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Revista EDUC-Faculdade de Duque de Caxias/Vol.

05- Nº 1/Jan-Jun 2018

POLÍTICA SOCIAL, TERRITÓRIO E INTERSETORIALIDADE:


a interação como debate

Sueli do Nascimento
Doutora em Serviço Social pela UFRJ
Professora adjunta da UniRedentor Paraíba do Sul
Representante de referência do
Núcleo Maria Conga e Andorinhas do Conselho Regional de Serviço Social/RJ
Email: sucacimento@yahoo.com.br

Resumo: O objetivo deste texto é discutir a interação entre a política social, território e
intersetorialidade cujo o debate é propiciar reflexões sobre práticas intersetorias, bem como
concentrar a análise que aponte avanços, possibilidades e limites/desafios através do exame de
18 artigos científicos identificados na base de dados Scielo, entre os anos 2000-2018. Tal
estudo tem o papel de subsidiar as análises sobre a política social no Brasil dos anos 2000.
Palavras-chave: Política Social. Território. Intersetorialidade.

Abstract: The purpose of the text is to discuss the interaction between social policy, territory
and intersectoriality, whose debate is to foster reflections on intersectoral practices that face
the multiple faces of the social issue and to subsidize the professional performance, as well as
concentrate the analysis on intersectoral practices, that point out advances, possibilities and
limits / challenges through the examination of 18 scientific articles.
Keywords: Social Policy. Territory. Intersectoriality.

1 – INTRODUÇÃO

Hoje, refletir a interação entre política social, território e intersetorialidade é tomarmos


uma conjuntura restritiva localizada no pós 2016. Nestes termos, é necessário compreender a
Emenda Constitucional 95/2016 – Teto dos Gastos Públicos, que congela os gastos voltados
às políticas sociais, capturando o fundo público a fim de privilegiar políticas públicas voltadas
para o capital. Entre todas as ações contrareformistas imposta por Temer, tal Emenda
Constitucional restringe os gastos nos serviços primários do governo, como a Previdência, a
Educação e a Saúde, por 20 anos, isto é muito comentado por Alves (2017) ao dizer que
precisamos entendê-la.

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É importante entendermos a PEC 241 (Emenda constitucional 95) num


contexto mais amplo do processo histórico. Ela se situa no bojo da reação
neoliberal no Brasil, sendo ela a espinha dorsal da Agenda Infernal da
coalização de direita que tomou de assalto o Palácio do Planalto. Ela
sacramenta na Constituição Federal, a espoliação do fundo público pelo
capital financeiro. Ao lado da Reforma da Previdência, que deve ocorrer
logo a seguir; e da Reforma Trabalhista, levado a cabo pelo STF, algoz da
CLT ao legislar a favor da terceirização e do negociado sobre o legislado, a
PEC do Teto dos Gastos Públicos é o eixo principal da contrarreforma do
capitalismo brasileiro. Enfim, mais uma vez, a classe dominante demonstrou
ter verdadeira consciência de classe. (Alves, 2016, s/p)
Compreender a Emenda Constitucional 95 – Teto dos Gastos Públicos - é trazer para o
debate que “a captura do fundo público pelo capital obrigou os Estados capitalistas a atacarem
a proteção social do mundo do trabalho com suas políticas de austeridade neoliberal
(austeridade para o trabalho e gastança para o capital. ” (Alves, 2016, s/p). Isso rebate
diretamente nas políticas sociais, que sofrem as contrarreformas, no sentido de desmontar o
aparelho estatal de serviços à população.

Esses serviços postos para a população são consolidados nas políticas públicas, por
isso este artigo vem contribuir num caminho de reflexão sobre a interação entre a política
social, território e intersetorialidade. Tomando como referência: a ação intersetorial no
enfrentamento das expressões da questão social via política social, localizadas e executadas
nos territórios que estão contidos no espaço de relação com o capital, para tal nos embasamos
em pesquisa bibliográfica cujo debate visava a prática intersetorial.

A relevância do debate é fomentar práticas que busquem concentrar a análise em


experiências exitosas sobre intersetorialidade, favorecendo que saiamos de considerações
intencionais e subjetivas sobre o tema, sobretudo entendendo a relação entre política social,
território e intersetorialidade nas reflexões cotidianas da atuação profissional.

Para tanto, utilizamos procedimentos metodológicos (descritos no interior do texto),


que favoreceram a identificação de 18 artigos voltados para a divulgação de experiências de
intersetorialidade cuja metodologia se concentrava em pesquisa de campo, teórica e
documental e envolviam desde as políticas sociais às experiências de gestão intersetorial.

Assim, este artigo está estruturado nesta introdução, logo após, o debate Política
Social, território e intersetorialidade. Por fim, as análises de experiência que versam sobre as
análises de práticas de intersetorialidade na literatura dos anos 2000 e as considerações finais.

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2- TERRITÓRIO ENQUANTO CONCEPÇÃO: UMA ANÁLISE NECESSÁRIA PARA


A POLÍTICA SOCIAL

Iniciamos nossas reflexões a partir do capitalismo tardio que se caracteriza pela


combinação simultânea da função econômica do Estado burguês, do esforço de despolitizar a
classe operária e do mito de uma economia onipotente, tecnologicamente determinada que
possa superar os antagonismos de classe, assegurar um crescimento ininterrupto, um aumento
constante do consumo e, assim, produzir uma sociedade “pluralista” de acordo com a
exposição de Mandel (1982, p.341).

O posicionamento de Mandel coloca em cheque a função da política social, pois de


acordo com Behring e Boschetti (2011, p.169) esta não é somente utilizada como uma
estratégia econômica, mas política, com fim de legitimação e controle dos trabalhadores,
portanto, no período do capitalismo tardio, o Estado busca se afirmar enquanto o garantidor
dos benefícios.

Para Faleiros (2009), a política social deve ser entendida no contexto capitalista e no
movimento histórico das transformações dessas mesmas estruturas. Neste aspecto, a produção
de mecanismos que atuem ora no conflito de classe, ora na manutenção das relações de
exploração exige um Estado que possa atenuar tais relações e colaborar para geração de lucro.
Desse modo, as políticas sociais aparecem como instrumento de relação que está em disputa a
direção a ser tomada.

Nesses termos, a política social aqui abordada leva em consideração a sua função de
reprodução da força de trabalho, ou seja, a necessidade que o trabalhador dispõe para
trabalhar, mas possui questões objetivas para a sua manutenção e da família na sociedade
capitalista, que é viabilizada pelo Estado, por meio de políticas públicas. Por outro lado,
Faleiros (idem, p.54) expõe que as políticas sociais não asseguram apenas os trabalhadores
vinculados à produção, porém aqueles que estão fora da produção como: crianças, idosos e
inválidos por meio da manutenção do consumo.

Por outro lado, as políticas sociais são importantes instrumentos do estado burguês
para o enfrentar os períodos de crises. Em tais momentos, a política social é acionada pelo
Estado para assegurar o salário indireto, financiado pelo fundo público, que é parte da mais
valia extraída do trabalhador no exercício da sua atividade laborativa. Nestes termos,
passamos por um atual período histórico em que os salários indiretos estão sendo subsidiados

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pelo Estado, aliados ao processo de ajustes que impacta diretamente as políticas sociais, mas
com um traço de populismo na viabilização das políticas de transferência de renda ainda que
seja com restrição de acesso da população.

Diante do exposto, Behring e Boschetti (2011) advogam que o significado da política


social não pode ser apanhado nem exclusivamente pela inserção no mundo do capital, nem
apenas pela luta de interesses dos sujeitos que se movem na definição de tal ou qual política,
mas historicamente. Nesta perspectiva, elas mencionam a necessidade do reconhecimento do
papel do Estado nesta relação, no que se refere à necessidade de se ter clareza das múltiplas
determinações que o integram ao processo de definição das políticas sociais, já que outras
linhas de análise não se referem ao Estado como mediador da produção de política social.

Desta forma a política social, a partir dos anos 2000, traz em seu bojo de forma
estratégica a categoria território, que na literatura possui concepções das quais tomamos como
referência Milton Santos (2000, 1998), David Harvey (2005) e Henri Lefebvre (2000, 2008)
para nos auxiliar a compreender tal categoria.

A concepção de território em Milton Santos traz algumas questões que põem em


cheque uma leitura desatenta deste autor. Isto ocorre por não se atentar que para este autor o
território está vinculado ao espaço geográfico. Neste caso, para Souza (2005, p.252) Milton
Santos faz uma proposição de perceber o espaço geográfico enquanto sinônimo de território
usado, ou seja, um conceito indispensável para a compreensão do funcionamento do mundo
presente.

A observação de Souza (2005) no sentido de observar o espaço geográfico enquanto


sinônimo de território usado pode ser confirmado pelos esclarecimentos do próprio Milton
Santos, em uma entrevista no ano de 2000, quando afirma que renunciou à busca da distinção
entre espaço e território. Diz Milton Santos (2000, p.26) que houve um tempo em que se
discutia muito isso: “o espaço vem antes” ou “o que vem antes é o território”. Ele achava que
estes eram filigrana que não são indispensáveis ao verdadeiro debate substantivo. Milton
Santos utilizava território e espaço conforme o que desejava dizer com eles. Entretanto,
Santos realiza uma ressalva informando que quando adota o território este deve estar
vinculado ao território usado de forma a incluir todos os atores: as coisas naturais e artificiais,
a herança social e a sociedade em movimento constante.

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Essa observação é de extrema importância para quem deseja compreender a concepção


de território em Milton Santos, pois muda totalmente a discussão, pois ele pode estar falando
em espaço e na verdade discutindo o território. Neste sentido Souza (2005, p. 252) nos
esclarece que Milton Santos dá a atenção a necessidade de refinar o conceito de território de
modo a diferenciar aquele território de todos, abrigo de todos daquele de interesse das
empresas. O território enquanto lugar e abrigo de todos é conceituado como território
normado e nacional e o território das empresas como território de recursos e espaço
internacional.

Vale dizer que Milton Santos aprimora o conceito de território levando-o a nos dizer
em 1998 (p.16) que o território são formas, mas o território usado são objetos e ações,
sinônimo de espaço humano, espaço habitado o qual retrata uma dialética. O território só se
torna um conceito utilizável na medida que é usado para a análise social e quando o pensamos
em conjunto com aqueles atores que dele se utilizam no cotidiano.

De outra forma, Harvey (2005, p. 191) não trabalha com a categoria território, neste
aspecto: como concebe o espaço na perspectiva marxista? Para ele a organização espacial e
geográfica é produto necessário do processo de acumulação capitalista. E sem as
possibilidades de se organizar, de se expandir e se desenvolver de forma desigual
geograficamente, o capitalismo já teria parado de funcionar como sistema econômico e
político. Se tal mudança geográfica não ocorresse, não rumaríamos ao “ajuste espacial”
vinculado as contradições internas do capitalismo, sobretudo com a superacumulação de
capital numa área geográfica, junto com a inserção desigual de diversos territórios e
formações sociais no mercado mundial capitalista

Para ele, o espaço é reorganizado conforme as crises do capitalismo, pois impulsiona o


capital a buscar saídas e critérios que promova sua acumulação. Para tanto este capital busca
acelerar o processo de circulação comprimindo o espaço pelo tempo, ou seja, quanto mais
rápido gira o capital mais rápido se promove a acumulação pelo consumo, pelo investimento
capitalista em capitais diversificados, na intensificação da exploração dos trabalhadores e,
acima de tudo, promovendo a expansão para outros mercados (leia-se países, blocos regionais
e locais que não possuem o sistema capitalista de produção como referência) e no
investimento nos transportes, comunicação dentre outros, passam ser o ponto forte, já que
promove e amplia os momentos da troca e da circulação.

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Com isso, buscamos compreender que Harvey não tem uma concepção evidenciada da
categoria território, mas tende a situá-lo de forma velada a partir da sua compreensão de
espaço. Entendemos que isso se coloca à proporção que usa o conceito território sem muita
preocupação de explicá-lo ou evidenciá-lo na sua elaboração de concepção de espaço
conforme suas produções teóricas.

Por outro lado, há a concepção de Lefebvre o qual não possui, também, a preocupação
de trabalhar com a categoria território, mas de construir uma teoria do espaço, precisamente
da produção do espaço; tomando como referência o processo de produção de mercadorias,
quando busca pensar o espaço; assim como a mercadoria é produzida e tem valor, valor de
uso e valor de troca, o espaço possui as mesmas mediações, ou seja, valor, valor de uso e
troca.

Para Lefebvre (2008, p.57) o espaço que busca enfatizar é aquele da sociedade
capitalista. Este espaço se pretende racional para fins comerciais, sendo ao mesmo tempo
global (trata-se de todo o planeta) e fragmentado (parcelado, loteado). O espaço é tomado pela
burguesia a partir de um duplo poder a saber: (1) a propriedade privada do solo que se
generaliza por todo espaço, entretanto há uma exceção os espaços da coletividade e do
Estado; (2) o conhecimento, a ação, a estratégia do próprio Estado. Tais poderes pressupõem
conflitos intermináveis pela posse ou o exercício do controle sobre o espaço.

O interessante na relação do duplo poder sobre o espaço é a configuração da luta de


classe que nele se estabelece. Ou seja, Lefebvre (2000, p.88) menciona que a luta de classe
intervém diretamente na produção do espaço e que se pode ler o espaço por tal luta. Ele
advoga que a luta de classe impede expansão do capital no espaço (espaço abstrato) pelo
planeta produzindo diferenças e estratégias.

Visto por essa contradição, o espaço, de acordo com Lefebvre (2008), é basilar para o
capitalismo, pois deixou de ser um meio geográfico passivo ou geométrico vazio para ser
instrumental. Estando desta forma subordinado ao dinheiro e ao capital que o lotea e
comercializa o espaço inteiro.

Mas qual é o significado de espaço em Lefebvre? Para o autor o espaço precisa ser
pensado de forma trinitária, ou seja, enquanto “prática espacial/ espaço percebido que engloba
a produção e reprodução, lugares especificados e conjuntos espaciais próprios a cada
formação social, que assegura a continuidade numa relativa coesão que implica o espaço

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social e a relação dos membros da sociedade ao seu espaço” (LEFEBVRE, 2000, p. 58-59).
Enquanto representações do espaço/espaço concebido que estão vinculado as relações de
produção, a ordem, os signos, símbolos, códigos e as relações frontais. Há como se produzir o
espaço a partir da ação dos planificadores, urbanistas e cientistas. E enquanto “espaços de
representação/espaço do vivido que apresentam o lado do clandestino e subterrâneo da vida
social, mas também à arte, que eventualmente poder-se-ia não como código dos espaços de
representação. ” Neste caso, vinculado aos espaços dos usuários, habitantes, ou seja,
teleológico. (Lefebvre, 2000, p.59). Tal forma trinitária ainda nos possibilita ver o espaço
social, não o geográfico ou o geométrico, mas o social com suas características, isto é,
percebido, concebido e vivido.

Para a compreensão da forma trinitária do espaço precisamos recorrer às mediações


que o próprio Lefebvre realiza em sua obra. Desta maneira, a dimensão trinitária do espaço
intervém, fortemente, na produção do espaço de acordo com as condições, propriedades,
época e formação social de cada sociedade. Desta forma, se há produção do espaço há a
constituição histórica, não enquanto datas históricas, mas enquanto contextos em que
podemos vislumbrar a constituição das relações produção e das forças produtivas.

Para Lefebvre (2000, p. 149-150) o espaço possui uma forma, precisamente, o espaço
social. Para ele este espaço é tudo que existe no seu interior, tudo que é produzido pela
natureza ou pela sociedade ou pela cooperação e conflitos. Com isso, sendo obra e produto de
realização do “ser social”, que em momentos históricos tem construções diferenciadas, ganha
características fetichizadas. “E a matéria prima da produção do espaço é a própria natureza,
transformada em produto, destroçada, hoje acabada, arruinada, com certeza localizada, cheia
de paradoxo. ” (Idem p. 178)

As concepções de espaço de Santos, Harvey e Lefebvre puderam nos auxiliar a


compreender a produção espaço, mas como pensar a categoria território, enquanto elemento
mediador com o espaço? Para responder está questão nos assessoramos de Souza (2015;
2000), Saquet (2015, 2006), Corrêa (2000) e Haesbaert (2014).

Assim partimos de Souza (2015, p.31) que entende a relação espaço com o território se
referindo ao espaço geográfico como um espaço social. Neste espaço em que as dinâmicas são
resultantes das relações sociais vinculadas as dinâmicas naturais e seus condicionantes. Desta
forma, é importante trazer alguns pontos desta reflexão: 1) é possível valorizar o conceito de
espaço social sem perder de vista o debate do espaço geográfico, pois, teríamos duas camadas

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ou dois níveis conceituais primordiais, em que o espaço geográfico é maior que o espaço
social, 2) da relação espaço social com as diferentes interfaces das relações sociais emergem o
conceito território, lugar e muitos outros que podem ser considerados conceitos derivados.
(SOUZA: 2015, p. 31-32)

Souza (2015) considera interessante notar que o território é uma projeção espacial das
relações de poder, sendo por isso mesmo uma relação social espacializada. Neste aspecto, o
espaço social a partir das relações sociais em determinadas circunstâncias ou a partir de uma
determinada perspectiva contribui para materializar a categoria território.

Em Souza (2000, p.108-111) há a menção que o espaço social, delimitado e


apropriado politicamente enquanto território de um grupo, é suporte material da existência e
catalisador cultural-simbólico, desta forma indispensável a autonomia dos grupos. Para ele
todo espaço, delimitado pelas relações de poder, é um território, ou seja, desde um quarteirão
aterrorizado por grupos violentos até o bloco constituído por países membros.

Assim, outra contribuição importante é de Saquet (2015, p.72), pois explica-nos que
espaço e território não são sinônimos, mas categorias diferentes que assumem distintos
significados. Neste aspecto, o referido autor diz que há unidade entre espaço e território,
entretanto, correspondendo a dois níveis e processos socioespaciais distintos de nossa vida
cotidiana e a dois conceitos diferentes no pensamento científico. Com isso, apresenta
características para diferenciar o espaço do território: 1) as relações de poder, as redes e as
identidades; 2) os processos espaços-temporais que marcam determinadas parcelas do espaço
nas formas área-rede, rede-rede ou área-rede-lugar.

Com isso, Saquet (2015, p.78) destaca que há três processos de diferenciação entre
espaço e território: a) as relações de poder numa compreensão multidimensional constituindo
campos de força econômicos, políticos e culturais ([i]materias) com uma miríade de
combinações; b) a construção histórica de identidades; c) o movimento de territorialização1,
desterritorialização2 e retorialização3 (TDR).

Saquet (2006, p.82) diz que o espaço geográfico tem um valor de uso e um valor de
troca e é elemento constituinte do território, como também possui uma perspectiva política e
simbólica. Neste sentido, o espaço e o território são processos indissociáveis da vida
cotidiana.
1
Haesbaert (2014, p. 72-73) informa-nos que há múltiplas formas de territoriazação.
2
“Equivale a todo processo de saída ou de destruição de um território”. (HAESBAERT,2014,184)
3
Produção de territorialidades (fixação) precárias para alguns grupos e para outros vantajosos. (HAESBAERT, 2011).

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Outro subsídio relevante na literatura é Corrêa (2000), que considera a transformação


do espaço através da política, em território, sendo um conceito primordial na geografia.
Assim, o espaço é concebido como local da produção e reprodução das relações sociais na
sociedade. Segundo o autor, as práticas espaciais são ações que contribuem para garantir
diversos projetos na forma de gestão do território, tanto por parte do Estado, como por parte
dos complexos de corporações.

Há um destaque entre Saquet e Corrêa na abordagem sobre o espaço e o território que


diz respeito ao valor de uso e de troca do território, que nos possibilita identificar nas
considerações de Corrêa a importância das relações sociais de produção e reprodução na
gestão do território, ou seja o espaço se torna território na medida que é usado e reusado.

Por fim, temos os apontamentos de Haesbaert (2014) que aborda a mediação entre
espaço e território, primeiramente informando que o espaço possui duas formas de
abordagem: espaço absoluto e espaço relativo. Dessa forma há para a geografia uma noção-
mestre de espaço geográfico definido como configuração territorial e relações sociais, depois
como, um conjunto indissociável de sistemas, objetos e sistemas de ações. Portanto, todo
espaço geográfico é também ação, movimento e representação simbólica.

Essas reflexões nos ajudam entender que não podemos discutir território sem termos
uma referência de concepção de espaço que pode ser filosófica, matemática, sociológica e até
psicológica. O espaço é a chave mestra para a compreensão do território, por isso é necessário
enfatizar a necessidade de relacionar aspectos econômicos com sociohistóricos, culturais,
simbólicos dentre outros, para compreender o papel fundante do território enquanto elemento
chave para a compreensão da relação política social e intersetorialidade.

3 - INTERSETORIALIDADE: NA RELAÇÃO ENTRE POLÍTICA SOCIAL E


TERRITÓRIO

Iniciamos este item com a seguinte questão de Coutinho (2011) para pensar a relação
política social e território mediada pela estratégia da intersetorialidade nas políticas sociais
voltadas para a reprodução social do trabalhador:

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Até que ponto a segregação das populações que vivem próximas e/ou abaixo
da chamada ‘linha da pobreza’ na periferia, submetidas a formas extremas de
exploração do trabalho, não continua a coexistir com as políticas públicas
orientadas por uma lógica voltada para o atendimento prioritários das
necessidades do capital em matéria de infra-estrutura e serviços urbanos,
relegando a plano secundário as relativas à reprodução da força de trabalho?
(COUTINHO, 2011, p. 110)

Tanto a política social quanto o território trazem no seu bojo uma relação intrínseca
com a reprodução do capital. A política social4 é um elemento fundante no interior do Estado
burguês para enfrentar as crises em que o capital não consegue mais se reproduzir, e por outro
lado, o território5 está contido no espaço produzido na expansão do capital, através das
relações sociais de produção e reprodução, qualificadas enquanto poder, política, cultura e
outras.

É nesta relação entre política social e território, que podemos buscar elucidar a questão
acima a partir de sua análise, ou seja, os trabalhadores que sofrem com a intensificação do
trabalho possibilitam que o capital se alimente do consumo de sua força motriz através do
assalariamento e pelo produto do mais trabalho, favorecendo a redução do custo de sua
reprodução enquanto trabalhador.

Desta forma, as alterações realizadas pelo capital no mundo do trabalho atende as suas
próprias necessidades de reprodução, que ressoará na forma como o Estado viabilizará as
políticas públicas, ou seja as políticas e serviços urbanos valorizados nos territórios que
possam acumular e reproduzir o capital e, no plano secundário, as políticas sociais voltadas
para a reprodução do trabalhador.

É no interior da relação política social e território, que a intersetorialidade surge como


estratégia ou possibilidade de enfrentamento da questão social nos territórios,

onde é o processo de reprodução do capital que indicará os modos de


ocupação do espaço pela sociedade. [...] Ou seja, a acumulação capitalista é
que determina a forma de produção e transformação do espaço construído.
Formas de provisão de habitação, processos espaciais específicos6 como a
suburbanização e metropolização de transformação do território que tendem
a se estabilizar em ciclos históricos específicos tem sua lógica de
transformação definida pelo regime de acumulação. (COUTINHO, 2011, p.
101 – Grifos do autor)

4
Revisite item 2 do presente artigo.
5
Revisite item 2 do presente artigo.
6
Nesses processos espaciais específicos também podemos incluir os loteamentos clandestinos, as favelas, os cortiços e todos
territórios constituído a partir da relação capital com o espaço, em que expressam um território de precarização de vida da
população.

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É a logica capitalista de produção do espaço a qual favorece que as políticas urbanas


sejam definidas para eliminar as barreiras que restrinjam a produtividade dos agentes
econômicos urbanos, formais e informais, de modo a maximizar a sua contribuição à
economia nacional, ou seja, a fetichização da “produtividade urbana” incentivou a
privatização dos serviços urbanos, sem a preocupação com impacto sobre o emprego e a
distribuição equitativa da renda (DAVIS, 2006, p.167). Com isso se demonstra que os espaços
produzidos pelo capital reduzem a participação do trabalhador e o expulsa para áreas precárias
e sem valor de mercado, onde o mesmo realizará a sua reprodução social, tendo ou não
políticas sociais, ditas, secundárias.

O debate da intersetorialidade está vinculado ao do território, na medida que as


políticas sociais consideradas secundárias pelo capital, para reprodução do trabalhador, se
constituem enquanto alavanca de articulação entre as políticas sociais nos anos 2000,
focalizadas nos espaços de vida do trabalhador. Nestes termos, o desafio, aqui proposto, é se
coloca na exigência de sairmos do senso comum e pensar práticas de enfrentamento da
questão social realizadas pela ação intersetorial.

O objeto da intersetorialidade, no interior das políticas sociais, são as diversas


expressões questão social7 vivenciadas pela população e localizada em um dado território;
qualificado pela política pública cuja ação de enfrentamento recai sobre os diversos setores da
gestão pública ou da sociedade civil.8

Desta forma, é necessário entender a prática intersetorial para poder nos possibilitar
enfoques com tendências de garantia de direitos, mas segundo Sposati (2006, p. 137), ela
pode não ser fortalecedora dos objetivos do Estado e dos direitos de cidadania e,
consequentemente, tende a provocar a fragmentação da responsabilidade pública em múltiplas
forças locais, com isso, analisando a democracia como modelo de Estado Mínimo que opera
pela subsidiariedade, ou seja, pela omissão dos setores da gestão intersetorial, e não por
responsabilidade própria do Estado.

7
A questão social, aqui, é entendida como conjunto das expressões das desigualdades sociais produzidas na sociedade
capitalista madura, vinculada às interações com o Estado. A sua origem está no caráter coletivo da produção em oposição à
apropriação privada da atividade humana, ou seja, os frutos do trabalho, tal ação humana precisa de liberdade a fim de vender
o trabalho e consequentemente conseguir satisfazer as próprias necessidades vitais. Assim, a questão social expressa as
desigualdades econômicas, políticas e culturais das classes sociais intermediadas pela relação de gênero, características
étnico-raciais e formações regionais, colocando na pauta as relações entre os estratos da sociedade civil e do estado.
(IAMAMOTO, 2004, p.17)
8
Nos referimos a sociedade civil de acordo com as elaborações de Gramsci debatidas por Coutinho (2003, p. 127) quando
expõe que “ela é formada precisamente pelo conjunto das organizações responsáveis pela elaboração e/ou difusão das
ideologias, compreendendo o sistema escolar, as Igrejas, os partidos políticos, os sindicatos, as organizações profissionais, a
organização material da cultura (revistas, jornais, editoras, meios de comunicação de massa) etc.”

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Com isso, podemos definir conforme Junqueira et al (1997, p.24) que a


intersetorialidade abrange a articulação de saberes e experiências no planejamento, execução
e avaliação de ações cujo objetivo é alcançar resultados integrados em situações complexas,
visando uma ação sinérgica nos resultados da implementação das políticas sociais a fim de
promover o impacto nas condições de vida da população e a reversão da exclusão da
população vulnerável.

Assim, a intersetorialidade de acordo com Schutz e Mioto (2010, p. 61) na literatura,


traz algumas abordagens, a saber: a intersetorialidade como complementaridade de setores;
intersetorialidade como prática e como princípio do trabalho com redes.

No caso da intersetorialidade como complementaridade, Schutz e Mioto (2010, p.62)


explicam que “se trata da intersetorialidade que mobiliza sujeitos, setores e conhecimentos
em prol da articulação integrada das políticas públicas.”

Já enquanto prática, a intersetorialidade pode ser indicada como práticas intersetoriais


“que possibilitam a abordagem e atendimento conjunto dos problemas da população. Neste
envolvimento cada setor pode contribuir com seu fazer e perspectiva setorial, de maneira
articulada.” (SCHUTZ E MIOTO, 2010, p. 63)

Por fim, a intersetorialidade como princípio do trabalho em rede, de acordo com


Schutz e Mioto (apud 2010, p. 63 Bourguignon, 2001), deve direcionar a elaboração de redes
“intersetoriais, de modo a forjar novos direcionamentos para as ações das políticas públicas
voltadas para a família, criança e adolescentes. A intersetorialidade em cada política pública
possui uma rede de instituições e serviços.”

Dessas três abordagens acima, vamos enfatizar a intersetorialidade como


complementaridade de setores e como prática por considerar mais propicia a compreensão da
análise dos artigos científicos realizada a seguir.

Assim, a análise compreendeu 18 artigos científicos, destes, as experiências envolviam


ações intersetoriais em 40% com a política pública de Saúde Federal e Municipal, 40% a
Assistência Social e 20% o Programa Saúde da Família, bem como com a política de
Desenvolvimento Local de Manguinhos, Planos Locais de Promoção da Saúde, política de
Lazer, População em situação de rua, Educação, Previdência, Conselhos Municipais de
Políticas Públicas, Cultura, Política Urbana, Criança e Adolescente e experiência na gestão.
Dada a ênfase metodológica de não priorizar as abordagens individuais de cada escrito, busca-

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se apontar a especificidade da intersetorialidade através do objetivo de estudar práticas de


ação intersetorial a partir dos avanços, possibilidades e limites/desafios no interior das
políticas sociais.

Como procedimentos de investigação, elegemos os seguintes passos: 1) Identificação


dos autores clássicos sobre intersetorialidade, 2) acessar as bases de dados da Scielo onde
identificamos os artigos produzidos através da procura pela palavra intersetorialidade quando
conseguimos os publicados entre os anos de 2000 a 2018, 3) verificar na bibliografia dos
artigos identificados outros textos relativos à intersetorialidade e que fossem artigos
científicos e 4) construir quadro analítico das experiências buscando identificar os avanços,
possibilidades, limites e desafios da intersetorialidade.

Os marcos relativos aos avanços se direcionam a análise do papel inovador do Estado


na implementação da intersetorialidade na política social, sobretudo na construção de espaços
de interação sobre bases territoriais com uma população diversificada. Esta forma de ação dos
segmentos do governo nos indica a saída dos setores de políticas para a articulação,
configurando uma ação prática para enfrentamento das expressões da questão social.

Apresenta-se, ainda, como um avanço para o processo de gestão intersetorial, que se


quer democrático e avançado, a busca da articulação entre os setores das políticas e a
construção de formas de encontro, controle, gestão, planejamento, elaboração, execução e
avaliação da política pública, a fim de possibilitar respostas às demandas e questões postas
por setores de políticas públicas, da sociedade civil e da população alvo.

A compreensão dos avanços passa pelo entendimento do que seja o Estado, a sua
formação e sua compreensão em anos recentes, sabendo que no seu interior há a busca de
avanços pautados nos discursos da eficácia, eficiência e efetividade sem trazer à baila o
debate de luta de classe e frações de classe como elemento decisivo de orientação da política
pública pelos entes da federação.

Assim, dentro das possibilidades identificadas na pesquisa, é nos colocado o


emaranhado de questões que podem ser respondidas com a intersetorialidade. Entre elas: o
debate dos recursos financeiros vinculados ao dinheiro carimbado das políticas públicas,
principalmente, de educação e saúde que favorece a ação intersetorial, entretanto existe a
necessidade de se incentivar e propiciar condições de envolvimento de outros recursos das
políticas públicas, a fim de potencializar o atendimento das demandas populacionais. Esta

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possibilidade também é um dos maiores desafios, pois há a necessidade de transpor barreiras


partidárias e de interesses políticos qualificados de coronelismo e clientelismo das áreas das
políticas sociais, sobretudo.

Vale ressaltar que a ação intersetorial não pressupõe reunião de recursos dos setores,
mas a viabilidade de realização de uma ação conjuntura com ações dos setores das políticas
públicas, que poderá envolver recursos. Estes recursos são provenientes do fundo público que
passa por disputas internas e lutas classistas para o acesso. As ações intersetoriais é uma
possibilidade para abrir o debate sobre os recursos a serem usados e os resultados esperados
pelas políticas em relação ao impacto sobre uma determinada expressão da questão social.

Outra possibilidade que é colocada é a interação entre os técnicos promovendo uma


ação interdisciplinar dentro do debate intersetorial, necessitando, deste modo, o
aprofundamento do entendimento conceitual e das formas de articulação, a fim de tirar
proveito do que é construído no coletivo e fomentar debates científicos e técnicos a fim de
qualificá-los como instrumento de ação de política pública e social.

Por fim, a dimensão avaliativa e propositiva que a intersetorialidade exige de seus


participantes de forma a conhecer os territórios, as demandas populacionais, os recursos
existentes e possíveis de serem utilizados, assim como a formação das condicionalidades para
a promoção de negociação profícua à população e não ao gestor da política pública.

Com isso, pode-se partir para os limites/desafios apresentados compondo um quadro


de três direções da necessidade de entendimento e aprofundamento: 1) entender o território
dentro do debate da intersetorialidade; 2) trazer para a intersetorialidade experiências que
capacitem profissionais, trabalhando, com isso a relação intersetorial e setorial; 3)
compreender o Estado que se tem e as condições de promoção da intersetorialidade é um
ponto de suma importância para não se cair na frustração coletiva e individual.

Assim, a compreensão dos pontos traçados no parágrafo anterior é relevante, ou seja,


entender e compreender o conceito e concepção de território presentes na política pública é de
extrema necessidade, pois há muitas direções de debate que nos leva a ver o território somente
como delimitação geográfica, e isso nos faz ter que compreender que este território é
elaborado a partir das relações de poder construídos através da cultura, da política, da
economia, do social e etc. E que neste território delimitado há vida e relações sociais de
produção e reprodução, construídas em sociedade.

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Há neste modo uma necessidade de se estudar o território não só de forma conceitual e


de concepções, sobretudo sobre bases da produção capitalista do espaço, pois as políticas
públicas tendem a trazer o conteúdo que carrega, na forma de compreender o território, de
acordo com as necessidades da própria política e de forma ideológica, neste sentido, com a
necessidade de transformar uma ideia de classe dominante em ideia universal para todas as
classes, com isso construindo bases coletivas de entendimento do conceito território.

Outro ponto é trazer experiências que foram aplicadas sobre a intersetorialidade para
que professores, técnicos e alunos possam ter acesso a informações necessárias para a
construção de uma inter-relação que se quer avançada e de atendimento às garantias sociais
pautadas nas legislações e fora delas. Compreender isso nos traz a necessidade de pesquisar e
de conhecer profissionais mais arrojados e com algum acúmulo empírico.

Por fim, a compreensão da intersetorialidade nas políticas sociais está vinculada ao


paradigma de Estado e de política pública restritiva que temos hoje, pois o seu desenho dá a
direção da política social e, com isso, favorecendo ou não para a construção de novas práticas
intersetoriais, assim como o estabelecimento destas relações que dependem da vontade
política e de indicação dos documentos da gestão da política social.

4- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A compreensão da relação política social, território e intersetorialidade é de suma


importância para aqueles que atuam nas políticas públicas, pois se reconhece a necessidade de
entender estas relações que tem como pano fundo as relações sociais de produção e
reprodução dos trabalhadores.

A política social tem como cunho de entendimento os contextos históricos, que na


atualidade apresenta crises nas áreas políticas e econômicas vinculadas a crise do próprio
capital, que busca meio de prosseguir no processo de acumulação e valorização desenfreada.

É neste momento de crise, que o território passa a ser um elemento estratégico de


acesso a vida do trabalhador no sentido de conhecer suas resistências e criatividade no modo
de sobrevivência, transformando direitos em acesso a bens serviço pelo mercado.

Neste sentido, a intersetorialidade enquanto ação prática no interior das políticas


sociais e presente nos territórios de vida dos trabalhadores, passa a ser uma estratégia de
enfrentamento da questão social conforme as diretrizes da gestão que a implementa.

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Entender que há uma estreita relação entre política social e território enquanto
modalidade de organização do capital, que busca se valorizar e acumular é de extrema
importância, e, desta forma, a intersetorialidade precisa ser vista como tática para atingir a
população trabalhadora através do esforço de universalizar e afiançar direitos que possibilite o
fortalecimento do público alvo das políticas públicas.

Com isso, foi necessário refletir sobre as experiências de ações práticas relativa a
intersetorialidade, visando apontar as possibilidades, limites e desafios que possam corroborar
às ações interdisciplinares promovidas pelas práticas intersetoriais. Vale lembrar que este
trabalho está sobre bases secundárias de pesquisa e que por isso precisamos realizar novas
investigações que favoreçam ao debate aqui proposto, sobretudo a articulação entre o Estado,
política social e intersetorialidade.

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