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Habitação de Interesse Social Brasileira: uma análise sobre padrões tipo-


morfológicos e políticas públicas

Conference Paper · November 2019

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Letícia Bettio Eliane Constantinou


Universidade Federal do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL BRASILEIRA:
UMA ANÁLISE SOBRE PADRÕES TIPO-MORFOLÓGICOS E
POLÍTICAS PÚBLICAS
ARQUITETURA, CIDADE e AMBIENTE

ELIANE CONSTANTINOU - ​Profª. Drª. Departamento de Arquitetura UFRGS -


elianeconstantinou@gmail.com
LETÍCIA BETTIO MACHADO - ​Discente na Faculdade de Arquitetura UFRGS -
leticiabettiom@gmail.com

Resumo: ​Este trabalho é o resultado parcial da pesquisa Habitação de Interesse Social:


Interação entre escala Arquitetônica e Urbana, e tem como objetivo investigar distintos
modelos habitacionais no Brasil. O estudo busca identificar padrões tipo-morfológicos e as
dinâmicas socioespaciais utilizadas na arquitetura residencial de interesse social em
recortes temporais, em tipologias unifamiliares. O intuito é estabelecer padrões de
transformação formais e de relações urbanas através da comparação cronológica dentro
de períodos marcantes na política habitacional brasileira. Esses projetos são divididos nos
seguintes recortes temporais: 1. Transição séc. XIX-XX, Cortiços e Vilas Operárias; 2.
Cidade-Jardim e os IAPs, FCP e DHP; 3. Golpe de 64 e SFH – do BNH ao PMCMV; 4.
Experiências alternativas do “Pós-BNH”.

Palavras-chave​: Habitação de interesse social; Padrões tipo-morfológicos; Políticas


Públicas; Experiências alternativas; Dinâmica socioespacial

21 Congresso Brasileiro de Arquitetos - 9 a 12 de outubro de 2019 - Porto Alegre - RS


1 Introdução

A pesquisa “​Habitação de Interesse Social: Interação entre escala Arquitetônica e


Urbana’”​ teve como tema de estudo inicial (durante 2016 e 2017) a análise de soluções
projetuais contemporâneas realizadas para concursos públicos e/ou parcerias público
privadas entre escritórios de arquitetura e iniciativas governamentais. Os projetos eram
escolhidos a partir da publicação de 2010 da revista AU-Arquitetura e Urbanismo (Editora
​ s
PINI), que indicou 25 escritórios como a “​Nova Geração de Arquitetos Brasileiros”. O
objetivos da investigação até então eram desenvolver uma análise comparativa dos
projetos de tipologia horizontal e vertical de habitação social contemporânea, realizados
pelos diversos escritórios listados pela revista, explorando padrões e/ou inovações
projetuais e inferindo potencialidades de desempenho socioculturais relacionadas a
1
conceitos humanizadores ​. A análise comparada se justifica por proporcionar uma
perspectiva mais abrangente sobre diferentes formas de implantar habitação social no
contexto urbano.

A presente investigação surgiu como uma continuação desta pesquisa, que


anteriormente analisava apenas projetos contemporâneos. Com o desenvolvimento das
análises piloto, houve o rápido esgotamento de objetos de estudo dentro de um recorte
tão específico (projetos de concursos públicos e parcerias público-privadas), pois
verificou-se que a produção de habitação social por parte destes escritórios era escassa,
limitando a abrangência do estudo; tal fato revela a limitação de alternativas atuais na
produção de moradia social: quando elas não são produzidas por uma política pública de
abrangência nacional e sem consideração de fatores locais, as experiências alternativas
são poucas, pontuais e de uma dimensão muito específica no vasto território do país.
Com isso, surgiu a necessidade de expandir o recorte de estudo para uma abordagem
mais ampla, especialmente no que diz respeito ao recorte temporal: é preciso buscar as
justificativas históricas que levaram ao atual cenário da habitação social no Brasil; e com
a revisão temporal, torna-se imprescindível a investigação das políticas públicas
habitacionais que estruturaram os atuais padrões hegemônicos de promoção de
habitação e concepção de modelos de cidades.

1
Os conceitos humanizadores são relativos à qualidade ambiental do projeto em habitação coletiva,
utilizados a partir da definição de Barros e Pina no artigo ​Uma abordagem de inspiração humanizadora para o
projeto de habitação coletiva mais sustentável​ (2010).

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Este trabalho, portanto, tem como tema a habitação de interesse social no Brasil e
os objetos específicos são distintos modelos habitacionais, de tipologia unifamiliar - térrea
e sobrados -, sob um ponto de vista histórico e relacionado com a cronologia de políticas
públicas no país. O estudo busca identificar os padrões tipo-morfológicos e as dinâmicas
socioespaciais originadas pela implantação na arquitetura residencial de interesse social
em recortes temporais, com o objetivo de estabelecer padrões de transformação formais
e de relação urbana; com isso, deseja-se, além de formular uma proposta metodológica
de avaliação qualitativa da habitação de interesse social, construir um repertório de
experiências positivas que possam ser replicadas no espaço urbano a partir de um
referencial histórico de boa arquitetura social, e bons modelos de cidades com acesso
democrático à infraestrutura. Ao desvelar o pano de fundo da aplicação de políticas
públicas, é possível analisar como o Estado tem lidado com a responsabilidade
habitacional, proporcionando um olhar crítico sobre as experiências passadas e uma
perspectiva de como podemos explorar práticas alternativas na arquitetura e no
urbanismo, para a formação de uma cidade mais justa e com equidade social.

Os projetos escolhidos para análise foram divididos em quatro recortes temporais


entendidos como marcos importantes ou pontos de inflexão na história da habitação de
interesse social no Brasil (figura 1). Esses projetos são divididos nos seguintes recortes:
1. Transição séc. XIX-XX, Cortiços e Vilas Operárias; 2. Cidade-Jardim e os IAPs, FCP e
DHP; 3. Golpe de 64 e SFH – do BNH ao PMCMV; 4. Experiências alternativas do
“Pós-BNH”. Analisa-se comparativamente os projetos de Habitação de Interesse Social
Vila Maria Zélia e Vila Economizadora, em São Paulo como conjuntos do recorte 1;
Cidade jardim dos comerciários - Conjunto Olaria – e Vila operária da Gamboa, ambos no
Rio de Janeiro, no recorte 2; construções do bairro Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, e
um empreendimento padrão Minha Casa Minha Vida, como conjuntos do recorte 3; o
empreendimento Box House (do escritório Yuri Vital), em São Paulo, e o projeto vencedor
do Grupo 02 no Concurso Nacional Habitação de Interesse Social - CODHAB/DF, como
conjuntos do recorte 4.

A investigação estrutura-se através da busca por paradigmas arquitetônicos e


urbanísticos na investigação dos conjuntos habitacionais, de forma que se estabeleça
uma sistematização das categorias para análise. Objetiva-se identificar informações
referentes às seguintes categorias: informações gerais dos projetos (responsável técnico,

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ano de execução, agente promotor), implantação/ lotes (referente a lugar e partido
formal); tipologia habitacional (articulações entre as unidades habitacionais); unidades
habitacionais (características, alterações na pós ocupação, relação
privado/semiprivado/público).

Figura 1: Cronologia dos objetos de estudo

legenda: esquema produzido pela autora (MACHADO, 2018)

Habitáculos ou lares: o paradoxo do morar democrático no Brasil

Morar é um direito de todos. No entanto, esse direito é garantido por lei há muito
pouco tempo quando analisamos o histórico das políticas públicas habitacionais; apenas
a partir de 1948 o direito à moradia passou a ser considerado um direito fundamental pela
Declaração Universal dos Direitos Humanos, por exemplo. No Brasil, mais
especificamente, a partir da promulgação da Constituição Cidadã de 1988 que essa
temática começou a receber sua devida atenção no âmbito legislativo e finalmente
tornar-se direito constitucional em 2000.

A incorporação da moradia como necessidade essencial está diretamente


relacionada e tem sua fonte ética embasada no princípio da dignidade humana, que trata
da qualidade que todo ser humano tem de ser merecedor de respeito por parte do Estado
e a sociedade em geral. Com isso, já podemos inferir que essa responsabilidade
ultrapassa o livre arbítrio individual de cada cidadão, sendo portanto um dever
especialmente governamental na garantia do lar e bem estar social.

As questões que envolvem a produção de moradia social no Brasil são complexas


e envolvem temas como a definição de políticas públicas, a segregação socioespacial
urbana, o valor do solo, a equidade social, eficiência e sustentabilidade urbana e
ambiental. Por isso, é preciso fazer uma revisão histórica para facilitar o entendimento de
como o atual modelo de construção de moradia social de solidificou ao longo dos anos, e

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a partir de quais parâmetros podemos estabelecer uma transformação positiva nesse
modelo.

As preocupações governamentais com a carência habitacional no Brasil remetem


a meados de 1930, na Era Vargas, época que se deu o início as intervenções do governo
no setor habitacional e construção de conjuntos residenciais de baixa renda; ​neste
mesmo período, a habitação social era assentada no aluguel, ​com a criação das
Carteiras Imobiliárias dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs). Neste período,
tivemos exemplos de iniciativas com resultados arquitetônicos e urbanos muito positivos.
Pegando Porto Alegre como recorte, por exemplo, o Conjunto Residencial Passo D’Areia
- popularizado como Vila do IAPI - é uma referência no quesito vivacidade urbana, tanto
por sua implantação conectada com a rua, quanto pela sua permanência e consolidação
ao longo dos anos na cidade. Espaços democráticos que vão de dentro dos lares e
alcançam as ruas que permeiam as grandes quadras e definem este espaço.

Alguns anos depois, em 1942, tivemos a promulgação da Lei do Inquilinato e, em


1946, ocorreu a criação da Fundação da Casa Popular (FCP) - primeira instituição
nacional voltada unicamente para a população de baixa renda -, além do Departamento
de Habitação Popular (DHP). O objetivo principal da FCP era, através de financiamentos,
saciar as necessidades habitacionais da população que não tinha acesso aos fundos de
Carteiras e Pensões (FERREIRA, 2009).

Na década de sessenta foi criado o Banco Nacional de Habitação (BNH),


juntamente com o Sistema Financeiro de Habitação (SFH) - órgão gerenciador de
financiamentos do BNH -, em um contexto político e econômico de regime militar
instalado com o golpe de 1964. O BNH financiou moradias em todo o país no período de
1964 a 1986, objetivando diminuir o déficit habitacional. É importante ressaltar este
momento no nosso país, pois além de um marco na anulação de um regime democrático,
representou transformações significativas na organização das nossas cidades. Foi
também a partir daí que a denominação habitacional passa por uma transição: não
chamamos mais de conjuntos residenciais, e sim conjuntos habitacionais (COHABs),
nome que carrega consigo até hoje de forma pejorativa a nomenclatura de “padrão BNH”
(SANVITTO, 2010).

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As iniciativas em habitação social, fomentadas
pelos IAPs, FCP ou DHP eram designadas como
conjuntos residenciais​. Promovida pelo BNH, esta
produção assumiu a designação de ​conjuntos
habitacionais e, ao longo do tempo, passou a
trazer em si uma acepção negativa: o chamado
“padrão BNH”. Os ​conjuntos habitacionais
ocuparam vazios urbanos e expandiram a
periferia das grandes e médias cidades.
(SANVITTO, 2010, p. 5).

Em 1986, com o fim do BNH e a conseguinte promulgação da Constituição de


1988, surge uma nova fase da política habitacional brasileira denominada “Pós-BNH”
(MARICATO, 2002). Nesta nova fase, a Caixa Econômica Federal assume as funções do
antigo órgão e se torna agente operadora da habitação no Brasil. Este período, entendido
entre 1986 a 1999, foca-se na produção da habitação social com experiências
alternativas, como concursos públicos e iniciativas público-privadas; essas, por sua vez,
começaram a apresentar sugestões que fogem do tradicionalismo das moradias mínimas.
No “Pós-BNH” ocorre a descentralização da gestão e produção da habitação social,
dividindo a responsabilidade da moradia às três instâncias governamentais: municipal,
estadual e federal (BONDUKI, 2014).

Nessa época de retomada do regime democrático, iniciativas do governo Collor


como o Plano de Ação Imediata para Habitação marcam a continuidade da preocupação
com a questão habitacional. Na gestão de Fernando Henrique Cardoso, ocorre uma
reformulação no Sistema Financeiro de Habitação, com a criação de ferramentas
alternativas de crédito e apoio de financiamento. Já no ano de 2003, o governo federal -
sob gestão do presidente Lula - criou o Ministério das Cidades, que passou a gerir as
demandas urbanas, dentre elas a habitação. O Ministério das Cidades tornou-se o órgão
responsável pela Política Nacional de Habitação (implantada em 2004), que por sua vez
tem como instrumento o Sistema Nacional de Habitação (FERREIRA, 2009).

A partir de 2004, temos um marco no crescimento das necessidades no âmbito


habitacional que dura até a crise de 2008. Em sequência, surge o Programa Minha Casa
Minha Vida (PMCMV), como uma iniciativa de contornar esta crise econômica
internacional. Seus objetivos contemplam a possibilidade de contrapor-se, internamente,
aos seus efeitos no país (CARDOSO; ARAGÃO, 2013), o que mostra que o programa

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apresenta objetivos econômicos tão importantes como objetivos sociais (PICCININI,
CONSTANTINOU, 2016).

Os espaços de moradia vão ficando cada vez mais rarefeitos; a população pobre
é afastada dos centros das cidades; suas casas vão ficando cada vez mais enxutas.
Assim, passamos a ter habitáculos afastados dos lares que antes tinham matriz em
iniciativas privadas ou financiamento público de fundos previdenciários, porém, agora,
oferecidos pelo Estado. De um modo geral, o que isso tudo representa?

1. Antes, a moradia popular era ofertada basicamente por uma iniciativa conjunta, de
trabalhadores do setor primário que se organizaram em grandes mútuas
financeiras para construírem coletivamente seus espaços de morar. Por iniciativa
patronal, eram comprados terrenos em grandes loteamentos, onde não apenas
casas, mas toda infraestrutura urbana básica era construída: a escola dos filhos, o
mercado para o rancho, a farmácia, a igreja, as associações condominiais. Era
uma moradia inserida em um sistema de cidade, porém de aluguel.
2. Posteriormente, quando o Estado assume a responsabilidade sobre as questões
habitacionais, temos a expulsão dos trabalhadores de locais de centralidade,
construção de conjuntos habitacionais verticalizados, muito densificados, com
metragens mínimas e sem espaços de convivência. A casa passa a ser um local
para apenas realizar atividades básicas; não há espaços para as pessoas se
encontrarem, as ruas são para os carros. A casa é própria, porém na periferia das
cidades.

O que podemos depreender disto é que, as iniciativas de 1930 até 1964 - que
surgiam de cooperativas e pequenas mútuas - atendiam às demandas habitacionais,
focando-se em necessidades locais. Por outro lado, quando a responsabilidade sobre a
habitação passou para o âmbito nacional - como no caso do BNH e do PMCMV - a
produção passa a ser massificada, caracterizando um padrão tipo-morfológico sem
adequar-se à diversidade de conformações familiares, e influenciando na configuração de
cidades esparsas.

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2 Metodologia

A partir desse contexto, cabem questionamentos como: ‘Quais são os padrões


tipológicos presentes na moradia de baixa renda brasileira? Como se apresenta a relação
dessas implantações com os lotes vizinhos? Quais são as transformações recorrentes no
desenvolvimento das tipologias de habitação social ao longo dos anos?’. ​Uma vez que se
percebe a quantidade significativa de construções habitacionais de interesse social para
resolver questões de moradia nas cidades, e a necessidade de estabelecer estratégias
projetuais que confiram qualidade arquitetônica e espacial, discutir tais questionamentos
torna-se imprescindível; com isso é possível estabelecer modelos de padrões tipológicos
a serem utilizados como referências positivas e permitir sua replicação, enquanto
modelos morfológicos, no espaço urbano.

Atualmente, a academia produz um vasto repertório na análise de qualidade


arquitetônica e urbana, especialmente para projetos conceituados de referência
internacional. A produção de arquitetos e urbanistas, nacionais ou estrangeiros, é objeto
de estudo de uma extensa produção científica, acumulando referenciais teóricos para
diagnosticar - a partir de exemplos do passado e da contemporaneidade - o que é a boa
arquitetura. No entanto, esse enfoque é majoritariamente dado para uma produção de
projetos institucionais, grandes pavilhões, reurbanizações de capitais mundiais, planos
urbanísticos modernistas; em suma, gera-se repertório vasto, porém não focado em
habitação social. Tendo em vista, portanto, uma carência na existência de parâmetros
para estabelecer a qualidade desses projetos, esse estudo se justifica por analisar formal,
funcional e espacialmente os modelos habitacionais de baixa renda desenvolvidos ao
longo das décadas e sintetizar graficamente as alternativas, através de investigações,
possibilitando assim vislumbrar padrões de mudança nas habitações de interesse social.

Com vistas a alcançar os objetivos propostos, o trabalho se desenvolve através de


procedimentos envolvendo: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, síntese formal e
espacial, análise, considerações e conclusões da pesquisa. A pesquisa bibliográfica
objetiva a descrição tipológica e morfológica, seguindo conceitos previamente definidos
pelas referências (BARROS e PINA, 2011; BONDUKI, 2003; CANIGGIA, 1995; KRAFTA,
2014; MARICATO, 2002; PANERAI, 1986; SANVITTO, 2010), com enfoques principais
visando a construção de uma base investigatória sistêmica e complexa: os estudos
tipo-morfológicos e de socialização do espaço, na arquitetura e urbanismo, representando

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o sistema de objetos (forma arquitetônica e urbana – padrões tipo-morfológicos e
espacialidade).

A pesquisa documental envolve o levantamento e a organização das informações


sobre as configurações espaciais de diferentes tipologias habitacionais, bem como as
relações do objeto com os lotes vizinhos e o contexto urbano mais próximo. Desta
maneira, é necessária a busca por material físico ou virtual de descrição de cada projeto
escolhido, além de imagens de mapeamento por satélite para identificar equipamentos e
usos do entorno imediato, bem como a forma e suas relações volumétricas. Ademais, é
feita uma revisão histórica da implementação de políticas públicas habitacionais, para
relacionar os padrões tipo-morfológicos que refletem a legislação e o contexto político,
econômico e social do país. Este estudo tem caráter descritivo, uma vez que busca
levantar e descrever informações sobre o tema proposto, oportunizando uma análise
crítica da produção de habitação de interesse social brasileira sobre critérios de
humanização (BARROS e PINA, 2011; GEHL, 2013; JACOBS, 2000).

Após a conclusão da preparação do acervo documental, se desenvolve o método


de observação sequenciado pelo método comparativo articulado com os métodos
dedutivos e indutivos (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1991). Durante a etapa de
observação, todo o acervo documental é analisado de acordo com critérios eleitos para
análise tipo-morfológica. Esta etapa busca evidenciar padrões e excepcionalidades,
permitindo inferir a respeito de particularidades e generalizações tipo-morfológicas, bem
como a sua eficácia em relação às necessidades da cultura local de morar. Por fim, a
análise gráfico-textual objetiva avaliar formal e espacialmente os projetos habitacionais e
sintetizá-los graficamente, possibilitando assim vislumbrar padrões de mudança na
habitação de interesse social. A importância da análise comparada desses quatro
recortes temporais se dá especialmente por estabelecer um diálogo entre o lugar, o
habitar e suas externalidades com a estrutura morfológica da cidade.

A estruturação dos recortes temporais para a análise tipo-morfológica:

A base para definir os recortes temporais se deu de forma que buscasse


identificar padrões tipo-morfológicos e dinâmicas socioespaciais. Através da
contextualização da habitação social no Brasil, pôde-se reconhecer a existência de quatro

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pontos marcantes no ciclo das políticas públicas habitacionais2: um primeiro momento de
entendimento da demanda como responsabilidade governamental seguido diretamente
da formulação de soluções mais imediatas (Lei do Inquilinato e IAPs); um período de
maturação e criação de muitos órgãos institucionais; a efetivação e construção (pelos
órgãos anteriormente instituídos) de diversos conjuntos habitacionais em escala nacional;
o reconhecimento da necessidade de criação de uma Política Urbana - à luz da
reformulação constitucional - e a emergência de experiências alternativas para solucionar
o déficit habitacional. Para isso, foram formulados os recortes temporais que seguem:

● 1. Transição séc. XIX-XX, Cortiços e Vilas Operárias: final do século XIX e


início do XX - projetos Vila Maria Zélia e Vila Economizadora, em São Paulo:
prevalece visão do Estado Liberal que não deve intervir na questão da moradia;
período sem política habitacional de Estado. Por estímulo das indústrias e
empreendedores, cortiços e vilas operárias começam a apresentar proposta para
habitação dos trabalhadores.
● 2. Cidade-Jardim e os IAPs, FCP e DHP - ​projetos Cidade Jardim dos
comerciários - Conjunto Olaria – e Vila operária da Gamboa, ambos no Rio de
Janeiro: revolução de 30 e reconhecimento de que a moradia popular (para
trabalhadores) é uma questão pública. Criação dos IAPs, intervenção estatal
incentiva a compra de lotes em prestação e a adquirir casa própria, evitando
sistema rentista privado. 1946, Fundação da Casa Popular marca momento em
que a questão da habitação foi realmente tratada de forma social; ao mesmo
tempo, tentativa fracassada de produzir habitação em massa para os
trabalhadores – ideais arquitetônicos e urbanísticos pautados nos CIAMs.
● 3. Golpe de 64 e SFH – do BNH ao PMCMV - ​projetos bairro Cidade de Deus, no
Rio de Janeiro, e um empreendimento padrão Minha Casa Minha Vida​: Golpe
militar de 64 e instauração do Banco Nacional de Habitação e Sistema Financeiro
de Habitação; investimento contínuo e a longo prazo na habitação, porém perda
de qualidade na produção. Enfatiza-se, aqui, a transgressão da linha cronológica
para a análise comparativa, uma vez que um dos principais fatores de
agrupamento entre os recortes também é a existência de um padrão

2
Para Howlett e Ramesh (2013), existem cinco fases do ciclo de políticas públicas: formação da agenda,
formulação da política, tomada de decisão, implementação e avaliação. Na prática os estágios não são
sequenciais ou obrigatórios em sua plenitude. Tudo vai depender da situação política e econômica.

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tipo-morfológico. Esse agrupamento se dá, especialmente, pois nesta nova fase, a
Caixa Econômica Federal incorpora o antigo órgão extinto (BNH) e assume suas
funções, tornando-se agente operadora da habitação no Brasil.
● 4. Experiências alternativas do “Pós-BNH” - ​projetos Box House (do escritório
Yuri Vital), em São Paulo, e o projeto vencedor do grupo 2 no Concurso Nacional
Habitação de Interesse Social - CODHAB/DF​: descentralização da produção da
habitação, colocando a responsabilidade nas três instâncias governamentais:
municipal, estadual e federal. Período conhecido como Pós-BNH, como iniciativas
público-privadas pontuais, instituição do direito à habitação na Constituição,
promulgação do Estatuto da Cidade, criação do Ministério das Cidades e Fundo
Nacional de Interesse Social; por fim, lançamento do Programa Minha Casa,
Minha Vida.

A escolha desses projetos se concentra entre as regiões Centro-Oeste e Sudeste,


por reconhecer que a vasta extensão territorial, a diversidade econômico-social, cultural,
e a heterogeneidade climática do país fazem com que cada região apresente uma gama
de demandas muito distintas entre si. Por isso, optou-se por concentrar a análise em
projetos que se localizam em regiões e cidades com padrões de contexto e implantação.
A escolha da tipologia unifamiliar - casa térrea ou sobrados, tanto residências isoladas no
lote quanto geminadas - se justifica por ser um modelo que atravessa anos da história
brasileira no imaginário popular da casa própria. Desde os primeiros anos da infância,
quando se pede para uma criança desenhar uma casa, ela reproduz um pequeno
quadrado, com portas e janelas, um ou dois andares, o telhado em duas águas, o pátio
representado pela árvore. A recorrência dessa simbologia trespassa o passar dos anos e
o recorte de classe, tanto do ponto de vista individual quanto coletivo. A importância
desse enfoque tipológico, portanto, se estrutura em valores psicológicos, mas também
em atributos na construção das cidades; cada vez mais verticalizadas e densificadas em
altura, é essencial rever que impacto no tecido urbano os conjuntos residenciais podem
produzir e como as pequenas casas isoladas (em lotes vizinhos às mais diversas
tipologias) se relacionam na geração de urbanidade3 e dinâmicas socioespaciais.

3
O termo urbanidade pode ser extremamente amplo e de difícil definição, envolvendo critérios como a
qualidade do ambiente construído pelo homem ​(CASTELLO, 2017), ​caráter urbano e conjunto de qualidades,
boas ou más, que constituem a cidade ​(AGUIAR, 2012) ou um conceito humanizador contemporâneo descrito
como um senso de urbanidade (sintetizando as necessidades dos usuários, requisitos técnicos e geográficos

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A investigação estrutura-se na busca por paradigmas arquitetônicos e urbanísticos
de forma que se estabeleça uma sistematização dos recortes para analisar sob diferentes
enfoques pertinentes o caráter multidisciplinar da habitação social. Ademais, o panorama
histórico (figuras 2 e 3) da promoção de habitação de interesse social ao longo dos anos
revela uma multiplicidade de agentes atuantes nos vários níveis de governo e iniciativas
público-privadas.

Figuras 2 e 3: HIS no Brasil e seu Contexto político-social; recortes temporais 1 e 2; 3 e 4

legenda: esquema produzido pela autora (MACHADO, 2018)

relativos ao entorno de cada conjunto, e consequentemente as interações da implantação na configuração de


espaços externos positivos (BARROS e PINA, 2011).

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3 A cronologia da tipologia unifamiliar: casas térreas e sobrados

A semente da intervenção estatal na produção de habitação operária começou a


germinar ainda em 1912, quando o Governo do Rio de Janeiro inicia as obras do Bairro
Operário Marechal Hermes. Em 1915, surgem também os primeiros planos dos Bairros
Jardins em São Paulo. No entanto, os projetos analisados no primeiro recorte temporal,
datados também nesse início do século XX, são característicos de iniciativa privada.

A Vila Economizadora é uma espécie de vila particular financiada pela “Sociedade


Mútua Economizadora Paulista”, um fundo de pensão privada que investiu na construção
de casas de aluguel, com suas obras finalizadas em 1917, executadas pelo italiano
Antonio Bocchini (marcando um exemplo da recorrência da mão de obra imigrante na
construção civil no Brasil desta época). A mútua Economizadora Paulista investiu em
casas de aluguel para garantir seus fundos. Esse modelo de acumular recursos através
da oferta de moradia operária de certa forma embasa o modelo estatizado dos fundos de
Carteiras e Pensões, que viria a centralizar os recursos previdenciários para financiar a
moradia popular.

A produção rentista tratava de construções financiadas pelos mais variados tipos


de investidores privados que enxergaram no déficit habitacional social uma oportunidade
de obter rentabilidade. Essa modalidade, em verdade, era muito comum até a década de
30, quando finalmente a moradia para abranger os setores sociais de baixa e média
renda começou a ser encarada como problema do Estado. A moradia para os
trabalhadores, que eram em número cada vez maior no Brasil, era portanto de iniciativa
privada. Com a Era Vargas, no entanto, houve grandes mudanças nos direitos para os
trabalhadores, incluindo a questão da moradia como pauta essencial da luta do
proletariado.

Embora o número de trabalhadores-proprietários


possa ter crescido gradativamente ao longo das
primeiras quatro décadas do século, em 1940
apenas 25% dos domicílios eram próprios (IBGE
1940), o que revela que a situação não se alterou
muito até o final dos anos 30. (BONDUKI, 1998,
p. 44).

A Vila Maria Zélia também é vista como precursora de um modelo de conjuntos


residenciais que viriam a ser implantados na Era Vargas, financiados pelos Institutos de
Aposentadoria e Pensões (IAPs), introduzindo a noção de habitações inseridas em

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pequenos sistemas de cidade, cercadas pelos equipamentos necessários para
desenvolver todas as atividades do cotidiano. Foi construída, em 1919, pelo empresário e
industrial Jorge Street, junto à “Cia Nacional de Tecidos de Juta” e executada pelo
arquiteto francês ​Paul Pedraurrieux​. Era um complexo industrial completamente
segregado do tecido urbano do bairro em que foi inserido (Belenzinho, São Paulo); no
entanto, o ambiente interno da vila era repleto de equipamentos urbanos para
abastecê-la: igreja, armazéns, restaurantes, biblioteca, teatro, creches, escolas,
consultórios da saúde, além de comércio de rua. A iniciativa da Vila era nitidamente de
controle patronal, pois tinha o intuito de manter próximo à indústria, os trabalhadores que
ali exerciam suas atividades profissionais e cotidianas, além do caráter autoritário e
moralizador (BONDUKI, 1998), pois introduziu a noção de casas unifamiliares e
“higiênicas” em relação ao agrupamento dos cortiços que antecedeu o período histórico
de sua construção.

Mesmo sendo segregada do tecido urbano, a Vila Maria Zélia não distanciava
seus moradores do acesso à infraestrutura urbana e todos os equipamentos necessários
para - de acordo com Bonduki - “o desenvolvimento de todas as atividades do tempo do
‘não’ trabalho”. Era considerada uma Vila de empresa, devido a forma de financiamento e
construção, mas nos anos 40 foi adquirida pelo IAPI de São Paulo, por ser considerada
uma referência e precursora daquilo que o Instituto pretendia com seus conjuntos
residenciais4. Tanto a Vila Maria Zélia quanto a Vila Economizadora são consolidadas até
hoje no tecido urbano de São Paulo5; ambas se configuram como pequenos sistemas de
infraestrutura urbana, abastecendo diferentes tipos de casas unifamiliares: isoladas nos
lotes, geminadas, com pátios comuns ou privados (figura 4).

4
As iniciativas em habitação social, fomentadas pelos IAPs, FCP ou DHP eram designadas como conjuntos
residenciais. Promovida pelo BNH, esta produção assumiu a designação de conjuntos habitacionais [...].
(SANVITTO, 2010, p 5).
5
Ambas são tombadas pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico
(CONDEPHAAT) e o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da
Cidade de São Paulo (CONPRESP).

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Figura 4: contexto urbano e tipologia habitacional - recorte temporal 1

legenda: modelos 3D e diagramas produzidos pela autora (MACHADO, 2018) e imagens atuais do
Google Street View

Em 1928, sob uma perspectiva internacional da arquitetura e urbanismo, ocorre o


primeiro CIAM (​Congresso Internacional da Arquitetura Moderna), uma organização que
viria a promover uma série de eventos com o objetivo de discutir os rumos a seguir nos
mais diversos domínios da arquitetura (paisagismo, urbanismo, interiores, equipamentos,
entre outros). Cada CIAM tinha uma pauta principal e norteadora das discussões, mas
como questão estruturadora considerava-se a arquitetura e urbanismo um potencial
instrumento político e econômico, que deveria ser usado pelo poder público como forma
de promover o progresso social. No ano seguinte, em ​1929, o CIAM II teve como pauta a
“Unidade Mínima de Habitação (​Existenzminimum, Frankfurt - Alemanha)​ ​. ​Tendo em vista
que o tema habitar foi elevado como pauta principal do movimento moderno, a criação de
um modelo de habitação mínima nos CIAMs mostra uma preocupação com a ordenação
do estilo de vida de quem ocupasse a cidade moderna. Ao estabelecer um padrão a ser
copiado mundialmente, com dimensões pré estabelecidas, pode-se notar certo descaso
com a existência de diferentes classes sociais, modelos familiares, ideais e referências de
moradia e, por conseguinte, distintos parâmetros de vida.

À medida que os CIAMs estabeleciam um estilo de vida a ser tomado, começaram


a surgir institutos empreendedores de habitação social no mundo. Houve, em

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Amsterdam, a criação do Departamento Municipal de Habitação, e no Brasil a fundação
dos IAPs (Instituto de Aposentadorias e Pensões) e da FCP (Fundação da Casa Popular).

As soluções adotadas para conjugar as unidades


entre si, racionalizando os fluxos de circulação, o
aproveitamento de luz natural e de instalações de
serviço, bem como a implantação desses
conjuntos no território e na cidade nos permitem
avaliar a contribuição de determinadas soluções
projetuais ao longo da atuação destes órgãos,
que foram um importante vetor de
experimentação dos pressupostos da arquitetura
moderna no Brasil. (KOURY; BONDUKI;
MANOEL, 2003, p. 1).

Nesse contexto, de influência internacional do modernismo e criação de órgãos de


responsabilidade nacional, apresenta-se o recorte 2 (figura 5), com projetos como Cidade
Jardim dos Comerciários - Conjunto Olaria – e Vila Operária da Gamboa, ambos no Rio
de Janeiro. O Conjunto Olaria é reflexo do ideal internacional da Cidade Jardim6, foi
financiado através Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (IAPC), e
executado pelo engenheiro Ulisses Hellmeister, diretor da Divisão de Engenharia do IAPC
durante seu período mais produtivo (BONDUKI, 2014). Foi inaugurada em 1945 e sua
concepção e implantação se assemelha bastante aos empreendimentos da produção
rentista (apresentados no recorte 1).

Retornando para o contexto nacional, com a ascensão de Vargas e o início de um


período de Governo populista, a moradia para trabalhadores se torna pauta para justificar
a criação dos primeiros órgãos federais para atuar no setor da produção de habitação
social. O Instituto de Aposentadorias e Pensões (IAP) é criado em 1930, seguido da
Fundação da Casa Popular (FCP) em 1946 e o Departamento de Habitação Popular do
Distrito Federal (DHP). A Vila Operária da Gamboa, por sua vez, é reflexo das discussões
levantadas no CIAM II, que girou em torno do conceito da unidade mínima de habitação.
Está localizada no bairro Santo Cristo, Rio de Janeiro, foi projetada pelos arquitetos Lúcio
Costa e Gregori Warchavchik, e planejada pelo empresário e médico Fábio Carneiro de
Mendonça, ainda na década de 30 e concluída em 1934; foi uma das primeiras

6
​A Cidade Jardim é um modelo de cidade concebido por Ebenezer Howard, no final do século XIX,
consistindo em uma comunidade autônoma cercada por um cinturão verde num meio-termo entre campo e
cidade.

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habitações modernistas operárias do Brasil, caracterizando-se até hoje pelo uso como
moradia popular.

Figura 5: contexto urbano e tipologia habitacional - recorte temporal 2

legenda: modelos 3D e diagramas produzidos pela autora (MACHADO, 2018) e imagens atuais do
Google Street View

Posteriormente, com o Golpe de 1964, é assinalado o início do Banco Nacional de


Habitação (BNH) e o Sistema Financeiro de Habitação (SFH), centralizando a
responsabilidade sobre a habitação no âmbito federal e trazendo características de
produção massificada que refletem até hoje em conjuntos do Programa Minha Casa
Minha Vida (PMCMV). Dentro desse contexto está o recorte 3, com exemplares como a
construção do bairro Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, e um empreendimento padrão
Minha Casa Minha Vida. Enfatiza-se aqui a transgressão da linha cronológica para a
análise comparativa, uma vez que um dos fatores de agrupamento entre os recortes
também é a existência de um padrão tipo-morfológico estabelecido como “padrão BNH” e
replicado no PMCMV, pois a Caixa Econômica Federal assume as funções do antigo
órgão BNH e se torna agente operadora da habitação no Brasil.

Ao longo da década de 1960, o bairro Cidade de Deus começou a receber a


população vítima das remoções de várias favelas da cidade, promovidas pelo então
governador Carlos Lacerda, como parte de uma política verdadeiramente de expulsão

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dos pobres do centro da cidade. No bairro, foram inicialmente construídos conjuntos
habitacionais, com unidades padronizadas em larga escala e isoladas no lote. Porém, o
crescimento passou a ser desordenado e a tomar proporções maiores, fazendo com que
a população ocupasse terrenos às margens da delimitação inicial, e ampliando suas
unidades com anexos improvisados. Hoje o bairro perdeu sua característica morfológica
inicial, um movimento comum ainda visto nos empreendimentos do PMCMV (figura 6):
iniciam-se com residências térreas isoladas nos lotes e a delimitação visual entre as
unidades vai se perdendo com a construção de anexos, fazendo o conjunto confirmar um
tecido urbano único e contínuo.

Figura 6: contexto urbano e tipologia habitacional - recorte temporal 3

legenda: modelos 3D e diagramas produzidos pela autora (MACHADO, 2018) e imagens históricas
do ​Google Earth

O recorte 4, por fim, apresenta como objetos de análise o empreendimento Box


House (do escritório Yuri Vital), em São Paulo, e o projeto vencedor do Grupo 02 no
Concurso Nacional Habitação de Interesse Social - CODHAB/DF. Essas iniciativas são
características do período “Pós-BNH” (MARICATO, 2002), em que as prefeituras ou
órgãos federais responsáveis pela habitação começaram a abrir concursos públicos de
projeto, destinados à construção de moradias populares; escritórios autônomos de

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arquitetura e urbanismo também passaram a produzir, de forma bastante pontual,
projetos econômicos destinados à população de baixa renda.

O conjunto residencial Box House, desenvolvido pelo escritório Yuri Vital, é


situado no perímetro urbano de São Paulo, na Zona Norte, na Av. Itaberaba, bairro
Brasilândia. O bairro foi formado por pequenas chácaras e, aos poucos, foi loteado e
edificado, conferindo à paisagem local uma falta de planejamento nas residências. Nesse
contexto, o projeto Box House pretendia trazer um diferencial à paisagem local, sendo
implantado em tipologia formal de “caixas” modulares, objetivando reduzir custos. Além
disso, pode-se observar o objetivo de aliar qualidade estética e funcional com a
praticidade de construção e baixo custo.

O Concurso Nacional Habitação de Interesse Social promovido pela C​ompanhia


de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (CODHAB/DF) teve como ​objeto a
seleção de três melhores propostas de habitação de interesse social para três tipologias
divididas em três grupos:

● Grupo 01 - Unidade Habitacional de um quarto: proposta de habitação


familiar econômica + proposta de casa sobreposta, derivada da tipologia
anterior (apresentar possibilidade de expansão para mais um quarto em
ambos os casos);
● Grupo 02 - Unidade Habitacional de dois quartos: proposta de habitação
familiar econômica + proposta de casa sobreposta, derivada da tipologia
anterior (apresentar possibilidade de expansão para mais um quarto em
ambos os casos);
● Grupo 03 - Unidade Habitacional de três quartos: proposta de habitação
familiar econômica + proposta de casa sobreposta, derivada da tipologia
anterior.

O grupo escolhido para análise comparada do recorte 4 foi o Grupo 02 para


manter o padrão de casas predominantemente de dois dormitórios ao longo dos outros
recortes temporais, sendo o projeto o primeiro colocado desta categoria. A proposta é de
autoria do escritório “Lineastudio arquiteturas”, com sede em Santa Maria/RS e filial em
Porto Alegre/RS. O concurso não estipulava um terreno específico, caracterizando pela
procura de protótipos replicáveis no espaço urbano, sendo a implantação de sugestão
livre pela equipe. Ambos projetos do recorte 4 são unidades geminadas, podendo a

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proposta de casa sobreposta para o Concurso Nacional Habitação de Interesse Social -
CODHAB/DF se configurar como sobrado tal qual o conjunto Box House (figura 7).

Figura 7: contexto urbano e tipologia habitacional - recorte temporal 4

legenda: modelos 3D e diagramas produzidos pela autora (MACHADO, 2018) e imagens do


Google Street View​ e arquivo público do Concurso Nacional Habitação de Interesse Social -
CODHAB/DF

4 A análise tipo-morfológica e o diagnóstico das políticas públicas

Dentre as diversas análises obteve-se resultados que sintetizam os objetos em


Padrão do Lote e Partido Formal, sob uma visão mais ampla e morfológica da
implantação dos conjuntos e seu padrão urbano. Escolheu-se a representação
tridimensional e majoritariamente isométrica justamente pelo intuito de explorar essa
relação tipo-morfológica. Ademais, sob uma ótica mais isolada da unidade habitacional,
foram produzidas análises sobre a Articulação entre Unidades e Possibilidade de
Expansão, objetivando estabelecer a flexibilidade da tipologia e sua relação com o
conjunto. No quadro abaixo (figura 8) é possível vislumbrar uma síntese das seguintes
características da cronologia da tipologia unifamiliar - casas térreas e sobrados:
morfologia, implantação, tipologia e célula habitacional com possibilidade de expansão.

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Figura 8: análise comparada dos padrões tipo-morfológicos

legenda: modelos 3D e diagramas produzidos pela autora (MACHADO, 2018)

A emergência da arquitetura social como uma questão de política pública e a ideia


de urbanismo inclusivo determinaram um ponto de inflexão na cronologia da arquitetura
brasileira, criando um viés da arquitetura brasileira que se estrutura sobre uma narrativa
alternativa, preocupada com questões sociais, políticas e éticas do mundo industrializado
(BONDUKI, 2014). A industrialização, em um contexto mundial, estabeleceu um padrão
de cidade improvisada, um urbanismo orgânico e sem planejamento. A formação de
aglomerados espontâneos da classe trabalhadora gera uma reação repressiva da
burguesia, que não quer os pobres urbanos nos centros das cidades. Essa reação, reflete
no Brasil e se dá sobre um viés higienista, de “limpeza” dos centros urbanos, abertura de

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grandes vias, periferização dos bairros operários (estigmatizados); um urbanismo
monumental, elegante e planejado torna-se a base de cidades esparsas, rarefeitas, em
que a classe trabalhadora mora marginalizada do centro e do acesso à infraestrutura, do
acesso à cidade.

Ao longo dos anos, vemos emergindo um padrão morfológico em que a moradia


social configura um grande bairro, com a hegemonia da população de baixa renda, salvo
raras exceções em que um pequeno conjunto é implantado em um tecido urbano já
consolidado e próximo do centro. O que vai se modificando dentro desse padrão é que,
nos ​conjuntos residenciais de iniciativa patronal ou financiado pelos IAPs, os
equipamentos necessários para a vida cotidiana estão inserido dentro dos bairros
operários; enquanto isso, nos modelos de política pública nacional, é característica a
periferização dos ​conjuntos habitacionais​, distanciando o trabalhador do Direito à Cidade7
.Enquanto isso a tipologia habitacional foi ficando enxuta, o que pode ser avaliado pela
configuração do tecido urbano e flexibilização da célula habitacional. As unidades dos
recortes 1 e 2 permanecem configurando o tecido original e suas possibilidades de
expansão são extremamente restritas, especialmente pois a metragem inicial se mostrou
satisfatória no pós-ocupação. Já nas unidades do recorte 3 por exemplo, o tecido urbano
da Cidade de Deus e do conjunto do PMCMV se altera completamente, pois os anexos -
que denotam a insuficiência da metragem executada - unificam um tecido que
inicialmente era composto por casas isoladas no lote.

No que tange à ocorrência de padrões tipo-morfológicos e seus contextos quanto


às políticas públicas vigentes, é possível depreender uma relação direta entre o modelo
político e a valorização (ou não) de fatores locais na implantação dos conjuntos. Nos
recortes 1 e 2, tanto nas “Vilas particulares” quanto naquelas concebidas por meio dos
IAPs (um órgão local), nota-se uma preocupação com a inserção dos conjuntos
residenciais em contextos de autonomia e autossuficiência quanto ao abastecimento de
infraestrutura e atividades das mais diversas. Em outras palavras, havia uma
preocupação em prover ao conjunto aquilo necessário para realização de atividades de

7
O Direito à cidade é uma ideia que foi primeiramente propostA por Henri Lefebvre em seu livro de 1968 ​Le
Droit à la ville.​ Lefebvre resume as ideias como uma "demanda...[por] um acesso renovado e transformado à
vida urbana". David Harvey, por sua vez, descreveu-o como muito mais que a liberdade individual para
acessar os recursos urbanos: é o direito de mudar a si mesmos por mudar a cidade. É, sobretudo, um direito
coletivo, ao invés de individual, pois esta transformação inevitavelmente depende do exercício de um poder
coletivo para dar nova forma ao processo de urbanização

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trabalho, escolas, mercados, comércio local, equipamentos de saúde e lazer; eram
pequenos sistemas de cidade. Quando a responsabilidade da habitação passou para
uma instância nacional e generalista, houve uma preocupação antes quantitativa de
resolver moradia social, do que de qualidade arquitetônica e urbana. A produção em
massa, de caráter industrializado, padronizado e único para o país inteiro, não leva em
consideração as diferentes características urbanas, climáticas, socioculturais e
econômicas que compõem a diversidade e vasta extensão territorial do Brasil.

5 Conclusões

Para fornecer um panorama mais abrangente, por fim, é apresentado um paralelo


entre os padrões que se repetem ou se adaptam ao longo da cronologia, com o objetivo
de entender a transformação da habitação de interesse social brasileira e suas relações
com período político-social vigente. Ao cruzar as características de morfologia (figura 9),
é possível notar que o padrão morfológico (A) característico dos conjuntos do recorte 1
(Vila Economizadora e Vila Maria Zélia) reflete na construção do Conjunto Olaria - Cidade
Jardim dos Comerciários, financiado pelo IAPC; não à toa, vale relembrar que a Vila
Maria Zélia foi posteriormente incorporada pelo IAPI, intensificando a relação de
influência que um modelo teve sobre o outro. Transgredindo o padrão de grandes bairros
operários, Vila operária da Gamboa reflete, décadas depois, um modelo de inserção de
“pequeno condomínio” como no Box House, em um contexto urbano já consolidado; uma
intervenção em lotes residuais, se mostrando como alternativa para implantar a habitação
social próxima aos equipamentos centrais, caracterizando um padrão morfológico (B).

Figura 9: análise comparada de padrões morfológicos (A) e (B)

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Por outro lado, há padrões morfológicos que demonstram uma flexibilidade em se
manifestar na cronologia (figura 10), resultando diferentes modelos, dependendo da
política pública aplicada. Por exemplo, o projeto vencedor do Grupo 02 no Concurso
Nacional Habitação de Interesse Social - CODHAB/DF, por não ter o requisito de um
terreno específico, tem potencial - inserido em um contexto urbano de autonomia em
infraestrutura - de recorrer ao padrão morfológico (A). No entanto, se inserido às
margens das cidades, análogo à política pública adotada pelo BNH e consecutivamente
pelo PMCMV, reflete um outro padrão morfológico (C). Essa perspectiva de flexibilidade e
potencialidades dentro de um mesmo conjunto, reforça a importância de uma política
pública formulada para atender parâmetros que resolvam o déficit habitacional, mas
também proporcionem qualidade de vida aos trabalhadores e vivacidade urbana para o
entorno. Quando focadas em atender fatores locais, a formulação da política pública
centra-se em proporcionar cidade especificamente para cada conjunto que for se
responsabilizar em construir; uma vez colocada sob incumbência de uma agenda
nacional, a política pública não consegue atender às especificidades de cada região,
tratando o problema da habitação social com soluções quantitativas

Figura 10: potencialidades de padrões morfológicos (A) e (C)

legenda: modelos 3D e diagramas produzidos pela autora (MACHADO, 2018)

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No que diz respeito aos padrões tipológicos, a relação existente entre a Vila
Economizadora, a Vila Maria Zélia e o Conjunto Olaria na célula habitacional e na
articulação entre unidades, sugere a emergência do primeiro padrão tipo-morfológico (A)
notado (figura 11). As unidades habitacionais são geminadas, com conexão entre espaço
privado e público, transição direta do interior para a calçada; as janelas e escadas
voltadas para o público, os “olhos da rua” (JACOBS, 2000) configuram valores de
urbanidade e vivacidade urbana. Para Jacobs, o principal atributo de um centro urbano
próspero é as pessoas se sentirem seguras e protegidas na rua, mesmo em meio a
tantos desconhecidos. Essa característica não se deve unicamente pela tipologia, como
apenas é possibilitada pela configuração morfológica desses projetos; em suma, o padrão
tipo-morfológico confere sensos de habitabilidade8 e urbanidade positivos.

Figura 11: potencialidades de padrões morfológicos

legenda: modelos 3D e diagramas produzidos pela autora (MACHADO, 2018)

Observa-se novamente a existência de potencialidades de padrão tipológico


vinculadas a diferentes modelos de políticas públicas, no caso da proposta vencedora do
Grupo 02 no Concurso Nacional Habitação de Interesse Social - CODHAB/DF. Olhando
sob a perspectiva da unidade habitacional geminada, tipologia sobrado (proposta de casa

8
O senso de habitabilidade, por sua vez, se embasa na relação entre a implantação e a unidade habitacional,
focando na apropriação para realizar atividades domésticas; um sentido de habitar que atenda às
necessidades de refúgio, isolamento, convivência, ordem e variedade. O senso de urbanidade, já descrito
anteriormente neste trabalho, somado ao senso de habitabilidade descrevem os conceitos humanizadores,
utilizados por BARROS e PINA, 2011 para analisar projetos de habitação coletiva.

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sobreposta) e na hipótese de implantação análoga às Vilas operárias, o projeto tem
potencial para reproduzir a qualidade integral do padrão tipo-morfológico (A). Em
contrapartida, se a unidade habitacional for desarticulada da vizinhança, isolada no lote e
eximida da expansão agregada à proposta de projeto, pode se assemelhar às unidades
enxutas de ​conjuntos habitacionais do “​ padrão BNH”; seguindo o mesmo raciocínio, se
implantado em condições correspondentes à Cidade de Deus ou ao PMCMV, o projeto
tem possibilidade de reproduzir as cidades esparsas, a periferização e consolidar o
modelo de cidade e (não) democracia que temos como atual modelo da habitação social
no Brasil (figura 12).

Figura 12: potencialidades de padrões morfológicos

legenda: modelos 3D e diagramas produzidos pela autora (MACHADO, 2018)

À vista de todas essas análises que correlacionam as configurações espaciais de


diferentes tipologias, as articulações e flexibilização das células habitacionais, as relações
do objeto com os lotes vizinhos e o espaço público, a inserção do conjunto e o contexto
urbano mais próximo - análises que colocam em perspectiva horizontal tipologia, e
morfologia para investigar e diagnosticar a cronologia de um recorte da habitação social
no Brasil - é inexorável relacionar a ocorrência de padrões tipo-morfológicos com a

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implementação de políticas públicas. A relação moradia-trabalho afeta questões das
mais subjetivas às mais práticas e ordinárias: a qualidade da habitação e a efetivação do
direito à cidade e de uma política urbana de equidade influem diretamente no tipo de
sociedade que almejamos construir. Por isso, além de retomar referências projetuais e
reforçar experiências positivas na moradia popular, este estudo toma como propósito
fundamental legitimar que o Brasil pode sim promover habitação de qualidade para a
formação de cidades mais justas e democráticas.

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