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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS URBANOS E REGIONAIS
MESTRADO EM ESTUDOS URBANOS E REGIONAIS DA UFRN

RESENHA: Conferência de Gisela Zaremberg no V Encontro Internacional de


Participação, Democracia e Políticas Públicas.

Resenha apresentada à disciplina de Poder, Política


e Participação na Formação dos Territórios, como
atividade assíncrona.
Professora Dra. Joana Tereza Vaz de Moura

Aluno: Francisco Caio Bezerra de Queiroz

NATAL – 2022
REFERÊNCIAS
ABERTURA e CF01 Conferência de Abertura – Gisela Zaremberg (FLACSO, México).
Realização de V Encontro Internacional de Participação, Democracia e Políticas Públicas.
Intérpretes: Vários. 2022. (84 min.), son., color. Legendado. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=AyWD__fn2sc. Acesso em: 10 jun. 2022.
ZAREMBERG, Gisela; ALMEIDA, Debora Rezende de. Blocking anti-choice conservatives:
feminist institutional networks in mexico and brazil (2000-2018). International Feminist
Journal Of Politics, [S.L.], v. 23, n. 4, p. 600-624, 8 ago. 2021. Informa UK Limited.
http://dx.doi.org/10.1080/14616742.2021.1954047.

Segundo coloca a autora, há uma mudança de paradigma no contexto da participação


social e política latino-americana, observado o desmantelamento dos projetos políticos
passados e a construção de novos. Tais projetos ganham, nesse cenário, conotações
paramilitares, que foram agravados pela pandemia da Covid-19. Nesse momento de
transformações surge um questionamento: como fazemos para investigar a participação
social no contexto latino-americano? Sobretudo por se tratar de objetos líquidos,
indefinidos e em transformação?

As Instituições Participativas (IPs), diante dessas mudanças, se fragmentaram a nível


nacional. A maioria delas operam com menor impacto, outras deixaram de existir
completamente. Há aqui uma flutuação de processos concorrendo paralelamente:
postulação de novos modelos e o enfraquecimento das IPs. É importante mencionar que
não se há uma nova institucionalização da participação, mas sim um processo de
consolidação, processo esse, heterogêneo, variado e não simplificável.

Há dois modelos participativo: o de política direta (sem mediação com as IPs) e a indireta
(com mediação das IPs). No contexto nacional, havia uma abundância de política indireta
e pouca direta, isso era um cenário recorrente em toda a américa-latina. Atualmente esse
panorama é heterogêneo e em transformação. A participação não deve ser observada
apenas como a ação de promover algo, mas sim também de bloquear ações que não sejam
de seu interesse, ou que coloquem em risco pautas importantes para seu grupo de
interesse. Para avaliar o processo em transformação é necessária uma pesquisa detalhada
sobre cada tipo de IP, sobre sua história, com o intuito de responder questões do presente
e estimar proposições futuras. É necessário também um conceito amplo de estado e de
políticas públicas, desvinculado do conceito único de poder executivo, devendo
considerar as três faces do poder, incluindo nesse rol os podres legislativo e executivo.
Há uma predileção por observar os protestos dos movimentos participativos, sim, é
valido, porém é imprescindível observar os movimentos institucionalizados, seus reflexos
nos poderes, sobretudo os agentes diretamente ligados com a ponta final da ação, os
secretários dos representantes. Desvincular da ideia de que os movimentos sociais são
fortemente autonomistas em relação ao estado.

Observar que as consultas realizadas para com os interessados não dizem respeito a
consolidação da participação: a decisão é tomada antes destas acontecerem. As consultas
públicas possuem o único motivo de prescrever em quais termos dada ação será realizada,
e não se ela será ou não realizada. Por esse motivo, muitas comunidades buscam
recentemente por uma autonomia nestas consultas, sem figura dos governos.

Para estudar a participação social e dos movimentos sociais neste espaço fragmentado do
estado em transformação, são necessárias diferentes análises. Deve-se observar sob três
dimensões: primeiramente observar os três poderes; segundo observar a dimensão do
território, dominação, níveis nacionais, estaduais e municipais; o terceiro, dimensão da
população, dominação dos corpos, dos cidadãos, nos centros e margens do estado, quem
está dentro e quem está fora das ações.

Para avaliar fenômenos em transformação, deve-se olhar os atores que estão envolvidos,
não se pode observar apenas as instituições, é imprescindível identificar em que os atores
estão apostando. Para observar os atores, considera-se três perspectivas de abordagens: a
primeira observar sua dimensão histórica, a sua biografia, como podem estar
posicionados em múltiplos sítios ao mesmo tempo; o segundo, analisar suas ideias, seus
discursos e especialmente as contradições com a sua biografia, para descobrir as apostas
políticas, contrastando com suas decisões. A terceira, a análise das redes de insumos, para
identificar seus objetivos.

Em suma, as estratégias de análise podem ser fundamentais para analisar fenômenos


ativismo e participação em contexto de transformações. Deve se consideras: 1) entender
de onde vêm, de que tipos de IPs estar se falando, e como elas funciona; 2) aplicar um
conceito amplo de estado, fragmentado, passando nas dimensões dos poderes; 3)
considerar as dimensões territoriais e dimensão população; 4) analisar as agendas dos
atores, suas biografias, suas ideias, seus discursos e suas redes de insumos, estando fora
e dentro do estado.

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