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INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE

BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

ELISA ARAUJO CRISPIM

ATHIS da Teoria à Prática: projeto de melhoria habitacional para população de baixa


renda no município de Casimiro de Abreu/RJ

Campos dos Goytacazes


2021
ELISA ARAUJO CRISPIM

ATHIS da Teoria à Prática: projeto de melhoria habitacional para população de


baixa renda no município de Casimiro de Abreu/RJ

Trabalho Final de Graduação apresentado


ao Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia Fluminense Campus
Campos – Centro como requisito parcial
para a conclusão do Curso de
Bacharelado em Arquitetura e
Urbanismo.

Orientador(a): Prof. Dr. Luciano Falcão


da Silva.

Campos dos Goytacazes


2021
Biblioteca Anton Dakitsch
CIP - Catalogação na Publicação

Crispim, Elisa Araujo


C932a ATHIS da Teoria à Prática: projeto de melhoria habitacional para
população de baixa renda no município de Casimiro de Abreu/RJ / Elisa
Araujo Crispim - 2021.
160 f.: il. color.

Orientador: Luciano Falcão da Silva

Trabalho de conclusão de curso (graduação) -- Instituto Federal de


Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, Campus Campos Centro,
Curso de Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo, Campos dos
Goytacazes, RJ, 2021.
Referências: f. 136 a 140.

1. Assistência Técnica. 2. Habitação de Interesse Social. 3. Empresa


Social. I. Silva, Luciano Falcão da, orient. II. Título.

Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Biblioteca Anton Dakitsch do IFF
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
ELISA ARAUJO CRISPIM

ATHIS DA TEORIA À PRÁTICA: PROJETO DE MELHORIA


HABITACIONAL PARA POPULAÇÃO DE BAIXA RENDA NO MUNICÍPIO
DE CASIMIRO DE ABREU/RJ

Trabalho Final de Graduação apresentado


ao Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia Fluminense Campus
Campos – Centro como requisito parcial
para a conclusão do Curso de
Bacharelado em Arquitetura e
Urbanismo.

Aprovado em: 14 de Maio de 2021

Banca Avaliadora:

_______________________________________________________________
Luciano Falcão da Silva, D.Sc.
Instituto Federal de Educação, Ciência e tecnologia Fluminense
(Orientador (a))

_______________________________________________________________
Fagner das Neves de Oliveira, M.Sc.
Instituto Federal de Educação, Ciência e tecnologia Fluminense
(Membro interno (a))

_______________________________________________________________
Mayara Cristina Pereira Leite dos Reis
Universidade Federal do Mato Grosso
(Membro externo (a))
Dedico este trabalho aos meus pais, Eliezer e
Cristina, com gratidão pelo apoio durante a
elaboração deste trabalho, acreditando no meu
potencial e me dando forças para continuar.
AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus por me proteger e iluminar os meus caminhos para que eu tivesse força e
coragem durante os longos anos de graduação.

À minha família, principalmente aos meus avós e a minha irmã, que sempre mostraram-se
presentes e estiveram torcendo para que eu pudesse alcançar os meus objetivos. A minha maior
motivação é poder orgulhá-los.

Agradeço imensamente aos meus pais, Eliezer e Cristina, pelo apoio que sempre me deram
durante toda a minha vida e na minha graduação de maneira ainda mais especial não medindo
esforços para que eu pudesse realizar o meu sonho.

Deixo um agradecimento especial à Maria Luiza, ao José Maria e ao Rodrigo, família que me
recebeu com muito carinho e ajudou imensamente a construção deste trabalho.

Agradeço em especial ao meu orientador Luciano Falcão por todo o apoio e dedicação durante
a elaboração deste trabalho mesmo com a escassez de tempo e o curto prazo para a conclusão
desta pesquisa. Sou imensamente grata por acreditar incansavelmente nas minhas ideias e
defender muitas outras ao meu lado mesmo quanto tudo era um grande ‘ponto de interrogação’.

Sou grata por todos os funcionários do Instituto Federal Fluminense que contribuíram
diretamente ou indiretamente para a minha formação, proporcionando um ambiente de muito
apoio e carinho. Tenho um imenso orgulho em poder ter feito parte desse lugar.

Agradeço a todos os meus professores do curso de Arquitetura e Urbanismo do Instituto Federal


Fluminense, pois o conhecimento passado ao longo da graduação foi ensinado com muita
excelência. Com muita paciência e dedicação, ensinaram-me não somente o conteúdo
programado, mas também o sentido da amizade e do respeito.

Especialmente agradeço aos professores que estiveram comigo no grupo de trabalho Ateliê de
Pesquisas da Paisagem: Antonio Godoy, Danielly Aliprandi, Fagner das Neves e Ana Paula
Lettieri. Agradeço por terem contribuído para a formação do meu olhar crítico para as questões
socioeconômicas e socioespaciais que englobam a atuação da Arquitetura e do Urbanismo.

Agradeço também aos professores e aos colegas que estiveram comigo durante o tempo de
atuação na Aurea, Empresa Junior do Instituto Federal Fluminense, especialmente os
professores Zander Filho, Luciano Falcão e Wagner Bretas. Esse apoio contribuiu para que me
sentisse encorajada e segura a encarar os desafios empresariais que me foram propostos neste
trabalho e na vida.

Agradeço ao Caio, amigo e namorado, que esteve presente diariamente dando-me muito apoio
e incentivo, e que também compreendeu as minhas ausências durante o período de elaboração
deste trabalho.

Também agradeço aos amigos que fiz durante a graduação, sejam colegas de classe ou também
de outros períodos e cursos que eu pude conhecer. Todas as trocas e experiências foram
essenciais para a minha formação e cada um contribuiu de uma forma diferente para avançar e
ultrapassar obstáculos.

Agradeço especialmente à minha melhor amiga e companheira para todas as horas, Amanda,
que me sustentou e me ensinou tanto durante todo o tempo juntas. Assim como, também
agradeço a outras amigas como a Daiane, a Mariana, a Maria Lis, e tantos outros colegas que
trocaram experiências e aprendizados.
RESUMO

CRISPIM, Elisa Araujo. ATHIS da Teoria à Prática: projeto de melhoria habitacional para
população de baixa renda no município de Casimiro de Abreu/RJ. 2020. Trabalho Final de
Graduação apresentando como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em
Arquitetura e Urbanismo - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense,
Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, 2021.

A democratização da arquitetura e as possibilidades de atuação da assistência técnica para


habitação de interesse social se apresentam como alternativas para redução do déficit de
moradias inadequadas no Brasil. A maioria da população brasileira, principalmente de baixa
renda, costuma construir ou reformar suas moradias sem auxílio profissional de um arquiteto e
urbanista. Este trabalho investiga o histórico da habitação de interesse social no Brasil, trazendo
um panorama sobre a atuação dos arquitetos e urbanistas nos últimos anos neste tema e o papel
social do arquiteto e urbanista neste contexto. Os desafios enfrentados nessa questão discutem
as ações dos agentes produtores do espaço urbano ao longo dos anos e suas metodologias de
atuação. E, a partir das diretrizes implementadas pela Lei n° 11.888/2008, o trabalho propõe
um modelo de negócios de empresa social voltada para a população de baixa renda e traz a
prática da sua aplicação em um projeto piloto, a partir da assessoria técnica para um projeto de
melhoria habitacional de uma família do município de Casimiro de Abreu/RJ. A partir da
percepção das viabilidades técnicas e econômicas da proposta, o trabalho demostra
possibilidade de implementação da empresa social para atuação com assistência técnica e ganho
da qualidade de vida para a população através da solução sugerida.

Palavras-chave: Assistência Técnica. Habitação de Interesse Social. Empresa social.


ABSTRACT

CRISPIM, Elisa Araujo. Theory to Practice: a housing improvement project for low-
income population in the county of Casimiro de Abreu/RJ. 2020. Trabalho Final de
Graduação apresentando como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel
em Arquitetura e Urbanismo - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Fluminense, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, 2021.

The democratization of architecture and the possibilities of technical assistance for


housing of social interest come forward as alternatives for reducing the deficit of
inadequate housing in Brazil. The majority of the brazilian population, especially the ones
with low-income, usually build or remodel their dwellings without the professional
assistance of an architect and urban planner. This project investigates the history of social
housing in Brazil, bringing an overview of the work of architects and urban planners in
recent years on this issue and the social role of the architect and urban planner in this
context. The challenges faced in this issue discuss the actions of the urban space
producing agents over the years and their methodologies of action. And, based on the
guidelines implemented by Law number 11.888/2008, the paper proposes a business
model of social enterprise aimed at the low-income population and brings the practice of
its application in a pilot project, from the technical assistance for a project of housing
improvement of a family in Casimiro de Abreu county. Based on the perception of the
technical and economic feasibility of the proposal, the work demonstrates the possibility
of implementing the social enterprise for technical assistance and quality of life gains for
the population through the suggested solution.

Keywords: Technical Assistance. Social Interest Housing. Social Enterprise.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Cortiços na Rua Cardeal Arcoverde, São Paulo, fevereiro de 1938. ........................ 7
Figura 2 – Brás e Lapa, os primeiros bairros operários de São Paulo. ....................................... 8
Figura 3 - Brasil entre 1889-1988 e a sua relação com a habitação social. .............................. 12
Figura 4 - Programas da habitação social no Brasil a partir de 1985 até hoje. ........................ 17
Figura 5 - Conhecimento de Softwares de Arquitetura e Urbanismo ....................................... 21
Figura 6 – Evolução das atividades de Arquitetura e Urbanismo no Brasil (2012-2018) a partir
do registro de atividades (RRT)................................................................................................ 22
Figura 7 - Arquitetos e Urbanistas no Brasil (pessoas físicas e jurídicas) ............................... 23
Figura 8 - Gráfico de gênero dos Arquitetos e Urbanistas no Brasil. ....................................... 23
Figura 9 - Tabela com faixa etária dos Arquitetos e Urbanistas no Brasil ............................... 24
Figura 10 - Relação da população brasileira com a construção civil e contratação dos
profissionais de arquitetura e engenharia. ................................................................................ 25
Figura 11 - Contratação de Arquitetos e Urbanistas no Brasil. ................................................ 26
Figura 12 - Metodologia e produtos entregues do programa 'Melhorias Habitacionais' da
CODHAB. ................................................................................................................................ 35
Figura 13 - Cartilha sobre Assistência Técnica do Escritório Publico, Salvador, BA. ............ 37
Figura 14 - Representação do Projeto Arquitetônico descrita na Cartilha do Escritório Público.
.................................................................................................................................................. 37
Figura 15 - Cartilha de assistência técnica ensinando como se deve executar a fundação e a
estrutura. ................................................................................................................................... 38
Figura 16 –Mapa Resumo do Diagnóstico Popular na comunidade Fazendinha Sapê,
Niterói/RJ. ................................................................................................................................ 45
Figura 17 – Mapa com delimitação da Mesorregião das Baixadas Litorâneas e localização do
município de Casimiro de Abreu/RJ ........................................................................................ 50
Figura 18 – Mapa do município de Casimiro de Abreu e seus distritos ................................... 51
Figura 19 – Mapa de Zoneamento do distrito sede de Casimiro de Abreu/RJ. ........................ 54
Figura 20 – Mapa de distribuição de atividades em Arquitetura e Urbanismo no Estado do Rio
de Janeiro, destaque para a localização do município de Casimiro de Abreu/RJ .................... 56
Figura 21 – Mapa da Empatia................................................................................................... 58
Figura 22 – Canvas de Proposta de Valor ................................................................................ 59
Figura 23 - Modelo de Negócios de Alex Osterwalter ............................................................. 60
Figura 24 – Ilustração sobre como preencher o modelo de negócios de acordo com as
perguntas .................................................................................................................................. 60
Figura 25 – Modelo de Negócios ............................................................................................. 61
Figura 26 – Layout de home office sugerido ............................................................................ 69
Figura 27 – Modelo de escritório móvel .................................................................................. 69
Figura 28 – Processo de projeto e produtos a serem entregues para as famílias ..................... 72
Figura 29 – Demonstrativo de estimativa de receitas do primeiro ano. ................................... 74
Figura 30 – Demonstrativo de receitas do segundo ano. ......................................................... 75
Figura 31 – Localização do terreno.......................................................................................... 84
Figura 32 – Mapa de entorno: tipologias, gabarito e fluxos das vias....................................... 85
Figura 33 – Zoneamento do terreno ......................................................................................... 86
Figura 34 – Estudo de condicionantes ambientais ................................................................... 87
Figura 35 – Planta baixa humanizada da residência ................................................................ 88
Figura 36 – Fotografias da fachada .......................................................................................... 89
Figura 37 – Fotografia dos fundos da residência ..................................................................... 89
Figura 38 – Fotografias do quarto do casal e da varanda......................................................... 90
Figura 39 – Fotografia da varanda ........................................................................................... 91
Figura 40 – Fotografia da parede externa da lateral esquerda da casa ..................................... 91
Figura 41 – Fotografias da lateral direita da casa vista externa ............................................... 92
Figura 42 – Fotografia da vista interna do quarto do casal ...................................................... 92
Figura 43 – Fotografia da Sala e Cozinha, destaque para a caixa d’água ................................ 93
Figura 44 – Fotografia do quarto de visitas ............................................................................. 94
Figura 45 – Fotografia da lateral esquerda da casa, onde está o aquecedor solar .................... 95
Figura 46 – Fotografia do banheiro.......................................................................................... 95
Figura 47 – Fotografia da cozinha ........................................................................................... 96
Figura 48 – Fotografia dos fundos da casa, destaque para a casa do cachorro ........................ 97
Figura 49 – Fotografia dos fundos da casa, destaque para a horta........................................... 97
Figura 50 – Conceito do projeto .............................................................................................. 98
Figura 51 – Perspectiva isométrica da residência com o diagnóstico das necessidades .......... 99
Figura 52 – Corte perspectivado da cozinha com o diagnóstico das necessidades .................. 99
Figura 53 – Croqui esquemático da varanda .......................................................................... 101
Figura 54 – Croqui das possibilidades de horta com o reuso de telhas cerâmicas ................ 102
Figura 55 - Croqui esquemático da parede lateral direita ...................................................... 102
Figura 56 – Croqui da residência em vista isométrica ........................................................... 103
Figura 57 – Perspectiva da fachada esquerda da residência ................................................... 103
Figura 58 – Perspectiva da fachada posterior ......................................................................... 104
Figura 59 – Perspectiva da horta localizada nos fundos da residência ................................... 104
Figura 60 – Planta baixa com a indicação dos elementos modificados e adicionados ........... 105
Figura 61 – Perspectiva da sala de estar ................................................................................. 106
Figura 62 - Perspectiva da cozinha ........................................................................................ 106
Figura 63 - Esquema das grades a serem reutilizadas para confecção das divisórias ............ 107
Figura 64 – Perspectiva da varanda 01 ................................................................................... 107
Figura 65 – Perspectiva da varanda 02 ................................................................................... 108
Figura 66 – Perspectiva do banheiro ...................................................................................... 108
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparativo entre o PMCMV e o Programa Casa Verde e Amarela .................... 16


Tabela 2 - Resumo comparativo dos referenciais projetuais ................................................... 48
Tabela 3 – Demonstrativo do Sumário Executivo ................................................................... 63
Tabela 4 – Comparativo entre os concorrentes e a empresa sugerida. .................................... 65
Tabela 5 – Estimativa de horas de projetos de acordo com os serviços oferecidos ................. 66
Tabela 6 – Estimativa de preço dos serviços a serem oferecidos ............................................ 67
Tabela 7 – Capacidade produtiva da empresa (Ano 1 e Ano 2) .............................................. 70
Tabela 8 – Capacidade produtiva da empresa (Ano 3) ............................................................ 71
Tabela 9 –Investimento total e o capital de giro ...................................................................... 73
Tabela 10 – Receitas totais....................................................................................................... 76
Tabela 11 – Estimativa de despesas totais: custos operacionais e pessoas .............................. 76
Tabela 12 – Fluxo de Caixa ..................................................................................................... 78
Tabela 13 – Construção de cenários ........................................................................................ 79
Tabela 14 – Indicadores ........................................................................................................... 80
Tabela 15 – Matriz F.O.F.A. .................................................................................................... 81
Tabela 16 – Programa de necessidades .................................................................................. 100
Tabela 17 – Levantamento quantitativo de materiais e orçamento ........................................ 109
Tabela 18 - Estimativa de horas gastas com o projeto .......................................................... 116
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ATHIS Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social

Art. Artigo

BNH Banco Nacional de Habitação

CAU/BR Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil

CAU/RJ Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro

CAU/SC Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina

CEF Caixa Econômica Federal

CHISAM Coordenação de Habitação de Interesse Social da Área Metropolitana

COHAB Companhia de Habitação Popular

FCP Fundação da Casa Popular

FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

FNHIS Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social

HIS Habitação de Interesse Social

IAP Instituto de Aposentadoria e Pensão

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPEA Instituto de Pesquisa Aplicada

MCidades Ministério das Cidades

ONG Organização Não Governamental

PAC Programa de Aceleração de Crescimento

PAR Programa de Arrendamento Residencial


PMCMV Programa Minha Casa Minha Vida

PND Plano Nacional de Desenvolvimento

PNH Programa Nacional de Habitação

SARJ Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Estado no Rio de Janeiro

SERFAU Serviço Federal de Habitação e Urbanismo

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SNH Sistema Nacional de Habitação


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 1
1 HISTÓRICO DA HABITAÇÃO SOCIAL NO BRASIL 7
2 HIS E O PANORAMA DA ARQUITETURA E URBANISMO NO BRASIL 18
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL 18
2.2 PANORAMA DA ARQUITETURA E URBANISMO NO BRASIL 21
2.3 A LEI DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA (N°11.888/2008) E A ATUAÇÃO PROFISSIONAL 27
3 REFERENCIAIS PROJETUAIS 33
3.1 MELHORIAS HABITACIONAIS 33
3.2 MORAR MELHOR 35
3.3 ARQUITETOS DE FAMÍLIA 38
3.4 HABITAT NA COMUNIDADE 41
3.5 RESIDÊNCIA AU+E/UFBA 42
3.6 NEPHU 44
3.7 PROGRAMA VIVENDA 45
3.8 MORADIGNA 47
3.9 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PROJETOS 48
4 DIAGNÓSTICO DO MUNICIPIO DE CASIMIRO DE ABREU/RJ 50
5 A TEORIA: PROPOSTA DE ATUAÇÃO COM ATHIS 58
5.1 PLANO DE NEGÓCIOS 62
5.1.1 Sumário executivo 62
5.1.2 Análise de mercado 63
5.1.2.1 Estudo dos clientes 64
5.1.2.2 Estudo dos concorrentes 64
5.1.2.3 Estudo dos fornecedores 65
5.1.3 Plano de marketing 66
5.1.3.1 Descrição dos principais serviços 66
5.1.3.2 O preço e as estratégias promocionais 66
5.1.3.3 Estrutura de comercialização e a localização do negócio 67
5.1.4 Plano operacional 68
5.1.4.1 Layout 68
5.1.4.2 Capacidade produtiva 70
5.1.4.3 Processos operacionais 71
5.1.5 Plano financeiro 72
5.1.5.1 Investimento inicial, receitas e despesas 72
5.1.5.2 Indicadores de viabilidade 79
5.1.6 Considerações sobre o modelo: os cenários e análise F.O.F.A. 80
6 A PRÁTICA: PROJETO DE MELHORIA HABITACIONAL 83
6.1 ESTUDOS: ENTORNO E CONDICIONANTES 83
6.2 O PROJETO: PERCEBER PARA SOLUCIONAR 87
6.2.1 Conclusões para as soluções projetuais 100
6.3 LEVANTAMENTO QUANTITATIVO E ORÇAMENTO ESTIMADO 109
6.4 RELAÇÃO ENTRE O MODELO DE NEGÓCIOS E O PROJETO 115
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 117
REFERÊNCIAS 119
APÊNDICE A – TABELA DE FATURAMENTO 124
APÊNDICE B – ENTREVISTA COM A FAMÍLIA 126
APÊNDICE C – LEVANTAMENTO DA RESIDÊNCIA 129
APÊNDICE D – DESENHOS TÉCNICOS 131
INTRODUÇÃO

Segundo uma pesquisa realizada em 2015, sobre o Diagnóstico da Arquitetura e


Urbanismo no Brasil, 85% dos brasileiros que já construíram ou reformaram nunca utilizaram
os serviços de um Arquiteto ou um Engenheiro na obra. Em contrapartida, dos que contrataram
arquitetos e urbanistas, oito em cada dez entrevistados declaram-se satisfeitos com os serviços.
Cerca de 78% dos que contrataram, dizem estar satisfeitos ou muito satisfeitos com os
profissionais. Aproximadamente metade daqueles que contrataram um Arquiteto e Urbanista,
declaram que o fizeram por acreditar que esse profissional teria um conhecimento técnico para
tal. Outras razões para a contratação aparecem na pesquisa, como: as exigências legais, a
obtenção do projeto do imóvel e também a segurança da construção. (CAU/BR e
DATAFOLHA, 2015)

Os dados do Diagnóstico da Arquitetura e Urbanismo no Brasil (2015) afirmam que


apenas 7% da população economicamente ativa já contratou os serviços dos Arquitetos e
Urbanistas e esse pequeno grupo pertence as classes sociais mais altas (A/B). Também se sabe
que cerca de 70% afirma que é relevante a contratação de Arquiteto e Urbanista para construções
e reformas contra 24% que afirmam que não utilizariam os serviços. Para validação, a pesquisa
buscou caracterizar o perfil dos entrevistados refletindo as características da população
brasileira economicamente ativa: a maior parte dessa população cursou até o ensino fundamental
e médio, cerca de 82%, e uma pequena parte dos entrevistados, os 18%, cursaram o ensino
superior. Ademais, cinco em cada dez entrevistados pertence à classe C, ou seja, 49% do total.
Os demais percentuais distribuem-se em 28% nas classes A/B e 24% nas classes D/E. (CAU/BR
e DATAFOLHA, 2015)

Desde 2008, no Brasil, já existe uma legislação que garante às famílias de baixa renda o
acesso gratuito ao trabalho técnico dos profissionais especializados em construção civil, porém,
sabe-se que essa legislação ainda é pouco explorada por todo território brasileiro. Trata-se da
Lei da Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social (ATHIS) (Lei n°11.888/2008),
que compreende esse auxílio como um direito fundamental para o cidadão, assim como saúde e
educação (BRASIL, 2008). Em 2017, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) deu um
passo diante de toda a demanda existente. Com o objetivo de estimular ações dessa natureza,
definiu que todos os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo nos estados da federação – CAU/UF
deverão dedicar 2% do seu orçamento para apoiar essas ações1. O art. 2°, parágrafo segundo, da
Lei 11.888/2008 ainda objetiva assegurar, além do direito à moradia:

[...] I - otimizar e qualificar o uso e o aproveitamento racional do espaço


edificado e de seu entorno, bem como dos recursos humanos, técnicos e
econômicos empregados no projeto e na construção da habitação; II -
formalizar o processo de edificação, reforma ou ampliação da habitação
perante o poder público municipal e outros órgãos públicos; III - evitar a
ocupação de áreas de risco e de interesse ambiental; IV - propiciar e qualificar
a ocupação do sítio urbano em consonância com a legislação urbanística e
ambiental. (BRASIL, 2008)

É necessário compreender que o papel dos Arquitetos e Urbanistas também implica


numa questão política e socioeconômica na construção das cidades. A habitação de interesse
social (HIS) faz parte disso, pois reflete diretamente na promoção do direito à moradia,
assegurado pela Constituição de 1988. Segundo dados divulgados pela Fundação João Pinheiro,
ano base 2019, o Brasil possuí um déficit habitacional de 5,8 milhões de moradias e a quantidade
de residências que apresentam algum tipo de inadequação chega a mais de 24,8 milhões (MDR,
2021). Outro dado importante é também que, em média, 60% da produção habitacional é
proveniente de construções informais (informação verbal)2. É essencial estar atento para a
definição e aplicação de políticas habitacionais que compreendam a necessidade de visualizar
todas as soluções possíveis para atender às demandas habitacionais com qualidade e longevidade
para a população, sejam elas, melhorias de imóveis já existentes ou à produção de novas
habitações.

A grande questão que envolve as atribuições dos Arquitetos e Urbanistas está escondida
por trás de todos esses fatos. Pensar que apenas 15% dos brasileiros usufruem da arquitetura é
refletir o papel social desses profissionais (CAU/BR e DATAFOLHA, 2015). É necessário olhar
os fatos e discutir sobre a democratização da arquitetura e a preocupação em fazer com que essa
atuação profissional seja de fato essencial para melhorar as nossas cidades. É comum ouvir
reclamações a respeito das dificuldades descritas pelos Arquitetos e Urbanistas pela falta de
trabalho, pela dificuldade de inserção no mercado, pela competitividade acirrada e também por
uma disputa pelo reconhecimento profissional. Em contrapartida, há um grande abismo entre o

1
Notícia divulgada pelo CAU/BR (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil) em seu site oficial, disponível
em: <https://caubr.gov.br/athis-2/>. Acesso em: 12 de novembro de 2020.
2
Informação obtida no curso virtual de Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social (ATHIS) para
melhorias habitacionais em favelas, oferecido pela ONG Soluções Urbanas, em outubro de 2020.
cidadão que necessita dos serviços de construção civil e os escritórios de arquitetura e de
engenharia.

A existência de um enorme distanciamento entre o engajamento social e os profissionais


faz-se refletir: de que adianta, portanto, alcançar um gigante reconhecimento profissional e
fracassar com o papel social da profissão? Será que esse mercado caminha na direção ideal? É
fácil lembrar de tantas pessoas que nunca contrataram um desses profissionais, assim como, é
muito comum recordar problemas em construções e reformas habitacionais nas cidades
brasileiras. O Arquiteto e Urbanista enfrenta diversos desafios para contribuir pela
democratização da arquitetura e do urbanismo e, a questão desse enfrentamento social pelas
questões que envolvem o planejamento urbano das cidades, diz muito sobre onde estamos e
onde querermos chegar, como afirma Harvey:

A questão do tipo de cidade que desejamos é inseparável da questão do tipo de


pessoa que desejamos nos tornar. A liberdade de fazer e refazer a nós mesmos
e as nossas cidades dessa maneira é, sustento, um dos mais preciosos de todos
direitos humanos. [...] vivemos, na maioria, em cidades divididas,
fragmentadas e tendentes ao conflito. A maneira pela qual vemos nosso mundo
e a maneira pela qual definimos suas possibilidades quase sempre estão
associadas ao lado da cerca onde nos encontramos. (HARVEY, 2013, p. 28-
29)

É evidente que ainda há de fato um longo caminho a ser percorrido para alcançar a
democratização da arquitetura, contribuindo para a melhoria habitacional das cidades
brasileiras, e consequentemente, da qualidade de vida da população. Por isso, é imprescindível
que cada vez mais pessoas enxerguem que essa profissão é repleta de desafios e potencialidades,
responsável pela criação de espaços construídos que levam em consideração muitos aspectos:
acessibilidade, inclusão, beleza, sustentabilidade, segurança, conforto e tantos outros.

Lida-se com duas questões muito importantes nessa reflexão: uma população excludente
que não terá acesso ao serviço se não for pela ATHIS e outra parte que poderia contratar a
assessoria técnica, mas não o faz por acreditar que custa muito acima do que é esperado pagar
(CAU/BR e DATAFOLHA, 2015). Tem-se então, o problema: como fazer com que mais
pessoas contratem o serviço de arquitetura através de um empreendedorismo social e com o
apoio de uma rede de profissionais que deseja impactar de fato a sociedade através do papel
social da profissão e do reconhecimento da importância do nosso trabalho para a melhoria das
cidades brasileiras?
Um aspecto relevante nessa temática é saber que há uma preocupação comum dos
profissionais recém-formados, principalmente, em relação aos desafios para a inserção no
mercado do trabalho da construção civil. O antagonismo de ideias pode estar na dificuldade
desse público em conseguir realizar seu ofício e a existência de uma população inalcançada, que
nunca de fato contratou esses serviços. É necessário construir soluções que propiciem que essa
balança seja cada vez mais proporcional, trazendo benefícios para ambos.

Pretendeu-se, portanto, compreender a demanda populacional e profissional de


Arquitetos e Urbanistas e as possibilidades de viabilizar uma rede de profissionais dispostos a
atuarem com a prestação de serviços de arquitetura para atender a população que se encontra
em vulnerabilidade social. E, nesse sentido, também houve a intenção de investigar as razões
pela qual há um grande distanciamento entre os escritórios de arquitetura e a população em
situação de vulnerabilidade social que também necessita, por direito, de auxilio profissional e
busca oferecer proposições com o objetivo de alcançar esse público, viabilizando um acesso
mais facilitado dos profissionais e da população a ser atendida.

A autora deste trabalho justifica a escolha do local a ser estudado em razão da sua relação
de afetividade com município de Casimiro de Abreu/RJ, cidade em que viveu a maior parte de
sua vida. A definição da temática voltada para a habitação de interesse social tem influência na
forma como a autora considera que seja possível fazer com que mais pessoas enxerguem a
profissão do Arquiteto e Urbanista de fato como ela é: para todas as pessoas, proporcionando
mais qualidade de vida principalmente para a população de baixa renda. Ademais, a temática
contribui para a formação social e crítica da futura Arquiteta e Urbanista recém-formada, autora
deste trabalho, que enfrentará muitos desafios na sua vida profissional, principalmente no início
da carreira.

Por isso, também se considerou relevante para o enriquecimento do trabalho trazer tanto
a visão teórica sobre como é possível atuar com ATHIS através do modelo de negócios, como
a visão prática de projeto de como seria de fato trabalhar com esse público, entendendo suas
necessidades e seus desejos. A afinidade com os mecanismos que facilitem esse trajeto através
do empreendedorismo social faz parte das experiências vivenciadas pela autora durante dois
anos trabalhando voluntariamente na Aurea Soluções e Projetos, Empresa Júnior do Instituto
Federal Fluminense, em que pode conhecer e enxergar o papel do empreendedor social para a
viabilização de mudanças positivas para a sociedade.
Portanto, o trabalho propõe como objetivo geral, a proposta de um modelo de negócios
de empresa social voltada para população de baixa renda e a sua aplicação a partir da assessoria
técnica para um projeto de melhoria habitacional de uma família do município de Casimiro de
Abreu/RJ, o qual seja replicável a outras cidades interioranas, incentivando os profissionais a
estarem mais próximos do papel social da profissão e visando o desenvolvimento da boa
qualidade habitacional.

O município de Casimiro de Abreu/RJ está localizado na microrregião da Bacia de São


João/RJ pertencente a mesorregião das Baixadas Litorâneas do estado do Rio de Janeiro,
juntamente com a microrregião dos Lagos. Segundo dados do SEBRAE (2016), o crescimento
populacional da Baixada Litorânea, entre 2000 e 2010, é o mais alto entre as outras regiões do
Estado, sendo Casimiro de Abreu o município da região com o maior crescimento populacional
entre 2010 e 2015. Segundo o portal do CAU (2021), os três municípios somados possuem um
total de 124 registros ativos de Arquitetos e Urbanistas, sendo 97 profissionais em Rio das
Ostras, 23 profissionais em Casimiro de Abreu, e apenas 4 em Silva Jardim.

Com o objetivo de pesquisar e analisar os dados sobre a atuação profissional no mercado


de Arquitetura e o papel social do Arquiteto e Urbanista, realizou-se uma pesquisa bibliográfica
a partir de livros, notícias, teses, artigos e dissertações, que discutem a respeito do histórico da
habitação social no Brasil e o contexto profissional da Arquitetura e Urbanismo reconhecendo
a importância da ATHIS e do papel social da profissão, além da avaliação de documentos
federais, como a Lei n° 11.888/2008. Também se utilizou contextualização de dados estatísticos,
como o IBGE, DataFolha, CAU e outros.

Para a compreensão das metodologias existentes por profissionais atuantes na área de


prestação de serviços de ATHIS, objetivou-se realizar oito estudo de referenciais projetuais com
diferentes contextos de trabalho e seus respectivos atores envolvidos. Por isso, foram escolhidos
dois referenciais para cada agente (órgão público municipal, organização não governamental,
universidade e empresa social), sendo eles: Melhorias Habitacionais, Morar Melhor, Arquitetos
de Família, Habitat na Comunidade, Residência AU+E/UFBA, NEPHU, Programa Vivenda e
Moradigna. A metodologia de pesquisa foi bibliográfica, buscando informações através dos
sites dos projetos, artigos, teses, dissertações e também de experiências no curso virtual de
‘ATHIS para melhorias habitacionais em favelas’3.

Embasando-se nos resultados anteriores, sobre as possibilidade de atuação com ATHIS


e também da demanda existente no município de Casimiro de Abreu/RJ, o trabalho avança para
o proposta do modelo de negócios. A pesquisa da demanda populacional, foi realizada em ação,
a partir da visita à Secretaria de Obras, Habitação e Serviços Públicos de Casimiro de Abreu/RJ
e também através de dados do IBGE e do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro –
TCE/RJ.

Dessa forma, com estudos bibliográficos que tratam sobre empreendedorismo, como o
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, foi possível
complementar os conhecimentos adquiridos, buscando estruturar e apresentar a modalidade de
negócio, desenvolvendo uma proposta de modelo com possibilidade de ser implementado em
outras cidades interioranas.

Com o objetivo de validar a proposta de modelo de negócios sugerida, escolheu-se uma


família de baixa renda com base nos critérios adotados pela Lei n° 11.888/2008, que sugere a
oferta de assessoria técnica para famílias com renda familiar de até três salários mínimos, para
realizar um projeto de reforma habitacional. Para o entendimento da demanda da família
escolhida, foi realizada uma pesquisa em ação, com visita ao local em que foi possível obter o
entendimento dos desejos e necessidades para a realização de intervenção através de uma
entrevista com os moradores. E, dispondo de observação, de croquis, de simulações, buscou-se
oferecer soluções projetuais de forma colaborativa com a família.

Na etapa final, o trabalho avança na discussão das viabilidades técnicas e econômicas


para o projeto de melhoria habitacional para a população de baixa renda, além de discutir a
respeito do ganho da qualidade de vida através da solução sugerida. A experiência prática
adquirida pela autora com a possibilidade de atuação de ATHIS também traz o apontamento
analítico das dificuldades enfrentadas em suas vivências para a construção deste trabalho.

3
Relato de experiências obtidas como participante do curso virtual, módulos 1-4, oferecido pela ONG Soluções
Urbanas, ministrado pela Mariana Estevão, presidente da organização, em 26-29 de Outubro de 2020.
7

1 HISTÓRICO DA HABITAÇÃO SOCIAL NO BRASIL

Ao longo da história, desde a colonização, o território brasileiro foi sendo organizado e


consolidado através de disputas sociais e por um processo de urbanização que carrega essas
características intrinsecamente. Segundo Maricato (2000), ‘o Brasil já apresentava cidades de
grande porte desde o período colonial, mas é somente a partir da virada do século XIX e das
primeiras décadas do século XX que o processo de urbanização da sociedade começa realmente
a se consolidar’. Entre os anos de 1890 e 1920 a urbanização cresceu apenas 3%, já no período
de 1920 a 1940 houve um salto para 31,24%. (ROSSATTO e BOLFE, 2014, p. 202)

O aumento da população urbana ocorreu tanto por conta da substituição da mão-de-obra


escrava pelo trabalho livre, como também pelo aumento considerável da industrialização. Nesse
período, a problemática da habitação popular inicia o seu enfoque. A principal forma de abrigo
que a classe trabalhadora tinha acesso eram os cortiços (Figura 1). Esse tipo de moradia
apresentou-se como uma solução de mercado economicamente viável, mas logo depois foi vista
como uma grande problemática para as classes mais abastadas, já que a presença desse modelo
habitacional aumentava as epidemias, e também, embora pouco mencionado este fato,
desvalorizavam o valor de seus imóveis. (VILLAÇA, 1986, p. 14-17)

Figura 1 – Cortiços na Rua Cardeal Arcoverde, São Paulo, fevereiro de 1938.

Fonte: Archdaily, 2021.


8

Foram também construídas nesse período, as vilas operárias (Figura 2), modelo mais
aceito pelas classes altas, já que além de ser considerado uma ‘habitação higiênica’ era também
protegido por seus interesses; como exemplo, no Código Sanitário do Estado de São Paulo de
1894, era previsto que a construção dessas habitações deveria ser feita ‘fora da aglomeração
urbana’. (VILLAÇA, 1986, p. 14-17)

Figura 2 – Brás e Lapa, os primeiros bairros operários de São Paulo.

Fonte: SESC, 2021.

Através desse crescimento populacional e da ‘necessidade’ de modificar a configuração


das cidades brasileiras que estavam se consolidando, surgem diversas reformas urbanas entre o
final do século XIX e início do século XX voltadas tanto para o ‘embelezamento da cidade’,
como também para o saneamento básico. Porém, é valido ressaltar que:

A política urbana adotada nessa época e ao longo da República Velha (1889 –


1930) visava o embelezamento das cidades para atrair investimentos
estrangeiros na industrialização brasileira, além disso, o centro das cidades
passou a abrigar o comércio e serviços, expulsando dali as residências. Assim,
o valor dos terrenos próximos ao centro aumentou e somente as classes mais
ricas conseguiam pagar por essa localização privilegiada. Desse modo, as
mudanças ocorridas mostraram a divisão do espaço urbano entre centro e
periferia. Como resultado, a população de baixa renda buscou suprir a
crise de habitação ocupando terrenos vazios encontrados em subúrbios
ou até em encostas de morros. (ROSSATTO e BOLFE, 2014, p. 203, negrito
nosso)

A Era Vargas (1930-1945) colocou definitivamente em pauta a temática do que se


precisaria realizar com a questão da habitação social no Brasil. Num aspecto econômico e
social, o problema da moradia se tornou crucial tanto para o poder público quanto para as
entidades empresárias, pois afetava diretamente a condição de vida dos trabalhadores, já que o
gasto com habitação absorvia uma porcentagem significativa dos salários dos operários.
Embora presente, a condição sanitária não era o enfoque neste momento, surgiram novos temas
relacionados com a proposta nacional-desenvolvimentista da Era Vargas: a habitação como
9

condição básica da reprodução de trabalho e como elemento na formação das ideologias,


política e também da moral. (BONDUKI, 2004, p. 73)

Uma série de eventos, congressos, criação de novas entidades públicas e privadas e o


notável interesse multidisciplinar para a abordagem do tema, fizeram com que grupos sociais e
políticos ganhassem destaque, formando suas opiniões a respeito e influenciando as decisões
governamentais. O objetivo principal nesse momento era encontrar alternativas que
possibilitassem a viabilização da casa própria para a população de baixa renda, já que a grande
maioria da população, inclusive a classe média, morava em casas de aluguel. (ROSSATTO e
BOLFE, 2014, p. 204)

Tanto interesse pelo tema não pode, contudo, ser explicado senão em
decorrência da crise de moradia que o país atravessava e do fato de a
conjuntura requerer novos modelos de moradia operária. Também foi
importante o fato de a crise ter afetado não só a população de baixa renda, mas
também a classe média - grande formadora da opinião pública -, que até então
morava predominantemente em casas de aluguel. (BONDUKI, 2004, p. 76)

Dessa forma, encontrar maneiras de baratear o custo para produção das moradias e
também viabilizar a construção das casas feitas pelos próprios trabalhadores era uma questão
amplamente discutida pelos Arquitetos e Engenheiros da época. A racionalização da
Arquitetura, isto é, a produção em larga escala, já era assunto entre os modernistas e o I
Congresso de Habitação, em 1931, já incluía esse debate do custo da moradia, destacando o que
de fato devia-se priorizar na construção. Outros temas a serem levantados frequentemente era
o que dizem a respeito da facilitação das construções com Códigos de Obras e legislações
pertinentes, além do crescimento horizontal das cidades, que acabam gerando uma grande
especulação imobiliária.

Um acontecimento importante que propiciou o desestímulo do aluguel e a valorização


da conquista pela casa própria foi a Lei do Inquilinato, em 1942, que instituiu o congelamento
dos aluguéis, segundo Bonduki (2004, p. 12) ‘por este regulamento de Getúlio Vargas, teria
desestimulado a produção de moradia para locação pelo setor privado e com isto levado os
trabalhadores a buscar os loteamentos de periferia, até então pouco ocupados’.

A casa própria do operário acabava por ter certa tendência a ser localizada nas áreas
periféricas da cidade, já que pagar pela localização central custava muito mais do que se era
possível. Assim também surge a problemática da infraestrutura urbana permeando esses
espaços e ‘obrigando’ o aumento do investimento público. Nesse novo modelo de habitação,
10

portanto, ‘constrói-se uma utopia na qual os operários reproduzem o modo de vida pequeno
burguês, mantendo a ordem capitalista e sendo atendidos por um Estado protetor e por entidades
assistenciais capazes de garantir um futuro seguro para todos’. (BONDUKI, 2004, p. 95)

A primeira política nacional de habitação aparece com a Fundação da Casa Popular


(FCP), em 1946, em meio ao fim do Estado Novo e inicio de um governo democrático com
Eurico Gaspar Dutra (1946-1951). Acredita-se que a iniciativa tenha tido uma tentativa para
continuar com o populismo de Vargas já que, ainda em seu governo, a movimentação da
atuação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs) como uma das primeiras instituições
públicas a investirem em habitação social ganhava notoriedade. Entretanto, a iniciativa da FCP
apresentou-se como uma tentativa frustrada, pois continha uma fragilidade inicial tanto por
parte da instituição quanto financeiramente. Segundo Arruda (2014, p. 61) ‘na prática, apenas
um pequeno número de "privilegiados" obteve acesso à habitação, o que favoreceu o
clientelismo político’.

Posteriormente, durante o Regime Militar, em 1964, o governo cria o Banco Nacional


de Habitação (BNH). Acredita-se que os motivos para o surgimento foram tanto políticos,
garantindo apoio ao populismo presentes nos governos anteriores, como também econômicos,
fortalecendo o do mercado da construção civil e o estimulando a criação da poupança.
(AZEVEDO, 1988, p. 109-110). Logo após, em 1966, o BNH também foi responsável pela
criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), ‘uma fonte de recursos
permanentes vinculadas aos salários para a produção das moradias’. (BONDUKI, 2004, p. 316)

A nova política materializou-se através da implantação de uma completa rede


de agências públicas e privadas que funcionava sob a égide do BNH.
Paulatinamente, o Banco limitou seu papel ao de um órgão normativo e de
supervisão, deixando a seus diferentes agentes especializados a aplicação de
sua política. O mercado imobiliário foi estratificado segundo níveis de renda
dos mutuários (popular, econômico e médio), cada qual sob a responsabilidade
de um agente promotor e com legislação específica. (AZEVEDO, 1988, p.
110)

Dessa forma, o BNH atuou financiando as construções de moradia com seus respectivos
agentes: para as famílias de baixa renda através dos órgãos estaduais com a Companhia de
Habitação Popular – COHABs e para as famílias de maior renda esse papel estava com as
imobiliárias. Em 1968, no Rio de Janeiro, também houve a criação da CHISAM (Coordenação
de Habitação de Interesse Social da Área Metropolitana do Grande Rio) com o objetivo de
11

auxiliar a COHAB. A CHISAM foi responsável por uma política maciça de remoção de favelas
no Rio de Janeiro para conjuntos habitacionais. (ARRUDA, 2014)

Segundo Azevedo (1988), a expansão desse modelo do BNH trouxe uma notável
agregação de serviços urbanos como saneamento básico, financiamento de materiais de
construção, transporte, pesquisa etc. Porém, os custos dessa transformação foram as
exportações desses serviços que antes eram realizados pelos governos locais, o que trouxeram
conflitos entre os objetivos sociais e o estilo empresarial adotado pelo Banco. Fatores externos
ao BNH, como o ‘arrocho salarial’ ocorrido no Regime Militar, contribuíram para que o
programa obtivesse críticas também pela sua ineficácia no atendimento da classe de baixa
renda, e consequentemente, com o seu declínio.

Pode-se dizer que o elevado índice de inadimplência entre os mutuários de


baixa renda, durante os primeiros anos de atividade do BNH (1964-69),
colocava em questão o próprio estilo de atuação do Banco. A saída da "crise"
dar-se-ia por uma reformulação completa da política habitacional de interesse
social ou pela utilização de mecanismos de autodefesa institucional do Banco,
através da redução do papel dos investimentos populares e uma redefinição de
suas prioridades de ação. As condições políticas do início dos anos 70
(governo Médici), que não privilegiavam a necessidade de maior respaldo
popular, acabaram por favorecer a opção pela segunda alternativa.
(AZEVEDO, 1988, p. 112-113)

Entre tentativas de mudanças e novas alternativas de atuação para o BNH e a COHAB


por conta das crises de produção das habitações populares, em 1985, com a chegada da Nova
República, havia um consenso da necessidade de reestruturação do sistema de habitação. No
Governo Sarney (1986), a extinção do BNH trouxe algumas discussões que colocaram suas
funções para a Caixa Econômica Federal (CEF).

Ademais, propiciou paralelamente nesse período, a necessidade da criação do primeiro


Ministério do Desenvolvimento Urbano, assim como a formulação de um grupo de trabalho
para o Sistema Financeiro de Habitação. Entretanto, segundo Arruda (2014), a falta de um
sistema como o BNH voltado exclusivamente para a habitação social, levou a pauta a não ser
tratada como prioridade: ‘o que vivenciamos a partir deste contexto foi um completo alijamento
das classes populares quanto ao financiamento habitacional, condição que perdurou durante
toda a década de 90’.

A Figura 3, a seguir, demonstra a relação entre os acontecimentos políticos da República


Velha (1889) até a Nova República e sua relação com a habitação social no Brasil.
12

Figura 3 - Brasil entre 1889-1988 e a sua relação com a habitação social.

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

O Governo Collor (1990-1992), marcado por uma intensa desordem social e econômica,
fez com que a crise habitacional se agravasse ainda mais, não havendo nenhuma mudança nesse
sentido. Já no Governo de Itamar Franco (1992-1995), após o impeachment de Collor, pode-se
destacar a criação dos Programas Habitar Brasil e Morar Município. Porém, essas ações tiveram
pouco resultado devido à falta de articulação entre Estados, Municípios e Governo Federal,
além da ausência de recursos necessários para promover tais programas. (ARRUDA, 2014, p.
64)

Somente em 1995, com Fernando Henrique Cardoso, ocorre a retomada dos


financiamentos com habitação e saneamento através dos recursos do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS) com o Pró-Moradia e o Programa Habitar Brasil, além da criação
do Programa de Arrendamento Residencial (PAR). Segundo Rosatto e e Bolfe (2014, p. 210),
‘novos referenciais como flexibilidade, descentralização e diversidade foram adotados,
rejeitando programas convencionais que tinham como base a construção de grandes conjuntos
habitacionais’.

A partir de 2003, no governo de Luís Inácio Lula da Silva, com a criação do Ministério
das Cidades (MCidades), inicia-se no Brasil um novo período de atuação e enfoque para a
habitação social. Um marco importante nesse processo foi a retomada do planejamento do setor
habitacional através da Política Nacional de Habitação (PNH), aprovada em 2004 pelo
Conselho das Cidades que propõe a criação do Sistema Nacional de Habitação (SNH),
13

possuindo o planejamento habitacional como um dos componentes de maior destaque. Os anos


seguintes foram também marcados por diversos acontecimentos que contribuíram para o
crescimento do setor, como o aumento do investimento em habitação no ano de 2005 e a criação
do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em 2007. (ROSSATTO e BOLFE, 2014,
p. 211)

Em seguida, também no Governo Lula, destaca-se a criação da Lei 11.888/2008, que


assegura as famílias de baixa renda Assistência Técnica pública e gratuita para projeto e
construção de habitação de interesse social. Essa legislação, regulamenta e cria diretrizes para
a política urbana, e assegura já no art. 2° que: ‘as famílias com renda mensal de até 3 (três)
salários mínimos, residentes em áreas urbanas ou rurais, têm o direito à assistência técnica
pública e gratuita’. (BRASIL, 2008)

Com o avanço do setor, em 2009, foi criado o Programa Minha Casa Minha Vida
(PMCMV). Segundo Arruda (2014, p. 67), o PMCMV tinha ‘a meta de construção de um
milhão de moradias, 400 mil seriam destinadas a famílias com renda de até três salários
mínimos. Como regra para estas famílias, fixou-se que o mutuário pagasse uma parcela inferior
a R$ 50,00, com um financiamento, neste caso, de dez anos’. O grande diferencial do programa
foi a oportunidade de crédito às famílias mais carentes e que compõem o significativo déficit
habitacional do país. Através do FGTS, o acesso ao crédito foi facilitado e o governo conseguiu
construir moradias inteiramente subsidiadas para famílias com rendas de até três salários
mínimos. (ROSSATTO e BOLFE, 2014, p. 211).

Compreende-se que a criação da Lei n° 11.888/2008 concomitantemente ao PMCMV


(2009), impulsionou que os recursos disponibilizados pelo governo para a questão habitacional
tivessem que optar por uma frente de atuação a ser priorizada. Dessa forma, a atuação para a
resolução da problemática do déficit habitacional ganhou um maior apoio, com o PMCMV, em
detrimento das melhorias habitacionais. Acredita-se que essa escolha tenha sido realizada por
conta de diversos fatores como: o aquecimento do mercado de construção civil e geração de
empregos através do PMCMV, o possível desconhecimento da relevância da temática da
Assistência Técnica, a resistência pela inovação da forma de trabalho até então pouco vista no
Brasil e a falta de apoio dos próprios movimentos sociais que ainda não enxergavam a melhoria
14

habitacional como um direito. A consequência dessa ação foi esquecimento da Lei nos anos
seguintes (informação verbal). 4

Segundo Souza (2019), para o crescimento econômico, a estratégia governamental


neodesenvolvimentista do Governo Lula para a habitação foi bem-sucedida e trouxe apoio de
diversos setores da sociedade. Inclusive, pode-se destacar que a influência do êxito econômico
do PMCMV para a eleição da presidenta Dilma Rousseff, em 2010, e em sua reeleição em 2014,
quando foram lançados o PMCMV 2 (2011) e o PMCMV 3 (2014).

Entretanto, a crítica que o Programa Minha Casa Minha Vida enfrenta é a sua relação
política com os agentes produtores do espaço urbano e também por estar fora do Fundo
Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), previsto no SNH. (ROSSATTO e BOLFE,
2014). Segundo Klintowitz (2016), o MCMV tomou características para ser ‘capaz de se
ramificar em várias escalas de coordenação: entre o setor público e privado; entre os diferentes
ministérios; entre União e municípios’, e ainda fez ‘garantir que ambas as agendas concorrentes
– de reforma urbana e do setor produtivo – convivessem de maneira articulada, mesmo que
preservassem suas contradições’.

Com o arranjo criado nesse ambiente, estabeleceu-se um “regime de política”


(Couto e Abrucio, 2003) no qual se alcançou um entendimento quase
hegemônico acerca da política habitacional com seu lastreamento em
interesses objetivos dos atores envolvidos. Assim, neutralizaram-se possíveis
conflitos dos atores e suas coalizões com Estado, imbricando e engendrando-
os na defesa da própria política, mesmo que apenas parte dessa fosse
conveniente para concretização de seus interesses e que apenas parte de seus
interesses fosse efetivamente atendida. (KLINTOWITZ, 2016)

Outra questão a ser discutida é sobre o ponto de vista da localização das moradias em
detrimento da especulação imobiliária nas áreas centrais da cidade, pois ‘a falta de controle
sobre este aspecto, além de aumentar os valores dos imóveis para as camadas do programa que
acessam a iniciativa privada, pode inviabilizar a provisão de unidades para as camadas de baixa
renda’ (ARRUDA, 2014, p. 69). Nesse sentido, sabe-se que há uma dependência da iniciativa
municipal para a construção das moradias e a sua oferta é prioritariamente onde o preço da terra
é mais barato, ou seja, localizado nas áreas periféricas e que também necessitam da chegada de
infraestrutura urbana.

4
Conclusões obtidas através da formação do curso virtual de Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social
(ATHIS) para melhorias habitacionais em favelas, oferecido pela ONG Soluções Urbanas, em outubro de 2020.
15

Em 2015, foi criada a Resolução n° 182 de 17/09/2015, que regulamentou a criação de


uma modalidade específica de atendimento habitacional por meio de melhorias habitacionais,
no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida, voltada às famílias de baixa renda, moradoras
de assentamentos precários. Essa modalidade foi o PMCMV – Entidades (PMCMV-E). A
Resolução considera que há uma lacuna nos programas habitacionais que necessita ser
considerada por meio de assistência técnica ou de melhoria habitacional. Entretanto, essas
medidas não chegaram a ser colocadas efetivamente em prática por conta dos acontecimentos
políticos que viriam a seguir.

Após o impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff e a tomada de poder de Michel


Temer, em 2016, notaram-se algumas mudanças em relação nas decisões que envolveram
PMCMV, principalmente com as camadas de baixa renda. Houve a extinção da modalidade
Entidades do programa (PMCMV-E), que alcançava a população de menor renda, além do
aumento tanto dos limites de renda atendidos pelo PMCMV e quanto dos valores dos imóveis
passíveis de aquisição com utilização do FGTS. Essas ações favoreceram a classe média e
aqueceram o mercado imobiliário, já que se conseguia aumentar o número de residências a
serem custeadas e facilitava seu financiamento. (SOUZA, 2019)

O presidente Michel Temer cria, em 2016, a proposta do Cartão Reforma a partir de


uma articulação com a Caixa Econômica Federal. O objetivo dessa medida seria a redução do
déficit qualitativo de 8 milhões de domicílios em condições inadequadas. Segundo Kaoru
(2020), a proposta do programa era doar até R$9.646,07 para que as famílias de baixa renda
pudessem comprar materiais para reformar, aumentar ou terminar de construir a sua casa
própria. Entretanto, o governo iniciou a seleção dos municípios, porém não avançou desde
então. O programa foi suspenso em virtude de uma reformulação da proposta a ser realizada.

Em 2019, Jair Messias Bolsonaro assume a Presidência da República. Logo no inicio de


seu mandato, o Ministério das Cidades, criado no governo Lula, é fundido ao Ministério da
Integração Nacional e transformado em Ministério do Desenvolvimento Regional. Essa
mudança gerou um grande apelo dos Arquitetos e Urbanistas e o lançamento de uma petição
on-line contra a decisão, desde 2018, quando feito até então o anúncio do desejo de Bolsonaro
em proporcionar a mudança. Tal comoção, segundo Coelho, tem grande respaldo, pois:

O MCidades promove a aplicação do Estatuto da Cidade e do Estatuto da


Metrópole; fomenta a participação social na Política Urbana, especialmente
na elaboração e implementação dos planos diretores participativos e nos
planos municipais de mobilidade; promove programas habitacionais de larga
16

escala, como o Minha Casa, Minha Vida; promove a reurbanização de


assentamentos precários; lança programas de desenvolvimento do saneamento
básico; capacitações sobre inúmeros instrumentos, com destaque para a
plataforma online Capacidades; disponibiliza cartilhas de apoio aos
municípios e cidadãos, como o “Plano Diretor Participativo: Guia para a
Elaboração pelos Municípios e Cidadãos”, o “Caderno de Referência para
Elaboração de Plano de Mobilidade Urbana”, a “Cartilha do Ciclista”; além
de promover inúmeras parcerias com órgãos públicos e privados para estudos
técnicos e produtos de apoio ao desenvolvimento das cidades. (COELHO,
2018)

Em 2020, Bolsonaro instituiu o Programa Casa Verde e Amarela através da Medida


Provisória N° 996, e em 12 de janeiro de 2021, sancionou a Lei Nº 14.118, confirmando tais
medidas5. O Programa Casa Verde e Amarela substitui o Programa Minha Casa Minha Vida,
criado pelo ex-presidente Lula. A meta é atender quase dois milhões de famílias até 2024, com
o foco no Norte e no Nordeste, oferecendo taxas de juros a partir de 4,25%, enquanto para o
Sul, o Sudeste e o Centro-Oeste essa taxa é de 4,5%. (CARVALHO, 2021). A principal
mudança, além da nomenclatura do programa, é para quem se destinam as moradias. Há uma
substituição da faixa 1 e 1,5, do MCMV, pelo grupo 1 no novo programa habitacional. A Tabela
1, a seguir, demonstra essas mudanças:

Tabela 1 - Comparativo entre o PMCMV e o Programa Casa Verde e Amarela

Minha Casa Minha Vida Casa Verde e Amarela


FAIXA RENDA JUROS GRUPO RENDA JUROS JUROS
(Sul, Sudeste e (Norte e
1 até R$1.800 sem juros - - Centro-Oeste) Nordeste)
1,5 até R$2.600 4,5% a 5% 1 até R$2.000 4,5% a 5,25% 4,25% a 5%
2 até R$4.000 5% a 7% 2 até R$4.000 5% a 7% 4,75% a 7%
3 até R$7.000 7,66% a 8,16% 3 até R$7.000 7,66% a 8,16% 7,66% a 8,16%

Fonte: Elaborado pela autora (GARCIA e RESENDE, 2020; CARVALHO, 2021), 2021.

A história da política habitacional no Brasil, desde a criação do BNH, é marcada por


uma alternância entre a hegemonia da indústria da construção civil, reduzindo a ideia de
programa habitacional como um programa de construção de casas, e a indústria financeira,
através do credito imobiliário. A habitação de interesse social também costuma exercer um
papel de ‘ativo político’, isto é, quando aliada com os interesses políticos, possui o poder do
controle de ‘quem vai ter a acesso às moradias’. Dessa forma, essa ação política controla a

5
De acordo com notícias divulgadas pela Secretária Geral da União, no dia 13 de janeiro de 2021, a partir da
publicação do Diário Oficial, o presidente Bolsonaro vetou apenas um trecho da Lei que dispõe sobre o
recolhimento de tributos unificados para as construtoras do MCMV. A medida provisória do programa foi criada
em 8 de dezembro de 2020. (CARVALHO, 2021)
17

distribuição de casas e os financiamentos subsidiados ou com taxas de juros menores.


(ROLNIK, 2020)

A figura 4, a seguir, demonstra uma linha do tempo desde 1985 até hoje, destacando os
principais programas de habitação social no Brasil que foram criados durante esse período.

Figura 4 - Programas da habitação social no Brasil a partir de 1985 até hoje.

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Do ponto de vista realista, a problemática urbana como um todo e, consequentemente,


a questão habitacional, é tratada como uma situação de difícil solução. Ainda que se tenha
percebido erros e acertos das políticas habitacionais, muito se tem a discutir a respeito devido
à complexidade do assunto e também a sua notável importância para a qualidade de vida de
todos os brasileiros, principalmente aqueles que possuem menor renda e que se encontram
marginalizados. Nessa perspectiva, reflete-se:

[...] a experiência empírica demonstra que a moradia popular não poderia ser
realizada sem a devida adequação dos moradores ao espaço de vida. Desse
modo surgem os problemas de acesso e mobilidade ao trabalho e da
racionalidade imposta às relações sociais e de produção da própria vida. No
contexto, a racionalidade imposta desses planos de habitação contribui ao
processo de segregação sócio espacial pela moradia, favorecendo os agentes
imobiliários mais abastados. Desse fato resulta a luta pela moradia dado aos
movimentos sociais, sendo na maioria das vezes ligados a áreas desprovidas
de mínimas condições de vida para essas populações. (ROSSATTO e BOLFE,
2014, p. 212)
18

2 HIS E O PANORAMA DA ARQUITETURA E URBANISMO NO BRASIL

Este capítulo traz um breve histórico do exercício profissional do Arquiteto e Urbanista


e, em seguida, expõe e analisa, a partir de dados estatísticos dos últimos anos, como se encontra
a atuação profissional da Arquitetura e Urbanismo no Brasil. Ademais, também busca refletir
os mecanismos legais a respeito da Assistência Técnica e seus conceitos, além de destacar a
relevância do papel social da profissão e sua a contribuição na sociedade principalmente quando
se trata da questão habitacional.

2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL

Historicamente, a atuação profissional do Arquiteto e Urbanista foi construída através


dos acontecimentos políticos, econômicos e sociais no Brasil, ligado sempre as transformações
provenientes das Artes e da Literatura. Segundo Salvatori (2008), com os acontecimentos do
pós Primeira Guerra Mundial, o Brasil experimentou a chamada “Ilustração Brasileira”, uma
época marcada pelo cientificismo e universalismo. Logo após, a proclamação da República, em
1889, e a procura por mudança na I Guerra, houve um crescente sentimento de nacionalismo,
consequentemente, uma busca por uma identidade nacional, fato que favoreceu em especial o
campo da Arquitetura, Literatura e Artes (a exposição da semana de Arte Moderna de 1922
comprova essa conquista).

Outra questão política que impactou o campo de atuação profissional foi o governo do
Getúlio Vargas (1882-1954), a partir do Estado Novo, que refletiu um grande progresso nos
anos seguintes no campo econômico, industrial e urbano entre os anos de 1930 e 1960. Já no
governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), inaugurou-se a cidade de Brasília/DF,
importante marco na história da arquitetura do Brasil, levando também a uma exaltação do
discurso do papel social da arquitetura que foi:

[...] capaz de expressar a nova imagem do país, que passava da sociedade


agroexportadora para a urbano-industrial. Segundo o que defende Barreto
(1983), mais que uma simples adesão dos arquitetos brasileiros aos projetos
das classes sociais dominantes, havia uma complementaridade entre o
objetivo de afirmação profissional e a demanda desenvolvimentista. Como
consequência da intensa colaboração entre campo profissional e educativo, da
aceitação social da Arquitetura Moderna, dos movimentos de renovação
estética em curso, "tudo indicava um grande salto de qualidade no processo
de desenvolvimento da arquitetura brasileira", de acordo com Graeff (1995, p.
46). (SALVATORI, 2008, p. 54)
19

Logo após, no mundo pós Segunda Guerra, o Brasil experimentava uma época marcada
pela chamada “Idade de Ouro” do capitalismo e da socialdemocracia, possuindo objetivos
claros a respeito do desenvolvimento, a igualdade e o pleno emprego dos brasileiros.
Simultaneamente, crescia também um aumento da participação popular no sistema
democrático, o que fez aumentar a pressão por reformas estruturais, rompendo com os grupos
políticos mais tradicionalistas. Sabe-se que em plena Guerra Fria, essas forças políticas
conservadoras, tementes pela conquista dos espaços conquistados pelas “Reformas de Base”,
implantadas no governo de João Goulart (1918-1976), sucessor de Juscelino Kubitschek, fez
com que se criasse um temor nacional pela implantação do comunismo no Brasil. Esse fato
repercutiu para que, em 1964, começasse uma ditadura militar que comandou o país pelos
próximos vinte anos seguintes. (SALVATORI, 2008)

Salvatori (2008) ainda afirma que, no que se trata do campo da Arquitetura, esse sistema
político trouxe muitos impactos na categoria profissional dos Arquitetos e Urbanistas, pois
alguns dos mais influentes nomes como: Oscar Niemeyer, Edgar Graeff, Demétrio Ribeiro e
Vilanova Artigas, foram afastados das escolas de Arquitetura e tiveram seus direitos políticos
cassados. Os arquitetos modernos eram identificados como esquerdas políticas, considerando
seus aspectos humanistas e sociais praticados pelo exercício profissional, o que foi altamente
criticado pelo governo militar.

Alguns arquitetos eram, na realidade, filiados ao Partido Comunista brasileiro,


mas, ainda de acordo com Barreto (1983), essa identificação provém da
repercussão das experiências comunistas nos Congressos Internacionais de
Arquitetura Moderna (CIAM), principalmente na área da habitação social
mínima e projetos para massas populacionais. Paradoxalmente, algumas das
propostas geradas pelo Urbanismo Moderno foram apropriadas pelos
governos militares brasileiros e implementadas com a plena colaboração da
classe profissional dos arquitetos. (p. 55)

Em contrapartida, surgiram oportunidades profissionais. O Banco Nacional de


Habitação (BNH), em 1964, ampliou a atuação do mercado da construção, trazendo empregos
nos segmentos sociais mais vulneráveis. O Serviço Federal de Habitação e Urbanismo
(SERFAU), em 1966, atuou no plano estratégico, trazendo a criação dos Planos Nacionais de
Desenvolvimento (PNDs), que segundo Salvatori (2008), ‘inseriram os arquitetos de uma
maneira inédita, não só nos diversos âmbitos e níveis administrativos, mas na efetiva
implantação dos grandiosos projetos de infraestrutura’. Mesmo contra a ideia de um Estado
forte e centralizador, o governo precisou manter o mercado da arquitetura ativo, apresentando
condições para o exercício do papel social da profissão, para a elaboração dos projetos de
20

arquitetura, pois sua experiência técnica era essencial para o contexto desenvolvimentista
implementado e esperado de ser alcançado. Posteriormente, vê-se uma queda desse mercado,
nos anos 80, devido à massificação da formação profissional, a aceitação das ideias neoliberais
e a transformação do mercado.

[...] o debate pós-moderno não foi capaz de explicar, por si só, os rumos que
a arquitetura brasileira tomou desde então. Fatos como a interiorização da
economia e das escolas de Arquitetura trouxeram maior diversidade ao campo
e à emergência de regionalismos, com arquiteturas desvinculadas dos modelos
anteriores. [...] nos grandes centros, abrandou-se a busca de uma identidade
nacional para a arquitetura; a arquitetura mais visível atendia a padrões de
eficiência tecnológica e imagem empresarial, muitas vezes definidos em
âmbito internacional, exigência dos grupos multinacionais que se instalavam
no país. O panorama dos anos 80 se completava com o trabalho de alguns
arquitetos ainda das primeiras gerações modernas, que continuavam ativos e
fiéis à suas origens. (SEGAWA, 1999 apud SALVATORI, 2008, p.56)

Os demais anos também foram marcados pelo reconhecimento internacional de grandes


nomes da arquitetura brasileira, em contrapartida, o final do século XX esteve marcado pela
ambiguidade. Viveu-se uma era de grandes feitos da arquitetura, que em seguida, foram
abdicados por um abismo na falta de investimento tanto na arquitetura grandiosa como no bem-
estar social. Segundo Salvatori (2008), ‘a arquitetura mais evidente foi a promovida pelo
mercado imobiliário, que se apropriou das formas arquitetônicas mais surpreendentes com
finalidades publicitárias’.

As transformações ao longo dos anos do exercício profissional da Arquitetura e


Urbanismo e, consequentemente, as modificações na estrutura física das cidades - produto deste
cenário, se consolida a cada dia de forma ambígua aos princípios constitucionais do direito à
cidade e das funções sociais da propriedade e da cidade. É como exemplifica Carlos Vainer ao
citar o conceito de cidade-mercadoria, intrinsecamente ligado a essas questões:

A cidade é uma mercadoria a ser vendida, num mercado extremamente


competitivo, em que outras cidades também estão à venda. Isto explicaria que
o chamado marketing urbano se imponha cada vez mais como uma esfera
específica e determinante do processo de planejamento e gestão de cidades.
(VAINER, 2012, p. 78)

Por esse fato e pelas consolidações existentes nas cidades brasileiras, deve-se estar
atento a como a população e os profissionais tem agido e reagido de acordo com as demandas
ofertadas. Sabe-se da preocupação histórica pelo papel social da profissão e, nesse sentido,
caminhar para a melhoria dos cenários futuros, vivenciando oportunidades e necessidades.
21

2.2 PANORAMA DA ARQUITETURA E URBANISMO NO BRASIL

Os avanços do mercado da arquitetura e urbanismo no Brasil têm sido diagnosticados


pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) nos últimos anos. O CAU/BR,
desde a sua criação em 2010, traz ações nesse sentido com o objetivo de esclarecer os cenários
desse mercado e prever tendências para o futuro profissional. Diversas pesquisas, em sequência,
foram realizadas como: o Censo dos Arquitetos e Urbanistas (2012), a Pesquisa CAU/BR e
Instituto Datafolha (2015), Anuário de Arquitetura e Urbanismo (2017), Anuário de Arquitetura
e Urbanismo (2018) e Anuário de Arquitetura e Urbanismo (2019). E, recentemente, está sendo
elaborado um novo Censo dos Arquitetos e Urbanistas 20206. De uma visão otimista
demonstrada no último censo, afirmada pelo ex-presidente do CAU/BR, Haroldo Pinheiro:

O que se depreende das informações obtidas é que o mercado de Arquitetura


e Urbanismo no Brasil está passando por uma grande transformação. Não
apenas pela necessidade de se replanejar cidades e se construir alternativas
para as questões habitacionais, mas pela chegada de uma nova geração de
profissionais apaixonados e preparados. (CAU/BR, 2015)

O dados do último Censo (2015), ressalta uma preocupação frequente dos profissionais
no que diz respeito a dedicação para a qualificação, cerca de um quarto do total possuem pós-
graduação (25,49%) e a grande maioria (82%) costuma frequentar feiras, cursos, amostras e
afins, na busca por constante atualização profissional. Outro dado relevante é o domínio em
massa por software de desenho por computador (86%), enquanto 28% também afirmam utilizar
softwares de geoprocessamento e 68% outros programas que auxiliam o uso profissional.
(Figura 5)

Figura 5 - Conhecimento de Softwares de Arquitetura e Urbanismo

Fonte: CAU/BR, 2012.

6
Notícia divulgada na página do CAU/BR, em 19 de fevereiro de 2020, disponível em:
<https://www.caubr.gov.br/cau-promove-censo-dos-arquitetos-e-urbanistas-2020-participe/>. Acesso em: 08 dez.
2020.
22

Segundo o Censo (2015), a maioria dos entrevistados afirmam que se sentem satisfeitos
com a profissão (cerca de 70% avaliaram positivamente). Ao serem questionados sobre os
principais obstáculos para a atuação profissional, 52,12% acreditam que há pouca valorização
do arquiteto e urbanista na sociedade e 32% afirmam que há uma má remuneração profissional.

. A evolução no número de atividades de arquitetura e urbanismo apresenta um


crescimento de 2012 a 2015 e possui uma queda em 2016. E, de acordo com a última edição do
Anuário de Arquitetura e Urbanismo (2019), há uma retomada de crescimento em 2017 e 2018,
aumentando o crescimento das atividades de Arquitetura e Urbanismo nos últimos anos em
cerca de 5,4%. Segundo o CAU/BR (2019), ‘trata-se de uma firme retomada do nosso mercado,
muito afetado pela grave crise econômica que o Brasil atravessou entre os anos de 2015 e 2016’
(Figura 6)

Figura 6 – Evolução das atividades de Arquitetura e Urbanismo no Brasil (2012-2018) a partir do registro de
atividades (RRT)

Fonte: Elaborado pela autora com base em CAU/BR (2012; 2019).

Na pesquisa no CAU/BR (2019), também é demonstrada a quantidade de profissionais


e de empresas do ramo, distribuídos espacialmente pelo território brasileiro (Figura 7). Foi
possível constatar que cerca de 12.000 arquitetos e urbanistas entraram no mercado e 1.781
novas empresas foram criadas em 2018. Destaca-se a concentração de pessoas físicas e jurídicas
principalmente nas regiões Sudeste e Sul. Cerca de metade das empresas estão nos estados de
São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Quando se trata das pessoas físicas, mesmo a
maioria estando na região Sudeste, é possível notar que um terço dela está concentrada apenas
na cidade de São Paulo.
23

Figura 7 - Arquitetos e Urbanistas no Brasil (pessoas físicas e jurídicas)

Fonte: IGEO; CAU/BR, 2019.

Outro dado relevante é a maioria dos profissionais serem mulheres, 63% do total, e ao
considerar apenas os mais jovens (pessoas com menos de 30 anos), esse número sobe para 75%
para o público feminino, contra apenas 25% masculino. O que constata uma tendência de jovens
mulheres para o futuro da profissão é também o fato dos profissionais com menos de 50 anos
ocupando cerca de 60% do total de arquitetos e urbanistas (CAU/BR, 2019). Conforme
demostram a seguir a Figura 8 e a Figura 9:

Figura 8 - Gráfico de gênero dos Arquitetos e Urbanistas no Brasil.

Fonte: CAU/BR, 2019.


24

Figura 9 - Tabela com faixa etária dos Arquitetos e Urbanistas no Brasil

Fonte: CAU/BR, 2019.

Associada à necessidade de entendimento do que pensa a população brasileira7 sobre os


aspectos profissionais do mercado de Arquitetura e Engenharia, a pesquisa conjunta do
CAU/BR e do Instituto de Pesquisas DataFolha (2015), trouxe resultados interessantes dessa
ótica. Um dos dados mais debatidos é o que trata a respeito de como o brasileiro constrói. Dos
entrevistados, 54% já fizeram reformas ou construções, porém, apenas 15% utilizaram os
serviços de um arquiteto ou engenheiro na obra. A pesquisa também leva em conta dados
qualitativos e afirma que:

[...] a questão financeira é o principal motivo pela preferência por mestres de


obras e pedreiros. Outros motivos citados foram o fácil acesso a esses
profissionais (por meio de indicações) e desconhecimento de outras
alternativas. (...) De maneira geral, os participantes da pesquisa qualitativa
dividiram as dificuldades encontradas em uma obra em três eixos principais:
Planejamento, Mão de Obra e Material. Cada um com suas dificuldades
específicas. (CAU/BR e DATAFOLHA, 2015)

Segundo Linhares (2018, p. 14), faz-se necessário esclarecer que, dentro destes 85%
auto construtores, nem todos são de baixa renda8. Essa prática, mesmo que comumente
compreendida como a produção de moradias pela população em situação de vulnerabilidade
social, é vista em toda a cidade, já que apenas 15% daquilo que construído de habitações é
realizado em conjunto com profissionais da construção civil. A Figura 10, a seguir, demostra
os dados apresentados:

7
O perfil dos entrevistados reflete as características da população brasileira adulta economicamente ativa: há
preponderância de homens e de pessoas mais jovens à média de idade é igual a 37 anos. (CAU/BR; DATAFOLHA,
2015)
8
Sobre o perfil do total de entrevistados, sabe-se que 3% pertencem a classe A e 25% são da classe B. A maioria,
cerca de 49% pertencem a classe C e 24% estão nas classes D ou E. (CAU/BR e DATAFOLHA, 2015)
25

Figura 10 - Relação da população brasileira com a construção civil e contratação dos profissionais de arquitetura
e engenharia.

Fonte: CAU/BR; DataFolha, 2015.

Em contrapartida a esses dados, quando perguntado aos entrevistados sobre a


possibilidade de contratação dos arquitetos e urbanistas, cerca de 70% da população
economicamente ativa afirma que faria o uso do serviço9, contratando arquitetos, se possível.
Porém, a parcela que já utilizou é de apenas 7%, obtendo dados ainda mais expressivos de 16%
para pessoas com ensino superior e de outros 16% para classes AB. A Figura 11, a seguir,
demonstra esses números:

9
Na pesquisa qualitativa, notou-se que muitos acreditam que essa prática traz benefícios durante a obra e muitas
dificuldades apontadas no início minimizam com esse projeto. (CAU/BR e DATAFOLHA, 2015)
26

Figura 11 - Contratação de Arquitetos e Urbanistas no Brasil.

Fonte: CAU/BR; DataFolha, 2015.

Outro fator que é destaque na pesquisa é a satisfação dos 7% que já utilizaram o serviço
de arquitetura em suas obras. Segundo o CAU/BR e o DataFolha (2015), a satisfação se mostra
muito expressiva, pois oito em cada dez declaram-se satisfeitos com o trabalho do profissional
de Arquitetura e Urbanismo. A estimativa aponta que 89% dos entrevistados se dizem
satisfeitos ou muito satisfeitos com o serviço. Outro dado é que metade dessa população afirma
que contrataram o profissional devido ao seu conhecimento técnico; a outra metade se divide
em questões legais, viabilização do projeto e segurança do imóvel. Em contrapartida, explica-
se que:

A principal razão para não contratação dos serviços de arquiteto e urbanista é


de natureza financeira (falta de dinheiro, valor alto). Porém, para alguns não
houve ou não haverá necessidade de recorrer ao profissional (não construiu/
não construirá, fez obra pequena/ simples). Porém, a pesquisa qualitativa
detectou que existe uma percepção bastante distorcida do custo do trabalho do
arquiteto em relação ao valor total da obra. Os participantes, em sua maioria,
acreditam que o trabalho do arquiteto custe algo entre 20% e 40% do valor da
obra. Quando informados que o projeto custa algo em torno de 10% do valor
total da obra, os participantes da pesquisa disseram que se trata de um valor
justo e que pode acarretar em economia do valor total desembolsado.
(CAU/BR e DATAFOLHA, 2015, p. 2, negrito e itálico do autor)

É possível notar que os Arquitetos e Urbanistas tem se qualificado na busca por


atualização constante de aprendizados, o que demonstra um devido interesse em realizar
trabalhos com qualidade. Esse fato pode ter relação com o dado da maioria dos profissionais
estarem satisfeitos com o trabalho, mesmo acreditando que uma das maiores dificuldades tem
relação com a falta de valorização da população pelos serviços de Arquitetura e Urbanismo,
seguida pela má remuneração profissional.
27

Sobre a ótica da idade e do gênero, percebeu-se que a grande maioria dos profissionais
tem sido jovens mulheres. É interessante essa questão pois ela rompe com um histórico
profissional com a predominância de nomes muito reconhecidos de homens na Arquitetura e
Urbanismo. Ademais, a jovialidade da profissão também traz a necessidade de inclusão desse
público na concorrência do mercado que, geralmente, enfrenta uma monopolização,
principalmente quando se trata da inclusão dos recém-formados na vida profissional.

É pertinente observar que os dados obtidos pelas pesquisas nos últimos anos
demonstram um notável crescimento das atividades de Arquitetura e Urbanismo e também do
aumento do número de profissionais. Entretanto, ainda há uma parcela significativa da
população brasileira que não usufrui desses serviços, notada pelo significativo percentual de
85% (CAU/BR e DATAFOLHA, 2015). Evidentemente, a ausência do uso dos serviços não
torna a necessidade dele menos relevante para a população, pois, identificou-se que há um
interesse da grande maioria que esses profissionais estejam acompanhando as obras e realizando
projetos, entretanto, há um certo desconhecimento sobre o custo a ser investido.

A necessidade de criação de novos mercados e novas frentes de atuação, atingindo um


público que ainda não usufruiu dos benefícios da contratação de um profissional, pode ser uma
alternativa viável para tornar a Arquitetura muito mais democrática, acessível e inclusiva,
trazendo para as cidades brasileiras uma melhoria também para as habitações já existentes, pois,
como afirma Linhares:

[...] a cidade acontece com, sem e apesar dos arquitetos, parafraseando


Marcelo Lopes de Souza (2010) em: “Com o Estado, apesar do Estado e contra
o Estado”. Tal analogia, assim como proposta pelo autor em relação ao Estado,
é também dialética: existindo ou não a atuação do arquiteto urbanista na
produção das moradias e até mesmo no planejamento urbano (sendo este mais
influenciado pelos empresários do que pelos técnicos planejadores, como será
tratado posteriormente), o espaço urbano é produzido e estruturado.
(LINHARES, 2018, p. 51)

2.3 A LEI DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA (N°11.888/2008) E A ATUAÇÃO PROFISSIONAL

No Brasil, desde 2008, foi criada uma legislação que garante às famílias de baixa renda
o acesso gratuito ao trabalho técnico de profissionais especializados: Lei da Assistência Técnica
para Habitação de Interesse Social (ATHIS) (Lei n°11.888/2008). Por definição do CAU/BR,
descrita na Cartilha da Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social – ATHIS (2008),
o termo ‘ATHIS’ significa todos os serviços técnicos das áreas de Arquitetura e Urbanismo, de
Engenharia, de Direito, de Serviço Social, de Geografia, de Geologia, de Biologia e de outras
28

áreas afins, necessárias para garantir o direito à moradia das famílias de baixa renda. A definição
reforça o que descreve a Lei n°11.888/2008:

Art. 1° Esta Lei assegura o direito das famílias de baixa renda à assistência
técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de
interesse social, como parte integrante do direito social à moradia previsto
no art. 6° da Constituição Federal, e consoante o especificado na alínea r do
inciso V do caput do art. 4° da Lei n° 10.257, de 10 de julho de 2001, que
regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal [...](BRASIL, 2008)

A legislação prevê uma série de serviços que contemplam desde a elaboração de projetos
como também execução e acompanhamento de obras com auxílio dos profissionais de
Arquitetura e Engenharia, podendo realizar reformas, ampliações ou regularizações fundiárias
das habitações. Segundo Linhares (2018), tem-se uma problemática envolvida nessa questão
pois ‘a lei ainda é pouco efetivada pelos municípios e os seus moldes, quando aplicados, ainda
se apresentam tecnocráticos e hierárquicos.’

Como visto anteriormente, essa legislação, embora tenha entrado em vigor desde 2009,
ainda é pouco conhecida e implantada nas cidades brasileiras. Em 2016, o plenário do CAU/BR
aprovou, com unanimidade, a destinação de um percentual mínimo de 2% da receita líquida de
arrecadação para o desenvolvimento de ações dessa natureza com a participação de arquitetos
e urbanistas. Porém, até 2017, sabe-se que apenas 122 municípios em 16 estados e o Distrito
Federal foram diretamente beneficiados10. Em 2018, os CAU/UF’s, segundo a Cartilha das
ATHIS (CAU/BR e CAU/SC, 2018) ‘realizaram 18 editais, 25 eventos, quatro publicações,
uma campanha e 21 diálogos com Prefeituras e governos estaduais em prol da implementação
da Lei 11.888/2008’, além de outras ações como: uma carta-aberta aos candidatos das eleições
de 2018 e também em 2020, e o Seminário Nacional de Assistência Técnica em 2019.

Segundo a Cartilha das ATHIS, o poder público tem papel essencial na promoção,
realização e fiscalização da assistência técnica, pois é ele que articula os agentes produtores do
espaço urbano organizando-os e direcionando-os a partir das demandas da população (CAU/BR
e CAU/SC, 2018).

O art. 4° da Lei 11.888/2008 também prevê que o Arquiteto e Urbanista possa prestar
seus serviços em diferentes áreas de atuação, sejam em instituições públicas, em projetos de

10
Dados divulgados por uma reportagem do Jornal Hoje, da TV Globo, no dia 06 de março de 2017, pela repórter
Gioconda Brasil.
29

extensão nas universidades, em Organizações Não-Governamentais (ONGs), em escritórios ou


empresas, em cooperativas, em associações de moradores e também de forma autônoma, ou
seja, como profissional liberal. As diferentes frentes de atuação demandam ações específicas e
desafios particulares, cabe ao profissional que deseja atuar nesse mercado, verificar suas
possibilidades e escolher a maneira mais assertiva de contribuição.

Art. 4o Os serviços de assistência técnica objeto de convênio ou termo de


parceria com União, Estado, Distrito Federal ou Município devem ser
prestados por profissionais das áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia
que atuem como: I - servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito
Federal ou dos Municípios; II - integrantes de equipes de organizações não-
governamentais sem fins lucrativos; III - profissionais inscritos em programas
de residência acadêmica em arquitetura, urbanismo ou engenharia ou em
programas de extensão universitária, por meio de escritórios-modelos ou
escritórios públicos com atuação na área; IV - profissionais autônomos ou
integrantes de equipes de pessoas jurídicas, previamente credenciados,
selecionados e contratados pela União, Estado, Distrito Federal ou
Município. (BRASIL, 2008)

A lei define os papéis dos principais atores: os escritórios e profissionais liberais podem
desenvolver projetos de modo autônomo ou em conjunto com outros arquitetos. A partir de
startups, por exemplo, é possível desenvolver modelos de negócios que tenham como um
produto de ações sociais a oferta de melhorias habitacionais para população em situação de
vulnerabilidade social, sem desconsiderar a remuneração do profissional. (CAU/BR e CAU/SC,
2018)

Já as Organizações não Governamentais (ONG’s), são responsáveis pelo


desenvolvimento de projetos com uma equipe geralmente multidisciplinar e voluntária,
podendo atuar de forma independente ou com parcerias públicas ou privadas. Ademais, o papel
das universidades é contribuir de forma a atuar em projetos de extensão sob coordenação de
professores e a colaboração de alunos com bolsas de estudo ou voluntariado, contribuindo na
elaboração de pesquisas, de levantamentos técnicos e de formação do desenvolvimento
comunitário. Já as cooperativas ou associações, são formadas por indivíduos que desejam atuar
em rede com o objetivo de proporcionar as ATHIS para os seus cooperados ou associados.
(CAU/BR e CAU/SC, 2018)

Os dados divulgados pelo CAU/BR e CAU/SC (2018), afirmam que, o governo federal,
nos anos entre 2007 e 2015, investiu 86,2% dos recursos da política habitacional na produção
de moradia através do programa Minha Casa Minha Vida. Já as melhorias habitacionais
receberam em investimentos apenas 13,8%, e nelas, envolve-se infraestrutura, saneamento e
30

melhorias habitacionais. Nessa ótica, é evidente perceber que as ações que envolvem o direito
da população em receber as ATHIS é um cenário que necessita ser tratado com mais prioridade.

Há também a necessidade de destacar a diferença entre os termos ‘assistência técnica’ e


‘assessoria técnica’, segundo diversos autores11. Pois, a denotação assistencialista pode, por
vezes, causar uma relação de vulnerabilidade e distanciamento, pela hierarquia que a palavra
impõe. Portanto, ao tratar os termos, considera-se que a ‘assessoria técnica’ traz a definição
mais correta do que se pretende propor neste trabalho, significada por:

Meio de mediação entre os saberes dos construtores, que visa aproximar à


realidade construtiva dos autoconstrutores à ferramentas projetuais e soluções
técnicas que propiciem a qualificação na tomada da decisão projetual, ou seja,
que possibilite uma tomada de decisão consciente de seu potencial e suas
fragilidades. (TIBO, 2017, p.4 apud LINHARES, 2018, p.70)

Portanto, a assessoria técnica, como afirmado por Linhares (2008) é ‘capaz de


possibilitar a efetivação da atuação do arquiteto urbanista na cidade, produzida pela população
de baixa renda por se dar através da mediação entre os saberes dos autoconstrutores e dos
profissionais habilitados academicamente’. Assim, tornando seu papel com uma contribuição
de extrema relevância para trazer melhorias habitacionais para toda a população.

É necessário entender que para a promoção das ATHIS é preciso romper os desafios
enfrentados para o seu funcionamento, isto é, a elaboração de estratégias para união, harmonia
e cooperação de todos os envolvidos nessa atividade, traduzindo as experiências e inovações
para captar os agentes produtores do espaço urbano, os recursos e a demanda populacional.
Visto que, as ações relacionadas à ATHIS podem ser compreendidas de diversas formas: como
um direito a ser garantido pelo poder público, como uma oportunidade profissional e também
como o exercício do papel social da profissão.

O entendimento do papel social do Arquiteto e Urbanista é fruto de uma longa trajetória


de estudo, reflexões e críticas. Bonduki e Koury (2006) afirmam que desde os anos 70 e 80,
com a implementação da ditadura militar e as diferentes opiniões sobre o exercício da
Arquitetura e Urbanismo, o posicionamento de Sergio Ferro, Arquiteto e professor da
FAU/USP e chamados por alguns de ‘traidor’, trouxe enfáticas opiniões a respeito desse papel
social:

11
De acordo com Baltazar e Kapp (2016, p.4), ‘o paradigma da assistência se funda nesse ideário assistencialista’.
31

[...] Ao desmistificar os principais conceitos manipulados na ação projetual, a


arte e a técnica, ele cobra dos arquitetos a consequência imediata dessa ação
na produção do espaço, da arquitetura à cidade. Sua crítica, difundida
principalmente pelo livro O Canteiro e o Desenho, em que aprofunda a análise da
exploração do trabalhador e da expropriação de seu saber no canteiro de obras,
foi entendida como paralisante por alguns arquitetos defensores de uma prática
projetual baseada no “subjetivismo" da beleza não mais identificada aos cânones
do passado, mas sim à valorização incondicional de uma suposta técnica industrial
de produção da arquitetura e seu universo visível – a estética da máquina.
(KOURY e BOUDUKI, 2006)

É possível perceber a necessidade da contribuição social do Arquiteto e Urbanista à


medida que se compreende a visão histórica de como a arquitetura é vista e produzida
retomando o termo citado por Linhares (2018, p. 50) sobre o tratamento da profissão ser
reconhecido pela população como um ‘artigo de luxo’. Outra visão que vai de encontro ao que
afirma Linhares (2018), é a de Stevens (2003), arquiteto e sociólogo contemporâneo, que faz
uma crítica ao ensino da arquitetura e urbanismo por ter revelado seu caráter elitista. Dessa
forma, Linhares (2018) descreve esse pensamento:

Stevens (2003) reitera que a profissão se consolidou historicamente de forma


que faça o intermédio entre a elite e os trabalhadores populares, cabendo ao
arquiteto aplicar as convenções estilísticas da época, em posição privilegiada.
Seu status garante glamour e prestígio aos projetos desenvolvidos e de autoria
de arquitetos e, como afirma Stevens (2003), a estética socialmente garantida
com esta assinatura mantém o apego mercadológico imposto à profissão. O
arquiteto se realiza historicamente como um prestador de serviços para as
classes dominantes e a profissão se configura a partir das demandas do capital,
fazendo com que o seu ensino se volte para a formação das competências
demandadas pelo mercado de Arquitetura. (LINHARES, 2018, p. 53)

Nessa ótica, é possível trazer a relação entre os conhecimentos técnicos adquiridos pelos
profissionais na academia, interpretados através de projetos e seus desenhos técnicos, a visão
do profissional executor da obra e também do cliente, que não recebe a mesma formação, porém
é exigido que esteja alinhado para o mesmo nível de entendimento. Segundo Ferro (2006, p.
159) apud Linhares (2018, p. 53), o projeto acaba se tornando o meio de hierarquização da
separação ‘do fazer e do pensar, do dever e do poder, da força e dos meios de trabalho’.

A necessidade de criação de novas maneiras da atuação do Arquiteto e Urbanista,


reforça o caráter humanitário e social que a profissão carrega e que, por vezes, pode ser
colocado de lado frente às demandas do mercado e dos agentes produtores do espaço urbano
que possuem um poder de influência maior sobre as tendências norteadoras das cidades. Além
disso, também se faz necessário discutir metodologias de projeto que estejam alinhadas com a
32

formação dos atores envolvidos na construção, pois isso também faz parte da viabilização da
democratização da arquitetura garantir essa compreensão.

Entretanto, do ponto de vista autocrítico, não se quer afirmar que o Arquiteto e Urbanista
deve solucionar todos os problemas advindos dos processos de exploração da força de trabalho
ou de seus mecanismos de reprodução do capital instalados na sociedade. A questão da
habitação, por exemplo, é muito mais profunda e complexa do que se pode observar de
imediato. Villaça (1986) questiona como seria resolvida a problemática da oferta de habitação
digna à toda população, pois segundo ele não se trata de somente respeitar as características
econômicas, culturais e tecnológicas de um país ou região considerado, mas também, entender
que a esfera de intervenção está além dos profissionais com o conhecimento técnico a ser
aplicado:

[...] o que é condição de habitação ”ótima” ou “ideal” ou “certa” para o


trabalhador brasileiro hoje? Em outras palavras: qual seria aquele padrão de
moradia que resolveria o problema da habitação? A resposta a essa pergunta
não será encontrada nas mentes de um brilhante grupo de arquitetos,
engenheiros ou sociólogos, da mesma forma, que não se pode esperar que o
padrão de alimentação “certo” ou “ideal” para o trabalhador venha a ser
definido por um grupo de nutricionistas. Em outras palavras, a resposta àquela
pergunta não está na esfera técnica, mas na política. Os técnicos certamente
poderão colaborar, mas sua ajuda não será decisiva. (VILLAÇA, 1986, p. 11)

Dessa forma, entende-se que para a compreensão das diferentes problemáticas que
envolvem a questão habitacional, as características sociais, econômicas e, principalmente,
políticas devem ser enxergadas lado a lado. O padrão ‘ótimo’, ‘certo’ ou ‘ideal’ de moradia,
muitas vezes, para a população de baixa renda está correspondido apenas como aquele que
minimamente se pode conquistar através dos recursos disponíveis, ou seja, ‘o que se pode
pagar’. Portanto, também cabe ao papel social do profissional compreender esse fator e resolver
a parte que se consegue intervir de modo direto, rompendo os padrões da ‘arquitetura de luxo’
e considerando a sua grande responsabilidade em atingir o ‘ideal’ a ser construído de maneira
sustentável, saudável e viável economicamente.
33

3 REFERENCIAIS PROJETUAIS

O aprendizado prático de como se tem solucionado os desafios da habitação para a


população de baixa renda através da atuação do Arquiteto e Urbanista por meio da assessoria
técnica pôde ser compreendido a partir dos referenciais projetuais selecionados neste trabalho.
Dessa forma, sabe-se que viabilização da assessoria técnica é possibilitada através de diversos
atores: intuições públicas, universidades, Organizações não Governamentais, escritórios ou
empresas privadas, cooperativas, associações de moradores e os profissionais liberais.

Escolheram-se oito referenciais que contam com dois tipos de atores para cada
categoria, sendo eles: órgão público municipal, Organização não Governamental, universidade
e empresa social. Portanto, para a evolução do entendimento em como se tem implementado a
assessoria técnica pelos diferentes vieses de atuação, os seguintes projetos foram analisados:
Melhorias Habitacionais (COHAB, 2021), Morar Melhor (SEINFRA, 2021), Arquitetos de
Família (SOLUÇÕES URBANAS, 2012; ESTEVÃO e MEDVEDOVISK, 2017), Habitat na
Comunidade (HABITAT BRASIL, 2021), Residência AU+E/UFBA (UFBA, 2021), NEPHU
(NEPHU, 2021), Programa Vivenda (VIVENDA, 2021) e Moradigna (MORADIGNA, 2021).

A escolha dos estudos tem como objetivo principal a ampliação do conhecimento das
metodologias de trabalho existentes e seus respectivos modelos de atuação, entendendo seus
limites e suas potencialidades. A construção do estudo baseia-se em identificar: as metodologias
projetuais adotadas e suas etapas de trabalho, a viabilização para o reconhecimento das famílias
de baixa renda e a relação entre o ator e o morador para a realização das reformas.

Ao final, traz-se uma análise comparativa dos projetos estudados para a melhor
compreensão e síntese dos tópicos abordados, destacando os pontos principais a partir da análise
da autora deste trabalho e suas recomendações para a viabilização da assessoria técnica para a
população de baixa renda, interpretadas através das conclusões obtidas com os referenciais
projetuais.

3.1 MELHORIAS HABITACIONAIS

A Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (CODHAB – DF),


vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEDUH), é uma
empresa pública integrante da Administração Indireta do Governo do Distrito Federal. Foi
34

criada em 2007 e atua com diversos programas de habitação para população de baixa renda por
todo o território do Distrito Federal. (COHAB, 2021)

O programa ‘Melhorias Habitacionais’ possui o objetivo de promover dignidade e


qualidade à casa e ao espaço público, alcançando aspectos de salubridade, acessibilidade e
segurança. As obras de reformas para a população de baixa renda são no valor máximo de
R$13.500,00 e o programa está vinculado ao eixo ‘Projeto Na Medida’, do Habita Brasília,
programa habitacional do Distrito Federal. (COHAB, 2021)

Os escritórios, chamados de ‘Postos Avançados da CODHAB’, são o meio de contato


entre a comunidade e os profissionais. Estão localizados nos locais de maior concentração da
população de baixa renda e trabalham diariamente oferecendo soluções em Arquitetura e
Urbanismo, facilitando o acesso do atendimento para à população. Para participar do programa,
os interessados devem seguir os critérios de seleção e solicitar o cadastro através de um Posto
de Assistência Técnica na sua localidade. (COHAB, 2021)

As etapas12 do programa (Figura 10) podem ser divididas em três principais: (1) etapa
de habitação (é realizado o cadastro da família a partir da demonstração de interesse, além do
levantamento técnico da moradia), (2) etapa de projeto (o profissional elabora um desenho
inicial, apresenta à família e após aprovação, elabora o projeto executivo), (3) etapa de obra (a
empresa responsável pela obra apresenta à família as condições gerais e as equipes de
assistência técnica acompanham a ocupação da casa).

12
Apresenta-se didaticamente as etapas para o entendimento das famílias através de um guia prático, disponível
em: <http://www.codhab.df.gov.br/uploads/archive/files/2bf3cb17d78836c4f2ee0f6fb7b82093.pdf> acesso em
27 de Fevereiro de 2021.
35

Figura 12 - Metodologia e produtos entregues do programa 'Melhorias Habitacionais' da CODHAB.

Fonte: CODHAB, 2021.

Destaca-se que os produtos a serem entregues na etapa de projeto (2), para o morador,
incluem o Estudo Preliminar do projeto, contendo planta de layout e maquete eletrônica, sujeita
a revisões apontadas pela família. Após aprovação, o projeto segue para a elaboração do Projeto
Executivo, que contempla desenhos técnicos, planilha orçamentária e memorial descritivo.

Os critérios para a seleção das famílias do programa de Melhorias Habitacionais seguem


os seguintes requisitos de participação: ter renda mensal de até três salários mínimos, morar no
Distrito Federal há pelo menos cinco anos, morar em área de interesse social regularizada ou
passível de regularização, o imóvel para reforma deve ser próprio, não possuir outro imóvel no
Distrito Federal e apresentar problemas de salubridade e/ou segurança. (COHAB, 2021)

3.2 MORAR MELHOR

O programa ‘Morar Melhor’ tem atuação desde 2015 nos bairros e ilhas de Salvador,
BA, através do Escritório Público. O projeto tem o objetivo de promover melhorias
habitacionais para famílias de baixa renda, resgatando a cidadania e autoestima da população
36

através das moradias dignas. O programa melhora as condições sanitárias da residência e


também proporciona soluções estéticas para um maior conforto. (SEINFRA, 2021)

O Escritório Público presta serviços de Assistência Técnica gratuita e busca elaborar


projetos de arquitetura e engenharia para as habitações, adequar seus pedidos de regularização
da propriedade e da construção com os projetos técnicos, além da instrução para a requisição
da documentação necessária. Os critérios para a escolha das regiões para atuar são baseados em
dados socioeconômicos do IBGE ou pela observação de campo da precariedade das
construções. Os imóveis alugados ou em situação de risco não são contemplados. (SEINFRA,
2021)

Os critérios para a escolha das famílias deve possuir o seguinte perfil: a família deve
apresentar renda mensal de até três salários mínimos, os imóveis devem ser inseridos em ZEIS
– Zonas Especiais de Interesse Social ou em regiões de baixa renda, a área construída permitida
é de até 70,00m² (para duas unidades habitacionais no mesmo terreno, admite-se 140,00m²), o
terreno deve ter área de até 125,00m² e o gabarito com altura máxima de 9,00m. Além disso,
admite-se mais de uma unidade habitacional em um mesmo terreno desde que os acessos sejam
independentes. O uso misto da edificação é permitido se a área comercial da edificação não
ultrapassar 50% da área total construída. (SEINFRA, 2021)

Em 2017, o programa ‘Morar Melhor’ foi premiado com um Selo de Mérito Especial
pela Associação Brasileira de Cohab’s e Agentes Públicos e pelo Fórum Nacional de
Secretários de Habitação e Desenvolvimento Urbano. O selo é reconhecido para os projetos de
habitação que apresentam boas práticas. A ação já ultrapassou o número de 31 mil de casas
reformadas em mais de 120 localidades desde o seu inicio. (SEINFRA, 2021)

A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras desenvolveu, em 2017, uma Cartilha


sobre a Assistência Técnica (Figura 11 a 13) com o objetivo de conscientizar a população sobre
a importância do projeto técnico e do acompanhamento do profissional. A Cartilha13 utiliza uma
linguagem acessível para a população e ilustra, de forma didática, todos os processos que são
realizados, desde os produtos entregues até algumas dicas sobre a própria obra.

13
A Cartilha completa está disponibilizada no site da Prefeitura de Salvador, disponível em
<http://www.seinfra.salvador.ba.gov.br/images/Cartilha-EP-2018.pdf>, acesso em 27 de Fevereiro de 2021.
37

Figura 13 - Cartilha sobre Assistência Técnica do Escritório Publico, Salvador, BA.

Fonte: Escritório Público, 2017.

Figura 14 - Representação do Projeto Arquitetônico descrita na Cartilha do Escritório Público.

Fonte: Escritório Público, 2017.


38

Figura 15 - Cartilha de assistência técnica ensinando como se deve executar a fundação e a estrutura.

Fonte: Escritório Público, 2017.

As famílias recebem o Projeto Arquitetônico, representados em plantas baixas e


volumetria tridimensional, e também os Projetos de Instalações Hidrossanitárias e Elétricas
para a realização da reforma ou regularização da moradia. Os produtos que serão entregues ao
final da assessoria técnica estão descritos, justificados e ilustrados pela Cartilha elaborada pela
prefeitura municipal.

3.3 ARQUITETOS DE FAMÍLIA

O projeto ‘Arquiteto de Família’ foi criado em 2008 e faz parte de uma Organização
não Governamental, sem fins lucrativos, chamada Soluções Urbanas, criada em 2002. O projeto
tem por objetivo de prestar assistência técnica gratuita para famílias cujas moradias estão
localizadas em áreas de Especial Interesse Social, tendo como principal luta o Direito à
Moradia, previsto no art. 6° da Constituição Federal. Desde a sua criação, o projeto atuou no
Morro Vital Brazil, em Niterói, RJ. (SOLUÇÕES URBANAS, 2012)

Também é objetivo do Projeto Arquiteto de Família criar condições para a realização de


obras de melhorias habitacionais por meio da ATHIS, como forma de promover a saúde e de
qualificar o processo de construção. Através de soluções que englobam a relação do conforto
39

ambiental, segurança contra acidentes e a utilização dos materiais de construção de maneira


adequada, constrói-se edificações saudáveis e que minimizam o surgimento de manifestações
patológicas da construção, que podem acarretar o adoecimento de seus usuários. A fundadora
da ONG Soluções Urbanas, Mariana Estevão, enfatiza que a Arquitetura e o Urbanismo
exercem um papel fundamental na promoção da saúde.

Em uma esfera menos conceitual e mais prática, a relação entre saúde e


ambiente pode se estabelecer de diferentes maneiras e em todo o ciclo de vida
do ambiente construído e tem no projeto, muitos dos seus determinantes:
desde a localização e implantação, passando pela distribuição dos espaços,
adequação aos usos e relação entre ambiente interno e externo, especificação
de materiais, até a execução. O que pode estar relacionado ao melhor ou pior
resultado no que diz respeito aos efeitos da natureza sobre a construção e
consequentemente sobre o conforto e a manutenção do espaço edificado, além
das inadequações dos espaços às necessidades de seus usuários. Se tivermos
clareza de que edificações que não respondam adequadamente como abrigo e
ambientes construídos em geral que não sejam funcionais e favoreçam
relações sociais harmoniosas, têm impacto direto sobre a saúde física e
emocional, podemos ter a promoção da saúde como norteadora de projetos
arquitetônicos e urbanísticos. (ESTEVÃO e MEDVEDOVISK, 2017, p. 10-
11)

Para a identificação das famílias a serem atendidas, em 2009, no Morro Vital Brazil, foi
realizado pela ONG um censo socioeconômico com o objetivo de diagnosticar a situação dos
moradores. A partir dessa coleta de dados, foi possível criar um ranking da vulnerabilidade das
famílias e assim entender a prioridade do atendimento. Essa análise também contribuiu para
que o projeto ganhasse mais enfoque e conseguisse apoio de outros parceiros. Os principais
apoiadores de fornecimento de material para a construção das moradias foram uma empresa de
fabricação de cimento e uma empresa doadora de materiais de construção a serem negociados
em ‘Feiras de Trocas Solidárias’, promovidas pela própria ONG. (MARTINS e ROCHA, 2018,
p. 9)

O projeto também possui uma metodologia própria de trabalho reconhecida como


Tecnologia Social pela Fundação Banco do Brasil e premiada como Inovação Tecnológica pela
FINEP. (SOLUÇÕES URBANAS, 2012). A criadora do projeto afirma que as famílias
valorizam muito mais a obra do que o projeto e muitas vezes não entendem a necessidade em
conceber algo técnico. Dessa forma, a metodologia de projeto inclui a família para que ela
tenha um total envolvimento desde o primeiro contato até a finalização da sua moradia,
participando: no diagnóstico das patologias existentes através da elaboração de um ‘Mapa de
40

Riscos’ e também das ‘Matrizes Ambiental, de Saúde e Social’14, além da visualização de todo
seu projeto em representações 3D (informação verbal)15.

O envolvimento também está na realização da própria obra, no caso de obras em mutirão


e/ou autoconstrução (informação verbal)16. Em entrevista feita por Martins e Rocha (2018), os
‘arquitetos de família’ envolvidos no projeto explicaram suas motivações e um pouco da
metodologia adotada:

[...] os ‘arquitetos de família’ que empreenderam os diferentes projetos, com


um perfil de jovens profissionais que procuram adquirir experiência numa fase
inicial de sua carreira, adotaram uma abordagem social e não apenas técnica,
facilitando o diálogo dentro da rede social. [...] A resposta aos pedidos de
expansão e melhoria de casas envolveu um intenso diálogo, mas também o
uso do desenho técnico e, consequentemente, a exigente tarefa de explicá-los
adequadamente antes e durante as obras em um exemplo de cruzamento fértil
entre arquitetura e assistência social, e que cabe reconhecer no quadro da
chamada inovação ou tecnologia social. (MARTINS e ROCHA, 2018, p. 13)

Existe uma combinação de estratégias para viabilização das obras com o objetivo de
atender aos diferentes perfis dos moradores e também a suas características de intervenção. A
combinação entre o acesso aos recursos (subsídio público ou privado, microcrédito ou
economia solidária) com a gestão de obras (empreitada, autoconstrução ou mutirão) agrega a
solução para reduzir o tempo para se atingir os resultados sonhados pelas famílias, promover a
sustentabilidade econômica dos envolvidos e também aumentar o impacto social atingindo o
maior número possível de famílias (informação verbal)17.

As etapas da metodologia podem ser identificadas, de modo simplificado, como: (1)


diagnóstico socioeconômico e físico do território e das famílias, (2) assistência técnica para a
identificação das intervenções necessárias e estabelecimento das prioridades, (3) levantamento
técnico da moradia com o projeto de intervenção, (4) elaboração de estratégias para a
viabilização da obra e (5) assistência técnica para a gestão das obras em mutirão, autoconstrução
ou em empreitada.

14
Com o Mapa de Riscos e a Matriz, é possível identificar as principais patologias da construção e classificá-las
por uma análise de risco (alto, médio e baixo).
15
Percepção obtida no curso virtual de Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social (ATHIS) para
melhorias habitacionais em favelas, oferecido pela ONG Soluções Urbanas, em outubro de 2020.
16
Percepção obtida no curso virtual de Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social (ATHIS) para
melhorias habitacionais em favelas, oferecido pela ONG Soluções Urbanas, em outubro de 2020.
17
Percepção obtida no curso virtual de Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social (ATHIS) para
melhorias habitacionais em favelas, oferecido pela ONG Soluções Urbanas, em outubro de 2020.
41

A ONG Soluções Urbanas também promove ações educativas que apresenta sua
metodologia de ensino para outros profissionais, capacitando-os e criando uma rede no Brasil
de atuação denominada ‘Arquitetos de Família em Rede’. O curso virtual18 intitulado como
‘Melhorias Habitacionais em Favelas’ é composto por cinco módulos independentes que são
abordados o contexto das melhorias habitações no Brasil, a relação entre habitação e saúde, o
ensinamento das experiências realizadas no projeto Arquiteto de Família e também uma
atividade de simulação de atendimentos a pelo menos uma família.

3.4 HABITAT NA COMUNIDADE

Habitat para a Humanidade Brasil é uma Organização não Governamental, sem fins
lucrativos, que tem o objetivo a promoção da moradia para famílias que vivem em situação de
vulnerabilidade social. A organização tem uma atuação internacional, está em mais de 70
países, e chega ao Brasil em 1989, atuando em Belo Horizonte (MG), após um desastre natural
ocorrido em uma comunidade. A ONG construiu nesse período 200 casas para as famílias
desabrigadas. E por isso, em 1992, percebendo a necessidade e a possibilidade da criação de
uma sede no Brasil a ONG foi fundada oficialmente. (HABITAT BRASIL, 2021)

A atuação da ONG está relacionada à promoção do ‘empoderamento’ das famílias e o


desenvolvimento de suas comunidades por meio de ações de construções, reformas e melhorias
habitacionais, além da viabilização do acesso à água em regiões de seca.

A organização ainda realiza oficinas, capacitações, campanhas de


sensibilização e ações de fortalecimento comunitário, que visam empoderar
famílias, organizações da sociedade civil e sociedade de forma geral para a
causa da moradia. A Habitat Brasil também participa de espaços de discussão
de políticas públicas que possibilitem o acesso à moradia adequada e acessível
para todos. Para realizar suas ações, a Habitat Brasil conta com a parceria de
governos, fundações, empresas, a doação de pessoas e o engajamento de
voluntários. (HABITAT BRASIL, 2021)

Os principais programas e projetos da organização são: (1) ‘Produzindo Moradia


Adequada’, promovido pelo PMCMV Entidades, para a construção de casas nos estados de
Pernambuco, Ceará, Goiás e Tocantins; (2) ‘Habitat na Comunidade’, que produz reformas em
moradias para comunidades selecionadas em São Paulo, Recife e Salvador; (3) ‘Meio Ambiente

18
O curso virtual teve apoio do CAU/BR e já ofereceu diversas edições, a página de divulgação está disponível
em: <https://www.sympla.com.br/cursos-virtuais-de-athis-para-melhorias-habitacionais-em-favelas---marco-
2021__1129049> . Acesso em 24 de Fevereiro de 2021.
42

Seguro e Sustentável’ promove a conscientização ambiental e contribui para o crescimento de


áreas verdes em Recife, PE; (4) ‘Águas para Vidas’, constrói cisternas e mecanismos para a
captação de águas pluviais. (HABITAT BRASIL, 2021)

A seleção das famílias a serem contempladas com o projeto é realizada através do apoio
de lideranças e organizações locais da comunidade. Os critérios para a priorização de atuação
são baseados em índices socioeconômicos da comunidade como: a existência de crianças e
idosos nas residências, as casas que possuem mulheres como chefes de família e também a
situação de precariedade que a edificação se encontra. As famílias interessadas no projeto
‘Habitat na Comunidade’, que proporciona as melhorias habitacionais em comunidades, podem
solicitar o atendimento através de inscrições com as lideranças locais ou associações de
moradores e aguardar a análise social e o diagnóstico da moradia. (HABITAT BRASIL, 2021)

Os projetos que envolvem a construção total das casas, como o projeto ‘Produzindo
Moradia Adequada’, são realizados através dos programas habitacionais e as famílias do
MCMV pagam ao governo uma parcela proporcional ao rendimento familiar. Já os projetos de
melhorias habitacionais, os moradores investem cerca de 30% a 100% da reforma, dependendo
da sua renda. O diagnóstico social e técnico serve também para identificar qual é a demanda
especifica envolvida por cada família e encaminhar para o projeto que mais se enquadra para
aquela realidade. (HABITAT BRASIL, 2021)

O trabalho voluntariado da Habitat Brasil é responsável por promover ações envolvendo


mutirões para as reformas das casas, viabilizar palestras e capacitações, além de oferecer apoio
às sedes de seus escritórios espalhados pelo Brasil. Este trabalho pode ser oferecido de diversas
maneiras. No voluntariado corporativo, por exemplo, uma das modalidades é a oferta de
recursos e de equipes de voluntários para participarem das reformas das moradias das empresas
associadas. Também há opções de apoio através de campanhas para vendas de produtos e
serviços em que parte dos lucros é doada para a Habitat Brasil, que é responsável em destinar
os recursos para um dos seus projetos de moradia. (HABITAT BRASIL, 2021)

3.5 RESIDÊNCIA AU+E/UFBA

A Universidade Federal da Bahia (UFBA) oferece capacitação profissional para atuação


com Assistência Técnica, Habitação e Direto à cidade em Arquitetura e Urbanismo e
Engenharia, voltados para a população de baixa renda. O curso de pós-graduação latu sensu,
43

possui formato de Residência Acadêmica e é o pioneiro deste modelo na área de Assistência


Técnica, desde 2011. O objetivo do curso é o fomento da atuação desses tipos de profissionais
nas periferias e também nos pequenos municípios. Dessa forma, garantindo a promoção do
direito à moradia digna à população de baixa renda. (UFBA, 2021)

A proposta da criação da Residência AU+E/UFBA surgiu a partir dos resultados obtidos


com os estudos do LabHabitar, laboratório criado desde 1993, que desenvolveu uma série de
pesquisas e atividades de extensão voltadas para a temática da habitação e da cidade. As
atividades sempre envolviam estudantes, professores e pesquisadores para realização de
projetos experimentais. A criação dessa modalidade fortalece a atuação tecnológica na área de
habitação social e promove o incentivo a ser replicada em outras universidades. (UFBA, 2021)

O curso é dividido em três períodos que possuem seus objetivos a serem concluídos:
(1°) disciplinas, seminários e definição do projeto a ser desenvolvido, voltado para a parte
teórico-conceitual; (2°) residência para assistência técnica em campo, com objetivo de conhecer
e atuar nas comunidades locais; (3°) elaboração e apresentação do Trabalho Final que deverá
ser de caráter projetual-propositivo. Sobre o desenvolvimento dos projetos:

O trabalho final deverá ser apresentado na forma projetual-propositiva,


elaborado de forma participativa, com análise sobre o tema do projeto,
devendo constar também de Termo de Referencia, incluindo
dimensionamentos e especificações para fomento, com a devida anotação de
responsabilidade técnica do profissional-residente, com vistas a ampliar o
acesso a recursos públicos para futura implantação. A depender do grau de
complexidade e da área de formação do residente, o projeto será finalizado na
forma de estudo preliminar, anteprojeto ou projeto executivo, definido em
comum acordo na realização dos seminários internos de avaliação do projeto
inicial, devendo ser, ao final, doado à universidade e comunidade. (URBBA,
2014, p. 10)

O objetivo do curso é capacitar os profissionais, que prioritariamente são recém-


formados, em atuar com as comunidades de baixa renda criando condições de fomento para que
os projetos sejam executados. As atividades são voltadas para o âmbito projetivo e educativo,
a capacitação, associada à prestação de serviço e elaboração de produtos, que são elaborados
de maneira participativa e multidisciplinar, potencializa novos estudos e pesquisas para essa
área do conhecimento, que necessita de inovação técnica. (URBBA, 2014, p. 10)
44

3.6 NEPHU

O Núcleo de Estudos e Projetos Habitacionais e Urbanos (NEPHU) é um órgão da


Universidade Federal Fluminense (UFF) ligado à pró-reitoria de extensão (PROEX). O trabalho
do núcleo começou desde 1982 e foi institucionalizada em 1986 como NEPHU. A Equipe de
Projetos Comunitários é formada por professores, técnicos e alunos de diversas áreas de
conhecimento: Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil, Comunicação Social, Direito e
Serviço Social, visando agregar as habilidades e atuar de forma colaborativa com as
comunidades envolvidas nas ações. (NEPHU, 2021)

O NEPHU tem atuação em assentamentos urbanos habitados pela população de baixa


renda que lida com diversos problemas: a ocupação irregular do solo, ausência ou deficiência
de infraestrutura urbana e serviços, além da precariedade das moradias. A atuação do núcleo é
o assessoramento da população juntamente com as organizações locais para facilitar o
desenvolvimento das soluções e a análise das problemáticas. Dessa forma, o objetivo do núcleo
é contribuir para a viabilização das melhorias urbanas e sociais através da assessoria das
comunidades, ajudando a criar um respaldo técnico na luta por moradia. (NEPHU, 2021)

O projeto de extensão denominado ‘Diálogos Sobre o Direito à Cidade e à Habitação


Popular’ conta com módulos teóricos e práticos. A metodologia de atuação da parte prática tem
a participação da comunidade através das oficinas e levantamentos de campo que tem como
objetivo a análise das demandas que posteriormente serão base para a elaboração de materiais
de estudo (mapas, projetos, diagnósticos, dentre outros). A figura 16, a seguir, expõe um dos
materiais disponibilizados no próprio site do NEPHU:
45

Figura 16 –Mapa Resumo do Diagnóstico Popular na comunidade Fazendinha Sapê, Niterói/RJ.

Fonte: NEPHU, 2021.

Durante a sua trajetória, o NEPHU atuou junto a diferentes comunidades da Região


Metropolitana do Rio de Janeiro, atualmente sua atuação é de assessoramento ao ‘Fórum de
Luta pela Moradia de Niterói e São Gonçalo e acompanhamento a luta e desenvolve ações
voltadas para as comunidades integrantes do Conselho Popular da cidade do Rio de Janeiro,
atendidas pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro’. Desde agosto de 2020, o
NEPHU iniciou o boletim mensal, disponibilizado em seu site, que expõe as atividades e os
seus principais desafios. (NEPHU, 2021)

3.7 PROGRAMA VIVENDA

O Programa Vivenda é uma empresa social que tem atuação na periferia de São Paulo.
É conhecida pelo seu pioneirismo e inovação na atuação com Melhorias Habitacionais desde o
seu surgimento, em 2014. Logo nos primeiros anos recebeu diversos prêmios nacionais e
internacionais. Em 2015, por exemplo, foi reconhecida pelo Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento, da ONU, como uma solução de negócio capaz de responder aos desafios
sociais enfrentados pelo Brasil. Outro exemplo é um convite, em 2016, para integrar a rede
Ashoka, a maior rede de empreendedores sociais do mundo. (VIVENDA, 2021)
46

Mais de 40 milhões de brasileiros vivem em moradias que necessitam de


algum tipo de reforma para se tornarem adequadas ao bem viver. São casas
com pouca ventilação ou iluminação natural; paredes e ambientes com
excesso de umidade, ou mesmo banheiros e sistema de saneamento
inexistentes ou precários. É justamente para mudar esse cenário que a Vivenda
nasceu em 2014. Nosso sonho é que todas as famílias das regiões periféricas
possam morar bem e viver melhor, em uma casa saudável e aconchegante.
(VIVENDA, 2021)

Segundo Fernando Assad (CARVALHO, 2018), um dos criadores da empresa,


enxergava-se a necessidade do projeto devido ao enfoque maior pelas ações governamentais
para a construção de novas casas do que para reformas, deste modo: ‘Quando a gente viu o
tamanho do problema habitacional a gente falou: ‘Aqui vai cair bem essa lógica de negócio
social porque o buraco é muito mais embaixo’. Eu sempre tive contato com a literatura do
Yunus19 na graduação’. Antes da implementação da ideia houve uma pesquisa com os
moradores locais para verificar a aceitação do serviço:

Antes de qualquer coisa, o grupo fundador decidiu se reunir com moradores


de uma favela para construir o projeto juntamente às pessoas que seriam
atendidas. A solução seria construída conjuntamente ao longo de seis meses
de conversa e pesquisa de mercado. O grupo foi surpreendido, nesse período,
pela relação próxima entre habitação e saúde. Durante o processo de pesquisa,
uma das moradoras da favela morreu de pneumonia. Foi identificado que um
dos fatores que contribuíram para o óbito foi justamente a falta de janela em
seu lar. (CARVALHO, 2018)

Os programas oferecidos são: (1) ‘Crédito Casa Linda’ (concessão de microcrédito e


reformas com pagamentos divididos em mais de 30 parcelas), (2) ‘Loja Vivenda’ (loja de
materiais de construção que oferece produtos de baixo custo e reformas para a comunidade) e
(3) ‘GeneroCidadeSP’ (projeto que arrecada doações para reformas de casas em situação de
risco). Os serviços de reforma são oferecidos através de kits de baixa complexidade, como
soluções de acabamento, de hidráulica, de elétrica, de tratamento de mofo e de umidade, de
instalação de portas e janelas, dentre outros. (VIVENDA, 2021)

A metodologia aplicada para adquirir os serviços passa por quatro etapas principais: (1)
Agendamento de visita com a Vivenda (a empresa vai até a casa do cliente e faz um
levantamento das necessidades técnicas e indica quanto de crédito irá disponibilizar para a
reforma), (2) Recebimento do Plano Personalizado de Reforma (a equipe técnica de Arquitetos
realiza o projeto e o cliente vai até a loja conferir o plano e esclarecer dúvidas), (3) Pagamento

19
Muhammad Yunus é um empreendedor indiano que criou o termo ‘negócio social’. (CARVALHO, 2018)
47

da Entrada (é necessário que o cliente pague a entrada da reforma e depois continue a pagar
através de um carnê em parcelas fixas), (4) Reforma da casa (assim que o pagamento da entrada
é concluído, inicia-se a fase da obra que possui uma duração média de 8 dias). (VIVENDA,
2021)

As soluções oferecidas pela empresa são personalizadas, realizadas na etapa (2), a partir
das demandas dos clientes, entretanto, a equipe técnica elabora as soluções sem o envolvimento
participativo dos moradores. Há uma discussão das necessidades e soluções apenas no
levantamento, ou seja, na etapa (1). Portanto, observa-se que para o cliente, os produtos finais
a serem entregues na etapa (2) são plantas técnicas para a execução do projeto.

3.8 MORADIGNA

Criado inicialmente como uma startup, o MoraDigna é um negócio social atuando no


mercado desde 2014. O MoraDigna tem o objetivo de promover reformas para comunidades de
baixa renda, contribuindo para ‘mudar a vida’ daqueles que moram em situação de
insalubridade. A atuação da empresa está na zona Leste de São Paulo e no Rio de Janeiro em
Tabajara, Santa Marta, Bangu e Realengo. (MORADIGNA, 2021)

A empresa realiza reformas com a realização do pagamento em até seis vezes sem juros
no cartão ou doze vezes no boleto bancário e possui seis meses de garantia. A metodologia é
realizada a partir de três etapas principais: (1) Avaliação e Orçamento (a empresa vai até a
residência e faz uma avaliação do local), (2) Aprovação de crédito (o cliente faz o envio dos
documentos necessários para a avaliação), (3) Mãos na massa (é realizado o planejamento da
obra e a realização em até 5 dias). (MORADIGNA, 2021)

A empresa possibilita as obras através de um pacote chamado Reforma


Express, que inclui material, mão de obra, projeto e execução. Além disso, as
obras duram cerca de cinco dias, têm garantia de um ano e têm diversas formas
de pagamento. Tudo isso garante a viabilidade do pacote. “Uma reforma não
planejada é 40% mais cara do que planejada”, explica Cardoso. O impacto
social também faz parte da fórmula: toda a mão de obra utilizada vem das
próprias comunidades e formam uma rede de colaboradores. (SARAIVA,
2018)

Em seu site, a empresa não deixa claro o envolvimento entre as famílias e a assessoria
técnica durante a elaboração das soluções projetuais. Ao que parece, a etapa entre a avaliação
e orçamento (1) é a busca por soluções economicamente viáveis e levantamento técnico do
local. A segunda etapa (2) já se esclarece como o envio da documentação para a aprovação do
48

crédito, o que deixa a entender que o cliente não participa da opinião após as soluções técnicas
estabelecidas e tampouco recebe algum material projetual. A etapa (3) é dedicada somente ao
planejamento da obra e execução.

3.9 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PROJETOS

Este trabalho não considera como objetivo da elaboração dos estudos de referenciais
projetuais comparar os tipos de atuação estudados para o apontamento da melhor prática de
assessoria técnica para a população de baixa renda. Entretanto, é possível perceber que as
diferentes frentes de trabalho necessitam do conhecimento técnico e, principalmente, do social
para conceber uma atuação verdadeiramente inclusiva e com propósito de melhorar a vida dos
moradores, seja pela prática governamental, voluntária ou mercantil.

A seguir (Tabela 2), foi realizado um resumo comparando os seguintes tópicos para cada
projeto: o nome do projeto, o principal agente envolvido, as etapas a serem realizadas as
assessorias técnica, o método e os produtos entregues às famílias e a forma de pagamento e
obtenção do serviço por parte dos moradores.

Tabela 2 - Resumo comparativo dos referenciais projetuais

PRINCIPAL MÉTODO E PRODUTOS FAMÍLIA X


PROJETO ETAPAS
AGENTE ENTREGUES SERVIÇOS
Projeto contempla a etapa de
Estudo Preliminar, com
(1) Etapa de planta baixa layout e 3D, a Serviço gratuito e
4.1 Melhorias Órgão público habitação; (2) Etapa ser aprovado pelo morador. financiamento da
Habitacionais municipal de projeto; (3) A após aprovado, é realizado execução por parte
Etapa da obra. o Projeto Executivo com do poder público
plantas técnicas, orçamento
e memorial descritivo.
Projeto todo realizado pelos
técnicos e a cartilha Serviço gratuito e
4.2 Morar Órgão público ilustrativa demonstra os financiamento da
Não especificado.
Melhor municipal processos e produtos ao execução por parte
morador. Elabora-se plantas do poder público
técnicas e volumetria 3D.
(1) Diagnóstico; (2)
Identificação das
Projeto participativo na Assessoria gratuita
intervenções; (3)
elaboração do diagnóstico: e obra feita por
Levantamento e
4.3 Arquitetos Organização não ‘Mapa de Riscos’; ‘Matrizes autoconstrução,
projeto; (4)
de Família governamental socioambientais’; É entregue microcrédito ou
Estratégias de
ao morador plantas técnicas subsídio
Viabilização da
e representações em 3D.
obra; (5) Gestão da
obra.
49

Assessoria gratuita
Projeto realizado com o
e investimento do
4.4 Habitat na Organização não morador, mas não há
Não especificado. morador de cerca
Comunidade governamental informações sobre os
de 30% a 100% da
produtos a serem entregues.
obra
Assessoria participativa com
os moradores, ajudando nas
(1) Capacitação soluções e na elaboração de Serviço de
4.5 Residência teórica para atuação produtos técnicos. Os assistência técnica
Universidade
AU+E/UFBA dos profissionais; produtos são gratuita e
(2) Ensino prático. projetos/propostas, participativo
dependendo da atuação,
entregues à família.
Assessoria participativa com
(1) Estudo teórico e os moradores, ajudando nas
pesquisa; (2) soluções e na elaboração de Serviço de
Assessoramento da produtos técnicos a serem assistência técnica
4.6 NEPHU Universidade
população encaminhados para as gratuita e
juntamente com as autoridades locais. Os participativo
organizações locais. produtos são mapas ou
projetos técnicos.
(1) Agendamento
Microcrédito e
de visita técnica; (2) Projeto realizado a partir de
reformas com
Recebimento do levantamento do local e por
pagamentos
4.7 Programa Plano Personalizado demandas na moradia
Empresa social divididos em uma
Vivenda de Reforma; (3) levantadas na 1° visita.
entrada + 30
Pagamento da Entrega e apresentação de
parcelas com juros
entrada; (4) plantas técnicas.
de 2,2%/mês
Reforma da casa.
(1) Avaliação e Solução projetual realizada Pagamento em até
orçamento; (2) sem o envolvimento da seis vezes sem
4.8 Moradigna Empresa social Aprovação de família, voltada somente juros no cartão ou
crédito; (3) Mãos na para o planejamento da obra doze vezes no
massa. e execução. boleto bancário
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

É necessário destacar a preocupação da compreensão dos produtos entregues (do projeto


arquitetônico, da gestão de obra e do orçamento), pois a criação das soluções e o planejamento
devem envolver tanto a família como o agente em atuação das ATHIS. Para isso, ressalta-se a
necessidade de que a assessoria técnica deve ser didática, pois, lida com um público que
costuma autoconstruir suas moradias, ou seja, sem o apoio técnico que é academicamente
ensinado e justificado, mas nem sempre se apresenta de fácil compreensão.
50

4 DIAGNÓSTICO DO MUNICIPIO DE CASIMIRO DE ABREU/RJ

O município de Casimiro de Abreu/RJ (Figura 17), desde 2017, segundo a divisão


regional feita pelo IBGE, pertence a Região Imediata de Macaé-Rio das Ostras. Também é
reconhecida por integrar a Microrregião das Baixadas Litorâneas que abrangem os municípios
de Araruama, Armação de Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande, Rio das Ostras,
São Pedro da Aldeia, Saquarema e Silva Jardim. A extensão territorial do município é de 460,8
quilômetros quadrados, o que corresponde a 12,6% da Região das Baixadas Litorâneas.
(TCE/RJ, 2019, p. 8)

Figura 17 – Mapa com delimitação da Mesorregião das Baixadas Litorâneas e localização do município de
Casimiro de Abreu/RJ

Fonte: Elaborado pela autora com base em Wikipédia, 2021.

A distribuição distrital do município é composta por Rio Dourado, Professor Souza,


Barra de São João e o distrito sede denominado Casimiro de Abreu, que possui a maior
concentração populacional (Figura 18). De acordo com o IBGE (2017), a população total
estimada do município em 2020 era de 45.041 habitantes, o último censo realizado em 2010,
constatou 35.347 habitantes, somando uma densidade demográfica de 76 habitantes por metro
quadrado. A taxa de urbanização correspondia em 80% da população, em comparação com a
década anterior, o município cresceu 59,6%, o que o coloca como 3° lugar no maior crescimento
do estado do Rio de Janeiro. (TCE/RJ, 2019, p. 10)
51

Figura 18 – Mapa do município de Casimiro de Abreu e seus distritos

.
Fonte: Elaborado pela autora com base no Google Earth e Google Maps, 2021.
52

A Fundação João Pinheiro (2020, p. 149-155) afirma que em 2019, haviam cerca de
24,89 domicílios com alguma inadequação no Brasil. Em termos absolutos, as regiões Nordeste
e Sudeste tiveram maiores números, contabilizando 8,861 milhões e 7,183 milhões
respectivamente. Essas duas regiões também possuem maior percentual em relação ao número
de inadequações existentes nos domicílios. No estado do Rio de Janeiro, há cerca de 2,1
milhões, sendo 1,6 milhões de domicílios inadequados apenas na Região Metropolitana.

Segundo o levantamento de 2010, o município de Casimiro de Abreu/RJ possuía 15.456


domicílios, dos quais 13% eram de uso ocasional. Desses domicílios, 92 eram considerados
‘aglomerados subnormais’, onde habitavam 274 pessoas (TCE/RJ, 2019). Apresentava
também, 74,7% de domicílios com esgotamento sanitário adequado, 57.6% de domicílios
urbanos em vias públicas com arborização e 54.6% de domicílios urbanos em vias públicas com
urbanização adequada. O que o colocava nas seguintes posições no estado: 8 de 92, 56 de 92 e
22 de 92, respectivamente. (IBGE, 2017)

A Secretaria Municipal de Obras, Habitação e Serviços Públicos de Casimiro de


Abreu/RJ, especificamente o Departamento de Habitação e Assentamentos Urbanos, em 2021,
está dando continuidade ao processo de melhorias sanitárias através do convenio da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa), ativo desde 2018. O trabalho busca realizar visitas as famílias de
baixa renda cadastradas no programa para confirmar as necessidades existentes, promovendo a
instalação de conjuntos sanitários, caixa d’água, tanques e outros equipamentos, para
aproximadamente 200 famílias. O processo destina-se a famílias habitantes dos distritos de
Professor Souza e Rio Dourado (informação verbal).20

Segundo a coordenadora de Habitação e Assentamentos Urbanos do município de


Casimiro de Abreu/RJ, o cadastro das 200 famílias para o recebimento dos benefícios da Funasa
foi realizado em outra gestão do governo, portanto não se sabe exatamente os critérios e
metodologia adotados (informação verbal)21. Sabe-se que a demanda populacional pelos
projetos de construção de habitação é recebida pela Secretaria de Obras e direcionada para o
setor de habitação, entretanto, não há um levantamento quantitativo de dados municipal sobre
a demanda da população por melhorias habitacionais.

20
As informações foram relatadas por Karen Louzada Pinto, coordenadora do Departamento do Habitação e
Assentamentos Urbanos, em entrevista com a autora do trabalho, no dia 26 de Fevereiro de 2021.
21
As informações foram relatadas por Karen Louzada Pinto, coordenadora do Departamento do Habitação e
Assentamentos Urbanos, em entrevista com a autora do trabalho, no dia 26 de Fevereiro de 2021.
53

O Departamento de Habitação e Assentamentos Urbanos é responsável por fornecer


modelos de projeto de arquitetura residencial para famílias de baixa renda que queiram construir
suas moradias. O atendimento é realizado na Secretaria de Obras por uma Técnica de
Edificações, que faz um levantamento básico das necessidades da família (dimensão do terreno,
quantidade de quartos, dentre outros), e fornece o modelo de projeto que mais se assemelha
com as necessidades solicitadas pelo morador. Dentre os critérios adotados para o recebimento
do projeto de arquitetura padronizado está a comprovação de renda e a documentação do
proprietário do terreno (informação verbal).22

Os modelos de projeto de arquitetura residenciais possuem até 60m², apresentam apenas


um pavimento e não possuem estruturas especiais e exigência de cálculo estrutural, pois
cumprem parte da medida adotada pelo Código de Obras Municipal no art. 13 que trata a
respeito da possibilidade de ausência de assistência e responsabilidade profissional às moradias
com essas características de ‘construções do tipo popular’ e situadas na Zona Residencial – 3
(ZR3) (CASIMIRO DE ABREU, 1979). Ademais, as reformas habitacionais também estão
inclusas, com as seguintes recomendações:

§ 1º - As pequenas reformas também são dispensadas daquela exigência legal,


desde que tenham as seguintes características: I - serem executadas no mesmo
pavimento de prédio existente; II - não exigem estrutura especial; III - não
determinarem reconstrução ou acréscimo que ultrapasse a área de 18,00m²
(dezoito metros quadrados); IV - serem executadas em prédios com idade
superior à 5 (cinco) anos. (CASIMIRO DE ABREU, 1979)

A Figura 19, a seguir, demostra a demarcação do Zoneamento Urbano no distrito sede


de Casimiro de Abreu/RJ. Pode-se observar a delimitação de três zonas: Zona de Comércio e
Serviços (ZCS) – em vermelho, Zona Residencial 3 (ZR3) – em verde e Zona Residencial 4
(ZR4) – em azul. Destaca-se que a maioria do território é marcado como ZR3 e, portanto,
contempla o art. 13 do Código de Obras Municipal que trata a respeito das construções e
reformas com a ausência de assistência e responsabilidade dos profissionais.

22
As informações foram relatadas por Karen Louzada Pinto, coordenadora do Departamento do Habitação e
Assentamentos Urbanos, em entrevista com a autora do trabalho, no dia 26 de Fevereiro de 2021.
54

Figura 19 – Mapa de Zoneamento do distrito sede de Casimiro de Abreu/RJ.

Fonte: Disponibilizado para a autora pela Secretaria de Obras, Habitação e Serviço Público, 2021.

Atualmente, no município não há nenhum programa de melhorias habitacionais ou de


regularização fundiária ativo23. O Departamento de Habitação funciona como um suporte à
Secretaria de Obras, realizando projetos pontuais, como o atual convenio da Funasa. Também
foi observado que no setor não há um Arquiteto e Urbanista responsável pelos projetos de
habitação de interesse social, sendo a parte técnica exercida por Técnicos de Edificações.
(informação verbal).24

Segundo a coordenadora do departamento, há alguns anos, o departamento não é tratado


com muita prioridade em relação a outras secretarias do município. Em 2021, também pretende-
se direcionar verbas para iniciar um projeto de regularização fundiária para o bairro Peres
Gidalte, que é está localizado à margem norte da cidade. Os lotes pertencentes a esse bairro
foram doados pela prefeitura para famílias de baixa renda em 1999, entretanto, falta algumas
documentações de registro das áreas edificadas (informação verbal).25

23
A autora destaca o desconhecimento pela grande maioria dos funcionários da Secretaria Municipal de Obras,
Habitação e Serviços Públicos sobre a Lei 11.888/2008 que regulamenta essas iniciativas.
24
As informações foram relatadas por Karen Louzada Pinto, coordenadora do Departamento do Habitação e
Assentamentos Urbanos, em entrevista com a autora do trabalho, no dia 26 de Fevereiro de 2021.
25
As informações foram relatadas por Karen Louzada Pinto, coordenadora do Departamento do Habitação e
Assentamentos Urbanos, em entrevista com a autora do trabalho, no dia 26 de Fevereiro de 2021.
55

Sobre os dados de renda populacional, em 2018, o salário médio dos trabalhadores de


Casimiro de Abreu/RJ era de 2,1 salários mínimos e a proporção entre as pessoas ocupadas em
relação a quantidade de habitantes é de 18,4%. Ao considerar os domicílios com rendimento
mensal de até meio salário mínimo, temos uma porcentagem de 31,1% da população vivendo
nessas condições, o que coloca o município na posição 85 de 92 cidades do estado do Rio de
Janeiro e 4468 de 5570 nas cidades do Brasil. (IBGE, 2017)

De acordo com os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), que registra
o número total dos empregos formais registrados no Brasil, o município de Casimiro de
Abreu/RJ apresentou, em 2018, a maioria da população sendo empregada pelo setor da
administração pública, contabilizando no total 2.902 empregados. Outros setores que se
destacam são o de comércio com 1.693 empregos e de serviços com 1.569 empregos. O setor
da construção civil conta com 148 profissionais. (TCE/RJ, 2019, p. 61)

Segundo o portal do CAU (2021), os três municípios que compõem a Microrregião da


Bacia de São João, sendo eles: Rio das Ostras, Casimiro de Abreu e Silva Jardim, somados
possuem um total de 124 registros ativos de Arquitetos e Urbanistas, sendo 97 profissionais em
Rio das Ostras, 23 profissionais em Casimiro de Abreu, e apenas 4 em Silva Jardim. Sobre o
total de empresas no setor de construção civil, o município de Casimiro de Abreu possui um
total de 15 empresas com o registro ativo no CAU.

Os dados apresentados podem ser conectados com os resultados obtidos no anuário de


Arquitetura e Urbanismo (CAU/BR, 2019) que demostra a distribuição de profissionais por
regiões do Brasil. A pesquisa constata que a maior parte dos profissionais estão localizados no
Sudeste e no Sul, sendo metade das empresas registradas nos estados de São Paulo, Rio de
Janeiro e Rio Grande do Sul. Entretanto, também é possível afirmar que um terço dos
profissionais estão localizados apenas na cidade de São Paulo. Ademais, segundo a pesquisa,
quando se trata a respeito da atuação profissional apenas no estado do Rio de Janeiro, 71% das
atividades de Arquitetura e Urbanismo estão concentradas na Região Metropolitana.

O município de Casimiro de Abreu/RJ está inserido na terceira categoria de atividades


em Arquitetura e Urbanismo demostrada pelo CAU/BR, ou seja, a faixa entre 181 – 720 (Figura
20). Ao todo, são somadas 72.254 atividades, sendo a maior parte delas voltadas primeiramente
para o projeto e, em seguida, para a execução de obra. Percebe-se a grande variação em números
56

de atividades na pesquisa e uma concentração em massa nas cidades de maior porte em


detrimento dos municípios interioranos de pequeno porte. (CAU/BR, 2019, p. 75)

Figura 20 – Mapa de distribuição de atividades em Arquitetura e Urbanismo no Estado do Rio de Janeiro,


destaque para a localização do município de Casimiro de Abreu/RJ

Fonte: Elaborado pela autora a partir do mapa disponível em CAU, 2019.

Segundo o IGEO (2021), o índice de profissionais Arquitetos e Urbanistas por


população do município é de 0,07. Esse índice é baixo em comparação a outras cidades do
estado: a capital possui 0,21, em contrapartida, as cidades de Macaé/RJ e Campos dos
Goytacazes/RJ possuem 0,13. Acredita-se que a possível demanda não atingida pelos serviços
em Arquitetura e Urbanismo nas cidades interioranas torna-se evidente por conta da
concentração das atividades, empresas e profissionais nas metrópoles. A relação entre a
quantidade de profissionais e a população destaca a disponibilidade de atuação com pouca
concorrência do mercado para os Arquitetos e Urbanistas nas cidades interioranas: em Casimiro
de Abreu/RJ há um Arquiteto e Urbanista para 1.958,3 habitantes, e já na capital do Rio de
Janeiro o número é de um Arquiteto e Urbanista para 516 habitantes.26

26
Para obtenção do dado, foi realizado pela autora a divisão entre o número da população estimada (IBGE, 2020)
e a quantidade de registros ativos de Arquitetos e Urbanistas (IGEO, 2021).
57

O município de Casimiro de Abreu/RJ ainda se destaca em relação a outras cidades


interioranas em relação ao número de atividades em Arquitetura e Urbanismo, entretanto, é
possível afirmar que essas atividades não estão direcionadas à população de baixa renda.
Também se estima que há pouco conhecimento pela população a respeito da relevância e
disponibilidade do papel social do Arquiteto e Urbanista para a resolução de diversas
problemáticas das cidades. Por isso, para o início da atuação seria importante uma
conscientização em massa dos atores envolvidos nesse processo, ou seja, tanto a população de
baixa renda como também os governantes e os empresários.
58

5 A TEORIA: PROPOSTA DE ATUAÇÃO COM ATHIS

Entendendo a relevância da temática, e também, buscando a necessidade da


aprendizagem do Arquiteto e Urbanista no campo da assessoria técnica para famílias de baixa
renda, a proposta deste capitulo visa esclarecer soluções de como atuar com um escritório de
arquitetura social, desenvolvendo o empreendedorismo social em ATHIS. Segundo Bucker et
al (2020, p. 7), é necessário construir um modelo orgânico para escritórios populares que
contam com um processo de adaptação ao contexto (oportunidades e ameaças), testando e
aprimorando de maneira constante a estrutura do negócio.

Dessa forma, Bucker et al (2020, p. 8) recomenda que antes da criação do Modelo de


Negócios deve-se realizar uma pesquisa primária com o objetivo de entender as necessidades
do público alvo e o que a solução proposta proporciona aos interessados no serviço. Para a
elaboração dessa pesquisa primária, utilizaram-se duas ferramentas27, o Mapa da Empatia
(Figura 21) e o Canvas da Proposta de Valor (Figura 22). O primeiro tem o objetivo de mapear
‘os ganhos e as dores’ que o negócio visa atender, e o segundo, visa entender o foco de atuação
da proposta que será delimitada com mais detalhes no Modelo de Negócios.

Figura 21 – Mapa da Empatia

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

27
As ferramentas utilizadas baseiam-se na experiência do Design Thinking, considerado no meio acadêmico e de
negócios como um método prático-criativo para solução de problemas.
59

Figura 22 – Canvas de Proposta de Valor

Fonte: Elaborado pela autora com base no Canvas sugerido por Bucker et al (2020), 2021.

É importante ressaltar que as informações respondidas nas ferramentas se baseiam na


experiência empírica da autora, pois a prática de utilização é considerada um exercício do
pensamento sobre como os ‘clientes ideais para a sua empresa’ pensam, o que de fato não é
necessariamente uma verdade absoluta em níveis de precisão das informações. Dessa forma, as
ferramentas servem para que as ideias a respeito do modelo de negócios sejam compostas com
mais clareza e autenticidade.

Para a continuação do desenvolvimento do trabalho escolheu-se elaborar a proposta de


atuação com as ferramentas do Modelo de Negócios desenvolvido pelo suíço Alex Osterwalder
e difundido em seu livro Business Model Generation, conhecido também pelo nome Canvas de
Modelo de Negócio. (SEBRAE, 2013). Entretanto, é importante destacar que o modelo não é
um Plano de Negócios, pois faz parte de etapas consecutivas:

[...] o Modelo de Negócios precede a elaboração do plano de negócios. É


por meio da análise e reflexão sobre ele que será possível perceber se a ideia
original terá validade, se todas as partes se encaixam formando
verdadeiramente um sistema. Portanto, o modelo descreve a lógica de
criação do negócio, quer dizer, mostra que o raciocínio e a interconexão
das partes fazem sentido. (SEBRAE, 2013, p. 13, negrito da autora)

De acordo com o desenvolvedor do método, os elementos centrais para o


desenvolvimento de um negócio são: segmento de clientes, proposta de valor, canais de
distribuição, relacionamento com clientes, fontes de receita, recursos principais, atividades
60

chave, principais parcerias e custos. O modelo possui quatro módulos básicos que
compreendem os seguintes questionamentos: (1) O que (2) Para quem (3) Quanto (4) Como.
(Figura 23 e 24)

Figura 23 - Modelo de Negócios de Alex Osterwalter

Fonte: SEBRAE, 2013.

Figura 24 – Ilustração sobre como preencher o modelo de negócios de acordo com as perguntas

Fonte: SEBRAE, 2013.

Dessa forma, as ideias iniciais para a empresa social foram traduzidas no modelo de
negócios proposto. A seguir, a Figura 25, demostra o modelo sugerido pela autora:
61

Figura 25 – Modelo de Negócios

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

A proposta de valor, isto é, o objetivo para qual a empresa se destina, é a realizar


reformas fazendo um investimento justo com ajuda de profissionais, podendo prever para o
morador, todos gastos e soluções, antes de começar a obra. O segmento de clientes são famílias
com renda de até três salários mínimos e o relacionamento com as famílias é totalmente
personalizado e possui uma linguagem acessível para o entendimento dos produtos entregues.
Os canais, isto é, a forma como a empresa conseguirá se comunicar com o público é,
principalmente, através da internet (site e rede social), além de possíveis participações em
eventos da comunidade e a divulgação através de lojas de materiais de construção.

As principais atividades da empresa serão a elaboração de projetos de arquitetura, gestão


de obras e orçamento. Seus recursos principais, ou seja, a mão de obra necessária para a
elaboração do trabalho, será através de jovens profissionais, que desejam a inserção no mercado
de trabalho, como arquitetos e urbanistas recém-formados. Os principais parceiros devem ser
as lojas de materiais de construção, para o fornecimento posterior dos materiais, a mão de obra
local de pedreiros, eletricistas, encanadores, dentre outros. Além desses, outros agentes serão
essenciais como instituições religiosas, universidades da região e o poder público.
62

A fonte de receitas está no recebimento das parcelas mensais pagas pelos clientes a partir
da contratação do serviço escolhido. A estrutura de custos da empresa é principalmente o
pagamento dos salários para os profissionais atuantes além das despesas diretas e indiretas com
a organização e o serviço oferecido. Ademais, será necessário prever um investimento para
outras áreas do conhecimento como marketing e contabilidade.

5.1 PLANO DE NEGÓCIOS

O plano de negócios tem o objetivo de buscar dados sobre o ramo de atividade que a
empresa se destina, seus produtos e/ou serviços, além dos seus possíveis clientes, seus
concorrentes e seus fornecedores. Ademais, o plano de negócios, buscar esclarecer pontos fortes
e fracos do negócio, contribuindo assim para o estudo da viabilidade da ideia e para a gestão da
empresa. Segundo a SEBRAE (2013), um plano de negócios é composto pelos seguintes
tópicos: Sumário executivo (6.1.1), Análise de mercado (6.1.2), Plano de marketing (6.1.3),
Plano operacional (6.1.4) e Plano financeiro (6.1.5).

Neste trabalho, a autora buscou tópicos de estudo do plano de negócio para o auxílio da
compreensão e amadurecimento do modelo de negócios. Deste modo, o trabalho contempla as
etapas (1) a (5), seguindo a sugestão de tópicos da SEBRAE (2013, p. 18-111) e preenchido de
acordo com os estudos da autora. Ao final, o trabalho busca discutir os desafios e
potencialidades do modelo de negócios proposto a partir da construção de cenários de atuação
e também da análise F.O.F.A., que busca sintetizar a visão: das forças, das oportunidades, das
fraquezas e das ameaças.

5.1.1 Sumário executivo

O sumário executivo (Tabela 3) é um resumo do plano de negócios e contém os pontos


mais importantes da proposta que será detalhada posteriormente. Os tópicos a serem
demonstrados devem conter: resumo dos principais pontos, dados dos empreendedores,
experiência profissional e atribuições, dados do empreendimento, missão da empresa, setores
de atividades, forma jurídica, enquadramento tributário, capital social e fonte de recursos.
Alguns dados (preenchidos em cinza), não foram respondidos por serem informações pessoais
e/ou de natureza jurídica e tributária, não sendo considerada pela autora o foco deste trabalho.
63

Tabela 3 – Demonstrativo do Sumário Executivo

Sumário Executivo

INDICADORES VALOR
Empresa social com prestação de
serviços de Arquitetura Lucratividade 27,87%/ano
habitacional desde a entrega do Rentabilidade 92,86%/ano
RESUMO DOS
projeto até a gestão de obra, Prazo de retorno do
PRINCIPAIS PONTOS 1,08 anos
buscando atender a população de investimento
baixa renda na cidade de Casimiro
de Abreu/RJ e região. Ponto de equilíbrio R$120.169,90/ano

SÓCIO 1 ATRIBUIÇÕES
Nome Gestão
Endereço administrativa,
Cidade Casimiro de Abreu marketing e gestão
de vendas
DADOS DOS Estado RJ Telefone
EMPREENDEDORES SÓCIO 2 ATRIBUIÇÕES
Nome
Endereço Elaboração e
gerenciamento de
Cidade Casimiro de Abreu projetos
Estado RJ Telefone
Nome da
DADOS DO empresa
EMPREENDIMENTO
CNPJ/CPF
Promover o acesso a moradia de qualidade para famílias por meio de uma rede
MISSÃO DA EMPRESA
de profissionais dispostos vivenciar o papel social da Arquitetura.

SETORES DE ATIVIDADE Prestação de serviços

FORMA JURÍDICA

ENQUADRAMENTO
TRIBUTÁRIO
Nome do sócio Valor % de participação
CAPITAL SOCIAL Sócio 1 R$25.000,00 50,00% TOTAL 100,00%
Sócio 2 R$25.000,00 50,00%

FONTE DE RECURSOS Recursos próprios

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

5.1.2 Análise de mercado

Esta análise é composta por: estudo dos clientes, estudo de concorrentes e estudo de
fornecedores. Para fins de elaboração, a análise de clientes foi realizada com base nos dados
divulgados pela pesquisa do CAU/BR e DataFolha (2015). Já o estudo de concorrentes, foi feito
com base em dois referenciais projetuais expostos anteriormente neste trabalho
64

(MORADIGNA, 2021; VIVENDA, 2021). O último, contou com a percepção da autora a


respeito da caracterização das necessidades e seus respectivos fornecedores.

5.1.2.1 Estudo dos clientes

O perfil dos clientes reflete as características da população brasileira adulta


economicamente ativa: há preponderância de homens e de pessoas mais jovens, com a média
de idade igual a 37 anos. Costuma ter uma família grande. A renda média mensal familiar é de
até três salários mínimos, pertencendo as classes D/E. A maior parte cursou do ensino
fundamental ou médio. Ademais, o público-alvo tem sua residência no município de Casimiro
de Abreu/RJ, podendo atuar também em cidades interioranas vizinhas como: Rio das Ostras e
Silva Jardim.

Sobre os seus interesses e comportamentos, essa população costuma construir suas


moradias sem auxílio de um profissional, Arquiteto e Urbanista ou Engenheiro. Compõe a
parcela de 85% dos que nunca contrataram um profissional no Brasil, dentre essa porcentagem
não está apenas a classe D/E. Dessa forma, costumam construir suas moradias diretamente com
a mão de obra local para a execução da obra, sem o apoio do projeto.

Também é comum construírem parcelando o material investido na construção com


alguma loja de materiais da localidade. O processo de adquirir os serviços diretamente com a
mão de obra acontece devido a crença de que o valor cobrado por um Arquiteto ou Engenheiro
é muito superior ao que a pessoa pode pagar. Além disso, costumam dizer que há um fácil
acesso aos mestres de obras e pedreiros por meio de indicações e há um desconhecimento de
outras alternativas possíveis para iniciar a construção/reforma de suas residências.

As principais dificuldades apontadas se referem a tamanho da obra e orçamento, pontos


com dificuldade em seu dimensionamento pelos clientes, o que gera uma série de problemas
como: gasto de material, retrabalho, estouro do cronograma, acréscimo de reforma de outro
cômodo no meio da obra, dentre outros. Encontrar uma mão de obra qualificada é uma
dificuldade apontada, algumas vezes o serviço é parado na metade devido a inúmeros
problemas.

5.1.2.2 Estudo dos concorrentes

Não há empresas ou profissionais liberais que atuem diretamente com o modelo de


negócios sugerido pela autora no município de Casimiro de Abreu/RJ. Entretanto, o
65

comparativo de concorrentes foi analisado através da análise já exposta dos referenciais:


Moradigna e Programa Vivenda, já que ambas empresas possuem semelhanças ao modelo de
negócios sugerido principalmente em relação ao público-alvo. (Tabela 4)

Tabela 4 – Comparativo entre os concorrentes e a empresa sugerida.

Nome da Condições de Garantias


Qualidade Local Atendimento Serviços
empresa pagamento oferecidas
Soluções
projetuais Atendimento
participativas e pós-venda de
Pagamento
didáticas, 'tira-dúvidas'
parcelado em até Agendamento
oferecendo Casimiro Projeto, via whatsapp
doze vezes sem online/
Minha empresa produtos para de gestão e do projeto por
juros no cartão de telefone e
serem Abreu/RJ orçamento até 12 meses
crédito, boleto visita ao local
entendidos por depois da
bancário ou carnê
todos os entrega do
profissionais e projeto
clientes
Soluções Pagamento em até
Agendamento
projetuais sem seis vezes sem Execução
Rio de online/ Seis meses de
Moradigna a aprovação juros no cartão ou e gestão
Janeiro/RJ telefone e garantia
prévia do doze vezes no da obra
visita ao local
cliente boleto bancário
As soluções
oferecidas pela
Garantia com
empresa são
assistência
personalizadas Pagamento Projeto,
Agendamento técnica de 90
Programa pela equipe parcelado com São execução
online e visita dias, desde
Vivenda técnica e são juros de até 2,2% Paulo/SP e gestão
ao local que você
oferecidos ao mês da obra
reforme com
diversos 'kits'
a Vivenda
com diferentes
vantagens

Conclusões: A maior diferença entre as empresas concorrentes é a qualidade do serviço, a localização do


empreendimento e as garantias

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

5.1.2.3 Estudo dos fornecedores

A atuação da empresa sugerida, e do mercado de projeto arquitetura de modo geral,


exige a necessidade de poucos fornecedores. Sua grande maioria, são de produtos de escritório,
gráfica ou de informática. A compra dos computadores e/ou notebooks é de responsabilidade
do arquiteto associado, assim como a manutenção dos equipamentos, que será realizada por
empresas especializadas em informática. O material de papelaria como papel tamanho A3 e A4,
canetas, lapiseiras de desenho, borrachas, dentre outros, também será de compra e uso próprio.
Os produtos impressos e apresentados aos clientes, serão fornecidos por uma empresa de
66

plotagem do município de Casimiro de Abreu/RJ. A empresa sugerida, por estar localizada no


centro da cidade, é a Gilana Presentes.

5.1.3 Plano de marketing

O plano de marketing é composto por: descrição dos principais serviços, o preço e as


estratégias promocionais, e posteriormente, a estrutura de comercialização e a localização do
negócio. O objetivo é entender as relações entre o que e como o produto ou serviço será vendido
para o consumidor. O plano de marketing foi todo proposto pela autora com base em
experiências práticas de atuação com vendas.

5.1.3.1 Descrição dos principais serviços

Os serviços a serem oferecidos pela empresa são de melhorias habitacionais (conforme


previsto na Lei n°11.888/2008), sendo classificados e identificados como: (1) ‘Quanto custa o
meu sonho’ – projeto de reforma residencial com soluções de projeto de arquitetura e orçamento
analítico da obra; (2) ‘Obra sem dor de cabeça’ – consultoria de obra com acompanhamento
através de visitas conforme o andamento da execução; (3) ‘Minha reforma completa’ - projeto
de arquitetura, orçamento e gestão de obra. A tabela 5 demostra o levantamento de horas
previstas a serem gastas por cada serviço, sendo divididos em três portes diferentes:

Tabela 5 – Estimativa de horas de projetos de acordo com os serviços oferecidos

Estimativa de horas por projeto


Horas gastas
Tipo de serviço Tamanhos
Arquiteto Estagiário TOTAL
Pequeno 5 12 17
(1) 'Quanto custa o
Médio 10 22 32
meu sonho'
Grande 20 30 50
Pequeno 2 3 5
(2) 'Obra sem dor
Médio 5 8 13
de cabeça'
Grande 8 10 18
Pequeno 7 15 22
(1) e (2) 'Minha
Médio 15 30 45
casa completa'
Grande 28 40 68

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

5.1.3.2 O preço e as estratégias promocionais

O preço estimado para os serviços é contabilizado a partir das horas trabalhadas pelos
arquitetos e estagiários Para a estimativa do valor do serviço, utilizou-se como base o valor do
67

salário mínimo profissional segundo o Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Estado no Rio
de Janeiro, que é de R$8.882,50, para 8h de trabalho diária ao mês, o que corresponde a 8,5
salários mínimos (SARJ, 2020). Para o cálculo do valor da hora trabalhada, também foi
utilizada a fórmula recomendada pelo SARJ (2020), e concluiu-se o valor de R$55,51 para o
arquiteto. O cálculo do valor do estagiário segue a média da região de R$5,00 por hora
trabalhada. Dessa forma, estima-se o valor médio dos serviços de acordo com o seu tipo e porte
na tabela 6, a seguir:

Tabela 6 – Estimativa de preço dos serviços a serem oferecidos

Estimativa de preço
Valor da hora Preço por projeto
Preço final Parcelas
Tipo de serviço Custo de
(com margem 12x (juros
Arquiteto Estagiário Tamanhos horas
de lucro de 20 2% ao
totais
a 25%) mês)
P R$337,55 R$421,94 R$35,16
(1) 'Quanto custa
M R$665,10 R$831,38 R$69,28
o meu sonho'
G R$1.260,20 R$1.575,25 R$131,27
P R$126,02 R$157,53 R$13,13
(2) 'Obra sem dor
R$55,51 R$5,00 M R$317,55 R$396,94 R$33,08
de cabeça'
G R$494,08 R$592,90 R$49,41
P R$463,57 R$556,28 R$46,36
(1) e (2) 'Minha
M R$982,65 R$1.179,18 R$98,27
casa completa'
G R$1.754,28 R$2.105,14 R$175,43

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

O grande diferencial desse valor a ser cobrado são as pequenas parcelas que o cliente
poderá pagar para ter o serviço. Ademais, as estratégias proporcionais podem ser com descontos
de até 15% nas primeiras parcelas em meses comemorativos como: dia das mães e dia dos pais,
caso o cliente esteja nessa categoria. Também podem ser realizadas campanhas de divulgação
para indicação de um novo cliente ganhando um cupom de desconto de 10% no próximo serviço
com a empresa, assim como o plano fidelidade, para clientes que contratam mais de um serviço.

5.1.3.3 Estrutura de comercialização e a localização do negócio

Para a negociação dos serviços, o responsável será inicialmente as proprietárias da


empresa, que farão o primeiro contato com o cliente através do site, redes sociais (whatsapp,
facebook e instagram) ou telefone. Posteriormente validado o contato, farão todo o processo de
negociação do serviço. O início da execução do serviço escolhido pelo cliente só é realizado
após a aprovação de ambas as partes do contrato de prestação de serviços.
68

Inicialmente, pretende-se que o negócio funcione através do home office. Deste modo,
a equipe atuante na empresa está residente no município de Casimiro de Abreu/RJ e região. A
empresa está locada com toda equipe conectados no Slack28ou similar. A localização é um ponto
importante pois recomenda-se que o direcionamento dos profissionais atenda primeiro o critério
de menor distância para o atendimento presencial, que é realizado na própria residência do
cliente, isto é, o profissional que mora mais perto do cliente, deverá atendê-lo prioritariamente.

5.1.4 Plano operacional

O plano operacional demostrado a seguir é dividido em: layout, capacidade produtiva e


processos operacionais. Nesta etapa, pretende-se entender a dinâmica de funcionamento da
empresa tanto em seu modelo de gestão e processos quanto na sua organização física, sua
necessidade de equipamentos e pessoal. Também se considera neste item o plano de expansão
da empresa, seu faturamente, e, por consequência, o aumento da sua capacidade operacional.
Os tópicos referentes a esta análise operacional são de elaboração e sugestão da própria autora
deste trabalho.

5.1.4.1 Layout

O estudo de layout da empresa é a estrutura de home office disponível por cada pessoa
da equipe (arquitetos ou estagiários). A escolha da empresa em formato home office levou em
conta a possibilidade de diminuir os custos, principalmente do primeiro ano em que foi
estimado a ser como o mais crítico. Portanto, a estrutura pode variar de acordo com a
disponibilidade de equipamentos e mobiliários do ambiente. Entretanto, a estrutura básica deve
conter: mesa, cadeira, computador ou notebook e espaço de armazenamento de materiais. As
reuniões com o cliente são realizadas com a visita do arquiteto e do estagiário à moradia e de
forma remota, por alguma plataforma de chamada de vídeo on-line. (Figura 26)

28
O slack é uma plataforma de mensagens baseada em canais de comunicação, divididos em assuntos, que facilita
o trabalho remoto em grupo.
69

Figura 26 – Layout de home office sugerido

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Com a expansão da atuação da empresa, prevê-se a inclusão de um escritório móvel, em


que os profissionais poderão ir aos bairros para fazer os atendimentos presenciais. Dessa forma,
poderão obter mais presença e também divulgar o trabalho oferecido. Sugere-se que os locais
para o posicionamento provisório do escritório móvel seja em uma praça, parque,
estacionamento ou algum terreno cedido, em períodos diários a semanais. Para a estrutura de
atendimento, estão previstas uma mesa acoplada no automóvel, pufes ou cadeiras, sombreiro,
notebook e espaço de armazenamento de materiais. (Figura 27)

Figura 27 – Modelo de escritório móvel

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.


70

5.1.4.2 Capacidade produtiva

A capacidade produtiva da empresa está diretamente ligada com a disponibilidade de


mão de obra dos arquitetos e estagiários. Dessa forma, tem-se a capacidade produtiva máxima
mensal de acordo com o total de horas trabalhadas por essas pessoas. Os dois arquitetos da
empresa, ou seja, os dois sócios possuem 320h de trabalho por mês, considerando uma jornada
de trabalho de 8h/dia. Entretanto, não dedicam todas as suas horas de trabalho para a os projetos
da empresa social, 60h de trabalho, das 160h totais, para atendimento de outros públicos e para
complemento da renda mensal.

Nos primeiros 2 anos da empresa prevê-se a contratação do serviço de 4 estagiários, que


ao todo contribuem com 340h de trabalho por mês, considerando a dedicação de 4h/dia para 3
deles, e 5h/dia para um deles, que seria o ‘estagiário sênior’. A partir do levantamento de horas
gastas por projeto, é possível realizar uma estimativa de que a capacidade produtiva máxima da
empresa é de 2 projetos de cada tipo por mês (Tabela 7). A partir do terceiro ano, será necessário
a contratação de mais 2 estagiários, ou seja, um total de 6 pessoas. Com esse número, as horas
de trabalho chegam a 520h por mês (sendo 2 dos estagiários se enquadrando na modalidade
sênior), dessa forma, será possível realizar mais projetos por mês. (Tabela 8)

Tabela 7 – Capacidade produtiva da empresa (Ano 1 e Ano 2)

Capacidade Produtiva
Por projeto Por mês Número de
h/arquitetos h/estagiarios h/arquitetos h/estagiarios projetos
5 12 10 24 2
10 22 20 44 2
20 30 40 60 2
2 3 4 6 2
5 8 10 16 2
8 10 16 20 2
7 15 14 30 2
15 30 30 60 2
28 40 56 80 2
Total de projetos 18
Total de horas (arquitetos) 200
Total de horas (estagiários) 340

Fonte: Elaborado pela autora, 2021


71

Tabela 8 – Capacidade produtiva da empresa (Ano 3)

Capacidade Produtiva
Por projeto Por mês Número de
h/arquitetos h/estagiarios h/arquitetos h/estagiarios projetos
3 15 9 45 3
7 25 21 75 3
15 40 30 80 2
2 3 6 9 3
4 10 12 30 3
8 15 16 30 2
5 20 15 60 3
12 35 36 105 3
28 40 56 80 2
Total de projetos 24
Total de horas (arquitetos) 201
Total de horas (estagiários) 514

Fonte: Elaborado pela autora, 2021

5.1.4.3 Processos operacionais

A organizacional da empresa tem uma estrutura em rede, pois acredita-se num sistema
de organização colaborativo e autossuficiente, podendo ser expandido independentemente do
local físico a qual está inserido o profissional. Os sócios fundadores da empresa estão na
‘posição central’ como apoio de toda a equipe e são responsáveis, além da elaboração dos
projetos, pelo gerenciamento dos times, contratações adicionais, marketing e controle
administrativo. Para o funcionamento é necessário um trabalho de ajuda mútua entre os
colaboradores.

Inicialmente para o funcionamento da empresa, além dos dois sócios, ela contará com
mais quatro estagiários de arquitetura. Ambos os sócios acompanham, juntamente com os
estagiários, o projeto com a família desde a negociação até a entrega final. Entretanto, o sócio
1 tem o foco na função de gestão administrativa, marketing e gestão de vendas da empresa e o
sócio 2 é responsável pela gestão de projetos e também pela qualidade dos produtos a serem
entregues. Dentre as atribuições dos estagiários, existirá um responsável pela supervisão direta
dos demais, caracterizado como ‘estagiário sênior’, que será um estudante em períodos finais
de graduação (a partir do 8° período).

A definição das parcelas a serem pagas é de até dozes vezes sem juros no cartão de
crédito, boleto bancário ou carnê. As variações podem ocorrer em virtude de uma eventual
72

promoção ou cupom de desconto. A parte projetual é totalmente independente, cada arquiteto


cuida do andamento dos seus processos e prazos. É compartilhada a troca de experiências entre
a equipe sobre as metodologias recomendadas para o trabalho com as famílias e os produtos a
serem entregues. (Figura 28)

Figura 28 – Processo de projeto e produtos a serem entregues para as famílias

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

5.1.5 Plano financeiro

Nesta etapa serão apresentados os dados e as análises referentes aos aspectos financeiros
da empresa com o objetivo de analisar a viabilidade econômica do modelo de negócios. Os
tópicos que compõem esse estudo são: o investimento inicial, as estimativas de receitas e
despesas totais e, posteriormente, os indicadores de viabilidade que contemplam os ponto de
equilíbrio, a lucratividade, a rentabilidade e o prazo de retorno do investimento.

5.1.5.1 Investimento inicial, receitas e despesas

Para realizar o cálculo do investimento total, é necessário definir três condicionantes: a


estimativa de custos fixos, o capital de giro e os investimentos pré-operacionais. A modalidade
de empresa remota, que tem todo o seu trabalho em home office, anula a estimativa de custos
fixos, que corresponde a aquisição dos bens materiais da empresa. Dessa forma, o investimento
não contará com os valores referentes à compra de móveis e equipamentos, já que são de
73

propriedade da equipe. Os valores referentes a esses investimentos serão contabilizados nos


custos totais como um ‘auxilio’.

O capital de giro de uma empresa consiste no valor de recursos financeiros que a


empresa precisa manter para garantir fluidez nos ciclos de caixa, ou seja, uma quantia
disponível que a empresa necessita ter disponível para cobrir os custos até que as contas a
receber de clientes entrem no caixa. O modelo de negócios sugerido apresenta um retorno
financeiro, advindo dos clientes, relativamente longo por conta de os projetos serem divididos
em pequenas parcelas a serem pagas, e isso poderá ser uma problemática inicial. Portanto,
sugere-se que a subtração entre o capital investido pelos sócios e os investimentos pré-
operacionais seja o valor do capital de giro, isto é R$42.700,00. (Tabela 9)

Tabela 9 –Investimento total e o capital de giro

Estimativa do investimento total e capital de giro


Investimento pré-operacional
ITEM DESCRIÇÃO CUSTO
1 Cadastros jurídicos R$2.500,00
2 Publicidade em redes sociais R$2.000,00
3 Treinamento para toda a equipe R$2.800,00
Total de investimento R$7.300,00
Capital de giro
Valor investido pelos sócios
SÓCIO 1 R$25.000,00
SÓCIO 2 R$25.000,00
Total dos valores investidos pelos sócios R$50.000,00
Total do capital de giro R$42.700,00

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

No que se refere às receitas, estima-se que o faturamento mensal da empresa, ou seja, o


valor recebido através da venda dos projetos terá um aumento proporcional em cada mês, como
demostrado no gráfico da figura 29. O modelo de negócios sugerido considera o pagamento dos
projetos através de parcelas que variam de R$13,13 a R$175,43, como demostrado na tabela 6.
Para fins de projeção do faturamento, adotou-se uma quantidade de venda de projetos hipotética
mensal e considerou-se que a empresa iria continuar aumentando a mesma quantidade a cada
mês.
74

Figura 29 – Demonstrativo de estimativa de receitas do primeiro ano.

Receitas do Ano 1
R$18.000,00

R$16.000,00
Serviço 3 - Tamanho Grande
R$14.000,00
Serviço 3 - Tamanho Médio
R$12.000,00
Faturamento

Serviço 3 - Tamanho Pequeno


R$10.000,00
Serviço 2 - Tamanho Grande
R$8.000,00
Serviço 2 - Tamanho Médio
R$6.000,00 Serviço 2 - Tamanho Pequeno
R$4.000,00 Serviço 1 - Tamanho Grande
R$2.000,00 Serviço 1 - Tamanho Médio

R$0,00 Serviço 1 - Tamanho Pequeno


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Meses do ano

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Dessa forma, para que as receitas aumentem, é necessário que a empresa negocie
constantemente muitos projetos por mês, proporcionando um acréscimo ao valor total mensal
recebido das parcelas no primeiro ano até as parcelas atingirem estabilidade. Para a projeção da
estimativa, considerou-se que a empresa faça a venda mensal de acordo com a sua capacidade
máxima produtiva, como demostrada no item 5.1.4.2 e com os valores de preço conforme a
tabela 6. No Apêndice A, esses valores estão discriminados com as suas respectivas receitas
mensais.

A Figura 30, a seguir, exemplifica o quantitativo de receitas referentes ao segundo ano


da empresa, que ganharia estabilidade por conta das parcelas acumuladas do primeiro ano.
Dessa forma também seguiria nos anos seguintes, obtendo pequenas variações no recebimento
do faturamento de acordo com o passar do tempo, porém, mantendo uma certa constância com
as vendas acumuladas.
75

Figura 30 – Demonstrativo de receitas do segundo ano.

Receitas do Ano 2
R$4.500,00

R$4.000,00

R$3.500,00 Serviço 1 - Tamanho Pequeno


Serviço 1 - Tamanho Médio
R$3.000,00
Faturamento

Serviço 1 - Tamanho Grande


R$2.500,00
Serviço 2 - Tamanho Pequeno
R$2.000,00
Serviço 2 - Tamanho Médio
R$1.500,00 Serviço 2 - Tamanho Grande
R$1.000,00 Serviço 3 - Tamanho Pequeno

R$500,00 Serviço 3 - Tamanho Médio


Serviço 3 - Tamanho Grande
R$0,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Meses do ano

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Ao considerar as despesas do negócio, deve-se incluir os custos que são provenientes


do pagamento de impostos, escolheu-se considerar a estimativa de 9% de impostos sobre o
faturamento total. Segundo o SEBRAE (2021), este segmento de atuação pode optar pelo
regime de tributos Simples Nacional – Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos
e Contribuições instituído pela Lei Complementar nº 123/2006, sabendo que ‘as alíquotas do
Simples Nacional variam de acordo com as tabelas I a VI, dependendo das atividades exercidas
e da receita bruta auferida pelo negócio’. O modelo de negócios proposto se enquadra
inicialmente na categoria de Microempresa (ME). 29 A tabela 10, a seguir, traz um resumo do
quantitativo total das receitas, subtraindo os impostos sobre o faturamento total:

29
O tipo de empresa enquadra no Anexo IV, 2° faixa do Simples Nacional, disponível em:
<http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action?idArquivoBinario=48433>, acesso em
23 de abril de 2021.
76

Tabela 10 – Receitas totais

Estimativa de receitas totais


Receita anual
Tipo de serviço
Ano 1 Ano 2 Ano 3
(1) 'Quanto custa o meu sonho' R$37.081,98 R$68.506,84 R$71.172,36
(2) 'Obra sem dor de cabeça' R$15.042,78 R$27.790,83 R$29.515,74
(1) e (2) 'Minha casa completa' R$50.351,60 R$93.022,00 R$98.675,09
Impostos Simples Nacional (9%) R$9.222,87 R$17.038,77 R$17.942,69
Outros impostos (3%) R$3.074,29 R$5.679,59 R$5.980,90
Receita líquida total R$90.179,19 R$166.601,31 R$175.439,61

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Para a estimativa do cálculo das despesas totais, considerou-se os custos operacionais,


que se referem ao valor gasto com a estrutura da organização, e os custos com pessoas, que é o
valor investido para o pagamento dos salários e despesas afins. A autora considerou os valores
de despesas por ano para se obter um comparativo com as receitas totais. A tabela 11 demostra
esses valores:

Tabela 11 – Estimativa de despesas totais: custos operacionais e pessoas

Estimativa de despesas
Custos operacionais
ITEM DESCRIÇÃO TOTAL/ano 1 TOTAL/ano 2 TOTAL/ano 3
Domínio, hospedagem e manutenção
1 R$55,00 R$55,00 R$55,00
do site
3 Armazenamento em nuvem R$120,00 R$120,00 R$120,00
4 Trabalhos de contabilidade R$4.200,00 R$4.200,00 R$4.200,00
5 Publicidade em redes sociais R$2.000,00 R$3.000,00 R$5.000,00
6 Impressões/papelaria R$3.000,00 R$3.000,00 R$4.000,00
7 Anuidade da PJ/CAU R$300,56 R$300,56 R$601,12
8 Anuidade do PF/CAU R$1.202,26 R$1.202,26 R$1.202,26
9 Transporte R$3.000,00 R$6.000,00 R$8.000,00
10 Licença de softwares (AutoCAD) R$3.570,00 R$3.570,00 R$3.570,00
11 Auxilio luz R$500,00 R$500,00 R$500,00
12 Auxílio internet R$360,00 R$360,00 R$360,00
13 RRT Social R$103,04 R$206,08 R$206,08
14 Entrada para financiamento do - - R$10.000,00
Escritório Móvel
Total de despesas operacionais R$18.410,86 R$22.513,90 R$37.814,46
Custos com pessoas
ITEM DESCRIÇÃO TOTAL/ano 1 TOTAL/ano 2 TOTAL/ano 3
Sócios fundadores (2 pessoas)
14 Pró-labore dos sócios R$67.200,00 R$69.600,00 R$72.000,00
15 INSS dos sócios R$7.392,00 R$7.656,00 R$7.920,00
Total de despesas com sócios R$74.592,00 R$77.256,00 R$79.920,00
77

Estagiários de Arquitetura 4 pessoas 4 pessoas 6 pessoas


16 Bolsa dos estagiários R$20.400,00 R$20.400,00 R$31.200,00
Total de despesas com estagiários R$20.400,00 R$20.400,00 R$31.200,00
Total de despesas com pessoas R$94.992,00 R$97.656,00 R$111.120,00
Total de despesas R$113.402,86 R$120.169,90 R$148.934,46

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

A questão do pró-labore dos sócios é a maior despesa da empresa e esse custo enfrentará
muitos desafios nos primeiros anos, principalmente por conta da instabilidade financeira que é
comumente encontrada no início de qualquer empreendimento. Esse valor será aumentado
progressivamente de acordo com o crescimento da empresa. Foi considerado para cada um
como R$2.800,00/mês no primeiro ano, R$2.900/mês no segundo ano e R$3.000,00/mês no
terceiro ano.

Ademais, é válido ressaltar a dedicação prevista destes profissionais neste modelo


equivale a 15 horas semanais, o que abre a possibilidade para que os dois arquitetos se dediquem
a outras atividades remuneradas ou atém mesmo a outros projetos de arquitetura. Cada um
desses profissionais possui em média 60h/mês disponíveis para essas atividades que, por
exemplo, poderia ser disponibilizada para atuação com outra faixa de renda, como as famílias
da classe C, complementando sua renda, considerando o valor da hora trabalhada de R$55,51,
em até R$3.330,60 mensais.

Após o pagamento das dívidas iniciais, os sócios também poderão receber 70% do valor
do lucro líquido da empresa, isto é, o valor restante entre o faturamento total e as despesas
totais, e os outros 30% serão destinados para o investimento da própria organização, prevendo
sua ampliação no futuro para atuar em outras localidades.

Já a bolsa dos estagiários, foram contabilizadas da seguinte forma: no primeiro ano e


segundo ano teriam 4 estagiários, sendo 3 deles recebendo R$400,00/mês e um deles, o
estagiário sênior, recebendo R$500,00/mês. No terceiro ano, prevendo um aumento de projetos,
contrata-se mais dois estagiários, sendo: quatro recebendo R$400,00/mês e dois seniores
R$500,00/mês.

É válido ressaltar que os primeiros meses serão de baixo faturamento mesmo tendo a
capacidade produtiva máxima da empresa com a venda de projetos (como demostra o apêndice
A), e ao final do ano, não será possível cobrir as despesas totais apenas com o valor recebido
com o faturamento. Por isso, a empresa deverá utilizar o capital de giro previsto para não fazer
78

dívidas. Deste modo, a partir do quantitativo de receitas e despesas anuais, na tabela 12 foi
possível realizar o fluxo de caixa anual, considerando suas entradas e saídas de caixa:

Tabela 12 – Fluxo de Caixa

Fluxo de caixa
Itens Ano 1 Ano 2 Ano 3
Investimento inicial R$7.300,00
Capital de giro R$50.000,00
Saldo inicial R$42.700,00 R$19.476,33 R$65.907,74

Entradas de caixa
Recebimento R$90.179,19 R$166.601,31 R$175.439,61
Total de entradas R$90.179,19 R$166.601,31 R$175.439,61

Saídas de caixa
Despesas operacionais R$18.410,86 R$22.513,90 R$37.814,46
Despesas com pessoas R$94.992,00 R$97.656,00 R$111.120,00
Total de saídas R$113.402,86 R$120.169,90 R$148.934,46

Saldo operacional -R$23.223,67 R$46.431,41 R$26.505,15


30
Saldo final R$19.476,33 R$65.907,74 R$92.412,90
Lucro dos sócios (70%) -R$16.256,57 R$32.501,99 R$18.553,61
Investimento da empresa (30%) -R$6.967,10 R$13.929,42 R$7.951,55

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Diante da contabilização entre receitas e despesas, os sócios só deverão conseguir ter


um lucro maior de faturamento no ano 2 e no ano 3 da empresa, subindo progressivamente o
seu faturamento a cada ano. Essa progressão é explicada devido ao parcelamento dos projetos
que estarão com parcelas estabilizadas a partir do segundo ano, e a empresa conseguirá
acumular capital de giro. É essencial que a empresa consiga manter as parcelas advindas dos
clientes sempre constante, negociando projetos todos os meses ao longo do ano, para minimizar
os riscos.

Para avaliar a construção de cenários, foram realizadas projeções em três diferentes


cenários: pessimista, realista e otimista, do primeiro ano de empresa. Como a avaliação do
faturamento foi feita com a capacidade produtiva máxima, os valores são baseados a partir de
desconto de 20% a menos para o cenário realista, e para o cenário pessimista, 40% a menos do
valor otimista. A tabela 13 expõe esses resultados:

30
O saldo final é o valor do saldo operacional somado ao saldo inicial.
79

Tabela 13 – Construção de cenários

Construção de cenários (ANO 1) Pessimista Realista Otimista


Saldo inicial R$42.700,00 R$42.700,00 R$42.700,00
Entradas de caixa
Recebimento R$54.107,52 R$72.143,36 R$90.179,19
Total de entradas R$54.107,52 R$72.143,36 R$90.179,19
Saídas de caixa
Despesas operacionais R$18.410,86 R$18.410,86 R$18.410,86
Despesas com pessoas R$94.992,00 R$94.992,00 R$94.992,00
Total de saídas R$113.402,86 R$113.402,86 R$113.402,86
Saldo operacional -R$59.295,34 -R$41.259,50 -R$23.223,67
Saldo final -R$16.595,34 R$1.440,50 R$19.476,33

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Com a construção dos cenários, é possível perceber que ao primeiro ano, se a empresa
não conseguir obter um faturamento otimista ou realista, ela precisará ter um capital de giro
maior para cobrir suas despesas, o que influenciará os anos seguintes para recompor o dinheiro
investido pelos sócios. Deste modo, para a empresa funcionar de maneira equilibrada, será
necessário obter uma cartela de clientes constante, principalmente no primeiro ano.

5.1.5.2 Indicadores de viabilidade

O ponto de equilíbrio é um indicador que representa o quanto a empresa necessita faturar


para pagar todos as suas despesas em um determinado período. Para fazer esse cálculo, é
necessário dividir o custo fixo total pelo índice da margem de contribuição. Esse índice subtrai
o valor da receita total pelo custo variável e divide pela receita total, neste caso, esse índice será
1, já que esse tipo de empresa não considera custos variáveis. Portanto, obtém-se o valor do
ponto de equilíbrio de R$120.169,90 anual.

Outro indicador percentual a ser utilizado é o da lucratividade, através dele é possível


medir o lucro líquido em relação às vendas. Para o cálculo, é necessário obter o lucro líquido,
que é a subtração das receitas totais com as despesas totais. Neste caso, o primeiro ano não se
obtém lucro, pelo alongamento do recebimento dos serviços em parcelas mensais e, então usou-
se a estimativa do segundo ano da empresa, que é de R$46.431,41, com os recebimento já em
equilíbrio. Com esse dado, devemos fazer a razão entre o lucro líquido (R$46.431,41/ano) e a
receita total (R$166.601,31/ano) e multiplicar por 100. Dessa forma, sabe-se que a lucratividade
do modelo de negócios é de 27,87% ao ano.
80

Já a rentabilidade é um indicador percentual que mede o retorno do capital inicial


investido pelos sócios. Para o cálculo, deve-se obter a razão entre o lucro líquido, pelo
investimento total (R$50.000,00), multiplicado por 100. Com esse cálculo obtém-se que os
investidores poderão recuperar 92,86% do valor investido ao final do segundo ano, valor que
poderá ser dividido entre os dois sócios ou redirecionado para investimentos na empresa.

Assim como o indicador de rentabilidade, também é importante observar o prazo de


retorno do investimento, pois são considerados como índices de atratividade do negócio. Para
este cálculo, deve-se fazer a razão entre o investimento total (R$50.000,00) e o lucro líquido
(R$46.431,41). Portanto, com esses valores, conclui-se que os investidores irão recuperar o seu
capital investido em cerca de 2 anos, pois considerou-se o saldo operacional acumulado entre
o ano 1 e 2. A tabela 14, a seguir, traz um resumo dos indicadores que foram descritos:

Tabela 14 – Indicadores

Indicadores Valores Resultado


Ponto de equilibro
Custo fixo total (Ano 2) R$120.169,90
R$120.169,90
Índice da margem de contribuição 1
Lucratividade
Lucro líquido (Ano 2) R$46.431,41
27,87%
Receita total R$166.601,31
Rentabilidade
Lucro líquido (Ano 2) R$46.431,41
92,86%
Investimento total R$50.000,00
Prazo de retorno do investimento
Investimento total R$50.000,00
1,08
Lucro líquido acumulado (Ano 1 e 2) R$46.431,41

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

5.1.6 Considerações sobre o modelo: os cenários e análise F.O.F.A.

A tabela 15, a seguir, demostra a matriz F.O.F.A que contempla a análise das fraquezas,
oportunidades, forças e ameaças, e tem o objetivo de detectar as principais características que
possibilitarão tornar a empresa mais competitiva frente ao mercado, tentando corrigir as suas
deficiências e enfatizando suas qualidades. Entretanto, a autora também expõe em seguida
algumas alternativas que poderão ser realizadas para potencializar as forças e as oportunidades
da empresa e diminuir suas fraquezas e ameaças.
81

Tabela 15 – Matriz F.O.F.A.

FORÇAS OPORTUNIDADES
- Ausência de concorrência direta para trabalhar
com esse público; - Demanda de população que não contratou
- Mão de obra qualificada disponível; profissional especializado para as reformas;
- Facilidade de pagamento para os clientes; - Tornar-se um modelo que seja possível de ser
- Acompanhamento de pós-venda; replicado em outras localidades, expandindo
- Alta qualidade dos serviços oferecidos sua atuação;
(possibilidade de retorno e indicação dos
clientes fidelizados);
FRAQUEZAS AMEAÇAS

- O público alvo pode apresentar uma


- Alto investimento inicial para possuir capital
resistência inicial para a contratação dos
de giro;
serviços;
- Desconhecimento da população na
- Pouca valorização do projeto em relação a
possibilidade de contratar o serviço;
obra em si;
- Margem de lucro só começa a se estabilizar
- Índices de inadimplência que podem ocorrer
após o segundo ano de empresa;
devido ao prazo de pagamento;

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Considera-se que a viabilização da empresa está condicionada a possuir um capital de


giro considerável para os primeiros anos, quando não se tem um faturamento suficiente para
cobrir os custos. Algumas possibilidades podem ser implementadas como diminuir o pró-labore
dos sócios nos primeiros meses de negócio e aumentar sucessivamente com o valor dos lucros
ou procurar outros investidores para a empresa, assim como as duas empresas já estudadas
Programa Vivenda e Moradigna, que iniciaram seus negócios dessa forma.

O alto investimento inicial para possuir o capital de giro também poderia ser revisto
com a contratação de mão de obra voluntária de estagiários para trabalhar nos primeiros anos,
principalmente nos períodos de férias. Ademais, parcerias com pessoas de outras áreas como
alunos ou recém-formados de administração, de ciências contábeis, de psicologia, de serviço
social, de computação e de marketing, poderiam ser realizadas em forma de permutas,
oferecendo projetos de arquitetura. Essa parceria teria o objetivo de potencializar tanto as
experiências da empresa como contribuiria para reduzir os custos.

Para que a população conheça a empresa, também poderiam ser propostos eventos nas
comunidades locais com atrações, divulgação através de carro de som nas cidades interioranas,
participação em eventos religiosos e também de lazer, como shows. Também é possível a
realização de panfletagem nas lojas de materiais de construção e parcerias com mão de obras
82

locais que poderão indicar os serviços da empresa. Dessa forma, a empresa conseguiria alcançar
um público além das redes sociais e das indicações de clientes.

Para potencializar a valorização do projeto em relação a obra, a empresa poderia ser


responsável por criar ações comunitárias para a realização das construções. Uma dessas
possibilidades é a organização de ‘mutirões de férias’ com apoio de profissionais, estudantes e
demais interessados, que contribuiriam para a realização das obras, enfatizando a importância
do acompanhamento profissional para as reformas das moradias. Essa ação também contribui
para o rompimento da resistência do público alvo em contratar os serviços.

Outra forma de captação de renda para a empresa e para a realização das obras é a
participação em editais oferecidos por diferentes órgãos, como o CAU/BR e prefeituras
municipais, para o desenvolvimento de projetos nesse seguimento. A possibilidade de
realização de parcerias com esses órgãos, além da ampliação de atuação, também trará muitas
experiências para a equipe de trabalho que poderá realizar ‘projetos modelos’ para diversos
locais.

Sobre a questão do pagamento, poderia ser revista a divisão das parcelas para projetos
com o menor valor investido, podendo ser parcelado em menos vezes, caso o preço esteja de
acordo com o que a família pode pagar. Essa redução das parcelas contribuiria para a empresa
acumular o capital de giro de forma mais rápida, além de diminuir a possibilidade de
inadimplência por motivos de esquecimento do pagamento, por exemplo.
83

6 A PRÁTICA: PROJETO DE MELHORIA HABITACIONAL

Para a aplicação projetual do modelo de negócios sugerido neste trabalho, escolheu-se


uma família residente no município de Casimiro de Abreu/RJ que apresentou interesse no
projeto de arquitetura a partir da pesquisa da autora com conhecidos locais. A família possui as
características demostradas no estudo de clientes (5.1.2.1) e está dentro do critério
socioeconômico sugerido pela Lei n°11.888/2008 que trata à respeito da assistência técnica para
habitação de interesse social.

Realizou-se uma visita à família no dia 19 de março de 2021, em que a autora pode
conhecer os moradores, Maria Luiza e José Maria, e fazer o diagnóstico da residência através
de uma entrevista (Apêndice B) e um levantamento de medidas do local (Apêndice C). A autora
também realizou um levantamento fotográfico que será demostrado ao longo do trabalho. A
entrevista foi realizada com o objetivo de entender o local do projeto, os gostos e também as
necessidades da família.

Primeiramente, efetuou-se uma análise do terreno, sua localização, seus condicionantes


legais e ambientais, além do seu entorno imediato, destacando as tipologias existentes, seus
gabaritos e o fluxo das vias. Em seguida, para o embasamento do projeto, a autora destacou as
suas percepções em relação a entrevista realizada com a família e construindo seu conceito e
seu partido, elaborou soluções de acordo com as necessidades levantadas.

Destacando a importância da viabilidade socioeconômica do projeto e da aplicação da


metodologia sugerida no modelo de negócios, os produtos finais entregues à família buscaram
ser construídos com uma representação didática. Ademais, considerou-se relevante a realização
do orçamento do projeto e também as suas possibilidades de planejamento para adquirir o valor
necessário para sua execução.

6.1 ESTUDOS: ENTORNO E CONDICIONANTES

A residência está localizada na Rua Zenot Jacoub, n° 453, Parque Vale do Indaiassú,
Casimiro de Abreu, RJ (Figura 31). A tipologia do entorno do terreno é caracterizada por uso
em sua maioria residencial, possuindo também edificações comerciais e de uso institucional,
como alguns bares e uma igreja próxima. As edificações em sua maior parte são térreas e
algumas possuem dois pavimentos. O entorno há habitações de interesse social (HIS), como a
moradia da família escolhida, e também outras residências. As edificações de HIS foram doadas
84

pela prefeitura em 2004, segundo o relado dos próprios moradores. Destaca-se ainda, o fluxo
das vias ao redor. O mapa da Figura 32, demostra o seu entorno.

Figura 31 – Localização do terreno

Fonte: Elaborado pela autora a partir de imagem do Google Earth, 2021.


85

Figura 32 – Mapa de entorno: tipologias, gabarito e fluxos das vias

Fonte: Elaborado pela autora a partir de imagem do Google Earth, 2021.

A Lei n°155/1985, que trata a respeito do Zoneamento Urbano do município de


Casimiro de Abreu, não considera uma área especifica para habitação de interesse social,
entretanto, o art. 28 prevê que fica a critério do Poder Executivo aprovar projetos de especial
interesse social, organizados e executados como órgão da administração direta ou indireta do
município (CASIMIRO DE ABREU, 1985). Algumas atualizações foram feitas na lei, como o
novo zoneamento no distrito de Barra de São João (Lei n° 1217/2008) e a instituição da Zona
Especial de Interesse Social no distrito de Rio Dourado (Lei Complementar n° 14/2010)31.

Segundo a legislação vigente do município, o terreno está localizado na Zona


Residencial 4 (ZR - 4), conforme demostra a Figura 33, e necessita apresentar 5,00 metros de
afastamento frontal e 2,50 metros de afastamento lateral. (CASIMIRO DE ABREU, 1979)

31
Dados de acordo com a pesquisa no portal da prefeitura de Casimiro de Abreu, disponível em: <
https://www.casimirodeabreu.rj.gov.br/legislacao-portal/>, acesso em 02 de abril de 2021.
86

Figura 33 – Zoneamento do terreno

Fonte: Elaborado pela autora a partir do mapa de zoneamento do município, 2021.

Entretanto, é necessário ressaltar que a legislação de zoneamento é de 1985 e a


Secretaria de Obras, Habitação e Serviço público, considera adorar as reinvindicações legais da
Zona Residencial 3 (ZR – 3) mesmo sendo habitações de HIS, para adotar algum critério
previsto na lei. O órgão considera a legislação desatualizada em relação a ocupação urbana
existente, que inclusive está fora do padrão de loteamento permitido por lei: para a ZR – 4, os
lotes deveriam ter no mínimo 600m² e não é o caso deste terreno (informação verbal 32).
Portanto, se considerarmos os critérios permitidos para a ZR – 3, o afastamento frontal deve ser
3,00 metros e o afastamento lateral de 2,50 metros para pelo menos uma das divisas e
dispensável em relação a outra. (CASIMIRO DE ABREU, 1985)

32
Conversa da autora com o fiscal de obras da prefeitura municipal de Casimiro de Abreu no dia 30 de março de
2021.
87

Sobre as condicionantes ambientais, o terreno e a edificação existente estão


posicionados como ilustra a Figura 34, destacando o vento predominante da cidade do
município de Casimiro de Abreu, que é o nordeste (NE), e o estudo de insolação.

Figura 34 – Estudo de condicionantes ambientais

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

6.2 O PROJETO: PERCEBER PARA SOLUCIONAR

De acordo com o levantamento, o terreno possui 10,22 metros de largura por 15,49
metros de comprimento, totalizando 158,30m² de área total. Em relação a edificação, a moradia
possui 56,35m² de área construída, apresentando o coeficiente de aproveitamento (C.A.) de 0,35
e a taxa de ocupação (T.O.) de 35%. A casa possui os seguintes ambientes: sala/cozinha, um
banheiro, quarto do casal, quarto de visitas, varanda e área externa (horta, casa do cachorro e
área de serviços). (Figura 35)
88

Figura 35 – Planta baixa humanizada da residência

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

A primeira parte da entrevista conta com a os dados gerais dos entrevistados e também
com as perguntas a respeito do conhecimento sobre a profissão do Arquiteto e Urbanista.
Ambos da família não conheciam nenhum profissional da área, e a autora relata que ao serem
perguntados, ficaram inseguros em responder essa pergunta. A resposta foi que não conheciam
‘nenhum dos dois’, nenhum arquiteto e nenhum urbanista. Ademais, relataram que nunca
chegaram a pensaram em contratar esse profissional porque ‘nunca sobra’ e eles acreditam que
seja um serviço muito caro.
89

A residência (Figura 36 e 37) é habitada apenas pelo casal, José e Maria. Ao todo,
possuem três filhos, entretanto não moram na casa atualmente. Maria sempre se dedicou as
tarefas do lar e José já trabalhou com diversas atuações, segundo ele, ‘já fez de tudo’, atualmente
se encontra desempregado e faz ‘bicos’ para pagar as despesas. Sobre os aspectos financeiros,
a renda familiar é menor do que um salário mínimo e eles não são beneficiários de nenhum
programa governamental, o último foi o auxílio emergencial. A autora notou que recebem ajuda
da família, como foi o caso das reformas já realizadas, entretanto, não há uma quantia certa para
o mês a ser prevista.

Figura 36 – Fotografias da fachada

Fonte: Acervo próprio, 2021.

Figura 37 – Fotografia dos fundos da residência

Fonte: Acervo próprio, 2021.


90

Sobre a questão das reformas, em conversa com a autora durante o levantamento,


também foi relatado que há alguns anos foram feitas algumas melhorias na residência:
colocação de piso cerâmico em toda a casa, emboço e pintura do muro, além da reforma do
banheiro com a troca do chuveiro e colocação de revestimento cerâmico nas paredes. Há alguns
anos, os moradores também receberam através de uma doação familiar janelas reutilizadas para
a substituir as que estavam na residência. Todas essas reformas foram custeadas através de
doação familiares e com a ajuda dos próprios moradores para fazer intervenções menores, como
a pintura da casa.

Ao serem perguntados sobre a parte da casa que mais gostam e também a que mais
usam, a resposta foi rápida e muito assertiva: ela disse ‘o quarto’ e ele ‘a varanda’ (Figura 38 e
39). Aos fundos da varanda, tem-se a área de serviço, que não possui cobertura e que expõe a
máquina de lavar (coberta com um plástico azul) a riscos de estrago. Ademais, os moradores
afirmaram que sentem o quarto muito quente no verão e muito frio no inverno. Esse fato pode
ser explicado por conta das paredes laterais (Figura 40) da casa estarem ocas por conta da
infiltração provocada pela ausência de impermeabilização na cobertura. A autora também
questionou se havia alguma trinca ou rachadura na casa e disseram que existiam nas paredes
laterais da moradia.

Figura 38 – Fotografias do quarto do casal e da varanda

Fonte: Acervo próprio, 2021.


91

Figura 39 – Fotografia da varanda

Fonte: Acervo próprio, 2021.

Figura 40 – Fotografia da parede externa da lateral esquerda da casa

Fonte: Acervo próprio, 2021.

A autora foi convidada pelos próprios moradores a ir até o quarto e tocar com os punhos
fechados as paredes para ‘sentir’ a diferença entre as que eram internas e externas. E com isso,
tornou-se ainda mais nítida a percepção de incômodo dos moradores com a existência das
paredes ocas e que a qualquer momento, segundo eles ‘poderia desmoronar’. Além disso,
algumas manchas e mofos foram sendo observadas também no interior da residência, na altura
nas paredes próximas ao telhado e nas próprias telhas, o que indica a concentração de umidade
na casa. (Figura 41 e 42)
92

Figura 41 – Fotografias da lateral direita da casa vista externa

Fonte: Acervo próprio, 2021.

Figura 42 – Fotografia da vista interna do quarto do casal

Fonte: Acervo próprio, 2021.

Ao perguntar aos moradores algo que mudariam na sua casa, a resposta recebida foi a
substituição do telhado colonial da casa pela colocação de uma laje, segundo eles, por
consequência das infiltrações que estão acontecendo nas paredes da residência. Entretanto, a
percepção da autora é que ambos não entendiam o porquê havia acontecido algo assim no
telhado, já que acreditavam que a telha cerâmica existente é um ‘material bom’. A troca do
telhado foi considerada pela autora como uma inquietação muito importante para os moradores
93

e que eles já não sabiam mais o que fazer, pois já haviam pintado a casa muitas vezes e as
manchas nas paredes, bolhas e rachaduras sempre voltavam a aparecer.

A autora também destaca duas questões que não foram citadas como problemáticas para
os moradores, no entanto necessitam serem observadas: a caixa d’água de amianto localizada
em cima da laje do banheiro (Figura 43) e as janelas quebradas, notadas pela autora por conta
do uso de plástico para cobrir sua superfície (Figura 41). Aponta-se que o amianto é responsável
pelo risco do desenvolvimento de doenças, principalmente em colaboradores que são expostos
a essa substância no processo de fabricação. Dessa forma, sua utilização, embora seja permitida,
não é recomendada. Do mesmo modo, a janelas quebradas apresentam perigo e causam um
desconforto do aumento de umidade no ambiente nos dias de chuva.

Figura 43 – Fotografia da Sala e Cozinha, destaque para a caixa d’água

Fonte: Acervo próprio, 2021.

A residência, segundo a percepção da autora, é um pouco escura. A visita foi realizada


no período da tarde e para fotografar os cômodos internos, foi necessário acender as luzes
(Figura 44). Entretanto, quando perguntado aos moradores se eles acreditavam que a casa era
iluminada durante o dia apenas com a luz do sol, foi respondido que não se fazia muito o uso
da luz elétrica, só ligavam a TV do quarto e ficavam muito na varanda durante o dia. A autora
considera que pela varanda ser um dos ambientes mais utilizados pelo casal durante o dia, não
é tão perceptível a questão da iluminação nos ambientes internos.
94

Figura 44 – Fotografia do quarto de visitas

Fonte: Acervo próprio, 2021.

A autora não perguntou a respeito de possíveis problemas relacionado à saúde dos


moradores em detrimento das questões relacionada ao mofo e a umidade do local, entretanto, é
necessário ressaltar que esse tipo de insalubridade pode causar diversos tipos de doenças,
principalmente respiratórias, e estão diretamente ligadas a qualidade de vida da família.
Acredita-se que os moradores acabam não percebendo esses problemas por questões intimas
relacionada ao modo de vida e desconhecimento, além da sua relação afetiva com o espaço
construído. O sentimento de pertencimento e de lar ultrapassa as questões convencionalmente
ditas como ‘essenciais’ para obter qualidade habitacional.

Outra questão de grande questionamento da autora por conta da inquietação dos


moradores, foi a respeito da existência do sistema de aquecimento solar da casa. Os moradores
relataram que quando receberam a residência, doada pela prefeitura municipal, o equipamento
fazia parte do sistema da casa e inclusive vários vizinhos já haviam vendido seus aquecedores.
O incomodo dos moradores está principalmente na localização do equipamento que, segundo
eles, está ‘no meio do caminho’ e também no não funcionamento do sistema. A autora destaca
que a ineficiência do sistema está no fato de que as placas solares não recebem a insolação
suficiente para o seu funcionamento, está posicionada muito próxima ao chão e a edificação
vizinha faz sombra, comprometendo o aquecimento da água. (Figura 45)
95

Figura 45 – Fotografia da lateral esquerda da casa, onde está o aquecedor solar

Fonte: Acervo próprio, 2021.

O banheiro da residência foi reformado há alguns anos e foi elogiado pelos moradores.
Entretanto, a compra do revestimento das paredes aplicado no banheiro não foi suficiente para
cobrir até o teto e, por fim, optaram por deixar dessa forma pois já não havia como comprar
mais material. Os moradores relataram que uma das grandes dificuldades da reforma era saber
o quanto eles iriam gastar. A autora destaca os fios do chuveiro que se encontram pendurados,
podendo causar risco de curto-circuito (Figura 46).

Figura 46 – Fotografia do banheiro

Fonte: Acervo próprio, 2021.


96

Uma particularidade, relatada durante o levantamento fotográfico, é sobre a cozinha


existente (nesta etapa, a entrevista já havia sido realizada e a moradora não citou a cozinha em
nenhum momento anterior). Segundo a Maria Luiza, ela considera que deveria ter uma parede
ou bancada dividindo a sala com a cozinha, pois fica muito exposta. Ela acredita ser ‘estranho’
o tipo de disposição desses ambientes da forma como estão colocados. Entretanto, a autora
considerou que a moradora ficou satisfeita com o acréscimo de bancada feito na reforma, pois
a casa foi entregue com apenas a bancada da pia e era ‘pequena demais’. (Figura 47)

Figura 47 – Fotografia da cozinha

Fonte: Acervo próprio, 2021.

Sobre os hábitos e gostos dos moradores, a autora destaca que o casal costuma ficar
muito em casa no seu tempo livre, e agora com a pandemia do COVID-19, mais ainda. Recebem
poucas pessoas em casa, às vezes vizinhos ou os filhos. Também há um animal de estimação
na casa, um cachorro que inclusive possui uma ‘casinha’ nos fundos do terreno (Figura 48). As
cores preferidas: ‘verde, vermelho e branco’, são por conta do time do coração do morador: o
Fluminense. Atualmente a casa é de cor laranja, mas também já foi pintada de verde e de rosa.
Ambos disseram que não gostam de casas que possuem cor azul.
97

Figura 48 – Fotografia dos fundos da casa, destaque para a casa do cachorro

Fonte: Acervo próprio, 2021.

A autora destaca que os moradores possuem uma horta e vasos de planta também
localizado nos fundos do terreno. Deste modo, ao perguntar sobre se os moradores gostavam
de plantas, imediatamente foi percebido uma resposta com muita certeza: ‘sim’, e que inclusive,
gostam de cultivá-las. A autora questionou o fato do piso externo ser todo de concreto e segundo
o José, tomou a decisão de fazer isso porque ele ‘não gosta de capinar o terreno’, somente de
cuidar das mudas de plantas. (Figura 49)

Figura 49 – Fotografia dos fundos da casa, destaque para a horta

Fonte: Acervo próprio, 2021.


98

Um dos maiores limitadores do projeto arquitetônico é o orçamento, seja ele voltado


para a população de baixa renda ou outro, pois é a partir dele que as soluções deverão se
consolidar e, posteriormente, viabilizar a sua execução. Entretanto, criar soluções de qualidade
em um cenário de orçamento escasso é ainda mais desafiador, e o papel do Arquiteto e Urbanista
neste contexto é ser um profissional ainda mais cuidadoso e criativo para pensar em soluções
que alinhe a necessidade dos moradores e o custo. Dessa forma, o conceito do projeto está
totalmente ligado a promoção da dignidade e qualidade de vida dos moradores, realizando os
desejos e necessidades da família com o menor custo possível. (Figura 50)

Figura 50 – Conceito do projeto

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

O partido arquitetônico inicia-se a partir do diagnóstico das necessidades dos moradores


e consolida-se com a construção de soluções para as problemáticas levantadas. A elaboração
do diagnóstico, com o apontamento das principais problemáticas identificadas, foi realizado a
partir das análises da autora e das solicitações feitas pelos moradores. Destaca-se que foram
feitas construções de representação gráfica em volumetria com o objetivo demostrar aos
moradores, de maneira didática, como foi feito o diagnóstico.

Os desenhos técnicos (Apêndice D) foram parte do estudo da autora. As hachuras


apresentadas nos desenhos técnicos são classificadas por cores que representam as categorias
de problemáticas: segurança, estanqueidade, conforto ambiental, ergonomia e funcionalidade e
plástica. As figuras 51 e 52, a seguir, demostram com desenhos volumétricos esquemáticos
abordando os mesmos itens descritos nos desenhos técnicos de uma forma mais didática.
99

Figura 51 – Perspectiva isométrica da residência com o diagnóstico das necessidades

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Figura 52 – Corte perspectivado da cozinha com o diagnóstico das necessidades

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.


100

6.2.1 Conclusões para as soluções projetuais

A partir do diagnóstico foi criado o programa de necessidades do projeto buscando


abordar os apontamentos dos moradores e as percepções da autora do trabalho e categorizadas
de acordo com o grau de prioridade de intervenção (alto, médio ou baixo) e sua relação com as
disciplinas (segurança, estanqueidade, conforto ambiental, ergonomia e funcionalidade e
plástica) trazendo a relação com as cores apresentadas no diagnóstico dos desenhos técnicos.
As demais plantas técnicas para a execução das soluções propostas estão no Apêndice D.
(Tabela 16)

Tabela 16 – Programa de necessidades

Programa de necessidades
Categoria Prioridades
Conf. Ambiental
Estanqueidade

Erg. e func.

Intervenções
Segurança

Plástica

Média
Baixa
Alta
Impermeabilização das paredes laterais
Marquise na parede lateral esquerda
Nova cobertura para a área de serviço e varanda
Limpeza das telhas
Pintura interna e externa
Colocação de tampa na fiação do chuveiro
Colocação do tijolo de vidro
Retirada do aquecedor solar
Troca dos vidros das janelas quebradas
Nova horta
Mudança do layout da cozinha/sala de estar
Troca da caixa d'água
Colocação de revestimento no banheiro

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Em um pensamento conjunto das soluções, sugeriu-se a criação de uma nova cobertura


para a varanda, ambiente que os moradores relataram como um dos mais utilizados na casa,
pois a atual cobertura de telhado cerâmico não possui uma inclinação mínima adequada para
esse tipo de telha, cerca de 20% a menos da inclinação correta, causando um aumento dos
vazamentos, goteiras e, consequentemente, umidade. Dessa forma, pensou-se em uma solução
que pudesse resolver a questão da inclinação, mas também que trouxesse outras vantagens para
101

os moradores, como o aumento da iluminação natural e o reaproveitamento das telhas cerâmicas


para novos usos.

Para a solução da cobertura da varanda, escolheu-se utilizar a telha ecológica de fibras


vegetais juntamente com a telha de fibra de vidro ondulada, aproveitando o madeiramento já
existente da cobertura. A telha translucida contribui para o aumento da iluminação natural tanto
da varanda como também no interior da residência a partir da incidência de luz em ambos. Os
materiais também apresentam um custo benefício interessante para os moradores. A escolha da
telha ecológica ao invés de outro material, como a telha de fibrocimento, é em razão do seu
desempenho térmico ser melhor e o seu custo ser semelhante. (Figura 53)

Figura 53 – Croqui esquemático da varanda

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Como descrito, o material de vedação da cobertura atual da varanda é a telha cerâmica


que será removida para a construção da nova cobertura. Entretanto, houve a preocupação a
respeito do que poderia ser feito para a reutilização das telhas cerâmicas, já que a cerâmica é
um material de alta qualidade e possui diversas qualidades em relação ao conforto térmico e
acústico. Dessa forma, optou-se pelo reuso desse material na marquise, na horta localizada dos
fundos do terreno. (Figura 54)
102

Figura 54 – Croqui das possibilidades de horta com o reuso de telhas cerâmicas

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Uma das prioridades indicada pelos próprios moradores é a respeito da infiltração das
paredes laterais. Para essa problemática escolheu-se impermeabilizar ambas as paredes laterais.
Ademais, sugeriu-se criar uma estrutura de marquise que pudesse impedir que a parede mais
exposta, na lateral esquerda, ficasse em contato direto com a água da chuva e também a
colocação de um revestimento com a função de proteger a superfície acima da marquise. A
figura 55 demostra essa solução:

Figura 55 - Croqui esquemático da parede lateral direita

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.


103

A utilização do revestimento deverá ser alocada na parte acima da marquise a ser


construída, pois é onde há mais incidência da chuva. Toda a parede deverá ser
impermeabilizada, resolvendo a problemática da infiltração, entretanto, o uso do revestimento
contribui para a resolução da problemática a longo prazo, com necessidade de pouca
manutenção. Portanto, entendeu-se que seria interessante apresentar possibilidades de escolha
para os moradores: utilizar um revestimento cerâmico na fachada que mais recebe incidência
de infiltração ou apenas impermeabilizar. (Figura 56)

Figura 56 – Croqui da residência em vista isométrica

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Após a limpeza das telhas e a pintura das paredes externas, a paleta de cores adotada
para as fachadas foi uma escolha que teve como base a necessidade de tons que remetessem à
natureza, já que os moradores demostraram que gostam de cultivar plantas. Por isso, tem-se o
verde (em todo o contorno da edificação que já está delimitado na pintura atual da residência)
e o terracota (cor das telhas cerâmicas), além do tom neutro da cor camurça. (Figuras 57 a 59)

Figura 57 – Perspectiva da fachada esquerda da residência

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.


104

Figura 58 – Perspectiva da fachada posterior

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Figura 59 – Perspectiva da horta localizada nos fundos da residência

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

A escolha pela retirada do aquecedor solar em desuso foi uma sugestão da autora em
razão da possibilidade de adquirir meios financeiros que possibilitem até mesmo a própria obra
através da venda do equipamento existente. Os moradores relataram que alguns vizinhos já
fizeram essa ação e que para eles também haveria essa possibilidade, caso encontrassem um
comprador interessado.

Sobre o projeto de interiores, a intenção principal era a mudança do layout da cozinha e


da sala de estar com o objetivo de melhorar a funcionalidade e ergonomia do espaço. Um dos
questionamentos da moradora era a ausência de algum elemento que pudesse delimitar os
ambientes e, por isso, foi sugerida a reorganização dos mobiliários e também proposta uma
divisória. Para a varanda, a autora propôs uma intervenção de layout do mobiliário para que
105

pudesse incluir a área de serviço para que não fosse necessário criar uma outra cobertura com
essa finalidade, uma vez que atualmente tanto a máquina de lavar quanto o tanque estão
totalmente expostos às intempéries. A planta baixa a seguir (Figura 60), destacada os elementos
adicionados e modificados:

Figura 60 – Planta baixa com a indicação dos elementos modificados e adicionados

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Foram previstas soluções plásticas que favoreceram essa divisão dos espaços através da
pintura das paredes nos tons de verde para cozinha e terracota para sala. Outro item adicionado
à fachada lateral esquerda foi o tijolo de vidro, que adentra a sala de estar com o objetivo de
fornecer mais incidência de luz a esse ambiente que possui um pé direito alto e com um vão de
janela pequeno em relação a área total. Ambos os espaços tiveram intervenções no layout: a
realocação da geladeira, da fruteira e da estante na sala de estar. (Figura 61 e 62).
106

Figura 61 – Perspectiva da sala de estar

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Figura 62 - Perspectiva da cozinha

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.


107

Ambas as divisórias de ambientes propostas, tanto a da cozinha como a da varanda,


seriam feitas com o material reutilizado de grades de muro guardada nos fundos da residência.
Na cozinha, a estrutura foi desenhada para adicionar em seus vãos o policarbonato alveolar
transparente. Já na varanda, para ocultar a área de serviço, as grades foram apoiadas no chão e
foi proposto a colocação de uma jardineira com uma vegetação que pudesse cobrir a grade.
(Figura 63 a 65)

Figura 63 - Esquema das grades a serem reutilizadas para confecção das divisórias

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Figura 64 – Perspectiva da varanda 01

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.


108

Figura 65 – Perspectiva da varanda 02

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

No banheiro, foi sugerido o acréscimo do revestimento, conforme solicitado pelos


moradores e a colocação da tampa com furo para guardar a fiação aparente no banheiro. (Figura
66).

Figura 66 – Perspectiva do banheiro

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.


109

6.3 LEVANTAMENTO QUANTITATIVO E ORÇAMENTO ESTIMADO

Para os moradores, uma parte essencial é o quantitativo de materiais necessários e o


custo com a obra. Por isso, foi realizado uma análise (Tabela 17) que contém a descrição dos
itens a serem realizados com suas respetivas especificações, a quantidade, o preço unitário e o
preço total. Ademais, dividiu-se o orçamento de acordo com os três graus de prioridade de
intervenção (alto, médio e baixo, definido pelas cores), com a possibilidade de duas opções de
solução para aumento da proteção das paredes laterais.

Tabela 17 – Levantamento quantitativo de materiais e orçamento

Levantamento quantitativo de materiais e orçamento total

Preço
N° Referência e
Descrição do item Quantidade Unidade Unitário Total (R$)
item especificação
(R$)
1.0 Impermeabilização das paredes laterais
Impermeabilizante para
Impermeabilizante de
1.1 145,38 m² parede 18kg Quartzolit R$204,90 R$204,90
parede (2 demãos)
(Telha Norte)
Rolo para pintura de lã
1.2 Rolo de pintura 2 unidade de carneiro e garfo R$29,61 R$59,22
23cm (Telha Norte)
Bandeja de Pintura
1.3 Bandeja para pintura 1 unidade 23cm Preta - Atlas R$8,14 R$8,14
1523P (Carefour)
Execução dos próprios
1.4 Mão de obra 2 pessoas R$0,00 R$0,00
moradores
Subtotal R$272,26
2.0 Marquise na parede lateral esquerda
Telhas reaproveitadas
Reaproveitamento de
2.1 6,01 m² da cobertura existente R$0,00 R$0,00
telhas cerâmicas
na varanda
Composição de custo
SINAPI 92541 para
2.2 Caibros de madeira 13,71232 m R$21,50 R$294,81
5,87m² (item 4430) e
preço Mercado Livre
Composição de custo
SINAPI 92541 para
2.3 Pregos 0,8805 kg 5,87m² (itens 20247/ R$24,79 R$21,83
39027/ 40568) e preço
Obramax

Composição de custo
SINAPI 92541 para
2.4 Vigas de madeira 4,31445 m 5,87m² (item 4425) e R$21,50 R$92,76
preço no Mercado
Livre
110

Composição de custo
SINAPI 92541 para
2.5 Ripas de madeira 15,10351 m R$6,50 R$98,17
5,87m² (item 4408) e
preço em Obramax
SINAPI 88239 para
5,87m² (Ajudante de
Mão de obra (ajudante de
2.6 2,35974 horas carpitenteiro)/ Valor da R$10,56 R$24,92
carpinteiro)
hora segundo a
Sinduscon-Rio

SINAPI 88262 para


5,87m² (Carpinteiro de
2.7 Mão de obra (carpinteiro) 2,348 horas formas)/ Valor da hora R$10,56 R$24,79
segundo a Sinduscon-
Rio
Subtotal R$557,29
3.0 Nova cobertura para a área de serviço e varanda
Telha Ecológica Stilo
Vermelho 2mx95cm
3.1 Telha ecológica onduline 6 unidade R$54,90 R$329,40
Onduline (Leroy
Merlim)
Telha Ondulada com
Fibra de Vidro e
Telha de fibra de vidro
3.2 4 unidade Resina Fibromar R$35,99 R$143,96
ondulada incolor
2,44x0,50m Incolor
(Casa Show)
Composição de custo
SINAPI 92543 para
3.3 Pregos 0,4437 kg R$24,79 R$11,00
14,79m² (item 40568) e
preço Obramax
Composição de custo
SINAPI 92543 para
3.4 Vigas de madeira 9,37686 m 14,79m² (item 4425) e R$21,50 R$201,60
preço no Mercado
Livre
Calha Galvanizada
Moldura 28" 2 metros
3.5 Calha 3 unidade R$34,90 R$104,70
Calhaforte (Telha
Norte)
Condutor retangular
corte 28cm 2 metros
3.6 Condutor 1 unidade R$42,90 R$42,90
266 Calhaforte (Telha
Norte)
SINAPI 88239 para
5,87m² (Ajudante de
Mão de obra (ajudante de
3.7 0,96135 horas carpitenteiro)/ Valor da R$10,56 R$10,15
carpinteiro)
hora segundo a
Sinduscon-Rio

SINAPI 88262 para


5,87m² (Carpinteiro de
3.8 Mão de obra (carpinteiro) 1,74522 horas formas)/ Valor da hora R$10,56 R$18,43
segundo a Sinduscon-
Rio
111

Composição de custo
SINAPI 89957 para 2
3.9 Tubulação de PVC 4,28 m pontos AF (item R$5,49 R$23,50
89356) e preço
Obramax

Composição de custo
SINAPI 89957 para 2
Joelho de 90 graus de
3.10 2,36 unidade pontos AF (item R$0,79 R$1,86
PVC soldável
89362) e preço
Obramax

Composição de custo
SINAPI 89957 para 2
3.11 TE de PVC 1,78 unidade pontos AF (item R$1,52 R$2,71
89395) e preço
Obramax

Composição de custo
SINAPI 89957 para 2
Joelho de 90 graus com
3.12 2 unidade pontos AF (item R$6,50 R$13,00
bucha de latão
89366) e preço
Obramax
Composição de custo
Rasgo em alvenaria para
3.13 4,28 m SINAPI 89957 para 1 R$8,41 R$35,99
ramal/distribuição
ponto AF (item 90443)
Chumbamento linear em Composição de custo
3.14 alvena para 4,28 m SINAPI 89957 para 1 R$8,41 R$35,99
ramais/distribuição ponto AF (item 90466)
Mão de obra para
Composição de custo
3.15 instalação de ponto de 8 h R$8,18 R$65,44
do SINAPI 89957
água fria
Subtotal R$1.040,64
4.0 Limpeza das telhas
Execução dos próprios
Mão de obra 2 pessoas R$0,00 R$0,00
4.1 moradores
Subtotal R$0,00
5.0 Pintura interna e externa da residência e do muro
3 em 1 Pinheiro
Natalino 3,2l - Coral
5.1 Tinta acrílica verde 143,31 m² R$120,55 R$361,65
(Coral) - rendimento
59m²

Tinta acrílica fosca


Econômica Coralar
Duo camurça 3,6L
5.2 Tinta acrílica camurça 55,65 m² R$74,90 R$74,90
Coral Coral,
rendimento 64m²
(Casas Bahia)

Tinta Acrílica Fosco


Econômica 3,6L -
5.3 Tinta acrílica branca 120,88 m² Branco Neve - Coralar R$39,90 R$79,80
Coral, rendimento
64m² (Ferreira Costa)
112

Corante Suvinil
5.4 Corante líquido laranja 1 unidade Premium 50ml - R$4,70 R$4,70
Laranja 50ml (Telha
Norte)
Execução dos próprios
5.5 Mão de obra 2 pessoas R$0,00 R$0,00
moradores
Subtotal R$521,05
6.0 Colocação de tampa na fiação do chuveiro
Siena Placa 4x2 Com
6.1 Tampa com furo 1 unidade Furo (EletroFer) R$3,80 R$3,80
Execução dos próprios
6.2 Mão de obra 2 pessoas R$0,00 R$0,00
moradores
Subtotal R$3,80
7.0 Colocação do tijolo de vidro
Composição de custo
para 0,2m² SINAPI
7.1 Tijolo de vidro 5,136 unidade R$12,90 R$66,25
101163 (item 718) e
preço lojas Americanas
Composição de custo
para 0,2m² SINAPI
7.2 Argamassa 0,002 m³ R$19,49 R$0,04
101163 (item 43059) e
preço

Composição de custo
para 0,2m² SINAPI
7.3 Mão de obra (pedreiro) 0,8398 horas 101163 (item 88309) e R$10,56 R$8,87
Valor da hora segundo
a Sinduscon-Rio

Composição de custo
para 0,2m² SINAPI
7.4 Mão de obra (servente) 0,42 horas 101163 (item 88316) e R$7,10 R$2,98
Valor da hora segundo
a Sinduscon-Rio

Subtotal R$78,14
8.0 Retirada do aquecedor solar
Execução dos próprios
8.1 Mão de obra 2 pessoas R$0,00 R$0,00
moradores
Subtotal R$0,00
9.0 Troca dos vidros das janelas quebradas
Orçamento feito com
9.1 Vidro e mão de obra 2 janelas um vidraceiro de R$62,00 R$124,00
Casimiro de Abreu/RJ
Subtotal R$124,00
10.1 Nova horta
Telhas reaproveitadas
Reaproveitamento das
10.1 25 a 30 unidade da cobertura existente R$0,00 R$0,00
telhas cerâmicas
na varanda
113

Kit Horta Caseira - 20


10.2 Mudas de plantas 20 unidade Mudas Diversas R$39,90 R$39,90
Folhosas E Folhas
(Mercado Livre)
Execução dos próprios
10.3 Mão de obra 2 pessoas R$0,00 R$0,00
moradores
Subtotal R$39,90
11.0 Mudança do layout da cozinha/sala de estar
Reaproveitamento das Grades existentes para
11.1 2 unidade R$0,00 R$0,00
grades de ferro serem reaproveitadas

Chapa De
Policarbonato alveolar Policarbonato Alveolar
11.2 1 unidade R$149,90 R$149,90
transparente Transparente 1,05x3,00
4mm (Mercado Livre)

Esmalte Sintético
Coralit Ultra
Pintura de acabamento
11.3 1 unidade Resistencia Alto Brilho R$26,90 R$26,90
das grades
Branco 900Ml Coral
(ABC da construção)

Pesquisa com
Mão de obra para as
11.4 1 unidade serralheiro em R$570,00 R$570,00
grades e fixação
Casimiro de Abreu/RJ
Lâmpada Led Tubular
T5 60cm C/calha
11.5 Lâmpada tubular de led 1 unidade R$35,90 R$35,90
Acoplada 9w (Mercado
Livre)

Kit 2 Luminária + 2
Suporte Plástica Globo
11.6 Luminárias ovais 2 unidade R$26,00 R$26,00
Bola - Luconi(Mercado
Livre)

Suporte Para Forno


11.7 Suporte para microondas 1 unidade Microondas Branco - R$29,54 R$29,54
F200 (Americanas)
Roda Meio Boiserie de
EVA Flexível
Rodameio de EVA
11.8 6,2 metro Autocolante 2,3cm de R$7,78 R$54,46
flexível
altura Rm61 (valor p/
metro) (Meu rodapé)
Subtotal R$892,70
12.0 Troca da caixa d'água
Caixa d'água
polietireno 500 Litros
12.1 Caixa d'água 500L 1 unidade R$187,32 R$187,32
Tigre (Cores Vivas
Home Center)
Execução dos próprios
12.2 Mão de obra 2 pessoas R$0,00 R$0,00
moradores
Subtotal R$187,32
13.0 Colocação de revestimento do banheiro
114

Composição de custo
SINAPI 93392 para
5,24m² (item 533) e
preço Piso Artec
13.1 Revestimento cerâmico 5,5544 m² R$24,90 R$138,30
Brilhante 53x53 cm
HD 53310 Cx 2,03m
Tipo A caixa (Casa
Show)

Composição de custo
SINAPI 93392 para
5,24m² (item 34357) e
13.2 Argamassa 25,4664 kg preço Argamassa ACII R$17,89 R$35,78
Interna e Externa Cinza
20kg Fortaleza (Leroy
Merlin)

Composição de custo
SINAPI 93392 para
13.3 Rejunte bege 0,42 kg 5,24m² (item 34357) e R$4,51 R$1,89
preço Casa da
Construção 1kg

Composição de custo
SINAPI 93392 para
13.4 Mão de obra (azulejista) 3,7728 h 5,24m² (item 88256)/ R$10,56 R$39,84
Valor da hora segundo
a Sinduscon-Rio

Composição de custo
SINAPI 93392 para
13.5 Mão de obra (servente) 1,9912 h 5,24m² (item 88316)/ R$7,10 R$14,14
Valor da hora segundo
a Sinduscon-Rio
Subtotal R$229,96
Opção para acabamento da fachada esquerda
Colocação de revestimento cerâmico em parte da parede lateral esquerda
Composição de custo
SINAPI 93392 para
6,01m² (item 533) e
14.1 Revestimento cerâmico 7,3246 m² preço de Revestimento R$20,99 R$153,74
Antik Café Mate
32x45cm Caixa 2,00m²
Marrom (Ponto Frio)

Composição de custo
SINAPI 93392 para
6,01m² (item 34357) e
14.2 Argamassa 29,2086 kg preço Argamassa ACII R$17,89 R$35,78
Interna e Externa Cinza
20kg Fortaleza (Leroy
Merlin)
Composição de custo
SINAPI 93392 para
14.3 Rejunte bege 2,5242 kg 6,01m² (item 34357) e R$4,51 R$11,38
preço Casa da
Construção 1kg
115

Composição de custo
SINAPI 93392 para
14.4 Mão de obra (azulejista) 4,3272 h 6,01m² (item 88256)/ R$10,56 R$45,70
Valor da hora segundo
a Sinduscon-Rio

Composição de custo
SINAPI 93392 para
14.5 Mão de obra (servente) 2,2838 h 6,01m² (item 88316)/ R$7,10 R$16,21
Valor da hora segundo
a Sinduscon-Rio
Subtotal R$262,82
Alto R$1.316,70
Custo por grau de prioridade de intervenção Médio R$2.095,04
Baixo R$535,32
TOTAL R$3.947,06
Item opcional R$262,82
Total com item opcionais R$4.209,88

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

É válido ressaltar que o orçamento previsto considerou os preços dos produtos em sites,
entretanto a família pode ter a preferência em utilizar lojas locais. Da mesma maneira, os preços
em relação a mão de obra, de acordo com o SINAPI, podem ocorrer variações em função do
preço efetivo da mão de obra local. Ademais, destaca-se a possibilidade de pagamento à prazo,
principalmente para os materiais, já que, segundo a autora, é uma prática comum nas lojas que
comercializam materiais de construção na cidade.

6.4 RELAÇÃO ENTRE O MODELO DE NEGÓCIOS E O PROJETO

De acordo com o tipo de projeto apresentado, segundo o item 5.1.3.1, o serviço realizado
se encaixaria na classificação (3) ‘Minha reforma completa’ e o no tamanho médio de projeto,
que seria 45 horas trabalhadas, pois a intervenção projetual englobou a realização da análise de
toda a edificação, tanto a parte externa como a interna e as horas gastas totais equivalem as 45h
previstas nesse pacote de serviço. Portanto, para esse projeto, a família estaria pagando uma
parcela de R$98,27, segundo o item 5.1.3.2. A tabela 18, a seguir, demostra a estimativa de
horas gastas de acordo com as etapas de projeto (visita ao local, estudo preliminar e projeto
executivo):
116

Tabela 18 - Estimativa de horas gastas com o projeto

Estimativa de horas gastas com o projeto


N° etapa Etapa Descrição da etapa Horas gastas
1 Visita ao Entrevista e levantamento de medidas 1,5
local
2 Estudo Levantamento da edificação existente 4,0
3 Preliminar Diagnóstico de necessidades 4,0
4 Elaboração do 3D 8,0
5 Intervenções projetuais 4,0
6 Renderização 6,0
7 Projeto Plantas técnicas e detalhamentos 8,0
8 Executivo Orçamento 6,0
9 Apresentação do projeto 1,5
10 Gestão de Acompanhamento da obra 2,0
obra
Horas gastas totais 45

Fonte: Elaborado pela autora, 2021.

Os produtos apresentados neste trabalho contemplam todas as etapas descritas na Tabela


18, entretanto, a autora destaca que seria possível fazer o projeto e resolver as problemáticas
principais com menos produtos a serem entregues, já que as soluções expostas não são de
complexidade alta. Dessa maneira, haveria a possibilidade de diminuir o custo a ser investido
pelos moradores nesta etapa de projeto.

Todavia, é válido ressaltar que algumas das etapas, como a elaboração da volumetria
em software 3D e a renderização, são muito importantes para o entendimento dos moradores
sobre o que está sendo proposto, mas não são essenciais para o profissional projetar as soluções.
Da mesma maneira como os desenhos técnicos, que são uma linguagem mais acadêmica, são
essenciais para o entendimento da execução do projeto, porém apresentam-se de difícil
compreensão para os moradores.

Nesse sentido, para haja uma sintonia entre todos os envolvidos no projeto é necessário
saber demonstrar a relevância de cada produto a ser entregue como forma de representar a
importância da democratização da arquitetura para este público. O projeto completo também
traz a possibilidade de que todos possam ter a documentação e desenhos técnicas da própria
residência, podendo ser utilizadas até mesmo para fins de licenciamento, por exemplo.
117

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A discussão a respeito da democratização da Arquitetura envolvida neste trabalho e o


seu enfoque na Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social (ATHIS) e dos direitos
garantidos pela Lei n° 11.888/2008, contribui para a construção de uma rede de profissionais
dispostos a conscientizar sobre o déficit habitacional de 5,8 milhões de moradias e atuar
diretamente com os 24,8 milhões de domicílios no Brasil que possuem algum tipo de
inadequação (MDR, 2021).

Conforme exposto neste trabalho, a profissão do Arquiteto e Urbanista consolidou-se ao


longo dos anos criando relações entre a elite e os trabalhadores populares, cabendo a esse
profissional uma posição privilegiada. Entretanto, o ‘status’ e o ‘glamour’ da profissão criou
uma barreira a qual a população de baixa renda não conseguia, por muito tempo, dialogar.
Diversas experiências citadas como positivas foram expostas neste trabalho e que comprovam
que esse diálogo é pertinente e possível. O ‘apego ao glamour’ também contribuiu com a
disposição dos profissionais em atenderem as demandas no mercado e por muito tempo,
reproduzirem o que é solicitado somente por esse agente.

A necessidade de inserção de novas frentes de atuação no mercado da Arquitetura e do


Urbanismo é mais do que criar um modelo de negócios de empresa social que seja viável e
sustentável economicamente. Trata-se de uma solução que contribui para a melhoria
habitacional de uma grande parcela da população brasileira e também para a construção de
cenários que favoreçam a atuação do papel social do Arquiteto e Urbanista e facilitem a inserção
no mercado de trabalho para os profissionais, principalmente, recém-formados.

O Arquiteto e Urbanista tem um importante papel na sociedade, ele tem a capacidade


de criar e construir grandes edificações. Da mesma maneira, esse mesmo profissional tem a
possibilidade de ser simples e fazer do simples uma grande mudança na vida daqueles que
mesmo sem buscar ajuda profissional, com os recursos disponíveis, fazem da sua moradia o
melhor lugar possível para se viver.

Desde o princípio, o maior desafio do modelo de negócios era o de criar uma solução
que fosse justa para ambos os lados: do ponto de vista empresarial e do ponto de vista do cliente.
Era necessário pensar sobre a maneira mais econômica e implementável para que a
consolidação da empresa se tornasse viável. Uma grande dificuldade da autora era criar um
saldo positivo entre as despesas e o faturamento. Entretanto, o resultado final demostra que
118

mesmo que se tenha cenários adversos, a implementação é possível nestes termos. O trabalho
com a conscientização da população e a divulgação dos serviços é o maior dos desafios, porém
existem diversos meios de ampliar esse acesso.

A capacidade do Arquiteto e Urbanista em ser multifacetado e enxergar os diversos


papeis enquanto profissional, é criar, mesmo com dificuldade, oportunidades reais de tornar o
empreendedorismo uma ferramenta capaz de trazer uma mudança na sociedade. Pois,
Arquitetos e Urbanistas são artistas, mas também são agentes de transformação e possuem a
capacidade de mudar histórias de vida, juntamente com muitos outros profissionais.

As experiências adquiridas neste trabalho, principalmente na parte projetual com a


criação das soluções para a melhoria habitacional, são um avanço na compreensão de que o
padrão ‘ótimo’, ‘certo’ ou ‘ideal’ de moradia, imposto comumente como o óbvio, não é uma
análise rasa ou simples para ser compreendida pelo profissional. Exige que a linguagem não
dita e os significados das respostas estejam sendo analisadas juntamente com muitas outras
questões, levando em consideração toda a história dos moradores com a residência e sua
compreensão sobre o que enxergam como o ideal.

Por isso, aliar a complexidade do custo, dos desejos e das necessidades dos moradores,
além das percepções da autora, foi outro grande desafio exposto neste trabalho. Uma importante
questão era trazer uma discussão do quanto é possível obter um ganho na qualidade habitacional
com intervenções pontuais e viáveis tanto tecnicamente como economicamente. E dessa
maneira, perceber que o que foi proposto no modelo de negócios é validado com base nas
experiências da autora e sua dedicação com a família escolhida para participar do projeto.

Deste modo, a luta pelo direito à moradia de qualidade é uma construção constante e
repleta de desafios. E ações nesse sentido refletem diretamente no impacto de alcançar os 85%
da população que ainda não conhecem o trabalho de um Arquiteto e Urbanista (CAU/BR e
DATAFOLHA, 2015). O acesso a esses profissionais é uma luta que deve ser de
responsabilidade de todos, cada qual com a sua contribuição, para que somando forças possam
entender o quanto podem contribuir para a construção de novas cidades: mais sustentáveis, mais
confortáveis, mais funcionais e mais bonitas. Afinal, ‘arquiteto não é artigo de luxo’, é
necessidade, é direito.
119

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124

APÊNDICE A – TABELA DE FATURAMENTO

Estimativa de receitas mensais acumuladas - Ano 1


(1) 'Quanto custa o meu sonho' (2) 'Obra sem dor de cabeça' (1) e (2) 'Minha casa completa'
Mês Faturamento
R$35,16 R$69,28 R$131,27 R$13,13 R$33,08 R$49,41 R$46,36 R$98,27 R$175,43
R$70,32 R$138,56 R$262,54 R$26,25 R$66,16 R$98,82 R$92,71 R$196,53 R$350,86 janeiro R$1.302,75
R$141,35 R$278,51 R$527,71 R$52,78 R$132,98 R$198,62 R$186,36 R$395,04 R$705,22 fevereiro R$2.618,56
R$212,37 R$418,45 R$792,87 R$79,30 R$199,80 R$298,43 R$280,01 R$593,54 R$1.059,59 março R$3.934,37
R$283,39 R$558,40 R$1.058,04 R$105,82 R$266,62 R$398,24 R$373,66 R$792,05 R$1.413,96 abril R$5.250,18
R$354,42 R$698,34 R$1.323,20 R$132,34 R$333,44 R$498,05 R$467,30 R$990,55 R$1.768,33 maio R$6.565,98
R$425,44 R$838,29 R$1.588,37 R$158,87 R$400,26 R$597,86 R$560,95 R$1.189,06 R$2.122,70 junho R$7.881,79
R$496,46 R$978,24 R$1.853,53 R$185,39 R$467,09 R$697,67 R$654,60 R$1.387,56 R$2.477,07 julho R$9.197,60
R$567,49 R$1.118,18 R$2.118,70 R$211,91 R$533,91 R$797,47 R$748,24 R$1.586,07 R$2.831,44 agosto R$10.513,41
R$638,51 R$1.258,13 R$2.383,86 R$238,43 R$600,73 R$897,28 R$841,89 R$1.784,57 R$3.185,80 setembro R$11.829,22
R$709,53 R$1.398,07 R$2.649,03 R$264,96 R$667,55 R$997,09 R$935,54 R$1.983,08 R$3.540,17 outubro R$13.145,02
R$780,55 R$1.538,02 R$2.914,20 R$291,48 R$734,37 R$1.096,90 R$1.029,19 R$2.181,58 R$3.894,54 novembro R$14.460,83
R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 dezembro R$15.776,64
R$37.081,98 R$15.042,78 R$50.351,60
Total de receita ano 1 R$102.476,36
Estimativa de receitas mensais acumuladas - Ano 2
(1) 'Quanto custa o meu sonho' (2) 'Obra sem dor de cabeça' (1) e (2) 'Minha casa completa'
Mês Faturamento
R$35,16 R$69,28 R$131,27 R$13,13 R$33,08 R$49,41 R$46,36 R$98,27 R$175,43
R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 janeiro R$15.776,64
R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 fevereiro R$15.776,64
R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 março R$15.776,64
R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 abril R$15.776,64
R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 maio R$15.776,64
R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 junho R$15.776,64
R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 julho R$15.776,64
125

R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 agosto R$15.776,64
R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 setembro R$15.776,64
R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 outubro R$15.776,64
R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 novembro R$15.776,64
R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 dezembro R$15.776,64
R$68.506,84 R$27.790,83 R$93.022,00
Total de receita do ano 2 R$189.319,67
Estimativa de receitas mensais acumuladas - Ano 3
(1) 'Quanto custa o meu sonho' (2) 'Obra sem dor de cabeça' (1) e (2) 'Minha casa completa'
Mês Faturamento
R$35,16 R$69,28 R$131,27 R$13,13 R$33,08 R$49,41 R$46,36 R$98,27 R$175,43
R$922,60 R$1.817,91 R$3.313,26 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 janeiro R$16.736,34
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 fevereiro R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 março R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 abril R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 maio R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 junho R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 julho R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 agosto R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 setembro R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 outubro R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 novembro R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 dezembro R$16.602,44
R$71.172,36 R$29.515,74 R$98.675,09
Total de receita do ano 3 R$199.363,20
126

APÊNDICE B – ENTREVISTA COM A FAMÍLIA


127
128
129

APÊNDICE C – LEVANTAMENTO DA RESIDÊNCIA


130
131

APÊNDICE D – DESENHOS TÉCNICOS

Neste apêndice encontram-se os desenhos técnicos relativos ao levantamento e


diagnóstico da edificação existente, o projeto de arquitetura para melhoria habitacional e o
projeto de arquitetura de interiores com seus respectivos detalhamentos para a compreensão das
soluções projetuais.
Levantamento e diagnóstico de necessidades da edificação existente
Trabalho Final de Graduação - Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
Aluna: Elisa Araujo Crispim Projeto Residencial | Maria Luiza e José Maria
Orientador: Luciano Falcão da Silva
BB
01

BB
01
1022
291 570 160
13 278 13 249 13 282 13 147 13 1022
291 570 160
10 72 13

13

177
18%

164
TELHADO
10 456 COLONIAL

487
Horta
Casa do

310
cachorro

80
547

547

60
proj. const.
452

397
30%

1549
290
TELHADO
COLONIAL

PROJ. DO BEIRAL
TELHADO

1062
60
1.20x1.00 1.20x1.00 COLONIAL
1.10 1.10 30%
13

13
AA AA
01 01

665
proj. const.
10%

255
348

348
1549

Projeção do QUARTO 1 QUARTO 2


aquecedor solar 8,67m²
0.70 0.70 9,87m²
2.10 2.10
734

734
13

13 119 13
0.60 BANH. 0.60x0.60 292 570 160 N
1.50
2.10 2,19m²
Projeção

BB
01
da caixa
SALA/COZINHA d'água
16,28m² 500L
346

AA AA Planta de Cobertura Fotografia da varanda


0.15
01 0.80x0.80 01 02 03 sem escala
1.30 Escala: 1/200
214

0.80 0.60x0.60
2.10 1.50
13

13

1.20x1.00
1.10
VARANDA
PROJ. COBERT.

16,28m²
255
268
268

268

0.13

0.80 A.S
2.10
13

ÁREA CONSTRUÍDA = 56,35m²


200

0.10
BB
01

CALÇADA
RUA ZENOT JACOUB
N
0.00

13 279 13 364 180 13 160


292 570 160

Planta Baixa com layout Fotografia fachada posterior Fotografia dos fundos
01 04 sem escala 05 sem escala
Escala: 1/100

Trabalho Final de Graduação


Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
Estudo Preliminar - Residência Unifamiliar - Clientes: Maria Luiza e José Maria
Planta Baixa com layout, Planta de Cobertura e Fotografias da residência
01/
Aluna: Elisa Araujo Crispim Escala: Indicada 03
89 25
26
Caixa d'água
500L

387
360

273
210

210

210
SALA/COZINHA
0.13 0.15 0.13

100
Corte AA
02
Escala: 1/100
21

75
Caixa d'água

10 88
500L
81

Fotografia da cozinha Fotografia do banheiro


436

04 sem escala 05 sem escala


415

100

292
263
210

210
QT. DO CASAL BANH. A.S.
61

150

150
0.13 0.15 0.13 0.13
110

100

80
60
20

Corte BB
03
Escala: 1/100

Telha
cerâmica

Pintura acrílica
na cor laranja

Janela de ferro e
vidro canelado Porta de
madeira
escura

Fachada Frontal Fotografia da sala


04 06 sem escala
Escala: 1/100

Trabalho Final de Graduação


Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
Estudo Preliminar - Residência Unifamiliar - Clientes: Maria Luiza e José Maria
Corte AA, Corte BB, Fachada Frontal e Fotos
02/
Aluna: Elisa Araujo Crispim Escala: Indicada 03
CC
02
CC
02
1022
291 570 160
Caixa d'água

177
500L 18%
Horta TELHADO
Casa do COLONIAL

487
cachorro

310
60
proj. const.

160
QT. DO CASAL BANH. COZINHA A.S.

397
30%

1549
TELHADO
COLONIAL
PROJ. DO BEIRAL

Corte CC TELHADO
02

1062
COLONIAL
Escala: 1/100 30%

665
proj. const.
Projeção

255
da caixa
Projeção do QUARTO 1 QUARTO 2 d'água
aquecedor solar 8,67m² 500L
9,87m²

01 BANH.
2,19m²
02 292 570 160
N

CC
02
SALA/COZINHA
16,28m² Fachada 01 Cobertura
03 05
Escala: 1/100
Escala: 1/200
PROJ. COBERT.

VARANDA
16,28m²

A.S

ÁREA CONSTRUÍDA = 56,35m²

N
Fachada 02
CC

04
02

Escala: 1/100
Planta Baixa com layout
01
Escala: 1/100
LEGENDA - Diagnóstico por categorias de problemáticas

COR CATEGORIA DESCRIÇÃO

Caixa d'água de amianto; janelas quebradas; fios expostos do chuveiro;


Segurança
área de serviço sem cobertura;

..\..\..\OneDrive\Documentos\TFG\04_PROJETO\Entrevista\_FOTOS\0745e94f-e4db-44e5-97aa-c846d05b3cd5.jpg ..\..\..\OneDrive\Documentos\TFG\04_PROJETO\Entrevista\_FOTOS\2088ca50-69a6-4bb5-bb34-ed98e280c15e.jpg
Estanqueidade Paredes com infiltrações; Inclinação incorreta do telhado;

Conforto ambiental Paredes ocas; Ambientes escuros e pouco ventilados;

Aquecimento solar prejudicando a passagem e sem utilidade; Geladeira


Ergonomia e funcionalidade obstruindo a passagem; Layout da cozinha não agrada a moradora.

Paredes no osso e/ou com manchas; revestimento do banheiro; horta


Plástica inacabada; Layout da cozinha não agrada a moradora; Telhas sujas;
Fotos da Fachada 01 Fotos da Fachada 02
06 sem escala 07
sem escala
Trabalho Final de Graduação
Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
Estudo Preliminar - Residência Unifamiliar - Clientes: Maria Luiza e José Maria
Diagnóstico de Necessidades: Planta Baixa, Corte CC, Fachada 01, Fachada 02, Cobertura e Fotos
02/
Aluna: Elisa Araujo Crispim Escala: Indicada 03
Projeto de Arquitetura para Melhoria Habitacional
Trabalho Final de Graduação - Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
Aluna: Elisa Araujo Crispim Projeto Residencial | Maria Luiza e José Maria
Orientador: Luciano Falcão da Silva
CC

BB
02

01
BB
01
1022 1022 1022
291 570 160 291 570 160 291 570 160
13 278 13 249 13 282 13 147 13

177

177
18% 18%

10 72 13

13
TELHADO Telhado
COLONIAL colonial

487

487
164

310

310
10 456
Horta 80
Casa do
cachorro

60

60
proj. const. proj. const.

80
547

547

397

397
Beiral de
30% telhado 30%
452

1549

1549
colonial Telhado colonial
TELHADO
COLONIAL

794
290
TELHADO

1062

1062
COLONIAL Telhado colonial
PROJ. DO BEIRAL 30% 30%
AA AA

60
1.20x1.00 1.20x1.00 01 01
1.10 1.10

665

665
Telha
13

13
de vidro proj. const.
proj. const. incolor

128 128
10%

255

255
Telha
ecológica de
fibras vegetais
348

348
235 100 235
1549

QUARTO 2
QUARTO 1 9,87m² 02 292 570 160
8,67m² 292 570 160
0.70 0.70 N 292 570 160 N

CC
2.10 2.10

02
734

734
13

13 119 13
BANH.

BB
01
0.60 0.60x0.60 À DEMOLIR
01 1.50
2.10 2,19m²
Projeção
da caixa À CONSTRUIR
SALA d'água
12,00m² 500L
Planta Demolir/Construir Planta de Cobertura
346

AA AA
01
0.15
0.80x0.80 01 02 03
COZINHA 1.30 Escala: 1/200 Escala: 1/200

214
4,08m²
0.80 0.60x0.60
2.10 1.50
13

13
1.20x1.00
1.10
VARANDA
16,28m²
PROJ. COBERT.

A.S
0.13
255
268
268

268

0.80
2.10
13

ÁREA CONSTRUÍDA = 56,35m²


200

0.10
BB
01

CALÇADA
RUA ZENOT JACOUB
N
0.00

13 279 13 364 180 13 160


292 570 160

Planta Baixa com layout Perspectiva


01 04 sem escala
Escala: 1/100

Trabalho Final de Graduação


Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
Estudo Preliminar - Residência Unifamiliar - Clientes: Maria Luiza e José Maria
Projeto de Arquitetura: Planta baixa com layout, Planta demolir/construir, Cobertura e Perspectiva
01/
Aluna: Elisa Araujo Crispim Escala: Indicada 04
VASO DE TELHA
CERÂMICA
REAPROVEITADA
FIXADA NO MURO

22 22 25 25 25 22 22 22 25 25
25 25 25
50 25 25 25 25 25
25

100
80
Vista do Muro dos fundos
01
Escala: 1/50

Perspectiva dos fundos da Residência Perspectiva da varanda da Residência


04 05
sem escala sem escala

Trabalho Final de Graduação


Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
Estudo Preliminar - Residência Unifamiliar - Clientes: Maria Luiza e José Maria
Projeto de Arquitetura: Vista dos fundos da residencia e perspectivas
02/
Aluna: Elisa Araujo Crispim Escala: Indicada 04
REVESTIMENTO CERÂMICO TIPO
TIJOLINHO (32X45) OU SIMILAR

PINTURA EM TINTA
ACRÍLICA FOSCA NA COR TIJOLO DE VIDRO 19X19CM
CAMURÇA OU SIMILAR
GRADE DIVISÓRIA NA COR
BRANCA COM VEGETAÇÃO

MESA DE JANTAR DE
MADEIRA EXISTENTE
PINTURA EM TINTA ACRÍLICA
NA COR VERDE PINHEIRO
NATALINO OU SIMILAR

50
Elevação 01
01
Escala: 1/50

PINTURA EM TINTA
ACRÍLICA FOSCA NA COR
CAMURÇA OU SIMILAR

PINTURA EM TINTA
ACRÍLICA NA COR VERDE
PINHEIRO NATALINO OU
SIMILAR
50

Elevação 02
02
Escala: 1/50

Trabalho Final de Graduação


Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
Estudo Preliminar - Residência Unifamiliar - Clientes: Maria Luiza e José Maria
Projeto de Arquitetura: Elevação 01 e Elevação 02
03/
Aluna: Elisa Araujo Crispim Escala: Indicada 04
PINTURA EM TINTA
ACRÍLICA FOSCA NA COR
CAMURÇA OU SIMILAR

PINTURA EM TINTA ACRÍLICA GRADE DIVISÓRIA NA COR


NA COR VERDE PINHEIRO BRANCA COM VEGETAÇÃO
NATALINO OU SIMILAR

Elevação 03
01
Escala: 1/50

PINTURA EM TINTA
ACRÍLICA FOSCA NA COR
CAMURÇA OU SIMILAR

PINTURA EM TINTA
ACRÍLICA NA COR VERDE
PINHEIRO NATALINO OU
SIMILAR
Elevação 04
02
Escala: 1/50

Trabalho Final de Graduação


Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
Estudo Preliminar - Residência Unifamiliar - Clientes: Maria Luiza e José Maria
Projeto de Interiores: Planta baixa sala de estar/jantar, planta de iluminação e perspectivas
04/
Aluna: Elisa Araujo Crispim Escala: Indicada 04
Projeto de Arquitetura de Interiores
Trabalho Final de Graduação - Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
Aluna: Elisa Araujo Crispim Projeto Residencial | Maria Luiza e José Maria
Orientador: Luciano Falcão da Silva
ESTANTE DE MADEIRA
(REALOCADA) EXISTENTE
FRUTEIRA (REALOCADA)

70
EXISTENTE
VASO (REALOCADO)

180
EXISTENTE

TAPETE CINZA
EXISTENTE
95 65

175
BANCADA EXISTENTE
SALA DE ESTAR/COZINHA DIVISÓRIA DE ESTRUTURA

106
2,19m²
DE FERRO E
POLICARBONATO PINTADA
1 NA COR BRANCA

91
4 2 100 LEGENDA DE ILUMINAÇÃO
3

166
DET.01 PENDENTE GLOBO ESFÉRICO
SOFÁ MARROM FOGÃO EXISTENTE LEITOSO DE PLÁSTICO BRANCO
EXISTENTE 63

82
PLAFON BRANCO COM SOQUETE
GELADEIRA (REALOCADA) EXISTENTE (REALOCADO)
EXISTENTE LÂMPADA TUBULAR DE LED C/
CALHA ACOPLADA

Planta Baixa com layout: sala de estar/cozinha Planta de iluminação: sala de estar/cozinha
01 02
escala: 1/50 escala: 1/50

Perspectiva da cozinha Perspectiva da sala de estar


03 sem escala 04 sem escala

Trabalho Final de Graduação


Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
Estudo Preliminar - Residência Unifamiliar - Clientes: Maria Luiza e José Maria
Projeto de Interiores: Planta baixa sala de estar/jantar, planta de iluminação e perspectivas
01/
Aluna: Elisa Araujo Crispim Escala: Indicada 04
CAIXA D'ÁGUA DE
CAIXA D'ÁGUA DE
POLIETIRENO DE 500L
POLIETIRENO DE 500L
PINTURA EM TINTA
ACRÍLICA FOSCA NA COR ARMÁRIO SUPERIOR
BRANCO NEVE EXISTENTE (REALOCADO) PINTURA EM TINTA
ACRÍLICA NA COR VERDE
FORNO MICROONDAS PINHEIRO NATALINO OU
EXISTENTE (REALOCADO) SIMILAR
COM SUPORTE
LÂMPADA TUBULAR DE LED
C/ CALHA ACOPLADA
PRATELEIRA MDF BRANCA
EXISTENTE (REALOCADO)
DIVISÓRIA DE ESTRUTURA

273
70
DE FERRO E

36
PINTURA EM TINTA POLICARBONATO PINTADA
ACRÍLICA NA COR VERDE NA COR BRANCA (DET. 01)
PINHEIRO NATALINO OU
SIMILAR ARMÁRIO INFERIOR

100
ESTANTE DE MADEIRA
(REALOCADA) EXISTENTE EXISTENTE

Vista 01 Vista 02
01 02
escala: 1/50 escala: 1/50

PINTURA EM TINTA
ACRÍLICA FOSCA NA COR
BRANCO NEVE

PENDENTE GLOBO
ESFÉRICO LEITOSO DE
PLÁSTICO BRANCO

PINTURA EM TINTA
ACRÍLICA NA COR VERDE PINTURA EM TINTA
TIJOLO DE VIDRO
PINHEIRO NATALINO OU ACRÍLICA FOSCA NA COR
(19X19CM)
SIMILAR BRANCO NEVE
83 20
DIVISÓRIA DE ESTANTE DE MADEIRA
ESTRUTURA DE FERRO E (REALOCADA) EXISTENTE
PINTURA EM TINTA

55
POLICARBONATO
PINTADA NA COR ACRÍLICA NA COR PINTURA EM TINTA
TERRACOTA OU SIMILAR ACRÍLICA NA COR
BRANCA (DET. 01)

165
TERRACOTA OU SIMILAR
110

110
GELADEIRA EXISTENTE
(REALOCADA) SOFÁ MARROM EXISTENTE
SOFÁ MARROM EXISTENTE

Vista 03 Vista 05
03 04
escala: 1/50 escala: 1/50

Trabalho Final de Graduação


Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
Estudo Preliminar - Residência Unifamiliar - Clientes: Maria Luiza e José Maria
Projeto de Interiores: Vistas da sala de estar/cozinha
02/
Aluna: Elisa Araujo Crispim Escala: Indicada 04
BANH. 1
2,19m² 4 2
PD=2,63m 3

EQUIPAMENTOS
SANITÁRIOS EXISTENTES

Planta Baixa Banheiro Vista 01 Vista 02 Vista 03 Vista 04


01 02 03 03 04
escala: 1/50 escala: 1/50 escala: 1/50 escala: 1/50 escala: 1/50

LEGENDA

EIXO DE INICIO DA PAGINAÇÃO DO REVESTIMENTO

REVESTIMENTO CERÂMICO ARTEC BRILHANTE (53X53CM)

Perspectiva do banheiro
05 sem escala

Trabalho Final de Graduação


Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
Estudo Preliminar - Residência Unifamiliar - Clientes: Maria Luiza e José Maria
Projeto de Interiores: Planta baixa com layout do banheiro, vistas e perspectiva do banheiro e Vista do muro dos fundos
03/
Aluna: Elisa Araujo Crispim Escala: Indicada 04
214
3 44 3 57 3 101 3

3
CHAPA DE POLICARBONATO

44
ALVEOLAR TRANSPARENTE

50

3
101
AA
04
114

GRADE DE FERRO PARA


214 DIVISÓRIAS PINTADA COM
ESMALTE SINTÉTICO ALTO
5

106
BRILHO NA COR BRANCA

3
1

49
273
273
Planta baixa da divisória GRADE DE FERRO PARA

3
223
01

223
MOLDURA PINTADA COM
escala: 1/25 ESMALTE SINTÉTICO ALTO
BRILHO NA COR BRANCA

48
3
112

61
3

3
3 3 44 3 3 44 3
50 50

Corte AA Vista 01 (Frontal)


02 03
escala: 1/25 escala: 1/25

Perspectiva isométrica
04
sem escala

Trabalho Final de Graduação


Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
Estudo Preliminar - Residência Unifamiliar - Clientes: Maria Luiza e José Maria
Detalhamento da diviória da cozinha
04/
Aluna: Elisa Araujo Crispim Escala: Indicada 04

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