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UNIVERSIDADE DO ALGARVE

Faculdade de Ciências do Mar e do Ambiente

Licenciatura em Engenharia do Ambiente

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Avaliação do Impacte Ambiental

RELATÓRIO SÍNTESE
Trabalho elaborado por:
Ana Cristina n.º 22519
Marta Calixto n.º 21543
Paula Guerreiro n.º 23558
Sílvia Brito n.º 23232
Sónia Santos n.º 21230
Faro, 23 de Abril de 2007
Relatório Síntese da Central Solar Térmica de Tavira

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................1
1.1 Identificação do Projecto, da Fase em que se Encontra e do Proponente...........1
1.2 Identificação da Identidade Licenciadora.......................................................2
1.3 Identificação dos Responsáveis pela Elaboração do EIA e Indicação do Período
da sua Elaboração............................................................................................................2
1.4 Antecedentes do EIA............................................................................................2
1.5 Metodologia e Descrição Geral da Estrutura do EIA...........................................3
2. OBJECTIVOS E JUSTIFICAÇÃO DO PROJECTO .........................................4
2.1 Descrição dos Objectivos e da Necessidade do Projecto.....................................4
2.1.1. Justificação do projecto em termos de planeamento e estratégica
energética……………………………………………………………………………….4
2.1.2. Justificação das soluções tecnológicas.......................................................6
2.2. Antecedentes do Projecto..........................................................................6
3. DESCRIÇÃO DO PROJECTO E DAS ALTERNATIVAS CONSIDERADAS......7
3.1. Descrição Sumária do Projecto e das Várias Alternativas Consideradas............7
3.1.1. Principais características físicas do projecto..............................................9
3.1.1.1. Características gerais...........................................................................9
3.1.1.2. Opções projectuais adoptadas..............................................................9
3.2. Projectos Complementares ou Subsidiários........................................................14
3.3. Programação Temporal Estimada das Fases de Construção, Exploração e
Desactivação....................................................................................................................14
3.4. Localização do Projecto......................................................................................14
3.4.1. Áreas sensíveis...........................................................................................15
3.4.2. Planos do ordenamento do território em vigor na área do projecto,
classes de espaço envolvidas...........................................................................................17
3.4.3. Condicionantes, servidões e restrições de actividade pública....................17
3.4.4. Equipamentos e infra-estruturas relevantes potencialmente afectados
pelo projecto.....................................................................................................................18
3.5. Actividades de Construção, Exploração e Desactivação/Recuperação...............18
3.5.1. Fase de construção......................................................................................18
3.5.2. Fase de exploração......................................................................................18
3.5.3. Fase de desactivação ou recuperação.........................................................19
3.6. Recursos Materiais a Utilizar..............................................................................19
3.6.1. Fase de construção......................................................................................19
3.6.2. Fase de exploração......................................................................................19
3.7. Principais Tipos de Efluentes e Emissões Gasosas Previsíveis..........................20
3.7.1. Efluentes líquidos.......................................................................................20
3.7.2. Emissões gasosas........................................................................................20
3.7.3. Ruído..........................................................................................................20
3.8. Populações e Grupos Sociais Potencialmente Afectados ou Interessados..........20
4. CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE AFECTADO PELO PROJECTO..............21
4.1. Geologia e Geomorfologia........................................................................21

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Relatório Síntese da Central Solar Térmica de Tavira

4.1.1. Metodologia................................................................................................22
4.1.2. Enquadramento geológico e geomorfológico.............................................22
4.1.3. Caracterização da situação de referência....................................................23
4.1.4. Tectónica e sismicidade..............................................................................23
4.1.5. Evolução previsível da situação de referência na ausência de
projecto............................................................................................................................25
4.2. Solos....................................................................................................................26
4.2.1. Metodologia......................................................................................26
4.2.2. Caracterização da situação de referência..........................................26
4.2.3. Uso do solo.......................................................................................29
4.2.4. Ocupação do solo..............................................................................31
4.2.5. Evolução previsível da situação de referência na ausência de
projecto..................................................................................................................31
4.3. Ordenamento do Território e Condicionantes...........................................32
4.3.1. Metodologia......................................................................................32
4.3.2. Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve
(PROTAL).............................................................................................................32
4.3.3. Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve.....................34
4.3.4. Plano de Desenvolvimento Estratégico do Concelho de Tavira.......35
4.3.5. Plano Director Municipal de Tavira.................................................36
4.3.6. Condicionantes..................................................................................37
4.3.6.1. Reserva Agrícola Nacional (RAN)............................................37
4.3.6.2. Reserva Ecológica Nacional (REN)..........................................38
4.3.6.3. Aproveitamento Hidroagrícola do Sotavento Algarvio.............38
5. IMPACTES AMBIENTAIS E MEDIDAS DE MITIGAÇÃO...................................39
5.1. Identificação e Avaliação dos Impactes Ambientais, Tendo em
Conta as Fases do Projecto....................................................................................41
5.1.1. Geologia e Geomorfologia................................................................41
5.1.2. Solos..................................................................................................43
5.1.3. Ordenamento do Território...............................................................46
5.2. Avaliação Final dos Impactes Ambientais..........................................................47
5.3. Medidas de Mitigação...............................................................................50
5.3.1. Geologia e Geomorfologia.........................................................................50
5.3.2. Solos...........................................................................................................51
5.3.3. Ordenamento do Território.........................................................................52
5.4. Impactes Cumulativos.........................................................................................53
5.4.1. Análise de Impactes Cumulativos..............................................................53
5.5. Análise das alternativas.......................................................................................60
6. MONITORIZAÇÃO E MEDIDAS DE GESTÃO AMBIENTAL DOS
IMPACTES RESULTANTES DO PROJECTO.............................................................60
6.1. Programa de Monitorização para os Solos................................................63
6.1.1. Objectivos e locais de monitorização.........................................................63
6.1.2. Frequência de amostragem.........................................................................63
6.1.3. Parâmetros ambientais a monitorizar.........................................................64
6.1.4. Medidas de gestão ambiental......................................................................64

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Relatório Síntese da Central Solar Térmica de Tavira

6.1.5. Periodicidade dos relatórios de monitorização...........................................64


7. LACUNAS TÉCNICAS OU DE CONHECIMENTO................................................65
7.1. Geologia e Geomorfologia..................................................................................65
7.2. Solos....................................................................................................................65
7.3. Ordenamento do Território..................................................................................66
8. CONCLUSÕES...........................................................................................................67
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................71
10. BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................72

ANEXO I – RADIAÇÃO SOLAR


ANEXO II – CARTA DE SOLOS
ANEXO III – RESERVA ECOLÓGICA NACIONAL
ANEXO IV- PLANTA ACTUALIZADA DE CONDICIONANTES
ANEXO V – PLANTA DE ORDENAMENTO
ANEXO VI- ALCALINIDADE DO SOLO
ANEXO VII- CLASSES DE CAPACIDADE DE USO DO SOLO
ANEXO VIII- FOTOGRAFIAS DA ÁREA DE IMPLEMENTAÇÃO
DO PROJECTO
ANEXO IX – MATRIZ DE AVALIAÇÃO DE IMPACTES
AMBIENTAIS GLOBAIS BASEADA NA MATRIZ DE LEOPOLD

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Relatório Síntese da Central Solar Térmica de Tavira

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro I - Insolação e irradiação solar em diversos locais da Europa...................................5

Quadro II - Caracterização geral do solo calcário vermelho normal de calcários (Vc).........27

Quadro III - Características principais das classes de capacidade de uso do solo


existentes na área de estudo .....................................................................................................30

Quadro IV - Classificações dos impactes dos três descritores analisados.............................47

Quadro V - Matriz de avaliação de impactes globais baseada na matriz de Leopold ...........49


Quadro VI - Análise de Impactes Cumulativos......................................................................59

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Relatório Síntese da Central Solar Térmica de Tavira

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1- Atlas do Algarve da Carta de Ordenamento Biofísico.............................................7


Figura 2 – Localização da área de implementação do projecto na REN.................................8
Figura 3 - Enquadramento do projecto às escalas nacional, regional e local..................................15
Figura 4 – Áreas Protegidas.....................................................................................................16
Figura 5 – Rede Natura 2000...................................................................................................17
Figura 6 – Carta de intensidade máximas históricas................................................................24
Figura 7 – Intensidade Sísmica no Algarve.............................................................................25
Figura 8 – Carta de Solos da Região do Algarve.....................................................................26
Figura 9 – Acidez e Alcalinidade dos Solos do Algarve.........................................................29
Figura 10 – Zonas Classificadas pelo PROT Algarve, 1991...................................................33
Figura 11 – Mapas da Localização das Sub-bacias hidrográficas do Algarve, à escala
regional.....................................................................................................................................34

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Acrónimos

AHSA – Aproveitamento Hidroagrícola do Sotavento Algarvio


AREAL – Associação de Recursos Energéticos do Algarve
CCDR Algarve – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve
CLFR – Compact linear Fresnel Reflector
CNIG – Centro Nacional de Informação Geográfica
EDP – Energia de Portugal
EIA – Estudo de Impacte Ambiental
DL – Decreto-Lei
ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuais
GEE – Gases com Efeito de Estufa
ICN – Instituto da Conservação da Natureza
IHERA – Instituto de Hidráulica, Engenharia Rural e Ambiente
INETI – Ministério da Economia
MECI – Montagens Eléctricas Civis e Industriais S.A
PBHRA – Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve
PDA – Proposta de Definição de Âmbito
PDM – Plano Director Municipal
PIP – Projecto de Interesse Público
PMOT – Planos Municipais de Ordenamento de território
PP – Plano de Pormenor
PROALGARVE – Programa Operacional do Algarve
PROTAL – Plano Regional de Ordenamento do Algarve
PU – Plano de Urbanização
RAN – Reserva Agrícola Nacional
REN – Reserva Ecológica Nacional
RS – Relatório Síntese
RSAEEP – Regulamento de Segurança e Acções Sísmicas para Estruturas de Edifícios e
Pontes
SHP – Solar Heat and Power

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SIG’s – Sistemas de Informação Geográfica


T-STEP – Solar Thermal Electricity Portugal

Abril de 2007 vii


1. INTRODUÇÃO

O presente relatório síntese (RS) do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) decorre da


Proposta de Definição de Âmbito (PDA), inerente à Central Solar Térmica de Tavira.
Este RS é realizado nos termos do Decreto-Lei n.º 197/2005 de 8 de Novembro Artigo
11º (que veio alterar o Decreto-Lei nº 69/2000 de 3 de Maio) seguindo as normas técnicas
de estruturação do anexo II da portaria nº 330/2001 de 2 de Abril. De referir que o DL n.º
197/2005 não contempla a realização de EIA, para este projecto, visto que o projecto
desta infra-estrutura não se encontra incluído no anexo I da referida legislação, pois trata-
se de uma Central em que a potência máxima não é superior a 6,5 MW.
O objectivo de um EIA consiste em determinar os potenciais efeitos ambientais, sociais e
sobre a saúde de um dado projecto e pode ser definido como a actividade de identificar e
prever impactes sobre o ambiente bio-geofísico, a saúde humana e a adequação de
propostas legislativas, políticas, programas, projectos e processos operacionais e de
interpretar e comunicar a informação colhida a esse respeito. Desta forma um EIA tenta
identificar, prever e descrever os efeitos benéficos e adversos de forma a permitir que as
decisões sejam tomadas de forma lógica e racional, podendo fazer-se tentativas no
sentido de reduzir ou atenuar os possíveis impactes adversos através da identificação de
medidas de mitigação e monitorização dos mesmos.
A fim de ser útil, a avaliação deve ser comunicada de uma forma facilmente
compreensível pela comunidade e pelos decisores, devendo as referidas vantagens e
inconvenientes ser identificados com base em critérios relevantes inerentes às
metodologias de avaliação de impactes ambientais.

1.1. Identificação do projecto, da fase em que se encontra e do proponente

O projecto em questão é designado por Central Solar Térmica no concelho de Tavira e


encontra-se em fase de estudo. O projecto da Central Solar Térmica de Tavira tem como
proponente a empresa Solar Thermal Electricity Portugal – T-STEP, constituído pela
empresa australiana SHP (Solar Heat and Power, Pty) e pelas empresas portuguesas
ENERPURA S.A. e MECI (Montagens Eléctricas Civis e Industriais S.A.). Participa
ainda a EDP, a empresa algarvia ROLEAR, Lda. e a Universidade do Algarve. O projecto
conta ainda com colaboradores do INETI (Ministério da Economia) e a Câmara
Municipal de Tavira [1].

1.2. Identificação da Identidade Licenciadora

A entidade licenciadora do presente projecto é composta por diferentes vertentes,


nomeadamente energética junto do Ministério da Economia e Direcção-Geral de
Geologia e Energia, ambiental junto do Ministério do Ambiente e Ordenamento do
Território e de construção junto do Município [1].

1.3. Identificação dos responsáveis pela elaboração do EIA e indicação do


período da sua elaboração

Os responsáveis pela elaboração do EIA do projecto da Central Solar Térmica são:


Ana Pereira – Finalista do Curso de Engenharia do Ambiente
Marta Calixto - Finalista do Curso de Engenharia do Ambiente
Paula Guerreiro - Finalista do Curso de Engenharia do Ambiente
Sílvia Brito - Finalista do Curso de Engenharia do Ambiente
Sónia Santos - Finalista do Curso de Engenharia do Ambiente
O período de elaboração do EIA será de, aproximadamente, 3 semanas, com prazo limite
de entrega no dia 23 de Abril de 2007.

1.4. Antecedentes do EIA

Anteriormente foi realizada uma Proposta de Definição do Âmbito (PDA), que teve
como principais objectivos identificar e seleccionar as questões e áreas temáticas que se
antecipem de maior relevância em função dos impactes positivos e negativos que possam
causar no ambiente e que devem ser tratadas e analisadas no presente EIA. Estas questões
deverão ser o objecto de estudo do EIA.
A deliberação da comissão de avaliação do PDA foi constituída pelo professor João Mil
Homens.
1.5. Metodologia e descrição geral da estrutura do EIA

A elaboração do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) será realizada de acordo com o


Decreto-Lei nº 197/2005 de 8 de Novembro (veio alterar o Decreto-Lei nº 69/2000 de 3
de Maio) e com a proposta apresentada pela Portaria n.º 330/2001 de 2 de Abril.
De acordo com as normas técnicas para a estrutura do estudo de impacte ambiental,
enunciadas pela Portaria n.º 330/2001 de 2 de Abril, o EIA será composto por:

1. Relatório síntese (RS) - a estrutura estará de acordo e contemplará os itens


apresentados no ponto 3 do Anexo II da Portaria n.º 330/2001 de 2 de Abril, assim a
estrutura proposta será a seguinte:
I – Introdução;
II – Objectivos e justificação do projecto;
III – Descrição do projecto e das alternativas consideradas;
IV – Caracterização do ambiente afectado pelo projecto;
V – Impactes ambientais e medidas de mitigação;
VI – Monitorização e medidas de gestão ambiental de impactes resultantes do
projecto;
VII – Lacunas técnicas ou de conhecimentos – resumo das lacunas técnicas ou de
conhecimento verificadas na elaboração do EIA;
VIII – Conclusões;
IX – Bibliografia.
2. Anexos – será constituído por documentos e cartografia.
Segundo o anexo II da referida portaria, outras partes integrantes do EIA, seriam a
elaboração de um resumo não técnico e de relatório(s) técnico(s), que não serão
realizados no âmbito deste estudo.
2. OBJECTIVOS E JUSTIFICAÇÃO DO PROJECTO

2.1. Descrição dos objectivos e da necessidade do projecto

O presente projecto tem como objectivo a construção de uma Central Solar Térmica em
Tavira, que se destina à produção média de 10,4 GWh/ano de electricidade, através da
produção de vapor de água turbinado, que poderá vir a proporcionar uma redução de
custos capaz de tornar a electricidade produzida por via solar térmica competitiva mesmo
com outras fontes de energia renováveis [1]. Dado a localização prevista da Central
encontrar-se numa zona interior e rural da região algarvia, afastada dos grandes núcleos
urbanos e pouco vocacionada para o turismo de massas, perspectiva-se que a criação
desta unidade seja importante na dinamização da socio-economia local e na fomentação
de postos de trabalho na região.

2.1.1. Justificação do Projecto em Termos de Planeamento e Estratégica Energética

No caso de Portugal, a dependência energética, o uso intensivo das reservas dos


combustíveis fósseis (carvão, gás natural e petróleo) e o crescente aumento das emissões
de gases de efeito estufa, são algumas das preocupações que prevalecem nas reflexões
actuais sobre a forma como vivemos, como gastamos e como utilizamos os nossos
recursos energéticos (GEE) [2].
Neste contexto surgem diferentes incentivos à produção de energias renováveis, como
importantes instrumentos de diversificação e durabilidade das fontes energéticas e são um
factor indispensável ao cumprimento do compromisso da redução das emissões de gases
com efeito de estufa, no âmbito do Protocolo de Quioto. As medidas a adoptar, hoje
objecto de discussão pública, podem ser muitas e variadas. No entanto, importa
evidenciar que o seu principal objectivo se orienta para o respeito pelas regras da
Comissão Europeia de redução de emissão de gases de efeito estufa de 8 por cento, face
aos valores de 1990, para o período de 2008-2012 e o consumo de energia renovável, em
22 por cento do total de energia consumida, até 2012 [2].
Sendo o recurso Sol, uma fonte de energia renovável disponível em abundância no
concelho de Tavira, estimula o potencial de utilização através da dinamização de
projectos inovadores que podem contribuir de forma decisiva para a diminuição das
emissões de dióxido de carbono [2].
No caso de um Sistema Solar Térmico, 4 m 2 (3,4 mil kWh) de colector solar instalado
permite economizar cerca de 300 m 2 de gás natural/ano e evitar a emissão de GEE de 2
mil kg de CO2/ano [2].
Estima-se que a aplicação de um sistema solar térmico nos próximos oito anos possa
contribuir para reduzir as emissões dos GEE em 1,8 por cento, até 2010 [2].
A nível europeu, Portugal é dos países mais beneficiados pelo Sol, quer em termos de
horas de sol descoberto, quer em termos de irradiação solar (energia/por unidade de área
– MJ/m2). A título de exemplo, apresentam-se na tabela seguinte alguns valores para
diversas cidades europeias:

Quadro I – Insolação e irradiação solar em diversos locais da Europa –1981/ 90


Local I II
Dublin 1390 9,29
Hamburgo 1530 9,54
Londres 1576 9,19
Praga 1622 9,72
Helsinquía 1705 9,12
Munique 1725 11,15
Paris 1770 10,99
Kiev 1911 11,70
Génova 2222 12,79
Atenas 2764 16,76
Sevilha 2931 17,72
Porto 2458 14.66
Lisboa 2581 16,27
Beja 2662 16,66
Évora 2732 16,81
Faro 2974 16,96
(I) – estimativas da média anual do número de horas de sol descoberto (insolação), em diversos locais da
Europa, para o período 1981-90; (II) – estimativas da média anual da irradiação solar global horizontal
diária (MJ/m2) em diversos locais na Europa, para o período 1981-90.
Fonte: PROT Algarve, 1991.

Portugal, e em particular a região do Algarve, apresentam pois condições óptimas para o


aproveitamento desta fonte de energia renovável.
As figuras 1 e 2 do anexo I são elucidativas do potencial solar da região do Algarve,
sobretudo da zona de litoral Sul.
A utilização da energia solar possibilita um leque de utilizações, que vão desde as
aplicações rurais, equipamentos sociais (hospitais, creches, lares de idosos, pavilhões
desportivos), industriais ou outros. A adopção desta forma de energia, para além dos
benefícios em termos energéticos e de redução de emissão de GEE, cria novos empregos,
desenvolvendo a indústria local e um potencial de exportação de tecnologia [2].

2.1.2. Justificação das Soluções Tecnológicas

A Central Solar Térmica de Tavira será pioneira no aproveitamento da energia solar para
a produção de electricidade por via térmica [1].
A produção de electricidade a partir de energia solar, pode ser feita com recurso a vários
tipos de tecnologia. Destacam-se, entre outros, as centrais de torre, os colectores
cilindrico-parabólicos e os parabólicos de revolução com motores Stirling. O objectivo é
de a aquecer com energia solar, um fluído (água, termo fluídos, ar, etc.) com o qual se
pode gerar movimento capaz de accionar um gerador eléctrico, no âmbito de um ciclo
termodinâmico apropriado [1].
A tecnologia dos concentradores CLFR (Compact linear Fresnel Reflector) desenvolvida
pela empresa australiana Solar Heat and Power, é das tecnologias solares térmicas
menciondas, a que parece ter maior probabilidade de vir a proporcionar uma redução de
custos capaz de tornar a electricidade produzida por via térmica competitiva, mesmo com
outras fontes renováveis [1].
A tecnologia CLFR baseia-se na tecnologia dos sistemas do tipo cilindro-parabólica
seguindo o movimento diário aparente do sol, em apenas um eixo. Neste tipo de
tecnologia a turbina de vapor a ser utilizada, pode ser concebida para vapor saturado a
temperaturas em torno de 250-300ºC, um valor relativamente baixo do ponto de vista dos
colectores solares o que possibilita a opção pela tecnologia CLFR, com um custo
potencial baixo [1].

2.2. Antecedentes do Projecto


Foi realizada uma Proposta de Definição de Âmbito que teve como objectivo estipular as
temáticas e a metodologia a seguir no EIA, bem como identificar as principais questões
ambientais na área envolvente e decorrente da implantação da Central Solar Térmica de
Tavira.

3. DESCRIÇÃO DO PROJECTO E DAS ALTERNATIVAS


CONSIDERADAS

3.1. Descrição sumária do projecto e das várias alternativas consideradas

A área de implementação do projecto situa-se na Zona da Capelinha, freguesia de Santa


Maria no Concelho de Tavira [1].
Trata-se de uma área que apresenta um tipo de paisagem de Policultura Algarvia
(eumediterrânea), verificando-se culturas arbóreas de utilização agrícola e povoamentos
de folhosas [3]. Assim, toda a área de estudo insere-se na unidade de paisagem
denominada Barrocal Algarvio como se pode ver na Figura 1.

Figura 1 - Atlas do Algarve da Carta de Ordenamento Biofísico.


Fonte: CCDR Algarve, 2007.

Relativamente aos solos, segundo a carta de solos de Portugal, a área prevista de


implementação do projecto é constituída por solos calcários vermelhos de calcários
(Anexo II - Figura 1 e 2) [4].
Verifica-se que a zona norte do terreno onde se pretende implantar a futura central, é
classificada como Reserva Ecológica Nacional (REN) de acordo com o Decreto-Lei nº
79/95 de 20 de Abril (Figura 2), de zona de infiltração máxima de acordo com o PDM
(Anexo III), logo será necessário alguma preocupação pois é uma zona susceptível de
contaminação de aquíferos.
A área de implementação encontra-se numa zona de Reserva Agrícola Nacional (RAN)
de acordo com o Decreto-Lei nº 274/92 de 12 de Dezembro (Anexo IV), que actualmente
não se encontra cultivada com nenhuma espécie agrícola, no entanto esta foi utilizada
para o cultivo de vinha, no ano de 1997 (figura 3 do Anexo II).
Não se encontram definidas quaisquer alternativas do projecto, o local de implementação
do projecto será aquele já referido, no entanto há que ter em consideração a existência da
alternativa zero (não construção da Central Solar Térmica).

Figura 2 – Localização da área de implementação do projecto na REN.


Fonte: CCDR Algarve, 2007.
3.1.1. Principais características físicas do projecto

3.1.1.1. Características gerais

A produção de energia eléctrica a partir da Central Térmica Solar será através de vapor
turbinado. A tecnologia a ser instalada na Capelinha será suportada por uma empresa com
experiência na área.
Pelo facto de se utilizar a radiação solar para aquecer um fluido (água), pelo qual se pode
gerar movimento capaz de accionar um gerador eléctrico, as emissões atmosféricas
produzidas são bastante reduzidas, traduzindo-se num benefício ambiental significativo
face à produção da mesma quantidade de energia produzida por ciclo convencional [1].
Esta nova tecnologia, parece ter maior probabilidade de vir a proporcionar uma redução
de custos capaz de tornar a electricidade produzida por via térmica, competitiva mesmo
com outras fontes renováveis [1].

3.1.1.2. Opções projectuais adoptadas

A Central Térmica Solar será constituído pelos seguintes componentes principais:


- colectores solares do tipo CLFR;
- turbina de vapor;
- gerador eléctrico;
- central de tratamento de água;
- condensadores de vapor;
- sistemas eléctricos de baixa e alta tensão;
- sistemas de controlo computorizados;
- sistema de arrefecimento;
- depósito de água desmineralizada;
- depósito de água bruta;
- sistema de ar comprimido.
À Central Térmica Solar estarão associados:
- um ramal da Associação de Regantes local;
- um ramal de ligação à Rede Eléctrica Nacional.
As características mais significativas da Central Térmica Solar com a tecnologia CLFR
são as seguintes:
- Permite um uso do terreno mais compacto que outros sistemas solar térmicos para
produção de electricidade, sem sombras e bloqueios entre espelhos/helioestatos.
- Fornece directamente vapor, sem fluidos intermediários óleos ou sais;
- Ao contrário de cilindros-parabólicos convencionais não têm partes móveis na
linha de vapor, completamente fixa, o que evita fugas normais naquele tipo de sistemas;
- Uso de absorvedor de baixo custo, sem recurso a vácuo, como é habitual em
algumas soluções alternativas;
- Uso de espelhos em vidro, planos de fraca espessura (3 mm), de baixo custo em
vez de vidro importado, espesso e curvado dos parabólicos convencionais;
- Recorre a um sistema mecânico sem caixas de velocidade de grande tamanho,
engrenagens complexas, ou hidráulicos sujeitos a fugas;
- Mantém os vidros/espelhos limpos pela possibilidade de os poder virar para baixo
no período nocturno, evitando, por exemplo, condensação de orvalho e todas as
consequências associadas;
- Tem custos de limpeza baixos por ter espelhos a uma altura do solo pequena;
- Permite total protecção em dias de temporal, dado o suporte em aço dos seus
espelhos e possibilidade de os colocar em posição de segurança.
As áreas previstas para a implementação do projecto serão as seguintes:
- Área do terreno: cerca de 100 000 m2
- Área de construção: 1 940 m2
- Área de colectores (espelhos): 69 300 m2
- Edifício da turbina: 300m2
- Edifício controlo/Escritório/W.C., outros: 160 m2
- Central de tratamento de água: 300 m2
- Depósito de Água Bruta: 150 m2
- Depósito de água desmineralizada: 100 m2
- Base torre de arrefecimento: 100 m2
- Estação de ar comprimido: 30 m2
As principais actividades nas fases de construção, com potenciais impactes negativos
significativos, dividem-se em:

 Movimento de Terras

Dadas as características do terreno e o facto deste ser praticamente plano, necessita de


uma pequena correcção de inclinação. O movimento de terras diz respeito à abertura
de fundações para implantação de vários equipamentos e edifícios.

 Campo de colectores e linhas de vapor

Os colectores serão montados numa estrutura metálica ligeira apoiada em pequenos


pilares metálicos enterrados no solo e fixos num pequeno maciço. A cavidade
absorvedora (linhas de vapor) é constituída por tubos colocados a 10 m de altura
apoiados numa estrutura ligeira de suporte e espiados ao solo.

 Pipe-rack

A solução estrutural adoptada consiste na execução, nesta fase, de uma estrutura


metálica constituída por 5 torres metálicas com 9,25 m de altura, sobre as quais
apoiará uma viga metálica com cerca de 164 m.

 Estrutura do Depósito de Vapor

Tal como a estrutura do Pipe-rack, será executada uma torre metálica com 10,25 m de
altura onde ficará apoiada na cota superior um depósito de vapor (steam drum), e na
cotas intermédia será instalada desgaseificador (deaerator).

 Edifício da Turbina

Trata-se de um edifício com dimensões de 20,00x15,00 m, com um pé direito de 9,0


metros, executado em estrutura metálica, apoiada em sapatas isoladas de betão
armada e ligadas entre si por vigas de fundação.
As fachadas e cobertura serão revestidas com chapas metálicas tipo “Sandwich” com
tratamento acústico. No perímetro do edifício até uma altura de 2,10 m será executada
uma parede em blocos de cimento furados e estruturados com 50x20x15 cm.

No interior será montado um pórtico de 32 toneladas apoiado na estrutura metálica.

 Edifício de Controlo, Escritórios e Oficina

Trata-se de um edifício com dimensões de 16,00 mx10,00m com um pé direito de


3,0m.

O edifício será executado em estrutura metálica, apoiado em sapatas isoladas de betão


armado e ligadas entre si por vigas de fundação. A laje térrea de 0,15 m de espessura
será executada sobre uma camada de betão de regularização com 0,05 m de espessura,
sobre o terreno existente compactado.

A cobertura será executada em chapa tipo “Haironville”.

As paredes exteriores serão constituídas por dois panos em alvenaria de tijolo furado
de 30x20x11 cm, com caixa-de-ar e isolamento com 30 mm de espessura tipo
“Wallmate”.

Os parâmetros exteriores serão revestidos com reboco com aditivo hidrófugo e os


parâmetros interiores com estuque sintético tipo “Seral”.

 Central de desmineralização

Esta será uma unidade compacta que ficará resguardada com um telheiro metálico
ligeiro.

 Depósito de Água Bruta

Será executado em chapa vitrificada com 11,00 m de diâmetro com uma capacidade
de 400 m3. Assentará sobre uma laje de fundação em betão armado.

 Depósito de Água Desmineralizada

Será executado em chapa de fibra de vidro com 8,00 m de diâmetro com uma
capacidade de 100 m3. Assentará sobre uma laje de fundação em betão armado.

 Torre de arrefecimento
A torre de arrefecimento será montada sobre uma estrutura de betão armado com
7,00x7,00 m. Em todo o seu perímetro será executada também uma parede de betão
armado com 1,00 m de altura. Em várias partes da laje de fundo serão deixados
chumbadores para a instalação do equipamento de arrefecimento.

 Arruamentos e Vedações

Na execução dos arruamentos e estacionamento da central térmica, será executada


uma abertura de caixa com 0,25 m e um enchimento com tout-venant na mesma
espessura.
Toda a instalação será vedada com uma vedação com 2,00 m de altura, constituída
por prumos metálicos em ferro galvanizado com acabamento lacado e com rede
termida e plastificada com malha hexagonal. Na parte superior será colocada uma
protecção adicional em arame farpado. O portão de vedação será do mesmo material.

Abastecimento de Água

O abastecimento de água será assegurado pela Associação de Regantes local, que


disponibilizará 45 m3/h, para um consumo máximo da ordem de 130 m3/d, em situação de
pico e considerando uma temperatura ambiente baixa [1].
O absorvedor CLFR usa apenas água sob pressão/vapor, fornecendo este directamente à
turbina, para o efeito a Central usará água desmineralizada com um consumo diário que,
no caso deste projecto, será 1 a 2 m3/dia [1].

Processo Térmico

A produção de electricidade a partir de energia solar é feita com recurso à tecnologia de


CLFR, este processo consiste em aquecer com energia solar, um fluído (água) com o qual
se pode gerar movimento capaz de accionar um gerador eléctrico, no âmbito de um ciclo
termodinâmico apropriado [1].

Sistema de Refrigeração
O circuito de arrefecimento do condensador poderá ser a ar ou a água, ou mesmo
utilizando as duas fontes (misto). Se for utilizada a solução com arrefecimento a água,
através de torres de arrefecimento teremos um consumo máximo da ordem de 130 m 3/dia,
em situação de pico e considerando uma temperatura ambiente máxima [1].

Produção de energia

Haverá um transformador que elevará a tensão produzida para 60 kV e a ligação será feita
directamente à linha de alta tensão que passa no próprio terreno (Figura 3).

3.2. Projectos complementares ou subsidiários

Não existem projectos complementares ou subsidiários na área do projecto.

3.3. Programação temporal estimada das fases de construção, exploração e


desactivação

Relativamente à programação temporal estimada das diferentes fases da implementação


do projecto, distinguem-se as seguintes:

- <Maio 15, 2005: Assinatura de todos os acordos entre parceiros


- <Maio 15, 2005: A MECI requer o PIP em nome de todos os parceiros
- <Abril de 2006 – O PIP é atribuído
- Junho 2006: Solar Thermal Electricity Portugal, S.A. é constituída
- Junho/ Julho 2006: T-STEP, S.A. é constituída
- Uma vez atribuído o PIP e fixada a tarifa esperada de 0,26 euro/KWh o projecto
poderá iniciar-se, incluindo a obtenção de financiamento, todos os estudos ainda
necessários, início de fabrico de “in loco” das componentes da CLFR, instalação
da central, aquisição e instalação da turbina, infraestrutura de ligação à rede, etc.
- <Início de 2008: a Central deverá arrancar

No que diz respeito à programação temporal estimada das diferentes fases da exploração
e desactivação do projecto, serão de 25 anos [1].
3.4. Localização do projecto

O presente EIA diz respeito à construção da Central Solar Térmica, situada na Zona da
Capelinha, freguesia de Santa Maria no Concelho de Tavira.
O concelho de Tavira situa-se na região do Algarve, no sul de Portugal. Na figura 3 pode-
se observar o enquadramento geográfico do projecto, às escalas nacional, regional e local.

Figura 3 - Enquadramento do projecto às escalas nacional, regional e local. A- Mapa de Portugal;


B- Mapa do distrito de Faro; C- Mapa do concelho de Tavira. Central Solar Térmica ●; D - Carta
Representativa da zona em estudo.
Fonte: Adaptado de http://www.travel-images.com/portugal-map.jpg, http://www.igeo.pt/caop.htm,
Câmara Municipal de Tavira (CMT), Instituto Geográfico do Exército.

3.4.1 Áreas Sensíveis

Nos termos da alínea b) do artigo 2º do Decreto-Lei nº 197/2005 de 8 de Novembro,


diploma legal que enquadra o procedimento de AIA, são consideradas áreas sensíveis do
ponto de vista ecológico ou patrimonial:

- Locais propostos pelo Estado Português pela integração na Rede Comunitária Natura
2000 (Zonas Especiais de Conservação e Zonas de Protecção Especial), classificados nos
termos do Decreto-Lei nº 140/99 de 24 de Abril.
- As áreas pertencentes à Rede Nacional de Áreas Protegidas, classificadas ao abrigo do
Decreto-Lei nº 19/93 de 23 de Janeiro, com alterações introduzidas pelo Decreto-Lei nº
227/99 de 17 de Junho.

- As áreas de protecção dos monumentos nacionais e dos imóveis de interesse público,


nos termos da lei nº 107/01 de 8 de Setembro.

No presente caso, a área de inserção do projecto não está integrada no sistema nacional
de áreas protegidas (figura 4) não está proposta para integração na Rede Natura 2000
(figura 5), nem está sujeita a qualquer figura de Ordenamento do Território especifica
para os aspectos de conservação da natureza. No que respeita às áreas de protecção dos
monumentos nacionais e dos imóveis de interesse público definidas na Lei nº 107/01 de 8
de Setembro (revoga a Lei nº 13/85 de 6 de Julho), não existem monumentos
inventariados com património cultural classificado que possam ser abrangidos pela
implantação do projecto, mais especificamente no local da implantação da central, onde
ocorrerão movimentos de terra [5].

Figura 4 – Áreas protegidas


Fonte: PROT Algarve- Atlas do Ambiente, 2007
Figura 5 – Rede Natura 2000.
Fonte: PROT Algarve- Atlas do Ambiente, 2007

3.4.2. Planos de ordenamento do território em vigor na área do projecto, classes de


espaço envolvidas

A nível regional, a área em estudo encontra-se abrangida pelo PROALGARVE –


Programa Operacional do Algarve, PROTAL – Plano Regional de Ordenamento do
Algarve, pelo PBHRA - Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve.
A nível local, o projecto é abrangido pelo Plano Director Municipal (PDM) do concelho
de Tavira (PDM), aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 97/97, de 19 de
Junho de 1997.

3.4.3 Condicionantes, Servidões e Restrições de Actividade Pública

Segundo a Carta de Condicionantes do PDM de Tavira, o espaço ocupado pela Central


Solar Térmica, pertence à Reserva Agrícola Nacional (RAN), como se pode ver no anexo
IV e à Reserva Ecológica Nacional (REN), como se pode verificar na figura 2 [5].
No interior do perímetro da Central Solar Térmica é identificada uma linha de rede
eléctrica de alta tensão de 60 kV (Anexo V – Planta de Ordenamento).
3.4.4 Equipamentos e infra-estruturas relevantes potencialmente afectados pelo
projecto

No que diz respeito a equipamentos/infra-estruturas relevantes, que possam ser


potencialmente afectados pela implementação do projecto, não existe.

3.5 Actividades de Construção, Exploração e Desactivação/Recuperação

3.5.1 Fase de construção

A construção da Central Solar Térmica de Tavira será realizada, num período total
previsto de cerca de um ano. A construção da Central consiste, essencialmente, na
preparação do local e na construção da instalação, propriamente dita. As principais
actividades a realizar são as que a seguir se sumarizam:
- preparação da área de implantação da Central ( pequena correcção da inclinação);
- montagem de colectores e linhas de vapor;
- construção civil, nomeadamente, edifícios e instalações auxiliares, depósitos de
água, torre de arrefecimento, subestação eléctrica;
- transporte de materiais e equipamentos;
- montagem de equipamento mecânico;
- montagem de equipamento eléctrico;
- montagem dos colectores solares.

No local será instalada a fábrica da empresa SOLPOWER, Lda. Esta fábrica será
desmontável, para poder ser instalada noutro local após a conclusão da construção da
Central. A Central com tecnologia CLFR pode ser produzida/fabricada em Tavira uma
vez que os materiais, aço e vidro são de fácil obtenção em Portugal, a única peça a
importar será a turbina [1].

3.5.2 Fase de Exploração

A entrada em funcionamento da Central Solar Térmica de Tavira encontra-se prevista


para meados de 2008. A Central Solar Térmica laborará no período diurno, sendo a
radiação solar a fonte primária para a produção de vapor que alimentará um turbo-
gerador. Nesta nova instalação prevê-se a entrada de um número global de trabalhadores
na ordem das 40 pessoas. O período de exploração da Central Solar Térmica de Tavira
será de 25 anos [1].

3.5.3 Fase de Desactivação ou Recuperação

A desactivação do projecto, não se encontra definida no caderno de encargos do projecto.


Mas quando o período de vida útil da central for concluído, a instalação deverá ser
desmantelada de forma controlada e de acordo com a legislação em vigor à data, ou
recuperada de modo a continuar a garantir a produção de energia eléctrica, de uma forma
viável, função da situação à data.

3.6 Recursos Materiais a Utilizar

3.6.1 Fase de Construção

Nas instalações a construir os materiais a utilizar serão predominantemente o betão


armado, as alvenarias e estruturas metálicas e metalomecânicas, as quais serão integradas
o mais possível na envolvente, quer através de uma utilização criteriosa das cores,
volumes e paramentos expostos, quer mesmo de uma eventual ocultação quando se
revelarem mais agressivos. Serão instalados equipamentos electromecânicos e
electrónicos necessários ao controlo da instalação.

3.6.2 Fase de Exploração

A fase exploração da Central Solar Térmica de Tavira encontra-se bem definida, para um
período de 25 anos.
3.7 Principais tipos de efluentes e emissões gasosas previsíveis

3.7.1 Efluentes líquidos

Prevê-se que o principal efluente da Central Solar Térmica seja da água desmineralizada,
proveniente do colector, que poderá conter alguns metais pesados (chumbo, zinco,
cádmio, cobre e crómio) e também se encontrará a uma temperatura elevada [1]. Será de
se esperar alguns efluentes domésticos provenientes das instalações sanitárias associadas
à central.

3.7.2 Emissões gasosas

A composição das emissões gasosas da Central será somente vapor de água [1].

3.7.3 Ruído

No que diz respeito ao ruído, está previsto um aumento deste na área de implementação
do projecto e na sua área circundante, quer na fase de construção, assim como na fase de
exploração. A sua origem resulta, principalmente, movimentação de maquinaria na fase
de construção, e turbina na fase de exploração.
Simultaneamente, e associado ao ruído, também se antevê um aumento das vibrações,
tanto na fase de construção, como na fase de exploração.

3.8 Populações e grupos sociais potencialmente afectados ou interessados

Dado que a área de implantação do projecto se situa numa zona rural, pouco habitada,
considerou-se que os afectados pelo projecto seriam:

 Empresas do Consórcio;
 Câmara Municipal de Tavira e Junta de Freguesia de Santa Maria;
 População residente da área adjacente;
 Associação de regantes;
 CCDR Algarve;
 Direcção Geral de Energia;
 Direcção Geral da Agricultura do Algarve;
 EDP;
 Associação de Recursos Energéticos do Algarve (AREAL);
 Instituto da Conservação da Natureza (ICN);
 Público geral interessado;
 Associações Ambientalistas;
 Instituto do Ambiente;
 Direcção Regional do Algarve do Ministério da Economia;
 Instituto Nacional da Água;
 Instituto de Meteorologia.

4. CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE AFECTADO PELO


PROJECTO

No presente capítulo apresenta-se a caracterização ambiental do local de implementação


do projecto, tendo como objectivo principal o conhecimento da situação de referência da
área, antes da implementação do projecto, referindo a sua previsível evolução na ausência
deste.
Deste modo, citam-se as características da situação de referência, para os descritores
geologia e geomorfologia, solos e ordenamento do território, considerados como aqueles
que apresentam mais impactes negativos significativos.

4.1 Geologia e Geomorfologia

A evolução das condições geológicas e geomorfológicas de uma determinada área,


encontra-se dependente da manutenção do comportamento dos parâmetros climáticos da
região onde ela se insere, e das utilizações previstas para essa mesma área.
Assim, e não se perspectivando alterações climáticas nem intervenções importantes ao
nível do território na ausência do projecto, será de prever que se mantenham, na
generalidade, as actuais características da área em estudo.

4.1.1 Metodologia

Na caracterização da geologia, são identificadas e caracterizadas de forma sumária as


principais unidades litológicas ocorrentes e a tectónica e a sismicidade da área. Esta
análise é complementada com uma abordagem ao nível geomorfológico da área em
estudo.
Para caracterização da geologia, recorreu-se à Carta Geológica da Região do Algarve à
escala 1:100000 [6]. Recorreu-se ainda a bibliografia da especialidade, relevante e
disponível para a área de estudo, para obtenção de informação acerca da geologia e
geomorfologia da área.

4.1.2 Enquadramento geológico e geomorfológico

Quando se iniciou a fragmentação do antigo continente da Pangeia formaram-se fossas


onde se foram depositando materiais transportados do maciço antigo. A Bacia Algarvia
formou-se na fossa resultante da separação dos continentes europeu e africano. As
diferentes camadas estratigráficas no seio da bacia correspondem à variação das
condições ambientais durante a sedimentação, ocorrida do Mesozóico ao Terciário. Após
a sedimentação, toda a bacia sofreu um ligeiro basculamento para sul [7].
A Bacia Algarvia é composta, na região em estudo, da base para a superfície, por arenitos
avermelhados (200 milhões de anos), calcários (170 milhões de anos), areolas e
conglomerados da Formação de Cacela (5 a 8 milhões de anos) e as areias e cascalheiras
de Quarteira [7].
Os arenitos (pertencentes aos grés vermelhos de Silves) formaram-se em águas pouco
profundas, do Triássico médio-superior ao Jurássico inferior, com base em materiais
provenientes do maciço antigo, sendo a sua cor avermelhada conferência por óxidos de
ferro, indicação da existência de clima quente e seco há época da sua formação [7].
Os calcários existentes e aflorantes são do Jurássico, sendo formados por calcários
argilosos e margosos (calcários argilosos e margas de Peral) [7].
A Formação de Cacela, de origem Miocénica, é também uma formação geológica,
composta por arenitos muito finos (areolas), arenitos grosseiros e conglomerados. Esta
formação é de grande riqueza em fósseis, registando-se pelo menos 50 espécies diferentes
de bivalves [7].
Quanto às Areias e Cascalheiras de Faro-Quarteira, constituem um extenso manto de
areias feldspáticas, muito rubeficadas, com indústrias líticas, sobre seixos de quartzo,
quartzito e grauvaque, de tipo musteriense [7].

4.1.3 Caracterização da situação de referência

Ao nível geomorfológico, verifica-se que o terreno em estudo apresenta um relevo muito


suave, com variações de cotas altimétricas muito pouco significativas [7].
Em termos geológicos, no terreno afecto, ocorrem formações datadas do Jurássico
Superior, constituídas por margas, calcários margosos, calcários calciclásticos,
bioclásticos e bioconstruídos (formação de calcários argilosos e margas de Peral). São
constituídas por rochas muito compactas, de cor acinzentadas. A fracturação existente
leva a que estas se destaquem em blocos, que por vezes apresenta dimensões
significativas [7].

4.1.4 Tectónica e Sismicidade

A Bacia Algarvia apresenta-se bastante tectonizada, devido, essencialmente, aos


movimentos compressivos miocénicos e, ainda, à instalação das estruturas diapíricas [6].
A região do Algarve situa-se no bloco delimitado pelo cruzamento da margem
continental Oeste-Ibérica, com orientação N-S, provavelmente, num estado de subducção
incipiente, com a fronteira das placas Africana e Euro-Asiática (orientada,
aproximadamente E-W), zona de Fractura Açores – Gibraltar [6]. Esta situação geológica
é responsável por actividade neotectónica e sísmica na área. De facto, encontram-se
marcas de actividade neotectónica, em toda a região do Algarve, evidenciadas pelo
aparecimento de falhas activas [6].
Além da referida actividade neotectónica, existe, ainda, actividade sismotectónica
bastante importante, evidenciada por sismicidade histórica e instrumental (Figura 6) [6].

Figura 6 - Carta de intensidades máximas históricas


Fonte: PROT Algarve – Atlas do Ambiente, 2007

No que respeita à sismicidade, a região caracteriza-se por uma reduzida actividade


sísmica, segundo o Regulamento de Segurança e Acções Sísmicas para Estruturas de
Edifícios e Pontes (RSAEEP), e uma elevada intensidade sísmica (Figura 7).
Figura 7 – Intensidade sísmica no Algarve.
Fonte: Direcção Geral do Ambiente – Atlas do Ambiente, 2007.

4.1.5 Evolução previsível da situação de referência na ausência de projecto

Prevê-se que não se verifiquem alterações significativas neste sector em relação ao que
foi descrito na situação de referência.
As alterações neste descritor são feitas a longo prazo devido aos esforços e compressões a
que as placas continentais estão sujeitas, serem processos morosos. As propriedades
químicas da rocha bem como as físicas, no que se refere a erosão estão, no entanto,
sujeitas a acções de curto prazo, como é o caso de contaminações e de drenagem de
poluentes.

Não é possível determinar quando vai ocorrer o próximo sismo de efeitos devastadores na
zona em questão ou qual a sua intensidade, no entanto é elevada a probabilidade de vir a
ocorrer nos próximos anos.

4.2 Solos

A construção de infra-estruturas, como é o caso de uma central, leva à ocupação de uma


importante superfície, pelo que é necessário conhecer as características do solo e
consequentes capacidades de uso do mesmo, em concreto na zona de construção da
central e zonas adjacentes. Este conhecimento é essencial sobretudo na fase de selecção
de alternativas ao projecto e na definição de medidas de mitigação.
4.2.1 Metodologia

A caracterização dos solos da área abrangida pelo projecto em estudo foi realizada com
base nas Carta de Solos e Carta de Capacidade de Uso do Solo, elaborada pelo Serviço de
Reconhecimento e Ordenamento Agrário, na escala 1:25000 (carta nº 599). Foi ainda
analisada a carta de RAN e a carta de REN do Plano Director Municipal de Tavira. Para
análise da ocupação do solo foi analisada carta de ocupação do solo do CNIG, na escala
1:25000, complementada com a fotografia aérea da área de estudo e os dados obtidos no
trabalho de campo. O trabalho foi ainda complementado com informação bibliográfica de
carácter geral.

4.2.2 Caracterização da situação de referência

Para uma melhor caracterização da situação de referência começar-se-á por caracterizar a


zona de implementação do projecto.

Figura 8 – Carta de Solos da região do Algarve.


Fonte: Direcção-Geral do Ambiente - Atlas do Ambiente

O Barrocal, faixa intermédia entre a Serra e o Litoral, apresenta uma grande


complexidade de solos, constituídos genericamente por formações calcárias dobradas
(não tanto como na serra), mas com muitos afloramentos rochosos [8].
De acordo com a Carta de Solos, a única família de solos representada na parcela em
estudo é a dos Solos Calcários Vermelhos de Calcários (Vc) provenientes do Miocénico e
Calcário Margoso (figura 2 do Anexo II). São solos formados a partir de rochas calcárias,
de cores avermelhadas, profundos, textura mediana ou pesada e estrutura estável.
Numa análise específica do local, pode-se verificar que possui alguma pedregosidade à
superfície, constituída quer por fragmentos de rocha calcária, quer por seixo rolado [8].
Relativamente às características gerais do solo em estudo, apresenta-se seguidamente o
quadro II que identifica os diferentes tipos de horizontes [8].

Quadro II - Caracterização geral do Solo calcário vermelho normal de calcários (Vc)


Areia Grossa Elementos
Terra Fina Argila % Limo % Areia Fina %
% Grossos %
Horizonte: A 15 – 50 12- 30 10 – 60 5 – 20 10 – 60
20 - 55 10 - 40 10 - 70 5 - 30
Horizonte: B 10 – 70

Horizonte: C 90 - 95

 Características físicas dos solos

Textura
Segundo Kopp et al. (2000), o teor de argila na terra fina situa-se frequentemente à volta
de 30% na camada superficial, aumentando regra geral no horizonte B. Encontram-se
elevadas proporções de micro-agregados cimentados por carbonatos na terra fina (no limo
+ areia fina e mesmo nas fracções arenosas grosseiras).
Os horizontes A e B podem possuir uma considerável proporção esquelética, a qual reduz
a capacidade de armazenamento das águas [8].

Porosidade
A porosidade é frequentemente suficiente na camada superficial, com um efeito positivo
no arejamento e infiltração. O horizonte B e, acima de tudo, o subsolo Cca têm, pelo
contrário, apenas uma baixa capacidade de arejamento e permeabilidade [8].
Capacidade de Campo
A capacidade de campo é de média a alta. A proporção de águas mortas relativamente à
capacidade de retenção das águas é no geral baixa, podendo algumas vezes ser também
muito elevada [8].

Água disponível
A proporção de água disponível é, em alguns casos, baixa, sendo nos restantes casos
razoável. Devido à pequena espessura do solo existe uma baixa proporção de água
disponível por área [8].
Permeabilidade
No horizonte A podem surgir baixas permeabilidades, sendo as mesmas muito frequentes
no horizonte B, correspondendo, neste caso, a possíveis encharcamentos superficiais
temporários, devido à falta de arejamento [8].

Erosão
A estrutura da camada superficial é estável e não susceptível à erosão. A topografia do
solo e as águas do exterior podem conduzir, no entanto, a escorrimentos elevados e
consequentemente elevados devido à baixa capacidade de armazenamento [8].

 Características químicas dos solos

Estes solos são ricos em carbonatos no horizonte A, aumentando o seu teor com a
profundidade até aos 30 – 40%. Surgem ocasionalmente (em situações topográficas de
acumulação) sub-solos mais pobres em calcário devido à formação de calcários
secundários na camada superior. De grande significado para a fisiologia das plantas,
embora de uma forma negativa, são os elevados teores de calcário activo. Este facto deve
ser tomado em consideração especialmente quando se faz o aproveitamento dos solos
para fruteiras (espécies que toleram o cálcio e porta-enxertos) [8].
Com estes teores de carbonatos os valores de pH são, de uma forma constante,
ligeiramente alcalinos conforme se pode verificar através da figura 9 referente à acidez e
alcalinidade da região Algarve. No anexo VI pode-se verificar o pH da área em estudo.
Figura 9 - Acidez e Alcalinidade dos solos do Algarve.
Fonte: Direcção Geral do Ambiente – Atlas do Ambiente, 2007.

A saturação em bases do complexo de adsorção é sempre 100%, e a sua capacidade de


troca é baixa a razoável. Na sua grande parte é preenchida com Ca 2+, existindo
igualmente Mg2+ e Na2+ + K+ em boas proporções [8].
As quantidades de fósforo disponíveis são no entanto muito baixas, existindo certamente
elevadas fixações, as quais são de se esperar também com adubações à base de fósforo.
A tendência para a disponibilidade do potássio é melhor, mas mesmo assim não é
suficiente. Solos cultivados atingiram ocasionalmente um nível suficiente através da
aplicação de adubos [8].

4.2.3 Uso do solo

O solo existente possui boas características para a produção agrícola em regime de


sequeiro. A sua aptidão agrícola depende principalmente do declive. Assim, os solos
planos ou com declives moderados, terão capacidade de uso elevada ou moderada,
enquanto que em declives elevados, a capacidade de uso do solo tenderá a ser reduzida ou
nula (Anexo VII).
Na presente situação a mancha de solos que inclui a parcela em estudo, está incluída na
classe de capacidade de uso A (Quadro III), que corresponde a solos com capacidade de
uso muito elevada, com poucas ou nenhumas limitações, sem riscos de erosão ou com
riscos ligeiros e susceptíveis de utilização agrícola intensiva e de outras utilizações. No
local pode confirmar-se a boa aptidão do solo.
Quadro III – Características principais das classes de capacidade de uso do solo existentes na
área de estudo
Classes Características Principais
- Limitações pouco significativas
A - Riscos de erosão baixos
- Susceptíveis de utilização agrícola intensiva
- Limitações moderadas
B - Riscos de erosão no máximo moderados
- Susceptíveis de utilização agrícola moderadamente intensiva
- Limitações acentuadas
C - Riscos de erosão no máximo elevados
- Susceptíveis de utilização agrícola pouco intensiva
- Limitações severas
- Riscos de erosão elevados a muito elevados
D - Não susceptível de utilização agrícola, salvo casos muito especiais
- Poucas ou moderadas limitações para pastagem, exploração de matos e exploração
florestal
- Limitações muito severas
- Riscos de erosão muito elevados
- Não susceptível de utilização agrícola
E - Severas a muito severas limitações para pastagem, matos e exploração florestal
- Ou servindo apenas para a vegetação natural ou floresta de protecção ou
recuperação
- Ou não susceptível de qualquer utilização
Fonte: www.idrha.min-agricultura.pt

Os solos incluídos nesta classe caracterizam-se, genericamente, do seguinte modo:


1- Elevada ou moderada capacidade produtiva;
2- Espessura efectiva mediana ou grande (superior a 45 cm);
3- Fraca ou moderada erodibilidade;
4- Declives suaves ou moderados (0-8%);
5- Boa fertilidade e reacção positiva aos fertilizantes;
6- Boa capacidade de retenção de água, embora podendo ser deficiente durante a
estação seca;
7- Boa drenagem, não se encontrando sujeitos a inundações frequentes ou
ocasionais, de modo que as culturas só raramente são afectadas por um excesso de
água no solo;
8- Poucos elementos grosseiros, ou afloramentos rochosos, ou com percentagem de
tais elementos, que não afecta a sua utilização, nem o uso de maquinaria;
9- Nenhuma salinidade ou alcalinidade.
4.2.4 Ocupação do Solo

A Reserva Agrícola Nacional, instituída através do Decreto-Lei n.º 196/89 de 14 de


Junho, alterado pelo Decreto-Lei n.º 274/92 de 12 de Dezembro, visa defender os solos
de melhor aptidão, afectando-os exclusivamente à produção agrícola.
Estas áreas correspondem aos solos de melhor aptidão agrícola natural, designadamente
os pertencentes às classes de capacidade de uso A, B e Ch. Nalguns casos incluíram-se na
RAN outras áreas onde foram realizados investimentos visando a melhoria da produção
de bens agrícolas, nomeadamente regadios, pomares ou vinhas.
Toda a propriedade se encontra integrada na RAN e, segundo a legislação referida, são
proibidas, todas as acções que diminuam as potencialidades agrícolas dos solos.
Não há qualquer actividade agrícola registada nos últimos 10 anos na área de
implementação do projecto, sendo a última plantação de vinha (figura 3 do Anexo II).
A extensificação e o abandono incidem sobre este sistema. O envelhecimento e redução
da população agrícola e a diminuição dos rendimentos deste sistema de produção, são
causas internas que explicam parcialmente este fenómeno.
De acordo com a informação fornecida pela Direcção Geral da Agricultura do Algarve, a
propriedade encontra-se abrangida pelo Perímetro de Rega do Sotavento Algarvio (figura
4 do Anexo II).
A Reserva Ecológica Nacional de acordo com o Decreto-Lei nº 79/95 de 20 de Abril,
situa-se na zona norte do terreno onde se pretende implantar a futura central, tratando-se
de uma zona de infiltração máxima de acordo com o PDM (Anexo III), logo será
necessário alguma preocupação, pois é uma zona susceptível de contaminação de
aquíferos.

4.2.5 Evolução previsível da situação de referência na ausência de projecto

Sem a realização do projecto previa-se que este tivesse uma evolução natural
relativamente semelhante ao que se verifica na situação de referência.
Tendo em conta que a área de implantação do projecto é classificada como RAN e REN,
caso não se verifique a sua implementação, a situação de referência poderá ser utilizada
para práticas agrícolas, tendo como principais impactes a introdução de novas espécies.
Poderá também ocorrer degradação química do solo, tal como perda de nutrientes e de
matéria orgânica, salinização, alteração do pH e ainda poluição, provocada pela aplicação
incorrecta das técnicas agrícolas.
É de referir, no entanto, que estes fenómenos, caso ocorram, deverão ser remediados uma
vez que a agricultura praticada no local, permite uma exploração de uma escala pouco
intensiva a intensiva, dadas as condições favoráveis do solo (RAN). As explorações
agrícolas são, na sua totalidade de pequenas dimensões e utilizadas quase exclusivamente
para consumo próprio.

4.3 Ordenamento do Território e Condicionantes

4.3.1 Metodologia

No âmbito do presente descritor analisou-se o ordenamento e estatutos de protecção


existentes para a futura Central Solar Térmica, de forma a avaliar a sua compatibilidade
com os usos previstos para o terreno em análise.
Deste modo, foram analisados os instrumentos de planeamento vigentes na região,
nomeadamente: o Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve (PROT
Algarve), Plano de Desenvolvimento Estratégico do Concelho de Tavira, Plano de Bacia
Hidrográfica das Ribeiras do Algarve (PBHRA), e o Plano Director Municipal de Tavira
(PDM). Foram ainda analisadas, para a área e para a sua envolvente directa, as servidões
e outras condicionantes presentes (RAN, REN e Aproveitamento Hidroagrícola do
Sotavento Algarvio).

4.3.2 Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve (PROTAL)

O Plano de Ordenamento do Território para o Algarve representa a primeira iniciativa


governamental em matéria de planificação regional ao abrigo do D.L. n.º 176-A/88, de 18
de Maio e da Resolução de Conselho de Ministros n.º 33/88, de 14 de Julho. Este é um
documento que estabelece linhas orientadoras e normas de ocupação, uso e transformação
do solo, incluindo a indicação dos principais elementos estruturantes do espaço, tendo em
vista o desenvolvimento harmonioso da região abrangida como se pode ver na figura 10
(PROT, 1990). Tal como é referido no plano, esta linhas orientadoras devem ser
integradas pelas entidades competentes nos planos de maior pormenor, como é o caso do
PDM.

Figura 10 - Zonas classificadas pelo PROT Algarve, 1991.


Fonte: CCDR-Alg, 2007.

O PROT Algarve definiu um conjunto de objectivos regionais de ordenamento (garantir


condições para o desenvolvimento sócio-económico equilibrado; utilização racional do
espaço; gestão responsável dos recursos naturais e protecção do ambiente), em torno do
qual são desenvolvidos sub-objectivos, dos quais se devem destacar, no âmbito deste
estudo:
- Desenvolver cada parcela do território em função das suas vocações e potencialidades;
- Manter a diversidade de funções e uso do solo;
- Minimizar a ocupação do solo, no sentido de manter o equilíbrio entre espaços
edificados/construídos e livres e “disponíveis”;
- Localizar/organizar fundamentalmente os complexos urbanos, turísticos, industriais e
infraestruturas fundamentais;
- Minimizar o crescimento das áreas congestionadas, em particular dos espaços turísticos
saturados;
- Contribuir para a protecção das águas superficiais e subterrâneas;
- Reduzir os conflitos de utilização dos recursos naturais, assegurando a sua
renovação/valorização;
- Proteger a zona costeira;
- Proteger os solos agrícolas;
- Contribuir para a regeneração dos solos degradados sujeitos à erosão e para
regularização do regime hídrico.

A identificação e interpretação dos diferentes níveis de ocupação identificados na fase de


caracterização e as áreas a que dão origem na Carta de Ordenamento, só é possível
considerando o conjunto de sub-objectivos enunciados e as interacções entre estes.

4.3.3 Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve

O Plano de Bacia Hidrográfica (PBH) das Ribeiras do Algarve abrange uma área de 3837
km2, repartida por 15 concelhos da região do Algarve e três da região do Alentejo, sete
dos quais são abrangidos parcialmente. No concelho de Tavira, o plano abrange cerca de
57,2% da área do concelho, incluindo o terreno da futura central (figura 11).

Figura 11 – Mapa da localização das sub-bacias hidrográficas do Algarve, à escala regional.


Fonte: PBHRA, 2000.
Este plano constitui o instrumento orientador da gestão dos recursos hídricos, pelo que
todos os programas e projectos a realizar na sua área de intervenção, devem conformar-se
com o referido plano.
O PBH das Ribeiras do Algarve incide sobre o domínio hídrico, público ou privado e
sobre as águas interiores (superficiais e subterrâneas), tendo como objectivos a protecção
das águas e o controlo da poluição.
Os horizontes temporais considerados no plano, nomeadamente para a definição dos
objectivos de curto, médio e longo prazo, foram os seguintes: 2006 (corresponde ao fim
do período de aplicação do III Quadro Comunitário de Apoio, 2012 (corresponde a uma
data chave do planeamento de recursos hídricos espanhol) e 2020, que corresponde ao
ano horizonte de planeamento.

4.3.4 Plano de Desenvolvimento Estratégico do Concelho de Tavira

A Câmara Municipal de Tavira desenvolveu um plano estratégico para o concelho, que


visa a definição e operacionalização de uma estratégia global, incluindo linhas
orientadoras que garantam as iniciativas e mudanças mais positivas para o concelho, no
sentido de criar um espaço dinâmico e atractivo para os seus residentes e visitantes.
Nessa medida, o Plano Estratégico deve ser visto como um guião ou um conjunto de
linhas directoras com o objectivo de gerar as iniciativas e os impactos mais adequados e
desejados para o Concelho, abrindo ou enquadrando outras oportunidades e acções que
convirjam no mesmo propósito para o futuro de Tavira.
Numa primeira análise, constata-se que o concelho de Tavira encontra-se razoavelmente
munido quer ao nível de infra-estruturas (e.g. rede eléctrica, saneamento básico,
abastecimento de água, entre outros), quer ao nível de acessibilidades (e.g. rede viária e
ferroviária). Contudo, verifica-se em muitas destas infra-estruturas a necessidade de
realizar investimentos com intuito de modernização e ampliação antecipando o aumento
das exigências que o incremento da actividade económica (nomeadamente, turística) irá
criar. A estrutura da rede de energia eléctrica do concelho de Tavira, contempla a maioria
das suas localidades. No entanto, face à sua maturidade e características (2 subestações –
Santa Margarida e Cachopo – e redes radiais), a rede de energia eléctrica apresenta sinais
de insuficiência para as necessidades do Concelho que se traduz em quebras de tensões
nas instalações dos consumidores finais.
Desta forma, tendo em perspectiva o crescimento expectável como resultado do aumento
da actividade económica, torna-se pertinente realizar uma série de acções, a curto e médio
prazo, com vista à modernização de toda a rede de energia eléctrica do Concelho, com
especial incidência para a zona do litoral. Complementarmente, as boas condições
geofísicas do Concelho constituem uma oportunidade de desenvolvimento de fontes de
energia alternativas, designadamente solar e eólica. Este desenvolvimento tem a
particularidade de a própria União Europeia incentivar os seus países a aumentarem a sua
capacidade de auto-suficiência em termos de energias alternativas.

4.3.5 Plano Director Municipal de Tavira

A construção desta infra-estrutura no concelho de Tavira deve ter em conta a existência


de planos de ordenamento do território que condicionam o uso do solo, de modo a evitar
conflitos de uso ao nível urbanístico, industrial e agrícola com potenciais impactes
negativos que poderão surgir após a sua construção. Desta forma, mencionam-se os
instrumentos de Ordenamento, cuja principal função é a de orientar diferentes áreas de
intervenção, com influência no território em estudo.
A nível local, a legislação vigente considera três tipos de instrumentos de gestão
territorial, com carácter regulamentar que vincula entidades públicas e privadas e que são
da competência dos municípios, os denominados Planos Municipais de Ordenamento de
território (PMOT). Estes incluem o Plano Director municipal (PDM), o Plano de
Urbanização (PU) e o Plano de Pormenor (PP).
Em termos de instrumentos de ordenamento territorial, a área onde se desenvolve o
projecto da Central Solar Térmica, está sujeita ao Plano Director Municipal de Tavira,
aprovado pela Resolução do Concelho de Ministros n.º 97/97, publicado no Diário da
República 1ª Série B, nº 139 de 19 de Junho de 1997.
Do conteúdo técnico do PDM, fazem parte integrante as respectivas propostas e
cartografia temática de ordenamento onde se encontram expressas as principais intenções
municipais de uso e ocupação do solo. As orientações de ordenamento visam não só o
zonamento em termos de uso e ocupação territorial, mas também a definição de rede
viária.

4.3.6 – Condicionantes

4.3.6.1 – Reserva Agrícola Nacional

A Reserva Agrícola Nacional é instituída pelo Decreto-Lei n.º 196/89 de 14 de Junho,


alterado pelo Decreto-Lei n.º 274/92, de 12 de Dezembro, com o objectivo de defender os
solos de melhor aptidão, designadamente os pertencentes às classes de capacidade de uso
A, B e Ch, ou em casos particulares, a área onde foram realizados investimentos visando
a melhoria da produção de bens agrícolas.
De acordo com a carta de condicionantes (Anexo IV), todo o terreno da futura Central
está integrada na RAN, cuja legislação proíbe as acções que diminuam as potencialidades
agrícolas dos solos, constituindo uma condicionante à instalação deste empreendimento.
A Planta de Ordenamento (Anexo V) enquadra o terreno em estudo em Áreas Agrícolas
Preferenciais e em Áreas Agrícolas Condicionadas I.
As Áreas Agrícolas Preferenciais são constituídas pelos solos incluídos na Reserva
Agrícola Nacional (RAN) que por sua vez inclui toda a área do Perímetro de Rega do
Sotavento. Inclui também outros solos com potencial, considerados na delimitação à
escala 1:10000 elaborada pela Direcção Regional de Agricultura do Algarve. Todos os
solos anteriormente referidos, mas que sejam também incluídos na Reserva Ecológica
Nacional (REN) ou em zonas de protecção às captações públicas de água subterrânea,
não são considerados, passando a fazer parte das Áreas Agrícolas Condicionadas.
No que diz respeito às Áreas Agrícolas Condicionadas I, estas incluem as sobreposições
com as áreas de máxima infiltração ou com as zonas de protecção às captações públicas
de águas subterrâneas, em que o risco de contaminação irreversível dos aquíferos é muito
alto.
4.3.6.2 – Reserva Ecológica Nacional

A Reserva Ecológica Nacional (REN) é um instrumento de ordenamento regulamentado


pelo Decreto-Lei n.º 93/90, de 19 de Março, alterado pelo Decreto-Lei n.º 213/92, de 12
de Outubro, e pelo Decreto-Lei n.º 79/95, de 20 de Abril, que através do condicionamento
à utilização de áreas com características ecológicas específicas, garante a protecção de
ecossistemas e a permanência e intensificação dos processos biológicos, indispensáveis
ao enquadramento equilibrado das actividades humanas (Decreto-lei n.º 93/90 de 19 de
Março, artº 1º).
A análise da Figura 2 permite verificar que o terreno da futura central se situa a norte e
(zona de infiltração máxima) classifica-se como REN de acordo com o D.L. n.º 93/90 de
19 de Março, onde foram identificadas áreas com risco de erosão superficial, cabeceiras
de linhas de água, área com risco de erosão por deslizamento.

4.3.6.3 – Aproveitamento Hidroagrícola do Sotavento algarvio

O Aproveitamento Hidroagrícola do Sotavento Algarvio (AHSA) tem, na sua totalidade,


uma área de 8621 ha, dividida em nove sub-blocos de rega, cujas infra-estruturas são da
responsabilidade do Ministério da agricultura, do desenvolvimento Rural e das Pescas.
No concelho de Tavira, as áreas beneficiadas pelo AHSA, e que constam da planta
actualizada de condicionantes, encontram-se sujeitas ao regime de fomento hidroagrícola
instituído pelo Decreto-Lei n.º 262/82, de 10 de Julho, e legislação complementar.
De acordo com a carta de condicionantes e com a informação disponibilizada pelo
IHERA, o terreno da futura Central Solar Térmica, está localizada na área dominada pelo
Perímetro de Rega do Sotavento Algarvio (figura 4 do Anexo II).
5. IMPACTES AMBIENTAIS E MEDIDAS DE MITIGAÇÃO

No presente capítulo apresenta-se a identificação, a descrição e a análise dos potenciais


impactes, que poderão ocorrer durante a fase de construção, de exploração e de
desactivação da Central Solar Térmica de Tavira nos diferentes descritores ambientais
considerados anteriormente, como aqueles que apresentam potenciais impactes negativos
de forma mais significativa.
Um impacte sobre um descritor ambiental, pode ser definido como as alterações
provocadas no meio natural, devido à implementação de uma infra-estrutura, actividade
ou processo. Assim, a avaliação dos impactes será realizada a partir da comparação entre
as características da situação de referência, referidas anteriormente, e o que
previsivelmente acontecerá, caso o projecto seja implementado.

A identificação, previsão e avaliação de impactes mais significativos, é efectuada para as


diferentes fases do projecto, de acordo com os seguintes critérios:

 Natureza: Refere se o impacte em estudo tem um efeito positivo (+) ou


negativo (-) sobre a qualidade ambiental do descritor.
 Duração: Faz referência à escala temporal em que actua um determinado
impacte, nomeadamente curto, médio e longo prazo.
 Probabilidade: Nível de probabilidade de ocorrência de um impacte.
Normalmente classifica-se segundo uma escala qualitativa, como certo,
provável, improvável e desconhecido.
 Incidência: Refere o efeito (directo ou indirecto) de um impacte sobre o
descritor.
 Reversibilidade: Tem em conta a possibilidade de que, uma vez produzido o
impacte, o sistema afectado pode regressar ao seu estado inicial, com ou sem
medidas de mitigação.
 Significância: Traduz a importância ecológica ou social do recurso ou meio
afectado, sendo os impactes classificados como pouco significativos,
significativos e muito significativos.
 Magnitude: Refere-se ao grau de intensidade ou extensão da afectação de um
impacte significativo sobre determinado descritor. Assim, a magnitude dos
impactes será classificada entre muito negativo e muito positivo.

A análise dos impactes será realizada a nível qualitativo e quantitativo, sempre que
possível, sendo a sua classificação efectuada de acordo com as suas características, com o
objectivo de se conseguir uma hierarquização a nível de significância dos impactes
ambientais analisados. A significância traduz a importância ecológica ou social do
recurso ou meio afectado, sendo os impactes classificados como pouco significativos,
significativos e muito significativos [9].
Deste modo, seguidamente, no que diz respeito a classificação referida anteriormente, são
citados os critérios usados para o estabelecimento desta.
Relativamente à magnitude dos impactes ambientais determinados, são utilizadas técnicas
de previsão que permitem evidenciar a intensidade dos referidos impactes, tendo em
conta as acções propostas e a sensibilidade dos factores ambientais afectados. Assim,
traduz-se a magnitude dos potenciais impactes qualitativamente, mas de forma tão
objectiva e detalhada quanto possível e justificável.
Relativamente à significância dos impactes ambientais, adoptou-se uma metodologia de
avaliação qualitativa, de forma a transmitir de forma clara, o significado dos impactes
ambientais determinados em cada um dos descritores, e através de uma matriz efectuar-se
uma avaliação quantitativa.
De acordo com o seu âmbito de influência, os impactes são classificados como locais,
tendo em conta a dimensão da área na qual os efeitos se fazem sentir.
Para além disso, poder-se-ia estabelecer a distinção entre impactes directos e indirectos,
ou seja, entre aqueles que são provocados directamente pelo projecto e aqueles que são
induzidos pelas actividades com ele relacionados.
Na identificação e avaliação dos impactes, são utilizadas matrizes baseadas na matriz de
Leopold, desenvolvida para o US Geological Survey por Leopold et al. (1971).
As matrizes têm em consideração os critérios anteriormente referidos, sendo baseadas
numa lista com as diferentes acções de projecto, tendo em conta cada fase do mesmo, e
uma lista com os diferentes descritores ambientais. Assim, o impacte das diversas acções
sobre as características ambientais será expresso em termos da sua significância, que de
certa forma se encontram correlacionados com os restantes critérios, em que a
significância resulta da integração dos critérios natureza, duração, probabilidade e
reversibilidade.
As primeiras matrizes são apresentadas sem considerar as medidas de mitigação e as
seguintes consideram as medidas de mitigação propostas no presente estudo, com o
intuito de evitar, reduzir, remediar ou compensar os impactes ambientais negativos do
projecto. A utilização destas matrizes terá como principal objectivo verificar a possível
eficiência da aplicação das medidas de mitigação propostas.

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