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Promoção da energia eólica e hídrica em micro e mini escala em Moçambique


(Licenciatura em Ensino de Física com Habilitações em Energias Renováveis)

Universidade Rovuma

Nampula

2023
1i

Assane

Promoção da energia eólica e hídrica em micro e mini escala em Moçambique


(Licenciatura em Ensino de Física com Habilitações em Energias Renováveis)

Trabalho de Carácter Avaliativo


Referente a Cadeira de ____, a Ser
Apresentado no Departamento de Ciências
Naturais, Matemática e Estatística. Orientado
pelo Docente: Mestre Gonçalves Fortes

Universidade Rovuma

Nampula

2023
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Índice
Introdução ........................................................................................................................................ 3

2. Promoção da energia eólica e hídrica em micro e mini escala em Moçambique ........................ 4

2.1. Promoção da energia eólica em micro e mini escala em Moçambique .................................... 4

2.1.1. Recursos Eólicos ................................................................................................................... 5

2.2. Promoção hídrica em micro e mini escala em Moçambique .................................................... 6

2.2.1. Recurso Hídricos ................................................................................................................... 8

3.Conclusão ................................................................................................................................... 11

Bibliografia .................................................................................................................................... 12
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Introdução
O presente trabalho versa sobre Promoção da energia eólica e hídrica em micro e mini escala em
Moçambique, como de conhecimento, nos últimos anos assistiu-se a diversas iniciativas para
promover o abastecimento de energia em áreas isoladas, muitas das quais desenvolvidas e
implementadas pelo FUNAE, que desempenha um papel proeminente no fornecimento de energia
à zona rural. Portanto, o trabalho tem como objectivo conhecer a promoção da energia eólica e
hídrica em a nível micro e mini – escala em Moçambique, tendo como objectivo especifico,
identificar e caracterizar os recursos da energia eólica e hídrica existente em Moçambique.
Quanto a metodologia de pesquisa, este trabalho obedece a seguinte sequência: quanto a
finalidade é uma pesquisa básica, quanto ao objectivo é uma pesquisa descritiva, em termos de
abordagem dialéctico-hipotético e quanto ao procedimento é bibliográfico, ou seja,
resumidamente pode – se afirmar é uma pesquisa básica, descritiva, dialéctico hipotético e
bibliográfico.
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2. Promoção da energia eólica e hídrica em micro e mini escala em Moçambique


O consumo de electricidade em Moçambique e na região da Comunidade de Desenvolvimento da
África Austral (SADC) está a crescer a ritmos acelerados e muito acima das previsões, como
resultado do crescimento económico e social. A capacidade de fornecimento de electricidade nas
horas de ponta está em défice, para Moçambique e para os países da região, assim como a
capacidade de reserva que assegurará os fornecimentos. Esta situação requer a construção de
nova capacidade geradora entre outras iniciativas (foco na eficiência de consumos e na gestão da
procura) e, como resultado, espera-se que o custo médio de fornecimentos eléctricos na região
aumente significativamente. Moçambique tem a vantagem de possuir muitos recursos
energéticos, fósseis e renováveis, e está a apostar na construção de novas centrais hídricas e de
gás natural para responder à procura crescente. Estas, contudo, são de construção relativamente
morosa e nem sempre localizadas perto da rede de transporte, o que aumenta o custo marginal de
geração.
É neste contexto que a geração com outras fontes de energia renováveis, como a eólica, a hídrica,
a biomassa em co-geração, a oceânica e a geotérmica, em regime interligado à Rede Eléctrica
Nacional (REN), se torna mais competitiva e recomendável do ponto de vista de diversificação da
matriz de geração e de segurança energética.

2.1. Promoção da energia eólica em micro e mini escala em Moçambique


A aplicação de bombas eólicas começou durante a década 70 e desde essa altura entre 200 a 300
unidades foram instaladas antes da independência. Entre 1983 e 1990, um programa de
bombagem eólica produziu e instalou mais de 100 aero-bombas na zona de Xai-Xai, mas a
iniciativa foi interrompida devido à guerra.
A energia eólica pode ser aproveitada para fins de geração de energia eléctrica
bem como para o bombeamento de água em locais cujo lençol freático está abaixo de 50m
de profundidade, onde as bombas manuais não obtêm o rendimento adequado para a
captação de água. As bombas eólicas são raramente usadas, apesar das condições
favoráveis do vento (acima 2.5m/s) na maior parte do país, e da tecnologia estar bem
desenvolvida, ser relativamente simples e barata, não requerendo componentes
sofisticados (Ministerio da Energia, 2011, p. 20).

Micro e mini turbinas eólicas para geração eléctrica podem operar em gamas de vento muito
variáveis, entre uma brisa ligeira e um vento até 20m/s, e com gamas de potência até 200 kW. A
presença das baterias e a robustez da sua construção permite a sua utilização em qualquer tipo de
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instalação doméstica, comercial ou pública de baixo consumo, e podem ser usadas em qualquer
distrito do país sem um mapeamento eólico preliminar extenso.
Como forma de alavancar o uso de energia eólica em SIEs1, serão tomadas as seguintes medidas
estratégicas:
a) Lançar um programa de massificação de Sistemas Eólicos para bombeamento de água e
para micro/mini geração de energia eléctrica;
b) Estabelecer programas de estímulo dos consumidores da EDM, mas não limitado a eles,
para complementarem os seus consumos eléctricos com micro/mini geração eólica de
electricidade (nas zonas mistas);
c) Promover o sector privado na produção e comercialização da tecnologia de sistemas
eólicos de bombeamento de água e de mini/micro geração eólica de electricidade;
d) Promover o estabelecimento de serviços de instalação, manuseamento e conservação
destes equipamentos, e introduzir/facilitar programas de formação nestes domínios;
e) Aprovar regulamentos relativos à construção e à comercialização da tecnologia de
bombagem eólica e de mini/micro geração eólica de electricidade;
f) Estabelecer incentivos fiscais e facilitar os processos de licenciamento para favorecer a
participação privada e reduzir os custos destas tecnologias;
g) Estabelecer programas e centros de demonstração e de disseminação das tecnologias
eólicas, de utilização directa e de conversão para electricidade.

2.1.1. Recursos Eólicos


No que diz respeito ao recurso eólico, no âmbito da elaboração do Atlas, foi
realizada uma avaliação em mais de 40 locais num período de sete meses, nos quais foram
construídas e instrumentadas 14 torres meteorológicas e 21 torres de telecomunicações já
existentes. Através desta recolha de dados foi concluído o mapeamento de vento em micro
escala e foram identificados os locais com maior potencial através de simulações, e em
alguns casos, implementação de aerogeradores (FUNAE-ATLAS, 2013, p. 75).

Moçambique apresenta um regime de ventos de intensidade média-baixa com velocidades


predominantemente entre os 4 e os 6 m/s a 80 metros de altitude, com excepção da zona sul do
país e das zonas altas no centro e norte do país onde os ventos atingem valores mais elevados. O

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SIE - Sistemas Isolados de Energia.
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maior potencial eólico verifica-se nas Províncias de Maputo, Tete, litoral de Sofala, Inhambane e
Gaza (FUNAE-ATLAS, 2013, p. 76).
O resultado demonstra que Moçambique apresenta um potencial eólico a nível nacional de 4,5
GW dos quais 1,1 GW têm potencial efectivo de ligação à rede. Destes, cerca de 230 MW são
considerados projectos com elevado potencial, caracterizando-se por apresentar mais de 3.000
NEPs (horas equivalentes à potência nominal). Os restantes 3,4 GW de potenciais projectos
eólicos identificados apresentam como principal constrangimento ao seu desenvolvimento a débil
rede eléctrica de Moçambique (ALER- Associacao Lusofona de Energias Renovaveis, 2017, p.
113).

Figura 1: dentificação dos projectos prioritários eólicos por província, fonte: FUNAE-ATLAS (2013, p. 121).

2.2. Promoção hídrica em micro e mini escala em Moçambique


O país tem recursos hídricos vastos, nos inúmeros rios que atravessam o território nacional,
provenientes de países vizinhos. Tais rios apresentam grande potencial para a geração de
electricidade. Todavia a maior parte deles ainda não têm o seu potencial explorado.
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A geração hidroeléctrica micro/mini tem vantagens de utilizar tecnologias e materiais locais e de,
mais do que nunca, se constituir como veículo de formação tecnológica. Existem igualmente
outros aproveitamentos da energia hídrica, por exemplo moinhos de água, que podem constituir
soluções para as necessidades de comunidades.
Para desenvolver a energia hídrica nas escalas micro/mini, serão tomadas as seguintes medidas
estratégicas:
a) Intensificar as actividades de mapeamento e avaliação do potencial hidroeléctrico, em
todo o território Nacional;
b) Promover o sector privado na produção e comercialização da tecnologia de sistemas
hídricos de moagem e de mini/micro geração hidroeléctrica;
c) Promover o estabelecimento de serviços de instalação, manuseamento e conservação
destes equipamentos, e introduzir/facilitar programas de formação nestes domínios;
d) Criar incentivos fiscais, facilitar os processos de licenciamento e estabelecimento de
esquemas de crédito para investidores com projectos de micro/mini hídricas,
particularmente em locais sem acesso à energia da rede para favorecer a participação
privada e reduzir os custos destas tecnologias;
e) Aprovar regulamentos relativos ao licenciamento, à construção e à exploração das
tecnologias hídrica e hidroeléctrica;
f) Construção de represas ou pequenas barragens, como forma de criar reservas de água na
época de estiagem e de facilitar a instalação de geradores hidroeléctricos ou outras
tecnologias de aproveitamento hídrico;
g) Estabelecer programas ou centros de demonstração e de disseminação das tecnologias
hídricas, de utilização directa e de conversão para electricidade.
A energia hidroeléctrica é a principal fonte de electricidade em Moçambique, gerada no
empreendimento de Cahora Bassa no Rio Zambeze, e nas centrais hidroeléctricas de Chicamba,
Mavuzi e Corumana. Moçambique tem um potencial de geração hidroeléctrica estimado em cerca
de 12 GW, a maior parte dos quais concentradas nas bacias do Zambeze, Pungoé e Buzi, na
região centro do país. Outros potenciais de dimensão média existem noutras regiões do País
(Ministerio da Energia, 2011, p. 23).
A partir de 2020, Moçambique tem um dos maiores potenciais hidroeléctricos em África,
estimado em mais de 12,000 MW, especialmente na província de Tete, no rio Zambeze, onde se
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situa a central de grande escala Cahora Bassa (mais de 80% do potencial). As outras 12 principais
bacias hidrográficas são Maputo, Umbeluzi, Incomati, Limpopo, Save, Búzi, Pungwe, Licungo,
Ligonha, Lúrio, Messalo e Rovuma e têm potencial para todos os tipos de energia hidroelétrica,
desde pico, mini a energia hidroelétrica de larga escala. A exportação de electricidade gerada na
Cahora Bassa é já um negócio regular, o que faz de Moçambique um fornecedor crítico de
electricidade para os países vizinhos e uma área de interesse para o comércio de electricidade
(Energipedia, 2023, p. 22).
Existem actualmente estudos para avaliar os benefícios e a possibilidade de replicação ou
expansão da energia hidroeléctrica de pequena escala existente, tais como a central situada em
Manica.
Planta Capacidade Instalada (MW) Localização Operador
Hidroeléctrica de Cahora
Cahora Bassa 2075 Tete
Bassa
Mavuzi 52 Manica EDM
Chicamba 44 Manica EDM
Corumana 16.6 Maputo EDM
Cuamba 1.09 Niassa EDM
Lichinga 0.73 Niassa EDM
Tabela 1: Capacidade instalada de Energia Hidroeléctrica em Moçambique. Fonte, (Energipedia, 2023, p. 23).

2.2.1. Recurso Hídricos


A precipitação média anual de Moçambique é de 1023 mm/m2, com forte incidência entre
Dezembro e Março, especialmente nas Províncias de Nampula e Niassa no norte e da Zambézia,
Manica e Sofala no centro do país (FUNAE, 2015; FAO, 2015). O país conta com cerca de 104
bacias hidrográficas, das quais 11 têm um elevado potencial hidrográfico, nomeadamente as
bacias hidrográficas de Maputo; Umbeluzi; Incomati; Limpopo; Save; Buzi; Pungué; Zambeze;
Licungo; Motepuez e do Rovuma (FUNAE-ATLAS, 2013).
Estima-se que os rios em Moçambique tenham nos seus leitos cerca de 216 km³ de água, dos
quais 116,8 km³ (cerca de 54%) provém de países vizinhos e 172,8 km³ (cerca de 80%) é escoado
no Oceano Índico, no Banco de Sofala, maioritariamente através do rio Zambeze (FUNAE-
ATLAS, 2013).
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Com base nestes dados o Atlas identificou um total de 1.446 novos possíveis projectos
hidroeléctricos, com um potencial estimado de 19 GW, dos quais se seleccionaram, após estudo,
351 projectos prioritários cujo potencial estimado é de 5,6 GW.
Estes projectos prioritários, para além de possuírem um elevado potencial económico, não estão
localizados em áreas susceptíveis de originar sobreposição com outros projectos ou áreas de
interesses económicos e sociais do país (FUNAE-ATLAS, 2013).
Tete é a província com maior número de projectos prioritários identificados devido ao potencial
de produção do rio Zambeze, como pode ser visualizado na Figura 39.

Figura2: Identificação dos projectos hidroeléctricos prioritários por província. Fonte: FUNAE-ATLAS (2013, p.
113).
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3.Conclusão
No presente trabalho conclui-se que, para a promoção de energia eólica e hídrica em
Moçambique o Ministério de Energia criou uma equipa governamental inter-sectorial para
desenvolver a regulamentação e negociar as garantias de Estado apropriadas, com vista a facilitar
e activamente promover a participação de capitais privados nacionais e internacionais no
desenvolvimento do parque de geração de electricidade em-rede de Moçambique.
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Bibliografia
Energipedia. (03 de Fevereiro de 2023). Obtido em 22 de Abril de 2023, de Potencial em
Energias Renováveis: https://energypedia.info/wiki/Potencial_em_Energias_Reno A1veis

ALER- Associacao Lusofona de Energias Renovaveis. (2017). Energias Renováveis Em


Moçambique. Portugal: 2a Edicao.

Menezes, M. (2015). FUNAE: Atlas de Energias Renováveis de Moçambique. Estoril.

Ministerio da Energia. (2011). Estratégia De Desenvolvimento De Energias Novas E Renovaveis


(Edenr) Para O Período De 2011 - 2025. Mocambique.

SADC. (2018). Relatório Da Situação Das Energias Renováveis E Eficiência Energética Na


SADC.

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