Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Biblioteca Anton Dakitsch do IFF
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
ELISA ARAUJO CRISPIM
Banca Avaliadora:
_______________________________________________________________
Luciano Falcão da Silva, D.Sc.
Instituto Federal de Educação, Ciência e tecnologia Fluminense
(Orientador (a))
_______________________________________________________________
Fagner das Neves de Oliveira, M.Sc.
Instituto Federal de Educação, Ciência e tecnologia Fluminense
(Membro interno (a))
_______________________________________________________________
Mayara Cristina Pereira Leite dos Reis
Universidade Federal do Mato Grosso
(Membro externo (a))
Dedico este trabalho aos meus pais, Eliezer e
Cristina, com gratidão pelo apoio durante a
elaboração deste trabalho, acreditando no meu
potencial e me dando forças para continuar.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus por me proteger e iluminar os meus caminhos para que eu tivesse força e
coragem durante os longos anos de graduação.
À minha família, principalmente aos meus avós e a minha irmã, que sempre mostraram-se
presentes e estiveram torcendo para que eu pudesse alcançar os meus objetivos. A minha maior
motivação é poder orgulhá-los.
Agradeço imensamente aos meus pais, Eliezer e Cristina, pelo apoio que sempre me deram
durante toda a minha vida e na minha graduação de maneira ainda mais especial não medindo
esforços para que eu pudesse realizar o meu sonho.
Deixo um agradecimento especial à Maria Luiza, ao José Maria e ao Rodrigo, família que me
recebeu com muito carinho e ajudou imensamente a construção deste trabalho.
Agradeço em especial ao meu orientador Luciano Falcão por todo o apoio e dedicação durante
a elaboração deste trabalho mesmo com a escassez de tempo e o curto prazo para a conclusão
desta pesquisa. Sou imensamente grata por acreditar incansavelmente nas minhas ideias e
defender muitas outras ao meu lado mesmo quanto tudo era um grande ‘ponto de interrogação’.
Sou grata por todos os funcionários do Instituto Federal Fluminense que contribuíram
diretamente ou indiretamente para a minha formação, proporcionando um ambiente de muito
apoio e carinho. Tenho um imenso orgulho em poder ter feito parte desse lugar.
Especialmente agradeço aos professores que estiveram comigo no grupo de trabalho Ateliê de
Pesquisas da Paisagem: Antonio Godoy, Danielly Aliprandi, Fagner das Neves e Ana Paula
Lettieri. Agradeço por terem contribuído para a formação do meu olhar crítico para as questões
socioeconômicas e socioespaciais que englobam a atuação da Arquitetura e do Urbanismo.
Agradeço também aos professores e aos colegas que estiveram comigo durante o tempo de
atuação na Aurea, Empresa Junior do Instituto Federal Fluminense, especialmente os
professores Zander Filho, Luciano Falcão e Wagner Bretas. Esse apoio contribuiu para que me
sentisse encorajada e segura a encarar os desafios empresariais que me foram propostos neste
trabalho e na vida.
Agradeço ao Caio, amigo e namorado, que esteve presente diariamente dando-me muito apoio
e incentivo, e que também compreendeu as minhas ausências durante o período de elaboração
deste trabalho.
Também agradeço aos amigos que fiz durante a graduação, sejam colegas de classe ou também
de outros períodos e cursos que eu pude conhecer. Todas as trocas e experiências foram
essenciais para a minha formação e cada um contribuiu de uma forma diferente para avançar e
ultrapassar obstáculos.
Agradeço especialmente à minha melhor amiga e companheira para todas as horas, Amanda,
que me sustentou e me ensinou tanto durante todo o tempo juntas. Assim como, também
agradeço a outras amigas como a Daiane, a Mariana, a Maria Lis, e tantos outros colegas que
trocaram experiências e aprendizados.
RESUMO
CRISPIM, Elisa Araujo. ATHIS da Teoria à Prática: projeto de melhoria habitacional para
população de baixa renda no município de Casimiro de Abreu/RJ. 2020. Trabalho Final de
Graduação apresentando como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em
Arquitetura e Urbanismo - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense,
Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, 2021.
CRISPIM, Elisa Araujo. Theory to Practice: a housing improvement project for low-
income population in the county of Casimiro de Abreu/RJ. 2020. Trabalho Final de
Graduação apresentando como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel
em Arquitetura e Urbanismo - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Fluminense, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, 2021.
Figura 1 – Cortiços na Rua Cardeal Arcoverde, São Paulo, fevereiro de 1938. ........................ 7
Figura 2 – Brás e Lapa, os primeiros bairros operários de São Paulo. ....................................... 8
Figura 3 - Brasil entre 1889-1988 e a sua relação com a habitação social. .............................. 12
Figura 4 - Programas da habitação social no Brasil a partir de 1985 até hoje. ........................ 17
Figura 5 - Conhecimento de Softwares de Arquitetura e Urbanismo ....................................... 21
Figura 6 – Evolução das atividades de Arquitetura e Urbanismo no Brasil (2012-2018) a partir
do registro de atividades (RRT)................................................................................................ 22
Figura 7 - Arquitetos e Urbanistas no Brasil (pessoas físicas e jurídicas) ............................... 23
Figura 8 - Gráfico de gênero dos Arquitetos e Urbanistas no Brasil. ....................................... 23
Figura 9 - Tabela com faixa etária dos Arquitetos e Urbanistas no Brasil ............................... 24
Figura 10 - Relação da população brasileira com a construção civil e contratação dos
profissionais de arquitetura e engenharia. ................................................................................ 25
Figura 11 - Contratação de Arquitetos e Urbanistas no Brasil. ................................................ 26
Figura 12 - Metodologia e produtos entregues do programa 'Melhorias Habitacionais' da
CODHAB. ................................................................................................................................ 35
Figura 13 - Cartilha sobre Assistência Técnica do Escritório Publico, Salvador, BA. ............ 37
Figura 14 - Representação do Projeto Arquitetônico descrita na Cartilha do Escritório Público.
.................................................................................................................................................. 37
Figura 15 - Cartilha de assistência técnica ensinando como se deve executar a fundação e a
estrutura. ................................................................................................................................... 38
Figura 16 –Mapa Resumo do Diagnóstico Popular na comunidade Fazendinha Sapê,
Niterói/RJ. ................................................................................................................................ 45
Figura 17 – Mapa com delimitação da Mesorregião das Baixadas Litorâneas e localização do
município de Casimiro de Abreu/RJ ........................................................................................ 50
Figura 18 – Mapa do município de Casimiro de Abreu e seus distritos ................................... 51
Figura 19 – Mapa de Zoneamento do distrito sede de Casimiro de Abreu/RJ. ........................ 54
Figura 20 – Mapa de distribuição de atividades em Arquitetura e Urbanismo no Estado do Rio
de Janeiro, destaque para a localização do município de Casimiro de Abreu/RJ .................... 56
Figura 21 – Mapa da Empatia................................................................................................... 58
Figura 22 – Canvas de Proposta de Valor ................................................................................ 59
Figura 23 - Modelo de Negócios de Alex Osterwalter ............................................................. 60
Figura 24 – Ilustração sobre como preencher o modelo de negócios de acordo com as
perguntas .................................................................................................................................. 60
Figura 25 – Modelo de Negócios ............................................................................................. 61
Figura 26 – Layout de home office sugerido ............................................................................ 69
Figura 27 – Modelo de escritório móvel .................................................................................. 69
Figura 28 – Processo de projeto e produtos a serem entregues para as famílias ..................... 72
Figura 29 – Demonstrativo de estimativa de receitas do primeiro ano. ................................... 74
Figura 30 – Demonstrativo de receitas do segundo ano. ......................................................... 75
Figura 31 – Localização do terreno.......................................................................................... 84
Figura 32 – Mapa de entorno: tipologias, gabarito e fluxos das vias....................................... 85
Figura 33 – Zoneamento do terreno ......................................................................................... 86
Figura 34 – Estudo de condicionantes ambientais ................................................................... 87
Figura 35 – Planta baixa humanizada da residência ................................................................ 88
Figura 36 – Fotografias da fachada .......................................................................................... 89
Figura 37 – Fotografia dos fundos da residência ..................................................................... 89
Figura 38 – Fotografias do quarto do casal e da varanda......................................................... 90
Figura 39 – Fotografia da varanda ........................................................................................... 91
Figura 40 – Fotografia da parede externa da lateral esquerda da casa ..................................... 91
Figura 41 – Fotografias da lateral direita da casa vista externa ............................................... 92
Figura 42 – Fotografia da vista interna do quarto do casal ...................................................... 92
Figura 43 – Fotografia da Sala e Cozinha, destaque para a caixa d’água ................................ 93
Figura 44 – Fotografia do quarto de visitas ............................................................................. 94
Figura 45 – Fotografia da lateral esquerda da casa, onde está o aquecedor solar .................... 95
Figura 46 – Fotografia do banheiro.......................................................................................... 95
Figura 47 – Fotografia da cozinha ........................................................................................... 96
Figura 48 – Fotografia dos fundos da casa, destaque para a casa do cachorro ........................ 97
Figura 49 – Fotografia dos fundos da casa, destaque para a horta........................................... 97
Figura 50 – Conceito do projeto .............................................................................................. 98
Figura 51 – Perspectiva isométrica da residência com o diagnóstico das necessidades .......... 99
Figura 52 – Corte perspectivado da cozinha com o diagnóstico das necessidades .................. 99
Figura 53 – Croqui esquemático da varanda .......................................................................... 101
Figura 54 – Croqui das possibilidades de horta com o reuso de telhas cerâmicas ................ 102
Figura 55 - Croqui esquemático da parede lateral direita ...................................................... 102
Figura 56 – Croqui da residência em vista isométrica ........................................................... 103
Figura 57 – Perspectiva da fachada esquerda da residência ................................................... 103
Figura 58 – Perspectiva da fachada posterior ......................................................................... 104
Figura 59 – Perspectiva da horta localizada nos fundos da residência ................................... 104
Figura 60 – Planta baixa com a indicação dos elementos modificados e adicionados ........... 105
Figura 61 – Perspectiva da sala de estar ................................................................................. 106
Figura 62 - Perspectiva da cozinha ........................................................................................ 106
Figura 63 - Esquema das grades a serem reutilizadas para confecção das divisórias ............ 107
Figura 64 – Perspectiva da varanda 01 ................................................................................... 107
Figura 65 – Perspectiva da varanda 02 ................................................................................... 108
Figura 66 – Perspectiva do banheiro ...................................................................................... 108
LISTA DE TABELAS
Art. Artigo
INTRODUÇÃO 1
1 HISTÓRICO DA HABITAÇÃO SOCIAL NO BRASIL 7
2 HIS E O PANORAMA DA ARQUITETURA E URBANISMO NO BRASIL 18
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL 18
2.2 PANORAMA DA ARQUITETURA E URBANISMO NO BRASIL 21
2.3 A LEI DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA (N°11.888/2008) E A ATUAÇÃO PROFISSIONAL 27
3 REFERENCIAIS PROJETUAIS 33
3.1 MELHORIAS HABITACIONAIS 33
3.2 MORAR MELHOR 35
3.3 ARQUITETOS DE FAMÍLIA 38
3.4 HABITAT NA COMUNIDADE 41
3.5 RESIDÊNCIA AU+E/UFBA 42
3.6 NEPHU 44
3.7 PROGRAMA VIVENDA 45
3.8 MORADIGNA 47
3.9 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PROJETOS 48
4 DIAGNÓSTICO DO MUNICIPIO DE CASIMIRO DE ABREU/RJ 50
5 A TEORIA: PROPOSTA DE ATUAÇÃO COM ATHIS 58
5.1 PLANO DE NEGÓCIOS 62
5.1.1 Sumário executivo 62
5.1.2 Análise de mercado 63
5.1.2.1 Estudo dos clientes 64
5.1.2.2 Estudo dos concorrentes 64
5.1.2.3 Estudo dos fornecedores 65
5.1.3 Plano de marketing 66
5.1.3.1 Descrição dos principais serviços 66
5.1.3.2 O preço e as estratégias promocionais 66
5.1.3.3 Estrutura de comercialização e a localização do negócio 67
5.1.4 Plano operacional 68
5.1.4.1 Layout 68
5.1.4.2 Capacidade produtiva 70
5.1.4.3 Processos operacionais 71
5.1.5 Plano financeiro 72
5.1.5.1 Investimento inicial, receitas e despesas 72
5.1.5.2 Indicadores de viabilidade 79
5.1.6 Considerações sobre o modelo: os cenários e análise F.O.F.A. 80
6 A PRÁTICA: PROJETO DE MELHORIA HABITACIONAL 83
6.1 ESTUDOS: ENTORNO E CONDICIONANTES 83
6.2 O PROJETO: PERCEBER PARA SOLUCIONAR 87
6.2.1 Conclusões para as soluções projetuais 100
6.3 LEVANTAMENTO QUANTITATIVO E ORÇAMENTO ESTIMADO 109
6.4 RELAÇÃO ENTRE O MODELO DE NEGÓCIOS E O PROJETO 115
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 117
REFERÊNCIAS 119
APÊNDICE A – TABELA DE FATURAMENTO 124
APÊNDICE B – ENTREVISTA COM A FAMÍLIA 126
APÊNDICE C – LEVANTAMENTO DA RESIDÊNCIA 129
APÊNDICE D – DESENHOS TÉCNICOS 131
INTRODUÇÃO
Desde 2008, no Brasil, já existe uma legislação que garante às famílias de baixa renda o
acesso gratuito ao trabalho técnico dos profissionais especializados em construção civil, porém,
sabe-se que essa legislação ainda é pouco explorada por todo território brasileiro. Trata-se da
Lei da Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social (ATHIS) (Lei n°11.888/2008),
que compreende esse auxílio como um direito fundamental para o cidadão, assim como saúde e
educação (BRASIL, 2008). Em 2017, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) deu um
passo diante de toda a demanda existente. Com o objetivo de estimular ações dessa natureza,
definiu que todos os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo nos estados da federação – CAU/UF
deverão dedicar 2% do seu orçamento para apoiar essas ações1. O art. 2°, parágrafo segundo, da
Lei 11.888/2008 ainda objetiva assegurar, além do direito à moradia:
A grande questão que envolve as atribuições dos Arquitetos e Urbanistas está escondida
por trás de todos esses fatos. Pensar que apenas 15% dos brasileiros usufruem da arquitetura é
refletir o papel social desses profissionais (CAU/BR e DATAFOLHA, 2015). É necessário olhar
os fatos e discutir sobre a democratização da arquitetura e a preocupação em fazer com que essa
atuação profissional seja de fato essencial para melhorar as nossas cidades. É comum ouvir
reclamações a respeito das dificuldades descritas pelos Arquitetos e Urbanistas pela falta de
trabalho, pela dificuldade de inserção no mercado, pela competitividade acirrada e também por
uma disputa pelo reconhecimento profissional. Em contrapartida, há um grande abismo entre o
1
Notícia divulgada pelo CAU/BR (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil) em seu site oficial, disponível
em: <https://caubr.gov.br/athis-2/>. Acesso em: 12 de novembro de 2020.
2
Informação obtida no curso virtual de Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social (ATHIS) para
melhorias habitacionais em favelas, oferecido pela ONG Soluções Urbanas, em outubro de 2020.
cidadão que necessita dos serviços de construção civil e os escritórios de arquitetura e de
engenharia.
É evidente que ainda há de fato um longo caminho a ser percorrido para alcançar a
democratização da arquitetura, contribuindo para a melhoria habitacional das cidades
brasileiras, e consequentemente, da qualidade de vida da população. Por isso, é imprescindível
que cada vez mais pessoas enxerguem que essa profissão é repleta de desafios e potencialidades,
responsável pela criação de espaços construídos que levam em consideração muitos aspectos:
acessibilidade, inclusão, beleza, sustentabilidade, segurança, conforto e tantos outros.
Lida-se com duas questões muito importantes nessa reflexão: uma população excludente
que não terá acesso ao serviço se não for pela ATHIS e outra parte que poderia contratar a
assessoria técnica, mas não o faz por acreditar que custa muito acima do que é esperado pagar
(CAU/BR e DATAFOLHA, 2015). Tem-se então, o problema: como fazer com que mais
pessoas contratem o serviço de arquitetura através de um empreendedorismo social e com o
apoio de uma rede de profissionais que deseja impactar de fato a sociedade através do papel
social da profissão e do reconhecimento da importância do nosso trabalho para a melhoria das
cidades brasileiras?
Um aspecto relevante nessa temática é saber que há uma preocupação comum dos
profissionais recém-formados, principalmente, em relação aos desafios para a inserção no
mercado do trabalho da construção civil. O antagonismo de ideias pode estar na dificuldade
desse público em conseguir realizar seu ofício e a existência de uma população inalcançada, que
nunca de fato contratou esses serviços. É necessário construir soluções que propiciem que essa
balança seja cada vez mais proporcional, trazendo benefícios para ambos.
A autora deste trabalho justifica a escolha do local a ser estudado em razão da sua relação
de afetividade com município de Casimiro de Abreu/RJ, cidade em que viveu a maior parte de
sua vida. A definição da temática voltada para a habitação de interesse social tem influência na
forma como a autora considera que seja possível fazer com que mais pessoas enxerguem a
profissão do Arquiteto e Urbanista de fato como ela é: para todas as pessoas, proporcionando
mais qualidade de vida principalmente para a população de baixa renda. Ademais, a temática
contribui para a formação social e crítica da futura Arquiteta e Urbanista recém-formada, autora
deste trabalho, que enfrentará muitos desafios na sua vida profissional, principalmente no início
da carreira.
Por isso, também se considerou relevante para o enriquecimento do trabalho trazer tanto
a visão teórica sobre como é possível atuar com ATHIS através do modelo de negócios, como
a visão prática de projeto de como seria de fato trabalhar com esse público, entendendo suas
necessidades e seus desejos. A afinidade com os mecanismos que facilitem esse trajeto através
do empreendedorismo social faz parte das experiências vivenciadas pela autora durante dois
anos trabalhando voluntariamente na Aurea Soluções e Projetos, Empresa Júnior do Instituto
Federal Fluminense, em que pode conhecer e enxergar o papel do empreendedor social para a
viabilização de mudanças positivas para a sociedade.
Portanto, o trabalho propõe como objetivo geral, a proposta de um modelo de negócios
de empresa social voltada para população de baixa renda e a sua aplicação a partir da assessoria
técnica para um projeto de melhoria habitacional de uma família do município de Casimiro de
Abreu/RJ, o qual seja replicável a outras cidades interioranas, incentivando os profissionais a
estarem mais próximos do papel social da profissão e visando o desenvolvimento da boa
qualidade habitacional.
Dessa forma, com estudos bibliográficos que tratam sobre empreendedorismo, como o
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, foi possível
complementar os conhecimentos adquiridos, buscando estruturar e apresentar a modalidade de
negócio, desenvolvendo uma proposta de modelo com possibilidade de ser implementado em
outras cidades interioranas.
3
Relato de experiências obtidas como participante do curso virtual, módulos 1-4, oferecido pela ONG Soluções
Urbanas, ministrado pela Mariana Estevão, presidente da organização, em 26-29 de Outubro de 2020.
7
Foram também construídas nesse período, as vilas operárias (Figura 2), modelo mais
aceito pelas classes altas, já que além de ser considerado uma ‘habitação higiênica’ era também
protegido por seus interesses; como exemplo, no Código Sanitário do Estado de São Paulo de
1894, era previsto que a construção dessas habitações deveria ser feita ‘fora da aglomeração
urbana’. (VILLAÇA, 1986, p. 14-17)
Tanto interesse pelo tema não pode, contudo, ser explicado senão em
decorrência da crise de moradia que o país atravessava e do fato de a
conjuntura requerer novos modelos de moradia operária. Também foi
importante o fato de a crise ter afetado não só a população de baixa renda, mas
também a classe média - grande formadora da opinião pública -, que até então
morava predominantemente em casas de aluguel. (BONDUKI, 2004, p. 76)
Dessa forma, encontrar maneiras de baratear o custo para produção das moradias e
também viabilizar a construção das casas feitas pelos próprios trabalhadores era uma questão
amplamente discutida pelos Arquitetos e Engenheiros da época. A racionalização da
Arquitetura, isto é, a produção em larga escala, já era assunto entre os modernistas e o I
Congresso de Habitação, em 1931, já incluía esse debate do custo da moradia, destacando o que
de fato devia-se priorizar na construção. Outros temas a serem levantados frequentemente era
o que dizem a respeito da facilitação das construções com Códigos de Obras e legislações
pertinentes, além do crescimento horizontal das cidades, que acabam gerando uma grande
especulação imobiliária.
A casa própria do operário acabava por ter certa tendência a ser localizada nas áreas
periféricas da cidade, já que pagar pela localização central custava muito mais do que se era
possível. Assim também surge a problemática da infraestrutura urbana permeando esses
espaços e ‘obrigando’ o aumento do investimento público. Nesse novo modelo de habitação,
10
portanto, ‘constrói-se uma utopia na qual os operários reproduzem o modo de vida pequeno
burguês, mantendo a ordem capitalista e sendo atendidos por um Estado protetor e por entidades
assistenciais capazes de garantir um futuro seguro para todos’. (BONDUKI, 2004, p. 95)
Dessa forma, o BNH atuou financiando as construções de moradia com seus respectivos
agentes: para as famílias de baixa renda através dos órgãos estaduais com a Companhia de
Habitação Popular – COHABs e para as famílias de maior renda esse papel estava com as
imobiliárias. Em 1968, no Rio de Janeiro, também houve a criação da CHISAM (Coordenação
de Habitação de Interesse Social da Área Metropolitana do Grande Rio) com o objetivo de
11
auxiliar a COHAB. A CHISAM foi responsável por uma política maciça de remoção de favelas
no Rio de Janeiro para conjuntos habitacionais. (ARRUDA, 2014)
Segundo Azevedo (1988), a expansão desse modelo do BNH trouxe uma notável
agregação de serviços urbanos como saneamento básico, financiamento de materiais de
construção, transporte, pesquisa etc. Porém, os custos dessa transformação foram as
exportações desses serviços que antes eram realizados pelos governos locais, o que trouxeram
conflitos entre os objetivos sociais e o estilo empresarial adotado pelo Banco. Fatores externos
ao BNH, como o ‘arrocho salarial’ ocorrido no Regime Militar, contribuíram para que o
programa obtivesse críticas também pela sua ineficácia no atendimento da classe de baixa
renda, e consequentemente, com o seu declínio.
O Governo Collor (1990-1992), marcado por uma intensa desordem social e econômica,
fez com que a crise habitacional se agravasse ainda mais, não havendo nenhuma mudança nesse
sentido. Já no Governo de Itamar Franco (1992-1995), após o impeachment de Collor, pode-se
destacar a criação dos Programas Habitar Brasil e Morar Município. Porém, essas ações tiveram
pouco resultado devido à falta de articulação entre Estados, Municípios e Governo Federal,
além da ausência de recursos necessários para promover tais programas. (ARRUDA, 2014, p.
64)
A partir de 2003, no governo de Luís Inácio Lula da Silva, com a criação do Ministério
das Cidades (MCidades), inicia-se no Brasil um novo período de atuação e enfoque para a
habitação social. Um marco importante nesse processo foi a retomada do planejamento do setor
habitacional através da Política Nacional de Habitação (PNH), aprovada em 2004 pelo
Conselho das Cidades que propõe a criação do Sistema Nacional de Habitação (SNH),
13
Com o avanço do setor, em 2009, foi criado o Programa Minha Casa Minha Vida
(PMCMV). Segundo Arruda (2014, p. 67), o PMCMV tinha ‘a meta de construção de um
milhão de moradias, 400 mil seriam destinadas a famílias com renda de até três salários
mínimos. Como regra para estas famílias, fixou-se que o mutuário pagasse uma parcela inferior
a R$ 50,00, com um financiamento, neste caso, de dez anos’. O grande diferencial do programa
foi a oportunidade de crédito às famílias mais carentes e que compõem o significativo déficit
habitacional do país. Através do FGTS, o acesso ao crédito foi facilitado e o governo conseguiu
construir moradias inteiramente subsidiadas para famílias com rendas de até três salários
mínimos. (ROSSATTO e BOLFE, 2014, p. 211).
habitacional como um direito. A consequência dessa ação foi esquecimento da Lei nos anos
seguintes (informação verbal). 4
Entretanto, a crítica que o Programa Minha Casa Minha Vida enfrenta é a sua relação
política com os agentes produtores do espaço urbano e também por estar fora do Fundo
Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), previsto no SNH. (ROSSATTO e BOLFE,
2014). Segundo Klintowitz (2016), o MCMV tomou características para ser ‘capaz de se
ramificar em várias escalas de coordenação: entre o setor público e privado; entre os diferentes
ministérios; entre União e municípios’, e ainda fez ‘garantir que ambas as agendas concorrentes
– de reforma urbana e do setor produtivo – convivessem de maneira articulada, mesmo que
preservassem suas contradições’.
Outra questão a ser discutida é sobre o ponto de vista da localização das moradias em
detrimento da especulação imobiliária nas áreas centrais da cidade, pois ‘a falta de controle
sobre este aspecto, além de aumentar os valores dos imóveis para as camadas do programa que
acessam a iniciativa privada, pode inviabilizar a provisão de unidades para as camadas de baixa
renda’ (ARRUDA, 2014, p. 69). Nesse sentido, sabe-se que há uma dependência da iniciativa
municipal para a construção das moradias e a sua oferta é prioritariamente onde o preço da terra
é mais barato, ou seja, localizado nas áreas periféricas e que também necessitam da chegada de
infraestrutura urbana.
4
Conclusões obtidas através da formação do curso virtual de Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social
(ATHIS) para melhorias habitacionais em favelas, oferecido pela ONG Soluções Urbanas, em outubro de 2020.
15
Fonte: Elaborado pela autora (GARCIA e RESENDE, 2020; CARVALHO, 2021), 2021.
5
De acordo com notícias divulgadas pela Secretária Geral da União, no dia 13 de janeiro de 2021, a partir da
publicação do Diário Oficial, o presidente Bolsonaro vetou apenas um trecho da Lei que dispõe sobre o
recolhimento de tributos unificados para as construtoras do MCMV. A medida provisória do programa foi criada
em 8 de dezembro de 2020. (CARVALHO, 2021)
17
A figura 4, a seguir, demonstra uma linha do tempo desde 1985 até hoje, destacando os
principais programas de habitação social no Brasil que foram criados durante esse período.
[...] a experiência empírica demonstra que a moradia popular não poderia ser
realizada sem a devida adequação dos moradores ao espaço de vida. Desse
modo surgem os problemas de acesso e mobilidade ao trabalho e da
racionalidade imposta às relações sociais e de produção da própria vida. No
contexto, a racionalidade imposta desses planos de habitação contribui ao
processo de segregação sócio espacial pela moradia, favorecendo os agentes
imobiliários mais abastados. Desse fato resulta a luta pela moradia dado aos
movimentos sociais, sendo na maioria das vezes ligados a áreas desprovidas
de mínimas condições de vida para essas populações. (ROSSATTO e BOLFE,
2014, p. 212)
18
Outra questão política que impactou o campo de atuação profissional foi o governo do
Getúlio Vargas (1882-1954), a partir do Estado Novo, que refletiu um grande progresso nos
anos seguintes no campo econômico, industrial e urbano entre os anos de 1930 e 1960. Já no
governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), inaugurou-se a cidade de Brasília/DF,
importante marco na história da arquitetura do Brasil, levando também a uma exaltação do
discurso do papel social da arquitetura que foi:
Logo após, no mundo pós Segunda Guerra, o Brasil experimentava uma época marcada
pela chamada “Idade de Ouro” do capitalismo e da socialdemocracia, possuindo objetivos
claros a respeito do desenvolvimento, a igualdade e o pleno emprego dos brasileiros.
Simultaneamente, crescia também um aumento da participação popular no sistema
democrático, o que fez aumentar a pressão por reformas estruturais, rompendo com os grupos
políticos mais tradicionalistas. Sabe-se que em plena Guerra Fria, essas forças políticas
conservadoras, tementes pela conquista dos espaços conquistados pelas “Reformas de Base”,
implantadas no governo de João Goulart (1918-1976), sucessor de Juscelino Kubitschek, fez
com que se criasse um temor nacional pela implantação do comunismo no Brasil. Esse fato
repercutiu para que, em 1964, começasse uma ditadura militar que comandou o país pelos
próximos vinte anos seguintes. (SALVATORI, 2008)
Salvatori (2008) ainda afirma que, no que se trata do campo da Arquitetura, esse sistema
político trouxe muitos impactos na categoria profissional dos Arquitetos e Urbanistas, pois
alguns dos mais influentes nomes como: Oscar Niemeyer, Edgar Graeff, Demétrio Ribeiro e
Vilanova Artigas, foram afastados das escolas de Arquitetura e tiveram seus direitos políticos
cassados. Os arquitetos modernos eram identificados como esquerdas políticas, considerando
seus aspectos humanistas e sociais praticados pelo exercício profissional, o que foi altamente
criticado pelo governo militar.
arquitetura, pois sua experiência técnica era essencial para o contexto desenvolvimentista
implementado e esperado de ser alcançado. Posteriormente, vê-se uma queda desse mercado,
nos anos 80, devido à massificação da formação profissional, a aceitação das ideias neoliberais
e a transformação do mercado.
[...] o debate pós-moderno não foi capaz de explicar, por si só, os rumos que
a arquitetura brasileira tomou desde então. Fatos como a interiorização da
economia e das escolas de Arquitetura trouxeram maior diversidade ao campo
e à emergência de regionalismos, com arquiteturas desvinculadas dos modelos
anteriores. [...] nos grandes centros, abrandou-se a busca de uma identidade
nacional para a arquitetura; a arquitetura mais visível atendia a padrões de
eficiência tecnológica e imagem empresarial, muitas vezes definidos em
âmbito internacional, exigência dos grupos multinacionais que se instalavam
no país. O panorama dos anos 80 se completava com o trabalho de alguns
arquitetos ainda das primeiras gerações modernas, que continuavam ativos e
fiéis à suas origens. (SEGAWA, 1999 apud SALVATORI, 2008, p.56)
Por esse fato e pelas consolidações existentes nas cidades brasileiras, deve-se estar
atento a como a população e os profissionais tem agido e reagido de acordo com as demandas
ofertadas. Sabe-se da preocupação histórica pelo papel social da profissão e, nesse sentido,
caminhar para a melhoria dos cenários futuros, vivenciando oportunidades e necessidades.
21
O dados do último Censo (2015), ressalta uma preocupação frequente dos profissionais
no que diz respeito a dedicação para a qualificação, cerca de um quarto do total possuem pós-
graduação (25,49%) e a grande maioria (82%) costuma frequentar feiras, cursos, amostras e
afins, na busca por constante atualização profissional. Outro dado relevante é o domínio em
massa por software de desenho por computador (86%), enquanto 28% também afirmam utilizar
softwares de geoprocessamento e 68% outros programas que auxiliam o uso profissional.
(Figura 5)
6
Notícia divulgada na página do CAU/BR, em 19 de fevereiro de 2020, disponível em:
<https://www.caubr.gov.br/cau-promove-censo-dos-arquitetos-e-urbanistas-2020-participe/>. Acesso em: 08 dez.
2020.
22
Segundo o Censo (2015), a maioria dos entrevistados afirmam que se sentem satisfeitos
com a profissão (cerca de 70% avaliaram positivamente). Ao serem questionados sobre os
principais obstáculos para a atuação profissional, 52,12% acreditam que há pouca valorização
do arquiteto e urbanista na sociedade e 32% afirmam que há uma má remuneração profissional.
Figura 6 – Evolução das atividades de Arquitetura e Urbanismo no Brasil (2012-2018) a partir do registro de
atividades (RRT)
Outro dado relevante é a maioria dos profissionais serem mulheres, 63% do total, e ao
considerar apenas os mais jovens (pessoas com menos de 30 anos), esse número sobe para 75%
para o público feminino, contra apenas 25% masculino. O que constata uma tendência de jovens
mulheres para o futuro da profissão é também o fato dos profissionais com menos de 50 anos
ocupando cerca de 60% do total de arquitetos e urbanistas (CAU/BR, 2019). Conforme
demostram a seguir a Figura 8 e a Figura 9:
Segundo Linhares (2018, p. 14), faz-se necessário esclarecer que, dentro destes 85%
auto construtores, nem todos são de baixa renda8. Essa prática, mesmo que comumente
compreendida como a produção de moradias pela população em situação de vulnerabilidade
social, é vista em toda a cidade, já que apenas 15% daquilo que construído de habitações é
realizado em conjunto com profissionais da construção civil. A Figura 10, a seguir, demostra
os dados apresentados:
7
O perfil dos entrevistados reflete as características da população brasileira adulta economicamente ativa: há
preponderância de homens e de pessoas mais jovens à média de idade é igual a 37 anos. (CAU/BR; DATAFOLHA,
2015)
8
Sobre o perfil do total de entrevistados, sabe-se que 3% pertencem a classe A e 25% são da classe B. A maioria,
cerca de 49% pertencem a classe C e 24% estão nas classes D ou E. (CAU/BR e DATAFOLHA, 2015)
25
Figura 10 - Relação da população brasileira com a construção civil e contratação dos profissionais de arquitetura
e engenharia.
9
Na pesquisa qualitativa, notou-se que muitos acreditam que essa prática traz benefícios durante a obra e muitas
dificuldades apontadas no início minimizam com esse projeto. (CAU/BR e DATAFOLHA, 2015)
26
Outro fator que é destaque na pesquisa é a satisfação dos 7% que já utilizaram o serviço
de arquitetura em suas obras. Segundo o CAU/BR e o DataFolha (2015), a satisfação se mostra
muito expressiva, pois oito em cada dez declaram-se satisfeitos com o trabalho do profissional
de Arquitetura e Urbanismo. A estimativa aponta que 89% dos entrevistados se dizem
satisfeitos ou muito satisfeitos com o serviço. Outro dado é que metade dessa população afirma
que contrataram o profissional devido ao seu conhecimento técnico; a outra metade se divide
em questões legais, viabilização do projeto e segurança do imóvel. Em contrapartida, explica-
se que:
Sobre a ótica da idade e do gênero, percebeu-se que a grande maioria dos profissionais
tem sido jovens mulheres. É interessante essa questão pois ela rompe com um histórico
profissional com a predominância de nomes muito reconhecidos de homens na Arquitetura e
Urbanismo. Ademais, a jovialidade da profissão também traz a necessidade de inclusão desse
público na concorrência do mercado que, geralmente, enfrenta uma monopolização,
principalmente quando se trata da inclusão dos recém-formados na vida profissional.
É pertinente observar que os dados obtidos pelas pesquisas nos últimos anos
demonstram um notável crescimento das atividades de Arquitetura e Urbanismo e também do
aumento do número de profissionais. Entretanto, ainda há uma parcela significativa da
população brasileira que não usufrui desses serviços, notada pelo significativo percentual de
85% (CAU/BR e DATAFOLHA, 2015). Evidentemente, a ausência do uso dos serviços não
torna a necessidade dele menos relevante para a população, pois, identificou-se que há um
interesse da grande maioria que esses profissionais estejam acompanhando as obras e realizando
projetos, entretanto, há um certo desconhecimento sobre o custo a ser investido.
No Brasil, desde 2008, foi criada uma legislação que garante às famílias de baixa renda
o acesso gratuito ao trabalho técnico de profissionais especializados: Lei da Assistência Técnica
para Habitação de Interesse Social (ATHIS) (Lei n°11.888/2008). Por definição do CAU/BR,
descrita na Cartilha da Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social – ATHIS (2008),
o termo ‘ATHIS’ significa todos os serviços técnicos das áreas de Arquitetura e Urbanismo, de
Engenharia, de Direito, de Serviço Social, de Geografia, de Geologia, de Biologia e de outras
28
áreas afins, necessárias para garantir o direito à moradia das famílias de baixa renda. A definição
reforça o que descreve a Lei n°11.888/2008:
Art. 1° Esta Lei assegura o direito das famílias de baixa renda à assistência
técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de
interesse social, como parte integrante do direito social à moradia previsto
no art. 6° da Constituição Federal, e consoante o especificado na alínea r do
inciso V do caput do art. 4° da Lei n° 10.257, de 10 de julho de 2001, que
regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal [...](BRASIL, 2008)
A legislação prevê uma série de serviços que contemplam desde a elaboração de projetos
como também execução e acompanhamento de obras com auxílio dos profissionais de
Arquitetura e Engenharia, podendo realizar reformas, ampliações ou regularizações fundiárias
das habitações. Segundo Linhares (2018), tem-se uma problemática envolvida nessa questão
pois ‘a lei ainda é pouco efetivada pelos municípios e os seus moldes, quando aplicados, ainda
se apresentam tecnocráticos e hierárquicos.’
Como visto anteriormente, essa legislação, embora tenha entrado em vigor desde 2009,
ainda é pouco conhecida e implantada nas cidades brasileiras. Em 2016, o plenário do CAU/BR
aprovou, com unanimidade, a destinação de um percentual mínimo de 2% da receita líquida de
arrecadação para o desenvolvimento de ações dessa natureza com a participação de arquitetos
e urbanistas. Porém, até 2017, sabe-se que apenas 122 municípios em 16 estados e o Distrito
Federal foram diretamente beneficiados10. Em 2018, os CAU/UF’s, segundo a Cartilha das
ATHIS (CAU/BR e CAU/SC, 2018) ‘realizaram 18 editais, 25 eventos, quatro publicações,
uma campanha e 21 diálogos com Prefeituras e governos estaduais em prol da implementação
da Lei 11.888/2008’, além de outras ações como: uma carta-aberta aos candidatos das eleições
de 2018 e também em 2020, e o Seminário Nacional de Assistência Técnica em 2019.
Segundo a Cartilha das ATHIS, o poder público tem papel essencial na promoção,
realização e fiscalização da assistência técnica, pois é ele que articula os agentes produtores do
espaço urbano organizando-os e direcionando-os a partir das demandas da população (CAU/BR
e CAU/SC, 2018).
O art. 4° da Lei 11.888/2008 também prevê que o Arquiteto e Urbanista possa prestar
seus serviços em diferentes áreas de atuação, sejam em instituições públicas, em projetos de
10
Dados divulgados por uma reportagem do Jornal Hoje, da TV Globo, no dia 06 de março de 2017, pela repórter
Gioconda Brasil.
29
A lei define os papéis dos principais atores: os escritórios e profissionais liberais podem
desenvolver projetos de modo autônomo ou em conjunto com outros arquitetos. A partir de
startups, por exemplo, é possível desenvolver modelos de negócios que tenham como um
produto de ações sociais a oferta de melhorias habitacionais para população em situação de
vulnerabilidade social, sem desconsiderar a remuneração do profissional. (CAU/BR e CAU/SC,
2018)
Os dados divulgados pelo CAU/BR e CAU/SC (2018), afirmam que, o governo federal,
nos anos entre 2007 e 2015, investiu 86,2% dos recursos da política habitacional na produção
de moradia através do programa Minha Casa Minha Vida. Já as melhorias habitacionais
receberam em investimentos apenas 13,8%, e nelas, envolve-se infraestrutura, saneamento e
30
melhorias habitacionais. Nessa ótica, é evidente perceber que as ações que envolvem o direito
da população em receber as ATHIS é um cenário que necessita ser tratado com mais prioridade.
É necessário entender que para a promoção das ATHIS é preciso romper os desafios
enfrentados para o seu funcionamento, isto é, a elaboração de estratégias para união, harmonia
e cooperação de todos os envolvidos nessa atividade, traduzindo as experiências e inovações
para captar os agentes produtores do espaço urbano, os recursos e a demanda populacional.
Visto que, as ações relacionadas à ATHIS podem ser compreendidas de diversas formas: como
um direito a ser garantido pelo poder público, como uma oportunidade profissional e também
como o exercício do papel social da profissão.
11
De acordo com Baltazar e Kapp (2016, p.4), ‘o paradigma da assistência se funda nesse ideário assistencialista’.
31
Nessa ótica, é possível trazer a relação entre os conhecimentos técnicos adquiridos pelos
profissionais na academia, interpretados através de projetos e seus desenhos técnicos, a visão
do profissional executor da obra e também do cliente, que não recebe a mesma formação, porém
é exigido que esteja alinhado para o mesmo nível de entendimento. Segundo Ferro (2006, p.
159) apud Linhares (2018, p. 53), o projeto acaba se tornando o meio de hierarquização da
separação ‘do fazer e do pensar, do dever e do poder, da força e dos meios de trabalho’.
formação dos atores envolvidos na construção, pois isso também faz parte da viabilização da
democratização da arquitetura garantir essa compreensão.
Entretanto, do ponto de vista autocrítico, não se quer afirmar que o Arquiteto e Urbanista
deve solucionar todos os problemas advindos dos processos de exploração da força de trabalho
ou de seus mecanismos de reprodução do capital instalados na sociedade. A questão da
habitação, por exemplo, é muito mais profunda e complexa do que se pode observar de
imediato. Villaça (1986) questiona como seria resolvida a problemática da oferta de habitação
digna à toda população, pois segundo ele não se trata de somente respeitar as características
econômicas, culturais e tecnológicas de um país ou região considerado, mas também, entender
que a esfera de intervenção está além dos profissionais com o conhecimento técnico a ser
aplicado:
Dessa forma, entende-se que para a compreensão das diferentes problemáticas que
envolvem a questão habitacional, as características sociais, econômicas e, principalmente,
políticas devem ser enxergadas lado a lado. O padrão ‘ótimo’, ‘certo’ ou ‘ideal’ de moradia,
muitas vezes, para a população de baixa renda está correspondido apenas como aquele que
minimamente se pode conquistar através dos recursos disponíveis, ou seja, ‘o que se pode
pagar’. Portanto, também cabe ao papel social do profissional compreender esse fator e resolver
a parte que se consegue intervir de modo direto, rompendo os padrões da ‘arquitetura de luxo’
e considerando a sua grande responsabilidade em atingir o ‘ideal’ a ser construído de maneira
sustentável, saudável e viável economicamente.
33
3 REFERENCIAIS PROJETUAIS
Escolheram-se oito referenciais que contam com dois tipos de atores para cada
categoria, sendo eles: órgão público municipal, Organização não Governamental, universidade
e empresa social. Portanto, para a evolução do entendimento em como se tem implementado a
assessoria técnica pelos diferentes vieses de atuação, os seguintes projetos foram analisados:
Melhorias Habitacionais (COHAB, 2021), Morar Melhor (SEINFRA, 2021), Arquitetos de
Família (SOLUÇÕES URBANAS, 2012; ESTEVÃO e MEDVEDOVISK, 2017), Habitat na
Comunidade (HABITAT BRASIL, 2021), Residência AU+E/UFBA (UFBA, 2021), NEPHU
(NEPHU, 2021), Programa Vivenda (VIVENDA, 2021) e Moradigna (MORADIGNA, 2021).
A escolha dos estudos tem como objetivo principal a ampliação do conhecimento das
metodologias de trabalho existentes e seus respectivos modelos de atuação, entendendo seus
limites e suas potencialidades. A construção do estudo baseia-se em identificar: as metodologias
projetuais adotadas e suas etapas de trabalho, a viabilização para o reconhecimento das famílias
de baixa renda e a relação entre o ator e o morador para a realização das reformas.
Ao final, traz-se uma análise comparativa dos projetos estudados para a melhor
compreensão e síntese dos tópicos abordados, destacando os pontos principais a partir da análise
da autora deste trabalho e suas recomendações para a viabilização da assessoria técnica para a
população de baixa renda, interpretadas através das conclusões obtidas com os referenciais
projetuais.
criada em 2007 e atua com diversos programas de habitação para população de baixa renda por
todo o território do Distrito Federal. (COHAB, 2021)
As etapas12 do programa (Figura 10) podem ser divididas em três principais: (1) etapa
de habitação (é realizado o cadastro da família a partir da demonstração de interesse, além do
levantamento técnico da moradia), (2) etapa de projeto (o profissional elabora um desenho
inicial, apresenta à família e após aprovação, elabora o projeto executivo), (3) etapa de obra (a
empresa responsável pela obra apresenta à família as condições gerais e as equipes de
assistência técnica acompanham a ocupação da casa).
12
Apresenta-se didaticamente as etapas para o entendimento das famílias através de um guia prático, disponível
em: <http://www.codhab.df.gov.br/uploads/archive/files/2bf3cb17d78836c4f2ee0f6fb7b82093.pdf> acesso em
27 de Fevereiro de 2021.
35
Destaca-se que os produtos a serem entregues na etapa de projeto (2), para o morador,
incluem o Estudo Preliminar do projeto, contendo planta de layout e maquete eletrônica, sujeita
a revisões apontadas pela família. Após aprovação, o projeto segue para a elaboração do Projeto
Executivo, que contempla desenhos técnicos, planilha orçamentária e memorial descritivo.
O programa ‘Morar Melhor’ tem atuação desde 2015 nos bairros e ilhas de Salvador,
BA, através do Escritório Público. O projeto tem o objetivo de promover melhorias
habitacionais para famílias de baixa renda, resgatando a cidadania e autoestima da população
36
Os critérios para a escolha das famílias deve possuir o seguinte perfil: a família deve
apresentar renda mensal de até três salários mínimos, os imóveis devem ser inseridos em ZEIS
– Zonas Especiais de Interesse Social ou em regiões de baixa renda, a área construída permitida
é de até 70,00m² (para duas unidades habitacionais no mesmo terreno, admite-se 140,00m²), o
terreno deve ter área de até 125,00m² e o gabarito com altura máxima de 9,00m. Além disso,
admite-se mais de uma unidade habitacional em um mesmo terreno desde que os acessos sejam
independentes. O uso misto da edificação é permitido se a área comercial da edificação não
ultrapassar 50% da área total construída. (SEINFRA, 2021)
Em 2017, o programa ‘Morar Melhor’ foi premiado com um Selo de Mérito Especial
pela Associação Brasileira de Cohab’s e Agentes Públicos e pelo Fórum Nacional de
Secretários de Habitação e Desenvolvimento Urbano. O selo é reconhecido para os projetos de
habitação que apresentam boas práticas. A ação já ultrapassou o número de 31 mil de casas
reformadas em mais de 120 localidades desde o seu inicio. (SEINFRA, 2021)
13
A Cartilha completa está disponibilizada no site da Prefeitura de Salvador, disponível em
<http://www.seinfra.salvador.ba.gov.br/images/Cartilha-EP-2018.pdf>, acesso em 27 de Fevereiro de 2021.
37
Figura 15 - Cartilha de assistência técnica ensinando como se deve executar a fundação e a estrutura.
O projeto ‘Arquiteto de Família’ foi criado em 2008 e faz parte de uma Organização
não Governamental, sem fins lucrativos, chamada Soluções Urbanas, criada em 2002. O projeto
tem por objetivo de prestar assistência técnica gratuita para famílias cujas moradias estão
localizadas em áreas de Especial Interesse Social, tendo como principal luta o Direito à
Moradia, previsto no art. 6° da Constituição Federal. Desde a sua criação, o projeto atuou no
Morro Vital Brazil, em Niterói, RJ. (SOLUÇÕES URBANAS, 2012)
Para a identificação das famílias a serem atendidas, em 2009, no Morro Vital Brazil, foi
realizado pela ONG um censo socioeconômico com o objetivo de diagnosticar a situação dos
moradores. A partir dessa coleta de dados, foi possível criar um ranking da vulnerabilidade das
famílias e assim entender a prioridade do atendimento. Essa análise também contribuiu para
que o projeto ganhasse mais enfoque e conseguisse apoio de outros parceiros. Os principais
apoiadores de fornecimento de material para a construção das moradias foram uma empresa de
fabricação de cimento e uma empresa doadora de materiais de construção a serem negociados
em ‘Feiras de Trocas Solidárias’, promovidas pela própria ONG. (MARTINS e ROCHA, 2018,
p. 9)
Riscos’ e também das ‘Matrizes Ambiental, de Saúde e Social’14, além da visualização de todo
seu projeto em representações 3D (informação verbal)15.
Existe uma combinação de estratégias para viabilização das obras com o objetivo de
atender aos diferentes perfis dos moradores e também a suas características de intervenção. A
combinação entre o acesso aos recursos (subsídio público ou privado, microcrédito ou
economia solidária) com a gestão de obras (empreitada, autoconstrução ou mutirão) agrega a
solução para reduzir o tempo para se atingir os resultados sonhados pelas famílias, promover a
sustentabilidade econômica dos envolvidos e também aumentar o impacto social atingindo o
maior número possível de famílias (informação verbal)17.
14
Com o Mapa de Riscos e a Matriz, é possível identificar as principais patologias da construção e classificá-las
por uma análise de risco (alto, médio e baixo).
15
Percepção obtida no curso virtual de Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social (ATHIS) para
melhorias habitacionais em favelas, oferecido pela ONG Soluções Urbanas, em outubro de 2020.
16
Percepção obtida no curso virtual de Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social (ATHIS) para
melhorias habitacionais em favelas, oferecido pela ONG Soluções Urbanas, em outubro de 2020.
17
Percepção obtida no curso virtual de Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social (ATHIS) para
melhorias habitacionais em favelas, oferecido pela ONG Soluções Urbanas, em outubro de 2020.
41
A ONG Soluções Urbanas também promove ações educativas que apresenta sua
metodologia de ensino para outros profissionais, capacitando-os e criando uma rede no Brasil
de atuação denominada ‘Arquitetos de Família em Rede’. O curso virtual18 intitulado como
‘Melhorias Habitacionais em Favelas’ é composto por cinco módulos independentes que são
abordados o contexto das melhorias habitações no Brasil, a relação entre habitação e saúde, o
ensinamento das experiências realizadas no projeto Arquiteto de Família e também uma
atividade de simulação de atendimentos a pelo menos uma família.
Habitat para a Humanidade Brasil é uma Organização não Governamental, sem fins
lucrativos, que tem o objetivo a promoção da moradia para famílias que vivem em situação de
vulnerabilidade social. A organização tem uma atuação internacional, está em mais de 70
países, e chega ao Brasil em 1989, atuando em Belo Horizonte (MG), após um desastre natural
ocorrido em uma comunidade. A ONG construiu nesse período 200 casas para as famílias
desabrigadas. E por isso, em 1992, percebendo a necessidade e a possibilidade da criação de
uma sede no Brasil a ONG foi fundada oficialmente. (HABITAT BRASIL, 2021)
18
O curso virtual teve apoio do CAU/BR e já ofereceu diversas edições, a página de divulgação está disponível
em: <https://www.sympla.com.br/cursos-virtuais-de-athis-para-melhorias-habitacionais-em-favelas---marco-
2021__1129049> . Acesso em 24 de Fevereiro de 2021.
42
A seleção das famílias a serem contempladas com o projeto é realizada através do apoio
de lideranças e organizações locais da comunidade. Os critérios para a priorização de atuação
são baseados em índices socioeconômicos da comunidade como: a existência de crianças e
idosos nas residências, as casas que possuem mulheres como chefes de família e também a
situação de precariedade que a edificação se encontra. As famílias interessadas no projeto
‘Habitat na Comunidade’, que proporciona as melhorias habitacionais em comunidades, podem
solicitar o atendimento através de inscrições com as lideranças locais ou associações de
moradores e aguardar a análise social e o diagnóstico da moradia. (HABITAT BRASIL, 2021)
Os projetos que envolvem a construção total das casas, como o projeto ‘Produzindo
Moradia Adequada’, são realizados através dos programas habitacionais e as famílias do
MCMV pagam ao governo uma parcela proporcional ao rendimento familiar. Já os projetos de
melhorias habitacionais, os moradores investem cerca de 30% a 100% da reforma, dependendo
da sua renda. O diagnóstico social e técnico serve também para identificar qual é a demanda
especifica envolvida por cada família e encaminhar para o projeto que mais se enquadra para
aquela realidade. (HABITAT BRASIL, 2021)
O curso é dividido em três períodos que possuem seus objetivos a serem concluídos:
(1°) disciplinas, seminários e definição do projeto a ser desenvolvido, voltado para a parte
teórico-conceitual; (2°) residência para assistência técnica em campo, com objetivo de conhecer
e atuar nas comunidades locais; (3°) elaboração e apresentação do Trabalho Final que deverá
ser de caráter projetual-propositivo. Sobre o desenvolvimento dos projetos:
3.6 NEPHU
O Programa Vivenda é uma empresa social que tem atuação na periferia de São Paulo.
É conhecida pelo seu pioneirismo e inovação na atuação com Melhorias Habitacionais desde o
seu surgimento, em 2014. Logo nos primeiros anos recebeu diversos prêmios nacionais e
internacionais. Em 2015, por exemplo, foi reconhecida pelo Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento, da ONU, como uma solução de negócio capaz de responder aos desafios
sociais enfrentados pelo Brasil. Outro exemplo é um convite, em 2016, para integrar a rede
Ashoka, a maior rede de empreendedores sociais do mundo. (VIVENDA, 2021)
46
A metodologia aplicada para adquirir os serviços passa por quatro etapas principais: (1)
Agendamento de visita com a Vivenda (a empresa vai até a casa do cliente e faz um
levantamento das necessidades técnicas e indica quanto de crédito irá disponibilizar para a
reforma), (2) Recebimento do Plano Personalizado de Reforma (a equipe técnica de Arquitetos
realiza o projeto e o cliente vai até a loja conferir o plano e esclarecer dúvidas), (3) Pagamento
19
Muhammad Yunus é um empreendedor indiano que criou o termo ‘negócio social’. (CARVALHO, 2018)
47
da Entrada (é necessário que o cliente pague a entrada da reforma e depois continue a pagar
através de um carnê em parcelas fixas), (4) Reforma da casa (assim que o pagamento da entrada
é concluído, inicia-se a fase da obra que possui uma duração média de 8 dias). (VIVENDA,
2021)
As soluções oferecidas pela empresa são personalizadas, realizadas na etapa (2), a partir
das demandas dos clientes, entretanto, a equipe técnica elabora as soluções sem o envolvimento
participativo dos moradores. Há uma discussão das necessidades e soluções apenas no
levantamento, ou seja, na etapa (1). Portanto, observa-se que para o cliente, os produtos finais
a serem entregues na etapa (2) são plantas técnicas para a execução do projeto.
3.8 MORADIGNA
A empresa realiza reformas com a realização do pagamento em até seis vezes sem juros
no cartão ou doze vezes no boleto bancário e possui seis meses de garantia. A metodologia é
realizada a partir de três etapas principais: (1) Avaliação e Orçamento (a empresa vai até a
residência e faz uma avaliação do local), (2) Aprovação de crédito (o cliente faz o envio dos
documentos necessários para a avaliação), (3) Mãos na massa (é realizado o planejamento da
obra e a realização em até 5 dias). (MORADIGNA, 2021)
Em seu site, a empresa não deixa claro o envolvimento entre as famílias e a assessoria
técnica durante a elaboração das soluções projetuais. Ao que parece, a etapa entre a avaliação
e orçamento (1) é a busca por soluções economicamente viáveis e levantamento técnico do
local. A segunda etapa (2) já se esclarece como o envio da documentação para a aprovação do
48
crédito, o que deixa a entender que o cliente não participa da opinião após as soluções técnicas
estabelecidas e tampouco recebe algum material projetual. A etapa (3) é dedicada somente ao
planejamento da obra e execução.
Este trabalho não considera como objetivo da elaboração dos estudos de referenciais
projetuais comparar os tipos de atuação estudados para o apontamento da melhor prática de
assessoria técnica para a população de baixa renda. Entretanto, é possível perceber que as
diferentes frentes de trabalho necessitam do conhecimento técnico e, principalmente, do social
para conceber uma atuação verdadeiramente inclusiva e com propósito de melhorar a vida dos
moradores, seja pela prática governamental, voluntária ou mercantil.
A seguir (Tabela 2), foi realizado um resumo comparando os seguintes tópicos para cada
projeto: o nome do projeto, o principal agente envolvido, as etapas a serem realizadas as
assessorias técnica, o método e os produtos entregues às famílias e a forma de pagamento e
obtenção do serviço por parte dos moradores.
Assessoria gratuita
Projeto realizado com o
e investimento do
4.4 Habitat na Organização não morador, mas não há
Não especificado. morador de cerca
Comunidade governamental informações sobre os
de 30% a 100% da
produtos a serem entregues.
obra
Assessoria participativa com
os moradores, ajudando nas
(1) Capacitação soluções e na elaboração de Serviço de
4.5 Residência teórica para atuação produtos técnicos. Os assistência técnica
Universidade
AU+E/UFBA dos profissionais; produtos são gratuita e
(2) Ensino prático. projetos/propostas, participativo
dependendo da atuação,
entregues à família.
Assessoria participativa com
(1) Estudo teórico e os moradores, ajudando nas
pesquisa; (2) soluções e na elaboração de Serviço de
Assessoramento da produtos técnicos a serem assistência técnica
4.6 NEPHU Universidade
população encaminhados para as gratuita e
juntamente com as autoridades locais. Os participativo
organizações locais. produtos são mapas ou
projetos técnicos.
(1) Agendamento
Microcrédito e
de visita técnica; (2) Projeto realizado a partir de
reformas com
Recebimento do levantamento do local e por
pagamentos
4.7 Programa Plano Personalizado demandas na moradia
Empresa social divididos em uma
Vivenda de Reforma; (3) levantadas na 1° visita.
entrada + 30
Pagamento da Entrega e apresentação de
parcelas com juros
entrada; (4) plantas técnicas.
de 2,2%/mês
Reforma da casa.
(1) Avaliação e Solução projetual realizada Pagamento em até
orçamento; (2) sem o envolvimento da seis vezes sem
4.8 Moradigna Empresa social Aprovação de família, voltada somente juros no cartão ou
crédito; (3) Mãos na para o planejamento da obra doze vezes no
massa. e execução. boleto bancário
Fonte: Elaborado pela autora, 2021.
Figura 17 – Mapa com delimitação da Mesorregião das Baixadas Litorâneas e localização do município de
Casimiro de Abreu/RJ
.
Fonte: Elaborado pela autora com base no Google Earth e Google Maps, 2021.
52
A Fundação João Pinheiro (2020, p. 149-155) afirma que em 2019, haviam cerca de
24,89 domicílios com alguma inadequação no Brasil. Em termos absolutos, as regiões Nordeste
e Sudeste tiveram maiores números, contabilizando 8,861 milhões e 7,183 milhões
respectivamente. Essas duas regiões também possuem maior percentual em relação ao número
de inadequações existentes nos domicílios. No estado do Rio de Janeiro, há cerca de 2,1
milhões, sendo 1,6 milhões de domicílios inadequados apenas na Região Metropolitana.
20
As informações foram relatadas por Karen Louzada Pinto, coordenadora do Departamento do Habitação e
Assentamentos Urbanos, em entrevista com a autora do trabalho, no dia 26 de Fevereiro de 2021.
21
As informações foram relatadas por Karen Louzada Pinto, coordenadora do Departamento do Habitação e
Assentamentos Urbanos, em entrevista com a autora do trabalho, no dia 26 de Fevereiro de 2021.
53
22
As informações foram relatadas por Karen Louzada Pinto, coordenadora do Departamento do Habitação e
Assentamentos Urbanos, em entrevista com a autora do trabalho, no dia 26 de Fevereiro de 2021.
54
Fonte: Disponibilizado para a autora pela Secretaria de Obras, Habitação e Serviço Público, 2021.
23
A autora destaca o desconhecimento pela grande maioria dos funcionários da Secretaria Municipal de Obras,
Habitação e Serviços Públicos sobre a Lei 11.888/2008 que regulamenta essas iniciativas.
24
As informações foram relatadas por Karen Louzada Pinto, coordenadora do Departamento do Habitação e
Assentamentos Urbanos, em entrevista com a autora do trabalho, no dia 26 de Fevereiro de 2021.
25
As informações foram relatadas por Karen Louzada Pinto, coordenadora do Departamento do Habitação e
Assentamentos Urbanos, em entrevista com a autora do trabalho, no dia 26 de Fevereiro de 2021.
55
De acordo com os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), que registra
o número total dos empregos formais registrados no Brasil, o município de Casimiro de
Abreu/RJ apresentou, em 2018, a maioria da população sendo empregada pelo setor da
administração pública, contabilizando no total 2.902 empregados. Outros setores que se
destacam são o de comércio com 1.693 empregos e de serviços com 1.569 empregos. O setor
da construção civil conta com 148 profissionais. (TCE/RJ, 2019, p. 61)
26
Para obtenção do dado, foi realizado pela autora a divisão entre o número da população estimada (IBGE, 2020)
e a quantidade de registros ativos de Arquitetos e Urbanistas (IGEO, 2021).
57
27
As ferramentas utilizadas baseiam-se na experiência do Design Thinking, considerado no meio acadêmico e de
negócios como um método prático-criativo para solução de problemas.
59
Fonte: Elaborado pela autora com base no Canvas sugerido por Bucker et al (2020), 2021.
chave, principais parcerias e custos. O modelo possui quatro módulos básicos que
compreendem os seguintes questionamentos: (1) O que (2) Para quem (3) Quanto (4) Como.
(Figura 23 e 24)
Figura 24 – Ilustração sobre como preencher o modelo de negócios de acordo com as perguntas
Dessa forma, as ideias iniciais para a empresa social foram traduzidas no modelo de
negócios proposto. A seguir, a Figura 25, demostra o modelo sugerido pela autora:
61
A fonte de receitas está no recebimento das parcelas mensais pagas pelos clientes a partir
da contratação do serviço escolhido. A estrutura de custos da empresa é principalmente o
pagamento dos salários para os profissionais atuantes além das despesas diretas e indiretas com
a organização e o serviço oferecido. Ademais, será necessário prever um investimento para
outras áreas do conhecimento como marketing e contabilidade.
O plano de negócios tem o objetivo de buscar dados sobre o ramo de atividade que a
empresa se destina, seus produtos e/ou serviços, além dos seus possíveis clientes, seus
concorrentes e seus fornecedores. Ademais, o plano de negócios, buscar esclarecer pontos fortes
e fracos do negócio, contribuindo assim para o estudo da viabilidade da ideia e para a gestão da
empresa. Segundo a SEBRAE (2013), um plano de negócios é composto pelos seguintes
tópicos: Sumário executivo (6.1.1), Análise de mercado (6.1.2), Plano de marketing (6.1.3),
Plano operacional (6.1.4) e Plano financeiro (6.1.5).
Neste trabalho, a autora buscou tópicos de estudo do plano de negócio para o auxílio da
compreensão e amadurecimento do modelo de negócios. Deste modo, o trabalho contempla as
etapas (1) a (5), seguindo a sugestão de tópicos da SEBRAE (2013, p. 18-111) e preenchido de
acordo com os estudos da autora. Ao final, o trabalho busca discutir os desafios e
potencialidades do modelo de negócios proposto a partir da construção de cenários de atuação
e também da análise F.O.F.A., que busca sintetizar a visão: das forças, das oportunidades, das
fraquezas e das ameaças.
Sumário Executivo
INDICADORES VALOR
Empresa social com prestação de
serviços de Arquitetura Lucratividade 27,87%/ano
habitacional desde a entrega do Rentabilidade 92,86%/ano
RESUMO DOS
projeto até a gestão de obra, Prazo de retorno do
PRINCIPAIS PONTOS 1,08 anos
buscando atender a população de investimento
baixa renda na cidade de Casimiro
de Abreu/RJ e região. Ponto de equilíbrio R$120.169,90/ano
SÓCIO 1 ATRIBUIÇÕES
Nome Gestão
Endereço administrativa,
Cidade Casimiro de Abreu marketing e gestão
de vendas
DADOS DOS Estado RJ Telefone
EMPREENDEDORES SÓCIO 2 ATRIBUIÇÕES
Nome
Endereço Elaboração e
gerenciamento de
Cidade Casimiro de Abreu projetos
Estado RJ Telefone
Nome da
DADOS DO empresa
EMPREENDIMENTO
CNPJ/CPF
Promover o acesso a moradia de qualidade para famílias por meio de uma rede
MISSÃO DA EMPRESA
de profissionais dispostos vivenciar o papel social da Arquitetura.
FORMA JURÍDICA
ENQUADRAMENTO
TRIBUTÁRIO
Nome do sócio Valor % de participação
CAPITAL SOCIAL Sócio 1 R$25.000,00 50,00% TOTAL 100,00%
Sócio 2 R$25.000,00 50,00%
Esta análise é composta por: estudo dos clientes, estudo de concorrentes e estudo de
fornecedores. Para fins de elaboração, a análise de clientes foi realizada com base nos dados
divulgados pela pesquisa do CAU/BR e DataFolha (2015). Já o estudo de concorrentes, foi feito
com base em dois referenciais projetuais expostos anteriormente neste trabalho
64
O preço estimado para os serviços é contabilizado a partir das horas trabalhadas pelos
arquitetos e estagiários Para a estimativa do valor do serviço, utilizou-se como base o valor do
67
salário mínimo profissional segundo o Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Estado no Rio
de Janeiro, que é de R$8.882,50, para 8h de trabalho diária ao mês, o que corresponde a 8,5
salários mínimos (SARJ, 2020). Para o cálculo do valor da hora trabalhada, também foi
utilizada a fórmula recomendada pelo SARJ (2020), e concluiu-se o valor de R$55,51 para o
arquiteto. O cálculo do valor do estagiário segue a média da região de R$5,00 por hora
trabalhada. Dessa forma, estima-se o valor médio dos serviços de acordo com o seu tipo e porte
na tabela 6, a seguir:
Estimativa de preço
Valor da hora Preço por projeto
Preço final Parcelas
Tipo de serviço Custo de
(com margem 12x (juros
Arquiteto Estagiário Tamanhos horas
de lucro de 20 2% ao
totais
a 25%) mês)
P R$337,55 R$421,94 R$35,16
(1) 'Quanto custa
M R$665,10 R$831,38 R$69,28
o meu sonho'
G R$1.260,20 R$1.575,25 R$131,27
P R$126,02 R$157,53 R$13,13
(2) 'Obra sem dor
R$55,51 R$5,00 M R$317,55 R$396,94 R$33,08
de cabeça'
G R$494,08 R$592,90 R$49,41
P R$463,57 R$556,28 R$46,36
(1) e (2) 'Minha
M R$982,65 R$1.179,18 R$98,27
casa completa'
G R$1.754,28 R$2.105,14 R$175,43
O grande diferencial desse valor a ser cobrado são as pequenas parcelas que o cliente
poderá pagar para ter o serviço. Ademais, as estratégias proporcionais podem ser com descontos
de até 15% nas primeiras parcelas em meses comemorativos como: dia das mães e dia dos pais,
caso o cliente esteja nessa categoria. Também podem ser realizadas campanhas de divulgação
para indicação de um novo cliente ganhando um cupom de desconto de 10% no próximo serviço
com a empresa, assim como o plano fidelidade, para clientes que contratam mais de um serviço.
Inicialmente, pretende-se que o negócio funcione através do home office. Deste modo,
a equipe atuante na empresa está residente no município de Casimiro de Abreu/RJ e região. A
empresa está locada com toda equipe conectados no Slack28ou similar. A localização é um ponto
importante pois recomenda-se que o direcionamento dos profissionais atenda primeiro o critério
de menor distância para o atendimento presencial, que é realizado na própria residência do
cliente, isto é, o profissional que mora mais perto do cliente, deverá atendê-lo prioritariamente.
5.1.4.1 Layout
O estudo de layout da empresa é a estrutura de home office disponível por cada pessoa
da equipe (arquitetos ou estagiários). A escolha da empresa em formato home office levou em
conta a possibilidade de diminuir os custos, principalmente do primeiro ano em que foi
estimado a ser como o mais crítico. Portanto, a estrutura pode variar de acordo com a
disponibilidade de equipamentos e mobiliários do ambiente. Entretanto, a estrutura básica deve
conter: mesa, cadeira, computador ou notebook e espaço de armazenamento de materiais. As
reuniões com o cliente são realizadas com a visita do arquiteto e do estagiário à moradia e de
forma remota, por alguma plataforma de chamada de vídeo on-line. (Figura 26)
28
O slack é uma plataforma de mensagens baseada em canais de comunicação, divididos em assuntos, que facilita
o trabalho remoto em grupo.
69
Capacidade Produtiva
Por projeto Por mês Número de
h/arquitetos h/estagiarios h/arquitetos h/estagiarios projetos
5 12 10 24 2
10 22 20 44 2
20 30 40 60 2
2 3 4 6 2
5 8 10 16 2
8 10 16 20 2
7 15 14 30 2
15 30 30 60 2
28 40 56 80 2
Total de projetos 18
Total de horas (arquitetos) 200
Total de horas (estagiários) 340
Capacidade Produtiva
Por projeto Por mês Número de
h/arquitetos h/estagiarios h/arquitetos h/estagiarios projetos
3 15 9 45 3
7 25 21 75 3
15 40 30 80 2
2 3 6 9 3
4 10 12 30 3
8 15 16 30 2
5 20 15 60 3
12 35 36 105 3
28 40 56 80 2
Total de projetos 24
Total de horas (arquitetos) 201
Total de horas (estagiários) 514
A organizacional da empresa tem uma estrutura em rede, pois acredita-se num sistema
de organização colaborativo e autossuficiente, podendo ser expandido independentemente do
local físico a qual está inserido o profissional. Os sócios fundadores da empresa estão na
‘posição central’ como apoio de toda a equipe e são responsáveis, além da elaboração dos
projetos, pelo gerenciamento dos times, contratações adicionais, marketing e controle
administrativo. Para o funcionamento é necessário um trabalho de ajuda mútua entre os
colaboradores.
Inicialmente para o funcionamento da empresa, além dos dois sócios, ela contará com
mais quatro estagiários de arquitetura. Ambos os sócios acompanham, juntamente com os
estagiários, o projeto com a família desde a negociação até a entrega final. Entretanto, o sócio
1 tem o foco na função de gestão administrativa, marketing e gestão de vendas da empresa e o
sócio 2 é responsável pela gestão de projetos e também pela qualidade dos produtos a serem
entregues. Dentre as atribuições dos estagiários, existirá um responsável pela supervisão direta
dos demais, caracterizado como ‘estagiário sênior’, que será um estudante em períodos finais
de graduação (a partir do 8° período).
A definição das parcelas a serem pagas é de até dozes vezes sem juros no cartão de
crédito, boleto bancário ou carnê. As variações podem ocorrer em virtude de uma eventual
72
Nesta etapa serão apresentados os dados e as análises referentes aos aspectos financeiros
da empresa com o objetivo de analisar a viabilidade econômica do modelo de negócios. Os
tópicos que compõem esse estudo são: o investimento inicial, as estimativas de receitas e
despesas totais e, posteriormente, os indicadores de viabilidade que contemplam os ponto de
equilíbrio, a lucratividade, a rentabilidade e o prazo de retorno do investimento.
Receitas do Ano 1
R$18.000,00
R$16.000,00
Serviço 3 - Tamanho Grande
R$14.000,00
Serviço 3 - Tamanho Médio
R$12.000,00
Faturamento
Dessa forma, para que as receitas aumentem, é necessário que a empresa negocie
constantemente muitos projetos por mês, proporcionando um acréscimo ao valor total mensal
recebido das parcelas no primeiro ano até as parcelas atingirem estabilidade. Para a projeção da
estimativa, considerou-se que a empresa faça a venda mensal de acordo com a sua capacidade
máxima produtiva, como demostrada no item 5.1.4.2 e com os valores de preço conforme a
tabela 6. No Apêndice A, esses valores estão discriminados com as suas respectivas receitas
mensais.
Receitas do Ano 2
R$4.500,00
R$4.000,00
29
O tipo de empresa enquadra no Anexo IV, 2° faixa do Simples Nacional, disponível em:
<http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action?idArquivoBinario=48433>, acesso em
23 de abril de 2021.
76
Estimativa de despesas
Custos operacionais
ITEM DESCRIÇÃO TOTAL/ano 1 TOTAL/ano 2 TOTAL/ano 3
Domínio, hospedagem e manutenção
1 R$55,00 R$55,00 R$55,00
do site
3 Armazenamento em nuvem R$120,00 R$120,00 R$120,00
4 Trabalhos de contabilidade R$4.200,00 R$4.200,00 R$4.200,00
5 Publicidade em redes sociais R$2.000,00 R$3.000,00 R$5.000,00
6 Impressões/papelaria R$3.000,00 R$3.000,00 R$4.000,00
7 Anuidade da PJ/CAU R$300,56 R$300,56 R$601,12
8 Anuidade do PF/CAU R$1.202,26 R$1.202,26 R$1.202,26
9 Transporte R$3.000,00 R$6.000,00 R$8.000,00
10 Licença de softwares (AutoCAD) R$3.570,00 R$3.570,00 R$3.570,00
11 Auxilio luz R$500,00 R$500,00 R$500,00
12 Auxílio internet R$360,00 R$360,00 R$360,00
13 RRT Social R$103,04 R$206,08 R$206,08
14 Entrada para financiamento do - - R$10.000,00
Escritório Móvel
Total de despesas operacionais R$18.410,86 R$22.513,90 R$37.814,46
Custos com pessoas
ITEM DESCRIÇÃO TOTAL/ano 1 TOTAL/ano 2 TOTAL/ano 3
Sócios fundadores (2 pessoas)
14 Pró-labore dos sócios R$67.200,00 R$69.600,00 R$72.000,00
15 INSS dos sócios R$7.392,00 R$7.656,00 R$7.920,00
Total de despesas com sócios R$74.592,00 R$77.256,00 R$79.920,00
77
A questão do pró-labore dos sócios é a maior despesa da empresa e esse custo enfrentará
muitos desafios nos primeiros anos, principalmente por conta da instabilidade financeira que é
comumente encontrada no início de qualquer empreendimento. Esse valor será aumentado
progressivamente de acordo com o crescimento da empresa. Foi considerado para cada um
como R$2.800,00/mês no primeiro ano, R$2.900/mês no segundo ano e R$3.000,00/mês no
terceiro ano.
Após o pagamento das dívidas iniciais, os sócios também poderão receber 70% do valor
do lucro líquido da empresa, isto é, o valor restante entre o faturamento total e as despesas
totais, e os outros 30% serão destinados para o investimento da própria organização, prevendo
sua ampliação no futuro para atuar em outras localidades.
É válido ressaltar que os primeiros meses serão de baixo faturamento mesmo tendo a
capacidade produtiva máxima da empresa com a venda de projetos (como demostra o apêndice
A), e ao final do ano, não será possível cobrir as despesas totais apenas com o valor recebido
com o faturamento. Por isso, a empresa deverá utilizar o capital de giro previsto para não fazer
78
dívidas. Deste modo, a partir do quantitativo de receitas e despesas anuais, na tabela 12 foi
possível realizar o fluxo de caixa anual, considerando suas entradas e saídas de caixa:
Fluxo de caixa
Itens Ano 1 Ano 2 Ano 3
Investimento inicial R$7.300,00
Capital de giro R$50.000,00
Saldo inicial R$42.700,00 R$19.476,33 R$65.907,74
Entradas de caixa
Recebimento R$90.179,19 R$166.601,31 R$175.439,61
Total de entradas R$90.179,19 R$166.601,31 R$175.439,61
Saídas de caixa
Despesas operacionais R$18.410,86 R$22.513,90 R$37.814,46
Despesas com pessoas R$94.992,00 R$97.656,00 R$111.120,00
Total de saídas R$113.402,86 R$120.169,90 R$148.934,46
30
O saldo final é o valor do saldo operacional somado ao saldo inicial.
79
Com a construção dos cenários, é possível perceber que ao primeiro ano, se a empresa
não conseguir obter um faturamento otimista ou realista, ela precisará ter um capital de giro
maior para cobrir suas despesas, o que influenciará os anos seguintes para recompor o dinheiro
investido pelos sócios. Deste modo, para a empresa funcionar de maneira equilibrada, será
necessário obter uma cartela de clientes constante, principalmente no primeiro ano.
Tabela 14 – Indicadores
A tabela 15, a seguir, demostra a matriz F.O.F.A que contempla a análise das fraquezas,
oportunidades, forças e ameaças, e tem o objetivo de detectar as principais características que
possibilitarão tornar a empresa mais competitiva frente ao mercado, tentando corrigir as suas
deficiências e enfatizando suas qualidades. Entretanto, a autora também expõe em seguida
algumas alternativas que poderão ser realizadas para potencializar as forças e as oportunidades
da empresa e diminuir suas fraquezas e ameaças.
81
FORÇAS OPORTUNIDADES
- Ausência de concorrência direta para trabalhar
com esse público; - Demanda de população que não contratou
- Mão de obra qualificada disponível; profissional especializado para as reformas;
- Facilidade de pagamento para os clientes; - Tornar-se um modelo que seja possível de ser
- Acompanhamento de pós-venda; replicado em outras localidades, expandindo
- Alta qualidade dos serviços oferecidos sua atuação;
(possibilidade de retorno e indicação dos
clientes fidelizados);
FRAQUEZAS AMEAÇAS
O alto investimento inicial para possuir o capital de giro também poderia ser revisto
com a contratação de mão de obra voluntária de estagiários para trabalhar nos primeiros anos,
principalmente nos períodos de férias. Ademais, parcerias com pessoas de outras áreas como
alunos ou recém-formados de administração, de ciências contábeis, de psicologia, de serviço
social, de computação e de marketing, poderiam ser realizadas em forma de permutas,
oferecendo projetos de arquitetura. Essa parceria teria o objetivo de potencializar tanto as
experiências da empresa como contribuiria para reduzir os custos.
Para que a população conheça a empresa, também poderiam ser propostos eventos nas
comunidades locais com atrações, divulgação através de carro de som nas cidades interioranas,
participação em eventos religiosos e também de lazer, como shows. Também é possível a
realização de panfletagem nas lojas de materiais de construção e parcerias com mão de obras
82
locais que poderão indicar os serviços da empresa. Dessa forma, a empresa conseguiria alcançar
um público além das redes sociais e das indicações de clientes.
Outra forma de captação de renda para a empresa e para a realização das obras é a
participação em editais oferecidos por diferentes órgãos, como o CAU/BR e prefeituras
municipais, para o desenvolvimento de projetos nesse seguimento. A possibilidade de
realização de parcerias com esses órgãos, além da ampliação de atuação, também trará muitas
experiências para a equipe de trabalho que poderá realizar ‘projetos modelos’ para diversos
locais.
Sobre a questão do pagamento, poderia ser revista a divisão das parcelas para projetos
com o menor valor investido, podendo ser parcelado em menos vezes, caso o preço esteja de
acordo com o que a família pode pagar. Essa redução das parcelas contribuiria para a empresa
acumular o capital de giro de forma mais rápida, além de diminuir a possibilidade de
inadimplência por motivos de esquecimento do pagamento, por exemplo.
83
Realizou-se uma visita à família no dia 19 de março de 2021, em que a autora pode
conhecer os moradores, Maria Luiza e José Maria, e fazer o diagnóstico da residência através
de uma entrevista (Apêndice B) e um levantamento de medidas do local (Apêndice C). A autora
também realizou um levantamento fotográfico que será demostrado ao longo do trabalho. A
entrevista foi realizada com o objetivo de entender o local do projeto, os gostos e também as
necessidades da família.
A residência está localizada na Rua Zenot Jacoub, n° 453, Parque Vale do Indaiassú,
Casimiro de Abreu, RJ (Figura 31). A tipologia do entorno do terreno é caracterizada por uso
em sua maioria residencial, possuindo também edificações comerciais e de uso institucional,
como alguns bares e uma igreja próxima. As edificações em sua maior parte são térreas e
algumas possuem dois pavimentos. O entorno há habitações de interesse social (HIS), como a
moradia da família escolhida, e também outras residências. As edificações de HIS foram doadas
84
pela prefeitura em 2004, segundo o relado dos próprios moradores. Destaca-se ainda, o fluxo
das vias ao redor. O mapa da Figura 32, demostra o seu entorno.
31
Dados de acordo com a pesquisa no portal da prefeitura de Casimiro de Abreu, disponível em: <
https://www.casimirodeabreu.rj.gov.br/legislacao-portal/>, acesso em 02 de abril de 2021.
86
32
Conversa da autora com o fiscal de obras da prefeitura municipal de Casimiro de Abreu no dia 30 de março de
2021.
87
De acordo com o levantamento, o terreno possui 10,22 metros de largura por 15,49
metros de comprimento, totalizando 158,30m² de área total. Em relação a edificação, a moradia
possui 56,35m² de área construída, apresentando o coeficiente de aproveitamento (C.A.) de 0,35
e a taxa de ocupação (T.O.) de 35%. A casa possui os seguintes ambientes: sala/cozinha, um
banheiro, quarto do casal, quarto de visitas, varanda e área externa (horta, casa do cachorro e
área de serviços). (Figura 35)
88
A primeira parte da entrevista conta com a os dados gerais dos entrevistados e também
com as perguntas a respeito do conhecimento sobre a profissão do Arquiteto e Urbanista.
Ambos da família não conheciam nenhum profissional da área, e a autora relata que ao serem
perguntados, ficaram inseguros em responder essa pergunta. A resposta foi que não conheciam
‘nenhum dos dois’, nenhum arquiteto e nenhum urbanista. Ademais, relataram que nunca
chegaram a pensaram em contratar esse profissional porque ‘nunca sobra’ e eles acreditam que
seja um serviço muito caro.
89
A residência (Figura 36 e 37) é habitada apenas pelo casal, José e Maria. Ao todo,
possuem três filhos, entretanto não moram na casa atualmente. Maria sempre se dedicou as
tarefas do lar e José já trabalhou com diversas atuações, segundo ele, ‘já fez de tudo’, atualmente
se encontra desempregado e faz ‘bicos’ para pagar as despesas. Sobre os aspectos financeiros,
a renda familiar é menor do que um salário mínimo e eles não são beneficiários de nenhum
programa governamental, o último foi o auxílio emergencial. A autora notou que recebem ajuda
da família, como foi o caso das reformas já realizadas, entretanto, não há uma quantia certa para
o mês a ser prevista.
Ao serem perguntados sobre a parte da casa que mais gostam e também a que mais
usam, a resposta foi rápida e muito assertiva: ela disse ‘o quarto’ e ele ‘a varanda’ (Figura 38 e
39). Aos fundos da varanda, tem-se a área de serviço, que não possui cobertura e que expõe a
máquina de lavar (coberta com um plástico azul) a riscos de estrago. Ademais, os moradores
afirmaram que sentem o quarto muito quente no verão e muito frio no inverno. Esse fato pode
ser explicado por conta das paredes laterais (Figura 40) da casa estarem ocas por conta da
infiltração provocada pela ausência de impermeabilização na cobertura. A autora também
questionou se havia alguma trinca ou rachadura na casa e disseram que existiam nas paredes
laterais da moradia.
A autora foi convidada pelos próprios moradores a ir até o quarto e tocar com os punhos
fechados as paredes para ‘sentir’ a diferença entre as que eram internas e externas. E com isso,
tornou-se ainda mais nítida a percepção de incômodo dos moradores com a existência das
paredes ocas e que a qualquer momento, segundo eles ‘poderia desmoronar’. Além disso,
algumas manchas e mofos foram sendo observadas também no interior da residência, na altura
nas paredes próximas ao telhado e nas próprias telhas, o que indica a concentração de umidade
na casa. (Figura 41 e 42)
92
Ao perguntar aos moradores algo que mudariam na sua casa, a resposta recebida foi a
substituição do telhado colonial da casa pela colocação de uma laje, segundo eles, por
consequência das infiltrações que estão acontecendo nas paredes da residência. Entretanto, a
percepção da autora é que ambos não entendiam o porquê havia acontecido algo assim no
telhado, já que acreditavam que a telha cerâmica existente é um ‘material bom’. A troca do
telhado foi considerada pela autora como uma inquietação muito importante para os moradores
93
e que eles já não sabiam mais o que fazer, pois já haviam pintado a casa muitas vezes e as
manchas nas paredes, bolhas e rachaduras sempre voltavam a aparecer.
A autora também destaca duas questões que não foram citadas como problemáticas para
os moradores, no entanto necessitam serem observadas: a caixa d’água de amianto localizada
em cima da laje do banheiro (Figura 43) e as janelas quebradas, notadas pela autora por conta
do uso de plástico para cobrir sua superfície (Figura 41). Aponta-se que o amianto é responsável
pelo risco do desenvolvimento de doenças, principalmente em colaboradores que são expostos
a essa substância no processo de fabricação. Dessa forma, sua utilização, embora seja permitida,
não é recomendada. Do mesmo modo, a janelas quebradas apresentam perigo e causam um
desconforto do aumento de umidade no ambiente nos dias de chuva.
O banheiro da residência foi reformado há alguns anos e foi elogiado pelos moradores.
Entretanto, a compra do revestimento das paredes aplicado no banheiro não foi suficiente para
cobrir até o teto e, por fim, optaram por deixar dessa forma pois já não havia como comprar
mais material. Os moradores relataram que uma das grandes dificuldades da reforma era saber
o quanto eles iriam gastar. A autora destaca os fios do chuveiro que se encontram pendurados,
podendo causar risco de curto-circuito (Figura 46).
Sobre os hábitos e gostos dos moradores, a autora destaca que o casal costuma ficar
muito em casa no seu tempo livre, e agora com a pandemia do COVID-19, mais ainda. Recebem
poucas pessoas em casa, às vezes vizinhos ou os filhos. Também há um animal de estimação
na casa, um cachorro que inclusive possui uma ‘casinha’ nos fundos do terreno (Figura 48). As
cores preferidas: ‘verde, vermelho e branco’, são por conta do time do coração do morador: o
Fluminense. Atualmente a casa é de cor laranja, mas também já foi pintada de verde e de rosa.
Ambos disseram que não gostam de casas que possuem cor azul.
97
A autora destaca que os moradores possuem uma horta e vasos de planta também
localizado nos fundos do terreno. Deste modo, ao perguntar sobre se os moradores gostavam
de plantas, imediatamente foi percebido uma resposta com muita certeza: ‘sim’, e que inclusive,
gostam de cultivá-las. A autora questionou o fato do piso externo ser todo de concreto e segundo
o José, tomou a decisão de fazer isso porque ele ‘não gosta de capinar o terreno’, somente de
cuidar das mudas de plantas. (Figura 49)
Programa de necessidades
Categoria Prioridades
Conf. Ambiental
Estanqueidade
Erg. e func.
Intervenções
Segurança
Plástica
Média
Baixa
Alta
Impermeabilização das paredes laterais
Marquise na parede lateral esquerda
Nova cobertura para a área de serviço e varanda
Limpeza das telhas
Pintura interna e externa
Colocação de tampa na fiação do chuveiro
Colocação do tijolo de vidro
Retirada do aquecedor solar
Troca dos vidros das janelas quebradas
Nova horta
Mudança do layout da cozinha/sala de estar
Troca da caixa d'água
Colocação de revestimento no banheiro
Uma das prioridades indicada pelos próprios moradores é a respeito da infiltração das
paredes laterais. Para essa problemática escolheu-se impermeabilizar ambas as paredes laterais.
Ademais, sugeriu-se criar uma estrutura de marquise que pudesse impedir que a parede mais
exposta, na lateral esquerda, ficasse em contato direto com a água da chuva e também a
colocação de um revestimento com a função de proteger a superfície acima da marquise. A
figura 55 demostra essa solução:
Após a limpeza das telhas e a pintura das paredes externas, a paleta de cores adotada
para as fachadas foi uma escolha que teve como base a necessidade de tons que remetessem à
natureza, já que os moradores demostraram que gostam de cultivar plantas. Por isso, tem-se o
verde (em todo o contorno da edificação que já está delimitado na pintura atual da residência)
e o terracota (cor das telhas cerâmicas), além do tom neutro da cor camurça. (Figuras 57 a 59)
A escolha pela retirada do aquecedor solar em desuso foi uma sugestão da autora em
razão da possibilidade de adquirir meios financeiros que possibilitem até mesmo a própria obra
através da venda do equipamento existente. Os moradores relataram que alguns vizinhos já
fizeram essa ação e que para eles também haveria essa possibilidade, caso encontrassem um
comprador interessado.
pudesse incluir a área de serviço para que não fosse necessário criar uma outra cobertura com
essa finalidade, uma vez que atualmente tanto a máquina de lavar quanto o tanque estão
totalmente expostos às intempéries. A planta baixa a seguir (Figura 60), destacada os elementos
adicionados e modificados:
Foram previstas soluções plásticas que favoreceram essa divisão dos espaços através da
pintura das paredes nos tons de verde para cozinha e terracota para sala. Outro item adicionado
à fachada lateral esquerda foi o tijolo de vidro, que adentra a sala de estar com o objetivo de
fornecer mais incidência de luz a esse ambiente que possui um pé direito alto e com um vão de
janela pequeno em relação a área total. Ambos os espaços tiveram intervenções no layout: a
realocação da geladeira, da fruteira e da estante na sala de estar. (Figura 61 e 62).
106
Figura 63 - Esquema das grades a serem reutilizadas para confecção das divisórias
Preço
N° Referência e
Descrição do item Quantidade Unidade Unitário Total (R$)
item especificação
(R$)
1.0 Impermeabilização das paredes laterais
Impermeabilizante para
Impermeabilizante de
1.1 145,38 m² parede 18kg Quartzolit R$204,90 R$204,90
parede (2 demãos)
(Telha Norte)
Rolo para pintura de lã
1.2 Rolo de pintura 2 unidade de carneiro e garfo R$29,61 R$59,22
23cm (Telha Norte)
Bandeja de Pintura
1.3 Bandeja para pintura 1 unidade 23cm Preta - Atlas R$8,14 R$8,14
1523P (Carefour)
Execução dos próprios
1.4 Mão de obra 2 pessoas R$0,00 R$0,00
moradores
Subtotal R$272,26
2.0 Marquise na parede lateral esquerda
Telhas reaproveitadas
Reaproveitamento de
2.1 6,01 m² da cobertura existente R$0,00 R$0,00
telhas cerâmicas
na varanda
Composição de custo
SINAPI 92541 para
2.2 Caibros de madeira 13,71232 m R$21,50 R$294,81
5,87m² (item 4430) e
preço Mercado Livre
Composição de custo
SINAPI 92541 para
2.3 Pregos 0,8805 kg 5,87m² (itens 20247/ R$24,79 R$21,83
39027/ 40568) e preço
Obramax
Composição de custo
SINAPI 92541 para
2.4 Vigas de madeira 4,31445 m 5,87m² (item 4425) e R$21,50 R$92,76
preço no Mercado
Livre
110
Composição de custo
SINAPI 92541 para
2.5 Ripas de madeira 15,10351 m R$6,50 R$98,17
5,87m² (item 4408) e
preço em Obramax
SINAPI 88239 para
5,87m² (Ajudante de
Mão de obra (ajudante de
2.6 2,35974 horas carpitenteiro)/ Valor da R$10,56 R$24,92
carpinteiro)
hora segundo a
Sinduscon-Rio
Composição de custo
SINAPI 89957 para 2
3.9 Tubulação de PVC 4,28 m pontos AF (item R$5,49 R$23,50
89356) e preço
Obramax
Composição de custo
SINAPI 89957 para 2
Joelho de 90 graus de
3.10 2,36 unidade pontos AF (item R$0,79 R$1,86
PVC soldável
89362) e preço
Obramax
Composição de custo
SINAPI 89957 para 2
3.11 TE de PVC 1,78 unidade pontos AF (item R$1,52 R$2,71
89395) e preço
Obramax
Composição de custo
SINAPI 89957 para 2
Joelho de 90 graus com
3.12 2 unidade pontos AF (item R$6,50 R$13,00
bucha de latão
89366) e preço
Obramax
Composição de custo
Rasgo em alvenaria para
3.13 4,28 m SINAPI 89957 para 1 R$8,41 R$35,99
ramal/distribuição
ponto AF (item 90443)
Chumbamento linear em Composição de custo
3.14 alvena para 4,28 m SINAPI 89957 para 1 R$8,41 R$35,99
ramais/distribuição ponto AF (item 90466)
Mão de obra para
Composição de custo
3.15 instalação de ponto de 8 h R$8,18 R$65,44
do SINAPI 89957
água fria
Subtotal R$1.040,64
4.0 Limpeza das telhas
Execução dos próprios
Mão de obra 2 pessoas R$0,00 R$0,00
4.1 moradores
Subtotal R$0,00
5.0 Pintura interna e externa da residência e do muro
3 em 1 Pinheiro
Natalino 3,2l - Coral
5.1 Tinta acrílica verde 143,31 m² R$120,55 R$361,65
(Coral) - rendimento
59m²
Corante Suvinil
5.4 Corante líquido laranja 1 unidade Premium 50ml - R$4,70 R$4,70
Laranja 50ml (Telha
Norte)
Execução dos próprios
5.5 Mão de obra 2 pessoas R$0,00 R$0,00
moradores
Subtotal R$521,05
6.0 Colocação de tampa na fiação do chuveiro
Siena Placa 4x2 Com
6.1 Tampa com furo 1 unidade Furo (EletroFer) R$3,80 R$3,80
Execução dos próprios
6.2 Mão de obra 2 pessoas R$0,00 R$0,00
moradores
Subtotal R$3,80
7.0 Colocação do tijolo de vidro
Composição de custo
para 0,2m² SINAPI
7.1 Tijolo de vidro 5,136 unidade R$12,90 R$66,25
101163 (item 718) e
preço lojas Americanas
Composição de custo
para 0,2m² SINAPI
7.2 Argamassa 0,002 m³ R$19,49 R$0,04
101163 (item 43059) e
preço
Composição de custo
para 0,2m² SINAPI
7.3 Mão de obra (pedreiro) 0,8398 horas 101163 (item 88309) e R$10,56 R$8,87
Valor da hora segundo
a Sinduscon-Rio
Composição de custo
para 0,2m² SINAPI
7.4 Mão de obra (servente) 0,42 horas 101163 (item 88316) e R$7,10 R$2,98
Valor da hora segundo
a Sinduscon-Rio
Subtotal R$78,14
8.0 Retirada do aquecedor solar
Execução dos próprios
8.1 Mão de obra 2 pessoas R$0,00 R$0,00
moradores
Subtotal R$0,00
9.0 Troca dos vidros das janelas quebradas
Orçamento feito com
9.1 Vidro e mão de obra 2 janelas um vidraceiro de R$62,00 R$124,00
Casimiro de Abreu/RJ
Subtotal R$124,00
10.1 Nova horta
Telhas reaproveitadas
Reaproveitamento das
10.1 25 a 30 unidade da cobertura existente R$0,00 R$0,00
telhas cerâmicas
na varanda
113
Chapa De
Policarbonato alveolar Policarbonato Alveolar
11.2 1 unidade R$149,90 R$149,90
transparente Transparente 1,05x3,00
4mm (Mercado Livre)
Esmalte Sintético
Coralit Ultra
Pintura de acabamento
11.3 1 unidade Resistencia Alto Brilho R$26,90 R$26,90
das grades
Branco 900Ml Coral
(ABC da construção)
Pesquisa com
Mão de obra para as
11.4 1 unidade serralheiro em R$570,00 R$570,00
grades e fixação
Casimiro de Abreu/RJ
Lâmpada Led Tubular
T5 60cm C/calha
11.5 Lâmpada tubular de led 1 unidade R$35,90 R$35,90
Acoplada 9w (Mercado
Livre)
Kit 2 Luminária + 2
Suporte Plástica Globo
11.6 Luminárias ovais 2 unidade R$26,00 R$26,00
Bola - Luconi(Mercado
Livre)
Composição de custo
SINAPI 93392 para
5,24m² (item 533) e
preço Piso Artec
13.1 Revestimento cerâmico 5,5544 m² R$24,90 R$138,30
Brilhante 53x53 cm
HD 53310 Cx 2,03m
Tipo A caixa (Casa
Show)
Composição de custo
SINAPI 93392 para
5,24m² (item 34357) e
13.2 Argamassa 25,4664 kg preço Argamassa ACII R$17,89 R$35,78
Interna e Externa Cinza
20kg Fortaleza (Leroy
Merlin)
Composição de custo
SINAPI 93392 para
13.3 Rejunte bege 0,42 kg 5,24m² (item 34357) e R$4,51 R$1,89
preço Casa da
Construção 1kg
Composição de custo
SINAPI 93392 para
13.4 Mão de obra (azulejista) 3,7728 h 5,24m² (item 88256)/ R$10,56 R$39,84
Valor da hora segundo
a Sinduscon-Rio
Composição de custo
SINAPI 93392 para
13.5 Mão de obra (servente) 1,9912 h 5,24m² (item 88316)/ R$7,10 R$14,14
Valor da hora segundo
a Sinduscon-Rio
Subtotal R$229,96
Opção para acabamento da fachada esquerda
Colocação de revestimento cerâmico em parte da parede lateral esquerda
Composição de custo
SINAPI 93392 para
6,01m² (item 533) e
14.1 Revestimento cerâmico 7,3246 m² preço de Revestimento R$20,99 R$153,74
Antik Café Mate
32x45cm Caixa 2,00m²
Marrom (Ponto Frio)
Composição de custo
SINAPI 93392 para
6,01m² (item 34357) e
14.2 Argamassa 29,2086 kg preço Argamassa ACII R$17,89 R$35,78
Interna e Externa Cinza
20kg Fortaleza (Leroy
Merlin)
Composição de custo
SINAPI 93392 para
14.3 Rejunte bege 2,5242 kg 6,01m² (item 34357) e R$4,51 R$11,38
preço Casa da
Construção 1kg
115
Composição de custo
SINAPI 93392 para
14.4 Mão de obra (azulejista) 4,3272 h 6,01m² (item 88256)/ R$10,56 R$45,70
Valor da hora segundo
a Sinduscon-Rio
Composição de custo
SINAPI 93392 para
14.5 Mão de obra (servente) 2,2838 h 6,01m² (item 88316)/ R$7,10 R$16,21
Valor da hora segundo
a Sinduscon-Rio
Subtotal R$262,82
Alto R$1.316,70
Custo por grau de prioridade de intervenção Médio R$2.095,04
Baixo R$535,32
TOTAL R$3.947,06
Item opcional R$262,82
Total com item opcionais R$4.209,88
É válido ressaltar que o orçamento previsto considerou os preços dos produtos em sites,
entretanto a família pode ter a preferência em utilizar lojas locais. Da mesma maneira, os preços
em relação a mão de obra, de acordo com o SINAPI, podem ocorrer variações em função do
preço efetivo da mão de obra local. Ademais, destaca-se a possibilidade de pagamento à prazo,
principalmente para os materiais, já que, segundo a autora, é uma prática comum nas lojas que
comercializam materiais de construção na cidade.
De acordo com o tipo de projeto apresentado, segundo o item 5.1.3.1, o serviço realizado
se encaixaria na classificação (3) ‘Minha reforma completa’ e o no tamanho médio de projeto,
que seria 45 horas trabalhadas, pois a intervenção projetual englobou a realização da análise de
toda a edificação, tanto a parte externa como a interna e as horas gastas totais equivalem as 45h
previstas nesse pacote de serviço. Portanto, para esse projeto, a família estaria pagando uma
parcela de R$98,27, segundo o item 5.1.3.2. A tabela 18, a seguir, demostra a estimativa de
horas gastas de acordo com as etapas de projeto (visita ao local, estudo preliminar e projeto
executivo):
116
Todavia, é válido ressaltar que algumas das etapas, como a elaboração da volumetria
em software 3D e a renderização, são muito importantes para o entendimento dos moradores
sobre o que está sendo proposto, mas não são essenciais para o profissional projetar as soluções.
Da mesma maneira como os desenhos técnicos, que são uma linguagem mais acadêmica, são
essenciais para o entendimento da execução do projeto, porém apresentam-se de difícil
compreensão para os moradores.
Nesse sentido, para haja uma sintonia entre todos os envolvidos no projeto é necessário
saber demonstrar a relevância de cada produto a ser entregue como forma de representar a
importância da democratização da arquitetura para este público. O projeto completo também
traz a possibilidade de que todos possam ter a documentação e desenhos técnicas da própria
residência, podendo ser utilizadas até mesmo para fins de licenciamento, por exemplo.
117
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde o princípio, o maior desafio do modelo de negócios era o de criar uma solução
que fosse justa para ambos os lados: do ponto de vista empresarial e do ponto de vista do cliente.
Era necessário pensar sobre a maneira mais econômica e implementável para que a
consolidação da empresa se tornasse viável. Uma grande dificuldade da autora era criar um
saldo positivo entre as despesas e o faturamento. Entretanto, o resultado final demostra que
118
mesmo que se tenha cenários adversos, a implementação é possível nestes termos. O trabalho
com a conscientização da população e a divulgação dos serviços é o maior dos desafios, porém
existem diversos meios de ampliar esse acesso.
Por isso, aliar a complexidade do custo, dos desejos e das necessidades dos moradores,
além das percepções da autora, foi outro grande desafio exposto neste trabalho. Uma importante
questão era trazer uma discussão do quanto é possível obter um ganho na qualidade habitacional
com intervenções pontuais e viáveis tanto tecnicamente como economicamente. E dessa
maneira, perceber que o que foi proposto no modelo de negócios é validado com base nas
experiências da autora e sua dedicação com a família escolhida para participar do projeto.
Deste modo, a luta pelo direito à moradia de qualidade é uma construção constante e
repleta de desafios. E ações nesse sentido refletem diretamente no impacto de alcançar os 85%
da população que ainda não conhecem o trabalho de um Arquiteto e Urbanista (CAU/BR e
DATAFOLHA, 2015). O acesso a esses profissionais é uma luta que deve ser de
responsabilidade de todos, cada qual com a sua contribuição, para que somando forças possam
entender o quanto podem contribuir para a construção de novas cidades: mais sustentáveis, mais
confortáveis, mais funcionais e mais bonitas. Afinal, ‘arquiteto não é artigo de luxo’, é
necessidade, é direito.
119
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Daniel. Bolsonaro sanciona projeto que institui programa Casa Verde
Amarela. Folha de São Paulo, 2021. Disponível em:
<https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/01/bolsonaro-sanciona-projeto-que-institui-
programa-casa-verde-amarela.shtml>. Acesso em: 20 Fevereiro 2021.
CARVALHO, Rafael. Como surge um negócio social? Conheça Fernando Assad e a criação
da Vivenda. Site Na Prática, 2018. Disponível em: <https://www.napratica.org.br/como-
surge-um-negocio-social-conheca-fernando-assad-e-a-criacao-da-vivenda/>. Acesso em: 27
Fevereiro 2021.
CASIMIRO DE ABREU. Código de Obras. Lei nº 49, 05 de outubro de 1979. Dispõe sobre
as construções no município de Casimiro de Abreu, Estado do Rio de Janeiro. Site da
Câmara Municipal de Casimiro de Abreu/RJ, 1979. Disponível em:
<https://casimirodeabreu.rj.leg.br/arquivos/2173/1979049%20%20Codigo%20Obras.pdf>.
Acesso em: 15 Março 2021.
COELHO, Bianca. Não ao fim do Ministério das Cidades: arquitetos lançam petição online.
ArchDaily Brasil, 2018. ISSN ISSN 0719-8906. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/905044/nao-ao-fim-do-ministerio-das-cidades-arquitetos-
lancam-peticao-online>. Acesso em: 20 Fevereiro 2021.
GARCIA, Gustavo; RESENDE, Sara. Senado aprova a criação do programa habitacional casa
verde e amarela. Site do Portal G1, 2020. Disponível em:
<https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/12/08/senado-aprova-criacao-do-programa-
habitacional-casa-verde-amarela.ghtml>. Acesso em: 20 Fevereiro 2021.
HABITAT BRASIL. Quem Somos. Site da Habitat para Humanidade Brasil, 2021.
Disponível em: <https://habitatbrasil.org.br/quem-somos/perguntas-frequentes/>. Acesso em:
25 Fevereiro 2021.
KLINTOWITZ, Danielle. Por que o Programa Minha Casa Minha Vida só poderia acontecer
em um governo petista? Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 18, n. 35, Janeiro/Abril 2016.
ISSN 2236-9996.
KOURY, Ana P.; BOUDUKI, Nabil. Arquitetura e Política - Saudações a Sergio Ferro. Site
Teoria e Debate, 2006. Disponível em: <https://teoriaedebate.org.br/estante/arquitetura-e-
trabalho-livre-sergio-ferro/>. Acesso em: 26 Novembro 2020.
ROLNIK, Raquel. A Cidade é Nossa com Raquel Rolnik #24: Casa Verde e Amarela e a
financeirização da moradia. Blog da Raquel Rolnik, 2020. Disponível em:
<https://raquelrolnik.wordpress.com/2020/08/31/a-cidade-e-nossa-com-raquel-rolnik-24-casa-
verde-e-amarela-e-a-financeirizacao-da-moradia/>. Acesso em: 20 Fevereiro 2021.
SARAIVA, Aléxia. Sem dinheiro público, três iniciativas revolucionam as habitações sociais
no Brasil. Site Gazeta do Povo, 2018. Disponível em:
<https://www.gazetadopovo.com.br/haus/urbanismo/tres-organizacoes-que-estao-
revolucionando-as-habitacoes-sociais/>. Acesso em: 27 Fevereiro 2021.
VILLAÇA, Flávio. O que todo cidadão precisa saber sobre habitação. 1. ed.
R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 agosto R$15.776,64
R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 setembro R$15.776,64
R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 outubro R$15.776,64
R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 novembro R$15.776,64
R$851,58 R$1.677,96 R$3.179,36 R$318,00 R$801,19 R$1.196,71 R$1.122,83 R$2.380,09 R$4.248,91 dezembro R$15.776,64
R$68.506,84 R$27.790,83 R$93.022,00
Total de receita do ano 2 R$189.319,67
Estimativa de receitas mensais acumuladas - Ano 3
(1) 'Quanto custa o meu sonho' (2) 'Obra sem dor de cabeça' (1) e (2) 'Minha casa completa'
Mês Faturamento
R$35,16 R$69,28 R$131,27 R$13,13 R$33,08 R$49,41 R$46,36 R$98,27 R$175,43
R$922,60 R$1.817,91 R$3.313,26 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 janeiro R$16.736,34
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 fevereiro R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 março R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 abril R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 maio R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 junho R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 julho R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 agosto R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 setembro R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 outubro R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 novembro R$16.602,44
R$922,60 R$1.817,91 R$3.179,36 R$344,53 R$868,02 R$1.247,10 R$1.216,48 R$2.578,59 R$4.427,85 dezembro R$16.602,44
R$71.172,36 R$29.515,74 R$98.675,09
Total de receita do ano 3 R$199.363,20
126
BB
01
1022
291 570 160
13 278 13 249 13 282 13 147 13 1022
291 570 160
10 72 13
13
177
18%
164
TELHADO
10 456 COLONIAL
487
Horta
Casa do
310
cachorro
80
547
547
60
proj. const.
452
397
30%
1549
290
TELHADO
COLONIAL
PROJ. DO BEIRAL
TELHADO
1062
60
1.20x1.00 1.20x1.00 COLONIAL
1.10 1.10 30%
13
13
AA AA
01 01
665
proj. const.
10%
255
348
348
1549
734
13
13 119 13
0.60 BANH. 0.60x0.60 292 570 160 N
1.50
2.10 2,19m²
Projeção
BB
01
da caixa
SALA/COZINHA d'água
16,28m² 500L
346
0.80 0.60x0.60
2.10 1.50
13
13
1.20x1.00
1.10
VARANDA
PROJ. COBERT.
16,28m²
255
268
268
268
0.13
0.80 A.S
2.10
13
0.10
BB
01
CALÇADA
RUA ZENOT JACOUB
N
0.00
Planta Baixa com layout Fotografia fachada posterior Fotografia dos fundos
01 04 sem escala 05 sem escala
Escala: 1/100
387
360
273
210
210
210
SALA/COZINHA
0.13 0.15 0.13
100
Corte AA
02
Escala: 1/100
21
75
Caixa d'água
10 88
500L
81
100
292
263
210
210
QT. DO CASAL BANH. A.S.
61
150
150
0.13 0.15 0.13 0.13
110
100
80
60
20
Corte BB
03
Escala: 1/100
Telha
cerâmica
Pintura acrílica
na cor laranja
Janela de ferro e
vidro canelado Porta de
madeira
escura
177
500L 18%
Horta TELHADO
Casa do COLONIAL
487
cachorro
310
60
proj. const.
160
QT. DO CASAL BANH. COZINHA A.S.
397
30%
1549
TELHADO
COLONIAL
PROJ. DO BEIRAL
Corte CC TELHADO
02
1062
COLONIAL
Escala: 1/100 30%
665
proj. const.
Projeção
255
da caixa
Projeção do QUARTO 1 QUARTO 2 d'água
aquecedor solar 8,67m² 500L
9,87m²
01 BANH.
2,19m²
02 292 570 160
N
CC
02
SALA/COZINHA
16,28m² Fachada 01 Cobertura
03 05
Escala: 1/100
Escala: 1/200
PROJ. COBERT.
VARANDA
16,28m²
A.S
N
Fachada 02
CC
04
02
Escala: 1/100
Planta Baixa com layout
01
Escala: 1/100
LEGENDA - Diagnóstico por categorias de problemáticas
..\..\..\OneDrive\Documentos\TFG\04_PROJETO\Entrevista\_FOTOS\0745e94f-e4db-44e5-97aa-c846d05b3cd5.jpg ..\..\..\OneDrive\Documentos\TFG\04_PROJETO\Entrevista\_FOTOS\2088ca50-69a6-4bb5-bb34-ed98e280c15e.jpg
Estanqueidade Paredes com infiltrações; Inclinação incorreta do telhado;
BB
02
01
BB
01
1022 1022 1022
291 570 160 291 570 160 291 570 160
13 278 13 249 13 282 13 147 13
177
177
18% 18%
10 72 13
13
TELHADO Telhado
COLONIAL colonial
487
487
164
310
310
10 456
Horta 80
Casa do
cachorro
60
60
proj. const. proj. const.
80
547
547
397
397
Beiral de
30% telhado 30%
452
1549
1549
colonial Telhado colonial
TELHADO
COLONIAL
794
290
TELHADO
1062
1062
COLONIAL Telhado colonial
PROJ. DO BEIRAL 30% 30%
AA AA
60
1.20x1.00 1.20x1.00 01 01
1.10 1.10
665
665
Telha
13
13
de vidro proj. const.
proj. const. incolor
128 128
10%
255
255
Telha
ecológica de
fibras vegetais
348
348
235 100 235
1549
QUARTO 2
QUARTO 1 9,87m² 02 292 570 160
8,67m² 292 570 160
0.70 0.70 N 292 570 160 N
CC
2.10 2.10
02
734
734
13
13 119 13
BANH.
BB
01
0.60 0.60x0.60 À DEMOLIR
01 1.50
2.10 2,19m²
Projeção
da caixa À CONSTRUIR
SALA d'água
12,00m² 500L
Planta Demolir/Construir Planta de Cobertura
346
AA AA
01
0.15
0.80x0.80 01 02 03
COZINHA 1.30 Escala: 1/200 Escala: 1/200
214
4,08m²
0.80 0.60x0.60
2.10 1.50
13
13
1.20x1.00
1.10
VARANDA
16,28m²
PROJ. COBERT.
A.S
0.13
255
268
268
268
0.80
2.10
13
0.10
BB
01
CALÇADA
RUA ZENOT JACOUB
N
0.00
22 22 25 25 25 22 22 22 25 25
25 25 25
50 25 25 25 25 25
25
100
80
Vista do Muro dos fundos
01
Escala: 1/50
PINTURA EM TINTA
ACRÍLICA FOSCA NA COR TIJOLO DE VIDRO 19X19CM
CAMURÇA OU SIMILAR
GRADE DIVISÓRIA NA COR
BRANCA COM VEGETAÇÃO
MESA DE JANTAR DE
MADEIRA EXISTENTE
PINTURA EM TINTA ACRÍLICA
NA COR VERDE PINHEIRO
NATALINO OU SIMILAR
50
Elevação 01
01
Escala: 1/50
PINTURA EM TINTA
ACRÍLICA FOSCA NA COR
CAMURÇA OU SIMILAR
PINTURA EM TINTA
ACRÍLICA NA COR VERDE
PINHEIRO NATALINO OU
SIMILAR
50
Elevação 02
02
Escala: 1/50
Elevação 03
01
Escala: 1/50
PINTURA EM TINTA
ACRÍLICA FOSCA NA COR
CAMURÇA OU SIMILAR
PINTURA EM TINTA
ACRÍLICA NA COR VERDE
PINHEIRO NATALINO OU
SIMILAR
Elevação 04
02
Escala: 1/50
70
EXISTENTE
VASO (REALOCADO)
180
EXISTENTE
TAPETE CINZA
EXISTENTE
95 65
175
BANCADA EXISTENTE
SALA DE ESTAR/COZINHA DIVISÓRIA DE ESTRUTURA
106
2,19m²
DE FERRO E
POLICARBONATO PINTADA
1 NA COR BRANCA
91
4 2 100 LEGENDA DE ILUMINAÇÃO
3
166
DET.01 PENDENTE GLOBO ESFÉRICO
SOFÁ MARROM FOGÃO EXISTENTE LEITOSO DE PLÁSTICO BRANCO
EXISTENTE 63
82
PLAFON BRANCO COM SOQUETE
GELADEIRA (REALOCADA) EXISTENTE (REALOCADO)
EXISTENTE LÂMPADA TUBULAR DE LED C/
CALHA ACOPLADA
Planta Baixa com layout: sala de estar/cozinha Planta de iluminação: sala de estar/cozinha
01 02
escala: 1/50 escala: 1/50
273
70
DE FERRO E
36
PINTURA EM TINTA POLICARBONATO PINTADA
ACRÍLICA NA COR VERDE NA COR BRANCA (DET. 01)
PINHEIRO NATALINO OU
SIMILAR ARMÁRIO INFERIOR
100
ESTANTE DE MADEIRA
(REALOCADA) EXISTENTE EXISTENTE
Vista 01 Vista 02
01 02
escala: 1/50 escala: 1/50
PINTURA EM TINTA
ACRÍLICA FOSCA NA COR
BRANCO NEVE
PENDENTE GLOBO
ESFÉRICO LEITOSO DE
PLÁSTICO BRANCO
PINTURA EM TINTA
ACRÍLICA NA COR VERDE PINTURA EM TINTA
TIJOLO DE VIDRO
PINHEIRO NATALINO OU ACRÍLICA FOSCA NA COR
(19X19CM)
SIMILAR BRANCO NEVE
83 20
DIVISÓRIA DE ESTANTE DE MADEIRA
ESTRUTURA DE FERRO E (REALOCADA) EXISTENTE
PINTURA EM TINTA
55
POLICARBONATO
PINTADA NA COR ACRÍLICA NA COR PINTURA EM TINTA
TERRACOTA OU SIMILAR ACRÍLICA NA COR
BRANCA (DET. 01)
165
TERRACOTA OU SIMILAR
110
110
GELADEIRA EXISTENTE
(REALOCADA) SOFÁ MARROM EXISTENTE
SOFÁ MARROM EXISTENTE
Vista 03 Vista 05
03 04
escala: 1/50 escala: 1/50
EQUIPAMENTOS
SANITÁRIOS EXISTENTES
LEGENDA
Perspectiva do banheiro
05 sem escala
3
CHAPA DE POLICARBONATO
44
ALVEOLAR TRANSPARENTE
50
3
101
AA
04
114
106
BRILHO NA COR BRANCA
3
1
49
273
273
Planta baixa da divisória GRADE DE FERRO PARA
3
223
01
223
MOLDURA PINTADA COM
escala: 1/25 ESMALTE SINTÉTICO ALTO
BRILHO NA COR BRANCA
48
3
112
61
3
3
3 3 44 3 3 44 3
50 50
Perspectiva isométrica
04
sem escala