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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

Macius Vinícius Almeida Marques

Diagnóstico e propostas de tratamento de manifestações


patológicas em edifícios: estudo de caso em
Vitória de Santo Antão/PE

Recife, PE.
2022
Macius Vinícius Almeida Marques

Diagnóstico e propostas de tratamento de manifestações


patológicas em edifícios: estudo de caso em
Vitória de Santo Antão/PE

Projeto de Final de Curso para obtenção de título de


bacharel em Engenharia Civil submetido à Escola
Politécnica da Universidade de Pernambuco.

Orientador: Prof. MSc. Eduardo José Melo Lins

Recife, PE.
2022
AVALIAÇÃO DA DEFESA PÚBLICA

No dia 28 de outubro de 2022, às 20:00h, reuniu-se a banca de avaliação de defesa pública do Projeto de Final de Curso
para obtenção de título de bacharel em Engenharia Civil submetido à Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco.

Dados do Discente, Orientador e Coorientador

Discente Macius Vinícius Almeida Marques

Orientador Prof. MSc. Eduardo José Melo Lins

Coorientador -
Dados do Projeto de Final de Curso

Diagnóstico e propostas de tratamento de manifestações patológicas em edifícios: estudo de caso em


Título
Vitória de Santo Antão/PE

Texto monográfico X Software


Modalidade Artigo técnico ou científico Pedido de patente
Protótipo de invenção

Arquitetura Geotecnia Saneamento


Área de Construção Civil Instalações Prediais
X Segurança do Trabalho
conhecimento
Estruturas Recursos Hídricos Transportes

Dados dos Membros da Banca de Avaliação

Presidente Prof. MSc. Eduardo José Melo Lins

Membro Prof. Dr. Angelo Just da Costa e Silva

Membro Prof. Esp. Wildson Wellington Silva

Resultado da Defesa Pública

Aprovada
Resultado final Aprovada com restrições (1) (1) obrigatório o preenchimento do campo de comentários para o autor.
Reprovada
Nota final (2) 9,50 (nove e meio) (2) média aritmética das notas dos membros da banca de avaliação.

O discente terá 5 (cinco) dias para entrega da versão final da monografia a contar da data deste documento.

Comentários

Assinatura de
Aceite do Data 28/10/2022
orientador

Universidade de Pernambuco - UPE


Escola Politécnica de Pernambuco - POLI
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Fone: (81) 3184.7574 • CGC N.º 11.022.597/0005-15
Home page: https://www.poli.br/
A todos os meus “Eus” do passado, obrigado
por sempre acreditar nos nossos sonhos e
nunca desistir. Sem vocês eu não conseguiria
chegar até aqui.

“Quando você deseja uma coisa, todo o


Universo conspira para que possa realiza-la”,
havia falado o velho rei.
O Alquimista
Paulo Coelho
AGRADECIMENTOS

Inicialmente eu agradeço a Deus por me guiar durante toda a caminhada. Foi uma
jornada difícil, tortuosa, mas necessária. Muitas vezes me encontrei perdido, sem saber o
caminho a seguir, mas a fé me fez ver mesmo sem enxergar. As dificuldades do caminho me
ajudaram a crescer, e sem elas eu não seria quem sou hoje.

Ao meu orientador pela sua compreensão, pela paciência e pelas correções a este
trabalho. Fico muito feliz e orgulhoso pelo aprendizado obtido e com o nosso resultado.

À Universidade de Pernambuco, à Escola Politécnica de Pernambuco e à sociedade, pela


oportunidade que tive de ser aluno desta escola tão importante para a engenharia brasileira.
Espero que, durante a minha carreira, eu possa retribuir um pouco para a construção de um
futuro melhor para as pessoas e para o meio ambiente.

À mainha (Dona Márcia) e à painho (Seu Julius). A vida por muitas vezes não foi fácil
com a gente, e nos cobrou muitos sacrifícios. Mas vocês são fortes, e ver vocês vencendo as
dificuldades da vida serviu de exemplo para mim sobre a força necessária para conquistar os
meus sonhos. Ao mesmo tempo vocês me ensinaram a ser sempre gentil, mesmo diante das
adversidades, o que talvez seja a minha maior qualidade. Vocês sempre acreditaram em mim e
me incentivaram a estudar, e se cheguei até aqui eu devo tudo a vocês. Obrigado por todo o
amor e o carinho, eu amo muito vocês, do fundo do meu coração!

À Naná, a fonte do meu amor e a razão da minha felicidade. A minha amiga,


companheira, parceira, namorada e esposa. Aquela que esteve e está sempre junto comigo, ao
meu lado, enfrentando todos os obstáculos e compartilhando todas as conquistas. Ela que me
inspira a ser melhor a cada dia, e me incentiva na busca dos meus sonhos, nos melhores e nos
piores momentos. Ela que é a paz que eu sonhei pra mim, e que ilumina o meu sorriso todos os
dias. Obrigado por tudo meu amor, eu te amo mais que tudo nesse mundo! “Pra sempre. E
depois.”

À Dona Maíra, Seu Guedes, Vovó Leninha e toda a família. Obrigado por me receberem
de forma tão gentil e por confiar em mim pra cuidar do nosso maior tesouro. Espero sempre
poder retribuir toda a confiança e carinho que vocês me deram. É impressionante o poder que
o amor tem de se multiplicar e de unir as pessoas. Além disso, agradeço à Dona Maíra por toda
a força, carinho e suporte que teve por mim durante esses anos, a senhora é ótima!
À toda a minha família, em especial às minhas irmãs Gaby, Isabelly e Julia, à vovó Ilda
e vovô Laércio, à vovó Cleide e vovô Everaldo, aos meus tios Netinho, César, Everaldinho e
Bruno, à tia Patrícia e tia Valda, e a todos os meus primos e primas. Vocês são as raízes que me
sustentam e me alimentam com o seu carinho, e permitem que eu possa dar bons frutos.

Aos meus filhotes, os felinos Rony, Mingau, Luna e Minerva. O companheirismo e a


lealdade de vocês são únicos! Durante muitas madrugadas, ou em momentos de extrema pressão
e cansaço, o carinho e o amor de vocês me fizeram enxergar o que realmente vale a pena nessa
vida. Meu amor por vocês é infinito!

A todos os meus professores do Ensino Fundamental, do Ensino Médio, da UFPE e da


POLI, além dos professores do CAIC. O meu respeito e admiração por vocês é incomparável.
“Se hoje eu posso ver mais longe, é porque estou sobre os ombros de gigantes.”.

Aos meus irmãos de farda do Tiro de Guerra 07-004, ao cachorro Supino, aos cabos
Viturino e Otacílio, à dona Rose, ao sargento Vieira e ao Subtenente Soares. Durante um dos
anos mais difíceis da minha vida, a camaradagem de vocês me deu forças para levantar e
continuar a jornada pelos meus sonhos.

Aos meus amigos da Escola Municipal CAIC Diogo de Braga, em especial à Dona Elza,
Dona Ana, Dona Gil, Josilda, Victor, Adriana, Michele, Sales, Pirulito, Dona Avani, Dona
Karine, Seu Brivaldo, Dona Marluce, Dona Adeilma, Dona Flávia, Seu Edinaldo, Seu Clécio,
Seu Adriano, Seu Valdriano, Bruno, João, Dona Cristiane, Maria, Sylvia, Teresa, Simone,
Cleidinha, aos felinos Caic e Diogo, enfim, a todos. Não foi fácil conciliar os estudos com o
trabalho, e por isso agradeço muito pela ajuda e pelo apoio de todos vocês durante esses anos.
Não poderia escolher um lugar melhor para trabalhar.

À Secretaria de Educação da Vitória de Santo Antão, pelos ônibus dos estudantes.


Apesar das dificuldades, vocês me ajudaram a percorrer a árdua jornada entre Vitória e Recife,
e diminuíram a distância entre mim e o meu sonho. Espero ter a chance de retribuir um dia.

Aos meus amigos, a todos vocês que estiveram comigo e que fizeram parte da minha
caminhada. São tantos que chega a ser injusto citar apenas alguns, mas espero que no fundo
vocês saibam o quão importantes foram pra mim. Cada um contribuiu de alguma forma para
que eu chegasse até aqui, e levo um pouco de vocês junto comigo a cada passo. “Nenhum
homem é uma ilha, completo em si próprio. Cada ser humano é uma parte do continente, uma
parte de um todo.”
RESUMO

Com o advento da Constituição Federal de 1988, tornou-se dever do Estado a criação de


políticas públicas com o intuito de democratizar o acesso à educação para todas as crianças e
adolescentes do país. Para tal, na década de 90 foi criado o Programa Nacional de Atenção à
Criança e ao Adolescente, com a proposta de construir complexos escolares em todo o Brasil.
Projetados pelo renomado arquiteto João Filgueiras com base nas suas experiências anteriores,
foi utilizado um sistema construtivo industrializado, com a fabricação de elementos
construtivos compostos de argamassa armada que eram transportados e montados no local,
trazendo agilidade e economia para o processo. Porém, poucas décadas após a sua construção,
os edifícios começam a apresentar uma série de manifestações patológicas que trazem
preocupação sobre a sua vida útil. Tendo isto em vista, este estudo teve o objetivo de identificar,
diagnosticar e sugerir propostas de tratamento para as manifestações patológicas identificadas
no Bloco A de um destes complexos escolares, localizado em Vitória de Santo Antão. O estudo
baseou-se nas diretrizes definidas pela ABNT NBR 16747:2020, que estabelece critérios para
a execução de serviços de inspeção predial, e contou com o levantamento de dados,
informações, vistorias, registro fotográfico das irregularidades observadas e o posterior
diagnóstico das mesmas. Foram constatadas uma série de manifestações patológicas causadas
por erros de projeto que trazem preocupação sobre a integridade estrutural do edifício, e dentre
as recomendações oferecidas destaca-se a necessidade de estudos complementares sobre as
irregularidades observadas nos pilares e nas escadas.

Palavras-chave: manifestações patológicas; recuperação estrutural; argamassa armada;


estruturas pré-fabricadas; CAIC.
ABSTRACT

With the advent of the Federal Constitution of 1988, it became a duty of the State to create
public policies with the aim of democratizing access to education for all children and
adolescents in the country. To this end, in the 1990s, the National Child and Adolescent Care
Program was created, with the proposal to build school complexes throughout Brazil. Designed
by renowned architect João Filgueiras based on his previous experiences, an industrialized
construction system was used, with the manufacture of constructive elements composed of
reinforced mortar that were transported and assembled on site, bringing agility and economy to
the process. However, a few decades after their construction, the buildings begin to show a
series of pathological manifestations that raise concerns about their useful life. With this in
mind, this study aimed to identify, diagnose and suggest treatment proposals for the
pathological manifestations identified in Block A of one of these school complexes, located in
Vitória de Santo Antão. The study was based on the guidelines defined by ABNT NBR
16747:2020, which establishes criteria for the execution of building inspection services, and
included data collection, information, inspections, photographic records of observed
irregularities and their subsequent diagnosis. A series of pathological manifestations caused by
design errors were found that raise concerns about the structural integrity of the building, and
among the recommendations offered, the need for further studies on the irregularities observed
in the pillars and stairs stands out.

Keywords: pathological manifestations; structural recovery; reinforced mortar; prefabricated


structures; CAIC.
LISTA DE IMAGENS

Imagem 1 – Edifícios de apartamentos para professores da Universidade de Brasília (Colina)


.................................................................................................................................................. 17

Imagem 2 – Centro Administrativo da Bahia ........................................................................... 18

Imagem 3 – Escada drenante projetada por Lelé...................................................................... 18

Imagem 4 – Escola transitória de Abadiânia ............................................................................ 19

Imagem 5 – Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs)................................................ 20

Imagem 6 – Hospital Sarah Brasília ......................................................................................... 22

Imagem 7 – Fachada do Bloco A ............................................................................................. 23

Imagem 8 – Área de influência da Unidade Escolar no município .......................................... 24

Imagem 9 – Célula de oxidação eletroquímica no concreto armado ........................................ 29

Imagem 10 – Fases da instalação do processo de corrosão em uma barra de armadura .......... 30

Imagem 11 – Limites do terreno da Unidade Escolar .............................................................. 33

Imagem 12 – Posicionamento dos Blocos do complexo escolar .............................................. 35

Imagem 13 – Planta baixa do Bloco A (Térreo e 1º pavimento) .............................................. 36

Imagem 14 – Pilar danificado................................................................................................... 37

Imagem 15 – Croqui do projeto de cobertura ........................................................................... 39

Imagem 16 – Cobertura do Bloco A......................................................................................... 40

Imagem 17 – Bolor e vegetação detectados ............................................................................. 40

Imagem 18 – Detalhamento do sistema de captação de águas pluviais ................................... 41

Imagem 19 – Obstrução dos ralos e acúmulo de água na cobertura......................................... 42

Imagem 20 – Irregularidades constatadas nas pestanas............................................................ 43

Imagem 21 – Detalhamento das vigas-calha ............................................................................ 45

Imagem 22 – Infiltração nas vigas-calha do 1º pavimento, se estendendo aos pilares


adjacentes.................................................................................................................................. 46

Imagem 23 – Processo corrosivo em uma das vigas-calha do térreo ....................................... 46


Imagem 24 – Seção dos pilares ................................................................................................ 47

Imagem 25 – Registos do estado de corrosão dos pilares ........................................................ 48

Imagem 26 – Reparos realizados de forma incorreta nos pilares ............................................. 48

Imagem 27 – Registro e diagrama de uma das escadas do Bloco A ........................................ 50

Imagem 28 – Registro da abertura de fissuras nos consolos dos degraus ................................ 50

Imagem 29 – Registro do início do processo corrosivo nas escadas ........................................ 51

Imagem 30 – Detalhamento e montagem das divisões verticais .............................................. 52

Imagem 31 – Fissuras e corrosão nos rodapés e nas vedações verticais .................................. 53

Imagem 32 – Desplacamento do piso da sala de informática................................................... 54


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Classificação das irregularidades constatadas ....................................................... 54

Quadro 2 – Medidas recomendadas para a correção das irregularidades ................................. 55


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AEE Atendimento Educacional Especializado

CAB Centro Administrativo da Bahia

CAIC Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente

CIEP Centro Integrado de Educação Pública

CEPLAN Centro de Planejamento da Universidade de Brasília

CIAC Centro Integrado de Atenção à Criança e ao Adolescente

EJA Educação de Jovens e Adultos

FAEC Fábrica de Equipamentos Comunitários

IAPB Instituto de Assistência e Previdência dos Bancários

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

NBR Norma Brasileira

PRONAICA Programa Nacional de Atenção à Criança e ao Adolescente

RENURB Companhia de Renovação Urbana

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

UnB Universidade de Brasília


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................... 13

1.1 Justificativa ................................................................................................................. 14

1.2 Objetivos ...................................................................................................................... 15

1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................................. 15

1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................... 15

2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 16

2.1 João da Gama Filgueiras Lima (o Lelé) e a concepção do projeto dos CAICs ..... 16

2.2 O objeto de estudo ...................................................................................................... 23

2.3 O estudo das manifestações patológicas ................................................................... 24

2.4 Vida útil e durabilidade das construções .................................................................. 25

2.5 Manutenção ................................................................................................................. 26

2.6 Principais causas das manifestações patológicas ..................................................... 27

3 METODOLOGIA ....................................................................................................... 31

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.............................................................................. 33

4.1 Levantamento e análise dos dados e documentação solicitados ............................. 33

4.2 Anamnese para a identificação de características construtivas da edificação ...... 35

4.3 Vistoria da edificação ................................................................................................. 38

4.4 Classificação das irregularidades constatadas ......................................................... 54

4.5 Recomendação das ações necessárias ........................................................................ 55

4.6 Organização das prioridades ..................................................................................... 57

4.7 Avaliação do uso e da manutenção da edificação .................................................... 58

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 60

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 62
13

1 INTRODUÇÃO

A edificação estudada neste trabalho é uma escola da rede municipal de educação


inaugurada em 27 de dezembro de 1994, e no momento é uma das maiores escolas em número
de alunos do município de Vitória de Santo Antão-PE. Localizada no bairro de Águas Brancas,
em uma região da cidade que passa por um acelerado crescimento habitacional nos últimos
anos, é uma das poucas escolas desta área da cidade que oferece turmas de Ensino Infantil e de
Ensino Fundamental 1, e é a única que tem turmas de Ensino Fundamental 2.

No início de sua existência, a escola fazia parte do Programa Nacional de Atenção à


Criança e ao Adolescente (PRONAICA), que tinha o objetivo de construir Centros de Atenção
Integrada à Criança e ao Adolescente (CAIC) em todo o Brasil como uma das políticas públicas
de Estado brasileiras propostas pelo governo de Fernando Collor de Melo e implantadas pelo
seu sucessor, Itamar Franco. Após a sua construção, passou para a administração do município
em 30 de junho de 1995, tendo entrado em funcionamento em 05 de fevereiro de 1996.

O projeto arquitetônico dos CAICs foi elaborado pelo renomado arquiteto brasileiro
João da Gama Filgueiras Lima, mais conhecido como Lelé, sendo composta por elegantes
palácios escolares constituídos, em sua maioria, por quatro blocos prediais semi-interligados,
sendo um deles uma quadra poliesportiva com uma icônica cobertura em formato de pirâmide
ou de prisma triangular, o que dá um aspecto arquitetônico único a este edifício.

Na sua construção foi aplicado um sistema construtivo baseado na utilização de


elementos estruturais e de vedação delgados e pré-fabricados compostos de argamassa armada,
com espessura aproximada de 3 cm, que depois de prontos eram transportados e montados no
local da obra, o que agilizava o processo e diminuía a necessidade de mão-de-obra especializada
(GOULART, 2014).

Apesar da qualidade do método construtivo, atualmente já se verifica a presença de


algumas manifestações patológicas nos elementos pré-moldados da estrutura, que tem pouco
mais de 25 anos. E embora a escola tenha passado por uma reforma no ano de 2020, não houve
um cuidado adequado com o tratamento das causas destas patologias, o que levou ao
ressurgimento dos danos na estrutura em um curto espaço de tempo.

O cuidado com a execução de manutenções preventivas durante a vida útil de uma


construção é necessário para manter o seu desempenho e qualidade de forma mais econômica.
Porém, quando essas medidas preventivas são negligenciadas, há a tendência do surgimento de
14

manifestações patológicas cada vez mais complexas na estrutura, elevando também os custos
para a correção dos problemas (SILVA JUNIOR, RIBEIRO e MEDEIROS, 2020).

Tendo em vista a importância desta escola para a comunidade daquela região, faz-se
necessária a elaboração de um estudo criterioso das patologias existentes na estrutura, de forma
a realizar um diagnóstico dos tipos e das causas das mesmas. Além disto, é preciso sugerir
métodos de tratamento para as manifestações e de prevenção de novos problemas, de forma a
prolongar a vida útil da edificação e permitir que a escola continue a oferecer seus serviços com
qualidade e segurança.

1.1 Justificativa

Atualmente, grande parte da administração pública da União, dos estados e dos


municípios brasileiros não têm uma cultura de elaboração de programas de manutenções
corretivas e de prevenção de manifestações patológicas em seus edifícios, e consideram que os
cuidados com os mesmos terminam no final de sua construção. As manutenções realizadas a
partir daí tem um caráter meramente estético ou corretivo na maioria dos casos, e ignora-se o
surgimento de problemas até que eles causem riscos para a utilização dos edifícios. Desta forma,
a falta de intervenções acaba dando margem para que a deterioração das estruturas diante do
surgimento de patologias ocorra de forma contínua com o passar dos anos, o que pode elevar
exponencialmente os custos com o seu tratamento no futuro ou até mesmo inviabilizar a sua
manutenção em certos casos.

É importante ressaltar a função social dessas edificações públicas, como escolas,


hospitais, praças, entre outros. Citando o caso do edifício em estudo, constata-se que ele é uma
das poucas escolas públicas naquela área da cidade, e a conservação das suas instalações é
essencial para garantir o acesso a uma educação de qualidade às crianças e adolescentes da
comunidade.

Tendo isso em vista, é fundamental a realização de estudos sobre as manifestações


patológicas presentes neste local, como forma de diagnosticar as causas e os tipos de patologias
existentes, e de apresentar medidas corretivas que possam ser tomadas para o tratamento destes
problemas. Espera-se também que este estudo possa servir de incentivo para a implantação de
programas de manutenções preventivas por parte dos gestores públicos deste município.
15

1.2 Objetivos

Com base nas justificativas expostas, seguem abaixo, de forma sucinta, os objetivos
pretendidos com o desenvolvimento deste estudo.

1.2.1 Objetivo Geral

Identificar, diagnosticar e sugerir propostas de tratamento para as manifestações


patológicas presentes em um edifício de uso escolar localizado no município de Vitória de Santo
Antão, no estado de Pernambuco.

1.2.2 Objetivos Específicos

 Detectar as manifestações patológicas presentes no edifício;


 Determinar as possíveis causas das manifestações patológicas;
 Propor ações para a recuperação dos elementos construtivos afetados pelas
manifestações patológicas e recomendar estudos complementares se necessário.
16

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo aborda conceitos importantes para o estudo das manifestações patológicas
realizado no complexo escolar localizado na cidade de Vitória de Santo Antão-PE.

2.1 João da Gama Filgueiras Lima (o Lelé) e a concepção do projeto dos CAICs

João da Gama Filgueiras Lima, também conhecido como Lelé, nasceu em 1932 no Rio
de Janeiro, onde se formou em Arquitetura no ano de 1955 pela então Universidade do Brasil,
que atualmente é a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 1957, ainda recém-
formado, mudou-se para Brasília, convidado a trabalhar em conjunto com o também arquiteto
Oscar Niemeyer durante as obras de implantação do Plano Piloto da nova capital federal.

Devido ao caráter único do projeto, ao seu aspecto grandioso e a sua localização, a


construção de Brasília foi um desafio sem precedentes na história da construção civil brasileira.
A limitação de matéria-prima e os problemas de logística relacionados ao transporte de material
até o local eram um obstáculo a mais para o cumprimento dos curtos prazos estabelecidos para
a conclusão da nova capital, trazendo a necessidade de um alto nível de eficiência e agilidade
nos processos construtivos.

Foi durante este período que começou a ligação de João Filgueiras com a racionalização
das construções. Trabalhando para o Instituto de Assistência e Previdência dos Bancários
(IAPB) como arquiteto construtor, esteve entre as suas responsabilidades a implantação do
acampamento dos operários e o gerenciamento das obras de blocos de apartamentos das
superquadras 108 e 109 da Asa Sul. E para contornar as dificuldades enfrentadas, Lelé apostou
na utilização de elementos pré-fabricados, que já eram enviados prontos para Brasília e
montados no local.

Em 1962, após a inauguração da capital, o então reitor da Universidade de Brasília


(UnB) Darcy Ribeiro implantou o Centro de Planejamento da Universidade de Brasília
(CEPLAN), com o intuito de conceber o projeto e a construção da própria universidade. Para
isto, nomeou Oscar Niemeyer como líder da equipe, e o mesmo convidou Lelé para ser seu
secretário executivo, além de coordenador do curso de pós-graduação em Arquitetura da UnB
(PAZ, 2014). Nesta época, entre outras criações de Lelé, destacam-se o Galpão de Serviços
17

Gerais (1962) e o Edifício de Apartamentos para Professores (1962), mais conhecido como
Colina (Imagem 1), os quais serviram de laboratório experimental do uso de estruturas pré-
fabricadas em concreto armado.

Imagem 1 – Edifícios de apartamentos para professores da Universidade de Brasília (Colina)

Fonte: Guerra e Marques (2015).

O interesse despertado em Lelé pela tecnologia da racionalização do uso do concreto


armado o levou ao leste europeu no ano seguinte, onde estudou sobre o tema da industrialização
da construção. Após a 2ª Guerra Mundial, muitos países da Europa empregaram o uso da pré-
fabricação de estruturas como forma de reconstruir as suas cidades, como a Alemanha, a União
Soviética, a Polônia e a Tchecoslováquia, e o aprendizado obtido por Lelé durante a viagem
serviu como base para o desenvolvimento de sistemas construtivos voltados para a realidade
climática e sociocultural do nosso país (GUIMARÃES, 2010).

Em 1973, a pedido de Mário Kertész, então Secretário de Ciência, Planejamento e


Tecnologia do Estado da Bahia, Lelé atuou no projeto do Centro Administrativo da Bahia
(CAB) (Imagem 2), no qual colocou em prática os conceitos obtidos até então do sistema
construtivo pré-fabricado. Kertész viu em Lelé e em seu método construtivo uma forma
econômica e eficiente de realizar obras públicas, e o mesmo o convidou, quando se tornou
prefeito de Salvador em 1979, a montar a fábrica da Companhia de Renovação Urbana
(RENURB) (PAZ, 2014).
18

Imagem 2 – Centro Administrativo da Bahia

Fonte: Guerra e Marques (2015).

O programa RENURB era ambicioso, e tinha como objetivo resolver diversos


problemas de infraestrutura básica com o uso da pré-fabricação, como o saneamento básico, a
acessibilidade e a micro e a macrodrenagem urbana. A ocupação desordenada de Salvador,
principalmente em áreas de topografia acidentada, dificultava a solução dessas questões, pois
os maquinários convencionais não conseguiam acessar alguns destes pontos. Tendo isso em
vista, e utilizando como base os estudos realizados pelo engenheiro italiano Pier Luigi Nervi na
década de 40 sobre o ferro-cimento, Lelé desenvolveu a argamassa armada, que permitiu a
confecção de peças pré-fabricadas mais leves do que as feitas até então em concreto armado,
facilitando o seu transporte até as favelas e o trabalho dos operários (Imagem 3) (SILVA, 2017).

Imagem 3 – Escada drenante projetada por Lelé

Fonte: Guerra (2016).

Em 1982, Lelé saiu de Salvador e foi até Abadiânia, uma cidade do estado de Goiás
extremamente pobre, a convite do então prefeito Vander Almada, onde atuou em conjunto com
o líder comunitário Frei Matheus Rocha na criação de uma pequena fábrica de produção de
elementos pré-fabricados em argamassa armada, como vedações, piso, cobertura e estrutura. O
19

objetivo de Lelé era criar um método de implantação de escolas rurais sem a necessidade do
uso de mão de obra especializada, e que pudesse ser replicado em todo o estado de Goiás
(MIYASAKA et al., 2016), como mostra a Imagem 4. Durante este experimento, o método
desenvolvido por Lelé ganhou maturidade, e serviu como um laboratório fundamental para
verificar o potencial da argamassa armada na construção de edifícios mais complexos e em
maior escala.
Imagem 4 – Escola transitória de Abadiânia

Fonte: Lima (1984).

Leonel Brizola, governador eleito do estado do Rio de Janeiro em 1983, delegou a Darcy
Ribeiro, seu vice, a missão de estabelecer centenas de CIEPs (Centros Integrados de Educação
Pública). Projetados por Oscar Niemeyer, eram grandes escolas que visavam transformar a
educação pública de todo o estado, funcionando em tempo integral e atendendo crianças e
adolescentes em situações de vulnerabilidade. Darcy, com base na sua experiência trabalhando
com Lelé em Brasília, visitou a escola de Abadiânia e viu a possibilidade de replicar este
protótipo com mais escala como solução para a implantação dos CIEPs (Imagem 5). Desta
forma, convidou Lelé para implantar a Fábrica de Escolas e Equipamentos Urbanos do Rio de
Janeiro, entre os anos de 1984 a 1986. Além da construção de escolas em todo o estado, a
fábrica também produzia diversos elementos pré-fabricados que foram utilizados na
infraestrutura urbana e em equipamentos públicos, assim como foi feito na RENURB em
Salvador (MELO; PEREIRA, 2020).
20

Imagem 5 – Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs)

Fonte: Prefeitura Municipal de Quatis (2022).

Voltando a Salvador no segundo mandato de Mário Kertész como prefeito, Lelé foi
incumbido de construir a Fábrica de Equipamentos Comunitários (FAEC), onde seguiu as
experiências anteriores de produção de elementos pré-fabricados como forma de melhorar as
condições de vida das populações mais carentes. Foi também na FAEC que Lelé incorporou o
uso de estruturas em aço em conjunto com a argamassa armada, levando esta técnica adiante
nos seus próximos projetos.

As experiências obtidas com os CIEPs e com a FAEC foram utilizadas como referência,
pelo governo federal, para a criação do projeto de implementação dos Centros Integrados de
Atenção à Criança e ao Adolescente (CIAC). Criados durante o governo de Fernando Collor,
eram parte do Projeto Minha Gente, uma política pública que tinha como objetivo construir
5000 unidades educacionais em todo o Brasil, oferecendo creches, pré-escolas e o ensino de 1º
e 2º grau, além de ações integradas nas áreas da saúde, de assistência e de promoção social, de
forma a diminuir os impactos da pobreza sobre a população das periferias brasileiras (IPEA,
1995).

Mas por conta de questões políticas e pela instabilidade do governo, agravada com o
processo de impeachment de Fernando Collor, houve uma série de cortes orçamentários na
implantação do projeto. Itamar Franco, após assumir a presidência, fez uma série de mudanças
na estrutura do Projeto Minha Gente no ano de 1994, mudando a sua denominação para
Programa Nacional de Atenção à Criança e ao Adolescente (PRONAICA), e os CIACs
passaram a ser chamados de Centros de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (CAIC).
A responsabilidade sobre o projeto foi também descentralizada, sendo agora dividida entre a
21

União, os estados e os municípios, conforme explicado no Texto para Discussão nº 363: “CAIC:
solução ou problema?” do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) (1995, p. 11):

O governo federal tem como principais responsabilidades no programa: a elaboração


do projeto arquitetônico e de engenharia; a construção da estrutura física; os
equipamentos; a manutenção das equipes de coordenação geral e técnica; a realização
de pesquisas para a avaliação do programa; a assistência ao estudante pelos programas
da Fundação de Assistência ao Estudante — FAE (Alimentação; Livro Didático;
Material Escolar e Bibliotecas Escolares).

Aos governos estaduais compete assegurar os recursos humanos necessários ao


funcionamento — dirigentes e docentes — e compartilhar com os municípios as
despesas de operação e manutenção dos CAIC's.

Aos municípios competem a aquisição do terreno e a manutenção dos CAIC's, com o


uso de recursos próprios ou do apoio financeiro estadual, de organismos privados e
da comunidade local.

Devido às discordâncias envolvendo as construtoras que participavam do projeto,


suspeitas de corrupção e o descaso das partes envolvidas, Lelé acabou se desligando das suas
funções. O projeto original proposto por ele tinha o objetivo de construir escolas baratas e com
um certo nível de conforto ambiental, mas a sua saída abriu espaço para tantas modificações no
projeto que acabaram descaracterizando a sua concepção original (GOULART, 2014).

Após essa experiência, Lelé atuou em muitos outros projetos de destaque, como o seu
trabalho no Centro de Tecnologia da Rede Sarah (CTRS) (Imagem 6), onde elaborou os projetos
e as obras dos hospitais da Rede Sarah de Hospitais do Aparelho Locomotor, e também várias
unidades do Tribunal de Contas da União na região nordeste, assim como o Tribunal Regional
Eleitoral da Bahia.
22

Imagem 6 – Hospital Sarah Brasília

Fonte: Guerra e Marques (2015).

Lelé faleceu em Salvador no dia 21 de maio de 2014, aos 82 anos, e deixou um legado
enorme para a Arquitetura e a Engenharia Civil nacional. Teve uma carreira marcada pelo
apreço à inovação e pela busca constante da melhoria da qualidade de vida das populações em
situação de vulnerabilidade.

É importante ressaltar que o perfil das obras nas quais esteve envolvido favoreceu a
aplicação das suas experiências com seu novo método construtivo. Projetos de edifícios que,
em sua grande maioria, tinham caráter institucional, escolar ou hospitalar, permitiam a Lelé
uma maior liberdade no desenvolvimento conjunto de sua técnica e criatividade, onde o mesmo
mostrou seu conhecimento refinado e a sua capacidade de se adaptar a projetos dos mais
diversos tipos.

Pode-se dizer que seu trabalho se caracterizou pelo apreço à inovação. Investindo na
racionalização e na industrialização das construções, Lelé propôs processos construtivos com o
uso de elementos pré-fabricados que evoluíram ao longo de sua carreira, começando com o uso
do concreto armado, passando pelo uso pioneiro da argamassa armada e chegando ao uso do
aço estrutural, tudo isso como forma de oferecer construções mais eficientes e econômicas a
fim de resolver problemas estruturais de muitas cidades brasileiras.
23

2.2 O objeto de estudo

O complexo escolar que é o objeto deste estudo está localizado no município de Vitória
de Santo Antão, na Zona da Mata do estado de Pernambuco (Imagem 7). Foi inaugurado em 27
de dezembro de 1994, no final do governo do presidente Itamar Franco, pelo então prefeito
Elias Alves de Lira. O ano de 1995 foi dedicado à aquisição de equipamentos e a resoluções de
questões burocráticas, dentre as quais a cedência da responsabilidade administrativa do prédio,
por parte do Ministério da Educação e do Desporto, para a gestão da prefeitura do município,
em 30 de junho de 1995.

Imagem 7 – Fachada do Bloco A

Fonte: Autoria própria.

Por conta disto, o primeiro dia letivo só ocorreria em 05 de fevereiro de 1996, e o


primeiro corpo discente da escola foi formado por alunos de duas escolas municipais que foram
extintas após a construção do CAIC: o Grupo Escolar Municipal 7 de Setembro e a Escola
Municipal Antonio Vicente de Andrade, ambas localizadas no bairro de Águas Brancas, além
de crianças, jovens e adolescentes da comunidade.

Ele está localizado na região nordeste da cidade, no bairro de Águas Brancas, a cerca de
2,0 km da Praça da Matriz, no centro da cidade, e também atende a população dos bairros do
Cajá, Matadouro, Militina e Santana, além de regiões da zona rural do município. Está
posicionado numa área da cidade que passa por um processo de acelerada urbanização nos
últimos quinze anos, com o surgimento de diversos loteamentos e conjuntos habitacionais,
como o Loteamento Major Expedito, o Loteamento Veneza, o Loteamento Bairro Nobre, o
24

Residencial Águas Claras e o Residencial Jardins da Vitória, além de outras áreas de habitações
e ocupações clandestinas (Imagem 8).

Imagem 8 – Área de influência da Unidade Escolar no município

Fonte: Adaptado de Google Maps (2022).

Apesar disto, é uma das poucas escolas públicas deste ponto da cidade, e oferece turmas
das Modalidades de Ensino Infantil, de Ensino Fundamental e de Educação de Jovens e Adultos
(EJA), além do Atendimento Educacional Especializado (AEE) para alunos com necessidades
especiais. No total, admite cerca de 1000 alunos em dois turnos de aula, pela manhã e pela
tarde, e tem por volta de 120 professores e funcionários.

2.3 O estudo das manifestações patológicas

O estudo das manifestações patológicas é uma área de atuação relativamente recente da


Engenharia Civil, e busca estudar as formas das manifestações das patologias, as suas origens,
os seus mecanismos de ação e as suas consequências para o desempenho e a durabilidade das
estruturas.

Antigamente só eram consideradas, na concepção dos projetos de engenharia civil, as


questões de segurança e estabilidade perante as solicitações mecânicas incidentes sobre as
estruturas. As questões relacionadas à durabilidade e ao desempenho durante a sua vida útil
geralmente não eram levadas em consideração, pois havia a crença de que o concreto armado
25

conservava as suas propriedades químicas, físicas e mecânicas de forma permanente com o


passar do tempo (ANDRADE, 1997).

Porém, com o envelhecimento das estruturas e a observação de padrões de degradação


das mesmas quando sujeitas a condições específicas, surgiu a necessidade econômica, técnica
e social de se realizar estudos sobre tais anomalias e estabelecer outros critérios construtivos
para assegurar a qualidade das construções. Os conhecimentos relacionados a esta ciência têm
avançado muito ao longo do tempo, sendo o resultado do conjunto entre as experiências
cotidianas da engenharia civil e as pesquisas científicas desenvolvidas por diversas instituições
nacionais e estrangeiras.

As manifestações patológicas podem ser classificadas inicialmente quanto ao seu


diagnóstico e prevenção. Podem ser identificadas como simples aquelas manifestações que
fazem parte de um padrão, e que podem ser resolvidas sem que o profissional técnico
responsável necessite de conhecimentos especializados. Já as manifestações complexas
requerem uma análise mais detalhada, além de um profundo conhecimento do assunto
(SOUZA; RIPPER, 2009).

2.4 Vida útil e durabilidade das construções

A ABNT NBR 6118:2014, que estabelece diretrizes para projetos de estruturas de


concreto armado, dá a seguinte definição sobre vida útil de projeto:

Por vida útil de projeto, entende-se o período de tempo durante o qual se mantêm as
características das estruturas de concreto, sem intervenções significativas, desde que
atendidos os requisitos de uso e manutenção prescritos pelo projetista e pelo
construtor, [...] bem como de execução dos reparos necessários decorrentes de danos
acidentais. (ABNT, 2014, p. 15).

Uma estrutura atinge o final de sua vida útil quando não consegue mais desempenhar a
função para a qual foi projetada. Embora isso possa ser revertido por meio de reparos,
eventualmente os custos para tal tornam o serviço antieconômico ou até mesmo impraticável.
O tempo de serviço, determinado em projeto, é o período em que a estrutura se mantém útil, o
que depende de vários fatores, como sua natureza, sua função, os materiais empregados, entre
outros (DYER, 2015).
26

O desempenho de uma estrutura consiste na sua capacidade de manter o seu


comportamento em serviço ao longo da sua vida útil, sem demonstrar danos que possam
comprometer o seu funcionamento. Conhecer a vida útil e a curva de deterioração de uma
estrutura são aspectos fundamentais na concepção de orçamentos e de programas de
manutenção adequados (SOUZA; RIPPER, 2009).

O desempenho pode variar de uma estrutura para outra, pois depende das exigências
empregadas no seu projeto e execução, e nos cuidados com a sua manutenção durante o seu
uso. Além disto, dependem também das condições ambientais as quais estão expostas
(POSSAN; DEMOLINER, 2013). Algumas estruturas já iniciam o seu funcionamento de forma
insatisfatória, enquanto outras atingem o fim da sua vida útil demonstrando ainda um bom
desempenho. Quando uma estrutura apresenta um mal desempenho em algum momento isto
não significa que ela está condenada, e a avaliação deste tipo de situação é um dos maiores
objetivos do estudo das manifestações patológicas, que busca intervir tecnicamente para
reabilitar a estrutura sempre que possível (SOUZA; RIPPER, 2009).

A associação dos conceitos de vida útil e de desempenho levam ao conceito de


durabilidade, que pode ser definida como a capacidade que uma estrutura tem de resistir aos
efeitos agressivos do ambiente em que está inserida. A durabilidade de uma estrutura é o que
garante o seu desempenho, e por consequência, a sua vida útil, e para tal requer um conjunto de
soluções de projeto, execução e manutenção que mantenham o funcionamento adequado da
estrutura.

2.5 Manutenção

Uma estrutura deve ser projetada com um determinado tempo de vida útil, como forma
de garantia da qualidade do serviço executado para o cliente. Porém, os materiais e sistemas
utilizados na sua construção nem sempre acompanham a vida útil dela, e nem poderiam, sob o
risco de encarece-la demasiadamente. Tendo isso em vista, entende-se o conceito de
manutenção como o conjunto de atividades que têm a finalidade de garantir o desempenho e
prolongar a vida útil de uma estrutura a um baixo custo-benefício.

Sob os pontos de vista econômico e ambiental, é inaceitável tratar uma estrutura como
se fosse um produto descartável, e isto exige o cuidado constante com a manutenção delas para
evitar que sejam tiradas de serviço antes de atingirem a sua vida útil. Devido aos seus custos a
27

manutenção não pode ser feita de modo improvisado, e deve ser entendida como um serviço
técnico programável e um investimento que preserva o valor patrimonial do imóvel (ABNT,
2012).

2.6 Principais causas das manifestações patológicas

As manifestações patológicas, com raras exceções, apresentam-se de forma


característica nos elementos que compõem as estruturas, o que permite a dedução da sua
natureza, da sua origem e os mecanismos das causas, além de suas possíveis consequências.
Estes sintomas podem ser classificados por meio de uma observação visual detalhada e
experiente por parte de um técnico qualificado (HELENE, 1992).

Os problemas patológicos, em sua grande maioria, são originados por falhas decorrentes
da realização dos processos de concepção, execução e utilização das estruturas. E como forma
de se evitar estes problemas, são necessários alguns cuidados durante estas etapas. Na
concepção de um projeto, o profissional deve utilizar seu conhecimento técnico e a sua
experiência para se antecipar aos possíveis problemas que que possam decorrer das suas
escolhas projetuais. Durante a execução, o responsável por esta etapa deve seguir fielmente o
estabelecido no projeto, e utilizar materiais de qualidade durante os serviços. E durante a
utilização da estrutura, devem ser realizados periodicamente os procedimentos de manutenção
preventiva e corretiva, como forma de zelar pela vida útil da mesma (SOUZA; RIPPER, 2009).

A análise de uma estrutura que apresenta manifestações patológicas requer o


entendimento das causas do seu surgimento e desenvolvimento, pois só assim é possível tratar
a patologia e recuperar os danos. Conhecer as origens dos fatores deletérios de uma estrutura é
fundamental, pois além de recuperar a estrutura, garante que ela não volte mais a se deteriorar
após os reparos.

 Cobrimento de armaduras insuficiente

Dentre os fatores que favorecem a durabilidade das estruturas de concreto armado, a


espessura e a qualidade do concreto do cobrimento da armadura estão entre os mais importantes.
O cobrimento é uma camada de proteção para as armaduras, protegendo as mesmas dos efeitos
deletérios que os agentes agressivos do ambiente em que a estrutura está inserida podem causar.
28

A proteção fornecida por esta camada se dá de forma física, através da estanqueidade, e


química, devido à formação de uma película passivadora gerada pelo pH altamente alcalino da
massa de concreto.

O fracasso na obtenção de um cobrimento adequado pode desencadear outros processos


patológicos, como a abertura de fissuras e a carbonatação do concreto, que por sua vez deixam
as armaduras vulneráveis à corrosão prematura, o que, por sua vez, é o principal efeito deletério
das estruturas de concreto armado e o que traz maiores custos de manutenção (MARSH, 2003).

 Fissuração

Talvez a manifestação patológica mais marcante das construções em concreto armado,


as fissuras são o dano mais encontrado comumente em vistorias, e em casos mais graves, como
em deformações muito acentuadas, é um dos que mais chama a atenção dos leigos para o fato
de que algo incomum está acontecendo (SOUZA; RIPPER, 2009).

Considerando que a resistência à tração do concreto é bem menor que a sua resistência
à compressão, o aparecimento de fissuras pode ser provocado por certos esforços localizados
de tração. Muitas vezes, ela decorre de esforços associados a fenômenos térmicos ou de
retração, ou até mesmo por conta de movimentações diferenciais em pontos de contato entre
diferentes materiais. Nestes casos, a sua repercussão na estabilidade da estrutura é baixa, mas
pode ocasionar problemas de desempenho e estanqueidade. Porém, em alguns casos, ela resulta
da incapacidade da estrutura de suportar as cargas e tensões atuantes, o que gera preocupações
sobre a segurança estrutural (SILVA FILHO; HELENE, 2011).

 Infiltração

A água é um dos maiores fatores de degradação das estruturas, seja de forma direta,
atuando como agente deletério, ou indireta, ao atuar como meio de transporte de outros agentes
agressivos. Existem várias formas de infiltração de água nas construções, que pode advir da
umidade presente no solo, das águas pluviais, infiltrada através de fissuras ou aberturas, dentre
outras maneiras (RIGHI, 2009).

As maiores causas de infiltração em construções decorrem de erros cometidos durante


a etapa de projeto, ao não se considerar a execução de serviços de impermeabilização nas áreas
da estrutura mais expostas à umidade (fundações e cobertura). A falta de manutenção periódica
29

também pode causar problemas patológicos sérios, ao permitir a infiltração constante de águas
pluviais e o entupimento de drenos, fatores que aceleram o processo de deterioração da estrutura
e diminuem o seu desempenho.

 Corrosão das armaduras

O fenômeno da corrosão de armaduras no concreto armado tem natureza eletroquímica,


e esta reação de oxidação pode ser acelerada devido a presença de agentes agressivos, sejam
eles externos, oriundos do ambiente ao redor, ou internos, incorporados ao concreto. O processo
corrosivo necessita de três fatores para ocorrer, que são a presença de umidade, de oxigênio e
a criação de uma célula de oxidação eletroquímica, formada pela despassivação da armadura,
como mostra a Imagem 9 (HELENE, 1992).

Imagem 9 – Célula de oxidação eletroquímica no concreto armado

Fonte: Helene (1986).

Após a concretagem é formada uma solução aquosa no concreto de pH alcalino, que cria
uma película passivante em volta de toda a superfície das barras. Essa película protege as barras,
impedindo a dissolução do ferro e a sua oxidação. Mas a ação de agentes agressivos no concreto
armado tem o potencial de diminuir esse pH, até o ponto de causar um diferencial eletroquímico
que dá início ao processo de deterioração das armaduras.

O processo de corrosão das armaduras ocorre de sua periferia para o seu interior, com a
transformação gradual da seção de aço em ferrugem. Este é o aspecto mais perigoso da
corrosão, por diminuir a capacidade resistente da armadura ao diminuir a sua área de aço. Além
30

disto, ocorre a perda de aderência entre o aço e o concreto, prejudicando ainda mais o
desempenho da estrutura com relação às solicitações atuantes (SOUZA; RIPPER, 2009).

Um dos subprodutos do processo corrosivo é o óxido férrico hidratado, que possui


volume entre seis e dez vezes maior que o volume original da barra de aço. Essa expansão
volumétrica causa tensões internas de tração no concreto armado, que tem baixa resistência à
tração, o que gera fissuras que acompanham o comprimento das armaduras. Além disso, o
processo de expansão e a perda de aderência entre o aço e o concreto causam o desplacamento
do concreto, acelerando ainda mais a penetração de agentes agressivos e a deterioração da
estrutura, como pode ser visto na Imagem 10 (FELIX et al., 2018).
Imagem 10 – Fases da instalação do processo de corrosão em uma barra de armadura

Fonte: Souza e Ripper (2009).

 Causas biológicas

A maior parte dos fatores biológicos que causam manifestações patológicas causam
pouca preocupação com relação a durabilidade das estruturas, mas o crescimento de mofo, bolor
e musgos causam problemas estéticos. Em alguns casos, o surgimento de vegetação pode causar
danos significativos, devido ao crescimento de raízes dentro dos elementos construtivos. A
atividade bacteriana, porém, pode produzir substâncias capazes de danificar o concreto por
diversos tipos de ataques químicos, como o ataque de sulfatos (DYER, 2015).
31

3 METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa de natureza aplicada, com abordagem qualitativa e objetivo
exploratório, na qual a coleta e a análise dos dados foram feitas por meio da associação de uma
pesquisa bibliográfica com a pesquisa de campo. Este estudo foi desenvolvido entre os meses
de março e outubro do ano de 2022.

A pesquisa bibliográfica, que teve o objetivo de trazer o referencial teórico necessário


para este estudo, foi elaborada por meio da revisão de trabalhos já produzidos sobre o tema,
como normas brasileiras, normas regulamentadoras, artigos científicos, estudos de caso, teses
e dissertações. Em especial, destaca-se a importância da ABNT NBR 16747:2020 (Inspeção
predial – Diretrizes, conceitos, terminologia e procedimento) para este estudo, que serviu de
base para a inspeção predial realizada na pesquisa de campo.

A lógica do sistema de inspeção predial proposto por esta NBR baseia-se na realização
de um exame “clínico geral”, onde são avaliadas as condições globais da edificação e a
existência ou não de problemas relacionados a sua conservação ou funcionamento, baseados
por uma análise fundamentalmente sensorial feita por um profissional habilitado para tal.
Posteriormente, de acordo com os resultados obtidos, podem ser recomendadas análises mais
específicas, com a intenção de aprofundar o diagnóstico das anomalias encontradas (ABNT,
2020).

Desta forma, a pesquisa de campo procurou seguir, sempre que possível, as etapas da
metodologia da inspeção predial propostas por esta NBR, planejando os procedimentos
adotados em cada etapa conforme a tipologia do edifício, as suas características construtivas, a
idade da construção, as instalações e equipamentos e a qualidade das informações e
documentações obtidas.

Pode-se dividir a execução das etapas da inspeção predial em quatro fases. Na primeira,
foi realizado o levantamento de dados e documentações sobre a edificação, seguida da análise
do material obtido. Ainda nesta fase realizou-se a anamnese do edifício, por meio do seu
histórico de utilização e de entrevistas com funcionários. Esta fase inicial tem o objetivo de
coletar informações relevantes que auxiliem no planejamento das etapas seguintes, como o
histórico de manutenções e reformas do edifício.
32

Na segunda fase foi realizada uma vistoria sensorial no edifício em análise,


conjuntamente com a produção de um relatório fotográfico das manifestações patológicas
encontradas nos elementos estruturais e de vedação do local.

Posteriormente, na terceira fase, foi realizada uma análise dos dados obtidos durante a
inspeção predial, com a classificação das irregularidades constatadas, a determinação e o
mapeamento dos tipos de manifestações patológicas existentes e as suas possíveis causas.

Por fim, a quarta fase consistiu da elaboração de um conjunto de recomendações sobre:


a necessidade de estudos mais especializados e de ensaios técnicos para o refinamento do
diagnóstico; sobre medidas para o tratamento e a recuperação dos elementos danificados, e a
prevenção de novas patologias; e sobre a ordem de prioridade das correções das anomalias.
Nela, também são avaliados a manutenção e o uso da edificação.

Seguindo as diretrizes da ABNT NBR 16747:2020, este estudo visa identificar, de forma
sensorial, as anomalias presentes nos elementos estruturais e de vedação do edifício em questão,
sejam elas de ordem estrutural ou estética, como infiltrações, fissuras, trincas e outros vícios
e/ou defeitos construtivos, de forma a fazer um exame preliminar das condições de uso e
manutenção do edifício.

O estudo foi restrito ao Bloco A da edificação, sendo inspecionadas todas as suas


dependências, como salas de aula, corredores, banheiros e cozinha, além de seu perímetro
externo, para a identificação das anomalias construtivas e eventuais falhas na manutenção que
pudessem ser detectadas visualmente. Todos os eventos detectados foram registrados
fotograficamente para compor o diagnóstico aqui apresentado.

Devido ao caráter preliminar deste estudo, não foram previstos no seu escopo trabalhos
de prospecção e ensaios de laboratórios, além de vistorias de outros profissionais especializados
como engenheiro eletricista, mecânico, ou formação de equipe multidisciplinar. Porém, com
base nos resultados encontrados, elencou-se uma série de medidas e estudos complementares
necessários para o refinamento do diagnóstico e a confirmação das hipóteses levantadas sobre
as causas das anomalias encontradas. Também foram feitas recomendações técnicas acerca das
medidas necessárias para a reparação das anomalias, e indicou-se a ordem de prioridade da
execução das mesmas com relação ao grau de risco que estas patologias oferecem aos usuários
desta edificação.
33

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Seguindo a metodologia proposta, seguem descritas abaixo, de forma detalhada, todas


as etapas desenvolvidas por este estudo.

4.1 Levantamento e análise dos dados e documentação solicitados

Tipo do terreno:

 Topografia: Terreno nivelado, com cortes e aterros em alguns pontos dos muros de
divisa.
 Coordenadas geográficas: -8.10240º S, -35.28414º O.
 Área total: aproximadamente 21.000 m2
 Limites do terreno: Sua fachada Sul está voltada para a Rua Água Branca, e contém o
acesso para o estacionamento; A fachada Oeste faceia toda a extensão da Rua 01, e nela
está localizado o acesso principal do edifício; A fachada Norte faz divisa com o
Condomínio Águas Claras; a fachada Leste faz divisa com algumas residências e
terrenos baldios (Imagem 11).
Imagem 11 – Limites do terreno da Unidade Escolar

Fonte: Google Maps (2022).


34

Tipo da edificação:

 Tipologia: Complexo escolar composto por três blocos de edifícios com salas de aula e
uma quadra poliesportiva.
 Método construtivo: Construção modulada, com o uso de peças pré-fabricadas de
argamassa armada em todos os elementos construtivos, como pilares, vigas, lajes,
cobertura, escadas, pisos e vedações verticais.
 Idade: 27 anos
 Área total edificada do complexo: 6.500 m2
 Área total edificada do Bloco A: 1.610 m2

Documentação:

Foram solicitados à direção da escola os seguintes documentos:

 Plantas do edifício;
 Projetos executivos;
 Manual de uso, operação e manutenção.

A direção e demais funcionários mais antigos da instituição informaram que nunca


tiveram contato com esse tipo de documentação na escola. Quando indagados sobre se este tipo
de documento poderia estar em posse da secretaria de educação ou da prefeitura, afirmaram não
saber, mas acrescentaram que, devido ao tempo passado desde a inauguração do local,
provavelmente estes documentos devem ter sido perdidos.
35

4.2 Anamnese para a identificação de características construtivas da edificação

O edifício estudado possui em torno de 21.000 m2 de área total e 6.500 m2 de área


construída, dividida em uma quadra poliesportiva e três blocos de salas de aula interligados
entre si e com espaços abertos entre eles, como mostra a Imagem 12. O Bloco A é o principal,
recebendo a maioria das turmas de Ens. Fundamental e as salas da administração. O Bloco B
recebe também algumas turmas de Ens. Fundamental e os alunos do AEE, e parte dele foi
cedido à Secretaria de Saúde do município para se tornar um posto de saúde. E no Bloco C é
onde funcionam as turmas de Ensino Infantil.
Imagem 12 – Posicionamento dos Blocos do complexo escolar

Fonte: Autoria própria.

Detalhando um pouco mais o objeto de estudo, o Bloco A contém no térreo as salas da


administração, como a diretoria, a secretaria e a coordenação pedagógica. Além disto, tem uma
sala de arquivo de documentos, um laboratório de informática, um laboratório de ciências, uma
sala com banheiro para os funcionários, dois banheiros para os alunos (feminino e masculino),
um refeitório, uma cozinha, uma dispensa de alimentos, três salas de funcionários ao lado da
cozinha e o hall de entrada.
36

Este hall contém duas escadas que levam ao piso superior do edifício, onde existem 12
salas de aula, uma sala dos professores e duas salas de armazenamento de material, como mostra
a Imagem 13.
Imagem 13 – Planta baixa do Bloco A (Térreo e 1º pavimento)

Fonte: Adaptado de Melo e Pereira (2020).

Durante essas quase três décadas de existência, a ausência dos devidos cuidados com a
manutenção preventiva do edifício acabou dando margem para o surgimento de manifestações
patológicas nos elementos construtivos. Além disto, as ações antrópicas negativas da
comunidade ao redor também contribuíram para a aceleração da deterioração de alguns
elementos.

Assim como visto em outros CAICs, a situação da escola em questão evoluiu para um
estado de total abandono por parte do poder público, devido à falta de investimentos e de
37

funcionários suficientes para atender um edifício deste porte, tendo salas de aula funcionando
com a ausência de itens básicos como portas, janelas, energia elétrica, entre outros. A escola
chegou ao ponto de ter partes do seu muro de divisa derrubadas, o que piorou ainda mais a
segurança do local, tornando-se alvo da prática de atividades ilícitas como o uso e venda de
entorpecentes em alguns pontos do local, além de atos de vandalismo e de furto de
equipamentos.

Com o objetivo de resolver estes problemas, a prefeitura do município realizou serviços


de reforma de partes do edifício durante o ano de 2020, com a aplicação de grades de proteção
nos vãos das janelas, a colocação de novas portas e janelas, a aplicação de pintura nas paredes,
a recuperação e o aumento da altura dos muros de divisa, dentre outros serviços.

Porém nota-se que, durante os serviços de reforma, não houve o devido cuidado com o
tratamento das causas de algumas das manifestações patológicas e com a recuperação dos
elementos construtivos, pois poucos meses após à obra a edificação já mostra sinais de que as
manifestações patológicas preexistentes continuam a danificar algumas das peças componentes
da construção, como pode ser visto na Imagem 14.

Imagem 14 – Pilar danificado

Fonte: Autoria própria.


38

4.3 Vistoria da edificação

A vistoria foi realizada no Bloco A do complexo escolar nos dias 12/09/2022 e


13/09/2022, no período da tarde, com o auxílio de um funcionário da escola.

Durante a vistoria, foram inspecionados os seguintes elementos construtivos:

 Cobertura e impermeabilização
 Sistema de captação de águas pluviais
 Pestanas
 Lajes
 Vigas-calha
 Pilares
 Escadas
 Vedações verticais
 Pisos

Devido a característica modulada do prédio, constatou-se que algumas das patologias


encontradas se repetem em vários pontos do edifício. Desta forma, para dar mais objetividade
à análise e evitar que este estudo ficasse muito repetitivo, estas anomalias que se repetem foram
abordadas de forma conjunta.

 Cobertura e impermeabilização

A cobertura do edifício foi feita com o uso de um tipo de telha capa e canal plana
diferente do utilizado comumente em residências, como pode ser visto na Imagem 15. Elas são
elementos pré-fabricados em argamassa armada com dimensões maiores do que o normal e
espessura de 1 cm, e, de acordo com a metodologia utilizada pelo seu idealizador, tinham a
função extra de criar um colchão de ar entre as telhas que deveria servir como isolante para
melhorar o desempenho térmico da construção.
39

Imagem 15 – Croqui do projeto de cobertura

Fonte: Lima (1984).

Além das telhas, há também a presença de sheds, elementos pré-fabricados em


argamassa armada comuns na Europa que têm a finalidade de permitir a entrada de iluminação
zenital no interior do prédio e a ventilação do ambiente por promover a troca de ar entre o
interior e o exterior (Imagem 16).

Durante a vistoria notou-se a ausência de impermeabilização dos elementos da


cobertura. Segundo relatos, durante a última reforma foram realizados apenas serviços de
limpeza e de pintura destas estruturas, além da adição de cobogós nas aberturas dos sheds, por
questões de segurança.
40

Imagem 16 – Cobertura do Bloco A

Fonte: Autoria própria.

Na Imagem 17, constata-se a presença de bolor e musgo nesses elementos, e em alguns


pontos nota-se também a presença de vegetação. As prováveis causas para estas manifestações
patológicas são a ausência de impermeabilização nestes elementos e o acúmulo de água da
chuva causado pela obstrução parcial do sistema de captação de águas pluviais.
Imagem 17 – Bolor e vegetação detectados

Fonte: Autoria própria.


41

 Sistema de captação de águas pluviais

O sistema de captação de águas pluviais foi projetado seguindo a modulação do edifício.


Quando chove, a água acumulada pela cobertura, que se assemelha a uma laje plana, é
direcionada para a parte superior das vigas. Funcionando como calhas, elas conduzem a água
até um ralo do tipo grelha flexível, de onde se inicia uma encanação que passa por dentro dos
pilares e despeja a água em valas de drenagem presentes no entorno do edifício, conforme a
Imagem 18.
Imagem 18 – Detalhamento do sistema de captação de águas pluviais

Fonte: Adaptado de Melo e Pereira (2020).

Durante a vistoria, constatou-se o acúmulo de folhas e a parcial obstrução de


praticamente todos os ralos do sistema de drenagem, e o consequente acúmulo de água em
algumas das vigas-calha (Imagem 19). É importante ressaltar que, nas datas da vistoria e em
dias anteriores, não houve a ocorrência de chuvas naquele local, o que comprova a obstrução
dos ralos. É importante ressaltar que isso possivelmente é uma das causas de algumas das
anomalias encontradas e fator de risco para o surgimento de outras.

Na última reforma realizada, foi relatado o entupimento destas encanações de águas


pluviais por conta da execução incorreta do procedimento de limpeza da cobertura. Por terem
utilizado jatos de água durante a limpeza, os trabalhadores acabaram entupindo as encanações
ao empurrar as folhas que obstruíam os ralos para dentro da encanação, causando o vazamento
da água da chuva por todo o edifício em dias chuvosos. Foi relatado ainda que jorrou água de
elementos estruturais importantes, como vigas e pilares, e a ocorrência de alguns curto-circuito
42

em instalações elétricas, sendo necessária a paralisação das atividades da escola até o reparo
destes problemas.
Imagem 19 – Obstrução dos ralos e acúmulo de água na cobertura

Fonte: Autoria própria.

Não se sabe até que ponto o problema foi resolvido, mas nota-se que uma das medidas
tomadas foi tampar alguns dos ralos presentes no meio da cobertura, o que pode ter diminuído
ainda mais a capacidade de drenagem do sistema.
43

 Pestanas

As pestanas são brises horizontais pré-fabricados de argamassa armada localizados


acima das janelas do edifício, nas fachadas. Eles têm a função de proteger o interior da
incidência direta da radiação solar e da chuva.

Entre as pestanas existe uma espécie de telha de metal do tipo capa, que serve para cobrir
o espaço entre duas pestanas. Durante a vistoria verificou-se que em alguns desses espaços essa
telha estava mal posicionada ou até mesmo inexistia, o que gera um ponto de infiltração na
estrutura das pestanas e dos pilares abaixo. Em alguns pontos, nota-se a tentativa de substituir
esta telha com a colocação de uma argamassa cimentícia, mas devido às movimentações
naturais do edifício essa argamassa não é adequada para esta função, e já começa a apresentar
fissuras (Imagem 20).
Imagem 20 – Irregularidades constatadas nas pestanas

Fonte: Autoria própria.


44

Nas bordas de algumas destas pestanas observou-se pontos de destacamento da


argamassa causados pela corrosão das armaduras, o que provavelmente se deve ao formato
delgado das peças, cuja espessura está entre 1 e 2 cm. Com o passar dos anos, a baixa espessura
de cobrimento começa a ser insuficiente para proteger as armaduras da despassivação causada
pela umidade.

 Lajes

As lajes do edifício são compostas por placas pré-fabricadas de argamassa armada que
estão biapoiadas nas vigas-calha. Durante a vistoria, não foram constatadas anomalias neste
elemento estrutural.

 Vigas-calha

As vigas-calha são elementos pré-fabricados de argamassa armada com um perfil de


geometria semelhante a um duplo “U” invertido. Este formato foi pensado pelo idealizador do
projeto como forma de agregar mais de uma função aos elementos construtivos, característica
que pode ser vista em outros elementos. No caso das vigas-calha, elas foram projetadas de
forma que a sua parte superior tem a função de calha pluvial, e a parte inferior abriga as
instalações elétricas, como pode ser visto na Imagem 21.

Durante a vistoria do edifício as vigas-calha apresentaram um bom estado de


conservação no geral, mas em três pontos do prédio foram verificadas infiltrações nestes
elementos.

Numa das extremidades do corredor do 1º pavimento observou-se um ponto de


infiltração na junta de dilatação entre duas vigas-calha, provavelmente causado por conta de
alguma falha nesta junta de dilatação ou pelo acúmulo de águas pluviais nestas vigas-calha,
devido às obstruções presentes no sistema de captação de águas pluviais mencionado
anteriormente. Por conta das características do perfil da viga-calha, a água infiltrada penetrou
na calha onde passam as instalações elétricas, se propagando até os pilares adjacentes (Imagem
22).
45

Imagem 21 – Detalhamento das vigas-calha

Fonte: Adaptado de Lima (1984).

Os outros dois pontos de infiltração localizam-se na parte externa do edifício, no


encontro entre as vigas que ficam acima da passarela entre os Blocos A e B e os pilares que
margeiam a entrada do Bloco A. Nestes dois casos, a causa é a obstrução dos ralos do sistema
de captação de águas pluviais desta passarela, gerando um acúmulo de água nestes pontos que
iniciou o processo de corrosão das armaduras das vigas-calha, que pode ser constatado pela
tonalidade ferrosa das manchas visualizadas, como se observa na Imagem 23.
46

Imagem 22 – Infiltração nas vigas-calha do 1º pavimento, se estendendo aos pilares adjacentes

Fonte: Autoria própria.

Imagem 23 – Processo corrosivo em uma das vigas-calha do térreo

Fonte: Autoria própria.


47

 Pilares

Os pilares do edifício, assim como os outros elementos, são compostos por peças pré-
fabricadas de argamassa armada. Eles são ocos por dentro, com uma seção tubular interna de
75 mm que serve como tubo de queda do sistema de captação das águas pluviais. Além disto,
contém protuberâncias nos seus quatro vértices, que servem como encaixe das vedações
verticais, conforme mostra a Imagem 24.
Imagem 24 – Seção dos pilares

Fonte: Adaptado de Bentes (1992).

Durante a vistoria foi observado que na parte inferior da maioria dos pilares do térreo
as armaduras sofrem corrosão, e nota-se o desplacamento do concreto causado pela expansão
das armaduras (Imagem 25). Não foram detectadas anomalias nos pilares do 1º pavimento.

Observou-se também que, durante a última reforma, tentou-se realizar o reparo destes
desplacamentos de forma incorreta, com a aplicação de argamassa e pintura, como mostra a
Imagem 26, o que denota que este problema é antigo e que este reparo teve caráter apenas
estético, e supõe-se que a prefeitura não contratou serviços de recuperação estrutural destes
elementos.

Como não foram tratadas as causas da corrosão, nota-se que pouco tempo após a reforma
a argamassa de reparo utilizada já começa a desplacar novamente em vários pontos por conta
da continuação do processo corrosivo. Além de não terem sido feitos reparos de forma efetiva,
este tipo de procedimento gera riscos ao esconder os reais problemas que acometem uma
estrutura deste porte.
48

Imagem 25 – Registos do estado de corrosão dos pilares

Fonte: Autoria própria.

Imagem 26 – Reparos realizados de forma incorreta nos pilares

Fonte: Autoria própria.


49

Chama a atenção a extensão dos danos causados por esta patologia nos pilares, o que
acende um alerta sobre o estado estrutural desta edificação. Neste caso específico, diversos
fatores podem ter relação com a situação, sendo necessários mais estudos para a comprovação
do diagnóstico. Numa análise preliminar, elenca-se os seguintes fatores como possíveis elos da
corrente de causas que causaram esta situação:

 A baixa espessura de cobrimento das armaduras diminui a proteção passiva do concreto


contra agentes agressivos externos;
 O fato de que a manifestação patológica foi detectada exclusivamente no térreo traz a
suspeita da falta de impermeabilização dos elementos da subestrutura durante a
construção do edifício;
 A passagem dos tubos de queda na parte interna dos pilares é um fator de preocupação.
As movimentações naturais do edifício e as pressões dinâmicas devidas à altura de
queda das águas pluviais podem gerar rompimentos nestas tubulações, causando pontos
de infiltração internos de difícil detecção a olho nu;
 Os relatos de obstrução do sistema de captação de águas pluviais podem gerar um
ambiente de acúmulo de águas contaminadas e agressivas na parte interna dos pilares.
Este fator, associado à possível deterioração das tubulações, podem gerar um processo
acelerado de corrosão interna de difícil detecção a olho nu.

 Escadas

O Bloco A é o único edifício do complexo que tem um pavimento superior, e, portanto,


é o único com escadas. Originalmente haviam três escadas, duas no hall de entrada e uma escada
helicoidal na frente do Bloco A, que dava acesso ao 1º pavimento por meio da passarela entre
o Bloco A e a Quadra Poliesportiva. Porém, na última reforma, esta escada em caracol foi
demolida por questões de segurança, e o acesso ao Bloco A pela passarela foi fechado com a
construção de uma parede onde antes era a porta de entrada. As escadas restantes receberam
apenas serviços de pintura e a colocação de novos corrimões durante a reforma (Imagem 27).

Ainda durante a reforma, no 1º pavimento foi colocada uma grade no início da escada
que fica em frente aos banheiros do térreo, com o objetivo de direcionar o fluxo de alunos para
a outra escada e assim ter um melhor controle do fluxo dos alunos.
50

Imagem 27 – Registro e diagrama de uma das escadas do Bloco A

Fonte: Autoria própria.

As escadas do hall de entrada são compostas por duas vigas pré-fabricadas em


argamassa armada, e cada viga tem consolos onde são encaixados os degraus, também pré-
fabricados. Durante a vistoria constatou-se a presença de fissuras em vários destes consolos,
como se observa na Imagem 28, e o quinto degrau da escada que fica na frente da secretaria
apresentou movimentações e vibrações desconfortáveis à sua utilização, o que pode caracterizar
que este elemento atingiu o Estado Limite de Serviço.
Imagem 28 – Registro da abertura de fissuras nos consolos dos degraus

Fonte: Autoria própria.


51

No caso das escadas, a provável causa destas anomalias é a fadiga causada pela vibração
constante deste elemento estrutural. Os funcionários da escola relatam que, na hora do intervalo
dos alunos, os mesmos descem as escadas em grande volume e correndo muito, de forma tão
forte que dá pra sentir e ouvir a vibração da escada de longe. Além disto, estas fissuras acabam
expondo a armadura do consolo, e já se pode notar o início do processo corrosivo em alguns
pontos (Imagem 29), o que agrava ainda mais a situação e expõe os alunos a um risco constante.

Imagem 29 – Registro do início do processo corrosivo nas escadas

Fonte: Autoria própria.

 Vedações verticais

As vedações verticais deste edifício são compostas pelas paredes divisórias, portas,
janelas e grades. Abaixo das janelas, as divisórias são compostas por um elemento pré-fabricado
com um perfil “C”. As portas e janelas são os elementos que foram mais alterados durante a
última reforma, sendo trocados por novos modelos em quase todo o edifício, e que, até o
momento, apresentam desempenho satisfatório. Todas as salas apresentavam uma janela
basculante entre a janela/parede e o teto, que tinham a função de melhorar a ventilação do
prédio, mas durante a reforma essas janelas foram removidas. Em alguns pontos foram
colocados cobogós no seu lugar, mas na maioria das salas foi deixado o vão aberto.

As paredes divisórias são compostas por placas de perfil “U” pré-fabricadas de


argamassa armada, fixadas na sua parte inferior por um rodapé também pré-fabricado e na parte
superior por uma peça pré-fabricada apoiada acima dos pilares e restrita pelas vigas. Nas
52

extremidades, essas paredes divisórias são fixadas nos pilares, por meio de um encaixe entre as
peças. Essas placas podem estar dispostas uma ao lado da outra, configurando uma parede
simples, ou intercaladas, formando uma parede dupla, como mostra a Imagem 30.

Imagem 30 – Detalhamento e montagem das divisões verticais

Fonte: Adaptado de Lima (1984).

Durante a vistoria observou-se, em vários pontos do edifício, que os rodapés de fixação


dessas divisórias apresentavam fissuras longitudinais. Isto provavelmente é causado pela
expansão das armaduras sujeitas a um processo corrosivo, sendo detectado alguns pontos onde
há o desplacamento do cobrimento e a exposição das mesmas. O mesmo acontece também na
região inferior de vários elementos divisórios que ficam abaixo das janelas e de muitas das
paredes divisórias, como mostra a Imagem 31. A baixa espessura de cobrimento das armaduras
provavelmente diminuiu a proteção destes elementos, permitindo o início precoce do processo
corrosivo.
53

Imagem 31 – Fissuras e corrosão nos rodapés e nas vedações verticais

Fonte: Autoria própria.

 Pisos

Os pisos do térreo são compostos, em sua grande maioria, por placas pré-fabricadas de
argamassa armada, com exceção das áreas molhadas, como banheiros e cozinha, que receberam
um novo piso cerâmico durante a última reforma, e da sala de informática, que tem um piso
composto por placas de algum tipo de material plástico. Em alguns pontos da sala de
informática constatou-se o desplacamento deste piso (Imagem 32), possivelmente causado pela
umidade ou pelos produtos utilizados na limpeza do mesmo.
54

Imagem 32 – Desplacamento do piso da sala de informática

Fonte: Autoria própria.

4.4 Classificação das irregularidades constatadas

Considerando as definições estabelecidas pela NBR 16747:2020 no item 5.3.5, as


irregularidades constatadas foram classificadas segundo o Quadro 1.

Quadro 1 – Classificação das irregularidades constatadas

Extensão das
Elemento da Origem da
Tipo de irregularidade irregularidades Classificação
construção irregularidade
no edifício

Bolor e Musgo Generalizada Anomalia Endógena


Cobertura
Vegetação Localizada Anomalia Endógena
Sistema de captação
Obstrução dos ralos Generalizada Anomalia Endógena
de águas pluviais
Infiltração Localizada Falha Manutenção

Pestanas Fissuras Localizada Falha Manutenção

Corrosão Generalizada Anomalia Endógena


55

Infiltração Localizada Anomalia Endógena


Vigas-calha
Infiltração e corrosão Localizada Anomalia Endógena

Pilares Corrosão Generalizada Anomalia Endógena

Fissuração Generalizada Falha Uso


Escadas
Corrosão Localizada Falha Uso

Vedações verticais Corrosão Generalizada Anomalia Endógena

Pisos Desplacamento Localizada Falha Uso

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.5 Recomendação das ações necessárias

Para que as medidas de restauração dos elementos construtivos tenham um efeito


duradouro, muitas vezes é necessário suplantar fatores externos causadores destas
manifestações patológicas. Já em outros casos, medidas como o reparo, a recuperação ou o
reforço dos elementos são suficientes para que os mesmos voltem a exercer suas funções
satisfatoriamente. Tendo isto em vista, o Quadro 2 descreve as medidas recomendadas para a
correção das irregularidades.

Quadro 2 – Medidas recomendadas para a correção das irregularidades

Elemento da
Tipo de irregularidade Medidas recomendadas
construção

Limpeza da cobertura, primeiramente com uma


vassoura para retirar folhas e outras sujeiras
Bolor e musgo maiores e depois com jato de água para tirar a
sujeira mais fina.

Posteriormente, deve-se realizar a


Cobertura
impermeabilização destes elementos com o uso de
manta líquida branca impermeabilizante, que além
de proteger os elementos da umidade, ainda
Vegetação melhora o desempenho térmico do edifício ao
aumentar a taxa de reflexão dos raios solares que
incidem sobre a coberta.
O sistema de captação de águas pluviais deve ser
refeito, de forma que as vigas-calha tenham um
Sistema de captação
Obstrução dos ralos caimento melhor e sejam impermeabilizadas, e que
de águas pluviais
os tubos de queda não passem mais por dentro dos
pilares. Deve-se ter atenção aos ralos também, que
56

devem ser feitos de forma que não possam ser


obstruídos tão facilmente por folhas.

Para que seja dimensionado de forma adequada e


seguindo todas as normas sobre o tema, é necessária
a contratação de um profissional habilitado para
projetar este novo sistema de captação.
Deve ser removida a argamassa cimentícia utilizada
Infiltração para substituir as telhas que servem como juntas
entre as pestanas.

As telhas mal posicionadas devem ser


Fissuras reposicionadas adequadamente ou substituídas por
novas de acordo com a necessidade.
Primeiramente, deve-se remover a argamassa solta
Pestanas e fazer a limpeza da oxidação presente na armadura
com o uso de escova de aço. Quando necessário,
devem ser colocadas novas armaduras, de forma a
recompor a seção perdida.
Corrosão
Devido à baixa espessura dos elementos, deve-se
utilizar argamassa tixotrópica de base cimentícia
modificada por polímeros na recomposição da
seção de concreto das peças.
O sistema de captação de águas pluviais deve ser
refeito, e sempre que possível deve-se evitar a sua
passagem pelas vigas-calha. Mas persistindo a
necessidade, deve-se realizar a limpeza e a
Infiltração impermeabilização destes elementos, de forma a
aumentar a proteção dos mesmos contra agentes
agressivos.

No caso da corrosão, primeiramente, deve-se


Vigas-calha remover a argamassa solta e fazer a limpeza da
oxidação presente na armadura com o uso de
escova de aço. Quando necessário, devem ser
colocadas novas armaduras, de forma a recompor a
seção perdida.
Infiltração e corrosão
Devido à baixa espessura dos elementos, deve-se
utilizar argamassa tixotrópica de base cimentícia
modificada por polímeros na recomposição da
seção de concreto das peças.
São necessários mais estudos sobre o atual nível de
Pilares Corrosão integridade deste elemento estrutural antes da
recomendação de medidas reparadoras.

Fissuração São necessários mais estudos sobre o atual nível de


Escadas integridade deste elemento estrutural antes da
Corrosão recomendação de medidas reparadoras.

Os rodapés deteriorados devem ser refeitos com o


uso de materiais hidrofugantes, como forma de
proteger as vedações da umidade ascendente.
Vedações verticais Corrosão
No caso da corrosão das vedações, primeiramente,
deve-se remover a argamassa solta e fazer a
57

limpeza da oxidação presente na armadura com o


uso de escova de aço. Quando necessário, devem
ser colocadas novas armaduras, de forma a
recompor a seção perdida.

Devido à baixa espessura dos elementos, deve-se


utilizar argamassa tixotrópica de base cimentícia
modificada por polímeros na recomposição da
seção de concreto das peças.
É necessária a remoção do atual piso da sala de
Pisos Desplacamento informática e a sua substituição por um novo piso
cerâmico.

Fonte: Elaborado pelo autor.

É importante mencionar que as medidas descritas no Quadro 2 devem ser realizadas por
uma equipe técnica capacitada para tal, como forma de garantir a correta execução destes
serviços.

Suspeita-se que o sistema de captação de águas pluviais é responsável por grande parte
das irregularidades constatadas em elementos estruturais importantes, como vigas e pilares. E
no caso das escadas, é extremamente necessária a avaliação estrutural das suas condições de
uso por conta dos danos observados durante a vistoria. Desta forma, recomenda-se a contratação
de uma equipe multidisciplinar, que possa realizar estudos complementares e ensaios que
comprovem as causas destas irregularidades e que consigam verificar de forma mais efetiva a
real situação destes elementos. Além das medidas recomendadas anteriormente, ressalta-se a
necessidade de avaliações complementares sobre o estado das instalações elétricas e
hidrossanitárias, que não foram contempladas neste estudo.

4.6 Organização das prioridades

Considerando os patamares de urgência definidos pela NBR 16747:2020 no item 5.3.7,


as recomendações apresentadas foram organizadas em ordens de prioridade, como se segue.

 Nível de Prioridade 1

Por se tratar de elementos estruturais importantes para a estabilidade da edificação e a


segurança dos seus usuários, e considerando a extensão dos danos constatados durante este
58

estudo, orienta-se que as recomendações referentes à contratação de estudos complementares


sobre a real situação dos pilares e das escadas sejam tomadas com maior urgência.

É importante ressaltar também que a demora no seguimento destas recomendações


permite que as manifestações patológicas existentes se propaguem cada vez mais, o que
compromete a vida útil do edifício e eleva expressivamente os custos com a manutenção e a
recuperação das mesmas.

 Nível de Prioridade 2

Após a tomada das medidas de Nível de Prioridade 1 e das consequentes recomendações


oriundas dos resultados destes estudos complementares, orienta-se que sejam seguidas as
recomendações sobre a contratação de projeto e execução de um novo sistema de captação de
águas pluviais, devido ao seu impacto sobre a funcionalidade da edificação e considerando as
suspeitas de que o atual sistema é o responsável por grande parte das irregularidades constatadas
neste estudo.

Ainda neste Nível de Prioridade, aconselha-se a execução das medidas referentes ao


reparo dos danos causados em algumas vigas-calha pela corrosão pontual de suas armaduras,
devido à importância deste elemento estrutural para a estabilidade da edificação.

 Nível de Prioridade 3

Por fim, este Nível de Prioridade contém as recomendações passíveis de planejamento


e que podem ser feitas sem urgência por não ter um impacto significativo sobre a funcionalidade
da edificação. Neste contexto, menciona-se as recomendações referentes ao reparo e à
recuperação dos elementos da cobertura, das pestanas, das vedações verticais e dos pisos.

4.7 Avaliação do uso e da manutenção da edificação

Com relação à manutenção do edifício constatou-se que não há nenhum plano de


manutenção preventiva das suas instalações. Quando perguntado aos funcionários, os mesmos
59

relataram que, além da reforma, eles não têm lembrança de ter visto algum tipo de serviço de
manutenção periódica da edificação por parte da prefeitura.

Durante a vistoria verificou-se que não há nenhum acesso às áreas da cobertura, o que
dificulta ainda mais a sua manutenção. Isto posto, recomenda-se a instalação de uma escada
fixa, conforme as normas de segurança do trabalho, que permita o acesso à cobertura com maior
segurança. Recomenda-se também a criação de um plano de manutenção preventiva para este
complexo escolar, como forma de identificar e tratar futuras manifestações patológicas no seu
início e prolongar a vida útil desta edificação de forma mais econômica.

Com relação às condições de uso do edifício não foram verificadas irregularidades.


Desde a sua inauguração o local funciona com fins escolares, conforme a sua concepção
original.
60

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A concepção dos CIACs, que posteriormente viraram CAICs, surgiu como um dos
esforços para democratizar o acesso à educação, saúde e assistência social para crianças e
adolescentes de todo o país, um compromisso assumido pelo governo brasileiro no contexto da
Constituição Federal de 1988 como forma de reduzir os efeitos negativos da pobreza sobre as
populações mais carentes.

Baseando-se na metodologia construtiva e em experiências anteriores do arquiteto, o


projeto original para a execução dos CAICs foi concebido de forma inovadora, com o emprego
da industrialização na produção em massa dos elementos construtivos da estrutura, o que deu
agilidade ao processo construtivo e permitiu a construção destes complexos escolares nos mais
diferentes locais do país.

Com o objetivo de diminuir os custos de produção e execução, Lelé elaborou um sistema


que abrigava todas as funções da estrutura em um número pequeno de peças, no qual as vigas
contêm o sistema elétrico e calhas de drenagem, e os pilares recebem os tubos de queda no seu
interior. Porém, com o conhecimento que temos hoje sobre o estudo das manifestações
patológicas, constata-se que isto foi um erro de projeto que criou pontos de vulnerabilidade para
estes elementos importantes do edifício, deixando-os sob o contato constante com águas
pluviais, um agente deletério das estruturas devido ao seu pH ácido.

Constatou-se também que a espessura do cobrimento das armaduras está abaixo do


mínimo em todos os elementos analisados, um fator que diminui consideravelmente a vida útil
da edificação por não oferecer a proteção adequada às armaduras. Tendo em vista que o tempo
mínimo de vida útil de uma estrutura estabelecido pela ABNT NBR 15575:2021 é de 50 anos,
observou-se a presença de um número considerável de manifestações patológicas deste tipo
para uma estrutura com menos de três décadas de idade, o que causa preocupação sobre o seu
futuro desempenho.

A falta de um plano de manutenção preventiva da edificação é mais um fator


preocupante, pois impede o controle da propagação das manifestações patológicas nos
elementos da edificação de forma mais econômica e eficiente por parte da gestão municipal.
Tendo em vista os dados levantados neste estudo sobre o edifício, é extremamente importante
a criação de um plano de manutenção, como forma de prolongar a sua vida útil.
61

Por fim, a situação dos pilares e das escadas acende um alerta sobre o nível de
integridade estrutural do edifício. É indispensável a realização de estudos complementares
sobre a real situação das manifestações patológicas e do comportamento da estrutura do local
por profissionais especializados de modo a preservar a vida útil deste equipamento público,
para que o mesmo possa continuar a oferecer os seus serviços à comunidade local sem riscos
para a segurança de centenas de crianças, adolescentes e adultos que usam as suas instalações
diariamente.
62

REFERÊNCIAS

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gestão de manutenção. Rio de Janeiro, RJ, p. 25. 2012.

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Janeiro, RJ, p. 238. 2014.

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procedimento. Rio de Janeiro, p. 14. 2020.

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63

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