Você está na página 1de 33

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO – UNEMAT

RAFAELA SANCHES MANTOVANI

DETERMINAÇÃO DAS CURVAS DE INTENSIDADE-DURAÇÃO-


FREQUÊNCIA DAS PRECIPITAÇOES MÁXIMAS PARA MUNICÍPIOS
DO NORTE DO ESTADO DE MATO GROSSO:
Alta Floresta, Guarantã do Norte e Sorriso

Sinop
2016/1
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO – UNEMAT

RAFAELA SANCHES MANTOVANI

DETERMINAÇÃO DAS CURVAS DE INTENSIDADE-DURAÇÃO-


FREQUÊNCIA DAS PRECIPITAÇOES MÁXIMAS PARA MUNICÍPIOS
DO NORTE DO ESTADO DE MATO GROSSO:
Alta Floresta, Guarantã do Norte e Sorriso

Projeto de Pesquisa apresentado à Banca


Examinadora do Curso de Engenharia Civil –
UNEMAT, Campus Universitário de Sinop-MT,
como pré-requisito para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Civil.
Prof. Orientador: Dr. Flavio Alessandro Crispim.

Sinop
2016/1
I

LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Estações pluviométricas analisadas. ....................................................... 24
Tabela 2 – Coeficientes de desagregação de chuvas de 24 horas. .......................... 26
Tabela 3. Cronograma previsto para a pesquisa....................................................... 29
II

LISTA DE EQUAÇÕES
1
T= Equação 1 ................................................................................................... 16
P
a  Tr b
i= Equação 2 .......................................................................................... 18
t  cd
-YTr
P = 1 - e -e Equação 3 .......................................................................................... 20
YTr = -ln[-ln (1 - 1/Tr)] Equação 4 ............................................................................. 20
X Tr = X  K Tr  s Equação 5 ..................................................................................... 20
K Tr = 0,45 + 0,78 YTr Equação 6 .............................................................................. 20
D max  Max F' ( x) F( x) Equação 7 ......................................................................... 21
1,5 ln ( lnd )
7,3
C24(d) = e Equação 8 ................................................................................ 25
E
i= Equação 9 .......................................................................................... 26
t  cd
E = a  Tr b Equação 10 ........................................................................................... 26
log i = log E - d  log t  c Equação 11..................................................................... 26
log E = log a  b  log Tr Equação 12 ........................................................................ 26
III

LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Estado do Mato Grosso com a distribuição espacial das cidades
analisadas no presente trabalho ................................................................................. 9
IV

LISTA DE ABREVIATURAS
ANA – Agência Nacional de Águas
CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica
DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
IDF – Intensidade-Duração-Frequência
INMET – Instituto Nacional de Meteorologia
MT – Mato Grosso
UPH – Unidade de Planejamento Hídrico
V

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
1. Título: Determinação das curvas de intensidade-Duração-frequência das
precipitações máximas para municípios do Norte do estado de Mato Grosso:
Alta Floresta, Guarantã do Norte e Sorriso.
2. Tema: Engenharia Civil (3.01.00.00-3).
3. Delimitação do Tema: Hidrologia (3.01.04.02-5).
4. Proponente: Rafaela Sanches Mantovani.
5. Orientador: Flavio Alessandro Crispim.
7. Estabelecimento de Ensino: Universidade do Estado de Mato Grosso.
8. Público Alvo: Acadêmicos e profissionais da área.
9. Localização: Avenida dos Ingás, 3001 Jardim Imperial, Sinop-MT CEP:
78550-000.
10. Duração: 1 Semestre
VI

SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ........................................................................................... I
LISTA DE EQUAÇÕES ....................................................................................... II
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ III
LISTA DE ABREVIATURAS................................................................................ IV
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ............................................................................. V
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 8
2 PROBLEMATIZAÇÃO .................................................................................... 9
3 JUSTIFICATIVA.............................................................................................. 11
4 OBJETIVOS .................................................................................................... 12
4.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................... 12
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 12
5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 13
5.1 HIDROLOGIA ............................................................................................. 13
5.2 BACIA HIDROGRÁFICA ............................................................................ 14
5.3 CICLO HIDROLÓGICO .............................................................................. 14
5.3.1 Precipitações .................................................................................... 15
5.3.2 Tempo de recorrência ...................................................................... 16
5.4 SISTEMA DE COLETA DE DADOS........................................................... 17
5.5 CURVAS IDF ............................................................................................. 17
5.5.1 Kolmogorov-Smirnov ....................................................................... 20
5.5.2 Análise dos parâmetros de regressão linear ................................. 21
5.6 TRABALHOS REFERENTES A MATO GROSSO ..................................... 21
6 METODOLOGIA ............................................................................................. 24
6.1 OBTENÇÃO DOS DADOS ......................................................................... 24
6.2 CLASSIFICAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS DADOS ................................. 24
6.3 DESAGRAGAÇÃO DE CHUVAS INTENSAS ............................................ 25
6.4 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS.................................................... 26
6.4.1 Parâmetro a ....................................................................................... 26
6.4.2 Parâmetro b ....................................................................................... 27
6.4.3 Parâmetro c ....................................................................................... 27
6.4.4 Parâmetro d ....................................................................................... 27
6.5 DETERMINAÇÃO DAS CURVAS IDF ....................................................... 27
6.6 TESTE DE ADERÊNCIA ............................................................................ 28
6.6.1 Kolmogorov-Smirnov ....................................................................... 28
6.6.2 Análise dos parâmetros de regressão linear ................................. 28
VII

6.7 COMPARAÇÃO ENTRE AS CURVAS....................................................... 28


7 CRONOGRAMA ............................................................................................. 29
8 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO ................................................................. 30
8

1 INTRODUÇÃO
A construção e melhoramento de obras de drenagem, prevenção de erosão
do solo e determinação de vazões de projeto, por exemplo, necessita de estudo
hidrológico local tendo em vista o monitoramento das máximas de chuvas, atribuindo
período de recorrência com a introdução de probabilidade e risco de ocorrência de
determinados eventos.
No estado de Mato Grosso, a obtenção de dados que caracterizam o
comportamento das chuvas é limitada. Segundo informações dispostas no site da
Agência Nacional de Águas – ANA (2016) existe 87 estações com dados de chuvas
no estado, contudo, poucos com tratamento estatístico, ou com tratamento
englobando dados de poucos anos.
A probabilidade de ocorrência de uma chuva é determinada a partir de uma
base de séries históricas que, devidamente tratadas, formam as curvas de
Intensidade-Duração-Frequência – IDF.
As curvas IDF relacionam a intensidade máxima da chuva com a sua duração
e o tempo de retorno (tempo de recorrência) a partir de séries históricas de postos
pluviográficos.
Diante da inexistência de dados estatísticos locais que demonstram as
máximas de chuva, juntamente com sua intensidade e duração, muitas obras
utilizam informações obtidas de outras localidades, o que pode afetar no
desempenho da obra tanto no sentido econômico, ao superdimensiona-la ou na
logística, ao confeccionar um produto que não atende à demanda necessária.
No presente projeto será realizado o cálculo das curvas IDF para as cidades
de Alta Floresta, Guarantã do Norte e Sorriso situadas ao norte de Mato Grosso,
proporcionando maior distribuição de informações estatísticas recorrentes as
máximas de chuvas para elaboração de obras mais precisas.
9

2 PROBLEMATIZAÇÃO
O estado de Mato Grosso é dividido em Mesorregiões cuja maior delas é o
Norte, com 53 cidades. As cidades de Alta Floresta, Guarantã do Norte e Sorriso
situam-se nesta mesma Mesorregião e compõem a Bacia Hidrográfica do Rio
Amazonas.
Segundo a Agência Nacional de Águas a Bacia do Rio Amazonas é a mais
extensa rede hidrográfica do globo terrestre, composta por 13 sub-bacias, ocupando
uma área total de 6.110.000 km². As maiores demandas pelo uso de água na região
ocorrem nas sub-bacias dos Rios Tapajós, Madeira e Negro. As três cidades em
estudo para este trabalho encontram-se dispostas na sub-bacia do Rio Tapajós,
mais precisamente na Unidade de Planejamento Hídrico – UPH Rio Teles Pires, em
localidades distintas do Norte de Mato Grosso, conforme mostra a Figura 1.

Figura 1 – Estado do Mato Grosso com a distribuição espacial das cidades analisadas no presente
trabalho
Fonte: Acervo Próprio (2016).

É notória a importância de estudos específicos para a elaboração de projetos


de obras hidráulicas. Os dados de estações meteorológicas instaladas em várias
regiões do Brasil são de total relevância, visto que são a partir do tratamento
estatístico desses dados que se torna viável a elaboração mais precisa de
determinados projetos.
10

Quando não há tratamento dos dados hidrológicos da região através de


curvas IDF, costuma-se aplicar dados estimados empiricamente pela experiência do
próprio engenheiro projetista, ou mesmo basear-se em dados de obras hidráulicas
semelhantes executadas em regiões mais próximas, o que não demonstra
confiabilidade, podendo tanto superestimar as condições hídricas quanto não
atender a demanda necessária.
11

3 JUSTIFICATIVA
Obras hidráulicas, como de drenagem pluvial, tanto prediais quanto de
infraestrutura, necessitam de precisão para seu correto dimensionamento e posterior
execução. Essa precisão está diretamente relacionada ao tratamento estatístico de
dados relativos a intensidade máxima de chuva na região.
A maior parte dos dados disponíveis referentes a curvas IDF cobrem séries
de 15 a 20 anos. No o estudo de Oliveira (2011), encontrou-se as relações IDF para
136 cidades de Mato Grosso, com tempo de retorno de 2, 5, 10, 25, 50 e 100 anos,
a partir de dados de séries históricas com período de 15 anos.
Botan e Crispim (2014) obtiveram a curva IDF para o município de Sinop-MT
abrangendo uma série de 39 anos. Este trabalho dá continuidade ao estudo
compreendendo outros municípios da mesma sub-bacia e Unidade de Planejamento
Hídrico - UPH. Para as cidades de Alta Floresta, Guarantã do Norte e Sorriso,
situadas, assim como Sinop, na UPH Teles Pires, torna-se importante a elaboração
de curvas IDF para analisar as diferentes intensidades de chuvas juntamente com
suas durações e frequências, comparando-as com a curva do município de Sinop –
MT. Tendo em vista que essas cidades são localizadas na mesma mesorregião, no
complexo de usinas hidrelétricas do Rio Teles Pires e na mesma sub-bacia
hidrográfica e UPH, mas em pontos diferentes, faz-se relevante sua determinação.
12

4 OBJETIVOS
4.1 OBJETIVO GERAL
Elaborar as curvas de Intensidade-Duração-Frequência para três cidades que
compõem a UPH Teles Pires da Bacia Hidrográfica do Rio Amazonas.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


 Determinar os parâmetros a, b, c e d das equações de intensidade máxima
para as cidades de Alta Floresta, Guarantã do Norte e Sorriso;
 Comparar o resultado das curvas IDF obtidos ao final do trabalho, com dados
da literatura referentes a UPH.
13

5 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No presente capítulo, será retratada a definição de determinados
conhecimentos específicos para o cumprimento do objetivo final do projeto, expondo
conceitos que servirão como suporte teórico, tendo em vista sua relevante
importância para compreensão deste estudo.

5.1 HIDROLOGIA
A hidrologia é basicamente a ciência que estuda a água na superfície
terrestre, na atmosfera, no solo e no subsolo. Ela trata da água na terra, sua
ocorrência, circulação, distribuição espacial, propriedades físicas e químicas e sua
relação com o ambiente (CORDERO, 2013). Para Jabôr (2011), a hidrologia é uma
ciência básica cujo conhecimento é essencial ao agrônomo, ao ecologista, ao
geógrafo, ao engenheiro e à vários outros profissionais.
De acordo com Pinto et al (2011), os projetos de obras hidráulicas futuras são
elaborados a partir de dados do passado. Ainda que a sucessão histórica de vazões
ou precipitações, constatada no passado, não se repita exatamente para o futuro, os
estudos hidrológicos baseiam-se na recorrência dos regimes de precipitação e
escoamento dos rios ao longo do tempo.
Existem dois métodos de estudo, de acordo com os processos analíticos
utilizados, que são a Hidrologia Paramétrica e a Hidrologia Estocástica (PINTO et al,
2011). A primeira caracteriza-se pela análise de parâmetros físicos a fim de sintetizar
eventos hidrológicos, como por exemplo os processos para obtenção de
hidrogramas unitários sintéticos e reconstituição de hidrogramas em função de
dados climáticos. Já a Hidrologia Estocástica, é a manipulação estatística das
variáveis hidrológicas para resolver problemas, como por exemplo, considerar as leis
estatísticas na previsão do regime de rios, deixando de considerar uma simples
repetição de eventos passados.
Para Pinto et al (2011), o domínio inadequado do homem sobre as leis
naturais é claro, tendo em vista, os efeitos catastróficos das grandes cheias e
estiagem mesmo surgindo a partir de fenômenos hidrológicos comuns e
aparentemente conhecidos, como as chuvas e o escoamento dos rios. Desta forma,
torna-se evidente o relevante papel da hidrologia no conhecimento necessário para
14

o seu melhor aproveitamento, tendo em foco a prevenção contra tais fenômenos e


catástrofes.

5.2 BACIA HIDROGRÁFICA


Bacia hidrográfica é a área de captação natural dos fluxos de água,
originados a partir da precipitação, que faz convergir seu escoamento à um único
ponto de saída, exutório (TUCCI, 2013). Na prática, para definir o espaço de uma
bacia hidrográfica é importante definir um ponto de referência em um determinado
curso d’água, e também atribuir as informações topográficas do local.
Pela definição de Cordero (2013), a bacia hidrográfica pode ser considerada
um sistema físico no qual a entrada é o volume de água precipitado e a saída é o
volume de água escoado pelo enxutório, levando em conta, como perdas
intermediárias, os volumes evaporados e infiltrados.

5.3 CICLO HIDROLÓGICO


Para Cordero (2013), o ciclo hidrológico é o conceito central da hidrologia.
Para Pinto et al (2011), ele configura-se na movimentação da água, em estado
sólido, líquido ou gasoso, pela atmosfera, pela superfície da terra, no subsolo ou
pelos oceanos, lagos e mares.
Conforme Pinto et al (2011), na atmosfera, a água pode ser encontrada em
forma de vapor, partículas líquidas, gelo ou neve. As gotículas de água, ao atingirem
determinada dimensão, precipitam-se em forma de chuva, podendo formar
partículas de gelo ou neve ao atravessarem zonas com temperaturas muito baixas.
Parte da precipitação não chega a atingir o solo, seja durante a evaporação, no
decorrer da própria queda, ou porque fica retida pela vegetação.
Do volume de água que atinge o solo, uma fração se infiltra, outra evapora e
a outra fração escoa sobre a superfície. O escoamento da água ocorre justamente
quando a intensidade da precipitação excede a capacidade de infiltração no solo e
as depressões no terreno são preenchidas, fazendo com que a água se mova
naturalmente para canais, formando o curso dos rios.
O ciclo hidrológico é constituído pela evaporação, condensação, precipitação
e escoamento. Grande parte da água que cai sobre a terra destina-se ao mar, uma
parte evapora durante a precipitação, outra evapora já na superfície da terra e outra
é absorvida pelas plantas. Da água que encontra seu caminho para o mar, uma
15

parte escoa pela superfície até atingir estagnação ou um curso d’água, enquanto
outra, se infiltra no terreno e por percolação ou drenagem, também atinge
estagnação ou um curso d’água (JABÔR, 2011).
Embora o ciclo hidrológico possa parecer um mecanismo contínuo, na
realidade ele ocorre de modo bastante aleatório, variando em tempo e espaço. Em
algumas ocasiões a natureza provoca chuvas torrenciais que ultrapassam a
capacidade de rios e lagos, ocasionando inundações. Enquanto, outras vezes, o
ciclo aparenta estagnação, sessando, portanto, a precipitação e o consequente
escoamento superficial. Conforme Jabor (2011), são esses extremos de enchente e
de seca que mais interessa aos engenheiros, tendo em vista que os muitos projetos
hidráulicos possuem finalidade de proteção contra estes extremos.

5.3.1 Precipitações

Denomina-se precipitação a água da atmosfera que atinge a superfície da


terra na forma de chuva, granizo, neve, orvalho, neblina ou geada. É a fase
alimentadora do ciclo hidrológico. Para Collischonn e Tassi, (2010), a chuva é a
forma mais comum e a mais relevante na engenharia, tendo em vista que ela é a
principal causa dos processos hidrológicos, tornando um desafio sua correta
quantificação.
A condição básica para a ocorrência de precipitação é o vapor de água na
atmosfera. A quantidade de vapor contida no ar é limitada. Quando esta quantidade
ultrapassa o limite de concentração de saturação, as partículas se condensam.
A concentração de saturação aumenta com o aumento da temperatura, logo,
o ar mais quente pode conter mais vapor que o ar frio. O ar úmido mais leve se
eleva para camadas mais frias da atmosfera gerando gotículas de água, formando
nuvens. Essas gotas das nuvens, ao atingirem tamanhos entre 0,5 e 2,0 milímetros,
ultrapassam as correntes de ar que as sustentam, precipitando, portanto, a água das
nuvens para a superfície da terra em forma de chuva (TUCCI, 2013).
Conforme Cordero (2013), as precipitações podem ser classificadas em
convectivas, orográficas ou frontais. As chuvas convectivas resultam de convecções
térmicas, as quais as camadas próximas a superfície terrestre se aquecem, fazendo
com que o ar suba rapidamente. Essa ascensão promove um forte resfriamento das
massas de ar que se condensam quase que instantaneamente. Esse tipo de chuva
ocorre em dias quentes, normalmente em fins de tarde.
16

Chuvas orográficas são normalmente intensas e acompanhadas de neblina.


Elas são formadas quando ventos quentes, vindos do oceano ao continente,
encontram barreiras montanhosas em seu percurso, fazendo com que os mesmos
subam e resfriam-se adiabaticamente, havendo condensação do vapor e
consequente precipitação. Já as chuvas frontais são aquelas cuja duração e as
áreas atingidas tendem a ser maior. Elas ocorrem ao longo da linha de
descontinuidade, separando duas massas de ar com características diferentes.
De acordo com Pinto et al (2011), no ponto de vista da engenharia, chuvas
convectivas são relevantes para obras em pequenas bacias, como cálculo de
bueiros e galerias de águas pluviais, enquanto as chuvas orográficas e frontais
interessam aos trabalhos de grandes projetos de obras hidroelétricas, controle de
cheias e navegação.

5.3.2 Tempo de recorrência

Tempo de recorrência, também denominado de período de retorno, é o


intervalo de tempo estimado de um determinado evento, ou seja, o tempo de retorno
é o inverso da probabilidade de ocorrência de uma vazão ou precipitação, igual ou
superior, em um ano qualquer, por exemplo (SUDERHSA, 2002). O período de
recorrência é, portanto, dado pela seguinte equação:

1
T= Equação 1
P
Onde:
T = tempo de recorrência em anos;
P = probabilidade de determinado evento ocorrer.
Para Jabor (2011), a escolha de um determinado período de retorno remete-
se a uma análise de economia e de segurança, considerando o tipo de obra. Quanto
maior for o período de retorno, maiores serão os valores das precipitações de pico
encontradas e consequentemente, mais segura e cara será a obra.
Para cada tipo de obra utiliza-se períodos de retorno distintos de acordo com
seu grau de importância, levando em consideração os supostos prejuízos advindos
de um futuro acidente, devido à um subdimensionamento de projeto. Para um
extravasor de barragem, por exemplo, os períodos variam de 1.000 a 10.000 anos,
pois, acidentes neste tipo de obra acarretam prejuízos incalculáveis e, geralmente,
17

um elevado número de vítimas. Já em obras de canalização de cursos d’agua para


controle de inundação, onde os problemas são atenuados, o tempo de recorrência
varia de 5 a 50 anos, de acordo com a importância da obra (JABÔR, 2011).

5.4 SISTEMA DE COLETA DE DADOS


Para se fazer um determinado estudo, normalmente é necessária uma coleta
de dados coerente e ininterrupta. No caso de dados de precipitação é de extrema
relevância que os mesmos sejam obtidos de maneira contínua, buscando precisão
na coleta, para que ocorra de forma coesa de acordo com as instruções técnicas e
normas vigentes.
Segundo Collischonn e Tassi, (2010), no Brasil, a precipitação é
convencionalmente medida através de aparelhos chamados de pluviômetros ou
pluviógrafos, tendo em vista que radares meteorológicos ou imagens de satélite
possuem erros associados relativamente grandes. Todavia, em relação a análise de
distribuição espacial da chuva, estes últimos aparelhos tornam-se ferramentas
excelentes e com mais utilidade que os primeiros.
Particularizando os pluviômetros e pluviógrafos, já que são os mais utilizados,
sua diferença é vista quanto ao detalhamento de dados obtidos. No primeiro, as
leituras são feitas a cada 24 horas por uma pessoa encarregada de registrar
periodicamente os dados colhidos, enquanto no segundo, o próprio aparelho
armazena dados mais precisos de acordo com a distribuição temporal de chuvas ou
a variação das suas intensidades.
Normalmente nos pluviômetros as leituras são feitas em intervalos de 24
horas, em provetas graduadas, sempre às 7 horas da manhã, por um observador
que anota o valor lido em uma caderneta e envia à agência responsável todo fim de
mês (PINTO et al, 2011). Deve-se cuidar para que alguns erros comuns durante a
coleta possam ser minorados, como, água derramada durante a transferência do
coletor para proveta, perdas de água por evaporação no coletor, escala equivocada
da proveta ou leitura defeituosa, anotação errada, etc.

5.5 CURVAS IDF


Para projetos de obras hidráulicas, tais como sistemas de drenagem,
vertedores de barragens, galerias pluviais, dimensionamento de bueiros, entre
18

outros, é necessário conhecer as três grandezas que caracterizam as precipitações


máximas: intensidade, duração e frequência (CORDERO, 2013).
A partir das observações das chuvas intensas durante um período de tempo
suficientemente longo e representativo dos eventos extremos do local, são
determinadas as relações entre a intensidade, a duração e a frequência das
precipitações, formando a equação ou curva IDF. Segundo Villela e Mattos (1975),
podem ser seguidos dois enfoques alternativos para a análise estatística das séries
de chuvas, que são as séries parciais ou anuais, as quais sua escolha depende do
tamanho da série de dados disponível para o processo de estudo.
A metodologia das séries parciais é empregada quando o número de anos de
registros é menor que 12 anos e os períodos de retorno que serão utilizados são
inferiores a 5 anos. Já a de séries anuais baseia-se na seleção das maiores
precipitações anuais de uma duração escolhida (TUCCI, 2013). Desta forma, para o
presente trabalho será utilizado a metodologia de séries anuais, já que os registros
obtidos ultrapassam o número mínimo de anos.
Fixando graficamente os dados das intensidades máximas médias do mesmo
período de retorno com suas respectivas durações, obtém-se uma família de curvas
cujas intensidades decrescem com o aumento da duração, para um episódio pluvial
isolado (PINTO et al, 2011). Essas conclusões costumam ser comprovadas através
de equações empíricas presentes em inúmeros livros de hidrologia, demonstrada
com a sequente expressão:

a  Tr b
i= Equação 2
t  cd
Onde:
i = a intensidade máxima média de precipitação em mm/h;
t = a duração da chuva em minutos;
Tr = o tempo de recorrência em anos;
a, b, c, d = são parâmetros a serem determinados para cada localidade.
A dificuldade na obtenção de equações IDF de chuvas intensas reside na
escassez de registros pluviográficos. Desta forma, podem ser aplicadas
metodologias com base em dados pluviométricos através do coeficiente de
desagregação de chuvas (SAMPAIO, 2011).
19

De acordo com Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes –


DNIT (2005), quando não existem dados pluviográficos disponíveis pode-se
correlacionar dados de estações pluviométricas, com o mínimo de 10 anos de
observações, à um posto pluviográfico transformando a precipitação de um dia em
uma precipitação equivalente de 24 horas, através do método de desagregação de
chuvas.
No estudo realizado por Santos et al (2009), foram determinadas as equações
IDF do estado de Mato Grosso do Sul. Foram analisados dados de 109 postos
pluviométricos, já selecionados por possuírem séries maiores que 15 anos. Esses
dados foram submetidos ao método de desagregação de chuvas proposto pelo
Departamento de Águas e Energia Elétrica da Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental – DAEE-CETESB/1980, e verificados pelo teste de
Kolmogorov-Smirnov para um nível de significância de 1% relacionados aos dados
observados na distribuição de Gumbel;
Castro, Silva e Silveira (2011), tiveram seu trabalho relacionado com a
determinação da curva IDF para as precipitações máximas do município de Cuiabá –
MT. Analisando dados pluviométricos de 25 anos, também utilizou o método de
desagregação de chuvas fornecido pela DAEE-CETESB/1980 e os coeficientes de
localidade foram ajustados pelo método dos mínimos quadrados.
Para os dados meteorológicos da cidade de Sinop, situada ao norte de Mato
Grosso, Botan e Crispim (2014) encontrou a curva IDF também a partir do método
de desagregação proposto pela CETESB/1979 utilizando tempos de retorno de 2, 10
e 40 anos. Para garantir a normalidade dos dados, foi usado o teste de aderência de
Kolmogorov Smirnov, a um nível de 5% de significância. Desta forma, observando
os resultados dos estudos acima, conclui-se que é satisfatório o método de
desagregação de chuvas, tendo em vista que as regiões selecionadas possuíam
apenas registros pluviométricos.
De maneira geral, as distribuições de valores extremos das precipitações
ajustam-se satisfatoriamente à função de Gumbel, também conhecida como
distribuição de Fisher-Tippett do tipo I (VILLELA E MATTOS, 1975).
Conforme DNIT (2005), Gumbel demonstrou que, se o número de vazões
máximas anuais tende para o infinito, a probabilidade P de uma determinada
descarga máxima ser superada é expressa pela equação seguinte, para um número
de elementos infinitos:
20

-YTr
P = 1 - e -e Equação 3

Onde:
P = probabilidade de um valor extremo da série ser maior ou igual ao de um
determinado evento;
YTr = variável reduzida.
A variável reduzida da distribuição de Gumbel é obtida pela aplicação da
função de distribuição de frequência de Chow demostrada a seguir:

YTr = -ln[-ln (1 - 1/Tr)] Equação 4

O evento extremo XTr é dado pela expressão sequente, utilizada na maioria


das funções de frequência aplicadas na hidrologia (DNIT, 2005):

X Tr = X  K Tr  s Equação 5

Onde:
XTr = evento extremo no decorrer do ano;
X = média dos valores extremos da série histórica;
S = desvio padrão;
K Tr = fator de frequência dado por:

K Tr = 0,45 + 0,78 YTr Equação 6

Para garantir a confiabilidade dos resultados obtidos torna-se necessário o


uso de testes que comprovem os mesmos. Sampaio (2011) apresenta em seu
trabalho alguns desses testes de aderência a fim de legitimar os dados obtidos pelas
curvas IDF, dentre eles o qui-quadrado, o de Kolmogorov-Smirnov e a análise dos
parâmetros de regressão linear. No presente trabalho será utilizado apenas os dois
últimos.

5.5.1 Kolmogorov-Smirnov

O teste de Kolmogorov-Smirnov relaciona duas distribuições de frequência


acumuladas, uma teórica e outra proveniente de dados amostrais. Ele serve para
verificar se os dados amostrais estão consistentes. Quando o valor calculado for
menor que o encontrado em tabela, a um determinado nível de significância, indica
que a distribuição determinada adere as amostrais teóricas (SAMPAIO, 2011). Este
teste é calculado através da equação sequente:
21

D max  Max F' ( x) F( x) Equação 7

Onde:
D max
= máxima diferença entre os valores provenientes da distribuição teórica e
empírica;
F' ( x) = distribuição teórica;

F( x) = distribuição derivada dos dados amostrais.

5.5.2 Análise dos parâmetros de regressão linear

O uso da análise de regressão linear, do ponto de vista estatístico, consiste


em estabelecer uma relação funcional entre a variável dependente Y e a variável
independente X, verificando se, e como, uma influencia na outra, analisando,
portanto, a variância entre as distribuições (GARCIA e LEITE, 2005).
Conforme Sampaio (2011), pode-se verificar a aderência dos valores obtidos
de uma distribuição experimental com o de uma distribuição teórica analisando a
regressão linear (Y = a + b . X), onde X são os valores de YTr (Equação 4) e Y o

valor de K Tr (Equação 6). Comparando-se os coeficientes da regressão e não


existindo diferenças estatisticamente significativas, pode-se admitir que há aderência
entre os valores obtidos das distribuições empírica e teórica.

5.6 TRABALHOS REFERENTES A MATO GROSSO


Para o desenvolvimento do presente trabalho, tomou-se como referência
alguns estudos já desenvolvidos para o Estado de Mato Grosso, os quais receberam
aplicação de métodos semelhantes com o objetivo de obter equações de chuvas
intensas para a elaboração das curvas IDF.
Garcia et al (2011) apresentou em seu trabalho a determinação da equação
IDF para três estações meteorológicas do Estado de Mato Grosso (Cáceres, Cuiabá
e Rondonópolis), pertencentes a rede do Instituto Nacional de Meteorologia –
INMET. Utilizou-se as metodologias de análise de pluviogramas, desagregação de
chuvas de 24 horas e de Bell. Para identificar o modelo probabilístico que
apresentasse melhor ajuste aos dados foi utilizado o teste de aderência de
Kolmogorov-Smirnov a nível de significância de 5%. Ao final, concluiu-se que o
22

método de desagregação apresenta melhor desempenho global e em séries mais


longas, comparados ao método de Bell.
No trabalho de Souza (2014), foi realizado um estudo hidrológico a partir de
dados de estações pluviográficas e pluviométricas do INMET, com o objetivo de
calibrar o modelo de Bell para a obtenção da equação de chuvas intensas de sete
cidades de Mato Grosso, sendo elas: Cáceres, Canarana, Cuiabá, Poxoréu,
Rondonópolis, Santo Antônio do Leverger e São José do Rio Claro. A maior série
histórica adquirida para dados pluviográficos foi de 18 anos enquanto que para
dados pluviométricos foi de 58 anos.
A equação IDF padrão, juntamente com os coeficientes de desagregação de
chuvas de 24 horas, foram obtidas por Garcia et al (2011) e o ajuste de distribuição
de probabilidade foi avaliado pelo teste de Kolmogorov-Smirnov a nível de
significância de 5%. Souza (2014), concluiu que os coeficientes do modelo de Bell
calibrados para as estações em estudo, assim como os parâmetros das equações
IDF ajustadas a partir do modelo de Bell com dados locais apresentaram elevada
significância e coeficiente determinação e que a utilização de dois anos de dados
não foi suficiente para a aplicação do modelo de Bell com bom desempenho.
Também se usou como referência para o presente trabalho o estudo de
Castro, Sillva e Silveira (2011), o qual foi desenvolvida a equação IDF para o
município de Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso a partir de dados
meteorológicos da estação situada em Várzea Grande (MT), obtidos pelo INMET,
com série histórica de 25 anos. Para o desenvolvimento da equação utilizou-se o
método de Gumbel e os coeficientes foram obtidos através de uma análise de
regressão pelo método dos mínimos quadrados.
Oliveira et al (2011) objetivou seu estudo na obtenção das relações IDF e do
modelo de Bell, utilizando da metodologia de desagregação de chuvas de 24 horas
para as observações diárias de 136 estações pluviométricas do Estado de Mato
Grosso disponível no banco de dados da ANA, todos com série histórica de 15 anos.
Empregou-se a distribuição de Gumbel para períodos de retorno de 2, 5 10, 25, 50 e
100 anos e os coeficientes das relações IDF e do modelo de Bell foram ajustados
pelo método dos mínimos quadrados, para todas as estações avaliadas.
Gonçalves (2011), por sua vez, apresentou um estudo das relações de IDF
com base em estimativas de precipitação por satélite para todas as sedes
municipais brasileiras, comparando algumas delas com curvas IDF já existentes. As
23

cidades mato-grossenses analisadas por Gonçalves (2011) foram Cuiabá,


Rondonópolis, Sinop e Várzea Grande somente. Através de todo estudo
desenvolvido, concluiu-se que curvas IDF geradas a partir dos dados de satélite
possuem incertezas, porém, são uma alternativa tão eficiente quanto a utilização de
chuvas desagregadas a partir de dados pluviométricos.
O estudo mais recente utilizado como referência foi o de Botan e Crispim
(2014) para os dados meteorológicos do município de Sinop. Foi encontrada a curva
IDF a partir do método de desagregação proposto pela CETESB/1979 utilizando
tempos de retorno de 2, 10 e 40 anos, juntamente com a distribuição de Gumbel. Ao
final do estudo, foi comparado os parâmetros e a curva IDF obtida no mesmo com a
de Cuiabá, proposta por Castro, Silva e Silveira (2011) e a de Sinop, obtidas por
satélite, disponível no estudo de Gonçalves (2011).
Desta maneira, o presente trabalho apresenta vasta fundamentação, visto que o
método a ser utilizado já possui vários estudos relacionados, desagregando chuvas
a partir de série de dados pluviométricos, utilizando a distribuição de Gumbel e
comprovando por métodos de aderência o quão os resultados mostram-se
confiáveis.
24

6 METODOLOGIA
Neste capítulo serão descritos os métodos que serão utilizados para
realização do trabalho, com a descrição dos parâmetros que interferem na
precipitação pluvial máxima, a fonte de obtenção dos dados juntamente com sua
classificação e organização, como será feita a desagregação de chuvas intensas e a
obtenção das curvas IDF.

6.1 OBTENÇÃO DOS DADOS


É trivial a obtenção de dados para o progresso de determinados estudos
hidrológicos. Os dados obtidos para a análise do presente trabalho foram retirados
do site da Agência Nacional de Águas – ANA (2016), utilizando de suas estações
apenas dados de chuvas.
As estações pluviométricas estão todas presentes na bacia do Rio Amazonas,
especificamente na UPH Teles Pires, a qual compõe a sub-bacia do Rio Tapajós, e
são detalhadas no site da seguinte maneira:

Tabela 1 – Estações pluviométricas analisadas.


Guarantã do
Municípios Alta Floresta Sorriso
Norte
Estação pluviométrica Alta Floresta Cachimbo Teles Pires

Código de referência 956000 954001 1255001


Latitude -9º52’13,08 -9º49’06,96 -12º40’30,0
Longitude -56º06’07,92 -54º53’11,04 -55º47’35,16
Período da série 1978 – 2015 1984 – 2015 1976 – 2015
Número de anos com
36 31 33
dados
Fonte: Adaptado de ANA (2016)

6.2 CLASSIFICAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DOS DADOS


Como já explicado no capítulo anterior, para este projeto será utilizada a
metodologia de séries anuais, uma vez que a disponibilidade dos dados, para as três
cidades em questão, é maior que 12 anos.
A princípio, os dados obtidos das estações pluviométricas do site da ANA
(2016) são organizados em ordem decrescente de anos (do mais antigo para o mais
recente) numa planilha de um software computacional de planilha de dados. A partir
deles, encontram-se as precipitações intensas mais características escolhendo as
25

de intensidade máxima referente às diversas durações. Calcula-se então a


probabilidade acumulada para cada ano e, a partir dela, seu respectivo tempo de
retorno.
Lembrando que serão adotadas as séries anuais que consistem na
observação das precipitações máximas em cada ano, desprezando as demais,
mesmo que essas atinjam valores maiores que a intensidade dos outros anos.
Posteriormente, após determinação da média e do desvio padrão da máxima
diária anual, faz-se uma análise das precipitações máximas selecionadas de acordo
com a duração. Neste caso serão utilizadas as mais usuais: 5, 10, 15, 25, 30,
minutos e 1, 6, 12, 24 horas.
Após encontrar as variáveis necessárias por meio de cálculos diversos, faz-se
uma tabela com os valores encontrados das intensidades pluviométricas variando de
acordo com suas respectivas duração e tempo de retorno. Com a tabela pronta,
elabora-se o gráfico, através de ferramentas do mesmo software, formando uma
curva para cada tempo de retorno previamente especificado.

6.3 DESAGRAGAÇÃO DE CHUVAS INTENSAS


As estações dos municípios de Alta Floresta, Guarantã do Norte e Sorriso
possuem somente dados de estações pluviométricas, os quais são coletados uma
vez por dia. Logo, torna-se necessário a utilização de métodos que tenham objetivo
de desagregar as chuvas em parcelas menores variando de acordo com a Tabela 2
fornecida pela CETESB (1979), apud Sampaio (2011).
Notando pequenos equívocos na tabela da CETESB, Silveira (2000)
determinou uma equação para os coeficientes de desagregação de chuva, lançando
a fórmula abaixo, em que d é a duração em minutos a que se refere o coeficiente
C24.

1,5 ln ( lnd )
7,3
C24(d) = e Equação 8

Contudo, para o cálculo de desagregação de chuva do presente trabalho,


será usado apenas os coeficientes tabelados fornecidos pela CETESB (1979), apud
Sampaio (2011), conforme a Tabela 2, visto que são mais usuais e bastante
fundamentados conforme já demonstrado em outros estudos, também comentados
neste trabalho.
26

Tabela 2 – Coeficientes de desagregação de chuvas de 24 horas.

Relação das durações Coeficientes

5 min/ 30 min 0,34


10 min/ 30 min 0,54
15 min/ 30 min 0,70
25 min/ 30 min 0,91
30 min/ 1 hr 0,74
1 hr/ 24 hrs 0,42

6 hr/ 24 hrs 0,72


12 hr/ 24 hrs 0,85
24 hr/ 1 dia 1,14
Fonte: CETESB (1979) apud Sampaio (2011)

6.4 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS


Depois de definido os processos de classificação e organização dos dados, e
o método de desagregação de chuvas, determina-se os parâmetros a, b, c e d da
fórmula da intensidade de chuva (Equação 2) para as estações das cidades de Alta
Floresta, Guarantã do Norte e Sorriso, por meio de um software de planilha de
dados.
De acordo com Oliveira et al (2000), a Equação 2 pode ser simplificada da
seguinte maneira:

E
i= Equação 9
t  cd
E = a  Tr b Equação 10
Desta maneira, aplica-se logaritmo em ambos os lados das duas equações,
linearizando-as:

log i = log E - d  log t  c Equação 11

log E = log a  b  log Tr Equação 12

Adotando c e sendo log i e t conhecidos obtém-se E e d, o que torna possível


a determinação dos parâmetros pelo método dos mínimos quadrados ordinários.

6.4.1 Parâmetro a
27

De acordo com Botan e Crispim (2014), o parâmetro a é o coeficiente linear


obtido pela equação linear representada na Equação 12, em que a mesma é gerada
a partir dos pares de coordenadas, em que as abcissas correspondem ao logaritmo
do tempo de retorno (Tr) e as ordenadas representam os coeficientes angulares das
retas obtidas a partir do logaritmo dos coeficientes de desagregação de chuvas
diárias, encontrados no item 6.3, e o logaritmo do tempo de duração da chuva
somado com o parâmetro c.

6.4.2 Parâmetro b

O parâmetro b é o coeficiente angular obtido da equação linear Y = a  b  X


representado pela Equação 12.

6.4.3 Parâmetro c

O parâmetro c é adotado, observando o que melhor representa o ajuste


verificado pelo coeficiente de determinação (r²) (OLIVEIRA et al, 2000).

6.4.4 Parâmetro d

A determinação do parâmetro d é obtida a partir do coeficiente angular dado


pela equação linear Y = a  b  X representado pela Equação 11.

6.5 DETERMINAÇÃO DAS CURVAS IDF


A partir das informações obtidas e calculadas conforme as explicações já
constadas neste projeto, forma-se então as curvas IDF respectivas de cada cidade,
a partir da fórmula da intensidade pluviométrica descrita pela Equação 2. O gráfico
da curva IDF é composto pela duração em minutos graduado de maneira crescente
na abcissa e a intensidade pluviométrica, dada em milímetros por hora, na
ordenada.
Conforme DNIT (2005), a aplicação do método estatístico é recomendável
para períodos de retorno de no máximo 100 anos ou menor que o dobro do período
de dados disponíveis. Portanto, no presente trabalho, serão desenvolvidas curvas
IDF com tempo de retorno de 5, 10, 20 e 50 anos e os pontos fixos para a duração
das chuvas serão de 5, 10, 15, 25, 30, 60, 360, 720 e 1440 minutos.
A determinação das curvas de IDF com os parâmetros da cidade de Sinop -
MT serão realizadas do mesmo modo, porém, a cidade já dispõe dos coeficientes de
28

localidade descritos por Botan e Crispim (2014). Assim, serão utilizados os valores
fornecidos nesse estudo.

6.6 TESTE DE ADERÊNCIA


6.6.1 Kolmogorov-Smirnov

O teste de Kolmogorov-Smirnov é aplicável apenas para testar a adequação


do ajuste de distribuições contínuas, completamente especificadas, isto é, quando
não há parâmetros para estimar (PINTO et al, 2011). O teste consiste em encontrar
o valor de D2 , presente na Equação 7, a partir da locação das funções de
distribuição acumulada amostral e a postulada em um gráfico, observando, desta
forma, a maior distância entre elas.

6.6.2 Análise dos parâmetros de regressão linear

A análise de regressão linear é uma coleção de ferramentas estatísticas para


encontrar as estimativas dos parâmetros no modelo de regressão. Logo, esta
equação ajustada é utilizada na previsão de observações futuras de Y ou para
estimar a resposta média em um nível particular de X (MONTGOMERY e RUNGER,
2003).

6.7 COMPARAÇÃO ENTRE AS CURVAS


Os gráficos de curvas IDF obtidos para as cidades de Alta Floresta, Guarantã
do Norte e Sorriso serão comparados entre si e em relação a curva IDF da cidade de
Sinop, obtida pelos mesmos métodos e parâmetros no estudo de Botan e Crispim
(2014). Também serão comparadas com as relações IDF obtidas por Oliveira et al
(2011) para as mesmas estações, contudo a série histórica utilizada por ele foi de
apenas 15 anos. O método utilizado para compará-los é o de identidade de modelos,
o qual será observado a inclinação das retas de intensidade de chuvas, conforme os
determinados tempos de recorrência.
Essas comparações são relevantes para conclusão correta dos resultados
gerados, tendo em vista a semelhança, ou diferença, da intensidade de precipitação
das cidades, já que estão dispostas em diversas localidades da mesma mesorregião
de Mato Grosso.
29

7 CRONOGRAMA
A tabela a seguir mostra o cronograma para o término do presente projeto de
pesquisa por meio do Artigo científico a ser desenvolvido como trabalho de
conclusão de curso.

Tabela 3. Cronograma previsto para a pesquisa


2016
ATIVIDADES
JUL AGO SET OUT NOV

Revisão bibliográfica
complementar

Tratamento de dados

Análise e discussão dos


resultados

Elaboração do Artigo
científico

Entrega e defesa do
Artigo científico
30

8 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

ANA – Agência Nacional de Águas. Seleção de Estações, disponível em:


<http://www.ana.gov.br/PortalSuporte/frmSelecaoEstacao.aspx>. Acesso em: 18
mar. 2016.

BOTAN, J; CRISPIM, F.A. Determinação da curva intensidade-duração-


frequência das precipitações máximas para o município de Sinop-MT.
Universidade Estadual de Mato Grosso – UNEMAT. Sinop, [2014].

CASTRO, A.L.P de.; SILVA, C.N.P.; SILVEIRA, A. Curvas Intensidade-Duração-


Frequência das precipitações extremas para o município de Cuiabá (MT).
Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT. Cuiabá, 2011.

COLLISCHONN, W.; TASSI, R. Introduzindo Hidrologia. 268p. Universidade


Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Porto Alegre, 2010.

CORDERO, A. Apostila de Hidrologia. Universidade Regional de Blumenau –


FURB. Blumenau, 2013.

DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Manual de


hidrologia básica para estruturas de drenagem. Rio de Janeiro: IPR-715. 2005.
137p.

FOLHA DE SÃO PAULO. Construção civil tem pior resultado em 12 anos até
setembro, diz sindicato, disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mercado
/2015/12/1716502-construcao-civil-tem-pior-resultado-em-12-anos-ate-setembro-diz-
sindicato.shtml>. Acesso em: 24 mar.2016.

GARCIA, S.L.R.; LEITE, H.G. Análise de Regressão: Resumo. Universidade


Federal de Viçosa – UFV. Viçosa – MG, 2005.

GARCIA, S.S.; AMORIM, R.S.S.; COUTO, E.G.; STOPA, W.H. Revista Brasileira de
Engenharia Agrícola e Ambiental. Determinação da equação intensidade-
duração-frequência para três estações meteorológicas do Estado de Mato
Grosso. Campina Grande. v. 15, n. 6, p575-581, 2011.

GONÇALVES, L.S. Relações intensidade-duração-frequência com base em


estimativas de precipitação por satélite. Universidade Federal do Rio Grande do
Sul – UFRS. Porto Alegre, 2011.

JABOR, M.A. Drenagem de Rodovias: Estudos hidrológicos e projetos de


drenagem. 2011. 126p.

MONTGOMERY, D.C.; RUNGER, G.C. Estatística aplicada e probabilidade para


engenheiros. 2ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003.
31

OLIVEIRA, L.F.C. de; CORTÊS, F.C.; BARBOSA, F. de O.A.; ROMÃO, P. de A.;


CARVALHO, D.F. de. Estimativa das equações de chuvas intensas para
algumas localidades do Estado de Goiás pelo método da desagregação de
chuvas. Universidade Federal de Goiás – UFG. Goiânia, 2000.

OLIVEIRA, L.F.C. de; VIOLA, M.R.; PEREIRA, S.; MORAIS, N.R. de. Revista
Ambiente & Água. Modelos de predição de chuvas intensas para o estado do
Mato Grosso, Brasil. [S.i.] v. 6, n. 3, 2011.

PINTO, N.L. de S.; HOLTZ, A.C.T.; MARTINS, J.A.; GOMIDE, F.L.S. Hidrologia
Básica. 13ª ed. São Paulo – SP: Edgard Blucher, 2011.

SAMPAIO, M.V. Determinação e espacialização das equações de chuvas


intensassem bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul. Tese de doutorado.
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. Santa Maria – RS, 2011.

SANTOS, G.G.; FIGUEIREDO, C.C. de; OLIVEIRA, L.F.C. de; GRIEBELER, N.P.
Intensidade-duração-frequência de chuvas para o Estado de Mato Grosso do
Sul. Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. Campina Grande – PB,
2009.

SILVEIRA, A.L.L. da. Equação para os coeficientes de desagregação de chuva.


Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRS. Porto Alegre – RS, 2000.

SOUZA, I.L.S e. Ajuste do modelo de Bell para estimativa de chuvas intensas


para sete estações meteorológicas do Estado de Mato Grosso. Universidade
Federal de Mato Grosso – UFMT. Cuiabá – MT, 2014.

SUDERHSA – Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e


Saneamento Ambiental – Manual de Drenagem Urbana. Secretaria de estado do
meio ambiente e recursos hídricos. Região Metropolitana de Curitiba – PR, 2002.

TUCCI, C.E.M. Hidrologia: Ciência e aplicação. 4ª ed. Porto Alegre – RS: UFRGS,
2013.

VILLELA, S.M.; MATTOS, A. Hidrologia Aplicada. McGraw-Hill, São Paulo, 1975.

Você também pode gostar