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Neile Paulo António

Licenciatura em Planeamento e Ordenamento Territorial- P.L

Tema: Processos E Dinâmicas De Intervenção Peri-Urbana

Desenvolvimento Urbano Em Meio Rural

O presente trabalho a ser entregue no


departamento da FCTA 4º Ano 2º semestre.
na cadeira de Desenvolvimento Urbano Em
Meio Rural, sob recomendação Docente:
PhD Luis Guevane e Mário Manhique

Universidade Pedagógica de Maputo


Maputo
2023
Índice
1. Introdução...............................................................................................................3

1.1. Objectivos...............................................................................................................4

1.1.1. Geral....................................................................................................................4

1.1.2. Especifico............................................................................................................4

1.2. Metodologia............................................................................................................4

2. PROCESSOS E DINÂMICAS DE INTERVENÇÃO PERI-URBANA...............5

2.1. Parcelamento e atribuição de talhões......................................................................5

2.2. Reassentamentos e realojamentos..........................................................................6

2.3. Qualificação urbana................................................................................................6

2.4. Renovação urbana..................................................................................................7

2.5. Construção de grandes infra-estruturas, equipamentos e empreendimentos


imobiliários, em áreas tendencialmente desocupadas.......................................................8

2.6. Regularização fundiária..........................................................................................9

3. Conclusão.............................................................................................................11

4. Referencias Bibliográficas....................................................................................13

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1. Introdução
A intervenção periurbana é um processo complexo que envolve a gestão e o
planeamento de áreas localizadas nos arredores das cidades, conhecidas como zonas
periurbanas. Essas áreas muitas vezes experimentam um rápido crescimento
populacional e urbanização, à medida que as cidades se expandem. A dinâmica de
intervenção periurbana é influenciada por uma série de fatores, incluindo mudanças no
uso da terra, infraestrutura, acesso a serviços básicos e questões ambientais.

A cidade de Maputo, com cerca de 167 quilómetros quadrados2, é composta por um


centro urbanizado e por uma vasta área que se estende a partir dele, aqui globalmente
designada por peri-urbana, com diferentes níveis de urbanização, em função da
qualidade e quantidade de infra-estruturas, de equipamentos básicos e de transportes
públicos, da diversidade de usos do solo, principalmente de serviços e actividades
económicas, das características habitacionais, bem como da capacidade económica e do
estilo de vida dos seus habitantes

A intervenção periurbana geralmente requer a coordenação de múltiplos atores, como


governos locais, comunidades locais, empresas e organizações da sociedade civil. Essas
intervenções podem incluir a implementação de planos de ordenamento do território, a
melhoria da infraestrutura de transporte e a provisão de serviços como água, esgoto e
eletricidade. Além disso, questões relacionadas ao meio ambiente e à conservação de
recursos naturais desempenham um papel importante nas intervenções periurbanas, uma
vez que essas áreas muitas vezes abrangem ecossistemas frágeis e recursos naturais
valiosos.

A compreensão da dinâmica de intervenção periurbana é fundamental para o


desenvolvimento sustentável dessas áreas, garantindo que o crescimento urbano seja
planejado e gerenciado de maneira a promover o bem-estar das comunidades locais e a
proteção do meio ambiente.

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1.1. Objectivos
1.1.1. Geral

 Compreender de que forma os diferentes tipos de intervenção em curso se


relacionam com os fenômenos de segregação e exclusão sócio-espacial.

1.1.2. Especifico

 Realizar uma análise detalhada das necessidades das áreas peri-urbanas em


termos de habitação, infraestrutura, serviços públicos e meio ambiente;
 Desenvolve cada um dos tipos de intervenção, em função de uma realidade
concreta Moçambicana.

1.2. Metodologia
Para a concretização dos objectivos preestabelecidos recorrer-se ao método qualitativo.
A abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre a
realidade o sujeito e o objecto, um vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a
subjectividade do sujeito (Chizzotti, 2008). O método qualitativo mostra se mais idóneo
para a colecta de informação, desta forma para a execução este trabalho, primeiro fez-se
a revisão bibliográfica da literatura existente sobre o tema, identificando estudos
relevantes, teorias e conceitos-chave relacionados ao processos e dinâmicas de
intervenção no espaço peri-urbano Moçambicano concretamente na cidade de Maputo.

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2. PROCESSOS E DINÂMICAS DE INTERVENÇÃO PERI-URBANA
2.1. Parcelamento e atribuição de talhões
A intervenção por parcelamento e atribuição de talhões é um dos tipos de intervenção
peri-urbanas identificados por Jorge e Melo em seu artigo. Segundo as autoras, essa
intervenção é caracterizada pela divisão de terrenos em lotes menores, que são então
vendidos ou distribuídos para a construção de habitações. Essa prática tem sido utilizada
em muitas cidades africanas, incluindo Maputo, como uma forma de lidar com a falta de
moradia adequada e a necessidade de requalificação urbana

A intervenção por parcelamento e atribuição de talhões é uma estratégia que pode ser
observada em contextos neoliberalistas, especialmente em áreas periurbanas, como
parte do processo de expansão das cidades. Nesse modelo, a administração pública ou
outras entidades subdividem áreas periurbanas em pequenos lotes, chamados talhões,
que são posteriormente atribuídos a diferentes indivíduos ou entidades, muitas vezes
com o objetivo de promover o desenvolvimento e a ocupação dessas áreas.

Essa abordagem é frequentemente associada à promoção da propriedade privada e à


participação do setor privado no desenvolvimento urbano. Ela pode incentivar o
investimento e a construção por parte de proprietários individuais ou empresas. No
entanto, o sucesso desse modelo depende de um planeamento adequado,
regulamentações eficazes e infraestrutura básica, como fornecimento de água,
eletricidade e estradas.

É importante ressaltar que a intervenção por parcelamento e atribuição de talhões pode


ter desafios, como a falta de coordenação e a necessidade de garantir a oferta de
serviços públicos essenciais nas áreas periurbanas. Além disso, deve ser acompanhada
por políticas que garantam a equidade no acesso à terra e que evitem a especulação
imobiliária descontrolada.

Em resumo, a intervenção por parcelamento e atribuição de talhões é uma estratégia que


visa descentralizar o desenvolvimento urbano, tipicamente alinhada com princípios do
neoliberalismo, mas que requer planeamento cuidadoso para assegurar o crescimento
urbano sustentável e a qualidade de vida da população.

Ex: Bairros, como Zimpeto e Magoanine B e C

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2.2. Reassentamentos e realojamentos
A intervenção por reassentamento e realojamento é um dos tipos de intervenção peri-
urbanas identificados por Jorge e Melo em seu artigo. Segundo as autoras, essa
intervenção é caracterizada pela remoção de populações de áreas consideradas de risco
ou inadequadas para a habitação, com o objetivo de realocá-las em novas áreas
urbanizadas. Essa prática tem sido utilizada em muitas cidades africanas, incluindo
Maputo, como uma forma de lidar com a falta de moradia adequada e a necessidade de
requalificação urbana

A intervenção por reassentamento e realojamento em áreas periurbanas é uma estratégia


que pode ser observada em contextos neoliberalistas, especialmente quando as
autoridades ou investidores buscam desenvolver áreas que foram ocupadas de maneira
informal ou precária. Nesse modelo, as populações que vivem nessas áreas são
deslocadas para outras localizações, muitas vezes com o objetivo de liberar o terreno
para projetos de desenvolvimento, como empreendimentos imobiliários, infraestrutura
ou embelezamento urbano.

Essa abordagem visa frequentemente à modernização urbana e à atração de


investimentos privados, resultando em áreas mais lucrativas e atraentes para
empreendimentos comerciais e residenciais. No entanto, o reassentamento e
realojamento podem causar preocupações sociais, como o deslocamento forçado de
comunidades de baixa renda, a perda de laços comunitários e a falta de acesso a
serviços e oportunidades.

Para ser bem-sucedida, a intervenção por reassentamento e realojamento requer um


planeamento cuidadoso, a consideração dos direitos das populações afetadas, a garantia
de habitação acessível nas novas localizações e a participação das comunidades no
processo de decisão. É fundamental equilibrar o desenvolvimento econômico com a
justiça social para garantir que as populações locais não sejam prejudicadas de maneira
desproporcional.

Ex: Bairro do zimpeto

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2.3. Qualificação urbana
A intervenção por qualificação urbana é um dos tipos de intervenção peri-urbanas que
pode ser realizada em um contexto neoliberal identificados por Jorge e Melo em seu
artigo. Segundo as autoras, essa intervenção é caracterizada por um processo que visa
melhorar a qualidade de vida dos habitantes de uma cidade, por meio da melhoria das
condições de habitação, transporte, lazer, entre outros aspectos. Essa intervenção pode
ser realizada em áreas urbanas consolidadas ou em áreas peri-urbanas, e pode envolver
a requalificação de espaços públicos, a construção de novas habitações ou a reabilitação
de edifícios antigos.

A intervenção por qualificação urbana é uma estratégia que pode ser identificada em
contextos neoliberalistas, especialmente em áreas periurbanas, onde a expansão das
cidades encontra-se em expansão. Nesse contexto, a qualificação urbana visa aprimorar
e modernizar as áreas periurbanas, muitas vezes visando atrair investimentos privados e
promover o crescimento econômico. Envolve a melhoria da infraestrutura, como
estradas, saneamento, redes de serviços públicos e a criação de espaços públicos mais
atraentes, como parques e áreas de lazer. Além disso, a qualificação urbana pode incluir
o desenvolvimento de zonas industriais, comerciais ou de serviços que atraem empresas
e empregos para a região.

É importante observar que essa estratégia pode ter impactos sociais, como o aumento
dos custos de moradia e o deslocamento de comunidades de baixa renda. Portanto, a
intervenção por qualificação urbana deve ser acompanhada por políticas que buscam
mitigar esses efeitos negativos, como a oferta de habitação acessível e a inclusão das
comunidades locais no processo de planeamento.

A intervenção por qualificação urbana é uma estratégia que visa melhorar áreas
periurbanas, muitas vezes no âmbito do neoliberalismo, mas que deve ser realizada com
cuidado para equilibrar o desenvolvimento econômico com a justiça social

Ex: Bairros como Mafalala e Chamanculo C.

2.4. Renovação urbana


A intervenção por renovação urbana é um dos tipos de intervenção peri-urbanas
identificados por Jorge e Melo em seu artigo. Essa intervenção é caracterizada por uma
estratégia que pode ser observada em contextos neoliberalistas, especialmente nas áreas

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periurbanas, como parte do processo de expansão e desenvolvimento das cidades. Nesse
contexto, a renovação urbana visa revitalizar áreas já urbanizadas, frequentemente com
o objetivo de atrair investimentos privados, melhorar a infraestrutura e criar ambientes
urbanos mais atraentes.

A requalificação de áreas degradadas, a restauração de edifícios antigos ou abandonados


e a criação de espaços públicos, como praças e parques. Além disso, a renovação urbana
muitas vezes incentiva a construção de propriedades comerciais, residenciais ou
industriais, visando aumentar o valor das terras e atrair negócios e investimentos.

A renovação urbana também pode ser controversa, pois pode resultar no deslocamento
de comunidades de baixa renda que já vivem nessas áreas. Portanto, é fundamental
implementar políticas de inclusão social, como a garantia de habitação acessível e a
participação das comunidades afetadas no processo de planeamento.

A intervenção por renovação urbana é uma estratégia que visa revitalizar áreas
periurbanas, frequentemente no contexto neoliberal, mas deve ser conduzida de maneira
equitativa e sensível aos impactos sociais para garantir o desenvolvimento sustentável
dessas regiões.

Ex: Bairros Polana Caniço A, a área da Praça de Touros e Maxaquene A

2.5. Construção de grandes infra-estruturas, equipamentos e empreendimentos


imobiliários, em áreas tendencialmente desocupadas
A intervenção por construção de grandes infraestruturas, equipamentos e
empreendimentos imobiliários em áreas tendencialmente desocupadas é um dos tipos de
intervenção peri-urbanas identificados por Jorge e Melo em seu artigo. Segundo as
autoras, essa intervenção é caracterizada pela construção de grandes projetos urbanos,
como aeroportos, portos, estradas, pontes, shopping centers e outros empreendimentos
imobiliários em áreas que são consideradas desocupadas ou subutilizadas. Essa prática
tem sido utilizada em muitas cidades africanas, incluindo Maputo, como uma forma de
promover o desenvolvimento econômico e a modernização urbana

A intervenção por meio da construção de grandes infraestruturas, equipamentos e


empreendimentos imobiliários em áreas periurbanas desocupadas é uma estratégia
comum em contextos neoliberalistas, onde o desenvolvimento é frequentemente
impulsionado pelo setor privado e pela busca de lucro. Nesse cenário, as autoridades ou

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investidores identificam áreas periurbanas que oferecem oportunidades para expansão
urbana e desenvolvimento econômico.

Essa intervenção envolve a construção de grandes projetos, como rodovias, aeroportos,


centros comerciais, complexos residenciais ou industriais, frequentemente em áreas
previamente desocupadas ou com uso de terra limitado. Esses empreendimentos são
destinados a atrair investimentos e empresas, gerando empregos e impulsionando o
crescimento econômico.

A construção de grandes infraestruturas e empreendimentos imobiliários pode levantar


preocupações ambientais, sociais e de planeamento. Isso inclui o impacto no meio
ambiente, o deslocamento de comunidades locais e a necessidade de fornecer
infraestrutura e serviços públicos adequados para apoiar o crescimento.

Portanto, a implementação dessas intervenções deve ser acompanhada de


regulamentações e políticas que abordem essas preocupações e busquem garantir um
desenvolvimento equilibrado, que leve em consideração tanto o crescimento econômico
quanto o bem-estar das comunidades locais e a preservação do meio ambiente.

Ex; Bairro como Zimpeto

2.6. Regularização fundiária


A regularização fundiária é um processo que visa a regularização de assentamentos
irregulares e a titulação dos respectivos ocupantes e é um dos tipos de intervenção peri-
urbanas identificados por Jorge e Melo em seu artigo. Visando garantir o direito à
moradia, o integral desenvolvimento das funções sociais da propriedade urbana e o
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. A regularização fundiária pode
ser realizada em áreas urbanas ou rurais e envolve medidas jurídicas, ambientais,
urbanísticas e sociais.

A regularização fundiária é o conjunto de medidas urbanísticas, ambientais e sociais


previstas em lei que visam a regularização de assentamentos até então irregulares e a
titulação dos respetivos ocupantes, visando garantir o direito à moradia, o integral
desenvolvimento das funções sociais da propriedade urbana e o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado. A regularização fundiária pode ser realizada em
áreas urbanas ou rurais e envolve medidas jurídicas, ambientais, urbanísticas e sociais.

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A intervenção por regularização fundiária é uma estratégia que pode ser aplicada em
contextos neoliberalistas, especialmente em áreas periurbanas, para lidar com questões
de propriedade da terra. Essa abordagem visa legalizar as ocupações informais de terra,
tornando-as propriedades legais, muitas vezes com o objetivo de aumentar a segurança
da posse e melhorar as condições de vida das populações que vivem nessas áreas.

A regularização fundiária envolve processos legais e administrativos que podem incluir


o mapeamento das áreas ocupadas, a concessão de títulos de propriedade ou direitos de
uso da terra e a garantia de acesso a serviços públicos, como água, eletricidade e
saneamento. Ela também pode promover o desenvolvimento de infraestrutura e serviços
nessas áreas.

Essa intervenção é importante porque aborda questões de justiça social, ao garantir que
as populações de baixa renda tenham direitos de propriedade sobre as terras que
ocupam. Além disso, ela pode contribuir para a estabilidade e o desenvolvimento dessas
áreas periurbanas.

A implementação bem-sucedida da regularização fundiária requer uma abordagem


cuidadosa, envolvendo colaboração entre o setor público, o setor privado e a
participação da comunidade local. O objetivo é equilibrar o desenvolvimento urbano, a
segurança da posse e o acesso a serviços básicos, sem deslocar injustamente as
populações já estabelecidas nas áreas periurbanas.

Ex: Bairro como Polana Caniço A, a área da Praça de Touros e Maxaquene A

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3. Conclusão
As características sócio-espaciais da cidade de Maputo desenvolvem-se e consolidam-se
ao longo do tempo através de diferentes processos e dinâmicas de intervenção, alterando
a configuração da dualidade sócio-espacial que sempre a marcou. Actualmente, a par do
predomínio da autoprodução do espaço, destacam-se seis tipos de intervenção nas áreas
peri-urbanas: parcelamento e atribuição de talhões, reassentamentos e realojamentos,
qualificação urbana, renovação urbana, construção de grandes infra-estruturas,
equipamentos e empreendimentos imobiliários e regularização fundiária. Estes estão
presentes em bairros peri-urbanos mais antigos próximos do centro (Mafalala e
Chamanculo C; Polana Caniço A; área da Praça de Touros e Maxaquene A) e mais
recentes e afastados (Zimpeto e Magoanine B e C), com características espaciais
distintas.

Cada um dos tipos de intervenção, em função da especificidade dos territórios onde


actualmente as transformações são mais significativas, é susceptível de diferentes níveis
e formas de segregação e exclusão, aqui analisadas sob três prismas: a exclusão dos
benefícios proporcionados pelo território urbano, o processo em si mesmo e as
aspirações e percepções dos principais actores envolvidos, em relação à cidade e aos
tipos de intervenção. As noções de segregação e exclusão revelam-se complexas e
multifacetadas e o seu combate, dada a amplitude da problemática, implica acções
integradas em diferentes domínios, destacando-se: “o social, o económico, o
institucional, o territorial e o das referências simbólicas”(Bruto da Costa, 2007, p. 14).

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4. Referencias Bibliográficas

JORGE, Sílvia e MELO, Vanessa , «Processos e Dinâmicas de Intervenção no


Espaço Peri-urbano: O caso de Maputo», Cadernos de Estudos Africanos [Online],
27 | 2014, posto online no dia 17 junho 2014, consultado: 01 Novembro 2021. URL:
http://journals.openedition.org/cea/1488; DOI:
https://doi.org/10.4000/cea.1488

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