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Disciplina: Políticas e Programas de Educação: PNE, PDE e PAR

Autores: D.ra Marcia Andréia Grochoska

Revisão Conteúdos: M.e Romário Keiti Pizzatto Fugita

Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso

Ano: 2016

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral


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da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas
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Marcia Andréia Grochoska

Políticas e Programas de Educação:


PNE, PDE e PAR
1ª Edição

2016
Curitiba, PR
Editora São Braz

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FICHA CATALOGRÁFICA

GROCHOSKA, Marcia Andréia.


Políticas e Programas de Educação: PNE, PDE e PAR / Marcia Andréia
Grochoska. – Curitiba, 2016.
41 p.
Revisão de Conteúdos: Romário Keiti Pizzatto Fugita.

Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso.

Material didático da disciplina de Políticas e Programas de Educação: PNE,


PDE e PAR – Faculdade São Braz (FSB), 2016.
ISBN: 978-85-5475-043-5

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Apresentação da disciplina

Na disciplina de Políticas e Programas da Educação serão trabalhados


muitos conceitos e programas governamentais que auxiliam o trabalho de gestão
escolar. Inicialmente, será apresentada a diferenciação entre gestão escolar e
gestão da educação, que impactos cada uma tem na atuação do gestor da
escola.
Na sequência, serão apresentados três planos do governo dividos entre a
segunda e terceira aula, são eles o Plano de Desenvolvimento da Educação,
Plano de Ação Articulada e Plano Nacional de Educação, cada um deles aborda
o investimento nacional em educação de maneiras diferentes e são igualmente
importantes para o desenvolvimento do país.
Por fim, será destacado a maneira como os recursos serão viabilizados
para cumprir os planos mencionados, que é o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação, com seus vários programas que visam cumprir
cada uma das metas para a educação dispostas no PNE.

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Aula 1 – POLÍTICAS NACIONAIS E OS PROGRAMAS LIGADOS À GESTÃO
ESCOLAR: BREVES ENTENDIMENTOS

Apresentação da Aula

Nesta aula serão abordados conceitos sobre políticas educacionais, gestão


educacional, gestão escolar e programas nacionais. O objetivo é que essas
reflexões conceituais permitam entender a relação entre política, programas e
gestão.

1. DESVENDANDO CONCEITOS: A POLÍTICA, A GESTÃO E OS


PROGRAMAS

Sabe-se que nos dias atuais, discutir política tornou-se um grande desafio
da sociedade. Mas para os educadores esse desafio deve ser enfrentado, pois
atuam num espaço da política, ou seja, a educação é uma política pública,
portanto compreender os aspectos dessas disputas é imprescindível para que
se possa agir e propiciar a melhoria da educação do país. Vale destacar, no
entanto, que esse debate deve fugir do senso comum, compreender a política
educacional de fato como ela se desenha é o elemento principal para a
construção da qualidade da educação, que tanto se deseja para a sociedade.
Construir reflexões a respeito da educação no Brasil, sem dúvida alguma
passa pelo entendimento de que a educação se trata de uma política, ou seja, é
umas das práticas de políticas sociais, que se desvincula na política educacional.
Para tanto, essa aula irá abordar conceitos que respaldaram o entendimento
acerca da política educacional. Primeiramente, apresentará os sentidos da
política e seus desdobramentos, em um segundo momento reflexões sobre a
gestão e por último a relação entre as políticas, a gestão e os programas
nacionais.

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1.1. A política e seus desdobramentos

Primeiramente, se faz necessária a compreensão de que o termo política,


vai além das concepções de contextos somente partidários, segundo o site
Dialético (s/d.), “o termo política vem do grego polis (cidade-estado), servindo
para designar, desde a Antiguidade, o campo da atividade humana que se refere
à cidade, ao Estado e às coisas de interesse público”. Nestas proposições, o
termo política sempre esteve ligado a uma perspectiva coletiva, de organização
das cidades, de tomada de decisão e, mais importante, que se refere à coisa
pública, ou seja, à res pública, que é a coisa do povo, de toda população.
Quem opera essa política é o Estado, o qual pode ser entendido como
uma condensação de forças, no sentido colocado por Poulantzas (2000):

[...] o Estado como condensação material de uma relação de forças,


significa entendê-lo como um campo e um processo estratégico, onde
se entrecruzam núcleos e redes de poder que ao mesmo tempo se
articulam e apresentam contradições e decalagens uns em relação aos
outros. Emanam daí táticas movediças e contraditórias, cujo objetivo
geral ou cristalização institucional se corporifica nos aparelhos estatais.
Esse campo estratégico é transpassado por táticas muitas vezes
bastante explícitas ao nível restrito onde se inserem no Estado, táticas
que se entrecruzam, se combatem, encontram pontos de impactos em
determinados aparelhos, provocam curto-circuito em outros e
configuram o que se chama “a política” do Estado, linha de força geral
que atravessa os confrontos no seio do Estado. (POULANTZAS, 2000,
p. 138- 139)

Entendendo que o Estado é delineado por uma constante disputa entre


atores sociais, podemos exemplificar que um dos documentos que regula essa
disputa e a execução das políticas nacionais brasileira é a Constituição Federal
(CF) aprovada no ano de 1988.
A CF institui o que é chamado de Estado Democrático de Direito, que em
seu preâmbulo expõe seu significado:

Assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a


segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem
interna e internacional [...]. (BRASIL, 1988)

É nesse sentido que se institui as políticas sociais, que visa garantir


direitos aos cidadãos, promovendo uma sociedade digna a todos. Dessa forma,
a mesma constituição em seu artigo 6º fixa que “São direitos sociais a educação,

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a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança,
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados” (BRASIL, 1988). Assim, é possível definir que:

Políticas sociais se referem a ações que determinam o padrão de


proteção social implementado pelo Estado, voltadas, em princípio, para
a redistribuição dos benefícios sociais visando à diminuição das
desigualdades estruturais produzidas pelo desenvolvimento
socioeconômico. As políticas sociais têm suas raízes nos movimentos
populares do século XIX, voltadas aos conflitos surgidos entre capital
e trabalho, no desenvolvimento das primeiras revoluções industriais.
(HÖFLING, 2001, p. 31)

No Brasil, portanto, existem as chamadas políticas sociais que podem ser


consideradas como as ações desenvolvidas em prol do bem público, voltadas
para a produção do equilíbrio social e econômico de uma população. Essas
políticas são implementadas pelo Estado e asseguradas pela lei, ou seja, pela
Constituição Federal brasileira, demais legislações complementares, decretos,
documentos, assim como programas e projetos e destinação de recursos
financeiros que se viabilizem.
Pela forma como a sociedade tem se organizado hoje, as políticas sociais
acabam tendo um caráter onde prevalece a ordem econômica. Nesse sentido
visam à redução da pobreza, à igualdade de condições e ao equilíbrio social. O
Estado então define, quais são as áreas de atuação com maior prioridade,
criando assim medidas de educação, assistência, saúde, habitação, previdência,
cultura, saneamento, entre outras.
Nessas definições governamentais se encontra o tema da aula: as
reflexões sobre as medidas da educação, o que será chamado neste material de
política educacional.
Compreendendo que a educação se trata de uma política social,
implementada por um Estado Democrático de Direito, conforme a Constituição
Federal de 1988 prevê, é possível afirmar que os debates acerca das políticas
educacionais há muito têm movimentado as agendas nacionais e internacionais.
É por meio desses debates e disputas que estratégias, ações e financiamentos
educacionais são planejados e implementados nos âmbitos nacional, estadual e
municipal. Ferreira e Oliveira (2009, p. 7) colocam que, assim como toda política
“a política educativa é dinâmica”. E está sempre em movimento, em diversos

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contextos e realidades, nas disputas e nos consensos, para que se garanta esse
direito social que é uma educação de qualidade.

A política educacional de uma nação diz respeito aos valores, aos


objetivos e às regras sobre educação que são de interesse da
sociedade e decididas por ela; diz respeito ao que se vai fazer na
educação do povo e a como fazê-lo. Requer, assim, que se encontrem
um sentido e uma forma de organização social que, assegurando o
respeito à individualidade de cada um, solucionem divergências,
viabilizem um fim comum: o bem comum... [Abrange, pois, as questões
de] direitos e deveres, objetivos, princípios e formas da organização da
educação... [exige que se compreenda e proponha] os limites, os
atributos e o sentido da organização e da ação humana coletiva em
educação, reconhecendo a história e os anseios da sociedade
brasileira, as relações que são acordadas e os instrumentos de
mediação dos interesses. (LUCE apud FRANCO; BITTAR, 2006, p.
165-166)

Nesse sentido, pode-se compreender que as políticas educacionais se


caracterizam como um espaço de disputa, onde os encaminhamentos da
educação são definidos e implementados visando um bem comum, fruto dos
consensos possíveis de determinada época histórica ou da prevalência de certos
grupos. “No processo histórico de organização e reorganização da sociedade
brasileira, as relações de poder dão o tom do avanço ou do retrocesso da
democratização da gestão educacional” (MELLO, 2004, p. 244). Dependendo de
como fatos e contextos históricos concretizam-se nos espaços sociais, eles
determinam o encaminhamento das políticas educacionais.

Os traços predominantes do autoritarismo, seja em épocas coloniais,


em regime escravocrata, na fragilidade da República dos Marechais,
no populismo ou na ditadura militar, forjaram heranças muito fortes na
democracia conquistada a duras penas pela sociedade brasileira. O
aperfeiçoamento de relações de poder democratizadas e com respeito
à cidadania do povo disputa espaço, dia a dia, com as conservadoras
políticas de fisiologismo e coronelismo ainda existentes no Brasil.
(MELLO, 2004, p. 244)

Alguns exemplos de como se opera a política educacional conforme o


contexto histórico, social e econômico, se revelam no regime ditatorial nas
décadas de 1960 e 1970 que passou a reestruturar as instituições nacionais por
meio de decretos, nomeados por Atos Institucionais (AI), que iam aos poucos
extinguindo espaços de democracia. Era um momento marcado pelo medo, pela
repressão e pelo controle militar. Nesse período se fortalecia a burocracia técnica
do Estado, e a população mais fragilizada, como os trabalhadores, estudantes e
o povo do campo, tornava-se ainda mais enfraquecida (FAUSTO, 2012). Nesse

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período houve um grande fortalecimento da autoridade, da hierarquia e de uma
concepção mais tecnicista do ensino, nesses rumos seguiam as políticas
educacionais.
Outro exemplo, importante do contexto histórico para as políticas
educacionais é a década de 1990, que como toda política nos últimos tempos,
passa a sofrer influências das circunstâncias que são mundiais. Assim, as
reformas da educação dos últimos tempos, têm tido como objetivo ajustar os
sistemas educacionais às linhas que definem as reformas do Estado. Tais
reformas são pautadas nos encaminhamentos do Consenso de Washington,
formulado em 1989, que prevê fortemente a ampliação e abertura da economia,
a privatização dos órgãos públicos e serviços sociais tendo como ênfase a
descentralização dos mesmos. (FELDFEBER, 2009)
Essa ordem influencia e define as agendas nacionais, tanto que no Brasil,
um reflexo é que nesse período acontece com ênfase a municipalização do
ensino nos estados brasileiros, a intensificação do trabalho do professor, as
avaliações em larga escala e os processos de descentralização da gestão da
educação.
Resumindo, o que se pretende abordar é que, conforme os contextos da
época, havia maior ou menor poder de intervenção de determinados movimentos
organizados, os conflitos de força e disputas e as políticas educacionais vão se
desenhando, atendendo com maior ou menor ênfase determinadas demandas.
O objetivo aqui é o entendimento de que as políticas educacionais são
gestionadas conforme os contextos históricos e as diferentes concepções de
gestão da educação adotadas.
A partir dessas contextualizações que se torna possível compreender as
próximas discussões que se apresentam e se constituem de suma importância
para as reflexões sobre as políticas educacionais ou seja, a gestão da educação
e a gestão escolar.

1.2. O que é gestão da educação? O que é gestão escolar?

Primeiramente, para distinguir os dois termos apresentados no título, é


preciso compreender o que é gestão. Para Cury (2005, p. 201), “o termo gestão
vem de gestio, que, por sua vez, vem de gerere (trazer em si, produzir)”. Nesse

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sentido, pode-se dizer que gestão significa, produzir algo, ou ações, ou
contextos, ou encaminhamentos.
Quando se parte do entendimento de um Estado Democrático de Direito,
essas ações, contextos e encaminhamentos não podem se consolidar de forma
isolada, sem interações, devem ser coletivas, compreendendo que a democracia
é um constante exercício nos espaços educacionais. (GROCHOSKA, 2013)

Amplie Seus Estudos


SUGESTÃO DE LEITURA
O livro intitulado Gestão da Educação
Escolar (2006), contribui com vários pontos
de vista diferentes a respeito tanto da
gestão da educação quanto da gestão
escolar, é uma leitura bastante válida para
concretizar os conceitos discutidos em
aula.

1.2.1. Definição de Gestão da Educação e Gestão Escolar

A gestão da educação relaciona-se com todos os componentes da política


educacional envolvendo os sistemas de ensino, direção, diretrizes educacionais,
projetos políticos pedagógicos das escolas, financiamento e programas federais,
conselhos deliberativos e fiscalizadores, entre outros elementos. Ela vai além da
gestão escolar. Entende sistemas de ensino como “a unidade de vários
elementos intencionalmente reunidos, de modo a formar um conjunto coerente
e operante”. (SAVIANI, 1996, p. 80)
A gestão escolar pode ser definida como “atitudes, ações,
encaminhamentos e práticas que fazem uma decisão dar certo, porém, decisão
essa que deve ser tomada de maneira democrática e participativa”
(GROCHOSKA, 2013, p. 20), ou seja, a gestão escolar acontece no dia a dia da
escola, tendo como figuras os sujeitos escolares (diretor, professores,
funcionários, alunos e pais) e estratégias que se consolidem em espaços
democráticos de decisão como os conselhos escolares, projetos políticos
pedagógicos, grêmios estudantis, etc.

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Vídeo
No seguinte vídeo, Júlio Furtado lista as características de uma
Gestão Escolar de qualidade.
https://www.youtube.com/watch?v=4Ig7q29BBPA

LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996

Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino


público na educação básica, de acordo como as suas peculiaridades e conforme os seguintes
princípios:
I − Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto político
pedagógico da escola;
II − Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares equivalentes.
Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de
educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e
administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro
público.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm

A partir das legislações, que trazem como indicativo uma concepção de


gestão democrática que algumas estratégias ao longo dos anos vão se
consolidando como mecanismos de fortalecimento das escolas e sistemas no
âmbito da gestão.
No espaço escolar, podemos citar os conselhos escolares, os projetos
políticos pedagógicos, conselhos de classe, associações de pais e grêmios
estudantis. Nos contextos dos sistemas é possível citar os conselhos de
educação (FUNDEB, CAE), as conferências de educação, os planos de
educação, entre outros.
No entanto, mesmo tendo um regime federativo, onde cada ente federado
tem suas responsabilidades para gerir suas políticas, a União também entra com
programas que de acabam por influenciar a gestão da educação nos estados e
municípios e consequentemente dentro das escolas. Nesse sentido que entram
os programas nacionais de educação.

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1.3. Relação entre programas nacionais, políticas e gestão

Os programas nacionais dizem respeito a ações e estratégias que a União


desenvolve para dar suporte às educações: estadual, municipal ou mesmo
diretamente as escolas, de forma complementar e redistributiva.
Uma das atribuições da União no contexto das políticas educacionais,
conforme prevê a CF está em seu artigo 212º:

§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios,


financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em
matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a
garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo
de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. (BRASIL, 1988)

Essa política faz parte da colaboração entre os entes federados, e que


sem dúvida alguma, acaba por intervir diretamente tanto na gestão da educação
e quanto na das escolas, pois muitos dos repasses da União estão vinculados a
planejamentos que seus próprios órgãos determinam para que as escolas ou
sistemas os realizem.
Essas novas abordagens de gestão por meio do planejamento
estratégico, ao mesmo tempo que produzem efeitos positivos como a
redistribuição de recurso pela União, a autonomia das escolas frente ao gasto
de dinheiros recebido, e a complementação de recursos financeiros em especial
para aqueles municípios e estados mais pobres, também podem de certa
maneira engessar a dinâmica própria de cada sistema ou escola.
Nesse sentido vale a reflexão a respeito dos programas desenvolvidos
pelo Governo Federal, a partir do entendimento de que eles possuem uma
interferência de grande potencial nas gestões através de repasses, sendo essa
a maneira como o governo propicia a elaboração e implementação das políticas
voltadas para a educação básica.
É possível então definir que a política é um tema muito importante e que
precisa ser debatido e compreendido além do senso comum, em especial para
educadores que compõem um espaço denominado de política educacional,
sendo que estas medidas são desdobramentos das políticas sociais propostas
pela Constituição de 1988.

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Assim, esse espaço da política é concebido como um espaço de disputa
onde a gestão escolar e os programas nacionais são sujeitos desse cenário, no
sentido de que ambas se relacionam e se direcionam de forma cíclica, ou seja,
se constroem dos dois lados. Nesse sentido fugir do senso comum, é propor
reflexões a partir do que de fato esse contexto significa, com propriedade nos
conceitos adquiridos e também conhecendo a realidade na qual se inserem.

Atividade de Aprendizagem
Uma vez verificadas as diferenças entre gestão escolar e
gestão da educação, diferencie as medidas de gestão de uma
escola com a qual tenha contato entre escolar ou de educação.

Resumo de aula

A primeira aula apresentada trouxe proposições a partir do entendimento


dos conceitos de política, gestão e programas nacionais. Abordou a educação
como uma política pública e a importância das correlações de força na disputa
dos encaminhamentos das ações educacionais.
Apresentou-se os conceitos de gestão escolar e gestão da educação,
abordando aspectos que demonstram sua complexidade. Verificou-se, nesse
sentido, a definição de programas de educação e de que forma os mesmos
podem intervir nos processos de gestão.

Aula 2 – OS PROGRAMAS LIGADOS À GESTÃO: PDE e PAR

Apresentação da Aula

Nesta aula serão apresentados dois programas nacionais que compõe o


contexto das políticas educacionais: O Plano de Desenvolvimento da Educação
(PDE) e Plano de Ações Articuladas (PAR).
Também será dada continuidade ao direcionamento da aula anterior que
mencionava que uma das características das políticas educacionais o

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delineamento por meio de estratégias implementadas e executadas pela União.
Em um contexto de desigualdades educacionais em todo o Brasil essa
perspectiva se faz importante, no entanto, é necessário o debate para que a
mesma não engesse os processos de gestão que é próprio de cada sistema e
de cada escola e os detalhes disso serão discutidos nesta aula.

2. O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO E O PLANO DE


AÇÕES ARTICULADOS: DIRECIONAMENTOS PARA A GESTÃO ESCOLAR

Após as reflexões na aula anterior sobre políticas educacionais, gestão


educacional, gestão escolar e os programas nacionais, é de grande importância
compreender como se dá a inserção de alguns programas nacionais nos
contextos das gestões locais dos sistemas de educação.
Para tanto, esse momento será dedicado especificamente para refletir
sobre duas estratégias nacionais que permeiam os processos de gestão nos
estados e municípios brasileiros: primeiramente o Plano de Desenvolvimento da
Educação (PDE) e na sequencia o plano de ações articuladas (PAR). Assim, a
aula será conduzida de uma forma mais descritiva, tratando o desenvolvimento,
implantação e execução desses programas, mas sem deixar de correlacioná-los
com os aspectos da aula anterior.

2.1. O PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO

Ao pensar em políticas educacionais, entende-se que elas se efetivam por


meio de planejamentos, ações, financiamento, projetos, programas, legislações,
documentos nacionais entre outros espaços de regulação. Nesse sentido que,
para o encaminhamento da política educacional nacional surge o PDE.

Saiba Mais
O maior desafio para a política educacional no Brasil, é a
existência de uma organização federativa, o que significa
que cada estado e município têm sua autonomia para
legislar, conforme previsão constitucional. Essa condição
cria no país inúmeras diferenças nos encaminhamentos
educacionais, seja de gestão, de financiamento, nos

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contextos pedagógicos, carreiras e remunerações dos
profissionais da educação, estrutura físicas das escolas,
entre outros aspectos, seria como se cada ente federado
aplicasse políticas educacionais específicas para seu estado
e seu município.

É nesse contexto, que surge O Plano De Desenvolvimento da Educação,


em abril do no ano de 2007, apresentado pelo Ministério da Educação (MEC),
com o propósito de “compartilhar competências políticas, técnicas e financeiras
para a execução de programas de manutenção e desenvolvimento da educação,
de forma a concertar a atuação dos entes federados sem ferir-lhes a autonomia”
(BRASIL, s/d., p. 09), ou seja, uma política de colaboração entre União, estados
e municípios, tendo como foco específico a educação pública. “Surge no final do
primeiro mandato do governo Lula com a apresentação do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC). O plano é um dos eixos ou ramos do PAC”.
(SCHENEIDER, 2014, p.125)

Importante
O PDE trata-se de um planejamento estratégico, um programa
que tem como foco específico as escolas públicas, no sentido
de apoiar as gestões das unidades e passa a disponibilizar aos
entes federados uma variedade de instrumentos de avaliação e
implementação de políticas educacionais, com o objetivo de
melhorar a qualidade da educação pública. Um dos objetivos do
programa é a o repasse de recursos financeiros, em especial
para aquelas escolas que foram priorizadas. Esses recursos
são utilizados no auxílio da execução do planejamento das
escolas.

Vídeo
Para associar as discussões até o momento a respeito do PDE,
o vídeo a seguir mostra a prof.ª Simone Bergmann
apresentando as suas apreciações a respeito do Plano.
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=IsMiq4WvPNM

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É importante ressaltar que o PDE se efetive, no momento de sua
elaboração o mesmo foi desenvolvido em torno de seis pilares que visam dar
sustentação a sua implementação e execução a favor da melhoria educacional:

i) visão sistêmica da educação;


ii) territorialidade;
iii) desenvolvimento;
iv) regime de colaboração;
v) responsabilização;
vi) mobilização social; (BRASIL. s/d., p11)

Esses pilares buscam a não fragmentação da educação (infantil,


fundamental anos iniciais, fundamental anos finais e ensino médio), sem
esquecer dos aspectos locais de cada ente, num regime de colaboração, mas
tendo como pressuposto a responsabilidade e participação de todos os sujeitos
inseridos na educação.

Importante
Para que houvesse mais clareza e objetividade no
desenvolvimento de seus programas eles passam a ser
organizados por meio de quatro eixos de atuação e na
sequência suas subdivisões, conforme explicita o manual de
orientação do PDE:
 1º Eixo - Educação Básica, tendo como subdivisões os
seguintes pontos:
 Formação de professores e piso salarial nacional;
 Financiamento: salário-educação e FUNDEB;
 Avaliação e responsabilização: o IDEB

 2º Eixo - Educação Superior e suas subdivisões:


 Reestruturação e expansão das universidades federais:
REUNI e PNAES;
 Democratização do acesso: PROUNI E FIES;

 3º Eixo - Educação profissional tendo como pontos:


 Educação profissional e educação científica: O IFET;
 Normatização;
 EJA profissionalizante;

 4º Eixo – Alfabetização, educação continuada e


diversidade que engloba muitas questões como o próprio
nome do eixo já propõe.

A partir da definição desses quatro eixos que o PDE tenta direcionar suas
ações, em especial priorizando sistemas e escolas mais fragilizadas em

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determinados contextos, em especial no repasse dos recursos financeiros. É
nesse contexto que surge o Plano de Desenvolvimento da Escola, o qual
chamaremos de PDE-Escola, como um desdobramento do PDE.
O PDE-Escola surge como uma das estratégias do PDE, prevendo que
as unidades de ensino desenvolvam seus planejamentos com base nos
encaminhamentos pré-definidos. Vale ressaltar que não são todas as escolas
que são contempladas pelo PDE- Escola, mas em especial aquelas que
possuem o IDEB, abaixo da média nacional.
Trata-se de ação do Ministério da Educação, que possibilita o poder
público agir com maior ênfase naquelas escolas que possuem um baixo IDEB e
tem como maior centralidade a ação na melhoria da gestão escolar, em especial,
tendo como base a participação da comunidade. (BRASIL, s/d.)

No PDE-Escola, a comunidade escolar é diretamente envolvida em um


plano de autoavaliação que diagnostica os pontos frágeis da escola e,
com base nesse diagnóstico, traça um plano estratégico orientado em
quatro dimensões: gestão, relação com a comunidade, projeto
pedagógico e infraestrutura. O plano estratégico define metas e
objetivos e, se for o caso, identifica a necessidade de aporte financeiro
suplementar. (BRASIL, s/d. p. 24)

Nesse sentido, aquelas escolas que se encontram com o IDEB abaixo do


índice nacional, passam a ser priorizadas pela União, por meio da destinação de
recursos que possam auxiliar na melhoria do desenvolvimento educacional
daquele espaço.
Para isso as mesmas, devem envolver totalmente a comunidade escolar,
com fins de promover um planejamento estratégico, chamado de Plano
Integrado. Esse planejamento parte de um diagnóstico da realidade educacional
e de previsão de ações para sua melhoria, após, é atualizado virtualmente num
espaço chamado PDDE interativo. Após a sua realização, ainda passa pelo
Cômite Gestor da sua rede de ensino para aprovação, que encaminha para o
Ministério da Educação para a sua validação.
A partir da inserção do PDE-Escola, é notável que o processo de
organização e implementação das ações direcione a gestão da escola, pois a
estratégia, com disponibilização de recursos passa a determinar os
encaminhamentos e decisões que esses espaços escolares e suas
comunidades passam a tomar.

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Importante
PDE-Escola é um desdobramento do PDE que visa a maior
conexão entre os entes federados e um sistema educacional
mais interligado, além disso, o PDE-Escola apresenta como
condicionalidade a sua elaboração conforme o Plano de Ações
Articuladas (PAR).

Para entender o PAR é preciso compreender a sua contextualização, que


passa a adesão dos municípios e estados a um plano de metas, intitulado
“Compromisso de Todos pela Educação”. Em um breve resumo, segundo o
Ministério da Educação, no ano de 2007, foi instituído “O Plano de Metas
Compromisso Todos pela Educação” que se constitui de um programa
estratégico do PDE. Esse programa deu início a uma nova proposta de regime
de colaboração entre união, estados e municípios, tendo como base a decisão
política, técnica e de demanda, ou seja, preservando a autonomia, realidade e
necessidades de cada local específico.

Sendo um compromisso fundado em 28 diretrizes e consubstanciado


em um plano de metas concretas e efetivas, [o Plano de Metas
Compromisso Todos pela Educação] compartilha competências
políticas, técnicas e financeiras para a execução de programas de
manutenção e desenvolvimento da educação básica. (MINISTÉRIO
DA EDUCAÇÃO, 2016a s/p.)

O Plano de metas tem como maior foco o desenvolvimento da educação


básica pública, ou seja, educação infantil, ensino fundamental e o ensino médio,
e é constituído por vinte e oito diretrizes.
Com a adesão ao Plano de Metas Compromisso todos pela Educação, os
estados, os municípios e o Distrito Federal tem a possibilidade de desenvolver
nos sistemas de ensino e nas escolas, estratégias de melhoria educacional, no
entanto para que haja essa colaboração, torna-se necessário que cada ente
federado que aderiu ao plano de metas elabore o seu Plano de Ação Articulada
chamado de PAR.

A partir da edição da Lei Ordinária nº 12.695/2012, a União, por meio


do Ministério da Educação, está autorizada a transferir recursos aos
estados, aos municípios e ao Distrito Federal, com a finalidade de
prestar apoio financeiro à execução das ações do Plano de Ações
Articuladas (PAR), sem a necessidade de firmar convênio, ajuste,
acordo ou contrato.

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Dessa forma, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE) passa a utilizar o termo de compromisso para executar a
transferência direta, prevista na referida lei, para a implementação das
ações pactuadas no PAR, considerando as seguintes dimensões do
plano:
I.Gestão Educacional;
II.Formação de Profissionais de Educação;
III.Práticas Pedagógicas e Avaliação; e,
IV.Infraestrutura e Recursos Pedagógicos; (FUNDO NACIONAL DO
DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, 2012, s/p.)

Nesse sentido, prevendo os aspectos da gestão educacional, a formação,


práticas pedagógicas e a infraestrutura e recursos das escolas a elaboração do
PAR é composta por três momentos:

O diagnóstico da realidade da educação e a elaboração do plano são


as primeiras etapas e estão na esfera do município/estado. A terceira
etapa é a análise técnica, feita pela Secretaria de Educação Básica do
Ministério da Educação e pelo FNDE. Depois da análise técnica, o
município assina um termo de cooperação com o MEC, do qual
constam os programas aprovados e classificados segundo a prioridade
municipal. O termo de cooperação detalha a participação do MEC –
que pode ser com assistência técnica por um período ou pelos quatro
anos do PAR e assistência financeira. No caso da transferência de
recursos, o município precisa assinar um convênio, que é analisado
para aprovação a cada ano. (FUNDO NACIONAL DO
DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, 2012a, s/p.)

Destaca-se no processo de elaboração do PAR a realização do


diagnóstico de cada sistema de ensino. O diagnóstico deveria ser uma constante
nas gestões educacionais, sendo a base para a tomada de decisão, nesse
sentido as demandas seriam atendidas e o investimento de recursos teria um
melhor aproveitamento. Assim, pode-se dizer que o PAR, se executado como
planejado, no sentido de diagnosticar para então aplicar, cumpriu com uma
importante noção de gestão da educação: a avaliação para a tomada de decisão.
“Os gestores e técnicos podem, ainda, articular o PDE com outros
programas, como o Mais Educação, o Escola Aberta, o Escola Acessível, o
PROINFO e os Conselhos Escolares”, (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2016b),
ou seja, o PAR permite a execução de outros programas que influenciam na
qualidade educacional e nas decisões das gestões .
O PAR é um instrumento importante pois é a partir da elaboração do
mesmo em seus sistemas de ensino que as escolas poderão ter como base a
elaboração do PDE- Escola de cada unidade, ou seja é o diagnóstico do PAR e
o próprio plano, que são referências para as instituições produzirem o seu próprio
plano. Visualiza-se assim, o PDE, o PAR e o PDE-Escola como importantes

20
instrumentos de gestão educacional, pois interferem diretamente na política
desenvolvida pelos estados ou municípios.

Com metas claras, passíveis de acompanhamento público e controle


social, o MEC pode assim disponibilizar, para consulta pública, os
relatórios dos Planos de Ações Articuladas elaborados pelos estados
e municípios que aderiram ao Plano de Metas Compromisso Todos
pela Educação. (CARVALHO, 2015, p. 2)

Vale destacar que todo o planejamento estratégico visa ainda o controle


social, ou seja, além da comunidade local participar dessas etapas, também
pode acompanhar via site os relatórios dos planos realizados pelo seu estado ou
município, ou seja, se houver o controle, o debate é permanente sobre as
condições educacionais. Esse movimento sem dúvida gerará a articulação de
novas estratégias que propiciem processos mais eficazes de consolidação de
políticas e resultados.
É possível perceber, assim, que a educação por ser tratada como uma
política, seja no âmbito municipal, estadual ou federal, sofre inúmeras
intervenções no contexto da gestão quando se implantam programas
estratégicos de gestão.
O PDE, o PDE-Escola e PAR são estratégias importantes para o
desenvolvimento da educação brasileira, mas de certa forma, direcionam o
encaminhamento das gestões escolares e da educação, em especial pela
definição de um roteiro de desenvolvimento, já anteriormente estabelecido pela
União.
O cuidado e as reflexões que são necessárias a fazer abrangem medidas
até o ponto em que tais estratégias não engessem os aspectos da gestão local,
ou seja, é preciso pesar os pontos positivos e negativos, a partir do contexto da
política local.

Atividade de Aprendizagem
Descreva o que é contemplado no PDE que foi resolvido através
do PDE-Escola e quais medidas já foram iniciadas por
entidades governamentais para pôr em prática esses Planos de
Educação.

21
Resumo da Aula

Nesta aula foram abordados os programas de gestão que possuem


carácter nacional e interferem nas gestões escolares e na gestão de educação
nos municípios e estados.
Foram descritas as formas de funcionamento, perspectiva e
implementação do PDE, PDE-Escola, PAR e suas inter-relações nos espaços de
gestão, demonstrando que indubitavelmente os mesmos acabam por direcionar
as ações que acontecem nos contextos locais, inclusive quando se trata de
redistribuição de recursos financeiros.

Aula 3 – PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E A GESTÃO DOS SISTEMAS

Apresentação da Aula

Nesta aula serão apresentadas as reflexões a respeito de um tema muito


importante para a educação na atualidade: O Plano Nacional de Educação
(PNE). Será vista também a importância dos planos de educação para as
gestões discutidas até o momento.

3. A IMPORTÂNCIA DOS PLANOS DE EDUCAÇÃO PARA A GESTÃO DOS


SISTEMAS DE ENSINO

No ano de 2014, o país inteiro mobilizou-se em torno de uma discussão:


O Plano Nacional de Educação. Tanto os movimentos sociais, como as escolas
e sistemas, assim como a própria mídia, tinham como uma das agendas esse
tema. Esse contexto, simplesmente demonstra a importância de um plano
educacional a longo prazo, pois somente assim, com metas e objetivos claros e
bem definidos é possível alcançar uma melhoria na educação brasileira. Esta
aula propõe essas reflexões, primeiro compreendendo a importância dos planos
de educação, na sequência acompanhando o processo histórico desse debate
e, por fim, a construção do novo Plano Nacional de Educação, Lei 13.005 de
junho de 2014.

22
Como visto nas aulas anteriores, a forma como a educação é gerida tem
um papel muito importante para o desenvolvimento de uma educação pública de
qualidade, tendo como um dos elementos base a gestão escolar tanto quanto a
gestão da educação.
Também se percebe que existem várias estratégias nacionais que
buscam intervir no contexto das gestões locais, como o PDE, PAR e o PDE-
Escola, mas nesse momento será tratado especificamente de uma estratégia de
gestão que se consolida como uma das mais importantes para a política
educacional: os planos de educação.

Vídeo
O vídeo a seguir mostra uma entrevista muito interesse com
pontos de vista de renomados profissionais da área da
educação.
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=iSqbZCHSV84

Gerir um sistema de ensino é tarefa complexa, visto a imensa dimensão


de elementos que se encontra inserido nesse contexto, como: os aspectos
burocráticos, financeiros, pedagógicos, de carreira dos profissionais, formação,
estruturas físicas, conselhos e mais tantas que podem ser elencadas, portanto,
um plano de educação bem estruturado e construído coletivamente pode ser um
bom começo para que uma gestão efetive melhorias nos seus processos
educacionais.
Para Cury (1998, p. 164) um plano de educação nada mais é que:

[...] um programa de realizações para ser cumprido e executado em um


certo período (definição cronológica), dentro de objetivos a serem
atingidos e para os quais se pleiteiam os meios, inclusive pecuniários,
necessários para a implementação adequada.

Souza (2014, p. 145) complementa que o plano educacional:

[...] é o documento formal que consolida as decisões tomadas no


processo de planejamento. O plano se configura, portanto, num
registro escrito, apresentado sob a forma de um documento aprovado,
na instância própria de competência legal.

A argumentação dos autores complementa-se visto que um plano de


educação propõe um planejamento aprovado em forma de Lei.

23
Nesse sentido, um bom plano de educação aprovado de forma coletiva,
construído com a participação da comunidade escolar a partir das demandas
locais, consegue intervir na gestão dos sistemas de ensino, indiferente ao
governo que está no poder, pois as disputas em defesa da educação de
qualidade se darão em torno de suas metas e objetivos.
É nesse plano que deverão conter: as expectativas da comunidade local
sobre a educação do seu estado ou do seu município, objetivos e metas para
curto, médio e longo prazo, os recursos disponíveis. É um momento de se
construir a educação. Ressalta-se ainda que, além do documento aprovado em
Lei, que assegura constitucionalmente a validade política, o importante também,
é todo o processo de construção que delimitou a existência dessa legislação. A
elaboração dos planos se constituem em espaços de formação, enfrentamentos
e disputas, construção de consensos e em especial o exercício da democracia e
da cidadania.

3.1. UM BREVE HISTÓRICO DOS PLANOS DE EDUCAÇÃO

Pode-se dizer que a história de planos de educação vem de muito tempo


atrás, já da época da Proclamação da República, num contexto de construção
da educação pública como um direito fundamental de todo o cidadão, mas é com
o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova em 1932, que o debate do plano
nacional de educação ganha força inclusive tornando-se dispositivos das
constituições brasileiras no decorrer dos tempos (SOUZA. 2014).

Esse “Manifesto” fez um diagnóstico da educação pública brasileira e


mostrou o imperativo de se criar um sistema de organização escolar
que estivesse de acordo com as necessidades do país, aproximando a
idéia de Plano de Educação relacionado com o pensamento de sistema
educacional organizado de forma racionalista (lógica), com o conjunto
de atividades educativas coerente e eficaz para uma determinada
sociedade. Continuando a periodização do Plano Nacional de
Educação, a Constituição Brasileira de 1934 recebeu influência desses
primeiros movimentos, ligada ao conceito de Plano [...]. (SILVA e
SILVA, 2006, p.22)

Entre idas e vindas, com a chegada de 1964 e a instituição do regime


militar as bases dos planejamentos educacionais no Brasil passam para as mãos
de tecnocratas, até porque o Ministério da Educação antes era subordinado ao
Ministério do Planejamento, ou seja, os encaminhamentos educação estavam

24
alinhados ao plano geral do governo ditatorial. (SILVA e SILVA, 2006) Esse
contexto trouxe para a educação resquícios que até hoje se enfrentam
dificuldades na educação, como a autoritarismo, o coronelismo e a fragmentação
que norteiam os rumos dos planejamentos educacionais.
Em 1987, instala-se a Assembleia Nacional Constituinte, permeado por
um profundo sentimento democrático. Relacionado à educação, o período de
aprovação da Constituição coloca diversos debates na esfera da educação em
defesa do ensino público gratuito e de qualidade, um deles é a elaboração dos
planos de educação.

De 1986 a 1989, o Brasil passa pelo período da Nova República, que


elaborou o I Plano Nacional de Desenvolvimento da Nova República,
utilizando o Plano Educação para Todos (que o Governo Tancredo
queria para a educação nacional), como uma formulação de políticas,
planejamento e gestão tecnocrática. (SILVA, SILVA, 2006, p.24)

Aprovada a Constituição Federal (CF) de 1988, a mesma torna como


princípio a elaboração dos planos de educação, como pode ser visto em seu Art.
214º:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Art. 214º A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal,


com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir
diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e
desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações
integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a:
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - melhoria da qualidade do ensino;
IV - formação para o trabalho;
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.
VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como
proporção do produto interno bruto.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

O artigo da CF coloca que a elaboração de planos da educação é um


princípio constitucional, portanto, deve ser cumprido. Ainda estabelece, mesmo

25
que não especificamente, alguns princípios educacionais que visam parâmetros
para o desenvolvimento da educação no país.
Na década de 1990, em meio ao processo de democratização do país,
aprovação da CF e na contramão a instituição de políticas determinadas por
vários mecanismos internacionais, o processo de construção de um
planejamento educacional veio apenas em 1993 nomeado como “Plano Decenal
de Educação para Todos”, que acabou por não vigorar.
Com a aprovação da LDB em 1996, o artigo 9º passa a determinar que “A
União incumbir-se-á de: I – elaborar o Plano Nacional de Educação, em
colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios” (BRASIL, 1996),
ou seja, mais uma legislação educacional que assegura a construção dos planos
de educação entre os entes federados.
Em todo esse contexto no ano de 2001 é aprovado pela primeira vez no
país um plano nacional da educação sob a Lei nº 10.172 de 09 de janeiro de
2001. Esse plano, definia um diagnóstico da educação brasileira e contava com
duzentos e noventa e cinco objetivos, se concretizando de certa forma num
documento denso.
O mesmo não se efetivou enquanto uma linha de encaminhamentos para
as políticas educacionais, mas destaca-se por consolidar um importante
documento, no sentido de promover o debate sobre questões importantes da
educação, como a valorização dos profissionais de educação, financiamento
educacional, gestão, regime de colaboração entre outros elementos que compõe
o cenário da educação. Nesse sentido ele entra para a história especificamente
porque:

a) é o primeiro plano submetido à aprovação do Congresso Nacional,


portanto, tem força de lei; b) cumpre um mandato constitucional (art.
2014 da Constituição Federal de 1988) e uma determinação da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, art. 87, 1º); c) fixa
diretrizes, objetivos e metas para um período de dez 150 Est. Aval.
Educ., São Paulo, v. 25, n. 59, p. 140-170, set./dez. 2014 anos, o que
garante continuidade da política educacional e coerência nas
prioridades durante uma década; d) contempla todos os níveis e
modalidades de educação e os âmbitos da produção de
aprendizagens, da gestão e financiamento e da avaliação; e) envolve
o Poder Legislativo no acompanhamento de sua execução; e f) chama
a sociedade para acompanhar e controlar a sua execução. (DIDONET
apud SOUZA, 2014, p. 149)

26
Alguns autores defendem que o primeiro plano nacional de educação não
se efetivou em especial pela falta de recursos financeiros, ou seja, não houve no
próprio plano a previsão orçamentária para que ele se efetivasse. Para Dourado
(2010), o documento indicava metas e desafios de grande importância para a
qualidade da educação nacional; no entanto, caracterizou-se apenas como algo
formal, pois, sem planejamento financeiro e mecanismos orçamentários que o
garantissem, tornou-se na sua essência mais um documento que não se
efetivou.
Nesse contexto, o PNE de 2001, mesmo que não implementado,
consolida-se como um importante documento da sintetização da política
educacional em determinado momento e sem dúvida, abriu os espaços para que
um novo plano fosse pensando, visto que a vigência do mesmo já estava
findando.

Saiba Mais
O documento referência para as conferências nos estados e
municípios previa seis eixos para de orientação para o debate:

1) Papel do Estado na Garantia do Direito à Educação de


Qualidade: Organização e Regulação da Educação Nacional;
2) Qualidade da Educação, Gestão Democrática e Avaliação
da Educação;
3) Democratização do Acesso, Permanência e Sucesso
Escolar;
4) Formação e Valorização dos Profissionais da Educação;
5) Financiamento da Educação e Controle Social;
6) Justiça Social, Educação e Trabalho: Inclusão, Diversidade
e Igualdade;

A construção do novo plano de educação, tendo como foco a criação do


sistema Nacional de Educação foi se construindo após deliberação da
Conferência Nacional de Educação Básica (CONEB) que aconteceu no ano de
2008. Já no ano de 2009, ocorreram as primeiras conferências municipais e
estaduais onde cada ente organizou seus espaços de debates de forma
autônoma, mas tendo como eixo de debate o documento da CONAE. O objetivo
era preparar a Conferência Nacional que aconteceria no ano de 2010, que

27
terminaria na construção de um novo plano de educação, realizado com ampla
participação das comunidades educacionais no país inteiro.
Foram esses mesmos eixos, que em abril de 2010, definindo por temática
a construção de um Sistema Nacional Articulado de Educação: Plano Nacional
de Educação, suas Diretrizes e Estratégias de Ação, constituíram o debate na
conferência nacional, que se consolida como o resultado das demais
conferências, a partir de um espaço de debate, deliberação e participação.
(DOURADO, 2009)
De todo esse processo, no ano de 2014, após muitas polêmicas, em
especial a definição do percentual do PIB nacional destinado para a educação,
foi aprovada a Lei 13.005 de 2014, que institui o Plano Nacional de Educação,
com vigência de dez anos.
Um dos indicativos do PNE é que na sequência, todos os estados e
municípios deveriam aprovar também seus planos municipais e estaduais de
educação, tendo como referência a legislação nacional. No entanto, foi
necessário que se instituísse um prazo limite que foi de doze meses após a
aprovação do PNE, ou seja, junho de 2015.
Infelizmente, no contexto das políticas, essa situação demonstra que o
planejamento educacional ainda caminha a passos lentos e que os governos
locais ainda não têm como opção gerir seus sistemas de ensino por meio da
elaboração dos planos educacionais, e mais, um passo é a aprovação dos PNEs,
o outro é a efetivação e implementação dos mesmos.

3.2. O Plano Nacional de Educação – Lei 13.005 de 2014: Novos desafios,


velhos enfrentamentos

Nada assegurava que ao final do PNE 2001, houvesse a elaboração de


um novo plano, no entanto pela demanda da sociedade em geral as conferências
deram início, com o objetivo de se construir um novo PNE.
Assim, com a participação de toda a comunidade escolar, entidades,
associações, conselhos, sindicatos na elaboração do novo PNE, em 2014, a
presidenta Dilma Roussef aprova pela primeira vez na história do país um PNE,
com destinação de recursos financeiros para a sua efetivação. O novo PNE tem
a vigência de dez anos.

28
O novo documento não contempla com efetividade a vontade da
sociedade em geral que participou dos seus processos de construção, mas
resulta em documento possível de consensos e de efetividade que vale a pena
ser conhecido na íntegra. Segue a baixo suas metas que sintetizam o teor da
representatividade educacional.

Amplie Seus Estudos


SUGESTÃO DE LEITURA

Como foi verificada a grande importância que as 20 metas


do PNE apresentam e como elas vão ter um papel decisivo
nas mudanças e melhorias que vão ocorrer na educação
nacional em todos os níveis, recomenda-se fortemente a
leitura dessas metas.
Disponível em:
http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf

Os planos de educação há muito tempo vêm sendo discutidos, ou seja,


são percebidos como estratégias importantes de planejamento da educação, no
entanto, ainda são pouco realizados pelos governos municipais ou estaduais.
É possível perceber a importância dos planos de educação para a gestão
dos sistemas de ensino. Um bom plano de educação significa metas e objetivos
claros para a educação e serve como ponto de referência para as disputas locais
e respalda o rumo educacional que aquele espaço quer desenhar para a
melhoria da educação.

Atividade de Aprendizagem
Destaque e discorra sobre, dentre as 20 metas do PNE, uma
meta referente a gestão da educação e outra da gestão escolar
que podem ser verificadas como metas de grande impacto em
uma escola próxima da sua cidade.

Resumo da Aula

Nessa aula foram abordados o contexto histórico dos planos de educação,


a importância dos mesmos para a gestão dos sistemas e a forma como são

29
construídos, que é por meio de conferências e debates com a sociedade em
geral.
Apresentou-se com mais especificidade o PNE de 2001, assim como o
contexto do PNE vigente aprovado no ano de 2014, apresentando suas metas e
direcionamentos.

Aula 4. OS PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIAS DE RECURSOS

Apresentação da Aula

Nesta aula será apresentado um debate específico sobre os programas


de transferências de recursos para os entes federados. Em especial sintetizando
o que são e como funcionam esses programas nas relações da política
educacional. Esse conhecimento apresenta grande valor no debate sobre a
política educacional, compreendendo que o mesmo se constitui num espaço de
disputa e consensos possíveis.
A compreensão de que a educação se faz com disponibilidade de recursos
e com investimentos financeiros é uma das reflexões quando precisamos pensar
em educação de qualidade. Assim, é papel da União criar formas de redistribuir
ou complementar, com repasses, para a educação municipal e estadual. A
criação dos programas de redistribuição nesse contexto, são de grande
importância para melhoria da educação nos espaços locais.

4. PORQUE OS PROGRAMAS DE REPASSE DE RECURSOS SÃO


IMPORTANTES

Uma das ações que cabe a União, no âmbito do PDE, do PDE-Escola é a


redistribuição financeira, no intuito de completar recursos para estado e
municípios para implementar estratégias que possibilitem a melhoria da
educação, esses encaminhamentos fazem a diferença em especial para aqueles
municípios de pequeno porte, com dificuldades de arrecadação própria.

30
Os recursos investidos na educação têm como objetivo a melhoria
educacional e são providos pelos impostos, taxas que são
recolhidos da população.

Scheneider (2014), indica que o principal responsável no âmbito federal


pelas transferências de recursos é Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE), é por meio dessa autarquia que a união repassa os valores
para os estados ou municípios.
Essa autarquia foi criada no ano 1968, tornando um dos órgãos principais
do Ministério da Educação pela execução das políticas de educação, tendo como
parceria os vinte e seis estados e cinco mil quinhentos e sessenta municípios do
país, tornando-se uma referência na implementação das políticas educacionais.
Se estrutura a partir das seguintes concepções:

Missão: prestar assistência técnica e financeira e executar ações que


contribuam para uma educação de qualidade a todos;
Visão: ser referência na implementação de políticas públicas.
Valores: compromisso com a educação; ética e transparência;
excelência na gestão; acessibilidade e inclusão social;
responsabilidade ambiental; inovação e empreendedorismo. (FUNDO
NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, 2012b, s/p.)

Como percebe-se a concepção da autarquia pauta-se na perspectiva de


oferecer garantias para que as gestões educacionais e escolares dos entes
federados possam efetivar políticas de melhoria da educação básica pública, por
meio dos repasses.

Saiba Mais
Os repasses que competem ao FNDE dividem-se em três
formas:
- Os constitucionais;
- Os automáticos;
- Os voluntários (convênios);

Em relação à quantidade de recursos pode-se dizer que “a quantia da


assistência financeira é crescente nos últimos anos, porém o valor repassado
ainda é baixo” (SCHENEIDER, 2014, p.71), ou seja, mesmo que nos últimos
mandatos do governo Lula e Dilma, os repasses tivessem aumentado, não

31
chegaram a um valor suficiente para prover uma educação de qualidade no país,
tendo muito ainda a desenvolver em termos orçamentários.
Outra forma de repasse financeiro, de forma supletiva e redistribuitiva
para os estados e municípios é por meio de fundos, ou seja, a política de fundos.
No ano de 1996 a União redistribuía o dinheiro por meio do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização dos
Profissionais da Educação (FUNDEF) que teve duração de dez anos e deixava
de fora repasses para a educação infantil e ensino médio, no ano de 2007, no
governo Lula, foi substituído e ainda mantêm-se o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (FUNDEB) que, ao contrário do FUNDEF, amplia seus repasses para
a educação infantil, ensino fundamental e também ensino médio. São fundos
estaduais, formados por uma parcela dos 25% de impostos que vão para a
educação. A política de fundos, em especial o FUNDEB, respalda-se na ideia de
que a redistribuição dos recursos, entre o estado e os municípios são destinados
tem como base as matrículas da Educação Básica (SCHENEIDER, 2014) ou
seja: quanto maior o número de matrículas daquele ente, maior o número de
dinheiro recebido.
Cury (2009) coloca que praticamente a maioria dos programas de
transferência de recursos federais, em especial, aqueles que envolvem
diretamente recursos para escolas ou sistemas de ensino compete ao FNDE,
secretarias são de responsabilidade do FNDE, ou seja, essa autarquia tem uma
grande responsabilidade frente a execução das políticas educacionais.
Para entender melhor de que forma esses repasse acontecem, faz-se
importante a compreensão do que são programas de transferência de recursos

4.1. Conhecendo alguns Programas do FNDE

A seguir serão listados alguns dos programas de FNDE que têm grande
influência nas políticas de gestão escolar e de educação.

4.1.1. Programa Dinheiro Direto na Escola

32
O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), foi criado no ano de 1995
e objetiva dar assistência financeira direta as escolas públicas de educação
básica dos estados e municípios, de forma suplementar. Tem como foco a
melhoria da infraestrutura física, pedagógica e a gestão escolar nos contextos
financeiros. Para a transferência do dinheiro do PDDE não há necessidade de
realização de convênio, ele é realizado automaticamente conforme o número de
alunos de cada unidade escolar, conforme aponta o censo escolar realizado no
ano anterior. Até 2008, o repasse desses recursos iam apenas para as unidades
de ensino fundamental, com a aprovação da Lei nº 11.947, de 16 de junho de
2009, ampliou-se para toda a educação básica. O dinheiro pode ser usado pelas
unidades para a aquisição de material permanente; manutenção, reparos,
aquisição de material de consumo; avaliação de aprendizagem; implementação
de projeto pedagógico; e desenvolvimento de atividades educacionais. O valor
que vai para cada unidade é fixo por aluno, conforme localidade da escola e
modalidade de ensino. É necessário que cada unidade tenha sua Unidade
Executora própria. O PDDE também é distribuído muitas vezes para escolas
privadas da educação, em especial aquelas que não possuem fins lucrativos

4.1.2. - Programas de Transporte Escolar

Outro programa do Ministério da Educação executado pelo FNDE, por


meio de transferência de recursos são aqueles voltados ao transporte de alunos
e alunas, em especial moradores das áreas rurais. Essa iniciativa programa é
dividida em:
- O caminho da escola – implantado no ano de 2007, no Governo Lula e
passa pela destinação de crédito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento,
numa linha especial que permite os estados e municípios comprarem novos
ônibus, micro-ônibus e embarcações para o transporte dos estudantes até a
escola.
- Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE) –
Implantado no ano de 2004, também no governo Lula, o programa tem como
objetivo garantir o acesso e permanência de estudantes do campo, por meio de
assistência financeira e de suplementação da União. Esse programa atende toda
a educação básica, inclusive a educação infantil, após 2009. A transferência

33
desses recursos é automática sem obrigatoriedade de convênios, podendo ser
utilizado em pagamentos de manutenção dos transportes, pagamentos de taxas
e impostos, reformas e também para contratação de transporte de veículos
terceirizados, caso haja a necessidade.

4.1.3. Programa Livro Didático

Um dos mais antigos programas de transferência de recursos da União


para os estados e municípios, foi implantado no ano de 1929. Na época ele tinha
outra denominação, funcionava como um órgão denominado Instituto Nacional
do Livro (INL). Foi a partir do ano de 1985 que consolidou-se como “Programa
Nacional do Livro Didático (PNLD)”. Esse programa atende à educação, com o
objetivo de distribuir obras didáticas aos estudantes das escolas públicas, do
ensino fundamental e ensino médio. A educação infantil, no entanto, ainda não
foi contemplada com esse programa. Seu maior objetivo é assegurar que as
escolas públicas de ensino fundamental e médio tenham em seus acervos livros
didáticos, obras literárias, obras complementares e dicionários.
Com sua consolidação em 1995, várias mudanças no decorrer do tempo
vêm acontecendo no seu processo de distribuição às escolas, como por
exemplo:

 Indicação do livro didático pelos professores;


 Reutilização do livro, implicando a abolição do livro descartável e o
aperfeiçoamento das especificações técnicas para sua produção,
visando maior durabilidade e possibilitando a implantação de bancos
de livros didáticos;
 Extensão da oferta aos alunos de 1ª e 2ª série das escolas públicas
e comunitárias;
 Fim da participação financeira dos estados, passando o
controle do processo decisório para a FAE e garantindo o critério
de escolha do livro pelos professores; (FUNDO NACIONAL DE
DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, 2012c, s/p.)

Vale destacar que essas mudanças na escolha dos livros didáticos foram
significativas especialmente no que diz respeito à escolha do material pelos
professores. Nesse sentido o professor tem a possibilidade de um contato maior
com os livros, podendo analisá-los, pesquisá-los, compará-los com a base
curricular e o projeto pedagógico da escola. Nessa perspectiva o material tende

34
a aproximar-se mais com a realidade escolar, do que apenas receber livros que,
na sua maioria, muitas vezes não eram usados pelas escolas.
Destaca-se também que o programa, no ano de 2002, passa a distribuir
dicionários de Língua Portuguesa a todos os alunos do ensino fundamental
matriculados na época, na 1ª série (hoje 1º ano) como para os alunos dos 5º e
6º séries (5º e 6º anos). O PNLD também visa a aquisição e distribuição de livros
aos alunos do ensino médio, aos alunos de Educação de Jovens e adultos e
também a reposição dos materiais no tempo.

Saiba Mais
Considerando as características descritas
anteriormente, o PNLD tem a seguinte organização:
• PNLD EJA;
• PNLD CAMPO;
• PNLD OBRAS COMPLEMENTARES;
• PNLD ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA;
• PNLD DICIONÁRIOS;

4.1.4. Pro-infância

Criado no ano de 2007, o PROINFÂNCIA apresenta como principal


objetivo “[...] prestar assistência financeira ao Distrito Federal e aos municípios
visando garantir o acesso de crianças a creches e escolas de educação infantil
da rede pública” (FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA
EDUCAÇÃO, 2012d, s/p.), ou seja, é um programa específico para atender a
demanda da educação infantil no país.
O programa funciona visando a reestruturação dos centros de educação
infantil, aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública
especificamente para a educação Infantil com repasses de recursos financeiros
para estados e municípios e também a construção de creches e pré-escolas.
Para que as creches e pré-escolas sejam construídas assim como a aquisição
do mobiliário e demais equipamentos com recursos do PROINFÂNCIA. Existem
especificações técnicas que os municípios, que são os responsáveis por essa
etapa, devem atender para conseguir o repasse, ou seja a transferência de
recursos acontece apenas por meio do cumprimento desses requisitos e

35
anteriormente a adesão a um termo de compromisso entre o FNDE e os
municípios que aderiram ao programa.
O PROINFÂNCIA surge no sentido de que a União cumpra com seu papel
redistributivo, para atender uma demanda que é ainda muito grande no pais, a
falta de vagas na educação infantil. Esse programa vincula-se à meta do PNE
que prevê ampliar o atendimento conforme a demanda da educação infantil no
país.

4.1.5. PROINFO

Outro programa de repasses importantes na compreensão das políticas


educacionais é o Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO),
que no ano de 2007 passou a ser denominado “Programa Nacional de
Tecnologia Educacional” de que possui o objetivo de “promover o uso
pedagógico das tecnologias de informação e comunicação nas redes públicas
de educação básica” (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2016c, s/p.).
Nesse contexto mais programas de transferência são executados
auxiliando na gestão dos sistemas de ensino e das escolas, podendo citar ainda:
o programa de alimentação escolar; banda larga nas escolas; biblioteca nas
escolas, entre outros que podem ser encontrados explorando através dos sites
no FNDE e do Ministério da Educação.

Importante
Apesar de se entender a importância desses programas e dos
repasses de recursos, o que se percebe é que cada vez mais
os diretores das escolas acabam por assumir as tarefas
administrativas de gastos e prestações de contas, tendo que
deixar de lado os aspectos pedagógicos das escolas.

Destaca-se assim, a importância do cumprimento do dispositivo


constitucional que indica que a União deve criar formas de redistribuir os
recursos para estados e municípios. Esse papel em especial faz diferença
principalmente para aqueles municípios pequenos com grandes dificuldades de
arrecadação.

36
A educação de qualidade se faz com recursos e financiamento, nesse
sentido a criação de programas se consolida como importantes estratégias para
que esse objetivo se cumpra.

Atividade de Aprendizagem
Com base no que foi trabalhado a respeito do funcionamento
do FNDE, que programas do governo, dentre os citados neste
material, podem ser verificados no seu município? É possível
utilizar o ambiente de navegação disponível em:
https://meumunicipio.org.br/

Resumo da aula

Nesta aula houve a apresentação da importância dos programas de


repasse para a educação brasileira. Foram apresentados a forma de
funcionamento de alguns deles como: PROINFO, PROINFÂNCIA,
TRANSPORTE ESCOLAR, PNLD e Programa Dinheiro Direto na Escola.

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Resumo Da Disciplina

Nesta disciplina de Políticas e Programas da Educação foram trazidos


conceitos de gestão escolar e apresentados programas que influenciam no
objetivo da educação do Brasil, trazer conhecimento de qualidade através da
aprendizagem significativa.
As discussões desta disciplina se iniciaram através da compreensão do
papel do gestor escolar, com ênfase na diferença entre gestão da educação e
gestão escolar.
No conceito de gestão da educação foi descrito a participação muito forte
de políticas públicas e investimentos, assim, foram apresentados na segunda e
terceira aula os três principais planos do governo no que tange a educação do
país: PNE, PDE e PAR.
Os planos descritos previam metas e a destinação de recursos nacionais,
que foi o tema da quarta aula, para a concretização das metas, sendo
estabelecidos vários programas financiados pelo FNDE para cumprir cada meta.

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