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PROCESSO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL

DO PROJECTO DE TRANSPORTE DE ENERGIA DA


ESPINHA DORSAL DO SISTEMA NACIONAL DE
TRANSPORTE DE ENERGIA (PROJECTO STE)
– FASE 1: VILANCULOS - MAPUTO
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL

RELATÓRIO PRELIMINAR

VOLUME I – INTRODUÇÃO, DESCRIÇÃO DE PROJECTO E SITUAÇÃO DE


REFERÊNCIA

Preparado por Preparado por:

Iluminando a Transformação de Consultec – Consultores Associados, Lda.


Moçambique
WSP

Outubro 2018
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

PROCESSO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL


DO PROJECTO DE TRANSPORTE DE ENERGIA DA
ESPINHA DORSAL DO SISTEMA NACIONAL DE
TRANSPORTE DE ENERGIA (PROJECTO STE)
– FASE 1: VILANCULOS - MAPUTO
ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL

RELATÓRIO PRELIMINAR

VOLUME I – INTRODUÇÃO, DESCRIÇÃO DE PROJECTO E SITUAÇÃO DE


REFERÊNCIA

Electricidade de Moçambique, E.P.


Av. Zedequias Manganhela, n.º 267
Prédio Jat IV – 1st Floor
Maputo, Moçambique
Tel: +258 21308946
Fax: +258 21431029

Consultec - Consultores Associados, Lda. WSP Environmental (Pty) Ltd


Rua Tenente General Oswaldo Tazama, n.º 169 South View, Bryanston Place
Maputo, Moçambique 199 Bryanston Drive
Bryanston, South Africa
Tel: +258 21491555 Tel: +27 11 361 1392
Fax: +258 21491578 Fax: +27 11 361 1381

Outubro 2018

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


ii
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

ÍNDICE DE VOLUMES

Volume I – Introdução, Descrição do Projecto e Situação de Referência


Capítulo 1 – Introdução
Capítulo 2 – Enquadramento Legal e Administrativo
Capítulo 3 – Abordagem e Metodologia de AIAS
Capítulo 4 – Descrição do Projecto
Capítulo 5 – Áreas de Influência do Projecto
Capítulo 6 – Caracterização da Situação de Referência

Volume II – Avaliação de Impacto e Medidas de Mitigação


Capítulo 7 – Avaliação de Impacto e Medidas de Mitigação
Capítulo 8 – Processo de Participação Pública
Capítulo 9 – Conclusões e Recomendações

Volume III – Plano de Gestão Ambiental


Capítulo 1 – Introdução
Capítulo 2 – Papéis e Responsabilidades
Capítulo 3 – Recomendações para o Projecto de Execução
Capítulo 4 – Medidas de Mitigação para a Fase de Construção
Capítulo 5 – Medidas de Mitigação para a Fase de Operação
Capítulo 6 – Programas de Gestão Ambiental e Social

Volume IV – Anexos
Anexo I – Prova do Registo da Associação Consultec / WSP no MITADER
Anexo II – Correspondência com o MITADER
Anexo III – Listas de Espécies de Biodiversidade
Anexo IV – Mapas de Unidades de Vegetação

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

SUMÁRIO NÃO-TÉCNICO
Introdução

A Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM) está a planear o Projecto de Transporte de Energia


da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE). O Projecto STE
é um grande projecto de linhas de transporte de energia ligando as Províncias de Tete e Maputo,
através de linhas de transmissão de muito alta tensão. Os objectivos deste projecto são conectar e
interligar os actuais dois sistemas de energia de energia isolados em Moçambique e permitir a
evacuação para a região Sul do excesso de energia gerada no Norte.

Devido à sua complexidade, a EDM irá desenvolver o Projecto STE em fases. De momento, a
EDM propõe a implementação da Fase 1 do Projecto STE: Vilanculos – Maputo, que inclui 561 km
de uma linha de 400 kV ligando estas duas cidades, a construção de três novas subestações (em
Vilanculos, Chibuto e Matalane), e a actualização da subestação de Maputo.

De forma a obter a Licença Ambiental exigida pela Lei Ambiental (Lei n.º 20/1997, de 1 de
Outubro) para o empreendimento descrito acima (daqui em adiante referido como o “Projecto”), a
EDM precisa de realizar um Processo de Avaliação do Impacto Ambiental e Social (AIAS). A
Consultec - Consultores Associados, Lda e WSP Environmental (Pty) Ltd foram indicadas pela
EDM para conduzir o Processo de AIAS em seu nome.

Esta AIAS foi preparada de acordo com a legislação nacional, em particular a Regulação AIAS
(Decreto n.º 54/2015, de 31 de Dezembro) e diplomas associados, assim como com as políticas
ambientais e sociais do Grupo de Energia da África Austral (SAPP) e o Banco Mundial.

Descrição do Projecto

A Fase 1 do Projecto STE inclui uma nova linha de transmissão 400 kV HVAC com 561 km, entre
Vilanculos e Maputo; a construção de três novas subestações, em Vilanculos, Chibuto e Matalane;
e a actualização da subestação de Maputo (em Boane) (ver Figura 1). O alinhamento proposto
cruza três Províncias (Inhambane, Gaza e Maputo) e treze distritos diferentes.

O alinhamento da linha de transmissão Vilanculos – Maputo neste AIAS é o resultado de um


processo iterativo de desenvolvimento que tem sido elaborado nos últimos oito anos, através de
múltiplos estudos de engenharia e ambientais. O alinhamento proposto foi primeiramente avaliado
em 2008, num estudo de pré-viabilidade. O alinhamento foi depois optimizado em 2009, tendo-se
seguindo um AIAS, conduzido entre 2009 e 2011. Como o Projecto não avançou nessa altura, por
várias razões, o alinhamento foi de novo optimizado em 2015, através de um Estudo de
Viabilidade.

A proposta linha de transmissão irá iniciar-se na nova subestação de Vilanculos e terminar na


subestação de Maputo (no Distrito de Boane), que será actualizada. As principais características
da proposta linha de transmissão 400 kV são apresentadas na Tabela 1.

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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Tabela 1 – Principais Características da nova linha de transmissão 400 kV

Aspecto Técnico Linha 400 kV


Extensão Total 561 km
Largura da RoW 100 m
Tipo de Torres Torres autoportante e estaiadas
Espaçamento médio entre
450 m
Torres
Altura das Torres 20 to 35 m
Área de afectação média da
10 m x 10 m (100 m2)
base da Torre

Além das componentes do Projecto descritas acima, a implementação do Projecto irá precisar de
algumas componentes e actividades de suporte, nomeadamente:

 Desenvolvimento e manutenção da faixa de servidão (RoW; right-of-way) – um corredor de


100 m (50 m em cada lado da linha central) será estabelecido como o RoW da linha.
Limpeza de vegetação, assim como remoção de estruturas construídas, do RoW será
necessário, para proteger o sistema de vegetação lançada pelo vento, contacto com
árvores e ramos, e outros perigos potenciais que possam resultar em dano para o
sistema, cortes de energia ou fogos florestais. O RoW também será utilizado para aceder,
fazer manutenção e inspeccionar as linhas aéreas de transporte (OHL);
 Construção de estradas de acesso para a construção da linha e manutenção;
 Exploração de empréstimos para proporcionar agregados e materiais inertes;
 Estabelecimento de campos de construção, incluindo alojamento para trabalhadores
temporários e locais de armazenamento temporários para equipamento e material.

O local de estradas temporário de acesso, empréstimos e campos de construção não é conhecido


nesta fase. A localização destas infraestruturas de apoio será da responsabilidade do empreiteiro
de construção, sob a supervisão da EDM. O Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS – Volume
III do relatório EIA) proporciona algumas orientações para estas infraestruturas auxiliares, para
minimizar os seus potenciais impactos.

O custo do Projecto global para a Fase de Projecto STE está estimado em 600 milhões USD
(dólares dos EUA). Notar que este número é uma estimativa e pode mudar durante a engenharia
de detalhe.

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Subestação
de Vilanculos

Subestação
de Chibuto

Subestação
de Matalane

Subestação
de Maputo

Figura 1 – Localização do Projecto

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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
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Áreas de Influência do Projecto

A descrição de referência e a avaliação do impacto do Projecto baseia-se na delimitação de duas


áreas de estudo que cobrem elementos físicos, biológicos e sociais que podem ser afectados
directa ou indirectamente pelo projecto ou que podem afectar a sua implementação, em qualquer
das suas fases. Ao considerar os impactos directos do Projecto fora da área de impacto, é útil
separar os impactos biofísicos e socioeconómicos. Assim, a área de influência directa do Projecto
(AID) é definida do seguinte modo:

 Ambiente Biofísico: um corredor com 300 m de largura, já que a maior parte dos
impactos biofísicos directos deverão ter lugar na proximidade imediata da zona de
implantação;
 Ambiente Socioeconómico: as comunidades atravessadas pelo proposto RoW.
Assumiu-se que um corredor com 2 km de largura centrado no percurso da linha inclui
todas as comunidades atravessadas.

A Área de Influência Indirecta do Projecto (AII) é definida como:

 Ambiente Biofísico: um corredor de 2 km de largura, centrado no alinhamento do


Projecto;
 Ambiente Socioeconómico: as fronteiras dos distritos atravessados pela linha aérea, já
que os benefícios e impactos das alterações devido ao projecto na AID deverão estender-
se a outras comunidades dentro destes territórios.

Caracterização de Base

Ambiente Físico

O percurso proposto será desenvolvido ao longo da zona geomorfológica das Grandes Planícies
Costeiras, com elevação abaixo dos 200 m. Esta zona é dominada por sedimentos moles e cobre
a região a sul do Rio Save e a faixa costeira. O relevo é sobretudo plano.

A geologia da área do Projecto é constituída sobretudo por rochas sedimentares, compostas de


topo para baixo na sequência estratigráfica por rochas do Cenozóico e Cretácico, sobrepondo.se a
basaltos Karoo. As unidades do Cretácico e Terciário estão expostas sob coberto Quaternário,
composto sobretudo por formações arenosas.

Embora Moçambique central esteja sob a influência do Vale do Rift, com ocorrência de terramotos
(geralmente de baixa magnitude), a actividade sísmica no Sul de Moçambique, onde o Projecto
será localizado, é muito baixa, já que a influência do Rift não é sentida.

O contexto geológico (materiais principais) influência fortemente os processos pedogénicos.


Assim, as principais unidades de solo na área de estudo são solos aluviais (presentes nas
planícies aluviais dos principais rios) e solos arenosos, incluindo solos Mananga (solos arenosos
coluviais) e solos arenosos de coberto arenoso e dunas interiores.

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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
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Fase 1: Vilanculos - Maputo

A linha proposta localiza-se numa região com baixo risco de erosão. Contudo, ao nível local,
poderão haver áreas onde a erosão possa constituir um risco importante, devido a condições
específicas locais.

O percurso proposto atravessa quatro grandes bacias hidrográficas, de Norte para Sul: Govuro,
Limpopo, Incomáti e Matola. Os principais rios atravessados incluem os Rios Changane, Limpopo,
Incomati e Matola. Adicionalmente, o percurso atravessa largas extensões das planícies aluviais
de Limpopo e Incomati, em áreas com problemas com ciclos de enchentes na estação das
chuvas.

Na área de influência do Projecto, foram identificadas poucas fontes de emissão de poluição


atmosférica. As mais significativas fontes de emissão de poluentes atmosféricos são incineração
de biomassa, incluindo incêndios florestais, práticas de agricultura de corte e queima, e
incineração residencial de combustível. A qualidade do ar ambiente deverá ser relativamente boa,
já que a área de estudo recai sobretudo em áreas subdesenvolvidas e rurais.

O ruído ambiente de referência na área de interesse é, em termos gerais, determinado por fontes
naturais de ruído (tais como chuva, vento, insectos, etc.), tráfego automóvel de baixa intensidade e
actividade humana normal nas povoações localizadas ao longo do alinhamento proposto. O ruído
ambiental da área de estudo deverá ser o típico de áreas naturais e rurais, com baixos níveis de
ruído ambiental de acordo com as directrizes de ruído adoptadas.

Ambiente Biótico

De acordo com o WWF, a área de estudo inclui três biomas: Florestas Tropicais e Subtropicais
Húmidas de Folhas Largas; Pastagens, Savanas e Matagais Tropicais e Subtropicais; e Savanas e
Campos Inundados. Os tipos de vegetação encontrados dentro da área de estudo incluem:
floresta de miombo, matas de miombo, matas indiferenciadas, savana, áreas agrícolas.

Um total de 233 espécies de flora foram identificadas durante o levantamento de flora. Nenhuma
das espécies confirmadas no estudo está classificada como ameaçada, de acordo com o IUCN,
mas três espécies estão classificadas como quase ameaçada: Dalbergia melanoxylon,
Pterocarpus angolensis e Encephalartos ferox. Quatro espécies são endémicas: Carissa
praetermissa, Dolichandrone alba, Bauhinia burrowsii e Croton inhambanensis.

Um total de 112 espécies de mamíferos ocorrem potencialmente na área de estudo, dos quais 18
foram registados durante as pesquisas de campo. Três das espécies confirmadas têm o estatuto
global de ameaça de Vulnerável, nomeadamente, o leopardo (Panthera pardus), o hipopótamo
(Hippopotamus amphibious) e o Elefante Africano (Loxodonta africana).

No total, 38 espécies de anfíbios ocorrem potencialmente na área de estudo, de acordo com as


fontes bibliográficas. Durante o trabalho de campo, um total de 9 espécies de anfíbios foram
confirmadas na área de estudo. Nenhuma das espécies listadas estão ameaçadas globalmente.
Não existem espécies endémicas, de distribuição restrita, migradoras ou congregadoras na área
de estudo.

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Um total de 23 espécies de reptil existem potencialmente na área de estudo. Durante a pesquisa


de campo, foi possível confirmar a presença de 18 espécies, incluindo crocodilos e duas víboras:
Víbora-comum (Bitis arietans) e Víbora-dos-zonas húmidas (Proatheris superciliaris). Nenhuma
das espécies listadas para a área de estudo está ameaçada, de acordo com o IUCN. Também não
existem espécies endémicas, de distribuição restrita, migradoras ou congregadoras na área de
estudo.

Ao todo, na área de estudo, podem ocorrer 457 espécies de ave, de acordo com as fontes
bibliográficas. Durante a pesquisa de campo, um total de 119 espécies foram confirmadas no
local. Os rios, zonas húmidas e corpos de água foram os locais onde se observou maior
concentração de aves.

Nenhuma das espécies confirmadas são ameaçadas a nível global. Oito das espécies listadas na
área de estudo estão ameaçadas. Quatro espécies são classificadas como Vulneráveis: Águia-
marcial (Polemaetus bellicosus), Secretário (Sagittarius serpentarius), Calau-gigante (Bucorvus
cafer) e Grou-carunculado (Grus carunculatus); duas são Ameaçadas: Águia-das-estepes (Aquila
nipalensis) e Abutre do Cabo (Gyps coprotheres); e duas são Criticamente Ameaçadas: Abutre-de-
dorso-branco (Gyps africanus) e Abutre-de-capuz (Necrosyrtes monachus).

Nenhuma área de conservação ou protegida é interferida pelo alinhamento proposto.

Ambiente Socioeconómico

O projecto STE irá atravessar as províncias de Maputo, Gaza e Inhambane e 13 distritos,


nomeadamente:

 Província de Inhambane: Vilanculos, Massinga, Funhalouro e Panda;


 Província de Gaza: Chibuto, Mandlakaze, Chokwe e Bilene;
 Província de Maputo: Magude, Manhiça, Marracuene, Moamba, e Boane.

De acordo com as projecções do INE, estimava-se que em 2016 a população das províncias
interessadas compreendiam 1,523,635 habitantes (Inhambane), 1,467,951 habitantes (Gaza) e
1,782,380 habitantes (Maputo). A Província de Maputo tinha a densidade populacional mais
elevada das três províncias de interesse. O distrito mais densamente povoado é Boane. Em
termos da estrutura etária da população, todas as três províncias e 13 distritos seguem uma
estrutura etária piramidal típica para países em desenvolvimento, com uma grande população
jovem e uma pequena população idosa.

Dentro da RoW do Projecto (um corredor com 100 m de largura centrado no alinhamento), foram
identificados um total de 192 agregados afectados (i.e., pessoas com casas ou outros edifícios
dentro do RoW do Projeto). A distribuição etária é semelhante ao dos distritos englobantes, com
um grande número de jovens e um baixo número de idosos.

Os três principais grupos étnicos na Província de Inhambane são os Bitongas, Chopi e Chitsuas.
Os quatro principais grupos étnicos na Província de Gaza são os Changane, Tsonga, Chopi e
Ronga. O principal grupo étnico na Província de Maputo são os Tsonga. Contudo, como a
Província de Maputo é o principal centro económico e financeiro de Moçambique, tem sido um

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centro de atracção para pessoas procurando emprego e melhores oportunidades. Em resultado,


existem uma grande diversidade de grupos étnicos na Província de Maputo.

Esta diversidade étnica é também manifesta na grande diversidade de afiliações religiosas nas
três Províncias. O Cristianismo (incluindo várias tradições diferentes) e Islão são as duas
principais religiões, representando respectivamente 86.5% e 9.8 % da população nestas três
Províncias.

Quanto aos agregados residenciais dentro do RoW, a maioria pertence ao grupo etnolinguístico
Changane (67%). Tal reflecte o facto de que a maioria destes agregados está localizado na
Província de Maputo. Em termos de religião, os agregados a viver dentro do RoW do Projecto
diferem da norma descrita para o resto dos distritos e províncias, com um grande número de
evangélicos (32%), seguido de Sionistas (32%) e Católicos (15.8%). Duas igrejas Sionistas estão
localizadas dentro do RoW. Não existem locais sagrados dentro do RoW, mas existem 11
cemitérios dentro ou perto do RoW do Projecto.

O sistema de educação nas províncias de Inhambane, Gaza e Maputo e nos 13 distritos de


interesse seguem a mesma tendência do resto do país, com um foco na Educação Primária, como
ilustrado por um número significativamente maior de escolas primárias, comparado com escolas
secundárias. Todas as localidades atravessadas pelo Projecto têm pelo menos uma escola
primária. Apelas a localidade de Tenga no Distrito de Moamba mencionou estar equipada com
uma escola secundária. Nenhuma escola está localizada dentro do RoW do Projeto.

O sector de saúde em Moçambique está focado nos serviços primários de saúde. De acordo com
o INE (2013), em 2012 a Província de Inhambane tem um total de 125 unidades de saúde, das
quais uma é um Hospital de Província, quatro Hospitais Rurais, dez postos de saúde e 110 centros
de saúde. A província de Gaza tem 128 unidades de saúde em 2012 (INE, 2013), nomeadamente
um Hospital de Província, quatro Hospitais Rurais, 29 postos de saúde e 94 centros de saúde. A
Província de Maputo tem um total de 85 unidades de saúde, nomeadamente um Hospital de
Província, um Hospital Rural, um Hospital Distrital e 73 centros de saúde.

Considerando as unidades de saúde perto do RoW do Projecto, oito localidades afirmaram ter um
centro de saúde, significando que a população não precisa de andar longas distâncias para ter
acesso a serviços de saúde. Nenhum centro de saúde se encontra localizado dentro do RoW. As
doenças mais comuns entre os agregados a viver dentro do RoW nos últimos 12 meses foram:
malaria, diarreia e tosse. Vinte e três porcento de todos os agregados afirmaram ter um membro
do agregado com uma doença crónica.

Nas áreas urbanas e periurbanas das Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo e nos distritos de
interesse, a electricidade é a principal fonte de energia e é fornecida pela Electricidade de
Moçambique, E.P. (EDM), enquanto a água é fornecida pela Águas de Moçambique (AdeM). Nas
áreas rurais, a principal fonte de área é geralmente fontes públicas e fontanários que estão
interligados à rede geral de fornecimento de área, assim como furos, poços abertos, rios e lagoas.
Quanto ao saneamento, as áreas urbanas e semiurbanas têm um sistema de tanques sépticos

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familiares individuais. Nas áreas mais rurais, a maioria da população usa latrinas ou defecação a
céu aberto.

Entre os agregados dentro do RoW do Projecto, 37% dos agregados obtêm a sua água de furos e
19% compra água de camionetas privadas que vendem água, especialmente no Distrito de Boane.
Todas as localidades atravessadas pelo Projecto têm furos, mas muitos deles não estão
operacionais. Dois furos foram identificados dentro do RoW do Projecto. Quanto à qualidade da
água, 71% dos agregados não tratam a água antes de a usar, 7% usa cloro (certeza). Um terço
(31%) dos agregados dentro do RoW não têm qualquer tipo de instalação sanitária, 44% têm
latrinas tradicionais e 15% têm latrinas melhoradas dentro do seu terreno.

Quanto a electricidade, o censo mostrou que apenas 2% da população residente dentro do RoW
está conectada a electricidade da EDM. As fontes de energia usadas pelos agregados para
iluminar a casa, inclui velas (20%), querosene (26%) e tochas (16%). Para cozinhar, as principais
fontes de energia são lenha (72%) e carvão (17%).

Nas províncias e distritos de interesse, assim como no resto do país, a actividade económica mais
importante é a agricultura. A maior parte da população de Moçambique é dependente de
agricultura de subsistência para a sua sobrevivência. Outros sectores económicos nas províncias
incluem pesca, turismo e indústria, e nos últimos anos o sector de recursos naturais tem crescido
substancialmente com a exploração de gás natural no distrito de Vilanculos, na Província
Inhambane e nas áreas de prospecção de areias pesadas no Distrito de Chibuto, Província de
Gaza.

Quanto às actividades económicas praticadas pela população a viver dentro do RoW do Projecto,
o censo revela que a maioria de chefes de agregado são agricultores (37.3%). Outras ocupações
incluem construção, caseiro, guarda, comércio. Quando o chefe de agregado foi questionado
sobre a principal fonte de rendimento, 34% mencionaram a venda de colheitas cultivadas nos seus
campos, 25% mencionou estar empregue no sector formal e 12% indicou venda de bens no sector
informal.

Os métodos de cultivo usados pelos agregados são, em geral, rudimentares e manuais. A maioria
dos agregados (96.6%) não usam contributos externos, como sementes melhoradas, fertilizantes
ou pesticidas. A agricultura na área de pesquisa é predominantemente irrigada pela chuva e
desenvolvida em planícies semiáridas e ocasionalmente no fundo de encostas suaves. Durante o
trabalho de pesquisa, um total de 36 quintas foram identificadas, das quais quatro foram
consideradas comerciais e estão dedicadas à plantação de cana de açúcar.

Considerando o nível de rendimento dos agregados questionados, a maioria tem rendimento


baixo, com a maioria dos agregados declarando um rendimento mensal inferior a 5,000.00
Meticais (cerca de 83 USD/mês). Com uma média de 3.8 membros por agregado, este rendimento
está abaixo da linha de pobreza de 120 meticais, por dia, por pessoa (2 USD/dia) estipulado pelas
Nações Unidas.

Processo de Participação Pública

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O Processo de Participação Pública (PPP) foi implementado para apoiar o desenvolvimento do


AIAS do Projecto. Os objectivos gerais deste processo foram:

 Assegurar a consulta precoce e informada das partes interessadas em fases chave do


AIAS, de forma a melhorar os resultados e aumentar a credibilidade do processo.
 Assegurar cumprimento dos requisitos nacionais e internacionais para o envolvimento das
partes interessadas e consulta pública durante os estudos de ESUA para grandes
projectos.
 Assegurar que o AIAS ajuda a consolidar os esforços feitos pela EDM por forma a
estabelecer relações duradouras com as comunidades afectadas e outras partes
interessadas.

De acordo com os requisitos legais, o PPP para este AIAS inclui consulta em duas fases: no início
do processo AIAS (fase de EPDA) e de novo na fase EIA. A estratégia PPP global inclui:

 A revelação e disponibilidade de documentação durante um período de 30 dias (15 dias


antes e depois de reuniões públicas);
 Reuniões públicas e outras actividades de envolvimento das partes interessadas; e
 Inclusão de temas levantados nas reuniões públicas sobre os relatórios preparados como
parte do processo AIAS.

A fase EPDA do PPP para o Projecto STE foi desenvolvida em Maio de 2017. Durante as
actividades PPP do EPDA, as principais, questões, sugestões e comentários levantados pelas
partes interessadas estiveram relacionadas com as seguintes questões:

 Critérios usados para definir o alinhamento da linha de transmissão e a localização das


subestações;
 Electrificação rural das comunidades ao longo do alinhamento do Projecto;
 Justificação do Projecto e formas como a linha de transmissão irá melhorar o acesso a
energia e a qualidade desse acesso;
 Critérios usados para definir a faixa de servidão (RoW) da linha de transmissão, os
impactos socioeconómicos resultantes da limpeza do RoW e os métodos a ser usados
para compensar as pessoas afectadas pela limpeza do RoW;
 Interferências entre a linha de transmissão e a infraestrutura existente;
 Os impactos na biodiversidade associados à limpeza do RoW;
 Uso de trabalhadores e fornecedores locais nos trabalhos de construção.

A fase PPP do EIA será desenvolvida em Outubro de 2017. Para apoiar as actividades PPP do
EIA, compilou-se este relatório preliminar EIA, que estará disponível para todas as partes
interessadas.

Avaliação de Impacto e Medidas de Mitigação

As tabelas abaixo resumem a avaliação dos principais impactos do Projecto. Os impactos


negativos estão codificados a amarelo ou vermelho, enquanto impactos positivos estão
codificados com tons de verde. Impactos adicionais listados na Tabela abaixo, vários outros
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impactos foram identificados e avaliados no EIA, mas foram considerados de muito baixo
significado ou insignificantes, antes de mitigação. Estes impactos não foram incluídos na Tabela
abaixo, mas a sua avaliação é proporcionada no relatório principal (ver Volume III do EIA).

Tabela 1 – Sumário dos Impactos do Projecto na Fase de Construção

Nível de Significância
Descrição do Impacto Pré- Pós- Principais Medidas de Mitigação
mitigação mitigação
- Limite de velocidade para os veículos pesados de construção
Impacto de ruído das de 30 km/h perto das áreas residenciais;
BAIXO MUITO BAIXO
actividades de construção - Actividades de construção devem ser limitadas ao período
diurno durantes dos dias úteis, sempre que possível.
- A localização das instalações de transmissão deve evitar
tanto quanto possível as possíveis áreas mais adequadas
Impactos sobre terras para irrigação;
irrigadas ou em solos MÉDIO BAIXO - Apreender sobre actividades individuais nos campos, tais
adequados para irrigação como plantação, lavoura, e rotação de colheitas, para que os
métodos e tempos de construção se possam adaptar ao
tempo de trabalho nos campos.
- Restringir a limpeza de vegetação e remoção de solo arável
das áreas estritamente necessárias para a construção;
Aumento da erosão e
BAIXO MUITO BAIXO - Remoção e armazenamento do solo arável antes das
compactação dos solos
actividades de movimentação de terra, para posterior reuso
em trabalhos de reabilitação.
- Evitar o movimento de maquinaria nos leitos de rio e áreas
aluviais, tanto quanto possível;
Potencial poluição das águas
- Implementar gestão adequada e tratamento de águas
superficiais durante a fase de BAIXO MUITO BAIXO
residuais;
construção.
- Desenvolver e implementar um Plano de Gestão de Resíduos
para a fase de construção.
- Promover a selecção de áreas com menor necessidade de
Degradação temporária da abate de árvores para trabalho temporário e áreas de
paisagem nos locais de BAIXO MUITO BAIXO armazenamento;
trabalho. - Reabilitar e revegetar as estradas temporárias de acesso e
de trabalho, assim que possível.
- Realinhar o percurso da linha, para evitar a área de habitat
Perdas directas de unidades crítico (floresta de miombo);
ALTO MÉDIO
de vegetação e habitat. - Limitar a limpeza de vegetação às áreas estritamente
necessárias, em particular as áreas de habitat natural.
- Limitar os distúrbios fora da fronteira da construção;
Degradação das unidades de - Limitar a entrada de veículos estranhos ao Projecto na área
vegetação vizinhas, durante a BAIXO MUITO BAIXO de construção, para evitar a dispersão de espécies invasivas
construção. e ruderais, e a entrada de pessoas que podem explorar
ilegalmente os recursos naturais.
- Desenhar estruturas de torres que minimizem os impactos /
áreas de perturbação nas zonas húmidas, margens e leitos
de rio, e corpos de água;
Impactos nas áreas húmidas
BAIXO MUITO BAIXO - Evitar movimentos de maquinaria pesada nas zonas
e ribeirinhas
húmidas, margens e leitos de rio, e corpos de água;
- Delimitar o perímetro de rios, zonas húmidas e corpos de
água perto das áreas de construção com fita de construção.

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xiii
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Nível de Significância
Descrição do Impacto Pré- Pós- Principais Medidas de Mitigação
mitigação mitigação
- As actividades de limpeza de vegetação devem ser
Reduzir as áreas de
acompanhadas de um ecólogo/biólogo especialista; para
alimentação, procriação e BAIXO BAIXO
detectar locais de abrigo e/ou nidificação de aves perto das
abrigo da fauna regional.
áreas de limpeza e implementar medidas de caução.
- Durante as sessões de indução, informar os trabalhadores da
importância da biodiversidade e o compromisso do projecto
em protegê-la, por forma a evitar atropelamentos
Aumento de mortalidade de propositados de animais.
fauna e diminuição da BAIXO MUITO BAIXO
diversidade de espécies. - Actividades de remoção de vegetação devem ser
acompanhadas de um ecólogo/biólogo especialista, para
minimizar tanto quanto possível a morte de animais
abrigados em árvores.
- Proibir pessoas e movimento de veículos fora dos acessos ao
Possível introdução ou Projecto;
alastramento de espécies MÉDIO BAIXO
invasivas na área do Projecto - Sempre que possível, os acessos novos e temporários
devem ser criados com base nos acessos existentes.
- Antes do início de actividades, implementar um programa de
controlo de transgressão, em articulação com as autoridades
Perda de alojamentos e locais, de forma a evitar a construção de novos alojamentos
outras infraestruturas dentro ALTO MÉDIO na área de Projecto;
do RoW. - Desenvolver e implementar um Plano de Acção de
Reassentamento (RAP) que cumpra a Legislação de
Moçambique e a melhor prática internacional.
- Optimizar o alinhamento do STE durante a fase final de
Perturbação das áreas desenho de engenharia, por forma a minimizar tanto quanto
agrícolas devido à construção possível a interferência com áreas agrícolas;
da linha de energia e BAIXO MUITO BAIXO
estabelecimento do faixa de - Desenvolver e implementar um Plano de Compensação, para
servidão (RoW). compensar adequadamente por quaisquer perdas de
colheitas devido à construção da linha energética.
- Veículos pesados de construção devem respeitar o limite de
Aumento das preocupações velocidade de 30 km/h perto das zonas residenciais;
com segurança devido ao - Instalar sinais de transito oficiais temporários nas estradas
BAIXO MUITO BAIXO
aumento do volume de locais em torno dos locais de trabalho antes e depois da
tráfego execução dos trabalhos, juntamente com as autoridades de
trânsito locais.
- O empreiteiro de construção deve oferecer programas de
formação técnica aos trabalhadores não especializados, com
Transferir competências às o objectivo de melhorar o seu desempenho laboral e dar-lhes
comunidades locais devido à as competências para competir por outras posições;
MÉDIO MÉDIO
mobilização da força de
trabalho da construção. - O empreiteiro de construção deve oferecer formação
ambiental, de saúde e segurança para todos os
trabalhadores.
Estimulo económico local e
regional devido à - A aquisição de bens e serviços pelo empreiteiro deve dar
investimento na construção e BAIXO BAIXO prioridade ao fornecimento dos mercados locais e provinciais,
aumento do rendimento dos sempre que possível.
trabalhadores.

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xiv
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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Nível de Significância
Descrição do Impacto Pré- Pós- Principais Medidas de Mitigação
mitigação mitigação
- O empreiteiro deve implementar um Plano de Recrutamento
Local para assegurar que os processos de adjudicação são
conduzidos de forma transparente e justa, em coordenação
Aumento potencial dos com as autoridades locais e líderes comunitários;
conflitos comunitários devido
MÉDIO BAIXO - O proponente deve desenvolver um Plano de Comunicação
à vinda de trabalhadores
migrantes. para interagir com as comunidades, informando-as da
natureza e calendarização das actividades, e estabelecendo
canais de comunicação para gerir quaisquer conflitos sociais
que possam surgir.
- O empreiteiro deve desenvolver um plano de gestão para a
prevenção de VIH/SIDA e DSTs e implementar campanhas
Aumento do risco de de consciencialização e um programa de aconselhamento,
transmissão de Doenças teste, cuidado, tratamento e prevenção (distribuição de
Sexualmente Transmitidas preservativos) entre a força de trabalho;
MÉDIO BAIXO
devido à mobilização da força
de trabalho e influxo de - O proponente deve interagir com as Direcções Provinciais e
população Distritais de Saúde e as ONGs locais especializadas no tema,
para apoiar campanhas semelhantes entre as comunidades
locais em geral.

Tabela 2 – Sumário dos Impactos do Projecto na Fase Operacional

Nível de Significância
Descrição do Impacto Pré- Pós- Principais Medidas de Mitigação
mitigação mitigação
Emissões de ruído geradas
BAIXO MUITO BAIXO - Manutenção regular das componentes da linha de transmissão.
pelo vento.
Emissão de ruído das - Manutenção regular das componentes da linha de transmissão,
BAIXO BAIXO
descargas de corona como os insuladores.
- Dentro da área projectada da subestação, localizar o
equipamento ruidoso o mais afastado possível das áreas
Emissões de ruído das residenciais vizinhas;
BAIXO BAIXO
operações das subestações. - Conduzir manutenção regular dos transformadores das
subestações de forma a minimizar as emissões de ruído o mais
possível.
- Manter equipamento das subestações em boas condições de
funcionamento, sem fugas, excesso de óleo e lubrificante;
Poluição potencial das águas
- Inspeccionar regularmente todo o equipamento das
de superfície durante a fase BAIXO MUITO BAIXO
subestações que possa conter contaminantes, tais como os
de operação.
transformadores;
- Desenvolver e implementar o Plano de Gestão de Resíduos.
- Minimizar o número de estradas de acesso permanentes para
e no RoW, quando possível, proceder a encerramento precoce
e reabilitação de estradas de acesso perto de áreas cénicas
Alteração permanente da sensíveis;
MÉDIO BAIXO
paisagem - Permitir o crescimento de espécies de árvore e arbusto cuja
altura é limitada a 5 m dentro do RoW;
- Criar barreiras visuais para reduzir a linha de visibilidade em
áreas sensíveis, quando possível.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
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Nível de Significância
Descrição do Impacto Pré- Pós- Principais Medidas de Mitigação
mitigação mitigação
- Limitar a entrada e circulação de veículos estranhos ao
Projecto dentro do RoW, tanto quanto possível, através da
colocação de sinalização;
Degradação indirecta das
unidades de vegetação e ALTO MÉDIO - Intervenção coordenada pelos Departamentos Governamentais
habitat ao longo do RoW relevantes para implementar restrições ao assentamento e
expansão agrícola não controlada, desmatação, e
implementação de controlos sobre a caça, colheira de carvão e
corte de lenha.
- Adoptar medidas de controlo no desenho da linha e torres,
incluindo:
o Linhas de sinais com escudos deflectores de aves (BFD)
Aumento da mortalidade de com diâmetro de 35 cm perto de rios e zonas húmidas, e ao
espécies de ave e morcego longo de grandes áreas de floresta ou matas não
ALTO MÉDIO perturbadas;
devido a colisões e
electrocução o Isolamento de todos os condutores, para evitar
electrocução;
o Instalar dispositivos anti-aterragem nas torres perto das
zonas húmidas, rios e corpos de água.

Fragmentação de habitat - Limitar a perturbação fora das áreas de manutenção;


MÉDIO BAIXO
devido à presença do RoW. - Limitar a limpeza de vegetação à área necessária.
Estímulo económico local e
- A EDM deve assegurar o programa de manutenção padrão
regional, devido ao aumento ALTO ALTO
para o Projecto STE.
de fornecimento de energia.

Como mostrado nas tabelas acima, os principais impactos negativos do Projecto estão
sobretudo associados com a limpeza e estabelecimento do Faixa de servidão (RoW). Os impactos
negativos do Projecto com significado residual médio ou maior incluem:

 A perda directa, degradação e fragmentação de habitats importantes e vegetação


(sobretudo dos habitats de matas) causados pela limpeza de vegetação no RoW,
particularmente na zona norte do alinhamento, perto de Vilanculos, onde grandes áreas
não fragmentadas de matas ainda existem;
 A degradação indirecta adicional dos habitats naturais (sobretudo matas), ao longo do
RoW durante a frase operacional, em particular devido à expansão da agricultura e
exploração de recursos naturais ao longo do RoW, dado a maior facilidade de acesso a
áreas presentemente inacessíveis. Tal é de novo mais relevante na zona norte do
alinhamento, já que actualmente estas áreas são largamente inacessíveis às populações
locais; e
 Os impactos directos do reassentamento causados pelo estabelecimento do RoW,
gerando a necessidade de realocar 192 famílias e compensar estruturas construídas,
terras agrícolas e árvores de fruto afectadas.
 Aumento da mortalidade de aves (em particular aves com grande envergadura de asa)
devido a colisões e electrocução com a linha e torres.

Medidas de mitigação foram definidas para evitar ou minimizar os impactos previstos, dos quais o
mais relevante inclui o realinhamento menor da linha, de forma a evitar parcelas de habitat crítico

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(floresta miombo), o desenvolvimento de um Plano de Acção de Reassentamento (RAP) e a


adopção de medidas de controlo no desenho da linha e torres, para minimizar colisões de aves. A
mitigação do impacto indirecto (expansão da população ao longo do RoW durante a fase
operacional) irá exigir um esforço coordenado de várias agências governamentais, para evitar o
estabelecimento de povoados em áreas mais sensíveis e para controlo de actividades humanas
com o potencial de ter impacto na biodiversidade, como a caça, colheira, agricultura, etc.

Quanto aos impactos positivos, dois impactos significativos foram identificados, ambos
referentes ao ambiente socioeconómico, que podem ser resumidos da seguinte forma:

 A transferência de conhecimento e competências para os trabalhadores locais não


especializados que são empregues pelo Projecto irá resultar no benefício a longo prazo
para estas famílias, e para a força de trabalho local em geral. Tal foi aferido como um
impacto positivo residual de significado médio;
 O aumento do fornecimento de energia criado pelo Projecto STE terá um impacto positivo
na economia local e regional. Nas condições actuais, o fornecimento de energia nalgumas
áreas é fraco ou inexistente. O Projecto STE irá permitir o aumento do fornecimento de
energia da região sul do Mediterrâneo e irá permitir uma melhor distribuição de energia em
áreas que actualmente não estão electrificadas. O desenvolvimento do Projecto STE
poderá também criar oportunidades de negócio no sector industrial, pois os empreiteiros
irão conhecer que o Projecto STE irá aumentar tanto a quantidade como a robustez do
fornecimento de energia, permitindo um número maior de projectos industriais viáveis.
Todos estes vectores de estímulo económico irão por sua vez resultar na criação de
empregos. Este efeito indirecto, de facto o objectivo principal do projecto, foi avaliado
como sendo um impacto positivo residual de alto significado.
Impactos Acumulados

Os projectos actuais conhecidos e futuros, assim como os conhecidos vectores de


desenvolvimento humano, podem ter um efeito acumulado com aqueles associados ao Projecto
STE. Os principais potencialmente afectados Componentes Ambientais Valorizados (CAVs)
incluem flora e vegetação, comunidades locais e avifauna.

Os efeitos potenciais dos projectos presentes e futuros e vectores de desenvolvimento sobre os


CAVs foi determinado e o seu potencial efeito acumulado com aqueles do Projecto STE foram
avaliados.

O único efeito acumulado relevante será o efeito sinergístico de perda e degradação de habitar
natural devido à expansão das áreas urbanas, e à agricultura e exploração de recursos naturais, já
que o estabelecimento do RoW irá permitir o acesso da população a áreas de matas que de
momento são de difícil acesso (não existindo estradas para estas grandes áreas de matas e não
fragmentado). Tal aplica-se na parte norte do alinhamento do Projecto STE, entre Chibuto e
Vilanculos. Neste caso, como o Projecto STE permite e potencia a expansão da população, o
efeito acumulado é significativo, em particular a longo prazo.

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Plano de Gestão Ambiental e Social

A gestão ambiental de uma actividade proposta é um instrumento crucial para assegurar qualquer
desempenho ambiental de um projecto. Este PGAS tem por objectivo estabelecer as directrizes
para a melhor prática de gestão ambiental do Projecto STE, através da clara definição das acções
ambientais e procedimentos de gestão a serem implementados em cada fase do desenvolvimento
do projecto, como definido pelo EIA.

O PGAS tem por objectivo definir e estruturar as medidas a serem implementadas de forma a
mitigar ou melhorar os potenciais impactos do Projecto. Para cada medida, são apresentadas
responsabilidades. O plano de gestão ambiental também inclui programas de gestão específicos,
nomeadamente:

 Programa de Gestão da Qualidade do Ar;


 Programa de Gestão dos Recursos Aquáticos;
 Programa de Gestão de Resíduos;
 Programa de Monitorização de Biodiversidade; e
 Plano de Comunicação.

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ÍNDICE GERAL

SUMÁRIO NÃO-TÉCNICO ............................................................................................................... IV

1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................1

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ......................................................................................................1

1.2 PROPONENTE DO PROJECTO ..................................................................................................2

1.3 CONSULTOR AMBIENTAL ........................................................................................................2

1.4 OBJECTIVO DO RELATÓRIO.....................................................................................................3

1.5 ESTRUTURA DO RELATÓRIO ...................................................................................................4

2 ENQUADRAMENTO LEGAL E ADMINISTRATIVO ....................................................................5

2.1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................................5

2.2 QUADRO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ............................................................................5

2.2.1 Estratégia Nacional de Desenvolvimento (2015-2035) .............................................. 5

2.2.2 Plano Quinquenal do Governo (2015-2019) .............................................................. 6

2.2.3 Plano Económico e Social para 2018 ........................................................................ 7

2.2.4 Estratégia do Sector de Energia ................................................................................ 7

2.3 QUADRO INSTITUCIONAL ........................................................................................................8

2.3.1 Sector de Energia ....................................................................................................... 8

2.3.2 Autoridades Ambientais.............................................................................................. 8

2.4 QUADRO LEGISLATIVO ...........................................................................................................9

2.5 CONVENÇÕES INTERNACIONAIS RELEVANTES .......................................................................16

2.5.1 Convenções Internacionais de Energia .................................................................... 16

2.5.2 Convenções Ambientais e Sociais Internacionais ................................................... 17

2.6 DIRECTRIZES E POLÍTICAS INTERNACIONAIS ..........................................................................19

2.6.1 Politicas Operacionais de Salvaguarda do Banco Mundial ...................................... 20

2.6.2 Padrões de Desempenho (PD) do IFC .................................................................... 21

2.6.3 Directrizes de Ambiente, Saúde e Segurança do Banco Mundial/IFC .................... 22

2.6.4 Princípios do Equador .............................................................................................. 22

2.6.5 Directrizes do Grupo de Energia da África Austral .................................................. 23

3 ABORDAGEM E METODOLOGIA DE AIAS ..............................................................................24

3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ....................................................................................................24

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3.2 VISÃO GERAL DO PROCESSO DE AIAS .................................................................................24

3.3 FASE 1: INSTRUÇÃO DO PROCESSO ......................................................................................27

3.4 FASE 2: EPDA ....................................................................................................................27

3.4.1 Objectivos do EPDA ................................................................................................. 27

3.5 FASE 3: EIA ........................................................................................................................28

3.5.1 Objectivos do EIA ..................................................................................................... 28

3.5.2 Relatório EIA ............................................................................................................ 29

3.5.3 Estudos de Especialistas ......................................................................................... 29

3.5.4 Plano de Gestão Ambiental e Social ........................................................................ 29

3.5.5 Processo de Participação Pública do EIA ................................................................ 30

3.5.6 Submissão do EIA ao MITADER .............................................................................. 30

4 DESCRIÇÃO DO PROJECTO ...................................................................................................32

4.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................32

4.2 VISÃO GERAL DO PROJECTO ................................................................................................32

4.2.1 Objectivo e Justificação ............................................................................................ 32

4.2.2 Localização do Projecto ........................................................................................... 34

4.2.3 Alternativas de Projecto............................................................................................ 34

4.3 DESCRIÇÃO DO PROJECTO ...................................................................................................38

4.3.1 Componentes Principais do Projecto ....................................................................... 38

4.3.2 Descrição das Componentes de Projecto ................................................................ 38

4.3.3 Fase de Construção ................................................................................................. 45

4.3.4 Fase de Operação .................................................................................................... 47

4.3.5 Fase de Desactivação .............................................................................................. 49

4.3.6 Valor de Investimento ............................................................................................... 49

4.4 CALENDÁRIO DO PROJECTO .................................................................................................49

5 ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO PROJECTO ................................................................................50

5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ....................................................................................................50

5.2 ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRECTA (AID) ....................................................................................50

5.3 ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRECTA (AII) ...................................................................................51

6 CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA ...........................................................53

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6.1 AMBIENTE FÍSICO.................................................................................................................53

6.1.1 Clima......................................................................................................................... 53

6.1.2 Qualidade do Ar ........................................................................................................ 60

6.1.3 Ruído ........................................................................................................................ 71

6.1.4 Geologia e Geomorfologia ....................................................................................... 75

6.1.5 Solos ......................................................................................................................... 84

6.1.6 Recursos Hídricos .................................................................................................... 94

6.1.7 Paisagem ................................................................................................................ 105

6.2 AMBIENTE BIÓTICO ............................................................................................................113

6.2.1 Metodologia ............................................................................................................ 113

6.2.2 Flora e Vegetação .................................................................................................. 116

6.2.3 Fauna...................................................................................................................... 129

6.2.4 Áreas de Conservação ........................................................................................... 136

6.2.5 Serviços de Ecossistema ....................................................................................... 140

6.2.6 Avaliação de Habitat Natural, Modificado e Crítico ................................................ 148

6.3 AMBIENTE SOCIOECONÓMICO.............................................................................................154

6.3.1 Abordagem e Metodologia ..................................................................................... 154

6.3.2 Divisão Administrativa ............................................................................................ 154

6.3.3 Organização Política .............................................................................................. 160

6.3.4 Demografia ............................................................................................................. 162

6.3.5 Património e Cultura ............................................................................................... 168

6.3.6 Educação ................................................................................................................ 171

6.3.7 Saúde ..................................................................................................................... 175

6.3.8 Serviços Básicos e Infra-estruturas ........................................................................ 179

6.3.9 Habitação ............................................................................................................... 183

6.3.10 Actividades Económicas......................................................................................... 186

REFERÊNCIAS ...............................................................................................................................195

LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 – Visão global do Processo de AIAS para projectos de Categoria A ..............................26

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Figura 4.1 – Localização Administrativa do Projecto ........................................................................35

Figura 4.2 – Localização da mancha de floresta miombo para a qual foi proposta um pequeno
realinhamento ....................................................................................................................................37

Figura 4.3 – Exemplo e esquema de torre de suspensão em V com espias ...................................39

Figura 4.4 – Exemplo e esquema de torre de suspensão autoportante típica .................................39

Figura 4.5 – Exemplo e esquema de torre de tensão autoportante..................................................40

Figura 4.6 – Sites of the Project’s proposed substations ..................................................................41

Figura 4.7 – Exemplo de uma subestação típica – actual subestação de Maputo em Boane .........42

Figura 4.8 – Exemplos de um transformador típico (esquerda) e edifícios de escritórios na


subestação (direita) ...........................................................................................................................42

Figura 5.1 – Áreas de Influência do Projecto ....................................................................................52

Figura 6.1 – Classificação climática de Moçambique de acordo com Köppen .................................54

Figura 6.2 – Temperaturas médias mensais .....................................................................................55

Figura 6.3 – Precipitação média mensal ...........................................................................................56

Figura 6.4 – Velocidade média do vento na região do Projecto (1968-2006) ..................................57

Figura 6.5 – Frequências de velocidades de vento para as estações meteorológicas de Maputo


(esquerda) e Vilanculos (direito) .......................................................................................................57

Figura 6.6 – Humidade relativa predominante na região do Projecto...............................................58

Figura 6.7 – Principais depressões tropicais no Oceano Índico na costa de Moçambique em 201659

Figura 6.8 – Emissões totais de Moçambique em 2000 ...................................................................62

Figura 6.9 – Distribuição da concentração de PM2.5 (µg/m 3) ..........................................................63

Figura 6.10 – Concentração de fundo de NO2 ao nível do solo .......................................................64

Figura 6.11 – Rede rodoviária existente ao longo do corredor de Projecto .....................................66

Figura 6.12 – Receptores sensíveis nas proximidades da proposta de subestação em Chibuto ....68

Figura 6.13 – Receptores sensíveis nas proximidades da extensão da subestação de Maputo .....69

Figura 6.14 – Locais povoados localizados na proximidade do Projecto STE Fase 1 .....................74

Figura 6.15 – Estruturas de Rift afectando a base da Bacia de Moçambique ..................................77

Figura 6.16 – Corte esquemático Oeste-Este da geologia da Bacia Costeira de Moçambique .......78

Figura 6.17 – Formações geológicas interceptadas pelo Projecto ...................................................79

Figura 6.18 – Principais formações geológicas ao longo do traçado de Projecto ............................81

Figura 6.19 – Epicentros de actividade sísmica em Moçambique ....................................................82

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Figura 6.20 – Mapa de risco sísmico em Moçambique.....................................................................83

Figura 6.21 – Unidades de solo interceptadas pelo Projecto ...........................................................85

Figura 6.22 – Adequação dos solos para irrigação ...........................................................................91

Figura 6.23 – Terras irrigadas (planície de inundação de Limpopo) atravessadas pelo Projecto ....92

Figura 6.24 – Mapa de risco de erosão ............................................................................................93

Figura 6.25 – Principais bacias hidrográficas atravessadas pelo Projecto proposto ........................95

Figura 6.26 – Bacia de Limpopo – atravessamentos do Rio Changane...........................................96

Figura 6.27 – Bacia de Limpopo – atravessamento do Rio Limpopo ...............................................96

Figura 6.28 – Bacia do Incomati........................................................................................................97

Figura 6.29 – Bacia internacional do Rio Limpopo ...........................................................................99

Figura 6.30 – Bacia internacional do Rio Incomáti..........................................................................103

Figura 6.31 – Uso do solo ao longo do traçado de Projecto ...........................................................107

Figura 6.32 – Perfil de elevação entre a SE de Vilanculos e a SE de Chibuto ..............................109

Figura 6.33 – Perfil de elevação entre a SE de Chibuto e a SE de Matalane ................................110

Figura 6.34 – Perfil de elevação entre a Subestação de Matalane e a Subestação de Maputo ....112

Figura 6.35 – Locais de amostragem de flora e fauna ...................................................................114

Figura 6.36 – Biomas na área de estudo ........................................................................................117

Figura 6.37 – Ecoregiões na área de estudo ..................................................................................119

Figura 6.38 – Famílias de flora mais representativas potencialmente presentes na área de estudo120

Figura 6.39 – Percentagem da área de estudo ocupada por cada unidade de vegetação ............123

Figura 6.40 – Número de espécies de mamífero de ocorrência potencial, por família ..................129

Figura 6.41 – Abrigos de morcego encontrados na área de estudo ...............................................130

Figura 6.42 – Número de espécies de anfíbios potenciais, por família ..........................................132

Figura 6.43 – Número de espécies de répteis potenciais, por família ............................................133

Figura 6.44 – Número de espécies de aves potenciais, para as famílias mais representativas ....134

Figura 6.45 – Áreas legalmente protegidas na região envolvente à área de Projecto ...................137

Figura 6.46 – Áreas importantes para a biodiversidade na região da área de estudo ...................139

Figura 6.47 – Modelo conceptual dos tipos de ligação referentes à estrutura, processos, serviços e
benefícios de ecossistema ..............................................................................................................140

Figura 6.48 – Mapeamento do habitat natural e modificado ...........................................................151

Figura 6.49 – Mapeamento de habitat crítico ..................................................................................153

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


xxiii
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Figura 6.50 – Traçado do Projecto na Província de Inhambane ....................................................155

Figura 6.51 – Traçado do Projecto na Província de Gaza ..............................................................157

Figura 6.52 – Traçado do Projecto na Província de Maputo ..........................................................159

Figura 6.53 – Hierarquia de Autoridade Distrital .............................................................................161

Figura 6.54 – Estrutura etária dos agregados que vivem dentro da RoW ......................................168

Figura 6.55 – Igrejas zione localizadas dentro da RoW do Projecto ..............................................171

Figura 6.56 – Cemitérios localizados dentro ou perto do RoW ......................................................172

Figura 6.57 – Nível de educação do chefe de agregado, por género.............................................175

Figura 6.58 – Infra-estruturas sociais perto da RoW do Projecto ...................................................178

Figura 6.59 – Principais fontes de água usada pela população residente dentro do RoW ............181

Figura 6.60 – Tamanho da habitação principal dos agregados dentro do RoW do Projecto .........186

Figura 6.61 – Rendimento do agregado dentro do RoW do projecto .............................................190

Figura 6.62 – Machambas localizadas dentro da RoW do Projecto ...............................................192

LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 – Contacto do Proponente ................................................................................................2

Tabela 1.2 – Contactos do Consultor Ambiental .................................................................................2

Tabela 1.3 – Membros da equipa AIAS responsáveis pelo Relatório EIA ..........................................2

Tabela 1.4 – Estrutura do Relatório Preliminar do EIA .......................................................................4

Tabela 2.1 – Principal legislação ambiental ......................................................................................11

Tabela 2.2 – Convenções internacionais relevantes ........................................................................17

Tabela 4.1 – Unidades administrativas atravessadas pelo Projecto STE Fase 1 (Vilanculos –
Maputo) .............................................................................................................................................34

Tabela 4.2 – Principais características técnicas da OHL ..................................................................38

Tabela 4.3 – Requisitos da área de ocupação e fundação da torre .................................................40

Tabela 4.4 – Resumo das características técnicas das novas subestações ....................................40

Tabela 4.5 – Normas para a desmatação dentro da faixa de servidão (RoW) da OHL ...................43

Tabela 4.6 – Fases típicas da construção das linhas aéreas ...........................................................45

Tabela 4.7 – Fases típicas da construção da subestação ................................................................46

Tabela 6.1 – Estrutura da caracterização da situação de referência do EIA ....................................53

Tabela 6.2 – Padrões nacionais de qualidade do ar ambiente .........................................................60


Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;
xxiv
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Tabela 6.3 – Normas internacionais da qualidade do ar ambiente ...................................................61

Tabela 6.4 – Concentrações de fundo médias na atmosfera a uma altitude inferior a 5 km............62

Tabela 6.5 – Directrizes de Ruído Ambiente da OMS ......................................................................71

Tabela 6.6 – Directrizes de ruído ambiente do BM/IFC ....................................................................72

Tabela 6.7 – Formações geológicas interceptadas pelo Projecto ....................................................80

Tabela 6.8 – Chave de classificação dos solos para a área de estudo (legenda das unidades de
solo) ...................................................................................................................................................84

Tabela 6.9 – Principais tipos de solo e suas características para as áreas aluviais e fluvio-marinhas
interceptadas pelo Projecto ...............................................................................................................86

Tabela 6.10 – Principais tipos de solo e características para as areias de superfície e dunas
interiores típicas interceptadas pelo Projecto ...................................................................................87

Tabela 6.11 – Principais tipos de solo e características dos sedimentos Mananga típicos
interceptados pelo Projecto ...............................................................................................................88

Tabela 6.12 – Principais tipos de solo e características dos afloramentos de rochas sedimentares
do Karoo, Cretácico ou Terciário e sedimentos Pós-Mananga interceptadas pelo Projecto ...........89

Tabela 6.13 – Bacias hidrográficas atravessadas pelo Projecto ......................................................97

Tabela 6.14 – Espécies de flora exóticas potenciais e confirmadas na área de estudo ................121

Tabela 6.15 – Área ocupada por cada unidade de vegetação na área de estudo, no corredor da
linha de transporte e em cada subestação (hectares) ....................................................................124

Tabela 6.16 – Conflito homem - fauna bravia nas três províncias incluídas na área de estudo ....136

Tabela 6.17 – Avaliação geral da importância relativa de cada unidade de vegetação para os SE
de suporte........................................................................................................................................141

Tabela 6.18 – Avaliação geral da importância relativa de cada unidade de vegetação para os SE
de aprovisionamento .......................................................................................................................142

Tabela 6.19 – Avaliação geral da importância relativa de cada unidade de vegetação para os SE
de regulação (prevenção e habitats) ...............................................................................................146

Tabela 6.20 – Avaliação geral da importância relativa de cada unidade de vegetação para os SE
de regulação (ciclos e depuração) ..................................................................................................147

Tabela 6.21 – Avaliação geral da importância relativa de cada unidade de vegetação para os SE
culturais ...........................................................................................................................................148

Tabela 6.22 – Descrição dos escalões para cada critério do PS6 da IFC (IFC, 2012b) ................149

Tabela 6.23 – Divisão administrativa da Província de Inhambane .................................................154

Tabela 6.24 – Divisão administrativa da Província de Gaza ..........................................................156

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


xxv
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Tabela 6.25 – Divisão administrativa da Província de Maputo .......................................................158

Tabela 6.26 – Estrutura das autoridades administrativas e tradicionais.........................................160

Tabela 6.27 – População projectada para províncias e distritos de interesse em 2016 ................162

Tabela 6.28 – Estrutura etária nas províncias de Inhambane, Gaza e Maputo .............................163

Tabela 6.29 – Número de agregados entrevistados dentro da RoW, por província, distrito, posto
administrativo e localidade ..............................................................................................................164

Tabela 6.30 – Principais línguas faladas nas províncias e distritos de interesse ...........................169

Tabela 6.31 – Religiões principais praticadas nas províncias de interesse ...................................169

Tabela 6.32 – Instituições de ensino nas províncias e distritos de interesse .................................173

Tabela 6.33 – Escolas secundárias frequentadas pelas pessoas vivendo dentro da RoW ...........174

Tabela 6.34 – Nível de educação das pessoas a viver dentro da RoW .........................................174

Tabela 6.35 – Unidades de saúde usadas pela população residente dentro da RoW ...................177

Tabela 6.36 – Serviços básicos nas Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo em 2007 ...........179

Tabela 6.37 – Rede rodoviária das Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo ............................180

Tabela 6.38 – Principais materiais usados na construção de casas nas províncias de Inhambane,
Gaza e Maputo, em 2007 ................................................................................................................183

Tabela 6.39 – Materiais usados na construção da casa principal ..................................................184

Tabela 6.40 – Salário mínimo mensal, por sector...........................................................................186

Tabela 6.41 – Propriedades agrícolas nas Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo em 2007 .188

Tabela 6.42 – Bens duráveis dos agregados ..................................................................................190

Tabela 6.43 – Culturas agrícolas praticadas pelos agregados dentro da RoW do Projecto ..........191

Tabela 6.44 – Mercados usados pela população residente dentro da RoW ..................................193

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Fotografia 6.1 – Coberto vegetal na envolvente da SE de Vilanculos ............................................108

Fotografia 6.2 – Coberto vegetal nas proximidades da SE de Chibuto ..........................................110

Fotografia 6.3 – Coberto vegetal nas proximidades da SE de Matalane .......................................111

Fotografia 6.4 – Vários aspectos industriais, urbanos e residenciais perto da SE de Maputo .......112

Fotografia 6.5 – Aspectos da paisagem na SE de Maputo (Boane) ...............................................113

Fotografia 6.6 – Espécies exóticas de interesse como comida (mandioca e milho) e medicina (Aloe
marlothii marlothii) ...........................................................................................................................122

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


xxvi
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Fotografia 6.7 – Ricinus communis na área de estudo ...................................................................122

Fotografia 6.8 – Árvores cortadas e aneladas ................................................................................123

Fotografia 6.9 – Floresta de Miombo floresta na área de estudo ...................................................124

Fotografia 6.10 – Mata de miombo na área de estudo ...................................................................125

Fotografia 6.11 – Mata indiferenciada na área de estudo ..............................................................125

Fotografia 6.12 – Savana na área de estudo ..................................................................................126

Fotografia 6.13 – Matagal na área de estudo .................................................................................126

Fotografia 6.14 – Corpos de água na área de estudo ....................................................................127

Fotografia 6.15 – Principais rios da área de estudo........................................................................127

Fotografia 6.16 – Agricultura de subsistência na área de estudo ...................................................128

Fotografia 6.17 – Áreas de agricultura de regadio na área de estudo............................................128

Fotografia 6.18 – Zonas degradadas na área de estudo ................................................................129

Fotografia 6.19 – Abrigo01 ..............................................................................................................131

Fotografia 6.20 – Espécie de anfíbio Phrynobatrachus mababiensis (círculo vermelho) ...............132

Fotografia 6.21 – Víbora-dos-pântanos (esquerda) e Víbora-assopradora (direita), observadas


durante o trabalho de campo ..........................................................................................................133

Fotografia 6.22 – Cegonhas-de-bico-amarelo (Mycteria ibis) nas margens do Limpopo ...............134

Fotografia 6.23 – Lebre caçada para vender no Distrito de Panda ................................................143

Fotografia 6.24 – Massala (fruto da Strychnos spinosa).................................................................143

Fotografia 6.25 – Barco de pesca e conchas de amêijoas no Incomáti .........................................144

Fotografia 6.26 – Gado na área de estudo .....................................................................................144

Fotografia 6.27 – Hyphaene coriacea .............................................................................................145

Fotografia 6.28 – Lenha para fogo e madeira de construção à venda ...........................................145

Fotografia 6.29 – Chefes de família de alguns dos agregados entrevistados ao longo do traçado de
Projecto ...........................................................................................................................................165

Fotografia 6.30 – Casas principais de alguns dos agregados entrevistados ao longo do traçado de
Projecto ...........................................................................................................................................166

Fotografia 6.31 – Escola primária de Zilinga (esquerda) e escola primária de Nhambi (direita) ....173

Fotografia 6.32 – Centro de saúde de Tenga .................................................................................176

Fotografia 6.33 – Furo protegido (esquerda) e fontanário público (direita) ....................................181

Fotografia 6.34 – Tipo de saneamento nas casas dentro da RoW do Projecto .............................182

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Fotografia 6.35 – Infra-estruturas típicas encontradas num agregado. ..........................................184

Fotografia 6.36 – Casas em construção dentro da RoW do Projecto .............................................185

Fotografia 6.37 – Instalações industriais na Província de Maputo .................................................188

Fotografia 6.38 – Área agrícola dentro da RoW do Projecto ..........................................................193

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

LISTA DE ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS

AIAS Avaliação de Impacto Ambiental e Social

AID Área de Influência Directa

AII Área de Influência Indirecta

ANAC Administração Nacional das Áreas de Conservação

ANE Administração Nacional das Estradas

AoI Área de Influência

ARENE Autoridade Reguladora de Energia

AQUA Agência Nacional para o Controlo de Qualidade Ambiental

BM Banco Mundial

CFC Clorofluorocarbonos

CH4 Metano

CITES Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora

CMS Convenção sobre Espécies Migradoras

CO Monóxido de Carbono

CO2 Dióxido de Carbono

DINAB Direcção Nacional do Ambiente

DINOTER Direcção Nacional do Ordenamento Territorial e Reassentamento

DNE Direcção Nacional de Electricidade

DNG Direcção Nacional de Geologia

DPTADER Direcções Provinciais da Terra, Ambiente, e Desenvolvimento Rural

DUAT Direito de Uso e Aproveitamento da Terra

EAS Estudo Ambiental Simplificado

EDM Electricidade de Moçambique, E.P.

EHS Saúde e Segurança Ambiental

EHV Tensão Extra Alta

EIA Estudo de Impacto Ambiental

EP1 Educação Primária Fase 1

EP2 Educação Primária Fase 2

EPDA Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

ESG1 Educação Secundária Fase 1

ESG2 Educação Secundária Fase 2

FAO Organização de Alimentação e Agricultura

GdM Governo de Moçambique

GHG Gases de Estufa

GWP Potencial de Aquecimento Global

HVAC Corrente Alternada em Alta Tensão

HVDC Corrente Contínua em Alta Tensão

HWC Conflito Humanos-Vida Selvagem

IBA Importante Área de Aves

IFC Corporação Financeira Internacional

INE Instituto Nacional de Estatística

INIA Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária

INIR Instituto Nacional de Irrigação

IUCN União Internacional de Conservação da Natureza

MGtP Projecto da Central Termoeléctrica a Gás

MIREME Ministério dos Recursos Minerais e Energia

MITADER Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural

NO2 Dióxido de Azoto

NOX Óxidos de Azoto

NTS Sumário Não Técnico

O3 Ozono

OHL Linha de Transporte Aérea

OMS Organização Mundial de Saúde

PAP Pessoas Afectadas pelo Projecto

PD Padrão de Desempenho

PES Plano Económico e Social


PI&A’s Partes Interessadas e Afectadas

PGAS Plano de Gestão Ambiental e Social

PGAS Sistema de Gestão Ambiental e Social

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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

PM10 Material Particulado (com diâmetro inferior a 10 μm)

PM2.5 Material Particulado (com diâmetro inferior a 2.5 μm)

PNI Programa Nacional de Irrigação

PPP Processo de Participação Pública

Projecto Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de


STE Transporte de Energia

RoW Faixa de Servidão (Right-of-way)

SADC Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (Southern Africa


Development Coporation)

SAFARI Iniciativa Regional da África Austral para a Ciência (Southern African Regional
Science Initiative)

SAPP Grupo de Energia da África Austral (Southern African Power Pool)

SE Serviço de Ecossistema

SGK Supergrupo do Karoo

SO2 Dióxido de Enxofre

SREA Sistema do Rift da África Oriental

ToR Termos de Referência

TSP Partículas Suspensas Totais

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

1 Introdução
1.1 Considerações Gerais
A Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM) está a planear a implementação do Projecto de
Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia – o
Projecto STE. O Projecto STE é um grande projecto de transporte de energia, que irá ligar as
Províncias de Tete e Maputo, através de linhas de transmissão de muito alta tensão. Os objectivos
deste projecto são conectar e integrar as duas redes isoladas de transporte de energia
actualmente existentes em Moçambique e permitir a evacuação para a região Sul do excesso de
energia gerado na região Norte.

Devido à sua complexidade, a EDM pretende desenvolver o Projecto STE em fases. De momento,
a EDM propõe a implementação da Fase 1 do Projecto STE: Vilanculos – Maputo, que inclui a
construção de 561 km de linha de 400 kV ligando estas duas cidades, a construção de três novas
subestações (em Vilanculos, Chibuto e Matalane), e a expansão da subestação de Maputo.

De forma a obter a Licença Ambiental exigida pela Lei do Ambiente (Lei n.º 20/1997, de 1 de
Outubro) para o empreendimento descrito acima (daqui em adiante referido como o “Projecto”), a
EDM precisa de desenvolver um Processo de Avaliação do Impacto Ambiental e Social (AIAS). A
Consultec - Consultores Associados, Lda e WSP Environmental (Pty) Ltd foram contratadas pela
EDM para conduzir o Processo de AIAS em seu nome.

O Processo de AIAS foi iniciado através da submissão de um Relatório de Instrução do Processo


ao Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER) a 20 de Março de 2017,
para permitir a categorização do Projecto. Na sequência da pré-avaliação do MITADER, o Projecto
foi classificado como de Categoria A em 31 de Março de 2017 (carta ref.
570/MITADER/DINAB/GDN/183/17), exigindo assim um Processo de AIAS completo.

O passo seguinte no Processo de AIAS é a submissão de um Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental


e Definição do Âmbito (EPDA) ao MITADER. Os principais objectivos do EPDA são (i) identificar
potenciais falhas fatais associadas ao projecto proposto e (ii) definir o âmbito da avaliação
ambiental a ser conduzida na fase seguinte da AIAS - o Estudo de Impacto Ambiental (EIA).

O relatório do EPDA foi submetido ao MITADER a 8 de Junho de 2017. Após a avaliação do


MITADER, o relatório do EPDA foi aprovado em 15 de Setembro de 2017 (carta ref.
448/MITADER/GM/183/17). Após a aprovação do EPDA, o passo seguinte no processo AIAS é o
desenvolvimento do EIA, de acordo com os Termos de Referência aprovados.

O presente documento corresponde ao Relatório Preliminar do EIA, que foi compilado por forma a
apoiar as actividades do Processo de Participação Pública (PPP) da fase de EIA.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


1
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

1.2 Proponente do Projecto


O Proponente do Projecto é a Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM), uma empresa pública,
sob a tutela do Ministério dos Recursos Minerais e Energia, encarregada do estabelecimento e
operação do serviço público de produção, transmissão, distribuição e comercialização de
electricidade em Moçambique. Os detalhes de contacto do Proponente, relevantes para este
processo de AIAS, são apresentados abaixo.
Tabela 1.1 – Contacto do Proponente
Proponente do Projecto Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM)
Endereço Av. Zedequias Manganhela, n.º 267
Prédio Jat IV – 1st Floor
Maputo, Moçambique
Pessoa de Contacto Cirilo Fabião
Número de Contacto +258 21308946 Número de Fax +258 21431029
e-mail de Contacto Cirilo.Fabiao@edm.co.mz

1.3 Consultor Ambiental


O processo de AIAS está a ser conduzido por um consórcio consultor de AIAS, composto pelas
empresas Consultec - Consultores Associados, Lda e WSP Environmental (Pty) Ltd (o
Consultor). A Consultec é uma empresa moçambicana com sede em Maputo, registada como
Consultor Ambiental no MITADER (ver certificado no Anexo I). A WSP é uma empresa de
consultoria internacional, com sede no Canadá e com escritórios em todo o mundo. A Consultec é
o consultor principal e será o principal ponto de contacto para este processo de AIAS. Os detalhes
de contacto do Consultor são apresentados abaixo.
Tabela 1.2 – Contactos do Consultor Ambiental
Consultor Ambiental Consultec / WSP
Endereço Consultec WSP
Rua Tenente General Oswaldo Tazama, 169 South View, Bryanston Place
Maputo, Moçambique 199 Bryanston Drive
Bryanston, South Africa
Pessoa de Contacto Emanuel Viçoso
Número de Contacto + 258-21-491 555 Número de Fax + 258-21-491-578
E-mail do Contacto evicoso@consultec.co.mz

A tabela seguinte lista os membros da equipa de AIAS responsáveis pela elaboração deste
relatório, respectiva experiência e funções.
Tabela 1.3 – Membros da equipa AIAS responsáveis pelo Relatório EIA
Nome Função Formação e Experiência
Licenciatura em Biologia; Administrador na Consultec e
Tiago Dray Director do Projecto
Coordenador do Departamento do Ambiente
Licenciatura em Biologia. Mestrado em Avaliação de Impacto
Coordenador do Projecto (Consultec) e
Emanuel Viçoso Ambiental e Gestão Ambiental. 16 anos de experiência em
Especialista Ambiental Principal
consultoria ambiental.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


2
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Nome Função Formação e Experiência


Mestrado em Gestão Ambiental. 13 anos de experiência em
Ashlea Strong Coordenadora do Projecto (WSP)
consultoria ambiental.
Especialista Principal em
Mestrado em Sociologia. 30 anos de experiência como
Antoine Moreau Desenvolvimento Social /
consultor social.
Reassentamento
Licenciada em Desenvolvimento Rural, 3 anos de experiência
Hortência Rebelo Gestão do PPP
em actividades de gestão de PPPs.
Licenciatura em Geologia. 13 anos de experiência em
Susana Paisana Geologia e Solos
consultoria ambiental.
Licenciatura em Engenharia Ambiental. 10 anos de
Miguel Barra Qualidade do Ar e Ruído
experiência.
Licenciatura em Engenharia Ambiental. 10 anos de
Margarida André Recursos Hídricos
experiência.
Licenciatura em Biologia. Pós-graduação em Política de
Marta Henriques Paisagem Gestão Ambiental.12 anos de experiência em consultoria
ambiental.
Doutorando em Botânica. Mestrado em Desenvolvimento
Alice Massingue Flora e Vegetação Agrícola. Licenciatura em Biologia. 11 anos de experiência
em consultadoria ambiental.
Licenciatura em Biologia. Mestrado em Ecologia,
Bárbara Monteiro Fauna (Mamíferos) Biodiversidade e Gestão Ambiental. 9 anos de experiência em
consultadoria ambiental.
Licenciatura em Conservação da Natureza. 6 anos de
Robyn Kadis Fauna (Aves)
experiência em consultadoria ambiental.
Doutoramento em Biologia. Mestrado em Biodiversidade,
Duarte Gonçalves Fauna (Repteis e Anfíbios) Genética e Evolução. Licenciatura em Biologia. 8 anos de
experiência com amostragem de repteis e anfíbios em África.
Mestrado em Gestão e Política Social. 6 anos de experiência
Rafael Noronha Socioeconomia
em consultoria ambiental.

1.4 Objectivo do Relatório


O objectivo deste EIA é desenvolver e apresentar um corpo de informação relevante para apoiar o
processo de tomada de decisão da autoridade ambiental, referente à emissão da licença
ambiental para a actividade proposta. O Relatório do EIA deve incluir a seguinte informação, de
acordo com o Artigo 11 do Regulamento de AIA (Decreto n.º 54/2015, de 31 de Dezembro):

 Enquadramento legal da actividade proposta;


 Descrição da actividade proposta, considerando todas as fases do seu ciclo de vida;
 Descrição e comparação detalhada das alternativas de projecto, quando aplicável;
 Definição das áreas de influência da actividade;
 Descrição das condições ambientais e sociais de referência nessas áreas de influência;
 Identificação e avaliação dos impactos da actividade;
 Definição das necessárias medidas de mitigação, de forma a evitar, reduzir ou compensar
os impactos negativos e potenciar os impactos positivos; e
 Um Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS) para a actividade, incluindo programas
de monitorização, se relevantes.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


3
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

As principais tarefas desenvolvidas no EIA incluem assim a avaliação da situação de referência


das áreas de influência do projecto, através dos estudos de especialidade definidos nos ToR do
EPDA, a avaliação dos impactos do projecto, a definição das medidas de mitigação necessárias e
sua compilação num PGAS, incluindo acções de monitorização.

Além das tarefas descritas acima, a fase de EIA inclui ainda um PPP, de forma a proporcionar às
Partes Interessadas e Afectadas (PI&A) uma oportunidade para rever e comentar o projecto e o
EIA. Este Relatório Preliminar do EIA foi compilado para apoiar as actividades de consulta pública
desta fase. Os resultados do PPP do EIA serão depois integrados no Relatório Final do EIA, que
será submetido ao MITADER para revisão e aprovação.

1.5 Estrutura do Relatório


O Relatório do EIA está estruturado em quatro Volumes, cujo conteúdo se lista na Tabela 1.4.
Tabela 1.4 – Estrutura do Relatório Preliminar do EIA

Volume Capítulo Conteúdo

Introdução
Capítulo 1 Proporciona o contexto do Projecto proposto e do processo de AIAS, e apresenta informação sobre o
Proponente, a equipa de consultores de AIAS e os principais objectivos e estrutura do relatório.
Enquadramento Legal e Administrativo
Capítulo 2 Resume o enquadramento legal dentro do qual será desenvolvida a AIAS e identifica outra legislação,
normas e directrizes ambientais aplicáveis ao projecto.
Abordagem e Metodologia da AIAS
Capítulo 3
Volume I Apresenta a abordagem proposta e metodologia do processo de AIAS.
Descrição do Projecto
Capítulo 4
Apresenta a justificação e descrição do projecto.
Área de Influência
Capítulo 5
Define as áreas de influência directa e indirecta do projecto.
Situação de Referência
Capítulo 6 Apresenta a caracterização da situação de referência biofísica e socioeconómica das áreas de
influência do Projecto.
Avaliação de Impacto e Medidas Mitigadoras
Capítulo 7 Identifica e avalia os impactos potenciais do projecto (impactos biofísicos e socioeconómicos) e define
as medidas mitigadoras relevantes para evitar, reduzir, compensar e melhorar os impactos do Projecto
(se aplicável).
Processo de Participação Pública
Volume II
Capítulo 8 Apresenta um resumo das actividades de PPP desenvolvidas ao longo do processo de AIAS até ao
momento e descreve a abordagem proposta para as actividades PPP do EIA.
Conclusões e Recomendações
Capítulo 9 Apresenta as principais constatações do relatório do EIA, bem como as recomendações para as fases
seguintes do Projecto.
Plano de Gestão Ambiental e Social
Volume III –
PGAS Apresenta o PGAS do Projecto, organizando todos os requisitos de mitigação, gestão e monitorização definidos no EIA
em programas de gestão temáticas.
Volume IV Anexos
– Anexos Proporciona informação de apoio ao EUA, na forma de anexos.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

2 Enquadramento Legal e Administrativo


2.1 Introdução
O Processo de AIAS está a ser desenvolvido em cumprimento das exigências da legislação
Moçambicana e das normas internacionais aplicáveis. Este capítulo apresenta os quadros legais
de desenvolvimento e ambiente nacionais e internacionais aplicáveis ao Projecto proposto,
incluindo:

 Quadro Nacional de Desenvolvimento: planos de desenvolvimento nacional e estratégico


relevantes para o Projecto proposto (ver secção 2.2);
 Quadro Institucional: instituições governamentais e autoridades relevantes, com jurisdição
sobre o Projecto ou sobre aspectos ambientais relevantes (ver secção 2.3);
 Quadro Legislativo: diplomas legais relevantes para a avaliação ambiental do Projecto (ver
secção 2.4);
 Convenções Internacionais Relevantes (ver secção 2.5);
 Directrizes e Políticas Internacionais, incluindo as Políticas Operacionais do Banco
Mundial (BM), e os Padrões de Desempenho da Corporação Financeira Internacional
(IFC) (ver secção 2.6).

2.2 Quadro Nacional de Desenvolvimento


2.2.1 Estratégia Nacional de Desenvolvimento (2015-2035)
A Estratégia Nacional de Desenvolvimento (2015-2035), aprovada em Julho de 2014 (GdM, 2014),
define as principais estratégias do Governo de Moçambique (GdM) para atingir o objectivo de
“aumentar a qualidade de vida das pessoas através da transformação estrutural da economia e da
expansão e diversificação da base de produção”.

A Estratégia Nacional de Desenvolvimento acredita que a industrialização, fundada num modelo


inclusivo e de crescimento sustentável, é a forma principal para alcançar a visão de prosperidade
e competitividade para Moçambique. Para materializar a industrialização, a estratégia define
quatro principais pilares de desenvolvimento, nomeadamente:

 Desenvolvimento de capital de humano;


 Desenvolvimento de infra-estrutura;
 Investigação, inovação e desenvolvimento tecnológico; e
 Coordenação e articulação institucional.

Quanto ao desenvolvimento de infra-estrutura, a estratégia considera que é necessário um


investimento massivo no sector de infra-estrutura, e que tal é um factor determinante para o
crescimento económico. Como tal, a estratégia enumera a principal infra-estrutura que deve ser o
foco de investimento, incluindo:

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

 Logística, nomeadamente infra-estrutura de transporte e armazenamento (com foco no


armazenamento de produtos agrícolas, pesqueiros, minerais e hidrocarbonetos);
 Cabotagem marítima para transporte de carga a longa distâncias;
 Geração de energia, incluindo fontes de energia alternativa;
 Sistemas de fornecimento de gás natural;
 Gestão sustentável de recursos hídricos;
 Infra-estrutura social; e
 Infra-estrutura turística.

O Projecto sob avaliação propõe o desenvolvimento da primeira fase do Projecto STE, cujo
principal objectivo é ligar os sistemas de transmissão de electricidade do centro-norte e sul de
Moçambique. Esta ligação irá viabilizar o desenvolvimento de projectos de geração de energia de
grande escala com base em carvão, gás e hídrica, actualmente planeados para o Rio Zambeze e
outras fontes (com capacidade de produção total estimada de mais de 3 100 MW), dado que irá
estabelecer a infra-estrutura de transmissão de energia necessária para evacuar a energia gerada.

O Projecto STE é essencial para o desenvolvimento dos vastos recursos energéticos de


Moçambique, tanto para consumo e desenvolvimento doméstico como para exportação para
países vizinhos, e está inteiramente enquadrado com os objectivos estratégicos de
desenvolvimento de infra-estrutura, como definido pela Estratégia Nacional de Desenvolvimento
para o período de 2015-2035.

2.2.2 Plano Quinquenal do Governo (2015-2019)


O Plano Quinquenal do Governo para o actual período (2015-2019), aprovado em Fevereiro de
2015 (GdM, 2015), afirma que a melhoria da qualidade de vida do povo Moçambicano é o seu
principal objectivo, através da aumento da criação de emprego, produtividade e competitividade.
Para o alcançar, o plano quinquenal define áreas estratégicas de desenvolvimento nas quais o
GdM deve focar a sua acção, e nas quais o investimento privado e público deve ser incentivado.

O desenvolvimento de infra-estrutura é uma destas áreas estratégicas, para os quais o plano


quinquenal definiu um número de objectivos estratégicos, incluindo os seguintes relacionados com
a infra-estrutura de geração de energia: “para aumentar a qualidade de acessos a, e
disponibilidade de, electricidade, combustíveis líquidos e gás natural, para permitir o
desenvolvimento de actividades, consumo doméstico e exportação.”

O Projecto STE pretende integrar os sistemas de transmissão de electricidade do centro-norte e


sul de Moçambique, assim melhorando substancialmente a qualidade dos sistemas nacionais de
transmissão e distribuição de energia, permitindo o futuro desenvolvimento de novos projectos de
geração de energia e subsequentes aumentos de disponibilidade e qualidade de acesso a energia
eléctrica para os consumidores, tanto domésticos como industriais. Como tal, os objectivos do
Projecto proposto estão inteiramente alinhados com os objectivos estratégicos do Plano
Quinquenal do GdM (2015-2019).

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

2.2.3 Plano Económico e Social para 2018


O Plano Económico e Social (PES) para 2018 é um instrumento para a implementação dos
objectivos económicos e sociais definidos no Programa Quinquenal do Governo para 2015-2019.
Define objectivos para o crescimento económico, inflação, exportação, reservas líquidas
internacionais, produção de bens públicos, serviços de assistência social e finanças públicas.

O PES 2018 (aprovado pela Assembleia da República em 14 de Dezembro de 2017) inclui um


número de programas para o desenvolvimento humano, social e económico, que traduzem os
principais objectivos estratégicos do GdM. Quanto ao desenvolvimento económico, um dos
subprogramas refere-se ao desenvolvimento de infra-estrutura. Em termos do sector de energia, o
PES 2018 menciona um crescimento de 7,0% devido ao aumento de produção previsto para 2018
(decorrente de novos projectos de energia hidroeléctrica, gás e solar).

O PES 2018 também prevê um esforço continuado para expandir a infra-estrutura de transmissão
e distribuição de energia, incluindo a construção de novas subestações, e a electrificação de
quatro sedes distritais em Zambézia e Tete, a construção de 240 km de novas linhas de
transmissão de 110 kV, a conclusão da construção de uma nova central termoeléctrica a gás de
100 MW, em Maputo, e a construção duas centrais solares, em Mocuba e Metoro.

Embora o Projecto STE não seja especificamente referido no PES 2018, o mesmo está em linha
com o objectivo estratégico geral de desenvolvimento da infra-estrutura de energia de
Moçambique, reflectido no PES 2018.

2.2.4 Estratégia do Sector de Energia


A Estratégia do Sector de Energia foi aprovada pela Resolução n.º 10/2009, de 4 de Junho, e
estabelece directrizes para a implementação da Política de Energia (aprovada pela Resolução n.º
5/98, de 3 de Março).

Esta estratégia reconhece que a energia é um dos principais factores que contribui para o
crescimento económico nacional e a redução da pobreza, e acredita que Moçambique tem um
potencial significativo, em termos de recursos energéticos, suficiente para dar resposta à procura
nacional e regional, no contexto da África Austral.

A estratégia estabelece alguns princípios para o sector de energia, que incluem:

 Aumento sustentável do acesso a electricidade;


 Desenvolvimento sustentável e preservação do ambiente;
 Coordenação institucional e consulta com todas as partes interessadas;
 Exploração do mercado regional, permitindo grandes projectos energéticos; e
 Uso eficiente de energia.

O Projecto STE irá contribuir para o aumento de acesso a electricidade e irá permitir o
desenvolvimento de grandes projectos de geração de energia, estabelecendo a infra-estrutura
necessária para evacuar a energia gerada, assim como facilitando a exportação de energia para o

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

mercado regional. Como tal, o Projecto proposto está inteiramente alinhado com os objectivos da
Estratégia do Sector de Energia.

2.3 Quadro Institucional


2.3.1 Sector de Energia
O Ministério de Recursos Minerais e Energia (MIREME) foi criado pelo Decreto Presidencial n.º
1/2015, de 16 de Janeiro. As competências do Ministério são definidas na Resolução n.º 14/2015,
de 8 de Julho, e incluem, entre outras, a promoção do conhecimento dos recursos energéticos
nacionais, o seu desenvolvimento e utilização, e o desenvolvimento da produção de energia para
satisfazer as necessidades nacionais e aproveitar as oportunidades do mercado regional.

A Autoridade Reguladora de Energia (ARENE), foi recentemente criada pela Lei n.º 11/2017, de
8 de Setembro, substituindo o anterior Conselho Nacional de Electricidade. A ARENE possui
poderes de supervisão, regulamentação, fiscalização e de sanção sobre o sector de energia.

A Direcção Nacional de Electricidade (DNE), criada pelo Diploma Ministerial n.º 195/2005, de 14
de Setembro, é a entidade do Ministério da Energia responsável pela concepção, promoção,
avaliação, execução e monitorização das políticas do sector de electricidade. O licenciamento de
novas instalações eléctricas faz parte das competências da DNE, tal como definidas nos seus
estatutos orgânicos (Diploma Ministerial n.º 24/2010, de 29 de Janeiro).

A Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM) foi criada em 1977 (Decreto-Lei n.º 38/77, de 27 de
Agosto) como a entidade estatal responsável pelo serviço eléctrico. Foi transformada em empresa
pública em 1995 (Decreto n.º 27/95, de 17 de Julho), esperando-se assim que opere em termos
comerciais. A EDM está sob a tutela do MIREME e as suas responsabilidades são o
estabelecimento e a exploração do serviço público de produção, transmissão, distribuição e
comercialização de energia eléctrica em Moçambique, e como tal é a entidade gestora da rede
eléctrica nacional (Decreto n.º 43/2005, de 29 de Novembro).

2.3.2 Autoridades Ambientais


O Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER), criado pelo Decreto
Presidencial n.º 1/2015, de 16 de Janeiro, é a autoridade central que planeia, coordena, controla e
assegura a execução das políticas relacionadas com a gestão da terra, florestas, ambiente, áreas
de conservação e gestão da fauna bravia, e desenvolvimento rural. O Decreto Presidencial n.º
13/2015, de 16 de Março, define o papel e âmbito de intervenção do MITADER, enquanto a
Resolução n.º 6/2015 de 26 de Junho aprova os seus estatutos. O MITADER está organizado em
diferentes áreas de actividade, através de direcções nacionais, das quais as seguintes são
relevantes para o processo de AIAS:

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

 Direcção Nacional do Ambiente (DINAB) – cujas funções incluem a proposta de políticas e


regulamentos ambientais, a promoção do desenvolvimento sustentável, o controlo e
protecção da qualidade ambiental e a monitorização dos processos de AIAS;
 Direcção Nacional de Ordenamento Territorial e Reassentamento (DINOTER) – cujas
funções incluem o estabelecimento de regras, regulamentos e directrizes para o
planeamento territorial e reassentamento e a promoção e monitorização da execução dos
instrumentos de ordenamento territorial e processos de reassentamento;
 Inspecção Geral da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural – cujas funções incluem a
inspecção do cumprimento das leis, regras e regulamentos associados à terra, ambiente,
áreas de conservação e florestas, e fauna bravia.

O MITADER ainda inclui as Direcções Nacionais de Desenvolvimento Rural, Florestas e Terras.


Adicionalmente, o MITADER supervisiona as seguintes instituições: Administração Nacional de
Áreas de Conservação (ANAC), Agência Nacional de Controlo da Qualidade Ambiental (AQUA) e
o Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável.

A gestão das áreas de conservação é realizada pela ANAC. A gestão e monitorização da


qualidade ambiental, incluindo aspectos como o controlo de poluição, água, solos e qualidade do
ar, emissões de ruído e gestão de resíduos são funções atribuídas à AQUA.

Ao nível provincial, o MITADER é representado pelas Direcções Provinciais da Terra, Ambiente


e Desenvolvimento Rural (DPTADERs). Ao nível distrital, o MITADER é representado pelos
Serviços Distritais de Planeamento e Infra-estrutura.

Os processos de AIAS são monitorizados pelo MITADER através da DINAB a nível nacional, e
através das DPTADERs ao nível provincial.

2.4 Quadro Legislativo


A Constituição da República de Moçambique define o direito de todos os cidadãos a um ambiente
equilibrado e o dever de o proteger (Artigo 90). Adicionalmente, o Estado precisa de assegurar: (i)
a promoção de iniciativas que assegurem o equilíbrio ecológico e a preservação ambiental, e (ii) a
implementação de políticas para prevenir e controlar a polução e integrar preocupações
ambientais em todas as políticas sectoriais para garantir ao cidadão o direito a viver um ambiente
equilibrado suportado por desenvolvimento sustentável (Artigo 117).

O Projecto proposto deve cumprir os requisitos legais para o licenciamento ambiental, tendo em
consideração não só os regulamentos específicos à AIAS, mas também todos os regulamentos
ambientais aplicáveis (biofísicos e sociais) que possam ser relevantes ao Projecto ao longo do seu
ciclo de vida (construção, operação e desactivação). Os diplomas e regulamentos ambientais
relevantes para a AIAS do Projecto proposto incluem:

 Política Nacional do Ambiente, Resolução n.º 5/95, de 6 de Dezembro;


 Lei do Ambiente, Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro;

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

 Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental, Decreto n.º 54/2015,


de 31 de Dezembro;
 Regulamento do Processo de Auditoria Ambiental, Decreto n.º 25/2011, de 15 de Junho;
 Regulamento do Processo de Inspecção Ambiental, Decreto n.º 11/2006, de 15 de Junho;
 Directrizes Gerais para a preparação de Estudos de Impacto Ambiental, Diploma
Ministerial n.º 129/2006, de 19 de Julho; e
 Directrizes Gerais para o Processo de Participação Pública (PPP) do Processo de AIAS,
Diploma Ministerial n.º 130/2006, de 19 de Julho.

Além da regulamentação específica para a AIAS, outra legislação que pode ser relevante,
considerando a natureza do Projecto e sua localização, incluindo:

 Lei da Água, Lei n.º 16/91;


 Regulamento para os Padrões de Qualidade Ambiental e Emissão de Efluentes, Decreto
n.º 18/2004, de 2 de Junho (emendado pelo Decreto n.º 67/2010, de 31 de Outubro);
 Regulamento para a Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos, Decreto n.º 94/2014, de 31
de Dezembro, e Regulamento para a Gestão de Resíduos Perigosos, Decreto n.º 83/2014,
de 31 de Dezembro;
 Política Nacional de Terras, Resolução n.º 10/95;
 Lei do Ordenamento do Território, Lei n.º 19/2007, e o seu Regulamento, Decreto n.º
23/2008, de 1 de Julho;
 Directiva sobre o Processo de Expropriação para efeitos de Ordenamento Territorial,
Diploma Ministerial n.º 181/2010;
 Regulamento sobre o Processo de Reassentamento Resultante de Actividades
Económicas, Decreto n.º 31/2012, de 8 de Agosto;
 Lei do Património Cultural, Lei n.º 10/88, de 22 de Dezembro;
 Lei do Trabalho, Lei n.º 23/2007, e regulamentos laborais, de saúde e segurança
ocupacional;
 Lei de Florestas e Fauna Bravia, Lei n.º 10/99, de 7 de Julho, e seu Regulamento, Decreto
n.º 12/2002, de 7 de Junho; e
 Lei n.º 16/2014, de 20 de Junho, que regula o Sistema Nacional de Áreas de
Conservação.

Como o empreendimento proposto é um projecto de linha de transmissão de energia, deve-se


também ter em conta o quadro legal relevante em vigor para o Sector de Energia, nomeadamente:

 Lei da Energia Eléctrica, Lei nº 21/97, de 1 de Outubro;


 Decreto n.º 8/2000, de 20 de Abril – estabelecendo procedimentos para a garantia de
concessões para a produção, transmissão, distribuição e venda de energia eléctrica;
 Decreto n.º 42/2005, de 29 de Novembro – estabelecendo regras para a rede nacional de
energia eléctrica;
 Decreto n.º 57/2011, de 11 de Novembro, que aprova o Regulamento de Segurança das
Linhas Eléctricas de Alta Tensão.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

A relevância e aplicabilidade destes diplomas para o Projecto são brevemente discutidos na


Tabela 2.1 abaixo. Note-se que um dado decreto pode ser relevante para diferentes temas, e.g., a
Lei do Ambiente pode ser considerada para a conservação da biodiversidade e para a gestão de
resíduos.
Tabela 2.1 – Principal legislação ambiental
Legislação Descrição Relevância
AVALIAÇÃO AMBIENTAL
Estabelece a base de toda a legislação ambiental. De acordo com o
Artigo 2.1, o objectivo principal desta política é garantir o
O Projecto deve almejar atingir os
desenvolvimento sustentável a fim de manter um equilíbrio aceitável
Resolução n.º objectivos da política, integrando
entre o desenvolvimento socioeconómico e a protecção ambiental.
5/95 – Política considerações ambientais no desenho
Para alcançar o objectivo acima mencionado, esta política deve
Nacional do de engenharia, de modo a minimizar
garantir, entre outras exigências, a integração das considerações
Ambiente os impactos nos recursos naturais e
ambientais no planeamento socioeconómico, a gestão dos recursos
nos ecossistemas.
naturais do país e a protecção dos ecossistemas e dos processos
ecológicos essenciais.
Define a base jurídica para a boa utilização e gestão do ambiente O Projecto deve considerar o princípio
Lei n.º 20/97 – Lei para o desenvolvimento sustentável do país. A Lei do Ambiente de desenvolvimento sustentável,
do Ambiente aplica-se a todas as actividades públicas e privadas que, directa ou definido pela Lei do Ambiente, ao
indirectamente, afectam o meio ambiente. longo de todo o seu ciclo de vida.
Estabelece o processo de AIAS como um dos instrumentos
fundamentais para a gestão ambiental, visando a mitigação dos O Projecto deve ser submetido a um
Decreto n.º impactos negativos dos projectos dos sectores público e privado processo formal de AIAS, de acordo
54/2015 - sobre o ambiente natural e socioeconómico, através da realização com este regulamento. Uma licença
Regulamento de estudos ambientais antes do início do projecto. Define o processo ambiental deve ser obtida do
sobre o Processo de AIAS, os estudos ambientais necessários, o PPP, processo de MITADER, e a emissão desta licença
de Avaliação de revisão dos estudos, processo de decisão sobre a viabilidade precede qualquer outra licença ou
Impacto Ambiental ambiental e emissão de licença ambiental. Aplica-se a todas as autorização necessária para o
actividades públicas ou privadas com influência directa ou indirecta Projecto.
no ambiente.
Define a auditoria ambiental como um instrumento objectivo e
Decreto n.º Durante o tempo de vida do Projecto, o
documentado para a gestão e avaliação sistemática do sistema de
25/2011 – Proponente deverá conduzir auditorias
gestão e documentação implementado para assegurar a protecção
Regulamento para ambientais anuais independentes, sem
do ambiente. O seu objectivo é avaliar o cumprimento dos processos
o Processo de prejuízo de eventuais auditorias
operacionais e de trabalho com o plano de gestão ambiental,
Auditoria ambientais públicas, que possam ser
incluindo os requisitos ambientais legais em vigor, aprovados para
Ambiental solicitadas, ao abrigo deste decreto.
um determinado projecto.
Durante as fases de construção e
Decreto n.º operação do Projecto, o MITADER
11/2006 – Regulamenta a supervisão, controlo e verificação da conformidade poderá realizar inspecções, a fim de
Regulamento para do projecto com as normas de protecção do meio ambiente a nível verificar o cumprimento da legislação
as Inspecções nacional ambiental e do PGAS. O Proponente
Ambientais deverá colaborar e facilitar estas
inspecções.
Diploma
Ministerial n.º
Fornece detalhes sobre os procedimentos para obtenção de licença
129/2006 - O relatório do EIA deve ser elaborado
ambiental, assim como o formato, estrutura geral e o conteúdo do
Directiva Geral de acordo com as especificações
relatório de EIA. Tem como objectivo padronizar os procedimentos
para a Elaboração descritas neste Diploma Ministerial.
seguidos por vários intervenientes chave no processo de AIAS.
de Estudos do
Impacto Ambiental
Diploma
Ministerial n.º Define os princípios básicos, metodologias e procedimentos para o O PPP do processo de AIAS deverá
130/2006 - PPP da AIAS. Considera a participação pública um processo ser desenvolvido de acordo com as
Directiva Geral interactivo que se inicia na fase de concepção e continua ao longo d especificações descritas neste Diploma
para o PPP da ciclo de vida do projecto. Ministerial.
AIAS

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Legislação Descrição Relevância


EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR
O Artigo 9º proíbe a descarga de quaisquer substâncias tóxicas para
Lei n.º 130/2006 –
a atmosfera, em excesso dos limites legais. Os padrões de emissão
Lei do Ambiente
são definidos pelo Decreto n.º 18/2004 (ver abaixo).
Decreto n.º
18/2004 (com a
O Projecto deve cumprir com os limites
redacção dada
de emissão de qualidade do ar,
pelo Decreto n.º
Estabelece parâmetros para a manutenção da qualidade do ar conforme definidos nestes
67/2010)
(Artigo 7º), padrões de emissão de poluentes gasosos por tipo de regulamentos, de modo a não
Regulamento
indústria (Artigo 8º) e padrões de emissão de poluentes gasosos de prejudicar o ambiente.
sobre Padrões de
fontes móveis (Artigo 9º), incluindo veículos ligeiros e pesados.
Qualidade
Ambiental e de
Emissão de
Efluentes
RECURSOS HÍDRICOS E QUALIDADE DA ÁGUA
Esta lei é baseada no princípio do uso da água pública, a gestão da
água com base em bacias hidrográficas e o princípio do utilizador- Caso o Projecto necessite de captar
pagador e poluidor-pagador. Pretende assegurar o equilíbrio água de corpos de água naturais (e.g.,
ecológico e ambiental. A utilização das águas requer ou uma para a produção de betão), será
concessão (usos permanentes ou de longo prazo) ou uma licença necessário a obtenção de uma licença
Lei n.º 16/91 – Lei (usos de curto prazo). As licenças são válidas por períodos da autoridade competente
de Águas renováveis de 5 anos, enquanto as concessões são válidas para (Administração Regional de Águas).
períodos renováveis de 50 anos. O Artigo 54º define que qualquer Caso o Projecto necessite de libertar
actividade com o potencial de contaminar ou degradar as águas efluentes para massas de água (como
públicas, em particular a descarga de efluentes, está sujeita a uma por exemplo nos estaleiros), deverá
autorização especial a ser emitida pela Administração Regional das ser obtida uma licença para o efeito.
Águas e ao pagamento de uma taxa.
Decreto n.º
18/2004 –
Determina que quando os efluentes industriais são descarregados
Regulamento O Projecto deve respeitar os limites de
no meio ambiente, os efluentes finais descarregados têm que
sobre Padrões de emissão de efluentes estabelecidos
cumprir com os limites de emissão estabelecidos no Anexo III. As
Qualidade neste regulamento, de modo a não
descargas de efluentes domésticos têm que cumprir com os limites
Ambiental e de prejudicar o meio ambiente.
estabelecidos no Anexo IV.
Emissão de
Efluentes
POLUIÇÃO E GESTÃO DE RESÍDUOS
Proíbe a produção e deposição de quaisquer substâncias tóxicas ou
O Projecto deve incluir medidas para
poluentes em solos, subsolos, água ou atmosfera, assim como
evitar a poluição ao longo do seu ciclo
Lei n.º 20/97 – Lei proíbe quaisquer actividades que possam acelerar a erosão,
de vida. Qualquer projecto deve estar
do Ambiente desertificação, desflorestação ou qualquer outra forma de
em conformidade com as exigências
degradação ambiental, para além dos limites estabelecidos por lei
descritas neste regulamento.
(Artigo 9).
Estabelece o quadro legal para a gestão de resíduos sólidos
Decreto n.º urbanos. O objectivo chave é estabelecer regras para a produção,
colheita e eliminação de resíduos sólidos urbanos, por forma a Qualquer projecto deve implementar
94/2014 -
minimizar os seus impactos na saúde pública e ambiente. Os práticas adequadas de gestão de
Regulamento para
resíduos sólidos são classificados de acordo com a Norma resíduos durante o seu ciclo de vida. O
a Gestão de
Moçambicana NM339 – Resíduos Sólidos – Classificação. Projecto deve cumprir os requisitos
Resíduos Sólidos
delineados neste regulamento.
Urbanos A gestão de resíduos é da responsabilidade dos Conselhos
Municipais e Governos Distritais, nas suas respectivas jurisdições.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Legislação Descrição Relevância


Estabelece o quadro legal para a gestão de resíduos perigosos. O
objectivo chave é estabelecer regras para a produção, colheita e
Decreto n.º eliminação de resíduos perigosos, por forma a minimizar os seus
impactos na saúde pública e ambiente. O Anexo IX deste decreto Qualquer projecto deve implementar
83/2014 -
providencia classificações de resíduos. práticas adequadas de gestão de
Regulamento para
resíduos durante o seu ciclo de vida. O
a Gestão de O MITADER é a entidade competente para gerir resíduos perigosos, Projecto deve cumprir os requisitos
Resíduos nomeadamente licenciando unidades de gestão de resíduos. Apenas delineados neste regulamento.
Perigosos entidades registadas e licenciadas pelo MITADER podem recolher e
transportar resíduos perigosos para fora do limite das instalações
onde são produzidos.
ENERGIA ELÉCTRICA
O Artigo 9 estabelece que a transmissão de energia eléctrica, tanto
por entidades privadas ou públicas, requer a emissão de uma
Lei nº. 21/97 – Lei concessão para o efeito. O Artigo 14º estabelece que a gestão da
de Electricidade rede nacional de transmissão de energia é atribuída a uma entidade
pública e que o capital privado pode participar no desenvolvimento A EDM foi designada como a entidade
da rede nacional de transmissão de energia. gestora da rede nacional de
Decreto n.º transmissão de energia, em
42/2005 - conformidade com o Decreto 42/2005.
O Artigo 3 enfatiza que a construção e operação de infra-estrutura
Regulamento que
de transporte de energia requerem a emissão de uma concessão,
estabelece as
conforme exigido pela Lei nº 21/97.
regras para a rede
eléctrica nacional
De acordo com este decreto, a largura
da RoW da linha deveria ser de 50 m
Decreto n.º Este decreto estabelece várias normas e directrizes para o
(25 m para cada lado da linha). No
57/2011 - desenvolvimento de projectos de linhas eléctricas, de modo a
entanto, isto contradiz a Lei de Terras,
Regulamento de assegurar a sua segurança. O Artigo 28 (ponto 2) estabelece que, de
que estabelece uma largura de 100 m
Segurança das modo a assegurar uma operação segura de linhas de alta tensão, a
para a RoW (50 m para cada lado).
Linhas Eléctricas zona de protecção (RoW) deverá ter uma largura máxima de 30 m,
Como tal, foi adoptada uma RoW com
de Alta Tensão para linhas abaixo de 66 kV, e 50 m para linhas acima de 66 kV.
100 m, em cumprimento da Lei de
Terras.
DIREITOS SOBRE O USO DA TERRA E REASSENTAMENTO
Estabelece que o Estado deve providenciar terra para que cada O Projecto deve estar de acordo com
Resolução n.º
família construa ou possua a sua habitação e é responsável pelo os princípios da política, conforme os
10/95 – Política
planeamento do uso e ocupação física da terra, embora o sector regulamentos definidos nas leis que
Nacional da Terra
privado possa participar na elaboração de planos. implementam
Define os direitos ao uso da terra, incluindo detalhes sobre os A Lei de Terras e o seu regulamento
direitos consuetudinários e procedimentos para a aquisição e definem zonas de protecção total e
utilização do direito de uso e aproveitamento da terra (DUAT) pelas parcial, onde o uso da terra é restrito.
Lei nº. 19/1997 – comunidades e indivíduos. Esta lei reconhece e protege os direitos De acordo com este regulamento, a
Lei de Terras adquiridos por herança e ocupação (direitos consuetudinários e faixa de 50 m para cada lado de uma
deveres de boa fé), excepto para reservas legalmente definidas ou linha de transmissão é constituída
áreas onde a terra foi legalmente transferida para outra pessoa ou como uma zona de protecção parcial
instituição. (a RoW da linha). A aprovação de

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


13
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Legislação Descrição Relevância


projectos de linhas de transmissão
pelo Conselho de Ministros ou pelas
autoridades competentes relevantes
implica a criação automática das
respectivas zonas de protecção
parcial.
A criação desta zona de protecção
parcial irá extinguir os DUATs
existentes ao longo da RoW, e impedir
Define zonas de protecção total, separadas para a conservação da a emissão de novos DUATs. Isto cria a
natureza e protecção do Estado, bem como zonas de protecção necessidade de compensar os bens
parcial, onde não podem ser emitidos DUATs e onde as actividades existentes e reassentar as
não podem ser implementadas sem uma licença. As zonas de comunidades existentes dentro da
Decreto n.º 66/98
protecção parcial incluem, entre outras, uma faixa de 50 m ao longo RoW.
– Regulamento da
de lagos e rios, uma faixa de 100 m ao longo da linha costeira e
Lei das Terras Alguns usos poderão continuar a ser
estuários, 50 m ao longo de condutas / cabos aéreos, de superfície
ou subterrâneos para electricidade, telecomunicações, petróleo, gás permitidos dentro da RoW (como o
e água, corredor de 30 m envolvente a estradas primárias e15 m cultivo de culturas anuais), mas terão
envolvente às estradas secundárias e terciárias. de ser implementadas garantias legais
e outras medidas para proteger os
direitos das pessoas afectadas que
optarem por continuar a praticar
actividades permitidas dentro da RoW,
onde tal for tecnicamente viável e
permitido pela EDM. Estas situações
serão resolvidas através do Plano de
Reassentamento ou de outros
instrumentos específicos.
Caso o Projecto resulte em
reassentamento físico ou económico
este regulamento é aplicável e será
Decreto n.º necessário desenvolver um Plano de
31/2012 – Reassentamento. Qualquer
Define as regras e princípios de referência a serem seguidos em
Regulamento do deslocação económica (tais como
processos de reassentamento resultantes da implementação de
Processo de perdas de machambas ou outros bens)
actividades económicas públicas e privadas. O Art.º 15 define que o
Reassentamento deverá ser também avaliada no EIA e,
Plano de Reassentamento é parte do processo de AIAS e que a sua
resultante de no caso de ocorrer, ser devidamente
aprovação precede a emissão da licença ambiental.
Actividades compensada, em conformidade com a
Económicas Lei da Terra. De notar que no caso de
projectos de electricidade, os
procedimentos de expropriação
poderão ser aplicáveis (ver abaixo).
O Artigo 29 estabelece que a emissão de concessão para projectos
de fornecimento de energia implica a autorização de acesso e uso
de terras, após o pagamento da devida compensação, de acordo
com a Lei de Terras e seu Regulamento. O Artigo 30 estabelece que De acordo com este Decreto, os
quando a transmissão de electricidade implica o uso de direitos de procedimentos de expropriação
Decreto nº 21/97 -
terra ou terra, a emissão da concessão é precedida de expropriação (conforme definidos no regulamento de
Lei de Energia
e pagamento de compensação adequada. O artigo 30 também ordenamento do território - ver abaixo)
Eléctrica
estabelece que os procedimentos de expropriação só devem ser poderão ser aplicáveis a projectos de
seguidos depois de o concessionário tentar obter o DUAT através transmissão de energia.
dos procedimentos normais, i.e., por meio de um acordo com os
actuais detentores desse direito. A expropriação exige a emissão de
uma declaração de interesse público, pelo Conselho de Ministros.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


14
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Legislação Descrição Relevância


Se para a implementação do Projecto
Define as bases gerais para o ordenamento do território nacional,
for necessária a expropriação de
para garantir o uso racional e sustentável dos recursos naturais, do
Decreto n.º direitos de uso da terra, os requisitos
potencial regional, dos centros urbanos e infra-estruturas e para
23/2008 – deste regulamento devem ser
promover a coesão nacional e a segurança da população. Os artigos
Regulamento de cumpridos. A expropriação requer a
68 a 71 lidam com os procedimentos para a expropriação da
Ordenamento do emissão de uma declaração de
propriedade privada por razões de interesse público nacional. O
Território interesse público para o Projecto,
artigo 70 estabelece que a expropriação deve ser precedida de uma
conforme definido na Lei de Energia
justa compensação.
Eléctrica.
Diploma
Ministerial n.º
181/2010 – Estabelece procedimentos para os processos de expropriação para Caso seja necessária a expropriação
Directiva sobre o fins de ordenamento territorial, incluindo os procedimentos para a da terra ou dos direitos de uso da terra
Processo de emissão da declaração de interesse público, para as compensações da área do Projecto, os procedimentos
Expropriação para por expropriação (incluindo os métodos de cálculo) e para o para tal deverão cumprir com os
efeitos de processo de expropriação em si. requisitos definidos nesta directiva.
Ordenamento
Territorial
PATRIMÓNIO CULTURAL
Tem como objectivo proteger o património cultural material ou não-
A presença potencial de património
material. O património cultural é definido nesta lei como o “conjunto
cultural na área do Projecto deve ser
de bens materiais e imateriais criados ou integrados pelo Povo
avaliada no EIA. Durante a construção
moçambicano ao longo da história, com relevância para a definição
Lei n.º 10/88 – Lei do Projecto poderão também ser
da identidade cultural moçambicana.” Os bens culturais materiais
do Património encontrados objectos arqueológicos.
incluem: monumentos, grupos de edifícios com relevância histórica,
Cultural Se tal suceder, o Proponente deverá
artística ou científica, lugares ou sítios (com interesse arqueológico,
comunicar imediatamente o achado à
histórico, estético, etnológico ou antropológico) e elementos naturais
instituição de património cultural
(formações físicas e biológicas com interesse particular sob um
relevante.
ponto de vista estético ou científico).
BIODIVERSIDADE
Os Artigos 12 e 13 definem que o planeamento, implementação e
operação de projectos deverão garantir a protecção dos recursos O Projecto deve considerar a
biológicos, em particular de espécies de flora e fauna ameaçadas de biodiversidade protegida e a presença
Lei n.º 20/97 – Lei
extinção ou que requeiram atenção especial, devido ao seu valor de potenciais valores relevantes de
do Ambiente
genético, ecológico, cultural ou científico. Este aspecto estende-se biodiversidade na área do Projecto
aos seus habitats, especialmente àqueles presentes em áreas de deverá ser avaliada na AIAS.
protecção ambiental.
Estabelece as regras e princípios base para a protecção,
conservação e uso sustentável dos recursos florestais e da fauna
Lei n.º 10/99 – Lei Nenhuma área de protecção, conforme
bravia. O Artigo 10 define as zonas de protecção, como áreas
das Florestas e definida por esta Lei, é interferida pelo
delimitadas do território, representativas do património natural
Fauna Bravia Projecto.
nacional, definidas devido à sua biodiversidade, ecossistemas
frágeis ou à conservação de espécies animais e vegetais.
Decreto n.º Aplica-se à protecção, conservação, uso, exploração e actividades
12/2002 – de produção de recursos de flora e fauna. Inclui o comércio, O Proponente deve notificar o
Regulamento da transporte, armazenamento e transformação primária artesanal e MITADER se uma espécie listada
Lei das Florestas industrial destes recursos. Inclui uma lista de espécies de fauna neste regulamento
e Fauna Bravia protegida no seu Anexo II, cuja caça é proibida.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Legislação Descrição Relevância


Esta lei estabelece os princípios e normas básicos para a protecção,
conservação, restauração e uso sustentável para o uso da
diversidade biológica em território nacional, em particular em áreas
Lei n.º 16/2014 de conservação.
(emendada pela O Artigo 16 define que todas as actividades que possam resultar em
Lei n.º 5/2017) – alterações ao coberto vegetal, ou que possam degradar a flora,
Lei da Protecção, fauna e os processos ecológicos até ao ponto de comprometerem a Nenhuma área de conservação,
Conservação e sua manutenção, são interditas dentro de parques naturais, excepto conforme definidas por este diploma, é
Uso Sustentável se necessárias por motivos científicos ou de gestão. interferida pelo Projecto proposto.
de Biodiversidade, O Artigo 11 do Regulamento estabelece que monumentos culturais e
e seu naturais devem ser conservados. Estes incluem áreas com um ou
Regulamento mais valores estéticos, geológicos, religiosos, históricos ou culturais
únicos que, dada a sua raridade, devem ser conservados.
Monumentos naturais podem incluir árvores de valor ecológico,
estético, histórico e cultural.
TRABALHO E SEGURANÇA
O Proponente deve fornecer aos seus
Esta lei aplica-se às relações jurídicas de trabalho subordinado
trabalhadores, boas condições físicas,
estabelecidas entre empregadores e trabalhadores nacionais e
Lei n.º 23/2007- o trabalho ambiental e moral, informá-
estrangeiros, de todas as indústrias, em actividade no país. O
Lei do Trabalho los sobre os riscos do seu trabalho e
capítulo VI fornece os princípios de segurança, higiene e saúde dos
instruí-los sobre o cumprimento
trabalhadores.
adequado das normas
É proibida a testagem de HIV/SIDA
aos trabalhadores, candidatos a
Esta lei estabelece os princípios gerais que visam assegurar que emprego, candidatos para avaliar o
todos os empregados e candidatos a emprego não sejam treinamento ou candidatos a
discriminados no local de trabalho ou quando se candidatam a promoção, a pedido dos
Lei n.º 5/2002 -
empregos, por estes serem suspeitos ou por terem HIV/SIDA. O empregadores, sem o consentimento
Lei de Protecção
artigo 8 estabelece que o trabalhador que se infecta com HIV/SIDA do trabalhador ou candidato a
dos
no local de trabalho, em conexão com a sua ocupação profissional, emprego. O proponente deverá treinar
Trabalhadores
além da compensação a que tem direito, têm garantia de assistência e reorientar todos os trabalhadores
com HIV/SIDA
médica adequada para aliviar seu estado de saúde, de acordo com a infectados com HIV/SIDA, que sejam
Lei do trabalho e demais legislação aplicável, custeados pelo capazes de cumprir os seus deveres
empregador. no trabalho, levando-a para um
emprego compatível com as suas
capacidades residuais.
Decreto n.º O presente regulamento estabelece as regras relativas às O Proponente deve cumprir com as
45/2009 – actividades de inspecção, no âmbito do controle da legalidade do exigências. No caso de uma
Regulamento trabalho. O ponto 2 do Artigo 4 prevê responsabilidades do inspecção, o proponente deve ajudar a
sobre Inspecção empregador em matéria de prevenção de riscos de saúde e fornecer todas as informações
Geral do Trabalho segurança profissional para o empregado. necessárias para os inspectores.

2.5 Convenções Internacionais Relevantes


2.5.1 Convenções Internacionais de Energia
Moçambique faz parte do Grupo de Energia da África Austral (SAPP), uma cooperação de
companhias nacionais de energia da África Austral, fundada em 1995 sob os auspícios da
Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). O SAPP é composto por doze
países membros da SADC representados pelas respectivas Companhias de Energia Eléctrica,
incluindo Moçambique, representado pela EDM.

Os membros do SAPP criaram uma rede de energia comum entre os seus países e um mercado
comum para a electricidade na região SADC. O SAPP tem por objectivo responder às
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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
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Fase 1: Vilanculos - Maputo

necessidades eléctricas dos seus países membro, assegurando que a sua produção é baseada
em recursos naturais renováveis sem efeitos não sustentáveis para o ambiente.

A Unidade Administrativa e Técnica do Sector de Energia da Comissão de Gestão Ambiental do


SAPP produziu várias directrizes para o sector de energia dos países membro. Estas directrizes
têm, como princípios orientadores, a adopção apropriada de política ambiental em
empreendimentos, transparências das práticas de licenciamento, distribuição justa de energia à
população e a luta contra a pobreza.

2.5.2 Convenções Ambientais e Sociais Internacionais


As convenções internacionais relevantes para o Projecto sob avaliação são proporcionadas na
Tabela 2.2 abaixo. Quando relevante, estas serão discutidas em mais detalhe nos capítulos
relevantes
Tabela 2.2 – Convenções internacionais relevantes

Convenção Descrição
BIODIVERSIDADE
O princípio fundamental desta Convenção consiste no compromisso por parte dos estados
envolvidos de adoptar medidas para garantir a preservação, utilização e desenvolvimento dos
Convenção Africana Sobre a
recursos do solo, da água, da flora e fauna, em conformidade com os princípios científicos e com
Conservação da Natureza e
o devido respeito para com os melhores interesses dos indivíduos. Em conformidade com a
dos Recursos Naturais, 1968
Resolução n.º 18/81, de 30 de Dezembro de 1981, a República de Moçambique acedeu à
Convenção Africana sobre a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.
Esta convenção é um tratado internacional juridicamente vinculativo com três objectivos principais:
Convenção das Nações Unidas a conservação da biodiversidade; uso sustentável da biodiversidade; e a partilha justa e equitativa
sobre a Diversidade Biológica, dos benefícios resultantes da utilização dos recursos genéticos. O seu objectivo geral é incentivar
1993 acções conducentes a um futuro sustentável. Moçambique ratificou esta convenção em 1994,
através da Resolução n.º 2/94.
Convenção sobre Zonas
Húmidas de Importância
Internacional, Especialmente
Conservação sustentável e utilização de zonas húmidas. Ratificado por Moçambique em 2003.
como Habitat de Aves
Aquáticas (Convenção de
Ramsar), 1971
Convenção sobre o Comércio Garante que o comércio internacional de exemplares de animais selvagens e plantas não
Internacional de Espécies constituía uma ameaça para a sua sobrevivência. Concede níveis variáveis de protecção para
Ameaçadas da Fauna Bravia e mais de 33 000 espécies de animais e plantas. Esta Convenção foi ratificada por Moçambique
Flora (CITES), 1973 através da Resolução n.º 20/1981.
Convenção sobre a
Conservação das Espécies Pretende fomentar medidas de protecção às espécies migradoras da fauna selvagem ao longo da
Migradoras Pertencentes à sua área de distribuição natural, numa estratégia de conservação da vida selvagem e dos habitats
Fauna Selvagem (Convenção numa escala global. Ratificado por Moçambique em 2008.
de Bona, CMS), 1979
Protocolo da SADC sobre
Conservação da Vida Assegurar a conservação e uso sustentável dos recursos faunísticos. Ratificado por Moçambique
Selvagem e a Aplicação da Lei, em 2002.
1999
PESCAS
Protocolo de Pesca da Moçambique ratificou o Protocolo da SADC sobre Pescas, através da Resolução n.º 39/2002, de
Comunidade de 30 de Abril, que visa promover a utilização responsável dos recursos aquáticos vivos e dos seus

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
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Convenção Descrição
Desenvolvimento da África ecossistemas. O Artigo 14 deste Protocolo refere-se à protecção do ambiente marinho e exige que
Austral (SADC) os estados membros apliquem o princípio da precaução para assegurar que actividades sob sua
jurisdição ou controle não causem impactos adversos importantes. Além disso, devem ser
aplicadas as medidas legislativas e administrativas necessárias para a prevenção da poluição das
águas causadas por actividades nas águas interiores, costeiras e marinhas.
RESÍDUOS / RESÍDUOS PERIGOSOS
Convenção de Basileia sobre o Esta Convenção regulamenta a importação, exportação e o movimento transfronteiriço de
Controlo dos Movimentos resíduos perigosos. A Convenção de Basileia foi substituída pela Convenção de Bamako (ver
Transfronteiriços de Resíduos abaixo). A República de Moçambique ratificou a Convenção de Basileia sobre o Controlo de
Perigosos e sua Remoção, Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e a sua Remoção, através da Resolução n.º
1989 18/96, de 26 de Novembro.
Convenção sobre a Proibição Durante a negociação da Convenção de Basileia, os estados africanos representados pela
da Importação para África e o Organização da Unidade Africana, adoptaram a Convenção de Bamako, acreditando que a
Controlo dos Movimentos Convenção de Basileia não era suficientemente rigorosa. A Convenção de Bamako proíbe
Transfronteiriços e Gestão de totalmente a importação de resíduos perigosos para África. A Convenção entrou em vigor no dia
Resíduos Perigosos em África, 22 de Abril de 1998. A República de Moçambique ratificou a Convenção de Bamako através da
Bamako, 1991 Resolução n.º 19/96, de 26 de Novembro.
QUALIDADE DO AR / ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
A CQNUAC é um tratado ambiental internacional, produzido com o objectivo de conseguir a
estabilização das concentrações de gases de estufa na atmosfera, a níveis suficientemente baixos
Convenção Quadro das para prevenir uma interferência antropogénica perigosa com o sistema climático. O Protocolo de
Nações Unidas sobre Quioto à CQNUAC, adoptado em Dezembro de 1997 pela maior parte das nações industrializadas
Mudanças Climáticas e algumas economias da Europa central em transição, estabelece um acordo jurídico relativo à
(CQNUAC) e Protocolo de redução das emissões de gases de estufa, entre 6% a 8% em média abaixo dos níveis de 1990, a
Quioto, 1992 e 1997 implementar entre os anos 2008 a 2012, definido como o primeiro prazo orçamentário para as
emissões. A CQNUAC foi ratificada através da Resolução n.º 2/94, de 24 de Agosto, a República
de Moçambique acedeu ao Protocolo de Quioto através da Resolução n.º 10/2004, de 28 de Julho.
Em conformidade com o Artigo 2.1 desta Convenção, as Partes signatárias assumiram a
Convenção de Viena para obrigação de tomar medidas adequadas para proteger a saúde humana e o meio ambiente contra
Protecção da Camada de efeitos negativos resultantes ou provavelmente resultantes das actividades humanas que alteram
Ozono, 1985, Londres 1990, ou são susceptíveis de alterar a camada de ozono. Em conformidade com a Resolução n.º 8/93,
Copenhaga 1992 de 8 de Dezembro, a República de Moçambique acedeu à Convenção de Viena para a Protecção
da Camada de Ozono assim como às Emendas de 1990 e 1992.
Protocolo de Montreal sobre as
Definida para controlar a produção das substâncias que deterioram o ozono de modo a reduzir a
Substâncias que deterioram a
sua abundância na atmosfera e assim proteger a frágil camada de ozono da Terra. Interdito o uso
Camada do Ozono (UNEP),
de clorofluorcarbonetos (CFC). Ratificado por Moçambique através da Resolução n.º 9/2009.
1987
PREVENÇÃO DE POLUIÇÃO
Convenção de Estocolmo Acção e controlo a nível mundial das substâncias químicas que persistem no meio ambiente, são
sobre os Poluentes Orgânicos bioacumuláveis na cadeia alimentar e constituem um risco à saúde humana e ao meio ambiente.
Persistentes (POP), 2001. Estas substâncias são listadas no Anexo I. Moçambique ratificou esta convenção em 2005.
PATRIMÓNIO CULTURAL
Convenção da UNESCO sobre Desenhada para auxiliar a identificação e protecção de património cultural (monumentos,
a Protecção do Património conjuntos arquitectónicos e sítios) e natural (formas naturais, formações geológicas e fisiográficas
Cultural e Natural Mundial e sítios naturais). Moçambique ratificou esta convenção em 1982.
Convenção para a Salvaguarda
Salvaguardar o património cultural imaterial e assegurar o respeito pelo património cultural
do Património Cultural Imaterial
imaterial das comunidades, grupos e indivíduos. Ratificado por Moçambique em 2007.
(UNESCO), 2003
Convenção sobre a Protecção
e a Promoção da Diversidade Proteger e promover a diversidade das expressões culturais, incentivar o diálogo entre as culturas
das Expressões Culturais e promover o respeito pela diversidade cultural. Ratificado por Moçambique em 2007.
(UNESCO), 2005
DIREITOS HUMANOS
Convenções da Organização - Convenção sobre o Trabalho Forçado, ratificada em Junho 2003: Convenção sobre o Trabalho
Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;
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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Convenção Descrição
Internacional do Trabalho e Forçado ou Obrigatório;
legislação nacional relacionada - Liberdade de Associação e Protecção do Direito de Sindicalização, Dez 1996: Convenção
com o trabalho sobre a Liberdade Sindical e a protecção do Direito Sindical;
- Direito de Sindicalização e de Negociação Colectiva, Dez 1996: Convenção sobre a Aplicação
dos Princípios do Direito de Organização e Negociação Colectiva;
- Convenção sobre Igualdade de Remuneração, Junho de 1977: Convenção sobre a
remuneração igual para trabalhadores homens e mulheres, por trabalho de igual valor, refere-
se a taxas de remuneração estabelecidas sem discriminação baseada no género;
- Convenção sobre a Abolição do Trabalho Forçado, Junho de 1977;
- Convenção sobre Discriminação (Emprego e Profissão), Junho de 1977: Convenção sobre a
Discriminação em Matéria de Emprego e Ocupação;
- A idade mínima especificada: 15 anos, Junho de 2003: Convenção sobre a Idade Mínima de
Admissão ao Emprego;
- Convenção sobre as Piores Formas de Trabalho Infantil, Junho de 2003: Convenção sobre a
Proibição e Acção Imediata para a Eliminação das Piores Formas de Trabalho Infantil.
Pacto Internacional de Direitos Reconhece direitos iguais e inalienáveis a todos os seres humanos em termos de liberdade civil e
Civis e Políticos política. Ratificado em 1993.
Pacto Internacional para a Os Estados Partes "comprometem-se a prosseguir, por todos os meios apropriados e sem
Eliminação da Discriminação demora, uma política de eliminação da discriminação racial em todas as suas formas e de
Racial promoção da compreensão entre todas as raças". Ratificado em 1983
Convenção sobre a Eliminação Os Estados têm a obrigação de garantir a igualdade de direitos entre homens e mulheres para
da Discriminação contra as desfrutar de todos os direitos económicos, sociais, culturais, civis e políticos. Ratificada em 1997;
Mulheres 2008.
Os Estados Partes comprometem-se a proibir-se, sob quaisquer circunstâncias, de cometer actos
Convenção contra a Tortura
de tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes. Ratificada em 1999.
Convenção sobre os Direitos
Garante a protecção dos direitos das crianças. Assinada em 1990 e ratificada em 1999.
da Criança
Convenção Internacional sobre O seu principal objectivo é o de proteger os trabalhadores migrantes e as suas famílias, uma
os Direitos dos Trabalhadores população particularmente vulnerável, da exploração e da violação dos direitos humanos.
Migrantes Assinada em 2012; ratificada em 2013.
Convenção Internacional sobre
Os Estados têm a obrigação de proteger os direitos e a dignidade das pessoas com deficiência;
os Direitos das Pessoas com
assinada em 2007.
Deficiência
Protocolos relacionados com a Vários protocolos e cartas de promoção e protecção dos direitos humanos e das liberdades
União Africana fundamentais, dos direitos das crianças e de outras pessoas no continente Africano.

2.6 Directrizes e Políticas Internacionais


Tal como referido anteriormente, o processo de AIAS está a ser desenvolvido não só em
conformidade com as normas e regulamentações nacionais, mas também em linha com as
melhores práticas internacionais, nomeadamente a política ambiental e social e os requisitos de
desempenho definidos pelo Banco Mundial (BM) / Corporação Financeira Internacional (IFC). As
principais normas e directrizes internacionais aplicáveis a este Projecto são descritas abaixo.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
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2.6.1 Politicas Operacionais de Salvaguarda do Banco Mundial


Os promotores de desenvolvimento que procuram financiamento junto do BM devem cumprir com
as políticas operacionais de salvaguarda ambientais e socais do BM aplicáveis. Um resumo dos
principais objectivos das políticas de salvaguarda ambientais e sociais aplicáveis do BM é
apresentado a seguir.

 Política Operacional 4.01 – Avaliação Ambiental: visa identificar, evitar e mitigar os


potenciais impactos ambientais negativos associados às operações de empréstimo do
BM. Fornece um quadro para as políticas de salvaguarda ambiental do BM e descreve a
instrução do processo e categorização do projecto para determinar o nível de avaliação
ambiental exigido. Para os projectos de Categoria A, o processo de AIAS deverá incluir
consultas públicas e divulgação de informação. Requer a implementação de planos de
gestão ambiental e social;
 Política Operacional 4.04 – Habitats Naturais: procura assegurar que a infra-estrutura e
outros projectos de desenvolvimento apoiados pelo BM levem em conta a conservação da
biodiversidade, bem como os serviços e produtos ambientais que os habitats naturais
proporcionam à sociedade humana. Descreve a política do BM sobre a conservação da
biodiversidade, tendo em conta os serviços do ecossistema e a gestão e utilização dos
recursos naturais por parte das pessoas afectadas pelo projecto. Os projectos devem
avaliar os potenciais impactos sobre a biodiversidade. A política restringe estritamente as
circunstâncias em que pode ocorrer a conversão ou a degradação de habitats naturais;
 Política Operacional 4.11 – Recursos Culturais Físicos: Estabelece requisitos para evitar
ou mitigar impactos adversos nos recursos culturais;
 Política Operacional 4.12 – Reassentamento Involuntário: visa evitar o reassentamento
involuntário na medida do possível ou minimizar e mitigar os seus impactos sociais e
económicos adversos. Quando for necessário proceder com a aquisição de terras ou de
outros bens, esta política requer que haja participação no planeamento do
reassentamento, compensação dos bens a custo de reposição e melhoria dos
rendimentos e padrões de vida das pessoas afectadas ou, pelo menos, a sua restauração
aos níveis pré-projecto;
 Política Operacional 4.20 – Género e Desenvolvimento: visa reduzir pobreza e fomentar
crescimento económico, bem-estar humano, e eficácia de desenvolvimento abordando as
disparidades e desigualdades de género que são barreiras ao desenvolvimento, e
formulando e implementando objectivos de género e desenvolvimento;
 Política Operacional 4.36 – Florestas: visa reduzir o desflorestamento, aumentar a
contribuição ambiental das áreas florestadas, promover o reflorestamento, reduzir a
pobreza e estimular o desenvolvimento económico;
 Política de Acesso a Informação: suporta o processo de tomada de decisão do Banco e do
mutuário, através da divulgação pública de informação sobre os aspectos ambientais e
sociais dos projectos.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


20
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

2.6.2 Padrões de Desempenho (PD) do IFC


Os Padrões de Desempenho (PD) da IFC sobre Sustentabilidade Ambiental e Social, publicados
em Janeiro de 2012 (IFC, 2012), são reconhecidos como sendo os padrões mais abrangentes
disponíveis para as instituições financeiras internacionais que trabalham no sector privado. Os
princípios fornecem um quadro para uma abordagem internacional aceite para a gestão de
questões sociais e ambientais.

Os sete PD da IFC aplicáveis ao Projecto proposto são:

 PD 1: Avaliação e Gestão de Riscos e Impactos Sociais e Ambientais, enfatiza a


importância de gerir o desempenho ambiental e social de um projecto ao longo do seu
ciclo de vida. O PD 1 requer que o cliente realize um processo de avaliação ambiental e
social e estabeleça e mantenha um Sistema de Gestão Ambiental e Social (SGAS),
adequado à natureza e escala do projecto e proporcional ao nível dos riscos e impactos
ambientais e sociais;
 PD 2: Condições Laborais e de Trabalho, reconhece que a procura do crescimento
económico através da criação de emprego e geração de receita deve ser acompanhado
pela protecção dos direitos fundamentais dos trabalhadores;
 PD 3: Eficiência dos Recursos e Prevenção da Poluição, reconhece que o aumento da
actividade económica e da urbanização produzem frequentemente níveis crescentes de
poluição para o ar, água e terra e consomem recursos finitos de uma forma que pode
ameaçar as pessoas e o ambiente a nível local, regional e global;
 PD 4: Saúde, Segurança e Protecção Comunitária, reconhece que as actividades,
equipamentos e infra-estruturas do projecto podem aumentar a exposição da comunidade
a riscos e impactos;
 PD 5: Aquisição de Terras e Reassentamento Involuntário, reconhece que a aquisição
de terras relacionadas com o projecto e as restrições no uso da terra podem ter impactos
adversos nas comunidades e pessoas que usam essa terra;
 PD 6: Conservação da Biodiversidade e Gestão Sustentável dos Recursos Naturais
Vivos, reconhece que a protecção e a conservação da biodiversidade, a manutenção dos
serviços do ecossistema e a gestão sustentável dos recursos naturais vivos são
fundamentais para o desenvolvimento sustentável;
 PD 8: O Património Cultural, reconhece a importância do património cultural para as
gerações actuais e futuras.

O PD 1 estabelece, assim, a importância de (i) uma avaliação integrada para identificar os


impactos, riscos e oportunidades ambientais e sociais dos projectos; (ii) uma participação eficaz
da comunidade através da divulgação de informações relacionadas com o projecto e consultas
com as comunidades locais sobre assuntos que as afectam directamente; e (iii) a gestão do
desempenho ambiental e social do cliente durante o ciclo de vida do projecto.

Os PD 2, 3, 4, 5, 6 e 8 da IFC apresentam requisitos para evitar, reduzir, mitigar ou compensar os


impactos sobre as pessoas e o ambiente e para melhorar as condições, onde aplicável. Onde se
prevêem impactos sociais ou ambientais, o cliente é obrigado a geri-los através do seu SGAS.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Os PD da IFC são complementados com as respectivas Notas de Orientação, que fornecem


orientação sobre os requisitos das normas e sobre boas práticas de sustentabilidade, para ajudar
os promotores a melhorar o desempenho do projecto.

2.6.3 Directrizes de Ambiente, Saúde e Segurança do Banco Mundial/IFC


As Directrizes de Ambiente, Saúde e Segurança (EHS – Environmental, Health and Safety) do BM
são documentos técnicos de referência com exemplos gerais e específicos das Boas Práticas
Industriais Internacionais para cada sector de actividade, conforme definidas no PD 3 da IFC sobre
Eficiência de Recursos e Prevenção de Poluição.

As Directrizes ESH contêm os níveis de desempenho e as medidas que são normalmente


aceitáveis para a IFC e que são geralmente consideradas viáveis em novas instalações,
recorrendo a tecnologias existentes de custo razoável. Para os projectos financiados pela IFC, a
aplicação das directrizes de ESH para instalações existentes pode implicar o estabelecimento de
metas específicas para cada local, com um cronograma adequado para a sua realização. O
processo de avaliação ambiental pode recomendar níveis alternativos (superiores ou inferiores) ou
medidas que, se aceitáveis pela IFC, tornam-se requisitos específicos do projecto ou da
instalação.

As Directrizes EHS da IFC relevantes e aplicáveis ao Projecto proposto incluem:

 Directrizes Gerais de EHS;


 Directrizes de EHS para Transmissão e Distribuição de Energia Eléctrica.

2.6.4 Princípios do Equador


Os Princípios do Equador constituem um conjunto de directrizes voluntárias, elaboradas por
instituições financeiras reputadas, para a gestão de questões ambientais e sociais na concessão
de créditos de financiamento de projectos. Os Princípios exigem que o desenvolvimento de
projectos em países não-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico (OCDE) seja feito em cumprimento dos PD's e das Directrizes de EHS da IFC. Estas
directrizes fornecem uma abordagem para determinar, avaliar e gerir o risco ambiental e social no
financiamento de projectos. Os Princípios do Equador incluem:

 Princípio 1: Análise e Categorização;


 Princípio 2: Avaliação Ambiental e Social;
 Princípio 3: Padrões Ambientais e Sociais Aplicáveis;
 Princípio 4: Sistema de Gestão Ambiental e Social e Plano de Acção dos Princípios do
Equador;
 Princípio 5: Envolvimento das Partes Interessadas;
 Princípio 6: Mecanismo de Reclamação;
 Princípio 7: Revisão Independente;

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

 Princípio 8: Obrigações Contratuais;


 Princípio 9: Monitorização Independente e Divulgação de Informações;
 Princípio 10: Divulgação de Informações e Transparência.

2.6.5 Directrizes do Grupo de Energia da África Austral


O Subcomité Ambiental do SAPP desenvolveu um número de directrizes de gestão ambiental,
para assegurar que as actividades do sector de energia sejam desenvolvidos de forma
sustentável. Para esta AIAS, as seguintes directrizes SAPP foram tidas em consideração:

 Directrizes de AIAS para Infra-estruturas de Transmissão na Região da SAPP (Setembro,


2010) – estabelecem linhas orientadoras para o desenvolvimento de processos de AIAS
para infra-estruturas de transmissão de energia na região da SAPP;
 Directriz da SAPP para Saúde Operacional, Segurança e Ambiente (Novembro, 2007).

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

3 Abordagem e Metodologia de AIAS


3.1 Considerações Gerais
O Processo de AIAS, conforme definido no Regulamento de AIAS, é um instrumento de gestão
ambiental preventivo, que visa identificar e avaliar, tanto quantitativa como qualitativamente, os
efeitos ambientais positivos e negativos de um projecto proposto, e definir as medidas de
mitigação necessárias, de modo a minimizar os efeitos negativos e a potenciar os efeitos positivos.

O presente Capítulo apresenta uma breve descrição da metodologia global de AIAS e do processo
que foi seguido até à data. A metodologia de AIAS adoptada está em conformidade com todos os
requisitos legais ambientais aplicáveis em Moçambique e está em linha com as directrizes e
políticas internacionais relevantes.

3.2 Visão Geral do Processo de AIAS


O Regulamento de AIAS (Decreto No. 54/2015, de 31 de Dezembro) estabelece que todas as
actividades públicas ou privadas, que directa ou indirectamente possam influir nas componentes
ambientais, deverão ser sujeitas a uma avaliação ambiental (Artigo 3º). O nível da avaliação varia
com a sensibilidade do ambiente receptor e a natureza do projecto, sendo determinado pelo
MITADER, através de um processo de Pré-Avaliação, com base num Relatório de Instrução do
Processo. O Artigo 4º define as seguintes categorias para os projectos propostos:

 Categoria A+: Projectos que devido à sua complexidade, localização e/ou irreversibilidade
e magnitude dos possíveis impactos, merecem não só um elevado nível de vigilância
social e ambiental, como também o envolvimento de especialistas no processo de AIAS. O
Anexo I do Regulamento AIAS enumera as actividades que são incluídas nesta categoria.
Os projectos de Categoria A+ requerem um EIA, incluindo um PGAS, com supervisão por
revisores especialistas independentes com experiência comprovada. Um EPDA e os TdR
para o EIA devem ser compilados e aprovados pelo MITADER antes do início do EIA;
 Categoria A: Projectos com potenciais impactos com alta duração, intensidade,
magnitude e significância sobre seres vivos ou áreas sensíveis. Fazem parte desta
categoria as actividades referidas no Anexo II do Regulamento de AIAS. Os projectos de
Categoria A requerem o desenvolvimento de um EIA, incluindo um PGAS. O EPDA e os
os TdR para o EIA devem ser compilados e aprovados pelo MITADER;
 Categoria B: Projectos com potenciais impactos nos seres vivos e em áreas sensíveis
que são de menor duração, intensidade, magnitude e significância do que os de projectos
de Categoria A. Fazem parte desta categoria as actividades referidas no Anexo III do
Regulamento de AIAS. Projectos de Categoria B requerem um Estudo Ambiental
Simplificado (EAS) e um PGAS. Embora não seja necessário um EPDA, os TdR do EAS
devem aprovados pelo MITADER antes do início do EAS;
 Categoria C: Projectos com impactos negativos negligenciáveis ou insignificantes, que
não conduzem a impactos irreversíveis e que tenham impactos positivos superiores e
Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;
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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

mais significativos que os negativos. Fazem parte desta categoria as actividades referidas
no Anexo IV do Regulamento de AIAS. Estes projectos requerem a apresentação de um
PGAS a ser elaborado pelo Proponente e aprovado pela autoridade ambiental.

O Projecto proposto envolve a construção e operação de uma linha de transmissão de energia de


alta tensão e, como tal, foi classificado como de Categoria A pelo MITADER, devendo assim ser
submetido a um processo completo de AIAS. Para os projectos de Categoria A, o Processo de
AIAS consiste em três fases, nomeadamente:

 Fase de Instrução (Relatório de Instrução): na primeira fase, o projecto é instruído junto


do MITADER através de um Relatório de Instrução do Processo, indicando as
características e localização do projecto, as actividades a realizar e uma breve descrição
do ambiente receptor. Com base nestas informações, o MITADER categoriza formalmente
o projecto e define o nível de avaliação ambiental necessária;
 Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito (Relatório do EPDA): os
principais objectivos da segunda fase são a identificação das potenciais falhas fatais e
impactos do projecto, e a definição dos TdR para o EIA. A fase de EPDA visa assim
identificar as principais questões e problemas associados com o desenvolvimento
proposto. Tais questões poderão incluir actividades de projecto com potencial de contribuir
ou causar impactos potencialmente significativos nos receptores e recursos ambientais e
socioeconómicos existentes na área de influência;
 Estudo do Impacto Ambiental (Relatório do EIA): os principais objectivos da terceira
fase são a avaliação dos impactos identificados no EPDA, a definição das medidas de
mitigação e a elaboração do PGAS. O Relatório do EIA serve como base de apoio para as
autoridades competentes no processo de tomada de decisão, que resulta no
licenciamento ambiental ou indeferimento da actividade proposta. As principais tarefas
realizadas nesta fase são:
o Estudos de Referência: estes estudos são realizados com o intuito de analisar e
descrever a situação actual das condições sociais e ambientais relevantes na área do
projecto e áreas envolventes, bem como para identificar receptores e recursos
sensíveis aos potenciais impactos;
o Avaliação dos Impactos e Mitigação: visa a identificação e avaliação do âmbito e
significância dos impactos sobre os receptores e recursos, com base nos critérios de
avaliação definidos; elaborar e descrever as medidas que serão tomadas com vista a
evitar, minimizar ou compensar os impactos ambientais adversos, potenciar os
impactos positivos e reportar a significância dos impactos residuais, após a mitigação;
o Plano de Gestão Ambiental e Social: as medidas de mitigação identificadas são
integradas num conjunto de programas de gestão temáticos. O PGAS visa orientar a
gestão social e ambiental ao longo do ciclo de vida do projecto. Este constitui o
mecanismo pelo qual a mitigação e monitorização dos impactos ambientais (conforme
definido no Relatório de EIA) são integradas na execução do projecto.

A Figura 3.1 ilustra de forma geral o processo de AIAS de projectos de Categoria A. As principais
fases deste processo são descritas em maior detalhe nas secções que se seguem.
Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;
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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Figura 3.1 – Visão global do Processo de AIAS para projectos de Categoria A

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
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Fase 1: Vilanculos - Maputo

3.3 Fase 1: Instrução do Processo


O primeiro passo do processo de AIAS foi a Fase de Instrução do Processo. Durante esta fase, foi
compilado e submetido ao MITADER um Relatório de Instrução do Processo, de modo a servir de
apoio à determinação do nível de avaliação ambiental necessário. Este relatório incluiu informação
sobre o projecto proposto e uma breve descrição do contexto biofísico e socioeconómico da área
de implementação. O relatório incluiu ainda uma Ficha de Informação Ambiental Preliminar.

O Relatório de Instrução de Processo e a Ficha de Informação Ambiental Preliminar foram


submetidos ao MITADER a 29 de Março de 2017. O MITADER, através da DINAB, categorizou o
projecto como de Categoria A (carta Ref 570/MITADER/DINAB/GDN/183/17, de 31 de Março de
2017 – ver Anexo II, Volume IV), estando assim sujeito a um processo de AIAS completo.

3.4 Fase 2: EPDA


3.4.1 Objectivos do EPDA
De acordo com o Art.º 10 do regulamento de AIAS, os principais objectivos do EPDA são: (i)
identificar potenciais questões fatais associadas à actividade; e (ii) definir o âmbito da avaliação
ambiental a ser realizada na fase de EIA. Os objectivos do EPDA foram assim os seguintes:

 Analisar os dados existentes sobre a área do Projecto com vista a entender a


sensibilidade do ambiente biofísico e social afectado;
 Apresentar o projecto proposto às PI&A’s e identificar questões e preocupações sobre o
projecto proposto;
 Identificar os impactos ambientais e socioeconómicos potencialmente significativos, tanto
positivos como negativos;
 Elaborar os TdR para os estudos de especialidade e para o EIA; e
 Compilar a informação do Projecto e os resultados do PPP num Relatório de EPDA e
submetê-lo ao MITADER para tomada de decisão.

De modo a fundamentar os objectivos acima descritos, o Relatório do EPDA incluiu a seguinte


informação (Art.º 10 do Regulamento de AIAS):

 Resumo Não Técnico (RNT), com os principais assuntos, constatações e recomendações


do Relatório;
 Informação sobre o Proponente do Projecto, bem como a equipa de consultoria
responsável pelo Processo de AIAS;
 Definição das áreas de influência preliminares do Projecto;
 Descrição das actividades do Projecto ao longo do seu ciclo de vida;
 Breve descrição da situação de referência do ambiente biofísico e socioeconómico
receptor;
 Identificação dos potenciais impactos, negativos ou positivos, que o Projecto proposto
possa ter sobre o ambiente e comunidades;

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

 Identificação e avaliação de potenciais falhas fatais (riscos ambientais e sociais) que


possam pôr em causa a viabilidade do Projecto; e
 Identificação dos estudos detalhados a serem realizadas no EIA e elaboração dos
respectivos TdR.

A fase de EPDA incluiu ainda um PPP (conforme o Art.º 15 do Regulamento de AIAS), visando
apresentar o Projecto proposto a todas as PI&A’s e identificar questões e preocupações sobre o
mesmo. Os principais objectivos do PPP do EPDA foram os seguintes:

 Identificar as PI&A´s e compilar uma base de dados de PI&A’s, que deverá ser
continuamente actualizada durante o Processo de AIAS;
 Fornecer às PI&A’s (incluindo comunidades locais directamente afectadas, autoridades,
organizações ambientais, membros interessados do público e organizações de base
comunitária) informação relacionada com o Projecto proposto e seus potenciais impactos;
 Dar às PI&A’s a oportunidade de participar efectivamente no processo e identificar todas
as suas questões e preocupações relativas à actividade proposta;
 Permitir que as PI&A’s compreendam a forma como as questões ambientais e sociais que
colocaram serão abordadas na fase de EIA; e
 Obter comentários das PI&A’s em relação aos TdR.

O Capítulo 8 do presente relatório (ver Volume II) apresenta uma descrição detalhada da
metodologia de consulta pública da fase de EPDA, e dos seus principais resultados.

O Relatório de EPDA foi concluído em Junho de 2017. Não foi identificada nenhuma falha fata
associada com o projecto, e o Relatório do EPDA, incluindo os TdR para o EIA, foi submetido ao
MITADER a 8 de Junho de 2017. Após avaliação do relatório, o MITADER aprovou o EPDA e TdR
a 15 de Setembro de 2013 (através da carta ref. 448/MITADER/GM/183/17 - ver Anexo II;
Volume IV), e informou que o Processo de AIAS deveria prosseguir para a Fase de EIA.

3.5 Fase 3: EIA


3.5.1 Objectivos do EIA
Os principais objectivos da fase de EIA são os seguintes:

 Realizar os estudos de especialidade, de acordo com os TdR aprovados pelo MITADER;


 Avaliar os impactos sociais e ambientais associados com o projecto;
 Definir as medidas de mitigação para os impactos negativos e medidas de potenciação
para os impactos positivos; e
 Integrar essas medidas num PGAS, na forma de medidas claras, praticáveis e aplicáveis
às condições locais, baseando-se nas melhores práticas e na legislação pertinente.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

3.5.2 Relatório EIA


Para fundamentar os objectivos acima listados, o Relatório de EIA inclui a seguinte informação
(conforme o Art.º 11 do Regulamento da AIAS):

 RNT, com as principais constatações, conclusões e recomendações do Relatório;


 Informação sobre o Proponente do Projecto, bem como sobre o consultor ambiental
responsável pelo processo de AIAS;
 Enquadramento legal da actividade e o seu contexto dentro dos instrumentos de
planificação existentes;
 Descrição das actividades a serem realizadas pelo Projecto proposto em todas as suas
fases (planificação, construção, operação e, onde for pertinente, desactivação), bem como
as alternativas consideradas;
 Definição das áreas de influência do Projecto;
 Caracterização da situação de referência do ambiente biofísico e socioeconómico
receptor;
 Identificação e avaliação dos impactos ambientais e sociais do projecto;
 Definição das medidas de mitigação;
 Integração das medidas de mitigação num PGAS para a actividade, incluindo também os
programas de monitorização e outros instrumentos de gestão, quando pertinente; e
 Relatório de PPP.

Alguns dos principais aspectos da fase de EIA, tais como os estudos de especialidade, a
elaboração do PGAS e o PPP, são descritos com maior pormenor nos subcapítulos seguintes.

3.5.3 Estudos de Especialistas


Um número de estudos de especialistas foram realizados durante o EIA, de acordo com os TdR
desenvolvidos na fase de EPDA e aprovados pelo MITADER. Estes estudos mais detalhados
focam-se nos factores ambientais e sociais que poderão ser impactados pelo Projecto.

Os especialistas responsáveis por cada componente do EIA são listados na Tabela 1.3
(subcapítulo 1.3, página 2). Durante a fase de EIA, foi encorajada a interacção entre especialistas
para explorar as ligações, semelhanças e inconsistências entre os diferentes aspectos do
ambiente social e biofísico e resultantes avaliações.

3.5.4 Plano de Gestão Ambiental e Social


O PGAS é uma parte fundamental do Processo de AIAS. Os decisores externos dependerão das
conclusões do EIA (e.g., as classificações de significância atribuídas aos impactos residuais) no
processo de tomada de decisão. Dado que o EIA se baseia em previsões, feitas antes de a
actividade ter lugar, o mesmo parte do pressuposto de que o Projecto irá implementar as medidas
de controlo e mitigação propostas. Se essas medidas não forem implementadas, a utilidade do
EIA enquanto ferramenta para as partes interessadas e decisores externos é comprometida.
Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;
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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Deste modo, é crucial que estes pressupostos, i.e., as medidas de mitigação que foram acordadas
com o Proponente e descritas no EIA, sejam integradas no Projecto, por forma a assegurar a sua
futura implementação. O PGAS é o instrumento que assegura esta integração.

Este Relatório de EIA inclui um PGAS (ver Volume III), que integra as medidas de mitigação e
acções de monitorização, como definidas no Relatório de EIA, num conjunto de planos de gestão.
Se for identificada no EIA a necessidade de estudos ou planos adicionais, a serem desenvolvidos
pelo Proponente, o PGAS providenciará directrizes para o seu desenvolvimento e implementação.

A implementação de tais planos deverá assegurar que quaisquer impactos ou questões


imprevistas que possam surgir sejam lidadas de forma eficaz, e de acordo com as leis e
regulamentos nacionais relevantes e as melhores práticas internacionais. Desta forma, as PI&As e
decisores externos devem ter confiança no EIA como instrumento de suporte ao processo de
tomada de decisão sobre o Projecto.

3.5.5 Processo de Participação Pública do EIA


A fase de EIA também inclui um PPP (conforme o Art.º 15 do Regulamento de AIAS), com os
seguintes objectivos principais:

 Actualizar a base de dados de PI&As compilada na fase de EDPA;


 Apresentar os resultados dos estudos de especialidade, os impactos avaliados, as
medidas de mitigação definidas e o PGAS;
 Referir as questões levantadas pelas PI&As durante o PPP do EPDA, bem como a forma
como foram consideradas no EIA;
 Dar às PI&As a oportunidade de participar efectivamente no processo e identificar
quaisquer questões e preocupações adicionais associados com a actividade proposta,
tendo em conta os estudos mais detalhados realizados na fase de EIA; e
 Obter comentários das PI&As em relação ao EIA e ao PGAS.

A metodologia proposta para a consulta pública do EIA é descrita no Capítulo 8 deste Relatório
EIA (ver Volume II). Para fins do PPP, foi compilado o presente Relatório Preliminar do EIA e
disponibilizado em locais estratégicos para as PI&As acederem e comentarem. Serão divulgadas e
realizadas reuniões públicas, por forma a registar as questões e preocupações das PI&As e todas
as actividades PPP serão documentadas num relatório de PPP.

3.5.6 Submissão do EIA ao MITADER


Após o PPP, será compilado o Relatório Final de EIA, integrando os pareceres e contribuições das
PI&As, que será submetido à consideração do MITADER. Sujeito à aprovação do EIA e à emissão
da licença ambiental para o Projecto, todas as actividades associadas serão regidas pelo PGAS,
bem como por quaisquer condições adicionais estipuladas na licença ambiental.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
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Fase 1: Vilanculos - Maputo

O Proponente deverá adoptar o PGAS e posteriormente desenvolver o mesmo num Sistema de


Gestão Ambiental e Social (SGAS) para o Projecto, de modo a assegurar que o Projecto seja
conduzido e gerido de forma sustentável. O Proponente deverá ainda garantir que os seus
empreiteiros cumpram com o disposto no PGAS, integrando este documento nas obrigações
contratuais dos empreiteiros, sempre que aplicável e relevante.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
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4 Descrição do Projecto
4.1 Introdução
Este capítulo apresenta uma descrição do Projecto proposto – o Projecto de Transporte de
Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) - Fase
1: Vilanculos - Maputo. A descrição do projecto apresentada não pretende ser uma descrição
exaustiva da engenharia de projecto, focando-se antes em fornecer uma compreensão global do
empreendimento proposto e em descrever as actividades com potencial de gerarem impactos
sociais e ambientais significativos.

4.2 Visão Geral do Projecto


4.2.1 Objectivo e Justificação
Conforme anteriormente referido, os principais objectivos do Projecto STE, no seu todo, são os de
ligar e integrar as duas redes isoladas de transmissão de energia actualmente existentes em
Moçambique e permitir a evacuação para a região sul do excesso de energia gerado na região
norte. A Fase 1 do Projecto STE (Vilanculos – Maputo), presentemente em avaliação, é justificada
em termos gerais por estes mesmos objectivos. No entanto, a implementação da Fase 1 está a ser
priorizada pela EDM, de modo a viabilizar os investimentos previstos para uma nova central
termoeléctrica a gás em Temane.

Os pontos seguintes fornecem informação mais detalhada sobre a justificação do Projecto STE no
seu todo, e sobre a Fase 1 (Vilanculos – Maputo) em particular.

Objectivos do Projecto STE

A rede de fornecimento de energia de Moçambique, operada pela EDM, é actualmente composta


por dois sistemas de energia isolados:

 Sistema Centro-Norte – alimentado pela central hidroeléctrica de Cahora Bassa (com


capacidade instalada de 2 075 MW), bem como por outras centrais mais pequenas,
nomeadamente as centrais hidroeléctricas de Chicamba e Mavuzi (38 MW e 52 MW,
respectivamente) e uma central termoeléctrica a gás na Beira (12 MW). Este sistema
fornece as regiões norte e centro de Moçambique, através das seguintes infra-estruturas:
o Linha de transmissão de 220kV da subestação de Matambo para a subestação de
Nampula e sistema de 110kV que liga a Nacala, Moma, Lichinga, Pemba, Auasse e
Marromeu;
o Linha de transmissão de 220kV da subestação de Matambo para a subestação de
Chibata. Uma linha de 110 kV estabelece a ligação da subestação de Chibata com as
centrais hidroeléctricas de Chicamba e Mavuzi e depois com os principais pontos de
carga, nomeadamente Beira, Chimoio e Manica. De Manica existe uma interligação
com o sistema Zesa a 110kV (linha Manica - Mutare).

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

 Sistema Sul – alimentado pelo Grupo de Energia da África Austral (através das
subestações de Maputo e Infulene, respectivamente a 275 kV e 110 kV), bem como pela
central hidroeléctrica de 16 MW da Corumana e centrais termoeléctricas a gás em Maputo
(52 MW de capacidade) e Ressano Garcia (270 MW de capacidade). Este sistema fornece
a região sul de Moçambique, através de um sistema de 110 kV, a partir das subestações
de Maputo, Infulene, Lionde, Xai-xai e Lindela.

Embora o sistema de transmissão e distribuição acima descrito tenha sido adequado para suprir
as necessidades energéticas de Moçambique nas últimas décadas, o rápido desenvolvimento da
economia moçambicana esperado para as próximas décadas, devido ao desenvolvimento de
projectos de mineração, petróleo e gás, exigirá uma significativa expansão da infra-estrutura de
transporte e distribuição de energia.

Moçambique possui abundantes recursos energéticos naturais, incluindo um potencial


hidroeléctrico estimado em 12 000 MW (EDM, 2016), grandes quantidades de carvão na área de
Tete e substanciais depósitos comprovados de gás natural nas áreas de Buzi, Pande, Palma e
Temane. Estes recursos podem fornecer a Moçambique a energia eléctrica necessária para o
desenvolvimento económico e para a exportação de energia em grande escala para países
vizinhos, tanto a curto como a longo prazo, e portanto, servirem como fonte de receitas de
exportação substanciais e crescimento económico.

Para desenvolver os seus vastos recursos energéticos, o GdM está a promover o desenvolvimento
de projectos de produção de energia de grande escala (tal como a central de Mphanda Nkuwa de
1 500 MW no Rio Zambeze, a jusante de Cahora Bassa), e a construção de um sistema de
transmissão norte-sul de extra alta tensão (EHV) de modo a garantir o transporte da energia
gerada pelos novos projectos acima referidos, permitindo assim tanto a satisfação das crescentes
necessidades energéticas domésticas e industriais de Moçambique como a exportação de energia
para países vizinhos. Este sistema de transmissão é conhecido como Sistema de Transporte de
Energia da Espinha Dorsal, ou Projecto STE.

Uma vez totalmente desenvolvido, o Projecto STE incluirá (na configuração actualmente
projectada) duas linhas de transmissão de energia, uma de corrente contínua de alta tensão
(HVDC) e outra de corrente alternada de alta tensão (HVAC), com cerca de 1 400 km de extensão
cada, desde a Província de Tete até à Província de Maputo, ligando-se ai às linhas de transporte
existentes para a África do Sul.

O objectivo do Projecto STE, no seu todo, é ligar os sistemas de transmissão de energia Centro-
Norte e Sul de Moçambique e reforçar a integração regional de energia através das duas linhas de
transmissão acima descritas. Isto permitirá a evacuação de energia Hídrica, do Gás e do Carvão
em média e grande escala a partir do rio Zambeze e de outras fontes (estimadas em mais de
3 100 MW), permitindo assim o desenvolvimento dos vastos recursos energéticos de Moçambique
tanto para consumo e desenvolvimento doméstico como para exportação para os países vizinhos.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


33
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Justificação da Fase 1 do Projecto STE

Devido à escala e complexidade do Projecto STE, a EDM pretende implementá-lo em fases. A


Fase 1 do Projecto STE (Vilanculos - Maputo), que é o âmbito deste processo de AIAS, foi
priorizada pela EDM para implementação, uma vez que é necessária para viabilizar uma nova
central termoeléctrica a gás de 400 MW em Temane (Projecto da Central Termoeléctrica a Gás de
Temane - MGtP). De acordo com informações recebidas da EDM, os estudos técnicos da MGtP
estão já na fase final de preparação.

Espera-se que o MGtP seja um dos primeiros projectos planificados de geração de electricidade a
entrar em operação. A sua viabilização depende da construção antecipada da secção Vilanculos -
Maputo do Projecto STE. De salientar que o MGtP (incluindo tanto a central em sim como a linha
de saída, ligando a central à estação de Vilanculos) está fora do âmbito deste Processo de AIAS,
uma vez que está a ser submetido a um processo de AIAS independente.

4.2.2 Localização do Projecto


A Fase 1 do Projecto STE inclui uma nova linha de transmissão HVAC de 400 kV, com uma
extensão de 561 km, entre Vilanculos e Maputo, a construção de três novas subestações –
Vilanculos, Chibuto e Matalane (em Marracuene), e a expansão da subestação de Maputo (em
Boane). A Figura 4.1 (na próxima página) ilustra a localização administrativa do Projecto. A
Tabela 4.1 lista as Províncias e Distritos atravessados pela linha de transmissão proposta.
Tabela 4.1 – Unidades administrativas atravessadas pelo Projecto STE Fase 1 (Vilanculos –
Maputo)

Província Distritos
Vilanculos, Massinga, Funhalouro,
Inhambane
Panda
Gaza Chibuto, Mandlakaze, Chokwe, Bilene
Magude, Manhiça, Marracuene,
Maputo
Moamba, Boane

4.2.3 Alternativas de Projecto

4.2.3.1 Alternativas Anteriormente Consideradas

O desenho de engenharia do Projecto STE, como um todo, é o resultado de um conjunto de


estudos desenvolvidos pela EDM ao longo dos últimos 8 anos, que avaliaram várias alternativas
diferentes para a Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia. O traçado actual
da secção Vilanculos – Maputo do Projecto STE é assim o resultado de um processo iterativo de
desenvolvimento de projecto, que levou em consideração tanto as questões de viabilidade técnica,
como as questões de sustentabilidade ambiental e social. Os principais estudos desenvolvidos
para o Projecto STE nos últimos anos encontram-se resumidos abaixo.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


34
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Subestação
de Vilanculos

Subestação
de Chibuto

Subestação
de Matalane

Subestação
de Maputo

Figura 4.1 – Localização Administrativa do Projecto

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

 Estudo de pré-viabilidade (Vattenfall, 2008) – este estudo considerou e discutiu vários


cenários opcionais para a evacuação de energia de futuros sistemas de geração de
energia planeados para a Província de Tete até ao sul de Moçambique;
 Estudo de optimização (Vattenfall, 2009) - este estudo desenvolveu um conceito técnico
para a Espinha Dorsal com base no cenário seleccionado pelo estudo de pré-viabilidade;
 Subsequentemente, a Vattenfall Power e a Norconsult (o Consultor de Viabilidade) foram
contratadas para realizar um estudo de viabilidade técnica e económica para estabelecer
a opção de menor custo para o “Corredor de Linha Preliminar” preferido para a Espinha
Dorsal, seleccionado no Estudo de Optimização. O objectivo foi identificar uma opção que
cumprisse com os requisitos nacionais técnicos, sociais, ambientais e estratégicos;
 Em conjugação com o trabalho de estudo de viabilidade acima mencionado, a SCDS e a
Mott MacDonald foram nomeadas para realizar uma AIAS para o Corredor de Linha
Preliminar e dar as suas contribuições para a avaliação do traçado seleccionado. Durante
todo o estudo de viabilidade, o Consultor de Viabilidade e o consultor de AIAS trabalharam
em conjunto para eliminar e aperfeiçoar as potenciais opções de rota para alcançar uma
solução de menor custo aceitável, que tivesse em conta as condicionantes ambientais e
sociais. Como tal, foi conduzida uma AIAS para o Projecto STE entre 2009 e 2011 que foi
concluída com êxito (SCDS & Mott MacDonald, 2011);
 Em 2012, foi concluído um Estudo de Viabilidade (EV) técnico-económico compreensivo
do Projecto STE, tendo este sido actualizado em 2015 (Norconsult, 2015). Este EV
actualizou os traçados propostos para o Projecto STE, definiu o sistema de produção,
apresentou os cenários possíveis, estimou os custos e avaliou o impacto económico e
financeiro do Projecto. Uma das alterações introduzidas no traçado neste estudo foi o
desvio do troço final da linha de Moamba para Matalane. O Projecto foi considerado viável
tanto do ponto de vista técnico quanto económico. A presente AIAS está a ser conduzida
levando em consideração o projecto mais detalhado desenvolvido no EV de 2015.

O alinhamento do troço Vilanculos - Maputo em avaliação na presente AIAS é assim o resultado


de um longo processo de projecto iterativo desenvolvido nos últimos 8 anos, através de múltiplos
estudos de engenharia e ambientais. No decorrer desses estudos, foram investigadas várias
alternativas possíveis, levando em consideração tanto os aspectos de engenharia, como as
questões ambientais e sociais, visando identificar a melhor alternativa de traçado possível.

4.2.3.2 Alternativas Presentemente em Avaliação

O presente Processo de AIAS está a ser desenvolvido sobre a solução de engenharia mais
detalhada produzida pelo Estudo de Viabilidade de 2015. Conforme referido acima, o traçado do
Projecto STE, incluindo o traçado da Fase 1 (Vilanculos – Maputo) em avaliação na presente
AIAS, é o resultado de um longo processo iterativo de engenharia, desenvolvido ao longo dos
últimos 8 anos, através de múltiplos estudos de engenharia e ambientais.

Ao longo desses estudos, várias alternativas possíveis foram avaliadas, tanto do ponto de vista da
engenharia como dos pontos de vista ambiental e social, de modo a identificar a melhor alternativa
de traçado possível. Como tal, no presente Processo de AIAS encontra-se apenas em avaliação o

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

melhor traçado seleccionado pelo processo de desenvolvimento acima referido. As alternativas


presentemente em análise são assim as seguintes:

 Alternativa 1: não implementação do Projecto;


 Alternativa 2: Projecto STE – Fase 1.

Se for seleccionada a Alternativa 1 (a não implementação do Projecto), isto implica que o Projecto
proposto não será executado. Nesta alternativa, o ambiente permaneceria no seu estado actual e
não se verificariam os impactos negativos ou positivos associados ao projecto. No entanto, isto
implicaria também que os projectos de produção de energia previstos para Moçambique seriam de
execução difícil, levando provavelmente à proposta de soluções independentes em vez da
abordagem integrada de melhoria da infra-estrutura de energia de Moçambique, que corresponde
a uma necessidade estratégica nacional. Seriam igualmente perdidos os benefícios da integração
com a rede da SADC e da potencial geração de receitas de exportação de energia.

Caso seja seleccionada a Alternativa 2 (implementação da Fase 1 do Projecto STE), todos os


benefícios do Projecto serão materializados (integração dos sistemas de transporte de energia de
Moçambique e viabilização do desenvolvimento de projectos de geração de energia), bem como
todos os impactos ambientais e sociais, negativos e positivos, associados ao mesmo. Estes
impactos são identificados no Capítulo 7 do presente EIA (ver Volume II).

Deve-se notar, contudo, que pequenos realinhamentos do traçado Vilanculos – Maputo poderão
ainda ser introduzidos, durante a fase de projecto de execução, fruto dos resultados do EIA.
Especificamente, neste EIA é proposto um pequeno realinhamento no segmento Vilanculos-
Chibuto, para evitar uma mancha de floresta miombo classificada como habitat crítico (Figura 4.2).

Figura 4.2 – Localização da mancha de floresta miombo para a qual foi proposta um
pequeno realinhamento

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

4.3 Descrição do Projecto


4.3.1 Componentes Principais do Projecto
As principais componentes da Fase I do Projecto STE são as seguintes:

 Construção de uma linha de transmissão HVAC 400 kV, com 561 km de extensão, desde
uma nova subestação próxima de Vilanculos até à subestação de Maputo, em Boane;
 Construção de três novas subestações - Vilanculos, Chibuto e Matalane (em Marracuene);
 Expansão da subestação de Maputo (em Boane).

Os subcapítulos seguintes fornecem informações adicionais para cada componente do projecto.

4.3.2 Descrição das Componentes de Projecto


Este subcapítulo descreve as principais características técnicas das componentes de Projecto,
com base no Estudo de Viabilidade (Norconsult, 2015) e em SCDS & Mott MacDonald (2011).

4.3.2.1 Linha de Transporte

A principal componente do Projecto é a linha de transporte aérea (OHL). As OHLs de alta tensão
transportam grandes quantidades de energia eléctrica por longas distâncias. A OHL será apoiada
por três tipos principais de torres treliçadas de aço (pilares), nomeadamente:

 Torres de suspensão, que suportam os condutores em extensões de linha recta. Neste


projecto serão usados dois tipos diferentes de torres de suspensão – torres autoportantes
e torres em V com espias;
 Torres de tensão, que são usadas em pontos onde o traçado muda de direcção. Serão
usadas torres de tensão autoportantes e torres em Y; e
 Torres terminais, que são utilizadas onde a linha termina nas subestações.

A distância entre as torres (extensão do vão) varia tipicamente entre 400 m e 500 m, podendo
atingir 800 m em áreas de relevo difícil ou para facilitar a utilização de um vão único na travessia
de rios. A altura das torres irá depender do terreno, altura acima do nível do mar e extensão do
vão. A Tabela 4.2 apresenta uma visão geral das características técnicas da OHL.
Tabela 4.2 – Principais características técnicas da OHL

Características Técnicas 400 kV OHL


Número de torres de tensão 51
Número de torres de suspensão (a) 1632
Distância típica entre as torres 400-500m
Altura típica da torre 20 - 35m
Fonte: Norconsult (2015); SCDS & Mott MacDonald (2011). Nota: (a)
– Com base num pressuposto de 3 torres por
quilómetro (excluindo as torres de tensão).

As figuras seguintes ilustram exemplos e esquemas típicos dos tipos de torres a utilizar no
Projecto.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Fonte: SCDS & Mott MacDonald (2011); Norconsult (2015).

Figura 4.3 – Exemplo e esquema de torre de suspensão em V com espias

Fonte: Consultec (2016); Norconsult (2015).

Figura 4.4 – Exemplo e esquema de torre de suspensão autoportante típica

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Fonte: SCDS & Mott MacDonald (2011); Norconsult (2015).

Figura 4.5 – Exemplo e esquema de torre de tensão autoportante

A Tabela 4.3 resume os requisitos da área de ocupação e da fundação das torres.


Tabela 4.3 – Requisitos da área de ocupação e fundação da torre

Requisitos da torre Torre em Y Torre em V com espias


Quatro colunas de fundação ao nível Uma fundação de betão (sapata) e 4 cabos espia com
Número de fundações
do solo. pequenas fundações.
Área de ocupação
10 m x 10 m (100 m2)(a) 65 m x 45 m (2925 m2) (b)
média
Os principais tipos de fundação são "estacas", "almofada e chaminé", e "âncoras". O tamanho e o
Tipo de fundação tipo irão depender do tipo de torre e das condições do subsolo. As torres de tensão necessitam de
fundações mais extensas.
Fonte: SCDS & Mott MacDonald (2011). Notas: (a) – Área de ocupação - limite externo das quatro colunas da fundação ao
nível do solo. (b) – Área de ocupação é definida como a borda externa dos cabos de espia. A área dentro da área de
ocupação pode ser usada embora possa limitar o movimento da maquinaria.

4.3.2.2 Subestações

Como já foi mencionado, será necessária a construção de três novas subestações - Vilanculos,
Chibuto e Matalane (em Marracuene). A localização dessas subestações está ilustrada na Figura
4.1 e na Figura 4.5. As suas principais características são apresentadas na Tabela 4.4 abaixo.
Tabela 4.4 – Resumo das características técnicas das novas subestações

Características técnicas Vilanculos Chibuto Matalane


Coordenadas S21° 57' 21.5" E35° 06' 05.7" S24° 38' 08.1" E33° 31' 28.7" S25° 40' 42.9" E32° 37' 55.0"
Transformadores 400 / 110 kV 400 / 220 kV 400 / 275 kV
Área operacional 250 m x 300 m 280 m x 300 m 1 000 m x 1 000 m
Nova estrada de acesso a Novo acesso a partir da Novo acesso a partir da N1,
Estrada de acesso partir da EN1, com N208, utilizando trilhos utilizando trilhos existentes
aproximadamente 2 km existentes onde possível. onde possível.

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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Local de implantação da nova subestação de Vilanculos Local de implantação da nova subestação de Chibuto

Local de implantação da nova subestação de Matalane (em


Local de implantação da nova subestação de Maputo (em Boane)
Marracuene)

Figura 4.6 – Sites of the Project’s proposed substations

Para além das novas subestações, será também necessária a expansão da actual Subestação de
Maputo. A área necessária para a expansão da subestação de Maputo será similar à área
actualmente ocupada pela subestação existente. A subestação existente actualmente cobre
aproximadamente 20 ha, embora de acordo com a EDM a área total reservada para a expansão
da subestação seja de cerca de 100 ha. Existe uma via de acesso através do local da subestação
existente para o terreno disponível para a nova expansão da subestação.

Uma subestação é localizada numa área de terreno compreendendo um recinto operacional


protegido por vedações de aço com vedações eléctricas de segurança em cima. O recinto é
tipicamente nivelado e pavimentado com cascalho de pedra, com as estradas de acesso interno
construídas em asfalto. A instalação de sistemas de drenagem das águas pluviais é obrigatória.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Os condutores entram na subestação através de pórticos de aterragem, com aproximadamente


15 m de altura. Destes pórticos, os condutores atravessam o local em uma série de estruturas de
aço paralelas entre os transformadores. Os transformadores reduzem a tensão de 400kV para
uma tensão mais baixa para o abastecimento a jusante. Normalmente, o local da subestação
também inclui edifícios de escritórios construídos a partir de blocos de betão e um parque de
estacionamento. As figuras a seguir ilustram os componentes típicos de uma subestação.

Figura 4.7 – Exemplo de uma subestação típica – actual subestação de Maputo em Boane

Fonte: SCDS & Mott MacDonald (2011).

Figura 4.8 – Exemplos de um transformador típico (esquerda) e edifícios de escritórios na


subestação (direita)

4.3.2.3 Componentes e Actividades de Apoio ao Projecto

Descrição Geral

Para além das componentes principais do Projecto, descritas acima, a implementação da Fase 1
do Projecto STE irá incluir ainda um conjunto de componentes e actividades complementares,
necessárias para apoio à construção do Projecto ou para permitir a sua operação e manutenção.
Estas incluem:
Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;
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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
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Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

 Estabelecimento e manutenção da Faixa de Servidão (RoW);


 Construção dos acessos necessários para a construção e manutenção da linha;
 Exploração de áreas de empréstimos para obtenção de inertes e agregados;
 Construção de estaleiros de obra, incluindo acampamentos de acomodação temporária
para os trabalhadores e locais de armazenamento temporário de equipamento e materiais.

Algumas destas actividades são discutidas em maior detalhe abaixo.

Estabelecimento e desmatação da Faixa de Servidão (RoW)

Um corredor de 100 m (50 m de cada lado da linha central) será estabelecido como a Faixa de
Servidão (RoW) da OHL. A faixa de servidão é necessária para proteger o sistema de eventos
inesperados, do contacto com árvores e ramos e outros perigos potenciais que podem resultar em
danos no sistema, falhas de energia ou incêndios florestais. A faixa de servidão também será
utilizada para aceder, assistir e inspeccionar a OHL.

A dimensão da Faixa de Servidão proposta foi especificada com referência à Lei de Terras (Lei n.º
19/1997) e seu regulamento (Decreto n.º 66/98).

Qualquer infra-estrutura localizada dentro da faixa de servidão será removida ou relocalizada. Os


impactos associados com o estabelecimento da RoW são avaliados neste relatório de EIA. Em
termos de remoção de vegetação, as normas mínimas a usar para a desmatação são indicadas na
Tabela 4.5 abaixo.
Tabela 4.5 – Normas para a desmatação dentro da faixa de servidão (RoW) da OHL

Item Desmatação para construção Manutenção operacional


O recrescimento deve ser cortado a
Desmatação total de um corredor de 30 m
Linha central da OHL (faixa 50 mm do solo e mantido através de
(área directamente abaixo da linha a ser
mínima de segurança) trabalho manual, conforme necessário.
desmatada).
Não é prevista a utilização de herbicidas.
Se não houver outra alternativa, limpar uma
faixa de 1 m para criação de um acesso
pedestre, de modo a ser possível puxar um A vegetação não deve ser perturbada
Vales inacessíveis (linha de
fio piloto manualmente. Alternativamente, após a remoção inicial - a vegetação
rastreamento)
utilizar um helicóptero ou outra técnica para pode voltar a crescer.
fazer passar o condutor de um lado do vale
par ao outro por via aérea.
Corte selectivo ou corte de plantas
individuais que interfiram ou ameacem a
integridade da linha de energia. Geralmente
Vegetação dentro da faixa de implica o corte de toda a vegetação com
servidão, mas fora da faixa mais de 3 m de altura, num corredor de 50m. Corte selectivo.
mínima de segurança. Isto inclui as árvores que podem vir a
representar uma ameaça futura dentro do
período designado de manutenção
(tipicamente três anos).
Desmatação de toda a vegetação dentro da
O recrescimento deve ser cortado dentro
posição proposta da torre e dentro de um
de 50 mm do solo e mantido através de
Posição e suporte da torre / raio máximo de 6 m em torno da posição,
trabalho manual, conforme necessário. A
posição do fio de contacto incluindo a destruição dos cotos de corte ao
utilização de herbicidas não está
nível do solo, tratamento com herbicida e a
prevista.
compactação do solo.
Fonte: SCDS & Mott MacDonald (2011); Norconsult (2015).

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Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Construção de estradas de acesso

Durante a fase de construção, será necessário garantir acesso rodoviário a cada local onde se
prevê construir uma torre. Sempre que possível, o acesso a estes locais deverá ser feito através
de estradas existentes (que poderão ter de ser melhoradas, para permitir a passagem de veículos
pesados de transporte de materiais e equipamentos), ou através da faixa de servidão. Quanto tal
não for possível, será necessário construir novos acessos temporários, para uso apenas durante a
fase de construção. A definição do traçado destes acessos temporários será da responsabilidade
do Empreiteiro de construção, sob supervisão da EDM.

O PGAS (ver Volume III) apresenta orientação sobre os requisitos mínimos que deverão ser
cumpridos pelo Empreiteiro para a definição destes acessos, de modo a minimizar os seus
impactos ambientais e sociais. Porém, dependendo das suas características, a construção de
novos acessos pode exigir licenciamento ambiental adicional, se forem atingidos os limiares
definidos no Regulamento de AIA para avaliação estradas. Se for preciso licenciamento ambiental
adicional, tal será da responsabilidade do Empreiteiro, sob supervisão da EDM.

Abertura e exploração de áreas de empréstimo

Os agregados e materiais inertes necessários para a construção de acessos e obras de


construção civil associadas linha e às subestações serão obtidos a partir de áreas de empréstimo.
Como princípio geral, a localização das áreas de empréstimo a explorar deverá ser a mais próxima
possível das frentes de obra. A localização destas áreas de empréstimo não está definida nesta
fase de desenvolvimento do projecto e será seleccionada pelo Empreiteiro de construção, com a
aprovação da EDM e das autoridades distritais.

O PGAS (ver Volume III) proporciona algumas directrizes para a selecção de áreas de
empréstimo, por forma a minimizar os seus impactos. Contudo, a criação de novas áreas de
empréstimo requer licenciamento ambiental. Se for necessária a abertura de novas áreas de
empréstimo para a implementação do Projecto, o seu licenciamento ambiental será da
responsabilidade de empreiteiro, sob supervisão da EDM.

Estabelecimento de campos de obra

A fase de construção irá requerer um conjunto de infra-estruturas de apoio à obra, incluindo


alojamento temporários para os trabalhadores, parques de máquinas, áreas de armazenamento
de materiais e equipamentos e outros estaleiros de obra. Tendo em conta a extensão total da linha
(561 km) é provável que venham a ser construídos estaleiros de apoio em mais que uma
localização. No entanto, a localização destas infra-estruturas de apoio à construção não está
definida no momento presente e será da responsabilidade do empreiteiro, com aprovação da EDM
e autoridades distritais, considerando aspectos como acessos, abastecimento de água e outras
questões. O PGAS (ver Volume III) apresenta algumas directrizes para a localização dos
estaleiros, assim como outros requisitos, por forma a minimizar o seu impacto ambiental e social.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
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4.3.3 Fase de Construção

4.3.3.1 Actividades de Construção

Construção da linha de transporte área (OHL)

A Tabela 4.6 abaixo descreve as principais actividades de construção associadas à OHL. Prevê-
se que a construção se inicie no Norte, perto de Vilanculos, progredindo para sul em direcção a
Maputo. A construção da OHL deverá implicar a mobilização de várias equipas de trabalhadores a
operar simultaneamente, com cada equipa a realizar uma tarefa específica num processo
sequencial que envolve as principais tarefas da construção: desmatação, abertura de acessos,
obras de construção civil, montagem de aço e comissionamento. Ainda não foi determinado se
estará a trabalhar mais de uma equipa em diferentes secções da mesma linha simultaneamente,
isso será determinado durante a nomeação do empreiteiro na fase de construção.
Tabela 4.6 – Fases típicas da construção das linhas aéreas

Actividade Descrição
Isto pode incluir a limpeza da vegetação, onde a linha passa sobre ou perto de árvores que
Preparação do local podem infringir cortes de segurança, bem como verificação dos serviços locais e utilidades
subterrâneos e levantamentos geotécnicos, conforme necessário.
Estabelecimento de estaleiros de construção ao longo do traçado proposto. O número de
estaleiros necessário irá depender do programa de construção detalhado a ser
Estaleiros de construção
desenvolvido pelo Empreiteiro contratado, e no número de equipas de trabalho necessárias
para cumprir esse programa.
Será necessário estabelecer acesso de veículos a cada torre, seja por uma estrada de
Trabalhos de acessibilidade ao acesso directa ou ao longo da faixa de servidão. Em certas circunstâncias em que as
local condições do terreno impeçam o acesso normal, pode ser necessário construir uma via de
acesso temporária.
As fundações da torre são construídas primeiro: uma ou quatro fundações por torre,
dependendo do projecto da torre. As fundações são escavadas mecanicamente e
preenchidas com betão. Poderão ser necessárias fundações de estacas em algumas áreas
Obras de construção civil onde as condições do solo são instáveis. As dimensões da escavação serão diferentes
dependendo do tipo de torre a ser instalada. O betão será entregue através de camiões de
betão pré-misturado a partir de centrais de betão estrategicamente localizadas ao longo do
traçado.
As secções de estruturas de aço para as torres serão transportadas por estrada utilizando
um camião 4 x 4. A montagem de cada torre ao nível do solo deveria prosseguir tanto
quanto possível até que a utilização de uma grua se torne necessária para permitir que as
Montagem das estruturas de
secções mais altas da torre sejam completadas. É prática normal usar gruas para erguer a
aço
estrutura de aço, sujeito a que haja boas condições de acesso. Onde o terreno for difícil e
para minimizar a perturbação, a estrutura de aço poderá ter que ser transportada por
helicóptero.
Os cabos são instalados usando um guincho para puxar o cabo condutor ao longo das
Colocação dos cabos torres e um "tensor" na outra extremidade para manter o condutor acima do solo.
condutores Normalmente a extensão da secção é 8-10 km. Estes locais de guincho não são fixos e
podem ser seleccionados a fim de minimizar o impacto em particular em locais sensíveis.
Os componentes da linha aérea, incluindo condutores, isoladores, torres, juntas e
Testagem do equipamento conexões são projectados e testados para comprovar a conformidade com os requisitos
estruturais, mecânicos e eléctricos.
Após conclusão dos trabalhos, a área será limpa. As vedações e cercas serão reparadas
Reabilitação da área de assim como serão restabelecidas as vias de acesso e terrenos perturbados como acordado
construção da torre com os utilizadores da terra e detentores de títulos de propriedade. Todas as vedações de
segurança do local serão mantidas durante todo o processo de desactivação e construção.
Fonte: SCDS & Mott MacDonald (2011).

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Construção das subestações

A Tabela 4.7 descreve as principais actividades de construção das subestações do Projecto.


Tabela 4.7 – Fases típicas da construção da subestação

Actividade Descrição
Isto pode incluir limpeza da vegetação, bem como levantamentos geotécnicos e
Preparação do local estudos pedológicos. A vegetação é limpa das áreas de armazenamento e das áreas
das obras.
Estabelecimento de estaleiros de construção próximos, ou dentro, das áreas das
novas subestações. O tamanho e organização de cada estaleiro irá depender do
Estaleiros de construção
Empreiteiro a contratar, nomeadamente do seu programa de construção e das equipas
de trabalho necessárias para o cumprir.
A infra-estrutura civil para o local é estabelecida, incluindo a colocação de estacas,
conforme necessário para quaisquer novas fundações. Isso inclui a criação de novos
Trabalhos de acessibilidade ao
acessos. A drenagem do local (onde necessário) será instalada juntamente com as
local
fundações para a central eléctrica e será erguida uma vedação de segurança. É
testada a integridade das áreas de contenção.
Os principais componentes da central, incluindo transformadores, são transportados
para o local e manobrados até á posição usando métodos especializados adequados
Instalação de equipamento eléctrico para cargas anormais. Outras instalações e equipamentos eléctricos são erguidos
para a posição usando pequenas gruas móveis. O equipamento é aparafusado às
fundações de betão pré-construídas.
Instalação de sistemas eléctricos e Instalação de cabos eléctricos, equipamentos e sistemas de instrumentação de
de comando protecção e controle, por empreiteiros especializados.
A fase de comissionamento assegurará que os sistemas de controlo da subestação
estejam instalados e funcionando correctamente antes que o novo equipamento de
subestação seja colocado em uso operacional como parte do sistema de transporte. O
Comissionamento
comissionamento envolve o teste de sistemas de controlo e software e exigirá pouca
ou nenhuma actividade de construção adicional. Os impactos associados ao
comissionamento são mínimos.
Fonte: SCDS & Mott MacDonald (2011).

4.3.3.2 Materiais e Equipamento de Construção

Materiais

Espera-se que sejam necessários os seguintes materiais para a fase de construção:

 Materiais inertes e agregados necessários para a construção de estradas e obras de


construção civil (bases das torres e subestações). Estes serão provenientes de áreas de
empréstimo, a serem seleccionadas pelo (s) empreiteiro (s) da construção;
 Água, que será necessária para centrais de betão e para abastecer os acampamentos de
obra e alojamentos dos trabalhadores.

Produtos químicos

Não serão necessários produtos químicos relevantes para a fase de construção, com excepção
dos produtos utilizados em qualquer obra de construção civil (como lubrificantes, óleos, produtos
de limpeza, etc.).

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Equipamento

A fase de construção usará equipamentos de construção civil comuns, incluindo camiões, gruas,
escavadoras, etc.

Combustíveis e Lubrificantes

Os únicos combustíveis e lubrificantes a utilizar na fase de construção serão os necessários para


operar as máquinas de construção, e como tal as necessidades serão semelhantes às de qualquer
empreitada de construção de dimensão semelhante. Todos os combustíveis necessários para a
fase de construção serão adquiridos no mercado nacional.

Consumo de Água e Energia

Na fase de construção, as necessidades de electricidade serão apenas as associadas aos


acampamentos de construção e alojamento dos trabalhadores. A energia necessária será em
princípio obtida a partir da rede nacional da EDM, ou através de geradores.

Quanto ao consumo de água, e como mencionado acima, será necessária água para as centrais
de betão e para fornecer os acampamentos de construção e de alojamento dos trabalhadores. Os
volumes necessários serão obtidos a partir de fontes locais ou fornecimento público.

4.3.3.3 Gestão de Resíduos

Os procedimentos de gestão de recursos para a fase de construção irão seguir as directrizes


definidas no Plano de Gestão de Resíduos, incluído no PGAS (ver Volume III).

4.3.3.4 Mão-de-obra

Prevê-se, com base em empreendimentos semelhantes, que sejam necessário um total de 250
trabalhadores para a fase de construção da linha, incluindo trabalhadores especializados e não-
especializados. Serão também necessários cerca de 50 a 100 trabalhadores para instalar os
equipamentos e instrumentação das subestações.

4.3.4 Fase de Operação

4.3.4.1 Actividades Principais

Operação da linha de transporte aérea (OHL)

Os principais trabalhos associados à OHL durante a fase operacional são a manutenção de uma
faixa de servidão desobstruída, inspecções às torres e à linha e trabalhos de manutenção da linha.
Será necessário controlar o crescimento da vegetação na RoW, de modo a evitar avarias na OHL
e nas torres. Se o crescimento de árvores e plantas não for controlado, haverá um maior risco de
cortes de energia causado pelo contacto com as árvores, incêndios florestais, corrosão de
equipamentos de aço, bloqueios de acesso a equipamentos e interferência com equipamentos de
aterramento. Os requisitos para o controlo da vegetação na faixa de servidão durante a fase

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Fase 1: Vilanculos - Maputo

operacional são descritos acima na Tabela 4.5. Sempre que possível, a EDM procurará empregar
equipas locais ao longo do traçado para realizar o controlo da vegetação na RoW.

O acesso para inspecção técnica e reparações será intermitente e usará as vias de acesso
existentes e a faixa de servidão. Um dos aspectos a monitorizar durante estas inspecções será
possíveis aproximações de novas infra-estruturas, que possam constituir um risco para a linha.

Subestações

Durante a operação, as subestações serão automatizadas. Cada subestação terá quatro


trabalhadores permanentes (operando num sistema de três turnos). Os trabalhos de manutenção
serão intermitentes e dentro dos limites da subestação.

4.3.4.2 Materiais e Equipamentos

Materiais

Não serão necessárias quaisquer matérias-primas na fase de operação. Poderão ser necessárias
partes de substituição para reparar elementos partidos ou defeituosos.

Equipamento

Durante a fase de operação, apenas será utilizado equipamento comum, como veículos ligeiros
para inspecção da faixa de servidão e ferramentas manuais para limpeza de vegetação.

Necessidades de Combustível e Lubrificantes

Os requisitos de combustível e de lubrificantes durante a fase de operação serão insignificantes,


uma vez que serão limitados aos veículos utilizados para inspecções da faixa de servidão e
também para o gerador de emergência.

Consumo de Água e Energia

Não foram identificadas necessidades relevantes de consumo de água ou de energia para a fase
de operação.

4.3.4.3 Gestão de Resíduos

Os procedimentos de gestão de resíduos para a fase de operação seguirão as directrizes do Plano


de Gestão de Resíduos, incluído no PGAS (ver Volume III).

4.3.4.4 Mão-de-obra

O número de trabalhadores necessário para a fase operacional deverá ser muito reduzido. A
operação da OHL e das subestações será realizada pelo pessoal existente da EDM. Para além
disto, e tal como acima referido, poderão ser empregues equipas locais para o controlo de
vegetação da faixa de servidão e as subestações terão quatro trabalhadores permanentes cada.

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4.3.5 Fase de Desactivação


O tempo de vida de linhas de transmissão de energia é tipicamente 30 anos ou mais. Na prática,
estas linhas raramente são desactivadas, sendo em vez disso alvo de manutenção regular. Assim,
a fase de desactivação do Projecto, se for efectivamente necessária, irá ocorrer num horizonte
temporal relativamente distante, pelo que o grau de confiança quanto às actividades a serem
desenvolvidas nessa fase é relativamente baixo. Em geral, contudo, a fase de desactivação inclui
as seguintes actividades:

 Remoção de fundações e torres;


 Remoção de resíduos e descontaminação das áreas de Projecto;
 Eliminação de resíduos e materiais perigosos em unidades de gestão de resíduos
adequadas;
 Devolução e reutilização da RoW, de acordo com a utilização final proposta.

Tendo em conta o horizonte temporal longínquo destas actividades, a EDM deverá desenvolver
um Plano de Desactivação em momento prévio às actividades de desactivação, para minimizar os
impactos ambientais e sociais da desactivação. O local será devolvido a uma condição adequada
para reusar a linha para a finalidade pretendida. Será realizada uma auditoria ambiental completa,
que irá examinar em detalhe todos os potenciais riscos ambientais existentes no local e fará
recomendações para acções de remediação quando necessário. Após a demolição completa, será
realizada uma auditoria para assegurar que todo o trabalho de remediação foi concluído.

4.3.6 Valor de Investimento


O orçamento total de investimento estimado para o Projecto é aproximadamente 600 milhões de
USD (dólares dos Estados Unidos da América). Note-se que este valor é uma estimativa e pode
mudar durante a fase de engenharia detalhada.

4.4 Calendário do Projecto


A construção e o comissionamento da Fase 1 (Vilanculos - Maputo) do Projecto STE terão uma
duração total de 4 anos, com início previsto para finais de 2019 e conclusão em 2023. O tempo de
vida útil estimado da linha e das subestações é de 30 anos. No entanto, com uma manutenção
adequada e/ou modernização poderão permanecer em operação para além deste horizonte.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Fase 1: Vilanculos - Maputo

5 Áreas de Influência do Projecto


5.1 Considerações Gerais
O Regulamento de AIAS define a Área de Influência (AI) como a área geográfica directa ou
indirectamente afectada pelos impactos ambientais de uma actividade. Apesar desta definição
relativamente simples, na prática a definição da AI de um projecto não é uma tarefa óbvia, dado
que a AI é função de um grande número de factores, com vários graus de influência nas áreas em
redor do projecto e que vão variando ao longo do seu ciclo de vida.

A AI pode, por isso, ser concebida como o somatório de vários factores flutuantes. A extensão
geográfica de alguns destes factores pode ser facilmente delimitada (e.g., a área de vegetação
removida da RoW da linha de transmissão), enquanto para outros factores essa extensão
geográfica é muito difícil de medir (e.g., os efeitos socioeconómicos directos e indirectos). Os
impactos de um projecto também variam ao longo do tempo: por exemplo, um projecto que
emprega centenas de trabalhadores durante a fase de construção, mas apenas um pequeno
número quando operacional, tem uma AI social muito diferente nessas duas fases.

Uma outra consideração é a presença de outras organizações ou empreendimentos – cada uma


das quais com a sua própria AI – dentro da AI do projecto proposto, o que torna muito difícil
atribuir uma AI específica a cada um dos empreendimentos. Devido a isto, é muitas vezes útil
considerar e/ou adoptar unidades existentes quando se define uma AI, tais como as linhas de
costa, bacias, fronteiras cadastrais (nacionais, provinciais, locais), infra-estruturas lineares (como
ferrovias, estradas, rios, canais, etc.).

Tendo em conta o acima exposto, a determinação da AI constitui um exercício baseado numa


avaliação pericial, em parte subjectiva, baseada na informação disponível e no conhecimento
adquirido sobre os impactos de projectos similares anteriores.

O regulamento de AIAS exige a definição de uma Área de Influência Directa (AID) e de uma Área
de Influência Indirecta (AII). Os pontos seguintes definem a AI para o Projecto STE, conforme o
discutido acima, e baseado nos resultados das avaliações desenvolvidas para este EIA.

5.2 Área de Influência Directa (AID)


A AID do Projecto é constituída por duas componentes:

 A área de afectação directa, i.e., a área ocupada pelas infra-estruturas de Projecto; e


 A área onde os impactos directos da construção e operação serão sentidos.

A área de afectação directa inclui a área ocupada pelas torres, as subestações e a faixa de
reserva a ser estabelecida. Na fase de construção, a área de afectação directa inclui ainda as
infra-estruturas auxiliares, tais como os acessos temporários e os estaleiros de construção.
Considera-se provável que estas infra-estruturas auxiliares venham a ser colocadas na envolvente
imediata da área de Projecto, mas a sua localização exacta não é conhecida no momento

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presente. Dentro desta área de afectação directa, várias actividades serão implementadas, como
decapagem de solos, desmatação, movimentos de terras, etc..

Ao considerar os impactos directos do projecto fora da área de afectação, é útil separar os


impactos biofísicos e socioeconómicos. Assim, o AID do projecto é delineado da seguinte forma:

 Ambiente Biofísico: é de esperar que os impactos biofísicos directos resultantes da


construção e operação do projecto estarão limitados a um corredor centrado no traçado do
OHL, com largura máxima de 300 m (150 m de cada lado da linha central). Esta largura
abrange a RoW e um corredor de construção mais largo, que será provavelmente preciso
para estabelecer acessos temporários, movimento de maquinaria, etc.;
 Ambiente socioeconómico: as comunidades atravessadas pela RoW proposto. Mesmo
que o emprego e estimulo económico se possa estender a outras comunidades, espera-se
que os impactos socioeconómicos directos sejam sentidos sobretudo nas aldeias e
comunidades atravessadas pelo traçado, ou perto do mesmo. Dado que não existe
informação cartográfica sobre as fronteiras das comunidades na área de Projecto, a AID
socioeconómica foi definida como um corredor de 2 km de largura centrado no traçado.

Esperam-se também impactos directos nas áreas de apoio à construção (estaleiros, acessos
temporários, áreas de empréstimo). Contudo, as localizações destas áreas não são conhecidas no
momento presente, e como tal as mesmas não serão tidas em consideração para a definição da
AID do Projecto. A Figura 5.1 ilustra a AID socioeconómica, que inclui a AID biofísica.

5.3 Área de Influência Indirecta (AII)


A AII do Projecto é a área geográfica onde os impactos indirectos do Projecto se farão sentir, ou
seja, os impactos secundários que resultam dos directos.

Em termos do ambiente biofísico, poucos ou nenhuns impactos indirectos são esperados fora da
AID. Uma notável excepção será o aumento da exploração de recursos naturais ao longo da faixa
de reserva da linha, em particular onde esta atravessar manchas de matas que actualmente não
são facilmente acessíveis. A presença da RoW da linha irá facilitar o acesso a estas áreas, o que
provavelmente irá resultar no aumento da exploração de recursos naturais das mesmas, como por
exemplo a recolha de lenha. São prováveis ainda outros impactos socioeconómicos indirectos,
nomeadamente os associados com a criação de oportunidades de emprego, mobilização da mão-
de-obra, desenvolvimento de actividades comerciais informais, etc. É expectável que estes
impactos indirectos sejam sentidos em maior grau nas áreas mais perto do traçado da OHL.

Como tal, a AII do Projecto é definida da forma seguinte:

 Ambiente Biofísico: um corredor de 2 km de largura, centrado no traçado da OHL.


 Ambiente Socioeconómico: as fronteiras dos distritos atravessadas pelo OHL, pois os
benefícios e impactos das mudanças induzidas pelo projecto na AID serão provavelmente
estendidos a outras comunidades dentro destes territórios.

A Figura 5.1 ilustra a AII do projecto Proposto.


Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;
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Subestação
de Vilanculos
Substation

Subestação
de Chibuto

Subestação
de Matalane

Subestação
de Maputo

Figura 5.1 – Áreas de Influência do Projecto

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6 Caracterização da Situação de Referência


O presente capítulo apresenta a caracterização da situação de referência do ambiente
potencialmente afectado dentro da AI do Projecto, conforme definida no Capítulo 5. Foi feito um
esforço para focar a situação de referência nos factores ambientais e sociais mais relevantes,
dada a tipologia do Projecto e os seus previsíveis potenciais impactos. A Tabela 6.1 apresenta a
estrutura da caracterização da situação de referência do EIA.
Tabela 6.1 – Estrutura da caracterização da situação de referência do EIA

Ambiente Factor
- Clima;
- Qualidade do Ar;
- Ruído;
Ambiente Físico - Geologia e Geomorfologia;
- Solos;
- Recursos Hídricos;
- Paisagem.
- Flora e Vegetação;
- Fauna;
Ambiente Biótico - Áreas de Conservação;
- Serviços de Ecossistema.
- Avaliação de Habitats Naturais, Modificados e Críticos;
- Divisão Administrativa;
- Organização Política;
- Demografia;
- Património e Cultura;
Ambiente Socioeconómico - Educação;
- Saúde;
- Serviços Básicos e Infra-estruturas;
- Habitação;
- Actividades Económicas.

6.1 Ambiente Físico


6.1.1 Clima

6.1.1.1 Clima Regional

De acordo com a classificação climática de Köppen, o traçado de Projecto atravessa duas regiões
climáticas distintas: Aw e BSh (Figura 6.1). O tipo climático Aw corresponde a um clima tropical de
savana, que cobre grande parte da costa de Moçambique, caracterizado por uma longa época
seca durante o Inverno. A precipitação durante a época húmida é geralmente inferior a 1 200 mm,
e ocorre apenas durante o Verão. As regiões mais interiores cruzadas pelo traçado de Projecto
estão classificadas como um tipo climático BSh, o que corresponde a um clima árido e quente de
deserto subtropical, influenciado pela estabilidade e subsidência das camadas de ar superiores,

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em resultado da presença de uma zona de elevada pressão subtropical. Em climas BSh, a


humidade relativa nas regiões interiores é em geral reduzida, e a precipitação é reduzida em
volume e de distribuição muito variável, tanto em termos temporais como espaciais. As
temperaturas apresentam uma elevada variação, tanto em termos diários como anuais,
verificando-se variações diurnas extremas de temperatura.

Fonte: Adaptado de Peel et al. (2007)

Figura 6.1 – Classificação climática de Moçambique de acordo com Köppen

6.1.1.2 Parâmetros Climáticos Regionais

O presente subcapítulo descreve as características dos principais parâmetros climáticos para a


região atravessada pelo Projecto, ou seja, as zonas costeiras da região Sul de Moçambique
(Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo). Esta caracterização baseia-se em dados
climatológicos de séries de 30 anos obtidas da estação meteorológica de Vilanculos (WMO ID =
673150; localizada em 22º,01 S 35,31º E; elevação de 14 m) e do Observatório Meteorológico de
Maputo (WMO ID = 673390; localizada em 25,92º S 32,57º E; elevação de 144 m). Estas duas
estações meteorológicas são consideradas como representativas do clima da região em estudo.

Temperatura

Na região do Projecto, ou seja no Sul de Moçambique, a variação sazonal da temperatura entre os


meses mais frios (Junho, Julho e Agosto) e os meses mais quentes (Dezembro, Janeiro e
Fevereiro) é de aproximadamente 5ºC.

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As temperaturas são mais elevadas na região costeira, de baixa elevação, do que nas regiões
interiores, com altitudes mais elevadas. As temperaturas médias nas regiões baixas do país são
de cerca de 25 a 27ºC no Verão e 20 a 25ºC no Inverno. A Figura 6.2 ilustra as temperaturas
médias mensais, de acordo com dados climatológicos de séries de 30 anos obtidas da estação
meteorológica de Vilanculos e do Observatório Meteorológico de Maputo.

Fonte: INAM (2016).

Figura 6.2 – Temperaturas médias mensais

Precipitação

Na zona costeira do Sul de Moçambique, onde o Projecto se localiza, a precipitação média anual
total é inferior a 1 200 mm, apresentando valores máximos perto da costa, mas decrescendo
rapidamente em direcção ao interior. A precipitação ocorre fundamentalmente de Outubro a Março
e é influenciada pelas correntes oceânicas, em particular pela corrente de Moçambique, que é
quente e flui para Sul. As monções influenciam a existência das duas estações distintas
previamente descritas, provocando uma distribuição irregular e desigual da precipitação anual.

A análise dos dados de precipitações médias mensais para a região de Vilanculos e Maputo
(Figura 6.3) revela que os Dezembro e Fevereiro são os meses mais húmidos, com a precipitação
média mensal a atingir um máximo de 176 mm, enquanto Agosto e Setembro são os meses mais
secos do ano, com a precipitação média mensal a atingir mínimos de 26 mm em Vilanculos e
13 mm em Maputo. A análise da distribuição sazonal mostra que aproximadamente 95% da
precipitação anual acontece durante a época húmida (Novembro a Março).

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Fonte: INAM (2016).

Figura 6.3 – Precipitação média mensal

Regime de ventos

De acordo com INAM (2016), as velocidades dos ventos na região do Projecto são geralmente
baixas (Figura 6.4). Outubro e Novembro são os meses mais ventosos, com velocidades entre
8,7 km/h e 12,0 km/h. Entre Dezembro e Junho observa-se uma redução geral da velocidade do
vento, atingindo um mínimo mensal de 6,9 km/h na região de Maputo e 8,1 km/h na região de
Vilanculos. Maio e Junho apresentam valores médios mensais de velocidade do vento inferiores a
9,5 km/h, sendo os meses menos ventosos.

Em relação às direcções predominantes dos ventos, os dados recolhidos das duas estações
meteorológicas mostram que os ventos dominantes sopram, em ordem decrescente, dos
quadrantes Este, Sudoeste, Sul e Nordeste. Isto deve-se à circulação atmosférica que é
claramente influenciada pelas baixas pressões equatoriais, com ventos de monção provenientes
do Nordeste, por sua vez gerados pelo anticiclone subtropical localizado a sul do Rio Zambeze.
Tinley (1971) descreve um forte sistema de brisa terra-mar que influencia esta parte o país,
caracterizado por ventos predominantes de Sul durante a manhã, mudando para ventos
predominantes de Este durante a tarde.

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Fonte: INAM (2016).

Figura 6.4 – Velocidade média do vento na região do Projecto (1968-2006)

As velocidades de vento mais frequentes são entre 2,1 – 3,6 m/s (7,5 a 12,9 km/h). Esta classe de
velocidade de vento tem uma frequência média anual de 66% em Maputo e 76,9% para Vilanculos
(ver Figura 6.5 abaixo).

Fonte: INAM (2016).

Figura 6.5 – Frequências de velocidades de vento para as estações meteorológicas de


Maputo (esquerda) e Vilanculos (direito)

Humidade Relativa

A Figura 6.6 mostra valores de humidade relativa mensal, com base nas séries de dados de 30
anos recolhidas das estações meteorológicas de Vilanculos e Maputo. A humidade relativa média
mensal em Vilanculos atingiu o máximo de 81% em Maio e o mínimo de 72% em Agosto. Os
meses entre Junho e Agosto são os mais secos do ano, devido à baixa actividade da Zona de
Convergência Intertropical na região sul do país nesta altura do ano.

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Fonte: INAM (2016).

Figura 6.6 – Humidade relativa predominante na região do Projecto

6.1.1.3 Vulnerabilidade a Condições Climáticas Extremas

Moçambique é um país muito vulnerável a desastres naturais de origem meteorológica, incluindo


secas, cheias e ciclones tropicais, devido sobretudo à sua localização geográfica: o país apresenta
uma vasta extensão de linha costeira (2700 km), vários rios internacionais que descarregam no
Oceano Índico e vastas extensões de terrenos abaixo do nível médio do mar. Outros factores que
contribuem para a vulnerabilidade do país a eventos meteorológicos extremos são a reduzida
capacidade de predição destes eventos, a dificuldade em transmitir e dispersar avisos atempados
e o elevado grau de pobreza e dependência de recursos naturais, que por sua vez são
dependentes da variabilidade climática.

Os ciclones ocorrem de forma cíclica, acompanhados de fortes ventos e chuvas torrenciais (ver
Figura 6.7). Em termos gerais, a época de ciclones ocorre de Novembro a Abril, com um pico em
Dezembro e Janeiro. Entre 1993 e 2021, foram registados 40 ciclones no país (INAM, 2012), dos
quais nove (9) foram classificados como muito intensos (velocidade máxima do vento acima de
212 km/h). Em média, todos os anos formam-se três (3) a cinco (5) ciclones no Canal de
Moçambique (Tinley, 1971). No entanto, apenas cerca de dois (2) ciclones atingem a costa de
Moçambique por ano. Em Moçambique, os ciclones mais frequentes são os de categoria 1 a 4,
com ventos entre 63 km/h a 212 km/h. Os ciclones de categoria 5, com velocidades acima de
212 km/h, são raros. As áreas mais afectadas por ciclones em Moçambique são as zonas
costeiras do centro e sul.

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Fonte: Tropical cyclones/Tracks; NOAA (2016).

Figura 6.7 – Principais depressões tropicais no Oceano Índico na costa de Moçambique em


2016

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6.1.2 Qualidade do Ar

6.1.2.1 Padrões e Directrizes de Qualidade do Ar

Em geral, a definição de padrões de qualidade do ar visa a salvaguarda da saúde pública e a


protecção dos ecossistemas. Os mesmos são definidos tendo em consideração as diferentes
formas de absorção de compostos gasosos ou material particulado presentes na atmosfera. Em
Moçambique, os padrões de qualidade do ar foram estabelecidos pelo Decreto n.º 18/2004, de 2
de Junho (Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes), com
a redacção que lhe é dada pelo Decreto n.º 67/2010, de 31 de Dezembro.

No que diz respeito aos padrões de qualidade do ar, este regulamento define os limites de
emissão de poluentes para fontes fixas e móveis e os padrões da qualidade do ar ambiente. Até
ao momento, Moçambique tem apenas padrões de qualidade do ar ambiente para o dióxido de
enxofre (SO2), dióxido de azoto (NO2), monóxido de carbono (CO), ozono (O3), partículas totais
em suspensão (PTS). A Tabela 6.2 lista os padrões de qualidade do ar ambiente em Moçambique.
Tabela 6.2 – Padrões nacionais de qualidade do ar ambiente

Poluente Unidade Concentração Período de referência

Partículas totais em 150 Média diária máxima


μg/m3
suspensão (PTS) 60 Média anual

Dióxido de azoto 190 Média horária máxima


μg/m3
(NO2) 10 Média anual
500 Valor instantâneo – média de 10 minutos

Dióxido de enxofre 800 Média horária máxima


μg/m3
(SO2) 100 Média diária máxima
40 Média anual
30 000 Média horária máxima

Monóxido de carbono 10 000 Máximo de 8 horas


μg/m3
(CO) 60 000 Máximo de 30 minutos
100 000 Máximo de 15 minutos
160 Média horária máxima
120 Máximo de 8 horas
Ozono (O3) μg/m3
50 Máximo de 24 horas
70 Média anual
Fonte: Decreto n.º 18/2004, emendado pelo Decreto n.º 67/2010.

Moçambique ainda não definiu padrões para o material particulado com diâmetro até 10 μm
(PM10). Na ausência de padrões nacionais, foram consideradas as directrizes da Organização
Mundial da Saúde (OMS) para este poluente: concentrações máximas de 50 μg/m 3 (para um
período de referência de 24 horas) e 20 μg/m 3 (média anual). A Tabela 6.3 apresenta as
directrizes internacionais de qualidade do ar relevantes, nomeadamente as definidas pela OMS,
União Europeia (UE) e África do Sul, em comparação com os padrões de Moçambique.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Tabela 6.3 – Normas internacionais da qualidade do ar ambiente

Período de Moçambique União Europeia África do Sul


Poluente OMS (μg/m3)
referência (μg/m3) (μg/m3) (μg/m3)
24 horas -- 50 50 --
PM10
1 ano -- 20 40 --

Instantâneo -- 500 -- 500

1 hora 800 -- 350 --


SO2
24 horas 100 -- 125 125

1 ano 40 50 20 50
1 hora 30 000 -- -- --
CO
8 horas 10 000 10 000 10 000 --

1 hora 190 200 200 376


NO2 24 horas -- -- -- 188
1 ano 10 40 40 94

6.1.2.2 Situação de Referência da Qualidade do Ar

Considerações Gerais

Moçambique ainda não estabeleceu uma rede de monitorização da qualidade do ar, pelo que não
estão disponíveis dados específicos de qualidade do ar a nível nacional. Como tal, é apresentada
uma avaliação qualitativa da qualidade do ar ambiente, com base numa revisão da literatura e
dados obtidos a partir de bases de dados internacionais publicadas, tais como as disponibilizadas
pela Agência Espacial Europeia (Copernicus) e pela OMS (Global Urban Ambient air pollution).
Foram ainda avaliadas as principais fontes de emissão de poluição presentes na área de estudo.
A avaliação foi baseada nos dados disponíveis mais recentes para a área de estudo.

Poluição do Ar a nível nacional

De acordo com Cumbane (2003), a queima de biomassa é uma das principais fontes de emissão
de material particulado para a atmosfera, seguida por emissões industriais. Cumbane & Ribeiro
(2004) indicam que as principais fontes de emissão de poluentes atmosféricos em Moçambique
são as queimadas de biomassa naturais ou induzidas, incluindo as utilizadas para abrir novos
talhões de agricultura de subsistência, a queima a céu aberto de resíduos sólidos urbanos, o
tráfego rodoviário, as actividades industriais e a queima de lenha e carvão.

Cumbane (2003) e Schwela (2007) apontam para as queimadas descontroladas nas zonas rurais,
em particular nas regiões Centro e Norte do país, como uma das principais fontes de emissões de
poluentes atmosféricos, resultando em poluição atmosférica. Crutzen & Andreae (1990) reforçam
esta tese, referindo que das várias fontes de emissão de poluentes, a queima de biomassa é uma
das fontes de emissão mais relevantes em regiões tropicais.

Como se pode ver na Figura 6.8, em 2000 as maiores fontes de emissão de gases poluentes para
a atmosfera em Moçambique corresponderam a queimadas de savanas, seguidas de fogos
naturais e queima de combustíveis domésticos.
Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;
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Fonte: Adaptado de Gondwe, Kenneth J., APINA.

Figura 6.8 – Emissões totais de Moçambique em 2000

O projecto SAFARI (Southern African Regional Science Initiative), desenvolvido por um grupo de
universidades norte-americanas, teve como um dos seus objectivos científicos a avaliação das
concentrações de vários poluentes atmosféricos na baixa atmosfera, gerados por queimas de
biomassa durante a estação seca em África Oriental. O projecto SAFARI incluiu vários países da
África Austral, incluindo Moçambique. Foram realizados voos a alturas entre 750 m e 4500 m para
obter concentrações quantitativas de diferentes compostos gasosos e particulados na baixa
atmosfera, durante Agosto e Setembro de 2000. A Tabela 6.4 apresenta alguns dos dados
produzidos no projecto SAFARI, mostrando os resultados para Moçambique e a sua comparação
com as concentrações médias do conjunto de 5 países abrangidos pelo estudo (Malawi, África do
Sul, Tanzânia, Moçambique e Zimbabwe).
Tabela 6.4 – Concentrações de fundo médias na atmosfera a uma altitude inferior a 5 km

Concentração média
Técnica de
Poluente Unidade 5 países onde estudo
medição Moçambique
foi conduzido
CO2 ppmv 384 ± 7 386 ± 8
CO GC/C AFTIR 165 ± 43 261 ± 81
ppbv
CH4 1 710 ± 55 1735 ± 21
SO2 ppmv Teco 43S 2.9 ± 2 2.5 ± 1.6
O3 ppbv Teco 49C 51 ± 14 64 ± 13
CH3Br 8 9±1
pptv GC/C
CH3CL 575 633 ± 56
CN cm-3 TSI 3025A (3.4 ± 2.5) x 103 (4.5 ± 2.9) x 103
Partículas totais (< 3 μm) Gravimetric/Filter 31.2 ± 23.5 26.0 ± 4.7
µg/m3
Ácidos orgânicos IC/Filter 1.4 ± 1.2 1.1 ± 0.4

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Concentração média
Técnica de
Poluente Unidade 5 países onde estudo
medição Moçambique
foi conduzido
Sulfatos 8.5 ± 5.0 4.6 ± 3.6
Nitratos 0.8 ± 0.3 0.8 ± 0.3
Potássio PAES/Filter 0.5 ± 0.5 0.4 ± 0.1
Carbono negro (CP) ATN/Filter 1.0 ± 0.5 2.3 ± 1.9
Carbono total (TC) EGA/Filter 5.9 ± 5.1 8.5 ± 4.8
Fonte: “Journal of Geophysical Research”, volume 108 de 2003.

Como se pode ver da tabela anterior, as concentrações de fundo médias de CO 2 e SO2 estão
muito abaixo dos padrões nacionais de qualidade do ar e das directrizes internacionais aplicáveis.
Os restantes poluentes medidos na tabela também apresentam concentrações de fundo médias
muito baixas. Este estudo indica assim que a qualidade do ar em Moçambique se encontra em
termos gerais muito pouco degradada.

A Figura 6.9 representa uma modelação desenvolvida pela OMS para concentração de PM2.5
(matéria particulada com diâmetro inferior a 2,5 μm) na região do Projecto, de acordo com a “OMS
Global Urban Ambient Air Pollution Database”, adaptada para 2016.

Fonte: Adaptado de “OMS Global Urban Ambient Air Pollution Database. 2016”.

Figura 6.9 – Distribuição da concentração de PM2.5 (µg/m3)

Com base na figura acima, pode-se observar que a concentração de fundo de PM2.5 na área de
Projecto varia entre um mínimo de 11 μg/m 3 até um máximo de 35 μg/m 3 (este último valor diz
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respeito às áreas urbanas de Maputo). Na cidade de Maputo são observadas as concentrações


mais elevadas de matéria particulada, devido à maior intensidade das actividades antrópicas nesta
região, nomeadamente a emissão de poluentes atmosféricos a partir de fontes industriais pontuais
e do tráfego rodoviário.

Seinfeld & Pandis (1998) sugerem que as concentrações de fundo internacionais de aerossóis
particulados (que incluem PM10) deverão estar na gama dos 5 μg/m 3 em áreas remotas, 15 μg/m 3
em áreas rurais e 32 μg/m 3 em áreas urbanas. Estes valores estão em linha com as
concentrações PM2.5 modeladas pela OMS para Moçambique, como discutido acima.

A Figura 6.10 ilustra as concentrações de fundo de NO 2 ao nível do solo obtidas do serviço de


monitorização atmosférica Copernicus (CAMS, 2017) para a área atravessada pelo corredor do
Projecto STE, durante Março de 2017 (início da estação seca). Como ilustrado na figura, as
concentrações de NO2 na região de interesse são relativamente baixas, variando de 1 a 10 ppb.

Fonte: Copernicus Atmosphere Monitoring Service (March, 2017).

Figura 6.10 – Concentração de fundo de NO2 ao nível do solo

Síntese da situação de referência

Conforme anteriormente referido, a descrição da situação de referência da qualidade do ar


ambiente baseia-se numa avaliação qualitativa das principais fontes de emissão na área de
estudo, dado que não existem dados quantitativos de qualidade do ar para a área de Projecto.

Foram identificadas poucas fontes de emissão de poluição atmosférica na área do Projecto, e


nenhuma delas é de intensidade elevada (como discutido na secção seguinte).

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Considerando a reduzida significância das fontes de emissão existentes ao longo da área do


projecto e as concentrações de fundo dos poluentes atmosféricos, como discutido acima, a
qualidade de ar ambiente na área de estudo pode ser descrita como boa. Os níveis ambientais de
poluentes chave, como PM e NO2, devem em geral ser baixos e em cumprimento dos valores
limites estabelecidos pelos padrões nacionais de qualidade do ar. Em conclusão, a qualidade do
ambiente deverá ser relativamente boa, o que resulta do facto da área de estudo abranger
sobretudo zonas não desenvolvidas e de carácter rural.

6.1.2.3 Fontes de Emissão Locais

A área de influência do Projecto apresenta um carácter marcadamente rural e natural. Devido à


sua extensão (561 km), o corredor proposto atravessa várias estradas primárias entre Maputo e
Vilanculos, mas apenas um número restrito de povoações humanas. Ao longo do traçado de
Projecto podem identificar-se algumas fontes relevantes de poluição atmosférica. Estas fontes
podem ser agrupadas em três tipos, nomeadamente fontes de linha, fontes pontuais e fontes de
área, conforme descrito abaixo:

 Tráfego rodoviário – fonte de linha responsável por emissões gasosas e de material


particulado geradas pelos escapes dos veículos de combustão interna e pela mobilização
de poeiras das estradas;
 Fontes diversas de poeiras fugitivas – fontes de área responsáveis pela emissão de
poeiras, geradas por erosão eólica a partir de áreas abertas (com coberto vegetal
reduzido);
 Queima de combustíveis domésticos – emissões gasosas e de material particulado
geradas pela combustão de combustíveis domésticos; e
 Queimadas de biomassa - emissões gasosas e de material particulado geradas por
queimadas de biomassa, incluindo fogos naturais e práticas agrícolas de corte e
queimada.

Tráfego rodoviário – Em Moçambique, as estradas são classificadas como primárias,


secundárias ou terciárias. A maior parte das estradas primárias foram modernizadas em anos
recentes e em geral apresentam uma boa qualidade. A intensidade de tráfego no país pode ser
classificada como baixa, em termos gerais, para toda a rede existente. As principais estradas
atravessadas pelo corredor de Projecto são (ver Figura 6.11):

 Estradas primárias: N4 (Maputo – Ressano Garcia), N101 (Mazivila – Mapapa),


 Estradas secundárias: N201 (Magude -- Xinavane), N220 (Chibuto - Daniel) e N222 (Fr.
Mabote -- Mapinhane);
 Estradas Terciárias: R412 (Magude – Mataze) e R442 (Chibuto - Godide);
 Estradas vicinais: R807 (Matola – Pessene); R808 (N1 – Vundiça), R859 (Xilembene –
Chokwe), R444 (Rio Changane – Funhalouro) e R481.

Como indicado acima, apenas duas estradas primárias são interceptadas pelo Projecto (N4, perto
de Matola, e N101). Todas as outras estradas atravessadas são secundárias, terciárias ou vicinais
(a maior parte destas não estão pavimentadas).

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Figura 6.11 – Rede rodoviária existente ao longo do corredor de Projecto

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Dada a reduzida intensidade de tráfego na região atravessada pelo Projecto, as emissões de


poeiras e de gases de escape a partir das estradas deverão ser de reduzida significância. Como
tal, não se espera que o tráfego rodoviário ao longo da área de estudo resulte em poluição
atmosférica grave. A única possível excepção corresponde ao tráfego rodoviário na cidade de
Maputo e zonas envolventes, que é de maior intensidade. No entanto, e em termos gerais, não
são esperados problemas de qualidade do ar associados às emissões de veículos automóveis ao
longo do traçado de Projecto.

Fontes diversas de poeiras fugitivas – as emissões de poeiras fugitivas são geradas por erosão
eólica em áreas abertas, tais como áreas agrícolas recentemente plantadas, áreas com coberto
vegetal reduzido ou outras áreas com o solo nu exposto. As quantidades de emissões fugitivas
dependem da área em questão, da natureza e duração das actividades agrícolas, do regime de
ventos, e do teor de humidade e finos dos solos expostos, sendo a quantidade de poeira dispersa
pelo vento função destas variáveis. Prevê-se que algumas áreas abertas, ao longo do traçado
proposto para o Projecto, constituam fontes de poeiras fugitivas. Na área de estudo existem
actividades agrícolas, mas a maior parte corresponde agricultura de subsistência tradicional, com
reduzido controlo da vegetação. Considerando os principais usos da terra ao longo do traçado
proposto, as emissões de poeiras fugitivas pode ser um contributo para a poluição atmosférica na
região do Projecto.

Queima de combustíveis domésticos – O uso de energia no sector residencial divide-se


tipicamente em três grandes categorias, nomeadamente: (i) tradicional – queima de madeira,
esterco e bagaço, (ii) de transição – queima de carvão, parafina e gás, e (iii) moderno –
electricidade (com uso crescente de fontes de energia renovável). Com a excepção das principais
cidades, que são electrificadas, a maior parte dos povoamentos humanos ao longo do traçado de
Projecto proposto recorrem a madeira e carvão como as suas principais fontes de energia
domésticas. Como tal, a queima de combustíveis domésticos pode constituir uma das principais
fontes de poluição atmosférica nas províncias atravessadas pelo Projecto STE. Deve-se notar, no
entanto, que é pouco provável que a queima de combustíveis domésticos gere níveis de emissão
suficientemente altos para provocar a excedência dos limites de qualidade do ar moçambicanos
(Decreto n.º 18/2004, de 2 de Junho, emendado pelo Decreto n.º 67/2010).

Queimadas de biomassa – as queimadas de biomassa incluem a queima de florestas perenes e


decíduas, matas, pradarias e terras agrícolas, e podem resultar quer de fogos espontâneos quer
de fogos induzidos pelo homem, como parte de práticas agrícolas de corte e queimada. A queima
de biomassa é um processo de combustão incompleto, que gera a emissão de CO, metano e NO2.
Aproximadamente 40% do azoto da biomassa é emitido como nitrogénio, 10% permanece nas
cinzas e pode-se assumir que 20% é emitido como compostos de azoto de peso molecular mais
elevado. A visibilidade das plumas de fumo é atribuída ao teor em material particulado do
aerossol.

Nos meses antes da época húmida, de Julho a Setembro / Outubro, é expectável a ocorrência de
várias queimadas induzidas, cujo objectivo é abrir novas áreas agrícolas. As práticas de corte e

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queimada são comuns na região, e este tipo de queima de biomassa pode constituir uma fonte
significativa de material particulado, CO, SO2 e NO2.

6.1.2.4 Receptores Sensíveis

Os receptores sensíveis à qualidade do ar incluem fundamentalmente as áreas residenciais de


povoações localizadas ao longo ou dentro do corredor de Projecto (bem como as infra-estruturas
sociais dessas povoações, como escolas, unidades de saúde ou locais de culto). Assim, e no que
concerne aos receptores sensíveis a poluição atmosférica, o corredor do Projecto irá passar ao
longo das zonas exteriores norte da cidade de Maputo, alguns povoamentos dispersos em Boane,
Magude, Chibuto, Funhalouro e Vilanculos, e próximo de vários pequenos povoados rurais.

Algumas áreas habitadas foram identificadas na vizinhança da futura subestação de Chibuto


(Figura 6.12) e de Maputo (Figura 6.13), havendo algumas povoações residenciais localizadas a
distâncias de aproximadamente 150 m e 120 m do perímetro externo das subestações de Chibuto
e Maputo, respectivamente. Não existem áreas residenciais nas proximidades das subestações de
Vilanculos e Matalane (i.e., a 200/500m destas subestações, respectivamente).

Figura 6.12 – Receptores sensíveis nas proximidades da proposta de subestação em


Chibuto

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A partir de observações no campo, as povoações residenciais identificadas podem ser


caracterizadas, em geral, como tendo baixa densidade, sendo constituída por residências
essencialmente peri-urbanas e rurais, do tipo unifamiliar, geralmente com apenas um piso térreo, e
uma altura total de não mais de 2/3 m. A Figura 6.13 ilustra a proximidade destas residências no
perímetro externo da área de expansão da subestação de Maputo.

Figura 6.13 – Receptores sensíveis nas proximidades da extensão da subestação de


Maputo

6.1.2.5 Alterações Climáticas e Emissões de GEE

O termo alterações climáticas refere-se a qualquer alteração no clima actual, atribuída


directamente ou indirectamente às actividades humanas, que acresce à variabilidade climática
natural observada ao longo de períodos de tempo comparáveis (MITADER, 2007). É amplamente
aceite pela comunidade científica que os padrões climáticos globais estão já a sofrer alterações e
que a tendência será um aumento global da temperatura média do ar, maior variabilidade no
regime de precipitação, aumento do nível médio do mar e aumento da ocorrência de fenómenos
extremos, tais como cheias, ciclones e secas prolongadas.

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O aquecimento observado desde meados do século XX deve-se maioritariamente ao aumento da


concentração de gases com efeito de estufa (GEE), em resultado das emissões de actividades
humanas. O aumento excessivo de GEE aumenta a quantidade de calor que é retido na
atmosfera, levando ao aquecimento do planeta, o que afecta o clima globalmente. Alguns dos
GEE mais comuns incluem dióxido de carbono (CO 2), vapor de água, metano (CH4), óxidos de
azoto (NOX) e clorofluorcarbonetos (CFC’s). Os GEE mais relevantes são o vapor de água e o
CO2. Este último, por exemplo, permanece na atmosfera durante séculos após ser emitido, e é
armazenado na Terra em diferentes formas.

De acordo com o relatório 2013-2025 da Estratégia Nacional para a Alterações Climáticas,


publicado pelo MITADER, Moçambique é particularmente vulnerável às alterações climáticas
devido:

 À sua localização geográfica, na zona de convergência inter-tropical e a jusante das


bacias hidrográficas partilhadas;
 À sua extensa área costeira; e
 À existência de grandes áreas de altitude abaixo do actual nível de água do mar.

Contribuindo também para a vulnerabilidade e baixa capacidade de adaptação de Moçambique


estão factores como: pobreza; investimentos limitados em tecnologia avançada; e a fragilidade da
infra-estrutura e serviços sociais, particularmente na saúde e saneamento. Em Moçambique, as
alterações climáticas são observadas através da mudança dos padrões de temperatura. Um
relatório publicado por INGC (2009) indica que no período de 45 anos entre 1960 e 2005 foi
observada uma clara tendência de aumento da temperatura na maior parte do país. Esta
tendência de aquecimento não tem sido uniforme ao longo do país: no centro de Moçambique
observaram-se aumentos de até 1,6ºC durante o Inverno, enquanto no norte registaram-se
aumentos de temperatura de cerca de 1,1ºC durante os meses de Março-Abril-Maio e Setembro-
Outubro-Novembro.

As temperaturas em Moçambique podem vir a aumentar entre 1,2ºC a 1,7ºC até 2050, e entre
3,2ºC e 4,0ºC até 2095 (USGC). A variabilidade da precipitação irá aumentar, potencialmente
afectando o início da estação chuvosa e a distribuição da precipitação, resultando em épocas
chuvosas mais húmidas e épocas secas mais secas.

As províncias do centro são as mais susceptíveis a cheias, ciclones e epidemias, seguidas das
províncias do sul e de norte. A região sul, com o seu clima de savana seco e tropical, é mais
susceptível a secas do que as regiões centro e norte, que são caracterizadas por clima tropical
chuvoso e clima moderadamente húmido modificado pela altitude, respectivamente (INGC, 2009).

De acordo com o último inventário de GEE, realizado em 1994, as emissões directas totais de
GEE de Moçambique são de aproximadamente 9 milhões de toneladas de CO 2, 270 000
toneladas de CH4 e 3 000 toneladas de NO2. Quanto expressas em termos do seu Potencial de
Aquecimento Global (GWP), estas emissões correspondem a um equivalente de CO 2 de cerca de
15,9 MtCO2e/ano (ou seja, 16 milhões de toneladas de CO2e/ano – UNDP, 2016).

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No que respeita ao sector de energia, o GEE mais emitido é o CO 2, totalizando 1,5 milhões de
toneladas em 1994. São também emitidos outros gases, tais como N 2O e NOX, embora em
quantidades negligenciáveis. As emissões de GEE de indústrias do sector de energia, em
Moçambique, estão sobretudo associadas à combustão de diesel para a produção de
electricidade. No entanto, o Gás Natural tem-se tornado relevante como fonte de combustível e
espera-se que o seu uso cresça significativamente no futuro. As emissões do sector de energia
em Moçambique resultam assim da combustão de combustíveis carbonatados (combustíveis
fósseis e biomassa). O CO2 e o CO são os principais gases emitidos por estas actividades. São
também emitidos CH4, NOX e compostos orgânicos voláteis não metânicos, embora em
quantidades negligenciáveis (UNDP, 2016).

6.1.3 Ruído

6.1.3.1 Directrizes de Ruído Ambiente

Moçambique ainda não definiu padrões nacionais para o ruído ambiente. Os padrões de qualidade
ambiental nacionais são estabelecidos pelo Decreto n.º 18/2004, de 2 de Junho (Regulamento
sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes), com a redacção que lhe é
dada pelo Decreto n.º 67/2010, de 31 de Dezembro, que estabelece os padrões de qualidade
ambiental e os limites de emissão para efluentes, com o objectivo de controlar as concentrações
de poluentes no ambiente e mantê-las a níveis aceitáveis. Este decreto indica ainda que as
directrizes de ruído ambiente serão futuramente estabelecidas pelo MITADER. No entanto, até à
data, não foram ainda publicadas estas directrizes específicas respeitantes à monitorização e
avaliação do ruído ambiente.

Na ausência de regulamentação nacional, as directrizes de ruído ambiente da OMS e do BM


foram adoptadas como padrões de Projecto. As directrizes da OMS relativas ao ruído ambiente
foram definidas considerando os efeitos negativos potenciais do ruído na saúde e em ambientes
específicos. De acordo com a política de ruído da OMS, as áreas residenciais, escolas e hospitais
são considerados como receptores / usos do solo sensíveis. A Tabela 6.5 apresenta as directrizes
de ruído ambiente da OMS para estes receptores sensíveis.
Tabela 6.5 – Directrizes de Ruído Ambiente da OMS

Efeito na Saúde da
Uso do solo / Ambiente específico Directriz (LAeq em dB(A)) Período de Referência Excedência do
Limite
Exterior de áreas residenciais (período diurno) 55 dB(A) 16 horas (06h00 – 22h00) Incómodo sério
Exterior de áreas residenciais (período Perturbação do
45 dB(A) 8 horas (22h00 – 06h00)
nocturno) sono
Fonte: Berglund et al. (1999).

O BM e o IFC também têm directrizes de ruído ambiente, que definem que o ruído particular de
um determinado projecto não deve exceder os limites apresentados na Tabela 6.6 ou resultar num
aumento dos níveis de ruído ambiente superior a 3 dB(A) junto ao receptor sensível mais próximo.

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Tabela 6.6 – Directrizes de ruído ambiente do BM/IFC

LAeq (dB(A)) – 1 hora


Receptor
Período diurno (07:00 - 22:00) Período nocturno (22:00 – 07:00)
Residencial, institucional, educativo 55 45
Industrial, comercial 70 70
Fonte: IFC (2007).

Como se observa das tabelas acima, as directrizes da OMS para o exterior de áreas residenciais
são iguais às directrizes da IFC para receptores residenciais, institucionais ou educativos, para
ambos os períodos de referência (diurno e nocturno).

6.1.3.2 Fontes Locais de Emissão de Ruído

O traçado da linha de transmissão proposta irá maioritariamente atravessar regiões com uma
densidade populacional muito baixa e com baixos níveis de desenvolvimento e industrialização,
com a excepção da região de Maputo, onde se observam alterações relevantes ao ambiente
sonoro devido à densidade populacional mais elevada e às actividades antrópicas.

O território atravessado pelo Projecto proposto pode assim ser caracterizado como
maioritariamente de natureza rural ou natural. Os principais usos do solo no corredor de Projecto
incluem agricultura tradicional não-mecanizada, matas naturais e savanas. Fora das povoações,
não foram identificadas fontes de ruído antropogénicas relevantes para a maior parte do traçado
proposto. Assim, com excepção da área da cidade de Maputo, as principais fontes que definem o
ambiente sonoro da área de Projecto são:

 Ruídos naturais – ruídos gerados pelo vento, chuva e animais (insectos, sapos, etc.);
 Povoações humanas – ruído gerado por actividades humanas normais, tais como pessoas
a falar, crianças a brincar, música, etc.; e
 Tráfego rodoviário – ruído gerado pela circulação na rede rodoviária de veículos
motorizados ligeiros e pesados.

O corredor de Projecto irá atravessar algumas estradas primárias (N4 e N101) e estradas
secundárias (N201, N220 e N222), assim como várias outras estradas terciárias e vicinais. A rede
de estradas na área de interesse do Projecto estão ilustradas na Figura 6.11 (ver página 66).

Em termos gerais, o tráfego rodoviário em Moçambique pode ser descrito como sendo de baixa a
muito baixa intensidade. Contagens de tráfico realizadas em 2008 resultaram em médias de 905
veículos/dia em estradas primárias, 147 veículos/dia em estradas secundárias e 58 veículos/dia
em estradas terciárias (AICD World Bank, 2008). Dada a reduzida actividade veicular, o tráfego
rodoviário pode ser avaliado, em termos gerais, como uma fonte de ruído de reduzida significância
ao longo da área de Projecto.

6.1.3.3 Níveis de Ruído Ambiente de Referência

Não existem dados de ruído recentes para a área de Projecto. Como tal, apresenta-se uma
avaliação qualitativa do ambiente sonoro geral, com base na análise das principais fontes de

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emissão localizadas na área de estudo, identificadas com base em revisão bibliográfica e nos usos
do solo dominantes. A caracterização dos níveis de ruído ambiente expectáveis para a área de
influência de Projecto levou ainda em consideração medições de ruído realizadas anteriormente
pela Consultec para outros estudos desenvolvidos na região de interesse.

O traçado proposto do Projecto STE irá atravessar áreas com diferentes usos do solo e diferentes
sensibilidades ao ruído. Através da análise de imagens aéreas, constata-se que o traçado
proposto evita em geral atravessar áreas urbanas. De facto, as áreas residenciais próximas do
traçado proposto são raras (considerando a extensão do Projecto) e em geral de baixa densidade.
O ambiente acústico das áreas atravessadas pelo Projecto pode ser assim descrito como sendo o
típico de áreas rurais e naturais, i.e. com baixos níveis de ruído, sendo apenas esporadicamente
afectado pelo tráfego rodoviário circulante nas estradas atravessadas pelo corredor de Projecto.

Campanhas de monitorização de ruído realizadas anteriormente pela Consultec na região de


Vilanculos (21º57’S; 35º18’E) indicaram níveis de ruído entre 31,6 dB(A) a 37,8 dB(A), para o
período diurno, e 36,6 dB(A) a 37,6 dB(A), para o período nocturno. Em zonas com estas
características, onde os usos do solo são largamente naturais ou rurais, o ambiente sonoro é
determinado fundamentalmente por fontes de ruído naturais. Não são esperadas excedências às
directrizes do BM/IFC, para nenhum dos períodos de referência.

Em 2016, a Consultec realizou uma campanha de monitorização de ruído nas proximidades da


Subestação de Maputo (25°53'S;32°24'E). Os níveis de ruído registados foram mais altos do que
em Vilanculos, tanto durante o período diurno, com níveis entre 66,0 dB(A) e 67,5 dB(A), como no
período nocturno, com níveis a atingir 65,7 dB(A)).

Nas proximidades da Subestação de Maputo, o uso do solo é fundamentalmente periurbano,


apresentando um grau de perturbação acústica relevante, devido ao maior tráfego rodoviário e
outras actividades antrópicas. Nesta zona são expectáveis excedências às directrizes do BM/IFC,
em ambos os períodos de referência.

Com excepção das fontes de ruído existentes na área de influência da Cidade de Maputo, não
foram identificadas outras fontes antropogénicas de ruído significativas que possam resultar em
alterações relevantes ao ambiente sonoro local ao longo do corredor do Projecto STE proposto.
Com base neste inventário de fontes de emissão, o ambiente sonoro da maior parte da área de
estudo deverá ser o típico de áreas naturais e rurais, com reduzidos níveis de ruído ambiente, em
cumprimento das directrizes de ruído adoptadas (OMS e WB/IFC).

6.1.3.4 Receptores Sensíveis

Os receptores potencialmente sensíveis ao ruído incluem as áreas residenciais das povoações


dentro do corredor de Projecto (bem como as infra-estruturas sociais dessas povoações, como
escolas, unidades de saúde ou locais de culto). O Projecto proposto irá passar através do limite
norte da cidade de Maputo, alguns povoamentos dispersos em Boane, Magude, Chibuto,
Funhalouro e Vilanculos, e próximo de vários pequenos aglomerados rurais.

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A Figura 6.14 ilustra, a uma macro-escala, os locais povoados existentes na proximidade do


corredor do Projecto STE.

Figura 6.14 – Locais povoados localizados na proximidade do Projecto STE Fase 1

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Como previamente descrito na secção de Qualidade do Ar (ver secção 6.1.2.4 acima), algumas
áreas habitadas foram identificadas na vizinhança das futuras subestações de Chibuto e Maputo
(ver Figura 6.12 e Figura 6.13, na secção 6.1.2.4), com algumas zonas residenciais localizadas a
aproximadamente 150 m e 120 m de distância dos perímetros externos das subestações de
Chibuto e Maputo, respectivamente. Nenhuma área residencial foi encontrada nas proximidades
das subestações de Vilanculos e Matalane (i.e., dentro de 200/500 m da subestação).

A partir de observações de campo, as zonas residenciais identificadas podem ser caracterizadas,


em termos gerais, como tendo densidade baixa e compostas essencialmente por residências
unifamiliares periurbanas e rurais, geralmente com apenas um piso térreo, e uma altura total
inferior a 2/3 m.

6.1.3.5 Síntese da Situação de Referência do Ruído

A partir da descrição acima, a área de estudo, ao longo de toda a extensão do corredor do


Projecto, pode ser caracterizada como tendo sobretudo características naturais ou rurais.
Nenhuma fonte de emissão de ruído significativa foi encontrada, já que a maior parte da área de
estudo (corredor do projecto) pode ser considerado como sendo uma área rural ou natural, onde
apenas ocorrem ruídos naturais. Nos segmentos onde o traçado proposto atravessa ou passa
perto de povoações urbanas (áreas residenciais), o ruído ambiental existente é influenciado por
actividades humanas e por alguma baixa actividade de tráfego. Assim, o clima de ruído pode ser
típico das áreas desta natureza, e prevê-se que os níveis de ruído ambiente estejam bem dentro
das directrizes relevantes, com a excepção de áreas mais urbanizadas.

6.1.4 Geologia e Geomorfologia


A caracterização geológica da área de estudo baseou-se em revisão bibliográfica. Das várias
fontes de informação consultadas, deverá fazer-se menção especial às cartas geológicas da
Direcção Nacional de Geologia (DNG), à escala 1:250 000, em particular as folhas 2234/2235,
2334/2335, 2333, 2433, 2431/2432 e 2532 que cobrem a região em estudo.

Os subcapítulos seguintes apresentam uma breve descrição do enquadramento geológico da área


de estudo. A descrição é primeiramente feita a um nível regional, seguindo-se uma perspectiva
mais local, focada no corredor proposto para a linha de transmissão.

6.1.4.1 Geomorfologia

Geomorfologicamente, o território de Moçambique pode ser dividido em 4 zonas fisiográficas


(Afonso et al., 1998):

 Zonas Montanhosas, com cotas superiores a 1000 m, formadas em consequência de


movimentos permocarbónicos do Gonduana. Os cumes e cristas são intrusivo-tectónicos
em formações metamórficas das idades Arcaica e Proterozóica superiores;
 Zonas dos Grandes Planaltos, com cotas entre os 1000 e 500 m, formadas em resultado
do ciclo erosivo resultante do desmembramento do Gonduana no Cretácico Inferior. Trata-

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se de superfícies de origem erosiva-desnudada, eriçadas por inselbergs graníticos


esculpidos nas formações pré-câmbricas e rochas do Karoo;
 Zona do Planalto Médio, com cotas entre os 500 e 200 m, resultante de movimentos de
basculamento no terciário médio. São zonas de aplanações, depressões, superfícies de
rochas vulcano-sedimentares e planícies de acumulação; e
 Zona das grandes planícies costeiras, com cotas inferiores a 200 m, atribuída ao ciclo
do Congo, cujo início foi, provavelmente no Plio-Pleistocénico. Esta zona, dominada
essencialmente por sedimentos terciários e quaternários ocupa, em grande parte, a região
a Sul do Rio Save e a orla costeira. A área de estudo enquadra-se nesta zona.

Estas unidades fisiográficas são delimitadas por escarpas mais ou menos acentuadas. Regra
geral, a altitude aumenta progressivamente da costa para o interior. Na zona costeira, as formas
geomorfológicas características são as depressões deposicionais, associadas com escoamentos
eólico-fluviais e abrasão marinha, e as planícies deposicionais dos tipos eólico e fluvial.

A área de estudo localiza-se na Bacia Sedimentar de Moçambique, que está directamente


associada com a quebra do Gonduana no Paleozóico e Mesozóico inferior – fase de separação do
Gonduana; seguida da Fase de Estabilização e da Fase de Neo-rifting. Esta última corresponde a
uma aceleração no desenvolvimento do Sistema do Rift de África Oriental (SREA) (GTK, 2006).

O enquadramento estrutural actual da Bacia de Moçambique é composto de um mosaico de


grabens alongados com orientação N-S e planaltos mais pequenos tipo horst, em locais
intersectados por falhas NE-SW pouco definidas. Na Figura 6.15 podem facilmente identificar-se
alguns grabens em imagens de satélite tratadas para mostrar o relevo.

Em relação à morfologia da Bacia de Moçambique, podem identificar-se vários highs de norte para
sul (GTK, 2006); estes incluem o high de Balane, o Southern Uplift e o horst de Xai-xai
(flanqueando o grande Graben de Limpopo). Nas regiões este, os seguintes highs podem ser
identificados de sul para norte: o high de Zandamela, separado pelo high Nhachengue-Domo mais
a norte pelo graben estreito de Inhambane, com orientação SW-NE. Estes elementos são
limitados a oeste pelo grande Sistema de Graben de Mazanga-Funhalouro (grabens de Mabote,
Funhalouro e Mazanga). A norte e este deste sistema, localiza-se o high de Pande-Temane (o
local dos campos de gás).

Mais para sul, localizam-se o Graben de Changane, o Graben do Limpopo e o Graben de


Palmeira. Os segmentos reactivados do Graben do Limpopo formam o Graben de Chidenguele e,
na zona ao largo, o Graben de Xai-xai.

Ao longo da linha Inhambane-Magude ocorre um grande sistema de falha, com orientação NE-
SW, sendo exactamente paralelo às cristas das mega-dunas do Pleistoceno.

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Figura 6.15 – Estruturas de Rift afectando a base da Bacia de Moçambique

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6.1.4.2 Enquadramento Geológico

Moçambique tem uma geologia rica e complexa, incluindo formações desde a idade Mesoarcaica
(3 200 milhões de anos atrás), sendo dois terços do país compostos por tipos de rocha pré-
Câmbricas, até formações da idade Quaternária – sobretudo nas regiões Centro-Sul e na faixa
costeira nordeste, que ocupam o restante terço do país.

A cobertura Fanerozóica de Moçambique é representada pelas litologias depositadas depois do


Ciclo Orogénico Pan-Africano, e pode dividir-se em dois grandes grupos: o Supergrupo do Karoo
(SGK) e o Sistema de Rift de África Oriental (SREA).

A geologia da área de Projecto é fundamentalmente constituída por rochas sedimentares,


compostas por, do topo para a base da sequência estratigráfica: rochas do Cenozóico e Cretácico,
cobrindo basaltos do Karoo. As unidades do Cretácico e Terciário são expostas sob um coberto do
Quaternário.

Fonte: Adaptada de SADAC (2003). Nota: Escala vertical exagerada.

Figura 6.16 – Corte esquemático Oeste-Este da geologia da Bacia Costeira de Moçambique

Os depósitos do Quaternário são subdivididos em depósitos do Pleistoceno - Dunas Interiores,


Terraços Fluviais, Arenitos Costeiros (ou “Pedra de Praia”) e Calcários Lacustres, e depósitos do
Holoceno – depósitos de planícies de inundação, com composição areno-siltosa ou siltosa.

6.1.4.3 Geologia Local

A geologia superficial da Bacia Sedimentar de Moçambique (ou seja, as camadas geológicas


observáveis ao nível da superfície) é caracterizada por uma escassez de afloramentos, devido às
superfícies deposicionais de relevo suave, alteração das rochas sedimentares e presença de
resíduos de alteração, como laterite, calcrete, caliches e ferricrete (GTK, 2008).

As formações geológicas interceptadas pelo Projecto proposto são ilustradas na Figura 6.17, com
cada formação geológica anotada com o seu código do Mapa Geológico. A Tabela 6.7
proporciona uma chave (legenda) para a Figura 6.17.

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Fonte: DGM (2006). Legenda: Ver a Tabela 6.7.

Figura 6.17 – Formações geológicas interceptadas pelo Projecto

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Tabela 6.7 – Formações geológicas interceptadas pelo Projecto

Código Litologia Período

Qdi Duna interior; areias vermelhas eólicas

Qe Areias eólicas

Qt Cascalhos e areias de terraços fluviais


Quaternário
Qpi Lamas de planícies de inundação eluviais

Qps Areias siltosas de planícies de inundação eluviais

Qa Aluvião, areia, silte, cascalho

TeJu Formação de Jofane, Membro Urrongas, calcário e calcário brechado


Paleoceno -
Plioceno
TeMn Mangulane; Membro Magude; arenito ferruginoso

Os sedimentos da área de estudo estão inseridos sobretudo na sequência 6 das formações


sedimentares pós-Karoo (depósitos quaternários) e nas sequências 4 e 5 do Paleoceno – Plioceno
(formações do Terciário); a formação de Jofane a NE, perto da subestação de Vilanculos.

6.1.4.4 Litoestatigrafia

A deposição do Quaternário é parcialmente controlada por forças endógenas exercidas durante o


desenvolvimento da bacia. Mais importante para a deposição Quaternária são, contudo, os
processos exogénicos, como flutuações do nível do mar, que podem ser vistas na natureza dos
sedimentos agora interceptados pelo Projecto (fluvial, lacustre, eólico, arenitos e calcários, etc.).

A Figura 6.18 ilustra as principais formações geológicas cruzadas pelo Projecto, que são descritas
em maior detalhe abaixo.

TeJu - Formação de Jofane, Membro Urrongas, calcário e calcário brechado - A formação de


Jofane estende-se ao longo de mais de 300 km do paralelo 24° 30' S para norte da boca do Rio
Save. Esta vasta zona de afloramentos e quase afloramentos (estão geralmente cobertos por uma
fina camada de depósitos Quaternários) tem sido reconhecida a profundidades de 5 e 15 m e
consiste em calcários marinhos e calcarenitos de cor branca a amarelo pálido que cobrem o
evaporito de Temane (Salman & Abdullah, 1995). O Membro Urrongas aparece restrito ao horst
Nhachengue–Domo e ao high de Pande-Temane na Província de Inhambane, e atinge uma
espessura total de ~35 m. A unidade inclui três níveis com calcário e marga na base, seguido de
calcários fossilíferos castanhos e calcários cristalinos compactos (Barrocoso, 1968).

Qps - Areias siltosas de planícies de inundação eluviais – este tipo de depósito é encontrado
intimamente associado com depósitos siltosas de planícies de inundação eluviais. Esta planície de
inundação refere-se a um largo depósito de lama e área solta sem aspectos de dunas ou qualquer
relevo notório. Por vezes, a presença de materiais argilosos causa retenção de água durante
longos períodos, levando à formação de numerosos lagos, geralmente pequenos e pouco
profundos. Grãos de areia em material siltoso são normalmente de origem eólica.

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Principais formações geológicas (de norte para sul):


SS Vilanculos  SS Chibuto: TeJu; Qps; Qpi; Qdi. SS Chibuto  SS Matalane  SS Maputo: Qa; Qdi; Qps;Qpi; Qdi.
Fonte: GTK (2008).

Figura 6.18 – Principais formações geológicas ao longo do traçado de Projecto

Qpi - Lamas de planícies de inundação eluviais – Os depósitos de lamas de planícies de


inundação eluviais cobrem áreas muito grandes com uma morfologia plana, situadas a uma
elevação baixa com respeito aos terrenos altos circundantes formados por planícies de inundação
de lama e areia. Estes terrenos têm uma permeabilidade muito baixa devido ao alto conteúdo de
lamas e, consequentemente, estas áreas são frequentemente inundadas e cobertas com lagoas e
zonas húmidas que persistem durante muito tempo após a queda de chuva.

Qdi – Duna interior – Estas dunas são compostas por áreas vermelhas, castanhas e amarelas
consolidadas por vegetação. As dunas estão localizadas no interior, geralmente não muito longe
da actual linha de costa, mas não fazem parte do actual sistema activo de dunas.

Qe – Areias eólicas – Areias dispersas pelo vento, cobrindo vastas áreas. Estas camadas de
areia ligeiramente vermelhas e não consolidadas formam camadas superficiais, com poucos
metros de espessura. Foram formadas por ablação das Dunas Internas, localizadas mais a Sul.

6.1.4.5 Sismicidade

A principal região sismicamente activa em Moçambique é a zona central, que está sob a influência
do Vale do Grande Rift, que separa as placas Arábicas, Africana e Indiana. Este rift tem uma
extensão aproximada de 5 000 km e desenvolve-se na orientação norte-sul, desde o norte da Síria
até ao centro de Moçambique. O rift tem o seu início no Mar Vermelho, na separação entre as
placas Africana e Arábica, desenvolvendo-se daí na direcção NO-SE até ao Golfo do Aden.
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A partir daí segue para sul, para região de Urema, dentro da placa Africana. Para sul, podem ser
observados prolongamentos deste rift para sul na área de Machava (Manica), e na região do
Graben de Funhalouro. A secção sul faz parte do Lago Niassa, seguindo o Rio Chire, até este
confluir com o Rio Zambeze, cerca de 250 km a jusante de Moatize.

De acordo com USGS (2006), desde 1973 foram registados 190 sismos em Moçambique. Mais de
metade destes foram de magnitude superior a 4,0 e pelo menos 15 tiveram uma magnitude igual
ou superior a 5,0 (considerada a menor intensidade com potencial para causar danos estruturais).

O maior sismo registado em território nacional ocorreu a 22 de Fevereiro de 2006, no distrito de


Machaze, no Sul de Manica, com uma magnitude de 7,0 (Sousa, 2006). A maioria dos epicentros
da actividade sísmica continental recente localiza-se na região de Machaze (Figura 6.19).

A. Sismicidade em África Austral e Oriental (1927-1994), B. Actividade sísmica (epicentros) em território


mostrando epicentros com magnitude superior a 4,0. moçambicano (1973-2006).

Fonte: Sousa (2006).

Figura 6.19 – Epicentros de actividade sísmica em Moçambique

Dos dados apresentados, constata-se assim que a actividade sísmica em Moçambique é em geral
de baixa intensidade, ainda que seja recorrente, estando concentrada fundamentalmente na
região centro do país, devido à influência do Vale do Grande Rift.

A actividade sísmica na região sul do país, onde o Projecto se desenvolve, é muito reduzida. Isto
mesmo é corroborado pelo mapa de risco sísmico para Moçambique da OMS, que se ilustra na

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Figura 6.20 abaixo. De acordo com este mapa, o corredor do Projecto atravessa áreas que foram
classificadas como tendo risco sísmico baixo a muito baixo.

Fonte: OMS (2010).

Figura 6.20 – Mapa de risco sísmico em Moçambique

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6.1.5 Solos

6.1.5.1 Unidades de Solos

A descrição das unidades de solo da área de estudo baseia-se na Carta Nacional de Solos (INIA,
1994), que permite a identificação dos vários solos presentes e a descrição das suas
características. A Figura 6.21 ilustra as unidades de solo da área de estudo, representando cada
principal grupo de solos por um código de letras, segundo a notação de INIA (1994). A chave de
classificação dos solos, i.e., a legenda para a Figura 6.21, é apresentada na Tabela 6.8 seguinte.
Tabela 6.8 – Chave de classificação dos solos para a área de estudo (legenda das unidades
de solo)
Unidade
Materiais de Origem Critérios de Solo Símbolo Forma de terreno
Fisiográfica
Solos argilosos;
Sedimentos aluviais arenosos com camada FG; FS; FT Vales e planícies
Zonas aluvionares e turfosa
fluvio-marinhas
Sedimentos estuarino-
Solos argilosos FE Planície estuarina
marinhos
Dunas costeiras Solos arenosos DC Dunas costeiras
Solos arenosos A; AA; AB; AJ; dA Planícies arenosas;
Areias de cobertura e
(amarelo, laranja, dAA; dAJ Dunas interiores;
dunas interiores
branco) Ah Depressões arenosas hidromórficas

Arenitos vermelhos Solos arenosos G Colinas baixas

Sedimentos de Mananga Solos com cobertura Planícies, fundos de vales na zona de


Bacia sedimentar Associados intimamente arenosa (máx. 100 cm) M; MA; MM cobertura arenosa;
com depósitos siltosos Solos argilosos MC Depressões circulares no sopé das
de planícies eluviais coluvionares encostas, linhas de drenagem
Depósitos do Pós- Solos com textura (fina-
PA; PM Encostas coluviais
Mananga média e grossa)
Afloramentos de rochas
Rochas sedimentares
sedimentares do Karoo, WK; WV; WP Colinas
calcárias ou outras
Cretácico ou Terciário

O enquadramento geológico (materiais de origem) influencia fortemente os processos


pedogenéticos, embora outros factores também contribuam para a formação de solo, tais como o
clima, organismos vivos, relevo e tempo. As principais unidades de solo na área de estudo estão
assim associadas com as condições sedimentares que formaram os materiais de origem.
Considerando os critérios de classificação utilizados na legenda da Carta Nacional de Solos
(INIA), os solos identificados podem ser agrupados em duas grandes unidades fisiográficas:

 Zonas aluvionares e fluviais – estes solos ocorrem nas áreas associadas com os
principais rios e linhas de água, em vales e planícies; ocorrendo sobretudo ao longo do rio
Changane; estuário de Limpopo; Rios Incomáti e Matola;
 Depósitos típicos de bacias sedimentares – os solos dominantes são sedimentos de
Mananga (M, MM e MC), que são solos arenosos desenvolvidos em areias quartzosas
(por vezes calcárias) de várias origens, tais como materiais residuais que permanecem
após alteração de longo prazo de rochas ácidas, depósitos eólicos ou sedimentos fluviais.

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Fonte: INIA/DTA (1995). Legenda: ver Tabela 6.8.

Figura 6.21 – Unidades de solo interceptadas pelo Projecto

Os solos de Mananga são definidos como coluviais e com um conteúdo de cálcio possivelmente
elevado, ocupando depressões nos sopés de encostas. Mananga é um nome local (Changana)
usado pelas pessoas locais para designar um manto espesso, homogéneo de argila amarelo-
castanha, salina, sódica, calcária, areno-argilosa criada num planalto com inclinação ligeira.
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6.1.5.2 Descrição dos Solos Locais

As seguintes tabelas apresentam os principais tipos de solo interceptados pelo Projecto, incluindo
as suas características e área de ocorrência, divididas segundo os seguintes materiais de origem:

 Áreas aluviais e fluvio-marinhas (Tabela 6.9);


 Areias de cobertura típicas e dunas interiores (Tabela 6.10);
 Sedimentos de Mananga (Tabela 6.11);
 Afloramentos rochosos de Karoo, Cretácicos ou Terciários, e sedimentos Pós-Mananga
(Tabela 6.12).
Tabela 6.9 – Principais tipos de solo e suas características para as áreas aluviais e fluvio-
marinhas interceptadas pelo Projecto

Símbolo FE FG FS

Mapa

Agrupamento de Solos de sedimentos estuarinos Solos aluviais estratificados de


Solos aluviais argiloso
Solos marinhos textura grossa ou média
Características Argiloso, cinzento, profundo e Castanho acinzentado escuro; Argila arenosa, castanho
dominantes frequentemente saturado argiloso; solos profundos acinzentado, profundo
Sedimentos estuarinos marinhos
Geologia Depósitos aluviais do Holoceno Alúvio do Holoceno
do Holoceno
Geomorfologia Planícies estuarinas Vales e Planícies Vales e Planícies
Profundidade do
> 100 cm >100 cm > 100 cm
Solo (cm)
Drenagem Pobre a muito pobre Moderado a pobre Imperfeito a pobre

Acidez e Solo superficial: 7,5 – 8 Solo superficial: 6 – 8 Solo superficial: 6 – 7,5


Alcalinidade (pH) Subsolo: 7,5 – 9 Subsolo: 6 – 8,5 Subsolo: 6,5 – 7,5
Principais
Salinidade, sodicidade, drenagem, Drenagem, por vezes salinidade e
Limitações para a Por vezes drenagem e sodicidade
cheias sodicidade
Agricultura
Matéria Orgânica Moderada (1 – 3%) Alta (3 – 4,5%) Baixa a alta (0,5 – 3,5%)
Classificação da
Fluvisol sálico Fluvisol mólico Fluvisol êutrico
FAO (1988)
Adequação para Muito adequado – Uso especial
Marginal a pastagem Moderadamente adequado
irrigação (USBR) (irrigação por aspersão, arroz)

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


86
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Tabela 6.10 – Principais tipos de solo e características para as areias de superfície e dunas
interiores típicas interceptadas pelo Projecto

Símbolo A AA Ah dA dAJ

Mapa

Solos arenosos não


Agrupamento Solos arenosos Solos arenosos Solos arenosos Solos arenosos
especificados, fase
de Solos não especificados amarelados hidromórficos laranjas, fase dunar
dunar
Areia amarelo-
Característica Areia, muito Areia, castanha, Areia, muito Areia, laranja, muito
acastanhada; solos
s dominantes profunda muito profunda profunda profunda
muito profundos
Areias de
Areias de superfície; Areias de superfície Areias de superfície Areias de superfície
superfície do
Geologia areias eólicas; do Pleistocénico e do Pleistocénico e do Pleistocénico e
Pleistocénico e
Pleistocénico areias eólicas areias eólicas areias eólicas
areias eólicas
Depressões
Geomorfologi
Areias de planície Areias de planície arenosas Dunas interiores Dunas interiores
a
hidromórficas
Profundidade
> 180 > 180 cm > 180 > 180 > 180
do Solo (cm)
Drenagem Boa a excessiva Boa a excessiva Pobre a muito pobre Boa a excessiva Boa a excessiva

Acidez e Solo superficial: Solo superficial: Solo superficial: Solo superficial: Solo superficial:
Alcalinidade 4–7 4–6 5–7 4–7 5 – 6,5
(pH) Subsolo: 4 – 8,5 Subsolo: 4 – 6,5 Subsolo: 5,5 – 7 Subsolo: 4 – 8,5 Subsolo: 5 – 6,5
Principais
Capacidade de Capacidade de Drenagem, cheias, Capacidade de Capacidade de
Limitações
retenção de água, retenção de água, por vezes retenção de água, retenção de água,
para a
fertilidade fertilidade sodicidade fertilidade fertilidade
Agricultura
Matéria Moderada Baixa a moderada Baixa a alta Moderada Baixa a moderada
Orgânica (0 – 3%) (0 – 3%) (0 – 5%) (0 – 3%) (0,5 – 2%)
Classificação
Arenosol Arenosol ferrálico Arenosol gleico Arenosol Arenosol ferrálico
da FAO (1988)
Adequação Uso especial Uso especial Não recomendado, Uso especial Não recomendado,
para irrigação (irrigação por (irrigação por potencialmente (irrigação por potencialmente
(USBR) aspersão, arroz) aspersão, arroz) adequado aspersão, arroz) adequado

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


87
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Tabela 6.11 – Principais tipos de solo e características dos sedimentos Mananga típicos
interceptados pelo Projecto

Símbolo M MA MM MC

Mapa

Solos de Mananga com Solos de Mananga com Solos de Mananga com


Agrupamento de Solos coluviais de
cobertura de areia com cobertura de areia com cobertura de areia com
Solos Mananga argilosos
espessura variável espessura variável espessura variável
Argila arenosa, castanho
amarelada, camada Argiloso, castanho
Características Solos de Mananga não Solos de Mananga não
superficial arenosa acinzentado escuro,
dominantes especificados especificados
moderadamente profundo
espessa
Sedimentos de Sedimentos de Sedimentos de
Mananga: camada < 20 Mananga: camada < 20 Mananga: camada < 20 Solos coluviais
Geologia
m de depósitos sódicos m de depósitos sódicos m de depósitos sódicos derivados de Mananga
duros do Pleistoceno duros do Pleistoceno duros do Pleistoceno
Planícies, fundos de Planícies, fundos de vale Planícies, fundos de Depressões circulares
Geomorfologia vale em área de em área de cobertura vale em área de no sopé de encostas,
cobertura arenosos arenosos cobertura arenosos vias de drenagem
Profundidade do
> 100 > 100 > 100 > 100
Solo (cm)
Drenagem Imperfeita – moderada Moderada Imperfeita-moderada Imperfeita-pobre
Solo superficial: 6,5 –
Acidez e Solo superficial: 5 – 8 Solo superficial: 5 – 7,5 Solo superficial: 5 – 8
8,5
Alcalinidade (pH) Subsolo: 5,5 – 8,5 Subsolo: 5 – 8 Subsolo: 5,5 – 8,5
Subsolo: 7 – 9
Dureza do solo e Dureza do solo e
Principais
permeabilidade, Capacidade de retenção permeabilidade, Salinidade, sodicidade,
Limitações para a
sodicidade, por vezes de água, fertilidade sodicidade, por vezes drenagem, cheias
Agricultura
salinidade salinidade
Baixo a moderado Moderado a alto
Matéria Orgânica Baixo a alto (0,5 – 5%) Baixo a alto (0,5 – 5%)
(0,5 – 3%) (2 – 4,5%)
Classificação da Luvisol estágnico ou Luvisol estágnico ou
Arenosol ferrálico Solonchak mólico
FAO (1988) háplico háplico
Não recomendado, Moderadamente
Adequação para
Não recomendado potencialmente Não recomendado adequado a Não
irrigação (USBR)
adequado recomendado

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


88
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Tabela 6.12 – Principais tipos de solo e características dos afloramentos de rochas


sedimentares do Karoo, Cretácico ou Terciário e sedimentos Pós-Mananga interceptadas
pelo Projecto

Símbolo WK WV WP PM

Mapa

Solos argilosos
Agrupamento de Solos superficiais sobre Solos superficiais sobre Solos de textura media
vermelhos derivados
Solos rochas calcárias rochas não-calcárias do Pós-Mananga
de rochas calcárias
Argila arenosas,
Argila, castanha-
Argila arenosa, castanha, Argiloso, castanho, castanho-avermelhada,
Características avermelhada,
moderadamente profunda, moderadamente profunda e
dominantes moderadamente
calcária profunda moderadamente
profunda
profunda
Depósitos Pós-Mananga
Afloramentos de
Afloramentos de rochas Afloramentos de rochas vermelhos do
rochas sedimentares
Geologia sedimentares do Karoo, sedimentares do Karoo, Pleistoceno Superior
do Karoo, Cretácico ou
Cretácico ou Terciário Cretácico ou Terciário (0.5-10 m) das encostas
Terciário
laterais dos vales
Geomorfologia Montes Montes Montes Encostas Coluviais
Profundidade do
Geralmente <100 <100 <100 70 – 25 cm
Solo (cm)
Drenagem Imperfeita a boa Boa Imperfeita a moderada Boa
Solo superficial: 5,5 –
Acidez e Solo superficial: 6,5 – 8 Solo superficial: 6 - 7 Solo superficial: 6 – 7,5
6,5
Alcalinidade (pH) Subsolo: 6 – 9 Subsolo: 6 – 7 Subsolo: 5,5 – 7,5
Subsolo: 5.5 – 6.7
Por vezes Por vezes profundidade
Principais Profundidade do solo, Profundidade do solo,
profundidade do solo do solo (<1 m), erosão
Limitações para a sodicidade, por vezes drenagem, fertilidade do
(<1 m), erosão (nas (nas encostas),
Agricultura salinidade solo
encostas) salinidade, sodicidade
Baixa a moderada Moderada a alta
Matéria Orgânica Moderada (1 – 3%) Moderada (1 – 1,5%)
(0 – 2,5%) (1 – 4%)
Classificação da Luvisol crómico ou Lixisol háplico ou Luvisol
Ustocrepte típico Cambisol êutrico
FAO (1988) Lixisol háplico crómico
Marginalmente adequado
Adequação para Moderadamente Marginalmente Moderadamente
- Uso especial (irrigação
irrigação (USBR) adequado adequado adequado
por aspersão, arroz)

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


89
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

6.1.5.3 Adaptabilidade dos Solos para Irrigação

A cartografia da adequação dos solos para irrigação foi elaborada na Fase 1 – Inventário e
Cartografia do Programa Nacional de Irrigação (PNI) (2014), que agrupou os solos foram em
classes de acordo com o seu potencial e limitação para irrigação, isto é, de acordo com a sua
capacidade para suportar as culturas típicas de regadio, durante longos períodos de tempo, sem
resultar na sua degradação. Foram consideradas quatro classes, desde a Classe 1, que inclui
solos adequados para irrigação, à Classe 4, que inclui solos não adequados para irrigação. A
definição dos solos em termos da sua adequação para irrigação foi baseada no potencial de
produção dos solos em condições perto das actuais, sem fazer uso de investimentos de
adaptação ao regadio. A Figura 6.22 ilustra a ocorrência de solos da Classe 1 na área de estudo
(ou solos de Classe 1 misturados com solos das Classes 2 e 3).

Das 22 bacias hidrográficas consideradas no PNI, foram identificadas oito como sendo mais
favoráveis para irrigação, nomeadamente: Maputo, Limpopo, Búzi, Zambeze, Licungo, Melúli,
Lúrio e Rovuma. A bacia de Zambeze é a mais favorável, fruto da grande disponibilidade de água
e solos irrigáveis, e da sua posição estratégica no país e relativamente aos corredores de
desenvolvimento. As três bacias que se seguem são do Norte e Centro do país: Rovuma, Lúrio e
Licungo, também fruto da disponibilidade de água e solos e da localização em relação a
corredores de desenvolvimento e megaprojectos planeados. Finalmente, as bacias de Melúli, Búzi,
Limpopo e Maputo também apresentam condições favoráveis para irrigação.

De acordo com o mesmo documento, na Bacia de Limpopo, a actual irrigação está concentrada
em duas áreas (excluindo o Projecto Agro-Industrial de Massingir), nomeadamente Chokwe e Xai-
xai. Em Chokwe, a área equipada é cerca de 22 000 ha, mas apenas cerca de 8 000 ha estão em
exploração, 7 000 ha em reabilitação, e as restantes 7 000 ha serão reabilitadas mais tarde. Em
Xai-xai existem cerca de 4 000 ha recentemente reabilitados. Existem planos para aumentar a
área irrigada para 9 000 ha. As áreas actuais usam uma combinação de água de montanha
percolada e água bombeada do Rio Limpopo, dependendo do mês do ano (INIR, 2014).

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


90
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Fonte: INIR (2015).

Figura 6.22 – Adequação dos solos para irrigação

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


91
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Figura 6.23 – Terras irrigadas (planície de inundação de Limpopo) atravessadas pelo


Projecto

6.1.5.4 Risco de Erosão

A única informação de risco de erosão disponível para a área de estudo é a Carta de Risco de
Erosão de Moçambique, produzida à escala nacional (1:2 000 000). Os riscos de erosão da área
de estudo atravessada pelo traçado proposto são ilustrados na Figura 6.24.

A formação e a erosão de solos são dois processos naturais e opostos. Muitos solos naturais e
não perturbados têm uma taxa de formação equilibrada com uma taxa de erosão. Nestas
condições, o solo parece permanecer num estado constante à medida que a paisagem evolui. Em
termos gerais, as taxas de erosão do solo são reduzidas, a não ser que a superfície do solo seja
exposta directamente ao vento e à chuva. Os problemas de erosão surgem quanto o coberto
vegetal natural é removido, provocando uma aceleração forte das taxas de erosão do solo. Nestes
casos, a taxa de erosão de solos excede em muito a taxa de formação de solos, tornando-se
necessário a aplicação de práticas de controlo de erosão, para reduzir as taxas de erosão e
manter a produtividade do solo.

Conforme se pode constatar pela figura abaixo, a linha de transporte proposta localiza-se numa
região de baixo risco de erosão. Contudo, a nível local, poderão existir áreas susceptíveis a
erosão, devido a condições locais específicas, em particular no caso das dunas fósseis, que
marcam o interior das planícies costeiras. As dunas são geralmente compostas de areia com baixa
capacidade de retenção de água e reduzido teor em matéria orgânica. A precipitação está
tipicamente concentrada em chuvas torrenciais altamente energéticas, pelo que é provável que a
remoção de vegetação em taludes ou perto de taludes resulte em aumento da erosão.
Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;
92
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

Figura 6.24 – Mapa de risco de erosão

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


93
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

6.1.6 Recursos Hídricos

6.1.6.1 Rede Hidrológica Regional

A descrição da situação de referência dos recursos hídricos baseou-se em revisão bibliográfica.


As principais fontes de informação consultada foram as seguintes:

 Cartografia das Bacias Hidrográficas, escala 1:2 000 000, República de Moçambique;
 Plano de Gestão Integrado de Recursos Hídricos da Província de Inhambane (Consultec,
2009);
 Perfil da Bacia do Limpopo em Moçambique (UEM, 2009);
 Monografia da Bacia do Rio Limpopo (Aurecon, 2012);
 Projecto de uma Rede de Monitorização da Qualidade da Água para a Bacia do Limpopo,
Moçambique (Chilundo, 2007); e
 Avaliação da Situação Hidrológica de Moçambique no Contexto das Cheias 1977-2013
(Consultec, 2014).

O traçado proposto desenvolve-se em geral numa direcção Nordeste-Sudoeste, enquanto a rede


hidrográfica regional segue preferencialmente direcções Noroeste-Sudeste ou Oeste-Este, ao
longo da hipsometria natural do território. Ou seja, o traçado desenvolve-se perpendicularmente à
rede hidrológica da região. Deste facto resulta que o traçado proposto intercepta um grande
número de rios e linhas de água ao longo da sua extensão, que podem ser divididos nas seguintes
quatro principais bacias hidrográficas (ver Figura 6.25): Govuro, Limpopo, Incomáti e Matola.

A seguir apresenta-se uma descrição do cruzamento do traçado com recursos hídricos dentro
destas quatro bacias:

 A parte norte do traçado (sensivelmente entre Vilanculos e Funhalouro, ao longo de


140 km) insere-se na Bacia do Govuro. Nesta bacia, os recursos hídricos superficiais são
escassos. O único rio de dimensão relevante é o Rio Govuro, que flui numa direcção S-N,
seguindo a depressão natural da morfologia costeira local. O Projecto não atravessa
nenhum rio relevante dentro desta bacia;
 Seguindo para sul, o traçado atravessa de seguida a Bacia do Limpopo (sensivelmente
entre Funhalouro até à EN101 Macia-Chokwe, ao longo de 250 km). A Bacia do Limpopo
é a terceira maior bacia em Moçambique, depois das bacias do Zambeze e Rovuma. O
traçado proposto atravessa o Rio Changane, o principal afluente do Rio Limpopo em
território moçambicano, em três ocasiões diferentes: duas vezes a montante do Lago
Nhangule (Ch1 e Ch2, ver Figura 6.26), e novamente a cerca de 25 km a jusante deste
lago (Ch3, ver Figura 6.26), perto da povoação de Chibuto. Nesta secção, o Projecto
atravessa vários pequenos afluentes (rios sazonais) do Rio Changane.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


94
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

BACIA DO
GOVURO

BACIA DO
LIMPOPO

BACIA DO
INCOMATI

Figura 6.25 – Principais bacias hidrográficas atravessadas pelo Projecto proposto

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


95
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

BACIA DO LIMPOPO Rio Changane

Rio Limpopo
Lago Nhangule

Figura 6.26 – Bacia de Limpopo – atravessamentos do Rio Changane

 O traçado proposto atravessa então cerca de 25 km de planície de inundação do Limpopo


(ver Figura 6.27), onde atravessa o Rio Limpopo e outros afluentes (nomeadamente os
rios Chinaugue e Munhuana). Nestas áreas, o rio estabelece um padrão de meandros e
canais de cheia, correspondendo a uma zona muito vulnerável a cheias. O traçado
atravessa vários destes canais;

Rio Changane

Rio Limpopo

Rio Chinaugue

Rio Munhuana

Figura 6.27 – Bacia de Limpopo – atravessamento do Rio Limpopo

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


96
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

 Depois disto, o traçado atravessa a Bacia do Incomáti (sensivelmente desde a EN101


Macia-Chokwe até Maluana, ao longo de 105 km). Nesta bacia, o traçado proposto
atravessa o Rio Incomáti (a 3 km a este de Magude) e dois dos seus afluentes – rios
Mazimechopes e Tesátsen (ver Figura 6.28). O traçado atravessa ainda vários outros
pequenos rios sazonais, incluindo alguns canais de cheia perto de Magude;

Rio Tesátsen

Rio Mazimechopes

Rio Incomati
Rio Incomati

Figura 6.28 – Bacia do Incomati

 Mais para sul, o traçado atravessa o Rio Matola (na Bacia do Matola). O Rio Matola
desenvolve-se numa direcção Norte-Sul em direcção ao Estuário do Espírito Santo. Este
rio tem uma pequena bacia de drenagem.

A Tabela 6.13 sumariza os principais aspectos das bacias atravessadas pelo projecto.
Tabela 6.13 – Bacias hidrográficas atravessadas pelo Projecto

Área dentro de Extensão do Rio


Bacia Hidrográfica Área Total (km2) Rios atravessados pelo Projecto
Moçambique (km2) Principal (km)
Bacia do Govuro 11 200 11 200 185 -
Rios Changane, Limpopo,
Bacia do Limpopo 412 000 79 600 1,460
Chinaugue e Munhuana
Rios Incomáti, Mazimechopes e
Bacia do Incomáti 46 246 14 925 714
Tesátsen
Bacia do Matola 2 362 2 362 58 Rio Matola

Uma descrição mais detalhada de cada uma destas quatro principais bacias hidrográficas
atravessadas pelo Projecto é proporcionada nos subcapítulos seguintes.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


97
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

6.1.6.2 Bacia de Govuro

Enquadramento Hidrológico

A Bacia de Govuro é uma bacia costeira localizada na Província de Inhambane (ver Figura 6.25,
página 95). A bacia tem forma rectangular e apresenta uma área de cerca de 11 200 km2. O Rio
Govuro é o rio mais importante na região da Província de Inhambane, no Distrito de Vilanculos.

O Rio Govuro desenvolve-se na direcção Sul-Norte seguindo a depressão natural resultante da


morfologia costeira local, com uma extensão de aproximadamente 185 km. O rio tem uma declive
muito reduzido e drena lençol freático calcário e dunar. A altitude média da bacia é cerca de 80 m,
e a maior elevação é aproximadamente 140 m na margem sudoeste perto de Funhalouro
(Consultec, 2009). O rio Govuro não tem afluentes significativos. Note-se que embora o traçado
proposto se inicie na bacia de Govuro, o rio Govuro em si não é atravessado pelo Projecto.

Disponibilidade de Água

Geralmente, os recursos hídricos de superfície nesta região são escassos, com a excepção do rio
Govuro e ribeiros associados. O rio Govuro apresenta algumas alterações significativas de caudal,
devido à variabilidade climática sazonal. A jusante de Mapinhane, o rio é quase perene
(Consultec, 2009). Na época seca, o rio apresenta um caudal reduzido. O caudal anual médio é
120 milhões m3/ano (baseado nos registos da estação de monitorização E49, Consultec 2009).

Infra-estruturas

Esta bacia não tem infra-estruturas de gestão hídrica relevantes.

Uso da Água

A água de superfície na região é escassa, e a maioria da população recorre a poços e furos para
abastecimento de água. Nas áreas costeiras, os lagos são também uma fonte importante de água.
Devido à escassez geral de água, as práticas agrícolas são predominantemente de pequena
escala. Ao longo do sector jusante da bacia do Rio Govuro, vários agricultores privados
desenvolveram sistemas de irrigação de pequena escala, apesar dos problemas locais da
qualidade de água (salinidade elevada) (Consultec, 2009).

A recolha e uso da água da chuva é prática comum em toda a Província de Inhambane, sobretudo
nas regiões interiores. A água é armazenada em cisternas (sobretudo domésticas), a construção
das quais varia desde sistemas simples (cisternas cavadas manualmente, com paredes cobertas
com cimento e areia) até sistemas mais complexos (em maçonaria, tijolo sobre tijolo). Outra forma
tradicional de armazenamento de água da chuva é o uso dos troncos de embondeiro.

6.1.6.3 Bacia do Limpopo

Enquadramento Hidrológico

A bacia do Limpopo é a terceira maior de Moçambique, após as bacias do Zambeze e Rovuma. A


bacia do Limpopo é uma bacia internacional partilhada com outros três estados membros da
SADC, nomeadamente a África do Sul (45%), Botswana (20%) e Zimbabwe (15%) (ver Figura

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


98
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

6.29). A área total de drenagem é de aproximadamente 410 000 km2, dos quais 79 600 km2 (20%)
são em Moçambique.

Fonte: Consultec (2014).

Figura 6.29 – Bacia internacional do Rio Limpopo

O rio Limpopo tem uma extensão de cerca de 1 460 km, marcando a fronteira internacional entre a
África do Sul e os seus vizinhos Botswana e Zimbabwe. O rio entra em Moçambique em Pafúri
(Distrito de Chicualacuala, Província de Gaza) e flui com direcção NO-SE durante cerca de 561 km
até descarregar no Oceano Índico, perto de Xai-xai (Distrito de Xai-xai, Província de Gaza).

Três afluentes importantes juntam-se ao rio Limpopo em Moçambique: o rio Nuanedzi (com origem
no Zimbabué), rio dos Elefantes (o afluente com maior bacia, com origem na África do Sul) e rio
Changane, o único cuja sub-bacia é inteiramente nacional (com origem em Moçambique, perto da
fronteira com o Zimbabué). A área de captação do Changane, com cerca de 68 160 km2, é muito
plana e uma grande proporção da área comporta-se como uma série de zonas húmidas (Aurecon,
2013). O Changane contribui apenas para uma pequena percentagem de escoamento do
Limpopo, devido à sua topografia plana. O Changane une-se ao Limpopo perto de Chibuto.

Disponibilidade de Água

O clima regional é caracterizado por uma estação seca prolongada e uma estação de chuvas
intensa entre Dezembro e Fevereiro, levando a diferenças sazonais significativas no caudal fluvial.
O rio Limpopo e os seus maiores afluentes são marcados por padrões sazonais cíclicos, com
cheias na estação das chuvas e escoamentos reduzidos na estação seca. Em Moçambique, o rio
Limpopo seca frequentemente (entre Chicualacuala e Sicacate) devido ao uso intensivo de água a

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


99
Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –
Fase 1: Vilanculos - Maputo

montante (Consultec, 2014). Na época das chuvas, o Limpopo é muito vulnerável a cheias,
especialmente a jusante de Chokwe, onde a bacia é muito plana (nos últimos 175 km, entre
Chokwe e a foz, as cotas estão a menos de 20 m acima do nível médio do mar (Consultec, 2014)).
A jusante de Chokwe, o rio apresenta um padrão de meandros e canais de cheia ramificados.
Quando ocorre uma cheia, o caudal do rio é muito lento, deixando áreas inundadas durante um
longo tempo. A bacia do Limpopo está sujeita a cheias cíclicas, algumas das quais com efeitos
catastróficos (com perdas de gado e colheitas, destruição de infra-estruturas, como estradas,
caminhos de ferro, pontes e casas, entre outros). Em Moçambique as maiores cheias ocorreram
em 1915, 1918, 1925, 1937, 1955, 1972, 1975, 1977, 1981, 1988, 2000 e mais recentemente em
2013 (Consultec, 2014). Em geral, as cheias ocorrem entre Janeiro e Março. Os Distritos de
Chokwe, Guijá, Chibuto e Xai-Xai são muito vulneráveis a cheias.

Muitos dos afluentes mais pequenos de Limpopo são sazonais, e apenas têm água quando chove.

Infra-estrutura

A bacia internacional de Limpopo tem 79 grandes barragens 1 (Aurecon, 2013), das quais apenas
duas estão localizadas em Moçambique, nomeadamente: Massingir (localizada no rio dos
Elefantes, 30 km a jusante da fronteira da África do Sul, com uma capacidade de cerca de 2 800
milhões m3) e Macarretane (localizada no rio Limpopo, a cerca de 20 km a montante de Chokwe,
com uma capacidade de 15 milhões m3). Ambas as barragens foram construídas para rega.

Uso da Água

Em Moçambique, a água do rio Limpopo é usada sobretudo para irrigação, sendo fornecida a
partir da barragem de Massingir. Outros usos secundários incluem: abeberamento de gado
(sobretudo por comunidades rurais para subsistência), abastecimento urbano (Xai-Xai e Chokwe,
fornecimento a partir de águas subterrâneas), abastecimento de comunidades rurais (nas áreas
rurais, a população recorre a furos, rios e lagoas), e indústria e mineração.

Actualmente, as principais áreas de rega são (Consultec et al., 2016): regadio Eduardo Mondlane
(10,000 ha), regadio do Baixo Limpopo (12,500 ha) e regadio de Chokwè (2,500 ha). Estima-se
que em 2045 a área total de irrigação seja cerca de 123 000 ha (Consultec et al., 2016). As actuais
necessidades de água de rega estão estimadas em 364 milhões m 3/ano (Consultec et al., 2016).

As necessidades de abastecimento de água às áreas urbanas são relativamente baixas, cerca de


21 milhões m3/ano (Consultec et al., 2016). Estima-se que o gado use em média
10 milhões m3/ano (Consultec et al., 2016). As actividades industriais e mineiras têm um baixo
impacto no uso de água, representando 0,1 milhões m3/ano.

Qualidade da Água

A qualidade da água na Bacia de Limpopo é afectada pelas actividades humanas. Na sub-bacia


moçambicana, as principais fontes de poluição incluem:

1 Uma Grande Barragem é qualquer barragem com uma altura, entre o nível inferior da fundação ao crista superior, de mais de 15 m ou se a altura for
entre 10 e 15 m e uma ou mais das seguintes condições se verificarem (Aurecon, 2013): comprimento da barragem maior que 500 m; capacidade de
armazenamento maior que 3 milhões m³; descarga maior de 2 000 m³/s ou características fora do normal no tipo de barragem ou fundação.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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 Povoações humanas – o risco de contaminação resultante das povoações humanas


(águas residuais) está disperso pela bacia, sendo maior em áreas com maior densidade
populacional. Em termos gerais, a bacia tem uma densidade populacional reduzida. Os
principais centros urbanos são Xai-xai (920 habitantes/km2) e Chokwè (80 habitantes/km 2).
As águas residuais domésticas contribuem para a contaminação de água com matéria
orgânica oxidável, nitratos, fosfatos, amónia e agentes infecciosos (bactérias, vírus e
protozoários). Os agentes infecciosos são a principal preocupação associada com a
poluição de águas residuais domésticas. A maior parte da população da bacia recorre a
água de furos (59%, INE 2013) e rios e lagoas (9%, INE 2013) sem qualquer tratamento,
aumentando o risco de doenças como cólera, diarreia infecciosa, disenteria, vermes
intestinais e esquistossomose (bilharzíase), doenças comuns na região. Análises de água
pontuais realizadas na bacia de Limpopo revelaram concentrações elevadas de bactérias
(E. coli), confirmando contaminação fecal pelas povoações humanas. Análises da
descarga não tratada dos esgotos de Xai-xai identificou níveis elevados de E. coli,
concentrações baixas de oxigénio dissolvido (um indicador de poluição com matéria
orgânica) e níveis elevados de amónia, nitratos e fósforo total (Chilundo, 2007). O esgoto
descarga directamente no rio Limpopo, sem qualquer tratamento prévio;
 Gado – sobretudo por parte das comunidades rurais para subsistência. A presença de
gado ao longo das margens do rio para é comum, sendo uma fonte relevante de
contaminação de água através de excrementos e urina.
 Agricultura – na região de Chokwe existe agricultura intensiva. A agricultura (intensiva) de
grande escala apresenta uma ameaça séria à poluição da água devido ao uso de
fertilizantes (o enriquecimento da água com nutrientes como nitratos e fosfatos pode trazer
problemas ecológicos sérios aos ecossistemas aquáticos, ao favorecer o crescimento
excessivo de algas e plantas aquáticas e consequentemente a eutrofização dos corpos de
água) e pesticidas (substâncias tóxicas). As preocupações ambientais sobre a agricultura
de pequena escala estão principalmente associadas com a desflorestação e degradação
da vegetação ripária , expondo as margens dos rios à erosão e promovendo o aumento de
sedimentação e turbidez da água. Análises de água pontuais às descargas de drenagem
agrícola (Chokwe e Munhuana) revelaram baixas concentrações de oxigénio dissolvido
(abaixo de 5 mg/L), um indicador de poluição com matéria orgânica; assim como
concentrações elevadas de fósforo;
 Intrusão salina, perto da foz do rio – observada até 55 km a montante da foz do rio (a
jusante de Xai-xai), devido às marés altas (Chilundo, 2007). Tal pode condicionar o uso de
água para rega e consumo humano;
 Diferenças sazonais do caudal – as diferenças sazonais naturais podem alterar
significativamente a qualidade da água. O aumento do caudal na época das chuvas
aumenta o transporte de sedimentos e a turbidez, e promove a dispersão de poluentes;
 Infra-estruturas de gestão de água (barragens, aterros artificiais) – estas estruturas são
uma barreira física ao caudal natural dos rios. Os reservatórios a montante contribuem
para a deposição de partículas suspensas e outros elementos associados, como os
metais pesados. Também podem levar à acumulação de nutrientes e matéria orgânica.
Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;
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Análises de água pontuais realizadas na bacia de Limpopo revelaram concentrações mais


elevadas de alguns metais (Chumbo, Zinco, Cádmio, Cobre e Ferro) na albufeira de
Massingir, do que a jusante da barragem.
 Geologia natural da região – analises pontuais realizadas no rio Changara revelaram que
a água é muito dura (concentrações elevadas de Cálcio e Magnésio) e tem níveis
elevados de Cloro; tal resulta do contacto da água com o solo e formações rochosas. Este
tipo de água não é adequado para agricultura e consumo humano.

Note-se que antes de entrar em Moçambique, o rio Limpopo flui através de áreas urbanas,
industriais, mineiras e agrícolas, no Zimbabué e na África do Sul, o que poderá contribuir para
alterações na qualidade da água. A bacia inclui os centros urbanos de Pretoria e Joanesburgo.

Análises de água realizadas no rio Nuanedzi revelaram níveis elevados de ferro (13 mg/L),
afectando a qualidade de água do rio Limpopo a jusante da confluência dos rios. Contudo, a
concentração de metal diminui drasticamente a jusante para 0,75 mg/L, provavelmente devido a
sedimentação e adsorção em partículas sedimentares. A contaminação de metais poderá resultar
das actividades mineiras no Zimbabué.

No Rio dos Elefantes, tanto na África do Sul como em Moçambique, foram identificadas
concentrações elevadas de sulfatos (Aurecon, 2013), resultante da mineração na África do Sul.

6.1.6.4 Bacia de Incomáti

Enquadramento Hidrológico

A bacia do Incomáti é uma bacia internacional partilhada com a África do Sul (62%) e Suazilândia
(6%) (ver Figura 6.30). A área total de captação é cerca de 46 400 km2, dos quais 32% estão
localizados em Moçambique. O rio Incomáti tem a sua origem na África do Sul, a uma altitude de
2 km (acima do nível da água do mar). Depois flui para o leste da África do Sul, através do norte
da Suazilândia e cai para a planície costeira para este das montanhas de Libombo, com elevações
abaixo de 150 m. Em Moçambique, o rio entra num vale rochoso e fechado, perto da fronteira em
Ressano Garcia, e alguns quilómetros a jusante apresenta um leito arenoso com margens baixas
que se tornam inundáveis a partir de Magude. Para jusante, o rio divide-se em várias ramificações
que se separam e mais tarde se unem ao rio principal, terminando nos meandros da foz.

O rio Incomáti estende-se ao longo de 714 km. Tem 6 afluentes principais: Crocodilo, Sabié,
Massintonto, Uanetze e Mazimechopes (o único afluente com nascente em Moçambique, perto da
fronteira com a África do Sul).

Disponibilidade de Água

O rio Incomáti é marcado por padrões sazonais cíclicos, com cheias na estação das chuvas e
caudais reduzidos na estação seca. Apresenta um caudal irregular, com anos consecutivos de
seca e cheias de grande magnitude. O rio Sabié é o afluente com regime mais regular.

Nos últimos dez anos, o escoamento do rio Incomáti tem-se tornado muito irregular, com caudais
reduzidos na estação seca, devido ao uso intensivo a montante, incluindo transferência de água
entre bacias. Na estação seca, o Incomáti é muito vulnerável a cheias, especialmente a montante
Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;
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de Magude. A bacia de Incomáti está sujeita a cheias cíclicas, algumas das quais com efeitos
catastróficos (com perdas de gado e colheitas, destruição de infra-estruturas como estradas,
caminhos de terro, pontes e casas, entre outros). Em Moçambique as maiores cheias ocorreram
em 1937, 1955, 1972, 1975, 1976, 1984, 1985, 1996, 2000, 2012 e 2013 (Consultec, 2014). Em
geral, as cheias ocorrem entre Janeiro e Março. Os distritos de Moamba, Magude e Manhiça são
muito vulneráveis a cheias.

Fonte: Khalili (2007).

Figura 6.30 – Bacia internacional do Rio Incomáti

Infra-estruturas

A bacia do Incomáti tem 8 barragens principais, com uma capacidade total de armazenamento de
cerca de 2 000 milhões m3, das quais apenas uma está localizada em Moçambique,
nomeadamente a Barragem de Corumana, localizada no rio Sabié (armazenamento de
879 milhões m3), no distrito de Moamba. Esta barragem foi construída para rega e espera-se que
reforce o fornecimento de água aos municípios de Maputo e Matola no futuro próximo.

A área de drenagem também contém algumas pequenas barragens e diques agrícolas. Em


Moçambique, destacam-se os diques agrícolas de Xinavane e Maragra, assim como o dique
ferroviário que corre ao longo do rio entre Marracuene e Magude.

Usos da água

A bacia do Incomáti tem uma importância estratégica, já que está localizada numa área de intensa
pressão de desenvolvimento, resultando numa procura relativamente elevada pelos seus recursos
Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;
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hídricos. A maior parte da água captada da bacia é usada para irrigação. A bacia do Incomáti em
Moçambique apresenta áreas agrícolas de grande escala, em particular cana de açúcar. No total,
cerca de 25 000 ha de irrigação foram contabilizados em Moçambique (Consultec, 2014).

Qualidade da água

A qualidade da água na bacia do Incomáti é afectada por actividades humanas. As principais


fontes de poluição de água incluem:

 Povoações humanas – os povoados de Marracuene e Manhiça, perto da foz, Magude e


Xinavane, e Moamba, Ressano Garcia e Sabié, perto da fronteira. Não existe tratamento
de águas residuais. As águas residuais domésticas contribuem para a contaminação da
água com matéria orgânica oxidável, nitratos, fosfatos, amónia e agentes infecciosos
(bactéria, vírus e protozoários). Os agentes infecciosos são a principal preocupação
associada com a poluição de águas residuais domésticas;
 Agricultura – existe agricultura intensiva na região de Magude e Xinavane, e em Manhiça.
A agricultura (intensiva) de grande escala constitui uma ameaça séria à poluição da água
através do uso de fertilizantes (enriquecendo a água com nutrientes como nitratos e
fosfatos, que podem trazer problemas ecológicos sérios aos ecossistemas aquáticos ao
favorecer o crescimento excessivo de algas e plantas aquáticas e consequentemente a
eutrofização dos corpos de água) e pesticidas (substâncias tóxicas);
 Diferenças sazonais de escoamento – as diferenças sazonais naturais do escoamento
podem alterar significativamente a qualidade da água. O caudal aumenta na época das
chuvas, aumentando o transporte de sedimentos e afectando a turbidez, e promovendo a
dispersão de poluentes;
 Intrusão salina, perto da foz do rio – sentida até cerca de 50 km a montante da foz.

6.1.6.5 Bacia do Matola

Enquadramento Hidrológico

O rio Matola tem a sua nascente numa área pantanosa no nordeste do Distrito de Moamba e flui
numa direcção Norte-Sul. Tem uma extensão total de 58 km e uma bacia de drenagem com uma
área de 2 362 km2. O rio Matola descarga na Baia de Maputo, via o Estuário do Espírito Santo,
que também recebe as descargas de três outros rios, nomeadamente os rios Umbeluzi, Infulene e
Tembe. A bacia é ocupada sobretudo por áreas urbanizadas, especialmente no sector inferior.

Disponibilidade de Água

O rio Matola tem um caudal anual pequeno (estimado em 150 milhões m3 por ano), e é um rio
sazonal, com caudais elevados durante a estação de chuvas e muito pequenos, ou mesmo nulo,
durante a estação seca. Na estação seca, a salinidade do rio é determinada pelas águas do
Estuário do Espírito Santo, dado que o caudal fluvial é negligenciável neste período.
Consequentemente, as condições hidrológicas no rio Matola são tais que o escoamento do rio é
determinado principalmente pelos caudais fluviais durante a estação das chuvas, enquanto que
durante a estação seca a dispersão induzida pelas marés é o mecanismo dominante.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Nas áreas urbanizadas, o canal de drenagem apresenta restrições ao escoamento devido à


construção nas margens do rio.

Usos da Água

Nesta bacia, a água é usada para agricultura de pequena escala. O abastecimento de água ao
Município de Matola provem da Barragem de Pequenos Libombos, localizado no rio Umbeluzi
(bacia do Umbeluzi).

Qualidade da Água

A qualidade de água na bacia de Matola é afectada por actividades humanas. As principais fontes
de poluição de água incluem:

 Povoações humanas – o sector inferior da bacia inclui principalmente a cidade de Matola,


com uma densidade demográfica elevada (2 000 habitantes/km 2). Nas zonas urbanizadas
e semi-urbanizadas da cidade, as pessoas usam tanques sépticos. As águas residuais
domésticas contribuem para a contaminação de água com matéria orgânica oxidável,
nitratos, fosfatos, amónia e agentes infecciosos (bactéria, vírus e protozoários). Os
agentes infecciosos são a principal preocupação associada com a poluição de águas
residuais domésticas.
 Indústria – o município de Matola tem o maior parque industrial de Moçambique que inclui
materiais agro-industriais, metalo-mecânicos e de construção. O município tem cerca de
50 indústrias, algumas localizadas ao longo do rio Matola, incluindo a Mozal, a Têxtil
Moztex e curtumes. O aterro industrial de Mavoco também está localizado perto do rio;
 Agricultura – ao longo do rio existe agricultura de pequena escala. As preocupações
ambientais resultantes da agricultura de pequena escala estão sobretudo associadas com
desflorestação e degradação da vegetação ripária, expondo as margens dos rios à erosão
e promovendo o aumento de sedimentação e turbidez da água;
 Diferenças sazonais de escoamento – nos troços inferiores do rio, a água é salobra,
devido à influência marinha, apresentando valores elevados de condutividade eléctrica,
sódio e cloro (Consultec & SRK, 2012).

6.1.7 Paisagem

6.1.7.1 Abordagem e Metodologia

As linhas de transmissão têm o potencial de ter um impacto visual e na paisagem. A paisagem é


definida como “uma parte do território, como percebida pelas pessoas, cujo carácter resulta da
acção e interacção de factores naturais e humanos” (EC, 2000). Uma unidade de paisagem é a
“uma área limitada por relevo e outros elementos, dentro da qual todos os pontos são mutuamente
visíveis” (Neuray, 1982), na qual a paisagem apresenta uma certa homogeneidade no que respeita
ao relevo, geologia, vegetação e grau de humanização. A avaliação da qualidade da paisagem
entra em conta com o valor cénico que lhe é atribuído e com a sua sensibilidade.

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A situação de referência da paisagem foi compilada a partir de dados secundários e resultados de


visitas locais. Um estudo de gabinete foi realizado para reunir todos os dados relevante para
suportar a avaliação. As fontes de informação deste estudo incluíram:

 Avaliação do Impacto Ambiental e Social do Projecto de Transporte de Energia da Espinha


Dorsal Regional de Moçambique (2011);
 Relatório do EPDA (2016);
 Resultados do trabalho de campo desenvolvido pelos especialistas (2017); e
 Fotografia aérea do Google Earth.

Foram realizadas visitas por membros da equipa de AIAS a locais estratégicos na área de estudo.
Foram ainda utilizadas fotos tiradas durante o trabalho de campo, ao longo de todo o traçado, para
apoiar a avaliação do impacto visual e do carácter da paisagem. Os parâmetros usados para
caracterizar a paisagem incluem o valor paisagístico dos usos do solo, presença de vegetação
natural e artificial, presença de elementos de intrusão visual e qualidade cénica da paisagem.

A classificação do valor paisagístico baseia-se na sua qualidade, um conceito subjectivo que


resulta do valor cénico, atribuído por potenciais observadores. A qualidade visual da paisagem é
determinada pelos componentes biofísicos da paisagem, como o relevo, a presença de linhas de
água, a diversidade e valor paisagístico da cobertura vegetal, e pelas componentes estéticas, tais
como a singularidade (características que distinguem a paisagem e a tornam “única”).

6.1.7.2 Descrição da Paisagem

A paisagem na área de Projecto apresenta características mistas, com áreas de paisagem natural
com algum valor cénico, alternadas com áreas onde a paisagem tem um carácter urbano e até
industrial. O coberto do solo ao longo da metade norte do corredor proposto (Figura 6.31) é
dominado por áreas de matas, com algumas pequenas áreas e corredores abertos, e.g. ao longo
das estradas principais e da linha de ferro do Limpopo. Apenas a sul de Chokwe, na metade sul do
traçado, se observa que o uso do solo se apresenta sistematicamente humanizado, embora
mesmo aí ainda persistem algumas manchas de matas entre os rios Incomáti e Limpopo.

A vegetação lenhosa que ocupa grande parte da área de estudo apresenta uma natureza
homogénea ao longo de grandes áreas, mas pode ser dividida em três tipos principais de
vegetação: matas de miombo, matas costeiras mistas e matas indiferenciadas. Os grandes rios
que atravessam o corredor, incluindo o Limpopo e o Incomáti, estão associados a habitats
distintos. Adicionalmente, existem vários lagos formados por depressões argilosas nos terrenos
arenosos, em particular no vale baixo do Limpopo.

Perto das áreas povoadas os tipos de vegetação dominante incluem as formas degradadas de
vegetação nativa. Em geral, os graus de distúrbio humano à vegetação vão de moderadamente a
grandemente antropizado. Os principais factores de antropização incluem fragmentação das
formações vegetais devido a estradas, recolha de madeira e lenha, agricultura e habitação.

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Figura 6.31 – Uso do solo ao longo do traçado de Projecto

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Como discutido na secção de biodiversidade, o traçado do Projecto não atravessa ou se aproxima


de qualquer área de conservação ou protegida. A linha de 400 kV pode ser subdividida em três
sectores: Subestação (SE) de Vilanculos à SE de Chibuto, SE de Chibuto à SE de Matalane e SE
de Matalane à SE de Maputo. As seguintes secções descrevem a natureza e carácter da
paisagem nestes três sectores.

Subestação Vilanculos – Subestação Chibuto

Na imediações da SE de Vilanculos, o coberto vegetal é predominantemente composto por matas


de boa qualidade, com cerca de 50% de cobertura lenhosa, incluindo áreas de árvores mais altas
que 10 m e áreas de savana aberta. Nesta área, a paisagem tem uma sensibilidade ‘média’ devido
à paisagem não designada mas de boa qualidade com cobertura vegetal relativamente densa
(Fotografia 6.1).

Fotografia 6.1 – Coberto vegetal na envolvente da SE de Vilanculos

Da SE de Vilanculos, o traçado desenvolve-se para sudoeste, cruzando as estradas R481 e R484


a oeste de Funhalouro, curva ligeiramente para este, passando a este da povoação de
Changanine, antes de continuar quase em linha recta até à SE do Chibuto. A distância total entre
as SE de Vilanculos e Chibuto é de cerca de 340 km.

Ao longo do traçado o terreno é plano, florestado e com poucas estradas. A altitude varia entre
38 m, na SE de Vilanculos, até 76 m perto da SE de Chibuto (Figura 6.32).

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Em termos do carácter da vegetação ao longo do traçado, na parte norte deste sector, nos distritos
de Vilanculos, Massinga e Funhalouro, a área florestada ainda está bastante intacta. Para sul, a
vegetação muda gradualmente para savana ou vegetação mais mista, à medida que a pressão
humana se intensifica. Perto das maiores povoações, tais como Funhalouro e Chibuto, a presença
humana torna-se mais intensa e persistente. Neste sector, o traçado também atravessa três rios, o
Changane, o Chigombe e o Sangutane antes de atingir o vale de Limpopo.

Figura 6.32 – Perfil de elevação entre a SE de Vilanculos e a SE de Chibuto

Esta paisagem tem uma sensibilidade ‘baixa’, devido à paisagem não designada mas de qualidade
média, à população e vegetação dispersa, e a presença de algumas estradas principais.

Subestação de Chibuto – Subestação de Matalane

Na SE de Chibuto, o coberto vegetal inclui matas de miombo, que ocupam cerca de 40% da área
da SE, sendo os restantes 60% constituídos por pradaria e solo nu (Fotografia 6.2). A área
identificada é rodeada por zonas húmidas e uma planície de inundação usada para cultivo, pasto e
propriedades residenciais. A SE de Chibuto é localizada numa elevação no lado este do vale.

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Fotografia 6.2 – Coberto vegetal nas proximidades da SE de Chibuto

Considera-se que a paisagem desta área tem sensibilidade ‘média’, devido à paisagem não
designada mas de boa qualidade, com coberto de miombo. A altitude varia entre 76 m na SE de
Chibuto até 46 m na SE de Matalane (Figura 6.33).

O traçado proposto atravessa planícies de inundação ao longo do primeiro troço de 24 km a partir


da SE de Chibuto, atravessando a estrada 205, e passando as povoações de Mazivila, Xinavane,
Magude e Chinhanguanine, a caminho da SE de Matalane. A distância total entre as SE de
Chibuto e Matalane é de cerca de 180 km.

O traçado da linha atravessa uma paisagem intensamente cultivada nos limites do vale do Rio
Limpopo e ao entrar na Bacia do Incomáti. Estas planícies de inundação são caracterizadas por
vegetação de juncos e bancos de areia, interrompidas por áreas com maior altitude, que são
habitadas e cultivadas em regime de sequeiro. A rede rodoviária segue estas áreas mais
elevadas, devido ao risco de cheia das zonas mais baixas. O coberto vegetal é em geral de
reduzida altura e interrompido pelas actividades humanas.

Figura 6.33 – Perfil de elevação entre a SE de Chibuto e a SE de Matalane

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A sul do Limpopo, o traçado atravessa o vale do Limpopo inferior, onde o uso da terra e habitats
são uma mistura de machambas, arroz e planícies de inundação. O traçado proposto atravessa a
Bacia do Rio Incomáti, onde ocorrem juncais e taludes arenosos. O Rio Incomáti faz parte de um
sistema de bacia fluvial ligado à Bacia do Rio Limpopo, embora as principais áreas de planície de
inundação estejam em grande medida a oeste do traçado.

A paisagem tem áreas de sensibilidade ‘média’, com a maioria classificada como tendo
sensibilidade ‘baixa’. Tal deve-se à paisagem fluvial coerente na parte norte que muda para uma
paisagem mais desenvolvida e dominada por estradas e áreas relativamente menos
desenvolvidas localizadas perto de Matalane.

Subestação de Matalane – Subestação de Maputo (Boane)

A partir de Matalane (Fotografia 6.3) o traçado vira para este e continua directo em direcção à SE
de Maputo. O traçado termina no lado noroeste da SE de Maputo.

Fotografia 6.3 – Coberto vegetal nas proximidades da SE de Matalane

No início deste sector ainda existem algumas áreas de matas. Contudo, o nível de
desenvolvimento aumenta à medida que o traçado se aproxima de Maputo, e a terra torna-se
sobretudo ocupada por agricultura e povoações. A distância total entre Matalane e Maputo é cerca
de 40 km. A altitude varia entre 46 m e 27m (Figura 6.34).

O traçado termina na SE de Maputo, perto do Parque Industrial de Beluluane (BIP) (Fotografia


6.4), perto da fábrica da Mozal Alumínio – um elemento dominante na paisagem. Nesta área, a
paisagem apresenta características mistas, com um carácter maioritariamente urbano e industrial,
pontuado com áreas de carácter natural e grande valor cénico, nomeadamente o Estuário do
Espírito Santo e o Rio Matola. O complexo industrial da Mozal é caracterizado pela volumetria do
edifício, a extensão da área ocupada e as características industriais da infra-estrutura.

A área apresenta um mosaico de ocupação industrial, urbana e residencial com uma rede densa
de vias de comunicação e edifícios dispersos que dão à paisagem circundante uma qualidade
cénica reduzida e confusão visual. As áreas naturais de maior qualidade visual são formadas por
manchas de vegetação florestal, mata, vegetação herbácea, o Estuário do Espírito Santo e o Rio
Matola.

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Figura 6.34 – Perfil de elevação entre a Subestação de Matalane e a Subestação de Maputo

Fotografia 6.4 – Vários aspectos industriais, urbanos e residenciais perto da SE de Maputo

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No todo, considera-se que a paisagem ao longo do traçado entre as SE de Matalane e Maputo


tem uma sensibilidade ‘média’, devido à paisagem plana coerente resultando numa larga zona de
influência visual. Adicionalmente, na zona sul, perto de Maputo, o desenvolvimento industrial e o
maior desenvolvimento contribui para a categorização.

Perto da SE de Maputo (Fotografia 6.5) existem algumas áreas residenciais perto, mas
geralmente a área está dominada por mato e pequenas áreas de cultivo. Aqui a paisagem tem
‘baixa’ sensibilidade, devido ao desenvolvimento urbano, tendo perto a fábrica Mozal Alumínio.

Fotografia 6.5 – Aspectos da paisagem na SE de Maputo (Boane)

6.2 Ambiente Biótico


6.2.1 Metodologia
A situação de referência da biodiversidade foi baseada em dados secundários e em trabalho de
campo. O trabalho de campo foi realizado entre 13 e 22 de Junho de 2017, permitindo a recolha
de dados primários sobre flora, vegetação e vertebrados terrestres. A abordagem metodológica
específica para cada grupo de biodiversidade é descrita nas seguintes secções.

Flora e vegetação

Para a flora, foram definidos pontos de amostragem, com duração de 30 minutos cada, de modo a
amostrar todos os estratos de vegetação. Foram feitos um total de 35 locais de amostragem,
principalmente ao longo das áreas mais naturais (ver Figura 6.35). Para além disto, foram também
visitadas áreas mais perturbadas, onde se registou a presença de espécies como observações ad-
hoc. Quando houve incerteza quanto à identificação das espécies durante o trabalho de campo,
foram colhidos espécimes, que foram rotulados e levados para o laboratório botânico da
Universidade Eduardo Mondlane em Maputo para identificação, usando amostras de herbário e a
Flora Zambesiaca (Kew, 2014) como referências.

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Figura 6.35 – Locais de amostragem de flora e fauna

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Todos os dados primários sobre unidades de vegetação e habitats foram processados através de
SIG para ajudar a refinar o mapeamento das unidades de vegetação e habitats dentro da área de
estudo. O mapa das unidades de vegetação foi gerado para uma zona de tampão de 200 m em
torno da linha de transmissão e uma zona de 50 m em redor das subestações, que é onde se
esperam potenciais impactos sobre os habitats. Este mapa foi inicialmente preparado durante a
análise de dados secundários, através de fotointerpretação de fotografias aéreas, tendo sido
posteriormente refinado com os dados recolhidos no campo.

Mamíferos

A metodologia de amostragem para os grandes mamíferos baseou-se em observações directas e


indirectas (e.g., pegadas, trilhos, dejectos, cadáveres) durante transectos diurnos. Os transectos
tiveram duração de 30 minutos e distância variável. Um total de 35 locais foram amostrados,
sobretudo ao longo das áreas mais naturais (Figura 6.35).

Os morcegos foram amostrados através de duas metodologias diferentes: amostragem acústica


nocturna e inspecção de abrigos. A amostragem acústica foi conduzida usando um detector de
ultra-sons (EM3+ Wildlife Acoustics) com uma gama de frequência entre 8 e 192 kHz. Em cada um
dos 8 locais de amostragem (Figura 6.35), foram registadas vocalizações de morcego durante 10
minutos, no período do crepúsculo. As vocalizações registadas no campo foram analisadas
usando software de áudio. A identificação das espécies de morcego foi realizada por comparação
com as vocalizações de referência em Monadjem et al. (2010), Hauge (2010), e Kopsinis et al.
(2009). Sempre que possível, as vocalizações foram identificadas até ao nível de espécie, ou
alternativamente, ao grupo fónico das espécies com vocalizações semelhantes.

A inspecção de abrigos envolveu procura activa diurna de estruturas potenciais para abrigos de
morcegos, incluindo edifícios abandonados, pontes, túneis, cavernas, minas, frechas nas rochas, e
árvores maduras. Sempre que possível, o interior da estrutura foi visitada para verificar a presença
ou vestígios da presença de morcegos.

Herpetofauna

Para os anfíbios, foram realizadas amostragens em corpos de água ou áreas húmidas


seleccionadas e buscas activas ao anoitecer em árvores e zonas húmidas. A amostragem em
corpos de água foi realizada usando redes, sobretudo nas margens. As buscas activas foram
realizadas levantando cascas de árvore. O uso de redes permitiu a amostragem de fases larvares
e adultas, enquanto as buscas visuais activas permitiram a identificação de algumas espécies de
rã que podem ser encontradas nas margens. Foram amostrados um total de 8 locais através de
busca activa, e 3 locais foram amostrados especificamente com rede (Figura 6.35).

A amostragem de repteis foi realizada usando encontros visuais, através de transectos pedestres,
com 30 minutos de duração. Durante a amostragem de transecto, foram revirados objectos de
cobertura (e.g. rochas e troncos). Estes objectos foram cuidadosamente virados para o técnico de
campo, usando luvas de campo. Uma pequena lanterna de mão foi usada para olhar dentro de
frechas e buracos na busca de repteis. Os indivíduos encontrados foram capturados à mão ou
usando instrumentos apropriados (redes, laço com nó deslizante para lagartos, e um bastão para

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captura de serpentes venenosas) para permitir a identificação precisa da espécie. Após a recolha
de dados, as espécies foram libertadas no mesmo local. Um total de 35 locais foram amostrados,
sobretudo ao longo das áreas mais naturais (Figura 6.35).

Aves

A amostragem de aves focou-se em aves de rapina, passeriformes, aves nocturnas e aves


aquáticas. A amostragem de rapinas e passeriformes foi realizada durante transectos pedestres,
com 30 minutos de duração. Um total de 35 locais foram amostrados, sobretudo ao longo das
áreas mais naturais (Figura 6.35).

Adicionalmente, foram realizadas contagens pontuais de aves aquáticas em corpos de água e rios,
durante um período variável de tempo, de acordo com o tamanho do corpo de água. Foram
amostrados corpos de água localizados tanto dentro da área de estudo como nas suas
imediações, tendo em consideração os possíveis movimentos de aves perpendiculares à área de
estudo. Todas as aves vistas e ouvidas foram identificadas e contadas. As observações foram
realizadas com binóculos. Um total de 15 corpos de água e/ou rios foram amostrados nas
imediações da área de estudo (Figura 6.35).

As aves nocturnas foram amostradas com contagens feitas ao anoitecer, enquanto se


reproduziam as vocalizações da espécies que potencialmente ocorrem na área de estudo. As
condições de reprodução foram as mesmas em todos os locais, com 30 segundos de reprodução
(repetidos no máximo 6 vezes) seguindo de 15 segundos de silêncio, com um tempo máximo de
reprodução de 3 minutos para cada espécie. Um período de silêncio de 2 minutos foi estabelecido
entre diferentes espécies. Se a espécie respondeu antes dos 3 minutos, a espécie seguinte foi
reproduzida. Foram realizados 8 pontos de amostragem para as aves nocturnas (Figura 6.35).

Para todos os grupos faunísticos, realizaram-se observações ad-hoc dentro da área de estudo ou
nas suas redondezas, e foram realizadas entrevistas com habitantes locais, para recolher dados
sobre espécies emblemáticas e conflitos homem – fauna bravia.

6.2.2 Flora e Vegetação

6.2.2.1 Contexto Regional

Os tipos de vegetação com características semelhantes são agrupados em habitats, e a categoria


de habitat mais abrangente, a nível global, são os biomas. A WWF identifica 14 biomas globais,
nove dos quais podem ocorrer em África. A área de estudo inclui três biomas: o bioma de
Florestas Tropicais e Subtropicais Húmidas de Folhas Largas; o bioma de Pastagens, Savanas e
Matagais Tropicais e Subtropicais; e o bioma de Savanas e Campos Inundados (Figura 6.36).

O bioma de Florestas Tropicais e Subtropicais Húmidas de Folhas Largas inclui florestas tropicais
ou mosaicos de floresta tropical, florestas que são sobretudo perenes ou semi-perenes, e estão
localizadas em áreas onde a chuva é mais sazonal. Este bioma ocorre principalmente na faixa
tropical de África e uma pequena área estende-se para a África meridional (Burgess et al., 2004).

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Figura 6.36 – Biomas na área de estudo

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O bioma de Pastagens, Savanas e Matagais Tropicais e Subtropicais é o maior bioma em África,


incluindo pastagens, savanas, matas, floresta, mosaico de savana húmida e matagal (Burgess et
al., 2004). O bioma de Savanas e Campos Inundados inclui pradarias inundadas, zonas húmidas e
lagos pouco profundos; e está dividido em duas subdivisões: sistemas pantanosos de água doce e
sistemas pantanosos ligeiramente salobros a hipersalinos (Burgess et al., 2004).

A área de estudo inclui um total de quatro ecoregiões: Florestas e Matas Costeiras do Suaíli
Meridional; Matas de Miombo Seco; Florestas e Matas Costeiras da Maputolândia; e uma pequena
parte do Veld do Limpopo (RESOLVE, 2017) (Figura 6.37).

A Ecoregião Florestas e Matas Costeiras do Suaíli Meridional é caracterizada por baixa


variabilidade da temperatura anual e níveis elevados de precipitação. As florestas são dominadas
por arvores de folha perene e semi-perene. As Matas de Miombo Seco têm um clima tropical
sazonal com pouca precipitação na estação seca e um solo pobre em nutrientes. As espécies
dominantes características são Brachystegia e Julbernardia, especialmente adaptadas com
ectomicorrizas que ajudam a obter nutrientes essenciais num solo pobre em nutrientes. As
Florestas e Matas Costeiras da Maputolândia contêm extensas zonas húmidas, e a vegetação é
complexa e muito dispersa, com mais de 15 tipos de vegetação descritos para a região. As dunas
costeiras suportam florestas densas, incluído florestas baixas e matagais, especialmente
adaptados ao sal e vento. Nesta floresta, as espécies mais comuns são Strychnos sp., Celtis
africana e Ziziphus mucronata. A ecorregião do Veld de Limpopo é inundada periodicamente e a
vegetação inclui savana lenhosa ligeira, dominada por Hyphaene coriacea e Acacia sp. Pastagens
secundárias podem ocorrer nas áreas mais perturbadas, assim como pequenas manchas de
floresta pantanosa (Burgess et al., 2004).

Em termos ecológicos e de acordo com White (1983), as matas que ocupam a maior parte da área
de estudo apresentam uma natureza relativamente homogénea, mas podem ser classificadas em
quatro unidades de vegetação principais: Mosaico Florestal Costeiro (incluindo savana e matas),
Mata de Miombo, Vegetação Halofítica e Mata Indiferenciada. Durante o trabalho de campo, três
dos quatro tipos de vegetação foram confirmados como estando presentes na área de estudo
(Mosaico Florestal Costeiro, Mata de Miombo, e Mata Indiferenciada), sendo a Mata Indiferenciada
a mais comum e a mais frequentemente associada a áreas mais perturbadas.

A Vegetação Halofítica não foi encontrada na área de estudo. Apenas a parte inferior do rio
Changane se encontra dentro da área de estudo, de forma que as condições para a ocorrência
deste tipo de vegetação não são as melhores, já que é conhecido que a vegetação halofítica está
tipicamente presente nos sectores superiores do rio Changane.

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Fonte: Adaptado de RESOLVE (2017).

Figura 6.37 – Ecoregiões na área de estudo

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6.2.2.2 Espécies de Flora

Um total de 370 espécies de flora são referenciadas como de ocorrência potencial na área de
estudo (IUCN, 2017). Durante o trabalho de campo, foi confirmada a presença de 233 espécies. A
lista completa das espécies potenciais e confirmadas encontra-se no Anexo III (Volume IV).

A família mais representativa na área de estudo é Fabaceae com 50 espécies, seguida de


Poaceae com 21 espécies e Asteraceae com 189 espécies (Figura 6.38).

Figura 6.38 – Famílias de flora mais representativas potencialmente presentes na área de


estudo

Entre as espécies potencialmente presentes na área de estudo, 3 espécies (Spirostachys africana,


Guibourtia conjugata e Berchemia zeyheri) são classificadas como madeira preciosa pelo
Regulamento de Florestas e Fauna Bravia (Decreto 12/2002, de 6 de Junho), o que significa que
estas espécies não podem ser exploradas para outros fins, além da exploração florestal legal. De
acordo com o mesmo regulamento, 11 das espécies potenciais na área de estudo são
classificadas como madeira de primeira classe; 5 são classificadas com madeira de segunda
classe; 12 são classificadas como madeira de terceira classe; e 14 como madeira de quarta classe
(ver Tabela AIII.1; Anexo III; Volume IV).

Nenhuma das espécies potenciais ou confirmadas na área de estudo estão classificadas como
ameaçadas2 pela Lista Vermelha da IUCN (IUCN, 2017). Apenas três das espécies confirmadas
na área de estudo estão classificadas como Quase Ameaçadas: Dalbergia melanoxylon,
Pterocarpus angolensis e Encephalartos ferox (IUCN, 2017). Quatro das espécies confirmadas
nos trabalhos de campo são endémicas, nomeadamente: Carissa praetermissa é endémica do
centro de Moçambique (Zambézia, Manica, Sofala, Gaza e Inhambane); Dolichandrone alba é
endémica do sul de Moçambique (Gaza, Inhambane e Maputo); Bauhinia burrowsii é endémica do
sul de Moçambique (Gaza e Inhambane); e Croton inhambanensis é endémica da província de
Inhambane (Hyde et al., 2017).

2 Espécies ameaçadas são aquelas classificadas pela IUCN como tendo estatutos de Vulnerável, Em Perigo ou Criticamente Em Perigo.

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É também relevante referir a presença do embondeiro (Adansonia digitata) na área de estudo,


uma espécie importante do ponto de vista simbólico e cultural para as comunidades locais.

Um total de 25 espécies exóticas ocorrem potencialmente na área de estudo e 22 dessas espécies


foram confirmadas durante o trabalho de campo (Tabela 6.14).
Tabela 6.14 – Espécies de flora exóticas potenciais e confirmadas na área de estudo

Família Espécie Habitat Confirmada na área de estudo

Agavaceae Agave sisalana Áreas agrícolas Sim


Aloaceae Aloe marlothii marlothii Áreas agrícolas Sim
Achyranthes aspera Áreas urbanas Não
Amaranthacae
Amaranthus curentus Áreas agrícolas Não
Anacardium occidentale Áreas agrícolas Sim
Anacardiaceae
Mangifera indica Áreas agrícolas Sim
Apocynaceae Catharanthus roseus Jardins Sim
Sonchus oleraceus Áreas urbanas Não
Asteraceae
Xanthium strumarium Áreas urbanas Sim
Cactaceae Opuntia ficus-indica Áreas urbanas Sim
Caricaceae Carica papaya Áreas agrícolas Sim
Convolvulaceae Ipomoea batatas Áreas agrícolas Sim
Manihot esculenta Áreas agrícolas Sim
Euphorbiaceae
Ricinus communis Áreas urbanas Sim
Arachis hypogaea Áreas agrícolas Sim
Senna occidentalis Áreas urbanas Não
Fabaceae
Tamarindus indica Áreas agrícolas Sim
Vignia unguiculata Áreas agrícolas Sim
Myrtaceae Psidium guajava Áreas agrícolas Sim
Musaceae Musa sp. Áreas agrícolas Sim
Bambusa vulgaris Floresta Sim
Oryza sp. Áreas agrícolas Sim
Poaceae
Saccharum officinarum Áreas agrícolas Sim
Zea mays Áreas agrícolas Sim
Solanaceae Capsicum sp. Áreas agrícolas Sim
Verbenaceae Lantana camara Áreas urbanas Sim

A maior parte das espécies exóticas (20 espécies) foram introduzidas para comida, madeira ou
outros usos. Dezasseis das espécies exóticas são usadas como fonte de comida e algumas delas
têm grande importância, tais como mandioca (Manihot esculenta), manga (Mangifera indica), caju
(Anacardium occidentale), milho (Zea mays), amendoim (Arachis hypogaea) ou feijão nhemba
(Vignia unguiculata). Além do uso como comida, as árvores tamarindo (Tamarindus indica) é
também usada como madeira (madeira de quarta classe). Algumas espécies exóticas são também
usadas para usos medicinais, como Catharanthus roseus e Aloe marlothii marlothii; para

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construção e artesanato, como o bambu (Bambusa vulgaris); e para a produção de corda, como o
sisal (Agave sisalana) (Fotografia 6.6).

Fotografia 6.6 – Espécies exóticas de interesse como comida (mandioca e milho) e


medicina (Aloe marlothii marlothii)

Entre as espécies não nativas, 4 são consideradas invasivas ou potencialmente invasivas:


Achyranthes aspera, Ricinus communis, Lantana camara e Xanthium strumarium. A presença de 3
destas espécies foi confirmada, mas a sua distribuição está restrita a áreas onde a vegetação é
perturbada e a presença humana é mais acentuada. A Xanthium strumarium foi detectada em dois
lugares: perto de Chibuto e de Magude; a Lantana camara foi observada num local, a oeste de
Xai-xai; e Ricinus communis foi observada perto e a sul de Mapelane (Fotografia 6.7). A norte de
Xai-xai, onde vegetação está menos degradada, não foram observadas espécies invasivas.

Fotografia 6.7 – Ricinus communis na área de estudo

As principais ameaças à flora na área de estudo estão relacionadas com a conversão de áreas de
vegetação natural para agricultura, através do corte de vegetação, anelagem de árvores
(Fotografia 6.8) e queimadas, que constituem práticas comuns em África para a criação de áreas
de agricultura de subsistência. Em algumas áreas, especialmente a sul da área de estudo, a
vegetação é também removida para a construção de casas de forma não regulada. Estas acções
levam à degradação da vegetação, a um risco elevado de dispersão de espécies exóticas e
ruderais e à degradação da qualidade do solo.

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Fotografia 6.8 – Árvores cortadas e aneladas

6.2.2.3 Unidades de Vegetação e Habitats

Como notado na secção de metodologia, a área de estudo para unidades de vegetação e habitats
foi uma área tampão de 200 m em torno da linha de transporte e um tampão de 50 m em torno das
subestações. Ao todo, foram identificadas 10 unidades de vegetação na área de estudo. O mapa
das unidades de vegetação encontra-se no Anexo IV (ver Volume IV).

A unidade de vegetação mais representativa na área de estudo é a mata indiferenciada, que


ocupa 62% da área de estudo, seguida por agricultura de subsistência, que ocupa 16% da área de
estudo (Figura 6.39). A unidade menos representada na área de estudo é a floresta de miombo e
corpos de água, cada ocupando apenas 0,2% da área; seguido de matagal, que corresponde
apenas a 0,4% da área. Das 4 subestações, Maputo é a maior, afectando áreas urbanas e
agricultura de subsistência. A área da subestação de Vilanculos é metade agricultura de
subsistência e metade matas indiferenciadas. A subestação de Matalane afecta agricultura de
subsistência e matas indiferenciadas, e algumas casas dispersas. A subestação de Chibuto é a
mais pequena e apenas irá afectar matas indiferenciadas (Tabela 6.15).

Figura 6.39 – Percentagem da área de estudo ocupada por cada unidade de vegetação

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Tabela 6.15 – Área ocupada por cada unidade de vegetação na área de estudo, no corredor
da linha de transporte e em cada subestação (hectares)

Área de Estudo Corredor Subestação


Unidades de Vegetação
Área % Área % Chibuto Maputo Matalane Vilanculos Total
Agricultura de regadio 840,4 3,7 836,6 3,8 0 0 0 0 0
Floresta de miombo 50,8 0,2 50,5 0,2 0 0 0 0 0
Mata de miombo 721,5 3,1 718,3 3,2 0 0 0 0 0
Rios e zonas húmidas 706,4 3,1 703,2 3,2 0 0 0 0 0
Savana 1962,5 8,5 1953,7 8,8 0 0 0 0 0
Agricultura de subsistência 3711,2 16,1 3407,6 15,3 0 133,8 107,2 47,3 181,1
Matagal 94,9 0,4 94,5 0,4 0 0 0 0 0
Mata indiferenciada 14313,5 62,2 14107,2 63,4 34,4 0 61,2 47,3 81,7
Zonas degradadas 560,8 2,4 331,8 1,5 0 223 4,5 0 223
Corpos de água 43,6 0,2 43,4 0,2 0 0 0 0 0
Total 22832 100 22246,7 100 34,4 356,8 173,0 94,5 485,7

Floresta de Miombo

A floresta de Miombo é sobretudo decídua, embora alguma seja quase perene. A percentagem de
cobertura destas florestas varia de média a alta. Na área de estudo, apenas foram observadas
pequenas manchas de floresta de miombo, perto de Vilanculos (Fotografia 6.9). Este habitat é
caracterizado por Brachystegia torrei e Brachystegia spiciformis. Este habitat ocupa apenas
50,8 ha da área de estudo (0,2%), e ocorre apenas no norte do corredor (Tabela 6.15).

Fotografia 6.9 – Floresta de Miombo floresta na área de estudo

Mata de Miombo

A maior parte das matas de Miombo são semi-decíduas (Kindt et al., 2011). Um largo espectro de
estrutura de mata foi observado, desde mata aberta a muito densa (Fotografia 6.10). A
composição específica destas matas é semelhante à da floresta de miombo, embora Julbernardia
globiflora e Afzelia quanzensis também ocorram como dominante ou co-dominante; a cobertura
arbórea é a principal diferença entre os dois habitats. Estas matas ocupam 721,5 ha na área de
estudo (3,2% da área de estudo), ocorrendo sobretudo no norte do corredor (Tabela 6.15).
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Fotografia 6.10 – Mata de miombo na área de estudo

Mata indiferenciada

Estas matas, por vezes densas, são caracterizadas por uma mistura de vegetação, sem uma clara
espécie dominante. A composição específica varia ao longo da área de estudo; entre as espécies
co-dominantes incluem-se Terminalia sericea, Acacia nigrescens, Dichrostachys cinerea e
Sclerocarya birrea (Fotografia 6.11). Esta vegetação indiferenciada ocorre ao longo de toda a
área de estudo. Mais perto de áreas urbanas, esta vegetação apresenta-se mais degradada. Inclui
matas abertas a fechadas e também vegetação secundária densa. Esta mata é a unidade de
vegetação mais abundante na área de estudo, estando presente do norte ao sul e também nas
subestações de Chibuto e Vilanculos. Ocupa 14 313,5 ha (62,2% da área) (Tabela 6.15).

Fotografia 6.11 – Mata indiferenciada na área de estudo

Savana

Na área de estudo foram observados dois tipos de savana: savana de palma e savana dominada
por acácia (Fotografia 6.12). Este tipo de vegetação faz parte do mosaico florestal costeiro. A
savana de palma ocorre principalmente na área de Panda e é dominado por Hyphaene coriacea e
Phoenix reclinata, em associação com Olax dissitiflora e Smilax anceps. A savana dominada por
acácia ocorre sobretudo na área de Macia e é dominada por Acacia sp., Sclerocarya birrea e
Strychnos madagascariensis. A savana é a terceira unidade de vegetação mais abundante na
área de estudo e ocupa 1 962,6 ha (8,6% da área) (Tabela 6.15).

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Fotografia 6.12 – Savana na área de estudo

Matagal

O matagal ocorre em mosaico com áreas agrícolas ou áreas abertas (Fotografia 6.13). Este tipo
de vegetação faz parte do mosaico florestal costeiro, juntamente com a savana. Na área de estudo
apenas foram observadas pequenas, e muito localizadas, manchas de matagal. As espécies
dominantes são: Monodora junodii, Strychnos madagascariensis e Psydrax locupes. O matagal é
uma das unidades de vegetação menos representativas na área de estudo, localizada apenas no
norte do corredor, e ocupando apenas 94,9 ha (0,4% da área) (Tabela 6.15).

Fotografia 6.13 – Matagal na área de estudo

Corpos de água

A maioria dos corpos de água na área de estudo são charcas, que são tipicamente redondas e
com margens pouco rasas (Fotografia 6.14). A vegetação das margens é dominada por juncos
(Cyperus sp). Estes corpos de água estão, geralmente, isolados da rede hidrográfica, não tendo
ligação com rios ou riachos. Este habitat ocorre sobretudo no norte da área de estudo.
Representam apenas 0,2% da área de estudo, com uma área total de 43,5 ha (Tabela 6.15).

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Fotografia 6.14 – Corpos de água na área de estudo

Rios e zonas húmidas

Este habitat inclui todos os rios, afluentes e riachos encontrados na área de estudo e zonas
húmidas associadas (Fotografia 6.15). Os principais rios na área de estudo são o Limpopo,
Changane e Incomáti. As zonas húmidas dos rios Limpopo e Changane são utilizadas para
actividades agrícolas, restando muito pouca vegetação natural. As zonas húmidas do rio Incomáti
também são usadas para fins agrícolas, mas ainda estão presentes áreas de vegetação natural,
dominadas por Phragmites mauritianus, Ficus sycomorus e Sesbania sesban. Os rios e zonas
húmidas representam 706,4 ha da área de estudo (3,1% da área) (Tabela 6.15).

Fotografia 6.15 – Principais rios da área de estudo

Agricultura de subsistência

A maioria das áreas de agricultura de subsistência usam o tradicional sistema agrícola de pousio
(Fotografia 6.16). A primeira fase é a limpeza do terreno, que inclui o corte da mata, deixando os
ramos mortos no chão para secar, por vezes durante um ano. As árvores de maiores dimensões
geralmente não são cortadas, mas podem ser aneladas, para morrer mais tarde.

Geralmente, as plantações são sobretudo de mandioca (Manihot esculenta), milho-miúdo


(Pennisetum glaucum) e milho (Zea mays), em pequenas machambas de subsistência. Outras
culturas plantadas incluem sorgo (Sorghum bicolor), cana de açúcar (Saccharum officinarum),
batata doce (Ipomoea batatas), coco (Cocus nucifera), manga (Mangifera indica), caju
(Anacardium occidentale), tangerina (Citrus tangerina), goiaba (Psidium guajava), papaia (Carica
papaya), ananás (Ananas comosus). Com menor frequência, encontram-se ainda banana (Musa
sp.), amendoim (Arachis hypogaea), limão (Citrus limon), pepino (Cucumis sativus), melancia
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127
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(Cucurbita melo) e plantações mais diversas, com beringela (Solanum melongena), tomate
(Solanum lycopersicum), pimentos (Capsicum sp.), couves (Brassica sp.), alface (Lactuca sativa),
quiabo (Abelmoschus esculentus)) e feijão nhemba (Vignia unguiculata).

Em áreas não plantadas, a vegetação natural rapidamente começa a regenerar. As áreas


agrícolas (“machambas”) são muito comuns, indicando que uma grande parte da área de estudo
está sob a influência da acção humana e consequentemente a vegetação natural é muito
perturbada. A agricultura de subsistência é a segunda unidade de vegetação mais representativa,
ocupando 3 711,2 ha, e está distribuída por toda a área de estudo (16.1% da área) (Tabela 6.15).

Fotografia 6.16 – Agricultura de subsistência na área de estudo

Agricultura de regadio

Este tipo de vegetação inclui áreas de agricultura que são regadas, a partir de rios ou zonas
húmidas próximas. Ocorre sobretudo perto dos rios Limpopo, Changane e Incomáti. É dominada
pelo cultivo de milho e cana de açúcar (Saccharum officinarum) (Fotografia 6.17). Foram também
observadas plantações de arroz (Oryza sp.) em pequenos corpos de água. A agricultura de
regadio ocupa 840,3 ha da área de estudo (3,7% da área) (Tabela 6.15).

Fotografia 6.17 – Áreas de agricultura de regadio na área de estudo

Zonas degradadas

Esta classe de habitat refere-se a povoações humanas ou solo exposto. Inclui áreas com
densidade de casas muito baixa ou média, áreas completamente desflorestadas, estradas e todas
as áreas degradadas vizinhas (Fotografia 6.18). Nas vilas, não existe vegetação natural, mas
podem ser encontradas árvores frutíferas, como manga, coco, goiaba e tangerina. As zonas

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degradadas ocorrem em pequenas manchas dentro do corredor de Projecto, e estão distribuídas


sobretudo na parte sul do mesmo, ocupando 560,8 ha (2,4% da área) (Tabela 6.15).

Fotografia 6.18 – Zonas degradadas na área de estudo

6.2.3 Fauna

6.2.3.1 Mamíferos

Um total de 112 espécies de mamíferos existem potencialmente na área de estudo de acordo com
fontes bibliográficas (IUCN, 2017) (ver Tabela AIII.2, Anexo III, Volume IV). As famílias mais
representativas são Bovidae e Muridae, ambas com 15 espécies, seguidas de Vespertilionidae
com 9 espécies (Figura 6.40).

Figura 6.40 – Número de espécies de mamífero de ocorrência potencial, por família

Durante o trabalho de campo, foi confirmada a presença de 18 espécies na área de estudo (ver
Tabela AIII.2, Anexo III, Volume IV); incluindo 3 espécies de morcego. Foram também
identificados três abrigos de morcego na área de estudo (Figura 6.41):

 Abrigo01 (Fotografia 6.19): uma árvore com um indivíduo (não foi possível confirmar a
espécie);

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Figura 6.41 – Abrigos de morcego encontrados na área de estudo

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 Abrigo02 e Abrigo03: uma pilha de madeira e uma pilha de tijolos, ambas com múltiplos
indivíduos, alguns identificados como morcego-caseiro do Cabo (Neoromicia capensis)
através de vocalizações gravadas.

Fotografia 6.19 – Abrigo01

Das 112 espécies de mamíferos potencialmente presentes na área, 6 são ameaçadas:

 Uma classificada como Criticamente Em Perigo: o rinoceronte-preto (Diceros bicornis);


 Cinco classificadas como Vulneráveis: leopardo (Panthera pardus), pangolim (Smutsia
temminckii), leão (Panthera leo), hipopótamo (Hippopotamus amphibius) e elefante
Africano (Loxodonta africana) (IUCN, 2017).

A presença de três destas espécies ameaçadas foi confirmada no campo: o hipopótamo através
de entrevistas a pessoas locais, e o leopardo e elefante Africano através de vestígios e pegadas.
O leopardo foi identificado perto de Macia e o elefante Africano a cerca de 40 km a norte de
Funhalouro. O hipopótamo ocorre em três dos rios principais que atravessam a área de estudo:
Limpopo, Changane e Incomáti.

Dos mamíferos potencialmente presentes na área de estudo, 28 espécies estão listadas no


Regulamento de Florestas e Fauna Bravia, significando que a sua caça é proibida. Trinta uma
espécies são gregárias, incluindo 21 espécies de morcego, e 4 são migradoras. Alguns dos
mamíferos que podem ocorrer na área de estudo estão listadas na CITES, a convenção sobre
tráfego animal: 4 espécies no anexo I, 13 espécies no anexo II, e 3 espécies no anexo III (ver
Tabela AIII.2, Anexo III, Volume IV). O hipopótamo é considerado uma espécie EDGE 3.

6.2.3.2 Herpetofauna

No total, 38 espécies de anfíbios potencialmente ocorrem na área de estudo, de acordo com as


fontes bibliográficas (IUCN, 2017) (ver Tabela AIII.3, Anexo III, Volume IV). As famílias mais
representadas são Hyperoliidae, composta sobretudo por géneros arbóreos, com 9 espécies, e
Pyxicephalidae, com 7 espécies (Figura 6.42).

3 Espécie Evolutivamente Distinta e Globalmente Ameaçada (Evolutionary Distinct and Globally Endangered Species)

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Figura 6.42 – Número de espécies de anfíbios potenciais, por família

Durante o trabalho de campo, foi confirmada a presença de 9 espécies de anfíbios na área de


estudo (ver Tabela AIII.3, Anexo III, Volume IV). Phrynobatrachus mababiensis (Fotografia 6.20)
e Phrynobatrachus acridoides são as espécies mais abundantes. Mas de 80 indivíduos de cada
espécie foram observados num corpo de água na área de estudo.

Fotografia 6.20 – Espécie de anfíbio Phrynobatrachus mababiensis (círculo vermelho)

Nenhuma das espécies listadas para a área de estudo (tanto potencial como confirmada) estão
ameaçadas, sendo classificadas pela IUCN como Pouco Preocupantes (IUCN, 2017). Não foram
identificadas espécies de anfíbios endémicas, de distribuição restrita, migradoras ou gregárias.

Um total de 23 espécies de répteis existem potencialmente na área de estudo, incluindo 3


cágados, de acordo com as fontes bibliográficas (IUCN, 2017) (ver Tabela AIII.4, Anexo III,
Volume IV). As famílias mais representativas são Gekkonidae e Scincidae, cada uma com 6
espécies (Figura 6.43).

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Figura 6.43 – Número de espécies de répteis potenciais, por família

Durante o trabalho de campo, foi possível confirmar a presença de 18 espécies (ver Tabela AIII.4,
Anexo III, Volume IV), incluindo crocodilos, através de entrevistas a habitantes locais, e 2
espécies de Viperidae: Víbora-assopradora (Bitis arietans) e Víbora-dos-pântanos (Proatheris
superciliaris) (Fotografia 6.21).

Fotografia 6.21 – Víbora-dos-pântanos (esquerda) e Víbora-assopradora (direita),


observadas durante o trabalho de campo

Nenhuma das espécies listadas para a área de estudo (tanto potencial como confirmadas) estão
ameaçadas, sendo classificadas pela IUCN como Pouco Preocupante ou como Não Avaliada
(IUCN, 2017). Não foram identificadas espécies de réptil endémicas, de distribuição restrita,
migradoras ou gregárias na área de estudo.

Duas das espécies de réptil que ocorrem na área de estudo estão listadas no Anexo II da CITES,
a convenção de tráfego animal: Chamaeleo dilepis e Crocodilo do Nilo (Crocodylus niloticus).

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6.2.3.3 Aves
Ao todo, 457 espécies de ave estão referenciadas como potenciais na área de estudo (IUCN,
2017) (ver Tabela AIII.5, Anexo III, Volume IV). A família mais representativa é Accipitridae com
39 espécies, seguida de Cuculidae e Ploceidae, cada uma com 17 espécies (Figura 6.44).

Figura 6.44 – Número de espécies de aves potenciais, para as famílias mais representativas

Durante o trabalho de campo foi confirmada a presença de 119 espécies de ave (ver Tabela
AIII.5, Anexo III, Volume IV). Embora este número seja alto, é importante referir que o trabalho de
campo foi realizado num período em que a maioria das espécies migradoras que ocorrem na área
de estudo (150 espécies de ave migradoras) já tinham deixado a área.

Rios, zonas húmidas e corpos de água foram os locais onde foi observada maior concentração de
aves. Na foz do Changane e nas planícies de inundação do Limpopo, foi observado, ao
entardecer, um grupo de mais de 200 carraceiras (Bubulcus ibis) e mais de uma dezena de íbis-
sagrado (Threskiornis aethiopicus). Nas margens do Limpopo identificou-se um ninho com mais de
uma dúzia de cegonhas-de-bico-amarelo (Mycteria ibis) (Fotografia 6.22). Na bacia do rio
Incomáti, observaram-se mais de uma dúzia de carraceiras e mais de 50 pelicanos-brancos
(Pelecanus onocrotalus).

l
Fotografia 6.22 – Cegonhas-de-bico-amarelo (Mycteria ibis) nas margens do Limpopo

Além do elevado número de aves observadas nas áreas referidas, é também importante referir o
possível movimento de aves entre corpos de água, rios e zonas húmidas, localizados de ambos os
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lados do corredor da linha, assim como movimentos relacionados com as Áreas Importantes para
a Conservação de Aves (IBA, Important Bird Areas) mais próximas (ver Figura 6.46).

Oito das espécies listadas para a área de estudo encontram-se ameaçadas, de acordo com o
IUCN (IUCN, 2017). Quatro espécies estão classificadas como Vulneráveis: águia-marcial
(Polemaetus bellicosus), serpentário (Sagittarius serpentarius), calau-gigante (Bucorvus cafer) e
grou-carunculado (Grus carunculatus); duas estão Em Perigo: águia-das-estepes (Aquila
nipalensis) e abutre do Cabo (Gyps coprotheres); e duas estão Criticamente Em Perigo: abutre-de-
dorso-branco (Gyps africanus) e abutre-de-capuz (Necrosyrtes monachus). Durante o trabalho de
campo não foram observadas nenhuma das espécies ameaçadas.

No total existem 65 espécies que podem ocorrer na área de estudo que estão listadas na CITES:
uma no Anexo I e 64 no Anexo II. No CMS, estão listadas 69: uma no Anexo I, 67 no Anexo II e
uma no Anexo III. Da lista de aves potencialmente presentes na área de estudo, 95 espécies estão
listadas no Decreto 12/2002 de 6 de Junho, implicando que a sua caça é proibida. Também
existem 130 espécies potencialmente presentes na área de estudo que são gregárias.

6.2.3.4 Conflitos Humanos-Fauna Bravia (HWC)

Os conflitos entre humanos e a fauna bravia tendem a ocorrer em comunidades onde os humanos
e a fauna bravia ainda coexistem e partilham o mesmo habitat. Em média, 118 pessoas são
mortas por fauna bravia por ano em Moçambique, a maioria das quais por crocodilos (Dunham et
al., 2010). Os números são especialmente altos nas províncias de Maputo e Gaza, sobretudo
devido à presença de grandes rios como o Limpopo, Changane e Incomáti. Curiosamente o
número de crocodilos mortos por pessoas devido a CHFB são muito pequenos.

Nas três províncias incluídas na área de estudo, foram também registadas mortes ou ferimentos
de pessoas por hipopótamos, tendo a província de Inhambane o maior número destes casos,
sobretudo no norte. Mortes ou ferimentos causados por elefantes só foram registados nas
províncias de Maputo e Inhambane. Nas três províncias também existem registos de elefantes
mortos, embora seja possível que estas mortes se devam mais à oportunidade de obter marfim do
que a CHFB. Nas três províncias em questão, não foram registados mortes ou ferimentos de
humanos provocados por leões (Dunham et al., 2010) (Tabela 6.16).

No que toca a gado, os danos são principalmente causados por leões e crocodilos, com maior
número de animais mortos por leões, nas províncias de Maputo e Gaza. Sobre a destruição de
colheitas, os problemas devem-se sobretudo a elefantes e hipopótamos, em iguais proporções nas
três províncias (Dunham et al., 2010) (Tabela 6.16). Foram também registados conflitos com
búfalos. Ao todo, em Moçambique, foram registadas uma morte e sete ferimentos de humanos,
alguns casos de danos a colheitas e 11 búfalos mortos (Dunham et al., 2010).

Nas últimas décadas, não foram registados conflitos com leopardos, mas existem registos de
leopardos serem mortos. Existem registos de CHFB com hienas nas províncias de Maputo e
Gaza, especialmente perto da fronteira com os parque nacionais de Kruger e Gonarezhou
(Dunham et al., 2010). Também se verificam CHFB com facochero, porco-bravo, macaco-de-cara-
preta, babuínos e pequenos roedores, principalmente devido a danos às colheitas agrícolas.

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Cobras são também frequentemente envolvidas em CHFB, devido às mortes ou ferimentos


causadas a humanos que frequentemente terminam com a morte do animal. Durante as
entrevistas com os habitantes locais, inquiriu-se sobre CHFB e ninguém referiu incidentes
recentes na área de estudo.
Tabela 6.16 – Conflito homem - fauna bravia nas três províncias incluídas na área de estudo
Províncias
Espécies/CHFB
Maputo Gaza Inhambane
Crocodilos
Pessoas mortas ou feridas 1-10 1-10 1
Gado morto 9-18 1-8 0
Crocodilos mortos 1-5 1-2 1
Hipopótamo
Pessoas mortas ou feridas 1-2 1-2 1-4
Meses com dano a colheitas 1-4 1-5 1-5
Hipopótamos mortos 1-5 1-5 1-4
Leões
Pessoas mortas ou feridas 0 0 0
Gado morto 1-30 1-30 0
Leões mortos 1-8 1 0
Elefantes
Pessoas mortas ou feridas 2 0 1
Meses com dano a colheitas 1-3 1-6 1-9
Elefantes mortos 1-3 1-3 1-2
Fonte: Adaptado de Dunham et al. (2010).

6.2.4 Áreas de Conservação

6.2.4.1 Áreas Legalmente Protegidas

Não existem áreas oficialmente designadas como protegidas dentro da área de estudo. Contudo
existem algumas áreas legalmente protegidas na região envolvente da área de estudo (Figura
6.45), nomeadamente:

 Parque Nacional de Bazaruto – 30 km para nordeste da área de estudo;


 Reserva Especial de Maputo – 50 km para sul da área de estudo;
 Reserva Natural de Chirindzene – 53 km para este da área de estudo;
 Reserva Florestal de Licuati – 53 km para sul da área de estudo;
 Reserva de Fauna de Inhaca e Ilha Portuguesa – 53 km para sudeste da área de estudo;
 Zona de Vigilância REM – 82 km para sul da área de estudo;
 Parque Nacional de Limpopo – 95 km para oeste da área de estudo;
 Reserva de Caça de Pomene – 95 km para este da área de estudo;
 Parque Nacional de Banhine – 102 km para oeste da área de estudo;
 Parque Nacional de Zinave – 116 km para noroeste da área de estudo.
Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;
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Figura 6.45 – Áreas legalmente protegidas na região envolvente à área de Projecto

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6.2.4.2 Áreas Importantes para a Biodiversidade

A área de estudo não atravessa numa IBA ou outras áreas chave de biodiversidade 4. Contudo
existem algumas IBAs na região envolvente da área de estudo (Figura 6.46), nomeadamente:

 Arquipélago de Bazaruto (MZ004) - 30km para nordeste da área de estudo;


 Matas de Panda Brachystegia (MZ003) - 48km para sudeste da área de estudo;
 Canhão do rio Changelane (MZ002) - 50km para sul da área de estudo;
 Reserva Especial de Maputo (MZ001) - 50km para sul da área de estudo;
 Pomene (MZ005) - 95km para este da áreas de estudo;

As partes norte e sul da área de estudo interceptam a Área Importante para Aves Endémicas
(EBA, Endemic Bird Area) da costa do Sudeste Africano (EBA092). Esta EBA abrange a ampla
planície costeira do sul de Moçambique, o norte de Natal e o extremo sudeste do Transvaal na
África do sul, e a parte oriental da Suazilândia. Nesta EBA ocorrem aves de distribuição reduzida,
como o apalis de Rudd (Apalis ruddi), beija-flor de Neergaard (Cinnyris neergaardi), pintadinha-de-
peito-rosado (Hypargos margaritatus) e canário-de-peito-limão (Crithagra citrinipectus), numa
variedade de matas e habitat aberto, mas não em floresta perene (BirdLife International, 2017).

A parte norte da área de estudo intercepta a área crucial (hotspot) de biodiversidade das Florestas
Costeiras de África Oriental (Conservation International, 2011). Nesta área ocorrem
aproximadamente 4050 espécies de planta vascular, das quais 1750 são endémicas, e 70% estão
em habitats florestais. A área também inclui cerca de 28 géneros endémicos de planta, 90% dos
quais em habitat de floresta. A parte sul da área de estudo atravessa a área crucial de
biodiversidade de Maputaland-Pondoland-Albany. Esta área é caracterizada por matagal
subtropical que é mantido por elefantes, rinocerontes e búfalos que abrem caminhos e dispersam
sementes através dos seus sistemas digestivos, e é um refúgio para o criticamente ameaçado
rinoceronte-preto. A área alberga quase 600 espécies de árvore, e tem a mais alta diversidade
específica de qualquer floresta temperada do mundo (Conservation International, 2011).

Os Mangais de África Oriental, a Ecoregião Global 200 da WWF, está localizada a 30 km para
nordeste da área de estudo (Figura 6.46). As Ecoregiões Global 200 da WWF são áreas
prioritárias de grande escala, com características ecológicas uniformes, seleccionadas para
conservar os habitats globais mais importantes e representativos (Olson & Dinerstein, 2002). Esta
ecorregião inclui os mangais dentro das latitudes tropical na África Oriental. Esta ecorregião
crítica/ameaçada alberga berçários altamente produtivos de peixes e camarões, aumentando a
biodiversidade dos habitats marinhos circundantes, e proporcionando habitat vital para aves
migradoras, tartarugas marinhas, dugongos e botos. Contudo, os mangais de África Oriental estão
ameaçados em muitas áreas devido a uso excessivo e conversão pela crescente população
humana que usa o mangal para cultivo de arroz, aquacultura de camarão, e para materiais de
construção e comércio de madeira (WWF, 2014).

Não existem sítios RAMSAR ou sítios de património da UNESCO na área de estudo ou na região
envolvente (dentro de 100 km da área de estudo).

4 Todas as IBA são consideradas Áreas Chave de Biodiversidade

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Figura 6.46 – Áreas importantes para a biodiversidade na região da área de estudo

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6.2.5 Serviços de Ecossistema

6.2.5.1 Considerações Gerais

Foram usados dados secundários para identificar e caracterizar os serviços de ecossistema (SE)
proporcionados pelos habitats existentes dentro da área de estudo às pessoas. As quatro
categorias de SE são apresentados graficamente na Figura 6.47 e sumarizados abaixo (MEA,
2005; de Groot, 2006; IPIECA & OGP, 2011):

 Serviços de suporte: inclui serviços como a produtividade primária, ciclo de nutrientes,


ciclo de carbono, ciclo de água, produção de oxigénio atmosférico e formação de solo, que
são necessários para o funcionamento do ecossistema e para apoiar a realização de
todas as outras categorias de serviços de ecossistema. O efeito dos serviços de suporte
no bem-estar humano apenas é percebido no longo prazo, através do seu impacto na
provisão de outros bens e serviços de ecossistema;
 Serviços de aprovisionamento: inclui bens tangíveis, tais como comida, água,
combustíveis, fibras, bioquímicos, recursos ornamentais e recursos genéticos, que são
obtidos directamente do ecossistema; devido ao seu uso directo, muitos destes serviços
têm um valor de mercado e são comercializados;
 Serviços de regulação: inclui serviços como a purificação de água, manutenção da
qualidade do ar, regulação do clima, polinização, protecção do solo contra erosão,
regulação de perturbações (cheias, seca, fogo) e doenças, que estão relacionadas com as
funções do ecossistema e sua contribuição para regular processos ecológicos essenciais
e sistemas de suporte de vida;
 Serviços culturais: inclui serviços, como enriquecimento espiritual, desenvolvimento
cognitivo, valores religiosos, património cultural, recreação, e prazer estético, que os
humanos obtêm dos ecossistemas através do conhecimento, experiência e o sentido de
relação com o ambiente natural. Estes serviços estão relacionados estreitamente com os
valores, identidade e comportamento humanos.

Fonte: Adaptado de MEA (2005).

Figura 6.47 – Modelo conceptual dos tipos de ligação referentes à estrutura, processos,
serviços e benefícios de ecossistema

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6.2.5.2 Serviços de Ecossistema de Suporte

Os SE de suporte são os necessários para a produção de todos os outros SE, incluindo formação
de solo, fotossíntese, produção primária, ciclo de nutrientes e ciclo de água. Todos os outros SE
dependem e desenvolvem-se sobre os SE de suporte. Todos os habitats, excepto as áreas
urbanas (estas áreas podem ser consideradas absorvedoras de SE), estão relacionados com
estes serviços, como apresentado na Tabela 6.17. A importância relativa de cada habitat para o
SE foi avaliada pela equipa de AIA e é classificada na Tabela 6.17 como A – Alta importância; M –
Média importância; L – Baixa importância; e NA – Não Aplicável.
Tabela 6.17 – Avaliação geral da importância relativa de cada unidade de vegetação para os
SE de suporte

Produção primária e Formação de Ciclo de nutrientes


Unidade de vegetação
fotossíntese Solo e água

Floresta de miombo A A A
Mata de miombo A A A
Mata indiferenciado M M M
Savana A A A
Matagal A M A
Rios e zonas húmidas A A A
Corpos de água A A A
Agricultura de subsistência A B A
Agricultura de regadio A B A
Zonas degradadas NA NA NA
Legenda: A – Alta importância; M – Média importância; L – Baixa importância; e NA – Não Aplicável.

6.2.5.3 Serviços de Ecossistema de Aprovisionamento

Os serviços de aprovisionamento incluem os produtos obtidos dos ecossistemas, como a comida,


fibras, combustível, recursos genéticos, bioquímicos, medicinas naturais, recursos ornamentais e
água potável. Os habitats mais relevantes para estes serviços são: a floresta de miombo, as matas
de miombo, a mata indiferenciada e a agricultura de subsistência (Tabela 6.18). A importância
relativa de cada habitat para os SE de aprovisionamento é classificada na Tabela 6.18. Os
principais SE de aprovisionamento são também descritos de seguida.

Produção de Comida

A caça é prática comum nas áreas rurais. As espécies caçadas incluem vários antílopes,
macacos, facochero/porco-bravo, e lebres. A maioria das pessoas caça para comida, embora seja
normal vender o excesso (Fotografia 6.23).

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Energia (Projecto STE) – Fase 1: Vilanculos - Maputo

Tabela 6.18 – Avaliação geral da importância relativa de cada unidade de vegetação para os SE de aprovisionamento

Recursos
Produtos Florestais Recursos de animais e
Produção Alimentar Naturais
Endógenos plantas
Endógenos

Unidade de Vegetação Outros


Recolha de produtos
Produção de Recursos Medicinal e
Caça comida Pesca Pecuária Agricultura Água Potável Madeira florestais Resinas
Mel Genéticos bem-estar
natural não
lenhosos
Floresta de miombo A M NA M NA A B A M M M M
Mata de miombo A M NA M NA A B A M M M M
Mata indiferenciado B B NA B NA A B A A A M M
Savana A A NA M M B B A M B M B
Matagal M M NA NA NA M NA M B M B B
Rios e zonas húmidas B B A NA M B A NA NA NA M M
Corpos de água NA NA A NA M B A NA NA NA M M
Agricultura de subsistência M M NA A A M M A M M B A
Agricultura de regadio B B NA B A B A B B B B M
Zonas degradadas NA NA NA M M M B NA NA NA B B
Legenda: A – Alta importância; M – Média importância; L – Baixa importância; e NA – Não Aplicável.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Fotografia 6.23 – Lebre caçada para vender no Distrito de Panda

A maioria das pessoas come frutos silvestres nas aldeias, mas apenas um número restrito destes,
como a massala (Strychnos spinosa), malambe (Adansonia digitata) e tamarindo (Tamarindus
indica) (Fotografia 6.24).

Fotografia 6.24 – Massala (fruto da Strychnos spinosa)

Embora o número de massas de água doce de grandes dimensões na área de estudo seja
limitado, pratica-se pesca de subsistência nos principais rios, tais como o Limpopo, Changane e
Incomati. As principais espécies de água doce capturadas são a tilápia (Oreochromis sp. / Tilapia
sp.). As amêijoas de água doce são também colhidas como fonte alimentar complementar
(Fotografia 6.25).

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência
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Fotografia 6.25 – Barco de pesca e conchas de amêijoas no Incomáti

Na área de estudo, todos os povoados têm gado, sobretudo vacas, cabras (Fotografia 6.26) e
galinhas, normalmente em pequeno número, embora hajam algumas quintas de pecuária maiores.
Mais raramente são ainda criados porcos, ovelhas e patos. Os burros são frequentemente usados
como animais de trabalho.

Fotografia 6.26 – Gado na área de estudo

Os principais produtos agrícolas na área de estudo são a mandioca, milho-miúdo e milho. Outros
produtos comuns são o arroz, cana de açúcar, sorgo, batata doce, coco, manga, caju, tangerina,
goiaba, papaia, ananás, banana, amendoim, limão, pepino, melancia, beringela, tomate, pimentos,
couves, alface, quiabo e feijão nhemba. Além de alimentos, os ecossistemas também
proporcionam bebidas, tais como a seiva de Hyphaene coriacea 5 (Fotografia 6.27), coco e caju.

Recursos Naturais Endógenos

As principais fontes de água potável são rios e corpos de água, mas em algumas povoações
também foram observados poços.

5 Durante as reuniões públicas do EPDA, um dos participantes reportou que a seiva desta pequena palmeira é utilizada na zona do Xai-xai para
produzir uma bebida alcoólica local, tanto para consumo próprio como para venda.

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Fotografia 6.27 – Hyphaene coriacea

Produtos Florestais Endógenos

Na área de estudo, a madeira é um recurso importante, considerando as espécies presentes: 3


espécies com madeira preciosa, 11 espécies com madeira de primeira classe, 5 espécies com
madeira de segunda classe, 12 espécies com madeira de terceira classe e 14 espécies com
madeira de quarta classe. A madeira é também uma fonte de energia (fogo), e é ainda usada
como material de construção para casas e outras estruturas (Fotografia 6.28). O carvão é
também um recurso importante para as pessoas locais, pois para muitos é a única fonte de
energia disponível e é também frequentemente vendido.

Fotografia 6.28 – Lenha para fogo e madeira de construção à venda

Para além da madeira, são também usados materiais florestais não lenhosos, como frondes de
palma, erva e sisal. O sisal é frequentemente usado na produção de cordas. Gavinhas herbáceas
e de palmas também são usadas para coberturas de casas, portas e janelas. As ervas e bambo
são por vezes usadas em artesanato, sobretudo para fazer cestos.

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6.2.5.4 Serviços de Ecossistema de Regulação

Os SE de regulação correspondem aos benefícios obtidos a partir da regulação de processos do


ecossistema, incluindo regulação da qualidade do ar, regulação do clima, regulação de água,
regulação da erosão, purificação da água, regulação de doenças e pragas, polinização e
regulação de desastres naturais. Os habitats mais relevantes para estes serviços são: floresta de
miombo, matas de miombo, rios, zonas húmidas e corpos de água (Tabela 6.19 e Tabela 6.20). A
importância relativa de cada habitat para os SE de regulação é classificada nas tabelas seguintes.
Tabela 6.19 – Avaliação geral da importância relativa de cada unidade de vegetação para os
SE de regulação (prevenção e habitats)

Prevenção Habitats

Unidade de Áreas de
Prevenção / Prevenção / Controlo de
vegetação Prevenção/controlo Manutenção Elevado
controlo de controlo de espécies
de cheias de Habitat Valor de
fogo pragas e doenças invasoras
Conservação
Floresta de miombo M B M B M M
Mata de miombo M B M B M M
Mata indiferenciado M B B B M B
Savana M B B B M B
Matagal A B B B A A
Rios e zonas húmidas A A M M A A
Corpos de água A A M M A M
Agricultura de
M M B A B B
subsistência
Agricultura de regadio M M M M L L
Zonas degradadas L H L L L NA
Legenda: A – Alta importância; M – Média importância; L – Baixa importância; e NA – Não Aplicável.

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Tabela 6.20 – Avaliação geral da importância relativa de cada unidade de vegetação para os SE de regulação (ciclos e depuração)

Ciclos (processos) Depuração


Unidade de Protecção e Regulação Poluição e
vegetação Regulação Regulação Bioremediação Purificação Qualidade
formação de de Polinização tratamento de
de Água do lima local do solo de Água da Água
solo Nutrientes contaminantes

Floresta de miombo A M M A A M M M A
Mata de miombo A M M A A M M M A
Mata indiferenciado M B B M B B B B M
Savana M M M M M B B M M
Matagal M B B M B B B B B
Rios e zonas húmidas A A A B A A A A A
Corpos de água M A M B A B A A M
Agricultura de
A M A A M M M M M
subsistência
Agricultura de regadio A M A B M M M M M
Zonas degradadas NA B B B NA B B B B
Legenda: A – Alta importância; M – Média importância; L – Baixa importância; e NA – Não Aplicável.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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6.2.5.5 Serviços de Ecossistema Culturais

Os SE culturais referem-se aos benefícios não materiais que as pessoas podem obter do
ecossistema através do enriquecimento espiritual, desenvolvimento cognitivo, reflexão, recreação
e experiências estéticas, tomando partido dos valores da paisagem (MEA, 2005). Os habitats mais
relevantes para estes serviços são: os rios, zonas húmidas e corpos de água (Tabela 6.21). A
importância relativa de cada habitat para estes SE é classificada na Tabela 6.21.
Tabela 6.21 – Avaliação geral da importância relativa de cada unidade de vegetação para os
SE culturais

Bem-estar humano Educacional


Unidade de vegetação Actividades Investigação
Turismo Educação
recreativas Científica

Floresta de miombo M M M A
Mata de miombo M M M A
Mata indiferenciado B B M B
Savana M M M B
Matagal B B M M
Rios e zonas húmidas A A A M
Corpos de água A A M M
Agricultura de subsistência M B M B
Agricultura de regadio M B M B
Zonas degradadas B B B B

6.2.6 Avaliação de Habitat Natural, Modificado e Crítico

6.2.6.1 Metodologia para a Avaliação de Habitat

Os habitats na área de estudo foram classificados de acordo com as directrizes do IFC PS6 (IFC,
2012a), como habitat modificado, natural, ou crítico.

Habitats modificados são áreas que contêm uma grande proporção de espécies de plantas ou
animais de origem não nativa, ou onde a actividade humana tenha substancialmente modificado
as funções ecológicas da área e a composição específica (e.g., áreas agrícolas, plantações
florestais, zonas costeiras aterradas, e zonas húmidas aterradas).

Habitats naturais são áreas compostas de comunidades supostamente viáveis de plantas ou


animais em grande medida de origem nativa, ou onde a actividade humana não tenha
essencialmente modificado as funções ecológicas da área e a composição específica.

Habitats críticos são áreas de elevado valor de biodiversidade. Estes são habitats naturais ou
modificados que cumpram pelo menos um dos seguintes critérios:

 Habitat de importância significativa para espécies Criticamente Em Perigo (CR) ou Em


Perigo (EN);

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 Habitat de importância significativa para espécies endémicas ou de distribuição restrita;


 Habitat suportando concentrações globalmente significativas de espécies migradoras ou
gregárias;
 Ecossistemas altamente ameaçados ou únicos; e
 Áreas associadas com processos evolutivos chave.

Cada um dos primeiros 3 critérios é subdividido em 2 escalões quantitativos. O habitat é definido


como crítico se cumprir os critérios de um dos escalões. A descrição dos escalões para cada
critério é apresentada na Tabela 6.22.
Tabela 6.22 – Descrição dos escalões para cada critério do PS6 da IFC (IFC, 2012b)

Critério Escalão 1 Escalão 2

- Habitat que sustenta ≥ 10% da - Habitat que suporta a ocorrência regular de um único
população global de uma espécie / indivíduo de uma espécie CR e/ou habitat contendo
subespécie CR ou EN, onde sejam concentrações regionalmente importante de uma espécie
conhecidas ocorrências regulares EN onde o habitat possa ser considerado uma unidade de
dessa espécie e onde esse habitat gestão discreta para essa espécie/subespécie.
1. Espécies possa ser considerado uma unidade - Habitat de importância significativa para espécies CR ou
Criticamente Em de gestão discreta para essa espécie. EN que tenham distribuição ampla e/ou cuja distribuição
Perigo / Em
- Habitat com ocorrências conhecidas não seja bem conhecida e onde a perda de tal habitat
Perigo
e regulares de espécies CR ou EN possa ter impacto potencial na sobrevivência a longo termo
onde esse habitat é um de 10 ou da espécie.
menos locais discretos de gestão - Habitat contendo concentrações importantes, ao nível
existentes globalmente para essa nacional ou regional, de uma espécie EN, CR ou constante
espécie. numa lista nacional/regional equivalente.
- Habitat que sustenta ≥ 95% da - Habitat que sustenta ≥ 1% mas < 95% da população global
população global de uma espécie de uma espécie endémica ou de distribuição restrita onde
2. Espécies
endémica ou de distribuição restrita, esse habitat possa ser considerado uma unidade de gestão
Endémicas /
onde esse habitat possa ser discreta para essa espécie, com base em dados
Distribuição
considerado uma unidade de gestão disponíveis adequados e/ou opinião de especialista.
Restrita
discreta para a espécie (e.g.,
endémica existente num único local).
- Habitat que sustenta, de forma cíclica - Habitat que sustenta, de forma cíclica ou regular, ≥ 1%
ou regular, ≥ 95% da população mas < 95% da população global de uma espécie migradora
global de espécie migradora ou ou gregária, em qualquer ponto do ciclo de vida da espécie,
gregária em qualquer ponto do ciclo e onde o habitat possa ser considerado uma unidade de
de vida da espécie, onde esse habitat gestão discreta para essa espécie, com base em dados
possa ser considerado uma unidade disponíveis adequados e/ou opinião de especialista.
de gestão discreta para essa espécie. - Para aves, habitat que cumpra o Critério A4 da BirdLife
3. Espécies International (BirdLife International, 2014) para
Migradoras / congregações e/ou o Critério Ramsar 5 ou 6 para
Gregárias Identificação de Zonas Húmidas de Importância
Internacional (RAMSAR, 2014).
- Para espécies com distribuições alargadas, mas agrupada,
o limiar provisório é definido nos ≥ 5% da população global
de espécies terrestres e marinhas.
- Locais de berçário que contribuam ≥ 1% para a população
global de recrutamento.

Além dos critérios principais mencionados acima, o PS6 da IFC considera outros critérios
secundários que cumprem com valores reconhecidos de biodiversidade elevada e que podem
também fundamentar a designação de habitat crítico. Os critérios secundários devem ser
avaliados caso a caso e incluem os seguintes exemplos:

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A. Áreas necessárias para a reintrodução de espécies CR e EN e locais de refúgio para estas


espécies, e habitat usado durante períodos de estresse (e.g., cheia, seca ou fogo);

B. Ecossistemas de reconhecida significância especial para espécies CR ou EN para fins de


adaptação climática;

C. Concentrações de espécies Vulneráveis (VU) onde exista incerteza sobre a classificação e


o estatuto da espécie possa ser EN ou CR, em vez de VU;

D. Áreas de floresta primária / antiga / pristina ou outras áreas com níveis especialmente
elevados de diversidade de espécies;

E. Processos paisagísticos e ecológicos (e.g. bacias hidrológicas, áreas críticas para o


controlo de erosão, e regimes de distúrbio como o fogo ou cheias) necessários para
manter um habitat crítico;

F. Habitat necessário para a sobrevivência de espécies chave; e

G. Áreas de elevado valor científico, como aqueles contendo concentrações de espécies


novas ou pouco conhecidas para a ciência (IFC, 2012b).

Os critérios secundários C a G foram tidos em consideração especificamente para a realização


deste estudo de referência. O Critério A não foi considerado porque actualmente não existem
áreas de reintrodução conhecidas na área de estudo; e o Critério B não foi considerado porque
não são conhecidos ecossistemas especialmente significativos para a adaptação climática dentro
da área de estudo.

6.2.6.2 Determinação do Habitat Natural e Modificado

A classificação dos habitats Naturais e Modificados, como definidos pelo PS6 da IFC, foi
desenvolvido com base nas unidade de vegetação e habitats identificados e mapeados. Na
categoria de Habitat Natural foram incluídas as seguintes unidades de vegetação: floresta de
miombo, matas de miombo, mata indiferenciada, savana, matagal, rios e zonas húmidas, e corpos
de água. Os Habitats Modificados incluem agricultura de subsistência, agricultura de regadio e
zonas degradadas (Figura 6.48).

Como ilustrado na Figura 6.48, existe uma predominância evidente de Habitat Natural na área de
estudo (77,7%; 17 893,0 ha), em particular na parte norte do traçado (de Chibuto até Vilanculos).
Os Habitats Modificados (22,2%; 5 111,8 ha) estão sobretudo concentrados na parte sul da área
de estudo, perto das cidades e regiões mais densamente povoadas (de Chibuto até Maputo).

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Figura 6.48 – Mapeamento do habitat natural e modificado

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6.2.6.3 Determinação de Habitat Crítico

Foi realizada uma análise de determinação de habitat crítico para a área de estudo, levando em
conta os Critérios 1-3 do PS6 da IFC e os critérios secundários, conforme descrito acima. A
avaliação encontra-se abaixo, por tipo de critério.

Ao todo, foram identificadas um total de 239 espécies (4 flora, 32 mamíferos e 203 aves) que se
enquadram nos critérios 1-3 da IFC, mas nenhuma destas espécies accionou os escalões, como
descritos na Tabela 6.22 acima, de forma a considerar-se uma classificação de habitat crítico.
Especificamente:

 Critério 1 – 5 espécies classificadas como CR ou EN são referidas na literatura como


potencialmente ocorrentes na área de estudo, nomeadamente o rinoceronte-preto
(Diceros bicornis), águia-das-estepes (Aquila nipalensis), abutre-de-dorso-branco (Gyps
africanus), abutre do Cabo (Gyps coprotheres) e abutre-de-capuz (Necrosyrtes
monachus). Contudo, a sua presença na área de estudo não foi confirmada durante o
trabalho de campo e comparando a sua área de distribuição global com a área adequada
disponível para a espécie na área de estudo não se cumpre o critério do escalão 1.
Adicionalmente a área de estudo não é considerada relevante ao nível regional para estas
espécies;
 Critério 2 – um total de 4 espécies endémicas e de distribuição restrita, todas espécies de
planta, foram identificadas como ocorrendo na área de estudo, conforme listado nas
tabelas do Anexo III (Volume IV). Contudo, o habitat adequado presente na área de
estudo corresponde a menos de 1% da sua área de distribuição, pelo que nenhuma das
espécies cumpre os critérios dos escalões 1 ou 2;
 Critério 3 – 233 espécies migradoras e/ou gregárias estão listadas como potencialmente
ocorrendo na área de estudo, das quais 33 foram confirmadas durante o trabalho de
campo. Contudo a área de estudo não suporta ≥ 95% da população global, logo não
cumpre o critério do escalão 1; a área também não sustenta 1% da população
regularmente ou ciclicamente, não sustenta grandes partes de uma distribuição agregada
e também não é uma área importante para recrutamento, pelo que não cumpre os critérios
para o escalão 2.

No que respeita aos critérios secundários, o Critério D (Áreas de floresta primária /antiga / pristina
ou outra com níveis especialmente elevados de biodiversidade de espécies) é aplicável a uma
pequena mancha de floresta de miombo identificada na parte norte do traçado, que é assim
considerada habitat crítico.

Manchas de floresta de miombo representam vegetação perto do estado pristino que oferece
indícios sobre o estado natural da vegetação, antes da perturbação massiva causada pelas
actividades humanas ao longo de muitos milhares de anos. As florestas costeiras secas, que
incluem a floresta de miombo, são parte do hotspot de biodiversidade ‘Florestas Costeiras da
África Oriental’ que alberga a maioria das espécies raras encontradas nesta área e uma elevada
diversidade de fauna e flora (Timberlake et al., 2010; Timberlake & Chidumayo, 2011).

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A localização desta mancha de floresta de miombo, considerado Habitat Crítico, é ilustrada na


Figura 6.49.

Figura 6.49 – Mapeamento de habitat crítico

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6.3 Ambiente Socioeconómico


6.3.1 Abordagem e Metodologia
A metodologia utilizada para caracterizar o ambiente socioeconómico incluiu a recolha e
interpretação de dados primários e secundários. Primeiro, a informação secundária disponível
para as Províncias de Maputo, Gaza e Inhambane e distritos atravessados pelo projecto foi
recolhida e analisada. Tal incluiu a pesquisa de gabinete da documentação disponível sobre as
Províncias e Distritos, incluindo informação do Instituto Nacional de Estatística (INE), outros EIAs
realizados na região e outros relatórios oficiais disponíveis livremente.

Esta revisão foi depois complementada com informação primária, recolhida durante o trabalho de
campo realizado em Julho de 2017 e Agosto / Setembro de 2018. Foram usados dois métodos de
recolha de dados:

 Metodologia participativa qualitativa, através de entrevistas semiestruturadas com


autoridades tradicionais e governamentais representantes de todas as comunidades
afectadas pelo Projecto;
 Metodologia quantitativa, através de um censos de todas as pessoas afectadas com casas
dentro da RoW do Projecto (corredor de 100 m, centrado no traçado, dos quais a faixa de
50 m interior foi amostrada em 2017 e os 50 m exteriores foram amostrados em 2018).

6.3.2 Divisão Administrativa


O Projecto STE vai atravessar as províncias de Maputo, Gaza e Inhambane e 13 Distritos. Este
subcapítulo descreve a divisão administrativa das províncias atravessadas pelo projecto.

6.3.2.1 Divisão Administrativa da Província de Inhambane

A Província de Inhambane localiza-se na região meridional de Moçambique, e faz fronteira ao


norte com as Províncias de Sofala e Manica, a Oeste e Sul com a Província de Gaza, e a Este
com o Oceano Indico. A província está dividida em doze distritos e dois municípios. A capital de
província é a cidade de Inhambane. A Tabela 6.23 abaixo mostra a divisão administrativa da
Província de Inhambane (os distritos atravessados pelo Projecto estão acentuados a negrito).
Tabela 6.23 – Divisão administrativa da Província de Inhambane

Província Distritos Municípios


Funhalouro, Govuro, Homoíne, Jangamo,
Inhambane Inharrime, Inhassoro, Mabote, Massinga, Cidades de Inhambane e Maxixe
Morrumbene, Panda, Vilanculos e Zavala
Fonte: INE (2017a).

Os distritos atravessados pelo Projecto (ver Figura 6.50) incluem, de Norte para Sul:

 Distrito de Vilanculos, localizado na região centro da província de Inhambane. A


extensão do Projecto neste distrito é de 52 km, atravessando o Posto Administrativo de

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Mapinhane e as localidades de Pambara e Quwene. A subestação de Vilanculos também


está localizada neste distrito;

Figura 6.50 – Traçado do Projecto na Província de Inhambane

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 Distrito de Massinga, localizado na região centro da Província de Inhambane. A extensão


do Projecto neste distrito é de 62 km, atravessando o Posto Administrativo de Chicomo;
 Distrito de Funhalouro, localizado no sul da província de Inhambane. A extensão do
Projecto neste distrito é de 104 km, atravessando o Posto Administrativo de Funhalouro e
a localidade de Mavume;
 Distrito de Panda, também localizado no sul da província de Inhambane. A extensão do
Projecto neste distrito é de 35 km, atravessando o Posto Administrativo de Mawayela e a
localidade de Macavalena.

6.3.2.2 Divisão Administrativa da Província de Gaza

A Província de Gaza também está localizada na região sul de Moçambique e faz fronteira ao norte
com a Província de Manica, ao sul com a Província de Maputo, a oeste com a África do Sul e
Zimbabué, e a este com a Província de Inhambane e o Oceano Indico. A província está dividida
em 14 distritos e 5 municípios; a capital de província é a cidade de Xai-xai. A Tabela 6.24 abaixo
mostra a divisão administrativa da Província de Gaza.
Tabela 6.24 – Divisão administrativa da Província de Gaza

Província Distritos Municípios


Bilene, Chibuto, Chicualacuala, Chigubo,
Chokwe, Chongoene, Guijá, Limpopo, Mabalane, Cidade de Xai-xai e Vilas de Chibuto, Macia e
Gaza
Mandlakaze, Mapai, Massangena, Massingir e Mandlakaze
Xai-xai

Fonte: INE (2017b).

Os distritos atravessados pelo Projecto (marcados a negrito na Tabela 6.24) incluem, de Norte
para Sul:

 Distrito de Chibuto, localizado na região oeste da Província de Gaza. A extensão do


Projecto neste distrito é 96 km, atravessando os Postos Administrativos de Alto Changane
e Godide e as localidades de Alto Changane, Godide e Chipadje. A subestação de
Chibuto está localizada neste distrito;
 Distrito de Mandlakaze, também localizado na região oeste da Província de Gaza. A
extensão do Projecto neste distrito é de 5 km, atravessando o Posto Administrativo de
Macuacua;
 Distrito de Chokwe, também localizado na região oeste da Província de Gaza. A
extensão do Projecto neste distrito é de 22 km, atravessando os Postos Administrativos de
Xilembene e Lionde e as localidades de Zilemebne e Conhane;
 Distrito de Bilene, localizado na região sul da Província de Gaza. A extensão do Projecto
neste distrito é de 32 km, atravessando o Posto Administrativo de Mazivila e a localidade
de Mazivila.

A Figura 6.51 ilustra o traçado através da Província de Gaza.

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Figura 6.51 – Traçado do Projecto na Província de Gaza

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6.3.2.3 Divisão Administrativa da Província de Maputo

A Província de Maputo é a província mais meridional de Moçambique e faz fronteira ao norte com
a Província de gaza, a oeste com a África do Sul e Suazilândia, a sul com a África do Sul, e a Este
com o Oceano Índico. A província está dividida em oito distritos e quatro municípios. A capital de
província é a cidade da Matola.

A Tabela 6.25 abaixo indica a divisão administrativa da Província de Maputo. As unidades


administrativas atravessadas pelo Projecto estão realçadas a negrito.
Tabela 6.25 – Divisão administrativa da Província de Maputo

Província Distritos Municípios


Boane, Magude, Manhiça, Marracuene, Matola, Cidade de Matola e Vilas de Boane, Manhiça
Maputo
Matutuine, Moamba e Namaacha e Namaacha
Fonte: INE (2017c).

O Projecto irá atravessar os seguintes distritos da província de Maputo:

 Distrito de Magude, localizado no norte da Província de Maputo. A extensão do Projecto


neste distrito é de 46 km, atravessando o Posto Administrativo de Magude e a localidade
de Maguiguana;
 Distrito de Manhiça, também localizado a norte da província de Maputo. A extensão do
projecto neste distrito é de 49 km, atravessando o Posto Administrativo de Maluana e a
localidade de Maluana;
 Distrito de Marracuene, localizado na região oeste da província de Maputo. A extensão
do projecto neste distrito é de 16 km, atravessando o Posto Administrativo Marracuene e a
localidade de Marracuene Sede. A subestação de Matalane está localizada neste distrito;
 Distrito de Moamba, também localizado na região oeste da província de Maputo. A
extensão do projecto neste distrito é de 27 km, atravessando os Postos Administrativos de
Pessane e Tenga, e as localidades de Mahulane e Pessane-Sede;
 Distrito de Boane, localizado na região centro da província de Maputo. A extensão do
projecto neste distrito é de 13 km, atravessando os Postos Administrativos de Boane Sede
e Matola Rio, e as localidades de Matola Rio e Mulatona. A subestação de Maputo está
localizada neste distrito.

A Figura 6.52 ilustra o traçado através da província de Maputo.

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


158
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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
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Figura 6.52 – Traçado do Projecto na Província de Maputo

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
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Fase 1: Vilanculos - Maputo

6.3.3 Organização Política

6.3.3.1 Governo Provincial

O Governo Provincial de Maputo, Gaza e Inhambane é liderado pelo Governador, apoiado pelo
Secretário Permanente, e está estruturado em áreas de gestão e coordenação (as Direcções
Provinciais) que reflectem os ministérios ao nível central. Além destas direcções, também existem
ao nível de província o Procurador Geral Provincial, o Comandante Provincial da Polícia da
República de Moçambique, o Delegado Provincial de Gestão de Calamidades, o Concelho de
SIDA, e Segurança Social, entre outros representantes provinciais.

As províncias estão divididas em distritos e municípios. Os concelhos municipais são governados


pelo Presidente do Município, Vereadores, e Presidente e membros da Assembleia Municipal. Em
algumas áreas do município, o poder das estruturas tradicionais continua a ser sentido, através
das autoridades comunitárias que trabalham em estreita parceria com as estruturas do governo e
participam na dinâmica social, económica, política e cultural.

Os distritos, por outro lado, são governados pelos Administradores Distritais, apoiados pelos
Chefes de Posto Administrativo e Localidades. A Tabela 6.26 abaixo indica a estrutura da
organização dos distritos e municípios.
Tabela 6.26 – Estrutura das autoridades administrativas e tradicionais
Administrador Distrital;
Chefe de Posto Administrativo;
Chefe de Localidade;
Distritos Líderes Tradicional de:
1º Escalão (Régulo);
2 º Escalão (Secretário do Povoado); e
3 º Escalão (Secretário de Quarteirão).
Presidente do Município
Vereadores
Régulos (chefes tradicionais)
Municípios
Secretários de Bairro
Secretários de Unidade
Chefe de Quarteirão

6.3.3.2 Governo Distrital

O Governo Distrital é liderado pelo Administrador Distrital, nomeado pelo Governador, e é


composto pelas seguintes áreas funcionais de gestão e coordenação: Administração; Gabinete do
Administrador e Secretário Permanente; Actividades Económicas; Planeamento e Infra-estruturas;
Educação, Juventude e Tecnologia; Saúde, Mulher e Acção Social; Direcção Distrital do Instituto
Nacional de Segurança Social; Gabinete do Registo Civil e Notário Público; e Posto Distrital da
Polícia. Adicionalmente a estas instituições, estão ainda sob a tutela do governo distrital os
Serviços de Informação do Estado; a Empresa Pública de Telecomunicações; o Registo Civil;
Tribunais e a Administração do Parque Imobiliário do Estado.

Por sua vez, o Administrador responde perante o Governo Provincial e Central pelos vários
sectores e actividades do distrito (serviços ao nível distrital). Em termos de estrutura de

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160
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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha
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governação, as lideranças formais relevantes incluem o Chefe de Posto Administrativo e o Chefe


de Localidade.

A participação das comunidades no governo (autoridades tradicionais) ocorre ao nível local e é


chefiada pelos líderes comunitários locais. Estas estruturas de autoridade tradicional são
reconhecidas pela administração do estado pelo Decreto n.º 15/2000, de 20 de Junho, e pelo
Decreto n.º 11/2005, de 10 de Junho. Estes decretos reconhecem o papel dos líderes
comunitários como autoridades legítimas dentro das suas respectivas comunidades. Assim, os
chefes de aldeias / comunidades e os chefes das localidades são nomeados pelo governo,
enquanto os líderes tradicionais “Anciãos e Rainhas” são escolhidos pelos membros do clã, e o
“Régulo / Líder Comunitário” tradicionalmente herda a posição.

Para permitir à comunidade estar mais envolvida no processo de tomada de decisão, o governo
introduziu o planeamento distrital participativo, assente na ideia que as decisões de
desenvolvimento local devem ser tomadas pela base. Para facilitar este princípio, foram criados
Conselhos Consultivos ao nível dos Postos Administrativos e da Localidade. Estes conselhos
estão envolvidos no processo anual de planeamento.

A Figura 6.53 ilustra a hierarquia de Autoridade Distrital, onde o chefe comunitário responde
perante o secretário comunitário, que responde ao líder comunitário/régulo, que responde ao chefe
de localidade, que responde ao chefe de Posto Administrativo e este por fim ao Administrador
Distrital.

Administrador Distrital

Chefe do Posto Administrativo

Chefe de Localidade

Líder 1º Escalão - Régulo

Líder 2º Escalão – Secretário do Povoado

Líder 2º Escalão – Secretário do Quarteirão

Figura 6.53 – Hierarquia de Autoridade Distrital

A Localidade é constituída por comunidades e aldeias. O termo “comunidade” é usado para definir
uma aldeia ou, por vezes, grupos de aldeias. Ao nível da comunidade, a autoridade é exercida por
várias autoridades “comunitárias”, podendo ser o secretário de bairro, chefes de unidade ou de
quarteirão, que nos bairros periurbanos são também assistidos pelos líderes comunitários.
Existem outras estruturas que apoiam tanto os secretários como os líderes tradicionais na
governação dos bairros, incluindo a polícia comunitária, os médicos tradicionais, juízes
comunitários e conselheiros comunitários que ajudam o líder da comunidade a resolver conflitos

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que surgem na comunidade. Contudo estas estruturas respondem directamente perante o


secretário da aldeia.

O papel das autoridades locais é o de manter a ordem social e resolver conflitos sociais do nível
comunitário. O chefe comunitário é também responsável pela atribuição de terra a novos membros
da comunidade, divulgar informação aos membros da comunidade, informar autoridades
governamentais superiores sobre qualquer conflito ou questão na sua comunidade, e implementar
qualquer projecto pedido pelo governo.

A participação das mulheres no governo local é geralmente baixo, especialmente aos níveis das
autoridades tradicionais. Quando os consultores perguntaram às autoridades porque não haviam
mulheres nos postos de governação, responderam que as mulheres ocupam geralmente papeis
diferentes, como enfermeiras, professoras, ou secretárias nos postos administrativos. Este baixo
nível de mulheres em postos administrativos pode estar associado ao seu nível de educação e a
práticas culturais.

6.3.3.3 Organizações Sociais


A organização social da área de estudo está basicamente enraizada na organização política, dado
que os líderes comunitários são o foco mais relevante de organização social ao nível comunitário.
A presença de outras organizações sociais é residual. É importante notar que todas as localidades
no corredor do projecto têm um membro da Organização da Mulher Moçambicana, que procura a
emancipação da mulher Moçambicana e promover a igualdade de género. Note-se que esta
organização é um ramo do Partido FRELIMO, embora de natureza social.

6.3.4 Demografia

6.3.4.1 Províncias e Distritos de Interesse

De acordo com o INE (INE, 2017a, b, c), a população projectada para as províncias de
Inhambane, Gaza e Maputo para 2016 é de 1 523 635, 1 467 951 e 1 782 380, respectivamente. A
Tabela 6.27 abaixo apresenta a população projectada para as províncias e distritos atravessados
pelo traçado, incluindo a densidade populacional e distribuição de género.
Tabela 6.27 – População projectada para províncias e distritos de interesse em 2016

Densidade
População
Província e Distrito Área (km2) Populacional Mulheres (%)
Total
(habitantes/km2)
Inhambane 68 775 1 523 635 22,2 55,5
Vilanculos 5 867 164 264 28,0 54,5
Massinga 7 458 205 108 27,5 55,8
Funhalouro 15 678 48 735 3,1 54,9
Panda 6 857 52 446 7,6 56,2
Gaza 75 334 1 467 951 17,5 54,5
Chibuto 5 602 30 678 5,4 54,6

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Densidade
População
Província e Distrito Área (km2) Populacional Mulheres (%)
Total
(habitantes/km2)
Mandlakaze 3 685 184 180 50,0 54,8
Chokwe 2 443 208 767 85,5 55,7
Bilene 2 719 173 276 63,7 54,5
Maputo 22 693 1 782 380 78,5 52,0
Magude 6 961 62 924 9,0 53,7
Manhiça 1 798 286 376 159 54,0
Marracuene 697 149 833 214 51,8
Moamba 4 577 69 612 15,2 51,6
Boane 804 160 789 199 51,6
Fonte: INE (2013).

Como observado na Tabela 6.27 acima, a Província de Maputo tem a densidade populacional
mais elevada das três províncias de interesse. O distrito mais densamente povoado é Boane.

Em termos de estrutura etária da população, todas as 3 províncias e 13 distritos seguem uma


estrutura etária piramidal típica para os países em desenvolvimento, com uma grande população
jovem e uma pequena população de idosos. A Tabela 6.28 abaixo apresenta as estruturas etárias
nas três províncias.
Tabela 6.28 – Estrutura etária nas províncias de Inhambane, Gaza e Maputo

Idade (anos)
Província
0-4 (%) 5-14 (%) 15-64 (%) >65 (%)
Inhambane 17,0 29,8 47,9 5,3
Gaza 17,1 29,9 48,7 4,3
Maputo 15,1 27,7 53,8 3,4
Fonte: INE (2017a, b, c).

6.3.4.2 Faixa de Servidão do Projecto

Como mencionado acima, o Projecto vai atravessar 13 distritos, dos quais 10 irão ter Pessoas
Afectadas pelo Projecto (PAP), i.e., pessoas cujas casas ou outras estruturas estão dentro da
faixa de servidão (RoW) do Projecto (corredor de 100 m centrado no traçado da linha). Um total de
415 agregados foram identificados dentro da RoW, dos quais foi possível entrevistar directamente
310. A tabela abaixo ilustra o número de agregados entrevistados divididos por província, distrito,
posto administrativo e localidade. A Fotografia 6.29 ilustra os chefes de família de alguns dos
agregados entrevistados, enquanto a Fotografia 6.30 ilustra as casas principais de alguns dos
agregados entrevistados.

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Tabela 6.29 – Número de agregados entrevistados dentro da RoW, por província, distrito,
posto administrativo e localidade

Posto Numero de Agregados


Distrito Localidade
Administrativo Entrevistados na RoW
Bilene Mazivila Mazivila 10
Xilembene Xilembene 9
Chokwe
Lionde Conhane 11
Changanine Hate-Hate 2
Chipadje 2
Chibuto Godide
Godide Sede 23
Alto Changane Alto Changane 1
Panda Mawayela Macavelane 4
Funhalouro Funhalouro Sede Mavume 7
Boane Sede Boane Sede 1
Boane Matola Rio Sede 45
Matola Rio
Mulotana 75
Pessene Sede 37
Pessene
Moamba Mahulane 20
Tenga Tenga 8
Marracuene Marracuene Sede Marracuene sede 30
Manhica Maluana Muluana 11
Magude Magude Maguiguana 14
Total 310

O trabalho de campo mostrou que um total de 1312 pessoas residem nas casas que estão dentro
da RoW do projecto, o que corresponde a uma média de 4,2 de pessoas por agregado. Tal é
menor que a média nacional, que é de 4,3 pessoas por agregado (INE, 2009). É importante notar
que a maioria destes agregados estão localizados na Província de Maputo (ver Tabela 6.29), onde
o traçado atravessa áreas mais densamente povoadas.

Embora a distribuição geral da população por género seja relativamente homogénea, com 48,5%
homens e 51,5% mulheres, a maioria dos agregados entrevistados são liderados por homens
(66%). 62% dos líderes dos agregados entrevistados são casados e vivem com as esposas e
respectivas crianças.

De acordo com o censo, dos agregados liderados por mulheres apenas 16% são casadas e o
restante são viúvas, separadas, divorciadas ou solteiras. Os agregados liderados por um único
progenitor do género feminino deve ser considerado vulnerável, devido às circunstâncias locais
onde as mulheres são geralmente economicamente desfavorecidas.

Dos agregados liderados por homens, 5% mencionou ter relações poligâmicas. Durante as
entrevistas semiestruturadas, foi reportado que a poligamia é aceite. Em muitas ocasiões, a
poligamia está relacionada com riqueza, pois os homens apenas podem casar outra mulher se
podem sustentar ambas.
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Fotografia 6.29 – Chefes de família de alguns dos agregados entrevistados ao longo do


traçado de Projecto

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Fotografia 6.30 – Casas principais de alguns dos agregados entrevistados ao longo do


traçado de Projecto

A poligamia ocorre em todas as religiões, e embora não seja possível estar legalmente casado
com mais de um cônjuge (segundo a Lei da Família, Lei 10/2004), a sua prática é culturalmente
aceite em Moçambique e não é punível por lei. Os casamento poligâmicos são realizados apenas
segundo cerimónias tradicionais, pois não são reconhecidos pelo Estado.

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No que diz respeito à estrutura etária, o censo revelou que apenas um chefe de agregado tinha
menos de 15 anos de idade (uma rapariga de 14 anos). Verificou-se que 83% dos chefes de
agregado têm entre 15 - 65 anos de idade (idade economicamente activa) e 17% têm mais de 65
anos. Um chefe de agregado com idade superior a 65 anos é considerado vulnerável pois, em
princípio, já não é economicamente activo e logo é dependente de outros membros da família.

O censo também mostrou que a distribuição etária das pessoas a viver na RoW é muito
semelhante à dos distritos e províncias, com uma dominância das classes etárias mais jovens. Tal
seria esperado, dada a baixa esperança de vida da população de Moçambique - abaixo dos 45
anos de idade (INE, 2007). A

Figura 6.54 ilustra a estrutura etária dos agregados dentro da RoW.

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Figura 6.54 – Estrutura etária dos agregados que vivem dentro da RoW

De acordo com o censo, 46,2% das PAP têm menos de 15 anos de idade e 5,1% têm mais de 65
anos, o que significa que 51,3% da população afectada (jovens e idosos) são economicamente
dependentes dos restantes 48,7% (com idades entre os 15 – 65, i.e., economicamente activos).

6.3.5 Património e Cultura

6.3.5.1 Províncias e Distritos

Os três principais grupos étnicos na província de Inhambane são os Bitongas, Chopi e Chitsuas,
embora outros grupos étnicos também estejam presentes, em menor número, como migrantes de
outras regiões de Moçambique. As principais línguas faladas localmente são o Chopi, Bitonga e
Chitsua (INE 2013).

Os quatro principais grupos étnicos na província de Gaza são os Changane, Tsonga, Chopi e
Ronga. A província de Gaza também tem outros grupos étnicos devido à proximidade das
Repúblicas da África do Sul e do Zimbabué. As principais línguas faladas localmente são o
Changane, Tsonga, Chopi e Ronga.

O principal grupo étnico na província de Maputo são os Tsonga. Como a província de Maputo é o
principal centro económico e financeiro de Moçambique, tornou-se um centro atractivo para
pessoas procurando emprego e melhores oportunidades. Em resultado, existe uma grande
diversidade de grupos étnicos como Changane, Chope, Bitonga, e nacionalidades, como
Portugueses e Sul Africanos, entre muitos outros. As principais línguas faladas em Maputo são o
Tsonga, Changane e Português. Outras línguas também faladas incluem o Chopi, Bitonga e
Chitsua, reflectindo a diversidade multi-étnica.

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Os distritos de interesse seguem a mesma tendência da sua província. A Tabela 6.30 abaixo
mostra as principais línguas faladas em cada distrito, além do Português.
Tabela 6.30 – Principais línguas faladas nas províncias e distritos de interesse

Província e Distrito Línguas


Inhambane Bitonga, Chopi e Chitsua
Vilanculos Chopi
Funhalouro Chopi
Massinga Chopi
Panda Chopi
Gaza Changane, Chopi e Tsonga
Bilene Tsonga
Chokwe Tsonga e Changane
Chibuto Tsonga
Mandlakaze Tsonga
Tsonga, Changane, Chope, Bitonga e
Maputo
Chitsua
Boane Changane
Moamba Changane
Marracuene Ronga
Manhiça Changane
Magude Changane

Fonte: INE (2013).

Esta multietnicidade também está manifesta na grande diversidade de afiliações religiosas nas
três províncias e 13 distritos. O Cristianismo (incluindo várias profissões diferentes) e o Islão são
as duas religiões principais. A Tabela 6.31 abaixo indica as principais religiões praticadas nas três
províncias.

Tabela 6.31 – Religiões principais praticadas nas províncias de interesse

Província de Província de Província de


Religião
Inhambane (%) Gaza (%) Maputo (%)
Cristianismo (Católico) 35,8 35,8 39,8
Cristianismo (Anglicano) 24 24 16,5
Islão 9,8 9,8 16,9
Cristianismo (Zione) 15 15 13,8
Cristianismo (Evangélico) 11,7 11,7 8,5
Sem religião 1,7 1,2 2,5
Outras religiões 1,9 1,9 1,2

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Província de Província de Província de


Religião
Inhambane (%) Gaza (%) Maputo (%)
Desconhecido 0 0,6 0,7
Total 100 100 100

Fonte: INE (2013).

6.3.5.2 Faixa de Servidão do Projecto

A maioria dos agregados a viver dentro da RoW do Projecto pertencem ao grupo etnolinguístico
Changane (64%). Tal reflecte o facto da maioria destes agregados estarem localizados na
província de Maputo. Apenas 28% dos entrevistados mencionou Português como a principal
língua falada entre os agregados. Outras línguas faladas são o Chopi e Chitsua. Durante as
entrevistas semiestruturadas com líderes locais, foi revelado que a língua mais falada entre as
comunidades é Changane. A única excepção foi a localidade de Mavume, onde foi reportado que
a principal língua é o Chitsua.

No que respeita as actividades diárias, a gestão da propriedade e bens dos agregados está
geralmente sob a responsabilidade do homem, embora eles também participem na agricultura,
criação de gado, construção de casa e actividades de gestão, tal como a venda de bebidas
tradicionais.

As mulheres são geralmente responsáveis por tarefas domésticas (cozinhar, recolha de água,
lavar e cuidar das crianças) e a maioria das actividades agrícolas (limpeza de terreno, semear,
eliminação de ervas daninhas, colheita e processamento de bens agrícolas). As mulheres também
são responsáveis pela organização do agregado.

Os idosos são, em geral, responsáveis pelo ensino das novas gerações, sobre hábitos culturais,
práticas sociais, tradições, histórias e por conduzir os ritos de iniciação, onde os homens lidam
com os rapazes e as mulheres com as raparigas.

Em termos de religião, os agregados a viver dentro da RoW do Projecto diferem do padrão


descrito para os distritos e províncias, com um número maior de cristãos evangélicos (34%),
seguido por ziones (33%) e católicos (12%). As entrevistas semiestruturadas mostram a mesma
tendência que o censo: os líderes locais afirmaram que a religião mais praticada nas suas
localidades era o cristianismo zione. Cinco templos religiosos foram identificados dentro da RoW.
A Figura 6.55 ilustra duas igrejas zione localizadas dentro da RoW, ambas no Distrito de Moamba.

Quanto às práticas tradicionais, as cerimónias de petição de chuva e protecção da família são


bons exemplos das práticas tradicionais actuais. Estes ritos são realizados por líderes
comunitários, secretários de bairro, líderes religiosos, idosos e curandeiros tradicionais.

Através das entrevistas semiestruturadas, verificou-se que todas as localidades atravessadas pelo
projecto tem um lugar sagrado tradicional. Nenhum desses lugares sagrados estão localizados
dentro da RoW.

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Figura 6.55 – Igrejas zione localizadas dentro da RoW do Projecto

Quanto aos cemitérios, durante o trabalho de campo foi reportado que é comum as famílias
enterrarem os familiares falecidos dentro do seu talhão ou em cemitérios familiares. O trabalho de
campo mostra que existem 18 cemitérios localizados dentro ou muito perto da RoW do Projecto,
dos quais 16 são cemitérios ou tumbas familiares e dois são cemitérios comunais. A Figura 6.56
mostra a localização destes cemitérios.

6.3.6 Educação

6.3.6.1 Províncias e Distritos de Interesse

O sistema de educação em Moçambique está organizado do seguinte modo:

 Escola Primária de Nível 1 (EP1) – 1ª à 4ª Classe;


 Escola Primária de Nível 2 (EP2) – 5ª à 7ª Classe;
 Escola Secundária de Nível 1 (ESG1) – 8ª à 10ª Classe;
 Escola Secundária de Nível 2 (ESG2) – 11ª à 12ª Classe;
 Educação Técnica ou Profissional – ensinada em institutos e escolas técnicas, oferecendo
cursos em três áreas principais (educação industrial, comercial e agrícola) aos níveis
elementar, básico e médio;
 Educação Terciária – Universidade e graus superiores.

A Tabela 6.32 indica as instituições de ensino nas províncias e distritos de interesse. O sistema
educativo nas províncias de Inhambane, Gaza e Maputo e nos 13 distritos de interesse seguem a
mesma tendência que o resto do país, com um foco na Educação Primária, como ilustrado pelo
número significativamente maior de escolas primárias em comparação com as secundárias.

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Figura 6.56 – Cemitérios localizados dentro ou perto do RoW

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Tabela 6.32 – Instituições de ensino nas províncias e distritos de interesse


Província / Distrito EP 1 EP 2 ESG 1 ESG 2
Inhambane 777 555 55 29
Vilanculos 73 46 5 3
Funhalouro 38 23 2 0
Massinga 114 94 6 2
Panda 43 24 2 0
Gaza 720 347 73 36
Bilene 85 33 9 2
Chokwe 85 47 12 4
Chibuto 116 36 7 3
Mandlakaze 106 60 10 6
Maputo 438 338 97 50
Boane 57 53 13 7
Moamba 68 30 4 4
Marracuene 42 31 7 5
Manhica 92 59 9 6
Magude 64 33 2 2

Fonte: INE (2013).

Como se observa na tabela acima, a Província de Maputo tem o maior número de ESG 2, com
uma escola por 453 km 2. Em comparação, Inhambane e Gaza têm números muito mais baixos de
escolas ESG 2 - uma escola por 2 371 km2 e 2 092 km 2, respectivamente. Tal significa que alunos
nas províncias de Inhambane e Gaza têm de viajar longas distâncias para aceder a uma educação
secundária. Em resultado, espera-se que a população nestas províncias tenha, em média, níveis
de educação mais baixos, em comparação com a Província de Maputo.

6.3.6.2 Faixa de Servidão do Projecto

No que respeita às instituições de ensino perto da RoW do projecto, todas as localidades


atravessadas pelo Projecto têm pelo menos uma escola primária. Apenas a localidade de Tenga
no distrito de Moamba mencionou estar equipada com uma escola secundária. A Fotografia 6.31
mostra escolas localizadas nas localidades atravessadas pelo projecto. Nenhuma escola está
localizada dentro da RoW do projecto.

Fotografia 6.31 – Escola primária de Zilinga (esquerda) e escola primária de Nhambi (direita)

Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


173
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Durante as entrevistas semiestruturadas com líderes locais, foi mencionado que geralmente um
aluno tem de caminhar para a capital de distrito para aceder a uma educação secundária. A
Tabela 6.33 abaixo lista os nomes das escolas secundárias frequentadas pelas pessoas
residentes na RoW do projecto.
Tabela 6.33 – Escolas secundárias frequentadas pelas pessoas vivendo dentro da RoW
Nome da Escola Secundária
ESG de Mazivila Sede
ES de Mahulane
ES de Chilembene
ES de Mahundzane
EP do 1º Bairro
ES de Mazivila
ES da Vila da Manhiça
ES da Sede do Distrito
ES de Tenga
ES de Tenga Sede
ES de Mulotana Bile
Escola Tecnica de Moamba
ES de Djuba e Escola Tecnica de Djuba
ES de Maholana
ES de Mavume e Funhalouro
ES de Ngonhanhe
ES de Malhapsene

As escolas secundárias podem ser uma boa fonte de mão de obra para o Projecto, já que muitos
estudantes procuram emprego depois de terminarem a escola secundária.

Em geral, e de acordo com o censo, o nível de educação da população potencialmente afectada


pelo projecto é bastante baixa, como revelado na Tabela 6.34. Este facto torna a população
potencialmente mais vulnerável aos impactos negativos induzidos pelo projecto.
Tabela 6.34 – Nível de educação das pessoas a viver dentro da RoW

Idade Primária Secundária Técnica Universidade Nenhuma Menor Outro


0-4 2% 0% 0% 0% 34% 63% 2%
5-10 33% 0% 0% 0% 42% 24% 1%
11-14 66% 0% 0% 0% 27% 7% 0%
15-20 77% 8% 0% 0% 11% 4% 0%
21-30 59% 20% 3% 1% 12% 1% 1%
31-40 45% 15% 3% 1% 30% 3% 3%
41-50 35% 5% 5% 1% 50% 3% 1%
51-60 39% 0% 6% 4% 43% 6% 2%
61-70 39% 4% 2% 0% 53% 2% 0%
> 71 57% 0% 4% 0% 39% 0% 0%

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Ao analisar os níveis de educação dos chefes de agregado, verifica-se que uma grande
percentagem são analfabetos (32%); 51% frequentaram o primeiro nível de educação primária, 9%
dizem ter frequentado a escola secundária e apenas 0,7% referiram ter frequentado a
universidade. Da análise de dados, conclui-se que os chefes de agregado femininos têm, em
média, uma nível de educação mais baixo quando comparados com os masculinos. Olhando para
a Figura 6.57 abaixo, conclui-se que tal leva a que os agregados liderados por mulheres podem
ser considerados mais vulneráveis, dado que com um nível educativo mais baixo as mulheres vão
enfrentar maiores dificuldades em encontrar emprego formal.

Figura 6.57 – Nível de educação do chefe de agregado, por género

6.3.7 Saúde

6.3.7.1 Províncias e Distritos de Interesse

O sector da saúde em Moçambique tem o seu foco principal nos cuidados primários, e caracteriza-
se por vários tipos de unidades sanitárias, incluindo unidades de saúde comunitárias, postos de
saúde, centros de saúde (urbanos e rurais) e hospitais (distritais, rurais, provinciais e central).
Cada um deste tipo de unidade oferece tipos de serviços diferentes. É importante também referir
que, mesmo dentro do mesmo tipo de unidade sanitária, existe uma grande variação nos recursos
disponíveis, dependendo da sua localização e do número de pessoas servidas.

De acordo com INE (2013), em 2012 a Província de Inhambane tinha um total de 125 unidades
sanitárias, incluindo um Hospital Provincial, quatro Hospitais Rurais, 10 postos de saúde e 110
centros de saúde. Isto equivalia a uma unidade sanitária por 602 km 2 e por 12 189 habitantes. Em
termos de camas, a Província de Inhambane tinha 1,1 camas por 1 000 habitantes. Dentro dos
distritos de interesse, localizados na província de Inhambane, apenas Vilanculos está equipado
com um hospital rural. Os restantes estão equipados com postos de saúde e centros de saúde.

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No mesmo ano, a Província de Gaza tinha 128 unidades sanitárias (INE, 2013), incluindo um
Hospital Provincial, quatro Hospitais Rurais, 29 postos de saúde e 94 centros de saúde. Isto
equivalia a uma unidade sanitária por 288 km 2 e por 11 468 habitantes. Em termos de camas, a
Província de Gaza tinha 1,4 camas por 1 000 habitantes. Dentro dos distritos de interesse
localizados na província de Gaza, apenas Chokwe está equipada com um hospital rural. O resto
dos distritos estão equipados com postos de saúde e centros de saúde.

Ainda de acordo com INE (2013), a Província de Maputo tem um total de 85 unidades sanitárias,
incluindo um Hospital Provincial, um Hospital Geral, um Hospital Rural, um Hospital Distrital e 73
centros de saúde. Isto representa uma unidade sanitária por 266 km 2 e por 20 969 habitantes. Em
termos de camas, a Província de Maputo tem uma média de 0,8 camas por 1 000 habitantes.
Dentro dos distritos de interesse localizados na província de Maputo, apenas Manhiça está
equipada com um hospital rural. O resto dos distritos estão equipados com postos de saúde e
centros de saúde. É importante notar que devido à proximidade dos distritos de interesse, muitas
pessoas acedem aos equipamentos de saúde em Matola e cidade de Maputo, onde os hospitais
são de melhor qualidade.

6.3.7.2 Faixa de Servidão do Projecto

Unidades de Saúde

No que respeita às unidades sanitárias perto da RoW do projecto, existem oito localidades com
um centro de saúde, o que significa que a população não tem de andar longas distâncias para
aceder aos serviços de saúde. Não há nenhuma centro de saúde localizado dentro da RoW. A
Fotografia 6.32 mostra o centro de saúde de Tenga.

Fotografia 6.32 – Centro de saúde de Tenga

Durante o censo, 95% das PAP afirmaram que vão ao centro de saúde mais próximo quando
alguém do agregado está doente, enquanto 5% disse preferir usar medicina tradicional. A Tabela
6.35 abaixo lista alguns centros de saúde usados pela população dentro da RoW.

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Tabela 6.35 – Unidades de saúde usadas pela população residente dentro da RoW
Nome do Centro de Saúde Distrito Província
Centro de Saúde de Chiaquelane Chokwe Gaza
Centro de Saúde de Alto Changane Chibuto Maputo
Centro de Saúde de Boquisso Marracuene Maputo
Centro de Saúde de Marracuene Sede Marracuene Maputo
Centro de Saúde de Chamankulo Município de Maputo Cidade de Maputo
Centro de Saúde de Mulotana Boane Maputo
Centro de Saúde de Mavume Funhalouro Inhambane
Centro de Saúde de Chalacuane Chokwe Gaza
Centro de Saúde de Changanine Chibuto Maputo
Centro de Saúde de Chibuto Chibuto Maputo
Hospital Rural do Chokwe Chokwe Gaza
Hospital Provincial da Matola Município da Matola Maputo
Centro de Saúde de Funhalouro Funhalouro Inhambane
Hospital Central de Maputo Município de Maputo Maputo City
Centro de Saúde de Mahulane Moamba Maputo
Centro de Saúde de Marracuene Marracuene Maputo
Centro de Saúde de Mazivila Bilene Gaza
Centro de Saúde de Tenga Moamba Maputo
Centro de Saúde do Zimpeto Município de Maputo Maputo City
Centro de Saúde de Malhangalene Município de Maputo Maputo City
Centro de Saúde de Matalane Marracuene Maputo
ICOR Município de Maputo Maputo City
Centro de Saúde de Magude Magude Maputo
Centro de Saúde de Matola Unidade D Município da Matola Maputo
Centro de Saúde de Moamba Moamba Maputo
Centro de Saúde da Mozal Boane Maputo
Centro de Saúde de Beluluane Boane Maputo

Saúde dos agregados

O censo revela que as doenças mais comuns entre os agregados residentes dentro da RoW nos
últimos 12 meses foram: malária, tuberculose, asma, diarreia, cólera, DST e VIH/SIDA. Todas as
comunidades afectadas revelaram o mesmo padrão, sem qualquer desvio significativo. O
levantamento revela que 23% dos chefes de agregado afirmaram ter um membro do agregado
com uma doença crónica. As doenças crónicas são geralmente um tema tabu entre a população,
mas durante o levantamento algumas pessoas revelaram que tinham um membro do agregado
com VIH.

A Figura 6.58 abaixo ilustra as infra-estruturas sociais localizadas dentro e perto da RoW do
projecto.

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Figura 6.58 – Infra-estruturas sociais perto da RoW do Projecto

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6.3.8 Serviços Básicos e Infra-estruturas

6.3.8.1 Províncias e Distritos de Interesse

Energia, Água e Saneamento

Nas áreas urbanas e periurbanas das Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo, a electricidade é
a principal fonte de energia e é fornecida pela empresa Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM),
enquanto a água é abastecida pela empresa Águas de Moçambique (AdeM). Nas áreas rurais, o
abastecimento de água é geralmente feito a partir de fontanários ligados à rede geral de
abastecimento de água, bem como a partir de furos, poços e consumo directo de rios e lagoas.

No que diz respeito ao saneamento, as áreas urbanas e periurbanas têm um sistema de fossas
sépticas individuais (familiares). Em áreas mais rurais, a maioria da população utiliza latrinas ou
pratica defecação a céu aberto. A Tabela 6.36 sintetiza as estatísticas sobre o serviços básicos de
água, energia e saneamento nas províncias de interesse.
Tabela 6.36 – Serviços básicos nas Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo em 2007
Serviços Básicos Província de Inhambane Província de Gaza Província de Maputo
(% dos agregados) (% dos agregados) (% dos agregados)
Água
Água canalizada (dentro de casa) 1,0 1,7 5,5
Água canalizada (fora de casa) 3,9 10,7 32,1
Fontanários 6,7 20,4 19,1
Poços protegidos 23,1 22,5 13,4
Poços não protegidos 49,0 31,4 20,8
Rio / lago / lagoa 9,0 10,4 7,1
Água pluvial 6,5 2,0 0,2
Água mineral 0 0 0
Outra 0,7 0,9 1,8
Saneamento
Fossa séptica 1,2 2,2 10,6
Latrina melhorada 4,6 10,3 18,8
Latrina tradicional melhorada 10,1 11,2 14,4
Latrina tradicional 51,2 47,0 43,7
Nenhum 32,8 29,2 12,5
Energia
Electricidade 4,9 12,3 29,3
Gerador 0,8 0,5 0,4
Gás 0 0,1 0
Petróleo / parafina 76,0 65,6 59,9
Velas 6,2 14,1 8,1
Baterias 1,2 0,4 0,3
Lenha 10,0 6,4 1,6
Outra 1,0 0,7 0,3
Fonte: INE (2013).

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É importante notar que os distritos de interesse seguem a mesma tendência que as suas
respectivas províncias.

Os serviços de gestão de resíduos sólidos (recolha, tratamento e disposição) são em geral


inadequados e estão concentrados nas áreas municipais. Isto é particularmente evidente fora das
áreas mais urbanas e contribui para a prevalência de malária, diarreia e cólera na região.

Transporte, Rede Rodoviária e Comunicações

As Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo possuem uma rede rodoviária adequada.


Inhambane e Maputo dispõem ainda de infra-estruturas de transporte aéreo e marítimo. De acordo
com a Administração Nacional de Estradas (ANE), a rede rodoviária das Províncias de
Inhambane, Gaza e Maputo tem uma extensão total de 2 877 km, 2 711 km e 2 415 km,
respectivamente. A Tabela 6.37 apresenta dados sobre a rede rodoviária das províncias
atravessadas pelo traçado do Projecto.
Tabela 6.37 – Rede rodoviária das Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo

Extensão (km)
Tipo de estrada Província de Província de Gaza Província de
Inhambane Maputo
Primária 558 280 322
Secundária 266 752 171
Terciária 1 168 1 101 1 383
Vicinal 885 578 539
Total 2 877 2 711 2 415

Fonte: ANE (2014).

A rede rodoviária estabelece a ligação entre as cidades e o interior das Províncias, facilitando
assim o fluxo de bens e produtos entre as áreas de produção e os mercados, bem como o
movimento de pessoas e o transporte para áreas turísticas. O transporte público é
maioritariamente fornecido por táxis minibus (chapas) e autocarros. A maior parte da população
utiliza estes meios de transporte. Existem ainda alguns barcos que fornecem serviços de
transporte fluvial ou marítimos.

Em termos de telecomunicações, todos os distritos são servidos por telefonia fixa e móvel. Estas
redes de telefonia disponibilizam ainda serviços de internet. As Províncias têm ainda acesso a
rádio, e as áreas urbanas principais são também cobertas por televisão de sinal aberto e por cabo.

6.3.8.2 Faixa de Servidão do Projecto

Energia, Água e Saneamento

O fornecimento de água na área do projecto é precário, seguindo a mesma tendência que o


distrito e província, com 31% das PAP obtendo a sua água de furos. O trabalho de campo mostrou
que 12% dos agregados têm furos nos seus terrenos e 13% obtêm água a partir de rios. Durante
as entrevistas semiestruturadas, foi relatado que todas localidades têm furos, mas muitas deles
não estão operacionais. Durante o trabalho de campo, foram identificados três furos dentro da

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RoW do projecto. A Figura 6.59 abaixo ilustra as principais fontes de água usada pela população
dentro da RoW.

Principal Fonte de Água

Figura 6.59 – Principais fontes de água usada pela população residente dentro do RoW

Quanto à qualidade da água, 75% dos entrevistas não tratam a água antes de a usar, 18% fervem
a água, 7% usam cloro (certeza). A má qualidade de água está associada a algumas doenças
como diarreia e cólera. A Fotografia 6.33 mostra fontes de água usadas pela população.

Fotografia 6.33 – Furo protegido (esquerda) e fontanário público (direita)

Quanto ao saneamento, o trabalho de campo revelou que 26% dos agregados dentro da RoW não
tinham qualquer tipo de equipamento sanitário, 52% tinham latrinas tradicionais e 17% tinham
latrinas melhoradas dentro do seu terreno. Tal significa que 26% da população pratica defecação a
céu aberto, o que também contribui para doenças como as mencionadas acima. A Fotografia 6.34
mostra o tipo de saneamento encontrado nas casas dentro do RoW do projecto.

Quanto à recolha de lixo, as localidades sondadas não beneficiam de qualquer sistema formal de
recolha de resíduos. A maioria dos agregados queima (57%), enterra ou despeja (41%) o lixo nos
seus talhões. Actualmente, esta situação não é preocupante pois o lixo produzido nas
comunidades é reduzido e o tipo de resíduos gerado é sobretudo orgânico (i.e., restos de comida,
resíduos agrícolas, cascas de fruta, entre outros). Contudo, foram também observados resíduos

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não-orgânicos, gerados pelo consumo de produtos comerciais em embalagens e recipientes


(garrafas, pacotes, plásticos). Geralmente, estas embalagens e recipientes são reutilizadas.

Fotografia 6.34 – Tipo de saneamento nas casas dentro da RoW do Projecto

Quanto à electricidade, o censo revelou que apenas 7% da população a viver dentro da RoW está
ligada à electricidade da EDM. As fontes de energia mais usadas pelos agregados para iluminação
incluem velas (17%), querosene (20%) e tochas (19%). Para cozinhar, as principais fontes de
energia são lenha (72%) e carvão (15%).

As entrevistas semiestruturadas mostram que apenas as localidades de Pessane, Boane Sede,


Matola Rio Sede, Mulatona e Mazivila estão ligadas à rede eléctrica da EDM. A pergunta mais
frequente da população e líderes locais foi se as suas comunidades seriam ligadas à rede eléctrica
em resultado do Projecto STE.

A recolha de lenha e água é geralmente da responsabilidade da mulher, dentro das actividades


diárias do agregado. É comum as raparigas terem de abandonar a escola para realizar estas
actividades diárias.

Transporte e Comunicações

Durante o trabalho de campo foi observado que a maioria das comunidades afectadas estão
cobertas pelo sinal das três redes móveis. Quando os agregado foram questionados sobre a
melhor forma de receber e dar informação, a maioria respondeu ser o líder local e telemóveis. O
levantamento também revelou que 86,1% dos agregados têm pelo menos um telefone celular.

Quanto à televisão, 31,3% da população indicou ter um aparelho. É importante notar que a maioria
destes agregados estão localizados na província de Maputo, onde podem obter sinal de TV.

Em termos de transporte, foi revelado que a maioria da população caminha, como principal forma
de transporte. Os entrevistados revelaram que 11,6% dos agregados dentro do RoW têm bicicleta.
Adicionalmente, 10,0% afirmou possuir carro. Durante as mesmas entrevistas semiestruturadas,
foi indicado que geralmente as pessoas usam transporte público (chapa 100) quando querem
viajar para outros lugares. As observações de campo indicam que a maioria da rede de estradas
perto da RoW está em más condições de conservação.

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6.3.9 Habitação

6.3.9.1 Províncias e Distritos de Interesse

De acordo com o censo nacional de 2007, a maioria das habitações nas províncias de Gaza e
Inhambane e distritos de interesse são construídas com materiais precários. A província de
Maputo tem um cenário diferente, ou seja, a maioria das habitações são construídas com
materiais convencionais. As habitações precárias são mais comuns no contexto rural, onde a
população usa materiais locais para construir as suas casas. Este tipo de habitação é vulnerável a
desastres naturais, como chuva intensa ou ventos fortes. Dada a natureza deste tipo de
construção precária, é normal estas habitações serem reconstruídas ou substituídas
periodicamente, tipicamente a intervalos de cinco anos.

O processo de construção de habitação é parte dos costumes locais: geralmente os homens


constroem as paredes e as mulheres estucam as paredes com adobe. A Tabela 6.38 abaixo
indica os materiais usados na construção de habitação nas três províncias. Os distritos de
interesse segue a mesma tendência das províncias.
Tabela 6.38 – Principais materiais usados na construção de casas nas províncias de
Inhambane, Gaza e Maputo, em 2007

Província de Inhambane Província de Maputo


Material Província de Gaza (%)
(%) (%)
Paredes
Blocos de cimento 12,8 19,1 55,2
Tijolos cerâmicos 0,2 0,8 5,0
Madeira / zinco 4,0 3,1 1,9
Blocos de adobe 0,7 2,4 0,4
Paus / Madeira 60,6 50,1 32,0
Paus e lama 20,9 24,1 4,9
Papel e plástico 0,3 0,2 0,2
Outros 0,4 0,3 0,3
Telhados
Betão 0,7 0,6 3,4
Telhas de cerâmica 0 0,8 1,0
Lillarite 1,3 1,9 2,4
Zinco 37,2 60,9 83,2
Erva / capim 59,7 34,8 8,6
Outros 1,1 0,9 1,4
Pavimento
Madeira 0,2 0,3 1,6
Mármore / granito 0,1 0,1 0,2
Cimento 34,8 47,1 68,2
Azulejos 0,4 0,7 2,6

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Província de Inhambane Província de Maputo


Material Província de Gaza (%)
(%) (%)
Adobe 54,0 40,7 15,5
Nenhum 9,9 10,3 11,6
Outro 0,6 0,9 0,4
Fonte: INE (2013).

6.3.9.2 Faixa de Servidão do Projecto

Ao observar a tipologia das habitações dos agregados dentro da RoW do projecto, o trabalho de
campo revelou que em média existem quatro estruturas por agregado, incluindo geralmente uma
casa principal e três edifícios auxiliares exteriores que podem incluir a cozinha, quarto ou latrina. A
Fotografia 6.35 abaixo mostra as infra-estruturas típicas encontradas num agregado.

Fotografia 6.35 – Infra-estruturas típicas encontradas num agregado.

O censo revelou que a casa principal da maioria dos agregado foi construída com materiais
convencionais. Os materiais de construção das habitações seguiu a mesma tendência da
província de Maputo, porque a maioria das casas afectadas estão dentro da província de Maputo.
Foi observado que nas áreas mais rurais, nas províncias de Inhambane e Gaza, as habitações são
construídas com materiais precários. A Tabela 6.39 abaixo indica os materiais usados na
construção de habitações localizadas dentro da RoW do projecto.
Tabela 6.39 – Materiais usados na construção da casa principal

Materiais usados nas paredes Percentagem


Paus ou caniços 28,2%
Pau e adobe 2,6%
Tijolos sem massa 0,6%
Blocos de cimento com massa 7,1%

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Blocos de cimento sem massa 43,4%


Casa de alvenaria com massa 5,5%
Casa de alvenaria sem massa 4,5%
Outro 8,1%
Materiais usados nos telhados Percentagem
Erva/capim 7,1%
Zinco 88,7%
Laje 0,3%
Telhas 0,3%
Outro 3,6%
Materiais usados nos pisos Percentagem
Lama 22,0%
Adobe 1,3%
Cimento 74,8%
Ladrilhos 1,6%
Outro 0,3%

O trabalho de campo indicou que a maioria das habitações foram construídas nos últimos 10 anos.
A liderança local das localidades de Pessane e Matola Rio-Sede relatou que muitas novas casas
estão a ser construídas naquela área nos últimos anos. Uma razão para as pessoas escolherem
mudar-se para estas localidades é o aumento de procura de terra na cidade de Maputo e Matola,
pelo que as pessoas escolhem mover-se para as zonas limítrofes destas cidades, onde está
disponível mais terra a um preço inferior.

Um agregado afectado na localidade de Pessane afirmou que vendeu a sua casa perto do
aeroporto na cidade de Maputo e mudou-se para Pessane, afirmando que com esse dinheiro
construiu uma casa com melhores condições. A mesma pessoa afirmou que muitas pessoas na
cidade de Maputo também estão a vender as suas casas e a mover-se para a periferia da cidade.

Um sinal de que as pessoas estão a mover-se para fora das cidades de Maputo e Matola é a
observação, feita durante o trabalho de campo, que muitas habitações estão a ser construídas nas
localidades de Pessane, Matola Rio-Sede, Boane-Sede e Mulatona. A Fotografia 6.36 abaixo
mostra casas em construção dentro da RoW do Projecto.

Fotografia 6.36 – Casas em construção dentro da RoW do Projecto

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Embora muitas novas casas estejam a ser construídas, o trabalho de campo mostra que 63% dos
agregados entrevistados não têm título de propriedade, significando que têm direito
consuetudinário sobre a terra.

Considerando o tamanho da casa principal, o trabalho de campo revelou que a maioria das
estruturas principais tem uma área inferior a 70 m2. Apenas 32% das estruturas principais
afectadas tem uma área superior a 70m 2. A Figura 6.60 abaixo indica o tamanho das habitações
dentro da RoW.

Figura 6.60 – Tamanho da habitação principal dos agregados dentro do RoW do Projecto

6.3.10 Actividades Económicas

6.3.10.1 Províncias e Distritos de Interesse

Nas províncias e distritos de interesse, como no resto do país, a agricultura é a actividade


económica mais importante. A maioria da população de Moçambique é dependente da agricultura
de subsistência para a sua sobrevivência. Outros sectores económicos nas províncias incluem
pesca, turismo e indústria, e nos últimos anos o sector dos recursos naturais tem aumentado
substancialmente com a exploração do gás natural no Distrito de Vilanculos, na Província de
Inhambane, e a prospecção de areias pesadas no Distrito de Chibuto, Província de Gaza.

Não existem dados sobre os rendimentos médios da população, ao nível da província ou do


distrito. A Tabela 6.40 indica o salário mínimo mensal de Moçambique, por sector.
Tabela 6.40 – Salário mínimo mensal, por sector
Sector Salário Mínimo (MZN) Salário Mínimo (USD)
Agricultura 3 642,00 60,70
Pesca Industrial e Semi-Industrial 4 615,00 76,91
Minas 6 963,00 116,05
Pedreiras 5 200,00 86,66

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Sector Salário Mínimo (MZN) Salário Mínimo (USD)


Salinas 4 734,00 78,90
Manufactura 5 695,00 99,41
Padarias 4 335,00 72,25
Electricidade, Gás e Água (grandes companhias) 7 288,00 121,46
Electricidade, Gás e Água (pequenas e médias companhias) 6 002,00 100,03
Construção 5 436,00 90,60
Indústria Não-Financeira 5 525,00 92,08
Indústria Hoteleira 5 328,00 88,8
Sector Financeiro 10 400,00 173,33
Micro-Finanças 9 240,00 154,00
Administração Pública 3 996,00 66,60
Nota: 1 USD = 60 MZN.

Pesca

A actividade pesqueira nas Províncias de Inhambane, Gaza e Província é maioritariamente


praticada por barcos de pesca semi-industriais e artesanais. A pesca artesanal é de natureza local
e utiliza pequenos barcos (<10 m de comprimento) ou é feita a pé. Os barcos de pesca artesanal
são propulsionados com remos, velas ou pequenos motores. A pesca pratica-se ao longo de todo
o ano, com excepção do período de vedo (definido pelo Ministério do Mar, Águas Interiores e
Pesca), entre Janeiro e Fevereiro de cada ano. Em geral, este tipo de pesca constitui uma das
principais actividades de subsistência da população que vive ao longo das áreas costeiras das
Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo. Muitas famílias dependem desta actividade para
sobreviverem e para obtenção de fontes de proteína e rendimento (Ministério da Administração
Estatal, 2005).

De acordo com o regulamento geral da pesca marítima, a pesca semi-industrial é praticada por
embarcações que podem operar nas águas territoriais de Moçambique, até às 3 milhas, enquanto
os navios industriais podem operar a mais de 3 milhas da costa sem restrições, excepto em alguns
casos específicos (Ministério da Pesca, 2004). Os dois tipos principais de pesca semi-industrial
são a pesca do camarão e pesca à linha (desde a Ponta Dobela até ao Banco de Sofala, na
Província de Sofala). A pesca de arraste semi-industrial do camarão ocorre de Março a Dezembro.

Agricultura

A agricultura constitui também uma das principais actividades económicas das Províncias de
Inhambane, Gaza e Maputo. As principais culturas de subsistência cultivadas pela população são
o milho, feijões e mandioca. As principais culturas de rendimento são o arroz, coco e cana-de-
açúcar.

As Províncias de Gaza e Inhambane têm ainda grandes plantações agrícolas industriais, em


particular as plantações de cana-de-açúcar de Maragra e Xinavane. A Província de Gaza tem
ainda vastos campos de arroz, em particular nos Distritos de Xai-xai e Chokwe. No sector familiar,
é ainda de referir as vastas plantações de coqueiro e caju nestas duas províncias.

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De acordo com INE (2013), as Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo tinham 69, 102 e 188
propriedades agrícolas de grande dimensão, respectivamente, em 2007. A Tabela 6.41 abaixo
indica número de propriedades agrícolas de pequena, média e grande dimensão nas províncias
atravessadas pelo traçado do Projecto.
Tabela 6.41 – Propriedades agrícolas nas Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo em 2007

Tamanho das propriedades Província de Inhambane Província de Gaza Província de Maputo


agrícolas Número Área (ha) Número Área (ha) Número Área (ha)
Pequenas e médias 269 241 413 883 216 583 357 364 112 587 132 286
Grandes 69 1 004 188 7 003 102 1 004

Fonte: INE (2013)

A produção pecuária envolve gado bovino, porcos, cabras, ovelhas e galinhas, e é desenvolvida
fundamentalmente pelo sector familiar.

Indústria e Comércio

Em termos do sector industrial, a Província de Maputo é a mais industrializada das três províncias
de interesse. É de referir o Parque Industrial de Beluluane, localizado no Distrito de Boane, onde
se localizam várias fábricas, incluindo a fundição de alumínio da Mozal, uma fábrica de cimentos e
uma fábrica de cereais, entre outras. O complexo do Parque Industrial de Beluluane, com 700 ha ,
é considerado como a principal zona industrial do país, e tem como objectivo tornar-se um local
privilegiado na África Austral para negócios de exportação. Os principais sectores industriais
presentes na área da Matola incluem os sectores alimentares e de construção, com mais de 30
fábricas nesta zona. A Fotografia 6.37 algumas instalações industriais na Província de Maputo.

Fotografia 6.37 – Instalações industriais na Província de Maputo

A Província de Inhambane tem o maior projecto actual de produção de gás do país. Este projecto
é explorado pela multinacional Sul Africana Sasol, que tem a sua Central de Processamento em
Temane, produzindo cerca de 183 milhões de gigajoules de gás (Matsinhe, 2013). A Sasol está
em Temane, Distrito de Inhassoro, desde 2004, de onde um gasoduto estabelece a ligação entre
esse local em Moçambique e Secunda, na vizinha África do Sul, ao longo de uma distância de
865 km (Matsinhe, 2013).

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O sector industrial na Província de Gaza é ainda incipiente, quando comparado com Inhambane e
Maputo. As principais actividades correspondem a pequenas fábricas localizadas nas cidades de
Chokwe e Xai-xai. A Província de Gaza tem um projecto mineiro de larga escala planeado, para
explorar as areias pesadas no Distrito de Chibuto6, o que aumentaria substancialmente a
produção industrial na Província.

Em termos do comércio, as actividades nas Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo estão


fundamentalmente concentradas nos municípios. Nas áreas rurais, a actividade comercial baseia-
se na troca de produtos agrícolas, produzidos maioritariamente ao nível do aglomerado familiar.
Na Província de Inhambane a principal zona comercial é a Cidade de Maxixe, sendo esse papel
da Cidade de Xai-xai, na Província de Gaza, e da Cidade da Matola, na Província de Maputo.

Turismo

As actividades turísticas têm vindo a aumentar em Moçambique nos últimos anos. As praias ao
longo da costa de Inhambane, Gaza e Maputo são muito procuradas por turismo, tanto local como
internacional (Ministério da Administração Estatal, 2005).

Muitas pessoas visitam estas costas por causa das suas praias, e para praticar desportos
aquáticos, como a pesca. A Província de Inhambane é famosa por ter um dos maiores
arquipélagos do país (o Arquipélago do Bazaruto). A Ilha de Inhaca, na Província de Maputo, faz
também parte da rota de vários paquetes. A indústria turística é responsável por empregar muitas
pessoas em hotéis, restaurantes e bares.

6.3.10.2 Faixa de Servidão do Projecto

Quanto às actividades económicas praticas pela população residente dentro da RoW do projecto,
o censo revela que um grande número de chefes de agregado são agricultores (33,3%). Outras
ocupações mencionadas incluem construção, caseiro, guarda, e comércio. Quando o chefe de
agregado foi questionado sobre a sua principal fonte de rendimento, 34% indicou a venda dos
produtos agrícolas da sua machamba, 25% mencionou estar empregue no sector formal e 12%
mencionou venda de bens no sector informal.

Ao analisar o nível de rendimento dos agregados amostrados, encontrou-se que muitos deles têm
um rendimento baixo. A Figura 6.61 abaixo indica o nível de rendimento dos agregados
amostrados dentro da RoW do projecto.

Analisando a figura, é claro que a maioria dos agregados tem um rendimento menor que 5 000,00
Meticais por mês (cerca de 83 USD/mês). Considerando que cada agregado têm uma média de
4,2 membros, significa que a maioria dos agregados tem um rendimento aproximado de
39 Meticais (0,65 USD) por membro do agregado por dia. Tal é abaixo do nível de pobreza de 120
meticais por dia (2 USD/dia) estipulado pelas Nações Unidas. Contudo um rendimento mensal de
5 000,00 Meticais está em linha com os salários mínimos estipulados pelo governo e para o sector
agrícola.

6O termo “areias pesadas” refere-se a concentração de metais pesados em depósitos de areia aluviais (antigos sistemas de praia ou de rio) ou
eólicos. É possível desenvolver uma operação mineira nestas areias, de modo a extrair os metais pesados dos depósitos de areia através de métodos
de processamento adequados.

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Figura 6.61 – Rendimento do agregado dentro do RoW do projecto

A posse de bens duráveis é um indicador de bem-estar e riqueza do agregado nas áreas rurais,
pois o hábito de poupar não é comum. Estes bens são símbolos de estatuto social/riqueza e são
facilmente negociáveis por outros bens, comida ou dinheiro, para resolver problemas durante
tempos de crise. O mesmo se aplica a animais, que também podem ser usado como uma
indicação de riqueza.

Na área do censo, o número de bens com elevado valor económico, tais como automóveis,
motocicletas, televisões e mesmo computadores é muito reduzido. A Tabela 6.42 abaixo indica um
resumo da informação recolhida sobre os bens duráveis dos agregados.
Tabela 6.42 – Bens duráveis dos agregados

% dos agregados que


Bens
possuem o bem
Radio 47,1%
TV 31,3%
Telefone celular 86,1%
Frigorífico 13,5%
Forno 47,1%
Cama 69,4%
Bicicleta 11,6%
Motocicleta 4,5%
Carroça 5,2%
Carro 10,0%
Carinha 1,6%
Computador 5,8%
Outro 34,8%

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Observando a tabela acima, podemos concluir que os bens possuídos pelos agregados são
geralmente de valor comercial médio, tais como telefones celulares, rádios e camas. Devido ao
seu valor e uso, estes bens são facilmente negociáveis localmente, e são trocados e vendidos
entre agregados. Rádio e telefones celulares são outros bens que a maioria dos agregados
possuem, devido ao seu uso alargado, sendo o único meio eficiente de comunicação na área.

Agricultura

Os métodos de cultivo usados pelos agregados são, em geral, rudimentares e manuais. Assim, a
área cultivada está directamente associada com a mão de obra disponível. Durante o trabalho de
campo foi difícil aceder e identificar a terra agrícola, pois a maioria da área estava em pousio, e
era difícil identificar os donos das terras.

A agricultura na área analisada é predominantemente de sequeiro e desenvolvida em planícies


semi-áridas e ocasionalmente no sopé de pequenas encostas. Contudo, também é comum o uso
de planícies aluviais localizadas ao longo de margens intermitentes de riachos.

Durante o trabalho de campo, foram identificadas um total de 88 machambas, das quais quatro
foram consideradas comerciais e são dedicadas à plantação de cana de açúcar. A Figura 6.62
indica a localização das machambas atravessadas pelo traçado do projecto.

As culturas praticadas pela população seguem a mesma tendência que o resto da província. A
Tabela 6.43 apresenta as principais culturas praticadas na RoW do projecto.
Tabela 6.43 – Culturas agrícolas praticadas pelos agregados dentro da RoW do Projecto

% de pessoas que
Culturas agrícolas
cultivam
Milho 81%
Painço 8%
Madeira 4%
Feição Nhemba 73%
Batata Doce 58%
Amendoim 69%
Abóbora 54%
Couve 19%
Pepino 15%
Tomate 19%
Mandioca 88%
Batata 4%
Alface 15%
Cana-de-açúcar 23%

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Figura 6.62 – Machambas localizadas dentro da RoW do Projecto

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A maioria das colheitas são cultivadas apenas para consumo próprio. As pessoas apenas vendem
o excesso, quando existe. Como mencionado previamente, as técnicas agrícolas são rudimentares
e a maioria dos agregados usa enxadas para remover ervas daninhas sem apoio de maquinas ou
tracção animal. A maioria dos agregados (87,1%) não faz uso de quaisquer suplementos
agrícolas, como sementes melhoradas, fertilizantes ou pesticidas, resultando numa menor
produtividade por hectare. A Fotografia 6.38 ilustra um área agrícola de subsistência típica na
RoW do projecto, actualmente em pousio, e a infra-estrutura de apoio usada pelo agricultor
durante a estação da chuva.

Fotografia 6.38 – Área agrícola dentro da RoW do Projecto

Indústria e Comércio

Ao analisar as localidades na RoW do Projecto, a maioria da população afirmou que têm de viajar
para poder comprar e vender bens. Apenas na localidade de Boane-Sede existe um mercado
próximo. A Tabela 6.44 abaixo indica o nome dos mercados usados pela população para comprar
e vender bens.
Tabela 6.44 – Mercados usados pela população residente dentro da RoW

Nome do mercado
Mercado do Zimpeto
Mercado de Chibuto
Mercado de Chalacuane
Mercado de Mazivila
Mercado de Maguiguana
Mercado de Moamba Sede

Mercado de Beluluane
Mercado de Alto Changane

Em relação à indústria, a única identificada foram moinhos nas localidades de Pessene e Boane
Sede. Estes moinhos são usados pela população para produzir farinha, geralmente a partir de
milho. Nenhum moinho foi identificado dentro da RoW do Projecto.

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Pesca

Em relação à pesca, a RoW do Projecto é interior, pelo que apenas 4% dos agregados afectados
referem praticar a pesca. Em geral, a pesca também é uma actividade de subsistência, sendo o
pescado usado para consumo próprio e o excesso geralmente salgado e vendido nos mercados
próximos.

Turismo

Não foram identificadas actividades de turismo dentro da RoW do projecto.

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Estudo de Impacto Ambiental – Relatório Preliminar;


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Volume I – Introdução, Descrição de Projecto e Situação de Referência

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