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Resumo: Este artigo aborda as tendências Abstract: This article deals with regressive
regressivas na política de assistência social no trends in social assistance policy in Brazil,
Brasil, a partir da análise dos constrangimentos based on the institutional constraints typical of
institucionais típicos do pacto federativo e das the federative pact and the evidence of setbacks
evidências de retrocessos que colocam em risco that put the foundations of the Unified Social
as bases do Sistema Único de Assistência Social, Assistance System at risk, with a flagrant
com flagrante aprofundamento da programática deepening of the neoliberal program, A joint
neoliberal, numa conjunta de avanço das con‑ advance of counter-reforms, a threat to democracy
trarreformas, ameaça à democracia e de redução and a reduction of rights. From the analysis of the
dos direitos. A partir da análise das evidências evidence of setbacks, the necessary strengthening
de retrocessos, reafirma-se o necessário fortale‑ of forms of resistance and social struggles for
cimento das formas de resistência e lutas sociais human dignity is reaffirmed.
pela dignidade humana.
Palavras-chave: Assistência Social. Conservado‑ Keywords: Social Assistance. Conservatism,
rismo. Gerencialismo. Direitos. Managerialism. Rights.
Introdução
O
Sistema Único de Assistência Social — Suas é, notadamente, uma
das principais reformas do Estado brasileiro na democracia recente no
âmbito da política social, pela construção de dispositivos relacionados
à concepção de uma política pública estatal, particularmente, pela provisão de
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1. A assistência social teve seu avanço normativo associado ao reconhecimento dos direitos socioas‑
sistenciais no ordenamento jurídico brasileiro, com subsequente complementações regulatórias, compondo
o chamado marco normativo-jurídico do Suas: CF/88, que insere a política de assistência social no tripé da
seguridade social; PNAS/04 que detalha as atribuições, princípios e diretrizes da referida política; NOB‑
-Suas/05 reformulada em 2012, que estabelece a estruturação do Suas; NOB-RH/Suas/06, que delimita a
profissionalização e a qualificação das ofertas; Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, que
padroniza as prestações em âmbito nacional, entre outros.
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2. A proteção social não contributiva da política de assistência social é garantida por meio da prestação de
serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais, previstos na Loas, com o propósito de responder
às necessidades básicas e garantir as seguranças de renda, convivência familiar e comunitária e de provisão
de acolhimento em situações específicas de risco pessoal e social (Pnas/04).
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3. O Programa Criança Feliz foi criado pelo Decreto n. 8.869, em outubro de 2016: “Art. 1.º Fica ins‑
tituído o Programa Criança Feliz, de caráter intersetorial, com a finalidade de promover o desenvolvimento
integral das crianças na primeira infância, considerando sua família e seu contexto de vida, em consonância
com a Lei n. 13.257, de 8 de março de 2016”.
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Considerações finais
Com a implantação e a implementação do Suas, especialmente a partir de
2005, é possível observar importantes avanços normativo-jurídicos, políticos
e técnicos, construídos na esfera pública do Estado, a partir de um projeto
político popular. Elementos centrais de uma política pública estatal são reco‑
nhecidos na nacionalização do direito à assistência social e implantação do
modelo descentralizado e participativo de governança democrática. Ao mesmo
tempo, identifica-se — em função dos constrangimentos do pacto federativo
brasileiro e do histórico de residualidade e meritocracia das políticas sociais, o
que contribui para a reprodução da desigualdade — um conjunto de desafios
a serem enfrentados, relacionados a fatores como: baixa inserção de sujeitos
coletivos com maior potencial de defesa de direitos, engendrada nas lutas sociais
na direção emancipatória; fragilidades e inconsistências na descentralização
pela baixa capacidade de gestão e a colonialidade do poder nas cidades, com
incidência da ideologia conservadora do mando e do favor; insuficiência de
recursos pelas operações da desvinculação orçamentária para o pagamento da
dívida pública; insuficiente cooperação federativa na composição dos recursos
e responsabilidades na provisão de serviços e benefícios socioassistenciais, que
correspondam às realidades territoriais; precarização das condições de trabalho
e de atendimento; cultura institucional gerencialista e fragmentação entre os
direitos e as políticas públicas, entre outros.
Até o golpe conduzido pelo Legislativo, o Judiciário e a mídia, o Suas estava
num estágio de aperfeiçoamento institucional e político, de expansão qualificada
e mais integrada de serviços e benefícios, com a produção de novos caminhos
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FLORES, J. Herrera. A (re)invenção dos direitos humanos. Trad. Carlos Roberto Diogo
Garcia, Antonio Henrique Graciano Suxberger, Jefferson Aparecido Dias. Florianópolis:
Fundação Boiteaux, 2009.
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