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Manual de

Boas Práticas:
Controle de erosão
do solo e manejo de
sedimentos e outros
contaminantes em
canteiros de obras
Manual de
Boas Práticas:
Controle de erosão
do solo e manejo de
sedimentos e outros
contaminantes em
canteiros de obras

Agência Reguladora de Águas,


Energia e Saneamento Básico
do Distrito Federal — adasa

Brasília, 2022
AGÊNCIA REGULADORA DE ÁGUAS,
ENERGIA E SANEAMENTO BÁSICO DO
DISTRITO FEDERAL
SUPERINTENDÊNCIA DE
DIRETORIA COLEGIADA DRENAGEM URBANA

Raimundo da Silva Ribeiro Neto Superintendente de Drenagem Urbana


Jorge Enoch Furquim Werneck Lima Hudson Rocha de Oliveira
Vinicius Fuzeira de Sá e Benevides
Félix Angelo Palazzo Coordenador de Regulação e Outorga
Antonio Apolinário Rebelo Figueirêdo Jeferson da Costa

OUVIDOR Coordenadora de Fiscalização


Robinson Ferreira Cardoso Débora Tolentino Luzzi Diniz

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


M274
Manual de Boas Práticas – Controle de erosão do solo e manejo de
sedimentos e outros contaminantes em canteiros de obras. Editores: Fabio
Pozzer Rosa, Jeferson da Costa, Marcos Helano Fernandes Montenegro. -
Brasília, DF: Adasa. 2022.
140 p. : il.
ISBN 978-65-00-42689-2
1. Drenagem urbana. 2. Manejo de resíduos. 3. Alagamentos e inundações.
4. Assoreamento. 5. Qualidade da água. I. Rosa, Fabio Pozzer. II. Costa,
Jeferson da. III. Montenegro, Marcos Helano Fernandes. IV. Título.
CDU 628

Índice para catálogo sistemático


1. Distrito Federal: Manual de Boas Práticas – Controle de erosão do solo e
manejo de sedimentos e outros contaminantes em canteiros de obras.

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a


fonte e que não seja em material para venda ou outro fim comercial.
Direitos reservados e protegidos (Lei nº 9.610, de 10.02.1998)

Foi feito o depósito legal na Biblioteca Nacional (Lei nº 10.994, de


14.12.2004)

Impresso no Brasil 2022

Agência Reguladora de Águas, Energia e


Saneamento Básico do Distrito Federal

SAIN Estação Rodoferroviária de Brasília S/N – Ala Norte


Brasília – DF – CEP 70631-900
Tel: 61 3961-5066
www.adasa.df.gov.br
Manual de
Boas Práticas:
Controle de erosão
do solo e manejo de
sedimentos e outros
contaminantes em
canteiros de obras

Editores Estagiários
Fabio Pozzer Rosa Ana Paula Brandao Costa e Souza
Jeferson da Costa Marcos Túlio Câmara Cambraia
Marcos Helano Fernandes Montenegro Sara Janice Duarte de Carvalho

Revisores Ilustração
Carolinne Isabella Dias Gomes Carla Marins
Débora Tolentino Luzzi Diniz
Dominiky Ferreira dos Santos Projeto gráfico e diagramação
Jorge Enoch Furquim Werneck Lima Bernardo Costa
Luciano Leonardo Tenório Leoi
Raphael de Moura Cintra
Rodrigo de Souza Couto Brasília, 2022

Esta publicação tem a cooperação da UNESCO no âmbito do Projeto


914BRZ2010 – Apoio à preparação Técnica e Institucional da ADASA na
realização do 8.º Fórum Mundial da Água, Brasília, 2018, o qual possui o
objetivo de estabelecer cooperação para dotar a ADASA de capacidades
institucionais e técnicas, que a permitam atuar com agilidade e eficiência
na realização das ações de sua competência.

As indicações de nomes e a apresentação do material ao longo deste livro


não implicam a manifestação de qualquer opinião por parte da UNESCO
a respeito da condição jurídica de qualquer país, território, cidade, região
ou de suas autoridades, tampouco da delimitação de suas fronteiras ou
limites.

As ideias e opiniões expressas nesta publicação são as dos autores e


não refletem obrigatoriamente as da UNESCO nem comprometem a
Organização.
Raimundo Ribeiro
Diretor-Presidente da Adasa

Apresentação

4
Estudo recente sobre o assoreamento do Lago Paranoá, realizado
por meio de parceria entre a ADASA e a Universidade de Brasí-
lia-Unb, demonstrou que a maior parte dos sedimentos e outros
resíduos que atingem este importante corpo hídrico do Distrito
Federal são provenientes de obras e gerados, principalmente,
durante o processo de urbanização.

Além de acelerar o assoreamento de reservatórios, os materiais


que ultrapassam os limites das obras podem causar muitos outros
prejuízos ao meio ambiente e à sociedade, como a redução da
capacidade de escoamento dos sistemas de drenagem, poten-
cializando o risco de inundações, a presença de lama e poeira nas
vias públicas, a deterioração da qualidade da água, o aumento dos
custos de tratamento da água para o abastecimento, a alteração
nos ambientes aquáticos e em sua biodiversidade, entre outros.

Como órgão gestor de recursos hídricos e regulador dos serviços


públicos de saneamento básico, que engloba os setores de abaste-
cimento de água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos e drena-
gem urbana, todos eles diretamente afetados pelos sedimentos,
a ADASA apresenta este Manual de Boas Práticas – Controle de
erosão do solo e manejo de sedimentos e outros contaminantes
em canteiros de obras no Distrito Federal.

No âmbito deste trabalho, além de toda a revisão de literatura


técnica e das normas legais, nacionais e internacionais sobre
o tema, várias obras e organizações, públicas e privadas, foram
visitadas para subsidiar a reflexão e a seleção das práticas a serem
apresentadas neste Manual.

Espera-se que as boas práticas aqui registradas sejam adotadas


por todos os atores que, no setor público ou privado, planejam,
licenciam, contratam e executam obras civis e que possam
constituir importante ferramenta de desenvolvimento técnico e
institucional, contribuindo para a solução de problemas históricos
que trazem prejuízo à sociedade.

Apresentação 5
Sumário

Apresentação 4 4.4 Etapas do controle de erosão do


Sumário 6 solo e manejo de sedimentos e
Figuras 8 outros contaminantes 40
Esquemas 12 4.5 Impactos ambientais
Detalhes 13 significativos 42
Acrônimos 14 4.6 Aspectos ambientais de
interesse 42
1 Estrutura do Manual & 4.7 Tratamento de impactos
Seus Objetivos 16 ambientais em canteiros
de obras 44
2 Introdução 20 4.8 Características relevantes dos
empreendimentos 51
2.1 Obstrução do sistema de drenagem, 4.9 Condições ambientais do
assoreamento e poluição dos terreno 56
corpos hídricos 21
2.2 O controle da erosão, do 5 As Boas Práticas 60
assoreamento e da poluição no
PDSB 22 5.1 Aspecto Ambiental 1 – Saída de
2.3 A prática internacional 23 sedimentos do canteiro
2.4 A prática brasileira 23 de obras 62
5.1.1 Boa Prática — Proteção do
3 Legislação Aplicável 26 perímetro do canteiro de
obras 62
3.1 Resoluções do CONAMA 27 5.1.2 Boa Prática — Estabilização do
3.2 Legislação Distrital 29 acesso à obra e implantação de
3.3 Resoluções do Conselho Distrital sistema de lava rodas 68
de Recursos Hídricos 31 5.2 Aspecto Ambiental 2 – Erosão
3.4 Resolução da Adasa 31 superficial do solo 73
5.2.1 Boa Prática — Estabilização de vias
4 Premissas para o Controle de de circulação de veículos e
Erosão do Solo e o Manejo de pedestres 73
Sedimentos e Outros 5.2.2 Boa Prática — Estabilização de
Contaminantes 34 solos expostos em superfícies, sejam
planas ou em declives 75
4.1 Definições 35 5.2.3 Boa Prática — Estabilização de
4.2 Controle da erosão do solo e solos expostos na escavação de
de sedimentos 36 valas 77
4.3 Plano de controle da erosão do 5.3 Aspecto Ambiental 3 – Emissão de
solo e manejo de sedimentos e particulados no ar 79
outros contaminantes 39
5.3.1 Boa Prática — Controlar a geração
de poeira nas atividades
construtivas e vias de circulação
de veículos 79
5.4 Aspecto Ambiental 4 – Manejo dos
resíduos sólidos da
construção civil 81
5.4.1 Boa Prática — Armazenar e
transportar adequadamente
resíduos de Classe A 81
5.4.2 Boa Prática — Estoque de solo 81
5.5 Aspecto Ambiental 5 – Controle
de sedimentos no canteiro
de obras 82
5.5.1 Boa Prática — Drenagem de obra
com retenção de sedimentos
e controle de qualidade
da água 82
5.6 Aspecto Ambiental 6 – Manejo de
produtos contaminantes 101
5.6.1 Boa Prática — Controle de
estoque e manuseio de produtos
químicos 101
5.6.2 Boa Prática — Controle de
resíduos da lavagem de
caminhão betoneira 104
5.6.3 Boa Prática — Controle de dejetos
de banheiros químicos 105

6 Considerações Finais 108

Referências Bibliográficas 110

Anexos 115

Anexo A 116
Anexo B 128
Figuras

Figura 1 24 Figura 10 49
Obra de recomposição de gramado Estocagem inadequada de matérias
em talude na região central de Brasília primas em canteiro de obras.
(Avenida W3).
Figura 11 50
Figura 2 25 Solo acumulado com potencial para ser
Boca de lobo tomada por sedimentos de carreado para sistema de drenagem da
obra de reforma de gramado na Avenida obra.
W3.
Figura 12 50
Figura 3 45 Água e sedimentos de drenagem de obra
Sedimentos saindo da obra em lançados em via pública.
decorrência da falta de controles
implementados em sua via de acesso. Figura 13 51
Vazamento de óleo diesel no solo.
Figura 4 46
Evidências de sedimentos sendo Figura 14 51
carreados da obra para a via pública por Derramamento de produtos químicos por
portaria sem controle. acondicionamento inadequado.

Figura 5 47 Figura 15 52
Via de circulação de veículos sem Vista superior de construção de edifício
proteção e estabilização dos taludes. residencial, exemplo de obra pontual sem
manejo de sedimentos.
Figura 6 47
Taludes com sulcos de erosão e solo Figura 16 54
revolvido. Exemplo de obras lineares na Ligação do
Torto Colorado.
Figura 7 47
Abertura de valas para assentamento de Figura 17 54
rede de distribuição de água em futuro Obra na marginal Vicente Pires com solo
setor urbano. exposto suscetível ao carreamento pluvial.

Figura 8 47 Figura 18 55
Abertura de vala, com disposição de Exemplo de obra do tipo em rede ou
solo lateralmente e necessidade de malha para execução de rede coletora de
esgotamento de água proveniente do esgotos sanitários.
lençol freático.
Figura 19 55
Figura 9 48 Exemplo de canteiro de serviços em
Emissão de material particulado a partir obras de rede coletora de esgotos
do trânsito de veículos. sanitários.

8
Figura 20 62 Figura 29 72
Exemplo de obra com uma fiada de bloco Projeto lava rodas.
assentado no perímetro.
Figura 30 72
Figura 21 62 Croqui do sistema Separador Água-Óleo
Tapume metálico do canteiro de obras adotado (Caixa de inspeção interligada
com duas fiadas de bloco de concreto com sistema de drenagem.
vedando sua base, com a existência de
calha perimetral instalada. Figura 31 74
Via de circulação estabilizada com brita
Figura 22 64 graduada, cuja cota altimétrica do leito é
Cercas filtrantes de membrana de superior à do entorno imediato.
geotêxtil em áreas vegetadas e próximas
à zona de movimentação de terra. Figura 32 74
Antecipação da base compactada da via
Figura 23 64 para estabilização do solo.
O cercamento utilizando membrana
geotêxtil deve ser enterrado em sua base Figura 33 75
para fixação. Estoque de solo orgânico estabilizado.

Figura 24 66 Figura 34 75
Diques de contenção com sacarias de Estabilização da superfície do talude.
ráfia preenchido por solo ou areia da
obra, envolvidos em membrana geotêxtil. Figura 35 76
Talude sendo protegido com cal jet
Figura 25 69 aplicado por pulverizador mecânico.
Acesso da obra estabilizado com camada
de brita. Figura 36 76
Talude com teste de aplicação da técnica
Figura 26 70 cal jet.
Camada de brita em acesso provisório da
obra. Figura 37 79
Aspersão de água para controle de poeira
Figura 27 70 em via de circulação de veículos.
Sistema de lava rodas com calha
longitudinal. Figura 38 79
Controle de poeira na entrada da obra.
Figura 28 70
Separador de água e óleo para Figura 39 80
tratamento de água de lavagem do Sistema de umedecimento de via de
sistema lava rodas. circulação por aspersores fixos.

9
Figura 40 80 Figura 50 91
Umedecimento de material de Sistema de retenção de sedimentos em
demolição de piso durante sua remoção calha de drenagem.
para controle de poeira.
Figura 51 92
Figura 41 88 Sistema de retenção de sedimentos em
Vista superior de poço de drenagem com calha pluvial da drenagem urbana.
sistema de retenção de sedimentos.
Figura 52 92
Figura 42 88 Sistema de retenção de sedimentos em
Caixa de passagem para aferição da calha pluvial da obra.
qualidade da água de drenagem da obra
antes do descarte. Figura 53 94
Exemplo de calha com leito permeável e
Figura 43 89 reservatórios de qualidade, interceptando
Cone de Imhoff, equipamento usado parte da água escoada no terreno.
para determinação do teor de sólidos
sedimentáveis da água de drenagem da Figura 54 94
obra. Outro exemplo de calha com leito
permeável e reservatórios de qualidade,
Figura 44 89 interceptando parte da água escoada no
Ensaio de sólidos sedimentáveis. terreno.

Figura 45 89 Figura 55 96
Diferença entre amostras de qualidade Dispositivos de retenção de sedimentos
de água pluvial após tratamento (antes e com barreiras de sacarias.
após sedimentação).
Figura 56 96
Figura 46 89 Barreiras de sedimentos com cercas
Turbidímetro digital portátil. de membrana geotêxtil em calha
estabilizada com manta de fibra vegetal.
Figura 47 91
Calha pluvial provisória revestida, cuja Figura 57 96
lona é fixa na lateral pela massa das Lombada de solo na crista do talude
sacarias, as quais atuam restringindo provisório e descidas hidráulicas
a vazão de entrada do escoamento e estabilizadas com sacarias.
retendo sedimentos.
Figura 58 96
Figura 48 91 Talude com calha de crista instalada
Barreira de sedimentos de membrana de imediatamente após conclusão da
geotêxtil ao longo da calha provisória da terraplenagem.
obra.

Figura 49 91
Sacarias dispostas nas calhas para
retenção de sedimentos.

10
Figura 59 97
Solo compactado em área em
terraplenagem e leira de galhada e
restos vegetais no perímetro, conduzindo
a água de drenagem de obra para
reservatório de quantidade.

Figura 60 100
Proteção das entradas da rede de águas
pluviais em execução contra o acesso de
sedimentos da obra.

Figura 61 100
Exemplo de proteção de entrada da
rede pluvial evidenciando a retenção de
sedimentos.

Figura 62 102
Bandeja plástica sob compressor movido
a diesel.

Figura 63 102
Gerador estacionário protegido contra
intempéries e vazamentos.

Figura 64 103
Depósito de produtos químicos.

Figura 65 103
Kit mitigação de vazamentos disposto na
frente de serviço.

Figura 66 104
Reservatório construído no canteiro de
obras para coleta e armazenamento de
água de lavagem de caminhão betoneira.

11
Esquemas

Esquema 1 52 Esquema 11 84
Modelo hipotético de canteiro de obra. Identificação das áreas de contribuição
em terrenos com convergência de águas.
Esquema 2 53
Canteiro de serviços em obras lineares Esquema 12 86
com frentes de serviços separadas do Alternativa 1 - Terreno plano hipotético
canteiro principal. com dois poços com sistema de retenção
de sedimentos e calhas coletoras nas
Esquema 3 56 laterais do terreno.
Exemplo de canteiros principal e de
serviços em obra de tipologia em rede ou Esquema 13 87
malha. Alternativa 2 - Terreno plano com poço
intermediário e poço com sistema
Esquema 4 58 de retenção de sedimentos antes do
Condição topográfica 1, terreno plano. descarte.

Esquema 5 58 Esquema 14 90
Condição topográfica 2, terreno com Alternativa 3 - Terreno hipotético com
caminho natural da água pré-existente. caminho de água preferencial no centro.

Esquema 6 58 Esquema 15 93
Condição topográfica 3, terreno com Alternativa 4 - Terreno hipotético com
divergência de águas. divergência dos fluxos de água.

Esquema 7 58 Esquema 16 93
Condição topográfica 4, terreno com Alternativa 4 - Terreno hipotético com
convergência de águas. convergência dos fluxos de água.

Esquema 8 83 Esquema 17 94
Identificação das áreas de contribuição Alternativa 5 - Terreno hipotético com
em terrenos planos. convergência dos fluxos de água.

Esquema 9 83 Esquema 18 95
Identificação das áreas de contribuição Alternativa 6 - Drenagem em obras
em terrenos com concentração de água lineares.
formando fluxos internos.
Esquema 19 98
Esquema 10 84 Alternativa 7 - Drenagem em canteiro de
Identificação das áreas de contribuição obras de serviços das obras em rede.
em terrenos com divergência de águas.
Esquema 20 99
Alternativa 8 - Detalhes de proteções das
entradas de redes pluviais.

12
Detalhes

Detalhe 1 63 Detalhe 8 71
Exemplo de corte transversal do tapume Desvio do escoamento superficial das
em perímetro de obra sem declive ou frentes de serviço em obras em redes
com declive inferior a 5%. Demonstra com canteiros nas vias públicas.
o controle do escoamento superficial
por meio de sua vedação, onde há rede Detalhe 9 77
pluvial urbana. Exemplo de estoque de solo estabilizado
e protegido contra carreamento de
Detalhe 2 63 sedimentos.
Exemplo de corte transversal de tapume
em terreno com declividade superior Detalhe 10 77
a 5%. A concentração de água durante Disposição das barreiras de sedimentos
chuvas poderá exigir mais de uma fiada em função do escoamento pluvial.
de bloco para conter o fluxo de água e a
instalação de calha perimetral. Detalhe 11 86
Corte AA’ do Esquema 12 do poço de
Detalhe 3 64 drenagem com sistema de retenção
Aproveitamento do material da limpeza de sedimentos, com dispositivo
do terreno, como galhadas e restos dimensionado para acondicionamento
vegetais. temporário do escoamento de toda a
área de contribuição.
Detalhe 4 65
Corte de rodovia hipotética Detalhe 12 88
demonstrando a localização das cercas Corte AA’ no Esquema 13 reservatório de
de membrana geotêxtil. qualidade.

Detalhe 5 65 Detalhe 13 90
Fixação da membrana geotêxtil na base Corte AA’ da calha provisória do Esquema
da cerca filtrante. 14.

Detalhe 6 66 Detalhe 14 92
Confecção da sacaria e montagem dos Exemplo de disposição de barreira de
diques. sedimentos no interior da calha provisória
revestida de membrana geotêxtil.
Detalhe 7 67
Desvio do escoamento superficial das Detalhe 15 103
frentes de serviço em obras em redes Gerador protegido contra intempéries e
com canteiros nas vias públicas. contaminação do solo e água.

13
Acrônimos

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ADASA – Agência Reguladora de Águas, Energia


e Saneamento Básico do Distrito Federal

BRT - Bus Rapid Transit

CAESB – Companhia de Saneamento


Ambiental do Distrito Federal

CBUQ – Concreto Betuminoso Usinado a Quente

CEB – Companhia Energética de Brasília

CODHAB – Companhia de Desenvolvimento


Habitacional do Distrito Federal

COE – Código de Obras e Edificações do Distrito Federal

CONAM – Conselho de Meio Ambiente do Distrito Federal

CONSAB – Conselho de Saneamento Básico do Distrito Federal

DER-DF – Departamento de Estradas de


Rodagem do Distrito Federal

DF – Distrito Federal

DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

EPA – United States Environmental Protection Agency

GBC – Green Building Council

GSWCC – Georgia Soil and Water Conservation Commission

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente


e dos Recursos Naturais Renováveis

IBRAM – Instituto Brasília Ambiental

14
INMET – Instituto Nacional de Meteorologia

ISO – International Organization for Standardization

LEED – Leadership in Energy and Environmental Design

METRÔ-DF – Companhia do Metropolitano do Distrito Federal

MPDFT – Ministério Público do Distrito Federal e Territórios

NRCS – Natural Resources Conservation Service

NOVACAP – Companhia Urbanizadora da Nova Capital

PCES – Plano de Controle de Erosão e Sedimentação

PDSB – Plano Distrital de Saneamento Básico

PUB – Singapore’s National Water Agency

SAO – Sistema Separador Água e Óleo

SCAL – Singapore Contractor Association

SDU – Superintendência de Drenagem Urbana da ADASA

SINAPI – Sistema Nacional de Pesquisas de Custos e Índices

TCU – Tribunal de Contas da União

TERRACAP – Companhia Imobiliária de Brasília

UNESCO - Organização das Nações Unidas


para Educação, Ciência e Cultura

USDA – United States Department of Agriculture

15
1 Estrutura do Manual
& Seus Objetivos

16
Este Manual foi elaborado e sistematizado
para se constituir em ferramenta de orientação
à implementação de práticas de controle de
erosão do solo e manejo de sedimentos e outros
contaminantes em canteiros de obras com base
nas experiências verificadas no Distrito Federal.

O leitor será capaz de optar pelas boas por temas introdutórios (Capítulos 2, 3 e 4)
práticas aplicáveis à sua realidade, consi- que tratam da caracterização do assunto,
derando as distintas tipologias de can- da legislação aplicável e das premissas
teiros de obra, bem como as condições relacionadas ao controle de erosão do
ambientais do terreno e as atividades que solo e manejo nos canteiros de obras dos
deverão ser desenvolvidas no local em que sedimentos e outros contaminantes.
este será implantado, de forma a evitar ou
minimizar potenciais impactos negativos Na sequência são apresentadas as pro-
do empreendimento para a sociedade. postas de boas práticas e seus detalhes
técnicos (Capítulo 5) e as considerações
Aplica-se a este Manual o entendimento finais (Capítulo 6).
de que o canteiro de obras é a área de
trabalho fixa ou temporária onde se Também integram o conteúdo deste
desenvolvem todas as ações inerentes a Manual dois anexos.
construção, demolição, montagem, insta-
lação, manutenção ou reforma, incluindo O Anexo A apresenta, com caráter exem-
as frentes de serviço. plificativo, a composição de insumos e
serviços para facilitar a orçamentação
O presente documento possui natureza das ações inerentes das boas práticas,
orientativa, uma vez que a legislação embasada nas tabelas de insumos e com-
existente contempla eficientemente o posições analíticas do SINAPI (Sistema
tema, como a Lei Federal nº 12.305/2010, Nacional de Pesquisa de Custos e Índices)
que instituiu a Política Nacional de de abril de 2020 para o Distrito Federal
Resíduos Sólidos; as Resoluções CONAMA (CEF, 2020).
nº 357/2005 e nº 430/2011, que estabe-
lecem os padrões de lançamentos de A adoção das boas práticas propostas
efluentes de qualquer fonte poluidora em neste Manual demanda mudança de
corpos hídricos; e as determinações da Lei cultura e, portanto, ações de sensibiliza-
Distrital nº 6.138/2018, que estabeleceu o ção dos atores relevantes neste processo.
Código de Obras e Edificações do Distrito O Anexo B oferece sugestões de materiais
Federal. para divulgação em formato de cartazes
que podem ser utilizados em ambientes
O Manual é dividido em capítulos, que administrativos, nos canteiros de obras
são subdivididos em itens. Essa estrutura e na mídia eletrônica, incentivando as
possui uma sequência didática, iniciando transformações necessárias.

Cap. 1 Estrutura do Manual & Seus Objetivos 17


Em resumo, o Manual aborda e contribui com informações e
orientações para os profissionais nos seguintes assuntos:

• planejamento, projeto, execução e monitoramento de obras;

• controle de saída de sedimentos do cantei-


ro de obras, dos acessos e perímetro interno;

• prevenção de processos erosivos do solo;

• melhoria da qualidade do ar;

• manejo de resíduos sólidos da construção civil;

• controle da sedimentação internamente ao canteiro de obras;

• prevenção de contaminação do solo e siste-


ma de drenagem de águas pluviais do cantei-
ro de obras por produtos contaminantes;

• material formativo, informativo e normativo.

Cap. 1 Estrutura do Manual & Seus Objetivos 18


Cap. 1 Estrutura do Manual & Seus Objetivos 19
2
Introdução

20
2.1 Obstrução do sistema de drenagem,
assoreamento e poluição dos corpos
hídricos
O manejo inadequado do solo e de e o incremento nos custos do processo
agregados nos canteiros de obras civis é de potabilização, o que já se observa no
uma das causas de obstrução das tubula- Lago Descoberto, principal manancial do
ções e galerias do sistema de drenagem Distrito Federal;
urbana, pelo assoreamento e poluição dos
corpos d’água superficiais. Os problemas e a piora da qualidade da água dos cur-
ocorrem em obras públicas e privadas, sos d’água e demais corpos receptores,
sem exceção de tipologia (edificações, com diminuição da balneabilidade das
redes e outras infraestruturas urbanas, vias águas superficiais e consequente prejuí-
e rodovias, obras de arte e outros). O solo zo para os esportes de contato e demais
carreado pela parcela da água de chuva atividades de lazer e;
que escoa sobre o terreno pode tanto se
originar da erosão de solo natural que teve f redução das áreas do Lago Paranoá

a proteção da camada superficial remo- adequadas às atividades náuticas.


vida, quanto ser proveniente de material
estocado no canteiro de obras, fornecido Estas consequências podem se agravar
como insumo ou originado de desaterro pelo efeito das mudanças climáticas no
local. Este fenômeno tem como principais padrão de chuvas intensas nas cidades.
consequências negativas:
Como exemplo, Roig et al. (2019), em tra-
a a piora do desempenho do sistema de balho fruto de parceria entre a Adasa e a
drenagem de águas pluviais urbanas, o au- Universidade de Brasília, determinaram os
mento de seu custo de manutenção e a eleva- efeitos de assoreamento no Lago Paranoá
ção do risco de alagamentos e enchentes; com uma perda aproximada de 6,5% de
seu volume total, pois a estimativa inicial
b a redução da capacidade de transpor- de volume de água total em 1960 era de
te dos cursos d’água, incrementando a 492,3 hm3 e na data do estudo era de
possibilidade de enchentes; 460,0 hm3. Considerando que a perda
anual de capacidade de armazenamento
c a diminuição acelerada da capacida- dos reservatórios do Brasil é de aproxi-
de de armazenamento de reservatórios madamente 0,5% (Carvalho et al., 2000),
como os lagos Paranoá e Descoberto, os valores observados no Lago Paranoá
com consequências para a capacidade de são baixos, com perda em torno de 0,1%
geração de energia e para a segurança do ao ano. No entanto, demostra-se no
abastecimento público de água potável estudo apresentado por Roig et al. (2019)
do Distrito Federal; a grande contribuição de materiais da
construção civil no referido processo. Essa
d o aumento da turbidez das águas afirmação corrobora os resultados obtidos
desses reservatórios no período chuvoso, por Franz et al. (2013), de que cerca de
com a diminuição de sua tratabilidade 85% dos sedimentos que chegam ao

Cap. 2 Introdução 21
Lago Paranoá são provenientes de áreas poluição ocasionada pelo lançamento de
urbanas de sua bacia de contribuição. efluentes não tratados e ao carreamento
de sedimentos das obras para o Lago,
É de conhecimento público (G1, 2014; prejudicando a qualidade de suas águas.
Metrópoles, 2020) que as principais Dessa forma, o MPDFT demonstra que o
causas do assoreamento do Lago Paranoá, manejo de sedimentos nas obras requer
em especial nos braços do Riacho Fundo atenção e não deve ser negligenciado.
(Menezes, 2010) e do Ribeirão Bananal,
são obras civis viárias de porte (a exemplo No que pese todo o conhecimento
do BRT e do Trevo de Triagem Norte) e e a base legal para o tratamento
as iniciativas de parcelamento do solo do problema, o que se constata na
(Águas Claras e Noroeste, mais recente- observação direta e cotidiana é que o
mente), tanto promovidas pelo Poder “modus operandi” adotado em obras de
Público quanto pela iniciativa privada. edificação, instalação e manutenção dos
mais diversos tipos de redes de serviços,
Esse panorama no Lago Paranoá também de implantação e ampliação de infraes-
foi avaliado pelo Ministério Público do trutura viária urbana e rodoviária, e das
DF e Territórios, o qual elaborou um respectivas obras de arte, de paisagismo e
relatório pericial indicando que 76 de jardinagem não considera de maneira
empreendimentos do DF, na maioria adequada o manejo de sedimentos e de
públicos, causavam impactos ambientais outros poluentes presentes no canteiro de
negativos ao Lago Paranoá (MPDFT, 2019). obras e passíveis de serem transportados
Estes impactos estavam associados à pelas águas pluviais.

2.2 O controle da erosão, do


assoreamento e da poluição no PDSB
O Plano Distrital de Saneamento Bá- orgânicos e o lixo doméstico.
sico – PDSB reconhece a importância
desta problemática quando define, entre O PDSB encaminhou providências para
outros, os seguintes objetivos específicos equacionar o problema em seu Subpro-
no que diz respeito à drenagem urbana: grama 4.4: Prevenção da Poluição em
Canteiros de Obras. Neste subprograma,
a promover o controle de erosão em sugere-se que, para obras de maior porte,
terraplenagens e em terrenos desprovi- a concessão do alvará de construção seja
dos de vegetação e em áreas susceptíveis condicionada à apresentação de plano
à erosão urbana no meio urbano; de controle da erosão e sedimentação
(PCES), nos moldes em que é exigido o
b promover o controle de assoreamen- Plano de Gerenciamento de Resíduos
to dos corpos d’água; da Construção Civil, previsto na Lei n°
4.704/2011.
c coibir a deposição de materiais ao

longo dos corpos d’água, em especial O PDSB elencou órgãos e entidades da


os resíduos da construção civil, resíduos administração pública do DF responsá-

Cap. 2 Introdução 22
veis pela execução de metas de forma referido “Plano de Prevenção da Poluição
imediata e no curto prazo, relacionadas à das Águas Pluviais” é necessário para
melhoria da prestação do serviço público obter licença (outorga) para lançamento
de drenagem e manejo de águas pluviais das águas pluviais, atendendo o disposto
urbanas. no “Clean Water Act” (lei federal ameri-
cana para controle de poluição de suas
Cabe à Secretaria de Obras e Infraestru- águas), de obras que envolvam mais de 1
tura dar publicidade e acompanhar a acre (cerca de 4.000 m2).
implementação deste Plano. O Conselho
de Saneamento Básico do Distrito Federal Singapura dispõe de um abrangente guia
(CONSAB) também possui a responsa- de práticas de controle de sedimentos
bilidade de acompanhar a execução do editado por sua Agência Nacional de
Plano, sendo instrumento de controle Águas (PUB, sigla em inglês), em parceria
social. com a Associação dos Construtores de
Singapura (SCAL, sigla em inglês), intitula-
A Adasa realiza o acompanhamento do do “Erosion & Sediment Control At Cons-
cumprimento das metas do Plano sob o truction Sites – for site implementation”
foco estratégico, pois é o órgão regulador (Controle de erosão e sedimentos em
dos serviços públicos de saneamento obras – para implementação em campo),
básico no DF, sendo também membro do cuja 5ª edição foi publicada em 2018.
CONSAB. A Austrália conta com o “Guidelines for
Erosion & Sediment Control on Building
Exercendo seu compromisso, a Adasa Sites” (Manual de controle de erosão em
realiza atividades de articulação com os áreas de construção), cuja 2ª edição foi
demais órgãos ou entidades comprome- publicada em 2001 pelo Department of
tidas com a efetivação do PDSB. De forma Land and Water Conservation (Departa-
complementar, a Agência Reguladora mento de conservação de solo e água).
desenvolve ações para institucionalizar a Ainda na Austrália, pode-se encontrar o
prestação do serviço de manejo de águas manual bastante didático “Keeping Our
pluviais urbanas e fomentar e estruturar a Stormwater Clean - A Builder’s Guide”
regulação e a fiscalização de uma drena- (Mantendo nossas águas pluviais limpas
gem sustentável no Distrito Federal. – um guia para construtores) com infor-
mações para auxiliar os responsáveis no
controle de sedimentos e demais resí-
2.3 A prática duos do canteiro de obras, cuja 4ª edição
foi publicada em 2006 pela Melbourne
internacional Water.

A experiência internacional no tema


está bastante consolidada em vários 2.4 A prática
países. Nos Estados Unidos, a Agência de
Proteção Ambiental (EPA, sigla em inglês) brasileira
aborda o assunto no seu sítio na internet
e em diversas publicações, entre as quais No Brasil, as obras rodoviárias constituem
se destaca a “Developing Your Stormwa- uma exceção, pelo menos no papel. A
ter Pollution Prevention Plan: A Guide for preocupação com o controle da erosão do
construction sites”, publicado em 2007. O solo e o manejo de sedimentos está incor-

Cap. 2 Introdução 23
porada há tempos nas obras rodoviárias. O Manual de Implantação
Básica de Rodovia do Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transportes (Brasil, 2010) disponibiliza orientações de interesse
para o tema em seu Anexo F - Procedimentos e ações ambientais
na fase de obras.

Infelizmente, em diversas situações, tais diretrizes não são se-


guidas, como demonstrado nas Figuras 1 e 2. No caso, verifica-se
que na realização do serviço de recomposição do gramado em
talude não foram adotadas as medidas adequadas para evitar o
carreamento da terra e consequente entupimento do sistema de
drenagem viária.

Figura 1
Obra de recomposição de gramado em talude na região
central de Brasília (Avenida W3). Fonte: SDU/ADASA (2018)

Cap. 2 Introdução 24
Figura 2
Boca de lobo tomada por sedimentos de obra de reforma
de gramado na Avenida W3. Fonte: SDU/ADASA (2018)

O processo de concessão no Brasil de do canteiro de obras urbanos no meio


certificação LEED (Leadership in Energy ambiente e nos sistemas de drenagem,
and Environmental Design), desenvolvida o PCES estabelece medidas de controle
pelo Green Building Council (GBC), incor- que deverão ser aplicadas e monitoradas
pora exigências voltadas para a prevenção por profissional designado para tal.
da poluição em canteiros de obras. Além
de exigências já previstas na legislação do O tema foi examinado por Sinovetz (2017)
país, como a apresentação do Plano de em sua dissertação de mestrado intitu-
Gerenciamento de Resíduos de Constru- lada “Análise do impacto da certificação
ção Civil, o LEED exige que as obras certi- LEED nos canteiros de obra de uma em-
ficadas apresentem Plano de Controle da presa de grande porte na cidade de Porto
Erosão e Sedimentação (PCES) causadas Alegre e propostas de adequação”. Rosa
pelas chuvas intensas, que podem, por (2013), em sua dissertação de mestrado,
meio do escoamento superficial gerado, fez a análise abrangente de práticas e
carregar sedimentos para fora do canteiro recomendações relativas ao controle de
de obras, acumular solo nas rodas dos erosão e sedimentação em sistemas de
veículos, causar entupimento de galerias drenagem provisórias de obras na cidade
pluviais ou assoreamento de rios e lagos, de São Paulo.
entre outros. Para controlar os impactos

Cap. 2 Introdução 25
3
Legislação Aplicável

26
O controle da erosão do solo e o manejo
adequado dos sedimentos e outros
contaminantes nos canteiros de obra pressupõe
o conhecimento da legislação nacional e local
aplicável, que é bastante abrangente como
demonstra o conteúdo deste Capítulo. Por outro
lado, é evidente a necessidade de um esforço
por parte do Poder Público e de parceiros
privados relevantes para “tirar do papel” a
legislação, informando, capacitando e orientando
os agentes que intervêm nos processos de
planejar, projetar, contratar, construir e fiscalizar
obras civis, sejam elas privadas ou públicas.

A Lei n° 12.305/2010 – Política Nacional de necessárias de forma a minimizar os


Resíduos Sólidos – classifica os resíduos impactos ambientais”.
da construção civil como aqueles gerados
nas construções, reformas, reparos e Em suas considerações iniciais, a Resolu-
demolições de obras de construção civil, ção assevera que os geradores de resíduos
incluídos os resultantes da preparação da construção civil devem ser respon-
e escavação de terrenos para obras civis. sáveis pelos resíduos das atividades de
A necessidade da adequada gestão dos construção, reforma, reparos e demoli-
resíduos gerados pelas empresas do ções de estruturas e estradas, bem como
setor da construção civil foi evidenciada por aqueles resultantes da remoção de
nesta Política quando vinculou a essas vegetação e escavação de solos.
empresas a elaboração de plano de
gerenciamento de resíduos sólidos. Os sedimentos, nessa norma, são clas-
sificados como resíduos da construção
civil, pois de acordo com o inciso I de
3.1 Resoluções do seu art. 2º, os “Resíduos da construção
civil: são os provenientes de construções,
CONAMA reformas, reparos e demolições de obras
de construção civil, e os resultantes da
As principais resoluções de caráter preparação e da escavação de terrenos,
nacional que englobam o controle da tais como: tijolos, blocos cerâmicos,
erosão do solo e o manejo de sedimentos concreto em geral, solos, rochas, me-
e outros contaminantes foram elaboradas tais, resinas, colas, tintas, madeiras e
pelo CONAMA (Conselho Nacional de compensados, forros, argamassa, gesso,
Meio Ambiente). telhas, pavimento asfáltico, vidros,
plásticos, tubulações, fiação elétrica etc.,
A Resolução n° 307/2002, com nova comumente chamados de entulhos de
redação dada pela Resolução n° 448/2012, obras, caliça ou metralha”.
estabelece “diretrizes, critérios e proce-
dimentos para a gestão dos resíduos da O art. 3º dessa resolução define os solos
construção civil, disciplinando as ações como resíduos Classe A:

Cap. 3 Legislação Aplicável 27


“I - Classe A - são os resíduos reutili- “quantidade de determinado poluente
záveis ou recicláveis como agrega- transportado ou lançado em um corpo
dos, tais como: de água receptor, expressa em unidade
de massa por tempo”. Já o controle de
a) de construção, demolição, refor- qualidade da água, segundo o inciso
mas e reparos de pavimentação e XIV, se refere ao “conjunto de medidas
de outras obras de infraestrutura, operacionais que visa avaliar a melhoria
inclusive solos provenientes de terra- e a conservação da qualidade da água
planagem; estabelecida para o corpo de água”.

b) ........ Essa resolução determina a qualidade


mínima da água dos corpos hídricos em
c) ........” relação ao seu uso principal.

Os solos, portanto, como os demais A Resolução n° 430/2011 dispõe sobre as


resíduos da construção civil Classe A, condições e padrões exclusivos de lança-
após triagem, devem ser reutilizados ou mento de efluentes, complementando
reciclados na forma de agregados ou e alterando a Resolução n° 357/2005.
encaminhados a aterro de resíduos Classe Assim, em seu art. 2º, essa Resolução
A de armazenamento de material para afirma que “A disposição de efluentes
usos futuros. no solo, mesmo tratados, não está
sujeita aos parâmetros e padrões de
Outro importante conceito trazido pela lançamento dispostos nesta Resolução,
CONAMA n° 307/2002 é a distinção entre não podendo, todavia, causar poluição
geradores (pessoas, físicas ou jurídicas, ou contaminação das águas superficiais
públicas ou privadas, responsáveis por e subterrâneas”. Na sequência, o art. 3º
atividades ou empreendimentos que expressa que “Os efluentes de qualquer
gerem os resíduos) e transportadores fonte poluidora somente poderão ser
(pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas lançados diretamente nos corpos recep-
da coleta e do transporte dos resíduos tores após o devido tratamento e desde
entre as fontes geradoras e as áreas de que obedeçam às condições, padrões e
destinação). O papel e as atividades de exigências dispostos nesta Resolução e
geradores e transportadores demandam em outras normas aplicáveis”.
estratégias e boas práticas adequadas
para cada caso. Em seu art. 16, a Resolução n° 430/2011
determina condições e padrões de lança-
A Resolução n° 357/2005 também é mentos de efluentes de qualquer fonte
relevante para a gestão de sedimentos e poluidora em corpo receptor, nas quais se
outros contaminantes por dispor sobre a destacam as seguintes limitações:
classificação dos corpos de água super-
ficiais e diretrizes ambientais para o seu “c) materiais sedimentáveis: até 1
enquadramento, bem como estabelecer mL/L em teste de 1 hora em cone
as condições e padrões de lançamento de Inmhoff. Para o lançamento em
efluentes. lagos e lagoas, cuja velocidade de
circulação seja praticamente nula,
Em seu art. 2º, inciso VII, esta Reso- os materiais sedimentáveis deverão
lução define carga poluidora como a estar virtualmente ausentes;”

Cap. 3 Legislação Aplicável 28


“e) óleos e graxas: 1°, incisos III e IV, tipifica como ato lesivo,
entre outros:
1. óleos minerais: até 20 mg/L;
“III - sujar logradouros ou vias pú-
2. óleos vegetais e gorduras animais: blicas, em decorrência de obras ou
até 50 mg/L;” desmatamento,

Por conseguinte, em seu art. 24, a IV – depositar, lançar ou atirar em


Resolução n° 430/2011 alerta que “Os riachos, córregos, lagos e rios ou às
responsáveis pelas fontes poluidoras suas margens, resíduos de qualquer
dos recursos hídricos deverão realizar natureza que causem prejuízo à lim-
o automonitoramento para controle e peza urbana ou ao meio ambiente.”
acompanhamento periódico dos efluen-
tes lançados nos corpos receptores, com A Política Ambiental do Distrito Federal,
base em amostragem representativa estabelecida pela Lei n° 41/1989, fixa no
dos mesmos”. seu art. 13:

A abordagem deste Manual se coaduna “É vedado o lançamento no meio


com a disposição existente no art. 27 da ambiente de qualquer forma de ma-
referida Resolução, quando dispõe que: téria, energia, substância ou mistura
“para as fontes potencial ou efetiva- de substância, em qualquer estado
mente poluidoras dos recursos hídricos físico, prejudiciais ao ar atmosférico,
deverão ser buscadas práticas de gestão ao solo, ao subsolo, às águas, à fau-
de efluentes com vistas ao uso eficiente na e à flora, ou que possam torná-lo:
da água, à aplicação de técnicas para
redução da geração e melhoria da qua- I – impróprio, nocivo ou incômodo ou
lidade de efluentes gerados e, sempre ofensivo à saúde;
que possível e adequado, proceder à
reutilização”. II – inconveniente, inoportuno ou
incômodo ao bem-estar público;

3.2 Legislação III – danoso aos materiais, prejudi-


cial ao uso, gozo e segurança da
Distrital propriedade, bem como ao funcio-
namento normal das atividades da
No DF, há mais de 20 anos, vários coletividade.”
diplomas legais tratam do controle da
erosão do solo e do manejo adequado A mesma Lei nº 41/1989 estabelece no
dos sedimentos e outros contaminantes, art. 35 como finalidade prioritária de
preconizando a adoção de boas práticas pesquisa e desenvolvimento, entre outras,
e vedando procedimentos que facilitam o técnicas adequadas para o desassorea-
carreamento de sedimentos dos canteiros mento de corpos d’água e prevenção e
de obras. As normas distritais pertinentes controle de erosão.
ao tema são apresentadas a seguir.
Publicada em 2011, a Lei n° 4.704, que
A Lei n° 972/1995, que dispõe sobre os dispõe sobre a gestão integrada de
atos lesivos à limpeza pública, no seu art. resíduos da construção civil e de resíduos

Cap. 3 Legislação Aplicável 29


volumosos, define como resíduos da cons- “incentivar o uso de novas tecnolo-
trução civil, entre outros, os resultantes da gias e técnicas construtivas que pro-
preparação e da escavação de terrenos, piciem a economia de recursos na-
portanto a gestão dos materiais com esta turais, o gerenciamento de resíduos,
proveniência está sujeita às disposições o manejo adequado das águas
desta lei e, especialmente, à exigência pluviais e a preservação do solo”;(art.
de observar Plano de Gerenciamento 5°, inciso II) e “atender à legislação
de Resíduos da Construção Civil, que que trata da gestão integrada dos
estabeleça os procedimentos específicos resíduos da construção civil quanto
de cada obra para redução da geração ao despejo de resíduos de obras,
de resíduos e para manejo e destinação inclusive de demolições; garantir a
ambientalmente adequados de todos os estabilidade do solo no canteiro de
resíduos gerados. obras; providenciar condições de
armazenamento adequadas para
Esta mesma Lei traz ainda dois impor- os materiais estocados na obra;” (art.
tantes dispositivos quanto aos deveres 17, incisos VI, IX e X).
dos transportadores de resíduos da
construção civil e resíduos volumosos. Os O COE trata especificamente da drena-
transportadores são obrigados a utilizar gem dos canteiros de obras no § 2º do art.
dispositivos de cobertura de carga em 79:
caçambas estacionárias ou outros equi-
pamentos de coleta, durante o transporte “O canteiro de obras deve contar
de resíduos (inciso III, § 2°, artigo 24), e é com sistema de drenagem das
vedado sujar vias e logradouros públicos águas pluviais, com o objetivo de
durante a operação dos equipamentos prevenir o alagamento ou a erosão
de coleta de resíduos (inciso II, § 1°, artigo de quaisquer vias, logradouros públi-
24). cos ou terrenos a jusante, bem como
o transporte ou o carreamento de
A Lei n° 4.285/2008 que reestrutura a solo, outros resíduos ou materiais de
Agência Reguladora de Águas e Sanea- construção.”
mento do Distrito Federal – ADASA e
dispõe sobre recursos hídricos e serviços E o art. 82 do COE exige cuidados no mo-
públicos de saneamento básico no vimento de terra nas obras nos seguintes
Distrito Federal, também compõe o arca- termos:
bouço legal de interesse para o controle
de erosão e o manejo de sedimentos e “O movimento de terra deve ser executa-
demais poluentes presentes nos canteiros do mediante:
de obras e passíveis de causar poluição
hídrica. I - adoção de medidas técnicas de
segurança que garantam a esta-
Mas, é a recente Lei n° 6.138/2018, que bilidade e a integridade das edifi-
institui o Código de Obras e Edificações cações, das propriedades vizinhas,
do Distrito Federal – COE, em vigor desde das áreas públicas e das redes de
junho de 2018, que trata a temática infraestrutura urbana;
deste Manual de modo mais específico e
abrangente. Esta lei inclui como diretriz: II - armazenamento e proteção para
o material retirado, de modo a evitar

Cap. 3 Legislação Aplicável 30


sua dispersão e o comprometimento No seu Capítulo V, essa lei trata da
das redes de saneamento básico. fiscalização, das infrações e das sanções,
havendo previsão de regulamento pelo
§ 1º O eventual afloramento do sub- Poder Executivo no art. 160.
solo em relação ao perfil natural do
terreno decorrente de movimento de
terra é objeto do regulamento desta 3.3 Resoluções
Lei.
do Conselho
§ “2º É vedado o espalhamento de
terra para logradouros públicos e Distrital de
áreas internas ou externas desprote-
gidas.” Recursos
Os seguintes dispositivos do COE são Hídricos
também de interesse específico:
As Resoluções do Conselho Distrital de
“Art. 83. A gestão dos resíduos, assim Recursos Hídricos (CRH/DF) nº 01 e 02, de
também considerados os solos e as 2014, enquadram os corpos hídricos do
terras provenientes de escavações, DF em classes segundo seus usos prepon-
desaterros e terraplanagens, deve derantes, obedecendo às disposições da
obedecer ao Plano de Gerenciamen- Resolução CONAMA n° 357/2005.
to de Resíduos da Construção Civil.

Art. 84. A poluição e o assoreamen- 3.4 Resolução da


to de talvegues, cursos e espelhos
d’água e sistemas de drenagem Adasa
urbana e de drenagem de rodovias
devem ser prevenidos com a utiliza- As condições para o lançamento de águas
ção de: pluviais nos corpos hídricos superficiais
do Distrito Federal e os procedimentos
I - estocagem de solos e agregados, gerais para requerimento e obtenção
de modo a prevenir o arraste por de outorga dos mesmos são objeto da
chuva e vento de materiais para Resolução nº 09/2011, editada pela Adasa.
vias e demais logradouros públicos
ou diretamente para o sistema de Este normativo traz as seguintes defini-
drenagem de águas pluviais; ções de interesse para o escopo deste
Manual:
II - manejo e depósito adequados
para a remoção de vegetação; “III – outorga de lançamento de
águas pluviais em corpos hídricos:
III - normas aplicáveis para o arma- ato administrativo mediante o qual
zenamento de materiais tóxicos, a ADASA faculta ao outorgado o
resíduos perigosos e todo material direito de lançamento de águas plu-
potencialmente poluidor, de modo a viais em corpos hídricos, por prazo
prevenir carreamentos ou vazamen- determinado, nos termos e nas con-
tos.” dições expressas no respectivo ato;

Cap. 3 Legislação Aplicável 31


VIII – vazão de pré-desenvolvimen- deverão considerar, no mínimo, a redução
to: vazão estimada de escoamento de 80% (oitenta por cento) dos sólidos
superficial calculada considerando- totais gerados na área impermeabilizada.
se a situação natural de cobertura
do solo; Do ponto de vista da quantidade, a outor-
ga de lançamento de águas pluviais em
IX – vazão outorgada: volume máxi- corpo hídrico superficial decorrente de
mo que o outorgado poderá lançar impermeabilização do solo condiciona a
no corpo hídrico receptor, por um vazão específica ao valor máximo de 24,4
determinado período de tempo, L/(s.ha), correspondente a chuva de uma
conforme estabelecido no ato de hora e tempo de recorrência de 10 anos.
outorga.”
As exigências de qualidade e quantidade
Esta Resolução da Adasa determina que de água pluvial lançada nos corpos
o lançamento de águas pluviais em corpo hídricos devem ser atendidas não apenas
hídrico superficial decorrente de imper- durante a vida útil ou operação de um
meabilização do solo deverá manter a empreendimento, mas também durante
qualidade e a quantidade da água no cor- o período de sua implantação, quando
po hídrico receptor. Para tal, aponta como é relevante o manejo dos sedimentos e
alternativa a adoção de reservatórios de outros contaminantes nos canteiros
de qualidade e quantidade ou medidas de obra. Portanto, a outorga deverá ser
alternativas com comprovada eficácia. requerida tanto nos casos de lançamento
provisório de águas pluviais, durante a
Ainda, os critérios aplicados na imple- fase de obras civis, quanto para o sistema
mentação do reservatório de qualidade definitivo de drenagem urbana.

Cap. 3 Legislação Aplicável 32


Cap. 3 Legislação Aplicável 33
4
Premissas para o
Controle de Erosão
do Solo e o Manejo de
Sedimentos e Outros
Contaminantes

34
4.1 Definições
Para maior clareza, apresentam-se as
definições adotadas neste Manual para os
seguintes termos:

Área de contribuição externas ao seu perímetro e com admi-


Superfície ou superfícies convergentes nistração central.
cuja precipitação incidente escoa para
um mesmo ponto; Canteiro de serviços
Área delimitada internamente no can-
Área de intervenção teiro de obras e separado fisicamente
Área onde ocorrem atividades utilizado- do canteiro principal, o qual geralmente
ras de recursos ambientais e/ou ações não possui infraestruturas provisórias
de construção, instalação, ampliação, administrativas e de vivências, mas sim
modificação e operação de sistemas de de serviços, como estacionamento de
infraestrutura e empreendimentos; máquinas e ponto de abastecimento de
combustíveis;
Aspectos ambientais
Elementos das atividades, produtos ou Corpo receptor
serviços de uma organização que podem Corpo hídrico superficial que recebe o
interagir com o meio ambiente, causando lançamento de um efluente líquido;
ou podendo causar impactos ambientais,
positivos ou negativos (ISO 14001, 2015). Erosão ou processo erosivo
Os aspectos ambientais são elementos Termo geral relacionado com o processo
do sistema de gestão ambiental de uma de degradação ou remoção de partículas
empresa; de rochas e solos, promovido por agentes
naturais ou antrópicos;
Boa prática
Técnica identificada e experimentada Erosão laminar
como eficiente e eficaz em seu contexto Desagregação e arraste das partículas
de implantação para a realização de superficiais do solo em camadas uni-
determinada tarefa, atividade ou procedi- formes, sem formar sulcos, por meio do
mento (ECOBRASIL, 2019); escoamento superficial difuso;

Canteiro de obras Erosão em sulcos


Área de trabalho fixa e temporária onde Pequenos canais ou depressões no solo
se desenvolvem operações de apoio e formados pelo fluxo preferencial do
de execução de construção, demolição, escoamento superficial, com desprendi-
montagem, instalação, manutenção ou mento e arraste das partículas de solo;
reforma, incluindo as frentes de serviço;
Impacto ambiental
Canteiro principal Qualquer modificação do meio ambiente,
Área delimitada internamente no cantei- adversa ou benéfica, que incida, no todo
ro de obras dotado de infraestruturas de ou em parte, dos aspectos ambientais
apoio às frentes de serviços internas ou naturais (ISO 14001, 2015);

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 35
Poço de drenagem
Depressão no terreno para armazena-
mento temporário de água e sedimentos,
a fim de proporcionar a sedimentação do
material em suspensão.

Sistema de Gestão Ambiental


Parte do sistema de gestão usado para
gerenciar aspectos ambientais, cumprir
requisitos legais e outros requisitos e
abordar riscos e oportunidades (ISO
14001, 2015).

4.2 Controle da erosão do solo e de


sedimentos
A erosão ocorre quando o solo é exposto ocorrer com maior intensidade, notada-
a chuva ou escoamento superficial. As mente quando o terreno é nivelado e a
partículas desprotegidas do solo são cobertura superficial é removida para as
inicialmente desagregadas pelo impacto ações de obras civis.
das gotas de chuva ou do escoamento
superficial. Essas partículas livres podem A incidência dos processos erosivos do
então ser transportadas pela água da solo e da sedimentação em áreas urbanas
chuva e depositadas como sedimento em proporciona sérios danos ao meio am-
algum local a jusante (USDA, 2003). biente, especialmente o assoreamento e
a poluição de corpos d’água, mas tam-
Naturalmente, a erosão do solo tem bém a obstrução do sistema de drena-
ocorrido com taxa relativamente lenta gem urbana com a consequente elevação
desde a formação do planeta e represen- dos riscos de alagamentos, e a presença
ta um importante fator na formação de de lama e pó nos logradouros públicos
sua superfície como conhecemos hoje. com prejuízos estéticos e a redução da
segurança do trânsito.
Excetuando alguns casos em encostas
íngremes e canais de cursos d’água com A reparação desses tipos de danos,
declividade acentuada, a erosão natural quando viável, exige uma série de ações
do solo ocorre muito lentamente e com complexas com custos financeiros signifi-
taxa uniforme (GSWCC, 2014). Por outro cativos, tornando óbvia a necessidade de
lado, a ação do homem pode acelerar prevenir ao invés de remediar.
esse processo natural, intervindo no meio
ambiente para satisfazer a demanda As orientações reunidas neste Manual
por novas moradias, áreas comerciais e apontam para a necessidade da aplica-
industriais, rodovias e outros. ção de medidas de prevenção e controle
dos processos de erosão do solo e de
Nas áreas urbanas, a erosão do solo pode manejo de sedimentos em obras urbanas,

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 36
adotando abordagem planejada e tecni- Este Manual assume 2.000 m2 como área
camente consistente. máxima do canteiro de empreendimento
onde a aplicação das boas práticas pelo
Portanto, os empreendimentos de projetista e pelo engenheiro da obra pode
construção civil, desde o planejamento ser suficiente para controlar os processos
do uso e ocupação da gleba ou do erosivos e promover o adequado manejo
terreno até a consolidação de todo o solo dos sedimentos, permitindo dispensar
superficial após a conclusão e entrega da a orientação e o acompanhamento de
obra, devem buscar: minimizar a vazão profissional especializado em controle de
do escoamento superficial no canteiro de erosão e manejo de sedimentos.
obras e adequá-lo aos padrões e capa-
cidades da drenagem natural da região Por suas especificidades, alguns canteiros
ou do sistema de drenagem existente; de obras com área inferior a 2.000 m2
reduzir a perturbação do solo superficial podem também necessitar de plano e
e recompor a sua cobertura o mais rápido projeto de controle de erosão e manejo
possível; manejar adequadamente o de sedimentos mais complexo, além
armazenamento e o transporte de solo do escopo das boas práticas sugeridas
removido; e evitar a perda de sedimentos neste Manual, exigindo intervenção de
do canteiro de obras para áreas vizinhas profissional especializado tanto nas fases
ou corpos hídricos. de planejamento e projeto quanto no
acompanhamento da execução.
Compreender como a erosão do solo
ocorre é fundamental para a concepção Estas exceções abrangem situações
e execução de um plano e projeto de como: terrenos com declives superiores
controle de processos erosivos do solo. O a 5%, proximidades de cursos d’água,
plano e o projeto de controle de erosão problemas de drenagem natural, riscos
do solo devem ser implementados pronunciados de alagamentos ou inun-
antes do manejo de sedimentos, pois dações e solos mais erodíveis ou instáveis
controlar a erosão é mais fácil e menos (USDA, 2003).
dispendioso que manejar os sedimentos.
Assim, ao evitar que as partículas do solo O controle de erosão do solo e o manejo
no canteiro de obras se desprendam e de sedimentos e de outros contaminan-
sejam transportadas, menos sedimentos tes nos canteiros de obras devem ser
precisarão ser controlados (USDA, 2008). contemplados em todas as etapas desde
o planejamento do empreendimento,
A definição clara da área do canteiro de detalhados no projeto e implementados
obras é fundamental para a elaboração e e ajustados na execução das obras,
implementação do plano e do projeto de havendo casos em que há necessidade de
controle de erosão do solo e de manejo ações após a entrega e início da fase de
de sedimentos. Áreas menores exigem uso, por pendências na consolidação ou
controles mais simples e pontuais, devido estabilização de novas proteções do solo
a menor escala das obras civis, mas as ou de configurações do terreno.
áreas maiores requerem distintos contro-
les de processos erosivos e demandam Assim, qualquer que seja o porte do
a assistência de profissionais específicos empreendimento e do canteiro de obras,
para acompanhamento das ações o controle da erosão do solo e manejo de
preventivas e corretivas. (USDA, 2003). sedimentos inicia-se com a preparação

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 37
de plano específico, articulado com o • a não remoção das coberturas vegetais
planejamento do empreendimento e a dos terrenos dos lotes, o que só deve
definição da ocupação da gleba ou lote e ocorrer imediatamente antes da ocu-
dos processos construtivos. Em seguida, pação de cada um deles;
o controle de erosão do solo e de manejo
de sedimentos e outros contaminantes • a instalação de tubulações enterra-
precisa ser detalhado em forma de proje- das com abertura de trincheiras deve
to, com especificações das ações a serem observar as boas práticas aplicáveis
desenvolvidas durante a execução das constantes deste Manual, da mesma
obras, incluído na fase de elaboração dos forma que as escavações para assenta-
demais projetos do empreendimento. mentos de postes e de equipamentos
enterrados;
O plano e o posterior projeto de controle
de erosão do solo e manejo de sedimen- • a não exposição às intempéries de
tos devem considerar aspectos ambien- taludes desprotegidos;
tais específicos, como a pluviometria
local, a topografia do terreno e a situação • a proteção das áreas de armazena-
de cobertura vegetal do terreno, bem mento temporário de solos provenien-
como os contaminantes presentes nos tes de desaterro;
canteiros de obras, de modo a identificar
as diversas ações preventivas, identifican- • o controle dos escoamentos superfi-
do, prevenindo e minimizando riscos, o ciais, especialmente para evitar tanto
que contribui para evitar retrabalhos na erosão quanto o carreamento de sedi-
fase de execução (tais como reconfigu- mentos para fora do canteiro de obras.
ração de taludes de terra ou escavações
adicionais). De forma idêntica, obras de implantação,
ampliação ou duplicação de rodovias
Exigem intervenção especializada os merecem planejamento especializado da
empreendimentos de loteamento de prevenção de erosão e do manejo de se-
glebas com a consequente implantação dimentos em toda a área de intervenção.
de vias de circulação e demais logradou- A movimentação de grandes quantidades
ros públicos e de infraestrutura básica de de solo e sua estocagem, os taludes de
drenagem e manejo das águas pluviais, cortes e aterros, a dimensão em geral
esgotamento sanitário, abastecimento de elevada da área de intervenção, o trans-
água potável, iluminação pública, energia porte de solo por meio de caminhões para
elétrica pública e domiciliar, recomen- outras áreas, são atividades que exigem
dando-se: planejamento e a adoção de boas práticas
para prevenir erosão e transporte de sedi-
• o planejamento cuidadoso do trabalho mentos para fora da área de intervenção
de terraplanagem envolvido na aber- com os consequentes impactos negativos.
tura e implantação das vias de modo a É absolutamente recomendável sequen-
reduzir os possíveis impactos ambien- ciar a execução em trechos de modo a
tais cujos riscos devem ser previamen- evitar a abertura de várias frentes de obra,
te identificados e avaliados; dificultando o controle de erosões e o
manejo dos sedimentos.

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 38
4.3 Plano de controle da erosão do solo
e manejo de sedimentos e outros
contaminantes
O controle da erosão do solo e manejo de incluir pelo menos:
sedimentos e outros contaminantes deve
ser objeto de plano e abranger pelo menos: • a previsão do volume e dos tipos de
resíduos a serem gerados na execução
• a caracterização do empreendimento de demolições e de obras civis;
e de seu processo construtivo;
• os procedimentos ambientalmente
• a identificação dos aspectos ambien- adequados para as diferentes etapas
tais e seus impactos ambientais nega- do gerenciamento de resíduos gera-
tivos relacionados; dos: segregação, acondicionamento
e armazenamento, coleta, transporte
• a proposta de Boas Práticas de con- externo e destinação final;
trole de erosão do solo e manejo de
sedimentos e outros contaminantes • a indicação das áreas licenciadas e
aplicáveis nas diversas fases da execu- ambientalmente adequadas para
ção do empreendimento; cada tipo de resíduo a ser gerado no
empreendimento;
• a sistemática de monitoramento e
manutenção da implementação das • a identificação do responsável técnico
Boas Práticas; com Anotação/Certificado de Respon-
sabilidade Técnica – ART.
• a composição da equipe de imple-
mentação e monitoramento com Os empreendimentos de construção civil
organograma de responsabilidades e com seus respectivos canteiros de obras,
fluxo de comunicação; definidos pela legislação como atividades
passíveis de licenciamento ambiental, de-
• o orçamento de materiais e serviços; vem respeitar os tipos de atos autorizativos
do IBRAM (Instituto Brasília Ambiental),
• o cronograma físico-financeiro; conforme as Resoluções CONAM (Conse-
lho de Meio Ambiente do Distrito Federal)
• a identificação do responsável técnico nos 09 de 20/12/2017, 10 de 20/12/2017, 11
com Anotação/Certificado de Respon- de 20/12/2017 e 02 de 16/10/2018.
sabilidade Técnica – ART.
Dessa forma, o plano de controle de erosão
Por suas evidentes conexões, a proposta do solo e manejo de sedimentos e outros
de plano de controle da erosão do solo e contaminantes articulado com o plano de
manejo de sedimentos e outros contami- gerenciamento de resíduos da construção
nantes deve estar articulado e harmoni- civil (referido na Lei Distrital n° 4.704/2011)
zado com o plano de gerenciamento de poderão ser exigidos pelo IBRAM, no âmbi-
resíduos da construção civil, o qual deverá to do processo de licenciamento ambiental.

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 39
4.4 Etapas do controle de erosão do solo
e manejo de sedimentos e outros
contaminantes
O controle de erosão do solo e o manejo ao órgão ambiental competente (no
de sedimentos e de outros contaminan- DF, o IBRAM ou IBAMA/DF). A emissão
tes nos canteiros de obras devem ser da licença prévia do empreendimento
contemplados em todas as etapas, desde poderá exigir, dentre outros:
o planejamento do empreendimento,
detalhados no projeto e ainda implemen- • Estudos ambientais;
tados e ajustados na execução das obras,
havendo casos em que há necessidade de • Consideração de condicionantes e me-
ações após a entrega e início da fase de didas mitigadoras fixadas pelo órgão
uso, por pendências na consolidação ou ambiental a serem contempladas no
estabilização de novas proteções do solo projeto do empreendimento;
ou de configurações do terreno.
• Outorga prévia de lançamento de
A seguir se detalha como o controle de águas pluviais, caso exista previsão de
erosão do solo e manejo de sedimentos e lançamentos de águas pluviais em
outros contaminantes devem ser contem- corpo hídrico superficial;
plados nas quatro principais etapas de
um empreendimento. • Plano de gerenciamento de resíduos
da construção civil;
a Etapa de planejamento
• Plano de controle da erosão do solo e
Esta fase inicial tem como principais manejo de sedimentos e outros conta-
atividades específicas: minantes;

• Concepção do empreendimento, estu- b Etapa de projeto


do preliminar e anteprojeto;
O projeto básico do sistema ou do
• Estimativa de custos para as fases de empreendimento, principal elemento
licenciamento ambiental, projeto, exe- desta fase, deverá contemplar todos os
cução e operação; elementos necessários e suficientes para
caracterizar os serviços e a complexidade
• Planejamento de riscos e monitora- das obras necessárias, orçar o custo total
mento e controle das atividades e das intervenções, definindo os métodos
ações de implantação e operação; construtivos e o prazo de execução (TCU,
2007). Especificamente o projeto básico
• Cronograma físico-financeiro. deverá incluir:

Dependendo do tipo e complexidade • Atendimento a condicionantes e


do empreendimento, será necessário medidas mitigadoras existentes na
requerer Licença Prévia ambiental, junto Licença Prévia;

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 40
• Projeto de controle de erosão do solo • Outorga de direito de lançamento de
e manejo de sedimentos e outros águas pluviais, caso exista previsão de
contaminantes, considerando além lançamentos de águas pluviais em
dos requisitos do respectivo Plano de corpo hídrico superficial.
controle de erosão do solo e manejo
de sedimentos a definição e o detalha- c Etapa de execução ou implantação
mento das Boas Práticas de controle
de erosão do solo manejo de sedimen- A etapa de execução é desenvolvida no
tos em outros contaminantes aplicá- espaço físico do canteiro de obras. Essa
veis, considerando as possíveis altera- fase do empreendimento deve incluir:
ções no canteiro de obras e ao longo
das etapas construtivas, abrangendo, • Monitoramento e controle dos proces-
no mínimo, desde as fases de escava- sos construtivos;
ção e movimentação de terra; até o
paisagismo e finalização e entrega das • Execução e acompanhamento das
obras. boas práticas de controle de erosão do
solo e manejo de sedimentos;
• Planejamento operacional e projeto do
canteiro de obras, incluindo o sistema • Entrega do empreendimento confor-
provisório de drenagem pluvial; me especificações e encerramento das
atividades construtivas repassando
• Quantitativo e orçamento para todos ao usuário ou proprietário todas as
os insumos e serviços para a implanta- informações relacionadas à adequada
ção do empreendimento; operação e uso.

• Cronograma físico-financeiro; Quando exigida, esta fase se conclui com


a Licença de Operação, com a qual ficam
• Especificações de materiais e serviços; comprovadas que foram atendidas as
condicionantes e medidas mitigadoras
• Solicitação de outorga prévia para lan- estabelecidas.
çamento de águas pluviais, tanto para
sistema provisório da obra, quanto d Etapa de operação ou uso (vida útil)
para o sistema definitivo, se necessário.
São relevantes nesta etapa a própria
Dependendo do tipo e complexidade do operação, o acompanhamento do
sistema, empreendimento ou obra, pode desempenho, as atividades de manuten-
ser necessário requerer Licença de Insta- ção preventiva e corretiva e as eventuais
lação ambiental, o que poderá incluir: reformas necessárias às alterações do uso.

• Comprovação do cumprimento das No que diz respeito ao controle de erosão


condicionantes e medidas mitigadoras do solo e ao manejo de sedimentos, é
exigidas na licença prévia; preciso prever as atividades relacionadas
ao monitoramento, prevenção e correção
• Apresentação de estudos, planos, de erosão e de danos no sistema de
projetos e cronogramas que tenham drenagem e em taludes e ao adequado
relação com aspectos ambientais; manejo paisagístico. Quando o empreen-
dimento for entregue sem que todas

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 41
as ações de estabilização do solo e da • Assoreamento de corpo receptor,
cobertura vegetal estejam concluídas, o devido ao carreamento de sedimentos
responsável pelo uso ou operação de em- das obras;
preendimento deve assegurar a realização
das ações cabíveis. • Eutrofização do corpo hídrico receptor,
pelo carreamento, junto com os sedi-
mentos, de nutrientes, principalmente
4.5 Impactos fósforo (Bertol et al., 2004), e pela
elevação da turbidez dos ambientes
ambientais aquáticos, com a consequente re-
dução da fotossíntese e das taxas de
significativos oxigênio do meio (Rocha et al., 2009).

O solo, outros resíduos sólidos e demais Os demais contaminantes presentes em


contaminantes ao serem carreados das canteiros de obras, como derivados de
obras pela água ou ar podem ser respon- petróleo e diversos produtos químicos
sáveis ou contribuírem para ocorrência como óleos vegetais, desmoldantes, im-
de danos ambientais que, por seu turno, permeabilizantes, tintas e outros produtos
podem justificar atrasos nas atividades de acabamento, caso não sejam tratados
construtivas, custos adicionais e conflito adequadamente, podem promover:
com órgãos de meio ambiente.
• Contaminação do solo e do lençol freá-
Há diversos impactos ambientais negati- tico (infiltração);
vos causados por sedimentos originários
de canteiros de obras, podendo citar os • Poluição das águas pluviais e do corpo
mais significativos: hídrico receptor.

• Degradação ambiental de terrenos, de-


vido a disposição de sedimentos sobre 4.6 Aspectos
a cobertura vegetal e solo natural;
ambientais de
• Alteração do uso das vias públicas,
devido a disposição de sedimentos nas interesse1
ruas, que está relacionada desde ao
aspecto visual degradante até aci- A identificação dos aspectos ambientais
dentes com veículos, principalmente relevantes nas diversas atividades que
motocicletas; integram o ciclo completo do empreendi-
mento permite determinar previamente
• Redução da qualidade do ar, devido os impactos ambientais negativos mais
a geração de material particulado e significativos, que necessitam ser evitados
transtornos à vizinhança em razão da ou mitigados.
poeira;
1 Adota-se o conceito Pode-se admitir que as ações construtivas
de aspecto ambiental • Inundações e alagamentos, devido desenvolvidas nas diferentes tipologias de
dos Sistemas de
Gestão Ambiental à obstrução de condutos e galerias obras variam apenas na intensidade, pois,
(ISO 14001, 2005). pluviais; em menor ou maior proporção, todas os
empreendimentos possuem operações

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 42
construtivas semelhantes. Por exemplo, • Exposição de solo superficial;
uma edificação e uma rodovia possuem
tanto pavimentação quanto estruturas, • Tráfego interno de veículos;
mas em proporções opostas. Na edifi-
cação, os custos mais relevantes estão • Escavação e reaterro de valas para
na estrutura e vedações, independente assentamento de tubulações.
do sistema construtivo. Por outro lado,
a rodovia é praticamente uma obra de c Aspecto Ambiental 3 — Emissão
pavimentação, apesar de possuir edifícios de particulados no ar
de apoio e obras de arte em estruturas de
concreto. São de interesse as seguintes atividades
ocorrentes nos canteiros de obras que
Considerando que as ações construtivas lançam particulados no ar:
em distintas tipologias de obras variam
apenas na intensidade, são listados a • Tráfego de veículos em vias de terra
seguir os aspectos ambientais mais rele- não compactada;
vantes e as respectivas ações mais usuais
na dinâmica das atividades construtivas. • Manuseio e transporte de solo, areia e
outros agregados;
a Aspecto Ambiental 1 — Saída de
sedimentos do canteiro de obras • Escavação e reaterro de valas para
assentamento de tubulações;
São de interesse para este aspecto am-
biental as seguintes atividades ocorrentes • Exposição de solo estocado.
nos canteiros de obras:
d Aspecto Ambiental 4 — Manejo de
• Delimitação da área de interferência resíduos sólidos da construção civil
de obras civis;
São de interesse para este aspecto am-
• Tráfego de entrada e saída de veículos biental as seguintes atividades ocorrentes
na obra. nos canteiros de obras:

b Aspecto Ambiental 2 — Erosão • Armazenamento e transporte de


superficial do solo resíduos de solo, cimento e agregados
Classe A;
São de interesse as seguintes atividades
ocorrentes nos canteiros de obras que • Seleção e destino adequado para resí-
propiciam a erosão superficial do solo: duos da construção civil.

• Supressão de espécies vegetais e reti- e Aspecto Ambiental 5 — Controle de


rada de cobertura vegetal superficial; sedimentos no canteiro de obras

• Raspagem e estoque de solo orgânico; São de interesse as seguintes atividades


ocorrentes nos canteiros de obras que
• Exposição de solo durante atividade favorecem a geração de sedimentos
de terraplenagem; suscetíveis ao carreamento por água:

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 43
• Demolição de pavimentos asfálticos, acabamentos;
pisos, vedações e estruturas cerâmicas
ou de concreto etc.; • Geração de resíduos perigosos;

• Intervenções em vias públicas: de- • Uso de máquinas, geradores, compres-


molições, escavações, pavimentação, sores e outros equipamentos movidos
concretagem etc.; a diesel;

• Demais serviços presentes no canteiro • Uso de lubrificantes para peças de es-


de obras com produção de sedimentos. coramento, corpos de prova de concre-
to etc.;
f Aspecto Ambiental 6 — Manejo
de produtos contaminantes • Lavagem e lubrificação de caminhões
betoneira e demais equipamentos e
As atividades que lidam com produtos ferramentas de manuseio do concreto;
contaminantes que podem poluir o solo e
as águas pluviais são: • Uso de banheiros provisórios ou quími-
cos;
• Uso de tintas, selantes, impermeabili-
zantes e outros produtos químicos para • Pavimentação por asfalto.

4.7 Tratamento de impactos ambientais


em canteiros de obras
Considerando os aspectos ambientais de considerar a problemática desde a
relevantes para o controle de erosão do contratação, elaboração e fiscalização dos
solo e manejo de sedimentos e de outros projetos de engenharia, bem como na
contaminantes em canteiro de obras, contratação, fiscalização e recebimento
neste item são apresentadas orientações das obras e demais empreendimentos.
para o tratamento dos possíveis impactos
ambientais negativos causados pela A legislação existente facilitou compreen-
execução de um empreendimento. der a responsabilidade dos agentes,
meios de evitar ou minimizar danos ao
As orientações apresentadas levam em meio ambiente e ações necessárias para
consideração o aprendizado obtido em o perfeito controle de erosão do solo e
visitas técnicas a diversas obras públicas manejo de sedimentos e outros contami-
no Distrito Federal que permitiram iden- nantes em obras.
tificar e classificar as principais atividades,
com possíveis impactos ambientais f Aspecto Ambiental 1 — Saída
negativos relacionados ao controle de de sedimentos da obra
erosão do solo e manejo de sedimentos
e outros contaminantes. Entrevistas com Ao ocupar o terreno para iniciar a obra, as
projetistas, fiscais de obras e agentes ações de construção degradarão a con-
públicos confirmaram a necessidade dição natural do local, seja ele uma área

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 44
vegetada, natural ou não, ou previamente desenvolvidas no local.
construída, o que ocasionará a geração
de sedimentos e a exposição do solo aos Em casos em que há previsão de ativida-
processos erosivos. des em áreas externas aos limites da obra,
tais atividades também devem ter seu
Em geral, estabelecem-se condições limite de intervenção definido e protegi-
propícias ao carreamento de sedimentos do contra a saída de sedimentos.
da obra por ventos e ao escoamento
superficial para terrenos vizinhos e para A portaria de acesso à obra também é parte
vias públicas. do seu perímetro, o que faz com que tam-
bém seja necessário garantir o controle dos
Uma vez fora da obra, conforme exemplo fluxos de água e dos sedimentos carreados.
nas Figuras 3 e 4, a seguir, os sedimentos Por estes locais entram e saem veículos e
poderão acessar o sistema de drenagem equipamentos que, após trafegarem pela
urbana e, quando dentro dos condutos, obra, podem ter sedimentos aderidos aos
dificilmente poderão ser recolhidos, se seus pneus, sendo necessárias medidas
encaminhando para os corpos hídricos para impedir a saída desses sedimentos do
receptores. perímetro do empreendimento.

Portanto, controlar a saída de sedimen- Observa-se que pelo seu caráter corretivo
tos do canteiro de obra é fundamental e por ter apenas relativa efetividade, a
para o manejo dos sedimentos, exigindo atividade de varrição das vias públicas
que o perímetro da obra seja conforma- não é considerada estratégia de controle
do para conter o escoamento de água do manejo de sedimentos em canteiro de
e dos ventos rasteiros, antes mesmo do obras, mas sim medida de mitigação de
início das demais atividades a serem impacto ambiental negativo gerado.

Figura 3
Sedimentos saindo da obra em
decorrência da falta de controles
implementados em sua via de acesso.
Fonte: Rosa (2013)

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 45
Figura 4
Evidências de sedimentos sendo carreados da obra para
a via pública por portaria sem controle. Fonte: Rosa (2013)

b Aspecto Ambiental 2 — Erosão da proteção natural do solo. O processo


superficial do solo erosivo pode ser agravado em situações
com declividades acentuadas, pois o
A limpeza do terreno e os ajustes de sua escoamento superficial pode atingir
superfície por meio de cortes e aterros velocidades maiores, como apresentado
expõem o solo, deixando-o vulnerável aos nas Figuras 5 e 6. Nesses casos, as vias
processos erosivos por sua desagregação de circulação de veículos, os taludes e
em partículas suscetíveis ao arrastamen- os estoques de solo são pontos críticos
to, podendo provocar erosão laminar a serem protegidos contra os processos
e em sulco. Existem diversos agentes erosivos, mas também os locais quase
erosivos presentes no canteiro de obras, planos ou planos e as vias de circulação
tais como a água, o vento ou os pneus de de pedestres devem ser estabilizados.
veículos e máquinas ou até mesmo os
pedestres trafegando, com potencial para A abertura de valas e as escavações
desagregar o solo e arrastá-lo para fora da para assentar tubulações no sentido do
obra. gradiente topográfico trazem risco de
surgimento de processos erosivos, em es-
O potencial de erosão eleva-se nos locais pecial quando a execução da obra ocorre
onde ocorre tráfego intenso de veículos durante o período chuvoso (Figuras 7 e 8).
e com solo revolvido, devido a remoção

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 46
Figura 5 Figura 6
Via de circulação de veículos sem proteção e Taludes com sulcos de erosão e solo revolvido.
estabilização dos taludes. Fonte: SDU/Adasa (2019) Fonte: Rosa (2019)

Figura 7
Abertura de valas para assentamento de rede
de distribuição de água em futuro setor urbano.
Fonte: SDU/Adasa (2019)
Figura 8
Abertura de vala, com disposição de solo
lateralmente e necessidade de esgotamento
de água proveniente do lençol freático.
Fonte: SDU /Adasa (2019)

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 47
Em todos os casos, eventos de precipitação mais intensos intensifi-
cam os processos erosivos e os riscos de surgimento de sulcos, que
podem evoluir para ravinas e até mesmo voçorocas.

c Aspecto Ambiental 3 — Emissão de particulados no ar

As ações construtivas podem promover o lançamento de material


particulado na atmosfera, principalmente em razão de movimen-
to de terra e do trânsito de equipamentos e veículos (Figura 9).

Figura 9
Emissão de material particulado a partir do trânsito de veículos. Fonte: Rosa (2013)

A emissão de material particulado poderá d Aspecto Ambiental 4 — Manejo de

gerar desconforto e prejuízos para a resíduos sólidos da construção civil


saúde de trabalhadores e de pessoas nas
vizinhanças do empreendimento. Por As ações construtivas geram resíduos
isso, é importante impedir ou minimizar sólidos, que necessitam ser identificados
que material particulado entre em e classificados de acordo com a legis-
suspensão e saia da obra carreado pelo lação pertinente. O projeto do canteiro
vento. Destaca-se que ao se depositar em principal deve necessariamente prever
áreas lavadas pelo escoamento super- e detalhar a localização de depósitos
ficial estes sedimentos podem atingir temporários para resíduos, incluindo
o sistema de drenagem do canteiro de o armazenamento com segregação, a
obra, potencializando a ocorrência dos coleta e o transporte até destinação final
problemas já relatados neste Manual. devidamente regularizada e licenciada.

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 48
As matérias-primas (como areia, brita, mento e, por conseguinte, o carreamento
pedrisco e pó de pedra) são estocadas para as vias de circulação e para o sistema
no canteiro principal e transportadas e, de drenagem.
quando viável, suas sobras devem ser
reaproveitadas ao invés de serem destina- Na Figura 10 é apresentado um exemplo
das como resíduos. de canteiro de obra em que não foram
adotadas práticas de controle de erosão,
A estocagem adequada de matérias-pri- deixando os materiais de construção em
mas previne desperdícios e minimiza a condição de serem carreados em caso de
geração de resíduos, reduzindo o espalha- chuvas que gerem escoamento superficial.

Figura 10
Estocagem inadequada de matérias
primas em canteiro de obras.
Fonte: SDU /Adasa (2019)

e Aspecto Ambiental 5 — Controle de sistema de drenagem deve coletar esse


sedimentos no canteiro de obras material (água mais sedimentos) e trans-
portá-lo para o local de armazenamento
O solo desagregado pela erosão encon- temporário, tratamento e análise de
tra-se solto e propício a ser arrastado pelo qualidade, antes de seu lançamento no
escoamento superficial da água de chuva sistema drenagem urbana ou no meio
ou da água oriunda de fontes internas da ambiente.
obra. O transporte suspenso na água é a
principal forma do solo sair do perímetro Na Figura 11 é apresentada uma obra em
da obra, desencadeando os impactos que o solo acumulado está disposto de
ambientais negativos que o manejo de maneira inadequada e totalmente dis-
sedimentos objetiva impedir. ponível para ser carreado para o sistema
de drenagem, enquanto na Figura 12 é
Não deve ser admitida a passagem do mostrado um lançamento irregular de
escoamento superficial da água além água mais sedimentos do sistema de
dos limites da obra e, para tanto, o drenagem da obra para via pública.

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 49
Figura 11 Figura 12
Solo acumulado com potencial para ser Água e sedimentos de drenagem de obra
carreado para sistema de drenagem da obra. lançados em via pública. Fonte: Rosa (2013)
Fonte: SDU /Adasa (2019)

A proteção dos solos expostos no canteiro contribuição ao sistema de drenagem, da


de obras é determinante para reduzir a vazão de tratamento, da disponibilidade
carga de sedimentos na água de dre- de área e dos custos de implantação e
nagem. Para tanto, deve-se impedir a manutenção envolvidos.
erosão, estabilizando o solo e reduzindo a
velocidade de escoamento superficial da f Aspecto Ambiental 6 — Manejo de

água, para propiciar a sedimentação dos produtos contaminantes


solos em suspensão no interior do próprio
canteiro de obras. As ações construtivas exigem o emprego
de diversos produtos líquidos, como
A depender da extensão, da topografia e óleos lubrificantes e combustíveis para
do tipo de solo, o sistema de drenagem máquinas e equipamentos; aditivos para
da obra deve incluir barreiras e locais para argamassas e concretos, tintas, selantes
acumular sedimentos presentes na água e impermeabilizantes para acabamentos
coletada, que podem estar dispostos em de edificações.
um único ponto ou distribuídos na área
drenada. Todos esses produtos possuem alto po-
tencial poluidor, motivo pelo qual devem
Os reservatórios de qualidade, os poços ser evitados quaisquer contatos deles
de drenagem e as estações de trata- com o solo do canteiro de obras e com as
mento de água com uso de coagulantes águas que nele escoam superficialmente.
são alguns exemplos de alternativas de
redução do fluxo de sedimentos nas Os produtos químicos devem ter acon-
águas pluviais coletadas pelo sistema dicionamento, manuseio e consumo
de drenagem da obra. A seleção de tais normatizado e controlado, impedindo
unidades varia em função da área de vazamentos e mitigando os danos ao

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 50
meio ambiente deles decorrentes, bem como os causados pelo
seu mau uso.

As Figuras 13 e 14 ilustram, respectivamente, o vazamento de óleo


diesel de trator e o derramamento de diversos produtos químicos
devido ao acondicionamento inadequado.

Figura 13 Figura 14
Vazamento de óleo diesel no solo. Derramamento de produtos químicos por
Fonte: SDU /Adasa (2019) acondicionamento inadequado.
Fonte: SDU /Adasa (2019)

4.8 Características relevantes dos


empreendimentos
Para subsidiar a elaboração deste Manual preponderante nas ações de controle de
foram realizadas 14 (quatorze) visitas téc- erosão do solo e manejo de sedimentos.
nicas a canteiros de obras de diferentes Por esta razão, a fim de facilitar a orga-
órgãos e empresas públicas no Distrito nização das propostas de controle de
Federal. erosão do solo e manejo de sedimentos e
outros contaminantes, o presente Manual
Verificou-se que os empreendimentos classifica as obras nos seguintes tipos:
visitados se diferenciavam pela tipologia pontuais, lineares e em rede ou malha.
e porte, pelo tipo de solo e existência
prévia de vegetação, pela localização e a Obras pontuais
vizinhança, pela forma e declividade do
terreno ou da área de intervenção. No As obras pontuais variam em suas
entanto, foi a configuração espacial do proporções, sendo reduzidas como uma
canteiro de obras que apareceu como residência ou um edifício unifamiliar

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 51
(exemplo no Esquema 1 e Figura 15), outras amplas como uma uni-
dade de triagem de resíduos sólidos ou uma projeção habitacional.
O aspecto essencial de tais obras é que podem ser cercadas, ou
seja, todas as suas atividades ocorrem internamente a um espaço
determinado e o perímetro é contínuo.

Esquema 1
Modelo hipotético de canteiro
de obra. Fonte: Rosa (2013)

Figura 15
Vista superior de construção
de edifício residencial, exemplo
de obra pontual sem manejo de
sedimentos. Fonte: Rosa (2013)

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 52
Nesta configuração, há perfeita clareza • Existência de sistema de drenagem
e continuidade das entradas e saídas do nas proximidades que possa ser
canteiro de obras, assim como é possível aproveitado para receber a drenagem
definir as áreas de circulação de veículos. provisória da obra.

As principais características ambientais b Obras lineares


associadas à tipologia de obras pontuais
e que são de interesse para o controle de As obras lineares se caracterizam por
erosão do solo e manejo de sedimentos e possuir uma de suas dimensões muito
outros contaminantes, são: maior do que as demais. Em geral, são
obras de infraestrutura como rodovias,
• Perímetro delimitado; ferrovias, adutoras, interceptores e redes
de serviço público etc.
• Canteiro de obras com entrada e saída
únicas; Outra característica importante para clas-
sificação da tipologia de obras lineares e
• Terreno com pouca supressão vegetal, que tem influência direta no controle de
muitas vezes já previamente ocupado erosão do solo e manejo de sedimentos
e/ou terraplanado, normalmente, de- é a possibilidade de haver um canteiro
vido a situar-se em área urbana ou de principal e outros de serviços. Isso é
expansão urbana; frequente quando frentes de serviços
estão distantes do canteiro principal,
• Área geralmente com relevo pouco onde estão áreas de vivência, escritório
acidentado, favorecendo o controle do e outras infraestruturas de apoio (Esque-
escoamento pluvial; ma 2). Nessas situações, é necessário o
deslocamento de pessoas e insumos, por
• Existência de recuos obrigatórios sem meio do uso de vias públicas ou provisó-
construções previstos no projeto, o rias, demandando controles adicionais
que permite maior permanência de de estabilidade nos acessos e controle da
infraestruturas provisórias; poluição do ar (Figuras 16 e 17).

Esquema 2
Canteiro de serviços em obras lineares com frentes de
serviços separadas do canteiro principal. Fonte: Rosa (2019)

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 53
Figura 16 Figura 17
Exemplo de obras lineares na Ligação do Obra na marginal Vicente Pires com solo
Torto Colorado. Fonte: Rosa (2019) exposto suscetível ao carreamento pluvial.
Fonte: Agência Brasília (2019)

Essa tipologia de obras geralmente exige • Perímetros extensos e/ou segmenta-


atenção adicional para evitar a utilização dos;
ou degradação de áreas que estejam fora
da área de intervenção estabelecida no • Diversas entradas e saídas da obra,
licenciamento ambiental (Brasil, 1997). muitas vezes indefinidas ou mal defi-
nidas, sendo usadas aberturas improvi-
Sobre este tipo de obra, o Departamento sadas no perímetro da obra;
Nacional de Infraestrutura e Transportes
(DNIT) alerta: • Transporte e manuseio constantes de
materiais pesados e pulverulentos,
“Há sempre tendência à geração/ como solo e agregados minerais;
ocorrência, em maior ou menor es-
cala, de impactos ambientais nega- • Exploração de agregados em jazidas
tivos, suscetíveis de ocorrer em toda próximas ao trecho;
a sua abrangência, afetando, segun-
do as particularidades inerentes de • Grande exposição do solo do terreno
cada caso, cada um dos componen- em função das atividades de escava-
tes do ecossistema.” (Brasil, 2010) ção e movimentação de terra;

As principais características ambientais • Possibilidade de grandes planos em


relacionadas ao controle de erosão do declive e taludes longos, causando
solo e manejo de sedimentos e outros escoamento superficial com velocida-
contaminantes que caracterizam as obras des maiores e, portanto, com maior
do tipo linear, estão ilustradas nas Figuras potencial erosivo.
16 e 17, e são:

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 54
O DNIT possui material técnico tratando apresentando características tanto de
do controle de erosão do solo e manejo intervenção pontual, como identidade
de sedimentos em obras de rodovias com obras lineares. As frentes de serviço
como o Manual Rodoviário de Con- são móveis e muitas vezes se localizam
servação, Monitoramento e Controle distantes do canteiro principal.
Ambientais (Brasil, 2005) e o Manual de
Implantação Básica de Rodovia (Brasil, São exemplos típicos de obras em rede
2010). ou malha: as implantações de redes de
abastecimento de água potável, coleta
c Obras em rede ou malha de esgoto e drenagem pluvial e as obras
de pavimentação e urbanização em geral
A tipologia de obras em rede ou malha (como implantação ou revitalização de
pode ser considerada uma mistura entre loteamentos urbanos), como mostram as
as tipologias de obras pontuais e lineares, Figuras 18 e 19.

Figura 18 Figura 19
Exemplo de obra do tipo em rede ou malha Exemplo de canteiro de serviços em obras
para execução de rede coletora de esgotos de rede coletora de esgotos sanitários.
sanitários. Fonte: Rosa (2019) Fonte: Rosa (2019)

Como se verifica no Esquema 3, tais obras apresentam caracte-


rísticas de descentralização dos controles ambientais e espaços
limitados, que são determinantes para a escolha das boas práticas
de controle de erosão do solo e manejo de sedimentos a serem
adotadas.

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 55
Esquema 3
Exemplo de canteiros principal e de serviços em obra
de tipologia em rede ou malha. Fonte: Rosa (2019)

As características ambientais das obras entradas da rede pluvial e eventual-


em rede ou malha relacionadas ao mente nas proximidades de corpo
controle de erosão do solo e manejo de hídrico receptor;
sedimentos e outros contaminantes mais
frequentemente encontradas são: • Frentes de serviços móveis e tráfego de
veículos externo à obra entre canteiros
• Perímetros segmentados e itinerantes; de serviços, o que eleva o risco de se-
dimentos da obra serem lançados em
• Movimentações de solo próximas às vias públicas.

4.9 Condições ambientais do terreno


A pluviometria, a topografia e a situação mente, para o manejo de sedimentos
da cobertura da superfície do terreno e outros contaminantes no canteiro de
(natural ou alterada) são as principais obras. Como já relatado, o escoamento
condições ambientais que devem ser superficial das águas pluviais promove
analisadas no momento do planejamento o carreamento de sedimentos e outros
e execução das boas práticas de controle contaminantes, favorece os processos
de erosão do solo e manejo de sedimen- erosivos e gera a desestabilização de
tos e outros contaminantes. taludes. Determinados casos demandam
o projeto, a execução e a operação de
a Pluviometria sistemas provisórios de drenagem pluvial.

O comportamento das precipitações é Em virtude do impacto da precipitação


fator determinante para a ocorrência no canteiro de obras, algumas práticas
de processos erosivos e, consequente- de controle de erosão do solo e manejo

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 56
de sedimentos podem ser relativizadas Em muitos casos, não é possível estabe-
quando as obras ocorrem na estiagem. lecer exatamente o período de início e
No caso do Distrito Federal, o período de operação das atividades das obras. Na
estiagem ocorre entre junho e agosto e elaboração do plano e respectivo projeto
o período de chuvas se inicia geralmente de controle de erosão do solo e manejo
em setembro indo até maio, conforme de sedimentos e outros contaminantes,
pode-se observar das médias pluviomé- deve-se considerar a obra ocorrendo
tricas mensais apresentada pelo INMET, durante o período de chuvas intensas
Instituto Nacional de Meteorologia de (situação mais desfavorável).
1961 até 1990 (Gráfico 1).

Gráfico 1
Precipitação média mensal (1961-1990) em Brasília, destacando
períodos de chuva e de estiagem. Fonte: INMET (2019)

b Topografia

A topografia influencia diretamente nos escoamentos superficiais.


Sobre terrenos acidentados a água escoa mais rápido e tem maior
potencial para promover processos erosivos. Em terrenos planos
ou com pouco declive, há tendência de a água acumular e até
mesmo alagar trechos mais desfavoráveis. Nesses casos, o favoreci-
mento da infiltração é a primeira opção, mas pode ser necessário
o emprego de bomba para esgotamento da água acumulada.

Os Esquemas 4, 5, 6 e 7 apresentam condições topográficas


típicas, de interesse na seleção de estratégias para a drenagem da
obra.

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 57
Esquema 4 Esquema 5
Condição topográfica 1, terreno plano. Fonte: Rosa (2013) Condição topográfica 2, terreno com caminho natural da água
pré-existente. Fonte: Rosa (2013)

Esquema 6 Esquema 7
Condição topográfica 3, terreno com divergência de águas. Condição topográfica 4, terreno com convergência de águas.
Fonte: Rosa (2013) Fonte: Rosa (2013)

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 58
As principais características de cada concentrar rapidamente no perímetro
condição topográfica considerada são: do canteiro de obras, possivelmente
nos seus cantos.
Condição 1 — terrenos planos
Condição 4 — terrenos com convergência
• As declividades reduzidas limitam o de águas
escoamento superficial de água, com a
eventualidade de trechos sem con- • Os volumes precipitados não saem da
dições de drenagem por gravidade, obra naturalmente, reduzindo a de-
exigindo sistemas segmentados de manda da proteção do perímetro;
drenagem do canteiro de obras que
podem exigir bombeamento da água • Pode haver a tendência de entrada de
para se conectarem; água externa proveniente de escoa-
mento pluvial no entorno do terreno;
• O escoamento da água ocorre lenta-
mente, reduzindo o potencial erosivo e • A concentração de água pode atra-
favorecendo a sedimentação ao longo palhar as frentes de serviços, sendo
das calhas e áreas de escoamento; interessante descentralizar os locais de
armazenamento temporário por meio
• Há baixo potencial para concentração da drenagem provisória do canteiro de
e acúmulo de grandes volumes de obras.
água no perímetro, com risco relativa-
mente pequeno de extravasamento c Cobertura superficial do terreno
da vedação constituída por tapume ou
outra proteção nas divisas. • Sempre que possível deve ser evitada
ou pelo menos minimizada a remoção
Condição 2 — terrenos com concentração da cobertura vegetal existente e da
de águas, formando um fluxo preferencial camada de solo superficial. O planeja-
mento da obra deve buscar a preserva-
• Verifica-se a tendência de reunião ção das proteções superficiais do solo
de volumes significativos de água de pelo maior tempo possível, buscando
diferentes áreas de contribuição e de removê-las apenas na medida do
escoamento para um mesmo ponto avanço físico da obra.
no perímetro da obra. Neste caso,
existe risco elevado de extravasamento • A vegetação e o solo superficial do
da vedação constituída por tapume ou terreno devem ser verificados para
outra proteção nas divisas. determinar se a cobertura é natural
ou restaurada. Essa verificação poderá
Condição 3 — terrenos com divergência indicar se existe disponibilidade do
de águas solo orgânico, viabilizando o aproveita-
mento deste material.
• Ocorre a tendência de todo volume da
precipitação incidente no terreno se

Cap. 4 Premissas para o Controle de Erosão do Solo e o Manejo de Sedimentos e Outros Contaminantes 59
5
As Boas Práticas

60
No capítulo anterior foram expostos os
fundamentos para o entendimento da
presente matéria, cerne deste Manual.

Neste Capítulo são apresentadas as boas práticas, divididas em


prioritárias e complementares, detalhando-se os aspectos técnicos
de maior importância para a elaboração de planos e projetos, bem
como para sua adequada execução nas obras.

As boas práticas são ações que devem ser previstas, quantificadas,


orçadas e executadas em obras civis, em conjunto com as demais
atividades desenvolvidas nos canteiros de obras, objetivando evitar
ou minimizar os impactos ambientais negativos provenientes do
inadequado controle de erosão e manejo de sedimentos e outros
contaminantes.

Para auxiliar na quantificação e orçamento das boas práticas,


o Anexo A apresenta referências de composição de insumos
e serviços para cada ação proposta, com base no catálogo de
composições analíticas do SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa
de Custos e Índices).

Cap. 5 As Boas Práticas 61


5.1 Aspecto Ambiental 1 – Saída de
sedimentos do canteiro de obras
5.1.1 Boa Prática — Proteção do perímetro do canteiro de obras

A proteção adequada do perímetro do A tipologia da obra e a declividade nas


canteiro de obras objetiva tanto impedir áreas perimetrais do terreno são variáveis
a saída de água pluvial que contenha ou importantes na definição das boas
possa conter sedimentos em suspensão práticas a serem adotadas neste caso.
quanto a entrada de escoamento super- Por outro lado, a cobertura superficial do
ficial proveniente do exterior para dentro terreno não influencia diretamente na
do canteiro de obras. variação desta prática.

Ação
Alternativa 1 mento de uma ou duas fiadas de blocos
prioritária
de concreto, variando em função da
Esta alternativa é aplicável para todas declividade do perímetro, conforme
as tipologias de obras, inclusive para os apresentado nas Figuras 20 e 21 e nos
canteiros principal e de serviços, e é apro- Detalhes 1 e 2.
priada para qualquer condição ambiental
do terreno. Se houver a previsão ou constatação de
acúmulo de águas pluviais ao longo do
Todo o perímetro do canteiro de obras perímetro, deve ser instalada uma calha
deve ser vedado por meio do assenta- perimetral ou outro sistema coletor.

Figura 20 Figura 21
Exemplo de obra com uma fiada de bloco Tapume metálico do canteiro de obras com duas
assentado no perímetro. Fonte: Rosa (2013) fiadas de bloco de concreto vedando sua base,
com a existência de calha perimetral instalada.
Fonte: Rosa (2013)

Cap. 5 As Boas Práticas 62


Detalhe 1
Exemplo de corte transversal do tapume
em perímetro de obra sem declive ou com
declive inferior a 5%. Demonstra o controle do
escoamento superficial por meio de sua vedação,
onde há rede pluvial urbana. Fonte: Rosa (2019)

Detalhe 2
Exemplo de corte transversal de tapume em
terreno com declividade superior a 5%. A
concentração de água durante chuvas poderá
exigir mais de uma fiada de bloco para conter o
fluxo de água e a instalação de calha perimetral.
Fonte: Rosa (2019)

Ação
Alternativa 2
prioritária

Esta alternativa é mais apropriada para obras lineares e canteiros


de serviços. No início da terraplenagem, os restos vegetais e
galhadas da limpeza do terreno devem ser dispostos no perímetro
de cota altimétrica inferior, a fim de evitar a saída de sedimentos,
conforme apresentado no Detalhe 3. O material deve ser disposto
em formato de leira, preferencialmente sobre as curvas de nível do
terreno e nas cotas altimétricas inferiores às margens da área de
intervenção.

Cap. 5 As Boas Práticas 63


Detalhe 3
Aproveitamento do material da limpeza do
terreno, como galhadas e restos vegetais.
Fonte: Rosa (2019)

Ação
Alternativa 3
prioritária

Esta alternativa também é aplicável em


obras lineares e canteiros de obras de ser-
viços. E consiste na instalação de cercas
de membrana geotêxtil como barreiras
de sedimentos no perímetro das ativida-
des de construção, conforme mostrado
nas Figuras 22 e 23 e nos Detalhes 4 e 5.

Figura 22 Figura 23
Cercas filtrantes de membrana de geotêxtil O cercamento utilizando membrana geotêxtil
em áreas vegetadas e próximas à zona de deve ser enterrado em sua base para fixação.
movimentação de terra. Fonte: Rosa (2013) Fonte: Rosa (2013)

Cap. 5 As Boas Práticas 64


Detalhe 4
Corte de rodovia hipotética
demonstrando a localização das
cercas de membrana geotêxtil.
Fonte: Rosa (2019)

Detalhe 5
Fixação da membrana geotêxtil
na base da cerca filtrante.
Fonte: Rosa (2019)

Cap. 5 As Boas Práticas 65


Nos locais onde a superfície do terreno não permitir escavação
para a instalação da cerca de geotêxtil, deve-se executar dique de
contenção com sacarias preenchidas por solo ou agregados e re-
vestido por geotêxtil, conforme mostram a Figura 24 e o Detalhe 6.

Figura 24
Diques de contenção com sacarias de ráfia preenchido por solo ou
areia da obra, envolvidos em membrana geotêxtil. Fonte: Rosa (2013)

Detalhe 6
Confecção da sacaria e montagem dos diques. Fonte: Rosa (2019)

Cap. 5 As Boas Práticas 66


Ação
Alternativa 4 geotêxtil com solo ou agregados, confor-
prioritária
me apresentado no Detalhe 7.
Esta alternativa é adequada para obras em
rede ou malha, para diferentes frentes de Ação complementar
serviços e para qualquer tipologia de obra A base do tapume ou elemento de divisa
em vias públicas em terrenos provisórios, da obra deve ser vedada, de modo que o
itinerantes, em áreas ocupadas, consolida- tapume, além do escoamento de água
das ou em consolidação urbanística. superficial, controle também os ventos
rasteiros, não sendo recomendável por-
A área de intervenção deve ser delimi- tanto a utilização de elementos vazados.
tada (com cavaletes e fitas zebradas,
por exemplo) e o fluxo do escoamento Outros detalhes construtivos são apre-
superficial deve ser desviado por meio de sentados no Anexo A (Composições de
diques de sacarias de ráfia ou membrana Insumos e Serviços).

Detalhe 7
Desvio do escoamento superficial das frentes de serviço em obras
em redes com canteiros nas vias públicas. Fonte: Rosa (2019)

Cap. 5 As Boas Práticas 67


Observações
A água do escoamento superficial que não sair do canteiro de
obras pelo perímetro ficará retida até seu descarte. A proteção do
perímetro deve atuar em conjunto com a drenagem da obra para
conter escoamento de água superficial, servindo como calha para
conduzir a água até o sistema de drenagem da obra.

A proteção do perímetro não deve atuar como barreira de conten-


ção de maiores volumes de água. Nesse caso, é mais indicado um
muro de arrimo.

Monitoramento e manutenção
O perímetro da obra vedado deve ser monitorado durante os
eventos de chuvas intensas ou logo após tais fenômenos, pois
são nessas ocasiões que poderão sofrer alterações e evidenciar a
necessidade de ajustes localizados.

Nas inspeções, do lado interno ao canteiro, deve ser verificada a


ocorrência de alagamento junto à vedação do perímetro ou seus
vestígios, como alterações de coloração do solo e acúmulo de
sedimentos finos. Confirmada ocorrência desta natureza, deve-se
providenciar a integração do local alagado ao sistema de drena-
gem da obra, por meio de execução de calha ou regularização do
caimento da superfície. Se necessário, deve ser executado poço de
drenagem para armazenamento da água ou sistema de recalque
por bombeamento.

Externamente, nas calçadas ou em terrenos circunvizinhos, as


inspeções devem verificar evidências de passagem de água com
sedimentos da área interna da obra para a externa pela base do
tapume, identificadas por fluxos de água ou pontos de sedimenta-
ção. Quando verificada a passagem de água pelo tapume, deve-se
corrigir a vedação do perímetro no local e, havendo sedimentação
em áreas externas ao tapume, o material sedimentado deve ser
recolhido para a área interna da obra.

5.1.2 Boa Prática — Estabilização do acesso à obra e


implantação de sistema de lava rodas

A proteção do solo nas áreas de tráfego de veículos junto às


portarias da obra objetiva criar um trecho estável em que as rodas
dos veículos possam realizar no mínimo três voltas completas,
viabilizando que os resíduos aderidos aos pneus se soltem e não
sejam carreados para as vias públicas pelos veículos ao saírem do
canteiro de obras. (Figura 25).

Cap. 5 As Boas Práticas 68


Em períodos de chuvas ou em obras mente porte e tipos de pneus) e o respec-
cujo interior esteja com solo molhado, a tivo tráfego nas portarias do canteiro de
aderência do solo aos pneus dos veículos obras, o regime de chuvas e a possibilida-
aumenta, sendo necessário implantar de de transporte de sedimentos para fora
sistema de lava rodas nas saídas da obra. dos limites do canteiro de obras são as
variáveis mais importantes que devem ser
As características dos veículos (principal- avaliadas para a escolha da Boa Prática.

Figura 25
Acesso da obra estabilizado com
camada de brita. Fonte: Rosa (2013)

Ação
Alternativa 1 Alternativa 2
prioritária

Essa alternativa é aplicável somente No período de chuvas, quando houver


para acessos com permanência máxima solo molhado no interior da obra e no
de um mês e consiste na distribuição caso de acessos com tempo de utilização
de uma camada de brita graduada em superior a um mês, deve ser instalado
toda a área da portaria, criando um leito um sistema de lava rodas, composto de
de rodagem de, no mínimo, 6 metros superfície em concreto armado, com
de comprimento (medido na extensão declividade mínima de 5% no sentido
da passagem dos veículos), conforme a do eixo transversal, e separador de água
Figura 26. e óleo (SAO), antes do descarte da água
de lavagem (Figuras 27 e 28, respectiva-
mente, e Detalhe 8). Abreu e Souza (2012)
apresentam uma outra proposta para
sistema de lava rodas e CAESB (2020),
sistema separador de água e óleo com
caixa de coleta de óleo (Figuras 29 e 30,
respectivamente).

Cap. 5 As Boas Práticas 69


Figura 26
Camada de brita em acesso
provisório da obra.
Fonte: Rosa (2013)

Figura 27 Figura 28
Sistema de lava rodas com calha longitudinal. Separador de água e óleo para tratamento de
Fonte: Rosa (2013) água de lavagem do sistema lava rodas.
Fonte: Rosa (2013)

Cap. 5 As Boas Práticas 70


Detalhe 8
Desvio do escoamento superficial das frentes de serviço em obras
em redes com canteiros nas vias públicas. Fonte: Rosa (2019)

Cap. 5 As Boas Práticas 71


Figura 29
Projeto lava rodas. Fonte: Abreu e Souza
(2012)

Figura 30
Croqui do sistema Separador Água-Óleo
adotado (Caixa de inspeção interligada
com sistema de drenagem.
Fonte: CAESB (2020)

Cap. 5 As Boas Práticas 72


Observações inspecionada pelo menos semanalmente
O uso de brita de mesma granulometria ou mais frequentemente quando a inten-
no acesso da obra irá comprometer a du- sidade do tráfego no local recomendar.
rabilidade da estratégia, pois a resistência Na inspeção, deve ser observado o avanço
à pressão exercida pelos veículos é menor de sedimentos depositados sobre a área
do que quando utilizados agregados de estável, sendo eventualmente necessária
granulometria variada, por isso, deve ser sua raspagem, conforme os resíduos se
utilizada brita graduada simples. aproximarem do limite da portaria. Quan-
do o solo não estiver depositado apenas
A camada de brita para estabilização do superficialmente, pode ser necessária a
solo em períodos de chuva ou quando reposição de uma camada de brita.
exista solo molhado na obra provoca a
ineficiência da estratégia, devido ao rápi- A via pública também precisa ser verifi-
do acúmulo de sedimentos que ocorrerá cada e, quando apresentar sedimentos
sobre o trecho de rodagem. provenientes do canteiro, deve-se prolon-
gar o leito de rodagem antes da portaria
No sistema de lava rodas, a água de lava- ou instalar o sistema de lava rodas, caso o
gem coletada pela calha transversal deve- leito se mostre inefetivo.
rá passar por sistema separador de água e
óleo e ser destinada a sistema público de O sistema de lava rodas deve ser inspecio-
drenagem ou lançada em corpo hídrico, nado constantemente pelo funcionário
sempre com aferição do atendimento de que estiver no serviço de lavagem, princi-
sua qualidade à legislação. palmente em relação à sedimentação nas
calhas coletoras, identificando a necessi-
O ideal é que exista um sistema de reúso dade de desassoreamento e destinação
da água de lavagem acoplado ao sistema do material coletado para área estável do
separador de água e óleo. canteiro de obras.

O óleo retirado da caixa separadora do Também deve-se inspecionar o sistema


sistema água e óleo deve ser acondicio- separador água e óleo em relação ao
nado em recipiente próprio e encaminha- acúmulo de óleo, período de coleta
do para reciclagem. do produto e acondicionamento em
recipiente adequado na baia de resíduos
Monitoramento e manutenção perigosos da obra (Resolução CONAMA n°
A camada de brita graduada deve ser 307/2002).

5.2 Aspecto Ambiental 2 – Erosão


superficial do solo
5.2.1 Boa Prática — Estabilização de vias de circulação de veículos e pedestres

As vias de circulação de veículos devem são dos pneus dos veículos ao trafegarem,
ser protegidas contra processos erosivos visando impedir a desagregação do solo
provocados pelas chuvas e contra a abra- no local (Figuras 31 e 32).

Cap. 5 As Boas Práticas 73


O controle de erosão do solo nas vias de circulação internas do
canteiro de obras é fortemente influenciado pelo regime de chu-
vas, e depende do tipo de solo, da existência ou não de sistema de
drenagem de águas pluviais e da manutenção das mesmas.

Ação
A camada de brita graduada deve ser aplicada em toda extensão
prioritária
das vias de circulação de veículos.

Figura 31 Figura 32
Via de circulação estabilizada com brita graduada, Antecipação da base compactada da via para
cuja cota altimétrica do leito é superior à do estabilização do solo. Fonte: Rosa (2013)
entorno imediato. Fonte: Rosa (2013)

Ação complementar cota superior ao entorno, para em eventos


O solo das vias deve ser compactado antes de chuvas evitar que a água escoada pela
de sua proteção com a camada de brita obra acesse o leito de rodagem das vias,
ou uma membrana geotêxtil deve ser apli- aumentando a necessidade de manuten-
cada entre o solo e essa camada, visando ção no local.
reduzir a necessidade das manutenções.
Para tanto, as vias devem possuir caimen-
Outros detalhes construtivos são apre- to transversal para suas laterais, onde
sentados no Anexo A (Composições de devem ser executadas calhas revestidas,
Insumos e Serviços). por exemplo, por membrana geotêxtil,
para coletar e escoar a água incidente nas
Observações vias ou proveniente da obra, sem ocasio-
A camada de brita deve sempre estar em nar erosão.

Cap. 5 As Boas Práticas 74


Monitoramento e manutenção
A inspeção da via deve ocorrer sempre após os eventos de chuvas,
em busca de locais onde o solo possa ter acessado o leito devido
ao rebaixamento do trecho em relação ao entorno. Os pontos em
que se identificar a presença de sedimentos devem ser raspados e
a camada de brita graduada recomposta.

5.2.2 Boa Prática — Estabilização de solos expostos em


superfícies, sejam planas ou em declives

O solo exposto deve ser sempre protegido O regime de chuvas, o tipo de solo, a
contra processos erosivos, visando impedir quantidade e a forma de estoque do
sua desagregação e, consequentemente, solo e a proteção de talude são variáveis
seu carreamento. fundamentais no presente tema.

Ação
Alternativa 1
prioritária

O solo orgânico raspado deve ser esto- A cobertura vegetal das áreas abertas,
cado, com isolamento por barreira de prevista em projeto, deve ser executada
sedimentos. É comum que no material imediatamente após a terraplenagem,
estocado, em duas semanas ou mais, em taludes ou superfícies planas situadas
cresça naturalmente cobertura vegetal em áreas de futuro paisagismo, como
como mostra a Figura 33. apresentada na Figura 34.

Figura 33 Figura 34
Estoque de solo orgânico estabilizado. Estabilização da superfície do talude.
Fonte: Rosa (2013) Fonte: Rosa (2011)

Cap. 5 As Boas Práticas 75


Ação
Alternativa 2
prioritária

O solo exposto nos taludes deve ser protegido com Cal Jet (Santos,
2009), conforme apresentado nas Figuras 35 e 36, nos locais
onde a terraplenagem permanecer paralisada por mais de duas
semanas. A proteção deve ser realizada desde o primeiro dia da
paralisação da movimentação de terra.

Figura 35 Figura 36
Talude sendo protegido com cal jet Talude com teste de aplicação da
aplicado por pulverizador mecânico. técnica cal jet. Fonte: Santos (2009)
Fonte: Santos (2009)

Ação complementar No caso de obras de pavimentação,


Todo solo estocado por mais de duas sempre que a terraplenagem concluir o
semanas deve ser coberto por lona ou nivelamento da via, a base do pavimento
membrana geotêxtil, sendo imprescindí- deve ser executada buscando estabilizar
vel isolar os locais de estoque de solo para o terreno, ainda que a pavimentação não
desviar o fluxo de água do local e conter seja concluída imediatamente.
possíveis sedimentos carreados, por meio
da instalação de barreira de sedimentos Monitoramento e manutenção
ao seu redor, conforme os Detalhes 9 e 10. As inspeções devem ocorrer antes e após
os eventos de chuvas, em todo o canteiro
Observações de obras, localizando eventuais solos
A prática ideal em um determinado caso, expostos. Devem ser identificados os
entre as diversas alternativas disponíveis casos que necessitam de novas proteções
para proteção de solos expostos, deve ser e os locais danificados pelas chuvas ou
a mais acessível localmente e de menor que estavam sem proteção adequada,
custo, desde que considerado todo o situações em que deve ocorrer a reposição
período pela qual é necessária. ou complementação da proteção.

Cap. 5 As Boas Práticas 76


Detalhe 9
Exemplo de estoque de solo estabilizado
e protegido contra carreamento de
sedimentos. Fonte: LANDCON (2004)

Detalhe 10
Disposição das barreiras de sedimentos em
função do escoamento pluvial.
Fonte: Rosa (2019)

5.2.3 Boa Prática — Estabilização de solos


expostos na escavação de valas

Durante a escavação de valas, os solos expostos e depositados nas


proximidades devem ser preservados contra processos erosivos.

A ocorrência de chuvas ou escoamento superficial em direção


ao solo exposto ou a infiltração de água subterrânea na vala são
aspectos importantes neste tema.

Cap. 5 As Boas Práticas 77


Ação
Alternativa 1 Deve-se prever e executar barreiras para
prioritária
evitar o contato do escoamento superfi-
Salvo orientação da fiscalização da obra, cial proveniente das chuvas com o solo
o material escavado deve ser depositado depositado temporariamente ao longo
em ambos os lados da vala, se possível, da vala.
igualmente distribuído e afastado a uma
distância superior a 0,50 m. Todo mate- As boas práticas de proteção do períme-
rial de granulometria graúda solta deve tro do canteiro de obras, apresentadas
ser retirado da proximidade da vala. anteriormente, podem igualmente ser
aplicadas para proteção do solo deposita-
O serviço de escavação deve ser evitado do ao longo da vala, que deve ser reinte-
em períodos de chuvas. Se for impres- grado na vala, constituindo o reaterro ou
cindível, deve-se compactar o solo fechamento da vala, o mais breve possível.
depositado nas laterais da vala, o qual
poderá ser comprimido com uso da O excesso de solo acondicionado e não
própria caçamba ou carregador do trator aproveitado no fechamento da vala
ou compactador a percussão. deverá ser destinado a outro uso na obra
ou descartado em área de bota fora.

Ação
Alternativa 2 o menor custo quando comparado com
prioritária
transporte e armazenamento temporário.
A abertura de valas pode considerar Contudo, se houver risco iminente de
a remoção do solo e seu transporte chuva ou o solo estocado não puder ser
para outro local de acondicionamento reaproveitado no período de 24 horas,
temporário na obra. Este solo estocado as medidas preventivas citadas na
deve ser protegido contra intempéries, Alternativa 1 ou Alternativa 2 devem ser
notadamente, chuva e ventos. implementadas.

A boa prática de armazenamento e trans- Monitoramento e manutenção


porte adequado de resíduos de Classe A, a As inspeções devem ocorrer sempre
ser apresentada a seguir, pode ser aplica- antes e após os eventos de chuvas, em
da também para o solo estocado de vala. todos os locais com solos acondicionados.
Devem ser identificados os casos que
Observações necessitam de novas proteções e locais
O acondicionamento do solo lateralmen- danificados pelas chuvas ou que estavam
te ao longo da escavação da vala possui sem proteção adequada.

Cap. 5 As Boas Práticas 78


5.3 Aspecto Ambiental 3 – Emissão de
particulados no ar
5.3.1 Boa Prática — Controlar a geração de poeira nas
atividades construtivas e vias de circulação de veículos

As vias de circulação de veículos e atividades geradoras de poeira


devem ser umedecidas para evitar a suspensão de partículas do
solo.

O período de estiagem de chuvas, o tráfego de veículos em vias


sem pavimentação e escavações e movimentos de terra são as
variáveis importantes para o controle de poluição do ar no canteiro
de obras.

Ação
Alternativa 1
prioritária

Água deve ser aspergida nas vias de circulação de veículos utili-


zando caminhão-pipa, conforme ilustrado nas Figuras 37 e 38.

Figura 37 Figura 38
Aspersão de água para controle de poeira Controle de poeira na entrada da obra.
em via de circulação de veículos. Fonte: Rosa (2013)
Fonte: Rosa (2013)

Cap. 5 As Boas Práticas 79


Ação
Alternativa 2 utilizado ao longo das vias de circulação,
prioritária
como mostrado na Figura 39.
O solo das vias de circulação de veículos
deve ser compactado previamente nos Utilizando mangueira de água os locais de
casos em que está prevista a implantação corte de asfalto ou de concreto devem ser
de vias definitivas. molhados durante a atividade de demo-
lição, principalmente em vias públicas
Ação complementar ou locais próximos ao perímetro da obra,
Um sistema fixo de aspersores pode ser conforme a Figura 40.

Figura 39 Figura 40
Sistema de umedecimento de via de Umedecimento de material de demolição
circulação por aspersores fixos. de piso durante sua remoção para controle
Fonte: Rosa (2013) de poeira. Fonte: Rosa (2013)

Observações Monitoramento e manutenção


O controle de poeira, deve ser feito A aspersão de água em vias de circula-
prioritariamente com água de reúso, ção de veículos deve ocorrer de forma
especialmente nos períodos de estia- rotineira nos períodos de estiagem e
gem e, consequentemente, de maior sempre que houver tráfego regular por
demanda. O uso de água em excesso elas. A opção por aspergir apenas sobre
deve ser evitado porque pode promover demanda de um responsável propicia
escoamento superficial e carreamento de falhas. Portanto, a inspeção deve verificar
sedimentos. o procedimento interno de aspersão e,
quando for o caso, monitorar o contrato
da empresa de caminhão-pipa.

Cap. 5 As Boas Práticas 80


5.4 Aspecto Ambiental 4 – Manejo dos
resíduos sólidos da construção civil
5.4.1 Boa Prática — Armazenar e transportar
adequadamente resíduos de Classe A

O local de acondicionamento temporário na obra do resíduo


Classe A (que inclui solo, agregados, cimentos ou cerâmicas)
deve ser protegido contra intempéries, bem como as caçambas
estacionárias ou caçambas dos veículos de transporte do material.
Isso impede que chuvas e ventos possam carrear os sedimentos
presentes nos resíduos para locais com acesso à drenagem da
obra ou ao sistema de drenagem urbana.

O regime de chuvas, a adequada gestão de insumos para as obras


e o manejo dos respectivos resíduos são importantes variáveis a
serem considerados neste panorama.

Ação
Os resíduos Classe A devem ser arma- possuam passagens de água em sua base
prioritária
zenados em baias com cobertura ou para drenagem durante chuvas, o que
acondicionados em caçambas cobertas. demanda proteção e controle do escoa-
mento superficial.
Ação Complementar
É importante isolar com sacaria de brita Monitoramento e manutenção
ou areia os locais de acondicionamento As inspeções aos locais de acondicio-
de resíduos Classe A, quando eventual- namento de resíduos Classe A devem
mente não estiverem estocados em baias ocorrer mensalmente para garantir que
cobertas ou caçambas. não houve alteração nos procedimentos
ou na estanqueidade das baias, casos
Observações em que se devem verificar ajustes ou
É comum que as caçambas estacionárias adequações.

5.4.2 Boa Prática — Estoque de solo

Solos (terra removida ou sedimentos) que possam ser reaproveita-


dos na obra devem ser protegidos contra intempéries, impedindo
que chuvas e ventos possam carreá-los para locais com acesso à
drenagem da obra ou para o sistema de drenagem urbana.

O adequado manejo desse material estocado deve considerar o


regime de chuvas, a quantidade de solo estocado e o prazo de
armazenamento do solo.

Cap. 5 As Boas Práticas 81


Ação
O estoque de solo deve ser coberto com estocado por mais de 15 dias na obra,
prioritária
lona plástica ou geotêxtil. prazo que pode ser menor no período de
chuvas.
Ação Complementar
É importante isolar com sacaria de brita Monitoramento e manutenção
ou areia os locais de estoques de solo. As inspeções aos locais de acondicio-
namento de solos devem ocorrer men-
Observações salmente para garantir que não houve
A cobertura do solo é mais relevante alteração nos procedimentos ou perda de
quando este material permanecer estanqueidade no estoque de solo.

5.5 Aspecto Ambiental 5 – Controle de


sedimentos no canteiro de obras
5.5.1 Boa Prática — Drenagem de obra com retenção de
sedimentos e controle de qualidade da água

O escoamento superficial interno à área de sedimentos da obra para o sistema


de influência da obra deve ser captado e de drenagem ou para o corpo hídrico
retidos os sedimentos transportados. A receptor, conforme os padrões regula-
água pluvial coletada deverá ser acondi- mentados.
cionada, analisada e, só quando atender
os padrões regulamentares, lançada para A concepção do sistema de drenagem da
fora da obra e direcionada ao sistema obra deve considerar: a área de contribui-
drenagem urbana ou a corpo hídrico ção, a captação da água pluvial, o trans-
receptor. porte, o armazenamento, o tratamento
(se for o caso) e, por último, o descarte,
O lançamento da água pluvial em corpo obedecendo as orientações específicas
hídrico pode exigir outorga emitida pelo que seguem.
órgão gestor de recursos hídricos que,
no caso do Distrito Federal, é a Adasa. O Quando a escavação atinge o nível do
lançamento em sistema de drenagem lençol freático, a água proveniente do
urbana existente pode requerer permis- esgotamento de valas deve ter seu ma-
são do responsável pela estrutura. nejo adequado, com ações de transporte,
armazenamento e tratamento (se for o
O funcionamento adequado da dre- caso), além do seu descarte atendendo à
nagem de obra evita interrupções das legislação para lançamento de efluentes
frentes de serviços por alagamentos e, ao líquidos no sistema de drenagem existen-
mesmo tempo, controla a contribuição te ou diretamente para corpos hídricos.

Cap. 5 As Boas Práticas 82


a Captar toda a água incidente no Usando estas informações, devem ser
canteiro de obras definidos, para cada etapa, os ajustes
necessários nas declividades e as lo-
Para cada uma das diferentes etapas calizações e dimensões das calhas de
da obra, em planta com a topografia do escoamento das águas pluviais, consi-
terreno, devem ser identificadas as áreas derando que o transporte, sempre que
de contribuição, ou seja, planos ou planos possível, deve ocorrer por gravidade até o
convergentes, cujas precipitações inci- local de descarte. Nesse cenário, também
dentes escoam para um mesmo local e são incluídas as águas provenientes do
analisada a localização das atividades de esgotamento das valas.
construção com relação a essas áreas.
Os exemplos a seguir, ilustrados nos
Com esta finalidade, interessa definir Esquemas 8 a 11, são em terrenos hipo-
como etapas diferentes, as situações téticos e simples, mas a lógica pode ser
de configuração topográfica da área de replicada em terrenos reais e complexos,
influência que importem em alterações em que cada trecho possui uma condição
do escoamento das águas superficiais. topográfica diferente.

Esquema 8 Esquema 9
Identificação das áreas de contribuição em Identificação das áreas de contribuição em
terrenos planos. Fonte: Rosa (2019) terrenos com concentração de água formando
fluxos internos. Fonte: Rosa (2019)

Cap. 5 As Boas Práticas 83


Esquema 10 Esquema 11
Identificação das áreas de contribuição em Identificação das áreas de contribuição em
terrenos com divergência de águas. terrenos com convergência de águas.
Fonte: Rosa (2019) Fonte: Rosa (2019)

b Transportar a água para o armazena- durante este período que deve acontecer
mento temporário em obra o tratamento do efluente, caso necessário.

O transporte da água de drenagem ao A localização do armazenamento


longo de calhas deve favorecer a retenção temporário da água de drenagem ou de
dos sedimentos. Para isso, devem ser outra origem pode variar de acordo com
construídas barreiras transversais ao senti- a etapa da obra e ser realizado em um
do do fluxo, que não devem preencher único local ou em vários locais dispersos
mais da metade da seção da calha, com pelo canteiro de obras em função da
espaçamentos variando principalmente topografia, das áreas disponíveis e da
em função da declividade da calha e da localização do ponto de descarte, dentre
concentração de sedimentos na água outros fatores. Havendo mais de um pon-
coletada. to de armazenamento, estes devem se
comunicar por gravidade por intermédio
c Armazenar temporariamente a água de calhas ou por meio de bombeamento
até seu descarte mecânico.

O armazenamento temporário da água d Descartar a água após aferição de


proveniente da drenagem, do esgota- sua qualidade
mento de valas ou de qualquer outra
origem no canteiro de obras é necessário O descarte de água de drenagem, do es-
para garantir que seu descarte ocorrerá gotamento de valas ou de outra fonte na
somente após o controle de qualidade. É obra deve ser sempre precedido da coleta

Cap. 5 As Boas Práticas 84


de amostras para realização de ensaios de Caso a qualidade da água amostrada não
determinação do teor de sólidos sedimen- atenda à regulamentação, deve-se adotar
táveis e da turbidez, conforme determi- alguma das medidas listadas abaixo,
nam as Resoluções CONAMA n° 357/2005 conforme viabilidade ou conveniência:
e 430/2011 e observando a metodologia
para ensaio de sólidos sedimentáveis por • Aguardar até que a decantação dos
meio do cone de Imhoff estabelecida pela sedimentos ocorra e a água tenha
norma ABNT NBR 10561/1988. qualidade para descarte, o que deve
ocorrer no mínimo após 24 horas;
Apenas o profissional capacitado para afe-
rição da qualidade da água de drenagem • Bombear a água para outro ponto no
deve autorizar o seu descarte, após controle. canteiro de obras onde possa ocorrer a
infiltração;
A amostra deve ser coletada na água
corrente que está sendo descartada. • Bombear a água para o início das ca-
A coleta de água parada na superfície lhas de drenagem providas de barrei-
do reservatório não é adequada, pois o ras de sedimentos promovendo uma
resultado do ensaio não irá condizer com nova rodada de tratamento. Repetir o
a qualidade da água descartada, já que procedimento até que água atenda ao
a água superficial tende a conter menos padrão de qualidade;
sedimentos devido a decantação.
Ação complementar
O ideal é que exista uma caixa de passagem Podem ser utilizados coagulantes para
ou poço de visita à jusante da obra e à tratar a água no ponto de acondiciona-
montante da entrada no sistema público mento temporário ou em reservatório
de drenagem ou do corpo receptor, que específico para este tratamento.
funcione como local de reunião das águas
pluviais da obra, onde facilmente pode ser As alternativas apresentadas a seguir
coletada uma amostra da água corrente. foram organizadas juntamente com
Caso seja identificada visualmente a pre- detalhes técnicos, a fim de auxiliar na
sença de sedimentos ou turbidez na água escolha nos planos, projetos e execuções
corrente, o bombeamento deve ser desliga- em canteiros de obras. Os desenhos e
do, após a coleta da amostra, e retomado os exemplos se referenciam a uma obra
apenas quando haja confirmação de que pontual em um terreno hipotético de
água atende à regulamentação. 50m x 30m.

Ação
Alternativa 1 No exemplo que ilustra esta alternativa,
prioritária
foram planejadas duas calhas nas laterais
As águas superficiais são coletadas em do terreno na parte baixa das áreas de
calhas nas laterais mais baixas do terreno contribuição pluvial, ambas conduzindo
e conduzidas para poço com sistema o escoamento superficial de drenagem
de retenção de sedimentos, a partir do de obra para poço com sistema de
qual a água é bombeada para a caixa de retenção de sedimentos, conforme
passagem, local de coleta de amostra Esquema 12 e Detalhe 11. A partir desse
para monitoramento da qualidade, e local, a água é bombeada para a caixa de
encaminhada para o ponto de descarte. passagem.

Cap. 5 As Boas Práticas 85


Em terrenos planos ou com pequenas seguida, deve ser lançada brita no interior
declividades, é possível executar calhas do poço para formar camada de 10 a 15 cm
com caimentos longitudinais contrários ao sobre a membrana geotêxtil do fundo.
caimento natural.
O volume do poço e tempo de enchimento
Para o bom funcionamento do poço de ou vazão dependerão do diâmetro dos
drenagem desta alternativa deve ser lançada anéis e camada de brita em seu entorno.
brita nº1 no fundo da vala e após inserir os Já as manilhas ou anéis de concreto,
anéis revestidos, concluir o preenchimento perfurados ou não, devem ser revestidos de
da vala até que a brita supere a cota altimé- membrana geotêxtil, principalmente na
trica do terreno no entorno imediato. Em parte de baixo.

Esquema 12
Alternativa 1 - Terreno plano hipotético
com dois poços com sistema de
retenção de sedimentos e calhas
coletoras nas laterais do terreno.
Fonte: Rosa (2019)

Detalhe 11
Corte AA’ do Esquema 12 do poço de
drenagem com sistema de retenção
de sedimentos, com dispositivo
dimensionado para acondicionamento
temporário do escoamento de toda a
área de contribuição.
Fonte: Rosa (2019)

Cap. 5 As Boas Práticas 86


Ação
Alternativa 2
prioritária

Esta alternativa de projeto de drenagem, ilustrado no Esquema


13 e no Detalhe 12, adota um único poço com retenção de sedi-
mentos e um poço intermediário, localizado onde naturalmente
a água se acumula no terreno, do qual o efluente de drenagem é
bombeado para a calha coletora após as chuvas, no momento que
for conveniente.

Nesta calha, provida de barreiras para a retenção de sedimentos, a


água escoa por gravidade, com velocidade reduzida, sendo assim,
a quantidade de material particulado já vai sendo reduzida antes
mesmo de chegar ao poço com sistema de tratamento, do qual é
bombeada para descarte após o ponto de controle da qualidade.

Em terrenos com caimentos pequenos junto ao perímetro vedado,


nem sempre é necessário executar calha, pois a vazão é reduzida
e a água escoa naturalmente, conforme considerado na lateral
direita deste terreno.

Esquema 13
Alternativa 2 - Terreno plano com poço intermediário e poço
com sistema de retenção de sedimentos antes do descarte.
Fonte: Rosa (2019)

Cap. 5 As Boas Práticas 87


Detalhe 12
Corte AA’ no Esquema 13
reservatório de qualidade.
Fonte: Rosa (2019)

Na solução ilustrada no Detalhe 12 a água ideal é que a bomba utilize sistema


acumulada no poço intermediário da de desligamento automático por boia,
drenagem de obra, caso permaneça em ou esteja fixada em suporte flutuante,
decantação por mais de 24 horas, pode constituído, por exemplo, de tambores ou
atingir níveis de qualidade satisfatórios bombonas, conforme o porte da bomba.
para descarte.
As Figuras 41, 42, 43, 44, 45 e 46 apresen-
A bomba submersível deve ser posicio- tam situações reais para retenção de
nada para coleta da camada de água sedimentos e aferição da qualidade da
superficial, onde está a água mais limpa água pluvial no canteiro de obras.
devido ao processo de decantação. O

Figura 41 Figura 42
Vista superior de poço de drenagem com sistema Caixa de passagem para aferição da qualidade da água de
de retenção de sedimentos.Fonte: Rosa (2013) drenagem da obra antes do descarte. Fonte: Rosa (2013)

Cap. 5 As Boas Práticas 88


Figura 43 Figura 44
Cone de Imhoff, equipamento usado para Ensaio de sólidos sedimentáveis. Fonte: Rosa (2013)
determinação do teor de sólidos sedimentáveis da
água de drenagem da obra. Fonte: Rosa (2013)

Figura 45 Figura 46
Diferença entre amostras de qualidade de água pluvial Turbidímetro digital portátil. Fonte: Cardoso (2011)
após tratamento (antes e após sedimentação).
Fonte: Rosa (2019)

Cap. 5 As Boas Práticas 89


Ação
Alternativa 3 sedimentos com sacarias facilitam a ma-
prioritária
nutenção e, caso a membrana geotêxtil
Esta alternativa, ilustrada pelo Esquema de revestimento da calha seja colmatada,
14 e pelo Detalhe 13, utiliza uma calha co- sua retirada permite a continuidade do
letora principal sobre o caminho natural fluxo de água retida.
preferencial da água, na qual desaguam
outras calhas localizadas estrategicamen- A distância mínima entre as barreiras
te para reduzir a extensão dos escoamen- deve considerar a extensão das áreas de
tos, controlar velocidades, e desviar fluxos alagamento à montante e a distância
de água das frentes de serviços, estoques máxima deve ser definida por testes em
e outros. A calha principal conduz a água campo, considerando a necessidade de
para um poço de drenagem com reten- retardo do escoamento e de retenção de
ção de sedimentos de onde, após aferição sedimentos.
de sua qualidade, é descartada da obra.
O Detalhe 13 mostra uma calha provisória
A disposição de sacarias de rafia ou revestida no leito e laterais com membra-
geotêxtil, preenchidas de solo ou agrega- na geotêxtil, cujas bordas estão aterradas
dos, reduz a velocidade do escoamento para fixação. Esse revestimento protege a
no leito da calha, retém sedimentos e calha de processos erosivos, reduz a velo-
favorece a infiltração da água no solo. cidade do escoamento, retém sedimentos
Devido a sua mobilidade, as barreiras de e permite a infiltração da água no solo.

Esquema 14 Detalhe 13
Alternativa 3 - Terreno hipotético com caminho de água Corte AA’ da calha provisória do
preferencial no centro. Fonte: Rosa (2019) Esquema 14. Fonte: Rosa (2019)

Cap. 5 As Boas Práticas 90


As Figuras 47 a 52 e o Detalhe 14 apresentam exemplos de barrei-
ras para retenção de sedimentos em calhas de drenagem pluvial.

Figura 47 Figura 48
Calha pluvial provisória revestida, cuja lona é fixa Barreira de sedimentos de membrana de
na lateral pela massa das sacarias, as quais atuam geotêxtil ao longo da calha provisória da obra.
restringindo a vazão de entrada do escoamento e Fonte: Rosa (2013)
retendo sedimentos. Fonte: Rosa (2013)

Figura 49 Figura 50
Sacarias dispostas nas calhas para retenção de Sistema de retenção de sedimentos em
sedimentos. Fonte: Rosa (2013) calha de drenagem. Fonte: Rosa (2013)

Cap. 5 As Boas Práticas 91


Figura 51 Figura 52
Sistema de retenção de sedimentos em calha Sistema de retenção de sedimentos em calha
pluvial da drenagem urbana. Fonte: Rosa (2013) pluvial da obra. Fonte: Rosa (2013)

Detalhe 14
Exemplo de disposição de barreira
de sedimentos no interior da calha
provisória revestida de membrana
geotêxtil. Fonte: Rosa (2019)

Cap. 5 As Boas Práticas 92


Ação
Alternativa 4 deve ser aprofundado para criar os poços
prioritária
intermediários, conforme anteriormente
Esta alternativa é aplicável em situação apresentado no Detalhe 12.
onde não é possível estabelecer ligações
entre os pontos de acúmulo de água no A água coletada nos poços intermediários
terreno por calhas, sendo necessária a é encaminhada para o poço de drenagem
comunicação destes pontos por bom- com retenção de sedimentos, do qual, de-
beamento da água (Esquemas 15 e 16). pois de tratada, é bombeada para o ponto
Nos locais de acúmulo natural o terreno de controle de qualidade e descarte.

Esquema 15
Alternativa 4 -
Terreno hipotético
com divergência dos
fluxos de água.
Fonte: Rosa (2019)

Esquema 16
Alternativa 4 - Terreno hipotético com
convergência dos fluxos de água. Fonte: Rosa
(2019)

No Esquema 16 é previsto o poço de temporário de toda a água incidente


retenção de sedimentos no local natural no terreno para realizar o controle de
de acúmulo de água. Tal poço deve ser qualidade da água antes do descarte.
dimensionado para o acondicionamento

Cap. 5 As Boas Práticas 93


Ação
Alternativa 5 para poços intermediários ou reserva-
prioritária
tórios de qualidade, descentralizando o
Esta alternativa para terrenos que con- armazenamento temporário das águas
vergem o escoamento superficial para pluviais no terreno (Esquema 17).
reduzir o volume concentrado em um
único ponto, optou-se por interceptar As Figuras 53 e 54 apresentam exemplos
trechos da área de contribuição por meio de calhas permeáveis e reservatórios de
da disposição de calhas que conduzam qualidade, respectivamente.

Esquema 17
Alternativa 5 - Terreno hipotético com convergência dos fluxos de água. Fonte: Rosa (2019)

Figura 53 Figura 54
Exemplo de calha com leito permeável e Outro exemplo de calha com leito permeável e
reservatórios de qualidade, interceptando parte reservatórios de qualidade, interceptando parte
da água escoada no terreno. da água escoada no terreno.
Fonte: Rosa (2012) Fonte: Rosa (2012)

Cap. 5 As Boas Práticas 94


Ação
Alternativa 6
prioritária

Esta alternativa de drenagem, ilustrada no Esquema 18, se aplica em obras lineares.

Esquema 18
Alternativa 6 -
Drenagem em obras
lineares. Fonte: Rosa
(2019)

Cap. 5 As Boas Práticas 95


No perfil transversal do canteiro de obras, membrana geotêxtil, como apresenta a
as regiões circuladas referem-se aos Figura 56. Outra opção é executar sacarias
caimentos no sentido dos taludes esca- preenchidas com o próprio solo da obra.
vados que devem ser mantidos durante a Onde isso não for possível pelo caimento
terraplanagem. Na base dos taludes, for- insuficiente, deve-se dispor lombadas ou
mam-se calhas onde devem ser dispostas calhas de crista dos taludes, conforme
barreiras de sedimentos com cercas de ilustrado nas Figuras 57 e 58.

Figura 55 Figura 56
Dispositivos de retenção de sedimentos com Barreiras de sedimentos com cercas de membrana
barreiras de sacarias. Fonte: Rosa (2013) geotêxtil em calha estabilizada com manta de fibra
vegetal. Fonte: LANDCON (2004)

Figura 57 Figura 58
Lombada de solo na crista do talude provisório e Talude com calha de crista instalada imediatamente
descidas hidráulicas estabilizadas com sacarias. após conclusão da terraplenagem.
Fonte: DERSA (2009 apud Almeida Junior, 2011) Fonte: Rosa (2013)

Cap. 5 As Boas Práticas 96


Figura 59
Solo compactado em área em terraplenagem e leira de galhada e restos
vegetais no perímetro, conduzindo a água de drenagem de obra para
reservatório de quantidade. Fonte: Rosa (2013)

Nas obras de grandes perímetros, a drenagem se mescla com a


proteção do perímetro das atividades de construção, associando
dispositivos de retenção de sedimentos, similares ao apresentado
para obras em rede ou malha (Esquema 18), porém, dimensiona-
dos para volumes maiores de água.

Ação
Alternativa 7
prioritária

Nas obras em vias públicas, por exemplo no assentamento de


galerias de águas pluviais ou na execução de pavimentação, o
canteiro de obra de serviços é itinerante e não é viável o acondi-
cionamento temporário de água no local. A solução de drenagem
deve desviar os fluxos de águas externos aos limites das atividades
e, dentro do canteiro, desviar de solos em estoques e das entradas
das redes pluviais eventualmente existentes (Esquema 19).

Antes do descarte das águas das chuvas precipitadas sobre o


canteiro de obras, os caminhos preferenciais da água, inclusive
as canaletas junto aos meio fios quando já executadas, devem
receber dispositivos de redução da velocidade do escoamento
e retenção de sedimentos, executados com sacarias de rafia ou
membrana geotêxtil, preenchidas com agregados.

Cap. 5 As Boas Práticas 97


Esquema 19
Alternativa 7 - Drenagem em canteiro de obras de
serviços das obras em rede. Fonte: Rosa (2019)

Cap. 5 As Boas Práticas 98


Ação
Alternativa 8
prioritária

As bocas de lobo e outros dispositivos de acesso das redes pluviais


em execução ou já concluídas devem ser protegidas de modo a
evitar a entrada de sedimentos das obras. É necessário cobrir toda
a extensão do acesso, as sacarias acomodadas possuem massa
para suportar os escoamentos e flexibilidade para manutenção.

Deve-se considerar que a entrada protegida está vedada, pois ra-


pidamente a membrana geotêxtil tende a colmatar e não permitir
mais a passagem de água. O sistema de drenagem da obra deve
ser o mecanismo para coleta e descarte de água da obra e não a
rede definitiva em instalação (Esquema 20).

Esquema 20
Alternativa 8 - Detalhes de proteções das
entradas de redes pluviais. Fonte: Rosa (2019)

Cap. 5 As Boas Práticas 99


As Figuras 60 e 61 apresentam exemplos de proteções nas entra-
das do sistema público de drenagem.

Figura 60 Figura 61
Proteção das entradas da rede de águas pluviais Exemplo de proteção de entrada da rede pluvial
em execução contra o acesso de sedimentos da evidenciando a retenção de sedimentos.
obra. Fonte: Rosa (2013) Fonte: Rosa (2012)

Observações mento dos corpos hídricos receptores.


O manejo do escoamento superficial Pode ser necessário obedecer a limites
pluvial sem promover a erosão é fun- específicos estabelecidos para uso do
damental para o bom desempenho sistema de drenagem que receberá as
da drenagem de obra. As alternativas águas pluviais da obra.
apresentadas esquematicamente são
exemplos de soluções de drenagem em Para dimensionamento da drenagem de
terrenos de topografias variadas que obra, este Manual considera que a obra
podem ser adotadas para composição deve ser capaz de controlar o escoamento
de projeto de drenagem de obra para superficial proveniente de chuva de proje-
terrenos semelhantes ou que contenham to com 10 anos de tempo de recorrência,
topografias mesclando duas ou mais das como determina o Manual de Drenagem
opções retratadas. e Manejo de Águas Pluviais Urbanas do
Distrito Federal (Adasa, 2018).
Os ensaios de sólidos sedimentáveis
devem ser feitos com cone de Imhoff. A Os índices de infiltração para áreas
Resolução CONAMA n° 430/2011 fixa em em construção podem variar devido a
1mL/L o teor máximo de sólidos sedimen- constante colmatação do solo, sendo
táveis. assim, devem ser usados com cuidado no
dimensionamento da drenagem da obra.
Para os ensaios de turbidez é necessário
turbidímetro com nefelômetro. A Resolu- É necessário instalar réguas nos reserva-
ção CONAMA n° 357/2005 fixa os limites tórios de armazenamento temporário da
aceitáveis de acordo com o enquadra- água de drenagem para monitorar o volu-

Cap. 5 As Boas Práticas 100


me de água nos eventos de chuva e após a O armazenamento temporário deve ser
infiltração ou descarte da água, monitorar inspecionado após as chuvas quanto a
o volume de sedimentos eventualmente sua capacidade de retenção de água,
retidos e a capacidade de retenção de analisando, por meio de régua adequa-
água para o próximo evento de chuva. damente instalada, se o volume de solo
retido no reservatório compromete a sua
O ponto de descarte da água de drena- capacidade de retenção de água prevista
gem da obra por gravidade, conhecido no projeto. Caso isso ocorra, o mesmo
como “ladrão”, caso seja instalado, deve deve ser desassoreado para assegurar seu
ser localizado em altura acima do nível desempenho.
d’água máximo de retenção do projeto no
reservatório. Reitera-se que o monitoramento da
qualidade da água depende de local
Monitoramento e manutenção específico para coleta de amostras, como
As calhas de drenagem devem ser uma caixa de passagem da água, situada a
inspecionadas durante as chuvas para montante de seu descarte. Este dispositivo
avaliar seu dimensionamento. Caso sejam deve ser inspecionado frequentemente e
identificados pontos de extravasamentos, desassoreado após os eventos de chuvas.
deve-se realizar o aprofundamento do seu
leito ou a implantação de outras calhas na Os equipamentos de medida de sólidos
mesma área de contribuição para redução sedimentáveis e de turbidez devem ser
da vazão neste local. limpos após cada uso.

Após as chuvas, as calhas devem ser inspe- A previsão de chuvas deve ser monitorada
cionadas nos locais de barreiras de sedi- constantemente pela obra, para que antes
mentos, que devem ser desassoreados para da ocorrência de eventos extremos, exista
que tenham o desempenho esperado na inspeção em todas as unidades constituin-
próxima precipitação. O solo coletado deve tes do sistema de drenagem, assegurando
ser destinado à área estável do canteiro de a perfeita capacidade de transporte ou
obras e receber manejo adequado. retenção da água pluvial.

5.6 Aspecto Ambiental 6 – Manejo de


produtos contaminantes
5.6.1 Boa Prática — Controle de estoque e manuseio de produtos químicos

A gestão adequada de produtos químicos com a água ou solo da obra.


como óleos lubrificantes e combustíveis
para máquinas e equipamentos, aditivos O tipo e a quantidade de insumos
para argamassas e concretos, tintas utilizados nas obras civis e o regime de
selantes e impermeabilizantes para aca- chuvas são importantes aspectos a serem
bamentos de edificações, assim como a considerados no manejo de produtos
contenção de possíveis vazamentos deles, com potencial contaminação nos solos e
visa impedir o contato de contaminantes água em canteiro de obras.

Cap. 5 As Boas Práticas 101


Tintas, selantes, impermeabilizantes e do sob a bica bandeja, plástica ou metá-
Ação
outros produtos químicos da obra devem lica, de contenção de vazamentos. Após
prioritária
ser acondicionados em depósito de a atividade, o produto e demais equipa-
produtos contaminantes com baias para mentos utilizados devem ser recolhidos
resíduos perigosos. para o depósito de produtos químicos.

Geradores, compressores e outros As instruções do fabricante e/ou instala-


equipamentos movidos a diesel, quando dor devem ser seguidas rigorosamente
estacionários, devem ser instalados sobre quando da utilização de tanques coleto-
bandeja de contenção de vazamentos, res de esgoto ou banheiros químicos.
plástica ou metálica, e preferencialmente
em local coberto. A utilização de material betuminoso e
concreto betuminoso usinado a quente
Peças de escoramento, corpos de (CBUQ) somente deve ocorrer em dias
prova de concreto e outras ferramentas sem previsão de chuva, devido ao risco de
lubrificadas, durante preparo e acondi- contaminação do solo e das águas pluviais.
cionamento, devem ser dispostas sobre
bandeja de contenção de vazamentos A obra deve dispor de um kit mitigação
plástica ou metálica e sob local coberto. de contaminação do solo e capacitar um
funcionário para seu uso adequado.
A lubrificação da bica do caminhão
betoneira deve ser controlada utilizando As Figuras 62 a 65 e o Detalhe 15 são
estopa umedecida pelo lubrificante para exemplos de gestão adequada de produ-
evitar escorrimento de excessos e dispon- tos químicos no canteiro de obras.

Figura 62 Figura 63
Bandeja plástica sob compressor movido a diesel. Gerador estacionário protegido contra intempéries e
Fonte: Rosa (2013) vazamentos. Fonte: Rosa (2013)

Cap. 5 As Boas Práticas 102


Figura 64 Figura 65
Depósito de produtos químicos. Kit mitigação de vazamentos disposto na
Fonte: Rosa (2013) frente de serviço. Fonte: Rosa (2013)

Detalhe 15
Gerador protegido contra
intempéries e contaminação do
solo e água. Fonte: Rosa (2019)

Observações Outras sugestões construtivas são apre-


Os resíduos perigosos, sejam materiais sentadas no Anexo A (Composições de
contaminados e descartados ou solo e Insumos e Serviços).
água que receberam vazamentos e foram
coletados, devem ser acondicionados em Monitoramento e manutenção
tambores com tampa até seu descarte As inspeções em todos os locais em que
por empresa especializada contratada haja uso ou acondicionamento de pro-
para esta finalidade. dutos químicos devem ocorrer periodi-

Cap. 5 As Boas Práticas 103


camente, de preferência semanalmente, e destinados para a baia de resíduos
de modo a viabilizar a identificação de perigosos e a causa ou origem da conta-
possíveis contaminações de solo e água. minação deve ser analisada e corrigida.
Equipamentos ou bandejas de contenção
Caso sejam identificados locais com va- avariadas, dando causa a vazamento,
zamentos, o solo ou água contaminados devem receber manutenção ou serem
devem ser removidos completamente substituídos.

5.6.2 Boa Prática — Controle de resíduos da lavagem de caminhão betoneira

A água de lavagem de caminhão betonei- Ação Prioritária


ra e de qualquer outro equipamento ou Toda a água de lavagem proveniente
instrumento em contato com concreto de caminhões betoneiras, misturadores
é uma lama que contém metais tóxicos, manuais ou outros equipamentos em
além de ser cáustica e corrosiva, tendo contato com concreto deve ser coletada
um pH próximo a 12. São considerados e armazenada, sendo acumulada em
intervalos de pH seguros para habitats contêiner (com retenção de líquidos) ou
aquáticos de água doce valores entre 6,5 em reservatório construído internamente
e 9 (EPA, 2012). no canteiro de obras, como poço ou bacia
escavado no solo e revestido com manta
A coleta e o armazenamento de toda a de vinil ou plástico impermeável (EPA,
água de lavagem de concreto no canteiro 2012). A Figura 66 apresenta reservatório
de obras e sua total reciclagem são os revestido de plástico impermeável
principais desafios no manejo deste tema. construído no canteiro de obras.

Figura 66
Reservatório construído no canteiro de obras
para coleta e armazenamento de água de
lavagem de caminhão betoneira.
Fonte: EPA (2010)

A água de lavagem presente no contêiner removido e transportado para aterro de


ou reservatório pode ser aspirada para resíduos sólidos da construção civil.
reciclagem ou permanecer no local para
ser evaporada. Após a secagem, o mate- Ação Complementar
rial sólido restante pode ser fragmentado, A água de lavagem proveniente de

Cap. 5 As Boas Práticas 104


caminhões betoneiras, misturadores to de água de lavagem de concreto não
manuais ou outros equipamentos em deve possuir rasgos ou orifícios que permi-
contato com concreto pode ser depurada tam a passagem da água para o solo ou
por um sistema de filtros para remoção o contato com escoamento superficial da
de sólidos e, em seguida, ser reutilizada chuva.
para lavar outras calhas e equipamentos
no canteiro de obras ou como um insumo Os contêineres e demais reservatórios
para fazer concreto adicional. Pode ser devem ser situados em locais de fácil
empregado um filtro de lavagem de três acesso para a lavagem de equipamentos
câmaras, onde no primeiro estágio ocorre com manuseio de concreto e caminhões
a remoção de agregados grosseiros. No betoneiras.
estágio intermediário ocorre a filtração
de pequenos grãos e areia. No terceiro Monitoramento e manutenção
e último estágio ocorre a filtragem dos Os contêineres e os reservatórios de
finos e correção do pH (EPA, 2012). armazenamento de água de lavagem de
concreto devem ser inspecionados regu-
Outra alternativa é bombear a água de larmente, de preferência diariamente, de
lavagem de concreto para fora do contêi- modo a identificar possíveis contamina-
ner ou reservatório de lavagem e tratar a ções de solo e água.
água para remover metais e corrigir seu
pH, a fim que possa ser depurada em uma Caso sejam identificados locais com va-
estação de tratamento de esgotos. zamentos, o solo ou água contaminados
devem ser removidos completamente e
Observações destinados para a baia de resíduos perigo-
A manta de vinil ou plástico de revesti- sos e a causa ou origem da contaminação
mento de reservatórios de armazenamen- deve ser analisada e corrigida.

5.6.3 Boa Prática — Controle de dejetos de banheiros químicos

Os banheiros químicos são uma solução adotada em canteiros


de obras, simplificando as rotinas de limpeza e manutenção de
sanitários fixos.

Essas estruturas temporárias possuem reservatórios individuais


para armazenamento de dejetos e necessitam da adição de subs-
tâncias desodorizantes para inibir a atividade microbiana (Lopes,
2017). Os dejetos e as substâncias desodorizantes são potenciais
fontes de poluição do solo e das águas.

Ação
Ação Prioritária
prioritária

Os dejetos dos banheiros químicos Em hipótese alguma, tais dejetos podem


devem ser coletados, transportados e en- ser descartados de maneira inadequada
caminhados para depuração em estação em qualquer local ou em sistemas de
de tratamento de esgotos. drenagem urbana.

Cap. 5 As Boas Práticas 105


Ação Complementar
Pode ser instalada uma bandeja acoplada ao banheiro químico,
como proteção adicional, situando-se abaixo do banheiro para
coletar qualquer dejeto. Deve ter o cuidado para que esta bandeja
não capture águas de chuva.

Observação
O descarte de dejetos de banheiros químicos em estações de
tratamento com sistemas biológicos deve ser precedido de
autorização da empresa responsável por sua operação. Os desodo-
rizantes utilizados nos banheiros químicos para inibir a atividade
microbiana e disfarçar os maus odores possuem, em sua compo-
sição, surfactantes, essências aromáticas e corantes (EPA, 2012), os
quais podem acarretar prejuízos à biota aeróbia.

Monitoramento e manutenção
Os banheiros químicos e principalmente os seus reservatórios de
dejetos devem ser inspecionados regulamente, de preferência
diariamente, de modo a identificar possíveis contaminações de
solo e água.

Caso sejam identificados locais com vazamentos, o solo ou água


contaminados devem ser removidos completamente e destinados
para a baia de resíduos perigosos e a causa ou origem da contami-
nação deve ser analisada e corrigida.

Cap. 5 As Boas Práticas 106


Cap. 5 As Boas Práticas 107
6
Considerações Finais

108
A difusão pública e acessível das melho- todo o processo da construção, do
res práticas é apresentada neste Manual planejamento ao uso e operação, passan-
como um primeiro passo rumo à redução do pelas fases de projeto, orçamentação,
dos impactos ambientais negativos licitação e contratação, execução e
das obras civis na qualidade das águas fiscalização.
superficiais do Distrito Federal e no
assoreamento dos nossos corpos d’água. Trata-se de um processo de mudança
cultural, que pressupõe e exige a revisão
Como destacado no primeiro capítulo, as de conceitos e a alteração de proce-
mudanças necessárias para atingir este dimentos que estão consolidados na
objetivo envolvem tanto as obras contra- prática cotidiana da construção civil.
tadas e executadas pelo Poder Público
quanto aquelas realizadas pela iniciativa É evidente que sem a conjugação de
privada. esforços persistentes dos órgãos públicos
contratantes de obras e das empresas
As práticas apresentadas têm como foco de construção civil e de suas entidades
as atividades que se realizam no canteiro representativas no Distrito Federal
de obras, mas dependem e envolvem dificilmente se conseguirá avançar.

Há muito o que fazer, portanto é melhor


começar já. Então, mãos à obra limpa!

Cap. 6 Considerações Finais 109


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2017. Dispõe sobre a dispensa de licen- das ações antrópicas no processo de
ciamento ambiental para empreendi- escoamento superficial e assoreamento
mentos/atividades de baixo potencial na bacia do Lago Paranoá. 2010. ix, 123 f.,

113
il. Dissertação (Mestrado em Geociências provisória de obras urbanas no município
Aplicadas) - Universidade de Brasília, Bra- de São Paulo: análise de práticas e reco-
sília. Disponível em: <https://repositorio. mendações. 159 p. Dissertação (Disserta-
unb.br/handle/10482/8629>2010. ção (Mestrado em Habitação: Planejamen-
to e Tecnologia) - Instituto de Pesquisas
METROPOLES. MP aponta empreendimen- Tecnológicas do Estado de São Paulo. Área
tos que causam assoreamento do Lago de concentração: Tecnologia em Constru-
Paranoá. Matéria disponível em: <https:// ção de Edifícios. São Paulo, 2013.
www.metropoles.com/distrito-federal/mp
-aponta-empreendimentos-que-causam SANTOS, A. R. Técnica Cal Jet manual de
-assoreamento-do-lago-paranoa>2020. execução: proteção de solos contra a
erosão através de pulverização de calda
MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FE- de cal. 2009 Disponível em: <http://www.
DERAL E TERRITÓRIOS. Parecer Técnico geologiadobrasil.com.br/pdfs/Manual_
869/2019 – APMAG/SPD Identificação de Cal-Jet_vmaio2009b.pdf>Acesso em: 01
danos e de eventuais repercussões de set. 2019.
empreendimentos causadores de im-
pactos ambientais relevantes, na porção SINOVETZ, H. D. Análise do impacto da
norte do Lago Paranoá. 2019. certificação LEED nos canteiros de obra de
uma empresa de grande porte na cidade
PUB - Agência Nacional de Águas. Asso- de Porto Alegre e propostas de adequa-
ciação dos Empreiteiros de Singapura ção. Programa de Pós-graduação em Arqui-
(SCAL). Erosion & Sediment Control At tetura e Urbanismo da Universidade do Vale
Construction Sites – for site implemen- do Rio Sinos. Porto Alegre, 2017, 113p.
tation, 5ª ed. Disponível em: <https://
www.pub.gov.sg/Documents/ECM_Guide- TCU – Tribunal de Contas da União. Carti-
book.pdf> 2018. lha de licenciamento ambiental. Tribunal
de Contas da União; com colaboração do
ROCHA, S. A.; LOUGON, M. S. e GARCIA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
G. O. Influência de diferentes fontes de dos Recursos Naturais Renováveis. - 2.ed.
poluição no processo de eutrofização. – Brasília. TCU, 4ª Secretaria de Controle
Revista Verde de Agrologia e Desenvolvi- Externo, 2007.
mento Sustentável. Mossoró, v.4, n.4, p.01,
out. 2009. Disponível em: <http://www. USDA - United States Department of Agri-
gvaa.com.br> Acesso em: 27 dez. 2012. culture. Natural Resources Conservation
Service. Association of Illinois Soil and
ROIG, H. L.; GARNIER, J; IANNIRUBERTO, Water Conservation Districts. Urban Soil
M.; MINOTI, R.; KOIDE, S. Estudo multidis- Erosion and Sediment Control. Disponí-
ciplinar do estado físico do Lago Para- vel em: <https://www.nrcs.usda.gov/Inter-
noá: Topo-batimetria, Qualidade dos net/FSE_DOCUMENTS/nrcs141p2_034363.
sedimentos e Balanço hídrico. Relatório pdf> 2008.
Técnico. Convênio Nº 01/2017 - ADASA -
Instituto de Geociências, Universidade de USDA – United States Department of Agri-
Brasília, Brasília – Distrito Federal. 2019. culture. Natural Resources Conservation
Service. Guide to Erosion and Sediment
ROSA, F. P. Controle de erosão e sedi- Control in Urban Areas. Disponível em: <
mentação em sistemas de drenagem https://www.pr.nrcs.usda.gov>2003.

114
Anexos
Os anexos a seguir complementam o conteúdo deste Manual,
pois apresentam propostas para auxiliar o gestor e os responsáveis
pelas ações de planejamento, projeto, execução e operação dos
empreendimentos.

O Anexo A contempla a composição de insumos e serviços para


a orçamentação das boas práticas, fundamentada nas tabelas de
insumos e composições analíticas do SINAPI (Sistema Nacional
de Pesquisa de Custos e Índices) de abril de 2020 para o Distrito
Federal.

O Anexo B ilustra sugestões de materiais para divulgação, em


formato de cartazes, objetivando informar e incentivar o compor-
tamento de gestores, funcionários, colaboradores e visitantes dos
canteiros de obras a incorporar as diretrizes contidas neste Manual.

115
Anexo A
Composição de Insumos e Serviços

116
Composições e Insumos (Catálogo Composições
Boas Práticas Analíticas SINAPI)
Aspecto Ambiental Ações Observações
sugeridas Cód. Unid. de
Opção Descrição
SINAPI Medida

Leira de galhadas 1 - Possível para todas as


e restos de condições topográficas de
Limpeza mecanizada
vegetais a partir Única 98525 m2 terreno;
de camada vegetal
da limpeza do
terreno 2 - Altura da proteção deverá
Tapume com considerar o vento para a
1 98458 m2 resistência do material e sua
compensado madeira
Tapume instalação e constituir-se como
Tapume com telha barreira para minimizar a
2 98459 m2
metálica geração de poeira no canteiro.
Alvenaria 1 - Canteiro com condição
1 83518 embasamento E-20 m3 topográfica de terreno 1 e 4: mín.
com bloco concreto 01 fiada de blocos;
Alvenaria de vedação
Blocos ou tijolos 2 89168 blocos vazados 9x9x19 m2 2 - Canteiro com condição
assentados (cinta cm topográfica de terreno 2 e 3: mín.
de amarração) 02 fiadas de blocos;
Cinta de amarração
de alvenaria moldada 3 - Verificar altura do bloco
3 93205 m
1 - Saída de Proteção do in loco com blocos canaleta e respeitar observações
sedimentos do perímetro do canaleta anteriores.
canteiro de obras canteiro de obras
Dreno com manta 1 - Canteiro com condição
1 73881/1 m2
Cerca ou barreira geotêxtil 200 g/m2 topográfica de terreno 1 e 4: mín.
filtrante com 01 cerca ou barreira filtrante;
membrana Dreno com manta 2 - Canteiro com condição
2 73881/3 m2
geotêxtil geotêxtil 400 g/m2 topográfica de terreno 2 e 3: mín.
02 cercas ou barreiras filtrantes.
Ensacamento de areia
92123 (saco de ráfia 60x90 m3
cm)
Adicionado com OU 1 - Canteiro com condição
Geotêxtil 200 g/m2 não topográfica de terreno 1 e 4: mín.
Dique de 4011 tecido contínuo 100% m2 02 fiadas de sacaria;
contenção com Única poliéster, resistência
sacaria de ráfia tração 10kN/m 2 - Canteiro com condição
Adicionado com OU topográfica de terreno 2 e 3: mín.
Geotêxtil 400 g/m2 não 04 fiadas de sacaria.
4012 tecido contínuo 100% m2
poliéster, resistência
tração 10kN/m

117
Composições e Insumos (Catálogo Composições
Boas Práticas Analíticas SINAPI)
Aspecto Ambiental Ações Observações
sugeridas Cód. Unid. de
Opção Descrição
SINAPI Medida

1 - O leito de rodagem
deve ter no mínimo 6 m de
comprimento (extensão);

2 - A altura da camada de
Execução e
brita em via de circulação de
compactação de base
Disposição de veículos pode ser considerada
e ou sub-base para
camada de 10 cm para implantação,
1 96396 pavimentação de brita m3
Brita Graduada adicionada com 5 cm para
graduada simples-
Simples (BGS) manutenção periódica;
Exclusive carga e
transporte
3 - Indicado para acessos com
máximo de 1 (um) mês de
permanência.

Alvenaria 1 - Quando construídas em


83518 embasamento E-20 m3 alvenaria, as caixas deverão
com bloco concreto ter paredes mínimas de
OU Alvenaria de 20 cm de espessura e a
89168 vedação blocos m2 dimensão mínima de 60 cm
vazados 9x9x19 cm de lado, sendo revestidas
de argamassa de cimento
e fundo de concreto;
Caixa de inspeção 2 - A distância máxima entre
em anel de concreto a caixa de areia e a caixa de
pré-moldado, com inspeção deve ser de 20 m;
Separador Água-
74766/2 950 mm de altura e und 3 - Devem ser realizadas
Estabilização do Óleo: 1) Caixa de Única
1 - Saída de anéis com esp = 50 limpezas periódicas, cuja
acesso à obra e Areia (CA)
sedimentos do mm. Exclusive tampão frequência depende do
implantação de
canteiro de obras e escavação número de lavagens e trocas
sistema lava rodas
diárias de óleo.
1 - As tubulações de ligação
deverão ter declividade
Tubo PVC DN 100
mínima de 3% (3cm/metro);
mm para drenagem
83671 m
- fornecimento e
2 - O tubo de PVC de saída
instalação
deve estar interligado a caixa
separadora de óleo.
Alvenaria 1 - Quando construídas em
83518 embasamento E-20 m3 alvenaria, as caixas deverão
com bloco concreto ter paredes mínimas de 20cm
OU Alvenaria de de espessura e a dimensão
89168 vedação blocos m2 mínima de 60 cm de lado,
vazados 9x9x19 cm sendo revestidas de argamassa
de cimento e fundo de
Caixa de inspeção concreto;
Separador Água-
em anel de concreto
Óleo: 2) Caixa
Única pré-moldado, com 2 - As caixas separadoras serão
Separadora de
74166/2 950 mm de altura e und construídas de modo a terem
Óleo (CSO)
anéis com esp = 50 uma altura da lâmina líquida
mm. Exclusive tampão (HL) mínima de 40 cm. O fecho
e escavação hídrico (FH) deverá ter medida
mínima de 35 cm.
Tubo PVC DN 75
As tubulações de ligação
mm para drenagem
83670 m deverão ter declividade
- fornecimento e
mínima de 3% (3cm/metro).
instalação

Continua na próxima página...

118
...continuação.

Composições e Insumos (Catálogo Composições


Boas Práticas Analíticas SINAPI)
Aspecto Ambiental Ações Observações
sugeridas Cód. Unid. de
Opção Descrição
SINAPI Medida

1 - As tubulações de ligação
deverão ter declividade
Separador Água- Tubo PVC DN 100
mínima de 3% (3cm/metro);
Óleo: 2) Caixa mm para drenagem
83671 m
Separadora de - fornecimento e
2 - O tubo de PVC de saída
Óleo (CSO) instalação
deve estar interligado a caixa
separadora de óleo.
Alvenaria 1 - Quando construídas em
83518 embasamento E-20 m3 alvenaria, as caixas deverão ter
com bloco concreto paredes mínimas de 20 cm
OU Alvenaria de de espessura e a dimensão
89168 vedação blocos m2 mínima de 60 cm de lado,
vazados 9x9x19 cm sendo revestidas de argamassa
de cimento e fundo de
concreto;
Separador Água-
Óleo: 3) Caixa 2 - Devem ser realizadas
Única Caixa de inspeção
Coletora de Óleo limpezas periódicas, cuja
(CCO) em anel de concreto frequência depende do
pré-moldado, com número de lavagens e trocas
89168 950 mm de altura e und diárias de óleo;
anéis com esp = 50
mm. Exclusive tampão 3 - O óleo retirado da
e escavação caixa coletora deve ser
acondicionado em recipiente
próprio e encaminhado para
reciclagem.
Alvenaria 1-Quando construídas em
83518 embasamento E-20 m3 alvenaria, as caixas deverão
Estabilização do com bloco concreto ter paredes mínimas de 20cm
1 - Saída de
acesso à obra e de espessura e a dimensão
sedimentos do
implantação de OU Alvenaria de mínima de 60 cm de lado,
canteiro de obras
sistema lava rodas 89168 vedação blocos m3 sendo revestidas de argamassa
vazados 9x9x19 cm de cimento e fundo de
concreto.
1 - O fundo da caixa de
inspeção deve ser feito com
enchimento de concreto e
ter declividade mínima de 1%
(1cm/m), de modo a garantir
rápido escoamento e evitar
a formação de depósito de
Caixa de inspeção
resíduos;
em anel de concreto
Separador Água-
pré-moldado, com
Óleo: 4) Caixa de Única 2 - As caixas de inspeção
89168 950 mm de altura e und
Inspeção (CI) deverão ter dimensões
anéis com esp = 50
mínimas de 60 cm de lado,
mm. Exclusive tampão
profundidade máxima de 87
e escavação
cm, ou dimensões laterais
mínimas de 110 cm para
profundidade superior a 87
cm;

3 - Esta caixa se interliga ao


sistema de drenagem.
1 - As tubulações de ligação
deverão ter declividade
Tubo PVC DN 100
mínima de 3% (3cm/metro);
mm para drenagem
83671 m
- fornecimento e
2 - O tubo de PVC de saída
instalação
deve estar interligado a caixa
separadora de óleo.
Composições e Insumos (Catálogo Composições
Boas Práticas Analíticas SINAPI)
Aspecto Ambiental Ações Observações
sugeridas Cód. Unid. de
Opção Descrição
SINAPI Medida

Perfil “I” de aço


Sugerido perfil “I” 5” x 3” para
laminado, abas
43082 kg vigas superiores e perfil “I” 8” x
paralelas, “W”,
5” para vigas inferiores
qualquer bitola
Cantoneira de aço
4777 abas iguais, espessura kg
entre 1/8” e 1/4”
Eletrodo revestido
10997 AWS-E7018, diâmetro kg
igual a 4,0 mm
Pintura com tinta
100719 alquídica de fundo m2
(tipo zarcão)
Soldador
88317 com encargos h
complementares
Montador de
estrutura metálica
88278 h
com encargos
complementares
Tubo, PVC, Soldável,
Estabilização do
1 - Saída de DN 20mm, instalado
acesso à obra e
sedimentos do Lava Rodas Única em ramal ou sub-
implantação de 89401 m
canteiro de obras ramal de água.
sistema lava rodas
Fornecimento e
instalação
1 - Concreto deve ser usado
para construção da caixa de
concreto, berço de concreto e
rampa de concreto;

2 - A caixa de concreto deve


Concreto FCK= 20MPA,
ter 1,5 m de profundidade,
traço 1:2, 7:3 (cimento/
comprimento de 3,0 m e
94970 areia média/brita 1), m³
largura de 5,0 m;
preparo mecânico
com betoneira
3 - A rampa de concreto deve
ter 5,0 m de largura e 5,0 m de
comprimento, devendo esta
rampa seguir a profundidade
da caixa de concreto como
base e possuir inclinação.
Lastro com preparo
de fundo, com
94116 m³
brita e lançamento
mecanizado

Recomendações:
1) Acessos com permanência superior a 1 (um) mês deverá possuir estabilização do solo
superficial reforçado com membrana geotêxtil sob a camada de brita.
2) Acessos com permanência superior a 1 (um) mês em período de chuvas deverá possuir
sistema Lava-Rodas com separador água e óleo.

120
Composições e Insumos (Catálogo Composições
Boas Práticas Analíticas SINAPI)
Aspecto Ambiental Ações Observações
sugeridas Cód. Unid. de
Opção Descrição
SINAPI Medida

1 - A camada de brita deve


sempre estar em cota superior
ao entorno

2 - Altura da camada de
brita em via de circulação de
veículos pode ser considerada
Execução e
10 cm para implantação,
compactação de base
adicionada de 5 cm para
e ou sub-base para
manutenção
96396 pavimentação de brita m³
graduada simples-
3 - Para circulação de pedestre
Exclusive carga e
a espessura pode ser menor
transporte
como 5 cm

Estabilização de 4 - Em relação a área


Disposição de
vias de circulação horizontal, é necessário projeto
Brita Graduada Única
de veículos e de gestão de sedimentos para
Simples (BGS)
pedestres (*1) identificar as áreas a serem
estabilizadas.
Compactação de
solo com Rolo
compactador
vibratório pé de
73436 CHP
carneiro para solos,
potência de 80 hp
(equipamento e
serviços)
2 - Erosão OU Geotêxtil 400 g/m2
superficial do solo não tecido contínuo
Geotêxtil disposto entre o solo
4012 100% poliéster, m²
e a camada de brita
resistência tração
21kN/m
1 kg de cal de pintura para
Cal hidratada CH-I
Estabilização de Cal Jet Única 1106 kg cada 2,50 m² de área a ser
para argamassa
solos expostos em protegida.
superfícies, sejam Cal hidratada CH-I Executar a cobertura
1 98503 m²
planas ou em para argamassa vegetal prevista em projeto
Cobertura vegetal
declives (*1) Plantio de grama em imediatamente após a
2 98504 m²
placas terraplenagem.

Retroescavadeira Utilizar a carregadeira para


sobre rodas com compactar temporariamente
1 5680 CHP
carregadeira, tração o solo proveniente da vala
Compactação de
4x2, potência 79 HP escavada
solo lateralmente
Compactação Utilizar o compactador para
a vala
mecânica de solo compactar temporariamente
2 97083 m²
Estabilização de com compactador a o solo proveniente da vala
solos expostos percussão escavada
na execução de Retroescavadeira
valas (*2) sobre rodas com
5680 CHP
carregadeira, tração Mensurar o transporte de solo
Compactação de
4x2, potência 79 HP para local de armazenamento
solo lateralmente Única
Transporte em e seu retorno para reaterro
a vala
caminhão basculante da vala
5961 CHI
6 m3, peso bruto total
16 toneladas

Recomendação:
(*1) Estabilização necessária para solos expostos com permanência superior a 15 (quinze) dias.
(*2) Compactação necessária ou transporte para armazenamento para solos expostos com
tempo superior a 24 horas 121
Composições e Insumos (Catálogo Composições
Boas Práticas Analíticas SINAPI)
Aspecto Ambiental Ações Observações
sugeridas Cód. Unid. de
Opção Descrição
SINAPI Medida

Caminhão pipa 10.000


L trucado, peso bruto
total de 23.000kg,
5901 carga útil máxima CHP
1 - O uso de água em excesso
15.935- CHP diurno =
deve ser evitado, podendo
operação efetiva (em
promover escoamentos
Aspersão de água uso)
Controlar a de água e carreamento de
com caminhão Única Caminhão pipa
geração de poeira sedimentos;
pipa 10.000 L trucado,
3 - Emissão de nas atividades
peso bruto total de
particulados no ar construtivas e vias 2 - Controle de poeira nas vias
23.000kg, carga útil
de circulação de 5903 CHI e durante o uso de máquinas
máxima 15.935- CHI
veículos
diurno = equipamento
à disposição e sem
efetivo uso
Rolo compactador
Compactação vibratório pé de
Única 73436 CHP
mecânica de solo carneiro para solos,
potência de 80 Hp

122
Composições e Insumos (Catálogo Composições
Boas Práticas Analíticas SINAPI)
Aspecto Ambiental Ações Observações
sugeridas Cód. Unid. de
Opção Descrição
SINAPI Medida

Caçamba metálica
basculante com
Caçamba estanque Única 37733 capacidade de 6 m3 und
(inclui montagem,
não inclui caminhão)
Ensacamento de
1 92123 areia (saco de ráfia m³
60x90 cm)
OU Saco de ráfia
2 92123 und
(Conjunto com 4720)
Armazenar e Adicionado de pedra
transportar 2 4720 britada nº 0 ou m³
resíduos de classe pedrisco
A (solo, agregados, Isolamento Saco de ráfia
cimentos ou dos locais de adicionado OU com
cerâmicas) de acondicionamento geotêxtil 200 g/m2
maneira estável de resíduo 3 4011 não tecido contínuo m2
(instalação de 100% poliéster,
4 - Manejo de barreiras) resistência tração
resíduos sólidos da 10kN/m
construção civil Saco de ráfia
adicionado OU com
geotêxtil 400 g/m2
4 4012 não tecido contínuo m2
100% poliéster,
resistência tração
10kN/m
Lona plástica preta,
1 3777 m2
E=150 micra
Geotêxtil 200 g/m2
não tecido contínuo
2 4011 100% poliéster, m2
Estoque de solo que
resistência tração
Estoque de solo Proteção de solo permaneça por mais de 15 dias
10kN/m
na obra
Geotêxtil 400 g/m2
não tecido contínuo
3 4012 100% poliéster, m2
resistência tração
10kN/m

123
Composições e Insumos (Catálogo Composições Analíticas SINAPI)
Boas Práticas
Aspecto Ambiental Ações Cód. Unid. de
sugeridas Opção Descrição
SINAPI Medida

Retroescavadeira sobre rodas com carregadeira,


5678 CHP
potência líquida 88 hp
Retroescavadeira sobre rodas com carregadeira,
5679 CHI
potência líquida 88 hp
88316 Servente com encargos complementares h
Calha provisória
Geotêxtil 200 g/m2 não tecido contínuo 100%
revestida por Única 4011 m2
poliéster, resistência tração 10kN/m
geotêxtil
OU Geotêxtil 400 g/m2 não tecido contínuo 100%
4012 m2
poliéster, resistência tração 10kN/m
92123 Ensacamento de areia (saco de ráfia 60x90 cm) m³
37526 OU Saco de ráfia (conjunto com 4720) und
4720 Pedra britada nº 0 ou pedrisco (conjunto com 37526) m³
Retroescavadeira sobre rodas com carregadeira,
5678 CHP
potência líquida 88 hp
Retroescavadeira sobre rodas com carregadeira,
5679 CHI
potência líquida 88 hp
88316 Servente com encargos complementares h
Drenagem pluvial
94103 Lastro com preparo de fundo, com camada de brita m³
com retenção
5 - Controle de
de sedimentos Argamassa traço 1:3 (em volume de cimento e areia
sedimentos no 88629 m³
e controle de Calha/canaleta de média úmida)
canteiro de obras Única
qualidade da concreto Calha/canaleta de concreto simples, meia cana, D =
água 13115 m
20 cm
OU Calha/canaleta de concreto simples, meia cana, D
10542 m
= 40 cm
OU Calha/canaleta de concreto simples, meia cana, D
10544 m
= 60 cm
OU Calha/canaleta de concreto simples, meia cana, D
10545 m
= 80 cm
Poço de visita circular em anéis de concreto (D=1,0m
97983 m
x h=0,5m)
Bomba submersível, potência 3,75 hp, bocal de saída
Poço de drenagem Única 83643 und
de 2 polegadas
Mangueira de PVC flexível, tipo flat/achatada, D=1 1/2”
20185 m
(40 mm)
Caixa de passagem 30x30x40 com tampa e dreno
Caixa de passagem Única 83446 und
brita
Aferição da Mercado Cone Imhoff e suporte und
qualidade da água Única
de drenagem Mercado Turbidímetro portátil und

124
Composições e Insumos (Catálogo Composições
Boas Práticas Analíticas SINAPI)
Aspecto Ambiental Ações Observações
sugeridas Cód. Unid. de
Opção Descrição
SINAPI Medida

Escavação manual
para bloco de
96522 m3
coroamento ou
sapata
Concretagem de
96556 m3
sapatas, fck 30 Mpa
Viga metálica em
perfil laminado ou
soldado em aço
estrutural, com
100764 kg
conexões soldadas,
inclusos mão-de-
obra, transporte e
içamento
Pilar metálico em
perfil laminado ou
soldado em aço
estrutural, com
100766 kg
conexões soldadas,
inclusos mão-de-
Depósito de obra, transporte e
produtos químicos içamento
Única
e baia de resíduos
Trama de madeira
perigosos
composta por terças
92543 m²
para telhado de até
2 águas
Telhamento com
Controle de telha ondulada
estoque e 94210 de fibrocimento m²
6 - Manejo de
manuseio (E=6mm) e inclinação
produtos químicos
de produtos máxima de 10º
químicos
Lastro de concreto
95240 magro, espessura:
3 cm
m² Aplicado em pisos ou radiers.
Ou lastro de concreto
95241 magro, espessura:
5 cm
Ou parede de
98442 madeira em chapa
simples, sem vão

Ou parede de
98446 madeira em chapa
simples, com vão

1 Mercado Bandeja de 50 L Podem ser substituídas


por pallets de contenção
2 Mercado Ou bandeja de 250 L
ou bandejas masseiras. O
Bandejas para tamanho é variável em função
contenção de L do volume de produtos
vazamentos químicos utilizados, por isso é
3 Mercado Ou bandeja de 500 L
recomendável que o canteiro
disponha de bandejas com
tamanhos variáveis.
Mercado Pá anti faísca und
Recipiente para
Mercado und
armazenar a pá
Kit mitigação Única
Saco de material resistente
Saco de ráfia para
37526 und para armazenar o material
entulho
coletado

Continua na próxima página... 125


...continuação.

Composições e Insumos (Catálogo Composições


Boas Práticas Analíticas SINAPI)
Aspecto Ambiental Ações Observações
sugeridas Cód. Unid. de
Opção Descrição
SINAPI Medida

Controle de
estoque e Ou qualquer outro material
manuseio Kit mitigação Única 370 Areia média m³ absorvente, como a própria
de produtos areia ou vermiculita
químicos

Controle de Reservatório deve reter


Contêiner Única Mercado Contêiner de 1000 L L
6 - Manejo de resíduos da líquidos
produtos químicos lavagem de Reservatório Lona plástica
caminhão Lona plástica deve reter
revestido com lona Única 42408 extraforte preta, E = m²
betoneira líquidos
plástica 200 micra
Controle de
Mercado Banheiro químico und
dejetos de
Banheiro químico Única
banheiros Bandeja de 70 L para
Mercado und
químicos proteção na base

126
127
Anexo B
Sugestões de Recursos para Divulgação

128
MINIMIZE E PROTEJA O
SOLO EXPOSTO NA OBRA

Evitar a erosão do solo para reduzir a


geração de sedimentos no canteiro
ADOTE O MANUAL DE BOAS PRÁTICAS CONTROLE DE EROSÃO
DO SOLO E MANEJO DE SEDIMENTOS E OUTROS
CONTAMINANTES NOS CANTEIROS DE OBRAS
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Manual de
Boas Práticas:
Controle de erosão
do solo e manejo de
sedimentos e outros
contaminantes em
canteiros de obras

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