ABREU, M. G. De. Habitação de Interesse Social No Brasil - Caracterização Da Produção Acadêmica Dos Programas de Pós-Graduação de 2006 A 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL
MARIANA GARCIA DE ABREU
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NO BRASIL:

CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE 2006 A 2010
CUIABÁ - MT
2012
MARIANA GARCIA DE ABREU
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NO BRASIL:

CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO ACADÊMICA DOS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE 2006 A 2010
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia de Edificações e
Ambiental da Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT), como requisito, à obtenção
do título de Mestre em Engenharia de
Edificações e Ambiental – PPGEEA.
Área de concentração:
Construção Civil
Orientador:
Prof. Dr. Humberto da Silva Metello
Co-orientadora:
ProfA Dra. Andréa Naguissa Yuba
CUIABÁ - MT
Setembro, 2012
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.
G216h Abreu, Mariana Garcia de.

Habitação de interesse social no Brasil : caracterização da produção acadêmica
dos Programas de Pós-graduação de 2006 a 2010 / Mariana Garcia de Abreu. -- 2012
154 f. : il. color. ; 30 cm.
Orientador: Humberto da Silva Metello.

Co-orientadora: Andréa Naguissa Yuba.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de
Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Edificações e Ambiental, Cuiabá, 2012.
Inclui bibliografia.
1. Habitação de interesse social. 2. Produção acadêmica. 3. Bibliometria. 4. Banco

de dados. I. Título.
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NO BRASIL: CARACTERIZAÇÃO DA

PRODUÇÃO ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE
2006 A 2010
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha avó Lurdes

Maria Andrea Dias (in memoriam), que
provou ao mundo que é possível, ainda, ser
uma pessoa pura de coração.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que me dá forças a todo instante.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Humberto da Silva Metello, pela compreensão,

dedicação e esforços junto ao meu trabalho.
À minha co-orientadora e amiga, Profa. Dra. Andréa Naguissa Yuba, que se dispôs a
colaborar com meu trabalho e essa ajuda foi essencial para alcançar meus objetivos.
Ao meu esposo, Mário, que me ama e me faz amar todos os dias.
À minha filha, Luisa, que é a razão do meu viver e é a pessoa que me faz acordar
todos os dias e acreditar que tudo vai dar certo, sempre.
Aos meus pais, Brás e Sônia, que me proporcionaram a vida e souberam me direcionar
aos caminhos que percorri até hoje. A esse amor incondicional. Aos meus queridos irmãos,
Matheus e Angélica, que inconscientemente me apoiaram nesta etapa. A todos esses, a minha
gratidão eterna, pelos esforços de suas vidas em prol da minha felicidade.
Aos colegas da Universidade de Cuiabá e da Universidade de Franca, que sempre me

incentivaram a nunca desistir.
Aos colegas do Mestrado, que dividiram seus medos e me confortaram nos momentos
de desespero.
Aos meus grandes professores de Graduação e Pós-Graduação, que me ensinaram o

valor do estudo e sempre estiveram prontos a me ajudar.
A Capes pelo incentivo e resguardo financeiro.
E em especial aos meus amigos João Mario, Juliana Demartini, Juliana Ortunho, Ana
Tereza, Naiara e Ângelo pelo simples fato de serem meus amigos sinceros.
RESUMO
ABREU, M. G. de. Habitação de interesse social no Brasil: caracterização da produção

acadêmica dos Programas de Pós-Graduação de 2006 a 2010. Dissertação (Mestrado) -
Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia (FAET). Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Edificações e Ambiental, Universidade Federal de Mato Grosso (PPGEEA/UFMT).
Cuiabá/MT, 2012. 150p.
A produção de habitação de interesse social das últimas quatro décadas e, mesmo a mais
recente, mostra indícios de uma defasagem tanto tecnológica quanto formal, que não
corresponde à recorrência do tema nas pesquisas realizadas nos programas de pós-graduação
do Brasil. Diante da hipótese de que tal produção não esteja contemplando a complexa gama
de variáveis que interferem na produção de habitação de interesse social, este trabalho tem
como objetivo caracterizar qualitativa e quantitativamente a produção acadêmica dos
Programas de Pós-Graduação brasileiros sobre habitação de interesse social, no período
compreendido de 2006 a 2010. Este estudo tem caráter descritivo-exploratório, descritivo por
ter como objetivo apresentar os indicadores das publicações acadêmicas na área habitação de
interesse social e, exploratório por buscar conhecer a área no estado em que se encontra, com
base na pesquisa bibliométrica e no mapeamento das dissertações e teses produzidas no
período, o que levará à construção de um panorama sobre a área. O estudo foi desenvolvido
em quatro etapas metodológicas: 1- Revisão bibliográfica; 2-Coleta de dados; 3- Análise
quantitativa e 4- Análise qualitativa. A partir da leitura direcionada dos trabalhos catalogados
e sistematizados em suas informações pode-se afirmar que a produção acadêmica tem
resultados relevantes e possíveis de serem inseridos na realidade da produção de habitação
social do país. Constatou-se que muitas dessas pesquisas não estão refletindo na sociedade
civil por haver uma lacuna não gerida entre o meio acadêmico e o Estado, que apesar de ser o
mais citado como responsável pelo processo de produção da habitação social no país, não é
alvo do repasse do conhecimento produzido e nem participa (direta ou indiretamente) ou se
beneficia da realização das pesquisas. Além disso, o panorama da produção nos últimos cinco
anos fornece dados quantitativos e qualitativos na forma de um banco de dados atualizável,
que podem ser úteis para o desenvolvimento de novos trabalhos nas áreas menos exploradas e
com isso gerar novas perspectivas e oportunidades para a questão habitacional do país.
Palavras - chave: Habitação de interesse social, produção acadêmica, bibliometria, banco de

dados.
ABSTRACT
ABREU, M. G. de. Social housing in Brazil: characterization the production academic

Programs of the Post-Graduation Brazilian in 2006 to 2010. Dissertação (Mestrado) - Faculdade
de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia (FAET). Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Edificações e Ambiental, Universidade Federal de Mato Grosso (PPGEEA/UFMT). Cuiabá/MT, 2012.
150p.
The production of social housing in past four decades and recent time shows discrepancy
technological as much as formal, than doesn’t corresponds to the recurrent theme in research
fields of the Brazilian post-graduation's programs. Due to the hypothesis that this production
isn’t considering the complex variables of social housing production, this objectives to
characterize qualitative and quantitatively the academic program’s production of the Brazilian
post-graduation programs about social housing in the period from 2006 to 2010. This study is
characterized as a descriptive exploratory study, it is descriptive because it aims to present the
indicators of academic publications in the social housing; it is exploratory by analyzing the
field’s status quo based on bibliometric survey and a mapping of thesis produced, which will
lead to an overview of the area. The study was conducted through four methodological steps:
1 - Literature review; 2 - Data collection; 3 - Quantitative Analysis and 4 - Qualitative
Analysis. The systematic reading of the works cataloged showed the good quality of academic
production and results which could be inserted into the reality of housing production in the
country. It is possible to say that many of these researches are not being reflected in civil
society because of a knowledge transfer gap between the academic studies and the State,
which despite being the main responsible for the production process of social housing in the
country, does not have access to the knowledge achieved by the academic researches or even,
participate (directly or indirectly) in the researches or have benefits from them. Moreover, the
scenario of production the past five years give data qualitative and quantitative in database
that is upgradable, can be useful for researches and can develop new studies in unexplored or
less explored areas and thus generate new prospects for the housing issue in the country.
Keywords: Social housing, academic production, bibliometrics, database.

LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Objetos de estudos da pesquisa............................................................................................... 40

Figura 2: Esquema da metodologia da pesquisa. ................................................................................... 41
Figura 3: Evolução dos temas estabelecidos ao longo da pesquisa. ....................................................... 44
Figura 4: Módulo de alimentação dos dados das teses e dissertações catalogadas. ............................... 48
Figura 5: Módulo de Formulário. ........................................................................................................... 49
Figura 6: Módulo de Consulta Simples. ................................................................................................. 49
Figura 7: Exportação dos dados para planilha Excel. ............................................................................ 50
Figura 8: Planilha com as análises qualitativas. ..................................................................................... 52
Figura 9: Esquema dos resultados da pesquisa. ..................................................................................... 53
Figura 10: Pagina na web de busca do Banco de Dados de Teses e Dissertação HIS. .......................... 64
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Níveis nos Programas de Pós-Graduação em Construção Civil. .......................................... 27

Gráfico 2: Relação Programas de Pós-Graduação em Construção Civil por tipo de instituição,
público/privada. ................................................................................................................. 27
Gráfico 3: Cursos oferecidos pelos Programas de Pós-Graduação em Construção Civil por Região.... 28
Gráfico 4: Níveis dos Programas de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo ............................... 29
Gráfico 5: Relação Programas de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo por tipo de instituição,
público/privada. ................................................................................................................. 30
Gráfico 6: Cursos oferecidos pelos Programas de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo por
região. ................................................................................................................................ 30
Gráfico 7: Teses e Dissertações defendidas no Brasil sobre habitação de interesse social. ................... 35
Gráfico 8: Nível da produção acadêmica sobre habitação de interesse social no Brasil – 2006/2010 ... 55
Gráfico 9: Teses e dissertações sobre habitação de interesse social por região do Brasil – 2006/2010. 56
Gráfico 10: Teses e dissertações por Universidades sobre habitação de interesse social ...................... 57
Gráfico 11: Trabalhos catalogados por tipo de instituição, pública/privada. ......................................... 58
Gráfico 12: Programas de Pós-Graduação vinculados aos trabalhos catalogados. ................................ 60
Gráfico 13: Teses e dissertações sobre habitação de interesse social defendidas entre 2006 a 2010..... 60
Gráfico 14: Quantidade de trabalhos de acordo com o tema definido na pesquisa. ............................... 61
Gráfico 15: Quantidade de trabalhos de acordo com o tema definido na pesquisa no ano de 2006. ..... 62
Gráfico 20: Quantidade de trabalhos catalogados com arquivos digitais por área temática. ................. 65
Gráfico 21: Aspectos de análise qualitativa nos trabalhos catalogados com arquivos digitais. ............. 66
Gráfico 22: Aspectos de análise qualitativa por área temática dos trabalhos catalogados com arquivos
digitais ............................................................................................................................... 66
Gráfico 23: Quantidade de trabalhos de Estudo de caso. ....................................................................... 68
Gráfico 24: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Conforto Ambiental e
Eficiência Energética......................................................................................................... 72
Gráfico 25: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Desempenho e Patologia. .. 75
Gráfico 26: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Economia. .......................... 76
Gráfico 27: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Gestão. ............................... 78
Gráfico 28: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Habitação Rural. ............... 80
Gráfico 29: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de História. ............................. 82
Gráfico 30: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Mobiliário. ......................... 84
Gráfico 31: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Patrimônio Histórico e
Reabilitação. ...................................................................................................................... 86
Gráfico 32: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Planejamento Urbano........ 88
Gráfico 33: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Política Pública. ................ 90
Gráfico 34: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Projeto de Arquitetura. ...... 94
Gráfico 35: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Sociabilidade. .................... 99
Gráfico 36: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Sustentabilidade. ............. 101
Gráfico 37: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Tecnologia da Informação.103
Gráfico 38: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Tecnologia e Sistemas
Construtivos. .................................................................................................................... 104
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Relação dos Programas de Pós-Graduação em Construção Civil. ........................................ 26

Quadro 2: Relação dos Programas de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. ........................... 29
Quadro 3: Caracterização de bibliometria, a cienciometria, a informetria e a webometria ................... 38
Quadro 4: Temas determinados para a classificação dos trabalhos catalogados.................................... 44
Quadro 5: Informações obtidas nos trabalhos catalogados .................................................................... 47
Quadro 6: Aspectos da análise qualitativa dos trabalhos catalogados ................................................... 51
Quadro 7: Temas a serem desenvolvidos em pesquisas futuras. .......................................................... 110
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Dados das Chamadas Públicas MCT/MCIDADES/FINEP/AT - Habitação e Saneamento

Ambiental e........................................................................................................................ 32
Tabela 2: Relação da quantidade de teses e dissertações por Instituições sobre habitação de interesse
social. ................................................................................................................................. 57
Tabela 3: Relação dos Programas de Pós-Graduação e o número de trabalhos catalogados. ................ 59
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABC Academia Brasileira de Ciências

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANTAC Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído
BDTD Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações
BNH Banco Nacional de Habitação
CEFET/MG Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
CMN Conselho Monetário Nacional
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
COHAB Companhia de Habitação Popular
FAR Fundo de Arrendamento Residencial
FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador
FAUUSP Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo
FCP Fundação da Casa Popular
FDS Fundo de Desenvolvimento Social
FESP/UPE Fundação Universidade de Pernambuco
FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
FGV Fundação Getúlio Vargas
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
FJP Fundação João Pinheiro
FNHIS Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social
FUFSE Fundação Universidade Federal de Sergipe
HIS Habitação de Interesse Social
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
InfoHAB Centro de Referência e Informação em Habitação
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas
MCT Ministério de Ciência e Tecnologia
NORIE Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação
OGU Orçamento Geral da União
ONG Organização não Governamental
PAR Programa de Arrendamento Residencial
PBQP Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade
PRONATH Programa Nacional da Habitação
PROTECH Programa de Difusão de Tecnologia para a Construção de Habitação de Baixo
Custo
PUCCAMPINAS Pontifícia Universidade Católica de Campinas
PUCMG Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
PUCRJ Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
PUCRS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
PUCSP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
SFH Sistema Financeiro de Habitação
UAM Universidade Anhembi Morumbi
UCAM Universidade Candido Mendes
UCPEL Universidade Católica de Pelotas
UCS Universidade de Caxias do Sul
UEC Universidade Estadual do Ceará
UEL Universidade Estadual de Londrina
UEM Universidade Estadual de Maringá
UENF Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
UERJ Universidade Estadual do Rio de Janeiro
UESC Universidade Estadual de Santa Catarina
UFAL Universidade Federal de Alagoas
UFAM Universidade Federal do Amazonas
UFBA Universidade Federal da Bahia
UFC Universidade Federal do Ceará
UFCG Universidade Federal de Campina Grande
UFES Universidade Federal do Espírito Santo
UFF Universidade Federal Fluminense
UFG Universidade Federal de Goiás
UFMA Universidade Federal do Maranhão
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UFMS Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
UFMT Universidade Federal de Mato Grosso
UFOP Universidade Federal de Ouro Preto
UFPB Universidade Federal da Paraíba
UFPE Universidade Federal de Pernambuco
UFPEL Universidade Federal de Pelotas
UFPR Universidade Federal do Paraná
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UFScar Universidade Federal de São Carlos
UFSM Universidade Federal de Santa Maria
UFU Universidade Federal de Uberlândia
UFV Universidade Federal de Viçosa
UNB Universidade de Brasília
UNESP Universidade Estadual Paulista
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
UNICAP Universidade Católica de Pernambuco
UNIMONTES Universidade Estadual de Montes Claros
UNISC Universidade de Santa Cruz do Sul
UNITAU Universidade de Taubaté
UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí
UPF Universidade de Passo Fundo
UPM Universidade Presbiteriana Mackenzie
USP Universidade de São Paulo
ZEIS Zonas Especiais de Interesse Social
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 15
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................................. 21
1.1 HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL ................................................................................ 21
1.2 O PAPEL DA UNIVERSIDADE NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO ........................ 22
1.2.1 Os programas de Pós-Graduação............................................................................................... 23
1.2.2 Pós - graduação em Construção Civil e Arquitetura e Urbanismo ............................................ 24
1.2.3 A produção do conhecimento sobre habitação de interesse social - FINEP e o BNH .............. 30
1.2.4 Programa de Tecnologia de Habitação - HABITARE .............................................................. 31
2 METODOLOGIA ........................................................................................................................... 36
2.1 CONSIDERAÇÕES PARA DEFINIÇÃO DO MÉTODO DA PESQUISA ............................ 36
2.1.1 Tipos de produção ..................................................................................................................... 36
2.1.2 Estudos da informação .............................................................................................................. 36
2.1.3 Análise de conteúdo .................................................................................................................. 38
2.2 ETAPAS METODOLÓGICAS................................................................................................. 40
2.2.1 Revisão bibliográfica................................................................................................................. 41
2.2.2 Coleta de dados ......................................................................................................................... 42
2.2.3 Procedimentos de análise quantitativa....................................................................................... 47
2.2.4 Procedimentos de análise qualitativa......................................................................................... 50
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................... 53
3.1 RESULTADOS QUANTITATIVOS ........................................................................................ 54
3.2 RESULTADOS QUALITATIVOS........................................................................................... 65
3.2.1 Acessibilidade ........................................................................................................................... 71
3.2.2 Conforto Ambiental e Eficiência Energética ............................................................................. 72
3.2.3 Desempenho e Patologia ........................................................................................................... 75
3.2.4 Economia ................................................................................................................................... 76
3.2.5 Gestão ........................................................................................................................................ 78
3.2.6 Habitação Rural ......................................................................................................................... 80
3.2.7 História ...................................................................................................................................... 81
3.2.8 Mobiliário .................................................................................................................................. 83
3.2.9 Patrimônio Histórico e Reabilitação.......................................................................................... 85
3.2.10 Planejamento Urbano ................................................................................................................ 88
3.2.11 Política Pública .......................................................................................................................... 90
3.2.12 Projeto de Arquitetura ............................................................................................................... 94
3.2.13 Saneamento Ambiental.............................................................................................................. 98
3.2.14 Sociabilidade ............................................................................................................................. 98
3.2.15 Sustentabilidade....................................................................................................................... 101
3.2.16 Tecnologia da Informação ....................................................................................................... 103
3.2.17 Tecnologia e Sistemas Construtivos........................................................................................ 104
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................... 107
4.1 SUGESTÃO PARA ESTUDOS FUTUROS .......................................................................... 112
APÊNDICE – LISTA DE TESES E DISSERTAÇÕES CATALOGADAS (2006 -2010)............ 119
15
INTRODUÇÃO
A inovação tecnológica é fundamental para o desenvolvimento econômico de uma

nação, tornando o investimento na geração de conhecimento científico e tecnológico um meio
para se obter destaque político e econômico internacionais. No Brasil, os investimentos em
ciência, tecnologia e inovação têm crescido bastante nos últimos anos, mas, no entanto, ainda
não são suficientes para atender às necessidades de desenvolvimento do país.
Num contexto de grandes dificuldades de alocação de recursos (públicos, geralmente),

é fundamental planejar melhor a distribuição dos montantes destinados à pesquisa e ao
desenvolvimento científico, de forma a maximizar os resultados e os produtos gerados neste
campo. Saes (2000) afirma que medir a atividade científica permite direcionar melhor o foco
das pesquisas, fortalecendo os esforços empregados nessa atividade. E, prossegue o autor,
administra-se a política científica e fornece subsídios aos planos estratégicos do sistema de
informação em Ciência e Tecnologia.
Mugnaini (2004) reforça, dizendo que as atividades de produção de indicadores

quantitativos em ciência, tecnologia e inovação vêm se fortalecendo no país na última década,
com o reconhecimento da necessidade, por parte dos governos federal e estaduais e da
comunidade científica nacional, de dispor de instrumentos para definição de diretrizes,
alocação de investimentos e recursos, formulação de programas e avaliação de atividades
relacionadas ao desenvolvimento científico e tecnológico no país.
A área de Ciência da Informação oferece os métodos para proceder à avaliação da

produção científica, podendo a Bibliometria1 e a Cienciometria2 serem aplicadas em diversas
áreas do conhecimento, situando a produção específica de um país em relação ao mundo, uma
instituição a seu país ou cientistas à sua comunidade (MACIAS-CHAPULA, 1998). O autor
1
Por Bibliometria entende-se que é o “estudo dos aspectos quantitativos da produção, disseminação e uso da informação
registrada”. Neste sentido, a Bibliometria identifica padrões e desenvolve modelos matemáticos para a medição de
desempenho desses processos, usando seus resultados para a elaboração de previsões e para o apoio às tomadas de decisão
(TAGUE-SUFCLIFFE, 1992).
2
A Cienciometria estuda os aspectos quantitativos da ciência enquanto disciplina ou atividade econômica, incluindo as
atividades científicas e as publicações. É um segmento da sociologia da ciência aplicada no desenvolvimento de políticas
científicas e, por isso, sobrepõe-se a Bibliometria. (TAGUE-SUFCLIFFE, 1992).
16
indica outras aplicações aos indicadores cienciométricos, uma vez que contribuem tanto para
a avaliação do estado atual da ciência como para a tomada de decisões e no gerenciamento da
pesquisa. Para a área de habitação de interesse social, indicadores bibliométricos e
cienciométricos podem ser aplicados para medir a atividade científica da área, buscando gerar
informações sobre as publicações da área que possam orientar os rumos das pesquisas.
Os estudos da habitação no Brasil apareceram inicialmente nas décadas de 50 e 60,

mas só ganharam impulso nos anos de 70, a partir da contribuição das Universidades através
de programas de pós-graduação em ciências sociais, arquitetura e planejamento, e constituiu-
se uma área específica de estudos e pesquisas. Durante anos, com a criação do Banco
Nacional de Habitação (BNH), as maiores incidências de trabalhos eram referentes à ação
governamental no campo da habitação no Brasil. A maioria dos trabalhos, segundo Valladares
(1983), concentrava-se na análise da experiência recente a partir da criação do banco.
Na década de 80, Kalil (2001) descreve com a derrocada do Sistema Financeiro da

Habitação (SFH) e a extinção do BNH, o volume de obras foi declinando até a inércia em
muitos estados, fazendo com que houvesse uma espécie de dormência do tema, especialmente
nas instituições de ensino superior. Maricato (2009) relata que o foco nas carências
habitacionais e nos déficits de moradia, que tem sido a forma predominante dos órgãos
públicos tratarem a questão da habitação, por meio de consultores contratados, como um
problema quantitativo e mais recentemente, nos anos 90, também qualitativo. Ribeiro e
Azevedo (1996) agruparam as pesquisas sobre a questão da habitação no Brasil até a década
de 90 em cinco eixos temáticos:
1. Aspectos macroeconômicos ligados ao emprego urbano;
2. Características técnico-materiais da construção, seja na perspectiva da

organização industrial, no estudo do processo de trabalho ou na análise integrada das
dimensões técnicas e econômicas;
3. Construção popular, sua organização interna e a articulação desta prática com o

chamado padrão periférico de crescimento urbano, produto das formas pelas quais o trabalho
é mobilizado pelo capital;
4. Política habitacional;
5. Análise da produção capitalista da moradia englobando as particularidades do

capital de incorporação, a relação entre os preços da terra, o uso do solo e análises
explicativas da prática dos incorporadores.
17
Quanto à abordagem acadêmica, Valladares (1983) enfatiza que a evolução do tema

ocorreu paralela ao crescimento da crise habitacional no Brasil, ou seja, atrelada ao cenário
político e urbano. Com esse alarmante avanço da população urbana, a questão da moradia se
complica o que pode ser observado pela multiplicação de favelas, entre outros modos de
ocupação irregulares, nas principais capitais do país. Certamente na contemporaneidade a
habitação tem sido alvo de estudo de pesquisadores de outras áreas do conhecimento como
administração pública e serviço social. Além da academia, agências, institutos e outros órgãos
governamentais e não-governamentais vêm se dedicando a estudos da área.
Como um dos mais completos estudos evidencia-se o trabalho “Habitação popular:

inventário da ação governamental” (FINEP-GAP, 1985), através deste estudo Back e Rosseto
(2006) verificaram que no período de 1830-1983, mesmo com sucessivas iniciativas dos
governos, “em momento algum foi possível registrar resultados quantitativos capazes de, pelo
menos, conter o crescimento da população mal alojada. Certamente uma frustrante conclusão
para 153 anos de história”.
A habitação de interesse social tem sido um tema de grande importância econômica e

social do país, tendo recebido muita atenção por parte da comunidade acadêmica. (BOLAFFI,
1979). Maricato (2009) coloca que o conhecimento sobre a produção intelectual em relação
ao tema é indispensável para conhecer as reais situações de precariedade habitacional
existente e os desvios nas políticas públicas, que se revelaram incapazes de sanar a carência
das camadas mais pobres da população.
Rigatti (1997) afirma que o tema da habitação de interesse social no país não guarda
correspondência entre a quantidade do que se produz em termos de números de unidades e o
que foi gerado de conhecimento a partir desta experiência em termos de teoria crítica. Há
poucas pesquisas que relatam como está sendo estudada a habitação de interesse social no
país como fizeram Barreto (1975), Valladares (1983) e Maricato (2009). A análise desses
trabalhos mostra que ainda pouco se conhece sobre a evolução da produção acadêmica do
tema e, tampouco, sobre as dissertações e teses que foram produzidas até então. Além disso,
como discutir sobre o futuro da pesquisa, sem conhecer a sua evolução na área e o seu estado
atual? Por isso, faz-se necessário um estudo que aponte os indicadores sobre produção.
Assim, conforme Rousseau (1998), a pesquisa da área torna-se visível e analisável,
permitindo gerar informações que possibilitem uma análise mais bem fundamentada sobre o
estado da pesquisa no setor.
18
VARIÁVEIS DA PESQUISA
A partir da identificação de questões de várias naturezas que interferem na produção

de habitação de interesse social, com indícios de uma defasagem tanto tecnológica quanto
formal, que não corresponde à recorrência do tema nas pesquisas realizadas nos programas de
pós-graduação do Brasil e diante da hipótese de que tal produção não esteja contemplando a
complexa gama de variáveis que interferem na produção de habitação de interesse social, a
questão principal que originou esta pesquisa é: qual o grau de aplicabilidade atual da
produção acadêmica dos Programas de Pós-Graduação sobre habitação de interesse social no
Brasil?
Para responder à questão principal é necessário responder às seguintes questões

secundárias:
A produção acadêmica sobre o tema tem trazido contribuições que sejam relevantes
para as questões sociais, econômicas, políticas, ambientais, tecnológicas e culturais em torno
do tema da habitação interesse social?
Quais são as áreas mais pesquisadas e as lacunas na produção sobre o tema?
Quais são as maiores dificuldades para o desenvolvimento das pesquisas sobre o tema?
Os pesquisadores detêm uma visão ampla do contexto, para a proposição de seus

objetivos?
OBJETIVO GERAL
Caracterizar qualitativa e quantitativamente a produção acadêmica dos Programas de

Pós-Graduação brasileiros sobre habitação de interesse social, no período compreendido de
2006 a 2010.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar as dissertações e teses que têm como tema a habitação de interesse social
produzidas em Programas de Pós-Graduação do país.
19
Estabelecer aspectos de classificação dos trabalhos catalogados para fazer um

levantamento quantitativo e qualitativo da produção acadêmica.
Desenvolver um Banco de Dados para sistematizar os trabalhos catalogados sobre

habitação de interesse social.
Apontar as lacunas, desafios, contextos e contribuições presentes nos trabalhos

estudados referentes ao tema.
DELIMITAÇÕES DE PESQUISA
Embora a produção acadêmica dos Programas de Pós-Graduação sobre tema da

habitação de interesse social no Brasil seja recente, comparados a estudos de outras áreas, há
uma quantidade significativa de trabalhos. Para viabilizar a consecução da pesquisa no
período de realização do mestrado, foram estudadas apenas as dissertações e teses produzidas
pelos Programas de Pós-Graduação de diversas áreas de concentração, no período de 2006 a
2010. O período do estudo foi determinado por ser o momento com a maior incidência da
produção acadêmica sobre o tema e ser o mais recente possível, já que as três bases distintas
utilizadas como fontes de dados tinham suas informações atualizadas até o ano de 2010.
ESTRUTURA DO TRABALHO
O primeiro capítulo trata da fundamentação teórica, mostra a definição de conceitos

básicos para o entendimento do estudo e o panorama da produção científica ligada ao tema da
habitação social no país e caracteriza os Programas de Pós-Graduação em Construção Civil e
Arquitetura e Urbanismo.
São tratadas no segundo capítulo as considerações necessárias para a definição do

método da pesquisa e as quatro etapas metodológicas (1-Revisão bibliográfica; 2-Coleta de
dados; 3-Análise quantitativa e 4-Análise qualitativa).
Os resultados obtidos através da sistematização dos dados e discussão estabelecida

sobre os mesmos são apontadas no terceiro capitulo, já as considerações finais que tratam da
recapitulação sintética dos resultados da pesquisa ressaltando o alcance e as conseqüências
20
das contribuições e sugestões para trabalhos futuros são apresentados no quarto e último
capítulo.
21
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo apresenta o repertório teórico adotado para embasar o entendimento da

produção acadêmica dos programas de pós-graduação sobre a habitação de interesse social.
Está organizado em habitação de interesse social – definição e conceito; o papel da
universidade na produção do conhecimento – caracterização da pós-graduação no país e as
especificidades dos programas de Construção Civil e Arquitetura e Urbanismo; a produção do
conhecimento relacionada com a habitação de interesse social – descreve historicamente os
caminhos da pesquisa sobre o tema e sua evolução.
1.1 HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
A habitação é um bem de consumo de características únicas, sendo um produto

potencialmente durável onde muito freqüentemente são observados tempos de vida útil
superior a 50 anos (ORNSTEIN, 1992). Por ser um produto caro, as classes menos
privilegiadas constituem a maior demanda imediata por habitação, no Brasil (Fundação João
Pinheiro, 2001).
O termo Habitação de Interesse Social (HIS) define uma série de soluções de moradia
voltada à população de baixa renda. O termo tem prevalecido nos estudos sobre questão
habitacional voltada para a população com renda entre 0 a 3 salários mínimos e vem sendo
utilizado por várias instituições e agências, ao lado de outros equivalentes, como apresentado
abaixo (ABIKO, 1995):
• Habitação de Baixo Custo (low-cost housing): termo utilizado para designar habitação
barata sem que isto signifique necessariamente habitação para população de baixa
renda;
• Habitação para População de Baixa Renda (housing for low-income people): é um

termo mais adequado que o anterior, tendo a mesma conotação que habitação de
22
interesse social; estes termos trazem, no entanto a necessidade de se definir a renda

máxima das famílias e indivíduos situados nesta faixa de atendimento;
• Habitação Popular: termo genérico envolvendo todas as soluções destinadas ao

atendimento de necessidades habitacionais.
Para Bonduki et al. (2003), o termo Interesse Social remete ao princípio básico da
Constituição Federal e do Estatuto das Cidades – a função social do uso do solo urbano.
Desse modo, a HIS deve ser definida como aquela necessariamente induzida pelo poder
público. Já Larcher (2005) elenca os seguintes requisitos básicos que caracterizam a HIS:
• É financiada pelo poder público, mas não necessariamente produzida pelos governos,
podendo a sua produção ser assumida por empresas, associações e outras formas
instituídas de atendimento;
• É destinada, sobretudo a faixas de baixa renda que são objeto de ações inclusivas,
notadamente as faixas até três salários mínimos (que representa a faixa da população
com maior déficit habitacional);
• Embora o interesse social da habitação se manifeste, sobretudo em relação ao aspecto

de inclusão das populações de menor renda, pode também manifestar-se em relação a
outros aspectos, como situações de risco, preservação ambiental ou cultural;
A habitação de interesse social e suas variáveis, portanto, interagem com uma série de
fatores sociais, econômicos e ambientais, e é garantida constitucionalmente como direito e
condição de cidadania. Entretanto, para se fazerem cumprir estas garantias no Brasil,
observam-se inúmeros desafios a serem superados, sobretudo nos fatores que se impõem
como obstáculos ao desenvolvimento da sociedade como um todo. Além disso, a questão
habitacional é fruto de uma cadeia de fatos históricos que modelaram sua situação atual.
Assim, o conhecimento aprofundado dos fatores socioeconômicos e históricos que moldam as
necessidades habitacionais do país permite a compreensão atual e a projeção futura da
habitação. (LARCHER, 2005).
1.2 O PAPEL DA UNIVERSIDADE NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
Partimos do pressuposto de que o papel da universidade é a produção do

conhecimento e sua socialização por meio do ensino e da extensão, bem
23
como a conservação, a transmissão e o enriquecimento do patrimônio

cultural. (MOEBUS, 2006, p.15 )
O autor enfatiza que não basta haver o simples registro da produção intelectual no
Brasil (que é uma coleção de dados), esses registros só terão significados se forem utilizados
para gerar tomadas de decisão sobre políticas, novos trabalhos, ou mesmo ser retransmitido,
somente assim deixa de ser dado inerte e se torna conhecimento. Nesta ótica a universidade
deveria se preocupar em oferecer um modelo de ensino integrado capaz de garantir uma
relação de unidade entre ensino e pesquisa e uma coordenação das atividades de todas às
faculdades básicas e profissionais.
A pesquisa é fundamental, uma vez que é por meio dela que se pode gerar o
conhecimento, a ser necessariamente entendido como construção dos objetos de que se
precisa humanamente. A pesquisa é fundamental também no processo de extensão dos
produtos do conhecimento à sociedade, pois a prestação de qualquer tipo de serviço à
comunidade, que não decorre do conhecimento da objetividade, é mero assistencialismo
saindo da esfera da competência da universidade. (SEVERINO, 2002)
(...) a universidade deve cumprir a missão de universidade de pesquisa, de

estudos profundos e avançados, pelos quais possa construir a cultura
brasileira e fazer marchar o conhecimento. (TEIXEIRA apud MOEBUS,
2006, p.16)
1.2.1 Os programas de Pós-Graduação
As origens da pós-graduação, segundo Balbachevsky (2002), foram datadas nas

primeiras universidades brasileiras em 1930 e essas primeiras experiências de estudos pós-
graduados tiveram pouco impacto no ensino superior brasileiro como um todo. Com a
reforma de 1968 no ensino superior3 a pós-graduação se tornou atividade semi-autônoma
ligada a recém organizados. Mas a autora enfatiza que o salto de qualidade dos programas de
pós-graduação se deu em meados de 1970 com o privilégio das políticas de apoio ao
desenvolvimento científico e tecnológico e com esse apoio a pós- graduação brasileira cresceu
a passos gigantescos. Uma vez que a grande maioria dos cursos de graduação se concentrava
3
Martins (2009) Reforma Universitária 1968: visou fundamentalmente à modernização e expansão das instituições
publicas, destacadamente das universidades federais. Em função do modelo implantado, que procurou privilegiar uma
estrutura seletiva, acadêmica e socialmente, o atendimento da crescente demanda por acesso ao ensino superior passou a ser
feito pelo ensino privado, que se organizou por meio de empresas educacionais.
24
em humanidade e áreas afins, a política do Ministério da Educação tendia, desde o início, a

favorecer programas desta aérea.
Com o apoio das políticas de incentivo científico a pós-graduação brasileira cresceu

rapidamente. Em 1965, coloca Balbachevsky (2002), quando os primeiros estudos de pós-
graduação foram reconhecidos, o Conselho Nacional de Educação identificou ao todo 38
programas de pós- graduação e dez anos depois o Brasil já contava com 429 programas de
mestrado e 149 de doutorado. Mas mesmo com o forte crescimento da produção científica
brasileira, o MCT (Brasil, 2005), afirmava que o país ainda não produzia efeito real no
incremento da produção tecnológica e na intensificação dos esforços de inovação das
empresas brasileiras. Na prática, isto significa que a pauta das pesquisas nacionais estava
dissociada das necessidades da iniciativa privada, que acabava balizando seus esforços de
inovação com base mais nas informações de fornecedores e concorrentes do que no
conhecimento produzido pela comunidade acadêmica nacional. Esse era o nó que tinha de ser
desfeito, para que os avanços do País em produção científica se convertessem em fator de
crescimento econômico e bem-estar social.
Outro dado importante está na descentralização da pós-graduação do país. Durante

décadas, a produção acadêmica brasileira ficou concentrada nas duas principais universidades
paulistas - a USP e a Unicamp. Graças aos investimentos das agências federais de fomento na
expansão dos mestrados e doutorados das instituições de ensino superior mantidas pela União,
a situação finalmente começou a mudar. Enquanto em São Paulo as titulações cresceram 72%,
no mestrado, e 55%, no doutorado, no resto do País o índice foi de 92% e 113%. Mesmo
assim, como o governo paulista continua gastando mais do que o governo federal em
desenvolvimento científico, São Paulo forma 60% dos doutores e 37% dos mestres
brasileiros, sendo, por isso, responsável por 52% da produção nacional de ciência. (BRASIL,
2005)
1.2.2 Pós - graduação em Construção Civil e Arquitetura e Urbanismo
A caracterização dos Programas de Pós-Graduação nas áreas de Construção Civil e

Arquitetura e Urbanismo são dados indispensáveis para a compreensão da produção
acadêmica sobre a habitação de interesse social, já que ambas as áreas são responsáveis pela
produção do produto habitacional. Entende-se, portanto, que as áreas sejam as propulsoras da
25
produção acadêmica sobre o tema. As informações descritas nos itens a seguir serão base para
as comparações dos resultados da pesquisa.
1.2.2.1 Construção Civil
Os cursos de Pós-Graduação em Engenharia Civil fazem parte da grande área de

Engenharias definida pela Capes e são classificados como Engenharias I na área de avaliação.
O órgão definiu programas de diversas áreas específicas dentro da Engenharia I, mas as
descrições feitas serão apenas dos cursos descritos no Quadro 1. Nesta delimitação, constam
apenas programas que estão diretamente relacionados com a Construção Civil e foram
desconsiderados cursos de Geotecnia, Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental.
PROGRAMA UNIVERSIDADE NÍVEL INÍCIO

UFF 1972/2002
PUC-RIO 1965/1984
Engenharia Civil
UFRGS 1970/1986
UFOP M/D 1992/2005
Engenharia Urbana UFSCAR 1994/2007
UFV 1991/2003
Engenharia Civil USP 1970/1978
UFSC M/D/MP 1991/1999
Engenharia Civil UFPE 1992/2000
Estruturas e Construção Civil UNB 1992/1999
UENF M/D 2003/2010
Engenharia Civil UNICAMP 1997/2002
UFRJ 1966/1968
Engenharia Civil e Ambiental UFCG 1971
CEFET/MG 1991
M
Engenharia Civil UFSM 1994
UNESP/Ilha Solteira 1997
Engenharia Civil UFG M 1997
Engenharia Urbana UFRJ 1998
MP
Habitação: Planejamento e Tecnologia IPT 1998
Construção Civil UFPR 2000
UFES 2001
Engenharia Civil
UFPA 2001
M
Construção Civil UFScar 2002
UFU 2002
Engenharia Civil
UFAL 2002
26

Engenharia Urbana UFPB/João Pessoa 2002
Engenharia de Edificações e Saneamento UEL 2003
Engenharia UPF 2003
UERJ 2003
Engenharia Civil
UNICAP 2004
Construção Civil UFMG 2005
FESP/UPE M 2006
Engenharia Civil
UFAM 2006
Engenharia Civil e Ambiental UEFS 2006
Engenharia Urbana UEM 2006
Geotecnia e Construção Civil UFG 2006
Engenharia Civil UNISINOS 2007
Estruturas e Construção Civil UFC 2007
Construção Metálica UFOP MP 2008
Engenharia Civil e Ambiental UNESP/Bauru 2008
UTFPR 2009
Engenharia Civil M
UFRN 2009
Engenharia de Edificações e Ambiental UFMT 2009
Engenharia Urbana e Ambiental PUC-RIO MP 2009
Engenharia Civil FUFSE 2010
M
Engenharia Civil e Ambiental UFPE 2010
* M – Mestrado Acadêmico, D – Doutorado e MP – Mestrado Profissional.
Quadro 1: Relação dos Programas de Pós-Graduação em Construção Civil.
Fonte: Elaborado a partir de levantamento junto a Capes4, (AUTORA, 2012).
Somaram noventa e dois programas distintos na área de Construção Civil. Dentre os

programas investigados cerca de 70% possui nível apenas de mestrado acadêmico, 20% de
doutorado e mestrado acadêmico e menos de 10% de mestrado profissional (Gráfico 1).
4
Dados disponíveis em < http://www.capes.gov.br/cursos-recomendados> Acesso em 14 abr. 2011.
27
Gráfico 1: Níveis nos Programas de Pós-Graduação em Construção Civil.

Fonte: Elaborado a partir de levantamento junto a Capes, (AUTORA, 2012).
Nos programas de pós-graduação levantados, 88% são de instituições públicas e o

restante de instituições privadas (Gráfico 2). Destes cursos oferecidos, 47% estão na região
Sudeste, 20% no Nordeste e o mesmo percentual na região Sul, a região Centro Oeste com
9% e Norte com apenas 4% conforme o Gráfico 3.
Gráfico 2: Relação Programas de Pós-Graduação em Construção Civil por tipo de instituição, público/privada.
28
Gráfico 3: Cursos oferecidos pelos Programas de Pós-Graduação em Construção Civil por Região.
1.2.2.2 Arquitetura e Urbanismo
O curso de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo é classificado pela Capes na

grande área de Ciências Sociais Aplicadas e estabelece vinte e cinco programas em áreas
especificas. Observa-se que o Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da
UNB foi o primeiro curso de mestrado no Brasil na área, criado em 1962 (um dos pioneiros
na América Latina), e o curso de doutorado foi criado pela FAUUSP em 1980, permanecendo
como único doutorado no país até 2000.

UNB 1962/2002
Arquitetura e Urbanismo USP/São Carlos M/D 1971/2003
USP 1972/1980
Conservação e Restauração UFBA MP 1981
UFRJ 1987/2003
Arquitetura M/D
UFRGS 1989/2000
PUC/ Campinas M 1992
Urbanismo
UFRJ 1994/2002
Arquitetura UFMG M/D 1994/2008
UFBA 1997/2000
Arquitetura e Urbanismo
UFRN M/D/MP 1999/2006
Ambiente Construído UFJF M 2000
UPM 2000/2006
Arquitetura e Urbanismo M/D
UFSC 2002/2009
29

Dinâmica do Espaço Habitado UFAL M 2003
UFF M/D 2003/NE
Arquitetura e Urbanismo
UFSJT 2005
Urbanismo, História e Arquitetura da
UFSC 2005
Cidade
UFES 2008
M 2008
UFPEL
Arquitetura e Urbanismo UFPB/João Pessoa 2008
UFV 2009
UFPA NE
Arquitetura Paisagística UFRJ MP NE
* M – Mestrado Acadêmico, D – Doutorado e MP – Mestrado Profissional.
NE – Não foi possível encontrar a data de início do programa.
Quadro 2: Relação dos Programas de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo.
Fonte: Elaborado a partir de levantamento junto a Capes e os Programas de Pós-Graduação, (AUTORA, 2012).
Os programas oferecem cursos com níveis de mestrado acadêmico, mestrado

profissional, doutorado e suas distribuições nos cursos seguem a proporção especificada no
Gráfico 4. A maior parte dos programas, cerca de 90% do total (Gráfico 5), oferecida por
instituições públicas e está mais concentrados na região Sudeste, representando 57% do total.
A região Nordeste tem 18% dos programas, e em seguida está à região Sul com 17%, e as
regiões Centro-Oeste e Norte, com 4% cada (Gráfico 6).
Gráfico 4: Níveis dos Programas de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo

30
Gráfico 5: Relação Programas de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo por tipo de instituição,

público/privada.
Gráfico 6: Cursos oferecidos pelos Programas de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo por região.
1.2.3 A produção do conhecimento sobre habitação de interesse social - FINEP e o

BNH
A Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) vem atuando na área de habitação

desde 1976. Nesse ano foi constituído um Grupo de Trabalho para coordenar sua ação em
habitação popular, também contemplando os diversos aspectos inerentes à questão do
desenvolvimento urbano no Brasil. A iniciativa resultou na definição de linhas de pesquisa,
com prioridade de apoio aos projetos voltados à população de renda mais baixa, e assinado,
31
então, um Protocolo de Cooperação entre a FINEP e o BNH para troca de informações sobre
as pesquisas desenvolvidas. (FINEP, 2008)
Com base nas atividades desenvolvidas desde 1976, foi aprovado em 1978 o Programa
Integrado de Habitação e Saneamento, através do qual a FINEP apoiou várias pesquisas
nestas áreas em conjunto com o BNH. Apesar dos esforços para dinamizar a área e para
organizar e sistematizar as informações disponíveis, segundo informações da própria FINEP
(2008), os resultados alcançados não foram expressivos, devido à ausência de uma efetiva
política governamental para habitação direcionada à população mais carente.
Em meados de 1980, foram elaborados na FINEP programas de atuação no campo do

desenvolvimento social. Para a área de habitação foram estabelecidas três linhas de pesquisas,
com ênfase na formação de recursos humanos. Em 1987, foi aprovado pela FINEP o
Programa de Desenvolvimento Urbano (PROURB), que contemplou as áreas de habitação e
de desenvolvimento urbano, com foco em políticas públicas voltadas para a área de habitação
e desenvolvimento de novos materiais e de sistemas construtivos.
Com a extinção do BNH5, em 1986, em meio à crise econômica dos anos 80, a área de
habitação passou por um período de desarticulação e desestruturação. A tentativa de reversão
deste quadro se iniciou em 1991, com a criação do Programa Nacional da Habitação
(PRONATH), vinculado ao Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP). Em
abril de 1993, numa iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), por intermédio
da Academia Brasileira de Ciências (ABC), foi promovido um amplo debate sobre a pesquisa
habitacional no País. Emergiu, portanto, como conclusão dessa discussão, a necessidade de
implementação de um Programa de Tecnologia de Habitação. Assim, em 1994, a Diretoria
Executiva da FINEP aprovou o HABITARE. (FINEP, 2008)
1.2.4 Programa de Tecnologia de Habitação - HABITARE
O programa é um marco para a pesquisa em habitação no país. O programa destinou,

em seus treze anos, cerca de R$ 20 milhões para pesquisas na área de tecnologia do ambiente
construído. Os recursos investidos pela FINEP, Caixa Econômica, CNPq e diversas empresas
impulsionaram a produção do conhecimento, colaboraram com a introdução de inovações e
5
Decreto - Lei nº 2291/86, extinção do BNH, distribui o acervo do extinto BNH, entre a CEF e o Conselho Monetário
Nacional.
32
melhorias na indústria da construção civil. Os estudos desenvolvidos por universidades de

todo o país, dentro do programa, de 1995 a 2006, contribuíram diretamente para melhoria da
qualidade da habitação de interesse social, na qual foi um assunto bastante explorado dentro
do programa, e as inúmeras publicações mostram as contribuições alcançadas sobre o tema a
partir das pesquisas desenvolvidas.
Outra contribuição do HABITARE, além das pesquisas, foi a criação do Centro de

Referência e Informação em Habitação (InfoHAB) que foi pensado e implementado para
aprimorar os mecanismos de sistematização e socialização da informação na área do ambiente
construído, tendo a seguinte proposta inicial:
[...] começou como uma biblioteca digital, voltado para a divulgação da

produção científica e tinha a perspectiva de se tornar um Centro de
Referência e Informação em Habitação, oferecendo produtos, serviços e
apoio a todas as etapas processo/ciclo de geração do conhecimento, desde a
discussão entre pesquisadores, divulgação de chamadas de trabalhos,
divulgação de realização de eventos, gestão do processo de avaliação de
eventos e periódicos, até a divulgação dos resultados de pesquisa na
biblioteca que serviriam de insumo para novas pesquisas. (FINEP, 2008)
Atualmente, o Infohab ainda está disponível para acesso, mas é possível identificar a
falta de atualizações do seu banco de dados e isso demonstra que não se conseguiu alcançar
todas as pretensões iniciais determinadas a ele.
Com o fim do HABITARE em 2006, a FINEP, para dar continuidade às ações do

programa, lançou as chamadas públicas de Habitação e Saneamento Ambiental. A partir das
áreas temáticas, definidas no edital (Tabela 1), formam-se seis redes sociais cooperativas de
pesquisa e respectivos projetos.
Tabela 1: Dados das Chamadas Públicas MCT/MCIDADES/FINEP/AT - Habitação e Saneamento Ambiental e

APOIO
ANO ARÉAS E TEMAS
FINANCEIRO/REDE
Coordenação modular dessimétrica e a
conectividade
Canteiros de obras
06/2010 R$ 5.000.000,00
Materiais e componentes ecoeficientes
Tecnologias sociais
Reabilitação de edifícios
Tecnologia da informação e comunicação
aplicadas à construção
Uso racional de água, geração de energia
renovável e aumento da eficiência energética
07/2009 R$ 4.000.000,00
Avaliação de desempenho de tecnologias
inovadoras
Produção e montagem de componentes e de
sistemas construtivos
Fonte: FINEP, 2009 e 2010.
33
Há diversas entidades que contribuem para o desenvolvimento de pesquisas em

habitação de interesse social, uma delas é a Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente
Construído – ANTAC, uma associação técnico-científica. A ANTAC é responsável pela
discussão sobre o que vem sendo estudado na área da construção de edificações, que reflete
diretamente na habitação popular. Possui um Grupo de Trabalho denominado engenharia
urbana e gestão habitacional que em um workshop “Integração Universidade-Empresa para a
Inovação na Construção” promovido pelo SindusCon-SP em 2010 a ANTAC fez a síntese da
produção de pesquisa ligada ao setor da construção de edificações nas instituições brasileiras
e expôs como desafios:
• Aprimoramento de conhecimentos e ferramentas de gestão habitacional para a

reabilitação, urbanização de favelas, recuperação de cortiços, produção de
conjuntos habitacionais e habitação popular;
• Aprimoramento de conhecimentos e ferramentas de gestão urbana para o uso

do solo, transportes urbanos, saneamento e sustentabilidade urbana.
1.2.4.1 Evolução do tema
Valladares (1983) relata que a produção acadêmica referente à questão da habitação no

Brasil cresceu consideravelmente até a década de 80 e dispunha, na época, de uma
bibliografia que, entre livros, artigos de revistas, teses de pós-graduação, relatórios de
pesquisas e comunicações em congresso e seminários, chegava a mais de 200 trabalhos. A
evolução da temática não foi acidental - a autora associa que o campo de estudos acompanhou
paralelamente o aguçamento da crise habitacional. A partir de 1960, não cresce só
vertiginosamente a população urbana do país, como ganha maior visibilidade a questão da
moradia, pela multiplicação de áreas de tipo favelas, mocambos e alagados nas principais
capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo. Posteriormente, quando da criação do BNH e de
sua intervenção sistemática e abrangente na questão habitacional, passou-se a analisar de
maneira crítica a ação e os programas que o banco havia desenvolvido.
Por diversas vezes, o BNH promoveu a construção de canteiros de obras com

protótipos de edifícios destinados à habitação apresentando novos materiais de construção,
novas tecnologias, novos equipamentos ou novas máquinas. Em seguida, eram realizados
34
grandes seminários para mostra de protótipos e conseqüentemente estudos e relatos científicos

sobre o tema. (MARICATO, 2009)
Moraes e Santana (2003) relatam que com a extinção do BNH, e o paulatino desmonte
dos órgãos promotores regionais e locais - Companhias de habitação popular (COHAB’s),
boa parte do material acumulado com as pesquisas referentes às inovações tecnológicas se
perderam e o quadro de desinformação se agravou. Em 1993, o Governo Federal lança o
Programa de Difusão de Tecnologia para a Construção de Habitação de Baixo custo
(PROTECH), que teve como um de seus produtos as Vilas Tecnológicas e Rua das
Tecnologias, porém, têm-se mais uma vez perdida a oportunidade de continuidade e difusão
dessas pesquisas com o encerramento do Programa.
Maricato (2009) coloca o foco nas carências habitacionais e nos déficits de moradia,
que tem sido a forma predominante dos órgãos públicos tratarem a questão da habitação, por
meio de consultores contratados, como um problema quantitativo e mais recentemente, nos
anos 90, também qualitativo. Os levantamentos promovidos pela FINEP, em "Inventário da
ação governamental no campo da habitação popular”, finalizado em 1979, e a posterior
publicação em 1985 de “Habitação popular: inventário da ação governamental” constitui um
importante cadastro de documentos e bibliografia.
Embora estudos sobre habitação de interesse social tenham sidos publicados, segundo
Freitas (2005), nas primeiras décadas do século XX, as publicações como dissertações e teses
foram catalogadas nas últimas décadas do mesmo século quando as iniciativas do Governo no
setor habitacional tiveram maior atuação.
Observa-se que as primeiras dissertações sobre habitação popular foram publicadas no

final da década de 70 e início de 80 e retratam a política de habitação popular pós-64 e o
Sistema Financeiro da Habitação. No campo acadêmico, a incidência de trabalhos foi maior
nos anos 90, quando outros temas, além da Política Habitacional do BNH, foram discutidos.
Mas a partir do ano 2000 se intensificou a produção de teses e dissertações sobre o tema,
conforme Gráfico 7.
35
Gráfico 7: Teses e Dissertações defendidas no Brasil sobre habitação de interesse social.

Fonte: Elabora a partir de dados do Banco de Teses da Capes, Biblioteca Digital Brasileira de
Teses e Dissertações e Domínio Público, (AUTORA, 2012)
36
2 METODOLOGIA
Este capítulo descreve a metodologia utilizada na pesquisa e as bases conceituais para

a definição do método.
2.1 CONSIDERAÇÕES PARA DEFINIÇÃO DO MÉTODO DA PESQUISA
Para definir a metodologia utilizada foi preciso conhecer mais sobre os conceitos
básicos dos tipos de produção (acadêmica e científica), estudos da informação (bibliometria,
cienciometria, informetria e webometria) e análise de conteúdo.
2.1.1 Tipos de produção
A produção acadêmica, literalmente, alude ao publicado no âmbito da academia por

docentes, discentes e, eventualmente, por técnico-administrativos, lembrando que o termo
academia é aqui adotado como o conjunto de para instituições de ensino superior (IES),
independentemente de sua tipologia. A produção científica, por sua vez, parece mais fácil de
ser conceituada: propicia o avanço da ciência e tecnologia (C&T), ou seja, acrescenta algo de
novo ao manancial de conhecimentos consolidados em determinada área ou especialidade. Já
a produção intelectual diz respeito ao que é produzido (leia-se publicado) por intelectuais:
produzidos pelo intelecto humano. (TARGINO, 2010).
2.1.2 Estudos da informação
Nos últimos anos se tem observado o crescimento significativo da produção científica

publicada no país. No entanto, pouco se conhece sobre a natureza dessa produção que é
utilizada para fundamentar novos estudos. Para Holbrook apud Mugnaini (2004), ciência e
tecnologia apresentam dimensões que podem ser medidas por indicadores, dos quais se
37
esperam obter informações relevantes, não dedutíveis de forma trivial e inteligíveis para não
acadêmicos. Assim, indicadores de C&T são medidas quantitativas que buscam representar
conceitos muitas vezes intangíveis dentro do universo do fazer da ciência e da tecnologia, tais
como volume de investimentos em C&T em relação ao PIB, a proporção de profissionais de
nível superior no mercado de trabalho, a quantidade de mestres e doutores titulados,
coeficientes técnicos de pesquisadores por 100 mil habitantes e artigos publicados em
periódicos científicos.
Oliveira (2001) afirma que “o termo bibliometria é utilizado para quantificar os

processos de comunicação escrita e, o emprego de indicadores bibliométricos para medir a
produção científica". Ainda segundo o autor, sua utilização justifica-se pelos seguintes
motivos: a análise e avaliação das fontes difusoras dos trabalhos; a evolução cronológica da
produção científica; a produtividade de autores e instituições; a propagação das publicações
científicas; o crescimento de qualquer campo da ciência; o envelhecimento dos campos
científicos e o impacto das publicações frente à comunidade científica internacional. Guedes e
Borschiver (2005) acrescentam que publicações, autores, palavras-chave, usuários, citações e
periódicos são alguns dos parâmetros observáveis em estudos bibliométricos da literatura
Originalmente, a cienciometria, referia-se à aplicação de métodos quantitativos para o

estudo da história da ciência e do progresso tecnológico. As primeiras definições
consideravam a cienciometria como “medição do processo informático”, onde o termo
“informático” significava “a disciplina do conhecimento que estuda a estrutura e as
propriedades da informação científica e as leis do processo de comunicação”. Atualmente,
esta disciplina está sendo largamente utilizada para a medição do conhecimento científico. Já
o termo informetria, compreende um campo mais amplo que a cienciometria e que englobaria,
também, a bibliometria. Da mesma forma, a webometria, conforme será discutido mais
adiante, poderia estar compreendida pela informetria. (VANTI, 2002)
Macias-Chapula (1998) desenvolveu um estudo comparativo de quatro subdisciplinas

que permitem medir os fluxos da informação, a comunicação acadêmica e a difusão do
conhecimento científico, que são: a bibliometria, a cienciometria, a informetria e a
webometria. O Quadro 3 mostra a comparação das aplicações dos distintos métodos
quantitativos.
38
TIPOLOGIA
BIBLIOMETRIA CIENCIOMETRIA INFORMETRIA WEBOMETRIA
SUBCAMPO
Palavras,
Disciplinas, assuntos
documentos, base Sítios na WWW
Livros, áreas e campos
de dados, (URL, título, tipo,
documentos, científicos e
Objeto de estudo comunicações domínio, tamanho,
revistas, artigos, tecnológicos,
informais (inclusive e links), motores de
autores, usuários patentes,
em âmbito não busca
dissertações e teses
científico)
Número de Fatores que Mede a
Número de páginas
empréstimo e de diferenciam as recuperação, a
por sítio, nº de links
Variáveis citações, freqüência subdisciplinas. relevância de livros
que remetem a um
de extensão de Como os cientistas e obras em
mesmo sítio
frases se comunicam bibliotecas
Análise de conjunto
Fator de Impacto da
e de
Ranking, Modelo vetor- web (FIW),
correspondência, co-
Métodos freqüência, espaço, modelos densidade dos links,
ocorrência de
distribuição probabilísticos citações, estratégias
termos, expressões,
de busca
palavras-chave, etc.
Avaliar o sucesso
Melhorar a de determinados
Identificar domínios
eficiência da sítios, detectar a
de interesse. Onde os
recuperação da presença de países,
assuntos estão
informação, instituições e
Alocar recursos, concentrados.
Objetivo identificar pesquisadores na
pessoas, tempo, etc. Compreender como
estruturas e relações rede e melhorar a
e quanto os
dentro dos diversos eficiência dos
cientistas se
sistemas de motores de busca
comunicam
informação na recuperação das
informações
Quadro 3: Caracterização de bibliometria, a cienciometria, a informetria e a webometria
Fonte: (MACIAS-CHAPULA, 1998)
2.1.3 Análise de conteúdo
No universo das pesquisas qualitativas, a escolha de método e técnicas para a análise

de dados, deve obrigatoriamente proporcionar um olhar multifacetado sobre a totalidade dos
dados recolhidos no período de coleta, tal fato se deve, invariavelmente, à pluralidade de
significados atribuídos ao produtor de tais dados. Um método muito utilizado na análise de
dados qualitativos é o de análise de conteúdo, compreendida como um conjunto de técnicas de
pesquisa cujo objetivo é a busca do sentido ou dos sentidos de um documento.
Berelson apud Campos (2004) um dos primeiros autores a sintetizar a análise de

conteúdo como técnica de estudo, na década de 40 e apresentava uma definição fortemente
baseada no modelo cartesiano de pesquisa: “análise de conteúdo é uma técnica de pesquisa
que visa uma descrição do conteúdo manifesto de comunicação de maneira objetiva,
39
sistemática e quantitativa”. Já Bardin (2004) configura a análise de conteúdo como um

conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e
objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. Porém, a própria autora afirma que este
conceito não é suficiente para definir a especificidade da técnica, acrescentando que a
intenção é a inferência de conhecimento relativo às condições de produção (ou, eventualmente
de recepção), inferência esta que ocorre a indicadores quantitativos ou não.
Segundo Olabuenaga e Ispizúa apud Moraes (1999), a análise de conteúdo é uma

técnica para ler e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos, que analisados
adequadamente nos abrem as portas ao conhecimento. A análise de conteúdo, em sua vertente
qualitativa, parte de uma série de pressupostos, os quais, no exame de um texto, servem de
suporte para captar seu sentido simbólico. Este sentido nem sempre é manifesto e o seu
significado não é único. Poderá ser enfocado em função de diferentes perspectivas. Por isso,
um texto contém muitos significados e, conforme os autores:
• O sentido que o autor pretende expressar pode coincidir com o sentido

percebido pelo leitor do mesmo;
• O sentido do texto poderá ser diferente de acordo com cada leitor;
• Um mesmo autor poderá emitir uma mensagem, sendo que diferentes leitores
poderão captá-la com sentidos diferentes;
• Um texto pode expressar um sentido do qual o próprio autor não esteja

consciente.
A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de exploração de documentos que

procura identificar os principais conceitos ou os principais temas abordados em um
determinado texto. O objetivo de toda análise de conteúdo é o de assinalar e classificar de
maneira exaustiva e objetiva todas as unidades de registros existentes no texto. Além de
permitir que sobressaiam do documento suas grandes linhas, suas principais regularidades, a
definição precisa e a ordenação rigorosa destas unidades de registro ajudarão o pesquisador a
controlar suas próprias perspectivas, ideologias e crenças, ou seja controlar sua própria
subjetividade, em prol a uma maior sistematização, objetiva e generalizada dos resultados
obtidos. (OLIVEIRA et al, 2003)
40
2.2 ETAPAS METODOLÓGICAS
Para definir a metodologia proposta foi preciso, primeiramente, estabelecer o objeto de

estudo da pesquisa: as teses de doutorado e dissertações de mestrado que abordam o tema da
Habitação de Interesse Social, defendidas no período de 2006 a 2010.
Figura 1: Objetos de estudos da pesquisa.

Fonte: (AUTORA, 2012)
Este trabalho caracteriza-se como um estudo descritivo-exploratório. É descritivo por

ter como objetivo apresentar os indicadores das publicações acadêmicas na área de habitação
de interesse social; é exploratório por buscar conhecer a área no estado em que se encontra
com base na pesquisa bibliométrica e no mapeamento feito no objeto da pesquisa, o que
levará à construção de um panorama sobre a área.
A etapa que se refere à bibliometria foi denominada no estudo como análise

quantitativa e o mapeamento como análise qualitativa. A escolha do método quantitativo,
segundo Silva e Menezes (2001) considera uma quantificação dos resultados, ou seja, transpor
em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las, requerendo o uso de
recursos e técnicas estatísticas. Já o estudo qualitativo ainda segundo os autores “considera
que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável
entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números”.
De acordo com as autoras, “a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são
básicas no processo de pesquisa qualitativa e o pesquisador tende a analisar seus dados
indutivamente”.
41
Nesse sentido o estudo foi desenvolvido através de quatro etapas metodológicas: 1-

Revisão bibliográfica; 2-Coleta de dados; 3- Análise quantitativa e 4- Análise qualitativa.
REVISÃO COLETA DE DADOS ANÁLISE ANÁLISE

BIBLIOGRÁFICA QUANTITATIVA QUALITATIVA
METODOL
• Banco de Teses da
Capes; •Contextos;
• Biblioteca Digital •Dificuldades;
Banco de dados •Desafios e
Brasileira de Teses e Teses e dissertações HIS oportunidades;
Dissertações;
• Domínio Público •Contribuições.
Figura 2: Esquema da metodologia da pesquisa.

2.2.1 Revisão bibliográfica
A revisão bibliográfica fornece subsídios para definir o cenário da produção do

conhecimento sobre habitação de interesse social no país. A produção acadêmica dos
programas de pós-graduação fez parte da revisão, tanto as teses e dissertações catalogadas
como objeto de estudo deste trabalho e a outras que se fizeram necessárias. Outros tipos de
publicações científicas, como livros, artigos de revistas (nacionais e internacionais) e de
congressos serviram de base para o estudo.
Além das publicações científicas, foram avaliados também sites e publicações

periódicas especializadas, editadas por entidades do setor e órgãos públicos. A análise
possibilitou o acesso a dados estatísticos e informações econômicas, além das discussões que
têm sido apresentadas por diferentes profissionais sobre o tema.
Os resultados obtidos nessa etapa são os correspondentes ao capítulo de

fundamentação teórica, que abordou a definição de conceitos indispensável para compreender
o contexto da pesquisa, assim como a caracterização dos programas de pós-graduação ligados
a construção civil.
42
2.2.2 Coleta de dados
A coleta de dados foi realizada em três bases distintas: Banco de Teses da Capes6,
Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações7 e Domínio Público8. O uso de mais uma
base foi com o objetivo de catalogar o maior número de informações sobre as teses e
dissertações sobre o tema, que são os objetos de estudo da pesquisa. Verificou-se, também,
que há incompatibilidade de alguns dados entre as fontes com entradas diferentes para nome
dos autores, universidade e data de defesa. Nenhuma das bases possui por completo todas as
publicações do tema no período determinado para a pesquisa e as três fontes são direcionadas
pelo Portal de Periódicos da Capes9.
A Capes no seu Banco de Teses é a mais completa das bases que foi utilizada. Possui
acesso on-line e disponibiliza a consulta às informações sobre Teses e Dissertações
defendidas junto aos programas de pós-graduação no período de 1987 a 2010. A instituição
disponibiliza o nome autor, título, email do autor, palavras-chave, área de conhecimento,
banca examinadora, linhas de pesquisa, agência financiadora, idioma, dependência
administrativa e o resumo de cada trabalho. As informações são fornecidas diretamente a
Capes pelos programas de pós-graduação do país, que se responsabilizam pela veracidade dos
dados.
A Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), coordenada pelo

Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, fornece em meio eletrônico as
informações como autor, título do trabalho, contribuidores, instituição de defesa, assuntos e os
arquivos completos das teses e dissertações, datadas de 1980 a 2011, existentes nas
instituições de ensino e pesquisa brasileiras.
O portal Domínio Público também compartilha as informações como autor, título do

trabalho, categoria, idioma, instituição/parceira, instituição/programa, área de conhecimento,
nível, ano, acessos, resumo e arquivos completos de obras literárias, artísticas e científicas (na
forma de textos, sons, imagens e vídeos). É uma biblioteca virtual que serve de referência,
desde 2004, para professores, alunos e pesquisadores brasileiros.
6
Disponível em: <http://capesdw.capes.gov.br/capesdw> Acesso em: 14 abr. 2011.
7
Disponível em <http://bdtd.ibict.br/> Acesso em: 14 abr. 2011.
8
Disponível em < http://www.dominiopublico.gov.br/> Acesso em: 14 abr. 2011.
9
Disponível em <http://www.periodicos.capes.gov.br/> Acesso em: 14 abr. 2011.
43
Iniciou-se com a busca dos resumos nas três bases de dados, paralelamente. A busca
foi realizada através do preenchimento de, no mínimo, uma das expressões disponíveis por
cada base. O resultado, apresentado em grupos de 10 trabalhos, é organizado em ordem
alfabética do nome próprio do autor acompanhado do título do trabalho. As outras
informações do trabalho, como resumo e informações bibliográficas (orientador, instituição,
ano, nível, palavras-chave), só podiam ser vistos quando a página específica do trabalho era
acessada.
As expressões utilizadas no campo de busca foram: 1-habitação popular; 2-

habitação social; 3-habitação de interesse social, 4-habitação econômica, 5-habitação, 6-
qualidade do projeto habitacional, 7- política habitacional, 8- casa popular, 9 – conjunto
habitacional. Estes assuntos determinaram o conjunto de resumos a serem analisados. Dos
resumos foram selecionados apenas aos trabalhos defendidos entre 2006 a 2010.
Os resultados das informações eram agrupadas e analisados em termos de freqüência e

porcentagem, divididos por anos, níveis, programas de pós-graduação, universidades,
unidades da federação e as regiões brasileiras.
Além das informações obtidas na busca das bases foram definidos temas para a
classificação dos trabalhos catalogados, e estabelecidos após a investigação em diversas
Áreas do Conhecimento de Arquitetura e Urbanismo definidas pelo Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), nos Grupos de Trabalho existentes
dentro da Associação Nacional do Ambiente Construído (ANTAC), nas temáticas encontradas
nos eventos promovidos pela Associação Nacional de Pesquisa e de Pós-Graduação em
Arquitetura e Urbanismo (ANPARQ) e da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa
em Planejamento Urbano e Regional (ANPUR). Mas para determinar os temas dentro dos
trabalhos catalogados, além da busca de áreas similares em instituições renomadas, a leitura
prévia dos resumos foi fator determinante para estabelecer os temas finais. De acordo com as
afinidades de cada trabalho inicialmente foram classificados 24 temas e depois reorganizados
em apenas 17 temas. Alguns temas foram renomeados e outros agrupados em um novo tema:
44
Figura 3: Evolução dos temas estabelecidos ao longo da pesquisa.

TEMAS
Conforto Ambiental e Eficiência
1. Acessibilidade 2.
Energética
3. Desempenho e Patologia 4. Economia
5. Gestão 6. Habitação Rural
7. História 8. Mobiliário
Patrimônio Histórico e
9. 10. Planejamento Urbano
Reabilitação
11. Política Pública 12. Projeto de Arquitetura
13. Saneamento Ambiental 14. Sociabilidade
15. Sustentabilidade 16. Tecnologia da Informação
Tecnologia e Sistemas
17.
Construtivos
Quadro 4: Temas determinados para a classificação dos trabalhos catalogados.
Os Aspectos adotados para realizar os agrupamentos de temas foram:
• No tema definido como Acessibilidade foram classificados trabalhos que

relacionaram a possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento
para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço,
mobiliário, equipamento urbano e elementos.
• Os estudos relacionados com princípios físicos envolvidos e as necessidades de

caráter ambiental foram classificados como conforto ambiental (conforto
45
térmico, conforto acústico, conforto luminoso e ergonomia). E como a maioria

destes trabalhos mostrava uma relação direta com a otimização do uso de
fontes de energia criou-se o tema Conforto Ambiental e Eficiência
Energética.
• Em Desempenho e Patologia foram definidos trabalhos que realizaram

avaliação de desempenho de projetos e empreendimentos e todo e qualquer
estudos voltados aos danos ocorridos em edificações. A unificação das duas
áreas foi por ambas tratarem do comportamento da edificação.
• Planejamento e custos na construção, financiamento habitacional, todos os

trabalhos relacionados ao capital e financeiro enquadram-se no tema
Economia.
• O tema Gestão envolveu estudos ligados gestão cadeia de suprimentos,

avaliação de gestão e metodologia de avaliação e certificação, sustentabilidade
no canteiro de obras, produtividade da mão de obra, gestão empresarial e
estratégia competitiva, gestão do processo de projeto e autogestão.
• Trabalhos que envolveram a questão da unidade habitacional em área rural

foram denominados por Habitação Rural.
• Os trabalhos que tinham como objetivo principal relatar a história, a tradição,

analisar processos e eventos ocorridos no passado encontram-se no tema
História.
• Mobiliário foi a classificação dada aos trabalhos que abordaram o design de

móveis, a relação entre o usuário e o mobiliário e a intervenções possíveis no
layout residencial através do mobiliário.
• Trabalhos de revitalização, caracterização e propostas de projetos para centros

históricos foram caracterizados como patrimônio histórico. E como a maior
parte dos trabalhos que tratavam de reabilitação era em prédios localizados nos
centros históricos criou-se o um tema único chamado Patrimônio Histórico e
Reabilitação.
• Trabalhos que estavam relacionados com o urbanismo, legislação urbana,

projeto urbano e paisagístico foram classificados como Planejamento Urbano,
pois tratavam da organização e da intervenção no espaço urbano.
46
• Políticas públicas são diretrizes, princípios norteadores de ação do poder

público; regras procedimentos para as relações entre poder público e
sociedade, mediações entre atores da sociedade e do Estado. O tema Política
Pública tratou de trabalhos de políticas habitacionais, políticas de saneamento
e outras políticas sociais.
• Os estudos que discutiam qualidade de projeto, metodologias de projeto,

avaliação de vários âmbitos de projeto, incluindo avaliações pós-ocupação,
marketing e satisfação do cliente, foram denominados no tema de Projeto de
Arquitetura.
• Saneamento Ambiental foi tema determinado para estudos que dissertaram

sobre o tratamento de esgoto, fornecimento de água, limpeza das vias públicas
e coleta de lixo.
• O tema Sociabilidade foi definido para os trabalhos que relataram as relações

cotidianas dos sujeitos sociais e a sua vivência no ambiente construído.
• O tema nomeado por Sustentabilidade classificou trabalhos que relatavam a

avaliação da quantidade de energia consumida na produção de componentes
construtivos, prazo de vida útil das edificações; os impactos sobre o
aquecimento da atmosfera e sobre a camada de ozônio decorrentes da produção
de materiais; a demanda por recursos naturais não renováveis, os impactos
ambientais gerados pelos resíduos produzindo por diversos processos
produtivos, materiais e sistemas construtivos alternativos e projetos de
arquitetura mais sustentável.
• Tecnologia da informação é área de conhecimento responsável por criar,

administrar e manter a gestão da informação. Dentro do tema Tecnologia da
Informação foram sistematizados trabalhos de comunicações de dados,
acessibilidade aos dados, sistemas comuns de processamento de dados.
• Os estudos que trataram da inovação e avaliação de materiais, processos

construtivos, processos de produção de opções tecnológicas para edificações
foram classificados em Tecnologia e Sistemas Construtivos.
47
Para a classificação de cada trabalho foi feito, primeiramente, a leitura do título e do

resumo, mas se mesmo assim houvesse dúvidas sobre qual tema seria classificado o fator de
decisão foi o objetivo geral.
A decisão sobre quais informações seriam necessárias sobre os trabalhos catalogados

foi tomada a partir das especificações da NBR 6023 (Informação e documentação –
Referências – Elaboração) sobre como referenciar monografias no todo em meio eletrônico.
Além dos dados exigidos pela norma, foram acrescentados outros (Quadro 5), a fim de
facilitar e complementar a pesquisa.
INFORMAÇÕES DOS TRABALHOS

1. Autor 2. Título
3. Universidade 4. Faculdade
5. Programa 6. Área de concentração
7. Nível 8. Local
9. Data 10. Disponível em
11. Acesso em 12. Tema
13. Palavras-chaves 14. Resumo
Quadro 5: Informações obtidas nos trabalhos catalogados
As informações referentes às Áreas de Concentração foram obtidos através das

especificações da Capes para todos os cursos de Pós-Graduação recomendados e reconhecidos
pelo órgão. E além das informações do Quadro 5 foram levantados os arquivos completos das
dissertações e teses catalogadas em meio online. Apenas 10%, ou seja, 25 trabalhos, de um
total de 251 trabalhos catalogados não foram encontrados os arquivos em meio eletrônico e
nem foram enviados via e-mail após solicitação aos Programas de Pós-Graduação e aos
próprios autores.
2.2.3 Procedimentos de análise quantitativa
O procedimento de análise quantitativa foi a organização e quantificação dos dados

coletados. Esta sistematização foi realizada através do desenvolvimento de um banco de
dados nomeado como Banco de Dados de Teses e Dissertação HIS.
O banco foi criado com o intuito de simplificar o gerenciamento das informações

obtidas em cada trabalho levantado. Outro ponto relevante do banco foi ser uma ferramenta de
interface para disponibilizar os dados em uma pagina da web. O banco pode, ainda, ser
48
complementado e atualizado em pesquisas futuras com outros tipos de trabalhos acadêmicos e

científicos.
O banco de dados foi desenvolvido no Microsoft Office Access 2007. O programa

permite organizar, armazenar informações de acordo com a finalidade atribuída no uso de
tabelas, fazer consultas, criar formulários e relatórios. Estas informações estão dispostas em
campos descritivos e analíticos. Através do gerenciamento destas informações é possível
desenvolver uma análise exploratória.
No módulo de alimentação foram cadastrados 251 trabalhos e dentro do banco

também é possível visualizar o link que disponibiliza o local onde se encontram os arquivos
na sua íntegra de 90% trabalhos catalogados.
Figura 4: Módulo de alimentação dos dados das teses e dissertações catalogadas.

Dentro do banco foi possível criar formulários com o objetivo de ser um meio
facilitador para se encontrar fontes de referências sobre o tema. Os formulários dos 251
trabalhos são apresentados no Apêndice do trabalho.
49
Figura 5: Módulo de Formulário.

O módulo de Consulta foi desenvolvido para simplificar a busca de dados dentro do

programa. Foram selecionados apenas cinco campos Autor, Título, Data, Palavras-chaves e
Resumo. Através destes campos é que as buscas de referências bibliográficas podem ser feitas.
O programa permite realizar quantos módulos de consultas se fizerem necessários, com
qualquer combinação de dados.
Figura 6: Módulo de Consulta Simples.

50
Como o Banco de Dados de Teses e Dissertação HIS foi desenvolvido no Microsoft

Office Access 2007 este software possibilitou a exportação dos dados sistematizados para
uma planilha do Microsoft Office Excel 2007. Nesta planilha foi possível desenvolver os
gráficos que expressam os resultados qualitativos do estudo.
Figura 7: Exportação dos dados para planilha Excel.

2.2.4 Procedimentos de análise qualitativa
Foram sistematizadas 251 teses e dissertações no total, em apenas 226 destes foram
encontrados seus arquivos digitalizados na sua íntegra. O procedimento de análise
qualitativa foi realizado através da leitura dos 226 trabalhos catalogados.
No início da coleta de dados já foi possível identificar que a análise qualitativa não
poderia ser desenvolvida lendo apenas os resumos, pois muitos deles eram sucintos demais e
não davam uma visão completa sobre o que cada trabalho abordava. Com isso, a análise dos
trabalhos não se baseou apenas nos resumos porque, segundo Ferreira (2002), a leitura apenas
dos resumos não lhe dá a idéia do todo, a idéia do que “verdadeiramente” trata a pesquisa. Já
Megid (1999) coloca que os resumos ampliam um pouco mais as informações disponíveis,
porém, por serem muito sucintos e, em muitos casos, mal elaborados ou equivocados, não são
51
suficientes para a divulgação dos resultados e das possíveis contribuições dessa produção para
a melhoria do sistema educacional.
Tendo como base a consideração de Megid (1999) que afirma que só com a leitura
completa ou parcial do texto final da tese ou dissertação os aspectos - resultados, subsídios,
sugestões metodológicas, etc., podem ser percebidos, a caracterização qualitativa dos
trabalhos partiu, então, da leitura dos capítulos de Introdução (que dá uma visão geral sobre o
tema abordado e os objetivos a serem alcançados), e o capítulo de Conclusão (que trata da
recapitulação sintética dos resultados da pesquisa, ressaltando o alcance e as conseqüências de
suas contribuições).
Os trabalhos foram agrupados segundo suas áreas temáticas definidas no Quadro 4,

para facilitar a visualização dos resultados. Durante a leitura de cada trabalho, foram
analisados quatro itens definidos pelo autor de cada trabalho:
ASPECTO RESPONDENDO À PERGUNTA

Contextos Qual a condição almejada para o contexto?
Qual o avanço no tema, obtido com a elaboração do
Contribuições
trabalho?
Qual é a demanda de novas pesquisas que darão
Desafios/Oportunidades
continuidade ao trabalho do autor?
O que o autor aponta como dificuldade para o
Dificuldades
desenvolvimento da sua pesquisa ?
Quadro 6: Aspectos da análise qualitativa dos trabalhos catalogados
As informações obtidas em cada trabalho foram sistematizadas em tabelas no

programa Microsoft Office Excel 2007. Na planilha os grupos de trabalhos foram
identificados conforme os temas de classificação, e, além do tema, assemelhavam-se segundo
os itens de avaliação definidos pelo autor da pesquisa, para, com isso, poder identificar
características em comum nos trabalhos e traçar indicativos sobre as características dos
mesmos. Através das cores eram apontados os aspectos de análises que não eram encontrados.
A cor laranjada mostrava a ausência do aspecto Contextos, a vermelha Dificuldades, a rosa
Desafios/ Oportunidades e a marrom a falta das Contribuições. (ver Figura 8)
Além dos aspectos estabelecidos para a análise qualitativa foi possível identificar
outras características dos trabalhos catalogados. Essas peculiaridades foram descritas no
campo denominado “observações”. Os trabalhos, cujos arquivos digitais não foram
encontrados foram sinalizados na planilha com a cor cinza e não entraram na contabilização
dos resultados qualitativos.
52
Figura 8: Planilha com as análises qualitativas.

53
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos foram classificados em quantitativos e qualitativos conforme a

Figura 9:
RESULTADOS
QUANTITATIVOS QUALITATIVOS
251 trabalhos 226 trabalhos

catalogados catalogados com
arquivos digitais
completos
Figura 9: Esquema dos resultados da pesquisa.

Os resultados apresentados neste item referem-se a resultados quantitativos e

qualitativos, procedentes de quantidades diferentes de trabalhos analisados. Os dados
quantitativos foram extraídos do Banco de Dados de Teses e Dissertação HIS desenvolvido
na pesquisa, sistematizando 251 trabalhos entre teses e dissertações e os resultados foram
organizados da seguinte maneira:
• Trabalhos por níveis da produção científica (Mestrado, Mestrado Profissional e

Doutorado);
• Trabalhos distribuídos por regiões do Brasil;
• Trabalhos por universidades;
• Trabalhos por tipo de instituição (pública e privada);
• Trabalhos por Programas de Pós-Graduação;

54
• Trabalhos distribuídos por anos (2006 a 2010);
• Trabalhos de acordo com o tema definido na pesquisa.
Os resultados qualitativos foram referentes aos 226 trabalhos cujos arquivos digitais
completos foram obtidos e foram organizados seguindo as questões definidas no item Quadro
6 para análise:
• Contextos;
• Dificuldades;
• Desafios/Oportunidades;
• Contribuições.
3.1 RESULTADOS QUANTITATIVOS
Identificou-se que a produção sobre tema no período de 2006 a 2010 foi de 86% de
dissertações de mestrado (somando acadêmico e profissional) e 14% de teses de doutorado.
Os resultados obtidos são equivalentes ao total de publicações desses tipos no cenário
nacional, dados demonstrados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Segundo o
órgão, a produção acadêmica do país no período de 2005 a 2008 foi de 140 mil trabalhos,
destes 22% foram de teses de doutorado e 78% de dissertações de mestrado. Mas quando se
compara o Gráfico 8 com o Gráfico 1 (78% mestrado e 22% doutorado) e Gráfico 4 (67%
mestrado e 33% doutorado) os índices encontrados nos níveis da produção acadêmica sobre
habitação de interesse social são bastante inferiores, mostrando que as teses de doutorado são
menos expressivas em relação ao total dos trabalhos catalogados.
55
Gráfico 1- Construção Civil
Gráfico 8: Nível da produção acadêmica sobre habitação de

interesse social no Brasil – 2006/2010
Fonte: (AUTORA, 2012) Gráfico 4- Arquitetura e Urbanismo
Dentre os 251 trabalhos catalogados 60% são provenientes de programas de pós-

graduação da região Sudeste. A segunda maior produção foi de trabalhos defendidos na região
Sul, que representa 23% do total, e a outras regiões do país somam juntas apenas 17% dos
trabalhos (Gráfico 9). Esses dados seguem a mesma distribuição dos Programas de Pós-
Graduação de Construção Civil e Arquitetura e Urbanismo nas regiões do Brasil (Gráfico 3) e
(Gráfico 6). Comparação válida, pois 58% dos trabalhos sistematizados são das duas áreas de
interesse (Arquitetura e Engenharia Civil).
56
Gráfico 9: Teses e dissertações sobre habitação de interesse

social por região do Brasil – 2006/2010.
Fonte: (AUTORA, 2012) Gráfico 6- Arquitetura e Urbanismo
Algumas instituições dominam o cenário da produção de teses e dissertações sobre o

tema, no período determinado para a pesquisa (Gráfico 10). A Universidade de São Paulo
(USP) foi responsável por quase ¼ do total dos trabalhos catalogados, totalizando 63
publicações. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) também teve grande
destaque e foi responsável pela segunda maior produção dos trabalhos encontrados,
totalizaram 23 publicações. Outras oito universidades tiveram mais de cinco trabalhos sobre o
tema publicados. Já os 78 trabalhos restantes eram procedentes de 42 universidades que, na
maioria das vezes, publicaram apenas um trabalho cada.
57
*Grupo de 42 Universidades com menos de cinco publicações catalogadas.

Gráfico 10: Teses e dissertações por Universidades sobre habitação de interesse social
Nos 251 trabalhos catalogados foram registradas 53 instituições, conforme

Tabela 2, responsável pelos cursos de Pós-Graduação de diversas áreas de conhecimento.
Dentre essas universidades 85% delas são instituições públicas (estaduais e federais) e o
restante é composto por instituições privadas (Gráfico 11), números que seguem o percentual
público/privado dos Programas de Pós-Graduação de Arquitetura e Urbanismo (Gráfico 5) e
Construção Civil (Gráfico 2).
Tabela 2: Relação da quantidade de teses e dissertações por Instituições sobre habitação de interesse social.
N° TESES E
INSTITUIÇÕES
DISSERTAÇÕES
FGV, FJP, PUCMG, PUCRJ, UCAM, UCPEL, UCS, UESC, UFBA, UFC,
UFCG, UFMA, UFMS, UFOP, UFPB,UFPEL, UFPR, UFRRJ, UNESP, 1
UNIMONTES, UNITAU, UNIVALI,
UECE, UFAL, UFAM, UFES, UFG, UFPE, UFV, UNICAP, UNISC 2
IPT, PUCCAMPINAS, UEL, UENF, UERJ, UPF 3
PUCRS, UFScar, UFSM, UFU, UPM 4
UFMT, UFF 6
UFRN 7
PUCSP, UFRJ 8
UNB 10
UFMG, UFSC, UNICAMP 14
UFRGS 23
USP 63
58
Gráfico 11: Trabalhos catalogados por tipo de instituição,

pública/privada.
Gráfico 5- Arquitetura e Urbanismo
Durante a pesquisa foi identificado que vários cursos de Pós-Graduação de diferentes

áreas do conhecimento abordaram o tema da habitação de interesse social no país, conforme
Tabela 3. Os cursos da área básica10 de Arquitetura e Urbanismo (incluem programas de pós-
graduação em Arquitetura, Urbanismo e, Arquitetura e Urbanismo) foram responsáveis por
mais de 1/3 do total dos trabalhos catalogados, somando 91 publicações. Os Programas de
Pós-Graduação de Engenharia Civil (Engenharia Civil e Construção Civil) também tiveram
destaque e produziram um número significativo de trabalhos, cerca de 55 publicações. Outros
cinco Programas de Pós-Graduação das áreas de Serviço Social, Geografia, História, Ciências
Sociais, Física e Meio Ambiente produziram mais de cinco trabalhos cada. Já o restante dos
programas (somaram 46 programas de diferentes áreas) publicaram menos de cinco trabalhos
cada e juntos, tiveram o segundo maior número dos trabalhos identificados, com 71 trabalhos.
Com esses dados é possível identificar que por mais que o tema de habitação de interesse
social seja multidisciplinar, as áreas da construção civil (Arquitetura e Urbanismo, Engenharia
Civil e áreas afins) são as grandes responsáveis pela produção acadêmica do tema.
10
Área básica: aspecto adotado pela Capes, disponível em <http://www.capes.gov.br/> Acesso em 14 de abril de 2011.
59
Tabela 3: Relação dos Programas de Pós-Graduação e o número de trabalhos catalogados.

PROGRAMAS DE PÓS- N° DE PROGRAMAS DE PÓS- N° DE
GRADUAÇÃO TRABALHOS GRADUAÇÃO TRABALHOS
Arquitetura e Urbanismo 81 Desenvolvimento Rural 1
Engenharia Civil 53 Desenvolvimento Social 1
Serviço Social 9 Desenvolvimento Social e Urbano 1
Geografia 8 Desenvolvimento Urbano 1
Desenvolvimento, Agricultura e
Arquitetura 7 1
Sociedade
Gestão Pública para o
História 7 1
Desenvolvimento do Nordeste
Ciências Sociais 5 Direito Político e Econômico 1
Física e Meio Ambiente 5 Economia de Empresas 1
Política Social 4 Engenharia Agrícola 1
Planejamento Regional e Gestão
Planejamento Urbano e Regional. 4 1
de Cidades
Administração 4 Política Científica e Tecnológica 1
Engenharia Urbana 3 Economia Aplicada 1
Sociologia 3 Engenharia Ambiental 1
Habitação: Planejamento e
3 Direito 1
Tecnologia
Urbanismo 3 Engenharia Florestal 1
Interinidades em Ciências e
Engenharia 3 1
Engenharia de Materiais
Engenharia Civil e Ambiental 3 Psicologia Social 1
Engenharia de Edificações e Planejamento de Sistemas
3 1
Saneamento Energéticos
Engenharia Civil (Recursos
Construção Civil 2 1
Hídricos)
Economia 2 Engenharia Civil e Ambiental 1
Ciência Política 2 Estruturas e Construção Civil 1
Geografia Humana 2 Planejamento e Políticas Públicas 1
Desenvolvimento Regional 2 Sociedade e Cultura na Amazônia 1
Administração Pública 1 Políticas Públicas 1
Profissionalizante em Gestão de
Ciências Ambientais 1 1
Políticas Públicas
Ciências da Engenharia Ambiental 1 Psicologia 1
Ciências do Ambiente e
1 Regional e Meio Ambiente 1
Sustentabilidade na Amazônia
Saneamento, Meio Ambiente e
Ciências Econômicas 1 1
Recursos Hídricos
60
*Outras áreas são composta por 46 diferentes Programas de Pós-Graduação

*Arquitetura e Urbanismo: foram considerados programas de Arquitetura, Urbanismo e Arquitetura e Urbanismo
*Engenharia Civil: foram considerados programas de Construção Civil e Engenharia civil.
Gráfico 12: Programas de Pós-Graduação vinculados aos trabalhos catalogados.
A maior parte dos trabalhos sistematizados foi defendida no ano de 2009, que
representou mais de 22% do total com 56 trabalhos entre teses e dissertações. Nos anos de
2006, 2007, 2008, o número de trabalhos apresentados sobre o tema foi de 52, 48, 51
publicações respectivamente, que juntos somaram cerca de 60% do total. O restante da
produção catalogada foi defendida no ano de 2010, que representou a menor quantidade de
trabalhos defendidos, com 44 publicações. Estes dados mostram que a produção acadêmica
nestes cinco anos teve em média 50 trabalhos sobre o tema, e mesmo o ano de 2010 tendo
menor representatividade, a diferença é insignificante no contexto geral.
Gráfico 13: Teses e dissertações sobre habitação de interesse social defendidas entre 2006 a 2010.
61
A partir dos 17 temas criados para classificar os trabalhos catalogados (Quadro 4)

identificou-se que a maior concentração dos trabalhos aborda a Política Pública como foco
principal, com 47 publicações. Nesse ranking, o segundo tema mais recorrente foi Projeto de
Arquitetura, que somou 30 trabalhos. Outros temas que tiveram números significativos, entre
30 a 10 trabalhos, foram Planejamento Urbano, Conforto Ambiental e Eficiência Energética,
Sociabilidade, Gestão, Tecnologia e Sistemas Construtivos, História, Sustentabilidade e
Patrimônio Histórico e Reabilitação. Os outros 7 temas (Desempenho e Patologia, Economia,
Habitação Rural, Mobiliário, Acessibilidade, Saneamento Ambiental e Tecnologia da
Informação) tiveram menos de dez trabalhos catalogados por área (Gráfico 14). Isso mostra a
grande diversidade dos trabalhos catalogados e concentração predominantemente do tema da
Política Pública. Esta concentração deve-se ao fato do Estado ter sido e ser até a atualidade o
grande responsável por promover a habitação de interesse social no país.
Gráfico 14: Quantidade de trabalhos de acordo com o tema definido na pesquisa.

Durante o ano de 2006, assim como nos três anos seguintes, o tema da Política
Pública dominou o cenário das publicações. Nesse ano foram sistematizados trabalhos de 12
temas e se destacaram os temas de Conforto Ambiental e Eficiência Energética, Planejamento
Urbano e Projeto de Arquitetura, cada um com 6 trabalhos cada. Nota-se, (Gráfico 15), que o
tema de Tecnologia da Informação, embora seja um tema consideravelmente recente,
apareceu no primeiro ano do período terminado para esse estudo e isso mostra que as
pesquisas em habitação de interesse social possuem temas atualizados.
62
Gráfico 15: Quantidade de trabalhos de acordo com o tema definido na pesquisa no ano de 2006.
Os trabalhos catalogados de 2007 (Gráfico 16) foram classificados em 14 temas e

Política Pública, embora, tenha sido a mais freqüente, teve diferença de apenas 3 trabalhos
em relação ao tema Projeto de Arquitetura. Foi possível identificar que o tema
Sustentabilidade esteve presente nos quatro primeiros anos do período determinado da
pesquisa, e isso reflete que o tema já está inserido no contexto da produção acadêmica de
Em 2008, (Gráfico 17), os trabalhos identificados seguiram os índices de 2006, com

12 temas. Três temas tiveram números significativos em Política Pública, Projeto de
Arquitetura e Sociabilidade com 11, 9 e 8 trabalhos publicados respectivamente. O tema
63
Gestão teve 5 trabalhos, seguidos de Conforto Ambiental e Eficiência Energética,

Desempenho e Patologia e Sustentabilidade com 3 trabalhos cada.
Identificou-se 16 dos 17 temas desenvolvidos na pesquisa no ano de 2009, (Gráfico

18), representando o ano com a maior diversidade de abordagens (a exceção foi o tema
Economia). Com isso, o ano de 2009 foi o mais significativo dentro da pesquisa, pois além de
apresentar o maior número de trabalhos, esses estão em quase todos os temas identificados no
estudo. Os temas mais recorrentes, neste ano, foram Política Pública, Gestão e História.
Já em 2010 encontrou-se o menor número de temas, foram apenas 10. O único ano em
que o tema de Política Pública não foi o mais representativo, indício de que o contexto da
64
produção acadêmica sobre habitação de interesse social no país pode estar mudando de
direção. O tema mais produzido foi o de Planejamento Urbano, com 10 publicações. Seguido
dos temas Conforto Ambiental e Eficiência Energética, Sociabilidade e Política Pública,
(Gráfico 19).
Apesar das facilidades decorrentes da criação do banco de dados produzido para o

levantamento de dados para a dissertação, a maior contribuição desse desenvolvimento foi
para que os pesquisadores do tema pudessem ter acesso a essas informações. Para isso, está
disponível uma pagina na web com todos os dados do levantamento
<http://teses.somee.com/>. Na página é possível fazer a busca dos trabalhos através de cinco
campos (Figura 10): 1- Autor; 2-Tema; 3- Palavras-chave; 4- Instituição e 5- Ano.
Figura 10: Pagina na web de busca do Banco de Dados de Teses e Dissertação HIS.
65
3.2 RESULTADOS QUALITATIVOS
Os resultados qualitativos consideram os obtidos com 226 trabalhos catalogados com

arquivos completos em meio digital. Dentre os 17 temas definidos para a pesquisa, em 6 deles
(Tecnologia da Informação, Mobiliário, Habitação Rural, Economia, Patrimônio Histórico e
Reabilitação e Sociabilidade) os arquivos estão completos. Já os 25 trabalhos sem arquivos
são dos 11 temas restantes, sendo o Planejamento Urbano o tema que mais se registrou a falta
de trabalhos, totalizando 6. Dos outros 10 temas não se encontrou menos de 5 trabalhos cada
(Gráfico 20) e por isso, acredita-se que nenhum tema foi comprometido para a análise
qualitativa.
Gráfico 20: Quantidade de trabalhos catalogados com arquivos digitais por área temática.
Dos aspectos estabelecidos para a análise qualitativa, conteúdos com caráter de

Contextos foram os mais identificados e apenas em dois trabalhos não foi encontrado.
Identificaram-se as Contribuições em um grande número de trabalhos, somando 212. Os
Desafios/Oportunidades foram encontrados em 105 estudos, menos de 50% dos trabalhos
66
sistematizados. Já as Dificuldades foram às menos apontadas pelos pesquisadores, em apenas

84 trabalhos (Gráfico 21).
Gráfico 21: Aspectos de análise qualitativa nos trabalhos catalogados com arquivos digitais.
A distribuição dos aspectos encontrados de acordo com os temas de classificação foi

ilustrada no Gráfico 22. Nota-se que os temas Acessibilidade e Saneamento Ambiental
possuem a totalidade de todos os aspectos, mas vale ressaltar que em ambos foram analisados
apenas com um trabalho cada. Identificou-se que Projeto de Arquitetura e Tecnologia e
Sistema Construtivo são os únicos temas que não possuem 100% dos Contextos. Já o aspecto
Contribuições teve o segundo maior índice de incidência (100 a 90%), seguidos por
Desafios/Oportunidades (80 a 10%) e Dificuldades que foi o aspecto menos apontado pelos
autores (50 a 0%).
Gráfico 22: Aspectos de análise qualitativa por área temática dos trabalhos catalogados com arquivos digitais
67
Grande parte dos trabalhos analisados mostra o seu contexto, relata como está à
realidade da habitação de interesse social no país, podendo ser comprovado pela quase
totalidade do aspecto Contextos encontrado nos trabalhos. Mas, muito destes trabalhos, não
faz referência ao que fazer para melhorar a questão habitacional do país. E houve, ainda,
trabalhos que apontaram soluções bem similares entre si para o problema habitacional e isso
reflete um possível consenso ou a, reprodução constante das mesmas idéias.
Outros trabalhos não expõem diretamente a relevância da pesquisa, mas através da

leitura minuciosa do contexto de cada estudo foi possível identificar a importância de muitos
deles, mostrando assim a grande incidência do aspecto Contribuições. No entanto houve,
também, trabalhos que diziam contribuir com questões muito “genéricas”, como “contribuir
com o bem da humanidade”, “contribuir com o déficit habitacional” e não mostrava deste
modo, o que realmente suas pesquisas poderiam oferecer ao meio acadêmico e /ou
profissional.
Muitos trabalhos não são elaborados para dar continuidade e não apresentam
perspectivas de longo prazo. Isso se confirma através do baixo índice do aspecto
Desafios/Oportunidades encontrado nos trabalhos catalogados. No entanto, dos 102 trabalhos
com este aspectos 56 deles os autores apontaram mais de uma possibilidade para trabalhos
futuros.
Em muitos trabalhos não foram identificados as Dificuldades, pois a maior parte dos
trabalhos levantados colocava a dificuldade do objeto da pesquisa e não descrevia a intenção
do aspecto que é o autor apontar a dificuldade para o desenvolvimento da sua pesquisa.
Acredita-se que aportar esta questão contribuiria aos futuros trabalhos que decorressem a
partir de uma dissertação e/ou tese. Uma das hipóteses para esse baixo índice é a falta de
compreensão ou ainda a confusão por parte do pesquisador sobre o conteúdo a ser exposto. E
vale ressaltar que esses itens fazem parte normalmente do método, quando são indicadas as
limitações da pesquisa, capítulo que não faz parte da metodologia desse estudo.
Os trabalhos analisados sempre poderiam ter sido classificados em mais de um dos

temas definidos na pesquisa, mas para efeito de classificação tomou-se como fator
determinante o objetivo geral de cada trabalho. Por exemplo, Navazinas (2007) foi
classificado como Projeto de Arquitetura, mas também se encaixaria em Gestão, pois analisa
os espaços comuns em projetos de mutirão, situação que esteve presente em vários trabalhos.
68
Houve uma grande incidência de trabalhos classificados como estudos de casos, que
somaram 39 estudos (ver Gráfico 23), um número significativo, pois representa cerca de 20%
dos trabalhos catalogados. Foram encontradas duas vertentes sobre os trabalhos que citam ser
estudo de caso, um colocava como método11 e outra apenas para relatar que o trabalho foi
aplicado a uma realidade. Alguns críticos, como Mazzotti (2006), colocam que há muitos
trabalhos que dizem ser estudos de casos, por estudar uma única unidade, mas na verdade não
são por não seguir o método em questão. Já aqueles autores que afirmaram fazer uso da
metodologia, quase nenhum deles, explicavam o método, não usando as técnicas básicas deste
tipo de pesquisa. Esta metodologia tem suas peculiaridades: pouca informação obtida através
deste tipo de pesquisa pode ser generalizada para outras realidades, pois considera dados
muito particulares. É importante ressaltar que os trabalhos de estudo de caso seriam mais
eficientes se fizessem mais de um estudo por trabalho, assim mostrariam que a metodologia
pode ser replicada e comparada com mais de uma realidade.
(...) nem todo estudo de uma única unidade pode ser considerado um estudo
de caso, e estudos de caso não são fáceis de serem realizados, ao contrário,
eles se revestem de grande complexidade, o que exige o recurso a técnicas
variadas de coleta de dados. (MAZZOTTI, 2006 p. 648)
Gráfico 23: Quantidade de trabalhos de Estudo de caso.

11
O estudo de caso conforme Yin (2003) pode ser entendido como um estudo empírico que investiga um fenômeno
contemporâneo dentro de seu contexto real e as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente evidentes.
Argumentos mais comuns dos críticos do Estudo de Caso:
•Falta de rigor;
•Influência do investigador – falsas evidências, visões viesadas;
•Fornece pouquíssima base para generalizações;
•São muito extensos e demandam muito tempo para serem concluídos.
Respostas às críticas:
•Há maneiras de evidenciar a validade e a confiabilidade do estudo;
•O que se procura generalizar são proposições teóricas (modelos) e não proposições sobre populações. Nesse sentido os
Estudos de Casos Múltiplos e/ou as replicações de um Estudo de Caso com outras amostras podem indicar o grau de
generalização de proposições;
• Nem sempre é necessário recorrer a técnicas de coleta de dados que consomem tanto tempo. Além disso, a apresentação do
documento não precisa ser uma enfadonha narrativa detalhada.
69
Muitos trabalhos, principalmente na área de arquitetura e urbanismo, não seguem o

rigor de metodologias pré-estabelecidas por outros autores. Dentre os trabalhos sistematizados
cerca de 10% desenvolvem seu próprio método. Não se vê metodologias que foram
desenvolvidas em outros trabalhos de habitação de interesse social sendo replicadas. No
Brasil muitos pesquisadores acreditam contribuir mais se o trabalhado for "inovador" e
vinculam tal “inovação” com o desenvolvimento de novos métodos ou de trabalhos que não
são continuidades de outros.
Muitos estudos catalogados seguem métodos que são desenvolvidos através de

entrevistas, e para o desenvolvimento deste artifício metodológico, foi comum, a falta do uso
de referências bibliográficas. Cabe lembrar que quando o pesquisador envolve a população
como objeto da pesquisa, por meio de entrevista, o mesmo deveria dar um retorno aos
pesquisados e isso aconteceu em apenas em um dos trabalhos catalogados onde o autor fez a
divulgação de uma revista em quadrinhos sobre a pesquisa e pôde, com isso, dar uma resposta
para a população.
Falta nos trabalhos levantados citar experiências de outros países, ou mesmo de

cidades brasileiras, que tiveram sucesso em relação à habitação de interesse social. Há poucos
autores que apontam o sucesso dessas experiências em estudos de casos ou mesmo nas
revisões bibliográficas. Com isso seria possível o acúmulo de experiências sistematizadas
úteis ao Governo, movimentos sociais e outras entidades.
Os trabalhos que fazem a comparação do contexto brasileiro com outros países foram
menos de 10% dos catalogados. Acredita-se que o fato ocorre pela realidade brasileira ser tão
distante de alguns países, mas para Maricato (2009) mesmo que haja uma grande diferença
entres as realidades elas são sempre válidas.
(...) nossa convicção é de que as assimetrias entre os países centrais e

periféricos são essenciais, acentuaram-se com a globalização e não
podemos ser ignorados quando se buscam alternativas de solução para
nossa realidade. (MARICATO, 2009, p. 46)
As pesquisas internacionais demoram a refletir no Brasil, por exemplo, segundo

Francisco (2009) os debates sobre a participação de usuários em projetos de arquitetura
começaram no início da década de 40 em outros países e aqui no Brasil se intensifica a partir
da década de 80, evidenciando o atraso na pesquisa em habitação no meio acadêmico.
Foi possível também identificar um grande número de trabalhos meramente

descritivos e trabalhos sem referência clara aos objetivos, o que é preocupante. Isso pode ser
70
uma das razões sobre porque o meio acadêmico não está gerando resultados concretos para
aplicação pelo setor da construção civil. Questionamentos podem ser sobre o modo de
pesquisar o tema, e se outras metodologias não devem ser elaboradas.
Nota-se que há uma grande variedade de estruturas na organização dos trabalhos. É

possível identificar, também, que alguns programas de pós-graduação seguem uma estrutura
quase padronizada dos trabalhos, por exemplo, NORIE (Núcleo Orientado para a Inovação da
Edificação) – UFGRS. Necessariamente, os trabalhos, não precisam e nem devem ser rígidos
quanto à estrutura organizacional, mas isso facilitou bastante a sistematização dos dados da
pesquisa. Acredita-se que as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas)
são suficientes para o bom entendimento das teses e dissertações e, o que falta é um rigor
maior dos programas de pós- graduação para exigir o cumprimento das normas.
Identificaram-se poucos trabalhos que têm o apoio do Estado, Prefeitura e/ou outros
órgãos públicos. Há geralmente o incentivo dos órgãos de fomento a pesquisa e não uma
parceria com o Estado, que poderia ser muito produtiva, pois o órgão público geralmente tem
a demanda real do problema habitacional e o pesquisador pode buscar a caracterização e
possíveis indicações de diretrizes para lidar com o contexto.
Houve trabalhos, apenas dois, que trataram da questão habitacional da região Norte do
país, isso mostra que há uma grande lacuna a ser preenchida, por ser essa uma região com
características físicas e econômicas bem distintas do restante do país, dificultando
comparação dos trabalhos existentes com essa realidade.
O tema habitação de interesse social tem uma abordagem multidisciplinar que foi
encontrada em trabalhos de diversas áreas como, direito, economia, psicologia, sociologia,
filosofia, engenharias, arquitetura e outros mais que abordaram a questão com excelência. Os
trabalhos desenvolveram um leque de temas bastante distinto, da tecnologia da construção à
cultura indígena.
Os resultados obtidos por tema foram organizados nos itens 3.2.1 a 3.2.17,
apresentados a seguir. Para uma leitura mais facilitada, o conteúdo é apresentado da seguinte
forma:
• Contextos: exposição das principais condições almejadas para os contextos

encontrados nos trabalhos analisados;
• Contribuições: exposição dos principais avanços encontrados nos trabalhos

analisados;
71
• Desafios/oportunidades: exposição das principais demandas de novas

pesquisas encontradas nos trabalhos analisados;
• Dificuldades: exposição das principais dificuldades encontradas nos trabalhos

analisados.
E, por fim, são apresentados conteúdos peculiares ou representativos do conjunto.
3.2.1 Acessibilidade
O tema Acessibilidade teve apenas dois trabalhos catalogados e um trabalho analisado.

Foram encontrados todos os aspectos de análise qualitativos no estudo em questão. O trabalho
trata da falta de consideração do usuário na produção atual (“projeto carimbo”) e da
necessidade de considerá-lo como principal atuante do projeto. Aspectos analisados:
• Contextos: o Estado tem a consciência da necessidade da população com

necessidades especiais, os conjuntos habitacionais, hoje, são aprovados com a
exigência de no mínimo 3% das unidades habitacionais adaptadas aos
portadores de qualquer necessidade. No entanto é preciso de mais ações
voltadas a este público, pois mesmo com estas ações e as intervenções
normativas o país está longe de alcançar um cenário ideal de acessibilidade.
Todas as unidades habitacionais devem permitir adaptações posteriores

diferenciadas de acordo com as necessidade e deficiências dos
beneficiários. A disponibilização de unidades adaptadas ao uso de pessoas
com deficiência, com mobilidade reduzida e idosos, devera ocorrer de
acordo com a demanda, e na ausência de legislação municipal ou estadual
que estabeleça regra especifica, no mínimo 3% das unidades serão
adaptadas ao uso dessas pessoas. (CAIXA, 2009, p. 28)
• Contribuições: subsidiar arquitetos comprometidos na construção de um novo

quadro para habitação de interesse social no Brasil.
• Desafios/Oportunidades: aprofundar a compreensão do uso do espaço e a

implicação das decisões projetuais para, proporcionar a melhoria da qualidade
da habitação de interesse social voltada aos portadores de qualquer necessidade
do país.
• Dificuldades: legislação referente à acessibilidade NBR – 9050/2004 não

define parâmetros mais detalhados para o interior da habitação.
72
É importante refletir que o tema pode ter sido explorado muito em outras áreas, mas na
habitação de interesse social ter apenas dois trabalhos em cinco anos é um índice muito baixo.
Acredita-se, também, que discutir acessibilidade em uma habitação que cada vez mais tem sua
área reduzida é essencial.
3.2.2 Conforto Ambiental e Eficiência Energética
Dentre os 26 trabalhos sistematizados apenas três não foram encontrados os arquivos

na íntegra em meio digital. Os Contextos foram apontados por todos os autores e as
Contribuições só não foram apontadas em dois trabalhos, já os Desafios/Oportunidades
estavam em 18 estudos e as Dificuldades em 11. Foram analisados:
Gráfico 24: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Conforto Ambiental e Eficiência
Energética.
• Contextos: o mínimo que se pode fazer sem aumentar o custo das unidades
habitacionais em assentamentos rurais é fazer uso da boa implantação e de
outras estratégias projetuais para o melhor desempenho térmico das
edificações. Esses requisitos de projeto devem ser generalizados para qualquer
tipo de edificação, principalmente, quando se trata de habitação de interesse
social que tem os recursos econômicos limitados;
Assim como as políticas públicas, a própria formação acadêmica dos

profissionais de projetos de arquitetônicos desconsidera a importância da
adoção de estratégias de conforto e desempenho térmico como
características indispensáveis da qualidade do produto. (WEILLER, 2008)
• O projeto padrão causa problemas em todo país e não possibilita atingir o nível
de conforto desejado, principalmente, em relação ao conforto térmico. Estes
73
problemas podem ser amenizados adotando sistemas construtivos adequados

para cada região do país ou, também, desenvolver e adaptar novas soluções,
para futuras alterações, em sistemas construtivos originais, sem perder de vista
o conforto do usuário;
As habitações populares no Brasil, que são planejadas para cumprir metas

sociais e políticas, e pela falta de políticas públicas ou legislação embasada
em conhecimentos ambientais científicos, são as que mais sofrem sob a
influencia dos diferentes climas existentes no país, não são levados em conta
principalmente as orientações mais adequadas em relação ao sol.
(RONDON, 2007)
• Normas - NBR 1522012 e da NBR 1557513 brasileiras devem evoluir para além
dos parâmetros prescritivos para que o conforto térmico e para o desempenho,
de modo geral, seja mais adequado nos projetos de habitação de interesse
social;
• Ensaios em materiais e sistemas alternativos de acordo com conforto térmico e

acústico mostraram que novas tecnologias na construção podem proporcionar
qualidade de vida a população e preservação do meio ambiente e, que mesmo
havendo uma tendência mundial pela eficiência energética e outros artifícios da
sustentabilidade, isso só chegará até os usuários se houver uma mudança na
filosofia mundial;
• O emprego da tecnologia convencional para aquecedores de água em habitação

de interesse social é o mais recomendado, porém houve constatação que as
habitações já construídas não têm infra-estrutura para dar sustentação ao
modelo desses aquecedores. Recomenda-se o aperfeiçoamento das tecnologias
alternativas de aquecimento solar, porque atualmente a única vantagem é o seu
baixo custo inicial;
• Afirmaram a responsabilidade do arquiteto e que cabe a ele fazer a ponte entre

o usuário e a construção, mas que em habitação de interesse social não
acontece e por isso deve-se rever as praticas projetuais, desde o planejamento e
execução. E cabe a ele também estar entre a ciência e a decisão política,
expondo de forma compreensível, para todas as partes interessadas, o
significado mínimo de habitabilidade para um projeto de habitação popular.
12
NBR 15220 – Desempenho térmico de edificações
13
NBR 15575 – Edificações de até cinco pavimentos - Desempenho
74
• Contribuições: geração de informações que podem auxiliar na elaboração de

projetos arquitetônicos, desenvolvimento de ferramentas de avaliação,
metodologias, parâmetros aplicáveis em outras realidades, definição de
diretrizes para a implantação de tecnologias alternativas de baixo custo. Alguns
autores enunciaram o óbvio que é contribuir para os estudos científicos em
conforto ambiental em habitações populares, ou mesmo, servir como subsídio
para outras pesquisas. Um trabalho teve destaque por relatar uma contribuição
imediata à comunidade: um memorial descritivo detalhado distribuído aos
moradores que fizeram parte da pesquisa.
• Desafios/Oportunidades: usar o mesmo método com algumas especificidades,

aprofundar mais sobre o tema, diversificar algumas simulações, refazer as
medições em outros climas, aumentar a quantidade de exemplares a fim se
encontrar outras situações aos casos, ampliar o universo de projetos avaliados e
analisar o comportamento de outras tipologias. Realizar estudos posteriores
para correlacionar os dados encontrados com outras realidades, aumentar a
amostra utilizada, usar programas de simulação e logger para facilitar os
trabalhos subseqüentes. E, também, estudos de outras áreas como à avaliação
do ciclo de vida de sistemas levantados e estudos para a utilização dos
resíduos.
• Dificuldades: limitação da amostragem, problemas em encontrar moradores

dispostos a participar do estudo, deficiência no banco de dados existente no
país, o uso de normas internacionais e de ferramenta ainda não é muito
difundidas no Brasil, falta de estudos técnicos e estudos sobre o tema, ou ainda
por ser um tema considerado recente, a complexidade nos assuntos adotados e
nos métodos de simulação.
O conforto ambiental em habitações tem sido discutido com mais

intensidade nos últimos anos, dada a sua importância no conceito de
qualidade global do ambiente construído e desta forma constata-se que cada
vez mais pesquisadores preocupam-se com este tema. (CORREIA, 2009)
75
3.2.3 Desempenho e Patologia
Em Desempenho e Patologia levantou-se 8 trabalhos e apenas um deles não se obteve

o arquivo completo. Os Contextos estavam em todos os trabalhos e os outros aspectos tiveram
menores índices, Contribuições, Desafios/Oportunidades e Dificuldades, respectivamente. Os
aspectos foram analisados:
Gráfico 25: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Desempenho e Patologia.
• Contextos: a maior parte das falhas e problemas detectados tem origem no

projeto, no entanto o governo com a nova política habitacional e outros
artifícios está tentando melhorar a qualidade desses empreendimentos. Mesmo
com a evolução técnica de projeto e de execuções de obras em alvenaria
estrutural, as manifestações patológicas nas edificações persistem. É preciso
sistematizar as recomendações técnicas tanto na fase de projetos, como na
execução e algumas ações gerenciais. Além disso, é preciso banir o conceito de
que se tratando de obras com conotação social a boa prática da engenharia
fique relegada em segundo plano e espera-se que a consolidação das normas de
desempenho de edificações venha a extinguir essa característica dos
empreendimentos habitacionais;
• Contribuições: estudos de casos podem ser generalizados como hipóteses e

teorias a serem comprovadas em outros estudos, identificar e qualificar a
incidência de manifestações patológicas, colaborar para o banco de dados da
secretaria de habitação da cidade, ajudar através do método desenvolvido e
com a elaboração de recomendações e, ainda, contribuir com as questões
“superficiais” como, por exemplo, o planejamento habitacional.
76
• Desafios/Oportunidades: implementar junto as empresas da região as

diretrizes traçadas e as recomendações técnicas, o desenvolvimento de projetos
com tipologias alternativas, ou mesmo estudos mais aprofundados sobre tema.
• Dificuldades: falta de conhecimento sobre a questão estudada, pouca

informação a respeito da relação da permeabilidade e ocorrência de fungos em
revestimentos de argamassa em habitação de interesse social.
É de consenso comum que as edificações, principalmente desta classe social, está cada
dia mais comprometida em relação à qualidade construtiva e Carraro (2010) questiona o que
pode ser feito pela qualidade dos conjuntos habitacionais. Com tantos exemplos espalhados
pelo Brasil, porque os mesmos problemas construtivos como trincas, infiltrações, desgaste no
revestimento, continuam se repetindo. É obvio que o sistema envolve uma gama de fatores:
urbano, social, econômico, político, histórico, mas é necessário pensar em cada parte
funcionando perfeitamente, para que o todo tente alcançar a harmonia. Portanto ter estudos e
incentivar novas pesquisas sobre o tema é indispensável para o sucesso global da habitação de
interesse social no país.
3.2.4 Economia
O tema Economia teve 8 trabalhos catalogados e dois deles não se encontrou os

arquivos completos em meio digital. Dos aspectos de análise qualitativa os
Desafios/Oportunidades e Dificuldades foram apontados em apenas um trabalho. Analisou-
se:
Gráfico 26: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Economia.

77
• Contextos: a Política de Habitação de Interesse Social do governo federal é

segregadora e só tem acesso ao financiamento quem tem trabalho e renda.
Reverter esse quadro será possível se houver vontade política buscando vencer
a força dos lobbies dos seguimentos do capital;
• A habitação de interesse social transformou-se num mercado e a política

habitacional passou a ser regida pela lógica privada e o governo não parece
querer mudar este cenário. Há inadequações dos programas federais de
financiamento habitacional para a população de baixa renda e, é necessário
uma reestruturação da política de subsídios utilizada no Brasil, de forma que se
incentive a participação do mercado no financiamento habitacional de classes
menores;
• O déficit habitacional encontra-se na faixa de até três salários mínimos, no

entanto esta parcela da população vem sendo negligenciada pelas políticas
habitacionais e de financiamento é necessário mudar o foco destas políticas;
• Muitas são as barreiras a serem enfrentadas pelo setor produtivo da habitação,

porem entende-se que o cenário está se adequando a cada dia, para que o país,
nos próximos anos possa evoluir até ter condições de apresentar um mercado
de crédito imobiliário sustentável.
• Contribuições: construção de um modelo de financiamento para a habitação

popular, dar subsídios para elaboração e estruturação de programas de
financiamento habitacional, obtenção de dados e informações do sistema de
financiamento brasileiro, compreender a natureza e as razões que levaram a
confluência entre Estado, mercado imobiliário e capital financeiro e também,
apontar as vantagens e desvantagens na relação entre o setor público e o
privado diante dos projetos habitacionais. Alguns autores foram mais
audaciosos e afirmaram que o mecanismo proposto contribui com a solução da
carência habitacional no país.
• Desafios/Oportunidades: o mapeamento mais aprofundado sobre os

empreendimentos populares espalhados em diversas regiões brasileiras.
• Dificuldades: bibliografia desatualizada.

78
3.2.5 Gestão
Foram levantados 18 trabalhos em Gestão e apenas um deles não fez parte da análise
qualitativa. Foram apontados todos os Contextos e Contribuições, já os Desafio/Oportunidade
e as Dificuldades não foram tão sinalizados assim. Os aspectos analisados:
Gráfico 27: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Gestão.

• Contextos: os programas de mutirão, tanto com gestão institucional quanto

com cogestão devem ser planejados a fim de evitar gargalos que estendem a
duração da obra e aumentam os custos. O mutirão pode ser uma boa opção
para a construção de casas, a fim de reduzir o déficit habitacional. Para o êxito
num programa cooperativo autogestonario é imprescindível a presença de
profissionais que tenham além de formação uma concepção do compromisso e
cultura cooperativista solidária. A produção desta forma de moradia demanda
um conhecimento mais profundo que parece inerente a dinâmica urbana
brasileira;
Se a formação do profissional de arquitetura o capacita a coordenação do

projeto de interesse social. E se realmente seria o arquiteto o profissional
mais indicado para o desempenho desta função. (LANA, 2007)
• Os processos de participação popular tiveram continuidade no Governo Lula e

apresentaram os velhos dilemas relacionados à qualidade dos processos
participativos, não houve a ruptura esperada por aqueles que acreditavam em
transformações mais profundas. Para mudar isso é preciso uma sociedade civil
mais organizada e em especial dos movimentos populares. Lamenta-se que as
mudanças na administração fazem com que os programas sejam esquecidos ou
79
até desprezados, principalmente quando assume o governo de oposição. O

Estado perpetua a doutrina neoliberal e tende a consolidar-se, num claro
descaso com os problemas sociais.
• Contribuições: estudar tema pouco explorado, ampliar a reflexão sobre a

evolução dos programas habitacionais autogeridos, comprovar que processos
autogestionados tem sempre um saldo positivo, analisar as formas de produção
de moradia denominadas autoconstrução e mutirão, relatar experiência positiva
de um programa que se extinguiu e poderia estar trazendo muitos benefícios a
população de baixa renda. Elaboração de diretrizes de gestão para obras
habitacionais de interesse social, desenvolvimento de um manual de diretrizes
para gestões de mutirões habitacionais e contribuir com algumas alternativas
teóricas para a minimização dos problemas existentes na gestão pós-ocupação.
E outros autores disseram contribuir com questões muito superficiais como
contribuir para a melhoria da qualidade da provisão da habitacional brasileira e
para a reflexão sobre a política habitacional brasileira.
• Desafios/Oportunidades: trabalhos estudando mais casos com a mesma

metodologia, estudos após a aplicação do manual proposto, desenvolvimento
de um modelo de gestão junto a uma empresa construtora e estudos sobre o
resgate aos princípios fundamentais do cooperativismo.
• Dificuldades: a bibliografia internacional não avalia obras de mutirão, falta de

pesquisas específicas sobre a viabilidade da aplicação de customização em
massa, falta de trabalhos com informações de materiais relacionados à
habitação popular em mutirão, são raras as análises sobre a comunicação social
no gerenciamento das políticas participativas e os documentos sobre o tema
estão se perdendo com o tempo, pois os órgãos promotores foram extintos.
Em grande parte dos trabalhos classificados como Gestão referenciaram as

cooperativas do Uruguai como exemplos de autogestão. Mostrando iniciativas que tiveram
sucesso no contexto internacional para um tema constante na realidade brasileira. A
autoconstrução é a resposta espontânea da população que precisa de uma habitação, em favor
disso há iniciativas da política habitacional como Credito Solidário e outros programas para
avançar neste campo. Outra contribuição a este cenário foi à aprovação da Lei de Assistência
80
Técnica (Lei 11.88814) que o Governo visa assistir com responsáveis técnicos a
autoconstrução informal.
3.2.6 Habitação Rural
Foram 5 os trabalhos catalogados como Habitação Rural e todos eles foram

encontrados seus arquivos completos. Todos os aspectos foram sinalizados, uns mais como
Contextos e Contribuições e outros menos como Desafios/Oportunidades e Dificuldades. A
análise dos aspectos:
Gráfico 28: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Habitação Rural.
• Contextos: há muitas fragilidades nos processos de implantação da família nos

assentamentos rurais e a política de habitação rural é incipiente no Brasil. O
que se tem são algumas experiências interessantes e a universidade tem um
papel importante não só de refletir sobre esses espaços, mas também de intervir
possibilitando melhorias para essas famílias;
• O tema da moradia rural enquanto programa habitacional remete as questões de

mediação sociocultural entre o assentado, beneficiário e os demais atores e,
essas mediações socioculturais também são atravessadas pela construção da
própria política habitacional brasileira, política que ainda mantém a concepção
urbana nos programas propostos;
14
LEI Nº 11.888, de 24 de dezembro de 2008: As famílias com renda mensal de até 3 (três) salários mínimos, residentes em
áreas urbanas ou rurais, têm o direito à assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de
interesse social para sua própria moradia. A assistência técnica pode ser oferecida diretamente às famílias ou a cooperativas,
associações de moradores ou outros grupos organizados que as representem.
81
• É possível e necessário romper com os padrões e ações até então praticados

pelo INCRA, inserir novos elementos, novas alternativas para os processos
construtivos, além do trabalho interdisciplinar e, para que a participação dos
moradores nos processos de elaboração do projeto arquitetônico e das
habitações aconteça com freqüência é necessário uma nova postura
governamental frente é este cenário.
• Contribuições: compreensão da atuação e do papel do arquiteto e urbanista no

processo dos assentamentos rurais, relatar alguns caminhos para além da
questão habitacional no meio rural, fazer análises sobre o alcance e as
limitações das políticas públicas voltada a habitação rural e compreender mais
sobre o tema.
• Desafios/Oportunidades: trabalhos futuros aprofundarem o tema.
• Dificuldades: poucos trabalhos que refletem sobre o desenvolvimento dos

assentados e a complexidade do universo do campesinato.
Percebe-se que houve uma enorme gama de temas que envolve a habitação de
interesse social, inclusive a preocupação com a Habitação Rural, onde existe também um
grande déficit habitacional, não muito citado na literatura. Há programas do governo,
financiamentos específicos para esta população, que precisam ser regulamentados por uma
política pública mais abrangente. E mesmo que estudos sobre habitação rural ainda sejam
escassos observar cinco trabalhos nos últimos cinco anos é um bom sinal do meio acadêmico
em relação ao tema.
3.2.7 História
Os estudos classificados como História totalizaram 14 trabalhos e apenas dois deles

não foram encontrados seus arquivos completos. Os Contextos e as Contribuições foram
apontados em todos os trabalhos, os Desafios/Oportunidades foram citados apenas por um
autor e as Dificuldades por cinco deles. O baixo índice de dois aspectos analisados mostra que
os trabalhos que narram períodos e/ou fatos históricos foram mais atípicos que os outros
temas. Outro fato peculiar encontrado em um trabalho do tema foi por ser o único estudo que
82
retratou como o meio acadêmico pode refletir na habitação de interesse social. Os aspectos
foram apontados:
Gráfico 29: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de História.

• Contextos: avaliar criticamente a prática do arquiteto faz parte da própria (re)

constituição do projeto democrático e colocar em discussão esta questão é
refletir sobre a prática da categoria;
• A construção de moradias para os segmentos mais carentes da população por

parte do poder público, ainda que não tenha transformado a condição social,
possibilitou consideráveis melhorias na qualidade de vida e reduziu o déficit
habitacional. É preciso de mudanças sociais contemporâneas para atingir todas
as carências desta população;
• Mudanças de conteúdo e sentido da trajetória de mobilização dos movimentos

são frutos de uma relação estreita e recente com o Estado e isso tem
neutralizando o caráter combativo dos movimentos nos anos anteriores. E isso
dá maior significância aos conselhos municipais de habitação para poderem
influenciar o processo de decisão política;
• As ações do poder público que resultaram na construção da COHAB-

Tiradentes não tinham como principal objetivo resolver a situação de moradia
das camadas populares, mas sim de limpeza social e urbana das áreas centrais
e, a população que não foi favorecida criou seus próprios artifícios: a
autoconstrução;
• A indústria da construção não está sendo capaz de resolver o problema da

habitação para a baixa renda e o essencial é discutir e incentivar outras
83
iniciativas, que se relacionam mais diretamente a equacionar o problema do

preço da terra;
• O Brasil país em desenvolvimento com contradições sociais é resultado da

segregação econômica, que caracteriza o modelo de desenvolvimento adotado.
Com isso se exporta a população de baixa renda para cidades vizinhas e
periferia, e cabe ao Estado mudar isso, já que ele promotor e regularizador da
• Contribuições: contribuir com a investigação sobre as vilas operárias, discutir

sobre o ofício do arquiteto, comparar conjuntos habitacionais podem revelar
limites quanto positividades, avançar no entendimento dos limites e
potencialidade da luta dos movimentos sem-teto e um novo olhar para os
problemas sociais, ou mesmo uma possível contribuição feita aos estudos
locais no âmbito da História.
• Desafios/Oportunidades: evolução do estudo, sem dar maiores detalhes sobre

que rumo os futuros pesquisadores deveriam seguir para alcançar tal evolução.
• Dificuldades: âmbito pouco explorado, referências bibliográficas escassas,

pouco ou nada se fala sobre o papel desempenhado pelas vilas operarias e,
ainda não se aprofunda nas questões do meio ambiente.
3.2.8 Mobiliário
Todos os arquivos foram encontrados em meio digital dos trabalhos levantados. Os

aspectos Contextos e Contribuições estavam em todos os estudos seguidos dos
Desafios/Oportunidades que não estavam em apenas um deles e as Dificuldades foi apontada
em um trabalho. A análise dos aspectos:
84
Gráfico 30: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Mobiliário.

• Contextos: há um descompasso entre a produção do móvel e a realidade da

moradia popular, é preciso melhoria na qualidade do espaço habitacional via
design de mobiliário. Os resultados analisados da ocupação não organizada dos
espaços projetados para a população baixa renda evidenciam a real necessidade
do projeto de móveis e, cabe ao design elaborar o projeto de tal forma que
permita a adaptação do usuário com a utilização do objeto. Já a indústria
moveleira passa a fazer parte do grupo industrial que pode estar se
relacionando mais diretamente nas pesquisas e projetos experimentais, que
viabilizem os espaços domésticos. A intervenção do poder público em nível de
financiamento, normativas de construção e promoção, é imprescindível para se
explorar novas concepções de produtos.
• Contribuições: auxiliar a conscientização da necessidade de um novo

enfrentamento da questão da produção moveleira, discutir sobre a necessidade
de adequação e melhor aproveitamento do design para a população de baixa
renda e contribuir socialmente com os trabalhos dos arquitetos e designs no
que diz respeito aos problemas crônicos enfrentados pela população em relação
à precariedade da moradia e seu interior.
• Desafios/Oportunidades: maior investigação na área e as diversas ações que

precisam ser detalhadas para efetivar uma política tecnológica que garantirá a
qualidade do produto habitação e móvel.
• Dificuldade: poucos estudos que tratam do interior da unidade habitacional.

85
Há muitos estudos sobre projetos de arquitetura de habitação popular, mas sobre o

mobiliário e a relações interna não. Esses estudos de móveis são essenciais, pois a casa não é
um produto único, é o conjunto da construção mais as relações que acontecem dentro dela. O
mercado moveleiro dispõe produtos com dimensões que não se enquadram nos padrões
habitacionais desta população e esta população esta submetida a dimensões cada vez menores
da unidade habitacional. Os estudos nesta área fazem refletir se não é hora de modificar os
produtos oferecidos a classe mais carente e começar a produzir móveis multiusos, compactos
para atender a realidade dessa população. Mesmo sabendo que o errado não é o tamanho dos
móveis e sim as dimensões do produto habitacional.
Estas situações de congestionamento são denunciadas pelas Avaliações Pós-

Ocupações realizadas em diversos Conjuntos Habitacionais que revelam
existir uma distância muito grande entre o lay-out do mobiliário das
unidades apresentado pelas construtoras e promotoras públicas
habitacionais e a realidade encontrada depois que os moradores ocupam
estas moradias. (FOLZ, 2009)
A flexibilidade é um tema que não foi encontrado em nenhum dos trabalhos

sistematizados. Embora saiba da existência de muitos estudos, anteriores ao período da
pesquisa, o tema ainda tem um grande potencial para ser explorado no meio acadêmico. O
tema é importantíssimo para tentar amenizar as péssimas condições de layout da habitação de
interesse social.
3.2.9 Patrimônio Histórico e Reabilitação
No tema Patrimônio Histórico e Reabilitação foram catalogados 11 trabalhos e em 9

deles encontrou-se os arquivos completos. Os Contextos foram apontados por todos os
autores, seguidos pelas Contribuições, Desafios/Oportunidades e Dificuldades encontradas
em apenas três trabalhos. Foram analisados os aspectos:
86
Gráfico 31: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Patrimônio Histórico e
Reabilitação.
• Contextos: o acesso à habitação enquanto conceito mais amplo de acesso à

moradia, que é o acesso aos serviços urbanos, eles garantem as condições de
habitabilidade necessárias para o cumprimento do seu papel de forma digna.
Para que isso ocorra deve-se ponderar a localização, a valorização fundiária e
imobiliária, no entanto há os poucos investimentos públicos que levam em
consideração estes contextos e isso dificulta ainda mais o acesso da população
aos centros históricos;
• Para que ocorra à revitalização dos centros nas cidades brasileiras para a
habitação sugere-se a adoção de um modelo urbanístico baseado na integração
entre moradias e centros urbanos. A preservação e a reabilitação do patrimônio
cultural urbano é a única forma de reconhecer os valores ambientais,
arquitetônicos e sócio-culturais de uma área importantíssima para a história;
• Há muitas unidades desocupadas, mas nem todas são passíveis de intervenção,

e quando se discute reabilitação voltada para habitação de interesse social esse
número se reduz mais ainda. E ficou evidente que este tipo de intervenção deve
fazer parte de um planejamento urbanístico da área central;
• A reabilitação nos perímetros dos grandes conjuntos habitacionais deve passar

pela integração-física, econômica e social. A dinâmica urbana metropolitana
transcende seus limites e mostra a necessidade de mais e melhores práticas
políticas.
• Contribuições: debater a reprodução de zonas centrais degradadas em diversas

cidades, reunir mecanismo para o desenvolvimento de projetos de reabilitação,
87
ser útil aos administradores públicos que desenvolvem propostas de

reabilitação de edifícios históricos para população de baixa renda, produzir
conhecimento sobre a realidade dos centros históricos brasileiros e
contextualização da luta contemporânea pelo espaço urbano e mostrar as
questões que envolvem a segregação e a alienação no interior dos grandes
conjuntos habitacionais.
• Desafios/Oportunidades: desenvolvimento de metodologias e diretrizes para o

processo de reabilitação, explorar o tema dos vazios urbanos nos centros
históricos e estudos de campo que procurem identificar a extensão e os padrões
de imóveis subutilizados.
• Dificuldades: poucas referências bibliográficas sobre o tema de gestão do

conhecimento, complexidade nas metodológicas e nas pequenas quantidades
de empreendimentos realizados reabilitação até hoje.
A questão do patrimônio histórico junto à reabilitação de edifícios que, geralmente,

acontecem nos centros históricos, ainda é pouco discutida na literatura acadêmica do Brasil,
diferente do que acontece em outros países.
Na Europa, em algumas cidades italianas e francesas, a discussão quanto às

formas de intervir no centro das cidades tem considerado esta questão,
sobretudo de patrimônio, com grande ênfase à questão da moradia.
(CARMARGO, 2010)
A incidência de trabalhos que relacionaram o tema com a habitação popular foi

significativo mostrando o potencial que merece ser estudo, a fim de incentivar o uso de
edifícios existente em uma região privilegiada pela infra-estrutura urbana a uma população
carente.
No Brasil, o tema de reabilitação de edifício é relativamente recente. O

debate foi iniciado no final da década de 80 por meio da apresentação do
projeto do estatuto da Cidade. (COSTA, 2009)
Para que a habitação popular seja inserida no contexto da reabilitação de edifícios

localizados nas áreas centrais é preciso iniciativa de políticas publicas que agreguem os dois
temas, e o que acontece atualmente são programas específicos para cada área. E Segundo
Buonfiglio (2007) o governo federal que está colocando em prova o princípio do Estatuto da
Cidade que norteia seu discurso, onde o Ministério das Cidades vincula o patrimônio
imobiliário ocioso do INSS à política social de habitação popular. Já que no interior do
Ministério das Cidades a temática da reabilitação está inserida no programa de Reabilitação
88
de Áreas Urbanas Centrais da Secretaria de Programas Urbanos enquanto as condições

objetivas para programas habitacionais destinados a população de baixa renda competem a
Secretaria de Habitação.
3.2.10 Planejamento Urbano
Os estudos classificados como Planejamento Urbano somaram 27 trabalhos e em 6

deles não se encontrou seus arquivos na íntegra. Os Contextos e Contribuições como
aconteceu na maioria dos temas foram citadas por todos os autores, já os
Desafios/Oportunidades e as Dificuldades forma os aspectos menos sinalizados. Aspectos
analisados:
Gráfico 32: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Planejamento Urbano.
• Contextos: a prática de remoção das famílias de assentamentos subnormais

também não deixou de existir e esta política de remoção não satisfaz boa parte
dos moradores e acaba por inchar as favelas no caminho de volta. Deve-se
reconhecer a participação dos movimentos sociais nas questões que envolvem
ocupações para moradia social;
• O desenho da paisagem habitacional, embora não seja uma prioridade da

política, deve ser uma preocupação dos órgãos responsáveis pela habitação de
interesse social. Há necessidade desses projetos adquirir um sentido ampliado,
ir além das soluções físicas e espaciais, abrangendo outras áreas do
conhecimento. Logo, o espaço urbano é complexo e merece um plano
abrangente, pensando pelos vários agentes que neles vivem ou intervém.
89
Pressupõe-se a interação dos usuários, arquitetos, assistentes sociais,

sociólogos, sanitaristas, geógrafos, educadores e de todos aqueles que possam
conceder sua contribuição;
• A iniciativa pública reforça a estruturação da ocupação territorial ao implantar

os conjuntos habitacionais em áreas afastadas e carentes de infra-estrutura.
Evidenciou-se a necessidade da cidade ter um planejamento habitacional e
urbano mais abrangente de forma a enfrentar as futuras demandas
habitacionais;
• A defesa institucional da política habitacional no centro permaneceu mais no

plano da retórica do que da ação, assim como a aplicação dos instrumentos
urbanísticos para o cumprimento da função social da propriedade. A função
social da propriedade só será garantida através do estado interventor e de forma
limitada;
• Muitas das políticas implementadas ainda não se consolidaram o suficiente., a

aplicação da legislação precisa ser amadurecida e os planos de investimentos
precisam ser ainda contabilizados. E, a solução do problema habitacional não
se encontra nos números, mas requer projetos integrados ao espaço urbano e as
necessidades da família.
• Contribuições: levantamento de problemáticas envolvidas nos

reassentamentos, recuperar historicamente a experiência da cidade na
implementação do programa de urbanização de favelas, oferecer
recomendações para programas futuros, desenvolver diretrizes para a
aplicabilidade da legislação de ZEIS, aprofundar os estudos das relações
estabelecidas entre os conjuntos habitacionais populares e a totalidade do
tecido urbano, identificar os efeitos das políticas públicas de habitação que
adotam a flexibilização e, também debater sobre as áreas de moradia carente e
reprodução da pobreza de cidades médias brasileiras.
• Desafios/Oportunidades: novos debates em prol da mudança nos atuais

padrões de densidade habitacional, levantamento cadastral das áreas vazias nos
municípios e o aperfeiçoamento das pesquisas em novos empreendimentos
habitacionais em coerência aos princípios norteadores da lei e da ZEIS.
90
• Dificuldades: ausência dos dados, falta de debate qualificado sobre os

programas habitacionais, poucos estudos específicos, dificuldade de se obter
informação do poder público e a pouca investigação sobre outras influências
que impactam as paisagens urbanas.
A associação do urbanismo com a habitação de interesse social é tão intrínseco que

Guerra (2002) afirma que “construir habitações econômicas é fazer, ao mesmo tempo e
necessariamente, urbanismo” e assim como o urbanismo é uma ciência multidisciplinar a
habitação também. Por isso viu-se os inúmeros trabalhos de pós que abordaram o tema.
3.2.11 Política Pública
A Política Pública foi o tema mais classificado dentre os trabalhos catalogados

seguindo as críticas feitas por Maricato (2009) em ser uma das análises mais ocorrentes no
meio acadêmico.
A abordagem da promoção pública ou das políticas públicas, isoladamente

como é tradição em nosso meio acadêmico, impede a compreensão sobre
sua inserção nessa estrutura geral de provisão de moradias, prejudicando o
entendimento da realidade e a formulação de propostas. (MARICATO,
2009, p. 37)
Todos os aspectos de análise qualitativa foram encontrados e os

Desafios/Oportunidades foram o menos sinalizado, com apenas 18 estudos, mostrando a falta
de perspectivas expostas pelos autores. Foram analisados os aspectos:
Gráfico 33: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Política Pública.
91
• Contextos: saber qual é a real dimensão do problema habitacional no Brasil e

colocar possíveis saídas. E as saídas não passam apenas pela construção de
unidades, mas também pela atenção de outros aspectos sociais, colocaram
também que a saída pode ser a participação popular e a vontade política de
atuar num sentido contrário a periferização provocada pelo mercado
imobiliário;
• A participação social, mesmo que exigida por lei, é superficial na maioria dos
casos das políticas habitacionais. Para mudar é preciso a vontade pública e uma
sociedade organizada mais atuante;
• Para zerar o déficit habitacional no país são necessários programas sociais

consolidados e só será possível com uma política social articulada nas três
esferas de governo. Há um abandono nos projetos sociais, pois a política
habitacional atende não aqueles mais necessitados, mas os que, embora
necessitados possuam os meios de pagar sua moradia;
• Os programas, projetos e política não atendem a plenitude das populações

marginalizadas. Para atender essa população é preciso parcerias entre o setor
público e o investidor privado, somadas a uma articulação constante entre os
entes federativos;
• Há uma ausência de trabalhos sociais no âmbito da política de habitação e isso

agrava o processo de exclusão e segregação social da sua população. Isso se
deve a ausência do poder público em interferir nessas questões, mas essas
experiências não atenuam a necessidade de se reverter à situação, cabendo aos
poderes públicos estadual e municipal essa responsabilidade.
• Déficit habitacional é um problema mundial e o que falta é um arranjo

institucional que ajude as articulações intermunicipais. Ainda, o déficit
habitacional sobe a cada dia por não ser um problema isolado e torna-se
necessário que as políticas habitacionais estejam vinculadas a diversas ações
privadas e governamentais que promovam o desenvolvimento econômico e
social do país. Outros autores mais pessimistas disseram que a solução para
déficit está longe de ser alcançada e é preciso de outras estratégias visando
resolução gradativa da questão da moradia, criação de cooperativas para
habitação de interesse social. Ainda sobre o déficit habitacional, ele é colocado
92
como um grande desafio a ser enfrentado pelo Estado brasileiro, mas este
déficit passa pela solução de outro déficit o de cidadania;
• A habitação de interesse social no Brasil só mudará de rumo quando houver

políticas públicas mais eficientes, descentralizadas, transparentes e realmente
focadas no interesse social. A questão da habitação vem gerando debate e está
longe de findar – se, é preciso indicar melhorias para a transformação no
processo de implantação de uma política habitacional, aceitar níveis
diferenciados de demandas habitacionais, assim como o volume de aplicações
distintas.
• Contribuições: analisar as necessidades da população residente em uma região

com vulnerabilidade muito alta, definir aspectos de avaliação de programas e
metodologias, compreender a imperiosa necessidade de uma estrutura
equilibrada e estável entre poder público e a população. Contribuir para o
conhecimento da sistemática política brasileira e identificar a eficiência do
programa, explorar as razões da baixa efetividade das políticas habitacionais,
refletir criticamente sobre a possibilidade de indicar meios para o
fortalecimento das políticas públicas voltadas a habitação, trazer novos
elementos para a intervenção do serviço social e para a gestão de serviços
públicos municipais voltados a essa população. E ainda tratar de referências
internacionais pouco difundidas, ou mesmo pela construção de banco de dados
sobre o tema.
• Desafios/Oportunidades: replicar e aperfeiçoar a metodologia definida, avaliar

e monitorar os programas habitacionais e sociais, ampliar a questão da
participação das organizações sociais locais junto ao município, relar outros
percursos da política federal, estadual e municipal de habitação no país, revisar
as políticas fundiárias e alterar as leis e políticas financeiras.
• Dificuldades: falta de literatura e dados sobre o tema, a veracidade dos dados,

a dificuldade de acesso aos dados em órgãos públicos e/ou muitos dados se
perderam ao longo dos anos, ausência de registros sistematizados sobre o
Programa estudado, lacuna da literatura disponível sobre aplicações de
questionários, dificuldade em cruzar dados de pesquisa quantitativa com
indicadores sociais e também as restrições metodológicas. Leituras realizadas
93
em terrenos não comuns à formação de arquiteta e a falta de aprofundamento

teórico na análise da prática profissional do assistente social e da política
habitacional.
A maior parte dos trabalhos catalogados narram às histórias da política pública

habitacional instalada no país, principalmente, do período compreendido entre a criação do
BNH até a Nova Política Habitacional implantada pelo Ministério das Cidades. Essa grande
quantidade de trabalhos tem um papel importante para a evolução da política pública instalada
no país, mesmos os trabalhos que só descreveram uma parte da história da política
habitacional têm sua significância, pois podem ser úteis, como afirmou Bonduki (1998), o
estudo do passado é importante para iluminar os processos atuais, auxiliando na compreensão
dos problemas habitacionais de hoje para “intervir na construção do futuro”.
As análises das políticas Públicas de habitação engendradas pelo Estado

permitem o desvendamento do seu caráter de agente ativo do processo de
segregação territorial, estruturação e consolidação do mercado imobiliário
privado, aprofundamento da concentração da renda e, portanto, da
desigualdade social. (MARICATO, 2009, p. 35)
Há muitas iniciativas positivas sendo feita através da política habitacional brasileira

que não foram relatados nos trabalhos estudados. As pesquisas, geralmente, mostraram os
impasses, quase nuca o sucesso destas práticas. Relatar o sucesso das políticas também seria
favorável para os governantes em futuras práticas.
Segundo Santos (2006) a avaliação da política habitacional brasileira, ou mesmo de

programas específicos, ainda traduz um campo de pesquisa pouco explorado na literatura e o
fato também aconteceu nos trabalhos catalogados. Criar métodos e ferramentas de avaliação
das políticas públicas foram indicações feitas por muitos trabalhos como o desafio do meio
acadêmico, a fim de conseguir mensurar, não só quantitativamente, mas a qualidade da
atuação da política habitacional brasileira.
Os programas habitacionais brasileiros são norteados, quase que

exclusivamente, pelos números. A habitação é reduzida a uma cifra ou
fração, quando deveria significar moradia, lar, auto-estima, cidadania,
bem-estar e, principalmente, desenvolvimento econômico e social a nação.
(MONTEIRO, 2006)
Os estudos de políticas públicas evidenciaram o consenso na literatura de que as

políticas habitacionais devem buscar atender prioritariamente as camadas mais carentes.
Cumpre frisar, entretanto, que, ao longo de todo o período coberto por este texto, não houve
94
política federal de habitação que não listasse entre seus objetivos prioritários a atuação
destacada nessa área.
Mesmo havendo uma grande quantidade de trabalhos classificados como política

pública é viável levantar a questão colocada por Azevedo (2008) em seu trabalho: as políticas
habitacionais voltadas para os extratos sociais de baixa renda, geridas nos moldes tradicionais,
tem tido baixa efetividade? Dentre os trabalhos catalogados houve inúmeras respostas a esta
questão que foram indicadas nos Contextos, mas há um consenso que diz a solução é redefinir
a política habitacional instalada. O insucesso da política habitacional também é reflexo da
política partidária instalada no país, pois muitas vezes quando se assume o governo do partido
de oposição fazem com que os programas habitacionais, mesmo que tenham tido bons
resultados, sejam esquecidos ou até desprezados.
O esforço para apresentar soluções eficientes frente ao déficit habitacional

existente no país mostra a necessidade em se redefinir uma política
habitacional para a população de baixa renda. (FRANCISCO, 2009)
3.2.12 Projeto de Arquitetura
Projeto de Arquitetura foi o segundo tema mais encontrado nos trabalhos

sistematizados e apenas três trabalhos não se obteve os arquivos completos em meio digital.
Todos os aspectos estabelecidos para a análise qualitativa foram apontados, sendo
Dificuldades o aspecto menos sinalizado. Aspectos analisados:
Gráfico 34: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Projeto de Arquitetura.
• Contextos: o concurso de projetos e a locação social juntos resgatam a função

pública e social da arquitetura, através da prática da profissão junto ao
95
concurso tiveram ótimos resultados, mas os projetos vencedores não saíram do

papel, reflexo da linha seguida nas últimas gestões municipais;
• A participação popular nas políticas públicas só foi possível após a

Constituição de 1988, porém na habitação popular, o Estado não conseguiu
colocar em prática os avanços constitucionais. Isso se comprova na ausência da
participação no processo de projeto, essa participação é uma das maneiras de
construir habitação de interesse social mais adequada aos futuros moradores;
• Os atuais processos de projeto de urbanização de favelas não levam em

consideração a célula habitacional e deve ser considerado, assim como a
diversidade de famílias, exigindo processos de projeto não simultâneos e mais
abertos. Pouca atenção é dada a qualidade das habitações em favelas, mas é
possível qualificar essa produção desde que essa ação configure um dos
objetivos principais do programa de urbanização;
• Processo de mutirão não é uma opção, mas uma falta dela e a solução para a
população de baixa renda poderiam ter outros caminhos e instrumentos para
adquirirem a casa própria;
• A maior parte dos problemas relacionados à qualidade que afetam o

desempenho da edificação tem origem de projeto, portanto é urgente a
necessidade de revisão e rigor nos projetos;
• Não houve crescimento na qualidade das habitações de interesse social, para

mudar isso é preciso maior preocupação com a qualidade de vida das pessoas,
revisar melhor os projetos arquitetônicos, além de exigir maior fiscalização na
execução. Há autores mais pessimistas que acreditam que até os dias atuais não
foram resolvidos os problemas de habitação de interesse social no país e ela
está muito mais complexa e tomou uma proporção quase imensurável.
• Contribuições: reunir informações pra auxiliar a avaliação de projetos,

identificar quais os caminhos levam a construir espaços comuns de melhor
qualidade, questionar alguns mitos da produção arquitetônica de baixo custo,
estabelecer alternativas e condicionantes de projeto para espaços abertos em
conjuntos habitacionais. Contribuir com a metodologia de projeto, fomentar a
discussão sobre a participação no processo de projeto, fazer análises e críticas
de projetos do BNH, desenvolver um modelo de avaliação, ou mesmo, fazer
96
um aprofundamento sobre o tema. Propor melhorias no processo de controle de

qualidade, sistematizar o processamento dos requisitos do cliente, melhorar o
entendimento dos aspectos que levam a satisfação ou insatisfação do mutirante,
auxiliar o órgão municipal na formulação de um banco de dados da política
habitacional e melhorar a atuação profissional nos setores públicos voltados
para a habitação.
• Desafios/Oportunidade: desenvolver métodos e técnicas de avaliação expedita

de custos, avaliar e redefinir o método e modelo de avaliação proposta, estudar
a implementação das melhorias identificadas, construir propostas concretas de
intervenção em áreas residenciais de baixa renda, aprofundar estudos em
empresas privadas que possuem sistemas eficazes de gerenciamento e
reclamações e analisar as relações cliente-fornecedor da cadeia estudada e
compará-las com outras cadeias. Analisar os custos das metodologias de
projetos participativos, estudar sobre investimentos aplicados em
empreendimentos de habitação de interesse social resultantes de programas
integrados e aprofundar conexões e questionamentos mais profundos sobre o
tema abordado.
• Dificuldades: falta de estudos na área, ausência de reflexão sobre a produção

do BNH, não se trata muito de espaços comuns em outros trabalhos, lacunas
sobre gerenciamento de requisitos, dificuldade em se medir a qualidade e os
instrumentos disponíveis para avaliação de custo não permitem avaliar,
rapidamente.
Dentre os trabalhos analisados do tema identificaram-se estudos que relataram ações

positivas em relação à habitação de interesse social no país. Foi difícil encontrar pesquisas
otimistas e esses estudos positivos compararam a situação do Brasil com países que são
praticamente um caos em relação à habitação de interesse social, autores afirmaram que pior
que seja a situação do país, ela ainda é reversível.
O método do processo de projeto de arquitetura em habitação de interesse social não

está certo, não se conhece o cliente e suas necessidades, cada realidade tem suas
características próprias, não se pode fazer "projeto carimbo" de norte a sul no país. Apesar da
a habitação social estar sendo pesquisada já há algum tempo, muitas edificações não são
97
adequadas, cabendo ao arquiteto a responsabilidade de propiciar uma boa relação do homem

com o ambiente construído, adequando o projeto às necessidades de seus diferentes usuários.
A repetição de conjuntos habitacionais em series de casa populares iguais,

em lotes isolados, ou em idênticos edifícios de apartamentos, para moradias
de interesse social brasileiras, reproduz políticas e programas defasados,
indiferentes a qualidade projetual, os quais afetam negativamente a
qualidade de vida proporcionada pelo ambiente construído. Este modelo de
resposta as demandas sociais do país por moradia popular mantém as
mesmas deficiências de projeto e elementos desumanizadores do espaço, que
se difundiram desde a Crise Habitacional dos anos 40, e o Plano Nacional
de Habitação disseminado nos anos 60. (ROSA, 2008)
Há no Brasil conjuntos habitacionais que são referencias mundiais de arquitetura e

principalmente de qualidade construtiva, como é o caso do conjunto Residencial Prefeito
Mendes de Moraes, conhecido como Pedregulho, projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo
Reidy. Isso comprova que é possível desenvolver grandes projetos para esta parcela da
população, como já foi visto na história do país, é preciso e possível mudar este cenário de
“projetos carimbo” sem qualidade construtiva e arquitetônica.
A qualidade dos empreendimentos de habitação de interesse social é uma questão

muito criticada nos trabalhos. Isso se deve a falta de avaliação dos erros e acertos na produção
do ambiente construído no Brasil, desde que o BNH traçou um "padrão" e isso se perpetua até
hoje, e o governo prega a quantidade já a qualidade fica a desejar. Como a CAIXA assumiu
todas as responsabilidades com o fim do BNH ela não consegue dar suporte em todos os
âmbitos da habitação (financiamento, fiscalização do produto, avaliação e outro),
principalmente na avaliação da qualidade.
Atualmente muitos trabalhos estão sendo realizados no meio acadêmico

sobre habitação de interesse social, principalmente estudos pós-ocupação
de empreendimentos habitacionais construídos dentro de diversas linhas de
financiamentos. Tais estudos visam, sobretudo a criação de instrumentos a
serem utilizados como parâmetros quando da elaboração de novos projetos
de arquitetura, buscando o melhor atendimento ao usuário final dentro dos
limites dos procedimentos técnicos convencionais. Esses procedimentos
impõem que projeto, construção e usam ocorram em etapas separadas entre
si e que os moradores sejam sujeitos apenas da ultima ou, no melhor dos
casos, sejam chamados a opinar sobre projeto e construção, mas não a
realizá-los autonomamente. (RICARDO, 2008).
Nota-se que a maior participação de órgãos públicos nas pesquisas é da CAIXA, e os

autores também em grande parte são motivados à pesquisa por serem funcionários CAIXA ou
por ter tido algum contato com o tema na vida profissional. Acredita-se que trabalhos
desenvolvidos a partir de uma demanda real, requeridos pelos órgãos públicos e/ou entidades
98
relacionadas com o tema (ONGs, construtoras, associações de bairros e outros), podem atingir
mais diretamente a população de baixa renda.
3.2.13 Saneamento Ambiental
Dentro do tema Saneamento Ambiental foram catalogados apenas dois trabalhos,

sendo que apenas um deles foi encontrado na íntegra. Esse baixo índice de trabalhos mostra a
necessidade de exploração de diversos subtemas relacionando habitação de interesse como os
sistemas de água, esgoto e lixo. No trabalho analisado foi possível identificar todos os
aspectos qualitativos, conforme itens abaixo:
• Contextos: demonstrou-se não compreender os determinantes sociais,

econômicos, culturais e ambientais da atual condição de vida da população de
baixa renda. Ficou claro que o saber vivido e o saber técnico são importantes
para o entendimento da realidade e isso deve refletir nas mudanças das
políticas públicas a serem propostas as comunidades.
• Contribuições: fornecer dados para guiar futuros programas que visem à

melhoria de vida da população que convivem com problemas sócio-ambientais.
• Desafios/Oportunidade: avanço na investigação do tema.
• Dificuldades: limitação do tempo para efetivar a pesquisa, principalmente, por

se tratar de dissertação de mestrado.
3.2.14 Sociabilidade
O tema Sociabilidade teve um grande número de trabalhos levantados na pesquisa,

totalizaram 23, e todos foram encontrados na sua íntegra para a análise qualitativa. Dos
aspectos o Desafios/Oportunidades foi o menos sinalizado pelos autores seguidos das
Dificuldades e foram analisados:
99
Gráfico 35: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Sociabilidade.

• Contextos: relataram o problema que envolve a questão habitacional no país, a

carência e a má qualidade do produto habitacional. Como solução propuseram
que os arquitetos mudem a sua postura inerte que ora serve burocraticamente à
industria de casas em série, ora recusa-se a participar. Outros mais radicais
afirmam não existir solução para o problema habitacional no capitalismo,
desde modo nem ação pública nem movimentos conseguirão por fim ao
problema;
• A proliferação de projetos habitacionais populares é muito grande e está

incluída nas perspectivas da nova Política de Assistência Social. As
tradicionais iniciativas públicas demonstram que a busca de formas menos
autoritárias de provisão de moradia ganhou prioridade no Brasil tardiamente.
As iniciativas empreendidas pela sociedade civil são uma alternativa para
ampliar o acesso a moradia, principalmente ao incorporar os princípios da
autogestão. Mostrando assim que o trabalho cooperativo poderia ser uma
opção interessante, considerando o estabelecimento de cooperativas de
construção e não cooperativas de projetos ou de arquitetura;
• O cenário necessário para atingir a sustentabilidade ambiental, econômica e

social visando o desenvolvimento sustentável, para quais as empresas
contribuem por meio da responsabilidade social, é improvável, mas possível.
Desde que a população mundial seja conscientizada.
• Contribuições: sugestões ao poder público e a população sobre a participação

no processo da habitação, aclarar os profissionais envolvidos com processos
100
participativos, colaborar na produção do conhecimento sociológico que

considere uma tipologia arquitetônica diferenciada do uso comum e tentar
problematizar os aspectos fundamentais das cidades. Compreender os fatores
psicossociais e culturais presentes na situação de mudança de moradia, revelar
a vida cotidiana em toda sua complexidade e discutir sobre a cidade como um
lugar de civilidade. Superar a inexistência de estudos específicos sobre tema,
indicar os caminhos a serem percorridos dentro do tema, e ainda, contribuir
para uma “mudança, radical” do panorama estudado.
• Desafios/Oportunidade: desenvolver diretrizes para elaboração de projetos,

abordar especificidades das gestões petistas no país e aprofundar o tema
proposto.
• Dificuldades: campo pouco explorado a questão da habitação e da participação

social no processo decisório da habitação popular, literatura encontra-se muito
defasada sobre a atuação pública dos movimentos sociais, inexistência de
estudos específicos sobre habitação-autogestão-cooperativismo e sobre a
responsabilidade social na moradia popular, tempo como fator limitante e a
complexidade do tema adotado.
Muitos trabalhos criticam a participação popular nos processos decisórios do

urbanismo, embora esta participação esteja mais ativa na Nova Política Habitacional, os
trabalhos registram que esse método de participação, é ineficaz, na maior parte dos casos. O
meio acadêmico está alertando o Governo, mas a questão é se o meio acadêmico está
conseguindo transpassar estes estudos ao órgão. Acredita-se que essa ponte entre o governo e
meio acadêmico não está tendo muito sucesso.
Atualmente, após a ascensão dos governos de esquerda, as políticas

publicas passaram a ser construídas com a participação popular. Os
movimentos sociais e a sociedade civil organizada passaram a ter mais
espaço de representação junto aos órgãos públicos de decisão. Bons
exemplos são os Conselheiros das Cidades e o Conselho Nacional de
Habitação de Interesse Social. (ALMEIDA, 2007)
As universidades formam arquitetos, na maioria das vezes, para serem profissionais

que atuem em grandes projetos de arquitetura. Há talvez uma falha em não desenvolver o lado
urbanista que trabalha o social e a política nos acadêmicos, porque a atuação do arquiteto e
urbanista está muito além dos projetos arquitetônicos, está em trabalhar a necessidade da
população.
101
A maioria dos arquitetos, nunca tendo lidado com clientes reais durante a
faculdade e habituada à rotina de escritórios onde não há lugar para
demandas menores, acredita que clientes populares dificilmente arcariam
com os custos de seus serviços, já que de imediato propõem adquirir algo
menos formalizado ou de menor porte, serviços típico de recém formados
ainda com pouco capital temporal e intelectual, figurando entre o grupo dos
subordinados (STEVENS, 2003).
A maior parte dos trabalhos faz o uso de entrevistas, mostra que a academia se
preocupa com quem habita essas casas, tentando alertar o governo que é provedor da
habitação popular a pensar no morador como principal agente desse processo.
O “ambiente construído é dependente da sociedade que constrói e ocupa” e

diz também que é impossível esperar uma sociedade desigual e arbitraria,
com relações de privilégios, como a nossa, produzir cidades que não
tivessem cidadania restrita, segregada. Pois sua uma mente ideológica lhe
diz: aquele que tem patrimônio tem mais direitos do que aquele que não tem.
(MARICATO, 2001)
3.2.15 Sustentabilidade
Foram sistematizados 11 trabalhos de Sustentabilidade e apenas dois deles não foram

encontrados os arquivos em meio digital. Os Contextos foram apontados por todos os autores,
seguidos pelas Contribuições em 8 trabalhos, os Desafios/Oportunidades em 6 e as
Dificuldades em 4 estudos, conforme itens a seguir:
Gráfico 36: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Sustentabilidade.

• Contextos: acredita-se que os requisitos de sustentabilidade serão considerados

requisitos técnicos, como segurança estrutural e contra incêndio, buscando
assim maior segurança e conforto para os usuários e tais requisitos estarão
apoiados em normas. A viabilidade do uso de técnicas mais sustentáveis terá
102
sucesso se existir programas de políticas públicas que permitam o dialogo entre

os atores que participam do processo. Outros apontaram que os métodos
desenvolvidos no exterior são aplicáveis a realidade brasileira, no entanto,
vários indicadores devem se adequar realidade brasileira.
• Considerou-se que inserções de soluções ambientalmente mais amigáveis nas

práticas correntes em habitação popular não ocorrerão sem que sejam
ponderados os custos envolvidos. E que se os planejamentos da vegetação
inserida nos espaços livres tivessem contemplado as condições dos recursos
naturais locais a paisagem local poderia atingir alguns patamares de
sustentabilidade. E por fim, o grande impasse para que novos materiais
alternativos sejam aceitos e inseridos na cultura da população é preciso suas
comprovações primeiramente através de testes laboratoriais.
• Contribuições: os autores sinalizaram o desenvolvimento de método e da

ferramenta proposta para de análise de sustentabilidade que podem ser
replicadas em outros contextos. Outros trabalhos relatam servirem para a
fundamentação conceitual para a elaboração de diretrizes projetuais a serem
usados em futuros empreendimentos em habitações de interesse social, ou
contribuir para o entendimento sobre como fomentar práticas mais sustentáveis
no planejamento integrado das paisagens naturais e artificiais nos espaços
urbanos. Dois estudos disseram contribuir, simplesmente, para os temas de
habitação social rural e sustentabilidade.
• Desafios/Oportunidades: desenvolvimento de pesquisas voltadas para

construções em terra, análises ambientais dos processos produtivos de
materiais de construção, o desenvolvimento de método de avaliação para
contexto nacional o mapeamento e análises dos indicadores de sustentabilidade
para determinada região. Alguns autores colocaram como trabalhos futuros a
continuidade da sua pesquisa aplicadas em outras realidades, ou mesmo fazer
comparação inter-regional de indicadores de sustentabilidade.
• Dificuldades: complexidade do método, período curto de pesquisa, reduzidas

pesquisas sobre construções em terra e desempenho ambiental.
103
3.2.16 Tecnologia da Informação
Apenas dois trabalhos de Tecnologia da Informação foram levantados e ambos foram

analisados qualitativamente. A baixa quantidade de estudos encontrados mostra o atraso que
existe nesta área, pelo menos relacionada com a habitação de interesse social. Mesmo que o
tema seja recente no país há uma crescente de trabalhos no meio acadêmico. Dificuldades foi
o único aspecto que não foi encontrado em ambos os trabalhos e os outros aspectos foram
analisados:
Gráfico 37: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Tecnologia da

Informação.
• Contextos: a capacidade criativa, equiparável a habilidade humana, necessária

para a concepção de projeto arquitetônico, não poderá ser alcançada por
sistemas computacionais desenvolvidos até hoje e por isso será preciso uma
maior investigação nos processos matemáticos para viabilizar o
desenvolvimento de programas computacionais mais evoluídos;
• A utilização de uma ferramenta que possibilite avaliar projetos e atendam as

expectativas do mercado alvo com relação ao produto imobiliário é uma
estratégia competitiva, pois permite conhecer a percepção do usuário
relacionado às estruturas físicas, infra-estrutura, localização e do custo final do
imóvel.
• Contribuições:: construção de uma ferramenta e a criação de uma metodologia

de processos de projeto arquitetônico.
104
• Desafios/Oportunidades: aplicação da metodologia desenvolvida e sugestões

mais superficiais informando que são possíveis diversos desdobramentos do
estudo.
3.2.17 Tecnologia e Sistemas Construtivos
Em Tecnologia e Sistemas Construtivos apenas um dos 14 trabalhos não se encontrou

o arquivo digital. Um dos poucos temas que os Contextos não foram apontados em todos os
trabalhos levantados e as Dificuldades foram sinalizadas apenas em dois trabalhos, conforme
análise:
Gráfico 38: Aspectos da análise qualitativa encontrados nos trabalhos de Tecnologia e Sistemas
Construtivos.
• Contextos: tentam suprir com novos sistemas e materiais o déficit habitacional

concentrado até três salários mínimos. Para isso recomendaram o uso dos
sistemas propostos desde que se disponibilize uma manual do usuário;
indicaram que as inovações serão inseridas na habitação popular a partir da
gestão da política habitacional local e afirmaram que os sistemas propostos
devem ser pensados desde a concepção do projeto arquitetônico;
• Demonstram que a viabilidade técnica e econômica dos usos de resíduos de

matérias existente no mercado depende da incorporação de parceiros entre a
cadeia produtiva e os órgãos de financiamento do governo;
• Sinalizaram, também, que muitos dos sistemas propostos podem ser viáveis,
mas para isso é preciso à inclusão nos currículos dos cursos de graduação em
105
engenharia e outros os conceitos aprofundados de como viabilizar estes

estudos.
• Contribuições: desenvolvimento de métodos, elaboração de diretrizes para

políticas, oferecimento de informações qualitativas sobre as peculiaridades
tecnológicas de sistemas construtivos, tentativa de inserir na indústria da
construção civil o emprego de materiais alternativos, sustentáveis e de baixo
custo. Reflexões sobre o sistema pouco usado no país, contribuir tanto na
prática quanto na teoria de temas de cunho social, contribuir com causas
subjetivas como amenizar o problema social da falta de moradia e garantir a
preservação do meio ambiente.
• Desafios/Oportunidades: desenvolver sistemas em madeira e derivados,

levantar os custos de sistemas propostos, aprimorar os sistemas convencionais,
desenvolver novos materiais a partir do reuso de materiais existentes no
mercado, fazer cartilha do usuário aos sistemas propostos e mesmo aprofundar
o tema.
• Dificuldades: escassez de bibliografia e a falta de definição clara de qualidade

no referencial teórico.
Acredita-se que a discussão do tema é essencial para a evolução da habitação de

interesse social, porque a inovação de sistemas construtivos é uma das alternativas para
melhorar a qualidade da produção, já que em relação à redução de área o produto já está no
seu limite de habitabilidade.
As pesquisas sobre novos materiais e sistemas constritivos já foi objeto de muita

pesquisa acadêmica, segundo Maricato (2009), o BNH também promoveu a construção de
canteiros de obras com protótipos destinados à habitação, apresentando novos materiais de
construção, novas tecnologias, novos equipamentos ou novas máquinas. Durante vários anos,
o paradigma de avanço tecnológico esteve relacionado a novos processos, novos materiais ou
novos componentes, e a maior parte dessa produção de protótipos seguiu modelos muito
criticados em trabalhos acadêmicos.
A questão de inovação tecnológica, agora, será importante quando os pesquisadores

conseguirem transpor suas inovações com a aceitação do mercado e do usuário. E por isso
acredita-se que o número de trabalhos catalogados nesta área é baixo se comprados com
cenários anteriores da pesquisa em habitação.
106
Observa-se que as tecnologias nacionais empregadas nos últimos anos em

Programas de Habitação Econômicas, normalmente estão baseadas em
sistemas e materiais convencionais. Alguns experimentos e protótipos com
materiais alternativos surgem, esporadicamente, de maneira dispersa, sem
estarem inseridos em uma política tecnológica industrial. (TEIXEIRA, 2006)
107
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todo autor que aborda habitação de interesse social tem o intuito, de alguma maneira,
de contribuir com a evolução do tema. Cada pesquisa representa um recorte da realidade do
país e da produção acadêmica, uma visão reduzida sobre essa produção, com o intuito de
contribuir com o esclarecimento dos rumos tomados até agora e o direcionamento das
pesquisas futuras que envolverem a habitação de interesse social no Brasil.
Uma das dificuldades para o desenvolvimento da pesquisa foi encontrar publicações

com abordagem similar ao desta pesquisa, ou seja, estudo das pesquisas sobre a habitação de
interesse social no país. Outro obstáculo foi a falta de uma base de referência única como
fonte de pesquisa que forneça todos os dados sobre a produção de teses e dissertações do país.
A procura de um método de análise que buscasse o maior grau de imparcialidade

possível determinou os procedimentos de coleta adotados na pesquisa. Os dados quantitativos
forneceram informações precisas, dando a dimensão real da produção atual. Mas o
detalhamento só foi possível com a adoção de método qualitativo, sujeito à algum grau de
subjetividade do pesquisador.
O cenário quantitativo da produção acadêmica, 251 trabalhos levantados, nos últimos

5 anos sobre o tema habitação de interesse social segue os mesmos índices de distribuição dos
Programas de Pós-Graduação de Construção Civil e Arquitetura e Urbanismo. Dos trabalhos
catalogados 86% deles foram dissertações de mestrado (acadêmico e profissional), mostrando
que o tema deve ser melhor desenvolvido no âmbito das teses de doutorado a fim de gerar
conhecimentos mais aprofundados.
Os estudos sistematizados foram provenientes, na maior parte, de universidades

públicas somando 85% do total e com 60% desta produção vinda do sudeste do Brasil.
Identificou-se que 52 universidades abordaram o tema durante o período determinado e isso
demonstra que o tema está presente em um grande numero entidades acadêmicas e reflete que
a questão habitacional está bem difundida pelo país. Dentre essas universidades a
Universidade de São Paulo (USP) reafirmou a sua liderança na produção levantada e
108
representou 25% dos trabalhos seguida pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) com quase 10% dos estudos.
Observou-se que 56 programas de pós-graduação de diferentes áreas desenvolveram

os trabalhos levantados, evidenciando a multidisciplinaridade do tema. A diversidade dos
estudos também foi comprovada a partir dos temas de classificação. Política Pública
representou cerca de 20% de todos os trabalhos levantados. Vale reforçar que os temas de
classificação relacionados com a construção civil, assim como os trabalhos desta área, foram
os mais catalogados, afirmando a responsabilidade acadêmica dos profissionais de arquitetura
e engenharia civil com a habitação popular.
As análises quantitativas foram desenvolvidas a partir da sistematização dos dados

levantados através do Banco de Teses e Dissertações HIS. Esse banco pode ser acessado em
uma página da web (http://teses.somee.com/) e formulário com as referencias de todos os
trabalhos catalogados encontra-se no Apêndice desta dissertação, e ambos podem ser meios
facilitadores aos pesquisadores do tema.
O aspecto de análise qualitativa que menos foi apontado pelos autores foram as
Dificuldades. Acredita-se ser essencial um relato de pesquisa dentro do trabalho que mostre as
lacunas da pesquisa, isso contribuiria para traçar caminhos para novos trabalhos ou mesmo
respaldar a decisão sobre que tema poderia traçar novas pesquisas. Dentre as Dificuldades
mais apontadas identificou-se a falta de referências sobre o assunto pesquisado, o difícil
acesso aos dados de órgãos públicos, a complexidade da metodologia usada, a falta de tempo
hábil pra o desenvolvimento das pesquisas, principalmente nas dissertações de mestrado.
Há muitas pesquisas sobre a habitação de interesse social no país, mas ainda há muito
que se pesquisar. A maior parte dos trabalhos catalogados sinalizou a falta de referências
bibliográficas, mostrando que todas as áreas podem pesquisar o tema, abrindo assim um leque
maior a ser considerado. A partir dos Desafios/Oportunidades e as Dificuldades dos trabalhos
catalogados foi possível sintetizar quais áreas necessitam maior aprofundamento e com isso
direcionar os pesquisadores na decisão dos trabalhos futuros sobre o tema.
ACESSIBILIDADE
• Ampliar estudos para a NBR – 9050 e definir parâmetros para o interior da habitação;
• Aprofundar a compreensão do uso do espaço;
CONFORTO AMBIENTAL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
• Estudo sobre métodos de avaliação para o clima brasileiro;
• Geração da idéia-pesquisas com demanda de mercado;
• Estudos que usem programas de simulação;
• Avaliações com uso de logger
109
DESEMPENHO E PATOLOGIA
• Estudo sobre o desenvolvimento de projetos com tipologias alternativas;
• Permeabilidade e ocorrência de fungos em revestimentos de fungos de argamassa em habitação
popular.
ECONOMIA
• Mapeamento mais aprofundado sobre empreendimentos espalhados em diversas regiões brasileiras.
GESTÃO
• Viabilidade da aplicação da customização em massa à produção de habitações;
• Estudar para que o cooperativismo popular seja um mecanismo de política pública;
• Análises sobre a comunicação social no gerenciamento das políticas participativas;
• Desenvolvimento de um modelo de gestão e planejamento.
HABITAÇÃO RURAL
• Trabalhos que reflitam sobre o desenvolvimento dos assentados;
• Atuação o papel do arquiteto e urbanista no processo dos assentamentos rurais;
• Compreensão do campesinato.
HISTÓRIA
• Caracterizar o papel desempenhado pelas vilas operarias;
• Implicações existentes nas questões do meio ambiente.
MOBILIÁRIO
• Relação usuário com o mobiliário;
• Design de móveis que se enquadre a realidade de uma habitação popular.
PATRIMÔNIO HISTÓRICO E REABILITAÇÃO
• Explorar o tema dos vazios urbanos nos centros históricos;
• Explorar o tema da participação do mercado imobiliário;
• Estudos de campo que procurem identificar a extensão e os padrões de imóveis subutilizados;
• Desenvolvimento de metodologias apropriadas para o processo de reabilitação;
• Diretrizes para ser seguidas na fase de viabilização empreendimento em processo de reabilitação;
• Explorar o tema de gestão de conhecimento.
PLANEJAMENTO URBANO
• Debate qualificado dos programas habitacionais;
• Investigação sobre outras influências que impactam as paisagens urbanas;
• Novos debates em prol da mudança nos atuais padrões de densidade habitacional;
• Pesquisas em empreendimentos habitacionais em coerência aos princípios norteadores das ZEIS;
• Levantamento cadastral das áreas vazias.
POLÍTICA PÚBLICA
• Estudos sobre Programa Material de Construção;
• Estudos específicos na modalidade de arrendamento residencial específicos para cidades médias;
• Relatar como funciona habitação popular em "cidade - modelo" como Curitiba;
• Aprofundamento teórico da prática profissional do assistente social na política habitacional;
• Listagem da produção do BNH;
• Análise da variável distribuição de renda
PROJETO DE ARQUITETURA
• Estudos sobre gerenciamento de requisitos;
• Reflexão sobre a produção do BNH;
• Desenvolver métodos técnicas de avaliação expedita de custos;
• Avançar e construir propostas concretas de intervenção em áreas residenciais de baixa renda;
• Análises de custos das metodologias de projeto participativos;
• Estudos sobre investimentos aplicados em empreendimentos de interesse social resultantes de
programas integrados;
• Estudos de áreas livres do térreo;
• Estudos do espaço comum.
SANEAMENTO AMBIENTAL
• Aprofundar tema, água, lixo e esgoto na habitação de interesse social.
110
SOCIABILIDADE
• Estudos específicos sobre habitação-autogestão-cooperativismo;
• Estudos quanto à responsabilidade social na moradia popular;
• Atualizar os trabalhos sobre a atuação pública dos movimentos sociais;
• Outros estudos que abordem as especificidades das gestões petistas no Brasil;
• Desenvolver diretrizes para elaboração de projetos participativos para auxiliar futura lei de
regulamentação.
SUSTENTABILIDADE
• Fazer comparação inter-regional de indicadores de sustentabilidade;
• Análises ambientais dos processos produtivos de materiais de construção;
• Desenvolvimento de método de avaliação para contexto nacional;
• Mapear e analisar os indicadores de sustentabilidade para determinada região;
• Pesquisas voltadas para construções em terra.
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
• Desenvolver metodologia, ferramentas, parâmetros pra avaliar e desenvolver projetos de habitação;
• Tema com grande área de exploração.
TECNOLOGIA E SISTEMAS CONSTRUTIVOS
• Estudos com sistemas em madeira e derivados, visando também à proteção e prevenção de incêndios;
• Desenvolver novos materiais a partir do reuso de materiais existentes no mercado para aceitação;
• Fazer cartilha do usuário aos sistemas propostos;
• Levantar os custos de sistemas propostos;
• Aprofundar estudos nos sistemas convencionais para maior aprimoramento da técnica.
Quadro 7: Temas a serem desenvolvidos em pesquisas futuras.
O tema Flexibilidade não foi encontrado em nenhum dos trabalhos catalogados,

embora se saiba que o tema já foi estudado em anos anteriores esta ausência nos últimos cinco
anos mostra a necessidade de se explorar mais esta área da arquitetura na habitação de
interesse social. Estes estudos contribuiriam oferecendo alternativas de layouts para habitação
de interesse social que tem a sua área cada vez mais reduzida e isso impossibilita as mudanças
internas seguindo a necessidade de cada família.
As Contribuições e Contextos por terem sido os aspectos mais sinalizados em quase a

totalidade dos trabalhos tiveram colocações variadas. Em síntese as Contribuições apontadas
foram à própria metodologia desenvolvida pela pesquisa e a possibilidade de replicá-la em
outras realidades, a elaboração de diretrizes e parâmetros que podem auxiliar novas políticas e
projetos, a reflexão mais aprofundada sobre o tema, recuperar períodos e fatos históricos,
efetivar o uso de novas tecnologias e sistemas. Houve também muitos trabalhos que
afirmaram contribuir com metas intangíveis, como contribuir para o fim do déficit
habitacional ou com a mudança da realidade do caos habitacional, por exemplo.
Já a partir dos Contextos encontrados nos trabalhos catalogados foi possível identificar
que todos os pesquisadores sobre o tema têm a visão sobre a gravidade do problema
habitacional do país. A maioria dos autores descreve com detalhes questões que envolvem o
111
déficit habitacional, assentamentos precários, as condições subumanas em que vive uma

grande parcela da população brasileira. A solução do déficit habitacional é quase utópica,
cabendo ao meio acadêmico dar suporte para melhorar as condições do que está sendo feito
pela habitação popular no Brasil.
O Estado como propulsor da habitação popular deveria promover concursos de

projetos arquitetônico a fim de melhor a qualidade construtiva e arquitetônica dos futuros
conjuntos habitacionais. Para isso é preciso um consciência do poder público em deixar as
metas quantitativas de lado e adotar que parâmetros mínimos de qualidade arquitetônica que
todo e qualquer cidadão tem direto. Salientando, com isso, a participação dos agentes públicos
e privados na produção da cidade.
O país tem um problema habitacional que está explícito em todos os trabalhos sobre o
tema. Para mudar este cenário, são necessárias mudanças não só de políticas públicas, como a
maior parte dos trabalhos coloca, mas também é preciso direcionar corretamente as pesquisas
acadêmicas, desenvolver trabalhos em áreas pouco estudadas e produzir resultados que
possam ser utilizados na realidade do país, pois é o suporte de qualquer desenvolvimento.
Constatou-se que muitas dessas pesquisas não estão refletindo na sociedade civil por
haver uma lacuna não gerida entre o meio acadêmico e o Estado, que apesar de ser o mais
citado como responsável pelo processo de produção da habitação social no país, não é alvo do
repasse do conhecimento produzido e nem participa (direta ou indiretamente) ou se beneficia
da realização das pesquisas.
Acredita-se que os caminhos traçados pela produção acadêmica sobre o tema não estão
equivocados, porque há uma boa qualidade formal nos trabalhos, mas é preciso direcionar
melhor as áreas pesquisadas, dando preferências aos estudos que tratem de contextos reais, e
de preferência sejam desenvolvidos em parcerias com entidades ligadas a provisão da
habitação, e, com isso contribuir realmente com a habitação de interesse social no país, pois
Maricato (2009) afirma que a orientação adequada da pesquisa acadêmica pode nos conduzir
para a compreensão mais ampla e científica da realidade.
Por fim, estudar e refletir sobre tais assuntos não significa expor fraqueza e fracassos,
mas apontar importantes avanços e, num desafio, ter elementos para construir novos rumos. A
intenção é que, no espaço acadêmico, este processo de reflexão contribua oferecendo análises
sobre os limites e as possibilidades da pesquisa e da produção de habitação de interesse social
no país.
112
4.1 SUGESTÃO PARA ESTUDOS FUTUROS
Trabalhos futuros poderão usar a mesma metodologia aplicada para caracterizar a

produção acadêmica anterior e posterior ao período determinado neste trabalho. Seria
interessante também ampliar as pesquisas, fazendo o levantamento de outros tipos de
trabalhos científicos como artigos de revistas e eventos científicos que abordam a habitação
de interesse social no Brasil. Com isso, novas pesquisas poderão atualizar O Banco de Dados
de Teses e Dissertação HIS e torná-lo uma ferramenta mais completa e de grande apoio aos
pesquisadores do tema.
113
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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119
APÊNDICE – LISTA DE TESES E DISSERTAÇÕES CATALOGADAS (2006 -2010)

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AUTOR ALBUQUERQUE, A. F. de
TÍTULO A questão habitacional em Curitiba: o enigma da cidade modelo
DISPONIVEL EM: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16137/tde-20052010-092803/pt-
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ACESSO EM: 18 abril 2011
AUTOR ALEXANDRE, I. F.
TÍTULO Manifestações patológicas em empreendimentos habitacionais de baixa renda
executados em alvenaria estrutural: uma análise da relação de causa e efeito
UNIVERSIDADE UFRGS NÍVEL Mestrado
LOCAL Porto Alegre DATA 2008
DISPONIVEL EM: http://hdl.handle.net/10183/17357
AUTOR ALMEIDA, A. J. de
TÍTULO A participação de assessoria técnica-política e da CAIXA na produção de
moradias em assentamentos rurais. Casos: Fusquinha, Nova Esperança e
Pirituba 2
UNIVERSIDADE UFSCAR NÍVEL Mestrado
LOCAL São Carlos DATA 2007
DISPONIVEL EM: http://www.bdtd.ufscar.br/htdocs/tedeSimplificado//tde_busca/arquivo.php?co
dArquivo=1995
AUTOR ALMEIDA, C. C. O. de
TÍTULO Habitação social: origens e produção (Natal, 1889-1964)
br.php
AUTOR ALVES, P. L.
TÍTULO Habitação de interesse social em Viçosa, MG: identificação de possíveis áreas
de ocupação e diretrizes para a política habitacional no município e para
adequação aos programas de financiamento da Caixa e COHAB-MG
UNIVERSIDADE UFV NÍVEL Mestrado
LOCAL Viçosa DATA 2009
DISPONIVEL EM: http://www.tede.ufv.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=
2232
AUTOR ARAGÃO, T. A.
TÍTULO Influência das políticas habitacionais na construção do espaço urbano
metropolitano de Fortaleza - História e perspectivas
UNIVERSIDADE UFRJ NÍVEL Mestrado
LOCAL Rio de Janeiro DATA 2010
DISPONIVEL EM: http://observatoriodasmetropoles.net/images/abook_file/influencia_das_politic
121
as_habitacionais_construcao_espaco_urbano_fortaleza.pdf
AUTOR ARANTES, L. O.
TÍTULO Avaliação comparativa do ciclo de vida entre sistemas de aquecimento solar de
água utilizados em habitações de interesse social
UNIVERSIDADE UFU NÍVEL Mestrado
LOCAL Uberlândia DATA 2008
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AUTOR ARAUJO, A. C. da D.
TÍTULO A casa (própria) alugada no Programa de Arrendamento Residencial: questões
da política pública habitacional e o caso do Residencial Cavalari na cidade de
Marília-SP
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AUTOR ARIMATEIA, E. W. C.
TÍTULO O descompasso de uma experiência: avaliação do Programa Habitar Brasil na
Comunidade África-Natal/RN
UNIVERSIDADE UFRN NÍVEL Mestrado
LOCAL Natal DATA 2007
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ACESSO EM: 19 junho 2011
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TÍTULO O espaço "concebido" e o espaço "vivido" da morada rural: políticas públicas
X modo de vida camponês
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TÍTULO Análise de métodos de avaliação de sustentabilidade do ambiente construído: o
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LOCAL Florianópolis DATA 2008
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AUTOR BARAVELLI, J. E.
TÍTULO O cooperativismo uruguaio na habitação social de São Paulo. Das cooperativas
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TÍTULO Emprego de coletores solares com aporte elétrico para aquecimento de água
para banho em conjunto HIS: Estudo de caso de Cafelândia - SP
UNIVERSIDADE IPT NÍVEL Mestrado Profissional
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TÍTULO Questão da Habitação: territórios, poder e sujeitos sociais no conjunto Vila
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UNIVERSIDADE UEC NÍVEL Mestrado
LOCAL Fortaleza DATA 2009
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TÍTULO Gerenciamento de projetos para edifícios residenciais de múltiplos
pavimentos: diretrizes apropriadas para cooperativas habitacionais
autogestionárias
UNIVERSIDADE UFG NÍVEL Mestrado
LOCAL Goiania DATA 2009
DISPONIVEL EM: http://bdtd.ufg.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=450
AUTOR BARBOSA, T. da R.
TÍTULO Ocupações urbanas e a (re)produção das moradias populares em Manaus:
estudos no bairro do Coroado e loteamento Rio Piorini.
UNIVERSIDADE UFAM NÍVEL Mestrado
LOCAL Manaus DATA 2009
DISPONIVEL EM:
ACESSO EM:
AUTOR BARRADAS, F. S.
TÍTULO O financiamento à habitação para a população de baixa renda no Brasil: um
olhar sobre o Rio de Janeiro e sua região metropolitana
UNIVERSIDADE UERJ NÍVEL Mestrado
DISPONIVEL EM: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp135489.pdf
AUTOR BARROS, R. R. M. P.
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TÍTULO Avaliação da sustentabilidade ambiental do protótipo de habitação de interesse
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TÍTULO Acessibilidade na Habitação de Interesse Social
UNIVERSIDADE UFF NÍVEL Mestrado
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TÍTULO O arquiteto e o processo de projeto participativo: o caso do RSV
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TÍTULO O descompasso das políticas públicas para a solução do déficit habitacional
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AUTOR LAPOLLI, A.
TÍTULO Como destruir um patrimônio cultural urbano: a Vila do IAPI, "crônica de uma
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TÍTULO Desempenho de protótipo de Habitação Social em madeira de reflorestamento
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UNIVERSIDADE UFPR NÍVEL Doutorado
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TÍTULO Processo produtivo de esquadrias em madeira de eucalipto na marcenaria
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AUTOR LAVOS, A. P. A. de
TÍTULO Sociabilidades em conjuntos habitacionais produzidos pelo Estado: o caso da
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UNIVERSIDADE UFMT NÍVEL Mestrado
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DISPONIVEL EM: http://pgfa.ufmt.br/pagina/index2.php?option=com_docman&task=doc_view&
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AUTOR LEE, K. M.
TÍTULO Uma proposta para avançar nas questões de sustentabilidade para habitações
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TÍTULO Vivendo a transição de ambiente de moradia: Um estudo com moradores do
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UNIVERSIDADE UFAM NÍVEL Mestrado
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TÍTULO Estudo das Condições Térmicas e Lumínicas em Três Habitações

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AUTOR LIMA, L. P.
TÍTULO Proposta de uma sistemática para o processamento de requisitos do cliente de
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AUTOR LIMA, V. C. de
TÍTULO A Habitação de Interesse Social sob a ótica da Sustentabilidade: O seringueiro
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AUTOR LIMA, Y. S.
TÍTULO A Política Habitacional em Campina Grande - PB (1988-2009)
UNIVERSIDADE UFPB NÍVEL Mestrado
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TÍTULO Política de habitação e direito à cidade no município de Embu/SP - 2001-2008
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TÍTULO Habitação popular na arquitetura: paradigmas paulistas (1960-1975)
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TÍTULO Habitação social e arquitetura sustentável em Ilhéus-BA
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TÍTULO Associação dos Trabalhadores Sem Terra de São Paulo: uma experiência de
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TÍTULO Habitação como alternativa para a preservação de áreas urbanas centrais
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TÍTULO Desempenho térmico de edificações unifamiliares de interesse social: estudo
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AUTOR MARQUES, V. M. V.
TÍTULO O conjunto São Cristóvão como estudo de caso: análise das Políticas Públicas
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TÍTULO A casa própria: sonho ou realidade?: um olhar sobre os conjuntos habitacionais
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TÍTULO Programas públicos de habitação: moradia como forma de desenvolvimento
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TÍTULO Movimentos de moradia e sem-teto em São Paulo: experiências no contexto do
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TÍTULO A questão habitacional e ambiental em Cotia no limiar do século XXI
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TÍTULO Gerenciamento dos requisitos dos clientes de empreendimentos habitacionais
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AUTOR MOCH, T.
TÍTULO Interface esquadria/alvenaria e seu entorno: análise das manifestações
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AUTOR MONTEIRO, E. Z.
TÍTULO Verdes-dentro e verdes-fora: visões prospectivas para espaços abertos urbanos
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TÍTULO Moradia social : ocupação de espaços desconstruídos livres
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AUTOR MONTEIRO, R. R.
TÍTULO Habitação e integração urbana: um estudo de caso em programas habitacionais
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TÍTULO O município de Ribeirão das Neves: um 'bairro popular' em um centro
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AUTOR MORAES, A. G. de
TÍTULO Desenvolvimento de uma ferramenta computacional para tomada de decisão
na avaliação de projetos: aplicação em Habitação de Interesse Social
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TÍTULO O lugar da autogestão no Governo Lula
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AUTOR MORENO, M. de M.
TÍTULO Parâmetros para implantação efetiva de áreas verdes em bairros periféricos de
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TÍTULO Habitação popular em Pelotas: 1980-1950: entre políticas públicas e

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UNIVERSIDADE PUCRS NÍVEL Doutorado
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TÍTULO Mutirões verticalizados em São Paulo: avaliação de qualidade dos projetos e
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AUTOR NALIN, N. M.
TÍTULO Os significados da moradia: um recorte a partir dos processos de
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TÍTULO Autogestão das cooperativas de habitação de interesse social: os modelos
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UNIVERSIDADE UCPEL NÍVEL Mestrado
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da família
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TÍTULO A cidade real e a legal na cidade de São Paulo : as tipologias das construções
informais no provimento autônomo de habitações populares na região
pertencente aos distritos de Casa Verde, Limão e Vila Nova Cachoeirinha
DISPONIVEL EM:
ACESSO EM:
AUTOR NUNES, L. S.
TÍTULO As Áreas de Especial Interesse Social como Instrumento de Garantia do
Direito à Habitação – Campos dos Goytacazes/RJ
UNIVERSIDADE UCAM NÍVEL Profissional
DISPONIVEL EM: http://hdl.handle.net/1843/RAAO-84FN9C
ACESSO EM:
AUTOR NUNES, M. d'A.
TÍTULO A comunicação em programas de construção de moradia popular por
autogestão
UNIVERSIDADE FJP NÍVEL Mestrado
DISPONIVEL EM: http://www.bibliotecadigital.mg.gov.br/consulta/verDocumento.php?iCodigo=
57149&codUsuario=0
AUTOR OJEDA, V. de C.
TÍTULO Gestão de obras habitacionais construídas por mutirão
br.php
AUTOR OKIMOTO, C. M. P. B.
TÍTULO Cidade e habitação em Presidente Prudente: 1964 - 1986
DISPONIVEL EM:
ACESSO EM:
AUTOR OLIVEIRA, B. A. M.
TÍTULO As cooperativas populares e seus desafios, limites e possibilidades: casos de
cooperativas da cidade do Rio de Janeiro.
UNIVERSIDADE UFRRJ NÍVEL Doutorado
LOCAL Serapédica DATA 2006
DISPONIVEL EM: http://bdtd.ufrrj.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=388
AUTOR OLIVEIRA, E. W. N. de
TÍTULO Telhados verdes para habitações de interesse social: retenção das águas
pluviais e conforto térmico.
UNIVERSIDADE UERJ NÍVEL Profissional
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AUTOR OLIVEIRA, R. P.
TÍTULO Utilização de um aplicativo de simulação computacional na avaliação de
desempenho térmico de protótipo de habitação de interesse social
=3772
AUTOR OLIVEIRA, R. S. de
TÍTULO Aproximações entre experiências de moradia popular no bairro Belenzinho
(SP): Mutirão do Casarão e Vila Maria Zelia: memória e segregação
DISPONIVEL EM: http://cutter.unicamp.br/document/?code=vtls000438153&fd=y
AUTOR OTERO, E. V.
TÍTULO As possibilidades e os limites da reabilitação de conjuntos habitacionais em
São Paulo
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AUTOR PACHECO, E. J. V.
TÍTULO Análise de desempenho térmico em edificação habitada e não habitada na
cidade de Cuiabá-MT
AUTOR PANTOJA, L. R. C.
TÍTULO Parâmetros urbanísticos para habitação de interesse social: uma análise crítica
para as Rocas em Natal/RN
=1099
AUTOR PARTEL, P. M. P.
TÍTULO Paineis estruturais utilizando madeira roliça de pequeno diâmetro para
habitação social: desenvolvimento do produto
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AUTOR PAULA, F. C. de
TÍTULO Constituições do Habitar: reassentamento do Jd. São Marcos para o Jd. Real
143

AUTOR PEIXOTO, K. P.
TÍTULO A Participação Popular no Processo de Projeto de Habitações de Interesse
Social: Um Olhar Metodológico
AUTOR PENNA, F. C. F.
TÍTULO Análise da viabilidade econômica do sistema light steel framing na execução
de habitações de interesse social: uma abordagem pragmática
DISPONIVEL EM: http://hdl.handle.net/1843/ISMS-8FNK3S
AUTOR PEREIRA, E. A.
TÍTULO Diretrizes de gestão para obras habitacionais de interesse social
AUTOR PEREIRA, G. M.
TÍTULO Acessibilidade espacial na habitação popular: um instrumento para avaliação
de projeto
=75
AUTOR PEREIRA, M. E. A.
TÍTULO Política Municipal de Habitação Social e suas implicações ambientais: um
olhar para o uso e ocupação do solo do loteamento Jardim Real no bairro
Cidade Salvador no município de Jacareí, São Paulo
UNIVERSIDADE UNITAU NÍVEL Profissional
LOCAL Taubaté DATA 2007
DISPONIVEL EM:
ACESSO EM:
AUTOR PEREIRA, O. de C. M.
TÍTULO O crédito solidário como política pública para habitação popular: mudanças no
cenário?
AUTOR PESSOLATO, C.
TÍTULO Conjunto IAPI Vila Guiomar - Santo André-SP: projeto e história
144
br.php
AUTOR PETRELLA, G. M.
TÍTULO Das fronteiras do conjunto ao conjunto das fronteiras
br.php
AUTOR PICCININI, L. T. S.
TÍTULO A flexibilidade dos padrões habitacionais e urbanísticos e as formações sócio-
espaciais informais
AUTOR POLL, B. J.
TÍTULO Análise da isolação acústica em parede de habitação popular executada com
resíduos de pneus
AUTOR PONTES, M. M.
TÍTULO Requalificação do hipercentro de Belo Horizonte: possibilidades de inserção
do uso residencial
DISPONIVEL EM: http://hdl.handle.net/1843/RAAO-72VQ85
AUTOR PULHEZ, M. M.
TÍTULO Espaços de favela, fronteiras do ofício: história e experiências contemporâneas
de arquitetos em assessorias de urbanização
101517/es.php
AUTOR RAFFAELLI, C. B. da S.
TÍTULO Projeto e Renovação Urbana em Áreas Centrais: Análise do desempenho do
Conjunto Casarão Celso Garcia
UNIVERSIDADE IPT NÍVEL Profissional
DISPONIVEL EM: http://cassiopea.ipt.br/tde_arquivos/2/TDE-2006-12-07T160243Z-
53/Publico/4_PreTexto.pdf
AUTOR RAMOS, J. C.
TÍTULO A participação do mobiliário na conformação do espaço habitacional popular
em uma vila de Belo Horizonte: uma investigação do descompasso entre
produção e realidade
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DISPONIVEL EM: http://hdl.handle.net/1843/RAAO-7YHM8Y

AUTOR RAMOS, L. A. de C.
TÍTULO A participação popular no exercício das políticas públicas habitacionais como
fator de influência no produto habitacional construído e apropriado
142925/en.php
AUTOR RAMOS, R. G.
TÍTULO Avaliação de programa de qualidade na construção habitacional de interesse
social, um estudo de caso da CDHU
DISPONIVEL EM:
ACESSO EM:
AUTOR RANGEL, S. R. M.
TÍTULO O significado da parceria público-privada nos projetos habitacionais de baixa
renda: os empreendimentos da Caixa Econômica Federal e da Prefeitura
Municipal de São Paulo
br.php
AUTOR REGERT, R. M.
TÍTULO Análise da situação habitacional da população de baixa renda e o problema da
exclusão social no município de Novo Hamburgo
UNIVERSIDADE UNISC NÍVEL Mestrado
LOCAL Santa Cruz do Sul DATA 2010
DISPONIVEL EM:
ACESSO EM:
AUTOR REIS, R. F. dos
TÍTULO Habitação de Interesse Social em Cuiabá, Mato Grosso: os conjuntos
residenciais "PAR" e seus custos de inserção na malha urbana de 2000 a 2006
DISPONIVEL EM:
ACESSO EM:
AUTOR RIBEIRO, D. S.
TÍTULO Campinas no Estado Novo: política de habitação popular na formação da
cidade industrial
AUTOR RIBEIRO, M. F.
TÍTULO Inclusão social dos usuários de baixa renda por meio do sistema de
aquecimento solar
146
DISPONIVEL EM: http://cutter.unicamp.br/document/?code=000776865&opt=1

AUTOR RICARDO, E. L. F. G.
TÍTULO Análise do programa aquisição de material de construção voltado para
população de baixa renda
DISPONIVEL EM: http://hdl.handle.net/1843/VCSA-7MEKWL
AUTOR RICHETER, C.
TÍTULO Qualidade da alvenaria estrutural em habitações de baixa renda: uma análise
de confiabilidade e da conformidade
AUTOR RIPPER, L. A.
TÍTULO Por Políticas Habitacionais Sustentáveis no Rio de Janeiro: materiais não
convencionais em interatividade com as particularidades socioambientais do
território carioca
UNIVERSIDADE PUCRJ NÍVEL Mestrado
DISPONIVEL EM: http://www2.dbd.puc-
rio.br/pergamum/tesesabertas/0721224_09_pretextual.pdf
AUTOR RODRIGUES, S.
TÍTULO Casa própria ou apropriada? Duas abordagens: o FUNAPS Comunitário e o
Projeto Cingapura
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AUTOR RONDON, C. E.
TÍTULO Análise estatística de medidas de iluminância obtidas in loco e por simulação
em habitações populares
gid=101&Itemid=37
AUTOR ROQUE, J. A.
TÍTULO O desempenho quanto à durabilidade de alvenarias de blocos cerâmicos de
vedação com função autoportante: o caso da habitação de interesse social
DISPONIVEL EM: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000439355&fd=y
AUTOR ROSA, S.
TÍTULO Indicadores de sustentabilidade urbana aplicados em conjuntos habitacionais
em Catalão/GO
147

044
AUTOR ROTTA, R.
TÍTULO Desempenho térmico de edificações multifamiliares de interesse social em
conjuntos habitacionais na cidade de Santa Maria - RS
AUTOR ROYER, L. de O.
TÍTULO Financeirização da política habitacional: limites e perspectivas
br.php
AUTOR SÁ, W. L. F. de
TÍTULO Autoconstrução na Cidade Informal: Relações com a Política Habitacional e
Formas de Financiamento
UNIVERSIDADE UFPE NÍVEL Mestrado
AUTOR SACHT, H. M.
TÍTULO Paineis de vedação de concreto moldados in loco: avaliação de desempenho
térmico e desenvolvimento de concretos
br.php
AUTOR SAMORA, P. R.
TÍTULO Projeto de habitação em favelas: especificidades e parâmetros de qualidade
151732/es.php
AUTOR SAMPAIO, de M. A.
TÍTULO Análise do desempenho térmico e lumínico de habitações populares em
Cuiabá-MT
gid=69&Itemid=37
AUTOR SANTANA, L. S.
TÍTULO Os vazios urbanos nos centros de cidades como lugar para a habitação de
interesse social: o caso de Maceió/AL
UNIVERSIDADE UFAL NÍVEL Mestrado
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AUTOR SANTOS, C. de S.
TÍTULO A política habitacional para a população de baixa renda, em Belo Horizonte, a
partir de 1990
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AUTOR SANTOS, C. G. dos
TÍTULO Uma avaliação do acesso à qualidade de vida dos moradores dos bairros
Rubem Berta e Moinhos de Vento, em Porto Alegre/RS
AUTOR SANTOS, J. D. V. dos
TÍTULO Lutas por moradia na cidade de Diadema (1983-1996): cooptação política e
acomodação de conflitos do capital
AUTOR SANTOS, M. S. dos
TÍTULO A Política habitacional no município de Diadema e a intervenção do assistente
social (1994-2004)
AUTOR SANTOS, R. L. F.
TÍTULO Habitação, Cidadania, Espaço Público e Estrutura Urbana: A interface dos
elementos de construção da cidade nos projetos habitacionais
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AUTOR SHIMIZU, J. Y.
TÍTULO Projeção de impactos econômicos do Programa Minha Casa, Minha Vida: uma
abordagem de equilíbrio geral computável
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AUTOR SILVA, B. S. da
TÍTULO Tipos e topos: arquitetura e movimento no conjunto habitacional Rubem Berta
AUTOR SILVA, F. M. G. da
TÍTULO Análise da sustentabilidade no processo de produção de moradias utilizando
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AUTOR SILVA, H. S. da
TÍTULO Arquitetura Moderna para habitação popular: a apropriação dos espaços no
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AUTOR SILVA, L. G. Z. da
TÍTULO Políticas habitacionais de interesse social no Rio Grande do Sul: análise de
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UNIVERSIDADE UNISC NÍVEL Mestrado
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AUTOR SILVA, M. da G. P.
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TÍTULO A experiência do Programa Habitar Brasil BID - Região Chico Mendes: uma
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AUTOR SILVA, M. S. da
TÍTULO Os periódicos de arquitetura e a formação da arquitetura moderna brasileira:
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br.php
AUTOR SILVA, R. A. dos S.
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DISPONIVEL EM: http://hdl.handle.net/1843/RAAO-7YKFTY
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AUTOR SILVA, R. S.
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TÍTULO Habitação coletiva na área central de São Paulo - políticas urbanas e o
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TÍTULO Quem tem direito à moradia?: uma análise da política nacional de habitação e
dos programas de habitação de interesse social (2003-2005)
DISPONIVEL EM: http://bdtd.bczm.ufrn.br/tedesimplificado//tde_arquivos/7/TDE-2007-09-
03T031305Z-834/Publico/AnaLSS.pdf
AUTOR SIQUEIRA, R. A.
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AUTOR SOARES, A. M. de C.
TÍTULO A inserção de conjuntos habitacionais populares no tecido urbano de Salvador-
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AUTOR SOBRINHO, M. M. B.
TÍTULO Estudo da ocorrência de fungos e da permeabilidade em revestimentos de
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AUTOR SOUZA, A. C. A. G. de
TÍTULO Análise comparativa de custos de alternativas tecnológicas para construção de
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UNIVERSIDADE UNICAP NÍVEL Mestrado
DISPONIVEL EM: http://www.unicap.br/tede//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=461
AUTOR SOUZA, D. M. de
TÍTULO A habitação e o saneamento no cotidiano dos moradores de um conjunto
habitacional em Belo Horizonte: um estudo das representações dos sujeitos
sobre sua condição sanitária
DISPONIVEL EM: http://hdl.handle.net/1843/ENGD-75GK2Y
AUTOR SOUZA, G. P. de
TÍTULO O desenvolvimento do Programa Habitar Brasil no Conjunto Residencial
Homero Linhares Miracema/RJ: uma análise da participação popular e da
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DISPONIVEL EM: http://tede.uenf.br//tde_busca/arquivo.php?codArquivo=43
AUTOR SOUZA, L. de A. e
TÍTULO A participação do futuro morador em projetos habitacionais de baixa renda:
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DISPONIVEL EM: http://hdl.handle.net/1843/RAAO-77DGRX
AUTOR SPINELLI, J. R.
TÍTULO Habitação de interesse social em centros urbanos: análise das propostas
resultantes dos concursos públicos promovidos pela Prefeitura Municipal de
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São Paulo no período de 2001 a 2004

AUTOR SPINOLA, R. M. G.
TÍTULO ZEIS o Interesse Social das Zonas Especiais para a habitação popular,
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DISPONIVEL EM: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3146/tde-16082010-133410/es.php
AUTOR TAKINAMI, F. K.
TÍTULO Análise da cadeia de processos de negócios de empreendimentos habitacionais
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AUTOR TAVARES, D. P.
TÍTULO A moradia a partir da satisfação do habitante: o caso dos conjuntos
habitacionais do Programa de Arrendamento Residencial em Juiz de Fora, MG
DISPONIVEL EM:
ACESSO EM:
AUTOR TEIXEIRA, A. A.
TÍTULO Paineis de bambu para habitações econômicas : avaliação do desempenho de
paineis revestidos com argamassa
071
AUTOR TEIXEIRA, L. M.
TÍTULO O habitar popular nas paisagens urbanas tradicionais
653
AUTOR TILLMANN, P. A.
TÍTULO Diretrizes para a adoção da customização em massa na construção habitacional
para baixa renda
AUTOR TOLEDO, J. A. R.
TÍTULO Gestão da Política Habitacional: um estudo de caso em Juiz de Fora
UNIVERSIDADE UFF NÍVEL Niteroí
LOCAL Mestrado DATA 2006
153
DISPONIVEL EM:
ACESSO EM:
AUTOR TONHÁ, I. Q.
TÍTULO Participação cidadã nas políticas públicas de habitação popular na Bahia
UNIVERSIDADE UFBA NÍVEL Mestrado
LOCAL Salvador DATA 2006
DISPONIVEL EM: http://www.bibliotecadigital.ufba.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1263
AUTOR TORRES, M. L.
TÍTULO Avaliação do desempenho higrotérmico em habitações de interesse social em
Campina Grande, PB
UNIVERSIDADE UFCG NÍVEL Mestrado
LOCAL Campina Grande DATA 2007
DISPONIVEL EM:
ACESSO EM:
AUTOR TORRES, S. C.
TÍTULO Arranjos construtivos urbanos: um estudo sobre a influência da configuração
de conjuntos habitacionais verticais na qualidade térmica de edificações em
Maceió-AL
UNIVERSIDADE UFAL NÍVEL Mestrado
LOCAL Maceió DATA 2006
DISPONIVEL EM: http://bdtd.ufal.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=65
AUTOR TRINDADE, C. P. da
TÍTULO Entre a Favela e o Conjunto Habitacional: programa de remoção e habitação
provisória.
LOCAL Niteroí DATA 2006
DISPONIVEL EM: Pela autora via e-mail
ACESSO EM:
AUTOR TSUKUMO, I. T. L.
TÍTULO Habitação social no centro de São Paulo: legislação, produção, discurso
110040/es.php
AUTOR VERONEZI, A. B. P.
TÍTULO Proposta de incentivo à produção de habitações populares: emissão de títulos
de investimento passíveis de utilização para pagamento de tributos federais.
br.php
AUTOR VIDAL, F. E. C.
TÍTULO A autoconstrução e o mutirão assistidos como alternativas para a produção de
habitações de interesse social
538
154

AUTOR VIEIRA, M. M.
TÍTULO Oferta de habitação de interesse social na área central de São Paulo:
contribuição para o aprimoramento dos processos a partir da avaliação pós-
ocupação
DISPONIVEL EM:
ACESSO EM:
AUTOR VIOLA, A.
TÍTULO O espaço de doméstico na cidade de São Paulo: um projeto arquitetônico
113553/fr.php
AUTOR VIRGILIO, L. M.
TÍTULO Financiamento para habitações populares no Brasil e no México: uma análise
comparada
br.php
AUTOR WEILLER, G. C. B.
TÍTULO A influência de variáveis de entorno no desempenho térmico de habitações de
interesse social
AUTOR WUNDER, L. R.
TÍTULO Avaliação durante operação dos sistemas hidráulicos prediais e urbanos de
conjuntos habitacionais de interesse social no município de Passo Fundo
UNIVERSIDADE UPF NÍVEL Mestrado
AUTOR XAVIER, S. S.
TÍTULO Política Habitacional nos Municípios de Rio dos Cedros/SC e Indaial/SC: um
estudo comparativo sobre a execução do Programa PSH - Programa de
Subsídio à Habitação de Interesse Social
UNIVERSIDADE UNIVALI NÍVEL Mestrado
LOCAL Itajaí DATA 2006
AUTOR YAMAGUTI, A. S.
TÍTULO Pré-fabricação por ajuda mútua: conhecer, ensinar e aprender
145024/en.php
155

AUTOR YOLLE NETO, J.
TÍTULO Diretrizes para o estudo de viabilidade da reabilitação de edifícios antigos na
região central de São Paulo visando à produção de HIS: estudo de casos
inseridos no Programa de Arrendamento Residencial (PAR-Reforma)
br.php
AUTOR ZAMBORLIN, K. C.
TÍTULO Diretrizes para aplicação dos conceitos de sustentabilidade na reabilitação de
edifícios em centros urbanos para fins de habitação popular: análise do
Programa Morar no Centro -Vitória (ES)
UNIVERSIDADE UFES NÍVEL Mestrado
LOCAL Vitória DATA 2009
DISPONIVEL EM: http://arquiteturaufesarmazenamento.webs.com/Kamila%20Zambolini-
Waldetario.pdf

ABREU, M. G. De. Habitação de Interesse Social No Brasil - Caracterização Da Produção Acadêmica Dos Programas de Pós-Graduação de 2006 A 2010

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Formatos disponíveis

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA

MARIANA GARCIA DE ABREU

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NO BRASIL:

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NO BRASIL:

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

G216h Abreu, Mariana Garcia de.

Orientador: Humberto da Silva Metello.

1. Habitação de interesse social. 2. Produção acadêmica. 3. Bibliometria. 4. Banco

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NO BRASIL: CARACTERIZAÇÃO DA

Dedico este trabalho à minha avó Lurdes

A Deus, que me dá forças a todo instante.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Humberto da Silva Metello, pela compreensão,

Ao meu esposo, Mário, que me ama e me faz amar todos os dias.

Aos colegas da Universidade de Cuiabá e da Universidade de Franca, que sempre me

Aos meus grandes professores de Graduação e Pós-Graduação, que me ensinaram o

A Capes pelo incentivo e resguardo financeiro.

ABREU, M. G. de. Habitação de interesse social no Brasil: caracterização da produção

Palavras - chave: Habitação de interesse social, produção acadêmica, bibliometria, banco de

ABREU, M. G. de. Social housing in Brazil: characterization the production academic

Keywords: Social housing, academic production, bibliometrics, database.

Figura 1: Objetos de estudos da pesquisa............................................................................................... 40

Gráfico 1: Níveis nos Programas de Pós-Graduação em Construção Civil. .......................................... 27

Quadro 1: Relação dos Programas de Pós-Graduação em Construção Civil. ........................................ 26

Tabela 1: Dados das Chamadas Públicas MCT/MCIDADES/FINEP/AT - Habitação e Saneamento

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A inovação tecnológica é fundamental para o desenvolvimento econômico de uma

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Como um dos mais completos estudos evidencia-se o trabalho “Habitação popular:

A habitação de interesse social tem sido um tema de grande importância econômica e

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Caracterizar qualitativa e quantitativamente a produção acadêmica dos Programas de

Estabelecer aspectos de classificação dos trabalhos catalogados para fazer um

Desenvolver um Banco de Dados para sistematizar os trabalhos catalogados sobre

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Embora a produção acadêmica dos Programas de Pós-Graduação sobre tema da

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São tratadas no segundo capítulo as considerações necessárias para a definição do

Os resultados obtidos através da sistematização dos dados e discussão estabelecida

Este capítulo apresenta o repertório teórico adotado para embasar o entendimento da

1.1 HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

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• Habitação para População de Baixa Renda (housing for low-income people): é um

interesse social; estes termos trazem, no entanto a necessidade de se definir a renda

• Habitação Popular: termo genérico envolvendo todas as soluções destinadas ao

• Embora o interesse social da habitação se manifeste, sobretudo em relação ao aspecto

1.2 O PAPEL DA UNIVERSIDADE NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

Partimos do pressuposto de que o papel da universidade é a produção do

como a conservação, a transmissão e o enriquecimento do patrimônio

(...) a universidade deve cumprir a missão de universidade de pesquisa, de