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RELATÓRIO SÍNTESE
Trabalho elaborado por:
Ana Cristina n.º 22519
Marta Calixto n.º 21543
Paula Guerreiro n.º 23558
Sílvia Brito n.º 23232
Sónia Santos n.º 21230
Faro, 23 de Abril de 2007
Relatório Síntese da Central Solar Térmica de Tavira
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................1
1.1 Identificação do Projecto, da Fase em que se Encontra e do Proponente...........1
1.2 Identificação da Identidade Licenciadora.......................................................2
1.3 Identificação dos Responsáveis pela Elaboração do EIA e Indicação do Período
da sua Elaboração............................................................................................................2
1.4 Antecedentes do EIA............................................................................................2
1.5 Metodologia e Descrição Geral da Estrutura do EIA...........................................3
2. OBJECTIVOS E JUSTIFICAÇÃO DO PROJECTO .........................................4
2.1 Descrição dos Objectivos e da Necessidade do Projecto.....................................4
2.1.1. Justificação do projecto em termos de planeamento e estratégica
energética……………………………………………………………………………….4
2.1.2. Justificação das soluções tecnológicas.......................................................6
2.2. Antecedentes do Projecto..........................................................................6
3. DESCRIÇÃO DO PROJECTO E DAS ALTERNATIVAS CONSIDERADAS......7
3.1. Descrição Sumária do Projecto e das Várias Alternativas Consideradas............7
3.1.1. Principais características físicas do projecto..............................................9
3.1.1.1. Características gerais...........................................................................9
3.1.1.2. Opções projectuais adoptadas..............................................................9
3.2. Projectos Complementares ou Subsidiários........................................................14
3.3. Programação Temporal Estimada das Fases de Construção, Exploração e
Desactivação....................................................................................................................14
3.4. Localização do Projecto......................................................................................14
3.4.1. Áreas sensíveis...........................................................................................15
3.4.2. Planos do ordenamento do território em vigor na área do projecto,
classes de espaço envolvidas...........................................................................................17
3.4.3. Condicionantes, servidões e restrições de actividade pública....................17
3.4.4. Equipamentos e infra-estruturas relevantes potencialmente afectados
pelo projecto.....................................................................................................................18
3.5. Actividades de Construção, Exploração e Desactivação/Recuperação...............18
3.5.1. Fase de construção......................................................................................18
3.5.2. Fase de exploração......................................................................................18
3.5.3. Fase de desactivação ou recuperação.........................................................19
3.6. Recursos Materiais a Utilizar..............................................................................19
3.6.1. Fase de construção......................................................................................19
3.6.2. Fase de exploração......................................................................................19
3.7. Principais Tipos de Efluentes e Emissões Gasosas Previsíveis..........................20
3.7.1. Efluentes líquidos.......................................................................................20
3.7.2. Emissões gasosas........................................................................................20
3.7.3. Ruído..........................................................................................................20
3.8. Populações e Grupos Sociais Potencialmente Afectados ou Interessados..........20
4. CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE AFECTADO PELO PROJECTO..............21
4.1. Geologia e Geomorfologia........................................................................21
Abril de 2007 i
Relatório Síntese da Central Solar Térmica de Tavira
4.1.1. Metodologia................................................................................................22
4.1.2. Enquadramento geológico e geomorfológico.............................................22
4.1.3. Caracterização da situação de referência....................................................23
4.1.4. Tectónica e sismicidade..............................................................................23
4.1.5. Evolução previsível da situação de referência na ausência de
projecto............................................................................................................................25
4.2. Solos....................................................................................................................26
4.2.1. Metodologia......................................................................................26
4.2.2. Caracterização da situação de referência..........................................26
4.2.3. Uso do solo.......................................................................................29
4.2.4. Ocupação do solo..............................................................................31
4.2.5. Evolução previsível da situação de referência na ausência de
projecto..................................................................................................................31
4.3. Ordenamento do Território e Condicionantes...........................................32
4.3.1. Metodologia......................................................................................32
4.3.2. Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve
(PROTAL).............................................................................................................32
4.3.3. Plano de Bacia Hidrográfica das Ribeiras do Algarve.....................34
4.3.4. Plano de Desenvolvimento Estratégico do Concelho de Tavira.......35
4.3.5. Plano Director Municipal de Tavira.................................................36
4.3.6. Condicionantes..................................................................................37
4.3.6.1. Reserva Agrícola Nacional (RAN)............................................37
4.3.6.2. Reserva Ecológica Nacional (REN)..........................................38
4.3.6.3. Aproveitamento Hidroagrícola do Sotavento Algarvio.............38
5. IMPACTES AMBIENTAIS E MEDIDAS DE MITIGAÇÃO...................................39
5.1. Identificação e Avaliação dos Impactes Ambientais, Tendo em
Conta as Fases do Projecto....................................................................................41
5.1.1. Geologia e Geomorfologia................................................................41
5.1.2. Solos..................................................................................................43
5.1.3. Ordenamento do Território...............................................................46
5.2. Avaliação Final dos Impactes Ambientais..........................................................47
5.3. Medidas de Mitigação...............................................................................50
5.3.1. Geologia e Geomorfologia.........................................................................50
5.3.2. Solos...........................................................................................................51
5.3.3. Ordenamento do Território.........................................................................52
5.4. Impactes Cumulativos.........................................................................................53
5.4.1. Análise de Impactes Cumulativos..............................................................53
5.5. Análise das alternativas.......................................................................................60
6. MONITORIZAÇÃO E MEDIDAS DE GESTÃO AMBIENTAL DOS
IMPACTES RESULTANTES DO PROJECTO.............................................................60
6.1. Programa de Monitorização para os Solos................................................63
6.1.1. Objectivos e locais de monitorização.........................................................63
6.1.2. Frequência de amostragem.........................................................................63
6.1.3. Parâmetros ambientais a monitorizar.........................................................64
6.1.4. Medidas de gestão ambiental......................................................................64
Abril de 2007 ii
Relatório Síntese da Central Solar Térmica de Tavira
ÍNDICE DE QUADROS
Abril de 2007 iv
Relatório Síntese da Central Solar Térmica de Tavira
ÍNDICE DE FIGURAS
Abril de 2007 v
Relatório Síntese da Central Solar Térmica de Tavira
Acrónimos
Abril de 2007 vi
Relatório Síntese da Central Solar Térmica de Tavira
Anteriormente foi realizada uma Proposta de Definição do Âmbito (PDA), que teve
como principais objectivos identificar e seleccionar as questões e áreas temáticas que se
antecipem de maior relevância em função dos impactes positivos e negativos que possam
causar no ambiente e que devem ser tratadas e analisadas no presente EIA. Estas questões
deverão ser o objecto de estudo do EIA.
A deliberação da comissão de avaliação do PDA foi constituída pelo professor João Mil
Homens.
1.5. Metodologia e descrição geral da estrutura do EIA
O presente projecto tem como objectivo a construção de uma Central Solar Térmica em
Tavira, que se destina à produção média de 10,4 GWh/ano de electricidade, através da
produção de vapor de água turbinado, que poderá vir a proporcionar uma redução de
custos capaz de tornar a electricidade produzida por via solar térmica competitiva mesmo
com outras fontes de energia renováveis [1]. Dado a localização prevista da Central
encontrar-se numa zona interior e rural da região algarvia, afastada dos grandes núcleos
urbanos e pouco vocacionada para o turismo de massas, perspectiva-se que a criação
desta unidade seja importante na dinamização da socio-economia local e na fomentação
de postos de trabalho na região.
A Central Solar Térmica de Tavira será pioneira no aproveitamento da energia solar para
a produção de electricidade por via térmica [1].
A produção de electricidade a partir de energia solar, pode ser feita com recurso a vários
tipos de tecnologia. Destacam-se, entre outros, as centrais de torre, os colectores
cilindrico-parabólicos e os parabólicos de revolução com motores Stirling. O objectivo é
de a aquecer com energia solar, um fluído (água, termo fluídos, ar, etc.) com o qual se
pode gerar movimento capaz de accionar um gerador eléctrico, no âmbito de um ciclo
termodinâmico apropriado [1].
A tecnologia dos concentradores CLFR (Compact linear Fresnel Reflector) desenvolvida
pela empresa australiana Solar Heat and Power, é das tecnologias solares térmicas
menciondas, a que parece ter maior probabilidade de vir a proporcionar uma redução de
custos capaz de tornar a electricidade produzida por via térmica competitiva, mesmo com
outras fontes renováveis [1].
A tecnologia CLFR baseia-se na tecnologia dos sistemas do tipo cilindro-parabólica
seguindo o movimento diário aparente do sol, em apenas um eixo. Neste tipo de
tecnologia a turbina de vapor a ser utilizada, pode ser concebida para vapor saturado a
temperaturas em torno de 250-300ºC, um valor relativamente baixo do ponto de vista dos
colectores solares o que possibilita a opção pela tecnologia CLFR, com um custo
potencial baixo [1].
A produção de energia eléctrica a partir da Central Térmica Solar será através de vapor
turbinado. A tecnologia a ser instalada na Capelinha será suportada por uma empresa com
experiência na área.
Pelo facto de se utilizar a radiação solar para aquecer um fluido (água), pelo qual se pode
gerar movimento capaz de accionar um gerador eléctrico, as emissões atmosféricas
produzidas são bastante reduzidas, traduzindo-se num benefício ambiental significativo
face à produção da mesma quantidade de energia produzida por ciclo convencional [1].
Esta nova tecnologia, parece ter maior probabilidade de vir a proporcionar uma redução
de custos capaz de tornar a electricidade produzida por via térmica, competitiva mesmo
com outras fontes renováveis [1].
Movimento de Terras
Pipe-rack
Tal como a estrutura do Pipe-rack, será executada uma torre metálica com 10,25 m de
altura onde ficará apoiada na cota superior um depósito de vapor (steam drum), e na
cotas intermédia será instalada desgaseificador (deaerator).
Edifício da Turbina
As paredes exteriores serão constituídas por dois panos em alvenaria de tijolo furado
de 30x20x11 cm, com caixa-de-ar e isolamento com 30 mm de espessura tipo
“Wallmate”.
Central de desmineralização
Esta será uma unidade compacta que ficará resguardada com um telheiro metálico
ligeiro.
Será executado em chapa vitrificada com 11,00 m de diâmetro com uma capacidade
de 400 m3. Assentará sobre uma laje de fundação em betão armado.
Será executado em chapa de fibra de vidro com 8,00 m de diâmetro com uma
capacidade de 100 m3. Assentará sobre uma laje de fundação em betão armado.
Torre de arrefecimento
A torre de arrefecimento será montada sobre uma estrutura de betão armado com
7,00x7,00 m. Em todo o seu perímetro será executada também uma parede de betão
armado com 1,00 m de altura. Em várias partes da laje de fundo serão deixados
chumbadores para a instalação do equipamento de arrefecimento.
Arruamentos e Vedações
Abastecimento de Água
Processo Térmico
Sistema de Refrigeração
O circuito de arrefecimento do condensador poderá ser a ar ou a água, ou mesmo
utilizando as duas fontes (misto). Se for utilizada a solução com arrefecimento a água,
através de torres de arrefecimento teremos um consumo máximo da ordem de 130 m 3/dia,
em situação de pico e considerando uma temperatura ambiente máxima [1].
Produção de energia
Haverá um transformador que elevará a tensão produzida para 60 kV e a ligação será feita
directamente à linha de alta tensão que passa no próprio terreno (Figura 3).
No que diz respeito à programação temporal estimada das diferentes fases da exploração
e desactivação do projecto, serão de 25 anos [1].
3.4. Localização do projecto
O presente EIA diz respeito à construção da Central Solar Térmica, situada na Zona da
Capelinha, freguesia de Santa Maria no Concelho de Tavira.
O concelho de Tavira situa-se na região do Algarve, no sul de Portugal. Na figura 3 pode-
se observar o enquadramento geográfico do projecto, às escalas nacional, regional e local.
- Locais propostos pelo Estado Português pela integração na Rede Comunitária Natura
2000 (Zonas Especiais de Conservação e Zonas de Protecção Especial), classificados nos
termos do Decreto-Lei nº 140/99 de 24 de Abril.
- As áreas pertencentes à Rede Nacional de Áreas Protegidas, classificadas ao abrigo do
Decreto-Lei nº 19/93 de 23 de Janeiro, com alterações introduzidas pelo Decreto-Lei nº
227/99 de 17 de Junho.
No presente caso, a área de inserção do projecto não está integrada no sistema nacional
de áreas protegidas (figura 4) não está proposta para integração na Rede Natura 2000
(figura 5), nem está sujeita a qualquer figura de Ordenamento do Território especifica
para os aspectos de conservação da natureza. No que respeita às áreas de protecção dos
monumentos nacionais e dos imóveis de interesse público definidas na Lei nº 107/01 de 8
de Setembro (revoga a Lei nº 13/85 de 6 de Julho), não existem monumentos
inventariados com património cultural classificado que possam ser abrangidos pela
implantação do projecto, mais especificamente no local da implantação da central, onde
ocorrerão movimentos de terra [5].
A construção da Central Solar Térmica de Tavira será realizada, num período total
previsto de cerca de um ano. A construção da Central consiste, essencialmente, na
preparação do local e na construção da instalação, propriamente dita. As principais
actividades a realizar são as que a seguir se sumarizam:
- preparação da área de implantação da Central ( pequena correcção da inclinação);
- montagem de colectores e linhas de vapor;
- construção civil, nomeadamente, edifícios e instalações auxiliares, depósitos de
água, torre de arrefecimento, subestação eléctrica;
- transporte de materiais e equipamentos;
- montagem de equipamento mecânico;
- montagem de equipamento eléctrico;
- montagem dos colectores solares.
No local será instalada a fábrica da empresa SOLPOWER, Lda. Esta fábrica será
desmontável, para poder ser instalada noutro local após a conclusão da construção da
Central. A Central com tecnologia CLFR pode ser produzida/fabricada em Tavira uma
vez que os materiais, aço e vidro são de fácil obtenção em Portugal, a única peça a
importar será a turbina [1].
A fase exploração da Central Solar Térmica de Tavira encontra-se bem definida, para um
período de 25 anos.
3.7 Principais tipos de efluentes e emissões gasosas previsíveis
Prevê-se que o principal efluente da Central Solar Térmica seja da água desmineralizada,
proveniente do colector, que poderá conter alguns metais pesados (chumbo, zinco,
cádmio, cobre e crómio) e também se encontrará a uma temperatura elevada [1]. Será de
se esperar alguns efluentes domésticos provenientes das instalações sanitárias associadas
à central.
A composição das emissões gasosas da Central será somente vapor de água [1].
3.7.3 Ruído
No que diz respeito ao ruído, está previsto um aumento deste na área de implementação
do projecto e na sua área circundante, quer na fase de construção, assim como na fase de
exploração. A sua origem resulta, principalmente, movimentação de maquinaria na fase
de construção, e turbina na fase de exploração.
Simultaneamente, e associado ao ruído, também se antevê um aumento das vibrações,
tanto na fase de construção, como na fase de exploração.
Dado que a área de implantação do projecto se situa numa zona rural, pouco habitada,
considerou-se que os afectados pelo projecto seriam:
Empresas do Consórcio;
Câmara Municipal de Tavira e Junta de Freguesia de Santa Maria;
População residente da área adjacente;
Associação de regantes;
CCDR Algarve;
Direcção Geral de Energia;
Direcção Geral da Agricultura do Algarve;
EDP;
Associação de Recursos Energéticos do Algarve (AREAL);
Instituto da Conservação da Natureza (ICN);
Público geral interessado;
Associações Ambientalistas;
Instituto do Ambiente;
Direcção Regional do Algarve do Ministério da Economia;
Instituto Nacional da Água;
Instituto de Meteorologia.
4.1.1 Metodologia
Prevê-se que não se verifiquem alterações significativas neste sector em relação ao que
foi descrito na situação de referência.
As alterações neste descritor são feitas a longo prazo devido aos esforços e compressões a
que as placas continentais estão sujeitas, serem processos morosos. As propriedades
químicas da rocha bem como as físicas, no que se refere a erosão estão, no entanto,
sujeitas a acções de curto prazo, como é o caso de contaminações e de drenagem de
poluentes.
Não é possível determinar quando vai ocorrer o próximo sismo de efeitos devastadores na
zona em questão ou qual a sua intensidade, no entanto é elevada a probabilidade de vir a
ocorrer nos próximos anos.
4.2 Solos
A caracterização dos solos da área abrangida pelo projecto em estudo foi realizada com
base nas Carta de Solos e Carta de Capacidade de Uso do Solo, elaborada pelo Serviço de
Reconhecimento e Ordenamento Agrário, na escala 1:25000 (carta nº 599). Foi ainda
analisada a carta de RAN e a carta de REN do Plano Director Municipal de Tavira. Para
análise da ocupação do solo foi analisada carta de ocupação do solo do CNIG, na escala
1:25000, complementada com a fotografia aérea da área de estudo e os dados obtidos no
trabalho de campo. O trabalho foi ainda complementado com informação bibliográfica de
carácter geral.
Horizonte: C 90 - 95
Textura
Segundo Kopp et al. (2000), o teor de argila na terra fina situa-se frequentemente à volta
de 30% na camada superficial, aumentando regra geral no horizonte B. Encontram-se
elevadas proporções de micro-agregados cimentados por carbonatos na terra fina (no limo
+ areia fina e mesmo nas fracções arenosas grosseiras).
Os horizontes A e B podem possuir uma considerável proporção esquelética, a qual reduz
a capacidade de armazenamento das águas [8].
Porosidade
A porosidade é frequentemente suficiente na camada superficial, com um efeito positivo
no arejamento e infiltração. O horizonte B e, acima de tudo, o subsolo Cca têm, pelo
contrário, apenas uma baixa capacidade de arejamento e permeabilidade [8].
Capacidade de Campo
A capacidade de campo é de média a alta. A proporção de águas mortas relativamente à
capacidade de retenção das águas é no geral baixa, podendo algumas vezes ser também
muito elevada [8].
Água disponível
A proporção de água disponível é, em alguns casos, baixa, sendo nos restantes casos
razoável. Devido à pequena espessura do solo existe uma baixa proporção de água
disponível por área [8].
Permeabilidade
No horizonte A podem surgir baixas permeabilidades, sendo as mesmas muito frequentes
no horizonte B, correspondendo, neste caso, a possíveis encharcamentos superficiais
temporários, devido à falta de arejamento [8].
Erosão
A estrutura da camada superficial é estável e não susceptível à erosão. A topografia do
solo e as águas do exterior podem conduzir, no entanto, a escorrimentos elevados e
consequentemente elevados devido à baixa capacidade de armazenamento [8].
Estes solos são ricos em carbonatos no horizonte A, aumentando o seu teor com a
profundidade até aos 30 – 40%. Surgem ocasionalmente (em situações topográficas de
acumulação) sub-solos mais pobres em calcário devido à formação de calcários
secundários na camada superior. De grande significado para a fisiologia das plantas,
embora de uma forma negativa, são os elevados teores de calcário activo. Este facto deve
ser tomado em consideração especialmente quando se faz o aproveitamento dos solos
para fruteiras (espécies que toleram o cálcio e porta-enxertos) [8].
Com estes teores de carbonatos os valores de pH são, de uma forma constante,
ligeiramente alcalinos conforme se pode verificar através da figura 9 referente à acidez e
alcalinidade da região Algarve. No anexo VI pode-se verificar o pH da área em estudo.
Figura 9 - Acidez e Alcalinidade dos solos do Algarve.
Fonte: Direcção Geral do Ambiente – Atlas do Ambiente, 2007.
Sem a realização do projecto previa-se que este tivesse uma evolução natural
relativamente semelhante ao que se verifica na situação de referência.
Tendo em conta que a área de implantação do projecto é classificada como RAN e REN,
caso não se verifique a sua implementação, a situação de referência poderá ser utilizada
para práticas agrícolas, tendo como principais impactes a introdução de novas espécies.
Poderá também ocorrer degradação química do solo, tal como perda de nutrientes e de
matéria orgânica, salinização, alteração do pH e ainda poluição, provocada pela aplicação
incorrecta das técnicas agrícolas.
É de referir, no entanto, que estes fenómenos, caso ocorram, deverão ser remediados uma
vez que a agricultura praticada no local, permite uma exploração de uma escala pouco
intensiva a intensiva, dadas as condições favoráveis do solo (RAN). As explorações
agrícolas são, na sua totalidade de pequenas dimensões e utilizadas quase exclusivamente
para consumo próprio.
4.3.1 Metodologia
O Plano de Bacia Hidrográfica (PBH) das Ribeiras do Algarve abrange uma área de 3837
km2, repartida por 15 concelhos da região do Algarve e três da região do Alentejo, sete
dos quais são abrangidos parcialmente. No concelho de Tavira, o plano abrange cerca de
57,2% da área do concelho, incluindo o terreno da futura central (figura 11).
4.3.6 – Condicionantes
A análise dos impactes será realizada a nível qualitativo e quantitativo, sempre que
possível, sendo a sua classificação efectuada de acordo com as suas características, com o
objectivo de se conseguir uma hierarquização a nível de significância dos impactes
ambientais analisados. A significância traduz a importância ecológica ou social do
recurso ou meio afectado, sendo os impactes classificados como pouco significativos,
significativos e muito significativos [9].
Deste modo, seguidamente, no que diz respeito a classificação referida anteriormente, são
citados os critérios usados para o estabelecimento desta.
Relativamente à magnitude dos impactes ambientais determinados, são utilizadas técnicas
de previsão que permitem evidenciar a intensidade dos referidos impactes, tendo em
conta as acções propostas e a sensibilidade dos factores ambientais afectados. Assim,
traduz-se a magnitude dos potenciais impactes qualitativamente, mas de forma tão
objectiva e detalhada quanto possível e justificável.
Relativamente à significância dos impactes ambientais, adoptou-se uma metodologia de
avaliação qualitativa, de forma a transmitir de forma clara, o significado dos impactes
ambientais determinados em cada um dos descritores, e através de uma matriz efectuar-se
uma avaliação quantitativa.
De acordo com o seu âmbito de influência, os impactes são classificados como locais,
tendo em conta a dimensão da área na qual os efeitos se fazem sentir.
Para além disso, poder-se-ia estabelecer a distinção entre impactes directos e indirectos,
ou seja, entre aqueles que são provocados directamente pelo projecto e aqueles que são
induzidos pelas actividades com ele relacionados.
Na identificação e avaliação dos impactes, são utilizadas matrizes baseadas na matriz de
Leopold, desenvolvida para o US Geological Survey por Leopold et al. (1971).
As matrizes têm em consideração os critérios anteriormente referidos, sendo baseadas
numa lista com as diferentes acções de projecto, tendo em conta cada fase do mesmo, e
uma lista com os diferentes descritores ambientais. Assim, o impacte das diversas acções
sobre as características ambientais será expresso em termos da sua significância, que de
certa forma se encontram correlacionados com os restantes critérios, em que a
significância resulta da integração dos critérios natureza, duração, probabilidade e
reversibilidade.
As primeiras matrizes são apresentadas sem considerar as medidas de mitigação e as
seguintes consideram as medidas de mitigação propostas no presente estudo, com o
intuito de evitar, reduzir, remediar ou compensar os impactes ambientais negativos do
projecto. A utilização destas matrizes terá como principal objectivo verificar a possível
eficiência da aplicação das medidas de mitigação propostas.