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O DIREITO À MORADIA E O SOFRIMENTO ÉTICO-POLÍTICO


COMO QUESTÃO PARA A PSICOLOGIA SOCIAL

BÁRBARA BEZERRA DE BARROS MELO1


DOMINGOS ARTHUR FEITOSA PETROLA2
ZULMIRA ÁUREA CRUZ BOMFIM3

Resumo: A discussão sobre direito à moradia tem crescido significativamente em decorrência da expansão urbana no
mundo. No Brasil, no que se refere à políticas públicas de habitação, o histórico é recente, e atualmente temos o
Programa Minha Casa Minha Vida como atividade central da Gestão Federal. O impacto do desenvolvimento de
cidades acaba por ser avaliado e estudado pelas mais diversas áreas de produção de saber, e dessa forma optamos que
o debate aqui construído seja feito a partir dos fazeres social e do ambiental da Psicologia, considerando a relação
dialética entre a produção de uma política pública e a construção de psiquismo em contexto de vulnerabilidade. Assim,
a metodologia trata de um ensaio teórico sobre a expansão do programa, sua correlação com a garantia do direito à
moradia, utilizando a compreensão do sofrimento ético-político como uma categoria delineadora de análise. Como
proposta de resultados, apontamos que apesar de historicamente a discussão sobre políticas de habitação estar
concentrada nas áreas da Arquitetura, Geografia, Planejamento Urbano, pode a Psicologia Social de vertente crítica
contribuir significativamente para redesenhar a forma como as políticas públicas são executadas nas cidades para
garantir direitos básicos. O que necessitamos é uma redefinição epistemológica da relação com o Poder Público, bem
como uma maior aproximação da população para entender como muitas vezes uma ação não atinge seu êxito em
decorrência de uma categoria que não é avaliada pelo processo administrativo: a subjetividade. O sofrimento ético-
político portanto nos serve como uma categoria importante pra compreender as distorções que muitas vezes são
produzidas na execução de uma política pública no Brasil.

Palavras-Chave: Sofrimento Ético-político. Direito à moradia. Habitação.

THE RIGHT TO DWELLING AND ETHICAL-POLITICAL SUFFERING


AS A QUESTION FOR SOCIAL PSYCHOLOGY
Abstract: The discussion about the right to housing has grown significantly as a result of urban sprawl in the world.
In Brazil, with regard to public housing policies, the record is recent, currently we have the Minha Casa Minha Vida
Program as the central activity of Federal Management. The impact of the development of cities ends up being
evaluated and studied by the most diverse areas of production of knowledge, and it was chosen here that the debate

1
Graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Mestranda em Psicologia pela Universidade Federal
do Ceará (UFC). E-mail: barbara.bezerra@hotmail.com
2
Gradução em Psicologia pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Mestrado em Desenvolvimento Regional
Sustentável pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutorando em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará
(UFC). E-mail: arthurfpetrola@gmail.com
3
Graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Mestrado em Psicologia pela Universidade de
Brasília (UnB) e doutorado em Psicologia (Psicologia Social) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC).
Professora associada IV do Programa de Pós Graduação de Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail:
zulaurea@gmail.com
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should be made from the social and environmental practices of Psychology, considering the dialectical relation between
the production of a public policy and the construction of psyche in a context of vulnerability. Thus, the methodology
is a theoretical essay about the expansion of the program, its correlation with the guarantee of the right to housing,
using the understanding of ethical-political suffering as a delineating category of analysis. As a proposal of results, we
point out that although historically the discussion on housing policies is concentrated in the areas of Architecture,
Geography, Urban Planning, can Social Psychology of critical basis contribute significantly to redesign the way public
policies are executed in cities to guarantee basic rights. What we need is an epistemological redefinition of the
relationship with the Public Power, as well as a greater approximation to the population, to understand how often an
action does not reach its success due to a category that is not evaluated by the administrative process: the subjectivity.
Ethical-political suffering, therefore, serves as an important category for understanding the distortions that are often
produced in the execution of public policy in Brazil.

Keywords: Ethical-political suffering. Right to housing. Housing.

INTRODUÇÃO

A segregação socioespacial da população de baixa renda, a gentrificação, o adensamento


dos espaços urbanos com a verticalização das cidades produzidos por ações mediadas pelo interesse
do capital são o reflexo mais claro de um modelo insustentável de desenvolvimento urbano. Alguns
estudos têm demonstrado a preocupação crescente com este modelo de cidade que não reconhece
as pessoas, seus modos de interação e os direitos urbanos deles decorrentes (COSTA, PEQUENO,
PINHEIRO, 2015).
Nesse modelo capitalista neoliberal ao qual estamos submetidos, as cidades têm sido
pensadas como negócios e a partir de interesses hegemônicos de determinados grupos que detêm
os mecanismos de produção, produzindo segregação em toda sua extensão. Do outro lado, o
Estado fomentando um modo de subjetivação que, produto da vulnerabilidade, acaba também se
tornando produtor de outras fragilidades urbanas: a violência, o adoecimento como manifestação
do Sofrimento Ético-Político, a situação de rua e o esfacelamento do direito à moradia estão
embasados por uma ideia de crescimento urbano que prioriza grandes ações, e construções, como
resposta para questões complexas e históricas.

[…] na produção capitalista do espaço urbano e regional, as cidades representam uma


arena privilegiada no processo de acumulação, mas os atores sociais tradicionalmente
excluídos da sua função social não têm conseguido se apropriar devidamente dos frutos
do crescimento econômico (ROLNIK; KLINK, 2011, p. 109).
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A aparente incapacidade de resolver, por si mesmas, suas próprias anomalias, como a


ausência de planejamento adequado e de rede estruturada de equipamentos e serviços, além do
encrudescimento da desigualdade social, as cidades têm sido entendidas em uma relação
paradigmática de subordinação de discursos instituídos e tecnocráticos. Iacovini (2015, p. 289)
aponta uma certa inércia administrativa, uma despreocupação com o sujeito vivo que produz o
engavetamento sistemático de planos alternativos que poderiam resultar impactos reduzidos que
se contraporiam aos “projetos urbanos pontuais, setoriais e fragmentados” geradores de uma
cidade menos democrática, menos justa e, consequentemente, com menos espaços de apropriação.
O campo teórico de debate dessas questões, portanto, se situa no horizonte da psicologia
social, como também da psicologia ambiental que se define como o estudo das pessoas nas inter-
relações com o mundo e na mediação desses processos sociais e históricos com os processos
individuais mentais, em um ato de humanização e de transformação qualitativa. Seria possibilitar
olhar para as percepções, avaliações e/ou representações ambientais dos sujeitos em uma relação
de reciprocidade com os comportamentos associados a elas, observando os efeitos do ambiente
sociofísico na formação identitária ao mesmo tempo que estes também acabam sofrendo
interferências através da construção da identidade.
Nesse sentido, nos parece importante e necessário refletir sobre o direito à cidade e à
moradia, repensando as políticas de habitação, tentando compreendê-las a partir de um referencial
teórico que nos permita analisar não só os seus aspectos objetivos de produção, mas também
entender quais são as questões que se inscrevem subjetivamente naqueles que atravessados pela
ação do Estado. Dessa forma, este artigo se estrutura a partir de uma discussão sobre o direito à
moradia como dispositivo legal e constitucional e como um dispositivo subjetivador na construção
das lutas sociais.

A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E O DEFICIT HABITACIONAL NO


BRASIL
Aquilo que hoje se entende por falta de habitação é o agravamento particular que as más
condições de habitação dos operários sofreram devido a repentina afluência da
população às grandes cidades; é o aumento colossal dos alugueres, uma concentração
ainda maior dos inquilinos em cada casa e, para alguns, a impossibilidade de em geral
encontrar um alojamento (ENGELS, 1873, s.p.).
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Importa considerar que o Brasil, como signatário da Declaração Universal dos Direitos
Humanos desde 1948, reafirma o compromisso do Estado com a questão da moradia e da
habitação em vários dispositivos legais, tendo em suas constituições anteriores o princípio da
função social da propriedade, pois já se dispunham de mecanismos para desapropriação de
imóveis por necessidade, utilidade social ou pública. Isso subsidiaria mais a frente os processos de
reforma agrária e os programas de habitação iniciados na década de 60.
Na atual constituição se compreende o direito a moradia entre outros, como direitos
sociais que se expressam nas relações humanas. Esses direitos se pautam na política de
desenvolvimento urbano regulada pelo Estatuto da Cidade, e que deve ser executado pelo Poder
Público municipal, que objetiva ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade.
A grande diferença proposta nesse texto constitucional está na relação intrínseca e, a partir daqui
indissociável, entre propriedade e a função social, como se compreende aqui:

Art. 5° - (...)
XXII – é garantido o direito de propriedade;
XXIII – a propriedade atenderá à sua função social;

Art. 170 – A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho e na livre iniciativa,


tem por fim assegurar a todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios:
II – a propriedade privada;
III – função social da propriedade;
Dito de outra forma, se torna impossível existir um imóvel e não atribuir a este uma função
social, seja moradia, ou qualquer outro fim privado ou público. Dessa forma, deve aquele que se
ocupa da titularidade da propriedade, pessoa física ou jurídica, estará sujeito aos direitos e deveres
privados e também os da coletividade.
A função social da propriedade determina a forma como o imóvel deverá ser utilizado,
apresentando obrigações de fazer e vedando quaisquer usos que possam prejudicar o bem-estar
da coletividade. Não pode, a exemplo, uma grande empresa mineradora desfazer dos dejetos
oriundos de sua atividade comercial em seu terreno sob o risco de contaminação do solo, ou ainda
uma grande incorporadora tomar para si, ainda que por transação financeira, uma zona de
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interesse social para habitação e construir um prédio comercial. O uso da propriedade não pode
gerar prejuízos a coletividade.
A CF impõe ainda aos proprietários a obrigação de construir ou de evitar a subutilização
do imóvel, dando uma destinação aos fins sociais: no caso de imóveis rurais, o cultivo da terra; e
no urbano, fins de moradia por exemplo. Caso essas condições não sejam cumpridas, o dono do
imóvel estará sujeito à pena de parcelamento compulsório, imposto progressivo ou
desapropriação do terreno.
Sabemos que a perda do lugar de política social e assunção da moradia como mercadoria
é um novo processo de colonização na era das finanças, como aponta Rolnik (2015, p. 378): “As
políticas habitacionais e urbanas assim como o urbanismo e a gestão fundiária […] operaram
ativamente no sentido de criar condições materiais, simbólicas e normativas para transformar
territórios vividos em ativos abstratos” e que dessa forma o que observamos é “uma ‘guerra de
lugares’ ou de uma guerra ‘pelos lugares’”.
Nesse confronto, o lado que tem menos recursos objetivos e subjetivos para construir o
enfrentamento necessário a especulação imobiliária acaba sendo o mais prejudicado com o deficit
habitacional, tanto no que se refere tanto ao aspecto quantitativo – deficiências do estoque de
moradias – como no aspecto qualitativo, naquilo que denota sobre a ausência de condições básicas
para uma vida digna, expressa nas habitações precárias, na carência de infraestrutura urbana, na
inadequação fundiária, no adensamento (por coabitação familiar), no ônus excessivo com aluguel
no domicílio entre outros (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2018).
Historicamente sempre houve deficit habitacional no Brasil, e que passa a ter um
crescimento exponencial a partir do final do séc. XIX com o fim da escravidão, e o início da era
industrial no país (HOLZ e MONTEIRO, 2008). Segundo último levantamento feito em 2015, o
deficit habitacional estimado no Brasil corresponde a 6,355 milhões de domicílios, sendo o
Sudeste e o Nordeste as regiões mais responsáveis por esse montante, sendo a primeira
caracterizada pelo alto custo de vida com aluguel, e a segunda pelo número expressivo de
habitações precárias e de pessoas em coabitação familiar (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO,
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2018), sendo esse quadro bastante significativo para uma análise das desigualdades e
vulnerabilidades sociais no país.
Nesse caminho, é importante conhecer quais foram as respostas dos governos federais a
essa questão, tentando compreender como os programas de habitação no Brasil foram
estruturados para tentar responder a essa questão.

PROGRAMAS DE HABITAÇÃO NO BRASIL

Fazendo um breve apanhado histórico, iniciamos com o surgimento da política de


habitação, cuja origem data de 1946, com as denominadas “Fundação da Casa Popular”. Essa
política tornou-se tão logo ineficaz devido ao pequeno investimento e sua a restrição a alguns
estados (BRASIL, 2004). Somente em 1964 que se implantou o Banco Nacional de Habitação
(BNH), no qual se construiu algumas concepções sobre a política de habitação.
É retratado por Maricato (2014) que durante o período de luta contra o regime Militar
estudos iam sendo construídos sobre novas interpretações para o urbano na periferia do
capitalismo, e esses estudos foram direcionando o foco para o campo da moradia precária. E em
meados da década de 70 surge um crescente movimento social reivindicatório de moradia e
melhorias urbanas, nascendo então um espaço político e social para se pensar mudanças nessa área,
culminando com a articulação do Fórum Nacional de Reforma Urbana em 1987.
Podemos falar que nas décadas de 1980 e 1990 se observou grandes avanços legais na área
do direito à cidade e do direito à moradia. E que podemos entender a nova Constituição como um
marco legal e político para essas conquistas.
A Constituição de 1988 fomentou um processo de descentralização das esferas políticas,
redefinindo competências, atribuindo aos Estados e Municípios a gestão dos programas sociais,
dentre eles os programas de habitação. Essa estratégia permitiu que as instâncias do Estado ou
mesmo do Município se articulassem com os sistemas de financiamento, tendo como principal
exemplo a construção de casas populares e de conjuntos habitacionais, tais como as Cohabs
(AZEVEDO e ANDRADE, 2011). Podemos reiterar na citação abaixo de Rolnik a relevância de
tal constituição para a habitação.
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A constituição de 1988 incorporou um capítulo sobre política urbana, estruturado em


torno na noção da função social da cidade e da propriedade, do reconhecimento dos
direitos de posse de milhões de moradores de favelas e periferias das cidades do país e
da incorporação direta dos cidadãos aos processos decisórios relacionados a essa política
(2015, p. 264)

É com essas mudanças no cenário político que a compreensão sobre o direito à cidade, e
assim à sua ocupação, foi dando espaço para se pensar formas e propostas de habitação. Entretanto,
não é esse cenário que se apontou nos anos seguintes com a prática política neoliberal-conservador
regido pelo Presidente da República à época, Fernando Collor de Mello. E com isso, se percebe
uma decaída na agenda da reforma urbana promulgada pela constituição, embora houvesse indícios
de que pequenas e significativas mudanças iam sendo construídas a partir das forças de oposição.
Em 2000, houve o reconhecimento constitucional do direito à moradia como direito
fundamental e em 2001 a aprovação do Estatuto da Cidade. No ano de 2013, Já no governo do
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi criado o Ministério das Cidades, que passa a ser o órgão
responsável pela Política de Desenvolvimento Urbano, em que segmentado a ela está a Secretaria
Nacional de Habitação. Podemos dizer que nesse momento se iniciam novas concepções para a
política de Habitação e, posteriormente com a criação da Conferencia Nacional das Cidades, se
concebeu a Política Nacional de Habitação (PNH), que têm como meta principal a promoção de
“condições de acesso à moradia digna, urbanizada e integrada a cidade, a todos os segmentos da
população, e em especial, para a população de baixa renda.” (BRASIL, 2004, p.13)
A partir do PNH, criou-se também o Sistema Nacional de Habitação (SNH) cujo principal
objetivo de gerir a articulação política e financeira da PNH e dos subsistemas (habitação de
interesse social e habitação de mercado), devendo assumir os compromissos para empreender os
programas destinados a habitação, sendo o maior deles o Programa Minha Casa Minha Vida
(PMCMV) que foi instituído pela Lei n. 11.977, de 7 de julho de 2009, estruturado no governo Lula
e tem como objetivo a construção maciça de moradias que visam à melhoria do sistema habitacional
para a população de baixa e media renda. Para Klintowitz(2016), o PMCMV é caracterizado como
um programa habitacional que ganhou status de política por seu vigor de recursos e apoio
multifacetado conquistado.
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Segundo Carvalho e Stephan (2016), para entendermos esse cenário precisamos saber que
contextualmente em 2008 se instaurava uma crise econômica mundial, e o Governo Brasileiro
decide adotar medidas de expansão de créditos e apoio aos setores que vinham com certas
dificuldades, entre eles, o setor imobiliário. Como resultado desse investimento no mercado
habitacional se lança o PMCMV. Na opinião desses autores o PMCMV desconsidera diversos
avanços institucionais na área de desenvolvimento urbano, bem como a interlocução com o
restante da sociedade civil. Essa afirmação é corroborada por outros teóricos, nos ajudando a
compreender criticamente a condição de execução do programa.

Ao mesmo tempo em que se assiste a um salto qualitativo na forma de gerir o tema


moradia a partir da criação do Ministério das Cidades e de instrumentos como a Política
Nacional de Habitação, o SNHIS e o FNHIS, do ponto de vista da produção de cidade,
vários estudos têm demonstrado a permanência dos mesmos cenários urbanos e efeitos
socioespaciais, onde a periferia absorve a moradia popular advinda do PMCMV, em
regiões desprovidas de infraestrutura e serviços urbanos adequados (CARVALHO E
STEPHAN, 2016, p. 287)
Questões como essas são recorrentes nas discussões críticas sobre como os impactos e a
eficácia social traduzem o modo como o PMCMV se construiu e se constrói. Tais discussões
evidenciam a realidade de grandes centros urbanos, faltando maiores investigações nas pequenas
cidades.
Maricato (2014) afirma que, para discutir questões acerca do que está ideologicamente
oculto no cenário Habitacional no Brasil, é preciso partirmos para a construção de uma formação
do pensamento crítico sobre a cidade periférica, que é, “em síntese, o desenvolvimento de uma
nova leitura do espaço urbano que contribuiu para uma nova formulação teórica sobre a metrópole
na periferia do capitalismo.” (p.108). Em outras palavras, entendemos que a permanência em
moradia precária é estratégico para uma cidade periferizada e empobrecida. Porém o que se observa
em algumas cidades no Brasil, é que o território de pobreza urbana não se refere a uma minoria
excluída ou marginal e sim, compreende como a maioria da população, como, por exemplo, nas
cidades de Belém, São Luiz, Fortaleza, Recife e Salvador.
O que podemos concluir então, até aqui, é que mesmo entendendo que as regiões
periféricas que circundam as grandes cidades do Brasil passaram por profundas mudanças no
campo da urbanização, regularização urbana e fundiária, esgoto condominial, entre outros, elas
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continuam se apresentando como os bairros pobres periféricos, ou no seu inverso, ganham “nos
últimos 25 anos, a companhia dos ‘loteamentos’ ou condomínios fechados, que lembram os
subúrbios americanos” (MARICATO, 2014, p.109).
Nesse sentido, nossos questionamentos são sobre o que está sendo produzido para essas
cidades e para os habitantes delas. Seria possível discutirmos o que se constroem no campo do
sofrimento para essas pessoas que vivem a margem da cidade? Viver na periferia, seria conteúdo
de uma desigualdade social? E qual é a produção psicológica para essas pessoas que vivenciam essa
desigualdade?
Entendendo que esse cenário até agora demonstrado historicamente e criticamente sobre
o direito à moradia e à cidade, produz um sistema de desigualdades sociais, partiremos agora para
entender o fruto desses conteúdos para a população que vivencia tal situação.

SOFRIMENTO ÉTICO-POLÍTICO E O DIREITO À MORADIA

Diante de todas as temáticas levantadas até o momento sobre o direito à cidade e à


habitação, podemos reconhecer cenários sociais de inclusão e exclusão, em que um certo percentual
da população obteve tal direito, sem pelo menos, lutar por ele, como se houvesse, algo na
construção histórica e social da sociedade, em que alguns podem e outros não. Compreendendo
que tal reflexão é bem realista quanto ao descrevermos a sociedade Brasileira, poderíamos nos
indagar porquê há o excluído? Qual o interesse de termos pessoas excluídas do direito à cidade ou
à moradia?
A autora Baden Sawaia, no livro Artimanhas da Exclusão nos rememora que a temática
exclusão é um conceito dúbio e que geralmente ligamos a ela a pobreza, por focarmos nas análises
centradas no econômico, entretanto entende-se que para pensarmos a exclusão, precisaríamos
fundamentalmente partir das injustiças sociais. Entender a exclusão como um fenômeno sócio-
historico, que acontece em todas as esferas da vida, e que centrada nas relações sociais, nos mostra
que a exclusão está presente na dimensão objetiva da desigualdade social, dimensão ética da
injustiça e também da dimensão subjetiva do sofrimento. Sawaia ainda comenta:
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A sociedade exclui para incluir e esta transmutação é condição da ordem social desigual,
o que implica o caráter ilusório da inclusão. Todos estamos inseridos de algum modo,
nem sempre decente e digno, no circuito reprodutivo das atividades econômicas, sendo
a grande maioria da humanidade inserida através da insuficiência e das privações, que se
desdobram fora do econômico (2010, p.12)
Nesse sentido, a autora amplia a discussão sobre exclusão, trazendo à tona que a exclusão
nasce em dicotomia à inclusão, e que discutir temáticas acerca da luta pelos direitos sociais, nos
coloca atento a olhar que os excluídos se tornam parte da política de inclusão social, e que assim,
excluir, para depois incluir, seria o que a autora chama de Inclusão Perversa. A exclusão nada mais
é que uma estratégia histórica de manutenção da ordem social.
Entendendo agora a dialética da Inclusão/Exclusão, é compreensivo perceber que inclusão
social é um processo de disciplinarização dos excluídos, portanto, um processo de controle social
e de manutenção da ordem na desigualdade social. E embora o que nos aparece é a exclusão de
uma população a certos direitos ou oportunidades, é exatamente aí a necessidade de reconhecermos
o quão a exclusão é um processo complexo e que configura confluências entre o pensar, o sentir e
o agir, mediada ainda pela classe, raça, gênero e etc, e é experienciada “num movimento dialético
entre a morte emocional (zero afetivo) e a exaltação revolucionária” (SAWAIA, 2010, p. 111).
É então aqui, que entenderemos que por trás da desigualdade social há o sofrimento do
excluído, e para Sawaia, esse sofrimento provido dessa vivência dos sujeitos no processo de luta de
classes, determinado exclusivamente pela situação social da pessoa, e que a impede de lutar contra
os cerceamentos sociais, seria o que a autora denominou de Sofrimento Ético-Político. Como
podemos concluir através da citação abaixo.

Portanto, o sofrimento ético-político retrata a vivência cotidiana das questões sociais


dominantes em cada época histórica, especialmente a dor que surge da situação social de
ser tratado como inferior, subalterno, sem valor, apêndice inútil da sociedade. Ele revela
a tonalidade ética da vivência cotidiana da desigualdade social, da negação imposta
socialmente às possibilidades da maioria apropriar-se da produção material, cultural e
social de sua época, de se movimentar no espaço público e de expressar desejo e afeto
(2010, p.107).
Não podendo deixar de comentar que tal conceito formulado pela autora, têm como
principais aportes teóricos Spinoza, Heller e Vygotsky, e que ele surge como categoria de análise
para compreender as rupturas entre o agir, pensar e sentir e também a dialética Exclusão/Inclusão.
Aprofundando a compreensão de tal conceito, entenderemos que a consciência não se exprime
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somente pelas atividades intelectuais, mas também é constituída pelas dimensões emocional afetiva.
Então se forma uma unidade dialética composta pelo conhecimento, o sentimento e a consciência.
Porém, se essa unidade for quebrada, rompe-se o nexo psíquico-físico da consciência e assim
bloqueia-se o movimento da consciência. (SAWAIA, 2009)
Podemos reconhecer o papel da afetividade no conceito do Sofrimento Ético-Político, pois
a autora demonstra a partir de seus interlocutores de como as emoções e sentimentos têm o poder
de afetar um corpo e assim contribuir para o potencial de agir, de pensar e desejar. Abaixo traremos
uma citação de Bertini (2014) reforçando como a construção de tal conceito foi se organizando.
A análise da afetividade, na dimensão ético-política, é realizada a partir de Espinosa e
Vygotsky pela positividade epistêmica com a qual analisam os sentimentos e as emoções.
Esses autores vão ao encontro da liberdade humana e entendem a vida ética a partir da
vivência dos afetos, compreendendo-os como unidades de análise capazes de orientar a
ação do homem no mundo, contendo em si a possibilidade da servidão ou da liberdade
no processo complexo da vivência da desigualdade e da exclusão no sistema capitalista.
(p. 62)
Nesse sentido, podemos concluir que pensar o Sofrimento Ético-Político como categoria
de análise da dialética Exclusão/Inclusão nos possibilita enxergar de maneira mais ampla e crítica
o formato como foi se construindo os princípios urbanísticos no Brasil, e de como os cenários
político e econômico corrobora para a luta do direito à cidade e à moradia.
Esse movimento de despotencialização da ação seria uma forma de controle intersubjetivo
dos sujeitos na condição de exclusão que se expressa no discurso da incapacidade ou da
impossibilidade de transformação. Contudo, pode-se perceber que esse mesmo sofrimento
também pode ser produzido na ação coletiva em torno do direito à moradia, principalmente nesse
modelo capitalista, onde até os direitos se tornam mercadorias a serem consumidas, tamponando
o ideal de emancipação que se encontraria na ideia de ter uma casa como sinônimo de felicidade
pública.
Todos sentem alegria e prazer com a conquista das reinvidicações, mas nem todos sentem
a felicidade pública. Esta é experienciada apenas pelos que sentem a vitória como
conquista da cidadania [da vivência solidária, amorosa, terna entre os homens] e da
emancipação de si e do outro, e não apenas de bens materiais circunscritos. A felicidade
ético-política é sentida quando se ultrapassa a prática do individualismo e do
corporativismo para abrir se à humanidade (SAWAIA, 2010, p.105)
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Entendemos que o que se convencionou chamar de conquistas sociais são resultados do


enfrentamento político de militantes, usuários e profissionais, que encontraram na organização
coletiva, em rede, o caminho para resistir às práticas colonizadoras das políticas públicas. Contudo,
é possível discutir também que na medida em que criam-se pautas e ações progressistas, houve, e
ainda há, um movimento de cooptação dessa luta pela própria lógica de dominação da sociedade
que cria suas condições de existência. O que quer se dizer é que as mesmas forças que geram os
objetos de enfrentamento são as que mantém as resistências, como atos controlados.
Em vez do sujeito se sentir incapaz ou impossibilitado, ele pode se sentir apaziguado na
sua insatisfação. Ter uma casa garantida através de um programa como o Minha Casa, Minha Vida,
por exemplo, pode não ser a expressão do direito à moradia. Sawaia (1998, p. 126) aponta que “na
modernidade contemporânea, predominam as versões individualistas do sujeito, mesmo quando se
trata de agregado de pessoas, e os valores referentes ao coletivo são menosprezados”. Nesse
ínterim, poderia a luta pela cidade e por moradia ser inerente à condição social humana de buscar
pela libertação como também poderia estar condicionada e controlada pelo mercado e, portanto,
produzindo Sofrimento Ético-Político.

A LUTA POR MORADIA COMO RESPOSTA AO SOFRIMENTO ÉTICO-POLÍTICO

Na ausência de mudanças estruturais na sociedade brasileira, que articulam e mobilizam


as cidades a partir de uma estratégia multiescalar “subversiva”, o crescimento econômico,
a injeção em grande escala de recursos financeiros dos fundos públicos e o fortalecimento
do arcabouço jurídico e institucional para nortear a gestão democrática e participativa dos
espaços locais representarão passos insuficientes para mudar de forma significativa o
rumo das cidades brasileiras. (ROLNIK; KLINK, 2011, p. 109).
O caminho reverso ao sofrimento, o da busca por integralidade, se daria através da luta por
emancipação, como construção de identidade. Nessa perspectiva a ação por liberdade se expressa
na história dos embates sociais travados dentro da própria sociedade, através da atividade coletiva
e organizada dos grupos. Martin-Baró (1996, p. 20) indica que só podemos retornar a nossa
condição humana pela busca da palavra como “o reflexo generalizado do mundo”, possibilitando
“um processo que devolva a palavra às pessoas, não somente como indivíduos, mas como parte de
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um povo”. Portanto, a identificação da face conflituosa da vida societária se expressa na observação


das relações de poder, naquilo que Marx chamou de luta de classes.
Esse planejamento é pensado a partir da afetividade, que como conceito, assume-se
também como categoria de análise. Segundo Sawaia (2010, p. 98), a afetividade é uma “tonalidade
e cor emocional que impregna a existência do ser humano”, e se apresenta nos sentimentos e nas
emoções. Afirma, ainda, que o pesquisador ao partir do afeto para estudar a dialética
inclusão/exclusão, desloca o sentido da investigação, superando a visão hegemônica que coloca a
pobreza como sinônimo de vulnerabilidade. A afetividade, portanto, se relaciona com a potência
de ação, que implica em “atuar, ao mesmo tempo, na configuração da ação, significado e emoção,
coletivos e individuais” (p. 113) e que fornece a compreensão da consciência do indivíduo,
localizando nos afetos o fundamento para o pensamento e a ação como bases da condição humana.
Emoção e sentimentos, nesse caso, são dados nas relações, e tem os seus significados construídos
na vida cotidiana e citadina afetando as funções psicológicas pela mediação das intersubjetividades.
Como apontou Vygotsky (1930), o desenvolvimento das forças produtivas capitalistas
produziu a divisão do trabalho (e do ser humano) de forma progressiva, esse caminho fez com que
nós nos tornássemos um sintagma fragmentado-distorcido, e consequentemente
despotencializados na condição de seres humanos. Assim, a aparente incapacidade de resolver, por
si mesmas, suas próprias anomalias, além do encrudescimento da desigualdade social, as cidades
têm sido entendidas em uma relação paradigmática de subordinação e de produção de exclusão
social. González-Rey (2004) cita processo de domesticação que se sustenta em um igualitarismo
absurdo engendrando um distanciamento das lógicas diferenciadas dos sujeitos, produzindo
direitos padronizados e serializados que impõem ao ser humano aceitá-los como conquista, como
ganho, ainda que para isso se emudeçam diante do Outro e das distorções que este se submeta. A
implosão do domesticado seria dada pela emergência do sujeito capaz de assumir posições criativas
diante dos espaços simbólicos nos quais se desenvolve, ou de reconhecer a potência de ação em
seus afetos.
Vygotsky (1930) afirmava que “[…] as novas gerações e suas novas formas de educação
representam a rota principal que a história seguirá para criar o novo tipo de homem […]”, ou seja,
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nesse contexto de atividade e criação, homens e mulheres são convidados a assumir a negação do
que é dado, a aceitação dócil do que é posto, aproximando-se da condição de Ser Mais: essa vocação
ontológica dos homens e mulheres em superar as condições opressivas que mantém a consciência
mágica, aquela consciência que não encontra sua razão fora das explicações causalistas.
Esse desafio dialógico com outro saberes também acaba por pautar-se dentro de um
contexto político-institucional de enfrentamento da crise humano-ambiental que sustenta os graves
problemas sociais e urbanos, como o de moradia, ao compartilhar os desejos e expectativas plurais
para o futuro comum a todos, pode propor uma nova alternativa à globalização, sendo, portanto,
central em um planejamento para outro mundo possível (PINHEIRO; GÜNTHER; GUZZO,
2014).
As tradições culturais dos povos originários da América Profunda denominam esse outro
modo de existir de Bien Vivir, no original quéchua Sumac Kasway que significa Viver Bonito
(QUIJANO, 2012). Esse conceito implica em uma quebra com o processo de colonização do
pensamento político e científico que se fez predominante nos anteriormente chamados de países
subdesenvolvidos, propondo de certa forma aquilo que Martin-Baró (2011) chamava de novo
horizonte para os povos latino-americanos.
Esse conceito propõe uma inversão do padrão antropocêntrico para a consolidação de um
paradigma biocêntrico, onde bem viver significa assumir uma posição ativa, construtiva e orientada
para todas as formas de vida. Ele nos serve para questionar a colonialidade do poder e as
representações democráticas que tem pautado a maneira como as políticas públicas têm sido
formuladas e implementadas no Brasil.
Dessa forma, o que desponta como caminho é a superação da hegemonia das práticas
centradas na financeirização da habitação, e a retomada ontológica e política do conceito de
moradia através da luta coletiva, anticapitalista e organizada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

[…] o que está em jogo são processos coletivos de construção de ‘contraespaços’:


movimentos de resistência à redução dos lugares a loci de extração de renda e,
simultaneamente, movimentos de experimentação de alternativas e futuros possíveis. […]
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Ela [a guerra dos lugares] está em cada resistência a despejos e remoções, em cada luta
antiprivativazação e homogeneização do espaço, em cada apropriação do espaço coletivo
como lugar de multiplicidade e da liberdade. Está, enfim, no exercício cotidiano da
formulação e de luta pelo direito à cidade (ROLNIK, 2015, p. 378)
Ainda que colonizados em nossas singularidades a partir dos interesses do Capital, temos a
difícil tarefa de construir resistências e enfrentamentos diante do Sofrimento Ético-Político em
torno do direito à moradia. As contradições das políticas habitacionais no Brasil tem descortinado
um cenário preocupante, ao mesmo tempo que tem nos colocado em um desafio teórico e prático
de compreensão da realidade urbana brasileira. Nesse cenário marcado pela desigualdade, pela
vulnerabilidade e pelo deficit, podem surgir movimentos organizados, de orientação anticapitalista
e que promova aquilo que Lefebvre (2001) chamava de revolução social urbana.
Martin-Baró (2011) sugere a necessidade de que nossas práticas, em especial a psicologia
latino-americana, se convertam na busca por uma nova epistemologia, um novo horizonte e uma
nova práxis, em outras palavras, isso significa uma revisão sistemática a partir das maiorias
populares, em uma atividade verdadeiramente libertadora e que conduza não só a uma ruptura com
alienação pessoal, mas também na perspectiva de quebrar as relações de opressão e alienação como
parte de uma coletividade, de um povo.
O que se tem aqui de significativo é que os movimentos sociais em suas lutas estão entre a
atividade militante como possibilidade de emancipação e de superação do sofrimento ético-político.
Isto quer dizer que diante das formas de lutar e dos princípios orientadores da prática, podem os
sujeitos buscar caminhos de libertação, produzindo conhecimentos e tecnologias que estejam a
serviço da coletividade, criando resistências ao poder instituído.
Essa reflexão encontra sua razão de ser trabalhada quando pensamos no contexto brasileiro
e suas bases “epistemológicas” sobre os modos de agir, de viver, e que transcendem os hábitos ou
a influência linguística dos povos originários. O paradigma do nosso desenvolvimento se acerca de
diversas formas de compreender nossa relação com o outro, seja este humano ou não-humano, e
na possibilidade de superar as condições de colonização política e intelectual.
Nessa perspectiva, uma superação total dessa prática historicamente dada é virtualmente
impossível, pois não há como se excluir completamente os desafios e as contradições da luta por
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moradia, mas ao iniciar uma atividade permanentemente reflexiva e problematizadora dessa


relação, consegue-se renovar este campo de pesquisa.

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[Tradução de Nilson Dória a partir da versão em inglês The socialist alteration of man para Marxists Internet Archive].

Recebido em 22 de outubro de 2018


Aprovado em 20 de novembro de 2018

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