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Indice

1. Introducao

Chamanculo C é um bairro periférico integrado na cidade de Maputo que partilha características


com tantos outros bairros periféricos africanos. Mas são as suas vivências, o passado histórico,
político e social e as actividades comerciais que o distinguem de todos os outros e que o
transformam num objecto de estudo apetecível em termos de conteúdo pelas suas
particularidades.
Este bairro tem sido alvo de estudos e projectos, palco de diferentes intervenções, quer teóricas
– por parte de estudiosos e alunos interessados no tema da periferia maputense e dos bairros
suburbanos ou teses desenvolvidas no âmbito escolar, dentro do urbanismo e ordenamento do
espaço, quer práticas – com elementos ligados ao governo a intervir no terreno.
Este bairro é visto como um bairro de interresse historico e assim sendo destacamo-lo e
escolhemo-lo dada a sua proximidade com a área urbana da cidade uma vez que pela sua
condição fronteiriça, tal como outros bairros de Maputo, vê estas transformações chegarem
mais rapidamente e criarem alterações constantes ao nível habitacional e espacial do mesmo,
ao contrário do que acontece nas zonas suburbanas e periurbanas mais afastadas da cidade.
Esta proximidade territorial permite que o bairro tenha um movimento constante, o que leva a
que a comunidade sinta também uma evolução regular. Isto faz com que as alterações nas
dinâmicas do bairro e da população criem novas realidades e cenários espaciais únicos,
adaptados às suas necessidades.
Em termos de conteudo este trabalho encontra-se dividido em capitulos principais:

O capitulo 2, sera vista a base teorica


1.1. Objectivos

O objectivo geral do presente trabalho é descrever e analisar os modelos construtivos exixtentes e os


que estao a ser promovidos no processo de requalificacao no bairro do chamanculo c.

Como objectivos especificos, o presente trabalho pretende buscar fundamentos teoricos que permitam
fazer analise dos modelos construtivos e para tal ira se precisar de:

 Conhecer e caraterizar os modelos construtivos;


 Descrever a requalificacao urbana;
 Diagnosticar o caso do bairro do chamanculo;
 Apontar os modelos existentes no bairro.

1.2. Pergunta de partida

Quais sao os modelos construtivos habitacionais existentes e os que sao promovidos no bairro de
chamanculo C entre 2012 e 2017?

1.3. Metodologia

A pesquisa bibliográfica segundo Cuco (2011), é um instrumento importante no âmbito da realização de


estudos, pois esta permite obter informação relevante e necessária para que se tenha bases antes de ir
ao campo, isso inclui o esclarecimento sobre alguns conceitos, alguns dados estatísticos e outras
informações. Este instrumento serviu para aprofundar o conhecimento sobre a temática em estudo, o
que foi de extrema importância para a concepção e fundamentação do problema e para a construção do
projecto que antecedeu o estudo. A revisão bibliográfica também foi usada para a elaboração dos
instrumentos de recolha de dados e para fundamentação das ideias sobre a temática.

Para o desenvolvimento deste trabalho realizou-se um levantamento/pesquisa bibliografico em livros,


artigos e documentos oficiais que orientou teriorica e metodologicamete a pesquisa. Buscaram-se
informacoes sobre as condicoes historicas da formacao socioterritorial de Mocambique mais
concretamente da cidade de Maputo e centrado o estudo no chamanculo C que ajudaram a
compreender algumas questoes culturais e do modo de vida da populacao.

1.4. Revelancia tematica

O interesse por este estudo, deve-se ao facto do Bairro de Chamanculo “C”, conhecido pelas suas
construções desordenadas, estar a conhecer um processo de requalificação.
2. Revisao literaria

Neste capítulo, são discutidos os conceitos básicos relacionados com o assunto investigado, na
perspectiva de alguns autores. Procura-se igualmente, discutir a relação entre conceitos e teorias
relevantes para a compreensão da temática em estudo.

2.1. Conceitos

Nesta subsecção, são definidos os conceitos: habitacao; requalificação urbana; reabilitacao urbana .
Porém, são somente discutidos os conceitos: habitacao e requalificação urbana, pois, são conceitos
chave e corporizadores do presente estudo, sendo necessário defini-los, para garantir maior
compreensão do estudo.

Habitacao

A habitação trata-se de um termo polissêmico, sinônimo de moradia, de casa, residência ou ainda de


vivenda. Essas terminologias referem-se a um objeto geográfico (ou forma espacial) dotado de uma
função social específica, o acto ou efeito de habitar.

Segundo o INE (2017) a habitação é uma das necessidades básicas que toda a população procura
satisfazer e é considerada como uma necessidade social elementar na maioria das sociedades. As
características do parque habitacional duma sociedade, especialmente o material usado na sua
construção, constituem um indicador bastante relevante do nível de desenvolvimento socioeconómico.

Requalificaco urbana

De acordo com Moreira (2007) a utilizacao do termo requalificacao urbana em Portugal, aparecendo
apenas no fim dos anos 80. Nos vocabularios urbanisticos publicacdos ate 1998, nao aparece este
termo, sendo usados os termos revitalizacao, reablitacao ou ainda recuperacao para designar
aparentemente o mesmo processo.

Em 1990 o termo requalificacao é feito mencao como a recuperacao da sontido da ubicacao residencial
das populacoes, atraves de multiplos accoes e medidas, que vao da infra-estrutura a valorizacao da
imagem interna e externa, pasando pela provisao das adequados servicos e pela equipadade no acesso
ao emprego.

Para Freitas, Guerra, Moura e Seixas (2006), a requalificação urbana é um instrumento para a melhoria
das condições de vida das populações, e que promove a construção e recuperação de equipamentos e
infra-estruturas e a valorização do espaço público com medidas de dinamização social e económica de
uma determinada área, ao passo que para Torres et al (2012), é um processo de renovação que consiste
na intervenção sobre um espaço urbano, baseada na substituição parcial ou total do património
urbanístico e imobiliário.

Por seu lado, o CMCM, entende por requalificação urbana, ao processo de introdução e reabilitação de
infra-estruturas sociais e a criação de novos usos urbanísticos, visando a melhoria da qualidade de vida
da população do assentamento informal.
Assentamento informa é a área física de um território, ocupada espontaneamente pela população, sem
a observância de regras básicas e reguladoras de ocupação do solo (CMCM, 2015).

Note-se que as três (3) definições têm aspectos em comum (como é o caso da introdução/ construção e
reabilitação/recuperação) de infra-estruturas urbanas, pelo que se pode concluir que a requalificação
pode ser simplesmente definida, como o processo de criação ou construção de novas e a reabilitação de
antigas infra-estruturas urbanas, com vista a melhoria das condições da população.

Embora se reconheça a legitimidade destas definições, importa realçar que para este trabalho, a
requalificação é entendida como a criação de novas e a reabilitação de antigas infra-estruturas urbanas
(que incluem arruamentos; a reconstrução e o melhoramento de espaços públicos e de valas de
drenagem).

Reabilitacao urbana

O conceito de reabilitacao urbana designa todo o processo de transformacoes do espaco urbano,


compreendendo a execucao de obras de conservacao, recuperacao e readaptacao de edificios e de
espacos urbanos, com o objectivo de melhorar as suas condicoes de uso e habitabilidade, conservando
porem o seu caracter fudamental (DGOTDU, 1998).

Segudo Salgueiro ( 1992) reabilitacao é um processo integrado sobre uma area que se pretende manter
pu salvaguardar. No geral envolve o restauro ou conservacao dos imoveis, o que alguns chamam de
reabilitacao fisica, e a revitalizacao funcional, ou seja, a dinamizacao do tecido economico e social, uma
vez que manter o bairro implica conservar as suas caracteristicas funcionais, aumentar a sua capacidade
de atraccao, quer para habitantes, quer para o exercicio de actividades economicas e socias compativeis
com a residencia.

Os conceitos definidos estao diectamente relacionadas onde os mesmos sao complementares, a


habitacao é um dos principais problemas de se tenta solucionar no processo de requalificacao e
reabilitacao urbana.

Estes conceitos tem como principal objectivo dar as comunidades habitantes do espaco um lugar mais
confortavel e mais humanizado principalmente em espacos onde as condicoes sao pouco existentes e os
existentes nao estao devidamente equipados.
2.2. Modelos construtivos

Esse tipo de forma espacial insere-se na teoria da “formação socioespacial” (SANTOS 1979) como um
elemento do espaço geográfico. Daí, poder-se falar do espaço habitacional que é também sinônimo de
espaço humano, território usado ou ainda de espaço geográfico relembrando a noção de espaço
definido como um produto social formado pela união indissociável de sistema de objeto e sistema de
ação anteriormente apresentada. Desse modo, o espaço habitacional compreende diversas formas
espaciais que albergam múltiplas atividades socioeconômicas ou funções e transforma-se a partir da
presença e ação continua do homem. A reprodução e a dinâmica espacial decorrem influenciadas pelo
movimento da sociedade propulsionado pela interação entre distintos agentes sociais que orientados
por interesses e necessidades variadas criam, transformam as formas espaciais redefinindo o arranjo
territorial inclusive das áreas destinadas para a habitação. A habitação, um dos elementos do espaço
geográfico, desempenha um papel fundamental para a vida humana. Pois, constitui um abrigo, lugar de
intimidade, de segurança e onde o individuo e a sua família podem “descansar a cabeça e o corpo
fatigado” (BRAGA, 1995 apud FERNANDES, 2003: 12). No entanto, a maioria das abordagens feitas sobre
a questão da habitação direciona-se sob a óptica da problemática reproduzida com a urbanização dos
grandes centros urbanos contemporâneos. Nessa perspectiva, Villaça sustenta que,

O que hoje entendemos por problema da habitação, surge com o homem livre produzido pelo
capitalismo e com as configurações históricas engendradas por esse modo de produção, inclusive pelas
especificidades da luta de classes que sob ele ocorrem. A habitação aparece então como um direito dos
cidadãos a ponto de, em meados do século XX, ser incluída na Declaração Universal dos Direitos
Humanos (VILLAÇA, 1989: 4).

Assim, o trato da problemática habitacional passou a ser evocado a partir de varias abordagens das
quais se destaca o acesso a habitação adequada. Este conceito pode assumir significados variando de
acordo com as especificidades políticas, econômicas, sociais e culturais de cada lugar. Contudo, constitui
um fenômeno universal a instituição de normas que incidem sobre a produção habitacional que devem
ser cumpridas para que pessoas possam viver ou habitar com um mínimo de segurança e conforto
(FERNANDES, 2003). As normas que estabelecem padrões mínimos aceitáveis para a edificação de
moradias baseiam-se essencialmente em critérios técnicos que passam a ser incorporados nas políticas
públicas de planejamento que incidem sobre um determinado espaço geográfico ou sociedade na sua
dupla dimensão: social e material. Moçambique (2010a) estabelece que uma habitação considera-se
adequada quando passa a beneficiar-se de uma diversidade de aspetos que garantam uma melhor
qualidade de vida, dos quais se salienta ter um teto, um lugar privado, espaço suficiente, acessibilidade
física, segurança adequada, infra-estruturas básicas (abastecimento de água, saneamento), condições
do meio ambiente e serviços básicos. Nesta abordagem está implícito a noção de território usado ou o
uso do território que se materializa através da implantação de objetos geográficos a partir dos quais se
realizam diversas atividades socioeconômicas com a finalidade de, por um lado,
...atribuir a todos os habitantes aqueles bens e serviços indispensáveis, não importa onde esteja a
pessoa; e de outro lado, uma adequada gestão do território, pela qual a distribuição geral dos bens e
serviços públicos seja assegurada (SANTOS, 1998a: 5).

A noção de habitação adequada não se restringe simplesmente ao acesso a um edifício que sirva de
moradia. Implica a disponibilidade de outros aspetos que influem na qualidade de vida das pessoas tais
como a inserção no mercado de trabalho, a acessibilidade dos serviços urbanos básicos como o
transporte público, o saneamento, abastecimento de água e eletricidade, os serviços de emergência e
segurança como saúde, bombeiros e policiamento. Esses elementos definem a situação habitacional de
um espaço humano em particularmente do meio urbano que, por natureza, compreende
simultaneamente uma concentração de pessoas portadoras de hábitos culturais diversificados e de
múltiplas atividades socioeconômicas. A dificuldade de inserção no mercado de trabalho urbano e de
obter uma moradia adequada nas sociedades contemporâneas induz a maioria dos estratos sociais a
sobreviverem em condições precárias de habitação. Assim, a falta de habitação para determinados
segmentos da população constitui um problema social. No modo de produção prevalecente o espaço
habitacional urbano tende a ser transformado numa mercadoria dotada de um “valor de troca” que
suplanta seu “valor de uso” (CORREA, 1989: 62). Os bens e serviços fornecidos dentro da lógica
mercantil tornaram-se seletivos quanto a sua localização e consumo o que contribui para a reprodução
das desigualdades sociais que se manifestam no território através de tipos de habitação também
contrastantes. Neste tipo de estruturas socioespaciais distinguem-se, nitidamente, os “bens de consumo
coletivo” dos “bens de consumo individual”. Contrariamente aos de consumo individual, os bens de
consumo coletivo por serem dotados de um valor de uso indivisível são concebidos para responder
globalmente as necessidades suscitadas pela sociedade e por isso não permitem restrições (LOJKINE,
1981: 132- 159). As formas habitacionais, produzidas e transacionadas na lógica do mercado,
transformaram-se em bens de consumo dotados de um valor de troca (preço) que as reafirma como
sendo de acesso restritivo e seletivo. Pois, a compra destas mercadorias “destinadas a consumir seu
valor de uso é paga pelo dinheiro que funciona como meio de circulação e que corresponde a um gasto
de renda” (Idem: 125-133). Nas sociedades capitalistas contemporâneas o problema habitacional
urbano reproduz-se na medida em que a habitação produzida no mercado passa a beneficiar um restrito
estrato social com maior poder aquisitivo enquanto, por outro lado, persiste um amplo segmento
populacional que não tem capacidade de pagar para a satisfação dessa necessidade básica (FERNANDES,
2003). Nessa perspectiva, a habitação reafirma-se como um produto cujo acesso é seletivo para os
diferentes estratos sociais. À medida que a urbanização das cidades ocorre associada à persistência da
precariedade habitacional, significa que esse grupo social não dispõe de uma renda suficiente para
alugar ou comprar sequer uma moradia adequada (CORREA, 1989) particularmente aquelas
transacionadas pelo mercado imobiliário. Desse modo exclui-se do acesso ao solo e a moradia um amplo
segmento da sociedade que procura por meio de ocupações, invasões ou transações no mercado
informal providenciar as condições necessárias para se assentar e garantir a sua sobrevivência
(MIRANDA, 2004: 126). As múltiplas lógicas que propulsionam a dinâmica da sociedade condicionam a
configuração do espaço urbano que se transforma à medida que uma determinada área “antes habitada
por determinado grupo social, passa a ser habitado por outro de status superior ou mesmo inferior”
(CORREA, 1989: 70). Portanto, tendo em consideração a estratificação social contemporânea constata-
se que na cidade de Maputo o problema de habitação afeta majoritariamente a população de baixa
renda concentrada na periferia onde persistem práticas diversificadas de reprodução social que
contrastam e complementa as atividades socioeconômicas reproduzidas na área central e na própria
periferia sujeitas a lógica da racionalidade econômica: a valorização e a especulação. Esse processo
culmina com a criação de espaços de vivência e convivência distintos e segregados.

2.2.1. Tipos

Segundo o INE (2017) a classificacao da habitacao foram consideradas as seguintes definicoes:

Casa convencional é uma unidade habitacional unifamiliar que tenha quarto(s), casa de banho, cozinha
dentro de casa, e construida com materiais duraveis (bloco de cimento, tijolo, chapa de zinco, telha, laje
de betao, etc). Pode ser de res-de-caho, mais de 1 ou 2 pisos;

Flat/Apartamento é uma unidade habitacional que tenha quarto(s), casa de banho e cozinha,
pertencente a uma unidade habitacional multifamiliar com 1 ou mais pisos, podendo ser um bloco ou
conjunto de blocos;

Palhota é uma casa cujo material predominante na construção é de origem vegetal (capim, palha,
palmeira, colmo, bambu, caniço, adobe, paus maticados, etc.);

Casa improvisada é uma habitações construída com material improvisado e precário, tal como papel,
saco, cartão, atas, cascas de árvores, etc.;

Casa mista é uma casa construída com materiais duráveis (bloco de cimento, tijolo, chapa de
zinco/lusalite, telha/laje de betão) e materiais de origem vegetal (capim, palha, palmeira, colmo, bambu,
caniço, adobe, paus maticados, madeira, etc.);

Casa básica (casa comboio) é uma unidade habitacional que só tem quarto(s) e não tem casa de banho
nem cozinha. Podem ser também um conjunto de quartos que utilizam os mesmos serviços (casa de
banho, cozinha e água);

Outra maneira de classificar os modelos habitacioanis é pela tipologia que serve para designar o numero
de quartos assoalhados de uma casa, bem como a estrutura e a divisao das areas. Ou seja “T” de
tipologia e 1, 2, 3, 4 é o numero de assoalhadas.

Moradia isolada ou moradia unifamiliar sao designacoes usadas para descrever uma moradia cujo
poligono de implantacao possui terreno em todo o seu redor, ou seja a edificacao nao possui quaisquer
paredes coladas a outos imoveis vizinhos

Vivenda segundo Fernandes (2003) o termo vivenda provem do latim vivenda que significa moradia ou
habitação. Define-se também como a ação de habitar, edifício ou parte dele que se destina a vivenda.
2.2.2. Contexto mocambicano

Segundo Moreira (2014) até meados do século XX, toda a África Austral era povoada por assentamentos
circulares, inserindo-se, assim, no primeiro grupo acima descrito, exceptuando a costa do norte
moçambicano, que havia sido, ainda no século XIX, influenciada pela cultura Swahili. Todo o restante
território moçambicano e da África Austral percorreu o mesmo percurso construtivo, partilhando
características e tipologias, como o caso da casa tipo Kraal, a mais antiga tipologia habitacional.
Actualmente é raro ser encontrado este tipo de habitação em Moçambique, embora no campo ainda
prevaleça a forma circular correspondente à casa familiar e a forma cilíndrica das casas isoladas. No
século XIX, ao mesmo tempo que a sul do país, a população das aldeias muralhava as suas habitações
com vedações, que se tornaram em paliçadas com as invasões do povo Nguni, (LIESEGANG, 1974, p.313)
no centro, difundia-se a “casa de caniço”. O edifício principal mantinha a estereotomia das casas Kraal,
mas os edifícios circundantes eram construídos unicamente em caniço, em forma rectangular e com a
cobertura de apenas uma água. Este tipo de construção habitacional é o mais antigo exemplar de
construção económica e de rápida execução que deu o nome e se proliferou pelos bairros pobres
(periféricos), junto dos centros urbanos do país.

Actualmente, já é recorrente observar as influências de ambos os tipos arquitectónicos em


determinados contextos das zonas periféricas dos grandes centros urbanos, aquando da substituição
das casas de caniço por casas com materiais mais permanentes e resistentes e da alteração da forma de
uso do espaço de habitar, fazendo coexistir diferentes modos de usufruir do espaço da casa. Contudo, as
técnicas utilizadas na construção continuam a ser transmitidas de morador para morador, mesmo as
mais complexas, sem recurso a manuais ou desenhos técnicos, existindo a necessidade de manter o
processo construtivo o mais rigoroso, detalhado e regulado possível.

De acordo com os dados do censo 2017 a maioria da população em Maputo Cidade vive em casas
básicas (67.6%), casas mistas (12.3%) e flats (10.1%). Poucas são palhotas 21 (0.8%). O tipo de habitação
varia muito entre o distrito de Kampfumo (DU1) onde 69.5% e os restantes distrito pois maior parte da
população vive em casas mistas e básicas. Exemplo, no distrito de Kanyaca 72% da população vivem em
casas mistas.
2.2.2.1. Evolucao dos modelos construtivos

No final do século XIX e início do século XX, já Maputo começava a formar-se enquanto cidade
portuguesa, muitas eram as obras para permitir a execução dos planos urbanísticos que iam surgindo ao
longo dos anos, sempre com alguma alteração ou melhoramento, mas com base no traçado ortogonal
das ruas e avenidas para a construção da cidade. Um dos grandes responsáveis por estas obras foi o
Gabinete de Urbanização Colonial, anexo ao Ministério das Colónias, que no seculo XIX “preparou
numerosos planos para as câmaras municipais de Moçambique e controlou a inteira produção
urbanística na década sucessiva” (BRUSCHI, LAGE, 2005, p.35). Se em termos de planos urbanísticos não
houve grandes alterações ao longo das décadas – apenas reconhecendo alguns acertos ou algumas
alterações mais profundas localizadas – no que diz respeito às áreas urbanizadas e zonas residenciais já
se notaram algumas discrepâncias ao longo dos anos, não só pelo desenvolvimento arquitectónico e
tecnológico, mas também pela necessidade de criar mais espaço e condições habitacionais à crescente
camada populacional que procurava casa na cidade. No início, a ocupação residencial da cidade era
caracterizada pela sua dispersão no terreno, uma vez que o comum era construir habitações de um piso
com jardim, sendo que estas se diferenciavam pelos bairros residenciais nos quais estavam
enquadradas, interferindo esta localização nas tipologias construtivas (MORAIS, 2001, p.44). Os
materiais mais recorrentes eram a madeira, o zinco e o ferro, existindo algumas excepções sob
inspiração Neoclássica, influenciadas pelos modelos ingleses e holandeses existentes nos países vizinhos
(FERREIRA, 2008, p.21). Com os primeiros trabalhos de desenvolvimento das redes ferroviárias dá-se a
introdução de um novo material que vai revolucionar a construção na cidade: o cimento. Este material é
utilizado de forma racional e económica até à década de quarenta, aplicado por arquitectos como Abel
Pascoal, Américo Alarcão, Francisco Assis e António Rosas, entre outros (LAGE, 2005, p.90). O ponto de
viragem na construção arquitectónica da cidade dá-se com a introdução dos edifícios em altura – sur
gem assim os prédios que ultrapassam os típicos dois pisos. A arquitectura moderna é introduzida na
cidade de Maputo nesta altura, com “a introdução de novos modelos adaptados às características
climáticas do País”. (LAGE, 2005 p.90) Isto leva as empresas de construção a adquirir novas capacidades
construtivas com novos materiais e com melhor qualidade – como o betão armado, e a resolução de
problemas técnicos que advém destas novidades criando projectos racionais. Esta evolução
arquitectónica deveu-se muito a arquitectos como Fernando Mesquita, João Tinoco, Pancho Guedes,
Craveiro Lopes, Fernando Eurico, Marco Miranda Guedes e Alberto Soeiro, que desenvolveram o seu
trabalho entre Maputo e a Beira e perpetuaram através dos seus edifícios a imagem modernista desta
cidade, que ainda hoje existem e fazem parte do património cultural e arquitectónico de Moçambique
(LAGE, 2005, p.93). Deslocando-nos do centro até às zonas periféricas da cidade compreendemos que
este legado arquitectónico não se extingue no centro da cidade, sendo transportado para as imediações
dos bairros periurbanos, como é exemplo Chamanculo C. Este bairro vai absorvendo diferentes tipos
arquitectónicos consoante a proximidade ou afastamento em relação ao centro urbano.
2.3. Requalificacao urbana

O conceito de requalificacao urbana abrange as alteracoes, desenvolvidas de forma integrada, das


caracteristicas de uma area urbana que esta em transicao devido a um processo de declinio. Inclui
aspectos economicos, social, ambiental e fisicos como a seguir se apresentam:

Aspectos economicos

As novas caracteristicas dos sectores secundario e terciario, bem como dos sistemas de transportes e
comunicacao e a sua adaptacao as exigencais dos novos consumidores levam a necessidade de criacao
de novos espacos para ai se desenvolverem.

O objectivo da requalificacao economica assenta na craiacao de condicoes adequadas a manutencao de


uma actividade economica rentavel, inclui ainda o desenvolvimento de actividades que proporcionem
emprego aos habitantes da zona, permitindo a sua inclusao no tecido produtivo.

Aspectos socias

A necessidade de intregrar socialmente toda a populacao nao permitindo a criacao de bolsas de


marginalidade que correspondem a grupos que nao coseguiram acompanhar a evolucao, quer por
terem niveis de escolariedade insuficientes para integrarem plenamente o mercado de trabalho, quer
por estarem numa faixa etaria elevada e terem feito todo o seu percurso de vida em contexto diferente,
quer ainda por serem originarias de contextos socio-espaciais diversos, exige o desenvolvimento de
actividades de apoio social.

Estas actividades podem integrar desde cursos de formacao profissioanal a centros infantis que
permitam que as mulheres possam desempenhar actividades remuneradas, elevando assim o seu
estatuto economico, bem como o do seu agregado familiar.

O processo de gentrification, que corresponde a uma migracao de populacao de nivel socio-economico


superior para zonas emprobrecidas e baratas, segundo uns autores, ou a uma mobilidade social
ascendente sem mobilidade espacial, segundo outros, pode considerar-se uma das formas de ajudar a
requalificar em termos economicos e sociais as areas antigas, mas nao resolve o problema por si so.

O termo gentrification foi apresentado pela primeira vez por Glass para descrever mudancas sociais nos
bairros de Londres no fim dos anos 50 e principios dos anos 60.

O objectivo da requalificacao social é cortar o ciclo de probreza a que certas areas urbanas parecem
destinadas, alterando a percepcao social que se tem delas. Pode ser uma forma de manter algumas
areas arquitetonicamente relevantes mediante um pequeno encargo financeiro por parte do sector
publico, que na sua recuperacao, ou pelo menos na sua manutencao.
Condicoes ambientais

A elevacao dos padroes de educacao da populacao, pelo aumento da escolariedade minima e pelo
acesso crescente a niveis elevados de ensino, a generalizacao da seguranca social, com a atribuicao de
abonos e subsidios, a urbanizacao da populacao, etc., ou seja o aumento da sua capaciade para avaliar a
a qualiadade de vida de que usufrui e a que tem direito, levam-na a tornar-se mais exigente
relativamente as caracteristicas do espaco urbano.

As condicoes ambientais sao de grande importancia na percepcao que a populacao tem uma
determinada area e, em consequencia disso, do comportamento que tem perante ela.

Se uma area lhe é agradavel frequenta-a mais, tornando-a mais segura, e tendo mais cuidado na sua
preservacao. Pelo contario, se lhe é desagravel tendera a assumir comportamentos hastis,
nomeadamnte ao nivel da limpeza e conservacao, que irao reforcar a sensacao de inseguranca na
comunidade.

Aspectos fisicos e de imagem

Consideram-se os aspectos morfologicos do aglomerado como a plana e os edificios. A transicao da


modernismo-funcionalismo ( os funcionalistas nao eram apologistas do reutilizacao dos edificios, nem
da sua multi-funcionalidade o que leva ao desprezo pelos edificios antigos) para o pos –modernismo
( possibildade da reutilizacao e do poli-funcionalidade) sao factores signifcativos. A revitalizacao
economica de areas desactivadas com novas funcoes em edificios antigos tem um grande impacto no
aspecto fisico da cidade e na percepcao que os idividuos tem da mesma.

A imagem funciona como um quadro de referencias que facilita o conforto e a rapidez de deslocacao;
quand esta é clara e precisa constitui um factor positivo de desenvolvimento pessoal dando uma
sensacao de seguranca (LYNCH, 1960).

O nivel de cobertura das infra-estruturas tem muita importancia na qualidade urbana ( a agua,
electricidade, esgotos, novas tecnologias de comunicacao).

2.3.1. Requalificação urbana vs Comportamento Humano

Como foi referenciado acima, a requalificação urbana implica a reabilitação de antigas assim como a
implantação de novas infra-estruturas urbanas. No entanto, a sua conservação depende muito da
relação que o Homem em particular e a comunidade dos residentes da área abrangida no geral,
estabelecem com as mesmas infra-estruturas. Kuhnen e Polli (2011), afirmam que há uma
interdependência entre o ambiente humanizado 3ou natural e o comportamento humano, pois ocorre
uma dinâmica de troca entre a pessoa e o ambiente, influenciando positiva ou negativamente o estado
do ambiente natural ou construído.

Assim, é importante que a entidade responsável pela requalificação, procure formas de adaptar as
comunidades beneficiadas (os residentes de Chamanculo “C” e outros) a estes novos elementos
urbanísticos, através de uma educação voltada para a criação de um espírito de apropriação e
desenvolvimento de novas formas de estar perante um o novo ambiente.

Freire & Vieira, (2006) clamam que a requalificação deve ser acompanhada com o desenvolvimento de
novas formas de estar perante uma nova realidade espacial, o que requer mudança de comportamento
e atitude, que muitas vezes estão enraizados ao antigo do contexto social e nas crenças. Com a mudança
comportamental, estarão criadas novas representações e valores, que de entre outros podem motivar
as pessoas a desenvolver condutas efectivas ao novo património e consequentemente promover acção
de protecção ambiental.

Neste contexto, se o objectivo for garantir a conservação e protecção das infra-estruturas urbanas
construídas ou reabilitadas, no âmbito da requalificação do Bairro de Chamanculo “C”, este precisa
considerar os residentes como o seu potencial parceiro para o efeito. Consequentemente, deve garantir
que estes se associem e mudem de hábitos e costumes associados a antiga paisagem tais como: Má
deposição dos resíduos sólidos; falta de respeito pelo bem comum e o não gostar do belo individual
e/ou colectivo, que constituem formas de ser e estar que por muito tempo influenciaram o
comportamento e o estado do meio ambiente deste bairro.

2.3.2. Contexto mocambicano

A construção na área periurbana da cidade de Maputo remonta ao ano de 1940, data dos primeiros
registos de construções de caniço (MENDES, 1985, pág.95). Nesta altura, a cidade de cimento era ainda
local destinado à habitação da população branca (dos colonos), de tal forma que os nativos tinham que
procurar alternativas de habitação nos arredores da cidade consolidada, procurando manter-se nas
proximidades dos seus locais de trabalho. Este fenómeno agregado à escassez de habitação numa
cidade maioritariamente habitada pelos colonos fez com que s imediações de Maputo começassem a
ser ocupadas por negros que trabalhavam no centro urbano. Os primeiros indivíduos a assentarem
nesta zona da cidade procuraram criar condições para que os seus familiares se fossem juntar a eles,
desencadeando um fenómeno de evolução urbana periférica desordenada sem planeamento ou
legalidade, com péssimas condições e materiais de construção. Mas é quando Moçambique se torna
independente que se dá o boom da migração e da ocupação da periferia de Maputo. Grande parte das
famílias a habitar os bairros periféricos das áreas urbanas, imigrantes das zonas rurais, deslocaram-se
atraídos pelo desejo de obter novos empregos, melhorar as condições de vida, de saúde e cultura. Dado
o crescimento desmesurado desta área que colocava em relevo as condições de segurança dos poderes
coloniais, torna-se necessária a regulação da fixação desta faixa populacional sendo obrigatória a
construção destes assentamentos segundo traçados e alinhamentos estipulados pela Câmara
(FERNANDES, MENDES, pg. 5). Com a conquista da independência, outras medidas foram acrescentadas
para alterar o panorama do país, como a nacionalização da habitação que permitiu eliminar a
especulação no campo da habitação e estruturar a ocupação das habitações abandonadas pelos
portugueses por parte de famílias moçambicanas. Durante a implementação destas medidas, segundo
um estudo do MOPH/DNH e UNDP/Habitat (2006), “as câmaras municipais iniciaram a colocação de
serviços, equipamentos sociais e a providenciar apoio técnico para a construção de novas habitações,
para a instalação de actividades comerciais e artesanais nas zonas urbanas periféricas, baseadas num
esquema de participação da população de uma forma orientada.” (in Melhoramentos dos
Assentamentos Informais, Volume I, 2006).

Projecto de Assistência às Áreas Periurbanas

Na década de (19)70, surge o primeiro projecto de ordenamento, urbanização e desenvolvimento


habitacional dos bairros periféricos da cidade de Maputo, cujos objectivos principais passavam por
equipar a periferia urbana de infra-estruturas e serviços (transportes, serviços sociais e sanitários),
atenuando o contraste entre a já referida “cidade de cimento” e o “caniço”. No entanto, este programa
destinava-se à população com menor rendimento e que se localizava na periferia em habitação precária,
procurando criar um conjunto de soluções que resultassem numa melhoria global de habitação. Este
projecto-piloto foi coordenado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e
monitorizado pelo Centro para a Habitação e Planeamento das Nações Unidas em Nova Iorque,
abrangendo os actuais bairros de Maxaquene C, D e Polana Caniço, num total de 36 000 habitantes
locais, sendo promovido pelo Ministério das Obras Públicas e Habitação através da sua Direcção
Nacional de Habitação. Os bairros periurbanos eram caracterizados pelas suas áreas residenciais
precárias e sobrelotadas que levavam à sobrecarga das deficientes infra-estruturas que os circundavam.
A falta de planeamento do uso do solo foi agravando os problemas que estas áreas já vinham a
acumular, levando a que a crescente população urbana vivesse em áreas sem acesso a infra-estruturas e
equipamento social, sem segurança ou condições sanitárias. Convertendo estes dados em percentagem,
entre as décadas de (19)60 e (19)80, 50% da população residia nas áreas periurbanas da cidade, ou seja,
metade da população urbana da cidade de Maputo não tinha acesso aos serviços e equipamentos
básicos que deveria, muito menos com as mesmas condições de habitabilidade, ao contrário do que se
passava com a população que estava instalada no centro urbano. A proposta para colmatar os
problemas acima levantados passava pela concepção de trezentas habitações, dando a segurança de
posse de terra que os habitantes tanto queriam sem que houvesse necessidade de os realojar
ourelocalizar, garantindo-lhes maior acessibilidade e melhores espaços públicos. O processo de
execução do plano passava pela identificação das áreas disponíveis nos locais de intervenção, para
serviços e sistemas viários; a instituição de uma estrutura técnica de assistência aos problemas mais
elementares e o estabelecimento de interligações entre as estruturas de serviço.

Projecto Home Space

Surge em 1990 o projecto Home Space, baseado no programa de investigação “Home Space in African
Cities”, financiado pelo Conselho Dinamarquês de Pesquisa para a Inovação, sob a gestão do Professor
Jorgen Eskemose Andersen, da Faculdade de Arquitectura de Copenhaga. Este projecto foi feito através
da parceria do Professor Paul Jenkins, da Escola do Ambiente Construído, do Professor Jorgen Eskemose
Andersen, da Faculdade de Arquitectura de Copenhaga, da Doutora Ana Bénard da Costa, do Centro de
Estudos Africanos do ISCTE, e dos Professor Arquitecto Júlio Carrilho e Professor Doutor Carlos Trindade,
do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Habitat da Faculdade de Arquitectura e Planeamento
Físico da Universidade Eduardo Mondlane. Home Space procura analisar a natureza desta nova forma de
urbanismo como forma de vida, através da observação do impacto do ‘espaço de habitar’. Este conceito,
desenvolvido pela equipa acima apresentada, descreve de forma especulativa os espaços dentro da
maioria dos residentes urbanos africanos não sendo somente zonas dormitório mas também zonas
sociais, sendo tanto um local como um processo. Habitar é um conceito definido culturalmente mas a
criação do espaço de habitar é mais que a influência cultural uma vez que também envolve práticas
sociais e espaciais. Colectivamente, os espaços de habitar africanos não se ficam pelo espaço familiar
pois existe a criação de todos os espaços inerentes à interacção familiar e social e estão inevitavelmente
ligados a contextos políticos e económicos estabelecendo parâmetros estruturais para a sua criação. Ao
compreender o espaço de habitar subentende-se a compreensão dos aspectos físicos, sociais,
económicos, culturais e temporais que criam o espaço urbano. O programa é composto por três
componentes fundamentais de investigação:

A.. Contextualização e estudo do desenvolvimento urbano em Moçambique;

B.. Estudo de uma secção das áreas periurbanas da cidade de Maputo para compreender o que é tido
como espaço na casa e o seu papel na mudança urbana;

C.. Um estudo etnográfico aprofundado de uma pequena amostra de cerca de vinte famílias, incluindo
a constituição da família mais ampla e construção social da casa, de forma a melhor entender o que está
subjacente ao desenvolvimento do espaço de habitar a uma microescala. O foco deste projecto é
procurar demonstrar que muitas vezes o que é lido como um problema no que refere à evolução urbana
da África Sub-sahariana, é muitas vezes o veículo e a base da sua solução. Neste sentido, como refere
Paul Jenkins (2012, p.204), esta pesquisa foi fundamentada na necessidade de procurar novas formas de
abordar o desenvolvimento das cidades da África Sub-sahariana, evitando a aplicação simplista de
conceitos analíticos recebidos por terceiros, cuja envolvente política, económica, social e cultural é
distinta daquela presente nestas áreas. Exemplos chave são os conceitos aqui abordados, como: a
“informalidade” como um julgamento de valor binário; “slum” como uma categorização normativa e
“planeamento físico” como uma actividade de loteamento progressivo, sendo que todos estes pontos
pouco efeito têm na mudança e na rápida expansão na África Sub-sahariana. Seria de grande interesse
arquitectónico, urbanístico e social, repensar num novo plano de intervenção nas áreas peri-urbanas da
cidade de Maputo, agora numa perspectiva de melhoria territorial e não de construção de origem,
aproveitando as bases de investigação encontradas e utilizadas pelos projectos acima apresentados.

3. Estudo do caso: bairro do chamanculo c


A maior parte dos bairros informais em Maputo surgiu durante a guerra de independencia e durante a
guerra civil que se seguiu, com uma migracao de populacao das zonas rurais para as zonas urbanas, sem
precedentes na historia do pais. Com fim das guerras, essa pressao urbana continuou, com as pessoas
que vinham para as cidades em busca de oportunidades de trabalho, acesso aos servicos de saude e
educacao.

3.1. O surgimento do bairro

Segundo Dias (2017), o Bairro do chamanculo deve o seu nome a duas lagoas localizadas junto
as instalacoes do actual terreno ocupado pela Toyota Mocambique. A logoa maior era conhecida
como “Lhambankulo” uma palavra Ronga que significa banho para os mais velhos ou seja nesta
lagoa so os mais velhos tinham direito a um banho.
Dias (2017), referencia que em 1800 o lugar que hoje é conhecido como bairro de chamanculo
foi pertencente aos Rongas, que quer dizer pessoas da nascente. No tempo colonial, o nome era
bairro comunal de chamanculo.
Nos ultimos anos do seculo XVIII (cerca de 1860) o terreno que hoje é o chamanculo C
pertencia a duas pessaos e a medida que iam chegando imigrantes de todos os lados de
Mocambiqie para a Africa do Sul para trabalhar nas minas de ouro de diamantes, eles iam
vedendo e/ou cedendo terreno a estes.
Em 1975 o bairro ganha divisoes em 4 partes: chamanculo A, B,C e D e esta divisao permanece
ate aos dias actuais.

3.2. Caracteristicas fisicas do bairro

Por se encontrar inserida na cidade de Maputo, chamanculo não apresenta grandes características
físicas naturais gerais que o distinga do resto do território maputense, pelo que para conseguirmos
identificá-las temos que recorrer às características gerais da cidade. Contudo, porque nem todo o
território é igual, contendo sempre pequenas nuances dadas pela sua localização, chamanculo tem
algumas características que a distinguem dos bairros circundantes.

O bairro do chamanculo C localiza-se na provincia de Maputo, mais concretamente no distrito Municipal


de kalhamanculo. É um bairro formado predominantemente por assentamentos informais localizando-
se a Noroeste do centro da cidade de Maputo, sendo delimitado:

A oeste e norte pela avenida de Mocambique e pelos bairros Luis Cabral e unidade 7, e a este, pelos
bairros chamanculo D, Xipaminine e chamanculo B, a sul pela avenida do trabalho.

O solo desde bairro é usado para a funcao habitacional.

3.3. Perfil populacional e socioeconomico


Para além das características físicas de chamanculo, também a população contribui para a sua
singularidade. Quando falamos sobre a percentagem populacional dos bairros temos obrigatoriamente
que enquadrar estes números na envolvente do Distrito Municipal em que este se insere – DU2.

Segundo o INE (2017), o DU2 (distrito municipal Nhlamankulu) tem uma area de 12 km2, cerca de
127079 habitantes, onde 61432 habitantes do sexo masculino (49%) e 65647 habitantes do sexo
feminino (51%), uma densidade populacional de 15885 hab/km2 distribuídos pelos 11 bairros que o
constituem e tem um total de 29031 agregados familiares.

A populacao total deste bairro é de 26172 habitantes onde 12693 habitantes sao do sexo
mascuino (48,5%) e 13479 habitantes sao do sexo feminino (51,5%), contando com um total de
5234 agregados familiares e uma densidade populacional de 29666 hab/km2.

figura 1: grafico da populacao do bairro

3.4. Agregacao social e estilo de vida

O bairro do chamanculo C foi sendo constituido de forma irregular, por crescimento expontaneo, sem
projecto de urbanizacao, formando verdadeiros cortiços. As ruas nao possuem revestimento asfaltico,
sendo de tera batida. O bairro nao pousui infraestrutura urbana de saneamento basico, como rede
colectora de esgoto, coleta de residuos solidos, fornecimento de agua tratada, entre outros servico
essenciais a boa qualidade de vida.

Devido a condicao do solo e aos problemas de infaestruturas do bairro em dias chuvosos verifica-se o
grande problema de escoamento de águas pluviais.
O mau parcelamento é um dos principais problemas que Chamanculo enfrenta. Parcelas minúsculas
chegam a albergar entre 5 a 10 famílias.

Os habitantes desta zona são de renda baixa, e grande parte da população da

população dedica-se ao comércio de economia familiar, em que suas bancas e

barracas são postas frente as suas residências.

3.5. Habitacao

Suas principais características são as casas de madeira e zinco, havendo também

espaço para construções de alvenaria.

A predominância de residências em madeira e zinco foi influenciada pela regra que

não permitia o uso de materiais de difícil remoção na construção, pois, a zona era

considerada susceptível a plano de urbanização e expansão da cidade. Este conjunto

de edificados geralmente são precários, não apresentam dimensões consideráveis e

encontram-se em avançado estado de degradação, devido a durabilidade dos

materiais utilizados. Em alguns casos, tratam-se de edifícios antigos, que pertenciam

às classes nobres, que com a apropriação dos patrimónios viriam a passar para as

mãos dos nativos. A falta de condições financeiras por parte dos actuais proprietários

é um factor determinante para a falta de manutenção dos edifícios e o seu

consequente estado de degradação.

3.6. Projectos de requalificacao do bairro

Segundo os moradores, durante o periodo colonial ( cerca de 1920), o bairro foi sendo urbanizado e as
suas ruas eram largas e todas elas asfaltadas e algumas delas possuiam sistema de esgotos ( deram
como exemplo a Rua do entreposto). Entretanto, com o advento da independencia de Mocambique, as
imigracoes das populacoes de ouytras provincias para capital Maputo aumentou e o bairro foi
gradualmenente perdendo as ruas largas devido, principalmnete as construcoes desordenadas.

Temos dois exemplos de intervencoes urbanas feitas deste bairro que sao:

PROMAPUTO PEUMM ( CMM+Banco Mundial)


CMCM no âmbito da requalificação do Bairro de Chamanculo “C”, urge, de forma resumida, deixar a
conhecer o que é que o CMCM fez no âmbito da requalificação, no tocante às infra-estruturas urbanas.

Neste contexto, quando questionada sobre quais eram as infra-estruturas urbanas previstas e /ou
disponibilizadas no âmbito da requalificação do Bairro de Chamanculo “C”, a coordenadora do projecto
“Apoio à requalificação do Bairro de Chamanculo “C”, respondeu nos seguintes termos: “O projecto de
requalificação de Chamanculo “C”, tem por objectivo a construção de novas infra-estruturas tais como
arruamentos, vala de drenagem, arborização e fontanários públicos, bem como a reabilitação e
melhoramento de algumas já existentes, com é o caso vala de drenagem e espaços públicos”. Esta
informação consta do PPUBCC e condiz com o que foi afirmado pela coordenadora deste projecto de
requalificação. Assim, em termos de concretizações, ficou-se a saber da mesma coordenadora que
foram executadas as seguintes obras: a) Reconstrução da Vala de Drenagem existente; b) Pavimentação
na Av. Amaral Matos; c) Arborização7 da Av. Amaral Matos; d) Melhoramento de espaços públicos (em
curso à altura da pesquisa).

A coordenadora deste projecto de requalificação, ressaltou ainda que para além destas obras, prevê-se
igualmente a execução de uma outra vala na Rua de Tindzava.

Entretanto, a mesma fonte afirmou que “os fontanários não foram executados, por se considerar
irrelevantes, pelo facto de a população já ter acesso a água em suas casas”.

Esta afirmação constitui verdade, pois grande parte, ou senão toda a população de Chamanculo “C”, é
servida pelo sistema de abastecimento de água da empresa Fundo de Investimento e Património do
Abastecimento de água (FIPAG).

Projecto de cooperaco teorica trilateral

3.7. Modelos construtivos do bairro


3.7.1. Modelos existentes

3.7.2. Modelos propostos


4. Consideracoes finais
5. Referencias bibliograficas

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