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Análise do Sector electrico Angolano e estratégias para o futuro

Presentation · November 2020

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Adilson Andrade
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Departamento de Física
Mestrado em Engenharia da Energia Solar

A ELETRICIDADE COMO VETOR ENERGETICO


TEMA: Análise do Sector Elétrico Angolano e Estratégias para o Futuro

Elaborado por: Adilson Andrade nº 47445

Docente: Rui Melicio

2020/2021
1. VISÃO GERAL DO SECTOR ELÉCTRICO ANGOLANO

O sector de energia em Angola é caracterizado por um baixo consumo per capita (cerca de 375 kWh por
habitante), resultantes de uma baixa taxa de electrificação de cerca de 30% da população.

O crescimento económico nos últimos anos, associado a um esforço elevado de electrificação e de


investimentos importantes no que diz respeito ao reforço da produção de energia e das centrais
existentes, traduziu-se num forte aumento da oferta e da procura. Desta forma, o governo estabeleceu
uma meta de aumentar a eletrificação dos actuais cerca de 30% para os 60% da população até 2025.
1.1. Principais intervenientes do sector Elétrico

Entidade Descrição e Responsabilidade

Ministério da Energia e Águas - MINEA • Supervisão global do sector


• Prepara e implementa políticas e estratégias energéticas
• Supervisiona, regulamenta as atividades e a qualidade de
Instituto Regulador dos Serviços de Eletricidade e de Águas -
serviço das entidades envolvidas na produção, transporte,
IRSEA
distribuição e comercialização de energia elétrica
• Responsável pela produção de eletricidade, todos os ativos de
Empresa Publica de Produção de eletricidade - PRODEL
produção pública ≥ 5MW
• Responsável pela transmissão de eletricidade, gestão das
Rede Nacional de Transportes de Eletricidade - RNT linhas de alta tensão e das interligações, monitoriza e gere os
processos contratuais de compra e venda de energia elétrica.
Empresa Nacional de distribuição de Eletricidade - ENDE • Responsável pela distribuição e comercialização de
eletricidade, extensão da rede, pera e gere a rede de
distribuição e todas as linhas de 60KV e abaixo
• Empresa de serviços públicos responsável pela
implementação e gestão dos projetos hidroelétricos no rio
Gabinete de Aproveitamento do Medio Kwanza - GAMEK
Kwanza, agora os principais projetos hidrelétricos do país.
1.2. Cadeia da Energia Elétrica

Como na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma, a produção (ou geração) de EE
consiste em transformar outras formas de energia em energia elétrica, nomeadamente: Hídrica,
Térmica, Eólica, Solar, Química etc. Sendo, em grande parte, transformadas primeiramente em
energia mecânica e só depois em EE.
A produção de EE, faz-se normalmente longe das zonas urbanas, e portanto é necessário transporta-la
do ponto onde é produzida. Depois de se dispor da EE em determinados pontos estratégicos (centros de
consumo), é necessário distribuir essa energia aos consumidores. Para que eles a possam utilizar de
uma forma fiável e segura
Os sistemas elétricos de potência podem ser subdivididos em três grandes blocos:

Figura 1. Cadeia da Energia Elétrica


1.2.1 Produção

A produção industrial de EE é conseguida a partir de outras formas de energia. Existem diversos meios de
produção de EE que correspondem ao aproveitamento de diferentes formas de energia disponíveis, os
quais dão lugar a diferentes tipos de centrais. Entre estas, Centrais Eólicas, Hidroeléctricas e
Termoeléctricas

Qualquer uma destas centrais “produz” EE a partir do movimento de rotação de um


alternador (gerador de tensão), que transforma este movimento em EE

A PRODEL, Empresa Pública de Produção de Electricidade, é responsável pela produção de energia


elétrica no âmbito do Sistema Eléctrico Público (SEP).
▪ Produção Hídrica

O setor elétrico angolano está constituído por quatro (4) sistemas principais independentes, alicerçados
em aproveitamentos hidrelétricos que são: Sistema Norte, Sistema Central, Sistema Sul e Leste.

Tabela 1 - Características das Centrais Hidroelétricas das Região Mapa da Região Norte
Norte

2004 MW

Fonte: www.prodel.co.ao
Tabela 2 - Características das Centrais Hidroelétricas das Tabela 3 - Características das Centrais Hidroelétricas das
Região Centro Região Sul

Mapa da Região Centro Mapa da Região Sul

Fonte: www.prodel.co.ao
Tabela 4 - Características das Centrais Hidroelétricas das Tabela 5 – Principais Centrais Elétricas de Angola
Região Centro

Tecnologia Nome da Capacidade


Estação Elétrica
(MW)

Hidro Laúca 2.070

Mapa da Região Centro


Hidro Capanda 520

Hidro Cambambe 960

Diesel Luanda 148

Diesel Soyo 750

Fonte: www.prodel.co.ao
Mapa Região Norte CT Mapa Região Cabinda CT
▪ Produção Térmica e de Motores

A PRODEL tem enquadrado no seu


parque de produção 7 centrais a
turbinas, e 35 centrais caracterizadas
por empregar motores como máquinas
primárias de acionamento dos rotores
dos alternadores. Essas centrais,
encontram-se instaladas
essencialmente, em locais com grande
concentração de carga para a supressão
da necessidade de energia elétrica da
região, operando em ilha ou interligada
no sistema. Mapa Região Centro CD Mapa Região Leste CD

Entretanto, o combustível atualmente


utilizado no PRODEL, para produção de
energia elétrica é o gasóleo, jet B e o
gás natural.

As Centrais, estão agrupadas em


regiões (Térmicas 3 e a Motores 4).

Fonte: www.prodel.co.ao
Mapa Região Norte CD Mapa Região Cabinda CD Mapa Região Sul

Mapa Região Norte

Mapa Região Sul CD

Fonte: www.prodel.co.ao
▪ Interligação de Centrais Produtoras

O objetivo da interligação é a tentativa de minimizar o problema do consumo variável de EE (um


grave problema para os produtores). O processo consiste em fazer trabalhar os geradores em
paralelo e, por intermédio dos respectivos sistemas de comando, distribuir a carga (consumo) por
elas nas proporções mais convenientes.
A interligação é feita de um modo hierárquico, isto é, interligam-se centrais isoladas para formar
sistemas regionais, depois interligam-se os sistemas regionais para formar os sistemas nacionais, etc.

Figura 2. Interligação de diferentes centrais de Produção de EE


1.2.2 Transporte

Quanto maior for a intensidade da corrente eléctrica (I), maior o efeito de aquecimento dos condutores.
A queda de tensão (U) ao longo do transporte de EE também é tanto maior quanto maior a intensidade
da corrente eléctrica. Estes fenómenos traduzem-se numa perdas energéticas indesejáveis. Para reduzir
estes efeito, devem:

1 - Utilizar-se condutores de maior secção (mais espessos).


2 - Sabendo que a EE é diretamente proporcional à tensão (U) e à corrente (I) na linha, reduzimos a
corrente elétrica I, e elevamos a tensão U. Desta forma, transporta-se a mesma energia com menos
perdas.

Sempre que se pretende elevar (subestações elevadoras), ou baixar (subestações abaixadoras, postos
de transformação) o valor da tensão elétrica, recorre-se ao uso de transformadores. Estes,
conservando a energia da entrada para a saída (a menos das perdas), reduzem ou aumentam o valor da
tensão.

Figura 3. Transformador
A RNT, realiza o transporte de energia elétrica
através da gestão do Sistema Eléctrico Nacional, da
operação e exploração da Rede Nacional de
Transporte, que compreende a rede de muito alta
tensão (MAT), a rede de interligação, as instalações
do despacho e os bens e direitos conexos.

A transmissão de EE em Angola é composta por


quatro sistemas de rede (norte e centro interligados
e sul e leste isolados). A rede do Norte tem linhas de
400 kV, 220 kV e 110 KV, as linhas do Centro de 400
kV, 200 kV e 150 kV, as linhas do Sul de 150 kV e as
linhas do leste de 110 kV.

O governo Angolano pretende ligar as redes e


aumentar o comprimento das linhas de transmissão
de 3.354 km para 16.350 km até 2025.

Figura 4. Linhas de Transmissão

Fonte: www.prodel.co.ao
Tabela 6 – Algumas Linhas de Transmissão

Fonte: www.rnt.co.ao
220 KV

220 KV
1.2.3 Distribuição

Depois de feito o transporte da EE em alta tensão (AT), até às subestações existentes nos centros de
consumo, destas é feita distribuição, em várias linhas, cada uma delas destinada a alimentar a sua zona.

Das linhas de distribuição de AT são tiradas derivações para postos de transformação (PT) que
transformam a EE para baixa tensão (BT), de forma a ser entregue ao utilizador.

Figura 5. Torres de transmissão e sistema de fornecimento de EE


ENDE, Realiza a distribuição e comercialização de eletricidade a nível nacional, no âmbito do Sistema
Elétrico Público (SEP), mediante a exploração e utilização das infraestruturas das redes de distribuição
(AT, MT e BT) em Alta, Média e Baixa Tensão, em regime de serviços públicos.

A ENDE possui actualmente um total de Um Milhão, 275 mil e 468 clientes, subdivididos entre industriais,
comércio e serviços e clientes domésticos contratados a nível do País. As previsões de crescimento da
cliente apontam conforme o quadro abaixo:

Figura 6. Crescimento de clientes


Tarifas de Eletricidade Tabela 6 - Tarifas de Eletricidade em cada categoria

Angola tem tido historicamente tarifas de Categoria Tarifa Anterior 2019, Novas
kwanzas / kWh Tarifas
eletricidade baixas que prejudicam seriamente a
kwanzas/ kWh
situação financeira do sector energético angolano e
a capacidade de aumentar o acesso à eletricidade.
A tarifa média para as empresas é de Kz 6.05/kWh Categoria 7.04 14.74
doméstica especial
(US$0.02/kWh), para além de que o consumo de
(trifásica)
electricidade não é medido em alguns casos

Por outro lado o sistema de facturação da ENDE Categoria geral 6.53 10.89
doméstica
permanece abaixo dos padrões, o que limita ainda
mais a capacidade da ENDE para expandir a sua Consumo de 3 6.41
<200kW
rede e de ligar a novos clientes
Categoria social 2.46 2.46
(clientes com
consumo reduzido)

Industria 7.05 12.83 7.05 12.83

Comércio e 14 14.74
Serviços

Fonte: www.ende.co.ao
1.2.4 Estrutura do setor Elétrico (Atual e futura)
2. Desafios e Estratégias do setor Elétrico

Projeção da procura até 2025 prevê-se um forte crescimento da procura que deverá atingir os 7,2 GW,
ou seja, mais de quatro vezes a procura actual, estimando-se um crescimento médio anual de 15% até
2017 e de 12,5% entre 2017 e 2025.

Ao nível da procura, foi considerada a possibilidade de serem implementadas indústrias intensivas, não
previstas até ao momento, com uma potência de até 800 MW, bem como a possibilidade de exportação
de energia para o mercado da SADC de até 800 MW.

Consumo referido à produção deverá atingir os 39,1 TWh, em 2025 com um forte peso do segmento
doméstico (37%) e um importante contributo dos serviços (28%) e da indústria (25%). Angola registará
assim um forte aumento do consumo, passando de um consumo médio de electricidade de 375 kWh por
habitante em 2013 para 1.230 kWh em 2025.
Tabela 6 - Capacidade Instalada, atual e projetada, por
Tecnologia
O governo atual fez da diversificação do mix
Tecnologia Capacidade Capacidade Plano de Nova Estratégia
energético uma alta prioridade. O objetivo da Angola Instalada/20 Estimada/201 acção Meta para as
Energia 2025 é atingir uma capacidade total 17 8 2018-2022 Renováveis 2025

instalada de 9,9GW até 2025, dos quais 800MW


seriam provenientes de novas tecnologias de Hidroelétrica 2,4 GW 3,7 GW - 5,7 – 7,2 GW
energias renováveis.
Gás 0,5 GW 0,8 GW - 1,6 – 2,3 GW
A Nova Estratégia de Energias Renováveis divide
estes 800MW em 100MW de energia solar, 100MW
de pequenas centrais hidroeléctricas, 100 MW de Outras 1,8 GW 1,9 GW - 0,7 – 1 GW
Térmicas
energia eólica e 500MW de biomassa (MINEA, 2018).
Solar Negligenciável Negligenciável 0,5 GW 0,1 GW

Eólico Negligenciável Negligenciável 0,5 GW 0,1 GW

Small-Hydro Negligenciável Negligenciável 0,5 GW 0,1 GW

Biomassa Negligenciável Negligenciável 0,5 GW 0,5 GW

Fonte: www.minea.co.ao
Figura 5. Evolução da ponta máxima anual do sistema até 2025 Figura 6. Evolução do consumo por tipo de cliente até 2025
2.1. Distribuição da carga por sistema

De acordo com os critérios adotados para eletrificação no modelo “Economicista ou de Equilíbrio” obtém-
se uma repartição de cargas entre os sistemas que permite um maior equilíbrio regional e territorial do
país. O Sistema Norte crescerá de 1 GW para 4,3 GW, mas verá o seu peso reduzir de 80% para 60%. O
Sistema Centro vem a seguir com 19%, o Sistema Sul com 11%, o Sistema Leste com 7% e Cabinda
com 3%.

Figura 9. Taxa de electrificação por província em 2025 no modelo de expansão Figura 10. Distribuição da carga por sistema até 2025
“Economicista ou de Equilíbrio”
2.2. Potencial de Energia Fotovoltaico

Figura 11. Mapa Solar de Angola

Fonte: https://globalsolaratlas.info/map?r=AGO&c=-11.307708,17.885742,5
2.3. Panorama dos projetos de Energia Renovaveis
2.4. Estatísticas segundo a IEA

Figura 12. Geração de eletricidade por fonte, Angola 1990-2018

Fonte: www.iea.org
2.2. Visão até 2025

O MINEA, no âmbito da Estratégia Angola Energia 2025, prevê para o sector eléctrico em Angola:

❖ 60% da população, com acesso à energia eléctrica a partir da rede (aproximadamente 18.6 milhões),
nomeadamente as populações nas Capitais de Província e 120 Centros Municipais, com as restantes
regiões gradativamente alimentadas por sistemas isolados, até conexão final com a Rede, após 2025.

❖ A demanda máxima está prevista para 7.2 GW aproximadamente (5 vezes o valor actual).

❖ Expansão dos sistemas de tensão 400 kV, 220 kV e 60 kV Para acomodar o aumento do requisito de
fluxo de energia das novas centrais até a rede nacional de transporte.

❖ Conexões internacionais com o Congo e a Namíbia e possivelmente Zâmbia Para permitir a Angola, a
compra em demanda de ponta e/ou venda o excedente de energia em período de baixa demanda.

❖ Aproximadamente 15.000 km de linhas de transporte e 200 subestações previstas. No sector de


produção serão adicionadas centrais de energia, para aumentar a capacidade total, para 9.9 GW.

❖ Estas centrais incluirão um sistema hidro/gás devidamente equilibrado, a fim de permitir a reserva
circulante e produção adequada, mesmo durante os períodos de seca: Hidro 66%, Gás 19% Outros
(diesel, etc.) 14%. Para áreas remotas e/ou fora da rede, sistemas de energia renovável autónomos,
incluindo mini-hídricas, hidro-térmicas, eólicas e centrais de biomassa estão a ser analisados.
No Sector de Distribuição será realizado o seguinte:

❖ Expansão de todos os sistemas de 30 kV, 15 kV e BT, a fim de acomodar o sistema de transporte


expandido.

❖ Expansão dos utilizadores com contadores eléctricos (KWH) para 3.7 milhões.

❖ Para áreas remotas, sem possibilidade atual de interligação com a rede de transporte nacional, serão
fornecidos sistemas de baixa ou média tensão, a fim de acomodar os sistemas de energia renovável em
sistemas isolados
OBRIGADO

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