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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED (UNISCED)

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO


CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA

Disciplina: GEOGRAFIA DE MOÇAMBIQUE

Tema: Impactos Socio Ambientais do rápido crescimento populacional nas


principais cidades moçambicanas ‘ NACALA-PORTO’

Nome: Horácio Alberto Rassane


Código: 81230867

Nampula, Março de 2024


UNIVERSIDADE ABERTA ISCED (UNISCED)
FACULDADE DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA

Tema: Impactos Socio Ambientais do rápido crescimento populacional nas


principais cidades moçambicanas ‘ NACALA-PORTO’

Trabalho de Carácter avaliativo,


desenvolvido no Campo a ser
submetido na Coordenação do Curso de
Licenciatura em Ensino de Geografia
da UnISCED.
Tutor:

Nome: Horácio Alberto Rassane


Código: 81230867

Nampula, Março de 2024


Índice

Introdução.................................................................................................................................... 4
Urbanização no contexto moçambicana .................................................................................... 5
Impactos Socio Ambientais do rápido crescimento populacional nas principais cidades
moçambicanas. ........................................................................................................................ 5
Bairro Mocone: um assentamento (in) formal no centro da cidade ................................... 7
Considerações Finais ......................................................................................................... 10
Bibliografia ........................................................................................................................ 11
Introdução

O presente trabalho tem em vista abordar sobre Impactos Socio Ambientais do rápido
crescimento populacional nas principais cidades moçambicanas ‘Nacala’ As cidades
moçambicanas estão estruturadas de forma desordenada, com construções de edifícios em
lugares impróprios, quer ocupando o espaço público quer obstruindo as vias de acesso.
Essa anarquia é estimulada pela fragilidade do poder público municipal em formular e
implementar políticas públicas capazes de melhorar a vida da população que mora nas
periferias, assim como enfrentar os padrões emergentes da deterioração urbana. Por via
disso, produzem-se espaços urbanos diferentes que, de acordo com Jenkins (2001), os
espaços planeados e espontâneos, passaram, após a independência, por um processo de
“hibridização”, onde houve combinação de características dos dois espaços em ambos,
como a deterioração do tecido urbano formal e uma ou outra melhoria no espaço urbano
informal. Maloa (2016, p. 20), por sua vez, nota um profundo contraste entre a paisagem
do núcleo e a periferia. “Em muitos bairros periféricos, grande parte da população vive
sem acesso ao transporte público, ruas, calçamento, iluminação, água encanada,
saneamento básico, postos de saúde, policiais, escolas, entre outros benefícios sociais”.

O objectivo geral:
● Estudar Impactos Socio Ambientais do rápido crescimento populacional nas
principais cidades moçambicanas ‘ NACALA-PORTO’

Objectivo específicos:
● Analizar os impactos que o rápido crescimento populacional tem sobre Habitação
saúde, educação, emprego, transporte e bem-estar ambiental;
● Descrever os impactos que o rápido crescimento populacional tem sobre Habitação,
saúde, educação, emprego, transporte e bem-estar ambiental.

De acordo com os objetivos traçados, espera-se no trabalho aqui em destaque a


existência de informações fidedignas e que vão de acordo com as directrizes
orientadoras que permitiram a elaboração do mesmo, desta feita, abarga a utilização do
trabalho para os estudantes do mesmo curso que possa se ingressar no centro de recurso
para os anos vindouros.
Metodologia de pesquisa
Para que fosse possível a produção do trabalho aqui apresentado, foram utilizadas como
metodologias as seguintes pesquisa bibliográfica, pesquisa documental na qual a obras
consultadas serão descritas na bibliografia do trabalho. O trabalho obedece a seguinte
ordem: capa, rosto de capa, introdução, desenvolvimento, considerações finais e a
referência bibliográfica.

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Urbanização no contexto moçambicana

A atual morfologia urbana em Moçambique é herdeira da colonização portuguesa,


caracterizada por uma estrutura dual, na qual parte da cidade é urbanizada, planejada,
mais verticalizada e com estrutura, equipamentos urbanos e serviços, e a outra parte da
cidade resultante do crescimento espontâneo, sem infraestruturas urbanas, apresentando
uma teia de ruas estreitas e caminhos sem qualquer plano de ordenamento definido sem
planeamento, mais horizontal e carente de equipamentos e serviços (MALOA, 2016).
As cidades moçambicanas estão estruturam-se de forma desordenada, com construções
de edifícios em lugares impróprios, quer ocupando o espaço público quer obstruindo as
vias de acesso. Essa anarquia é estimulada pela fragilidade do poder público municipal
em formular e implementar políticas públicas capazes de melhorar a vida da população
que mora nas periferias, assim como enfrentar os padrões emergentes da deterioração
urbana. Por via disso, produzem-se espaços urbanos diferentes que, de acordo com
Jenkins (2001), os espaços planeados e espontâneos, passaram, após a independência, por
um processo de “hibridização”, onde houve combinação de características dos dois
espaços em ambos, como a deterioração do tecido urbano formal e uma ou outra melhoria
no espaço urbano informal. Maloa (2016, p. 20), por sua vez, nota um profundo contraste
entre a paisagem do núcleo e a periferia. “Em muitos bairros periféricos, grande parte da
população vive sem acesso ao transporte público, ruas, calçamento, iluminação, água
encanada, saneamento básico, postos de saúde, policiais, escolas, entre outros benefícios
sociais”.
De facto, os bairros periféricos, em Moçambique, são caracterizados por
assentamentos informais, nos quais grande parte da população que nela reside é pobre; a
elevada densidade demográfica o que dificulta a circulação e a edificação dos serviços
públicos. Portanto, essa disparidade entre o núcleo urbano e a periferia, é resultado das
desigualdades sociais construídas desde o período colonial.

Impactos Socio Ambientais do rápido crescimento populacional nas principais


cidades moçambicanas.
Em geral, no processo de urbanização ocorre a substituição da paisagem natural por
outra completamente diferente, que o homem organiza conforme suas necessidades
produtivas, e segundo o poder que exerce sobre esse espaço. O uso intensivo do solo e a
ausência de planejamento das intervenções urbanas têm gerado disfunções espaciais e
ambientais, repercutindo, assim na qualidade de vida da população, principalmente, de
baixa renda, a qual, sem acesso à moradia, passa a ocupar áreas impróprias à habitação,
como por exemplo, zonas de proteção ambiental. Assim, “a ocupação irregular dessas
áreas não ocorre apenas por invasões, mas pode estar associada ao incumprimento da
legislação” (BARROS et al., 2003, p. 54).

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Nacala - Porto é uma cidade litorânea da Província de Nampula. Nacala constitui uma
das 65 Autarquias nacionais, com um governo local eleito e, também um Distrito, que
exerce as competências administrativas do governo central. Sua população é de
aproximadamente 22.5000 habitantes, de acordo com INE (2017). Nacala junto com
alguns Distritos adjacentes foi declarado pelo Governo como Zona Económica Especial,
em parte visando valorizar o potencial econômico, assim como estimular novos
investimentos na região. Todavia, apesar de possuir condições económicas e legislação
sobre investimentos favoráveis, a cidade caracterizou-se sempre por uma grande
suscetibilidade ambiental quase que natural, uma vez que, Nacala ergueu-se sobre
terrenos com declives acentuados tornando-se propensa à erosão de diferentes tipos.
Na cidade de Nacala - Porto, recorte espacial da pesquisa, é o núcleo de atração
de emigrantes provenientes dos distritos vizinhos, em busca de oportunidades de
trabalho e, face à pobreza e carência em recursos financeiros, constroem suas habitações
em zonas de declividade acentuada e desfavoráveis à ocupação humana. Os novos
citadinos são vítimas da acção desonesta de alguns funcionários públicos municipais e
também da população nativa que vende terrenos em zonas inadequadas. São vítimas,
igualmente, da ineficiência do poder público muncipal que estranhamente atribui
licença e outros títulos fundiários para a ocupação de áreas imprórias.
Às condições naturais sensíveis, a ocupação humana dessas áreas, assim como a
destruição da paisagem natural durante anos nas zonas consideradas vulneráveis,
conduziu ao desmatamento e ocupação irregular, o que agravou ainda mais a
vulnerabilidade dessas áreas, aumentando, consideravelmente, os riscos de deslizamento
de terras e inundações, sobretudo no período chuvoso.
O uso e ocupação do solo de forma desordenada principalmente em zonas de risco têm
gerado problemas ambientais irreversíveis, afetando diretamente a vida da população.
De fato, a qualidade de vida da população de Mocone é precária, dado aos riscos a que
estão expostos, tais como: (i) deslizamento de terra; (ii) proliferação de doenças como a
cólera e a malária, aliada a falta de sistema de gestão das águas pluviais, recolha e
gestão de resíduos sólidos, entre outros.
O processo de urbanização acelerado tem transformado o espaço geográfico, as cidades
têm crescido sem planejamento adequado, por via disso, a população desfavorecida
acaba ocupando as zonas periféricas das áreas urbanas, geralmente sem condições
necessárias para receber infraestruturas sociais
Assim como ocorre em outras partes, na Autarquia de Nacala-Porto, a expansão urbana
ocorre sem o devido planejamento e tem gerado problemas diversos como, a degradação
ambiental, destruição da vegetação nativa, o assoreamento dos canais de escoamento
das águas pluviais, que intensificaram o problema de deslizamento de terra interferindo
no equilíbrio natural do ecossistema.

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Os bairros periféricos nascem a partir de um grupo de moradores, geralmente de baixa
renda e sem poder financeiro para adquirir terreno nas zonas mais valorizadas
planejadas e organizadas. De facto, a falta dos recursos financeiros e a existência de
espaços frágeis e a passividade do poder público municipal no cumprimento da lei, são
responsáveis pela formação e consolidação das zonas (in) formais na Autarquia de
Nacala-Porto.

Bairro Mocone: um assentamento (in) formal no centro da cidade


A extrema vulnerabilidade das cidades aos acidentes naturais está associada à
incapacidade histórica de prover habitações adequadas para a população e promover um
ordenamento territorial que imponha o interesse social sobre o interesse privado dos
"proprietários" de terras. Todavia, a maior parte da população de baixa renda não tem
acesso à terras legalizadas, quer pela sua condição de migrante, quer pela dificuldade
em adquirir o terreno em função do(s) preço(s) praticado(s) e, como alternativa foram
construindo suas habitações em terrenos públicos ou privados de menor valor de
mercado. Geralmente, esses terrenos localizam-se em zonas de risco e/ou de proteção
ambiental.

Escolarização no distrito
Com 88% da população analfabeta, predominantemente mulheres, a taxa de
escolarização no distrito é baixa, constatando-se que somente 23% dos
habitantes 4 frequentam ou já frequentaram a escola primária.
A maior taxa de escolarização verifica-se no grupo etário dos 10 a 14 anos, onde 26% das
crianças frequenta a escola, seguido do grupo de 5 a 9 anos, o que reflete a entrada tardia
na escola. Na sua maioria, os estudantes são rapazes a frequentar o ensino primário, dada
a insuficiente / inexistente rede escolar dos restantes níveis de ensino nalgumas
localidades.

Este distrito tem sido alvo de calamidades naturais que afectam a vida social e
económica da comunidade.

Estes desastres, associados à fraca produtividade agrícola, conduzem. de acordo com


vários levantamentos efectuados por entidades credíveis11 - a níveis de
segurança alimentar de risco, estimando-se em 2,5 meses a média de reservas
alimentares por agregado familiar de cereais e mandioca, o que coloca cerca de 5% da
população do distrito, sobretudo os camponeses de menos posses, idosos e famílias
chefiadas por mulheres, numa situação potencialmente vulnerável.

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Não há dúvidas de que parcela expressiva da população urbana na autarquia de Nacala
reside nos assentamentos (in) formais, desprovidos de infraestruturas e equipamentos
sociais, segurança e em condições habitacionais inadequadas. Dentre os principais
problemas ambientais relacionados ao assentamento (in) formal destacam-se:
saneamento básico incipiente; drástica alteração da paisagem natural; deslizamento de
terra; agravamento da erosão. A seguir são descritos cada um desses problemas de modo
a compreenderem-se como elas afetam a qualidade de vida da população.

O saneamento do meio refere-se ao tratamento das condições do meio em volta do


homem e a melhoria da saúde humana. Pereira e Melo (2007), entendem que o consumo
é de extrema importância para a vida humana, uma vez que todos sem exceção são
consumidores em potencial e, consequentemente, produzem lixo com a atividade
cotidiana. Na verdade, a sociedade está sempre em busca de melhor qualidade de vida e
com isso aumenta o consumo de bens duráveis e não duráveis, gerando desta forma
mais resíduos comprometendo, assim, a qualidade do ambiente. Desse modo, as
atividades domésticas principalmente em áreas informais, nas quais grande parte da
população residente é de baixa renda; há dificuldades de provisão de serviços básicos,
como, por exemplo, o sistema de coleta, seleção e destinação de resíduos, esses aspetos
põem em causa a qualidade de vida, por esta possuir pouca capacidade de resposta aos
problemas sociais e ambientais, tal como refere Muller (1997) que a condição do
saneamento básico é determinada pela condição social do morador.
Com efeito, Mocone é desprovido de sistemas viários que garantam a operação das
autoridades locais no que se refere à gestão de resíduos sólidos, este problema decorre,
por um lado, da ineficiência do poder público municipal, por outro lado, pelo
confinamento das moradias em resultado da ocupação dos espaços que seriam
reservados para as vias de acesso. Disso resulta a disposição espontânea dos resíduos
sólidos e que passou a fazer parte do cotidiano dos moradores, conforme testemunham
os moradores:
O bairro não é abrangido pelos serviços de recolha de lixo, porque não há vias
de acesso, por isso, cada um deita onde quiser […] Existem outras pessoas que
que colocam em aterros abertos por eles outros optam em queimar nos seus
quintais na calada da noite (Entrevista com morador A, março, 2022).

Portanto, percebe-se a ausência do poder público na coleta e destinação de resíduos


sólidos, como parte de suas atribuições, nos assentamentos (in) formais, e como
consequência, o tratamento do lixo é ineficiente, as opções de queima assim como seu
acúmulo podem comprometer a saúde publica. Na verdade, os moradores têm ciência
sobre eventuais problemas gerados pela má gestão de resíduos, por isso,
Conviver com o lixo é um risco, porque os lixos produzem baratas, moscas e mosquitos
que contribuem para a ocorrência de doenças como a malaria e a cólera, não só, provocam
cheiro desagradável que pode provocar outras doenças (Entrevista com morador B,
fevereido de 2023).

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As consequências do déficit de saneamento do meio podem ser observadas em vários
domínios da vida social que é também ambiental. Na saúde, por exemplo, o mais recente
surto de cólera no Distrito de Nacala - Porto, apresentado em um apontamento de
reportagem da DW África em de abril de 2023, destaca que “todos os dias, 15 novos
pacientes dão entrada no Centro de Tratamento de Cólera no distrito de Nacala”. Na
verdade a cólera tem ceifado vidas, a ocorrência desta doença e causado pela deficiência
do saneamento do meio, associado ao consumo de água imprópria. Outro aspecto
relacionado com o saneamento do meio é o fecalismo a céu aberto, isso resulta da
ausência de espaço para construção de banheiros, em parte devido ao confinamento de
moradias e a irregularidade dos terrenos ocupados, geralmente pelas camadas mais
pobres. Podemos afirmar que a população de Mocone vive em condições precárias
derivado do deficiente saneamento do meio, ausência de vias de acesso ocasionado gerado
por construções irregulares.

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Considerações Finais

Em geral, no processo de urbanização ocorre a substituição da paisagem natural por outra


completamente diferente, que o homem organiza conforme suas necessidades produtivas,
e segundo o poder que exerce sobre esse espaço. O uso intensivo do solo e a ausência de
planejamento das intervenções urbanas têm gerado disfunções espaciais e ambientais,
repercutindo, assim na qualidade de vida da população, principalmente, de baixa renda, a
qual, sem acesso à moradia, passa a ocupar áreas impróprias à habitação, como por
exemplo, zonas de proteção ambiental. Assim, “a ocupação irregular dessas áreas não
ocorre apenas por invasões, mas pode estar associada ao incumprimento da legislação”
(BARROS et al., 2003, p. 54).
Os bairros periféricos nascem a partir de um grupo de moradores, geralmente de baixa
renda e sem poder financeiro para adquirir terreno nas zonas mais valorizadas planejadas
e organizadas. De facto, a falta dos recursos financeiros e a existência de espaços frágeis
e a passividade do poder público municipal no cumprimento da lei, são responsáveis pela
formação e consolidação das zonas (in) formais na Autarquia de Nacala-Porto.
De facto, os bairros periféricos, em Moçambique, são caracterizados por assentamentos
informais, nos quais grande parte da população que nela reside é pobre; a elevada
densidade demográfica o que dificulta a circulação e a edificação dos serviços públicos.
Portanto, essa disparidade entre o núcleo urbano e a periferia, é resultado das
desigualdades sociais construídas desde o período colonial.

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Bibliografia

JENKINS, P. Mercado de terras urbanas no Moçambique pós-socialismo. Maputo:


Centro de Estudos do Desenvolvimento do Habitat / Faculdade de Arquitetura e
Planejamento Físico / Universidade Eduardo Mondlane, 2001.
MALOA, J. M. A urbanização moçambicana: uma proposta de interpretação. 2016. 373
f. Tese (Doutorado em Geografia) - Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016.
MUACUVEIA, R. R. M. Urbanização contemporânea em Moçambique: papel dos
instrumentos de planejamento urbano na ocupação do espaço. Tese (Doutorado em
Geografia) - Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal de
Uberlândia, Uberlândia, 2019.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas. 2007
BARROS, M. V. F; SCOMPARIM, A; KISHI, C. S; CAVIGLIONE, J. H; ARANTES,
M. R. L; NAKASHIMA, S. Y; REIS, T. E. S. Identificação das ocupações irregulares nos
fundos de vale da cidade de Londrina/PR por meio de Imagem Landsat 7. Curitiba:
EdUFPR, 2003.

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