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Abstract: this article is about the situation of social housing in Cuiabá/MT and about how it has been
treated as a theme to the development of the academics projects. Thus, will be presented here the new
methodological guidelines inserted in the pedagogical proposal of the teaching of Project of Architecture
and Urbanism, where, among other particular constraints of the theme, like the limitation of the financial
resources and the variety of family composition – for example, the Sustainability is a mandatory
constraints. In this way, has as its objectives to affirm the importance of this theme to the education of the
future architects and urban planners and to insert in the academy the new challenges to the old and
persistent troubles of the Social Housing.
Keywords: Social Housing; Sustainability; pedagogical proposal to education of Architecture and
Urbanism.
1. INTRODUÇÃO
A habitação destinada à população de baixa renda é no Brasil uma questão bastante complexa, não só por
abranger aspectos econômicos e políticos, mas também pelos sócio-culturais e climáticos que mudam
consideravelmente de um estado para o outro. Não se pode comparar ou igualar, como se tem visto na
produção habitacional social, as necessidades das famílias de um estado do Norte com as famílias de um
estado do Sul – ou até mesmo do Centro-Oeste, com o qual faz divisa territorial. Cada lugar tem suas
peculiaridades e sua arquitetura deve respeitá-las para que os usuários possam se apropriar com plenitude
e satisfação.
No entanto, o que se observa por todo o território brasileiro é uma padronização dos conjuntos
habitacionais. Enormes quantidades de casas de dois quartos, sala, cozinha, banheiro e tanque (a área de
serviço resume-se a um tanque instalado do lado de fora da casa, protegido apenas por um beiral de no
máximo 60 centímetros), configuram os conjuntos habitacionais de interesse social construídos hoje de
Norte a Sul do país. A baixa qualidade arquitetônica e urbanística é fortemente marcada pela aridez e
monotonia da paisagem causada pela repetição de um único modelo de unidade habitacional e pelo
descaso com os princípios de qualidade do meio urbano, como por exemplo, arborização das vias,
implantação de praças e parques, etc.
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Em consequência destas características, estes conjuntos rapidamente assumem uma nova ‘cara’, a de
assentamento informal, devido às modificações aleatórias e sem nenhuma assistência técnica por serem
executadas pelos próprios usuários por meio da autoconstrução desqualificada.
Alguns pesquisadores do campo da arquitetura e urbanismo associam essa padronização tipológica
realizada em escala industrial ao Modernismo, onde as necessidades espaciais seguem o modelo do
‘homem universal’, cuja demanda físico-espacial é a mesma para todos, independentemente da sua
cultura e características locais.
Porém, na história da habitação de interesse social do Brasil, encontram-se importantes exemplos de
conjuntos sociais como o Pedregulho, elaborado pelo arquiteto modernista Affonso Eduardo Reidy. Neste
conjunto, executado em meados da década de 40, na cidade do Rio de Janeiro, o arquiteto adotou a
variedade tipológica dos apartamentos, que possuem de um a quatro quartos. Também a forma de
ocupação do terreno chama a atenção, pois Reidy não se deteve apenas na tipologia habitacional, mas
estendeu sua preocupação ao espaço externo de uso coletivo, segundo ele “habitar não se resume à vida
no interior de uma casa” (NAZARETH, 2008).
O Banco Nacional de Habitação (BNH, criado em 1964 e extinto em 1986 - FOLZ, 2003), é também uma
forte referência da padronização e aridez dos conjuntos habitacionais destinados à baixa renda.
Buscando-se a redução do preço das habitações, as unidades habitacionais tiveram seu
tamanho reduzido e os conjuntos passaram a não ter tanta preocupação com espaços
coletivos, apresentando baixa qualidade de projeto assim como de materiais
empregados. A relação desses conjuntos habitacionais com o espaço urbano deixou de
existir (FOLZ, 2003).
Independente de quem seja a responsabilidade pelo pobre legado arquitetônico-urbanístico dos conjuntos
e unidades habitacionais, hoje em dia ainda se vê a mesma produção industrial baseada em quantidade e
não em qualidade.
Não se quer aqui discutir as responsabilidades sobre a má qualidade dos conjuntos executados na época
do Modernismo ou pelo BNH. Mas sim, a importância e o encargo que o arquiteto e urbanista tem sobre
essa questão tão polêmica e tão complexa que é a habitação de interesse social. Pois, não se pode associar
a falta de qualidade somente a fatores sócio-políticos e legais, uma vez que, mesmo que pontualmente,
existem bons exemplos já implantados a serem seguidos.
Acredita-se que essa discussão deve ter início já na fase acadêmica, ou seja, deve ser inserida na grade
curricular dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, para que os alunos já se familiarizem com os
problemas e a complexidade apresentada pela temática. Sendo assim, tratar-se-á neste artigo sobre a
importância da Habitação de Interesse Social Sustentável como temática para a formação de arquitetos e
urbanistas. Para isso, é necessário que se faça uma breve explanação sobre a questão habitacional social
em Mato Grosso e Cuiabá.
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a Figura 02, mostra um conjunto habitacional entregue recentemente pela iniciativa privada através do
programa Minha Casa, Minha Vida da CEF.
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(FAU/UNIC), desde o seu início, em 1995. Inicialmente, o tema se estendia a dois semestres, oitavo e
nono. No oitavo semestre era desenvolvida a unidade habitacional e no nono eram desenvolvidos os seus
projetos complementares e memoriais, descritivo e quantitativo. Atualmente a habitação de interesse
social é a temática apenas do nono semestre, porém passaram a ser tratadas com maior ênfase as questões
arquitetônicas e urbanísticas. Os alunos não desenvolvem mais os projetos complementares das unidades
habitacionais, porém as questões sócio-econômicas, culturais, climáticas e de legislação do local são
tratadas com maior profundidade.
Assim como em grande parte dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, na FAU/UNIC os conjuntos
habitacionais de interesse social são abordados como temática no último Atelier de Projeto Arquitetônico,
em função da sua capacidade de abrangência e alta complexidade. Pois, para o desenvolvimento do
projeto são necessários os conhecimentos de praticamente todas as disciplinas oferecidas pela grade
curricular básica de um curso de Arquitetura e Urbanismo.
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desenvolver todas as formas de comunicação” Moran apud Reis (2003). Com base neste pensamento
foram inseridas novas propostas pedagógicas, descritas a seguir, para um melhor desempenho no
aprendizado proposto na disciplina de Atelier de Projeto de Arquitetura VII, cujo o tema é Habitação de
Interesse Social.
Algumas universidades brasileiras adotam, na Graduação ou na Pós-graduação, a Sustentabilidade como
temática para o desenvolvimento de projetos e pesquisas de Arquitetura e Urbanismo. Muitos destes
projetos e pesquisas associam os princípios da construção sustentável à produção habitacional para
população de baixa renda. Segundo Sattler (2010), o interesse pelas questões ligadas à Sustentabilidade
na produção da HIS está crescendo. Mesmo assim o autor salienta que:
Embora os departamentos específicos da maioria das instituições acadêmicas brasileiras
ainda não estejam preparados para cobrir adequadamente os assuntos relacionados aos
impactos ambientais, iniciativas deveriam ser tomadas para demonstrar a importância
do assunto, assim como, para desenvolver o conhecimento junto aqueles que estão, ou
logo estarão, formando o ambiente construído (SATTLER, 2010).
Dessa maneira, a Sustentabilidade foi recentemente introduzida como diretriz obrigatória (antes era
opcional) em alguns Ateliers de Projeto e também em disciplinas de Urbanismo. Essa obrigatoriedade tem
como finalidade ampliar os conhecimentos dos alunos sobre a Sustentabilidade e também deixá-los mais
conscientes de que os arquitetos têm um papel importantíssimo para o futuro do planeta. Pois, suas
escolhas podem proporcionar maior ou menor impacto ambiental no meio onde será inserida a sua
proposta arquitetônica ou urbanística.
O desafio de conceber um conjunto habitacional de interesse social sustentável levou os alunos a uma
busca intensa sobre materiais e técnicas construtivas alternativas com menores ou nenhum impacto ao
meio. Durante esta busca os alunos percebem também que a escolha dos materiais deve considerar não só
o produto final, mas também todo o seu processo de fabricação e de instalação ou execução. Da mesma
forma, as técnicas construtivas devem ser sustentáveis e até fazer com que a comunidade alvo possa
realizar suas próprias ampliações ou mesmo fazer com que a autoconstrução, muito comum nas
residências das classes C e D, sejam realizadas de forma correta, segura, direcionada.
Duas das referências bibliográficas mais utilizadas pelos alunos como base para pesquisa e
desenvolvimento do projeto foram os livros: Ecohouse - A Casa Ambientalmente Sustentável (Susan
Roaf, Manuel Fuentes e Stephanie Thomas), e o Manual do Arquiteto Descalço (Johan van Lengen).
Estas duas referências reforçam a importância e dão muitos exemplos de materiais e técnicas construtivas
sustentáveis.
O Selo Casa Azul, implantado pela Caixa Econômica Federal para orientar e estimular a produção de
conjuntos habitacionais mais sustentáveis é também adotado como referência a ser seguida na disciplina
de Atelier de Projeto Arquitetônico VII (PA VII). O objetivo deste selo é incentivar o uso racional dos
recursos naturais, assim como melhorar a qualidade da habitação e do seu entorno. Para isso, as categorias
analisadas nos projetos são: qualidade urbana, projeto e conforto, eficiência energética, conservação de
recursos materiais, gestão da água e práticas sociais. O Selo Casa Azul apresenta os níveis Ouro
(máximo), Prata e Bronze, definidos pelo número de critérios atendidos.
A inserção da Sustentabilidade como condicionante obrigatória e consequentemente do Selo Casa Azul na
disciplina de PA VII (FAU/UNIC), que tem como tema Habitação de Interesse Social, aconteceu após o
desenvolvimento de um Trabalho Final de Graduação (TFG), cujo resultado foi bastante satisfatório.
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Preservação Permanente (APP) no trecho compreendido entre os bairros Dom Bosco e Canjica – região
Leste de Cuiabá. A área a ser beneficiada está, há muitos anos, ocupada por famílias de baixa renda que
se apropriaram inadequadamente das margens do Córrego do Barbado. O trecho compreendido entre os
dois bairros citados possui até um nome específico, Castelo Branco, determinado pela comunidade que ali
reside.
A proposta de realocação das 177 famílias, que serão de fato desapropriadas de suas residências
irregulares (e precárias), foi desenvolvida com base nos critérios do Selo Casa Azul, principalmente em
‘qualidade urbana’ e ‘projeto e conforto’.
Durante o desenvolvimento do diagnóstico a aluna observou que as áreas limítrofes às margens do
Córrego do Barbado, a partir das faixas ‘non aedificandi’ exigidas pela legislação, são pouco adensadas e
por isso são adequadas à implantação do conjunto habitacional proposto (Figura 03). Essa solução atende
não só ao Selo Casa Azul, no critério qualidade urbana, mas também ao Plano Nacional de Habitação,
que defende que as comunidades desapropriadas não devem ser realocadas para bairros distantes de onde
moravam.
A implantação seguiu as características existentes no bairro, ou seja, com casa térrea isolada no lote (este
um pouco menor do que os existentes/ocupados - 180 m²).
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da proposta metodológica descrita neste artigo está sendo possível perceber no corpo discente
não só um aprofundamento das pesquisas sobre os princípios da Sustentabilidade, mas também um
estreitamento das suas relações com as questões sociais da cidade – não só em relação à habitação, mas
também à mobilidade, equipamentos urbanos, entre outras necessidades externas à moradia social.
Outro aspecto interessante tem sido observado no comportamento dos alunos através do conhecimento
apurado sobre a Sustentabilidade: a busca por ações mais sustentáveis na vida pessoal. Os trabalhos
impressos passaram a ser entregues em papel reciclado com impressão nos dois lados da folha, por
iniciativa própria dos alunos. Também tem se notado a troca de informações sobre descarte correto do
lixo – pontos de recolhimento de materiais descartáveis, como garrafas PET, pilhas e baterias, latinhas de
alumínio, etc.
Além disso, vê-se um maior entusiasmo na busca por informações sobre técnicas e materiais mais
sustentáveis disponíveis na cidade e regiões de entorno, assim como o resgate de técnicas vernaculares. A
pesquisa sobre precedentes projetuais e o desenvolvimento do diagnóstico nos bairros também teve
grande aceitação dos alunos, que em relação aos semestres anteriores, quando a Sustentabilidade ainda
não era condicionante principal de projeto, mostraram-se muito mais conscientes de suas futuras
responsabilidades como arquitetos e urbanistas.
Assim, acredita-se que a Habitação de Interesse Social com técnicas mais sustentáveis como temática
acadêmica atinge o objetivo proposto para o aprendizado de alunos das Faculdades de Arquitetura e
Urbanismo, e ainda contribui para ações mais sustentáveis em suas vidas pessoais.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BONDUKI, Nabil. Origens da habitação social no Brasil. 4. Ed. São Paulo: Editora Liberdade, 2004.
BRANDÃO, Douglas Queiroz. Habitação social evolutiva: aspectos construtivos, diretrizes para
projetos e proposições de arranjos espaciais flexíveis. Cuiabá: CEFETMT, 2006.
FOLZ, Rosana Rita. Mobiliário na Habitação Popular: discussões de alternativas para melhoria da
habitabilidade. São Carlos - Rima, 2003.
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