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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA - DGEOL

RELATÓRIO DE GEOLOGIA DE CAMPO III

ANANDA LIMA CARNEIRO

AYSLAH PAULA ALVES VIANA

LUÍS FILIPE GOMES CAPINAM

São Cristovão - SE

2019
RESUMO

O presente relatório exibe as atividades realizadas para a disciplina de Geologia de


Campo III, que foram desenvolvidas ao longo de unidades geológicas específicas do Estado de
Sergipe, sendo essas: Domínio Macururé, Domínio Canindé e Cráton do São Francisco. Estas
atividades foram executadas em sete saídas de campo, com a finalidade de reconhecer,
descrever e interpretar as litologias ígneas, metamórficas e sedimentares do estado. O projeto foi
dividido em campo e pós-campo, empregando a coleta de amostras de mão, interpretação
macroscópica, análise e interpretação textural e mineralógica, e medição de atitudes de
estruturas e camadas de rochas. Após a descrição e interpretação dos dados obtidos, foi possível
discutir e comparar as informações com a literatura existente sobre a região.

2
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 7
1.1 Objetivos ................................................................................................................... 7
1.2 LOCALIZAÇÕES E VIAS DE ACESSO ........................................................................ 8
1.3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 10
1.3.1 Capela-SE: ....................................................................................................... 10
1.3.2 Nossa Senhora da Glória: ................................................................................. 11
1.3.3 Canindé-SE:..................................................................................................... 11
1.3.4 Boquim-SE: ..................................................................................................... 11
2. GEOLOGIA REGIONAL ............................................................................................... 11
2.1 CRÁTON DO SÃO FRANCISCO ................................................................................ 12
2.1.1 COMPLEXO GNÁISSICO-MIGMATÍTICO RIO REAL ITABAIANINHA-
RIACHÃO DO DANTAS: .............................................................................................. 14
2.1.2 COMPLEXO GRANULÍTICO ESPLANADA-BOQUIM: ..................................... 14
2.1.3 COMPLEXO GNÁISSICO MIGMATÍTICO-GRANULÍTICO COSTA
ATLÂNTICA: ................................................................................................................ 15
2.1.4 DIQUES DE ARAUÁ: ........................................................................................... 15
2.2 FAIXA DE DOBRAMENTO SERGIPANA ................................................................. 16
2.2.1 DOMÍNIO CANINDÉ: ........................................................................................... 16
2.2.1.1 GRANITÓIDES TIPO CURRALINHO: .......................................................... 17
2.2.1.2 UNIDADE NOVO GOSTO ............................................................................. 18
2.2.1.3 UNIDADE GENTILEZA................................................................................. 18
2.2.1.4 GRANITÓIDES TIPO LAJEDINHO ............................................................... 19
2.2.2 DOMÍNIO POÇO REDONDO ............................................................................... 19
2.2.3 DOMÍNIO MACURURÉ ....................................................................................... 20
2.2.3.1 GRANITÓIDES TIPO GLÓRIA...................................................................... 21
2.2.4 DOMÍNIO ESTÂNCIA .......................................................................................... 22
2.2.4.1 FORMAÇÃO ACAUÃ .................................................................................... 23
2.2.4.2 FORMAÇÃO LAGARTO ............................................................................... 23
2.2.4.3 FORMAÇÃO PALMARES ............................................................................. 24
3. GEOLOGIA LOCAL E DESCRIÇÃO DE AFLORAMENTOS ...................................... 24
3.1 Capela-SE – Antiga Pedreira de Odebrecht - Data: 06/12/2018 ...................................... 24
3.1.1 Descrição macroscópica: .................................................................................. 24
3.2 Monte Alegre-SE – Data 13/12/2018 ....................................................................... 28
3.2.1 Descrição macroscópica ................................................................................... 28

3
3.3 Canindé de São Francisco – SE – 09/02 e 10/02/2019 .............................................. 33
3.3.1 Descrição macroscópica ................................................................................... 33
3.4 Boquim – SE – 16/02, 17/02 e 18/02/2019 ............................................................... 40
3.4.1 Descrição macroscópica ................................................................................... 41
4. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 53
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 54
6. APÊNDICE .................................................................................................................... 56

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa de localização e vias de acesso. ....................................................................... 10


Figura 2: Divisão da Faixa de Dobramentos Sergipana. Santos et al (2001) ............................. 12
Figura 3: Cráton do São Francisco. Santos et al (2001)............................................................ 14
Figura 4: Domínio Canindé. Santos et al (2001) ...................................................................... 17
Figura 5: Domínio Poço Redondo. Santos et al (2001) ............................................................ 20
Figura 6: Domínio Macururé. Santos et al (2001) .................................................................... 21
Figura 7: Domínio Estância. Santos et al (2001) ...................................................................... 23
Figura 8: Croqui representando o xisto .................................................................................... 25
Figura 9: Afloramento representando o xisto. .......................................................................... 25
Figura 10: Amostra a) xisto com foliação félsica. Amostra b) xisto com vênulas. .................... 25
Figura 11: Afloramento representando o granito leucocrático. ................................................. 26
Figura 12: Amostra de mão do granito leucocrático. ................................................................ 26
Figura 13: Amostra de mão do gabro. ...................................................................................... 27
Figura 14: Mapa de plotagem dos pontos................................................................................. 27
Figura 15: Enclaves máficos microgranulares. ......................................................................... 29
Figura 16: Afloramento representando o contato entre o xisto metamorfisado e o granito. ....... 30
Figura 17: Afloramento representando o xisto metamorfisado. ................................................ 31
Figura 18: Amostra de mão representando o xisto metamorfisado. ........................................... 31
Figura 19: Afloramento com dobras pitgmáticas. .................................................................... 32
Figura 20: Afloramento com quartzo boudinado. ..................................................................... 32
Figura 21: Mapa de plotagem dos pontos................................................................................. 33
Figura 22: Croqui representando contato entre o magma ácido e básico, com comprimento de
2m. ......................................................................................................................................... 34
Figura 23: Amostra de mão do Meta biotita sieno granito. ....................................................... 35
Figura 24: Croqui representando a inversão de reologia. .......................................................... 35
Figura 25: Amostra de mão representando o anfibolito. ........................................................... 36
Figura 26: Afloramento representando o Granito Lajedinho..................................................... 37
Figura 27: Afloramento representando os enclaves. ................................................................. 37
Figura 28: Afloramento representando Granito Curralinho. ..................................................... 38
Figura 29: Amostra de mão representando o Granito Curralinho. ............................................. 38
Figura 30: Afloramento representando o andesito. ................................................................... 39
Figura 31: Amostra de mão do Olivina Gabro. ........................................................................ 40
Figura 32: Mapa de plotagem dos pontos................................................................................. 40
Figura 33: Afloramento da parte central do dique riolítico com xenólitos gnáissicos. ............... 41
Figura 34: Amostra de mão da parte central do dique riolítico. ................................................ 42
Figura 35: Amostra de mão da borda do dique riolítico. ........................................................... 42
Figura 36: Amostra de mão da rocha encaixante: granulito. ..................................................... 43
Figura 37: Amostra de mão do dique andesítico. ..................................................................... 43
Figura 38: Afloramento do dique riolítico, apresentando o aumento gradativo do plagioclásio. 44
Figura 39: Rocha encaixante (granulito) com fraturas. ............................................................. 45
Figura 40: Amostra de mão do dique monzodiorítico. .............................................................. 46
Figura 41: Amostra de mão do dique riolítico. ......................................................................... 47
Figura 42: Afloramento representando o enderbito. ................................................................. 47

5
Figura 43: Amostra de mão do enderbito. ................................................................................ 48
Figura 44: Afloramento representando o saprólito de quartzito. ............................................... 48
Figura 45: Afloramento representando o gnaisse em contato com o ultramilonito. ................... 49
Figura 46: Amostra de mão do gnaisse. ................................................................................... 50
Figura 47: Afloramento do siltito. ........................................................................................... 50
Figura 48: Amostra de mão do siltito. ...................................................................................... 51
Figura 49: Mapa com a plotagem dos pontos. .......................................................................... 53
Figura 50: Croqui representando o migmatito. ......................................................................... 56

6
1. INTRODUÇÃO

A disciplina Geologia de Campo III tem como finalidade pôr em prática os


conhecimentos adquiridos nas disciplinas básicas ao longo do curso. O presente
relatório aborda as atividades realizadas, bem como as interpretações e informações
obtidas em sete saídas de campo.

A área estudada está localizada no Estado de Sergipe, situado no Nordeste do Brasil.


Foram visitadas unidades geológicas específicas desse Estado, com afloramentos
pertencentes ao Cráton do são Francisco, localizado na região centro-sul, no Domínio
Macururé, ao norte e no Domínio Canindé, a noroeste do estado, com o propósito de
qualificar os estudantes de geologia em técnicas que permitem o reconhecimento de
terrenos ígneos, metamórficos e sedimentares por meio do mapeamento geológico.

No Cráton do São Francisco foram visitados afloramentos pertencentes ao


Complexo Granulítico Esplanada-Boquim e do Complexo Gnáissico-Migmatítico Rio
Real-Itabaianinha-Riachão do Dantas e aos Diques Arauá. Nesta unidade foram
identificados e caracterizados corpos metamórficos e subvulcânicos em afloramentos do
tipo lajedo e blocos métricos.

Os estudos no Domínio Canindé se concentraram nas Unidades Novo Gosto e


Gentileza por meio do estudo de rochas metamórficas distribuídas em campo sob a
forma de afloramentos do tipo leito de rio, blocos in situ e em lajedos.

No Domínio Macururé os litotipos estudados encontram-se no grupo das rochas


ígneas, definidos principalmente pelos Granitos Tipo Glória que estão distribuídos em
afloramentos do tipo pedreira e lajedo.

As principais análises e os principais resultados serão discutidos ao longo desse


trabalho.

1.1 Objetivos

As saídas de campo tiveram como objetivos gerais o reconhecimento, descrição


e interpretação de litologias e estruturas, aprender técnicas de mapeamento e medição
de estruturas e camadas ígneas, metamórficas e sedimentares. Através das análises dos

7
dados de campo e pós-campo objetivou-se compreender os processos responsáveis pela
formação das rochas com o auxílio dos dados existentes nas literaturas.

Cada saída de campo teve um objetivo específico, referente à exposição do afloramento


e tipos de rochas.

 Saída 01 – Capela-SE: descrição de afloramentos em open pit, com base em


ponto de amarração.
 Saída 02 – Nossa Senhora da Glória-SE: descrição do Granito Tipo Glória e
observação das feições de misturas de magmas e presença de xenólitos.
 Saídas 03 e 04 – Canindé-SE: descrição das interações entre os ortoanfibolitos
com o granito alcalino e observação das feições de mistura de magmas mixing e
mingling.
 Saídas 05 e 06 – Pedrinhas e Riachão do Dantas-SE: obter um perfil
perpendicular aos diques, identificando as características das rochas e estruturas
presentes.
 Saída 07 – Tomar de Jeru: desenvolver técnica de mapeamento através de
levantamento de gride e seções, além de analisar, descrever e medir as principais
estruturas de fusão parcial.

1.2 LOCALIZAÇÕES E VIAS DE ACESSO

O acesso à cidade de Capela, a partir de Aracaju, saindo da Universidade Federal


de Sergipe (UFS) se da a partir da rodovia nacional BR-101, onde irá passar pelas
cidades de Maruim, Carmópolis e Japaratuba antes de chegar, após 68,1km, em Capela.
A partir daí, seguir no sentido noroeste pela SE-160 e antes de chegar ao povoado de
Pedras deverá seguir por uma estrada não pavimentada à direita até a Pedreira
abandonada da Odebrecht.

Para chegar à cidade de Nossa Senhora de Glória, a partir da UFS deve-se seguir
pela BR-235 no sentido da cidade de Itabaiana. Após este trajeto, pegar a rodovia
estadual SE-175 em direção à cidade de Nossa Senhora de Glória, passando por
Ribeirópolis e São Miguel do Aleixo. A partir de Glória, seguir na direção noroeste por

8
aproximadamente 10km e entrar em uma estrada de barro à direita por 2km até chegar
no ponto UTM 666647; 8878148.

Para chegar à cidade de Canindé de São Francisco, a partir da UFS, deve-se


seguir pela BR-235 por 63km no sentido Noroeste até a cidade de Itabaiana. Ao chegar
ao povoado Terra Dura pegar a rodovia estadual SE-175 no sentido Norte e seguir por
130km até a Cidade de Canindé, passando por Ribeirópolis, Nossa Senhora de Glória,
Monte Alegre e Poço Redondo. O acesso ao primeiro afloramento a partir da pousada
Senhor do Bonfim é pela SE-230 (sentido sudoeste) por 1,2km, onde se deve virar à
direita em uma estrada de barro e seguir por 2,3km por ela até a coordenada UTM
0630192; 8932068. O segundo afloramento é um corte de estranha na rodovia SE-303,
5km a norte de Canindé.

Para chegar à cidade de Pedrinhas, a partir da UFS, deve-se seguir pela BR-235
no sentido Oeste por 10,8km e a partir dela, pegar a BR-101 por mais 33,4km até o seu
encontro com a SE-270 até a cidade de Lagarto, aproximadamente. A partir daí, seguir
pela rodovia estadual SE-160 por mais 28,8km, passar pela cidade de Boquim e por
último, a cidade de Pedrinhas. O acesso ao afloramento é dado pela SE-160, onde
deverá percorrer 1,2km até uma estrada de barro, onde deve seguir por mais 1,1km até
chegar ao ponto UTM 0645775; 8759922. Para chegar ao segundo afloramento, a partir
da cidade de pedrinhas, deve-se seguir por 4,5km pela SE-160 até a entrada da fazenda
Jacaré, onde se deve seguir por mais 1,9km. O terceiro afloramento, a partir da cidade
de Tomar do Geru pode ser acessado pela SE-160 por 7,1km no sentido Sudeste.

As estradas para cada ponto estão representadas no mapa abaixo. (Figura 1)

9
Figura 1: Mapa de localização e vias de acesso.

1.3 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento desse trabalho foram necessárias seis saídas de campo, que
ocorreram nos dias 06/12/2018, 13/12/2018, 09/02/2019, 10/02/2019, 16/02/2019,
17/02/2019 e 18/02/2019, totalizando 19 pontos. Para a execução das atividades foi
necessária à utilização de mapas de localização para a plotagem dos pontos, com auxílio
de um escalímetro. Para obter as coordenadas dos pontos, utilizou-se do GPS do tipo
eTrex 10, com DATUM WGS-84. Para obter as atitudes das rochas e estruturas
presentes nessas, utilizou-se de bússolas do tipo Silva e Bruton, aplicando a regra da
mão esquerda. Obtiveram-se as dimensões dos afloramentos com uma trena de 30m. As
descrições das rochas foram feitas com o auxílio de uma lupa de mão 40x. Para a coleta
de amostras foi necessário um martelo geológico e uma marreta.

1.3.1 Capela-SE:
Foi realizado um ponto de amarração no primeiro afloramento, com coordenada UTM
0711489/8845304. A partir desse ponto foi feito a medida, em metros, para os outros

10
pontos, com auxílio da trena e bússola. Além disso, utilizou-se de mapas, bússola, GPS,
martelo, lupa, etc. para a obtenção dos dados.

1.3.2 Nossa Senhora da Glória:


Utilizou-se de mapas, bússola, GPS, martelo, lupa, etc. para a obtenção dos dados.

1.3.3 Canindé-SE:
Utilizou-se de mapas, bússola, GPS, martelo, lupa, etc. para a obtenção dos dados.

1.3.4 Boquim-SE:
Utilizou-se de mapas, bússola, GPS, martelo, lupa, etc. para a obtenção dos dados. No
dia 18/02/2019, em Tomar de Jeru, foi utilizado o método de levantamento de gride. O
afloramento foi dividido em 18 quadrantes de 4m² cada (ver apêndice 1), com auxílio da
trena e bússola. Foi selecionado um vértice como ponto de amarração, com coordenada
UTM 0631633/8743718, e cada quadrante houve a descrição e medição das estruturas.

2. GEOLOGIA REGIONAL

O estado de Sergipe está localizado na porção nordeste do Brasil e encontra-se nos


limites de três províncias estruturais, sendo elas: Província São Francisco, Província
Borborema e a Província Costeira e Margem Continental. (Almeida et al. 1977). O
mesmo autor afirma que a Província São Francisco corresponde ao Cráton do São
Francisco, no qual congrega embasamentos de idades arqueana a proterozoíca. Suas
extensões são marcadas por faixas de dobramentos estruturadas durante o Brasiliano.

A Província Costeira e Margem Continental é formada pelas bacias sedimentares


costeiras mesocenozóicas. No estado de Sergipe esta é representada pela Bacia de
Sergipe e segmentos da Bacia de Tucano. (Santos, 2001)

A Província Borborema corresponde à Região de Dobramentos Nordeste (Brito Neves,


1975) e no estado de Sergipe, esta está representada pela Faixa de Dobramento
Sergipana, que se formou a partir da colisão do Maciço Pernambuco-Alagoas e o Cráton
São Francisco, no Ciclo Brasiliano/Pan-Africano (~600-450Ma) (Almeida et al., 2000).

A Faixa de Dobramento Sergipano (FDS) pode ser dividida em seis domínios


litoestratigráficos, sendo de norte a sul: Canindé, Poço Redondo, Marancó, Macururé,

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Vaza Barris e Estância (Figura 2). Esses domínios representam diferentes níveis
crustais, colocados lado a lado devido aos soerguimentos causados pelas
movimentações tectônicas compressivas e transcorrentes brasilianas (modificado de
Santos et al. 2001).

Figura 2: Divisão da Faixa de Dobramentos Sergipana. Santos et al (2001)

2.1 CRÁTON DO SÃO FRANCISCO

O Cráton do São Francisco (CSF) (Figura 3) compreende uma grande unidade


tectônica que teve o embasamento consolidado ao término do Ciclo Transamazônico, e
que foi parcialmente retrabalhado no final do Neoproterozóico (Almeida, 1969). Esta
unidade apresenta grande extensão territorial, ocupando grande parte da Bahia e porções
de Minas Gerais, Sergipe, Goiás.

A porção norte do CSF teve sua mais importante estruturação na chamada


Orogênese Paleoproterozóica (Barbosa & Sabaté 2002), que foi responsável pela
amalgamação de quatro segmentos crustais arqueanos: o Bloco Gavião, o Bloco Jequié,
o Bloco Serrinha e o Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá (Barbosa & Dominguez, 1996).

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O Bloco Gavião se encontra na porção centro-leste do cráton e compreende o
corpo mais antigo. Este é composto por TTG metamorfisada na fácies xisto verde,
migmatitos e gnaisses, sequências vulcanossedimentares e granitóides.

O Bloco Jequié se localiza na porção nordeste do cráton e é formado por rochas


metamorfisadas e migmatizadas na fácies granulito.

O Bloco Itabuna-Salvador-Curaçá se localiza de sul a norte do Estado da Bahia e


compreende uma faixa constituída por rochas de alto grau metamórfico.

O Bloco Serrinha é um segmento de crosta arqueana granito-greenstone,


formado por ortognaisses graníticos-granodioríticos e tonalíticos e as sequências
greenstone belt do Rio Itapicuru e Capim.

Durante o Paleoproterozóico esses blocos se colidiram, gerando o evento


Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá. (Barbosa e Sabaté, 2002,2004). Este Orógeno está
dividido em Cinturão Móvel Salvador-Curaçá, na porção norte (Santos & Souza, 1983)
e Cinturão Salvador-Esplanada, localizando-se desde Salvador até a porção centro-sul
do Estado de Sergipe. (Barbosa e Dominguez, 1996).

O Cinturão Salvador-Esplanada-Boquim refere-se a um conjunto de rochas


metamorfisadas em alto grau e está representado por três faixas de rochas metamórficas,
denominadas: Complexo Migmatítico Rio Real-Riachão do Dantas, Complexo
Granulítico Esplanada-Boquim e Complexo Gnáissico Migmatítico-Granulítico Costa
Atlântica. A primeira e a segunda faixa são atravessadas por diques fissurais ácidos a
intermediários denominados Diques de Arauá (Barbosa et al, 2018). Essas unidades
serão descritas abaixo.

13
Figura 3: Cráton do São Francisco. Santos et al (2001)

2.1.1 COMPLEXO GNÁISSICO-MIGMATÍTICO RIO REAL


ITABAIANINHA-RIACHÃO DO DANTAS: é constituído por gnaisses, migmatitos
e rochas granitóides, classificadas em cinco unidades litológicas (Santos et al., 2001). A
unidade de maior expressão corresponde à biotita gnaisses migmatíticos com
anfibolitos, que se caracteriza por uma rocha de composição granítico-granodiorítica,
em geral acinzentadas em tons mais ou menos claros em função do menor ou maior teor
de biotita, de granulação variando de média a grossa. Oliveira (2014) nomeia este como
Complexo Gnáissico-Migmatítico Rio Real Itabaianinha-Riachão do Dantas (CGMRIR)
e define a presença de um conjunto de migmatitos em diferentes estágios de fusão
parcial, desde metatexitos até diatexitos. (Santos et al., 1998)

2.1.2 COMPLEXO GRANULÍTICO ESPLANADA-BOQUIM: ocorre na


região sul de Sergipe e é representado por um alto grau metamórfico de fácies granulito.
É formado por ortognaisses charnoenderbíticos a charnoquíticos, gnaisses kinzigíticos,
rochas calcissilicáticas, metanoritos e biotita gnaisses migmatizados, além de níveis

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pouco espessos de quartzitos. É comum intercalações de gabronoritos foliados e
algumas bandas de rochas aluminosas intercaladas com lentes quartzíticas (Barbosa et
al, 2018). Estruturalmente as litologias que compõem o Complexo Granulítico exibem
foliação com direção geral em torno de N-S, com inflexões para NNE na porção norte
de sua área de ocorrência. (Santos et al., 1998)

2.1.3 COMPLEXO GNÁISSICO MIGMATÍTICO-GRANULÍTICO


COSTA ATLÂNTICA: Se localiza desde as imediações da cidade de Conde-BA,
estendendo-se em direção ao norte até a Costa Atlântica, tendo como destaque litologias
do tipo ortognaisses migmatizados com intercalações de granulitos (Barbosa et al,
2018).

2.1.4 DIQUES DE ARAUÁ: Os diques de arauá são um enxame de diques


aproximadamente paralelos (direção N060), com espessura variando entre 10 e 50m, de
idades paleoproterozóicas que ocorreram na região nordeste do Cráton do São
Francisco. Eles estão encaixados nos gnaisses e granulitos pertencentes ao
embasamento cratônico e possuem composição variando entre três tipos principais
metariolíticos, riolíticos e intermediários. Oliveira (2014) realizou uma U-Pb em zircão
e obteve como resultado a idade cristalização de 2015 ± 12 Ma.

Os diques metariolíticos apresentam foliação marcada por biotita e microestruturas, que


sugerem uma deformação na fácies xisto verde. Estas rochas possuem afinidade cálcio-
alcalina de alto potássio, indicando gêneses de arco vulcânico. Os diques riolíticos
possuem textura porfirítica representada por fenocristais de feldspato alcalino,
plagioclásio e quartzo, com uma matriz afanítica que compõe cerda de 50% da rocha. A
química dos riolitos demonstram uma afinidade para ambiente pós-colisional. Os diques
intermediários são rochas com granulometria grossa e os dados químicos dessas rochas
sugerem uma afinidade cálcio-alcalina de médio potássio, representados por ambientes
pós-colisionais e arco vulcânico.

Apesar das diferenças nas afinidades geoquímicas encontradas nos diques, todos eles
apresentam elementos-traço, determinados por anomalias negativas de Nb, Ta, Ti e Sr,
que sugerem um ambiente com subducção.

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2.2 FAIXA DE DOBRAMENTO SERGIPANA

A Província Borborema, corresponde à região de dobramentos no Nordeste do


Brasil (Brito Neves, 1975; Almeida et al., 1977). Em Sergipe, a Província Borborema
está representada pela faixa de dobramento sergipana, correspondente a um sistema de
rochas originadas durante a colisão entre o maciço Pernambuco-Alagoas e o Cráton do
São Francisco, o que ocasionou em uma série de domínios litotectônicos com suas
características individuais magmáticas, sedimentares e metamórficas (Brito neves et al.,
1977), todos eles separados por diversas zonas de cisalhamento, a norte e a sul,
provenientes do regime compressivo, gerando em sua maior parte rochas
metassedimentares com grau progressivo seguindo a direção S-N.

Os domínios são limitados a sul pelo Cráton do São Francisco, a norte pelo
maciço Pernambuco-Alagoas a Leste pela Bacia de Sergipe-Alagoas e A Oeste pela
Bacia de Tucano. Segundo a ordem de metamorfismo progressivo, seis domínios foram
gerados: Domínio Estância, Vaza-Barris, Macururé, Marancó, Poço Redondo e
Canindé, que serão abordados a seguir (Almeida et al., 1977).

2.2.1 DOMÍNIO CANINDÉ:

O Domínio Canindé (Figura 4) está localizado na região mais ao Norte da Faixa


de Dobramento Sergipana e como foi dito anteriormente, possui o maior grau de
metamorfismo em relação aos outros Domínios. Tem uma orientação alongada de
direção NW-SE, que está paralela e limitada ao Rio São Francisco ao norte e a Sul pelo
Domínio Poço Redondo por uma zona de cisalhamento. Este domínio possui uma série
de rochas encaixantes metavulcano-sedimentares, chamadas de complexo Canindé, que
posteriormente teriam sido intrudidas por um corpo gabróico altamente diferenciado
(Oliveira et al., 2010), além de outros corpos granitoides sin a pós tectônicos, assim
como outros corpos intrusivos que ocorrem em outros domínios.

O complexo Canindé está dividido em quatro unidades: Mulungu, Garrote, Novo


Gosto e Gentileza, e foi alvo de diversas interpretações devido a sua alta complexidade e
o trabalho de Silva Filho, (1976), o mais aceito até então, foi um dos pioneiros nesta
classificação, colocando-o como um complexo ofiolítico, porém Jardim de Sá et al.

16
(1986), Oliveira & Tarney (1990) o interpretou como um ambiente de arco de ilha e
intracontinental, respectivamente.

Figura 4: Domínio Canindé. Santos et al (2001)

2.2.1.1 GRANITÓIDES TIPO CURRALINHO: são um dos sete corpos encaixados


fora do tempo dos eventos colisionais principais da Faixa de Dobramento Sergipana.
Estas estruturas ígneas foram denominadas: Granitóides tipo Curralinho, Xingó,
Propriá, Glória, Serra do Catu, Serra Negra e Garrote. O granitóide curralinho foi
incluído inicialmente por Santos et al. (1988) no tipo Sítios Novos e tem sua área de
abrangência exclusiva no Domínio Canindé, ocorrendo quase sempre encaixado nas
rochas do grupo Canindé e apresenta por vezes feições de mistura de magma com as
rochas gabróicas da Suíte intrusiva. As rochas são isotrópicas, localmente foliadas,
porfiríticas, e de composição granítica a granodiorítica à biotita e hornblenda.
Frequentemente apresentam feições de fluxo magmático preservadas.

17
2.2.1.2 UNIDADE NOVO GOSTO
A unidade Novo Gosto estende-se ao longo de uma faixa descontínua (NW-SE),
com aproximadamente 45 km de comprimento e 3 a 7 km de largura, e é formada,
segundo Liz et al. (2018), por anfibolitos de coloração cinza escuroa esverdeado, com
foliação fraca e granulometria fina. A mineralogia essencial dessas rochas é composta
por anfibólio e plagioclásio, com variados conteúdos de biotita, clorita e epídoto.
Os ortoanfibolitos apresentam uma cor negra e matriz afanítica, com textura
nematoblástica e granoblástica, sendo composto principalmente por hornblenda,
plagioclásio, quartzo e titanita. As litologias paraderivadas possuem granulação fina a
muito fina, são compostas principalmente por quartzo, plagioclásio, k-feldspato e micas.
Os mármores presentes são dolomitos, podendo ter muscovita associada, possuem
granulação média, puros ou impuros que podem estar associados a anfibolitos da mesma
unidade. Também associadas aos anfibolitos, estão às rochas calcissilicaticas, com
granulação fina a media e foliadas, compostas por diopsídio, epidoto, microclinio,
calcita, granada e escapolita. O xisto é pouco expressivo nesta unidade, podendo estar
intercalado as rochas calcissilicáticas e ao anfibolito, sendo composto essencialmente
por quartzo e grafita (Nascimento, 2005).

2.2.1.3 UNIDADE GENTILEZA

A unidade Gentileza está em contato com Suíte Intrusiva Canindé, com as


rochas da Unidade Novo Gosto, e com granitos da Suíte Intrusiva Sítios Novos. É
composta também por anfibolitos que se diferenciam da unidade novo gosto
principalmente por ter uma granulometria levemente mais grossa. Ocorrem como
anfibolitos com aspecto maciço a pouco foliado, com coloração variando de cinza
escura à verde escura Liz et al. (2018). Possui estruturas de mingling e comingling
relacionadas a contato de magmas de diferentes composições.
Os anfibolitos de granulação fina (meta-basalto e meta-diabásio) foram
cristalizados em porções rasas da crosta, devido á percolação de fluidos hidrotermais.
São compostos principalmente por plagioclásio profundamente alterado para sericita
epídoto e piroxênio metamorfisado para anfibólio, além de biotita, clorita e tremolita-
actinolita. Por sua vez, o anfibolito de granulação media é de origem subvulcânica

18
apresentando textura porfirítica formada por fenocristais de plagioclásio e k-feldspato,
imersos em uma matriz de plagioclásio, quartzo, biotita, k-feldspato, ilmenita, titanita e
zircão. (Nascimento, 2005).

2.2.1.4 GRANITÓIDES TIPO LAJEDINHO

O Granitóide Lajedinho aflora nos arredores da barragem Xingó corresponde a


monzogranito e granodiorito porfirítico de grossa granulação, com fenocristais de
plagioclásio e matriz com quartzo, microclínio, biotita e homblenda e, por vezes,
exibem estrutura de fluxo magmático determinada pela orientação de anfibolitos
orientados (Nascimento, 2005). Existem também corpos intrusivos que cortam os
gabros da Suíte Gabróica de Canindé e que foram correlacionados aos granitos tipo
Sítios Novos, que ocorreram no Domínio Poço Redondo. (Silva Filho et. al 1997)

2.2.2 DOMÍNIO POÇO REDONDO

O Domínio Poço Redondo (Figura 5) (Santos et al.1988) é representado por


ortognaisses tonalito-granodioríticos e de paragnaisses, altamente migmatizados, onde
se denomina Complexo migmatítico de Poço Redondo e por intrusões graníticas tardi a
pós tectônicos. É limitado a Leste pela Bacia de tucano, a Sudoeste, separado por uma
zona de cisalhamento ocasionada por regimes compressivos de direção Noroeste, pelo
Domínio Marancó, a sudeste pelo Domínio Macururé e a Nordeste, também separado
pela mesma zona de cisalhamento, pelo Domínio Canindé. Possui uma certa dificuldade
para se encaixar na história geotectônica devido a sua petrogênese, a qual representa
uma formação crustal mais profunda que os demais domínios.

19
Figura 5: Domínio Poço Redondo. Santos et al (2001)

2.2.3 DOMÍNIO MACURURÉ

O Domínio Macururé (Figura 6) limitado pelo Domínio Vaza-Barris ao longo


das zonas de cisalhamento São Miguel do Aleixo e Nossa Senhora da Glória, que define
um expressivo limite crustal na qual ocorre um significante número de plútons
brasilianos e corpos máficos a ultramáficos de idade indeterminada (Oliveira, 2012). As
rochas comuns são granada-biotita-xisto, ardósias, filitos, mármores e quartzo
subordinado (SANTOS, apud Davison & Santos 1989). Há uma ocorrência de corpos
intrusivos, considerados granitóides tardi a póstectônicos por Santos et al. (2001) e
nomeados pela literatura regional como do Tipo Glória, os quais podem reunir
diferentes tipos de rochas (granito, granodiorito e quartzo monzonito) (Conceição et al.
2012).

20
Figura 6: Domínio Macururé. Santos et al (2001)

2.2.3.1 GRANITÓIDES TIPO GLÓRIA

Os granitóides tipo Glória (Santos & Silva Filho, 1975) são uma representação
superficial de seus stocks alimentadores, maciço Glória Norte, Glória Sul, Monte
Alegre e Lagoa do Roçado. Foram divididos em quatro litofácies diferentes de acordo
com suas composições geoquímicas. A primeira é representada por granodioritos com
variações para quartzo monzonito a quartzo monzodiorito. Possuem textura
equigranular, por hora porfirítica com presença de poucos enclaves máficos. A segunda
litofácie possui predominância de granodiorito e quartzo monzodiorito porfirítico com
alta presença de enclaves máficos orientados e estruturas primárias, como alinhamento
de cristais de plagioclásio e acúmulo de feldspato porfirítico euédricos e zonados. Os

21
enclaves possuem composição diorítica a gabróica, também porfiríticos e exibem
características relacionadas à mistura de magmas, como, por exemplo, contorno em
forma de “gotas”. A terceira litofácie tem composição predominantemente granítica
com presença de xenólitos de metapelitos do Domínio Macururé. A quarta e última
litofácie também é granítica, porém porfirítica com fenocristais de feldspato alcalino
euédricos, e só ocorre no Domínio Macururé.

2.2.4 DOMÍNIO ESTÂNCIA

O Domínio Estância (Figura 7) representa a primeira zona de seis do sistema de


dobramentos sergipano. Apresenta características estruturais, metamórficas e
litoestratigráficas diferenciadas. Este domínio é delimitado pelo Cráton do São
Francisco a Sudeste, pela Bacia do Tucano a Leste/Noroeste, pelo Domínio Vaza-Barris
a Norte e por formações superficiais inconsolidadas a Nordeste.

É composto principalmente por rochas sedimentares fracamente deformadas


(Humphrey & Allard, 1969; Allard & Tibana, 1966; Silva Filho et al., 1978)
depositadas sobre o embasamento gnáissico do Cráton do São Francisco, representadas
pelos sedimentos fracamente deformados do grupo Estância, que está organizado em 3
formações: Acauã, Lagarto e Palmares.

22
Figura 7: Domínio Estância. Santos et al (2001)

2.2.4.1 FORMAÇÃO ACAUÃ

A formação Acauã foi depositada discordantemente sobre o embasamento


gnáissico e possui características de ambiente de supramaré com presença de gipsita e
dolomita, calcarenitos oolíticos e intraclastos nas fácies intermediárias (Saes & Vilas
Boas 1986).

2.2.4.2 FORMAÇÃO LAGARTO

A formação lagarto possui contato com o embasamento e com as outras


formações do grupo estância. Constitui-se de siltitos e folhelhos vermelhos, intercalados
com arenitos de mesma cor, com presença de estruturas sedimentares preservadas, como

23
laminações, marcas de onda de pequeno porte, gretas de ressecamento, dobras
convolutas e estruturas “em chamas”, indicativo de um ambiente de planície de maré.

2.2.4.3 FORMAÇÃO PALMARES

Descrita primordialmente por Silva Filho et al. (1978) como Formação Bomfim
é composta grauvacas e arenitos finos com presença de feldspatos bem compactadas,
com lentes de conglomerados polimíticos desorganizados, com clastos de gnaisses, quartzo,
quartzito, carbonatos, xisto e metabasitos. Possui apenas estratificação plano-paralela como
estrutura sedimentar preservada e raras estratificações cruzadas, indicativas de ambientes de
leques aluviais.

3. GEOLOGIA LOCAL E DESCRIÇÃO DE AFLORAMENTOS

3.1 Capela-SE – Antiga Pedreira de Odebrecht - Data: 06/12/2018


Este item apresenta as rochas pertencentes ao Domínio Macururé. Foi coletado
um ponto de amarração com coordenada UTM: 0711489/8845304, e a partir do ponto
de amarração foi feita a medição dos outros pontos com auxílio da bússola. Todos os
pontos são caracterizados como afloramentos do tipo lajedo e foram denominados
PCA01, PCA02 e PCA03.

3.1.1 Descrição macroscópica:


 PCA01 - xisto: Rocha sã com coloração cinza escuro. Sua estrutura é
anisotrópica marcada por uma xistosidade e foliações félsicas com 5cm de
espessura, apresentando direção de N315/50SW. A rocha possui granulometria
fina, com cristais menores que 1mm, equigranulares, que são difíceis de
individualizar. Os minerais presentes são muscovita, quartzo, feldspato e biotita.
A rocha é lepidoblástica, possui vênulas irregulares com quartzo, granada,
muscovita e biotita que demonstram metamorfismo de contato. O protólito da
rocha é um pelito que sofreu um metamorfismo baixo. (Figura 8, 9 e 10)

24
Figura 8: Croqui representando o xisto

Figura 9: Afloramento representando o xisto.

a
b

Figura 10: Amostra a) xisto com foliação félsica. Amostra b) xisto com vênulas.

25
 PCA02 – granito leucocrático: rocha levemente alterada, de cor branca a cinza
clara, com estrutura isotrópica. A rocha é holocristalina marcada por cristais de
quartzo e plagioclásio. A maioria dos cristais são subédricos, caracterizando um
arranjo hipidiomórfico. Possui granulometria média com cristais de tamanho
aproximado de 3 mm, com textura equigranular. A rocha é composta por
quartzo, muscovita, feldspato e granada. (Figura 11 e 12)

Figura 11: Afloramento representando o granito leucocrático.

Figura 12: Amostra de mão do granito leucocrático.

 PCA03 – gabro: A rocha é sã, de coloração cinza escura com porções brancas,
apresentando estrutura isotrópica. Sua textura é equigranular, fanerítica

26
holocristalina. Os cristais são subédricos caracterizando um arranjo
hipidiomórfico. A rocha é composta por plagioclásio, quartzo, k-feldspato,
biotita, olivina e piroxênio. (Figura 13)

Figura 13: Amostra de mão do gabro.

Figura 14: Mapa de plotagem dos pontos.

27
3.2 Monte Alegre-SE – Data 13/12/2018
O seguinte item apresenta as rochas pertencentes ao Domínio Macururé, onde as
coordenadas dos dois afloramentos visitados são UTM: 0665259/8876954 e
0666647/8878148. O primeiro é composto pelo granito do tipo Glória com seus
enclaves máficos microgranulares e o segundo o contato do mesmo com a encaixante.
Os afloramentos foram denominados como PMA01 e PMA02.

3.2.1 Descrição macroscópica


 PMA01 – Granito Tipo Glória: O afloramento apresenta coloração acinzentada e
um alto grau de intemperismo, podendo ser visualizado pelas fraturas da rocha.
Sua textura é fanerítica, com grãos equigranulares. A composição mineralógica é
marcada por cristais de quartzo, muscovita e feldspato. Em geral a rocha
apresenta estrutura anisotrópica marcada por orientação de xenólitos e enclaves.
(Tabela 1) e (Figura 15)
Os xenólitos são compostos por minerais máficos, dentre eles biotita e
ocorrem também minerais félsicos, dentre eles plagioclásio, k-feldspato e
quartzo. A granulação dos xenólitos é mais fina quando comparada com o
restante da rocha e sua borda de reação é marcada pela presença de biotita. É
possível identificar xenólito de quartzito e xenólito de xisto. Os minerais
essenciais da rocha apresentam a seguinte porcentagem: 40% de quartzo, 40%
de feldspato, 20% de muscovita.

Tabela 1: Direção dos enclaves máficos

N310º N350º N020º


N022º N010º N340º
N290º N343º N350º
N010º N030º N355º

28
Figura 15: Enclaves máficos microgranulares.

 PMA02 – UTM: 0666647/8878148 - xisto metamorfisado: O afloramento possui


cor cinza e em algumas porções a cor se torna mais clara, essa diferença de cor é
marcada por bandamento e segregação de minerais máficos e félsicos. Esse
litotipo é marcado por um contato entre um corpo ígneo e metamórfico, por
intrusão do corpo ígneo. A evidência mais marcante desse contato é a
diminuição da granulometria e a ocorrência de minerais de alta temperatura,
como a granada que aparece em menor quantitade e bem desenvolvida na porção
metamórfica da rocha.
Em geral o afloramento é heterogêneo e apresenta pronunciada mistura entre os
minerais félsicos e máficos. Possui estrutura anisotrópica marcada, na porção
metamorfisada, por foliações, bandamentos e dobras do tipo ptigmáticas, suas
atitutes estão representadas na (Tabela 2). Além dessas estruturas a rocha
encontra-se em partes totalmente boudinada, o que evidencia a ocorrência de
esforços tectônicos. Em suma a mineralogia da porção metamórfica possui
cristais de granada bem desenvolvidos, cristais de muscovita, quartzo, biotita e
fibrolita.
A porção granítica do afloramento apresenta estrutura anisotrópica marcada por
xenólitos e orientação de minerais máficos. Nessa porção a textura é mais
equigranular do que na porção metamorfisada e os cristais de granada são

29
ausentes, ocorrendo apenas cristais de quartzo, k-feldspato, biotita e
plagioclásio. (Figura 16,17,18, 19 e 20)

Tabela 2: Direção das foliações

N027 N040
N020 N017
N035 N025

Figura 16: Afloramento representando o contato entre o xisto metamorfisado e o granito.

30
Figura 17: Afloramento representando o xisto metamorfisado.

Figura 18: Amostra de mão representando o xisto metamorfisado.

31
Figura 19: Afloramento com dobras pitgmáticas.

Figura 20: Afloramento com quartzo boudinado.

32
Figura 21: Mapa de plotagem dos pontos.

3.3 Canindé de São Francisco – SE – 09/02 e 10/02/2019


O seguinte item apresenta as intrusões máficas no domínio Canindé, representada
por ortoanfibolitos em encaixantes graníticas e suas estruturas de mistura de magma e
inversão de reologia, onde foi feito um ponto de amarração para o mapeamento simples
com coordenada UTM: 0630257/8931992. Além disto, foram observadas as intrusões
graníticas do tipo lajedinho, gentileza e seu contato e o granito do tipo curralinho
próximo a intrusão gabróica. Os afloramentos foram denominados PCSF01 a PCSF06.

3.3.1 Descrição macroscópica

 PCSF01 – Meta biotita sieno granito: afloramento do tipo lajedo, de cor rosada,
levemente alterada, com estrutura anisotrópica marcada pela foliação da biotita.
Esta rocha é holocristalina, possui textura inequigranular e fanerítica média.
Seus cristais são hipidiomórficos em sua maioria, mas apresentam alguns
anédricos. Sua mineralogia é composta por quartzo, feldspato, plagioclásio e
biotita. Os cristais de quartzo são os maiores na rocha e possuem coloração azul
e forma anédrica com tamanhos de 3mm, e representam 30% do volume da

33
rocha. O feldspato alcalino e o plagioclásio são subédricos de tamanho 5mm e
1mm, respectivamente, ocupando 40% e 10% do volume da rocha. A biotita
aparece como máfico, ocupando 18% do volume, e magnetita como mineral
acessório, ocupando <1%. (Figura 23)

Anfibolito: Rocha afanítica, máfica, de coloração cinza escuro apresentando,


com estrutura de reentrância da rocha encaixante e estrutura de mistura de
magma mixing e minglin causado pela fusão do granito em contato com o
magma básico. Sua mineralogia é composta por biotita, plagioclásio, anfibólio e
clorita.

Figura 22: Croqui representando contato entre o magma ácido e básico, com comprimento de
2m.

34
Figura 23: Amostra de mão do Meta biotita sieno granito.

Figura 24: Croqui representando a inversão de reologia.

 PCSF02 – UTM: 0630192/8932068 - Anfibolito: rocha sã de coloração cinza


escuro, isotrópica, afanítica, com presença de xenólitos com composição quartzo
diorito, orientados para N110/41SE. O contato da rocha com o xenólito varia
entre reto e anguloso. (Figura 25)

35
Xenólito: Apresenta granulação grossa, com bordas de reação rica em biotita e
textura pegmatítica em algumas porções.

Figura 25: Amostra de mão representando o anfibolito.

 PCSF03 - Granito Lajedinho – UTM: 0632504/8934850: afloramento de cor


acinzentada, levemente alterada, com anisotropia marcada pela orientação de
enclaves que variam entre 25cm a 40cm e foliações. A mesma possui textura
hipidiomórfica inequigranular. Os enclaves são constituídos por biotita, k-
feldspato e plagioclásio e suas atitudes estão indicados na (Tabela 3) A rocha
encaixante apresenta textura rapakivi e sua composição mineralógica consiste
em 30% de biotita, 40% k-feldspato, 5% de quartzo, 10% de plagioclásio e 15%
de anfibólio. (Figura 26 e 27)

Tabela 3: Atitude dos enclaves.

N112/56SW N080/60SE
N102/50SW N086/50SE
N160/40SW N080/40SE
N212/30SW N093/50SW
N115/50SW N080/45SE
N290/60SW N082/40SE

36
Figura 26: Afloramento representando o Granito Lajedinho.

Figura 27: Afloramento representando os enclaves.

37
 PCSF04 – UTM: 0653129/89247888 - Granito Curralinho: afloramento do tipo
lajedo, pouco alterada e de coloração rosada. Sua estrutura geral é isotrópica e
sua textura é porfíritica em algumas porções inequigranular. Quanto à forma dos
seus cristais são subédricos caracterizando um arranjo hipidiomórfico e sua
composição mineralógica é marcada por 25% de quartzo, 40% de k-feldspato,
10% de plagioclásio, 20% de biotita e 5% de pirita limonitizada. (Figura 28 e
29)

Figura 28: Afloramento representando Granito Curralinho.

Figura 29: Amostra de mão representando o Granito Curralinho.

38
 PCSF05 – UTM: 0653129/89247888 - Andesito: rocha levemente alterada,
máfica, isotrópica. Apresenta uma matriz fina, que representa 40% do volume
total da rocha, com xenocristais de k-feldspato, estes encontram-se
arredondados, com tamanhos de 1,5cm. (Figura 30)

Figura 30: Afloramento representando o andesito.

 PCSF06 – UTM: 0653129/89247888 - Olivina Gabro: A rocha possui cor preta


máfica, com baixo grau de intemperismo. Sua estrutura é isotrópica e sua textura
é definida como holocristalina, granulometria média e cristais equigranulares.
Ocorrência de cristais anédricos e subédricos, predominando os cristais
subédricos, caracterizando um arranjo hipidiomórfico. (Figura 31)

39
Figura 31: Amostra de mão do Olivina Gabro.

Figura 32: Mapa de plotagem dos pontos.

3.4 Boquim – SE – 16/02, 17/02 e 18/02/2019


O seguinte item apresenta as rochas do vulcanismo dos Diques de Arauá e suas
rochas encaixantes gnáissicas, granulíticas, migmatizadas e formações

40
metassedimentares de baixo grau, além de aplicar técnicas de mapeamento por
levantamento de gride. Os afloramentos foram denominados PBO01 a PBO13.

3.4.1 Descrição macroscópica


 PBO01 – UTM: 0645775/8759922 - Diques de Arauá (centro): rocha sã, de
coloração cinza escuro, anisotrópica sutilmente marcada por direção do fluxo
magmático, hemicristalina e hipodiomórfica. Os cristais encontram-se
inequigranulares porfirítica. Esta possui uma matriz afanítica que compõe cerca
de 55% do volume da rocha. Sua mineralogia é composta por k-feldspato,
plagioclásio, quartzo, magnetita, epídoto, clorita, pirita e minerais máficos
diversos. A rocha possui xenólitos com estrutura gnáissica e com tamanho
aproximado de 8cm. (Figura 33 e 34)

Figura 33: Afloramento da parte central do dique riolítico com xenólitos gnáissicos.

41
Figura 34: Amostra de mão da parte central do dique riolítico.

 PBO02 – UTM: 0645775/8759922 - Diques de Arauá - Amostra da borda do


dique riolítico: Rocha sã, de coloração cinza escura, isotrópica. Apresenta matriz
afanítica compondo cerca de 80% do volume da rocha, com alguns cristais de
pirita. (Figura 35)

Figura 35: Amostra de mão da borda do dique riolítico.

 PBO03 – UTM: 0645775/8759922 - Diques de Arauá - Amostra da rocha


encaixante (granulito): rocha pouco alterada, anisotrópica marcada pelo
bandamento mineralógico que é diferenciado pela alternância de minerais
máficos e félsicos. O bandamento possui cerca de 2mm de espessura. A rocha

42
possui granulação fina a média e é composta por quartzo, plagioclásio, biotita e
k-feldspato. (Figura 36)

Figura 36: Amostra de mão da rocha encaixante: granulito.

 PBO04 – UTM: 0645707/8759754 - Diques de Arauá - Amostra do dique


andesítico: rocha sã, de coloração cinza escuro, isotrópica, hemicristalina e
hipodiomórfica. Os cristais encontram-se inequigranulares glomeroporfirítica.
Esta possui uma matriz afanítica que compõe cerca de 30% do volume da rocha.
Sua mineralogia é composta por fenocristais de k-feldspato, plagioclásio com
tamanhos aproximados de 1 a 2cm. (Figura 37)

Figura 37: Amostra de mão do dique andesítico.

 PBO05 – UTM: 0645691/8759490 - Diques de Arauá – dique riolítico: rocha sã,


de coloração cinza escura, anisotrópica marcada por linhas de fluxo de magma
paralelas à direção dos diques. A rocha é hemicristalina, porfíritica com
43
fenocristais de plagioclásio com tamanho variando até 1cm. Esta é composta por
quartzo, feldspato alcalino e plagioclásio. Este apresenta um aumento gradativo
dos cristais no sentido SW-NE. (Figura 38)

Figura 38: Afloramento do dique riolítico, apresentando o aumento gradativo do plagioclásio.

 PBO06 – UTM: 0645714/8759640 - rocha encaixante fraturada – Granulito:


afloramento do tipo lajedo com tamanho 7,20m x 4m, cinza, com estrutura
isotrópica, marcada por foliações, fraturas e zona de cisalhamento de baixo
ângulo, com mineralogia marcada por quartzo, feldspato, pirita e biotita. (Figura
39)

44
Figura 39: Rocha encaixante (granulito) com fraturas.

Tabela 4: Direção das fraturas.

N320 N323 N310


N300 N280 N310
N006 N315 N025
N030 N026 N020

 PBO07 – UTM: 0640509/8765008 - Diques de Arauá - Dique Monzodiorítico:


rocha levemente alterada, de coloração cinza-azulada, holocristalina, isotrópica e
fanerítica. Sua mineralogia é composta por biotita, piroxênio, anfibólio e
magnetita. Seus cristais são anédricos em sua grande maioria. (Figura 40)

45
Figura 40: Amostra de mão do dique monzodiorítico.

 PBO08 – UTM: 0647070/8757472 - Dique de Arauá – dique riolítico: rocha


vulcânica, levemente alterada, isotrópica e hemicristalina porfirítica. A sua
matriz é afanítica e sua mineralogia é hipodiomórfica, porém com presença de
cristais de quartzo euédricos. A amostra possui textura glomeroporfirítica e sua
mineralogia é composta por feldspato alcalino, plagioclásio, quartzo beta,
magnetita e pirita. Os cristais de k-feldspato ocorrem como fenocristais,
subédricos de tamanho 4,5 cm e com alto grau de alteração, tornando-os
avermelhados e compõem cerca de 60% do volume da rocha. Os cristais de
plagioclásio são anédricos, esbranquiçados e de tamanho 1,9cm e compõem
17% do volume. O quartzo é euédrico, tetragonal (quartzo beta) e milimétrico
com cores tendendo do cinza ao azul e representa 21% do volume. A pirita e a
magnetita ocorrem como minerais acessórios. (Figura 41)

46
Figura 41: Amostra de mão do dique riolítico.

 PBO09 – UTM: 0640753/8770842 - enderbito: afloramento do tipo lajedo,


levemente alterado de coloração verde escuro e branco, anisotrópica, marcada
por bandamento composicional de minerais máficos e quartzo de tamanho 3mm
a 1cm. Estes bandamentos possuem direção N058/22SE. A rocha é equigranular,
subdioblástica, com textura nematoblástica e possui mineralogia composta por
pirita, quartzo, k-feldspato, biotita, plagioclásio e ortopiroxênio. Os seus cristais
variam entre 1mm e 5mm. (Figura 42 e 43)

Figura 42: Afloramento representando o enderbito.

47
Figura 43: Amostra de mão do enderbito.

 PBO10 – UTM: 0638937/8776362 - quartzito saprólito: afloramento do tipo


paredão, altamente intemperizado, composto por quartzo, argilominerais e
feldspato. (Figura 44)

Figura 44: Afloramento representando o saprólito de quartzito.

 PBO11 – UTM: 0635533/8782648 – Ultramilonito: Afloramento associado ao


embasamento cratônico, do tipo lajedo, pouco alterado e migmatizado em

48
algumas regiões. O leucossoma está encaixado nas diversas falhas e fraturas e
possui um aumento de granulometria do centro para a borda; sua composição é
determinada por quartzo, k-feldspato grosso, plagioclásio, anfibólio e biotita.
Suas estruturas são determinadas por duas zonas de cisalhamento dextrais e sua
porção milonítica é afanítica.
Gnaisse: rocha levemente alterada e que apresenta zonas de
cisalhamento. Possui estrutura anisotrópica marcada por bandamentos de
minerais félsicos com atitude N010/40SE e é composto por quartzo e feldspato,
com granulometria média a grossa. As zonas de cisalhamento são marcadas
pelas inflexões das foliações nas proximidades dos diques (fusão do gnaisse).
(Figura 45)

Figura 45: Afloramento representando o gnaisse em contato com o ultramilonito.

 PBO12 – UTM: 0635745/8782410 - Gnaisse: afloramento do tipo lajedo,


levemente alterado e coloração cinza. Sua estrutura é anisotrópica marcada por
bandamentos gnáissicos com direção N310/78SE. A rocha é composta por
biotita, quartzo, feldspato. (Figura 46)

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Figura 46: Amostra de mão do gnaisse.

 PBO13 – UTM: 0626115/8773658 - Siltito: afloramento do tipo lajedo,


levemente alterada, de coloração esverdeada. Sua estrutura é anisotrópica
marcada por estratificações cruzadas de pequeno porte. A rocha apresenta
basculamento e possui atitude N248/40SE. (Figura 47 e 48)

Figura 47: Afloramento do siltito.

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Figura 48: Amostra de mão do siltito.

 PBO14 – Tomar de Jeru UTM: 0631633/8743718 – migmatito (Figura 50):


afloramento do tipo lajedo, com rocha altamente intemperizada, de coloração
cinza escuro com predominância alguns tons mais claros. Possui estrutura
gnáissica, migmatizada, marcada por forte bandamento composicional, onde as
bandas félsicas variam entre 5mm e 7cm, enquanto as máficas não possuem
grande variação (de poucos milímetros a 1cm). A rocha possui diversos
falhamentos sinistrais e dextrais que abrigam grande parte do leucossoma.
Possui mineralogia determinada por quartzo e k-feldspato porfirítico em seu
leucossoma e quartzo, k-feldspato, biotita e anfibólio em seu mesossoma. O
seguinte afloramento foi separado por quadrantes para uma melhor descrição
(ver apêndice).
 A1: Porção altamente intemperizada, porém com o leucossoma mais
preservado.
 A2: Bandamento marcado por bandas grossas de 2cm, com partes do
paleossoma preservado.
 A3: Contato entre o leucossoma e melanossoma, com mudança brusca da
direção das foliações.
 A4: Estruturas bandadas com orientação de fluxo.
 A5: Injeção de leucossoma, porém com diminuição de tamanho do
bandamento (5cm).
 A6: Bandamento gnáissico (7cm), com leuco, meso e melanossoma bem
marcados, além de estruturas de cisalhamento destral.

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 B1: Diminuição da estrutura maciça, passando para estrutura bandada.
 B2: Grande quantidade de leucossoma dobrado. Direção do bandamento
N357.
 B3: Contato entre gnaisse nebulítico e aumento de migmatização a Sul,
gerando grande quantidade de dobras. Plano axial N250/50NW.
 B4: Alta taxa de migmatização, com cristais grosseiros de quartzo em
contato com gnaisse nebulítico (fosco), com o leucossoma bandado e
maciço. Bandamento N235.
 B5: Bandamento gnáissico marcado por alternância do leucossoma com
o mesossoma, apresentando planos axiais de dobra com direção
N052/66SE
 B6: Bandamento gnáissico marcado por alternância do leucossoma com
o mesossoma, apresentando cisalhamento sinistral. Foliação N115/60NE;
Cisalhamento N235.
 C1: Ocorre neossoma, porém a maior parte da rocha é melanossoma com
cisalhamento sinistral com direção N220.
 C2: 90% de cobertura vegetal.
 C3: 40% de cobertura vegetal, leucossoma com bandas de neossoma e
mesossoma.
 C4: 70% de cobertura vegetal, neossoma e leucossoma.
 C5: Alternância de leucosoma e melassoma.
 C6: Bandamentos centimetricos de mesossoma. Possui três falhamentos
dextrais.

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Figura 49: Mapa com a plotagem dos pontos.

4. CONCLUSÕES
No Domínio Macururé, na antiga pedreira da Odebrecht foi possível perceber a
intrusão gabróica encaixada nos metapelitos descritos pela literatura e os
remetamorfizando-os. As rochas encaixantes possuem foliação secundária paralela a
primária, indicando um esforço principal σ1 perpendicular a seu acamamento. Além
disto, foi possível mapear as litologias através do método de amarração de pontos.

No mesmo domínio, próximo a cidade de Monte Alegre foram vistas estruturas de


mistura de magma representada pelos enclaves máficos microgranulares orientados do
granito interpretado por Santos et al. (2001) como pós a tardi tectônico do tipo glória
em contato com a encaixante. Além disto, foi visto o contato do mesmo granito com
uma rocha com xistosidade altamente aparente, determinada principalmente por
muscovita, a qual foi possível medir estruturas de foliação.

No domínio Canindé foi visto os ortoanfibolitos da suíte intrusiva do domínio


Canindé em contato com o granito encaixante. Além dos outros tipos de granitos,
determinados pela literatura como gentileza, lajedinho e Novo Gosto.

53
Na cidade de Boquim, foi visitado o embasamento do Cráton do São Francisco e sua
associação com o vulcanismo de Arauá, onde foi possível ver um certo desnível
positivo onde os diques estão encaixados e diminuição de granulometria do centro para
a borda.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Nordeste, 1977, Campina Grande, SBG, P. 363-391.

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do enxame de diques arauá por análise de imagens landsat, 2014. Anais do Simpósio
Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto.

Barbosa, J.; Marinho, M.; Leal. A. B.; Oliveira. E.; Souza-Oliveira. J.; Argollo. R.;
Lana. C.; Barbosa & Santos. As raízes granulíticas do cinturão Salvador-Esplanada-
Boquim, Cráton do São Francisco, Bahia-Sergipe, Brasil, 2018. Geologia USP. Série
Científica, 18(2), 103-128.

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1/1.000.000. 1983. (Concurso Livre de Docência) - Instituto de Geociências da
Universidade de São Paulo, São Paulo.
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Sergipana: geologia, petrografia e geoquímica, 2012. Cadernos de Geociências, v. 9, n.
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Liz, L. C. C.; Machado, A.; Liz, J. A & Almeida J. M. Petrografia e geoquímica dos
ortoanfibolitos das unidades Novo Gosto e Gentileza, Domínio Canindé, Faixa de
Dobramentos Sergipana, Nordeste brasileiro, 2018. Programa de Pós-Graduação em
Geociência e Análise de Bacias, Universidade Federal de Sergipe, v. 45, nº685.

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Nascimento, R. S. Domínio Canindé, Faixa Sergipana, Nordeste do Brasil: Um Estudo
Geoquímicio e Isotópico de uma Seqüência de Rifte Continental Neoproterozóica,
2005. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Campinas.

Oliveira, E. M. Petrografia, Litogeoquímica e Geocronologia das rochas granulíticas da


parte norte do cinturão Salvador-Esplanada-Boquim, Bahia-Sergipe, 2014. Tese de
Doutorado, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, Salvador.

Oliveira, E. P.; Windley, B. F.; Araújo, M. N. C. The Neoproterozoic Sergipano


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Institute of Geosciences, P.O. Box 6152, University of Campinas – UNICAMP, Rua
João Pandiá Calógeras, 51, 13083-970 Campinas, SP, Brazil.

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1:250.000. Texto explicativo do Mapa geológico do Estado de Sergipe, 2001.
CPRM/CODISE, 156 p.: il.; mapas. (Programa Levantamentos Geológicos Básicos do
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proterozoic sergipano for the brasiliano orogeny, 1997. Intern. Geo. Review, 39: 639-
659.

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6. APÊNDICE

Figura 50: Croqui representando o migmatito.

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