Obras de pequeno
porte. I. Título. II. UniAGES
CLEISSON REIS MIRANDA

PLANEJAMENTO DE OBRAS DE PEQUENO PORTE POR MEIO DA


METODOLOGIA BIM 4D:
Estudo de caso em edificação na cidade de Tucano (BA)

Monografia apresentada como exigência parcial para


obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil à
Comissão Julgadora designada pelo colegiado do
curso de graduação do Centro Universitário AGES.

Paripiranga, ____ de ____________ de _____.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Ms. Alberto Brigeel Noronha de Menezes.


UniAGES

Prof. Raphael Sapucaia dos Santos


UniAGES
A Deus, o maior engenheiro de todos os tempos.
AGRADECIMENTOS

Essa é uma carta aberta (nem tão aberta assim, kkkkk) de agradecimentos a todas as
pessoas que contribuíram de alguma forma com a minha vida e formação.
A gratidão é um dos sentimentos mais sublimes que o ser humano pode sentir, ela é uma
óptica de vida, um colírio que restaura a visão e permite sentir o simples, os detalhes, e o start
para esse sentimento é a graça, “onde abundou o pecado superabundou a graça”, isso graças ao
sacrifício de amor de Jesus na cruz. E por esse motivo eu posso ser grato, por Ele me amar
primeiro eu sei o que é amar. A Deus seja toda honra, glória, força, domínio e toda a minha
gratidão, pelos séculos dos séculos.
Tendo agradecido ao motivo de eu saber agradecer, agradeço a minha família por todo
amor, paciência e cuidado para comigo. A minha mãe, Marta, e ao meu pai, José, por não medir
esforços para que nunca me faltasse nada, aos meus irmãos, Ernande, Josiene e Weslei, pelo
companheirismo e risos. Vocês são minha base, minha força e motivo pelo qual eu sigo.
Agradeço também, minha família por completo, meus avós, tios, primos... toda a
parentela. Em especial cito minhas tias Nega e Vera, por serem minhas mães por adoção, meu
tio Galego, por todo cuidado e incentivo, a Tia Maria do Carlito, representante da família
Nascimento e coluna forte desta, e ao Neguinho, por todo incentivo. A vocês todo meu
agradecimento.
Recebi também uma família da parte de Deus, a Primeira Igreja Batista em Creguenhem
(PIBC), um pedacinho do céu na terra e onde me encontrei, agradeço a todos os membros por
todo amor e comunhão. Ao Paistor Jardel, por me discipular e acreditar tanto em mim, aos meus
meninos (Gui, Maria Clara, David, Kayque, Duda, Deise, João Antônio e Marco Antônio) por
todos os momentos felizes que me proporcionam, além das crianças, meus exemplos de vida e
leveza (Pietra, Sophia, Bernardo, Alice, Milla, Davi, Valentina e Ravi Lucca). A Edilene e Érica
por serem a corretora e tradutora, obrigado.
Abro espaço para agradecer as instituições responsáveis pela minha formação, a escola
Olavo Bilac, Afro Júlio, Luís Eduardo Magalhães e UniAges, sou grato a cada profissional,
desde os serviços gerais até a diretoria. Agradeço também ao Governo PT por todo incentivo à
educação, na criação de bolsas, o que possibilitou que filhos de agricultores, como eu, pudessem
cursar o Ensino Superior, em especial agradeço aos presidentes Lula e Dilma. Sou grato também
a Autodesk e Microsoft por disponibilizarem versão estudante e teste grátis de seus programas,
os quais utilizei na minha pesquisa.
E que profissão linda é a que ensina; aos meus professores, desde o primário até hoje,
meu muito obrigado. Muito obrigado por me ensinarem o que sei, por acreditarem, por
cuidarem do meu aprendizado e de mim. Em especial agradeço aos professores do Ensino
Básico, Adenilde, Portela e Ernestino. Aos do Ensino Superior agradeço a Herbert (responsável
por despertar meu amor pela engenharia), Bruno (a quem dedico esse trabalho e admiração),
Paulo Ricardo (por todas as risadas), Sapucaia (a comédia em pessoa), Leonardo (por toda a
preocupação e ensinamentos), Tayanara (meu orgulho e por sorrir com os olhos), Vanessa (pela
amizade, pelo coração e por viver sorrindo) e Alberto (por me orientar durante o TCC).
Aos meus colegas e amigos que trilharam comigo essa parte do caminho, os agradeço
demais, inclusive aos que nunca conversei ou vi. Meu singelo agradecimento a: Jarlene
(conterrânea de duas cidades e companheira de todas as horas), Jane Kelly (por todo amor,
cuidado e ciúmes), Joelson (neguinho, o melhor), Mary (por toda força, leveza e identificação),
Davi (parceiro dessa jornada, obrigado por repartir tantos momentos), Veronica (minha dupla
nas besteiras e loucuras), Sâmia (miga minha, SâMinha, obrigado por tanto), Brenda (a mais
doida amorosa, e phina), Flávia (minha Nenis, obrigado por me ouvir, pela paciência e cuidado).
Meus agradecimentos aos divisores de república e transporte, e despesas, que se
tornaram amigos. Agradeço a Dyana (por cuidar de mim desde o primeiro dia, minha prima,
minha irmã – acrescento aqui o Douglas), Luana e Bia (os melhores risos, perrengues e
loucuras), Maricelia e Açucena (por toda a diversão no caminho, cuidado e amor), Washington,
Samuel, Yana, Jucy, Keylla, Jeniffer, Aline e Diana.
Meu coração transborda em gratidão, que o Senhor Jesus retribua cada um
abundantemente de acordo com Sua boa, perfeita e agradável vontade. Deus seja louvado e
engrandecido para todo o sempre. Amém!
Porque sou eu que conheço os planos que tenho para
vocês’, diz o SENHOR, ‘planos de fazê-los prosperar e
não de lhes causar dano, planos de dar-lhes esperança
e um futuro.
Bíblia Sagrada
RESUMO

A indústria da construção civil passa por transformações importantes com a inserção de


tecnologias que visam facilitações e precisão no planejamento das obras durante todo seu ciclo
de vida. O BIM (Building Information Modeling) é um método de modelação das informações
da construção que são geradas e armazenadas durante seu processo. Dessa maneira, o presente
trabalho objetiva a sensibilização dos profissionais da área para o uso do BIM na concepção
das obras, para tanto faz uso de um estudo de caso aplicando o método em uma edificação de
pequeno porte, sobretudo os softwares Navisworks, Revit e MsProject.
No decorrer do estudo são apresentados um passo a passo para a construção de um planejamento
eficaz e seus benefícios, é apresentado o BIM, suas dimensões e características. O Revit será
utilizado como ferramenta para gerar o projeto 3D e por conseguinte o quantitativo de cada
atividade, o MsProject fornecerá a EAP (Estrutura Analítica do Projeto) e o Navisworks
receberá essas informações a fim de gerar o planejamento BIM 4D.
O BIM facilita o processo conceptivo das obras, além de aumentar a confiabilidade das
informações, assim, ademais de viabilizar o fluxo produtivo garante a qualidade deste. Este
trabalho possibilita averiguar as contribuições do BIM para o planejamento de obras.

PALAVRAS-CHAVE: Planejamento BIM 4D. Construção civil. Obras de pequeno porte.


ABSTRACT

The civil construction industry is undergoing important transformations with the insertion of
technologies that aim to facilitate and improve the accuracy of construction planning throughout
its life cycle. BIM (Building Information Modeling) is a method of modeling the construction
information that is generated and stored during its process. In this way, this paper aims to raise
the awareness of professionals in the area for the use of BIM in the conception of works, for
this it makes use of a case study applying the method in a small building, especially the software
Navisworks, Revit and MsProject.
During the study, a step-by-step approach is presented for the construction of an effective
planning and its benefits, BIM is presented, its dimensions and characteristics. Revit will be
used as a tool to generate the 3D project and therefore the quantity of each activity, MsProject
will provide the EAP (Project Analytical Structure) and Navisworks will receive this
information in order to generate the 4D BIM planning.
BIM facilitates the conceptual process of the works, and increases the reliability of information,
thus, in addition to enabling the production flow, it ensures its quality. This work makes it
possible to investigate the contributions of BIM to construction planning.

KEYWORDS: 4D BIM planning. Civil construction. Small construction.


LISTAS DE TABELAS

Tabela 1: Softwares usados no trabalho. ................................................................................. 19


Tabela 2: Características da construção civil........................................................................... 23
Tabela 3: EAP do projeto. ....................................................................................................... 53
Tabela 4: Índice de produtividade e produtividade. ................................................................ 57
Tabela 5: Duração das atividades. ........................................................................................... 58
Tabela 6: Operários por etapa e duração provável das atividades. .......................................... 58
Tabela 7: Cronograma de Gantt no Excel................................................................................ 59
LISTAS DE FIGURAS

Figura 1: Exemplo de EAP. ..................................................................................................... 31


Figura 2: Método das Flechas. ................................................................................................ 34
Figura 3: Método dos blocos. .................................................................................................. 34
Figura 4: Caminho crítico diagrama das flechas. .................................................................... 35
Figura 5: Diagrama de Gantt. .................................................................................................. 35
Figura 6: Propriedades do objeto............................................................................................. 38
Figura 7: Ciclo de vida do projeto BIM. ................................................................................. 39
Figura 8: Níveis de desenvolvimento BIM. ............................................................................ 40
Figura 9: Comparação entre o processo construtivo tradicional e BIM. ................................. 41
Figura 10: Dimensões BIM. .................................................................................................... 42
Figura 11: Processos de modelagem 4D. ................................................................................ 45
Figura 12: Pré-condições de implantação do BIM 4D. ........................................................... 47
Figura 13: Softwares BIM. ...................................................................................................... 48
Figura 14: Planta baixa térreo.................................................................................................. 50
Figura 15: Planta Baixa Superior. ........................................................................................... 50
Figura 16: Modelo 3D ............................................................................................................. 51
Figura 17: Quantitativo-portas. ............................................................................................... 54
Figura 18: Quantitativo-forro. ................................................................................................. 54
Figura 19: Quantitativo-tubos. ................................................................................................ 55
Figura 20: Quantitativo-eletrodutos. ....................................................................................... 55
Figura 21: Índice de produtividade escavação. ....................................................................... 56
Figura 22: Índice de produtividade alvenaria. ......................................................................... 56
Figura 23: Índice de produtividade limpeza final.................................................................... 57
Figura 24: Cronograma de Gantt no MsProject. ..................................................................... 60
Figura 25: Planejamento Navisworks. ..................................................................................... 60
Figura 26: Atividades e suas respectivas cores, Excel. ........................................................... 61
Figura 27: Atividades paralelas e cores sobrepostas, Excel. ................................................... 62
Figura 28: Relação de dependência entre as atividades MsProject. ........................................ 63
Figura 29: Visualização do modelo 3D e do cronograma, separadamente. ............................ 64
Figura 30: Relações de dependência entre as atividades, Navisworks. ................................... 65
Figura 31: Andamento da obra ao longo do tempo, Navisworks. ........................................... 65
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 16

2- REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 21


2.1- Planejamento ................................................................................................................. 21
2.1.1 Planejamento na construção civil ............................................................................. 21
2.1.2 Benefícios do planejamento ..................................................................................... 23
2.1.3 Tipos ou níveis de planejamento .............................................................................. 25
2.1.4- Gerenciamento de projetos ..................................................................................... 26
2.1.5- Profissionais envolvidos na construção civil .......................................................... 28
2.1.6- Etapas do planejamento .......................................................................................... 30
2.1.6.1- Identificação das atividades ............................................................................. 30
2.1.6.2- Definição das durações..................................................................................... 31
2.1.6.3- Definição da precedência ................................................................................. 32
2.1.6.4- Montagem do diagrama de rede ....................................................................... 33
2.1.6.5- Identificação do caminho crítico ...................................................................... 34
2.1.6.6- Geração do cronograma e cálculo das folgas ................................................... 35
2.2 Building Information Modelling (BIM) ......................................................................... 36
2.2.1 Planejamento BIM 4D .............................................................................................. 42
2.2.2 Softwares de modelagem BIM 4D ........................................................................... 47

3. METODOLOGIA............................................................................................................... 49
3.1 Identificação do caso estudado ....................................................................................... 49
3.2 Etapas de desenvolvimento do projeto ........................................................................... 51
3.2.1 Modelação 3D .......................................................................................................... 51
3.2.2- Identificação das atividades .................................................................................... 51
3.2.3- Definição das durações ........................................................................................... 53
3.2.3.1- Quantidade de trabalho a ser executado ........................................................... 53
3.2.3.2- Produtividade da mão de obra .......................................................................... 55
3.2.4- Criação do diagrama de Gantt................................................................................. 59

4- RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 61


4.1- Planejamento sem uso da modelagem 4D ..................................................................... 61
4.2- Planejamento com modelagem 4D tradicional .............................................................. 62
4.3- Planejamento com uso do BIM 4D ............................................................................... 64

5- CONCLUSÕES .................................................................................................................. 66

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 68
16

1. INTRODUÇÃO

O mundo passa por transformações a todo instante, assim como as pessoas e suas
necessidades, por conseguinte, a construção civil não fica alheia a tais mudanças e necessita de
atualizações constantes para satisfazer as demandas de seus usufrutuários. As novas
tecnologias, os novos métodos construtivos, novos materiais, tudo isso força a atualização desse
setor que carece de adaptações.
Como acrescenta De Almeida (2015), as ferramentas digitais estão intrínsecas nos
estabelecimentos construtivos, os escritórios de engenharia e arquitetura, de todos os tamanhos
e finalidades, trabalham muito tempo com programas de modelação 3D e desmaterializam o
fluxo de informação, realiza esse movimento por meio de computadores, smartphones e afins.
A partir dessa premissa, as inovações necessitam de um novo pensamento sobre o
planejar as construções, e urgentemente, visto que o planejamento é as primícias da construção,
e algo que começa com erros tende a acabar com erros. Portanto, o planejamento da obra ditará
o grau de sucesso que a mesma alcançará.

O planejamento de tarefas é uma atividade que, com o decorrer dos anos, tem vindo a
adquirir cada vez mais importância, na medida em que o não cumprimento de prazos
previamente estabelecidos pode resultar em multas severas. Neste sentido, o
planejamento adquire uma índole fundamental, pois é necessário garantir, com uma
boa estratégia prévia e cuidadosamente planificada, que os objetivos traçados sejam
cumpridos (DE SÁ, 2014, p. 14).

Peretti et al. (2016) salientam que em quaisquer empresas a política de gerenciamento


através de filosofias que busquem racionalizar as operações é essencial, isso resulta em ganhos
tanto para os empreendimentos quanto para os clientes.
O engenheiro civil é o responsável por planejar a execução do empreendimento, esse
deve possuir habilidades de gestão e leitura de projetos, visão aguçada e inovadora, agilidade
no tomar de decisões e lidar com imprevistos, dentre outras habilidades. Gray e Larson (2010)
afirmam que o gerente de projetos tem por funções planejar, administrar o tempo, motivar e
controlar.
São diversos os métodos de pensar a execução de um empreendimento, já que não existe
uma ordem fixa e engessada de construção, logo há uma certa liberdade para o profissional, a
restrição na ordem são as atividades que dependem de outras. Porém, quanto maior a liberdade
maiores as chances de erros, e o planejador deve escolher com cautela seus passos.
17

Além da liberdade de escolha das ordens de execução, existe uma gama de softwares
para planejar obras, e a escolha do programa deve ser feita levando em consideração os custos
e a qualificação do profissional no manuseio deste. A metodologia BIM (“Building Information
Modeling”) revoluciona o mercado da construção civil e os softwares que se adequam a esta
são de grande valia para o planejador de obras.

O BIM é o processo de produção, uso e atualização de um modelo de informações da


edificação durante todo o seu ciclo de vida. Esse modelo, além da geometria da
construção, contém numerosas informações sobre seus diferentes aspectos. Desde os
estudos de viabilidade, passando pelo desenvolvimento do projeto, simulações,
orçamentação, planejamento, controle, construção, demolição, reforma,
representação, registros e outros (BAIA, 2015, p. 21).

Na década de 80, a área da construção e arquitetura passou por grandes transformações,


quando introduzidos softwares de Desenho Assistido por Computador, conhecidos pela
abreviação CAD. Ao redor do ano de 2003, foi lançado no comércio o BIM. Porém, somente
em 2008 no evento BIMStorm, que aconteceu em Los Angeles (EUA), também conhecido como
o “Woodstock da Engenharia”, foi que se deu início no mundo inteiro a difusão do BIM (BAIA,
2015).
Eastman et al. (2014) reiteram, porém, que nem o conceito nem o nome BIM são
recentes - não são dos anos 2007, 2002 ou 1997. Os conceitos, as abordagens e as metodologias
identificadas atualmente como BIM possui por volta de trinta anos, e a nomenclatura Building
Information Model está em circulação há pelo menos quinze anos.
No Brasil, Baia (2015) afirma que em setembro de 2013, ocorreu um evento em São
Paulo (BR) nomeado de “Caminhos para a inovação na construção e implantação do BIM” e
conclui-se que o BIM é a ferramenta de concepção e construção do futuro, no mais, ficou
recomendado as empresas conhecer o BIM e suas ferramentas, de acordo com o objetivo de
cada incorporação, iniciar na prática o uso dessa nova cultura e alcançar o objetivo nacional de
aplicar o BIM de maneira consistente e sustentada.
Para essa difusão o Governo brasileiro publicou dois decretos o Nº 9.983, de 22 de
agosto de 2019 que dispõe sobre a estratégia nacional de disseminação do Building Information
Modeling e institui o Comitê Gestor da Estratégia do Building Information Modeling, além de
possuir dentre seus objetivos difundir o BIM e seus benefícios, criar condições favoráveis para
o investimento público e privado em BIM, desenvolver normas técnicas guias e protocolos para
a adoção desse, desenvolver a plataforma e biblioteca nacional BIM. E o Nº 10.306, de 2 de
abril de 2020 que estabelece a utilização do Building Information Modeling na execução direta
18

ou indireta de obras e serviços de engenharia realizada pelos órgãos e pelas entidades da


administração pública federal.
O BIM possui dimensões, que vai do 2D ao 7D. De Almeida (2015) diz que compõem
o BIM as dimensões: o 2D (composto por plantas cortes e descrições documentais), 3D
(representações tridimensionais dos objetos), 4D (representação do projeto no tempo), o 5D
(cuja dimensão incorporada é a orçamentação da construção), o 6D (engloba o gerenciamento
durante o ciclo de vida do projeto) e o 7D (relacionado com a sustentabilidade da construção,
desempenho energético).
Esta pesquisa se limitará ao sistema 4D que amplia a visão do 3D (altura, comprimento
e profundidade) – este que já é recente no mercado brasileiro – agrega uma nova dimensão, o
tempo. Para isso são necessárias ferramentas BIM que se comunicam entre si. Eastman et al.
(2014, p.18) asseguram que “o planejamento da construção usando CAD 4D requer uma
vinculação do planejamento de construção aos objetos 3D em um projeto, de forma que seja
possível simular o processo de construção e mostrar a aparência da construção e do canteiro em
qualquer ponto no tempo”.
Assim, o presente trabalho monográfico se propõe a responder a seguinte problemática:
é viável a aplicação da metodologia BIM 4D em obras de pequeno porte? Em paralelo, tem
como objetivo geral: estimular a sensibilização do uso da metodologia BIM para melhorias no
processo de planejamento de obras de pequeno porte, de modo a aumentar a qualidade e alargar
as possibilidades do uso da tecnologia na construção civil brasileira.
Para o alcance desse estabelece-se os objetivos específicos a seguir: realizar o
planejamento de uma obra de pequeno porte por meio da modelagem BIM 4D; analisar a
viabilidade do planejamento BIM 4D para obras de pequeno porte; produzir o planejamento de
uma obra de pequeno porte por meio da modelação 4D tradicional; planejar uma obra de
pequeno porte sem a modelagem 4D; e comparar os planejamentos com uso do BIM 4D e sem
o seu uso, no que diz respeito a facilitações de operação das informações, confiabilidade e
precisão dos dados.
As obras de pequeno porte, nessa monografia, correspondem às construções de no
máximo três pavimentos, sejam elas residenciais, comerciais ou mistas (atendam as duas
modalidades de uso). Essa limitação se deu pelo fato de esse tipo de obra ser o mais comum,
tanto no contexto em geral quanto no âmbito da cidade de Tucano-BA, onde o estudo de caso
é realizado.
Como justificativa deste trabalho se mostra a importância do desenvolvimento
tecnológico em todas as áreas de conhecimento, inclusive à construção civil, assim como os
19

benefícios trazidos à obra que foi previamente planejada. Soma-se a isso as vantagens agregadas
ao se planejar com o método BIM e suas ferramentas colaborativas, o que aumenta a visão do
projeto, evita erros e aumento de custos. Para fomentar a justificativa o Brasil possui decretos,
já supracitados, relacionados ao BIM como o Nº 9.983, de 22 de agosto de 2019, e o decreto Nº
10.306, de 2 de abril de 2020.
Os caminhos seguidos para atingir os objetivos propostos são a pesquisa bibliográfica
em de artigos científicos, teses de mestrado e doutorado e livros, assim como, um estudo de
caso de um projeto de edificação de dois pavimentos, projeto este de ampliação de uma igreja
localizada na cidade de Tucano-Ba.
Para o planejamento do estudo foram utilizados o Revit e Navisworks pertencentes à
Autodesk, além do Excel e Ms Project da Microsoft. Estas ferramentas foram escolhidas por
questões pessoais do pesquisador, como contato anterior com esses programas e aptidão em
utilizá-los, além, deles atenderem eficientemente os objetivos da pesquisa. Acrescenta-se a isso
os fatos de a Autodesk disponibilizar versões estudante de ambos os softwares a ela pertencente
usados na pesquisa e a Microsoft ofertar uma versão teste de seus programas por tempo
limitado. A Tabela 1 apresenta os programas utilizados nesta pesquisa e suas respectivas
fornecedoras:
Software Logotipo Fornecedora
Revit Autodesk

Navisworks Autodesk

MsProject Microsoft

Excel Microsoft
Tabela 1: Softwares usados no trabalho.
Fonte: O autor.

Para tanto, a pesquisa foi dividida em cinco partes, sendo a primeira a presente
introdução, que apresenta o tema, sua problemática, objetivos e justificativa. Seguida de um
referencial teórico que elucida os assuntos pertinentes ao planejamento de obras, seus
benefícios, técnicas, métodos e um roteiro de planejamento, além da apresentação da
metodologia BIM, seus principais conceitos (modelação orientada por objeto, relações
paramétricas, ciclo de vida, níveis de desenvolvimento, interoperabilidade e dimensões),
20

ademais a aplicação da modelagem 4D na construção civil, tanto o método tradicional quanto


o método BIM 4D.
A terceira parte diz respeito a metodologia seguida no decorrer do trabalho, descreve o
processo de pesquisa e coleta de dados. A quarta parte apresenta os resultados obtidos –
planejamentos com a modelagem BIM 4D, com a modelagem 4D tradicional e sem a
modelagem 4D – e a discussão destes – realiza comparações quanto a viabilidade de facilitações
de operação das informações, confiabilidade e precisão dos dados. Por fim, a quinta e última
parte discorre sobre as conclusões atingidas com a pesquisa, e as comparações entre os métodos
de planejamento, e sugestão do melhor método para planejar obras de pequeno porte.
21

2- REFERENCIAL TEÓRICO

Esse capítulo é dividido em duas partes, planejamento de obras e BIM. A primeira parte
se desenvolve acerca do planejamento na construção, seus benefícios e etapas, além de mostrar
os profissionais envolvidos em uma obra de pequeno porte e a importância da gestão. A segunda
parte apresenta o BIM, seus benefícios, características e dificuldades de implementação, mostra
também o planejamento por meio da modelação 4D tradicional e BIM.

2.1- Planejamento

O verbo planejar é definido por Ferreira (1999) da seguinte maneira: elaboração do


plano ou a planta de algo; projetar; organização de plano ou roteiro; programação. Ainda de
acordo com o autor, planejamento é o serviço de preparar um trabalho, tarefa, com o
estabelecimento de métodos adequados; determinação de um aglomerado de processos, de
ações (seja por uma empresa, um órgão do governo, dentre outros), com vista a realizar
determinado projeto; planificar.
Logo, o ato de planejar consiste em realizar um plano detalhado a fim de facilitar a
execução de determinada atividade, e esta ocorra de maneira rápida e organizada, tanto quanto
possível. De acordo com Utrera, Trevelin e Dionysio (2013), é possível saber que planejar é a
ação de refletir antes da ação, de modo a precipitar possíveis dificuldades que possam passar a
existir nos setores da organização.

2.1.1 Planejamento na construção civil

Na construção civil o planejamento é indispensável, visto que o setor é precário e


desorganizado, além de unir em si atividades diversificadas e realizadas por diferentes
profissionais, adicionado a isso o recente desenvolvimento tecnológico e grande quantidade de
projetos a gerir. Baia (2015) afirma que na construção civil o planejamento deve ser eficaz para
22

que a destinação dos recursos seja realizada no tempo adequado, assim cumpre o escopo do
projeto e finaliza-o com a qualidade esperada.
O planejamento de uma obra deve ser realizado de maneira ampla e detalhada. Todas as
partes do todo devem receber a devida atenção, tudo deve ser planejado de tal maneira plausível
que todos os possíveis erros sejam detectados e corrigidos antecipadamente e não acarretem
prejuízos futuros.
Como dizem Laufer e Tucker (1987), a construção civil tem um dos processos de
produção mais dispersos em volta do custo esperado, do prazo de acabamento ou do valor total
de uma obra. O planejamento e controle da produção são de exímia importância para o
gerenciamento da edificação e são acatadas como funções gerenciais basais.
O planejamento começa no pensar em realizar algo, logo, é importante que todas as
ideias sejam anotadas para que nenhuma seja esquecida e perdida. Obter conhecimento de como
realizar tal planejamento também é indispensável já que novas ideias podem surgir de outras já
existentes, e como não há um roteiro único e definido de como deve ser feito o planejamento,
adquire-se experiência com a vivência, aprender com o sucesso e erros pré-existentes é o melhor
caminho.
Os produtos existem para satisfazer as necessidades dos usufruintes, e com os produtos
da construção civil não é diferente. As pessoas mudam, assim como suas necessidades; a partir
dessa premissa, a construção civil passa por transformações importantes visando o bem estar
do homem e da natureza, a sustentabilidade.
Essas mudanças transformam o modo de pensar e planejar as construções, o que torna
esse planejamento bem específico. A Tabela 2 apresenta características da construção
tradicional e as das construções sustentáveis, com um comparativo.

Atual (Construção Tradicional) Futuro (Construção Sustentável)


Indústria conservadora - inovação lenta
Empresas economicamente fracas - empresas Indústria inovadora, flexível, baseada em
pequenas e sem força política, de baixa tecnologia conhecimento - aberta a novas tecnologias
e pequena inteligência competitiva, com baixo e novos modelos de negócios -
lucro (5%) e pequeno tempo de atuação (<20 economicamente sustentável
anos)
Fábrica móvel - depende do local e é temporária Construção sustentável - redução de
(não justifica a mecanização) perdas, reciclagem, reaproveitamento.
Produção sujeita a intempéries (incerteza) e de Industrialização e automação -
baixa qualidade mecanização/produção em fábrica/uso de
Altos níveis de acidentes (condições de trabalho TIC: - componentes leves 2d e 3d vem
improvisadas) prontos e são montados no local com
23

equipamentos adequados - construção mais


Baixa precisão / alto nível de perdas (recursos previsível diminui riscos - a diminuição de
humanos, materiais, financeiros) perdas diminuem os custos e permite
melhores salários
Sustentabilidade econômica, boas
Mão de obra pouco qualificada (ambiente sujo e condições de trabalho e continuidade do
perigoso, trabalho cansativo e temporário) trabalho: atração de pessoas mais
competentes e preparadas
Projeto complexo, fragmentado, confuso, sem
memória - difusão de responsabilidades, Projeto baseado em conhecimento -
improvisação em obra integrado e colaborativo, parte da
informação disponível, usa TIC (BIM,
Produto único (projeto não se reproduz e não se
simulação, extranets, xdCAD)
aprende com os erros)
Projeto tem foco no usuário: edificação
Usuário não participa do projeto, no caso de acessível, adequada as necessidades,
incorporação flexível (adaptável ao longo do CV - Open
Buildings), saudável, segura, confortável
Projeto considera o CV - materiais de
Projeto não considera ciclo de vida da edificação - menor manutenção/adaptáveis ao
custos e recursos (materiais, energia, água) para ambiente, reaproveitamento de água,
uso, manutenção e demolição representam mais do redução do consumo e geração energia
que na construção (Protocolo de Kyoto), pensa na
demolição/desconstrução
Falta de comprometimento social - Construção Sustentável: - renovação
despreocupação com as consequências sociais, predial preserva a memória urbana e
urbanas e ambientais otimiza ambiente construído -
Focada na construção de unidades novas - revitalização urbana recupera áreas
empreendimentos estanques de curto prazo degradadas - aumento de densidade em
Produto caro e baixa qualidade: alto déficit áreas já urbanizadas preserva áreas
habitacional/ alto nível de inadequação verdes/rurais - oferece soluções para todos
Tabela 2: Características da construção civil.
Fonte: Adaptado de González (2008).

2.1.2 Benefícios do planejamento

De acordo com o que foi descrito até aqui fica evidente a importância de planejar uma
obra. Mattos (2010) enumera os benefícios alcançados quando realizado um planejamento
eficaz:
• Conhecimento pleno da obra: O profissional necessitará fazer o estudo de todos os
projetos, definir cada detalhe executivo, considerar a produtividade dos operários e definir o
tempo de trabalho, caso isso não seja previamente planejado não haverá tempo hábil para
análises e tomadas de decisões mais assertivas.
24

• Detecção de situações desfavoráveis: Quanto antes detectar as situações prejudiciais


ao bom andamento da construção mais fácil serão as atitudes preventivas e corretivas a serem
tomadas pelo gestor, e com isso diminuir os impactos no tempo de entrega e custo final do
produto.
• Agilidade de decisões: Como o planejamento permite uma visão completa da obra, ele
é a base para a tomada de decisões, como aumento ou diminuição de equipe, jornada de
trabalho, terceirização, demissões, alteração de métodos construtivos.
• Relação com o orçamento: Orçamento e planejamento andam lado a lado, pois é do
orçamento (por meio dos índices, produtividade, dimensionamento de equipes) que são tiradas
as bases para planejar. Logo o orçamento é um parâmetro de controle do planejamento.
• Otimização da alocação de recursos: É por meio do planejamento (data de início e
fim das atividades, folgas) que o gestor define o momento mais adequado para nivelamento de
recursos, alugar ou comprar equipamentos, compra de materiais.
• Referência para acompanhamento: O cronograma definido no ato de planejar é o
meio que vai ser utilizado como referência comparativa entre o que já foi executado e o que
está por executar, torna possível verificar o andamento da obra se existem atrasos e onde.
• Padronização: O planejamento, que é único e deve ser conhecido por todos os
envolvidos, deixa claro tudo a ser feito e quando, isso unifica a equipe nas ações tomadas
individualmente.
• Documentação e rastreabilidade: planejar e controlar periodicamente cria históricos
– documentos – da obra que são úteis para verificações futuras de pendências, elaborar pleitos
de contratação, mediar conflitos.
• Criação de dados históricos: Esses documentos gerados servem como base para a
elaboração de novos planejamentos, cronogramas e outras decisões em obras futuras e similares
a serem realizadas pela empresa.
• Profissionalismo: O fato de uma obra possuir planejamento causa boa impressão ao
cliente, pois mostra seriedade e compromisso da empresa disposta a cumprir prazos.
25

2.1.3 Tipos ou níveis de planejamento

O planejamento de uma obra pode ocorrer em alguns níveis e com período de tempo
definido, pode ser planejado por fases ou a obra por completo. Por conseguinte, o planejamento
pode ser desenvolvido para curto prazo ou tático, médio prazo ou operacional, e longo prazo
ou estratégico.
Como proferem Ballard e Tommelein (2016), existem o planejamento de longo, fase,
médio e curto prazo. O de longo prazo, gerencia as grandes etapas da construção, as principais
atividades do empreendimento. Com baixo detalhamento pela ausência de informações sobre a
duração exata destas atividades e ofertas dos recursos. A fase é o nível intermediário entre o
longo e o médio prazo, às atividades que vão ser concretizadas são dissecadas das principais.
O de médio prazo são assinaladas e retiradas as restrições a fim de facilitar a execução
das atividades definidas no planejamento de fase. Nesse nível é delineado o encadeamento dos
serviços e definida a logística para executá-los. Por último, no de curto prazo os trabalhos que
estão para ser executados são inclusos nos planos de curto prazo, comumente ciclos de uma
semana, cujo objetivo é guiar os operários na construção, com orientações para execução da
obra e detalhamento das atividades (BALLARD; TOMMELEIN, 2016).
Silva (2011, p. 30) reitera ao afirmar que:

Planejamento Estratégico: é um processo gerencial que permite ao executivo definir


o rumo que será seguido pela empresa, com vista a obter um nível de aperfeiçoamento
na relação da empresa e seu ambiente.
Planejamento Operacional: se dá na formalização através de documentos escritos, das
metodologias de desenvolvimentos e implantações estabelecidas.
Planejamento Tático: nem tão emergencial, nem tão em longo prazo, reúne
informações presentes para serem formalizadas a um tempo médio determinado.

Portanto, o planejamento deve ser feito com uma óptica tanto geral quanto particular,
pensar na obra como um todo (produto final) e em cada processo e subprocesso (produtos
intermediários) necessários para sua concretização. Caso contrário, a deficiência do
planejamento pode trazer consequências desastrosas para uma obra e, por extensão, para a
empresa que a executa. Um descuido em uma atividade pode acarretar atrasos e escalada de
custos, assim como colocar em risco o sucesso do empreendimento (MATTOS, 2010).
26

2.1.4- Gerenciamento de projetos

São diversas as fases de construção de uma edificação desde a preparação do terreno até
a limpeza final e entrega ao cliente, e essas etapas ainda são divididas em subetapas. Algumas
dessas fases possuem projeto, como é o caso da elétrica, hidrossanitário, estrutura, arquitetura,
e todos esses devem ser de conhecimento integral daquele que vai realizar o planejamento da
construção.
Antes de gerenciar é necessário conhecer o projeto, definido por Gray e Larson (2010,
p. 05) como “um projeto é um esforço único, complexo e não rotineiro limitado por tempo,
orçamento, recursos e especificações de desempenho criadas de acordo com as necessidades do
cliente”.

O projeto é composto por um conjunto de documentos, formalizados em desenhos e


texto, que descreve a obra, permitindo a contratação e a execução. Pela complexidade
e quantidade de informação envolvida, e também pela tradicional fragmentação
(existem diversos projetistas, cada um responsável por uma parte do projeto), em geral
o projeto é dividido em documentos gráficos (tais como plantas arquitetônicas,
estruturais, hidro-sanitárias, elétricas, lógicas e outras) e documentos escritos
(orçamento, memoriais, especificações técnicas, cronograma, contratos e outros)
(GONZÁLEZ, 2008, p. 5).

Na NBR 5674 (ABNT, 1999, p. 2), projeto tem por conceito “a descrição gráfica e
escrita das características de um serviço ou obra de Engenharia ou de Arquitetura, definindo
seus atributos técnicos, econômicos, financeiros e legais”.
Eastman et al. (2014, p. 152) complementam, “o projeto é a atividade em que a maior
parte da informação sobre um empreendimento é inicialmente definida e em que a estrutura
documental é organizada para a adição das informações em fases posteriores”.
Gray e Larson (2010) descrevem as principais características de um projeto, objetivo
estabelecido, período de validade definido (início e fim), participação de diversos
departamentos e profissionais, elaboração de algo inovador, tempo, custos e requerimentos de
desempenho específicos.
Logo, o projeto deve seguir normas e diretrizes regulamentares estabelecidas por setores
competentes a fim de assegurar segurança e qualidade de vida aos usufruintes, além de respeitar
as peculiaridades de cada cliente, limite orçamentário, tempo de entrega, intenção de uso, dentre
outras.
27

Silva (2011) afiança que o gerenciamento como projeto provém desde a antiguidade,
com as construções das pirâmides do Egito por arquitetos, faraós, com uso da matemática e
métodos construtivos eficazes que surpreendem até hoje. Afirma ainda que quanto disciplina o
gerenciamento de projetos surgiu nos Estados Unidos na década de 50.
A autora define gerenciamento como: “Gerenciamento nada mais é que direcionar,
organizar, executar e elaborar projetos pelas organizações no intuito de introduzir inovações e
mudanças aos mesmos, agregando valor, otimizando prazos e recursos” (SILVA, 2011, p. 21).
Aldabó (2001) reitera que gerenciamento de projetos incide em planejar, programar e
controlar as tarefas, com vista no alcance dos objetivos estabelecidos no projeto, e enquanto a
gerência e gerenciamento ocorre apenas uma vez as demais atividades são repetitivas. À vista
disso, o gerenciamento é totalmente necessário e complementar ao planejamento, pois é por
meio desse controle que o planejamento é atualizado.

O gerenciamento de projetos deve ser feito de forma profissional e conduzido por


pessoal qualificado. Desta forma, a cultura de projetos nas organizações deve ser
criada, a sua implantação deve ser realizada de forma sistemática e os seus princípios
colocados em prática da maneira mais adequada às necessidades das organizações
(SILVA, 2011, p. 24).

Gray e Larson (2010), anunciam que as habilidades de um gestor de projetos são


planejar, administrar o tempo, motivar e controlar, como as atividades que eles gerenciam são
temporárias e quase nunca se repetem, eles devem definir, e por vezes criar, métodos para as
coisas que devem ser realizadas, lidam diretamente com os desafios de todo o ciclo de vida do
projeto. Principalmente, o gestor de projetos é responsável pelo contato direto com o cliente e
gerenciar os conflitos entre as expectativas deste e o que é viável e exequível.
Silva (2011, p. 25) complementa:

O gerente do projeto possui atividades e responsabilidades, como por exemplo: definir


e controlar os objetivos do projeto, os requisitos do produto, controlar os riscos do
projeto, avaliar os fatores críticos de sucesso do projeto, os pontos fortes e fracos,
controlar o cronograma, verificar o esforço, avaliar o projeto e a equipe com métricas;
alocar e gerenciar recursos (orçamento, materiais, pessoas); definir prioridades;
coordenar interações entre os envolvidos, assegurar que os prazos e custos estão sendo
mantidos dentro do previsto, conferir se os produtos do projeto atendem aos padrões
de qualidade do projeto, elaborar relatórios de avaliação e de acompanhamento da
situação do projeto, participar de reuniões de acompanhamento e de revisão do
mesmo.
28

2.1.5- Profissionais envolvidos na construção civil

Para a concretização de uma obra é necessário o envolvimento de profissionais de


diversas áreas. Os principais profissionais envolvidos nas diversas etapas de uma edificação de
pequeno porte são: engenheiro civil, arquiteto, mestre de obras, pedreiro, servente ou ajudante,
encanador, gesseiro, carpinteiro, armador, pintor, eletricista.
A Lei n° 5.194, de 24 de dezembro de 1966 em seu artigo primeiro define a atuação do
engenheiro, arquiteto e engenheiro agrônomo nos seguintes estabelecimentos:
a) aproveitamento e utilização de recursos naturais;
b) meios de locomoção e comunicações;
c) edificações, serviços e equipamentos urbanos, rurais e regionais, nos seus aspectos
técnicos e artísticos;
d) instalações e meios de acesso a costas, cursos e massas de água e extensões terrestres;
e) desenvolvimento industrial e agropecuário.
Já em seu artigo sétimo, a mesma Lei, enumera as atribuições e atividades que esses
profissionais são competentes. São elas:
a) desempenho de cargos, funções e comissões em entidades estatais, paraestatais,
autárquicas, de economia mista e privada;
b) planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades, obras, estruturas,
transportes, explorações de recursos naturais e desenvolvimento da produção industrial e
agropecuária;
c) estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e divulgação
técnica;
d) ensino, pesquisas, experimentação e ensaios;
e) fiscalização de obras e serviços técnicos;
f) direção de obras e serviços técnicos;
g) execução de obras e serviços técnicos;
h) produção técnica especializada, industrial ou agropecuária.
A Classificação Brasileira de Ocupações – CBO – (2010) define as funções de cada
profissional, inclusive dos da construção civil. A seguir é mostrado essa classificação:
• Mestres de obras: Supervisionam equipes de trabalhadores da construção civil que
atuam em usinas de concreto, canteiros de obras civis e ferrovias. Elaboram documentação
técnica e controlam recursos produtivos da obra (arranjos físicos, equipamentos, materiais,
29

insumos e equipes de trabalho). Controlam padrões produtivos da obra tais como inspeção da
qualidade dos materiais e insumos utilizados, orientação sobre especificação, fluxo e
movimentação dos materiais e sobre medidas de segurança dos locais e equipamentos da obra.
Administram o cronograma da obra.
• Pedreiros: Organizam e preparam o local de trabalho na obra; constroem fundações e
estruturas de alvenaria. Aplicam revestimentos e contrapisos.
• Serventes: Demolem edificações de concreto, de alvenaria e outras estruturas; preparam
canteiros de obras, limpam a área e compactam solos. Efetuam manutenção de primeiro nível,
limpam máquinas e ferramentas, verificam condições dos equipamentos e reparam eventuais
defeitos mecânicos nos mesmos. Realizam escavações e preparam massa de concreto e outros
materiais.
• Encanadores: Operacionalizam projetos de instalações de tubulações, definem
traçados e dimensionam tubulações; especificam, quantificam e inspecionam materiais;
preparam locais para instalações, realizam pré-montagem e instalam tubulações. Realizam
testes operacionais de pressão de fluidos e testes de estanqueidade. Protegem instalações e
fazem manutenções em equipamentos e acessórios.
• Gesseiros: Preparam ferramentas, equipamentos, materiais e selecionam peças de
acordo com o projeto de decoração. Fabricam e recompõem placas, peças e superfícies de gesso.
Revestem tetos e paredes e rebaixam tetos com placas de painéis e gesso. Realizam decorações
com peças de gesso e montam paredes divisórias com blocos e painéis de gesso.
• Carpinteiros: Planejam trabalhos de carpintaria, preparam canteiro de obras e montam
formas metálicas. Confeccionam formas de madeira e forro de laje (painéis), constroem
andaimes e proteção de madeira e estruturas de madeira para telhado. Escoram lajes de pontes,
viadutos e grandes vãos. Montam portas e esquadrias. Finalizam serviços tais como desmonte
de andaimes, limpeza e lubrificação de formas metálicas, seleção de materiais reutilizáveis,
armazenamento de peças e equipamentos.
• Armadores: Preparam a confecção de armações e estruturas de concreto e de corpos de
prova. Cortam e dobram ferragens de lajes. Montam e aplicam armações de fundações, pilares
e vigas. Moldam corpos de prova.
• Pintores: Pintam as superfícies externas e internas de edifícios e outras obras civis,
raspando-as amassando-as e cobrindo-as com uma ou várias camadas de tinta; revestem tetos,
paredes e outras partes de edificações com papel e materiais plásticos e, para tanto, entre outras
atividades, preparam as superfícies a revestir, combinam materiais, etc.
30

• Eletricistas: Planejam serviços elétricos, realizam instalação de distribuição de alta e


baixa tensão. Montam e reparam instalações elétricas e equipamentos auxiliares em residências,
estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços. Instalam e reparam equipamentos de
iluminação de cenários ou palcos.

2.1.6- Etapas do planejamento

O planejamento de uma obra é dividido em etapas sequenciadas por meio de um roteiro,


e Mattos (2010) organiza esse roteiro da seguinte maneira: identificação das atividades,
definição das durações, definição da precedência, montagem do diagrama de rede, identificação
do caminho crítico, geração do cronograma e cálculo das folgas.

2.1.6.1- Identificação das atividades

Mattos (2010) pronuncia que incide no identificar das atividades que comporão o
planejamento, logo as atividades que irão integrar o cronograma da edificação. Requer muita
atenção, já que a ausência de algum serviço tornará o cronograma incompleto e impróprio, no
futuro os atrasos e complicações serão percebidos.
A identificação das atividades pode ser realizada por meio de uma EAP (Estrutura
Analítica do Projeto), assim descrita por Vargas (2009, p.201) “é a ferramenta de gerenciamento
do escopo do projeto. Cada nível descendente do projeto representa um aumento no nível de
detalhamento do projeto, como se fosse um organograma. O detalhamento pode ser realizado
até o nível desejado, apresenta dados genéricos ou detalhados. A Figura 1 mostra um exemplar
de EAP.
31

Figura 1: Exemplo de EAP.


Fonte: Vargas (2009).

É importante salientar que o orçamento é um importante aliado nesta etapa do


planejamento, pois por meio dele pode ser observada todas as atividades que compõem a obra.
Dessa forma, é de eximia importância que o planejador esteja com a planilha de orçamento em
mãos para fazer a EAP, sempre que possível.

2.1.6.2- Definição das durações

“Toda a atividade do cronograma precisa ter uma duração associada a ela a duração é a
quantidade de tempo — em horas, dias, semanas ou meses — que a atividade leva para ser
executada” (MATTOS, 2010, p. 47). O mesmo autor ainda afirma que algumas atividades,
como a cura do concreto, possuem duração fixa e algumas dependem apenas da quantidade de
mão de obra.

Essa etapa tem por objetivo calcular ou determinar, corretamente, a quantidade de


tempo necessária para executar cada atividade para que, ao ser integrante de um
cronograma, possa determinar a duração do projeto. Essa etapa é conduzida em
paralelo à alocação de recursos nas atividades, uma vez que existe uma dependência
intrínseca entre duração e quantidade de recursos (VARGAS, 2009, p. 207).
32

Para calcular a duração de cada atividade Mattos (2010) aponta a Equação 2.1.

𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑠𝑒𝑟𝑣𝑖ç𝑜 𝑎 𝑠𝑒𝑟 𝑒𝑥𝑒𝑐𝑢𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑛𝑎 𝑎𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒


𝐷𝑢𝑟𝑎çã𝑜 = (2.1)
𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑚ã𝑜 𝑑𝑒 𝑜𝑏𝑟𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑎 𝑒𝑥𝑒𝑐𝑢𝑡𝑎

Ainda cabe salientar que quem planeja deve definir, a depender das condições de cada
obra a relação entre o prazo e a equipe, cuja relação é inversamente proporcional, para diminuir
o prazo aumenta-se a equipe e o contrário é válido.
Outra forma para definir a duração das atividades é a análise PERT (Program
Evaluation and Review Technique) “onde a duração de cada atividade é calculada através da
estimativa da duração otimista, pessimista e mais provável da atividade. A duração única final
da atividade será determinada através da média ponderada das três estimativas” (VARGAS,
2009, p. 208).
Para calcular a duração de cada atividade por meio da PERT são atribuídos pesos para
cada tipo de duração. Vargas (2009) afirma que esses pesos variam de projeto para projeto,
porém o mais comum é que a otimista receba peso 1, a provável peso 4 e a pessimista peso 1,
em vista disso, o autor apresenta a Equação 2.2:

1 ∗ 𝑜𝑡𝑖𝑚𝑖𝑠𝑡𝑎 + 4 ∗ 𝑝𝑟𝑜𝑣á𝑣𝑒𝑙 + 1 ∗ 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑖𝑚𝑖𝑠𝑡𝑎


𝐷𝑢𝑟𝑎çã𝑜 = (2.2)
6

2.1.6.3- Definição da precedência

As atividades em uma obra são interligadas e interdependentes, logo é necessária uma


ordem executiva lógica que é justamente a precedência. “A precedência é a dependência entre
as atividades ["quem vem antes de quem"), com base na metodologia construtiva da obra”
(MATTOS, 2010, p. 48).

Uma atividade que comece ou finalize antes que outra atividade possa começar é
chamada predecessora. Uma atividade que dependa do início ou do final de outra
atividade é chamada sucessora.
Além das dependências, as atividades podem ter atrasos ou adiantamentos
intencionalmente provocados, de modo a permitir um intervalo de tempo entre a
predecessora e a sucessora, ou até mesmo uma sobreposição entre elas (VARGAS,
2009, p. 213).
33

Existem alguns inter-relacionamentos possíveis entre as atividades e o planejador é


quem deve decidir qual o melhor para cada atividade. Vargas (2009) mostra que os inter-
relacionamentos podem ser: término para início – a atividade que sucede só pode se iniciar
depois que a predecessora termina; início para início – as atividades iniciam simultaneamente;
término para término – as atividades terminam simultaneamente; início para término – o fim da
sucessora depende do início da predecessora.
Na construção civil a segurança é um dos pré-requisitos básicos, dessa forma, algumas
atividades necessitam de certo tempo de espera antes de iniciar, estas possuem como
predecessora atividades de cura, secagem (concretagem, reboco). Outras atividades não são
necessariamente interrelacionadas e podem ocorrer ao mesmo tempo (instalações elétricas e
hidráulicas). Essas atividades paralelas são indispensáveis para a fluidez da construção.

2.1.6.4- Montagem do diagrama de rede

Após os passos anteriores se faz necessário a montagem do diagrama de rede, enunciado


por Mattos (2010, p. 49) como “o conjunto de atividades amarradas entre si, que descrevem
inequivocamente a lógica de execução do projeto. O diagrama é a representação da rede em
uma forma gráfica que possibilita o entendimento do projeto como um fluxo de atividades”.
Mas como todo método existem vantagens e desvantagens na representação pelo
diagrama de rede. Vargas (2009) apresenta como vantagens a simplicidade no entendimento e
a definição bem estabelecidas das interdependências, e como desvantagens a apresentação de
relatórios demasiadamente extensos, a não visibilidade entre as durações das atividades e a
dificuldade de manipulação.
Os diagramas podem ser apresentados de duas maneiras principais por meio de flechas
(Figura 2) ou blocos (Figura 3). Mattos (2010, p. 50) descreve os dois métodos:

No método das flechas (ou ADM - Arrow Dicgramming Metbod) as atividades são
representadas por flechas (setas) orientadas entre dois eventos, que são pontos de
convergência e divergência de atividades. Toda seta parte de um evento e termina em
outro e não pode haver duas atividades com o mesmo par de eventos de começo e de
término.
34

Figura 2: Método das Flechas.


Fonte: Mattos (2010).

“No método dos blocos (ou PDM - Precedente Diogramrrting Method), as atividades
são representadas por blocos ligados entre si por flechas que mostram a relação de
dependência”.

Figura 3: Método dos blocos.


Fonte: Mattos (2010).

2.1.6.5- Identificação do caminho crítico

Como existem várias possibilidades de organização das atividades no tempo é


necessário observar os caminhos mais favoráveis e desfavoráveis para a maior rapidez de
execução do projeto e definir o prazo de entrega. Mattos (2010) anuncia que a sequência das
atividades que originam maior tempo determina a duração do projeto, essas são chamadas de
atividades críticas e as setas que a unem devem ser destacadas no diagrama pois formam o
caminho crítico, como é visto na Figura 4.
A definição desse caminho é importante porque qualquer atraso em alguma das
atividades do caminho ocasionam atraso na entrega da obra, já que não existem folgas nesse
caminho (VARGAS, 2009).
35

Figura 4: Caminho crítico diagrama das flechas.


Fonte: Mattos (2010).

2.1.6.6- Geração do cronograma e cálculo das folgas

Realizada todas essas etapas é gerado o cronograma da obra. “O cronograma constitui


uma importante ferramenta de gestão porque apresenta de maneira fácil de ser lida a posição de
cada atividade ao longo do tempo” (MATTOS, 2010, p. 52).
O diagrama ou gráfico de Gantt é uma das representações de cronograma mais usuais.
“O diagrama utiliza barras horizontais, colocadas dentro de uma escala de tempo. O
comprimento relativo das barras determina a duração da atividade. As linhas conectando as
barras individuais em um Diagrama de Gantt refletem as relações entre as atividades”
(VARGAS, 2009, p. 217). A Figura 5 permite a visualização desse diagrama:

Figura 5: Diagrama de Gantt.


Fonte: Mattos (2010).
36

De acordo com o mesmo autor essa representação é a mais antiga técnica de gerir
projetos e foi desenvolvida por Henry Gantt com fins militares e estratégicos. As vantagens
desse modelo são a facilidade de entendimento, visualizar atrasos e bem definição da escala de
tempo, e as desvantagens, inadequado para projetos grandes, dificuldade na visualização das
dependências e pouca informação relativo à reação quanto a mudanças no escopo do projeto
(VARGAS, 2009).
As atividades não integrantes do caminho crítico não influenciam diretamente na
duração do projeto até certo ponto, pois como afiança Mattos (2010) essas atividades usufruem
de um maior tempo de execução além do que é realmente determinado, suas datas iniciais e
finais são limitadas apenas pelas suas sucessoras e predecessoras. O tempo extra a que essas
atividades dispõem são as chamadas folgas.

2.2 Building Information Modelling (BIM)

O planejamento, como supracitado, agrega diversos benefícios à obra, porém ainda se


faz necessário um pensar conjunto entre todos os participantes do projeto e de ferramentas que
se comuniquem entre si sem deixar passar informações. Como reitera De Almeida (2015)
durante muito tempo era frequente a ocorrência de erros graves na execução de projeto,
decorrência da ineficácia comunicativa entre os diversos participadores nessas obras. Para
mitigar essas dificuldades é indispensável melhorias na comunicação entre profissionais e o
compartilhamento de informação.
De acordo com De Mello (2012) a Modelagem de Informação da Construção (BIM) é
um procedimento fundamentado em modelos tridimensionais inteligentes que permite a
concepção e o gerenciamento de projetos de construções e infraestrutura de jeito mais veloz,
mais econômico e com menor impacto no ambiente. Em termos tecnológicos este procedimento
é caracterizado pela concepção e utilização de informação computacional internamente
consistente e coordenada, o que garante a diminuição de erros e maior assertividade no decorrer
de todo o processo do projeto.

O escopo do Building Information Modeling (BIM) afeta direta ou indiretamente


todas as partes interessadas apoiar a indústria de facilidades de capital. BIM é uma
forma fundamentalmente diferente de criar, usar, e compartilhar dados de ciclo de
vida de construção. Os termos Building Information Model and Building. A
Modelagem de Informações é frequentemente usada de forma intercambiável,
37

refletindo o crescimento do termo para gerenciar o expandir as necessidades do


eleitorado (UNITED, 2008, p. 17).

De acordo com De Mello (2012, p. 2) “o modelo de informação presta-se a diferentes


finalidades ao longo do ciclo de vida do empreendimento, desde o seu planejamento inicial até
sua operação e manutenção”.

Genericamente, pode-se considerar que o BIM se trata de uma tecnologia de


modelação e um conjunto de processos associados, com a finalidade de produzir,
comunicar e analisar modelos de uma construção. Além disso é uma metodologia de
partilha de informação entre todos os intervenientes do projeto (arquitetos,
engenheiros, empresa(s) de construção, dono de obra) passando por todas as fases do
ciclo de vida do edifício (projeto, construção, manutenção, desconstrução). Porém,
necessita de um modelo digital em três dimensões, o qual pode conter diversas
informações relacionadas com o projeto, nomeadamente, características geométricas,
propriedades (físicas e mecânicas), atributos, prazos, custo de construção, entre
outras. Além disso, tem a capacidade para guardar informações paramétricas com
relação entre os diversos elementos e ainda permite o apoio nos fluxos de trabalho
entre as diferentes atividades relacionadas com o processo construtivo (COELHO,
2016, p. 8 apud LINO et al. 2012).

Como corroboram Eastman et al. (2014), que salientam algumas características da


modelação BIM: 1) elementos representados por objetos digitais, estes levam em si subsídios
gráficos e propriedades que são identificados pelo programa, além de regras paramétricas que
possibilitam o manuseio de maneira inteligível. 2) artifícios com informações que delineiam
seu comportamento, da mesma forma que são imprescindíveis em análises e processos
construtivos. 3) informações sólidas e não repetitivas que moldam as informações do elemento
em suas visualizações (cortes, fachadas, plantas).

As principais aplicações dos modelos BIM: (a) a visualização do projeto; (b) a criação
de desenhos para fabricação/venda, pois se torna fácil criar desenhos de vários pontos
de vista uma vez que o modelo está completo; (c) utilização dos modelos BIM em
revisões de projetos de construção, como, por exemplo, de prevenção de incêndios;
(d) estimativa de custos, através da geração automática de dados dos modelos; (e)
visualização do sequenciamento de construção; (f) detecção de conflitos,
interferências; (g) análise gráfica de possíveis falhas; (h) gestão de facilidades,
utilizando o modelo para reformas, planejamento do escopo e operações de
manutenção (BORTOLINI, 2015, p. 51 apud AZHAR, 2011).

Coelho (2016) discrimina alguns conceitos importantes do BIM, mencionados a seguir:


a) Modelação orientada por objetos: refere-se à abordagem utilizada no BIM, o
que se pretende é a significação de entidades e objetos. No entanto, cada entidade
e objeto não reflete apenas à concepção das suas propriedades, como também a
todos os executores que criam, manipulam, eliminam e atualizam
38

acertadamente, o que permite a funcionalidade de todos os objetos de maneira


autónoma, como mostra a Figura 6:

Figura 6: Propriedades do objeto.


Fonte: O autor.

b) Relações paramétricas: As relações paramétricas peculiares desta metodologia


incidem na imputação de relações de vizinhanças entre os diversos elementos
que formam o modelo. As relações são processadas por meio de parâmetros que
deliberam compressões e implicações entre elementos vizinhos, o que resulta em
um modelo que se adapta reflexivamente a todos os elementos do modelo. À
vista disso, as mudanças embutidas num elemento especifico são acionadas de
maneira automática aos elementos vizinhos, isso evita a acumulação de erros e
dinamiza os procedimentos de atualização. Além do mais, as relações
paramétricas concedem a confecção de peças delineadas de forma automática,
no grau em que quando se faz quaisquer modificações no modelo, essas são
executadas em todas as vistas automaticamente.
c) Ciclo de vida: Com modelos BIM visa-se que estes sejam criados de modo a
abranger a todo o seu ciclo de vida, logo, sejam apropriados a responder a todas
as requisições desde a fase de concepção de projeto até à sua demolição.
Concordante a fase em que a construção está, o modelo tem que possuir a
39

capacidade de suprir às suas necessidades, já que as aplicabilidades que o mesmo


tem que guarnecer são distintas, o que leva a formulação de um modelo capaz
de replicar a todas as fases do ciclo de vida da edificação. Numa etapa de projeto
espera-se que o modelo BIM seja apropriado a demonstrar ao operador a
viabilidade do mesmo e mais, que apresente a aptidão de produzir renderizações.
Na fase de concepção visa-se um modelo com mais detalhes, por se tratar da
etapa em que o modelo é mais empregado. No caso, o modelo BIM também é
usado em obra, o que admite a constatação de conflitos entre distintas
características e lacunas de projeto, a constituição de projeto, a estimação de
custeios, o planejamento e a gestão de construção. Por fim, contém a etapa de
uso, servindo de base à gestão e manutenção da obra. A Figura 7 apresenta o
ciclo de vida de um projeto BIM:

Figura 7: Ciclo de vida do projeto BIM.


Fonte: De Mello (2012).

d) Níveis de desenvolvimento: Os níveis de desenvolvimentos, também chamados


de LOD (Level of Development), correspondem à maneira como os modelos
BIM devem progredir, percorrendo por um nível de desenvolvimento inferior
numa etapa conceitual até à maior exatidão na fase construtiva, de fabricação e
operação. Foram determinados seis níveis de desenvolvimento, numa escala do
40

LOD100 até o LOD500. O LOD100, nível de concepção e estudo volumétrico;


o LOD200, fase de concepção do projeto com apresentação de algumas formas
geométricas definitivas. No nível três, (LOD300), o projeto se encontra quase
definido, com especificações de materiais e quantitativos. O LOD350, possui
desenvolvimentos já satisfatórios para a coordenação, compatibilização e
constatação de conflitos entre as distintas particularidades. No LOD400, o
modelo depara em conjunturas para ser usado tanto na etapa de construção, como
na de fabricação. Por fim, o LOD500, o modelo já se acha arquitetado e é acatado
como ideal para a efetivação de afazeres de manutenção e operação. Como
exemplifica a Figura 8:

Figura 8: Níveis de desenvolvimento BIM.


Fonte: Antunes (2013).

e) Interoperabilidade: é determinada como a aptidão de agregar e gerenciar


relacionamentos colaborativos entre os diversos integrantes do projeto. Porém,
quando se trata de software, interoperabilidade relata a competência de díspares
programas transacionar informações entre si, sem perdas destas ou perdas
mínimas possíveis. Várias são as tentativas de suprir a problemática da
interoperabilidade com a construção de formatos universais de classificação e
organização das partes da obra. O que possui maior destaque é o modelo Industry
Foundation Classes (IFC), desenvolvido pela buildingSMART é um formato
neutro e aberto para armazenagem dos dados, permite as transições de
41

informações entre os diferentes softwares em uso. Com o compartilhar do


modelo por meio dos participantes é possibilitado o trabalho a partir da mesma
plataforma, o que minimiza erros e omissões advindas de falhas de interpretação
e tradução da informação. A Figura 9 expõe um comparativo entre o processo
de construção tradicional e do BIM.

Figura 9: Comparação entre o processo construtivo tradicional e BIM.


Fonte: Coelho (2016).

f) Dimensões: De início se faz necessário criar um modelo tridimensional do projeto,


diferente em partes do 3D tradicional, pois possui as propriedades de cada elemento.
Com a implementação ao modelo 3D da variável tempo, adentra-se numa nova
dimensão, o BIM 4D, nesta fase é realizado o planejamento e o aparelhamento da
construção. Em seguida, chega-se à dimensão 5D, o que corresponde a uma
evolução da dimensão 4D com o incremento da variável custo. Na dimensão 6D,
conhecida também como Facilities Management (FM), é permitido gerenciar o ciclo
de vida do projeto, pois até aqui os projetistas já realizaram as criações e atualizações
dos modelos que correspondem ao real com atribuições aos elementos todas as
informações de operações e manutenções mandatórias. Por fim, existe uma outra
dimensão da metodologia BIM, que analisa a sustentabilidade da construção, o BIM
7D. Aqui se quantifica a energia consumida e a ser consumida pelo edifício. Na
Figura 10 pode ser verificado um resumo dessas dimensões:
42

Figura 10: Dimensões BIM.


Fonte: De Almeida (2015).

De Almeida (2015, p. 9) afirma que o BIM possui três termos chaves e os define da
seguinte maneira:

"Precisão". Todos os modelos digitais, para cada uma das especialidades, fornecem
informações precisas que podem então ser reexploradas para reduzir os custos de
manutenção num projeto, por exemplo. "Reutilização". Criar um modelo digital
permite uma otimização da construção e uma melhoria na gestão de custos, não é um
fim em si mesmo. Os dados também podem ser “alimentados” de volta por forma a
otimizar a vida plena do edifício. "Acessibilidade". O BIM é um processo digital
desenvolvido tendo em conta a atualidade, nomeadamente com a existência da nuvem,
permitindo o acesso e uma exploração de dados de construção em qualquer lugar e a
qualquer hora.

2.2.1 Planejamento BIM 4D

O planejamento BIM 4D surge para complementar a visualização do 3D ao longo do


tempo, é justamente essa escala temporal a quarta dimensão. Como afiança Kymmel (2008) um
exemplar 4D de uma construção incide em uma agregação da sua modelagem 3D com o tempo,
assim, as atividades que formam o cronograma da obra são agregados aos elementos ou itens
da modelação 3D, esta associação proporciona a visualização sequencial da execução, contribui
43

assim, com a compreensão do procedimento de elaboração por meio dos comprometidos em


gerir e a amparar os processos decisivos.
Koo e Fischer (2000) avaliam que os cronogramas tradicionais não informam
suficientemente no que se refere ao contexto de espaço e a complexidade dos membros de um
projeto, o que resulta em uma representação não real do planejamento. A modelagem 4D
permite aos planejadores potenciais como a visualização do procedimento de execução, maior
abrangência do cronograma, verificação de erros e problemas possíveis antes da construção.
Fischer, Haymaker e Liston (2003) acrescentam que com o uso da modelação 4D, mais
profissionais que participam do processo construtivo podem compreender o projeto de
construção de maneira mais rápida quando comparado com os modelos tradicionais de
planejamento. Fukai (2003) fomenta que a modelagem 4D proporciona uma alteração de
perspectiva no comunicar dos intervenientes do projeto, visualiza-se o processo construtivo por
meio da modelagem 4D, esses intervenientes podem mostrar antecipadamente interações que
ocorrerão no decorrer da construção.
Tommelein (2003) apresenta diversos propósitos de servidão dos modelos 4D dentre
eles: visualização durante a concepção, construção e marketing – representação dos membros
do modelo possibilita a verificação de sua geometria e local em referência aos outros membros;
acompanhar as modificações no projeto; conferir as desordens no espaço e possibilita que o
cliente visualize o produto antes de aprovar a aquisição; estudo de alternativas – permite que os
elementos do produto possam ser alterados por outros a fim de realizar avaliações dos impactos
sobre o espaço necessário para logística dos materiais; definição do sequenciamento de
montagem – estudo de possibilidades para montagem das partes, aumenta a eficiência do
processo construtivo.

No entanto, a utilização da modelagem 4D pelas empresas não é algo trivial. No caso


de sistemas CAD, as associações entre componentes e atividades são trabalhosas,
tornando difícil atualizar as datas ou analisar possíveis cenários alternativos, em
decorrência do grande esforço necessário (BIOTTO, FORMOSO e ISATTO, 2015, p.
84).

Eastman et al. (2014) acrescentam que os modelos de sistema CAD possuem


dificuldades no que diz respeito a atualizações e tendem a ser mais explorados nas fases iniciais
do projeto, caso o cliente ou algum envolvido na obra deseje visualizar o processo de construção
da mesma.
44

As metodologias em estudo apresentam entre si algumas semelhanças, mas acima de


tudo, diferenças. A metodologia tradicional ainda continua a ser uma abordagem
utilizada na maior parte das empresas do setor da construção, muitas vezes causado
pela necessidade de grandes mudanças na maneira de trabalhar, mas também pelo
forte investimento que é necessário para adotar as metodologias BIM. No entanto,
este paradigma tem vindo a ser alterado com o passar dos anos, sendo que a procura
por implementar o BIM em empresas do setor da construção tem vindo a aumentar
substancialmente (COELHO, 2016, p. 33 e 34).

Biotto, Formoso e Isatto (2015) anunciam que na sua maneira mais simplória, um
exemplar 4D pode ser formado somente por meio da agregação dos componentes de um modelo
3D (arquitetado por meio de CAD entre outros) e os cronogramas de sua construção ou
demolição. Junta-os de acordo com o andamento da obra, e visualiza-os com a ativação ou
desativação com uso de filtros que exemplificam o progresso da construção.
O processo de modelagem pode ser realizado de duas maneiras principais, por meio de
tecnologia CAD, onde entra-se com desenho em duas dimensões e o plano, posteriormente são
transformados em 3D conforme constrói, liga e desliga layer do modelo para criação das etapas
construtivas ao longo do tempo; e por meio de ferramentas BIM/3D, nas quais se entra com o
modelo BIM ou 3D e o plano, na modelagem ambos são manipulados e reagrupados, o 3D são
atividades executivas e as do plano em construção, demolição ou temporária, os membros 3D
são enfim ligados as tarefas do plano (EASTMAN et al., 2014).
Na Figura 11 é ilustrado como ocorre os processos criativos da modelação 4D tanto no
âmbito CAD 4D quanto no BIM 4D.
45

Figura 11: Processos de modelagem 4D.


Fonte: Reck (2013).

Monteiro et al. (2017, p. 57) dizem que “a plataforma BIM permite a interação de
diversos projetos, analisa-os tridimensionalmente e organiza-os, fazendo com que não haja um
elemento no mesmo espaço que outro. Esse é seu diferencial da plataforma CAD, que
desenvolve apenas uma representação em linhas do desenho.

Além de permitir a construção de um planejamento, possibilita a elaboração de vídeos


ou simulações virtuais do processo construtivo do empreendimento. A evolução
tecnológica tem permitido que as ferramentas BIM estejam em constante evolução,
sendo já possível a produção de relatórios de forma automatizada (COELHO, 2016,
p. 65).

Eastman et al. (2014) reiteram que com a utilização do BIM em simulações 4D


proporciona aos planejadores das construções a criação, revisão e edição de seus modelos em
quatro dimensões com maior frequência e menos trabalho, concede assim, a preparação de
planejamentos de melhor qualidade e com maior confiabilidade.
Poças (2015) profere que as vantagens com o uso do BIM podem ser agrupadas em dois
grupos, as associadas ao uso de ferramentas BIM e as advindas da utilização da metodologia na
empresa. O uso dos programas BIM abona um contíguo de vantagens das quais são destacáveis
a diminuição de falhas, omissões e intromissões projetuais, aptidão de produção de informação
46

de maneira simultânea e de fidúcia e além do mais, otimização das despesas e tempo


determinado para cumprimento dos díspares trabalhos.
Relativo aos benefícios alusivos à adoção de uma abordagem BIM, estes dependem do
participante ao qual se fala. Para os projetistas, a implantação do BIM possibilita um
alinhamento automático das adulterações no projeto, com facilidade verifica-se opções de
projeto, eficiente êxito na detecção de incompatibilidades de planejamento e execução, alta
exatidão nas medidas e estimações de orçamento por conseguinte da geração de representações
de quantitativos automaticamente, facilitação do procedimento de entrega de apontamentos e
diminuição no tempo para realização de mudanças. Já para os construtores, é notado melhorias
na verificação da viabilidade de construir, na averiguação de conflitos, no julgamento do
sequenciamento de tarefas e planejamento, identificar as falhas e ausências e no entendimento
do projeto. Em relação ao dono de obra, o emprego de instrumentos BIM concede-lhe examinar
os possíveis cenários de projeto virtual, atenuar os vencimentos, sustentar o aspecto das
propriedades físicas e funcionais da edificação e ainda lhe abona um padrão para as
intervenções no decorrer do ciclo de vida, manutenção (POÇAS, 2015).

O BIM facilita interações de diferentes ferramentas de projeto, melhorando a


disponibilidade da informação para elas. Também permite realimentação proveniente
das análises e simulações para o processo de desenvolvimento do projeto. Essas
mudanças, por sua vez, afetarão o modo como projetistas pensam e os processos que
eles desenvolverão. O BIM também proporciona a integração das ideias geradas na
construção e fabricação dentro do modelo do edifício, incentivando colaboração além
daquela envolvida nos desenhos. Como resultado, o BIM provavelmente redistribuirá
o tempo e os esforços que projetistas gastam em diferentes fases do projeto
(EASTMAN et al., 2014, p. 150).

Como, geralmente, em tudo existem lados negativos, com o BIM não é diferente, a
seguir são descritos alguns desafios no que se refere a implementação do uso da modelagem
BIM 4D na construção civil. Biotto (2012) enumera dois grupos de barreiras encontrados em
sua pesquisa (ilustrado na Figura 12): 1) barreiras econômicas e organizacionais – impacto
econômico sem determinação; inércia, ausência de atitude e conhecer das empreses
construtoras; escassa mão de obra com treinamento; custo, apesar de alguns autores
discordarem e verem que os custos têm caído com o tempo; nova forma de trabalhar em equipe,
exige a colaboração entre os participantes. E 2) barreiras técnicas – tempo requerido para
construir um modelo, a depender de sua complexidade; simplificação do modelo, o projeto é
um agregado de ideias dos envolvidos e deve ser de simples entendimento para todos;
interoperabilidade, necessária para o fluxo de informações entre os softwares; interface visual,
47

vasta personalização a fim de atender todos os colaboradores em suas necessidades de se


informar e gostos de visualizá-las.

Figura 12: Pré-condições de implantação do BIM 4D.


Fonte: Biotto (2012).

Poças (2015) complementa abordando sobre algumas desvantagens frente a utilização


do BIM na construção civil, dentre elas estão: a) investimento – necessidade de um alto
investimento inicial com a compra de ferramentas que se enquadrem no método BIM; b) curva
de aprendizagem lenta – por ser um procedimento relativamente novo não há uma vasta gama
de profissionais qualificados, necessita de investimento em treinamentos de mão de obra; c)
envolvimento da equipe - como é um processo colaborativo, se faz necessário que a equipe
esteja alinhada e disposta; d) interoperabilidade – as exportações entre os programas não são
isentos de erro o que pode causar problemas e retrabalhos, custos adicionais; e) direitos de
propriedade e de responsabilização pelo modelo – por ser uma interação colaborativa não há
um controle de quem fez modificações no projeto o que ocasiona em problemas de
responsabilidade técnica e de direitos autorais.

2.2.2 Softwares de modelagem BIM 4D

Como já afiançado o BIM não é software e sim a modelação de informações da


construção, para tanto, se faz necessário o uso destas ferramentas computacionais. Como
anuncia Baia (2015, p. 29):

Muitos acreditam que BIM é um software, mas isso não é correto. BIM quer dizer
Modelagem da Informação da Construção de um Edifício. Existem diversos softwares
que trabalham com o BIM (cerca de 150 homologados pela Building Smart). Cada
produto apresenta características e capacidades distintas, tanto em relação aos
sistemas orientados ao projeto quanto às ferramentas de produção BIM. Dessa forma,
a escolha de um software afeta as práticas de produção, interoperabilidade e as
48

capacidades funcionais de uma organização de projeto para elaborar determinados


tipos de projetos. Outro ponto é que nenhuma plataforma será ideal para todos os tipos
de empreendimentos.

Poças (2015) complementa, que os softwares podem ser separados em duas categorias,
os que tem por competência a criação dos modelos BIM e os que tem por função auxiliar o
projeto em alguma etapa de seu ciclo de vida. A primeira categoria inclui o Revit, Archicad,
Bentley, Cype e Tekla. Já na segunda categoria, enquadra-se o Vico Office, usado em
medições, planejamento e controle de custo e o Solibri, visualizador e avaliador de qualidade.
No mais, este grupo ainda engloba, o Ecotec e o Green Building Studio mais direcionados à
análise energética.
A Figura 13 mostra alguns softwares BIM utilizados nas diversas etapas do ciclo de vida
do projeto, logo, sua funcionalidade, e suas respectivas empresas fornecedoras:

Figura 13: Softwares BIM.


Fonte: Coelho (2016).
49

3. METODOLOGIA

Mediante os passos desenvolvidos nesta pesquisa sua metodologia pode ser classificada
levando em consideração alguns parâmetros. Em primeiro lugar ela é classificada quanto sua
natureza como aplicada, pois procura gerar conhecimento para aplicações práticas direcionadas
a problemas específicos (PRODANOV e FREITAS 2013), busca propor métodos de
planejamento de obras.
Quanto ao que objetiva é vista como exploratória, por apresentar o máximo de
informações acerca do tema a fim de aperfeiçoar ideias e encontrar opiniões, definida por Gil
(2002) como pesquisas que buscam familiarizar o problema, explicita-o e possibilita a criação
de hipóteses, cujo alvo é aprimorar ideias ou descobrir opiniões.
Com base em seu delineamento, procedimentos de coleta dos dados, a pesquisa é
considerada como bibliográfica, uma vez que foram consultadas teorias existentes como artigos
científicos, teses de mestrado e doutorado, e livros. Esse tipo de pesquisa é fundamentado em
material já publicado como livros, revistas, artigos científicos, monografias, dissertações, teses
(PRODANOV e FREITAS 2013).
Ainda com base no seu delineamento, a pesquisa é classificada como estudo de caso,
visto que realiza e analisa planejamentos para uma edificação de pequeno porte. Gil (2002)
menciona que o estudo de caso compreende o estudo aprofundado e exaustivo de um ou poucos
objetos para conhecimento amplo e detalhado. Consiste na coleta e análise de informações sobre
algum indivíduo, ou grupo, a procura de seus aspectos relacionados com a pesquisa
(PRODANOV e FREITAS 2013).
Quando o parâmetro é a forma de abordagem do problema sua classificação é a
qualitativa, Prodanov e Freitas (2013) afirmam que o ambiente é a fonte direta de dados e estes
são interpretados e significados, eles não necessitam ser quantificados nem tratados
estatisticamente.

3.1 Identificação do caso estudado

O projeto a ser estudado consiste em uma edificação de ampliação de uma igreja


localizada em Tucano(BA) que possui uma área total de 335.643 m², composta por pavimento
50

térreo e superior. No primeiro pavimento (Figura 14) se encontram os seguintes espaços: área
externa, cozinha, duas salas, dois banheiros, quarto, circulação e casa de máquinas, já no
segundo (Figura 15): dois banheiros e auditório.

Figura 14: Planta baixa térreo.


Fonte: O autor.

Figura 15: Planta Baixa Superior.


Fonte: O autor.
51

3.2 Etapas de desenvolvimento do projeto

3.2.1 Modelação 3D

Em primeiro lugar o projeto foi modelado no Revit em 3D, como é possível averiguar
na Figura 16, a vista de alcançar os objetos de modelá-lo posteriormente no BIM 4D. Os objetos
foram nomeados de acordo com as tarefas de planejamento para serem atribuídas corretamente
e evite incompatibilidades e erros futuramente.

Figura 16: Modelo 3D.


Fonte: O autor.

3.2.2- Identificação das atividades

O próximo passo foi a realização da identificação das atividades por meio da montagem
de uma estrutura analítica de projeto (Tabela 3). Esta é organizada em etapas e subetapas que
compõem a execução do projeto.
52

Etapas Subetapas
Serviços Preliminares Limpeza do terreno
Escavação
armação
Fundação
Fôrma
concretagem
Fôrma
Pilares Superior Armação
Concretagem
Fôrma
Pilares Térreo Armação
Concretagem
Fôrma
Estrutura Vigas Superior Armação
Concretagem
Fôrma
Vigas Térreo Armação
Concretagem
Fôrma
Lajes treliçadas Armação
Concretagem
Marcação Superior
Execução Superior
Alvenaria
Marcação Térreo
Execução Térreo
Estrutura de madeira
Cobertura
Telhamento
Hidráulica Superior
Sanitária Superior
Elétrica Superior
Instalações
Hidráulica Térreo
Sanitária Térreo
Elétrica Térreo
Impermeabilização Superior
Impermeabilização
Impermeabilização Térreo
Contrapiso Superior
Contrapiso
Contrapiso Térreo
Chapisco Superior
Emboço Superior
Reboco Superior
Revestimento interno
Chapisco Térreo
Emboço Térreo
Reboco Térreo
PVC Superior
Forro
PVC Térreo
Chapisco Superior
Revestimento externo Emboço Superior
Reboco Superior
53

Chapisco Térreo
Emboço Térreo
Reboco Térreo
Parede Superior
Piso Superior
Revestimento Cerâmico
Parede Térreo
Piso Térreo
Portas Superior
Janelas Superior
Esquadrias
Portas Térreo
Janelas Térreo
Pintura Externa Tinta Acrílica, selador e duas demãos
Vidros, louças e metais Louças e metais
Pintura Interna Tinta Acrílica, selador e duas demãos
Limpeza final Limpeza
Tabela 3: EAP do projeto.
Fonte: O autor.

3.2.3- Definição das durações

Já enumeradas todas as tarefas e subtarefas se fez necessário definir suas respectivas


durações, por meio da Equação 2.1, supracitada no capítulo 2 deste trabalho.
Para tanto é preciso possuir de antemão os termos dessa equação que são: a quantidade
de trabalho a ser executado e a produtividade da mão de obra que a executa.

3.2.3.1- Quantidade de trabalho a ser executado

A quantidade de trabalho a se executar pode ser adquirido em cliques logo após a


modelação 3D, pois o software Revit gera quantitativos automáticos sempre que lançado um
novo elemento no modelo. Portanto, pode-se gerar o quantitativo de todas as tarefas da
construção e poupar tempo de medições como acontece com o AutoCAD.
Consequentemente, a seguir são apresentadas tabelas quantitativas de alguns
elementos/tarefas da obra em estudo (Figuras 17, 18, 19 e 20).
54

Figura 17: Quantitativo-portas.


Fonte: O autor.

Figura 18: Quantitativo-forro.


Fonte: O autor.
55

Figura 19: Quantitativo-tubos.


Fonte: O autor.

Figura 20: Quantitativo-eletrodutos.


Fonte: O autor.

3.2.3.2- Produtividade da mão de obra

A produtividade da mão de obra que executa cada tarefa foi encontrada na 13ª edição
do livro TCPO – Tabelas de Composição de Preços para Orçamentos – (2010) que é organizada
em paralelo com a MasterFormat, utilizada nos Estados Unidos e Canadá, e atribui para cada
atividade códigos que descrevem a atividade a ela pertencente. Os dois primeiros dígitos
representam a divisão (etapa da obra à qual a tarefa pertence), os três seguintes subdivisão
(subetapas que a tarefa pertence), após esse a natureza do item (diz a que grupo o item pertence,
se é serviço, mão de obra, verba, dentre outros), o próximo dígito é o tipo (o nome do material,
56

serviço), e por fim, os dois últimos dígitos é o item (descreve o item, suas dimensões tipo de
componentes usados na confecção).
Para concretizar o entendimento a seguir são apresentas algumas figuras que permitem
a visualização de algumas tarefas com sua respectiva codificação e índice de produtividade. A
Figura 21 mostra o índice de produtividade do servente quando escava manualmente um solo
de primeira categoria (solos em geral, exceto rocha) com profundidade de até 2 metros. A
Figura 22 expõe o índice de produtividade do pedreiro e servente executores da alvenaria com
blocos furados inclusos a produção de insumos, e por fim, a Figura 23 apresenta o índice de
produtividade do servente quando realiza a limpeza geral no fim da obra.

Figura 21: Índice de produtividade escavação.


Fonte: TCPO (2010).

Figura 22: Índice de produtividade alvenaria.


Fonte: TCPO (2010)
57

Figura 23: Índice de produtividade limpeza final.


Fonte: TCPO (2010).

Tendo em mãos o índice de produtividade (Hh/und) pode-se facilmente transformá-lo


na produtividade (und/Hh), realiza-se a razão entre uma unidade e o índice, como mostra a
Equação 3.1 e a Tabela 4.

1
𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 = (3.1)
Índice de produtividade

Etapas Subetapas Índice de produtividade (Hh/und) Produtividade (und/Hh)


Serviços Preliminares Limpeza do terreno 0,250 4,000

Escavação 3,200 0,313

0,060 16,667
armação
0,060 16,667
Fundação 0,806 1,241
Fôrma
0,202 4,950

1,650 0,606
concretagem

9,000 0,111

Tabela 4: Índice de produtividade e produtividade.


Fonte: Adaptado de TCPO (2010).

Agora, com os dois termos necessários para o cálculo da duração, pode-se efetuá-lo,
isso resulta na Tabela 5.
58

Etapas Subetapas Produtividade (und/Hh) Qtd. de trabalho Duração (h)


Serviços Preliminares Limpeza do terreno 4,000 215,756 53,939

Escavação 0,313 28,28 90,496

16,667 17,424
armação 290,4
16,667 17,424
Fundação 1,241 3,627
Fôrma 4,5
4,950 0,909

0,606 8,316
concretagem 5,04

0,111 45,36

Tabela 5: Duração das atividades.


Fonte: O autor.

Encontrada a duração total de cada atividade é pertinente definir a jornada de trabalho


diária (fixada em 8 horas de segunda a sexta-feira) e dividir o trabalho para equipes, respeita as
funções delimitadas pela CBO – classificação Brasileira de Ocupações – (2010) de cada
operário. A Tabela 6 mostra os operários destinados a cada atividade e a quantidade por equipe,
além da duração provável de cada atividade após a divisão do trabalho para cada equipe e pela
jornada de trabalho.

Etapas Subetapas Equipe Qtd de Operários Duração (dias) Duração Provável (dias)
Serviços Preliminares Limpeza do terreno Servente 3 2,247458333 2

Escavação Servente 4 2,828 3

Armador 2 1,089
armação 1
Ajudante 2 1,089
Fundação Carpinteiro 1 0,453375
Fôrma 1
Ajudante 1 0,113625

Pedreiro 1 1,0395
concretagem 1

Servente 3 1,89

Tabela 6: Operários por etapa e duração provável das atividades.


Fonte: O autor.
59

3.2.4- Criação do diagrama de Gantt

O cronograma foi realizado de três maneiras distintas. A primeira por meio do Excel
(planejamento sem modelação 4D), a segunda por meio do MsProject e Revit (planejamento
4D tradicional) e por fim, por meio do Naviswork (planejamento BIM 4D).
No Excel, software que não é especifico para planejamento e sim um editor de planilhas,
foi feita uma tabela onde as colunas definem a duração em dias, semanas e meses e as linhas os
pavimentos da construção. Ao longo do tempo insere as atividades com suas respectivas
durações, cada atividade é representada por uma cor mostrada na legenda, como mostra a
Tabela 7.

Meses 1
Semanas 1 2 3
Dias 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Pav. Térreo
Pav. Superior
Cobertura

Legenda
Serv Prel.
Fundação
Estrutura
Alvenaria
Cobertura
Contrapiso
Elétrica
Tabela 7: Cronograma de Gantt no Excel.
Fonte: O autor.

Já o MsProject é um software especifico para realizar planejamentos de obras, como


afirmam Barra et al. (2013) ele foi criado para gerenciar projetos e possibilita a organização da
informação ao atribuir tempos às tarefas, agregação de custos, o que permite a gestão dos prazos
sem extrapolar o orçamento e alcançar os objetivos propostos para o projeto. Este planejamento
foi realizado em conjunto com o modelo 3D do Revit, assim caracteriza a modelação 4D
tradicional. A Figura 24 exemplifica esse planejamento.
60

Figura 24: Cronograma de Gantt no MsProject.


Fonte: O autor.

Por fim, o planejamento BIM 4D foi concretizado ao utilizar o programa Naviswork,


este possui uma interface que possibilita a visualização e interação com o modelo, além de
permitir a navegação, ver suas informações e opções. As tarefas podem ser inseridas no próprio
software ou importar do MsProject (DE MELLO, 2012).
Então, foi importado o modelo 3D do Revit e as tarefas com suas respectivas durações
do MsProject para o Naviswork. Logo após, cada tarefa foi associada com seu respectivo
elemento do modelo 3D, como é possível verificar na Figura 25.

Figura 25: Planejamento Navisworks.


Fonte: O autor.
61

4- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram encontrados três resultados distintos no que tange o planejamento de obras, um


para cada tipo de planejamento, primeiro para o planejamento sem uso da modelagem 4D, o
segundo com o uso da modelagem 4D tradicional e por fim com o uso da modelação BIM 4D.

4.1- Planejamento sem uso da modelagem 4D

O planejamento sem uso da modelagem 4D foi realizado no Excel, que não é específico
para planejamentos de obras, como já mencionado, mas que é utilizado e atende bem ao
propósito, porém, encontra-se algumas dificuldades em relação aos outros dois tipos de
planejamento.
A obra foi dividida em 19 atividades e cada atividade foi representada por uma cor
distinta (Figura 26), e esse trabalho deve ser realizado de maneira manual, esse é o primeiro
empecilho dessa maneira de planejar, por mais que haja uma vasta quantidade de cores no
programa algumas diferenciam apenas no tom o que pode acabar confundindo as atividades,
além disso, a procura de cores distintas acaba por demandar uma grande quantidade de tempo.

Figura 26: Atividades e suas respectivas cores, Excel.


Fonte: O autor.
62

Outra dificuldade encontrada foi em relação ao detalhamento das atividades, como já


supracitado quanto mais detalhado o planejamento mais eficaz, porém nesta forma de planejar
não foi possível fazer a divisão em subatividades, pois além do empecilho anterior, o
cronograma ficaria muito extenso, difícil de ser visualizado, e confuso, pois as atividades
paralelas se sobrepõem, logo suas cores (Figura 27).

Figura 27: Atividades paralelas e cores sobrepostas, Excel.


Fonte: O autor.

Outra dificuldade encontrada se refere as relações paramétricas, os vínculos entre os


elementos, no caso as atividades. Quando é necessário realizar alterações no planejamento, o
que acontece com certa frequência, seja por atrasos ou até mesmo algum erro de cálculo de
duração, o cronograma não se ajusta automaticamente, ele deve ser alterado manualmente,
tarefa cansativa, pode gerar erros, portanto, inviável.
Por fim, o programa não possui interoperabilidade, não possui ligações com outros
programas não existe troca de informações. Além do mais, não existe um acompanhamento do
andar da construção como nas outras duas maneiras de planejar, pois nesta não há um projeto
3D para facilitar a visualização e por conseguinte para haver fluxo de informações.

4.2- Planejamento com modelagem 4D tradicional

O planejamento com modelação 4D tradicional teve como ferramentas os softwares


MsProject (cronograma) e o Revit (projeto 3D). Ambos os programas são específicos para as
atividades desenvolvidas neles, logo, este planejamento apresenta vantagens em relação ao
planejamento anterior, porém, é vista desvantagens quando se compara o planejamento com
BIM 4D.
Neste as atividades podem ser dividias em subatividades sem acarretar em confusões e
estender o cronograma de maneira a dificultar a visualização, como no caso anterior. O
programa usa setas que relacionam as atividades e subatividades umas às outras e permite a
63

fácil compreensão de quando as atividades são iniciadas e concluídas, as atividades


predecessoras e sucessoras, que são as dependências entre atividades (Figura 28).

Figura 28: Relação de dependência entre as atividades MsProject.


Fonte: O autor.

Como é possível visualizar na Figura 28 além do cronograma o Msproject permite a


visualização das atividades e subatividades a ela pertencente, a duração de cada uma e da obra
por completo em dias úteis e a data de início e término destas. É importante salientar ainda que
o cronograma de Gantt é realizado automaticamente em paralelo ao lançamento dos dados de
cada atividade e suas dependências, diferentemente do Excel que deve ser executado cada etapa
por vez e manualmente.
Ademais, o planejamento 4D tradicional possui a utilização de um projeto 3D paralelo
ao planejamento onde é possível visualizar as etapas da obra e observar separadamente as datas
de cada uma no cronograma (Figura 29).
64

Figura 29: Visualização do modelo 3D e do cronograma, separadamente.


Fonte: O autor.

Outra vantagem em relação ao planejamento antecedente é a relação paramétrica entre


as atividades, quando uma atividade é alterada por causa de mudanças no planejamento todas
as atividades que possui relações de dependência com esta são alteradas simultaneamente e
assim o planejamento é atualizado, porém, como este não possui interoperabilidade com o 3D
as alterações nele não alteram o modelo 3D, além de não ser possível acompanhar
temporalmente o andamento da construção, como acontece com o planejamento BIM 4D.

4.3- Planejamento com uso do BIM 4D

Para o planejamento BIM 4D foram utilizados os programas Navisworks, Revit e


MsProject. O primeiro possui interoperabilidade com os demais e recebeu as informações dos
dois separadamente e fez a ligação entre elas. Neste tipo de planejamento o cronograma é criado
automaticamente quando as atividades são inseridas, sejam no próprio software sejam
vinculadas por meio do MsProject, o gráfico é de fácil leitura, não gera confusão, agrupa as
subatividades de cada atividade e mostra a precedência por meio de setas (Figura 30).
65

Figura 30: Relações de dependência entre as atividades, Navisworks.


Fonte: O autor.

Além disso, com o planejamento BIM 4D é possível visualizar o processo construtivo


de cada etapa ao longo do tempo, logo, se torna possível digitar uma data no cronograma e
visualizar como estará a construção naquele respectivo dia, que atividade é realizada,
porcentagem já concretizada da subatividade, atividade e da obra, por meio do modelo 3D
(Figura 31).

Figura 31: Andamento da obra ao longo do tempo, Navisworks.


Fonte: O autor.

Como o cronograma e o modelo 3D estão vinculados, além das mudanças automáticas


nas atividades dependentes quando alterada alguma atividade, como no caso anterior, ocorre
também mudanças automáticas nas etapas do modelo 3D. Portanto há relações paramétricas
entre as atividades e entre os dois modelos, cronograma e 3D, isto evita perdas de informações,
de trabalho, tempo e ainda aumenta a confiabilidade das informações.
66

5- CONCLUSÕES

A ausência de planejamento é um problema recorrente nas construções, principalmente


no que tange as obras de pequeno porte, e as consequências desta falta acarretam em execução
equivocada, retrabalhos, desperdícios de materiais e tempo, atrasos e aumento de custo, essas
foram as primeiras conclusões após a realização deste trabalho.
Ademais, salienta-se que a problemática foi respondida, visto que por mais que uma
obra seja pequena as atividades possuem subetapas e essas ainda são complexas, o que gera
muitas informações a serem geradas e interpretadas, desse modo, o uso do planejamento BIM
4D para obras de pequeno porte se mostrou o mais eficiente e eficaz em relação ao planejamento
com a modelagem 4D tradicional e sem a modelação 4D.
Ainda é verificado que o objetivo geral foi alcançado, pois foi evidenciada a importância
do BIM na construção civil atual, seus benefícios, sua importância, a necessidade e incentivos
de implementação no Brasil, o aumento da confiabilidade e da facilidade na modelação das
informações das construções de pequeno porte.
O alcance dos objetivos específicos é notório, por meio da concretização dos três tipos
de planejamento – BIM 4D, 4D tradicional e sem uso de modelação 4D –, da discussão e análise
da viabilidade do BIM 4D em obras de pequeno porte e comparação entre os tipos, mostra seus
pontos fortes e fracos, as facilitações de operação das informações, confiabilidade e precisão
dos dados.
Desse modo, primeiramente, foi apresentado definições de planejamento e seus
benefícios para a construção, como conhecimento pleno da obra, detecção de situações
desfavoráveis, agilidade de decisões, relação com o orçamento, otimização da alocação de
recursos, referência para acompanhamento, padronização, documentação e rastreabilidade,
criação de dados históricos e profissionalismo.
De maneira análoga, o trabalho mostrou os profissionais envolvidos na construção civil
e delimitou suas funções, além de enumerar uma sequência de etapas para o planejamento de
uma obra: identificação das atividades, definição das durações, definição da precedência,
montagem do diagrama de rede, identificação do caminho crítico, geração do cronograma e
cálculo das folgas.
Posteriormente, foi feita uma apresentação do método BIM, suas características,
funcionalidades, dimensões, vantagens e desvantagens de implementação na construção civil,
e do BIM 4D, diferença em relação ao 4D tradicional, que é resumidamente a falta de
67

comunicação entre as ferramentas, além de apresentar algumas destas ferramentas que podem
ser utilizadas para modelação no BIM 4D.
Foi proposto ainda um estudo de caso de uma edificação de pequeno porte localizada
na cidade de Tucano-BA, e os softwares Excel, MsProject, Revit e Navisworks foram utilizados
para desenvolver os planejamentos da obra propostos nos objetivos. Para a definição das
durações das atividades foi averiguado a TCPO 13 e para a escolha adequada dos profissionais
foi respeitada as funções da CBO e da Lei n° 5.194, de 24 de dezembro de 1966.
Portanto, essa obra tem uma significativa relevância perante o campo da construção civil
sustentável que busca inovações nos métodos construtivo, tecnológicas, na maneira de
pensar/planejar, flexibilidade, menor agressividade ao ambiente, pensamento nas futuras
gerações, materiais e energias alternativos e renováveis, e economicamente viável.
Por fim, para futuros trabalhos que envolvam esta temática é sugerido o avanço no uso
das demais dimensões do BIM (5D, 6D e 7D) e acompanhamento de uma obra planejada,
realizar as alterações necessárias no planejamento e analisar o comportamento do projeto,
comparar o modelo 3D com a obra, no que diz respeito as atividades e suas porcentagens já
executadas em datas específicas.
68

REFERÊNCIAS

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72

TERMO DE RESPONSABILIDADE

RESERVADO AO REVISOR DE LÍNGUA PORTUGUESA

Eu, Edilene Jesus do Nascimento, declaro inteira responsabilidade pela revisão da Língua

Portuguesa do Trabalho de Conclusão de Curso (monografia), intitulado:

PLANEJAMENTO DE OBRAS DE PEQUENO PORTE POR MEIO DA


METODOLOGIA BIM 4D:
Estudo de caso em edificação na cidade de Tucano (BA)

a ser entregue por Cleisson Reis Miranda, acadêmico do curso de Engenharia Civil.

Em testemunho da verdade, assino a presente declaração, ciente da minha responsabilidade


no que se refere à revisão do texto escrito no trabalho.

Paripiranga, 28 de Junho de 2021.

Assinatura do revisor
73

TERMO DE RESPONSABILIDADE

RESERVADO AO TRADUTOR DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: INGLÊS, ESPANHOL


OU FRANCÊS.

Eu, Érica Tereza Pimentel Guimarães, declaro inteira responsabilidade pela tradução do
Resumo (Abstract/Resumen/Résumé) referente ao Trabalho de Conclusão de Curso
(Monografia), intitulada:
PLANEJAMENTO DE OBRAS DE PEQUENO PORTE POR MEIO DA
METODOLOGIA BIM 4D:
Estudo de caso em edificação na cidade de Tucano (BA)

a ser entregue por Cleisson Reis Miranda, acadêmico (a) do curso de Engenharia Civil.

Em testemunho da verdade, assino a presente declaração, ciente da minha responsabilidade


pelo zelo do trabalho no que se refere à tradução para a língua estrangeira.

Paripiranga, 28 de Junho de 2021.

Assinatura do tradutor

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