Você está na página 1de 59

Docente:

Joã o Mil-Homens

Discentes:
Bruno Cavaleiro, nº 19237
Renata Andrade, nº 14567
Sílvia Rosa, nº 20399
Universidade do Algarve
Soraia Pereira, nº20413
Faculdade de Ciências do Mar e do Ambiente
Trabalho realizado no â mbito da disciplina de Avaliaçã o de Impacte Ambiental
Faro, 2007

Estudo de Impacte
Ambiental do
Projecto da Central
Solar Térmica de
Tavira
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO 9
1.1. Identificação da equipa técnica 10
2. DESIGNAÇÃO DO PROJECTO 10
2.1. Identificação do Proponente 11
2.2. Identificação da entidade licenciadora 11
2.3. Objectivos e justificação do projecto 11
2.4. Programação temporal das fases de construção, exploração e desactivação do projecto 12
2.5. Antecedentes do EIA 12
3. DESCRIÇÃO DO PROJECTO E DAS ALTERNATIVAS CONSIDERADAS 13
3.1. Descrição sumária das principais características físicas do projecto 13
3.2. Identificação dos aspectos que possam constituir condicionantes ao projecto 16
3.3. Identificação preliminar das populações e de outros grupos sócias potencialmente afectados ou
interessados pelo projecto 17
4. METODOLOGIA DO EIA 18
4.1. Metodologia para predição de impactes 18
4.2. Medidas de mitigação 22
4.3. Plano de monitorização 22
5. ENQUADRAMENTO DO PROJECTO 23
5.1. Localização administrativa 23
5.2. Indicação das áreas sensíveis 24
5.3. Planos de Ordenamento em vigor 25
5.3.1. Plano de Ordenamento do território do Algarve (PROTAlg) 25
5.3.2. Plano Director Municipal 25
5.3.3. Plano da Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve 25
5.4. Servidões, condicionantes e equipamentos/infra-estruturas relevantes potencialmente afectados
pelo projecto 26
6. CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE AFECTADO PELO PROJECTO 28
6.1. Descrição Geral28
6.2. Resíduos 30
6.2.1. Enquadramento legal 30
6.2.2. Descrição da situação actual 32
7. EVOLUÇÃO PREVISÍVEL DA ÁREA NA AUSÊNCIA DO PROJECTO 37
8. PREVISÃO E AVALIAÇÃO DE IMPACTES AMBIENTAIS 37
8.1. Previsão de impactes 37
8.2. Avaliação de impactes 38
8.3. Análise da Matriz de Avaliação 40
8.3.1. Fase de Construção 40
8.3.2. Fase de Exploração 41
8.3.3. Fase de Desactivação 41
9. MEDIDAS DE MITIGAÇÃO 41
9.1. Fase de construção 42

ii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

9.2. Fase de Exploração 42


9.3. Fase de Desactivação 43
10. MONITORIZAÇÃO 43
10.1. Metodologia Geral dos Programas de Monitorização 44
10.2. Descrição do Plano de Monitorização 45
10.3. Medidas de Gestão Ambiental 46
11. LACUNAS TÉCNICAS OU DE CONHECIMENTO 47
12. CONCLUSÃO 47
13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49
14. BIBLIOGRAFIA 51

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Equipa técnica responsável pela elaboração do EIA................................................... 8

Quadro 2 – Cronograma do faseamento das operações.................................................................10

Quadro 3 – Escalas de classificação utilizadas na matriz..............................................................18

Quadro 4 – Caracterização fisíca RSU’s relativa ao ano de 2003 (Fonte:ALGAR, 2007)...........30

Quadro 5 – Previsão de resíduos e estimativa da quantidade gerada nas diferentes fases............33

Quadro 6 – Legenda referente às colunas dos critérios de Incidência e Natureza.........................35

Quadro 7 – Representação esquemática de cada célula da matriz de avaliação............................36

Quadro 8 – Matriz global na fase de construção........................................................................... 50

iii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

Quadro 9 - Matriz global da fase de exploração............................................................................51

Quadro 10 - Matriz global da fase de desactivação.......................................................................52

Quadro 11 - Matriz da Significância Global na fase de construção.............................................. 53

Quadro 12 - Matriz da Sinificância Global na fase de exploração................................................54

Quadro 13 - Matriz da Significância Global na fase de desactivação........................................... 55

Quadro 14 - Matriz da Relevância Global na fase de construção..................................................57

Quadro 15 - Matriz da Relevância Global na fase de exploração................................................. 58

Quadro 16 - Matriz da Relevância Global na fase de desactivação...............................................59

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AIA – Avaliação de Impactes Ambientais

CCDRAlg – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve

CMT – Câmara Municipal de Tavira

CNIG – Centro Nacional de Informação Geográfica

DGGE – Direcção Geral de Geologia e Energia

DGOTDU – Direcção Geral de Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano

EIA – Estudo de Impacte Ambiental

IA – Instituto do Ambiente

iv
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

ICN – Instituto de Conservação da Natureza

IGEOE – Instituto Geográfico do Exército

IGM – Instituo Geográfico e Mineiro

IM – Instituto de Meteorologia

INAG – instituto Nacional da Água

INE – Instituto Nacional de Estatística

INETI – Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação

IPCC – Instituo Português de Cartografia e Cadastro

IR – Instituto de Resíduos

PBHRA – Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve

PDA – Proposta de Definição do Âmbito

PDM – Plano Director Municipal

PP – Plano de Pormenor

PROTAL – Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve

PU – Plano de Urbanização

RAN – Rede Agrícola Nacional

REN – Rede Ecológica Nacional

SNIRH – Sistema Nacional de Informação dos Recursos Hídricos

v
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

RESUMO

O relatório síntese do presente Estudo de Impacte Ambiental contempla a avaliação de

impactes ambientais da Central Solar Térmica de Tavira, localizada no Distrito de Faro,

Concelho de Tavira, Freguesia de Santa Maria. Desta forma pretende-se determinar os potenciais

impactes ambientais e sociais inerentes à implementação deste projecto o qual se encontra

actualmente em fase de estudo prévio. Para isso recorreu-se à caracterização do local de

implementação do projecto caracterizando o seguinte descritor: Resíduos. De seguida efectuou-

se a predição de impactes e avaliação dos mesmos, tendo para isso aplicado às diferentes fases

do projecto matrizes interactivas baseadas na matriz desenvolvida por Leopold et al. (1971) onde

se consideraram o descritor atrás referido. Para além disso foram analisados ainda os impactes

directos e indirectos.

vi
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

1. INTRODUÇÃO

O presente relatório síntese (RS) do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) decorre da

Proposta de Definição de Âmbito (PDA) entregue à entidade de Avaliação de Impacte Ambiental

no dia 27 de Março de 2007, inerente à Central Solar Térmica de Tavira. Este RS é realizado nos

termos do Decreto-Lei n.º 197/2005 de 8 de Novembro Artigo 11º (que veio alterar o Decreto-

Lei 69/2000) seguindo as normas técnicas de estruturação do anexo II da portaria nº 330/2001 de

2 de Abril. De referir que o DL n.º 197/2005 não contempla a realização de EIA, para este

projecto.

O objectivo de um EIA consiste em determinar os potenciais efeitos ambientais, sociais e

sobre a saúde de um dado projecto e pode ser definido como a actividade de identificar e prever

impactes sobre o ambiente bio-geofísico, a saúde humana e a adequação de propostas

legislativas, políticas, programas, projectos e processos operacionais e de interpretar e comunicar

a informação colhida a esse respeito. Desta forma um EIA tenta identificar, prever e descrever os

efeitos benéficos e adversos de forma a permitir que as decisões sejam tomadas de forma lógica e

racional, podendo fazer-se tentativas no sentido de reduzir ou atenuar os possíveis impactes

adversos através da identificação medidas de mitigação e monitorização dos mesmos.

A fim de ser útil, a avaliação deve ser comunicada de uma forma facilmente

compreensível pela comunidade e pelos decisores, devendo as referidas vantagens e

inconvenientes ser identificados com base em critérios relevantes inerentes às metodologias de

avaliação de impactes ambientais.

vii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

1.1. Identificação da equipa técnica

A equipa técnica responsável pela elaboração do presente EIA encontra-se no Quadro . o

presente estudo foi realizado entre Março e Abril de 2007, com prazo limite de entrega à

autoridade de AIA no dia 23 de Abril.

Quadro 1 – Equipa técnica responsável pela elaboração do EIA

EQUIPA TÉCNICA
Nome Qualificação profissional Especialidades
Direcção técnica do EIA, Gestão
Soraia Pereira Engenheira do Ambiente integrada de recursos, Qualidade da
água e do ar.
Infra-estruturas, Energias
Sílvia Rosa Engenheira Civil
Renováveis.
Economia Ambiental, Macro e
Renata Andrade Economista
micro-economia.
Hidrogeologia, Recursos Hídricos;
Bruno Cavaleiro Geólogo Sistemas de informação geográfica;
Paisagem e modelação

2. DESIGNAÇÃO DO PROJECTO

O projecto designa-se por Central Solar Térmica de Tavira e consiste na produção de

electricidade através de produção de vapor turbinado. A construção deverá começar no segundo

semestre de 2007.

Há ainda a referir que o DL n.º 69/2000 não contempla a realização de EIA para este tipo

de projecto.

viii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

2.1. Identificação do Proponente

O proponente do projecto é a T-STEP, S.A., especialmente criada para o efeito. Nesta

empresa participam a EDP, a empresa ROLEAR e a Universidade do Algarve.

2.2. Identificação da entidade licenciadora

A entidade licenciadora do projecto é a Direcção Geral de Geologia e Energia.

2.3. Objectivos e justificação do projecto

O projecto da Central Solar Térmica utilizará um tipo de tecnologia inovadora para

produção de energia eléctrica, denominada por CLFR (Compact Linear Fresnel Reflector).

Funcionará, em média, 2000 horas/ano e produzirá cerca de 10,9 GWh/ano de energia eléctrica

para injecção na rede.

A tecnologia CLFR permite um uso de terreno mais compacto que outros sistemas solar

térmicos, fornece directamente vapor sem fluidos intermédios, óleos ou sais. Ao contrário dos

cilindro-parabólicos convencionais não tem partes móveis na linha de vapor, o que evita fugas

normais naquele tipo de sistemas. Recorre a um sistema mecânico sem caixas de velocidade de

grande tamanho, engrenagens complexas, possui baixos custos de limpeza, uma vez que os

espelhos se encontram a altura reduzida.

ix
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

2.4. Programação temporal das fases de construção, exploração e desactivação do

projecto

Quadro 2 – Cronograma do faseamento das operações

Anos

5 10 15 20 25
Construção
Fases

Exploração
Desactivação

Legenda:

Fase de Construção

Fase de Exploração
Fase de
Desactivação

2.5. Antecedentes do EIA

O presente EIA tomou como antecedente a proposta de definição de âmbito que, segundo

a Portaria nº 330/2001 de 2 de Abril, corresponde à fase que antecede a realização do EIA, e

consiste na identificação e selecção das questões ambientais significativas que podem ser

afectadas pelos potenciais impactes causados pelo projecto e que deverão ser objecto do EIA. A

definição do âmbito permitiu assim o planeamento do EIA e o estabelecimento dos termos de

referência para a sua realização, bem como para a sua apreciação técnica pela respectiva

comissão de avaliação e pelo público. Desta forma, com base na totalidade de informação

recolhida e segundo um conjunto de questões analisadas, a PDA torna-se de extrema importância

para a orientação do EIA e consequentemente para a eficácia e celeridade do processo de

x
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

avaliação de impacte ambiental, contribuindo ainda para o planeamento do processo de consulta

pública.

3. DESCRIÇÃO DO PROJECTO E DAS ALTERNATIVAS CONSIDERADAS

3.1. Descrição sumária das principais características físicas do projecto

Campo de colectores e linhas de vapor – os colectores serão montados numa estrutura metálica

ligeira, apoiadas em pequenos pilares enterrados no solo e fixos num pequeno maciço. A

cavidade absorvedora (linhas de vapor) é constituída por tubos colocados a 10 m de altura,

apoiados numa estrutura ligeira de suporte e espiados ao solo.

Pipe-rack – estrutura metálica constituída por cinco torres metálicas de 9,25 m de altura, sobre as

quais apoiará uma viga metálica com cerca de 164 m.

As torres serão constituídas por perfis metálicos HEB220, HEB140 e UPN180, e

fundadas em sapatas de betão armado com 4,00×4,00×1,00 m. Os plintos onde apoiarão as bases

das torres irão conter chumbadores para fixação da estrutura. As torres estarão afastadas entre si

cerca de 30 m.

A viga será constituída por perfis metálicos HEB220, HEB160, HEB120, HEB100 e

UPN120, sendo apoiada nas torres.

Estrutura do depósito de vapor – torre metálica com 10,25 m de altura onde ficará apoiada na

cota superior um depósito de vapor (steam drum) e, na cota intermédia, será instalado o

desgaseificador (deareator). Esta estrutura será constituída por perfis HEB360, HEB300,

xi
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

HEB280 e HEB220. As fundações assentarão num maciço de betão armado, do mesmo modo

que nos pipe-racks e os plintos possuirão onde apoiará a estrutura metálica.

Edifício da Turbina – edifício com dimensões de 20,00 × 15,00 m, com um pé direito de 9,0 m,

executado em estrutura metálica, apoiada em sapatas isoladas de betão armado e ligadas entre si

por vigas de fundação. A laje térrea de 0,15 m de espessura será realizada sobre uma camada de

betão de regularização com 0,05 m de espessura, sobre o terreno compactado.

As fachadas e cobertura serão revestidas com chapas metálicas tipo “Sandwich” com

tratamento acústico. No perímetro do edifício até uma altura de 2,10 m será executada uma

parede em blocos de cimento furado e estruturado com 50×20×15 cm.

No interior será montado um pórtico de 32 toneladas apoiado na estrutura metálica.

Edifício de Controlo, Escritórios e Oficina – edifício com dimensões de 16,00×10,00 m, com um

pé direito de 3,0 m.

Será composto pela seguinte compartimentação:

- Sala de controlo: 14,30 m2

- Escritório: 38,50 m2

- Sala de reuniões: 28,00 m2

- Oficina/Laboratório: 37,50 m2

- Corredor: 13,00 m2

- Copa: 7,00 m2

- Sanitário: 21,70 m2

xii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

O edifício será executado em estrutura metálica, apoiado em sapatas isoladas de betão

armado e ligadas entre si por vigas de fundação. A laje térrea de 0,15 m de espessura será

realizada sobre uma camada de betão de regularização com 0,05 m de espessura, sob terreno

compactado.

A cobertura será executada em chapa tipo “Haironvile”.

Central de desmineralização – será uma unidade compacta que ficará resguardada com um

telheiro metálico ligeiro.

Depósito de água bruta – será executado em chapa vitrificada com 11,00 m de diâmetro com

uma capacidade de 400 m3. Assentará sobre uma laje de fundação em betão armado.

Depósito de água desmineralizada – será executado em chapa de fibra de vidro com 8,00 m de

diâmetro e com uma capacidade de 100 m3 e assentará sobre uma laje de fundação em betão

armado.

Torre de arrefecimento – será montada sobre uma estrutura de betão armado com 7,00 ×7,00 m.

Em todo o seu perímetro será executada também uma parede de betão armado com 1,00 m de

altura. Em todo o seu perímetro será executada uma parede de betão armado com 1,00 m de

altura. Em várias partes da laje de fundo serão deixados chumbadores para a instalação do

equipamento de arrefecimento.

xiii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

Arruamentos e vedações – na execução dos arruamentos e estacionamento da central térmica,

será executada uma abertura de caixa de 0,25 m e um enchimento com tout-venant na mesma

espessura. As serventias do parque solar ficarão no terreno natural.

Toda a instalação será vedada com uma vedação com 2,00 m de altura, constituída por

prumos metálicos e acabamento lacado e com rede tremida plastificada com malha hexagonal.

Na parte superior será colocada uma protecção adicional em arame farpado. O portão da vedação

será do mesmo material.

3.2. Identificação dos aspectos que possam constituir condicionantes ao projecto

Relativamente ao projecto de construção da Central Solar Térmica de Tavira, diversos

aspectos poderão constituir condicionantes ao projecto, tanto por dificuldades técnicas ou por

características do próprio meio circundante.

Uma das condicionante relaciona-se com o nível de ruído provocado durante a fase de

construção e da turbina, na fase de exploração, que poderá provocar situações incomodativas aos

residentes na área adjacente do projecto. Apesar deste não se situar numa zona densamente

populada, há que ter me conta os possíveis efeitos na população local. No que diz respeito ao

funcionamento da turbina, esta será localizada num edifico com protecção anti-ruído, no entanto

há que ter me conta que esta protecção poderá não ser o suficiente para a redução do ruído

proveniente do funcionamento da turbina.

A paisagem constitui outra condicionante ao projecto, uma vez que todas as estruturas da

Central e a pluma de vapor de água libertada durante a fase de exploração irão destoar da

paisagem circundante.

xiv
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

3.3. Identificação preliminar das populações e de outros grupos sócias potencialmente

afectados ou interessados pelo projecto

 População residente na área adjacente;

 Agricultores cujas terras se situem nas proximidades da área de implementação do

projecto;

 Associação de Regantes do Sotavento Algarvio (local);

 Câmara Municipal de Tavira e Junta de Freguesia de Santa Maria;

 INETI;

 EDP;

 Outras empresas associadas ao projecto (ROLEAR, Lda.; Universidade do Algarve).

4. METODOLOGIA DO EIA

O presente estudo de impacte ambiental tem por objectivo a análise ambiental da Central

Solar Térmica de Tavira, em fase de projecto e foi efectuado no cumprimento da legislação

nacional em vigor sobre a matéria de Avaliação de Impacte Ambiental, nomeadamente o DL n.º

69/2000 de 3 de Maio, o DL n.º 197/2005 de 8 de Novembro e a Portaria nº 330/2001 de 2 de

Abril.

O objectivo deste estudo é analisar as implicações ambientais de todo o projecto em

geral, a fim de ajudar à decisão e tomada de medidas que minimizem os impactes causados pela

implementação do projecto.

xv
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

4.1. Metodologia para predição de impactes

A metodologia utilizada para a elaboração do presente EIA desenvolveu-se

essencialmente nas seguintes fases:

a) análise das características do projecto;

b) delimitação da área de estudo mediante a análise das características do projecto, do meio

ambiente e sociais;

c) recolha de dados e informação, recorrendo a organismos de administração central, regional ou

local e entidades da competência ambiental, reconhecimento in situ do local de implantação do

projecto, interpretação e integração de mapas e cartas, análise de fotografia aérea;

d) caracterização do ambiente afectado pelo projecto foi realizada mediante informação obtida

através de entidades oficiais, Planos de Ordenamento do Território, estudos de caracterização,

dados de campo e cartografia temática. Para além disso, sempre que possível, recorreu-se a

modelos computacionais. No caso da inexistência de informação, com vista a caracterização dos

vários descritores, consultar-se-á dados referentes a casos semelhantes sempre que possível.

Tendo em conta a informação obtida e previsão da evolução da área na ausência de

projecto foram considerados os seguintes descritores: Solos e Uso do Solo; Geologia e

Geomorfologia; Recursos Hídricos; Qualidade do ar; Ruído e vibração; Recursos

Biológicos; Resíduos; Paisagem; Factores socio-económicos.

e) Identificação e previsão dos impactes ambientais;

xvi
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

f) Análise de medidas de mitigação;

g) Avaliação dos impactes ambientais;

h) Apresentação de um programa de monitorização;

i) Conclusões do EIA.

As metodologias adoptadas para a análise e previsão da ocorrência de impactes serão

efectuadas com base em métodos qualitativos e quantitativos, a aplicação de modelos numéricos

e computacionais será efectuada sempre que possível (tendo em conta a existência de dados;

disponibilidades de utilização e conhecimentos).

Sempre que se verifique ausência de dados e de condições materiais efectuar-se-á uma

comparação com casos análogos, com consequente extrapolação dos dados respectivos à

limitação encontrada acompanhada de uma análise pericial.

Para caracterizar os impactes optou-se pelo método de matrizes interactivas baseadas na

matriz desenvolvida por Leopold et al. (1971). A escolha deste método deveu-se ao facto de ser

de fácil realização/interpretação e de conjugar as fases de projecto (construção, exploração e

desactivação) e os factores ambientais considerados mais importantes.

Assim ao utilizar este tipo de matriz pode considerar-se cada acção e o seu potencial

impacte sobre cada elemento ambiental, permitindo ainda descrever esta interacção em termos de

magnitude e importância do impacto. Esta descrição é feita atribuindo um valor numérico que

pode variar de 1 a 5, no caso da magnitude 1 representará uma pequena magnitude e 5

xvii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

representará o valor máximo. Os valores de 3 na escala de magnitude são considerados impactes

de extensão intermédia. Quanto à sua significância, esta será o resultado da integração dos

critérios Duração, Probabilidade e Reversibilidade.

Para além disso será acrescentado a esta matriz duas colunas onde se atribui ao impacte,

consoante o seu tempo de duração e o descritor em analise, se este é ou não reversível e qual a

probabilidade de este acontecer. Para isso serão utilizados símbolos que de uma forma simples

estipulam, através do seu número se o impacte é muito reversível ou pouco reversível. Da mesma

forma se vai avaliar a probabilidade do impacte ocorrer.

Esta matriz permite ainda identificar a natureza dos impactes, ou seja, se os impactes são

negativos ou positivos através da sua incidência directa ou indirecta.

As definições associadas à matriz são as seguintes:

 Natureza: consequência do impacte no descritor, sendo positiva se valoriza ou negativa se

desvaloriza qualidade do descritor ambiental.

 Incidência: forma de afectação, sendo directa ou indirecta.

 Magnitude: refere-se a intensidade ou extensão da afectação.

 Significância: reflecte a importância (ecológica ou social) da alteração produzida sobre o

recurso, resultará da conjugação da Duração, Probabilidade e Reversibilidade.

 Duração: escala temporal do impacte.

 Probabilidade: probabilidade de ocorrência da alteração.

 Reversibilidade: capacidade de regeneração do meio, uma vez decorrido o impacte.

 Relevância: representatividade global dos impactes.

As escalas de classificações serão as seguintes:

Quadro 3 – Escalas de classificação utilizadas na matriz

xviii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

Escala
1 2 3 4 5
Magnitude Reduzida Moderada Intermédio Acentuado Elevada
Critério

Probabilidade Reduzida Moderada Intermédio Acentuado Elevada ou Certa


Duração Reduzida Moderada Intermédio Acentuado Elevada
Pouco Reduzida ou
Reversibilidade Elevada Acentuado Moderada
acentuada Irreversível

A matriz contemplará as diferentes fases do projecto, representando os diferentes critérios

adoptados (magnitude, probabilidade, duração e reversibilidade), que serão posteriormente

classificados, de acordo com as classificações adoptadas, em cada célula da matriz.

Com base na determinação da soma para cada critério e ponderação dos resultados,

determinar-se-á a significância dos impactes. A relevância será então determinada

individualmente, de acordo com a magnitude e significância, para cada impacte.

4.2. Medidas de mitigação

As medidas de mitigação serão definidas de forma a evitar, minimizar ou compensar um

determinado impacte. Após o conhecimento dos vários impactes e, a opinião experimentada de

peritos e bibliografia, as medidas de mitigação serão escolhidas de acordo com métodos

preventivos, compensatórios ou minimizadores. Para além disso ter-se-á em conta o custo e

viabilidade da escolha das várias medidas a implementar.

4.3. Plano de monitorização

O plano de monitorização será implementado durante o ciclo de vida do loteamento

incluindo a fase de desactivação. O plano de monitorização consistirá num programa de recolha

xix
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

sistemática de dados cujo tratamento disponibilizará informação sobre o estado do ambiente na

área de implementação do projecto, visando detectar e corrigir atempadamente situações

anómalas

O descritor de monitorização dos impactes ambientais deste projecto considerado fulcral

são os Resíduos.

Para o descritor mencionado serão estipulados vários locais, frequências e periodicidade

de amostragem incluindo, quando aplicável, a análise do seu significado estatístico. Para além

disso serão estabelecidos os parâmetros, os métodos e as técnicas a aplicar, bem como a

periodicidade dos relatórios da monitorização tendo sempre em conta necessidade de recursos

humanos e os custos associados.

De acordo com o desempenho ambiental do projecto poderá implementar-se várias

medidas, nomeadamente, a rectificação de situações de não conformidade com acções de

prevenção e medidas de mitigação previstas no EIA, a correcção ou aperfeiçoamento das

medidas previstas no EIA e por fim, planos de contingência destinados a corrigir situações ou

impactes não previstos no EIA

5. ENQUADRAMENTO DO PROJECTO

5.1. Localização administrativa

O projecto será implementado no distrito de Faro, concelho de Tavira, freguesia de Santa

Maria, numa zona conhecida como Capelinha.

xx
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

Figura 1 – Localização geográfica da área de implementação da Central Solar Térmica de Tavira

5.2. Indicação das áreas sensíveis

A área de implementação do projecto não se encontra abrangida por áreas sensíveis,

descritas pelo artigo 2.º do Decreto Lei n.º 69/2000 de 3 de Maio.

5.3. Planos de Ordenamento em vigor

5.3.1. Plano de Ordenamento do território do Algarve (PROTAlg)

O concelho de Tavira encontra-se abrangido pelo PROT-Alg, o qual engloba a área de

implementação do projecto.

xxi
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

5.3.2. Plano Director Municipal

Através da análise do PDM de Tavira , aprovado a 21 de Julho de 1996 pela Resolução

do Concelho de Ministros nº 97/97, pode-se verificar que a área de implementação do projecto é

abrangida pela Reserva Agrícola Nacional (Planta de Condicionantes nº 62.2). A área em questão

também engloba uma parcela de Rede Ecológica Nacional (Carta de REN nº 59.2). Analisando a

Planta de Ordenamento (Planta nº 63.2/A) verifica-se a área de implementação do projecto

abrange Áreas Agrícolas Preferenciais e Áreas Agrícolas Condicionadas I.

5.3.3. Plano da Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve

Através da análise do PDM de Tavira , aprovado a 21 de Julho de 1996 pela Resolução

do Concelho de Ministros nº 97/97, pode-se verificar que a área de implementação do projecto é

abrangida pela Reserva Agrícola Nacional (Planta de Condicionantes nº 62.2). A área em questão

também engloba uma parcela de Rede Ecológica Nacional (Carta de REN nº 59.2). Analisando a

Planta de Ordenamento (Planta nº 63.2/A) verifica-se a área de implementação do projecto

abrange Áreas Agrícolas Preferenciais e Áreas Agrícolas Condicionadas I.

5.4. Servidões, condicionantes e equipamentos/infra-estruturas relevantes

potencialmente afectados pelo projecto

Ao analisar a Planta de Condicionantes (Planta 62.2 do PDM de Tavira), pode-se

verificar que a área de implementação do projecto é abrangida por RAN.

xxii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

Figura 2 – Pormenor da Planta de Condicionantes (Fonte: PDM de Tavira)

Através da análise da Planta de Ordenamento (Planta 63.2/A do PDM de Tavira) verifica-

se que é abrangida por Áreas Agrícolas Preferenciais e Áreas Agrícolas Condicionadas I.

xxiii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

Figura 3 – Pormenor da Planta de Ordenamento (Fonte: PDM de Tavira)

As Áreas Agrícolas Preferenciais são constituídas por áreas de território destinadas a

assegurar a produção agrícola alimentar ou não, integrando os solos incluídos na RAN e outros

solos com interesse local (Art. 31 do DL 97/97). As Áreas Agrícolas Condicionadas I são

constituídas por solos incluídos na RAN ou no Perímetro de Rega do Sotavento, bem como por

outros solos com aptidão e uso actual agrícola, onde ocorrem sobreposições com áreas de

máxima infiltração (REN) (Art. 32 do DL 97/97).

Segundo o Artigo 35 do Artigo nº 97/97, as áreas referidas anteriormente estão sujeitas à

interdição da destruição do revestimento vegetal, do relevo natural do terreno.

Figura 4 – Pormenor da Carta de REN


(Fonte: PDM de Tavira)

xxiv
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

6. CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE AFECTADO PELO PROJECTO

6.1. Descrição Geral

A região do Algarve localiza-se no sul de Portugal, no extremo sudoeste da Península

Ibérica, entre a latitude 37º35’ e 36º58’ Norte e a longitude 7º25’ e 9º00’. Com uma superfície de

4 991 km2, corresponde a 6% da superfície total do País.

Identificam-se três áreas distintas, nomeadamente, o Litoral, o Barrocal e a Serra (Figura

5), tendo por base aspectos mesológicos e de ocupação humana ao longo dos séculos.

O Litoral corresponde à sub-região mais a Sul, apresentando uma extensão de faixa costeira de

220 km com altitudes que não ultrapassam os 50 m, representa cerca de 21,8 % da região. Nesta

sub-região podem ser consideradas duas áreas com características distintas em termos de

geomorfologia e vegetação, o litoral de erosão que vai de Odeceixe a Sagres, na costa Ocidental

e de Sagres a Albufeira na costa Sul e o litoral de acumulação situado na parte sul-oriental, entre

Albufeira e Vila Real de Santo António.

Situado imediatamente a norte do litoral, encontra-se o Barrocal. Esta zona representa

cerca 23% do Algarve, compreendendo altitudes entre os 100 e os 300m.

A Serra, zona montanhosa mais a norte da região do Algarve. Representa cerca de 7,3 %

da área total do Algarve, encontra-se acima dos 400 m de altitude. A zona mais extensa da Serra

corresponde a uma área distinta, a Serra de Monchique, cujo pico, corresponde ao ponto mais

alto do Algarve, com 902 m de altitude.

O projecto em estudo insere-se no Barrocal algarvio (Figura 5), apresenta como principal

distinção de outras zonas edafoclimáticas, o facto de assentar em formações cársicas (compactas

xxv
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

e margosas), característica absolutamente determinante na formação dos recursos pedológicos e

hídricos, que estiveram na base dos processos culturais de humanização deste território.

Figura 5 – Atlas do Algarve da Carta de Ordenamento Biofísico (Fonte: CCDRAlg, 2007)

6.2. Resíduos

6.2.1. Enquadramento legal

O Decreto-Lei nº 178/2006 de 5 de Setembro, transpõe para a ordem jurídica interna a

Directiva nº 2006/12/CE e a Directiva 91/689/CE, estabelecendo as regras a que fica sujeita a

gestão de resíduos. No Artigo 6º deste Decreto-Lei consta que é objectivo prioritário da política

de gestão de resíduos, evitar e reduzir a sua produção ou o seu carácter nocivo, devendo a gestão

de resíduos evitar também ou, pelo menos, reduzir o risco para a saúde humana e para o

ambiente causado pelos resíduos sem utilizar processos ou métodos susceptíveis de gerar efeitos

adversos sobre o ambiente, nomeadamente através da criação de perigos para a água, o ar, o solo,

a fauna, e a flora, perturbações sonoras ou odoríficas ou de danos em quaisquer locais de

interesse e na paisagem. No mesmo Decreto-Lei, Artigo 7º, é referido no ponto 1 e 2 que a

gestão de resíduos deve assegurar que à utilização de um bem sucede uma nova utilização ou

xxvi
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

que, não sendo viável a sua reutilização, se procede à sua reciclagem ou outras formas de

valorização. A eliminação definitiva só deve ser considerada em último caso.

O Decreto-Lei 92/2006 de 25 de Maio, altera o Decreto-Lei nº 366-A/97 de 20 de

Dezembro, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei nº 162/2000 de 27 de Julho,

transpondo para a ordem jurídica nacional a Directiva nº 2004/12/CE, do Parlamento Europeu e

do Concelho, de 11 de Fevereiro, relativa a embalagens e resíduos de embalagens. Este decreto-

lei estabelece os princípios e as normas aplicáveis à gestão de embalagens e resíduos de

embalagens, com vista à prevenção da produção desses resíduos, à reutilização de embalagens

usadas, à reciclagem e outras formas de valorização de resíduos de embalagens e consequente

redução da sua eliminação final, assegurando um elevado nível de protecção do ambiente, e

ainda garantir o funcionamento do mercado interno e a evitar entraves ao comércio e distorções e

restrições da concorrência na Comunidade, transpondo para a ordem jurídica nacional a

Directiva nº 94/62/CE, do Parlamento e do Conselho, de 20 de Dezembro, alterada pela Directiva

nº 2004/12/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de Fevereiro.

O Decreto-Lei nº 153/2003, de 11 de Julho, vem rever e completar a transposição para a

ordem jurídica interna da Directiva n.º 75/439/CEE, do Conselho, de 16 de Junho, relativa à

eliminação de óleos usados, conforme alterada pela Directiva n.º 87/101/CEE, do Conselho, de

22 de Dezembro de 1986, estabelecendo um conjunto de normas de gestão que visa a criação de

circuitos de recolha selectiva de óleos usados, o seu correcto transporte, armazenagem,

tratamento e valorização, e nesta última actividade dando especial relevância à regeneração.

Assim o presente diploma, estabelece no Capítulo I, artigo 1º, sob a epigrafe de “Objectivo e

âmbito”, mais especificamente no ponto 1, que regime jurídico a que fica sujeita a gestão de

óleos novos e óleos usados, assumindo como objectivo prioritário a prevenção da produção, em

quantidade e nocividade, desses resíduos, seguida da regeneração e de outras formas de

xxvii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

reciclagem e de valorização. De salientar que no artigo 3º, são definidos os princípios de gestão,

onde é de salientar que Constituem princípios fundamentais de gestão de óleos usados a

prevenção da produção, em quantidade e nocividade, destes resíduos e a adopção das melhores

técnicas disponíveis nas operações de recolha/transporte, armazenagem, tratamento e

valorização, de forma a minimizar os riscos para a saúde pública e para o ambiente. Por fim,

refere-se anda o artigo 4º, onde se definem os objectivos da gestão, onde se estabelecem metas a

atingir e onde é determinado que os produtores de óleos novos deverão adoptar as medidas tidas

por necessárias para que sejam garantidos os princípios e a hierarquia de operações de gestão.

As regras a que estão sujeitos os resíduos de construção e demolição, são estabelecidas

no já referido, decreto-lei nº 178/2006, de 5 de Setembro, onde é definido no artigo 3º, resíduo de

construção e demolição, como sendo “o proveniente de obras de construção, reconstrução,

ampliação, alteração, conservação e demolição e da derrocada de edificações.”. O artigo 23º, sob

epigrafe “sujeição e licenciamento”, no ponto 1, refere que “as operações de armazenagem,

triagem, tratamento, valorização e eliminação de resíduos estão sujeitas a licenciamento”, no

ponto 3 do mesmo artigo, é salientado que “As operações de gestão de resíduos que se

desenvolvam em instalações móveis, definindo o acto de licenciamento os tipos de locais em que

o seu desenvolvimento é permitido, de acordo com o tipo de resíduos e de operações de gestão

em causa”. O artigo 32º, onde são definidas as regras do licenciamento simplificado,

determinando o tipo de valorização que deve ser dada aos resíduos, bem como o armazenamento

durante o tempo de produção.

As regras de transporte de resíduos são definidas pela Portaria n.º 335/97, de 16 de Maio,

onde no artigo 1º, se define que “Sempre que pretendam proceder ao transporte de resíduos, o

produtor e o detentor devem garantir que os mesmos sejam transportados de acordo com as

prescrições deste diploma, bem como assegurar que o seu destinatário está autorizado a recebê-

xxviii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

los”. Na mesma portaria, está exposto o tipo de transporte utilizado, de acordo com o tipo de

resíduos.

6.2.2. Descrição da situação actual

A importância da caracterização deste descritor prende-se com a necessidade de

quantificação dos possíveis impactes provenientes da produção de resíduos durante as fases de

construção, exploração e desactivação da Central Solar Térmica.

A importância da caracterização deste descritor prende-se com a necessidade de

quantificação dos possíveis impactes provenientes da produção de resíduos durante as fases de

construção, exploração e desactivação da Central Solar Térmica.

Na região do Algarve, o sistema de recolha de resíduos sólidos é constituído por dois

subsistemas multimunicipais, Barlavento e Sotavento, explorados e geridos pela ALGAR-

Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos, S.A., criada através do Decreto – Lei 109/95, de

20 de Maio. Este sistema inclui as estações de triagem, as unidades complementares e as

estações de transferência que viabilizam o transporte dos RSU’s dos municípios mais afastados

para o aterro, em complemento existe ainda uma recolha selectiva de materiais através de

ecopontos e ecocentros distribuídos pelos principais centros urbanos.

O concelho de Tavira está inserido no subsistema do Sotavento, que compreende o aterro

sanitário localizado em Barranco do Velho (Loulé) e a unidade de compostagem de resíduos

verdes do Sotavento, em Tavira.

Em 2001 a produção média diária de resíduos sólidos urbanos por habitante, no concelho

de Tavira, foi de cerca 1,6 kg RSU/hab.dia, sendo 88% da população deste concelho servida por

sistema de recolha de resíduos, a quantidade de resíduos recolhida representa 4,8% (INE, 2001).

xxix
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

O quadro abaixo pretende caracterizar os RSU’s recolhidos indiferenciadamente no

subsistema do Sotavento, uma vez que não se encontram dados apenas para o concelho de

Tavira.

Quadro 4 – Caracterização fisíca RSU’s relativa ao ano de 2003 (Fonte:ALGAR, 2007)

Caracterização dos resíduos % em Peso T


Resíduos Putrescíveis 29,9 42857,91
Resíduos Alimentares 26,3
Resíduos de Jardim 3,6
Papéis 13,91 19938,25
Embalagens de Papel 0,83
Jornais, revistas e folhetos 5,63
Papéis de escritório 0,81
Outros papéis 6,64
Cartões 7,69 3067,42
Embalagens de Cartão 6,84
Outros Cartões 0,85
Compósitos 2,14 3067,42
Embalagens compósitas de Cartão 1,12
Outras embalagens compósitas 0,26
Outros compósitos (não embalagem) 0,76
Textéis 4,3 6163,51
Textéis Sanitários 4,15 5948,51
Plásticos 11,19 16039,47
Filmes 6,78
Garrafas e frascos 1,9
Outras embalagens plásticas 1,36
Outros Plásticos 1,15
Combustíveis Não Especificados 2,07 2967,09
Embalagens combustíveis não especificadas 0,24
Outros combustíveis não especificados 1,83
Vidro 6,58 9431,61
Embalagens de Vidro 6,33
Outro Vidro (não embalagem) 0,25
Metais 2,58 9431,61
Embalagens Ferrosas 1,56

xxx
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

Embalagens não ferrosas 0,43


Outros ferrosos 0,41
Outros não ferrosos 0,18
Imcombustíveis não especificados 1,69 2422,4
Embalagens incombustíveis não especificadas 0
Outros incombustíveis não específicados 1,69
Resíduos Domésticos Especiais 0,75 1075,03
Embalagens 0,57
Pilhas e acumuladores 0,06
Outros resíduos domésticos especiais 0,12
Elamentos Finos (< 20 mm) 13,05 18705,54
Total 100 143337,5

A quantidade de RSU’s depositados no subsistema do Sotavento evidencia uma tendência

crescente, entre o ano de 2001 e 2003 o crescimento médio anual foi de 9,9%. No entanto, esta

percentagem tem vindo a diminuir ligeiramente ao longo dos últimos anos, provavelmente em

resultado do aumento significativo da recolha selectiva.

Relativamente à recolha selectiva de resíduos, verifica-se um aumento gradual da

quantidade de vidro, papel/cartão e embalagens entre os anos 2001 e 2005, denotando-se para

todos os anos um aumento considerável no período de Junho a Agosto. Ilustrando desta forma o

fluxo turístico do concelho.

xxxi
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

Figura 6 – Evolução da Recolha Selectiva do vidro no concelho de Tavira. (Fonte: ALGAR, 2007)

Figura 7 – Evolução da recolha selectiva de papel/cartão no concelho de Tavira (Fonte: ALGAR, 2007)

Figura 8 - Evolução da Recolha Selectiva das embalagens no concelho de Tavira (Fonte: ALGAR, 2007).

No que respeita aos Resíduos de Construção e Demolição (RC&D), no sentido de

solucionar o problema do destino final a dar a este tipo de resíduos, resultantes de uma

actividade com forte implementação socioeconómica na região, como é o caso da construção, a

xxxii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

ALGAR, S.A. obteve uma autorização temporária para depositar os RC&D no Aterro Sanitário

do Barlavento, em local que não a célula de deposição de RSU. (CCDR Alg., 2007)

7. EVOLUÇÃO PREVISÍVEL DA ÁREA NA AUSÊNCIA DO PROJECTO

Não é previsto nenhuma alteração significativa relativa aos resíduos na área de

implementação do projecto, caso este não seja realizado.

8. PREVISÃO E AVALIAÇÃO DE IMPACTES AMBIENTAIS

Os impactes relacionados com a produção de resíduos foram previstos, essencialmente,

com a identificação dos diferentes tipos de resíduos originados nas diferentes fases do projecto.

8.1. Previsão de impactes

Quadro 5 – Previsão de resíduos e estimativa da quantidade gerada nas diferentes fases

Quantidade
Fonte de resíduos Tipo de resíduos
estimada
Desmatamento, escavações, terraplanagens, RC&D -
construção da infra-estrutura Resíduos de embalagem -
Construção

Montagem dos colectores do tipo CLFR Vidro e Aço -


Fase de

Óleos, lubrificantes e
Manutenção da maquinaria -
combustíveis
Presença de trabalhadores RSU -
Edíficio de Controlo, Escritórios e Oficina RSU 8000 kg/ano
Exploração

Manutenção dos colectores Vidro e Aço -


Fase de

Óleos, lubrificantes e
Manutenção da turbina e restante maquinaria -
combustíveis
Desmineralização da água Resina -
Escavação, aterro, extracção de pavimento e Resíduos de demolição -
tubagens, desmantelamento da infra-estrutura
Desactivação

Vidro e aço -
Fase de

Manutenção da maquinaria Óleos -

Presença de trabalhadores RSU -

xxxiii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

8.2. Avaliação de impactes

Foi realizada uma avaliação quantitativa dos impactes negativos e positivos, relativos às

fases de construção, exploração e desactivação, através da elaboração de matrizes interactivas

baseada na matriz de Leopold. Esta matriz relaciona as diferentes acções do projecto com o

descritor a analisar. Tendo sido escolhido este método pelo facto de ser de fácil

realização/interpretação e conjugar as diferentes fases de projecto (construção, exploração e

desactivação) e os factores ambientais considerados mais importantes.

Assim consideraram-se cada actividade e o seu potencial impacte sobre o descritor

ambiental em estudo, permitindo ainda descrever esta interacção em termos de magnitude e

importância do impacto. Esta descrição foi feita atribuindo um valor numérico que variava de 1 a

5, considerando-se:

1 – Reduzido

2 – Moderado

3 – Intermédio

4 - Acentuado

5 - Elevado

As definições consideradas foram as seguintes:

 Natureza: consequência do impacte no descritor, sendo positiva se valoriza ou negativa se

desvaloriza qualidade do descritor ambiental.

 Incidência: forma de afectação, sendo directa ou indirecta.

 Magnitude: refere-se a intensidade ou extensão da afectação.

xxxiv
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

 Significância: reflecte a importância (ecológica ou social) da alteração produzida sobre o

recurso, resultará da conjugação da Duração, Probabilidade e Reversibilidade.

 Duração: escala temporal do impacte.

 Probabilidade: probabilidade de ocorrência da alteração.

 Reversibilidade: capacidade de regeneração do meio, uma vez decorrido o impacte.

 Relevância: representatividade global dos impactes.

A matriz contemplará as diferentes fases do projecto, representando os diferentes critérios

adoptados (magnitude, probabilidade, duração e reversibilidade), que serão posteriormente

classificados, de acordo com as classificações adoptadas, em cada célula da matriz.

Com base na determinação da soma para cada critério e ponderação dos resultados,

determinar-se-á a significância dos impactes. A relevância será então determinada

individualmente, de acordo com a magnitude e significância, para cada impacte.

A matriz será contemplada com duas colunas, uma relativa à Incidência e a outra à

Natureza, tendo a seguinte legenda.

Quadro 6 – Legenda referente às colunas dos critérios de Incidência e Natureza.

Critérios Representação
Directa D
Incidência
Indirecta I
Positiva +
Natureza
Negativa -

Em cada célula da matriz forma representadas as escalas referentes aos seguintes critérios:

Magnitude (M), Duração (D), Probabilidade (P) e Reversibilidade (R). Tendo-se obtido o valor

de Significância (S) pela soma dos critérios Duração, Probabilidade e Reversibilidade.

xxxv
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

Posteriormente, determinou-se a Relevância, através da multiplicação da Magnitude com a

Significância.

Quadro 7 – Representação esquemática de cada célula da matriz de avaliação.

M D
S
P R

Tendo em conta a escala escolhida para a avaliação de impactes verifica-se que os

impactes significativos (obtidos pela soma da duração, probabilidade e reversibilidade) variarão

entre 3 (valor mínimo) e 15 (valor máximo) por impacte e actividade/acção. E os impactes

relevantes apresentam um valor mínimo de 3 e um valor máximo de 75, por impacte e actividade

de acção.

8.3. Análise da Matriz de Avaliação

8.3.1. Fase de Construção

Durante a fase de construção, os principais resíduos gerados resultam da construção da

infra-estrutura e da montagem dos colectores, sendo maioritariamente constituídos por resíduos

de embalagens, vidro e aço. A terraplagem, escavações e desmatação apresentam uma menor

relevância, uma vez que os resíduos gerados aquando as escavações será utilizado para nivelar o

terreno.

xxxvi
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

8.3.2. Fase de Exploração

Na fase de exploração, a produção de RSU apresenta maior relevância, devido às

actividades desenvolvidas no Edifício de Controlo e nos Escritórios e à presença de

trabalhadores. Outro impacte com relevância é a produção de resíduos de vidro e aço,

provenientes da manutenção dos colectores. A resina utilizada na desmineralização da água

representa o impacte menos relevante, uma vez que sofre várias regenerações antes de ser

eliminada.

8.3.3. Fase de Desactivação

Uma vez que está previsto o desmantelamento de toda a infra-estrutura na fase de

desactivação, os impactes mais relevantes nesta fase serão a produção de RC&D e de resíduos de

vidro e aço, resultantes da extracção de pavimentos, tubagens e do desmantelamento dos painéis

e edifícios. O impacte que apresenta menor relevância é a emissão de óleos e lubrificantes

provenientes do desmantelamento da turbina e demais maquinaria.

9. MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

As medidas de minimização, têm como objectivo atenuar ou eliminar os efeitos negativos

que possam advir da implementação do projecto. Assim, apresenta-se de seguida algumas

recomendações para as três fases do projecto.

xxxvii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

9.1. Fase de construção

 Construção de um parque de armazenagem temporária de resíduos, com áreas

impermeabilizadas e cobertas para a armazenagem de óleos usados, segregando os óleos

hidráulicos dos óleos de motor;

 Garantir que os filtros de óleo são adequadamente escorridos antes da armazenagem

temporária;

 Separação dos resíduos de embalagem e outros resíduos valorizáveis pelas características

dos materiais (papel/cartão, plástico e metal);

 Armazenar temporariamente filtros de óleo, materiais absorventes e solos contaminados

com hidrocarbonetos em recipiente estanque e fechado (ex. bidon de 200L).

9.2. Fase de Exploração

Tendo em conta que a maior parte dos resíduos nesta fase vão ser os Resíduos Sólidos

Urbanos (RSU), dever-se-á fazer campanhas para sensibilizar os trabalhadores para os

procedimentos da reciclagem, onde se valoriza os trabalhadores que mais reciclarem, e

disponibilizar os respectivos contentores em quantidade suficiente. Para os restantes resíduos

dever-se-á acondicioná-los em contentores apropriados e contactar a entidade responsável pelo

seu transporte.

xxxviii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

9.3. Fase de Desactivação

Uma vez que a fase de desactivação é similar à fase de construção tendo praticamente o

mesmo tipo de resíduos, dever-se-á proceder à utilização das medidas de mitigação descritas para

essa fase.

10. MONITORIZAÇÃO

Monitorização, no âmbito de um estudo de impacte ambiental, pode ser definida como um programa

de repetitiva observação, medição e registo das variáveis ambientais e parâmetros operacionais durante

um determinado período de tempo com um propósito definido. (Arts and Nooteboom in Ramos, 2004).

De acordo com Canter (1996), são vários os propósitos da implementação de monitorização ambiental,

nomeadamente:

 Providencia informação que pode ser usada para documentar impactes que resultam de uma

determinada acção, sendo que esta informação permite melhores previsões de impactes

associados a acções similares;

 O sistema de monitorização pode avisar as agências de impactes adversos não antecipados ou

alterações nos impactes previstos;

 Esta monitorização providencia ainda um aviso imediato sempre que um indicador de impacte

pré-seleccionado se aproxima de um nível crítico;

 Possibilita a existência de informação que pode ser utilizada pelas agências para controlar o

tempo, local e nível dos impactes de um projecto. Medidas de controlo poderão envolver

planeamento preliminar, bem como possibilita a implementação de regulamentos e medidas de

redução;

 A monitorização ambiental providencia informação que pode ser utilizada para avaliar a

efectividade da implementação de medidas de mitigação;

xxxix
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

 Permite ainda a existência de informação que pode ser usada para verificar os impactes previstos

e, dessa forma, validar as técnicas de previsão de impactes. Baseado nestas informações, as

técnicas como por exemplo modelos matemáticos, podem ser modificados ou ajustados,

conforme apropriado.

10.1.Metodologia Geral dos Programas de Monitorização

Um plano de monitorização, para ser eficaz deve ser bem planeado, descrevendo os programas de

monitorização para cada factor, cobrindo os principais impactes negativos previsíveis nas fases de

construção, exploração e desactivação e englobar os seguintes componentes numa metodologia como a

que é de seguida apresentada:

Definir os Seleccionar e Avaliar a Definir


objectivos/al desenvolver necessidade de estratégias de
vo indicadores de dados e sua amostragem,
monitorização disponibilidade incluindo
locais de
amostragem e
frequência
Definir Definir Definir temporal
processos de métodos de métodos de
reavaliação e comunicação e recolha, análise
indicadores de relato dos e avaliação de
avaliação da resultados informação
performance de obtidos
monitorização

10.2. Descrição do Plano de Monitorização

O Plano de Monitorização de Resíduos, contemplará uma gestão integrada de resíduos

produzidos na fase de construção, exploração e desactivação tendo como base a caracterização dos

resíduos produzidos em cada uma delas. Desta forma pode controlar-se o dimensionamento da recolha e

local de deposição.

xl
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

Desta forma deverá ser efectuada a quantificação dos resíduos produzidos, armazenados,

transportados, tratados, valorizados ou eliminados nas diferentes fases identificando-os através da Lista

Europeia de Resíduos. Deverão ser igualmente definidos os destinos finais e as operações de gestão de

resíduos executadas a cada tipo de resíduo.

Os objectivos do programa de monitorização para os resíduos deverá permitir:

 Estimar as quantidades, em peso de resíduos sólidos produzidos nas diferentes fases, sendo que

durante a fase de exploração, este factor deverá ser calculado anualmente;

 A caracterização física, permitindo estimar valores médios do Peso especifico e da composição

física do resíduos produzidos;

 Verificar se o dimensionamento das operações de recolha e deposição se encontram bem

dimensionadas.

No que concerne à programação temporal a proposta passa por três fases distintas:

 Uma campanha de monitorização durante a fase de construção até ao final desta;

 No início da fase de exploração dever-se-ia proceder, durante o horizonte do projecto, à

quantificação da produção anual de resíduos;

 Por fim durante as obras de desactivação dever-se-ia efectuar o mesmo procedimento utilizado

para a fase de construção.

O planeamento de uma campanha de caracterização de resíduos passa por várias fases:

1. Definir fronteiras da área a caracterizar;

2. Adoptar um método para a recolha que garanta a representatividade face à variabilidade

das quantidades e composição dos resíduos;

3. Seleccionar e definir novos circuitos de recolha de amostras de resíduos representativos

da zona;

xli
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

4. Definir as quantidades que devem ser recolhidas na área, a dimensão e o grau de

representatividade.

5. Programar uma calendarização anual da campanha de caracterização dos resíduos:

 Estabelecer para o circuito representativo o número de vezes em que se recolhe

os resíduos;

 Escolher os meses representativos de cada estação do ano e semanas alternadas;

 Evitar a realização simultânea de duas ou mais caracterizações de circuitos

diferentes;

6. Organizar meios humanos e materiais para a realização das campanhas.

Por fim, deverão ser elaborados relatórios, de modo a apresentar à autoridade de AIA, por cada

campanha de monitorização a realizar.

10.3. Medidas de Gestão Ambiental

De acordo com o desempenho ambiental do projecto poderão ainda implementar-se várias

medidas, nomeadamente, a rectificação de situações de não conformidade com acções de prevenção e

medidas de mitigação previstas no EIA ou a correcção e aperfeiçoamento das medidas previstas no EIA.

De entre as diversas medidas destacam-se áreas prioritárias, por força da necessidade de resolver

incumprimentos legais ou porque se traduzirão no curto prazo em redução de custos ou riscos.

No que aos resíduos diz respeito deve ser assegurada uma efectiva recolha selectiva dos resíduos

sólidos urbanos, cumprindo pelo menos as taxas de recolha selectiva e reciclagem previstas por lei para

papel, vidro e embalagens, bem como dos restantes resíduos.

Outro aspecto importante, é a implementação de um sistema de recolha selectiva de acordo com a

classificação da Lista Europeia de Resíduos.

xlii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

11. LACUNAS TÉCNICAS OU DE CONHECIMENTO

Durante a realização do presente estudo, foram identificadas algumas lacunas técnicas ou

de conhecimento, nomeadamente devido à inexistência de informação utilizável para a

caracterização da situação de referência especifica da área de implementação do projecto.

Em relação ao descritor analisado, a falta de informação relativa às técnicas a implementar na

Central Térmica de Tavira dificultaram a quantificação de impactes e a análise das

actividades/acções passíveis de causar impactes.

A memória descritiva do projecto, que deveria ser uma fonte importante de informação

sobre as técnicas e funcionamento da Central apresenta várias falhas a nível de conteúdo.

Foi impossível proceder à estimativa da quantidade de resíduos gerada nas diferentes fase

do projecto uma vez que não existem dados estatísticos sobre os vários tipos resíduos.

12. CONCLUSÃO

Através da análise das matrizes foi possível concluir que na fase de construção, os

impactes mais relevantes são a produção de resíduos de embalagens, vidro e aço resultante da

construção da infra- estrutura e da montagem dos colectores.

Na fase de exploração, as actividades desenvolvidas no Edíficio de Controlo e nos

Escritórios originam o impacte mais relevante, ou seja, a produção de RSU’s, sendo que os

resíduos de vidro e aço resultantes da manutenção dos colectores também são importantes.

Na fase de desactivação, os impactes com maior relevância são os RC&D, vidro e aço

resultantes do desmantelamento da Central.

xliii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

Tendo em conta as medidas de mitigação, os valores de significância dos impactes em

todas as fases poderão ser menores, sendo que a implementação e operacionalidade do plano de

monitorização irá servir como base de apoio à tomada de decisões minimizadoras dos impactes.

Não se prevêem alterações significativas na área de implementação do projecto.

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Canter, L.W. (2000). Manual de evaluación de Impacto Ambiental – Tecnicas para la

elaboración de los estudios de impacto. McGraw-Hill/Interamericana de España. Madrid. 603 pp.

xliv
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

DGMA (1989). Guias Metodológicas para la elaboracion de estudios de impacte ambiental –

Monografias. Direción General de Medio Ambiente. 2 Grandes Presas. MOPU. España.

Jonhston, J. & Walker, L.J. (1999). Guidelines for the Assessment of Indirect and Cumulative

Impact as well as Impact Interactions. Environment, Nuclear Safety & Civil Protection. EC DG

XI.

MOPU (1989). Guías Metodológicas para la Elaboración de Estudios de Impacto Ambiental:

Carreteras e y Ferrocarriles. Ministério de Obras Públicas e Urbanismo, Direción General de

Medio Ambiente, Madrid.165pp.

Partidário, M.R. (1999). Avaliação do Impacte Ambiental. Centro de Estudos de Planeamento e

Gestão do Ambiente. Portugal. Caparica.

Petts, J. (1999). Handbook of Environmental Impact Assessment, Volume 1 – Environmental

Impact Assessment: Process, Methods and Potencial. Blackwell Science Ltd. Oxford.

Silva, M. (1988). Evolução Geomorfológica Quaternária e Dinâmica Actual: Aplicações ao

Ordenamento do Território – Exemplos no Maciço Calcário Estremenho. Dissertação de

doutoramento em Geografia Física, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de

Lisboa. Lisboa. 868 pp.

Portaria nº 330/2001 de 2 de Abril de 2001, Versão 1 – Originário Cód. Documento 23637

Portaria 209/2004 de 3 de Março.

xlv
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

Portaria 961/1998 de 10 de Novembro.

Portaria 286/1993 de 12 de Março.

Portaria 623/1996 de 2 de Abril.

Decreto-Lei nº 69/2000 de 3 de Maio de 2000, Documento

Versão 1 – Originária Cód. Documento 22462

Decreto-Lei nº 140/99, de 24 de Abril

Directiva 2000/69/CE de 16 de Novembro.

14. BIBLIOGRAFIA

CCDR-ALG (2000). Plano das Bacias Hidográficas das Ribeiras do Algarve. Comissão de

Coordenação do Desenvolvimento Regional do Algarve. Portugal, Faro.

CCDR-ALG (2004). Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve –Relatório de

Caracterização e Diagnóstico. Volume 1. Comissão de Coordenação do Desenvolvimento

xlvi
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

Regional do Algarve. Portugal, Faro.

CCDR-ALg (2003). Sinais Ambiente. Comissão de Coordenação do Desenvolvimento Regional

do Algarve. Portugal, Faro.

ONU (2001). Indicators of Sustainable and Development: Framework and Methodologies.

Division for Sustainable Development for Department of Economic and Social Affairs

Comission on Sustainable. New York.

PDM (1996). Plano Director Municipal do Concelho de Tavira. Aprovado em 21 de Junho de

1996 na Resolução do Conselho de Ministros nº 97/97.

http://www.ccdr-algarve.pt (acedido a 14 de Março de 2007)

http://www.dge.pt/ (acedido a 16 de Março de 2007)

http://www.iambiente.pt (acedido a 14 de Março de 2007)

3http://www.icn.pt (acedido a 20 de Março de 2007)

http://www.igm.ineti.pt (acedido a 18 de Março de 2007)

http://www.ineti.pt (acedido a 20 de Março de 2007)

xlvii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

ANEXOS

xlviii
Estudo de Impacte Ambiental do Projecto da Central Solar Térmica de Tavira

xlix
ANEXO A – Matrizes Globais nas diferentes fases

Quadro 8 – Matriz global na fase de construção

Actividades/Acções
Desmatação, escavações, Construção da infra- Montagem dos Circulação de Presença de
Impactes Incidências Natureza terraplanagens estrutura colectores CLFR maquinaria/viaturas trabalhadores
2 2 4 2 2 2
Produção de resíduos de construção D - 8 10 8
2 4 5 3 2 4
Fase de Construção

5 2 3 2 1 1 4 2
Produção de resíduos de embalagem D - 9 9 4 10
5 2 5 2 1 3 5 3
3 4
Emissão de óleos, lubrificantes e combustíveis I - 9
2 3
5 4 4 4 1 1
Resíduos de vidro e aço D - 11 11 5
4 3 4 3 1 3
1 1 1 1 3 3
Aumento da produção de RSU D - 5 7 9
1 3 1 5 4 2
Quadro 9 - Matriz global da fase de exploração

Actividades/Acções
Edíficio de Controlo, Manutenção dos Manutenção da turbina Circulação de Desmineralizaçao da
Impactes Incidências Natureza Escritórios e Oficina colectores e restante maquinaria maquinaria/viaturas água
5 4 2 2
Aumento da produção de RSU D - 11 6
Fase de Exploração

5 2 1 3
4 3
Resíduos de vidro e aço D - 9
3 3
2 3 2 3
Emissão de óleos, lubrificantes e combustíveis I - 7 8
2 2 2 3
3 3
Resíduos da desmineralização (resina) D - 9
2 4
Quadro 10 - Matriz global da fase de desactivação
Actividades/Acções
Escavação, aterro,
Desmantelamento da Circulação de
Impactes Incidências Natureza extração de pavimentos Presença de trabalhores
infra-estrutura maquinaria/viaturas
e tubagens
5 3 3 3
Resíduos de demolição D - 12 9
Fase de Descativação

5 4 3 3
3 3 5 3
Resíduos de vidro e aço D - 9 10
2 4 4 3
3 4
Emissão de óleos, lubrificantes e combustíveis D - 9
2 3
1 1 3 3
Aumento da produção de RSU D - 5 9
1 3 4 2
ANEXO B – Matrizes de Significância Global das diferentes fases

Quadro 11 - Matriz da Significância Global na fase de construção


Actividades/Acções
Desmatação, Montagem dos
Construção da Manutenção Presença de Significância
Impactes escavações, colectores
infra-estrutura da maquinaria trabalhadores global dos
terraplanagens CLFR
Produção de resíduos de construção 8 10 8 26
Fase de Construção

Produção de resíduos de
9 9 4 10 32
embalagem
Emissão de óleos, lubrificantes e
9 9
combustíveis

Resíduos de vidro e aço 11 11 5 27

Aumento da produção de RSU 5 7 9 21


Significância global das
8 35 27 13 32
actividades/acções
Quadro 12 - Matriz da Sinificância Global na fase de exploração
Actividades/Acções
Edíficio de Manutenção da
Manutenção de Significância
Controlo, Manutenção dos turbina e Desmineralizaçao
Impactes viaturas de global dos
Escritórios e colectores restante da água
serviço impactes
Oficina maquinaria

Aumento da produção de RSU 11 11


Fase de Exploração

Resíduos de vidro e aço 9 9

Emissão de óleos, lubrificantes e


7 8 15
combustíveis

Resíduos da desmineralização
9 9
(resina)

Significância global das


11 9 7 8 9
actividades/acções
Quadro 13 - Matriz da Significância Global na fase de desactivação

Actividades/Acções
Escavação,
Desmantelament Significância
aterro, extração Manutenção da Presença de
Impactes o da infra- global dos
de pavimentos e maquinaria trabalhores
estrutura impactes
tubagens

Resíduos de demolição 12 9 21
Fase de Desactivação

Resíduos de vidro e aço 9 10 19

Emissão de óleos, lubrificantes e


9 9
combustíveis

Aumento da produção de RSU 5 9 14

Significância global das actividades/acções


21 24 9 9
ANEXO C – Matrizes da Relevância Global nas diferentes fases

Quadro 14 - Matriz da Relevância Global na fase de construção


Actividades/Acções
Desmatação, escavações,
Impactes Construção da infra-estrutura Montagem dos colectores CLFR Manutenção da maquinaria Presença de trabalhadores Relevância
terraplanagens
global dos
Magnitude Significância Relevância Magnitiude Significância Relevância Magnitude Significância Relevância Magnitude Significância Relevância Magnitude Significância Relevância impactes
Produção de
resíduos de 2 8 16 4 10 40 2 8 16 72
construção
Produção de
Fase de Construção

resíduos de 5 9 45 3 9 27 1 4 4 4 10 40 116
embalagem
Emissão de óleos,
lubrificantes e 3 9 27 27
combustíveis
Resíduos de
5 11 55 4 11 44 1 5 5 104
vidro e aço
Aumento da
1 5 5 1 7 7 3 9 27 39
produção de RSU
Relevância 16 145 78 31 88
Quadro 15 - Matriz da Relevância Global na fase de exploração
Actividades/Acções
Edíficio de Controlo, Escritórios e Manutenção da turbina e restante
Manuntenção colectores Manutenção de viatutras de serviço Tratamento da água Relevância
Oficina maquinaria
global dos
Impactes Magnitude Significância Relevância Magnitude Significância Relevância Magnitude Significância Relevância Magnitude Significância Relevância Magnitude Significância Relevância impactes

Aumento da
5 11 55 2 6 12 12
produção de RSU
Fase de Exploração

Resíduos de vidro e
4 9 36 36
aço
Emissão de óleos,
lubrificantes e 2 7 14 2 8 16 30
combustíveis
Resíduos da
desmineralização 3 9 27 27
(resina)
Relevância global
55 48 14 16 27
das actividades
Quadro 16 - Matriz da Relevância Global na fase de desactivação
Actividades/Acções
Escavação, aterro e extracção de Desmantelamento da infra-
Circulação de máquinas Presença de trabalhadores Relevância
pavimentos e tubagens estrutura
global dos
Impactes Magnitude Significância Relevância Magnitude Significância Relevância Magnitude Significância Relevância Magnitude Significância Relevância impactes

Resíduos de
5 12 60 3 9 27 87
Fase de Desactivação

demolição
Resíduos de vidro e
3 9 27 5 10 50 77
aço
Emissão de óleos,
lubrificantes e 3 9 27 27
combustíveis
Aumento da
1 5 5 3 9 27 32
produção de RSU
Significância global
das 87 82 27 27
actividades/acções

Você também pode gostar