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ALLÍCIA ALVES DA SILVA

URBANIZAÇÃO DESORNEDADA E SEUS IMPACTOS


NA DRENAGEM URBANA

Itabuna
2021
ALLÍCIA ALVES DA SILVA

URBANIZAÇÃO DESORNEDADA E SEUS IMPACTOS


NA DRENAGEM URBANA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Instituição União Metropolitana de Educação e
Cultura (UNIME), como requisito parcial para a
obtenção do título de graduado em Engenharia
Civil.

Orientador: Armando Sobrinho

Itabuna
2021
ALLÍCIA ALVES DA SILVA

URBANIZAÇÃO DESORNEDADA E SEUS IMPACTOS


NA DRENAGEM URBANA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Instituição União Metropolitana de Educação e
Cultura (UNIME), como requisito parcial para a
obtenção do título de graduado em Engenharia
civil.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Itabuna, 06 de dezembro de 2021


Dedico este trabalho...

Aos meus pais que sonharam comigo, ao


meu noivo Rafael por ter sido meu apoio e
a Deus por ter permitido que eu chegasse
até aqui.
AGRADECIMENTOS

Durante toda a minha trajetória, superei obstáculos, tive quedas, mas me


levantei e consegui vencer os desafios que encontrei nessa jornada. Agradeço em
primeiro lugar a Deus, o qual me tornou forte e corajosa, me sustentando durante
todos esses anos de graduação. Aos meus pais externalizo a minha gratidão por
sempre investirem na minha educação e nos meus sonhos, sem o apoio de vocês, eu
não teria chegado até aqui. Ao meu noivo, Rafael, obrigada por todo incentivo, amor
e paciência nessa reta final, você foi fundamental.
Agradeço a Universidade Estadual de Santa Cruz, lugar onde passei 5 anos da
minha graduação, cresci profissionalmente e pessoalmente. Nessa jornada nunca
estive sozinha, aos meus colegas e professores que me ajudaram, a LIFE Jr. –
Laboratório de Inovações, a Pérola da praia e a A Lobo Engenharia, lugares ondes
estagiei, meu muito obrigada.
“É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser
conhecer as borboletas.”
(O Pequeno Príncipe)
DA SILVA, Allícia Alves. Urbanização desordenada e seus impactos na drenagem
urbana. 2021. 52. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia civil)
– Instituição União Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME), Itabuna, 2021.

RESUMO

A humanidade sempre viveu em constante procura por um abrigo. Ao longo dos anos,
as moradias foram se aperfeiçoando, e o homem, em busca de melhores condições
de vida, migrou do campo para as áreas centrais e industrializadas, dando origem as
cidades e grandes centros urbanos. O crescimento populacional de forma
desordenada trouxe impactos para a drenagem urbana, visto que a impermeabilização
do solo e construções irregulares alteram o funcionamento natural do ciclo hidrológico
e provocam inundações, enchentes, alagamentos e enxurradas. O objetivo central do
trabalho é entender quais as intervenções são adotadas para mitigar e prevenir os
impactos provenientes desta sobrecarga. Sendo assim, propõe-se através de uma
revisão bibliográfica detalhada, entender como aconteceu o surgimento das cidades
brasileiras, como a drenagem urbana é formada, quais são os seus aspectos técnicos,
e apontar as medidas já existentes para reduzir esses impactos. A urgência da
discussão desse tema, parte do princípio dos altos índices pluviométricos do Brasil,
deixando evidente que a drenagem urbana precisa passar por adaptações, optando
por vias sustentáveis e que garantam o equilíbrio ambiental.

Palavras-chave: Drenagem urbana. Urbanização. Cidades brasileiras. Enchentes.


Águas pluviais.
DA SILVA, Allícia Alves. Disorderly urbanization and its impacts on urban
drainage. 2021. 52. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia
civil) – Instituição União Metropolitana de Educação e Cultura (UNIME), Itabuna, 2021.

ABSTRACT

Humanity has always lived in constant search for shelter. Over the years, housing was
improved, and man, in search of better living conditions, migrated from the countryside
to central and industrialized areas, giving rise to cities and large urban centers.
Disorderly population growth has impacted urban drainage, as soil sealing and
irregular construction alter the natural functioning of the hydrological cycle and cause
flooding. The main objective of the work is to understand which interventions are
adopted to mitigate and prevent the impacts arising from this overload. Therefore, it is
proposed, through a detailed bibliographical review, to understand how the emergence
of Brazilian cities happened, how urban drainage is formed, what are its technical
aspects, and to point out the measures that already exist to reduce these impacts. The
urgency of discussing this topic is based on the principle of high rainfall in Brazil,
making it clear that urban drainage needs to undergo adaptations, opting for
sustainable routes that ensure environmental balance.

Keywords: Urban drainage. Urbanization. Brazilian cities. Floods. Rainwater.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Impactos da urbanização sobre as águas .............................................. 20


Figura 2 – Ciclo hidrológico ..................................................................................... 22
Figura 3 – Ilustração do efeito da urbanização sobre o ciclo hidrológico ................ 23
Figura 4 – Telhado verde ........................................................................................ 37
Figura 5 – Pisos drenantes: combinação entre blocos vazados, pisos intertravados e
trincheira de infiltração ............................................................................................. 38
Figura 6 – Minicisterna residencial .......................................................................... 39
Figura 7 – Esquemas de poços de infiltração .......................................................... 40
Figura 8 – Modelo de instalação de microrreservatório de detenção dentro de lote
residencial..................................................................................................................40
Figura 9 – Bácia de detenção em Araguaína – Tocantins........................................41
Figura 10 – Parque Linear, Coréia do Sul ............................................................... 42
Figura 11 – Visão integrada do planejamento dos aspectos da água no ambiente
urbano........................................................................................................................43
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Principais elementos da rede de microdrenagem...................................24

Quadro 2 - Técnicas Compensatórias e suas divisões.............................................34

Quadro 3 – Medidas estruturais................................................................................36


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AESA MT Associação dos Engenheiros Sanitárias e Ambientais de Mato Grosso


BMPs Best Management Practices
CREA MT Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LID Desenvolvimento de Baixo Impacto
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
SUDERHSA Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
2. URBANIZAÇÃO DESORDENADA ................................................................... 15
3. ENTENDENDO A DRENAGEM URBANA ........................................................ 22
4. INTERVENÇÕES TÉCNICAS E MUDANÇAS DE COMPORTAMENTOS
POPULACIONAL ...................................................................................................... 33
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 45
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 47
13

1. INTRODUÇÃO

A humanidade sempre esteve em busca de abrigo. Com todo o processo


evolutivo, o homem passou a construir tendas de barro, abrigos de madeira e pedra,
até chegar ao modelo atual de casas tradicionais e grandes edifícios. Ao escolher em
qual local irá se construir a moradia, o terreno e o seu entorno são modificados, como
as áreas verdes e a permeabilidade do solo. No contexto brasileiro, as cidades
passaram a receber uma grande quantidade de pessoas por volta de 1960,
intensificando a ocupação do solo e acentuando o processo de urbanização do país.
Esse cenário, deixou evidente que as cidades não estavam preparadas para crescer
de forma acelerada, acompanhando a expansão da população. Com isso, construções
irregulares surgiram, dando origens a favelas e demais bairros marginalizados, ambos
marcados por falta de infraestrutura, principalmente de um sistema de drenagem
urbana eficaz.
A motivação da escolha desse tema partiu do princípio do crescimento
desordenado das áreas urbanas e como ele impacta a população, visto que, a
drenagem urbana é afetada. Confirma-se isso através dos dados divulgados em 2017
pelo Perfil dos Municípios Brasileiros, os quais apontam que dos municípios com mais
de 500 mil habitantes, 93% foram atingidos por alagamentos, aumentando a
necessidade de intervenção nessa problemática. Como o clima chuvoso do Brasil
requer um gerenciamento de águas pluviais de forma eficiente e estratégico, tornou-
se necessário entender de forma técnica como acontece essa sobrecarga do sistema
de drenagem e quais impactos são gerados.
Com o crescimento das cidades, áreas verdes deram espaço a diversas
construções regulares e irregulares, provocando a impermeabilização do solo,
reduzindo o escape natural das águas pluviais e sobrecarregando a drenagem urbana.
Diante disso, o problema de pesquisa se resumiu em: quais intervenções poderiam
ser adotadas para mitigar e prevenir que alagamentos, enchentes e inundações
afetassem as áreas urbanas?
Com base na problemática, o objetivo geral deste trabalho, ou seja, a meta da
pesquisa, foi entender quais as intervenções são adotadas para mitigar e prevenir os
impactos provenientes da sobrecarga da drenagem urbana. Dessa forma, trançou-se
os objetivos específicos para: entender quais são os problemas decorrentes da
urbanização desordenada e que afetam a drenagem urbana; descrever tecnicamente
14

o que acontece na sobrecarga da drenagem urbana; e apontar possíveis intervenções


no sistema de drenagem urbana e no comportamento da população para evitar que
alagamentos, enchentes e inundações aconteçam.
Assim, discutindo essas intervenções, o trabalho foi dividido em três capítulos.
O 1º capítulo (Urbanização desordenada), trouxe o surgimento das cidades
brasileiras, como acontece a ocupação do solo e quais foram os problemas
decorrentes da urbanização desordenada que afetam a drenagem urbana; o 2º
capítulo (Entendo a drenagem urbana) descreveu tecnicamente o ciclo hidrológico, as
etapas da drenagem, o que acontece quando ela é sobrecarregada e fez uma
compactação entre a drenagem urbana sustentável e a tradicional; no 3º capítulo
(Intervenções técnicas e mudanças de comportamentos populacional) apontou-se o
que pode ser mudado através de técnicas compensatórias, estruturais e não
estruturais com base nas medidas de intervenções existentes e como a gestão
integrada aponta para o caminho de minimização dos impactos.
A pesquisa realizada foi uma revisão de literatura, qualitativa e descritiva onde
foram consultadas várias literaturas, como livros, artigos científicos, dissertações,
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Legislação Federal,
selecionados através de plataformas virtuais para pesquisa (Scielo, Google
acadêmico, Sucupira, Catálogo de instituições, Portal do IBGE e da Legislação
Brasileira), levando em consideração autores que descorem sobre no tema (Carlos E.
M. Tucci, Márcia O. Kauffmann, Edemir de Carvalho, Ermínia Maricato, Francisco
Suetônio Bastos Mota, entre outros) e também as pesquisas mais atuais. As palavras
chaves utilizadas, foram: drenagem urbana, urbanização, cidades brasileiras,
enchentes, águas pluviais e etc.
15

2. URBANIZAÇÃO DESORDENADA

2.1 O SURGIMENTO DAS CIDADES BRASILEIRAS

Com a migração do homem do campo para a cidade, na tentativa de novas


oportunidades de emprego e melhores condições de vida, as cidades brasileiras
começaram a se expandir. Conforme apresenta Silvia Maria Santana Andrade Lima,
Wilza Gomes Reis Lopes e Antônio Cardoso Façanha (2019), expandir o território
urbano para dar lugar a novas construções habitacionais é uma realidade nas cidades
brasileiras. Sendo assim, nota-se uma relação entre expansão das cidades em
decorrência das necessidades humanas. No que tange o processo de êxodo rural no
Brasil, Márcia Oliveira Kauffmann (2003) ressalta que nos anos 30 o processo de
urbanização brasileira se acelerou, devido a industrialização e consequentemente a
migração da população do campo para os grandes centros urbanos.
Considerando a divisão da urbanização brasileira, Edemir de Carvalho (2002)
explica as três grandes fases do crescimento populacional urbano, destacando os
aspectos socioeconômicos e o contexto do desenvolvimento do país: a primeira delas
é caracterizada pela divisão territorial influenciada pelo setor primário, concentrados
em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais; a segunda fase, teve início em 1930,
com forte participação desses estados e investimento em mão-de obra, no sistema
nacional de educação, saúde e previdência social, acarretando um crescimento
urbano em torno de 90% a 97%; na última fase, no final de 1970, veio-se a
necessidade de pensar no desenvolvimento urbano, principalmente por conta das
mudanças implementadas na fase anterior.
O processo de urbanização sofreu o impacto direto do desenvolvimento
industrial, já que esse foi um dos principais motivos para o deslocamento da população
em direção às cidades. De Carvalho (2002) aponta ainda a participação do Estado na
área de transporte, infraestrutura, educação e habitação. Com um alta demanda
populacional, começaram a surgir dentro das grandes cidades, espaços de moradias
de forma desordenada, na tentativa de suprir as necessidades habitacionais. No Rio
de Janeiro apareceram as favelas e primeiras ocupações dos morros e em São Paulo,
surgiram os cortiços. (CARVALHO, 2012).
De acordo com os dados divulgados pelo IBGE, em 2015, através da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD (IBGE, 2015) somente 15,28% da
16

população brasileira se encontra no campo, enquanto que a maior parcela de 84,72%


corresponde a população urbana. Esses dados, comprovam a tendência do
crescimento dos centros urbanos:

Considerando apenas a última década do século XX, as cidades brasileiras


aumentaram em 22.718.968 pessoas. Isso significa mais da metade da
população do Canadá ou um terço da população da França. Trata-se de um
gigantesco movimento de construção urbana necessário para o
assentamento residencial dessa população, bem como para a satisfação de
suas necessidades de trabalho, abastecimento, transporte, saúde, energia,
água, etc. Ainda que o rumo tomado pelo crescimento urbano não tenha
respondido satisfatoriamente a todas essas necessidades, o território foi
ocupado e foram geradas condições para viver nesse espaço. Bem ou mal,
de algum modo, todos esses 138 milhões de habitantes moram em cidades.
(ERMÍNIA MARICATO, 2000, p. 1).

Foi só em 1950 que a industrialização expressou uma forte expansão urbana,


dando origem a imensas periferias. Cidades brasileiras passaram a seguir esse
modelo, para absorver a quantidade de trabalhadores, principalmente na Região
Sudeste. De modo geral, observa-se que expandir de forma desordenada, foi a
solução encontrada pela população, em um contexto de busca por emprego e
moradia, comprovando que a habitação popular se tornou uma questão urbana.
(CARVALHO, 2002).
Com base nas informações citadas, é evidente que a urbanização desordenada
teve um impacto nas cidades. “À medida que a cidade cresce, são aterrados córregos
e lagoas, cortadas encostas e ocupadas margens de rios e áreas naturais.”, é o que
afirma Lima, Lopes, Façanha (2019, p. 1). Analisando ainda o quesito infraestrutura,
destaca-se das pesquisas bibliográficas a seguinte afirmativa:

O desenvolvimento urbano acelerou-se na segunda metade do século vinte,


com grande concentração de população em pequenos espaços, impactando
os ecossistemas terrestre e aquático e a própria população com inundações,
doenças e perda de qualidade de vida. Esse processo ocorre em decorrência
da falta de controle do espaço urbano, que produz efeito direto sobre a infra-
estrutura [sic] de água: abastecimento, esgotamento sanitário, águas pluviais
(drenagem urbana e inundações ribeirinhas) e resíduos sólidos. (CARLOS
EDUARDO MORELLI TUCCI, 2005, p.17).

Para Ângela Gordilho Souza (2001, p. 69), “A urbanização acelerada verificada


nas primeiras décadas deste século logo suscitou a discussão do déficit habitacional,
entendido como defasagem entre crescimento populacional e ofertas de novas
moradias.”. Assim, as cidades cresceram e junto com elas, a preocupação com as
condições habitacionais se intensificavam. Souza (2001) defende que a formação de
17

favelas e loteamentos clandestinos se intensificou mesmo em meio a oferta de lotes,


pois a maioria da população não possuía recursos para ter acesso à habitação formal.
Na visão do autor De Carvalho (2002) foi assim que nasceram as periferias,
sem infraestrutura e serviços públicos, o que influenciou na formação das cidades
brasileiras. Sendo assim, o processo de urbanização e surgimento das cidades
brasileiras foi marcado por um crescimento acelerado e ao mesmo tempo com
problemas que perpetuaram.

2.2 PLANEJAMENTO URBANO E LEI DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Partindo do ponto de vista de Francisco Suetônio Bastos Mota (1980), o


aumento da população e a ampliação das cidades deveriam caminhar juntos com o
crescimento da infraestrutura, para garantir a mínima qualidade de vida dos
moradores. Infere-se sobre a relevância do desenvolvimento das políticas públicas
juntamente com o avanço populacional, para garantir o equilíbrio ambiental e a
preservação dos recursos naturais. Além disso, destaca-se a importância do
planejamento territorial e também do zoneamento, para ordenação do crescimento
das cidades, e indicação de como as áreas podem ser ocupadas, minimizando os
efeitos negativos ambientais e habitacionais. (MOTA, 1980).
O Estado começou a se preocupar com o desenvolvimento habitacional das
cidades, um exemplo disso foram os Códigos de Posturas Municipais de São Paulo
(1886) e Rio de Janeiro (1889), proibindo a construção de cortiços ou edificações
acanhadas nas áreas mais centrais (MARICATO, 1996). Além disso, no início do
século XX os primeiros planos urbanísticos modernos surgiram, funcionando como
marco na ocupação e produção do espaço construído. Souza (2001) afirma que esses
planos possuíam concepções espaciais e medidas administrativas públicas que
ditavam uma nova forma de funcionamento das cidades, tendo como base a
regulamentação de uso e ocupação do solo. Ressalta-se, a implementação do plano
diretor municipal, aprovado na constituição de 1988, para orientar a ação dos agentes
em prol de um desenvolvimento urbano equilibrado. (HONDA, et al. 2015).
De forma geral, a lei de uso e ocupação do solo, “É uma lei de planejamento
que regula o uso e ocupação urbana e ambiental por parte dos agentes de produção,
tais como construtoras, proprietários de imóveis, fábricas e o próprio Estado.”, explica
18

o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso


(CREA – MT, 2016), engenheiro civil, Juares Samaniego. O presidente da Associação
dos Engenheiros Sanitárias e Ambientais de Mato Grosso (AESA-MT), Jesse Barros,
acrescenta que para garantir a eficiência dessa lei “é preciso que exista coesão entre
as legislações afins como: plano de saneamento, drenagem, resíduos sólidos, e plano
diretor”. Complementando ainda, o CREA-MT (2016) ressalta a intervenção das
autoridades municipais e estaduais, para garantir a proteção ambiental.
Mota (1980) classifica de um modo geral os usos do solo urbano quanto ao uso
residencial, industrial, comercial, institucionais, áreas de circulação, áreas vagas e
áreas destinadas à recreação, podendo variar em função das características de cada
cidade, resultando em alterações do ambiente natural. Quando esses usos do solo
não visam a preservação do meio ambiente, as cidades sofrem as consequências, um
exemplo disso é a localização de residências em áreas sem rede de drenagem que
aumenta o número de alagamentos em períodos chuvosos.
Quanto ao uso do solo, Tucci (2002) explica a necessidade da união entre
Município, Estado e Federação para adotar as melhores medidas tendo como
prioridade a preservação ambiental, controle da poluição, saúde pública e da
segurança. Sendo assim, a drenagem urbana, é um assunto que compete a
cooperação entre essas três esferas do poder.
Karla Azevedo Santos, Iana Alexandra Alves Rufino, Mauro Normando Macêdo
Barros Filho (2017) conseguem sintetizar a relação da ocupação do solo sem
planejamento e quais são as consequências disso:

A ocupação do solo urbano sem planejamento tem como consequência,


dentre outros impactos ambientais negativos: i) a sobrecarga no sistema de
drenagem urbana por meio do aumento da impermeabilização do solo e da
diminuição da infiltração; ii) a perda da cobertura vegetal por pavimentos
impermeáveis, diminuindo a infiltração da água no solo e aumentando a sua
quantidade e a sua velocidade de escoamento; iii) a escassez e a diminuição
da qualidade dos recursos hídricos; iv) o acúmulo de resíduos sólidos nos
elementos do sistema de drenagem (canais, bueiros, bocas de lobo, etc.),
obstruindo-os e, com isso, ocasionando seus transbordamentos em períodos
de chuva. (SANTOS; RUFINO; BARROS, 2017, p. 944).

Dialogando com todos os autores citados, é nítido a importância do


planejamento urbano no desenvolvimento das cidades, seguindo o plano municipal e
as exigências da lei de uso e ocupação do solo. Entretanto, esta não é a realidade da
maioria das cidades brasileiras. O que se vê principalmente, é um cenário de grandes
19

centros urbanos com problemas de drenagem, que trazem consequências para a


população. (SOUZA, 2001).

2.3 COMO O CRESCIMENTO POPULACIONAL AFETA A DRENAGEM URBANA

De fato, a drenagem urbana é uma peça central no crescimento das cidades,


precisando ser analisada e colocada em posição de destaque da gestão urbana. Ela
pode ser definida com base no conceito clássico:

Nas edificações, a água pluvial é recolhida das áreas descobertas, como


telhados, pátios e outros, chamadas áreas de contribuição, por calhas e
transportada por dentro da edificação, quando necessário, por tubulações e
condutores e, finalmente, por caixas de areia no térreo da edificação. Após,
a água recolhida é lançada nas galerias de águas pluviais, pelas quais são
transportadas até um corpo de água próximo, podendo ser um riacho, rio,
lago ou outro. (ANA VRENI HAFNER, 2007, p. 37).

Em contra partida, Heitor Viola (2008, p. 23) expõe que pela ótica moderna a
drenagem urbana tem como foco “a manutenção e recuperação de ambientes
saudáveis interna e externamente à área urbana, usando técnicas apropriadas para
cada situação sem ficar limitada ao uso das técnicas convencionais.”. Em quesito de
conceitos, tem-se que quando o sistema de drenagem engloba os condutos pluviais
de áreas urbanas ele é conhecido como microdrenagem, enquanto que o conjunto
desses sistemas compõe a macrodrenagem.
Conforme a cidade se urbaniza, a drenagem é afetada, já que os eventos
pluviométricos vêm se tornando mais severos e a tendência é que continuem
sobrecarregando as estruturas construídas para gerenciar as águas pluviais. Tucci
(2003) aponta que o aumento da população periférica, resulta no risco de inundações
e escorregamentos, já que áreas de mananciais são ocupados.
Segundo Tucci (2002), existem dois processos de inundação decorrentes do
escoamento pluvial. O primeiro processo engloba as inundações de áreas ribeirinhas,
que ocorre quando a população ocupa o leito do rio, consideradas áreas de riscos. O
segundo processo são as inundações devido à urbanização, decorrentes da
impermeabilização, ocupação do solo, construção da rede de condutos pluviais, e
obstruções ao escoamento (aterros, pontes e drenagem inadequada). Ambos
processos, descritos por Tucci (2002) retomam a afirmativa do impacto do
crescimento das cidades no processo de drenagem. Na figura 1, Márcio Baptista e
20

Adriana Cardoso (2013) exemplificam os impactos da urbanização sobre as águas por


meio de um diagrama.

Figura 1 - Impactos da urbanização sobre as águas

Fonte: Márcio Baptista, Adriana Cardoso (2013, p. 134)

A figura acima mostra que a urbanização provoca a impermeabilização do solo


e redução do tempo da concentração. Cristiane Borda Pinheiro (2019, p. 41) comenta
que Baptista e Cardoso (2013) “concluem que a redução da disponibilidade da água
em termos de qualidade e quantidade leva à perda de oportunidades de usos da água.
Isso resulta em redução da qualidade ambiental do espaço urbano”.
Á água que antes infiltrava no solo, passa a ser retida por telhados, ruas,
calçadas e pátios, aumentando o escoamento superficial e exigindo uma maior
capacidade dos condutos e canais. (TUCCI, 2005). Além disso, a urbanização provoca
alagamentos, inundações, enchentes, deslizamentos, entupimento de boca de lobo e
galerias, transbordamento das sarjetas, sobrecarga do escoamento superficial que
transporta o esgoto não tratado. Tucci (2002) complementa essa lista com os
seguintes impactos:

Aumento das vazões máximas, em até 7 vezes [...] e da sua freqüência [sic],
por conta do aumento da capacidade de escoamento por condutos e canais
e pela impermeabilização das superfícies; Aumento da produção de
sedimentos resultante da falta de proteção das superfícies e da produção de
resíduos sólidos (lixo); Deterioração da qualidade da água superficial e
subterrânea, em virtude da lavagem das ruas, do transporte de material sólido
e das ligações clandestinas de esgoto cloacal e pluvial; Implantação
21

desorganizada da infra-estrutura [sic] urbana, tais como: (a) construção de


pontes e taludes de estradas que obstruem o escoamento; (b) redução de
seção do escoamento por aterros de pontes e para construções em geral; (c)
deposição e obstrução de rios, canais e condutos com lixos e sedimentos; (d)
projetos e obras de drenagem inadequadas, com diâmetros que diminuem
para jusante; (e) drenagem sem esgotamento, entre outros. (TUCCI, 2002, p.
9).

De fato, a urbanização está diretamente ligada ao processo de drenagem das


cidades, por isso, é de extrema importância entender como ela funciona. No próximo
capítulo, serão abordadas informações sobre o ciclo hidrológico, as etapas da
drenagem urbana e como acontece a sobrecarga da mesma, no intuito de explicar
esses assuntos de forma mais técnica.
22

3. ENTENDENDO A DRENAGEM URBANA

3.1 IMPACTOS DO DESENVOLVIMENTO URBANO NO CICLO HIDROLÓGICO

Marilia Candida Pinto Borges (2018, p. 5) afirma que “Como consequência da


intensificação do fenômeno de urbanização, o ciclo hidrológico sofre importantes
alterações, uma vez que tais processos modificam a cobertura do solo, substituindo a
cobertura vegetal por pavimentos impermeáveis.”. Dialogando com Borges (2018),
Andressa Ferreira Rosa (2017) segue a mesma linha de defesa, afirmando que os
impactos da urbanização alteram a dinâmica do ciclo hidrológico. Na figura 2, percebe-
se como funciona o ciclo hidrológico e seu detalhamento, considerando todos os
processos envolvidos e presentes no meio ambiente. Vale ressaltar que esse é o ciclo
hidrológico em equilíbrio.

Figura 2: Ciclo hidrológico

Fonte: Da Paz, 2004, p. 7.

Da Paz (2004) explica que esse ciclo envolve processos como a evaporação
da água dos oceanos, dos rios, da vegetação, do solo e da transpiração das plantas.
Em condições específicas, esse vapor acaba precipitando em forma de chuva, neve
e até granizo. Parte da precipitação atinge os lagos e oceano, outra é interceptada
pela cobertura vegetal e a parte que chega ao solo infiltra e alcança os aquíferos.
Como o próprio nome já diz, esse é um ciclo que não tem começo e fim, acontecendo
de forma contínua e em equilíbrio.
23

Para Daniel Fonseca de Carvalho e Leonardo Duarte Batista da Silva (2016), o


conceito de ciclo hidrológico está relacionado com o movimento e à troca de água em
diferentes estados físicos. Carvalho e Da Silva (2016) afirmam, que graças a energia
fornecida pelo sol para evaporar a água da superfície terrestre e a gravidade que
condensa e precipita a água para se transformar em oceanos ou infiltrar no solo, esse
ciclo acontece. Ainda sobre o ciclo hidrológico, Da Paz (2004) afirma que o sol é a
principal fonte de energia, pois é através da sua radiação que o ciclo acontece. Além
disso, o autor cita que o barramento de rios, a impermeabilização do solo, e o
desmatamento são exemplos de como o ciclo é alterado.
Sendo assim, confirma-se que as interferências causas pela humanidade na
natureza, provocam um desequilíbrio no ciclo das águas, como afirma Borges (2018),
Rosa (2017) e Da Paz (2004). Além dessas consequências já citadas, Mota (1980)
acrescenta que a urbanização pode provocar alterações sensíveis no ciclo hidrológico,
como: aumento da precipitação e da quantidade de líquido escoado, diminuição da
evapotranspiração e da infiltração da água por conta da impermeabilização e
compactação do solo, e a mudança do nível do lençol freático. Para melhor
compreensão do leitor, a figura 3 retrata esses efeitos que a urbanização tem sobre o
ciclo hidrológico.

Figura 3: Ilustração do efeito da urbanização sobre o ciclo hidrológico

Fonte: Da Paz, 2004, p. 11.


24

Analisando a figura 3, nota-se que quando existia somente a cobertura natural


do solo, apenas 10% da água precipitada escoava pela superfície, enquanto que 25%
infiltrava no solo e 25% fazia partia da percolação profunda. Com o passar do tempo
e com o desenvolvimento urbano, essas áreas passaram a ser impermeabilizadas.
Observa-se então que com 75% da superfície impermeável, somente 10% do total
precipitado infiltra no solo, 5% percola e cerca de 55% escoa pela superfície.

3.2 ETAPAS DA DRENAGEM URBANA

Antes de prosseguir, é importante entender o conceito de microdrenagem e


macrodrenagem. Hugo do Vale Christofidis (2010) afirma que os componentes da
drenagem urbana tradicional são caracterizados em duas grandes categorias, a
microdrenagem e a macrodrenagem. Para Tucci (2005), a microdrenagem engloba o
sistema de condutos pluviais (de rede primária urbana), logo, esse é um sistema que
funciona para drenar precipitações com risco moderado. Cabe então, a
macrodrenagem suportar as precipitações superiores, pois ela é responsável por
envolver os sistemas coletores de microdrenagem, com áreas de pelo menos 2 km 2
ou 200 ha (TUCCI, 2005). Dessa forma, a microdrenagem é projetada para conduzir
as águas até a macrodrenagem. Abaixo, o quadro 1 explica os principais elementos
da microdrenagem.

Quadro 1: Principais elementos da rede de microdrenagem


TERMINOLOGIA DESCRIÇÃO
Galeria Tubulações utilizadas para a condução das águas
pluviais.
Poços de visita Dispositivos localizados em pontos estratégicos
para permitirem a inspeção e limpeza. Estes
dispositivos devem ser posicionados, em média a
cada 100 m, ao longo do sistema, para facilitar a
inspeção e limpeza, ou em pontos onde ocorre
mudança de direção, declividade e/ou diâmetro das
galerias.
Bocas-de-lobo Dispositivos localizados nas sarjetas, em pontos
estrategicamente localizados para a captação de
águas pluviais.
Condutos de ligação Canalizações que conduzem as águas pluviais
captadas nas bocas- de-lobo para as caixas de
ligação ou poços de visita a jusante.
25

Caixas de ligação ou de Caixas de concreto ou alvenaria, sem tampão


passagem externo ou visitável ao nível da rua.
Sarjetas Canais situados junto ao meio-fio e ao longo da via,
que recebem as águas do escoamento superficial e
as conduz para os locais de captação (bocas-de-
lobo).
Estruturas de dissipação de Devem ser utilizadas nas saídas das galerias em
energia hidráulica cursos d’água para evitar a erosão causada pela
concentração do escoamento pluvial.
Condutos forçados Elementos que conduzem as águas pluviais sob
pressão superior da atmosférica
Estações de bombeamento Equipamentos utilizados para conduzir as águas
pluviais em locais onde o escoamento por
gravidade não é possível.
Meios-fios Estruturas dispostas entre o passeio e a via de
rodagem, paralelas ao eixo da rua e cuja face
superior posiciona-se no mesmo nível do passeio.
Fonte: Rafaela de Freitas Rezende (2018, p. 19).

Analisando a descrição dos elementos citados no quadro acima, nota-se que


esse é um sistema complexo, com itens que se relacionam entre si, por isso é
importante que todos sejam dimensionados corretamente. Por isso, realizar um
dimensionamento da microdrenagem e sua manutenção para manter seu
funcionamento adequado, reduz o risco de possíveis alagamentos, inundações e
enxurradas, deixando a população mais segura (REZENDE, 2018). Sobre a
macrodrenagem, ela é caracterizada pelos canais naturais de escoamento (córregos,
ribeirões e rios), canais artificiais e equipamentos de regularização de cheias
(CHAMPS, 2009, apud, CHRISTOFIDIS, 2010).
Ao se falar de sistema de drenagem, destaca-se a necessidade de elaboração
de um projeto pautado em componentes que ditam a padronização e englobam o
detalhamento por completo. Requer uma atenção governamental quando se fala da
elaboração desse tipo de projeto. Sendo assim, a Superintendência de
Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (SUDERHSA, 2002)
do Estado do Paraná descreve quais são esses componentes:

i) Projeto Urbanístico, paisagístico e do sistema viário da área;


ii) Definição das alternativas de drenagem e das medidas de controle;
iii) Determinação das variáveis de projeto para as alternativas de drenagem em
cada cenário;
26

iv) Projeto da alternativa escolhida, definindo as áreas impermeáveis máximas.

Christofidis (2010) expõe pelo seu ponto de vista, outros parâmetros que
também precisam ser levados em consideração para garantir a efetividade da
urbanização, como: a densidade habitacional, taxa de impermeabilização, destinação
da área, declividade do terreno, densidade de vias e loteamentos, cobertura do solo e
a intensidade de chuva. Fica evidente a importância do correto planejamento urbano
e sua relação com a prevenção de futuros problemas ambientais.
De acordo com o Art. 3º da Lei nº 11.445 – Lei do Saneamento Básico, de 05
de janeiro de 2007, a drenagem urbana das águas pluviais, se responsabiliza pelo
transporte, a retenção em vazões de cheias, o tratamento, a disposição final dessas
águas, assim como a fiscalização preventiva das redes (BRASIL, 2007).
Tomando como base, o conceito clássico (HAFNER, 2007) e a definição de
drenagem (Art. 3º da Lei nº 11.445, 2007) percebe-se que a preocupação está pautada
em realizar o transporte das águas pluviais o mais rápido possível até a jusante.
Porém, à medida que as cidades se expandem, e reduzem a taxa de infiltração da
água no solo, problemas como alagamentos, inundações, enchentes, deslizamentos,
entupimento de boca de lobo e galerias, transbordamento das sarjetas se intensificam,
mobilidade das cidades e contaminação das fontes para abastecimento urbano. Esses
fatores são resultados da sobrecarga do escoamento superficial. Contextualizando
com o cenário brasileiro, Tucci (2005) faz um comparativo com os países em
desenvolvimento e demais da América do Sul:

O controle quantitativo da água da drenagem urbana ainda é limitado nos


países em desenvolvimento. O estágio do controle da qualidade da água
resultante da drenagem é um procedimento inexistente nesses países. Na
América do Sul, assim como em grande parte dos países em
desenvolvimento, busca-se o controle dos impactos quantitativos da
drenagem pluvial, que ainda não estão controlados. Por exemplo, os sistemas
de detenção construídos nas cidades brasileiras possuem como foco apenas
o controle do impacto das inundações, sem atentar para o componente de
controle da qualidade da água. (TUCCI, 2005, p. 37).

Analisando o sistema de drenagem urbana atual do Brasil, Rezende (2018) faz


uma crítica necessária. A autora explica que muitas vezes o município não atua de
forma eficiente, devido a questões políticas e orçamentárias, afirmando a insuficiência
da forma clássica do sistema de drenagem brasileira, no controle de enchentes e na
27

qualidade da água. Portanto, pensando em equilíbrio ambiental, é necessário que


tenha a implantação de medidas mais sustentáveis.
Apresentando o conceito moderno de drenagem Viola (2008, p. 24), expõe que
mudanças precisam ser feitas, olhando a drenagem urbana com foco no ecossistema
e na gestão integrada de águas pluviais e que “há uma diferença de pensamento em
relação ao conceito clássico, com enfoque no escoamento o mais rápido possível,
para um enfoque ambiental, que busca o equilíbrio do ciclo hidrológico”. O autor
aponta que para a migração dos conceitos acontecerem é preciso existir uma visão
integrada entres os profissionais da área e as instituições responsáveis, para que haja
cooperação e compartilhamento de dados e também coletar a opinião da população
a respeitos das soluções mais indicadas.

3.3 DRENAGEM URBANA TRADICIONAL X DRENAGEM URBANA


SUSTENTÁVEL

Após entender todo o contexto da urbanização e como o seu crescimento


desordenado afetou e ainda afeta a drenagem urbana, é necessário fazer o
comparativo entre o modelo tradicional já adotado e o modelo mais recente, que tem
surgido como alternativa para reduzir os problemas já existentes e evitar problemas
futuros. A metodologia da drenagem urbana tradicional se baseia em projetar sistemas
para acelerar o escoamento da precipitação pluviométrica, a concentração dos
volumes e vazões e também o lançamento dos efluentes nos corpos receptores. Mas,
esses preceitos se tornam insustentáveis a medidas que as cidades se expandem
(CHRISTOFIDIS, 2010).
Alex Kipper (2015, p. 17) descreve que no sistema tradicional de drenagem,
basicamente “a água é captada e drenada de forma mais rápida possível para jusante,
porém isso gera impactos ambientais graves na região dos corpos receptores, e acaba
sendo apenas uma transferência do problema, uma solução pontual, mas não
definitiva.”. Para Christopher Freire Souza e Lidiane Souza Gonçalves (2007) esse é
o modelo adotado na maioria das cidades brasileiras, trazendo uma falsa sensação
de segurança em relação as inundações, pois o que acontece é a transferência do
problema para áreas de jusante, o que requer adaptações do sistema com custos
exorbitantes.
28

Para Tucci (2005), a rede de drenagem pluvial tradicional possui os seguintes


problemas: transporta o esgoto que não é coletado pela rede de esgoto sanitário e a
transfere as inundações de um local para o outro com construções excessivas de
canais e condutos, trazendo custos para o município. Na visão de Demetrios
Christofidis, Rafaela dos Santos Facchetti Vinhaes Assumpção e Débora Cynamon
Kligerman, (2019):

As entidades, os empreendedores e os assentamentos humanos, que


utilizam sistemas de drenagem urbana tradicional, são responsáveis pela
geração de situações que se caracterizam pelo que ficou conhecido por:
privatização dos benefícios e socialização dos custos. Isso ocorre
especialmente em decorrência da acumulação sucessiva de vazões com a
ampliação do porte das estruturas e dos custos; por meio de medidas
estruturais em obras de engenharia civil, como escavação, movimentação de
solos, dragagens, galerias moldadas, tubulações, canalizações, caixas de
captação, poços de visitas, sarjetas, diques e equipamentos; e a necessidade
de manutenções frequentes e onerosas, de predominância das medidas de
comando e controle. Nessa fase, em que houve intensa urbanização no
Brasil, os rios transformaram-se em canalizações e/ou cederam espaços para
as vias de tráfego de veículos: ou seja, os rios se tornaram ruas; e a reação
a isso é que as ruas apresentam altas possibilidades de se tornarem rios nas
ocasiões de chuvas intensas. (CHRISTOFIDIS et al., 2019, p. 98).

Esse se torna um ciclo vicioso, o qual tem sempre o seu início com a ocupação
de áreas, em seguida a implementação de novos sistemas e logo depois o aumento
das enchentes e inundações, retornando depois para o início do ciclo e assim
sucessivamente. Com esse cenário, o meio ambiente acaba sofrendo as
consequências desse ciclo, já que a população busca por conforto urbano, e
implementação de soluções rápidas e de menor custo (CHRISTOFIDIS, 2010). Com
base na narrativa desenvolvida por Christofidis (2010), é possível listar as vantagens
técnicas e desvantagens ambientais da drenagem urbana tradicional:

i) Tempo de concentração reduzido: é uma vantagem pelo ponto de vista


técnico e local já que aumenta o escoamento das águas pluviais causando
menor transtorno para a população da região onde o sistema está implantado.
Porém, pelo olhar ambiental é uma desvantagem, pois os corpos hídricos são
atingidos mais rapidamente, e com grande volume;
ii) Concentração de Vazões: a vantagem é que o sistema de coleta facilita a
concentração e reduz os custos com dissipação da energia, tratamento ou
lançamento final em um único ponto. A desvantagem é que com a mudança de
29

concentração, todo volume coletado é descarregado de forma pontual,


erodindo as margens dos rios;
iii) Lançamentos Pontuais: a vantagem é a possibilidade de prever estruturas
de dissipação de energia em um só local, tornando a manutenção facilitada. A
desvantagem é descarga pontual e de forma rápida, em um único ponto da
bacia, mudando o tempo de absorção natural da água, pelo solo;
iv) Redução da infiltração: a vantagem é a estabilidade dos terrenos e a redução
da contaminação do solo por metais pesados ou poluição difusa. A
desvantagem é a diminuição do nível dos lençóis freáticos e das vazões de
estiagens dos rios, gerando a perda de biodiversidade devido à redução de
áreas úmidas.

Os principais fatores que levam à implantação da drenagem urbana tradicional,


englobam a falta de mão de obra especializada, estruturas políticas e administrativas
inadequadas, falta de conhecimento sobre as enchentes e ausência de programas de
educação ambiental (CHRISTOFIDIS, 2010). Segundo Christofidis et. al. (2019),
desde 1970, países da Europa demonstravam avanços no modo de manejar as águas
pluviais. Souza e Gonçalvez (2007, p. 28) comentam também que nessa década de
70, o mundo começou a adotar métodos compensatórios de manejo de águas pluviais.
Sendo assim, surgiram as primeiras práticas sustentáveis, alterando a drenagem
urbana pluvial, o que ficou conhecido como drenagem urbana sustentável:

O termo drenagem urbana sustentável tem origem recente. Durante as


últimas três décadas, a percepção da degradação ambiental generalizada e
a crítica aos estilos de desenvolvimento apoiados em uma exploração
irracional da natureza vêm motivando numerosas discussões e novas
propostas que permitam a sobrevivência do ser humano. Aqueles muito
otimistas não reconhecem a dimensão destas questões e preferem esquecer
os problemas, acreditando que alguma solução tecnológica poderá advir no
futuro. Outros, mais realistas, avisando que a Terra é o único planeta habitado
conhecido, preferem propor desde já. Sob este pensamento surgiu o
desenvolvimento sustentável, um estilo de desenvolvimento voltado para a
sustentabilidade, conceito que estende-se a tudo, inclusive à drenagem
urbana. (CESAR AUGUSTO POMPÊO, 2000, p. 17).

Sintetizando, para Christofidis (2010, p. 73), a drenagem urbana sustentável é


resumida como “o conjunto de medidas que visam a manter as condições pluviais de
uma ocupação urbana próxima, ou igual, à que existia antes da sua ocupação e que
permita a recuperação ambiental de ambientes anteriormente degradados.”. O autor
reúne um compilado de estudos, baseados em autores renomados (SCHUELER,
30

1987; TUCCI; PORTO et al, 1995; MOFFA; GOEBEL et al, 2000; POMPÊO, 2000;
TUCCI, 2003; CANHOLI, 2005; EPA-EUA, 2005; MOTA, 2005; TUCCI, 2005; TUCCI
e ORSINI, 2005; SCHUELER; HIRSCHMAN et al, 2007; CHAMPS, 2009) e explica
quais são os princípios da drenagem urbana sustentável, sendo eles: a não ampliação
da cheia natural, a prioridade dos mecanismos naturais de escoamento, a bacia
hidrográfica como unidade de planejamento, medidas de controle no conjunto da
bacia, o controle permanente, a educação ambiental e o tratamento do escoamento
pluvial.
Autores como Pompêo (2000) defendem a importância de adotar medidas
sustentáveis associadas a drenagem urbana, incluindo modificações desde o
planejamento urbano, até a participação da sociedade como caminho essencial ao
desenvolvimento sustentável. Em continuidade ao seu pensamento, Pompêo (2000)
explica que reconhece a complexidade das relações entre os ecossistemas naturais,
o sistema urbano artificial e a sociedade, e que por isso é necessário adotar novos
conceitos em relação a drenagem.
Ao inserir inovações no sistema de drenagem urbana, o modelo tradicional foi
substituído por um modelo mais vantajoso, alinhado com percepções geomorfológicas
e com componentes estruturais e não estruturais. Sendo assim, a drenagem urbana
sustentável parte do pressuposto de pensar em planejamento, zoneamentos, medidas
indutoras à ocupação de áreas menos vulneráveis às inundações e seguros contra
inundações (CHRISTOFIDIS et al., 2019). Para intervir no sistema urbano de
drenagem, na ocorrência de inundações e enchentes, Tucci (2003) explica que:

As medidas para o controle da inundação podem ser do tipo estrutural e não-


estrutural. As medidas estruturais são aquelas que modificam o sistema
fluvial evitando os prejuízos decorres das enchentes, enquanto que as
medidas não- estruturais são aquelas em que os prejuízos são reduzidos pela
melhor convivência da população com as enchentes. (TUCCI, 2003, p. 63).

As medidas de controle do tipo estrutural se dividem em extensivas (reduzem


e retardam os picos de enchente e controla a erosão da bacia) e intensivas (aceleram,
retardam e desviam o escoamento). Elas são chamadas de medidas convencionais
pela recorrência da sua utilização. Já as medidas do tipo não-estrutural se agrupam
em regulamentação do uso da terra, construções à prova de enchentes, seguro de
enchentes, previsão e alerta de inundações. (TUCCI, 2003).
31

Segundo Prodanoff (2011, apud LAMBERTUCCI; RODRIGUES; SUKADA,


2016, p. 3), nos últimos anos começaram a surgir práticas inovadoras, não-
convencionais, para o gerenciamento das cheias urbanas, “trata-se de uma visão
focada no desenvolvimento sustentável da drenagem urbana com o objetivo de
restituir parcialmente o ciclo hidrológico natural, a estágios próximos ao da fase de
pré-urbanização”. Dentre essas práticas, tem sido aplicadas as medidas de
Desenvolvimento de Baixo Impacto (LDI):

O LID (Desenvolvimento de Baixo Impacto) é uma estratégia de gestão dos


recursos hídricos que tem sido adotada em muitas cidades ao redor do mundo
nos últimos anos, em especial nos Estados Unidos. É uma abordagem da
gestão das águas pluviais e um conjunto de práticas que podem ser usadas
para reduzir as enxurradas e as cargas poluentes associadas, gerindo os
escoamentos o mais próximo da sua fonte quanto possível [...]. As
abordagens LID que visam reduzir os impactos nos recursos hídricos podem
ser utilizadas em áreas já urbanizadas ou novas áreas urbanas em fase de
desenvolvimento e expansão. Prodanoff (2011, apud LAMBERTUCCI;
RODRIGUES; SUKADA, 2016, p. 3).

Cita-se ainda como abordagem sustentável de drenagem, por Tássia dos Anjos
Tenório de Melo, Artur Paiva Coutinho, João Batista Fialho dos Santos, Jaime Joaquim
da Silva Pereira Cabral, Antônio Celso Dantas Antonino, Laurent Lassabatere (2016,
p. 54) as “técnicas compensatórias como trincheira de infiltração, sistemas de
biorretenção, pavimentos permeáveis, poços de infiltração e bacias de infiltração”.
Complementando a linha de possíveis intervenções, Andréa Teston (2015, p. 14)
explana que “uma solução é a implantação de programas de conservação da água e
de medidas mitigadoras de enchentes, tais como os sistemas de aproveitamento de
água de chuva.”. Essas aplicações se tornam viáveis em condomínios verticais e em
casa unifamiliares. De acordo com José Roberto Champs (2009):

O status atual da prática do planejamento para os serviços de drenagem no


Brasil é nulo ou quase nulo. Existem razões históricas que explicam essa
situação, afinal a drenagem tem sido tratada em nosso País como uma
espécie de “filha bastarda do saneamento”. De fato, basta a constatação do
fato de a drenagem não figurar em qualquer política de saneamento
formulada no plano nacional, desde o extinto Planasa até o advento da Lei
11.445/2007. Mesmo nesta Lei a drenagem não mereceu a abordagem que
esse sistema carece e merece. (CHAMPS, 2009, p. 337).

De fato, o sistema de drenagem urbana das cidades brasileiras não consegue


desempenhar a sua função de forma eficiente, por isso, é necessário adotar as
medidas de controle descritas nas literaturas. O próximo capítulo aborda justamente
32

quais são essas medidas, as adaptações nos modelos existentes e mudanças


comportamentais da população.
33

4. INTERVENÇÕES TÉCNICAS E MUDANÇAS DE COMPORTAMENTOS


POPULACIONAL

Para Christofidis (2010) mesmo que a drenagem urbana tradicional e a


sustentável se entrelacem por possuírem aspectos em comuns, o modelo sustentável
representa a evolução do modelo tradicional. Sendo assim, na literatura existem
diversas medidas de atualização do modelo atual de drenagem, com implementação
de mudanças e sugestões de melhorias. Champs (2009) afirma também que é
necessário haver uma atualização tecnológica da política nacional de drenagem,
adotando as seguintes medidas:

Desenvolvimento de técnicas compensatórias à impermeabilização do solo


urbano; conhecimento real da relação “chuva x vazão” por meio de
monitoramento hidrometeorológico; implantação de sistema de alerta de
inundações e de gestão de riscos; desenvolvimento de métodos de
elaboração de projetos de drenagem com base no uso de modelos
matemáticos computacionais; desenvolvimento de critérios de avaliação
(indicadores) da eficácia ou não de estruturas de drenagem; implantação de
estruturas não-convencionais de tratamento de efluentes, para combate à
poluição difusa e da poluição devido a esgotos, por meio de técnicas do tipo
“área úmida construída” (wetland); adoção de técnicas de retenção e/ou
detenção de águas pluviais, dentre outras. (CHAMPS, 2009, p. 340).

Observando as medidas indicadas por Champs (2009), pode-se concluir que a


maioria se enquadra dentro da drenagem urbana sustentável. No que tange o Brasil,
a adoção de novos pensamentos e técnicas foi a alternativa encontrada pelas regiões
metropolitanas para tratar os problemas de drenagem (REZENDE, 2018). Segue-se
abaixo a apresentação dessas medidas e técnicas.

4.1 TÉCNICAS COMPENSÁTORIAS

Para Kipper (2015, p. 18), “As soluções compensatórias, em conjunto com


estruturas convencionais, buscam compensar impactos da urbanização através de
dispositivos que aumentam a infiltração de água no solo, e/ou buscam uma reservação
de volume de água.”. Além disso, Souza e Gonçalvez (2007) explicam que essas
soluções, também denominadas BMPs (Best Management Practices) surgiram para
resolver boa parte das deficiências do sistema de drenagem tradicional, sendo
adotadas aqui no Brasil em cidade como Porto Alegre e São Paulo. O quadro 2, aponta
quais são essas técnicas compensatórias e como são divididas:
34

Quadro 2: Técnicas Compensatórias e suas divisões


Recuperação de matas ciliares
Técnicas Compensatórias não
Desconexão de áreas impermeáveis
estruturais
Regulamentações
Telhado Verde
Microrreservatório
Poço de infiltração
Técnicas Compensatórias Trincheira de Infiltração
estruturais Vala de Detenção
Vala de Infiltração
Bacia de Detenção
Bacia de Infiltração
Fonte: Adaptado, Baptista et al. (2005), apud Rezende (2018, p. 23).

Segundo Tucci (2005, p. 49), “o controle da inundação é obtido por uma


combinação de medidas estruturais e não-estruturais que permita à população
ribeirinha minimizar suas perdas e manter uma convivência harmônica com o rio.”.
Sendo assim, essas ações devem englobar as medidas de engenharia,
socioeconômico e administrativas.

4.2 MEDIDAS NÃO-ESTRUTURAIS

Como já citado nesta pesquisa, para Tucci (2005), medidas não-estruturais


reduzem os prejuízos através da adaptação da convivência da população com as
enchentes. Para Christofidis (2010), as medidas não-estruturais:

Compreendem a elaboração de planos diretores de ocupação urbana e


programas de prevenção e educação da população. As medidas não
estruturais tendem a ter grandes resultados econômicos ou redução
significativa de custos devido à recuperação de áreas atingidas por enchentes
se comparadas com as medidas estruturais. Leis, normas de ocupação,
planos de drenagem urbana tendem a ter custos muito baixos de instalação,
mas podendo causar grandes impactos no âmbito econômico. [...] têm caráter
preventivo, predominantemente, entretanto podem ser paliativas ou
corretivas, de acordo com a característica da medida adotada.
(CHRISTOFIDIS, 2010, p. 91).

Christofidis (2010, p. 91), explica ainda que “Entre as medidas não estruturais
que podem ser criadas são destacadas as dispostas na obra de Tucci (2005) e de
Barros (2005)”. Sendo elas:

i) Outorga para controle de cheias: autorização para construção de galerias,


pontes, travessias, retificação e canalização de rios etc.;
35

ii) Sistema de previsão e alerta: sistema de medições automatizadas que


coletam dados ao longo da bacia hidráulica, antecipando a ocorrência de
inundações e outros eventos;
iii) Leis de uso e ocupação: medidas ligadas ao plano diretor municipal e que
devem estabelecer limites para minimizar os impactos da urbanização;
iv) Mapeamento de áreas de risco: evita que áreas com alto risco de inundação
sejam ocupadas e fornece informações para um planejamento adequado do
município;
v) Zoneamento de áreas de risco: conjunto completo de regras para ocupação
de áreas de riscos;
vi) Critérios para projetos de drenagem e infraestruturas: permite analisar
quais são os impactos da elaboração desses projetos;
vii) Seguro de inundação e proteção individual: geralmente é utilizado pela
população de maior poder aquisitivo para proteger seus imóveis;
viii) Licenciamento ambiental: verifica se as construções obedecem às
condições de proteção ambiental;
ix) A criação de leis e normas municipais, estaduais e federais: obrigam
prefeituras a adotarem as medidas de drenagem urbana sustentáveis;
x) Ações de educação ambiental e campanhas publicitária: para
conscientizar a população.

Além dessas medidas, o autor Rezende (2018) acrescenta as medidas não


estruturais podem ser definidas como: ações preventivas para locais de risco,
planejamento urbano integrado, gestão integrada das águas urbanas (potável,
servidas e pluvial), legislação de uso e ocupação do solo adequadas e alinhadas,
manutenção dos sistemas estruturais de drenagem, políticas públicas de
conscientização, fiscalização e capacitação profissional. Diante de todas essas
medidas não-estruturais citadas, ressalta-se que elas englobam desde legislação,
detalhamento de projetos até ações educativas e ambientais.

4.3 MEDIDAS ESTRUTURAIS

De acordo com Rezende (2018, p. 24), “As medidas compensatórias estruturais


são as obras de engenharia construídas para minimizar ou compensar o aumento do
36

escoamento superficial, devido a urbanização e impermeabilização do solo”. Já para


Tucci (2005), as medidas estruturais alteram o sistema fluvial por meio de obras na
bacia (medidas extensivas) ou no rio (medidas intensivas). Descrevendo o que são
medidas extensivas e intensivas, Simons et al. (1997, apud TUCCI, 2005, p. 50):

As medidas extensivas são aquelas que agem na bacia, procurando modificar


as relações entre precipitação e vazão, como a alteração da cobertura vegetal
do solo, que reduz e retarda os picos de enchente e controla a erosão da
bacia. As medidas intensivas são aquelas que agem no rio e podem ser de
três tipos podem ser de três tipos: (a) aceleram o escoamento: construção de
diques e polders, aumento da capacidade de descarga dos rios (canais) e
corte de meandros; b) retardam o escoamento: reservatórios e bacias de
amortecimento; c) facilitam o desvio do escoamento: são obras como canais
de desvios. (SIMONS et al., 1997, apud TUCCI, 2005, p. 50).

Baseado nas ideias defendidas por Tucci (2005) e Simons et al. (1997), as
medidas extensivas e intensivas foram sintetizadas no quadro 3, o qual contém as
vantagens, desvantagens e a aplicação de cada uma delas. Ressalta-se que esse
agrupamento foi estabelecido pelo autor já citado.

Quadro 3: Medidas estruturais


Principal Principal
Medida Aplicação
vantagem desvantagem
Medidas extensivas
Alteração da cobertura Redução do Impraticável para
Pequenas bacias
vegetal pico de cheia grandes áreas
Controle de perda do Reduz Impraticável para
Pequenas bacias
solo assoreamento grandes áreas
Medidas intensivas
Alto grau de Danos
Grandes rios e na
Diques e polders proteção de significativos caso
planície.
uma área falhe
Fonte: Adaptado, SIMONS et al., 1997, apud TUCCI, 2005, p. 50.

Observa-se que as medidas expostas no quadro 3, precisam ser adaptadas


caso a caso, analisando sua vantagem e desvantagem e também aplicação. Além
dessas medidas, Christofidis (2010, p. 75), explica que “As principais soluções
adotadas para aumentar o tempo de concentração são associadas ao controle na
fonte, no início do escoamento, como o uso de curvas de nível com seixos e areia ou
telhados verdes em casas ou edifícios.”, sendo assim, baseado em Rezende (2018),
Christofidis (2010), Souza (2007) e SUDERHSA (2002), listou-se as seguintes
soluções:
37

• Telhado verde: “Utilização de vegetação rasteira (grama) pré-cultivada nos


telhados de edificações”, (REZENDE, 2018, p. 25). Segundo Rezende (2018),
as vantagens são a detenção temporária das águas, redução do escoamento
superficial e proteção térmica para as edificações e as desvantagens são a
dificuldade de implantação em telhados já existentes e de elevada declividade
e o cuidado com o peso dos substratos. No Brasil, empresas especializadas
tem se fortalecido, trabalhando com essa tecnologia. (CHRISTOFIDIS, 2010).
Abaixo tem-se um exemplo de telhado verde.

Figura 4: Telhado verde

Fonte: Gazeta do povo, 2018.

• Pavimento permeável: “São pavimentos que contém espaços vazios na sua


estrutura. Dessa forma, a água pode infiltrar. A sua primeira camada consiste
em um revestimento de blocos vazados e em seguida há uma base onde ficam
os drenos.” (REZENDE, 2018, p. 26). O pavimento funciona como um
armazenamento da água captada, retardando o escoamento. Como vantagem
tem-se a recarga de águas subterrâneas e a desvantagem é o fato de precisar
de mão de obra especializada e de manutenção periódica (REZENDE, 2018).
O principal local de aplicação são as áreas de tráfego de pedestres, ciclistas,
calçadas, praças e estacionamentos. (SOUZA, 2007). Abaixo tem-se um
exemplo de pavimento permeável.
38

Figura 5: Pisos drenantes: combinação entre blocos vazados, pisos intertravados e


trincheira de infiltração

Fonte: Álvaro Rodrigues dos Santos, 2011.

• Trincheira de infiltração: “São técnicas que possuem a finalidade de recolher


as águas pluviais de afluência perpendicular ao seu comprimento, favorecendo
a infiltração e/ou o armazenamento temporário” (REZENDE, 2018, p. 27). Cita-
se, como principais vantagens o aumento da recarga de aquíferos, preservação
da vegetação natural e redução do transporte de poluição. Além disso, as
principais desvantagens são a elevação do nível dos lençóis freáticos que
podem atingir fundações de construções, a contaminação do lençol freático
local por metais pesados carregados e a falta de manutenção (CHRISTOFIDIS,
2010). Na figura 5, também é possível ver uma trinceira de infiltração em
conjunto com a pavimentação permeável.

• Cisterna para armazenamento de água de chuva: “O aproveitamento de


água de chuva providencia oportunidade para aumentar a eficiência hídrica no
39

empreendimento, exonerando o poder público ou a concessionária pelo serviço


de abastecimento do volume captado” (SOUZA, 2007, p. 32). Além disso, na
região Nordeste esse sistema é bastante utilizado como alternativa em
períodos de seca (SOUZA, 2007). Sendo assim, a água da chuva que antes
iria para drenagem urbana, passa a ser aproveitada e armazenada.

Figura 6: Minicisterna residencial

Fonte: Ecycle, apud, Denise Silveira Pinto, 2019, p. 9.

• Poço de infiltração: “São dispositivos pontuais que permitem a evacuação do


escoamento superficial para dentro do solo” (SUDERHSA, 2002, p. 52). “O
armazenamento temporário das águas se faz em um poço vazio ou um poço
com material poroso” (REZENDE, 2018, p. 28). Rezende (2018) aponta como
uma das vantagens o fato de ocuparem pequenos espaços e serem bem
discretos, por outro lado, a sua desvantagem é a necessidade de manutenção
periódica para evitar colmatação. Na figura 7, tem-se dois tipos de poços de
infiltração, um revestido e o outro não revestido.
40

Figura 7: Esquemas de poços de infiltração

Fonte: Vinicius Carvaho Peixoto, 2011, p. 66.

• Microreservatórios: “Microrreservatórios são dispositivos de controle na fonte


de águas pluviais desenvolvidos para compensar a perda da capacidade de
armazenamento de terrenos com solos impermeabilizados.” (REZENDE, 2018,
p. 31). Essa é uma ótima alternativa para reter a água da chuva. Para
SUDERHSA (2002) até mesmo favelas e residências menores poderiam
adaptar essa solução com caixas d’água comerciais.

Figura 8: Modelo de instalação de microrreservatório de detenção dentro de


lote residencial

Fonte: Pedro de Paula Drumond, 2012, apud, Rezende, 2018, p. 32.


41

• Na microdrenagem: “Consistem no manejo de águas pluviais provenientes de


loteamentos ou conjunto de lotes” (SOUZA, 2007, p. 33). “As alternativas de
microdrenagem podem ser implantadas de forma mais difusa, por meio de
bacias de detenção e retenção, estruturas de filtragem e decantação e medidas
de retardo de escoamento.” (CHRISTOFIDIS, 2010, p. 87). Christofidis (2010)
também afirma que áreas públicas, como campos de futebol, praças e
estacionamentos são adequados para instalação dessas estruturas. Na figura
9, nota-se uma bacia de detenção, mais conhecida como piscinão, na cidade
Araguaína – Tocantins.

Figura 9: Bácia de detenção em Araguaína – Tocantins

Fonte: Conexão Tocantins, Marcos Filho, 2018.

• Na macrodrenagem: “Normalmente, refere-se à aplicação de medidas em


cursos d’água urbanos como sendo a escala de macrodrenagem.” (SOUZA,
2007, p. 34). Christofidis (2010, p. 90) expões que “as estruturas disponíveis
são, geralmente, de grande magnitude e envolvem elevadas somas em
dinheiro, além de um ambiente político propício.”. Souza (2007) cita que
algumas dessas medidas podem ser o planejamento de uso e ocupação do
solo, canalização e aprofundamento de riachos urbanos. Além disso,
Christofidis (2010) sugere a criação de parques lineares como zonas de
amortecimento de enchentes. Na figura 10, é possível ver um Parque linear
com recuperação do rio Cheonggeyechon em Seoul, Coréia do Sul.
42

Figura 10: Parque Linear, Coréia do Sul

Fonte: Ken Eckert, apud, Horizontes Arquitetura. 2016.

4.3 GESTÃO INTEGRADA DE DRENAGEM URBANA

De forma geral, além das medidas citadas acima, é de extrema importância a


implementação de mudanças na gestão e no comportamento populacional. Para
Christofidis (2019) “acredita-se que as medidas preventivas aliadas à aplicação de
políticas públicas adequadas poderão levar a mudanças de comportamento da
população”. Para isso acontecer, é preciso que haja uma interação entre os setores
públicos (infraestrutura, transporte, ambiental, saneamento e etc.), é o que afirma
Tucci (2005):
A busca desses objetivos não pode ser realizada individualmente, mas deve
ser um trabalho coletivo que se inicia pela educação. Infelizmente, conceitos
inadequados são ensinados nas universidades e a população possui
percepção errada das soluções. Portanto, é necessário mudar e formar uma
visão mais sustentável do homem no espaço. (TUCCI, 2005, p. 109).

Sendo assim, Tucci (2005) aponta que é necessário o desenvolvimento de uma


gestão integrada de drenagem urbana, pautada em dois princípios: controlar os
impactos existentes por meio das medidas estruturais e fomentar o desenvolvimento
de medidas não-estruturais de menor impacto e incentivo a sustentabilidade. Além
disso, Tucci (2005, p. 113) explica que esses dois princípios “podem ser
implementadas por meio do Plano Diretor de Águas Pluviais [...] que inclua tais
elementos ao esgotamento sanitário, aos resíduos sólidos, ao transporte e ao uso do
43

solo.”. A figura 11, retrata a interdependência que deve haver entre as áreas, para
garantir uma visão integrada da gestão municipal da água.

Figura 11: Visão integrada do planejamento dos aspectos da água no ambiente


urbano

Fonte: TUCCI, 2003, p. 34.

Entretanto, Tucci (2005, p. 114) aponta como maior dificuldade para


estabelecer esse planejamento integrado a “limitada capacidade institucional dos
municípios para enfrentar problemas tão complexos e interdisciplinares e a forma
setorial como a gestão municipal é organizada.”. Por fim, Chirstofidis (2019, p. 106)
sintetiza qual o objetivo deve se alcançar caso a população e os municípios sigam as
soluções citadas nesta pesquisa:

Esse novo olhar para o ambiente integrado à vida humana com via de mão
dupla será necessário para passar-se pelas mudanças climáticas com menos
perdas de vidas e maior resistência às doenças. Caso isso não aconteça, ter-
se-ão cada vez mais estatísticas de desastres em que a drenagem tradicional
não funcionará, em que as encostas deslizarão por falta de um sistema de
geotecnia adequado para os problemas de contenção e drenagem.
(CHIRSTOFIDIS, 2019, p. 106).

Portanto, cabe a população e os órgãos envolvidos entenderem qual caminho


a humanidade está trilhando e quais mudanças devem ser feitas para tentar reverter
esse processo de degradação ambiental. Como Christofidis (2019) cita, é inevitável
44

as mudanças climáticas, principalmente os eventos pluviométricos, por isso, ao


apresentar mudanças e adaptações, pretende-se dar embasamento teórico para sua
implementação, na tentativa de evitar que a população sofra com os impactos sociais
e econômicos. Além de atrair atenção da comunidade acadêmica para a necessidade
de discutir mais sobre o tema.
45

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de um cenário com instabilidades climáticas e altos índices


pluviométricos, lidar com fortes chuvas, e constantes enchentes, alagamentos,
inundações e enxurradas, passou a fazer parte da vida dos brasileiros, principalmente
daqueles que moram em periferias e áreas que sofrem com falta de infraestrutura.
Percebe-se que com o desenvolvimento da humanidade, o crescimento populacional
foi capaz de mudar o entorno em que se vive. Por isso, esta pesquisa de revisão
bibliográfica, visou discorrer sobre os impactos que o crescimento populacional
desordenado causa na drenagem urbana e intervenções que possam ser adotas,
contribuindo também para o âmbito acadêmico com o levantamento do tema para
discussão.
Através das contribuições das pesquisas já desenvolvidas até então, esta fez
uma contextualização atual do cenário das cidades brasileiras, enfatizando quais são
os pontos de falha da drenagem urbana e ressaltando a urgência de adotar
intervenções possíveis no sistema de captação de águas pluviais associada a gestão
de drenagem de águas urbanas. Foi feita uma revisão bibliográfica detalhada, com o
intuito de apontar as principais solução já utilizadas pela população e órgãos
responsáveis e quais ainda estão sendo estudas, objetivando a mudança no cenário
atual do sistema de drenagem urbana brasileira.
Sendo assim, atingiu-se o objetivo geral, apresentando as intervenções
adotadas para mitigar e prevenir os impactos provenientes da sobrecarga da
drenagem urbana. Cada capítulo foi essencial para alcançar a meta da pesquisa, e ao
destrinchar cada objetivo, permitiu-se o aprofundamento e detalhamento do tema.
O 1º objetivo específico foi alcançado no primeiro capítulo (Urbanização
desordenada). Fazer o levantamento sobre o surgimento das cidades brasileiras, e
como o solo foi utilizado e ocupado pela população, foi de extrema importância para
entender quais são os problemas decorrentes da urbanização desordenada e como
eles afetam a drenagem urbana.
O 2º objetivo específico também foi atingido, no segundo capítulo (Entendo a
drenagem urbana). Compreender como funciona o ciclo hidrológico, ter uma visão
mais técnica sobre as etapas da drenagem e refletir sobre a comparação do modelo
46

tradicional e sustentável de drenagem, deu a oportunidade do leitor de rever o modelo


atual praticado nas cidades brasileiras e se questionar se tem sido suficiente ou não.
Por último, no terceiro capítulo (Intervenções técnicas e mudanças de
comportamento populacional), conseguiu-se alcançar o 3º objetivo específico. O
levantamento das principais medidas estruturais e não estruturais deu embasamento
para apontar possíveis intervenções no sistema de drenagem urbana e no
comportamento da população para evitar que alagamentos, enchentes e inundações
aconteçam.
Sugere-se então, uma análise na prática do que já está sendo implementado,
principalmente dentre as técnicas compensatórias estruturais, popularizando-as entre
a população. Além de ser necessário um interesse acadêmico pelo tema, seja na
produção de artigos, teses e apresentações em congressos, é preciso abordar a
problemática com as autoridades envolvidas e incentivar a política de que cada um
deve fazer a sua parte.
Como afirmou-se neste trabalho, o Brasil é um país marcado por um
crescimento urbano desordenado, além de possuir altos índices pluviométricos. A
junção desses dois fatores, reflete na drenagem urbana, prejudicando a mesma.
Impermeabilização do solo, construções inadequadas, adoção apenas de técnicas
tradicionais, são alguns dos motivos que causam inundações, alagamentos,
enchentes e enxurradas. Por isso, atrair a atenção para esse tema, é e sempre será
essencial.
47

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