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Resumo
A urbanização reflecte o crescimento das cidades, tanto em população quanto em
extensão territorial. É o processo em que as zonas rurais transformam-se em espaços
urbanos, decorrente do crescimento populacional aliado à natalidade, como também à
migração populacional do tipo campo-cidade que, quando ocorre de forma intensa e
acelerada, é chamada de “êxodo rural." Ao longo do tempo, vivem cada vez mais pessoas
nas cidades moçambicanas, o que acarreta uma crescente demanda por serviços e infra-
estruturas públicas para poder satisfazer-se as diversas necessidades das pessoas. Tais
são a provisão de serviços de saneamento do meio, saúde, educação, água potável,
energia, telecomunicações, rede viária, dentre outros.
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Abstract
Urbanization refers to the growth of cities, both in population and in territorial extension. It
is the process in which rural areas are transformed into urban spaces, due to population
growth combined with birth rates, as well as rural-city population migration, which, when
intense and accelerated, is called “rural exodus”. "
Over time, more and more people live in Mozambican cities, which leads to a growing
demand for services and public infrastructure to be able to support the diverse needs of
people. Such are the provision of sanitation services, health, education, drinking water,
energy, telecommunications, road network, among others.
INTRODUÇÃO
Ora, indo a fundo sobre esta temática, pode-se depreender que, ou os governos e
municípios não dispõem de planos-directores de ordenamento territorial ou, existindo, os
mesmos não estão a ser devidamente implementados, provavelmente devido à fraca
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coordenação inter-institucional e à exiguidade orçamental para uma execução cabal dos
planos de estrutura, assim como para o fomento da habitação, o que nos remete a
suspeitar que as políticas de habitação não sejam inclusivas, favorecendo as minorias
com maior robustez financeira, em detrimento da maioria, com um quadro orçamental
apertado.
Neste contexto, foram formuladas quatro (4) questões de pesquisa, de acordo com o
quadro abaixo.
RAÍZ DO
PROBLEMA PORQUE PORQUE PORQUE PROBLEMA
Fraca
coordenação
inter-institucional Os planos Não existem A maioria dos
Falta de políticas e exiguidade directores/de bairros novos
de habitação orçamental para estrutura, parcelados e assentamentos
inclusivas a execução cabal existindo, não infra-estruturados são informais
dos planos estão a ser
directores do devidamente
ordenamento implementados
territorial, assim
como para o
fomento da
habitação
Entende-se por solo urbano, a área compreendida dentro do perímetro dos municípios,
das vilas e povoações legalmente instituídas (Omar et al., 2023).
Sendo o escopo central da pesquisa perceber a questão sobre quais as principais causas
do crescimento desordenado das cidades moçambicanas, os objectivos específicos da
pesquisa são os seguintes:
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Analisar os riscos sociais e ambientais dos assentamentos informais
Identificar os instrumentos regulatórios existentes do ordenamento territorial
e os desafios da sua implementação efectiva, dentro do quadro legal
moçambicano
Assim, Julião et. al. (2009) definiu perigo como qualquer processo ou acção susceptível
de causar danos ou prejuízos identificados. A incidência espacial, isto é, a predisposição
natural de determinado local, em ser afectado por um perigo de certa severidade
(potencial do perigo causar danos) é definido, segundo a mesma fonte, como
susceptibilidade. Desta forma, conhecido o perigo, a sua severidade e a susceptibilidade,
pode-se estimar a perigosidade – probabilidade de ocorrência de um perigo de
determinado potencial e um certo lugar. Por seu turno, vulnerabilidade é vista na
qualidade do nível de perda percentual latente de um elemento exposto. Os elementos
expostos (população, estruturas, actividades económicas, etc.) podem ser estratégicos,
ou seja, aqueles de vital importância para a utilidade pública. Entretanto, a perigosidade
só se reveste de importância se houver elementos expostos, cuja valoração combinada
com a sua vulnerabilidade reflecte a consequência ou impacto (prejuízo) do perigo. E, o
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produto deste potencial prejuízo pela perigosidade seria, finalmente, o que chamaríamos
de risco.
Estudos indicam duas abordagens em relação ao risco, nomeadamente a objectivista,
que encara o risco num sentido probabilístico (matemático), e a subjectivista, a qual
define que o risco só existe a partir das interacções sociais (Lieber & Romanolieber,
2002). Ainda de acordo com estes pesquisadores, o risco é, também, analisado no prisma
individual e colectivo, dando-se primazia a este, visto que a maior parte das avaliações do
risco tem em vista o planejamento prevenção e mitigação.
Lourenço & Amaro, em 2018, definiram as tipologias de riscos que, de forma sumária
pode-se agrupá-las em três principais categorias:
Riscos naturais
Aqueles resultantes de fenómenos naturais, podendo ser geológicos, climáticos,
hidrológicos, geomorfológicos e biológicos;
Antrópicos
Que dizem respeito a fenómenos que causam danos em resultado da intervenção
do ser Homem, podendo ser agrupados nos seguintes dois subtipos: tecnológicos
e sociais;
Riscos Mistos
Os que derivam tanto de condições naturais, como de acções antrópicas.
No início do século XX, de acordo com Baia (2011), começam a eclodir cidades
nitidamente marcadas pela presença colonial portuguesa: edificadas para os europeus,
as novas cidades são portos de escoamento de produtos de exportação e lugares da
administração colonial portuguesa. Para o caso de Moçambique, o municipalismo
português foi introduzido entre 1762 e 1764 em sete povoações (Inhambane, Sofala,
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Sena, Tete, Quelimane, Moçambique e Ibo). Em 1818, a capital na Ilha de Moçambique
foi elevada à categoria de ‘cidade’. Tinha nessa altura cerca de 5.000 habitantes.
Baia (2011) refere ainda que as cidades oriundas da implantação colonial portuguesa em
Moçambique caracterizam-se pela coexistência de duas áreas: uma que albergava
população de origem europeia e asiática, com um traçado geométrico que indicava
preocupações com o planeamento urbano e; outra, não planeada e com infra-estruturas
precárias, onde os africanos viviam como mão-de-obra necessária para os trabalhos de
construção civil, para os carregamentos no porto, para os trabalhos domésticos, entre
outros.
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administrativos da cidade. Assim, produz-se um espaço urbano que estrategicamente
garante não apenas a reprodução das relações sociais, mas e, fundamentalmente, a
acumulação de riqueza nos moldes da economia mercantil colonial, num contexto
dominado por uma economia especificamente capitalista, embora dependente.
É a partir da década de 1990 que tem lugar o crescimento explosivo das periferias
urbanas em Moçambique, sem o equitativo acompanhamento em termos de infra-
estruturas e serviços urbanos (Araújo, 2003). É quando surgiu, no País, a cidade do tipo
neoliberal, diferente do tipo ocidental, que tipificou os tempos anteriores, marcado pela
desregulação das políticas públicas e pelo recuo em grande medida, dos investimentos
públicos.
Note-se que a estrutura citadina herdada do colono permanece quase intacta, com vias
asfaltadas e maior concentração de infra-estruturas e serviços urbanos, um tecido
ortogonal em constante renovação. Paralelamente, a periferia cresce extensivamente,
marcada pela pobreza, ausência da execução e fiscalização dos princípios de
ordenamento do uso do solo, ou seja, pela informalidade e deterioração das condições
básicas de habitabilidade.
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Assim, a periferia tornou-se o único refúgio para milhares de pessoas de baixa renda, no
período neoliberal, cerca de 75 % do crescimento demográfico das cidades africanas é
determinado pelo crescimento natural, isto é, pela diferença entre a natalidade
(fecundidade) e a mortalidade (Hansine & Arnaldo, 2019, citando Ezeh et al., 2010). Em
1950, somente 29,6 % da população mundial era considerada urbana; em 2014, mais da
metade, isto é, 53,6 % da população mundial vivia em áreas urbanas. Para 2030,
projecta-se que 60 % da população mundial viverá em espaços urbanos, podendo em
2050 atingir 66,4 %. No passado, a maior parte deste crescimento foi liderada pelos
países economicamente mais avançados. Porém, estima-se que 90% do crescimento
urbano global actual e nas próximas décadas tem tido e terá lugar particularmente na
Ásia e África, portanto em países economicamente menos avançados, dos quais
Moçambique é parte integrante.
Estimativas indicam que dos 801 590 km 2 da área total do País, somente cerca de 5000
km2 correspondem à superfície urbana, ou seja, 0,6 % da superfície total do País. Por
outro lado, das 23 cidades moçambicanas, 13 estão situadas em territórios
ecologicamente sensíveis, tais como planícies fluviais e litorais. Em termos demográficos,
existe uma grande variabilidade entre elas, porém, a sua população tem vindo a aumentar
exponencialmente, sendo que dentre as cidades com densidades mais elevadas,
destacam-se Maputo e Matola, com mais e 2000 habitantes por km 2. As mais baixas
densidades observam-se em Maxixe e Inhambane, com cerca de 500 habitantes por km 2
(Maloa, 2016).
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via de desenvolvimento. Habitualmente refere-se a todos aqueles países que têm
uma história interconectada de colonialismo, neocolonialismo e uma estrutura social
e econômica com grandes desigualdades em padrões de vida, esperança de
vida ou acesso a recursos (Sul global – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org).
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Sendo Moçambique um
país propenso à
ocorrência de fenómenos
hidrológicos e
atmosféricos intensos,
tais como ciclones e Os centros urbanos População do litoral, Agrangência por
inundações, situados no litoral com destaque para a eventos climáticos
especialmente, à subida suburbana e peri- adversos
do nível médio das águas urbana
do mar, devido às
mudanças climáticas, o
aumento da população
urbana implica o
aumento de pessoas e
infra-estruturas expostas
ao risco de eventos
naturais extremos
Fonte: Novidade, Ciro (2023)
De referir que estas previsões de possíveis eventos adversos (riscos), têm a sua base
factos já acontecidos em diversos locais, confrontados com a bibliografia. Porém, há
ainda que se buscar aquilo que seriam as percepções destas comunidades, em relação a
estes possíveis riscos.
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margem das instituições do Estado ou mesmo em directa competição com o Estado
(Maloa, 2016).
Ora, quer sejam serviços vitais como o transporte, água, educação e saúde, quer sejam
serviços não vitais, os actores locais organizam-se de maneira estruturada para
providenciar os serviços de que os cidadãos necessitam, sendo esta, uma resposta à
limitada capacidade do Estado em providenciar serviços básicos. Portanto, o sector
terciário é maioritariamente auto-regulado, o que resulta, geralmente, em condições de
emprego precárias.
Matule (2016), propõe cinco zonas para zoneamento ambiental (áreas prioritárias) no
Município da Matola, nomeadamente: (i) a Zona Conservação Total; (ii) a Zona de
Conservação de Uso Sustentável; (iii) a Zona de Expansão urbana; (iv) a Z)ona de
Controle Ambiental e (V) a Zona Recuperação. Esta proposta de zoneamento ambiental,
pode servir de um instrumento de gestão municipal que possa limitar o crescimento
urbano e salvaguardar as qualidades ecológicas e ambientais do Município e fomentar o
seu uso sustentável, assim como auxiliar o processo de licenciamento ambiental de
actividades económicas.
Portanto, por meio deste instrumento o rápido crescimento urbano e o rápido crescimento
demográfico urbano podem ser convertidos em vantagens económicas e sociais
associadas à transição urbana. De acordo com Montgomery et al. (2013), a transição
urbana se refere a mudanças que ocorrem quando a sociedade deixa de ser
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caracterizada pelo domínio de assentamentos maioritariamente dispersos nos quais a
agricultura é a actividade económica dominante e passa a ser dominada por
assentamentos concentrados, isto é, cidades nas quais as principais actividades
económicas são a indústria e os serviços.
Entretanto, há que destacar, nesta lei, dois aspectos que merecem destaque (artigo 12):
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se deram após a guerra civil condicionaram a ocupação espontânea do solo
urbano e a formação de assentamentos informais, principalmente nas capitais do
país.
A base desta definição é o Decreto n°20/2015 ,de 4 de Setembro, que aprova as normas
e critérios de classificação dos distritos e zonas urbanas, classificando cidades e zonas
urbanas em níveis: A (1.250.000 hab.), B (500.000 hab.), C (250.000 hab.) e D (100.000
hab.). O grau de desenvolvimento económico, social e cultural que elas apresentam, que
inclui critérios como, finanças públicas, indústria, comércio, serviços, turismo e lazer,
saúde, água e energia, educação, urbanização, saneamento do meio, transportes e
comunicações, justiça, segurança e ordem pública, vias de acesso, cultura e desporto, é
também considerado (MOÇAMBIQUE, 2015).
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Conclusões
As zonas periféricas surgem como zonas de expansão das cidades, cujos moradores têm
dependências económicas e sociais com as “zonas de cimento”, sendo caracterizadas
por assentamentos informais, de difícil circulação interna e, por coinseguinte, sujeitas a
fracas ou inexistentes serviços básicos.
Referências bibliográficas:
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Matule (2016), PROPOSTA DE ZONEAMENTO AMBIENTAL PARA O MUNICÍPIO DA
MATOLA EM MOÇAMBIQUE, Universidade Estadual de Feira de Santana
McNamara, R. S. (1983), TIME BOMB OR MYTH: The population problem
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