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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO - ARQUITETURA E URBANISMO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PARQUE LINEAR RIBEIRÃO JACARÉ


PROJETO DE INTEGRAÇÃO DO RIBEIRÃO JACARÉ COM A CIDADE DE ITATIBA

ITATIBA- SP

KARINA VEDOVELLO DA COSTA

DEZEMBRO 2009
ARQUITETURA E URBANISMO

PARQUE LINEAR RIBEIRÃO JACARÉ


PROJETO DE INTEGRAÇÃO DO RIBEIRÃO JACARÉ COM A CIDADE DE ITATIBA

KARINA VEDOVELLO DA COSTA

Monografia apresentada à disciplina de


Trabalho de Conclusão de Curso do Centro de
Ciências Exatas e Tecnológicas (CCET), do curso de
Arquitetura e Urbanismo da Universidade São
Francisco; sob orientação da professora Cláudia
Maria Ribeiro Lima, como exigência para conclusão
do curso de graduação.

BANCA EXAMINADORA:
Orientadora: Cláudia Maria Ribeiro Lima
Membro Interno: Jane Tassinari Fantinelli
Membro Externo: Waldir Vilalva Dezan
À minha família,
“O menino tinha certeza de que
havia nascido no dia
em que viu o rio.
(...)
O menino amou o rio
pois acreditou que o rio havia
também nascido no dia em que ele o viu.”
(Ziraldo)
RESUMO:

COSTA, Karina Vedovello. Parque Linear Ribeirão Jacaré. Itatiba, 2009. Monografia (Graduação) do Curso de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade São Francisco, Itatiba, 2009.

Projeto de um Parque Linear beirando o ribeirão Jacaré, na cidade de Itatiba-SP. Intervenção feita na área central da cidade,
requalificando o espaço público e, resgatando a relação da sociedade com o rio.

Palavra-chave: parque linear, praça, requalificação, revalorização, rios urbanos.

Áreas do conhecimento: Projeto de Arquitetura e Urbanismo; Planejamento e Projeto do Espaço Urbano.


Sumário

Introdução............................................................................................................................................................................................................................8
Introdução....................
A cidade de Itatiba ..........................................................................................................................................................................................11
A relação da cidade com o Ribeirão Jacaré...................................................................................................................................................15

Justificativa .......................................................................................................................................................................................................................21

Levantamentos e diagnósticos........................................................................................................................................................................................23
diagnósticos
Proposta
Proposta – Área escolhida para intervenção..................................................................................................................................................................31
intervenção
Programa...........................................................................................................................................................................................................................46
Programa.........................................................
Conceito e Partido.............................................................................................................................................................................................................47
Partido
Aspectos do Projeto..........................................................................................................................................................................................................49
Projeto
Estudos de Caso
Parque Brigadeiro Eduardo Gomes ...............................................................................................................................................................78
Parque Costa Azul ..........................................................................................................................................................................................81
Battery Park ....................................................................................................................................................................................................83
Revitalização Urbana Rio Cheonggyecheon .................................................................................................................................................85

Bibliografia.........................................................................................................................................................................................................................87
Bibliografia
INTRODUÇÃO

A relação de familiaridade que se constitui entre rios descontroladamente, ocorrendo uma série de devastações
e cidades é muito antiga, tanto que muitas cidades ambientais. Naquele momento, o rio supria as
coloniais surgiram às margens dos rios, configurando-se, necessidades das cidades e suas pequenas indústrias,
posteriormente, em núcleos urbanos, transformando porém, cada vez mais a industrialização transformou áreas
paisagens fluviais em paisagens urbanas. Porém, a idéia de características rurais em áreas de grande interesse
de preservação das margens dos rios e da qualidade da econômico, destinadas à atividade que degradavam o
água é muito recente. meio ambiente em que se instalavam, afinal, estavam
localizadas em pontos de difícil acesso à fiscalização e à
Antigamente a ocupação das margens dos rios era própria população. Aquele rio que antes era suficiente para
vista como “natural”, não havendo restrições para sua a cidade, tornou-se ineficaz diante de tanta poluição vinda
ocupação: indústrias, residências, plantações, estradas, das indústrias, tornando o quadro dos rios urbanos em um
avenidas foram construídas de forma predatória em estado crítico e necessitando de atitudes urgentes de
relação aos cursos d’água, sem que houvesse uma requalificação/ revalorização nas cidades.
conscientização ligada ao conceito de sustentabilidade ou
então uma relação de proximidade entre o rio e os Com isso, a desvalorização dos rios aconteceu
habitantes da cidade. rapidamente, pois a população que antes utilizava o rio no
seu dia a dia como uma forma de lazer e descanso, foi se
Em meados de 1960, com a o choque urbano da afastando das águas poluídas dos rios, desprezando-o.
industrialização, as cidades cresceram
Entretanto, mesmo com essa nova conscientização, adequados, que resultaram na ocupação indevida das
essa relação entre cidade e rios é vista atualmente com margens dos rios.
diversos conflitos. A realidade mostra que os rios têm tido
suas margens ocupadas por habitações irregulares e suas Assim como acontece nas orlas de importantes
águas transformadas em coletores de lixo, esgoto cidades litorâneas do Brasil, a valorização das águas, seja
doméstico e resíduos industriais, transformando-os ela proveniente de rios ou do mar, entra como uma das
injustamente em um fator negativo e desvalorizado para a principais propostas do Poder Público, a fim de tentar
cidade, como se fosse o grande causador dos problemas solucionar estes problemas decorrentes das relações entre
como enchentes, congestionamentos, detritos e o desenvolvimento urbano com o rio. Essa tentativa,
desvalorização da paisagem urbana. Além disso, a muitas vezes está relacionada a propostas de Parques
urbanização nas áreas de várzea, muitas vezes, é feita de Lineares ao longo desses rios, como medida de
uma forma que vai contra as necessidades vitais de um requalificação desses espaços, proporcionando uma
rio, através da construção de avenidas impermeáveis relação respeitosa entre o espaço urbano e a configuração
beirando as margens dos rios, transformando-se em dos rios. Nesse processo de requalificação e
verdadeiras calhas de concreto sujeitas a enchente. revalorização, os rios são considerados o princípio
Consequentemente, numa tentativa de “esconder” o regulador como elemento de estruturação urbana,
problema, o rio acaba desaparecendo dentro de canais sob tornando-se uns dos principais suportes de todas as redes
as ruas. de infra-estrutura urbana. Além das águas, benefício
primordial dos rios, também beneficia o controle do
Tudo isso, nada mais é, do que uma negligência dos território, a alimentação, a possibilidade de circulação de
reais agentes causadores desse caos urbano, que é a falta pessoas e bens, lazer, entre tantos outros.
de políticas, planejamentos, diretrizes e projetos urbanos
Esse conceito de parque aparece inicialmente em fazendas que ficam na Estrada Velha que liga Itatiba à sua
cidades como Buenos Aires, Nova York, Barcelona, como cidade vizinha Jundiaí. Sua extensão totaliza cerca de 7,5
meio de recuperação de trechos decadentes em áreas km, sendo 3,5 km na área rural e 4 km na área urbana,
pontuarias e industriais, passa a ser uma característica em recebendo águas de outros córregos até desaguar no rio
diversas cidades brasileiras, influenciando o tratamento de Atibaia.
inúmeros parques lineares beirando rios, que tem como
base urbanística parques em orlas, com extensos
calçadões equipados e tratados, fortalecendo o caráter de
área de lazer e contemplação das cidades e estabelecendo
uma relação harmônica entre a água e os habitantes. A
introdução do conceito de conservação da várzea como
entidade ecológica útil ao lazer urbano é muito positiva e
só tem a trazer benefícios para as cidades.

Neste TCC, foi estudado e elaborado um projeto


para a cidade de Itatiba. Assim como diversas cidades
brasileiras, Itatiba se desenvolveu margeando o Ribeirão
Jacaré, uma sub-bacia do Rio Atibaia. É um rio
inteiramente inserido na cidade - nasce e deságua nas
fronteiras do município - cortando seu centro urbano. Sua
formação derivou da união de vários mananciais e
afluentes, sendo que suas nascentes são localizadas em Fig 01- Avenida Genaro Paladino e o Ribeirão Jacaré. Fonte: Karina V. Costa, 2009.
A cidade de Itatiba

Localizada no interior paulista, à 80 km da capital


de São Paulo, Itatiba se configura na região Metropolitana
de Campinas, na Serra da Jurema. Tem como municípios
vizinhos Campinas, Atibaia, Bragança Paulista, Jundiaí,
Valinhos, Vinhedo, Morungaba, Jarinú, entre outros. Possui
cerca de 100 mil habitantes, sendo 81% pertencente à
zona urbana e 19% à zona rural. Sua área urbana é de
26,12 km² e sua área rural de 298,88 km².

Fig 03- Localização de Itatiba e municípios vizinhos.Fonte: Google Maps

Na segunda metade do século XIX, Itatiba, que


fazia parte da área pioneira do plantio de café em direção
ao Oeste Paulista, alcançava uma grande produção. Tal
fato proporcionou um enorme desenvolvimento econômico
para a cidade que, devido a sua grande produção, possuía
Fig 02- Localização de Itatiba no Estado de São Paulo. Fonte: inclusive uma ferrovia, a "Estrada de Ferro Carril
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:SaoPaulo_Municip_Itatiba.svg (acessado em
Itatibense", não mais existente.
20/03/09)
vinculadas ao ramo moveleiro, que tinham como
característica principal a produção de móveis em estilo
colonial. Por essa especialidade, Itatiba passou a ser
conhecida como a "Capital Brasileira do Móvel Colonial".

Atualmente, a indústria se diversificou e, com a


instalação de um Distrito Industrial, a cidade segue esse
caminho não se esquecendo, no entanto, da agricultura
que ainda hoje é bastante importante, destacando-se na
produção de vagem e de caqui, uma de suas marcas na
atualidade.

Apesar do grande progresso que sofreu nos últimos


Fig 04- Estação de trem na Marechal Deodoro e o ribeirão Jacaré, em
quinze anos, com a instalação de muitas indústrias e
1952. Acervo: Museu Municipal Padre Lima.
multinacionais, a cidade ainda conserva características
interioranas e oferece uma boa infra-estrutura urbana,
Após sucessivas crises, dentre elas a de 1929, a
bela paisagem proveniente de seu relevo acidentado e
produção decaiu e Itatiba passou a adotar um perfil mais
clima ameno sendo considerado um dos melhores ares do
industrial. As primeiras grandes indústrias que se
mundo.
instalaram no município pertenciam ao ramo têxtil, de
fósforos e de calçados. A partir da década de 1960, a
Devido ao potencial turístico e principalmente à
cidade conheceu um novo surto de desenvolvimento: data
grande proximidade com a capital paulista, muitos
dessa época a instalação das primeiras indústrias
paulistanos se refugiam na cidade para se afastar do caos Morungaba, Valinhos e Vinhedo. No Circuito das Frutas
urbano dos grandes centros, o que vem resultando num Itatiba é a cidade do Caqui.
rápido crescimento populacional na cidade – aumento de
70% em 20 anos - e exigindo cada vez mais investimentos Possui em sua região central vários edifícios de
na infra -estrutura urbana. valor histórico e beleza arquitetônica. Estes casarões
datam, em sua maioria, do século XIX e têm sido bem
O acesso à São Paulo é feito pela Via Anhanguera preservados até hoje, dentre eles o Solar Alves Lanhoso.
ou Bandeirantes, Via Jundiaí - SP-360; para Campinas A produção cafeeira deixou na zona rural traços fortes da
pela Rodovia D. Pedro I; para Atibaia pela Fernão Dias ou arquitetura do século XIX que hoje é cenário para o
Rodovia D. Pedro I e para Bragança Paulista pela Rodovia turismo Histórico-Cultural. Além disso, a produção agrícola
Fernão Dias ou Rodovia Alkindar Junqueira. focado na fruticultura abre espaço para o desenvolvimento
do agroturismo.
Itatiba é uma cidade com um grande potencial
turístico, onde se desenvolvem várias atividades ligadas No calendário da cidade há diversos tipos de
ao Turismo Rural, Histórico-Cultural e de Eventos. Seus eventos anuais, como por exemplo, o carnaval, a Festa do
principais pontos turísticos são: Praça da Bandeira; setor Caqui e Cia, o Campeonato Brasileiro de Ornitologia, a
moveleiro; paróquias e igrejas; Parque Ferraz Costa; Festa de São Pedro, Festa de San Genaro, comemoração
Zooparque Paraíso da Aves, primeiro Zoológico Temático do aniversário do município, corrida de pedestres da
do Brasil; Mercado Municipal; Parque da Juventude; cidade, entre outros.
Planetário Municipal, alem disso Itatiba faz parte do Pólo
Turístico do Circuito das Frutas juntamente com mais oito A hidrografia da cidade é composta principalmente
municípios - Indaiatuba, Itupeva, Jarinú, Jundiaí, Louveira, por dois rios: o Rio Atibaia, de onde é tirada a água para o
consumo público da cidade, através da estação de captação e bombas recalque, e o Ribeirão Jacaré, que está inserido dentro do
perímetro urbano e é objeto de estudo do meu TCC.

Fig 05- Nascente do ribeirão, localizada na Fazenda São Sebastião, Fig. 06- Despejo de indústria têxtil na nascente do ribeirão: linha entre a vida e
na divisa de Itatiba e Jundiaí. Fonte: JAPPA, 2008. a morte do rio. Fonte: JAPPA, 2008.
A RELAÇÃO DA CIDADE COM O RIBEIRÃO JACARÉ

Assim como diversas cidades brasileiras, Itatiba


presencia hoje as conseqüências desagradáveis provenientes
da industrialização que ocorreu após a fase da agricultura
cafeeira. Todas as obras industriais voltadas ao crescimento
econômico prejudiciais à natureza eram “justificadas” com
argumentos inconseqüentes voltados apenas ao lucro que
essas indústrias trariam à cidade, sem ter consciência da
anulação da sustentabilidade que isso traria. Em pouco
tempo, diversas indústrias se instalaram na cidade, a maioria
indústrias têxteis, principalmente em pontos centrais
beirando o ribeirão Jacaré. A partir dessa época, em torno de
Fig. 07- Poluição vinda de indústria têxtil. Fonte: Franco,2004.
1940- 1950, o ribeirão Jacaré passou a apresentar focos de
poluição. Há relatos de que antes dessa época, a água era
A relação que Itatiba tem perante o ribeirão Jacaré está
limpa e potável, e a população tinha uma relação harmoniosa
diretamente ligada ao histórico de infra-estrutura e saneamento
com o ribeirão, usufruindo-o para diversos fins.
da cidade. Antigamente, no século XIX, a principal fonte de
abastecimento de água potável na cidade eram os poços
perfurados nos quintais das residências, ou então, a população
comprava água retirada do ribeirão Jacaré, que era transportada
em carroças. O esgoto era depositado em fossas, quando não esgoto a céu aberto. Logo após, a prefeitura contratou a
escorria pelas ruas a céu aberto. SABESP.

A Lei n°37 de 1° de outubro de 1987, regularizou o Em meados de 1970, o centro urbano da cidade,
abastecimento de água em Itatiba: todas as casas deveriam cortado, em sua parte baixa, pelo ribeirão, era
colocar canos para receber a água. Porém, por diversos periodicamente afetado por inundações que chegavam a
problemas, água continuou a ser retirada em poços, no atingir grandes alturas. Até esse momento, o ribeirão
ribeirão Jacaré e no rio Atibaia. Em 1906 foi inaugurada a mantinha seu curso natural, porém, por conta das
rede de esgotos, porém, era ineficaz a partir do momento em inundações, em 1976, durante o mandato do Prefeito
que a água canalizada e distribuída não era tratada. Giácomo Rela, foi feito um projeto de retificação, drenagem e
Em 1969 a água passa a ser tratada e em 1973 é alargamento do ribeirão Jacaré, feito pelo Eng. Flávio
inaugurada o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE). Lourençon. Além disso, o projeto previa um sistema viário
A falta de água era constante na cidade, pois as caixas básico para a cidade, que resolveria três problemas
d’água não davam conta do crescimento populacional que fundamentais de Itatiba: vias expressas, inundações e
estava ocorrendo, portanto, o ribeirão Jacaré começara a dar despoluição dos cursos d’água.
sinais de esgotamento.
Por conseqüência disso, na década de 1970 a captação
deixou de ser feita no ribeirão Jacaré e passou a ser feita no
Rio Atibaia, o que se estende até hoje. Foi o fim da relação
“física” da população com o ribeirão, contribuindo para que o
ribeirão Jacaré se transformasse gradativamente em um
Fig. 08- Avenida Marechal Deodoro alagada. Fonte: Relatório da Fig 09- Marechal Deodoro durante as cheias de 1970. Fonte: Relatório da
Administração da Prefeitura de Itatiba 1973-1976. Administração da Prefeitura de Itatiba 1973-1976.
Através de diversos estudos e cálculos envolvendo Além disso, o projeto previa o dimensionamento de
estatísticas de precipitação pluviométrica durante em média 20 emissários de esgoto distribuídos ao longo das margens do
anos, dimensionamento de bacias hidrográficas, entre outros ribeirão, o qual infelizmente não é eficaz atualmente. (anexo 1)
estudos, o projeto apresentava um redimensionamento da calha
do ribeirão que permitira receber toda carga de enxurradas sem
apresentar inundações, solução a qual está eficiente até hoje.

Fig. 10- Projeto do canal do Ribeirão Jacaré, feito pelo Eng. Flávio Lourençon.
Atualmente, a cidade de Itatiba é abastecida pelo rio
Atibaia, o qual recebe águas do ribeirão Jacaré, que encontra-
se totalmente poluído, principalmente proveniente de esgoto
doméstico. A urbanização a beira rio na cidade de Itatiba,
anulou as áreas de várzea.

Segundo a JAPPA (Jacaré Associação para Preservação


Ambiental), uma organização não governamental que tem
como objetivo principal a preservação do ribeirão Jacaré e a
conscientização de um uso sustentável, o descompasso entre
a ocupação do solo urbano e a capacidade do poder público
em realizar a infra-estrutura necessária para dar suporte a
esta ocupação através do saneamento básico, é o principal
vilão da degradação do ribeirão, havendo contradições
inclusive na legislação do próprio município. Ao lado, uma
tabela mostrando as indústrias poluentes:

Fig 11- Indústrias que despejam esgoto no rio. Fonte: JAPPA, 2008
Há em Itatiba um projeto que prevê a construção de
marginais para atender a grande demanda de veículos,
conseqüência do crescimento da cidade. Essas marginais,
beirando todo trecho urbano do ribeirão, já está feita em
alguns trechos, porém, trata-se de um projeto que visa
apenas a melhoria na circulação de veículos, através de
avenidas impermeáveis, às vezes, sem ao menos calçamento
para os pedestres. Para a implantação dessas marginais, o
projeto da prefeitura conta com uma faixa de desapropriação
de 20 metros para cada lado da margem do rio, a partir do
seu eixo.

Fig 12- Indústrias que despejam esgoto no rio. Fonte: JAPPA, 2008
JUSTIFICATIVA coerente das cidades, recorrermos a novas intervenções
urbanas capazes de trazer o retorno da convivência e respeito
Através dessa análise que nos mostra a relação pelos rios e pelo espaço público.
estreita entre o ribeirão Jacaré e a cidade de Itatiba, torna-se
evidente a necessidade de adquirimos uma postura que Além disso, apesar da necessidade de marginais que
resgate os valores desse rio urbano que desenha a cidade. viabilizam a expansão da cidade, como prevê o projeto
prefeitura municipal, tal projeto resolve apenas problemas
Todos esses fatos relatados são problemas que relacionados ao crescimento da circulação de veículos, ou
existem em quaisquer centros urbanos. Mas analisando por seja, não prevê um tratamento específico que traga
outro lado, tais fatores podem ser considerados como uma qualidade para as áreas circunvizinhas do ribeirão. A partir
boa oportunidade de dotar Itatiba de um equipamento desse contexto, o Parque Linear Ribeirão Jacaré atenderia
público de qualidade, que agregue questões ambientais e essa necessidade de ampliação do sistema viário, porém, de
sociais, trazendo benefícios em vários âmbitos, sejam eles de uma forma que respeite o ribeirão, com pavimentação
cunho econômico, ambiental, cultural, social, ou até mesmo permeável, empregando o conceito de “calçadas verdes” e
turístico. criando áreas verdes centrais em Itatiba, ou seja, um projeto
de revalorização e requalificação da área central da cidade.
Visto que a sustentabilidade sócio- econômica-
ambiental vem sendo considerada cada vez mais um fator O Parque Linear Ribeirão Jacaré visa também
essencial para assegurar a subsistência de gerações futuras, requalificar a paisagem e os espaços urbanos públicos
cabe a nós, urbanistas e planejadores do desenvolvimento centrais, resolvendo a demanda de infra-estrutura urbana,
de circulação, de cultura e lazer da população, recriando uma
relação harmoniosa e respeitosa das pessoas com as suas de beneficiamento, há de se considerar, também, a
águas, através de intervenções arquitetônicas e urbanísticas, irradiação de um espírito de melhoramento não somente no
como a implantação de equipamentos de lazer às suas trecho destinado ao Parque, mas em suas adjacências. Essa
margens, de modo que todos possam usufruir desse contato é a função primordial de uma intervenção urbanística: o de
com a natureza. trazer qualidade não apenas ao espaço utilizado, mas
também qualidade de vida à seus habitantes. Isso tudo, de
Atualmente existem dois parques implantados na certa forma, contribui para uma melhor manutenção dos
cidade, o Parque Ferraz Costa e o Parque da Juventude. equipamentos públicos, graças à diminuição dos atos de
Porém, nenhum deles foi concebido para resolver problemas vandalismo, pois a partir do momento em que se criam
urbanos ou ambientais mais graves e que abrangessem uma espaços de usos públicos com uma qualidade acentuada, a
região mais vasta e considerável de Itatiba, mas, sim, foram própria população irá cobrar atitudes pertinentes para
constituídos como intervenções pontuais na malha urbana. despoluir o ribeirão.

Em contrapartida, a proposta de um parque linear viria


como uma oportunidade de extensão das intervenções
urbanas em áreas centrais, podendo, desta forma, atender a
um maior número de pessoas, justamente pelo seu
tratamento linear e seu caráter de abrangência mais extensa.

Além da vantagem de estabelecer relações com os


atuais pontos de comércio e serviços, criando um grande eixo
LEVANTAMENTO E DIAGNÓSTICOS

Através de levantamento em campo, pude diagnosticar


que ao longo de 5 km do ribeirão (trecho urbano), é nítida a
existência de 3 trechos distintos, que necessitam de
diferentes demandas e apresentam uma relação diferente
com o espaço público em que está inserido.

1. Trecho I

Localizado em uma das entradas da cidade (para quem


vem de Campinas/ Morungaba), caracteriza-se por ser o
trecho onde o ribeirão tem maior relação com a cidade, ou
seja, onde é mais notado.

Fig. 13- Avenida Alberto Paladino, localizada no trecho I, é a entrada de


quem chega de Campinas/ Morungaba. Fonte: Karina V. da Costa, 2009.
Com extensão de 2 km tem início na Avenida Alberto Por ser uma avenida concluída a pouco tempo (2002),
Palladino, se estendendo até a Avenida Expedicionários há bastante terrenos vazios, pois boa parte desse trecho era
Brasileiros. Há marginal em toda sua extensão, provenientes uma chácara que foi desapropriada para a criação dessas
do projeto proposto pela Prefeitura, porém, é eficiente apenas marginais. Um dos edifícios foi preservado - o Moinho
para veículos, pois em alguns pontos não há calçamento para Denone- que é patrimônio histórico e cultural de Itatiba.
pedestres. Geralmente pode-se ver ciclistas e pedestres Infelizmente encontra-se abandonado, atraindo o
usando a rua para fazer caminhas e andar de bicicleta. vandalismo.

Fig. 14- Sem opções, ciclistas utilizam a rua. Fonte: Karina V. da Costa,
Fig. 15- Moinho Denoni, na Avenida Antonio Paladino. Fonte: Karina V. da
2009.
Costa, 2009.
2. Trecho II

O segundo trecho, considerado médio curso do


ribeirão, inicia-se na Avenida Marechal Deodoro, se
prolongando até a Avenida Alberto Galvão de Camargo e é o
menos extenso, com 1,30 km, porém, é o trecho que está
inserido na área com maior densidade de ocupação, portanto,
com uma demanda muito mais complexa.

É o trecho mais crítico do ribeirão. Por estar em uma


região altamente urbanizada, não há nenhum tipo de
tratamento, seja urbano ou paisagístico e, em alguns pontos,
o rio está praticamente sem vida.

Fig 16- É notável o descaso na área central cortada pelo Ribeirão Jacaré.
Fonte: Karina V. da Costa, 2009.
Outro agravante é a localização imprópria de moradias
precárias margeando o ribeirão, mais precisamente ao lado
do Mercado Municipal, o esgoto doméstico é despejado
diretamente no rio, assim como resíduos sólidos e sucatas.
Além disso, há a poluição por efluentes industriais que
ocupam suas margens.

Fig 17-Margens do Ribeirão Jacaré no trecho II. Fonte: Karina V. da Costa,


Fig 18-Margens do Ribeirão Jacaré invadidas por edificações. Fonte: Karina
2009.
V. da Costa, 2009
3. Trecho III

Com extensão de 1,40 km, o trecho III inicia-se na


Avenida Marechal Castelo Branco/ Avenida Guerino Grisotti/
“Estrada Velha de Jundiaí” , se prolongando até a Rua Alberto
Galvão de Camargo.

A Avenida Marechal Castelo Branco é a principal


entrada da cidade, com ligação direta à rodovia Engenheiro
Constâncio Cintra, principal saída para São Paulo, Jundiaí,
Louveira e outras cidades vizinhas. Ao longo da avenida
estão localizados diversos restaurantes, comércios e pontos
de serviço, inclusive o Shopping Móveis Itatiba e, por ser a
entrada mais importante da cidade, acaba sendo geradora da
primeira impressão que os visitantes tem da cidade. Já a
avenida Guerino Grisotti, juntamente com a estrada Velha de
Jundiaí, dão acesso ao Parque da Juventude.
Fig 19-Margens do Ribeirão Jacaré no trecho III. Fonte: Karina V. da Costa,
2009.
Localizado no alto curso do rio, na região próxima às
nascentes há um distrito industrial de médio porte, onde
nenhuma das empresas possui sistema de tratamento de
efluentes, liberando esgoto diretamente no rio, ou seja,
mesmo nas áreas próximas às nascentes do ribeirão já
existem restrições para a captação de água, pois está
contaminada pelo esgoto do próprio distrito industrial.

Nos arredores das indústrias, a mata ciliar é


praticamente inexistente, apenas com alguns trechos de
vegetação de cobertura, inadequados e insuficientes para
preservação do ribeirão.

Fig 20- Acesso ao Parque da Juventude à esquerda e o Ribeirão Jacaré à


direita. Karina V. da Costa, 2009.
PROPOSTA
Iniciando-se na avenida Marechal Deodoro, se

ÁREA ESCOLHIDA PARA INTERVENÇÃO estendendo até o final da avenida Nair Soares de Fattori ,
ambas paralelas com o ribeirão, tem em média 860

Após análises e levantamentos dos 3 diferentes metros lineares, com área de abrangência de 68.850 m².

trechos do ribeirão, uma área chamou bastante atenção É uma área desenhada e configurada pelo ribeirão, onde

por apresentar uma complexidade de problemas maior: a há maior fluxo urbano.

área central de Itatiba, localizada no trecho II.

Fig. 22- Edificações dando fundo ao Ribeirão Jacaré, na Avenida Marechal


Fig. 21- Transito intenso na Avenida Marechal Deodoro. Fonte: Karina V. Deodoro. Fonte: Karina V. Costa, 2009.
Costa, 2009.
As edificações existentes nessas 2 avenidas, negam o
Em 1970, foi área mais atingida pelas enchentes, rio por total. Começando pela avenida Marechal Deodoro, a
porém, após o projeto de retificação do rio, não houve mais empresa têxtil Vicunha ocupa quase todo o quarteirão da
enchentes. Conforme foi constatado, a dimensão da calha direita. Inteira fechada por muros, a única relação que se
existente (figura 23), está dentro do necessário previsto pelo tem com o rio, é a poluição proveniente dela.
projeto aprovado em 1976.

Fig. 23- Dimensionamento da calha existente do Ribeirão Jacaré. Fonte:


Karina V. Costa, 2009.

Fig. 24- Vicunha à direita totalmente murada e à esquerda o ribeirão. Fonte: Karina V. Costa,
2009.
Do lado esquerdo, há um quarteirão de edifícios mistos
de comércio, serviços, todos com fundo para o ribeirão, na
maioria das vezes liberando esgoto diretamente nele. Não há
recuo, apenas muros de arrimo avançando sobre o rio. Essa
área, está sujeita a desapropriação, conforme o projeto de
expansão das avenidas proposto pela Prefeitura de Itatiba.
Ainda nesse quarteirão, há uma pracinha, bastante utilizada
pela população principalmente da terceira idade. Há algumas
mesinhas para jogos e algumas árvores de grande porte que
embelezam o espaço.

Fig. 26- Pracinha localizada na Marechal Deodoro, em frente ao Mercado Municipal e as


árvores de grande porte. Fonte: Karina V. Costa, 2009.

Fig. 25- Serviços e comércios irregulares.Fonte: Karina V. Costa, 2009.


Fig. 27- Muro da Pracinha e sua relação com o rio. Fonte: Karina V. Costa, Fig 28-Mercado municipal “Maria Elias de Godoy Camargo” . Fonte: Karina Vedovello, 2009.
2009.

Seguindo em frente, na Avenida Nair Soares de Fattori


Em frente à Avenida Marechal Deodoro, há o Mercado
Camargo, a negligência ao rio é ainda maior. Do lado direito,
Municipal da cidade, muito utilizado pela população de Itatiba
pequenas casas que também estão sujeitas a desapropriação
e pelos visitantes da cidade. O edifício precisa de algumas
por conta da marginal prevista, liberam o esgoto diretamente
manutenções, que já está sendo fruto de estudo de um
no rio, de forma descarada.
projeto de revitalização feito pela prefeitura.
Fig. 29- Edificações ultilizando o ribeirão para liberar esgoto. Á direita, o Mercado Municipal. Fonte: Fig. 30- Relação precária entre o ribeirão e a cidade. Fonte: Karina V. Costa, 2009.
Karina V. Costa, 2009.
Ao lado, há um grande vazio urbano de
aproximadamente 21.760 m², denominado pela população de
Pedreira Jaguari, espaço que foi utilizado até 1999 como
ponto de instalação de circos, rodeios e shows, e que
proibido pela Prefeitura de Itatiba de ser utilizado para
realização de eventos que proporcionem incomodo à
população circunvizinha, hoje encontra-se desativado e
totalmente murado, cumprindo apenas a função de separar
os dois centros da cidade (centro histórico e centro novo,
localizado na parte baixa), uma grande barreira física ociosa
na cidade.
Na Rua Jundiaí, paralela à Avenida Nair Soares de
Fattori, há a “Praça da Biquinha”, uma pequena praça pouco
utilizada pela população. Através de uma trilha com grande
potencial cênico, dá-se acesso ao centro hostórico da cidade, Fig. 31- Muro de fechamento do grande vazio urbano, negando o ribeirão.
Fonte: Karina V. Costa, 2009.
porém, poucos pedestres a utilizam, pois esse grande vazio
urbano camufla e quase inutiliza essa trilha.
Fig. 32- Av. Nair Soares de Fattori e o muro de fechamento do grande vazio Fig. 34- Praça da Biquinha, na Rua Jundiaí. Fonte: Karina V. Costa, 2009.
urbano. Fonte: Karina V. Costa, 2009.

Fig. 33- Vista do vazio urbano. À direita, pinheiros do campo do Itatiba


Fig. 35- Trilha da Praça da Biquinha. Fonte: Karina V. Costa, 2009.
Espote Clube. Fonte: Karina V. Costa, 2009.
Ainda à esquerda da Avenida Nair Soares de Fattori, Todos esses fatores tornam um projeto de
há um campo do Itatiba Esporte Clube, que também não revitalização e requalificação do espaço central configurado
estabelece nenhuma conexão com o rio. pelo rio, extremamente necessários, uma vez que não há
nenhum tipo de relação harmoniosa entre a população e o rio.
Á direita há um acesso ao estacionamento do Mercado Além disso, essa área está dentro do percurso de quem passa
Municipal, e grande parte do quarteirão é ocupado por um por Itatiba, seja vindo de São Paulo ou de Campinas,
estacionamento de ônibus da empresa Itatiba Transporte e apresentando um fluxo de transito confuso e mal organizado.
Turismo (ITT), totalmente murado.
A revitalização desse trecho, além de resolver os
problemas de expansão da cidade, através da implantação de
marginais permeáveis, resolverá também questões ligadas à
revalorização das águas, aproximando a população ao ribeirão
através de um espaço público de qualidade.

Fig. 36- Muro do estacionamento de ônibus da ITT à direita e


Fig. 37- Foto aérea mostrando a barreira formada pelo vazio urbano, onde 1 é o vazio urbano Pedreira Jaguari,
2 é o centro histórico e 3 é o centro novo, onde está o ribeirão. Fonte: Google Earth, adaptado por Karina V. Costa,2009.
PROGRAMA
PROGRAMA

• Avenida permeável; • Lojas (2 lojas com 23 m² cada);


• Passeio para os pedestres; • Pergolado;
• Ciclovia; • Quiosques (3 quiosques com 20 m² cada);
• Arborização do passeio e ciclovia; • Áreas de descanso arborizadas;
• Pisos suspensos no rio; • Marquises;
• Passarelas; • Área de exposição e feirinhas (364 m²);
• Praça na Marechal Deodoro, voltada à circulação • Cascatas d’água;
intensa de pedestres e ao descanso. (3.920 m²); • Área infantil, com playground, arquibancada e
• Espelhos d’água; tanque de areia (1.725 m²);
• Fonte; • Área esportiva, com equipamentos de ginástica,
• Mobiliário urbano; campo de bocha (946 m²);
• Sanitários (2 blocos com 18m² cada); • Pista de patinação (705 m²);
• Paginação de piso interativa;
• Praça ocupando a área a ser desapropriada e o
grande vazio urbano Pedreira, voltada para fins
culturais, de lazer e principalmente de conexão aos
dois centros da cidade. (25.675 m²);
• Centro cultural (535 m²);
• Restaurante (105 m²);
CONCEITO E PARTIDO

O princípio regulador do projeto é o rio. O rio é enxurradas. Para as travessias, buscou-se como modelo a
quem estrutura e desenha o espaço central e é ele quem faixa de pedestre elevada, que prioriza a acessibilidade de
dita as diretrizes necessárias. É a partir dele que o projeto pessoas portadoras de deficiência em todo o sistema
do Parque Linear Ribeirão Jacaré mantém linhas sinuosas, público e atua como redutor de velocidade de veículos na
curvilíneas, dialogando com sua existência, avenida, impondo forçosamente um maior respeito com o
respeitosamente. Através de linhas orgânicas, o projeto se pedestre.
relaciona com o entorno inserido, procurando formas que
não agridam a paisagem, mas sim, se integrem à ela, se Já nas praças, tanto na praça da avenida Marechal
encaixando sutilmente no espaço. Deodoro, quanto na praça da avenida Nair Soares de
Fattori, o espaço se abrirá para a cidade, se relacionando
No passeio de pedestres, será empregado o com o entorno existente na mesma continuidade espacial,
conceito de calçada verde, com uma faixa destinada a tomando como princípio a circulação de pedestres. Através
árvores de pequeno a médio porte, que serão implantadas dessa circulação, foram definidos eixos de ligações onde
em toda sua extensão. Além de aumentar a há grande fluxo de pedestres, demarcados por paginações
permeabilidade do solo, a calçada verde contribui para de pisos que insinuam a circulação dominante e valorizam
uma menor variação de temperatura e ajuda a manter a o espaço urbano.
saúde das árvores, embelezando o espaço urbano. A
avenida contará com piso permeável intertravado, O espaço urbano será valorizado por diversos
facilitando o escoamento de água proveniente de equipamentos, como ciclovia, quiosques, praças, áreas de
possíveis. descanso, áreas de lazer e atividades culturais.
do dia e, portanto criou-se uma demarcação longelínea no
Todos esses espaços terão uma linguagem piso onde esse fluxo predomina.
uniforme, atingida através do uso de paginação de piso
projetada, dos mobiliários empregados e das próprias Como marco de referencia deste local, foi implantada uma

árvores inseridas. árvore de caráter monumental circundada por um espaço de


contemplação e descanso. A linguagem sinuosa deste espaço

Particularmente, na praça da avenida Nair Soares e o uso de um espelho d’água, remete as características do

de Fattori, o quesito cultural será reforçado com a inserção parque da Av. Nair Soares de Fattori, dando a sensação de

de um Centro Cultural. Localizado na parte central da continuidade do espaço, reforçado ainda mais com o uso do

praça, é ele quem define o restante dos espaços da praça, mesmo piso e paginação.

como se estivesse irradiando-os.


A intenção desta praça é de que as grandes quantidades de

Já o projeto da praça localizada na Marechal Deodoro, pedestres que por ali circulam, tenham a sensação de

foi elaborado a partir da necessidade de se abrir, seguindo o tranqüilidade em meio ao caos urbano.

princípio de quadra aberta, um extenso quarteirão que hoje é


A questão do conforto climático também foi levada
uma grande barreira física para circulação de pedestres.
em consideração. A orientação solar foi estudada a fim de
Aproveitando a desapropriação dos imóveis prevista pela
evitar espaços de permanência muito expostos ao sol,
Prefeitura Municipal de Itatiba, foi elaborado um espaço
através de barreiras vegetais e marquises.
totalmente aberto visando principalmente a livre circulação de
pedestres no local. A paginação de piso foi projetada a partir
do estudo do fluxo dominante de pedestres no local ao longo
ASPECTOS DO PROJETO - Canteiro com medida mínima de 0,60 metros. Onde a
rua existente permitir uma marginal mais larga, a

Diretrizes urbanísticas: diferença será acrescentada no canteiro.

-Implantar marginal prevista pela Prefeitura, adequando o


novo sistema de circulação veicular bi-direcional à uma Diretrizes paisagísticas:

melhoria nas condições dos passeios de pedestres.


- Implantar vegetação como forma de minimizar os

O espaço dessa marginal será configurado por: impactos negativos relativos a interferências de

- 9,5 metros de faixa de rolamento (2 faixas de 3,5 m + edificações;

2,5m de acostamento);
- 2,5 metros para a ciclovia, com circulação bi-direcional; - Manter as árvores existentes na Avenida Marechal

- 4 metros de passeio ladeando o ribeirão, conjugando Deodoro;

dispositivos de travessia segura e universal, com sistema


de nivelamento de piso a cada 100 metros; -Implantar diretrizes para harmonização paisagística do

- Postes de iluminação bi-lateriais, com distânciamento de conjunto, integrando a leitura diferenciada dos setores,

20 metros intercalados; das circulações de veículos e pedestres, dos

- Lixeiras, postes, telefones públicos, entre outros estacionamentos e das áreas de vivência, selecionando

equipamentos urbanos de serviço, implantados a 0,50 para essas áreas, resguardadas a localização e as

metros (eixo) na calçada; condições dos indivíduos existentes, espécies adequadas


em termos de perfil estético, porte, dimensões e
comportamento de copa, galhamento e raízes.
O espaço dessa marginal será configurado por: PRAÇA AVENIDA NAIR SOARES DE FATTORI

- Paginação de piso que torna o passeio mais agradável, Após analise confrontando o ambiente escolhido com o
procurando valorizar o espaço público. entorno em que se insere, foi estratificado o estudo da área
- Palmeiras imperiais, dispostas de 25 em 25 metros, nos escolhida para um melhor embasamento das intervenções
canteiros entre as faixas de rolamento e a ciclovia, previstas e da logística de implantação. A partir disso, foi
demarcando o eixo da marginal; subdividido em 7 setores com características específicas:
- Árvores de pequeno à médio porte, inseridas a 0,50 (prancha 11).
metros (eixo) na calçada, com raízes pivotantes, a qual é
mais recomendada por não agredir o calçamento. Setor 1:
Eixo que estrutura espacialmente a praça, fazendo a
conexão entre a esquina da Avenida Nair Soares Fattori
com a Praça da Biquinha.
A esquina será a grande entrada da praça, e, por se
encarregar de tal importância, haverá uma grande árvore,
marcando espacialmente a entrada do parque e
dialogando com a praça proposta da Av. Marechal
Deodoro. Além disso, o piso foi projetado com o propósito
de convidar os pedestres à circular na praça, usufruindo
de seus espaços abrangentes.
Haverá forte presença da água, proveniente de uma grande marquise destinada à exposições eventuais e à
cascata de água e de uma pequena fonte , dialogando com feirinhas. O desenho do piso da praça foi desenvolvido a
a Praça da Biquinha e com o próprio rio. partir dessa área central, dando ênfase à seu caráter de
área de vivência das pessoas que circulam pela praça, e
Setor 2: criando uma idéia de que o espaço se configura irradiando
Por ser uma área de transição de veículos, será a partir desse centro.
destinada à algumas vagas de estacionamento. Terá três
quiosques de serviços (sorveteria, floricultura, café), que Setor 5:
servirão de suporte aos pedestres que estiverem nos Área destinada às praticas esportivas. Está inserida
arredores da praça. em uma área mais tranqüila, onde não há grande fluxo de
veículos, além de ser bem sombreada por conta dos
Setor 3: pinheiros existentes no terreno ao lado. A escolha das
Área lúdica, onde terá playgrounds, morrotes e uma modalidades foram definidas a partir da demanda
grande arquibancada. Por estar próxima à Escola Infantil existente na cidade, ou seja, será implantado
Julio César, há um fluxo grande de crianças nessa região, equipamentos esportivos que não existem em quase
além de ser a área mais indicada para esse fim, pois nenhum parque ou praça de Itatiba.
localiza-se numa rua mais tranqüila, onde há pouco fluxo
de veículos. Setor 6:
Área de grande fluxo de veículos, por conta da
Setor 4: Avenida que será implantada. Será reposto um abrigo de
Espaço central da praça, de grande importância, ônibus que ali existia e terá um espaço reservado para um
demarcado pelo Centro Cultural, restaurante e uma
bicicletário, destinado aos ciclistas que vierem a utilizar os
equipamentos da praça.

Setor 7:
Espaços destinados ao descanso do pedestre. Será
bem arborizado, com áreas que tragam tranqüilidade ao
visitante. Terá pergolados e jardins que reforcem o sentido
de descanso e contemplação.
permeabilidade adequadas ao bom desenvolvimento da
RECOMENTAÇÕES RELACIONADAS
RELACIONADAS AO PLANTIO DAS muda plantada.
ÀRVORES: O solo ao redor da muda deve ser preparado de forma a
criar condições para a captação de água, e sempre que as
O plantio das árvores tomará como base o Manual Técnico características do passeio público permitirem, deve ser
de Arborização Urbana da Cidade de São Paulo, 2ª mantida área não impermeabilizada em torno das árvores
edição/2005. A seguir, o trecho que diz a respeito: na forma de canteiro, faixa ou soluções similares. Porém,
em qualquer situação deve ser mantida área permeável
“Plantio de árvores de, no mínimo, 0,60 m de diâmetro ao redor da muda.
1 - Preparo do local: 2 - Plantio da muda no local definitivo:
A cova deve ter dimensões mínimas de 0,60 m x 0,60 m x A muda deve ser retirada da embalagem com cuidado e
0,60 m, devendo conter, com folga, o torrão. Deve ser apenas no momento do plantio. O colo da muda deve ficar
aberta de modo que a muda fique centralizada, prevendo no nível da superfície do solo.
a manutenção da faixa de passagem de 1,20 m. A muda deve ser amparada por tutor, quando necessário,
Todo entulho decorrente da quebra de passeio para fixando-se a ele por amarrio de sisal ou similar, em forma
abertura de cova deve ser recolhido, e o perímetro da de oito deitado, permitindo, porém,certa mobilidade.
cova deve receber acabamento após o término do plantio. A muda deve ser irrigada até sua completa consolidação.
O solo de preenchimento da cova deve estar livre de 3 - Tutores:
entulho e lixo, sendo que o solo inadequado - compactado, Os tutores não devem prejudicar o torrão onde estão as
subsolo, ou com excesso de entulho deve ser substituído raízes, devendo para tanto serem fincados no fundo da
por outro com constituição, porosidade, estrutura e cova ao lado do torrão. Esses tutores devem apresentar
altura total maior ou igual a 2,30 m ficando, no mínimo,
0,60 m enterrado. Deve ter largura e espessura de 0,04 m Após o plantio inicia-se o período de manutenção e
x 0,04 m ± 0,01 m, podendo a secção ser retangular ou conservação, quando deverá se cuidar da irrigação, das
circular, com a extremidade inferior pontiaguda para adubações de restituição, das podas, da manutenção da
melhor fixação ao solo. permeabilidade dos canteiros ou faixas, de tratamento
As palmeiras e mudas com altura superior a 4,00 devem fitossanitário e, por fim, e se necessário, da renovação do
ser amparadas por 03 (três) tutores; plantio, seja em razão de acidentes ou maus tratos.
4 - Protetores: As podas de limpeza e formação nas mudas plantadas
Os protetores, cuja utilização é preconizada em áreas deverão ser realizadas da seguinte forma:
urbanas para evitar danos mecânicos - principalmente ao a- Poda de Formação: retirada dos ramos laterais ou
tronco das árvores até sua completa consolidação -, “ladrões” da muda;
devem atender às seguintes especificações: b- Poda de Limpeza: remoção de galhos secos ou doentes.
a - altura mínima, acima do nível do solo, de 1,60 m; 6 - Irrigação:
b - a área interna deve permitir inscrever um círculo com A vegetação deve ser irrigada nos períodos de estiagem e
diâmetro maior ou igual a 0,38 m; quando necessário.
c - as laterais devem permitir os tratos culturais; 7 - Tratamento fitossanitário:
d - os protetores devem permanecer, no mínimo, por 02 O tratamento fitossanitário deverá ser efetuado sempre
(dois) anos, sendo conservados em perfeitas condições; que necessário, de acordo com diagnóstico técnico e
e - projetos de veiculação de propaganda nos protetores orientado pela legislação vigente sobre o
devem ser submetidos à apreciação dos órgãos assunto.
competentes. 8 - Fatores estéticos:
5 - Manejo: Não se recomenda, em nenhuma circunstância, a caiação
ou pintura das árvores.
É proibida a fixação de publicidade em árvores, pois além
de ser antiestética, tal prática prejudica a vegetação,
conforme define a legislação vigente.
No caso do uso de “placas de identificação” de mudas de
árvores, essas deverão ser amarradas com material
extensível, em altura acessível à leitura, devendo ser
substituída conforme necessário.
Não se recomenda, sob o ponto de vista fitossanitário, a
utilização de enfeites e iluminação, como por ocasião de
festas natalinas.
Recomendando-se, porém, enquanto não regulamentado,
que quando dessa prática, sejam tomados os devidos
cuidados para evitar ferimento à árvore, bem como a
imediata remoção desses enfeites ao término dos
festejos.”
Fig. 38- Detalhe mostrando como deve ser realizado o plantio das árvores.
Fonte: Manual de Arborização e Poda, RGE
cidade, ao início da Praia de Botafogo, na Zona Sul, tendo
ESTUDOS DE CASO sua maior parte ao longo da Praia do Flamengo.
O projeto previa uma grande área de aterro, o qual
Parque Brigadeiro Eduardo Gomes (Parque do foi executado com entulhos vindos do desmonte do Morro
Flamengo)-
Flamengo)- Rio de Janeiro, Brasil do Castelo. O entulho retirado do morro foi sendo
despejado no mar, formando uma comprida restinga de
Foi projetado por um grupo de arquitetos, incluindo pedras dispostas de modo formar uma laguna e a faixa de
Affonso Eduardo Reidy, Jorge Machado Moreira, entre areia da praia do Flamengo que, a seguir, foi aterrada. O
outros, com concepção paisagística feito por Burle Marx e plano original previa a construção de pistas expressas
equipe. É um projeto de grande importância para o país, entre o Centro e a zona sul da cidade.
não apenas por estar inserido na orla de uma cidade que Possui um programa inovador, incluindo museu
naquele momento era a capital brasileira, mas (Museu da Arte Moderna), marina, praia artificial, diversos
principalmente pela sua funcionalidade, tornando-se um equipamentos de esporte, anfiteatro, museu, playground,
grande marco urbano e referencial. É intensamente ciclovia, equipamentos de ginástica, passarelas,
utilizado, em período integral, atendendo cerca de 70.000 estacionamento, mirante, restaurante, lanchonetes, pistas
pessoas, tanto da vizinhança como de áreas distantes, que de aeromodelismo, uma via expressa, áreas destinadas à
até ele através de diversos meios de transporte. prática de esportes, um restaurante e uma faixa de areia
na Praia do Flamengo, entre outros, que foram muito bem
Projetado em meados doas anos 1950, é um grande assimilados pela população.
parque linear planejado. Possui cerca de 1.200.000 m², Para a travessia dos banhistas, foram construídas
distribuídos em 12km, configurando um percurso que passarelas com curvaturas suaves e levemente assentadas
estende-se do Aeroporto Santos-Dumont, no centro da sobre as pistas expressas. As passarelas aéreas são
também alternadas com passagens subterrâneas sob
viadutos. As avenidas internas que cortam o parque são
fechadas ao tráfego nos domingos e feriados, das 7h às
18h, o que permite seu uso freqüente em competições de
ciclismo, corridas a pé e caminhadas.

O local também é usado, ocasionalmente, para


shows de grande público. Diante da oposição dos vizinhos,
que temem a incapacidade dos transportes e a depredação
do Parque, esses eventos têm se tornado menos
freqüente.

Seu projeto foi concebido privilegiando não apenas


a vista do mar, através das embarcações, mas também a
vista aérea, através do Pão de Açúcar e dos aviões (o
aeroporto Santos Dumont localiza-se nas proximidades).

Fig. 39- Vista aérea noturna do parque. Fonte:

Através deste projeto, pude compreender melhor a http://www.flickr.com/groups/768778@N25/discuss/72157607046785768/


(acessado em 15/05/09)
noção de escala de um extenso Parque Linear, que foi
tratada de modo a interligar e distinguir setores com
demandas distintas, para o detalhamento do projeto.
Fig. 40- Planta do parque. Fonte: SEGAWA,1999.

Fig. 41,42,43- Calçadão, atividades ao ar livre, áreas de descanso. Fonte: Segawa, 1999.
O programa é composto por uma pista de ciclismo

Parque Costa Azul, Salvador, Brasil juntamente com uma pista de cooper, um anfiteatro,
playgrounds, equipamentos de ginástica, campo de futebol,

De uma maneira muito harmônica, este parque insere- pista de patinação, bancos, mesas para jogos e piqueniques,

se na paisagem urbana da cidade às margens do Rio viveiro, estacionamento, mirante e um conjunto de edifícios

Camaragipe e junto à orla, na Avenida Otávio Mangabeira. destinados à área de alimentação, serviços e comércio em

Foi projetado pelo Arq. José Tabacow, em 1995 e tem geral.

uma área total de 90.000m².

Como há um rio entre o parque e a orla, há uma ponte


que interliga os dois, facilitando o acesso ao parque e no
outro extremo, uma sinuosa passarela que interliga o parque
à ciclovia da orla.
A configuração do parque partiu do canal curvilíneo de
bordas inclinadas, respeitando seu desenho natural.
A contraposição entre a vegetação e as áreas de piso
multicoloridas do parque mostra uma forma contemporânea
de tratar a paisagem de um parque urbano. O que
determinou a escolha da vegetação do parque foi a presença
dos ventos salinizados.
Fig 44-Vista geral do parque. Fonte:
http://www.vitruvius.com.br/entrevista/tabacow/tabacow_5.asp (acessado em 05/04/09)

Este projeto traz contribuições interessantes na concepção do meu TCC, com relação ao tratamento do percurso versus borda
de rios, através de uma proposta agradável que mescla piso e vegetação aos espaços destinados ao lazer e esporte e aos pontos de
serviço que atendem os freqüentadores do parque. O uso de passarela e da ponte como objeto de interligação também é um fator a
ser levado em conta no projeto do parque linear do Ribeirão Jacaré.

Fig. 45- Planta de piso do parque. Fonte: MACEDO,2003


Battery Park-
Park- Nova Iorque, Estados Unidos.
Foi previsto em seu projeto a preservação dos
corredores visuais, a localização, a forma das quadras e
Localizado em Manhattan, Nova Iorque, o Battery
prédios e a configuração do espaço público existente.
Prak foi o primeiro waterfront construído na cidade,
Ao Norte e ao Sul, ficariam os empreendimento
projetado por M. Friedberg e equipe. Situa-se em um
residenciais, enquanto no centro seria construída a área
aterro sobre o rio Hudson, numa área que antigamente
comercial, bem em frente ao complexo de edifícios World
era ocupada por docas.
Trade Center, que ali existiam, e fisicamente conectada à
Por volta de 1960, com o fechamento das docas,
eles. Um sistema linear de áreas livres, composto de
foram previstos diversos projetos de renovação para essa
parques, praças e passeios públicos, foi proposto ao longo
área, prevendo novas formas de utilização para múltiplas
da orla do rio, com a intenção de unir essas diversas
atividades, afim de diminuir a insegurança e o vandalismo
zonas.
que ali eram presentes.
As quadras conectavam-se com a malha urbana,
Em 1976, o aterro da área foi completado,
seguindo o alinhamento da grelha no entorno,
resultando em 37 hectares.
preservando, assim, as vistas para o rio e impossibilitando
O projeto é resultado de uma enorme operação
a construção de mega edifícios, dando abertura a prédios
urbana, criando um diálogo das novas áreas livres
de diversos tamanhos e formas, assim como nos antigos
propostas com a paisagem existente, através de diversos
quarteirões da cidade. Essa visão demonstrou a
subespaços.
preocupação tida no projeto afim de manter as
características consolidadas do entorno existente.
Assim como nesse projeto, pretendo trazer mais
qualidade à área proposta do parque linear, através do
tratamento de áreas livres relacionados à valorização do
espaço público e à interligação dos espaços, mantendo
uma relação respeitosa com o entorno construído.

Fig. 45- Descanso, contemplação e circulação.Fonte:


http://www.pps.org/parks_plazas_squares/info/parks_plazas_squares_pr
ojects/battery_park_city (acessado em 16/05/09)

Fig. 44- Configuração das áreas livres no entorno.


Fonte:http://atlanticsailingadventures.com/Activities_01.htm (acessado em
14/05/09) Fig. 46- Vegetação amenizando impactos negaticos do meio
urbano. Fonte: http://traceurbanism.wordpress.com/2008/02/21/10-
urbanisms/ (acessado em 16/05/09)
Revitalização Urbana no Rio Cheonggyecheon, Seul, Coréia A recuperação do rio Cheonggyecheon é
do Sul considerada uma referência mundial em humanização de
cidades, não só pela despoluição das águas, mas pela
O rio Cheonggyecheon, localizado em Seul, Coréia construção de parques lineares que devolveram o contato
do Sul, passou recentemente por grandes transformações das margens aos habitantes de sua cidade.
relacionadas à revitalização urbana. No início de 2000, o Um grande viaduto que cobria o canal do rio foi
rio encontrava-se em um estado deplorável, inteiramente demolido, possibilitando a idealização do parque linear.
poluído, apresentando um quadro urbano degradado. Seu Em meados de 2003 foram iniciadas as obras de
entorno, freqüentemente sofria enchentes, alagando as recuperação, e três anos depois, parte do canal de 80
avenidas que o ladeiam. O rio era visto como um metros de largura foi aberto ao público. Em abril de 2008
problema para a cidade, sendo canalizado em vários as obras foram concluídas, com a entrega aos moradores
trechos, atitudes que além de interferirem negativamente de áreas verdes que totalizam 400 hectares, distribuídas
na paisagem, concentram degradação social e ambiental ao longo de 8km de extensão.
no seu entorno.
O atual presidente da Coréia do Sul, Lee Myung Para facilitar o acesso ao local, além da construção de
Bak, prefeito naquela época, foi o responsável pela novas pontes, o sistema de transporte coletivo foi
mobilização para despoluir o canal, demolir o viaduto e ampliado, o que significou uma redução no número de
criar os parques lineares. Já o urbanista Kee Yeon Hwang, veículos nos arredores.
que, após várias consultas à população, desenvolveu o O sistema de despoluição das águas foi tão eficaz,
projeto de recuperação ambiental e urbanística. que hoje em dia a população tem contato direto com a
água, usufruindo ao máximo do potencial de lazer que um
rio pode trazer para uma cidade.
Através desse projeto, percebi a necessidade de revitalizar áreas urbanas inseridas na configuração linear dos rios, que
hoje em dia se encontram desvalorizadas, como é o caso da área proposta deste TCC.

Fig 47-Antes da demolição do viaduto que cobria o canal. Fonte: http://www.planeta-


Fig 48- Parque após revitalização. Fonte: http://www.planeta-
inteligente.com/page/article/id/13/No--truque-de-computador
inteligente.com/page/article/id/13/No--truque-de-computador (acessado em 10/05/09)
(acessado em 10/05/09)
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