Você está na página 1de 61

EIA da Central Térmica Solar de Tavira

1. INTRODUÇÃO

O presente Estudo de Impacte Ambiental (EIA) tem como objectivo, a identificação,


caracterização, predição e avaliação dos impactes ambientais significativos, bem como
identificação das medidas de mitigação e os programas de monitorização para o caso
dos impactes ambientais negativos significativos.

Foi elaborado segundo disposto no Decreto-Lei n.º 69/2000 de 3 de Maio, de acordo


com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 197/2005 de 8 de Novembro e o
Anexo II da Portaria n.º 330/2001 de 2 de Abril, que propõe as normas técnicas para a
estrutura do EIA. Tal como definido no referido Decreto, o presente projecto está
abrangido pela obrigatoriedade do processo de Avaliação de Impacte Ambiental (AIA).

1.1. IDENTIFICAÇÃO DO PROPONENTE

O proponente do projecto da Central Solar Térmica de Tavira é Solar Thermal Electricity


Portugal.

1.2. DESIGNAÇÃO DO PROJECTO. FASE DO PROJECTO

O presente projecto consiste na construção da Central Solar Térmica, foi elaborado


segundo disposto no Decreto-Lei n.º 69/2000 de 3 de Maio, com as alterações
introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 197/2005 de 8 de Novembro, estando o Projecto em
fase de análise.

1.3. IDENTIFICAÇÃO DA ENTIDADE LICENCIADORA

A entidade licenciadora do projecto para a vertente energética é o Ministério da


Economia e a Direcção Geral de Geologia, para a vertente ambiental o Ministério do
Ambiente e Ordenamento do Território e para a vertente de construção é o Município de
Tavira.

1
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

1.4. IDENTIFICAÇÃO DA EQUIPA RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO EIA

A equipa responsável pela elaboração do EIA preliminar do projecto – Central Solar


Térmica - é composta pelos seguintes consultores:

Alunos Finalistas do Curso de Engenharia do Ambiente


Professor João Mil-Homens

O EIA será elaborado no período de 3 Semanas, de Março 2007 a Abril de 2007.

É de referir que o presente estudo, é realizado no âmbito da disciplina de Avaliação de


Impacte Ambiental (AIA) do curso de Engenharia do Ambiente, da Universidade do
Algarve, não tendo assim, carácter oficial.

1.5. ANTECEDENTES DO EIA

O presente EIA tomou como antecedente a proposta de definição de âmbito que,


segundo a Portaria n.º 330/2001 de 2 de Abril, corresponde à fase que antecede a
realização do EIA e consiste na identificação e selecção das questões ambientais
significativas que podem ser afectadas pelos potenciais impactes causados pelo
projecto e que deverão ser objecto do EIA. A definição do âmbito permitiu então o
planeamento do EIA e o estabelecimento dos termos de referência para a sua
realização, bem como para a sua apreciação técnica pela respectiva comissão de
avaliação e pelo público.

1.6. METODOLOGIA E DESCRIÇÃO GERAL DA ESTRUTURA DO EIA

O EIA será realizado e estruturado de acordo com a legislação em vigor - Decreto-Lei


n.º 69/2000 de 3 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º
197/2005, sendo composto por peças escritas e por suportes cartográficos. A estrutura
está dividida em dois volumes:
 Relatório síntese (RS)
 Anexos

2
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

Outra parte integrante do EIA, segundo o referido anexo, seria a elaboração de um


relatório não técnico, que não será realizado no âmbito deste trabalho.

O EIA será iniciado a partir da elaboração do relatório síntese, que se apresentará de


forma resumida:
I – Identificação e Caracterização do Projecto;
II – Identificação dos principais indicadores que poderão ser afectadas com a
construção do projecto;
III – Caracterização da situação de referência;
IV – Previsão da evolução, dos indicadores considerados, na ausência do
projecto na área definida;
V – Identificação e avaliação de impactes ocorridos nos indicadores ambientais
considerados como consequência de acções e actividades que provenham
das várias fases do projecto;
VI – Definição de medidas de mitigação para os impactes negativos mais
significativos;
VII – Definição de planos de monitorização e gestão ambiental dos impactes
negativos mais significativos e respectivas medidas de mitigação;
VIII – Lacunas de conhecimento;
IX – Conclusões.

3
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

2. OBJECTIVOS E JUSTIFICAÇÃO DO PROJECTO

2.1. OBJECTIVOS E NECESSIDADE DO PROJECTO

A Central Solar Térmica tem como objectivo a produção de energia eléctrica para a rede
de distribuição recorrendo para tal a fontes renováveis, com vista a cumprir os
objectivos definidos pelo PNAC, bem como reduzir as emissões de gases com efeito de
estufa, no sentido de cumprir as metas estabelecidas pelo protocolo de Quioto. A ideia
será a de aquecer com a energia solar um fluido com o qual se pode gerar movimento
capaz de accionar um gerador eléctrico, no âmbito de um ciclo termodinâmico
apropriado.

2.2. ANTECEDENTES DO PROJECTO

Foi realizada uma Proposta de Definição de Âmbito que teve como objectivo estipular
as temáticas e a metodologia a seguir no EIA preliminar, bem como identificar as
principais questões ambientais na área envolvente e decorrente da implementação da
Central Solar Térmica.

3. DESCRIÇÃO DO PROJECTO

3.1. IMPLANTAÇÃO DO PROJECTO

A Central Térmica Solar necessita de uma área de terreno disponível de 10 ha,


ocupados com cerca de 2 000 m2 de área de construção e 69 300 m 2 destinados a
colocação de colectores solares.

A área de implementação do projecto localiza-se a nordeste da sede de Concelho de


Tavira, no sítio designado por Capelinha, na freguesia de Santa Maria, o qual está
inserido no Sotavento Algarvio.

No Verão, esta região apresenta um clima quente e prolongado, atingindo assim valores
de insolação tipicamente mediterrâneos, por outro lado, os Invernos são suaves. Devido
a estas condições climatéricas, a região apresenta uma oscilação térmica anual

4
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

bastante suave (temperatura média mensal oscila entre 10 e 20ºC), significando isto,
que apresenta um clima moderado de húmido a seco com grande insolação.

3.1.1. Área de Terreno: cerca de 100 000 m2

3.1.2. Área de Colectores Solares: 69 300 m2, organizado em 2x5 filas de 6 930 m2
cada.

3.1.3. Área de Edifícios, Sub-estação eléctrica, Depósitos de água, Torre de


Arrefecimento: cerca 1 940 m2 dividindo-se da seguinte forma:
 Edifício da Turbina: 300 m2
 Edifício controle/escritório/WC e outros: 160 m2
 Central Tratamento de Água: 300 m2
 Depósito de Água Bruta: 150 m2
 Depósito de Água Desmineralizada: 100 m2
 Base Torre de Arrefecimento: 100 m2
 Estação de Ar Comprimido: 30 m2
 Sub-estação Eléctrica: 800 m2

3.1.4. Movimentos de Terra


Dadas as características do terreno e o facto de ser praticamente plano, necessita de
uma pequena correcção de inclinação. O movimento de terras diz respeito a abertura de
fundações para implantação dos vários equipamentos e edifícios.

3.1.5. Campo de Colectores e Linhas de vapor


Os colectores serão montados numa estrutura metálica ligeira, apoiada em pequenos
pilares metálicos enterrados no solo e fixos num pequeno maciço. A cavidade
absorvedora (linhas de vapor) é constituída por tubos colocados a 10 m de altura,
apoiados numa estrutura ligeira de suporte e espiados ao solo

3.1.6. Pipe-rack
A solução estrutural adoptada consiste na execução nesta fase de uma estrutura
metálica constituída por cinco torres metálicas com 9,25 m de altura, sobre os quais
apoiará uma viga metálica com cerca de 164 m.

5
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

As torres serão constituídas por perfis metálicos HEB220, HE140 e UPN180, serão
fundadas em sapatas de betão armado com 4,00x4,00x1,00m. Os plintos onde apoiarão
as bases das torres conterão chumbadores para fixação da estrutura. Estas torres
estarão afastadas entre si cerca de 30 m.

A viga será constituída por perfis metálicos HEB220, HEB180, HEB160, HEB120,
HEB100 e UPN120, sendo apoiada nas torres.

3.1.7. Estrutura depósito de vapor


Tal como a estrutura do Pipe-rack, será executada uma torre metálica com 10,25 m de
altura onde ficará apoiada na cota superior um depósito de vapor (steam drum), e na
cota intermédia será instalado o desgaseificador (deaerater). Esta estrutura é
constituída por perfis HEB360, HEB300, HEB280 e HEB220. Fundará num maciço de
betão armado e da mesma forma como nos Pipe-rack os plintos possuirão
chumbadores onde apoiará a estrutura metálica.

3.1.8. Edifício da Turbina


Trata-se de um edifício com dimensões de 20,00x15,00 m, com um pé direito de 9,0 m
executado em estrutura metálica, apoiada em sapatas isoladas de betão armado e
ligadas entre si por vigas de fundação. A laje térrea de 0,15 m de espessura será
executada sobre uma camada de betão de regularização com 0,05 de espessura, sob o
terreno existente compactado.

As fachadas e cobertura serão revestidas com chapas metálicas tipo “Sandwich” com
tratamento acústico. No perímetro do edifício até uma altura de 2,10 m será executada
uma parede em blocos de cimento furados e estruturados com 50x20x15 cm. No interior
será montado um pórtico de 32 toneladas apoiado na estrutura metálica.

3.1.9. Central de Desmineralização


Esta será uma unidade compacta que ficará resguardada com um telheiro metálico
ligeiro.

6
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

3.1.10. Depósito de Água Bruta


Será executado em chapa vitrificada com 11,00 m de diâmetro com uma capacidade de
400 m3, e assentará sobre uma laje de fundação em betão armado.

3.1.11. Depósito de Água Desmineralizada


Será executado em chapa de fibra de vidro com 8,00 m de diâmetro com uma
capacidade de 100 m3, e assentará sobre uma laje de fundação em betão armado.

3.1.12. Torre de Arrefecimento


A torre de arrefecimento será montada sobre uma estrutura de betão armado com
7,00x7,00 m. Em todo o seu perímetro será executada também uma parede de betão
armado com 1,00 m de altura. Em várias partes de laje de fundo serão deixados
chumbadores para instalação do equipamento de arrefecimento.

3.1.13. Arruamentos e Vedações


Na execução dos arruamentos e estacionamentos da Central Térmica Solar será criada
uma abertura de caixa com 0,25 m e um enchimento com tout-venant na mesma
espessura.

As serventias do parque solar térmico ficarão no terreno natural. Toda a instalação será
vedada com 2,0 m de altura, constituída por prumos metálicos em ferro galvanizado
com acabamento lacado e com rede tremida plastificada com malha hexagonal. Na
parte superior será colocada uma protecção adicional em arame farpado. O portão da
vedação será do mesmo material.

3.1.14. Materiais
Os materiais a utilizar na construção das estruturas, salvo onde indicado nas peças
desenhadas, são: estrutura em betão armado, espelhos e estrutura metálica.

7
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

3.2. ALTERNATIVAS DO PROJECTO


O projecto encontra-se em fase de análise, fase esta que permite alterações. Por esta
razão, as alternativas a considerar serão algumas:

 Alternativa zero, ou seja, a opção da não construção da central Termo Eléctrica.


Esta alternativa será avaliada no EIA, quer do ponto de vista dos factores
ambientais como dos factores socio-económicas e culturais, de modo a avaliar
as suas consequências.

3.3. PROJECTOS COMPLEMENTARES OU ASSOCIADOS

A obra de execução da Central Térmica Solar terá o apoio de projectos associados, que
são:
 Empresa SOLPOWER, é uma empresa do tipo metalo-mecânica ligeira que
fabricará os colectores, empregando para tal 40 pessoas;
 Acessos provisórios para a construção da obra;
 Estaleiro a construir nas imediações da obra onde estarão disponíveis e/ou
montados todos os equipamentos e instalações necessárias para a empreitada em
questão, tal como, escritórios de apoio técnico e administrativo, escritórios para a
fiscalização e armazenamento de materiais;

3.4. PROGRAMAÇÃO TEMPORAL ESTIMADA DAS FASES DO PROJECTO

As principais acções ou actividades da Central Solar Térmica tem o seu arranque


agendado para o início de 2008, depois de todas as formalidades inerentes ao projecto.

Prevê-se que ao longo da fase de exploração sejam realizadas as respectivas


manutenções, nomeadamente ao nível da tecnologia ao longo do seu tempo de vida. É
também expectável intervenção de conservação nas acessibilidades.

O Tempo de vida estimado para a Central Solar Térmica é de 25 anos.

8
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

3.5. PRINCIPAIS TIPOS DE MATERIAIS E ENERGIAS UTILIZADOS

No quadro 1 apresenta-se para cada uma das fases constituintes do presente projecto,
os principais tipos de materiais e de energia utilizados e/ou produzidos.

Quadro 1 – Identificação dos principais tipos de materiais utilizados ou produzidos


durante as fases constituintes do projecto.
Materiais
Betão armado, cimento, asfalto betuminoso,
areia, brita, argamassas, “tout-venant”, água,
Construção
Fase de

aço, madeira, tubos de betão, chapas metálicas,


prumos metálicos galvanizados, rede plastificada
hexagonal e materiais de construção variada
associados a construção, entre outros.
Exploraçã
Fase de

Consumo de água, Produção de RSU e águas


o

residuais
Desactivaç

Resíduos variados resultantes do


Fase de

desmantelamento, tais como, espelhos, metais e


ão

materiais inertes.

3.6.LISTA DOS PRINCIPAIS TIPOS DE EFLUENTES, RESÍDUOS E EMISSÕES


PREVISÍVEIS

No quadro 2 apresenta-se para cada uma das fases constituintes do presente projecto,
os principais tipos de efluentes, resíduos e emissões previsíveis.

9
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

Quadro 2 – Identificação dos principais tipos de efluentes, resíduos e emissões


previsíveis durante as fases constituintes do projecto.
Efluentes Resíduos Emissões
Resíduos provenientes das
acções de desmatação e
Fase de Construção

escavação, terra vegetal,


Águas residuais
pedras, resíduos Ruído, partículas e
domésticas do estaleiro
equiparáveis a resíduos poeiras, emissões de
e águas pluviais de
sólidos urbanos provenientes CO, CO2.
escorrência.
do estaleiro e RSU
produzidos pelos
trabalhadores

Águas de arrefecimento
Exploração
Fase de

e da alimentação do RSU produzidos pelos Ruído, emissão de


sistema e águas trabalhadores. Vapor de água.
residuais.

Resíduos provenientes das


Fase de Desactivação

acções de desmantelamento
e escavação, resíduos
Ruído, partículas e
equiparáveis a resíduos
Pouco significativo poeiras, emissões de
sólidos urbanos provenientes
CO, CO2.
do estaleiro e RSU
produzidos pelos
trabalhadores.

3.7. LOCALIZAÇÃO DO PROJECTO

10
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

3.7.1. Localização Administrativa

Segundo o Decreto-Lei n.º 46/89 de 15 de Fevereiro, o projecto em estudo localizar-se-


á, relativamente às NUTS (Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins
Estatísticos) em:
 Nível I – Território do continente;
 Nível II – Unidade do Algarve;
 Nível III – Unidade de Faro.
A nível concelhio o projecto situar-se-á no concelho de Tavira, freguesia de Santa Maria
no sítio de Capelinha.

a)

b)

Figura 1 – Localização geográfica da Central Térmica Solar de Tavira


Fonte: a) Atlas do ambiente (2007); b) Imagem retirada do Google Earth (2007).

11
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

Figuras 2 & 3 – Fotografias da zona de implantação da Central Solar Térmica

3.7.2. Indicação das Áreas Sensíveis

Segundo o Decreto-Lei n.º 69/2000 de 3 de Maio, consideram-se como áreas


sensíveis as áreas protegidas (classificadas ao abrigo do DL n.º 19/93 de 23 de
Janeiro, com alterações introduzidas pelo DL n.º 227/98 de 17 de Julho), os sítios da
Rede Natura 2000, as zonas especiais de conservação e zonas de protecção especial
(classificadas ao abrigo do DL n.º 140/99 de 24 de Abril) e por último, as áreas de
protecção de monumentos nacionais e dos imóveis de interesse público (classificadas
nos termos da Lei n.º 13/85 de 6 de Julho).

3.7.3. Planos de Ordenamento do Território

Os planos regionais de ordenamento do território são planos que definem a estratégia


regional de desenvolvimento territorial, integrando as opções estabelecidas a nível

12
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

nacional e considerando as estratégias municipais de desenvolvimento local


(CCDRAlg, 2004). Na área de implementação do presente projecto considera-se
vários planos de ordenamento do território, nomeadamente: o Plano Regional de
Ordenamento do Território do Algarve (PROTAL), o Plano de Bacia Hidrográfica (PBH)
das Ribeiras do Sotavento Algarvio e o Plano Director Municipal (PDM) de Tavira.

3.7.3.1. Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve (PROTAL)

A elaboração dos PROTAL é da responsabilidade das Comissões de Coordenação e


Desenvolvimento Regional do Algarve e visam o desenvolvimento do programa
nacional da política de ordenamento do território e dos planos sectoriais no
desenvolvimento regional e no desenvolvimento intra-regional. Este plano visa servir
de base à estratégia nacional de ordenamento territorial e de quadro de referência
para a elaboração dos planos especiais, intermunicipais e municipais de ordenamento
do território.

O PROTAL foi aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º 11/91 de 21 de Março e,


decorridos cerca de dez anos, a Resolução do Conselho de Ministros n.º 126/2001 de
14 de Agosto aprova a proposta de revisão do plano.

3.7.3.2. Plano de Bacia Hidrográfica (PBH) das Ribeiras do Algarve (sotavento).

A Área de implementação do Projecto encontra-se inserida no plano Bacia


Hidrográfica das Ribeiras do Algarve, zona oeste. A Bacia Hidrográfica abrange uma
área de 3837 km2, repartida por 15 concelhos da Região do Algarve e três da Região
do Alentejo, sete dos quais são abrangidos parcialmente.
A região abrangida pelo Plano de Bacia inclui a totalidade do Barlavento Algarvio e a
parte do Sotavento não abrangida pelo limite Sudoeste da Bacia Hidrográfica do Rio
Guadiana. Das 84 freguesias que constituem a Região do Algarve, apenas onze não
são abrangidos totalmente pelo Plano de Bacia das Ribeiras do Algarve.

13
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

Figura 4 - Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve ( PBHRA,2000)


3.7.3.3. Plano Director Municipal (PDM) de Tavira

Os planos directores municipais estabelecem uma estrutura espacial para o território


do município, a classificação dos solos, os perímetros urbanos e os indicadores
urbanísticos, tendo em conta os objectivos de desenvolvimento, a distribuição racional
das actividades económicas, as carências habitacionais, os equipamentos, as redes
de transporte e comunicações e as infra-estruturas (Partidário, 1999).

O Plano Director Municipal (PDM) de Tavira foi ratificado pela Resolução de Conselho
de Ministros n.º 139/97 de 19 de Junho.

3.7.4. Rede Hidrográfica e Aquíferos do Algarve

14
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

Figura 5 – Rede Hidrográfica e Principais Sistemas Aquíferos do Algarve (CCDR-


Algarve)

15
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

Figura 6 – Pormenor da zona de implantação da Central Solar Térmica, zona a


vermelho (CCDR-Algarve)

3.8.1. Condicionantes ao desenvolvimento do projecto

Relativamente às condicionantes para a execução do projecto destaca-se desde logo,


a existência de pequenos aglomerados habitacionais próximos do local de
implementação do projecto. Sendo assim, é possível que alguns destes habitantes não
aprovem o desenvolvimento do projecto.

3.8.2. Identificação preliminar das populações e outros grupos potencialmente


afectados pelo projecto

As principais entidades ou grupos sociais interessados/afectados no presente projecto


são:
 Câmara Municipal de Tavira;
 Junta de freguesia de Santa Maria;
 População residente:
 Empresas participativas na construção da Central;
 Empresas participativas na manutenção da Central;
 Futuros trabalhadores da Empresa SOLPOWER
 Empresa Responsável pela Central, a Solar Thermal Electricity Portugal.

4. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA

Este capítulo tem como objectivo principal o conhecimento da situação de referência


da área onde se irá integrar o projecto em estudo, antes da sua construção,
estabelecendo para isso, um diagnóstico pormenorizado relativo aos aspectos
ambientais mais marcantes no descritor Recursos Hídricos.

Este diagnóstico, segundo as suas diferentes perspectivas, foi fundamentado no


levantamento, análise e interpretação de informações bibliográficas, cartografia
disponível, no contacto directo com a população e com as entidades locais e em
trabalhos de campo.

Para a caracterização ambiental da situação actual, foi definida uma área de estudo
com uma dimensão variável em função dos factores ambientais em análise, uma vez

16
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

que deverá ser suficientemente alargada para contemplar efeitos potencialmente


significativos, que possam ocorrer nas zonas envolventes do local previsto para a
construção e execução do projecto, possibilitando assim uma melhor previsão e
avaliação dos impactes directos e indirectos correspondentes.

4.1. RECURSOS HÍDRICOS

4.1.1. Introdução

Os recursos hídricos constituem um domínio em que as incertezas são especialmente


relevantes e não podem deixar de ser tidas em conta de forma explícita. Estas
incertezas, que desde logo estão presentes na própria avaliação das disponibilidades
hídricas, são especialmente incontornáveis no que respeita à formulação dos cenários
socio-económicos que vão condicionar as utilizações de água (IA, 2005).

Pretende-se com o presente capítulo proceder à caracterização dos recursos hídricos


da área da Central Térmica Solar no sítio de Capelinha. Para esta caracterização
considerou-se necessário proceder à divisão do capítulo em dois pontos,
nomeadamente: recursos hídricos superficiais e recursos hídricos subterrâneos.

4.1.2. Recursos Hídricos Superficiais e Subterrâneos

Dado que o projecto em estudo está situado na bacia hidrográfica das ribeiras do
Algarve recorreu-se ao respectivo Plano de Bacia para caracterizar a situação
hidrológica na área de implementação do projecto. No entanto, os dados disponíveis
são em reduzida quantidade e com uma distribuição espacial muito desigual, tornando
pouco rigorosa a sua utilização directa para a caracterização dos parâmetros
hidrológicos, tanto no que se refere aos recursos hídricos superficiais como
subterrâneos.

4.1.2.1. Recursos Hídricos Superficiais

As águas superficiais do Sotavento distribuem-se pela Bacia Hidrográfica do Guadiana


e pela Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve, a maior parte dos cursos de água

17
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

que compõem a Bacia Hidrográfica das ribeiras do Algarve possuem um regime


torrencial com caudais nulos ou muito reduzidos durante uma parte do ano,
correspondente ao período de estiagem pelo que, de uma forma geral, designam-se
todas as linhas de água por ribeiras (Guerreiro, R. 2006)

A área de implementação do projecto situa-se na bacia hidrográfica das Ribeiras do


Algarve, ficando localizado entre a ribeira de Almargem e o rio Gilão (Stingter T. et al,
2004)

A área total do Plano de Bacia Hidrográfica (PBH) das Ribeiras do Algarve é de 864
km2, dado que inclui uma pequena área que drena directamente para o Oceano da
bacia hidrográfica. A bacia pode ser subdividida em várias sub-bacias hidrográficas
associadas aos rios ou às ribeiras que afluem na Ria Formosa. As duas sub-bacias
mais importantes, em termos de área e volume de escoamento, são as do Rio
Séqua/Gilão (231 km2) e da Ribeira do Almargem (98 km2), que juntos cobrem 39% da
área total (Stingter T. e al, 2004).

A área caracteriza-se por ter um clima mediterrâneo, com verões quentes e


prolongados e invernos amenos e pouco chuvosos. Os valores médios anuais da
temperatura e precipitação registadas em Faro são de 17,3 ºC (Silva, 1988) e 531 mm
(Loureiro e Coutinho, 1995), respectivamente. A precipitação concentra-se quase toda
no inverno e aumenta para o interior, devido à subida da altitude e ao efeito orográfico
associado.
O rio Gilão, ou Séqua, teve desde sempre uma enorme importância na vida de Tavira.
O rio desce pela Asseca e desagua num canal entre sapais e um longo banco de
areia. Através deste canal que já foi navegável até Faro, fazia-se na Idade Média parte
do tráfego entre estes dois principais portos do Algarve. O rio Gilão divide a cidade em
duas partes, mas nunca lhe retirou a união. Para isso muito contribuiu a ponte de sete
arcos, de origem supostamente romana, integrando-se na via romana que ligava Faro
a Mértola.

4.1.2.2. Recursos Hídricos Subterrâneos

Um importante aspecto a ter em consideração diz respeito às designadas áreas de


recarga de aquíferos, que são aquelas onde a precipitação se infiltra através do solo,
compensando a água perdida pelo aquífero, quer natural quer artificialmente. As

18
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

características hidráulicas do solo são portanto muito importantes neste aspecto, já


que condicionam a quantidade e as taxas de infiltração da água bem como da
qualidade da água infiltrada, tendo assim um papel preponderante na recarga e na
qualidade da água subterrânea (Guerreiro, R. 2006)

O sistema Aquífero da Luz-Tavira, figura 7, é limitado a Sul pelo mar, a Oeste pelas
formações do Cretácico inferior, e a Norte pelos calcários margosos e margas do
Peral, do Oxfordiano (Almeida et al., 2000).

Figura 7 – Enquadramento geográfico do sistema aquífero luz de Tavira.


Adaptado de: Almeida et al., (2000).

Trata-se de um sistema multiaquífero, constituído por um aquífero cársico, livre a


confinado, cujo suporte são formações detrítico-carbonatadas terciárias. Os caudais
mais frequentes oscilam entre 2,8 e 6 l/s, sendo a mediana 6 l/s e o máximo 19,5 l/s.
Os recursos médios renováveis são estimados em cerca de 4 hm3/ano, valor próximo
da estimativa das extracções, pelo que o sistema se encontra explorado no seu
máximo. Para obter uma estimativa dos recursos médios anuais considerou-se uma
superfície de 13,5 km2 para a área coberta por depósitos detríticos e 8,5 km 2 para a
restante. Considerou-se como taxa média de recarga 20% para os depósitos detríticos
e 50% para os calcários sem aquela cobertura. Assim, considerando uma precipitação
média de 600 mm, os recursos médios ascendem a cerca de 4 hm 3/ano. As águas
deste sistema apresentam uma qualidade fraca, quer para abastecimento, quer para
regadio. De facto, os VMRs estabelecidos para água para consumo humano, são
ultrapassados em quase todas as análises de cloretos, cálcio, magnésio, sódio,
condutividade e dureza. Por outro lado, verifica-se elevada frequência de violações
dos VMAs referentes ao magnésio e dureza. Quanto à qualidade para rega, os VMRs

19
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

relativos aos cloretos e condutividade são ultrapassados na maioria das análises


(Almeida et al., 2000).

O aquífero principal da região central da Campina da Luz é formado principalmente


por calcários bastante carsificados, embora ocorram outras litologias. O escoamento
das águas subterrâneas é mais rápido e esse facto contribui para que o processo de
reciclagem cíclica das águas subterrâneas seja menos «eficiente» e como
consequência os valores da concentração de nitratos e de cloretos. Valores mais
elevados encontram-se apenas nas áreas situadas a Sul da Campina da Luz, onde o
aquífero é constituído pelas margas pouco permeáveis do Cretácico, de
permeabilidade baixa, de novo devido à maior eficiência dos processos de reciclagem
cíclica das águas subterrâneas, (Stigter et al., 2006)

Como já foi referido anteriormente, a área de implementação da Central Térmica Solar


fica localizada em capelinha que se situa na bacia hidrográfica das Ribeiras do Algarve
no Concelho de Tavira. Por esta razão, para a análise dos recursos hídricos
subterrâneos recorreu-se a uma caracterização da área envolvente, nomeadamente o
Sotavento Algarvio.

Na figura 8 pode-se observar um mapa elaborado através do programa Surfer,


representando o Sotavento Algarvio e os aquíferos que o constituem.

20
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

Figura 8 – Mapa do sotavento algarvio com a localização dos 10 sistemas aquíferos que o constituem
Adaptado de: Guerreiro, R. (2006).

Legenda da figura 8:
ocar imagem do projecto do Surfer

M8realidade,
– Sistema apenas
Aquífero de
Na se São Brás de Alportel
encontram mais ou menos bem identificadas as captações
M9 – Sistema Aquífero de Almansil – Medronhal
M10 – Sistema
existentes paraAquífero de São João
abastecimento da Venda
público, e –mesmo
Quelfes nestes casos, raramente são
M11 – Sistema Aquífero de Chão de Cevada – Quinta de João de Ourém
conhecidos, de Aquífero
M12 – Sistema forma rigorosa, os volumes
de Campina de Faro de água captados. No caso de captações
M13 – Sistema
privadas, Aquífero
utilizadas de Peral - Moncarapacho
essencialmente na rega de regadios individuais, as dificuldades
M14 – Sistema Aquífero de Malhão
associadas ao levantamento
M15 – Sistema dadeinformação,
Aquífero de Luz Tavira limitam significativamente o conhecimento
M16 – Sistema Aquífero de São Bartolomeu

O abastecimento de água à população residente no concelho de Tavira realiza-se


quase exclusivamente por águas superficiais de abastecimento público a partir da rede
deLegenda da figura 6:
abastecimento das Águas do Sotavento do Algarve. O aquífero mais importante
nesta área é Aquífero
M8 – Sistema o Sistema Aquífero
de São Brás deLuz de Tavira (M15), este sistema encontra-se
Alportel
M9 – Sistema Aquífero de Almansil – Medronhal
M10 – Sistema Aquífero de São João da Venda – Quelfes
M11 – Sistema Aquífero de Chão de Cevada – Quinta de João de Ourém
M12 – Sistema Aquífero de Campina de Faro
M13 – Sistema Aquífero de Peral - Moncarapacho
M14 – Sistema Aquífero de Malhão 21
M15 – Sistema Aquífero de Luz de Tavira
M16 – Sistema Aquífero de São Bartolomeu
M17 - Sistema Aquífero de Monte Gordo
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

altamente contaminado com poluentes agrícolas, nomeadamente elevados teores em


nitratos, sendo por isso exclusivamente utilizado para rega.

4.1.3. Evolução previsível da situação de referência na ausência de projecto

Relativamente à evolução da situação de referência na ausência do projecto, não se


prevêem impactes significativos que possam alterar as características hidrológicas a
nível superficial e subterrâneo do local em estudo, isto é, prevê-se que os parâmetros
tenham uma evolução de acordo com os padrões demonstrados nos registos
históricos dos dados.

No entanto, a implementação de novos projectos e a continuidade das práticas


agrícolas (utilização excessiva de fertilizantes) na área de implementação do projecto
poderão afectar a qualidade das águas dos recursos hídricos superficiais e
subterrâneos, na medida em que poderá existir contaminação das linhas de água e até
dos lençóis freáticos.

4.2. QUANTIDADE E QUALIDADE DA ÁGUA

Pretende-se com o presente capítulo proceder à caracterização da qualidade da água


que atravessa a área da Central Térmica Solar. Para esta caracterização considerou-
se necessário proceder à divisão do capítulo em dois pontos, nomeadamente:
qualidade de água subterrânea e qualidade de água superficial, baseando-se para tal
em recentes estudos nesta área.

4.2.1. Características gerais de quantidade e qualidade da água Subterrânea na


área

A qualidade das águas subterrâneas depende da natureza do reservatório ou rocha


armazém, onde ela se encontra e das interacções água rocha. Alguns aquíferos
apresentam teores elevados de nitratos devido à prática de agricultura intensiva com
elevadas taxas de fertilizantes. São exemplos deste tipo de poluição a Campina da
Luz de Tavira (Miocénico e Cretácico), (Stigter et al., 2006).

22
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

No quadro 3 pode-se observar a evolução dos volumes de água extraídos pelo


município de Tavira nos finais dos anos 90 até à actualidade, os volumes de
extracções antes de 2000 foram obtidos a partir dos aquíferos Luz de Tavira e Malhão.
Este concelho assenta sobre os aquíferos de São João da Venda – Quelfes, Peral –
Moncarapacho, Malhão, Luz de Tavira e São Bartolomeu. O aquífero de Malhão é
utilizado para o abastecimento público, sendo um sistema aquífero bastante produtivo.

De uma forma mais ilustrativa observe-se na figura 9 a evolução dos volumes


extraídos.

Quadro 3 – Evolução do volume de água subterrânea extraído no município de Tavira. Adaptado de:
Guerreiro, R. (2006)
Extracções antes de 2000 Extracções 2002 Extracções 2005
2,4*106 m3 8,3*104 m3 3,3*105 m3

2000 2002 2005

Figura 9 – Volumes de água explorados pelo município de Tavira referente ao quadro 3.


Adaptado de: Guerreiro, R. (2006).

O concelho de Tavira é um concelho do litoral, encontrando-se este totalmente


dependente da AdA e não possuindo furos activos a excepção de pequenos poços
antes do período de seca. No início do Verão de 2005 foi reactivado um conjunto de
furos. Esta reactivação ocorreu em Junho e foram extraídas grandes quantidades de
água, com um pico de cerca de 8*104 m3 em Novembro de 2005 e um total de 3*105 m3
(Guerreiro, R. 2006).

23
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

Figura 10 – Furos Municipais activados no concelho de Tavira no ano de 2005.


Adaptado de: Guerreiro, R. (2006).

O aquífero Luz de Tavira contou em 2004 com novos furos para o sistema de rega na
agricultura, pois este lençol apresenta concentrações elevadas de químicos (nitratos e
outros) da agricultura, não tendo qualidade para consumo humano. Com estas
medidas, pretende-se poupar um total de oito milhões de metros cúbicos "ao nível do
abastecimento público e da agricultura” (INAG, 2006).

Este município encontra-se numa situação de elevada dependência de abastecimento


público por parte da AdA no ano de 2002, tendo reactivado em 2005 um conjunto de
furos municipais para minimizar a situação e responder ao período de seca que se
estava a atravessar, como se pode evidenciar na figura 11.

Figura 11 – Proporções de abastecimento público de água nos anos de 2002 e 2005 ao concelho de
Tavira.
Adaptado de: Guerreiro, R. (2006).

24
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

Os volumes de água subterrânea são os explorados pela CM (Câmara Municipal) e a


restante quantidade é de origem superficial abastecida pela AdA (Águas do Algarve)
cedida a partir das barragens de Odeleite e do Beliche.

4.2.2 – Caracterização e qualidade da água subterrânea das principais Nascentes


da área de imediação da Central Solar Térmica

Figura 12: Localização das principais nascentes da área


Adaptado de: SNIRH, (2007).

N.º de Inventário: 599/106


Coordenada M (m): 243 200
Coordenada P (m): 21 500
Cota (m): 37
Distrito: FARO
Concelho: TAVIRA
Freguesia: TAVIRA (SANTA MARIA)
Local: S. MARCOS
CCDR: ALGARVE
Bacia Hidrográfica: RIBEIRAS DO ALGARVE
Unidade Hidrogeológica: ORLA MERIDIONAL
Sistema Aquífero: M0 - ORLA MERIDIONAL INDIFERENCIADO
Tipo de Ponto de Água: NASCENTE

25
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

---------------------------------------------------------------------------------------

N.º de Inventário: 599/105


Coordenada M (m): 242 850
Coordenada P (m): 21 450
Cota (m): 20
Distrito: FARO
Concelho: TAVIRA
Freguesia: TAVIRA (SANTA MARIA)
Local: SRA. DA SAÚDE
CCDR: ALGARVE
Bacia Hidrográfica: RIBEIRAS DO ALGARVE
Unidade Hidrogeológica: ORLA MERIDIONAL
Sistema Aquífero: M0 - ORLA MERIDIONAL INDIFERENCIADO
Tipo de Ponto de Água: NASCENTE

Quadro 4: Caudal extraído da Nascente 599/105


599/105
Data Caudal (Aguas
Subterraneas) (l/s)
20-10-1978 0.25
20-02-1979 0.26
Adaptado de: CCDR-Algarve, (2007).

______________________________________________

N.º de Inventário: 599/107


Coordenada M (m): 242 650
Coordenada P (m): 21 350
Cota (m): 30
Distrito: FARO
Concelho: TAVIRA
Freguesia: TAVIRA (SANTA MARIA)
Local: S. MARCOS
CCDR: ALGARVE
Bacia Hidrográfica: RIBEIRAS DO ALGARVE
Unidade Hidrogeológica: ORLA MERIDIONAL
Sistema Aquífero: M0 - ORLA MERIDIONAL INDIFERENCIADO
Tipo de Ponto de Água: NASCENTE

Quadro 5: Caudal extraído da Nascente 599/107


599/107
Data Caudal (Aguas
Subterraneas) (l/s)
24-07-1957 1.38
20-02-1979 0.60
31-07-1979 0.37
24-09-1979 0.19
07-12-1979 0.22
29-05-1980 0.19
13-10-1980 0.01
02-03-1981 0.13

26
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

20-05-1981 0.11
02-07-1981 0.11
15-10-1981 0.08
08-02-1982 0.07
10-08-1982 0.07
26-10-1982 0.04
17-01-1983 0.05
13-04-1983 0.03
11-08-1983 0.02
30-11-1983 0.14
19-01-1984 0.16
11-04-1984 0.16
23-07-1984 0.10
22-10-1984 0.06
21-01-1985 0.07
12-04-1985 0.18
20-02-1986 0.06
19-02-1988 0.11
14-06-1988 0.08
20-12-1988 0.06
16-03-1989 0.19
30-05-1990 0.25
18-01-1991 0.07
Adaptado de: CCDR-Algarve, (2007).

______________________________________________________________

N.º de Inventário: 608/463


Coordenada M (m): 243 150
Coordenada P (m): 17 550
Cota (m): 50
Distrito: FARO
Concelho: TAVIRA
Freguesia: TAVIRA (SANTIAGO)
Local: TAVIRA
CCDR: ALGARVE
Bacia Hidrográfica: RIBEIRAS DO ALGARVE
Unidade Hidrogeológica: ORLA MERIDIONAL
Sistema Aquífero: M0 - ORLA MERIDIONAL INDIFERENCIADO
Tipo de Ponto de Água: NASCENTE

27
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

Figura 13 - Rede de Qualidade de Subterrânea


Adaptado de: CCDR-Algarve, (2007).

Quadro 6: Caudal extraído da Nascente 608/463


608/463
Data Caudal (Aguas
Subterraneas) (l/s)
29-09-1978 0.02
20-02-1979 0.32
31-07-1979 0.05
24-09-1979 0.10
07-12-1979 0.09
29-05-1980 0.08
02-03-1981 0.01
21-01-1985 0.05
12-04-1985 0.05
09-02-1988 0.24
16-01-2004 2.10
23-01-2004 0.86
21-10-2004 1.30
17-01-2005 1.10
14-07-2005 1.10
15-01-2006 0.63

Adaptado de: CCDR-Algarve, (2007).

Quadro 7: Qualidade da água da Nascente 608/463

28
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

AmóniaTo Coliforme Coliforme Dureza


Alcalinid tal (em Chumb Cobre s Fecais s Totais Condutivid total
ade total NH4) o total Cloreto total (MPN/100 (MPN/100 ade Cálcio (CaCO3)
Data (mg/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l) ml) ml) (uS/cm) (mg/l) (mg/l)
21-11-
2002 3580000 (<) 0.026 - 1.219.300 - - - 1.281.600 1.671.000 5.850.000
19-05-
2003 - (<) 0.026 - 868.000 - - - 904.000 530.000 2.500.000
16-10-
2003 - (<) 0.026 - 1.620.000 - - - - 1.320.000 4.550.000
17-05-
2004 3530000 (<) 0.026 - 890.000 - - (<) 8 911.360 1.240.000 4.350.000
27-09-
2004 3550000 (<) 0.026 - 2.450.000 - 0 20 1.340.000 1.240.000 4.800.000

18-05- (<) (<)


2005 3500000 (<) 0.030 0.0030 5.940.000 0.0500 - - - 1.460.000 -
18-04-
2006 3530000 (<) 0.040 - 1.670.000 - - - - 1.260.000 -

Fosfato Nitrato
Total (em Total (em Oxigénio Temperatura
PO4) NO3) dissolvido - Potássio Sulfato Sódio da amostra pH - Ferro total
Data (mg/l) (mg/l) lab (%) (-) (mg/l) (mg/l) (mg/l) (°C) lab. (-) (mg/l)
21-11- (<)
2002 0.0150 67.000 - - 685.000 - - 7.21 (<) 0.0200
19-05- (<)
2003 0.0150 68.100 - - 703.000 - - 7.13 (<) 0.0200
16-10- (<)
2003 0.0150 59.000 - - 588.000 - 24.9 7.00 (<) 0.0200
17-05- (<)
2004 0.0150 66.000 - - 490.000 - 24.8 7.08 -
27-09-
2004 0.0700 65.000 - 37.000 780.000 1.410.000 24.8 7.02 -
18-05- (<)
2005 0.0300 75.000 62.200.000 - - - 24.5 6.99 -
18-04- (<)
2006 0.0300 66.000 94.000.000 - 610.000 - 24.1 7.09 -
Adaptado de: SNIRH, (2007).

4.2.3. Caracterização da Situação de Referência

4.2.3.1. Qualidade da Água Superficial

A legislação relativa à qualidade da água quer superficial quer subterrânea é,


actualmente, o Decreto-Lei n.º 236/98 de 1 de Agosto. Este documento fixa as normas
a que a qualidade da água deve obedecer, em função do tipo de utilização, com vista
à protecção, preservação e melhoria da sua qualidade.

Segundo o decreto referido acima, a classificação da água superficial é feita de acordo


com três categorias, que correspondem a esquemas de tratamento-tipo distintos, de
modo a tornar a água apta para consumo humano:
 Classe A1 – tratamento físico e desinfecção;

29
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

 Classe A2 – tratamento físico e químico e desinfecção;


 Classe A3 – tratamento físico, químico de afinação e desinfecção.

Em relação à qualidade das águas subterrâneas, consideram-se aptas para poderem


ser utilizadas para a produção de água para consumo humano as que apresentem
qualidade superior ou igual à da categoria A1 das águas doces superficiais.

A qualidade da água superficial, está classificada em 5 classes (quadro 8).


Quadro 8 – Classificação das águas superficiais.
Classe Classificação Características da água
A Excelente Água com qualidade equivalente às condições naturais, aptas a
satisfazer potencialmente as utilizações mais exigentes em
termos de qualidade.
B Boa Águas com qualidade ligeiramente inferior à classe A, mas
podendo também satisfazer potencialmente todas as utilizações.
C Razoável Água com qualidade aceitável, suficiente para irrigação, para
usos industriais e produção de água potável após tratamento
rigoroso. Permite a existência de vida piscícola (espécies menos
exigentes), mas com reprodução aleatória. Apta para recreio sem
contacto directo.
D Má Água com qualidade medíocre, apenas potencialmente aptas
para irrigação, arrefecimento e navegação. A vida piscícola pode
subsistir, mas de forma aleatória.
E Muito má Água extremamente poluída e inadequada para a maioria dos
usos.
Fonte: INAG (2007).

Figura 14 - Rede de Qualidade de Água Superficial


Adaptado de: CCDR-Algarve, (2007).

30
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

Com base nas normas e critérios de classificação para avaliação da aptidão das
águas, tendo em vista os usos, contemplados no Decreto-Lei n.º 236/98, considera-se

31
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

adequado avaliar a qualidade da água superficial considerando os seguintes usos


potenciais:

 Águas doces superficiais destinadas à produção, após tratamento, de água


para consumo humano (Anexo I);
 Água de rega (Anexo XVI);

4.2.4 - Importância da Manutenção do Sistema de Furos em Paralelo com o


abastecimento a partir das barragens para Abastecimento Público

Com o objectivo de salvaguardar o abastecimento público a toda a população


garantindo a quantidade e qualidade exigida é importante empenharmo-nos por um
sistema de abastecimento em paralelo.

Para que não ocorram situações idênticas as que ocorreram no passado, a sobre-
exploração de aquíferos, a reactivação de furos em situações de emergência extrema,
sem tempo para se efectuarem estudos e medir as consequências e impactos daquele
acto (Guerreiro, R. 2006).

O sistema de abastecimento em paralelo quando controlado é a forma mais eficaz de


abastecimento público, pois só assim se consegue estar mais prevenido para as
intempéries, e colmatar situações que à partida seriam muito complicadas de resolver,
ou seja, períodos secos. Por outro lado se ocorrer problemas de salinização, ou
ruptura de aquíferos de pequena produtividade, ou outro tipo de situação que torne a
água de um aquífero imprópria para consumo pode-se sempre recorrer ao
abastecimento por parte das barragens (Guerreiro, R. 2006).

Actuando desta forma minimizar-se-ão os problemas de impactes na gestão das


águas, assim em caso de interrupções em algum dos sistemas, está-se prevenido
para minimizar os danos ao máximo, pois está-se preparado para remediar a situação
sem ter que recorrer a situações extremas (Guerreiro, R. 2006).

4.2.5. Evolução Previsível da Situação de Referência na Ausência do Projecto

32
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

É expectável que caso o projecto em estudo não fosse implementado, a qualidade da


água superficial e subterrânea, mantivessem uma evolução de acordo com os registos
históricos dos dados.

No entanto, a implementação de novos projectos e a continuidade das práticas


agrícolas (utilização excessiva de fertilizantes) na área de implementação do projecto,
poderão afectar a qualidade das águas, nomeadamente, no que diz respeito à sua
degradação.

33
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

5. IDENTIFICAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO, PREDIÇÃO E AVALIAÇÃO DOS


IMPACTES AMBIENTAIS. MEDIDAS DE MITIGAÇÃO.

5.1. ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO GERAL

No presente capítulo apresenta-se a identificação, descrição e análise dos principais


impactes durante a fase de construção e exploração do projecto – Central Solar
Térmica de Tavira, com base nas características da situação referida anteriormente.

A identificação, caracterização e predição dos impactes serão apresentadas por


listagem descritiva, durante as três fases do projecto, construção, exploração e
desactivação.

Sempre que possível, a análise dos impactes será realizada a nível qualitativo e
quantitativo. Os impactes foram classificados, de acordo com as suas características,
tendo como objectivo a hierarquização da significância de cada um deles.

Sendo assim, os impactes ambientais previstos serão classificados em função de


diferentes critérios seleccionados (quadro 10).

Quadro 10 – Critérios seleccionados e respectivas escalas de classificação para a


avaliação de impactes ambientais previsíveis.
Critérios Definição Escala de classificação

Natureza da consequência Impacte de carácter positivo


Natureza
induzida pelo impacte Impacte de carácter negativo
Impacte a curto prazo
Duração Efeito temporal do impacte Impacte a médio prazo
Impacte a longo prazo
Pouco significativo
Grau de importância ecológica
Significância ou social do recurso ou meio Significativo
afectado
Muito significativo
Escala tendo em conta os
Intensidade ou extensão da valores existentes em
Magnitude
afectação do impacte bibliografia (Canter, 1996) e
na legislação;

34
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

Elaborar-se-á duas matrizes utilizando como modelo a matriz de Leopold, que consiste
no cruzamento entre as actividades do projecto e os descritores ambientais.
 1ª Matriz – Avaliação dos impactes ambientais durante as diferentes
actividades do projecto, sem medidas de mitigação.
 2ª Matriz – Avaliação dos impactes ambientais durante as diferentes
actividades do projecto, com as medidas de mitigação propostas no presente
estudo.
 Os conjuntos de critérios utilizados nas duas matrizes serão classificados
numericamente.

A utilização destas duas matrizes terá como objectivo verificar a possível eficiência da
aplicação das medidas de mitigação propostas.

Os critérios utilizados para estabelecer a classificação dos impactes foram os


seguintes:
 No que se refere à magnitude dos impactes ambientais determinados,
utilizaram-se técnicas de previsão que permitiram evidenciar a intensidade dos
referidos impactes, tendo em conta as acções propostas e a sensibilidade dos
factores ambientais afectados. Assim, traduziu-se a magnitude dos potenciais
impactes qualitativamente, mas de forma tão objectiva e detalhada quanto
possível e justificável.
 No que se refere à significância dos impactes ambientais, adoptou-se uma
metodologia de avaliação qualitativa, que permite transmitir de forma clara, o
significado dos impactes ambientais determinados em cada um dos
descritores, e através da matriz faz-se a avaliação quantitativa.

Os critérios utilizados para estabelecer a avaliação da importância dos impactes,


foram os seguintes:
 Os impactes sobre a qualidade da água, são considerados significativos se
ocorrer a violação de critérios ou padrões de qualidade legalmente
estabelecidos, sendo muito significativos caso essa violação determine um
considerável afastamento aos padrões estabelecidos, ou se a extensão das
regiões afectadas for importante, ou ainda se se verificarem durante um
período de tempo considerável. Os impactes positivos são considerados
significativos, se o projecto permitir uma situação de cumprimento da
legislação, e muito significativos se se notar uma grande melhoria;

35
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

De acordo com o seu âmbito de influência, os impactes deverão ser classificados


como locais, regionais e/ou nacionais, tendo em conta a dimensão da área na qual os
efeitos se fazem sentir.

Serão também realizados três fluxogramas, um para cada fase do projecto, em que se
identificarão os impactes primários, secundários e assim sucessivamente,
desencadeados pelo projecto, de modo a identificar todas as relações de causa-efeito.
Nesses fluxogramas serão apenas representados os impactes ambientais primários e
secundários. Todos os impactes que se considerem acima do nível dos secundários
serão incluídos nos secundários.

5.2. IDENTIFICAÇÃO, DESCRIÇÃO E PREDIÇÃO DOS IMPACTES AMBIENTAIS


SIGNIFICATIVOS

5.2.1. Recursos Hídricos

Este descritor está bastante relacionado com o descritor da qualidade da água,


embora neste capítulo se tentem identificar, descrever e predizer os impactes
ambientais significativos a nível quantitativo, verificando a sua alteração nas várias
componentes do balanço hídrico. De qualquer modo, é importante referir que os dois
descritores se complementam e devem ser considerados em conjunto.

5.2.1.1. Recursos Hídricos Superficiais

É de salientar que neste descritor, a magnitude dos impactes potencialmente gerados


e atribuídos a esta infra-estrutura, são dependentes de diversos factores, entre estes,
das características hidrogeológicas da área, da distância ao corpo de água receptor,
da capacidade de autodepuração, do tipo de depuração do corpo de água, bem como
de factores climatológicos (Appelo, 1993).

Fase de Construção

Durante a fase de construção não se espera que ocorram alterações significativas nos
processos hidrológicos, em especial naqueles que se relacionam com o binómio
infiltração/escoamento resultantes, essencialmente, das actividades inerentes à

36
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

construção do projecto, como a escavação, movimentação das terras, remoção do


coberto vegetal, entre outras.

Segundo Lencastre (1984), estes fenómenos irão provocar acréscimos nos


escoamentos superficiais e diminuição da recarga dos cursos de água subterrâneos,
devido não só à colmatação dos solos nos locais de construção como também das
acções de desmatação, provocando uma diminuição da infiltração e,
consequentemente, acelerando o processo de escoamento superficial.

As acções de desmatação, escavação e construção de caminhos provisórios ou


permanentes de acesso a Central Solar Térmica, poderão induzir perturbações no
escoamento transversal e longitudinal dos leitos dos cursos de água a jusante do local
de implementação da infra-estrutura, devido ao arrastamento de materiais, provocando
possíveis situações de inundações locais (Lencastre, 1984).

A ocorrência, durante a fase de construção de eventuais acidentes, bem como de


substâncias que possam ser agressivas ao ambiente, poderão também repercutir-se
em alterações físico-químicas da água. No entanto, este tipo de incidências em caso
de ocorrência movimenta reduzidos volumes de contaminantes.

Nesta fase a circulação de veículos e maquinarias também poderão induzir alterações


ao nível do meio hídrico, no entanto, este impacte será analisado no descritor da
qualidade da água.

Fase de Exploração

Durante a fase de exploração, as alterações nos processos hidrológicos ocorridas


durante a fase anterior serão minimizadas, em especial naqueles que se relacionam
com o binómio infiltração/escoamento resultantes, essencialmente, da
impermeabilização do solo.

A tecnologia utilizada no funcionamento da Central Solar Térmica requer consideráveis


volumes de água diários para a condensação do vapor de água que se formou na
alimentação da turbina, este é um dos impactes mais relevantes com a execução
deste tipo de projectos. Visto exigir grandes quantidades de água diárias em especial
durante a época de baixa precipitação, nomeadamente no verão, dadas as

37
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

características de região consideram-se valores muito significantes. A região sofre de


problemas graves de escassez de água em períodos recorrentes, com o risco elevado
de se repetir a situação vivida no passado 2004/2005 onde faltou água ao
abastecimento público em algumas localidades algarvias, este facto poderá mesmo
condicionar o funcionamento da Central.

A presença física da infra-estrutura, implica não só uma diminuição de recarga dos


cursos de água subterrâneos, bem como uma alteração irreversível da rede de
drenagem. Esta alteração traduz-se num aumento do escoamento superficial devido à
impermeabilização de parte do solo, com consequências ao nível do aumento da
velocidade de escorrência superficial em consequência da concentração ou aumento
de caudais em pontos localizados, levando a possíveis inundações locais. Estas
inundações tornam-se mais recorrentes e mais duradouras, uma vez que a área de
infiltração diminui significativamente em função do ângulo dos espelhos em relação ao
solo.

Fase de Desactivação

Relativamente a este descritor, na fase de desactivação os impactes esperados


assemelham-se aos identificados na fase de construção, mas espera-se que tenham
uma magnitude ligeiramente inferior. Além disto, prevê-se que este processo de
desactivação seja menos moroso que o processo de construção.

5.2.1.2. Recursos Hídricos Subterrâneos

Os impactes verificados neste sub-descritor estão directa e indirectamente


relacionados com o sub-descritor dos recursos hídricos superficiais, pois são impactes
a nível das componentes do balanço hídrico e, por isso, relacionadas entre si.

Fase de Construção

Durante a fase de construção, os impactes negativos dizem respeito segundo


Lencastre et al (1984), à diminuição da superfície de recarga, devido à construção da
infra-estrutura e ao aumento da impermeabilização do tecto dos cursos de água
subterrâneos, causados pelo aumento da compactação dos solos, movimentação dos
equipamentos de terraplenagem e colocação de espelhos.

38
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

Um outro impacte que pode ser considerado negativo, sobre o regime hidrogeológico
local, poderá dizer respeito ao potencial rebaixamento do nível freático, provocado
pela abertura de escavações em situações onde este é intersectado (Fetter, 1994).

Nesta fase, a circulação de veículos e maquinarias também poderão induzir alterações


ao nível do meio hídrico subterrâneo devido à infiltração de poluentes, no entanto, este
impacte será analisado no descritor da qualidade da água.

Fase de Exploração

Na fase de exploração, os principais impactes de características hidrogeológicas que


se poderão verificar dizem respeito quer às flutuações do nível freático motivadas pela
pressão exercida no tecto dos cursos de água subterrâneos, provocados pela
presença física da infra-estrutura e, à diminuição da superfície de recarga, através do
aumento de área impermeabilizada.

Fase de Desactivação

Relativamente a este descritor, na fase de desactivação os impactes esperados


assemelham-se aos identificados na fase de construção, mas espera-se que tenham
uma magnitude ligeiramente inferior. Além disto, prevê-se que este processo de
desactivação seja menos moroso que o processo de construção.

5.2.2. Qualidade da Água

Como já foi referido anteriormente, este descritor está bastante relacionado com o
descritor da hidrologia, embora neste capítulo se identifiquem, descrevam e predigam
os impactes ambientais significativos apenas a nível da qualidade da água, enquanto
que na hidrologia se tenha feito o estudo mais a nível quantitativo.

A identificação, descrição e predição dos impactes ambientais significativos neste


descritor será feita utilizando a consulta de peritos especializados na área.

Fase de Construção

39
EIA da Central Térmica Solar de Tavira

Durante a fase de construção espera-se que ocorra degradação das águas superficiais
e subterrâneas (alteração das suas propriedades físico-químicas) resultante,
essencialmente, da circulação de veículos e maquinaria, e das actividades de
construção, como a escavação, movimentação das terras, pavimentação, entre outras.

No que se refere à circulação de veículos e maquinaria, poderá verificar-se a alteração


das propriedades físico-químicas das águas de drenagem pluvial resultante dos
eventuais derrames de óleos e combustíveis utilizados nos veículos.

No que se refere às actividades implícitas durante a fase de construção, poderá


verificar-se a alteração das propriedades físico-químicas das águas de escorrência
provenientes da área de construção dos caminhos provisórios e definitivos, devido ao
uso de contaminantes, tais como o betão, cimento, tintas, lubrificantes, entre outros e,
ainda o aumento de sólidos em suspensão na água por escoamento superficial.

Dos dois impactes referidos acima, poderá resultar a contaminação dos cursos de
água subterrâneos por infiltração.

Fase de Exploração

Durante a fase de exploração, a poluição causada pela infra-estrutura e manutenção


desta é residual. Sendo que a principal alteração é de origem física, causada pela
mudança de estado e consequente aumento da temperatura da água de arrefecimento
para a condensação do vapor de água resultante do funcionamento da turbina.

Fase de Desactivação

Relativamente a este descritor, na fase de desactivação os impactes esperados


assemelham-se aos identificados na fase de construção, mas espera-se que tenham
uma magnitude ligeiramente inferior. Além disto, prevê-se que este processo de
desactivação seja menos moroso que o processo de construção.

40
5.3. MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

As medidas propostas no presente capítulo visam evitar, reduzir, remediar ou


compensar os impactes ambientais negativos do projecto e potenciar os impactes
positivos, identificados também neste capítulo.

5.3.1. Recursos Hídricos e Qualidade da Água

No sentido da minimização dos eventuais impactes no factor ambiental relativo aos


recursos hídricos terão de se implementar medidas minimizadoras, que de alguma
forma atenuem os impactes já identificados.

Os trabalhadores e encarregados deverão ser informados sobre, os procedimentos


ambientalmente adequados a seguir na fase de construção e exploração (sensibilização
ambiental), bem como das normas (legislação) sobre Segurança e Higiene no Trabalho,
o que reduzirá os impactes em todas as fases.

Neste ponto, os descritores da hidrologia e da qualidade da água foram agrupados, uma


vez que estão interligados um com o outro e as medidas de mitigação a adoptar estão
relacionadas. As medidas propostas referem-se as regras que devem ser aplicadas
durante a fase de construção, exploração e desactivação.

Na fase de construção, com o objectivo de minimizar os impactes relacionados com a


drenagem natural e produtividade dos cursos de água subterrâneos recomendam-se a
adopção de diversas medidas, que são, a construção dos estaleiros e depósitos de
produtos baldeados o mais afastado possível das zonas de cursos de água, em zonas
de fácil compactação dos solos, e elevada fracturação de rochas, o estabelecimento de
trajectos para a circulação de máquinas de modo a evitar a compactação de solos em
extensas áreas e a redução ao mínimo das acções de desmatação.

Além disto, sempre que ocorra a intersecção de linhas de água, estas devem ser
restabelecidas na sua totalidade o mais rapidamente possível com secções adequadas
que permitam a drenagem hídrica e, no caso dos poços ou furos que sejam
directamente e irreversivelmente afectados deverá ter-se em consideração o seu
restabelecimento, de modo a evitar inviabilizar os usos associados (Loureiro, 1986). É
de referir que estas medidas devem ser acrescentadas a um projecto de drenagem
adequado, com instalações de passagens hidráulicas correctamente dimensionadas e
espaçadas.

No que se refere à qualidade da água, é importante que as actividades que impliquem a


emissão de partículas e poeiras sejam realizadas em períodos de menor pluviosidade,
de modo a provocar uma menor quantidade de sólidos em suspensão nas águas de
escorrência superficial e além disso, recomenda-se a implementação de um programa
de controlo de vazamentos e derramamentos de óleos e outros lubrificantes e, se
necessário, segundo Loureiro (1986), a construção de bacias de retenção temporárias
para amortecimento dos caudais de ponta de cheia, que permitirão uma redução do
transporte de sólidos em suspensão pluviais.

Na fase de exploração, recomenda-se a construção de estruturas dissipadoras de


energia, como por exemplo, a colocação de pedras a jusante das passagens
hidráulicas, de forma a garantir velocidades de saída não susceptíveis de provocar
fenómenos de erosão nos solos adjacentes (Loureiro, 1986).

As seguintes medidas de âmbito geral deverão ser sempre aplicadas, seja qual for o
tipo de infra-estrutura construída e impactes produzidos: aplicação dos instrumentos de
ordenamento do território, nomeadamente, do Plano Director Municipal (PDM) em vigor,
que define princípios e regras que regulamentam a construção e os locais onde esta se
pode desenvolver.

Já em relação as obras comuns a todas as alternativas (vias de acesso, estaleiros, etc.)


deverão sempre existir planos de contingência de danos de forma a minimizar qualquer
derrame acidental de contaminantes. Deverão ainda ser tomadas todas as precauções
no manuseamento e armazenamento de produtos químicos a utilizar de maneira a
evitar qualquer acidente.

Deverá ainda ser diminuída ao máximo a erosão de solo e maximizada a infiltração nas
zonas sob os espelhos, o que poderá ser alcançado com a colocação de vegetação
rasteira que não interfiram com o bom funcionamento dos mesmos e que proteja o solo
da erosão nos períodos de precipitação muito intensa. Prevê-se a colocação dos
espelhos na vertical nestes períodos de forma a aumentar as áreas de infiltração
subterrânea e com isto pretende-se minimizar as escorrências superficiais localizadas .

Por último, recomenda-se um programa de monitorização dos recursos hídricos


subterrâneos e superficiais durante esta fase.

No que se refere à fase de desactivação, preconizam-se as medidas impostas para a


fase de construção.

Para além disto, os impactes sobre a hidrologia e recursos hídricos, poderão produzir
efeitos noutros subsistemas, devendo por isso ser tomado em conta aquando a
avaliação do impacte global.

5.4. AVALIAÇÃO DOS IMPACTES AMBIENTAIS

Neste capítulo, apresenta-se as duas matrizes (quadro 11 e 12), como já foi atrás
referido, a primeira foi elaborada sem considerar as medidas de mitigação e a segunda
visa a avaliação dos impactes após a adopção das medidas de mitigação.
As matrizes foram desenvolvidas tendo em conta três critérios com diferentes escalas:

 Magnitude (M) e Significância (S)


1- Pouca Magnitude ou pouco Significativo
2- Magnitude baixa ou Significância baixa
3- Magnitude modera ou Significativo
4- Magnitude elevada ou Significância elevada
5- Magnitude muito elevada ou Muito significativo

 Duração (D)
1- Curta duração (considerando os impactes num curto espaço de tempo)
2- Média duração (considerando os impactes durante o tempo de vida útil
da infra-estrutura)
3- Longa duração (considerando os impactes durante o tempo de vida útil
da infra-estrutura e após desactivação desta)
 Natureza
Impacte positivo (+)
Impacte negativo (-)

M
S
D

Figura 15 – Legenda do esquema das células das matrizes.

Seguidamente às matrizes (quadro 11 & 12), encontram-se as figuras 16, 17 e 18 que


apresentam os fluxogramas das fases de construção, exploração e desactivação que
demonstram os impactes significativos directos, representados na primeira coluna e
indirectos, representados na segunda coluna.
Quadro 11 - Matriz de avaliação de impactes ambientais sem medidas de mitigação.
Recursos Hídricos
Qualidade da água
Superficial Subterrâneos

Impermeabilização

Consumo de água

químicas da água
Área de infiltração

quimicas da água
drenagem natural

Alterações físico-

Alterações físico-
Consumos de
Aumento das
escorrências
Alteração da

subterrânea
superficiais

superficiail
Impacte Actividades/acções

do meio

água
-1 -2 -1 -1 -1 -2 -2 -1
Montagem do estaleiro -1 -1 -2 -2 -2 -3 -1 -1
1 1 1 1 1 1 1 1

Construção de caminhos -1 -1 -2 -2 -2 -1
-1 -1 -2 -2 -2 -1
provisórios 3 1 1 1 1 1

Circulação de veículos e -1 -1
Fase de Construção

-1 -1
maquinaria
1 1
-3 -3 -3 -2 -1
Desmatação -3 -3 -4 -3 -1
2 2 3 1 1
-1 -1 -1 -1 -1
Escavação em solos -1 -1 -1 -1 -1
3 2 2 1 1

Construção das primeiras -2 -2 -3


-2 -2 -3
seis filas de concentradores 3 3 2
-2 -2 -1 -1 -1 -1 -1 -1
Pavimentação -2 -2 -2 -1 -1 -1 -1 -1
3 2 2 2 1 2 1 1

Expansão de seis filas de -2 -2 -2 -1 -2


-2 -2 -2 -1 -2
concentradores para dez filas
3 3 3 3 3
Fase de exploração

Desmontagem dos estaleiros 1 1 1 1 -1 -1


1 1 1 1 -1 -1
e circulação de veiculos
1 1 3 1 1 1
Operações de manutenção da -1 -1 -4 -1
-1 -1 -4 -1
Central 3 3 3 3
-4 -1 -4 -1
Emissão de vapor de água -4 -1 -4 -1
3 3 3 3
Consumo de água -2 -1 -4 -1
-2 -1 -4 -1
desmineralizada, 1-2m3/dia 3 3 3 3

Disponibilidade de 130 m3/dia -5 -1 -5 -1


-5 -1 -5 -1
de água para arrefecimento
3 3 3 3
Montagem do estaleiro e -2 -1 -1 -1 -1 -1 -1
restantes obras realizadas -2 -1 -1 -1 -1 -1 -1
Fase de desactivação

para desactivação da obra 1 1 1 1 1 1 1

Circulação de veículos e -1 -1
-1 -1
maquinas 1 1
Desmantelamento das 2 2 1 3 -1 -1
2 2 1 3 -1 -1
estruturas 1 1 1 1 1 1
Reabilitação paisagistica do 5 5 1 4
5 5 1 4
terreno 3 3 3 3
Quadro 12 - Matriz de avaliação de impactes ambientais com medidas de mitigação .

Impacte Actividades/acções Recursos Hídricos Qualidade da água


Superficial Subterrâneos
Impermeabilização

Consumo de água

químicas da água
Área de infiltração
drenagem natural

quimicas da água
Alterações físico-

Alterações físico-
Consumos de
Aumento das
escorrências
Alteração da

subterrânea
superficiais

superficiail
do meio

água
-1 -2 -1 -1 -1 -2 -2 -1
Montagem do estaleiro -1 -1 -2 -2 -2 -3 -1 -1
1 1 1 1 1 1 1 1

Construção de caminhos -1 -1 -2 -2 -2 -1
-1 -1 -2 -2 -2 -1
provisórios 3 1 1 1 1 1

Circulação de veículos e -1 -1
Fase de Construção

-1 -1
maquinaria
1 1
-3 -3 -3 -2 -1
Desmatação -3 -3 -4 -3 -1
2 2 3 1 1
-1 -1 -1 -1 -1
Escavação em solos -1 -1 -1 -1 -1
3 2 2 1 1

Construção das primeiras -2 -2 -3


-2 -2 -3
seis filas de concentradores 3 3 2
-2 -2 -1 -1 -1 -1 -1 -1
Pavimentação -2 -2 -2 -1 -1 -1 -1 -1
3 2 2 2 1 2 1 1

Expansão de seis filas de -1 1 -2 -1 1


-1 1 -2 -1 1
concentradores para dez filas
3 3 3 3 3

Desmontagem dos estaleiros 1 1 1 1 -1 -1


1 1 1 1 -1 -1
e circulação de veiculos
Fase de exploração

1 1 3 1 1 1
Operações de manutenção da -1 -1 -4 -1
-1 -1 -4 -1
Central 3 3 3 3
-4 -1 -4 -1
Emissão de vapor de água -4 -1 -4 -1
3 3 3 3
Consumo de água -1 -2 -1 3
-1 -2 -1 3
desmineralizada, 1-2m3/dia 3 3 3 3

Disponibilidade de 130 m3/dia -1 -5 -1 4


-1 -5 -1 4
de água para arrefecimento
3 3 3 3
Montagem do estaleiro e -2 -1 -1 -1 -1 -1 -1
restantes obras realizadas -2 -1 -1 -1 -1 -1 -1
Fase de desactivação

para desactivação da obra 1 1 1 1 1 1 1

Circulação de veículos e -1 -1
-1 -1
maquinas 1 1
Desmantelamento das 2 2 1 3 -1 -1
2 2 1 3 -1 -1
estruturas 1 1 1 1 1 1
Reabilitação paisagistica do 5 5 1 4
5 5 1 4
terreno 3 3 3 3
Figura 16 – fluxograma da fase de construção
Figura 17 – fluxograma da fase de exploração
Figura 18 – fluxograma da fase de desactivação
6. MONITORIZAÇÃO

A monitorização durante e após a implementação do projecto é um dos aspectos do EIA


que devem ser focados com particular atenção, já que poderá ser útil na distinção entre
mudanças naturais e mudanças originadas directa ou indirectamente pelos impactes
dos projectos (Canter, 1996).

Isto significa que, no âmbito de um estudo de impacte ambiental, a monitorização pode


ser definida como um programa de repetitiva observação, recolha de dados e
informação sobre um dado número de variáveis ambientais, sendo regulada por um
programa temporal de medições e observações com um propósito definido (Carrol &
Turpin, 2002).

Vários propósitos podem ser delineados para planos de monitorização pré e/ou pós EIA
(Canter, 1996).

Segundo Marcus (1979) in Canter (1996), os propósitos ou usos para a informação


recolhida durante um plano de monitorização são:
 a monitorização providência informação que poderá ser utilizada na
documentação de impactes, tornando assim mais exacta a previsão de impactes
em casos similares (analogia);
 a monitorização poderá antecipar impactes adversos e detectar mudanças de
tendências, bem como avisar sempre que se atinja um nível ou limiar pré-
determinado;
 o sistema de monitorização providência informação que poderá ser utilizada na
avaliação da eficiência e implementação de acções de mitigação;
 o sistema de monitorização poderá fornecer dados que verifiquem a ocorrência
de impactes que haviam sido determinados, validando desta forma técnicas e
métodos de previsão de impactes.
6.1. METODOLOGIA GERAL DOS PROGRAMAS DE MONITORIZAÇÃO

A metodologia de monitorização a utilizar no presente EIA, após a selecção dos


descritores ambientais mais relevantes, com impactes negativos mais significativos,
será adaptada para cada descritor ambiental. Isto é, descrever-se-á o programa de
monitorização para cada descritor ambiental, englobando os diferentes componentes
usados numa metodologia de monitorização, como se pode observar na figura 19.
METODOLOGIA DE MONITORIZAÇÃO

Definição de objectivos

Selecção e desenvolvimento dos indicadores de


monitorização

Avaliação das necessidades de dados e sua


disponibilidade

Definição das estratégias de amostragem, incluindo


locais de amostragem e frequência temporal

Definição dos processos de reavaliação e indicadores


de avaliação da performance de monitorização

Definição de métodos de comunicação e relato dos


resultados obtidos

Definição de métodos de recolha, análise e avaliação


de informação

Figura 19 – Metodologia de monitorização.


Fonte: Adaptado de Ramos, T. et al (2005).
6.2. DESCRIÇÃO DOS PROGRAMAS DE MONITORIZAÇÃO

6.2.1. Recursos Hídricos e Qualidade da Água

A implementação de um plano de monitorização ao nível deste descritor, é bastante


relevante, na medida, em que se controlará ou detectará alguma alteração na qualidade
da água superficial e/ou subterrânea na área de implementação do projecto.
Além disso, através do plano de monitorização será avaliada a eficiência das medidas
de mitigação e, se for necessário, melhorar essas medidas.

O plano de monitorização deste descritor será centrado na fase de construção e, com


especial incidência, na fase de exploração da Central Térmica Solar e terá como
objectivo a monitorização da qualidade das águas superficiais e subterrâneas.

6.2.1.1. Recursos Hídricos Superficiais

O programa de monitorização proposto para este descritor é:

 Deverá realizar-se com especial atenção uma monitorização detalhada diária da


temperatura da água. Esta monitorização deve ser feita no local de captação e no
local de devolução da água á conduta dos regantes.
 Deverá realizar-se campanhas de recolha e análise da qualidade da água
superficial, nas linhas de água mais próximas da Central Solar Térmica, na ribeira
de Almargem (1km) e rio Gilão (1,5 km).
 As linhas de água são seleccionadas tendo em conta diversos critérios, entre os
quais, os cursos de água mais intervencionados durante a obra, as linhas de água
receptoras das escorrências da infra-estrutura e as linhas de água com caudal
suficiente para permitir a monitorização (IA, 2004).
 A recolha das amostras deverá ser efectuada em quatro locais distintos. Uma vez
que a Ribeira de Almargem e rio Gilão estão a respectivamente 1 e 1,5 km de
distância da Central, as duas primeiras recolhas serão efectuadas nos pontos mais
próximos da Central, já que será entre estes dois pontos que provavelmente
ocorrerá as maiores alterações a nível da qualidade da água. As outras duas
recolhas serão efectuadas a 1000m para montante e jusante dos pontos onde se
recolheram as outras duas amostras.
 A periodicidade das análises deverá ser equacionada em função da fase do
projecto. Segundo IA (2003), no que se refere à fase de construção, esta deverá ser
efectuada semanalmente, uma vez que durante esta fase decorrem variadas
actividades (como a terraplanagem, pavimentação, entre outras) que obrigam a um
controlo mais rigoroso. No que se refere à fase de exploração, esta deve ser
efectuada mensalmente durante o primeiro ano, e se se justificar, a periodicidade
das análises ao fim desse ano, alterar-se-á para uma periodicidade semestral.
 Deverá realizar-se um relatório onde será apresentado, os parâmetros a monitorizar
(quadro 13), a verificação da conformidade com a legislação em vigor -Decreto-Lei
n.º 236/98 de 1 de Agosto e, além disso, o relatório deve ser acompanhado das
análises da estação de monitorização da qualidade da água superficial de Curral
Boeiros e a montante da Ribeira de Almargem.
Estes relatórios, no primeiro ano deverão ser mensais e, se se verificar a
manutenção das condições, deverão passar a ser semestrais (IA, 2003).

Quadro 13 - Parâmetros a monitorizar para a qualidade da água superficial.


pH
Temperatura da água e do ar
Sólidos Suspensos Totais (SST)
Oxigénio Dissolvido (O. D.)
Parâmetros a monitorizar

Carência Bioquímica de Oxigénio


(CBO5)
Carência Química de Oxigénio (CQO)
Condutividade
Fósforo Total
Nitratos Totais
Nitritos Totais
Amónia Total
Sulfatos
Coliformes Fecais e Totais
Estreptococos Fecais
Hidrocarbonetos
Caudal médio diário

 As técnicas, métodos de análise e os equipamentos necessários à realização das


análises para determinação dos vários parâmetros, deverão ser compatíveis ou
equivalentes ao disposto no Anexo III do Decreto-Lei n.º 236/98 de 1 de Agosto, que
estabelece as normas, critérios e objectivos de qualidade com a finalidade de
proteger o meio aquático (IA, 2003).

6.2.1.2. Recursos Hídricos Subterrâneos

O programa de monitorização proposto para este descritor é:

 Deverá realizar-se campanhas de recolha e análise da qualidade da água


subterrânea, nos pontos de água (furos) mais próximos do desenvolvimento do
traçado. Para além, da proximidade com a área de implementação do projecto,
devem seleccionar-se furos que apresentem diferentes direcções.
Deve-se registar, para cada poço ou furo seleccionado, os seguintes aspectos,
localização, formação aquífera, tipo de captação (poço, furo, nascente),
profundidade e utilizações da água (IA, 2003).
 A recolha das amostras deverá ser feita no máximo de locais possível ao longo de
todo o traçado do caminho municipal, isto é, em todos os furos aí existentes, no
entanto, uma vez que qualquer alteração directa que se produza nos sistemas
hidrológicos subterrâneos, poderá induzir efeitos em pontos próximos e/ou
afastados da área, recomenda-se também a selecção de mais dois locais um pouco
mais afastados que os restantes, um a jusante e outro a montante (IA, 2003).
 A periodicidade das análises e da apresentação dos relatórios (que inclui, os
parâmetros a monitorizar (quadro 14), a verificação com a conformidade da
legislação em vigor e o acompanhamento das análises da estação de monitorização
da qualidade da água subterrânea (estação 581/9) em Cachopo), será realizada nas
mesmas condições que para os recursos hídricos superficiais. No entanto, após o
primeiro ano, se se mantiverem as condições, passar-se-ão a efectuar análises três
vezes por ano com os respectivos relatórios: Abril/Maio, Setembro e
Dezembro/Janeiro que correspondem, respectivamente, ao fim do período húmido,
ao fim do período seco e após saturação dos terrenos devido às grandes chuvadas.
 Acompanhado das análises da estação de monitorização da qualidade da água
subterrânea de Santa Maria (31L/01) em Tavira.
Quadro 14 - Parâmetros a monitorizar para a qualidade da água subterrânea.
pH
Temperatura

Parâmetros a monitorizar
Alcalinidade
Dureza
Bicarbonato
Condutividade
Ferro
Magnésio
Potássio
Sulfato
Nitratos
Nitritos
Ortofosfatos

 As técnicas, métodos de análise e os equipamentos necessários à realização das


análises para determinação dos vários parâmetros, devem ser realizadas nas
mesmas condições que para os recursos hídricos superficiais.

7. LACUNAS DE INFORMAÇÃO OU CONHECIMENTO

Na elaboração do presente EIA, identificaram-se algumas lacunas de conhecimento ou


de informação, tendo estas incidido especialmente na caracterização da situação de
referência da área de implementação do projecto.

Seguidamente identificam-se as lacunas de conhecimento ou informação para cada um


dos descritores.

7.1. RECURSOS HÍDRICOS E QUALIDADE DA ÁGUA

Neste descritor identificaram-se bastantes lacunas de informação, onde se inclui


essencialmente, a falta de dados específicos para a área de implementação do projecto.
Por esta razão, em alguns pontos, este descritor foi caracterizado utilizando os dados
de toda a Bacia do Guadiana e não apenas da área de implementação do projecto,
como deveria ter sucedido.
Além disso, os dados disponíveis são em reduzida quantidade e com uma distribuição
espacial muito desigual, tornando pouco rigorosa a sua utilização directa para a
caracterização dos parâmetros hidrológicos, tanto no que se refere aos recursos
hídricos superficiais como subterrâneos.

8. CONCLUSÕES

Neste estudo apresenta-se a avaliação das condições ambientais que caracterizam a


área de influência da Central Térmica Solar de Tavira, identificam-se as áreas e
aspectos ambientais críticos considerados de maior importância, tendo em conta o
levantamento dos potenciais impactes associados às diferentes fases do projecto,
possibilitando equacionar as questões fundamentais que se destacam da análise
integrada dos diversos aspectos ambientais que foram analisados.

O principal impacte negativo desta infra-estrutura dá-se essencialmente durante a fase


de exploração e prende-se com os consumos de água inerentes ao processo de
produção eléctrica da Central, exercendo pressão sobre as disponibilidades hídricas e
sobre a qualidade da água com o consequente aumento da temperatura da mesma.

Nas restantes fases os impactes identificados são ao nível da alterações dos regimes
de escoamento, vertical e horizontal, e de eventuais contaminações resultantes das
operações de construção e desactivação.

O principal impacte positivo é sem dúvida a implantação de um sistema de energia


eléctrica que utiliza fontes renováveis, contribuindo assim para a diminuição das
emissões de dióxido de carbono indo de encontro ao estabelecido pelo PNAC e pelo
Protocolo de Quioto.

Outros impactos positivos prendem-se com a transferência de “know-how” tecnológico


para Portugal, sendo que 70% da matéria prima utilizada na construção da Central é de
origem nacional.
Associado a este projecto encontra-se ainda a construção de uma fábrica que produzirá
o equipamento necessário à construção da central, com a possibilidade de no futuro se
adaptar a unidade produtiva para exportação da tecnologia, criando assim postos de
trabalho para a região.

A adopção dos planos de monitorização e medidas de mitigação apresentadas no


presente estudo, serão irrefutáveis para a minimização dos potenciais impactes
negativos na área de implementação do projecto.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APELLO, A. & POSTMA, D. (1993). Geochemestry, Groundwater and Pollution.


Balkema, Rotterdam.

BARBOSA, E. & JACOBSEN, H. (2000). Projectar bacias de infiltração para a gestão de


águas pluviais urbanas. 5º Congresso da Água. A água e o desenvolvimento
sustentável. Desafios para o novo século.

BIGGS, J. et al. (2001). Freshwater ecology in MORRIS, P. & THERIVEL, R. Methods of


Environmental Impact Assessment, 2nd ed. Spon Press, London.

BIODESIGN, (1999). Estudo de Impacte Ambiental da Pedreira, n.º 4505; MJP S.A..

CANTER, L. (1996). Environmental Impact Assessment, 2nd ed.. McGraw-Hill Int. Edt.,
Singapore.

CCDR Algarve (2005). Sistema de Indicadores de desenvolvimento sustentável do


Algarve

CONAMA (2005), Comisión Nacional del Médio Ambiente [página da internet]


«www.conama.cl». Acedido em Abril 2007.

DECRETO-LEI n.º 46/89 de 15 de Fevereiro - Nomenclatura das Unidades Territoriais


para Fins Estatísticos.

DECRETO-LEI n.º 196/89 de 14 de Junho - relativo à Reserva Agrícola Nacional.

DECRETO-LEI n.º 93/90 de 19 de Março - relativo à Reserva Ecológica Nacional.

DECRETO-LEI nº140/99 de 24 de Abril - relativo à Directiva Habitats.


DECRETO-LEI n.º 236/98 de 1 de Agosto - Fixa as normas a que a qualidade da água
deve obedecer, em função do tipo de utilização, com vista à protecção, preservação e
melhoria da sua qualidade.

DECRETO-LEI n.º 69/2000 de 3 de Maio – Normas técnicas para a estrutura do EIA

DECRETO-LEI n.º 197/2005 de 8 de Novembro - Normas técnicas para a estrutura do


EIA

DGOTDU (2007). Direcção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento


Urbano [«www.gdotdu.pt».]. Acedido em Abril de 2007.

ENVIRONMENTAL EUROPEAN AGENCY, [página da Internet] «www.eea.eu.int».


Acedido em Abril de 2007.

FETTER, W. (1994). Applies Hidrogeology. 3rd Edition. Hall, Inc.

INSTITUTO DA ÁGUA, [página da Internet] «http://snirh.inag.pt/snirh.php? main_id=4&


item=1.3&objlink=&objrede=». Acedido em Abril de 2007

INSTITUTO DA ÁGUA, [página da Internet] « http://snirh.inag.pt/snirh.php?main_id=4&


item=1.2&objlink=&objrede=». Acedido em Abril de 2007.

INSTITUTO DE METEOROLOGIA, [página da Internet] «www.im.pt». Acedido em Abril


de 2007

KOPP, E.; SOBRAL, M.; SOARES, T.; WOERNER, M. (1989). Os Solos do Algarve e as
Suas Características. Direcção Regional da Agricultura do Algarve. Faro.

LOUREIRO, J.J. & NUNES, M.N. (1986). Monografias Hidrólogas dos Principais Cursos
de Águas de Portugal Continental. Diecção Geral dos Recursos e Aproveitamentos
Hidráulicos. Divisão de Hidrometria, Lisboa.
NUNES, L. (2004). Sebenta da disciplina de Controlo de Poluição – Módulo ar.
Universidade do Algarve.

Oliveira, J.T. (1992). Carta Geológica de Portugal - Noticia explicativa da Folha nº8.
Serviço geológico de Portugal, Lisboa.

PENA, F. S. (1999). Paisagens e Espaços Naturais – Algarve. Comissão de


Coordenação da Região do Algarve 1ª Edição, Faro.

PESSOA, FERNANDO, (1999). Algarve Paisagens e Espaços Naturais. Comissão de


Coordenação e Desenvolvimento do Algarve, Faro.

PLANO DE BACIA DAS RIBEIRAS DO ALGARVE, (2000). Análise e diagnóstico da


situação actual - Volume I. Ministério do Ambiente.

PORTARIA n.º 330/2001 de 2 de Abril – Definição das regras do processo de Avaliação


de Impacte Ambiental.

RAMOS, T. B.; CAEIRO, S. & MELO, J. J.; (2005). Monitoring EIA. Environmental
Indicator frameworks to design and assess environmental monitoring programs. Impact
Assessment and Project Appraisal , volume 22, number 1, March 2004, Beech Tree
Publishing, 10 Watford Close, Guildford, Surrey GU1 2EP, UK.

SANTOS, F.D.; FORBES, K.; MOITA, R. (2001). Mudanças Climáticas em Portugal.


Cenários e Medidas de Adaptação – SIAM. Sumário Executivo e Conclusões, Grávida,
Lisboa

STEP, Solar Thermal Energy Portugal (2006). Memória Descritiva do Projecto da


Central Solar Térmica de Tavira.

VITOR, L. A. (2001). Contribuição para o estudo da sismicidade da região oeste da


Península Ibérica. Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Lisboa.

Você também pode gostar