Você está na página 1de 33

1

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
4.2.2.1 Recursos hídricos e drenagem 11
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA, PROBLEMÁTICA E JUSTIFICATIVA 01
4.2.2.2 Relevo, mapa de declividade, erosão, alagamento 13
1.2 OBJETIVO GERAL E OBJETIVOS ESPECÍFICOS 01
4.2.2.3 Características climáticas 13
1.3 PERCURSO METODOLÓGICO 01
4.2.3 Legislação ambiental; patrimônio ambiental (fauna e flora); 14
1.4 ESTRUTURA DO CADERNO 01
4.2.4 Legislação urbanística e estrutura fundiária; uso do solo do lugar e entorno; áreas
construídas e infraestrutura existente; 14
2. REFERENCIAL TEÓRICO
4.2.4.1 Legislação urbanística e estrutura fundiária; 15
2.1 A QUESTÃO DA HABITAÇÃO NA FORMAÇÃO DAS CIDADES 02
4.2.4.2 Uso do solo do lugar e entorno 15
2.2 DIREITO À CIDADE 03
4.2.4.3 áreas construídas e infraestrutura existente; 15
2.3 POLÍTICAS HABITACIONAIS 03
2.4 ESTUDOS PESSOA-AMBIENTE 04
4.2.5 Perfil demográfico do entorno; dinâmica humana existente (uso e apropriação);
15
3. PROJETOS DE REFERÊNCIA, ESTUDOS DE CASO
4.2.5.1 Perfil demográfico do entorno 15
3.1 ESTUDO DE CONJUNTOS HABITACIONAIS DE REFERÊNCIA 05
4.2.5.2 Dinâmica humana existente (uso e apropriação) 17
3.2 ESTUDO DE ANÁLISE PÓS-OCUPAÇÃO 06
4.2.6 Patrimônio histórico; significado do lugar (história do lugar); visuais e paisagem 17
4.2.6.1 Patrimônio histórico; significado do lugar (história do lugar) 17
4. CONDICIONANTES DE CONTEXTO
4.2.6.2 visuais e paisagem 17
4.1 Aproximação do local de intervenção (macro para o micro): 07
4.1.1 Inserção regional do município 07
5. DIRETRIZES DE PROJETO 19
4.1.2 Dados gerais do município de São José 08
4.1.3 Área de intervenção 08
6. ETAPA PROJETUAL 20
4.2 Condicionantes locais da paisagem natural e construída (que vão afetar o
projeto): 09
7. REFERÊNCIAS 31
4.2.1 Conectividade e plano de mobilidade (transporte público); mobilidade
ativa; fluxos de veículos; 09
4.2.1.1 Sistema viário do município 09
4.2.1.1.1 Principais acessos e fluxos do bairro Praia Comprida 10
4.2.1.2 Conectividade e plano de mobilidade (transporte público): 10
4.2.1.3 Mobilidade no entorno da área de intervenção: 11
4.2.2 Recursos hídricos e drenagem; relevo, mapa de declividade, erosão,
alagamento; características climáticas; 11

1
INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação do tema, problemática e justi- aluguel urbano, que hoje é considerado um dos criação de vínculos e a apropriação do espaço O percurso metodológico se iniciou com a
ficativa principais componentes do déficit de moradias. pelo usuário. contextualização da moradia da população de
A moradia de qualidade no Brasil, apesar Já a quantidade de residências que apresentam 1.2 Motivação e justificativa do trabalho baixa renda no Brasil, o estudo da evolução
de já ser estabelecida como um direito de algum tipo de inadequação, segundo os dados Prover moradia de qualidade à população dos modos de morar ao longo do tempo e as
todos os cidadãos, ainda não é ofertada à toda disponibilizados pela Fundação João Pinheiro, de baixa de renda da cidade de São José em propostas existentes de atendimento ao déficit
a população. Há uma parcela muito grande que chega a mais de 24,8 milhões. Esse número situação de déficit habitacional, para que habitacional. Logo depois, partiu-se para os
não tem condições de adquirir uma habitação, considera características de infraestrutura possam viver de maneira digna, com acesso à estudos da psicologia ambiental e os conceitos
ou ao menos garantir condições mínimas de urbana, como falta de abastecimento de água, serviços e exercendo seu direito sobre a a serem abordados na proposta. O próximo
habitalidade no lugar onde vivem, apesar dos de esgotamento sanitário, de energia elétrica e cidade. passo foi a análise de estudos de caso espicí-
programas existentes voltados à atuação de coleta. Além de inadequações como a falta 1.3 Objetivos gerais da proposta: ficos de Habitação de Interesse Social e a fle-
nessa área. de espaço de armazenamento, ausência de Projetar uma habitação de qualidade xbilidade dos projetos Arquitetônicos, logo indo
No geral, a maneira como a habitação se banheiro, cobertura e piso inadequados, entre voltada á população de baixa renda com acesso para as condicionantes de contexto da área de
desenvolveu no país ao longo do tempo impac- outros. aos principais serviços da cidade, analisando a recorte da proposta. As diretrizes projetuais
tou de forma grandiosa na ocupação atual. A Considerando-se tal contexto e a criação de vínculos e a sustentabilidade social foram então formuladas a partir das informa-
parcela da população que não tem condições de necessidade de resposta à demanda crescente da habitação; ções coletadas.
morar com qualidade, devido à sua dificuldade por habitação de qualidade, a proposta do tra- 1.4 Objetivos específicos 1.6 Estruturação do caderno:
de inserção no mercado imobiliário com o alto balho centralizou-se no projeto de uma Habita- - Estudo do contexto atual da moradia
preço da terra, se distribui nas áreas as mar- ção de Interesse Social, voltada à população de no Brasil;
gens da cidade, afastadas dos centros e longe baixa renda. Em Santa Catarina, o déficit - Estudo das relações entre pessoa e
dos serviços, em lotes que não possuem as também é significativo, existindo muitas famí- ambiente e os conceitos da psicologia ambien-
condições mínimas de urbanização, sem infra- lias em situações de precariedade, o recorte de tal;
estrutura básica como saneamento básico e estudo tem foco no município de São José, uma - Estudo do potencial de adaptação das
energia elétrica. Essas famílas ocupam encos- das principais áreas em conurbação com a capi- moradias de interesse social, quais as princi-
tas e locais inclinados que oferecem risco a tal do estado. Segundo levantamento do Plano pais modificações feitas pelos moradores de
sua integridade física, para se manterem nas Local de Habitação de Interesse Social - PLHIS conjuntos habitacionais ao longo do tempo para
proximidades das áreas onde ocorrem as prin- do município, uma iniciativa da prefeitura muni- abrigar de melhor forma a estrutura familiar;
cipais atividades da cidade. Essa população cipal com consultoria privada, a área possuia - Estudo de estratégias arquitetônicas
muitas vezes recorre à auto construção como um déficit estimado de aproximadamente para o projeto de espaços que possibilite a
forma de garantir a moradia, onde utilizam de 29.337 unidades no total para o ano de 2010, criação de vínculos e pertencimento por parte
materiais baratos, muitas vezes de baixa quali- compreendido entre famílias de 0 (zero) a 03 de seus usuários, visando a sustentabilidade
dade, e de sua própria mão de obra. (três) salários mínimos. O levantamento consi- social da edificação ao longo do tempo;
O Ministério do Desenvolvimento Regio- dera tanto o déficit quantitativo como o quali- - Estudo da distribuição espacial da
nal cita um déficit habitacional em todo o Brasil tativo da região. cidade, a concentração de maior infraestrutura
de 5,8 milhões de moradias, de acordo com os Além da necessidade de atendimento à e a localização da população de menor renda;
dados revisados pela Fundação João Pinheiro demanda habitacional, o trabalho estuda as - Estudo da inserção da habitação no contexto
para o ano de 2019. O estudo também apresen- relações entre pessoa e ambiente, a partir das da localização escolhida, e a inserção social
ta uma tendência de aumento do déficit, atri- definições da psicologia ambiental, na busca de dos beneficiários.
buído principalmente pelo ônus excessivo com oferecer moradia de qualidade que possibilite a 1.4 Percurso Metodológico

1
REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A questão da habitação na formação das A moradia da classe popular passa a ser Com essa nova estruturação da cidade, a as camadas de renda mais baixa. Assim como o
cidades uma atribuição do Estado a partir do momento classe trabalhadora que morava nas regiões movimento do perto e do longe, que relega a
Para tentar entender a atual situação em que o mercado habitacional não consegue mais afastadas dos centros, onde se encontra- classe popular ao distanciamento cada vez
do Brasil em termos de habitação, principal- atender à demanda, pois grande parte da vam os principais equipamentos, serviços e maior dos centros onde estão localizados os
mente da moradia da população em situação de população não consegue pagar pela moradia. No locais de trabalho, estavam sujeitas a percor- principais serviços e atividades, a segregação
maior vulnerabilidade, é necessário voltar a entanto, a atuação do Estado ao longo do rer longos trajetos diários cansativos e des- é um processo onde a classe mais baixa sofre
observação à questão da moradia na formação desenvolvimento das cidades em relação à gastantes, enquanto a classe de maior poder com as resultantes. Essa separação divide os
das cidades brasileiras e a formação do pro- habitação esteve muito dividida entre o que era aquisitivo morava nas proximidades. investimentos, muitas vezes norteados para as
blema habitacional, focando na habitação popu- enunciado e o que de fato era produzido. Havia Considerando-se a produção do perto e áreas consideradas potenciais. A exclusão de
lar e como esta se inseriu nas cidades ao longo uma dualidade entre atender o mercado imobili- do longe e a valorização do tempo, a distribui- uma parcela da população que se localiza às
do tempo. ário e atender às demandas da classe popular. ção do solo muito se estrutura de maneira a margens da cidade, seriam resultantes desse
Segundo a análise feita por Villaça no Favorecendo ao mercado de produção e venda privilegiar determinadas áreas, geralmente os processo de segregação e da centralização de
livro "O que todo cidadão precisa saber sobre de casas, muitas ações foram sendo realizadas eixos tidos como vetores de crescimento e investimentos, assim como os movimentos pen-
habitação", existe a impossibilidade de fazer para promoção da casa própria. Tanto no campo habitados por pessoas de maior poder aquisiti- dulares entre trabalho e local de moradia, que
uma linha histórica cronológica do problema ideológico, onde era fomentada a ideia de que vo. Os terrenos localizados nesses eixos eram se torna mais um local de dormir devido às dis-
habitacional no Brasil sob o ponto de vista da apenas essa forma de prover habitação aten- mais urbanizados e eram localizados próximos tâncias percorridas diariamente para acesso
moradia das classes de menor renda, pois nem deria à classe popular, quanto através das a serviços e centralidades, logo possuíam um aos principais serviços, que deveriam atender a
sempre a má qualidade da habitação dessas ações práticas do poder público que resultaram valor mais alto, inacessível para a classe tra- todos na cidade de uma forma geral.
pessoas foi considerada um problema, nem no fim do mercado de aluguel, principal forma balhadora. Isso afastou essas pessoas dos
sempre a moradia foi um direito de todos os de moradia da classe trabalhadora durante centros, fez com que elas habitassem onde
cidadãos. O conceito de problema habitacional muitos anos. Segundo Villaça, os empreendi- havia terra mais barata porém de menor quali-
teria surgido junto à criação da ideia do mentos voltados ao aluguel foram gradativa- dade, ou mais perto dos centros mas em locais
"homem livre" gerada pelo capitalismo, sob a mente sumindo e sendo substituídos pela de risco, descartados pelo mercado ou onde
luta de classes ocorrida com o desenvolvimen- construção de apartamentos. não poderiam ocupar.
to deste sistema, quando a habitação aparece Além do fomento do conceito da casa Analisando o processo de desenvolvi-
como direito dos cidadãos. própria, importante condicionante abordada por mento da habitação popular na cidade e do
Com o desenvolvimento do capitalismo, a Villaça da forma de habitação atual, é a seto- consequente desenvolvimento do problema
habitação aos poucos se aproximou de uma rização da cidade. A partir do momento que a habitacional, uma resultante/causadora desse
mercadoria, no entanto, por apresentar cidade se divide em comércio, trabalho e habi- processo seria a segregação sócio-espacial,
estreitos vínculos territoriais que impossibili- tação cria-se uma rotina diferente, onde muito resultante da concentração de investimentos e
taram sua reprodução em grande escala, não mais tempo se passa fora de casa. Com essa da priorização da classe de maior poder aquisi-
poderia se reproduzir da mesma forma que setorização, condicionante da distribuição ter- tivo. A segregação seria o movimento de definir
outros elementos de consumo. O mercado capi- ritorial das cidades, a moradia passa a assumir de maneira indireta através de variados fato-
talista não tinha capacidade de atender a toda principalmente para a classe trabalhadora uma res tais áreas urbanas pertencentes a tais
a demanda habitacional, se mostrava ineficiente característica de dormitório, devido a distância classes sociais. Geralmente as áreas de menor
principalmente no atendimento das camadas dos locais de trabalho e do consequente traje- potencialidade, dotadas de menor parcela de
que não tinham condições de pagar pela habita- to casa x trabalho realizado pelos trabalhado- investimentos é onde se concentram
ção. res.

2
REFERENCIAL TEÓRICO
A tese da professora, arquiteta e urbanista 2.2 Direito à cidade: 2.3 Políticas habitacionais: Outra importante política no âmbito da habita-
Maria Inês Sugai que discorre sobre o processo É um direito de todo cidadão brasileiro o No Brasil hoje existem diferentes linhas de ção popular é a Lei da Assistência Técnica -
de segregação da região da Grande Florianópo- acesso à uma moradia digna e de qualidade, em atuação frente aos déficits habitacionais e de ATHIS, que foi sancionada em dezembro de
lis, centrada no período dos anos 70 a 2000, local urbanizado, com acesso à serviços bási- regularização fundiária, é possível atuar no 2008 pelo então Presidente da República,
fala sobre uma distribuição não uniforme no cos de infraestrutura, transporte, saúde e problema da moradia no Brasil através da me- criando a Assistência Técnica Pública e Gratui-
espaço intraurbano, de forma geograficamente educação. Garantir o acesso a esse direito tem lhoria habitacional, assistência técnica, produ- ta para as famílias de baixa renda. Resultante
desigual, no âmbito dos investimentos e de sido uma luta de muitos grupos comunitários, ção de moradias, aluguel social e regularização de uma luta de mais de 30 anos de arquitetos
toda a infra-estrutura social. profissionais da arquitetura e urbanismo, bem fundiária. Uma das políticas habitacionais exis- e urbanistas brasileiros, regulamenta o acesso
Analisando a escala da região conurbada de como de outras áreas voltadas ao trabalho tentes de maior destaque é o Programa Minha gratuito aos serviços técnicos de arquitetura
Florianópolis onde existem movimentos pendu- social. Algumas conquistas foram alcançadas Casa, Minha Vida, criado em 2009 voltado à às famílias com renda de até 3 salários míni-
lares dos municípios vizinhos, como Palhoça, ao longo do tempo, como a criação de leis tais provisão de moradia popular. Em agosto de mos, para reforma, construção e ampliação de
São José e Biguaçu, é possível notar o proces- como o Estatuto da Cidade, e a criação de leis 2020 através de Medida Provisória as iniciati- suas residências. Passo muito importante para
so de segregação influenciado pela concentra- e programas voltados à provisão de moradia de vas do Minha Casa, Minha Vida passaram a for- o exercício da real função social do arquiteto.
ção de investimento e a valorização de deter- qualidade à população em situação de maior mular o programa do atual governo em parceria
minados eixos, considerados potenciais. A loca- vulnerabilidade. Estes e outros instrumentos com o Ministério do Desenvolvimento Regional,
lização, em grande parte definida pelo conceito auxiliam na luta pelo direito de pertencer, se o Minha Casa Verde e Amarela. Além de finan-
do perto e do longe, que considera a acessibi- apropriar e ter acesso aos serviços proporcio- ciar habitações às classes de baixa renda,
lidade e a existência de serviços públicos dis- nados pelas cidades. esse programa tem como diretrizes as melho-
poníveis, é um elemento de disputa entre as O direito à cidade, mais do que o acesso à ser- rias habitacionais das moradias já de posse do
diferentes classes sociais. Determina o preço viços de infraestrutura e habitação de inte- cidadão, provendo de condições básicas, e a
da terra e do solo urbanizado, que por sua vez resse social e mais do que uma medida política regularização fundiária. para garantia da
influencia no mercado imobiliário e impacta na do estado, seria o uso e ocupação da cidade de posse das famílias dos terrenos onde estão
segregação espacial. O tempo é algo que todos forma igualitária sem exclusão das diferentes instaladas. Além disso existem programas como
querem controlar, o tempo gasto nos percur- parcelas dos diferentes grupos sociais. Depen- o Pró-moradia, que atua com recursos prove-
sos para acessar os diferentes serviços, a de da força coletiva, que se apropria do nientes do Fundo de Garantia do Tempo de
quantidade de atividades possíveis de realizar espaço e define seus usos e da distribuição Serviço na provisão habitacional à classe
na cidade em menor tempo, isso influencia no espacial da cidade em relação ao tempo. le- popular, através do Poder Público, e diversos
preço dos terrenos que por sua vez se qualifi- vando em consideração a relação com o tempo. programas estaduais voltados às demandas
cam em diferentes níveis em termos de infra- Engloba diferentes oportunidades à população, específicas de seus municípios.
estrutura devido à sua localização. As classes tais como a participação na gestão da cidade Cada vez mais se percebe como o trabalho com
populares acabam ficando com os terrenos em que habitam, o lazer e a boa localização da a Habitação de Interesse Social deve ser feito
piores localizados , muitas vezes sem a infra- habitação. Segundo Lefebvre no livro “O direito a partir da relação entre as diferentes esca-
estrutura básica necessária para uma ocupação à cidade”, mais do que as necessidades básicas las, partindo da escala maior para os estados
de qualidade. Com a distribuição desigual de e funcionais, seria a necessidade de espaços até chegar aos municípios, que devem ser
investimentos públicos no contexto da Grande qualificados de encontro e de troca, e do capacitados de forma a atuar frente às
Florianópolis esses terrenos acabam se locali- tempo para tais momentos. demandas locais.
zando na região Continental.

3
REFERENCIAL TEÓRICO
2.4 Estudos de pessoa-ambiente: Hetan Shah e Nic Marks. Gehl cita em seu necessidade de um senso de propriedade e
No atendimento do déficit habitacional muitas texto a existência de 5 maneiras de caracteri- identificação com a comunidade e meio ambien-
vezes o nível de qualidade das habitações pro- zar os princípios de sustentabilidade social e te; e estética e beleza;
duzidas pelos programas habitacionais é ofus- bem-estar, que podem ser aplicados aos proje- Segundo ela, os ambientes são resultados de
cado pela demanda. Os indicadores da qualidade tos de arquitetura: uma série de decisões projetuais conectadas
da habitação não se tratam apenas da funcio- As intenções projetuais devem ser carregadas que impactam na forma como as pessoas expe-
nalidade mas também da inserção social e das por conhecimento e estratégias locais, basea- rienciam os diferentes espaços. Isso definiria
possibilidades criadas para a vinculação da dos nos conceitos de uma comunidade específi- um pouco de como surgem os bons e maus con-
pessoa ao ambiente construído, de modo que ca; juntos habitacionais. Projetar espaços que são
esses ambientes não deixem de ser ocupados, Essas iniciativas devem ser planejadas e proje- personalizáveis é uma das maneiras pelas
como é o caso de muitos conjuntos habitacio- tadas, não devem acontecer por conta própria. quais o projeto pode influenciar o bem-estar.
nais. O texto Bo-miljø (ambiente vivo) da psicó- Certas características projetuais e facilidades A partir dos oito conceitos abordados no texto
loga dinamarquesa Ingrid Gehl, publicado no ano podem encorajar pessoas a participar, de com- de Ingrid Gehl e considerando as direções
de 1971, disserta sobre a necessidade da aná- portamentos que promovam o bem-estar, como iniciais pensadas para o trabalho, foram esco-
lise dos aspectos sociais da habitação, e do participar da cultura e ter contato com outras lhidos dois tópicos para aprofundamento:
impacto das características dos ambientes pessoas; 1. Necessidade de um senso de propriedade e
construídos na criação de vínculos e de bem- O design deve ser flexível para que as pesso- identificação com a comunidade (identidade de
estar das pessoas. Relacionando conceitos da as possam customizar seus ambientes, e per- lugar, apropriação, pertencimento, personaliza-
psicologia ambiental com a arquitetura, o texto mitir a espontaneidade, novas ideias e a inclu- ção e vínculo afetivo);
possibilita uma reflexão do papel do arquiteto são de participantes variados; 2. Controle de privacidade, onde entram os
no fomento de relações entre pessoa e am- Projeto para a sustentabilidade social deve conceitos de necessidade de contato humano,
biente. Ao longo do texto, Gehl destaca a operar em múltiplas escalas; de ver e conhecer outras pessoas e a necessi-
importância da habitação na vida dos indivídu- As iniciativas devem ser integradas ao ambien- dade de privacidade.
os, esta que seria um plano de fundo seguro te, e não serem discretas ou separadas da
para uma vida familiar de qualidade. Além comunidade em geral para ser mais eficaz;
disso, aborda o papel da sustentabilidade Ao longo de sua análise ela aborda oito requi-
social em relação à arquitetura, que seria o sitos psicológicos ambientais que todos os
processo de criação de lugares bem-sucedidos espaços de vida devem abordar se o objetivo é
em promover o bem-estar de seus usuários, que as pessoas tenham um ambiente de vida
por entender o que estes esperam dos ambien- satisfatório e humano:
tes. Segundo artigo de (referenciar) sobre as necessidade de contato humano, de ver e
intuições do texto da psicóloga, o conceito de conhecer outras pessoas;
bem-estar seria central para a sustentabili- necessidade de privacidade;
dade social, e abrangeria a possibilidade de necessidade de variadas experiências;
evolução dos usuários no espaço e o sentimen- necessidade de propósito;
to de realização. Bem-estar significa "desen- necessidade de brincar;
volver-se como uma pessoa, sendo realizada necessidade de estrutura e orientação dentro
e fazendo uma contribuição para a comunida- do ambiente;
de”,
4
ESTUDOS DE CASO
3.1 Estudos de conjuntos habitacionais de
referência
A partir do referencial teórico estudado
e dos estudos de pessoa-ambiente, alguns
projetos de referência foram estudados, prin-
cipalmente propostas de residências incremen-

México - Habitação Monterrey/2010 - ELEMENTAL -


6591m²

Chile - Quinta Monroy/2003 - ELEMENTAL (Anacleto México - Ampliação de uma das unidades da Habita- Chile - Habitação Villa Verde/2010 - ELEMENTAL -
Angelini/ Alejando Aravena - 5000m² ção Monterrey/ELEMENTAL, conclusão em 2017 - 5688m²

5
ESTUDOS DE CASO
3.2 Estudo de análise Pós-ocupação: ESQUEMAS DAS PRINCIPAIS OBSERVAÇÕES SOBRE O ESTUDO
Seguindo o referencial teórico, e buscando maior
aprofundamento no conceito de adaptação das
edificações, foi analisado um estudo de análise
pós-ocupação de um conjunto habitacional locali-
zado em Vila Velha, ES, com o objetivo de
observar as principais adaptações feitas nas
moradias. O conjunto habitacional localizado em
Zona de Ocupação Prioritária, objetiva abrigar
famílias moradoras de casas de palafitas locali-
zadas em uma área que passava por projeto de
urbanização integrada para melhoria da qualida-
de de vida dos moradores.
A área total do conjunto é de 25.554,72m², e
este está locado em terreno íngreme e irregu-
lar, com 112 casas unifamiliares térreas e
padronizadas, distribuídas em 4 quadras com 28
lotes em cada uma delas.
Nas pesquisas realizadas durante a análise pós
ocupação das unidades, foram obtidas 55 res-
postas de um total de 112 unidades, que equivale
a 49% do empreendimento. Dos entrevistados
78% eram mulheres, 47% dividiam a casa com 5
pessoas ou mais, 29% das famílias eram tradi-
cionais, e 78% já haviam reformado a residência.
Das mudanças mais desejadas, mudança de
revestimento e acréscimo de 1 pavimento encon-
travam-se na primeira e segunda posição res-
pectivamente. Nas mudanças já realizadas o
aumento do número de quartos e no tamanho
dos cômodos foram as mais realizadas, seguidas
pela mudança de revestimento. Os motivos
variavam de conforto a estética, aumento da
família, segurança e aumento da renda, nos
casos onde algum espaço da casa acabava sendo
alugado. Das mudanças realizadas muitas ocor-
reram devido ao aumento da família e a necessi-
dade de expansão para abrigar uma nova estru-
tura familiar.
6
ESTUDOS DE CONTEXTO
4.1 Aproximação do local de intervenção:
4.1.1 Inserção regional do município
A microrregião geográfica de Florianópolis está
localizada na parte central do litoral de Santa
Catarina, sendo constituída por oito municípios:
Antônio Carlos, Biguaçu, Florianópolis, Gover-
nador Celso Ramos, Palhoça, Paulo Lopes,
Santo Amaro da Imperatriz, São Pedro de
Alcântara e o município de São José. Este
também está inserido na Região Metropolitana
de Florianópolis, criada pela Lei Complementar
n°.495, de 20 de janeiro de 2010, fazendo parte
da área conurbada da região da Grande Floria-
nópolis;

ESCALA ESQUEMÁTICA

7
ESTUDOS DE CONTEXTO
4.1.2 Dados gerais do município de São José
Segundo dados do IBGE, a área territorial do
município é de 150,499 km² (2020), com uma
população total estimada de 253,705 habitan-
tes (2021) , dos quais 98,81% residem na área
urbana. A área urbana do município apresenta-
se nitidamente polarizada ao longo do litoral
das Baías Norte e Sul. O território municipal
faz limite ao norte com o Município de Biguaçu,
ao sul com Palhoça e Santo Amaro da Impera-
triz, a oeste com Antônio Carlos e São Pedro
de Alcântara, e ao leste com Florianópolis e
Oceano Atlântico.
A área territorial se subdivide em três distri-
tos, Distrito Sede criado em 1750, Distrito de
Barreiros, de 1959, e Distrito de Campinas de
1981.
4.1.3 Área de intervenção
A área onde se dará o projeto de intervenção
proposto ao longo do trabalho está inserida no
bairro Praia Comprida que faz parte do Distrito
Sede. O Distrito Sede é o núcleo de povoação
inicial do município e engloba, além do bairro
Praia Comprida, os bairros Colônia Santana,
Sertão do Maruim, Distrito Industrial, Fazenda
Santo Antônio, Picadas do Sul, Flor de Nápolis,
Forquilhinha, São Luiz, Centro, Potecas, Bosque
das Mansões, Forquilhas, Ponta de Baixo,
Roçado e as áreas rurais norte e sul do muni-
cípio.
ESCALA 1/80000
Através de análise de vazios urbanos existen-
tes no município, chegou-se ao terreno
localizado no bairro Praia Comprida, próximo à
via de principal fluxo do bairro. Foi escolhido
para implantação do projeto por melhor se
adequar ao uso proposto, devido a forma do
lote e a conformação do entorno, em maior
parte de uso residencial e comércio local.

8
ESTUDOS DE CONTEXTO
4.2 Condicionantes locais da paisagem natural e A Rua Dona Leonildes Coelho, via local de
construída: acesso direto ao terreno, se conecta a rua
4.2.1 Conectividade e plano de mobilidade Luiz Fagundes, e apresenta apenas trânsito
(transporte público); mobilidade ativa; fluxos local durante a maior parte do dia. Porém, nos
de veículos; horários de pico quando muitos dos moradores
4.2.1.1 Sistema viário do município da região que trabalham nos bairros vizinhos e
Segundo a Lei 1605-85, Lei de Zoneamento, Uso no município de Florianópolis retornam do ser-
e Ocupação do Solo, o Sistema Viário Municipal viço, o fluxo nas vias principais torna-se tanto
compõe-se de uma rede de vias hierarquizadas que uma parte deste chega a desviar-se para
que, conforme as funções classificam-se em: a rua de acesso ao terreno, em uma tentativa
Via Arterial; Via Principal; Via Coletora; Via de escapar do congestionamento. Esse fluxo
Sub-Coletora; Via Local; e Via Especial. maior de carros que migra para a Rua Dona
Dentre as principais vias que atendem ao muni- Leonildes Coelho acaba tornando-se uma pos-
cípio, destacam-se a rodovia federal BR-101, sível condicionante da área de intervenção
que se estende no sentido norte/sul, a rodovia devido ao seu impacto na dinâmica do local.
Federal BR-282, no sentido leste/oeste; e a
rodovia estadual SC-407.
4.2.1.1.1 Principais acessos e fluxos do bairro
Praia Comprida: O acesso ao bairro onde locali-
za-se a área de intervenção ocorre através da
BR-101 e da Avenida Beira-Mar de São José.
A rua Joaquim Vaz/Constâncio Krummel também
é um dos principais acessos ao bairro. Esta tem
um trecho no bairro Kobrasol onde recebe o
nome de Avenida Presidente Kennedy, sendo
uma das principais vias comerciais do bairro. ESCALA 1/80000
Classificada como via Estrutural, de sentido
único, apresenta trânsito intenso nos horários
de pico, principalmente ao fim da tarde, por
tratar-se de uma das principais vias de ligação
do transporte coletivo intermunicipal.
A rua Luiz Fagundes, que passa pela lateral
esquerda do terreno, assim como a via citada
anteriormente, é classificada como via Estrutu-
ral e apresenta tráfego intenso durante boa
parte das horas do dia, nos dois sentidos que
atende, pois também é uma das principais pas-
sagens do transporte intermunicipal.

9
ESTUDOS DE CONTEXTO
4.2.1.2 Conectividade e plano de mobilidade: área da Grande Florianópolis foram definidos e algumas da Jotur que atendem aos bairros do
Por tratar-se de uma área em conurbação com ao longo dos anos sem um planejamento inte- município de Palhoça, passam por essas vias.
a capital do estado, muitas são as viagens grado e racional. Mesmo em Florianópolis, que Mas as principais linhas atuantes na área são
realizadas diariamente ao município de Floria- experimentou a implantação do Sistema Inte- as da empresa Estrela, que atendem aos bair-
nópolis, motivadas por trabalho devido ao grado de Transportes (SIT) em 2003, o sistema ros mais afastados de São José e os ligam ao
grande índice de possibilidades ofertadas pelo não foi reestruturado de forma a aumentar a Terminal Integrado do Centro de Florianópolis,
bairro central, e por estudos, principalmente a integração e a acessibilidade. (PLAMUS, 2015) atendendo em horários normais durante a
nível superior, devido à implantação do campus Segundo leitura da cidade realizada em 2004 semana e em horários reduzidos aos finais de
da Universidade Federal de Santa Catarina na em parceria com a Universidade Federal de semana e feriados.
capital. Santa Catarina (UFSC), para o projeto de revi- 4.2.1.3 Mobilidade no entorno:
Segundo análise do Plano de Mobilidade Urbana são do Plano Diretor do Município, o atendi- Das vias de acesso a área onde situa-se o
Sustentável da Grande Florianópolis e dos 13 mento da população por um serviço de trans- terreno, apenas as principais possuem espaço
municípios que a compõem (PLAMUS), elaborado porte público por ônibus, era oferecido por destinado aos ciclistas, a Av. Acioni Souza
em 2015, no mesmo ano no município de São seis empresas de transportes: TC ESTRELA (23 Filho que segue o contorno da Beira Mar de
José o transporte individual motorizado equi- linhas), AV. IMPERATRIZ (22 linhas); TRANS- São José possui uma ciclofaixa, mais próxima
valia a 53% das viagens, o transporte coletivo PORTADORA JOTUR (55 linhas); RODOVIÁRIO da costa da Baía Sul, e a Av. Presidente Ken-
a 24% e o transporte não motorizado a 22%. STA TEREZINHA (16 linhas); AV PAULO LOPES nedy, que corresponde ao trecho da rua Joa-
O índice de mobilidade do município na época (11 linhas); TRANSPORTES BIGUAÇU (64 linhas). quim Vaz localizado no bairro Kobrasol, possui
era de 2,137%. Já segundo portal de consultas de itinerários ciclovia. As calçadas da principal rua de acesso
Os dados para a região da Grande Florianópolis de ônibus online, atualmente o município de São ao terreno são bastante estreitas bem como a
mostravam que os horários de pico seriam das José é atendido por duas empresas principais caixa da rua, que possui dois sentidos de fluxo,
6:30 e 7:30 da manhã e 17:30 e 18:30 da tarde. de ônibus do transporte coletivo, que juntas logo um alargamento poderia ser pensado na
Em relação ao tempo médio de viagens por somam 38 horários de ônibus: Jotur e Estrela, extensão do conjunto habitacional proposto.
modo de transporte, o transporte público ambas com 10 linhas.
demorava 57,6 minutos enquanto o transporte Grande parte das principais linhas que atendem
privado demorava 31,2 minutos. Verificou-se ao município passam pelas vias estruturais que
que, no período da manhã, a maioria dos desti- cortam o bairro Praia Comprida, onde localiza-
nos se concentrava na região central da Ilha se a área de intervenção. No sentido Centro de
de Santa Catarina, sendo as viagens com maior Florianópolis, as principais linhas intermunici-
volume as originadas no Município de São José pais atendem aos pontos localizados nas ruas
com destino ao centro de Florianópolis. Ainda Luiz Fagundes, Domingos Filomeno e na Av.
que tenha maior variação no período da tarde, Acioni Souza Filho. No sentido bairro, o trans-
as principais linhas de destino são as mesmas porte público atende os pontos localizados na
observadas para o pico da manhã. (PLAMUS, Rua Joaquim Vaz, Constancio Krumel e Rua Luiz
2015) Fagundes.
Mesmo com todo esse movimento pendular As linhas da empresa Santa Terezinha que
entre os municípios, os itinerários das linhas e atendem ao município São Pedro de Alcântara,
terminais do sistema de transporte público da e algumas da Jotur que atendem aos bairros do

10
ESTUDOS DE CONTEXTO

MAPA DE FLUXOS NO BAIRRO


PRAIA COMPRIDA

MAPA DO SISTEMA VIÁRIO DO


BAIRRO PRAIA COMPRIDA

ESCALA 1/10000

11
ESTUDOS DE CONTEXTO
4.2.2 Recursos hídricos e drenagem; relevo, Na área municipal a presença de três principais
mapa de declividade, erosão, alagamento; compartimentos geomorfológicos pode ser
características climáticas; identificada: planícies costeiras; morros e coli-
4.2.2.1 Recursos hídricos e drenagem nas rebaixadas; maciços, morros e encostas.
A drenagem hídrica do Município faz parte do A ocupação antrópica no município é restringi-
complexo sistema hidrográfico da vertente do da pelas condições do sistema geomórfico iden-
Atlântico. O Município é drenado em pratica- tificado no relevo do município, ocupações
mente 70% do seu território pelo rio Maruim e agrícolas acima de 200 a 300m de altitude e
seus afluentes, assim como pelos rios e córre- com declividades maiores do que 25% são com-
gos litorâneos, formando a Região Hidrográfica pletamente inviáveis, por conta das condições
Central Catarinense, Bacia do Atlântico Sul. geotécnicas que são desfavoráveis.
(PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO PARA A ÁREA Quanto às áreas possíveis de alagamento no
DE DRENAGEM E MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS município, no geral existem alagamentos e
DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ, 2012) inundação em todo o percurso dos rios Maruim
A rede fluvial do município então é represen- e Forquilhas e ainda nos distritos Zona Indus-
tada pelo rio Maruim e seus afluentes. Sendo trial, Fazendo Santo Antônio, Picadas do Sul, ÁREA DE INTERVENÇÃO
a principal bacia hidrográfica presente no mu- São Luiz e Praia Comprida, segundo o Plano de
nicípio de São José, a bacia do rio Maruim Saneamento Básico do município. O bairro onde
drena o município na sua parte sul, tem início está inserida a intervenção faz parte do agru-
no município de São Pedro de Alcântara e a pamento de bairros UP3, do Plano de Sanea-
maior parte da sua extensão se trata de área mento Básico do Município de São José, área
rural. O seu maior afluente (nos limites do Mu- contemplada pela bacia complementar do Rio
nicípio) é o Rio Forquilhas entre outros afluen- Maruim.
tes importantes, como o Rio Pagara (margem As ruas do bairro, mais próximas de um dos
direta), o Córrego Mariquita e o Córrego da afluentes do rio que aparece nos mapas de
Colônia Santana (margem esquerda). hidrografia de São José, já sofreram com ala-
4.2.2.2 Relevo, mapa de declividade, erosão, gamentos em anos anteriores. No entanto o
alagamento terreno onde será desenvolvido o projeto está
O território pertence ao domínio geomorfológi- situado em zona com médio potencial de alaga-
co de embasamentos em estilos complexos, mento, não sendo diretamente atingido pelo
apresentando um relevo irregular, segundo afluente dos rios principais.
esudo de leitura da cidade elaborado pelo
poder municipal em parceria com a Universidade
Federal de Santa Catarina. Ainda segundo esse
estudo o ponto mais alto do território é o
Morro Biguaçu (533m), situado no extremo
norte do limite municipal. Os pontos mais baixos
correspondem à orla costeira e suas praias. ESCALA 1/80000
12
ESTUDOS DE CONTEXTO
4.2.2.3 Características climáticas 4.2.3 Legislação ambiental; patrimônio ambien- a Universidade Federal de Santa Catarina -
Na área do município de São José predomina o tal: UFSC, identificou que os bairros com melhores
Clima Subtropical Mesotérmico Úmido com verão As áreas de preservação do município de São relações entre área total e área verde são os
quente (segundo a classificação de Köppen) José representam apenas 10% do território, e bairros Roçado, Centro, Picadas do Sul, Jardim
(Leitura da cidade, Urbanidades, 2004). Por se localizam em sua maioria em áreas predomi- Santiago e o bairro Praia Comprida, onde está
conta de sua posição físico-geográfica também nantemente rurais ou nos limites entre área situado o local da intervenção.
pertence à região de condições climáticas rural e urbana. (Leitura da Cidade, Urbanida- O bairro Praia Comprida apresenta um grande
quase que totalmente de domínio de clima Me- des, 2004) Segundo o relatório elaborado índice de cobertura vegetal (50%), devido a
sotérmico do tipo Temperado, com a existência para subsídio do Plano de Saneamento Básico área ocupada pela Delegacia Federal do Minis-
de quatro estações, e com total de insolação para Área de Drenagem e Manejo de Águas tério da Agricultura e uma área restrita de
de 1600 a 2400 horas por ano. (EPAGRI, 2012) Pluviais do Município de São José (2012), cerca mangue. No entanto, não possui Áreas de Pre-
A massa de ar predominante é a Tropical de 58% da área municipal está coberta com servação Permanente, nem Limitada. Devido a
Atlântica que atua na forma dos ventos do formações florestais em diferentes estágios sua localização e a valorização imobiliária
quadrante norte, a massa Polar Atlântica atu- de regeneração. Dessa área 12,5% correspon- existe perspectiva de melhorias da situação
ante na forma dos ventos do quadrante sul dem às Áreas de Proteção Permanentes(APPs), ambiental.
principalmente no outono e inverno, possui um índice um pouco maior do que o registrado
ventos mais velozes porém menos frequentes. em 2004, estando 8,7% dessa vegetação amea-
A umidade relativa anual constitui 80 a 85%, çada por ocupação urbana.
sendo a pluviosidade média na região de São A cobertura vegetal mais representativa cor-
José de 1700 – 2100 mm/ano, distribuída em responde à vegetação secundária – formação
cerca de 150 a 200 dias chuvosos por ano. O submontana, com 47% do total, em diversos
período mais chuvoso ocorre entre novembro e estágios de regeneração espontânea, com pre-
fevereiro, enquanto o mais seco em junho e sença esporádica de reflorestamentos com
julho. As temperaturas médias anuais oscilam eucalipto. (PSBMSJ, 2012)
entre 17 e 20°C sendo a média de julho de 14 De acordo com a revisão do Plano Diretor de
a 15°C, e a média de janeiro de 23 a 25°C. O São José de 2004, os terrenos que apresentam
mês mais frio é Julho com possibilidades de áreas de preservação de acordo com a legisla-
gradientes térmicos diários inferiores a 13º. ção ambiental, representam 21% da área muni-
O inverno caracteriza-se como bastante instá- cipal, e as áreas com boas condições para
vel e pouco intenso, enquanto o verão é construção e uso antrópico atingem somente
quente com médias acima de 22º C. Essa esta- 12% da área total do município.
ção torna a amplitude térmica anual da área Em algumas áreas do município há um grande
muito importante. (Leitura da Cidade, Urbanida- déficit de áreas verdes públicas e de arboriza-
des, 2004) ção urbana, as áreas com vegetação (tanto
rasteira quanto arbórea) no perímetro urbano
municipal não ultrapassam 3% do seu territó-
rio. O estudo de revisão do Plano Diretor de
São José, elaborado em 2004 em parceria com

13
ESTUDOS DE CONTEXTO
4.2.4 Legislação urbanística e estrutura fun- tação de interesse social, sobre a demanda terra são Campinas, Kobrasol, Barreiros, Nossa mento da cidade, acaba por influenciar na
diária; uso do solo do lugar e entorno; áreas existente no município e as diretrizes que Senhora do Rosário, Bosque das Mansões e emergência de uma nova especialização de ser-
construídas e infraestrutura existente; devem ser adotadas para supri-la. Este relata Roçado. Sendo que Kobrasol e Roçado fazem viços e comércio disponíveis no bairro, espe-
4.2.4.1 Legislação urbanística e estrutura a falta de zoneamento de áreas especiais de limite com o bairro Praia Comprida. (PLHIS, 2011, cialmente nas proximidades da Beira Mar. Ao
fundiária; interesse social no planejamento do município, pag 36). Os bairros Kobrasol e Campinas se longo de sua extensão se localizam diferentes
O Plano Diretor vigente do município de São com definições específicas para a moradia das tornaram ao longo do tempo pontos de centra- repartições públicas dos poderes, municipal,
José foi instituído pela Lei n° 1.604, de 17 de famílias de baixa renda. Apenas na Lei de Par- lidade do município, oferecem grande quantida- estadual e federal, bem como diversos tipos de
abril de 1985, e está estruturado em: Lei do celamento do Solo Urbano de 1985, encontra-se de de serviços e possibilidades de emprego aos atendimento comercial, e esta também atua, de
Plano Diretor, Lei de Zoneamento (Lei 1605 de algo sobre o assunto, mais especificamente moradores da região. certo modo, na dinâmica das centralidades que
17/04/85), Lei do Parcelamento do Solo Urbano uma definição sobre loteamentos de interesse O processo de urbanização acelerada na se localizam próximas à ela, como o Distrito
(Lei 1606 de 17/04/85), e Código de Obras. Este social, onde define-se que estes são aqueles Grande Florianópolis resultou na consolidação Campinas.
último não chegou a ser implementado, o con- executados pelo Poder Público, o qual define de uma ampla área conurbada, incluindo as O bairro Praia Comprida está incluído na Ma-
teúdo referente a sua atuação está disperso as exigências mínimas de dimensão de lotes e áreas continentais, que compreendem os muni- crozona Urbana I segundo o Projeto de Revisão
entre a Lei de Zoneamento e o Código de Pos- infraestrutura para cada caso. cípios de São José, Palhoça e Biguaçu. Essas do Plano Diretor de São José, de 2004, estan-
turas do Município. O Plano Diretor vigente foi objeto de revisão regiões, devido ao seu crescimento acelerado do classificado como parte da Zona Urbana em
Segundo leitura da cidade, feita em 2004 para por parte de especialistas da Universidade tiveram diversos problemas de desorganização Consolidação, em proximidade com a Zona
revisão do Plano, na estruturação deste, uma Federal de Santa Catarina nos anos de 2002- espacial e carência de infra-estrutura, assu- Urbana Consolidada que trata-se do Distrito
ênfase maior é dada à Lei de Zoneamento de -2004 (PLHIS-SJ, 2012). Porém, segundo a Pre- mindo por muito tempo papel de periferia da Campinas.
Uso e Ocupação do Solo, o que faz com que o feitura de São José, apesar de resultar em um expansão urbana da capital do estado. A inte-
plano seja muito genérico e não oriente efeti- avanço quanto ao entendimento do contexto gração político-administrativa da região me-
vamente ações mais específicas e pontuais. municipal, seu processo legislativo foi descon- tropolitana se deu devido a necessidade do
Cabe ressaltar que o Zoneamento acabou se tinuado. A Prefeitura da cidade firmou convênio planejamento integrado de toda a área de
tornando uma ferramenta atuante como ele- com a Associação dos Municípios da Grande conurbação. (Leitura da Cidade, 2004)
mento ordenador do espaço apenas nas áreas Florianópolis (GRANFPOLIS) em 2014, para ree- Com o crescimento da cidade e a evolução da
legais constituídas pela população de rendas laboração do Plano Diretor Participativo, ainda infraestrutura do município, incremento urbano
média e alta, ficando as áreas periféricas de assim, o plano vigente continua sendo o de no território e as intervenções na malha viária,
baixa renda à margem do processo e sem 1985. O Município de São José cresceu junto há um incremento econômico, que passa a se
acesso à infraestrutura e aos serviços urba- com a capital, apresenta uma economia diversi- relacionar diretamente com a geração de em-
nos. (PLHIS, 2012). ficada e um dos maiores PIB per capita do pregos na cidade, que supera gradativamente a
O Plano Diretor de 1985 já sofreu 86 altera- estado. O setor de serviço se destaca, pois dependência da capital do estado.
ções de 1987 a 2011, segundo dados do site da atende o Município e mais alguns outros Muni- O bairro Praia Comprida, atualemente superado
Câmara Municipal de Vereadores. cípios vizinhos como Florianópolis e Palhoça. pelas novas centralidades do município, espe-
Além da legislação urbanística citada anterior- (PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO PARA A ÁREA cialmente ao longo do século XIX e meados do
mente, o município possui um Plano Local de DE DRENAGEM E MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS século XX, foi um dos mais importantes cen-
Habitação de Interesse Social - PLHIS, docu- DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ, 2012). Por ser tros comerciais do município, mais até que o
mento necessário para que os municípios atendido pela rodovia BR-101, além de possuir próprio Centro Histórico.
possam acessar subsídios do Fundo Nacional um parque industrial favorável, o setor indus- Atualmente, a Avenida Beira Mar de São José,
de Habitação de Interesse Social. Elaborado em trial do município é atuante em diferentes que assim como a Rodovia BR-101 configura um
parceria com consultoria privada, este Plano áreas. Os bairros onde se concentra um alto relevante vetor para o desenvolviicol
coleta dados sobre a cidade no âmbito da habi- custo da

14
ESTUDOS DE CONTEXTO
4.2.4.2 Uso do solo do lugar e entorno 5.2.4.3 áreas construídas e infraestrutura porte, voltados à dinâmica local. Além disso, é coleta do resíduo sólido comum gerado nas
A área de intervenção classifica-se existente: atendido pelo Hospital Regional de São José, residências do território municipal e o bairro
como Área Residencial Predominante assim A dinâmica urbana da cidade apresenta uma localizado nas proximidades, e pelo Centro de em questão é atendido três vezes na semana.
como seu entorno imediato, já as principais vias mistura de usos. Os corredores comerciais e de Atenção à Terceira Idade (CATI), localizado na Sobre o fornecimento de energia elétrica, a
de ligação que a atendem classificam-se como serviços estão localizados especialmente ao desta
Av. Beira Mar de São José. Importante desta- infraestrutura energética contempla 100,00%
AMC (Área mista central), AMS (Área Mista de longo das vias principais dos Bairros Campinas, car sua proximidade com uma das principais dos 1.898 domicílios do bairro. Deste montante,
Serviços) nas margens da BR-101. Além disso, Kobrasol e Barreiros; existem também eixos centralidades do município, o bairro Kobrasol, aluga
71,55% são domicílios próprios, 25,24% aluga-
o bairro possui uma grande quantidade de área comerciais a partir da BR-101, que contam com que concentra grande parte dos serviços da dos, 3,11% cedidos e 0,11% outra condição (IBGE,
pertencente ao MA (Ministério da Agricultura). serviços como o Shopping Itaguaçu, Shopping cidade. Em relação ao abastecimento de água 2010).
Para a Área Residencial Predominante devem Continente Park e Shopping Ideal, e também a do município, 99,74% da população do bairro é 4.2.5 Perfil demográfico do entorno; dinâmica
ser atendidos os seguintes parâmetros urba- partir dos bairros centrais. atendida com rede pública de abastecimento de humana existente (uso e apropriação);
nísticos: O bairro Praia Comprida possui um emergente água e apenas 0,26% por poços ou nascentes. 4.2.5.1 Perfil demográfico do entorno
Área do lote (valor mínimo) = 360; eixo de serviços locais com comércio variado. PLHIS, 2012). Com relação ao esgotamento sani- Dados do município segundo o IBGE:
Frente do lote (valor mínimo) = 12; Uma maior ênfase se dá ao ramo alimentício, tário, segundo a CASAN, o sistema público de Área territorial: 150,499 km² (2020)
Número de pavimentos (valor máximo) = 6 pavi- com mercados, mercadinhos, padarias e até uma coleta e tratamento de esgoto implantado no População estimada: 253,705 pessoas (2021)
mentos; vila gastronômica. O bairro também conta com município, atende atualmente 38,31% da popu- Densidade demográfica: 1376,78 hab/km² (2010)
Índice de aproveitamento (valor máximo) = 3,0; farmácias e demais comércios de pequeno lação total de São José. A área de interven- Escolarização (6 a 14 anos): 97,5% (2010)
Taxa de ocupação = 45% (valor máximo). ção possui rede existente em operação, onde muni
IDHM (Índice de desenvolvimento humano muni-
apenas 28,19% da população é atendida por cipal): 0,809 (2010)
rede geral de esgoto ou pluvial, 70,44% por Em 2010 o bairro Praia Comprida era o sétimo
fossas sépticas, 0,68% por fossa rudimentar e bairro de maior densidade do município, com
0,16% tem o esgoto lançado no rio, lago ou esti-
63,11 habitantes/hectare, uma população esti
mar. (PLHIS, 2012). mada de 4985 pessoas e uma área de 78,99 ha.
Em relação à drenagem urbana, de acordo com (IBGE, 2010) O município apresenta elevado
o diagnóstico da proposta de revisão do PMSB, índice de urbanização e seus bairros apresen
apresen-
o Município de São José apresenta uma infra- tam altas taxas de densificação. Os bairros
estrutura relevante. Ainda assim, a ocorrência Kobrasol, Campinas, Nossa Senhora do Rosário
de alagamentos é recorrente em vários pontos e Barreiros apresentam as maiores taxas de
da cidade, muito em razão da existência de ele- densidade demográfica. (PLHIS, 2012)
mentos subdimensionados ou devido a própria
ausência de microdrenagem. Através de um
processo de hierarquização feito ao longo da
elaboração do plano, foram definidas áreas
prioritárias para melhoria no sistema. O bairro
Praia Comprida, parte do Distrito Sede, encon-
tra-se na segunda posição, sendo o primeiro o
Distrito Barreiros, o terceiro o Distrito Campi-
nas e o último o Distrito Rural. (PMSB-SJ,
2020). Com relação à coleta de lixo, o bairro
possui coleta seletiva, a empresa Ambiental é

15
ESTUDOS DE CONTEXTO

ESCALA 1/10000
16
ESTUDOS DE CONTEXTO
4.2.5.2 Dinâmica humana existente : histórico e cultural, onde localizam-se cons- cidade. (SIMAS, 2016).
A comunidade do bairro apresenta uma ocupa- truções tombadas do antigo centro da cidade. A localização Praia Comprida possuía grande
ção consolidada com grande parte das edifica- Sendo uma das principais áreas na formação do destaque comercial em razão de sua estrutura
ções em alvenaria, e um perfil de edificações município e de sua economia, o Centro Históri- na época, que contemplava duas das mais
de até 3 pavimentos. Porém, já é possível veri- co, sede do município, centralidade no começo importantes atividades presentes no território
ficar o aumento dos gabaritos nas construções do século XX, concentrava os poderes executi- josefense: o tropeirismo e a cabotagem; além
multifamiliares. (PLHIS-SJ, 2012). vos e as atividades culturais. Atualmente dos diversos estabelecimentos, e um importan-
Com relação a renda nominal mensal domiciliar, possui um conjunto arquitetônico de valor his- te trapiche (de capacidade maior que o próprio
segundo dados do IBGE de 2010, 2,38% dos tórico, que inclui o Museu Histórico Municipal, o trapiche da Sede municipal) (MACHADO; GERLA-
domicílios apresentavam uma renda mensal de Theatro Adolfo Melo, a Igreja Matriz de São CH, 2007), importante para os rendimentos da
0 até 01 salário mínimo; 47,41% entre 01 até José, a antiga prefeitura, o prédio da atual cabotagem, e de importante localização. A
05; 34,77% de 05 até 10 salários mínimos; e Câmara de Vereadores, o Cine York, o Arquivo junção destes fatores ao empreendedorismo
14,49% acima de 10 salários mínimos. 49,79% Histórico e a Biblioteca Municipal Albertina presente na região trouxe ao bairro um consi-
das famílias recebiam até 05 salários mínimos Ramos Araújo, construções de origem luso-a- derável destaque econômico no município.
e 0,95% das famílias não apresentaram rendi- çoriana. (PLHIS, 2012) (SIMAS, 2016).
mento naquele período. No bairro Praia Comprida destaca-se a Igreja Com o crescimento demográfico nas proximida-
Em relação às atividades econômicas, como já Nossa Senhora de Fátima e Santa Filomena, des da capital do estado, São José passa a ser
citado anteriormente, o bairro possui um tombada como patrimônio histórico municipal o destino de instalação de muitos dos migran-
comércio diversificado, também conta com desde 2005. Esta passou por reforma total em tes. A partir dessa gradativa expansão e
diversas instituições públicas, dentre elas, a 2012, ganhando reparos e passando por um transformação urbana muitos bairros josefen-
Superintendência Federal de Agricultura em processo de reurbanização externa, ampliando ses cresceram, como Serraria, Barreiros, For-
Santa Catarina, a escola pública estadual sua visibilidade e valorização para quem tran- quilhinhas e Campinas, bem como o bairro da
Profª. Maria José B. Vieira, o CEI Bom Jesus de sita pelo local. intervenção. Além disso, o crescimento dos
Iguape e a nova sede da Prefeitura Municipal O município era entendido, nas décadas de setores da construção civil e do comércio
de São José. Na área do lazer destacam-se a 1950, 60 e 70, como já citado anteriormente, fomentou diversos investimentos públicos e
ciclovia e as calçadas para caminhada na Ave- por cidade dormitório, devido à dinâmica exis- privados no município, fortalecendo sua econo-
nida Beira-Mar São José, que possui também tente, onde os moradores trabalhavam na capi- mia e mitigando gradativamente a ideia de cida-
espaço de conveniência dotado de equipamen- tal e só retornavam para suas casas à noite de-dormitório.
tos e mobiliários urbanos. Os usos do entorno para descanso. Com a construção da BR-101 e 4.2.6.2 visuais e paisagem
em sua maioria tratam-se de edificações resi- da área industrial, houve um impacto significa- O território josefense possui uma área litorâ-
denciais e alguns comércios locais, que se con- tivo na dinâmica da cidade, esta passou a ofer- nea com investimentos em áreas de lazer, tais
centram em maior intensidade nas vias princi- tar maiores oportunidades de emprego aos mo- como quadras de esporte, pistas de caminhada
pais de ligação com os outros bairros do muni- radores que consequentemente passaram a se e ciclovias. Além de propiciar o uso para os
cípio e com o acesso à Florianópolis. fixar mais em seu território. No entanto, o moradores do município com o propósito de
4.2.6 Patrimônio histórico; significado do lugar aspecto de cidade dormitório só é dissipado a lazer, destaca a paisagem natural. O bairro da
(história do lugar); visuais e paisagem partir do surgimento do loteamento de mé- intervenção,tem como uma de suas principais
4.2.6.1 Patrimônio histórico dio/alto padrão Kobrasol, atualmente o bairro vias de acesso a Beira Mar de São José, em
São José possui uma área de interesse mais valorizado da cidade, momento em que o grande contato com a paisagem natural litorâ-
potencial do município foi redescoberto. Nos nea. O terreno da proposta possui uma visão
anos 1980, 90 já se tem uma outra visão da privilegiada da paisagem natural do bairro.

17
ESTUDOS DE CONTEXTO

VISTAS TERRENO
18
DRETRIZES PROJETUAIS

19
PARTIDO

20
PROJETO

O conjunto se distribui no terreno em cinco volumes diferentes, quatro deles


voltados às unidades habitacionais e um voltado ao uso comunitário, dos moradores
do conjunto e do entorno.
Seguindo as possibilidaes de construção em encostas e buscando a menor movi-
mentação de terra dentro das possibilidades do terreno, os blocos são posicionados
em paralelo às curvas de nível do terreno, se adaptando à sua conformoção natural.
No total, dos 8706,56m² do terreno, a forma ocupa 3753,83m² de área constru-
ída e um total de 49 unidades de 1, 2 e 3 quartos.
21
PROPRIEDADE PRIVADA

22
DESENVOLVIMENTO DE PROJETO
Os volumes se distribuem de forma
escalonada no terreno, se adaptando às suas
alturas, mas visando demarcar a horizontalida-
de, fugindo da verticalização própriamente
construída.
O bloco comunitário está locado na parte
de cota mais baixa do terreno, voltado para as
atividades dos moradores do conjunto habita-
cional e do entorno. A praça que mescla áreas
cobertas e descobertas funciona como uma
extensão do volume construído, podendo abri-
gar as atividades realizadas dentro do bloco
quando estas se estenderem para o espaço
externo.
A cobertura da praça é em laje maciça e possui
um desenho curvo que dá ritmo e fluidez ao
espaço, quebrando com as formas retas e rit-
madas dos blocos residencias.

23
24
25
27
Para as fachadas que recebem os raios
solares vindos da direção norte e oeste,
foram pensados brises de concreto na
fachada, na fachada norte brises hori-
zontais e na fachada oeste brises ver-
ticais, os dois juntos compondo uma
espécie de moldura nas esquadrias da
fachada, fixos na estrutura.

29
DESENVOLVIMENTO DE PROJETO
A estrutura dos blocos é composta por
lajes alveolares, vigas e pilares de concreto
pré moldados. Apenas a cobertura do pátio
coberto se trata de uma laje maciça. As veda-
ções das unidades são feitas em alvenaria con-
vencional, visando maior flexibilidade para mo-
dificações. As fundações seriam em estacas,
para maior segurança da edificação.

30
REFERÊNCIAS
SANETAL, Engenharia e Consultoria Ltda. Plano Municipal Saneamento Básico de São José: primeira KUHNEN, Ariane; CRUZ Roberto Moraes; TAKASE, Emílio. Interações pessoa-ambiente e saúde.São
audiência pública. Fevereiro de 2013. Disponível em: <https://www.saojose.sc.gov.br/images/u- Paulo. Casapsi Livraria. 2009.
ploads/publicacoes/1-Apresenta%C3%A7%C3%A3o-Plano-%C3%81guas-Pluviais-v06.pdf>
MOURÃO, Ada Raquel Teixeira. CALVACANTE, Sylvia. Identidade de lugar.
Prefeitura Municipal e São José. Revisão do Plano Municipal de Saneamnto Básico de São José: RELA-
TÓRIO CONTENDO A VERSÃO PRELIMINAR DA HIERARQUIZAÇÃO DAS ÁREAS DE INTERVENÇÃO CAVALCANTE, Sylvia. ELIAS, Terezinha Façanha. Apropriação.
PRIORITÁRIA. Junho de 2020. Disponível em: <https://www.saojose.sc.gov.br/images/uploads/ge-
ral/Produto_10_-_Hierarquiza%C3%A7%C3%A3o.pdf> PETERS, Terri. Social Sustainability in Context: rediscovering Ingrid Gehl's Bo-Miljø. Cambridge Uni-
Plano Municipal de Habitação de Interesse Social. 2012. Disponível em: < https://www.saojo- versity Press 2017.
se.sc.gov.br/images/uploads/geral/Plano_Municipal_de_Habita%C3%A7%C3%A3o.pdf>.
SUGAI, Maria Inês. Segregação silenciosa: investimentos públicos e distribuição sócio-espacial na
SANETAL, Engenharia e Consultoria Ltda. ELABORAÇÃO DO PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO PARA A área conurbada de Florianópolis. Tese doutorado. Universidade de São Paulo, Faculdade de Ar-
ÁREA DE DRENAGEM E MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ. Dezembro de 2012. quitetura e Urbanismo. 2002. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/han-
Disponível em: <https://www.saojose.sc.gov.br/images/uploads/publicacoes/Re- dle/123456789/82770>
latorio-parcial-1-PMDMAPMSJ.pdf>
. CUNHA, Márcio Anglieri. Ocupação de Encostas. São Paulo. 1991.
IGUATEMI. PLANO MUNICIPAL DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ. Dispo-
nível em: <https://www.saojose.sc.gov.br/images/uploads/geral/Plano_Mu- VILLAÇA, F. O que todo cidadão precisa saber sobre habitação. Global Editora, 1986.
nicipal_de_Habita%C3%A7%C3%A3o.pdf>
MERISIO, Bruna Gonçalves. Modificação, Habitação: Uma avaliação pós-ocupação no conjunto habi-
Prefeitura Municipal e São José. Processo de Reelaboração do Plano Diretor Participativo de São José. tacional de interesse social Ewerton Montenegro Guimarães em Vila Velha - ES. Trabalho de
Disponível em: <https://saojose.sc.gov.br/processo-de-reelaboracao-do-plano- Conclusão de Curso. UVV. 2016. Disponível em: <https://issuu.com/brunagoncalvesmerisio/do-
-diretor-participativo-de-sao-jose-2/#:~:text=%C3%89%20uma%20lei%2C%20de%20iniciativa,to cs/tcc_final_com_capa_nova>
dos%20os%20segmentos%20da%20sociedade>

SIMAS, Daniel. DINÂMICA SOCIOESPACIAL DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ/SC: UMA ABORDAGEM GEOGRÁFI-
CA. Dissertação para título de Mestre em Geografia. Florianópolis, 2016. Disponível em: <ht-
t p s : / / r e p o s i t o r i o . u f s c . b r / x m l u i / b i t s t r e a m / h a n -
dle/123456789/168002/341829.pdf?sequence=1&isAllowed=y>

Prefeitura Municipal de São José. Plano Diretor: Lei de Zoneamento de Uso e Ocupação do Solo. São
José, SC. Disponível em: <https://www.saojose.sc.gov.br/images/uploads/geral/Lei-
-1.605_85-Lei-de-Zoneamento-Uso-e-Ocupacao-do-Solo.pdf>

LOGIT. PLAMUS: Plano de Mobilidade Urbana Sustentável da Grande Florianópolis. Florianópolis, outubro
de 2015. Disponível em: <https://observatoriodamobilidadeurbana.ufsc.br/wp-content/u-
ploads/2019/03/PLAMUS_Produto-19-Relatorio-Final_Volume-Principal.pdf>

Prefeitura Municipal de São José. LEITURA DA CIDADE DE SÃO JOSÉ, SC


(TENDÊNCIAS E POTENCIAIS): Projeto de Revisão do Plano Diretor de São José - SC. Abril de
2004. Disponível em: <https://urbanidades.arq.br/docs/pdsj/leitura_da_cidade.pdf>

PINHEIRO, José Q. ELALI, Gleice Azambuja. Comportamento Socioespacial Humano.

31

Você também pode gostar