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Itabuna
2021
ALLÍCIA ALVES DA SILVA
Itabuna
2021
ALLÍCIA ALVES DA SILVA
BANCA EXAMINADORA
RESUMO
A humanidade sempre viveu em constante procura por um abrigo. Ao longo dos anos,
as moradias foram se aperfeiçoando, e o homem, em busca de melhores condições
de vida, migrou do campo para as áreas centrais e industrializadas, dando origem as
cidades e grandes centros urbanos. O crescimento populacional de forma
desordenada trouxe impactos para a drenagem urbana, visto que a impermeabilização
do solo e construções irregulares alteram o funcionamento natural do ciclo hidrológico
e provocam inundações, enchentes, alagamentos e enxurradas. O objetivo central do
trabalho é entender quais as intervenções são adotadas para mitigar e prevenir os
impactos provenientes desta sobrecarga. Sendo assim, propõe-se através de uma
revisão bibliográfica detalhada, entender como aconteceu o surgimento das cidades
brasileiras, como a drenagem urbana é formada, quais são os seus aspectos técnicos,
e apontar as medidas já existentes para reduzir esses impactos. A urgência da
discussão desse tema, parte do princípio dos altos índices pluviométricos do Brasil,
deixando evidente que a drenagem urbana precisa passar por adaptações, optando
por vias sustentáveis e que garantam o equilíbrio ambiental.
ABSTRACT
Humanity has always lived in constant search for shelter. Over the years, housing was
improved, and man, in search of better living conditions, migrated from the countryside
to central and industrialized areas, giving rise to cities and large urban centers.
Disorderly population growth has impacted urban drainage, as soil sealing and
irregular construction alter the natural functioning of the hydrological cycle and cause
flooding. The main objective of the work is to understand which interventions are
adopted to mitigate and prevent the impacts arising from this overload. Therefore, it is
proposed, through a detailed bibliographical review, to understand how the emergence
of Brazilian cities happened, how urban drainage is formed, what are its technical
aspects, and to point out the measures that already exist to reduce these impacts. The
urgency of discussing this topic is based on the principle of high rainfall in Brazil,
making it clear that urban drainage needs to undergo adaptations, opting for
sustainable routes that ensure environmental balance.
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13
2. URBANIZAÇÃO DESORDENADA ................................................................... 15
3. ENTENDENDO A DRENAGEM URBANA ........................................................ 22
4. INTERVENÇÕES TÉCNICAS E MUDANÇAS DE COMPORTAMENTOS
POPULACIONAL ...................................................................................................... 33
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 45
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 47
13
1. INTRODUÇÃO
2. URBANIZAÇÃO DESORDENADA
Em contra partida, Heitor Viola (2008, p. 23) expõe que pela ótica moderna a
drenagem urbana tem como foco “a manutenção e recuperação de ambientes
saudáveis interna e externamente à área urbana, usando técnicas apropriadas para
cada situação sem ficar limitada ao uso das técnicas convencionais.”. Em quesito de
conceitos, tem-se que quando o sistema de drenagem engloba os condutos pluviais
de áreas urbanas ele é conhecido como microdrenagem, enquanto que o conjunto
desses sistemas compõe a macrodrenagem.
Conforme a cidade se urbaniza, a drenagem é afetada, já que os eventos
pluviométricos vêm se tornando mais severos e a tendência é que continuem
sobrecarregando as estruturas construídas para gerenciar as águas pluviais. Tucci
(2003) aponta que o aumento da população periférica, resulta no risco de inundações
e escorregamentos, já que áreas de mananciais são ocupados.
Segundo Tucci (2002), existem dois processos de inundação decorrentes do
escoamento pluvial. O primeiro processo engloba as inundações de áreas ribeirinhas,
que ocorre quando a população ocupa o leito do rio, consideradas áreas de riscos. O
segundo processo são as inundações devido à urbanização, decorrentes da
impermeabilização, ocupação do solo, construção da rede de condutos pluviais, e
obstruções ao escoamento (aterros, pontes e drenagem inadequada). Ambos
processos, descritos por Tucci (2002) retomam a afirmativa do impacto do
crescimento das cidades no processo de drenagem. Na figura 1, Márcio Baptista e
20
Aumento das vazões máximas, em até 7 vezes [...] e da sua freqüência [sic],
por conta do aumento da capacidade de escoamento por condutos e canais
e pela impermeabilização das superfícies; Aumento da produção de
sedimentos resultante da falta de proteção das superfícies e da produção de
resíduos sólidos (lixo); Deterioração da qualidade da água superficial e
subterrânea, em virtude da lavagem das ruas, do transporte de material sólido
e das ligações clandestinas de esgoto cloacal e pluvial; Implantação
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Da Paz (2004) explica que esse ciclo envolve processos como a evaporação
da água dos oceanos, dos rios, da vegetação, do solo e da transpiração das plantas.
Em condições específicas, esse vapor acaba precipitando em forma de chuva, neve
e até granizo. Parte da precipitação atinge os lagos e oceano, outra é interceptada
pela cobertura vegetal e a parte que chega ao solo infiltra e alcança os aquíferos.
Como o próprio nome já diz, esse é um ciclo que não tem começo e fim, acontecendo
de forma contínua e em equilíbrio.
23
Christofidis (2010) expõe pelo seu ponto de vista, outros parâmetros que
também precisam ser levados em consideração para garantir a efetividade da
urbanização, como: a densidade habitacional, taxa de impermeabilização, destinação
da área, declividade do terreno, densidade de vias e loteamentos, cobertura do solo e
a intensidade de chuva. Fica evidente a importância do correto planejamento urbano
e sua relação com a prevenção de futuros problemas ambientais.
De acordo com o Art. 3º da Lei nº 11.445 – Lei do Saneamento Básico, de 05
de janeiro de 2007, a drenagem urbana das águas pluviais, se responsabiliza pelo
transporte, a retenção em vazões de cheias, o tratamento, a disposição final dessas
águas, assim como a fiscalização preventiva das redes (BRASIL, 2007).
Tomando como base, o conceito clássico (HAFNER, 2007) e a definição de
drenagem (Art. 3º da Lei nº 11.445, 2007) percebe-se que a preocupação está pautada
em realizar o transporte das águas pluviais o mais rápido possível até a jusante.
Porém, à medida que as cidades se expandem, e reduzem a taxa de infiltração da
água no solo, problemas como alagamentos, inundações, enchentes, deslizamentos,
entupimento de boca de lobo e galerias, transbordamento das sarjetas se intensificam,
mobilidade das cidades e contaminação das fontes para abastecimento urbano. Esses
fatores são resultados da sobrecarga do escoamento superficial. Contextualizando
com o cenário brasileiro, Tucci (2005) faz um comparativo com os países em
desenvolvimento e demais da América do Sul:
Esse se torna um ciclo vicioso, o qual tem sempre o seu início com a ocupação
de áreas, em seguida a implementação de novos sistemas e logo depois o aumento
das enchentes e inundações, retornando depois para o início do ciclo e assim
sucessivamente. Com esse cenário, o meio ambiente acaba sofrendo as
consequências desse ciclo, já que a população busca por conforto urbano, e
implementação de soluções rápidas e de menor custo (CHRISTOFIDIS, 2010). Com
base na narrativa desenvolvida por Christofidis (2010), é possível listar as vantagens
técnicas e desvantagens ambientais da drenagem urbana tradicional:
1987; TUCCI; PORTO et al, 1995; MOFFA; GOEBEL et al, 2000; POMPÊO, 2000;
TUCCI, 2003; CANHOLI, 2005; EPA-EUA, 2005; MOTA, 2005; TUCCI, 2005; TUCCI
e ORSINI, 2005; SCHUELER; HIRSCHMAN et al, 2007; CHAMPS, 2009) e explica
quais são os princípios da drenagem urbana sustentável, sendo eles: a não ampliação
da cheia natural, a prioridade dos mecanismos naturais de escoamento, a bacia
hidrográfica como unidade de planejamento, medidas de controle no conjunto da
bacia, o controle permanente, a educação ambiental e o tratamento do escoamento
pluvial.
Autores como Pompêo (2000) defendem a importância de adotar medidas
sustentáveis associadas a drenagem urbana, incluindo modificações desde o
planejamento urbano, até a participação da sociedade como caminho essencial ao
desenvolvimento sustentável. Em continuidade ao seu pensamento, Pompêo (2000)
explica que reconhece a complexidade das relações entre os ecossistemas naturais,
o sistema urbano artificial e a sociedade, e que por isso é necessário adotar novos
conceitos em relação a drenagem.
Ao inserir inovações no sistema de drenagem urbana, o modelo tradicional foi
substituído por um modelo mais vantajoso, alinhado com percepções geomorfológicas
e com componentes estruturais e não estruturais. Sendo assim, a drenagem urbana
sustentável parte do pressuposto de pensar em planejamento, zoneamentos, medidas
indutoras à ocupação de áreas menos vulneráveis às inundações e seguros contra
inundações (CHRISTOFIDIS et al., 2019). Para intervir no sistema urbano de
drenagem, na ocorrência de inundações e enchentes, Tucci (2003) explica que:
Cita-se ainda como abordagem sustentável de drenagem, por Tássia dos Anjos
Tenório de Melo, Artur Paiva Coutinho, João Batista Fialho dos Santos, Jaime Joaquim
da Silva Pereira Cabral, Antônio Celso Dantas Antonino, Laurent Lassabatere (2016,
p. 54) as “técnicas compensatórias como trincheira de infiltração, sistemas de
biorretenção, pavimentos permeáveis, poços de infiltração e bacias de infiltração”.
Complementando a linha de possíveis intervenções, Andréa Teston (2015, p. 14)
explana que “uma solução é a implantação de programas de conservação da água e
de medidas mitigadoras de enchentes, tais como os sistemas de aproveitamento de
água de chuva.”. Essas aplicações se tornam viáveis em condomínios verticais e em
casa unifamiliares. De acordo com José Roberto Champs (2009):
Christofidis (2010, p. 91), explica ainda que “Entre as medidas não estruturais
que podem ser criadas são destacadas as dispostas na obra de Tucci (2005) e de
Barros (2005)”. Sendo elas:
Baseado nas ideias defendidas por Tucci (2005) e Simons et al. (1997), as
medidas extensivas e intensivas foram sintetizadas no quadro 3, o qual contém as
vantagens, desvantagens e a aplicação de cada uma delas. Ressalta-se que esse
agrupamento foi estabelecido pelo autor já citado.
solo.”. A figura 11, retrata a interdependência que deve haver entre as áreas, para
garantir uma visão integrada da gestão municipal da água.
Esse novo olhar para o ambiente integrado à vida humana com via de mão
dupla será necessário para passar-se pelas mudanças climáticas com menos
perdas de vidas e maior resistência às doenças. Caso isso não aconteça, ter-
se-ão cada vez mais estatísticas de desastres em que a drenagem tradicional
não funcionará, em que as encostas deslizarão por falta de um sistema de
geotecnia adequado para os problemas de contenção e drenagem.
(CHIRSTOFIDIS, 2019, p. 106).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
GAZETA DO POVO. Construções com telhado verde terão mais área disponível
para construção. [S. l.], 2018. Disponível em:
https://www.gazetadopovo.com.br/haus/sustentabilidade/nova-lei-telhado-verde-
blumenau-aumenta-area-edificavel/. Acesso em: 20 set. 2021.
IBGE. Desastres naturais: 59,4% dos municípios não têm plano de gestão de
riscos. Censo 2021, 03 maio. 2019. Disponível em:
https://censo2021.ibge.gov.br/2012-agencia-de-noticias/noticias/21633-desastres-
naturais-59-4-dos-municipios-nao-tem-plano-de-gestao-de-riscos. Acesso em: 01
mar. 2021.
LIMA, Silvia Maria Santana Andrade; LOPES, Wilza Gomes Reis; FAÇANHA,
Antônio Cardoso. DESAFIOS DO PLANEJAMENTO URBANO NA EXPANSÃO
DAS CIDADES: ENTRE PLANOS E REALIDADE. Revista Brasileira de Gestão
Urbana, [S.l.], v. 11, maio 2019. ISSN 2175-3369. Disponível em:
https://periodicos.pucpr.br/index.php/Urbe/article/view/24901/23665. Acesso em: 20
de mar. 2021
MELO, Tássia dos Anjos Tenório de; COUTINHO, Artur Paiva; SANTOS, João
Batista Fialho dos; CABRAL, Jaime Joaquim da Silva Pereira; ANTONINO, Antônio
Celso Dantas; LASSABATERE, Laurent. Trincheira de infiltração como técnica
compensatória no manejo das águas pluviais urbanas. Porto Alegre, v.
16, n.3, p. 53-72, set. 2016. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-
86212016000300053&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 18 mar. 2021.