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Ministério de

Minas e Energia

AAI – Avaliação Ambiental Integrada


Aproveitamentos Hidrelétricos da
Bacia Hidrográfica do Rio Xingu
Volume II

São Paulo, Maio de 2009


AAI - Avaliação Ambiental Integrada

Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia


Hidrográfica do Rio Xingu

Volume II

ELETROBRÁS

São Paulo
Maio 2009
Índice
4. Avaliação Ambiental Distribuída e Conflitos ....................................................................... 6
4.1. Aspectos metodológicos referentes à Identificação dos Compartimentos ............................... 6
4.2. Identificação dos Compartimentos.......................................................................................... 11
4.3. Avaliação de Impactos ............................................................................................................ 24
4.3.1. Aspectos Metodológicos ......................................................................................................... 24
4.3.2. Impactos nos Ecossistemas (Meio Físico e Ecossistemas Terrestres e Recursos Hídricos e
Ecossistemas Aquáticos) ...................................................................................................................... 31
4.3.3. Impactos sobre a Socioeconomia........................................................................................... 50
4.4. Avaliação da Cumulatividade de Impactos ............................................................................. 57
4.4.1. Ecossistemas .......................................................................................................................... 58
4.4.2. Socioeconomia........................................................................................................................ 64
4.5. Reuniões Técnicas para Participação Pública........................................................................ 96
4.5.1. Data e Local ............................................................................................................................ 98
4.5.2. Objetivos ................................................................................................................................. 98
4.5.3. Quanto à presença.................................................................................................................. 98
4.5.4. Temas Apresentados ............................................................................................................ 102
4.5.5. Procedimentos adotados ...................................................................................................... 102
4.5.6. Diretrizes e Recomendações levantadas para a Bacia Hidrográfica do Rio Xingu.............. 108
5. Cenários ............................................................................................................................... 112
5.1. Introdução ............................................................................................................................. 112
5.2. Considerações Metodológicas.............................................................................................. 113
5.2.1. Pressupostos ........................................................................................................................ 115
5.3. Cenários da Bacia Hidrográfica do rio Xingu ........................................................................ 116
5.3.1. População ............................................................................................................................. 117
5.3.2. PIB ou Valor Adicionado ....................................................................................................... 124
5.3.3. Resultados ............................................................................................................................ 126
5.4. Desflorestamento na Bacia do Xingu: uma configuração descritiva e sua cenarização
tendencial ............................................................................................................................................. 128
5.4.1. Introdução ............................................................................................................................. 128
5.4.2. Perfis Municipais do Desflorestamento................................................................................. 129
5.4.3. Cenarização – Anos 2015 e 2025......................................................................................... 142
5.4.4. Cenários Tendencial 2015 .................................................................................................... 143
5.4.5. Cenários Tendencial 2025 .................................................................................................... 146
6. Avaliação Ambiental Integrada da Bacia do Rio Xingu .................................................. 149
6.1. Interação entre compartimentos ........................................................................................... 150
6.2. Sinergias de impactos decorrentes da implantação de empreendimentos hidrelétricos ..... 151
6.3. Sinergia de processos de desflorestamentos da bacia hidrográfica .................................... 165
7. Diretrizes e Recomendações ............................................................................................. 170
7.1. Diretrizes para o Setor Elétrico ............................................................................................. 172

ARCADIS Tetraplan 2
8. Referências Bibliográficas ................................................................................................. 176

Lista de Anexos
Anexo I. Matriz de Simulação................................................................. 183
Anexo II. Matriz de Atores Sociais.......................................................... 184

Lista de Tabelas
Tabela 4-1 Classificação de Impactos
Tabela 4-2 Tamanho do reservatório

Tabela 4-3 Síntese da avaliação de impactos


Tabela 4-4 Intensidade de Impacto nos ecossistemas por sub-bacia e por compartimento
Tabela 4-5 Percentuais ocupados pelas sub-bacias nos respectivos compartimentos

Tabela 4-6 Percentual em relação à carga de Fósforo (P) gerada na bacia


Tabela 4-7 Intensidade de Impacto na Socioeconomia por sub-bacia e por compartimento
Tabela 5-1 Padrão do Desflorestamento dos Municípios da Bacia do Xingu 2000/2007

Lista de Figuras
Figura 4-1 Seqüenciamento das sobreposições dos mapeamentos e Compartimento Final

Figura 4-2 Compartimentos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu


Figura 4-3 Universo e seleção de impactos para a avaliação ambiental distribuída
Figura 4-4 APCBs existentes na Bacia Hidrográfica do rio Xingu

Figura 4-5 Cobertura Vegetal e Uso do Solo


Figura 4-6 Vetores de Desflorestamento
Figura 4-7 Projetos do PAC

Figura 6-1 Desflorestamento, Compartimentos – indicação das principais interações

Lista de Quadros
Quadro 4-1 Compartimento 1 – Continuum de Áreas Legalmente Protegidas
Quadro 4-2 Compartimento 2 – Várzeas do Rio Xingu
Quadro 4-3 Compartimento 3 - Corredor Transamazônico
Quadro 4-4 Compartimento 4 – Médio Xingu Pecuária
Quadro 4-5 Compartimento 5 – Formações do Cachimbo
Quadro 4-6 Compartimento 6 – Alto Xingu Oeste
Quadro 4-7 Compartimento 7 – Alto Xingu Leste
Quadro 4-8 Compartimento 8 – Xingu Meridional
Quadro 4-9 Grau de Significância do Impacto

ARCADIS Tetraplan 3
Quadro 4-10 Perda de Potencial Mineral - Resultados
Quadro 4-11 Leitura da Ambiência quanto à Interferência em APCBs
Quadro 4-12 Leitura da Ambiência quanto à Importância para os Ecossistemas Terrestres,
considerando os níveis de fragmentação.
Quadro 4-13 Síntese da Importância dos Ambientes
Quadro 4-14 Magnitude do Impacto
Quadro 4-15 Perda e Fragmentação de Hábitats Terrestres, Pressão Sobre Habitats e Sobre
Áreas de Interesse Conservacionista – Resultados
Quadro 4-16 Indicadores dos Impactos
Quadro 4-17 Grau de Significância dos Impactos
Quadro 4-18 Impactos nos Ecossistemas Aquáticos - Resultados
Quadro 4-19 Leitura da Ambiência quanto à importância do trecho para movimentação de
peixes.
Quadro 4-20 Leitura da Ambiência quanto à presença de espécies de interesse conservacionista
Quadro 4-21 Grau de Significância do Impacto - Resultados

Quadro 4-22 Impacto sobre o Valor Adicionado Fiscal (milhões de R$)


Quadro 4-23 Grau de Significância do Impacto - Resultados
Quadro 4-24 Impacto sobre a Quota parte municipal do ICMS (milhões de reais)

Quadro 4-25 Grau de Significância do Impacto


Quadro 4-26 Indicador do Impacto
Quadro 4-27 Síntese do Diagnóstico

Quadro 4-28 Grau de Significância do Impacto


Quadro 4-29 Interferência em Área Urbanizada - Resultados
Quadro 4-30 - Conflitos existentes na Bacia do rio Xingu - por Compartimento

Quadro 4-31 - Potenciais conflitos associados aos impactos provocados pela implantação de
Usinas Hidrelétricas e PCHs ─ por Compartimento
Quadro 4-32 - Potenciais conflitos com os demais Planos, Programas e Projetos previstos ─ por
Compartimento
Quadro 4-33 Proposição de Diretrizes e Recomendações para a Bacia Hidrográfica do Rio Xingu
- Belém

Quadro 4-34 Recomendações apresentadas para a Bacia Hidrográfica do rio Xingu – Altamira
Quadro 5-1 Pressupostos Gerais para a Cenarização
Quadro 5-2 Premissas e hipóteses da cenarização da População

Quadro 5-3 Cenarização do Crescimento e Distribuição Espacial da População da Bacia do


Xingu
Quadro 5-4 Premissas e hipóteses da cenarização do Valor Adicionado

ARCADIS Tetraplan 4
Quadro 5-5 Comparativo da Evolução do Valor Adicionado Setorial com e sem a presença da
AHE Belo Monte (Em R$ 1.000,00)
Quadro 5-7 Contribuição (%) no incremento do desflorestamento da Bacia no período 2000/2007
Quadro 5-8 Percentual de Área Desflorestada, Área Líquida Disponível e Ano Simulado para sua
Exaustão.
Quadro 5-9 Taxa Anual de Crescimento de Desflorestamento Necessária à Implementação de
Propostas de Manutenção de Diferentes Níveis de Conservação
Quadro 5-10 Simulação de Meta de 20% de Conservação e Ajuste Corretivo de Velocidade: Um
Cenário Normativo

Quadro 5-11 Contribuição do Município no Incremento do Desflorestamento - Período 2007/2015


Quadro 5-12 Percentual de Área Desflorestada no Município-Bacia em 2015 - Cenário Tendencial
Quadro 5-13 Evolução da Área Desflorestada (km²)
Quadro 5-14 Contribuição Municipal no Incremento do Desflorestamento - Período 2015/2025
Quadro 5-15 Percentual de Área Líquida Florestada Disponível do Município-Bacia Ano 2025
Quadro 5-16 Evolução Anual da Área Desflorestada da Bacia do Xingu - Período 2000/2025

ARCADIS Tetraplan 5
4. Avaliação Ambiental Distribuída e Conflitos
Os resultados dos capítulos anteriores referentes à caracterização dos empreendimentos e
diagnóstico reuniram um conjunto de informações e análises da bacia hidrográfica do rio
Xingu, que permitiram de um lado formar um quadro básico das variáveis que definem os
empreendimentos e, de outro, uma visão da bacia por compartimentos, conforme explicitado
a seguir.

Neste capítulo, em continuidade, reúnem-se essas duas dimensões, os empreendimentos


existentes ou pretendidos para a bacia e os respectivos compartimentos aonde se localizam.
O trabalho consiste em avaliar os impactos de cada um dos aproveitamentos nos
compartimentos onde estão situados e, dentro destes, quando pertinente, a análise focou nas
sub-bacias nas quais cada empreendimento se localiza.

Obteve-se assim, uma base territorial regionalizada para identificar e avaliar os impactos,
utilizando-se indicadores socioambientais que permitem sua quantificação e qualificação.
Uma vez circunscritos nos respectivos compartimentos (e sub-bacias quando necessário), os
impactos podem ser analisados quanto à sua intensidade e possíveis cumulatividades e
sinergias que possam propiciar processos de transformação da bacia hidrográfica,
sinalizando outros fenômenos.

Por fim, inclui-se uma Análise dos Conflitos, cujo principal propósito é o de identificar os
conflitos potenciais e/ou reais que se relacionam com os empreendimentos hidrelétricos.

Posto isso, os subitens a seguir apresentam inicialmente os compartimentos e, a seguir, a


análise dos impactos que os empreendimentos provocam em cada um dos meios: biótico,
físico e socioeconômico.

4.1. Aspectos metodológicos referentes à Identificação dos


Compartimentos
O entendimento da bacia hidrográfica do Xingu deve ser aprofundado, considerando-se
subespaços com dinâmicas próprias – os compartimentos - cujas características de
ambiência guardam traços de comportamento semelhantes. Assim, devem reagir de forma
semelhante quando submetidos à entrada de novos aproveitamentos hidrelétricos,
considerando-se quando for o caso, a presença de usinas já implantadas no passado.

Trata-se da chamada compartimentação da bacia hidrográfica do rio Xingu que, em seus


procedimentos teve como base a análise e resultados dos Componentes-síntese, termo,
conceito e resultados extraídos da etapa de Inventário da Bacia1 em que foram considerados
temas relativos aos meios físico, biótico e sócio econômico.

1
Os mapas contendo as subáreas por componente-síntese foram apresentados nos Estudos de Inventário, compondo o
Apêndice A, daquele estudo.

ARCADIS Tetraplan 6
Dessa forma, é possível proceder a compartimentação da bacia do rio Xingu segundo a
abordagem da AAI, adotando-se os componentes-síntese, cujas peculiaridades justificam sua
diferenciação do restante do território, de acordo com o Manual de Inventário.

A espacialização que leva a delimitação territorial dos Componentes-Síntese considera seus


determinantes socioambientais as questões-chave no contexto de cada tema tratado, os
paradoxos e conflitos existentes e potenciais, bem como os principais vetores de
transformação da paisagem e, por conseguinte, de seus processos físico-bióticos e
organização sócio econômica.

Esse procedimento de espacialização faz parte da etapa de avaliação dos impactos dos
aproveitamentos previstos nas várias alternativas de partição de queda do rio Xingu. Ao
mesmo tempo, representa uma etapa de organização das informações com vistas à
elaboração do mapa-síntese da bacia hidrográfica, base para posteriores cenarizações, bem
como a identificação das variáveis (ou indicadores) a serem utilizados nos cenários.

O método utilizado se apóia em sucessiva sobreposição dos mapeamentos (em escala


adequada) dos temas em estudo, tal como mostra a Figura 4-1 a seguir.

ARCADIS Tetraplan 7
Figura 4-1 Seqüenciamento das sobreposições dos mapeamentos e Compartimento
Final

Sistemas de
terrenos +
Cobertura Ecossistemas
vegetal e Terrestres
uso do solo

Ecossistemas

Sistemas de
Terrenos Ecossistemas
Aquáticos
+ Hierarquia
Compartimentos
Fluvial
(Dinâmica Atual da
Paisagem)
Modos de
Vida

Tipologias
Municipais Organização Compartimentação
Territorial Sócio Econômica

Base
Econômica

No processo de delimitação dos compartimentos, os elementos que mais influenciaram os


subespaços da Bacia do Rio Xingu traduzem na verdade suas diferenciações, dando-lhes
identidade e diferenciando-o dos demais compartimentos.

Dessa forma, compartimentos que tem presença marcante de uma dada atividade
econômica, fator que determina sua dinâmica e a feição da paisagem de vastas áreas, como
no caso da produção de soja e/ou pecuária bovina, tem essas atividades como elemento
definidor.

Ou alternativamente, em outro compartimento da bacia hidrográfica, o elemento definidor


pode ser a infra-estrutura e a ocupação que se seguiu depois, como é o caso da rodovia
Transamazônica, ou um condicionante físico biótico (bioma) ou institucional (presença de
áreas protegidas) ou, ainda, uma combinação de alguns desses elementos.

Na seqüência, com o objetivo de entender e avaliar especificamente as questões hídricas


relacionadas a cada compartimento onde há a presença de empreendimentos procedeu-se a
sua divisão por sub-bacia.

A divisão da bacia por compartimentos, por sub-bacias e a localização dos empreendimentos


é apresentada na Figura 4-2.

ARCADIS Tetraplan 8
Em síntese, os compartimentos foram definidos em parte por critérios físicos e bióticos, ou
seja, pela conformação das sub-bacias, portanto, nem sempre atendem à critérios políticos
institucionais, as divisões municipais, para os quais são produzidas as estatísticas sócio
econômicas.

Cabe assim, anteriormente a apresentação dos quadros sínteses de cada compartimento,


verificar seu delineamento na bacia do rio Xingu de modo a se perceber tais diferenças.

ARCADIS Tetraplan 9
56°W 54°W 52°W 50°W
Legenda
APA do
Gurupá Arquipélago UHE Belo Monte
do Marajó
Porto PCHs
Prainha de Moz Melgaço
Rio Rio F.N. Portel Capital Estadual
Amazonas Amazonas
RESEX Caxiuanã
2°S

2°S
AM Rio
Verde Rio
Sedes Municipais
para Sempre Xingu
Tapajós Limite Estadual
Senador
José
Porfírio
Limites Municipais
Vitória
do Xingu Belo Massa D'Água
Monte
Bacia do Xingu
Brasil Sítio de Pesca do
Novo Altamira Xingu
Sub bacias
Medicilândia Arara da Volta Anapu
Sub bacia Grande Terras Indígenas
Uruará Arara Rio do Baixo
do Xingu
Xingu UCs Proteção Integral
Placas Xingu APA
Tucuruí UCs Uso Sustentável
4°S

4°S
Rurópolis Kararaô
Itaituba
Cachoeira Koatinemo Novo Compartimentação
Rio
Seca Xingu
Repartimento
Várzeas do Rio Xingu
Trairão
RESEX do Trincheira
RESEX Rio Iriri RESEX Bacaja Sem Informação
Riozinho do Rio Arawete
ESEC Xingu Igarapé Corredor Transamazônico
do Anfrisio
Terra do
Ipixuna Formações do Cachimbo sob Influência da BR 163
Meio
Xipaya
PA Médio Xingu Pecuária
P.N. Apyterewa R.B. do Tapirapé Alto Xingu Leste - Área Sob Influência da Belém-Brasilia
Kuraya da Serra F.N. Tapirapé-
F.N. do Pardo F.N. Aquiri Alto Xingu Oeste - Área sob Influência da BR 163
Parauapebas
Altamira Iatacaiúnas
6°S

6°S
Xingu Meridional Savânico
Xikrin do
APA Triunfo Continuum de Áreas Legalmente Protegidas
FLOTA do Xingu Cateté
do Iriri São Félix
Rio do Xingu Tucumã Água Azul
Curuá Ourilândia do Norte
Rio do Norte
Novo Iriri Rio
Progresso Maria
Baú Bannach

Pau
Kayapo Cumaru D'Arco
do Norte
Redenção
8°S

8°S

Sub bacia
do R io
Curuá

Salto
Buriti Salto Menkragnoti
Curuá
Salto Três R.B. Nascentes Badjonkore
de Maio
da Serra do
Santana do
Cachimbo Araguaia
Panará
Rio Xingu

Guarantã Capoto/Jarina Vila


do Norte
10°S

10°S

Rica Localização
Matupá Peixoto de 60°W 45°W
Azevedo Rio Araguaia
Santa
Confresa Terezinha
Urubu
Rio Porto
Branco

São José 0°
Alegre do
Arrais/BR do Xingu
Norte
Itaúba 080 Canabrava
Marcelândia do Norte

TO
15°S

15°S

Cláudia União
do Sul São Félix
Alto Boa
Wawi Maralwat Vista
do Araguaia
Sinop Santa Sede
Carmem Rio
Rio
12°S

12°S

Xingu das
30°S

30°S

Mortes
Vera Feliz Parque
Natal do Xingu 60°W 45°W
Sorriso
Querência
Nova
Ubiratã
ESEC MT Rio Xingu Ribeirão
Rio Batovi
ARS Naruwota Cascalheira
Ronuro
Sub bacia do Gaúcha
Rio Von den
Sub bacia do Norte Pimentel 1:4.250.000
Sub bacia
Steinen
do Rio do Rio
Barbosa km
Canarana 0 50 100 200 300
Ronuro Curisevo
Paranatinga II
Marechal Sistema de Coordenadas Geográficas
Datum horizontal: SAD 69
Rondon Paranatinga I
14°S

14°S

Ronuro Água Boa


Sub bacia
Bakairi Paranatinga
do Rio Parabubure
Culuene
Planalto Culuene Chão Campinápolis Figura 4.2 Compartimentos da Bacia
Hidrográfica do Xingu
Nova
da Serra Preto Xavantina
Nova

APA
Brasilândia
GO
Chapada dos
Fontes:
Guimarães Primavera Base Cartográfica Digital do Brasil ao Milionésimo (IBGE, 2005)
do Leste IBGE, Malha Municipal Digital do Brasil. 2005
CUIABÁ Compilação de dados MMA e ICMBIO
PES da Serra Azul ANEEL, 2008
Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2009
56°W 54°W 52°W 50°W
4.2. Identificação dos Compartimentos
Tendo em vista apresentar as principais características e delimitação municipal dos
compartimentos, os Quadros 4-1 a 4-8 a seguir resumem os elementos definidores ou sua
combinação, assim como seus principais atributos. Saliente-se que cada compartimento
recebeu uma dada denominação em função de seu elemento definidor.

A leitura desses quadros permite verificar a grande diversidade de antropização e dessa


forma o papel que desempenham no contexto da Bacia do rio Xingu.

Cabe ressaltar que a categoria “não se aplica” foi utilizada nas situações em que o
compartimento não possui território contínuo, não sendo possível a caracterização de seus
componentes devido à diversidade de ocorrências para um mesmo indicador.

Quadro 4-1 Compartimento 1 – Continuum de Áreas Legalmente Protegidas

COMPARTIMENTO 1
Continuum de Áreas Legalmente Protegidas

Contiguidade e continuidade territorial de áreas sob proteção legal.


Elementos de definição Determinação institucional / Presença de UCs e TIs. Apresenta
dinâmica diferenciada.
Altamira, Vitória do Xingu, São Félix do Xingu, Ourilândia do Norte,
Cumaru do Norte, Anapu, Bannach, Brasil Novo, Medicilândia,
Senador José Porfírio, Tucumã, Canarana, Feliz Natal, Gaúcha do
Municípios integrantes
Norte, Guarantã do Norte, Marcelândia, Matupá, Nova Ubiratã, Peixoto
de Azevedo, Querência, Santa Cruz do Xingu, São Félix do Araguaia,
São José do Xingu, União do Sul.
Am. Quente e úmido com baixa amplitude térmica anual com
precipitação média anual variando de 2.000 a 2.500 mm no baixo
curso do rio Xingu e 1.800 mm no eixo da Transamazônica; Sazonal
com precipitação média anual de 1.800 a 2.200 mm e estiagem entre
Clima
junho a setembro na região central desse Compartimento. Na região
do Parque Nacional do Xingu predomina o clima Am3 (segundo
classificação de Köppen), sazonal com precipitação média anual de
2000m. Média de temperaturas de 24ºC.

Prevalecem Formações Ombrófilas às quais se associam encraves de


Cobertura vegetal
contato Savana/Floresta Ombrófila.

Na margem direita, inúmeros táxons florestais apresentam limite oeste


da distribuição geográfica determinado pelo Rio Xingu (unidade
zoogeográfica Pará 1). Muitos deles são endêmicos do interflúvio
Fauna
Tapajós-Xingu. Na margem esquerda também ocorrem táxons cujo
limite de distribuição leste é o rio Xingu (unidade zoogeográfica Pará
2).

Presença do rio Xingu e trechos de seus principais afluentes: rio


Rede Hidrográfica
Bacajá e rio Iriri.

Variações nas características das águas dos rios da margem direita,


que apresentam condutividade alta e cargas de sedimentos;
Características das águas
No rio Xingu e seus afluentes da margem esquerda apresentam águas
claras, ligeiramente ácidas, bem oxigenadas, relativamente pobres em

ARCADIS Tetraplan 11
COMPARTIMENTO 1
Continuum de Áreas Legalmente Protegidas
nutrientes, condutividade crescente ao longo do curso do rio.

Ictiofauna Pouco conhecida

Insipientes, mas com vetores expressivos a partir de São Félix do


Desflorestamentos Xingu para noroeste e para oeste. A sul, nas cabeceiras dos
formadores em direção as Terras Indígenas

Processo de ocupação Não se aplica

Atividades econômicas
Não se aplica
predominantes

Polarização Não se aplica

Acessibilidade Não se aplica

Dinâmica populacional Não se aplica

Condicionantes e
Não se aplica
Restrições de ocupação

Magnitude do PIB Não se aplica

Finanças Públicas Não se aplica

Associados à insegurança causada pela possibilidade de implantação


de aproveitamentos hidrelétricos e outras formas de apropriação dos
recursos da paisagem, bem como à alteração na qualidade da água;
uso e posse da terra das populações indígenas e alteração no uso e
ocupação do solo (madeireiros, ribeirinhos e agricultores familiares),
podendo levar a disputas com madeireiras e grileiros por terras.
Criação recente de RESEXs, ESECs e TIs na bacia, inibindo usos
Conflitos existentes predatórios por madeireiras e grandes fazendas. Desflorestamentos
devido a pressões externas à bacia e ao compartimento. Construção e
pavimentação da BR-230/PA - Transamazônica. Ainda aqueles
associados a interferências nas relações socioculturais (ao
comprometimento de bens constituintes e alteração ou perda de
manifestações culturais) de populações indígenas e de outras
populações tradicionais. Afluxo populacional e desestruturação
fundiária.
Elaboração: ARCADIS Tetraplan

ARCADIS Tetraplan 12
Quadro 4-2 Compartimento 2 – Várzeas do Rio Xingu

COMPARTIMENTO 2
Várzeas do Rio Xingu

Isolamento dos municípios com relação ao restante da bacia.


Elementos de definição
Presença de várzeas

Municípios integrantes Prainha - PA e Gurupá – PA

Am. Quente e úmido (precipitação média anual de 2.200 a 2.500 mm)


Clima
com baixa amplitude térmica anual

Cobertura vegetal Formações Pioneiras de Influência Fluvial (campos de várzea).

Unidade Zoogeográfica: Várzea do Rio Amazonas. Alguns táxons


Fauna
ocorrem exclusivamente nas áreas de várzea da região Amazônica.

Não hierarquizada, com canais múltiplos, com ilhas, paranás, furos,


lagos, diques aluviais, cordões fluviais do tipo slikke e schorre, praias,
canais anastomosados, meandros abandonados, além de feições mais
Rede Hidrográfica
comumente associadas com o período das enchentes como os igapós,
que correspondem a trechos de florestas que ficam inundadas durante
as enchentes

Características das águas Sem informações

Similar à do rio Amazonas. Presença de peixes de valor comercial,


Ictiofauna
entre elas Anchovia surinamensis

Desflorestamentos Não significativos.

A ocupação do território que engloba os municípios desta subárea


remonta aos séculos XVIII e XIX, com origem nas missões jesuítas.
Processo de ocupação
Vários destes municípios surgiram de desmembramentos do município
de Altamira.
Os municípios deste compartimento apresentam atividades
econômicas de pouca expressão, com predominância das atividades
Atividades econômicas
extrativistas vegetais. No município de Prainha se observa um ligeiro
predominantes
crescimento da agricultura no período recente, mas os produtos
cultivados são basicamente aqueles típicos de subsistência

Prainha é polarizado por Santarém e Gurupá por Vitória do Jarí,


Polarização
ambos às margens do Rio Amazonas

Malha viária incipiente, com poucas rodovias não pavimentadas, sem


Acessibilidade nenhuma proximidade da malha viária regional. É o único trecho em
que o Rio Xingu é navegável, facilitando o deslocamento hidroviário

Baixo dinamismo demográfico


Dinâmica populacional
Municípios com média taxa de urbanização

ARCADIS Tetraplan 13
COMPARTIMENTO 2
Várzeas do Rio Xingu

Alto potencial para pastagens naturais e Áreas de Preservação


Permanentes; Terras com aptidão restrita para agricultura,
Condicionantes e necessitando de cuidados complexos devido ao relevo;
Restrições de ocupação Susceptibilidade a erosão hídrica ou quando da remoção do solo
superficial; Solos de fertilidade média com impedimentos físicos ao
desenvolvimento de raízes e uso de máquinas
Ambos os municípios, dados inúmeros fatores restritivos, apresentam
Magnitude do PIB um porte econômico muito reduzido. A renda per capita gira em torno
de R$2.000,00, refletindo a incipiente produção local.

Forte dependência dos municípios pelos repasses do Fundo de


Finanças Públicas
Participação dos Municípios (FPM), da União.

Associados a interferências do ambiente ribeirinho e nas relações


Conflitos Existentes socioculturais (ao comprometimento de bens constituintes e alteração
ou perda de manifestações culturais) de populações tradicionais.
Elaboração: ARCADIS Tetraplan

Quadro 4-3 Compartimento 3 - Corredor Transamazônico

COMPARTIMENTO 3
Corredor Transamazônico

Presença da Rodovia Transamazônica, infra-estrutura indutora da


Elementos de definição
ocupação, município de Altamira, polarizador. Matriz antrópica.

Porção norte do município de Altamira, Medicilândia, Brasil Novo,


Municípios integrantes Vitória do Xingu, Senador José Porfírio, Anapu e Porto de Moz, todos
no Estado do Pará.
Am. Quente e úmido com baixa amplitude térmica anual com
Clima precipitação média anual variando de 2.000 a 2.500 mm no baixo
curso do rio Xingu e 1.800 mm no eixo da Transamazônica
Na margem direita, no baixo curso do rio Xingu, predomina Floresta
Ombrófila Densa e Floresta Ombrófila Aluvial. No eixo propriamente
Cobertura vegetal dito prevalecem remanescentes de Florestas Ombrófilas e fragmentos
em diferentes estágios sucessionais em meio a extensas áreas de uso
antrópico.
Na margem direita, no baixo curso, inúmeros táxons florestais
apresentam limite leste da distribuição geográfica determinado pelo
Rio Xingu (unidade zoogeográfica Pará 1). Muitos deles são
endêmicos do interflúvio Tapajós-Xingu. No eixo propriamente dito,
Fauna
prevalece fauna de ambientes antropizados. Populações de espécies
estritamente florestais podem remanescer em fragmentos. Ocorrência
de cavernas em alguns trechos do compartimento propicia presença
de fauna especializada.
Presença da ria do Xingu, canal largo e profundo, com margens altas,
sendo afetado por variações do nível d’água decorrentes das marés.
Rede Hidrográfica Afluentes da margem direita do baixo curso do Rio Xingu, incluindo o
Majari. Compreende também as nascentes dos formadores do Rio
Jarauçu e tributários da margem esquerda do baixo curso dos rios Iriri

ARCADIS Tetraplan 14
COMPARTIMENTO 3
Corredor Transamazônico
e Xingu. Região da Volta Grande.

Na Volta Grande, apresenta águas claras, ligeiramente ácidas, bem


oxigenadas, relativamente pobres em nutrientes, condutividade
Características das águas
crescente ao longo do curso do rio; influência antrópica nas
proximidades de Altamira.
Na ria, similar a do Rio Amazonas. Presença comprovada de espécies
raras (Lycengraulis batesii) e ornamentais (Pimelodus altipinnis). Bem
Ictiofauna documentada na região da Volta Grande. Presença de espécies de
valor comercial, endêmicas, ornamentais e não descritas. Hábitats
específicos na Volta Grande (canais e pedrais).
Desflorestamentos pretéritos em padrão de "espinha de peixe" na área
de influência da Transamazônica. Desflorestamentos recentes
expressivos apenas a sul, nas proximidades da foz do Rio Iriri. No
Desflorestamentos
baixo curso, desflorestamentos recentes a partir da Transamazônica e
do rio Xingu, encontrando-se dentro do limite legal em Porto Moz, com
fragmentação concentrada nas margens do rio Xingu.

Projetos de colonização financiados pelo governo federal nos anos 70,


Processo de ocupação
executados de forma dirigida, assentando lavradores sem-terra

A agropecuária é a atividade produtiva mais importante do


compartimento, cabendo destaque para o extrativismo vegetal,
policultura (cacau, café) e a pecuária. Os municípios Brasil Novo e
Vitória do Xingu possuem uma pecuária consolidada, em outros a
Atividades econômicas
atividade apresenta crescimento típico de uma fase anterior, rumo à
predominantes
consolidação, como Anapu seguido pelos municípios de Senador José
Porfírio e Porto de Moz. O município de Altamira apresenta perfil
produtivo diversificado, caracterizando-se como um pólo regional e
Medicilândia apresenta-se como um entreposto comercial da região.

Polarização O município que polariza os demais da região é Altamira

Principal eixo rodoviário - Rodovia Transamazônica, que atravessa as


Acessibilidade sedes dos municípios; Presença de aeroportos locais. O rio Xingu é
navegável na região até a vila de Belo Monte.
Baixa dinâmica populacional, com apenas um município com taxas
Dinâmica populacional crescentes; Municípios com média taxa de urbanização, exceção feita
a Altamira
Terras aptas para a agricultura e pastagens, mas que necessitam de
práticas complementares de melhoramento e adubação; Sem
Condicionantes e
restrições para a mecanização; Susceptibilidade a erosão devido à
Restrições de ocupação
aração, terraplenagens ou drenagens; Solos de baixa fertilidade e
problemas de toxidez.
Neste compartimento é possível notar uma melhora significativa na
magnitude do PIB dos municípios envolvidos. Este fator está
Magnitude do PIB diretamente relacionado à presença da Rodovia Transamazônica,
induzindo maior desenvolvimento, sobretudo de atividades
agropecuárias.

ARCADIS Tetraplan 15
COMPARTIMENTO 3
Corredor Transamazônico

Embora estes municípios tenham indicadores econômicos melhores,


Finanças Públicas são da mesma maneira dependentes do FPM, que cobre ao menos
cerca de cinqüenta por cento das despesas municipais na região.
Associados à atração de contingentes populacionais com pressão
sobre os equipamentos sociais. Afluxo de trabalhadores, quando do
anúncio do AHE Belo Monte, disputando terras até então destinadas à
Conflitos existentes
pecuária. Desflorestamento acima dos limites legais; Linha de
Transmissão (PAC). A área de influência de Belo Monte, segundo
definição dos estudos, envolve comunidades indígenas.
Elaboração: ARCADIS Tetraplan

Quadro 4-4 Compartimento 4 – Médio Xingu Pecuária

COMPARTIMENTO 4
Médio Xingu Pecuária

Predominância da pecuária. Grandes áreas desflorestadas. Indução de


Elementos de definição
antropização para outros compartimentos.

São Félix do Xingu (porção nordeste e sudeste à direita do rio Xingu),


Municípios integrantes Tucumã, Ourilândia do Norte (pequena porção nordeste), Bannach,
Cumaru do Norte, todos no Estado do Pará.

Sazonal com precipitação média anual de 1.800 a 2.200 mm. Estiagem


Clima
entre junho a setembro

Remanescentes de Floresta Ombrófila e contatos Florestas


Cobertura vegetal Ombrófila/Estacional e Floresta Ombrófila/Savana em meio a extensas
áreas de pastagem.

Área de endemismo Pará 2, entretanto com predomínio de fauna


Fauna
heliófila e de borda.

Rios com canais em rocha, baixa sinuosidade, erosão das margens e


Rede Hidrográfica
do fundo; alta carga iônica e de sedimentos no Rio Fresco.

Características das águas Condutividade alta; carga de sedimentos observada no Rio Fresco.

Ictiofauna Não há informações.

Desflorestamentos antigos na região de influência de São Félix do


Xingu e em Bannach, Ourilândia e Cumaru do Norte, a partir de
vetores externos. Desflorestamentos recentes em direção oeste.
Desflorestamentos Taxas de desflorestamentos evidenciando situação grave em São Félix
do Xingu e Cumaru. Muito grave e crítica em Bannach e Tucumã.
Áreas de desflorestamentos recentes por vizinhança, a partir das áreas
de pecuária.

Processo de ocupação Projetos de colonização financiados pelo governo federal nos anos 70,
de forma espontânea, por grandes empresas pecuaristas e agricultores

ARCADIS Tetraplan 16
COMPARTIMENTO 4
Médio Xingu Pecuária
basicamente nordestinos

A economia destes municípios é centrada nas atividades pecuárias. Os


produtos agrícolas cultivados ocupam apenas uma pequena área
Atividades econômicas destes municípios e são basicamente aqueles de subsistência, ou seja,
predominantes não se destinam ao agronegócio como o gado bovino. O extrativismo
vegetal é pequeno na região, com alguma expressão apenas em São
Felix do Xingu.
Os municípios da região são polarizados por São Félix do Xingu e por
Polarização Redenção e Novo Repartimento, esses dois últimos fora dos limites da
bacia
Malha viária incipiente, com poucas rodovias pavimentadas, com
Acessibilidade proximidade da rodovia pavimentada PA 150, nos limites da bacia.
Acesso feito por rodovias locais e aeroportos locais.

Baixo dinamismo demográfico; Municípios com média ou baixa taxa de


Dinâmica populacional
urbanização

(i) Susceptibilidade alta a erosão laminar e em sulcos quando obras ou


intervenções provocam concentração de escoamento superficial e
assoreamento de talvegues. Deficiência de nutrientes (ii)
Condicionantes e
Susceptibilidade média a alta a erosão laminar, em sulcos, rastejo e a
Restrições de ocupação
movimentos de massa nos relevos de morrotes, morros e serras
intensificados com a remoção da cobertura vegetal natural.
Declividades altas, solos rasos e afloramentos rochosos.
Este compartimento, embora com acessibilidade incipiente, apresenta
Magnitude do PIB um porte econômico relativamente estruturado em decorrência da
pecuária estabelecida.
Municípios com dinâmica econômica que lhes permitem maior
autonomia financeira, o que é possível ser verificado com os repasses
Finanças Públicas
do FPM, que neste compartimento cobrem menos que a metade das
despesas municipais.
Conflitos existentes Associados à alteração no uso e ocupação do solo, devido à forte
pressão de desflorestamento para pecuária em áreas florestais do
entorno; alteração na qualidade da água; uso e posse da terra;
desenvolvimento econômico não sustentável ambientalmente; área de
conflitos agrários e ocorrência de trabalho escravo.
Elaboração: ARCADIS Tetraplan

Quadro 4-5 Compartimento 5 – Formações do Cachimbo

COMPARTIMENTO 5
Formações do Cachimbo - Área sob influência da BR-163

Influência da rodovia BR-163. Ecossistemas relacionados com


Elementos de definição
formações do Cachimbo.

ARCADIS Tetraplan 17
COMPARTIMENTO 5
Formações do Cachimbo - Área sob influência da BR-163

Municípios integrantes Altamira, ao sul de seu território – PA

Am3. Precipitação média anual de 2000 a 2500mm e 100 a 200mm de


Clima
déficit hídrico

Campinaranas, Floresta Estacional, Contato Campinarana/Floresta


Cobertura vegetal
Ombrófila, Refúgio.

Fauna relacionada zoogeograficamente com as formações da Serra do


Cachimbo e a florestas estacionais, diferenciando-se da fauna do
Fauna
restante da bacia do rio Xingu. Presença de cavernas propicia
presença de fauna especializada esses ambientes

Rede Hidrográfica Nascentes de formadores do rio Curuá, afluente do rio Iriri.

Características das águas Não há informações.

Ictiofauna Ictiofauna de nascentes. Grande possibilidade de endemismos.

Principalmente na Floresta Estacional e nas formações de contato


Desflorestamentos (Campinarana /Floresta Estacional). Taxas de desflorestamentos
dentro do limite legal, com significativas áreas contínuas.
Projetos de colonização financiados pelo governo federal nos anos 70,
Processo de ocupação de forma espontânea, por grandes empresas pecuaristas e agricultores
basicamente nordestinos.
Predomina o extrativismo vegetal e também há a presença da pecuária
Atividades econômicas
de corte, embora menos significante comparada à atividade das
predominantes
madeireiras.
Quase não há polarização essa porção do território de Altamira, único
neste compartimento. A sede municipal mais próxima é a do município
Polarização
de Novo Progresso, fora da bacia, e as demais sedes estão há cerca
de 400 km de Novo Progresso.
Potencial de incremento da acessibilidade, com malha viária em
Acessibilidade processo de consolidação, por meio da BR 163 e de algumas rodovias
não pavimentadas.

Dinâmica populacional Baixo dinamismo demográfico, com baixa taxa de urbanização.

Suscetibilidade a erosão em sulcos, rastejo e a movimentos de massa


quando da remoção da cobertura vegetal. Solos rasos, com baixa
Condicionantes e
fertilidade, problemas de toxidez por alumínio, baixa capacidade de
Restrições de ocupação
retenção de umidade e alta suscetibilidade a erosão hídrica e a
movimentos de massa.

Apresenta porte econômico relativamente incipiente se comparado a


Magnitude do PIB
outros compartimentos, com PIB per capita perto de R$4.000,00.

ARCADIS Tetraplan 18
COMPARTIMENTO 5
Formações do Cachimbo - Área sob influência da BR-163

Composto por municípios dependentes das transferências federais


Finanças Públicas
com destaque para o FPM.

Associados a desflorestamentos nas proximidades de TI e UC, devido


à alteração do uso e ocupação do solo. O projeto de construção e
Conflitos Existentes pavimentação BR-163 atravessa a região oeste da bacia (PCHs Salto
do Buriti, Salto do Curuá e Santo Três de Maio), podendo intensificar
os conflitos já existentes relacionados a BR-163.
Elaboração: ARCADIS Tetraplan

Quadro 4-6 Compartimento 6 – Alto Xingu Oeste

COMPARTIMENTO 6
Alto Xingu Oeste - Área sob Influência da BR-163

Influência da rodovia BR-163. Atividade agropecuária consolidada ou


Elementos de definição
em fase de consolidação.

Claudia, Feliz Natal, Guarantã do Norte, Itaúba, Marcelândia, Matupá,


Nova Santa Helena, Nova Ubiratã, Peixoto de Azevedo, Santa
Municípios integrantes
Carmem, Sinop, Sorriso, União do Sul, Vera, todos no Estado de Mato
Grosso.
Predomina o clima Am3 (segundo classificação de Köppen), sazonal
Clima com precipitação média anual de 2000m. Média de temperaturas de
24ºC.
Contato Floresta Ombrófila / Floresta Estacional (Formações florestais
Cobertura vegetal do Parecis). Formações Pioneiras nos afluentes e no rio Xingu. Limite
com as Savanas meridionais.
Unidade Zoogeográfica: Transição Fl Ombrófila - Estacional da
margem esquerda do Rio Xingu. Fauna caracterizada pela presença
de parte das espécies da Fl Ombrófila da margem esquerda e de
Fauna espécies cuja distribuição restringe-se à periferia amazônica. Note-se,
ainda, a presença de forte elemento associado às formações palustres
das planícies de inundação. Presença também de fauna associada a
ambientes periféricos da Amazônia.
Rios com amplas planícies de inundação nos baixos cursos, afluentes
Rede Hidrográfica do rio Xingu da margem esquerda: Culuene, Tamitatoala, Ronuro,
Arraias, Jarininha.

Condutividade baixa, variação sazonal significativa; valores altos de


Características das águas
nutrientes em algumas determinações.

Espécies endêmicas de pequeno porte nas cabeceiras; espécies que


Ictiofauna exploram os recursos da várzea sazonal. Presença comprovada de
espécies raras e ornamentais.
Intensos e crescentes, verificando-se a retomada recente de
desflorestamentos, a norte do compartimento, expandindo-se a partir
Desflorestamentos de áreas de cultura de grãos. Prevalecem situações de
desflorestamentos graves e críticas nos municípios de Sinop, Nova
Santa Helena, Sta. Carmem, Claudia, Itaúba. Grandes manchas

ARCADIS Tetraplan 19
COMPARTIMENTO 6
Alto Xingu Oeste - Área sob Influência da BR-163
remanescentes florestais, em meio a grandes extensões de pastagens
e de agrossistemas. Limites abruptos e geométricos. Aparentemente,
desmatamentos isolados e coalescentes, com substituição da matriz
florestal original para agropecuária. Área de avanço da fronteira
agrícola - desmatamentos versus extensas áreas bem conservadas;
expansão de culturas cíclicas sobre as florestas. Áreas de ocupação
recente (degradação a paisagem em curso).
Anos 70 - programas de colonização baseados três grandes empresas
privadas do Sul e Sudeste do País (Colíder, Sinop e Indeco), que
Processo de ocupação
adquiriram terras que foram então loteadas e oferecidas a pequenos
agricultores capitalizados das regiões Sul e Sudeste.
Os municípios deste compartimento apresentam padrão típico da
ocupação do Estado do Mato Grosso, inicialmente extrativismo
vegetal, seguido pela pecuária e posteriormente agricultura,
especialmente a soja. Neste compartimento observam-se três grupos
de municípios de acordo com o grau de avanço que se encontram
neste processo. Os municípios mais ao sul do compartimento – Nova
Ubiratã, Sorriso, Vera, Sinop e Santa Carmem – encontram-se em
Atividades econômicas
estágio avançado desta transformação, e neles se observa grandes
predominantes
plantações de soja. No centro do compartimento se encontram os
municípios que estão na fase de transição– Feliz Natal, União do Sul,
Cláudia, Itaúba e Marcelândia –, onde se observa a pecuária, mas já
se verificam avanços dos grãos. No norte do compartimento estão os
municípios menos avançados neste processo, onde a pecuária ainda é
a atividade dominante. Este é o caso de Peixoto de Azevedo, Guarantã
do Norte, Matupá e Nova Santa Helena.

Todos os municípios são polarizados por Sinop, cuja sede encontra-se


Polarização
fora dos limites da bacia; Alguns também são polarizados por Cuiabá.

Trata-se da região da bacia com maior potencial de acessibilidade,


com malha viária em processo de consolidação, com a existência de
Acessibilidade
algumas rodovias não pavimentadas, com a BR 163 passando por
municípios na borda da bacia.

Área com alto dinamismo populacional; Municípios com média ou


Dinâmica populacional
baixa taxa de urbanização, com exceção de Sinop, Sorriso e Vera.

Terras aptas para a agricultura e pastagens, mas que necessitam de


práticas complementares de melhoramento e adubação; Sem
Condicionantes e
restrições para a mecanização; Susceptibilidade baixa a erosão
Restrições de ocupação
quando da remoção do solo superficial; Solos de baixa fertilidade e
problemas de toxidez.
Compartimento com maior porte econômico da bacia. PIB per capita
Magnitude do PIB que ultrapassam os R$10.000,00 em municípios como Sinop e Feliz
Natal, ou mesmo R$20.000,00, como em Sorriso.
A consolidação econômica dos municípios deste compartimento
Finanças Públicas permitiu a eles uma expressiva autonomia financeira, dependem
menos das transferências federais e estaduais.
Área de avanço da fronteira agrícola - desmatamentos versus extensas
Conflitos Existentes áreas bem conservadas. Desflorestamentos dentro de TIs e de UCs;
desflorestamentos acima dos limites legais. Degradação de recursos

ARCADIS Tetraplan 20
COMPARTIMENTO 6
Alto Xingu Oeste - Área sob Influência da BR-163
hídricos e pesqueiros, interferindo nos modos de vida indígenas,
ribeirinhos e de pescadores; redução local da diversidade biológica;
grande aporte de insumos. BR-242-MT (PAC).
Elaboração: ARCADIS Tetraplan

Quadro 4-7 Compartimento 7 – Alto Xingu Leste

COMPARTIMENTO 7
Alto Xingu Leste - Área sob Influência da BR – 316

Elementos de definição Influência da BR-316.

Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia, Canabrava do Norte, Canarana,


Confessa, Gaúcha do Norte, Porto Alegre do Norte, Querência, Ribeirão
Municípios integrantes
Cascalheira, Santa Cruz do Xingu, São Félix do Araguaia, São José do
Xingu, Vila Rica, todos no Estado do Mato Grosso.
Transição entre climas Am3 e Aw (segundo classificação de Köppen),
Clima sazonal com precipitação média anual de 2000m. Média de temperaturas
de 24ºC.
Contato Floresta Ombrófila / Floresta Estacional (Formações florestais
Cobertura vegetal do Parecis) e Savanas/Floresta Estacional. Ecótono Floresta Ombrófila e
Savanas.
Unidade Zoogeográfica: Transição Fl Ombrófila - Estacional da margem
direita do Rio Xingu. Fauna caracterizada pela presença de parte das
espécies da Fl Ombrófila da margem direita e, ainda, de espécies cuja
Fauna
distribuição restringe-se à periferia amazônica. Note-se, ainda, a
presença de forte elemento associado às formações palustres das
planícies de inundação.
Compreende sub-bacias de rios com planícies fluviais amplas, afluentes
da margem direita do alto curso do rio Xingu: rio Paturi, Auaiá-Miçu e
Rede Hidrográfica afluentes da margem direita do rio Suiá-Miçu. Nascentes e grande parte
do rio Comandante Fontoura, que deságua no trecho superior do Médio
rio Xingu.

Condutividade baixa, variação sazonal significativa; valores altos de


Características das águas
nutrientes em algumas determinações

Espécies endêmicas de pequeno porte nas cabeceiras; espécies que


Ictiofauna
exploram os recursos da várzea sazonal

Extensas áreas desflorestadas em décadas passadas.


Desflorestamentos recentes intensos e localizados a sul desta unidade e
mais acentuados a norte (Confresa e Vila Rica). Situação crítica em Alto
Desflorestamentos
Boa Vista, muito grave em S. José do Xingu e Vila Rica, grave em
Canabrava do Norte e um pouco acima do limite legal nos demais
municípios. Matriz de pastagens.
Porção norte: Colonização, nos anos 1970, em parcerias com
Processo de ocupação associações de produtores e cooperativas
Porção sul: Ocupação recente, marcada pelas primeiras experiências de

ARCADIS Tetraplan 21
COMPARTIMENTO 7
Alto Xingu Leste - Área sob Influência da BR – 316
plantação de soja no estado do Mato Grosso, realizadas por colonos
gaúchos atraídos para o norte pelos Projetos de Colonização, no início
dos 1980
Assim como os municípios localizados no lado oeste do Alto Xingu, os
municípios deste compartimento apresentam economia em
transformação. No entanto, se encontram em um estágio anterior, ocorre
uma expansão da produção de grãos com destaque para a soja, mas tal
atividade não se consolidou. Os municípios mais ao norte do
compartimento – Vila Rica, Confresa, São José do Xingu, Porto Alegre
do Norte, Canabrava do Norte e Alto Boa Vista – apresentam forte
Atividades econômicas
atividade pecuária. No centro do compartimento os municípios
predominantes
apresentam atividade pecuária e transitam para a agricultura. Neste
caso aparecem os municípios de São Felix do Araguaia, Santa Cruz do
Xingu, Bom Jesus do Araguaia, Gaúcha do Norte e Ribeirão Cascalheira.
No centro-sul aparecem os municípios que estão mais avançados na
transição da pecuária para a agricultura, onde a pecuária ainda aparece
com certa importância, mas compartilhada com a agricultura. Estes
municípios são Querência e Canarana.
Os municípios da porção ao norte do compartimento são polarizados por
São Félix do Araguaia, cuja sede encontra-se fora dos limites da bacia;
Polarização
Os municípios da porção mais ao sul são polarizados por Barra do
Garças
Malha viária em transição, com a existência de algumas rodovias não
Acessibilidade pavimentadas, com alguma proximidade da malha viária regional;
Acesso feito por rodovias locais e aeroportos locais
Porção norte: Baixo dinamismo demográfico; Municípios com média ou
baixa taxa de urbanização
Dinâmica populacional
Porção sul: Demografia relativamente dinâmica, com altas taxas de
crescimento em Primavera do Leste e Querência
Terras aptas para a agricultura e pastagens, mas que necessitam de
práticas complementares de melhoramento e adubação; Sem restrições
Condicionantes e
para a mecanização; Susceptibilidade baixa a erosão quando da
Restrições de ocupação
remoção do solo superficial; Solos de baixa fertilidade e problemas de
toxidez por alumínio
Ainda que a consolidação econômica deste compartimento esteja um
estágio anterior ao Compartimento 6, há já um porte econômico bem
Magnitude do PIB
significativo. Em municípios como Querência, o PIB per capita passa de
R$15.000,00, enquanto no restante está em torno de R$10.000,00.
O avanço econômico enseja a esses municípios conquistarem cada vez
maior autonomia econômica e financeira. Mas ainda assim, na maior
Finanças Públicas
parte dos casos os repasses do FPM ainda representam parcela
importante das receitas municipais.
Desmatamentos em TI ; uso agropecuário em TI; pressões sobre
Parque Nacional do Xingu; degradação de recursos hídricos e
pesqueiros, interferindo nos modos de vida indígenas, ribeirinhos e
Conflitos Existentes pescadores; taxas de desmatamentos elevadas em remanescentes
redução local da diversidade biológica. Construção da BR-158/MT
(PAC), podendo trazer à região aumento populacional e alterações na
economia, mas não tendendo a criar situações de conflito direto com
relação às PCHs situadas a montante da rodovia. BR-242/MT, em área

ARCADIS Tetraplan 22
COMPARTIMENTO 7
Alto Xingu Leste - Área sob Influência da BR – 316
de desenvolvimento agrícola.
Elaboração: ARCADIS Tetraplan

Quadro 4-8 Compartimento 8 – Xingu Meridional

COMPARTIMENTO 8
Xingu Meridional

Elementos de definição Bioma Cerrado ou Savana. Nascentes de formadores do rio Xingu.

Água Boa, Campinápolis, Nova Brasilândia, Nova Xavantina, Paranatinga,


Municípios Planalto da Serra, Primavera do Leste, Santo Antônio do Leste, todos no
Estado do Mato Grosso.
Sazonal. Segundo classificação de Köppen, Aw.Precipitação média anual
Clima de 2000mm, inverno seco e pluviosidade máxima no verão.Temperatura
média anual de 22ºC.

Savanas Parque e Gramíneo Lenhosa; Arborizada e Florestada; Contato


Cobertura vegetal
Savana / Floresta Estacional

Unidade Zoogeográfica: Cerrado ou Savana. Presença de endemismos de


Fauna Cerrado com registros na região. Presença de cavernas propicia ocorrência
de fauna cavernícola especializada.
Nascentes de formadores do rio Xingu (Culuene e Sete de Setembro);
águas emendadas na cabeceira do Rio Sete de Setembro (Depressão do
Rede Hidrográfica
Alto Araguaia / Tocantins); cabeceiras do Von den Steinen, Ronuro,
Tamitatoaba, Cuvisevo e Suiá-miçu

Características das águas Sem informação

Espécies reofílicas de pequeno porte; endemismo alto. Embora pouco


Ictiofauna
estudada, é comprovada a presença de espécies ornamentais e raras.

Intensos. Grandes manchas remanescentes de savanas, em meio a


grandes extensões fortemente antropizadas e agrossistemas.
Fragmentação a partir do sul, aparentemente por vizinhança e pelos
Desflorestamentos
interflúvios, mais intensa nos altos cursos. Mais expressiva a oeste, nas
rampas pouco dissecadas no reverso das escarpas, já no Planalto dos
Parecis / Alto Xingu
Com uma das ocupações mais antigas de toda a bacia do rio Xingu, que
datam da década de 70, foi alvo de processos de colonização
encabeçados pelo governo para garantir a soberania na região. No
entanto, se por um lado tais projetos visavam a colonização por pequenos
Processo de ocupação
agricultores, em pouco tempo a pressão agrícola latifundiária transformou a
região deste compartimento. Inicialmente a pecuária em grandes latifúndios
chegou trazida por colonos gaúchos, dando logo espaço à soja, que hoje
domina a região, trazendo forte pressão latifundiária e ambiental.

ARCADIS Tetraplan 23
COMPARTIMENTO 8
Xingu Meridional

Neste compartimento se encontram municípios cuja principal atividade


econômica é a agricultura, baseada na soja; municípios onde a pecuária
aparece com forte expressão, e outros onde se verifica uma transição do
extrativismo vegetal para a agricultura (soja). No primeiro grupo, com
Atividades econômicas
agricultura consolidada, aparecem Primavera do Leste, Santo Antônio do
predominantes
Leste e Água Boa. O grupo cuja atividade principal é a pecuária é formado
por Nova Brasilândia, Planalto da Serra, Campinápolis e Nova Xavantina.
Na fase de transição do extrativismo para a agricultura se encontra o
município de Paranatinga.
Os municípios deste compartimento apresentam polarização com
Primavera do Leste, cuja sede municipal está a sul da bacia do rio Xingu, já
fora de seus limites, e também com Água Boa, a sudeste da bacia. Uma
Polarização influência significativa é verificada com os municípios de Sorriso e Sinop,
ambos no Compartimento 6, a oeste da bacia, mas é a proximidade de
Cuiabá que faz com que seja a capital mato-grossense a grande influência
da região.
A região é bem atendida em termos de estradas, tendo fácil acesso tanto
para a capital Cuiabá, pouco mais de 200 km ao sudoeste desta região.
Acessibilidade
Também há boa ligação com os municípios a noroeste, tais como Sinop,
Sorriso e Feliz Natal.

Região apresenta alto dinamismo populacional, com altas taxas de


Dinâmica populacional
crescimento demográfico e altos índices de urbanização.

Condicionantes e
Solos suscetíveis à erosão laminar e em sulcos.
Restrições de ocupação

Essa região tem um porte econômico não tão expressivo, com PIB per
Magnitude do PIB capita médio em torno de R$7.500,00. Há exceções, como Água Boa, cujo
PIB per capita atinge cerca de R$15.000,00.
As finanças aqui são um pouco mais dependentes do FPM. Nova
Xavantina e Nova Brasilândia, por exemplo, conta com um terço de seu
Finanças Públicas
orçamento proveniente do repasse da União. O restante, em média, tem o
FPM representando cerca de 20% das receitas municipais.
Área de influência das PCHs, interferindo em TIs ─ diversas etnias do
Parque Indígena do Xingu (PIX) e aldeias do povo Xavante. Proximidade
com UC. Antropização nas nascentes do rio Sete de Setembro;
Conflitos desmatamento elevado, também em TIs; redução das savanas; redução
local da diversidade biológica. Interferências nos cursos d´água causando
insegurança alimentar e da saúde e perturbação do cotidiano das
populações tradicionais do entorno.
Elaboração: ARCADIS Tetraplan

4.3. Avaliação de Impactos

4.3.1. Aspectos Metodológicos


À luz das informações que compõem o diagnóstico da bacia hidrográfica do Xingu e da
caracterização dos empreendimentos, um conjunto de impactos pode ser antevisto em
decorrência da implantação de empreendimentos hidrelétricos na bacia do rio Xingu, de

ARCADIS Tetraplan 24
diferentes portes. Sem esgotar a discussão, apresenta-se a seguir uma lista dos principais
impactos normalmente atribuídos à implantação e operação de empreendimentos
hidrelétricos, sendo que deve ser ressaltado que a ênfase ou foco da análise deste estudo
está voltado aos impactos de natureza permanente sobre o território da bacia do rio Xingu, ou
seja, principalmente aqueles da fase de operação e de médio e longo prazo.

Assim, inicialmente são descritos os seguintes Impactos nos Ecossistemas (Meio Físico e
Ecossistemas Terrestres e Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos) e na seqüência
aqueles para a socioeconomia. É notório que alguns dos impactos têm relevância de fato
apenas para o empreendimento AHE Belo Monte em função de seu porte, e que não se
aplicam com a mesma resolução aos demais aproveitamentos (PCHs).

ƒ Alterações microclimáticas: a formação de um espelho d’água representa alteração na


rugosidade da superfície, o que pode interferir na direção dos ventos e em sua
velocidade, dependendo de sua extensão. Devido ao aumento de fenômenos de
evaporação, pode-se esperar, ainda, aumento de umidade do ar, principalmente, e
formação de nevoeiros. Este aspecto pode ser mais evidente no entorno imediato do
Aproveitamento Hidrelétrico (AHE) Belo Monte, dada a extensão do reservatório, sendo
não significativo para os demais aproveitamentos.
ƒ Sobrelevação do nível d’ água: o fechamento das comportas determina a sobrelevação
do nível d’água do reservatório e a formação do reservatório, criando-se, dessa forma,
um lago artificial e, portanto, um novo elemento na paisagem, tanto mais notável, quanto
maior o reservatório.
ƒ Aumento de processos erosivos a jusante: pode ocorrer aumento de processos erosivos
das margens dos rios afetados, a jusante do barramento devido ao aumento do poder
erosivo da água, ainda que de forma muito localizada e restrita. Dado esse fato, ocorre
ainda uma redução da deposição de sedimentos imediatamente a jusante.
ƒ Aumento do processo de deposição a montante: quanto mais próximo ao baixo curso do
rio, um reservatório recebe maior aporte de sedimentos carreados pelos cursos d’água da
bacia a montante. Ainda que considerados, de modo geral, pouco significativos no caso
do rio Xingu, estes se depositam, em grande parte, nos remansos dos reservatórios. Este
processo favorece a formação de deltas nos remansos dos reservatórios com perda de
volume útil deste e alterações na fisiografia do rio nesse trecho.
ƒ Perda de potencial mineral: com a implantação dos aproveitamentos hidrelétricos, a
inundação de áreas para a formação dos reservatórios pode implicar em perdas de
potencial mineral.
ƒ Perda de habitats de transição (matas de igarapés, ilhas, pedrais, barrancos): o
alagamento de ambientes de transição situados nas margens dos rios e de seus
afluentes, quando afetados, bem como ilhas e afloramentos rochosos, determinam perda
de ambientes específicos que comportam comunidades biológicas adaptadas às
condições extremas decorrentes do pulso de cheia e vazante dos rios, notadamente do
rio Xingu. Este impacto implica perdas de habitats e de comunidades biológicas
específicas.
ƒ Interferências em áreas de interesse conservacionista: a formação de reservatórios pode
afetar limites de Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade (APCB) ou de
Unidades de Conservação (UC) e contribuir para o aumento de pressão antrópica. Esse
impacto é cumulativo e pode determinar perdas importantes, uma vez que essas áreas
foram selecionadas por suas fragilidades frente às perturbações antrópicas.

ARCADIS Tetraplan 25
ƒ Perda de cobertura vegetal de terra firme por sobrelevação do nível d´água com perdas
de populações e de hábitats: este impacto pode ser medido pelo tamanho do
reservatório, pelas formações existentes e seu estado de conservação. Uma sucessão de
barramentos, associada a processos de antropização, podem levar a perdas expressivas
de habitats e de populações vegetais e animais. É, portanto, um impacto cumulativo, o
que determina a sua importância para a presente avaliação.
ƒ Aumento de pressão antrópica no entorno: devido ao alagamento de áreas produtivas, há
uma tendência de expansão do uso no entorno dos reservatórios como forma de
reconstituir as áreas de agropecuária eventualmente perdidas pelo alagamento. Da
mesma forma, a abertura de novas vias de acesso e a melhoria das existentes favorece
os processos de antropização. Associam-se a essas tendências, a geração de empregos
decorrente da implantação do empreendimento. Esses fenômenos se refletem em
aumento de desflorestamentos. Esse conjunto de eventos atua no aumento das taxas de
conversão da floresta em áreas de uso antrópico, recrudescendo vetores de ocupação
atualmente observados Em que pese à alteração observada atualmente devido aos
desflorestamentos, esse impacto terá grande intensidade na região sob influência do
AHE Belo Monte. Nos demais, considerando-se o pequeno porte dos empreendimentos,
não se espera significativo afluxo populacional.
ƒ Alterações das comunidades aquáticas à montante do barramento: devido às alterações
do regime hídrico do rio e sua mudança de regime lótico para lêntico ou semi lêntico
determina mudanças nas condições dos hábitats das comunidades aquáticas deste
trecho e, portanto, alterações na composição e abundância das populações aquáticas.
No que se refere aos peixes, serão favorecidas espécies de ambientes lênticos em
detrimento das espécies de corredeiras. Ressalte-se que vários setores da bacia do rio
Xingu têm endemismos comprovados, caso da Volta Grande, afetada pelo
aproveitamento de Belo Monte, seja no alto curso, na região de cabeceiras..
ƒ Fragmentação do ambiente do rio: os empreendimentos provocam fragmentação no
continuum fluvial, constituindo muitas vezes sub-populações com contato diminuído ou
impedido entre elas. No caso de Belo Monte acentua-se, dessa forma, a separação
ecológica observada atualmente a jusante e a montante da Volta Grande. Alterações na
dinâmica de meta populações podem ser esperadas, bem como o isolamento do rio
Bacajá.
ƒ Alterações das comunidades aquáticas a jusante do barramento devido às alterações do
regime hídrico do rio: a dinâmica sazonal de alteração dos níveis d’água condiciona
diversos processos ecológicos que tendem a ser alterados pelos barramentos. Pode-se
esperar alteração de populações e de diversidade. No caso do aproveitamento de Belo
Monte, podem ser esperadas alterações das comunidades aquáticas do baixo curso do
rio Bacajá devido às alterações na dinâmica hidrológica da Volta Grande.
No caso dos pequenos barramentos esse efeito é praticamente inexistente mas é
significativo, no caso de Belo Monte, no trecho de redução de vazão na Volta Grande,
determinando importante redução do hábitat aquático e modificações na dinâmica desse
ambiente. Pode-se esperar redução de populações e redução de diversidade, colocando
em risco populações de espécies endêmicas e de valor comercial. Em adição, podem ser
esperadas alterações das comunidades aquáticas do baixo curso do rio Bacajá devido às
alterações na dinâmica hidrológica e ao seu isolamento.
ƒ Alterações nas características da água do rio: este impacto é proporcional à dimensão do
empreendimento, ao tempo de residência da água no reservatório e à morfometria do

ARCADIS Tetraplan 26
mesmo. As características dos empreendimentos previstos e existentes nos rios da bacia
hidrográfica do Xingu não sinalizam alterações significativas da qualidade da água dos
rios afetados a não ser pelas mudanças na intensidade e nos padrões de uso do solo que
podem induzir, pois a oferta de energia tende a intensificar as atividades econômicas e a
atração de população. Esses fenômenos têm como conseqüência o aumento da pressão
sobre os recursos hídricos, em seus aspectos qualitativos e quantitativos, devido ao
aumento da demanda para abastecimento humano e dessedentação animal, ao aumento
de lançamento de efluentes e aumento de processos de assoreamento decorrentes dos
desflorestamentos.
No caso de Belo Monte a qualidade da água do Xingu sofre influência à montante da área
do barramento, proveniente da área urbana de Altamira, que apresenta infra-estrutura de
saneamento precária, e onde ocorre lançamento de efluentes domésticos, sem
tratamento, diretamente no rio. Este fato, associado à redução do poder depurador do rio
em decorrência do represamento e ao aumento populacional previsto para Altamira,
poderá determinar, notadamente em trechos remansados, a deterioração da qualidade da
água.
No reservatório propriamente dito, o ambiente lêntico receberá água já alterada em
alguma medida, devido aos fatores acima citados. O Índice de Desenvolvimento de
Margem (IDM) baixo e o tempo detenção hidráulica reduzido são fatores de amenização
da deterioração da qualidade das águas. Não se espera problemas significativos neste
trecho, após a estabilização do reservatório.
Já no trecho a jusante, alterações são esperadas devido à menor carga de sedimentos,
maior transparência e maior produtividade primária da água e também à influência
crescente do aumento populacional previsto para Vitória do Xingu.
ƒ Formação de ambientes propícios à proliferação de macrófitas e de invertebrados de
interesse médico-sanitário: os reservatórios favorecem a proliferação de macrófitas
aquáticas, bem como a instalação de focos de vetores e hospedeiros de doenças. Estes
fenômenos podem ser esperados principalmente nos remansos formados nos igarapés,
sendo os mais extensos na região de Altamira. Este impacto é considerado de média
importância pois se espera que seja localizado.
ƒ Incremento do Valor Adicionado Fiscal Municipal – em função da presença de novos
empreendimentos produtivos no território municipal que se associa ao aumento do
produto (PIB) e renda municipal, bem como a possível dinamização e diversificação da
base econômica dos municípios onde o projeto está implantado.
ƒ Aumento da receita municipal devido ao aumento da quota parte municipal do ICMS –
ocorre por conta da legislação que determina os critérios de repasse aos municípios,
sendo que o valor adicionado fiscal municipal é o que tem a maior ponderação na formula
utilizada, de acordo com a Constituição Federal, deve participar com um mínimo de 75%.
ƒ Direito ao recebimento de compensação financeira em função da área alagada nos
municípios – em decorrência da legislação existente.
ƒ Deslocamento de populações – No processo de implantação de um empreendimento
hidrelétrico, o enchimento do reservatório é aquele com maior potencial de causar
impactos permanentes, podendo ser necessário o deslocamento de populações e
instalações produtivas e infra-estruturas de transporte, energia e de telecomunicações.

ARCADIS Tetraplan 27
ƒ Geração de empregos na cadeia da produção de energia - a construção da usina, a
construção e/ou aprimoramento das estradas e dos portos por onde chegarão os
insumos, linhas de transmissão, as subestações de energia e demais dispositivos
envolvem um vasto conjunto de insumos, materiais, equipamentos, que serão adquiridos
de uma grande rede de fornecedores desses bens e serviços que compõem a cadeia da
produção de energia. Essa demanda irá, portanto, fortalecer esses variados segmentos,
que se localizem no país e também no exterior (componentes elétricos e eletrônicos mais
sofisticados). E, mais ainda bens e serviços regionalmente/localmente providos.
ƒ Aumento da oferta de emprego durante a construção e operação do projeto - no caso do
AHE Belo Monte, cerca de 17.000 empregados estarão envolvidos nos trabalhos no ápice
das obras. Isso acarretará um impacto de elevadas proporções nos municípios próximos
à obra, já que esse volume de emprego aquecerá as economias municipais. Em
contrapartida, ao se aproximar do final das obras de construção do empreendimento, este
contingente de trabalhadores será desarticulado e o impacto esperado é o contrário, com
o aumento do desemprego local.
ƒ Geração de empregos induzidos em diferentes segmentos produtivos da matriz regional -
o aumento do contingente de trabalhadores nas obras de construção do AHE Belo Monte
gerará um movimento migratório relevante para a região de Altamira. Além dos 17.000
trabalhadores esperados para a construção do empreendimento, parte dos quais virá de
outros municípios e/ou Estados, existe uma população associada a estes, como, por
exemplo, seus familiares. Assim, além dos empregos diretos que o empreendimento
proporcionará, haverá um aumento de empregos em todos os municípios próximos à
Belo Monte, principalmente no setor de serviços, necessários para atender este novo
contingente populacional.
ƒ Aumento da oportunidade de negócios para micro e pequenos empresários, impacto
associado aos dois anteriores.
ƒ Alteração/ruptura na rede de relações econômico-sociais das quais os grupos sociais
dependem e dispõem para garantir sua sobrevivência - no caso do AHE Belo Monte,
estima-se em aproximadamente 480 o número de famílias afetadas diretamente pela
implantação, exigindo reassentamento em outra(s) localidade(s). Rompem-se, assim,
relações socioeconômicas e perdem-se referenciais seja de produção, seja de relações
sociais, os quais necessitarão ser reconstruídos.
ƒ Alterações no quadro de saúde - introdução e disseminação de doenças de veiculação
hídrica e outras, entre as quais a DST: o aumento populacional esperado devido à
implantação das obras e a presença de cerca de 17.000 trabalhadores por um período de
três anos aproximadamente, impõe riscos de alteração do quadro da saúde pública, em
decorrência da possibilidade de introdução de agentes etiológicos e de vetores de
doenças. O aumento de pressão sobre a infra-estrutura de saúde é outro impacto
esperado que pode alterar esse quadro.
ƒ Fortalecimento da Matriz Institucional – a maior presença de entes públicos e não
governamentais: desde a fase de licenciamento, construção e operação do
empreendimento, se instaura um processo em que vários entes federais (IBAMA,
Ministério Público, FUNAI, INCRA, Marinha etc.), Estaduais (Secretária de Meio
Ambiente, Recursos Hídricos, Fazenda etc.) e não governamentais participarão de modo
mais ativo e freqüente na região, tendo em conta suas competências e interesses.
ƒ Alteração na hierarquia funcional dos núcleos municipais – a hierarquia funcional dos
núcleos municipais não será muito alterada, ainda que alterações menores sejam

ARCADIS Tetraplan 28
esperadas. Altamira continuará sendo o principal pólo regional, possivelmente com maior
força que atualmente. No entanto, Vitória do Xingu deverá passar a polarizar em pequena
escala os municípios que se encontram próximos.
ƒ Pressão adicional sobre a infra-estrutura urbana e serviços - devido à chegada do
contingente de trabalhadores e da população associada espera-se uma pressão adicional
sobre a infra-estrutura urbana e de serviços.

A partir deste conjunto de impactos adotaram-se dois procedimentos básicos: o primeiro trata
da construção de indicadores quantitativos e qualitativos para um grupo menor de impactos,
dentro das contingências e objetivos do estudo, conforme mostrado na Figura 4-3 abaixo.

O segundo tratamento ocorre no contexto dos cenários elaborados neste estudo, no capítulo
5 são elaborados cenários para as variáveis população, valor adicionado e desmatamento,
considerando que o comportamento de tais variáveis se associa a diversos tipos de impactos
(pressão sobre infra estrutura urbana, animação econômica etc), principalmente no caso de
variações significativas em um curto período de tempo, a construção de tais cenários também
é uma forma de evidenciar e assinalar para a ocorrência de tais impactos.

Assim, em relação ao primeiro procedimento, objeto deste capítulo, foram selecionados


impactos representativos de processos mais amplos, passíveis de avaliação no âmbito deste
estudo e que podem ser cumulativos ou apresentar sinergia e que, ao mesmo tempo, são
passíveis de avaliação para o conjunto dos empreendimentos propostos por meio das
variáveis e indicadores disponíveis.

Figura 4-3 Universo e seleção de impactos para a avaliação ambiental distribuída

Com base nesse entendimento, os impactos selecionados para os ecossistemas e


socioeconomia são:

ƒ Ecossistemas
− Perdas de potencial mineral

ARCADIS Tetraplan 29
− Perda e fragmentação de habitats terrestres
− Alteração na dinâmica hidráulica dos rios e alteração da qualidade da água e dos
ecossistemas aquáticos
− Depreciação da Ictiofauna Nativa
− Desflorestamento
ƒ Socioeconomia
− Incremento do Valor Adicionado Fiscal Municipal
− Aumento da receita municipal devido ao aumento da quota parte municipal do ICMS
− Deslocamento de populações, urbana e rural

Posto isso, apresenta-se a seguir os procedimentos adotados para a avaliação desses


impactos selecionados. Para a construção dos indicadores buscou-se encaminhar soluções
que pudessem contribuir para uma visão sistêmica qualitativa/quantitativa, por meio de
procedimentos que resultassem na avaliação do impacto em questão e no que se refere a
sua intensidade, utilizou-se determinados intervalos de classe e valores numéricos
associados conforme a Tabela 4-1 a seguir apresenta.

Tabela 4-1 Classificação de Impactos

Classificação do Impacto Valor Numérico

Alto e Muito Alto 16


Médio 4
Baixo 2
Muito Baixo 1

Elaboração: ARCADIS Tetraplan

Em adição, para a construção dos indicadores, o tamanho do reservatório tem um papel


fundamental, tendo sido estabelecido o seguinte critério para definição do tamanho do
reservatório conforme apresentado na Tabela 4-2 a seguir.

Tabela 4-2 Tamanho do reservatório

Tamanho do
Classificação Aproveitamentos Hidrelétricos
Reservatório
Maior que 500 km² Muito Grande AHE Belo Monte
PCH Paranatinga I
De 3 a 13 km² Pequeno
PCH Paranatinga II
PCH Salto Buriti
PCH Salto Curuá
Menor que 3 km² Muito Pequeno PCH Três de Maio
PCH ARS
PCH Culuene

ARCADIS Tetraplan 30
Sem informação PCH Ronuro
Elaboração: ARCADIS Tetraplan

Uma vez tendo sido avaliados tais impactos e obtidos seus os resultados de acordo com a
tabela acima de intensidade, o passo seguinte é a construção de uma matriz, denominada de
Matriz de Sensibilização de Impactos (ver Anexo I), em cujas células são inseridos tais
resultados das avaliações dos impactos de cada empreendimento sobre o município, sub-
bacia e compartimento. O objetivo é poder apreender de forma sistemática os impactos
decorrentes da presença dos aproveitamentos. A matriz relaciona, portanto, um conjunto de
informações referentes aos empreendimentos (linhas) e os possíveis impactos nos três meios
básicos, físico, biótico e socioeconômico (colunas).

Trata-se assim de um quadro, onde os resultados concernentes aos vários impactos e


empreendimentos são apresentados em conjunto, podendo-se avaliar suas possíveis
cumulatividades e sinergias.

Posto isso, na seqüência são apresentadas para cada um dos meios os impactos
selecionados e os resultados encontrados, quando então são explicitados em maior detalhe
os procedimentos adotados para sua construção.

4.3.2. Impactos nos Ecossistemas (Meio Físico e Ecossistemas Terrestres e


Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos)
Perdas de potencial mineral

Justificativa

A implantação de empreendimentos hidrelétricos determina alterações nas características e


na dinâmica do meio físico. A magnitude dos impactos gerados é função das características
dos empreendimentos, notadamente o tamanho do reservatório, do clima e dos terrenos da
região, assim como da dinâmica do rio.

Conforme exposto anteriormente, entre os efeitos adversos passíveis de avaliação para o


conjunto de empreendimentos, está a perda de potencial mineral, Trata-se de um impacto
que pode assumir importância caso a inundação ocorra em áreas de potencial elevado.

A Bacia do rio Xingu é bastante extensa, abrangendo regiões de elevado potencial mineral
com ocorrências de minerais de alto valor do ponto de vista econômico.

As jazidas não ocorrem de forma aleatória, mas associadas a rochas ou a seqüências de


rochas que, durante a sua formação ou evolução, apresentaram condições físico-químicas
bastante favoráveis para a concentração e retenção do elemento de interesse econômico.

A avaliação dos ambientes geológicos com potencialidade mineral corresponde ao primeiro


passo para uma avaliação expedita da possibilidade dos reservatórios em operação e em
implantação na bacia do rio Xingu afetarem esse potencial.

Indicadores

ARCADIS Tetraplan 31
Para a avaliação da perda do potencial mineral foram utilizadas informações apresentadas no
diagnóstico do meio físico, referentes à potencialidade dos terrenos em relação aos recursos
minerais. As informações de ocorrência de minerais e a importância dos mesmos, bem como
o status econômico referem-se a informações obtidas nos Mapas Geológicos da CPRM de
2004.

PCHs Salto Buriti, de Salto Curuá e Três de Maio

Três PCHs em construção, de Salto Buriti, de Salto Curuá e Três de Maio localizam-se nos
Planaltos Residuais do Sul da Amazônia. Este tipo de terreno apresenta potencial mineral
para ouro, estanho, fluorita, ferro, cobre, níquel, chumbo, zinco, cobalto e granada, conforme
registrado nos mapas geológicos da CPRM (2004) em alguns locais. As mineralizações,
entretanto, concentram-se na região de São Felix do Xingu. Os garimpos de ouro ocorrem em
aluviões ou veios de quartzo em áreas associadas a afloramento de rochas arqueanas.

Também são importantes os depósitos de níquel, em lateritas sobre o Complexo Xingu, e as


ocorrências de ferro associadas às formações ferríferas bandadas arqueanas.

PCH ARS

Está localizada na unidade de relevo denominada Planalto dos Parecis no terreno das
Rampas detrito-lateriticas que são terrenos planos e suave ondulados que se desenvolvem
sobre silte, areia siltosa, argilas e conglomerados com seixos angulosos; total ou
parcialmente laterizados da Formação Araguaia.

Esses terrenos apresentam baixo potencial mineral.

PCH Paranatinga I, PCH Paranatinga II e PCH Ronuro

Na Depressão de Paranatinga estão localizadas 3 PCHs. Duas delas, as PCHs de


Paranatinga I e II situam-se na Depressão de Paranatinga nas rampas arenosas, que são
terrenos suave ondulados, sustentados por arenitos da Formação Parecis que ocorrem nas
cabeceiras do rio Ronuro.

A PCH Ronuro, situa-se na região de Colinas amplas, médias e Rampas que são terrenos
suaves ondulados a ondulados, pouco dissecados, que se desenvolvem sobre folhelhos e
siltitos micáceos, com finas intercalações de arenitos arcoseanos (Formação Dimantino) e de
modo restrito em arenitos finos a médios, com níveis de arenitos grossos, seixos e siltitos
(Formação Raizama).

As Rampas arenosas e as Colinas amplas, médias e Rampas, na cabeceira dos rios Jatobá,
Tamitatoala ou Batovi e Coliseu, em conseqüência da presença de intrusões kimberliticas,
nas rochas da Formação Diamantino, apresentam potencial para a ocorrência de diamantes,
que vem sendo explorados em garimpos nos cascalhos fluviais. O restante desse
compartimento apresenta baixo potencial mineral, bem como baixa probabilidade de
ocorrência de cavernas, pois o relevo plano inibe o seu desenvolvimento.

PCH Culuene

ARCADIS Tetraplan 32
A PCH Culuene localiza-se no Planalto dos Alcantilados, na região das rampas arenosas, que
são terrenos planos e suave ondulados desenvolvidos sobre arenitos. Esses terrenos
apresentam baixo potencial mineral.

AHE Belo Monte

O AHE Belo Monte insere-se na Depressão da Amazônia Meridional, que é a unidade de


relevo que apresenta maior número de pontos com registro de existência de recursos
minerais segundo os mapas geológicos do CPRM (2004).

A maior parte das mineralizações refere-se a garimpos, depósitos ou ocorrências de ouro,


encontrados em veios de quartzo ou aluviões em áreas, geralmente, associadas a
afloramento de granitóides arqueanos, como os do Complexo Xingu, ou unidades
Metavulcanossedimentares com destaque à suíte Três Palmeiras na região da Volta Grande
do Xingu.

Na região da Volta Grande do Xingu os depósitos de ouro nos aluviões do rio e nos terrenos
adjacentes, foram pesquisados e lavrados com significativa produção pela Oca Mineração e
por garimpeiros no passado e hoje pertencem à Mineração Verena., que tem se dedicado à
realização de novas prospecções, dado o esgotamento das reservas até então conhecidas.

A presença de uma mina de estanho é registrada em terrenos próximos ao Igarapé da Bala,


afluente do rio Iriri, logo a montante da foz do rio Curuá, associada a granitóides do Complexo
Xingu. Os Mapas da CPRM (2004) não registram se as minas e garimpos estão em atividade
ou paralisados.

Indícios de mineralizações de estanho e manganês e ocorrências de águas marinhas e


granadas são registrados nos terrenos próximos a foz do rio Iriri.

Na área do reservatório do AHE Belo Monte, entretanto, não se registra nenhuma ocorrência
mineral para ouro e outros minerais. Registra-se apenas a ocorrência de depósitos de
areia/cascalho e argila no leito do rio no trecho a ser inundado, nas proximidades de Altamira.

Avaliação da Magnitude

O indicador para a avaliação da magnitude do impacto de cada empreendimento hidrelétrico


previsto para a Bacia do Xingu é a potencialidade do terreno em termos de ocorrência de
recursos minerais em contraposição à área de inundação – assumindo-se neste estudo que,
quanto maior a superfície por ele ocupada e quanto maior o potencial mineral do terreno,
maiores serão as chances de interferências e perdas destes recursos.

Deve ser considerado que esse critério é apenas indicativo da probabilidade de ocorrência de
interferências nas atividades de exploração mineral. Assume-se que a possibilidade de uma
jazida se encontrar na Área Diretamente Afetada (ADA) de um reservatório é maior quanto
maior for o grau de interferência deste em uma determinada região com potencial mineral.
Entretanto, pode acontecer de a reserva estar situada justamente na área correspondente a
um reservatório de pequena dimensão (ou seja, um reservatório considerado de pequena
interferência).

ARCADIS Tetraplan 33
Integrando esses dois critérios, área do reservatório e potencialidade mineral dos terrenos
onde se localizam os reservatórios e entorno, os impactos apresentam diferentes graus de
significância de acordo com o Quadro 4-9 a seguir.

Quadro 4-9 Grau de Significância do Impacto

Potencial Mineral dos Terrenos na Área dos Tamanho do Reservatório


Reservatórios
Muito Pequeno Muito
Grande Pequeno

A Alto Potencial Mineral, com ocorrência de títulos Muito Alta Baixo Muito baixo
minerários
B Existe Potencial para alguns minerais em pontos Alto Muito Muito baixo
específicos da região, sem titulo minerário na provável baixo
área do reservatório
C Ocorrência de significativos depósitos Médio Muito Muito baixo
aluvionares/coluvios na área do reservatório baixo
D Terrenos com depósitos aluvionares/coluvios de Baixo Muito Muito baixo
pequena expressão baixo
Fonte: Engevix/Themag/ARCADIS Tetraplan/Intertechne, 2007. Atualização do Inventário da Bacia do rio Xingu

A análise para cada empreendimento resultou na avaliação apresentada no Quadro 4-10, no


qual é possível verificar que, para todas as PCHs implantadas e em implantação na Bacia do
Xingu, os efeitos sobre os recursos minerais não são significativos. Apenas no AHE Belo
Monte o impacto pode ser avaliado como de baixa magnitude, pois a formação do
reservatório deverá afetar algumas jazidas de argila e areia.

Quadro 4-10 Perda de Potencial Mineral - Resultados

Tamanho do Avaliação do Impacto


Tipo de empreendimento Nome
Reservatório Qualitativo Numérico

Salto Buriti Muito Pequeno Muito baixo 1


Salto Curuá Muito Pequeno Muito baixo 1
Salto Três de Maio Muito Pequeno Muito baixo 1
ARS Muito Pequeno Muito baixo 1
PCH
Parantinga I Pequeno Muito baixo 1
Parantinga II Pequeno Muito baixo 1
Culuene Muito Pequeno Muito baixo 1
Ronuro Sem dados - -
AHE Belo Monte Muito Grande Baixo 2
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

ARCADIS Tetraplan 34
4.3.1.1. Impactos sobre os Ecossistemas Terrestres
Perda e fragmentação de habitats terrestres, Pressão sobre habitats e sobre áreas de
Interesse Conservacionista

Justificativa

A construção de empreendimentos hidrelétricos promove interferências nos ecossistemas


terrestres decorrentes tanto da fragmentação e perda de habitats, como da perda de
espécimes de flora e de fauna.

Quando muito intensos, a perda e fragmentação de hábitats terrestres podem ocasionar


depleções populacionais da fauna e da flora, com possibilidade de extinção local de espécies,
inclusive daquelas consideradas raras, endêmicas e/ou ameaçadas de extinção. Fenômenos
de perdas de diversidade e de variabilidade genética podem ser esperados, com intensidades
variáveis.

Perdas sucessivas em uma sub-bacia ou em um compartimento podem levar à eliminação de


hábitats e, por conseguinte, determinar a extinção regional de espécies em um processo de
cumulatividade. Ressalte-se que a permanência de população residual não garante a
manutenção desta uma vez que, abaixo do tamanho mínimo de uma população2, a perda de
variabilidade genética torna-a extremamente vulnerável a processos de extinção.

Os efeitos da submersão de habitats terrestres não se restringem a esses impactos diretos


nas comunidades, mas incluem também impactos indiretos, como a alteração e
empobrecimento das comunidades biológicas decorrentes de efeito de borda. Em florestas, o
aumento de insolação e temperatura, aliado à redução de umidade atmosférica, levam à
substituição de grande parte das espécies umbrófilas por outras, em geral heliófilas,
invasoras ou oportunistas, destacando-se lianas. A ação dos ventos nas porções recém-
expostas pode danificar ou mesmo derrubar muitas das árvores antes protegidas no interior
da floresta (LAURANCE et al, 1998).

A extensão dos efeitos de borda é variável e depende de fatores diversos. Entretanto, de


modo geral, quanto mais reduzidos os fragmentos e quanto maior a relação borda/interior,
mais intensos são esses efeitos. Estudos na região amazônica indicam que mais de 30% da
área total de fragmentos com mais de 1.000 hectares podem ser influenciados por esse
fenômeno, que se manifesta com intensidades variáveis (LAURANCE et al, 1998).

Ainda que respostas a perturbações sejam variáveis, estudos sugerem que blocos florestais
com área acima de 10.000 ha de floresta contínua e relativamente intacta podem ser
resilientes às mudanças ambientais de curto prazo, capazes de abrigar indivíduos de

2
Tamanho mínimo varia com a espécie e não pode ser determinado a priori.

ARCADIS Tetraplan 35
espécies guarda-chuva, manter processos ecológicos e fatores seletivos, assim como
interações bióticas como a polinização de espécies chave e predação3.

Indicadores

De modo geral, quanto maior a área afetada, maiores serão as perdas, o que faz com que o
tamanho do reservatório, per se, seja uma variável importante na avaliação de impactos
dessa natureza.

O nível de fragmentação da paisagem onde se pretende instalar um empreendimento é,


portanto, um importante aspecto a ser observado na avaliação de impactos sobre
ecossistemas terrestres. Ou seja, áreas muito fragmentadas já apresentam perturbações
ambientais significativas e alterações em sua composição de espécies, tendo menor
importância como depositárias da diversidade biológica original.

Finalmente, esses processos assumem especial importância quando localizados em áreas de


interesse conservacionista, quais sejam, Unidades de Conservação e Áreas Prioritárias para
a Conservação da Natureza (APCBs), oficialmente reconhecidas por sua importância
biológica (Portaria nº 9 de 23 de janeiro de 2007).

Nesse sentido, quanto maior o nível de prioridade de uma determinada região maior
importância adquirem os impactos decorrentes da implantação de um determinado
empreendimento.

Para avaliação do grau de importância da implantação de empreendimentos utilizou-se para a


leitura do estado de conservação e da importância intrínseca da ambiência, as variáveis
APCBs e níveis de fragmentação para compor o indicador, conforme apresentado nos
Quadros 4-11 e 4-12.

Quadro 4-11 Leitura da Ambiência quanto à Interferência em APCBs

Importância Biológica (presença e tipo de APCB) Leitura

APCB de extrema importância muito alta importância e de especial Muito Alta


importância biológica, afetada em mais de 10% de sua área Importância
Interferência direta em Unidade de Conservação
APCB de extrema importância muito alta importância e de especial Alta Importância
importância biológica, afetada entre 1,1 e 10% de sua área
APCB de extrema importância muito alta importância e de especial Média Importância
importância biológica, afetada em até 1% de sua área
Não afeta APCB Inexistente
Referências: PROBIO, MMA, 2009.

3
(http://www.rbma.org.br/anuario/mata_06_fap_capitulo_3_pag1.asp)

ARCADIS Tetraplan 36
Quadro 4-12 Leitura da Ambiência quanto à Importância para os Ecossistemas
Terrestres, considerando os níveis de fragmentação.

Importância Biológica/Fragmentação Cobertura Vegetal Nativa Leitura

Continuum vegetacional na sub bacia Muito Alta


Importância
Matriz de vegetação nativa (>80% de vegetação) Alta Importância
Cobertura vegetal pouco a médio fragmentada (de 70,0 a 79,9% de Média Importância
vegetação)
Cobertura vegetal muito fragmentada (69,9 a 50% de vegetação) Baixa Importância
Ambiência antropizada (<50%) Muito Baixa
Importância
Referências: Mapa de cobertura vegetal e uso do solo atualizado com dados do PRODES (INPA, 2009).

Considerando-se que a intensidade do impacto está associada às características do ambiente


sob intervenção bem como às características do empreendimento, a leitura deste, ou seja, da
perda/pressão de um empreendimento hidrelétrico sobre os hábitats terrestres e áreas de
interesse conservacionista é resultante da sobreposição da área do reservatório e resultado
de leitura dessa ambiência conforme Quadro 4-13.

Quadro 4-13 Síntese da Importância dos Ambientes

Importância Conservacionista

Muito Alta Alta Média Inexistente


Importância para Eco

Muito Alta Muito Alta Muito Alta Alta Alta


Terrestre

Alta Muito Alta Alta Alta Alta


Média Muito Alta Alta Média Média
Baixa Alta Alta Média Baixa
Muito Baixa Alta Alta Média Muito Baixa
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Na Figura 4-4 são apresentadas as APCBs existentes na bacia hidrográfica do rio Xingu.
Estas se distribuem por toda a bacia hidrográfica, notadamente no extremo sul, junto às
cabeceiras dos formadores do rio Xingu, no oeste e médio curso deste rio e no extremo norte.

Especificamente nos compartimentos Xingu Meridional e, parcialmente, Alto Xingu Oeste -


Área sob Influência da BR-163, encontram-se as APCBs de importância Extremamente Alta e
Muito Alta importância, ocupando cerca de 70% de seu território. Especificamente na sub
bacia do rio Culuene, onde se encontram vários dos empreendimentos, tem-se cerca de 75%.

De forma semelhante, o compartimento Formações do Cachimbo sob Influência da BR-163


tem cerca de 45% de seu território inserido na APCB de importância Extremamente Alta,
Muito Alta e Alta, embora estas não sejam afetadas pelos empreendimentos.

Já o compartimento Corredor Transamazônico apresenta significativa parcela de seu território


(cerca de 30%) inserido em APCBs com diferentes níveis de importância.

ARCADIS Tetraplan 37
No que se refere à cobertura vegetal, verifica-se o predomínio de um continuum florestal na
bacia hidrográfica, com solução de continuidade nos compartimentos Corredor
Transamazônico e Médio Xingu Pecuária, principalmente. Ao sul da bacia, prevalecem
formações savânicas, em continuidade às florestas transicionais do planalto dos Parecis
(Contato Floresta Ombrófila/ Floresta Estacional). Atualmente sob intensa e crescente
pressão antrópica, ambas as formações apresentam níveis elevados de fragmentação.

Outro setor da bacia hidrográfica onde a pressão de desflorestamento é observada com


tendência ao crescimento, refere-se a compartimento Formações do Cachimbo sob Influência
da BR-163.

Na Figura 4-5 encontra-se espacializada a cobertura vegetal e o uso do solo e na Figura 4-6
evidenciam-se os vetores de desflorestamento.

ARCADIS Tetraplan 38
56°W 54°W 52°W 50°W

Legenda
Gurupá UHE Belo Monte
PA-04
Porto Gurupá -
de Moz Porto de PCHs
Prainha Moz Melgaço
Portel Capital Estadual
AM
2°S

2°S
Rio Sedes Municipais
Xingu Senador
José
Porfírio
Limite Estadual
Renascer Limites Municipais
Tabuleiro do
Vitória Xingu Belo Sub bacias
do Xingu Monte
Brasil
Altamira Cavernas
da Volta
Massa D'Água
Novo Anapú
Grande Rio
Medicilândia Anapu
Bacia do Xingu
Sub bacia Xingu
do Baixo Xingu Arara Terras Indígenas
Uruará
do Maia
Placas Unidade de Conservação de Proteção Integral
4°S

4°S
Rurópolis Novo Unidades de Conservação de Uso Sustentável
Itaituba Repartimento
Áreas Prioritárias
Trairão Rio Iriri Extremamente Alta
Muito Alta
Alta

PA

Rio
Xingu Parauapebas
6°S

6°S
Igarapé
Triunfo São Félix
Rio do Xingu Tucumã Água Azul
Curuá Ourilândia do Norte
APA Triunfo do Norte
Novo do Xingu Rio
Progresso Maria
Bannach
Bannach
Pau
Cumaru D'Arco
do Norte
Redenção
8°S

8°S

Entorno
BR-
163
Salto Microbacia
Buriti Salto do Rio
Salto Três de Maio Curuá Dezoito
Sub bacia
do R io Curuá
Base militar Serra
do Cachimbo Santana do
Araguaia
Entorno REBIO
Nascentes
do Cachimbo sul
Nascente Rio Xingu
de Iriri
Guarantã
Vila
do Norte Sul do Parque Comandante
10°S

10°S

Jarinã Estadual do Fontoura Rica Localização do mapa


Matupá Peixoto de
Azevedo Xingú 60°W 45°W

Santa
Confresa Terezinha
São José Porto


Manissaua- do Xingu Alegre do
Assentamento Miçu Norte
Trairão Canabrava
Itaúba Bom Marcelândia
Jaguá do Norte

TO
Castanheiras
15°S

15°S

Cláudia União
do Sul São Félix
Corredor Wawy- Alto Boa
Bacia do Araguaia
Marãwatsêde Vista
Sinop Santa Arraias
Carmem
Rio
12°S

12°S

Entre Xingu Suiázinho


30°S

30°S

Vera Rios
Feliz
Natal
MT
60°W 45°W
Sorriso Querência
Jatobá Ribeirão
Nova Sub bacia Cascalheira
Ubiratã do Rio Von Rio
Ribeirão
den Steinen Xingu
Cascalheira
ARS Cabeceiras do Xingú
Rondon-Xingú
Gaúcha
Sub bacia do Norte 1:4.250.000
Sub bacia
do Rio do Rio Canarana
km
0 50 100 200 300
Paranatinga -Ronuro Curisevo Nascentes
Rosário Paranatinga do Xingu Sistema de Coordenadas Geográficas
Oeste Paranatinga II Datum horizontal: SAD 69
14°S

14°S

Ronuro Paranatinga I Sub Água Boa


bacia do
Paranatinga Rio Culuene

Planalto Serra do Culuene


Campinápolis Figura 4- 4 Áreas Prioritárias para
Conservação da Biodiversidade
Nova
da Serra Culuene Xavantina
Nova
Brasilândia
GO
Fontes:
Base Cartográfica Digital do Brasil ao Milionésimo (IBGE, 2005)
CUIABÁ Primavera IBGE, Malha Municipal Digital do Brasil. 2005
do Leste PROBIO, 2007
Compilação de dados MMA e ICMBIO
ANEEL, 2008
Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2009
56°W 54°W 52°W 50°W
56°W 54°W 52°W 50°W

Legenda
Gurupá
UHE Belo Monte
Porto
Prainha de Moz Melgaço PCHs
Portel
Sub bacias
AM
2°S

2°S
Rio Bacia do Xingu
Xingu
Senador Capital Estadual
José
Porfírio Sedes Municipais
Vitória
do Xingu Limite Estadual
Belo
Brasil Altamira Monte Limites Municipais
Novo
Medicilândia Rio
Anapu Massa D'Água
Xingu
Uruará Sub bacia do Terras Indígenas
Placas Baixo Xingu
Unidade de Conservação de Proteção Integral
4°S

4°S
Rurópolis Novo
Repartimento
Unidades de Conservação de Uso Sustentável
Itaituba
Cobertura Vegetal
Rio Iriri
Trairão
Legenda
Massa D'Agua
Sem Informacao
Usos Antropicos
PA
Campinaranas
Contato Campinarana e Floresta Ombrófila
Rio
Xingu Parauapebas Contato Savana e Floresta Estacional
6°S

6°S
Contato Savana e Floresta Ombrófila
Contato Floresta Ombrófila e Floresta Estacional
São Félix
Rio do Xingu Tucumã Água Azul Floresta Estacional
Curuá Ourilândia do Norte
do Norte Floresta Ombrófila Aberta Submontana
Novo Rio
Progresso Maria Floresta Ombrófila Densa Aluvial
Bannach
Floresta Ombrófila Densa Submontana

Cumaru
Pau Floresta Ombrófila Densa Terras Baixas
D'Arco
do Norte
Redenção
Refúgio
8°S

8°S

Savana Parque e Gramíneo Lenhosa


Savana Arborizada
Salto
Buriti Salto
Savana Florestada
Salto Três Sub Curuá
de Maio bacia do Formações Pioneiras
Rio Curuá
Vegetação Secundária
Santana do
Araguaia

Rio Xingu

Guarantã
Vila
do Norte
10°S

10°S

Rica Localização do mapa


Matupá Peixoto de 60°W 45°W
Azevedo
Santa
Confresa Terezinha
Porto

São José 0°
Alegre do
do Xingu Norte
Marcelândia Canabrava
Itaúba do Norte

TO
15°S

15°S

Cláudia União
do Sul São Félix
Alto Boa
do Araguaia
Vista
Sinop Santa
Carmem
Rio
12°S

12°S

Xingu
30°S

30°S

Vera Feliz
Natal
MT
60°W 45°W
Sorriso
Querência
Nova Sub bacia
Ubiratã do Rio Von Rio Ribeirão
den Steinen Xingu Cascalheira
ARS
Gaúcha
Sub bacia do Norte 1:4.250.000
Sub bacia
do Rio do Rio Canarana
km
0 50 100 200 300
Ronuro Curisevo Paranatinga II
Sistema de Coordenadas Geográficas
Paranatinga I Datum horizontal: SAD 69
14°S

14°S

Ronuro Sub Água Boa


bacia do
Rio Culuene
Figura 4- 5 Cobertura vegetal
Paranatinga
Culuene Campinápolis
Planalto
e Uso do Solo
Nova
da Serra Xavantina
Nova
Brasilândia
GO
Fontes:
Base Cartográfica Digital do Brasil ao Milionésimo (IBGE, 2005)
CUIABÁ Primavera IBGE, Malha Municipal Digital do Brasil. 2005
do Leste Compilação de dados MMA e ICMBIO
PRODES, 2007
ANEEL, 2008
Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2009
56°W 54°W 52°W 50°W
56°W 54°W 52°W 50°W
Legenda
Gurupá UHE Belo Monte
Porto PCHs
Prainha de Moz Melgaço
Rio
Rio Portel Capital Estadual
Amazonas Amazonas
2°S

2°S
AM Rio
Rio Sedes Municipais
Xingu
Tapajós
Senador
Limite Estadual
José
Porfírio Limites Municipais
Vitória
do Xingu Massa D'Água
Belo
Brasil Altamira Bacia do Xingu
Monte
Novo
Medicilândia Rio Terras Indígenas
Anapu
Xingu
UCs Proteção Integral
Uruará
Placas UCs Uso Sustentável
Vegetação
4°S

4°S
Rurópolis Novo

Agrupamento das Formações


Itaituba Repartimento

Trairão Rio Iriri Campinarana


Contatos
Floresta Estacional
Floresta Ombrofila
PA Formações Pioneiras
Refugio
Rio
Savanas
Xingu Parauapebas
6°S

6°S
Vegetação Secundária
Desmatamento Progressivo PRODES
São Félix
do Xingu
Anos Analisados
Rio Tucumã Água Azul
Curuá Ourilândia do Norte 1997
do Norte
Novo Rio 2000/2001
Progresso Maria
Bannach 2002/2003
2004/2005
Pau
Cumaru
do Norte
D'Arco 2006/2007
Redenção
8°S

8°S

Salto
Salto Três Buriti
de Maio Salto
Curuá

Santana do
Araguaia

Rio Xingu

Guarantã
Vila
do Norte
10°S

10°S

Rica Localização
Matupá Peixoto de 60°W 45°W
Azevedo Rio Araguaia
Santa
Confresa Terezinha
Porto

São José 0°
Alegre do
do Xingu Norte
Marcelândia Canabrava
Itaúba do Norte

TO
15°S

15°S

Cláudia União
do Sul São Félix
Alto Boa
do Araguaia
Vista
Sinop Santa
Carmem Rio
Rio
12°S

12°S

Xingu das
30°S

30°S

Mortes
Vera Feliz
Natal
MT
60°W 45°W
Sorriso
Querência

Rio Ribeirão
Nova ARS Xingu Cascalheira
Ubiratã
Gaúcha
do Norte 1:4.250.000
km
Canarana 0 50 100 200 300
Paranatinga II
Sistema de Coordenadas Geográficas
Paranatinga I Datum horizontal: SAD 69
14°S

14°S

Ronuro Água Boa

Paranatinga
Planalto Culuene Campinápolis Figura 4- 6 Vetores de Desflorestamento e a
Temporalidade do Processo
Nova
da Serra Xavantina
Nova

GO
Brasilândia

Fontes:
Base Cartográfica Digital do Brasil ao Milionésimo (IBGE, 2005)
CUIABÁ Primavera IBGE, Malha Municipal Digital do Brasil. 2005
do Leste PRODES, 2007
Compilação de dados MMA e ICMBIO
ANEEL, 2008
Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2009
56°W 54°W 52°W 50°W
Avaliação da Magnitude

O indicador para a avaliação da magnitude do impacto de cada empreendimento hidrelétrico


previsto sobre os habitats terrestres e APCBs é o tamanho do reservatório.

O enchimento do reservatório é a ação mais impactante, dado seu caráter irreversível e


permanente. Seu tamanho define a área de redução dos ecossistemas terrestres,
substituídos por ambientes aquáticos.

Os Quadros 4-14 e 4-15 apresentam a magnitude do impacto e a perda e fragmentação de


hábitats terrestres, pressão sobre habitats e sobre áreas de interesse conservacionista.

Quadro 4-14 Magnitude do Impacto

Indicador Síntese da Leitura da Tamanho do Reservatório


Ambiência Muito Grande Pequeno Muito Pequeno
Muito Alta Muito Alta Alta Alta
Alta Alta Média Média
Média Média Baixa Baixa
Baixa Baixa Muito Baixo Muito Baixo
Não Significativo Muito Baixo Muito Baixo Muito Baixo
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Quadro 4-15 Perda e Fragmentação de Hábitats Terrestres, Pressão Sobre Habitats e


Sobre Áreas de Interesse Conservacionista – Resultados

Avaliação do Impacto
Tipo de
Nome APCB Fragmentação
empreendimento
Qualitativo Numérico

Muito Muito Alta


Salto Buriti Muito Alto 16
Alta importância
Muito Muito Alta
Salto Curuá Muito Alto 16
Alta importância
Salto Três de Muito Alta
Média Médio 4
Maio importância
PCH Muito Alta
ARS Média Médio 4
importância
Parantinga I Média Baixa importância Baixo 2
Parantinga II Média Baixa importância Baixo 2
Culuene Média Média importância Baixo 2
Ronuro Média - - -
AHE Belo Monte Alta Média importância Alto 16
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

ARCADIS Tetraplan 42
4.3.1.2. Impactos sobre os Recursos Hídricos e Ecossistemas Aquáticos
Alteração na dinâmica hidráulica dos rios e alteração da qualidade da água e dos
ecossistemas aquáticos

Justificativa

A implantação de reservatórios com a finalidade de geração de energia impõe, pela própria


natureza do empreendimento, profundas alterações nos ecossistemas aquáticos originais. A
magnitude dos impactos gerados é função das características da região (clima), da bacia
hidrográfica (área de drenagem, geologia, geomorfologia, pedologia, uso do solo), do rio
(fisiografia, diversidade de habitats, sazonalidade do regime hidrológico) e do
empreendimento (área alagada, tempo de residência, profundidade e morfometria do
reservatório, regras de operação).

Tendo em vista o caráter descontínuo da informação existente a respeito dos ecossistemas


aquáticos da bacia, particularmente em relação à qualidade da água, com áreas bem
estudadas e outras com pouca ou nenhuma informação, optou-se, para efeito da delimitação
dos impactos dos empreendimentos hidrelétricos nos compartimentos da bacia, por
indicadores relacionados às características dos reservatórios e ao uso do solo na bacia,
conforme apresentado a seguir.

Indicadores

Foram considerados dois impactos básicos em relação aos ecossistemas aquáticos, a saber:

ƒ Alteração na dinâmica hidrológica; e


ƒ Alteração na qualidade da água e dos ecossistemas aquáticos.

Dessa forma, a área alagada pelos reservatórios foi considerada um indicador de impacto na
dinâmica hidrológica do rio por refletir a magnitude da transformação de um sistema lótico
num sistema lótico-lêntico. A extensão dessa alteração na dinâmica hidrológica foi
considerada calculando, no caso das PCHs, o tempo de residência médio a partir dos dados
de volume do reservatório e volume anual na seção da PCH. Quanto maior o tempo de
residência maior a alteração provocada na dinâmica hidrológica do trecho represado e
também maior a possibilidade, dependendo das regras de operação, de alteração do regime
de vazões no trecho a jusante do reservatório.

Em relação à alteração da qualidade da água e dos ecossistemas aquáticos, a área alagada


e o tempo de residência foram também considerados indicadores desse impacto. Quanto
maior a área alagada, maior é a alteração em relação ao ecossistema original, com a
formação de novos habitats e a possibilidade de compartimentação do sistema. Quanto maior
o tempo de residência maior a transformação do ambiente lótico em lêntico, com processos
ecológicos que tendem a alterar as características físicas e químicas das águas, inclusive
pela possibilidade de estratificação do sistema.

Um outro indicador utilizado foi o potencial de aporte de fósforo nos reservatórios. O fósforo é
um nutriente essencial para a produção primária aquática e freqüentemente é o principal fator
limitante à eutrofização de reservatórios. Para o cálculo desse aporte foi considerada a área

ARCADIS Tetraplan 43
de drenagem de cada reservatório multiplicado por um coeficiente de exportação de fósforo.
O coeficiente considerado foi o relativo ao município onde o reservatório está situado. Foi
calculado a partir das cargas de nutrientes que podem afluir aos sistemas aquáticos
considerando a área de ambiente natural e de uso rural de cada município e a população
residente e valores de produção de cargas de fósforo de cada um desses itens obtidos na
literatura especializada (Jorgensen, 1989; Martino & Salas, 1991).

A extensão de rio com redução de vazão a jusante do represamento, impacto associado a


Belo Monte, foi também considerado um indicador pela importância desse efeito, embora num
único empreendimento, na alteração do ecossistema aquático.

As informações sobre os indicadores utilizados relativas aos empreendimentos hidrelétricos


na Bacia do Xingu são apresentadas no Quadro 4-16.

Quadro 4-16 Indicadores dos Impactos

Dinâmica Hidrológica / Alteração da Qualidade da Água e


Empreendimento
Ecossistemas

Tempo Trecho de
Área Alagada Aporte de P
Tipo Nome residência vazão reduzida
(km²) (ton/ano)
médio (dias) a jusante (km)
Salto Buriti 2,90 3,64 11 0

Salto Curuá 0,30 0,13 12 0

Três de Maio 0,16 0,35 4 0

ARS 1,64 28 0
PCH
Paranatinga I 4,24 80 0

Paranatinga II 7,83 11,88 84 0

Culuene 0,39 0,20 14 0

Ronuro

Belo Monte 516,00 5,60 7711 100


AHE

Elaboração: ARCADIS Tetraplan

Grau de Significância do Impacto e Resultados

Para avaliação da influência da implantação de empreendimentos nos ecossistemas


aquáticos foram utilizados como critérios para delimitação do grau de significância do impacto
provocado os valores constantes no Quadro 4-17.

ARCADIS Tetraplan 44
Quadro 4-17 Grau de Significância dos Impactos

Grau de Significância

Impacto Indicador Muito


Muito
Alto Médio Baixo Baixo/
Alto
Inexistente

200-
Álea Alagada (km²) >500 50-200 5-50 <5
500
Dinâmica
Hidrológica
Tempo de Residência
365 60-365 20-60 1-20 <1
(dias)

100-
Álea Alagada (km²) >500 50-100 5-50 <5
500

Tempo de Residência
Alteração da 365 60-365 20-60 1-20 <1
(dias)
Qualidade da
Água e
Ecossistemas 500-
Aporte de P (ton/ano) >1000 50-500 20-50 <20
1000

Trecho de Vazão
>80 50-80 10-50 2-10 <2
Reduzida

SALAS, H.& MARTINO, P. A simplified phosphorus trophic state model for warm-water tropical lakes. Wat.Res
25(3): 341-350, 1991.
JØRGENSEN, S.E. Use of models. In: Guidelines of lake management v. 1 Principles of lake management. S.E.
JØRGENSEN & VOLLENWEIDER, R.A. (Ed). ILEC-UNEP, Otsu, pp.71-98, 1989.

As características dos empreendimentos em relação aos indicadores foram classificadas


segundo o critério acima até se chegar numa qualificação única para cada impacto (alteração
na dinâmica hidrológica e alteração na qualidade da água e nos ecossistemas aquáticos) em
cada empreendimento. A esse resultado final foi atribuída uma nota correspondente ao grau
de impacto provocado por cada empreendimento.

ARCADIS Tetraplan 45
As etapas na atribuição dessa nota são discriminadas abaixo:

DINÂMICA HIDROLÓGICA

área alagada
MUITO ALTA ALTA MÉDIA BAIXA MUITO BAIXA

MUITO ALTO Muito Alta Muito Alta Alta Alta Alta

ALTO Muito Alta Alta Alta Alta Média

Tempo de Residência MÉDIO Muito Alta Alta Média Média Baixa

BAIXO Alta Média Média Baixa Muito Baixa

MUITO BAIXO Média Média Baixa Muito Baixa Muito Baixa

ALTERAÇÃO QUALIDADE DA ÁGUA/ ECOSSISTEMAS

aporte de P

MUITO ALTO ALTO MÉDIO BAIXO MUITO BAIXO

MUITO ALTA Muito Alta Muito Alta Alta Alta Alta

Dinâmica ALTA Muito Alta Alta Alta Alta Média

Hidrológica MÉDIA Muito Alta Alta Média Média Baixa

BAIXA Alta Média Média Baixa Muito Baixa

MUITO BAIXA Média Média Baixa Muito Baixa Muito Baixa

TRECHO DE VAZÃO REDUZIDA

MUITO ALTO ALTO MÉDIO BAIXO MUITO BAIXO

MUITO ALTA Muito Alta Muito Alta Alta Alta Alta

Dinâmica Hidrológica ALTA Muito Alta Alta Alta Alta Média

x MÉDIA Muito Alta Alta Média Média Baixa

ARCADIS Tetraplan 46
TRECHO DE VAZÃO REDUZIDA

MUITO ALTO ALTO MÉDIO BAIXO MUITO BAIXO

Aporte de P BAIXA Alta Média Média Baixa Baixa

MUITO BAIXA Média Média Baixa Baixa Muito Baixa

O resultado da intensidade dos impactos nos ecossistemas aquáticos é apresentado no


Quadro 4-18.

Quadro 4-18 Impactos nos Ecossistemas Aquáticos - Resultados

Avaliação do Impacto
Empreendimento Avaliação dos Indicadores
Qualitativo

Numérico Final
Hidrológica

ecossistem
Reservânci

da Qualida

Síntese do
reduzida a
Aporte de

Dinâmica
(ton/ana)

da água/
Alagada

Impacto
a Médio

jusante

ç
Tipo Nome
Tempo

vazão
(dias)
Área

Km²

Muito Muito Muito


Salto Buriti MB B MB MB 1
baixa baixa baixa
Muito Muito Muito
Salto Curuá MB MB MB MB 1
baixa baixa baixa
Salto Três de Muito Muito Muito
MB MB MB MB 1
Maio baixa baixa baixa
Muito Muito Muito
PCH ARS MB B MB 1
baixa baixa baixa
Muito
Parantinga I MB M MB baixa baixa 2
baixa
Parantinga II B B M MB baixa baixa baixa 2
Muito Muito Muito
Culuene MB MB MB MB 1
baixa baixa baixa
Ronuro
Muito Muito
UHE Belo Monte MA B MA MA alta 16
alta Alta
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

ARCADIS Tetraplan 47
Depreciação da Ictiofauna Nativa

Justificativa

A ictiofauna constitui um dos grupos mais afetados pela implantação de empreendimentos


hidrelétricos sendo os impactos decorrentes de três fenômenos principais: i) a fragmentação
do ecossistema aquático; ii) perda de habitat a montante, devido à formação do reservatório e
iii) a perda de habitat a jusante, devido principalmente à diminuição da amplitude de flutuação
no nível da água pelo controle da vazão. Diante disso, apresenta-se os principais impactos
em peixes, associados á implantação de aproveitamentos hidrelétricos.
A fragmentação afeta principalmente as espécies migradoras, que dependem de grandes
trechos lóticos livres e de habitats diferenciados para completar o ciclo de vida. Por isso,
espera-se que bacias ou trechos mais ricos em espécies desse tipo sejam mais frágeis aos
impactos de barragens. Na ausência de dados relativos à presença de espécies migratórias,
pode ser utilizada a localização do empreendimento, considerando que quanto mais a
montante, maiores as chances de preservar eventuais rotas migratórias. Da mesma forma, a
presença de barreiras naturais podem ser utilizadas para essa avaliação.
A perda de habitat a montante deve-se à transformação de um ambiente lótico em um
ambiente lêntico, afetando diretamente as comunidades. Devido à escassez de espécies
nativas evolutivamente adaptadas às novas condições, poucas espécies permanecem em
reservatórios e há maiores chances de expansão de espécies exóticas, que muitas vezes
causam danos às populações nativas ainda existentes. A presença de espécies endêmicas e
raras, nessas circunstâncias, assume especial importância, sendo uma variável adequada à
avaliação da intensidade do impacto.
A fragilidade de um rio aos efeitos provocados pelo controle de vazão (impacto a jusante)
está diretamente ligada à presença de lagoas marginais e áreas sujeitas à inundação nas
épocas de cheia, que normalmente servem de berçário para as formas jovens de inúmeras
espécies de peixes. Quanto mais próximas e quanto maior a quantidade dessas áreas num
trecho de rio, mais negativo deverá ser o impacto de uma barragem no recrutamento das
populações de peixes que dependem de áreas alagadas.

Indicadores

Sendo assim, para avaliação do grau de importância da implantação de empreendimentos


utilizou-se dados de espécies migratórias, endêmicas, e presença de planícies de inundação
para compor o indicador, conforme apresentado nos Quadros 4-19 e 4-20.

ARCADIS Tetraplan 48
Quadro 4-19 Leitura da Ambiência quanto à importância do trecho para movimentação
de peixes.

Importância trecho como potencial rota migratória Leitura

Canal principal, baixo ou médio curso Muito Alta Importância


Canal principal, alto curso; afluente no baixo ou médio curso Alta Importância
Afluente no alto curso Média Importância
Afluente de pequeno porte; qualquer trecho com ruptura natural Baixa importância
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Quadro 4-20 Leitura da Ambiência quanto à presença de espécies de interesse


conservacionista

Importância trecho como potencial rota migratória Leitura

Presença de espécies endêmicas; ausência de dados Muito Alta Importância


Presença de espécies raras Alta Importância
Presença de espécies de valor comercial/ornamental ou outros Média Importância
Presença de criadouros potenciais para peixes Muito Alta Importância
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Grau de Significância do Impacto e Resultados

O grau de significância do impacto é resultante da superposição dessas variáveis com a área


do reservatório conforme apresentado no Quadro 4-21.

Quadro 4-21 Grau de Significância do Impacto - Resultados

Empreendimento Significância dos Indicadores Avaliação do Impacto

Tipo Nome Rota Composição Criadouros Qualitativo Numérico

Salto Buriti Baixa Alta Média 4


Salto Curuá Baixa Média Média 4
Salto Três de Maio Baixa Média Média 4
ARS Baixa Média Média 4
PCH
Parantinga I Média Alta Muito Alta 16
Parantinga II Média Alta Muito Alta 16
Culuene Baixa Alta Alta 16
Ronuro
AHE Belo Monte Alta Alta Muito Alta 16
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

ARCADIS Tetraplan 49
4.3.3. Impactos sobre a Socioeconomia
Incremento do valor adicionado fiscal municipal4

Impacto considerado de natureza positiva. As hidrelétricas, enquanto empreendimentos


produtivos geradores de energia, aumentam o PIB municipal e incrementam as receitas
públicas municipais. Como indicador básico da magnitude desses impactos, a variação do
valor adicionado fiscal pode ser tomada como um indicador (variável “proxy”) da variação do
PIB municipal, sendo que também ele compõe a sistemática de cálculo da quota parte
municipal do ICMS, importante item da formação da receita municipal.

Para melhor entendimento do seu significado, o Valor Adicionado Fiscal, descrito na Lei
Complementar nº 63 de 11/01/1990, corresponde, para cada Município, ao valor das
mercadorias saídas, acrescido do valor das prestações de serviços, no seu território,
deduzido o valor das mercadorias entradas, em cada ano civil.

Este conceito vincula-se à obrigatoriedade constitucional de transferência da parcela de 25%


do ICMS arrecadado pelo Estado aos municípios. Assim, esta variável é utilizada para o
cálculo dos índices de participação dos municípios (IPM) na quota-parte municipal do ICMS
(QPM), conforme apontado, impacto tratado no item a seguir.

Neste contexto, é importante lembrar o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de


Justiça (STN) de que a mera saída física do estabelecimento produtor para o estabelecimento
distribuidor não configura operação tributável pelo ICMS, cujo fato imponível demanda a
circulação econômica do bem, razão pela qual não pode ser computada para o cálculo do
valor adicionado fiscal. Assim, o valor adicionado criado pelo AHE Belo Monte advindo do
calculo da produção de energia elétrica anual multiplicada pelo seu preço, subtraindo-se os
custos dos insumos utilizados neste processo produtivo resulta em cerca de R$5 bilhões,
supôs-se, entretanto, que apenas a parcela de 20% desse valor seria considerado de fato
como o valor adicionado fiscal, pois corresponderia ao que seria internalizado no Estado do
Pará na forma de recolhimento de ICMS da venda de energia elétrica no Estado. Ou seja,
trata-se de uma hipótese sobre o montante de energia vendida de fato no Estado aos
consumidores finais provinda da AHE Belo Monte. Desse modo, como exercício numérico,
poder-se-ia atribuir cerca de R$ 0,5 bilhão para Altamira (50%) e R$0,5 bilhão para Vitória do
Xingu (50%).

No caso de Altamira, o município contem na sua porção sul do território mais três PCHs,
(conforme assinalado no capítulo 2 relativo á caracterização dos empreendimentos) o que
também eleva seu valor adicionado fiscal, mas no caso, em dimensão bem diminuta quando
comparado ao AHE Belo Monte.

Por fim, no caso das PCHs, supôs que elas internalizam 100%, ou que sua energia é
consumida totalmente nos Estados do Pará e Mato Grosso.

A variação esperada do Valor adicionado (∆ Valor Adicionado) decorrente da instalação dos

4
“Com relação às operações de circulação de energia elétrica, entendem-se como estabelecimento de usina
hidrelétrica as áreas ocupadas pelo reservatório de água destinado à geração de energia, pela barragem e suas
compotas, pelo vertedouro, condutos forçados, casa de máquinas e subestação elevatória"

ARCADIS Tetraplan 50
aproveitamentos é apresentada a seguir. O procedimento adotado para a estimativa simulou
a mesma sistemática utilizada pelas Secretarias da Fazenda Estadual para o calculo do IPM.
Assim, para tanto, admitiu-se como hipótese a existência dos aproveitamentos nos município
como se estivessem operando desde o ano de 2006 e simulou o que seria a nova QPM -
ICMS para o ano de 2009. Os valores foram obtidos da Secretaria do Tesouro Nacional –
Ministério da Fazenda.

No Quadro 4-22 estão apresentados os resultados desse exercício para os aproveitamentos


da bacia e seus municípios. Ressalte-se que a estimativa do incremento do valor adicionado
fiscal do AHE Belo Monte e das PCHs é da ordem de R$1,0 bilhão, cuja divisão entre os
municípios considerou a localização do equipamento de geração de energia, tanto para o
Estado como para os municípios em que se localizam.

No caso do AHE Belo Monte, o empreendimento de maior porte e significância, o aumento do


valor adicionado foi dividido em partes iguais entre os dois municípios que conterão partes do
projeto, Altamira e Vitoria do Xingu, de acordo com a legislação. Esse procedimento foi
adotado por ser o critério mais simples, no entanto, quando no futuro o projeto entrar em
operação, os mecanismos legais de distribuição entre os dois municípios poderão resultar em
parcelas distintas.

Quadro 4-22 Impacto sobre o Valor Adicionado Fiscal (milhões de R$)

Valor Adicionado Valor Adicionado


Nominal Médio Nominal Médio
(estimado sem os (estimado com os ∆ Valor Variação
AHEs) AHEs) Adicionado percentual %
Município 2006/2007 2006/2007 2009 2009
Altamira 528,5 1030,8 502,2 95,02
Vitória do Xingu 54,6 1.853,40 486,6 891,21
Nova Ubiratã 162,8 166,4 3,6 2,21
Campinápolis 39,4 52,2 12,8 32,49
Paranatinga 192 196,8 4,8 2,5
Primavera do Leste 638,1 638,6 0,5 0,08
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Com base nesses incrementos quantitativos, procedeu-se a classificação dos impactos,


seguindo a metodologia adotada. Assim, com base nos seguintes intervalos de classe de
variação percentual foram definidos os valores numéricos referentes à intensidade dos
impactos provenientes de cada AHE que resultaram na expansão do VA dos municípios
apresentada no quadro acima.

ƒ 0<x<5% - intensidade 1
ƒ 5%≤x<10% - intensidade 2

ARCADIS Tetraplan 51
ƒ 10%≤x<40% - intensidade 4
ƒ x≥40% - intensidade 16

Assim, os AHE contribuíram com as intensidades apresentadas no Quadro 4-23, a seguir,


para o crescimento verificado no VA dos municípios.

Quadro 4-23 Grau de Significância do Impacto - Resultados

Empreendimento Avaliação do Impacto Avaliação Numérica

Tipo Nome Quantitativa

Salto Buriti Muito Baixa 1


Salto Curuá Muito Baixa 1
Salto Três de Maio Muito baixa 1
ARS Muito Baixa 1
PCH
Paranatinga I Baixa 2
Paranatinga II Médio 4
Culuene Muito baixa 1
Ronuro Muito Baixa 1
UHE Belo Monte Muito Alta 16
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Finanças municipais – aumento da receita devido ao aumento da quota-par

te municipal

Impacto considerado de natureza positiva. No que se refere às receitas municipais, é


fundamental avaliar a capacidade que os municípios possuem de gerar recursos a partir de
suas capacidades de arrecadação considerando-se os impostos e taxas de sua competência,
conforme examinado no capítulo do diagnóstico.

Na composição da receita municipal, a participação das transferências federal e estadual tem


grande relevância e pode alcançar no caso dos municípios com pequena base econômica e
baixa capacidade de arrecadar percentuais acima de 90% do total da receita.

Entre as receitas de transferências, tem importante papel a quota parte municipal do ICMS. O
ICMS é um imposto estadual, cuja parcela de 25% do total arrecadado é distribuída aos
municípios com base em um índice, denominado índice de participação dos municípios na
quota parte municipal – IPM-ICMS, conforme apontado acima.

O IPM é determinado em grande medida pelo valor adicionado fiscal do município (entra na
sua formula com uma ponderação de no mínimo de 75% conforme especifica a Constituição
Federal). Portanto, as variações ocorridas com o valor adicionado fiscal, avaliadas no impacto
anterior, repercutem em variações na quota parte municipal auferidas pelos municípios.

ARCADIS Tetraplan 52
Assim, reelaborou-se a estimativa do IPM-ICMS com base nos procedimentos efetuados
pelas Secretarias da Fazenda dos Estados do Para e Mato Grosso, incorporando os impactos
simulados dos aproveitamentos nos territórios municipais, obtendo-se como resultado um
novo valor para a quota-parte municipal para o ano de 2009, aquele que seria considerado
caso os empreendimentos estivessem operando desde 2006. Os valores foram obtidos da
Secretaria do Tesouro Nacional – Ministério da Fazenda. No Quadro 4-24, apresenta-se o
impacto sobre a quota parte municipal do ICMS.

Quadro 4-24 Impacto sobre a Quota parte municipal do ICMS (milhões de reais)

QPM-ICMS QPM-ICMS
(transferência (transferência
estimada sem os simulada com os Variação
AHEs) AHEs) ∆QPM- ICMS percentual %
Município 2009 2009 2009 2009
Altamira 24,5 36,4 11,82 48,24
Vitória do Xingu 2,7 13,7 11 407,41
Nova Ubiratã 6,9 7,2 0,31 4,49
Campinápolis 4 4,6 0,55 13,75
Paranatinga 8,4 9 0,39 4,64
Primavera do Leste 24 24,7 0,67 2,79
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Com base nesses incrementos quantitativos, procedeu-se a classificação dos impactos,


seguindo a metodologia adotada. Assim, com base nos seguintes intervalos de classe de
variação percentual foram definidos os valores numéricos referentes à intensidade dos
impactos provenientes de cada AHE que resultaram na expansão do QPM do ICMS dos
municípios apresentada no quadro acima.

ƒ 0<x<5% - intensidade 1

ƒ 5%≤x<10% - intensidade 2

ƒ 10%≤x<40% - intensidade 4

ƒ x≥40% - intensidade 16

Assim, os AHE contribuíram com as intensidades apresentadas no Quadro 4-25 ,a seguir,


para o crescimento verificado na QPM do ICMS dos municípios.

ARCADIS Tetraplan 53
Quadro 4-25 Grau de Significância do Impacto

Empreendimento Avaliação do Impacto Avaliação Numérica

Tipo Nome Quantitativo

Salto Buriti Muito Baixa 1


Salto Curuá Muito Baixa 1
Salto Três de Maio Muito Baixa 1
ARS Muito Baixa 1
PCH
Parantinga I Muito Baixa 1
Parantinga II Muito Baixa 1
Culuene Muito Baixa 1
Ronuro Muito Baixa 1
UHE Belo Monte Muito Alta 16
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Deslocamento de populações urbanas e rurais

Justificativa

Dentre as ações necessárias à implantação de um empreendimento hidrelétrico, o


enchimento do reservatório, que ocorre ao final da etapa de obras, é aquele com maior
potencial de causar interferência permanente sobre populações em áreas urbanizadas e
rurais, podendo afetar estas áreas total ou parcialmente e direta ou indiretamente, implicando
o deslocamento de contingentes populacionais.

A presença de núcleo urbanizado na área do reservatório e entorno o torna (assim como sua
população) mais suscetível a possíveis interferências, seja do ponto de vista físico, seja do
ponto de vista funcional e das suas relações sociais, sendo, portanto, o indicador utilizado
para a elaboração do diagnóstico.

A atribuição do grau de significância das interferências em área urbanizada se deu a partir da


conjugação de dois critérios: a distância das áreas urbanizadas ao eixo do barramento e o
tamanho do reservatório.

Empreendimentos de maior porte e com reservatórios mais extensos provocam em geral


interferências diretas e indiretas mais significativas, com maiores extensões de terras a serem
desapropriadas, numerosos contingentes de trabalhadores, utilizando serviços básicos dos
núcleos urbanos mais próximos, e quantidades importantes de insumos e equipamentos a
serem utilizados. Já as PCHs da bacia do rio Xingu, devido ao menor porte de seus

ARCADIS Tetraplan 54
reservatórios e localizações, provocam raras interferências com áreas urbanizadas e
impactos pouco significativos sob os serviços básicos dos núcleos urbanos próximos.

Indicadores

Para a construção do indicador deste impacto, a presença das áreas urbanizadas na


ambiência onde estão previstos os empreendimentos hidrelétricos foi verificada a partir da
observância de imagem de satélite e das bases cartográficas disponíveis respeitando as
peculiaridades do porte dos empreendimentos:

ƒ Para o AHE foram analisadas as áreas distantes em até 60km a montante do limite do
reservatório e em até 20km a jusante do barramento;
ƒ Para as PCHs, foi considerada a localização de áreas urbanizadas num raio de 20km do
ponto de localização do empreendimento.

Os Quadros 4-26 e 4-27 mostram , respectivamente o indicador do impacto e a síntese do


diagnóstico.

Quadro 4-26 Indicador do Impacto

Tipo de
Empreen- Localização da área(s) urbanizada(s) Situação
Dimento

Ocorrência de área(s) urbanizada(s) total


(1) Presença de área urbanizada na área
ou parcialmente, dentro do limite de análise
do reservatório e entorno de PCH
PCH estabelecido
Ocorrência de área(s) urbanizada(s) fora (2) Inexistência de área urbanizada na área
do limite de análise estabelecido do reservatório e entorno de PCH
Ocorrência de área(s) urbanizada(s) em
(3) Presença de área urbanizada na área
distância de até 60 km a montante, em
do reservatório e entorno do AHE
altimetria próxima à do barramento
AHE
Ocorrência de área(s) urbanizada(s) em
(4) Inexistência de área urbanizada na área
distância de até 20km a jusante do
do reservatório e entorno do AHE
barramento
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Quadro 4-27 Síntese do Diagnóstico

Presença de Presença
Presença de Presença Área de Área
Área do
Tipo de Área de Área Urbanizada Urbanizada
Reservatório
empreen- Nome Urbanizada Urbanizada em até 60km em até
(km²) /
dimento na área do em Raio de a Montante 20km a
Tamanho
Reservatório 20km do Limite do Jusante do
Reservatório Barramento

Muito
PCH Salto Buriti não não - -
Pequeno
Salto Muito
não não - -
Curuá Pequeno

ARCADIS Tetraplan 55
Salto Três Muito
não não - -
de Maio Pequeno
Muito
ARS não não - -
Pequeno
Parantinga
Pequeno não não - -
I
Parantinga
Pequeno não não - -
II
Muito
Culuene não não - -
Pequeno
Ronuro sem dados não não - -
Belo
AHE Muito Grande sim sim sim sim
Monte
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Avaliação do Grau de Significância

Para avaliação do grau de significância do impacto interferência em área urbanizada foram


considerados ainda outros dois indicadores com relação à presença de área urbanizada na
área do reservatório e entorno - situações (1) e (3):

ƒ O tamanho do reservatório, pois está relacionado à extensão das desapropriações e ao


próprio porte das obras, que demandam maior contingente de trabalhadores temporários,
entre outros;
ƒ A distância do núcleo urbano em relação ao barramento (referência para a proximidade de
localização da maior parte das obras civis), pois os núcleos mais próximos são mais
suscetíveis às interferências, tanto do alagamento, como da circulação de pessoas,
máquinas, equipamentos e insumos.

Os Quadros 4-28 e 4-29 apresentam,respectivamente, o grau de significância do impacto e a


interferência em área urbanizada

Quadro 4-28 Grau de Significância do Impacto

Tamanho do Reservatório
Presença e distância das áreas
urbanizadas
Muito Grande Pequeno Muito Pequeno

(1) localizada a até 20km do barramento Alta Baixa Baixa


(2) Não Ocorre
(3a) localizada a até 20 km do barramento Muito Alta Alta Não ocorre
(3b) localizada entre 20 e 40 km do
Muito Alta Média Não ocorre
barramento
(3c) localizada a mais de 40 km do
Média ou Baixa Baixa Não ocorre
barramento
(4) Não Ocorre
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

ARCADIS Tetraplan 56
Quadro 4-29 Interferência em Área Urbanizada - Resultados

Tipo de Ocorrência do Impacto


Área do Reservatório Avaliação
empreen- Nome (situações 1, 3a, 3b e 3c)
(km²) / Tamanho numérica
dimento / Grau de Significância

Salto Buriti 2,9 / Muito Pequeno Não ocorre 0


Salto Curuá 0,3 / Muito Pequeno Não ocorre 0
Salto Três de
0,16 / Muito Pequeno Não ocorre 0
Maio

PCH ARS 1,64 / Muito Pequeno Não ocorre 0


Parantinga I 4,24 / Pequeno Não ocorre 0
Parantinga II 7,83 / Pequeno Não ocorre 0
Culuene 0,39 / Muito Pequeno Não ocorre 0
Ronuro sem dados Não ocorre 0
AHE Belo Monte 516,00 / Muito Grande Muito Alta 16
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Portanto, considerando-se que o AHE Belo Monte situa-se no Compartimento “Corredor


Transamazônico”, a interferência em áreas urbanas ocorrerá apenas neste território.

4.4. Avaliação da Cumulatividade de Impactos

O objetivo deste item é avaliar os impactos cumulativos dos compartimentos em que se


encontram os diversos empreendimentos, procedimento que foi feito por meio da utilização
da matriz de sensibilização de impactos, conforme exposto anteriormente.

A avaliação da cumulatividade dos impactos partiu da análise do conjunto de impactos


socioambientais, devidamente qualificados de acordo com sua magnitude e importância,
considerando-se a implantação dos aproveitamentos e seus efeitos acumulados no âmbito
das sub-bacias e compartimentos.

Resumidamente, a metodologia adotada consistiu em uma agregação do conjunto de


impactos específicos de cada AHE em seu compartimento, refletindo a intensidade dos
impactos da implantação de um ou mais aproveitamentos em uma determinada sub-bacia ou
compartimento. Dessa forma, é possível identificar o grau de importância que assumem
quando em conjunto em um compartimento.

ARCADIS Tetraplan 57
4.4.1. Ecossistemas
As Tabelas 4-3 e 4-4 apresentadas a seguir evidenciam a intensidade dos impactos, nos
ecossistemas (meios físico e biótico), considerando as perdas de potencial mineral, perda e
fragmentação de habitats terrestres, alterações na dinâmica hidráulica e na qualidade da
água e dos ecossistemas aquáticos e depreciação da ictiofauna, por aproveitamento
hidrelétrico e por sub-bacia respectivamente.

Tabela 4-3 Síntese da avaliação de impactos

Perda de Perda de Alterações nos


Empreendimento Potencial Fragmentação de Depreciação da Ecossistemas
Hidrelétrico Mineral Habitats Terrestres Ictiofauna Aquáticos

Belo Monte 2 16 16 16
Salto Buriti 1 16 4 1
Salto Curuá 1 16 4 1
Salto Três de Maio 1 4 4 1
ARS 1 4 4 1
Culuene 1 2 16 1
Paranatinga I 1 2 16 2
Paranatinga II 1 2 16 2
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

ARCADIS Tetraplan 58
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Tabela 4-4 Intensidade de Impacto nos ecossistemas por sub-bacia e por compartimento

Ecossistemas (impactos negativos)

Agregado por Perda e Intensidade dos


Agregado por Sub Bacia Perda de potencial Fragmentação de Depreciação da Alteração na impactos nos
Compartimento Hidrográfica mineral Hábitats Terrestres ictiofauna qualidade da água ecossistemas

Continuum de Áreas
Legalmente
1 Protegidas 0 0 0 0 0

2 Várzeas do Rio Xingu 0 0 0 0 0


Corredor
3 Transamazônico SB Baixo Xingu -2 -16 -16 -16 -50

4 Médio Xingu Pecuária 0 0 0 0 0

Formações do
Cachimbo - Área sob
5 influência da BR-163 SB Rio Curuá -0,75 -9 -3 -0,75 -13,5
Alto Xingu Oeste -
Área sob Influência da SB Von Den
6 BR-163 Steien -0,25 -1 -1 -0,25 -2,5
Alto Xingu Leste -
Área sob Influência da
7 BR – 316 0 0 0 0 0
SB Rio Culuene -0,75 -1,5 -12 -1,25 -15,5
8 Xingu Meridional SB Rio Ronuro sem informação sem informação sem informação sem informação
Total -3,75 -27,5 -32 -18,25

Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

ARCADIS Tetraplan 59
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

A implantação de empreendimentos hidrelétricos na bacia do rio Xingu determina impactos de


diferentes intensidades nas sub-bacias e nos diversos compartimentos identificados, o que se
deve ao porte desses aproveitamentos e suas características, bem como às características
intrínsecas dos ecossistemas de cada compartimento e, dentro destas, das sub-bacias onde
estão localizados.

Analisando o conjunto de empreendimentos (Tabela 4-4), verifica-se que a intensidade dos


impactos é maior em decorrência da implantação do AHE Belo Monte, dado que, à exceção
de perda de potencial mineral, todos os demais impactos são avaliados como de alta
importância, resultantes em grande medida da extensão da área alagada associada à
importância da ambiência a ser afetada, tanto no que se refere à perda e fragmentação de
habitats terrestres, quanto à depreciação da ictiofauna. Ressalta-se, ainda, a redução de
vazão de jusante como um dos efeitos adversos de maior importância.

Em relação ao potencial mineral a ser afetado, sua importância é de baixa intensidade visto a
possibilidade de afetar apenas eventuais depósitos de areia/cascalho e argila, localizados nos
aluviões e nas fácies de planícies da Volta Grande do Xingu.

No que se refere aos impactos de PCHs, os efeitos mais adversos decorrem da implantação
das PCHs Salto Buriti e Salto Curuá. Concorre para esse resultado principalmente a
importância dos habitats terrestres, parte das Formações do Cachimbo, caracterizados pela
presença de formações incomuns na bacia do rio Xingu, quais sejam, Campinaranas e
Florestas Estacionais, atualmente sob pressão de desflorestamento. Estes aspectos
determinaram a criação de unidade de conservação de proteção integral abarcando trecho
considerável da sub-bacia do rio Curuá, estando os dois aproveitamentos situados em área
limítrofe a essa área legalmente protegida. Em que pese a relativa escassez de dados
referentes à ictiofauna, as informações existentes não apontam a existência de endemismos
ou de espécies raras ou ameaçadas. Há, entretanto, espécies características de cabeceiras e
espécies de valor comercial.

Seguem-se, em termos de intensidade de impactos, as PCHs Paranatinga I e Paranatinga II,


onde a presença de endemismos entre peixes, além da presença de espécies características
de cabeceiras, raras e de valor comercial, determina importante depreciação de ictiofauna.

Ao se analisar por sub-bacia (Tabela 4-4), verificam-se maiores intensidades dos impactos
relacionados à depreciação da ictiofauna, sendo mais importantes na sub-bacia do Baixo
Xingu, em função da implantação do AHE Belo Monte, seguido da sub-bacia do Rio Culuene,
onde três empreendimentos estão presentes. Ainda que sejam aproveitamentos de pequeno
porte, o barramento do rio em diferentes trechos determina a cumulatividade desse impacto,
podendo-se considerar este fenômeno (de cumulatividade) mais intenso no trecho médio do
rio Culuene, onde dois aproveitamentos estão próximos (PCHs Paranatinga I e II).

Como fator amenizador, tem-se extensões significativas de trechos de rio livres de


barramentos, o que permite a manutenção de habitats originais e a movimentação da
ictiofauna, seja ao longo do canal principal, seja no que se refere a migrações laterais. Note-
se que, nesse sentido, as alterações nas características das águas também assumem
importância. Estes fenômenos podem determinar, localmente, sinergias que por sua vez,
podem ampliar as alterações na composição de peixes.

ARCADIS Tetraplan 60
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Segue em intensidade, decorrente da cumulatividade de impactos, a sub-bacia do Rio Curuá,


onde três empreendimentos estão presentes. Assim, ainda que isoladamente, estes
aproveitamentos não sejam significativos no que se refere aos efeitos adversos nas
comunidades de peixes, em conjunto passam a representar fator importante de depreciação
da ictiofauna. Novamente, as alterações nos recursos hídricos em seus aspectos qualitativos
e quantitativos podem contribuir para intensificar esses fenômenos de depreciação da
ictiofauna.

Embora a maior intensidade de impacto de perda e fragmentação de habitats esteja


associada à implantação do AHE Belo Monte, na sub-bacia do Rio Curuá este também é
significativo e assume intensidade elevada em decorrência da cumulatividade. Note-se que
três empreendimentos estão em construção em uma mesma sub-bacia que tem como
característica ecossistemas terrestres diferenciados e relativamente bem conservados, ainda
que pressões importantes de desflorestamento sejam evidentes, conforme apontado no
diagnóstico. Seguem-se os impactos cumulativos na sub-bacia do rio Culuene, onde também
três empreendimentos encontram-se implantados ou em implantação.

No que se refere à cumulatividade por compartimento, os resultados são iguais às das sub-
bacias, acima apresentados, uma vez que apenas uma sub-bacia em cada compartimento é
afetada pelos empreendimentos. A exceção é o compartimento Xingu Meridional, onde um
dos aproveitamentos situa-se na sub-bacia do Rio Ronuro. Entretanto, devido à ausência de
dados, esta sub-bacia não foi avaliada.

Ao se analisar por compartimento, deve-se levar em consideração, além da


representatividade e localização dos recursos naturais afetados, a representatividade
territorial das sub-bacias. A Tabela 4-5 apresentada a seguir mostra o percentual ocupado
pelas sub-bacias nos respectivos compartimentos.

Tabela 4-5 Percentuais ocupados pelas sub-bacias nos respectivos compartimentos

%
Área da Área do
Sub-
Sub-bacia compartimento
bacia/compar
Sub-bacia (km²) Compartimento (km²) timento

Corredor
Sub bacia do Baixo Xingu 16098,67 34388,84 46,81
Transamazônico
Xingu
Sub bacia do Rio Culuene 13358,18 Meridional 50730,54 26,33
Savânico
Formações
Sub bacia do Rio Curuá 4501,38 7533,22 59,75
Caximbo
Xingu
Sub bacia do Rio Ronuro 11935,48 Meridional 50730,54 23,53
Savânico
Alto Xingu
Oeste - Área
Sub bacia do Rio Von den Steinen 11386,68 79769,42 14,27
sob Influência
da BR 163

ARCADIS Tetraplan 61
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Verifica-se que a sub-bacia do Rio Curuá é a que tem maior representatividade (cerca de
59% do compartimento), o que se deve à menor extensão territorial do compartimento
Formações do Cachimbo. Segue-se a sub-bacia do Baixo Xingu, que ocupa cerca de 46% do
compartimento Corredor Transamazônico. As demais representam menos de 26% dos
compartimentos em que estão inseridas. Ressalte-se, novamente, que o compartimento
Xingu Meridional tem duas sub-bacias afetadas, quais sejam, do rio Culuene e do Rio
Ronuro, esta última não avaliada dada a ausência de dados do empreendimento projetada
em seu alto curso.

No que se refere ao Potencial Mineral nos compartimentos, tem-se que, no compartimento


Corredor Transamazônico os recursos minerais, principalmente o ouro de aluvião da Volta
Grande, foram intensamente explorados nas décadas passadas, inicialmente pela Oca
mineração e posteriormente pelos garimpos que se instalaram na região. Em termos gerais, o
potencial mineral da região é elevado, com existência de muitas áreas com alvará de
pesquisa. Com os dados que se dispõem, verifica-se, entretanto, que estas áreas não serão
afetadas pelo reservatório do AHE Belo Monte.

O Compartimento Xingu Meridional tem baixo potencial em termos de recursos minerais


podendo, entretanto, destacar-se a ocorrência localizada de diamantes nas cabeceiras dos
rios Ronuro, Tamitatioala e Curisevo, que vem sendo explorados em garimpos nos cascalhos
fluviais. À exceção das sub-bacias do rio Ronuro, não avaliada no presente estudo, e do rio
Culuene, que não apresenta esse potencial, as demais sub-bacias desse compartimento não
serão afetadas pelos empreendimentos em análise. Assim, considerando o pequeno tamanho
dos reservatórios e o baixo potencial mineral dos terrenos deste compartimento, pode-se
avaliar que praticamente não há efeito de cumulatividade desta perda no compartimento.

Quanto aos Ecossistemas Terrestres, verifica-se que os maiores índices de perda de


cobertura vegetal estão no compartimento Corredor Transamazônico, estimados em cerca de
40% de seu território, com desflorestamentos concentrados no eixo da rodovia
Transamazônica e nas estradas vicinais. Os vetores de desflorestamento se estendem a
partir dessa área antropizada para sul, em direção a Terras Indígenas, e em direção norte,
onde se encontra a RESEX Verde Para Sempre.

O trecho da sub-bacia afetado corresponde ao setor onde a vegetação encontra-se


fragmentada, compreendendo estoques remanescentes das florestas ombrófilas que
originalmente recobriam a região, o que torna importante, localmente, as perdas desses
habitats.

Já nos demais compartimentos os índices de desmatamento são menores. Estão em torno de


10%, no caso do compartimento Formações do Cachimbo, concentrados ao longo de vias de
acesso. As perdas de cobertura vegetal, considerando o tamanho do reservatório, e mesmo
considerando uma envoltória sujeita a desmatamento devido às obras, tem significado
apenas localmente.

A despeito da extensão relativamente pequena, há que se considerar, contudo, que estas


interferências afetam parcialmente uma unidade de conservação de proteção integral.

ARCADIS Tetraplan 62
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

No compartimento Xingu Meridional, os índices de supressão da vegetação situam-se em


torno de 15-20%, porém caracterizam-se por extensões relativamente grandes, onde
prevalecem pastagens ou culturas cíclicas. As PCHs afetam savanas e matas ciliares em
pequena proporção.

Situação semelhante é observada para os efeitos cumulativos no compartimento no que se


refere às Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade (APCBs) que têm perdas
pouco significativas em termos de extensão territorial, mesmo considerando a cumulatividade.
A exceção é o compartimento Corredor Transamazônico, onde cerca de 35% serão afetados
por apenas um empreendimento.

No que se refere aos efeitos cumulativos nas características da água, para efeito de
comparação, são apresentados na Tabela 4-6 a seguir, em termos percentuais, os impactos
das cargas estimadas totais de fósforo recebidas nas sub-bacias, em relação à carga total
gerada na bacia do Xingu. Considerou-se que cada reservatório retenha a carga que chegue
até ele, o que é razoável supor, considerando que o fósforo orgânico particulado tende a
decantar em áreas de remanso e o fósforo inorgânico dissolvido a precipitar em reservatórios
com águas oxigenadas.

Tabela 4-6 Percentual em relação à carga de Fósforo (P) gerada na bacia

Sub bacia % em relação à carga de P gerada na bacia

SB Rio Culuene 1,6


SB Von Den Steien 0,3
SB Rio Ronuro -
SB Rio Curuá 0,2
SB Baixo Xingu 86,1
Total 88,2
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Em relação ao aporte estimado de fósforo pelos reservatórios agrupados em sub-bacias


verifica-se grande diferença entre o compartimento Corredor Transamazônico e os demais e,
dentre estes, a maior importância da sub-bacia do Culuene, no compartimento Xingu
Meridional. Esse quadro reflete as influências recebidas pelos reservatórios em função do uso
do solo, com efeitos nas condições limnológicas dos mesmos, não sendo, portanto, impactos
gerados pela sua implantação. As alterações provocadas ou induzidas pela implantação dos
reservatórios tendem, no entanto, a contribuir para maior impacto na qualidade da água dos
rios e reservatórios.

Quanto aos efeitos da ictiofauna, embora significativa cumulatividade seja observada no rio
Culuene, ao se considerar o compartimento Xingu Meridional, onde se insere a sub-bacia
desse rio, verifica-se que um total de seis micro-bacias compõe sua rede hidrográfica. Ainda
que os dados de ictiofauna desse setor da bacia sejam escassos, considerando-se a
similaridade dos ambientes e a conectividade entre os diversos cursos d´água, é muito
provável que a fauna de peixes seja também similar.

ARCADIS Tetraplan 63
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Este aspecto, somado à prevalência de extensos trechos de rio livre de barramentos, propicia
a manutenção da composição existente nas sub-bacias restantes e em parte da sub-bacia do
próprio Culuene5.

Já o compartimento Formações do Cachimbo é formado apenas pela sub-bacia do rio Curuá,


sendo a intensidade da cumulatividade similar à da sub-bacia. Ressalte-se a escassez de
dados a respeito da ictiofauna nesse trecho e os vetores de desflorestamento associados à
BR – 163, como fatores agravantes no longo prazo.

Finalmente, o Corredor Transamazônico abarca várias sub-bacias, entre as quais se destaca


a do Baixo Xingu. Ainda que outras sub-bacias estejam presentes, esta se destaca pelo porte
do rio Xingu, suas especificidades ambientais, além de sua comprovada diversidade, o que
determina a significativa importância dos impactos também no compartimento.

4.4.2. Socioeconomia
Conforme exposto, o objetivo deste item é avaliar os impactos cumulativos no âmbito dos
compartimentos e sub-bacias em que se encontram os diversos empreendimentos. A
metodologia partiu da avaliação de cada impacto específico examinado no item anterior ao
qual se atribuiu um valor de acordo com a sua magnitude e importância

Assim, a somatória destes valores para cada compartimento e sub-bacia reflete a intensidade
dos impactos da implantação de um ou mais de um aproveitamento, refletindo assim sua
intensidade em termos de cumulatividade. Como os impactos da socioeconomia são
manifestados no âmbito territorial do município, os impactos dos AHEs analisados, a medida
em que incidam em mais de um município do compartimento, a resultante para o
compartimento acaba sendo a soma da intensidade de seu impacto visto anteriormente. Por
exemplo, o AHE Belo Monte tem a intensidade muito alta, “16”, assim, como essa
intensidade se aplica aos municípios de Altamira e Vitoria do Xingu, quando é feita a
avaliação para o compartimento Transamazônico, registra-se o valor “32”.

Os valores fracionados que aparecem na tabela abaixo se deve ao fato de que os impactos
das PCHs foram ponderados por 0,25. Assim, a magnitude de impacto muito baixa que tem o
valor “1”, na tabela a seguir aparece sendo 0,25.

Dessa forma, é possível identificar o grau de importância que assumem quando em conjunto
por compartimento ou sub-bacia. Tendo essa visão em consideração, segue os resultados
esquematizados na Tabela 4-7 a seguir.

5
Ainda que impactos ocorram na sub-bacia do rio Ronuro (não avaliados) ficarão restritos ao alto curso deste rio.

ARCADIS Tetraplan 64
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Tabela 4-7 Intensidade de Impacto na Socioeconomia por sub-bacia e por


compartimento

Intensidade de Impacto na Socioeconomia

impacto
impactos positivos
negativo
Agregado por
Agregado por Aumento
Sub Bacia
Compartimento da receita Intensidade
Hidrográfica Incremento
devido ao dos Interferências
do Valor
aumento impactos em áreas
Adicionado
da quota- (sinergias) urbanas
Fiscal
parte SE
municipal

3 Corredor SB Baixo Xingu 32 32 64 -32


Transamazonico

5 Formações SB Curuá 0,75 0,75 1,50 0


Caximbo

6 Alto Xingu Oeste SB Von Den 0,25 0,25 0,50 0


Steinen

8 Xingu meridional SB Culuene e 1,75 0,75 2,0 0


Ronuro

Total 34,75 33,75 68 -32

Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

A apropriação de ponderações numéricas aos impactos sobre as variações do valor


adicionado fiscal e da quota-parte do ICMS permite identificar a significância que o AHE Belo
Monte representa para o valor adicionado fiscal e as finanças municipais.

As PCHs no seu conjunto influem em magnitude situada numa escala bem inferior, conforme
esperado, no valor adicionado fiscal e no orçamento dos municípios onde se localizam, que
formam os respectivos compartimentos.

O Compartimento Corredor Transamazônico, por abrigar o AHE Belo Monte, é o receptor dos
impactos de maior magnitude e intensidade, como pode ser observado no valor acumulado
dos resultados individuais por AHE, considerando que os impactos da AHE Belo Monte
ocorrem em mais de um município, sendo o impacto no compartimento a resultante dos
impactos nos municípios.

ARCADIS Tetraplan 65
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É seguido pelos compartimentos Xingu Meridional, Formações do Cachimbo e Alto Xingu


Oeste com incrementos relativos importantes, não obstante em valores absolutos pouco
expressivos comparados ao do compartimento Corredor Transamazônico.

Com essas avaliações, fica demonstrando que o Corredor Transamazônico é o


compartimento que se beneficiará da maior intensidade de impactos socioeconômicos de
natureza positiva. No caso, além de se acumularem, são impactos que mantêm entre si certo
grau de sinergia e convergem para uma mesma direção, a de incrementar de modo
significativo a sua dinâmica socioeconômica.

Por outro lado, no que se refere ao impacto negativo aferido pelo “deslocamento de
populações”, também é o compartimento que mais sofrerá as manifestações associadas e
decorrentes deste impacto.

4.4.2.1. Impactos sobre Populações Indígenas


Os impactos da implantação do AHE Belo Monte e das PCHs sobre as Terras Indígenas são
identificados e descritos a seguir, tendo-se optado pela sua descrição ao invés de avaliação
quali-quantitativa utilizada nos demais temas, dada a dificuldade de estabelecer indicadores
comparáveis e que permitam abarcar a complexidade do tema.

A) Geração de sentimento de insegurança


A implantação de um empreendimento hidrelétrico implica formação de reservatório e, em
alguns casos, redução de vazão de um trecho do rio, a jusante. Alteram-se, dessa forma, os
referenciais de paisagem, o que se reflete no imaginário das comunidades indígenas, devido
ao grau de pertencimento destas populações frente ao território, gerando sentimentos de
insegurança.

Note-se que, mesmo antes da concretização de sua construção, esses sentimentos são
exacerbados, o que se deve às especulações sobre o possível alagamento da terras e
alterações na dinâmica local.

Este impacto terá significativa intensidade no compartimento Corredor Transamazônico,


devido à implantação do AHE Belo Monte nas proximidades de Terras Indígenas: TIs
Paquiçamba e Arara da Volta Grande, principalmente, além de outras situadas na região de
influência como Trincheira Bacajá, Koatinemo, Kararaô, Arara, Cachoeira Seca.

No que se refere às PCHs do compartimento 6 - Formações do Cachimbo, a presença de


uma unidade de conservação de proteção integral, qual seja, a Reserva Biológica Nascentes
da Serra do Cachimbo, situada entre o local dos empreendimentos e as Terras Indígenas
Panará, Menkragnoti e Baú, funciona como zona de amortecimento, reduzindo a intensidade
do impacto.

Já a implantação das PCHs situadas no Alto Xingu, notadamente as que se situam no


compartimento 8 - Xingu Meridional, representam um fator importante de geração de
sentimentos de insegurança nas comunidades indígenas, Esse fato está relacionado com a
proximidade com as TIs Parabubure, Chão Preto, Marechal Rondon e, embora mais
distantes, com o Parque Nacional do Xingu, localizado a jusante.

ARCADIS Tetraplan 66
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B) Comprometimento de recursos pesqueiros devido à alteração do ambiente


aquático
Duas grandes alterações merecem destaque aqui. A primeira delas refere-se à mudança do
regime hídrico do rio no trecho do reservatório, que de lótico passará para lêntico. Com isso,
esperam-se alterações na composição das espécies de peixes, principalmente naquelas que
são normalmente mais apreciadas e utilizadas na alimentação. Este é sempre motivo de
preocupação para as comunidades indígenas com a construção de barramentos.

Outra grande interferência diz respeito à redução da vazão de jusante. Embora uma vazão
mínima seja garantida, suas implicações nos recursos pesqueiros podem ser significativos
devido às modificações ambientais decorrentes dessa alteração.

Esses impactos serão de grande intensidade no compartimento Corredor Transamazônico


devido à formação do reservatório do AHE Belo Monte e, principalmente, pela redução de
vazão em um trecho de cerca de 100km, onde estão situadas duas TIs, Paquiçamba e Arara
da Volta Grande.

No caso das PCHs, os reservatórios formados têm pequenas extensões, o que determina que
as alterações no ambiente lótico sejam pouco significativas. Entretanto, o barramento
determina a fragmentação do rio e pode representar barreira para a movimentação de parte
das espécies de peixes. No caso das PCHs do compartimento Formações do Cachimbo, por
estarem situadas no alto curso, próximo às nascentes, essa ruptura é de baixo impacto.

O mesmo ocorre com as PCHs situadas nos altos cursos no compartimento Xingu Meridional,
ressaltando-se, entretanto que as PCHs Paranatinga I e Paranatinga II situam-se já no médio
curso do rio Culuene, ambas próximas entre si, o que intensifica as possíveis alterações nas
comunidades ícticas, conforme avaliação de impacto nos Ecossistemas Aquáticos.
Entretanto, não são esperadas alterações significativas nas comunidades ictiológicas no alto
Xingu, uma vez que a maior parte do sistema hídrico encontra-se preservado (conforme
discutido no item referente a cumulatividade, uma série de sub bacias do compartimento
Xingu Meridional, não sofrem interferências decorrentes de implantação de aproveitamentos
hidrelétricos).

C) Isolamento de comunidades indígenas devido ao comprometimento de vias de


acesso
A formação de reservatórios e a manutenção de trechos de vazão reduzida podem implicar
alteração na acessibilidade.

Esse impacto é observado no compartimento Corredor Transamazônico, pois a implantação


do AHE Belo Monte deixará a população da TI Paquiçamba ilhada na margem esquerda do
Xingu devido à implantação de canais e do reservatório. Por outro lado, o hidrograma
ecológico foi pensado para garantir a navegação da população da Volta Grande, reduzindo a
intensidade desse impacto.

Os Xikrin Kayapó da TI Trincheira Bacajá terão reduzida a acessibilidade pelo rio Bacajá
devido à redução do nível d´água do rio Xingu no trecho de vazão reduzida na Volta Grande
do Xingu, o que diminui, por consequência o nível d´água do rio Bacajá no período chuvoso

ARCADIS Tetraplan 67
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

(fenômeno atualmente observado revido ao refluxo das águas do rio Xingu no rio Bacajá no
período de chuvas). Este rio é utilizado pelas comunidades da TI como alternativa para
acessar Altamira, inclusive para o escoamento da castanha, que é comercializada neste
município.

D) Aumento do uso e ocupação do entorno e internamente às TIs e aumento da


pressão sobre ambientes e recursos naturais
A chegada de trabalhadores e de população atraída pela obra determina aumento
populacional e, por conseqüência, aumento de pressão antrópica na área de influência de um
determinado empreendimento. Quando TIs estão presentes, essa pressão antrópica pode
ocorrer no entorno dessas terras, pressionando recursos naturais dos quais as populações
indígenas dependem.

Esse impacto será importante no Corredor Transamazônico, onde será instalado o AHE Belo
Monte. A comparação entre o número de operários no segundo ano da obra, previsto em
15.419, sem considerar a população atraída pelo empreendimento, e a soma da população
das três TIs situadas nas proximidades do sítio desse empreendimento (TIs Paquiçamba,
Arara da Volta Grande e Juruna do Km 17), em torno de 200 pessoas, dá uma idéia de
magnitude do impacto.

Estas três TIs, como as demais, estão sofrendo forte pressão ambiental, que pode ser
incrementada num primeiro momento pelas expectativas geradas pelo início das obras do
AHE Belo Monte, maximizadas pelas transformações econômicas que Corredor
Transamazônico irá sofrer com o empreendimento Belo Monte.

Note-se ainda que a presença dos canteiros de obras, assim como a cidade são fatores de
atração de indígenas, notadamente os jovens, aumentando o contato com não índios.

Já as PCHs requerem menor contingente de trabalhadores para sua construção e têm efeito
menor sobre a atração de população. Ao contrário, sua implantação pode ser considerada
resultante do processo anterior de ocupação e, nesse sentido, têm pouco efeito como
indutoras dessa ocupação.

E) Possibilidade de interferência em sítios de importância para as culturas indígenas


Ao longo dos rios Xingu, Iriri, Curuá e seus afluentes, na região do baixo Xingu, podem ser
encontrados dezenas de sítios arqueológicos (cerâmicos, de produção de líticos e sítios com
inscrições rupestres) pouco estudados, cujo potencial para a compreensão do processo de
ocupação humana anterior à colonização da Amazônia é inestimável e que podem ter
importância para as culturas indígenas atuais.

Serão afetados trechos do rio Xingu no Corredor Transamazônico e trechos de rios e


cachoeiras no rio Curuá e Três de Maio presentes no compartimento Formações do
Cachimbo, bem como trechos de rios dos compartimentos Alto Xingu Oeste e Xingu
Meridional. Neste último, vários trechos do rio Culuene são afetados o que gerou, inclusive,
conflitos com populações indígenas, devido ao significado de cachoeiras desse rio para essas
populações.

ARCADIS Tetraplan 68
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

4.4.2.2. Participação social e identificação de Conflitos

A) Conceituação
A avaliação dos conflitos, no âmbito da Avaliação Ambiental Integrada - AAI do rio Xingu, é
uma questão delicada e requer análise minuciosa dos diferentes entendimentos sobre essa
temática.

No presente estudo, o termo “conflito” é entendido como situação de tensão real ou potencial,
resultante de concorrência entre direitos, interesses, usos, atribuições, jurisdições de duas ou
mais partes, suscitadas por empreendimentos hidrelétricos. Os conflitos surgem exatamente
pelo fato de existirem, dentre os diferentes atores sociais, os quais refletem a história e a
cultura de determinados locais e dos grupos sociais e instituições ali presentes, interesses
muitas vezes antagônicos, com diferentes pontos de vista sob a ótica ambiental e social.

Em cumprimento ao descrito no Termo de Referência, foram analisados três níveis de


conflitos:

ƒ Os existentes, ou seja, já instalados na bacia em decorrência da implantação dos


aproveitamentos hidrelétricos em operação ou de processos associados a eles;
ƒ Os potenciais conflitos decorrentes da implantação dos aproveitamentos hidrelétricos e,
portanto, em geral associados aos impactos identificados; e
ƒ Os potenciais conflitos com os demais Planos, Programas e Projetos previstos para a
região.

Com base no conhecimento adquirido sobre a bacia do rio Xingu, utilizaram-se ferramentas
metodológicas que objetivam antecipar e avaliar o aumento das situações de conflito violento
nas áreas consideradas de tensão política ou social. A identificação das áreas de tensão com
potencial de conflitos é utilizada como base para que se possa definir diretrizes e
recomendações para o planejamento integrado da bacia, visando mitigá-los ou solucioná-los
por meio de processos futuros de negociação.

Assim, a metodologia proposta para o diagnóstico de conflito baseou-se na identificação de


três pontos básicos:

ƒ Preocupações que convergem em tensões comunitárias;


ƒ Interesses locais que poderiam limitar tais tensões;
ƒ Grupos de interesse atuantes na região da bacia do rio Xingu.

Assim, tendo como referência o histórico de conflitos na bacia do rio Xingu, foi possível
montar a base para a avaliação dos conflitos existentes e dos potenciais conflitos decorrentes
da implantação dos aproveitamentos hidrelétricos, quer seja em decorrência dos impactos a
serem gerados por eles, quer seja em relação a outros planos, programas e projetos
previstos para a região.

Foram feitas fichas técnicas sobre as principais questões que envolvem os conflitos
identificados, de forma a balizar futuras ações em busca de sua solução. Além dos dados

ARCADIS Tetraplan 69
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

secundários, as entrevistas com entidades atuantes na região permitiram aprofundar o


entendimento dessas questões na bacia.

A sistematização das informações relativas aos conflitos existentes e os previstos,


associados aos impactos gerados pelos aproveitamentos hidrelétricos, buscou identificar os
seguintes campos de análise:

ƒ Identificação dos conflitos já existentes;


ƒ Identificação de conflitos ou tensões potenciais da bacia do rio Xingu;
ƒ Levantamento de situações ou fatores que podem gerar conflitos ou tensões;
ƒ Identificação dos atores sociais envolvidos nas situações de conflitos ou tensões.

B) Breve Histórico dos Conflitos Existentes na Bacia Hidrográfica

Na bacia do rio Xingu, ocorre uma concentração de conflitos em torno da questão do uso e
posse da terra; luta pela reforma agrária e pela regularização fundiária; pelo uso dos recursos
hídricos; pelo uso livre do coco-babaçu; pela proteção de áreas indígenas e de outras
comunidades tradicionais, entre outros fatores.

Para se entender a natureza desses conflitos, retoma-se brevemente a história de conflitos no


campo brasileiro. Sabe-se que tais questões remontam às origens coloniais da economia e
da sociedade brasileira, baseadas em três características principais: i) a grande propriedade;
ii) as monoculturas de exportação; e iii) a escravatura, destacando o surgimento das grandes
propriedades, a partir de 1850, com a Lei de Terras, e com os ciclos econômicos do açúcar e
do café.

É nesse contexto que surgem as primeiras lutas pela posse da terra. No período colonial,
travou-se luta entre os portugueses e os povos indígenas. O movimento dos escravos negros
contra os senhores fazendeiros e em busca de liberdade deu origem aos quilombos.

Na década de 1960, o governo de João Goulart iniciou o processo de reforma agrária, criando
a Superintendência de Política Agrária – SUPRA. Contudo, o golpe militar de 1964 conteve os
anseios de muitos camponeses sem terra. Nessa época, a liga camponesa e a SUPRA foram
extintas, criou-se o Instituto Brasileiro da Reforma Agrária, promulgou-se o Estatuto da Terra
no mesmo ano, porém nenhuma iniciativa real de reforma agrária ocorreu, perpetuando a
história de conflitos pelo uso da terra que, apesar de mudanças no quadro político do país, é
travada até os dias atuais.

Segundo o artigo “A longa Marcha do Campesinato Brasileiro” (2001), escrito por Ariovaldo
Umbelino de Oliveira, a violência tem sido a principal característica da luta pela terra no
Brasil.6

No período entre 1964 e 1971, a maior parte das ocorrências de mortes relacionadas à
violência no campo ocorreu na região Nordeste. Já ao longo da década de 70, foi a região da
Amazônia a que concentrou o maior número de assassinatos no campo, resultante da luta de

6
Estudos Avançados, vol. 15, n° 43, setembro/dezembro 2001. São Paulo: USP.

ARCADIS Tetraplan 70
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

índios e posseiros contra a implantação de projetos agropecuários na região, que eram


apoiados por meio de incentivos fiscais dados pelo governo militar.

A partir de então índios, posseiros, colonos e grileiros passaram a ser personagens dos
conflitos. É nessa conjuntura que surgem organizações sociais com alto grau de mobilização
e articulação, atuantes até os dias atuais, dentre os quais se destacam o Conselho
Indigenista Missionário – CIMI e a Comissão Pastoral da Terra – CPT, ambos ligados à igreja
católica.

A partir da década de 80 aumentou a pressão social a favor da luta pela terra – e, em reação
a ela, a violência –, inserida em uma conjuntura política e social de mobilização e articulação
da sociedade civil, de organização de trabalhadores e de partidos de esquerda, buscando o
fim da ditadura e a abertura política. Nesse quadro, ganhava força a questão da reforma
agrária, vista como um meio para se buscar a inclusão social e maior distribuição de renda.
Em resposta à pressão social em defesa da melhor distribuição de terras e do cumprimento
da função social da terra, os latifundiários, na defesa de suas propriedades, criaram a União
Democrática Ruralista – UDR, intensificando os conflitos no campo.

Retomando o cenário nacional, o período de ditadura militar silenciou as organizações sociais


e os partidos de esquerda, fazendo com que os debates acerca da reforma agrária fossem
retomados somente com o processo de redemocratização do País. É justamente nessa
época, final dos anos 70 e início dos anos 80, que emergem diversos movimentos sociais,
resultando na alteração do regime político (final da ditadura), destacando-se, nesse período,
o surgimento do MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, em 1984.

C) Conflitos marcantes na Bacia do Rio Xingu


ƒ Terra do Meio – Compartimento 1 – Continuum de Áreas Legalmente Protegidas
Em fevereiro de 2005, decreto do governo federal criou, entre outras áreas protegidas, a
Estação Ecológica – ESEC Terra do Meio, nos municípios paraenses de Altamira e São Félix
do Xingu, com 3,37 milhões de hectares – o que corresponde a parte significativa do
Compartimento 1 (Continuum de Áreas Legalmente Protegidas). Até então, diversos estudos
foram feitos com base em diferentes delimitações da região, geralmente mais amplas do que
a definida pelo decreto. É o caso do estudo “Terra do Meio: a última fronteira do medo”,
capítulo V da publicação Violação dos direitos humanos na Amazônia: conflito e violência na
fronteira paraense, de Sérgio Sauer7, de especial importância para o presente estudo, dada a
riqueza de suas informações e análises.

Nas palavras do Instituto Socioambiental, “a Terra do Meio é uma das regiões mais
importantes para conservação da sociobiodiversidade da Amazônia, mas também o palco de
um dos maiores conflitos fundiários do Brasil”8. De fato, essa região difere pouco de outras
existentes na Amazônia, por suas características geográficas e sua população – indígenas,
famílias tradicionais ribeirinhas, posseiros, colonos, fazendeiros, madeireiros, grileiros e
outros. Ela se diferencia pela abundância de seus recursos minerais e naturais – sob esse

7 Goiânia: CPT; Rio de Janeiro: Justiça Global; Curitiba: Terra de Direitos, 2005

8 “No centro do Pará, um desafio sociambiental ao Estado brasileiro”, ISA, 06/10/2006, extraído de http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=2329 em 20/02/2009.

ARCADIS Tetraplan 71
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

aspecto, é uma das mais ricas da Amazônia – e, por outro lado, pela dinâmica da ocupação e
pela intensidade dos conflitos fundiários e da violência contra trabalhadores rurais.

As estradas que cortam e margeiam a Terra do Meio são vetores importantes da penetração
na região. Dois eixos rodoviários federais, a BR-163 (Santarém-Cuiabá) e a BR-230
(Transamazônica) e um estadual, a PA-279, que liga o sul do Pará a São Félix do Xingu,
associam-se à abertura de várias estradas vicinais, possibilitando a ação antrópica sobre a
floresta [... e ...] o avanço da fronteira através da grilagem de terras públicas, exploração
ilegal de madeira e o corte raso da floresta [...], favorecendo a expansão da pecuária” 9

A pecuária avançou aceleradamente e deslocou-se em direção a São Félix do Xingu


visivelmente desde 1990, após o ciclo de extração mineral (ouro e cassiterita) e o auge da
extração de madeira (mogno). Ao longo da primeira metade dessa década, os rebanhos
cresceram naquele município, ao mesmo tempo em que diminuíram nos circunvizinhos,
desvelando uma estratégia de ocupação de terras públicas estaduais. A partir dessa época, a
CPT registrou números crescentes de conflitos pela posse da terra, de desmatamentos, de
trabalho escravo e de ações do crime organizado na região. A partir do final dos anos 90, o
desmatamento passou a apresentar uma dinâmica muito mais acentuada em São Félix do
Xingu / Iriri, conforme estimativas do INPE com dados do Prodes (a área desmatada em 2003
era sete vezes maior do que em 1997).

Como uma das conseqüências do conjunto desse processo de expansão da fronteira


econômica na Terra do Meio, “muitas famílias que foram expulsas por grileiros estão hoje nas
periferias de Altamira e São Félix do Xingu”, quando poderiam estar morando “dentro das
unidades de conservação de uso sustentável, contribuindo para sua conservação e uso
consciente dos recursos naturais lá existentes” (Sauer, cit., p. 112).

ƒ Porto de Moz – Compartimento 1 (Continuum de Áreas Legalmente Protegidas)


O município de Porto de Moz localiza-se na foz do rio Xingu, é uma das mais antigas cidades
ribeirinhas ao longo desse rio e são de várzea 15% de seu território, sendo o restante de terra
firme.

Quando do ciclo da borracha, o município tornou-se grande produtor e famílias ligadas ao


governo passaram a deter grandes áreas de exploração de seringueiras, usando mão-de-
obra indígena e negra e desalojando com violência os grupos indígenas que resistiam.

Atualmente, a população de Porto de Moz é formada, em sua maioria, por comunidades


tradicionais ribeirinhas (descendentes de índios, negros e nordestinos), que se dedicam à
produção familiar, à exploração de madeira e outros frutos florestais, à pesca e, mais
recentemente, à criação de búfalos. Evidentemente, a preservação dos recursos naturais é
vital para a sobrevivência dessas comunidades. (Vd. “A luta pela preservação ambiental: o
caso de Porto de Moz”, capítulo VII, de Sauer, cit., p. 132).

Nos anos 1970, a abertura da Transamazônica (BR-230) não ocasionou impactos sobre Porto
de Moz e suas florestas. As pressões socioambientais vieram da pesca predatória praticada

9
Sauer, cit., p. 104.

ARCADIS Tetraplan 72
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

pelos “barcos geleiros” ou “geleiras” (grandes embarcações pesqueiras equipadas com


compartimentos frigoríficos), que, após anos de exploração no rio Amazonas, sentindo a
crescente escassez de peixes, passaram a procurar cardumes nos lagos, rios e igarapés da
região, provocando conflitos com as comunidades locais que dependem da pesca para sua
sobrevivência.

A partir do início dos anos 1980, empresas madeireiras começaram a penetrar na região,
vindas da região das ilhas, onde se esgotavam as reservas de madeiras nobres. Esse
movimento levou à criação de serrarias e comércio de madeira por parte de empresários
locais. Inicialmente, provavelmente por não terem suas atividades diretamente atingidas, as
comunidades locais não reagiram.

Afastando os seringalistas, as madeireiras passaram a assumir a apropriação e tomada de


terras, conduzida ilegalmente através da grilagem de terras públicas e tomada violenta de
áreas de posseiros. A grilagem, freqüente no Pará, é muito comum em Porto de Moz, sob a
forma do que se chama de “sistema de arrendamento”: o grileiro “arrenda” uma área,
informalmente e sem qualquer documentação; pouco depois, faz em cartório uma escritura
pública como se fosse proprietário; apesar de clara a fraude, pois a área não foi
desmembrada do patrimônio público, é emitido um título de propriedade, registrado em
cartório, como sendo um patrimônio privado; de posse desse documento, o pseudo dono
passa a expulsar da área os moradores tradicionais, posseiros, por via judicial e por meio da
violência.10

No período entre 1974 e 1982, o escambo (troca de produtos por outros, sem uso de
dinheiro) ainda predominava na região de Porto de Moz, embora já começassem a surgir
alguns pequenos proprietários comerciais. Compradores de madeira atuavam como
fornecedores dos produtos básicos para a sobrevivência dos trabalhadores, que, como
diaristas, extraíam a madeira e a forneciam aos compradores como forma de pagamento por
aqueles produtos. Essa forma de exploração durou enquanto foi abundante a diversidade de
madeiras nobres nas margens dos rios. Tornando-se elas escassas, impôs-se a necessidade
de adentrar a mata.

Entre 1982 e 1990, surgiram as madeireiras de porte médio, que se utilizavam de máquinas e
equipamentos pesados para penetrarem na floresta até 5 km em busca das madeiras nobres.
Como conseqüência, o dano ambiental foi desastroso, acelerou-se o processo de apropriação
ilegal das terras e foi atingido diretamente o modo de vida das comunidades ribeirinhas,
baseado no extrativismo. A extração de madeira foi também uma estratégia para a
exploração de outros recursos naturais e o controle de vastas áreas, o que se intensificou a
partir de 1982. E, como a exploração ilegal de madeira foi garantida pela apropriação ilegal
de terras através da emissão de títulos de propriedade fraudulentos e uso de milícias
armadas privadas e pistoleiros, os madeireiros alcançaram tal poder que assumiram o
controle político-administrativo do município de Porto de Moz. O conjunto desse processo

10
Vd. Edma Silva Moreira. Tradição em tempos de modernidade: reprodução social numa comunidade varzeira do
rio Xingu/PA. Belém, EDUFPA, 2004. Apud Sauer, cit., p. 132-134.

ARCADIS Tetraplan 73
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levou à ocupação de milhares de hectares de florestas, resultando em uma exploração


ambientalmente predatória e socialmente insustentável.11

Desde a década de 1980, as comunidades ribeirinhas vinham denunciando as grandes


“geleiras” que vinham de Belém e Macapá para extrair grandes quantidades de peixes da
região. Posteriormente, com a chegada das madeireiras, várias tentativas de legalizar as
áreas comunitárias, impedindo o acesso daquelas, foram infrutíferas.

Após realizar atos e mobilizações, por anos, as populações ribeirinhas finalmente


conseguiram a criação da Reserva Extrativista – RESEX Verde para Sempre, através de
decreto presidencial de dezembro de 2004. Para se chegar a essa vitória teve uma especial
importância um ato de grande repercussão nacional e mesmo internacional: o bloqueio do rio
Jaurucu por cerca de 600 ribeirinhos, de 19 a 21 de setembro de 2002, que impediu a
passagem de duas balsas carregadas com toras extraídas ilegalmente (que foram autuadas
posteriormente pelo IBAMA). Houve um grande conflito na ocasião, com as balsas chegando
a serem soltas, ameaçando passar por cima das 600 pessoas e 80 barcos que faziam o
bloqueio. Madeireiros e vereadores locais atraíram, através da rádio local, uma multidão, em
Porto de Moz, contra o bloqueio, havendo bastante violência. Todos os líderes do bloqueio
foram processados, enquanto a madeira, apreendida pelo IBAMA, mas não protegida, foi
serrada e vendida pelos madeireiros, impunemente. O resultado principal de tantos conflitos
terminou sendo, porém, a criação da RESEX.

ƒ PCHs Paranatinga II e Culuene


Há vários anos que as comunidades indígenas do Xingu vêm manifestando-se contra a
construção de barragens perto de suas terras. A forte oposição de índios, ambientalistas e
movimentos sociais, a partir de 1989, acabou forçando a retirada de cena do projeto de
aproveitamento hidráulico da bacia do rio Xingu, que previa então a construção de cinco
barragens em diferentes trechos do rio, inundando cerca de 1,7 milhão de hectares. Esse
projeto, voltado para o norte do Pará, viria a ser reapresentado, ostensivamente reduzido a
uma hidrelétrica, a de Belo Monte.

A oposição dos povos indígenas manifestou-se também ao sul, contra o projeto de


construção de seis PCHs nas cabeceiras dos rios formadores do rio Xingu, fora das terras
indígenas, mas com evidente prolongamento ao longo do curso do Xingu e de seus
formadores.

Os índios previam – acertadamente, em maior ou menor medida, em todos esses pontos –


que o ciclo de vida dos peixes, importante fonte de alimento, seria afetado, que sítios
sagrados seriam atingidos, e que haveria desmatamento das matas ciliares, provocando
assoreamento dos rios.

Com o avanço das obras, inicialmente da PCH Paranatinga II e, posteriormente, da PCH


Culuene, ambas no rio Culuene (em Mato Grosso), a resistência se fez mais forte, recorrendo
à busca de interferência de diversas esferas legais, ao mesmo tempo em que mantinham

11
Vd. STR e Paróquia de Porto de Moz. “Dossiê: A questão agrária do município de Porto de Moz”, 23/05/2001;
encaminhado à Comissão Parlamentar de Inquérito – CPI da Grilagem de Terras na Amazônia, da Câmara de
Deputados. Apud Sauer, cit., p. 139-140.

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formas de luta de difícil repressão pelo Estado. Dessa forma, em 18/02/2005 a Justiça
Federal, através de liminar, determinou a interrupção da obra de construção da Paranatinga
II, proibiu que a Fundação Estadual do Meio Ambiente do Mato Grosso (FEMA-MT)
conduzisse o processo de licenciamento ambiental da usina e ordenou o cancelamento dos
financiamentos concedidos pelo Banco do Brasil e o BNDES à empresa Paranatinga Energia
S/A, responsável pelo empreendimento.

Com essa liminar, a Justiça Federal atendeu a solicitação do Ministério Público Federal
(MPF), que, em Ação Civil Pública ajuizada em dezembro de 2004, afirma que o EIA
produzido pela FEMA-MT limita-se a defender o projeto e não prevê os impactos sobre 15
diferentes etnias habitantes de terras indígenas, sobre a bacia do rio Xingu, sobre a fauna,
flora e demais bens naturais da região.12

Mesmo com toda a resistência oferecida pelos índios, com apoio de ambientalistas e
movimentos sociais, o empreendimento foi levado adiante e concluído. Em 12/02/2008,
recebeu liberação da ANEEL para colocar em operação comercial a sua primeira unidade
geradora, de 9,6 MW (a potência instalada total da usina é de 29 MW).

Não tardou mais uma prova da inconformidade dos índios. Nove dias depois, índios
guerreiros da etnia Ikpeng, no Parque Nacional do Xingu, tomaram 12 pessoas como reféns –
oito pesquisadores da Paranatinga Energia e quatro funcionários da Funai –, número que
passaria a 14 no dia seguinte, com uma antropóloga enviada pela Funai para tentar resgatar
os reféns e o piloto que a conduzira. Os Ikpeng, contrários à PCH Paranatinga II, revoltam-se
por só tomarem conhecimento da presença dos pesquisadores da empresa quando eles já se
encontravam no local. Denunciam que estão sempre mal informados em tudo que se refere à
usina e seus efeitos.13

ƒ Guerrilha do Araguaia
Consistiu no conflito, de 1972 a 1974, entre forças guerrilheiras do Partido Comunista do
Brasil (PCdoB) instaladas na região, contrárias ao regime militar em vigor no Brasil, e o
Exército (apoiado pelos serviços de informações do próprio Exército, da Marinha e da
Aeronáutica), que, ao longo de três campanhas envolvendo contingentes militares cada vez
maiores, combateu a guerrilha até sua derrota completa e eliminação física de quase todos
os guerrilheiros e de parte dos camponeses que os apoiavam. “A guerra”, como ficou
conhecido o conflito na região, marcou profundamente a população local. Durante muitos
anos os órgãos de segurança permaneceram presentes, vigiando e impondo o silêncio dos
moradores sobre o que lá ocorrera. Os que colaboraram com as forças militares foram
recompensados com terras e vantagens materiais, muitas delas expropriadas dos que
apoiaram de alguma forma os guerrilheiros. As torturas e espancamentos a que muitos

12
Extraído de: http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=1927 em 03/03/2009.
13
Extraído de:

http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL311107-5598,00-
INDIOS+MANTEM+REFENS+NO+PARQUE+NACIONAL+NO+XINGU+MT.html em 03/03/2009.

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desses apoiadores foram submetidos, com seu forte significado de humilhação e


rebaixamento social, continuam até hoje presentes na memória da população.14

ƒ Massacre de Eldorado dos Carajás


O massacre de Eldorado dos Carajás ocorreu durante o conflito de 17 de abril de 1996 em
Eldorado dos Carajás, no sul do Pará. Muitos trabalhadores sem-terra foram mortos pela
Polícia Militar. O confronto ocorreu quando os sem-terra, que estavam acampados na região,
decidiram fazer uma marcha até Belém, em protesto contra a demora da desapropriação de
terras, principalmente as da Fazenda Macaxeira, e pelo não cumprimento da promessa do
governador de entregar, às famílias sem-terra, 12 toneladas de alimentos e remédios.

A marcha, com 1.500 famílias, iniciada sete dias antes, parou no Km 96 da Rodovia PA-150,
que liga Belém ao Sul do Pará, obstruindo-a. No dia 17, o governador do Pará determinou a
desocupação do Km 96. Dois grupos da PM, totalizando 155 homens armados com
metralhadoras, fuzis e revólveres, iniciaram a ação com tiros para o alto, seguidos de
disparos e rajadas sobre os trabalhadores – deixando entre eles 19 mortos e 69 feridos (dos
quais três morreriam mais tarde em decorrência dos ferimentos, totalizando 22 mortos) –, que
se defenderam arremessando paus, pedras, foices, terçados e disparando alguns tiros de um
revólver. Através do único vídeo filmado do confronto, ficou provado que o primeiro tiro partiu
da PM.

D) Conflitos Associados às Usinas Hidrelétricas já Implantadas


Ao longo da bacia do rio Xingu diferentes conflitos podem ser observados, relacionados à
posse e ao uso da terra. Uma característica marcante dos conflitos de terra atuais levantados
pela Comissão Pastoral da Terra – CPT, refere-se ao caráter socioambiental e étnico que
passa a ganhar espaço e força na questão agrária brasileira, e da mesma forma se dá na
bacia do rio Xingu, envolvendo os conflitos de terras tradicionalmente ocupadas.

As pressões sofridas pelas comunidades tradicionais da região são decorrentes em grande


do avanço de mineradoras, indústrias de papel e celulose, madeireiras, pecuária, soja e
empresas de energia elétrica. São essas comunidades: i) os agricultores familiares, pequenos
produtores, entre eles os remanescentes do processo de colonização dos anos 70; ii) as
populações indígenas, ribeirinhos, de pescadores e outras populações tradicionais.

O Quadro 4-30 – Conflitos Existentes na Bacia do rio Xingu – por compartimento, a seguir,
revela os conflitos identificados e os principais atores sociais envolvidos.

14
Taís Morais, Eumano Silva. Operação Araguaia: os arquivos secretos da guerrilha. São Paulo: Geração, 2005.

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Quadro 4-30 - Conflitos existentes na Bacia do rio Xingu - por Compartimento

Compartimentos Conflito Síntese do conflito Atores Sociais associados

ƒ Empreendedores do Setor
Elétrico
ƒ Outros usuários de recursos
ƒ A alteração da dinâmica hidráulica, resultante da formação do
hídricos
reservatório, desencadeia uma série de impactos que podem criar
ƒ (1); (2); (4); 6; situações de conflitos ƒ Organizações Sociais
ƒ Restrição ou
(8) relacionadas com a
Negação de Uso ƒ Os métodos construtivos utilizados nas obras de AHEs e PCHs
da Água preservação do meio ambiente
interferem diretamente na qualidade das águas, resultam em alta
e com os grupos sociais
mortandade de peixes e perturbação do cotidiano das populações
afetados
tradicionais do entorno.
ƒ Lideranças indígenas.

ƒ Afluxo de trabalhadores do NE, quando do anúncio da Usina Belo ƒ Empreendedores do Setor


Monte pelo governo, em busca de emprego em disputa por terras até Elétrico
ƒ Uso e Posse da então destinadas à pecuária ƒ Organizações Sociais
ƒ (3); (4) Terra – Alteração ƒ Disputas de ribeirinhos, extrativistas e agricultores familiares com relacionadas com a questão
ƒ (1) no uso e madeireiras e grileiros por terras. da reforma agrária
ƒ (5) ocupação do ƒ Criação recente de RESEXs, ESECs e TIs na bacia, inibindo usos ƒ Órgãos Públicos relacionados
solo predatórios por madeireiras e grandes fazendas. ao tema
ƒ Desflorestamentos em ecossistemas incomuns na bacia, devido a ƒ Fazendeiros, grileiros
pressões externas à bacia e ao compartimento. ƒ
ƒ (1); (5); 6; (7); ƒ Lideranças indígenas de
ƒ Uso e Posse da ƒ A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira
(8) diversas etnias
Terra - (Coiab) inclui ainda vários povos Kaiapó na região e mais de mil
Populações índios que vivem em Altamira. Posicionam-se contrários à ƒ Organizações Sociais

ARCADIS Tetraplan 77
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Compartimentos Conflito Síntese do conflito Atores Sociais associados

Indígenas implantação do empreendimento, alegando risco de desalojamento relacionadas com a população


13 grupos indígenas à sua revelia e suas conseqüências, e criticam a indígena e ribeirinhos
falta de diálogo. ƒ Órgãos Públicos responsáveis
ƒ Área de influência das PCHs, interferindo em TIs, inclusive em solo pelo tema
sagrado ─ diversas etnias do Parque Indígena do Xingu (PIX) e ƒ Empreendedores do Setor
aldeias do povo Xavante ─, e estando a 2 km da Reserva Ecológica Elétrico
Estadual do rio Culuene
ƒ Desflorestamentos nas TIs Parabubure e Pimentel Barbosa e na
USEC Rio Ronuro.
ƒ Desflorestamentos na TI Maralwat Sede e usos agropecuários em
TIs.
Fonte: Publicação CPT - Conflitos no Campo – Brasil, 2006; Instituto Socioambiental, 2007; SEPLAN, PA.; CIMI-MT (em entrevista); MPF-MT (idem); CPT-Araguaia (idem)

Compartimentos: (1) Continuum de Áreas Legalmente Protegidas; (2) Várzea do rio Xingu; (3) Corredor Transamazônico; (4) Médio Xingu Pecuária; (5) Formações do
Cachimbo-Área sob influência da BR-163; (6) Alto Xingu Oeste - Área sob influência da BR-163; (7) Alto Xingu Leste - Área sob influência da BR-316; (8) Xingu Meridional.

ARCADIS Tetraplan 78
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4.4.2.3. Potenciais Conflitos Decorrentes da Implantação de Novos Aproveitamentos


Hidrelétricos

Os potenciais conflitos decorrentes da implantação dos aproveitamentos hidrelétricos foram


identificados como sendo especialmente de duas naturezas:
ƒ Aqueles decorrentes dos impactos gerados pela implantação dos aproveitamentos
hidrelétricos;
ƒ Aqueles decorrentes da interferência com outros planos, programas e projetos
previstos para a região, em que constam interferências de natureza diversa.

A) Conflitos associados aos Impactos Provocados pela Implantação dos


Aproveitamentos Hidrelétricos
Em relação aos recursos hídricos e ecossistemas aquáticos, pode-se prever que os
impactos relativos à alteração da dinâmica hidráulica e alteração na qualidade da água gerem
conflitos na bacia, decorrentes dos diversos usuários dos recursos hídricos atualmente
existentes.

Em relação ao meio físico e ecossistemas terrestres, pode-se vislumbrar potenciais


conflitos associados à perda, fragmentação e isolamento de habitats terrestres e à pressão
sobre ambientes de interesse conservacionista.

Por fim, em termos da socioeconomia pode-se avaliar que os impactos decorrentes da


atração de contingentes populacionais, com pressão sobre os equipamentos sociais,
relocação populacional, interferência nas relações socioculturais de populações indígenas e
aqueles ligados ao patrimônio arqueológico e cultural, podem gerar potenciais conflitos na
bacia do rio Xingu. O Quadro 4-31– Potenciais conflitos associados aos impactos provocados
pela implantação de Usinas Hidrelétricas e PCHs – por compartimento, a seguir, ilustra o
processo.

ARCADIS Tetraplan 79
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Quadro 4-31 - Potenciais conflitos associados aos impactos provocados pela implantação de Usinas Hidrelétricas e PCHs ─ por
Compartimento

Compartimentos* Conflito Síntese do Conflito Atores Sociais Associados

ƒ A alteração da dinâmica hidráulica é um fator


ƒ Empreendedores do Setor
desencadeador de conflitos socioeconômicos
Elétrico.
ambientais.
ƒ Outros usuários de recursos
ƒ A interferência nas praias fluviais, que constituem
hídricos e Organizações Sociais,
forte elemento de referência cultural. Apesar das
incluindo as não governamentais,
ƒ (1); (3); (4); (8) futuras represas eventualmente poderem ser
ƒ Associado à Alteração da envolvidas com a questão
utilizadas nas práticas de turismo e lazer, isso se
Dinâmica Hidráulica ambiental e relacionadas aos
choca contra o contexto histórico e natural em
grupos sociais envolvidos.
torno do rio.
ƒ Lideranças indígenas de várias
ƒ A construção de barragens afeta o deslocamento
etnias
de peixes, causando insegurança alimentar em
ƒ Órgãos Públicos e Conselhos de
ribeirinhos, pescadores e indígenas,
Recursos Hídricos.
principalmente.

ARCADIS Tetraplan 80
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Compartimentos* Conflito Síntese do Conflito Atores Sociais Associados

ƒ A alteração na qualidade da água poderá


aumentar a concentração de algas, inclusive de
cianobactérias potencialmente tóxicas e de
macrófitas aquáticas, podendo interferir nos usos
múltiplos dos reservatórios, como abastecimento
público, lazer, etc.
ƒ Setores da sociedade civil organizada tendem a
deflagrar discussões em relação à piora da
qualidade da água versus a conservação do
ƒ Associado à Alteração na
ƒ (1); (3); (4); (8) ambiente e dos ecossistemas terrestres,
Qualidade da Água
eventualmente resultando em conflitos.
ƒ Pescadores ou populações ribeirinhas podem ver
sua atividade de subsistência prejudicada em
decorrência da piora da qualidade da água.
ƒ O reservatório pode aumentar o risco de doenças
de veiculação hídrica, como a malária, entre
outras. Essas ocorrências se agravam devido ao
frágil sistema de saúde e de saneamento básico
de grande parte da região estudada.

ARCADIS Tetraplan 81
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Compartimentos* Conflito Síntese do Conflito Atores Sociais Associados

ƒ A perda de habitats terrestres e interferência


sobre as áreas de interesse conservacionista
ƒ Empreendedores do Setor
contribui para a redução, fragmentação e
Elétrico.
isolamento dos habitats terrestres, assim como
ƒ Outros usuários de recursos
perda de populações e desestruturação de
hídricos e Organizações Sociais,
ƒ (1); (2); (3); ƒ Associado à Perda de Áreas comunidades bióticas terrestres.
incluindo as não governamentais,
(6); (7); (8) de Interesse para ƒ Degradação de recursos hídricos e pesqueiros,
envolvidas com a questão
Conservação e interferindo nos modos de vida indígenas,
ambiental e relacionadas aos
Fragmentação Ecológica ribeirinhos e pescadores.
grupos sociais envolvidos.
ƒ Perda de biodiversidade sem contabilização por
ƒ Lideranças indígenas.
parte de empreendedores e do Estado, diluindo a
ƒ Órgãos Públicos e demais
relevância da questão e enfraquecendo os
Conselhos.
argumentos dos atingidos, pode levar a
confrontos.
ƒ A atração de contingentes populacionais
resultante da criação de novas oportunidades de
emprego na construção dos AHE pressionará a ƒ Empreendedores do Setor Elétrico
ƒ Atração de Contingentes
infra-estrutura social e urbana, podendo ƒ Organizações Sociais envolvidos
Populacionais com pressão
ƒ (3); (8) impulsionar conflitos de uso entre as com a população afetada
sobre os equipamentos
comunidades originais e os novos habitantes. ƒ Prefeitura/ Órgãos Municipais e
sociais
ƒ O aumento demográfico restringirá o acesso a Estaduais de Competentes
terra e à água, podendo causar situações de
conflito.

ARCADIS Tetraplan 82
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Compartimentos* Conflito Síntese do Conflito Atores Sociais Associados

ƒ O alagamento de áreas provenientes do


enchimento do reservatório pode afetar terras
com ocupação populacional. Esse fato pode criar
situações de conflito em diferentes graus, ƒ Empreendedores do Setor Elétrico
dependendo das características de cada
ƒ Organizações Sociais envolvidos
população e sua relação com o meio em que
ƒ (1); (2); (8) com a população afetada
vivem. Serão afetadas populações rurais (na
ƒ Relocação de População ƒ Lideranças indígenas.
maior parte dos casos), populações urbanas e
comunidades tradicionais. ƒ Prefeitura/ Órgãos Municipais e
Estaduais de Competentes
ƒ A falta de informações sobre os
empreendimentos e a ausência da participação ƒ
da comunidade envolvida, em especial as
populações indígenas, no planejamento de obras
hidrelétricas pode acentuar os conflitos.

ARCADIS Tetraplan 83
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Compartimentos* Conflito Síntese do Conflito Atores Sociais Associados

ƒ Inundação constante, hoje sazonal, dos igarapés


Altamira e Ambé (somente em Altamira, como
ilustração), que cortam a cidade de Altamira e
parte da área rural de Vitória do Xingu; redução
da vazão da água a jusante do barramento do rio
na Volta Grande do Xingu e interrupção do
transporte fluvial até o Rio Bacajá, principal
acesso para comunidades ribeirinhas e
indígenas. Remanejamento de milhares de
famílias ao longo da área de influência da usina,
produtores familiares, ribeirinhos, pescadores e ƒ Empreendedores do Setor Elétrico
indígenas. Alteração do regime do rio sobre os ƒ Outros usuários de recursos
meios biótico e socioeconômico, com redução do hídricos
ƒ (1); (2); (8) fluxo da água.
ƒ Restrição ou Negação de ƒ Organizações Sociais
Uso da Água ƒ Afluxo populacional e desestruturação fundiária; relacionadas com a preservação
perda de qualidade de vida das pessoas do meio ambiente e com os
remanejadas; desestruturação das áreas de grupos sociais afetados
pesca e do modo de vida de caboclos e ƒ Lideranças indígenas
indígenas; alteração na acessibilidade e na
dinâmica das aldeias e comunidades de beira-rio.
ƒ Alterações na reprodução das espécies de
peixes que praticam a piracema, causando a
diminuição na quantidade de peixes e afetando a
pesca e a segurança alimentar das populações
indígenas. Além disso, já estaria sendo
identificado o assoreamento do Culuene,
alterando o fluxo e a correnteza do rio e
dificultando a navegação na região.

ARCADIS Tetraplan 84
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Compartimentos* Conflito Síntese do Conflito Atores Sociais Associados

ƒ Esses empreendimentos acarretam mudanças


socioeconômicas e ambientais na região onde se
instalam, que afetam direta e indiretamente a
vida da população indígena.
ƒ A falta de diálogo sobre a implantação dos
empreendimentos em terras indígenas ou
próximo a elas, que não consideram no
planejamento as opiniões das populações
indígenas afetadas, deixando-as à parte do
processo, é apresentado por lideranças como
grave fator gerador de conflito.
ƒ Empreendedores do Setor
ƒ Alteração na gestão dos recursos ambientais em
Elétrico.
decorrência de mudanças nas relações
socioculturais em comunidades diversas e entre ƒ Organizações Sociais
ƒ Associado à Interferência comunidades. relacionadas com a população
ƒ (1); (2); (8) nas Relações Socioculturais indígena.
ƒ O conjunto de PCHs projetado para a bacia do
de Populações Indígenas e Xingu, no estado de Mato Grosso, poderá causar ƒ Lideranças indígenas.
de outras populações impactos sobre 14 povos indígenas do Parque ƒ Sindicatos e associações
tradicionais Indígena do Xingu. Há controvérsias que indicam representantes de outras
que essas barragens possam estar instaladas em comunidades tradicionais
sítios sagrados e podem diminuir a quantidade ƒ Órgãos Públicos responsáveis
de peixes dos quais se alimentam e através dos pelo tema.
quais desenvolvem seus rituais. O conflito já
existente tendendo a se agravar. Os indígenas
opõem-se à construção da barragem desde
2004, quando ficaram sabendo do projeto. De
acordo com o Conselho Indigenista Missionário
(CIMI), os povos Waurá, Kuikuru, Yawalapiti,
Kamayurá, Nafuquá, Aweti, Kalapalo, Mehinako,
Matipu, Trumai, Ikpeng, Kayabi, Juruna, Beiço de ARCADIS Tetraplan 85
Pau, Suyá, Kayapó, e Xavante solicitam apoio de
toda a sociedade para impedir a construção da
barragem.
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Compartimentos* Conflito Síntese do Conflito Atores Sociais Associados

ƒ Em relação ao patrimônio indígena, as situações


de conflito podem ser geradas pela insegurança
causada pela perda de identidade ou cultura
comunitária, assim como com outras ƒ Empreendedores do Setor
comunidades tradicionais da região. Elétrico.
ƒ Associado ao ƒ Organizações voltadas às
ƒ As manifestações culturais na área não são
comprometimento de bens comunidades tradicionais.
geograficamente específicas ou limitadas, mas
ƒ (1); (2); (8) constituintes e à alteração ou
estão associadas intrinsecamente à ƒ Lideranças indígenas.
perda de manifestações
biodiversidade ou ao ecossistema local. Deste ƒ Sindicatos e associações
culturais de etnias indígenas
modo, a modificação no ambiente interfere no representantes de outras
e de outras comunidades
ritual, que pode até se tornar inexistente. comunidades tradicionais
tradicionais
ƒ A falta de incorporação das queixas, ƒ Órgãos Públicos responsáveis
principalmente dos povos indígenas, mas pelos temas.
também de outras populações tradicionais, nas
decisões de empreendedores e representantes
do Estado, podem levar a confrontos.
Fonte: Publicação CPT - Conflitos no Campo – Brasil, 2006; Instituto Socioambiental, 2007; SEPLAN, PA.; CIMI-MT (em entrevista); MPF-MT (idem); CPT-Araguaia (idem)

Compartimentos: (1) Continuum de Áreas Legalmente Protegidas; (2) Várzea do rio Xingu; (3) Corredor Transamazônico; (4) Médio Xingu Pecuária; (5) Formações do
Cachimbo-Área sob influência da BR-163; (6) Alto Xingu Oeste - Área sob influência da BR-163; (7) Alto Xingu Leste - Área sob influência da BR-316; (8) Xingu Meridional

ARCADIS Tetraplan 86
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B) Conflitos com os demais Planos, Programas e Projetos previstos para a região


Em relação aos potenciais conflitos com os demais planos, programas e projetos, a análise
baseou-se na avaliação espacial e sua interface com o AHE Belo Monte e demais PCHs em
processo de licenciamento ou em operação.

Para tanto, em virtude da dificuldade de espacialização dos dados contidos nos Planos
Plurianuais nas três esferas governamentais, destacou-se o Plano da Amazônia Sustentável
– PAS, que não se caracteriza como um plano operacional, mas, sim, estratégico, contendo
as diretrizes gerais e as recomendações para sua implementação. As ações operacionais são
planos sub-regionais, alguns já elaborados ou em processo de elaboração, como o Plano de
Desenvolvimento Regional Sustentável para a Área de Influência da Rodovia BR-163
(Cuiabá-Santarém), o Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu, entre
outros.

Serão utilizadas, muito especialmente, as ações do Programa de Aceleração de Crescimento


– PAC, no qual foram identificados, na região de estudo, projetos lineares, rodoviários e de
energia elétrica, como apresenta o Quadro 4-32 – Potenciais Conflitos com os demais
Planos, Programas e Projetos Previstos – por Compartimento, a seguir. Esses projetos estão
espacializados na Figura 4-7 – Projetos do PAC.

Conforme anteriormente explicitado, a região da bacia do rio Xingu caracteriza-se por um


histórico de conflitos ligados à posse e propriedade da terra, desflorestamentos ilegais,
utilização de trabalho escravo e condições insalubres de trabalho, principalmente nos
segmentos da madeira e pecuária. Esses conflitos associam-se ao modelo de
desenvolvimento econômico e o processo de ocupação desse território, que dentre outros
aspectos caracterizam-se por atração desordenada de contingentes populacionais, com
pressão sobre os equipamentos sociais, relocação populacional, interferência nas
relações socioculturais de populações tradicionais, notadamente indígenas, e por
questões ligadas ao patrimônio arqueológico e cultural. Isso implica que as intervenções
previstas, se não resguardadas por medidas de controle necessárias, podem ser fatores
que contribuam para a manutenção do mesmo padrão de ocupação, com respectivos
impactos e conflitos associados.

Em outras palavras, de forma simplificada, aqui se colocam os embates que opõem


desenvolvimento econômico e sustentabilidade socioambiental. Os movimentos sociais
apontam que as estradas como a Transamazônica, a BR-163 (Cuiabá-Santarém); a BR-
153 (Belém-Brasília) foram construídas gerando grande degradação ambiental, tanto na
destruição dos ecossistemas de cerrado e das florestas de transição, como com impactos
negativos dessa inserção econômica no âmbito social e cultural em comunidades
tradicionais da área de influência dessas rodovias. Governos e outros setores da
sociedade civil apresentam a necessidade de investimento em infra-estrutura na área de
transporte como parte fundamental para composição de redes de transporte multimodal
(rodovias, hidrovias, ferrovias), com objetivo de favorecer o escoamento da produção,
barateamento das exportações e a melhorar a competitividade internacional do Brasil no
mercado mundial.

ARCADIS Tetraplan 87
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Programa de Aceleração do Crescimento – PAC

Em relação ao PAC, identificou-se na bacia do rio Xingu projetos de infra-estrutura que


poderão potencializar conflitos existentes ou latentes na bacia. Há cinco projetos rodoviários:
pavimentação da BR-230, construção de 423 quilômetros da BR-158, construção e
pavimentação de 1.024 quilômetros da BR-163, pavimentação, melhorias e duplicação da
BR-242, e um de energia elétrica: Linha de Transmissão Manaus-Macapá: Tucuruí-PA a
Manaus- AM e Tucuruí-PA a Macapá-AP, sendo que todos esses projetos localizam-se
próximos aos empreendimentos hidrelétricos considerados neste estudo, conforme se detalha
a seguir:

Rodovias

ƒ Projeto BR-230
Rodovia projetada durante o governo militar, é a terceira maior rodovia do Brasil, com
2.300 km de comprimento, cortando os estados brasileiros do Piauí, Maranhão, Pará e
Amazonas. Em grande parte, a rodovia não é pavimentada. O PAC tem como objetivo a
pavimentação de 835 quilômetros e construção de diversas pontes da rodovia
Transamazônica, integrando a BR-163/PA à Ferrovia Carajás e à Hidrovia do Xingu.

Na área em estudo, a BR-230, atravessa alguns municípios do estado do Pará chegando ao


norte da bacia do rio Xingu, a jusante do AHE Belo Monte (Cena 2015), o que nesse caso,
pode propiciar situações de conflito, não diretamente ligadas ao empreendimento, mas devido
à facilidade de acesso, aumento de contingente populacional com pressão sobre os
equipamentos sociais.

ƒ Projeto BR-158
Seu ponto inicial localiza-se entre nas rodovias BR-230 e PA-415, no município de Altamira
no estado do Pará, passando em seguida pelo estado do Mato Grosso e seguindo até o sul
do país na fronteira com o Uruguai.

O projeto do governo federal prevê a construção de 423 quilômetros de rodovia, na BR-158,


em pista simples, na diretriz da rota precária existente, de Ribeirão Cascalheira à divisa
MT/PA, trecho atualmente existente como estrada de terra. Atravessa o Alto Xingu Leste,
região atualmente já impactada pela monocultura. A construção da BR-158 poderá trazer à
região aumento do contingente populacional e alterações na economia, mas não criará
situações de conflito diretos com relação às PCHs situadas a montante da rodovia.

ƒ Projeto BR-163
A rodovia BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA), foi aberta nos anos 1970 como
mais uma das grandes obras de infra-estrutura projetadas pela ditadura militar para,
alegadamente, tentar integrar a Amazônia à economia nacional. São 1.780 quilômetros de
estrada, atravessando uma das regiões mais ricas da Amazônia e do País em recursos
naturais, potencial econômico, diversidade étnica e cultural, com a presença de biomas
como a Floresta Amazônica, o Cerrado e áreas de transição entre eles, além de bacias
hidrográficas importantes, como a do Amazonas, do Xingu e Teles Pires-Tapajós.

ARCADIS Tetraplan 88
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

O projeto do PAC prevê o asfaltamento da BR-163 no trecho de Guaratã do Norte (MT) –


Rurópolis (PA) – Santarém (PA), num total de 1.024 km. Porém, nos últimos anos, têm havido
reivindicações por mudanças por parte de diferentes setores econômicos regionais. Alguns
alegam que a obra poderia facilitar e baratear o escoamento da produção agropecuária do
norte do Mato Grosso, um dos pólos mais dinâmicos do País no cultivo de grãos, em direção
ao rio Amazonas. Segundo empresários e políticos, a pavimentação da rodovia também
poderia encurtar o transporte dos produtos eletro-eletrônicos produzidos na Zona Franca de
Manaus até os grandes centros da região sul. Por outro lado, agricultores familiares
reivindicam políticas e ações que se antecipem à obra para garantir os benefícios que ela
promete.

Por todos esses fatores, o asfaltamento da BR-163 é um desafio para os movimentos sociais,
ONGs, instituições de pesquisa, sindicatos e outras organizações da sociedade civil que
defendem um modelo de desenvolvimento sustentável para a Amazônia.

No trecho em estudo, a BR-163 atravessa a sub-bacia do rio Curuá, onde estão localizadas
as PCHs Salto do Buriti, Salto do Curuá e Salto Três de Maio, empreendimentos que também
são objeto do presente estudo, podendo trazer conflitos para a região e em torno dos
empreendimentos citados.

ƒ Projeto BR-242 (Transbananal)


O Projeto da BR-242 prevê a construção e pavimentação em área de grande
desenvolvimento agrícola, conectando a BR-163–MT com a BR-242 de Sorriso a Ribeirão
Cascalheira–MT, a construção de vários viadutos (Unisinos, Canoas/BR-386, Rincão),
alargamento de pontes (rio Gravataí), bem como a construção de 22 quilômetros, em pista
dupla, de dois viadutos e de ponte sobre o rio Gravataí, também nesse trecho. Ou seja, a
obra prevista unirá de leste a oeste o estado de MT e, por sua vez, a BR-158 e a BR-163, a
jusante das PCHs Paranatinga I e II, Culene, Runuro e ARS. Atualmente não há potencial de
conflitos com relação a esses empreendimentos, porém houve conflitos com grupos
indígenas habitantes na região, conforme se observa nas discussões ocorridas quando o
projeto original da rodovia tinha outras dimensões.

O projeto original da rodovia BR-242 previa que o cruzamento da Ilha do Bananal teria dois
trechos principais: o trecho conhecido como Transbananal, ligando São Félix do Araguaia
(MT) a Formoso do Araguaia (TO), atravessando o Território Indígena do Parque do Araguaia
e o Território Indígena Inãwébohona e o trecho chamado de Transaraguaia, antigo nome da
GO-262, ligando Santa Teresinha (MT) à Lagoa da Confusão, também atravessando o
Parque Nacional do Araguaia e território indígena.

A construção dos dois trechos permitiria a abertura de novas fronteiras agrícolas e turísticas,
reduzindo os custos de produção agrícola, aliviando o tráfego na malha rodoviária Sul-
Sudeste. De acordo com o Plano, isso abriria possibilidade de um novo corredor de
exportação, com redução de cerca de 1.100 km em relação aos tradicionais corredores em
direção aos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).

ARCADIS Tetraplan 89
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Energia Elétrica

O Projeto prevê a construção de Linha de Transmissão que fará a interligação de Tucuruí -


Manaus - Macapá: Tucuruí - PA a Manaus-AM e Tucuruí - PA a Macapá-AP, que, de acordo
com os dados de que se dispõe atualmente, passará a jusante do AHE Belo Monte e sem
conexões com os demais empreendimentos, não sinalizando a possibilidade de situações de
conflito.

ARCADIS Tetraplan 90
56°W 54°W 52°W 50°W

Legenda
- Manu au s -
Interliga cao Tucu rui Gurupá
es tud o - Tucu rui-PA a UHE Belo Monte
Macapa : em
rui -PA a Maca pa-AP
Manaus-AM e Tu cu Porto
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José
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BR- ró po li 230
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4°S

4°S
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Terras Indígenas
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UCs Proteção Integral
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UCs Uso Sustentável


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Compartimentação
16 3
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Várzeas do Rio Xingu


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(PA)

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Corredor Transamazônico
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Xingu Parauapebas Formações do Cachimbo sob Influência da BR 163


6°S

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Médio Xingu Pecuária


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e

Alto Xingu Leste - Área Sob Influência da Belém-Brasilia


A)

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Rio do Xingu Tucumã Água Azul Alto Xingu Oeste - Área sob Influência da BR 163
Curuá Ourilândia do Norte
do Norte Xingu Meridional Savânico
Novo Rio
Progresso Maria Continuum
Continuum de Áreas Legalmente Protegidas
Bannach

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do Norte
Redenção
8°S

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Buriti Salto
Salto Três Sub Curuá
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Rio Curuá

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Araguaia

Rio Xingu

Guarantã
Vila
do Norte
10°S

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Rica Localização
Matupá Peixoto de 60°W 45°W
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Santa
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São José 0°
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do Xingu Norte
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do Norte

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BR-158, de Riberão

15°S

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União
Cascalheira à
Divisa MT/PA

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Sub bacia do Norte 1:4.250.000
Sub bacia
do Rio do Rio Canarana
km
0 50 100 200 300
Ronuro Curisevo Paranatinga II
Sistema de Coordenadas Geográficas
Paranatinga I Datum horizontal: SAD 69
14°S

14°S

Ronuro Sub Água Boa


bacia do
Rio Culuene
Figura 4.7 Obras do Plano de Aceleração
Paranatinga
Campinápolis
Planalto Culuene
do Crescimento
Nova
da Serra Xavantina
Nova
Brasilândia
GO
Alco o Fontes:
d uto Base Cartográfica Digital do Brasil ao Milionésimo (IBGE, 2005)
CUIABÁ Primavera IBGE, Malha Municipal Digital do Brasil. 2005
do Leste Compilação de dados MMA e ICMBIO
PAC, 2006
ANEEL, 2008
Elaboração: ARCADIS Tetraplan, 2009
56°W 54°W 52°W 50°W
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Quadro 4-32 - Potenciais conflitos com os demais Planos, Programas e Projetos previstos ─ por Compartimento

Compartimento Conflito Síntese do Conflito Atores Sociais Associados

ƒ A obra refere-se à pavimentação de 83,5 km que liga


as cidades de Altamira e Medicinópolis, no Pará e
construção de diversas pontes, integrando a BR-
163/PA, a Ferrovia Carajás é tema controverso entre
os atores sociais envolvidos ƒ Empreendedores do Setor elétrico e de
transportes
ƒ A Transamazônica está inserida no contexto da
década de 70, quando o Estado brasileiro incentivava ƒ Movimentos sociais, com destaque para o
a ocupação da Amazônia por meio de concessões de Movimento pelo Desenvolvimento da
ƒ PAC –
terras principalmente para colonos do Nordeste e Sul, Transamazônica e Xingu (MDTX),
Transamazônica -
ƒ (1); (3); (8) BR-230 / PA - tendo o desmatamento como condição para o acesso ƒ ONGs,
Construção e ao crédito e à terra. ƒ Instituições de pesquisa,
Pavimentação ƒ A pavimentação é apontada por parte dos ƒ Sindicatos
movimentos sociais, como fator capaz de exacerbar a ƒ Organizações da sociedade civil.
tendência à pecuária extensiva ou agricultura
ƒ Prefeitura/ Órgãos Municipais e Estaduais
mecanizada, o que prejudicaria os pequenos
Competentes
proprietários. Por outro lado, há movimentos que
consideram o empreendimento poderia ajudar a
consolidar os atuais assentamentos.
ƒ
ƒ A obra refere-se à construção de 423 km de rodovia
em pista simples na direção da rota precária ƒ Empreendedores do Setor
existente, de Ribeirão Cascalheira à divisa MT/PA. O ƒ Organizações Sociais envolvidos com a
ƒ PAC - BR-158 /
ƒ (7); (8) trecho atualmente existe como estrada de terra. população afetada
MT - Construção
ƒ O projeto atravessa região do Alto Xingu Leste, ƒ Prefeitura/ Órgãos Municipais e Estaduais de
região atualmente já impactada pela agricultura. A Competentes
construção da BR-158 poderá trazer à região

ARCADIS Tetraplan 92
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Compartimento Conflito Síntese do Conflito Atores Sociais Associados

aumento populacional e alterações na economia,


mas não criará situações de conflito direto com
relação às PCHs situadas a montante da rodovia.
ƒ A obra refere-se à construção e pavimentação de
1.024 Km da Guarantá do Norte (MT) – Ruropolis
(PA) – Santarém (PA)
ƒ O projeto de construção e pavimentação desse
trecho da BR-163 atravessa a região oeste da Bacia,
onde se localizam as PCHs Salto do Buriti, Salto do ƒ Empreendedores do Setor
Curuá e Santo Três de Maio, podendo trazer conflitos ƒ Movimentos sociais, notadamente, o Fórum
para a região e também aos empreendimentos. dos Movimentos Sociais da BR-163.
ƒ O asfaltamento da estrada ainda não foi concluído, Inicialmente formado por quatro
mas tornou-se, nos últimos anos, reivindicação de organizações da sociedade civil (IPAM,
vários setores econômicos regionais, os quais FVPP, Federação dos Trabalhadores na
ƒ PAC - BR-163 - alegam que a obra poderia facilitar e baratear o Agricultura do Baixo-Amazonas-Fetagri e
ƒ (1); (5); (6) MT-PA - escoamento da produção agropecuária do norte do Prelazia de Itaituba),
Pavimentação Mato Grosso, um dos pólos mais dinâmicos do País ƒ ONGs, Fórum Matogrossense de Meio
no cultivo de grãos, em direção ao rio Amazonas. Ambiente e Desenvolvimento (Formad) e o
Além disso, segundo empresários e políticos, a Instituto Centro de Vida (ICV)
pavimentação da rodovia também poderia encurtar o
ƒ Instituições de pesquisa,
transporte dos produtos eletro-eletrônicos produzidos
na Zona Franca de Manaus até os grandes centros ƒ Sindicatos
da região sul. Por outro lado, agricultores familiares ƒ Organizações da sociedade civil.
reivindicam políticas e ações que se antecipem à
obra para garantir os benefícios que ela promete.
ƒ Desde 2002 vem ocorrendo uma série de encontros e
movimentações relativas ao tema, em destaque o
“Encontro BR-163 Sustentável” (nov/2003, Sinop/MT)

ARCADIS Tetraplan 93
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Compartimento Conflito Síntese do Conflito Atores Sociais Associados

com proposições, como a recuperação das matas


ciliares, em especial aquelas localizadas fora dos
limites do Parque Indígena do Xingu, nas cabeceiras
dos rios formadores da Bacia do rio Xingu; a criação
de Unidades de Conservação (UCs) como
compensação de passivos ambientais de
assentamentos que não possuem Reservas Legais
(RLs); a implementação efetiva das UCs já criadas na
região
ƒ A obra refere-se à construção e pavimentação em
área de grande desenvolvimento agrícola,
conectando a BR-163/MT com a BR- 242 de Ribeirão ƒ Empreendedores do Setor
Cascalheira - Sorriso – MT
ƒ Organizações Sociais envolvidos com a
ƒ A BR-242 atravessa região de grande população afetada
ƒ (6); (7) ƒ PAC - BR-242 - desenvolvimento agrícola e a obra prevista unirá de
ƒ Movimentos sociais
ƒ (1); (8) MT: Pavimentação leste a oeste o estado do MT e, por sua vez, a BR-
ƒ ONGs
158 e a BR-163, a jusante das PCHs Paranatinga I e
II, Culene, Runuro e ARS. Não há potencial de ƒ Prefeitura/ Órgãos Municipais e Estaduais de
conflitos com relação a esses empreendimentos, Competentes
porém há em relação aos grupos indígenas
existentes na região
ƒ A obra refere-se à Interligação: Tucuruí - Manaus -
Macapá: em estudo – Tucuruí - PA a Manaus-AM e
ƒ PAC – LT ƒ Empreendedores do Setor Eletrico
Tucuruí -PA a Macapá-AP
ƒ (2); (3) (Energia Elétrica - ƒ Prefeitura/ Órgãos Municipais e Estaduais de
ƒ O projeto de LT está localizado a jusante do AHE
Transmissão) Competentes
Belo Monte e não tem potencialidade de desenvolver
conflitos em relação ao empreendimento citado.

ARCADIS Tetraplan 94
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Compartimentos: (1) Continuum de Áreas Legalmente Protegidas; (2) Várzea do rio Xingu; (3) Corredor Transamazônico; (4) Médio Xingu Pecuária; (5) Formações do
Cachimbo-Área sob influência da BR-163; (6) Alto Xingu Oeste - Área sob influência da BR-163; (7) Alto Xingu Leste - Área sob influência da BR-316; (8) Xingu Meridional.

ARCADIS Tetraplan 95
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

4.5. Reuniões Técnicas para Participação Pública


Cada vez mais, processos de participação social associados à realização de
seminários públicos impõem-se como parte da modernização institucional de
governos, da iniciativa privada e sociedade civil, numa tentativa de garantir
mecanismos democráticos e legítimos nos processos de tomada de decisão e
construção de alinhamentos e consensos.

Mais ainda, em especial, destacam-se algumas decisões de investimentos públicos e


privados, que acabam afetando a dinâmica regional de crescimento econômico e as
condições sociais e, ao mesmo tempo, a apropriação de recursos naturais disponíveis
em um dado ecossistema.

Em tal circunstância, há necessidade de uma avaliação rigorosa do custo de


oportunidade de tais decisões associado aos diferentes grupos de interesse afetados,
ora com ganhos, ora com perdas. Mais que isso, suas demandas e expectativas
podem ser endereçadas por meio de ações e medidas no bojo de políticas públicas e
outras ações não necessariamente governamentais. Tais grupos devem ser assim
ouvidos e suas opiniões e convicções incorporadas no processo de decisão, por meios
de representantes dos entes institucionais que irão fazer valer suas demandas e
posicionamentos.

No âmbito deste estudo, serão desenvolvidas atividades participativas presenciais,


entendidas como “Reuniões Técnicos para Participação Pública”.

Vale considerar que, em função da grande mobilização já existente na bacia,


notadamente pela retomada do processo de licenciamento do AHE Belo Monte em
abril de 2007, vêm ocorrendo vários seminários e oficinas, tanto no âmbito do EIA-
RIMA quanto de iniciativas da sociedade civil e governos. Desses eventos, muitas
vezes, resultam apontamentos de impactos, conflitos e perspectivas para a bacia do
Xingu, que se estima poderão ser utilizados neste estudo, como contribuição desses
atores sociais para a definição de diretrizes e recomendações.

Nesse contexto, a ARCADIS Tetraplan, em conjunto com o Consórcio Xingu


Ambiental, idealizou a realização de três etapas sucessivas de participação pública:

ƒ A primeira etapa se refere a estruturação da Matriz de Atores Sociais Atuantes na


AAI do rio Xingu, com a identificação dos principais agentes relacionados ao AHE
Belo Monte e demais PCHs que compõem o universo do estudo e que, de alguma
forma, possam desempenhar papel relevante, tanto no que se refere aos
processos de licenciamentos em curso, quanto na contribuição com diretrizes e
recomendações para a AAI do Xingu. Essa Matriz apresenta as diversas
representações tanto no nível federal, estadual e dos municípios e busca
consolidar os vários mapeamentos que vem sendo feitos no âmbito da elaboração
do EIA RIMA do AHE Belo Monte e das PCHs já licenciadas e em operação.

Nesse sentido, foram caracterizadas as entidades civis, sindicais e ambientais


atuantes na região, descrevendo as suas respectivas formas de atuação. Conforme se
apresenta no Anexo II - Matriz de Atores Sociais – AAI do Xingu :

ARCADIS Tetraplan 96
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

ƒ A segunda etapa se refere às ações de sensibilização dos atores sociais para


participação nas reuniões técnicas de Belém/PA e de Altamira/PA, que foram
selecionados do universo inicial pela sua relevância, pelo grau de inter-relação
com o tema energia e correlatos, possibilidades de parcerias, ou ainda, resistência
ou potencial conflito relativos aos empreendimentos existentes ou previstos para a
bacia do rio Xingu. Em especial, independentemente das reuniões técnicas, essas
abordagens buscaram a identificação de conflitos existentes e potenciais na bacia,
não observáveis por meio dos dados secundários disponíveis na literatura relativa
ao tema.
ƒ Essas abordagens foram acordadas com o GG de Comunicação / Interação
Social, responsável, entre outros aspectos, pela otimização e integração das
ações de comunicação social empreendidas no processo de licenciamento do
AHE Belo Monte. O GG de Comunicação/ Interação social é composto por
representantes da Eletrobrás, Eletronorte, Leme Consultoria, Elabore Consultoria
e CNEC.
ƒ Foram realizadas incursões em campo, nos municípios de Belém/PA e Cuiabá/MT,
nos períodos de 16 a 20 de fevereiro/09 e 02 a 05 de marco/09, respectivamente.
ƒ No estado do Pará foram abordadas representantes da Secretaria de Estado do
Meio Ambiente, Secretaria de Integração Regional, FIEPA – Federação da
Indústria do Pará, Associação de Madeireiros do Pará, CIMI - Conselho
Missionário Indigenista, Museu Paraense Emilio Goeldi, dentre outros.
ƒ Em Mato Grosso foram consultados a UFMT – Universidade Federal de Mato
Grosso, representante do Grupo Atiaia (empreendedor da PCH Paranatinga), CIMI
– Conselho Indigenista Missionário, a Coordenadoria de Recursos Hídricos da
SEMA, Secretaria de Planejamento do estado de MT, Ministério Público Federal,
GTA Mato Grosso, Instituto de Terras do Mato Grosso, etc.
ƒ A terceira etapa se refere à realização das reuniões técnicas que ocorreram em
Belém/PA, em 26/03/09,e em Altamira/PA em 05/05/09 sendo que o folder
utilizado na disseminação e a apresentação utilizada como apoio encontram-se
respectivamente nos Anexos I, II e III.

O objetivo precípuo foi informar o público; ouvir e obter informações e recomendações;


e, ainda, compartilhar resultados, com grupos de interesse que vem participando de
discussões técnicas sobre a bacia do rio Xingu.

ƒ Tratou-se de incentivar o processo participativo com o envolvimento dos diversos


setores da sociedade, considerando os conflitos inerentes. A orientação foi de não
se abster de explicitar os desacordos e assegurar que a relatoria do evento
registrasse como parte da memória todas as discordâncias, fossem elas
verbalizadas pelos presentes ou dirigidas ao mediador por meio de perguntas por
escrito. A seguir, relata-se brevemente, os principais aspectos abordados:

ARCADIS Tetraplan 97
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

4.5.1. Data e Local


Reunião Técnica Belém - Pará

Local: Hotel Hilton/Salão Marajó – Av. Presidente Vargas, 882 – Centro – Belém – PA

Data: 26/03/2009 – 9h00 às 15h30

Formato: Apresentação seguida de debates orientados

Participantes – 29 participantes representantes de diversos segmentos da sociedade


- entidades governamentais, da iniciativa privada e da sociedade civil.

Reunião Técnica Altamira - Pará

Local: Casa de Cultura de Altamira – Rua das Palmeiras s/nº – Premem – Altamira –
PA

Data: 05/05/2009 – 9h00 às 15h30

Formato: Apresentação seguida de debates orientados

Participantes – 87 participantes representantes de diversos segmentos da sociedade


- entidades governamentais, da iniciativa privada e da sociedade civil.

4.5.2. Objetivos
Os principais objetivos da reunião foram:

i) Apresentar e discutir os trabalhos da Avaliação Ambiental Integrada dos


Aproveitamentos Hidrelétricos na Bacia do Rio Xingu – AAI, especificamente o
resumo das etapas anteriores – Diagnostico, Caracterização e Conflitos e os
resultados preliminares da Avaliação Ambiental Integrada e Diretrizes.
ii) Contar com a participação dos representantes das instituições governamentais,
instituições privadas e sociedade civil para discussão dos resultados parciais da
Avaliação Ambiental Integrada e Diretrizes, tendo por finalidade receber as
contribuições dos diversos participantes, visando o aprimoramento do estudo.

4.5.3. Quanto à presença


As reuniões propiciaram a comunicação interativa entre um grupo de 29(vinte e nove)
pessoas que juntas representaram 20 instituições, em Belém, e 87(oitenta e sete)
pessoas divididas em 49 instituições em Altamira; entre públicas e da sociedade civil,
com atuação local e regional/federal, e reconhecida participação na discussão de
temas relativos ao desenvolvimento sustentável da Bacia do rio Xingu, conforme
Gráficos 4-1 e 4-2 ,a seguir.

ARCADIS Tetraplan 98
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Gráfico 4-1 Participação das instituições por setor - Belém

5%
20%

Instituições Civis
35% Instituições Governamentais
Instituições Privadas
Instituições Educacionais

40%

Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Gráfico 4-2 Participação das instituições por setor - Altamira

6%

25%

Instituições Civis
33% Instituições Governamentais
Instituições Privadas
Instituições Educacionais

36%

Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Estiveram presentes à reunião de Belém as seguintes instituições/organizações:

Entidade

ELETRONORTE
ELETROBRÁS
ARCADIS Tetraplan
Consórcio CNEC
Empresa de Pesquisa Energética - EPE
Elabore – Acessória Estratégica em Meio Ambiente

ARCADIS Tetraplan 99
AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Entidade

MPE - Ministério Público Estadual do Pará


Prefeitura Municipal de Altamira
SEGOV – Secretaria de Governo
IDESP – Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará
IDEFLOR – Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará
SEDECT – Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia
UFRA – Universidade Rural da Amazônia
CEPNOR - Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Norte do Brasil
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Amazônia Oriental
CI - Conservação Internacional do Brasil
GTZ – Cooperação Técnica Alemã
FIEPA/CIP – Federação das Indústrias do Estado do Pará/Centro das Indústrias do Pará
WWF Brasil
CIMI – Conselho Indigenista Missionário

E em Altamira:

Entidade

ELETRONORTE

ELETROBRÁS

ARCADIS Tetraplan

Consórcio CNEC

Empresa de Pesquisa Energética - EPE

Elabore – Acessória Estratégica em Meio Ambiente

MPE - Ministério Público Estadual do Pará

Prefeitura Municipal de Altamira

ACIAPA - Associação Comercial e Empresarial de Xinguará

AIMAT - Reflorestadora

Alta Resolução

Associação dos Produtores Rurais de Altamira

Associação KIRINAPÃN

CDL - Câmara Dirigente Logística

ARCADIS Tetraplan 100


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Entidade

CEPLAC - Comissão Executiva do Plano de Lavoura Cacaueira

CMA - Câmara Municipal de Altamira

COSANPA - Companhia de Saneamento do Pará

EMATER - Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural

Fatos Regionais – Imprensa

CIMI – Conselho Indigenista Missionário – Norte II

FUNAI - Fundação Nacional do Índio

GEDEC - CC Grupo de Estudos: Dialética, Educação e Cultura - Campo e Cidade

Grupo Produção Tur

HERBALIFE

IBAMA

IBGE

Igreja Batista Independente

INCRA

INSS

ISA – Instituto Socioambiental

Jornal O Paranense

Leme Engenharia

Loja Maçonica Liberdade e Fraternidade Universal

MMA - Ministério do Meio Ambiente

Prefeitura Municipal de Senador José Porfírio

SEBRAE

SEMAGRI - Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento de Altamira

SEMAT - Secretaria Municipal do Meio Ambiente

SEMEC - Secretaria Municipal de Educação e Cultura

Sindicato Rural de Altamira

SINDICORTE - Sindicato da Pecuária do Corte

STTR - Altamira

TV Canção Nova

TV Líder

ARCADIS Tetraplan 101


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Entidade

TV Vale do Xingu SBS

UEPA - Universidade Estadual do Pará

UFPA - Universidade Federal do Pará

URAPRA - União Regional da Associação dos Produtores Rurais do Estado do Pará

XSA

4.5.4. Temas Apresentados


Os temas apresentados e discutidos referiam-se aos resultados das seguintes etapas
do estudo:

ƒ Apresentação da estrutura e metodologia do Estudo


ƒ Síntese do Diagnóstico Socioambiental
ƒ Síntese da Caracterização dos Empreendimentos
ƒ Avaliação Ambiental Distribuída
ƒ Cenários
ƒ Avaliação Ambiental Integrada
ƒ Diretrizes e Recomendações

4.5.5. Procedimentos adotados


Apresentação da agenda do dia

As reuniões iniciaram com a mediadora apresentando a agenda do dia, e os principais


objetivos da reunião.

ƒ Abertura dos trabalhos


− Empresa de Pesquisa Energética/EPE – Flávia Pompeu Serrano – Explicou o
papel da EPE, suas áreas de atuação no setor elétrico destacando a
relevância que uma Avaliação Ambiental Integrada possui.
− ELETROBRÁS – Paulo Fernando Vieira Souto (Belém) e Márcia Garcia
(Altamira) – Apresentou um histórico dos estudos realizados na Bacia
Hidrográfica do Rio Xingu, situando como a ELETROBRÁS está vendo a
questão da Avaliação Ambiental Integrada do Xingu. Descreve o andamento
dos estudos elaborados e ilustra um panorama atual dos trabalhos de
comunicação com as comunidades das regiões afetadas.

ARCADIS Tetraplan 102


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Apresentação do Estudo

ƒ ARCADIS Tetraplan – Luiz Biazzi – Apresentou a conceituação de Avaliação


Ambiental Integrada – AAI e a metodologia abordada para compor o estudo,
dividindo-se com Madalena Los na apresentação do Diagnóstico Socioambiental,
Caracterização dos empreendimentos e Avaliação Ambiental Distribuída na
primeira parte da reunião técnica.
ƒ Na condução da segunda parte da reunião técnica houve a abordagem dos
Cenários projetados, da Avaliação Ambiental Integrada finalizando com a
apresentação das Diretrizes e Recomendações, novamente prosseguiu-se a
apresentação com o revezamento de Luiz Biazzi e Madalena Los da ARCADIS
Tetraplan.

Reunião Técnica de 26/03/09 – Belém/Pará

Reunião Técnica de 05/05/09 – Altamira/Pará

ARCADIS Tetraplan 103


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Abertura para a primeira etapa dos Debates

Estão relatadas a seguir as colocações mais expressivas e o conjunto de perguntas


que foram apresentados na primeira etapa dos debates em Belém:

ƒ O representante da SEDECT - Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência


e Tecnologia, propôs uma correção quanto ao ICMS de energia elétrica explicando
que este incide somente sobre o consumo, ou seja, apenas novas cargas no
estado geram recurso adicional de ICMS em um projeto como Belo Monte,
havendo compensação para os estados e municípios apenas por uso dos recursos
hídricos.
ƒ O chefe de gabinete do município de Altamira levantou a questão das dificuldades
que os municípios envolvidos sofrem em decorrência da falta de estrutura para
atender as demandas que empreendimentos como, por exemplo, Belo Monte,
podem acarretar para a região e questionou sobre o que pode ser feito para que
estes municípios possam antecipadamente se estruturar.
ƒ A representante do Ministério Público Estadual evidencia que a variável
movimentação de populações dentro da área da bacia não foi considerada no
estudo quer do ponto de vista de não estarem disponíveis os dados ou outro
qualquer que não tenha sido apresentado. Como fator agravante ressalta que há
existência de grande quantidade de territórios indígenas nesta região onde o
relacionamento do indivíduo com a terra é muito particular. Diante disto acredita
que esta variável não pode ser dispensada em um estudo deste porte.
ƒ Outra preocupação levantada referiu-se ao quadro futuro com relação ao aporte
de populações externas que chegarão para as áreas destes empreendimentos,
visualizando possíveis conflitos de grande proporção. Finaliza a questão levantada
afirmando que é necessário pensar desde agora em um quadro básico na
movimentação de populações nesta área da bacia.
ƒ O representante da WWF Brasil destaca a importância de se discutir as vantagens
e desvantagens da inserção do empreendimento a partir do acesso às
informações do estudo. Questionou se há garantias de que outros AHEs como
Belo Monte surgirão na região e levanta a importância da mensuração dos custos
dos serviços ambientais.
ƒ A representante do IDESP - Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e
Ambiental do Pará discorreu sobre as cabeceiras dos rios que se encontram fora
das UCs e das nascentes inseridas dentro de grandes propriedades. Questiona a
existência de um estudo das matas ciliares considerando as especificidades das
áreas de cabeceiras desses rios. Criticou a realização de cenários em longo
prazo, evidenciando que os maiores conflitos ocorrem durante a fase de
implantação.
ƒ O representante do Conselho Indigenista Missionário questiona se foi considerado
a previsão da inserção de um número maior de PCHs na região da Bacia.
ƒ A representante da ONG Conservação Internacional – CI pergunta sobre a
realização de estudos para a preservação de Unidades de Conservação,

ARCADIS Tetraplan 104


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

considerando que empreendimentos como estes afetam essas áreas por meio de
efeitos de borda e outros processos que se instalem nas redondezas das UCs.

E em Altamira:

ƒ O representante do ISA – Instituto Socioambiental - Marcelo, leu carta do


“Movimento Rio Xingu Vivo para Sempre”, que entre outros aspectos,
reivindicou a realização de reuniões em outros municípios da Bacia do rio
Xingu. O entendimento dos signatários da carta é de que dessa forma se teria
a garantia de uma maior representatividade das instituições, lideranças locais e
comunitárias, populações tradicionais que residem e/ou atuam diretamente na
bacia. Adicionalmente, solicitou-se que essas reuniões fossem divulgadas com
antecedência de 40 a 45 dias, e em tempo hábil de orientar e compor o
processo de licenciamento da AHE Belo Monte corrente no IBAMA. Ao final
uma cópia da carta foi entregue oficialmente aos representantes da Eletrobrás
e Eletronorte.

ƒ Procurador da República – Rodrigo Timóteo da Costa e Silva – Sugeriu


considerar, entre outros aspectos, a pavimentação da Transamazônica e
Linhas de Transmissão de Energia, nos impactos socioeconômicos da AAI.

ƒ O representante da Prefeitura Municipal de Altamira propôs estudos sobre os


impactos nas cadeias e unidades produtivas e questionou a pouca abordagem
do estudo em relação aos impactos em toda a população afetada pela AHE
Belo Monte.

ƒ Outra preocupação levantada pelo representante do Sindicato Rural de


Altamira refere-se ao desemprego no setor florestal (qual será sua dimensão) e
propõe a realização de um Inventário Florestal.

ƒ José Roberto Prestes, representante da Fundação Tocaia, perguntou sobre a


abordagem do trecho de vazão reduzida nos estudos da AAI, que secará uma
grande área e levaria a um assoreamento dos leitos da Bacia.

ƒ O representante do CIMI – Norte II – Cleanton, perguntou se a Avaliação


Ambiental Integrada também foi feita na região urbana de Altamira e onde
estariam esses resultados. Levantou também onde está a abordagem dos
estudos sobre as comunidades indígenas que habitam as margens do Rio
Bacajá e os respectivos impactos sobre as mesmas.

ƒ O representante do STTK de Vitória do Xingu, Evaldo da Silva França,


perguntou sobre os possíveis benefícios aos agricultores da Volta Grande da
Bacia do rio Xingu.

ƒ O representante do INSS, Marcelo, abordou a questão de possíveis áreas


alagadas na cidade de Altamira e como será feito o processo de
indenização/remanejamento dos proprietários dos imóveis impactados.
Perguntou também como serão os impactos nos recursos pesqueiros e a
existência de praias.

ARCADIS Tetraplan 105


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

ƒ Maria Augusta Borges, da Associação Kirinapãn, perguntou sobre os


benefícios que a AHE Belo Monte irá trazer para os povos indígenas da região
impactada.

ƒ Claudomiro Gomes, representante da ACIAPA – Associação Comercial de


Altamira- questionou como ficarão problemas relativos a segurança alimentar
com o impacto na ictiofauna e a explosão demográfica.

Reunião Técnica de 05/05/09 – Altamira/Pará

Abertura para a segunda etapa dos Debates

Descrevem-se abaixo as principais colocações e o conjunto de perguntas que foram


apresentados na segunda etapa dos debates em Belém:

ƒ A representante da CI – Conservação Internacional novamente abordou questão


das Unidades de Conservação e questionou sobre a existência de um estudo ou
diretriz que reconheça os serviços ambientais dentro das áreas indígenas e UCs,
e pergunta se haverá algum provimento de serviços ambientais previstos para as
comunidades que vivem no interior dessas áreas.
ƒ O representante da EMBRAPA levantou as propostas e diretrizes onde aborda
questões como a consideração nos cenários do componente expansão da
fronteira agrícola, os impactos sobre a qualidade da água e a importância do
balanço do carbono no que se refere às mudanças climáticas.
ƒ O representante do CIMI - Conselho Indigenista Missionário reforça a questão
indígena onde considera as projeções do estudo tímidas e não vê solução em
curto prazo para o aguçamento dos conflitos na região.
ƒ Seqüencialmente, a representante do IDEFLOR – Instituto de Desenvolvimento
Florestal do Estado do Pará declarou que deve haver o máximo de
aproveitamento de diálogo entre a AAI e o EIA-RIMA de Belo Monte e introduziu a
questão da dinâmica do uso da terra, apresentando suas recomendações.
ƒ O representante da WWF Brasil novamente reforçou a necessidade de
investimentos na divulgação dos estudos, na criação dos comitês de bacia

ARCADIS Tetraplan 106


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

hidrográfica e comenta a utilização, em grande parte no estudo de dados


secundários e a falta de políticas públicas abordadas.
ƒ Novamente abordou-se as reações das populações indígenas com relação às
comunidades que advirão devido a inserção do empreendimento na região.
ƒ Outro ponto a ser discutido foi a importância de amplos canais de comunicação
junto a população sobre o que se pretende empreender na Bacia, tendo o
representante da ELABORE, empresa contratada pela ELETROBRÁS para as
ações de comunicação social, no âmbito do processo de licenciamento do AHE
Belo Monte, relatado sobre os trabalhos que vem sendo realizados, não somente
em Altamira/PA, quanto em outras localidades; Alem de material impresso –
folders, cartilhas, vem ocorrendo seminários, fóruns, reuniões, etc.
ƒ Por fim a ELETROBRÁS encerrou a reunião, afirmando sobre a disponibilidade da
equipe técnica da ARCADIS Tetraplan e demais representantes da ELETROBRAS
para eventuais esclarecimentos sobre a AAI da Bacia do rio Xingu e também o
projeto Belo Monte. Em seguida, a ARCADIS Tetraplan divulgou os endereços
eletrônicos para o envio de dúvidas e sugestões relativas ao estudo.

Reunião Técnica de 26/03/09 – Belém/Pará

E em Altamira:

ƒ O Procurador da República abordou a questão do investimento em infra-


estrutura e equipamentos sociais, necessários na região para absorver o
aumento da população e o impacto sobre a especulação imobiliária com a
explosão demográfica prevista com o advento da AHE Belo Monte.

ƒ Novamente, o representante do Instituto Socioambiental reforçou a questão do


impacto sobre as comunidades indígenas e extrativistas da região e sugeriu
que o estudo contemplasse uma nova metodologia para levantar dados e aferir
impactos, diferenciados do modelo tradicional adotado. Sugeriu a consulta a
alguns estudos feitos pelo próprio ISA e outras Instituições que poderiam ser
utilizados para compor o estudo relacionado a questão indígena, TIs e UCs.

ARCADIS Tetraplan 107


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

ƒ O representante da ACIAPA reforçou a questão referente à Ictiofauna e propôs


uma marcação das espécies de peixes nas áreas da Bacia do rio Xingu para
avaliar/acompanhar o comportamento dos peixes e como essa biodiversidade
será afetada pela implantação da AHE Belo Monte.

ƒ Por fim foi encerrada a reunião com a ELETROBRÁS e a Leme Engenharia


esclarecendo alguns pontos sobre a AHE Belo Monte. E também,
disponibilizados os endereços eletrônicos e sites para envio de dúvidas
relativas à AAI do Xingu, ao mesmo tempo em que indicado a empresa de
consultoria E.labore, com sede em Altamira, na figura do Sr. Humberto, para
eventuais esclarecimentos sobre a AHE Belo Monte.

Fotos da Reunião Técnica em Altamira

4.5.6. Diretrizes e Recomendações levantadas para a Bacia


Hidrográfica do Rio Xingu
Na segunda parte da reunião foi solicitado aos participantes que redigissem
recomendações para a Bacia Hidrográfica do rio Xingu, visando o aprimoramento da
Avaliação Ambiental Integrada e maior participação das instituições no estudo. Essas
sugestões encontram-se apresentadas na íntegra, conforme Quadros 4-33 e 4-34 a
seguir, ao mesmo tempo em que foram utilizadas na complementação do estudo,
quando julgadas pertinentes.

Quadro 4-33 Proposição de Diretrizes e Recomendações para a Bacia


Hidrográfica do Rio Xingu - Belém

Diretrizes e Recomendações para a Bacia Hidrográfica do Rio Xingu


- O que não pode faltar?

Sem identificação do autor


Considerar que algumas variáveis são relevantes quando os cenários são embasados em uma escala
territorial menor, um destaque para as relações sociais econômicas “fora da bacia” se considerar uma
escala menor este cenário também será alterado.

ARCADIS Tetraplan 108


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Diretrizes e Recomendações para a Bacia Hidrográfica do Rio Xingu


- O que não pode faltar?

Considerar hipóteses de “alterações” (valor adicional) em função das mudanças climáticas que podem
afetar o empreendimento em um espaço temporal maior (2050) justificaria os impactos negativos que
serão gerados? Quais as estratégias adotadas para a gestão dos riscos?
Considerar que nestas áreas há vulnerabilidades no Plano de Desenvolvimento Regional e adaptação
às mudanças climáticas. Dar a este Plano de Desenvolvimento um caráter também sociocultural,
verificando estratégias de adequações.
IDEFLOR
Análise combinada dos incrementos gerados pelo AHE e fatores estruturais como os padrões de uso
da terra (baixa produtividade/ha) elevado preço e alta concentração, tipo de mão-de-obra que aflui,
capacidade dos municípios comportarem novas dinâmicas.
Intensificar e quantificar as ocorrências de endemismo – “complexificando” a abordagem para a
biodiversidade endêmica e os significados ecológicos, científicos e sociais.
Dar visibilidade no EIA-RIMA para os fatores ecológicos derivados da seca da Volta Grande (todos os
fatores biofísicos co-relacionados).
Criar novas oportunidades de aprofundamento das questões mais sensíveis dos impactos, diálogo
entre a AAI e o EIA-RIMA e as contribuições da academia e da sociedade local, bem como dos
gestores públicos. Qualificar as instâncias participativas.
WWF Brasil
Transparência e divulgação das informações:
-Sinto que é difícil encontrar os resultados dos estudos; Assim fica difícil de apoderar;
-Acho que é preciso investir na divulgação das pesquisas nas principais cidades da bacia; Exemplo:
poderíamos ter recebido algum documento revisão, mesmo que preliminar.
Estratégias e investimentos para também coletar ou construir informações; Senti que a AAI da Bacia do
rio Xingu foi construída em grande parte com dados secundários.
Investir na criação de Comitê de Bacia.
Expor nos documentos que nos estudos atuais elaborados nada garante que no futuro poderão ser
construídas outras grandes hidrelétricas. Expor assim que a decisão de construir ou não é política, pois
isto pode ser um dos pontos que gera insegurança na população.
Não vi uma abordagem mais profunda com relação às belezas cênicas e sítios históricos existentes das
populações indígenas.1
Recomendo aprofundar os estudos socioeconômicos realizados na AAI, tentar estudar mais a dinâmica
socioeconômica e demográfica.
Senti falta de uma abordagem na AAI das políticas públicas em vigor para a gestão territorial, na área
de influência da Bacia do Xingu. Exemplo: ZEE, Programa ARPA, créditos verdes.
Não pode faltar uma avaliação dos custos socioambientais inerentes de investimentos de grande parte
como as hidrelétricas por exemplo. Uma mensuração dos custos de oportunidades.
MPE
A análise de cenários não pode deixar de considerar os seguintes pontos:
Os municípios afetados pelos empreendimentos apresentam fragilidades socioeconômicas nas
condições atuais resultante da histórica fase de ocupação. Não é prudente uma análise que não
pondera ao crescimento as características peculiares da região.

ARCADIS Tetraplan 109


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Diretrizes e Recomendações para a Bacia Hidrográfica do Rio Xingu


- O que não pode faltar?

As variáveis escolhidas não conseguem reproduzir um percentual razoável das mudanças que
acontecerão com a entrada dos empreendimentos. É necessário incluir variáveis mais representativas
dos processos socioambientais.
A matriz de interação entre as regiões compartimentadas simplificou de modo radical as prováveis
interações. Isto é prejudicial para a compreensão global da questão. Mesmo com as dificuldades de
acesso, não é possível excluir totalmente as interações entre os compartimentos, pois as pressões
modificam significativamente as conclusões apresentadas.
EMBRAPA
Nos cenários considerar também a expansão da fronteira agrícola que se segue ao desflorestamento,
incluindo o desflorestamento das APPs (matas ciliares).
Nos estudos localizados das PCHs os impactos do desflorestamento e das atividades agropecuárias
sobre a qualidade da água e os ecossistemas aquáticos precisam ser considerados. Os sinais de
alterações na hidroquímica fluvial e na biota aquática se diluem em diagnósticos de bacias feitos em
escalas de menor detalhamento, ou seja, maior abrangência geográfica*.
Levando-se em conta a importância do balanço do carbono no que se refere às mudanças climáticas e
toda sua implicação nas relações institucionais, tornam-se indispensáveis estudos que avaliem as
emissões de metano pelo reservatório em Belo Monte e sejam consideradas as possibilidades de
mitigação dessas emissões.
* Sistemas de produção agropecuária sustentáveis deveriam ser incentivados com o objetivo de
mitigarem-se os impactos nos recursos hídricos.
Sem identificação do autor
Apresentação seqüencial dos instrumentos de estudos ambientais como: inventário ambiental, EIA,
AAI... Para que se possa conhecer todos os aspectos e impactos ambientais levantados, para então
avaliarmos quais seriam de fato importantes para a AAI (pH, OD, N, DBO)
No caso dos aspectos importantes para a AAI e que não dispõem de dados, realizar levantamento real
para os mesmos, pois a forma como a AAI foi construída, ficou muito superficial e sua funcionalidade
real, dando a entender que se apenas um aspecto (impacto) possuísse dados, apenas esse comporia a
AAI, e isso não revela nenhum cenário.
Na construção dos cenários deveria ser prevista uma situação com um número maior de PCHs e AHE,
para então revelar a capacidade de absorção da bacia.
Considerar os diversos estudos e pesquisas das instituições de ensino e pesquisa.
Estudar as diversas pressões que as áreas de conservação irão sofrer.
Prever infra-estrutura urbana para os municípios alvo, para antes do início das obras e medidas
preventivas.
Conhecer o planejamento do governo estadual na efetivação dos comitês de bacia hidrográfica.
Consultar as diretrizes previstas no Projeto de Lei Indigenista do Estado do Pará, que está em fase de
elaboração pela coordenação da
Dialogar com o governo as prospecções de cenários de ordem da infra-estrutura urbana, saneamento,
saúde e educação principalmente uma vez que o Estado está elaborando diversos planos como
saneamento, habitação, recursos hídricos e resíduos sólidos.
Conservação Internacional

ARCADIS Tetraplan 110


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Diretrizes e Recomendações para a Bacia Hidrográfica do Rio Xingu


- O que não pode faltar?

Criação de mecanismos de reconhecimento dos serviços ambientais prestados pelas UCs e TIs com
conseqüente criação de jornais de “pagamentos” às comunidades locais do interior dessas áreas por
esses serviços. Iniciativas como essas podem incentivar a conservação dessas áreas pelas
comunidades locais, inclusive contra as novas pressões a serem inseridas pelos empreendimentos.
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Quadro 4-34 Recomendações apresentadas para a Bacia Hidrográfica do rio


Xingu – Altamira

Diretrizes e Recomendações para a Bacia Hidrográfica do Rio Xingu


- O que não pode faltar?

Scarpali - IBAMA

Um Monitoramento 100% da Bacia: Uso e Qualidade da água; Indicadores públicos; Resposta imediata
aos ilícitos ambientais, inibindo-os; Controle.

Zoneamento Econômico Ecológico

Recuperação de Áreas Degradadas

Ordenamento e Regularização Fundiária: destinação e resgate de terras públicas; consolidação das


Unidades de Conservação.

Fátima Barile – Consórcio Belo Monte

Apresentação nos diversos municípios que fazem parte da Bacia do Rio Xingu sobre a AHE Belo
Monte

Sem identificação do autor

O envolvimento do Comitê de Bacia Hidrográfica

Antonio Carlos Bortolli - Secretário Municipal de Planejamento de Altamira


Proposição de sistema produtivo agrícola, que tem em princípio o caráter universal de uma ENCUBADORA DE
EMPRESAS, com adaptações específicas poderá servir de orientação para quaisquer das cadeias produtivas,
estratégia pela qual se buscará a implementação de uma gestão proativa e sinérgica que vise a transferência dos
pequenos agricultores em particular dos assentados pelo INCRA, do sistema “unidade camponesa” (status quo)
onde se encontram, para o sistema “empresa familiar”. Trata-se de um sistema de subsistência, para um sistema
produtivo EMPRESARIAL com base no princípio da ECONOMIA SOLIDÁRIA, no caso sugerido uma
COOPERATIVA. Esta idéia de PROJETO PILOTO pressupõe a capacidade de sustentabilidade desde a condição
embrionária, isto é, com a própria produção cobrir todos os custos e despesas gerados no sistema, bem como ter
lucro para perpetuar o empreendimento.

Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

ARCADIS Tetraplan 111


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

5. Cenários
5.1. Introdução
Em função do reduzido número de PCHs, e, por definição as suas reduzidas escalas
de geração, e o fato de que a maioria delas já se encontrar implantada, adotou-se o
pressuposto de que suas presenças não alteram o comportamento das variáveis
cenarizadas no contexto do modelo adotado. Do que decorre que a construção do
cenário prospectivo foi feita apenas tendo em conta os impactos do AHE Belo Monte

Pretende-se assim, utilizar esta ferramenta para efeitos de se avaliar os impactos que
a implantação e operação da AHE Belo Monte terá sobre três variáveis básicas, a
população, o valor adicionado e o desflorestamento. São variáveis que tem o poder de
sintetizar as principais questões socioambientais envolvidas no processo em analise.

Para esse exercício prospectivo são montados dois cenários:

ƒ O primeiro cenário de natureza referencial/tendencial trata da evolução da


bacia em termos das tendências de evolução social e ambiental sem a
implantação do AHE Belo Monte; e,

ƒ O segundo cenário, da natureza prospectiva, acrescenta a essa dinâmica


antevista à entrada do AHE Belo Monte, como um capital produtivo provedor
de energia elétrica e mobilizador do setor de insumos energéticos e da
economia regional; e, também, como uma infra-estrutura a ser construída e
que operará durante sua vida útil desencadeando uma série de impactos
socioambientais negativos e positivos.

Formalmente, ambas as construções prospectivas se apóiam em pressupostos de


âmbito nacional/estadual e regional, entendidos como fatos que portam a configuração
do quadro futuro da região de interesse.

Esses pressupostos, por sua vez, dão os contornos a fase seguinte, quando se
estabelecem determinadas premissas e hipóteses sobre o comportamento das
variáveis referenciais básicas selecionadas - PIB, População e Desmatamento, que
funcionam também como forma de controle dos processos antevistos, permitindo
avaliar a consistência de seus movimentos.

Tanto os pressupostos como as hipóteses são derivadas do conhecimento sobre a


bacia, explicitado nos itens antecedentes, consubstanciada segundo os
compartimentos delineados.

A combinação ordenada de Pressupostos para os cenários referencial e prospectivo,


adotados como estruturadores, com Premissas e Hipóteses – conjecturas quantitativas
de variáveis, adotadas como uma base quantitativa permite configurar os cenários, e
assim oferecer à AAI elementos conclusivos para se entender a dinâmica futura da

ARCADIS Tetraplan 112


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Bacia do rio Xingu, de forma comparativa com e sem o AHE Belo Monte, dando assim
suporte às Diretrizes e Recomendações.

5.2. Considerações Metodológicas


É de extrema importância circunscrever, logo de início, o entendimento do conceito e
alcance do que se pretende com a utilização da técnica de cenários.

Entende-se que o cenário prospectivo é a configuração de imagens de futuro com


base em jogos coerentes de hipóteses em relação às variáveis centrais do objeto de
análise e de seu ambiente e das estratégias e alianças dos atores .

Logo, enquanto futuro, a realidade objetiva deverá se concretizar em um horizonte


aberto a múltiplas alternativas, já que se constitui em uma construção social, articulada
com atores e pesos transformadores diversos numa multiplicidade de circunstâncias e
fatos portadores de futuro. Os cenários devem, pois, ser entendidos como previsões
condicionadas a um conjunto de hipóteses e premissas adotadas, onde a incerteza
impera como regra. Trata-se assim de organizar a incerteza em um número limitado
de alternativas que possam em alguma medida servir de apoio e base para vislumbrar
opções estratégicas de intervenção.

Nesses termos, a técnica de cenarização adotada pode ser caracterizada como de


exploratória, com pequenas variações em relação às referências básicas. Não
obstante, em situações específicas em que se exige uma maior ousadia nas
hipóteses, incorporaram-se inflexões e descontinuidades que se acreditam plausíveis
no conjunto de situações analisadas.

As variáveis selecionadas têm séries estatísticas históricas e são indicadas para


captar os processos de antropização em diferentes dimensões:

ƒ Uma primeira de natureza econômica, o Valor Adicionado, procura avaliar o


ritmo de evolução da atividade produtiva e da renda e constitui “proxy” do PIB
Total;

ƒ De maneira associada, o comportamento demográfico mostra outra faceta da


mesma evolução, respondendo aos estímulos e esvaziamentos econômicos; e,

ƒ Por fim, o desmatamento capta como os ecossistemas terrestres são


apropriados e degradados nesse processo.

A construção desses cenários (referencial/tendencial e prospectivo) é feita com base


nas séries históricas, realizando-se uma projeção que a região de interesse poderá
assumir.

Os horizontes temporais foram escolhidos considerando um tempo suficiente para


construção e operação da usina com a devida internalização dos impactos
provocados, arbitrando-se: (a) o ano de 2015, como momento em que a construção já

ARCADIS Tetraplan 113


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

deverá ter sido finalizada; e, (b) o período de 2015 até 2025, como de consolidação
dos principais impactos e dos resultados dos Programas Ambientais.

Tais cenários, construídos por meio de um modelo customizado, são úteis para se
prever a evolução dessas principais variáveis socioambientais de modo criterioso, ou
melhor, de acordo com um quadro de premissas e hipóteses plausíveis. Foram
utilizados modelos de simulação, tanto para o valor adicionado, discriminado
setorialmente, como para a população. O desmatamento foi cenarizado a partir de
hipóteses sobre a velocidade do avanço do desmatamento nos diferentes
compartimentos.

Nesse sentido, a metodologia utilizada na cenarização é comumente conhecida como


taxa de contribuição ao crescimento (“shift-share”), assim, por exemplo, verifica-se
quanto tem sido no passado recente a contribuição dos municípios da bacia do rio
Xingu ao crescimento da população brasileira, e como base nesse comportamento,
são feitas hipóteses de como será essa contribuição no futuro.

Assim, trata-se sempre da variação da parte (Bacia do rio Xingu) sobre o todo (Brasil)
em um determinado período. A partir deste padrão identificado são feitas variações
nessas taxas de contribuição a partir de determinadas hipóteses, que são conjecturas
quantitativas sobre o comportamento dessas taxas.

Nesse contexto, diversas informações de instituições idôneas serviram de apoio às


sinalizações apontadas nos cenários, como:

ƒ o valor adicionado bruto a ser gerado pela operação do AHE Belo Monte
estimado em cerca de R$ 5,3 bilhões.

ƒ o incremento de PIB associado ao adicional de energia elétrica a ser gerado


pela mesma (elasticidade), algo em torno de 189,2 bilhões de reais a preços de
2005;

ƒ as projeções do tamanho da população brasileira até o ano 2050 anunciada


pelo IBGE; com esse referencial, obtiveram-se as contribuições dos estados do
Pará e Mato Grosso no incremento da população do Brasil, bem como dos
municípios componentes da Bacia do Xingu no incremento da população dos
seus respectivos estados;

ƒ informações sobre áreas desmatadas em nível municipal;

ƒ O fato é que a região não tem, pelo seu perfil e estruturação da atividade
econômica atuais, capacidade de absorver o potencial de crescimento do PIB
estimado, mas apenas uma parcela a ser identificada.

ƒ De forma gradativa, com o processo de densificação das relações intersetoriais


na Bacia do Xingu, os municípios da área irão passar a internalizar parcelas
crescentes dos efeitos multiplicadores do investimento em um contexto típico
de desenvolvimento regional.

ARCADIS Tetraplan 114


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

5.2.1. Pressupostos
Os pressupostos considerados são fatores determinantes para a economia
brasileira e seu ritmo de evolução de longo prazo, e também do comportamento
demográfico e da gestão dos recursos hídricos e da matriz energética, no âmbito
nacional. Os fatores determinantes relacionados ao desflorestamento foram
formulados especificamente com base no conhecimento que se tem da bacia do
rio Xingu, podendo ser aplicado para outras regiões da Amazônia legal.

O Quadro 5-1 mostra os pressupostos gerais adotados.

Quadro 5-1 Pressupostos Gerais para a Cenarização

ƒ Condições macroeconômicas para o PIB crescer a taxa


média de longo prazo em torno ou mesmo superior ao
patamar de 4% ao ano e maior equilíbrio nas suas contas
externas, refletindo-se no crescimento nacional de longo
prazo.
ƒ Ganhos de produtividade sistêmica e igualmente para a
mão de obra, combinada com elevação da competitividade
do produto brasileiro, devido a reformas modernizantes.
ƒ Os setores estratégicos do modelo econômico nacional de
desenvolvimento continuam intensivos em recursos
naturais, com altos coeficientes de recursos hídricos e de
energia.
Economia brasileira e ƒ Assim, continuam em destaque na dinâmica produtiva do
segmentos estratégicos
País: i) a elevação da demanda mundial por grãos e carne,
com preços tendendo a se elevar, beneficiando os países
produtores; ii) a mineração ultrapassa a etapa produtiva da
extração e densifica cadeias para frente, envolvendo
pelotização, siderúrgicas, entre outros. Esses fenômenos
são significativos no Estado do Pará, pois se manifestam
intensamente em sua matriz produtiva e consumo de
energia elétrica.
ƒ A crescente escassez mundial de recursos hídricos
fortalecerá o papel do País, dada à riqueza de sua oferta
de recursos naturais e, em particular, o hídrico, desde que
a Política Nacional de Recursos Hídricos seja
implementada com êxito.
ƒ A matriz energética do País continuará concentrada na
fonte hidrelétrica, ainda que as demais fontes devam se
expandir.
ƒ A demanda de energia elétrica continua crescendo a taxas
A Matriz energética anuais superiores a do PIB.
ƒ A demanda crescente se acelera, à medida que há melhor
distribuição de renda e maior acesso da população aos
bens e serviços em geral.
ƒ O modelo do setor elétrico passa estruturações contínuas,
impondo complementações no sistema de transmissão,

ARCADIS Tetraplan 115


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

rumo à integração com o sistema isolado da região Norte.


ƒ O Estado do Pará aumenta sua participação na
Distribuição Regional
composição do PIB.
ƒ Gestão integrada da água, tratada como bem econômico
no âmbito das bacias hidrográficas, com a crescente
cobrança pelo seu uso.
ƒ Gestão descentralizada dos recursos hídricos, de domínio
estadual.

Gestão dos recursos ƒ Compartilhamento rigoroso da água disponível em cada


Hídricos bacia hidrográfica entre os usuários (uso múltiplo),
mediante outorga de direito de uso.
ƒ Utilização dos recursos hídricos consuntivos
predominantemente para o abastecimento urbano,
dessedentação e irrigação. Entre os não consuntivos,
impõe-se a geração de energia, a navegação integrando
logísticas e o lazer e turismo.
ƒ Devido à queda da fecundidade, a característica
fundamental do comportamento demográfico até 2025 será
a intensificação do processo de envelhecimento
populacional.
ƒ Permanece a diminuição do ritmo de crescimento
Aspectos Demográficos demográfico, situando-se abaixo de 1,0% ao ano no
período 2010-2020.
ƒ Os intensos fluxos migratórios de longa distância não são
esperados, permanecendo como importantes os fluxos
intra-regionais.
ƒ O grau de urbanização será elevado ao final do período
considerado, em torno de 90,0% da população brasileira,
embora com marcante disparidade regional.
ƒ As taxas de desflorestamento poderão se atenuar
eventualmente em função de movimentos voltados a
fiscalização, desencadeados por taxas alarmantes de
desmate, o que configura um movimento oscilatório.
ƒ Por sua vez, os picos de desflorestamento ocorrem pela
Desflorestamento conjunção de uma série de fatores de difícil previsão, como
o avanço da atividade agropecuária, ocorrência de chuvas,
entre outros.
ƒ O grau de desflorestamento das áreas dos municípios e
dos compartimentos eleva-se até atingir um nível muito
crítico, considerado de 80%
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

5.3. Cenários da Bacia Hidrográfica do rio Xingu


Para a construção dos cenários, parte-se dos compartimentos da bacia do rio
Xingu e da sua caracterização, recuperando-se os conteúdos que auxiliam na

ARCADIS Tetraplan 116


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

compreensão dos comportamentos das três variáveis ou indicadores quantitativos


básicos, que serão projetados ou simulados para o futuro. Os dados são
apresentados para os anos de 2015 e 2025, a preços de 2005, segundo
disposição apresentada nas planilhas de resultados, que se baseia em dados de
2003 e 2005.

5.3.1. População
Conhecidas as diversas situações pertinentes à construção e operação do AHE
Belo Monte, entendeu-se como conveniente elaborar cenários para dois cortes
temporais: anos 2015 e 2025. No primeiro, abrangendo parte do período da
construção da usina; no segundo, continuidade da construção e operação.

Como o AHE Belo Monte é de grande porte, uma das maiores do Brasil (11.000
MW), com certeza implicará impactos diversos. Do ponto de vista populacional,
considerando-se experiências passadas na construção de grandes hidrelétricas, é
de se esperar um significativo fluxo imigratório para os municípios do Corredor
Transamazônico.

Neste ponto, surge a questão de como será esta dinâmica demográfica no interior
do compartimento, em quais municípios o crescimento demográfico será maior,
quais poderão ficar fora desses movimentos, quais podem sofrer avanços ou
recuos da taxa de crescimento em função de suas próprias condições econômicas,
por exemplo, com a diminuição da atividade extrativa vegetal e o fechamento da
várias madeireiras, alguns municípios baseados nesta atividade podem apresentar
um refluxo populacional.

De qualquer modo, se aceita como hipótese simplificadora acerca desta dinâmica


que apenas os municípios de Altamira, Vitória do Xingu e Brasil Novo concentrarão
o crescimento populacional por sediarem o empreendimento, principalmente os
dois primeiros. Mas, o que se deve considerar de fato é que haverá um acréscimo
populacional no compartimento Corredor Transamazônico, cujo epicentro estará
nesses municípios, em meio a um processo mais amplo podendo abarcar os
demais municípios do compartimento, cuja especificação em detalhes implicaria
outro conjunto detalhado de hipóteses, o que foge às necessidades do estudo.

No que concerne aos impactos sobre o crescimento populacional na Bacia do


Xingu, entende-se que eles serão proporcionais às bases existentes à época do
movimento migratório. Nesse sentido, convém destacar desde já o tamanho
populacional e a dinâmica do comportamento demográfico dos municípios mais
diretamente afetados:

Altamira contava com 84.398 habitantes, Brasil Novo com 20.747 e Vitória do
Xingu com 10.349 habitantes (IBGE, 2005), considerando-se apenas o primeiro
como de porte mais relevante, menor somente do que o município de Sinop, na
Bacia do rio Xingu.

Do ponto de vista do comportamento dos municípios em face do crescimento da


população da Bacia do Xingu no período 2002/2005, todos os três municípios
mostram uma estabilidade na sua dinâmica, participando no crescimento da bacia

ARCADIS Tetraplan 117


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

em torno de 2,66% para Altamira; 1,36%, Brasil Novo; e -3,00%, Vitória do Xingu.
Como são, de modo geral, municípios de porte não significativos, esses números
praticamente retratam praticamente a manutenção do tamanho da população. No
caso de Vitória do Xingu, por exemplo, não obstante tenha decrescido no período,
sua população manteve-se em torno de 10 mil habitantes.

Isso posto e considerando-se as características socioeconômicas da Bacia do


Xingu, é factível supor, na ausência de uma intervenção do tipo “construção do
AHE Belo Monte”, a manutenção desse comportamento ao longo do período de
cenarização, crescer mantendo-se próximo da participação relativa observada.

As premissas e hipóteses para a cenarização da população são explicitadas no


quadro a seguir.

Quadro 5-2 Premissas e hipóteses da cenarização da População

Cenário Referencial/ Sem AHE Cenário Prospectivo do Valor


Belo Monte e com PCHs Adicionado da bacia do Xingu
População
com a Inserção do AHE Belo
Monte

A não construção do AHE Belo A construção do AHE Belo Monte


Monte manterá ao longo do período alterará estruturalmente o
de cenarização a reprodução dos comportamento da dinâmica do
padrões observados do crescimento populacional dos
comportamento populacional. municípios do compartimento
Assumem-se como hipótese na Corredor Transamazônico, com
cenarização para o ano de 2015: destaque para os municípios de
Altamira, Brasil Novo e Vitória do
• a população brasileira Xingu.
crescerá no período 2005-
2015 a taxa anual de O crescimento propiciado à região
1,04% (calculada a partir pela construção do AHE Belo
das projeções do IBGE). Monte será um fator de retenção de
parte da população migrante após a
sua conclusão.
Assumem-se como hipóteses na
cenarização para o ano de 2015:
Cenário 2015 • a população brasileira
crescerá no período 2005-
2015 a taxa anual de
1,04% (calculada a partir
das projeções do IBGE).
• A participação relativa da
Bacia do Xingu na
distribuição da população
do Brasil aumenta, com a
construção da usina, em
5%, ou seja, de 0,94% em
2005 para 0,99% em 2015.
• A combinação do
crescimento de 1,04% da
população brasileira com o
aumento da participação
relativa da Bacia do Xingu

ARCADIS Tetraplan 118


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Cenário Referencial/ Sem AHE Cenário Prospectivo do Valor


Belo Monte e com PCHs Adicionado da bacia do Xingu
População
com a Inserção do AHE Belo
Monte
na distribuição implicará
em uma taxa anual de
crescimento para esta da
ordem de 1,54%.
• A participação de Altamira
na população da bacia
crescerá, com a
construção da usina, de
4,90% para 7,32%; a de
Brasil Novo, de 1,21%
para 3,38% e a de Vitória
do Xingu, de 0,60% para
2,25% como decorrência
da hipótese simplificadora,
que concentra todo o
crescimento populacional
do compartimento
Transamazônico nesses
três municípios.
O compartimento Corredor Transamazônico passará de 184.850 para
327.189 habitantes em 2015 com a presença do AHE Belo Monte, sem o
empreendimento a população seria de 202.488, portanto um acréscimo de
124.701 habitantes.
A configuração do Cenário 2015 exigirá taxas médias anuais de
crescimento populacional da ordem de 5,7% para Altamira, 12,5% para
Pontos Brasil Novo e 15,9% para Vitória do Xingu, bem superiores aos demais
Notáveis municípios da bacia. Lembrando que as bases desses municípios, em
especial o de Brasil Novo e Vitória do Xingu, são diminutas, as taxas
parecem factíveis com o evento usina.
Altamira passa a ser o primeiro município em tamanho populacional da
bacia hidrográfica com 143.436 habitantes em 2015, passando Sinop
com 105.678.

A não construção do AHE Belo A construção do AHE Belo Monte


Monte manterá ao longo do período alterará estruturalmente o
de cenarização a reprodução dos comportamento da dinâmica do
padrões observados do crescimento populacional dos
comportamento populacional. municípios do compartimento
Assumem-se como hipóteses na Corredor Transamazônico, com
cenarização para 2025: destaque para os municípios de
Altamira, Brasil Novo e Vitória do
• manutenção das posições Xingu, conforme a hipótese
Cenário 2025 relativas alcançadas em adotada.
2015 na distribuição
populacional, tanto em O crescimento propiciado à região
termos da Bacia do Xingu pela construção do AHE Belo
em relação ao Brasil, como Monte será um fator de retenção de
dos municípios em relação parte da população migrante após a
à bacia; sua conclusão.
• crescimento populacional O término da construção e a
da Bacia do Xingu e de operação plena do AHE Belo Monte
afetarão a dinâmica populacional

ARCADIS Tetraplan 119


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Cenário Referencial/ Sem AHE Cenário Prospectivo do Valor


Belo Monte e com PCHs Adicionado da bacia do Xingu
População
com a Inserção do AHE Belo
Monte
seus municípios da ordem com o refluxo do processo
de 0,81% a.a., migratório, não obstante haverá a
acompanhando a taxa de retenção de parte da população
crescimento populacional atraída.
do Brasil. Assumem-se como hipóteses na
cenarização para 2025:
• manutenção das posições
relativas alcançadas em
2015 na distribuição
populacional, tanto em
termos da Bacia do Xingu
em relação ao Brasil, como
dos municípios em relação
à bacia;
• crescimento populacional
da Bacia do Xingu e de
seus municípios da ordem
de 0,81% a.a.,
acompanhando a taxa de
crescimento populacional
do Brasil.
O término da construção da usina e sua entrada em operação implicam
em recompor em certa medida o padrão de crescimento anterior, mais
propriamente a estabilidade da manutenção do “status quo”, mas já tendo
os municípios alcançado um grau mais significativo de população.
O compartimento Corredor Transamazônico passará de 327.189 em 2015
para 352.427 habitantes em 2025 com a presença do AHE Belo Monte,
sem o empreendimento a população seria de 214.129 em 2025, portanto
Pontos um acréscimo de 138.298 habitantes.
Notáveis
Altamira mantém a posição alcançada já em 2015, ou seja, como o
primeiro município em tamanho populacional da Bacia do rio Xingu com
154.500 habitantes em 2025 (partindo de 84.398 em 2005), Brasil Novo
chegaria a 71.212 (partindo de 20.747 em 2005) e Vitória do Xingu a
47.363 (partindo de 10.349 em 2005)
.

Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

A resultante populacional das premissas e hipóteses adotadas é apresentada no


quadro 5.3, apresentando-se os diferenciais de população com e sem o AHE Belo
Monte.

Quadro 5-3 Cenarização do Crescimento e Distribuição Espacial da População


da Bacia do Xingu

Quadro 5.3 - CENARIZAÇAO DO CRESCIMENTO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA


POPULAÇÃO DA BACIA DO XINGU

ARCADIS Tetraplan 120


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Quadro 5.3 - CENARIZAÇAO DO CRESCIMENTO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA


POPULAÇÃO DA BACIA DO XINGU

Cenários População
População Cenários População Ano
Ano - Sem UHE Belo
Total - Com UHE Belo Monte
Unidade Territorial Monte

2005 2015 2025 2015 2025

Bacia do Xingu 916.488 1.003.939 1.061.654 1.104.333 1.189.518


Brasil - Bacia do Xingu 182.466.728 199.877.746 211.368.395 199.777.352 211.240.531
Brasil 183.383.216 200.881.685 212.430.049 200.881.685 212.430.049

Cenários População
População
Ano - Sem UHE Belo Cenários População Ano
Total
Monte - Com UHE Belo Monte

Compartimentos 2005 2015 2025 2.015 2025

Continuum de Áreas
Legalmente Protegidas 0 0 0 0 0
Várzeas do Rio Xingu 55.845 61.174 64.691 59.318 63.894
Corredor
Transamazônico 184.850 202.488 214.129 327.189 352.427
Médio Xingu Pecuária 91.775 100.532 106.312 97.483 105.003
Formações do Cachimbo
sob Influência da BR 163 37.067 40.604 42.938 39.373 42.410
Alto Xingu Oeste - Área
sob Influência da BR 163 289.210 316.806 335.019 307.198 330.895
Alto Xingu Leste - Área
Sob Influência da Belém-
Brasilia 130.048 142.457 150.647 138.137 148.792
Xingu Meridional
Savânico 127.693 139.877 147.919 135.635 146.098
879.421 963.335 1.018.716 1.064.960 1.147.108

Cenários População
População Cenários População Ano
Ano - Sem UHE Belo
Municípios - Total - Com UHE Belo Monte
CodIBGE Monte
Bacia
2005 2015 2025 2015 2025

510020 Água Boa 14.849 16.266 17.201 15.773 16.989


150060 Altamira 84.398 92.451 97.766 143.436 154.500
Alto Boa
510035 Vista 4.359 4.775 5.049 4.630 4.987
150085 Anapu 6.880 7.536 7.970 7.308 7.872
150125 Bannach 3.412 3.738 3.952 3.624 3.904

ARCADIS Tetraplan 121


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Quadro 5.3 - CENARIZAÇAO DO CRESCIMENTO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA


POPULAÇÃO DA BACIA DO XINGU

Bom Jesus
510185 do Araguaia 4.554 4.989 5.275 4.837 5.210
150172 Brasil Novo 20.747 22.727 24.033 66.112 71.212
510260 Campinápolis 12.796 14.017 14.823 13.592 14.640
Cana Brava
510269 do Norte 6.295 6.896 7.292 6.687 7.202
510270 Canarana 18.732 20.519 21.699 19.897 21.432
510305 Cláudia 11.728 12.847 13.586 12.457 13.418
510335 Confresa 26.955 29.527 31.225 28.632 30.840
Cumaru do
150276 Norte 6.172 6.761 7.150 6.556 7.062
510370 Feliz Natal 9.132 10.003 10.578 9.700 10.448
Gaúcha do
510385 Norte 5.465 5.986 6.331 5.805 6.253
Guarantã do
510410 Norte 32.940 36.083 38.158 34.989 37.688
150310 Gurupá 25.685 28.136 29.753 27.283 29.387
510455 Itaúba 6.383 6.992 7.394 6.780 7.303
510558 Marcelândia 17.996 19.713 20.846 19.115 20.590
510560 Matupá 11.958 13.099 13.852 12.702 13.682
150445 Medicilândia 22.440 24.581 25.994 23.836 25.674
Nova
510620 Brasilândia 4.786 5.243 5.544 5.084 5.476
Nova Santa
510619 Helena 3.603 3.947 4.174 3.827 4.122
510624 Nova Ubiratã 7.430 8.139 8.607 7.892 8.501
Nova
510625 Xavantina 17.408 19.069 20.165 18.491 19.917
Ourilândia do
150543 Norte 19.965 21.870 23.127 21.207 22.843
510630 Paranatinga 15.755 17.258 18.251 16.735 18.026
Peixoto de
510642 Azevedo 19.224 21.058 22.269 20.420 21.995
Planalto da
510645 Serra 2.952 3.234 3.420 3.136 3.377
Porto Alegre
510677 do Norte 9.337 10.228 10.816 9.918 10.683
150590 Porto de Moz 28.923 31.683 33.504 30.722 33.092

ARCADIS Tetraplan 122


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Quadro 5.3 - CENARIZAÇAO DO CRESCIMENTO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA


POPULAÇÃO DA BACIA DO XINGU

150600 Prainha 30.160 33.038 34.937 32.036 34.507


Primavera do
510704 Leste 56.982 62.419 66.008 60.526 65.195
510706 Querência 9.947 10.896 11.523 10.566 11.381
Ribeirão
510718 Cascalheira 7.633 8.361 8.842 8.108 8.733
Santa
510724 Carmem 4.290 4.699 4.970 4.557 4.908
Santa Cruz
510774 do Xingu 1.416 1.551 1.640 1.504 1.620
Santo
Antônio do
510779 Leste 2.165 2.372 2.508 2.300 2.477
São Félix do
510785 Araguaia 9.259 10.142 10.726 9.835 10.594
São Félix do
150730 Xingu 40.717 44.602 47.166 43.250 46.586
São José do
510735 Xingu 6.678 7.315 7.736 7.093 7.641
Senador
150780 José Porfírio 11.113 12.173 12.873 11.804 12.715
510790 Sinop 99.490 108.983 115.249 105.678 113.830
510792 Sorriso 48.326 52.937 55.981 51.332 55.291
150808 Tucumã 21.509 23.561 24.916 22.847 24.609
510830 União do Sul 5.584 6.117 6.468 5.931 6.389
510850 Vera 11.126 12.188 12.888 11.818 12.730
510860 Vila Rica 19.418 21.271 22.494 20.626 22.217
Vitória do
150835 Xingu 10.349 11.337 11.988 43.971 47.363
Bacia do
Xingu 879.421 963.335 1.018.716 1.064.960 1.147.108
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Outras implicações associadas ao crescimento populacional, na forma de impactos


conforme apontado no item 4.3.1, ocorrerão na demanda e oferta de serviços
variados, de produtos de consumo, na ocupação de novas áreas urbanas dos
municípios, movimentos que se associam a uma dinamização econômica; e
também a maior pressão sobre os equipamentos urbanos e infra-estrutura em
geral.

ARCADIS Tetraplan 123


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

5.3.2. PIB ou Valor Adicionado


O valor adicionado bruto é o valor que a atividade produtiva agrega aos bens e
serviços consumidos no seu processo produtivo. É a contribuição ao produto interno
bruto pelas diversas atividades econômicas, obtida pela diferença entre o valor de
produção e o consumo intermediário absorvido por essas atividades. É valorado a
preço básico, isto é, o valor de produção sem a incidência de impostos sobre
produtos,deduzido do consumo intermediário, que está valorado a preços de Mercado
(IBGE).

O Quadro 5-4 mostra as premissas e hipóteses da cenarização do Valor Adicionado.

Quadro 5-4 Premissas e hipóteses da cenarização do Valor Adicionado

Cenário Referencial/ Sem AHE Cenário Prospectivo do Valor


Belo Monte Adicionado da bacia do Xingu
Valor Adicionado
com a Inserção do AHE Belo
Monte

As premissas assumidas na Considerando que o objetivo das


formulação do Cenário da cenarizações é estabelecer
População são integralmente referências quantitativas para
incorporadas na operacionalização delinear os efeitos do AHE Belo
do Cenário de Valor Adicionado Monte na economia dos
para o ano 2015. Foram assumidas municípios integrantes do
como hipóteses na cenarização: compartimento Transamazônico, é
• para o período 2005-2015, importante ressaltar que as
como hipótese hipóteses de diferenciações de
conservadora a taxa média crescimento incorporadas nas
de crescimento para a simulações foram estabelecidas
economia brasileira de com magnitude suficiente para
4,00% anuais, para o que sinalizar a grandeza dos impactos
se considerou os números que se espera de um
iniciais e conhecidos dos empreendimento com o porte da
anos 2006 e 2007; o AHE Belo Monte na economia
estimado para o de 2008; e regional, em particular os
o rebaixamento das direcionados para os municípios
Cenário 2015 expectativas de crescimento de Altamira, Brasil Novo e Vitória
em relação aos anos do Xingu.
vindouros por conta da crise Explicitam-se as hipóteses
irrompida em 2008. assumidas sobre a relação Bacia
• Admitiu-se que o valor do Xingu e economia nacional:
adicionado da Bacia do • a economia brasileira
Xingu sem o cresce a taxa anual de
empreendimento, ocorra 4,00%;
com a manutenção das • o valor adicionado total da
participações relativas dos Bacia do Xingu aumenta
valores adicionados sua participação de 0.44%
setoriais (agropecuária, para 0,67% na economia
indústria e serviços) na brasileira;
formação do valor
adicionado bruto total. • o valor adicionado da
agropecuária da Bacia do
• Admitiu-se, também, que a Xingu aumenta sua
participação da Bacia do participação de 3,0% para
Xingu na economia nacional 4,00% no valor adicionado
permaneça constante,

ARCADIS Tetraplan 124


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assim como a dos agropecuário nacional;


municípios em relação ao • o valor adicionado da
total da bacia. indústria da Bacia do
Sob esse quadro de hipóteses, Xingu aumenta sua
todos os municípios e setores participação de 0,18%%
deverão acompanhar a taxa de para 0,84% no valor
crescimento de 4% a.a. adicionado da indústria
Nota-se que os incrementos nacional; e
setoriais do valor adicionado e, por • o valor adicionado de
extensão, do valor adicionado total serviços da Bacia do Xingu
são de responsabilidade maior de aumenta sua participação
outros municípios da Bacia do de 0,32% para 0,56% no
Xingu. As informações seguintes valor adicionado de
contribuem para esse entendimento. serviços nacional.
Os principais produtores da Bacia • As hipóteses se apóiam na
do Xingu são os municípios de premissa de que a
Primavera do Leste e Sorriso, construção do AHE Belo
ambos com valor adicionado da Monte, com investimentos
agropecuária nominal acima de R$ vultosos e longo período
350 milhões. Seguem-lhe em de dispêndio, implicará em
importância os municípios de Nova manutenção de efeitos
Ubiratã, Santo Antônio do Leste, multiplicadores amplos e
São Félix do Xingu e Sinop, com com possibilidade de
valores acima de R$ 100 milhões. internalização gradativa de
Altamira, nesse contexto, ocupa a renda nos municípios do
24ª posição com R$ 47,8 milhões Compartimento Corredor
(1,28% do total). Brasil Novo e Transamazônico. Além do
Vitória do Xingu ocupam posição mais, dada a localização
secundária com valores adicionados do empreendimento,
de cerca de R$ 20 milhões (0,65% Altamira e Vitória do Xingu
do total). devem se constituir no
local preferencial de
muitos projetos ligados
direta ou indiretamente à
construção e operação da
usina. Daí que assumiu-se
a hipótese simplificadora
de projetar os valores
adicionados concentrando
todo o crescimento nesses
dois municípios e, em
menor grau no município
de Brasil Novo.

A Bacia do Xingu, com o aumento de participação, incrementaria o seu


valor adicionado em R$ 10,2 bilhões, alcançando a cifra de R$ 18,2
bilhões em 2015 contra os 8,0 bilhões de 2005.
Com base na hipótese simplificadora de concentrar todo o crescimento do
valor adicionado do compartimento Corredor Transamazônico nos três
municípios mais diretamente vinculados ao empreendimento, Altamira,
Pontos Notáveis
Vitória do Xingu e Brasil Novo, as resultantes são as seguintes:
Assim, Altamira teria o seu valor adicionado incrementado em R$ 2,7
bilhões, passando de R$482 milhões para R$ 3,2 bilhões, aumentando a
sua participação de 4,2% no valor adicionado total da Bacia do Xingu para
17,6%.
Brasil Novo aumentaria o seu valor adicionado de

ARCADIS Tetraplan 125


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R$ 83,5 milhões R$ 374,5 milhões, com incremento de R$ 291 milhões,


aumentando sua participação de 0,72% no valor adicionado total da Bacia
do Xingu para 2,05%.
Vitória do Xingu, partindo de um valor adicionado de R$ 80,3 milhões em
2005, alcança em 2015
R$ 2,8 bilhões, com um incremento de
R$ 2,73 bilhões, aumentando a sua participação de 0,68% no valor
adicionado total da Bacia do Xingu para 15,42%.
É mantida a estrutura de distribuição Assumindo a premissa de que a
da produção na Bacia do Xingu, os partir de 2015 a usina entre em
municípios de Altamira, Brasil Novo operação, o delineamento dos
e Vitória do Xingu continuarão com impactos transita da construção
participações pouco expressivas no para os decorrentes da sua
cenário sem o empreendimento. operação.
A pouca significância desses Nesse contexto, foram assumidas
municípios na formação do valor as seguintes hipóteses:
adicionado dos demais setores, com • o valor adicionado total
exceção em algum grau para nacional continua a
Altamira, fica explicitada. Estas crescer a taxas de 4,0%
referências são básicas para efeito a.a.;
Cenário 2025
comparativo com o prognosticado
com a inserção do AHE Belo Monte. • todas as posições relativas
de participação
alcançadas na
agropecuária e serviços
são mantidas ao longo do
período, ou seja, volta-se a
se considerar a
acomodação da situação,
porém em nível superior; e
.

Admite-se que Altamira e Vitória do Xingu, com a operação da usina,


serão beneficiados com acréscimos do seu valor adicionado
correspondente à geração anual de energia elétrica, cujas cifras devem
Pontos Notáveis alcançar valores em torno de R$ 5,8 bilhões, razão pela qual elevam sua
participação no setor industrial e, por extensão, no valor adicionado total.
Por essa razão, crescem a taxas superiores em relação aos demais
municípios, já que o benefício é bem direcionado.
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

5.3.3. Resultados
Apresentam-se no quadro 5.5 os valores projetados segundo as hipóteses assumidas,
permitindo de imediato uma avaliação do impacto do empreendimento Belo Monte
sobre o valor adicionado.

Ressalte-se que os três municípios Altamira, Vitória do Xingu e Brasil Novo por
hipótese, concentram todo o crescimento do valor adicionado do compartimento
Transamazônico, assim, nas tabelas a seguir, eles aparecem representando os
impactos para o compartimento em questão.

É importante que a leitura desses números seja feita considerando essa hipótese
simplificadora, ou seja, entende-se que a implantação e operação da AHE Belo Monte

ARCADIS Tetraplan 126


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

alterarão a base econômica dos municípios do Compartimento Transamazônico, em


maior ou menor grau, sendo certo que o epicentro das transformações estará nos
municípios de Altamira e Vitória do Xingu principalmente, e em grau menor em Brasil
Novo, daí terem sido feitas as projeções assumindo-se tal hipótese.

Quadro 5-5 Comparativo da Evolução do Valor Adicionado Setorial com e sem a


presença da AHE Belo Monte (Em R$ 1.000,00)

Brasil Vitória
Setor Condição Altamira Bacia do Xingu
Novo do Xingu

VA Agropecuária
2005 47.813 24.373 24.312 3.159.787
VA Agropecuária SEM USINA
2015 (TENDENCIAL) 70.775 36.078 35.987 4.677.257
VA Agropecuária COM USINA
2015 (PROSPECTIVO) 361.804 327.107 327.016 6.226.677
VA Agropecuária SEM USINA
2025 (TENDENCIAL) 104.764 53.405 53.270 6.923.483
VA Agropecuária COM USINA
2025 (PROSPECTIVO) 535.558 484.199 484.064 9.217.003

VA Indústria 2005 47.956 3.833 2.261 993.920


SEM USINA
VA Indústria 2015 (TENDENCIAL) 52.562 4.201 2.478 1.089.385
COM USINA
VA Indústria 2015 (PROSPECTIVO) 547.748 4.201 497.664 2.143.920
SEM USINA
VA Indústria 2025 (TENDENCIAL) 77.805 6.219 3.668 1.612.555
COM USINA
VA Indústria 2025 (PROSPECTIVO) 810.800 6.219 736.664 3.173.525

VA Serviço 2005 242.629 29.206 28.264 3.868.046


SEM USINA
VA Serviço 2015 (TENDENCIAL) 359.150 43.232 41.838 5.725.652
COM USINA
VA Serviço 2015 (PROSPECTIVO) 2.304.323 43.232 1.987.012 9.868.046
SEM USINA
VA Serviço 2025 (TENDENCIAL) 531.630 63.994 61.931 8.475.364
COM USINA
VA Serviço 2025 (PROSPECTIVO) 3.410.962 63.994 2.941.263 14.607.118

VA Total 2005 338.397 57.412 54.837 8.021.753


VA Total 2015 SEM USINA 482.486 83.511 80.303 11.492.294

ARCADIS Tetraplan 127


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Brasil Vitória
Setor Condição Altamira Bacia do Xingu
Novo do Xingu
(TENDENCIAL)
COM USINA
VA Total 2015 (PROSPECTIVO) 3.213.875 374.540 2.811.692 18.238.643
SEM USINA
VA Total 2025 (TENDENCIAL) 714.198 123.617 118.869 17.011.403
COM USINA
VA Total 2025 (PROSPECTIVO) 4.757.320 554.411 4.161.991 26.997.646
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

A comparação dos resultados permite evidenciar, como esperado, as grandes


diferenças entre as situações comparadas - Com e Sem o AHE Belo Monte. Sem
dúvida alguma, do ponto de vista econômico-regional, a construção e operação da
usina alterarão a estrutura econômica regional, alterando a condição econômica dos
municípios do compartimento Corredor Transamazônico, considerando-se o
investimento em si e seus efeitos multiplicadores na região.

5.4. Desflorestamento na Bacia do Xingu: uma configuração


descritiva e sua cenarização tendencial

5.4.1. Introdução
A abordagem da configuração descritiva tem por objetivo sinalizar os números
relativos ao desflorestamento na Bacia do Xingu, com o que se pretende contribuir na
corroboração de muitas análises e estudos sobre o próprio processo de
desflorestamento. Não é escopo do tema, como o próprio título indica, descrever
processos, mas estabelecer padrões observados no período 2000/2007, associando-
os a uma perspectiva de futuro mediante algumas premissas e hipóteses sobre os
mesmos.

Nesses termos, a configuração numérica apóia-se em formulações simples de


matemática financeira e algumas práticas usuais de análise regional (“shift-share”).
Mediante a utilização dessas ferramentas, é possível estabelecer os padrões de
crescimento do desflorestamento, em especial os diversos aspectos de suas
variações. Buscou-se, além do mais, identificar parâmetros para os municípios em
relação à velocidade de desmatamento e, de passagem, estimular a reflexão em torno
do seu controle.

Nesse contexto, com o apoio dos resultados obtidos, projetou-se um Cenário


Tendencial 2007/2025 para o desflorestamento, com passagem por 2015. Os efeitos
da inserção do AHE Belo Monte foram intuídos e captados qualitativamente por conta
da expectativa do aumento da produção agropecuária, atividade mais diretamente
vinculada à problemática do desflorestamento, e da própria complexidade envolvida na
multiplicidade de eventos direta e indiretamente ligados aos impactos de
empreendimentos dessa natureza. Não se permitiu senão estabelecer referências

ARCADIS Tetraplan 128


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textuais sobre eventuais inflexões na curva de tendências projetada para o


desflorestamento.

5.4.2. Perfis Municipais do Desflorestamento


Com o primeiro objetivo de estabelecer padrões de referências para o Cenário
Tendencial, foram utilizados dados disponíveis (PRODES, 2009) para os municípios
da Bacia do Xingu. Na Tabela 5-1 são apresentados os números envolvidos no quadro
de desflorestamento anos 2000 e 2007, os usuais em termos absolutos e relativos,
cujos destaques são mais adiante enfatizados.

ARCADIS Tetraplan 129


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Tabela 5-1 Padrão do Desflorestamento dos Municípios da Bacia do Xingu 2000/2007

Tabela I.1 - Padrão do Desflorestamento dos Municípios da Bacia do Xingu 2000/2007

Nome do Taxa de
Contribuição (%) de Área (%) de Área Área
Município Área do Variação
Incremento (%) no Desflorestada Desflorestada Líquida
Município- Área Total Área Total Ucs e Anual
da Área incremento em relação à em relação à "Disponível"
UF Bacia Desflorestada Desflorestada Tis no
Desflorestada total da Área do Área do do
(km²) (km2) 2000 (km2) 2007 (Km2) período
2000-2007 Bacia 2000- Município Município Município
2007 2000-
2007 2000 2007 (km²) 2007
2007

Água Boa MT 5.136 0 0,3 1 0,3 n/d 0,0% 0,0% 0,0% 5.134

Altamira PA 159.229 1.803 4.728 146.685 2.924 14,76% 10,7% 1,1% 3,0% 7.817

Alto Boa
Vista MT 1.302 566 688 613 122 2,83% 0,4% 43,5% 52,9% 0

Anapu PA 8.155 332 715 5.136 383 11,59% 1,4% 4,1% 8,8% 2.305

Bannach PA 2.916 1.445 1.814 166 368 3,30% 1,3% 49,6% 62,2% 936

Bom Jesus
do Araguaia MT 2.644 1.105 1.300 86 195 2,35% 0,7% 41,8% 49,2% 1.258

Brasil Novo PA 6.368 946 2.116 1.558 1.169 12,18% 4,3% 14,9% 33,2% 2.694

Campinápolis MT 4.197 0 0 2.323 0 0,00% 0,0% 0,0% 0,0% 1.874

MT 426 161 181 0 20 1,69% 0,1% 37,9% 42,6% 245


Canabrava

ARCADIS Tetraplan 130


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do Norte

Canarana MT 9.323 1.502 1.787 667 285 2,51% 1,0% 16,1% 19,2% 6.870

Cláudia MT 2.582 755 966 0 211 3,59% 0,8% 29,2% 37,4% 1.616

Confresa MT 2.944 805 1.264 6 459 6,66% 1,7% 27,3% 42,9% 1.674

Cumaru do
Norte PA 16.974 3.941 6.173 4.052 2.232 6,62% 8,2% 23,2% 36,4% 6.748

Feliz Natal MT 11.474 963 1.627 5.238 663 7,77% 2,4% 8,4% 14,2% 4.610

Gaúcha do
Norte MT 16.915 1.905 2.996 8.267 1.091 6,68% 4,0% 11,3% 17,7% 5.652

Guarantã do
Norte MT 1.411 194 291 564 96 5,93% 0,4% 13,8% 20,6% 557

Gurupá PA 914 0 2 2 2 n/d 0,0% 0,0% 0,2% 909

Itaúba MT 86 35 40 0 5 1,83% 0,0% 40,8% 46,3% 46

Marcelândia MT 10.083 1.652 2.242 1.569 590 4,46% 2,2% 16,4% 22,2% 6.272

Matupá MT 2.153 85 225 774 139 14,84% 0,5% 4,0% 10,4% 1.154

Medicilândia PA 6.296 625 1.267 262 642 10,62% 2,3% 9,9% 20,1% 4.768

ARCADIS Tetraplan 131


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Nova
Brasilândia MT 21 0 0 0 0 n/d 0,0% 0,0% 0,0% 21

Nova Santa
Helena MT 724 234 253 0 19 1,13% 0,1% 32,3% 35,0% 471

Nova Ubiratã MT 12.077 2.183 3.573 1.704 1.391 7,30% 5,1% 18,1% 29,6% 6.799

Nova
Xavantina MT 113 0 0 0 0 n/d 0,0% 0,0% 0,0% 113

Novo
Progresso PA 259 10 17 22 8 8,81% 0,0% 3,7% 6,7% 219

Ourilândia do
Norte PA 13.801 878 1.021 12.155 144 2,19% 0,5% 6,4% 7,4% 625

Paranatinga MT 19.647 1.585 2.256 3.546 671 5,17% 2,5% 8,1% 11,5% 13.846

Peixoto de
Azevedo MT 12.239 1.021 1.544 6.234 523 6,08% 1,9% 8,3% 12,6% 4.461

Planalto da
Serra MT 44 0 0 0 0 n/d 0,0% 0,0% 0,0% 44

Porto Alegre
do Norte MT 316 119 141 0 22 2,51% 0,1% 37,7% 44,8% 174

Porto de Moz PA 14.906 66 591 10.827 525 36,72% 1,9% 0,4% 4,0% 3.488

ARCADIS Tetraplan 132


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Prainha PA 357 0 1 12 1 n/d 0,0% 0,0% 0,4% 344

Primavera do
Leste MT 989 0 0 0 0 n/d 0,0% 0,0% 0,0% 989

Querência MT 17.853 3.012 4.573 7.279 1.561 6,15% 5,7% 16,9% 25,6% 6.001

Ribeirão
Cascalheira MT 3.287 790 979 128 189 3,11% 0,7% 24,0% 29,8% 2.180

Santa
Carmem MT 3.935 719 1.313 0 594 8,98% 2,2% 18,3% 33,4% 2.622

Santa Cruz
do Xingu MT 5.625 977 1.251 557 274 3,59% 1,0% 17,4% 22,2% 3.818

Santo
Antônio do
Leste MT 1.545 0 0 0 0 n/d 0,0% 0,0% 0,0% 1.545

São Félix do
Araguaia MT 9.682 2.712 3.256 2.296 544 2,65% 2,0% 28,0% 33,6% 4.130

São Félix do
Xingu PA 84.068 5.985 12.299 61.111 6.314 10,84% 23,1% 7,1% 14,6% 10.657

São José do
Xingu MT 7.464 3.815 4.084 1.326 269 0,98% 1,0% 51,1% 54,7% 2.053

ARCADIS Tetraplan 133


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Senador
José Porfírio PA 12.887 125 363 9.209 238 16,46% 0,9% 1,0% 2,8% 3.315

Sinop MT 726 313 404 0 91 3,73% 0,3% 43,1% 55,7% 322

Sorriso MT 69 0 0 0 0 n/d 0,0% 0,0% 0,0% 69

Tucumã PA 2.488 1.841 1.969 12 128 0,97% 0,5% 74,0% 79,1% 507

União do Sul MT 4.593 447 860 6 414 9,81% 1,5% 9,7% 18,7% 3.727

Vera MT 1.232 302 615 0 314 10,72% 1,1% 24,5% 49,9% 617

Vila Rica MT 3.818 802 1.666 0 864 11,01% 3,2% 21,0% 43,6% 2.152

Vitória do
Xingu PA 2.965 860 1.523 110 663 8,51% 2,4% 29,0% 51,4% 1.331

Bacia do
Xingu 509.258 47.617 74.976 294.504 27.359 6,70% 100,0% 9,4% 14,7% 139.778

Fonte: PRODES, 2009; Elaboração ARCADIS-Tetraplan

ARCADIS Tetraplan 134


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

A partir dos dados oferecidos, pode-se destacar:

ƒ A Bacia do Xingu tem concentrada grande parte de sua área em poucos


municípios: cinco representam 58,5%% da sua área; dez, 72,4%; e quinze,
82,7%, com destaque para Altamira (31,3%) e São Félix do Xingu (16,5%).

ƒ As áreas de conservação (UCs) e Terras Indígenas (TIs) ocupam 57,8% do


total da área da bacia, com destaque para os municípios de Altamira com
49,8% ocupados por essas unidades, e São Félix do Xingu com 20,7%. É
importante lembrar que os números referem-se ao município-bacia (apenas a
parte do mesmo incluída na bacia do rio Xingu).

ƒ Apresentou no período 2000/2007, um incremento no desflorestamento da


ordem 27.359 km², partindo de 47.617 km² em 2000 para 74.976 km² em 2007.
Esse acréscimo representou cerca de 5,4% do total da área da bacia, 6,7% de
taxa anual de desflorestamento e 19,6% da área líquida disponível.

ƒ Somente o município de São Félix do Xingu contribuiu com cerca de 23,1% do


desflorestamento da bacia; Altamira, 10,7% e Cumaru do Norte, 8,2%, entre
os de maior destaque. Os oito primeiros, com contribuições acima de 3%,
foram responsáveis por 64,1% desse mesmo total, na seguinte conformidade,
conforme Quadro 5-7:

Quadro 5-6 Contribuição (%) no incremento do desflorestamento da Bacia no


período 2000/2007

Contribuição (%) no Contribuição Acum.


Município UF incremento total da (%) no incremento
Bacia total da Bacia

São Félix do Xingu PA 23,1% 23,1%


Altamira PA 10,7% 33,8%
Cumaru do Norte PA 8,2% 41,9%
Querência MT 5,7% 47,6%
Nova Ubiratã MT 5,1% 52,7%
Brasil Novo PA 4,3% 57,0%
Gaúcha do Norte MT 4,0% 61,0%
Vila Rica MT 3,2% 64,1%
Fonte:Elaboração ARCADIS-Tetraplan

Buscando aferir a disponibilidade de áreas florestadas nos municípios da bacia e o


tempo para sua exaustão, sob a hipótese de manutenção das taxas de observadas no
período 2000/2007, elaborou-se o Quadro 5-8, adiante apresentado, como um
exercício de simulação exploratório.

ARCADIS Tetraplan 135


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Quadro 5-7 Percentual de Área Desflorestada, Área Líquida Disponível e Ano


Simulado para sua Exaustão.

Ano em que toda


área líquida
Área Líquida
"disponível" = 0,
"Disponível" do
Nome do Município UF mantida a
Município-Bacia
velocidade de
(km²) 2007
desflorestamento
2000/2007

Alto Boa Vista (*) MT 0 2007


Porto de Moz PA 3.488 2013
São Félix do Xingu PA 10.657 2013
Altamira PA 7.817 2014
Brasil Novo PA 2.694 2014
Vera MT 617 2014
Vila Rica MT 2.152 2015
Vitória do Xingu PA 1.331 2015
Cumaru do Norte PA 6.748 2019
Anapu PA 2.305 2020
Bannach PA 936 2020
Confresa MT 1.674 2020
Matupá MT 1.154 2020
Santa Carmem MT 2.622 2020
Querência MT 6.001 2021
Medicilândia PA 4.768 2022
Nova Ubiratã MT 6.799 2022
Senador José Porfírio PA 3.315 2022
Gaúcha do Norte MT 5.652 2023
Sinop MT 322 2023
Feliz Natal MT 4.610 2025
União do Sul MT 3.727 2025
Guarantã do Norte MT 557 2026
Ourilândia do Norte PA 625 2029
Peixoto de Azevedo MT 4.461 2030
Tucumã PA 507 2031
Cláudia MT 1.616 2035
Bom Jesus do
Araguaia MT 1.258 2036

ARCADIS Tetraplan 136


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Marcelândia MT 6.272 2038


Novo Progresso PA 219 2038
São Félix do
Araguaia MT 4.130 2038
Porto Alegre do Norte MT 174 2039
Ribeirão Cascalheira MT 2.180 2045
Paranatinga MT 13.846 2046
Santa Cruz do Xingu MT 3.818 2047
São José do Xingu MT 2.053 2049
Itaúba MT 46 2050
Canabrava do Norte MT 245 2058
Canarana MT 6.870 2071
Nova Santa Helena MT 471 2100
Água Boa MT 5.134 ZNO
Campinápolis MT 1.874 ZNO
Gurupá PA 909 ZNO
Nova Brasilândia MT 21 ZNO
Nova Xavantina MT 113 ZNO
Planalto da Serra MT 44 ZNO
Prainha PA 344 ZNO
Primavera do Leste MT 989 ZNO
Santo Antônio do
Leste MT 1.545 ZNO
Sorriso MT 69 ZNO
Fonte: Elaboração ARCADIS-Tetraplan; (*) já não havia disponibilidade de áreas em 2007;
ZNO: zero na origem

Sumarizam-se algumas observações:

ƒ Em se mantendo a velocidade de desflorestamento observada no período


2000/2007, é de se esperar que a disponibilidade líquida de áreas dos
municípios, existente em 2007, seja exaurida em datas diversas, considerando-
se a situação específica de cada um deles.

ƒ Enquadrados nessa perspectiva, mencionam-se como destaque para a


exaustão nos próximos seis anos: São Felix do Xingu, Porto de Moz, Altamira,
Brasil Novo, Vila Rica e Vitória do Xingu.

ƒ O caso de Altamira merece um comentário adicional. Embora seja o maior


município da Bacia do Xingu, com uma enorme extensão de terras, cerca de

ARCADIS Tetraplan 137


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

92% das mesmas são constituídas por Unidades de Conservação e Terras


Indígenas.

ƒ A análise desses resultados deverá, entretanto, ser feita com muita cautela,
pois algumas ocorrências influem sobremaneira nos mesmos. É o caso, por
exemplo, de municípios em que o desflorestamento foi inexpressivo em 2000
ou em que a área de supressão florestal apresentou-se estabilizada no período
2000/2007. No primeiro caso, implica projetar taxas altíssimas de
desflorestamento e, no segundo, taxas baixíssimas, trazendo resultados nessa
conformidade, que não retratam a dinâmica que se espera para a região da
Bacia do Xingu. Como exemplo de municípios enquadrados nas situações
descritas tem-se Campinápolis, Planalto da Serra, Nova Xavantina, entre
outros.

Não obstante essas restrições, uma avaliação que aporte maiores reflexões às
informações disponibilizadas, inclusive com insumos obtidos a partir da descrição dos
processos socioeconômicos adjacentes, pode fornecer pistas mais seguras que as
palmilhadas na simulação.

Por outro lado, buscando subsidiar eventuais diretrizes governamentais, elaborou-se


uma simulação de um quadro de propostas com níveis crescentes de tamanho de
áreas a serem preservadas até 2025. Criaram-se, a partir de um patamar inicial de
10%, faixas sucessivas de 20%, 30%, 40%, 50%, 60%, 70%, 80% e 90%.

Tendo como ponto de partida o fato de que vários dos municípios já terem áreas
desflorestadas em superfície superior às constantes em muitas das faixas propostas,
simulou-se para todas as faixas qual seria a taxa de crescimento de desflorestamento
a ser observada no período 2007/2025 que viabilize cada uma das propostas. Em
outros termos, determinou-se qual a taxa que, aplicada na área líquida florestada
disponível do município (área total menos a área desflorestada e menos UCs e TIs)
em 2007, levaria à concretização da proposta de conservação na faixa selecionada,
em uma espécie de cenário normativo.

É, além do mais, importante ressaltar que, embora o município possa ter área líquida
disponível em 2007, pode ocorrer que essa área seja exaurida em qualquer ano ao
longo do período 2007/2025 no processo de desflorestamento, razão pela qual foi
rotulado como “LULP”, ou seja, “limite ultrapassado em qualquer ano ao longo do
período”. As células grafadas com “PREJUD” referem-se aos municípios com cálculos
prejudicados por constarem como zero de desflorestamento em 2000.

Os resultados dessa simulação podem ser observados no Quadro 5-9 adiante


apresentado.

ARCADIS Tetraplan 138


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Quadro 5-8 Taxa Anual de Crescimento de Desflorestamento Necessária à Implementação de Propostas de Manutenção de Diferentes
Níveis de Conservação

Nome do Conserva Conserva Conserva Conserva Conserva Conserva Conserva Conserva Conserva
Município 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10%

Desmate Desmate Desmate Desmate Desmate Desmate Desmate Desmate Desmate


10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00%

Água Boa 50,37% 56,27% 59,83% 62,41% 64,43% 66,11% 67,54% 68,78% 69,89%
Altamira LULP LULP LULP LULP LULP LULP 0,82% 1,57% 2,23%

Alto Boa Vista LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP
Anapu LULP LULP LULP 1,42% 2,69% 3,74% 4,63% 5,41% 6,10%
Bannach LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP
Bom Jesus do LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP
Araguaia
Brasil Novo LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP 0,10% 0,76%
Campinápolis 52,35% 58,33% 61,94% 64,54% 66,60% 68,29% 69,74% 71,00% 72,13%
Canabrava do LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP 0,43% 1,08%
Norte
Canarana LULP LULP 0,80% 2,42% 3,70% 4,75% 5,65% 6,44% 7,14%
Cláudia LULP LULP LULP LULP LULP 0,02% 0,88% 1,63% 2,30%
Confresa LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP 0,32% 0,98%
Cumaru do Norte LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP
Feliz Natal LULP LULP LULP 0,70% 1,95% 2,99% 3,88% 4,65% 5,34%
Gaúcha do Norte LULP LULP LULP LULP LULP 0,69% 1,56% 2,31% 2,98%

ARCADIS Tetraplan 139


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Guarantã do LULP LULP LULP LULP LULP 0,77% 1,64% 2,40% 3,07%
Norte
Gurupá 24,50% 29,39% 32,33% 34,47% 36,14% 37,53% 38,71% 39,75% 40,66%
Itaúba LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP 0,24%
Marcelândia LULP LULP LULP 0,63% 1,88% 2,92% 3,80% 4,58% 5,26%
Matupá LULP 0,15% 2,43% 4,08% 5,38% 6,45% 7,36% 8,16% 8,87%
Medicilândia LULP LULP 0,68% 2,30% 3,58% 4,63% 5,53% 6,32% 7,01%
Nova Brasilândia ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO
Nova Santa LULP LULP LULP LULP LULP 0,61% 1,47% 2,23% 2,90%
Helena
Nova Ubiratã LULP LULP LULP LULP LULP 0,74% 1,61% 2,36% 3,03%
Nova Xavantina ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO
Novo Progresso 1,34% 5,32% 7,72% 9,46% 10,82% 11,95% 12,91% 13,75% 14,50%
Ourilândia do LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP
Norte
Paranatinga LULP 1,15% 3,45% 5,12% 6,43% 7,51% 8,44% 9,24% 9,96%
Peixoto de LULP LULP LULP 0,81% 2,06% 3,10% 3,99% 4,76% 5,45%
Azevedo
Planalto da Serra ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO
Porto Alegre do LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP 0,58%
Norte
Porto de Moz LULP 0,93% 3,23% 4,89% 6,20% 7,28% 8,20% 9,01% 9,72%
Prainha 19,08% 23,76% 26,58% 28,62% 30,22% 31,55% 32,68% 33,67% 34,54%
Primavera do ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO

ARCADIS Tetraplan 140


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Leste
Querência LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP 0,27% 0,93%
Ribeirão LULP LULP LULP LULP 0,60% 1,62% 2,49% 3,26% 3,93%
Cascalheira
Santa Carmem LULP LULP LULP LULP LULP 1,01% 1,88% 2,64% 3,31%
Santa Cruz do LULP LULP LULP 1,12% 2,38% 3,42% 4,31% 5,09% 5,78%
Xingu
Santo Antônio do 50,90% 56,82% 60,40% 62,98% 65,01% 66,69% 68,13% 69,38% 70,49%
Leste
São Félix do LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP 0,08% 0,74%
Araguaia
São Félix do LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP
Xingu
São José do LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP
Xingu
Senador José LULP 3,40% 5,75% 7,46% 8,80% 9,90% 10,85% 11,67% 12,41%
Porfírio
Sinop LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP
Sorriso ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO ZNO
Tucumã LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP
União do Sul LULP LULP 1,47% 3,10% 4,39% 5,45% 6,36% 7,15% 7,85%
Vera LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP
Vila Rica LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP 0,18% 0,84%
Vitória do Xingu LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP LULP
Elaboração ARCADIS-Tetraplan

ARCADIS Tetraplan 141


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Para maior compreensão das possibilidades de utilização das informações, ilustra-se


como alguns dos municípios teriam que se comportar em termos da velocidade de
desflorestamento até 2025, tomando-se 20% como meta de conservação hipotética.

Quadro 5-9 Simulação de Meta de 20% de Conservação e Ajuste Corretivo de


Velocidade: Um Cenário Normativo

Redução da
Velocidade
Taxa de Variação Velocidade
Necessária ao
Municípios Anual no período Necessária ao
alcance da
2000-2007 alcance da proposta
proposta de 20%
de 20%

Altamira 14,76% 1,57% 89,39%

Brasil Novo 12,18% 0,10% 99,15%

Vitória do Xingu 8,51% LULP inviável

Elaboração ARCADIS-Tetraplan

Como se nota, uma meta de conservação da ordem de 20% da área do município


exige forte redução da velocidade para que a mesma seja alcançada.

5.4.3. Cenarização – Anos 2015 e 2025


Assimilando-se todos os conceitos sobre cenários já expendidos quando da
cenarização da população e valor adicionado para a Bacia do Xingu, parte-se
diretamente para as questões metodológicas.

Como visto anteriormente, entende-se que a relação mais apropriada para captar a
importância de cada agregado territorial no desflorestamento da bacia é a contribuição
individualizada de cada município no incremento da área desflorestada no período
focado.

Por essa razão, essa contribuição constituiu-se na variável estratégica para a


formulação do cenário tendencial, cuja estruturação metodológica pode ser
apresentada em suas etapas como segue:

1. Cálculo da contribuição de cada município no incremento da área desflorestada


no período 2000/2007.

2. Assume-se a taxa de crescimento do desflorestamento observada na bacia


nesse período como base inicial da projeção da área desflorestada em 2015.
Com essa taxa, aplicada no total da área desflorestada da bacia em 2007,
obtém-se uma estimativa preliminar do incremento para 2015.

3. O rótulo de preliminar deve-se ao fato de eventualmente nem todos os


municípios envolvidos terem condições de responder totalmente à demanda de
áreas proposta na projeção.

ARCADIS Tetraplan 142


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

4. Em se constatando essa circunstância, os municípios assim enquadrados


exaurem a parcela disponível, se existir. A partir daí, o município não entra
mais no processo de atendimento da demanda futura de áreas para
desflorestamento, pois ficou exaurido o seu estoque de áreas disponíveis.

5. Com a nova distribuição e adaptações necessárias, recalculam-se as


contribuições nesse novo contexto e se realimenta o processo de projeção
para o período 2015/2025.

5.4.4. Cenários Tendencial 2015


Processando-se as informações disponibilizadas para o período 2000/2007,
sumarizam-se alguns pontos notáveis da projeção 2007/2015, o Cenário Tendencial
2015:

ƒ A taxa efetiva de crescimento da área desflorestada é de 4,11% em vez dos


6,71% preliminarmente assumida.

ƒ O incremento da área desflorestada é de 23.800 km².

ƒ Em 2015, a área desflorestada passa para 98.776 km², evoluindo de um valor


inicial em 2007 de 74.976 km².

ƒ Os oito maiores municípios com participação acima de 3% em termos da


contribuição ao incremento da área desflorestada projetada para 2015 são
apresentados no Quadro 5-11:

Quadro 5-10 Contribuição do Município no Incremento do Desflorestamento -


Período 2007/2015

Contribuição
Nome do Município UF Contribuição
Acumulada

São Félix do Xingu PA 23,18% 23,18%


Altamira PA 10,74% 33,92%
Cumaru do Norte PA 8,20% 42,12%
Querência MT 5,73% 47,85%
Nova Ubiratã MT 5,11% 52,95%
Brasil Novo PA 4,29% 57,24%
Gaúcha do Norte MT 4,01% 61,25%
Vila Rica MT 3,17% 64,42%
Elaboração ARCADIS Tetraplan

Outra informação de extrema importância no contexto da avaliação do


desflorestamento reside no tamanho da disponibilidade de terras florestadas, pois a
velocidade de exaustão do estoque de florestas para muitos municípios sinaliza uma
pressão altíssima de desflorestamento.

ARCADIS Tetraplan 143


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Apresentam-se no Quadro 5-12 seguinte os municípios cujo percentual de área


desflorestada ultrapassa 40% da área dos mesmos, alguns dos quais praticamente
esgotadas suas disponibilidades.

Quadro 5-11 Percentual de Área Desflorestada no Município-Bacia em 2015 -


Cenário Tendencial

Nome do Município Percentual

1 Tucumã 83,64%
2 Bannach 73,23%
3 Vera 72,17%
4 Vitória do Xingu 70,93%
5 Sinop 66,68%
6 Vila Rica 63,42%
7 São José do Xingu 57,87%
8 Confresa 56,57%
9 Bom Jesus do Araguaia 55,63%
10 Alto Boa Vista 52,88%
11 Itaúba 51,09%
12 Porto Alegre do Norte 51,01%
13 Brasil Novo 49,26%
14 Cumaru do Norte 47,86%
15 Canabrava do Norte 46,69%
16 Santa Carmem 46,55%
17 Cláudia 44,55%
Elaboração ARCADIS Tetraplan

Como se observa no Cenário Tendencial, quantidade expressiva de municípios


encontra-se com o estoque de florestas disponíveis praticamente exaurido, como os
de Altamira (3,3%), São Félix do Xingu (6,11%) e Ourilândia,do Norte (3,62%),
inclusive por conta das UCs e TIs, entre outros.

Após diversas etapas de cálculo, em que foram captados e delineados parâmetros


para cenarização, apresentam-se as estimativas (2001/2006) e projeções (2008/2015)
anuais de desflorestamento, bem como no Gráfico 5-1, sobre a evolução da área
desflorestada na Bacia do Xingu, período 2000/2015.

ARCADIS Tetraplan 144


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Quadro 5-12 Evolução da Área Desflorestada (km²)

Evolução da Área Desflorestada (km²)

Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Área Desflorestada 47.617 50.808 54.212 57.844 61.720 65.855 70.268 74.976

Ano 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Área Desflorestada 77.605 80.326 83.142 86.057 89.075 92.198 95.430 98.776

Elaboração ARCADIS-Tetraplan

Gráfico 5-1 Evolução da Área Desmatada na Bacia do Xingu 2000/2015

Gráfico II.1 - Evolução da Área Desmatada na Bacia do Xingu


2000/2015

120.000

100.000
Área Desmatada (Km2)

80.000

60.000

40.000

20.000

0
2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015
Ano

Elaboração ARCADIS-Tetraplan

É de se esperar que durante as obras do AHE Belo Monte, por conta do aumento da
demanda por produtos da agropecuária e outros efeitos indiretos do empreendimento,
haja algumas inflexões e/ou um deslocamento (maior declividade e/ou maior
intercepto) ascendente na curva de desflorestamento, significando maior pressão pela
ocupação das terras.

Neste Cenário, a aceleração da demanda por áreas disponíveis implicará exaustão


mais rápida do estoque de florestas de alguns municípios, principalmente naqueles
onde se localizará o empreendimento, como Vitória do Xingu que já chega ao final de
2015 praticamente sem disponibilidade de áreas florestadas.

Enquanto uma sucessão e cumulatividade de movimentos, o Cenário Tendencial 2025


deverá incorporar e refletir parte dessa situação. É o que se procura apresentar em
seguida.

ARCADIS Tetraplan 145


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

5.4.5. Cenários Tendencial 2025


Retomando os procedimentos de cálculo e etapas segundo o esquema operacional
descrito, associados ao novo ponto de partida, ano 2015, e considerando-se toda a
base de dados geradas no processo, têm-se como pontos notáveis a serem
destacados nos Cenários Tendencial 2025:

ƒ A taxa efetiva de crescimento da área desflorestada projetada é de 3,15%, em


vez de 4,11% preliminarmente assumidos como ponto de partida.

ƒ O incremento da área desflorestada é de 49.153 km².

ƒ Em 2025, á área desflorestada passa para 134.699 km², evoluindo de um valor


de referência em 2015 da ordem de 98.776 km2.

ƒ Os sete maiores municípios, com participações acima de 4% em termos da


contribuição ao incremento da área desflorestada projetada para 2025, são
apresentados no Quadro 5-14, seguinte:

Quadro 5-13 Contribuição Municipal no Incremento do Desflorestamento -


Período 2015/2025

Município Contribuição Contribuição


acumulada

1 São Félix do Xingu 14,31% 14,31%


2 Altamira 12,15% 26,46%
3 Cumaru do Norte 9,27% 35,73%
4 Querência 6,48% 42,21%
5 Nova Ubiratã 5,78% 47,99%
6 Brasil Novo 4,66% 52,64%
7 Gaúcha do Norte 4,53% 57,17%
Elaboração ARCADIS-Tetraplan

Como pode ser observado, o “rank” entre os municípios não se altera, sinalizando,
mais uma vez, o direcionamento dos incrementos da ocupação.

Considerando, por outro lado, o percentual de ocupação das terras dos municípios no
período 2015/2025, verifica-se que muitos deles exauriram praticamente a sua
disponibilidade de terras florestadas e outros tantos estão próximos dessa situação.

É importante esclarecer que o indicador maior da disponibilidade de áreas florestadas


é a “Área Líquida Disponível”, pois considera a exclusão das áreas das Unidades de
Conservação e Terras Indígenas, o que não faz o percentual de área desflorestada.
Por essa razão é que São Félix do Xingu e Altamira, principalmente, aparecem com
percentuais baixos de desflorestamento, o que poderia parecer estar sinalizando
maiores possibilidades de contribuição no desflorestamento futuro, o que não é
necessariamente verdade em virtude da exaustão das áreas líquidas florestadas

ARCADIS Tetraplan 146


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

disponíveis. É claro que, se relaxada a hipótese de não ocupação das Unidades de


Conservação e Terras Indígenas, a configuração simulada altera-se estruturalmente.

Segue o Quadro 5-15, sinalizando o esgotamento de áreas florestadas disponíveis em


muitos municípios da bacia e de outros tantos próximos dessa situação.

Quadro 5-14 Percentual de Área Líquida Florestada Disponível do Município-


Bacia Ano 2025

Área Líquida "Disponível" do


Município Município (km²)/Área Município-bacia
(2025)

Alto Boa Vista 0,00%


Brasil Novo 0,00%
São Félix do Xingu 0,00%
Vera 0,00%
Vitória do Xingu 0,00%
Altamira 0,56%
Ourilândia do Norte 2,07%
Bannach 2,22%
Vila Rica 2,81%
Tucumã 8,21%
Cumaru do Norte 8,64%
Elaboração ARCADIS Tetraplan

O Quadro 5-16 sumariza o total anual das áreas desflorestadas segundo os


pressupostos adotados para o período 2015/2025. Por outro lado, com o Gráfico 5-2,
que incorpora todo o intervalo do período simulado (2007/2025) e as informações
observadas nos anos 2000 e 2007, visualiza-se a evolução dos eventos ao longo dos
anos.

Quadro 5-15 Evolução Anual da Área Desflorestada da Bacia do Xingu - Período


2000/2025

Evolução Anual da Área Desflorestada da Bacia do Xingu - Período 2000/2025

Ano 2015 2016 2017 2018 2019 2020


Área
Desflorestada 98.776 101.888 105.098 108.409 111.825 115.348
Ano 2021 2022 2023 2024 2025
Área
Desflorestada 118.982 122.730 126.597 130.585 134.699
Elaboração ARCADIS-Tetraplan

ARCADIS Tetraplan 147


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Gráfico 5-2 Evolução da Área desmatada na Bacia do Xingu – 2000/2025

Gráfico II.2 - Evolução da Área Desmatada da Bacia do Xingu -


Período 2000/2025

160.000

140.000
Área Desmatada (Km2)

120.000

100.000

80.000

60.000

40.000

20.000

0
2000

2001

2002
2003

2004

2005

2006
2007

2008

2009
2010

2011

2012

2013
2014

2015

2016

2017
2018

2019

2020

2021
2022

2023

2024

2025
Ano

Elaboração ARCADIS Tetraplan

Cabe aqui assimilar as observações anteriores ao novo Cenário, relatadas para o


período 2007/2015. Os movimentos de possíveis inflexões e/ou deslocamentos da
curva de desflorestamento com início no período anterior transita para o novo, levando
a patamares ainda mais altos a pressão sobre a demanda por áreas florestadas,
inclusive por conta da antropização de muitas delas.

Espera-se ao longo desse processo, em particular com o final da construção do AHE


Belo Monte, um desarme do mecanismo de pressão derivado da demanda por
produtos da agropecuária. Contudo, o nível de desflorestamento a ser alcançado se
constituirá em fato consumado, não significando necessariamente que a
desmobilização pós-construção reverta a situação.

O Cenário Prospectivo de Desmatamento, um misto do Cenário Tendencial com


inflexões derivadas da inserção intuitiva e qualitativa dos impactos da construção, da
desmobilização e da operação do AHE Belo Monte, afigura-se, portanto, preocupante.

Como se depreende, a manutenção de taxas de crescimento do desflorestamento de


4,11% e 3,15% ao ano do Cenário Tendencial deve levar a exaustão dos estoques de
áreas em mais de uma dezena de municípios.

É importante enfatizar, entretanto, que a dinâmica que impulsiona a atual motivação


do desflorestamento, cujo padrão procurou-se estabelecer em alguma medida,
relaciona-se também a outras demandas de ordem socioeconômica.

ARCADIS Tetraplan 148


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6. Avaliação Ambiental Integrada da Bacia do


Rio Xingu
O estudo Avaliação Ambiental Integrada, conforme visto na metodologia, é composto
por quatro etapas básicas: Caracterização dos Empreendimentos; Diagnóstico da
Bacia Hidrográfica; Avaliação Ambiental Distribuída e Conflitos; Cenários e por fim, a
Avaliação Ambiental Integrada que fornecem elementos de suporte às
Recomendações e Diretrizes.

Assim, no capítulo homônimo ao trabalho é o momento em que parte-se dos


processos socioambientais analisados nos compartimentos e prossegue-se
examinando como os compartimentos se relacionam e interagem nas temáticas
pertinentes aos meios físico, biótico e socioeconômico.

O processo socioambiental focado pelo estudo é aquele deflagrado a partir da


implantação dos aproveitamentos, AHE Belo Monte e PCHs, que significam um capital
fixo de natureza infra-estrutural, representado pelo conjunto de obras civis,
equipamentos e dispositivos destinados à produção de energia elétrica a partir da
força motriz das águas da bacia do rio Xingu.

Assim, após reconhecer as interferências socioambientais decorrentes da implantação


de cada aproveitamento hidrelétrico e os impactos cumulativos daqueles situados em
um mesmo compartimento, são analisadas as possíveis sinergias entre processos
existentes nos compartimentos com aproveitamentos hidrelétricos previstos ou em
construção.

Ou seja, ainda que os efeitos se manifestem em uma determinada ambiência, dentro


de cada compartimento, que se diferencia dos demais quanto à dinâmica fisiográfica e
socioeconômica, interações entre os processos socioambientais deflagrados nos
compartimentos podem ser esperadas.

Essas interações apontam para eventuais sinergias de um dado fenômeno, que pode
ocorrer em função de um efeito de vizinhança, dada a proximidade territorial, ou pode
resultar de maneira disjunta, em decorrência da acessibilidade ou da similaridade da
dinâmica socioeconômica ou ambiental.

A Atualização do Inventário Hidrelétrico da Bacia do Rio Xingu definiu que o AHE Belo
Monte será o único aproveitamento no rio Xingu. Embora seja este o único
empreendimento previsto, Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) em operação ou
em construção, localizadas nas cabeceiras de afluentes (rios Curuá, Ronuro) ou nos
formadores (rio Culuene) estão presentes e assim, mesmo que com pequena
intensidade, determinam efeitos adversos e benefícios na ambiência dos
compartimentos e sub-bacias hidrográficas em que se encontram.

ARCADIS Tetraplan 149


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6.1. Interação entre compartimentos


A matriz a seguir relaciona os compartimentos entre si e elucida relações básicas
anteriormente comentadas. Essa matriz deve ser interpretada no sentido das linhas
para as colunas, sendo que o número 1 significa a existência de interações
significativas e o numero zero, quando a relação não é significativa.

Quadro 6-1- Matriz de relacionamento entre os compartimentos

Compartimentos

Compartimentos 1 2 3 4 5 6 7 8

1 Continuum de Áreas Legalmente Protegidas x 1 1 1 1 1 1 1


2 Várzeas do Rio Xingu 0 x 0 0 0 0 0 0

3 Corredor Transamazônico 1 1 x 1 1 0 0 0
4 Médio Xingu Pecuária 1 0 1 x 0 0 1 0
5 Formações do Cachimbo - Área sob influência da BR-163 1 0 0 0 x 0 0 0
6 Alto Xingu Oeste - Área sob Influência da BR-163 1 0 0 0 0 0 x 0
7 Alto Xingu Leste - Área sob Influência da BR – 316 1 0 0 0 0 0 x 0
8 Xingu Meridional 1 0 0 0 0 1 1 x
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

Interações entre compartimentos decorrem de inúmeros fatores, dentre ao quais são


decisivos, a proximidade territorial e acessibilidade. Tem-se assim um quadro das
interações relevantes, cuja leitura deve ser feita no sentido das linhas para as colunas
apenas, conforme já comentado.

Assim, o compartimento 1, Continnum de Áreas Legalmente Protegidas relaciona-se


com o compartimento 2, Várzeas do rio Xingu, na medida em que contribui com
serviços ambientais, propiciando manutenção das características do ecossistema
aquático, mantendo a qualidade da água, evitando assoreamento do rio e, por
conseqüência, assoreamento das várzeas. Relaciona-se também com os
compartimentos 3, 4 e 5, respectivamente Corredor Transamazônico, Médio Xingu
Pecuária e Formações do Cachimbo, de forma semelhante, propiciando manutenção
das características dos ecossistemas aquáticos do rio Xingu e de afluentes como os
rios Bacajá e Fresco, nos compartimentos 3 e 4, respectivamente, e do rio Curuá no
compartimento 5. Favorece a diversidade biológica aquática e terrestre e exporta
nutrientes e propágulos, além de favorecer a pluralidade sociocultural, já que abriga
uma expressiva diversidade de populações tradicionais, notadamente comunidades
indígenas.

ARCADIS Tetraplan 150


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Por outro lado, à exceção do compartimento 2, Várzeas do rio Xingu, situado no limite
norte da bacia hidrográfica, todos os demais relacionam-se com o compartimento 1,
afetando-o seja por meio de vetores de desflorestamento (compartimentos 3 e 5), e,
também, ocupação desordenada (compartimento 4), ou ainda, por intermédio de
efeitos de borda, exportação de nutrientes e de sedimentos intensificada,
determinando alterações no ecossistema aquático (compartimentos 6, 7 e 8, situados
a montante).

Já o compartimento 2, Várzeas do rio Xingu, que ocupa pequena parcela territorial no


extremo norte da bacia, ou seja, a jusante de todos os demais compartimentos,
praticamente não influencia os trechos situados a montante, conforme sinaliza o
quadro 6-1.

Por outro lado, o compartimento Corredor Transamazônico é aquele que interage com
todos os demais compartimentos, exceto com o Compartimento Xingu Meridional, Alto
Xingu Leste e Alto Xingu Oeste, em que a interação foi considerada pouco significativa
dada a distância e a baixa acessibilidade.

Algum grau de interação com os compartimentos da Formação do Cachimbo e Médio


Xingu Pecuaria se deve ao fato de o Corredor Transamazônico, devido ao grau de
polarização prevalecente e, adicionalmente, por apresentar interligações mesmo que
muito precárias seja por meio de rodovias como a Transamazônica, BR 163 e a BR
316, seja por meio fluvial, para jusante. Portanto, uma vez que nesse compartimento
está prevista implantação de empreendimento hidrelétrico, podem-se criar sinergias de
impacto com outros compartimentos que também contenham ou venham a conter
aproveitamentos hidrelétricos.

6.2. Sinergias de impactos decorrentes da implantação de


empreendimentos hidrelétricos
Ecossistemas Terrestres

Em termos de meio físico foi avaliada a perda de potencial mineral, impacto analisado
na avaliação ambiental distribuída, acarretada pela implantação de cada um dos
empreendimentos. No caso das PCHs essa perda foi considerada insignificante, pois a
possibilidade de atingir alguma reserva mineral seria realmente extrema, e no caso de
Belo Monte foi considerada de baixa significância, pela inundação de jazidas de
areia/cascalho e argila. O ouro, que é a principal ocorrência mineral na futura área de
inundação do AHE Belo Monte, já teve suas jazidas exploradas no passado. Por este
motivo, foram consideradas insignificantes. Como se tratam de perdas localizadas, as
mesmas não ocasionarão impactos sinérgicos entre um e outro empreendimento.

No que se refere aos aspectos bióticos terrestres, no Quadro 6-2 são resumidas as
principais interferências, em decorrência da implantação dos empreendimentos
hidrelétricos previstos ou existentes em um dado compartimento, sobre os demais
compartimentos. Utiliza-se o fenômeno de desflorestamento como indicador desses
efeitos sinérgicos sobre os ecossistemas terrestres, pois este sintetiza não apenas

ARCADIS Tetraplan 151


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retirada da cobertura vegetal, mas destruição de habitats, depleção de populações


vegetais e animais, redução da diversidade de espécies e da variabilidade genética.

ARCADIS Tetraplan 152


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Quadro 6-2 – Principais interferências nos ecossistemas terrestres

Compartimento 1 2 3 4 5 6 7 8

Continuum de
1 x
Áreas Protegidas
Várzeas do Rio
2 x
Xingu
Corredor Pressões
Possibilidade de
Transamazônico decorrentes
Possibilidade de aumento de
do transito de
deslocamento de pressão de
Pressão de barcos e
parte da população desflorestamento
desflorestamento navios em
atraída pelas obras devido à migração
sobre TI e UC. direção a
do AHE Belo Monte de população
Vetores em direção Vitória do
3 x para este atraída pelas obras
à RESEX Verde Xingu, com
compartimento, do AHE Belo
Para Sempre, a aumento de
atraídas pelas Monte, embora em
sul, em direção à TI ocupação das
frentes de menor escala já
Arara e à Transiriri, margens e
desflorestamento que nesse trecho
consequente
existentes. não há nenhum
supressão de
centro urbano.
vegetação.
Médio Xingu
4 x
Pecuária
Formações do Interferência em
Cachimbo - Área Unidade de
5 x
sob influência da Conservação de
BR-163 proteção integral
Alto Xingu Oeste - * Interferências em
Área sob UC de proteção
Influência da BR- 6 integral isolada, x
163 que não faz parte
do Continuum de

ARCADIS Tetraplan 153


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Compartimento 1 2 3 4 5 6 7 8
Áreas Protegidas,
devido ao
crescente
desflorestamento e
expansão de
culturas cíclicas.
Alto Xingu Leste -
Área sob
7 x 0
Influência da BR –
316
Xingu Meridional *Pressão de
ocupação com
pastagens e
8 x
culturas em TIs que
não fazem parte do
Continuum

Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

ARCADIS Tetraplan 154


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Conforme apresentado no quadro 6-2, as principais interferências referem-se a


aumento de pressão antrópica decorrente da expansão vetores de desflorestamentos,
o que remete a sinergias entre processos já estabelecidos nos diversos
compartimentos da bacia hidrográfica, fenômeno discutido no item 6.3 desse capítulo.

O compartimento Corredor Transamazônico, onde o AHE Belo Monte será construído,


corresponde a um setor da bacia hidrográfica com dinâmica de ocupação e de
expansão de desflorestamentos significativa, conforme explicitado no item referente a
cenários de desflorestamento, a despeito da redução de estoques florestais ao longo
da rodovia Transamazônica e da presença de extensa área sob proteção ambiental
(RESEX Verde Para Sempre).

As perdas associadas à implantação do AHE Belo Monte nesse compartimento foram


consideradas significativas, seja devido à área a ser alagada, per se, seja por sua
importância intrínseca, reconhecida por sua prioridade em termos conservacionistas,
ou ainda, em decorrência do recrudescimento dos processos de desflorestamentos
associados ao afluxo populacional e à animação econômica que se antevê para a
região.

No que se refere às perdas decorrentes da implantação das PCHs nos demais


compartimentos, estas foram consideradas de baixa intensidade dada a pequena
dimensão dos reservatórios e pelo fato de não recrudescer processos de
desflorestamentos.

Nesse sentido, a implantação de PCHs pode ser considerada mais como o resultado
de um processo anterior de desflorestamento e de ocupação, do que elemento indutor
dessa ocupação. Ou seja, há uma ocupação da região que gera demanda por energia
e as PCHs são implantadas para atender essa demanda local (ou, ainda, como forma
de negócio). Portanto, podem ser consideradas mais um elemento dentro de um
conjunto de fatores que leva a alterações ambientais existentes no sul da bacia, na
região das cabeceiras, ainda que possam determinar alguma intensificação da
produção local.

Em síntese, quanto aos ecossistemas terrestres, a implantação dos empreendimentos


hidrelétricos analisados não cria sinergias de impactos relacionados com os efeitos
das obras. Entretanto, se relaciona com a dinâmica de ocupação existente e com os
processos de desflorestamento em curso, o que é discutido mais adiante. A presença
de PCHs, dada a distância em que se encontram do AHE Belo Monte e sua pequena
expressão em termos de território afetado, não induz, per se, processos de
transformação da paisagem considerando-se o médio e longo prazo e a escala
regional e, portanto, não se relacionam com a dinâmica da porção central e norte da
bacia hidrográfica.

ARCADIS Tetraplan 155


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Ecossistemas Aquáticos

No Quadro 6-3 são resumidas as principais interferências nas características


limnológicas provocadas pela implantação dos empreendimentos hidrelétricos
previstos ou existentes na bacia nos demais compartimentos.

ARCADIS Tetraplan 156


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Quadro 6-3 – Principais interferências nas características limnológicas

Compartimento 1 2 3 4 5 6 7 8

Continuum de 1 x
Áreas
Legalmente
Protegidas
Várzeas do Rio 2 x
Xingu
Corredor 3 alteração x alteração da
Transamazônico na qualidade da
qualidade água pelo
da água e aumento de
redução desflorestamento
das e atração de
populações população e
ou função da
eliminação proximidade com
de Belo Monte
espécies
intolerantes
à
degradação
da
qualidade
da água;
aumento da
erosão na
ria fluvial
pela
redução da
carga de
sedimentos
e alteração
dos
habitats
ribeirinhos
Médio Xingu 4 x
Pecuária
Formações do 5 alteração na x
Cachimbo - qualidade da
Área sob água a
influência da jusante,
BR-163 principalmente
pela
intensificação
de atividades
antrópicas e
atração de
população

ARCADIS Tetraplan 157


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Compartimento 1 2 3 4 5 6 7 8

Alto Xingu 6 alteração na x


Oeste - Área qualidade da
sob Influência água a
da BR-163 jusante,
principalmente
pela
intensificação
de atividades
antrópicas
pela maior
oferta de
energia
Alto Xingu Leste 7 x
- Área sob
Influência da BR
– 316
Xingu 8 alteração na alteração na x
Meridional qualidade da qualidade da
água a água a
jusante, jusante,
principalmente principalmente
pela pela
intensificação intensificação
de atividades de atividades
antrópicas antrópicas
pela maior pela maior
oferta de oferta de
energia energia
Fonte: Elaboração ARCADIS Tetraplan

ARCADIS Tetraplan 158


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Também nesse caso, as grandes distâncias que separam as PCHs, situadas a


montante da bacia, do compartimento Corredor Transamazônico, onde está situado o
AHE Belo Monte e as dimensões reduzidas de seus reservatórios fazem com que não
existam interferências dos respectivos compartimentos, onde se acham situadas, no
Corredor Transamazônico, seja do ponto de vista do regime hidrológico quanto dos
aspectos limnológicos e de qualidade da água.

Em termos de regime hídrico, a operação do reservatório do AHE Belo Monte não


deverá acarretar qualquer influência sobre as PCHs, todas situadas a montante. Por
outro lado, a influência no regime hídrico do rio Xingu provocada pelas PCHs também
é irrelevante, tanto pela alta permeabilidade das cabeceiras como pela própria relação
de áreas das sub-bacias controladas por elas.

Também o volume dos reservatórios das PCHs é muito pequeno em relação à vazão
afluente indicando pouca ou nenhuma capacidade de regularização, característica
comum desse tipo de aproveitamento.

Os reservatórios das PCHs dos compartimentos Xingu Meridional e Alto Xingu Oeste
não causam alterações significativas do ponto de vista limnológico nos tributários e
formadores do Xingu onde se acham situados, a ponto de alterar significativamente os
compartimentos a jusante. No entanto, a intensificação das atividades antrópicas já
existentes pode significar influência nas condições limnológicas dos rios, seja pelo
aporte de sedimentos, nutrientes ou contaminantes, como produtos agroquímicos, com
possibilidade de interferências nos compartimentos a jusante, particularmente no
Continuum de Áreas Protegidas, conforme já comentado.

O mesmo pode ser dito das PCHs no compartimento Formações do Cachimbo, sendo
que, nesse caso, as interferências nas áreas protegidas podem ser maiores, pela
proximidade e também pela possibilidade de desflorestamento que tende a crescer na
área.

Com relação ao aporte e transporte de sedimentos numa bacia, os efeitos dos


aproveitamentos são proporcionais à erodibilidade dos solos e à produção de
sedimentos, associadas às respectivas áreas de drenagem, aos volumes dos seus
reservatórios - que podem reter os sedimentos produzidos nas áreas de drenagem
controladas pelos aproveitamentos – e à distância entre eles ao longo do rio.

A discussão do regime hídrico mostrou que, no caso das PCHs existentes e previstas
no rio Xingu relativamente ao AHE Belo Monte, as dimensões dos empreendimentos
são de ordens de magnitude totalmente distintas, o que, conjugado à grande distância
ao longo do rio entre as PCHs e o Corredor Transamazônico, torna inexistente a
interferência entre eles.

Além disso, têm-se as características próprias do rio Xingu que corroboram essa
afirmativa. Conforme medições de transporte de sedimentos realizadas em Altamira,
um pouco a montante do futuro barramento do AHE Belo Monte, verifica-se que a
concentração de sedimentos no rio Xingu é bastante baixa, quando comparada a
outros rios amazônicos

ARCADIS Tetraplan 159


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Em especial, as bacias controladas pelas PCHs Culuene, Paranatinga I e II e ARS


encontram-se em terrenos com solos suscetíveis a erosões. A jusante, contudo, no
Planalto dos Parecis / Alto Xingu, ocorre ampla sedimentação aluvial na calha dos
principais rios, condicionada pelo nível de base representado pela cachoeira von
Martius. Em função dessa soleira rochosa, grande parte dos sedimentos arenosos é
naturalmente retida na parte alta da bacia. Portanto, os dois efeitos praticamente se
compensam nessa região de cabeceira da bacia.

No que se refere à ictiofauna, deve-se levar em consideração a fisiografia do rio Xingu


e as características ambientais distintas entre os diversos compartimentos da bacia. A
região das cabeceiras do rio Xingu apresenta dinâmica diferenciada em relação ao
restante do curso, a jusante. Os rios de cabeceira, situados no compartimento Xingu
Meridional, no bioma cerrado, apresentam-se com pequeno volume de água e
declividade, de modo geral, acentuada, com águas apresentando poucos nutrientes.
Assim, os peixes são dependentes da matéria orgânica alóctone, resultando
comunidades de espécies de pequeno porte e restritas a esses ambientes.

Condições similares da ictiofauna podem ser esperadas nos compartimentos Alto


Xingu Leste e Alto Xingu Oeste, onde prevalecem ambientes de transição entre as
Savanas e as Florestas. Também nesses setores prevalecem rios de menor porte,
formadores do rio Xingu. É possível que espécies de maior biomassa constituam
metapopulações, realizando movimentações dentro desse sistema fluvial composto
pelos formadores do rio Xingu e o alto curso deste.

De qualquer forma, a fragmentação de cursos d´água nesses compartimentos devido


à implantação de PCHs pode interferir em movimentos de peixes migradores,
afetando populações de peixes a jusante, inclusive nos trechos que drenam o Parque
Nacional do Xingu, que faz parte do compartimento Continuum de Áreas Protegidas,
interferindo localmente na oferta e na composição de recursos pesqueiros.

A presença de planícies aluviais do alto curso do rio Xingu, a montante da cachoeira


de von Martius, dentro do compartimento Continuum de Áreas Protegidas, condiciona
rios meândricos, associados a extensas planícies de inundação, com presença de
lagos de várzea e vegetação flutuante, compondo ambientes favoráveis à
diversificação da ictiofauna, por fornecerem condições adequadas à reprodução e
alimentação de muitas espécies. Dessa forma, o alto curso funciona como um sistema
de certa forma independente, pelo menos para parte das espécies.

O restante do compartimento Continuum de Áreas Protegidas compreende o médio


Xingu até a foz do rio Iriri, incluindo a bacia do rio Iriri e a maior parte de seu principal
afluente, o rio Curuá. Caracteriza-se por apresentar canais predominantemente em
rochas, com planícies fluviais estreitas e descontínuas, grande quantidade de pedrais,
rápidos e cachoeiras. Na região próxima ao rio Iriri (proximidades da Volta Grande) a
ictiofauna é relativamente conhecida, mostrando alta diversidade e presença de
espécies endêmicas. Nessa área estão concentradas as espécies de maior porte, bem
como a atividade de pesca na bacia, tanto de peixes para consumo quanto de
espécies ornamentais.

ARCADIS Tetraplan 160


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

A região da Volta Grande situa-se entre a foz do rio Iriri e a localidade de Belo Monte,
no Corredor Transamazônico, sendo caracterizada por canais predominantemente em
rochas, com rápidos e cachoeiras, além de uma forte inflexão de seu curso. As águas
são claras, relativamente pobres em nutrientes, mas com influência antrópica nas
proximidades de Altamira. A fauna de peixes é rica e apresenta endemismos.
Prevalecem espécies de pequeno porte, adaptadas aos rápidos e corredeiras.

No que se refere à ictiofauna do rio Bacajá, parcialmente incluída no Continuum de


Áreas Protegidas e parcialmente no Corredor Transamazônico, esta é condicionada
pelos trechos de corredeiras e cachoeiras do rio Xingu a jusante de Belo Monte. Parte
das espécies encontradas neste afluente é relacionada com o próprio rio Xingu, no
trecho a montante da confluência.

A sub bacia do rio Fresco, também parcialmente inserida no compartimento


Continuum de Áreas Protegidas e parcialmente no corredor Médio Xingu Pecuária,
caracteriza-se por apresentar rios com canais em rocha, com baixa sinuosidade,
instáveis, com erosão das margens e do fundo, com grande quantidade de sedimentos
em suspensão.

Finalmente o baixo Xingu, situado no Corredor Transamazônico, no trecho de jusante


da Volta Grande até a foz no rio Amazonas, caracteriza-se pela presença da ria do
Xingu, configurando um canal largo e, em alguns trechos, profundo, com margens
altas, sendo afetado por variações do nível d’água decorrentes das marés.

Esse trecho tem condições ecológicas distintas do restante do rio Xingu, a montante,
apresentando ictiofauna similar à do rio Amazonas, com presença de tabuleiros de
desova de tartarugas, bem como ocorrência de botos. A formação de praias e ilhas na
região próxima à Vitória do Xingu define ambientes pouco comuns no restante do rio,
nos quais se encontram várias espécies que não ocorrem a montante. Áreas alagadas
e lagos centrais nas ilhas fluviais servem como hábitats permanentes para espécies
sedentárias, como pirarucu, aruanã ou como hábitats temporários para espécies
migradoras como o tambaquí que se alimentam nestes locais, durante a sua fase
jovem e/ou periodicamente durante o período chuvoso, quando adultos. Estas
espécies não ocorrem rio acima.

Esta grande diferenciação entre o ambiente do alto Xingu, caracterizado por clima e
vegetação savânica e sua transição para a floresta, em relação ao baixo Xingu, com
vegetação e climas marcadamente amazônicos, função do gradiente altitudinal do rio
Xingu, aliado à existência de grande número de cachoeiras, corredeiras e acidentes
fluviais, que constituem barreiras geográficas para parte das espécies de peixes, são
fatores importantes que favorecem a diversificação e, em alguma medida, a separação
da fauna íctica.

É importante ressaltar a presença, na interface do alto e médio cursos, da cachoeira


de von Martius como um importante controle hidráulico, e na diferenciação da
ictiofauna do alto e baixo curso do rio Xingu.

ARCADIS Tetraplan 161


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

Já a região encachoeirada da Volta Grande funciona como barreira para muitos peixes
migradores da calha do rio Amazonas que se deslocam para o rio Xingu, configurando
um obstáculo à dispersão de muitas espécies.

Nas águas do rio Xingu, a maioria dos peixes está associada a um habitat preferencial
(60%), e pode ser considerada “especialista de habitat”. Isto se deve às
particularidades da geografia do Xingu, que propiciam a formação de padrões
específicos de distribuição e uma grande quantidade de endemismos em pequenos
trechos do rio.

As características do rio Xingu propiciam, portanto, migrações laterais, presença de


endemismos e, provavelmente, de metapopulações. Essas características reduzem as
possibilidades de sinergias entre compartimentos, notadamente os situados nas
cabeceiras, onde estão as PCHs, e o compartimento Corredor Transamazônico, onde
está projetado o AHE Belo Monte, na a região da Volta Grande.

Com base nas considerações apresentadas, conclui-se que os efeitos sinérgicos e


cumulativos do AHE Belo Monte com as PCHs para os ecossistemas da bacia do rio
Xingu são praticamente inexistentes, tendo em vista o porte das PCHs, a distância
delas até o AHE Belo Monte e as particularidades dos diversos trechos da bacia.
Corroboram ainda essa conclusão os seguintes aspectos:

ƒ As PCHs controlam apenas 2% da área de drenagem do trecho da bacia


controlado pelo AHE Belo Monte;
ƒ As PCHs têm pequena ou nenhuma capacidade de regularização e controlam
cerca de 2,5 % do volume de água que escoa pelo rio Xingu;
ƒ As distâncias entre as PCHs e o AHE Belo Monte são superiores à 900 km ao
longo do rio;
ƒ Os reservatórios das PCHs não têm volume para reter sedimentos em
quantidades suficientes que possam trazer conseqüências para jusante, na região
do AHE Belo Monte;
ƒ Em condições naturais, os sedimentos arenosos produzidos na região de maior
susceptibilidade à erosão dos solos, compreendida pelas sub-bacias dos
formadores do rio Xingu, a montante da cachoeira de von Martius, ficam retidos
nas planícies aluviais a montante dessa mesma região;
ƒ A existência de barreiras geográficas naturais e ambientes distintos ao longo da
bacia, que favorecem a diversidade da ictiofauna e da fauna aquática entre os
diversos compartimentos da bacia;
ƒ A existência de longos trechos dos rios Xingu e do Iriri que permanecerão em
condições naturais, sem interferências de outros aproveitamentos e com a
contribuição de importantes tributários, oferece rotas alternativas para os peixes
migradores e corredores para as espécies que apresentam migração lateral.
Pelos argumentos apresentados, conclui-se que os impactos ambientais decorrentes
da implantação dos empreendimentos serão importantes, e no caso das PCHs terão
efeitos cumulativos e sinérgicos localizados, não existindo, entretanto, qualquer
possibilidade de sinergia entre os efeitos das PCHs e do AHE Belo Monte.

ARCADIS Tetraplan 162


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Socioeconomia

Conforme exposto acima, o objetivo deste item é avaliar os impactos que um


compartimento com AHEs pode provocar em outro compartimento; sendo que no caso
de dois compartimentos com AHEs, em que medida poderá haver sinergias no âmbito
das transformações socioambientais em curso em cada um.

Assim, no âmbito da socioeconomia, cabe destacar desde logo que os quatro


compartimentos que possuem empreendimentos hidrelétricos (Corredor
Transamazônico, Formações do Cachimbo, Alto Xingu Oeste e Xingu Meridional) não
tem condições de manifestar um grau significativo de sinergia dos impactos dos
empreendimentos entre si.

Para tanto, deve-se considerar que no campo da socioeconomia, as possibilidades de


interação entre duas regiões são determinadas basicamente pelo grau de
acessibilidade física resultante da infra-estrutura de transporte, considerando suas
distâncias e graus de polarização prevalecente entre seus núcleos urbanos, sendo
importante adicionar também a disponibilidade de rede de telecomunicações e
energia.

Desse modo, esses aspectos são aqueles que concorrem para viabilizar em maior ou
menor grau a transmissão de impactos socioeconômicos no território da bacia, sendo
importantes nesse sentido as duas rodovias que correm paralelo no sentido norte sul,
a Belém- Brasília (BR 010) e a Cuiabá-Santarem (BR 163).

Conforme visto no capítulo referente ao diagnóstico, esses aspectos determinam um


reduzido grau de interação internamente à bacia, para o que contribui também a
existência do compartimento Continuum de Áreas Legalmente Protegidas ocupando
vastos territórios no centro da bacia no sentido norte-sul.

Do que resulta que a maior parte dos núcleos urbanos da bacia mantém relações
socioeconômicas mais intensas com cidades exteriores a bacia, condição que
determinará de modo geral uma baixa sinergia entre os compartimentos e seus
impactos derivados dos empreendimentos.

Posto isso, cabe verificar as possibilidades de inter-relação entre compartimentos com


AHEs e outros sem empreendimentos. Assim, os principais impactos que o
compartimento Corredor Transamazônico terá sintetizam-se numa intensa alteração
de trajetória das principais dimensões socioeconômicas, a demográfica, a econômica,
a infra-estrutural (transporte, energia, telecomunicações), na capacidade dos
municípios desempenharem suas funções, com destaque para Altamira e Vitória do
Xingu, o que remete a melhores condições de prover educação, saúde, saneamento e
outras funções próprias da municipalidade. E, em decorrência, a organização territorial
da bacia e fora dela será alterada, de modo que Altamira adquirirá uma importância
regional substancialmente maior daquela que já possui, enquanto pólo regional.

ARCADIS Tetraplan 163


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Assim, a proximidade ao compartimento Corredor Transamazônico ao compartimento


Continuum de Áreas Legalmente Protegidas poderá assumir aspectos críticos
considerando justamente as características deste compartimento, que pressupõe sua
conservação, justapondo realidades distintas.

Assim, considerando o incremento populacional e econômico estimado pelos cenários,


é certo que poderá haver um extravasamento para o compartimento “continuum”, ou
seja, uma pressão para a antropização, conforme tratado mais adiante (acirrando
vetores de desflorestamento) e também social, considerando a presença de
populações tradicionais, notadamente as sociedades indígenas próximas ao corredor
Transamazônico.

Portanto, mesmo supondo a presença dos entes públicos buscando controlar esse
processo com eficiência, avalia-se que dado sua magnitude, ele poderá ocorrer. O
mesmo pode ser considerado em relação à Reserva Extrativista Verde Para Sempre
no compartimento Várzeas do Rio Xingu.

Em adição, como será uma via de passagem fluvial para o transporte dos insumos
para a construção do empreendimento AHE Belo Monte, essa intensa movimentação
ao longo de anos deverá provocar também um incremento da urbanização ao longo
das margens do rio Xingu no seu estuário.

Prosseguindo na direção do médio e alto curso do Xingu, o compartimento Médio


Xingu Pecuária se situa a uma distância maior que os anteriores, o que no contexto da
bacia do rio Xingu significa distancias muito longas e, sem haver uma acessibilidade
por meio rodoviário direta, as transações econômicas e outras relações sociais são
muito dificultadas ou pouco significativas.

Mas, um fator que atua no sentido inverso, promovendo interação entre ambas é o fato
de que o compartimento não é composto por “áreas legalmente protegidas”, ao
contrário, já se encontra antropizado de modo significativo, é a região mais próxima
em que já ocorre um intenso processo de ocupação baseado principalmente na
pecuária bovina e na extração de madeira.

Assim, avalia-se que existe a possibilidade de haver deslocamento de populações


para este compartimento procurando novas oportunidades, buscando a aquisição de
terras para o desenvolvimento de atividades, extrativistas e agropecuárias.

Na seqüência, na outra direção, Oeste, as interações socioeconômicas do Corredor


Transamazônico com os compartimentos Formações do Cachimbo e Alto Xingu Oeste
ocorrem devido à acessibilidade promovida pela BR 163, que, quando se encontrar
totalmente pavimentada, intensificará as relações existentes, atualmente pouco
significativas. Assim, pode-se esperar alguma movimentação de populações entre
eles, mas, se vier a ocorrer será numa escala muito baixa.

Numa escala muitíssimo menor, podem ocorrer interações entre o compartimento


Formações do Cachimbo e o Continuum de Áreas Legalmente Protegidas, associado

ARCADIS Tetraplan 164


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ao processo maior que o compartimento Formação terá em decorrência de suas


interações com o Corredor Transamazônico e o Alto Xingu Oeste.

Por fim, o compartimento Xingu Meridional, com várias PCHs terá interações com
todos os compartimentos contíguos, particularmente com o Continuum de Áreas
Protegidas, considerando os conflitos já manifestados entre ambos. Pois de um lado
tem-se a presença de PCHs no Xingu Meridional, com os impactos cumulativos
analisados e de outro um compartimento “continuum”, cuja natureza é a conservação
socioambiental, a resultante deverá ser uma intensificação desses conflitos na medida
em que esses novos AHEs pretendidos para a bacia venham a se implantar.

Também nesses compartimentos, a proximidade com o compartimento Continuum de


Áreas Legalmente Protegidas se refletirá em justaposição de realidades totalmente
distintas, de um lado um forte dinamismo, de outro as necessidades conservacionistas
próprias das áreas legalmente protegidas e, entre estas, a das Terras Indígenas.

Dado o forte grau de pertencimento das sociedades indígenas, as alterações da


dinâmica socioeconômica e dos referencias da paisagem intensificarão os sentimentos
de insegurança, estabelecendo-se sinergias entre os diversos compartimentos onde
empreendimentos hidrelétricos estejam construídos ou planejados.

6.3. Sinergia de processos de desflorestamentos da bacia


hidrográfica

Extensas áreas de desflorestamento são observadas ao longo das vias de acesso na


bacia hidrográfica do Xingu e de seu entorno imediato. Assim, no compartimento
Corredor Transamazônico, verifica-se um processo de expansão desse
desflorestamento a partir do eixo de ocupação relacionado à rodovia Transamazônica
sobre os remanescentes florestais e sobre Terras Indígenas (TIs) e Unidades de
Conservação (UCs) que fazem parte do compartimento Continuum de Áreas
Protegidas, processo intensificado a partir de 2003-2004, aproximadamente. Outro
foco corresponde à estrada conhecida como Transiriri, que cruza a TI Cachoeira Seca
em direção ao rio Iriri (Figura 6-1).

Dada a dinamização que se antevê para o compartimento Corredor Transamazônico,


espera-se a manutenção e intensificação desse processo de desflorestamento nos
próximos anos e uma redução posterior, em decorrência da redução de estoques
florestais e do aumento de fiscalização e de governança.

Por outro lado, antevê-se a possibilidade de deslocamento de parte da população que


aflui ao Corredor Transamazônico para o compartimento Médio Xingu Pecuária,
atraídas pelas frentes de ocupação existentes. Como conseqüência, vetores de
desflorestamento existentes nesse trecho da bacia poderão ser intensificados. Estes
vetores se estendem em direção às TIs Trincheira Bacajá e Apyterewa, assim como
para oeste, na Área de Proteção Ambiental (APA) Triunfo e na Estação Ecológica (EE)
Terra do Meio.

ARCADIS Tetraplan 165


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Esse vetor, que parte do compartimento Médio Xingu Pecuária em direção oeste
(Terra do Meio), no compartimento Continuum de Áreas Protegidas, começa a se
ramificar para norte, passando pela EE Terra do Meio, em direção aproximada à
estrada conhecida como Transiriri, já no compartimento Corredor Transamazônico. Há
chances, portanto, de se estabelecer uma linha contínua desflorestada no sentido
norte sul, além da linha no sentido leste oeste, já em curso, interligando o que
atualmente se configuram como manchas isoladas de desflorestamento ao longo de
estradas não oficiais.

Dessa forma, o processo de desflorestamento, recrudescido pelo afluxo populacional


que se espera com a implantação do AHE Belo Monte, pela dinamização dos
municípios que compõem o Corredor Transamazônico e pela dispersão de população
atraída para o compartimento Médio Xingu Pecuária, poderá criar sinergias com o
processo em curso que se estabelece a partir desse último compartimento. Dessa
sinergia pode resultar a solução de continuidade do compartimento Continuum de
Áreas Protegidas, cuja principal característica, à parte a de ordem institucional
(proteção legal do território), corresponde justamente à continuidade territorial. Note-se
que essa característica tem garantido a integridade do maciço florestal até o momento.

ARCADIS Tetraplan 166


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Figura 6-1 Desflorestamento, Compartimentos – indicação das principais


interações

ARCADIS Tetraplan 167


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Além da possibilidade de ruptura do maciço florestal que marca o compartimento


Continuum de Áreas Protegidas, pode-se esperar a ampliação de pressões de
desflorestamento dentro da APA Triunfo. Caso não controlado, esse desflorestamento
poderá ultrapassar o limite previsto em lei (20% de cada propriedade, além da
manutenção de áreas de preservação permanente – APP). É importante assinalar que,
embora declarada Área de Proteção Ambiental (APA), esse trecho da bacia
hidrográfica está incluído em Área de Extrema Importância para a Conservação.

Pode-se esperar, portanto, uma sinergia entre a dinamização do compartimento


Corredor Transamazônico decorrente da implantação das obras do AHE Belo Monte e
o processo de pressão antrópica no compartimento Continuum de Áreas Protegidas a
partir de vetores do compartimento Médio Xingu Pecuária. Note-se que os diversos
níveis de restrição existentes no mosaico de áreas protegidas no compartimento
Continuum de Áreas Protegidas permitem sua parcial ocupação, desde que
obedecendo critérios de sustentabilidade ambiental.

Assim, a proximidade ao compartimento Corredor Transamazônico ao compartimento


Continuum de Áreas Legalmente Protegidas poderá assumir aspectos críticos
considerando justamente as características deste compartimento, que pressupõe sua
conservação. Conforme já explicitado, realidades distintas são, dessa forma,
confrontadas. Considerando o incremento populacional e econômico estimado pelos
cenários, pode-se esperar pressão de antropização, com impactos físicos bióticos
conforme tratado acima (principalmente acirrar vetores de desflorestamento) e
também social, considerando a presença de populações tradicionais, notadamente as
sociedades indígenas próximas ao corredor Transamazônico. Conforme apontado,
outros compartimentos que podem sofrer algum aumento de pressão de
desflorestamento devido à migração de população atraída pelas obras do AHE Belo
Monte, são Formações do Cachimbo e Alto Xingu Oeste, mas, se vier a ocorrer será
em escala reduzida. Note-se, entretanto, que estes setores da bacia estão também
sob Influência da BR-163 e sob uma dinâmica socioeconômica polarizada por Cuiabá
e Sinop. O mesmo pode ser considerado em relação ao compartimento Alto Xingu
Leste, que corresponde a uma área sob influência da BR–316 e sob influência do arco
de desflorestamento.

No que se refere à implantação das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), afora


interferências em UC de proteção integral (Reserva Biológica Nascentes da Serra do
Cachimbo, com a qual duas PCHs, quais sejam, Salto Curuá e Salto Buriti fazem
limite), não se antevêem inferências no compartimento Continuum de Áreas
Protegidas, nem recrudescimento de pressão de desflorestamento em decorrência da
implantação desses aproveitamentos.

Pode-se esperar também alteração nas condições limnológicas e de qualidade da


água do compartimento Médio Xingu Pecuária, pela atração populacional que o
empreendimento de Belo Monte deverá causar, com reflexos naquele compartimento,

ARCADIS Tetraplan 168


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e pela tendência de aumento do desflorestamento na região. Esses eventos interferem


nos recursos hídricos pela produção de efluentes domésticos, num quadro regional de
condições precárias de saneamento básico e pelo carreamento de sedimentos,
nutrientes e contaminantes aumentados pela exposição dos solos e pelos processos
erosivos.

Conforme sinalizado anteriormente, a fragmentação de cursos d´água nos


compartimentos onde se prevê implantação de PCHs pode interferir em movimentos
de peixes migradores, afetando populações de peixes a jusante, interferindo
localmente na oferta e na composição de recursos pesqueiros.

Em síntese, processos de desflorestamento, que fazem parte da dinâmica da bacia do


rio Xingu atualmente observada, poderão ser intensificados, promovendo sinergias
entre os diversos compartimentos, com destaque para o compartimento 1 Continuum
de Áreas Legalmente Protegidas, com riscos de fragmentação desse extenso mosaico
de áreas preservadas. Adicionalmente, efeitos decorrentes da fragmentação de cursos
d´água pela implantação de PCHs poderão afetar recursos pesqueiros local e
regionalmente.

ARCADIS Tetraplan 169


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

7. Diretrizes e Recomendações
O atual modelo de desenvolvimento adotado no Brasil reconhece as vantagens
comparativas decorrentes da abundância de recursos naturais, o que dá proeminência
aos segmentos da economia relacionados ao agronegócio e à mineração, que estão
entre os mais dinâmicos da economia paraense e mato-grossense.

Os setores prioritários do atual modelo de desenvolvimento são responsáveis por


grande parte do movimento do comércio externo e da geração de divisas, sendo assim
importantes para a estabilidade macroeconômica. A dinâmica do crescimento
econômico nacional permanece em parte concentrada nas cadeias de agronegócios e,
em menor medida, na de mineração.

Com esse perfil produtivo, a dinâmica de desenvolvimento, que tem tido um impacto
relevante sobre o meio ambiente, tem-se, ainda, a necessidade de ampliar a oferta de
energia elétrica.

É nesse contexto que deve se analisar a dinâmica de ocupação da bacia do rio Xingu,
caracterizada por diversos vetores de desflorestamento que se expandem tanto no
sentido de Norte para Sul, principalmente a partir do compartimento Corredor
Transamazônico em direção às Terras Indígenas e em Unidades de Conservação do
compartimento Continuum de Áreas Protegidas, assim como no sentido de Sul para
Norte, a partir dos compartimentos situados no extremo sul da bacia. Associam-se a
estes vetores, outros, exógenos à bacia, quais sejam, a partir do arco do
desflorestamento, que se dirige de leste para oeste, e a partir da BR-163, no sentido
contrário.

Em conjunto, esses vetores de desflorestamento pressionam as áreas limítrofes ao


Continuum de Áreas Protegidas e seu interior, em um processo de desflorestamento
em manchas e em linhas que gradativamente avançam e se associam. Conforme
avaliado ao longo deste estudo, essa dinâmica deverá ser intensificada com a
implantação dos AHEs e principalmente do AHE Belo Monte.

É fundamental, portanto, que sejam implementadas medidas para ordenar esse


processo de ocupação e reduzir a velocidade com que ocorre, notadamente
considerando a dinamização do processo de desflorestamento antevista.

Nesse sentido, uma recomendação importante é de que sejam implementadas


políticas que façam valer o mosaico de TIs e UCs que compõe o compartimento
Continuum de Áreas Protegidas da bacia do rio Xingu, principalmente das unidades de
conservação de uso sustentável, que bordejam esse continuum.

Reafirma-se que essa dinâmica não sustentável de ocupação da bacia do rio Xingu
está intrinsecamente associada ao modelo de desenvolvimento agropecuário e as
fragilidades de gestão dos governos, nas suas varias esferas, entre outros aspectos.
Por isso, a seguir, encontram-se endereçadas algumas recomendações que
extrapolam a governabilidade e âmbito de atuação do setor elétrico e se inscrevem no

ARCADIS Tetraplan 170


AAI – Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Xingu

espectro das políticas públicas, com a intenção de apresentar um leque de


“necessidades” que permita uma análise ampliada, ao mesmo tempo em que possa
sinalizar para ações prioritárias em outras esferas de governo.
Desse modo endereça-se a outras esferas de governo e também a representações da
sociedade civil que tenham atuação estratégica as seguintes recomendações:

Apoio aos Estados na elaboração dos Zoneamentos Ecológico-econômicos (ZEEs)

O projeto de lei que instituiu o ZEE no Brasil pretende consolidar o ordenamento


territorial rumo ao desenvolvimento sustentável, sendo que diferentes iniciativas vêm
sendo elaboradas, a maioria no nível macro-locacional, cuja consolidação depende de
mecanismos participativos. Impõe-se assim acelerar a finalização desses estudos e
uniformizar as legendas do ZEE nacional e estaduais. Cabe também uniformizar os
mecanismos de participação social e temas abordados de forma a garantir critérios
semelhantes na formulação do instrumento.

Destaque-se a necessidade de estudos que contemplem:

ƒ Análise da expansão da cadeia pecuária, tendo por base os Zoneamentos


Ecológico-econômicos dos Estados já usuários do respectivo instrumento, como a
Região Norte;
ƒ Análise da expansão da produção de grão, com destaque para a soja, tendo por
base os Zoneamentos Ecológico-econômicos dos Estados já usuários do
respectivo instrumento, com destaque à Região Centro-oeste;
ƒ Análise da expansão do setor sucroalcooleiro, tendo por base os Zoneamentos
Ecológico Econômico dos Estados já usuários do instrumento, com destaque para
as Regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Os diversos ZEEs estaduais devem ser compatibilizados entre si considerando os


demais instrumentos de política ambiental, com destaque para os instrumentos de
natureza econômica, de maneira a garantir que um determinado uso de um dado
espaço seja respeitado, entre outras inúmeras outras orientações.

Investimentos em projetos de tecnificação e uso sustentável da Floresta Amazônica -


Implementação de projetos de arranjos produtivos locais

Investimento em ciência, tecnologia e inovação no uso sustentável da floresta e nas


áreas já degradadas. Uso mais eficiente dos vários produtos da floresta, sendo que a
tecnificação da floresta não pode ocorrer somente por intermédio dos pequenos
produtores, há que se estabelecer arranjos produtivos que construam pontes mais
amplas, incluam empresas privadas com capacidade de fazer frente à competitividade
estabelecida no mercado global.

O aproveitamento da biodiversidade na região permite sua conservação de maneira


sustentável, mas ainda depende de um intenso esforço de conhecimento. As
indústrias farmacêuticas e a de biotecnologia são grandes demandantes desse
conhecimento científico. Além do trabalho de ponta utilizando os conhecimentos da
Ecologia Molecular para a indústria farmacêutica, há também grandes potencialidades

ARCADIS Tetraplan 171


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na exploração de produtos fitoterápicos e cosméticos. Assim faz-se necessário


consolidar a estrutura para a produção de conhecimento científico sobre a
biodiversidade.

Fortalecimento Institucional com enfoque matricial, envolvendo múltiplos entes com


reforço da Governança

Apoio aos diversos entes institucionais que tratam da biodiversidade dos vários
biomas, seja criando novas Unidades de Conservação (UCs), seja contribuindo para
implantar medidas preventivas e de repressão contra danos ou ameaças à
biodiversidade das UCs existentes. Tanto quanto essa ação for garantida, dando
chances para uma boa governança, tanto maior será o resultado da parceria, o que
significa que os programas de proteção da biodiversidade terão mais sucesso,
podendo refletir na conservação da Amazônia, do Cerrado entre outros biomas.

Trata-se da continuidade de apoio ao fortalecimento institucional dos órgãos


ambientais, tanto no nível federal, Ministério do Meio Ambiente e IBAMA, quanto na
esfera dos Estados e municípios, todos reconhecidamente com grandes dificuldades
de gestão. Apoio à formação dos Conselhos Municipais e Estaduais de Meio Ambiente
e Conselhos Gestores de Bacias e apoio ao fortalecimento e/ou recuperação das
prestadoras de serviços de saneamento, companhias estaduais de tratamento que não
se encontram em condições de avançar na implantação de tais serviços na extensão
necessária. Inclui-se também, a promoção da criação de Comitês de sub bacias e da
bacia do rio Xingu, no contexto do Plano Nacional de Recursos Hídricos, garantindo
sua efetiva atuação e representatividade.

Além do fortalecimento das estruturas institucionais, impõe-se a capacitação técnica e


gerencial dos gestores públicos e privados no cumprimento de suas atribuições
relativas ao tema ambiental, entre outras iniciativas em andamento. Sugere-se, por
exemplo, o Apoio ao Programa Nacional de Capacitação de Gestores e Conselheiros
do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente).

7.1. Diretrizes para o Setor Elétrico


A seguir, no âmbito de governabilidade do setor elétrico, são apresentadas diretrizes
para o setor, de ordem geral e específica e por compartimento, quando pertinente.

1- Quanto ao aproveitamento hidrelétrico do rio Xingu – resultados do Inventário


hidrelétrico

Compartimento 3 – Corredor Transamazônico

(i) Reforçar a decisão do Inventário Hidrelétrico atualmente vigente e referendada pela


Resolução do CNPE nº 06/08 de não construir novos aproveitamento hidrelétricos no
rio Xingu, além do AHE Belo Monte, considerando as peculiaridades da bacia
hidrográfica, depositária de grande diversidade socioambiental.

Justifica-se essa diretriz devido aos resultados do Estudo de Atualização de Inventário


do rio Xingu, que apontou como econômica e ambientalmente viável a alternativa que
considera apenas o AHE Belo Monte. As demais alternativas estudadas foram

ARCADIS Tetraplan 172


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descartadas devido aos impactos gerados pelo conjunto de aproveitamentos,


considerados, na última revisão, muito elevados, notadamente no que se refere às
interferências em comunidades indígenas e aos ecossistemas aquáticos.

(ii) No caso do AHE Belo Monte, tendo em vista o regime de operação da usina e suas
implicações sobre os aspectos socioambientais, efetivar mecanismos de
acompanhamento público das regras operativas, notadamente no que se refere ao
hidrograma ecológico proposto pelos estudos de impacto ambiental no processo de
licenciamento ambiental.

(iii) integrar a implantação do AHE Belo Monte e de seus programas e ações


socioambientais a um plano de desenvolvimento regional, dada a dinamização
socioeconômica esperada e o crescimento populacional previsto.

2- Quanto ao aproveitamento hidrelétrico dos demais cursos d água da bacia do rio


Xingu

Compartimento 1 - Continuum de Áreas Legalmente Protegidas

(i) Limitar a prospecção de potenciais aproveitamentos de pequeno porte (pequenas


centrais hidrelétricas ou mini hidrelétricas), privilegiando-se somente aqueles para auto
consumo, tendo em vista a preservação do continuum vegetacional que caracteriza
esse compartimento e a observância da política conservacionista adotada para esse
setor da bacia hidrográfica.

Compartimentos 4 - Médio Xingu Pecuária, 6 - Alto Xingu Leste, 7 - Alto Xingu


Oeste e 8 - Xingu Meridional

(i) Os empreendedores dos aproveitamentos hidrelétricos deverão desenvolver


programa de Comunicação Social específicos para populações indígenas lindeiras ou
existentes nos compartimentos 5, Formações do Cachimbo; 6, Alto Xingu Oeste e; 8,
Xingu Meridional, visando a disponibilização a essas populações de informações
referentes às obras previstas nesses trechos da bacia hidrográfica, seus impactos e
programas ambientais, de modo a minimizar o sentimento de insegurança dessas
comunidades e a possibilidade de eventuais conflitos;

(ii) Realizar estudos de Inventário para aproveitamentos hidrelétricos de pequeno porte


considerando-se impactos socioambientais. A realização de inventários em sub bacias
para implantação de pequenos aproveitamentos hidrelétricos permite o planejamento
da inserção destes de maneira ambientalmente sustentável, bem como a avaliação
prévia de impactos cumulativos e eventuais sinergias;

(iii) Respeitar a manutenção de trecho mínimo de rio entre aproveitamentos. Esse


trecho mínimo deve ser definido de maneira a que pelo menos um grande afluente em
cada margem permaneça livre de barramentos, permitindo a movimentação de peixes.
Essa diretriz deve ser observada no Inventário Hidrelétrico, tendo em vista a
manutenção da diversidade de peixes e a sustentabilidade dos recursos pesqueiros;

ARCADIS Tetraplan 173


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(iv) Realizar estudos da ictiofauna e de ovos e larvas, contemplado amostragens ao


longo de um ciclo hidrológico completo como parte do Inventário Hidrelétrico de PCHs
para subsidiar formas de mitigação de impactos sobre a fauna de peixes;

(v) Estabelecer um protocolo de procedimentos em conjunto com FUNAI para


tratamento da questão indígena quando do licenciamento de PCHs da bacia do rio
Xingu. Esse protocolo deve incluir a possibilidade de reuniões para negociação com
cada etnia e aldeia afetada, de modo a tornar os indígenas visíveis e participantes no
processo de determinação das características de cada empreendimento. O mesmo se
aplica às demais comunidades tradicionais.

(vi) Estimular a articulação entre os agentes e empreendedores do setor elétrico no


sentido de garantir a gestão integrada dos programas ambientais relacionados aos
aproveitamentos hidrelétricos de pequeno porte que venham a ser instalados na
mesma sub bacia. Justifica-se essa diretriz uma vez que a implantação de sucessivos
aproveitamentos implica desenvolvimento de estudos e implementação de programas
ambientais similares em vários trechos desse espaço territorial. O planejamento
dessas ações e a padronização de procedimentos propiciarão a organização de banco
de dados, a otimização de recursos e a comparabilidade dos dados gerados;

Dessa forma, devem-se definir procedimentos metodológicos, padrões e critérios


uniformes para o desenvolvimento de estudos de licenciamento ambiental, programas
de monitoramento, etc, tendo em vista garantir sua comparabilidade.

3 - Geral para a bacia hidrográfica

(i) Considerando-se a insuficiência de dados, apoiar a elaboração de macro estudo


referencial sobre ictiofauna, de longo prazo, contemplando vários ciclos hidrológicos,
com apoio de universidades, sobre a dinâmica das comunidades de peixes da bacia
hidrográfica, mapeamento das rotas migratórias e de áreas de endemismos, tendo em
vista obter uma visão abrangente e propor medidas voltadas à sustentabilidade da
ictiofauna da bacia hidrográfica, visando a manutenção da diversidade das espécies
de peixes e dos estoques pesqueiros;

(ii) Considerando também a insuficiência de dados, apoiar a implantação de um plano


de monitoramento da qualidade da água da bacia envolvendo os órgãos ambientais e
de gerenciamento de recursos hídricos dos Estados do Pará e Mato Grosso e órgãos
federais de mesma natureza, com apoio de universidades e outras entidades
interessadas na bacia, com o objetivo de acompanhar e avaliar as alterações
ocasionadas pelos barramentos dos rios, juntamente com o aporte de sedimentos e de
potenciais cargas poluidoras. Importante implantar uma rede integrada de
monitoramento para alimentar a efetiva gestão dos recursos hídricos, estabelecendo
uma base de dados para apoio a ações de planejamento e de intervenções na bacia;

(iii) Incentivar a criação de Comitês de sub bacias e da bacia do rio Xingu, no contexto
do Plano Nacional de Recursos Hídricos, contribuindo nas diversas etapas do
processo. Uma vez criado, garantir representatividade do setor elétrico e dos
empreendedores atuantes na bacia.

ARCADIS Tetraplan 174


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8. Referências Bibliográficas
APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO (AHE) BELO MONTE – Estudo de Impacto
Ambiental (EIA). LEME Engenharia Ltda, 2008.

ARNAUD, E. A expansão dos índios Kayapó-Gorotire e a ocupação nacional


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ARCADIS Tetraplan 182


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Anexo I. Matriz de Simulação

ARCADIS Tetraplan 183


Físico - biótico (impactos negativos) Socioeconomia (impactos positivos)
Critério de Classificação - Distribuição
1 1 1 1 1 1 1 1
Seleção
Identificação Perda e
CodIBGE Controle Municípios Municípios Perda de Alteração na Intensidade dos Intensidade dos
Empreendimento Fragmentação de Depreciação da Fator Impactante Fator Impactante
Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento c/Usinas potencial qualidade da impactos físico- Impactos
Hábitats ictiofauna ∆VA ∆QPM
mineral água bióticos Socioeconomia
Terrestres
1500347 1 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Água Azul do Norte 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1500602 2 SB Baixo Xingu Rio Xingu Corredor Transamazonico Altamira 1 UHE Belo Monte 4 16 16 16 52 16 16 16
1500859 3 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Anapu 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1501253 4 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Bannach 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1501725 5 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Brasil Novo 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1502764 6 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Cumaru do Norte 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1503101 7 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Gurupá 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1503606 8 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Itaituba 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1504208 9 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Marabá 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1504455 10 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Medicilândia 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1504505 11 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Melgaço 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1505031 12 SB Rio Curuá Rio Curuá Formações Caximbo Novo Progresso 0,25 PCH Salto Buriti 0,25 4 1 0,25 5,5 0 0 0
1505031 12 SB Rio Curuá Rio Curuá Formações Caximbo Novo Progresso 0,25 PCH Salto Curuá 0,25 4 1 0,25 5,5 0 0 0
1505031 12 SB Rio Curuá Rio Três de Maio Formações Caximbo Novo Progresso 0,25 PCH Três de Maio 0,25 1 1 0,25 2,5 0 0 0
1505064 13 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Novo Repartimento 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1505437 14 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Ourilândia do Norte 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1505536 15 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Parauapebas 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1505551 16 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Pau d'Arco 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1505650 17 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Placas 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1505809 18 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Portel 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1505908 19 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Porto de Moz 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1506005 20 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Prainha 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1506138 21 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Redenção 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1506161 22 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Rio Maria 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1506195 23 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Rurópolis 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1506583 24 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Santa Maria das Barreiras 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1506708 25 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Santana do Araguaia 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1507300 26 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento São Félix do Xingu 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1507805 64 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Senador José Porfírio 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1508050 27 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Trairão 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1508084 28 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Tucumã 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1508159 29 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Uruará 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
1508357 30 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Vitória do Xingu 1 0 0 0 0 0 0 16 16 0
1507805 31 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Senador José Porfírio 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5100201 32 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Água Boa 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5100359 33 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Alto Boa Vista 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5102603 34 SB Rio Culuene Culuene Xingu meridional Campinápolis 0,25 PCH Paranatinga II 0 0 0 0 0 4 0 4
5102603 34 SB Rio Culuene Culuene Xingu meridional Campinápolis 0,25 PCH Paranatinga I 0 0 0 0 0 4 0 4
5102694 35 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento CanaBrava do Norte 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5102702 36 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Canarana 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5103056 37 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Cláudia 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5103353 38 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Confresa 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5103700 39 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Feliz Natal 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5103858 40 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Gaúcha do Norte 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5104104 41 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Guarantã do Norte 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5104559 42 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Itaúba 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5105580 43 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Marcelândia 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5105606 44 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Matupá 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5106208 45 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Nova Brasilândia 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5106240 46 SB Von Den Steien Von Den Steien Alto Xingu Oeste Nova Ubiratã 0,25 PCH ARS 0,25 1 1 0,25 2,5 2 0 2
5106257 47 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Nova Xavantina 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5106307 48 SB Rio Culuene Ronuro Xingu meridional Paranatinga 0,25 PCH Ronuro 0 0 0 0 0 3 0 3
5106307 48 SB Rio Culuene Culuene Xingu meridional Paranatinga 0,25 PCH Culuene 0 0 0 0 0 3 0 3
5106307 48 SB Rio Culuene Culuene Xingu meridional Paranatinga 0,25 PCH Paranatinga II 0,25 0,5 4 0,5 5,25 3 0 3
5106307 48 SB Rio Culuene Culuene Xingu meridional Paranatinga 0,25 PCH Paranatinga I 0,25 0,5 4 0,5 5,25 3 0 3
5106422 49 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Peixoto de Azevedo 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5106455 50 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Planalto da Serra 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5106778 51 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Porto Alegre do Norte 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5107040 52 SB Rio Culuene Culuene Xingu meridional Primavera do Leste 0,25 PCH Culuene 0,25 0,5 4 0,25 5 0 0 0
5107065 53 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Querência 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5107180 54 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Ribeirão Cascalheira 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5107248 55 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Santa Carmem 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5107354 56 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento São José do Xingu 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5107776 57 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Santa Terezinha 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5107859 58 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento São Félix do Araguaia 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5107909 59 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Sinop 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5107925 60 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Sorriso 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5108303 61 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento União do Sul 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5108501 62 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Vera 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5108600 63 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Vila Rica 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5101852 65 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Bom Jesus do Araguaia 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5106174 66 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Nova Nazaré 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5106190 67 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Nova Santa Helena 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5107743 68 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Santa Cruz do Xingu 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
5107792 69 Sub Bacia Hidrográfica Rio Compartimento Santo Antônio do Leste 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Total 1 11 62 80 25 178 38 0 38
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Anexo II. Matriz de Atores Sociais – AAI do Xingu


ÂMBITO FEDERAL

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social)

Competências nas áreas de geologia, recursos


minerais e energéticos; aproveitamento da
Ministério de Minas
Pública Federal energia hidráulica; mineração e metalurgia; e
e Energia - MME
petróleo, combustível e energia elétrica, incluindo
a nuclear.
Endereço: Esplanada dos Ministérios Bloco "U" - CEP. 70.065-900 Brasília-DF BRASIL
Telefone: (61) 319-5555 - www.mme.gov.br – Ministro Silas Rondeau Cavalcanti Silva
Competência na política nacional do meio
ambiente e dos recursos hídricos; política de
preservação, conservação e utilização
Ministério de Meio sustentável de ecossistemas, e biodiversidade e
Pública Federal
Ambiente - MMA florestas; proposição de estratégias, mecanismos
e instrumentos econômicos e sociais para a
melhoria da qualidade ambiental e do uso
sustentável dos recursos naturais.
Endereço: Esplanada dos Ministérios, Bloco B, 5º andar sala 500 CEP: 70068-900 - Brasília – DF –
Tel.: (61) 4009-1057/1058/1289 - www.mma.gov.br – Ministro Carlos Minc
MMA no Pará – End. Trav. Lomas Valentinas, 2717 – Marco – CEP 66.095-770 Belém/PA/Brasil – Tel.:
(91) 3184.3327
Missão - proporcionar condições favoráveis para
Agência Nacional de
que o desenvolvimento do Mercado de Energia
Energia Elétrica – Pública Federal
Elétrica ocorra com equilíbrio entre os Agentes e
ANEEL
em benefício da Sociedade.
Endereço - Superintendência de Mediação Administrativa Setorial - (SGAN), quadra 603, módulo J,
1o andar, CEP-70830-030, Brasília - Distrito Federal - www.aneel.gov.br – (61) 2192-8600
Criar condições técnicas para implementar a Lei
das Águas, promover a gestão descentralizada e
participativa, em sintonia com os órgãos e
entidades que integram o Sistema Nacional de
Agência Nacional de
Pública Federal Gerenciamento de Recursos Hídricos, implantar
Águas - ANA
os instrumentos de gestão, a outorga preventiva
e de direito de uso de recursos hídricos, a
cobrança pelo uso da água e a fiscalização
desses usos.

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social)

Endereço - Setor Policial - Área 5 - Quadra 3 Blocos B, L e M - CEP 70.610-200 - Brasília - DF


www.ana.gov.br – (61) 2109-5252 / 5129

Ministério Público
Pública Federal
Federal

Dr. Álvaro Lotufo Manzano e-mail: amanzano@prto.mpf.gov.br Tel: (63) 3219 7214, Dr. Adrian Pereira
Ziemba e-mail: adrianz@prto.mpf.gov.br Tel: (63) 3219 7202
Órgão executivo do Ministério da Saúde, é uma
das instituições do Governo Federal responsável
Fundação Nacional em promover a inclusão social por meio de ações
Pública Federal
de Saúde - FUNASA de saneamento. A FUNASA é também a
instituição responsável pela promoção e proteção
à saúde dos povos indígenas.
Endereço: SAS - Q4 - Bl "N" - 6º andar - Gabinete- Ala Norte - Brasília/DF CEP: 70070-040
Telefones: (61) 3314 6466 / 6619 - www.funasa.gov.br – Dr. Jose Raimundo Machado
Sua missão é viabilizar soluções para o
Empresa Brasileira desenvolvimento sustentável do espaço rural,
de Pesquisa com foco no agronegócio, por meio da geração,
Pública Federal
Agropecuária - adaptação e transferência de conhecimentos e
EMBRAPA tecnologias, em benefício dos diversos
segmentos da sociedade brasileira.
Endereço: Parque Estação Biológica - PqEB s/n°. - Brasília, DF - Brasil - CEP 70770-901
Telefone: (61) 3448-4433 - Fax: (61) 3347-1041 - www.embrapa.br – Diretor Silvio Crestana
Representante em Belém – Ricardo – fone: 91 – 3204.1105
Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e Responsável por formular, coordenar, executar e
dos Recursos fazer executar a Política Nacional de Meio
Naturais Pública Federal Ambiente e da preservação, conservação e uso
Renováveis – racional, fiscalização, controle e fomento dos
IBAMA recursos naturais renováveis.

Endereço: Avenida Tancredo Neves 2501 – Campus da UFRA – fone: (91) 3274.1237 – Belém - Pará
– Contato: Italo José Araruna Vieira - www.ibama.gov.br
Estabelece e executa a Política Indigenista de
forma a promover a prestação de assistência
Fundação Nacional médico – sanitária e educação básica aos índios;
Pública Federal demarcar, assegurar e proteger as terras por eles
do Índio - FUNAI
tradicionalmente ocupadas; atua, ainda, na
defesa dos interesses indígenas, de sua cultura,
de suas terras, de suas riquezas naturais e o

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social)

equilíbrio tribal ante a sociedade nacional.

Telefone: (62) 3545-9162 ou 9241.9049- www.funai.gov.br – SEPS Quadra 702/902 Projeção A, ed.
Lex
70.390-025 - Brasília/DF, T.: (61) 3313-3500

Instituto Nacional
Órgão responsável pela execução da reforma
de Colonização e
Pública Federal agrária e pela promoção, coordenação e controle
Reforma Agrária –
da questão fundiária no País.
INCRA

www.incra.gov.br – Superintendente José Roberto Ribeiro


Endereço: Rodovia Murucutum S/ N Souza CEP: 66.610-120 BELÉM/PA
O Instituto Socioambiental (ISA) é uma
associação sem fins lucrativos, qualificada como
Organização da Sociedade Civil de Interesse
Público (Oscip). O ISA incorporou o patrimônio
Organização material e imaterial de 15 anos de experiência do
Instituto da Sociedade Programa Povos Indígenas no Brasil do Centro
Socioambiental - Civil de Federal Ecumênico de Documentação e Informação
ISA Interesse (PIB/CEDI) e o Núcleo de Direitos Indígenas
Público (Oscip) (NDI) de Brasília. Ambas, organizações de
atuação reconhecida nas questões dos direitos
indígenas no Brasil.

Endereço Sede São Paulo: Avenida Higienópolis, 901 - Higienópolis - São Paulo – CEP: 01238-001
Tel: 0 xx 11 3515-8900, Fax: 0 xx 11 3515-8904 / 3515-8922, isa@socioambiental.org
Sergio Mauro Santos Filho (Sema) - Secretário Executivo
O Greenpeace é uma organização global e
independente que atua para defender o meio
ambiente e promover a paz, inspirando as
pessoas a mudarem atitudes e comportamentos.
Organização Investigando, expondo e confrontando crimes
Greenpeace Brasil Não Internacional ambientais, desafiamos os tomadores de decisão
Governamental a reverem suas posições e mudarem seus
conceitos. Também defendemos soluções
economicamente viáveis e socialmente justas,
que ofereçam esperança para esta e para as
futuras gerações.

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social)

Rua Alvarenga, 2331, Butantã, São Paulo / SP - CEP: 05509-006, Tel.: +55 11 3035-1155 / Fax: +55
11 3817-4600
Sua missão é representar as organizações
Organização filiadas e promover a participação e os interesses
Grupo de Trabalho
Não Regional da sociedade civil, prioritariamente das
Amazônico – GTA
Governamental comunidades de base, no processo de
desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal.
Endereço: SAIS – Canteiro Central do Metrô, Lote 8, Galpão 1, CEP: 70610-000, Brasília-DF –
www.gta.org.br
Tel/Fax: (62) 346-7048
A história tem sido marcada pela resistência na
terra, luta pela natureza preservada e pela
construção de um Projeto Popular para o Brasil
Movimento dos Organização que contemple uma nova Política Energética
Atingidos por Não Federal justa, participativa, democrática e que atenda os
Barragens - MAB Governamental anseios das populações atingidas, de forma que
estas tenham participação nas decisões sobre o
processo de construção de barragens, seu
destino e o do meio ambiente.
Endereço: HIGS Quadra 705, Asa Sul, Bloco K, Casa 11, Brasília / DF, CEP: 70350-711
Tel/Fax: (61) 3242-8535 - www.mabnacional.org.br – Membro diretor Josivaldo Alves de Oliveira
Cirineu mabamazonia@yahoo.com.br
Congrega instituições da sociedade civil que
atuam na promoção do desenvolvimento
sustentável e na conservação do Cerrado. São
Rede Cerrado de mais de 300 entidades identificadas com a causa
Rede Federal
ONGs no Cerrado, que representam trabalhadores/as
rurais, extrativistas, indígenas, quilombolas,
geraizeiros, quebradeiras de coco, pescadores,
ONGs, entre outros.
Endereço: SCLN - 107 - Bloco B - sala 206 - Setor Comercial - Brasília/DF – CEP: 70743-520
Fone: (61) 3274 7789 - http://www.redecerrado.org.br
É uma entidade que tem por finalidade congregar
Associação pessoas físicas e jurídicas ligadas ao
Brasileira de Entidade de planejamento e à gestão dos recursos hídricos no
Federal
Recursos Hídricos - classe Brasil. Desenvolve ações de caráter técnico-
ABRH científico, espinha dorsal da sua atuação,
jurídico-institucional e social.
DF: Representante Oscar de M. Cordeiro Neto – Endereço: ENC/FT, Campus UnB. Asa Norte. CEP:
70919-900. Brasília - DF Tel: (61) 2109-5159

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social)

www.abrh.org.br
Desenvolve atividades de apoio à pesquisa,
legislação e políticas públicas, educação
Organização ambiental e comunicação. Além disso, há
WWF – Brasil Não Federal também projetos de viabilização de unidades de
Governamental conservação, por meio do estímulo a alternativas
econômicas sustentáveis envolvendo e
beneficiando comunidades locais.
SHIS EQ QL 6/8 Conjunto E CEP: 71620-430, Brasília/DF Tel: (61) 3364-7400 Fax: (61) 3364-7474 -
www.wwf.org.br / Diretor: Eduardo de Souza Martins
BNDES Banco
Nacional de Apoiar empreendimentos que contribuam para o
Pública . Federal
Desenvolvimento desenvolvimento do país
Econômico e Social
Fábio Contente Biolcati Rodrigues
Cargo: Chefe do Posto Avançado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES
End.: Travessa Quintino Bocaiúva, 1588 Bairro: Nazaré CEP: 66035-190 Cidade: Belém Estado: PA
Tel.: (91) 4009-4870 Fax: (91) 4009-4876 / 4877 E-mail: bndes@fiepa.org.br
Instituto Brasileiro
de Geografia e Retratar o Brasil com informações necessárias ao
Estatística IBGE Pública . Federal conhecimento da sua realidade e ao exercício da
cidadania

Antônio José de Souza Biffi


Cargo: Chefe Regional Norte do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE
End.: Avenida Serzedelo Corrêa, 331 - Ed. Felizardo Dias Bairro: B. Campos
CEP: 66025-240 Cidade: Belém Estado: PA
Tel.: (91) 3202-5639 Geral: 3202-5623 Fax: (91) 3202-5641 E-mail: biffi@ibge.gov.br

Força Sindical Lutar pela qualidade de vida e o bem-estar


Pública. Estadual
social.

Andir Manoel Cardoso Cardias


Cargo: Presidente da Força Sindical
End.: Rodovia BR 316, km 0 – Rua Mariano, 20 Bairro: Castanheira. CEP: 66610-540 Cidade: Belém -
PA
Tel.: (91) 3231-3059 Fax: (91) 3231-3059

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

ESTADO DO MATO GROSSO

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social)

Secretaria de
Estado de Meio Pública Estadual
Ambiente

Palácio Paiaguás, Rua C, CEP 78050-970 - Cuiabá - Mato Grosso - Brasil. Tel.: (65) 3613-7200

Secretaria de
Coordenar e dar suporte à formulação das
Estado de
Pública Federal políticas públicas objetivando o desenvolvimento
Planejamento e
sustentável do Estado de Mato Grosso.
coordenação Geral
Centro Político Administrativo - CPA - Cuiabá - MT
CEP : 78.050-970 Telefone: (65) 3613-3281 Ouvidoria 3613-3275 Fax: (65) 3613-3234
Atividades concernentes à organização da
estrutura fundiária, à distribuição sobre as terras
públicas e devolutas, ao reconhecimento das
Instituto de Terras
posses legítimas, à alienação das terras de seu
do Estado do Mato Pública Estadual
domínio, ao exercício das diversas formas de
Grosso
aquisição de terras, à promoção do processo
discriminatório administrativo de acordo com a
legislação vigente.
Centro Político Administrativo - CPA - Rua B - Edifício Ceres, 1º Andar - Cuiabá - MT
CEP : 78.050-970 Telefone: (65) 613-6100 Fax: (65) 613-6135
Tem como missão contribuir de forma
participativa para o desenvolvimento rural
Secretaria de
sustentado, centrado no fortalecimento da
Estado de
Pública Estadual agricultura familiar, por meio de processos
Desenvolvimento
educativos que assegurem a construção do pleno
Rural – SEDER
exercício da cidadania e melhoria da qualidade
de vida.
Centro Político Administrativo – CPA – Rua 02, s/nº Ed. Ceres, 3º Andar – CEP 78058-250 – Cuiabá –
MT, TEL: (65) 3613-6200 / Fax: (65)3613-6207, e-mail: seder@seder.mt.gov.br.
Missão de se tornar um diferencial na educação
Universidade
e no desenvolvimento de pesquisas e projetos
Federal do Mato Pública Federal
inseridos no contexto socioeconômico e cultural
Grosso
do Estado.
Avenida Fernando Corrêa, s/nº Coxipó Cuiabá-MT 78060-900
Fone/PABX: +55 (65) 3615-8000 / FAX: +55 (65) 3628-1219

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social)

Articulação Nacional de Agroecologia – Região


Amazônica (ANA/AMA) foi pensada a partir da
Rede de necessidade de se criar canais de diálogo,
Informações capacitação e informação envolvendo diversas
Rede Regional
Agroecológicas da organizações da Amazônia, de forma que
Amazônia - RIAA incluísse desde organizações de apoio e
assessoria como de produtores familiares
(associações, sindicatos e cooperativas).
Endereço: Rua 6, quadra 3, casa 18, Monte Verde, Cáceres - 78200-000 – MT
Telefone: (65)3223-4461 http://www.agroecologiaemrede.org.br/
O GTA-MT atua como Agência Implementadora
do Programa Comunidades Tradicionais da
Coordenadoria de Agro-extrativismo do ministério
do Meio Ambiente onde acompanha o
desenvolvimento de 15 projetos agroextrativistas
em 11 municípios do estado de Mato Grosso;
Projeto de Fortalecimento da Participação Social
no Plano BR 163 Sustentável-PROFOR 163;
O GTA -MT é uma das instituições responsáveis
GTA Mato
Rede ONGs Regional pela coordenação executiva responsável pelas
Grosso/MT
ações do Pólo Cuiabá e adjacências do projeto
PROFOR 163 que tem como objetivo fortalecer a
participação da sociedade civil organizada, dos
movimentos sociais e da população local na
concepção, execução, monitoramento e
avaliação do Plano BR 163 Sustentável, bem
como das demais políticas públicas a serem
implantadas na área de influência da rodovia
Cuiabá- Santarém.
Secretaria Executiva - Endereço: Rua Carlos Gomes, 020- Araés
CEP: 78.005-260- Cuiabá-MTEmail da regional: gta.mt@terra.com.br / Secretário(a) Executivo: Deroní
Mendes
Fone: 65-3622-4094
E-mail: deroni.gta@terra.com.br
Desenvolve trabalho de base junto aos povos da
terra e das águas através da convivência,
promoção, apoio, acompanhamento e assessoria
nos seus processos coletivos de conquista dos
CPT / MT Privada Federal
direitos e da terra, de produção sustentável; nos
seus processos de formação integral e
permanente e na divulgação de suas vitórias e no
combate das injustiças.

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social)

Rua Amambaí, 160, Setor Alvorada. Cuiabá, MT. CEP 78048-460. Fone: (65) 3621 -3068. Fax: (65)
3621 -2942.
E-mail: cptmt@terra.com.br
O CIMI é um organismo vinculado à CNBB -
Conselho Organização Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que,
Indigenista não Regional em sua atuação missionária, conferiu um novo
Missionário – CIMI Governamental sentido ao trabalho da igreja católica junto aos
povos indígenas.
Cimi Regional Mato Grosso; Conselheiro: Gilberto Vieira dos Santos
Rua dos Nambikuara, 32; Santa Helena - Caixa Postal 147; Cuiabá - MT - CEP 78005-970
Telefone: 65-3621- 9095 - Fax: 65-3621-6548 E-mail: cimimt@terra.com.br www.cimi.org.br

ESTADO DO PARÁ

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social).

Responsável por preservar a diversidade das


contribuições dos diferentes elementos que
compõem a sociedade brasileira e seus
Instituto Patrimônio
ecossistemas. Esta responsabilidade implica em
Histórico e Artístico Pública Federal
preservar, divulgar e fiscalizar os bens culturais
Nacional - IPHAN
brasileiros, bem como assegurar a permanência
e usufruto desses bens para a atual e as futuras
gerações.
Dirigente: Maria Dorotéa de Lima, Endereço: Av. Governador José Malcher, 563 – Nazaré CEP:
66.035-100 - Belém-PA,
Tel.: (91) 3224-1825/3224-0699, e-mail: 2sr@iphan.gov.br

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social).

Atua por meio de experiências demonstrativas,


produção de conhecimentos científicos e da
Instituto de orientação acadêmica de estudantes de
Organização
Pesquisas graduação e de pós-graduação. As pesquisas e
Não Regional
Ambientais da projetos demonstrativos de manejo fornecem a
Governamental
Amazônia - IPAM base necessária para atividades de extensão e
educação e servem como subsídios para
contribuir para as políticas ambientais.
Avenida Nazaré 669 - CEP: 66035-170
Belém, Pará, Brasil
Tel./Fax: (55) (91) 3283-4343.
É uma organização sem fins lucrativos, situada
na Região da Transamazônica, com sede no
município de Altamira, Oeste do Estado do Pará;
foi fundada em 1991 pela iniciativa das
organizações camponesas, movimentos
pastorais e populares urbanos e de educadores
da Rodovia Transamazônica e do Rio Xingu, mas
sua atuação enquanto movimento social
FVPP – Fundação organizado ocorre desde a primeira metade da
Fundação sem década de 80 do século passado, após o
Viver Produzir Regional
fins lucrativos abandono do projeto de colonização da região
Preservar
pelo governo federal.
A FVPP tem uma função aglutinadora de
formulação de políticas públicas para região.
Desde sua fundação, se mantém articulada com
os movimentos mais avançados da Amazônia e
do país, na proposição e execução de projetos
identificados com uma visão sustentável de
desenvolvimento.
Sede: Rua Anchieta, 2092, Centro, Altamira – Pará. CEP: 68371 – 190 . Fone - fax: (93) 3515
2406 / 3013.
Anexo: Rua Acesso 8, 884, Sudam I, Altamira – Pará. CEP: 60370-000. Fone: (93) 3515 – 1453.
E-mail: fvpp@fvpp.org.br - www. fvpp.org. br
O Movimento pelo Desenvolvimento da
Transamazônica e Xingu (MDTX) é um
MTDX – Movimento Movimento composto por 113 Entidades, entre
pelo Organização elas: Sindicatos Rurais e Urbanos, Associações
Desenvolvimento da Não Regional de Produtores, Cooperativas de Agricultores,
Transamazônica e Governamental Movimento de Mulheres / Cidade e Campo,
Xingu FETAGRI\Regional, GTA\Altamira, Grupos de
Jovens, Pastorais Sociais e Religiosas, criados
no curso de 30 anos de colonização, com o

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social).

intuito de lutar pelo Desenvolvimento Sustentável


da Região.

fvpp@amazon.com.br
O CNPT tem uma estrutura funcional de co-
gestão entre representantes das Populações
Tradicionais, Organizações não Governamentais
e Órgãos do Governo Federal e Estadual
(Conselho Nacional dos Seringueiros - CNS ;
Movimento Nacional dos Pescadores –
Centro Nacional de
MONAPE; Grupo de Trabalho Amazônico - GTA ;
Desenvolvimento
Rede de ONGs da Mata Atlântica; Instituto de
Sustentado das Federal
Estudos Sócio Econômicos – INESC;
Populações
Coordenação das Organizações Indígenas da
Tradicionais (CNPT)
Amazônia Brasileira – ColAB; Centro de
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil –
CAPOIB; Comissão de Defesa do Consumidor,
Meio Ambiente e Minorias da Câmara Federal;
Programa Comunidade Solidária; Divisão de
Projetos Especiais - INCRA
cnpt.sede@ibama.gov.br
Instância máxima de articulação dos povos e
Coordenação das organizações indígenas da Amazônia Brasileira,
Organizações Organização reúne hoje na sua base política 75 organizações
Indígenas da Não Regional e 165 povos indígenas, estimula e acompanha a
Amazônia Brasileira Governamental criação de outras organizações, visando a
- COIAB expansão e o fortalecimento do movimento
indígena.
Endereço: Avenida Ayrão 235, Bairro: Presidente Vargas - Cep: 69025-290 - Manaus - Amazonas
Telefone: (92) 233-0749 Fax: 233-0209 - www.coiab.com.br – Coordenador Jecinaldo Barbosa Cabral.
Tem como missão promover a conservação do
PEQUI - Pesquisa e Organização Cerrado, seja com resultados científicos, seja
Conservação do Não Regional com ações políticas. Somos todos envolvidos
Cerrado Governamental com a causa ambientalista em suas diversas
áreas
Endereço: SCLN 113 bloco B sala 109, Brasília-DF. Cep: 70763-520 - Telefone: (61) 3037-7876
www.pequi.org.br – diretora Isabel Belloni Schmidt

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social).

Movimento Nacional Organização


de Pescadores - Não Federal
MONAPE Governamental

Endereço: Rodovia Augusto Monteiro,KM 07 Parque Verde-CEPLAC 1º Bloco - Belém/PA - CEP


66.635-110 - e-mail: alcides_663@hotmail.com - Telefone: (91) 3268-5429 - (91) 9995-1853 -
Secretário José Alcides B. dos Santos – monape@amazon.com.br
Prestam assessoria a movimentos sociais,
sindicatos e organizações de trabalhadores
urbanos e rurais.
Federação de Busca a construção de uma sociedade
Organização
Órgãos Para democrática através de uma alternativa de
Não Federal
Assistência Social e desenvolvimento que contemple a inclusão social
Governamental
Educacional - FASE com justiça, a sustentabilidade do meio ambiente
e a universalização dos direitos sociais,
econômicos, culturais, ambientais, civis e
políticos.
Endereço: Rua Bernal do Couto No 1329, Umarizal CEP: 66.055.080 Belém/PA. Fone: (91) 4005-3773
- www.fase.org.b – diretor Jorge Eduardo Saavedra Durão
Representativa do poder municipal na área
Associação
ambiental, com o objetivo de fortalecer os
Nacional de Órgãos Organização
Sistemas Municipais de Meio Ambiente para
Municipais de Meio Não Federal
implementação de políticas ambientais que
Ambiente - Governamental
venham a preservar os recursos naturais e
ANAMMA
melhorar a qualidade de vida dos cidadãos.
Endereço: Trav. Quintino Bocaiúva, 2078, Cremação, CEP 66045-580 – Belém/PA – (91) 3242-0090
Vice Presidente da Regional Norte Sra. Sylvia Christina Souza de Oliveira Santos
Associação Promover o intercâmbio entre entidades que
Brasileira de buscam a ampliação da cidadania, a constituição
Organizações Não- Rede Federal e expansão de direitos, a justiça social e a
Governamentais - consolidação de uma democracia participativa;
ABONG consolidar a identidade das ONGs brasileiras.
Endereço: Avenida Senador Lemos, 557 - Umarizal – Belém-PA - Cep: 66050-000
Telefone: (11) 3237-2122 - www.abong.org.br Sra. Aldalice Otterloo
Sua função é defender a Constituição, a ordem
jurídica do Estado democrático de direito, os
Ordem dos
Entidade de direitos humanos, a justiça social, bem como
Advogados do Federal
classe pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida
Brasil - OAB
administração da justiça e pelo aperfeiçoamento
da cultura e das instituições jurídicas.

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social).

Endereço: Praça Barão do Rio Branco, 93, Campinas Belém, Belém – PA – CEP: 66015-060 – Tel:
(91) 4006-8600 – Presidente: Ângela Serra Sales
Associação
Instituição devidamente capacitada para exercer,
Brasileira de
Entidade de de forma ampla e plural, uma significativa
Engenharia Federal
classe liderança nos diversos setores que integram o
Sanitária e
saneamento básico e ambiental brasileiro.
Ambiental - ABES
Endereço: Av.Duque de Caxias, 160/Loja 12 - São Braz - 66.090-250 - Belém – PA – Telefone: (91)
3226-1624
Desenvolve trabalho de base junto aos povos da
terra e das águas através da convivência,
promoção, apoio, acompanhamento e assessoria
Comissão Pastoral nos seus processos coletivos de conquista dos
Privada Federal
da Terra - CPT direitos e da terra, de produção sustentável; nos
seus processos de formação integral e
permanente e na divulgação de suas vitórias e no
combate das injustiças.
PA: Rua Barão do Triunfo 3151, Bairro Marco, Belém – PA – CEP: 66093-050 – Tel.: (91) 226-5258 /
Fax (91) 226-6491
Promover a educação profissional e tecnológica,
Serviço Nacional de
a inovação e a transferência de tecnologias
Aprendizagem Privada Federal
industriais, contribuindo para elevar a
Industrial SENAI
competitividade da indústria brasileira.

PA: Travessa Quinteno Bacaiúva, Bloco B, 4º andar, 1588, Bairro Nazaré, Belém – PA – CEP: 66035-
190 – Tel.: (91) 3223-6612 / 6764 / Fax: (91) 322-5073.
Tem o objetivo de fomentar o desenvolvimento
Serviço de Apoio às sustentável, a competitividade e o
Pequenas e Médias Privada Federal aperfeiçoamento técnico das microempresas e
Empresas - SEBRAE das empresas de pequeno porte industriais,
comerciais, agrícolas e de serviços.
Rua Municipalidade, 1461 - Umarizal - Belém - Pará - 66050-350
Fone: (91) 3181-9000 / acom@pa.sebrae.com.br
Criado para ser um núcleo de integração da
UFPA, inicialmente com curso de especialização
Núcleo de Altos interdisciplinar e internacional, conta hoje com
Estudos Pública Regional mestrado em Planejamento do Desenvolvimento
Amazônicos - NAEA e doutorado em Desenvolvimento Sustentável do
Trópico Úmido, contribuindo para a formação de
pesquisadores, docentes e técnicos.
Endereço: Avenida Perimetral S/N Campus Profissional, Bairro Guamá CEP: 66075-650 Belém/PA.

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social).

Coordenadora Edna Castro


Dedicada à conservação e utilização sustentada
Conservação Organização da biodiversidade. Atualmente, trabalha para
Internacional do Não - Federal preservar ecossistemas ameaçados de extinção
Brasil governamental em mais de 30 países distribuídos por quatro
continentes.
Diretor do Programa Cerrado-Pantanal: Ricardo Machado. SAUS - Quadra 3, Lote 2 - Bloco C - Ed.
Business Point, 7º andar - Salas 715-722. 70070-934 Brasília. Telefax: (61) 3226-2491
Diretor do programa Amazônia: José Maria Cardoso Silva. Endereço: Avenida Gov. José Malcher, 652
Ed. CAPEMI - 2º andar - B.Nazaré, 66035-100 Belém – PA. Tel.: (91) 3225 3848
Com mais de meio século, o Sistema Federação
das Indústrias do Estado do Pará - Fiepa atua de
forma decisiva em prol do desenvolvimento do
setor produtivo paraense. Formado por três
instituições – Serviço Nacional de Aprendizagem
FIEPA - Sistema Industrial (SENAI), Serviço Social da Indústria
Federação das Entidade de (SESI), Instituto Euvaldo Lodi (IEL), dois projetos
Estadual
Indústrias do classe – Centro Internacional de Negócios (CIN) e
Estado do Pará Centro das Indústrias do Pará (CIP), e pelo
Programa de desenvolvimento de Fornecedores
(PDF), a Fiepa busca atender de forma ampla às
necessidades da indústria no estado, desde a
instalação até o bem estar do trabalhador
industrial.
Travessa Quintino Bocaiúva, 1588, Bl B, 6º andar; Telefax: (91) 3224-4142
66.075-150 Belém-PA.
Comissão de Energia FIEPA/CIP – Centro das Indústrias do Pará
Presidente: José Maria Mendonça
CIP – Sebastião Gonçalves – cip@fiepa.org.br
Alcançar os grandes centros, as pequenas
Fundação cidades e por que não dizer as mais longínquas
Expedição Villas colônias, discutindo, debatendo e mostrando com
Boas os mais simples aspectos de preservasionismo.
Crítica, mas favorável.

Paulo Villas Boas T. (91) 9983-5304


Al. Jardim Brasil, 81 – Jardim Brasil – Belém/PA. CEP. 67.010-190 T.: (91) 3235-5951

Federação da Valorização do setor rural paraense, com a


Agricultura do Entidade de criação de entidades que lhe dão uma
Estadual
Estado do Pará - classe organização associativa, de modo a torná-lo mais
FAEPA vigoroso e atuante.

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social).

Endereço: Travessa Dr. Moraes, 21 - B. Nazaré CEP 66035-080 - Belém/PA.


Carlos Xavier
T.:(91) 9981-6744
É um organismo vinculado à CNBB Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil que, em sua
atuação missionária, conferiu um novo sentido ao
Conselho Organização trabalho da igreja católica junto aos povos
Indigenista não Regional indígenas; O objetivo do CIMI é apoiar o
Missionário – CIMI Governamental processo de autonomia dos índios como povos
étnica e culturalmente diferenciados, contribuindo
para o fortalecimento de suas organizações,
articulações e alianças, no Brasil e no continente.

Antônio Anaya, Luiz Claudio Teixeira


São Braz - Caixa Postal 12086; Belém - PA - CEP 66090-970, Telefone: 91-32265408 - Fax: 91-
32467222 cimipara@amazon.com.br

Museu Paraense Produção e difusão de conhecimentos e acervos


Emílio Goeldi – Pública Estadual científicos sobre os sistemas naturais e sócio-
MPEG econômicos relacionados à Amazônia.

Avenida Magalhães Barata, 376 São Braz - CEP: 66.040-170 Belém/PA


T.: (91) 3249.1302 – Diretora: Ima Célia Guimarães Vieira Denise Ramos – Secretaria – T. (91) 3249-
1302
Dr. Leandro Vaelli Ferreira
Avenida Perimetral, 1901 – Terra Firme – Belém / PA
T.: ( 91) 6607-7530 - lvferreira@museu-goeldi.com.br
A SEIR tem por finalidade promover o
Secretaria de desenvolvimento territorial e a integração
Integração Regional Pública Estadual regional, garantido que o conjunto de políticas
- SEIR públicas seja levado à todas as regiões do
Estado.
Secretário de Integração Regional: André Luis Assunção de Farias.
Avenida Nazaré, nº 871, 1º Andar - Bairro de Nazaré - CEP: 66035-170 - Fone: (91) 3201 3762 -(91)
3201 3611 - Belém - PA seir@prodepa.gov.br

Secretaria de Gerir os processos de elaboração e


Planejamento, acompanhamento dos instrumentos de
Pública Estadual planejamento e de avaliação das políticas
Orçamento e
Finanças - SEPOF. públicas, buscando o equilíbrio fiscal e o
desenvolvimento socioeconômico do Estado do

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social).

Pará.

Rua Boaventura da Silva, 401/403 Reduto / Belém / Pará. CEP: 66.053-050 Fone: (91) 3204-7400
Diretoria de Planejamento: Diretor - Tatyane Chaves dos Santos Amaral
Tel: (91) 3204-7438/ Fax: (91) 3241-5044
E-mail: tatyaneamaral@sepof.pa.gov.br
Promover a preservação do meio ambiente no
SEMA – Secretaria
âmbito do município, zelando pelo cumprimento
de Meio Ambiente /
Pública Regional da legislação;prestar assessoria técnica
Comissão de
ambiental ao Prefeito e aos demais órgãos da
Ciência da Terra
administração municipal;

Leandro Valle Ferreira (Projeto Belo Monte)


T. (61) 3217-6146
Travessa Lomas Valentinas, 2717, CEP: 66095-770. Belém-PA.

Contribuir para a formação, a atualização e o


Conselho Municipal
aperfeiçoamento de políticas e programas
de Meio Ambiente –
Pública Municipal municipais de meio ambiente e desenvolvimento
Belém
sustentável.
CONSEMMA

Endereço: SEMMA - Secretaria Municipal de Meio Ambiente - Travessa Quintino Bocaiúva, 2078 -
Cremação - CEP: 66045-580 – Belém/PA - Telefone: 241-6332 e 241-6169 -
www.belem.pa.gov.br/semma.
Secretaria Executiva
Coordena, executa e controla as atividades
de Ciência,
relacionadas ao desenvolvimento científico e
Tecnologia e Meio Pública Estadual
tecnológico e à proteção e conservação do meio
Ambiente -
ambiente. Esta instituição coordena o PGAI/PA.
SECTAM.
Endereço: Travessa Lomas Valentinas, 2717 - Marco CEP 66095-770 - Belém/PA – Fone: (91)
3184.3345 – Contato: Ivelise franco Fiock dos Santos.
Órgão colegiado, com funções deliberativas e
Conselho Estadual consultivas, voltado para as questões ambientais.
de Meio Ambiente – Pública Estadual O referido Conselho subsidia, com suas
COEMA decisões, a execução das atividades-fins da
SECTAM quanto ao meio ambiente.
Endereço: Travessa Lomas Valentinas, 2717 - Marco CEP 66095-770 - Belém/PA.

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social).

Articulação, coordenação e integração na


Secretaria Especial
formulação, implementação e acompanhamento
de Estado de Pública Estadual
das políticas públicas, objeto da ação
Produção - SEPROD
governamental.
Endereço: Avenida Nazaré, 871 3º andar CEP: 66035-170 - Belém/PA.
Coordena o Sistema Agropecuário no Estado,
atua em consonância com as políticas e
Secretara Executiva
diretrizes estabelecidas pelos governos Federal e
de Agricultura do Pública Estadual
Estadual, estimulando a participação efetiva das
Pará - SAGRI
lideranças políticas, econômicas, sociais e dos
produtores rurais.
Endereço: Travessa do Chaco No 2.232, Marco CEP: 66.093-120 Belém/PA Contato Marabá: Folha
30, Quadra Especial, Lote Especial Marabá – Pará.
Contato: Alves Pereira (91) 4006 1206, secretária Fátima.
Marcílio Monterio – coordenador do Pará Rural
(Secretária: Roseli Menezes (91) 9100-7761).
Agência de Defesa Controlar e fiscalizar as barreiras sanitárias
da Agropecuária do Pública Estadual intermunicipais e interestaduais que ainda
Pará-ADEPARA carecem de autonomia administrativa.
Endereço: Travessa Piedade, 651 - Ed. Pinares - Reduto CEP 66053-210 - Belém/PA - Contato em
Marabá: Folha 30, Quadra Especial, Nova Marabá.
Tem por finalidade executar a política agrária do
Estado do Pará, cabendo-lhe definir, retificar e
Instituto de Terras demarcar limites estaduais e municipais; além de
Pública Estadual
do Pará - ITERPA extremar o domínio público do particular e
introduzir quaisquer modificações no sistema
legal relativo aos problemas fundiários.
Endereço: Rua Farias de Brito, 56 - São Braz CEP: 6090-270 - Belém/PA.
Na área penal, sua atuação é central. Na área
dos interesses coletivos atua na defesa do meio
Ministério Público ambiente, dos consumidores, das pessoas
Pública Estadual
Estadual – MPE portadoras de deficiência física, das crianças e
adolescentes, dos direitos constitucionais dos
cidadãos e do controle da Administração Pública.
Endereço: Rua João Diogo No 100, Cidade Velha CEP: 66.015-170 Belém/PA.

Universidade Gerar, difundir e aplicar o conhecimento, visando


Federal do Pará - Pública Federal à melhoria da qualidade de vida do ser humano
UFPA em geral, e em particular do amazônico,
mediante processos integrados de ensino,

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social).

pesquisa e extensão, com princípios de


responsabilidade, de respeito à ética, a
diversidade biológica, étnica e cultural.

Endereço: Folha 17 Quadra especial Lote especial Campus II UFPA Nova Marabá - Marabá/PA.
Criado para ser um núcleo de integração da
Universidade, inicialmente com curso de
especialização interdisciplinar e internacional, o
Núcleo de Altos Estudos Amazônicos conta, hoje,
com mestrado em Planejamento do
Desenvolvimento, Curso de Especialização em
Desenvolvimento Regional e Gestão de
Cooperativas de Crédito na Amazônia,
NAEA – Núcleo de
Doutorado em Desenvolvimento Sustentável do
Estudos Pública Federal
Trópico Úmido. Dessa forma, o núcleo contribui
Amazônicos
grandemente para a formação de pesquisadores,
docentes e técnicos em planejamento e políticas
públicas. Seus trabalhos de pesquisa na região
Amazônica se voltam para temas ligados ao
desenvolvimento, à preservação do meio
ambiente e de acompanhamento das políticas
governamentais traçadas para o
desenvolvimento da região.

Diretor Geral: Profª. Edna Maria Ramos de Castro / Diretor-Adjunto: Profº. Thomas Piter Hurtienne
Campus Universitário do Guamá: Rua Augusto Corrêa, N º 1; CEP: 66075-110. T: (91) 3201-7231
É uma rede mista, plural e horizontal de
entidades, concebida como um fórum de
articulação para a democratização de políticas
públicas e uma plataforma estratégica de
Fórum da Amazônia
Rede Regional discussão sobre direitos humanos,
Oriental – FAOR
desenvolvimento e sustentabilidade na cidade e
no campo da Amazônia. Entre suas principais
atividades está o monitoramento de problemas
sociais na Amazônia Oriental.
Endereço: Avenida Senador Lemos, 557, Umarizal CEP: 66.050-000 Belém/PA - www.faor.org.br –
(91) 261-4334 contato Jan Rogge e Luciene Andrade
Federação dos
Trabalhadores na Organizar, representar sindicalmente e dirigir a
Agricultura do Pará luta dos trabalhadores rurais do Estado do Pará,
na defesa dos seus direitos e interesses.
(Fetagri-PA)

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social).

fetagri@amazon.com.br

Instituto do Homem Organização Promover o Desenvolvimento sustentável na


e Meio Ambiente - Não Regional Amazônia, através de estudos, disseminação de
IMAZON Governamental informações e formação profissional.

Rua Domingos Merreiros, 2020 - Altos - B. Umarizal – Belém, - T.: (91) 3182-4000
Brenda Brito - Secretária Executiva - www.imazon.org.br
Gerar informações científicas e formar recursos
Instituto de Organização
humanos que sirvam de base para um futuro
Pesquisa Ambiental Não Regional
ambientalmente mais saudável e socialmente
da Amazônia-IPAM Governamental
justo para a região amazônica.
Endereço: Tv. Enéas Pinheiro No 1424 CEP: 66.087-660 Belém/PA.
Programa especial da Universidade Federal do
Programa, Pobreza Organização Pará (UFPA), que trabalha no apoio a
e Meio Ambiente na Não Estadual comunidades urbanas e rurais da Amazônia,
Amazônia - POEMA. Governamental através da utilização sustentável dos recursos da
região.
Endereço: Universidade Federal do Pará – Campus Universitário do Guamá – Setor Profissional. Casa
do Poema – Cx postal 8606. CEP: 66.075-900 Belém/PA – Fone: (91) 3201.7686/3201.700/3201.8026
– Presidente: Thomas A. Mitschein e Vice Presidente: Ailton Pires de Lima
Grupo de Ação O grupo desenvolve projetos comunitários
Organização
Ecológica Novos especialmente nas áreas de educação ambiental,
Não Estadual
Curupiras - Novos agricultura sustentável, meio ambiente e turismo
Governamental
Curupiras ecológico.
Endereço: Travessa do Chaco, N. º 729 Apartamento 1604 - Bairro: Pedreira - CEP: 66085-080 -
Cidade: BELÉM/PA - Fone: (91) 3235.0798 - www.ongnovoscurupiras.hpg.ig.com.br
Associação dos Associação trabalha pelo fortalecimento da
Municípios do Movimento região, defendendo e buscando maiores
Regional
Araguaia e Social investimentos em infra-estrutura para o sul e
Tocantins sudeste do Pará.
Endereço: Rodovia Transamazônica, km 22 - CEP: 68.503-140 / Marabá – PA - Fones: (61) 322-1957
e 322-2875 - E-MAIL: amatmaraba@amat.org.br - www.amat.org.br
Tem como missão formar profissionais de nível
superior, desenvolver e compartilhar cultura
Universidade
técnico-científica através de perspectiva e
Federal Rural Pública Estadual
extensão, oferecer serviços à comunidade e
Amazônica - UFRA
contribuir para o desenvolvimento econômico,
social e ambiental da Amazônia.
Endereço: Av. Presidente Tancredo Neves, 2501, Montense, Cx.P. 917, CEP: 66077-530, Belém - PA

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social).

Órgão da Administração Direta do Ministério da


Ciência e Tecnologia, tem como finalidade
realizar estudo científico do meio físico e das
condições de vida da região amazônica, tendo
em vista o bem estar humano e os reclamos da
Instituto Nacional de
cultura, da economia e da segurança nacional.
Pesquisas da Pública Regional
Sua missão é gerar, promover e divulgar
Amazônia - INPA
conhecimentos científicos e tecnológicos sobre a
Amazônia Brasileira para a conservação do meio
ambiente e o desenvolvimento sustentável dos
recursos naturais em benefício, principalmente,
da população regional.
Av. André Araújo, 2936, Aleixo, 69060-001, Manaus – AM, Tel.: 92 3643-3377

Câmara Setorial de
Órgão do Governo Estadual que aprovas projetos
Infra-Estrutura e Pública Estadual
dos setores de Infra-Estrutura e Transporte
Transporte

Ana Cláudia Duarte Cardoso


Cargo: Coordenador da Câmara Setorial de Infra-Estrutura e Transporte
End.: Centro Integrado do Governo – Avenida Nazaré, 871, prédio anexo, 2º andar Bairro: Nazaré
CEP: 66035-170 – AM, Tel.: (91) 3201-3650 / 3648 Fax: (91)

Câmara Setorial de Órgão do Governo Estadual que aprovas projetos


Desenvolvimento Pública Estadual dos setores de Desenvolvimento Sócio-
Sócio-Econômico Econômico.

Danilo Araújo Fernandes


Cargo: Coordenador da Câmara Setorial de Desenvolvimento Sócio-Econômico
End.: Centro Integrado do Governo – Avenida Nazaré, 871, prédio anexo, 2º andar Bairro: Nazaré
CEP: 66035-170 Cidade: Belém Estado: PA
Tel.: (91) 3201-3724 Fax: (91) 3201-37-09
E-mail: gabsocioeconomico@segov.pa.gov.br

Órgão do Governo Estadual que aprovas projetos


Prefeitura Municipal
Pública Regional dos setores de Desenvolvimento Sócio-
de Belém
Econômico.

Duciomar Gomes da Costa (PTB)


Cargo: Prefeita Municipal de Belém PMB
End.: Palácio Antônio Lemos – Praça Dom Pedro II, s/nº Bairro: Cidade Velha
CEP: 66020-240 Cidade: Belém Estado: PA
Tel.: (91) 3283-4703 / Cerimonial: (91) 3283-4693 Fax: (91) 3241-2928 / Cerimonial: Fax: 3241-6918

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social).

E-mail: comus.cerimonial@belem.pa.gov.br
Promover o desenvolvimento sustentável
integrado das atividades pesqueira e aquícola no
Secretaria de
Estado do Pará, em todas as suas modalidades,
Estado de Pública Estadual
possibilitando o incremento dos benefícios
Aqüicultura e Pesca
sociais e econômicos do setor, visando o bem-
estar das gerações presentes e futuras.
Antônia do Socorro Pena da Gama
Cargo: Secretária de Estado de Aqüicultura e Pesca
End.: Travessa do Chaco, 2.232 Bairro: Marco.
CEP: 66090-120 Cidade: Belém Estado: PA
Tel.: (91) 4006-1286 Fax: (91) 4006-1262
E-mail: anm.lima@gmail.com
Planejamento e Coordenação Estratégica,
ADA Agência de
Informação e Conhecimento, Competitividade
Desenvolvimento da Pública Estadual
Econômica e Integração Regional, Inclusão
Amazônia
Social.
Djalma Bezerra Mello
Cargo: Diretor Geral da Agência de Desenvolvimento da Amazônia ADA
End.: Avenida Almirante Barroso, 462, bloco C, 7º andar Bairro: Souza
CEP: 66090-900 Cidade: Belém Estado: PA
Tel.: (91) 4008-5440 / 5444 Fax: (91) 4008-5543
Conservation
Internacional do Organização Preservar a biodiversidade global e demonstrar
Brasil privada, sem Federal que as sociedades humanas podem viver em
fins lucrativos. harmonia com a natureza.

Vice-Presidente de Ciência: José Maria Cardoso da Silva


Gerente do Programa Amazônia: Enrico Bernard
Av. Gov. José Malcher, 652 Ed. CAPEMI - 2º andar - Nazaré
66035-100 Belém - PA - Brasil
(91) 3225-3848 / Fax: (91) 3225-3848
BNDES Banco
Nacional de Apoiar empreendimentos que contribuam para o
Pública . Federal
Desenvolvimento desenvolvimento do país
Econômico e Social
Fábio Contente Biolcati Rodrigues
Cargo: Chefe do Posto Avançado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BNDES
End.: Travessa Quintino Bocaiúva, 1588 Bairro: Nazaré

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social).

CEP: 66035-190 Cidade: Belém Estado: PA


Tel.: (91) 4009-4870 Fax: (91) 4009-4876 / 4877
E-mail: bndes@fiepa.org.br

Força Sindical Entidade de Lutar pela qualidade de vida e o bem-estar


Estadual
classe social.

Andir Manoel Cardoso Cardias


Cargo: Presidente da Força Sindical
End.: Rodovia BR 316, km 0 – Rua Mariano, 20 Bairro: Castanheira.
CEP: 66610-540 Cidade: Belém Estado: PA
Tel.: (91) 3231-3059 Fax: (91) 3231-3059
FAMEP Federação Defender a autonomia administrativa e financeira
das Associações de das Unidades Municipais nos termos
Pública. Regional
Municípios do assegurados pela Constituição Federal e
Estado do Pará Estadual.
Andir Manoel Cardoso Cardias
Cargo: Presidente da Força Sindical
End.: Rodovia BR 316, km 0 – Rua Mariano, 20 Bairro: Castanheira.
CEP: 66610-540 Cidade: Belém Estado: PA
Tel.: (91) 3231-3059 Fax: (91) 3231-3059
IASEP Instituto de Assegurar, promover e criar mecanismos para o
Assistência à Saúde aperfeiçoamento da gestão dos serviços de
Pública. Regional
dos Servidores do assistência a saúde dos servidores públicos
Estado do Pará estaduais nos termos da legislação.
Sandra Helena Moraes Leite
Cargo: Presidente do Instituto de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado do Pará IASEP
End.: Travessa Dom Romualdo de Seixas, 1.563 Bairro: Campina
CEP: 66055-200 Cidade: Belém Estado: PA
Tel.: (91) 4006-7954 / 7965 / 7991 / 7994 Fax: (91) 4006-7962 / 7972
E-mail: ipasep1@prodep
Promover o desenvolvimento sustentável dos
diferentes segmentos florestais, por meio de
IDEFLOR Instituto
Pública Estadual políticas e da gestão de florestas no Estado do
de Florestas do Pará
Pará, garantindo a transparência e a
democratização dos benefícios para a sociedade.
Raimunda Nonata Monteiro

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social).

Cargo: Diretora-Geral do Instituto de Florestas do Pará IDEFLOR


End.: Travessa Lomas Valentina, 2.717 Bairro: Marco
CEP: 66 Cidade: Belém Estado: PA
Tel.: (91) 3184-3377 / 3362 Fax: (91) 3184-3377
E-mail: nelsonchaves@bol.com.br
Atender a população urbana do Estado do Pará
COSANPA
com serviços de abastecimento de água e
Companhia de
Pública Estadual esgotamento sanitário, de forma a alcançar
Saneamento do
elevados níveis de qualidade e de
Pará
universalização.
Eduardo de Castro Ribeiro Júnior
Cargo: Diretor-Presidente da Companhia de Saneamento do Pará COSANPA
End.: Avenida Governador Magalhães Barata, 1.201 Bairro: São Braz
CEP: 66060-670 Cidade: Belém Estado: PA
Tel.: (91) 3202-8400 / 8562 Fax: (91) 3226-2739
E-mail: cosanpa@cosanpa.pa.gov.br

Câmara Setorial de Órgão do Governo Estadual que aprovas projetos


Pública Estadual
Defesa Social dos setores de Defesa Social

Jean François Yves Deluchey


Cargo: Coordenador da Câmara Setorial de Defesa Social
End.: Centro Integrado do Governo – Avenida Nazaré, 871, prédio anexo, 2º andar Bairro: Nazaré
CEP: 66035-170 Cidade: Belém Estado: PA
Tel.: (91) 3201-3667 Fax: (91) 3201-3635
E-mail: jeanfrancois@segov.pa.gov.br
Educação que proporcione competência para a
Centro Universitário resolução dos problemas mais freqüentes,
Pública Estadual
do Pará CESUPA segundo uma ação integrada, crítica, eficiente e
comprometida com a realidade social.
João Paulo do Valle Mendes
Cargo: Reitor do Centro Universitário do Pará CESUPA
End.: Avenida Governador José Malcher, 1963 Bairro:
CEP: 66060-230 Cidade: Belém Estado: PA
Tel.: (91) 4009-9108 / 9174 Fax: (91) 4009-9146
E-mail: joaopaulo@cesupa.br

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Empreendedores

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social).

Por meio de oito concessionárias de distribuição, o


Grupo REDE é, responsável pelo abastecimento de
energia elétrica de 12 milhões de brasileiros, de
Empresas de Energia Norte a Sul do País: Pará, Tocantins, Mato Grosso,
Privada Federal
Elétrica - Grupo Rede Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
Na área de geração, a REDE conta com 34 Usinas
Hidrelétricas (UHE’s) e Pequenas Centrais
Hidrelétricas (PCH’s), onde destaca-se a UHE
Lajeado.
Empresas que compõem o Grupo Rede: 1) Empresa Elétrica Bragantina; 2) Cauá Serviços de
Eletricidade; 3) Centrais Elétricas do Pará – CELPA; 4) Companhia de Energia Elétrica do Estado do
Tocantins - CELTINS; 5) Centrais Elétricas Mato-grossenses – CEMAT; 6) Companhia Força e Luz do
Oeste – CFLO; 7) Companhia Nacional de Energia Elétrica – CNEE; 8) Empresa de Eletricidade Vale
Parapanema - EEVP
Avenida Paulista, 2439 - 6º Andar CEP 01311-936 - São Paulo, SP-Telefone: (11) 3066-2000
Fax: (11) 3064-0989 – www.gruporede.com.br
Empreendimentos: Paranã
Com quase 50 anos de atuação, a CNEC
Engenharia S.A. acumula ampla experiência na
prestação de serviços de consultoria, no
gerenciamento de projetos e em soluções completas
de engenharia, que abrangem desde os estudos de
CNEC Engenharia S.A Privada
viabilidade até o início da operação do
empreendimento. Sempre buscando encontrar a
melhor alternativa, analisa e planeja todos os
detalhes, oferecendo qualidade e valor para a
sociedade, clientes e acionistas.
Avenida Alfredo Egídio de Souza Aranha, 100 – bloco A, 4º andar
04726-170 – São Paulo – SP; Tel.: 55 11 5696 8603
Concessionária de serviço público de energia
elétrica, sociedade anônima de economia mista,
subsidiária das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. –
Eletrobrás e tem como finalidade principal realização
Eletronorte Pública Estadual
de estudos, projetos, construção e operação de
usinas geradoras e de sistemas de transmissão e
distribuição de energia elétrica, diretamente ou por
meio de suas subsidiárias.
Endereço: SCN – Qd 06 – Conjunto A – Bloco B e C Asa Norte – Brasília/DF – CEP 70718-9000 – fone: 61

ARCADIS Tetraplan
Anexo II – Matriz de Atores Sociais

Matriz Institucional Atuante

Instância de
Entes Institucionais Natureza Área de Atuação (*)
Atuação

Pública,
Federal,
Privada,
Nome Completo/ Estadual,
(ONG, Breve Descrição
Sigla Municipal ou
Movimento
Regional.
Social).

– 3429.5151 - www.eln.gov.br/Usinas/Tucurui
Promover estudos e projetos de construção e
operação de usinas geradoras, linhas de
Eletrobrás Pública Federal
transmissão e subestações, destinadas ao
suprimento de energia elétrica do País.
Endereço: Praia do Flamengo, 66, 8º andar – Flamengo, Rio de Janeiro – CEP: 22210-903 Fax: (21)
25146258 www.eletrobras.com.br – SCMA - Subcomitê de Meio Ambiente.

ARCADIS Tetraplan
ARCADIS Tetraplan S.A.

Av. Nove de Julho, 5966, térreo,


Jardim Paulista, São Paulo-SP
CEP 01406-200

Fone/fax: +55 (11) 3060 8457


E-mail: tetraplan@tetraplan.com.br

Website: www.tetraplan.com.br
www.arcadis-global.com

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