Você está na página 1de 57

EIA da Central Solar Térmica de Tavira

Índice
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................1
1.1. Identificação do proponente...................................................................................1
1.2. Designação do projecto. Fase do projecto..............................................................1
1.3. Identificação da entidade licenciadora ou competente para a autorização.............1
1.4. Identificação dos responsáveis pela elaboração do EIA e período de elaboração. 2
1.5 Antecedentes do EIA...............................................................................................2
1.6. Metodologia e descrição geral da estrutura do EIA...............................................2
2. OBJECTIVOS E JUSTIFICAÇÃO DO PROJECTO...................................................4
2.1 Descrição dos objectivos e da necessidade do projecto..........................................4
2.2. Antecedentes do projecto.......................................................................................4
3. DESCRIÇÃO DO PROJECTO E DAS ALTERNATIVAS CONSIDERADAS.........5
3.1. Descrição sumária das principais características físicas do projecto e dos
processos tecnológicos envolvidos................................................................................5
3.2. Alternativas do projecto.........................................................................................6
3.3. Projectos associados ou complementares...............................................................7
3.4. Programação temporal estimada das fases de construção, exploração e
desactivação...................................................................................................................7
3.5. Localização do projecto..........................................................................................8
3.5.1 Indicação das áreas sensíveis............................................................................9
3.5.2. Planos de ordenamento do território em vigor na área do projecto...............10
3.5.3. Servidões, condicionantes e equipamentos/infra-estruturas relevantes
potencialmente afectados pelo projecto...................................................................11
3.6. Lista dos principais tipos de materiais utilizados.................................................12
3.7. Lista dos principais tipos de energia utilizados ou produzidos............................13
3.8. Lista dos principais tipos de efluentes, resíduos e emissões previsíveis..............13
4. CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE AFECTADO PELO PROJECTO..............15
4.1. Introdução.............................................................................................................15
4.2. Caracterização da situação de referência..............................................................16
4.2.1 Receptores e fontes na área de implantação...................................................16
4.2.2. Qualidade do ar..............................................................................................22
4.3. Evolução da situação de referência na ausência de projecto................................27

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

5. PROPOSTA METODOLÓGICA PARA AVALIAÇÃO DE IMPACTES................27


5.1 Metodologia adoptada para identificação e avaliação de impactes.......................27
5.2 Metodologia adoptada para a predição de impactes..............................................30
6. IMPACTES AMBIENTAIS DA CENTRAL SOLAR TÉRMICA............................30
6.1. Qualidade do ar.....................................................................................................30
6.1.1. Fase de construção.........................................................................................30
6.1.2. Fase de exploração........................................................................................33
6.1.3. Fase de desactivação......................................................................................36
7. MEDIDAS DE MITIGAÇÃO.....................................................................................38
7.1. Medidas de mitigação a considerar na fase de projecto.......................................38
7.2. Medidas de mitigação a considerar na fase de construção...................................39
7.2.1 Medidas mitigadoras de carácter geral...........................................................39
7.2.2. Medidas mitigadoras relativas a acabamentos da obra..................................41
7.3.- Medidas de mitigação a considerar na fase de exploração.................................42
7.4. – Medidas de mitigação a considerar na fase de desactivação.............................42
7.5. Matriz de predição de impactes após medidas mitigadoras.................................42
8. MONITORIZAÇÃO E MEDIDAS DE GESTÃO AMBIENTAL DOS IMPACTES
RESULTANTES DO PROJECTO..................................................................................45
8.1. Descrição dos programas de monitorização.........................................................45
8.1.1. Qualidade do ar..............................................................................................45
9. LACUNAS TÉCNICAS..............................................................................................47
9.1 Fase de construção.................................................................................................47
9.2 Fase de exploração................................................................................................48
10. CONCLUSÕES.........................................................................................................48

ii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

Índice de Quadros

Quadro 1 – Projectos e respectivos trabalhos..................................................................7


Quadro 2 – Equipamentos/infra-estruturas e outras áreas possivelmente afectadas......11
Quadro 3 - Principais tipos de efluentes, resíduos e emissões na fase de construção....14
Quadro 4 – Principais tipos de efluentes, resíduos e emissões na fase de exploração...14
Quadro 5 – Principais tipos de efluentes, resíduos e emissões na fase de desactivação14
Quadro 6 - Efeitos do CO, NO2, SO2, O3 na saúde pública.........................................15
Quadro 7 - Concentração de dióxido de enxofre durante o ano de 2006 (número
medições, valor médio e valor máximo) e conformidade com a legislação em vigor....24
Quadro 8 - Concentração de partículas PM10 durante o ano de 2006 (número
medições, valor médio e valor máximo) e conformidade com a legislação em vigor... .25
Quadro 9 - Concentração de dióxido de azoto durante o ano de 2006 (número
medições, valor médio e valor máximo) e conformidade com a legislação em vigor... .25
Quadro 10 - Concentração de ozono durante o ano de 2006 (número medições, valor
médio e valor máximo) e conformidade com a legislação em vigor...............................26
Quadro 11 – Escalas de classificação dos critérios utilizados para avaliação de impactes
.........................................................................................................................................28
Quadro 12 – predição de impactes durante a fase de construção...................................37
Quadro 13 - predição de impactes durante a fase de exploração...................................37
Quadro 14 - predição de impactes durante a fase de desactivação................................37
Quadro 15 – Predição de impactes na fase de construção aplicando as medidas de
mitigação.........................................................................................................................44
Quadro 16 – Predição de impactes na fase de desactivação aplicando as medidas de
mitigação.........................................................................................................................44
Quadro 17 – Síntese das diferentes fases do projecto para o descritor da qualidade do
ar......................................................................................................................................50

iii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

Índice de Figuras

Figura 1. Enquadramento geográfico da área de implementação do projecto (a)


Portugal Continental, (b) Algarve, (c ) Localização da central solar térmica...................9
Figura 2. Localização de áreas protegidas. ....................................................................10
Figura 3. Principais receptores afectados pelo projecto (círculos vermelhos)...............17
Figura 4. Número de estabelecimentos industriais (Alimentares e bebidas, produtos
metálicos, madeira e cortiça) existentes nos vários concelhos do Algarve. ...................18
Figura 5. Localização de grandes unidades de combustão em Portugal. ......................19
Figura 6. Distribuição do IQAr em várias zonas e aglomerações populacionais, por
classes de classificação para os anos de 2002, 2003 e 2004. .........................................20
Figura 7. Estação climatológica automática da Picota...................................................21
Figura 8. Valores médios anuais da velocidade e direcção do vento entre 1965-1990. 21
Figura 9. Mapa das estações de amostragem nacionais de qualidade do ar...................23
Figura 10. Estação de qualidade do ar Cerro. Localização: Carta Militar n.º582
(1:25000) (Latitude – 38591; Longitude – 240286). ......................................................23

iv

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

1. INTRODUÇÃO
O presente Estudo de Impacte Ambiental (EIA), pretende identificar e avaliar as
questões ambientais mais importantes, positivas e negativas, que advêm da implantação
da Central Térmica Solar de Tavira. Neste estudo são também apresentadas as medidas
de mitigação de impactes e sua monitorização.

Este foi elaborado segundo disposto no Decreto-Lei (D.L.) nº 197/2005, de 8 de


Novembro, de acordo com o Anexo I da Portaria nº 330/2001 de 2 de Abril, que propõe
as normas técnicas para a estrutura do EIA.

1.1. Identificação do proponente

O Projecto da Central Solar Térmica de Tavira apresenta como proponente a T-STEP,


S.A..

1.2. Designação do projecto. Fase do projecto.

O Projecto designa-se “Central Solar Térmica de Tavira”. O projecto encontra-se em


fase de estudo, de viabilidade, face às componentes económicas e estratégicas, do
Concelho de Tavira.

O Projecto será conduzido pela T-SETP, S.A., especialmente criada para o efeito. Com
esta empresa participa ainda, a EDP, a ROLEAR, LDA. e a Universidade do Algarve. O
Projecto conta ainda com as colaborações do INETI (Ministério da Economia) e da
Câmara Municipal de Tavira. A presença de várias entidades deve-se ao carácter
pioneiro deste projecto, a nível Nacional e Mundial, dado existir apenas uma central
idêntica na Austrália.

1.3. Identificação da entidade licenciadora ou competente para a autorização

A entidade licenciadora para a vertente energética do projecto da central é o Ministério


da Economia e a Direcção Geral de Geologia e Geologia. Esta entidade, tem o dever de
remeter todos os elementos relevantes do projecto à Autoridade de AIA, para efeitos do
procedimento de AIA, segundo o Decreto-Lei nº 197/2005, de 8 de Novembro, Capítulo
II, art. 6º, alínea a).

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

Ainda nos termos do mesmo Decreto-Lei, e segundo os Anexos I e II, os projectos de


centrais térmicas solares não se encontram contemplados no anterior. Deste modo,
assume-se que para o projecto ser submetido ao procedimento de AIA deve ser
solicitado pelo Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território.

A Câmara Municipal de Tavira é a entidade competente no que toca à construção de


infra-estruturas

1.4. Identificação dos responsáveis pela elaboração do EIA e período de elaboração

A empresa responsável por este EIA é o G8 – Consultoria, Planeamento e Gestão -


Ambiente. Este, foi elaborado num período aproximado de 1 semana, em Abril de 2007.

1.5 Antecedentes do EIA


Constitui um antecedente do EIA a Proposta de Definição de Âmbito da Central Solar
Térmica de Tavira, inserida no processo de AIA deste projecto.

1.6. Metodologia e descrição geral da estrutura do EIA


Tendo em vista a concretização dos objectivos do EIA, torna-se imprescindível o estudo
e análise dos factores ambientais que definem e determinam o estado do ambiente na
área de influência do empreendimento.

Dadas as características particulares de cada factor ambiental e as interacções existentes


entre os mesmos, não faria sentido circunscrever a análise dos diversos factores apenas
à área de intervenção directa do projecto. Assim, e para uma abordagem o mais correcta
possível, considerou-se, dependendo do factor em análise, uma área maior ou menor
para o estudo da influência da implantação do empreendimento.

Foi efectuado, na fase inicial do estudo, um reconhecimento geral da área de


implantação da Central e da respectiva envolvente, através de uma visita de campo e de

vi

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

levantamento fotográfico. Procedeu-se, também, a uma recolha de informação de índole


diversa, de forma a procurar identificar os factores ambientais cujo estudo deveria ser
privilegiado, por poderem vir a revelar sensibilidade assinalável e constituírem
condicionalismos fortes à concretização do projecto.

Concluiu-se o trabalho com o estabelecimento de um plano de monitorização destinado


a acompanhar e minimizar/potenciar os possíveis impactes, assim como avaliar a
capacidade de mitigação de algumas das medidas apresentadas, a ser implementado
durante as fases de construção, exploração e desactivação da Central Solar Térmica de
Tavira..

O EIA será realizado, estruturado e organizado, tendo como referência a legislação em


vigor (Decreto-Lei nº 197/2005 de 8 de Novembro e Portaria nº 330/2001 de 2 de
Abril). Neste contexto, e tendo em consideração as especificidades associadas ao
Projecto, esta será a seguinte estrutura para o EIA:

I – Relatório síntese
1. Introdução

2. Objectivos e justificação do projecto

3. Descrição do projecto e das alternativas consideradas

4. Caracterização do ambiente afectado pelo projecto

5. Proposta metodológica para a avaliação de impactes

6. Impactes ambientais da Central Solar Térmica

7. Medidas de mitigação

8. Monitorização e medidas de gestão ambiental dos impactes resultantes do projecto

9. Lacunas Técnicas

10. Conclusões

11. Bibliografia

vii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

2. OBJECTIVOS E JUSTIFICAÇÃO DO PROJECTO

2.1 Descrição dos objectivos e da necessidade do projecto

O objectivo do presente projecto consiste na produção e exploração comercial de


energia eléctrica por aproveitamento de energia solar, por via térmica (energia térmica)
- recurso natural renovável. A exploração deste recurso tem inúmeras vantagens a nível
ambiental, económico e tecnológico, dado que economizam-se outras fontes de energia,
reduz-se a emissão de poluentes atmosféricos (nomeadamente de gases com efeito de
estufa), tem custos de exploração menos elevados e fomenta a utilização de tecnologias
energéticas avançadas.

A tecnologia CLFR é, de entre as tecnologias solares térmicas, a que parece ter maior
probabilidade de vir a proporcionar uma redução de custos capaz de tornar a
electricidade produzida por via solar térmica, tornando-se mais atractiva, quando
comparada com outras fontes de energia renováveis (eólica, etc.) (Mills, 2001). O
fabrico dos colectores será em Portugal, numa fábrica expressamente construída para
este efeito e para futuros projectos dentro e fora do país, havendo assim, uma profunda
endogeneização da tecnologia prevendo-se uma evolução futura muito importante a
partir da experiência adquirida por este projecto.

O objectivo do projecto encontra-se em consonância com a política definida pela União


Europeia e pelo Governo Português para a promoção das energias renováveis,
aumentando exponencialmente a sua cota de produção de energia eléctrica.

2.2. Antecedentes do projecto

Numa fase anterior, o Projecto foi reprovado devido à localização proposta, se encontrar
em Reserva Ecológica Nacional (REN) e Reserva Agrícola Nacional (RAN) – Quinta
das Bonitas (próximo à Mata da Conceição).

viii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

3. DESCRIÇÃO DO PROJECTO E DAS ALTERNATIVAS CONSIDERADAS

3.1. Descrição sumária das principais características físicas do projecto e dos


processos tecnológicos envolvidos

De acordo com a Memória Descritiva e Justificativa da Central Solar Térmica de Tavira


(T-STEP, S.A., 2006), o projecto irá ser implementado em fases e na sua totalidade (em
finais de 2008) ocupará aproximadamente 100 000 m2, consistindo em:

 Implantação de 69300m2 de concentradores do tipo CLFR (a funcionar cerca de


2000h/ano) - altura máxima de 10 m - combinados com turbinas de baixa
temperatura:

- sistema de espelhos do tipo cilindro – parabólico, que seguem o movimento do sol


sob um só eixo, controlados um motor eléctrico de baixa potência e comandado por
um sistema electrónico previamente programado;

- não se prevê que o sistema tenha grandes implicações no que respeita à ocupação
do solo, visto este ser apoiado em pequenos pilares metálicos enterrados no solo,
que suportam toda a estrutura de base e espelhos, ficando o solo quase totalmente
livre sob o sistema;

- o absorvedor CLFR usa água desmineralizada (entre 1 a 2 m 3/dia) sob


pressão/vapor fornecendo-o directamente à turbina;

 Edifício para instalação do sistema Turbina/Gerador:

- o edifício ocupará 300m2, com aproximadamente 9 m de altura e será equipado


com um sistema de protecção anti-ruído;

- Turbina de vapor concebida para vapor saturado a temperaturas em torno de 250 a


300ºC;

- Existirá um transformador que elevará a tensa produzida para 60 kV e a ligação


será feita directamente à linha da Rede Eléctrica que passa no próprio terreno;

 Circuito de arrefecimento do condensador:

- O arrefecimento da água vai-se efectuar através de uma Torre de Arrefecimento


(100 m2, aproximadamente 10 m de altura) que consumirão um máximo de 130 m 3
de água;

ix

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

- a água necessária será disponibilizada pela Associação de Regantes local e para o


efeito terá que se dispor de um tanque de armazenamento de cerca de 450 m 3
(aproximadamente 150 m2) – por um lado permite armazenar a água necessária para
3 dias de actividade, por outro permite que o abastecimento do tanque seja feito
durante a noite (fora dos períodos de rega);

 Unidade metalo-mecânica ligeira para fabrico dos Colectores do Tipo CLFR:

- a fábrica terá um carácter provisório, sendo desmontada após a conclusão da


construção da Central;

- ocupará uma área de aproximadamente 1000 m2;

 Edifício Controle/Escritório/WC – 160 m2 (aproximadamente 3 m de altura);

 Central de Tratamento de Água – 30 0m2;

 Depósito de Água Desmineralizada – 100 m2;

 Estação de Ar Comprimido – 30 m2;

 Sub-estação eléctrica – 800 m2;

Dados básicos do Projecto:

- Potência de pico: 6.5 MWe;

- Potência nominal: 5.2 MWe;

- Energia produzida: 10400 MWh/ano;

- Área de colectores: 69300 m2, organizados em 2x5 filas de 6930 m2 cada;

- Área de terreno utilizada: ± 100 000 m2;

- Área de construção: 1940 m2.

3.2. Alternativas do projecto

O presente estudo prevê a análise da seguinte alternativa:

 Alternativa 0 – que consiste na não realização do projecto.

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

3.3. Projectos associados ou complementares

Para o transporte da energia produzida até à linha da Rede Nacional de Transporte


(RNT) será necessária uma intervenção de modo a ampliar a linha existente (60 kV) ou
construir uma subestação eléctrica de ligação à RNT.

No local, será instalada uma fábrica metalo-mecânica assembladora de vários


componentes do projecto, que será desactivada e transferida após a sua conclusão.

No Quadro 1, descrevem-se as instalações a edificar para a concepção, construção e


exploração do Central Solar Térmica a instalar, com uma capacidade de produção de 5.2
MWe.

Quadro 1 – Projectos e respectivos trabalhos.

PROJECTOS TRABALHOS

- Edifício de controlo, escritório, WC e outros;


- Edifício da turbina;
- Valas para cabos de Média/Alta Tensão;
- Edifício metalo-mecânico;
Construção Civil - Depósito de tratamento de água e
desmineralização;
- Central de tratamento de água;
- Base da torre de arrefecimento;
- Sub-estação eléctrica;
- Estação de ar comprimido;
- Movimento de terrenos para terraplanagem e
fundações.

3.4. Programação temporal estimada das fases de construção, exploração e


desactivação

A fase de construção será iniciada no primeiro trimestre de 2008 e tem uma duração de
12 meses, em condições de bom tempo. As últimas semanas serão para trabalhos de
acabamentos. (T-STEP, S.A., 2006)

O limite temporal para o funcionamento da Central Solar, será segundo a licença de


exploração pela DGGE, de 25 anos. O tempo de exploração poderá ser prolongado
através da substituição de equipamento e melhorias no existente projecto.

xi

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

Tanto a actividade de remoção de equipamento como a actividade de recuperação


paisagística – fase de desactivação - não existe de momento qualquer tipo de
informação.

3.5. Localização do projecto

O projecto do Central Solar Térmica a implementar localizar-se-á na localidade da


Capelinha, enquadrada numa zona rural da freguesia de Santa Maria do concelho de
Tavira.

A área apresenta-se totalmente inserida na Planta de Ordenamento (63.2/A) contida no


PDM de Tavira e completamente inserida na carta nº599 do Instituto Geográfico do
Exercito.

Na Figura 1, encontra-se a localização geográfica da Central Solar Térmica de Tavira a


implantar.

xii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

FONTE: Algarve Digital, 2006 [1]. FONTE: Adaptado de Algarve Digital, 2006 [1].

FONTE: Instituto Geográfico do Exército [2].

Figura 1. Enquadramento geográfico da área de implementação do projecto (a) Portugal


Continental, (b) Algarve, (c ) Localização da central solar térmica.

3.5.1 Indicação das áreas sensíveis

De acordo com o DL nº 197/2005 de 8 de Novembro, são consideradas como “áreas


sensíveis”:

 Áreas protegidas, classificadas ao abrigo do DL n.º 19/93, de 23 de Janeiro, com


a redacção conferida pelos Decretos-Leis 151/95, 213/97 e 227/98, de 24 de
Junho, 16 de Agosto e 17 de Julho, respectivamente;

xiii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

 Sítios da Rede Natura 2000, zonas especiais de conservação e zonas de


protecção especial, classificadas nos termos do DL nº 140/99, de 24 de Abril,
sendo reforçado o enquadramento legislativo através do estipulado no D.L.
49/2005, de 24 de Fevereiro;

 Áreas de protecção de monumentos nacionais e dos imóveis de interesse público


definidas nos termos da Lei nº 13/85, de 6 de Julho.

No Concelho de Tavira, onde se pretende a implementação da Central Solar Térmica,


encontram-se presentes dois tipos de áreas sensíveis:

 Áreas Protegidas: Ria Formosa (não inclui a área de implementação do projecto)


(figura 2);

Tavira

Figura 2. Localização de áreas protegidas. (Fonte: CCDR-Alg, 2007 [3])

 Sítios da Rede Natura 2000: Ria Formosa e Serra do Caldeirão (não incluem a
área de implementação do projecto).

3.5.2. Planos de ordenamento do território em vigor na área do projecto

Dos planos de ordenamento do território mais relevantes neste estudo, destacam-se na


área de incidência do Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve
(PROTAL) e o Plano Director Municipal de Tavira (PDM).

A área de estudo engloba também a área do Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras
do Algarve que abrange o mesmo concelho.

xiv

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

3.5.3. Servidões, condicionantes e equipamentos/infra-estruturas relevantes


potencialmente afectados pelo projecto

Analisando a Planta de Condicionantes presente no PDM, a Central Solar Térmica irá


inserir-se ao longo de toda a sua extensão em áreas de jurisdição da Reserva Agrícola
Nacional (RAN) e parcialmente, em áreas afectas à Reserva Ecológica Nacional (REN)
(zonas de máxima infiltração). Segundo a mesma planta, identifica-se na zona Norte do
terreno de localização do projecto uma linha eléctrica de alta tensão (60kV). Ao nível de
servidões, a Central Solar Térmica, está ladeado a Norte e Sul, por caminhos
municipais, e a Oeste pela estrada municipal nº508.

Ainda de acordo com a Planta de Condicionantes, verifica-se a passagem de um leito de


água efluente da Ribeira de Almargem, que actualmente se encontra seco.

Nas proximidades do projecto existe alguma edificação dispersa, mais especificamente,


algumas moradias muito próximas à localização do projecto. O limite Sul da localização
do projecto, situa-se a cerca de 2 km da zona limite Norte de Tavira onde existem uma
extensa zona urbana e/ou urbanizável.

Segundo a Planta de Ordenamento para o concelho (PDM Tavira), e de acordo com os


equipamentos/infra-estruturas, áreas de protecção ao património edificado, áreas de
aptidão turística e demais locais existentes nas áreas envolventes, referem-se como
possivelmente afectados (Quadro 2):

Quadro 2 – Equipamentos/infra-estruturas e outras áreas possivelmente afectadas

TIPO DESIGNAÇÃO

Edificação Localidade de Fonte Salgada;


Localidade da Capelinha;
Cidade de Tavira (essencialmente a Norte);

Linhas eléctricas e de alta tensão Linha de alta tensão de 60KV

Estradas/caminhos Estrada Municipal (CM 508);

Caminhos municipais ao terreno.

Áreas de protecção de património edificável Zona de Vale Formoso


e Campo militar

xv

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

Áreas de aptidão turística Zona de Arneiros

3.6. Lista dos principais tipos de materiais utilizados

O campo de colectores é constituído pelos colectores (espelhos – 69300 m 2), uma


estrutura ligeira metálica de suporte dos colectores, cinco torres metálicas fundadas em
sapatas de betão armado, sobre as quais apoiará uma viga metálica e uma outra torre
metálica, onde ficará apoiado um depósito de vapor e o desgaseificador, fundada num
maciço de betão armado (T-STEP, S.A., 2006).

O edifício da turbina será uma estrutura metálica apoiada em sapatas isoladas de betão
armado e ligadas entre si por vigas de fundação. As fachadas e cobertura serão
revestidas com chapas metálicas com tratamento acústico. No perímetro do edifício,
será executada uma parede em blocos de cimento furados(T-STEP, S.A., 2006).

O edifício de controlo será também executado em estrutura metálica e ficará apoiado em


sapatas isoladas de betão armado e ligadas entre si por vigas de fundação, com uma laje
térrea em betão de regularização. A cobertura será executada em chapa tipo
“Haironville” e as paredes exteriores serão constituídas por tijolo furado, enquanto que
as paredes divisórias e tectos falsos serão constituídos por painéis de gesso cartonado,
com estrutura em perfis de aço galvanizado. Reboco com aditivo hidrófugo revestirá os
parâmetros exteriores, os interiores serão revestidos com estuque sintético. Utilizar-se-á
azulejo branco para as zonas húmidas das paredes da Copa e dos Sanitários. No
pavimento irá aplicada betonilha de regularização, sendo depois aplicado um
revestimento vinílico, nas áreas de trabalho e um mosaico cerâmico anti-derrapante na
Copa, Sanitários e Oficina/Laboratório. As soleiras e peitoris serão de betão pré-
fabricado e para os vãos exteriores será utilizada caixilharia de alumínio nas janelas e
porta, para os vãos interiores consideram-se portas com acabamento folheado a pinho e
envernizado. O portão será uma estrutura metálica com acabamento e pintado a tinta de
esmalte. (T-STEP, S.A., 2006)

A Central de Desmineralização estará resguardada com um telheiro metálico ligeiro. O


Depósito de Água Bruta será executado em chapa vitrificada que assenta numa laje de
fundação em betão armado e o Depósito de Água Desmineralizada será em fibra de
vidro, assentando também numa laje de fundação em betão armado. A Torre de

xvi

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

Arrefecimento será montada sobre uma estrutura de betão armado e no seu perímetro
será construído uma parede de betão armado. Os arruamentos e estacionamentos serão
em tout-venant. Toda a área da Central Solar Térmica de Tavira será ainda vedada com
uma vedação, constituída por prumos metálicos em ferro galvanizado com acabamento
lacado e com rede tremida plastificada e na parte superior uma protecção adicional em
arame farpado, o portão será no mesmo material. (T-STEP, S.A., 2006)

A cavidade absorvedora é constituída por superfícies laterais planas e uma cobertura de


vidro, e contém, um isolamento lateral superior e lateral de grande espessura (material
desconhecido). No interior dessa cavidade, no fundo, localizam-se os tubos
absorvedores onde circula a água a aquecer compostos por ferro e pintados de negro.

Os materiais a utilizar na construção das estruturas de betão armado são Betão C12/15,
Betão C25/30 e Aço A500 NR e a nas estruturas metálicas é Aço Fe360 (S235). (T-
STEP, S.A., 2006)

Em relação, aos restantes equipamentos e infra-estruturas constituintes do projecto, não


existe de momento mais informação disponível. Deste modo, os restantes materiais
serão caracterizados na fase de elaboração de EIA.

3.7. Lista dos principais tipos de energia utilizados ou produzidos

Na fase de construção e desactivação, a energia utilizada corresponde a motores de


combustão a gasóleo, no caso dos veículos e de alguns equipamentos (nomeadamente
gruas, caterpillars, e outra maquinaria).

Será necessário recorrer também à rede eléctrica para alimentação de uma série de
maquinaria de menor porte.

3.8. Lista dos principais tipos de efluentes, resíduos e emissões previsíveis


Nos Quadros 3,4 e 5 são apresentados os principais tipos de efluentes, resíduos e
emissões durante as fases de construção, exploração e desactivação, respectivamente.

Quadro 3 - Principais tipos de efluentes, resíduos e emissões na fase de construção

FASE DE CONSTRUÇÃO

Efluentes Águas residuais domésticas/industriais provenientes da lavagem do estaleiro, da


construção de edifícios, das centrais de água, águas pluviais de escorrência dos

xvii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

terrenos e construções (passíveis de contaminação).

Resíduos Resíduos verdes, terra vegetal, pedra, óleos, combustíveis, resíduos equiparáveis
a RSU do estaleiro, resíduos de embalagens e de materiais de construção, pneus
usados, resíduos metálicos e de espelhos (sílicas), resíduos eléctricos.

Emissões Partículas, hidrocarbonetos, NOx, CO, CO2, ruído.

Quadro 4 – Principais tipos de efluentes, resíduos e emissões na fase de exploração.

FASE DE EXPLORAÇÃO

Efluentes Óleos usados da maquinaria, águas residuais domésticas das instalações


sanitárias, águas resultantes da estação de tratamento de água, alguns efluentes
do tanque de água e de água desmineralizada, água pluvial, águas de escorrência
do terreno.

Resíduos Peças e equipamentos substituídos dos colectores (espelhos, estrutura metálica,


motores eléctricos, etc.), resíduos metálicos e de espelhos (sílicas), resíduos
sólidos urbanos, resíduos da subestação eléctrica, resíduos verdes.

Emissões Vapor de água e outros gases proveniente do desgaste da chaminé, do sistema de


transformação e transporte de gases.

Quadro 5 – Principais tipos de efluentes, resíduos e emissões na fase de desactivação

FASE DE DESACTIVAÇÃO

Efluentes Águas residuais domésticas provenientes da lavagem de edifícios e de todas as


estruturas recuperáveis, águas de lavagem do estaleiro, águas pluviais de
escorrência, águas resultantes da recuperação paisagista dos terrenos.

Resíduos Resíduos verdes, terra vegetal, pedra, óleos, combustíveis, resíduos equiparáveis
a RSU do estaleiro, resíduos de embalagens e de materiais de construção, pneus
usados, resíduos sólidos urbanos resultantes de edifícios, subestação eléctrica ,
bombas hidráulicas, motores, de colectores, de acessos.

Emissões Partículas, hidrocarbonetos, NOx, CO, CO2, ruído.

4. CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE AFECTADO PELO PROJECTO


O descritor estudado foi a Qualidade do Ar.

xviii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

4.1. Introdução

A Qualidade do Ar é o termo que se usa, normalmente, para traduzir o grau de poluição


no ar que respiramos. A poluição do ar é provocada por uma mistura de substâncias
químicas, lançadas no ar ou resultantes de reacções químicas que alteram o que seria a
constituição natural da atmosfera. Estas substâncias poluentes podem ter maior ou
menor impacte na qualidade do ar, consoante a sua composição química, concentração
na massa de ar em causa e condições meteorológicas. A existência de ventos fortes ou
chuvas poderão dispersar os poluentes, ao passo que a presença de luz solar poderá
acentuar os seus efeitos negativos. [4]

Segundo o índice de qualidade do ar utilizado a nível nacional, elaborado pelo Instituto


do Ambiente, os poluentes mais comuns são; o monóxido de carbono (CO), o dióxido
de azoto (NO2), o dióxido de enxofre (SO2), o ozono (O3) e as partículas finas medidas
como PM10, especialmente em áreas urbanas e industriais quotidianas. [4]

No Quadro 6, estão dispostos alguns dos efeitos dos poluentes que integram o índice de
qualidade do ar.

Quadro 6 - Efeitos do CO, NO2, SO2, O3 na saúde pública.


Poluente Efeitos
- Inibe a capacidade do sangue em trocar oxigénio com os tecidos
vitais, podendo em concentrações extremas provocar morte por
envenenamento;
- Afecta principalmente o sistema cardiovascular e o sistema nervoso;
Monóxido de carbono - Concentrações mais baixas são susceptíveis de gerar problemas
cardiovasculares em doentes coronários (p.ex. casos de angina de
peito);
- Concentrações elevadas são susceptíveis de criar tonturas, dores de
cabeça e fadiga.
- Altas concentrações podem provocar problemas do foro respiratório,
especialmente em crianças, tais como doenças respiratórias (asma ou
tosse convulsa). Doentes com asma podem também sofrer
Dióxido de azoto dificuldades respiratórias adicionais com estes elevados teores;
- É um poluente acidificante, envolvido em fenómenos como as
chuvas ácidas (felizmente têm pouca expressão no nosso país), as
quais acidificam os meios naturais (por exemplo as águas de lagos) e
atacam quimicamente algumas estruturas, por exemplo materiais

xix

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

metálicos (corrosão), bem como tecidos vegetais


- Altas concentrações podem provocar problemas no tracto
respiratório, especialmente em grupos sensíveis como asmáticos;
Dióxido de enxofre - É um poluente acidificante, contribuindo para fenómenos como as
chuvas ácidas que têm como consequência a acidificação dos meios
naturais (por exemplo, lagos) ou a corrosão de materiais metálicos.
- É um poderoso oxidante, o que se reflecte nos ecossistemas, nos
materiais e na saúde humana;
- Pode irritar o tracto respiratório, já que o oxida, podendo provocar
dificuldades respiratórias (por exemplo, impossibilidade de respirar
fundo, inflamações brônquicas ou tosse);
- É o principal constituinte do smog fotoquímico, o qual é
frequentemente associado a diversos sintomas particularmente em
Ozono grupos sensíveis como crianças, doentes cardiovasculares e/ou do foro
respiratório e idosos;
- É, frequentemente, apontado como o principal responsável por
perdas agrícolas e danos na vegetação, existindo espécies
particularmente sensíveis ao seu efeito tal como o Pinus Alepensis
(espécie de pinheiro existente, por exemplo, na Serra da Arrábida).
- São um dos principais poluentes em termos de efeitos na saúde
humana, particularmente as partículas de menor dimensão que são
inaláveis, penetrando no sistema respiratório e danificando-o;
- Têm-se caracterizado por serem, pretensamente, responsáveis pelo
aumento de doenças respiratórias (por exemplo, o aumento da
Partículas incidência de bronquite asmática);
- Podem ser responsáveis pela diminuição da troca gasosa em espécies
vegetais, nomeadamente através do bloqueamento de estomas;
- Danificam igualmente o património construído, especialmente tintas
Fonte: [4]

4.2. Caracterização da situação de referência

4.2.1 Receptores e fontes na área de implantação

Procede-se neste subcapítulo à identificação dos receptores, provavelmente afectados,


pela implantação do projecto. Na área do projecto e nas áreas envolventes o uso do solo
predominante é de natureza agro-florestal, ocupado por pomares de sequeiro/citrinos e
pelo cultivo de leguminosas, sendo o tráfego automóvel diminuto e existindo poucas
habitações, comércio e indústrias. Desta forma, os principais receptores serão os

xx

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

habitantes que residem nas localidades ou pequenas aglomerações populacionais


existentes nas redondezas de influência do projecto: cidade de Tavira e freguesias mais
próximas ao projecto (Santa Maria, Conceição, Santa Maria e Santa Margarida) (figura
3).

Figura 3. Principais receptores afectados pelo projecto (círculos vermelhos).

Relativamente às fontes de poluidoras da atmosfera presentes na área de influência do


projecto não se encontra disponível uma inventariação e caracterização sistemática das
mesmas, desta forma, será efectuada uma análise pormenorizada a diferentes escalas;
micro-escala (0-1 Km), escala local (1-10 Km) e à escala regional (Algarve)
identificando-se as fontes fixas e móveis de poluição afectas à região, e ainda,
informação meteorológica de interesse para o transporte e dispersão de poluentes na
atmosfera.

Analisando a área de influência do projecto a uma micro-escala, existe apenas uma


fonte móvel, a Estrada Municipal nº508; embora o tráfego automóvel seja bastante
diminuto dado tratar-se de uma zona rural. Existem ainda, outros caminhos municipais
mas com significância muito reduzida no que respeita à circulação e respectivamente, à
emissão de poluentes. [5]
À escala local, não existem fontes fixas de emissões atmosféricas significativas
(excepção de uma indústria de cerâmica, localizada na Fonte Salgada [6]), dado que, o
concelho de Tavira e as suas freguesias são muito pouco desenvolvidos a nível

xxi

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

industrial (transformadora, extracção, outros.) no que concerne à produção de energia


ou de alimentos; sectores mais significativos na degradação da qualidade do ar (IA,
2004). Relativamente a outros subsectores industrias que podem representar fontes de
poluição atmosférica fixas, o maior número de estabelecimentos localiza-se nos
concelhos de Faro, Loulé e Silves (figura 4), o que indica que a qualidade do ar nas
imediações do projecto deverá ser boa (inexistência de poucas fontes fixas e de natureza
pouco significativa).

Figura 4. Número de estabelecimentos industriais (Alimentares e bebidas, produtos metálicos,


madeira e cortiça) existentes nos vários concelhos do Algarve. Fonte: DREA, 2004

As eventuais fontes com maior peso serão as fontes móveis, relacionadas com as vias
rodoviárias próximas, não existindo registos disponíveis relativos à sua monitorização –
Estrada Nacional nº125 e nº270 e a Via do Infante (A22) [5]. Existem ainda a esta
escala, uma série de caminhos e estradas municipais predominantemente alcatroadas
que fazem a ligação entre o meio rural e urbano.
Por último, efectuando uma análise à escala regional (face à natureza do projecto não é
relevante fazer o estudo à meso-escala (10-1000 Km)), denota-se pela figura 5 que o
desenvolvimento industrial algarvio é bastante diminuto quando comprado com outras
regiões a nível nacional no que concerne a grandes estações de combustão –
responsáveis pela libertação de grandes quantidades de SO2, NOx e outros poluentes
em grandes quantidades (DGA, 2001). O Índice de Qualidade do Ar (IQAr) é uma
forma simples de informar acerca do estado da qualidade do ar dividindo-se em cinco

xxii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

classes, do "Muito Bom" ao "Mau" (IA, 2004). Segundo o IA, 2004 o número de dias
em que o IQAr é Fraco ou Mau no Algarve, comparativamente com as restantes zonas a
nível nacional é bastante mais diminuto e apresenta nos restantes casos valores Médios,
Bons e Muito Bons (figura 6).

Figura 5. Localização de grandes unidades de combustão em Portugal. Fonte: DGA, 2001

Figura 6. Distribuição do IQAr em várias zonas e aglomerações populacionais, por classes de


classificação para os anos de 2002, 2003 e 2004. Fonte: IA, 2004

xxiii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

As condições meteorológicas são o factor fundamental na dispersão dos poluentes


atmosféricos: componente vertical comandada pela turbulência gerada pelo Gradiente
Térmico, e a componente horizontal em que o vento é o principal agente tanto no
transporte como na mistura [4]. A informação meteorológica constitui um suporte
fundamental para conhecer as condições de dispersão de poluentes na atmosfera
(deslocamento de massas de ar, turbulência, outros.) e quais os receptores mais
afectados pela emissão de poluentes. A estação meteorológica mais próxima ao projecto
é a estação da Picota (medição climatológica automática) localizada na freguesia de
Santa Maria, pertencente ao concelho de Tavira (figura 7) (CCDR – Alg, 2006). Esta
estação monitoriza a precipitação, velocidade e direcção do vento, evaporação, radiação
solar, temperatura e humidade relativa do ar.

Figura 7. Estação climatológica automática da Picota.


Localização: Carta Militar n.º599 (1:25000) (Latitude – 240197; Longitude – 23259). Fonte: (CCDR -
Alg, 2006).

Os dados de base desta estação estão disponíveis no Instituto Nacional da Água


(INAG), no Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH) [7], no
entanto, face à escassez de tempo para a elaboração deste estudo é inviável o estudo da
direcção e velocidade do vento, para o número de anos mínimo de uma normal
climática (30 anos) para que se possa admitir que os valores representam o valor
predominante obtido para o local do projecto é fiável. Desta forma, recorrer-se-á a
dados provenientes de uma normal climática para Faro elaborada pelo Instituto de
Meteorologia [8].

xxiv

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

Figura 8. Valores médios anuais da velocidade e direcção do vento entre 1965-1990. Fonte: [8]
Através da figura 8, verifica-se que a direcção predominante do vento é essencialmente
de Noroeste/Oeste o que indica que os receptores mais afectados pela dispersão de
poluentes na área de implantação do projecto são os localizados a Sudeste/Este. A
velocidade do vento na região situa-se entre os 10-15 Km/h, o que indica que a
turbulência atmosférica é intermédia causando uma significativa dispersão de poluentes
na área. Desta forma os receptores mais afectados pela emissão de poluentes
atmosféricos serão os localizados na cidade de Tavira, e freguesias de Santa Maria,
Cabanas de Tavira, Conceição e Santiago [9].

4.2.2. Qualidade do ar
A caracterização da situação de referência ao nível da qualidade do ar na área de
implantação do projecto da Central Solar Térmica de Tavira, encontra-se condicionada
pelas características morfológicas e meteorológicas características da área, sendo
afectada pelo uso do solo actual. Considerando as características da área em estudo,
essencialmente agro-florestal, é legítimo assumir que a concentração de poluentes
atmosféricos como o CO, CO2, SO x e NOx deverá ser baixa. Constata-se sobretudo que
na área de influência do projecto, a presença destes poluentes atmosféricos deverá estar
associada apenas a queimadas em campos agrícolas, queima doméstica de lenha e ao
movimento rodoviário (fontes móveis, essencialmente durante o Verão).

xxv

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

A caracterização da qualidade do ar na área de influência do projecto será efectuada


com o apoio de uma estação de amostragem que integra a Base de Dados Online de
Qualidade do Ar do Instituto do Ambiente (figura 9). A escolha desta estação baseou-se
no facto de ser relativamente próxima do projecto, e ainda, na similaridade do ambiente
em que está inserida (ambiente rural). A estação é denominada por Cerro, localiza-se na
rua do Cerro-Alcoutim, freguesia de Vaqueiros, concelho de Alcoutim e fica a,
aproximadamente 25 Km do projecto (figura 10). [10]

Figura 9. Mapa das estações de amostragem nacionais de qualidade do ar.


Fonte: Adaptado de [10]

xxvi

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

Figura 10. Estação de qualidade do ar Cerro. Localização: Carta Militar n.º582 (1:25000)
(Latitude – 38591; Longitude – 240286). Fonte: [10]

De seguida, serão apresentados quadros síntese dos teores dos poluentes referentes à
estação do Cerro que integram o índice de qualidade do ar (SO 2, CO, NO2, O3, PM10), à
excepção do CO, devido às características da zona. Nestes quadros serão analisados, os
valores das concentrações diárias durante o ano de 2006 e a conformidade do valor
limite de emissão com a legislação em vigor.

4.2.2.1. Dióxido de enxofre


Em relação às concentrações de SO2, não se verificou qualquer excedência ao valor
legislado durante o ano de 2006 (quadro 7) o que permite concluir que a qualidade do ar
relativamente a este composto é Muito Boa.

Quadro 7 - Concentração de dióxido de enxofre durante o ano de 2006 (número medições,


valor médio e valor máximo) e conformidade com a legislação em vigor

xxvii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

4.2.2.2. Partículas PM10


Em relação às concentrações de PM10 (quadro 8), verifica-se a excedência do valor
limite legislado cerca de 317 dias durante o ano de 2006, ou seja, durante a maioria dos
dias do ano (aproximadamente ¾ ano). É importante considerar as partículas em
suspensão como um importante parâmetro de poluição atmosférica, cuja origem, na sua
grande maioria deverá estar associada ao movimento de veículos nas estradas
alcatroadas e não alcatroadas, já que não existem praticamente fontes fixas de emissão
de poluentes de fontes industriais. Em relação a este composto a qualidade do ar é Fraca
(riscos de saúde pública).

Quadro 8 - Concentração de partículas PM10 durante o ano de 2006 (número medições, valor
médio e valor máximo) e conformidade com a legislação em vigor.

4.2.2.3. Dióxido de azoto


Relativamente às concentrações de NO2 (quadro 9), verifica-se que o valor limite
legislado não foi ultrapassado em nenhum dia do ano de 2006 o que indica que este

xxviii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

composto existe em concentrações diminutas na região, ou seja, a qualidade do ar é


Muito Boa.

Quadro 9 - Concentração de dióxido de azoto durante o ano de 2006 (número medições, valor
médio e valor máximo) e conformidade com a legislação em vigor.

4.2.2.4. Ozono
Relativamente às concentrações de ozono (quadro 10), verifica-se ainda que o limiar de
informação à população foi ultrapassado apenas, em 1 dia (ano 2006), e que o limiar de
alerta não foi excedido em 2006; não havendo assim razões para alarme em relação a
este poluente. Segundo a Portaria N.º623/96, o limiar de protecção para a saúde humana
é de 110 ug/m3, verificando-se cerca de 110 excedências (ano 2006), o que indica a
existência deste composto na área em baixas quantidades. Este facto, advém
provavelmente das boas condições de luminosidade e estabilidade atmosférica desta
área agro-florestal potenciando as reacções químicas do ozono troposférico. Desta
forma, a qualidade do ar é Boa/Muito Boa.

Quadro 10 - Concentração de ozono durante o ano de 2006 (número medições, valor médio e
valor máximo) e conformidade com a legislação em vigor.

xxix

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

Finalmente, conclui-se segundo os vários poluentes estudados que a qualidade do ar na


área de influência do projecto é Muito Boa, excepção das partículas PM10. Esta
conclusão apoia-se na informação descrita anteriormente e no índice de qualidade do ar
do Instituto do Ambiente [10].

4.3. Evolução da situação de referência na ausência de projecto


Em relação à qualidade do ar na área de implantação do projecto da Central Solar
Térmica de Tavira, e dado tratar-se de uma área agro-florestal, não existirão alterações
muito significativas dos parâmetros que definem este descritor.

Esta assumpção é consolidada pela informação disponível no Plano Director Municipal


do Concelho de Tavira e partindo do princípio que não se efectuará nenhuma revisão do
PDM que tenha em vista a instalação de unidades industriais para a área em estudo ou
envolventes.

xxx

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

5. PROPOSTA METODOLÓGICA PARA AVALIAÇÃO DE IMPACTES

5.1 Metodologia adoptada para identificação e avaliação de impactes

Para identificar e avaliar os impactes, foi definida uma metodologia que permite prever
e avaliar os impactes mais significativos do projecto. Esta metodologia será aplicada em
cada uma das fases do projecto e para o descritor qualidade do ar.

A situação de referência, sem projecto, será a base de comparação para a identificação,


caracterização, predição e avaliação de impactes do projecto.

Para o projecto em estudo, foram considerados os seguintes critérios a utilizar numa


matriz para a avaliação de impactes:

Incidência (I) – se as actividades de projecto provocam impactes que afectam directa ou


indirectamente o descritor, é um critério qualitativo;

Natureza (N) – se o impacte em estudo valoriza (positivo) ou desvaloriza (negativo) a


qualidade ambiental do descritor, é um critério qualitativo;

Reversibilidade (R) – capacidade de regeneração do meio, uma vez decorrido o impacte,


com ou sem medidas mitigadoras, sendo considerado como irreversível ou reversível,
consoante os correspondentes efeitos permaneçam no tempo ou se anulem;

Probabilidade (P) – está relacionado com a probabilidade de uma determinada acção


provocar ou não o impacte, sendo considerado como reduzida, média ou elevada;

Duração (D) – escala temporal do impacte considerada como curta, média ou longa, de
acordo com o período de tempo de incidência;

Significância (S) – está relacionada com o grau de importância do impacte sobre o


ambiente ou o meio natural, resulta da soma da Reversibilidade, Probabilidade e
Duração;

Magnitude (M) – intensidade ou extensão da afectação, classificada como reduzida,


média ou elevada;

Importância (Imp) – descreve representatividade global dos impactes;

xxxi

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

A identificação, a avaliação e o balanço do conjunto dos descritores vai ser baseada na


matriz de Leopold que consiste no cruzamento das actividades de projecto com os
impactes associados. Será usada uma matriz para cada fase do projecto de modo a
facilitar a sua análise.

Cada actividade e o seu potencial impacte no descritor são consideradas e sempre que
um impacte é antecipado, a respectiva célula da matriz é assinalada com um valor de
magnitude e de significância. A análise destes dois critérios definirá a importância de
cada impacte, proporcionando a identificação dos impactes mais relevantes do projecto.

Quadro 11 – Escalas de classificação dos critérios utilizados para avaliação de impactes


Critério Escala
directo D
I Incidência
indirecto I
negativo -
N Natureza
positivo +
reversível 1
R Reversibilidade
irreversível 3
reduzida 1
P Probabilidade média 2
elevada 3
curta 1
D Duração média 2
longa 3
S Significância R+P+D
reduzida 1
M Magnitude média 2
elevada 3
Imp Importância SxM

Estrutura e formulação da matriz:

 A matriz a ser utilizada será baseada na matriz de Leopold;

 A matriz será dividida para cada fase do projecto;

 Far-se-á distinção entre dois conjuntos de critérios qualitativos: [Incidência e


Natureza] e quantitativos: [Reversibilidade, Probabilidade, Duração e
Magnitude];

 Calcular-se-á neste segundo conjunto, a soma dos valores atribuídos para cada
critério [Reversibilidade, Probabilidade e Duração] para determinação da
Significância;
xxxii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

 Uma vez que uma Magnitude elevada, não significa uma significância elevada,
num segundo quadro, semelhante ao primeiro, far-se-á o produto dos critérios
[Significância e Magnitude], a este produto dar-se-á o nome de Importância.

 No final far-se-á a soma das Importâncias para cada impacte, sendo possível
identificar os maiores impactes do projecto.

ESQUEMA:

R
I N P S M IMPORTÂNCIA
D

As metodologias aplicadas ao descritor serão, sempre que possível, modelos


matemáticos de forma a possibilitar uma melhor quantificação (aproximada) do impacte
em causa. No entanto, esta aplicação estará dependente quer do prazo definido do
estudo bem como a existência dados de base. Desta forma, não se prevê a realização de
experiências devido às limitações acima referidas (essencialmente o tempo disponível).
Finalmente, a comparação com casos análogos e consequente extrapolação ponderada
dos dados relativos aos impactes verificados a par com a análise pericial serão os
métodos mais aplicados (exclusivamente ou não) ao descritor qualidade do ar,
principalmente, sempre que se revele uma das referidas limitações.

5.2 Metodologia adoptada para a predição de impactes

O objectivo das metodologias para a predição de impactes é a identificação de


mudanças no ambiente com a implementação do projecto em comparação com a
situação sem o projecto. Existem as mais variadas metodologias possíveis de aplicação
ao descritor, devendo ser usados sempre que possível modelos matemáticos como forma
de proporcionar uma melhor quantificação de cada impacte.

Deve-se também recorrer a comparações com projectos semelhantes, extrapolando em


seguida os impactes verificados em relação aos valores existentes, principalmente no
caso de limitações ao nível da falta de dados ou de aplicação de modelos.

xxxiii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

Para cada fase do projecto foram elaboradas matrizes de predição de impactes. Estas,
encontram-se inseridas nos pontos 6.1.1.1, 6.1.2.1, 6.1.3.1 e 7.5.

6. IMPACTES AMBIENTAIS DA CENTRAL SOLAR TÉRMICA

6.1. Qualidade do ar
Neste ponto vão ser descritos os potenciais impactes em cada uma das fases do projecto
em estudo

6.1.1. Fase de construção


Os impactes sobre a qualidade do ar durante a fase de construção advêm principalmente
da utilização de maquinaria pesada e ao aumento temporário do tráfego de veículos
pesados nas vias de comunicação de acesso à área de implementação da Central Solar
Térmica.
De forma directa os veículos são responsáveis pela emissão de gases como monóxido de
carbono, dióxido de carbono, óxidos de azoto, óxidos de enxofre e partículas sólidas; e
de forma indirecta, pelo aumento de poeiras em suspensão, devido à execução das
acções a que estão destinados nesta fase do projecto. Durante estas operações que
envolvem movimentação de terras, escavações, desmatação e limpeza de terreno, a
libertação de poeiras, pode ser um facto considerado relevante (MENDES et al., 2006).
Neste tipo de acções responsáveis pelas emissões em cima descritas, a quantificação dos
poluentes emitidos, está associada a uma grande margem de erro, visto ser dependente
do número de horas e de veículos a trabalhar, assim como as condições climatéricas na
altura.

No processo de construção dos edifícios também poderá ocorrer emissão de poluentes


provenientes da aplicação de tintas, sendo que estes impactes, apesar de ocorrerem, se
prevê terem uma expressividade mínima.

Considerando as actividades envolvidas na fase de construção da Central Solar Térmica,


é importante o estudo dos seguintes impactes:

 Alteração da qualidade do ar na área de implantação do projecto e na envolvente


próxima, devido à emissão de poeiras provenientes do tráfego de camiões e da

xxxiv

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

realização de escavações, movimentações de terra, desmatações e limpeza de


terreno;

 Aumento das emissões de poluentes atmosféricos, em consequência do aumento


temporário de tráfego de veículos pesados no local de implantação do projecto.

Para a avaliação de impactes na fase de construção da Central Solar Térmica, os


impactes devem reorganizar-se do seguinte modo:

 Emissões de poeiras: alteração da qualidade do ar na área de implantação do


projecto e na envolvente próxima, devido à emissão de poeiras provenientes do
tráfego de camiões e da realização de escavações e movimentações de terra. As
operações de escavação e os movimentos de terras darão origem à emissão de
partículas de granulometria relativamente grosseira (com descrito na situação de
referência), pelo que se espera que as mesmas se depositem no solo a curta
distância do local.
Desta classificação não se prevê alteração ao nível do padrão de qualidade do ar
regional, pelo que a análise mais minuciosa deverá incidir sobre o local de
implantação do projecto.

 Emissões provenientes dos motores dos veículos e equipamentos: aumento das


emissões de poluentes atmosféricos em consequência do aumento temporário de
tráfego de veículos pesados no acesso e em acção no local de implantação do
projecto. O aumento temporário de tráfego de veículos pesados nas vias
utilizadas para aceder ao local de implantação do projecto, durante esta fase,
contribuirá também para um aumento das emissões de poluentes característicos
deste tipo de fontes (NOX, COV e CO, principalmente).

Além dos impactes associados à construção do sistema solar térmico em si, existem
ainda duas outras construções a ser empreendidas sobre as quais não existem dados
suficientemente explícitos para que possam ser previstos os seus potenciais impactes;
são elas a construção da Subestação Eléctrica de ligação da energia produzida à Rede
Nacional de Transporte, e a construção e actividade, no local, de uma unidade
Metalomecânica ligeira que servirá para o fabrico dos Colectores do tipo CLFR. Ainda

xxxv

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

associadas a esta unidade fabril, estarão as emissões provenientes dos veículos de


transporte dos 40 trabalhadores que a mesma empregará, durante cerca de um ano.

A energia usada e as emissões de gases (CO2, SO2, NOx) na produção e processamento


dos sistemas solares térmicos são notáveis. Os impactes destas emissões variam
consoante a localização e são normalmente menores do que as das tecnologias
convencionais de combustíveis fósseis (TSOUTSOS, 2003).

6.1.1.1 Matriz de predição de impactes na fase de construção


A matriz correspondente a esta fase encontra-se no final do capítulo (Quadro 12).

Os dois impactes considerados nesta fase apresentam-se ambos como impactes


negativos, embora a sua importância global, segundo a escala utilizada (-378 a -3), não
se apresente como muito preocupante, situando-se os valores entre -111 e -140.
Se por um lado se verificam muitas actividades com impactes negativos, por outro
praticamente nenhuma possui uma magnitude demasiado elevada, nem uma duração
muito grande.

6.1.2. Fase de exploração

Durante a fase de exploração, os impactes negativos da Central Solar Térmica sobre a


qualidade do ar na região, dever-se-ão principalmente a viaturas de transporte de
pessoas para actividades relacionadas com a manutenção da mesma. Os impactes
relacionados com este descritor nesta fase consideram-se assim pouco relevantes,
nomeadamente no que concerne à emissão de partículas e poluentes gasosos.

As únicas emissões que o tipo de tecnologia utilizado implica, serão emissões de vapor
de água, que devido à reduzida quantidade que se espera emitir, não deverá exercer
qualquer impacte sobre a qualidade do ar regional ou mesmo local.

Assim, durante a fase de exploração, os impactes sobre a qualidade do ar dever-se-ão,


principalmente, ao facto de se estar em presença de uma forma de produção de energia

xxxvi

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

eléctrica a partir de uma fonte renovável, sem recurso à combustão (processo


responsável por emissões gasosas) e à utilização de combustíveis fósseis (fonte
energética esgotável e que conduz à saída de divisas do país). Constituindo-se portanto
como um impacte positivo: redução das emissões de Gases de Efeito de Estufa
(principalmente CO2 e NOx) e prevenção de emissões de gases tóxicos (SO2 e
partículas) que acabam por estar na origem de fenómenos do tipo das chuvas ácidas e do
aquecimento global (TSOUTSOS, 2003).

Cada unidade (kWh) de electricidade produzida por via solar, substitui uma unidade de
electricidade que, de outra forma, teria uma elevada probabilidade de ter sido produzida
por uma central térmica (com emissões significativas dos poluentes em cima referidos).
Por exemplo, no que diz respeito ao Dióxido de Carbono, uma Central Solar Térmica
produz electricidade com uma poupança de 1.4 kg de CO2 emitido/kWh, relativamente
às fontes de energia convencionais (TSOUTSOS, 2003).
Através desta poupança de CO2e/kWh de energia produzida, pode prever-se que a
Central Solar Térmica de Tavira, contribuirá para a não emissão de 14 560 t CO2/ano.

A Convenção sobre Alterações Climáticas, que constitui um instrumental legal que


estabelece princípios e obrigações da Comunidade Internacional, tem como objectivo
conseguir a estabilização das concentrações, na atmosfera, de gases com efeito estufa a
um nível que evite uma interferência antropogénica perigosa com o sistema climático
(ENERNOVA, 2003).
Desta convenção decorre o Protocolo de Quioto (Dezembro de 1997), segundo o qual os
países industrializados se comprometem a reduzir as emissões de gases com efeito de
estufa entre 8% e 10%, aos níveis de 1990, para os períodos de 2008 a 2012
(ENERNOVA, 2003).

O Acordo de Partilha de Responsabilidades da EU estabelece que Portugal no final do


período de 2008 – 2012 não pode ultrapassar as suas emissões de GEE em 27%
relativamente a 1990, ou seja 77,19 MtCO2/ano.
As projecções do total de emissões nacionais para o ano médio desse período (2010)
resultam num balanço líquido de 84,60 MtCO2e/ano; logo a convergência para a meta
de Quioto deixa um défice de 7,41 MtCO2/ano. (PNALE, 2006)

xxxvii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

Desta forma, espera-se que ao longo da fase de exploração, a poupança de emissões que
este projecto permite (14 560 t CO2/ano), representem cerca de 0,2 % do défice anual de
emissões para o cumprimento de Quioto (7,41 MtCO2/ano).

Ao longo da fase de exploração da Central Solar Térmica, existem ainda os riscos


associados à manutenção da subestação eléctrica que fará a ligação da energia produzida
à Rede Nacional de Transporte.
As emissões atmosféricas relacionadas com a actividade da REN resultam da utilização
de Hexafluoreto de Enxofre (SF6) como dieléctrico para isolamento e extinção dos arcos
eléctricos nos equipamentos de alta tensão (REN, 2005).
O Hexafluoreto de Enxofre (SF6) é um gás inerte, estável, incolor, inodoro, que não é
tóxico nem inflamável. Os seus potenciais impactes são relativos ao aquecimento
global, uma vez que este gás tem um potencial de efeito estufa 23900 vezes superior ao
dióxido de carbono (CO2). Pode ter ainda impactes negativos sobre a saúde humana, de
modo indirecto, uma vez que os seus subprodutos são tóxicos. Estes subprodutos
(fluoretos de enxofre, fluoretos metálicos, entre outros) formam-se durante a sua
utilização na subestação eléctrica (EPA, 2002).
A utilização deste tipo de compostos está nesta altura a sofrer fortes restrições devido à
sua perigosidade, sendo a sua regulamentação apresentada no Regulamento do
Parlamento Europeu e do Conselho N.º 842/2006/CE de 17-05-2006 (IO, 2004).
Além dos riscos em cima descritos, deve considerar-se ainda a possibilidade do
favorecimento da formação de Ozono troposférico a nível local, devido ao aumento de
radiação solar disponível na área afectada pelo sistema de espelhos CLFR.

A poluição do ar por ozono resulta de um processo complexo que envolve reacções


químicas entre NOx (óxidos de azoto), COVNM (compostos orgânicos voláteis não
metânicos) e oxigénio, na presença de luz solar. A formação do ozono ocorre, por isso,
preferencialmente nas estações do ano com maior luminosidade e de grande estabilidade
atmosférica junto à superfície, pois estas condições meteorológicas propiciam uma
menor dispersão dos poluentes, aumentando a probabilidade de reagirem entre si. (IA,
2004)

As concentrações de ozono ao nível do solo devem cumprir o Decreto-Lei 320/2003, de


20 de Dezembro, que especifica o limiar de alerta relativo à média horária mais exigente

xxxviii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

de 240 µg/m3. Sempre que se verifiquem níveis de concentrações médias horárias


superiores a 180 µg/m3, atinge- se o limiar de informação ao público, sendo obrigatório
informar a população. (IA, 2004)

Assim, para a avaliação deste descritor na fase de exploração, foram considerados os


seguintes impactes:
 Emissões de poeiras e gases poluentes;
 Contributo para as metas estabelecidas no protocolo de Quioto.

6.1.2.1 Matriz de predição de impactes na fase de exploração


A matriz correspondente a esta fase encontra-se no final do capítulo (Quadro 13).

Nesta fase foram considerados três impactes; sendo dois negativos e um positivo.

Os impactes negativos, Emissão de poeiras e Emissões provenientes dos veículos e


equipamentos, apresentam uma importância global relativamente baixa, -10 e -15
respectivamente, numa escala de -108 a 27.
No que respeita ao impacte Contributo para as metas estabelecidas no Protocolo de
Quioto, considerado positivo, este apresentou a importância global máxima da escala
considerada de -108 a 27.

Assim, nesta fase, importa realçar o balanço positivo dos impactes que lhe estão
associados.

6.1.3. Fase de desactivação


Considerando que as actividades envolvidas nesta fase, sujeitas a indução de impactes
na qualidade do ar, se assemelham às actividades na fase de construção, foram
considerados os seguintes impactes:

 Emissões de poeiras;
 Emissões dos motores dos veículos e equipamentos.

xxxix

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

6.1.3.1 Matriz de predição de impactes na fase de desactivação


A matriz correspondente a esta fase encontra-se no final do capítulo (Quadro 14)

Nesta fase foram considerados dois impactes, ambos negativos e superiores à fase de
exploração, mas inferiores à fase de construção. Os dois casos, Emissão de poeiras e
Emissões provenientes dos veículos e equipamentos, apresentam uma importância
global intermédia (-46 e -34, respectivamente) na escala considerada (-108 a -3).
O baixo número de actividades que ocorrem durante esta fase e em especial a sua curta
duração, são as principais causas destes relativamente reduzidos impactes sobre a
qualidade do ar.

Quadro 12 – predição de impactes durante a fase de construção.


Quadro 13 - predição de impactes durante a fase de exploração.
Quadro 14 - predição de impactes durante a fase de desactivação
.

xl

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

7. MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

Para a compatibilização da construção e exploração de uma central solar térmica com o


ambiente, é necessário um acompanhamento ambiental rigoroso, de forma a garantir a
implementação de medidas de minimização e de valorização dos impactes ambientais
que visam reduzir e/ou valorizar a sua magnitude e intensidade (MENDES et al., 2006).

Nesse sentido, é imprescindível a definição de um conjunto de medidas e especificações


de protecção ambiental a integrar nos cadernos de encargos das obras a executar,
devendo estas ser rigorosamente cumpridas pelos empreiteiros, nomeadamente:

• Definição de uma planta de condicionantes;


• Definição de um conjunto de especificações técnicas para orientação dos
responsáveis pela elaboração dos projectos das várias especialidades;
• Definição de um conjunto de normas/procedimentos que o empreiteiro terá que
cumprir durante a execução da obra; e
• Definição de um conjunto de normas/procedimentos que o dono da obra terá que
cumprir após a entrada em funcionamento (MENDES et al., 2006).

xli

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

7.1. Medidas de mitigação a considerar na fase de projecto

De forma a minimizar o levantamento de poeiras, o traçado dos caminhos a construir


deverá ser sujeito à aprovação das entidades competentes na matéria, contemplando os
seguintes aspectos:

• redução ao mínimo tecnicamente viável, dando preferência à utilização de


caminhos já existentes;
• acompanhamento das curvas de nível, sempre que possível, de modo a que a
movimentação de terras para a execução das obras seja reduzida ao mínimo ( adaptado
de MENDES et al., 2006).
.

7.2. Medidas de mitigação a considerar na fase de construção

Com o objectivo de minimizar os impactes negativos que possam ocorrer na zona de


implantação da central solar térmica, durante a execução das obras, apresenta-se em
seguida um conjunto de normas que o empreiteiro deverá cumprir.

Tal como já referido no ponto anterior, as normas em seguida discriminadas, deverão


constar nos cadernos de encargos das várias obras que integram o empreendimento
(MENDES et al., 2006).

7.2.1 Medidas mitigadoras de carácter geral

Programação das obras para que a fase de limpeza e movimentação geral de terras para
a execução das obras, onde se verificam acções que envolvem a exposição do solo a nu
(desmatação, limpeza de resíduos e decapagem de terra vegetal) ocorra
preferencialmente no período seco (MENDES et al., 2006).

Informação aos trabalhadores e encarregados das possíveis consequências de uma


atitude negligente em relação às medidas mitigadoras, devendo receber instruções sobre

xlii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

os procedimentos ambientalmente adequados a ter em obra (sensibilização ambiental)


(USWS, 2003).

Limitar às áreas estritamente necessárias determinado tipo de acções, tais como,


destruição de coberto vegetal, movimentação de terras, circulação e parqueamento de
máquinas e veículos, através do balizamento das zonas sujeitas a este tipo de
intervenções (MENDES et al., 2006).

Antes de se proceder à abertura dos acessos, estes deverão ser devidamente assinalados
no terreno. Posteriormente, após reconhecimento no local por parte de técnicos das
entidades competentes na matéria e depois de estas entidades terem dado o parecer
favorável sobre os mesmos e de ter-se procedido, caso necessário, aos ajustamentos
decorrentes das observações efectuadas, as zonas de intervenção para abertura dos
acessos deverão ser devidamente balizadas com uma margem adequada para cada lado
ficando os percursos de veículos e máquinas limitados a essas zonas (MENDES et al.,
2006).

Garantia de uma fiscalização eficiente durante a fase de movimentação de terras,


nomeadamente para a execução de caminhos, fundações para instalação do sistema de
espelhos e plataformas provisórias para montagem dos mesmos, no sentido de serem
cumpridas com rigor as especificações impostas no projecto (adaptado de MENDES et
al., 2006).

Não proceder à exploração de inertes existentes no local de implantação da central.


Exceptua-se o material sobrante das escavações necessárias à execução da obra
(adaptado de MENDES et al., 2006).
.
Os materiais resultantes de escavações e das diversas operações de movimentação de
terras deverão ser tanto quanto possível utilizados para aterros e operações de
terraplenagens necessários na obra. Caso se verifique a necessidade de obtenção de
maior quantidade de materiais, estes deverão provir de outros locais legalmente
autorizados (MENDES et al., 2006).

xliii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

Depósito temporário de materiais inertes provenientes de locais legalmente autorizados,


necessários para os diversos aterros na obra em zonas adequadas, a indicar pelas
autoridades competentes na matéria, e devidamente balizadas para garantir que a área
afectada se restringe à área predefinida, e não é ampliada de acordo com conveniências
pontuais (MENDES et al., 2006).

Os produtos sobrantes da escavação deverão ser depositados/removidos de acordo com


as seguintes indicações:

 Terra vegetal proveniente da decapagem dos solos – manter em zona plana a


indicar pelas entidades competentes na matéria, para posterior utilização na
recuperação paisagística das zonas afectadas;

Escombreiras generalizadas (materiais inertes) – em locais planos, afastados de zonas


sensíveis, para posterior utilização, em aterros diversos. O excedente será transportado
para local a definir pelas entidades competentes na matéria, fora da zona a
intervencionar, e proceder no final da obra à recuperação desse local tendo em atenção
as características do mesmo (adaptado de MENDES et al., 2006).

Proteger os depósitos de detritos e de materiais finos da acção dos ventos e das chuvas
e, eventualmente, utilização de sistemas de aspersão de água sobre as vias não
pavimentadas e sobre todas as áreas significativas do solo que fiquem a descoberto,
especialmente em dias secos e ventosos (MENDES et al., 2006).

Utilização de redes de protecção nos tubos de escape das viaturas em obra, de modo a
que se evite a emissão de fagulhas e, consequentemente, se reduza o risco de incêndios
(MENDES et al., 2006).

Utilização de tecnologias o mais limpas possível durante o funcionamento da unidade


metalomecânica.

xliv

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

7.2.2. Medidas mitigadoras relativas a acabamentos da obra


Reparação do pavimento danificado nas estradas utilizadas nos percursos de acesso à
central solar térmica pela circulação de veículos pesados durante a construção
(MENDES et al., 2006).

Proceder à recuperação das zonas intervencionadas (reconstituição do coberto herbáceo,


arbustivo ou arbóreo, estabilização de taludes, etc.) logo que os trabalhos, em particular
os próximos de linhas de água e nas zonas de maior declive, estejam concluídos. Aqui
também se incluem os acabamentos próprios da zona do estaleiro e das plataformas das
diversas obras. Nas zonas a recuperar dever-se-á proceder à descompactação do solo e
recuperação do coberto vegetal. Deverá ser dada preferência ao uso de espécies
autóctones, bem adaptadas às condições edafo-climáticas da região, de forma a evitar a
aplicação de fertilizantes e fitofármacos, devendo ainda ser feita a selecção das espécies
em função das características ecológicas e atendendo às comunidades vegetais
envolventes. Estas espécies deverão, após a recuperação, constituir espaços naturais
subarbustivos e herbáceos abertos, de forma a não interferir com o funcionamento do
sistema de espelhos. Irão diminuir os efeitos de levantamento de poeiras no local e
melhorar a área de intervenção em termos paisagísticos e ecológicos (MENDES et al.,
2006).

7.3.- Medidas de mitigação a considerar na fase de exploração

Acompanhamento da recuperação ambiental durante o primeiro ano de funcionamento


da central, tendo o empreiteiro que proceder à recuperação do revestimento vegetal mal
sucedido (adaptado de MENDES et al., 2006).

Minimizar o risco de fugas de SF6, através do aperfeiçoamento de técnicas de


manuseamento deste composto em acções de conservação da subestação.

7.4. – Medidas de mitigação a considerar na fase de desactivação

Remoção integral dos diversos tipos de infra-estruturas instaladas, pelo dono da obra, no
prazo de um ano.
xlv

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

Recuperação imediata do coberto vegetal das zonas afectadas.

7.5. Matriz de predição de impactes após medidas mitigadoras


As matrizes correspondentes, encontram-se no final do capítulo. Apenas serão
apresentadas matrizes da fase de construção (quadro 15) e desactivação (quadro 16)
uma vez que na fase de exploração, a tabela apresenta os mesmos valores.

Com a implementação das medidas de mitigação apresentadas, tanto as emissões de


poeiras como as emissões provenientes dos motores dos veículos e equipamentos, são
reduzidas em todas as fases do projecto, contribuindo assim para a redução dos impactes
negativos sobre a qualidade do ar.

O facto de a diferença na predição de impactes depois de aplicadas as medidas de


mitigação não ser muito significativa, fica a dever-se por um lado à reduzida
importância dos impactes, e por outro, à dificuldade em contornar impactes deste tipo.

xlvi

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

Quadro 15 – Predição de impactes na fase de construção aplicando as medidas de mitigação


Quadro 16 – Predição de impactes na fase de desactivação aplicando as medidas de mitigação

xlvii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

8. MONITORIZAÇÃO E MEDIDAS DE GESTÃO AMBIENTAL DOS


IMPACTES RESULTANTES DO PROJECTO
De acordo com o regime jurídico de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA), disposto
no ponto 5 do artigo 12º do Decreto-Lei nº 197/2005, de 8 de Novembro, o EIA, deve
incluir, um programa de monitorização do ambiente que deverá englobar as diferentes
fases do projecto, de forma a acompanhar e melhor avaliar os impactes associados.

O programa de monitorização será elaborado de acordo com a Portaria n.º 330/2001 de


2 de Abril, mais especificamente, ponto VI do anexo II. Segundo a alínea b) deste
ponto, serão estipulados os parâmetros a monitorizar, os locais e frequência de
amostragem, as técnicas e métodos de análise e equipamentos necessários. Por fim serão
adoptadas medidas de gestão ambiental na sequência dos resultados dos programas de
monitorização, assim como a periodicidade dos relatórios de monitorização e os
critérios para a decisão sobre a revisão do programa.

8.1. Descrição dos programas de monitorização

8.1.1. Qualidade do ar

Apesar de se esperarem reduzidos impactes para esta vertente caso se apliquem as


medidas de mitigação, crê-se que seja importante proceder a um plano de monitorização
de maneira a ter um conhecimento mais aprofundado das emissões da exploração da
Central Solar Térmica. A monitorização deverá ser realizada a partir da avaliação da

xlviii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

qualidade do ar feita no local e vai ter em conta os indicadores típicos de qualidade do


ar como são o SO2, NO2, CO, O3, e PM10 e o SF6.

Mais que uma mera verificação dos valores de emissão, o plano de monitorização
deverá servir em primeiro lugar, como um instrumento de avaliação das tecnologias
utilizadas e sua manutenção, e em segundo lugar, visto este tratar-se de um projecto-
piloto, como objecto de investigação e predição de impactes para diferentes
dimensionamentos deste tipo de instalações – especialmente no caso do O 3, dado o grau
de incerteza quanto à probabilidade da sua ocorrência.

No caso particular do projecto da Central Solar Térmica de Tavira, as fases de


Construção e de Desactivação, têm impactes muito semelhantes, relativamente
inultrapassáveis – embora possam ser minimizados através das medidas anteriormente
propostas – e relacionados principalmente com emissão de poeiras, daí não se achar
necessário elaborar um plano de monitorização específico para estas fases. Acrescendo
o facto de se preverem ser fases de duração relativamente curta.

Ao anterior parágrafo, é importante acrescentar que às fases de construção e


desactivação, estão associadas a Subestação eléctrica e a unidade Metalomecânica, das
quais não se dispõem dados suficientes para se elaborar um correcto plano de
monitorização, daí ser uma recomendação deste estudo uma análise mais aprofundada
dos potenciais impactes destas instalações. No decorrer dos pontos anteriores deste
estudo foram apresentados alguns factores de destaque no respeita a potenciais impactes
de estruturas deste género.

Assim, as medidas de monitorização apresentadas de seguida, dirigem-se


particularmente à fase de construção, sendo que não será necessário esperar o fim dos
trabalhos de construção para as pôr em prática, nem deverão ser imediatamente cessadas
aquando do fim da fase de exploração; o plano pode e deve ser implementado o quanto
antes e apenas ser terminado no fim da desactivação, sendo possível desta forma no
final do projecto fazer uma análise global, dos impactes sobre a qualidade do ar, bem
como uma correcta avaliação das condições de funcionamento e de monitorização ao
longo de todo o horizonte do projecto.

Assim, o plano de monitorização deverá da seguinte maneira:

xlix

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

1) Realização de campanhas de amostragem em redor da Central de modo a


verificar o grau de concentração dos gases indicadores do índice de qualidade do
ar (Partículas, SO2, NOx, CO2);
2) Os métodos de amostragem utilizados devem ser os constantes da Portaria nº
78/2004 de 3 de Abril;
3) A duração das amostragens deverá ser de um dia completo, 24horas;
4) A frequência de amostragem deverá ser de pelo menos uma vez por mês em
vários pontos de amostragem, de forma a percorrer as várias estações do ano e as
diferentes condições climatéricas registadas nos diferentes períodos, durante o
primeiro ano;
5) Os resultados obtidos deverão ser comparados com os valores-limite indicados
nas portarias nº 111/2002 de18 de Abril para o NO x e CO, de modo a verificar o
nível de qualidade do ar. Os outros compostos serão comparados a Directiva nº
2002/3/CE, 12 de Fevereiro
6) Durante o primeiro ano, aliado à monitorização da qualidade do ar, deverão ser
medidos também alguns parâmetros meteorológicos de forma a conhecer-se de
forma precisa as condições de dispersão do local;
7) Caso se verifique que a campanha em curso não se adequa as necessidades de
monitorização, esta deverá ser reformulada de forma a se ajustar aos parâmetros
que se procuram conhecer da forma mais eficiente possível.

No que respeita ao perímetro de monitorização, este deverá ser definido tendo em conta
principalmente a escala local, embora no caso particular do Ozono, o raio de análise
deve ser ajustado ao longo do decorrer do projecto e tendo em especial atenção às
condições climatéricas locais – intensidade da radiação solar, estabilidade atmosférica,
temperatura, condições de dispersão, entre outros.

9. LACUNAS TÉCNICAS
Considera-se relevante assinalar os principais constrangimentos a nível de informação
técnica disponível e de conhecimento científico existente e/ou, principalmente,
disponível, à data da elaboração do presente Estudo de Impacte Ambiental.

Uma vez que apenas se analisou um descritor, não foi possível fazer uma análise
cumulativa dos impactes do projecto.

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

9.1 Fase de construção


Durante esta fase, a principal lacuna identificada está relacionada com a instalação e
dimensionamento da unidade metalomecânica para a construção do sistema de espelhos
CLFR. Sabendo que este tipo de infraestruturas tem significativos níveis de consumo de
energia e emissões de gases (CO 2, SO2 e NOx), torna-se de grande relevância o
conhecimento mais aprofundado sobre os dados específicos do projecto de forma a
poder elaborar uma análise mais fundamentada sobre os potenciais impactes da unidade.

Deve ter-se também em conta os possíveis impactes da instalação de uma subestação


eléctrica, que na documentação deste projecto não é explícita.

9.2 Fase de exploração


Associado ao funcionamento da subestação eléctrica de ligação à rede, poderão ocorrer
emissões de SF6. Sabendo que este tipo de emissões está relacionado com o tipo de
equipamentos utilizados e sua tecnologia, será necessário obter acesso aos dados
específicos da subestação em causa de modo a elaborar uma análise mais aprofundada.

Tendo conhecimento que os níveis de ozono troposférico resultam da interacção entre


NOx, O3 e Compostos Orgânicos Voláteis, na presença de forte radiação solar, com o
aumento da reflectividade causada pelo sistema de espelhos CLFR será necessário aferir
se existirá um aumento da probabilidade de formação de ozono a nível local.

10. CONCLUSÕES
A necessidade da construção desta obra deve-se ao desenvolvimento da economia
através da diminuição de custos energéticos e ao cumprimento das metas propostas no
Protocolo de Quioto. Este projecto permite um acréscimo da competitividade
energética, bem como promover e contribuir para o desenvolvimento de uma zona com
carácter fortemente rural.

A fase com maiores impactes negativos é a Fase de Construção e a fase com maiores
impactes positivos é a de Exploração.

li

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

Os impactes negativos mais significativos, por fases são:


- Fase de Construção: emissões provenientes de veículos;
- Fase de Exploração: emissões provenientes de veículos;
- Fase de Desactivação: emissões de poeiras.

O impacte negativo com maior importância é o da emissão de compostos como CO,


CO2 e NOx - emissões provenientes de veículos -, embora na situação de referência,
estes se apresentem com os melhores resultados de acordo com o legislado; estes dados
não entram em conflito com o poluente que na situação de referência é teoricamente
mais preocupante – PM10.

O impacte positivo de maior destaque deste projecto é o da produção de energia com


uma poupança de cerca de 14 560 t CO 2/ano. Esta poupança representa cerca de 0,2 %
do défice anual de emissões para o cumprimento de Quioto (7,41 MtCO2/ano).
Este valor pode não parecer muito significativo, mas se se tiver em consideração a
reduzida dimensão do projecto e por consequência o reduzido número que pessoas que
irá servir, poderá chegar-se a uma boa relação entre o projecto e o contributo que este
dará.

A influência do Sistema de Espelhos CLFR em fenómenos locais de formação de


Ozono troposférico não é um dado adquirido, embora seja recomendável o seu
acompanhamento cuidado; para isso o sistema de monitorização deverá utilizado com o
máximo rigor, devendo ser alvo de correcções ao longo do seu período de vida, de
forma que os seus resultados sejam o mais representativo possível da situação real. Os
dados resultantes destas observações devem ainda servir para o estudo deste tipo de
fenómeno, que ainda não está minuciosamente caracterizado.

Embora as emissões de SF6, na manutenção da subestação eléctrica, tendam a ser


mínimas, deve ser prestada a este composto a máxima atenção, tentando substituí-lo por
outro menos inofensivo o quanto antes, visto este composto ter um potencial de efeito
de estufa 23 900 vezes superior ao CO2.

Tendo em conta que não é possível promover desenvolvimento sem que exista de
alguma forma impactes sobre a situação de referência, conclui-se que este projecto

lii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

mesmo tendo associados alguns impactes negativos – principalmente emissões


provenientes de veículos -, se apresenta com uma relação entre prejuízo e benefício.
O impacte positivo que resulta na poupança de 14 560 t CO 2/ano, é um impacte bastante
significativo, acabando por se sobrepor às emissões dos veículos (que para além de
serem relativamente baixas, se espera que ocorram principalmente durante as Fases de
Construção e de Desactivação, ambas com uma duração bastante curta - 1 ano cada -
comparativamente com o horizonte de Exploração - 25 anos).

De modo a fornecer uma perspectiva global e condensada, dos principais objectivos do


estudo, encontra-se no quadro 17 uma síntese do descritor estudado.

Quadro 17 – Síntese das diferentes fases do projecto para o descritor da qualidade do ar.
Fase Acção Impacte Medidas de mitigação
Construção - Construção de valetas - Emissão de - Acondicionamento de
- Rectificação de curvas partículas em terras
- Alargamento de suspensão; - Rega e humidificação
plataformas - Emissões do solo
- Desmatação provenientes dos - Bom funcionamento
- Limpeza do terreno motores de veículos e dos veículos de
- Terraplanagem equipamentos circulação;
- Correcção da - Formação dos
inclinação do terreno trabalhadores
- Depósito temporário de - Fiscalização adequada
materiais
- Trânsito de veículos e
maquinas
- Transporte de
materiais
- Montagem de
equipamentos
Exploração - Operações de - Emissão de - Fiscalização
manutenção e partículas em - Recuperação
reparação de acessos e suspensão ambiental no ano 1
equipamentos - Emissões - Minimizar riscos de
- Movimentação provenientes dos fuga de SF6
ocasional de veículos motores dos veículos e
- Produção de energia equipamentos

liii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

- Contributo para as
metas estabelecidas
no Protocolo de Quioto
Desactivação - Desmontagem de - emissão de poeiras - Recuperação imediata
edifícios e estruturas - Emissões do coberto vegetal das
- Descompactação do provenientes dos zonas afectadas;
solo onde estavam motores dos veículos e - Remoção integral dos
implantadas as equipamentos diversos tipos de infra-
estruturas edificadas estrutura instaladas nas
- Recuperação do fases anteriores
terreno
- Movimentação de
veículos pesados e
ligeiros

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (2006) – Rede


Meteorológica do Algarve - Inventário, Direcção de Serviços de Gestão Ambiental,
MAOTDR.

Decreto-Lei Nº 111/2002, 16 de Abril, D.R. Série I-A, Nº 89.

Decreto-Lei nº 197/2005, 8 de Novembro, D.R. Série I-A, Nº214.

Direcção Geral do Ambiente (2001) – Delimitação de zonas e aglomerações para a


avaliação da qualidade do ar em Portugal, Universidade Nova de Lisboa e MAOT.

Direcção Regional de Economia do Algarve (2004) – Algarve, Indústria Extractiva e


Transformadora, MEI.

Directiva N.º 2002/3/CE, 12 de Fevereiro, Parlamento Europeu e do Conselho.

ENERNOVA (2003) – Estudo de Impacte Ambiental do Parque Eólico de Jogo


(Aljezur), Novas Energias, S.A..

liv

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

EPA (2002) – SF6 Emission reductions partnership for electric power system: an
opportunity for industrie.

IA (2004) – Relatório do Estado do Ambiente, MAOTDR.


IO (2004) - Caracterização da fauna terrestre da zona de implementação do futuro
Aeroporto a Construir na Ota, e envolvente próxima (In web:
http://www.naer.pt/NAER/PT/Estudos+Realizados/index.htm , acedido em Abril 2007).

MENDES, L., MARTA, C., PEDREIRA, M.J. (2002) - A Energia Eólica e o


Ambiente – Guia de Orientação para a Avaliação Ambiental, Instituto do Ambiente (In
web: w3.ualg.pt/~tramos/Paginas/AIA.htm , acedido em Abril 2007).

MILLS, D (2001) – Advances in Solar Thermal Electricity Technology, Solar World


Congress, 20-25 Nov., Austrália.

Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve - Decreto Regulamentar n.º


12/2002 de 9 de Março.

Plano Director Municipal de Tavira – Resolução do Conselho de Ministros n.º 97/97


de 19 de Junho.

PNALE (2006) - Direcção Geral da Empresa (MEI), Direcção Geral de Geologia e


Energia (MEI), Gabinete de Relações Internacionais (MAOTDR), Instituto do
Ambiente (MAOTDR) (In Web: http://www.portugal.gov.pt/NR/rdonlyres/F79BFC27-
0E30-4DC3-846C-E4749FF7D4F0/0/PNALE.pdf, acedido em Abril de 2007).

Portaria nº 330/2001, 2 de Abril.

Portaria N.º 623/96, 31 de Outubro, D.R. Série I-B, Nº 253.

lv

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

REN (2005) – Relatório Ambiental 2004 REN (In Web:


http://www.ren.pt/content/7E2667606AA14AEAADC6DA91DCA945D.PDF, acedido
em Abril de 2007).

TSOUTSOS, T., FRANTZESKAKI, N., GEKAS, V., (2003) - Environmental impacts


from the solar energy technologies.

T-STEP, S.A. (2006) - Tavira Solar Thermal Electricity Portugal: Memória Descritiva
e Justificativa, Portugal.

UNITED STATES WILDLIFE SERVICE (2003) - Interin Guidance on Avoiding


And minimazing Wildfile Impcates from wind turbines (in web:
http://www.fws.gov/r9dhcbfa/windenergy.htm, 20 Abril de 2007)

Sites Visitados

1 – (Válido em http://geo.algarvedigital.pt/Default.aspx, 25 de Março, 2007).

2 – (Válido em www.igeo.pt, 25 de Março, 2007).

3 – (Válido em http://www.ccdr-alg.pt/mapas/viewer.htm, 25 de Março, 2007).

4 – (Válido em http://www.qualar.org/?page=5, 12 de Abril, 2007).

5 – (Válido em, http://maps.google.com/, 12 de Abril, 2007).

6 – (Válido em, http://roficer.com/empresa.asp, 14 de Abril, 2007).

7 – (Válido em, http://snirh.pt/snirh.php?


main_id=2&item=1.1&objlink=&objrede=METEO, 12 de Abril, 2007).

8 – (Válido em, http://www.meteo.pt/pt/clima/info_clima/clima_normais.jsp, 13 de


Abril, 2007).

9 – (Válido em, http://www.igeoe.pt/, 14 de Abril, 2007).

10 – (Válido em, http://www.qualar.org/, 14 de Abril, 2007).

11 – (Válido em, http://www.diramb.gov.pt/data/basedoc/ANJ_27829_LC.htm, 20 de


Abril, 2007).
lvi

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão


EIA da Central Solar Térmica de Tavira

lvii

G8 – Consultoria, Planeamento & Gestão

Você também pode gostar