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CURITIBA
2018
BIANCA ELISA GABARDO
CURITIBA
2018
Ministério da Educação
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
Campus Curitiba - Sede Ecoville
Departamento Acadêmico de Arquitetura e Urbanismo
Curso de Arquitetura e Urbanismo
TERMO DE APROVAÇÃO
Por
(UNESCO, 1978)
RESUMO
This undergraduate thesis aims to present knowledge and justifications for the
preparation of an architectural project of a new Community Sports Center, in the city
of Curitiba. At first, concepts about sports and similar studies of projects in Brazil and
abroad were understood. Then, it aimed to analyze the city in order to check the lack
of quality sports equipments in a neighborhood with a high crime rate, large young
population and low purchasing power. In regard to relevant sports equipments, a land
was defined in the Vila Nossa Senhora da Luz, in the neighborhood of Cidade Industrial
de Curitiba. Finally it was possible to make guidelines and concepts to be achieved in
the next stage of project implementation and development.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 15
3.1 Praça Oswaldo Cruz - Centro de Esporte e Lazer Dirceu Graeser ................. 30
6 PROPOSTA........................................................................................................ 87
1 INTRODUÇÃO
1.1 Problema
1.2 Hipótese
1.3 Justificativas
que podem ser minimizadas ou até mesmo solucionadas com a atividade física
adequada.
Para auxiliar em ambas as áreas, educação e saúde, o esporte deve ser
promovido pelo poder público, pois esse está inserido em saúde e lazer, direitos
fundamentais ao cidadão brasileiro segundo a Constituição Brasileira de 1988.
Deste modo, faz-se necessário maior incentivo à prática esportiva por meio de
espaços adequados, atraindo a curiosidade e a vontade da população, principalmente
em áreas de adensamento populacional em que a população não tem condições e
acesso à atividade física, buscando a democratização do esporte e transformando o
ambiente urbano e social.
2 CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA
2.1 O esporte
2.1.1 Histórico
1As palestras eram edificações destinadas à prática de modalidades de ataque e defesa, possuindo
dimensões menores que os ginásios (GODOY, 1996).
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Porém, por muito tempo, em todo o mundo, o esporte teve seu aspecto
educacional esquecido e foi compreendido apenas pelo seu aspecto de alto
rendimento, fazendo surgir correntes contrárias ao seu treinamento. Inspirado por tais
correntes, o ganhador do Nobel da Paz, Philip Noél-Baker, recordou, em 1964, a
existência de outras expressões desportivas. Reiniciava, assim, a ideia do esporte ao
homem comum e na vida escolar (TUBINO, 1999).
Após algum tempo, em 1978, a Carta Internacional de Educação Física e
Esporte, publicada pela Unesco, estabeleceu a atividade esportiva como um direito
de todos. Referência em todo o mundo, provocou grandes mudanças no papel do
Estado, possibilitando até mesmo a inclusão do esporte como direito fundamental na
Constituição Brasileira de 1988.
Atualmente, o esporte tem papel fundamental na vida do brasileiro, visto que é
uma manifestação cultural, social, comunitária e, ainda, econômica. Expressa a
identidade polissêmica, multicultural e miscigenada do país, refletindo de forma quase
completa o povo brasileiro (DACOSTA, 2005).
A arquitetura esportiva não pode ser entendida tal qual instalação esportiva,
segundo Camila Forcellini (2014). O conceito de arquitetura perpassa por diversas
áreas do conhecimento e estende-se por toda a história da humanidade.
De forma mais sintética, Carlos Lemos (apud Forcellini, 2014) apresenta a
arquitetura como forma de responder às ausências criando novos ambientes propícios
a sua atividade e envolvendo intenções plásticas. Desse modo, Lemos recorda
Vitrúvio, retomando dois dos três princípios básicos de seu tratado de arquitetura
(Figura 2), Utilitas e Venustas2.
2 "De Architectura" ou, em português, “Tratado de Arquitetura”, é datado do século I a.C. Teorizado por
Vitrúvio, define a arquitetura com a tríade básica composta por Venustas (estética e beleza), Firmitas
(firmeza e qualidade) e Utilitas (utilitário e funcional).
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Considerando tais referências, conclui-se que, por exemplo, uma quadra sozinha
em meio ao quarteirão ou a uma praça atende ao aspecto funcional, porém,
desconsidera seu aspecto estético e, portanto, não pode ser considerada arquitetura
esportiva, mas sim uma instalação esportiva (FORCELLINI, 2014).
Logo, encontra-se como concepção de arquitetura esportiva aquela que atende
aos aspectos funcionais, aspectos de qualidade e apresentam procura por uma
estética atraente e motivadora da prática esportiva. Dessa maneira, o profissional
arquiteto tem grande relevância, cuidando de aspectos técnicos tanto quanto
estéticos.
Ainda, como já evidenciado anteriormente, o esporte pode ter caráter
educacional e participativo e, da mesma forma, a arquitetura esportiva pode promover
tais formas de esporte, possibilitando aspectos importantes à vida da criança, do
jovem ou adulto.
Logo, uma boa arquitetura esportiva pode mover barreiras sociais e, ainda,
transformar o espaço urbano, tendo seu aspecto de equipamento comunitário
aguçado.
Nos últimos anos a população saiu das áreas rurais e passou a residir nas
cidades. No Brasil, cerca de 84% da população vive atualmente em situação urbana,
segundo IBGE. Em busca de atender as demandas desse crescimento, os
equipamentos urbanos comunitários desempenham importante papel, funcionando
como suporte aos serviços básicos.
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O Plano Agache foi parcialmente implantado e após vinte anos, por volta de
1960, a cidade exibiu vestígios de rápido crescimento que, sem ter sido previsto,
configurou-se de modo desordenado fazendo-se necessário um novo planejamento
urbano (IPPUC, 2004). A administração municipal de Curitiba define então, em 1965,
um concurso com o propósito de escolher o novo plano urbanístico para a cidade.
Jorge Wilheim Arquitetos Associados juntamente com a Sociedade SERETE de
Estudos e Projetos elaboraram a proposta vencedora, que, após passar por
modificações pelo IPPUC, se tornaria o novo Plano de Urbanismo de Curitiba.
O Plano Wilheim-SERETE demarca o crescimento da cidade de forma
linearizada, definindo setores estruturais que se estendem nos sentidos Norte, Sul,
Leste e Oeste (IPPUC, 2004). Tais setores passaram a ter semelhanças em funções
urbanas com a área central, criando uma estrutura polarizadora nos bairros periféricos
e aliviando o centro principal (SERETE, WILHEIM,1965).
Os setores estruturais contam com três eixos viários: a via central, possuindo
transporte público coletivo em canaletas exclusivas, com vias de tráfego lento de
transporte individual e duas vias paralelas à via central, com tráfego rápido, uma para
cada sentido (SERETE, WILHEIM, 1965), conforme Figura 7.
3 BRT – Bus Rapid Transit ou Transporte Rápido por Ônibus é um tipo de sistema de transporte coletivo,
implantado de forma pioneira em Curitiba, em que os ônibus possuem via exclusiva, proporcionando
maior eficiência.
4 Ruas da Cidadania são centros de bairros da cidade de Curitiba, com objetivo principal de promover
3 ESTUDOS DE CASO
Seu acesso principal acontece pela Rua Brigadeiro Franco (Figura 11), frente
a frente com o Shopping Curitiba.
O CEL Dirceu Graeser foi escolhido como estudo de caso por se tratar de uma
referência municipal de funcionamento de equipamento esportivo, com escala próxima
ao projeto a ser concebido, e pela qualidade arquitetônica de seus espaços internos.
Dessa forma, o estudo será feito principalmente nos ambientes cobertos, como o
ginásio poliesportivo e a piscina.
O acesso às edificações ocorre pelo eixo principal de entrada da praça (Figura
12), ao nível do pavimento térreo, acessando hall, vestiários e a piscina, além da
arquibancada e salas multiuso que costumam abrigar aulas de ginástica, dança e
musculação.
Figura 13 – Planta baixa Pavimento Subsolo, Ginásio Poliesportivo, CEL Dirceu Graeser.
Fonte: Arquivo disponibilizado por Galdolfi Arquitetos, modificado pela Autora.
Figura 27 – Proposta urbanística "Uma Visão Para Mãe Luiza", Arena do Morro.
Fonte: ARCOWEB.
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O projeto foi escolhido como estudo de caso por estar implantado em uma
comunidade carente (Figura 28) e possuir escala semelhante ao projeto a ser
proposto, além de apresentar grande qualidade estética, funcional e de conforto
ambiental.
Seu pavimento superior compõem-se de um terraço com vista para o mar e áreas
técnicas (Figura 30). Para alcançá-lo existe uma rampa que circunda um dos volumes
do edifício, criando um pequeno promenade architecturale6, visto na Figura 31.
O ponto de partida para o projeto foi uma estrutura existente do antigo ginásio
que, estendida ao longo de toda área do terreno, trouxe uma nova escala para a
comunidade, tornando-se um símbolo local (ARCHDAILY, 2014).
Sua estrutura metálica é simples, mostrada na Figura 32, possuindo pórticos que
vencem vãos de até 30 metros, distanciados 5 metros entre si, alcançando um pé
direito livre de 9 metros ao centro (Figura 33).
Desse modo, conclui-se, pela análise, que a Arena do Morro transforma o seu
ambiente natural e urbano em um destino público, integrando toda uma comunidade
em uma arquitetura esportiva de qualidade, que pode ainda receber atividades
culturais e de lazer. Portanto, o estudo ajudará na conceituação, concepção e
detalhamento do projeto.
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A partir dos estudos de caso realizados foi possível entender diversas soluções
aplicadas que ajudarão no processo de criação do projeto a ser proposto. A Tabela 1,
logo abaixo, apresenta uma síntese das principais características compreendidas em
cada estudo:
4 INTERPRETAÇÃO DA REALIDADE
Figura 37 – Mapa de Renda Média mensal dos responsáveis pelo domicílio. Dados de 2010.
Fonte: “A cidade que queremos” – Diagnóstico das Regionais, modificado pela autora.
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O local onde hoje está localizado o bairro Cidade Industrial de Curitiba era
denominado Prado de São Sebastião e no início do século XX sua ocupação era
marcada por chácaras e lotes agrícolas (IPPUC, 2015).
Na década de 1960, antes mesmo da existência do que hoje chamamos de CIC,
foi implantada a Vila Nossa Senhora da Luz, primeiro adensamento populacional da
região. Em 1973, por meio do Decreto nº30, resultado de convênio entre a URBS e o
Governo do Estado do Paraná, foi determinado os limites para a Cidade Industrial de
Curitiba (IPPUC,2015), inaugurada em março de 1975, segundo o Boletim Casa
Romário Martins intitulado “Cohab Curitiba: 41 anos de planejamento e realizações”.
Hoje, o bairro CIC (Figura 40) é o maior bairro de Curitiba. Com área de 4.431
hectares, representa cerca de 10% do território da cidade (IPPUC,2015) e é
subdividido, de maneira informal, em mais de 80 vilas.
A Vila Nossa Senhora da Luz (Figura 43) foi o conjunto habitacional pioneiro da
Companhia de Habitação Popular de Curitiba (COHAB-CT). Inaugurada em 11 de
novembro de 1966, a cerimônia contou com a presença do presidente Mar. Humberto
de Alencar Castelo Branco (Boletim Casa Romário Martins, 2006).
O título “COHAB – Curitiba: 41 anos de planejamento e realizações” relata a
importância da Vila, entendida como marco brasileiro na questão habitacional popular.
O projeto do conjunto ocupava mais de 70 hectares, à 15 quilômetros de distância do
centro de Curitiba, promovendo em torno de 2150 habitações e significando, na época,
uma quantia de aproximadamente dez mil moradores.
Com autoria dos renomados arquitetos Alfred Willer e Roberto Gandolfi,
juntamente com Cyro Correa Lyra e Lubomir Ficinski, o projeto, por ter sua
implantação em local tão isolado, contava com diversos equipamentos urbanos,
dentre eles escolas, igreja, centro de saúde e praças (MARTINS, 2016).
O projeto das residências previa dois padrões, um com 22m² e outro com 50m²
e possui como marca registrada a estrutura em alvenaria de tijolos e o sótão em
madeira. Acessível aos moradores, o baixo custo das casas e a prestação mais baixa
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do Brasil, na época, só foram possíveis por meio da escolha por técnicas e materiais
econômicos (MARTINS, 2016).
Figura 45 – Vista aérea da Vila Nossa Senhora da Luz e seu entorno imediato.
Fonte: GOOGLE MAPS, modificado pela Autora.
4.4.1 Apresentação
Ao ser analisado o entorno do terreno foi desenvolvido dois mapas sínteses para
a compreensão das informações, sendo um de aspectos naturais e outro de aspectos
antrópicos.
Com relação ao primeiro deles, apresentado na Figura 57, foi possível observar
duas árvores araucárias dentro do terreno, além de maior presença de vegetação nas
praças secundárias, revelando o aspecto de “refúgio natural” a que essas se destinam.
Nota-se a predominância dos ventos leste e noroeste no período de inverno, ao passo
que, no verão, há ventos sudeste e leste e na primavera acontecem ventos leste,
sudeste e sudoeste. O sol, bem como em toda a cidade de Curitiba, tem sua trajetória
alongada no verão e no inverno se torna mais ausente. Ainda por esse mapa é
possível observar a diferença de nível existente no terreno, cerca de 4 à 5 metros,
conforme perfis do terreno, apresentados na Figura 58.
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6 PROPOSTA
O projeto foi finalizado com um total de 3.098 m², divididos nos setores conforme
a Tabela 4 e respeitando leis e diretrizes urbanísticas, conforme o quadro de áreas
(Tabela 5).
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARCHDAILY BRASIL. Arena do Morro / Herzog & de Meuron. 2014. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/603509/arena-do-morro-slash-herzog-and-de-
meuron>. Acesso em 13 de maio de 2018.
BRUEL, Maria Rita. Função social do esporte. Revista de educação física, esporte
e lazer da Universidade Federal de Santa Catarina, 1989. Disponível em: <
https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/19978>. Acesso em 20
de março de 2018.
CURITIBA, Prefeitura Municipal de. Vila Nossa Senhora da Luz revisitada por seu
criador, quase 50 anos depois. 2014. Disponível em:
<http://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/vila-nossa-senhora-da-luz-revisitada-por-seu-
criador-quase-50-anos-depois/34624>. Acesso em 06 de junho de 2018.
DUDEQUE, Irã Taborda. Nenhum dia sem uma linha: uma história do urbanismo
em Curitiba. Studio Nobel, 2010.
GEHL, Jan. Cidades para pessoas. Tradução Anita Di Marco. São Paulo: Editora
Perspectiva, 2013.
GODOY, Lauret. Os jogos Olímpicos na Grécia Antiga. São Paulo: Editora Nova
Alexandria, 1996.
MACIEL, Carlos Alberto. Villa Savoye: arquitetura e manifesto (1). 2002. Disponível
em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.024/785>. Acesso em
13 de maio de 2015.
VITRUVIUS, Marcus. Tratado de arquitetura. Séc. 1 a.C. São Paulo: Editora Martins
Fontes, 2007.