Você está na página 1de 135

O USO DA PLATAFORMA BIM NO

PROCESSO PROJETUAL COLABORATIVO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN)
CENTRO DE TECNOLOGIA (CT)
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO (PPGAU)

IRAN LUIZ SEABRA SOUZA

O USO DA PLATAFORMA BIM NO PROCESSO PROJETUAL COLABORATIVO

Natal
2020
IRAN LUIZ SEABRA SOUZA

O USO DA PLATAFORMA BIM NO PROCESSO PROJETUAL COLABORATIVO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Arquitetura e Urbanismo
(PPGAU), Mestrado Acadêmico, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), como
requisito para a obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Heitor de Andrade Silva.

Natal
2020
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - -CT

Souza, Iran Luiz Seabra.


O uso da plataforma BIM no processo projetual colaborativo /
Iran Luiz Seabra Souza. - Natal, RN, 2021.
131f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e
Urbanismo.
Orientador: Heitor de Andrade Silva.

1. Building Information Modeling (BIM) - Dissertação. 2.


Processo projetual colaborativo - Dissertação. 3. Competências -
Dissertação. I. Silva, Heitor de Andrade. II. Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE15 CDU 72.012

Elaborado por Ericka Luana Gomes da Costa Cortez - CRB-15/344


IRAN LUIZ SEABRA SOUZA

O USO DA PLATAFORMA BIM NO PROCESSO PROJETUAL COLABORATIVO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo


(PPGAU), Mestrado Acadêmico, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),
como requisito para a obtenção do título de Mestre.

Aprovado em _11_/_12_/_2020_

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Heitor de Andrade Silva (UFRN)


Orientador

Profa. Dra. Bianca Carla Dantas De Araújo (UFRN)


Examinadora interna

Profa. Dra. Regina Coeli Ruschel (UNICAMP/UFC)


Examinadora externa

Natal
2020
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus pelo privilégio de existir e por me dar discernimento e


coragem ao longo de toda minha vida.
Agradeço aos meus pais, Iran e Gerlane, que nunca desistiram de mim. Por sempre me
apoiarem em tudo, pela atenção e esforços realizados para me proporcionar uma educação de
qualidade. Por todo amor dedicado e por sempre acreditarem em mim, até mesmo quando eu
não acreditava. Não tenho palavras para agradecer tudo que fizeram por mim! Por isso, dedico
de todo coração este trabalho a vocês! Ao meu irmão, que mesmo não estando muito presente,
nos meus poucos momentos de descanso me descontraia e fazia-me relaxar com seu jeito
“moleque” de ser. Amo vocês!
Aos meus familiares, em especial: aos meus avós, Hilda e Souzinha, as minhas tias
Iriane e Íris, aos meus tios Irlan, Ítalo – tio Patinho, para os íntimos – e Ivinho, por terem
participação na minha formação e os quais tenho prazer em dividir essa alegria. Ao meu tio
Paulinho, que esteve comigo nos momentos bons e ruins da minha vida e que nunca deixou de
me apoiar e ajudar no que fosse necessário. Aos meus tios e padrinhos, Arthur e Goretti, e a
minha “priminha” Raíssa, que mesmo distantes, sempre torceram e me apoiaram em tudo.
Aos amigos do Contemporâneo: Renan (Pirulito), Taíze (Maga), Júlio, Ivo e Matheus
(Mago), pelas conversas sempre bem-humoradas, pelos momentos de descontração e pela
grande amizade. Aos amigos feitos no curso de Arquitetura e Urbanismo, em especial, Filipe,
Renan e Willivan, pelos momentos de descontração e boas conversas! Aos amigos do mestrado,
Manuela (Manu), Eugênio e Mariana, pelas conversas e apoio mútuo durante todo o mestrado.
Ao meu amigo Lenilson, pelas inúmeras conversas sobre o assunto, pelas discussões
construtivas, pela parceria e grande amizade.
Aos compadres Líriti (iiiiiii) e André (Luixz), pelas nossas saídas sempre divertidas e
com muitas risadas, nossas conversas, conselhos com muito carinho, e a paciência,
principalmente em me ouvir falar tantas vezes sobre o assunto.
Gostaria também de agradecer às professoras Bianca Araújo e Regina Ruschell, pelas
orientações nas ocasiões da qualificação e da defesa de grande importância para o
desenvolvimento e conclusão da pesquisa. Ao meu orientador, Prof. Heitor Andrade, por ter
acreditado no meu trabalho, pelas orientações dadas e por me guiar pelo melhor caminho
possível.
Aos meus amigos, Andrew e Larissa, que durante a aplicação do exercício, foram peças
essenciais para o andamento do processo.
Por último, mas não menos importante, o meu eterno agradecimento à pessoa que
esteve comigo desde o início, a minha noiva Bruna Fernandes. Meu amor, não tenho como
descrever e agradecer tudo que você fez e faz por mim. Muito obrigado pela paciência, pelo
apoio nos momentos difíceis, por ser meu porto seguro nos meus momentos de crise, pelas
leituras e revisões do que escrevia, e não menos importante, por ser a pessoa que com um
sorriso, proporcionou-me os momentos mais tranquilos que eu poderia ter. Minha linda, ainda
não existem formas que representem todo o meu agradecimento a você; o que eu posso dizer é
MUITO OBRIGADO! Este trabalho não é meu, ele é nosso. TE AMO MIL MILHÕES!

A todos, meu MUITO OBRIGADO!


“Parte da jornada é o fim”

Tony Stark
RESUMO

O processo projetual colaborativo auxiliado pelo BIM (Building Information Modeling), de


maneira geral, apresenta uma interação entre os projetistas favorecida pelo sistema, sendo cada
vez mais popularizado no Brasil. Segundo Kowaltowski et al. (2013), o BIM traz a ideia de
uma prática de projeto integrado, desde as primeiras fases de projeto, abrindo a possibilidade
dos diversos projetistas envolvidos no processo participarem de forma colaborativa em todas
as etapas, compatibilizando os projetos em um único modelo – modelo federado. Em sua
maioria, os estudos sobre BIM abrangem conteúdos sobre o seu uso, mas não de maneira
colaborativa. Percebe-se assim, a necessidade no avanço sobre o tema, principalmente no que
se refere à prática no processo colaborativo com uso dele entre arquitetos e engenheiros, e os
respectivos recursos e competências que influenciam. Contudo, encontram-se barreiras
culturais, sobretudo na realidade do Nordeste do país, e a demanda por entender esses
processos, considerando os recursos disponíveis ou em processo de assimilação pela maioria
dos profissionais. Sendo assim, o objetivo geral da pesquisa é identificar, a partir de exercício
modelo, recursos de ferramentas BIM e competências que contribuem para a realização de
projetos colaborativos entre arquitetos e engenheiros em formação, da região Nordeste do Brasil
. Já os objetivos específicos são: (i) Compreender o BIM e seus conceitos e definições,
evidenciando os métodos de projetação com auxílio da plataforma; (ii) Explorar os conceitos
de processos colaborativos, apresentando as categorias de integração dos projetos; (iii).
Verificar como o modelo de exercício projetual por meio do BIM, revela a colaboração com o
auxílio de ferramentas BIM; Entre os procedimentos metodológicos, técnicas e instrumentos
adotados, destaca-se a elaboração de um processo planejado, de modo a obter algum controle,
caracterizado como atividade de extensão, onde arquitetos e engenheiros trabalham
colaborativamente com uso da plataforma, onde foram coletados os dados necessários. Em
seguida, realizou-se a análise de conteúdo, conforme Bardin (2011), dos áudios e
videogravações das discussões dos projetistas de cada grupo. Para tanto, o universo de pesquisa
compreende os graduandos em Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil, de universidades
do estado do Rio Grande do Norte e recém-formados nos mesmos cursos. Os resultados
mostraram que os recursos e competências mais utilizados foram: a. Prescrever, por apresentar
a importância de cada disciplina no projeto; b Prever, já que o conhecimento e as experiências
adquiridas anteriormente são diferenciais no processo; c. Validar, por se tratar de um projeto
em conjunto, o que exige constantes aprovações; d. Visualizar, por servir de apoio nas decisões
tomadas; e, finalmente, e. Transformar, principal diferencial no processo colaborativo por meio
do BIM, por contribuir com a celeridade e com o intercâmbio transparente entre dos arquivos.
Por fim, percebe-se a necessidade em capacitação e avanços no conhecimento da tecnologia,
não só na prática – manuseio de ferramentas –, mas também na teoria, tendo em vista que o
maior aproveitamento do potencial da plataforma.

Palavras-chave: Building Information Modeling. BIM. Processo Projetual Colaborativo.


Competências.
ABSTRACT

The collaborative design process aided by BIM (Building Information Modeling), in general,
presents an interaction between designers favored by the system, being increasingly
popularized in Brazil. According to Kowaltowski et al. (2013), BIM brings the idea of an
integrated design practice, from the first design phases, opening the possibility for the various
designers involved in the process to collaboratively participate in all stages, making the projects
compatible in a single model - model federated. Most studies on BIM cover content about its
use, but not in a collaborative way. Thus, it is possible to perceive the need to advance on the
theme, mainly with regard to the practice in the collaborative process with the use of it between
architects and engineers, and the respective resources and skills that influence it. However,
there are cultural barriers, especially in the reality of the Northeast of the country, and the
demand for understanding these processes, considering the resources available or in the process
of assimilation by most professionals. Therefore, the general objective of the research is to
identify, based on a model exercise, resources of BIM tools and competencies that contribute
to the realization of collaborative projects between architects and engineers in training, in the
Northeast region of Brazil. The specific objectives are: (i) Understanding BIM and its concepts
and definitions, highlighting the methods of design with the aid of the platform; (ii) Explore the
concepts of collaborative processes, presenting the categories of project integration; (iii). To
verify how the model of projectual exercise through BIM, reveals the collaboration with the aid
of BIM tools; Among the methodological procedures, techniques and instruments adopted, the
elaboration of a planned process stands out, in order to obtain some control, characterized as an
extension activity, where architects and engineers work collaboratively with the use of the
platform, where the necessary data were collected . Then, the content analysis was carried out,
according to Bardin (2011), of the audios and video recordings of the discussions of the
designers of each group. To this end, the research universe comprises undergraduate students
in Architecture and Urbanism and Civil Engineering, from universities in the state of Rio
Grande do Norte and recent graduates in the same courses. The results showed that the most
used resources and competences were: a. Prescribing, for presenting the importance of each
discipline in the project; b Predict, since the knowledge and experiences acquired previously
are differentials in the process; ç. Validate, as it is a joint project, which requires constant
approvals; d. Visualize, for supporting the decisions taken; and finally, e. Transform, the main
differential in the collaborative process through BIM, for contributing to the speed and
transparent exchange between files. Finally, there is a need for training and advances in
knowledge of technology, not only in practice - handling tools - but also in theory, in view of
the greater use of the platform's potential.

Keywords: Building Information Modeling. BIM. Collaborative Design Process. Skills.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura da Dissertação ............................................................................................................ 18


Figura 2 - Os fundamentos do BIM ............................................................................................................. 21
Figura 3 - Fluxo Básico em uma Etapa de Projeto ........................................................................................ 22
Figura 4 - Dimensões BIM - 2D e 3D. .......................................................................................................... 23
Figura 5 - Dimensões BIM - 4D, 5D e 6D. .................................................................................................... 24
Figura 6 - Estágios de Maturidade, definido por Succar................................................................................ 26
Figura 7 – Pré-BIM ................................................................................................................................... 26
Figura 8 - Estágio 01................................................................................................................................. 27
Figura 9 - Exemplo de modelagem (Estágio 01) ........................................................................................... 27
Figura 10 - Estágio 02............................................................................................................................... 28
Figura 11 - Exemplo de modelagem colaborativa (Estágio 02) ...................................................................... 28
Figura 12 – Estágio 03 .............................................................................................................................. 29
Figura 13 - Interoperabilidade ................................................................................................................... 31
Figura 14 - Hierarquia organizacional das especialidades BIM ..................................................................... 34
Figura 15 - Evolução da informação dos LoD’s do elemento ......................................................................... 36
Figura 16 - Esquema Representativo Planta e Perspectiva - LoD 100 ............................................................ 36
Figura 17 - Esquema Representativo Planta e Perspectiva - LoD 200 ............................................................ 37
Figura 18 - Esquema Representativo Planta e Perspectiva - LoD 300 ............................................................ 37
Figura 19 - Esquema Representativo Planta e Perspectiva - LOD 400 ............................................................ 38
Figura 20 - Esquema Representativo Planta e Perspectiva - LOD 500 ............................................................ 39
Figura 21 - Modelo completo dos Problemas de Projeto............................................................................... 42
Figura 22- Mapeamento do processo de projeto visto como negociação entre problema e solução, por meio da
Análise, Síntese e Avaliação ...................................................................................................................... 43
Figura 23 - Curva de Esforço ...................................................................................................................... 46
Figura 24 - Fluxo Básico em uma Etapa de Projeto ...................................................................................... 47
Figura 25 - Fluxograma típico do Recebimento e verificação de arquivos ....................................................... 47
Figura 26 - Diagrama de um Fluxo de Trabalho em BIM ................................................................................ 50
Figura 27 - Etapas do processo de compatibilização.................................................................................... 51
Figura 28 - Modelo de Projeto Colaborativo ................................................................................................ 53
Figura 29 - Modelo Separado de Colaboração ............................................................................................ 55
Figura 30 - Modelo Separado com Modelo Agregado ................................................................................... 56
Figura 31 - Modelo Compartilhado............................................................................................................. 56
Figura 32 - Modelo Federado, composto por diversos arquivos ..................................................................... 57
Figura 33 - Esquema Representativo de Modelos Federados ........................................................................ 57
Figura 34 - Formatos de Entrada e Saída de Entregáveis .............................................................................. 58
Figura 35 – Delineamento da Pesquisa’’ .................................................................................................... 61
Figura 36 – Fases de Coleta, Análise e Interpretação dos dados ................................................................... 65
Figura 37 – Sistematização dos dados ....................................................................................................... 65
Figura 38 – Usos do BIM ........................................................................................................................... 66
Figura 39 – Categorias e Subcategorias ..................................................................................................... 68
Figura 40 – Categorias e Subcategorias ..................................................................................................... 70
Figura 41 –Planta Baixa do Terreno............................................................................................................ 74
Figura 42 –Tabela de dimensões ............................................................................................................... 75
Figura 43 –Informações de Recuos ............................................................................................................ 75
Figura 44 – Local de realização do exercício Vista 01 .................................................................................. 78
Figura 45 – Local de realização do exercício – Vista 02 ................................................................................ 78
Figura 46 –Resultado da Compatibilização 01 ............................................................................................ 82
Figura 47 – Resultado da Compatibilização 02 ........................................................................................... 88
Figura 48 –Resultado da Compatibilização 02 ............................................................................................ 90
Figura 49 –Resultado da Compatibilização 02 ............................................................................................ 90
Figura 50 –Resultado da Compatibilização 01 ............................................................................................ 97
Figura 51 – Resultado da Compatibilização 02 ......................................................................................... 103
Figura 52 – Resultado da Compatibilização 03 ......................................................................................... 105
Figura 53 – Resultado da Compatibilização 03 ......................................................................................... 105
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Equipe 01 - Categorias 01 ....................................................................................................... 83


Gráfico 2– Equipe 01 – Gerar - Etapa 01 .................................................................................................... 84
Gráfico 3 – Equipe 01 – Analisar - Etapa 01................................................................................................ 85
Gráfico 4 – Equipe 01 – Comunicar - Etapa 01 ............................................................................................ 86
Gráfico 5 – Equipe 01 – Categorias - Etapa 02 e 03 .................................................................................... 91
Gráfico 6 – Equipe 01 – Gerar - Etapa 02 e 03 ............................................................................................ 92
Gráfico 7– Equipe 01 – Analisar - Etapa 02 e 03 ......................................................................................... 93
Gráfico 8 – Equipe 01 – Comunicar - Etapa 02 e 03 .................................................................................... 93
Gráfico 9 – Equipe 02 – Categorias - Etapa 01 ............................................................................................ 98
Gráfico 10 – Equipe 02 – Gerar - Etapa 01 ................................................................................................. 99
Gráfico 11– Equipe 02 – Analisar - Etapa 01 ............................................................................................ 100
Gráfico 12 – Equipe 02 – Comunicar - Etapa 01........................................................................................ 101
Gráfico 13 – Equipe 02 – Categorias - Etapa 02 e 03 ................................................................................ 106
Gráfico 14– Equipe 02 – Gerar - Etapa 02 e 03 ......................................................................................... 107
Gráfico 15 – Equipe 02 – Analisar - Etapa 02 e 03 .................................................................................... 108
Gráfico 16 – Equipe 02 – Comunicar - Etapa 02 e 03 ................................................................................ 108
Gráfico 17 – Equipe 02 – Comunicar - Etapa 02 e 03 ................................................................................ 111
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Resumo das Dimensões BIM .................................................................................................... 24


Quadro 2 – Resumo dos Estágios de Maturidade......................................................................................... 29
Quadro 3 – Resumo das Especialidades ..................................................................................................... 33
Quadro 4 - Resumo do LOD ....................................................................................................................... 39
Quadro 5 – Pólos de Comunicação ............................................................................................................ 63
Quadro 6 – Resumo dos participantes ........................................................................................................ 69
Quadro 7 – Resumo da estrutura da atividade ............................................................................................. 72
Quadro 8 – Resumo das Regras ................................................................................................................. 75
Quadro 9 –Síntese da estrutura da Atividade .............................................................................................. 76
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................14
1.1 Objetivos .......................................................................................................................................16
1.2 Procedimentos Metodológicos ................................................................................................16
1.3 Estrutura do Trabalho .................................................................................................................17

2 BUILDING INFORMATION MODELING ..............................................................................20


2.1 Conceito BIM ...............................................................................................................................20
2.2 Dimensões do BIM .....................................................................................................................22
2.3 Estágios de Maturidade BIM ....................................................................................................25
2.4 Interoperabilidade ......................................................................................................................30
2.5 Especialidades BIM....................................................................................................................32
2.6 Nível de Desenvolvimento – Level of Development (LOD)..................................................35

3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO ..................................................................41


3.1 Processo de Projeto....................................................................................................................44
3.2 Processo de Projeto BIM ...........................................................................................................45
3.2.1 Fluxos de Trabalho BIM..........................................................................................................51
3.2.2 Processo de Projeto Colaborativo .......................................................................................54
3.2.3 Colaboração BIM ....................................................................................................................61

4 MÉTODOS E TÉCNICAS ............................................................................................................61


4.1 Delineamento da Pesquisa.......................................................................................................62
4.2 Instrumentos da Pesquisa ........................................................................................................64
4.3 Elaboração do instrumento de avaliação ..............................................................................69
4.3.1 Exercício Proposto ..................................................................................................................69
4.3.2 Estrutura do Exercício.............................................................................................................72
4.3.3 Informações do Exercício ......................................................................................................77

5 ANÁLISES E DISCUSSÕES .....................................................................................................78


5.1 Caracterização da Equipe 01 ...................................................................................................79
5.1.1 Equipe 01 – Etapa 01 ............................................................................................................82
5.1.2.1 Categorias e Subcategorias – Etapa 01 .......................................................................85
5.1.3 Equipe 01 – Etapas 02 e 03 ...............................................................................................90
5.1.4 .1 Categorias e Subcategorias – Etapas 02 e 03 ............................................................93
5.2 Caracterização da Equipe 02 ...................................................................................................93
5.2.1 Equipe 02 – Etapa 01 ..........................................................................................................97
5.2.1.1 Categorias e Subcategorias – Etapa 01 ......................................................................100
5.2.2 Equipe 02 – Etapas 02 e 03 .............................................................................................105
5.2.2.1 Categorias e Subcategorias – Etapas 02 e 03 ...........................................................108
5.3 Síntese de Análise ....................................................................................................................113

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................................117

REFERÊNCIAS................................................................................................................................122

APÊNDICES .....................................................................................................................................122
Apêndice 01 – Exercício Modelo ..................................................................................................127
Apêndice 02 – Planta Baixa - Exercício.......................................................................................128
Apêndice 03 – Questionário ..........................................................................................................129
Apêndice 04 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ....................................130
1
INTRODUÇÃO
1 INTRODUÇÃO

1 INTRODUÇÃO

Segundo Scheer et al. (2007), a evolução das ferramentas digitais, aplicada ao


desenvolvimento de projetos, pode ser classificada em três gerações: a primeira seria o
Computer Aided Desing (CAD), na sequência Modelagem Geométrica e a terceira seria a
Modelagem do Produto, ou como é conhecida atualmente, Building Information Modeling
(BIM). Em relação à Modelagem Geométrica e ao CAD, o BIM – um conjunto de informações
geradas e mantidas durante todo um ciclo de vida de um edifício – tem como principal vantagem
a potencialidade de realização de trabalhos colaborativos. Para Kowaltowski et al. (2013), o
BIM traz a ideia de uma prática integrada, a partir das primeiras fases de um projeto. Os
profissionais responsáveis pelos projetos arquitetônicos ou dos complementares – Estruturas,
Instalações Elétricas, Hidrossanitárias e outros – podem participar de forma colaborativa desde
o início da concepção e não apenas ao final do processo, o que é incomum ao modelo CAD.
Esse formato visa garantir a unicidade do modelo construtivo virtual a partir da integração de
todas as disciplinas.
Segundo Eastman et al. (2014), “o BIM fundamenta-se em duas tecnologias:
modelagem paramétrica e interoperabilidade”, esse último sendo importante para esta pesquisa,
uma vez que facilita o fluxo de dados entre diferentes aplicativos e possibilita a combinação de
diferentes áreas de ação da indústria de arquitetura, engenharia, construção e operação (AECO)
no modelo geométrico do edifício durante o processo de projeto. Com o uso do BIM, esse
processo passa a ser sustentado por um modelo de informações e não simplesmente como uma
modelagem geométrica 3D. A tecnologia nos proporciona uma representação maior que as já
conhecidas 2D e 3D, alcançando também conceitos de modelagem 4D, 5D, 6D e até o 7D, como
veremos ao decorrer do primeiro capítulo. Com maior quantidade de recursos à disposição para
representação e desenvolvimento de projetos, os projetistas passam a gastar “mais tempo
projetando e menos tempo desenhando”.
As pesquisas desenvolvidas no Brasil sobre uso do BIM pelos projetistas que atuam na
sociedade e nos ambientes acadêmicos revelam que existe um esforço de aplicação de
procedimentos teóricos. Menezes (2011) indica que a plataforma, assim como ocorreu com os
sistemas CAD, teve sua implantação no Brasil com aproximadamente 20 anos de atraso em
relação ao exterior, sendo utilizado inicialmente no meio profissional e em seguida no campo
acadêmico. Para a academia, segundo Checucci e Amorim (2014), ainda existe um longo
caminho para que o BIM seja adotado e que sua consolidação seja efetiva, mas que cada curso

Página | 14
1 INTRODUÇÃO

pode dar os primeiros passos para introduzir o paradigma BIM, seguindo etapas diferentes e
adequadas aos programas acadêmicos de cada curso e universidade. Já no que se refere ao
âmbito do mercado profissional, segundo Netto (2015), apesar de contar com inúmeras fontes
de informação, boa parte dos profissionais da área ainda demonstram desconhecimento no
assunto.
Contudo, poucos apresentam como ele o BIM pode ocorrer na prática, principalmente
quando consideramos o contexto da região Nordeste, a qual esta dissertação está inserida. Outra
lacuna verificada está na falta de produções de pesquisas que abordem o processo colaborativo
entre arquitetos e engenheiros, o que favorece o desenvolvimento deste estudo. Ademais,
observações e inquietações advindas da atuação profissional do pesquisador, apesar da
discussão presente na literatura, provoca um aprofundamento sobre o uso do BIM e favorece o
processo colaborativo entre arquitetos e engenheiros, sobretudo no que se refere a realidades
específicas, como a dos profissionais que atuam no estado do Rio Grande do Norte.
Segundo Martin Jr. (2018), no estado do Rio Grande do Norte há um predomínio no uso
de ferramentas CAD no processo de projeto arquitetônico, como AutoCAD e Sketchup,
principalmente no uso do primeiro. Ainda segundo o autor, o Estado está em processo de
transição, saindo do processo CAD para o BIM, mesmo que lentamente, utilizando softwares
com a finalidades de colaboração e coordenação de projetos.
Vale ressaltar que, no Brasil, em maio de 2018 foi publicado o Decreto N°9.377, que
Institui a Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modelling (Estratégia
BIM BR), que tem como finalidade promover um ambiente adequado ao investimento em BIM
e a difusão dele no País. Conforme o Artigo 2° do referido decreto, a Estratégia BIM BR tem
entre seus objetivos: I – difundir o BIM e seus benefícios e IV – estimular a capacitação em
BIM (BRASIL, 2018). Dessa maneira, essa pesquisa se torna mais importante para âmbito da
utilização da plataforma.
Essa discussão conduz a seguinte questão de pesquisa: De que maneira o uso de
ferramentas BIM pode favorecer a colaboração nas primeiras fases do desenvolvimento de
projetos de arquitetura e de engenharia civil (hidrossanitários e estruturas)? Pretende-se simular
um processo projetual colaborativo e promover uma reflexão, considerando o contexto da
região.
O objeto de estudo consiste no BIM e sua aplicação no processo colaborativo entre
Arquitetos e Engenheiros Civis em formação. O universo de pesquisa compreende os

Página | 15
1 INTRODUÇÃO

graduandos em Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil, de universidades do estado do Rio


Grande do Norte e recém formados nos mesmos cursos.

1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo Geral

O objetivo geral é identificar, a partir de exercício modelo, recursos de ferramentas BIM


e competências que contribuem para a realização de projetos colaborativos entre arquitetos e
engenheiros em formação, da região nordeste.

1.1.2 Objetivos Específicos

Entende-se que os objetivos específicos para esta pesquisa se organizam da seguinte


maneira:
1. Compreender o BIM e seus conceitos e definições, evidenciando os métodos de
projetação com auxílio da plataforma;
2. Explorar os conceitos de processos colaborativos, apresentando as categorias de
integração dos projetos;
3. Verificar como o modelo de exercício projetual por meio do BIM, revela a colaboração
com o auxílio de ferramentas BIM

1.2 Procedimentos Metodológicos

Para atender ao objetivo geral desse trabalho, foram discriminadas várias etapas, cada
uma com seus respectivos procedimentos e visando atender a cada um dos objetivos específicos.
Inicialmente, foi feita uma revisão de literatura sobre os temas aqui tratados – Conceitos sobre
o BIM e Processos de Projeto Colaborativos, mais especificamente, com o auxílio da
tecnologia, que despertou a necessidade de entender quanto a sua aplicabilidade para tais
processos. O levantamento e a revisão de bibliografia ajudaram a elucidar o primeiro objetivo
específico, que buscou identificar e caracterizar o Building Information Modeling (BIM) e seus
conceitos, de forma a melhor compreender suas lacunas e potencialidades. Essa etapa da
pesquisa foi realizada por meio de leitura de livros, artigos em periódicos, dissertações e teses,
que abordassem quanto ao assunto.
Logo após foram realizados estudos quanto aos processos de projeto colaborativo,
visando identificar as possibilidades de aplicação do método, com objetivo de otimizar e
Página | 16
1 INTRODUÇÃO

contribuir com a construção do exercício modelo. Para melhor compreensão dos procedimentos
utilizados, foi desenvolvido um capítulo apresentando, os instrumentos utilizados para
sistematização e análise dos dados, bem como a construção do exercício que foi aplicado.
O exercício aplicado visou atender ao terceiro objetivo específico, fazendo com que
projetistas da área da Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC) trabalhassem
colaborativamente. Ao final desta etapa, os dados colhidos foram tabulados e expressos através
de gráficos e analisados de forma comparativa com os dados e informações colhidas na fase
anterior, de revisão bibliográfica, sendo possível, assim, responder o objetivo geral da pesquisa.
Após aplicação da metodologia e sistematização dos dados por meio de planilhas de
registros das atividades, foram analisadas as informações colhidas e realizadas entrevistas junto
aos coordenadores de cada escritório. Os dados coletados foram tabulados e organizados a partir
da lógica discutida na revisão bibliográfica e na análise crítica nela fundamentada.

1.3 Estrutura do Trabalho

Conforme classificação de Gehardt e Silveira (2009) a pesquisa desenvolvida é do tipo


qualitativa, aplicada e exploratória, e quanto aos procedimentos é do tipo Pesquisa-Ação (Gil,
2002), pois “exige maior envolvimento ativo do pesquisador e a ação por parte das pessoas ou
grupos envolvidos no problema”, sendo essa uma característica desta pesquisa. Quanto à
estrutura, a dissertação compreende 6 (seis) capítulos, conforme Figura 1:

Página | 17
1 INTRODUÇÃO

Figura 1 - Estrutura da Dissertação

Fonte: Elaboração do Autor, 2020.

Esta dissertação se encontra dividida em seis capítulos. O primeiro é introdutório e os


dois capítulos seguintes (Capítulo 02 – Building Information Modeling e Capitulo 03 – Processo
de Projeto e Colaboração) - são referentes às revisões de literatura sobre os temas relacionados
ao BIM, ao processo de projeto e ao projeto colaborativo nas áreas da Arquitetura, Engenharia
e Construção, onde são elucidados os principais conceitos, potencialidades e aplicações do
BIM, dos métodos e fases de projeto, do processo colaborativo e suas categorias, dentre outros
aspectos.
O Capítulo 4 – Procedimento Metodológicos – refere-se aos métodos, aos instrumentos
e às técnicas utilizadas. Todos contribuíram para a elaboração do modelo de exercício prático
proposto, bem como a construção da forma de sistematização dos dados coletados. No quinto
capítulo é abordada a aplicação do modelo prático, com as duas equipes multidisciplinares –
Arquitetos e Engenheiros – bem como a caracterização e discussão dos resultados encontrados
a partir dessa aplicação. Concluindo o trabalho no sexto capítulo, foram feitas as considerações
finais sobre a pesquisa, com base na análise dos resultados alcançados e considerando o
atendimento de cada objetivo e as dificuldades encontradas durante o desenvolvimento.
Também são apresentadas sugestões e indicações de desdobramentos futuros para o trabalho.

Página | 18
2
BUILDING INFORMATION MODELING
2 BUILDING INFORMATION MODELING

2 BUILDING INFORMATION MODELING

Para este capítulo, são apresentadas as revisões teóricas quanto aos conceitos e às
definições da plataforma BIM e de processos projetuais colaborativos. Todos os conceitos
apresentados serão embasados nos autores que mais abordam sobre esta temática. Para melhor
entendimento, o capítulo apresentará os conceitos de Building Information Modeling (BIM),
Estágios de Maturidade, Interoperabilidade, Dimensões BIM, Níveis de Desenvolvimento
(LOD) e Especialidades BIM, itens recorrentes quando se discute o assunto.

2.1 Conceito BIM

Nos últimos anos, o termo BIM (Modelagem da Informação da Construção ou Builiding


Information Modeling) ficou cada vez mais em evidência no âmbito da construção civil.
Contudo, os conceitos e as nomenclaturas não são novos, sendo datadas as primeiras citações a
cerca de trinta anos. Segundo Menezes et al. (2012), essa é uma tecnologia comumente descrita
nos Estados Unidos como Building Product Models (Modelos de Produto da Construção) e na
Europa como Product Information Models (Modelos de Informação de Produto), ambos no
início dos anos 1980.
Pioneiro nas pesquisas desta “nova tecnologia”, para Eastman et al. (2014), o Building
Information Modeling é um dos mais promissores desenvolvimentos da indústria relacionada à
Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC), uma vez que essa ciência nos fornece um modelo
virtual que simula não só a forma que a edificação irá assumir, mas também o que será
necessário para que essa seja construída. O autor ainda destaca que:

Ao passo que os sistemas CAD se tornaram mais inteligentes e mais usuários


desejaram compartilhar dados associados com dado projeto, o foco transferiu-
se dos desenhos e das imagens 3D para os próprios dados. A medida em que
um modelo de construção produzido por uma ferramenta1 BIM, pode dar
suporte a múltiplas vistas diferentes dos dados contidos dentro de um conjunto
de desenhos, incluindo 2D e 3D. (EASTMAN et al. 2014, p. 1).

Sendo assim, o autor define o BIM como uma “tecnologia de modelagem e um conjunto
associado de processos para produzir, comunicar e analisar modelos de construção”
(EASTMAN et al. 2014, p.13).

1
Entende-se como “Ferramentas BIM”, os aplicativos e/ou softwares que apresentam suporte à tecnologia.
Página | 20
2 BUILDING INFORMATION MODELING

Com o crescimento na utilização e conhecimento quanto à tecnologia BIM, surgem


outros autores que abordam sobre o assunto. Succar (2009, p.1), nome bastante recorrente no
assunto, afirma que “Building Information Modeling é um conjunto de interações políticas,
processos e tecnologias que geram uma metodologia para gerenciar os dados essenciais de
projeto de construção e projeto em formato ao longo do ciclo de vida do edifício”. O autor
conclui que: “O BIM é um campo de estudo em expansão incorporando muitos domínios de
conhecimento dentro da Arquitetura, Engenharia, Construção e Operações” (SUCCAR, 2009,
p. 15).
Para Sacks e Barack (2010, p. 1): “Building Information Modeling é uma mudança de
paradigma para a indústria da construção civil pois permite comunicação completa e precisa,
além de transferir informações sem a necessidade de desenhos detalhados”. Ainda destacam a
fundamental diferença entre as tecnologias CAD e BIM, evidenciando que a primeira apenas
realiza o desenho em 2D (e eventuais 3D) e o segundo permite modelar a forma, a função e o
comportamento do edifício (SACKS et al., 2004 apud SACK; BARACK, 2010). A Figura 2
apresenta os fundamentos do BIM e como elas intercedem:

Figura 2 - Os fundamentos do BIM

Fonte: www.bimframework.info. Acesso: Jan. 2019.

Crespo e Ruschel (2007, p. 2) afirmam que a plataforma “é mais do que um modelo de


visualização do espaço projetado, é um modelo digital composto por um banco de dados que
permite agregar informações para diversas finalidades, além de aumento de produtividade e
racionalização do processo”. Para os autores, Building Information Modeling representa um
novo caminho para a representação do edifício virtual, onde objetos digitais são codificados

Página | 21
2 BUILDING INFORMATION MODELING

para descrever e representar componentes do real ciclo de vida da construção, como apresentado
na figura 3 a seguir:

Figura 3 - Fluxo Básico em uma Etapa de Projeto

Fonte: BONI (2016).

Dessa forma, o BIM pode ser utilizado em todas as fases de vida de uma edificação,
desde a elaboração de programa de necessidades, sendo possível extrair detalhamentos,
simulações e documentações, até os acompanhamentos nas fases de execução e manutenção.
Para melhor compreensão quanto aos conceitos desse recurso, torna-se necessário discutirmos
sobre Dimensões do BIM, Estágio de Maturidade, Interoperabilidade Nível de desenvolvimento
e Especialidades BIM.

2.2 Dimensões do BIM

As dimensões do BIM são desenvolvidas a partir da necessidade de adicionar funções


de tempo, custo e operação/gestão de ativos dentro do modelo da tecnologia. Os objetos BIM
utilizados em modelos de projetos são vitais para estender o que pode ser criado nas dimensões
acima do 3D (KRONA, 2016). Para Calvert (2013 apud COSTA, 2013), “um modelo pode ser
4D, 5D, 6D ou até nD”, cada uma relacionada às informações como planejamento da execução,
custo e orçamento, de planejamento até a operação do modelo em BIM.
Segundo Menezes et al (2012), a grande diferença entre um simples software modelador
3D e um software BIM é a capacidade que o último tem de gerar documentação e objetos
paramétricos. Os objetos 3D são úteis, uma vez que eles se tornam parte de todos os desenhos
Página | 22
2 BUILDING INFORMATION MODELING

em planta, corte, elevação e ajudam na detecção de conflitos dentro do projeto. Além de uma
melhor visualização espacial, o BIM 3D traz como benefício o poder de compatibilização de
projetos, onde podemos ver onde estão os conflitos entre eles, como podemos melhor visualizar
na figura 4:
Figura 4 - Dimensões BIM - 2D e 3D.

Fonte: https://www.bimobject.com. Acesso: Jan. 2019.

A próxima dimensão é o 4D, e é nesse momento, segundo Menezes et al. (2012), que a
base de dados é alimentada com o parâmetro planejamento, sendo possível gerar documentação
de análise das fases da construção do edifício. Sendo assim, o foco passa a ser a logística, a
utilização do espaço e as fases de construção do projeto: quanto mais detalhes dos objetos
apresentados nesta fase, mas fácil será lidar com as informações (KRONA, 2016). Além de
permitir elaborar o planejamento geral da obra, o BIM 4D permite simular a execução de uma
etapa específica, como a concretagem.
Em seguida, tem-se o 5D, e nessa dimensão é possível determinar os custos para
execução do projeto. Em relação a isso, a VICO Softwares®, empresa desenvolvedora de
aplicativos BIM, destaca que, nessa fase, as potencialidades da plataforma são: fornecer o
cronograma de custos, mostrar ao proprietário o que acontece com o cronograma e o orçamento
quando é feito uma alteração no projeto, organizar o banco de dados com custos e preços de
informação, taxas de produtividade do trabalho, dados de composição da equipe e subKPIs2
(MENEZES et al., 2012). Pode-se dizer então que, a partir da modelagem 5D, proprietários
podem usar modelo de informações de construção para obter estimativas de custos confiáveis
e precisas através da extração automática de quantidades de modelo de construção (EASTMAN
et al., 2014).

2
Detalhamento do key performance indicator, ou indicador-chave de desempenho, que mede o nível de
desempenho do processo.
Página | 23
2 BUILDING INFORMATION MODELING

Para implementação do 6D, Menezes et al. (2012) afirma que é a dimensão em que é
possível simular a operação e a manutenção, e assim, podemos controlar o ciclo de vida de uma
edificação, permitindo determinar as intervenções de manutenção preventiva de um imóvel. O
BIM 6D também permite a medição e a verificação de instalações durante a ocupação da
construção, e ainda melhora o recolhimento de informações que tiramos de instalações de alto
desempenho.

Figura 5 - Dimensões BIM - 4D, 5D e 6D.

Fonte: https://www.bimobject.com. Acesso: Jan. 2019.

O 7D do BIM permite que os gestores possam extrair e rastrear dados de ativos


relevantes, tais como status de componentes, especificações, manuais de operação, datas de
garantia, entre outros. Ou seja, é possível realizar uma análise do ciclo de vida do projeto e
realizar a gestão das instalações para que possa controlar a garantia de equipamentos, planos de
manutenção, dados de fabricantes e fornecedores, custo de operação e até mesmo fotos. Os
conceitos adotados neste estudo, expostos acima, estão resumidos no Quadro 1:

Quadro 1 – Resumo das Dimensões BIM


DIMENSÕES DO BIM OBJETIVO EXECUÇÃO DO PROJETO
- Desenhos de planta
Gera documentação e - Corte
2D e 3D
objetos paramétricos - Elevação
- Detecção de conflitos no projeto
Documentação de - Logística
4D análise das fases da - Utilização do espaço
construção do edifício - Fases de construção do projeto
- Fornece cronograma de custos
- Cronograma e Orçamento na alteração de
projeto
Custo para execução
5D - Organizar banco de dados com custos e
do projeto.
preços de informação
- Taxas de produtividade do trabalho
- Dados de composição da equipe

Página | 24
2 BUILDING INFORMATION MODELING

- Nível de desempenho do processo


Simular a operação e - Determinar as intervenções de
6D
manutenção manutenção preventiva de um imóvel
Análise do ciclo de - Garantia de equipamentos
vida do projeto e - Dados de fabricantes e fornecedores
7D
realizar a gestão das - Custo de operação
instalações - Fotos da operação
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Com tais definições, podemos separar os níveis de maturidade BIM e suas dimensões.
Pode-se ter projetos com 4D, 5D, 6D ou até 7D, como veremos no próximo item, no nível de
maturidade 2 ou 3; entretanto, no nível 1 e pré-BIM, essa possibilidade é mais difícil de
acontecer, uma vez que os modelos não são integrados, ou seja, cada profissional trabalha de
forma separada, sem integração de documentação.

2.3 Estágios de Maturidade BIM

O BIM pode ser entendido de diversas formas, de acordo com a perspectiva de quem
estuda ou utiliza, seja baseado em experiências prévias ou percepção pessoal. A partir disso,
surge então, a necessidade de estabelecer uma definição comum em termos de nível de
maturidade BIM (KHOSROWSHAHI; ARAYICI, 2012 apud FEITOSA, 2016). Há, dessa
maneira, a necessidade de criar um quadro que posicione o BIM como uma “integração de
modelagem de processos e não apenas como um conjunto tecnologias e processos” (SUCCAR,
2009, p. 02).
Assim, surge o Framework, uma estrutura de trabalho que organiza o nível de
conhecimento, incentiva a especialização e facilita a criação de novos conhecimentos. Por se
tratar de um modelo de conhecimento tri-axial, o BIM Framework apresenta diferentes
abordagens à informação dentro de um todo. Segundo Succar (2009, p. 03),

[...] essa estrutura dividida em: Campos BIM, que identifica os projetistas e seus
produtos baseado em três campos de atividade: Tecnologia, Processos e Políticas;
Estágios BIM que delineiam os níveis de maturidade da implementação; e por fim as
Lentes e Filtros BIM, os quais fornecem a profundidade e amplitude de consultas
necessárias para identificar, avaliar e qualificar campos BIM e estágios BIM.

Para fins de estudo, serão utilizados apenas os conceitos de Estágios BIM, uma vez que
os Campos BIM são generalistas e o Lentes e Filtros BIM são mais específicos. Existem
diversos estágios para adoção do BIM, como apropriação gradual da tecnologia e transformação
dos processos correlacionados, levando ao uso máximo da plataforma (ANDRADE; MORAES;

Página | 25
2 BUILDING INFORMATION MODELING

RUSCHEL, 2013). Segundo modelo, seria os Estágios BIM que delineiam os níveis de
maturidade da implementação: ela pode ser identificada como uma série de etapas que as partes
interessadas precisam implementar gradualmente e consecutivamente. Para essa identificação,
Succar (2009) define a subdivisão de níveis de maturidade BIM em cinco componentes – Pré-
BIM, Estágio 01, Estágio 02, Estágio 03 e o Integrated Project Delivery –, que podem auxiliar
na classificação da implementação BIM, como apresentado na Figura 6:

Figura 6 - Estágios de Maturidade, definido por Succar.

Fonte: Succar (2009).

Os trabalhos desenvolvidos na fase Pré-BIM são aqueles em que fazem uso da


ferramenta apenas para gerar visualizações 3D ou desenhos 2D, sem gerar as documentações –
Quantitativos, Estimativas de custo e especificações – de modo automática, sem fazer uso das
práticas colaborativas, sendo a forma de trabalho linear e assíncrono (MELHADO et al., 2017).
Segundo Succar (2009), o Pré-BIM atua como o representante do status da indústria antes da
implementação do BIM e o Integrated Project Delivery (IPD) para denotar uma abordagem ou
um objetivo final da implementação do BIM. Vejamos a figura 7:

Figura 7 – Pré-BIM

Fonte: Succar (2009).

O Estágio 01 é aquele que apenas utiliza modelagem 3D baseada em objetos, sendo


possível extrair os desenhos em 2D. Esse estágio pode ser entendido no contexto da transição

Página | 26
2 BUILDING INFORMATION MODELING

do CAD para o BIM, onde deixamos de utilizar desenhos de linhas, arcos, círculos e outros
elementos geométricos e passamos a modelar o objeto virtualmente e parametrizado. Quando
passamos a modelar uma edificação baseada em objetos paramétricos, não estamos apenas
representando, mas criando a possibilidade de analisar e simular a construção (FEITOSA,
2016). Segundo Andrade, Morais e Ruschel (2013), nesse estágio, verificam-se pequenas
mudanças em políticas, médias mudanças em processos e grandes mudanças em tecnologia.
Ainda para os autores, tais diferenças ocorrem em virtude da ênfase na aplicação da ferramenta
BIM em projeto, causando a falsa impressão de que a plataforma é apenas uma tecnologia
(ANDRADE; MORAIS; RUSCHEL, 2013). As figuras 8 e 9 ilustram a potencialidade do
estágio:

Figura 8 - Estágio 01

Fonte: Succar (2009).

Figura 9 - Exemplo de modelagem (Estágio 01)

Fonte: http://www.bimrevit.com/2010/01/vistas-3d-e-cameras-em-revit.html. Acesso: Jan. 2019

O Estágio 02 é o que faz uso do modelo colaborativo e multidisciplinar, processo onde


está envolvido o trabalho de várias pessoas em conjunto para alcançar os objetivos partilhados,
de modo a se conseguir um resultado muito difícil de realizar individualmente (FERREIRA,

Página | 27
2 BUILDING INFORMATION MODELING

2016 apud FEITOSA, 2016) (Ver figura 10). Quando os profissionais trabalham em equipes de
forma a se chegar ao melhor produto possível, deixando o isolamento de seus locais de trabalho,
temos um processo colaborativo. Para adoção desse estágio, é necessário a implementação de
coordenação nos processos de projeto, associado a uma mudança de cultura da empresa
(ANDRADE; MORAIS; RUSCHEL, 2013). Para Succar (2009, p. 8), “no estágio 2 do BIM,
os projetistas colaboram ativamente com outros projetistas disciplinares, podendo chegar a
dimensões acima da terceira (3D)”, como apresentado na figura 11:

Figura 10 - Estágio 02

Fonte: Succar (2009).

Figura 11 - Exemplo de modelagem colaborativa (Estágio 02)

Fonte: http://www.syene.com.br/blog/index.php/author/Syene/page/11/. Acesso: Jan. 2019

O Estágio 03 é o de integração baseada em rede, ou seja, quando usamos um servidor


BIM para que as equipes dos profissionais envolvidos possam trabalhar simultaneamente de
forma integrada (Ver figura 12). Nesse momento, a ênfase está na criação compartilhada e
colaborativa do modelo da edificação em todo o processo do empreendimento, ou seja, da
concepção à operação, envolvendo as diversas disciplinas da área de Arquitetura, Engenharia e
Construção (AEC). Para inserção completa desse estágio, são necessárias mudanças no

Página | 28
2 BUILDING INFORMATION MODELING

processo de projetação e político das empresas (ANDRADE; MORAIS; RUSCHEL, 2013).


Nisso, pode-se gerar modelos interdisciplinares com diversas dimensões, permitindo análises
complexas nos estágios iniciais de projeto e construção virtual (MELHADO et al., 2017).
Succar (2009) define esse estágio como a fase semanticamente rica de modelos integrados,
compartilhados e mantida de forma colaborativa em todo o ciclo de vida do projeto. O Quadro
2 mostra, resumidamente, as atividades desenvolvidas em cada estágio.

Figura 12 – Estágio 03

Fonte: Succar (2009).

Quadro 2 – Resumo dos Estágios de Maturidade


ESTÁGIOS DE
MATURIDADE FINALIDADE CARACTERÍSTICAS
BIM
- Sem gerar documentações (quantitativo,
estimativas de custo e especificações) de
Gerar visualizações 3D
PRÉ-BIM modo automático
ou desenhos em 2D
- Sem fazer uso das práticas colaborativas
-Trabalho linear e assíncrono
Utilização da
modelagem em 3D
- Modelagem baseada em objetos
BIM 1.0 baseada em objetos,
paramétricos
podendo extrair os
desenhos em 2D
- Permite o envolvimento de mais de uma
Modelo colaborativo e pessoa no projeto
BIM 2.0
multidisciplinar - Necessário a implementação de
coordenação nos processos de projeto
Integração baseada em Criação compartilhada e colaborativa do
BIM 3.0
rede modelo da edificação em todo o processo.
Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

A maturidade de todas essas tecnologias, processos e políticas, proporcionará o


momento denominado por Succar (2009) como Integrated Project Delivery (IPD). É nesse
Página | 29
2 BUILDING INFORMATION MODELING

estágio em que o processo do projeto integra colaborativamente pessoas, sistemas, estruturas


de negócios e práticas, aproveitando talentos e insights de todos os participantes para otimizar
os resultados do projeto. Para Kent e Becerik-Gerber (2011, p. 1):

O projeto alliancing é um modelo novo de entrega de projeto que surgiu recentemente


nos Estados Unidos, comumente referido como IPD (Entrega de Projeto Integrado).
Entre outras aplicações, o IPD se materializou como um método de entrega que
poderia efetivamente facilitar o uso do edifício modelagem de informações BIM para
projetos de construção.

Nesse estágio, os profissionais envolvidos passam a interferir com maior frequência no


projeto, surgindo a necessidade de intercâmbio de arquivos das diversas disciplinas. Disso,
surge a Interoperabilidade.

2.4 Interoperabilidade

O projeto e/ou a construção de uma edificação é uma atividade de equipe e cada


atividade e tipo de especialidade é suportada e melhorada por suas próprias aplicações
computacionais. O transporte de arquivos entre os softwares existentes era realizado de maneira
desordenada e sem qualquer preocupação no transporte dos dados. Mesmo no início do CAD
2D, no final dos anos 1970 e início dos 1980, começou-se a necessidade de intercambiar
arquivos entre diferentes aplicações, de maneira a evitar a perda de informações. Daí, surge a
interoperabilidade.
Segundo Andrade e Ruschel (2009, p. 76), a “interoperabilidade e a colaboração entre
os profissionais da indústria da Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC)” é pressuposto
para o conceito de BIM. Embora, os profissionais envolvidos explorem pouco o recurso da
colaboração no processo de projeto.
A Interoperabilidade (intercâmbio de dados) elimina a necessidade de replicar a entrada
de dados que já foram gerados e facilita o fluxo de trabalho suaves à automação (EASTMAN
et al., 2014), como mostrado na figura 13. Segundo Tobin (2008 apud MELHADO et al., 2017),
esse estágio é “a da interoperabilidade, onde o mais importante é quão bem a construção virtual
representa o processo de construção de fato”. Para Eastman et al. (2014), a interoperabilidade
identifica a necessidade de passar dados entre aplicações e para múltiplas aplicações
contribuírem em conjunto com o trabalho a fazer, ou seja, trata-se da capacidade de identificar
as informações necessárias para serem passadas entre aplicativos, como ilustrado na Figura 13:

Página | 30
2 BUILDING INFORMATION MODELING

Figura 13 - Interoperabilidade

Fonte: https://www.diegomacedo.com.br/o-que-e-interoperabilidade. Acesso: Mar. 2019.

Os dados de um determinado arquivo são transferidos por meio de aplicativos BIM,


através de uma ligação, um formato de troca de dados baseados em eXtensible Markup
Language (XML). Dentro desse formato de transferência, encontramos os dois modelos de
produto da construção civil: o CIMsteel Integration Version 2 (CIS/2) e o Industry Foundation
Classes (IFC). Somente esses dois formatos são os padrões públicos e internacionalmente
reconhecidos atualmente; dentro das indústrias de construção de edificações, o IFC é o mais
aceito.
O Industry Foundation Classes ou IFC foi desenvolvido para criar um grande conjunto
de representações de dados consistentes de informações da construção para intercâmbio entre
aplicações de software de AEC (EASTMAN et al., 2014). Ainda que seja capaz de representar
uma ampla gama de projetos de construção, informações de engenharia e produção, a
quantidade de informação que pode ser transferida por esse modelo é enorme, e cresce a cada
nova versão. Segundo Eastman et al. (2014), além dos objetos que fazem parte da modelagem
como um todo, o IFC também inclui objetos de processos para a representação de atividades
usadas para construir um edifício e propriedades de análise.
Em seu livro, The Handbook (Manual do BIM), Eastman et al. (2014) classifica as
informações de transferência em quatro itens. Na Geometria, o IFC possui meios de representar
uma quantidade bastante ampla da geometria, incluindo extrusões, sólidos definidos por um
conjunto fechado de faces, além de formas definidas por operações de união e inserção. As
relações entre os modelos transferidos foram classificadas em: Atribui – objetos heterogêneos
e um equipe ou seleção de partes da modelagem; Decompõe – lida com composição e
decomposição; Associa – informações compartilhadas da modelagem; Define – descrição
compartilhada de um objeto e suas várias instâncias; e por fim o Conecta – relacionamento

Página | 31
2 BUILDING INFORMATION MODELING

topológico geral entre dois objetos. Para propriedades, o IFC inclui todas as informações
relacionadas a custo, ao tempo, a extração de quantitativos, os espaços, a segurança, o uso do
terreno e outros. Por fim, a metapropriedade foi pensada em lidar e precisar transferir dados de
gerenciamento de informações. Para tanto, o IFC “é o único modelo existente de dados
públicos, não proprietário e bem desenvolvido para construções e arquitetura” (EASTMAN et
al., 2014, p. 84).
Criado em 1997, o modelo padrão de dados IFC está continuamente evoluindo, sendo
liberado uma nova versão a cada dois anos. Por isso, é importante sempre estar atento às
novidades no tema para que o tempo de projeto e execução possa ser sempre otimizado, visando
a máxima qualidade.

2.5 Especialidades BIM

Como visto anteriormente, a interoperabilidade gera mudanças significativas na


integração e na colaboração da equipe de projeto, alterando os processos de trabalho. No BIM,
existe a possibilidade de antecipar esses esforços, bem como as tomadas de decisões dos
profissionais envolvidos. Entendendo que o fluxo de trabalho dentro da plataforma é diferente,
Barison e Santos (2011) descrevem a necessidade da formação e da definição de novos
profissionais ou especialistas BIM.
Existem hoje grandes construtoras, assim como médias e grandes empresas de projetos,
que estão contratando profissionais especializados em Building Information Modeling,
principalmente em países onde essa tecnologia é mais difundida. A literatura técnica identifica
muitos especialistas diferentes em BIM, cada um com um conjunto específico de
responsabilidades descritas abaixo. Na prática, um profissional pode executar as tarefas de um
ou mais dos especialistas, dependendo do projeto e do tamanho da empresa que ele ou ela está
trabalhando (BARISON; SANTOS, 2011). Os especialistas BIM atuam preferencialmente em
empresas do setor de AEC/GF, onde podem assumir cargos com carreira profissional ou
gerencial. Também podem atuar em organizações proprietárias, empresas de design, construção
geral e Firmas Subcontratadas (EASTMAN et al., 2008). Para Howard e Björk (2008), as
empresas que estão fazendo uso da tecnologia BIM estão encontrando dificuldades,
principalmente no que se refere à falta de comunicação entre os participantes no processo do
projeto e/ou na construção.
Para tanto, faz-se necessário a definição dessas funções para que os profissionais
interessados em seguir tais carreiras possam se tornar especialistas. Barison e Santos (2011),
Página | 32
2 BUILDING INFORMATION MODELING

por meio de trabalhos realizados e revisão bibliográfica internacional, estabeleceram uma


hierarquia de especialistas em BIM para empresas do setor AEC. Cada especialista pode
assumir e executar mais de uma tarefa, a depender do tamanho da empresa ou da complexidade
dos projetos desenvolvidos, como mostra o Quadro 3:
Quadro 3 – Resumo das Especialidades
ESPECIALIDADES BIM FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES
Modelador BIM Cria, desenvolve modelos BIM e extrai documentações deles; Cria a
Modelador 3D geometria nos modelos e trabalha com a equipe de projeto; Insere no
Modelador de Custos modelo informações sobre processos construtivos e recursos; Adiciona
Modelador de Etapas etapas aos recursos com base no planejamento do construtor; Desenvolve
Modelador de Instalações projetos de instalações prediais; Cria os modelos 3D para fabricação a
Modelador de Fabricação partir do modelo de construção.
Analista BIM Faz análises e simulações baseadas no modelo.
Auxilia pessoas no canteiro de obras a visualizar as informações do
Facilitador BIM
modelo
Ajuda o Gerente de Facilidades a extrair informações dos modelos;
Operador BIM da Facilidade
Guarda, mantém e administra modelos durante as fases de Operação e
Guardião BIM
Manutenção da edificação.
Mapeia requisitos de troca de informações (ER) para classes IFC e
Especialista em Modelagem
Garante a integridade de dados trocados
Desenvolvedor de Desenvolve e personaliza software para suportar a integração e o processo
Software e aplicações BIM BIM.
Consultor BIM Orienta projetistas, desenvolvedores e construtores na implementação de
Consultor BIM estratégico BIM; Gera estratégias de médio e longo prazo baseadas em visão de
Consultor BIM Funcional realização; Gera planos de ação de acordo com as estratégias; Executa o
Consultor BIM Operacional plano de implementação BIM; Desenvolve plano de implementação BIM
Consultor Registrado para fabricante de software
Pesquisador BIM Coordena e desenvolve pesquisas sobre BIM; Ensina conceito, processos e
Educador BIM ferramentas BIM em universidades.
Gerente BIM
Gerente BIM da Companhia
Gerencia pessoas na implementação e manutenção do processo BIM;
Gerente BIM do Escritório
Estabelece e supervisiona comunicação entre filiais Implementa BIM no
Gerente do Modelo
escritório e coordena equipes; Integra informações de diferentes agentes;
Gerente BIM de Instalações
Gerencia e dá suporte aos modeladores de instalações; Implementa
Gerente BIM da Companhia
BIM/IPD na companhia; Estabelece padrões e processo BIM; Cria e
Gerente BIM da Construtora
atualiza o modelo BIM de Construção; Gerencia a facilidade por meio de
Gerente BIM do Projeto
BIM; Supervisionar o processo BIM em nome do proprietário
Gerente BIM da Facilidade
Gerente BIM do Proprietário
Fonte: Adaptado de Barison e Santos (2011)

A hierarquia apresentada na Figura 14 é um modelo padrão de organização, baseado nas


especialidades mais recorrentes e que pode ser encaixado em qualquer empresa do setor da
AEC. Para tanto, mesmo com as diversas especialidades aqui apresentadas, apenas os Analistas
BIM, Facilitadores BIM, Modeladores BIM e o Gerente BIM são funções padrões possíveis a
participarem dessas organizações básicas, uma vez que, “embora possam existir vários
profissionais especializados em BIM, na prática um único profissional pode executar as tarefas
de um ou mais especialistas, dependendo da complexidade do projeto e do tamanho da
companhia em que trabalha” (BARISON; SANTOS, 2011, p. 3).
Página | 33
2 BUILDING INFORMATION MODELING

Figura 14 - Hierarquia organizacional das especialidades BIM

Fonte: Barison e Santos (2011)

Considerando essa organização básica para caracterizar dada empresa como utilizadora
do BIM no processo, é importante entender quais momentos cada profissional deve ser inserido,
a partir de sua função na hierarquia. No eixo profissional estão os seguintes especialistas:
Analista BIM, Facilitador BIM, Modelador BIM e o Operador BIM de facilidades. Nesse eixo,
todos os profissionais envolvidos devem ter conhecimento e prática no manuseio de softwares
da plataforma para que as demandas sejam supridas. Esses profissionais assumem funções
diferentes, de acordo com o local e nível ao qual estão trabalhando.
No eixo de gerenciamento, no nível do projeto, estão os Gerentes BIM, que podem atuar
em Organizações Proprietárias, Construção Geral e Empresas Subcontratadas (KYMMELL,
2008), sendo também esse especialista conhecido como Gerente de Modelagem em Escritórios
de Projeto (EASTMAN et al., 2014). Essa especialidade é bastante requisitada, pois sua
principal função é gerenciar pessoas na implementação e na manutenção do processo BIM. Ao
atuar em nível de projeto, a principal função do Gerente BIM será de produzir o modelo de
arquitetura; caso trabalhe em uma construtora, ele tem como tarefa central a produção do
modelo de construção (BARISON; SANTOS, 2016).
No Empreiteiro Geral e Empresas Subcontratadas, o Gerente BIM pode ocupar dois
cargos: Gerente de Projeto BIM ou Construção BIM Oficial (EASTMAN et al., 2014), e cada
consultor/projetista pode designar um Gerente do Modelo para o projeto. Esse especialista
estabelece as diretrizes e os padrões de modelagem de sua disciplina, que envolve o
mapeamento do uso do modelo e a identificação das ferramentas e aplicativos BIM que serão

Página | 34
2 BUILDING INFORMATION MODELING

utilizados. Sendo uma função de coordenação, essa pode ser exercida por um arquiteto, já que
ele pode ser designado também como coordenador do projeto.
O conhecimento dessas especialidades é de suma importância para implementação BIM
e sua consequente organização. Cada empresa deve estabelecer suas prioridades quanto aos
profissionais que serão envolvidos, sendo essas definições primordiais para que os Fluxos de
Trabalho BIM possam ser seguidos e que o processo de projeto não sofra “desvios”. Associado
a isso, temos os Níveis de desenvolvimento ou Level of Developmente (LOD), que auxiliam os
usuários no controle das etapas dos projetos.

2.6 Nível de Desenvolvimento – Level of Development (LOD)

Em um processo de projeto BIM, não seria necessário definir as etapas, mas apenas
pontuar a associação das informações desejadas a cada elemento projetado, em cada fase da
evolução do projeto. Contudo, a cultura existente deve prevalecer por algum tempo, o que exige
a adaptação de alguns conceitos do BIM. Segundo ABDI (2017), cada etapa de projeto possui
objetivos de usos BIM diferenciados e por isso pode requerer um modelo BIM composto por
elementos com níveis de desenvolvimento diferentes.
Sendo assim, o Level of Development (LOD), ou em português Nível de
Desenvolvimento do BIM, é um critério que define a maturidade e a utilização da ferramenta
BIM em diferentes etapas de um projeto. Além disso, um plano colaborativo indica aos
profissionais envolvidos na elaboração do projeto a compreensão da evolução de um elemento
da ideia conceitual até a definição exata. Dessa forma, a estrutura do nível de desenvolvimento
(LOD) informa em que nível uma informação deve estar em determinada etapa de
desenvolvimento do projeto, fazendo com que todos os profissionais envolvidos na constituição
dele possam utilizar o modelo de forma estabelecida pelo autor, resultando em uma
comunicação eficiente de informações e etapas de projeto (DELATORRE; SANTOS, 2015).
Pensando em disseminar as boas práticas do uso da plataforma entre os profissionais, a
AsBEA lançou o Guia de Boas Práticas em BIM (2015), e em um dos itens abordados, está a
do Levantamento dos Requisitos do Projeto, a qual apresenta ao leitor as condições do processo
BIM, que incluem a definição do nível de desenvolvimento do modelo. O guia destaca que os
modelos desenvolvidos apenas para coordenação e documentação do projeto podem exigir
diferentes níveis de detalhamento. Os níveis são enquadrados em cinco LOD’s, que são
definidos pelo AsBEA (2015), e baseado no AIA Document E202 (2008), como: LOD 100,
LOD 200, LOD 300, LOD 400 e LOD 500. Vejamos a Figura 15:
Página | 35
2 BUILDING INFORMATION MODELING

Figura 15 - Evolução da informação dos LoD’s do elemento

Fonte: ABDI (2017)

O modelo do LOD 100 pode ser utilizado ao nível do Projeto Esquemático, onde são
fornecidas informações de massas e volumes de objetos. A informação disponível nesse nível
é limitada à disposição de espaços, cálculos de volumes, áreas e orientação dos espaços.
Segundo ABDI (2017, p. 26):
Esse tipo de modelo permite estimativa de custos baseadas em áreas típicas, tanto de
pisos como de fechamentos, volumetria e indicadores derivados, como proporção de
áreas privativas/construídas, compacidade, entre outros. A definição dos limites da
volumetria é um elemento importante a ser considerado no desenvolvimento da etapa
seguinte, pois se constitui no “envelope” da obra, seus limites espaciais que deverão
ser respeitados nas etapas seguintes.

É possível que nessa etapa possa estimar o planejamento do projeto e a duração


aproximada. Pensando em sua estrutura, podemos utilizar nesse nível massas básicas, por
exemplo, lajes uniformes com espessuras genéricas, que represente vigas que estejam
suportadas em paredes e pilares igualmente genéricos (Ver Figura 16). Esses elementos
associados a dados externos, permitem que cálculos estimativos sejam realizados, mesmo que
de maneira ainda inicial.

Figura 16 - Esquema Representativo Planta e Perspectiva - LoD 100

Fonte: AsBEA (2015)

Página | 36
2 BUILDING INFORMATION MODELING

Já no LOD 200, o modelo é mais desenvolvido que o nível anterior por apresentar
volume dos objetos, como visto na Figura 17. Em geral, possui mais informações que
possibilitam uma análise básica de sistema estrutural, através da realização de exportação para
ferramentas específicas de cálculo automático das estruturas do projeto. Nesse modelo, pode
incluir informações não geométricas, utilizadas na elaboração de estimativa de custos, além de
incluir, nesse nível, uma aparência escalada no tempo dos elementos principais, com a
finalidade de dividir o projeto em fases e organizar como será o planejamento da obra. Um
modelo BIM constituído por elementos no ND 200 ou superiores, permite a extração de
documentos para compor o Estudo Preliminar e o Projeto Legal.

Figura 17 - Esquema Representativo Planta e Perspectiva - LoD 200

Fonte: AsBEA (2015)

No LOD 300 é onde surgem as informações necessárias para a preparação de


documentos da construção à nível de projeto de execução, como os desenhos dos materiais para
os fornecedores, compilação de mapas de trabalho, quantidade de materiais e custos para a
construção. Podem ter nesse nível a inclusão de informações não geométricas usadas para o
projeto ou para a construção. Esse modelo pode criar outros analíticos para o projeto de
estruturas e servir como base para a preparação dos desenhos citados anteriormente. Segundo
a ABDI (2017), esse nível de desenvolvimento também permite a extração de quantitativos de
materiais básicos (alvenaria, concreto, etc) e de revestimentos por tipo, compartimento,
pavimentos ou setores, além da extração de documentos para compor a etapa de Projeto Básico
e Pré-executivo. A figura abaixo, ilustra uma modelagem de parede e seu nível de detalhamento
de representação neste LOD:

Figura 18 - Esquema Representativo Planta e Perspectiva - LoD 300

Página | 37
2 BUILDING INFORMATION MODELING

Fonte: AsBEA (2015)

O LOD 400 é o nível onde se incluem detalhes adicionais e insere todas as estruturas
primárias e secundárias de suporte, como visto na figura 19. Nesse momento, tem-se o objetivo
de representar virtualmente a estrutura que pode ser utilizada durante a construção, devendo ter
informações completas como fabricação, montagem ou construção. É possível, nessa fase, fazer
um levantamento de custos mais precisos, já que os elementos que devem ser utilizados para a
construção são mais detalhados, assim como também conseguiremos mostrar uma aparência
escalada de alguns elementos utilizados na constituição do projeto.

Figura 19 - Esquema Representativo Planta e Perspectiva - LOD 400

Fonte: AsBEA (2015)

Por fim, o LOD 500 é o último nível, que tem os mesmos objetivos do LOD 400, mas é
utilizado para manutenção, quando autorizado. Nesse nível, os elementos e os sistemas
modelados devem estar de acordo com a construção e ter todos os detalhamentos precisos
(SILVA, 2013), como visto na Figura 20. O Quadro 4 apresenta o resumo das atividades e em
quais etapas essas podem ser desenvolvidas diante de cada LOD.

Página | 38
2 BUILDING INFORMATION MODELING

Figura 20 - Esquema Representativo Planta e Perspectiva - LOD 500

Fonte: AsBEA (2015)

Quadro 4 - Resumo do LOD


LoD OBJETIVO ETAPA
- Massas, Áreas e Volumes de objetos - Planejamento do projeto e sua
LoD 100
- Disposição e orientação de espaços duração
- Estimativa de custos
- Aparência escalada de elementos
LoD 200 - Análise do sistema estrutural
- Dividir o projeto em fases
- Planejamento da obra
- Preparação de documentos (desenhos,
LoD 300 - Desenhos técnicos
levantamento quantitativo de materiais)
- Detalhes adicionais
- Inserção de Estruturas primárias e
- Aparência escalada de elementos da
LoD 400 secundárias de suporte
construção
- Representação da estrutura (fabricação,
montagem ou construção)
- Elementos e sistemas modelados com
LoD 500 - Utilizado para manutenção
detalhamento preciso
Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Por fim, ressalta-se que a inserção das informações no modelo é realizada de maneira
gradativa, na medida em que o projeto evolui e, portanto, tem mais definições sobre seus
elementos. É importante que reuniões de planejamento, para a inserção dessas informações,
aconteçam no início ou antes que o processo projetual inicie, para evitar trabalhos excessivos e
desnecessários.

Página | 39
3
PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

Neste capítulo, abordaremos a discussão referente ao processo projetual em arquitetura,


com destaque para a colaboração entre profissionais da construção civil – arquitetos e
engenheiros civis, sobretudo, com o auxílio da plataforma BIM.

3.1 Processo de Projeto

Os projetos de arquitetura variam em função das necessidades/demandas dos clientes


e/ou usuários, de aspectos funcionais, técnicos, sociais, estéticos, entre outros, e da
personalidade dos projetistas. Apesar dessa variabilidade, na literatura corrente sobre o
processo de projeto, há autores que apontam características mais ou menos comuns aos
processos que dão forma ao objeto demandado.
Segundo Lawson (2011, p. 34), o processo de projeto que conhecemos em tempos
recentes não surgiu como resultado de um planejamento cuidadoso e voluntário, mas como
reação a mudanças no contexto social e cultural mais amplo em que se projeta”. Já para Melhado
(1994), o processo de projeto é dividido em nove etapas progressivas e podem ser divididas em:
(a) idealização do produto; (b) concepção inicial e análise de viabilidade; (c) análise dos
processos; (d) formalização do produto; (e) detalhamento de produto e processo; (f)
planejamento; (g) produção; (h) entrega do produto; (i) operação e manutenção. Para o projeto
arquitetônico, a ABNT NBR 16636 – Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos
especializados de projetos arquitetônicos e urbanísticos – recomenda que o projeto
arquitetônico deve seguir de sete à oito etapas, sendo iniciada no levantamento de dados,
seguido de programação de necessidades de arquitetura, estudo de viabilidade, estudo
preliminar, anteprojeto, projeto legal, projeto básico e, por fim, projeto executivo (ABNT,
2017).
De acordo com Cross (1999, apud SANTOS, 2014, p. 22), “o processo de projeto é
exploratório porque a cada novo desafio o projetista explora um ‘território desconhecido’, onde
os problemas de projeto só são compreendidos depois de tentativas de resolvê-los”. Sendo
assim, o projetista também tem por meta, não só reproduzir soluções já validadas, catalogadas
ou algo semelhante, mas trazer o novo. O autor acrescenta que o processo também é ambíguo,
uma vez que a escolha de uma solução, entre as possíveis, implica no abandono de outros
caminhos que poderiam ter sido trilhados. O processo de projeto é emergente porque relações
espaciais não antevistas emergem na medida em que os problemas e as soluções evoluem. E é
Página | 41
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

também reflexivo, devido ao diálogo entre o interior e o exterior do projetista, pelo qual as suas
ideias são desenhadas, desenvolvidas, rejeitadas, revistas e refinadas (CROSS, 1999 apud
SANTOS, 2014).
Ao discorrer sobre os problemas de projeto, Lawson (2011) aponta que a estrutura
desses varia a partir dos geradores de restrições, do campo e da função do projeto. Os Geradores
de Restrições são: os clientes – fornecedores das demandas iniciais a serem atendidas, os quais
nem sempre são os usuários finais do edifício, assim como no caso de projetos de edifícios
públicos; os usuários do espaço construído; os projetistas, que contribuem com a definição dos
problemas de projeto através dos seus interesses e do seu olhar interpretativo; e os legisladores,
que definem os parâmetros de uso e ocupação do solo (LAWSON, 2011). Por fim, à função
assumida no processo de projeto, as restrições são definidas como radicais, práticas, formais e
simbólicas, como podemos ver na figura 21:

Figura 21 - Modelo completo dos Problemas de Projeto

Fonte: Lawson (2011, p. 106).

Lawson (2011, p. 55) afirma que “o mais provável é que projetar seja um processo no
qual problema e solução surgem juntos”. O autor ainda ressalta que essas etapas não são as
únicas e nem são lineares (figura 22), ou seja, elas se entrelaçam e articulam continuamente
durante o processo. Para o autor, a compreensão do problema (Análise) aumenta a cada tentativa
de solução (Síntese), de modo que a análise e síntese se retroalimentam durante o processo de
projeto, sendo denominado por ele de “análise através da síntese”, destacando que “[…] sem
dúvida as atividades de análise, síntese e avaliação estão envolvidas nessa negociação, mas o
mapeamento não indica pontos de partida e de chegada nem a direção do fluxo de uma atividade
a outra” (LAWSON, 2011, p. 55).
Página | 42
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

Figura 22- Mapeamento do processo de projeto visto como negociação entre problema e solução, por
meio da Análise, Síntese e Avaliação

Fonte: Lawson (2011, p. 106).

Em estudo sobre processo de projeto em equipe, desenvolvido por mais de três meses,
Brandão (2008) constatou que a falta de contornos precisos dos problemas de projeto – discutida
por Lawson (2011) – possibilita que os arquitetos definam estratégias e procedimentos para tal,
ao invés de somente recorrer à métodos, às ideias ou às fórmulas prontas para o enfrentamento
das questões de projeto. Isso significa que essa indeterminação aos problemas de projeto,
possibilita que, durante o processo, sejam criados procedimentos não previstos para solucionar
questões não mensuráveis antes do início dos trabalhos. Sobre a dinâmica de um processo de
projeto observado em campo, Brandão (2008, p. 201) comenta:

Durante o primeiro e início do segundo dia, os arquitetos trabalhavam com estudos de


corpo único/corpo duplo, deslizamentos, analisavam massas e justaposições,
reportavam-se às referências notáveis. A noite seguinte foi caracterizada pelo evento da
ideia noturna. Depois disso, e durante cinco dias de trabalho, os arquitetos se
defrontaram com uma figura que não era mais composta por um ou dois corpos cúbicos,
mas um corpo em C. Durante a segunda metade do sétimo dia e primeiro do dia seguinte,
rapidamente, eles trabalharam na evolução estrutural do projeto. Após isso, o jogo de
encaixes possibilitado por uma malha estrutural possibilitou que os quartos se
deslocassem para um andar superior, amadurecendo, assim, uma primeira proposta a
ser apresentada aos clientes.

Na visão do autor, o produto gerado por meio do processo de projeto resulta do diálogo
profícuo entre duas esferas, sendo um interior, incluso as intenções do arquiteto, e outro externo,
que inclui os condicionantes externos de projeto. Nesse sentido, a relação com fatores externos
é tão influente quanto as ideias do projetista (BRANDÃO, 2008).

Página | 43
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

Para Kowaltowski et al. (2013, p. 87-90), embora a representação gráfica apresentada


por Lawson (2011) demonstre um modelo esquemático, “é flexível, adaptável a diferentes
processos de projeto e aborda as sequências essenciais do projeto de forma contínua e articulada
[…]”. Ainda segundo os autores:

A análise constitui a fase de identificação dos principais elementos que compõem o


problema de projeto. Nela são definidos: as principais metas e objetivos que o projeto
deve alcançar; os principais critérios de desempenho do edifício; as principais
restrições; possíveis impactos das soluções para os usuários, clientes e localidades etc.
A síntese está associada à fase criativa dos estágios de decisão. Nessa fase, os
arquitetos concebem as ideias e possíveis soluções que atendam aos objetivos e
satisfaçam às restrições e oportunidades observadas na etapa de análise. A fase de
avaliação visa garantir que uma solução proposta seja a mais aceitável. Para tanto,
procura detectar deficiências no projeto antes da produção, venda e uso, quando as
alterações tornam-se progressivamente mais demoradas e caras. (KOWALTOWSKI
et al., 2013, p. 88-90).

Kowaltowski et al. (2013) destaca que o sucesso do processo projetual em arquitetura


se vincula à qualidade da comunicação entre as suas fases, garantindo aos participantes
informações sobre o desenvolvimento das soluções e das avaliações. É relevante lembrarmos
que tais comunicações, que devem ocorrer no processo de projeto, não devem ser apenas por
meio de conversações, mas com uso de desenhos e modelos.
No processo de projeto, o uso de tecnologias digitais na elaboração dos trabalhos foi um
marco para o avanço e as otimizações dos produtos entregues. Os países desenvolvidos
começaram a implantar a cultura do CAD na década de 1970, tendo início no Brasil apenas 20
anos depois, tanto na prática da arquitetura, como no ensino (MENEZES, 2011). Contudo,
mesmo com a facilitação da representação dos projetos, com a substituição das pranchetas pelo
computador, a forma de colaboração, por exemplo, segue sendo sequencial. Os recursos CAD
pouco estimulam o processo colaborativo da equipe, diferente do que pretendem as ferramentas
digitais atualmente disponíveis.

3.2 Processo de Projeto BIM

No processo de projeto em papel existe uma ordem cronológica e sequencial. Com a


adoção do CAD, essa ordem permanece a mesma, ou seja, a arquitetura iniciava o processo,
seguida da estrutura e com a consolidação das soluções dessas duas disciplinas, as demais
iniciavam seus trabalhos. Ao final desse processo, as inconsistências eram detectadas.

Página | 44
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

Com o uso de BIM, essas incompatibilidades podem ser identificadas mais cedo
(BARISON; SANTOS, 2016). Para que a transição entre o processo de projeto e a tecnologia
BIM seja bem-sucedida, a primeira parte a ser feita é compreender o conceito de projeto e
construção virtual. Para definir os papéis dos profissionais durante o processo de um dado
projeto é necessário entender como será o fluxo de trabalho dos envolvidos e qual o processo
projetual utilizado.

3.2.1 Fluxos de Trabalho BIM

No Brasil, a implantação do BIM para a produção e a gestão de projetos e da obra ainda


é recente se comparado com os países pioneiros, tais como Inglaterra e Estados Unidos
(CAREZZATO et al., 2016), e da mesma maneira são os documentos nacionais acerca do tema.
A definição das equipes que participarão do processo BIM e de suas responsabilidades é
essencial para que seja possível o planejamento do desenvolvimento do projeto de forma a
garantir fluidez ao longo de todas as fases. Nesse momento, torna-se primordial avaliar quais
participantes estarão inseridos no processo BIM e entender quais terão capacidade de entregar
os projetos em BIM (AsBEA, 2015).
O Guia de Boas Práticas em BIM (2015) recomenda alguns procedimentos que devem
ser seguidos para um fluxo projetual. A montagem da equipe é um dos pontos mais críticos para
o sucesso de um projeto auxiliado pela plataforma BIM. O processo completo, onde todas as
disciplinas trabalham em BIM, traz benefícios para o andamento e a qualidade dele. No decorrer
da fase da elaboração de projetos, os participantes envolvidos trocam muitas informações,
sendo esse processo diferente no uso do BIM para o modelo, por exemplo, a velocidade e a
frequência de permuta das informações. Com o processo BIM é esperado a colaboração e,
consequentemente, as trocas de informações mais frequentes, o que possibilita um bom
desenvolvimento das diversas especialidades (AsBEA, 2015).
O planejamento do desenvolvimento dos projetos no processo BIM deve atender ao seu
fluxo de informações necessário. Por exemplo, a possibilidade de antecipar decisões de fases
futuras de projeto para ser pensado nas fases iniciais, consequentemente, na concepção do
projeto há um aumento nas decisões a serem tomadas por seus responsáveis. Com isso, a
extração de documentos e informações ocorrem somente após o amadurecimento dos modelos.
Em suma, ao realizar um estudo de viabilidade existirá mais informações do que normalmente
há, tornando o estudo preliminar praticamente um anteprojeto e o projeto básico passa ser a
transição para o detalhamento desses na fase executiva (AsBEA, 2015).
Página | 45
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

Figura 23 - Curva de Esforço

Fonte: www.hok.com/thought-leadership/patrick-macleymy-on-the-future-of-the-building-industry. Acesso: Abr. 2019

O foco do processo BIM inclui os novos processos internos a serem considerados e os


interempresariais. Compreende o plano de trabalho que se desdobra em fluxo, cronograma,
especificação dos entregáveis, método de comunicação, definição de funções, sistema de
concentração de dados, arquivos e informações, o nível de detalhamento desenvolvido em cada
fase e especificação do uso do modelo em todos os ciclos de vida da edificação (ABDI, 2017).
No processo de projeto BIM, o fluxo básico inverte o método usual de trabalho, como
podemos ver na figura 24, onde toda a análise do projeto por diferentes agentes participantes é
feito através de desenhos 2D, que serão ajustados e corrigidos sempre que necessário até atingir
um nível satisfatório de solução de conflitos. Com o processo BIM, a otimização e a
coordenação de soluções para o projeto é centralizado no modelo virtual da construção,
deixando de lado os desenhos em 2D anteriormente utilizados. Uma vez que o processo de
coordenação do projeto BIM esteja definido e o modelo validado, serão desenvolvidas e
extraídas as documentações que serão utilizadas de base para a execução da obra.

Página | 46
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

Figura 24 - Fluxo Básico em uma Etapa de Projeto

Fonte: ABDI (2017)

Apesar da organização envolvida no projeto com procedimentos BIM previamente


definidos, cada execução requer um planejamento cuidadoso, onde primeiramente é definido o
que se deseja alcançar no projeto, baseando-se em três questionamentos principais, sendo eles:
“Quais serão os usos do BIM?”, “Em que momento do ciclo de vida da edificação eles devem
ocorrer?” e “Quem será o responsável?”, conforme sugerido no fluxograma do guia ABDI
(figura 25). Quando a resolução dessas questões for definida, o próximo passo é verificar os
itens do modelo que serão utilizados como bases para a definição do ND (Nível de
Desenvolvimento) para cada etapa do processo.

Figura 25 - Fluxograma típico do Recebimento e verificação de arquivos

Fonte: ABDI (2017)

Página | 47
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

Segundo o ABDI (2017), a primeira fase a ser desenvolvida é a de incepção, onde será
iniciada a análise da possibilidade de realização do empreendimento desejado, sendo assim, é
o início da organização do projeto, com dados iniciais coletados, avaliados e validados. Após
todas essas definições, é preciso consolidar as tarefas para os fluxogramas do projeto e elencar
todas as tarefas necessárias para serem inseridas nas planilhas de serviço, já que é possível todos
os agentes participarem em cada etapa, como previsto pela plataforma BIM. Na planilha dessa
etapa, a coluna do uso do BIM é sempre preenchida como N.A (não se aplica), pois é uma das
tarefas a serem desenvolvidas nessa fase. Esse procedimento precisa ser repetido em todas as
outras etapas incluídas no processo BIM, precisando haver o cuidado de manter a coerência
entre os processos indicados.
Seguindo a ordem de desenvolvimento, o AsBEA (2015) recomenda que para cada etapa
do trabalho deve ser utilizado um fluxo de projeto, deixando claro qual é a etapa desenvolvida,
quais as informações devem ser inseridas no modelo, como deve ser o processo desenvolvido
e quais informações podem ser produzidas e extraídas.
a) Estudo de Viabilidade: o uso primordial do BIM a ser utilizado nessa fase é para a
elaboração e a coordenação de modelos 3D de massas que possuam informações legais
e toda a dimensão do terreno utilizado, requisitos de projeto, e o produto final será um
estudo consolidado de massas, sendo esse estudo referente ao modelo 3D da arquitetura.
Os agentes envolvidos nessa fase são os consultores específicos, arquiteto e o cliente
contratante. O nível de desenvolvimento do modelo segue baixo, onde é normalmente
considerado volumetria, definição de áreas e vazios, porém, quantitativos básicos da
fase de projeto já podem ser extraídos nessa etapa e utilizado pela equipe de estudo de
viabilidade do cliente contratante e do arquiteto.
b) Estudo preliminar e anteprojeto: tem por objetivo a elaboração e a coordenação de um
modelo 3D já consolidado e compatibilizado nos níveis estabelecidos de
desenvolvimento no Plano de Execução BIM, onde contém informações de estrutura,
infra e superestrutura, e as necessidades de instalações já modeladas, assim como a
coordenação e compatibilização e a consolidação desses modelos (ver figura 28). Os
agentes envolvidos são: cliente contratante, escritório de arquitetura e os projetistas de
estrutura, instalações e consultores necessários. Nessa fase, o modelo ganha uma
maturidade um pouco maior que na fase anterior e o produto final é um modelo
tridimensional consolidado nos níveis estabelecidos. Os quantitativos básicos relativos

Página | 48
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

podem ser extraídos desse modelo para ser utilizado pela equipe de orçamento do cliente
e do arquiteto.
c) Projetos legais: é considerado o principal uso do BIM, por permitir a análise de normas
e verificação de legislação. O controle da documentação do projeto deve ser feito
respeitando os padrões da prefeitura local de onde será realizada a execução do projeto.
Para extrair as informações necessárias, o projeto pode ser dividido em categorias de
ambientes e por tipologias para ser analisada a legislação. O trabalho de modelagem na
fase legal se trata da extração de informações, ao contrário das outras fases que
objetivam o acréscimo de informações. Enquanto é desenvolvido as fases de anteprojeto
e projeto básico, os projetos legais devem ser desenvolvidos para que os órgãos
pertinentes e as concessionárias públicas competentes o aprovem. Há a importância de
que essa fase seja realizada simultaneamente para que possa ser compatibilizada todas
as exigências de cada órgão e/ou concessionária, com as interfases do projeto como um
todo.
d) Projeto básico (pré-executivo): nesta fase, ocorre a elaboração e a coordenação de um
modelo tridimensional consolidado e compatibilizado nos níveis estabelecidos com
estrutura, sendo a infra e superestrutura, assim como instalações já modeladas, e a
análise da coordenação, da compatibilização e da consolidação desses modelos. Ainda
nessa fase, os modelos são trabalhados, revisados e compatibilizados de tal modo que
chegue ao resultado de um modelo consolidado. O cliente contratante, o arquiteto, o
projetista de estrutura, o projetista de instalações e demais projetistas e os consultores
necessários são os agentes envolvidos nessa etapa. A maturidade do projeto nessa fase
é significativamente grande e os documentos que podem ser extraídos são: plantas,
cortes, fachadas e detalhes específicos, assim como quantitativos que estão mais
aproximados ao orçamento esperado no final do projeto.
e) Projeto executivo: última fase do processo, onde o principal uso do processo BIM diz
respeito à elaboração e à coordenação do modelo tridimensional já executado,
compatibilizado e liberado para a obra, a nível de detalhamento suficiente, onde há todas
as informações necessárias para a construção da obra e quantitativo final de orçamento,
como ilustrado na figura 31. O modelo de arquitetura é alimentado novamente com os
demais modelos de estrutura e instalações de modo que chegue à liberação final do
modelo para a execução. Nessa fase, o cliente contratante não faz parte dos agentes
envolvidos, devendo estar em consonância somente o arquiteto, o projetista de estrutura,

Página | 49
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

de instalações e demais projetistas e consultores. Os quantitativos e os documentos


necessários podem ser extraídos desse modelo para consolidar a fase final do orçamento
e do planejamento da obra.
Para Dantas Filho et al. (2016), mesmo fazendo uso da plataforma BIM, o processo de
arquitetura continua com as mesmas etapas e o que muda são algumas questões posteriores, que
agora são discutidas nas fases iniciais. No modelo de Processo de Projeto norte-americano, o
Arquiteto assume, desde o início do projeto, a coordenação e a gerência de todo o fluxo de
trabalho BIM. Já no modelo brasileiro, segue-se uma estrutura diferente: o proprietário designa
quem deverá assumir a coordenação de projetos (BARISON; SANTOS, 2016). Pensando em
melhor definir e organizar o fluxo de projeto, Barison e Santos (2016) propõem um processo
de desenvolvimento de um modelo BIM, destacando o momento em que cada profissional será
inserido, como ilustrado na figura 26.

Figura 26 - Diagrama de um Fluxo de Trabalho em BIM

Fonte: Barison (2015)

Segundo os autores, na primeira etapa, o arquiteto, o proprietário e o coordenador BIM


se reúnem para organizar os dados de entrada do projeto. Na segunda etapa, o arquiteto cria o
modelo de arquitetura tendo como base o modelo conceitual e os dados de entrada de projeto.
Nesse momento, o esquema de arquitetura é finalizado e o estudo de viabilidade é reavaliado.
Quando finalizado o processo, o arquiteto o envia completo para os projetistas. Esse modelo
Página | 50
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

tridimensional também pode ser utilizado para extração de quantitativos e ser exportado para
outros programas de forma a melhor visualizar o volume da edificação (ADDOR et al. 2015).
Até esse momento, entende-se que o arquiteto necessita organizar um molde próprio para que
possa extrair quantitativos necessários. É importante destacar aqui que esse modelo não é para
extração e estimativas de custo ou orçamento, mas para controle do próprio arquiteto. Nas
próximas etapas, a participação do arquiteto é mais restrita, ao contrário dos engenheiros
projetistas; os projetos complementares são desenvolvidos por meio do modelo desenvolvido
nas etapas anteriores.
Os projetistas usam o modelo de coordenação para revisar e completar seus projetos e
depois os devolvem para o Coordenador BIM, que os revisa, os une e os atualiza em um novo
modelo de coordenação; as etapas que devem ser executadas podem ser observadas na figura
27. O Coordenador BIM utiliza o modelo de coordenação resolvido como uma base para extrair
informações para o desenvolvimento de modelos de: (A) custos e (B) etapas da obra. Nessa
fase, o proprietário revisa e valida o projeto, o orçamentista finaliza o processo de estimativa
de custos e o planejador da obra finaliza o cronograma de construção, com dados do modelo
BIM extraídos pelo Coordenador BIM.

Figura 27 - Etapas do processo de compatibilização.

Fonte: Barison e Santos (2016)

Sendo assim, no caso de o arquiteto assumir a tarefa de coordenação do processo BIM,


serão necessárias habilidades de gerenciamento, consideráveis qualidades pessoais, como a
priorização e o compromisso, além de habilidades de autogestão, tais como organização e
gerenciamento do tempo. Nesse caso, são essenciais conhecimentos sobre: detecção de
interferências, processos de coordenação e fluxo de trabalho BIM.
Para tanto, é importante conhecer modelos de colaborações por meio do BIM,
entendendo como esse processo de projeto pode ocorrer, e em decorrência desse modelo
escolhido, como devem ser feitos os compartilhamentos de arquivos.

Página | 51
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

3.2.2 Processo de Projeto Colaborativo

Na forma como se é trabalhado em CAD, uma continuidade do processo que


adotávamos nos projetos impressos, existia uma ordem cronológica e sequencial da atuação de
cada disciplina. A arquitetura iniciava o processo, seguida pela estrutura, e só com a
consolidação das soluções dessas disciplinas as demais iniciavam seus trabalhos. Esse
andamento se repetia a cada nova fase do projeto. Esse processo resultava em
incompatibilidades frequentes, somente detectadas em análises específicas de compatibilização
de projetos que ocorriam sempre ao final dos trabalhos (ASBEA, 2015).
No projeto desenvolvido de modo colaborativo, as interações entre o arquitetônico e os
complementares ocorrem desde as fases iniciais da programação até a execução e a manutenção.
Para Leicht (2009), existem três elementos que definem colaboração:
a. A colaboração é um processo;
b. A colaboração envolve a interação de duas ou mais pessoas;
c. As pessoas precisam trabalhar juntas em direção a um objetivo comum.
Segundo Kvan (2000 apud SANTOS, 2014), para se ter colaboração é necessário que
os participantes sintam que o trabalho em conjunto é para alcançar um resultado único. Essa
atividade exige mais dos envolvidos, bem como é difícil de se estabelecer e manter em relação
ao formato de equipe tradicional. Ainda segundo os autores:

A colaboração é provavelmente episódica e cíclica. [...] Colaboradores trabalham


juntos por momentos, então se dividem e seguem caminhos separados. Os
participantes atuam como especialistas individuais abordando questões de projeto de
suas perspectivas. Sua experiência pode mudar durante as atividades de projeto assim
como sua compreensão é complementada e eles aprendem a partir do seu
envolvimento. (KVAN, 2000, p. 412, apud. SANTOS, 2014).

O processo de projeto colaborativo se configura em quatro etapas bem delimitadas –


início, planejamento da meta, negociação e avaliação ou conclusão – dispostas sequencialmente
e que estão relacionadas ao planejamento de uma meta coletiva, das negociações entre os
participantes e com o trabalho individual e as avaliações conjuntas que serão realizadas
(KVAN, 2000 apud SANTOS, 2014). É importante que seja destacado o trabalho individual,
durante o processo. Essa atividade, em grande parte, é realizada em paralelo com outros agentes
para que seja alcançado o objetivo comum, como observamos na figura 28:

Página | 52
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

Figura 28 - Modelo de Projeto Colaborativo

Fonte: Adaptado por Santos (2014).

Nesse sentido, para que as atividades dos processos colaborativos sejam realizados,
recomenda-se a busca por alcançar as metas do projeto. É necessário assim, criar
padrões/modelos em que a equipe saiba como agir, solucionando problemas que, porventura,
possam aparecer.
Em seu artigo intitulado Computers, words and pictures, Lawson e Loke (1997) destaca
a importância do diálogo entre projetistas. Para ele, tanto os desenhos quanto as palavras são
essenciais para o processo de projeto, uma vez que possibilitam a geração e a seleção, entre os
arquitetos, dos conceitos norteadores do desenvolvimento do projeto. O autor ainda observa
que os arquitetos que trabalham em escritórios, que fazem uso da colaboração no processo
projetual, utilizam frases como “formas redondas em recipientes quadrados” ou palavras como
“mirante”, que designam situações de espaço e proporcionam uma comunicação eficiente, pois
compõem um quadro de referências comuns, as quais são prontamente reconhecidas e
assimiladas por todos participantes da atividade, facilitando a interação entre os membros
componentes da equipe, enquanto buscam, em conjunto, soluções para o projeto.
Nesse sentido, Campestrini et al (2015) afirmam que, para se formar uma equipe
colaborativa, é necessário que seja realizada uma análise da composição da equipe, como um
todo. Para os autores,

Página | 53
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

A base está nas disciplinas tradicionais para a realização do projeto e, caso haja metas
específicas ou complexidades no projeto, pode ser necessário a contratação de
profissionais especialistas. Nem todos precisam atuar desde o início ao fim do projeto
e, nesse caso, é importante analisar especialmente sua forma de atuação.
(CAMPESTRINI et al., 2015, p. 23).

Estabelecer um procedimento de colaboração BIM é indispensável na organização do


processo de projeto, pois visa definir as condições de acesso aos arquivos, à direitos e aos
deveres dos usuários e regras de sincronização dos arquivos. Para Eastman et al. (2014, p. 172),
a “colaboração acontece em dois níveis: primeiro com as partes envolvidas, usando encontros
via web e monitores [...] e o outro envolve compartilhamento de informações do
empreendimento”. Sendo assim, o comprometimento do profissional deve receber atenção
especial nesses projetos.

3.2.3 Colaboração BIM

A adoção do BIM pode melhorar significativamente a colaboração dentro de uma rede


de atores interdependentes no desenvolvimento do modelo de uma obra planejada para ser
construída, com destaque para o potencial de melhoria na integração da cadeia de valor e a
colaboração entre os diferentes atores envolvidos no processo de construção da obra, tudo o
qual poderá levar a uma maior produtividade e redução de prazos e custos.
A tecnologia BIM e o trabalho colaborativo têm sido considerados de transição na AEC.
Podemos identificar diversas maneiras de colaboração sobre o desenvolvimento de modelos em
um projeto de construção baseado em IFC. Segundo Jørgensen et al. (2008), existem três
modelos possíveis e que expressam diferenças em relação aos parceiros de projeto, que devem
trabalhar em colaboração aos projetistas responsáveis pelas atividades de modelagem
coordenadas.
Serão apresentados três modelos de colaboração definidos por Jørgensen et al. (2008),
que servirão de fundamento para o experimento desta pesquisa (explicado adiante). O primeiro
e o segundo são recorrentes nas atividades colaborativas, onde os participantes trabalham de
maneira separada. Já o terceiro modelo é aquele que os envolvidos atingem o molde de
construção compartilhada, facilitando assim o processo de trabalho.

Página | 54
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

a. Modelos Separados

Nesse cenário, cada participante cria os modelos de maneira separada, que geralmente
se relacionam com diferentes disciplinas. Os envolvidos no processo, dos coordenadores aos
clientes, têm visões diferentes dos modelos, sendo muitas vezes desenhos redundantes. Alguns
moldes são apresentados nesse formato repetido e as mudanças que ocorrem levam mais tempo
para serem corrigidos em todos os projetos que estão sendo desenvolvidos, já que não existe
um modelo único. Ver figura 29:

Figura 29 - Modelo Separado de Colaboração

Fonte: Jørgensen et al. (2008)

b. Modelos Separados com Modelo Agregado

Esse cenário é o do mesmo modelo do anterior, porém, esse é agregado, ou seja, passa
por compatibilizações constantes. O objetivo principal desse modelo é o suporte para a
coordenação do projeto, que pode se beneficiar das vistas do molde agregado diretamente e
muitas vistas dele podem ser produzidas para os clientes (JØRGENSEN et al. 2008). A
compreensão desse modelo pode ser observada na figura 30:

Página | 55
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

Figura 30 - Modelo Separado com Modelo Agregado

Fonte: Jørgensen et al. (2008)

c. Modelos Compartilhado

Por fim, no cenário de modelo compartilhado, todos os parceiros colaboram no projeto


e na manutenção (figura 31) (JØRGENSEN et al. 2008). É importante destacar que aqui todos
os envolvidos no processo podem ter acesso para produzir seus próprios pontos de vista.

Figura 31 - Modelo Compartilhado

Fonte: Jørgensen et al. (2008).

Sendo assim, para que os cenários anteriores possam ser utilizados dentro da
metodologia BIM, é necessário entender como serão realizados os compartilhamentos de
arquivo, já que a transferência de dados entre os colaboradores é essencial para que o processo
colaborativo possa acontecer. O mercado da construção tem à disposição diversas tecnologias
de Informação e Comunicação (TICs), que estão voltadas para o compartilhamento e a troca de

Página | 56
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

modelos BIM (MARTINS JÚNIOR, 2018). Tais tecnologias favorecem a colaboração e a


comunicação entre os envolvidos no processo.
Os métodos de troca são classificados de acordo com a plataforma. A transferência de
arquivos físicos de modelos separados é a maneira mais “rudimentar”. Segundo Manzione
(2013, p.127), “a troca ocorre através de transferência de arquivos físico gerado pelo software
de modelagem”. Os modelos são inseridos em mídias físicas como DVD ou repositórios na web
e repassados para os projetistas.
Sendo assim, cada disciplina desenvolveria os próprios modelos, vinculados a um outro
único, central e integrado, todos depositados no mesmo local virtual. De acordo com a AsBEA
(2015), o modelo federado é o cenário corrente: com os arquivos das disciplinas “[...]
desenvolvidos em cada escritório específico e disponibilizados em servidores de hospedagem,
a partir de seus uploads, permitindo os downloads para visualização pelos demais envolvidos
[...]” (ASBEA, 2015, p.7), ou seja, uma mudança feita em um dos arquivos não cria mudanças
nos demais componentes do modelo federado (ver figura 32 e 33). Porém, é necessário, para
manter a consistência do conjunto de banco de dados, um aplicativo de coordenação de projetos,
como Naviswork, Solibri Model Checker.

Figura 32 - Modelo Federado, composto por diversos arquivos

Fonte: ABDI (2017).

Figura 33 - Esquema Representativo de Modelos Federados

Página | 57
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

Fonte: AsBEA (2015).

Para facilitar os trabalhos e a visualização, o modelo pode ser subdividido em partes,


por exemplo, em torres de pavimentos, tipo, embasamento e cobertura, ou ainda em setores.
Esses modelos serão integrados em um único arquivo central para que se obtenha a visualização
completa do empreendimento. É responsabilidade da coordenação do projeto a definição das
regras de acesso e inserção de arquivos nesse modelo.
Já os Servidores de modelos BIM são definidos por Vishal, Ning e Xiangyu (2011),
basicamente, como um conjunto de banco de dados relacionais e centrais, que funcionam como
repositórios de informações e que permitem outras aplicações. Para tanto, esses fazem uso da
interface do banco de dados para atualizar os modelos e importar informações e gerar vistas de
dados a partir de combinações de modelos (figura 34).

Figura 34 - Formatos de Entrada e Saída de Entregáveis

Fonte: ABDI (2017).

Página | 58
3 PROCESSO DE PROJETO E COLABORAÇÃO

Para Manzione (2013, p. 129), “essa capacidade de integração pode melhorar a


colaboração, possibilitando a criação de uma fonte unificada para o acesso e o
compartilhamento de dados”. Devem ser incluídas também as definições específicas do projeto,
como as coordenadas, o ponto de origem dos arquivos, a worksets e/ou possível subdivisão do
projeto em mais de um arquivo para facilitar o manuseio e o processo de trabalho. “Worksets” é
um recurso de compartilhamento, que permite o uso por diversos usuários em um único modelo, não
havendo conflitos de um sobre o outro (ABDI, 2017).
Tais servidores podem aparecer de duas formas, segundo Beetz et al. (2011): Servidores
exclusivos para ferramentas de formatos proprietários, onde o desenvolvimento dos modelos é
original de softwares do mesmo fabricante, por exemplo, o aplicativo da Autodesk®, o Revit
server; e os Servidores para formatos abertos e não-proprietários, em que ocorre
compartilhamento de arquivos de softwares de fabricantes diferentes. Nesse modelo, os
arquivos IFC serão constantemente utilizados, evitando as perdas de dados durante o processo.

Página | 59
4
MÉTODOS E TÉCNICAS
4 MÉTODOS E TÉCNICAS

4 MÉTODOS E TÉCNICAS

Neste capítulo, abordaremos os procedimentos metodológicos, as técnicas e os


instrumentos utilizados para alcançar o objetivo proposto. Também são apresentados os
critérios de análise, construídos com base na revisão bibliográfica. O capítulo está dividido em:
Delineamento da Pesquisa, Instrumentos da Pesquisa e Elaboração do Instrumento de
Avaliação.

4.1 Delineamento da Pesquisa

A pesquisa apresenta natureza de caráter qualitativo, aplicada no nível descritivo e faz


uso de procedimentos de registro e exposição, sendo caracterizada como pesquisa-ação, por
envolver o pesquisador e os grupos interessados durante diversos momentos da pesquisa (GIL,
2002). Para tanto, a pesquisa apresentou as seguintes etapas: a) fase exploratória; b) formulação
do problema; c) seleção da amostra; d) coleta de dados; e) análise e intepretação dos dados; g)
divulgação dos resultados.

Figura 35 – Delineamento da Pesquisa’’

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Página | 61
4 MÉTODOS E TÉCNICAS

A primeira etapa – fase exploratória – é o já apresentado referencial teórico, em


associação às experiências profissionais do pesquisador, que contribuíram no processo da
formulação do problema da pesquisa – segunda etapa – desta pesquisa. A terceira, quarta e
quinta etapas são as de seleção de amostras, coleta de dados e análise e interpretação dos dados,
respectivamente, sendo primordiais para o desenvolvimento dos instrumentos e avaliação desta
pesquisa, onde são definidos o formato do exercício proposto, da sistematização e análise dos
dados. A sexta e última etapa, a da elaboração de divulgação dos dados é a de discussão dos
dados, onde são apresentados os resultados da pesquisa.

4.2 Seleção dos Dados

A pesquisa foca no seguinte eixo de investigação: o processo colaborativo por meio do


BIM. No que concerne à seleção dos dados, a ênfase está na obtenção de dados para fazer a
caracterização dos objetivos da pesquisa.
A seleção dos métodos envolve a escolha de instrumentos que venham auxiliar no
cumprimento desses objetivos. Assim, foram utilizadas duas formas de coleta: observação e
registros por imagens, vídeos e áudios. A análise de conteúdo compreende técnicas de pesquisa
que permitem, de forma sistemática, a descrição das mensagens e das atitudes atreladas ao
contexto da enunciação, bem como as inferências sobre os dados coletados. Segundo Bardin
(2011, p. 5), a “análise de conteúdo é um conjunto de instrumentos de cunho metodológico em
constante aperfeiçoamento, que se aplicam a discursos (conteúdo e continentes) extremamente
diversificados”. Para a autora, a análise de conteúdo não é apenas um procedimento descritivo,
mas também utiliza, por meio de análises, as interferências. Essas análises buscam esclarecer
as causas da mensagem ou as consequências que a ela pode provocar.
Na fase inicial, ou pré-análise, o material é organizado, e nele temos o corpus da
pesquisa. Escolhem-se os documentos, formulam-se hipóteses e elaboram-se indicadores que
norteiem a interpretação final, observando algumas regras: a) exaustividade, sugere-se esgotar
todo o assunto sem omissão de nenhuma parte; b) representatividade, preocupa-se com
amostras que representem o universo; c) homogeneidade, nesse caso os dados devem se referir
ao mesmo tema, serem coletados por meio de técnicas iguais e indivíduos semelhantes; d)
pertinência, é necessário que os documentos sejam adaptados aos objetivos da pesquisa; e e)
exclusividade, um elemento não deve ser classificado em mais de uma categoria.

Página | 62
4 MÉTODOS E TÉCNICAS

Na etapa seguinte, Bardin (2011) destaca os tópicos relacionados à inferência que,


segundo ela, como técnica de tratamento de resultados, é orientada por diversos polos de
atenção, ou seja, polos de comunicação, como apresentado no Quadro 05 a seguir:

Quadro 5 – Pólos de Comunicação


Pólos de Comunicação
Emissor Receptor Mensagem Canal
É o ponto de partida da Serve mas como
Pode ser um indivíduo;
Produz a mensagem; análise. Estuda-se o procecimento
Recebe a mensagem e
Pode ser um indivíduo conteúdo, significado, experimental do que
estuda sobre a que ela
ou um grupo. signicantes, código e para análise de
se destina.
significação conteúdo.
Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

A última fase é a de interpretação dos dados, onde o pesquisador precisa retornar ao


referencial teórico e procurar embasar as análises, dando sentido à interpretação. Isso, porque
tais interpretações são pautadas em inferências que buscam se esconder por trás dos significados
das palavras para apresentarem, em profundidade, o discurso dos enunciados.
Como forma de auxiliar a análise do conteúdo, é necessário a produção de registros
confiáveis do trabalho de campo e de construir materiais empíricos válidos que possam ser
tomados como fonte para a compreensão de determinado fenômeno e/ou problema de pesquisa,
o que determina a adoção de procedimentos e recursos. Para Garcez, Duarte e Eisenberg (2011),
em pesquisas qualitativas, por exemplo, é fundamental que o pesquisador verifique que, diante
do objeto e dos objetivos, o mais adequado é realizar observações sistemáticas, produzir um
diário de campo manuscrito ou audiogravado, realizar entrevistas (estruturadas ou não),
fotografar, videogravar e assim por diante; o uso de vídeos pode servir como feedback para o
pesquisador ainda durante o processo de pesquisa de campo. Segundo Rosália Duarte (2002,
p.115), “ao transcrever entrevistas e ouvir sua própria voz, o pesquisador pode avaliar
criticamente seu desempenho e melhorá-lo gradativamente, mesmo podendo acontecer ao
assistirmos às vídeogravações”.
É importante assinalar que o vídeo não é mera transcrição da realidade em imagens; há
que se considerar o olhar de quem filma, o posicionamento desse diante do que está sendo
registrado, seus recortes, enquadramentos e escolhas. Todo o material gravado precisa ser
identificado, catalogado e arquivado adequadamente logo depois de produzido, de forma a
tornar possível o acesso à cada item e sua análise (GARCEZ; DUARTE; EISENBERG,2011).
Vale salientar que muitos pesquisadores optam por transcrever as gravações, transformando o
Página | 63
4 MÉTODOS E TÉCNICAS

texto audiovisual em texto escrito para analisá-lo segundo os pressupostos utilizados na análise
desse tipo de material.
Já as fotografias têm alta qualidade icônica, o que pode auxiliar a ativar lembranças das
pessoas ou estimulá-las a elaborarem enunciados sobre situações e processos complexos
(FLICK, 2009). Por outro lado, as imagens são ambíguas e passíveis de múltiplas
interpretações. Por isso, é necessário um aprendizado desse código e uma cuidadosa discussão
teórico-metodológica. Atendo-se à ligação das imagens com a pesquisa e com as incursões
científicas, infere-se que ora a fotografia se apresenta como fonte de dados em si mesma, ora
como objeto de pesquisa, mas que também pode ser instrumento e resultado (SANTOS, 2000),
ou ainda, como defende Warren (2009), uma combinação dessas categorias. As fotografias são
gravações detalhadas de fatos, além de que proporcionam uma apresentação mais abrangente e
holística de estilos e condições de vida (MEAD apud FLICK, 2009).
Embora a videogravação e o uso de registros fotográficos sejam recursos bastante
utilizados em pesquisas qualitativas, há pouca produção bibliográfica a respeito desses tipos de
análise, o que dificulta o manuseio do material coletado. Sendo assim, foi necessário, para esta
pesquisa, a adequação das ferramentas para o tratamento dos dados.

4.3 Coleta, Análise e Interpretação dos dados

Por meio dos métodos mencionados, os dados coletados foram sistematizados e tratados
para análise. O exercício realizado gerou aproximadamente 10 horas de gravações de áudios
das discussões entre os participantes de cada equipe e 9 minutos e 18 segundos de gravação em
vídeo da apresentação final, além das fotos realizadas pelo pesquisador.
Sendo assim, objetivando extrair e analisar a maior quantidade de informações
relevantes, seguindo os conceitos das formas de análise apresentadas, a sistematização dos
dados foi alcançada da seguinte forma: a) Pré-análise e Organização Inicial dos dados; b)
Sistematização e Codificação; e c) Interpretação e Análise dos dados (Figura 36):

Página | 64
4 MÉTODOS E TÉCNICAS

Figura 36 – Fases de Coleta, Análise e Interpretação dos dados

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Para realização da fase de pré-análise dos dados, foi efetuada a transcrição literal do
material coletado durante o exercício, garantindo assim, que nenhum dado deixasse de ser
considerado, sendo posteriormente organizado em “quem falou” e “qual equipe” o participante
fazia parte. A análise dessa etapa objetivou apenas a extração dos dados, sem buscar
significados no que era dito (Figura 37).

Figura 37 – Sistematização dos dados

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

A segunda etapa, a de sistematização e codificação dos dados, é a mais importante para


o tratamento das informações, uma vez que, a partir dessa, o material passa por uma organização

Página | 65
4 MÉTODOS E TÉCNICAS

aprofundada. Para tanto, o instrumento utilizado foi o sistema de classificação do The Uses of
BIM (KREIDER; MESSNER, 2013), guia desenvolvido para auxiliar na classificação do uso
do BIM, com propósito de implementá-lo ao longo da vida de uma edificação. Essa
classificação também permite que o usuário defina melhor alguns atributos para a realização do
projeto, como: Elemento da Instalação, ou seja, qual o projeto que será implementado o uso do
BIM; Fase de Instalação, o ponto que o uso do BIM será implementado; Disciplina, sendo a
parte pela qual o Uso BIM será implementado; e Level of Development (LoD’s), sendo o nível
de desenvolvimento ao qual o Uso do BIM será implementado:

Figura 38 – Usos do BIM

Fonte: Adaptado pelo autor (2020).

Para definir a estrutura de análise dos dados, foi realizado estudo aprofundado quanto
aos cinco objetivos primários e seus seguintes objetivos secundários, evidenciado por Kreider
e Messner (2013): Reunir; Gerar; Analisar; Comunicar e Perceber, como observado na figura
38. Os objetivos primários utilizados como categorias de análise foram: Gerar, Analisar e
Comunicar, por apresentarem informações pertinentes para o resultado desta pesquisa, sendo
os respectivos objetivos secundários utilizados para a codificação dos dados. Assim, o roteiro
de análise está estruturado e aprofunda-se nos seguintes temas:
a. Gerar: essa categoria buscou entender os momentos de interação entre as disciplinas
e como elas geram informações pertinentes para o desenvolvimento do que é
produzido.
Os códigos são:

Página | 66
4 MÉTODOS E TÉCNICAS

i. Prescrever: necessidades de cada disciplina envolvida no processo. Aqui é


possível verificar o grau de importância de cada disciplina envolvida sobre o
projeto;
ii. Organizar: planejar e estabelecer locais específicos para cada elemento inserido.
“Qual o momento que cada disciplina deve atuar?” e “Como o modelo será
organizado?” são algumas perguntas que devem ser respondidas durante o
processo;
iii. Dimensionar: onde o tamanho e a proporção do elemento são determinados.
Dimensionar um objeto é diretamente proporcional a sua importância no projeto.
b. Analisar: esse item buscou verificar a viabilidade do que estava sendo projetado.
Os códigos são:
i. Coordenar: verificar e garantir que as disciplinas envolvidas estão em harmonia;
ii. Prever: prevenção quanto às variáveis existentes em todo o ciclo de vida da
edificação;
iii. Validar: que verifica a precisão das informações da edificação para garantir que
elas sejam lógicas e razoáveis. Esse código é dividido em três áreas: validação de
prescrição, para verificar se todos os objetos inseridos no modelo são os
necessários; validação de funcionalidade, para saber se o projeto está realizando
seu propósito; e validação de conformidade, sendo esse não utilizado para esta
pesquisa por aprofundar o estudo de cada área de projeto, buscando aprovações,
por exemplo, os selos de eficiência energética ou padrões de construções.
c. Comunicar: buscou-se verificar como as formas de comunicação auxiliaram no
processo do projeto.
Os códigos são:
i. Visualizar: frequentemente usado para apoiar a tomada de decisões sobre o projeto
ou construção da edificação;
ii. Transformar: ato de transferir dados de um aplicativo;
iii. Desenhar/Modelar: aprimorada pelo uso do BIM, uma vez que faz uso de um
método paramétrico, sendo o modelo atualizado automaticamente;
Durante esta fase, os dados foram divididos em grau de importância dentro de cada item
apresentado anteriormente. Sendo assim, os dados considerados “irrelevantes” não foram
descartados nessa fase. A terceira e última fase realizada é a da interpretação dos dados, que
tomou como base três âmbitos: Quantificar e Analisar. O âmbito da quantificação buscou

Página | 67
4 MÉTODOS E TÉCNICAS

verificar a frequência em que os códigos das categorias e subcategorias apareciam, como auxílio
da seleção dos dados. Os códigos levantados devem responder questões como a equipe discutiu
acerca das regras durante o processo ou se existiu planejamento antes das inserções dos
elementos, pertinentes às categorias e subcategorias já estabelecidas (Figura 39). Para que um
dado pudesse ser considerado relevante para o estudo, esse deve se relacionar com, no mínimo,
duas categorias de análise.

Figura 39 – Categorias e Subcategorias

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

O âmbito da análise é o mais importante dessa etapa, uma vez que nos apresenta os
resultados da pesquisa. Nesse, buscou-se relacionar a descrição com a quantificação,
interpretando, por exemplo, o “porquê de algo ser feito ou não” ou “como algo foi feito” durante
o exercício.
Para coleta de dados, foi desenvolvido exercício projetual, onde os participantes foram
submetidos à simulação de uma atividade real. O principal objetivo do exercício é de verificar
a interação entre os participantes das equipes (multidisciplinares) e identificar, recursos de
ferramentas BIM e competências que contribuem para a realização de projetos colaborativos
entre arquitetos e engenheiros em formação. Por apresentar formato semelhante a um jogo, o
exercício tomou como base a metodologia SG+, do Gamification, apresentada por Alves
(2015), utilizando características como: participação voluntária, meta, regras e término de
atividade.

Página | 68
4 MÉTODOS E TÉCNICAS

4.3.1 Exercício Modelo

O exercício foi desenvolvido tendo como público-alvo graduandos do último ano dos
cursos de Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil, de universidades e/ou faculdades
situadas na cidade de Natal/RN. A partir dessas informações, seis participantes foram
selecionados, com as seguintes competências: conhecimento em projeto (arquitetônico e
complementares de estrutura e de instalações hidrossanitárias), técnicas construtivas,
representação gráfica e noção básica na utilização do Autodesk REVIT®, devendo ser também
estudantes do último ano de formação ou recém-formados para viabilizar a atividade e
promover uma discussão pertinente. É importante destacar que, do total de participantes
envolvidos, dois são de Arquitetura e Urbanismo e quatro de Engenharia Civil, sendo dois com
conhecimento em estruturas e dois em instalações hidráulicas, que além de projetistas, atuam,
como modeladores BIM. Para contribuir no desenvolvimento da atividade, três monitores
assumiram funções BIM, sendo dois Facilitadores, que atuam auxiliando na modelagem dos
entregáveis e um Gerente de Modelagem, que tem por função, compatibilizar e gerar as
documentações necessárias para o andamento do processo. O quadro abaixo apresenta o resumo
das disciplinas, especialidades e funções dos participantes.
Quadro 6 – Resumo dos participantes
DISCIPLINA ESPECIALIDADE BIM FUNÇÕES
Desenvolver a proposta Arquitetônica,
ARQUITETURA
baseado nas restrições apresentadas neste
Arquiteto
documento.
MODELADORES BIM
ESTRUTURA Desenvolver a proposta Estrutural, baseado
São profissionais que realizam
Eng. Estrutural na proposta arquitetônica desenvolvida.
modelagem em BIM
Desenvolver a proposta de Instalação
HIDROSSANITÁRIO
Hidráulica, baseado na proposta
Eng. Hidrossanitário
arquitetônica desenvolvida.

FACILITADOR 01 Irá auxiliar nas demandas relacionadas a


Arquitetura modelagem da Arquitetura.

MONITORIA FACILITADOR 02 Irá auxiliar nas demandas relacionadas a


Auxílio ao desenvolvimento Engenharias modelagem da Engenharia.

GERENTE DE MODELO Irá compatibilizar e gerar as documentações


Compatibilização finais do modelo.

Fonte: Produzido pelo autor (2019).

Página | 69
4 MÉTODOS E TÉCNICAS

Os participantes foram informados de que se tratava de uma pesquisa de cunho


acadêmico e das etapas aos quais seriam submetidos. Para tanto, o exercício foi registrado junto
à Pró-reitoria de Extensão da Universidade do Rio Grande do Norte (UFRN) como Atividade
de Extensão, e submetido ao Comitê de Ética3 da mesma universidade, para garantir a
integridade e o sigilo dos participantes.

4.3.2 Estrutura do Exercício

O exercício foi dividido em quatro etapas e aplicado em dois dias, sendo 12 horas de
aplicação total. O primeiro dia de execução foi destinada a 1° Etapa, a de Nivelamento,
possuindo quatro horas disponíveis para desenvolvimento. Já o segundo dia, foram
disponibilizados o total de oito horas para as 2°, 3° e 4° Etapas, respectivamente, Estudos
Iniciais, Desenvolvimento do Estudo e Finalização do Estudo, como mostra a Figura 40:

Figura 40 – Categorias e Subcategorias

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Na Etapa de Nivelamento foram apresentados aos participantes os temas abordados,


relacionados ao BIM e ao Processo Colaborativo, que são importantes para o entendimento das
etapas do exercício. Nesse momento, os participantes também tomam conhecimento das regras,
metas e de como os produtos devem ser entregues, além do tempo destinado para a realização

3
Os participantes assinaram o documento denominado de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),
o qual consentem a participação e o colhimento de materiais necessários (fotos, gravações e outro necessário)
para serem utilizados na pesquisa. Ficam resguardados também de não terem seus nomes divulgados.
Página | 70
4 MÉTODOS E TÉCNICAS

do exercício. Após a explanação dos conteúdos, o programa Autodesk REVIT® foi aberto para
que, de fato, fossem apresentadas as ferramentas e as formas de modelagem adequadas, que
auxiliem o participante na produção do material proposto. Essa etapa fora finalizada com a
divisão dos participantes em duas equipes, sendo cada uma composta por um Arquiteto, um
Engenheiro Estrutural e um Engenheiro Hidrossanitário.
No segundo dia, são iniciadas as etapas práticas do exercício, onde os participantes
começaram as propostas de projetos. A 2ª Etapa, denominada de Estudos Iniciais, teve 4 horas
disponibilizadas para desenvolvimento de croquis, modelagens iniciais e/ou descrições das
ideias. Os participantes que assumem o papel dos Arquitetos iniciaram os projetos
arquitetônicos e, consequentemente, o Modelo Base BIM, importante para as próximas etapas.
É fundamental destacar que, nessa etapa, o modelo Arquitetônico foi entregue para
compatibilização no nível de Projeto Esquemático e os modelos Estrutural e Hidrossanitário, a
nível de Pré-dimensionamento, ambos em LoD 200. A etapa fora finalizada com a apresentação
das equipes quanto ao desenvolvimento da fase e a compatibilização dos modelos no Autodesk
NAVSWORKS®4, realizada pelo Gerente de Modelo.
A 3ª Etapa, denominada de Desenvolvimento do Estudo, teve duração de duas horas e
30 minutos para que os participantes continuassem o desenvolvimento das propostas. A
diferença para a etapa anterior é que as equipes estavam cientes dos problemas de cada modelo
após a primeira compatibilização. Sendo assim, o modelo Arquitetônico deveria ser
desenvolvido em nível de Estudo Preliminar, contendo mais informações e soluções bem
resolvidas, sendo entregue no LoD 2505, enquanto os modelos Estrutural e Hidrossanitário
seguiram com os ajustes necessários. Diferente da etapa anterior, essa é finalizada apenas com
a compatibilização dos modelos para que as equipes possam retornar ao desenvolvimento do
exercício.
Na 4ª etapa, a Finalização do Estudo, as equipes corrigiram os problemas encontrados
na compatibilização anterior e finalizaram os modelos BIM para a última entrega. Os modelos
mantiveram os níveis de projeto da etapa anterior, bem como os LoD’s, sendo apenas

4
O Navisworks permite que os usuários abram e combinem modelos 3D, navegue em tempo real e revise o modelo
usando um conjunto de ferramentas, incluindo comentários, linhas de marcação, ponto de vista e medidas. Uma
seleção de plug-ins melhora a detecção de interferências em um pacote, simulação 4D de tempo, renderização
fotorrealista e publicação semelhante a PDF. Disponível em: <https://knowledge.autodesk.com/pt-
br/support/navisworks-products/troubleshooting/caas/sfdcarticles/sfdcarticles/PTB/What-is-Navisworks.html>.
Acesso em: 10 mar. 2020.
5
Esse Nível de Desenvolvimento (LoD) não é definido de maneira clara pelos autores. Contudo, para esse
exercício, ficou definido que o LoD 250 seria para o modelo que está no nível intermediário entre 200 (Projeto
Esquemático) e 300 (Anteprojeto).
Página | 71
4 MÉTODOS E TÉCNICAS

organizados para a última compatibilização. As equipes apresentaram os projetos e as


impressões que tiveram durante a realização desses, e receberam o último feedback para que
pudessem refletir quanto ao desenvolvimento geral do exercício. O quadro abaixo apresenta o
resumo das atividades desenvolvidas.

Quadro 7 – Resumo da estrutura da atividade


ETAPA TEMPO DISPONÍVEL PRODUTOS

• Apresentação quanto aos temas abordados


e relacionados ao BIM;
ETAPA 01 • Revisão quanto ao uso do Autodesk
4 horas
Nivelamento REVIT
• Conhecimento das Regras, Metas e
Produtos que devem ser entregues.

• Arquitetura – Projeto Esquemático


ETAPA 02 • Engenharias – Pré-dimensionamentos
4 horas
Estudos Iniciais • LoD 150 (Arquitetura)
• LoD 200 (Engenharias)

• Arquitetura – Estudo Preliminar


ETAPA 03
• Engenharias – Pré-dimensionamentos
Desenvolvimento 2h30min
• LoD 200 (Arquitetura)
do Estudos
• LoD 300 (Engenharias)

• Arquitetura – Estudo Preliminar


ETAPA 04
• Engenharias – Pré-dimensionamentos
Finalização do 1h30min
• LoD 250 (Arquitetura)
Estudo
• LoD 300 (Engenharias)

Fonte: Produzido pelo autor (2019).

O exercício foi desenvolvido para ser aplicado da fase inicial do projeto até a
finalização6, de modo que fosse possível verificar e observar como os participantes se
comportam durante o processo. Dessa maneira, o exercício tem como embasamento o estudo
de todas as fases de projeto, descritas por Lawson (2011) – Assimilação, Estudo Geral,
Desenvolvimento e Comunicação –, desde a apresentação dos problemas, como na busca das

6
Entende-se como finalização do projeto não a entrega final, mas o da etapa desenvolvida.
Página | 72
4 MÉTODOS E TÉCNICAS

soluções e sua entrega. Além do projetista, também foram considerados os agentes reguladores
de projeto: cliente, usuário e legisladores.
O formato de exercício apresentado, por si só, já traz dinâmica diferenciada para o tipo
de prática abordada. Outro aspecto que contribui para o engajamento dos participantes é a do
nivelamento que foi aplicado previamente à atividade proposta, onde eles teriam a oportunidade
de aprender e compreender melhor como poderiam utilizar a teoria com a prática quanto a
plataforma BIM. Por fim, também é possível caracterizar como estímulo a participação, o
próprio trabalho em formato colaborativo com projetistas de outras áreas, experiência essa que
não é vivida no período acadêmico e pouco estimulado na vida profissional.

4.3.3 Informações do Exercício

Para a elaboração da proposta, foi delimitado um espaço físico, bem como seu entorno
imediato, levando-se em consideração todos os elementos que pudessem interferir no processo
projetual. O exercício projetual teve como objeto de desenvolvimento uma residência
unifamiliar, com dois pavimentos, que deveria ser inserido em terreno padrão de 10x20m
(Figura 41), localizado no bairro de Lagoa Nova, na cidade de Natal/RN. Na busca por garantir
o foco total da atividade, nas relações e nas discussões quanto ao processo colaborativo
proposto, todas as informações necessárias foram fornecidas.

Página | 73
4 MÉTODOS E TÉCNICAS

Figura 41 –Planta Baixa do Terreno

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


O programa de necessidades do exercício envolvia: garagem coberta, sala de estar, sala
de jantar, cozinha, área de serviço, dois banheiros sociais, suíte do casal e dois quartos. As áreas
deveriam ser divididas em dois pavimentos, sendo que o pavimento térreo com
aproximadamente 60%, enquanto o pavimento superior, com aproximadamente 40% da área
construída total.
Esse formato garantiu a participação efetiva dos projetistas estruturais e os de
instalações hidráulicas, mesmo que fosse apenas para pré-dimensionamento e lançamento
estrutural. As dimensões que os ambientes deveriam possuir foram definidas por cada equipe
de projeto, seguindo as normas vigentes da cidade ao qual o terreno está inserido, conforme
Tabela de dimensões – Código de Obras (Figura 42):

Página | 74
4 MÉTODOS E TÉCNICAS

Figura 42 –Tabela de dimensões

Fonte: Código de Obras da cidade de Natal

Figura 43 –Informações de Recuos

Fonte: Código de Obras da cidade de Natal

Os participantes não podiam ficar totalmente livres, uma vez que precisavam iniciar e
finalizar a atividade dentro de uma programação de tempo. No Quadro 08 a seguir, são
apresentadas as ações que puderam ou não ser realizadas.

Quadro 8 – Resumo das Regras


PODE FAZER NÃO PODE FAZER
- Alterar materiais das janelas e portas do template - Criar ou modificar dimensões de qualquer parede ou
(Arquitetura); piso (Arquitetura);
- Alterar materiais de revestimento de paredes e - Criar ou modificar as dimensões de portas e janelas;
pisos (Arquitetura); - Criar ou modificar qualquer família de instalações
- As equipes podem reorganizar o tempo e a estrutura hidráulicas (Engenheiros de Instalações);
da etapa, com exceção do horário da - Inserir qualquer família que não seja as que já estão no
compatibilização, de acordo com a necessidade da template ou na pasta compartilhada com as equipes
(Arquitetos e Engenheiros de Instalações Hidráulicas);

Página | 75
4 MÉTODOS E TÉCNICAS

equipe, desde que não seja antecipada nenhuma - Não entregar os arquivos para compatibilização.
etapa do processo;
- Modificar as alturas dos níveis trabalhados;
- Os demais componentes, presentes no template,
podem ser modificados sem restrições.
Fonte: Produzido pelo autor (2019).

Para tanto, entende-se a necessidade da construção de procedimentos que auxiliaram no


desenvolvimento do exercício. No Quadro 09 a seguir, são apresentados as atividades realizadas
e os respectivos instrumentos que puderam ser utilizados para cada etapa:

Quadro 9 –Síntese da estrutura da Atividade


ETAPAS ATIVIDADES MÉTODOS E TÉCNICAS
- Apresentação da teoria que deverá Observação e gerenciamento das
APRESENTAÇÃO DE ser utilizada na atividade; informações adquiridas durante a etapa,
TEORIA / - Apresentação e nivelamento dos por meio de utilização de roteiros.
NIVELAMENTO participantes no uso do software
BIM.
Discussão e Documentação das
propostas, Uso de material físico (Papeis
e Lápis) além dos softwares BIM e
- Desenvolvimento do Projeto
ETAPA 01 Apresentação Oral, Discussão entre os
Esquemático.
Facilitadores e os participantes,
Planejamento da etapa.

- Desenvolvimento do Estudo Discussão e Documentação das


ETAPA 02 Preliminar e Pré- propostas, Uso dos softwares BIM e
dimensionamentos. Apresentação Oral
- Desenvolvimento do Estudo
Entrega Final das propostas e
ETAPA 03 Preliminar e Pré-
Apresentação Oral
dimensionamentos.
Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Por fim, todos os arquivos dos modelos desenvolvidos foram salvos no aplicativo
Dropbox®, para que o trabalho pudesse ocorrer simultaneamente. Este software foi escolhido
devido às limitações tecnológicas apresentadas pelo Laboratório de Informática do curso de
Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, local onde as
atividades foram realizadas.

Página | 76
5
ANÁLISES E DISCUSSÕES
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Neste capítulo busca-se divulgar os resultados dos dados coletados no exercício de


projeto, para atendimento do terceiro objetivo específico desta pesquisa – de testar o modelo de
exercício em formato de atividade prática – bem como a análise do material. A aplicação
analisada é derivada de materiais coletados nos dias 17 e 18 de julho de 2019, no Laboratório
de Informática do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN (Figuras 44 e 45):

Figura 44 – Local de realização do exercício Vista 01

Fonte: Fotografado pelo autor (2020).

Figura 45 – Local de realização do exercício – Vista 02

Fonte: Fotografado pelo autor (2020).

Página | 78
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

O primeiro dia de aplicação do exercício foi destinada para o nivelamento dos


participantes, quanto as ferramentas do REVIT consideradas essenciais para o desenvolvimento
do exercício. No mesmo dia, os participantes foram divididos em duas equipes, em formato de
sorteio, sendo obrigatoriamente cada equipe formado por um arquiteto e dois engenheiros civis,
sendo pelo menos um dos membros, recém formado. O segundo dia de aplicação foi o de
desenvolvimento da proposta de projeto, que seria realizado em três etapas. Antes de iniciarem
o exercício, o pesquisador sugeriu que cada equipe organizasse o cronograma de atividades,
para entenderem melhor o que iriam desenvolver.
Em relação as etapas do exercício, a primeira iniciou às oito horas e 30 minutos da
manhã, dentro do horário previsto. A segunda, que deveria ter sido iniciada as 13 horas, mas
que devido a etapa anterior ter demandado mais tempo do que o esperado, teve seu início as 14
horas. Por fim, a terceira e última etapa, que estava prevista para iniciar as 15 horas e 30
minutos, iniciou as 16 horas, sendo esta etapa prejudicada com esse tempo a menos. Ao final
de cada etapa, as equipes salvaram os arquivos no Dropbox®, para que o Gerente de
Modelagem pudesse acessá-los e compatibilizá-los no Autodesk NAVSWORKS®. Na
compatibilização das etapas 01 e 03, foram disponibilizados cinco e 10 minutos,
respectivamente, para que os participantes apresentassem as vantagens e desvantagens
encontradas até aquele momento.
Para fins de apresentação do desenvolvimento do exercício, são apresentadas as análises
quanto a cada equipe em relação s etapas, relativas aos fluxos de trabalho, recursos mais
utilizados a fim de validar o objetivo geral desta pesquisa que é identificar, a partir de exercício
modelo, recursos de ferramentas BIM e competências que contribuem para a realização de
projetos colaborativos entre arquitetos e engenheiros em formação, da região nordeste. Em
seguida são apresentados os códigos e categorias de análises levantadas e elementos gráficos
para ressaltar as relações, bem como justificar e fundamentar as análises realizadas. Por fim,
destaca-se que para melhor entendimento do processo, as etapas 02 e 03 foram analisadas
juntas, por apresentarem menos tempo de discussão entre os projetistas de cada equipe, sendo
sua sistematização também realizadas da mesma maneira.

5.1 Caracterização da Equipe 01

A equipe 01 é formado por um graduando do 8° semestre de arquitetura e urbanismo –


Arquiteto 01 – e outro em engenharia civil do 7° semestre – Engenheiro Estrutural 01 – além

Página | 79
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

de um formado em engenharia civil, com aproximadamente 2 meses de experiência de mercado


– Engenheiro Hidrossanitário 01.

5.1.1 Equipe 01 – Etapa 01

Diante das discussões e observações realizadas foi possível perceber como o uso do
BIM interferiu no processo do trabalho. Relacionando o que foi feito ao que estava sendo
discutido, o início do desenvolvimento de trabalho da equipe foi contrário ao que tinha sido
proposto. A equipe apresentou bastante dificuldade no desenvolvimento desta etapa,
demonstrando em alguns momentos “desconforto” no formato de trabalho, deixando-os sem
saber como desenvolver ou sequer planejar o que iriam fazer. Um dos pontos que podemos
destacar para essa questão é a organização interna. Esperava-se que antes de iniciar a atividade,
a equipe realizasse a organização de como seria executado o processo de trabalho, algo não
feito.
A primeira ação realizada pela equipe foi a leitura das orientações para desenvolvimento
do exercício. Diferente do sugerido, que indicava a busca por referências projetuais, a equipe
iniciou a atividade diretamente no Autodesk REVIT®. Esta decisão partiu do Engenheiro
Hidrossanitário 01, por considerar que se não fizessem isso naquele momento, perderiam
tempo. Sendo assim, o Arquiteto 01 abriu o software em seu computador, enquanto os demais
projetistas da equipe sentaram-se ao seu lado, e ao mesmo tempo que a equipe fez a leitura das
regras do exercício, fizeram também um estudo sobre o arquivo RVT disponibilizado. Sendo
assim, as primeiras ideias que surgiam eram desenvolvidas diretamente no software, sendo as
folhas disponibilizadas pouco utilizadas.
Neste momento, a ferramenta não se mostrou “participativa”, sendo mais uma forma de
visualização do que algo que trouxesse grandes informações. A atividade prévia estabelecia um
tempo inicial para organização e planejamento do que seria feito, além de apresentar uma
estrutura básica de fluxo de atividades a serem desenvolvidos, que foi desconsiderado pela
equipe, os quais partiram diretamente para a idealização e modelagem do projeto. Essa decisão
deixou a equipe desorganizada e sem liderança, que abaixo do gerente de modelagem, faria a
organização das atividades desenvolvidas. Ainda sobre esse ponto, a equipe pouco discutiu
quanto a organização dos modelos para compatibilização, sendo poucas as vezes em que a
tecnologia foi utilizada para coordenar e transformar os modelos, ou seja, não era realizada a
verificação da harmonia entre as disciplinas envolvidas para que fosse realizada a transferência
de dados com mais organização e menos erros.
Página | 80
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

O fato de toda a equipe, neste momento, trabalhar apenas no computador do Arquiteto


01, contribuiu para uma participação efetiva e bastante recorrente dos demais projetistas nas
decisões iniciais, principalmente com apresentações de soluções para problemas encontrados,
que nem sempre eram relacionados a sua área de atuação. A preocupação em organizar os
projetos e a necessidade em dimensionar o que estavam pensando, ao mesmo tempo que
visualizavam o que era desenvolvido, foram pontos primordiais e que nortearam as discussões
da equipe. Neste momento, pouco foi discutido as necessidades de cada disciplina sobre o
projeto e o REVIT foi, a princípio, utilizado apenas como software de representação, sendo o
foco, o modelo arquitetônico.

“Eu pensei em fazer conjugada mesmo, por que normalmente essas casas maiores não
têm divisão da sala por q parede...deixa eu pensar aqui, qual o lado aqui que tem o
portão...será que já pode baixar, que aí você pode fazer isso no REVIT...” (EH 01,
2019).

Entende-se, que o arquiteto deveria assumir a coordenação e gerência do trabalho, como


afirmado por Barison e Santos (2016), pelo fato de ser o primeiro projetista e/ou desenvolvedor
do modelo BIM inicial. Contudo, o fato do Engenheiro Hidrossanitário 01 ter demonstrado
conhecimento prático de projeto, não só de sua área, mas também nas demais disciplinas
envolvidas, o destacou como líder, pelo menos naquele momento do exercício.

“Não então, vamos já tentar fazer isso no REVIT, porque senão a gente perde muito
tempo. A gente tem que pensar, (...) em relação a caixa d’água e a estrutura maior tem
que estar próximo a escada, que aí consegue sustentar a caixa d’água.” (EH 01, 2019)

Em contrapartida, o Arquiteto 01 demonstrou insegurança em algumas tomadas de


decisões, apesar de ter apresentado mais conhecimento prático no uso do REVIT. Sendo assim,
o projetista buscou a ferramenta e os companheiros de equipe para validar as decisões de
modelagem e projeto: “Mas dá para mudar o quarto em cima, tentar colocar um banheiro em
cima do outro, alinhando o de cima com o debaixo, ou não?”
O fato de os projetistas estarem trabalhando juntos, desde a concepção da proposta
projetual, gerou questionamentos entre as disciplinas envolvidas, principalmente no que
correspondia a estrutura da edificação. Por exemplo, as discussões envolviam decisões que
influenciavam no desenvolvimento no projeto de cada disciplina: “O patamar, você deixou com
quanto de largura?” (Pergunta feita pelo Engenheiro Estrutural 01 ao Arquiteto 01, para saber
se a dimensão estava adequada para a estrutura que estava pensando) ou “Acho que vai ficar

Página | 81
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

ruim, um pouco, para a tubulação. Porque a tubulação vai ficar virado para cá. Ai é ruim, porque
qualquer coisa que você queira deixar fixado, um armário ou qualquer coisa, fica ruim”
(Engenheiro Hidrossanitário 01 respondendo ao Arquiteto 01, em relação a uma decisão de
projeto arquitetônico que influenciou em sua disciplinas). Essas discussões serviam para a
equipe validar o que estava sendo feito. Ainda assim, verificou-se pouca relevância e discussão
dos projetistas, quanto ao projeto que desenvolvia, não elegendo ou apresentando as prioridades
das disciplinas sobre o projeto, sendo todos voltados para a arquitetura.
Ao decidirem que o modelo estava pronto para ser repassado para o desenvolvimento
dos demais projetos – e dentro do tempo previsto pelo exercício – a equipe se separa, com
exceção do Engenheiro Hidrossanitário, alegando precisar de mais informações do
modelo/projeto arquitetônico para desenvolver sua proposta.
Como trabalhavam em computadores separados, o ato de se levantar e ir em direção ao
colega que precisava questionar tornou-se cada vez mais frequente. Por ter iniciado depois do
que estava programado, o Engenheiro Hidrossanitário 01 apresentou dificuldades para
representar no modelo o que havia planejado com os demais projetistas, à medida que os
projetos arquitetônico e estrutural avançavam com maior facilidade.
Ao final da etapa, percebeu-se que apesar de utilizarem bastante o programa para
visualizarem o projeto, essa forma de visualização na maioria das vezes não era para resolver
problemas, mas apenas para comunicar algo que queria ser feito, mesmo que ainda no início do
processo. A pouca comunicação por meio da transferência de dados e relação de coordenação
das disciplinas foram fatores primordiais para o resultado desta etapa (Figura 46).

Figura 46 –Resultado da Compatibilização 01

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Página | 82
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Em se tratando de modelagem, o arquiteto apresentou mais sagacidade para resolver os


problemas encontrados. Mesmo não ficando evidente para a equipe, essa relação entre essas
funções ficou confusa para os projetistas, refletindo no desenvolvimento da proposta. Apesar
de todos os problemas e discussões contraditórias no que diz respeito a forma com que as
competências apareceram e a ação de resolver a questão, o que era discutido não refletiu na
produção.

5.1.2.1 Categorias e Subcategorias – Etapa 01

A partir das sistematizações dos dados realizados e do relato apresentado, foi possível
justificar o modus operandi da equipe, bem como verificar quais recursos foram mais relevantes
para a equipe em cada etapa. Conforme o gráfico 01, a categoria de maior relevância nos debates
da equipe na primeira, é a Gerar, que apareceu 47% das discussões, seguido do Analisar e
Comunicar, com 33% e 20%, respectivamente. Como se trata da etapa inicial do processo,
entende-se que este é o momento em que as disciplinas envolvidas mais interagem e assim,
produzem mais informações e que para isso, é necessário verificar a viabilidade do que é
desenvolvido. Pode-se destacar também, que apesar de ser a categoria que menos foi citada nos
discursos, os recursos de comunicação esteve envolvido com as demais categorias, seja de
forma direta – por meio de citações – ou indireta – quando não é citado, mas que por observação,
estava presente.

Gráfico 1 – Equipe 01 - Categorias 01


CATEGORIAS - ETAPA 01

Comunicar
20%

Gerar
47%

Analisar
33%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


Página | 83
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Em relação a subcategoria Gerar, conforme apresentado no gráfico 02, dentro da


categoria gerar, 47% das vezes que ocorreram discussões durante a Etapa foram relacionados a
subcategoria organizar, seguido do dimensionar com 34%, o que gera indícios de que esse
primeiro momento foi utilizado para planejar o processo do projeto.

Gráfico 2– Equipe 01 – Gerar - Etapa 01


GERAR - ETAPA 01

Prescrever
19%

Dimensionar
34%

Organizar
47%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Quanto a subcategoria Analisar, das vezes em que os projetistas discutiram o projeto,


49% estavam relacionados a subcategoria validar e 34% para prever. Enquanto isso, observa-
se pouca preocupação com a coordenação dos modelos – Subcategoria coordenar – que
apresenta 17% dos conteúdos discutidos, como visto no gráfico 03:

Página | 84
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Gráfico 3 – Equipe 01 – Analisar - Etapa 01


ANALISAR - ETAPA 01

Coordenar
17%

Validar
49%

Prever
34%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

A última categoria, a comunicar, apresentou 81% do universo dos conteúdos


relacionados a subcategoria visualizar, seguida do modelar, com 17%, como visto no gráfico
04. Essa discrepância de valores, pode ser associado ao que estava sendo desenvolvido naquele
momento do exercício, já que o que era modelado, foi mais utilizado para mostrar o que era
pensado, do que propriamente para ser transferido ou até mesmo documentado.

Página | 85
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Gráfico 4 – Equipe 01 – Comunicar - Etapa 01


COMUNICAR - ETAPA 01

Modelar
17%
Transformar
2%

Visualizar
81%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

5.1.4 Equipe 01 – Etapas 02 e 03

Com a finalização da primeira etapa, foi sinalizado o início da segunda etapa. Desta vez,
os projetistas possuíam as informações para melhorar o processo de trabalho e realizarem as
modificações necessárias dos modelos. Contudo, para a equipe, as dificuldades e problemas
ficaram mais evidentes após a compatibilização. O fato desta etapa ter menos tempo que a
primeira – duas horas no total – a comunicação verbal entre os projetistas não era constante, em
contrapartida, a busca por auxílio dos facilitadores e do gerente de projetos, ficou mais intensa.
Foi possível perceber que a equipe ficou desestabilizada após a primeira
compatibilização. Acreditava-se que o problema com a comunicação fosse sanado, mesmo que
parcialmente, mas o pouco tempo para organização e compreensão de como trabalharem
colaborativamente, bem como finalização do exercício, foram primordiais para que a equipe
mantivesse os problemas da etapa anterior. O tempo previsto para esta etapa foi a menor,
propositalmente, uma vez que se entendia que neste momento, a equipe estaria com os modelos
mais desenvolvidos, além do fato da entrega não está condicionada a uma apresentação, o que
demandaria menos tempo de compatibilização.
O problema da comunicação ainda persistia, levando o Engenheiro Estrutural 01 a
trabalhar com o modelo base não atualizado – que não seria problema por um curto tempo, mas
que poderia ser prejudicial ao andamento do trabalho a longo prazo – uma vez que o Arquiteto

Página | 86
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

01 não atualizava o arquivo com frequência. Sendo assim, os questionamentos referentes a


“Arquiteto 01, você atualizou o arquivo?” se tornaram mais frequentes.
Apesar da sugestão do Gerente de Modelagem, para que os projetistas utilizassem mais
o REVIT para coordenação e comunicação, as dificuldades ficaram evidentes. A Equipe sabia
que era possível salvar os arquivos atualizados no Dropbox® e recarregar os modelos
vinculados no Autodesk REVIT®, mas que ainda assim não o faziam. Uma das sugestões
apresentadas pelo gerente era a de que fosse estabelecido momentos fixos de atualização dos
arquivos, o que facilitaria a constante coordenação dos arquivos, mas que não foi feito pela
equipe. A preocupação da equipe estava na modelagem individual e não no produto (Modelo
Federado). Assim, o ato de transferir arquivos e a coordenação, que dariam indícios de uma
comunicação harmônica, acontecia apenas nos momentos finais da etapa, para
compatibilização.
O fato curioso ocorrido nessa etapa, foi o contato entre o Engenheiro Hidrossanitário 01
e o Facilitador 02 (MEP). Durante o desenvolvimento da etapa, o Facilitador 02 ficou ao lado
do projetista para auxiliá-lo, por perceber a dificuldade no desenvolvimento do modelo. O
Facilitador 02 não só auxiliava na modelagem em si, mas também buscava fazê-lo entender
como o processo poderia ocorrer:

Então você vai fazer assim: Fala para o Arquiteto que você vai fazer isso, para que ela
abra o espaço para o shaft (parte inaudível)...e você fala para ela que tem 3 opções de
shafts: Uma aqui, outra ali e outra lá! Na verdade, não pode ser aqui, mas pode ser aqui,
aqui ou aqui! (FACILITADOR 02 – MEP).

Nesse momento, percebe-se uma mudança na liderança da equipe. Enquanto o


Engenheiro Hidrossanitário 01 seguia com as dificuldades na modelagem e o Arquiteto 01
estava focado em finalizar o modelo arquitetônico, o Engenheiro Estrutural 01 assume o
gerenciamento do fluxo de trabalho, realizando os vínculos e verificando os problemas entre as
disciplinas, pois necessitava de informações dos demais projetistas para desenvolver seu
projeto.
A importância do arquiteto na organização da transferência de dados e na coordenação
das atividades, por ser o profissional primário do desenvolvimento do projeto, é mais uma vez
evidenciada, mas não realizada. A dificuldade com o manuseio do software, por parte do
Engenheiro Hidrossanitário 01, e a falta de informações suficientes, quanto as modificações do
projeto arquitetônico, para o andamento do projeto estrutural, em conjunto ao tempo curto

Página | 87
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

disponibilizado para desenvolvimento da etapa, foram primordiais para que o processo perdesse
relevância.
Numa etapa em que as decisões de projeto passam a ser mais especificas, em conjunto
aos comentários do Gerente de Modelagem, que destacou o desalinhamento no processo entre
os projetos, entende-se que competências relacionadas a Prescrever – onde os projetistas
demonstrariam mais imposição nas discussões quanto a decisões de projeto que interferem na
sua disciplina – Coordenar – sendo o projetista líder responsável pela organização do que está
sendo feito, para garantir a integridade do projeto e modelo – e o Transferir – no qual os modelos
estariam organizados e disponíveis para todos os projetistas, seriam as que deveriam ter maior
relevância e as que os projetistas do equipe deveriam fazer uso. Contudo, o que ficou evidente
foi a individualidade no processo e a permanência dos mesmos erros em relação a etapa anterior,
ou seja, até este momento a colaboração não ocorria. Uma prova disto está no produto
compatibilizado: Modelo arquitetônico avançado, Estrutural e Hidrossanitário em atraso, como
visto na figura 47, onde uma das tubulações hidráulicas passa por dentro de uma viga.

Figura 47 – Resultado da Compatibilização 02

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Na última etapa, esperava-se que os modelos já estivessem mais integrados e que o fluxo
de trabalho já estivesse estabelecido entre as disciplinas. Apesar de mudarem a forma de
trabalho interna, o tempo destinado para a etapa não foi suficiente para que a equipe usufruísse
das melhorias. Ao afirmar que “Para o LoD 200 eu já terminei [...]”, o Arquiteto reitera o que
Lawson (2011) afirma quanto ao processo do projeto que não “chega ao fim”, mas que
naturalmente é posto um ponto final. É importante destacar que o respaldo do projetista não
está nas definições de projeto – que poderiam levar mais tempo – mas no modelo BIM
Página | 88
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

desenvolvido, separando a função de arquiteto/projetista do modelador BIM, uma vez que para
o nível de desenvolvimento exigido para a modelagem foi considerada alcançada.
Contudo, mesmo entendendo que o primeiro projeto/modelo que deveria ser finalizado
deveria ser a arquitetura, demonstra a falta de sintonia entre os projetistas envolvidos, que
estavam muito atrasados. Até este momento, pode-se afirmar que a colaboração não ocorre. O
BIM propõe a participação antecipada dos projetistas envolvidos no projeto, para garantir a
integridade do modelo como um todo, o que neste ponto ficou perdido. Além disso, o retorno
de discussões verbais quanto ao que poderia ou não ser feito de um projetista para outro, em
detrimento ao uso da ferramenta para tal, fez a equipe novamente perder o potencial da
ferramenta.
Assim como na etapa anterior, o tempo destinado não oferecia margem para grandes
modificações, por entender-se que neste momento, o modelo não exigiria. Aqui o fator tempo
versus organização interfere mais uma vez na produtividade da equipe. A princípio, percebeu-
se a mudança no modus operandi da equipe, agregando a comunicação verbal ao da tecnologia.
Esse fator fica evidente com a aparição de discussões relacionadas a visualização (Visualizar –
Comunicar), usando mais o programa para comunicar.
Entretanto, pouco foi transferido dados de modelo entre os projetistas, mantendo a
dificuldade no andamento dos projetos/modelos. Apesar do pouco contato entre projetistas,
algumas definições de projeto ainda estavam sendo tomadas nesta etapa, a maioria entre
Arquiteto e Engenheiro Hidrossanitário, relacionados à disposição dos shafts: “Isso aqui, eu
acho que a gente vai ter que fazer um shaft aqui [...]” ou “Então, é por que o shaft ele pode ser
tudo, nesse caso acho que dá para a hidráulica também...é pode passar a água fria também [...]”.
Após passar pelas compatibilizações, entendia-se que os problemas seriam sanados a
cada etapa subsequente, o que não ocorreu. Apesar de melhorarem o fluxo de trabalho, ainda
assim percebeu-se que a equipe trabalhava de maneira individualizada. Isso ficou evidente ao
verificar que os projetistas continuavam a não utilizar o REVIT como ferramenta de verificação
dos modelos, função esta que poderia ter sido realizada pelo arquiteto. Essa ação poderia prever
erros mais simples, não sendo preciso esperar que os modelos passassem por compatibilização
para verificá-los. Como esperado, diante de tudo que foi discutido e desenvolvido, a equipe
avançou bem nas disciplinas de arquitetura e estruturas, mas apresentou ainda problemas no
modelo hidrossanitário, devido às dificuldades apresentadas pelo projetista/modelador durante
todo o processo de modelagem.

Página | 89
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Sendo assim, as competências que eram previstas para a etapa anterior se mantiveram –
Prescrever, Coordenar, Visualizar e o Transformar – por apresentarem mais características de
finalizações e definições de etapa de projeto e modelagem. Contudo, as falhas no fluxo de
trabalho, a pouca utilização da comunicação por meio da tecnologia, e a não preocupação com
a frequente verificação dos arquivos entre si, foram primordiais para os problemas que
percorreram por todas as etapas. As Figuras 48 e 49 apresentam o modelo finalizado e
compatibilizado, onde é possível verificar as últimas incompatibilidades do projeto.

Figura 48 –Resultado da Compatibilização 02

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Figura 49 –Resultado da Compatibilização 02

Fonte: Elaborado pelo autor (2019).

Página | 90
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Durante a compatibilização foi possível verificar algumas questões, relacionadas a


modelagem e a decisões de projeto – por exemplo, as fundações escolhidas, que foram as do
tipo estaca – que aparentemente não era a mais adequada, mas que podem ser justificados pela
falta de experiência com esse tipo de projeto ou pelo simples erro de modelagem (não ficou
claro, pois durante a apresentação, a projetista responsável não disse o motivo).

5.1.4.1 Categorias e Subcategorias – Etapas 02 e 03

Diante do que foi discutido nas duas etapas verifica-se que, diferente da primeira etapa,
a categoria Analisar, com 37%, é a que apresenta maior frequência nos debates entre os
projetistas, seguido das categorias Gerar, com 34% e Comunicar, com 29%, como observado
no gráfico 05. Observa-se uma inversão nos assuntos discutidos em relação a primeira etapa,
sendo mais relevante para a equipe, conferir a viabilidade do produto, em conjunto a, ainda,
expressiva influência entre as decisões de cada disciplina sobre o projeto/Modelo. Já em relação
a comunicação, se mantéem assim como na primeira etapa, sendo constante em todo o
andamento das etapas.

Gráfico 5 – Equipe 01 – Categorias - Etapa 02 e 03


CATEGORIAS - ETAPAS 02 E 03

Comunicar Gerar
29% 34%

Analisar
37%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Página | 91
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Como visto no gráfico 06, os dados referentes a categoria Gerar apresentaram 40% da
frequência dos códigos relacionados a subcategoria Prescrever, 40% do Organizar e 20% do
Dimensionar. Aqui se observa a crescente preocupação no que se refere a prioridades do que é
desenvolvido.

Gráfico 6 – Equipe 01 – Gerar - Etapa 02 e 03


GERAR - ETAPA 02 e 03

Dimensionar
20%

Prescrever
40%

Organizar
40%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Quanto a categoria analisar gráfico 07, do universo das discussões, 54% estavam
relacionados a subcategoria Validar, enquanto o Prever e Coordenar apresentaram 32% e 14%,
respectivamente. Pode-se observar que, mesmo com o avanço no desenvolvimento dos
modelos, a preocupação da equipe ainda estava em garantir que as decisões tomadas para o
projeto, eram pertinentes, lógicas e razoáveis.

Página | 92
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Gráfico 7– Equipe 01 – Analisar - Etapa 02 e 03


ANALISAR - ETAPA 02 e 03

Coordenar
14%

Validar
54% Prever
32%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Por fim, na categoria Comunicar, 70% das frequências dos códigos estavam
relacionados a subcategoria Visualizar, enquanto 18% eram transformar e 12% modelar
(Gráfico 08). Aqui, como na categoria anterior, foram poucas mudanças no discurso dos
projetistas, sendo o aumento expressivo dos momentos de transferência de dados, o fato mais
relevante das etapas.
Gráfico 8 – Equipe 01 – Comunicar - Etapa 02 e 03
COMUNICAR - ETAPA 02 e 03

Modelar
12%

Transformar
18%

Visualizar
70%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Página | 93
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

5.2 Caracterização da Equipe 02

A equipe 02 é formada por um graduando do 10° semestre de arquitetura e urbanismo –


Arquiteto 02 – e outro em engenharia civil do 7° semestre – Engenheiro Hidrossanitário 02 –
além de um formado em engenharia civil, com aproximadamente 6 meses de experiência de
mercado – Eng. Estrutural 01.

5.2.1 Equipe 02 – Etapa 01

Seguindo o caminho inverso, a Equipe 02 iniciou o exercício na busca por referências e


com auxílio de croquis, seguindo o que havia sido proposto pelo formato do exercício. O
Arquiteto 02 demonstrou liderança, sendo bastante acionado e buscando os demais projetistas
da equipe, assim como era previsto pela proposta do exercício, deixando assim, a comunicação
entre os projetistas bem consolidada desde o início do processo.
A expectativa era que antes do início da proposta, a equipe estabelecesse a organização
de como seria realizado o processo de trabalho, principalmente no que se refere a modelagem,
mas que não foi realizado pela equipe, algo que ao final da etapa mostrou-se ser importante.
Pouco foi utilizado o REVIT nos momentos iniciais, nem mesmo para visualização ou
organização. Toda a concepção foi realizada com auxílio de croquis e na busca por referências
de projetos. Contudo, discussões referentes a organizar e em validar o que estavam
desenvolvendo era recorrente, principalmente para o Arquiteto 02, que ao mesmo tempo que
planejava e zoneava o programa de necessidades da proposta, buscava entender com os demais
projetistas se as decisões tomadas iriam influenciar nos demais projetos. As discussões
abrangiam assuntos técnicos mais abrangentes, referentes a organização e disposições dos
elementos, como esse questionamento do Arquiteto 02 ao Engenheiro Hidrossanitário 02,
quanto à disposição das áreas molhadas.

Quero puxar os dois para ficar despreocupada com a área permeável, aqui atrás eu
posso até...essa área de serviço estou pensando em deixar alguma coisa parte
inaudível pensando em deixar os dois assim, mas não sei, acho que esse espaço aqui
vai ser coberto, vou ver ainda, mas acho que não vou colar nenhum dos dois lados não
[...] ai lá em cima, eu posso inclusive deixar lá em cima...é...deixa eu fazer aqui...os
dois banheiros, o banheiro da suíte perto do banheiro do social (ARQUITETO 02,
2019).

E quando o problema era definido, a parte estética era posta em questão, para que a
decisão tomada não fosse apenas técnica.

Página | 94
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Mas se der o principal, eu acho que tem que ver como isso vai ficar na volumetria,
que pode ser que ainda se altere, né? Dependendo como fique na volumetria, em
espaço, área [...] Mas acho que essa ideia principal vai ficar legal. Aqui suíte casal,
quarto dois, aí. (ARQUITETO 02, 2019).

Ao iniciarem a modelagem no REVIT, todos os projetistas trabalharam no mesmo


arquivo, controlado pelo Arquiteto 02, onde cada um pontuava no que considerava pertinente
para o desenvolvimento do projeto que estavam construindo. Algumas questões que ficaram
para serem resolvidas nesse momento, foram desaparecendo e sendo solucionadas. A equipe
demonstrou entender bem a função de cada disciplina dentro do processo – mesmo não sendo
realizada a organização do fluxo de trabalho diretamente, proposto pelo exercício como
atividade prévia – ou seja, a equipe pode não ter definido abertamente como iriam trabalhar,
mas a forma com que estavam organizados, apresentava características do fluxo idealizado por
Barison e Santos (2016): Arquiteto deve assumir a coordenação e produzir o material primário,
para os demais projetistas desenvolvam seus projetos/modelos.
Apesar de demonstrar liderança na equipe, o Arquiteto 02 se mostrou inseguro – em
alguns momentos – no que estava fazendo. Até o momento de iniciarem a produção dos
modelos no REVIT, o mesmo questionou aos demais projetistas, se o que estavam pensando
ficaria interessante: “Tomara que isso fique legal, que eu ‘tô’ dizendo [...] inclusive pode deixar
alguma porta aqui para dar acesso a algum jardim [...] aqui também tem recuo né?”. Aqui é
possível verificar que o uso do recurso de validação das decisões projetuais (Validar) estavam
focadas apenas nas decisões da arquitetura, onde todos opinavam sobre ela.
As discussões passaram a ser relacionadas a todas as disciplinas envolvidas e os
questionamentos na maioria das vezes, partiam do Arquiteto, como essa discussão com o
engenheiro estrutural:

Ai aqui teria que ter o que? Uma viga? [...] Uma viga, ali atrapalha? (Arquiteto 02).
Não. Pode até ver de fazer uma janelinha aqui, só teria que ver como faria a
manutenção dela (Engenheiro Estrutural 01) [...] por conta da ventilação, porque ele
quer ventilação, só que a ventilação ela vem do fundo do terreno, quer dizer, na lateral,
né? A ventilação ela vem daqui ne? Eu estava pensando em deixar que alguma área
com pé direito duplo [...] porque em cima tem que ter menos área, né?! Então pensei
em esse pé direito duplo ele só conta como uma vez né? [...] Porque ele não tem dois
pavimentos, e aí eu pensei em fazer alguma coisa aqui nesse lado para que o vento
pudesse entrar nesse pé direito duplo e vim para esses cômodos aqui né?! Quem sabe
algo mais ou menos assim, eu quero ver uma referência aqui que seja de acordo com
essa ideia, fazer uma coisa mais ou menos assim. (Arquiteto 02). (ARQ. 02 e EE 02,
2019)

Página | 95
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Os recursos de Organizar, Prescrever, Prever, Validar e Visualizar do que era produzido,


começaram a ficar mais recorrentes, uma vez que o software proporciona com rapidez tais
respostas. Destaca-se a maneira com que os recursos eram utilizados, sendo muitas vezes em
conjunto e apoiado no outro, como na discussão acima, onde o ato do Arquiteto 02 questionar
ao Engenheiro Estrutural 02, e sua consequente confirmação por conhecimento prévio, levou a
inserção de um novo elemento por necessidade da disciplina.
Ao decorrer do processo, ficou evidente que a organização ficou por parte do processo
de projeto em si, mas a organização de modelagem foi totalmente esquecida. A equipe seguiu
bem o que foi proposto, na organização do tempo de cada ação (Concepção, Modelagem e
Entrega), mas a forma com que cada ação foi executada não seguia o que estavam pensando,
ou seja, na teoria estavam indo como seguia o roteiro, mas na prática isso se perdeu.
Todavia, mesmo com tais problemas organizacionais, o processo como um todo ocorreu
dentro do que se esperava: Arquitetura sendo definida, entregando o material necessário para o
desenvolvimento dos demais projetos, e tudo isso sendo discutido ao mesmo tempo em que se
produzia. Sendo assim, fica evidente a importância em planejar o fluxo de projeto que será
utilizado para o desenvolvimento do projeto/modelo.
Outro ponto importante está na forma como eram pontuadas as necessidades das demais
disciplinas durante a etapa. Em sua maioria, eram comentados durante uma fala do Arquiteto
02:

Deixa eu fazer aqui a cobertura, acho que a cobertura [...] ‘tava’ pensando em fazer.
No caso ela vai ser coberto assim, ela vai ter esse rasgo aqui [...] vai ser assim... desse
jeito assim, vai ser assim [...] vai cobrir por conta da garagem, né? Aqui? Aqui vai ser
uma varanda agora, e ai eu ‘tava’ pensando, normalmente é o que eu faço né? Fazer
aqui uma calha, e fazer duas águas, não sei se isso ‘pra’ você seria [...] fazer uma calha
única aqui. (ARQ. 02 e EH 02, 2019)

Ou quando eram questionados pelo Arquiteto 02:

Aí a caixa d’água a gente pode ver que aqui tem a concentração maior de banheiros,
então a caixa d’água pode tentar colocar pra cá, agora aqui tem a cozinha, cozinha e
área de serviço e agora? Eu gosto sempre de deixar em cima dos banheiros porque eu
acho que é o que utiliza mais, mas o que você acha melhor? Como que a gente pode
pensar nisso ai [...] Mas acho que não é problema não, quando descer pelos banheiros
passa pelo forro assim, meio que pra cozinha e tal. (ARQ. 02 e EH. 02, 2019).

A comunicação estava eficaz, principalmente quando esta passou a ser realizada por
meio do REVIT. Boa parte das resoluções dos problemas partiu de decisões de comunicação
por meio da Visualização. Diferente da equipe 01, que fez bastante uso deste recurso apenas
Página | 96
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

para comunicar algo, a equipe 02 fez uso deste recurso de forma mais objetiva e resolutiva,
buscando compreender “o como” poderiam resolver tal questão.
Destaca-se a comunicação efetiva entre Arquitetura e Engenharia Estrutural, sendo dois
motivos possíveis para isso ocorrer: o primeiro é o fato de estarem próximos durante o processo
– ao lado – e o segundo é no fato do Engenheiro Estrutural 02 ser mais comunicativo que o
Engenheiro Hidrossanitário 02, o que garantia mais questionamentos da arquitetura para a
estrutura. Deve ser considerado também, a falta de segurança por parte do arquiteto quanto à
estrutura, o que gerava mais questionamentos na área. Outro ponto que também deve ser
relevante é a questão da coordenação do modelo e sua Transferência. Isso fez com que os
projetistas utilizassem a ferramenta apenas para modelagem, a princípio. Pouco foi discutido
como organizar os arquivos para a primeira compatibilização, ou em como utilizar o próprio
Autodesk REVIT® como ferramenta de coordenação do projeto. A figura 50 representa o
resultado da compatibilização da equipe na etapa 01 do processo, sendo possível verificar
incompatibilidades entre as disciplinas, principalmente entre a estrutura e o hidrossanitário com
a arquitetura.

Figura 50 –Resultado da Compatibilização 01

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Por fim, esperava-se que a arquitetura, de fato, fosse o projeto mais discutido nesta
etapa, até por ser a primeira disciplina a ser discutida para que os demais pudessem desenvolver
as deles, mas o que se questiona é: Por que num processo colaborativo multidisciplinar, onde
foi utilizado uma tecnologia que favorece esse processo, as demais disciplinas não expuseram
mais suas necessidades? De fato, os projetistas complementares só eram acionados quando a
Página | 97
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

arquitetura tinha algum questionamento. Diferente da equipe 01, em que os demais projetistas
indagavam, questionavam ou até mesmo impunham algumas decisões que pudessem interferir
no processo.

5.2.1.1 Categorias e Subcategorias – Etapas 01

Após a sistematização dos dados, a categoria Gerar apresentou maior relevância nas
discussões da equipe, com 54%, seguido do Analisar, com 24% e o Comunicar, com 22%
(Gráfico 09). Semelhante ao ocorrido na outra equipe, por se tratar da fase inicial de projetação
e modelagem, a interação entre as disciplinas que participam do processo ocorre com maior
frequência, em simultâneo a constante validação da viabilidade do que era feito. A troca de
informações segue o mesmo processo da equipe 01, sendo recorrente diretamente ou
indiretamente.

Gráfico 9 – Equipe 02 – Categorias - Etapa 01


CATEGORIAS - ETAPA 01

Comunicar
22%

Gerar
54%
Analisar
24%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Em relação às subcategorias, no que se refere a categoria Gerar, 44% estavam


relacionadas à subcategoria Organizar, seguido do Prescrever e Dimensionar, com 29% e 27%,
respectivamente, como visto no gráfico 10. A presença de discussões evidenciando a
organização, indica que a maior preocupação da equipe era com o planejamento do que estava

Página | 98
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

sendo desenvolvido, mas que para isso, também foi necessário avaliar as necessidades de cada
disciplina envolvida, tendo em vista a precisão de dimensionamento do que era projetado.

Gráfico 10 – Equipe 02 – Gerar - Etapa 01


GERAR - ETAPA 01

Dimensionar Prescrever
27% 29%

Organizar
44%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Já na categoria Analisar, 50% das discussões estavam relacionadas à subcategoria


Validar, seguido do Prever com 37% e o Coordenar com 13% (Gráfico 11). Aqui, entende-se
que a equipe buscou tomar decisões lógicas e razoáveis, que garantissem a precisão das
informações e que em alguns momentos, foi necessário expor o conhecimento adquirido.

Página | 99
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Gráfico 11– Equipe 02 – Analisar - Etapa 01


ANALISAR - ETAPA 01

Coordenar
13%

Validar
50%

Prever
37%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Quanto à categoria Comunicar, 73% das discussões estavam relacionadas à subcategoria


Visualizar, enquanto a Modelar e Transformar, apresentaram 23% e 4% respectivamente
(Gráfico 11). Mostrar o que estava sendo feito é uma competência recorrente durante o
processo, já que o método requer o auxílio visual do software. Como a equipe decidiu iniciar o
processo por meio de desenhos/croquis, a modelagem é um recurso que só foi utilizado quando
a equipe iniciou o desenvolvimento do projeto no REVIT.

Página | 100
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Gráfico 12 – Equipe 02 – Comunicar - Etapa 01


COMUNICAR - ETAPA 01

Modelar
23%

Transformar
4%

Visualizar
73%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

5.2.2 Equipe 02 – Etapas 02 e 03

Após a primeira compatibilização, a equipe retornou à produção e seguiu o que o foi


dito pelo Gerente de Modelagem após a primeira compatibilização, organizando a sincronia dos
modelos, algo pouco utilizado na etapa anterior. O tempo que deveriam – segundo a proposta
do exercício – destinar para a organização do processo de modelagem e que havia sido
descartada na primeira etapa, foi retomada, visando melhorar o fluxo de trabalho interno. Nesse
momento ficou nítido que a equipe entendeu o que o processo exigia e que esse tempo para
organização do fluxo do processo não seria “perda de tempo”.
Neste momento os projetistas das engenharias, começam a entender que necessitavam
impor algumas decisões da sua disciplina na arquitetura (Prescrever), algo que é compreensível,
uma vez que o modelo arquitetônico estava melhor resolvido, o que favorece as demais
disciplinas, mais compreensão do todo e que observação no que precisam fazer. A comunicação
passa a ser muito mais visual do que simplesmente verbal, mas sem perder a função: Resolver
problemas encontrados entre as disciplinas.
Observou-se também a inversão no comando da etapa. Aqui, o arquiteto passou a
produzir mais individualizado e apenas fazia questionamentos quando necessário. Como
haviam se organizado para que o arquiteto continuasse a liderar o processo – no momento que
tiveram após a primeira compatibilização – ele deveria ficar responsável pela transferência e
Página | 101
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

organização dos dados que seriam compartilhados, bem como com a coordenação deles.
Contudo, quem realizou essa ação foi o Engenheiro Estrutural, que em determinados momentos,
cobrou ao arquiteto essa transferência.
Isso ocorreu devido a arquitetura ainda necessitar realizar modificações, que
considerava importantes para o andamento do processo. A intenção era que isso fosse ocorrendo
durante o processo, mesmo que as ações das disciplinas não fossem definidas, ou seja, mesmo
que a arquitetura não tivesse chegado as melhores soluções, era preciso que o mesmo fosse
compartilhado com os demais, para que as atividades não fossem perdendo a integridade, bem
como as decisões pudessem ser tomadas da melhor maneira e em conjunto, como o modelo do
exercício previa. Mesmo assim, a arquitetura perdeu esse controle, mas o fato de outro projetista
da equipe cobrar isso, demonstrou comprometimento com o andamento dos modelos. Isso foi
primordial para o resultado da etapa e muito importante para o processo. As discussões seguiam
o mesmo caminho, como esse entre o arquiteto e o engenheiro Estrutural:

A gente faz o que agora? Pega um novo arquivo ou contínua o outro? (Engenheiro
Estrutural) [...] vou apagar a minha estrutura aqui viu?! O Arquiteto 02 pediu para
apagar e adicionar de novo [...] A gente manda já, vou só fazer o shaft pra ajudar ele,
é rápido [...] eu não posso linkar, não posso [...] é mesmo? Por quê? [...] Ó, eu aperto
aqui e descarrego, fica só os pilares que é o vínculo que ele estava me explicando, aí
quando carrego vem tudo de volta. (ARQ. 02 e EE. 02, 2019)

O caminho escolhido pelos projetistas foi buscar os facilitadores, mesmo que o uso do
recurso de transferência seja “simples” e que deveria ser bastante recorrente durante os
processos colaborativos, mas como os projetistas nunca haviam participado de um processo
semelhante com o uso do BIM, não tinham conhecimento e consequentemente dificuldade de
fazer uso.
Na metade da segunda etapa, as discussões passaram a ser muito mais técnicas e
objetivas, sendo o recurso de validação utilizado de maneira recorrente pela equipe, que
buscavam entender melhor e saber se as decisões tomadas eram realmente as melhores. As
discussões permeavam em: “Que pilar é esse? [...] Aqui tá alinhado com a parte de dentro, se
eu alinhar essa parte com a parte de dentro tá desencontrando”, entre o Arquiteto 02 e o
Engenheiro Estrutural 02, ou nesse questionamento do Arquiteto 02 ao Engenheiro
Hidrossanitário 02:

A caixa d’água eu quero cobrir ela todinha, sabe? Parte inaudível pra poder definir o
telhado. Esse telhado vai ficar péssimo pra fazer. Porque o telhado está todo recortado

Página | 102
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Parte inaudível já tá um metro, mas agora eu preciso saber da medida dela. Tu “botou”
ela dentro do banheiro foi? Deixa eu olhar aí. (ARQ. 02, 2019)

Durante toda a etapa, ficou evidente o aumento no uso do recurso de dimensionamento,


já que esta é uma etapa de decisões e fechamentos iniciais, sendo necessário questionar cada
vez mais assuntos relacionados ao dimensionamento de ambientes ou elementos construtivos.
Questionamentos como: “Qual a altura de uma calha?” ou “A altura do telhado?”, vindas do
Arquiteto 02, eram assuntos recorrentes nessa etapa.
Entendendo que a segunda etapa é a de maior produção, e que engloba questões técnicas
e ao mesmo tempo criativas, a equipe correspondeu ao que era previsto: melhor coordenação
dos modelos e aumento da frequência de comunicação por meio da visualização, assim como
maior imposição das decisões por parte de cada disciplina, além disso, houve uma maior
frequência no compartilhamento de dados entre os projetistas.
Sendo assim, uma vez que houve aumento da coordenação e com o avanço dos projetos
– pois todos dependiam da arquitetura – a frequência na transferência dos modelos entre eles,
ficou maior. Isso deixa evidente, uma vez que o modelo arquitetônico avançava, as demais
disciplinas também, ou seja, a equipe estava bem coordenada e organizada. Verifica-se que as
incompatibilidades existentes estavam relacionadas a erros de modelagem e não de decisão de
projetos, como observado na figura 51, que exemplifica o conflito entre as instalações e a
estrutura.

Figura 51 – Resultado da Compatibilização 02

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Página | 103
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Na última etapa, o fator tempo versus organização tem interferência na produtividade


da equipe. Mesmo mantendo o modus operandi, a equipe começou a se desestabilizar, pois o
tempo destinado para o desenvolvimento era mais curto. Os assuntos das discussões passam a
ser mais específicos e menos abrangentes, como nesse caso, em um questionamento do
Arquiteto 02 ao Engenheiro Estrutural 02: “Ei, mudei o sentido da escada por que fica mais
legal subir aqui (...) Afeta muito aí no teu?”. A busca por confirmar o que era feito com os
demais projetistas (Validar) foi um recurso bastante utilizado pela equipe, principalmente pelo
Arquiteto, que sempre que possível questionava os colegas de equipe. Fica então o
questionamento: A arquitetura ficou muito presa e a espera das respostas dos demais projetistas
e isso pode ter dificultado o processo? Foi realmente necessário para o processo, que o arquiteto
questionasse pequenas modificações? É provável que duas respostas possam ser utilizadas para
tal questionamento.
A primeira está relacionada a falta de experiência do projetista da arquitetura, não só no
formato de projeto colaborativo, mas também no desenvolvimento de projetos, pois boa parte
dos questionamentos não necessitavam de confirmação; e a segunda resposta pode estar no
modelo de exercício utilizado, que pode ter proporcionado aos projetistas, a falsa impressão de
que precisavam discutir todas as ações, para que pudesse ser considerado um processo
colaborativo.
Apesar das discussões sobre a transferência dos dados não serem com frequência,
ocorriam com qualidade e objetividade. Em momentos “estratégicos” – assim nomeado pela
equipe – o Arquiteto 02 – que antes não o fazia – começou a lembrar de fazer as transferências
para os demais projetistas: “Eu vou colocar os pisos agora. Eu vou colocar e carrego aqui pra
você”. Outro ponto que podemos destacar, está na preocupação dos projetistas e na forma com
que se colocam para com o arquiteto. Eles demonstravam entender a função do arquiteto, como
criador do modelo e projeto base. Em um momento, o engenheiro estrutural questiona: “Ta
precisando de algum detalhe na estrutura para fazer?”
Ao final do exercício, mesmo que as falhas no fluxo do trabalho tenham se mantido, a
comunicação, apesar de não ter tido a expressividade esperada, foi eficaz e objetiva, sendo
muitos momentos um recurso essencial para o andamento do processo. Após a primeira etapa,
as discussões que estavam dentro da categoria Comunicar, começaram a permear mais na
transferência dos dados, apesar deste recurso ter sido o que menos foi discutido pela equipe
durante as duas últimas etapas. O arquiteto ficou responsável de realizar essa coordenação e
transferência dos dados, mas inicialmente teve o engenheiro estrutural, como responsável por

Página | 104
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

lembrar o arquiteto que deveria fazer isso. Isso ficou compreensível, pois o arquiteto ainda tinha
bastante material para desenvolver e não recordava de fazer as transferências ou até mesmo a
coordenação. As figuras 52 e 53 apresentam o resultado final da equipe 02, sendo possível
verificar a diminuição das incompatibilidades entre as disciplinas e as que permanecem, são
erros de modelagem simples de simples resoluções.

Figura 52 – Resultado da Compatibilização 03

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Figura 53 – Resultado da Compatibilização 03

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Com o passar do exercício e consequentemente as resoluções dos problemas da


arquitetura, o arquiteto foi diminuindo suas ações no modelo base e focando na coordenação
dos modelos. Durante a compatibilização foi possível verificar algumas questões, relacionados
Página | 105
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

a modelagem e a decisões de projeto, assim como na equipe 01, mas que diferente deles, as
decisões pareciam ser mais adequadas e sensatas e que podem ser justificadas ou pela
experiência já adquirida, com esse tipo de projeto. Apesar de todos os problemas e dificuldades,
o produto final da equipe foi dentro do esperado. (Desenvolvimento x Produto), apresentando
mais pontos positivos, do que negativos.

5.2.2.1 Categorias e Subcategorias – Etapas 02 e 03

Em relação a relevância das categorias durante as etapas, a que apresentou maior


frequência nos discursos foi a etapa Comunicar, com 36%, seguido da Analisar e Gerar, com
33% e 31%, respectivamente (Gráfico 13). Pode-se observar que em relação a etapa 01, o
crescimento quanto a comunicação e trocas de dados por meio do BIM, já que se trata de etapas
de finalização do modelo. Em conjunto, a verificação da viabilidade do que é produzido e as
interações entre as disciplinas são recorrentes, uma vez que estão relacionados ao que é
produzido.

Gráfico 13 – Equipe 02 – Categorias - Etapa 02 e 03


CATEGORIAS - ETAPA 02 E 03

Gerar
31%
Comunicar
36%

Analisar
33%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

No que se refere a Categoria Gerar, a subcategoria Prescrever foi a que apresentou maior
relevância para a equipe, com 65% das discussões, seguido da Dimensionar com 21% e da
Organizar com 14% (Gráfico 14). Em relação ao início do exercício até o momento da terceira

Página | 106
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

etapa, fica evidente a “inversão de valores”, quando a preocupação com as necessidades de cada
disciplina, sobrepõe a do planejamento, que estava em evidência no início do processo.

Gráfico 14– Equipe 02 – Gerar - Etapa 02 e 03


GERAR - ETAPAS 02 E 03

Dimensionar
21%

Organizar
14%
Prescrever
65%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


Em relação à subcategoria Analisar (Gráfico 15), 60% dos discursos estavam
relacionada à subcategoria validar, enquanto o Prever e Coordenar apresentaram 24% e 16%,
respectivamente. Observa-se assim, que mesmo com o avanço do desenvolvimento do
modelo/projeto, a equipe ainda estava preocupada em garantir que as decisões tomadas, eram
lógicas e razoáveis entre as disciplinas, enquanto a coordenação dos modelos, que era esperado
para a etapa, não apresentou relevância para a equipe, mesmo após as críticas e sugestões do
gerente de modelagem após a última compatibilização.

Página | 107
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Gráfico 15 – Equipe 02 – Analisar - Etapa 02 e 03


ANALISAR - ETAPA 03

Coordenar
16%

Prever
Validar 24%
60%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Por fim, em relação a categoria Comunicar, 40% das discursões foram sobre a
subcategoria Visualizar, 35% sobre o Modelar e 25% sobre Transformar (Gráfico 15). Dentre
as categorias desta etapa, esta foi a que apresentou maior equilíbrio. A visualização do modelo
continuou sendo o recurso mais utilizado, como esperado. Contudo, destaca-se o aumento da
transferência de dados entre os membros da equipe, que mesmo não sendo focado na
coordenação dos modelos, auxiliou para que os modelos seguissem com integridade.
Gráfico 16 – Equipe 02 – Comunicar - Etapa 02 e 03

COMUNICAR - ETAPAS 02 E 03

Modelar
35%
Visualizar
40%

Transformar
25%

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).


Página | 108
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Com os dados apresentados pelas duas equipes, esperava-se que os modelos estivessem
mais integrados e que o fluxo de trabalho já estivesse estabelecido entre as disciplinas.
Entendia-se que os erros, após passar pelos pontos marcos, seriam sanados nas etapas
subsequentes, o que não ocorreu parcialmente com a Equipe 01, mas que não ocorreu na Equipe
02.

5.3 Síntese de Análise

Os resultados do exercício modelo contribuíram para elucidar os aspectos relativos ao


processo colaborativo com uso do BIM, uma vez que a pesquisa exploratória apontou as lacunas
possíveis para esse tema. Os materiais desenvolvidos foram analisados sob a ótica colaborativa,
mesmo se tratando de projetos de pequeno porte e em fases iniciais.
Em relação ao processo e fluxos de projetação colaborativa em BIM, observa-se que o
modelo proposto, em que as modelagens dos projetos de arquitetura são feitas primeiro, para
depois vim os de engenharia, seguido de integração entre eles e a detecção da interferência e
posterior ajustes dos modelos, se mostrou satisfatório, sendo possível verificar bem os
problemas e os potenciais para o desenvolvimento de projetos em etapas iniciais de projeto. É
importante destacar a dificuldade encontrada por parte de alguns participantes, que durante todo
o processo demonstraram problemas de adequação ao modelo ou até mesmo falta de
conhecimento e prática na forma de trabalho colaborativo
Quanto aos agentes colaboradores, a realidade da localidade para o qual o modelo de
exercício foi idealizado é a de equipes reduzida, apresentando até mesmo acúmulo de funções
por parte dos profissionais envolvidos, sendo por exemplo, o arquiteto um modelador BIM,
projetistas e alguns momentos, coordenador da equipe e dos modelos das disciplinas. O fato
modelo de exercício ter sido previsto para ser realizado em pouco tempo, a comunicação entre
os projetistas ocorria com discussões presenciais, mas que em um processo real, também seria
possível ocorrer por e-mails, telefone ou por redes sociais (Whatsapp, Facebook ou Instagram).
Durante a pesquisa exploratória, quanto ao processo de projeto, Barison e Santos (2016)
afirmam que o processo deve ser iniciado pelo arquiteto (modelo base) e depois de ser definido,
pode ser compartilhado com os engenheiros. Seguindo esse caminho, o exercício seguiu o
mesmo processo, acrescentando apenas que o arquiteto não iria conceber isoladamente a
arquitetura, mas em conjunto com a equipe, ouvindo e discutindo quanto as necessidades de
cada disciplina quanto a decisão. Destaca-se dois pontos: um em relação a modelagem e outro
em projetação.
Página | 109
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Com respeito a modelagem, foi verificado que o cuidado e a preocupação com que o
modelo seria apresentado e entregue, não foram colocados como prioridade para a Equipe 01,
diferentemente da Equipe 02, que apesar de não deixar isso transparecer durante a primeira
etapa, deixou evidente nas duas últimas. Em relação a projetação, a participação dos projetistas
da engenharia inibe os avanços e as decisões tomadas pelo projetista da arquitetura, deixando-
os em alguns momentos, receosos em solucionar problemas sem ter o respaldo dos colegas de
equipe.
Verificou-se que o modelo de transferência de dados, nos estudos de referência
abordados, o Revit Serve, da Autodesk® é um dos exemplos de aplicativo de compartilhamento
de arquivos, para arquivos originados em softwares da fornecedora. Contudo, pensando na
realidade do local e em se tratando de um aplicativo gratuito, foi utilizado o Dropbox® como
ferramenta de compartilhamento de dados. O ponto mais crítico para que o exercício ocorresse
sem grandes perturbações externas estava na qualidade da internet (um dos motivos da escolha
do Laboratório de Informática de Arquitetura da UFRN, por ter internet por fiação a cabo de
rede) e em relação ao compartilhamento dos dados, para não evitar perda de dados. Nesse
contexto, a integração das disciplinas e detecção de interferências ocorreu principalmente por
meio de softwares proprietários, fazendo uso de arquivos vinculados, quando a equipe
coordenava e revisava por meio do Revit, e com uso do padrão IFC, para os momentos de
compatibilização.
Em relação às compatibilizações, acreditava-se que com os conselhos do Gerente de
Modelagem, as equipes ficariam mais atentas às questões referentes à comunicação e que,
consequentemente, fariam com que a categoria fosse cada vez mais relevante para o processo,
principalmente após a primeira detecção de interferências com foco na compatibilização dos
dados geométricos e menor atenção nos demais parâmetros construtivos. Os softwares
utilizados para compatibilização e os de modelagem são da mesma fabricante, o que resultaria
em baixo nível de interoperabilidade com pouco uso do padrão IFC, logo, maior integridade
dos produtos desenvolvidos. Contudo, notou-se que os recursos de comunicação, revisão de
projeto e detecção de interferências, foram subutilizados pelas equipes e apenas a Equipe 02
demonstrou entendimento e colocou em prática as sugestões realizadas pelo Gerente de
Modelagem, fazendo cada vez mais uso das transferências dos dados e mantendo assim, a
integridade dos modelos.
Os resultados da pesquisa apontam que na Equipe 01 e 02, das discussões ocorridas na
Etapa 01 do exercício, 47% e 53% estavam relacionadas à categoria Gerar, respectivamente.

Página | 110
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

Tais resultados indicam que nessa etapa inicial do exercício, as disciplinas interagiram mais
com o projeto e que dessa forma, gerariam informações. Já nas Etapas 02 e 03, essa recorrência
muda, sendo a categoria analisar a que mais aparece, com 37,28% na Equipe 01 e 34,78% na
Equipe 02, como apresentado no gráfico 17, indicando que as equipes estavam preocupadas em
avaliar a viabilidade do que está sendo feito.

Gráfico 17 – Equipe 02 – Comunicar - Etapa 02 e 03

CATEGORIAS QUE SE DESTAM POR FASES,


ENTRE EQUIPES
60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
Etapa 01 - Categoria Gerar Etapa 02 e 03 - Categoria Analisar

Equipe 01 Equipe 02

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Em se tratando das subcategorias é que se pode observar qual a real necessidade de cada
recurso/categoria utilizado. Verifica-se que na Etapa 01, ambas equipes estavam com as
mesmas preocupações, com exceção do uso do recurso da Análise, que, enquanto a Equipe 01
validava as soluções tomadas, buscando verificar a lógica nelas, a Equipe 02 foi mais cautelosa
e focou na previsão das decisões dentro do projeto. Já nas Etapas 02 e 03, a diferença estava no
objetivo da geração de informações, uma vez que a Equipe 01 ainda estava nas organizações e
planejamentos do material que seria entregue, a Equipe 02 buscava refinar o material,
verificando as necessidades de cada disciplina no projeto.
Os resultados demonstram que as competências mais relevantes no processo projetual
colaborativo auxiliado por ferramentas BIM ensaiado na pesquisa são: a.) Prescrever, por
apresentar a importância de cada disciplina no projeto; b.) Prever, já que o conhecimento e as
experiências adquiridas anteriormente, são diferenciais no processo; c.) Validar, por se tratar
Página | 111
5 ANÁLISES E DISCUSSÕES

de um projeto em conjunto, o que exige constantes aprovações; d.) Visualizar, por servir de
apoio nas decisões tomadas; e.) Transformar, principal diferencial no processo colaborativo por
meio do BIM, por contribuir com a celeridade e com o intercâmbio transparente entre dos
arquivos. Sendo assim, fica evidente que os recursos utilizados em cada etapa são semelhantes,
seguindo um padrão, o que pode indicar que os recursos mais utilizados num processo
colaborativo por meio do BIM são: Gerar/Organizar, para etapas de concepção; e
Analisar/Validar, para etapas de desenvolvimento e finalização de produto.
Por fim, deve-se destacar também a presença constante dos recursos de Organização e
o de Modelagem, que por mais que não tenha sido os que mais apareceram nos discursos dos
projetistas, apresentaram resultados expressivos em todas as etapas, já que se entende a
constante necessidade de planejar e pensar o projeto e que em se tratando de BIM, precisa ser
modelado para observar e analisar as soluções.

Página | 112
6
CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise de aplicabilidade de qualquer modelo de processo de projeto colaborativo,


com uso do BIM em uma área de estudo pouco explorada e nem aplicada, é um grande desafio
para qualquer pesquisador. Essa análise implica em um processo de mudança e adaptação por
parte dos participantes da pesquisa, que em alguns momentos, não estão preparados para isso.
Mesmo com as dificuldades encontradas durante o desenvolvimento deste estudo, é possível
considerar que a questão problema – de que maneira o uso de ferramentas BIM pode favorecer
a colaboração nas primeiras fases do desenvolvimento de projetos de arquitetura e de
engenharia civil (hidrossanitários e estruturas)? – foi respondida, uma vez que foi possível
compreender quais recursos e competências são os mais relevantes para o trabalho colaborativo
por meio do BIM. Da mesma maneira, o objetivo geral, bem como todos os objetivos
específicos foram alcançados: iniciados com a leitura e as pesquisas bibliográficas, que
trouxeram embasamento para discussão sobre os conceitos do BIM e os modelos e formas com
que a tecnologia pode se aplicar ao processo colaborativo, passando pela construção do
instrumento utilizado para o exercício realizado, culminou na aplicação do exercício modelo,
com resultados e análise quanto aos recursos de ferramentas BIM que favorecem no processo
colaborativo.
Considera-se que os resultados foram satisfatórios e positivos, além de trazerem, ao
menos no âmbito do universo estudado, respostas para a questão problema levantada na
introdução deste trabalho, bem como novas possibilidades de discussões quanto ao assunto,
como apontados ao final deste item. Na primeira etapa desta pesquisa, o foco esteve em
identificar os conceitos do BIM e suas definições, a fim de compreender como esses são
abordados no âmbito da Arquitetura, da Engenharia e da Construção (AEC). Paralelamente a
essa etapa, foi feita a análise dos fluxos de processos de projetos em BIM, sendo levantados
também os modelos de projetos colaborativos com uso da plataforma. Ao final, foi necessário
verificar a aplicabilidade de modelo de exercício prático através de simulação do real, que,
como produto, foi entregue o estudo preliminar de projeto em LOD 200.
Considerando-se a coerência dos dados levantados com a aplicação do Exercício
Modelo, é possível confirmar que o uso do BIM favorece a colaboração, principalmente para
os processos de projetos analisados em Natal/RN, como constatado por Martin Jr. (2018).
Observou-se que os recursos utilizados com maior frequência foram os mesmo para as duas
equipes, mas que de maneiras distintas, principalmente no que se refere à intensidade em que

Página | 114
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

cada recurso é utilizado. Enquanto no início ambas as equipes investem na organização e no


planejamento do projeto/modelo, na mesma fase as equipes divergem; entretanto, mesmo os
recursos terem sido utilizados de maneira diferente, o resultado foi semelhante.
Fazer uso de arquivos vinculados é um dos recursos que favorece o processo de projeto
colaborativo, por possibilitar o trabalho simultâneo, assim como o uso dos modelos base.
Apenas a partir da segunda etapa que as equipes utilizaram o recurso, sendo que apenas a equipe
02 organizou o processo para fazer uso desse, e de maneira eficaz. Dessa maneira, pode-se
verificar que equipes com poucas disciplinas envolvidas conseguem obter maior controle desse
processo de transferência e, consequentemente, podem realizar a colaboração entre as
disciplinas de maneira eficiente e ter resultados com maior eficácia. Observou-se a deficiência
por parte dos projetistas em trabalhos colaborativos, e/ou até o desconhecimento que o BIM
favorece esse tipo de processo. Em se tratando de projetistas com pouco tempo no mercado
profissional ou ainda em formação, algumas falhas do processo passam despercebidas ou
simplesmente são ignoradas, prejudicando o desenvolvimento do produto. Percebe-se a
necessidade em capacitação e avanços no conhecimento da tecnologia, não só na prática –
manuseio de ferramentas –, mas também na teoria.
Os dados colhidos no exercício apontaram algumas lacunas no método de análise e que
só foram verificados após a avaliação realizada no exame de qualificação. Contudo, essa
questão não prejudicou o andamento do trabalho, precisando apenas ajustar a forma em que os
dados seriam sistematizados, não sendo necessário a aplicação de novo exercício, como estava
previsto. Ficou definido também, após o exame de qualificação, que a pesquisa deixaria de ser
caracterizada como estudo de caso, passando a ser pesquisa-ação, já que, segundo Gil (2002, p.
56), “exige maior envolvimento ativo do pesquisador e a ação por parte das pessoas ou grupos
envolvidos no problema”, sendo essa uma característica deste estudo. Para a aplicação desse
tipo de exercício, não há exigências quanto ao número mínimo de voluntários, sendo utilizado
como parâmetro a quantidade ideal de participantes por equipe (3 participantes), o que
enriqueceu o formato de exercício aplicado e favoreceu a explanação dos processos
colaborativos com o uso do BIM.
Durante a análise, foram verificados alguns problemas de aplicação. O primeiro está
relacionado na forma como os arquivos de cada equipe eram salvos, sendo, em todas as etapas,
salvos com mesmo nome e não salvos como cópia. Com isso, não foi possível, pós-aplicação,
verificar nos modelos os avanços de cada equipe e, assim, aprimorar as análises. O segundo
problema está ligado ao formato em que os discursos foram captados. A gravação em áudio das

Página | 115
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

discussões das equipes não foi a melhor escolha, uma vez que dificultou as transcrições, não
sendo possível fazer uso de aplicativos que pudessem realizar esse trabalho automaticamente.
Sendo assim, todos os áudios foram transcritos manualmente, atrasando um pouco o
desenvolvimento. Uma solução para a essa questão é a utilização de mais de um equipamento
de captação de áudio, além da realização de exercícios com cada equipe em momentos distintos,
para evitar ruídos.
O terceiro e último problema destacado está no formato da seleção dos participantes,
que determinava pré-requisitos, mas não avaliava e/ou exigia nível de conhecimento, fosse no
software ou no processo colaborativo. Verificou-se que a maioria das dificuldades no uso do
REVIT eram por parte dos engenheiros, que alegavam pouco contato com a ferramenta durante
a faculdade. Já no que se refere ao processo colaborativo, nenhum dos participantes havia
participado ou realizado projetos nesse modelo, dificultando o entendimento entre eles.
Segundo Martin Júnior (2018), verifica-se uma tendência à expansão no uso do BIM em
Natal/RN, mas há dificuldade de arquitetos em encontrarem profissionais da engenharia que
sejam habilitados em BIM, e vice-versa; isso vem desmotivando os profissionais a trabalharem
de maneira colaborativa. Vale destacar que a necessidade de aprovação da pesquisa pelo comitê
de ética atrasou um pouco o desenvolvimento e que, apesar de ser necessário, existem alguns
entraves/termos solicitados pelo comitê que podem incomodar ou intimidar participantes da
pesquisa.
De maneira geral, considera-se que os objetivos da pesquisa foram atendidos. Apesar de
ser uma investigação inicial sobre a temática do BIM aplicado ao processo de projeto
colaborativo no universo de estudo local, as pesquisas bibliográficas mais recentes apontam
que se trata de um tema com interesse crescente, tendo em vista que novos dados sobre o assunto
vêm sendo publicados, por exemplo, o trabalho de Martins Júnior (2018). Durante o
desenvolvimento desta pesquisa, verificou-se a existência de questionamentos que os dados
coletados, ou a análise deles, não foram suficientes para responder. Para tanto, sugere-se uma
nova aplicação do modelo de exercício com os mesmos participantes. Os resultados desse
exercício podem ser abordados em um artigo, complementando esse estudo.
Vemos também como possibilidade de pesquisa futura, a realização de estudos e
pesquisas que complementem essa experiência, definindo diretrizes que estabeleçam maneiras
de implementação do BIM para pequenos escritórios e faculdades locais, que estimulem o
trabalho colaborativo. Seria definido também a forma de compartilhamento de modelos que
melhor favorecesse a estrutura de trabalho de cada escritório/faculdade, bem como as metas de

Página | 116
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

entrega dos produtos alcançáveis com o trabalho colaborativo. Para o meio acadêmico, propõe-
se a criação de disciplinas que incentive a participação de arquitetos e engenheiros que
pudessem explorar o conteúdo teórico do BIM, principalmente os relacionados aos processos e
às políticas. Já para o mercado profissional, além de disciplinas ou cursos de pós-graduação que
abranjam esses conteúdos, a busca por profissionais habilitados que auxiliem na implementação
BIM é o primeiro passo a ser dado.
Por fim, cabe assinalar que esta pesquisa pode abrir caminhos para novas investigações
sobre a inserção dos conteúdos sobre o BIM em cursos de graduação de Arquitetura e
Urbanismo e Engenharia Civil, por meio de disciplinas optativas, assim como portas para novos
estudos no campo de processos colaborativos por meio do BIM, aplicados à área da construção
civil.

Página | 117
REFERÊNCIAS

REFERÊNCIAS
ABNT. NBR 16636. Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de
projetos arquitetônicos e urbanísticos. Brasil, 2017.

ADDOR, M.; NARDELLI, E. S.; CAMBIAGHI, H.; et al. Guia AsBEA: boas práticas em
BIM. Fascículo II. 2015. Disponível em:
<http://www.manuaisdeescopo.com.br/Images/Conteudo/ME/Download/Guia_Bim_AsBEA.
pdf>. Acesso em: 2 jun. 2020.

AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL. GUIA 1 – Processo


de projeto BIM Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIP. Agência Brasileira
de Desenvolvimento Industrial Processo de projeto BIM: Coletânea Guias BIM ABDI-MDIC
– Brasília, DF: ABDI, 2017.

ALVES, F. Gamification: como criar experiências de aprendizagem engajadoras – um guia


completo: do conceito à prática. São Paulo: DVS Editora, 2015.

ANDRADE, M. L. V. X.; RUSCHEL, R. C. Interoperabilidade de aplicativos BIM usados em


arquitetura por meio do formato IFC. Gestão e Tecnologia de Projetos, São Carlos, v.4, n.2,
p. 76-111, nov. 2009.

______; MORAIS; RUSCHEL. O ensino de BIM no Brasil: Onde estamos? Ambiente


Construído, v.13 n.2 Porto Alegre, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ESCRITÓRIOS DE ARQUITETUR. Guia AsBEA


boas práticas em BIM: Fascículo II - Fluxo de projetos em BIM: planejamento e execução.
Brasil, 2015.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

BARISON, M. B.; SANTOS, E. T. Ensino de BIM: tendências atuais no cenário


Internacional. Gestão & Tecnologia de Projetos, São Carlos, v. 6, n. 2, dez. 2011.

______. B; SANTOS, E. T. Advances in BIM Education. In: DIB, H.; MENASA, C.; LI K.
(Eds.). Transforming engineering education through innovative computer mediated
learning technologies, Reston: ASCE, 2016.

______. B.; SANTOS, E. T. O papel do arquiteto em empreendimentos desenvolvidos com a


tecnologia BIM e as habilidades que devem ser ensinadas na universidade. Gestão e
Tecnologia de Projetos, São Carlos, v. 11, n. 1, p. 103-120, jan./jun. 2016.

BECERIK-GERBER, B.; GERBER, D. AND KU, K. The pace of Technological Innovation


in Architecture, Engineering and Construction Education: integrating recent trends into the
curricula. Electronic Journal of Information Technology in Construction, v. 16, p. 412-
431, 2011.
Página | 118
REFERÊNCIAS

BEETZ, J.; BERLO, L.V.; LAAT, R. et al. Advances in the development and application
of an Open Source Model Server for Building Information. In: CIBW78, W102
Conference, Nice: Proceedings. 2011.

BERTEZINI, A. L. Métodos de avaliação do processo de projeto de arquitetura na


construção de edifícios sob a ótica da gestão da qualidade. 2006. 208f. Dissertação
(Mestrado em Engenharia de Construção Civil) - Escola Politécnica - Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2006.

BRANDÃO, O. C. S. Sobre fazer projeto e aprender a fazer projeto. 2008. 272f. Tese
(Doutorado em Projeto de Arquitetura) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

BRASIL. Decreto-lei nº 9.377, de 17 de maio de 2018. Institui a estratégia nacional de


disseminação do Building Information Modelling. Lex: coletânea de legislação: edição
federal, Brasília, 2018.

CAMPESTRINI, T. F.; GARRIDO, M.; MENDES JR, R. et al. Entendendo o BIM.


Curitiba, 2015.

CAREZZATO, G. G.; BARROS, M. M. S. B.; SANTOS, E. T. BIM em gerenciadoras de


empreendimentos de infraestrutura. In: ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO
AMBIENTE CONSTRUÍDO, 16., 2016, São Paulo. Anais do Encontro Nacional de
Tecnologia do Ambiente Construído. Porto Alegre: ANTAC, 2016.

COSTA, F. J. de M.. Do modelo Geométrico ao modelo físico: o tridimensional na


educação do arquiteto e urbanista. 2013. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo).
Centro de Tecnologia, Departamento de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte.

CRESPO, C.; RUSCHEL, R. C. Ferramentas BIM: um desafio para a melhoria no ciclo de


vida do projeto. In: III Encontro de Tecnologia de Informação e Comunicação na Construção
Civil, 2007, Porto Alegre. Anais III Encontro de Tecnologia de Informação e
Comunicação na Construção Civil, Porto Alegre: ANTAC, 2007.

DANTAS FILHO, J. B. P.; ANGELIM, B. M.; GUEDES, J. P. et al. BIM based requests for
information classification and distribution: two residential tower cases. PARC Research in
Architecture and Building Construction, Campinas, SP, v. 7, n. 2, p. 75-88, jun. 2016.
Disponível em: <http://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/parc/article/view/8646358>.
Acesso: 30 jun. 2016.

DELATORRE, J. P. M.; SANTOS, E.T. Gestão do nível de detalhamento da informação em


um modelo BIM: Análise de um estudo de caso. In: ENCONTRO BRASILEIRO DE
TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO, 7., 2015,
Recife. Anais Encontro Brasileiro de Tecnologia de Informação e Comunicação na
Construção. Porto Alegre: ANTAC, 2015.

Página | 119
REFERÊNCIAS

DUARTE, R. Pesquisa qualitativa: reflexões sobre o trabalho de campo. Cadernos de


Pesquisa, São Paulo, n. 115, p. 139-154, mar. 2002.

EASTMAN, C.; TEICHOLZ, P.; SACKS, R. et al. Manual de BIM. Porto Alegre: Editora
Bookman, 2014.

FEITOSA, A. Contexto BIM no Brasil e no Mundo. Disponível em:


http://bimexperts.com.br/contexto-bim-no-brasil-e-no-mundo/. Acesso: jul. 2018.

FERNANDES, R.O. Desen.p.a.c.a.: desenvolvimento de programa arquitetônico de conforto


ambiental. 2017. 218f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017.

FILATRO, A. Design instrucional na prática. São Paulo: Pearson Education do Brasil,


2008.

FISCHER, M.; KUNZ, J. The Scope and Role of Information Technology in Construction.
Relatório Técnico nº156 do Center for Integrated Facility Engineering da Universidade
de Stanford, Califórnia, 2004. Disponível em:
<http://cife.stanford.edu/sites/default/files/TR156.pdf>. Acesso: nov. 2015.

FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Bookman, 2009.

FOREST, E. The ADDIE Model: Instructional Design. Disponível em:


<http://educationaltechnology.net/the-addie-model-instructional-design/> Acesso: 31 jul.
2019.

GARCEZ, A.; DUARTE, R.; EISENBERG, Z. Produção e análise de vídeogravações em


pesquisa qualitativas. Revista Educação e Pesquisa, v. 37, n.2, p. 249 - 262, mai/ago, 2011.

GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T.(Orgs). Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora


da UFRGS, 2009.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

______. 1946 - Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

______. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2008.

HOWARD, R.; BJÖRK, B. C. Building information modeling: experts' views on


standardisation and industry deployment. In: Advanced Engineering Informatics, 2008.

JØRGENSEN, K. A.; SKAUGE, J.; CHRISTIANSSON, P. et al. Use of IFC Model Servers:
Modelling Collaboration Possibilities in Practice. Disponível em:
<http://www.it.civil.aau.dk/it/reports/2008_Ifc_model_server.pdf>. Acesso: 22 out.2017.

Página | 120
REFERÊNCIAS

KHOSROWSHAHI, F.; ARAYICI, Y. Roadmap for implementation of BIM in the UK


construction industry. Engineering Construction and Architectural Management. Bingley,
v. 19, n. 6, p. 610-635, 2012.

KRONA, M. Por que para se alcançar as dimensões 4D, 5D e 6D do BIM se faz


necessário que os objetos BIM dos fabricantes estejam hospedados em uma solução
profissional baseada em nuvem? 2016. Disponível em: < https://bimobject.com/pt-
br/blog/post/why-4d-5d-and-6d-bim-need-real-manufacturers-bim-objects-hosted-on-a-
professional-cloud-solution> Acesso: 19 Jul. 2018.

KOWALTOWSKI, D. C. C. K.; MOREIRA, D. de C.; PETRECHE, J. R. D. et al. O


processo de projeto em arquitetura: da teoria à tecnologia. Oficina de Textos: São Paulo,
2013.

KREIDER, R. G.; MESSNER, J. I. The Uses of BIM: Classifying and Selecting BIM Uses -
Version 0.9. The Pennsylvania State University, University Park, PA, USA, 2013. Disponível
em: <http://bim.psu.edu>. Acesso: S. A.

KYMMELL, W. Building information modeling: planning and managing construction


projects with 4D CAD and simulations. New York: Mc Graw Hill, 2008.

______. LOKE, S.M. Computers, words and pictures. Design Studies, v. 18, p. 171-183,
1997.

LAWSON, B. Como arquitetos e designs pensam. Tradução de Maria Beatriz Medina. São
Paulo: Oficina de Textos, 2011.

LEICHT, R. M. A framewor k for planning effective collaboration using interactive


workspaces. 2009. 277 p. Tese (Doutorado) – The Pennsylvania State University, 2009.

MARTINS JÚNIOR, J. V. Processos colaborativos e integração de projetos com auxílio


da plataforma BIM: uma análise no meio profissional de Natal-RN. 2018. 185f. Dissertação
(Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Natal, 2018.

MANZIONE, L. Proposição de uma estrutura conceitual de gestão do processo de


projeto colaborativo com o uso do BIM. Tese de Doutorado. São Paulo: USP, 2013.

MENEZES, G. L. B. B. de. Breve histórico de implantação da plataforma BIM. Cadernos de


Arquitetura e Urbanismo, v.18, n. 22, 21º sem. 2011.

MELHADO, S. B.; Qualidade de projeto na construção de edifícios: aplicação ao caso das


empresas de incorporação e construção. Tese (Doutorado em Engenharia) – Escola
Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo,1994.

Página | 121
REFERÊNCIAS

______. Implementação do BIM em empresas de arquitetura. MakeBIM. 2017. Disponível


em: <http://www.makebim.com/2016/08/08/silvio-melhado-implementacao-do-bim-em-
empresa-de-arquitetura/>. Acesso: Jun. 2018.

MENEZES, A. M.; VIANA, M.L.S.; JUNIOR, M.L.P. et al. O Impacto Da Tecnologia Bim
No Ensino De Projetos De Edificações. XL Congresso Brasileiro de Educação em
Engenharia. Anais XL Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia. In: COBENGE.
Belém/PA: 2012.

MCGONIGAL, J. A realidade em jogo: Porque os games nos tornam melhores e como eles
podem mudar o mundo. Rio de Janeiro: Bestseller, 2012.

MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento: Pesquisa qualitativa em saúde. São


Paulo: Hucitec, 2004.

______. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec,


2013.

NETTO, C. C. Autodesk Revit Architecture 2015. São Paulo: Saraiva, 2015.

SACKS, R.; BARAK, R. Teaching Building Information Modeling as an Integral Part of


Freshman Year Civil Engineering Education, Journal of Professional Issues in Engineering
Education and Practice. v 136, n 1, January, p. 30-38, 2010.

SANTOS, P. L. dos. A imagem enquanto fonte de pesquisa: a fotografia publicitária.


Iniciação científica Cesumar, Maringá, v. 2, n. 2, p. 63-68, ago./dez. 2000.

SANTOS, E. O. Processo de Projeto Colaborativo em Arquitetura. Dissertação


(Dissertação em Arquitetura) UFMG. Belo Horizonte, p. 115, 2014.

SCHEER, S.; ITO, A.; AYRES FILHO, C. A. et al. Impactos do uso do sistema CAD
geométrico e do uso do sistema CAD-BIM no processo de projeto em escritórios de
arquitetura. VII Workshop Brasileiro de Gestão do Processo de Projetos na Construção
de Edifícios. Curitiba: UFPR, 2007.

SUCCAR, B. Building information modelling framework: A research and delivery foundation


for industry stakeholders. Automation in Construction, v. 18, n. 3, p. 357–375, 2009.

VISHAL, S.; NING, G.; XIANGYU, W. A theoretical framework of a BIM-based multi-


disciplinary collaboration platform. Automation in Construction, v.20, n.2, p.134-144,
2011.

WARREN, S. Visual Methods in Organizational Research. In: BUCHANAN, David A.;


BRYMAN, Alan (Eds.). The SAGE Handbook of Organizational Research Methods.
Londres: Sage Publications Inc., 2009, p. 566-582.

Página | 122
APÊNDICES

APÊNDICES
Apêndice 01 – Exercício Modelo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA, PROJETO E MEIO
AMBIENTE.
Professores: Heitor Andrade e Iran Souza

USO DO BIM NO PROCESSO COLABORATIVO ENTRE


ARQUITETOS E ENGENHEIRO

EXERCÍCIO DE CONCEPÇÃO DE EDIFICIO ARQUITETÔNICO (EQUIPES G1 E G2)


Elaborar o projeto residência com 02 pavimentos (Térreo + Superior). Considerar, para a
concepção do projeto, as seguintes restrições:
1. O cliente deseja uma casa ventilada, e que a divisão das áreas seja feita em dois pavimentos, sendo
que o pavimento térreo deverá conter aproximadamente 60% e o pavimento superior deverá
conter aproximadamente 40% da área construída total possível. Não há exigências quanto aos
tamanhos máximos dos cômodos.

2. Pretende-se que o projeto tenha como programa de necessidades: Garagem coberta, Sala de Estar,
Sala de Jantar, Cozinha, Área de Serviço, Dois Banheiros Sociais, Suíte do Casal, Três
Quartos.

3. Dimensões Mínimas dos Ambientes, segundo o Cód. De Obras.

Figura 1 - Tabela de dimensões - Código de Obras


Fonte: Código de Obras da cidade de Natal

Página | 123
APÊNDICES

4. O terreno escolhido para o desenvolvimento da proposta está localizado no bairro de Lagoa Nova,
com dimensões de 10x20m, na cidade de Natal/RN. Considerar que o bairro já possui Rede de
Esgoto Público.

5. O terreno está inserido em uma área de Adensamento Básico:


a. Área Const. Máx.: 600,00m²
b. Área Permeável Mín.: 20%
c. Recuos:

Figura 2 - Terreno do Projeto


Fonte: Código de Obras da cidade de Natal

6. Para a elaboração da proposta geral, foram disponibilizados no template do REVIT®, todos os


elementos construtivos.
ESTRUTURA DA ATIVIDADE
Cada grupo será formado por 01 Arquiteto e 02 Engenheiros. As funções de cada profissional serão:
● Arquiteto: Desenvolver a proposta Arquitetônica, baseado nas restrições apresentadas neste
documento;
● Engenheiro 01: Desenvolver a proposta Estrutural, baseado na proposta arquitetônica
desenvolvida;
● Engenheiro 02: Desenvolver a proposta de Instalação Hidráulica, baseado na proposta
arquitetônica desenvolvida.
Além de projetistas, os participantes também devem assumir funções dentro da plataforma BIM.
● Modelador BIM: São profissionais que realizam modelagem em BIM.
Para auxiliá-los no processo de modelagem, evitando retrabalhos por questões técnicas, dois
profissionais estarão disponíveis para ajudar. São eles:
● Facilitador 01 (Lenilson): Irá auxiliar nas demandas relacionadas a modelagem da Arquitetura.
● Facilitador 02 (Larissa): Irá auxiliar nas demandas relacionadas a modelagem da Engenharia.

Página | 124
APÊNDICES

Por fim, temos também, a presença do profissional que fará a gestão do modelo final.
● Gerente do Modelo (Andrew): Irá compatibilizar e gerar as documentações finais do modelo.
PROGRAMAÇÃO
DIA 01 – 17/07 – 14h00 às 17h00
14h00 às 14h45 - Apresentação do conteúdo e da atividade que será desenvolvida (Etapa 01) e divisão das equipes;
14h45 às 16h00 - Nivelamento dos participantes – Revisão sobre o uso do REVIT® (Arquitetura e Estruturas);
16h00 às 17h00 – Nivelamento dos participantes – Revisão sobre o uso do REVIT® (MEP).
DIA 02 – 18/07 – 08h00 às 17h00
ETAPA 01 – INÍCIO DAS ATIVIDADES – 08h00 às 12h00
08h30 às 10h00 – ARQUITETOS – Inicialização da Proposta Arquitetônica;
08h30 às 10h00 – ENGENHEIROS ESTRUTURAIS – Inicialização no Pré-dimensionamento dos Pilares e Vigas;
08h30 às 10h00 – ENGENHEIROS DE INSTALAÇÕES – Inicialização no Pré-dimensionamento das instalações.
10h00 às 11h30 – ARQUITETOS – Modelagem BIM – Desenvolvimento da Proposta Arquitetônica;
10h00 às 11h30 – ENGENHEIROS ESTRUTURAIS – Modelagem BIM – Desenvolvimento da Proposta
Estrutural;
10h00 às 11h30 – ENGENHEIROS DE INSTALAÇÕES – Modelagem BIM – Desenvolvimento da Proposta de
Instalações Hidráulicas;
11h30 às 12h00 – COMPATIBILIZAÇÃO 01 – ARQUITETURA, ESTRUTURAS E INSTALAÇÕES
12h00 às 13h00 – INTERVALO PARA ALMOÇO
ETAPA 02 – DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE – 13h00 às 15h30
13h00 às 15h00 – ARQUITETOS – Modelagem BIM – Desenvolvimento da Proposta Arquitetônica;
13h00 às 15h00 – ENGENHEIRO ESTRUTURAL - Modelagem BIM – Desenvolvimento da Proposta Estrutural;
13h00 às 15h00 – ENGENHEIROS DE INSTALAÇÕES – Modelagem BIM – Desenvolvimento da Proposta de
Instalações Hidráulicas;
15h00 às 15h30 – COMPATIBILIZAÇÃO 02 – ARQUITETURA, ESTRUTURAS E INSTALAÇÕES
ETAPA 03 – FINALIZAÇÃO DA ATIVIDADE – 15h30 às 17h00
15h30 às 16h30 – ARQUITETOS – Modelagem BIM – Finalização da Proposta Arquitetônica;
15h30 às 16h30 – ENGENHEIRO ESTRUTURAL - Modelagem BIM – Finalização da Proposta Estrutural;
15h30 às 16h30 – ENGENHEIRO INSTALAÇÕES - Modelagem BIM – Finalização da Proposta Instalações
Hidráulicas;
16h30 às 17h00 – COMPATIBILIZAÇÃO 03 E FINALIZAÇÃO DA ATIVIDADE
REGRAS E OBJETIVOS DA ATIVIDADE
Para a atividade alcançar o objetivo final, foram estabelecidas regras e objetivos específicos, como visto
a seguir.
ENG.
ETAPA ARQUITETO ENG. ESTRUTURAL
HIDRÁULICO
Etapa 01
Participação de todos os Profissionais Envolvidos
Nivelamento

Página | 125
APÊNDICES

O Projetista de Arquitetura
iniciará o desenvolvimento
Etapa 01
da ideia inicial da proposta.
Estudo Preliminar x X
Modelagem LOD 150
Arquitetônico
Início de modelagem da
Arquitetura
O Projetista Estrutural fará
os primeiros
Etapa 01 dimensionamentos e
Pré-dimensionamento da x lançamentos da estrutura. x
Estrutura Modelagem LOD 200
Início de modelagem da
Estrutura
O Projetista Hidráulica
fará os primeiros
dimensionamentos e
Etapa 01
lançamentos das
Pré-dimensionamento da x x
instalações.
Estrutura
Modelagem LOD 200
Início de modelagem das
Instalações
Ponto marco 01 Compatibilização inicial, para encontrar os primeiros problemas. Só serão
Compatibilização 01 compatibilizadas ARQUITETURA e ESTRUTURAS.
Etapa 02
Modelagem LOD 200
Desenvolvimento de Estudo
Desenvolvimento da x x
Preliminar Arquitetônico e
modelagem e do Projeto.
Modelagem BIM
Etapa 02

Desenvolvimento do Pré- Modelagem LOD 300


dimensionamento da x Desenvolvimento da x
Estrutura e Modelagem modelagem e do Projeto.
BIM.
Etapa 02

Desenvolvimento do Pré- Modelagem LOD 300


dimensionamento da x Desenvolvimento da x
Estrutura e Modelagem modelagem e do Projeto.
BIM.
Compatibilização inicial, para encontrar os primeiros problemas. Serão
Ponto marco 02 compatibilizadas ARQUITETURA, ESTRUTURAS e INSTALAÇÕES.
Compatibilização 02 Nesse momento a proposta poderá ser finalizada, caso a Compatibilização não
encontre erros. Caso encontre, a modelagem deverá ser corrigida.
Etapa 03 Modelagem LOD 250
Finalização de Estudo Finalização da modelagem x x
Preliminar Arquitetônico e do Projeto.
Modelagem LOD 300
Etapa 03 x Finalização da modelagem x
e do Projeto.

Página | 126
APÊNDICES

Finalização do
dimensionamento da
Estrutura
Etapa 03
Modelagem LOD 300
Finalização do
X x Finalização da
dimensionamento das Inst.
modelagem e do Projeto.
Hidráulicas
Compatibilização inicial, para encontrar os primeiros problemas. Serão
Ponto marco 03
compatibilizadas ARQUITETURA, ESTRUTURAS e INSTALAÇÕES.
Compatibilização Final
Neste momento o processo deverá ser finalizado.

1. O QUE NÃO POSSO FAZER?


a. Criar ou modificar dimensões de qualquer parede ou piso (Arquitetura);
b. Criar ou modificar as dimensões de portas e janelas;
c. Criar ou modificar qualquer família de instalações hidráulicas (Eng. De Instalações);
d. Inserir qualquer família que não seja as que já estão no template ou na pasta
compartilhada com os grupos (Arquitetos e Engenheiros Hidráulicos);
e. Não entregar os arquivos para compatibilização.

2. O QUE POSSO FAZER?


a. Alterar materiais das janelas e portas (Arquitetura);
b. Alterar materiais de revestimento de paredes e pisos (Arquitetura);
c. Os grupos podem reorganizar o tempo e a estrutura da etapa, com exceção do
horário da compatibilização, de acordo com a necessidade do grupo, desde que não
seja antecipada nenhuma etapa do processo;
d. Modificar as alturas dos níveis trabalhados;
e. Os demais componentes, presentes no template podem ser modificados, sem restrições.
3. O GRUPO DEVERÁ RESPONDER ÀS SEGUINTES PERGUNTAS AO FINAL DE CADA
ETAPA:
a. O que deu certo nesta etapa?
b. O que deu errado nesta etapa?
Ao final de cada etapa, os grupos devem entregar as respostas, para discussão ao final da
atividade.
Agradecemos sua participação e bom trabalho!

Página | 127
APÊNDICES

Apêndice 02 – PLANTA BAIXA - EXERCÍCIO

Página | 128
APÊNDICES

Apêndice 03 – Questionário

QUESTIONÁRIO - PERGUNTAS
ETAPA 01 – INÍCIO DAS ATIVIDADES – 08h00 às 12h00
1. O que deu CERTO nesta etapa?

2. O que deu ERRADO nesta etapa?

ETAPA 02 – DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE – 13h00 às 15h30


1. O que deu CERTO nesta etapa?

2. O que deu ERRADO nesta etapa?

ETAPA 03 – FINALIZAÇÃO DA ATIVIDADE – 15h30 às 17h00


1. O que deu CERTO nesta etapa?

2. O que deu ERRADO nesta etapa?

Página | 129
APÊNDICES

Apêndice 04 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN CENTRO DE


TECNOLOGIA – CT
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO -
PPGAU

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Este é um convite para você participar da pesquisa “O USO DO BIM NO PROCESSO


PROJETUAL COLABORATIVO ENTRE ARQUITETOS E ENGENHEIROS”, coordenado
por discente de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte – UFRN, Iran Luiz Seabra Souza e pelo Professor e Orientador Heitor de
Andrade da Silva. Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a
qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou
penalidade.
Essa pesquisa tem como problema identificar em que momento o uso da plataforma BIM
favorece a colaboração entre projetistas. Além disso, esta pesquisa visa entender como o uso
do BIM, pode contribuir no processo projetual entre arquitetos e engenheiros, evidenciando o
processo colaborativo.

Caso decida aceitar o convite, você será submetido(a) ao(s) seguinte(s) procedimentos:
Participação na Atividade de Extensão, bem como a gravação de voz e realização de fotos.
Será aplicado questionário estruturada que tem por objetivo, obter feedback na participação
do evento.

Os riscos envolvidos com sua participação são mínimos, já que os instrumentos de coleta de
dados corresponderão apenas a participação da Atividade de Extensão, havendo a manutenção
do sigilo absoluto das informações coletadas e da identidade de todos os participantes. Caso
sinta-se mobilizado(a) ou desgastado(a) emocionalmente no decorrer das atividades, serão
realizadas intervenções por parte da equipe organizadora, para que o problema seja sanado.

Você terá o(s) seguinte(s) benefício(s) ao participar da pesquisa: estará participando de um


espaço para reflexão acerca do processo projetual por meio do BIM. Todas as informações
obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum momento. Os dados serão

Página | 130
APÊNDICES

guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar
os voluntários. Em qualquer momento, se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente
desta pesquisa, você terá direito a indenização, durante todo o período da pesquisa você poderá
tirar suas dúvidas ligando para o pesquisador responsável Iran Luiz Seabra Souza, contato
(84) 99446-3410 ou por e-mail iran.arq@gmail.com. Você tem o direito de se recusar a
participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo
para você.
Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em
congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe
identificar. Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em
local seguro e por um período de 5 anos.
Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá entrar em contato com o Comitê de
Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes, telefone: 3342-5003, endereço: Av.
Nilo Peçanha, 620 – Petrópolis – Espaço João Machado – 1° Andar – Prédio Administrativo -
CEP 59.012-300 - Nata/Rn, e-mail: cep_huol@yahoo.com.br.
Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador
responsável Iran Luiz Seabra Souza.

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e
benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa “O USO DO BIM
NO PROCESSO PROJETUAL COLABORATIVO ENTRE ARQUITETOS E
ENGENHEIROS”.

Participante da Pesquisa:
Tendo em vista os itens acima apresentados, eu, , de
forma livre e esclarecida, autorizo e manifesto interesse em participar da pesquisa.

Assinatura do Participante da Pesquisa: .

Local e Data: .
Pesquisador Responsável:
Assinatura do Pesquisador: .

Assinatura do Orientador: .

Página | 131

Você também pode gostar