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INTRODUÇÃO
Este livro trata do tema da política social, de sua história e fundamentos, e está
voltado à formação profissional na área de Serviço Social, embora possa ser útil para
todos aqueles que lidam, pensam e trabalham no âmbito das políticas sociais, uma
área pautada na multidisciplinar esta integrada a Biblioteca Básica de Serviço Social.
A conexão entre política social e Serviço Social no Brasil surge com o incremento da
intervenção estatal, pela via de processos de modernização conservadora, a partir dos
anos 1930. Vinculado ao papel do Estado após a grande crise capitalista de 1929, em
que envolveu a área social, tendo em vista o enfrentamento das expressões da
questão social, em que se referiu a profissionalização do Serviço Social, e que pautou
na especialização do trabalho coletivo. E em um vinculo estrutural entre a constituição
das políticas sociais e o surgimento dessa profissão na divisão social e técnica do
trabalho.
Estrutura do livro
Este trabalho está pautado pela preocupação com uma perspectiva pedagógica e
didática de organização dos conteúdos. Nesse sentido consideramos que o melhor
caminho para discutir a política social como seria o de situar o tema na história, mas
não a partir de uma perspectiva cronológica. Queremos pensar a política social como
um processo inscrito na história, com seus momentos de inflexão, de rupturas e
continuidades e que implicam também mudanças conceituais, com fortes
repercussões para a política social. Esse caminho está alicerçado na perspectiva
teórico-metodológico aqui adotada e que tratamos de explicitar no primeiro capitulo do
livro, no qual está presente um breve resgate das grandes matrizes teórico-
metodológicas do pensamento social e suas repercussões para a análise do tema da
política social. Esse capítulo procura desenvolver as potencialidades do materialismo
histórico e dialético para a apreensão da política social na realidade. No segundo
capitulo aborda o surgimento da questão social discute também as contribuições da
crítica marxiana da economia política à tematização da política social, experiência
histórica concreta nesse período: desde as primeiras leis dos pobres e legislações
fabris e Suas diferentes configurações, até Binarck e o seguro social como resposta ao
crescimento do movimento operário e da social democracia. O capitulo finaliza com a
crise 1929-1932, uma crise do capital e que coloca o liberalismo em cheque.
O quinto e último capitulo discute condição atual da política social brasileira, situada no
âmbito da contra-reforma dos anos, 1990, em que coexistem de forma tensa e com
hegemonia conservadora princípios contraditórios.
Este livro foi construído a partir dos programas das disciplinas de política social
ministrados em nossas respectivas unidades de ensino - UERJ e Unb.
Ao final de cada capítulo esta incluído uma filmografia, nacional e internacional que
poderá ser útil no conhecimento e para enriquecimento da reflexão que traz cada
capítulo.
Capítulo I
Desta forma o processo social que está em nosso foco de análise, a política social, é
revelador da interação de um conjunto muito rico de determinações econômicas,
políticas e culturais. O superdirecionamento analítico unilateral das determinações
econômicas ou políticas também tem sido recorrente nas discussões sobre o tema,
bem como a formulação de classificações, modelos e “tipos ideais”, propondo-se
inúmeras tipologias de política social a partir da análise de experiências históricas
comparadas.
1. A perspectiva funcionalista
Durkeim o “chamado pai da sociologia” inicia seu texto clássico com uma espécie de
manifesto contra o vulgo e o senso comum, afirmado que “o objetivo de toda ciência é
descobrir, e toda descoberta desconcerta mais ou menos as opiniões formadas. Sua
proposta metodológica é a de tratar os processo sociais como fatos sociais, ou seja,
como coisas que não se equiparam à natureza, mas que devem ser analisadas a partir
de procedimentos semelhantes. Os fatos sociais possuem uma natureza exterior e
coletiva, melhor dizendo, sua sede é a sociedade e não os indivíduos. Eles podem ser
reconhecidos exatamente por possuírem a particularidade de exercer influência
coercitiva sobre as consciências individuais e por sua rigidez quanto a processos de
transformação. O fato social, assim, é distinto de suas repercussões individuais,
cabendo desencadear procedimentos metodológicos para “ desprender o fato social
de toda contaminação, a fim de observa-lo em estado de pureza. Cabe as políticas
sociais, por tanto, estudar a gênese e o funcionamento das instituições sociais,
apropriando-se da sua realidade objetiva por meio da observação, da descrição da
comparação, fugindo a um movimento que vai das idéias para as coisas, em que o
fato comparece apenas para confirmar ou informar idéias impregnado de pré-noções
ideológicas que, desfiguram o verdadeiro aspecto das coisas. As características de
constância e regularidade dos fatos sociais são sinais da sua objetividade e de que o
fato social não pode ser modificado por um simples decreto de vontade. Os fatos
sociais, dessa forma, plasmam as ações individuais e o pesquisador se conforma à
natureza que apresentam. Desse modo, Durkeim reafirma a necessidade de afastar
sistematicamente todas as pré-noções, dando lugar à razão, à explicação pelo
entendimento e não pelo sentimento.
Para Durkeim, é na natureza da própria sociedade que se deve buscar a explicação da
vida social, partindo do suposto de que nesta o todo não é igual à soma das partes,
mas constitui um sistema com características próprias, cujo movimento ultrapassa os
estados de consciência dos indivíduos, e se explica em função das condições do
“corpo social” no seu conjunto. As causas dos fatos sociais são, portanto, encontradas
entre os fatos sociais anteriores, e sua função estará relacionada a um fim social, e
nunca aos estados de consciência individuais. A origem de um fato social deve ser
buscada no meio social interno, visto aqui como um organismo social, composto por
coisas e pessoas, sendo estas últimas o fator ativo. Portanto Durkeim afirma que os
períodos históricos não engendram em etapas contínuas. Conclui que para alcançar a
objetividade cientifica, cabe despir-se da roupagem filosófica e ser independente em
relação às “doutrinas da prática”, o individualismo, o consumismo e o socialismo. A
proposta não é reformar os fatos sociais, mas expressa-los, considerando que “não
são senão as experiências metódicas que, pelo contrário podem alcançar às coisas
seu segredo.
Ainda que o objeto das ciências sociais sejam elemento constitutivo do ponto de vista
do pesquisador, Duekeim oferece uma solução impossível, próxima à solução de
Adam Smith para o problema da concorrência entre os capitalistas: O apelo aos
sentimentos morais. Se a realidade é o ponto de partida do processo de conhecimento
descrição de processos e sua classificação poderão levar a uma representação
caótica do todo e não à apreensão de sua lógica interna.
2. A influência do idealismo
A dialética compreende a realidade como um todo que possui a sua própria estrutura,
que se desenvolve (não se desenvolve e não é dada de uma vez por todas), que se
vai criando (não é um todo perfeito e acabado e nem dada uma vez por todas, é
histórica e social). A totalidade concreta como concepção dialético-materialista do
conhecimento do real é um processo que compreende alguns momentos indivisíveis:
O primeiro é a destruição da pseudoconcreticidade e o conhecimento de sua autentica
objetividade; o segundo é o reconhecimento do caráter histórico do fenômeno; e o
terceiro é o conhecimento do conteúdo objetivo e do significado do fenômeno, de sua
função objetiva e de seu lugar histórico. O concreto é a síntese de múltiplas
determinações, assumindo a característica de unidade do diverso. O pensamento só
pode compreender o concreto em um processo de síntese, a partir da reconstrução
progressiva do concreto, em aproximação sucessivas, afastando suposições
simplificadoras, levando em conta um número cada vez maior de fenômenos reais.
Nesse movimento, é preciso identificar as múltiplas determinações e relações do
fenômeno e investigar as categorias gerais para, através da analise da estrutura
interna do fenômeno, chegar a sua síntese. Do fenômeno para a essência e da
essência para o fenômeno; da totalidade para a contradição e da contradição para a
totalidade, do objeto para o sujeito e do sujeito para o objeto. O pensamento que quer
conhecer as políticas sociais em suas múltiplas dimensões e determinações não se
contenta, portanto, com os esquemas abstratos de explicação, nem com as simples e
evidentes representações do senso comum. Nessa perspectiva, o estudo das políticas
sociais deve considerar sua múltipla causalidade, as conexões internas, as relações
entre suas
Capitulo II
Não se pode indicar com precisão um período especifico de surgimento das primeiras
iniciativas reconhecíveis de políticas sociais, pois como processo social, elas se
gestaram na confluência dos movimentos de ascensão do capitalismo com a
Revolução Industrial, das lutas de classe e do desenvolvimento da intervenção estatal.
Sua
O período que vai de meados do século XIX até a terceira década do século XX,
portanto, é profundamente marcado pelo predomínio do liberalismo e de seu principal
sustentáculo: o principio do trabalho como mercadoria e sua regulação pelo livre
mercado.
5. E no Brasil
Capítulo III
• A Lei de Educação;
• A Lei de Seguros;
designações, que nem sempre se referem ao mesmo fenômeno e não podem ser
tratadas como sinônimo de Welfare State.
O que se pode depreender dessas análises é que as políticas sociais vivenciaram forte
expansão após a Segunda Guerra Mundial, tendo como fator decisivo a intervenção
do estado na regulação das relações sociais e econômicas. Especialmente no que se
refere à política social, a questão é levada para o centro do debate político, econômico
e sociológico, fornecendo argumentos importantes em sua defesa, mas pouco
consistentes do ponto de vista explicativo. Contudo o conceito de direito social de
cidadania pode ou não um elemento de crítica e de proposição das políticas sociais na
perspectiva de sua ampliação. A questão da cidadania e sua relação com a política
social é até mesmo polêmica entre os próprios assistentes sociais.
oligarquias do gado, do açúcar e outras, que estavam fora do núcleo duro do, poder
político, aproveitaram as circunstancias para alterar a correlação de forças e diversifica
a economia brasileira. Assim chegam ao poder político a outra oligárquica outras
oligarquias agrárias e também um setor industrialista, quebrando a hegemonia do café
e com uma agenda modernizadora. O movimente de 1930 não foi a revolução
burguesa no Brasil, com o incremento da indústria, como interpretaram muitos
itelectuias e historiadores, mas foi sem dúvida um momento de reflexão no longo
processo de constituição de relações sociais tipicamente capitalistas no Brasil. Em
1930, foi criado o Ministério do Trabalho, e em 1932, a carteira de Trabalho, a qual
passa a ser o documento da cidadania no Brasil. Em 1930 foi também criado o
Ministério da Educação e Saúde Pública, bem como o Conselho Nacional de
Educação e o Conselho consultivo de Ensino Comercial. Até os anos 1930, não existia
uma política nacional de saúde, sendo que a intervenção efetiva do Estado inicia-se
naquele momento , a partir de dois eixos: a saúde pública e a medicina previdenciária,
ligada aos IAPs, para as categorias que tinham acesso a eles. A saúde pública era
conduzida por meio de campanhas sanitárias coordenadas pelo Departamento
Nacional de Saúde, criado em 1937. Hà também o desenvolvimento da saúde privada
e filantrópica, no que se refere ao atendimento médico-hospitalar. Apesar dos
objetivos declarados de proteção a esse segmento, pela ausência de financiamento e
pela cultura da época, prevaleceram
Bibliografia:
Ilhas das Flores. Brasil. 1889. Direção: Jorge Furtado. Duração: 13min.