Você está na página 1de 15

UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS


DOUTORADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DISCIPLINA: ESTADO E QUESTÃO SOCIAL (eixo questão social
e políticas públicas)
Prof. Dra. Cristiana Costa Lima

NOTAS EXPLICATIVAS SOBRE QUESTÃO SOCIAL E POLÍTICAS


PÚBLICAS A PARTIR DO NEOLIBERALISMO
Erica Vanessa Ramos Costa1
RESUMO
Este trabalho é parte conclusiva dos estudos iniciados na disciplina
Estado e questão social do Doutorado em Políticas Públicas referente
ao semestre de 2023.1. A disciplina foi fundamental para entendermos
a lógica de constituição do Estado, suas formas, funções e a ligação
orgânica que existe entre Estado moderno, capitalismo e a relação
inerente do capital com o agravamento das expressões da questão
social e, por conseguinte o surgimento e desenvolvimento de políticas
públicas sociais como elemento de mediação na tensão entre capital e
força de trabalho. Este trabalho é um compilado de notas investigativas,
com base em bibliografias específicas, sobre a questão social e o
desenvolvimento de políticas públicas no contexto do capitalismo.
PALAVRAS-CHAVE: QUESTÃO SOCIAL. NEOLIBERALISMO.
POLÍTICAS PÚBLICAS.
ABSTRACT
This work is the conclusive part of the studies initiated in the discipline
State and social issues of the Doctorate in Public Policies for the
semester of 2023.1. The discipline was fundamental for us to
understand the logic of the constitution of the State, its forms, functions
and the organic connection that exists between the modern State,
capitalism and the inherent relationship of capital with the worsening of
expressions of the social issue and, consequently, the emergence and
development of public social policies as an element of mediation in the
tension between capital and workforce. This work is a compilation of
investigative notes, based on specific bibliographies, on social issues
and the development of public policies in the context of capitalism.
KEYWORDS: SOCIAL ISSUE. NEOLIBERALISM. PUBLIC POLICY.

1 Introdução
Para esse propósito, é necessário analisar os conceitos que são
atribuídos à categoria questão social, bem como os elementos que a constituem:
desigualdades sociais, lutas de classe e a prerrogativa das necessidades
humanas. A partir de Lopes (2019), podemos inferir que as lutas de classe se
tornam realidade a partir do movimento que as desigualdades sociais e as
necessidades humanas realizam no seio da sociedade. A organicidade dos três
elementos em movimento forma a questão social que se manifesta por

1
Aluna no Doutorado em Políticas Públicas da Universidade Federal do Maranhão. E-mail:
erica.vanessa@discente.ufna.br

1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DOUTORADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DISCIPLINA: ESTADO E QUESTÃO SOCIAL (eixo questão social
e políticas públicas)
Prof. Dra. Cristiana Costa Lima

expressões que são mais visíveis ao olhar do senso comum e que é sentido na
pele pela classe trabalhadora.
As políticas públicas sociais, enquanto resposta do Estado às
expressões da questão social, possuem caráter múltiplo ao serem entendidas
por um lado como estratégia de regulação da classe trabalhadora, mas por outro
lado como resultado das pressões que a classe trabalhadora realiza a partir das
lutas sociais. Essa análise evidencia ainda as dimensões universal, particular e
singular do movimento do capital: dos determinantes globais à manifestação
dessa relação nos territórios.
Entende-se que os determinantes globais do capital afetam a
realidade do Brasil no que tange às respostas que o Estado brasileiro fornece às
expressões da questão social que emergem da nossa sociabilidade e são
agravadas por uma economia de mercado excludente e geradora de
desigualdade social. É a partir desse contexto que será analisada brevemente a
dimensão das políticas públicas.
Parte-se do pressuposto que o Estado surge a partir da necessidade
do capital em aglutinar e legitimar o exercício do poder político pela classe
burguesa. Com definição de dinamicidade histórica, o capitalismo modificou-se
ao longo do tempo, tendo como principal motor das modificações as cíclicas
crises do capital e as estratégias de superação destas para a reificação do
capital. O recorte dado, neste trabalho, para o Estado e o capitalismo é a partir
da contemporaneidade que demarca a faceta neoliberal do capitalismo e o trato
específico dado às políticas sociais.
A grande transformação social e histórica do capitalismo tardio nos
anos de 1980 - que passou à configuração pós moderna, na qual o
capital e o Estado se reestruturaram e se globalizaram - foi
desembestada um ano antes pela reificação segundo a qual “não há
alternativa” à alternativa neoliberal, difundida pelo thatcherismo
reaganomics, a partir da experiência chilena de Pinochet e da ideologia
de Hayek, principal rival burguês de Keynes. (FARIAS, 2017 p. 01)

É sabido que os movimentos de ascensão do capitalismo com a Revolução


Industrial e posteriormente com as lutas de classes requerendo do poder público
respostas aos agravos da questão social são marcos iniciais importantes para

2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DOUTORADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DISCIPLINA: ESTADO E QUESTÃO SOCIAL (eixo questão social
e políticas públicas)
Prof. Dra. Cristiana Costa Lima

pensar a gênese das políticas públicas sociais. Esse movimento da sociedade


se torna mais expressivo no Pós-Segunda Guerra Mundial (1945). De acordo
com os fatos históricos, o trato do Estado às mazelas sociais via políticas sociais
não se deu de maneira solta e descolada de determinantes políticos:
As políticas sociais e a formatação de padrões de proteção social são
desdobramentos e até mesmo respostas e formas de enfrentamento –
em geral setorializadas e fragmentadas – as expressões
multifacetadas da questão social no capitalismo, cujo fundamento se
encontra nas relações de exploração do capital sobre o trabalho.
(BEHRING e BOSCHETTI. 2011 p. 51 – grifo nosso).

Nesta perspectiva é imprescindível analisar a função que o Estado


desempenha como mediador na relação existente entre capital x força de
trabalho, uma vez que a estrutura do Estado possui em seu cerne a divisão do
trabalho que fomenta a luta de classes.
(...) Estados se estruturam tendo por essência uma divisão do trabalho
dada, que serve de eixo natural para uma luta de classes
historicamente determinada. (...) não existiu ruptura com as condições
objetivas que fazem com que as lutas de classes e, portanto, a
estrutura do Estado continue a existir. (FARIAS, 2000 p. 17.)

Ou seja, o capitalismo para existir necessita da atuação de um Estado


mediador que atue na produção de políticas sociais que amenizem as
expressões da questão social e garanta a reprodução do trabalhador para a
continuidade de sua exploração. Como bem coloca Farias, 2000: há uma relação
orgânica entre Estado, questão social e capital, salvo suas variações temporais
e espaciais.
O Estado assume um papel mediador, no sentido de que participa da
resolução das contradições entre os indivíduos mercantis simples, bem
como entre capitalistas e trabalhadores assalariados (nos níveis de
capital produtivo individual e do capital social). No sentido de que
participa também na resolução da contradição entre capitalistas em
concorrência (no nível de capitais numerosos). (FARIAS, 2000 p. 40)

Entretanto, com o avanço do neoliberalismo, as políticas públicas de


corte social estão perdendo espaço mediante uma visão individualista da
questão social e suas expressões, levando ao desmantelamento do arcabouço
da proteção social e, consequentemente incrementando novas diretivas à função
estatal como gerenciadora da tensão entre capital e força de trabalho. As “novas”
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DOUTORADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DISCIPLINA: ESTADO E QUESTÃO SOCIAL (eixo questão social
e políticas públicas)
Prof. Dra. Cristiana Costa Lima

diretrizes da função do Estado contemporâneo se voltam com mais ênfase para


a legitimação dos processos de exploração da classe trabalhadora, mediatizada
pela flexibilização das relações de trabalho, desproteção social. O pano de fundo
para esse processo são as modificações que ocorrem na esfera do trabalho, e o
principal objetivo é a maximização da produção e concentração de riqueza a
partir da superexploração do trabalho2.
2 Questão social: construtos teóricos e síntese reflexiva
Inicia-se essa seção com a afirmação de que há uma
indissociabilidade entre a categoria “trabalho” e a “questão social". Entende-se
ainda, que o trabalho continua desempenhando papel central na sociedade em
que vivemos, apesar das múltiplas transformações que o capitalismo já sofreu,
mas sem alterar seus fundamentos básicos, dentre eles, a exploração da força
de trabalho de uma classe sobre a outra.
A questão social enquanto elemento histórico foi incorporada pela
dinâmica do capital e seu agravamento, a partir do modo de produção capitalista,
pode ser considerada como “efeito colateral” do movimento tendencioso do
capitalismo para o aumento da exploração da força de trabalho. Tais reinvenções
do capital materializadas de forma mais aparente pelo processo de
financeirização do capital, flexibilização das relações de trabalho como
estratégia e a plataformização do trabalho.
As principais manifestações da questão social – a pauperização, a
exclusão, as desigualdades sociais – são decorrências das
contradições inerentes ao sistema capitalista, cujos traços particulares
vão depender das características históricas da formação econômica e
política de cada país e/ou região. Diferentes estágios capitalistas
produzem distintas expressões da questão social (PASTORINI, 2004,
p. 97).
A essa incorporação é legado o arcabouço de políticas públicas
sociais que constituíram os padrões de proteção social e regulação social do
trabalho. Entretanto, a forma de apropriação do capital sobre a questão social,
ao longo do tempo modificou-se. De forma resumida, coloca-se a questão social

2
Embora a expressão "superexploração do trabalho" não tenha sido cunhada por
um único autor, ela é utilizada neste texto como uma construção teórica que se baseia nas
análises marxistas das relações de classe e da exploração no sistema capitalista.

4
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DOUTORADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DISCIPLINA: ESTADO E QUESTÃO SOCIAL (eixo questão social
e políticas públicas)
Prof. Dra. Cristiana Costa Lima

primeiramente como fenômeno ignorado pelo capital ou no máximo como


problema pessoal dos indivíduos, depois como alvo de regulamentação, e
atualmente como demanda individualizada, em um resgate da primeira forma de
apreensão do capital sobre a questão social, somado às estratégias eficazes de
alienação da classe trabalhadora. É importante enfatizar que a questão social
deve ser analisada sem perder de vista a dinâmica processual, ou seja, “analisar
a emergência política de uma questão, adentrar nos processos e mecanismos
que permitem que essa problemática tome força pública, que se insira na cena
política” (PASTORINI, 2004, p. 98).
Para Iamamoto (2003, p. 27), a questão social é o:
[...] conjunto de expressões das desigualdades da sociedade
capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social cada
vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social,
enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada,
monopolizada por uma parte da sociedade (p. 27)

Para Castel (1998)


A questão social é uma aporia fundamental sobre a qual uma
sociedade experimenta o enigma de sua coesão e tenta conjurar o
risco de sua fratura. É um desafio que interroga, põe em questão a
capacidade de uma sociedade (o que, em termos políticos, chama-se
uma nação) para existir como um conjunto ligado por relações de
interdependência. Essa questão foi explicitamente nomeada como tal,
pela primeira vez, nos anos 1830. Foi então suscitada pela tomada de
consciência das condições de existência das populações que, são ao
mesmo tempo, os agentes e as vítimas da Revolução Industrial. É a
questão do pauperismo (CASTEL, 1998, p. 30).

Em síntese, a questão social é uma categoria que evidencia a contradição


fundamental do modo capitalista de produção. Tal contradição está
alicerçada na produção e apropriação da riqueza gerada socialmente. Os
elementos que compõem a questão social, necessidades humanas3,
desigualdades sociais4 e lutas sociais5, ligam-se organicamente a partir do

3
Entendida aqui a partir dos escritos de HELLER, Agnes. Teoría de las necesidad en Marx.
Disponível em: http://afoiceeomartelo.com.br/posfsa/Autores/Heller,%20Agnes/Heller,%20Ag
4
Referenciada na obra de ROUSSEAU. Jean Jacques. Discurso sobre a origem da
desigualdade entre os homens. Disponível em: Domínio Público - Detalhe da Obra
(dominiopublico.gov.br)
5
Referenciada em MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. São
Paulo: Boitempo, 2017.

5
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DOUTORADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DISCIPLINA: ESTADO E QUESTÃO SOCIAL (eixo questão social
e políticas públicas)
Prof. Dra. Cristiana Costa Lima

advento do capitalismo e se agravam com o movimento histórico socio


metabólico da capital.

3. Políticas sociais neoliberais nos países de capitalismo central e


particularidades do Brasil
Ao analisarmos as políticas públicas de recorte social é indispensável
considerar a questão social como parte do processo de acumulação que se
gestou a partir da consolidação da classe burguesa com o domínio econômico e
político da sociedade:

A lei de acumulação expressa-se, na órbita capitalista, às avessas: no


fato a parcela da população trabalhadora sempre cresce mais
rapidamente do que a necessidade do seu emprego para os fins de
valorização do capital. (Marx, 1985:209). Gera assim, uma acumulação
da miséria relativa à acumulação do capital, encontrando-se aí a raiz
da produção/reprodução da questão social na sociedade capitalista.
(IAMAMOTO, 2004 p. 15/16)

Desta forma, destaca-se que a relação entre questão social e capitalismo


é crucial, posto que como advento deste modo de produção ocorreu o
acirramento das relações sociais e a questão social tomou proporções mais
evidentes, tornando o processo de desigualdade, entre detentores do meio de
produção e possuidores da força de trabalho, mais evidente. Iamamoto (2004)
pontua que a expressão mais latente da questão social é a pobreza.
(...) a pobreza não é apenas compreendida como resultado da
distribuição de renda, - mas referida à própria produção. Ou, em outros
termos, à distribuição dos meios de produção, - e, portanto às relações
entre as classes - , atingindo a totalidade da vida dos indivíduos sociais,
que se afirmam como inteiramente necessitados, tanto na órbita
material quanto espiritual (intelectual, cultural e moralmente.
(IAMAMOTO, 2004 p. 16)

Desta forma, a questão social constitui-se em um conceito amplo que


abrange as mazelas sociais provenientes do desenvolvimento pleno da
sociedade capitalista, onde o Estado é elemento estruturante da contradição
entre capital e trabalho uma vez que atua como mediador a favor do capital. É
considerado um conceito amplo porque não abrange apenas a expropriação

6
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DOUTORADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DISCIPLINA: ESTADO E QUESTÃO SOCIAL (eixo questão social
e políticas públicas)
Prof. Dra. Cristiana Costa Lima

material que a classe dominante realiza sobre a riqueza socialmente produzida


pela classe dominada; abrange disparidades políticas e culturais mediatizadas
por relações de gênero, raciais, entre outros.
Todavia, cabe ressaltar que este cenário de expansão e maturação
do capital através do desenvolvimento das forças produtivas, além de acentuar
as expressões da questão social, propiciou que a questão social adquirisse
visibilidade na cena política através das reivindicações da classe operária.
Foram as lutas sociais que romperam o domínio privado nas relações
entre capital e trabalho, extrapolando a questão social para a esfera
pública, exigindo a interferência do Estado para o reconhecimento e a
legalização de direitos e deveres dos sujeitos sociais envolvidos. Esse
reconhecimento dá origem a uma ampla esfera de direitos sociais
públicos atinentes ao trabalho – consubstanciados em serviços e
políticas sociais-, o que, nos países centrais, expressou-se no Welfare
State, Estado de Providencia ou Estado Social. (IAMAMOTO, 2004 p.
17)

Entretanto, a “equação” questão social x políticas públicas sociais é a


dimensão mais aparente das contradições existentes entre capital e força de
trabalho. A essência desta “equação” demarcada pelo movimento socio
metabólico do capital ligado organicamente ao aparato estatal em escala global.
Com relação ao papel que o Estado desempenha no capitalismo Meszaros
pontua que

A formação do Estado moderno é uma exigência absoluta para


assegurar e proteger permanentemente a produtividade do sistema. O
capital chegou à dominância no reino da produção material
paralelamente ao desenvolvimento das práticas políticas totalizadoras
que dão forma ao Estado moderno. Portanto, não é acidental que o
encerramento da ascensão histórica do capital no século XX coincida
com a crise do Estado moderno em todas as suas formas (...).
(MESZAROS, 2002 p. 106)

Desta forma, dentre as várias funções do Estado, será abstraída a


função do Estado na manutenção da ordem do capital via políticas públicas de
recorte social. Nos países de capitalismo central esta função do Estado aparece
na formatação do welfare state, estado de providência ou estado social. Período
caracterizado pela abertura de concessões que o Estado arquitetou para
abrandar as reivindicações das classes trabalhadoras em face do agravamento

7
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DOUTORADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DISCIPLINA: ESTADO E QUESTÃO SOCIAL (eixo questão social
e políticas públicas)
Prof. Dra. Cristiana Costa Lima

da questão social que se deu a partir do capitalismo e do ideário liberal: o


indivíduo livre para vender sua força de trabalho para os detentores dos meios
de produção que se apropriam da riqueza social produzida. Neste sentido, a
instauração do Estado social não significou a ruptura com capitalismo e a
desigualdade existente como enfatizam as autoras,

Em outras palavras, não existe polarização irreconciliável entre Estado


Liberal e Estado Social, ou, de outro modo, não houve ruptura radical
entre o Estado Liberal predominante no século XIX e o Estado Social
capitalista do século XX. Houve, sim, uma mudança profunda na
perspectiva do Estado, que abrandou seus princípios liberais e
incorporou orientações sociais-democratas num novo contexto sócio
econômico e da luta de classes, assumindo um caráter mais social,
com investimentos em políticas sociais. (...) chama a atenção para o
fato de que ambos têm um ponto em comum: o reconhecimento de
direitos sem colocar em xeque os fundamentos do capitalismo.
(BEHRING e BOSCHETTI, 2011 p. 63)

Ressalta-se que a rede de proteção social existente nesta época possui


duas perspectivas, de um lado:

1) para que a mesma existisse a reação da classe trabalhadora contra o


agravamento da questão social e o Estado Liberal foi determinante, pois trouxe
para a cena políticas os anseios da população vítima da exploração de sua força
de trabalho:

Pautada na luta pela emancipação humana, na socialização da riqueza


e na instituição de uma sociabilidade não capitalista, a classe
trabalhadora conseguiu assegurar importantes conquistas na
dimensão dos direitos (...). Tais conquistas, contudo, não conseguiram
imporá ruptura com o capitalismo. (BERIHNG e BOSCHETTI, 2011 p.
64 e 65).

Por outro lado:

2) caracterizava-se em atender a classe trabalhadora ligada diretamente


ao mercado de trabalho formal, para aqueles que estavam fora desta categoria
restavam às medidas residuais e até punitivos. Esta rede de proteção social
arquitetada pelo capital foi como Meszaros (2002) coloca uma das formas de se
perpetuar:

8
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DOUTORADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DISCIPLINA: ESTADO E QUESTÃO SOCIAL (eixo questão social
e políticas públicas)
Prof. Dra. Cristiana Costa Lima

No passado, até algumas décadas atrás, foi possível extrair do


capital concessões aparentemente significativas – tais como os
relativos ganhos para o movimento socialista (tanto sob a forma de
medidas legislativas para a ação da classe trabalhadora como sob a
de melhoria gradual do padrão de vida, que mais tarde se
demonstraram reversíveis), obtidos por meio de organizações de
defesa do trabalho: sindicatos e grupos parlamentares. O capital teve
condições de conceder esses ganhos, que puderam ser assimilados
pelo conjunto do sistema, e integrados a ele, e resultaram em
vantagem produtiva para o capital durante o seu processo de
autoexpansão. (MESZAROS, 2002 p. 95).

O mesmo autor coloca que esta constante necessidade de se perpetuar


é devido à natureza do capital propensa às sucessivas crises que são
estruturantes do capital. O silogismo entre função de Estado, forma do Estado,
a natureza do Estado se articula organicamente para a reprodução e reificação
do capital. As políticas sociais ocupam um lugar estratégico, pois torna-se uma
ferramenta da gestão da classe trabalhadora, que deve ser apreendida em sua
multiplicidade e heterogeneidades e suas condições concretas na teia do
mercado de trabalho: como população trabalhadora atente, flutuante etc
(FARIAS, 2012). Em escala global os efeitos dos processos de gestão do
trabalho, são reverberados no socio metabolismo mais amplo do capital. A
natureza Estado é a dimensão de surgimento das bases necessárias para a
instauração do aparato estatal a partir do modo de produção capitalista. A
natureza do Estado

E em meio a estas contradições o Estado assume papel importante como


mediador entre as tensões estabelecidas. Ao analisarmos este fenômeno nos
países tidos como de capitalismo central percebemos que a forma como estas
redes de proteção configurou-se ocorreu de maneira diferenciada em cada
contexto histórico. E nos países periféricos estas diferenciações foram mais
profundas. Todavia, é importante salientar que

o falso debate da análise econômica burguesa sobre Estado máximo


versus Estado mínimo tem um viés quantitativo e fetichista que oculta
a questão qualitativa sobre a especificidade estatal quanto à sua
natureza e ao seu papel na configuração imperialista pós-moderna e
neoliberal (FARIAS, 2020 p.13)

9
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DOUTORADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DISCIPLINA: ESTADO E QUESTÃO SOCIAL (eixo questão social
e políticas públicas)
Prof. Dra. Cristiana Costa Lima

A partir do entendimento de que a crise é componente estruturante do


capital, podemos interpretar que o ideário neoliberal é uma resposta à crise do
capital que se instaurou entre 1969-1973, caracterizada principalmente pelo
colapso do welfare state. É neste momento que o discurso neoliberal ganha força
e se inicia o desmonte dos direitos conquistados, o Estado social e o “consenso”
do pós Guerra (Behring e Boschetti, 2011).

A longa e profunda recessão entre 1969 e 1973, contudo, alimentou o


solo sobre o qual os neoliberais puderam avançar. Para eles, a crise
resultava do poder excessivo e nefasto dos sindicatos e do movimento
operário, que corroeram as bases da acumulação, e do aumento dos
gastos sociais do Estado, o que desencadearia processos
inflacionários. (...) o déficit estatal é intrinsecamente negativo para a
economia, pois absorve a poupança nacional e diminui as taxas de
investimento privado. Outro argumento é que a intervenção estatal na
regulação das relações de trabalho também é negativa, pois impede o
crescimento econômico e a criação de empregos. Para os neoliberais,
a proteção social garantida pelo Estado Social, por meio de políticas
redistributivas, é perniciosa para o desenvolvimento econômico, pois
aumenta o consumo e diminui a poupança da população.
(BEHRING E BOSCHETTI, 2011 p. 125 e 126)

O ideário neoliberal se estabeleceu, nos países de capitalismo central, por


completo durante a década de 1980 tendo como principal expoente a Inglaterra,
seguido dos Estados Unidos que priorizou a política neoliberal na competição
militar com a União Soviética (Anderson, 1995). Contudo a classe mais afetada
foi a trabalhadora, pois provocou destruição de postos de trabalho, o aumento
do desemprego e redução considerável dos investimentos em políticas sociais.
O Estado, por sua vez continua com seu papel mediador para salvaguardar a
taxa de lucros e a ordem estabelecida por meio do desmonte do sistema de
proteção social anteriormente arquitetado. Todavia, a investida neoliberal possui
reentrâncias específicas e que determinam as regras do jogo político e
econômico no centro e na periferia do sistema.
O desenvolvimento desigual, o imperialismo e as alianças de classes
não são os mesmos da época em que surgiram os modelos da
dependência, da heterogeneidade estrutural e da substituição de
importações. A grande transformação atual, através da reestruturação
e da mundialização do capital, leva ao desenvolvimento de blocos
regionais, cujos fins são quer defensivos, quer ofensivos. (FARIAS, p.
01)

10
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DOUTORADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DISCIPLINA: ESTADO E QUESTÃO SOCIAL (eixo questão social
e políticas públicas)
Prof. Dra. Cristiana Costa Lima

No próximo tópico traçaremos algumas considerações acerca das


políticas sociais e suas especificidades nos países periféricos tomando como
exemplo a realidade brasileira.

Ao construirmos notas investigativas sobre os sistemas de proteção social


nos países de capitalismo central percebemos que o Estado teve (e tem) função
importante na manutenção do ideário vigente: seja através da abertura de
concessões para a classe trabalhadora, seja para o arrocho da mesma através
do desmonte das políticas sociais; bem como socorrer financeiramente o capital
nos seus momentos cíclicos de crise. Todavia, este fenômeno se estabeleceu
de maneira diferenciada nos países ditos periféricos, ou seja, que não
desenvolveram as forças produtivas do capitalismo de maneira completa devido
ao contexto histórico desenvolvido em cada país, mas principalmente devido à
dependência econômica e o domínio colonialista. O exemplo a ser utilizado neste
trabalho será o Brasil uma vez que
(...) a proteção social no Brasil não se apoiou firmemente nas pilastras
do pleno emprego, dos serviços sociais universais, nem armou, até
hoje, uma rede de proteção impeditiva da queda e da reprodução de
estratos sociais majoritários da população na pobreza extrema. Além
disso, dada a fragilidade das instituições democráticas nacionais, a
política social brasileira teve seus momentos de expansão justamente
nos períodos mais avessos à instituição da cidadania: durante os
regimes autoritários e sob o governo de coalizões conservadoras. Isso
deu ensejo à prevalência de um padrão nacional de proteção social
com as seguintes características: ingerência imperativa do poder
executivo; seletividade dos gastos sociais e da oferta de benefícios e
serviços públicos; heterogeneidade e superposições de ações,
desarticulação institucional; intermitência da provisão; restrição e
incerteza financeira.
(PEREIRA, 2002 p. 125 e 126)

O neoliberalismo se responsabiliza em determinar o lugar dos países


periféricos na “nova” ordem mundial sob a égide do capital.
A partir dos anos 1990, a forma de inserção regressiva da América do
Sul na divisão internacional do trabalho “provocou a desarticulação do
velho complexo industrial em favor das atividades de montagem
realizadas pelas grandes corporações”, que foram atraídas, sobretudo,
pela exploração de mão-de-obra barata e pela ausência de controles
ambientais na região – aonde, as políticas de ajuste impostas pelo

11
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DOUTORADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DISCIPLINA: ESTADO E QUESTÃO SOCIAL (eixo questão social
e políticas públicas)
Prof. Dra. Cristiana Costa Lima

imperialismo provocaram, também, uma “inédita expansão da


precarização e do desemprego.” Ocorreu uma degradação das
condições de vida, no campo e na cidade, decorrente das práticas
neoliberais no espaço sul-americano. (FARIAS, p. 03)

Para efeitos didáticos Pereira, 2002 separa, de acordo com o momento


histórico, as fases de desenvolvimento das políticas sociais no Brasil:

● Período anterior a 1930: política social do laissez-faire caracterizado


pela atuação quase nula do Estado no que tange a proteção social
e a questão social era tida como questão de polícia. Com o decorrer
do tempo e o agravamento da questão social as reivindicações
sociais dos trabalhadores expuseram as mazelas sociais que veio a
desenvolver o período seguinte.
● De 1930-1964: política social predominantemente populista, com
laivos desenvolvimentistas, uma vez que
(...) a política social brasileira desse período, não obstante encampada
pelo Estado, funcionava, na mais das vezes, como uma espécie de
zona cinzenta, onde se operavam barganhas populistas entre o Estado
e as parcelas da sociedade e onde a questão social era transformada
em querelas reguladas jurídicas ou administrativamente e, portanto,
despolitizada. De 1945 a 1964 o planejamento central passou a ser
valorizado, mas, nele, os aspectos sociais continuaram marginais.
Quando esses aspectos eram contemplados, ficavam sempre a serviço
da rentabilidade econômica e do crescimento industrial, como
aconteceu no governo d Juscelino Kubistschek (...)
(PEREIRA, 2002 p. 130)
Destaca-se a Consolidação das Leis Trabalhistas, criação de Ministérios
estratégicos como o do Trabalho, Indústria e Comércio; da Educação; da Saúde
e do Instituto de Aposentadorias e Pensões. Estas e outras medidas visando o
investimento em capital humano para que se tenha Mao de obra hábil para se
explorar com mais eficiência e eficácia aumentado a margem de lucro.
● De 1964-1985: política social de regime tecnocrático-militar,
incluindo a fase da abertura política “registro pacto de dominação
entre elites civis e militares, sob os aplausos das classes médias
assustadas com o turbulento período anterior” (Pereira, 2002 apud
Tavares).

12
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DOUTORADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DISCIPLINA: ESTADO E QUESTÃO SOCIAL (eixo questão social
e políticas públicas)
Prof. Dra. Cristiana Costa Lima

● De 1985-1990: política social do período de transição para a


democracia liberal período que compreende a construção da
Constituição Federal de 1988 que dá centralidade à política social
nos moldes dos direitos sociais universais a partir de uma
descentralização político-administrativa que promova a equidade
garantindo os mínimos sociais. O conceito de Seguridade Social foi
adotado com embasamento no tripé – saúde, assistência social (de
caráter distributivo) e previdência social (de caráter contributivo).
Vale ressaltar que os movimentos sociais tiveram papel
importantíssimo para pressionar o Estado para incorporar
conceitualmente suas demandas.
● A partir dos anos 90: política social neoliberal - segundo a autora
este foi o período que mais incorporou as determinações externas
de mudanças econômicas e políticas.
Ancorada na tese de que este novo cenário não comportava mais a
excessiva presença do Estado, a ideologia neoliberal em ascensão
passou, cada vez mais, avalizar políticas de ingerência privada. Isso
teve como resultado uma alteração na articulação entre Estado e
sociedade no processo de proteção social, concorrendo para o
rebaixamento da qualidade de vida e de cidadania de consideráveis
parcelas da população do planeta.
(PEREIRA, 2002 p. 159)

Destaca-se as privatizações que ocorreram no governo de Fernando


Henrique Cardoso e as “reformas”, orientadas para o mercado, que não levavam
em consideração as conquistas presentes na Constituição Federal de 1988
gerando assim disparidades entre o que preconiza os dispositivos legais,
principalmente no que se refere a proteção social como dever do Estado, e o que
se efetiva na prática: políticas sociais pontuais, fragmentadas e paliativas. Indo
para além até alcançar o desmonte das poucas iniciativas que foram
implementadas no âmbito da proteção social.
O governo Lula, por sua vez procedeu com a continuidade do ideário
neoliberal. A pesar da maior popularização dos programas sociais estes não

13
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DOUTORADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DISCIPLINA: ESTADO E QUESTÃO SOCIAL (eixo questão social
e políticas públicas)
Prof. Dra. Cristiana Costa Lima

tinham o objetivo de construir a equidade entre os indivíduos nem tampouco a


superação do sistema vigente.
Sob o entendimento da hegemonia econômica e neoliberal, os
programas sociais são geridos pelo princípio da alta rotatividade,
deslocando-se para o indivíduo a responsabilidade em superar riscos
sociais. Sob este princípio, não são geradas garantias sociais mais
“permanências” de acesso como se fossem “vistos temporários” para
o mundo da proteção social. Quando não temporários, a condição da
garantia social é tão rebaixada em seu alcance e padrão de qualidade
que não consegue afiançar autonomia ou segurança aos cidadãos que
são seus usuários.
SPOSATI, 2002 p. 03

Ou seja, são políticas sociais direcionadas pela lógica do mercado,


características das políticas sociais nos países da América Latina, inclusive o
Brasil. Isso nos faz recordar da abordagem que Mészáros (2011) se utiliza para
caracterizar as formas de controle social que o capitalismo exerce sobre a
sociedade no intuito de maximizar a taxa de lucro a qualquer preço.

4 Considerações Finais
Este trabalho teve por objetivo organizar uma série de notas investigativas
acerca da função do Estado na organização e execução de políticas sociais para
a população. A correlação estabelecida levou em consideração o contexto
socioeconômico, o momento histórico, e o lugar que nos países na ordem
mundial. Didaticamente segui a divisão utilizada pelos intelectuais da área:
separação entre os países de capitalismo central, caracterizados por ter as
forças produtivas do capital desenvolvidas; e os países periféricos que não
desenvolveram por completo suas forças produtivas e por este motivo
desenvolveram determinantes diferenciados que influenciaram de maneira
peculiar a formatação de políticas sociais via Estado. Para figurar esta divisão
construir este trabalho a partir de notas sobre os países de capitalismo central e
para exemplificar os países periféricos utilizo a realidade brasileira.
Ponto interessante que deve ser citado é a ligação orgânica existente entre
capital e Estado como coloca Farias (2000) tal fato influenciou diretamente a
função do Estado que se coloca como mediador na tensão entre capital e

14
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DOUTORADO EM POLÍTICAS PÚBLICAS
DISCIPLINA: ESTADO E QUESTÃO SOCIAL (eixo questão social
e políticas públicas)
Prof. Dra. Cristiana Costa Lima

trabalho no sentido de amenizar os conflitos inerentes a esta relação. Todavia,


apesar de sua função mediadora este não se coloca como neutro antes agindo
para garantir a alta da margem de lucro do capital e socorrê-lo em seus
momentos de crise.
Tal fato tem impactos significativos em como a questão social é apreendida
enquanto fenômeno advindo da classe explorada e que necessita de uma
resposta para que se possam amortizar as tensões existentes na sociedade
devido ao modo de produção capitalista. Esta resposta é dada via Estado, este
trabalho tratou de construir notas investigativas acerca desta função do Estado
e as influências que esta atuação possui junto às políticas sociais.

REFERÊNCIAS

BEHRING, Elaine; BOSCHETTI, Ivanete. Política Social: fundamentos e


história. São Paulo, SP: Cortez, 2011.
BRASIL. Presidência da República. Constituição Federal. Brasília, DF, 1988.
FARIAS, Flávio Bezerra de. Estado Capitalista Contemporâneo: para a
crítica das visões regulacionistas. São Paulo, SP: Cortez, 2000.
HELLER, Agnes. La teoria de las necesidades en Marx. Disponível em:
http://afoiceeomartelo.com.br/posfsa/Autores/Heller,%20Agnes/Heller,%20Ag
IAMAMOTO, Marilda Villela. A questão Social no Capitalismo. In: Revista
Temporalis. Ano II, nº 03, Ed. 2004.
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. São
Paulo: Boitempo, 2017
MÉSZÁROS, Istiván. Para Além do Capital: rumo a uma teoria da transição.
1ª Ed. São Paulo: Boitempo, 2011.
PEREIRA, A.P. Necessidades Humanas: subsídios à crítica dos mínimos
sociais. 2ª Ed. São Paulo: Cortez, 2002.
ROUSSEAU. Jean Jacques. Discurso sobre a origem da desigualdade
entre os homens. Disponível em: Domínio Público - Detalhe da Obra
(dominiopublico.gov.br)

15

Você também pode gostar