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ECAGG 5 Report/ Relatório ECAGG 5
Volume 1 –Relatório/ Texto
Tomo I – Sumário Executivo e Capítulos 1 a 6
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Relatório ECAGG 5
Histórico do Documento
Volume 1- Relatório/Texto
Sumário Executivo........................................................................................................................ 1
1 Introdução ............................................................................................................................. 21
2 Directrizes seguidas e estratégias de investigação...................................................... 23
2.1 Introdução............................................................................................................................................23
2.2 Estratégias de investigação e avaliação............................................................................................23
2.3 Princípios da análise de risco.............................................................................................................24
2.4 Normas adoptadas e documentos de referência..............................................................................25
2.5 Directrizes OMEE................................................................................................................................25
2.6 Avaliação de acordo com a Abordagem OMEE ‘Genérica’..............................................................26
2.7 Abordagem OMEE ‘Site Specific Risk Assessment’.........................................................................27
2.8 Environmental due diligence ..............................................................................................................28
2.9 Desk study da Área de Intervenção...................................................................................................28
3 Historial da Área de Intervenção....................................................................................... 29
3.1 Enquadramento...................................................................................................................................29
3.2 O estaleiro da Margueira ....................................................................................................................30
4 Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção........................................ 35
4.1 Introdução............................................................................................................................................35
4.2 Área de Intervenção............................................................................................................................36
4.2.1 Características físicas.........................................................................................................................36
4.2.2 Geologia, tectónica e sismicidade......................................................................................................44
4.2.3 Qualidade do ambiente.......................................................................................................................63
4.3 Área do estaleiro.................................................................................................................................67
4.3.1 Conquista de terrenos ao rio e trabalhos de construção..................................................................67
4.3.2 Condições de exploração actuais ......................................................................................................73
5 Principais Potenciais Fontes de Poluição - área do estaleiro.................................... 75
5.1 Introdução............................................................................................................................................75
5.2 Caracterização da área do estaleiro..................................................................................................77
5.2.1 Informação base sobre emissões de poluentes em estaleiros navais ............................................77
5.2.2 Descrição das principais actividades/processos que decorreram no estaleiro da Lisnave............78
5.2.3 Principais áreas de operação.............................................................................................................82
5.2.4 Principais fontes de poluição potencial (tipologia e escala) .............................................................83
5.3 Relatórios ambientais existentes .......................................................................................................90
5.3.1 Relatório “Caracterização da Situação Ambiental, Lisnave – Estaleiros Navais, SA em
Mitrena, Setúbal, e Viana do Castelo”...............................................................................................90
5.3.2 Relatório “Contaminação do Solo e Riscos Ambientais no Estaleiro Naval da Margueira” ...........90
5.4 Referências .........................................................................................................................................92
6 Principais Potenciais Fontes de Contaminação – áreas exteriores ao
estaleiro ................................................................................................................................. 93
6.1 Introdução............................................................................................................................................93
6.2 Descrição da área...............................................................................................................................93
i
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Tomo II – Capítulos 7 a 21
ii
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
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iii
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
iv
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
v
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Relatório ECAGG 5
LISTA DE FIGURAS
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Figura 12.2 – Registos dos níveis dos dataloggers da Fase 1 e da Fase 2, metros
acima do nível médio das águas do mar
LISTA DE DESENHOS
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Volume 2 - Anexos
Tomo I – Anexos 1 a 8
Tomo II – Anexos 9 a 26
Anexo 11: Resumo dos resultados do controlo de qualidade das amostras, feito
no local
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Introdução
Sumário Executivo
A. Introdução e objectivos
O ECAGG (Estudo de Caracterização Ambiental, Geológica e Geotécnica) foi adjudicado à
Atkins pela Câmara Municipal de Almada (CMA) em simultâneo com o PU (Plano de
Urbanização) para a Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada, o qual fornecerá
cenários de desenvolvimento do local.
o selecção das tecnologias com uma melhor relação custo/benefício para a gestão
dos riscos associados a cada um dos cenários de desenvolvimento.
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Introdução
B. Estratégia do estudo
A estratégia genérica seguida pelo ECAGG baseou-se na seguinte sequência de
actividades
A ocupação industrial da frente ribeirinha de Almada, entre Cacilhas and Cova da Piedade,
data do século XIX, quando se iniciou a construção das primeiras unidades industriais,
incluindo a indústria da moagem metalurgia do ferro, corticeiras e conserveiras. A
disponibilidade de terrenos baratos e de águas profundas e calmas forneceu excelentes
condições de ancoragem e foram factores cruciais para o desenvolvimento industrial da
área.
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Introdução
Com o declínio da indústria corticeira, que ocorre mais marcadamente nos anos 50, e da
indústria da moagem, nos anos 80, a área da Mutela, Caramujo e Romeira começa
progressivamente a decair até ao abandono total das fábricas, já no século XX. O recente
encerramento dos estaleiros da Lisnave na Margueira representou o fim da indústria
pesada em Almada.
Contexto ambiental
A Área de Intervenção encontra-se contida a Oeste e a Sul por encostas com altitudes que
chegam a atingir os 91 metros. A Este, a área é delimitada pelo rio Tejo, facto que confere
uma grande amplitude visual e fisiográfica ao espaço. A área ocupada pelo antigo estaleiro
da Margueira é efectivamente plana. As cotas mais altas surgem na zona Noroeste da
Área de Intervenção, onde se desenvolve uma encosta, com declives quase sempre
superiores a 25%.
O local é dominado pelo estuário do rio Tejo, sob a influência da maré, que apresenta, na
secção que liga Cacilha-Santos, uma largura de cerca de 2km, uma profundidade média
superior a 20m e uma profundidade máxima de 45m. A amplitude da maré varia entre
cerca de 3-4m.
o Aterros - a zona do antigo estaleiro da Margueira está localizada numa área que
foi conquistada ao rio Tejo, na sua maioria através da execução de aterros
formados por materiais de diversas proveniências e idades, a profundidades que
podem atingir aproximadamente 10m; estas areias, bombadas directamente do
leito do rio, podem sofrer fenómenos de liquefacção no caso de ocorrência de um
sismo intenso.
Uma das implicações da existência da estrutura geológica acima descrita prende-se com o
facto de todas as estruturas significativas existentes no local se encontrarem fundadas no
substrato rochoso do Miocénico, por estacas.
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Introdução
O estaleiro da Lisnave inclui uma série de estruturas bastante importantes, como sejam as
4 docas secas, das quais a mais pequena tem um comprimento de 268 m e a maior, Doca
13, mede 520m de comprimento. Outro aspecto relevante prende-se com a existência de
mais de 1600m de cais.
Todo o trabalho de campo foi conduzido de acordo com as melhores práticas ambientais e
os procedimentos de controlo da qualidade internacionalmente aceites.
A localização dos pontos de amostragem baseou-se numa revisão detalhada dos usos
históricos do local dentro da zona do estaleiro, por forma a integrar todas as áreas
potencialmente contaminadas no âmbito da investigação. Em resultado deste exercício a
área do estaleiro foi dividida nas seguintes sub-áreas, com base nos anteriores usos do
solo:
o Oficinas;
o Planos de Soldadura;
o Escritórios.
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Introdução
Estas normas, que foram especificamente recomendadas pelo Instituto dos Resíduos,
foram preparadas para utilização em casos onde os proprietários dos locais contaminados
pretendem descontaminar os mesmos e/ou requalificar esses locais contaminados, em
Ontário. Desta forma, as directrizes estabelecidas neste documento são orientadas para a
assistência aos proprietários na tomada de decisões relativamente à qualidade dos solos
e/ou das águas subterrâneas e à avaliação das condições ambientais da propriedade, por
forma a determinar a necessidade de implementar medidas de remediação e, se requerido,
avaliar o grau adequado dessa remediação.
Embora a grande maioria dos contaminantes que podem estar associados à zona do
estaleiro estejam incluídos nas directrizes OMEE, existe um pequeno número de
contaminantes que não estão cobertos por essas directrizes. Para esses casos recorreu-se
às directrizes holandesas – Dutch Government VROM 2000 Guidelines. A utilização destas
normas alternativas é consistente com as sugestões feitas nas próprias normas OMEE
A análise de risco levada a cabo para a zona do antigo estaleiro da Margueira estabeleceu
quer o facto de as concentrações de um ou mais químicos presentes no local poderem
causar impactes sobre um receptor particular (ser humano, animal, cultura agrícola,
microrganismos do solo, água superficial ou aquífero), quer o facto de esse impacte poder
ter uma consequência significativa.
Uma das metodologias de avaliação de riscos ambientais mais aceite prende-se com a
avaliação dos potenciais efeitos adversos usando uma análise Fonte/Via /Receptor. Para
existir um risco tem que existir um contaminante capaz de causar perigo, um receptor
sensível à contaminação e uma via que permita que a contaminação existente atinja o
receptor.
Os três MCLs são apresentados graficamente no relatório, nas Figuras 9.1 a 9.3, do
Capítulo 9.
Uma vez que, à data de elaboração do presente relatório, não existem, ainda, planos
específicos para a ocupação futura do local, o modelo baseado no uso futuro foi construído
tendo por base um número de pressupostos conservativos. Por exemplo, a avaliação de
risco de Nível 1 incluiu casas de habitação de baixa densidade com jardins e a abordagem
de Nível 2 incluiu o consumo de vegetais cultivados no local. Na avaliação de risco também
se assumiu que os jardins não teriam qualquer cobertura (ou meio de crescimento) e que
poderiam ser localizados a qualquer profundidade abaixo dos níveis actuais do solo.
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Introdução
o compostos de benzeno; e
o xilenos.
o tetracloroetileno (PCE).
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Introdução
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Introdução
A Figura 14.2 do Capítulo 14 do relatório principal mostra todos os solos contaminados que
se consideram apresentarem um risco inaceitável para os receptores identificados,
incluindo os solos contaminados com granalha e com hidrocarbonetos. A possibilidade de
ocorrerem pequenas áreas adicionais de solos contaminados não pode ser completamente
excluída, sendo recomendável o desenvolvimento de um plano de gestão da contaminação
dos solos, para ser implementado aquando das futuras operações de desenvolvimento do
local.
No total estima-se que estejam presentes nos terrenos do antigo estaleiro da Margueira
cerca de 45 000 m3 de granalha e solos contaminados. Esta quantidade total pode ser sub-
dividida da seguinte forma:
Material Quantidade estimada (m3)
Granalha 700
Solos contaminados com granalha 25,700
Solos contaminados com hidrocarbonetos 19,000
Total 45,400
Água subterrânea
Uma análise mais detalhada das excedências registadas com a abordagem de Nível 1
mostrou que, exceptuando uma ocorrência de contaminação por cobre, não se considera
que a contaminação identificada nas águas subterrâneas apresente um risco ambiental
significativo.
As excedências dos critérios de Nível 1 para alguns dos metais pesados ocorreram
principalmente porque os critérios de Nível 1 definidos pelo OMEE são baseados no
pressuposto de que a água subterrânea é, ou pode ser, utilizada como água potável, e
portanto como água de abastecimento. Como a água subterrânea existente na área em
estudo é altamente salina, devido à mistura com a água do estuário do Tejo, fortemente
influenciada pelas marés, não poderá ser utilizada como água de abastecimento e, desta
forma, os critérios de Nível 1 afiguram-se inapropriados para o contexto específico do local.
Alternativamente, o principal risco, ou factor chave relaciona-se com os riscos
ecotoxicológicos e, assim, a informação relativa à qualidade da água foi re-avaliada à luz
dos critérios US Environmental Protection Agency (USEPA) para águas salobras.
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Introdução
Qualidade do ar
Foi efectuada uma avaliação específica dos riscos de inalação de poeiras, quer pelos
trabalhadores que venham a estar presentes no local, quer por residentes nas imediações,
para todos os três MCLs considerados (situação actual; durante desenvolvimento /
construção; e após finalização do desenvolvimento). Para os cenários do uso actual do
local e do uso após finalização do desenvolvimento considerou-se que a geração de
poeiras seria mínima e, assim, estes MCLs não foram considerados em detalhe durante a
avaliação deste aspecto.
Desta análise concluiu-se que os riscos quer para o pessoal no local quer para os
residentes nas proximidades seriam aceitavelmente baixos, mesmo para concentrações
totais de poeiras que fossem, pelo menos, de uma ordem de magnitude acima daquelas
que poderão vir a ser geradas durante o processo de desenvolvimento.
Assim sendo, considera-se que, mesmo com base nos pressupostos muito conservativos
adoptados neste trabalho, será altamente improvável que exista um impacte adverso na
saúde de qualquer indivíduo exposto, como resultado da inalação de metais pesados e
TBT presente nas poeiras libertadas durante qualquer operação de remediação ou
actividade de construção. De qualquer forma, considera-se prudente exigir o
desenvolvimento e a implementação de um plano de gestão da emissão de poeiras para
esta fase das operações.
Sedimentos
Existe um potencial risco para os sedimentos existentes fora do local, identificado para
todos os três cenários dos MCLs. Este risco pode ser originado a partir de dois tipos de
vias de exposição:
Uma vez que os critérios genéricos OMEE são protectivos da qualidade da água
superficial, deverão também ser protectivos dos sedimentos existentes dentro dessas
massas de água. Assim, o risco associado com a migração de soluto através da água
subterrânea é considerado como sendo aceitavelmente baixo.
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Introdução
Adicionalmente às fontes exteriores discutidas acima, existe ainda um potencial para que
parte da área exterior ao estaleiro possa ter sido afectada pela contaminação que possa
ter migrado a partir do próprio estaleiro. Tal prende-se, essencialmente, com dois assuntos
específicos:
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Introdução
Como conclusão desta avaliação considera-se ser muito pouco provável que a
acumulação histórica de granalha transportada por via área e depositada na área
exterior ao estaleiro possa constituir um risco inaceitável significativo. Desta forma,
considera-se não serem necessárias medidas de gestão de risco relativamente a este
aspecto.
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Relatório ECAGG 5
Introdução
o modificação da fonte; e
Muitas das técnicas consideradas são apenas aplicáveis a uma gama limitada de fontes de
contaminação (por exemplo a bioremediação não é uma técnica adequada para lidar com
contaminação devida a metais pesados). Desta forma, poderá ser necessário utilizar duas
ou mais técnicas para lidar com os riscos inaceitáveis de fontes de contaminação
predominantemente afectadas pela presença de granalha ou de compostos orgânicos. No
relatório principal apresentam-se os detalhes de todas as técnicas de remediação que
foram consideradas no estudo. Em anexo ao relatório principal apresenta-se informação
técnica mais detalhada relativamente a essas técnicas de remediação.
A análise comparativa das opções de remediação foi levada a cabo através de uma
avaliação qualitativa de uma gama de critérios de avaliação, incluindo:
o custos relativos.
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Introdução
A análise das opções de remediação foi efectuada com base apenas nos resultados do
processo de análise de risco.
o Docas e cais;
o Ligações viárias;
o Zonamento do local;
o Desenvolvimento inicial e
o Massa de edificação
Docas e cais
Um dos factores chave na avaliação das estruturas actuais prende-se com a hipótese de
as mesmas manterem as suas funções actuais no futuro; por exemplo, numa situação
futura, a(s) doca(s) poderão ser aterradas e, consequentemente, os aspectos ligados à
estabilidade estrutural tornam-se irrelevantes, ou um cais pode ser demolido para
acomodar novas propostas e, similarmente, as questões de estabilidade deixam de ser
importantes. Assim sendo, as docas (incluindo as paredes e o fundo) e os cais/frente
ribeirinha podem apresentar três tipos de efeitos, cada um dos quais com uma determinada
implicação nos custos:
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Introdução
Estas implicações podem estar relacionadas com os potenciais usos futuros das docas,
tais como:
Alternativamente, a frente ribeirinha pode ser utilizada como a base para uma nova marina,
ou pode-se ainda considerar a conquista de novos terrenos ao rio Tejo quer para
construção quer para usos recreativos e ecológicos, como por exemplo, a criação de
habitats ribeirinhos.
Ligações viárias
Dentro da zona do antigo estaleiro não se considera que existam problemas significativos
durante os trabalhos de escavação de um possível túnel, uma vez que a contaminação dos
solos é de origem superficial e que a contaminação das águas subterrâneas se encontra
relativamente localizada.
Zonamento do local
Não se considera que o nível de contaminação identificado no local possa representar uma
restrição significativa relativamente ao zonamento dos usos do solo na proposta de
ocupação do local. De forma similar, as obstruções físicas existentes no local não são
susceptíveis de se constituírem como restrições significativas à ocupação do local.
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Introdução
presentemente, como não contaminadas, devendo ser previstas medidas para fazer face a
este aspecto.
Massa de edificação
H. Conclusões
Zona do antigo estaleiro
Geologia e geotecnia
O nível freático encontra-se muito próximos da superfície e sofre influência das marés. As
características do aterro onde se encontra implantada a zona do estaleiro e a existência de
níveis freáticos elevados implica que as futuras escavações que venham a ser executadas
requererão, certamente, uma contenção adequada.
Todas as estruturas significativas a serem implantadas no local terão que ser fundadas, por
estacas, nas formações do Miocénico, a profundidades até cerca de 10m abaixo do nível
do solo.
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Introdução
Aspectos de engenharia
Embora a contaminação encontrada nos solos não possa ser encarada como uma
restrição severa às opções de desenvolvimento, considera-se necessário toma-la em
consideração em todas as fases do processo de desenvolvimento.
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Introdução
Opções de remediação
Foi avaliada uma gama vasta de opções de remediação susceptíveis de serem aplicadas à
zona do estaleiro como potenciais medidas de gestão dos riscos identificados.
Do ponto de vista físico, faz-se referência aos depósitos aluvionares existentes na zona da
Vala do Caramujo, que podem atingir mais de 20 m de profundidade em algumas
localizações. O morro existente nas imediações do estaleiro não mostra sinais aparentes
de instabilidade e, todas as acções que se considerarem para as áreas adjacentes não
deverão por em risco esta situação.
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Introdução
1 Introdução
Em Novembro de 2002, por decisão da Assembleia Geral da Câmara Municipal de Almada,
foi adjudicado ao consórcio constituído pela WS Atkins International, WS Atkins Portugal,
Santa Rita Arquitectos e Richard Rogers Partnership, o “Estudo de Caracterização
Ambiental, Geológica e Geotécnica (ECAGG) e Plano de Urbanização (PU) para a Frente
Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada”.
A Área de Intervenção (AI) coberta pelo ECAGG e pelo PU corresponde a um área total de
115 hectares, dos quais cerca de 50 hectares correspondem à área ocupada pelo antigo
estaleiro da Lisnave, que se manteve em actividade durante mais de 30 anos e cujo
encerramento decorreu em Dezembro de 2000. A ocupação dos restantes 65 hectares,
apesar de ser de natureza predominantemente residencial, inclui instalações comerciais e
industriais de diferente natureza e dimensão, em actividade ou já encerradas, como sejam
estações de serviço, fábricas de cortiça abandonadas e oficinas de reparação.
O ECAGG foi desenvolvido com dois objectivos distintos. O objectivo principal consistiu na
avaliação pormenorizada das condições da zona do antigo estaleiro da Lisnave, com base
em metodologias bem estabelecidas e em normas reconhecidas internacionalmente como
as mais adequadas no estudo de situações desta natureza. O segundo objectivo do estudo
consistiu na avaliação preliminar do risco ambiental associado às restantes instalações
comerciais e industriais existentes na Área de Intervenção. Esta última avaliação, de
carácter mais geral, baseou-se apenas na informação recolhida durante as visitas ao local,
e em entrevistas realizadas com os proprietários das instalações assim como com antigos
gestores e trabalhadores.
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Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
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Introdução
Resíduos. Por forma a aprofundar o conhecimento destas normas e, assim, garantir a sua
correcta aplicação, a Câmara Municipal de Almada, em colaboração com o Instituto dos
Resíduos, organizou um seminário técnico em Abril de 2002, com a duração de um dia,
que contou com a presença do chefe da equipa de cientistas canadianos responsável pelo
desenvolvimento das referidas normas. Tendo ainda em vista o aprofundamento do
conhecimento destas normas, a equipa de projecto da Atkins International, levou a cabo
uma análise detalhada da documentação de base das Directrizes de Ontário.
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Directrizes seguidas e estratégias de investigação
2.1 Introdução
A avaliação da contaminação dos solos e águas subterrâneas (avaliação que inclui,
normalmente, uma avaliação preliminar “desk study” e eventuais trabalhos de investigação
intrusiva) pode ser um processo complexo em alguns antigos locais industriais, de
características similares ao caso em estudo. Tal prende-se com a potencial
heterogeneidade quer da contaminação química susceptível de ser encontrada, quer das
características físicas desses locais. Desta forma, as avaliações preliminares ou desk
studies (Capítulos 3-5) as investigações subsequentes nesses locais (Capítulos 6 e 7) e a
avaliação dos potenciais riscos relevantes (Capítulos 8-10) necessitam de ser efectuadas
com base em estratégias robustas, com base em critérios devidamente fundamentados e
nas melhores práticas ambientais estabelecidas.
Com este processo assegurar-se-á uma maior confiança nos resultados das avaliações por
parte das entidades interessadas, tais como os proprietários dos terrenos, as entidades
competentes na área do ambiente, as instituições de financiamento e os investidores, e
especialmente, o público, que poderá ter uma percepção diferente dos riscos actuais da
área em estudo.
Para tornar este processo mais eficaz recorreu-se, no presente trabalho, a critérios e
protocolos internacionalmente reconhecidos, essencialmente aqueles que foram
desenvolvidos na Província de Ontário, no Canadá (seguindo a recomendação do Instituto
dos Resíduos), assim como na Holanda e no Reino Unido, sendo de realçar que cada um
destes países tem estado activamente envolvido em estudos e projectos de avaliação da
contaminação de solos e de águas subterrâneas nos últimos 25 anos.
(i) descrição do historial industrial do local e da sua vizinhança imediata, por forma a
estabelecer a natureza e escala de quaisquer actividades com potencial de causar,
ou de ter causado, alguma contaminação do solo e das águas subterrâneas;
(ii) identificação, tão detalhada quanto possível, da natureza geral das condições
físicas do solo, superficialmente e em profundidade, incluindo a caracterização dos
regimes das águas superficiais e das águas subterrâneas;
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Directrizes seguidas e estratégias de investigação
(vi) análises de risco por níveis (“tiers”) que seguem os procedimentos relevantes e
os valores guia estabelecidos (ver abaixo), e que se iniciam com uma análise mais
abrangente para avaliar, de uma forma geral, a conformidade com os critérios
seleccionados.
Após esta análise de risco por níveis, foram identificadas medidas quer para eliminar quer
para minimizar os riscos relevantes até níveis considerados aceitáveis. Estas medidas
podem variar entre opções básicas tais como (a) escavação e remoção (e possível
tratamento), (b) criação de uma barreira física ou química para evitar perigos para os
receptores mais significativos, (c) tratamento da contaminação para reduzir a sua escala de
risco inerente ou (d) alteração do uso futuro proposto para o local para um uso menos
sensível.
Existe uma vasta gama de normas internacionais, largamente divulgadas, que fornecem
metodologias detalhadas para análises de risco e para a avaliação da aceitabilidade dos
riscos avaliados. Neste estudo a principal referência a normas internacionais relaciona-se
com as normas publicadas pelo Ontario (Canadá) Ministry of the Environment and Energy
(OMEE), cujos principais aspectos são discutidos seguidamente. O conjunto principal de
normas da OMEE podem ser descarregados a partir da internet através do site:
http://www.ene.gov.on.ca/envision/decomm/index.htm.
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Directrizes seguidas e estratégias de investigação
O principal documento utilizado no ECAGG foi ‘Guideline for Use at Contaminated Sites in
Ontario, February 1997, com referência aos documentos associados emitidos pelo OMEE
(Anexo 1) sempre que apropriado. As directrizes do OMEE dizem respeito,
essencialmente, a trabalhos de investigação intrusiva e a análises de risco, sendo assim
muito relevantes para o trabalho em causa, a realizar no antigo estaleiro da Lisnave, na
Margueira.
As normas Britânicas “British Standards” foram aplicadas nas seguintes situações: (i)
descrição dos registos das escavações (BS5930) e (ii) acreditação de laboratórios e
análises (UKAS/ISO 17025).
As avaliações não-intrusivas (ou “desk based’) a realizar na AI, mas fora da área do
estaleiro da Margueira, foram efectuadas de acordo com as melhores práticas
internacionais, consideradas apropriadas para atingir os objectivos do estudo (ver Capítulo
1). Foram ainda feitas referências genéricas ao documento US ASTM Standard E1527-00
“Standard Practice for Environmental Site Assessments: Phase 1 Environmental Site
Assessment Process”, embora se reconheça que este documento contenha directrizes
específicas aplicáveis a potenciais compradores. A abordagem aplicada para este caso é
explicada no Capítulo 2.
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Directrizes seguidas e estratégias de investigação
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Relatório ECAGG 5
Directrizes seguidas e estratégias de investigação
Na altura devida, uma vez definidas as opções de ocupação do local pelo PU, este
pressuposto conservativo pode ser revisto se necessário, para assegurar que quaisquer
medidas de mitigação agora recomendadas reflectirão as condições do local após
desenvolvimento. De qualquer forma salienta-se que a investigação delineada incluiu a
amostragem de solos superficiais e de estratos mais profundos.
Foi também tomada em consideração a textura do solo, com base na informação obtida a
partir das análises de granulometria efectuadas. Considerou-se que os solos grosseiros
incluem os solos com mais de 70% de partículas com um diâmetro igual ou superior a 50
µm ou seja, genericamente comparáveis com um solo arenoso de grão médio.
Os valores de qualidade e usos da água subterrânea que foram adoptados para o local
estão relacionados com o facto de o aquífero existente não ser utilizado para
abastecimento público (água não potável) e do mesmo apresentar condições “semi-
salinas”, resultantes da proximidade relativamente ao estuário do Tejo.
A abordagem adoptada neste estudo foi no sentido de uma progressão até uma SSRA, no
caso dos poluentes para os quais não existiam critérios genéricos, ou onde a utilização de
critérios genéricos indicou a existência de um risco potencialmente inaceitável (i.e. os
critérios genéricos foram ultrapassados). Adicionalmente, adoptou-se uma abordagem
SSRA para os cenários de exposição não incluídos na derivação dos critérios genéricos.
Tal como é descrito no Capítulo 7, foi realizada uma investigação intrusiva em duas fases
na zona do estaleiro da Margueira. A Fase 1 dessa investigação foi planeada para fornecer
um conjunto de parâmetros locais que poderão ser utilizados quer na abordagem de risco
genérica, quer no modelo SSRA. Como parâmetros de análise de risco, além de um
conjunto de resultados químicos representativos e robustos, foi considerada informação
relativa à granulometria dos solos em presença, concentrações em carbono orgânico total
nos solos e dados de monitorização dos níveis piezométricos. A Fase 2 da investigação
centrou-se na recolha de informação adicional, apropriada para a avaliação do local.
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Directrizes seguidas e estratégias de investigação
A existência, real ou potencial, desse tipo de passivos ambientais pode também afectar as
potenciais opções de utilização futura do local. Contudo, este não é sempre o caso uma
vez que, por exemplo, a migração de água subterrânea contaminada para fora do local
poderá não ter consequências para as actividades propostas à superfície (dependendo da
ausência de vapores ou de interacções humanas com a contaminação).
Assim sendo, é usual levar a cabo uma avaliação inicial, usualmente designada por desk
study, dos potenciais riscos (suportada por uma visita ao local, quando possível) e, depois,
progredir em direcção a uma investigação intrusiva, se as circunstâncias assim o ditarem.
A este respeito refere-se que, por vezes, o acesso às propriedades não é possível devido a
restrições dos proprietários e/ou a potenciais interferências com a operação do local. Estas
avaliações são designadas por “avaliação preliminar do local”, um processo que foi levado
a cabo na AI situada fora dos estaleiros da Lisnave na Margueira (ver capítulo seguinte).
A análise crítica da informação recolhida, que foi complementada com visitas ao local (e,
onde possível, com contactos com os proprietários/ocupantes dos locais) foi
essencialmente qualitativa. Nesta avaliação foi dado particular ênfase aos riscos
associados a quaisquer utilizações que envolvessem o manuseamento e utilização de
hidrocarbonetos e solventes, uma vez que esses materiais representam, frequentemente,
os riscos potenciais mais elevados para a contaminação de solos e de águas
subterrâneas.
No que respeita à área ocupada pelo antigo estaleiro, a informação recolhida nesta
avaliação preliminar foi, depois, incorporada no dimensionamento e implementação da
investigação intrusiva, que é descrita de forma pormenorizada no Capítulo 6.
28
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Historial da Área de Intervenção
3.1 Enquadramento
A frente ribeirinha de Almada, entre Cacilhas e a Cova da Piedade foi fortemente
influenciada em termos físicos e sócio-económicos pela relativamente tardia
industrialização que ocorreu em Portugal. No séc. XIX assiste-se a uma forte implantação
de indústrias transformadoras - numa linha continua que partindo da Trafaria atravessa o
Ginjal, Cacilhas, Margueira, Mutela, Romeira até à zona do Alfeite - integrando um sistema
complexo de várias indústrias, desde a moagem às indústrias da pólvora, da metalurgia do
ferro, corticeiras e conserveiras. A disponibilidade de terrenos baratos e de águas
profundas e calmas forneceu excelentes condições de ancoragem e foram factores cruciais
para o desenvolvimento da área.
Em meados do séc. 19 a frente ribeirinha entre Cacilhas e o Alfeite incluía poucos centros
residenciais – Murgueira, Mutela, Romeira, Caramulo, Cova da Piedade – suportados por
actividades agrícolas, artesanato e actividades transformadoras.
Em 1864 instala-se a primeira fábrica de moagens designada por “Moinhos Reunidos” com
um programa definido de produção de farinha através de processos industriais, embora
nesta primeira fase ainda assente em critérios de moagem por mós. Desde a sua
inauguração foi sofrendo continuas adaptações (1872,1889 e 1890) com o objectivo de se
adequar às exigências e requisitos da técnica de transformação vigente.
29
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Historial da Área de Intervenção
Com o declínio da indústria corticeira, que ocorre mais marcadamente nos anos 50, e da
indústria da moagem, nos anos 80, a área da Mutela, Caramujo e Romeira começa
progressivamente a decair até ao abandono total das fábricas. O recente encerramento
dos estaleiros da Lisnave na Margueira representou o fim da indústria pesada em Almada.
Da antiga actividade industrial tudo o que resta hoje em dia resume-se ao complexo naval
militar do Arsenal do Alfeite, a sul da Cova da Piedade, confinando com o município do
Seixal.
30
Frente Ribeirinha Nascente
da Cidade de Almada
ECAGG
Evolution of industrial occupation in the IA
Escala:
ECAGG
Aerial photo of Operational site
Escala:
1967
2003
Frente Ribeirinha Nascente
da Cidade de Almada
ECAGG
Aerial site photos (1958-2003)
Escala:
34
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
4.1 Introdução
No presente capitulo apresenta-se o enquadramento físico e ambiental da Área de
Intervenção (AI). De acordo com o Caderno de Encargos, a Área de Intervenção (IA)
divide-se em duas zonas distintas: o estaleiro da Margueira, ocupando uma área de
aproximadamente 50 ha, e a área exterior ao estaleiro, que ocupa os restantes 65 ha.
35
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
Clima
Topografia
A AI encontra-se contida a Oeste e a Sul por encostas com altitudes que chegam a atingir
os 91 metros. A Este, a área é delimitada pelo rio Tejo, facto que confere uma grande
amplitude visual e fisiográfica ao espaço. A área ocupada pelo antigo estaleiro da
Margueira é efectivamente plana. As cotas mais altas surgem na zona Noroeste da AI,
36
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
onde se desenvolve uma encosta, com declives quase sempre superiores a 25%. O talude
que define esta encosta surge como uma forte condicionante, que resulta das grande
inclinações que o caracterizam e que se traduzem sobretudo em riscos de erosão e de
desmoronamento consideráveis. A restante encosta encontra-se já muito consolidada no
que se refere à ocupação humana. No entanto, surgem pontualmente áreas expectantes
inseridas no tecido construído, onde se verificam também riscos de erosão e
desmoronamento. A Figura 4.1 mostra estes aspectos.
Existem algumas áreas verdes espalhadas ao longo da AI, sendo de referir como exemplo
o pequeno jardim localizado no Largo 5 de Outubro, Cova da Piedade, o talude localizado
paralelamente à Avenida Aliança Povo – MFA, localizado na parte este do limite norte da
AI, com coberto arbustivo e algumas árvores, e uma área localizada no sul da AI, ocupada
com pequenos quintais.
Hidrologia
O rio Tejo desagua sensivelmente a meio de uma pronunciada reentrância, com uma
abertura de 22 milhas, compreendida entre o Cabo Raso e o Cabo Espichel. O trecho
fluvio-marítimo do Tejo estende-se desde a foz até Vila Franca de Xira, cerca de 50 Km a
montante. O trecho entre a foz e a linha Cacilhas-Santos, conhecido como “Corredor do
Tejo”, tem 2 Km de largura e profundidades média superior a 20 m e máxima de 45 m. A
partir da linha Cacilhas-Santos o rio alarga bruscamente, atingindo a largura máxima de
15 Km, imediatamente a montante de Alcochete, e reduzindo depois progressivamente até
1 Km, em Alhandra. A profundidade média é de cerca de 5 m e a máxima de 20 m. Este
trecho constitui um complexo sistema de canais naturais e artificiais cortando baixios e
ilhas arenosas. As zonas norte e este são muito pouco profundas, ficando a descoberto na
baixa mar.
37
Frente Ribeirinha Nascente
da Cidade de Almada
ECAGG
Hypsometry and slopes in the IA
Escala:
Marés
NM (+2,2 m)ZH
Onde:
PMMax, BMMin – são as alturas de água máxima ou mínima que se prevê que
possam ocorrer devidas à maré astronómica
PMAV, BMAV – são os valores médios, tomados ao longo do ano, das alturas de maré de
duas preia-mares ou de duas baixa-mares sucessivas, que ocorrem quinzenalmente
quando a amplitude de maré é maior (próximo das situações de Lua Nova ou Lua Cheia)
PMAM, BMAM – são os valores médios, tomados ao longo do ano, das alturas de
maré de duas preia-mares ou de duas baixa-mares sucessivas, que ocorrem
quinzenalmente quando a amplitude de maré é menor (próximo das situações de Quarto
Crescente ou Quarto Minguante)
39
A - Exctract of carta hidrográfica, May of 1999 B - Extract of carta hidrográfica de 1932
ECAGG
Hidrographic Map of IA (1999 and 1932)
Escala:
PM
4,00
PM
3,50
3,00
2,50
Ní vel Médio
2,00
Ní vel Médio do Mar em Cascais
(Nivelament o Geral do Paí s)
1,50
1,00
0,50
H or a
ECAGG
Tidal regime
Escala:
Correntes e agitação
As correntes no rio Tejo são devidas ao fluxo e refluxo da maré oceânica e ao afluxo de
águas fluviais drenadas pelo rio. O prisma de maré correspondente a uma maré com
amplitude de 1,3 m é de cerca de 7,5 x 108 m3. O estuário recebe afluxos dos rios Tejo,
Sorraia e, com menor importância, dos rios Coina, Judeu e outras pequenas linhas de
água. A bacia hidrográfica do Tejo e Sorraia, em Vila Franca de Xira tem aproximadamente
82 000 km2.Estima-se que o caudal fluvial em Vila Franca de Xira atinja os seguintes
valores:
Percentagem de Caudal
Excedência (m3/s)
90 95
50 385
10 1800
1 4800
As correntes de vazante entre Vila Franca de Xira e o alinhamento Santos - Cacilhas são
mais fortes junto às margens que a meio do rio porque sobre a margem direita correm as
águas vindas das calas do Norte e das Barcas e sobre a margem esquerda as que vêm
das calas de Samora e de Alcochete. Estas águas dirigem-se para SW e vão encontrar, no
Mar da Palha, as águas provenientes das calas do Montijo, do Barreiro e do Seixal, que
correm para NW (Figura 4.4). Este encontro de águas verifica-se a E do pontal de Cacilhas
e origina uma ondulação especial, conhecida por “bailadeiras”. Depois, as águas dirigem-
se para WNW em direcção ao Cais do Sodré, Santos e Alcântara, seguindo de seguida
para W, orientadas pela configuração da costa, até Paço de Arcos, onde inflectem para
SW, na direcção da barra Grande. No pontal de Cacilhas forma-se, por vezes, cerca de
uma hora depois da preia-mar, uma contra-corrente, designada por “revessa”. Em águas
vivas, as correntes de vazante atingem velocidades de 2 nós, junto ao pontal de Cacilhas,
sendo progressivamente menores à medida que se avança para sul.
42
A - Currents in low tide B - Currents in high tide
ECAGG
Currents at high and low tide
Escala:
É de salientar o facto de que todos os elementos recolhidos junto da APL referentes à zona
dos antigos estaleiros da Lisnave se reportarem a zonas onde não existiam quaisquer
ocupações, não caracterizando geotecnicamente, por isso, os aterros que entretanto aí
foram construídos. Nos itens que se seguem apresenta-se uma síntese da geologia,
tectónica e sismicidade da área em estudo, bem como das principais características
geotécnicas dos materiais ocorrentes.
A referida área é marginada por uma bacia interior do rio Tejo, denominada Mar da Palha,
onde a reduzida capacidade de transporte daquele rio é responsável por assoreamentos
importantes que se traduzem na existência de depósitos aluvionares com várias dezenas
de metros de espessura.
44
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
45
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
Aterros
Recente
Aluviões
Plistocénico
Camadas argilosas
Miocénico
Actual
Ao longo de toda a margem do rio Tejo (incluindo aqui a zona dos antigos estaleiros) e um
pouco disseminados por toda a área em estudo, ocorrem aterros resultantes da forte
ocupação existente. No primeiro caso, bordejando a antiga zona ribeirinha, a ocorrência de
aterros resulta da conquista de terrenos ao rio levada a cabo ao longo do século passado e
à construção das infra-estruturas dos estaleiros da Lisnave, enquanto que no segundo
caso tratam-se de casos pontuais devido a necessidades locais.
Recente
46
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
o Na base das aluviões ocorre, por norma, uma cascalheira constituída por seixos e
calhaus sub-rolados a subangulosos de calcário, arenito e quartzito, envoltos por
matriz arenosa. A espessura média deste depósito é de 1 m, não excedendo 4 m
nas zonas de maior possança.
Plistocénico
Na zona da Vala do Caramujo, o vale fóssil detectado por várias sondagens aí efectuadas
apresenta no seu curso inferior uma camada argilosa que assenta em discordância sobre
os estratos de idade miocénica subjacentes. Estas argilas, de cor cinzento esverdeado ou
amarelo acastanhado, são em geral pouco arenosas e apresentam pequenos fragmentos
de conchas dispersos. Camadas da mesma natureza foram ainda identificadas na zona
central da área do estaleiro, afastadas cerca de 450 m da margem.
Miocénico
Zona imersa
Formação calcária – esta formação apresenta do topo para a base os seguintes níveis:
o arenito de grão fino, carbonatado, com núcleos muito rijos formados por
aglomerados de conchas ligados por cimento sílico-calcário, mas frequentemente
friável, transformando-se nalguns casos em bolsadas de areia;
47
P1 - P1' P2 - P2'
P3 - P3' P4 - P4'
Fonte:
Sondagens de reconhecimento executadas
na margem esquerda do Rio Tejo em
Cacilhas e Barreiro, Ricardo e Teixeira
Duarte, 1939
ECAGG
Perfis Geológicos
Escala:
P3 - P3'
CONVENÇÕES
P3 - P3'
P4 - P4'
P5 - P5'
P6 - P6'
P2 - P2'
P4 - P4'
P3 - P3'
P7 - P7'
P8 - P8'
P9 - P9'
P10 - P10'
ECAGG
Fonte: Perfis geológicos
Pontal de Cacilhas, APL, 1983 Escala:
Estes níveis, pela sua posição estratigráfica, composição e fósseis, alguns deles
característicos, permitem a sua inclusão na formação denominada de Grés de Grilos
(M3VIb) e Calcários de Marvila (M3VIc).
Série margosa – trata-se de uma sequência de estratos de natureza calcária, por vezes
muito arenosos e um pouco argilosos, de cor amarelada, com intercalações de natureza
argilo-arenosa, com significativa percentagem de cimento carbonatado.
Zona emersa
55
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
Os Grés de Grilos constituem uma estreita faixa que se prolonga desde a zona da
Margueira até à Costa da Caparica, passando pelo Pragal e S.ª do Monte. Na escarpa
anteriormente referida, apresentam uma espessura de cerca de 7 m, correspondendo a
camadas de natureza arenítica, de grão médio a fino e cimento argiloso ou calcário, de cor
cinzento-escuro e amarela, por vezes com abundantes fósseis de equídeos.
Estes diferentes tipos litológicos originam nas frentes de vertentes ou taludes uma
morfologia irregular devida a fenómenos de erosão diferencial, que por vezes originam
derrocadas de massas de terras ou blocos, e que conduzem à formação de depósitos de
vertente na base das escarpas. Na Área de Intervenção não são observáveis
presentemente situações deste tipo.
o O lineamento ou falha do vale inferior do Tejo (ou falha do Tejo), que corresponde
a uma estrutura provável de orientação N30ºE, seguida aproximadamente pelo rio
Tejo no seu troço compreendido entre Vila Nova da Barquinha e o Barreiro.
Atribui-se-lhe um carácter provável, pois encontra-se muito mal caracterizada,
nunca tendo sido identificada em afloramento. Com efeito, a sua presença é
indicada apenas por evidências indirectas de natureza diversa: geomorfológicas,
imagens de satélite, sismológicas e geológicas.
Na cartografia geológica que cobre a área em estudo (carta Geológica de Portugal, Folha
34-D) estão representadas outras falhas (sem actividade, dita neotectónica), identificadas
parte como certas, parte como prováveis, de orientação próxima de N-S e NNW-SSE, que
se desenvolvem desde a zona do Ginjal, atravessam Almada e terminam na zona da
Mutela.
A região em causa desde tempos históricos que tem sido afectada por diversos sismos.
Estes podem dividir-se em dois tipos: aqueles cujo epicentro se situa no mar, a SW do
Cabo de S. Vicente (como o de 1755), e aqueles cujos epicentros se situam na zona do
Ribatejo, como por exemplo o de Benavente, em 1909.
56
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
Área em estudo
Figura 4.6: Esquema das principais falhas activas do Quaternário (Fonte: Carta Geológica
de Portugal na escala 1:500 000) e Carta de Isossistas de Intensidades Máximas
Segundo Oliveira, 1977 (LNEC), nesta região são expectáveis acelerações sísmicas
máximas da ordem de 150 cm/s2 para um período de retorno T= 1000 anos. Segundo o
57
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
o Aterros
4.2.2.4.1 Aterros
Assim sendo, estes aterros apresentam características geotécnicas muito variáveis que
dependem do modo como foram colocados e da sua idade. A experiência recolhida
noutros locais, com aterros de natureza semelhante mostra que normalmente caracterizam
estes materiais, são de molde a prever que os mesmos apresentem consistência e
compacidade baixas e que, em consequência, sejam igualmente baixas as suas
características resistentes e apresentem alta deformabilidade.
58
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
Um facto que poderá ser relevante no estudo de futuras intervenções sobre estes materiais
na zona dos antigos estaleiros, é que no local onde actualmente se situa a ETAR da
Mutela existiram depósitos de entulhos com cerca de 10-12 m de altura sem que haja
conhecimento de qualquer fenómeno de rotura. Tal pode indiciar que futuras intervenções
que apliquem cargas da mesma ordem de grandeza das que os referidos entulhos
aplicaram sobre os aterros aí existentes, não se deverão traduzir por situações de risco.
Um facto que poderá ter algum significado em termos económicos é a reutilização dos
aterros constituídos por areias dragadas devido às boas características granulométricas
das mesmas. No entanto, antes de uma possível reutilização deverão ser efectuados
ensaios de compactação tipo Proctor modificado e índice de suporte CBR, de modo a
parametrizar as características como material de empréstimo desses materiais.
De acordo com a informação geológica disponível dos aterros existentes verifica-se que os
estratos ou bolsas de areias soltas (que poderão apresentar NSPT inferior a 15 pancadas)
são susceptíveis a fenómenos de liquefacção se localizam na zona dos antigos estaleiros,
mais precisamente na área dos aterros constituídos por areias dragadas, pois aparentam
continuidade lateral razoável, localizam-se próximo da superfície e abaixo da cota do nível
freático.
Os valores do coeficiente de uniformidade, Cu, (calculado pela razão D60/D10 ou seja, pela
razão entre os percentis 60 e 10 da distribuição granulométrica) e percentagem de
materiais finos, determinados das curvas de distribuição granulométrica efectuadas sobre
algumas das amostras recolhidas aquando da execução das sondagens e poços de
observação efectuados no âmbito do ECAGG, leva a considerar como provável a
mobilização de fenómenos de liquefacção, ou seja, apresentam valores de Cu < 15 e % de
finos < 10%.
60
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
4.2.2.4.2 Aluviões
Visto que as aluviões se caracterizam por materiais diferentes, diferentes também serão as
suas características em termos de resistência e deformabilidade. Assim, de acordo com
elementos obtidos em litologias idênticas noutras zonas do estuário do Tejo (pois que não
existem elementos caracterizadores na área em estudo), são frequentes nos lodos valores
de NSPT na ordem de 0 a 8 pancadas, enquanto para as areias os valores mais comuns
estão compreendidos entre 5 e 30 pancadas e a cascalheira apresenta valores, por norma,
sempre superiores a 30.
4.2.2.4.3 Plistocénico
61
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
ensaios laboratoriais que revelaram valores para o peso específico aparente variáveis
entre 18 e 20 KN/m3.
4.2.2.4.4 Miocénico
Assim sendo, quaisquer estruturas correntes que se pretendam edificar na zona onde as
várias litologias miocénicas afloram, poderão contar com um tipo de fundação directa por
sapatas que, em geral, não se deverão situar nunca a profundidades inferiores a 1.5-2 m,
de modo a ultrapassar a zona superficial mais descomprimida. Eventuais escavações que
sejam necessárias deverão ser efectuadas ao abrigo de medidas de contenção/entivação
adequadas à profundidade das mesmas e vizinhança da(s) obra(s).
Com base nos elementos disponíveis nas várias campanhas de reconhecimento, efectuou-
se uma interpretação da morfologia do topo do substrato miocénico, cuja representação é
apresentada no Desenho nº 2 e que, na área em estudo, apresenta duas situações
distintas:
o uma superfície que inclina de nascente para poente e de sul para norte na
extremidade norte do estaleiro, aqui de forma mais significativa;
62
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
Qualidade do ar
Por análise desses resultados, verifica-se que a área de estudo pode ser afectada pelas
emissões de SO2 originadas na área industrial da Península de Setúbal (Setúbal e
Barreiro), onde se localiza uma central termoeléctrica, uma indústria produtora de pasta de
papel e uma cimenteira. A AI também pode ser afectada pelas emissões de óxidos de
azoto (NOx) originadas, em grande parte, pelo forte tráfego rodoviário que se faz sentir na
Área Metropolitana de Lisboa.
63
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
Qualidade da água
Tal como se referiu parte desses problemas encontram-se em vias de resolução com a
entrada em funcionamento da ETAR da Mutela onde são tratados os efluentes que
anteriormente eram descarregados directamente para o rio Tejo.
As fontes poluentes do meio hídrico adjacente à área de estudo podem ser divididas
segundo a sua origem geográfica. A um nível regional, e de acordo com a informação
constante no Plano de Bacia Hidrográfica do Tejo, as principais fontes de poluição que
poderão afectar a AI são:
• zonas industriais dos concelhos banhados pelo Tejo, sendo de destacar a Cala do
Norte (fonte de mercúrio e cádmio) e a zona adjacente ao Barreiro-Seixal
(arsénio, cobre, zinco e chumbo, na água, e arsénio, chumbo e cádmio, nos
sedimentos);
Estas duas fontes podem ser responsáveis por diversos efluentes líquidos como óleos,
produtos de limpeza e manutenção dos navios/ cacilheiros, assim como PCB’s e TBT’s,
com efeitos muito adversos nos seres vivos aquáticos (substâncias geralmente presentes
em áreas na próximas de zonas portuárias ou de elevado tráfego fluvial).
A Estação de Tratamento de Águas Residuais da Mutela ocupa uma área de cerca de 3ha,
imediatamente adjacente ao limite sul do estaleiro da Margueira, dentro da AI. Esta área foi
conquistada ao rio Tejo através da construção de um aterro artificial. A ETAR procede ao
tratamento terciário dos efluentes residuais, apresentando duas linhas de tratamento, em
paralelo, através do processo de lamas activadas de média carga e baixa idade das lamas.
Inicialmente prevê-se apenas o funcionamento de uma das linhas, estimando-se o
funcionamento simultâneo de ambas, em pleno, a partir do ano de 2010 (incluindo o
tratamento dos efluentes potencialmente produzidos na AI). Da área da ETAR faz parte
uma área de expansão para a 2ª fase (ano 2030), onde se prevê a implantação de um
sistema de nitrificação/desnitrificação com zona anóxica.
A ETAR inclui uma Instalação de Cogeração, com vista à produção de energia eléctrica a
partir do biogás originado na digestão das lamas. Procede-se ainda à Desodorização dos
Gases provenientes de todas as instalações cobertas, em 2 torres com filtros de absorção
com carvão activado.
65
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
Ecologia estuarina
A um nível mais local, contudo, constata-se que a AI apresenta uma importância ecológica
muito reduzida. De acordo com o EIA da ETAR da Mutela, detecta-se na área de estudo a
presença frequente de corvos-marinhos, gaivotas e andorinhas-do-mar. Relativamente à
ictiofauna, o mesmo estudo refere que as únicas espécies que podem ser encontradas
nesta zona são tainhas, robalo, sargo e dourada.
Nas amostras sazonais que foram recolhidas durante o período de 1 ano para melhor
caracterizar a comunidade bentónica na zona da Mutela, registaram-se apenas a presença
de 11 taxa, o que mostra claramente a actual pobreza biológica da zona. Entre estes taxa
incluíam-se muitos anelídeos, alguns pequenos crustáceos (anfípodes e isópodes) e larvas
66
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
Os limites de tolerância mesmo para espécies bio indicadores poderão estar a mudar. Não
forma encontrados quaisquer organismos filtrantes, os quais são excelentes indicadores da
qualidade ambiental em ecossistemas estuarinos.
Estes factos não significam que estejamos em presença de uma área que reduz o
interesse ecológico mas exactamente o oposto, uma vez que estas áreas estuarinas
constituem localizações com elevado potencial de produtividade, permitindo o
estabelecimento de complexas cadeias tróficas, o que lhes dá um estatuto de elevada
importância para a reprodução de espécies ictiológicas de elevado interesse comercial.
De acordo com esses elementos, a estrutura física da Doca 13 é composta pelos seguintes
elementos:
- Paredes laterais do tipo muros de contraforte com sapata em laje corrida, com as
seguintes dimensões
67
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
68
Frente Ribeirinha Nascente
da Cidade de Almada
ECAGG
Evolution of the Intervention Area
Escala:
ECAGG
Evolution of reclamation works in the IA
Escala:
Tendo em vista reduzir a impulsão da água quando a doca está vazia foi criada uma
cortina de estacas-prancha ao longo do perímetro exterior da doca, cravada no “bed-rock”
e um sistema de leitos drenantes sob a laje com recolha de águas por 4 tubos
longitudinais, em betão poroso, que descarregam no canal transversal da central de
bombagem.
As comportas das docas podem ser caracterizadas como do tipo caixão flutuante, com
uma estrutura metálica que afunda abaixo do nível da água quando a doca está fechada e
que flutua quando a doca necessita de ser esvaziada. Para garantir o encerramento total
das docas, as comportas ajustam-se com batentes que estão incluídos na estrutura de
entrada das docas
4.3.1.3 Cais
71
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
O fundo do rio nestes cais varia entre (-9 m)ZH, no Cais n.º 5 e (-6 m)ZH, no Cais n.º 0.
No enfiamento dos Cais N.º 3 e N.º 2 e afastados destes para N cerca de 100 m, existem
dois duques d’Alba de amarração e acostagem. Também no enfiamento dos Cais N.º 1A e
B e a 100 m para S, existe um duque d’Alba.
A estrutura física dos cais não é consistente ao longo da sua extensão total. O Cais nº 5,
adjacente à Doca nº 13, é o que se conhece com mais detalhe, devido à existência de do
projecto da Doca nº 13, referido anteriormente. A sua estrutura inclui os seguintes
elementos:
Os caminhos dos guindastes que servem o cais e a Doca 13 são apoiados em quatro
fiadas de estacas de betão armado moldadas espaçadas de 5m, no sentido longitudinal, e
nos contrafortes do muro da doca (2 carris).
72
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
- Áreas “macias”, com uma cobertura com areia e restos de granalha, onde
se situam a maioria das “áreas verdes” existentes no estaleiro e onde
foram depositados resíduos diversos;
Exceptuando as comportas das docas, apenas algumas das subestações são mantidas em
funcionamento e sujeitas a manutenção periódica: Subestação 10 (fornece energia à
cidade de Almada), Subestação 1 (apenas funciona como subestação de substituição),
Postos de transformação PT13, PT5 e PT11 (fornecem energia ao Pórtico da Doca 13).
Todas as restantes subestações e postos de transformação são monitorizadas
periodicamente por forma a avaliar a sua integridade física e a evitar inundações nos
meses de Inverno.
O destino final dos materiais que são recolhidos no estaleiro e a certificação da empresa
que procede a essa recolha são desconhecidos.
73
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Enquadramento ambiental e físico da Área de Intervenção
74
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Principais Potenciais Fontes de Poluição - área do estaleiro
5.1 Introdução
Neste capítulo descrevem-se as potenciais fontes de poluição presentes na AI, de acordo
com revisão da informação disponível e com visitas de campo. Foram ainda contactados
antigos e actuais empregados da Lisnave, tendo sido obtida informação do responsável
pela manutenção eléctrica das instalações da Margueira. Foram ainda realizadas reuniões
com o Eng. Óscar Mota, da empresa Tecnologias Ambientais e realizada uma visita
conjunta ao local. O Engº Óscar Mota trabalhou no estaleiro da Lisnave na Margueira
tendo, posteriormente, levado a cabo uma investigação de solos no local para determinar a
contaminação existente, particularmente no que se refere a hidrocarbonetos. As
observações efectuadas no local pelos técnicos da Atkins constituíram uma das fontes de
informação mais importantes. Para a elaboração do presente relatório foram consultados
os seguintes documentos e relatórios:
Tal como referido anteriormente, foram estabelecidos contactos tidos com o Engº Óscar
Mota da empresa Tecnologias do Ambiente (TA). No Anexo 3 apresenta-se um resumo dos
resultados das diversas inspecções locais que foram efectuadas para avaliar as
localizações e condições das potenciais fontes de poluição dentro da área do estaleiro.
75
07.10
5
3.
C.P. Proj. Des. Data
281 03
1/1
3
8 4
3. .9 6.
Nov 2003
14
1:2 000
4
D
3.
CP
CÂMARA MUNICIPAL DE ALMADA
6
3.
6
Escalas:
3.
0420
Desenho:
Projecto:
Desenho
Data:
Vistos:
±
Nº
9
3.
FRENTE RIBEIRINHA NASCENTE
9
3.
2
4.
DA CIDADE DE ALMADA
Alteração de algumas áreas
7
3.
6
5 5.
5.
Alterações:
5 2
10 5. 3.
15 1 6
20 2. 5.
2
3.
.7
E 21
4.
2 43
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4.
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28 . 03 1 3 1 .
33
7
3.
25
3
3.
.4
22
.6
27 20
15
10
6
4.
3
5.
5
6
4.
Ref. Subs.
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26 37
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37 35
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Edificado
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1
32 14 3 8. 14
. 81 2 .
D.
14
R.
.2 .2 9.
9
36 16 .2
S 6B
14 .9
1
.2 14 .1
12 19 15
3
18
Key
.9 8.
9
20 . 2 8 3.
4 2
1 50 14 2. 3.
5
2
3
.0 .9 . 3.
.5
36
18 17 15
34 .7
.8
7
3.82 14 .8 .9 10
1 7 40 15 11
.9 .2
44
17 13 .8 .9 .4 2
15 18 14 3 3.
3.
B3
.7
5
VA
13 .9 4
A
15 .5 2 3.
R
.3 .
L
NE
15 15 3.
5
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34
MI
.3 .2
5
MU
17 18
11
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TA
WD 2/3
5
DA
.5 .2 6.
13
PC
35 17 .6 8
21 .9 8 6.
IA
.2 5.
13
15
13 .2
A
5
54
.9 .3 10
PR
16 1 24 0
6.
S 18
.0 0. .3
17
56
2
7.
R.
14 1 .5 11
.2
58
.9 10
19
34 17 7.
5
24
60
A8 .7
3N. 13 9
3
P1I 6.22 .6
9. 8
1 5 64 3.
10
26
8
23
DE .2 5.
68
.4 15 .0 5
34
I 17 .6 9. .7 3.
8
RU 10
6
70
25
12
28
.8 5
R. .5 4.
1
72
34 9
16 9.
.5
74
15 .1
76 17
30
ER
33
.3 3
BR
.8 10 6.
4
13
FE
35
.8 .0 .0
80
.7 18 12
18 33 .2 .2
EL
37
.9 15 .5
17 13 2
NU
B4
16 4 3.
6
39
7 3. 8
MA
3 9. 1.
.8 .1 .6 .2 8.
2
16
41
16 16 1
16 3 3.
R.
.9 8. 5
4
43
88
33 8.
3
.7
45
.6 2 14
90
16 .9 6.
.8 14 .5 8.
8
92
.6 34 3 14 2
6. 4 3.
16 94 6 36 3. 9
8
49
.7 4.
"WD 2/3"
.2
2
.5 9. 5 15
35 16 1 4 98
.7
51
0
19 .0 .0
10
.5 7
35 13 3.
RO
.5 .9
53
.4 13
16
2
24 .6 16 3
10
.7
PE D
.3 15 9 4.
12 10 6.
55
10
.6 .3 .1 .3
4
D.
15
GI
16 .2 14 14
10
.3
35 .1 35
TO
06
3
57
19
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3.
1
S
081
.3
GU
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6
34 1A .4 12 LA
59
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AU
15
0 1
.0 TE 9.
I NF
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5
R.
.1 6 10
11
34 2. A
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12
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R.
.3 11 4A. 6.
4
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L
3
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GI
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8
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33 8.
4
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S
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4. 9
5.
15
AU
.2
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R.
10
17 10
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32 15 0 2.
9
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17 5 9 .7 . 1
6. .0 .5 7. 10 1 10
7
.
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9
6
33 .0 10 2.
14
118
.8 7B .1
36 12
120
7 .3
.9 .4 7A .2 7. 10 .7
36 16 24 .8 10
122
6 6 14
.8 9. .0
65
9 6 6
11 12 4. 6. 2. 8
.8 1 24 .7 18
.
4 18 10 7
3.
.4 126 3
.2 15 5 9 6. .9
10 0 .28
1 31 30 3. 14 8
REI
A 9. . 8 .
C OR .2 1
1 4.
9 18 13
AR 15 3.
A SP .0 .0 1332
. G .0 10
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1 36 35 3 . 34
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RERO
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7
.2 10 138. 9 7. 3.
2
14 6 9 1
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2
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.6 .9 11 7.
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N 1
8. 6.
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1A
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L
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4
17 .6 .1 8. .2 2
12 26 . 82 10 3.
12
.4 14
10
13
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Principais Potenciais Fontes de Poluição - área do estaleiro
- Emissões ou descargas
Durante o ano de 1995 as emissões ou descargas de poluentes para o ar, água e solo
corresponderam a cerca de 27% dos estaleiros navais que reportaram dados (EPA, 1997).
Mais de 98% destas emissões ou descargas foram para a atmosfera através de fontes
fugitivas (75%) ou fontes pontuais (24%) onde cerca de 86% corresponderam a compostos
orgânicos voláteis (COVs), sendo que os resíduos contendo metais representam as
restantes emissões. Cerca de 65% das emissões reportadas pela indústria diz respeito a
xilenos, n-butil álcool, tolueno, metil e etilcetona, e metil-isobutil-cetona. Estes compostos
orgânicos são tipicamente encontrados em solventes, os quais são intensivamente
utilizados por este tipo de indústria, em pinturas e em limpeza e desengorduramento de
peças de metal e de equipamentos. Cerca de 4% das emissões das indústrias eram
constituídas por estireno.
Resíduos contendo metais pesados tais como cobre, zinco e níquel correspondem a cerca
de 14% das emissões reportadas pelas empresas. Estes compostos são libertados
essencialmente como emissões fugitivas durante os trabalhos em chapa de metal, nas
operações de pintura por spray e também nas operações de decapagem (EPA, 1997).
-Transferências
77
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Principais Potenciais Fontes de Poluição - área do estaleiro
para reciclagem e cerca de 18% são enviados para recuperação de energia. Os metais
pesados correspondem a cerca de 18% do total das transferências reportadas pelas
empresas. Os COVs correspondem a quase todos os restantes químicos TRI que são
transferidos.
Preparação de superfícies
78
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Principais Potenciais Fontes de Poluição - área do estaleiro
De uma forma geral as peças de metal de pequena dimensão eram decapadas e pintadas
em edifícios fechados, enquanto que as peças maiores e os cascos dos navios eram
tratados em espaços abertos, maioritariamente nas docas secas.
O tratamento de superfície dos cascos dos navios, levado a cabo como já foi referido no
interior das docas secas, podia incluir lavagem de alta pressão e decapagem. Durante a
decapagem eram removidas partículas de ferrugem e de antiga pintura. O consumo de
granalha nesta operação encontra-se estreitamente relacionado com o estado da
superfície a decapar e com o tipo de acabamento requerido. De acordo com a informação
constante em estudos efectuados pelo estaleiro da Mitrena, em Setúbal (Referência 4), em
média, o consumo de granalha no estaleiro é de cerca de 40kg/m2 de superfície de metal
tratada.
Operações de pintura
O estaleiro da Lisnave, tal como muitos outros estaleiros, inclui uma série de oficinas onde,
ou se processam matérias primas específicas (como por exemplo tubagens, electricidade,
trabalhos em aço, caldeiraria, pintura, etc) ou fornecem serviços especializados (por
exemplo, carpintaria, manutenção, transporte de materiais, armazenagem, etc). Em muitos
aspectos estas oficinas são pequenas unidades de manufactura de produtos, produzindo
materiais essenciais ao funcionamento do estaleiro:
79
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Principais Potenciais Fontes de Poluição - área do estaleiro
As reparações de aço incluíam os trabalhos de aço estrutural (nos cascos dos navios) e de
aprestamento (que envolviam componentes de menores dimensões tais como escadas,
fixes, suportes, balaustradas, escotilhas, mastros, tanques volantes , etc)
80
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Principais Potenciais Fontes de Poluição - área do estaleiro
Refere-se ainda que quando os navios entravam no estaleiro da Lisnave para operações
de reparação, já tinham bombeado as águas de porão para submeter a um tratamento
inicial que incluía a remoção dos resíduos oleosos nas instalações da empresa ETC,
localizada na boca de entrada do estuário. Após esse tratamento, os tanques dos navios
eram submetidos a outra operação de limpeza, já nas instalações do estaleiro da Lisnave,
que consistia na remoção dos produtos mais pesados como sejam areias e alcatrão, que
se depositavam no fundo dos tanques e nas paredes internas dos mesmos, e que não
eram removidos na primeira operação de limpeza.
Parte destes resíduos ou lamas oleosas que resultavam destas operações de limpeza,
designados por “slops”, foram depositados no interior da zona do estaleiro e parte foram
misturados com granalha usada antes de serem enviados para os fornos da indústria
cimenteira, tal como referido em 5.2.4.3.
81
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Principais Potenciais Fontes de Poluição - área do estaleiro
• oficinas;
• zona de escritórios
Uma vez que as docas eram “lavadas” quando os navios partiam, não se estima que essas
áreas possam funcionar como fontes de poluição residual, embora as mesmas tenham sido
incluídas no Anexo 3.
No Anexo 3 pode-se verificar que todos os edifícios possuem pavimento em betão o que
contribui largamente para um risco baixo a nulo em termos de poluição do solo que possa
ocorrer por debaixo desses edifícios como resultado das actividades levadas a cabo dentro
desses edifícios. Nas áreas das oficinas, as estruturas enterradas tais como os poços de
inspecção (onde eles existem) e as estruturas dos sistemas de drenagem constituem
potenciais vias para a infiltração de contaminação na forma líquida no aquífero. Um
exemplo disso pode ser observado no caso dos tanques de fuel enterrados que foram
encontrados na área S17, os quais apresentam evidências claras de serem responsáveis
pela contaminação do solo adjacente. Tal como se pode verificar no Anexo 3, os potenciais
riscos de contaminação do solo colocados pelos edifícios ocupados com escritórios podem
ser considerados negligenciáveis, uma vez que os mesmos apresentam pavimento em
betão e que não foram utilizados, no passado, para quaisquer actividades potencialmente
poluentes.
As áreas onde foi utilizada granalha incluem partes do estaleiro onde se procedeu à
aplicação, armazenamento ou lavagem de granalha durante a actividade do estaleiro.
Contudo, a granalha não se encontra confinada unicamente a essa áreas, observando-se a
deposição deste material em extensas áreas do estaleiro. As áreas onde foi utilizada
granalha localizavam-se, quase todas, todas em áreas abertas o que, entre outras razões,
contribuiu para uma grande dispersão da granalha na área do estaleiro.
Os edifícios que albergavam equipamento eléctrico podem constituir-se como uma fonte
potencial de contaminação associada a PCBs devida à utilização de óleos contendo PCBs
nos transformadores. Contudo, mais uma vez devido à existência de pavimentos em betão
82
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Principais Potenciais Fontes de Poluição - área do estaleiro
em todas as salas, o risco de contaminação significativa por PCBs nos solos subjacentes
pode ser considerado como baixo a nulo.
Nos planos de soldadura, devido à presença da grelha em metal que era utilizada para
suportar o equipamento durante o processo de soldadura, constata-se a existência de uma
espessura de cerca de 0,3m de espessura de brita, que funciona como cobertura do solo
original (dentro da grelha), que se encontra agora misturada com restos de granalha e de
materiais utilizados na soldadura.
Foi utilizada uma abordagem conservativa para agrupar as várias partes do estaleiro em
zonas, com base no seu potencial de contaminação. Mais especificamente, sempre que
uma área era utilizada para uma actividade considerada como susceptível de ter
ocasionado fugas de óleo ou outras fontes de poluição, a classificação dessa área foi
alterada para “oficina”. Um exemplo disso prende-se com as áreas “W3” e “B1” que
inicialmente foram consideradas como parte da área de “soldadura” e “áreas de granalha”,
respectivamente e que foram re-classificadas como “oficinas”.
Algumas das áreas foram re-classificadas após se ter obtido um melhor entendimento da
sua utilização prévia através de informação adicional fornecida por antigos empregados da
Lisnave.
De uma forma geral, as principais matérias primas utilizadas num estaleiro naval são
constituídas, essencialmente, por aço e outros metais, tintas e solventes, granalha e óleos
diversos (EPA, 1997). Adicionalmente, para a preparação das superfícies e para
operações de acabamentos recorrer-se a uma grande variedade de substâncias tais como
solventes desengordurantes, agentes de limpeza ácidos e alcalinos e líquidos com
cianetos e soluções contendo metais provenientes do chapeamento. Os poluentes e
resíduos gerados incluem, tipicamente, compostos orgânicos voláteis (COVs), partículas,
restos de solventes, óleos e resinas, lamas contendo metais, resíduos de pinturas e
granalha batida (EPA, 1997).
As principais actividades num estaleiro naval que são responsáveis pela produção de
resíduos e por emissão de outros poluentes encontram-se sumariados na Tabela 5.1.
83
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Principais Potenciais Fontes de Poluição - área do estaleiro
84
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Principais Potenciais Fontes de Poluição - área do estaleiro
Granalha
O estudo referenciado como Referência 4 inclui, ainda, análises químicas efectuadas sobre
amostras de granalha não utilizada, datadas de Dezembro de 1995. De acordo com essas
análises, o ferro e os silicatos eram os principais constituintes (correspondendo
sensivelmente a 62.3% e28.3 % do total, respectivamente). Neste estudo também se inclui
a análise química de uma amostra de granalha usada ou batida. Os resultados mostram
que a composição química desta granalha é muito similar à granalha não utilizada.
Aço e tintas
As matérias primas utilizadas em maior quantidade num estaleiro naval são, sem qualquer
dúvida, o aço, seguido pelas tintas.
Não foi possível determinar as quantidades anuais destes materiais utilizados no estaleiro
da Lisnave. Contudo, a informação disponível em estudos acerca de outros estaleiros
fornecem algumas pistas. Por exemplo, no estaleiro da Mitrena a informação existente
aponta para um consumo de 40 000 toneladas de granalha e de cerca de 3 000 000 litros
de tintas por ano. Admitindo uma relação forte entre os consumos de tintas e de granalha
e, desta forma, possibilitar uma estimativa grosseira os consumos de tintas no estaleiro da
Margueira com base nas quantidades de granalha consumidas, o que dá um valor de cerca
de 2 250 000 litros de tintas por ano.
No estaleiro da Mitrena, em Setúbal, foram estimados em cerca de 4% (ou 120 000 litros
por ano) os resíduos de tintas que permanecem nas latas. Existe, contudo, alguma
incerteza relacionada com essas estimativas devido ao facto de, em muitos casos, os
proprietários dos navios fornecerem as tintas para a operação de pintura.
85
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Principais Potenciais Fontes de Poluição - área do estaleiro
Não foi possível obter informação acerca do tamanho, construção e utilização destes
tanques embora ainda se espere obter informação adicional acerca deste assunto através
da Administração do Porto de Lisboa.
Granalha
Parte dos resíduos de granalha foram misturados com lamas oleosas “slops” e enviadas
para fábricas de produção de cimento, nomeadamente para a fábrica da Secil no Outão.
Embora existam evidências dessas actividades, não nos foi possível aceder a qualquer
informação quantitativa que suportasse esta informação factual.
PCBs
86
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Principais Potenciais Fontes de Poluição - área do estaleiro
De acordo com informação factual, até cerca de 1980 os solventes utilizados, as latas de
tinta e outros resíduos de natureza similar eram entregues a empresas exteriores que os
levavam a destino final. A partir desse período não existe informação acerca do destino
final destes resíduos. Aparentemente algumas latas de tinta e outros resíduos poderão ter
sido depositados na área sul do estaleiro, na designada “área de deposição de resíduos”.
Existe também informação de que na mesma área terão sido depositadas parte das lamas
oleosas “slops”. Existem, ainda, vários bidões localizados no exterior da oficina de
mecânica, que apresentam um rótulo onde se encontra escrito “Percloroetileno”.
Resíduos líquidos
Foram encontrados vários bidões contendo óleo na zona do estaleiro. Também foram
encontrados bidões com outros materiais e várias estruturas enterradas que, em alguns
casos, se encontravam com líquidos de proveniência desconhecida (especialmente no
interior das oficinas).
Amianto
Nos anos 60 e 70, quando se procedia à reparação de navios a vapor, os tubos, válvulas e
outros equipamentos desses navios eram constituídos por amianto e, consequentemente,
as actividades de reparação poderiam ter gerado resíduos à base de amianto. Não existem
registos acerca do destino final desses resíduos.
87
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Principais Potenciais Fontes de Poluição - área do estaleiro
Tanto quanto nos foi possível perceber não existiria nenhum sistema de gestão ambiental
formal no estaleiro da Lisnave na Margueira.
88
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Principais Potenciais Fontes de Poluição - área do estaleiro
O estudo inicia-se com uma caracterização das instalações e das actividades processuais
e com uma descrição e quantificação das principais matérias primas utilizadas. Estas são
bastante similares em todos os estaleiros e incluem aço, água, granalha e tintas. O estudo
inclui estimativas do consumo anual de granalha e de tintas (por exemplo, no estaleiro da
Mitrena o consumo anual de granalha era de 35 000 toneladas e o consumo anual de
tintas de 3000000 litros). O estudo também quantifica os consumos de energia e de
combustível.
O estudo enfatiza os aspectos que não estão incluídos no âmbito do trabalho realizado, e
que incluíram: aspectos relacionados com a demolição, eventual contaminação dos
sedimentos existentes no fundo do estuário nas imediações de estaleiro, questões
operacionais tais como: efluentes líquidos que descarregam directamente para o rio Tejo, a
presença de granalha nova ou batida em stock ou aguardando por remoção, emissões de
partículas de granalha para o exterior da área do estaleiro e níveis de ruído nocturno fora
90
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Principais Potenciais Fontes de Poluição - área do estaleiro
dos limites do estaleiro. Deve ainda ser tomado em consideração que este estudo não
inclui qualquer consideração relativamente a contaminação das águas subterrâneas ou à
qualidade dos sedimentos. Todas as análises e avaliações relacionam-se essencialmente
com contaminação de solos.
Deve ainda referir-se que as determinações analíticas foram efectuadas com recurso a
testes de campo - immunoassay kits – não sendo apresentada informação complementar
ou corroborativa de laboratórios acreditados que permita avaliar a precisão destes testes
de campo.
Apenas uma pequena percentagem da área total do estaleiro foi amostrada. A estratégia
para a investigação intrusiva consistiu na recolha de 58 amostras de solos, a
profundidades variadas entre 0,4 e 6m. Foram realizadas 82 determinações analíticas
nessas amostras que incluíram TPH (hidrocarbonetos totais de petróleo), PAH
(hidrocarbonetos aromáticos policíclicos) e PCBs (Bifenis Policlorados). Ainda no que
concerne às determinações analíticas deve referir-se que o estudo não incluiu a
determinação de compostos orgânicos voláteis ou de metais pesados. Relativamente aos
metais pesados o relatório faz referência a uma amostragem anterior, de extensão limitada,
assim como a resultados de testes de lixiviação.
O estudo refere que o plano inicial de trabalhos sofreu algumas alterações devido: a
dificuldades em realizar escavações nas proximidades de cabos eléctricos e de outros
serviços enterrados, aos elevados níveis freáticos (cerca de 3m acima do nível do solo) e à
presença de solos limpos a partir de uma profundidade de 4m em alguns locais de
sondagem onde, superficialmente, o solo se encontrava muito poluído.
91
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Principais Potenciais Fontes de Poluição - área do estaleiro
Com base nos resultados obtidos o estudo fornece uma estimativa da contaminação do
solo – áreas e volumes de solos contaminados. Foram desenhadas linhas de igual
concentração de TPH com base numa interpretação conservativa das concentrações
obtidas a partir das amostras colhidas a várias profundidades. O relatório refere que foi
encontrado solo contaminado por hidrocarbonetos a uma profundidade de 6 metros em
uma das localizações e sugere que tal poderá ter ser o resultado da utilização de solo
contaminado durante a segunda fase da construção do estaleiro. Com base nesta
metodologia foi estimado o volume de solos contaminados com TPH, com concentrações
acima de 500 mg/kg, como sendo 14,530 m3.
Foi considerado que a contaminação por PAH não era significativa. O estudo não fornece
um volume total de solo contaminado com PAHs. A contaminação por PCB foi detectada
apenas em duas sondagens e, numa delas, na área de granalha, onde foi detectado o
valor mais elevado (>50 mg/kg), o estudo refere que existem algumas dúvidas sobre a
precisão da análise, recomendando a realização de uma contra-análise.
Como conclusão final o estudo refere que: “embora a contaminação seja extensiva em
área, não é muito profunda e, essencialmente, constituída por hidrocarbonetos e,
consequentemente, não muito perigosa, excepção feita a uma pequena área contaminada
com PCB”.
5.4 Referências
92
Frente Ribeirinha Nascente da Cidade de Almada
Relatório ECAGG 5
Principais Potenciais Fontes de Contaminação – áreas exteriores ao estaleiro
6.1 Introdução
Este capítulo descreve as potenciais fontes de poluição existentes na AI, na área exterior
ao estaleiro da Margueira, e baseou-se na revisão crítica da informação disponível e nas
observações locais feitas pela equipa técnica da Atkins. A caracterização destas fontes
baseou-se, ainda, em contactos com os actuais ocupantes/proprietários das instalações
identificadas e visitas aos locais. A informação mais relevante encontra-se sumariada no
Anexo 4 e no Desenho 5.
Foi levada a cabo uma Auditoria - Fase 1 simplificada para esta zona da AI (exterior ao
estaleiro da Margueira), sendo os resultados apresentados no Desenho 5 e no Anexo 4. A
estratégia adoptada baseou-se na recolha de elementos referentes ao historial das
principais unidades industriais existentes e na avaliação do seu potencial significado em
termos de potencial de contaminação e da duração provável de quaisquer actividades
potencialmente poluentes, aí levadas a cabo.
Em primeiro lugar procedeu-se a uma visita a cada uma das unidades seleccionadas e ao
registo dos usos relevantes. As antigas actividades mais relevantes, que se encontram
representadas no Desenho 5, incluem fábricas e armazéns antigos e abandonados,
localizados essencialmente na zona da Cova da Piedade. Entre essas fábricas há a
registar uma antiga fábrica de moagem - Moagem do Caramujo- uma antiga fábrica de
cortiça - Fábrica de Cortiças J.Barreiros-, uma antiga fábrica de conservas de peixe e
outras fábricas de transformação de cortiça. As indústrias mais recentes/em actividade,
que se podem observar no Desenho 5, incluem:
93
NT
49
55
AL
50
60
52
38
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57
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51
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53
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2
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91
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4
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8
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0
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