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FACULDADE DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA


4º ANO/2024
DISCIPLINA: GEOGRAFIA DE MOÇAMBIQUE

IMPACTOS SOCIO AMBIENTAIS DO RÁPIDO CRESCIMENTO POPULACIONAL


NAS PRINCIPAIS CIDADES MOÇAMBICANAS: CASO DE ESTUDO PROVÍNCIA DE
NAMPULA

Jackson Victor Piano

Código: 91230068

Pemba, Março, 2024


FACULDADE DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE GEOGRAFIA
4º ANO/2024
DISCIPLINA: GEOGRAFIA DE MOÇAMBIQUE

IMPACTOS SOCIO AMBIENTAIS DO RÁPIDO CRESCIMENTO POPULACIONAL


NAS PRINCIPAIS CIDADES MOÇAMBICANAS: CASO DE ESTUDO PROVÍNCIA DE
NAMPULA

Jackson Victor Piano

Código: 91230068

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura em
Nutrição da UnISCED.
Tutor:

Pemba, Março de 2024


ÍNDICE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4

Objectivo geral ............................................................................................................. 5

Objectivos Específicos: ................................................................................................ 5

Metodologia ................................................................................................................. 5

Cidades e urbanização em Moçambique ........................................................................ 6

Cidade de Nampula e sua urbanização ....................................................................... 6

Enquadramento geográfico e histórico ........................................................................ 6

Inicio da urbanização ................................................................................................... 7

Habitação e recursos financeiros ................................................................................. 8

Transporte.................................................................................................................... 9

educação e saúde ........................................................................................................ 9

CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 10

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 11
INTRODUÇÃO

No contexto da África Meridional, especialmente em Moçambique, o sistema de domínio


colonial português foi estabelecido em cidades que se desenvolveram principalmente a
partir de centros de serviços intimamente ligados à metrópole colonial. Muitas das
cidades moçambicanas actuais não apenas surgiram de antigos núcleos comerciais, mas
também foram amplamente influenciadas pela presença de portos e serviços portuários.

O processo de expansão da cidade de Nampula envolve uma dinâmica que abarca tanto
elementos de crescimento interno quanto de influência demográfica significativa,
derivada da migração campo-cidade e da incorporação de áreas rurais povoadas nos
limites administrativos da cidade. A cidade antiga, de origem colonial, expandiu-se além
de suas fronteiras, reproduzindo sua centralidade em um movimento contraditório que
amplia o tecido urbano em direcção ao campo circundante INE, (2017).

Esse processo resulta na formação de um espaço novo que desafia a compreensão


convencional da cidade e da dicotomia tradicional entre rural e urbano. Portanto, é
necessário um novo entendimento do fenómeno urbano contemporâneo que leve em
conta a emergência desse espaço novo dentro das novas interacções entre cidade e
campo.

Os impactos socioambientais do rápido crescimento populacional nas principais cidades


de Moçambique, especialmente na Província de Nampula, abrangeram diversos
aspectos que afectaram tanto a sociedade quanto o meio ambiente. O país experimentou
um significativo crescimento populacional nas últimas décadas, impulsionado por altas
taxas de natalidade, migração do campo para a cidade e melhorias na saúde que
aumentaram a expectativa de vida (Clark, 1982: 141).

Com o êxodo rural em busca de melhores oportunidades económicas e serviços, as


áreas urbanas, incluindo as da Província de Nampula, testemunharam uma rápida
expansão e densificação. Essa migração muitas vezes sobrecarregou a infra-estrutura
existente, dificultando a oferta de moradia adequada, saneamento básico, saúde,
educação, transporte e outros serviços essenciais.

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A rápida urbanização também resultou em degradação ambiental, incluindo
desmatamento, erosão do solo, poluição da água e perda de biodiversidade, à medida
que habitats naturais foram destruídos para o desenvolvimento urbano e as actividades
industriais se intensificaram

Objectivo geral
• Analisar os impactos socioambientais decorrentes do rápido crescimento
populacional nas principais cidades moçambicanas. Caso de estudo província de
Nampula

Objectivos Específicos:
• Investigar as pressões exercidas sobre os recursos naturais, como água, solo e
ar, devido ao aumento da demanda por infra-estrutura e serviços básicos.

• Avaliar as consequências sociais do crescimento populacional acelerado,


incluindo questões relacionadas à habitação, emprego, saúde e educação.

Metodologia
A presente pesquisa foi realizada através de referencial bibliográfico, como: livros, artigos
científicos, vídeos, jornais.

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Cidades e urbanização em Moçambique

As primeiras manifestações urbanas em Moçambique remontam a tempos anteriores à


colonização portuguesa, caracterizadas por centros comerciais e capitais de estados.
Essas incluíam cidades como a capital do Estado do Zimbabwe, a capital de Gaza, e os
centros comerciais de Chibuene, Sofala, Ilha de Moçambique, e possivelmente, Somana
e Querimba. Estas localidades funcionavam como pontos de comércio e habitação para
os comerciantes locais. Com a chegada da colonização portuguesa no início do século
XX, surgiram novas cidades que serviam como portos de exportação e centros
administrativos coloniais, destinadas principalmente aos europeus. Essas cidades se
diferenciavam das cidades europeias surgidas durante a Revolução Industrial.

Para compreender a urbanização em países dependentes, é essencial analisar como o


processo de dependência se origina do modo de produção capitalista. Nessa
perspectiva, a dependência surge da expansão do capitalismo, envolvendo distintas
formações sociais com funções específicas e características próprias. Essas relações
desiguais reproduzem dinâmicas de dominação e subordinação no desenvolvimento dos
países. A urbanização, por sua vez, reflecte essa realidade social no espaço, resultando
da penetração do capitalismo em sociedades com diferentes níveis de desenvolvimento
técnico, social e cultural, como observado na África meridional.

Cidade de Nampula e sua urbanização


Enquadramento geográfico e histórico
A Província de Nampula está localizada no norte de Moçambique, fazendo fronteira com
as Províncias de Cabo Delgado e Niassa ao norte, a Província de Zambézia ao sul e o
Oceano Índico ao leste. Possui uma área de 81.606 km², com Nampula como sua capital.
A Província é dividida em 23 distritos e 7 municípios. Em 2017, Nampula tinha uma
população total de 5.758.920 habitantes, equivalente a aproximadamente 21% da
população nacional (INE). Cerca de 51,22% da população é do sexo feminino. A
economia é dominada pela agricultura de subsistência, com cultivos de castanha de caju,
sementes de gergelim, tabaco e algodão. A pesca artesanal e a produção de gado

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também são importantes subsectores na vida socioeconómica da população, fornecendo
emprego, renda e segurança alimentar

A Província de Nampula se estabeleceu como um ponto de passagem e comércio


centenário com árabes, persas, indianos e chineses, embora economicamente
monopolizado pelos árabes através da ilha de Moçambique. Esta pequena ilha, visitada
em 1498 pela primeira frota marítima europeia liderada por Portugal, tornou-se um ponto
estratégico após intensas lutas com os árabes, com os portugueses assumindo o
controle do comércio regional. A Ilha de Moçambique foi transformada em um importante
centro de defesa e comércio, com a construção de uma grande fortaleza militar e uma
feitoria para regular e armazenar produtos comerciais indianos, africanos e portugueses.

Ao longo do litoral da Província de Nampula, ainda podem ser encontrados vestígios do


antigo Sultanato árabe e swahili, que resistiram à ocupação portuguesa. Como resultado,
a região costeira é uma mistura sociocultural decorrente de séculos de intercâmbio
comercial, que moldou uma identidade humana específica.

Inicio da urbanização
A expansão urbana em Nampula é um processo impulsionado por forças e práticas socio
espaciais, económicas e ambientais homogeneizantes, organizado e controlado pelo
Estado. Esse fenómeno fornece insights para compreender as transformações e
permanências no espaço urbano. A expansão da cidade abrange mudanças nos modos
de vida, onde a homogeneização predomina e os camponeses enfrentam dificuldades
para resistir à ocidentalização e monetarização da vida. Por outro lado, também envolve
aspectos de permanência, onde a capacidade homogeneizante falha e o modo de vida
da comunidade rural persiste, embora seja redefinido dentro de suas tradições
costumeiras.

Durante os anos 70, em Nampula, a expansão urbana estava intimamente ligada às


relações coloniais, com o surgimento de áreas residenciais para a mão de obra africana
e ex-militares moçambicanos. Após a independência em 1975, houve um movimento de
migração da população dos bairros periféricos para o centro da cidade colonial. A partir
da década de 80, o crescimento dos bairros periféricos foi retomado, principalmente
devido à chegada de refugiados moçambicanos. Em 1986, áreas predominantemente

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rurais foram incorporadas aos limites administrativos da cidade, resultando em
mudanças significativas nas formas de urbanização

A urbanização contemporânea resulta na formação de cidades cada vez mais


heterogéneas internamente. Essas diferenciações, que se manifestam em zonas,
comunidades e bairros, distinguem-se umas das outras não apenas pelo ambiente
construído e pela composição demográfica, mas também pelas características sociais e
pelos problemas sociais associados. Esses elementos, presentes em Moçambique e em
outras cidades, reflectem uma morfologia social e espacial que sugere que a estrutura
urbana é moldada por princípios gerais de localização e uso da terra. Isso indica a
actuação de forças sociais e económicas poderosas que influenciam usos semelhantes,
se não idênticos, das áreas urbanas dentro da cidade. (Clark, 1982: 141)

Habitação e recursos financeiros


Após a independência de Moçambique, o Estado socialista adoptou uma política de
nacionalização das habitações e propriedades de renda, eliminando a propriedade
privada e a especulação imobiliária em todo o país. A Agência de Promoção de
Investimentos e Exportações (APIE) foi encarregada de gerenciar o acesso à habitação
nas cidades, seleccionando as famílias para ocupar as propriedades e definindo os
preços de aluguel. Os critérios de selecção incluíam não apenas as necessidades
familiares, como o número de membros, mas também a capacidade financeira dos
locatários para manter as habitações.

Em grande parte, os moradores dos bairros centrais das cidades, como Nampula,
conseguiram acesso à habitação por meio da nacionalização das propriedades
abandonadas pelos portugueses. No entanto, com o aumento da população urbana e a
falta de investimentos em infra-estrutura, o sector imobiliário enfrentou uma crise,
agravada pela deterioração das habitações. Diante da escassez de moradias para
atender à crescente população urbana e da limitada capacidade financeira do Estado
para suprir essa demanda, os habitantes urbanos passaram a depender de suas próprias
condições financeiras e da disponibilidade de terrenos para construir habitações.

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Transporte
A Província de Nampula é atravessada pela linha férrea de Nacala a Entre-Lagos, em
um trecho de 110 quilómetros. Sua população se concentra nos postos administrativos
de Anchilo e Namaita, devido à sua localização estratégica no Corredor de Nacala e à
proximidade das infra-estruturas sociais e económicas. O transporte de pessoas e
mercadorias é realizado por meio de transporte público, como os "Chapa 100". As
principais pontes de concreto estão situadas sobre os rios que cruzam as estradas
principais, enquanto estradas secundárias frequentemente têm pontões danificados. A
província possui uma estação postal dos Correios de Moçambique, que enfrenta desafios
de equipamento moderno.

Em termos de telecomunicações, há um sistema digital e algumas cabines públicas, com


uma antena da mCel em construção. O acesso à água é limitado, com apenas a sede da
província e a aldeia de Nacuca tendo acesso a um fontanário. A energia elétrica é
fornecida principalmente pela hidreléctrica de Cahora Bassa, enquanto lenha e carvão
são fontes comuns de energia em outras áreas. A falta de representação da Electricidade
de Moçambique na sede da província resulta em problemas no encaminhamento dos
pedidos de ligação de energia.

educação e saúde
O investimento no setor tem aumentado, elevando o número de escolas para 98 em 2003
(sendo 93 de ensino primário nível 1 e 5 do nível 2), que atendem cerca de 75 mil
estudantes, ensinados por 7775 professores. Quanto à saúde, o distrito possui 1 Centro
de Saúde de nível I, 2 de nível II/III e 414 Postos de Saúde, totalizando 120000 camas e
contando com 4567 técnicos e assistentes de saúde.

O crescimento da rede escolar e de saúde desde 2000, juntamente com a melhoria do


atendimento do pessoal, tem permitido um aumento no acesso da população aos
serviços do Sistema Nacional de Educação e Saúde. No entanto, esse acesso ainda está
em um nível consideravelmente insuficiente.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há desafios sociais, como desemprego, pobreza, crime, desigualdade social e acesso


inadequado à saúde e educação, afectando o bem-estar e a qualidade de vida dos
moradores urbanos.

Condições de vida superlotadas nas cidades em rápido crescimento facilitaram a


propagação de doenças transmissíveis e aumentaram o risco de surtos, representando
desafios de saúde pública para as autoridades na Província de Nampula.

As áreas urbanas, incluindo aquelas na Província de Nampula, tornaram-se cada vez


mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas, como eventos climáticos
extremos, aumento do nível do mar e inundações, o que agravou os desafios
socioambientais existentes.

Para lidar com esses impactos, foram necessárias intervenções políticas abrangentes
nos níveis nacional, provincial e local, com foco em planejamento urbano,
desenvolvimento de infra-estrutura, conservação ambiental, programas de assistência
social e estratégias de resiliência climática. O envolvimento das comunidades locais,
organizações da sociedade civil, academia e outros stakeholders nos processos
decisórios foi fundamental para promover o desenvolvimento urbano sustentável e
enfrentar os desafios socioambientais associados ao rápido crescimento populacional na
Província de Nampula e em todo o país.

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BIBLIOGRAFIA

Direcção Provincial da Educação de Nampula, Relatório de Actividades, 2017. Direcção


Provincial de Saúde de Nampula, Relatório de Actividades,

District Development Mapping Project, Perfil Distrital, 1995.

Instituto Nacional de Estatística, Anuário Estatístico da Província de Nampula, 2021.

Instituto Nacional de Estatística (2017), Anuários Estatísticos,

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